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RELATO DE EXPERIÊNCIA

TÍTULO Uma professora em treinamento

Aline Cristina Maziero

1 INTRODUÇÃO
Esse relato de experiência é um requisito da disciplina de Estágio Obrigatório
em Língua Portuguesa II. Devido à pandemia de covid-19 este é o primeiro estágio
que foi possível realizar presencialmente, o que se mostrou bastante enriquecedor
para minha futura prática docente. Por ser cadeirante, confesso que houve
momentos em que temi este momento da graduação, mas mus medos se provaram
infundados frente à reação de acolhimento dos alunos.
Foram realizadas 12 horas de observação na disciplina de Língua Portuguesa
em escola de Campo Grande – MS. Trata-se de uma insttuição privada de ensino,
com turmas desde a educação infantil até o Ensino Médio. O estágio foi realizado no
período matutino, nos meses de maio e junho de 2022, sob a supervisão local da
coordenadora pedagógica da escola, Cristiane Fernandes e da da professora
regente de Língua Portuguesa, Edivânia Matos e abrangeu turmas dos três anos de
Ensino Médio. A regência foi realizada em dois encontros, às segundas-feiras, na
turma do primeiro ano, e nela trabalhou-se o gênero autobiografia, pois tratava-se de
conteúdo ´que já vinha sendo explorado pela profesora titular da turma.
Tratou-se, sem dúvida, de momento de incomparável aprendizado, de troca
com os alunos e de perseverança no sonho de exercer a profissão docente.

2 DESENVOLVIMENTO

Trata-se de escola da rede particular de ensino do município de Campo


Grande. Nela são atendidas todas as faixas etárias, desde a educação infantil até o
Enino Médio. As aulas de Ensino Médio são realizadas numa espécie de “filial da
escola principal, em prédio ao lado. Atualmente, existe apenas uma turma para
cada série do Ensino Médio, e elas variam de 38 a 42 alunos, o que considera-se
um número alto por sala, sobretudo em época de restrições por cuidados à saúde.

A escola segue método de Ensino Positivo (apostilado) e cada turma tem


cinco aulas de Língua Portuguesa por semana, em que também são tratados temas
de Literatura e Produção de Texto. O material escolar já está, desde o início do ano,
adequado às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mas apresenta
divisão patente entre o estudo de gêneros textuais, de um lado, e do componente
gramatical de outro. Os dois não estão interligados, na prática docente. Uma análise
do dito material didático demonstra, nas palavras da professora regente de língua
portuguesa “preocupação com o aprender fazendo”, por meio de poucos textos e
focado na resolução de exercícios.

Escola de porte grande, com laboratório de informática, anfiteatro, biblioteca,


oferece aos alunos a opção por mais de uma língua estrangeira, inglês ou espanhol.
Por tratar-se de escola de vários andares, tem elevadores, além de escadas e
rampas acessíveis.

2.1 OBSERVAÇÃO

A observação, de 12 horas/aula foi realizada durante o período matutino,


entre os dias 23 e 30 de maio de 2022. No primeiro dia na escola, foi-me possível
observar as três turmas de Ensino Médio. No 1º ano, a professora regente estava
trabalhando conteúdos de acentuação gráfica, notadamente as exceções às regras
gerais que já haviam sido apresentadas. Então, ao mesmo tempo em que ensinava
as exceções, a professora revisava algumas regras gerais e tirava dúvidas dos
alunos sobre acentuação de palavras que eles imaginavam ter outra tonicidade. Por
essa razão, foi abordado suscintamente em aula o “ Novo Acordo Ortográfico”, de
1990, que padronizou a grafia do Português Brasileiro e do Português de Portugal.
Os alunos citaram exemplos de palavras que ainda geravam algum tipo de confusão
– devido ao corretor dos celulares especialmente, tais como geleia, joia, linguiça,
entre outros. Discutiu-se a acentuação de nomes próprios. Foram duas horas com
essa turma, que se mostrou um pouco perdida sobrecaracterísticas básicas da
língua materna, mas ao mesmo tempo com muita vontade de aprender; notava-se
que ainda estavam sob o choque inicial de frequentar o Ensino Médio. A seguir, no
mesmo dia, estive no segundo ano, que conforme me informou a professoram
estavam estudando gêndero oipnativo e os termos das orações: sujeito e predicado.
No entanto, naquele dia e em outro subsequente, assistimos a projeção do filme
brasileiro “O ano em que meus país saíram de férias”, uma vez que o conteúdo
literário abordado na apostila era de “Literatura contemporânea: os anos de ditadura
civil-militar” e este é um flme baseado em texto literário. Somente na última
oportunidade que tive de observar a turma do 2º ano, foi que tratou-se realmente do
conteúdo descrito para mim pela professora-regente: sujeito e predicado, e mais
pormenorizadamente sobre o verbo transitivo direto. O segundo ano, devido à
exibição do filme, foi a série com a qual tive menos contato, mas percebia-se a
empolgação deles por estarem fazendo algo que não estava programado na
apostila, mesmo que tivessem de produzir uma pequena crítica sobre o filme visto
relacionando-o com o período da ditadura brasileira.

Naquele primeiro dia, observeei ainda a turma do 3º ano, cujo conteúdo


estudado foi o de elementos ligados sintaticamente aos verbos; naquele dia, a
professora tratou de advérbios e suas várias possibilidades de adequação a uma
oração e lembrou aos alunos que tratava-se do mesmo advébio que tinham visto
anteriormente como classe de palavra (morfologia), desempenhando agora sua
função sintática. A turma do 3º ano me oarece a mais interessada entre as três
observadas, talvez por causa da preparação pré-vestibular. No segundo dia de
observvação, só assisti uma aula, no 1º ano, sobre revisão das classes gramaticais
com ênfase nos substantivos. A professora, algumas vezes, utilizava o celular como
recurso de pesquisa; chamava bastante a atenção de alguns alunos desatentos e
demonstrava bom conhecimento do conteúdo ministrado. No dia seguinte, voltei ao
segundo e terceiro anos, onde continuou-se a ser tabalhado, em um, o filme, em
outro, exercícios sobre adjunto adverbial. No dia seguinte, o tema já era adjunto
adnominal, sempre numa sequência de exercícios de múltipla escolha e pequenos
textos sobre o conteúdo gramatical teoricamente abordado. No dia 30, assisti às
últimas aulas sobre as classes gramaticais de adjetivo e substativo, transitvidade
verbal, e no 3º ano a correção dos exercícios anteriormente propostos. Foi bastante
enriquecedor e saí da escola naquele último dia muito ansiosa para a regência das
duas primeiras aulas no dia seguinte.

2.2 REGÊNCIA

Como eu havia observado que, apesar de a professora regente afirmar


que a apostila trabalhava gêneros textuais, naquela semana de observação não tive
a oportunidade de visualizar isso na prática. Então, optei por realizar a regência na
turma de 1º ano, que pelas indicações da professora e do material, deveria trabalhar
com o gênero autobiografia. Resolveu-se, em comum acordo com a professora da
disciplina que não seria abordado nenhum conteúdo gramatical, pra que os alunos
abordariamos apenas uma breve revisão dos adjetivos na aula, para que gênero
textual e conteudo gramatical fossem abordados em conjunto.
Trabalhamos em dois encontros leitura e interpretação de textos
autobiográficos, tais como Eu sou malala, Cinderela Chinesa e Meus
desacontecimentos, por serem obras de contextos culturais bastante diversificados:
o Paquistão, a China e o Brasil. Optou-se por essa abordagem uma vez que a
professora Edivânia solicitou aos alunos que, em vez de realizarem a avaliação
mensal da disciplina, fizessem a narração em primeira pessoa de até 3
acontecimentos importantes da vida de cada aluno. Nossa intenção, com a aula, foi
fornecer subsídios para que os alunos soubessem identificar um texto
autobiográfico, analisá-lo e interpretá-lo de acordo com seus conhecimentos para
que, ao fim do bimestre, soubesse que tipo de texto entregar à professora. De modo
geral, que eles refletissem acerca dos trechos lidos das biografias das
crianças/adolescentes dos livros trazidos e pudessem falar um pouco de si e dos
outros. Esse objetivo foi alcançado na 1º aula, quando dispomos os alunos em
cítculo e discutimos os sentidos possíveis da palavra “autobiografia”.
Como já havia iniciado a aula contando um pouco da história da minha
própria vida, eles reagiram bem e foram bastante participativos nessa parte da aula,
uns querendo falar mais que os outros. Na segunda aula, apresentei trechos da
autobiorafia de Malala, propondo questões que os alunos responderam oralmente.
Alguns alunos – poucos – já tinham ouvido falar da jovem afegã, mas nenhum havia
lido a autobiografia dela. Chamei a atenção para o fato de ela, como eles, ser uma
estudante, que teve de enfrentar a milícia talibã para continuar estudando, e eles se
admiraram da coragem da menina. Como a próxima aula seria apenas na semana
seguinte, optei por trazer novos textos autobiográficos, e embora no plano tenha
citado também a possibilidade de trabalhar com “Na minha pele” de Lázaro Ramos,
desisti, por considerar que o conteúdo abordado seria demasiado. Então propus a
leitura de trechos das duas obras em grupo O grupo de Cinderela Chinesa,
abordando a autobiografia do ponto de vista do abadono na infância e o grupo de
“Meus desacontecimentos” do ponto de vista da ligação da autora com os livros. Os
aluns demonstraram interesse quando os livros foram passando pelas suas carteiras
e conversaram um pouco sobre o que achavam que poderia ser um
“desacontecimento”, ou de que forma a menina do livro poderia ser comparada a
Cinderela. Cada grupo ficou com um capítulo de cada livro para ler e pesquisar
sobre as dúvidas que surgissem
Na quarta aula, a ´mostrei esses trechos sem algumas palavras
escolhidas, todas adjetivos. Permiti que os alunos pesquisassem o texto que tinha o
conteúdo completo e identificasse as palavras que faltavam. Depois, perguntei de
que maneira as palavras retiradas atuavam nas orações. Alguns alunos confundiram
adjetivos com substantivos, mas a maioria soube responder que se idenfica com um
nome. Para não adicionar mais conteúdos, não tratei das locuções adjetivas,
somente dos adjetivos, os quais eles já tinham estudado com a professora Edivânia.
Busquei fazer uma aula o mais dialogada possível, mas enfrentei
dificuldades no disse respeito à seleção de conteúdo para as aulas – precisei
diminuir as atividades que havia proposto no plano – e me senti bastante nervosa
em alguns momentos, precisando recorrer a copos d’ água. No entanto, a
experiência foi muito construtiva e agradável, os alunos foram solícitos e em sua
maioria interessados.

3 SÍNTESE DA EXPERIÊNCIA

De início, estava bastante ansiosa pela fase do estágio, pois tento terminar
esse curso desde 2013, sempre esbarrando na fase do estágio em outras
instituições. Com a pandemia, essa ansiedade se intensificou, pois foram
necessários vários semestres até que este momento chegasse. Antes de iniciar,
tinha a pretensão de realizá-lo em uma escola estadual, mas isso não foi possível
devido à falta de convênio com a IES. Assim, precisei manter contato com várias
escolas privadas até que uma me aceitasse. A coordenadora e a professora regente
foram bastante receptivas, pois sabiam tratar-se de estágio obrigatório, mas como
tratou-se de uma escola que seguia um método apostilado de ensino, não tivemos
muita oportunidade de colocar em prática o que vem sendo discutido em sala de
aula, uma vez que a BNCC, embora citada em todas as instâncias com as quais tive
contato, não parecia ser seguida na prática, especialmente no que diz respeito à
dissociação entre teoria e prática. A coordenadora se referiu a dificuldades de
adaptação ao novo referencial. Apesar disso, a experiência com os alunos foi acima
das expectativas, compreenderam a razão de eu estar em sala e aceitaram que sua
professora ficasse de lado por duas semanas. Nesse sentido, percebe-se a
necessidade de as escolas serem mais receptivas aos estagiários, uma vez que o
estágio é etapa fundamental de formação para o futuro docente.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa II foi realizado em


duas etapas: primeiro, a fase de observação do professor regente da disciplina e
depois a própria regência do estudante em 4 horas. Ocorreu entre 23 de maio e 6 de
junho de 2022, numa escola de nível médio da rede privada de ensino de Campo
Grande-MS.
Na fase de observação, que realizamos em pouco mais de uma
semana, tivemos contato com a professora regente e os alunos. Eram em torno de
40 alunos por sala, o que não condizia com o que se esperava. Mas, de modo geral,
a estrutura da escola é ótima e o domínio de classe e conteúdo da professora
regente é excelente. Vimos que o material didático da escola enfatiza a resolução de
exercícios e dissocia o estudo de gênero textual do de conteúdo gramatical,
contrariamente ao preconizado pela BNCC.
Na fase de regência, procurou-se na turma do 1º ano da escola,
diminuir essa dissociação abordando o gênero textual autobiografia e o conteúdo
gramatical de morfologia adjetivo. Foram necessárias algumas adequações ao plano
de aula da regência, mas de forma geral, foi uma experiência satisfatória, em que
procurei trabalhar as habilidades de leitura/interpretação de textos e produção de
textos orais. Os alunos escreveram menos do que leram, ouviram e falaram, mas a
recepção foi acima das expectativas.
5 REFERÊNCIAS

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação/MEC: 2017.


Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-
pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192>. Acesso em:27/05/2022

BRUM, Eliane. Meus desacontecimentos: a história da inha vida com as palavras.


2 ed. Arquipélago Editorial, 2017.

MAH, Adeline Yeh. Cinderela chinesa. Rio de Janeiro: Seguinte, 2006

https://novaescola.org.br/planos-de-aula/fundamental/7ano/lingua-portuguesa/a-
estrutura-composicional-da-autobiografia/3467 Acesso em 27/5/2022

https://novaescola.org.br/planos-de-aula/fundamental/7ano/lingua-portuguesa/a-
escrita-confessional/3465 Acesso em:27/05/2022

https://novaescola.org.br/planos-de-aula/fundamental/7ano/lingua-portuguesa/minha-
vida-nossas-vidas/3469 Acesso em:27/05/2022

YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala: a história da menina que defendeu o direito à


educação e foi baleada pelo Talibã. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2013
RELATO DE EXPERIÊNCIA - SEM REDUÇÃO DE CARGA HORÁRIA:
*Nível de ensino deve estar adequado ao estágio.
CRITÉRIOS AVALIATIVOS PARA CORREÇÃO

DO RELATO DE EXPERIÊNCIA

Valor: 5,0 (cinco pontos)

Critério/tópico Valor Nota

Título 0,3

Introdução 0,4

Desenvolvimento 0,3

Observação: 1,3

Regência: 1,3

Síntese da experiência 0,4

Considerações finais 0,4

Referências: 0,2

Formatação:. 0,2

Clareza e coerência na linguagem: 0,2

TOTAL 5,0

*Não será necessário anexar o plano de aula no relato de experiência.

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