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UNIVERSIDADE 

FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOFÍSICA

Estrutura de proteínas

• VOET, D., Voet, J., Pratt, C.W. Fundamentos de


Bioquímica, 2a Edição, Artmed Editora, Porto Alegre, 2008.
Capítulos 5, 6 e 7.
• VOET, D., Voet, J. Bioquímica, Artmed Editora, Porto
Alegre, 2006. Capítulos 8, 9 e 10.
Funções das proteínas
As proteínas exercem papéis cruciais em todos os processos biológicos. Sua
importância e notável gama de atividade são exemplificadas nas seguintes funções.
Catálise enzimática
Transporte e armazenamento
Movimento coordenado
Sustentação mecânica
Proteção imunitária
Geração e transmissão de impulsos nervosos
Controle do metabolismo, do crescimento e da diferenciação
Quais são as principais moléculas
biológicas?

• Ácidos nucléicos → nucleotídeos


• polissacarídeos → açúcares
• proteínas → aminoácidos
• membranas → lipídeos
Propriedades dos
aminoácidos
Estrutura de um -aminoácido
... em pH fisiológico
Comportamento ácido-básico de aminoácidos em solução

Qual dessas formas de um aminoácido não pode existir ?

Meio alcalino

A forma “zwitterriônica”
ou anfotérica dos
-aminoácidos presente
Meio ácido em pH fisiológico
Curva de titulação da glicina

pK α-NH3+ = 9,60

pK α-COO- = 2,34

Glicina é um bom
tampão em pH 2 e
em pH 9
Aminoácidos protéicos são determinados geneticamente

20 tipos de cadeias laterais (+ 2 em Archaea)


L--aminoácidos: grupo amino e carboxila estão no
carbono 

C com 4 ligantes
diferentes
Centro quiral – isomeria
óptica
A isomeria ótica dos aminoácidos
Polarímetro é usado para medir a rotação ótica
Observador gira a
escala até coincidir com
a luz emergente

Escala em graus

Um plano de luz
é selecionado

Filtro Plano da luz que emerge


polarizador da solução foi desviado
para a esquerda ou para a
Fonte de direita pela substância em
luz solução
Solução de substância
opticamente ativa causa
rotação do plano da luz
polarizada

Isômeros ópticos ou enantiômeros:


levógiro (-) ou dextrógiro (+)
Convenção de Fisher (1891)
Somente L-Aminoácidos
ocorrem naturalmente em
proteínas

D-aminoácidos ocorrem em
peptídeos antibióticos
Fármacos são sintetizados quimicamente como misturas
racêmicas
Ligação peptídica

H O R2 O
H3+N - C - C + H3+N - C - C
R1 O O

O R2 O
H2O + H3+N - C - C C—C
R1 N
O
H Peptídeo
Estrutura Primária
A estrutura primária de uma proteína é dada pela seqüência de
aminoácidos e ligações peptídicas do esqueleto covalente da
molécula. Este é o nível estrutural mais simples e mais
importante, pois dele deriva todo o arranjo espacial da molécula.
A estrutura primária pode variar em 3 aspectos, definidos pela
informação genética da célula:
•1. Número de aa.;
•2. Seqüência de aa;
•3. Natureza dos aa.
• A estrutura primária da proteína resulta em uma longa cadeia de
aminoácidos semelhante a um "colar de contas", com uma
extremidade amino-terminal e uma extremidade carbóxi-terminal.
Proteínas são polímeros não-ramificados de
aminoácidos

Estrutura primária da insulina bovina


Derivados de aminoácidos nas proteínas
Funções especializadas de aminoácidos
Ligação peptídica

H O R2 O
H3+N - C - C + H3+N - C - C
R1 O O

O R2 O
H2O + H3+N - C - C C—C
R1 N
O
H Peptídeo
Aminoácidos básicos (carga +) Aminoácidos ácidos (carga -) Aminoácidos polares neutros

Aminoácidos “especiais”

Aminoácidos apolares
Estrutura Primária
A estrutura primária de uma proteína é dada pela seqüência de
aminoácidos e ligações peptídicas do esqueleto covalente da
molécula. Este é o nível estrutural mais simples e mais
importante, pois dele deriva todo o arranjo espacial da molécula.
A estrutura primária pode variar em 3 aspectos, definidos pela
informação genética da célula:
•1. Número de aa.;
•2. Seqüência de aa;
•3. Natureza dos aa.
• A estrutura primária da proteína resulta em uma longa cadeia de
aminoácidos semelhante a um "colar de contas", com uma
extremidade amino-terminal e uma extremidade carbóxi-terminal.
Cadeia de aminoácidos formando uma proteína
Proteínas são polímeros não-ramificados de
aminoácidos

Estrutura primária da insulina bovina


A ligação peptídica

Esqueleto peptídico
Estrutura Secundária
refere-se ao arranjo espacial do esqueleto polipeptídico.
Algumas dessas relações estéricas são de um tipo regular,
dando origem a uma estrutura periódica. A alfa-hélice e a
fita beta são elementos da estrutura secundária.
Estrutura Secundária

-hélice

• Hélice voltada para a direita

• 3,6 resíduos por volta

• passo de 5,4 ângstrons


N • em proteínas, possuem em
O geral 12 resíduos de
aminoácidos (18 Å)
R • na -hélice, o O da
carbonila n forma uma
ligação de H com o H do
grupo amino n+4
Estrutura Secundária

folha 
• na folha , as ligações de H
ocorrem entre cadeias
peptídicas, e não na mesma
cadeia
• envolve 2 ou mais
segmentos polipeptídicos da
mesma molécula ou de
moléculas diferentes,
arranjados em paralelo ou no
sentido anti-paralelo
• os segmentos em folha  da
proteína adquirem um
aspecto de uma folha de
papel dobrada em pregas.
• as ligações de hidrogênio
são a força de estabilização
principal desta estrutura
Estrutura Secundária

folha 

As ligações de H se dispõem perpendicularmente


ao eixo do esqueleto.
Estrutura Secundária

folha 

C-terminal

N-terminal
Antiparalela
N-terminal

C-terminal

C-terminal
Paralela

N-terminal
Estrutura Secundária

folha 
Proteínas fibrosas
Proteínas fibrosas

Estrutura da super-hélice de -queratina

Segmento central de ~310 resíduos de aminoácidos


Proteínas fibrosas
A queratina é ricas em cisteínas, e
sua estrutura é mantida por pontes
dissulfeto
Proteínas fibrosas
Proteínas fibrosas
O mecanismo do alisamento ou permanente
Proteínas fibrosas
Colágeno

Proteína fibrosa abundante


em vertebrados. É uma tripla
hélice.

Mamíferos possuem pelo


menos 33 cadeias
polipeptídicas, que formam
pelo menos 20 tipos de
colágeno, distribuídos nos
diferentes tecidos.

O colágeno do tipo I é dos


mais comuns.
Proteínas fibrosas

O colágeno do tipo I possui uma massa molecular de


~286 kD

É composto essencialmente por


Proteínas fibrosas
Proteínas fibrosas
Estrutura terciária
refere-se ao dobramento adotado pelas cadeias laterais
dos aminoácidos.
Estrutura terciária
Aminoácidos básicos (carga +) Aminoácidos ácidos (carga -) Aminoácidos polares neutros

Aminoácidos “especiais”

Aminoácidos apolares
Estrutura terciária

Na estrutura terciária das proteínas

•os aminoácidos apolares ocorrem majoritariamente no interior


da proteína, fora do contato com a água.

• os aminoácidos polares carregados ocorrem


majoritariamente na superfície da proteína, em contato com a
água.

• os aminoácidos polares não-carregados ocorrem na


superfície e no interior da proteína. Quando no interior, quase
sempre formam ligações de H com outros grupos.
Beta-alfa-beta Só beta Só alfa

Barril beta Barril alfa-beta

Estruturas supersecundárias: “domínios” proteicos ou


“motivos” estruturais
domínios proteicos
domínios proteicos

Exemplos de proteínas globulares

Subunidade da Concanavalina A Triose-fosfato-


hemoglobina isomerase
Estrutura terciária

Estruturas tridimensionais de citocromos tipo c


Mitocôndria

Cadeia respiratória
Estrutura terciária

Polipeptídeos grandes formam domínios.

• Cadeias polipeptídicas de mais de 200 a.a. normalmente se


dobram em dois ou mais aglomerados, chamados domínios.

• Domínios possuem de 100 a 200 a.a. (25 angstrons).

• Domínios são unidades estruturalmente independentes que


possuem características de pequenas proteínas globulares.
Estrutura terciária

A proteína de dois
domínios
gliceraldeído-3-
fosfato-desidrogenase
Proteínas são polímeros de aminoácidos

Peptídeo:
Estrutura primária: sequência dos < 100 aminoácidos
aminoácidos numa cadeia polipeptídica

aminoácido

x4

Estrutura secundária: Estrutura terciária: Estrutura quaternária:


• arranjo espacial do • Dobramento de uma • Associação de mais de
esqueleto polipeptídico cadeia polipeptídica como uma cadeia polipeptídica
um todo
Estrutura Quarternária

• Certas proteínas, tal como a hemoglobina, são


compostas por mais de uma unidade polipeptídica
(cadeia proteica).

• A conformação espacial destas cadeias, juntas, é que


determina a estrutura quaternária. Esta estrutura é
mantida pelas mesmas forças que determinam as
estruturas secundárias e terciárias.
Estrutura Quarternária

• Imumoglobulinas são tetrâmeros, isto é, constituídas por 4 cadeias


proteicas (polipeptídicas).
Estrutura Quarternária
LIGAÇÕES NÃO COVALENTES E Estrutura Quarternária

CONFORMAÇÃO PROTEICA

Proteína Proteína

NH2
— CH2 — OH ... O — C — CH2 — CH2 —
Ponte de Hidrogênio
—CH2—CH2—NH+
3 O
Ligação Iônica C —CH2—CH2—
O
—CH2
CH —CH3
CH3 CH3
CH3 — CH — CH2 —
— CH — CH3 H3C — CH —

CH3 CH3

Interações Hidrofóbicas
e Forças de van der Waals
Ligações que mantêm a estrutura

• Ligações covalentes
• Ligações iônicas
• Ligações hidrofóbicas
• Ligações de hidrogênio
• Forças de Van der Waals
Ligações Covalentes
• Unem átomos formando moléculas duráveis e
resistentes
• Ocorre quando átomos compartilham elétrons
Ligações Iônicas
• Ocorre entre grupos
eletricamente carregados

• Atração eletrostática entre


grupamentos com cargas
opostas
Ligações Hidrofóbicas

• São estabelecidas entre


radicais de aminoácidos
apolares.

• Estes radicais se aproximam


e repelem água.
Proteínas em solução
Ligações de Hidrogênio
• Ocorrem pela atração um átomo de hidrogênio e
outro elemento mais eletronegativo, geralmente
oxigênio ou nitrogênio.
Forças de Van der Waals

• Forças de atração inespecíficas entre moléculas


de baixa polaridade.
• Distância entre os centros atômicos deve ser
inferior a 0,5 nm.
• A especificidade surge quando um grande
número deste tipo de ligação ocorre
simultaneamente.
Ligações que mantêm a estrutura

• Ligações covalentes
• Ligações iônicas
• Ligações hidrofóbicas
• Ligações de hidrogênio
• Forças de Van der Waals
OBS: - As ligações estabilizantes em maior número são
as pontes de H.
- A ligação estabilizante mais forte é a ligação
dissulfeto.
Obrigada
Desnaturação Protéica
É a alteração da estrutura
da proteína sem ruptura das
ligações peptídicas

Proteína
nativa

Proteína desnaturada
Desnaturação
• Agentes desnaturantes são os que provocam a
desorganização. São eles:
- agentes físicos (calor, radiações UV, alta pressão e ultra
som): a maioria das proteínas apresenta pontos de fusão bem
inferiores a 100o C, excetuando-se as proteínas de bactérias
termófilas.
- agentes químicos (ácidos fortes, bases fortes, metais
pesados e uréia): as variações de pH alteram o estado iônico
das cadeias laterais de aminoácidos.
Os detergentes associam-se aos resíduos a.a. apolares,
interferindo com as interações hidrofóbicas
A proteína desnaturada apresenta as
seguintes alterações:

a) Físicas: aumento da viscosidade; não podem ser


cristalizadas ou autoorganizadas.
b) Químicas: maior reatividade: devido a exposição de
grupos químicos que estavam encobertos por
estruturas; diminuição da solubilidade do PHi e,
conseqüente precipitação.
c) Biológicas: perda de suas propriedades enzimáticas,
antigênicas e hormonais; facilmente digeridas por
enzimas hidrolíticas.
Cristian Anfisen (1950-1960)

Ribonuclease – 14.000 D, com 8


resíduos de cisteína formando 4
ligações dissulfeto

desnaturação reversível

8 cisteínas combinadas 2 a 2:
28 = 256 possibilidades

sequência primária determina


estrutura 3D das proteínas
Rotas de dobramento de proteínas

• O dobramento não ocorre


aleatoriamente.

• As proteínas adotam sua


conformação nativa poucos
segundos após terem sido
sintetizadas.

As proteínas parecem ser


dobradas de uma forma
hierarquizada, com
elementos estruturais sendo
formados e depois fundindo-
se para formar os elementos
maiores, que se fundem a
outros elemento para formar
elementos ainda maiores, e
assim por diante.
As proteínas evoluíram
para atingir rotas de
dobramento eficientes e
conformações nativas
estáveis.

Diagrama de energia-entropia para o dobramento de proteínas. A proteína


não dobrada progride de um estado desordenado de alta entropia para um
estado único de conformação nativa com entropia e energia baixas.

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