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MET2001

Metrologia dimensional
Rev. 00

Paquímetro

1 Introdução

O paquímetro é um instrumento usado para medir com precisão as dimensões de


pequenos objetos. É a ferramenta de medição mais conhecida para a realização de
medições rápidas e relativamente exatas.

O desenvolvimento do paquímetro foi possível graças ao Princípio de Vernier (Pierre


Vernier – 1580-1637) para realização da medição, a qual consiste em duas escalas, uma
fixa e outra móvel. A escala móvel é chamada de escala de vernier ou nônio, e permite
obter medidas menores que a menor divisão da escala fixa.

Os paquímetros são fabricados em aço inoxidável temperado garantindo vida longa sem
oxidação, sendo que as superfícies de medição são todas retificadas e lapidadas. Para o
paquímetro universal sua escala é gravada por um processo a laser que garantirá linhas e
números nítidos sobre as escalas.

A norma brasileira ABNT NBR NM 216:2000 trata das características construtivas e


requisitos metrológicos paquímetros e paquímetros de profundidade.

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2 Partes do paquímetro

Figura 1- Partes de um paquímetro convencional.

3 Medição com paquímetro

O paquímetro é um instrumento versátil e pode ser usado para medições de quatro


maneiras diferentes:

Figura 1 – Formas de medição com um paquímetro.

Para se usar corretamente o paquímetro, a peça a ser medida deve estar posicionada
corretamente nas superfícies de medição.

É importante abrir o paquímetro com uma distância maior do que a dimensão do objeto a
ser medido para evitar atritar a peça nas superfícies de medição do instrumento.

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O centro da superfície de medição do encosto fixo deve ser posicionado em uma das
extremidades da peça e o paquímetro deve ser fechado suavemente até que a superfície de
medição do encosto móvel toque a outra extremidade.

Figura 2 – Forma de posicionar a peça entre as superfícies de medição.

Evitar um aperto forte das superfícies de medição sobre o objeto que será medido.

Fazer a leitura posicionando o instrumento perpendicularmente à linha de visão, para


evitar erro de leitura (paralaxe).

Feita a leitura da medida, o paquímetro deve ser aberto e a peça retirada, sem que os
encostos a toquem.

Nas medidas externas, a peça a ser medida deve ser colocada o mais próximo possível da
escala principal.

Para maior segurança nas medições, as superfícies de medição devem ser apoiadas
perpendicularmente à peça.

Figura 3 – Posicionamento do paquímetro para medições externas.

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Nas medidas internas, as superfícies de medição interna devem ser introduzidas o máximo
possível, fazendo com que as mesmas se apoiem perfeitamente na superfície da peça.

Para maior segurança nas medições de diâmetros internos, as superfícies de medição


interna devem coincidir com a linha de centro do furo. Toma-se, então, a máxima leitura
para diâmetros internos e a mínima leitura para ranhuras.

Figura 4 – Posicionamento do paquímetro para medições internas.

Para medidas de profundidade, apoia-se o paquímetro corretamente sobre a peça,


evitando que ele fique inclinado, e a haste de medição de profundidade deve ficar
perpendicular em relação ao fundo da peça.

Figura 5 – Posicionamento do paquímetro para medições de profundidade.

Para medida de ressaltos, coloca-se a parte do paquímetro apropriada para ressaltos


perpendicularmente à superfície de referência da peça. Não se deve usar a haste de
profundidade para esse tipo de medição, porque ela não permite um apoio firme.

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Figura 6 – Posicionamento do paquímetro para medições de ressalto.

3.1 Resolução de um paquímetro

A resolução de um dispositivo mostrador é a menor diferença entre indicações mostradas


que pode ser significativamente percebida.

Em instrumentos com mostradores digitais, a resolução corresponde ao incremento


digital. Para mostradores analógicos, a resolução de leitura será sempre o menor valor
que, com segurança, pode ser lido em uma medição. Ou seja, a resolução refere-se à menor
variação dessa grandeza que pode ser percebida, com segurança, pelo operador.

A resolução de um paquímetro pode ser calculada utilizando-se a seguinte fórmula:

𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑣𝑖𝑠ã𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 𝑓𝑖𝑥𝑎


𝑅𝑒𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 =
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑣𝑖𝑠õ𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑛ô𝑛𝑖𝑜

Por exemplo, para calcular a resolução de um paquímetro com 10 divisões, conforme


Figura abaixo:

Figura 7 – Detalhe do nônio em relação à escala fixa.

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1 𝑚𝑚
𝑅𝑒𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 = = 0,1 𝑚𝑚
10

No sistema em polegada fracionário, cada divisão da escala principal vale 1/16 de


polegada, pois se verificarmos uma polegada está dividida em 16 partes e o nônio possui 8
divisões, então temos:

Nônio com n = 8 partes e valor da menor divisão da escala fixa D = 1/16”.

𝐷 1/16" 1
= =
𝑛 8 128

Assim, a resolução do paquímetro descrito acima é 1/128”.

3.2 Leitura da medida com paquímetro

Os paquímetros geralmente são fabricados com faixa de operação de 150 mm a 2000 mm


ou no sistema inglês de 6” a 80”.

Para a realização da leitura da medição com um paquímetro, devemos, primeiro de tudo,


identificar qual o tipo de instrumento a ser utilizado, qual a escala será utilizada (mm ou
polegadas) e qual a sua resolução.

Em seguida, seguir a seguinte sequência:

a) Fechar completamente o paquímetro e observar a posição do ponto zero das escalas , e


registrar a leitura caso os traços dos zeros da escala fixa e da escala móvel não estejam
coincidindo. Se os traços não estiverem alinhados, o instrumento está apresentando
problemas e o resultado da medição pode ser comprometido.

b) Posicionar o paquímetro na peça a ser medida e realizar a leitura da escala fixa,


observando qual foi o último traço da escala fixa que o zero da escala móvel passou.

c) Analisar a escala móvel e identificar qual o traço da escala móvel que mais coincide com
algum traço da escala fixa. Anotar este valor.

d) Fazer a composição dos valores lidos da seguinte forma:

Medida = leitura da escala fixa + leitura da escala móvel

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Exemplos de leitura:

Resolução = 1/10 = 0,1 mm


Resolução = 1/20 = 0,05 mm
Leitura escala fixa = 1 mm
Leitura escala fixa = 73 mm
Leitura escala móvel = 3º traço x 0,1 = 0,3 mm
Leitura escala móvel = 13º traço x 0,05 = 6,5
Medida = 1 + 0,3 = 1,3 mm mm

Medida = 46 + 0,5 = 73,65 mm

3.3 Erros de leitura

3.3.1 Paralaxe
Dependendo do ângulo de visão do operador, pode ocorrer o erro por paralaxe, pois
devido a esse ângulo, aparentemente há coincidência entre um traço da escala fixa com
outro da móvel. Colocando o instrumento em posição não perpendicular à vista e estando
sobrepostos os traços TN e TM, cada um dos olhos projeta o traço TN em posição oposta, o
que ocasiona um erro de leitura.

Figura 8 – Detalhe da diferença de altura do cursor em relação à escala fixa.

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Para não cometer o erro de paralaxe, é aconselhável que se faça a leitura situando o
paquímetro em uma posição perpendicular os olhos.

3.3.2 Pressão de medição


O erro de pressão de medição origina-se no jogo do cursor, controlado por uma mola. Pode
ocorrer uma inclinação do cursor em relação à régua, o que altera a medida.

Figura 9 – Influência da força aplicada no cursor.

Para se deslocar com facilidade sobre a régua, o cursor deve estar bem regulado: nem
muito preso, nem muito solto. O operador deve, portanto, regular a mola, adaptando o
instrumento à sua mão. Caso exista uma folga anormal, os parafusos de regulagem da mola
devem ser ajustados, girando-os até encostar-se ao fundo e, em seguida, retornando 1/8
de volta aproximadamente.

Figura 10 – Detalhe do ajuste da folga do cursor.

Após esse ajuste, o movimento do cursor deve ser suave, porém sem folga.

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3.4 Tipos de paquímetros

3.4.1 Paquímetro universal


É o modelo mais convencional. Serve para realizar medições internas, externas, de
profundidade e de ressaltos.

3.4.2 Paquímetro universal com relógio


O paquímetro universal com relógio tem a mesma função do paquímetro universal, tem as
mesmas funções, porém é mais rápido e fácil de identificar a medida, ele possui um relógio
no lugar no nônio auxiliando na visualização do operador.

3.4.3 Paquímetro com bico móvel / basculante


Empregado para medir peças cônicas ou peças com rebaixos de diâmetros diferentes. O
seu encosto é móvel justamente para auxiliar nas medidas de peças especiais.

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3.4.4 Paquímetro de profundidade


Como o próprio nome indica, este tipo de instrumento foi especialmente concebido para
medir profundidades de todos os tipos, como por exemplo, profundidade de furos não
vazados, rasgos, rebaixos, entre outros. Esse paquímetro pode apresentar haste simples ou
com gancho.

3.4.5 Paquímetro duplo


Trata-se de um tipo de paquímetro quase exclusivamente concebido para controle de
rodas dentadas.

3.4.6 Paquímetro digital


São os mais fáceis de manusear e diminuem a probabilidade de erro na leitura da
dimensão. Possui um visor digital que facilita na leitura, assim eliminando o problema de
paralaxe, porém deve se ter cuidados básicos ao usar o paquímetro digital como: verificar
se este está calibrado, se a bateria está em boas condições de uso e cuidado com quedas
para não danificar o visor.

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3.4.7 Traçador de altura


Esse instrumento baseia-se no mesmo princípio de funcionamento do paquímetro,
apresentando a escala fixa com cursor na vertical. É empregado na traçagem de peças,
para facilitar o processo de fabricação e, com auxílio de acessórios, no controle
dimensional.

3.5 Calibração de paquímetros

Os métodos de calibração devem avaliar o desempenho do instrumento em toda a faixa de


medição.

Requisitos de retitude, planeza, repetibilidade e paralelismo das superfícies de medição


não são dados separadamente.

Os métodos descritos abaixo não são os únicos métodos de calibração válidos, mas estes
são recomendados para serem usados preferencialmente.

Uma curva de calibração é o meio mais simples de avaliar o desempenho do instrumento


sob calibração. Esta curva também é usada na certificação como prova de calibração.

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3.5.1 Verificação das condições do instrumento


Verificar a existência de áreas que apresentem algum dano superficial que possa
prejudicar ou impedir a calibração. Havendo algum dano e dependendo de sua gravidade e
interferência nos resultados, deve-se promover o reparo.

3.5.2 Erro de indicação


A exigências para o erro de indicação se aplicam para qualquer indicação baseada na
posição de zero. Estas exigências se aplicam independentemente da amplitude de medição
do instrumento. O erro de indicação não deve ser maior do que o máximo permissível
apresentado na Tabela 1:

Tabela 1 - Erro máximo admissível de indicação.

Escala circular ou nônio Indicação digital


Valor de uma divisão Resolução
Valor indicado Paquímetros Paquímetros e
Paquímetros de
Paquímetros Paquímetros de paquímetros de
profundidade
profundidade profundidade
mm 0,1 mm 0,05 mm 0,1 mm 0,05 mm 0,02 mm 0,02 mm 0,01 mm
até 100 ± 20 ± 20 ± 20
acima de 100 ± 50 ± 50 ± 50 ± 50
até 400
± 30 ± 30 ± 30
acima de 400
± 75 ± 75
até 600
± 100 ± 100
acima de 600
± 100 ± 100
até 800
± 40 ± 40 ± 40
acima de 800
± 125 ± 150 ± 125
até 1000
± 150
acima de 1000
± 150 ± 50
até 1400
acima de 1400
± 175
até 1600
± 200 ± 60
acima de 1600
± 200
até 2000

Os requisitos devem ser atendidos independentemente para cada sentido de força de


medição. Para medições com mudança no sentido da força de medição, os erros máximos
admissíveis são acrescidos de 20 μm.

Para medições com haste de profundidade, o erro admissível é acrescido de 20 μm.

O erro de indicação pode ser avaliado com blocos-padrão de acordo com a ISO 3650 e com
anel-padrão.

Deve-se efetuar a calibração num certo número de posições da capacidade de medição e


de tal modo que a cada medição individual possam coincidir diferentes traços do nônio.
Isso quer dizer que devem ser calibrados pontos aleatórios, evitando-se concentrar apenas
nos valores inteiros da escala, por exemplo, 5, 10, 15, 20, etc. Sempre que possível, devem

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ser considerados valores intermediários, como 5,25 e 7,8, 14,3, etc., dependendo da
facilidade de montagem dos blocos-padrão.

Para medições internas, os erros devem ser verificados com calibradores-padrão internos,
blocos-padrão, micrômetros, etc., seguindo os mesmos critérios que para medições
externas.

3.5.3 Variação de indicação próximo ao ponto zero


Próximo ao ponto zero, a variação da indicação ao longo dos medidores por dois pontos de
medição não deve exceder o erro máximo admissível estabelecido na Tabela 2, sob uma
força de medição constante.

Tabela 2 - Erro máximo admissível de variação de indicação próximo ao ponto zero, em μm.

Comprimento da
superfície de medição, Valor de uma divisão ou resolução
face b
mm 0,1 mm 0,05 mm 0,02 / 0,01 mm
30 100 50 20
60 100 50 30
90 100 50 40
110 100 100 50
150 100 100 60

A variação da indicação próxima ao ponto zero pode ser avaliada por dois pontos de
medição, isto é, pela medida do diâmetro de um cilindro-padrão (aproximadamente
10 mm) em diferentes posições ao longo do comprimento dos medidores.

Figura 11 - Disposição para medição da variação de indicação.

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3.5.4 Efeito da trava do cursor


Uma vez o cursor travado (no caso do cursor ser equipado com um parafuso ou um
dispositivo de trava), a posição fixada não deve mudar e a indicação deve ser:

- em instrumentos com indicação analógica, a indicação não deve variar;

- em instrumentos com indicação digital, a indicação pode variar de um valor da sua


resolução.

3.5.5 Exemplo de um gráfico de erro de indicação

Figura 12 – Exemplo de um gráfico de erro de indicação de um paquímetro de profundidade com


faixa de medição de 0 a 150 mm.

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