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Direito Constitucional II

Poder executivo

Noções gerais

O Poder Executivo tem como função típica, no Brasil, administrar, e,


como funções atípicas, legislar e julgar. No caso do Presidente da República,
além de administrar, sua função típica é representar o país externamente, já
que, além de chefe de governo, ele também é chefe de Estado.

-> Sistema presidencialista – CF 1841.

Segundo o art. 77, caput, da Constituição Federal, a eleição


presidencial ocorrerá no primeiro domingo de outubro do último ano do
mandato presidencial. O candidato à presidência registrar-se-á juntamente com
o Vice-Presidente da República; segundo o §1º do mesmo artigo, “a eleição do
Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado”.
Nem sempre foi assim no Brasil. No texto originário da Constituição de 1946, a
eleições de Presidente e Vice-Presidente eram independentes, o que ensejou a
eleição de um Presidente conservador (Jânio Quadros) e um Vice-Presidente
de tendências socialistas (João Goulart).

Será eleito Presidente da República o que obtiver maioria absoluta


dos votos válidos (todos os votos, excluídos os brancos e os nulos). Segundo o
art. 77, §2º, da Constituição Federal, “será considerado eleito Presidente o
candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de
votos, não computados os em branco e os nulos”. Assim, o sistema eleitoral
que se aplica ao Presidente da República é o sistema majoritário com maioria
absoluta. Esse mesmo sistema se aplica aos Governadores (dos Estados e do
Distrito Federal) e aos Prefeitos dos Municípios com mais de duzentos mil
eleitores (isso porque nos Municípios com até duzentos mil eleitores, o sistema
eleitoral é o majoritário com maioria simples, nos termos do art. 29, II, CF).

Se nenhum candidato obtiver, no primeiro turno, maioria absoluta


dos votos válidos, far-se-á segundo turno, com os dois candidatos mais
votados, no último domingo de outubro. É o que consta da parte final do art. 77,
caput, da Constituição Federal: “A eleição do Presidente e do Vice Presidente
da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro,
em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se
houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente”.
Cuidado: o art. 77, §3º, da Constituição Federal, afirma que o segundo turno
será realizado “em até vinte dias após a proclamação do resultado”. Na
realidade, este último dispositivo, originário de 1988, foi tacitamente revogado
pelo caput, que foi alterado pela Emenda Constitucional n. 16, de 1997, em
razão do critério cronológico (a norma posterior revoga a anterior).

Existe uma “lenda” segundo a qual, se mais da metade da


população anular seu voto, serão marcadas novas eleições. Esse
entendimento decorre de uma má interpretação do art. 224 do Código Eleitoral,
segundo o qual, “se a nulidade atingir mais de metade dos votos do país nas
eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do
município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais
votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20
(vinte) a 40 (quarenta) dias”. Todavia, a “nulidade” mencionada por esse artigo
refere-se à constatação de nulidade do voto pela Justiça Eleitoral, por exemplo,
quando da cassação de candidato eleito condenado por compra de votos.
Assim, os votos nulos (e os votos em branco) são descartados para fins de
apuração do candidato eleito. Será considerado Presidente quem obtiver mais
da metade dos votos válidos.

Segundo o art. 77, §4º, da Constituição, “se, antes de realizado o


segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato,
convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação”. Todavia, se a
morte, desistência ou impedimento legal ocorre antes da realização do primeiro
turno, poderá o partido ou coligação substituí-lo, nos termos do art. 13 da Lei n.
9.504/97. Foi o que ocorreu com a trágica morte do candidato à presidência
Eduardo Campos, em 13 de agosto de 2014, sendo substituído pela candidata
Marina Silva.

Por fim, uma hipótese raríssima e inusitada: se houver empate,


eleger-se-á o candidato mais idoso, nos termos do art. 77, §5º, da Constituição
Federal: “Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo
lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais
idoso”. Esse foi o critério utilizado para determinar o Prefeito de Cariús, cidade
cearense, nas eleições municipais de 2016. Os dois candidatos mais votados
foram Iran Ferreira e Nizo Costa, ambos com 5.811 votos. Foi eleito Iran, com
46 anos, já que seu oponente tinha 5 anos a menos.

Segundo o art. 78, caput, da Constituição Federal, “O Presidente e o


Vice Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso
Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a
Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro,
sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”. Conforme o
parágrafo único do mesmo artigo, “se, decorridos dez dias da data fixada para
a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não
tiver assumido o cargo, este será declarado vago”. Como se vê, o parágrafo
único somente determina que o cargo somente será declarado vago se o
Presidente ou o Vice-presidente não tomarem posse, salvo motivo de força
maior”. Dispositivo semelhante havia na Constituição de 1967 e que garantiu a
posse do então Vice-Presidente José Sarney. Explica-se: eleito Presidente da
República pelo colégio eleitoral em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi
hospitalizado na noite do dia 14 de março, véspera da posse. Tomou posse no
dia 15 de março o então Vice-Presidente José Sarney (que se tornou
Presidente, em razão da morte de Tancredo).

Todos esses cargos acima mencionados são ocupados por


brasileiros natos. Assim, embora deputados federais e senadores possam ser
brasileiros natos ou naturalizados, somente podem ser eleitos Presidentes das
respectivas mesas os parlamentares que sejam brasileiros natos.

Questão interessante: poderá ser Presidente da Câmara dos


Deputados menor de 35 anos? A questão ganha destaque porque ele poderá
assumir a Presidência da República (em que uma das condições de
elegibilidade é a idade mínima de 35 anos). Recentemente, a imprensa noticiou
o desejo de um deputado federal eleito por São Paulo, com 22 anos de idade
(Kim Kataguiri), presidir a Câmara dos Deputados. Ele pode?

Não há qualquer impedimento constitucional ou regimental para


eleição do Presidente da Câmara dos Deputados menor de 35 anos. O art. 16,
parágrafo único, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados determina
apenas que “o cargo de Presidente é privativo de brasileiro nato”. Cremos
também que o entendimento restritivo não poderia ser extraído da Constituição
Federal. A idade mínima de 35 anos é uma condição de “elegibilidade” do
Presidente da República. Ou seja, o menor de 35 anos (no momento da posse)
não poderá jamais ser eleito Presidente, mas nada impede que, por alguns
dias, exerça a presidência, pela substituição constitucional, se legitimamente
escolhido pela Câmara dos Deputados. É muito comum, nesse caso, pessoas
responderem com o “bom senso”. “Não é razoável que um jovem esteja na
Presidência, ainda que por alguns poucos dias”, “a imaturidade impediria
assumir a presidência” etc. Bem, assumimos, como sociedade, o dever de
cumprir a Constituição, e não aquilo que achamos melhor. O fato é que a
questão irá ao Supremo Tribunal Federal quando um menor de 35 anos se
candidatar à Presidência da Câmara e, nesse momento, o Tribunal fará sua
interpretação constitucional. É possível que o Supremo restrinja a idade do
Presidente da Câmara (para os maiores de 35 anos) ou, o que é mais provável,
permita que o menor de 35 anos seja eleito pelos seus pares, como Presidente
da Câmara, mas não permita que ele substitua o Presidente da República. O
Supremo fez isso (como menor razão), para réus em processos criminais.
Podem assumir a Presidência da Câmara e do Senado, mas não podem
assumir a Presidência da República, como adiante se verá.
Resumindo: entendemos que poderá o Presidente da Câmara dos
Deputados ter menos de 35 anos e, mesmo assim, assumir temporariamente a
Presidência da República. O art. 14 da Constituição Federal prevê que a idade
de 35 anos é uma “condição de elegibilidade” do Presidente da República. Ora,
não poderá ser eleito o menor de 35 anos, o que não significa que,
excepcionalmente, por outros meios, não possa ocupar a Presidência o
deputado federal com idade inferior a essa. Não obstante, supomos (e é
apenas uma suposição) que o STF entenda ser possível eleger o jovem como
Presidente da Câmara, mas o impeça de assumir a Presidência da República.

Isso porque, em recente decisão, proferida na ADPF 402, a maioria


dos Ministros do STF entendeu que réus em ação penal perante o Supremo
Tribunal Federal não podem substituir o Presidente da República. A decisão foi
aplicada ao então Presidente do Senado Renan Calheiros. O STF entendeu
que ele poderia continuar a ocupar o cargo de Presidente do Senado, mas não
poderia assumir temporariamente a Presidência da República.

Por fim, é importante destacar que a substituição do Presidente pelo


Vice-Presidente pode ser definitiva (até o final do mandato). Foi o que
aconteceu com o Vice-Presidente José Sarney (que assumiu a Presidência
com a morte de Tancredo Neves) e com o Vice-Presidente Itamar Franco (que
assumiu a Presidência com o impeachment de Fernando Collor de Mello).

Todavia, a substituição pelo Presidente da Câmara dos Deputados,


do Senado Federal ou do Supremo Tribunal Federal é sempre temporária. Isso
porque, segundo o art. 81 da Constituição Federal, se os cargo de Presidente e
Vice-Presidente ficam vagos na primeira metade do mandato (por morte,
renúncia, impeachment etc.), haverá novas eleições diretas, em 90 dias. Por
sua vez, se os cargos de Presidente e Vice-Presidente ficarem vagos nos
últimos dois anos do mandato, haverá eleições indiretas, pelo Congresso
Nacional, no prazo de 30 dias.

Segundo o mencionado dispositivo constitucional: “vagando os


cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa
dias depois de aberta a última vaga” (art. 81, caput, CF). De acordo com o § 1º
do mesmo artigo, “ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período
presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da
última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei”. Esse novo Presidente
eleito apenas concluirá o mandato de seu antecessor, num denominado
“mandato-tampão”.

Como vimos, caso os cargos de Presidente e Vice-Presidente


fiquem vagos nos últimos dois anos do mandato, haverá eleições indiretas no
Congresso Nacional, na forma da lei. Sobre o tema, foi editada a Lei n. 1.395,
de 13 de julho de 1951. Todavia, ela foi revogada expressamente pelo art. 50
da Lei Complementar ao Ato Adicional de 17 de julho de 1962. Em 1964, foi
editada a Lei n. 4.321, que regula a eleição indireta no Brasil.

A referida lei prevê que a eleição se dará por voto secreto, em


escrutínios distintos para Presidente e Vice-Presidente. Será eleito o candidato
que obtiver maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional. Dessa
maneira, entendemos se tratar de outra hipótese de sessão unicameral (os
votos de deputados e senadores são computados conjuntamente). Com muitas
lacunas, a Lei n. 4.321/64 deve ser substituída. Primeiramente, a previsão do
“voto secreto” não se mostra mais compatível com o regime democrático e
republicano, que, como vimos anteriormente, exige que, em regra, a votação
dos parlamentares seja aberta. Nesse sentido, referindo-se à votação indireta
no âmbito estadual, decidiu o Supremo Tribunal Federal que o voto secreto é
garantia do eleitor, devendo a votação indireta ser aberta (ADI 4.298-MC, rel.
Min. Cezar Peluso).

Tramita no Congresso Nacional o projeto de Lei n. 5.821/2013, de


Comissão Mista do Congresso. Segundo esse projeto, no prazo de 10 dias a
contar da publicação do edital, os Partidos Políticos ou Coligações partidárias
devem indicar seus candidatos à Mesa do Congresso Nacional, podendo ser
parlamentares ou não, preenchidos os requisitos de elegibilidade do Presidente
(35 anos, brasileiro nato etc.).

-> Funções típicas e atípicas.

O Poder Executivo tem como função típica, no Brasil, administrar, e,


como funções atípicas, legislar e julgar. No caso do Presidente da República,
além de administrar, sua função típica é representar o país externamente, já
que, além de chefe de governo, ele também é chefe de Estado.

-> Presidente da república: chefe de estado / chefe de governo.

Presidente da República exerce simultaneamente duas funções:


além de ser chefe de Estado (representar o país externamente) é chefe de
Governo (praticando atos de natureza administrativa e política). As atribuições
do Presidente da República estão previstas no art. 84 da Constituição Federal.
Primeiramente, esse rol não é taxativo. Tanto que o próprio inciso XXVII desse
artigo afirma ser atribuição do Presidente “exercer outras atribuições previstas
nesta Constituição”.
-> Eleição:

Segundo o art. 77, caput, da Constituição Federal, a eleição


presidencial ocorrerá no primeiro domingo de outubro do último ano do
mandato presidencial. O candidato à presidência registrar-se-á juntamente com
o Vice-Presidente da República; segundo o §1º do mesmo artigo, “a eleição do
Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado”.
Nem sempre foi assim no Brasil. No texto originário da Constituição de 1946, a
eleições de Presidente e Vice-Presidente eram independentes, o que ensejou a
eleição de um Presidente conservador (Jânio Quadros) e um Vice-Presidente
de tendências socialistas (João Goulart).

Será eleito Presidente da República o que obtiver maioria absoluta


dos votos válidos (todos os votos, excluídos os brancos e os nulos). Segundo o
art. 77, §2º, da Constituição Federal, “será considerado eleito Presidente o
candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de
votos, não computados os em branco e os nulos”. Assim, o sistema eleitoral
que se aplica ao Presidente da República é o sistema majoritário com maioria
absoluta. Esse mesmo sistema se aplica aos Governadores (dos Estados e do
Distrito Federal) e aos Prefeitos dos Municípios com mais de duzentos mil
eleitores (isso porque nos Municípios com até duzentos mil eleitores, o sistema
eleitoral é o majoritário com maioria simples, nos termos do art. 29, II, CF).

Se nenhum candidato obtiver, no primeiro turno, maioria absoluta


dos votos válidos, far-se-á segundo turno, com os dois candidatos mais
votados, no último domingo de outubro. É o que consta da parte final do art. 77,
caput, da Constituição Federal: “A eleição do Presidente e do Vice Presidente
da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro,
em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se
houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente”.
Cuidado: o art. 77, §3º, da Constituição Federal, afirma que o segundo turno
será realizado “em até vinte dias após a proclamação do resultado”. Na
realidade, este último dispositivo, originário de 1988, foi tacitamente revogado
pelo caput, que foi alterado pela Emenda Constitucional n. 16, de 1997, em
razão do critério cronológico (a norma posterior revoga a anterior).

Existe uma “lenda” segundo a qual, se mais da metade da


população anular seu voto, serão marcadas novas eleições. Esse
entendimento decorre de uma má interpretação do art. 224 do Código Eleitoral,
segundo o qual, “se a nulidade atingir mais de metade dos votos do país nas
eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do
município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais
votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20
(vinte) a 40 (quarenta) dias”. Todavia, a “nulidade” mencionada por esse artigo
refere-se à constatação de nulidade do voto pela Justiça Eleitoral, por exemplo,
quando da cassação de candidato eleito condenado por compra de votos.
Assim, os votos nulos (e os votos em branco) são descartados para fins de
apuração do candidato eleito. Será considerado Presidente quem obtiver mais
da metade dos votos válidos.

Segundo o art. 77, §4º, da Constituição, “se, antes de realizado o


segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato,
convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação”. Todavia, se a
morte, desistência ou impedimento legal ocorre antes da realização do primeiro
turno, poderá o partido ou coligação substituí-lo, nos termos do art. 13 da Lei n.
9.504/97. Foi o que ocorreu com a trágica morte do candidato à presidência
Eduardo Campos, em 13 de agosto de 2014, sendo substituído pela candidata
Marina Silva.

Por fim, uma hipótese raríssima e inusitada: se houver empate,


elegerse-á o candidato mais idoso, nos termos do art. 77, §5º, da Constituição
Federal: “Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo
lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais
idoso”. Esse foi o critério utilizado para determinar o Prefeito de Cariús, cidade
cearense, nas eleições municipais de 2016. Os dois candidatos mais votados
foram Iran Ferreira e Nizo Costa, ambos com 5.811 votos. Foi eleito Iran, com
46 anos, já que seu oponente tinha 5 anos a menos. Segundo o art. 78, caput,
da Constituição Federal, “O Presidente e o Vice Presidente da República
tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso
de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o
bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a
independência do Brasil”. Conforme o parágrafo único do mesmo artigo, “se,
decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-
Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será
declarado vago”. Como se vê, o parágrafo único somente determina que o
cargo somente será declarado vago se o Presidente ou o Vice-presidente não
tomarem posse, salvo motivo de força maior”. Dispositivo semelhante havia na
Constituição de 1967 e que garantiu a posse do então Vice-Presidente José
Sarney. Explica-se: eleito Presidente da República pelo colégio eleitoral em 15
de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi hospitalizado na noite do dia 14 de
março, véspera da posse. Tomou posse no dia 15 de março o então Vice-
Presidente José Sarney (que se tornou Presidente, em razão da morte de
Tancredo).

- Posse: EC 111/2021. (PR: 05/01 – GOV: 06/01).

- Sucessão presidencial:

O Presidente da República poderá ser substituído em caso de


impedimento, ou sucedido, em caso de vacância.
Substituição  Impedimento

Sucessão  Vacância

O impedimento é temporário, ocorrendo em caso de doença, férias


etc. Já a vacância é definitiva, ocorrendo em caso de cassação, renúncia ou
morte. O substituto natural do Presidente da República é o Vice-Presidente,
mas a linha sucessória presidencial brasileira está prevista no art. 80 da
Constituição Federal: “Em caso de impedimento do Presidente e do Vice
Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente
chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal”. Eis,
portanto, a linha sucessória presidencial:

Substituição [temporária] x sucessão [definitiva – vice] (ordem – art.


79 e 80, CF –> presidente – vice-presidente – presidente da câmara dos
deputados – presidente do senado federal – presidente do superior tribunal
federal).

* Substituto réu em ação penal:

- Art. 86, § 1º, inciso I, CF.


Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois
terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes
de responsabilidade.

§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:

I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo


Tribunal Federal;

II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.

§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará
o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.

§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da


República não estará sujeito a prisão.

§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado


por atos estranhos ao exercício de suas funções.
- ADPF 402/DF.

Os substitutos eventuais do Presidente da República – o Presidente


da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal e o Presidente do
Supremo Tribunal Federal (CF, art. 80) – ficarão unicamente impossibilitados
de exercer, em caráter interino, a Chefia do Poder Executivo da União, caso
ostentem a posição de réus criminais, condição que assumem somente após o
recebimento judicial da denúncia ou da queixa-crime (CF, art. 86, § 1º, I). –
Essa interdição, contudo – por unicamente incidir na hipótese estrita de
convocação para o exercício, por substituição, da Presidência da República
(CF, art. 80) –, não os impede de desempenhar a Chefia que titularizam no
órgão de Poder que dirigem, razão pela qual não se legitima qualquer decisão
que importe em afastamento imediato de tal posição funcional em seu órgão de
origem. – A “ratio” subjacente a esse entendimento (exigência de preservação
da respeitabilidade das instituições republicanas) apoia-se no fato de que não
teria sentido que os substitutos eventuais a que alude o art. 80 da Carta
Política, ostentando a condição formal de acusados em juízo penal, viessem a
dispor, para efeito de desempenho transitório do ofício presidencial, de maior
aptidão jurídica que o próprio Chefe do Poder Executivo da União, titular do
mandato, a quem a Constituição impõe, presente o mesmo contexto (CF, art.
86, § 1º), o necessário afastamento cautelar do cargo para o qual foi eleito.

* Dupla vacância:

Existe ainda a possibilidade de ambos os candidatos eleitos


encontrarem-se incapazes de exercer suas funções, a chamada dupla
vacância.

- Art. 81, § 1º e 2º, CF.


Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República,
far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.

§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para
ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional,
na forma da lei.

§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus


antecessores.

Se nos dois primeiros anos: nova eleição (mandado tampão) em 90


dias, enquanto o presidente da câmara substitui.

Se nos dois últimos anos: eleição indireta dentro do congresso em


30 dias.
- Lei 4.321/64.

LEI Nº 4.321, DE 7 DE ABRIL DE 1964.

Dispõe sôbre a eleição, pelo Congresso Nacional, do Presidente e Vice-Presidente da


República.

- MC – ADI 4.298 / TO.


Ementa

Ação Direta de Inconstitucionalidade parcialmente conhecida. Lei 2.154/2009, do


Estado do Tocantins. Eleição de Governador e Vice-Governador. Hipótese de cargos vagos
nos dois últimos anos de mandato. Eleição indireta pela Assembleia Legislativa. Reprodução
do disposto no art. 81, § 1º, da CF. Não obrigatoriedade. Exercício da autonomia do Estado-
membro. Ação improcedente.

Decisão

O Tribunal, por maioria, conheceu em parte da ação direta e, nessa parte, julgou
improcedente o pedido, nos termos do voto do Relator, vencidos os Ministros Roberto Barroso
e Cármen Lúcia, que julgavam parcialmente procedente o pedido formulado, de modo a atribuir
interpretação conforme a Constituição à Lei nº 2.143/2009 do Estado do Tocantins. Não
participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário,
Sessão Virtual de 21.8.2020 a 28.8.2020.

-> Ausência:

- Art. 83, CF.

Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem


licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias,
sob pena de perda do cargo.

- ADI 7386/GO.

- ADI 36475/MA.

-> Processo e Julgamento:

- Presidente:

-- Crimes de responsabilidade:
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que
atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos


Poderes constitucionais das unidades da Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;


IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

VI - a lei orçamentária;

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de
processo e julgamento.

--- Natureza: Penal (súmula vinculante 46, STF) / Infração político


administrativa.

- Competência: Admissibilidade (Câmara dos Deputados) /


Julgamento (Senado Federal).

- Sanção: art. 52, parágrafo único.


Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de


responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;

II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho


Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da
República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do
Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por
dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito
anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais
cabíveis.

- Hipóteses: art. 85, parágrafo único / Lei 1.079/1950 / ADPF 378.

-> Procedimento:

- Oferecimento da denúncia.

- Presidente da câmara.

-- Instalação comissão especial:

- Notificação do PR (10 sessões).

- Relatório final (05 sessões).

-- Votação em plenário:

- 2/3 (342 votos).

- Condição de processabilidade.

- Art. 86.
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da
Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal,
nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:

I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo


Tribunal Federal;

II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.

§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará
o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.

§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da


República não estará sujeito a prisão.

§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado


por atos estranhos ao exercício de suas funções.

-> Procedimento no senado:

- Instauração do processo.

- Parecer da comissão especial (maioria relativa / suspensão de 180


dias).

- Rito: Lei 1.079/1950.

- Presidência: presidente do STF.

- Absolvição.

- Condenação com 2/3 (54 votos).

- Renuncia – petição nº 1365-2-QO.

-> Crimes comuns:

- Irresponsabilidade penal relativa.

- Art. 86, § 4º, CF.

- Autorização da Câmara dos Deputados.

- Suspenção (art. 86, § 1º, inciso I, CF).

- Prisão (art. 86, § 3º, CF).

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