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RESUMO 1ª FREQUÊNCIA

PSICOLOGIA DA PERCEÇÃO E ATENÇÃO

I – Psicologia Cognitiva

1. O que é a Psicologia Cognitiva?

A Psicologia Cognitiva estuda os processos internos que permitem ter noção do ou


perceber o meio ambiente e decidir qual a ação ou comportamento mais apropriado.

Ex. de processos cognitivos:


- Perceção
- Atenção
- Memória
- Linguagem
- Resolução de problemas
- Raciocínio
- Pensamento

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1.1. O Processamento de Informação é feito através de:

- Informação (fornecida pelo meio) que é processada pelos vários sistemas de


processamento acima referidos (perceção, atenção, memória, etc.);

- Os sistemas de processamento transformam ou alteram a informação de uma


forma sistemática;

- Investigação – especificar processos e estruturas subjacentes ao desempenho


cognitivo;

- Metáfora computacional - o Ser Humano processa a informação;

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1.2. Processamento de Estímulos

- Processamento ascendente: o processamento do estímulo começa nos recetores


sensoriais e progride até às áreas do córtex que integram a informação sensorial, que é
determinado pelas próprias características do estímulo (determinado pelo estímulo
input)

- Processamento descendente: fase do processamento onde o processamento do


estímulo é também influenciado pelo conhecimento, experiências prévias e expectativas
dos sujeitos e não simplesmente pelas características do estímulo.
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1.3. Ordem dos Processamentos

- Processamento Serial: Cada processo ocorre num determinado momento; Só


se inicia um novo processo quando o anterior está concluído.

- Processamento Paralelo: Alguns ou todos os processos de uma tarefa ocorrem


em simultâneo (ex. Conduzir um automóvel)

- Processamento em cascata: Processos mais avançados começam sem que os


iniciais tenham ainda terminado.

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1.4. Áreas da Psicologia Cognitiva:

- Psicologia Cognitiva Experimental: tradição experimental;

- Neuropsicologia Cognitiva: padrões de defeito de doentes com lesão cerebral;

- Neurociências Cognitivas: técnicas de estudo do funcionamento cerebral;

- Ciência Cognitiva: desenvolve modelo computacionais;

Pressuposto unificador – Metáfora Computacional: a mente como um sistema de


processamento de capacidade limitada.

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2. Psicologia Cognitiva Experimental

O conhecimento é alcançado a partir de experiências rigorosamente controladas (muitas


realizadas em laboratório)

- Influenciou/a a conceção dos primeiros modelos da cognição humana;

- Possibilitou/a a compreensão dos efeitos das lesões cerebrais;

- Estimulou/a a simulação computacional, que parte de modelos/teorias


cognitivas;

- Potenciou/a a construção e seleção das tarefas utilizadas pela Neurociência


Cognitiva e pela Neuropsicologia

Métodos de estudo/medidas:
- Velocidade (tempo de reação);
- Eficiência de desempenho (nº de acertos ou erros) na execução de uma tarefa;
- Introspeção;
2.1. Limitações da Psicologia Cognitiva Experimental

- Informação obtida em contexto artificial – carece de validade ecológica (ex.,


sequência de estímulos é determinada pelo experimentador e não pelo comportamento do
sujeito;

- O que determina a atenção é a Relevância dos estímulos e a Intensidade dos


estímulos;

- Fornecem informação indireta acerca dos processos e estruturas internas – Mas


como ocorrem? Que tipo de processamento?

- Há processos que influenciam o comportamento que não são conscientes (ex.,


aprendizagens e memórias implícitas;

- Compreender a cognição humana implica saber o que se passa no cérebro;

- Conceitos, definições e descrições dos processos são vagos;

- Em regra, as diferenças individuais não são consideradas;

- Existem modelos e teorias específicas de vários processos cognitivos mas falta


uma perspetiva teórica abrangente (ex., Como se relacionam os diferentes componentes
do sistema cognitivo?).

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3. Neuropsicologia Cognitiva

- Estuda o desempenho cognitivo de doentes com lesão cerebral;

-Identifica os processos cognitivos preservados e os que exibem defeito;

- O desempenho é explicado por teorias da psicologia cognitiva (especificam processos


envolvidos no normal funcionamento);

- Informação dos pacientes contribui para teorias e modelos sobre o funcionamento


normal;

Como funciona o sistema cognitivo? Procuram-se duplas dissociações:

Doente 1 – desempenho normal na tarefa A; defeito na tarefa B;


Doente 2 – defeito na tarefa A; desempenho normal na tarefa B;

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3.1.Pressupostos Teóricos

Modularidade

- Existem processos/módulos cognitivos independentes;

- Lesões cerebrais afetam módulos seletivamente;

- Lesões num módulo podem não afetar os restantes módulos/ módulos são
anatomicamente distintos;

- Dupla dissociação – 2 tarefas fazem uso de módulos/processadores diferentes;

- Duplas dissociações levam a um mapa da organização modular do sistema


cognitivo;

Características dos módulos:

- Encapsulamento informativo – um módulo executa o seu processamento


relativamente isolado dos restantes processos que ocorrem no sistema; o seu
funcionamento não é afetado pela informação disponível a outros níveis;

- Especificidade de domínio – as operações de cada módulo aplicam-se apenas a


um determinado tipo de imput;

- Funcionamento obrigatório – quando o imput é apresentado, o módulo executa


sempre o seu processamento; não está sob a influência do controlo do sujeito;

- Carácter inato dos módulos – a estrutura é especificada de modo inato, não sendo
adquirida, nem modificada pela aprendizagem;

Isomorfismo

- Existe uma relação entre a organização física do cérebro e a do sistema cognitivo;

- Cada módulo tem uma diferente localização no cérebro;

Síndromes

Maioria dos pacientes pode ser caracterizado em síndromes (conjunto de sintomas


que tendem a coocorrer);
3.2.Vantagens e Desvantagens da Neuropsicologia Cognitiva

Vantagens

- Impõe alguma ordem aos n casos de doentes com lesão cerebral estudados;

- Identifica áreas do cérebro responsáveis por dadas funções cognitivas;

Desvantagens

- Exagera semelhanças entre pacientes;

- Certos defeitos podem coocorrer porque os processos cognitivos subjacentes são


anatomicamente adjacentes;

Alternativa: estudos de caso

- Nem sempre é possível encontrar pacientes com defeitos semelhantes;

- Cada paciente é estudado numa ampla variedade de tarefas

- Evita-se a simplificação por inclusão de categorias;

- Atenção: nem todos os sujeitos com lesão cerebral são representativos;


- Estratégias idiossincráticas;
- Maior dificuldade numas tarefas do que noutras;
- Podem existir lacunas pré-mórbidas;
- Nem sempre é possível estabelecer o nível pré-mórbido do sujeito;
- Pode haver reorganização do sistema após lesão;

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4. Neurociências Cognitivas (Ressonâncias Magnéticas, single-unit recording, PET


scan, etc.)

Os dados neurobiológicos ajudam a restringir teorias computacionais, estreitando o


campo de investigação.

Fornecem dados acerca da estrutura e funcionamento do cérebro, que informam:

- Onde e Quando ocorrem os processos cognitivos;

- A ordem de ativação de diferentes partes do cérebro;


- Se duas tarefas envolvem ou não as mesmas partes do cérebro;

5. Ciências Computacionais

Desenvolvem modelos para compreender a cognição humana que mostram como uma
teoria pode ser especificada, e que permitem prever o comportamento.

Modelos computacionais – Programação de computadores para imitarem alguns aspetos


do comportamento cognitivo

Inteligência Artificial – construção de sistemas de computação para produzirem


respostas ou comportamentos inteligentes.

Implementar uma teoria como programa permite verificar detalhadamente:

- Processos
- Estruturas
- Natureza das representações

5.1. Exemplos de Modelos Computacionais

Sistemas de Produção

Compostos por regras de produção:

- Memória a Longo Prazo (MLP) – contém n regras (ex., “ se…então…”);

- Memória de Trabalho – guarda a informação que se encontra a ser processada;

A informação da memória de trabalho emparelha com a informação da MLP.

Úteis na caracterização de processos cognitivos como resolução de problemas e


raciocínio.

Redes Semânticas

Procuram modelar o que sabemos acerca do mundo. Tem origem na tradição


associacionista.

Princípios de associação:

- Contiguidade

- Semelhança

- Contraste
Principais características das Redes Semânticas:

- Conceitos estão representados por nódulos;

- Nódulos estão interligados formando uma rede;

- Nódulos e ligações terão diferentes níveis de ativação consoante o grau de


semelhança entre conceitos;

- Aprendizagem equivale á adição de novos nódulos e/ou ligações;

- Vários efeitos podem ser modelados através do comportamento da rede (ex.,


memória, efeito de Priming – propagação da ativação pela rede);

- Propagação da ativação é influenciada pelo nº de ligações e grau de ativação;

Redes Conexionistas

- Não utilizam símbolos nem regras explícitas;

- Utilizam representações distribuídas – conceitos são caracterizados por padrões


de ativação na rede;

- Rede é composta por nódulos neuronais interligados;

- Nódulos influenciam outros nódulos excitando-os ou inibindo-os;

- Conceito – representado e armazenado sob a forma de um padrão de ativação


distribuído na rede;

- Padrões de ativação de inputs associados a outputs;

- Comportamentos complexos podem implicar vários níveis de representação;

As Redes Conexionistas são caracterizadas por:

- Propriedades das unidades;

- Ligações entre unidades;

- Regras que modificam as forças das ligações;

Aprendizagem – propagação inversa dos erros (BackProp) – modifica o peso das ligações
através da rede até a rede produzir o padrão de resposta desejado;
O programa aprende o comportamento em vez de ser explicitamente programado.

Contributos das Redes Conexionistas:

- Partem do pressuposto de que o conhecimento está distribuído, i.e. os conceitos


não são representados de forma discreta e independente;

- Introduziram princípios de processamento e de aprendizagem aplicáveis a vários


domínios da cognição humana (as experiências e associações que se repetem
modificam as ligações);

- Até certo ponto são auto programáveis – conseguem fazer aprendizagens;

- Assumem que a cognição humana não envolve regras explícitas – as pessoas


aprendem a responder á estrutura do ambiente;

Assumem que as unidades de processamento correspondem a unidades neuronais mas


existem várias diferenças:

• Tipos de neurónios;
• Número de ligações;
• Mecanismos de aprendizagem;

Não têm em consideração fatores como motivação, emoções.


II – Princípios Percetivos

Perceção atua sem esforço, é imediata e direta, mas resulta de um complexo conjunto de
operações que ocorrem no cérebro.

Grande parte do córtex cerebral está envolvida na perceção (ex., a visão utiliza metade
dos neurónios do córtex).

Cientistas computacionais ainda não conseguiram desenvolver sistemas com


habilidades equivalentes.

Efeitos das lesões cerebrais evidenciam a complexidade das operações.

1. Classificação dos sentidos:

Visão:
Estímulo - energia eletromagnética
Recetor - fotorrecetores
Estrutura Sensorial - olho
Córtex - córtex visual primário

Audição:
Estímulo - onda acústica
Recetor - mecano-recetores
Estrutura Sensorial - ouvido
Córtex - córtex auditivo

Tato:
Estímulo - pressão nos tecidos
Recetor - mecano e termo recetores
Estrutura Sensorial - pele, músculos, etc.
Córtex - córtex somatosensorial

Equilíbrio:
Estímulo - gravidade e aceleração
Recetor - mecano-recetores
Estrutura Sensorial - órgãos vestibulares
Córtex - córtex temporal

Gosto/Olfato:
Estímulo - composição química
Recetor - recetores químicos
Estrutura Sensorial - nariz e boca
Córtex - córtex olfativo
2. Métodos de Estudo da Perceção

- Experiências de lesão – córtex divide-se em áreas especializada (destrói-se ou


remove-se uma área específica de um cérebro de animal);

- Efeitos da lesão cerebral em seres humanos;

- Single-Unit Recording – regista-se a atividade das células neuronais através de


micro elétrodos;

- Imagiologia Cerebral (Tomografia Axial Computorizada; MRI; fMRI);

- Psicofísica – relação entre estímulos físicos e fenómenos percetivos


(apresentação dos estímulos e reações são controladas);

- Inteligência Artificial;

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Princípios Gerais da Sensação e da Perceção

3. Princípios Fisiológicos

Impulso nervoso e transdução

3.1. Processamento Hierárquico:

• Impulsos nervosos da transdução transmitidos a várias estruturas do cérebro;


• Comum a todos os sentidos – parte dos sinais alcançam uma área específica do
Córtex;
• Transdução – região cortical: atravessam uma série de sinapses c/ organização
hierárquica do processamento neuronal (visão – 3 níveis de sinapse entre
fotorrecetores e cérebro (ex., tálamo);
• Áreas associativas;
Órgãos dos sentidos Recetores

Neurónios intermédios

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Vias Sensoriais Neurónios intermédios

Tálamo

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Cérebro Córtex Primário

Córtex Secundário

Córtex Superior

3.2.Seletividade

- Cada sistema sensorial responde a uma amplitude específica de estímulos (ex., sistema
auditivo: freq. 20hz até 20000hz; espaço sensorial);

- Dentro do espaço sensorial, os estímulos variam em várias dimensões (ex., ponto de


luz: posição horizontal, posição vertical, tamanho, intensidade, comprimento de onda.);

- Células sensoriais têm respostas altamente seletivas (ex., existem células que só
respondem a pontos luminosos num determinado ponto do campo recetivo, c/tamanho X
e cor Y.);

- Diferentes células respondem a estímulos diferentes;

- Campo recetivo;

3.3.Organização

- Cada neurónio em cada nível de processamento tem preferência por estímulos


específicos;

- Células que respondem a estímulos semelhantes estão próximas;

- Células com campos recetivos próximos estão localizadas perto umas das outras no
Córtex;
- Mapa distorcido (região próxima do ponto de fixação tem maior representação
cortical: ampliação cortical);

3.4.Especificidade Nervosa

- Todos os órgãos geram/transformam o impulso nervoso num sinal equivalente (padrão


de atividade nervosa);

Como se distingue a informação dos diferentes sentidos?


R: Pela área onde se projetam no cérebro

3.5.Plasticidade

- Adaptação a mudanças de desenvolvimento do organismo;

- Adaptação a mudanças circunstanciais – adaptação a diferentes intensidades


luminosas;

3.6.Ruído

- Nível de atividade de 1 neurónio – frequência de impulsos elétricos (ex., célula ativa


tem 100-200 impulsos por segundo);

- Variabilidade na resposta a um estímulo idêntico (independente dos efeitos de


adaptação) – ruído: não existe uma relação sistemática entre o estímulo e o sinal;

- Fontes de variabilidade:
• Variações no nível de excitabilidade dos neurónios
• Flutuações na transmissão sináptica

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4. Princípios Percetivos

4.1.Sensação

- Estimulação de um órgão sensorial desencadeia um estado mental consciente (ex.,


sabor ácido, som, luz, etc.);

- Estados mentais têm propriedades qualitativas ou propriedades sentidas (ex., volume


de som, dor, cor, etc.);

- São privadas;
4.2.Detetabilidade

- Relação entre a intensidade do estímulo ambiental e a probabilidade de evocar uma


sensação/experiência sensorial (função psicométrica)

- A deteção é probabilística;

4.3.Magnitude Sensorial

- Variação na intensidade do estímulo afeta:


• Deteção
• Magnitude percecionada (ex., intensidade da luz, volume do som, …)

- Estimativa da magnitude permite perceber a relação entre a magnitude do estímulo e a


magnitude sensorial (não é uma relação linear);

4.4.Adaptação

- Relação entre magnitude da sensação e estímulo não é fixa (sistemas sensoriais


adaptam-se);

- Estimulação tem 3 consequências:


• Após adaptação é necessário um estímulo mais intenso para uma reação
percetiva;
• A intensidade aparente do estímulo diminui;
• A taxa a que aumenta a magnitude sensorial com o nível do estímulo abranda;

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