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SÃO PAULO
2017
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SÃO PAULO
2017
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BANCA EXAMINADORA
Dedico este trabalho à minha família e a todas as pessoas maravilhosas que se encontram com
essa doença tão triste.
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RESUMO
ABSTRACT
This study is a review of the literature regarding Acupuncture in the treating Alzheimer's
disease. In the course of the same, proved the constant association of energy, organic and functional
aspects present in the contextualization of organic amendment in question. The objective is to
present the bibliographical review about the use of Acupuncture in the Alzheimer's treatment, with
indication of acupoints to restore the harmony of the body and a possibility for the patients a better
quality of life, besides helping delay of the disease. The energy aspect is the element that
Differentiation of the process of diagnosis and treatment of Traditional Chinese Medicine in
comparison with Western Medicine. It is worth noting that Alzheimer's is a degenerative and
progressive disease that causes brain atrophy, leading to dementia in elderly patients. This disease
must be analyzed and diagnosed, in order to be effective in the treatment with Acupuncture. It
becomes relevant to master the anatomical orientations about the points so that they are located and
found in the body. The energy functions of each point are a guide to a proper decision on the
Alzheimer's treatment. Based on the authors cited include the dots: BA6 (Sanyinjiao), C7
(Shenmen), E36 (Zusanli), F3 (Taichong), IG4 (Hegu), PC5 (Jianshi), PC6 (Neiguan), R3 (Taixi),
VB20 (Fengchi), VG20 (Baihui), VG26 (Renzhong) and VG4 (Mingmen). The results of the
literature search show that the use of Acupuncture in the treatment of Alzheimer's disease is valid,
as demonstrated by the authors who indicated adequate points, but to legitimize the effective use of
acupuncture in these treatments, it is necessary to deepen this study, seeking more references on the
theme.
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
Figura 5 – Pontos do Canal do Estômago (Wei) – E33 (Yinshi) à E45 (Lidui) .................................35
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................10
3. CONCLUSÃO ............................................................................................................................40
1. INTRODUÇÃO
• Controle de agressividade;
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A Medicina Ocidental (MO) é caracterizada pelo princípio de tratar doenças de modo a curá-
las, embora exista o enfoque preventivo, e o medicamento é a base da prática médica ocidental
(AUTEROCHE, 1992).
Ampliando a compreensão sobre a MO (FOCKS, 2005), temos que são princípios da mesma:
a) os seres humanos podem controlar a natureza; b) o invasor externo causa a doença; c) deve-se
controlar os sintomas e curar a doença; d) a manifestação da doença, por conseguinte, os sintomas,
são um fenômeno desagradável e precisam ser eliminados ou suprimidos; e) causas singulares para
cada transtorno ou doença; f) a progressão de uma doença particular é conhecida, mas apenas os
transtornos de forma e estrutura (morfologia) são reconhecidos, e não a progressão da
funcionalidade na estrutura; g) desconfia-se da história do paciente e as condições pessoais são
consideradas irrelevantes; h) o homem é como uma máquina e doenças são conflitos, assim, é
preciso consertar; i) descobrir a entidade da doença separada do ser; j) curar a doença pela
supressão dos sintomas, por meio de medicamentos ou cirurgia; k) uso do processo de síntese e
indução; l) ciência analítica e controlada, física newtoniana mecânica; m) manipulação de defeitos
estruturais: trauma e doenças que ameaçam a vida; n) uso de equipamentos laboratoriais.
• Produtos sintéticos;
• Drogas padronizadas;
• Efeitos colaterais;
• Drogas potentes;
• Abordagem mecanicista;
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• Alopatia;
• Alta tecnologia;
Não se deve esquecer que na MO a base de tudo é a existência de um invasor de fora, uma
força estranha ou patógeno, caracterizada como entidades distintas, com causas únicas provenientes
do exterior do corpo para cada distúrbio clínico, que é tratado com o uso de fármacos alopáticos que
atacam os sintomas, com base nas diferenças, ou seja, usar uma droga que cause o efeito inverso do
invasor no corpo do paciente (AUTEROCHE, 1992).
Na Medicina Chinesa (MC), o foco é a vida saudável, a saúde – que deve ser mantida,
preventivamente. O princípio da MC é o equilíbrio de energia no corpo, em que se busca manter o
fluxo desta energia, sem bloqueio, má distribuição ou de forma incorreta. Neste aspecto, a doença é
resultado da ocorrência de fenômenos diferentes e simultâneos, que provocam desarmonia global,
ou seja, nas relações do homem com a natureza, sua família e seus semelhantes (AUTEROCHE,
1992).
O autor Maciocia afirma que a MC considera a função do corpo como resultado da interação
de determinadas Substâncias Vitais, sendo elas: Qi (Energia), Xue (Sangue), Essência (Jing) e
Fluidos Corpóreos (Jin Ye). Vida e Medicina são uma só coisa. A saúde é um estado de bem-estar
em que o corpo é vital, equilibrado e adaptável ao seu ambiente. A doença é a
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Os sintomas dos desvios do corpo são manifestações da tentativa deste para curar-se (FOCKS,
2005). Quanto às causas das doenças, relacionam-se com qualquer ação / força que interfere com o
equilíbrio e o movimento de bioenergia: constituição, psique, estilo de vida, trauma, estresse
ambiental (da natureza ou do ser humano). Quanto à responsabilidade do paciente, as mudanças
energéticas principais são funções de uma psique e estilo de vida, e para prevenir doenças graves se
atua basicamente com autocuidado.
Segundo Li Shih Min (MIN, 2009), a Deficiência de Qi é uma desarmonia básica bem
conhecida na MC. Ao longo da história, acumularam-se experiências clínicas empíricas para seu
tratamento. A Acupuntura tem vários pontos para corrigir a Deficiência de Qi, que podem ser
usados de forma combinada e, em determinadas situações, associa-se ao uso de moxabustão
(queima de Artemísia) para obter um resultado melhor.
• Produtos naturais;
• Base subjetiva;
• Drogas amenas;
• Abordagem orgânica;
• Diagnóstico precoce;
• Recursos tradicionais;
• Manutenção da tradição;
• Empirismo e filosofia.
2.3. Acupuntura
Derivada dos radicais latinos ‘acus’ e ‘pungere’, que significam agulha e puncionar,
respectivamente, a Acupuntura visa à terapia e cura das enfermidades pela aplicação de estímulos
através da pele, com a inserção de agulhas em pontos específicos, chamados acupontos (MANN,
2001).
1
A moxa ou mogusa – termo de origem japonesa – é confeccionada com as folhas secas da planta Artemisia Sinensis,
usada na moxabustão, ou seja, queima de pequenas porções desse vegetal associada ao tratamento com as agulhas.
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O Yang equivale à energia – calor, movimento, força, expansão, entre outros – enquanto o
Yin representa o oposto – frio, repouso, escuridão, etc..... Por meio da Teoria dos Cinco
Movimentos – Água, Madeira, Fogo, Terra, Metal – procura-se explicar os processos evolutivos da
natureza, do universo, da saúde e da doença.
Cinco
Cor Direção Estação Fator Climático Sabor
Movimentos
Madeira Verde Leste Primavera Vento Azedo
Fogo Vermelho Sul Verão Calor Amargo
Terra Amarelo Centro Transição Umidade Adocicado
Metal Branco Oeste Outono Secura Picante
Água Preto Norte Inverno Frio Salgado
Fonte: EBRAMEC
A Tabela 2 apresenta a relação dos Cinco Movimentos no corpo humano, para entender
melhor as informações de Silva Junior (SILVA JÚNIOR, 2005).
Cinco
Ação Emoção Sentido Órgão Víscera
Movimentos
Raiva, Irritação,
Madeira Gritar Visão Fígado Vesícula Biliar
Nervosismo, Fúria
Alegria, Euforia, Coração / Intestino Delgado /
Fogo Rir Tato
Ansiedade Pericárdio Triplo Aquecedor
Preocupação, Reflexão,
Terra Cantar Paladar Baço Estômago
Pensamento
Suspirar; Tristeza, Angústia,
Metal Olfato Pulmão Intestino Grosso
Chorar Aflição
Fonte: EBRAMEC
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O autor Silva Júnior (SILVA JÚNIOR, 2005), ao abordar a fisiologia energética humana,
trata dos Sistemas de Órgãos e Vísceras da MC, afirmando que o Rim (Shen) armazena a Essência
ou a Energia Ancestral, de modo que controla o nascimento, crescimento, desenvolvimento e
reprodução; controla os ossos, a água, a recepção de energia, abrindo-se nas orelhas e
manifestando-se nos cabelos. O Baço (Pi) regula a transformação e o transporte, a parte carnosa dos
músculos e os membros, governa o sangue, mantém os órgãos fixos, abre-se na boca e manifesta-se
nos lábios. Quanto ao Fígado (Gan), é o órgão que harmoniza o fluxo livre de energia, armazena o
sangue, harmoniza os tendões – músculos – e abre-se nos olhos e manifesta-se nas unhas.
Wen (WEN, 2005), ao tratar dos pontos de aplicação da Acupuntura, denomina-os Hsue,
que em chinês significa "buraco". Trata-se de pontos de depressão ou vias, por onde a agulha,
principalmente ao ser aplicada, encontra baixa resistência, e geralmente se localizam entre tecidos
mais rígidos, como ossos e tendões, ou ainda no meio de tecidos moles. Os pontos correntemente
usados em Acupuntura são quase dois mil. Dentre estes, 670 são denominados pontos de
meridianos; os demais são constituídos pelos pontos extra meridianos, pontos da orelha, pontos da
cabeça, pontos do nariz, pontos das mãos, pontos dos pés, etc.
A Acupuntura não somente aborda os aspectos funcionais dos seus pontos, mas também as
diferentes funções dos meridianos Jing Luo, que representam o importante sistema de consolidação
e de comunicação dos Zang Fu com a parte somática, condicionando, na sua trajetória, a forma
física do ser humano. O uso das ervas medicinais, ao lado das agulhas, tem a finalidade de
fortalecer a matéria e a energia, repondo as mesmas quando houver falta (WEN, 2005).
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Ao tratar da parte somática, abordada por Wen (WEN, 2005), ressalta-se que: “Reconhecer
as alterações produzidas na forma física pelos canais de energia é saber reconhecer o estado
energético dos órgãos e das vísceras, e, por conseguinte, o meio mais adequado para o tratamento”.
A Doença de Alzheimer é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas
pode e deve ser tratada. Quase todas as suas vítimas são pessoas idosas. Talvez, por isso, a doença
tenha ficado erroneamente conhecida como “esclerose” ou “caduquice”. (IAB, História da Doença
de Alzheimer, s.d.)
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Conforme o Instituto Alzheimer Brasil (IAB, s.d.), seu nome oficial refere-se ao médico Alois
Alzheimer, o primeiro a descrever a doença, em 1906. Ele estudou e publicou o caso da sua
paciente Auguste Deter, uma mulher saudável que, aos 51 anos, desenvolveu um quadro de perda
progressiva de memória, desorientação, distúrbio de linguagem (com dificuldade para compreender
e se expressar), tornando-se incapaz de cuidar de si. Após o falecimento de Auguste, aos 55 anos, o
Dr. Alzheimer examinou seu cérebro e descreveu as alterações que hoje são conhecidas como
características da doença.
Não se sabe por que a Doença de Alzheimer ocorre, mas são conhecidas algumas lesões
cerebrais características dessa doença. As duas principais alterações que se apresentam são as placas
senis decorrentes do depósito de proteína beta-amiloide, anormalmente produzida, e os
emaranhados neurofibrilares, frutos da hiperfosforilação da proteína tau. Outra alteração observada
é a redução do número das células nervosas (neurônios) e das ligações entre elas (sinapses), com
redução progressiva do volume cerebral. (IAB, s.d.)
Segundo o IBGE (2012), há aproximadamente uma pessoa de 60 anos ou mais de idade para
cada duas pessoas de menos de 15 anos de idade. Estudos recentes demonstram que essas alterações
cerebrais já estariam instaladas antes do aparecimento de sintomas demenciais. Por isso, quando
aparecem as manifestações clínicas que permitem o estabelecimento do diagnóstico, diz-se que teve
início a fase demencial da doença.
Estima-se haver cerca de 46,8 milhões de pessoas com demência no mundo. Este número
praticamente irá dobrar a cada 20 anos, chegando a 74,7 milhões em 2030 e a 131,5 milhões em
2050 segundo dados fornecidos pelo Relatório de 2015 da Associação Internacional de Alzheimer
(IAB, Entendendo a Doença de Alzheimer (DA) através de estudos realizados com populações
(Epidemiologia), s.d.).
Fonte: MD Saúde
O maior fator de risco para o Alzheimer é a idade avançada (FORLENZA, 2000). Após os
65 anos, a chance de se desenvolver Alzheimer dobra a cada cinco anos, fazendo com que 40% das
pessoas acima de 85 anos tenham a doença. Raramente, o mal de Alzheimer surge antes dos 60 anos
de idade.
Conforme o Dr. Pedro Pinheiro (PINHEIRO, s.d.), além da idade, outro fator de risco
importante é o aspecto genético. Pessoas com familiares de primeiro grau com Alzheimer
apresentam maior risco de também tê-lo, evidenciando um papel importante da carga genética.
O Alzheimer é duas vezes mais comum em negros do que em brancos; também é mais
comum em mulheres do que em homens.
• Sedentarismo;
• Tabagismo;
• Hipertensão arterial;
• Colesterol elevado;
• Diabetes mellitus;
• Leitura frequente;
O Dr. Pedro Pinheiro (PINHEIRO, s.d.) esclarece que a demência é uma síndrome, ou seja,
um conjunto de sinais e sintomas relacionados à deterioração das capacidades intelectuais do
paciente. Além da doença de Alzheimer, é também comum a ocorrência de demência em pacientes
com múltiplos AVC, doença de Parkinson, alcoolismo crônico, traumas cranianos, deficiência de
vitaminas, hipotireoidismo grave, tumor cerebral e algumas outras doenças neurológicas.
• Alterações da memória;
A demência é uma síndrome de instalação lenta e progressiva, que muitas vezes passa
despercebida em estágios iniciais. É comum o paciente idoso com demência em fases precoces ter
suas alterações tratadas como “coisas normais da idade”.
É importante salientar que pequenos esquecimentos são comuns e ocorrem com todas as
pessoas, principalmente em períodos de maior estresse ou cansaço. Todavia, quando os lapsos de
memória começam a ocorrer com frequência e são importantes, como esquecer o próprio endereço,
sair de casa e perder-se, esquecer nomes de pessoas familiares, etc., devemos acender um sinal de
alerta. Se junto com a perda frequente e progressiva de memória para fatos recentes, o idoso
também apresentar alterações do comportamento social, como apatia e tendência a isolar-se, além
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de períodos de confusão, como guardar sal na geladeira ou as chaves de casa no armário dos
alimentos, a demência deve ser uma hipótese a ser considerada (PINHEIRO, s.d.).
Nas fases iniciais da doença de Alzheimer, o próprio paciente não consegue reconhecer estes
déficits neurológicos, arranjando sempre uma desculpa para justificar estas falhas. Como o paciente
não se dá conta da doença, muitas vezes os familiares também demoram a valorizar as alterações.
Conforme a demência avança, a família começa a notar que os sinais e sintomas começam a ficar
muito evidentes e já não mais se encaixam no que as pessoas consideram natural para idade.
Os pacientes com doença de Alzheimer em fases mais avançadas podem apresentar apatia,
depressão ou agressividade, lê coisas e não consegue interpretá-las, é incapaz de fazer cálculos, não
consegue nomear objetos e não reconhece pessoas familiares. Com o tempo, passa a ser incapaz de
realizar tarefas básicas, como se vestir e tomar banho. O paciente torna-se desorientado no tempo e
no espaço, não sabendo indicar a data atual nem identificar geograficamente onde se encontra
(PINHEIRO, s.d.).
Perda das inibições é outro sintoma comum do Alzheimer. O paciente pode mostrar sua
genitália em público, acusar pessoas de roubarem seus objetos, falar palavrões ou obscenidades
indiscriminadamente, ou insultar os outros sem motivo aparente.
O Alzheimer é uma doença que inexoravelmente progride. Existem casos de Alzheimer por
mais de duas décadas e casos de pacientes com rápida evolução em apenas dois ou três anos. Muitas
vezes é difícil estabelecer retrospectivamente uma data para o início dos sintomas, o que atrapalha
na hora de se avaliar o tempo de progressão da doença. Sabe-se, entretanto, que uma vez
estabelecido o diagnóstico do mal de Alzheimer, a expectativa de vida do paciente costuma ser ao
redor de três a oito anos (IAB, s.d.).
O que leva o paciente ao óbito não é a doença em si, mas sim suas complicações, como
acidentes e quedas com traumatismos cranianos, dificuldade em engolir, que o ocasiona bronco
aspiração e desnutrição, e restrição ao leito, que favorece o surgimento de infecções e escaras. A
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pneumonia e a infecção urinária costumam ser os principais tipos de infecção do paciente com
Alzheimer.
Quanto maior forem os cuidados fornecidos pela família, muitas vezes com auxílio de
enfermagem e fisioterapia, maior costuma ser a qualidade e o tempo de sobrevida destes pacientes.
Existem testes simples para documentar e acompanhar alterações da capacidade mental dos
pacientes. O mais famoso e usado é o mini mental, que é um questionário de 30 questões agrupadas
em 10 seções, na qual as seguintes características são avaliadas:
• Demência atestada pelo exame clínico e por testes padronizados, como o mini
mental;
Os biomarcadores ainda estão em fase em estudo e sozinhos não servem para estabelecer o
diagnóstico. A sua presença em pacientes com quadro clínico sugestivo de Alzheimer, porém, é
mais um fator que fala a favor do diagnóstico.
a) Cuidados Básicos
As quedas são muito comuns, por isso a casa deve ser preparada de forma a não criar
“armadilhas” para o paciente, como fios pelo chão, irregularidades no piso, piso escorregadio,
excesso de móveis pelo caminho, etc.
Cigarro e álcool devem ser evitados. Atividades físicas supervisionadas devem ser
encorajadas. (PINHEIRO, s.d.)
acetilcolina, que ajuda na comunicação entre os neurônios. Infelizmente, nem todos os pacientes
apresentam alguma melhora com estes medicamentos.
• Catarata: Fleuma;
• Alzheimer: Fleuma;
• Parkinson: Vento;
• Tonturas: Fleuma;
De acordo com a tradição da Medicina Oriental, o Espírito (Shen) habita o Coração (Xin) e
o Cérebro (Nao), e é afetado pelo estado de saúde mental e físico de uma pessoa. Quando o Espírito
é afetado, ocorre a deterioração das funções mentais que podem resultar em delírio e demência,
acompanhado de sintomas físicos semelhantes às complicações do AVC.
A patologia nas pessoas de meia idade e idade avançada tem em sua etiologia à Deficiência
de Qi e Sangue (Xue) ou insuficiência de Essência (Jing), os quais levam ao desenvolvimento de
Energia Perversa (Xie Qi) como Vento Patogênico, Fogo, Mucosidade e Estase de Sangue.
(ACUPUNTURISTA.NET, 2011)
Uma vez instalado, a Energia Perversa (Xie Qi) ascenderá à cabeça, obstruindo vasos,
impedindo assim que o Yang puro, o Líquidos Orgânicos (Jin Ye) e demais nutrientes possam ser
levados ao Mar da Medula, ocorrendo a obstrução dos seus orifícios. A inteligência e a memória são
atividades cerebrais e não do coração, sua perda deve-se à exaustão gradual da medula do cérebro
causada por uma Deficiência da Energia do Rim (Shen Qi) e da Energia pré-natal (Yuan Qi).
Diferentes focos de tratamento foram defendidos por renomados médicos chineses como
veremos a seguir.
Deng Zhenming defendeu o tratamento da demência causada por Vazio do Yin do Rim
(Shen) e do Fígado (Gan). Para tal, prescreveu a fórmula Bushen Yinao Tang (Suplemento
Tonificante do Rim e Cérebro). A sua composição inclui He Shou Wu (Radix Polygoni Multiflori),
Shan Zhu Yu (Fructus Corni), Shan Yao (Rhizoma Dioscoreae), Gou Qi Zi (Fructus Lycii) e Tu Si
Zi (Semen Cuscutae). (FRANÇA, 2010)
Nos casos em que Vento Patogênico esteve presente, acrescentou Long Gu e Mu Li;
existindo relatos de eficácia de 95% dos casos tratados. Com essa prescrição foi possível verificar
melhorias no EEG e nos níveis de lipemia, ocorrendo também alterações nos níveis do
complemento C3b e no seu receptor, o que favorece a diminuição da fagocitose eritrocitária,
melhorando o aporte de oxigênio ao cérebro.
Zhang Farong entendia que a demência senil tem origem na insuficiência do Mar da Medula
e no bloqueio do orifício do Cérebro através da Deficiência do Shen Qi e do Jing, levando assim a
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uma posterior astenia do Baço (Pi) e Deficiência do Yin do Fígado (Gan). Para tal prescreveu com
Huan Shao Dan de forma a nutrir o Fígado (Gan) e o Rim (Shen), suplementando a essência para a
nutrição do Mar da Medula. (FRANÇA, 2010)
Sun Xiang sustentava que o Pulmão (Fei) governa o Qi do corpo, o qual gera a Essência
para controle do estado mental.
Quando o Qi do Pulmão (Fei) está consumido e deficiente, devido à idade avançada, ele se
torna incapaz de controlar a atividade mental originando uma série de sinais e sintomas. A geração
do Rim (Shen) também se torna incapaz, e a comunicação entre alto e baixo não é estabelecida
ocorrendo fôlego curto, opressão torácica, discurso incoerente, distúrbios da compreensão e pulso
filiforme. (FRANÇA, 2010)
• Deficiência do Yin do Fígado (Gan), Yin do Rim (Shen) e Yang do Baço (Pi)
com acumulo de fleuma (mucosidade), levando a estagnação Sangue (Xue),
obstrução dos os orifícios da mente e geração de Vento interno.
A riqueza das experiências acumuladas na prática da Medicina Chinesa (MC), ao longo dos
seus 5.000 anos de desenvolvimento, tem comprovado a grande variedade de doenças que podem
ser tratadas efetivamente com este método de tratamento (XIA, 2010).
Podemos observar em vários trabalhos que têm sido publicados que a Acupuntura é
altamente recomendável no tratamento e na prevenção da Doença de Alzheimer. De acordo com o
presidente da Associação Brasileira de Acupuntura, Evaldo Martins Leite, agregar os “estímulos
motores com a Acupuntura propicia, em quase a totalidade dos casos, avanços no processo de
resistência à debilidade que se apresenta quando iniciada em pacientes que já têm a doença”.
A Acupuntura auxilia no combate às diversas possíveis causas da doença, dado que “atua
como reguladora do nível molecular, neurobioquímico, dos fatores neurotróficos, dos
neurotransmissores e neuropeptídeos, e do sistema nervoso central, periférico e autônomo”, como
aponta Márcio de Luna no artigo Acupuntura no combate à doença de Alzheimer. E apesar de haver
um número pequeno de pesquisas aprofundadas acerca do tema e muitas destas serem no idioma
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chinês, “as evidências acumuladas empírica e clinicamente até o momento” mostram a importância
da Acupuntura “no programa de reabilitação cognitiva do doente de Alzheimer” (LUNA, 2015).
Ainda segundo a Medicina Chinesa, as doenças degenerativas são causadas pela perda de
Jing (Essência) (PFARMA, s.d.).
Com isso podemos compreender que, apesar dessas perdas serem naturais nos processos de
envelhecimento, elas podem ser aprofundadas por fenômenos de envelhecimento precoce, motivos
ou predisposições genéticas e também pelo consumo de álcool e drogas. “A perda crônica desta
energia inicia um processo de desnutrição, o que, em conjunto com processos de aumento anormal
da Energia do Fígado (Gan), pode levar à degeneração e à morte gradual dos neurônios e destruição
da conexão entre células nervosas. Uma das consequências frequentes é o desaparecimento
progressivo da fenda cerebral, local onde a memória, a longo prazo, se sedimenta. ” (PFARMA, s.d.)
No “Journal of Traditional Chinese Medicine”, Yang Jimin, com base em sua experiência
clínica, sintetiza as causas patogênicas da demência no seguinte:
Em seu livro Records on Diagnosis, Chen Shiduo pontuou que “a inteligência não é um
produto do coração ou do rim, mas das suas interações e, assim que a interação deixar de funcionar,
a inteligência se perderá”. Além disso, declarou que “a debilidade mental se encontra relacionada
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com a Deficiência do Baço (Pi) e Estômago (Wei), e a disfunção do Fígado (Gan) em promover o
fluxo livre do Qi. Quando o Baço (Pi) e Estômago (Wei) estão em insuficiência, o Cérebro perde os
seus nutrientes por insuficiente formação de Qi e Xue. Simultaneamente, as funções de
transformação e transporte, encontrando-se deficientes, levam à formação de Mucosidades que, ao
subirem à extremidade encefálica, vão obstruir os orifícios, originando debilidade mental. Após a
meia-idade, as preocupações constantes da vida podem afetar a função do fígado. Se o Qi do Fígado
(Gan) ficar bloqueado por muito tempo, transforma-se em Fogo, lesionando o Yin e impedindo o
cérebro de ser convenientemente nutrido” (WEIMIM, s.d.).
Um outro trabalho, apresentado por Roberto Almeida a partir da pesquisa Acupuncture Ups
Memory anda Protects Brain Cells, mostra que a Acupuntura impede a perda de células cerebrais
nas áreas relativas à memória.
“Os achados laboratoriais mostram também que a Acupuntura melhora a cognição e previne
e perda de neurônios no hipocampo. Ela trata os sinais e sintomas da doença, como alterações
cognitivas, esquecimento de fatos recentes e antigos, dificuldade motora, variações de humor,
fadigas, entre outros, proporcionando uma melhor qualidade de vida ao paciente e mais conforto aos
familiares. Esta estimula o hipocampo, que está relacionado à memória (de longa duração), e
também alguns neurotransmissores, como a acetilcolina. Isso contribui para uma vida com menos
esquecimentos. Estudos revelaram que o tratamento duas vezes por semana, durante três meses,
reduziu significativamente a depressão e a ansiedade. Houve também melhora significativa na
cognição habilidades verbais, coordenação motora e na severidade global dos sintomas de
Alzheimer. ” (ALMEIDA, 2012)
técnica em combinação com outras técnicas psicoterápicas (VECTORE, 2005). Dois estudos
relatados na Conferência Mundial de Alzheimer no ano de 2.000 apuraram que a Acupuntura
decresceu a ansiedade e a depressão em pacientes com doença de Alzheimer (LOMBARDO, 2000)
e proporcionou significativa melhora clínica geral (KAO, 2000).
Entretanto, devido ao pequeno número de amostras, as conclusões destes estudos não são
suficientes para a afirmação dos reais benefícios da Acupuntura nos portadores de Alzheimer.
Apesar disso, estes resultados suportam a hipótese de que a Acupuntura é uma terapêutica viável
para o paciente de Alzheimer.
O autor Gustavo França (FRANÇA, 2010), em sua experiência clínica, nos mostra os pontos
a serem utilizados em adição a prescrição e de acordo com o padrão e estágio em que o Alzheimer
se apresenta, sendo eles:
Também ressalta que devemos ter a consciência do estágio onde a doença se encontra,
protegendo-se e reforçando os subníveis, a fim de retardar o seu aprofundamento.
A alimentação deverá seguir a mesma prescrição, de acordo com o padrão apresentado, para
utilizá-la como parte fundamental da medicina interna.
• C7 – Shenmen • F3 – Taichong
• PC5 – Jianshi
Como resultado, 10 casos (25%) obtiveram marcada melhoria, 24 casos (50%) melhoraram,
e 6 casos (6%) não melhoraram. A análise estatística indicou que a Acupuntura / Moxabustão podia
melhorar, significativamente, a memória, inteligência e outros sintomas e sinais clínicos da
demência senil.
O autor Lu Jiaxiang tratou 30 casos de demência senil (16 casos apresentavam marcada
atrofia cerebral) com Acupuntura, utilizando os pontos:
No estudo do Dr. Kao (KAO, 2000), 08 pacientes diagnosticados com Alzheimer foram
tratados com Acupuntura na Universidade de Hong Kong. O tratamento consistia em agulhar oito
pontos (abaixo) e cada sessão tinha duração de 30 minutos.
• C7 – Shenmen (bilateral)
• R3 – Taixi (bilateral)
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Após o tratamento com Acupuntura, a equipe do Dr. Kao constatou que os pacientes
apresentaram “melhora significativa” em termos de orientação verbal e coordenação motora e
também tiveram maior pontuação no mini exame de estado mental para função cognitiva. A equipe
também notou que os pacientes “mostraram uma melhora clínica geral” no “checklist” da Medicina
Chinesa, levando os pesquisadores a concluir que o tratamento de Acupuntura resultou em efeitos
terapêuticos significativos na redução dos sintomas da doença de Alzheimer.
Segundo o Dr. Hua Long Zhang (ACUPUNTURISTA.NET, s.d.), diretor de Bai Lou
Hospital de Tianjing, na China, os pontos de Acupuntura dos canais Yin devem ser selecionados.
• BA6 – Sanyinjiao: é o ponto de encontro dos três canais Yin do pé. Ele nutre o rim e
tonifica a medula para melhorar a função do cérebro.
• C1 – Jiquan
• P5 – Chize
• B40 – Weizhong
• IG4 – Hegu
Onde C1 (Jiquan), P5 (Chize) e IG4 (Hegu) são usados para tratar paralisia e tremores de
braços e mãos, e B40 (Weizhong) é usado para a paralisia das pernas.
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Fonte: Pinterest
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3. CONCLUSÃO
Conforme Weimin e Haiyan (WEIMIN, s.d.), os “fatores patogênicos mais comuns são
Vazios de Qi, presença de Mucosidade e Estase de Sangue. O tipo Vazio é caracterizado,
principalmente, pela debilidade do Yin do Fígado (Gan) e do Rim (Shen), insuficiência do Qi do
Coração (Xin) e do Baço (Pi) e Vazio do Yang em geral. O tipo plenitude caracteriza-se pela
obstrução dos orifícios devido a Mucosidades e Estase de Sangue, acompanhado por Fogo
patogênico”.
responsáveis pela sua ação analgésica, anti-inflamatória e sedativa. O tratamento pela Acupuntura
visa estabelecer o fluxo da energia vital pelo organismo e envolve a estimulação de locais
anatômicos específicos, através de várias técnicas, sendo o uso de agulhas a principal delas.
PONTO NOME
BA6 Sanyinjiao
C7 Shenmen
E36 Zusanli
F3 Taichong
IG4 Hegu
PC5 Jianshi
PC6 Neiguan
R3 Taixi
VB20 Fengchi
VG20 Baihui
VG26 Renzhong
VG4 Mingmen
B13 Feishu
B17 Geshu
B18 Ganshu
B20 Pishu
42
PONTO NOME
B21 Weishu
B23 Shenshu
BA3 Taibai
C5 Tongli
E40 Fenglong
F8 Ququan
IG11 Quchi
P7 Lieque
R4 Dazhong
R7 Fuliu
Sishencong Quatro pontos no escalpo
VB39 Xuanzhong
VC4 Guanyuan
VG1 Changqiang
VG14 Dazhui
VG24 Shenting
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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indicações clínicas. Barueri, SP: Manole.
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detalhes-
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MANN, F. (2001). Acupuntura: a antiga arte chinesa de curar. São Paulo: Hemus.
NAKANO, M., & YAMAMURA, Y. (2005). Acupuntura em dermatologia e medicina estética: sob
o ponto de vista energético, espiritual, funcional e orgânico. São Paulo: Médica Paulista.
PAI, H., & HSING, W. (2013). Uma comparação entre a medicina chinesa e a ocidental. Fonte:
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Roca.
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Pronto.
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Springer Verlag.