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Gonçalves Dias (o poeta dos escravos)

a) Rimas emparelhadas: quando se sucedem de duas a duas (AABCCB).

Intertextualidade - ocorre entre dois textos diferentes, quando um faz referência a outro que
já existia, inspirando-se em sua forma ou mensagem para criar um novo discurso. 

O romantismo foi uma corrente literária do século XIX que valorizava as emoções, a


sensibilidade e a liberdade criativa.

O porquê da escolha do poema.


Dividida em 3 tópicos: Forma (estrutura), análise específica de cada estrofe,
e por último uma análise geral.
FORMA (ESTRUTURA)
O poema é composto de nove estrofes, sendo a primeira, segunda, sétima,
oitava e nona composta de seis versos (sextetos), onde as rimas seguem o
esquema (1ª e 2ª, 3ª e 6ª, 4ª e 5ª - aabccb.); e a terceira, quarta, quinta e sexta
composta de quatro versos (quartetos). Nos sextetos podemos notar como se
fosse um eu lírico narrando um história que acontece em um determinado local,
no caso aqui a senzala, o qual observa a cenas que acontece naquele lugar e
vai descrevendo. Já nos quartetos notamos algo importante no poema, que
pode-se dizer que seria até mesmo o mais interessante, que é uma marcação
por “ “ (aspas), e com essa marcação notamos um eu lírico diferente do
primeiro, ou seja, um escravo contando através de uma canção a saudade que
sente de sua terra natal.

1ª ESTROFE
Nessa primeira estrofe, quando o eu lírico começa a narrar a história que está
acontecendo naquele momento, naquela senzala, poderíamos deduzir que
teríamos apenas 1 personagem na história, pois ele relata a respeito de um
escravo que estava sentado na estreita sala, em senzala úmida, ou seja o verbo
sentar aqui está no singular, com isso poderíamos pensar que se trataria apenas
de 1 personagem. O narrador dá continuidade dizendo que ao cantar ele chora,
e no último verso da primeira estrofe, já fica claro a quem o tema música cantado
por aquele escravo, quando o narrador diz: “e ao cantar correm-lhe em pranto,
saudades do seu torrão”, o torrão aqui ele faz referência a África, ou seja, a
canção se tratava de uma música que lembra sua terra, a saudade que ele sente
da terra natal.

2ª ESTROFE
Na segunda estrofe, já no primeiro verso, temos a presença de mais 1 escravo,
no caso uma escrava e seu filho. Nessa segunda estrofe o poema mostra que
a mulher fica olhando pra seu filho e cantando quando ele diz “os olhos no filho
crava, que tem no colo a embalar”, ou seja a escrava fica olhando e esse
embalar, é colocar pra dormir, cantando como se fosse uma canção de ninar,
porém cantando bem baixinho para que o filho não acorde.

3ª ESTROFE
A terceira estrofe inicia fazendo jus a título do poema, que já ao lermos o título
A canção do africano, automaticamente para que conhece, já nos lembramos
do poema canção do exílio de Gonçalves Dias, e essa terceira estrofe dá a voz
ao escravo, como também acontece no outro poema, o de Gonçalves Dias, o
escravo aqui começa a cantar explicando que vai falar de uma terra muito
distante e que não chega a ser tão bela quanto as terras daqui, ou seja, em
momento em cita o nomes dos lugares, apenas os referiam como “lá bem
longe” para a África e “esta terra” como o Brasil, mas fica comparando as duas.
Ele mostra que apesar da saudade da outra terra, não deixar de enaltecer a
beleza da terra onde agora vive.
Esse poema foi justamente isso que chamou minha atenção, além de me
lembrar do poema canção do exílio, o fato do autor em um momento narrar
uma história, mas também dá a voz ao escravo, que o faz cantando.

4ª ESTROFE
Nesta estrofe, o africano continua cantando. A canção agora diz o quanto o sol
de sua terra é quente, mas não deixa de expor o quanto acha belo ver a papa-
ceia, que pesquisei o que seria, é a estrela da tarde no céu da África, a que
aparece antes de anoitecer totalmente.

5ª ESTROFE
O próximo quarteto, mais uma vez utiliza da palavra “aquela” para definir o seu
lugar, a África, e fala de como sua terra é gigantesca, a comparando como o
mar, e diz que lá, diferentemente daqui, há poucas palmeiras. Aqui ele traz
uma referência de beleza que possui lá como o mar e as palmeiras, que
mesmo com a questão de toda pobreza que lá existe, também existe beleza
naturais.

6ª ESTROFE

Os últimos versos do poema dedicados à voz triste e cheia de saudades do


escravo e, ele canta a felicidade que existe em sua terra natal, percebi também
o modo como ele colocou os verbos “viver e dançar” ele conjugou esses verbos
no presente, ou seja, mesmo sendo algo que ele viu, presenciou, ele tem
certeza que até hoje, no presente, é assim, caso contrário ele usaria as
palavras “viviam e dançavam” e não “vivem e dançam”. Bom, continuando com
isso ele lembra das danças e, da liberdade que lá existe e aqui não. Mesmo na
sua última estrofe, ele em momento nenhum se referiu as palavras Brasil e
África, e mais uma vez ele utiliza de advérbio de lugar para os referenciar.
Aqui, o quarteto começa falando do sonho bom que era a vida na terra
africana, que eles dançavam e cantavam e eram felizes, e termina explicando
que o povo de lá não é movido pelo dinheiro como o povo de cá, que é capaz
até de vender pessoas por dinheiro.

7ª ESTROFE
Na próxima estrofe, o poeta retoma a voz. Ele conta que o escravo, neste
instante, se calou junto com o fogo que começava a apagar. A escrava que
cantava em voz baixa a embalar o filho no colo, também fica em silêncio.
Percebe-se que, ela estava em prantos, chorando escutando a música cantada
pelo escravo, da saudade da sua terra. A escrava silencia o seu choro para que
seu filho não acorde.
8ª ESTROFE
A penúltima estrofe mostra que o escravo foi deitar-se para dormir, depois de
cantar a sua saudade, já que tinha que levantar bem cedo, caso contrário
seriam surrados, que nós já conhecemos como é essa surra, através de
chicotes, muitas vezes amarrado naquele tronco, passando fome e sede, que
só o simples fato de ser escravo já era motivo para que isso acontecesse.

9ª ESTROFE
Na última estrofe mostra o grande medo da mulher era saber que, até mesmo
durante a noite, o seu “dono” poderia aparecer e tirar dela o filho. Pois
sabemos que a criança, ao contrário dos adultos, ela ainda não tinha a
consciência de que não passava de uma mercadoria naquele contexto de
escravidão, naquele contexto no qual homens, mulheres e crianças de pele
negra não tinham liberdade nem voz.
E, justamente, o que achei de mais interessante neste poema são os versos
nos quais o poeta, que aqui é o narrador observador, abre mão de sua voz e
deixa os escravos cantarem a saudade que sentem da sua terra natal.
ANÁLISE FINAL
Como pudemos perceber o poema foi divido em dois eu líricos: O primeiro é
um narrador que observa/observou a cena que está acontecendo/aconteceu
naquela senzala, e o segundo é o escravo que canta e conta sua história. O
poema nos traz uma imagem de escravo que vive longe de sua terra, e mostra
a solidão e a saudade de um povo, e que hoje vive em uma terra
desconhecida, onde as pessoas são compras por dinheiro. Ou seja, mostra
esse dois lados, a condição do negro que vive na África, e que mesmo com
toda dificuldade ele era feliz, e livre, e hoje no Brasil vive preso, passando por
humilhações, trabalhando forçado e apanhando dos seus “senhores”.

O primeiro pensamento quando li o título do poema “Canção do africano” é um


intertextualidade com “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias. E isso foi
confirmado na terceira estrofe, quando é dado a voz ao escravo e ele começa a
cantar: “Minha terra é lá bem longe,/ Das bandas de onde o sol vem;/ Esta terra
é mais bonita,/ Mas à outra eu quero bem!”. E isso podemos perceber que
tanto no poema de Gonçalves Dias, quanto no poema de Castro Alves, temos
um eu lírico que sente saudade de sua terra. Porém, o Brasil, o eu lírico nos
traz uma beleza natural do Brasil, ou seja, traz seu lado positivo quando diz“
minha terra tem palmeiras/ onde canta o sabiá”, já neste poema, o eu lírico nos
traz um terra onde compram pessoas por dinheiro em “A gente lá não se
vende/ Como aqui, só por dinheiro”.
Com esse poema, então, podemos ver os sentimentos dos africanos em
relação, à sua escravidão vivida em um país, que teria de tudo para ser uma
terra acolhedora, que não é o que acontece, não naquela época, e também a
saudade de sua terra natal. Este poema é bem interessante pois mostra a a
real sensação da vida de escravo, onde sua canção é a saudade da sua
liberdade.

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