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Introdução ao Som

SONS COMPLEXOS

Sons Harmónicos
Ruído
Sons harmónicos

Onda quadrada

Onda triangular

Onda dente de serra


Sinais Complexos

Sinais (sons) Complexos


Nesta apresentação vamos falar sobre dois
tipos de sinais complexos


Sons harmónicos


Ruído
Som Puro - revisão
 Um som puro é descrito pela função seno ou
coseno. Graficamente é representado por uma onda
sinusoidal.

 Cada sinusoide representa uma oscilação harmónica


que tem um determinado número de ciclos por
segundo ou frequência

 Ao som puro, sinusoide, corresponde então um


único componente de frequência.
Equação de variação de pressão ao longo do tempo de um som puro
Sons Puros e Sons Complexos
 Qualquer som ou sinal que tenha uma forma de onda diferente
da sinusoide é um som ou sinal complexo.

 Na realidade praticamente todos os sons são complexos pois as


ondas sinusoidais só existem se forem geradas artificialmente.

 Por exemplo o som de qualquer instrumento musical é sempre


complexo.

 O som do diapasão também é complexo. O diapasão é um


aparelho mecânico que produz o som mais próximo de um som
puro. Quando posto a oscilar tem várias frequências de
oscilação mas uma delas tem muito mais energia que qualquer
das outras.
Diapasão
Sons complexos – Soma de sons
puros

Os sons puros podem ser combinados


A soma de sinusoides é uma forma de combinar
ondas. No exemplo temos duas sinusoides de
amplitude e frequência diferentes que se somam

p1 (t )= A sen(2 π 440 t + ϕ 1 )

p2 (t )=B sen(2 π 524 t +ϕ 2 )

p soma (t )= p1 (t)+ p2 (t)= A sen(2 π 440 t +ϕ 1 )+ B sen(2 π 524 t +ϕ 2 )


Gráfico no tempo da soma das sinusoides com
440Hz e 526Hz (Audacity)

Som puro
440Hz

Som puro 524Hz

Soma
Som complexo
Soma de sinusoides
 A forma da onda resultante da soma de ondas com
diferentes frequências é sempre diferente da onda
sinusoidal.

 Desta forma a onda não será um som puro e terá mais


do que um componente de frequência.

 O resultado da soma de ondas sinusoidais é um som


complexo (existem excepções).

 Um som complexo é composto por mais do que um


componente de frequência.
Sons Complexos – Soma de Sons
Puros
 Como é que se faz a soma de sons puros?
 A cada instante t somam-se os valores de amplitude dos
dois sinais

t (s)

Qual será
a soma
destas 2
ondas?
Soma de Sinusoides
 A soma das duas ondas é feita algebricamente ou seja
soma-se os valores de amplitude de cada onda para
cada instante.

Resultado da
soma
Onda complexa
 Todos os sons podem ser construídos a partir da
soma de sinusoides

 Inversamente podemos dizer que certos sinais


complexos podem ser decompostos num conjunto
de sinusoides, mais especificamente na sua soma.

 O matemático francês Fourier enunciou um teorema


que se pode aplicar a sons periódicos para
determinar quais as sinusoides em que se pode
decompor.

Joseph Fourier
Teorema de Fourier/Série de
Fourier
Abreviadamente o teorema enuncia que qualquer
sinal periódico (pode ser som) pode ser expresso
como uma soma de sinusoides com diferentes
períodos ou frequências, f, amplitudes, A, e fases
iniciais, φ. Já conhecemos:
sinusoide, som puro

x (t )=A 0 +∑ A n sin ( 2 πnft+φn )


n= 1

somatório
frequências fases iniciais
Amplitude inicial amplitudes
Nº do harmónico
sinusoides
Série de Fourier
Os sinais que podem ser descritos através da série de Fourier são sinais
harmónicos

Um sinal harmónico é composto por componentes de frequência que são


múltipos inteiros da fundamental
fn=nf1 f1-fundamental, fn componente de frequência, n nº de
harmónico

A fundamental é a frequência mais baixa de oscilação de um


sistema.

Em termos de som a fundamental é a frequência que nos dá a indicação


da nota que está a ser produzida ou seja a nota musical (p.ex. Dó ).
Série de Fourier
SOM HARMÓNICO
Os componentes de frequência do sinal são
múltiplos inteiros d fundamental
Os componentes obedecem à equação:

fn = nf1
fn – componentes de frequência
n – nº inteiro que representa o nº do harmónico
f1 – primeiro harmónico - fundamental
Série de Fourier
Suponhamos que temos um sinal periódico com fundamental
f=100Hz.
Se construirmos um sinal de acordo com a série de Fourier
poderemos ter os seguintes componentes:
– f1=100Hz
– f2=2xf1=200Hz
– ...
– f5=5xf1=500Hz
– ...
Em termos físicos f1 é a fundamental, a frequência mais baixa de
oscilação dos sistema
Em termos psicoacústicos f1 também se designa fundamental e
corresponde ao pitch do som harmónico que em conjunto com
os outros componentes formam o timbre do sinal
Quando ouvimos por exemplo uma melodia tocada no piano e a
reproduzimos cantando o que vamos ter em comum são as
fundamentais dos sons ou seja o pitch.
Instrumentos diferentes que tocam as mesmas notas têm em
comum a fundamental.
Sons Complexos
Vamos ver três exemplos de ondas complexas
que podem ser obtidas através da soma de
ondas sinusoidais de acordo com o teorema de
Fourier ou seja sinais harmónicos

– Onda dente de serra


– Onda quadrada
– Onda triangular
Onda Dente de Serra
Histograma da Onda Dente de Serra

O que se pode dizer acerca da onda?


– É periódica
– Amplitude máxima igual à amplitude mínima
– Toma valores crescentes entre a amplitude mínima e
máxima (“rampa”)
Onda Dente de Serra
Como é que se pode obter uma onda dente de serra
a partir da soma de sinusoides?

A resposta é dada pelo teorema de Fourier.


A onda dente de serra está de acordo com o
teorema: é um sinal periódico.

Vamos primeiro observar como se chega à onda a


partir da soma (síntese).
Onda Dente de Serra (DS)
 Criação da onda DS por soma de sinusoides

Soma de 3 sinusoides Soma de 6 sinusoides

3 6
Onda Dente de Serra
 Animação – formação da onda dente de
serra por síntese de Fourier, 50 harmónicos
Onda Dente de Serra

Série de Fourier da Onda Dente de Serra



1
x  t    sen  2 nft 
n 1 n

1 1 1
x(t )  sin(2  ft )  sin(2  2 ft )  sin(2  3 ft )  ...  sin(2  nft )
2 3 n
Amplitude
fundamental Harmónicos múltiplos inteiros da fundamental
1/nº do harmónico
Fundamental – frequência natural mais baixa num sistema oscilatório
Onda Dente de Serra

1 1 1
x(t )  sin(2  ft )  sin(2  2 ft )  sin(2  3 ft )  ...  sin(2  nft )
2 3 n

Fundamental Harmónico 2 Harmónico 3 Harmónico n


Harmónico 1

A cada sinusoide As amplitudes das sinusoides são cada


corresponde um harmónico vez menores
1/n (n número do harmónico)
Onda Dente de Serra
A cada seno da série corresponde uma oscilação, um componente de frequência

Nº de senos Amplitude dos Componentes de Magnitude dos


senos frequência componente de
(normalizada) freq. (normalizada)
1 1 f1 - fundamental 1

2 1/2 f2 1/2

3 1/3 f3 1/3

Componentes de frequência da onda dente de serra


f1 ... f2=2f1 ...f3=3f1 … ...
fn=nf1 ...
n=1,2,3,…,∞

Amplitudes das sinusoides


n 1/n fn=nf1 1/n
A1=1 A2=1/2 n=1,2,3,…,∞
n=1,2,3,…,∞ A3=1/3 An=1/n n=1,2,3,…,∞
n=1,2,3,…,∞ n=1,2,3,…,∞
Onda Dente de Serra

A partir da tabela anterior, que analisa a estrutura da
onda dente de serra podemos desenhar o seu
espectro.

A cada seno, ou sinusoide presente no sinal corresponde
um componente de frequência

Cada componente de frequência é múltiplo inteiro da
fundamental f1.

Histograma Espectro???
Onda Dente de Serra
 Espectro (domínio da frequência)

1
Magnitude

1/2
1/3
1/4
1/5

1 2 3 4 5 6 7 Componentes de frequência f(Hz)


Onda dente de Serra

A onda dente de serra é um sinal periódico


A onda dente de serra é um sinal harmónico. Os seus componentes
de frequência são múltiplos inteiros da fundamental


A fundamental é a frequência mais baixa num sistema oscilatório
(neste caso onda dente de serra)


A fundamental indica a frequência do sinal como um todo e os
outros componentes são designados por harmónicos


A fundamental indica o pitch do sinal.

Pitch é uma grandeza psicoacústica e como tal subjectiva – atributo
da sensação auditiva no qual os sons podem ser ordenados da
frequência mais baixa à mais elevada
Onda Dente de Serra
Exemplo onda dentre de serra com frequência de
100Hz (os outros componentes terão frequência múltipla inteira dos 100Hz)

A fundamental tem
100Hz

Os outros componentes
fn=nf1
Onda Dente de Serra
Seis componentes da onda dente de serra nos domínios do tempo e frequência
Curiosidade
Uma corda quando oscila tem várias modos ou frequências de
oscilação. Essas frequências são harmónicas e idênticas ao da onda
dente de serra. A corda terá então as frequências fn=nf1 e as
amplitudes serão An=(1/n) A1. Se traduzirmos estas oscilações em
notas musicais teremos a famosa série de harmónicos “musical” da
qual se retira a afinação natural e a base da harmonia/acordes
musicais. Os nº indicam o harmónico.

Série de
Acorde de Harmónicos
dó maior
de dó
Onda Quadrada
Histograma da Onda Quadrada

O que se pode dizer acerca da onda?


– É periódica
– Amplitude máxima igual à amplitude mínima
– Só toma dois valores
Onda Quadrada
Soma de senos para gerar uma Onda quadrada

Soma do seno,
correspondente à
fundamental (harmónico 1),
com o harmónico 3
(amplitude ⅓ da
fundamental)
Onda Quadrada
 Onda quadrada com soma de 5 e 13
sinusoides
Onda Quadrada
 Animação – formação da onda quadrada por
síntese aditiva (soma de sinusoides – série de
Fourier)
Onda quadrada
Onda quadrada
A soma de múltiplos
ímpares de uma frequência
Amplitude Fundamental resulta numa
máxima onda quadrada

Amplitude
mínima
Onda quadrada histograma e espectro
Ondas sinusoidais que formam a onda quadrada
Onda Quadrada

Série de Fourier da Onda Quadrada



1
x(t )   sen  2 ft 
k  0 2k  1

N=1,3,5,...∞ (ímpar)
Fundamental
Componentes múltiplos inteiros ímpares da fundamental
Onda Quadrada
A onda quadrada só tem componentes ímpares (n é ímpar!!!!!)
Nº do seno Amplitude do Componente de Magnitude do
seno frequência componente de
(normalizada) freq. (normalizada)
1 1 f1 - fundamental 1

3 1/3 f3 1/3

Componentes de frequência
f1 5 f 3  3 f1 f 2k 1  1/5
2k  1 f1 f5 
k  0,1, 2,3,... Componentes1/5
ímpares

Amplitudes
... ... ... ...
A1=1 A3=1/3 A5=1/5 An=1/n n=1,3,5,…,∞
n 1/n fn=nf1 1/n
Os componentes
N=1,3,5,…,∞ da onda quadrada
N=1,3,5,…,∞ são todos ímpares n=1,3,5…,∞
N=1,3,5,…,∞
Onda Quadrada
Só tem
 Espectro onda quadrada harmónicos
ímpares

1
magnitude

1/3

1/5
1/7
1/9

f1 f3 f5 f7 f9 frequência
Onda Triangular
Histograma da Onda Triangular

O que se pode dizer acerca da onda?


– É periódica
– Amplitude máxima igual à amplitude mínima
– Toma valores crescentes entre a amplitude mínima
e máxima e decrescentes entre Amax e Amin
Onda Triangular

Série de Fourier da Onda Triangular


1
x(t )=∑ 2 cos(2 π ( n ) ft ) n – nº inteiro ímpar
n= 0 ( n )

1 1 1
x (t )=cos(2 πft )+ cos(2 π ×3 ft )+ cos(2 π ×5 ft )+.. .+ 2 cos( 2 π×nft )
9 25 n
Fundamental Harmónicos ímpares

A série é formada pela soma de cosenos


Onda Triangular
 Animação – formação da onda triagular por
síntese aditiva- 25 harmónicos (série de
Fourier).
Onda Triangular
Histograma
Onda Triangular
Nº de cosenos Amplitude dos Componentes de Magnitude dos
cosenos frequência componente de
(normalizada) freq. (normalizada)
1 1 f1 - fundamental 1

3 1/9 f3 1/9

5 1/25 f5 1/25

... ... ... ...

n 1/n2 fn=nf1 1/n2


N=1,3,5,…,∞ N=1,3,5,…,∞ N=1,3,5,…,∞ n=1,3,5…,∞
Onda Triangular
 Espectro

1
Magnitude

1/9
1/25
1/49 1/81

1 3 5 7 9 Componentes de frequência f(Hz)


Trem de impulsos


x(t )= ∑ sen ( 2 πft+φ )
n=1
Componentes de frequência

f1 f2=2f1 f3=3f1 … fn=nf1 n=1,2,3,…,∞

Amplitudes

A1=1 A2=1 A3=1 An=1 n=1,2,3,…,∞

O trem de impulsos resulta da soma de componentes harmónicos com a mesma amplitude


RUÍDO
Ruído
Definição de Ruído

Sinal de natureza aleatória, ou seja as


amplitudes que o sinal toma são aleatórias
ao logo do tempo e cujo espectro tem todos
os componentes de frequência
Definição de ruído

Também se considera ruído todo o sinal que é externo ou


interno a um sistema mas que não pertence
directamente à fonte sonora

Ex: numa gravação em estúdio apenas de uma voz todos


os sons para além da voz são considerados ruído
externo assim como todo o som produzido pela
electrónica são considerados como ruído interno ao
sistema.
Geralmente considera-se ruído o sinal
aleatório que se soma ao sinal original.

Qualquer medida de um sinal ou gravação


que se efectua tem sempre um ruído
associado.
Podem existir diferentes origens de ruído

Alguns exemplos:

Ruído mecânico . Produzido por máquinas


Ruído térmico . Produzido pelo movimento das partículas do ar
Ruído acústico . Produzido pelo vento
Ruído eléctrico. Produzido pelos circuitos
Ruído digital . Produzido na conversão de sinais analógicos em
digitais

Os sinais anteriormente analisados nesta
apresentação são todos periódicos e
determinísticos


Um sinal determinístico é um sinal que todos os
valores de amplitude ao longo do tempo podem
ser determinados por equações matemáticas


Existem no entanto sinais que não são
determinísticos.

O ruído é um sinal não determinístico e aperiódico.

Não existe nenhuma equação matemática que
determine exactamente quais os valores de
amplitude do ruído em qualquer instante t.


Não se consegue encontrar nenhum desenho na
forma de onda que permita dizer que existe um
padrão (período) que se repete. (O que
demonstra que o sinal não é periódico!!)

Os valores de amplitude do ruído são aleatórios. Não
se pode saber exactamente qual o valor de amplitude
do sinal a cada instante mas apenas a probabilidade
do seu valor se situar num determinado intervalo.

O ruído é definido somente através de equações
estatísticas.


O ruído é um sinal estacionário pois a sua média e o
desvio padrão (funções estatísticas) são constantes
ao longo do tempo. (Também existe ruído não
estacionário!)

Em relação aos componentes de frequência o ruído tem
todos os componentes de frequência possíveis.

O espectro do ruído mostra que estão presentes todos
os componentes de frequência (0Hz até infinito).

No caso do ruído digital os componentes de frequência
só existem até ao valor de frequência de corte do filtro
antialiasing.


No caso de ruído digital com fa=44100Hz existem
componentes até 22050 mas a partir de
aproximadamente 18KHz existe atenuação dos
componentes que se situam entre os 18K e 22050Hz.
Som puro Ruído
Determinístico Não determinístico
Periódico Aperiódico
Um componente de Todos os componentes de
frequência frequência

Comparação do ruído com o som puro



Histograma típico do ruído
Amplitude

Os valores de amplitude
do ruído situam-se
dentro de um intervalo
de valores
de amplitude tempo

“sem zoom”
Na imagem temos ruído branco gerado no
programa audacity. A forma de onda não
apresenta nenhum padrão que se repita.
Representação gráfica do ruído

Espectro ruído – todos os componentes de
frequência estão presentes

magnitude

frequência
Espectro do ruído branco gerado no audacity. Podemos
ver que não temos todas as frequências com a mesma
energia. Isto deve-se ao algoritmo que gera os
números aleatórios não ser perfeito.
Ruído Branco
Ruído branco

Sinal aleatório com igual energia em diferentes


frequências ou com a mesma energia por
iguais bandas de frequência

Utilização – em síntese sonora, como a síntese


subtractiva para obter outros ruídos e sons de
instrumentos de percussão
Tipos de Ruído

Ruído Branco

Neste sinal bandas com a mesma largura têm a
mesma potência ou energia.

magnitude

1/f0
De 500 a 550Hz
temos a mesma energia
que de 1050 a 1100Hz
Largura de banda de 50Hz frequência
Ruído Rosa
Sinal aleatório no qual a energia dos
componententes de frequência diminui 3dB a
cada oitava
Os componentes mais graves têm mais energia
que os agudos

Utilização
Síntese sonora
Acústica de salas
Tipos de Ruído

Ruído Rosa

A energia do sinal decresce 3dB por oitava

É utilizado em testes áudio e de salas

3dB 3dB/8va
1 oitava corresponde a
1/f ter 2 componentes de
frequência cuja relação
A potência ou energia de valores é 2.
sonora é a mesma
por cada oitava
100 a 200Hz
f1 2xf1 log f
300 a 600Hz
Tipos de Ruído

Ruído Castanho

O sinal decresce 6dB por oitava
M

Sinal
utilizado em
6dB /8va acústica em
6dB teste de
2
1/f salas

f1 f2 Log f

Histogramas do ruído branco, castanho e rosa
Anexo – Comparação dos
espectros das ondas harmónicas

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