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AO ILUSTRÍSSIMO (nome da pessoa)

CPF/CNPJ nº (xxx)
Endereço: (xxx)
CEP: (xxx)

NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL

BEMOL CONFECÇOES LTDA-ME, Pessoa Jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob o nº: 41.296.575/0001-80, por
intermédio de seu procurador infra-assinado, RENAN BARBOSA DE
AZEVEDO, inscrito na OAB Ceará N° 23.112, vem com o devido
respeito NOTIFICAR EXTRAJUDICIALMENTE o Sr(a). (nome), pelos
motivos de fato e de direito que passa a expor:

A empresa Notificante mantinha uma relação consumerista com


a pessoa Notificada, relação esta pautada na boa fé de ambas
quanto ao cumprimento de suas obrigações, ora sendo a da
Notificante de enviar os devidos produtos adquiridos pela
Notificada e esta de adimplir com o pagamento devido.

Observe o que consta na legislação civil:

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Av. Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz,
Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.

Ambas as partes adimpliam com suas obrigações de maneira


recíproca. Ocorre que em uma compra efeituada pela Notificada no
mês de Maio de 2020, foi solicitado por ela que o pagamento fosse
feito através de cheque bancário, solicitação aceita pela empresa
Notificante, haja vista haver uma relação pré-existente de
confiança entre as partes.

A compra foi realizada e a empresa enviou os produtos, no


entanto, o cheque recebido pela empresa restou-se sustado pelo
banco, ora sendo (nome do banco).

A empresa então, informou a Sra. Lorena Virginia acerca do


ocorrido.

A dívida da Notificada com a empresa Notificante aduz o


importe de R$: (valor), via cheques. Os (número de cheques)
cheques foram devolvidos, restando-se frustradas as tentativas de
obter o pagamento pela mercadoria fornecida.

Atualmente a dívida encontra-se com mais de (tempo em


atraso) ano de atraso, sendo todas as tentativas de resolução
deste conflito restado infrutíferas.

Não há o que contestar quanto a conduta dolosa da cliente


para com a empresa Notificante, uma vez que em momento algum do
presente impasse a mesma demonstrou um interesse real e efetivo de
cessar sua inadimplência. Digo interesse real, pois as pseudo
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tentativas efetuadas pela Notificada foram fraudulentas, ensejando
uma frustração ainda maior pela empresa, uma vez que aquela
promovia uma sensação real de efetivação do pagamento e no final
estes restavam-se frustrados.

Vejamos o que diz a legislação criminal acerca do crime de


estelionato:

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem


ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em
poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.

Infere-se, portanto, que Notificada, por mais de (tempo em


atraso) ano, mantém a empresa Bemol em erro mediante a esperança
de obter o pagamento devido desta venda. Conforme podemos
depreender da situação ilustrada acima, o crime restou-se
configurado com as inúmeras frustrações feitas pela Notificada.

Observe ainda o entendimento pátrio acerca da sustação de


cheque:

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. ESTELIONATO. FRAUDE NO


PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE (ART. 171, § 2º, VI, DO
CÓDIGO PENAL). REJEIÇÃO DA EXORDIAL ACUSATÓRIA POR
AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA (ART. 395, III, DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL). INSURGÊNCIA MINISTERIAL. PREENCHIMENTO
DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 41 DO CPP. ELEMENTOS
SUFICIENTES EM TORNO DA MATERIALIDADE E AUTORIA
DELITIVAS. FUNDADOS INDÍCIOS DE DOLO. CHEQUES PRÉ-
DATADOS SUSTADOS SEM QUALQUER JUSTIFICATIVA. INTENÇÃO
DE OBTER VANTAGEM ILÍCITA, EM TESE, EVIDENCIADA. JUSTA
CAUSA CONFIGURADA. DECISÃO REFORMADA. 1 O
reconhecimento da justa causa da ação penal demanda
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apenas "a existência de um suporte satisfatório das
práticas delitivas narradas, assim como do respectivo
autor, para que a pretensão punitiva seja racionalmente
perseguida. Deve haver um possível crime e um potencial
autor, relegando-se a análise satisfativa da
responsabilidade penal ao resultado dos elementos
submetidos ao contraditório e das provas produzidas no
curso da instrução processual"
(TJ-SC - RSE: 00102109120168240039 Lages 0010210-
91.2016.8.24.0039, Relator: Sidney Eloy Dalabrida, Data
de Julgamento: 30/04/2020, Quarta Câmara Criminal)

Não obstante o crime configurado, resta-se pautado o


direito de reparação por dano material da Notificante, uma vez que
o pagamento consta em mora a mais de (tempo em atraso) ano.
Observe o que diz a legislação cível:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito.

Observe o entendimento pátrio acerca da demora no pagamento


que configura, por oportuno, o dano material:

APELAÇÃO CÍVEL. SEGURO DE VEÍCULO. PERDA TOTAL. DANOS


MATERIAIS E MORAIS. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO DE
INDENIZAÇÃO PELA SEGURADORA. VEÍCULO FINANCIADO. JUROS
DA FINANCEIRA EM FACE DA DEMORA NO PAGAMENTO DO SEGURO.
IPVA. ONUS QUE DEVE SER SUPOSTADO PELA SEGURADORA.
DANOS MATERIAIS E MORAIS CONFIGURADOS. Trata-se de ação
de indenização por danos materiais e morais decorrentes
da inércia da parte requerida em efetuar o pagamento da
indenização securitária, decorrente de acidente de
trânsito que acarretou a perda total do veículo,
julgada parcialmente procedente na origem.
Primeiramente, quanto ao pedido de concessão da AJG à
empresa requerida, o recurso da seguradora não merece
ser conhecido no ponto, por ausência de interesse
recursal, uma vez que tal pedido já fora realizado e
deferido pelo juízo a quo na fl. 156. Em se tratando de
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contrato de seguro, mister a aplicação do princípio da
boa-fé contratual expressa no artigo 765 do Código
Civil. Outrossim, aplica-se aos contratos como o sub
judice o Código de Defesa do Consumidor, na medida em
que se trata de relação de consumo, consoante traduz o
art. 3º, § 2º bem como no que diz respeito ao art. 14,
§ 3º, do CDC. No caso telado, resta incontroverso que
não houve pagamento da indenização do seguro contratado
pelo autor, em... face do sinistro ocorrido em
21/12/2013, com perda total do veículo, motivo pelo
qual devida à indenização securitária no valor
correspondente a 110% do valor do bem na data do
sinistro, conforme apólice, descontada a franquia. A
parte autora até a presente data não logrou em receber
a quantia indenizatória, o que, por si só já evidencia
o abalo moral suportado. O sinistro ocorreu em
21/12/2013, tendo a seguradora autorizado o
recolhimento do veículo em 23/01/2014, com efetivo
recolhimento somente em 18/02/2014, evidenciado o
descaso da seguradora para com seu cliente. O e-mail
juntado na fl. 86, datado de 07/07/2014 evidencia que a
seguradora, mesmo assumindo a responsabilidade pelo
dano, bem como admitindo que esgotou todos os prazos
possíveis à solução do caso, nada fez, restando inerte,
evidenciado, portanto, a falha na prestação do serviço
e os transtornos vivenciados pelo recorrente, os quais
ensejam a reparação pelos danos extrapatrimoniais
sofridos. No tocante ao valor indenizatório, valorando-
se as peculiaridades da hipótese concreta, tenho que o
valor fixado pelo magistrado no patamar de R$5.000,00
(...), se mostra adequado ao caso, tendo em vista que a
indenização por dano moral não pode ser irrisória, de
modo a fomentar a recidiva, bem como deve ser apta a...
ser sentida como uma sanção pelo ato ilícito, sem que,
contudo, represente enriquecimento ilícito à vítima. A
seguradora deverá ser condenada ao pagamento do IPVA,
referente ao ano de 2014, uma vez que a sucata do
veículo, na condição de salvado, passa a ser de
propriedade da seguradora, nos termos do art. 126 do
CTB. O dano material, referente as despesas suportadas
pelo autor, com transporte - taxi, merecem ser
ressarcidas, uma vez que utilizava seu veículo para
tal, o que se pode verificar, inclusive, na apólice da
fl. 65, onde o autor declarou ao contratar o seguro que
utilizava o veículo como meio de transporte para ida e
volta do trabalho. Quanto aos juros pela inadimplência
das parcelas do financiamento, estes também devem ser
suportados pela seguradora, posto que deu causa a mora
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do financiamento. O seguro, ao ser acionado, em caso de
perda total, deveria, primeiro, quitar o contrato de
financiamento, cujo bem (veículo) era a garantia do
contrato, e, o saldo, se assim houvesse, deveria ser
alcançado ao autor. Verifica-se à fl. 71, através das
telas de ocorrência da própria seguradora, que após o
recolhimento do bem em 18/02/2014, agendou pagamento da
dívida frente ao Banco Credor GMAC S/A, para
24/03/2014, o que não foi cumprido. Inúmeras tentativas
de... agendamento foram realizadas pela seguradora para
pagamento ao banco, todas infrutíferas. Os juros
bancários devidos em face da mora da seguradora em
efetuar a quitação do bem deve ser suportado pela
seguradora, a contar de 24/03/2014, primeira data
agendada para pagamento. DUPLA APELAÇÃO. APELAÇÃO DO
AUTOR PARCIALMENTE PROVIDA. APELAÇÃO DO RÉU CONHECIDA
EM PARTE E, NA PARTE CONHECIDA, DESPROVIDA. (Apelação
Cível Nº 70077665677, Sexta Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Niwton Carpes da Silva, Julgado
em 12/07/2018).
(TJ-RS - AC: 70077665677 RS, Relator: Niwton Carpes da
Silva, Data de Julgamento: 12/07/2018, Sexta Câmara
Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
16/07/2018)

Portanto, não restam dúvidas quanto ao direito da empresa


Notificante em relação a este caso. No entanto, visando a
resolução deste conflito de maneira amigável e extrajudicialmente,
pautada no histórico de boa-fé pré-existente entre as partes,
viemos por meio desta NOTIFICAR a (pessoa notificada) para que
seja efetuado o pagamento do débito constante de R$: (valor) junto
a empresa Notificante no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob
pena de incidência das sanções penais e cíveis cabíveis ao caso.

Informamos ainda que a não regularização da referida


pendência no prazo acima estabelecido causará a tomada das
seguintes providências legais:

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- Encaminhamento de vosso nome ao serviço de proteção ao
crédito (SPC/SERASA);
- Protesto do título;
- Propositura da competente ação judicial para o
recebimento do valor principal, acrescido de juros legais, mora,
além dos honorários advocatícios, fixados neste ato em (20%) do
valor da causa.

Desta forma, a fim de evitar-se tal situação, reiteramos o


pedido no sentido de promover a quitação da referida dívida de
forma amigável e Extrajudicialmente, entrando em contato através
do telefone (xxx) ou então o seu comparecimento em nosso
estabelecimento a fim de resolvermos tal pendência.

Informamos ainda que V. Sa. encontra-se constituído em mora


para todos os efeitos legais a partir do recebimento da presente
notificação.

Solicitamos a V.Sa. desconsiderar a presente caso o


referido débito já tenha sido quitado.

Certos de que seremos prontamente atendidos nesse cordial


pedido, desde já agradecemos sua compreensão.

Respeitosamente.
Fortaleza, 18 de fevereiro de 2021.

RENAN BARBOSA DE AZEVEDO


OAB/CE Nº 23.112

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