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ULTRAMARINA
EUROPEIA DOS
SÉCULOS XV E XVI
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América, a Oceania e grande parte da África e da Ásia. Conheciam partialmente o oceano Atlântico
e desconheciam os oceanos Pacífico e Índico.
O projeto de expansão marítimo-comercial português também foi possível pelo desenvolvi-
mento técnico-científico iniciado na Idade Média, que levou ao aperfeiçoamento da arte da nave-
gação, permitindo viagens de longa distância. Quais seriam algumas dessas inovações técnicas?
» Caravela: foi a principal embarcação marítima utilizada nas Grandes Navegações.
Desenvolvida pelos portugueses, era um navio de estrutura leve movido pelo vento;
sua principal característica era a vela de formato triangular (latina), que podia ser
ajustada em várias direções para captar a força eólica. Assim, qualquer que fosse o
sentido do vento, a caravela podia navegar na direção desejada pelo piloto;
» Cartografia: com as viagens marítimas, a elaboração de mapas teve significativo
avanço. A partir do século XV, surgiram mapas com os primeiros registros das terras
descobertas na África e na América. Esses mapas eram considerados verdadeiros
segredos de Estado, mas as informações circulavam quando o navegador de um
país passava a servir a outro;
» Bússola: instrumento de orientação espacial introduzido na navegação europeia
desse período, cuja invenção é atribuída aos antigos chineses. Foram os árabes,
porém, que a levaram assim como o astrolábio, para a Europa.
Além disso, a progressiva aceitação da noção de que a Terra é esférica também favoreceu as
Grandes Navegações.
Portugal foi o primeiro país a empreender as Grandes Navegações no século XV. Entre os
motivos apontados pelos historiadores para esse pioneirismo, pode-se considerar:
» Centralização política: realizada durante a dinastia de Avis, permitiu que a monarquia
passasse a governar em sintonia com os projetos da burguesia;
» Ausência de guerras: no século XV, vários reinos europeus estavam envolvidos em
confrontos militares. O reino de Castela (que daria origem à Espanha), por exemplo,
ainda lutava para expulsar os mouros da península Ibérica. A França e a Inglaterra
encontravam-se envolvidas na Guerra dos Cem Anos (1337-1453). Acreditava-se que
tais disputas tenham contribuído para atrasar a entrada desses países na história
das Grandes Navegações;
» Localização geográfica: praticamente na “cara” do oceano Atlântico, também faci-
litou a expansão portuguesa por “mares nunca dantes navegados”, como se referiu
o poeta Luís Vaz de Camões;
» Diferentes interesses: os interesses de vários grupos sociais convergiam para a
expansão marítima. O rei desejava aumentar seus poderes e as receitas do Estado. A
burguesia ambicionava fazer bons negócios e aumentar seus lucros. A nobreza podia
servir ao rei e conquistar cargos na burocracia do Estado. E as pessoas mais pobres
viam nas grandes navegações uma possibilidade de melhorar suas condições de vida.
FASES DA EXPANSÃO
2.1 CONQUISTA DE CEUTA
A conquista de Ceuta – um rico centro de negócios dominado pelos muçulmanos – no norte
da África, em 1415, marca o início da expansão portuguesa. Ela foi coordenada pelo filho do rei,
que ficou conhecido como D. Henrique, o Navegador. Saqueada pelos portugueses, Ceuta perdeu
parte de sua importância como centro comercial, pois os árabes deixaram de abastecê-la.
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PÉRIPLO AFRICANO
Ao longo do século XV, os portugueses avançaram pelo Atlântico, sempre contornando o
continente africano, o que ficou conhecido como Périplo Africano. Nesse percurso, foram estabe-
lecendo feitorias, que serviam de entropostos para a obtenção de produtos do seu interesse (ouro,
sal, marfim e pimenta, entre outros), e passaram a participar da escravização dos povos africanos.
A partir do século XVI, comercializavam os africanos escravizados para a América.
CHEGADA ÀS ÍNDIAS
A grande aventura marítima portuguesa, que durou quase um século, culminou com a chegada
de Vasco da Gama, à cidade de Calicute, em 1498. Essa viagem provocou muito entusiasmo entre
os potugueses.
Vasco da Gama retornou em 1499, com um carregamento que superava em 60 vezes o custo da
expedição. Essa maneira, o reino de Portugal realizava seus objetivos: descobrir um novo caminho
para o Oriente e participar do lucrativo comércio de especiarias, até então dominado por genoveses
e venezianos.
CHEGADA AO BRASIL
Depois do retorno da expedição de Vasco da Gama, o rei D. Manuel decidiu enviar às Índias
uma poderosa esquadra, a fim de estabelecer relações comerciais com o Oriente.
Essa esquadra partiu de Lisboa no dia 9 de março de 1500, tendo como destino principal a
cidade de Calicute. Era composta de 13 navios e conduzia uma tripulação de aproximadamente
1.500 pessoas, entre elas navegadores, padres, soldados, intérpretes e comerciantes. O comando da
expedição foi entregue a Pedro Álvares Cabral, nobre português sem grande experiência marítima.
No decorrer da viagem, a esquadra de Cabral afastou-se da costa africana dirigindo-se mais para
oeste, até atingir as terras que hoje correspondem ao Brasil, mais especificamente ao sul da Bahia.
A primeira aproximação ocorreu no dia 22 de abril, quando os portugueses avistaram um
monte, batizado de monte Pascoal (por ser a semana da Páscoa). A terra recebeu o nome de Vera
Cruz, posteriormente alterado para Terra de Santa Cruz. O nome atual, Brasil, passou a ser adotado
em aproximadamente 1503, devido à grande quantidade de uma árvore encontrada no litoral, cha-
mada pau-brasil. Os comerciantes de pau-brasil ficaram conhecidos pela designação de brasileiros,
que depois passou a identificas as pessoas nascidas no Brasil.
Após subir 130 quilômetros costeando o continente, em 2 de maio, a esquadra de Cabral
deixou a região que corresponde hoje a Porto Seguro (Bahia) e seguiu viagem em direção às Índias.
Antes, porém, o comandante determinou que o navegador Gaspar de Lemos regressasse a
Portugal levando notícias das novas terras. Também encarregou o escrivão Pero Vaz de Caminha
de escrever uma carta ao rei, relatanto os acontecimentos.
Destarte, como resultado desse processo que marcou a transição da Idade Média para a Idade
Moderna, não apenas ocorreu o início das Grandes Navegações como também, a chegada e início
do processo de ocupação e colonização do território que hoje conhecemos como Brasil.