Você está na página 1de 99

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE


NÚCLEO DE TECNOLOGIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ANÁLISE COMPARATIVA DE RESULTADOS OBTIDOS MANUALMENTE E EM


SOFTWARE DE CONCRETO ARMADO.

YTALO THIAGO SANTOS FARIAS

Caruaru, Junho/2014
YTALO THIAGO SANTOS FARIAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


ANÁLISE COMPARATIVA DE RESULTADOS OBTIDOS MANUALMENTE E EM
SOFTWARE DE CONCRETO ARMADO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Engenharia Civil do Centro Acadêmico
do Agreste – CAA, da Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE, como requisito para a
aprovação da disciplina Trabalho de Conclusão
de Curso II.
Área de Concentração: Estruturas de Concreto
Armado.
Orientador: Prof. MSc. Roberto Evaristo de
Oliveira Neto.

Caruaru, Junho/2014
YTALO THIAGO SANTOS FARIAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


ANÁLISE COMPARATIVA DE RESULTADOS OBTIDOS MANUALMENTE E EM
SOFTWARE DE CONCRETO ARMADO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Civil do Centro
Acadêmico do Agreste - CAA, da
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE,
como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Área de concentração: Estruturas de Concreto


Armado
Catalogação na fonte:
Bibliotecário Simone Xavier CRB4 - 1242

F224a Farias, Ytalo Thiago Santos.


Análise comparativa de resultados obtidos manualmente e em software de concreto
armado. / Ytalo Thiago Santos Farias. - Caruaru: O Autor, 2014.
98f.; il. ; 30 cm.

Orientador: Roberto Evaristo de Oliveira Neto


Monografia (Trabalho de Conclusão de curso) – Universidade Federal de
Pernambuco, CAA, Engenharia civil, 2014.
Inclui referências bibliográficas

1. Estruturas. 2. Análise estrutural. 3. Softwares – Engenharia civil. I. Oliveira Neto,


Roberto Evaristo de. (Orientador). II. Título.

620 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2014-035)


DEDICATÓRIA

Ao senhor Deus;

Aos meus pais;


Minha mais bela razão de existir. Motivos para
lutar e vencer a batalha da vida.

Ao meu irmão;
O mais sincero e fiel amigo que alguém pode ter.
O melhor irmão do mundo.

À minha noiva;
O amor da minha vida.

Aos meus amigos;


Irmãos que o destino se encarregou de unir;
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter me dado saúde e força para superar todos os empecilhos
encontrados durante a elaboração deste trabalho. Agradeço por minha vida, família e amigos.

À Universidade Federal de Pernambuco, mais precisamente o Centro Acadêmico do


Agreste, por ter proporcionado momentos únicos de aprendizado a nível social e intelectual,
momentos esses que se tornaram muito importantes em minha formação profissional.

Ao meu amigo e orientador professor MSc. Roberto Evaristo de Oliveira Neto, pela
confiança, orientação, paciência e apoio durante a elaboração deste trabalho. O meu muito
obrigado.

Agradeço a todos os professores por proporcionarem o aprendizado, não apenas o


intelectual, o aprendizado da vida. Muito obrigado pela manifestação do caráter, da educação
e da afetividade, durante todo o processo de formação profissional do curso de Engenharia
Civil do Centro Acadêmico do Agreste.

Aos meus pais, Antônio Evangelista de Farias e Maria de Lourdes Santos Farias, que
fizeram o possível e o impossível para me dar o maior bem: a educação. Agradeço por todos
os seus esforços, por todas as batalhas vencidas em nome da nossa família. Agradeço por todo
o carinho, dedicação, amor e paciência ao longo de todos esses anos. Amo vocês.

Ao meu irmão, Fábio Gustavo Santos de Farias, pelo incentivo e apoio em todos os
momentos de minha vida. Agradeço por ser essa pessoa especial, continue sempre assim.

À minha noiva, Maria Layane Rodrigues dos Santos. Agradeço por toda paciência e
dedicação durante vários momentos da minha graduação, por entender que o sucesso do
futuro é fruto de muita dedicação no presente. Muito obrigado por fazer parte de minha vida,
por ser essa pessoa especial. És muito importante. Amo você.

Ao meu grande amigo Matheus Freitas pela grande contribuição na elaboração deste -
projeto. Muito obrigado, grande abraço.
Agradeço a todos os meus amigos de curso pelo ótimo convívio ao longo de todos
esses anos. Ficarão na memória todos os momentos, tristes e felizes, ao qual tive a
oportunidade de dividir com vocês. Um abraço especial para os amigos Adiclênio Domingos,
Allex Anselmo, Alice Jadneiza, Danillo Fidel, Ewerton,Henrique, Heleno Junior, Jadson
Verçosa, João Netto, Jofre Lima, Josemar Leal, José Roberto, Juliana Torres, Lyneker Souza,
Luttemberg Ferreira, Neto Oliveira, Renan Pinheiro, Ricardo Ferraz, Robson Queiroz e
Thiago Sales.

Por fim, agradeço a todos aqueles que estiveram envolvidos direta ou indiretamente na
realização deste trabalho. O meu muito obrigado.
“Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e
descansa à sombra do Todo-poderoso, pode dizer
ao Senhor: “Tu és o meu refúgio e a minha
fortaleza, o meu Deus, em quem confio.””.

(Bíblia Sagrada. Salmo 91.)


RESUMO

Com o advento da informática e o avanço tecnológico surgiram no mercado vários


programas de cálculo estrutural como forma de acelerar a elaboração dos projetos, suprir a
demanda de construção e conceber estruturas de concreto armado mais complexas. Observar a
forma de como os dados de entrada de uma estrutura hipotética são inseridas em um software
de cálculo estrutural, CYPECAD, tendo em vista sua difusão no mercado, e comparar os
esforços resultantes das ações na estrutura com as do cálculo manual é o grande objetivo deste
trabalho. Foram elaboradas planilhas eletrônicas de forma a comparar as solicitações globais
da estrutura, como momentos fletores em vigas e lajes e carga na fundação e nos pilares. As
solicitações originadas da ação do vento podem provocar acréscimos nos carregamentos dos
pilares em até 35% mesmo em estruturas de pequeno porte, como mostrado no presente
trabalho. Tendo em vista a grande quantidade de variáveis envolvidas no dimensionamento de
estrutura de concreto armado e a otimização do dimensionamento oferecida pelos softwares, é
possível dizer a estrutura, quando calculada manualmente, será superdimensionada em relação
ao cálculo efetuado pelo programa estrutural CYPECAD. O presente trabalho mostra que os
esforços resultantes, encontrados no cálculo manual, dos pilares, das lajes e das vigas terão
acréscimo médio de 46%, 58% e 23%, respectivamente, com relação ao software utilizado,
influenciando diretamente no custo do empreendimento.

Palavras Chaves: Estrutura, análise estrutural, softwares, CYPECAD, pilar, viga, laje, cargas,
esforços, cálculo manual.
ABSTRACT

With the advent of computer technology and technological advancement programs of


several structural design as a way to accelerate the development of projects, meet the demand
for construction and design of more complex structures reinforced concrete appeared on the
market. Observe the way how the input data of a hypothetical structure is entered into a
software structural calculation, CYPECAD, given its market diffusion, and compare the
resulting efforts of the shares in the structure with the manual calculation is the big goal this
work. Spreadsheets were prepared in order to compare the overall structure of the requests, as
bending moments in beams and slabs and load on the foundation and column. Requests
originated from the action of winds can cause an increase in shipments of the pillars up to 35%
even in small structures, as shown in this work. Given the large number of variables involved
in the design of reinforced concrete structure and the optimization of the sizing offered by the
software, you can say the structure when calculated manually, will be oversized in relation to
the calculation made by CYPECAD structural program. The present work shows that the
resulting efforts, found in the manual calculation of column, slabs and beams will have an
average increase of 46%, 58% and 23%, respectively, with respect to software used, directly
influencing the cost of the undertaking.

Key Words: Structure, structural analysis software, CYPECAD, column, beam, slab, loads,
efforts, manual calculation.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Módulo de deformação tangente inicial................................................................... 25


Figura 2 - Deformação longitudinal e transversal .................................................................... 26
Figura 3 - Diagrama tensão-deformação idealizado ................................................................. 27
Figura 4 - Diagrama tensão-deformação simplificado ............................................................. 31
Figura 5 - Tensões em um elemento infinitesimal ................................................................... 34
Figura 6 - Deformações do elemento no plano x-y .................................................................. 35
Figura 7 - Esforços Unitários num Elemento do Plano Médio ................................................ 36
Figura 8 - Laje simplesmente apoiada nos quatro lados ........................................................... 39
Figura 9 - Concepção Estrutural - CYPECAD ......................................................................... 44
Figura 10 - Espessura da laje com seção típica ........................................................................ 45
Figura 11 - Área de influência sobre pilares............................................................................. 48
Figura 12 - Comparação do carregamento calculado manualmente e com o Software
CYPECAD ............................................................................................................................... 52
Figura 13 - Inserção de solicitações oriundas das ações dos ventos ........................................ 54
Figura 14 - Mapa Eólico Brasileiro .......................................................................................... 55
Figura 15 - Comparação das solicitações nos pilares com a inclusão da ação dos ventos ....... 57
Figura 16 – Área de Influência ................................................................................................. 58
Figura 17 - Processo simplificado para determinação de solicitações nos pilares ................... 59
Figura 18 - Comparação dos Resultados Utilizando o Método da Área de Influência ............ 62
Figura 19 - Momentos Positivos em Vigas V1 a V12 .............................................................. 64
Figura 20 - Momentos Positivos em Vigas V13 a V24 ............................................................ 65
Figura 21 - Momento Fletor Viga V13 ..................................................................................... 66
Figura 22 - Carregamento Viga V13 ........................................................................................ 67
Figura 23 - Apoios Externos..................................................................................................... 68
Figura 24 - Envoltória de Momentos Viga 13 .......................................................................... 69
Figura 25 - Redução dos momentos de engastamento P1 e P17 .............................................. 71
Figura 26 - Envoltória de Redução de engastamento ............................................................... 71
Figura 27 - Peso do contrapiso, revestimento de teto e revestimento cerâmico como opção de
carga permanente ...................................................................................................................... 73
Figura 28 - Distribuição de cargas nas lajes ............................................................................. 73
Figura 29 - Gráfico comparativo: Momentos resultantes direção X ........................................ 75
Figura 30 - Gráfico comparativo: Momentos resultantes direção Y ........................................ 76
Figura 31 – Situação dos vínculos Laje L1 .............................................................................. 77
Figura 32 - Vinculação Laje L1 ................................................................................................ 78
Figura 33 - Classificação das lajes quanto à armação. ............................................................. 80
Figura 34 - Configuração dos Momentos ................................................................................. 86
Figura 35 - Momentos não compatibilizados L1 e L2 ............................................................. 87
Figura 36 - Momentos não compatibilizados L1 e L6 ............................................................. 87
Figura 37 - Momentos Compatibilizados L1 e L2 ................................................................... 89
Figura 38 - Momentos Compatibilizados L1 e L6 ................................................................... 90
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classe de resistência do concreto ............................................................................ 23


Tabela 2 - Classificação das barras de aço. .............................................................................. 29
Tabela 3 - Coeficiente de conformação superficial. ................................................................. 30
Tabela 4 - Classe de agressividade ambiental .......................................................................... 45
Tabela 5 - Cobrimento nominal ................................................................................................ 46
Tabela 6- Pré-Dimensionamento da Laje ................................................................................. 46
Tabela 7 - Pré-Dimensionamento das Vigas ............................................................................ 47
Tabela 8- Cálculo das Cargas Atuantes .................................................................................... 49
Tabela 9 - Comparação do carregamento em Pilares ............................................................... 53
Tabela 10 - Comparação das solicitações nos pilares com a ação dos ventos.......................... 56
Tabela 11 - Solicitações de acordo com a área de influência ................................................... 60
Tabela 12 - Comparação dos Resultados com o método da Área de Influência ...................... 61
Tabela 13 - Carregamentos Vigas V1 a V12 ............................................................................ 63
Tabela 14 - Carregamentos Vigas V13 a V24 .......................................................................... 63
Tabela 15 - Momentos Positivos em Vigas .............................................................................. 64
Tabela 16 - Cálculo das Cargas Atuantes nas Lajes ................................................................. 72
Tabela 17 - Comparação dos momentos positivos resultantes de lajes direção X ................... 74
Tabela 18 - Comparação dos momentos positivos resultantes de lajes direção Y ................... 74
Tabela 19 - Vão das Lajes: Classificação quanto à armação .................................................... 80
Tabela 20 - Coeficientes Adimensionais Laje L1 .................................................................... 81
Tabela 21 - Coeficientes Adimensionais Laje L2 .................................................................... 83
Tabela 22 - Coeficientes Adimensionais Laje L6 .................................................................... 85
Tabela 23 - Comparação Momentos Negativos. ...................................................................... 90
LISTA DE SÍMBOLOS

fc - Resistência à compressão do concreto;

fcd - Resistência de cálculo à compressão do concreto;

fcj - Resistência à compressão do concreto aos j dias;

fck - Resistência característica à compressão do concreto;

fcm - Resistência média à compressão do concreto;

fct - Resistência do concreto à tração direta;

fct,m - Resistência média à tração do concreto;

fct,f - Resistência do concreto à tração na flexão;

fst - Resistência à tração do aço de armadura passiva;

fy - Resistência ao escoamento do aço de armadura passiva;

fpt - Resistência à tração do aço de armadura ativa;

fpy - Resistência ao escoamento do aço de armadura ativa;

Eci - Módulo de elasticidade ou módulo de deformação tangente inicial do concreto,

referindo-se sempre ao módulo cordal a 30% fc;

Ecs - Módulo de elasticidade secante do concreto, também denominado módulo de

deformação secante do concreto;

Eci (t0) - Módulo de elasticidade ou módulo de deformação inicial do concreto no instante t0;

Eci28 - Módulo de elasticidade ou módulo de deformação inicial do concreto aos 28 dias;

Ep - Módulo de elasticidade do aço de armadura ativa;

Es - Módulo de elasticidade do aço de armadura passiva;

Gc - Módulo de elasticidade transversal do concreto;

εu - Deformação específica do aço na ruptura;

εy - Deformação específica de escoamento do aço;

ν - Coeficiente de Poisson;
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 17

2. RELEVÂNCIA DO TEMA ....................................................................................... 17

3. OBJETIVOS .............................................................................................................. 19

3.1 Objetivos Gerais .................................................................................................... 19

3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 19

4. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 19

4.1 Introdução ............................................................................................................. 19

4.1.1 Evolução dos modelos construtivos e das teorias aplicadas em cálculo estrutural 20

4.2 Propriedades dos Materiais: Concreto .................................................................. 22

4.2.1 Classes do Concreto de Acordo com a Resistência à Compressão ....................... 22

4.2.2 Massa Específica ................................................................................................... 23

4.2.3 Coeficiente de Dilatação Térmica ......................................................................... 24

4.2.4 Resistência à Tração .............................................................................................. 24

4.2.5 Módulo de Elasticidade ......................................................................................... 24

4.2.6 Coeficiente de Poisson .......................................................................................... 26

4.2.7 Módulo de Elasticidade Transversal ..................................................................... 26

4.2.8 Diagramas Tensão-Deformação ............................................................................ 27

4.3 Propriedades dos Materiais: Aço para Concreto Armado. .................................... 28

4.3.1 Categoria e classificação dos aços para concreto armado. .................................... 28

4.3.1 Tipo de superfície.................................................................................................. 30

4.3.2 Massa específica.................................................................................................... 30

4.3.3 Coeficiente de dilatação térmica ........................................................................... 30

4.3.4 Módulo de elasticidade ......................................................................................... 30

4.3.5 Diagrama tensão-deformação................................................................................ 31

4.4 Lajes ...................................................................................................................... 31

4.5 Vigas ..................................................................................................................... 32


4.6 Pilares .................................................................................................................... 33

4.7 Teoria de flexão de placas ..................................................................................... 33

4.8 Teoria das grelhas para lajes sobre apoios rígidos ................................................ 38

4.9 Método dos elementos finitos ............................................................................... 41

4.10 Programa Estrutural CYPECAD ........................................................................... 42

5. METODOLOGIA ...................................................................................................... 42

5.1 Concepção Estrutural ............................................................................................ 43

5.2 Pré-dimensionamento dos elementos estruturais .................................................. 44

5.2.1 Pré-Dimensionamento Das Lajes .......................................................................... 44

5.2.2 Pré-Dimensionamento das Vigas .......................................................................... 46

5.2.3 Pré-Dimensionamento dos Pilares ........................................................................ 47

5.3 Estimativa das Cargas Permanentes e Acidentais ................................................. 48

5.3.1 Cargas Atuantes nas Lajes .................................................................................... 48

5.3.2 Paredes .................................................................................................................. 49

5.3.3 Ações variáveis ..................................................................................................... 49

5.4 Análise Estrutural .................................................................................................. 50

5.4.1 Modelo Estrutural.................................................................................................. 50

5.4.1.1 Exemplos de modelos estruturais ................................................................. 50

5.4.1.1.1 Modelos aproximados utilizando o método de vigas contínuas. .................. 50

6. RESULTADOS ......................................................................................................... 51

6.1 Pilares .................................................................................................................... 51

6.1.1 Comparação dos Resultados ................................................................................. 51

6.1.2 Ação do Vento....................................................................................................... 54

6.1.3 Estimativa da carga vertical no pilar por área de influência ................................. 57

6.2 Vigas ..................................................................................................................... 62

6.2.1 Carregamentos nas vigas ....................................................................................... 62

6.2.2 Comparação de Resultados ................................................................................... 63


6.2.2.1 Momentos Positivos em Vigas ..................................................................... 64

6.2.3 Estudo da Viga V13 .............................................................................................. 65

6.3 Lajes ...................................................................................................................... 72

6.3.1 Carregamentos nas lajes ........................................................................................ 72

6.3.2 Comparação de resultados..................................................................................... 74

6.3.3 Estudo da Laje L1 ................................................................................................. 76

6.3.3.1 Vinculação .................................................................................................... 77

6.3.3.2 Cálculo do carregamento. ............................................................................. 78

6.3.3.3 Classificação das lajes quanto à armação ..................................................... 79

6.3.3.4 Cálculo dos momentos ................................................................................. 81

6.3.3.5 Compatibilização dos momentos ................................................................. 86

7. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 92

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 94

ANEXOS ........................................................................................................................ 96

ANEXO A ...................................................................................................................... 96
17

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento das cidades e a indispensável construção de grandes edifícios em


concreto armado, solução amplamente empregada no Brasil, fez com que os cálculos
estruturais necessitassem de uma sólida evolução técnica, com o objetivo econômico e
principalmente de segurança, tendo em vista a precisão para que as estruturas em concreto
armado pudessem ser executadas. Anteriormente ao advento dos primeiros softwares para
cálculo estrutural, em torno da década de 70, projetos desta característica eram realizados em
sua totalidade à mão, incluindo os detalhamentos dos elementos estruturais, o que demandava
muito tempo para a sua conclusão.
Com a origem e a inserção de softwares de cálculo na engenharia houve um enorme
ganho em produtividade, tornando mais dinâmica a execução de projeto. Deve-se destacar
também a simplicidade disponibilizada pelos programas de cálculo estrutural para testar
diversas combinações e arranjos estruturais distintos até alcançar o mais apropriado e
econômico projeto, composição essa que é de grande dificuldade no cálculo manual de uma
estrutura de concreto armado.
Mesmo com a simplicidade e contribuição relevante, que os softwares de cálculo
estrutural disponibilizam para a solução dos mais diversos problemas encontrados durante a
concepção de um projeto, não significa que o engenheiro possa se abster com as
considerações a serem inseridas na elaboração do mesmo, tendo em mente que a entrada de
dados e a interpretação dos resultados obtidos são etapas fundamentais na definição da
estrutura, sendo assim é de fundamental importância que o profissional seja dotado de um
bom conhecimento teórico e prático, os quais estão, muitas vezes, interligados com a
experiência em campo e uma boa formação acadêmica.

2. RELEVÂNCIA DO TEMA

Saber como as estruturas são lançadas nos programas de cálculo estrutural e as


considerações a serem inseridas ao longo da concepção do projeto são de essencial
importância para os profissionais da engenharia que atuam na área de projeto de estruturas de
concreto armado. Compreender a origem dos resultados que os programas fornecem como
solução dos problemas envolvendo análise de estruturas faz parte de uma boa formação do
engenheiro, para isso é necessário conhecimento teórico e prático das etapas do cálculo
estrutural que só serão obtidos com uma análise detalhada proporcionada pela realização do
18

cálculo manual, tornando-se apto para a solução de problemas que possa deparar-se durante a
concepção do projeto.
No Brasil, até o início da década de 70, não existiam ao menos as máquinas
eletrônicas portáteis que fizessem as quatro operações básicas. Os engenheiros e estudantes de
engenharia, quando possível, utilizavam as máquinas eletrônicas trazidas do exterior, ou,
utilizavam a régua de cálculo em seus cálculos.
As primeiras máquinas eletrônicas programáveis começaram a aparecer no início da
década de 70. Na época, existiam cinco modelos e marcas de máquinas programáveis e entre
elas, um modelo da Sharp que utilizava uma espécie de cartão magnético.

O cálculo de vigas contínuas era feito em duas etapas (dois cartões magnéticos) e
posteriormente se faziam os diagramas de momentos fletores e esforços cortantes à mão.
O cálculo das cargas verticais em edifícios, levando em conta o efeito do vento, também
era feito em duas etapas (dois cartões magnéticos): primeiro calculava-se o momento
devido ao vento em cada pavimento e depois, este efeito era somado com a carga
vertical de cada pilar em cada pavimento.
(ROBERTO STRAMANDINOLI, 2007, p. 96).

Em meados da década de 80 surgiu o PC (Personal Computer). Com o advento dos


primeiros computadores foi inevitável a integração da tecnologia aos projetos de engenharia,
possibilitando a criação de programas computacionais envolvendo o cálculo estrutural. A
partir disso, estruturas mais complexas já podiam ser resolvidas com um considerável ganho
de tempo, aumento na economia e segurança.
Com a simplicidade e a confiabilidade proporcionada pelo uso de softwares para
resolução de estruturas, surge o hábito de optar apenas pelo cálculo integralmente
computadorizado, sem tomar os devidos cuidados na análise minuciosa dos resultados. Esta
abstenção torna-se perigosa principalmente aos engenheiros recém-formados na área de
projetos estruturais, tendo em vista a falta de experiência prática no dimensionamento de
estruturas de concreto armado.
O presente trabalho tem por finalidade fazer uma análise comparativa dos resultados
obtidos manualmente com os adquiridos no sistema (Software) de cálculo de estruturas de
concreto armado (CYPECAD), tendo em vista ser um dos mais utilizados na área de cálculo
estrutural. Para isso será utilizada uma estrutura genérica de seis pavimentos.
19

Neste sentido, o problema do trabalho pode ser colocado a seguir:

Como o engenheiro civil pode elaborar o cálculo estrutural, via softwares, sem se
abster da responsabilidade da interpretação e do conhecimento teórico, comparado com os
resultados obtidos à mão?

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivos Gerais

O presente trabalho tem como principal objetivo estudar a forma de concepção da


estrutura de concreto armado utilizando software para cálculo estrutural. Foi proposto
modelar uma estrutura genérica de seis pavimentos no programa CYPECAD, com o intuito de
compreender as etapas que o software executa desde o lançamento estrutural até os resultados
com as envoltórias de esforços, além de calcular a estrutura de maneira manual objetivando
entender todos os procedimentos das normas vigentes para ter um melhor discernimento dos
resultados.

3.2 Objetivos Específicos

A partir dos dados de saída obtidos com o auxílio do programa de cálculo estrutural,
CYPECAD, que será utilizado neste trabalho, e com os resultados calculados de maneira
manual, será analisado as possíveis diferenças entre as soluções, e assim definir cuidados
durante a entrada de dados e a interpretação dos resultados finais.

4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Introdução

É notável a grande evolução das teorias e aplicações do concreto armado ao longo da


história. O concreto e o aço são encontrados atuando juntos em uma infinidade de obras de
engenharia, desde a construção de casas populares até em ambientes extremamente agressivos,
como base para plataformas de petróleo instaladas em oceanos. Tendo em vista estas
20

variedades de aplicações do concreto armado, foi necessário uma adaptação e estudos


envolvendo vários tipos de cimento, agregados, aditivos e formas de aplicação.

4.1.1 Evolução dos modelos construtivos e das teorias aplicadas em cálculo estrutural

Em 1757, Euler, matemático suíço, publica trabalho estabelecendo uma fórmula para
determinação da carga máxima que poderia ser aplicada a um pilar antes da ocorrência do
fenômeno de flambagem.
Charles Augunstin Coulomb, físico e engenheiro militar, estabelece em 1775, os
fundamentos da teoria de vigas afirmando que “a linha neutra de uma seção retangular
homogênea se situa na metade da sua altura, a resultante das forças de tração atuantes de um
lado do eixo neutro é igual à resultante de compressão do outro lado e a resistência dos
esforços internos da viga deve equilibrar o momento introduzido pelas cargas externas”.
“O Teorema dos Três Momentos”, começou a ser utilizado para resolver problema de
vigas contínuas em 1850 por Clapeyron, um engenheiro francês.
Entre 1850 e 1855, o francês Joseph Louis Lambot, realiza a primeira publicação
sobre “Cimento Armado” (denominação do concreto armado até cerca de 1920). Presume-se
que em 1850 Lambot efetuou as primeiras experiências práticas do efeito da introdução de
ferragens em uma massa de concreto. Em 1954, Lambot já executava construções de “cimento
armado” com diversas finalidades. Imerso em estudos sobre o concreto armado e motivado
por problemas com a manutenção de canoas de madeira utilizadas para lazer em um pequeno
lago existente em sua propriedade em Miraval, no sul da França, Lambot tem a idéia de
construir um barco de concreto. Nada mais lógico, pois o concreto é durável, requer pouca
manutenção e resiste bem em meios aquáticos. Lambot empregou para a construção de sua
canoa uma malha fina de barras de ferro (ou arame), entrelaçadas, entremeadas com barras
mais grossas, usando essa malha fina ao mesmo tempo como gabarito para se ter o formato
adequado do barco, para segurar a argamassa, dispensando a confecção de moldes e para
evitar problemas com fissuras. Já em 1855 Lambot expõe o seu barco de concreto armado na
Exposição Mundial de Paris e solicita a patente de seu projeto. O barco exposto media
aproximadamente 4 m de comprimento por 1,30 m de largura com paredes de
aproximadamente 4 cm de espessura. Apesar de ser considerado por muitos como o pai do
concreto armado, os experimentos de Lambot não tiveram muita repercussão.
Um fabricante de gesso e cimento romano de Paris, William Wilkison, obtém a
patente de um sistema de lajes nervuradas, no mesmo período dos experimentos e
21

desenvolvimentos de Lambot 1854. Ao dispor as barras de aço nas regiões tracionadas das
vigas ou vigotas, a criação de William demonstrou o domínio dos princípios básicos do
funcionamento do concreto armado.
Em 1877, um fabricante de grades para calçada, Thaddeus Hyatt, inicia experimentos
com concreto, como nova forma de executar painéis para calçadas. Ele reuniu suas conclusões
sobre seus ensaios, da seguinte forma:

 O aço não resiste bem ao fogo;


 O concreto deve ser considerado como um material resistente ao fogo;
 A aderência entre aço e concreto é suficientemente forte para fazer com que a
armadura posicionada na parte inferior da viga trabalhe em conjunto com o concreto
comprimido da parte superior da viga;
 O coeficiente de dilatação térmica do concreto e aço é aproximadamente igual;
 A relação entre os módulos de elasticidade deve ser adotada e igual a 20;

Considera-se que Hyatt (1877) foi, com suas grandes descobertas, o principal
motivador e disseminador do concreto armado e possivelmente o pioneiro a compreender a
necessidade de uma boa aderência entre o concreto e o aço.
Mesmo com tantas descobertas a falta de recursos, patrocinadores para seus
experimentos e concorrência direta com outras patentes impediram que Hyatt se beneficiasse
de suas descobertas.
Uma das primeiras normas publicadas para utilização do concreto armado, em 1917,
foi desenvolvidas nos Estados Unidos por um grupo formado por representantes do American
Society for Testingand Materials, engenheiros civis e fabricante de cimento, sofrendo duras
críticas na sua publicação.
22

4.2 Propriedades dos Materiais: Concreto

O concreto, em síntese, é definido como o material obtido com a mistura de cimento,


água e agregados miúdos e graúdos.

Concreto é o material resultante da mistura de agregados (naturais ou britados) com cimento e


água. Em função de necessidades específicas, são acrescentados aditivos químicos(retardadores
ou aceleradores de pega, plastificantes e superplastificantes, etc.) e adições minerais (escórias
de alto forno, pozolanas, fileres calcários, microssílica, etc.) que melhoram as características do
concreto fresco ou endurecido. (ARAÚJO, 2010, p. 257).

Já o concreto armado é o material composto resultante da aderência entre o concreto e


a armadura de aço, com o intuito de absorver os esforços de tração e auxiliar o concreto nos
de compressão.

Concreto armado é o material composto, obtido pela associação do concreto com barras de aço,
convenientemente colocadas em seu interior. Em virtude da baixa resistência à tração do
concreto (cerca de 10% da resistência à compressão), as barras de aço cumprem a função de
absorver os esforços de tração na estrutura. As barras de aço também servem para aumentar a
capacidade de carga das peças comprimidas. O funcionamento conjunto desses dois materiais
só é possível graças à aderência. De fato, se não houvesse aderência entre o aço e o concreto,
não haveria o concreto armado. Devido à aderência, as deformações das barras de aço são
praticamente iguais às deformações do concreto que as envolve.
(ARAÚJO, 2010, p. 257).

4.2.1 Classes do Concreto de Acordo com a Resistência à Compressão

A determinação da resistência à compressão é realizada através de ensaios


normatizados com carregamento rápido, ou seja, de curta duração. Geralmente, a realização
dos ensaios ocorre em corpos de prova cilíndricos na idade padrão de 28 dias, tendo em vista
uma convenção onde esta é a idade em que a estrutura deverá entrar em carga.
Em experimentos, encontra-se uma determinada dispersão de valores da resistência
devido a variáveis de natureza aleatória, como diferentes graus de compactação para corpos
de prova diferentes, homogeneidade da mistura, entre outros.
23

De acordo com a Teoria das Probabilidades, para a resistência do concreto, , é


possível determinar a resistência média à compressão do concreto, , e a resistência
característica à compressão .

A resistência característica é um valor tal que existe uma probabilidade de 5% de se obter


resistências inferiores à mesma. Os concretos são classificados em grupos de resistência, grupo
I e grupo II, conforme a resistência característica à compressão, .
(ARAÚJO, 2010, p. 257).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, NBR 8953 (1992, p. 2),


classifica o concreto para fins estruturais por grupo de resistência, conforme a Tabela 1:

Tabela 1 - Classe de resistência do concreto

(NBR8953, 1992, p.2)

Segundo a NBR 6118 (2007, p.170), “a classe C20, ou superior, se aplica a concreto
armado e a classe C25, ou superior, a concreto protendido. A classe C15 pode ser usada
apenas em fundações e em obras provisórias de até 3 pavimentos.”

4.2.2 Massa Específica

Por norma, NBR 6118 (2007, p.170), só serão considerados os concretos de massa
específica normal, que são aqueles que, depois de secos em estufa apresentam massa
específica, , compreendida entre ⁄ e ⁄ . Ainda, segundo a norma, se
a massa específica real não for conhecida, para efeito de cálculo, pode-se adotar para o
concreto simples o valor de ⁄ e para o concreto armado ⁄ .
24

4.2.3 Coeficiente de Dilatação Térmica

O coeficiente de variação térmica é definido como sendo a deformação


correspondente a uma variação de temperatura de 1º C. Para o concreto armado, a NBR 6118
(2007, p.170) diz que: “Para efeito de análise estrutural o coeficiente de dilatação térmica
pode ser admitido com sendo igual a ⁄ .

4.2.4 Resistência à Tração

Para determinação da resistência à tração do concreto é necessário a realização de três


ensaios distintos: ensaio de flexão, para obtenção da resistência á tração na flexão ensaio
de tração axial, para obtenção da resistência à tração direta, , e ensaio de compressão
diametral, para obtenção da resistência à tração indireta, . O termo “resistência à tração”
usuais nas normas de projeto, NBR 6118, refere-se à resistência à tração axial (tração direta),
.
Com relação à resistência à tração direta, a norma descreve:

A resistência à tração direta, , pode ser considerada igual a ou ou , na falta


de ensaios para obtenção de e , pode ser avaliado o seu valor médio ou
característico por meio das equações seguintes:


(1)
(2)
(3)

Onde:
e são expressos em megapascal.(NBR 6118, 2007, p.170)

4.2.5 Módulo de Elasticidade

A relação entre as tensões e deformações para o cálculo estrutural é de fundamental


importância. Esta relação, para determinados intervalos de tensão, pode ser considerada linear
(Lei de Hooke).
25

Para o concreto a expressão do Módulo de Elasticidade é aplicada somente à parte retilínea da


curva tensão-deformação ou, quando não existir uma parte retilínea, a expressão é aplicada à
tangente da curva na origem. Neste caso, tem-se o Módulo de Deformação Tangente Inicial.
. Figura 1.
(LIBÂNIO, 2007, p. 380).

Figura 1 - Módulo de deformação tangente inicial

( LIBÂNIO, 2007, p.380)


Segundo a NBR 6118 (2007, p.170), quando não houver dados mais precisos sobre o
concreto na idade de 28 dias, pode-se estimar o valor do módulo de deformação tangente
inicial (módulo de elasticidade) usando a expressão seguinte:


(4)
Onde:
, módulo de elasticidade, e , resistência característica do concreto, são dados em
megapascal.

Para determinação de esforços solicitantes e verificação de limites de serviços, a


Norma Brasileira NBR 6118 (2007, p.170) recomenda a utilização do módulo de elasticidade
secante, que deve ser calculado pela expressão:

(5)

Na avaliação do comportamento de um elemento estrutural ou seção transversal pode ser


adotado um módulo de elasticidade único, à tração e à compressão, igual ao módulo de
elasticidade secante
26

Na avaliação do comportamento global da estrutura e para o cálculo das perdas de protensão,


pode ser utilizado em projeto o módulo de deformação tangente inicial (NBR 6118, 2007, p.
170).

4.2.6 Coeficiente de Poisson

A relação entre a deformação transversal e a longitudinal é denominada Coeficiente de


Poisson e indicada pela letra grega . A aplicação de uma carga uniaxial sobre uma peça de
concreto, resulta numa deformação longitudinal na direção da carga e, simultaneamente, uma
deformação transversal com sinal contrário. (Figura 2).

Figura 2 - Deformação longitudinal e transversal

(PINHEIRO, 2007, p. 380)

A NBR 6118 (2003, p.170.), com relação ao Coeficiente de Poisson, diz que: “Para
tensões de compressão menores que e tensões de tração menores que , o coeficiente de
Poisson pode ser tomado como igual a 0,2.”.

4.2.7 Módulo de Elasticidade Transversal

O Módulo de Elasticidade Transversal é uma grandeza relacionada à rigidez de um


material quando é submetido a um esforço de cisalhamento ou torção Segundo a Norma
Brasileira NBR 6118 (2007, p.24), o módulo de elasticidade transversal, , pode ser
adotado .
27

4.2.8 Diagramas Tensão-Deformação

Sabe-se que o diagrama tensão-deformação do concreto é não linear desde o início do


carregamento. Sendo assim, torna-se necessário a adoção de relações simples para
representação, da melhor maneira possível, desse comportamento não linear. Várias equações
foram propostas para representar o diagrama tensão-deformação do concreto, sendo a
utilizada pela Norma Brasileira NBR 6118 (2007, p.170) o diagrama parábola-retângulo.

Para tensões de compressão menores que , pode-se admitir uma relação linear entre as
tensões e deformações adotando-se para módulo de elasticidade o valor secante. Para análises
no estado limite último, podem ser empregados o diagrama tensão-deformação idealizado.
(NBR 6118, 2007, p.170)

O diagrama tensão-deformação idealizado na Norma Brasileira NBR 6118 é mostrado


na Figura 3.

Figura 3 - Diagrama tensão-deformação idealizado

(NBR6118, 2007, p.170.)


28

4.3 Propriedades dos Materiais: Aços para Concreto Armado.

4.3.1 Categoria e classificação dos aços para concreto armado.

Como mencionado anteriormente, o concreto simples apresenta pequena resistência à


tração, sendo assim, utiliza-se a associação do aço ao concreto, obtendo-se o concreto armado.
Mesmo em peças comprimidas, além de fornecer ductilidade, o aço aumenta a resistência à
compressão.
Segundo a NBR 7480 (1996, p.7), as barras são definidas como “produtos de diâmetro
nominal 5,0 mm ou superior, obtidos exclusivamente por laminação a quente, e classificam-se
como fios aqueles de diâmetro nominal 10,0 mm ou inferior, obtidos por trefilação ou
processo equivalente.”.
Ainda de acordo com a Norma Brasileira NBR 7480 (1996, p.7), “as barras de aço são
classificadas nas categorias CA-25 e CA-50, e os fios de aço na categoria CA-60.”.
Essa classificação pode ser verificada na Tabela 2.
29

Tabela 2 - Classificação das barras de aço.

Fios Barras Diâmetro Área da Massa Perímetro


(nominal) (mm) nominal seção linear (cm)
(mm) (cm²) (kg/m)
2,4 2,4 0,045 0,036 0,75
3,4 3,4 0,091 0,071 1,07
3,8 3,8 0,113 0,089 1,19
4,2 4,2 0,139 0,109 1,32
4,6 4,6 0,166 0,130 1,45
5,0 5,0 0,196 0,154 1,57
5,5 5,5 0,238 0,187 1,73
6,0 6,0 0,283 0,222 1,88
6,3 6,3 0,312 0,245 1,98
6,4 6,4 0,322 0,253 2,01
7,0 7,0 0,385 0,302 2,20
8,0 8,0 8,0 0,503 0,395 2,51
9,5 9,5 0,709 0,558 2,98
10,0 10,0 10,0 0,785 0,617 3,14
12,5 12,5 1,227 0,963 3,93
16,0 16,0 2,011 1,578 5,03
20,0 20,0 3,142 2,466 6,28
22,0 22,0 3,801 2,984 6,91
25,0 25,0 4,909 3,853 7,85
32,0 32,0 8,042 6,313 10,05
40,0 40,0 12,566 9,865 12,57
(ARAÚJO, 2010, p.257)
30

4.3.1 Tipo de superfície

Segundo a NBR 6118 (2007, p.170), a superfície dos fios e barras podem ser lisos ou
provido de saliências ou mossas: “Para cada categoria de aço, o coeficiente de conformação
superficial mínimo, , determinado através de ensaios de acordo com a NBR 7477, deve
atender ao indicado na NBR 7480.”.
A conformação superficial é medida pelo coeficiente , em função do coeficiente de
conformação superficial, conforme Tabela 3.

Tabela 3 - Coeficiente de conformação superficial.

(NBR 6118, 2007 p.170)

4.3.2 Massa específica

Segundo a NBR 6118 (2007, p.26) a massa específica do aço para concreto armado é
adotada com valor igual a ⁄ .

4.3.3 Coeficiente de dilatação térmica

Para intervalos de temperatura entre e , o valor do coeficiente de


dilatação térmica, segundo a NBR 6118 (2007, p.26) pode ser considerado com o valor igual a
⁄ .

4.3.4 Módulo de elasticidade

O módulo de elasticidade, grandeza proporcional à rigidez de um determinado


material quando o mesmo é submetido a uma tensão de tração ou compressão,é adotado, na
ausência de ensaios ou valores fornecidos, igual a 210 GPa.
31

4.3.5 Diagrama tensão-deformação

O resultado obtido em um ensaio de tração simples é denominado como Diagrama


tensão – deformação. A NBR 6118 (2007, p.170) diz que: “O diagrama tensão-deformação do
aço, os valores característicos da resistência , da resistência à tração e da deformação
na ruptura devem ser obtidos de ensaios de tração realizados segundo a NBR 6152.”.
O diagrama tensão-deformação simplificado para cálculo nos estados limite de serviço
e último, segundo a NBR 6118 (2003, p.170), é mostrado na Figura 4.

Figura 4 - Diagrama tensão-deformação simplificado

(NBR 6118, 2007, p.170)

4.4 Lajes

Em síntese, os elementos de superfície, geralmente horizontais, onde duas das três


dimensões, comprimento e largura, muito maiores que a outra dimensão, espessura, são
denominados de lajes ou placas.
As lajes têm como principal função transferir as cargas decorrentes do uso da
construção, normalmente de pessoas, pisos, paredes, móveis, e os mais diversos tipos de ações
que podem existir em função do objetivo do projeto arquitetônico, para as vigas de apoio nas
bordas, ou diretamente para os pilares.
Na construção civil, as lajes de concreto armado podem ser executadas de diferentes
maneiras, conforme o método construtivo. Utilizaremos para o presente trabalho, tanto no
32

cálculo manual quanto no computadorizado a laje maciça. A seguir é definido os diversos


tipos de lajes de concreto armado:

 Maciças: São aquelas onde a espessura da laje é relativamente constante, composta por
concreto, contendo armaduras na direção longitudinal e transversal;
 Nervuradas: Lajes onde há diminuição do consumo de concreto, tendo em vista a
redução da espessura de concreto das lajes na seção tracionada com utilização de
fôrmas pré-fabricadas, geralmente empregadas para vencer grandes vãos. Também
conhecida como “laje cabacinha”.
 Tipo Lisa ou Cogumelo: São aquelas onde as lajes são apoiadas diretamente em
pilares;

As armaduras longitudinais e, eventualmente, armaduras transversais das lajes de


concreto armado devem ser dimensionadas de forma que o conjunto de esforços resistentes de
cálculo seja maior ou igual à envoltória de esforços solicitantes, determinado pela análise
estrutural das cargas decorrentes do uso da construção, peso próprio da estrutura, e ações
excepcionais que se enquadrem na finalidade do projeto. Esta análise estrutural levará em
conta aspectos e hipóteses mencionadas na NBR 6118(2007) e são considerados alguns
métodos simplificados e métodos numéricos para o cálculo de lajes, como a “Teoria das
grelhas para lajes sobre apoios rígidos”, “Teoria da flexão de placas” e “Método dos
elementos finitos”.

4.5 Vigas

As vigas são elementos lineares e têm como função principal receber as ações das lajes
e transmiti-las aos pilares. O dimensionamento das armaduras das vigas deve levar em conta
esforços de cisalhamento, flexão, compressão, tração e torção, sendo a flexão e cisalhamento
efeitos preponderantes. A NBR 6118 (2007) reserva um item único para dimensionamento e
detalhamento de elementos lineares, seção 17 e 18, respectivamente.
33

4.6 Pilares

Segundo a NBR 6118 (2007, p.170), os pilares são elementos lineares de eixo reto,
usualmente disposto na vertical, em que as forças normais de compressão são preponderantes.
Os pilares têm como principais funções receber as ações atuantes nos diversos níveis
de construção e conduzi-las até as fundações. Servem de apoio para as vigas e têm
fundamental importância no sistema estrutural de contraventamento do edifício.

Os pilares possuem classificação de acordo com a função estrutural:

 Pilares de Contraventamento: Estes pilares possuem a função de aumentar a rigidez da


estrutura garantindo que os nós fiquem praticamente indeslocáveis. Os pilares de
contraventamento são encontrados em qualquer lugar da estrutura porém, com maior
incidência em torno dos elevadores e escadas.
 Pilares Contraventados – São pilares com pouca rigidez, porém com suas
extremidades praticamente indeslocáveis.

A posição do pilar na planta arquitetônica do edifício classifica os pilares em:

 Pilar interno – Localizado no interior do pavimento;


 Pilar de extremidade – Localizado no contorno do pavimento;
 Pilar de canto – Localizado no canto do pavimento;

4.7 Teoria de flexão de placas

As placas são elementos estruturais compostas de duas superfícies planas distanciadas


entre si por uma grandeza geométrica designada por espessura. No caso da dimensão da
espessura ser muito menor que as dimensões das superfícies planas, as placas são definidas
como placas finas.
Há na teoria da elasticidade algumas relações importantes que cabem ser estudadas
antes da demonstração da equação de equilíbrio das placas. Essas relações são apresentadas
para um corpo tridimensional, submetido às cargas externas. Então, serão particularizadas
para as placas finas, tendo como única consideração o caso de deformações infinitesimais.
34

Considere o elemento infinitesimal em forma de um paralelepípedo ( ). Na


Figura 5, as componentes das tensões são indicadas.

Figura 5 - Tensões em um elemento infinitesimal

(ARAÚJO, 2010, v.2 p.395)

Dessa forma, sabe-se que o estado de tensões em um ponto do corpo é definido pelas
nove componentes do tensor de tensões, que é dado por:

[ ] (6)

A lei da reciprocidade das tensões de cisalhamento determina que, uma vez que o
tensor de tensões é simétrico:
(7)

Os deslocamentos de um ponto genérico do corpo são designados por suas


componentes e , segundo as direções e , respectivamente. Figura 6.
35

Figura 6 - Deformações do elemento no plano x-y

(ARAÚJO, 2010, v.2 p.395)


A partir da figura, tem-se que:
O comprimento da projeção de sobre o eixo é igual a

( ) (8)

Onde

(9)

A lei de Hooke, válida para os materiais elásticos lineares, estabelece a relação entre
as componentes das deformações e as componentes das tensões na forma:

[ ( )] (10)

[ ( )] (12)

[ ( )] (13)

(14)

(15)
( )
36

Nessas expressões, E é o módulo de elasticidade longitudinal, é o coeficiente de


Poisson e G é o módulo de elasticidade transversal do material.Segundo a teoria de Kirchhoff
para placas finas com pequenas deflexões, são admitidas as seguintes hipóteses:

 O material da placa é elástico linear, homogêneo e isotrópico;


 A espessura da placa é pequena em relação às outras dimensões;
 As deflexões são pequenas em relação à espessura da placa;
 As rotações da superfície média deformada são pequenas em relação à unidade;
 Linhas retas, inicialmente normais à superfície média, permanecem retas e normais à
superfície média após as deformações;
 As deflexões da placa são normais ao plano indeformado inicial;
 As tensões normais à superfície média são desprezíveis;

As equações de equilíbrio podem ser estabelecidas em termos dos esforços unitários


que resultam das tensões atuantes do elemento infinitesimal da Figura 5. Considere, agora, um
elemento ABCD de dimensões dx1, dx2 no plano médio do elemento paralelepipédico
representado na Figura 7.

Figura 7 - Esforços Unitários num Elemento do Plano Médio

(PINHEIRO, 2007,.271)

.
37

Na Figura 7 os esforços, , , , , e , são definidos do


seguinte modo:

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

Para obter as forças que atuam sobre o elemento de dimensões infinitesimais


têm de multiplicar os esforços unitários pelo comprimento do lado elemento de área
em que atuam. As equações de equilíbrio a considerar são três: Equilíbrio dos
momentos em relação aos eixos x1 e x2 e equilíbrio de forças segundo o eixo x3.
A equação de equilíbrio de momentos em relação ao eixo x2 é dado por:

( ) ( )

Simplificando esta equação, obtém-se:

De maneira análoga obtém-se a equação de equilíbrio de momentos em relação


ao eixo x1.
38

Finalmente considerando o equilíbrio de forças na direção do eixo x3 e


admitindo que são irrelevantes o infinitésimos de ordem superior à primeira, obtém-se:

( )

Assim, a equação diferencial da placa, conhecida como Equação de Lagrange


(1811), é dada por:

( )
(16)

Onde,

( )é o módulo de rigidez à flexão da placa.

Diversas tabelas para o cálculo de esforços e reações de apoio em placas são


disponíveis na literatura.

4.8 Teoria das grelhas para lajes sobre apoios rígidos

A “Teoria das Grelhas” simplifica o cálculo das lajes armadas nas duas direções que
não são suficientemente ancoradas nos cantos ou que não possuam rigidez à torção. Considere
a laje simplesmente apoiada nos quatro lados, conforme indica a Figura 8.
39

Figura 8 - Laje simplesmente apoiada nos quatro lados

(ARAÚJO, 2010, v.2 p.395)

A laje é submetida a uma carga , uniformemente distribuída por unidade de área. Os


vãos são e e os apoios são considerados indeformáveis.
As cargas divididas em faixas devem obedecer à relação:

(17)

A flecha no centro da faixa da direção , sob a ação da carga é dada por:

(18)

Onde é a rigidez à flexão da faixa de largura unitária.


Analogamente, a flecha no centro da faixa da direção , sob a ação da carga é dada
por:

(19)

Onde,

( )é o módulo de rigidez à flexão da placa.


40

Obviamente, a flecha no centro da laje tem um valor único, assim:

(20)

Ou seja, substituindo a equação (18) e (19) na equação (20), tem-se:

(21)

Dessa forma,

( ) (22)

Definindo a relação entre os vãos como

(23)

Pode-se escrever

(24)

Onde

(25)

Então, pode-se agora calcular os momentos máximos na direção e na direção .

(26)

(27)
41

4.9 Método dos elementos finitos

Para a análise de placas também pode ser empregado um método numérico conhecido
como o método dos elementos finitos. Hoje em dia esse método é bastante difundido e
utilizado em vários ramos da engenharia para resolução de vários problemas, como fluxo de
fluídos, condução de calor, análise estrutural, dispersão de poluentes, etc. O método dos
elementos finitos permite que um grupo de rotinas de cálculo seja utilizado para resolução de
problemas diferentes.
ARAÚJO (2010, p.395) descreve: “No caso da análise estrutural, o método pode ser
empregado tanto na formulação de deslocamentos, quanto na formulação em forças. Essas
duas formulações são análogas aos bem conhecidos método da rigidez e método das forças.”.
A formulação em deslocamentos do método dos elementos finitos é uma das mais
utilizadas tendo em vista a facilidade de implementação computacional. Essa formulação é
baseada no princípio dos trabalhos virtuais.
A subdivisão do domínio do problema em um conjunto de pequenos elementos,
chamados de elementos finitos, consiste no primeiro passo para resolução de uma
determinada equação. O domínio discretizado forma uma malha de elementos finitos.
Geralmente o aumento contínuo dos números de nós aumenta o desempenho e as
características de precisão do elemento. Porém, quando utilizado um elemento com um
número mínimo de nós a malha terá que ser mais refinada.
O Método dos Elementos Finitos (MEF), no âmbito da Engenharia de Estruturas, tem
como objetivo a determinação do estado de tensão e de deformação de um sólido de
determinada geometria sujeito a ações externas.
A formulação do MEF pode ser baseada no método dos deslocamentos, ao qual
apresenta uma maior simplicidade e, consequentemente uma maior versatilidade. Para isso,
requer a existência de uma equação integral, de modo que seja possível substituir a integral
sobre um domínio complexo de volume V por um somatório de integrais estendidos a
subdomínios de geometria simples de volume Vi.
42

4.10 Programa Estrutural CYPECAD

É incontestável o fato da tecnologia juntamente com a informática estarem presentes


no nosso cotidiano. Novos softwares são desenvolvidos e atualizados a cada dia. Atualmente
é praticamente impossível elaborar projetos estruturais sem o uso de um sistema operacional,
tendo em vista o aumento da complexidade das estruturas e uma grande demanda de
produtividade. Todas as etapas de um projeto, desde a concepção estrutural, passando pela
análise estrutural, dimensionamento e detalhamento, até a impressão de desenhos, são
amplamente influenciadas pelo uso de um programa computadorizado.
Todo software de cálculo estrutural deve ser baseado em formulações teóricas
consistentes. O mesmo nada mais é que uma aplicação direta dos conceitos introduzidos
durante a graduação e pós-graduação em Engenharia.
O cálculo estrutural realizado pelo programa CYPECAD, utiliza métodos matriciais de
rigidez, através de estruturas formadas por pórticos espaciais considerando todos os elementos
que definem o problema: vigas, lajes, muros, paredes e pilares. O programa considera 6 graus
de liberdade em cada nó da estrutura, onde se cria a hipótese de indeformabilidade do plano
de cada piso com o intuito de simular o comportamento rígido da laje.
Para efetuar o cálculo estrutural, o software CYPECAD divide a programação em
cinco fases. A primeira fase do programa visa a geometria de todos os elementos formando a
matriz de rigidez da estrutura. Caso haja a detecção de dados de entrada incorretos a
programação enviará mensagens de erro e reterá o cálculo. A segunda fase da programação
consiste na solução do sistema de rigidez da estrutura, já a terceira fase visa à obtenção dos
deslocamentos da estrutura, ocorrendo deslocamentos excessivos a programação do software
retornará mensagem de erro. A quarta fase tem como objetivo emitir as envoltórias de
combinações de esforços de cálculo de todos os elementos da estrutura. A quinta e última fase
dimensiona a armadura através das envoltórias de esforços obtidas na quarta fase.

5. METODOLOGIA

O presente trabalho será dividido em seis etapas com intuito de melhorar o


acompanhamento do leitor desde a concepção estrutural, passando pelo lançamento da
estrutura no software de cálculo, até a obtenção de resultados da programação e do cálculo
manual. A primeira etapa consiste na concepção da estrutura a partir do projeto arquitetônico.
A segunda etapa tem como objetivo o pré-dimensionamento dos elementos estruturais, pilares,
43

vigas e lajes. A partir dos dados obtidos no pré-dimensionamento dos elementos estruturais
será possível estimar as cargas permanentes e acidentais, esta divisão do trabalho será
considerada como terceira etapa. Como auxílio aos cálculos manuais, será utilizado software
de planilhas eletrônicas (EXCEL) configurando a quarta etapa do projeto. A quinta etapa tem
por finalidade o lançamento e modelagem computacional da estrutura em analise utilizando o
CYPECAD. A sexta e última etapa consiste na análise estrutural do projeto, onde se calculam
os efeitos das ações e cargas sobre a estrutura. Ou seja, calcular os esforços solicitantes por
meio de um modelo que simulará a estrutura real.

5.1 Concepção Estrutural

O objetivo do lançamento da estrutura é escolher um sistema estrutural, que será a


parte resistente do edifício, onde este sistema esteja de acordo com o projeto arquitetônico
para permitir o uso ao qual o projeto foi destinado. Segundo Pinheiro (2007, p.4.1), “o
projeto arquitetônico representa, de fato, a base para a elaboração do projeto estrutural. Este
deve prever o posicionamento dos elementos de forma a respeitar a distribuição dos diferentes
ambientes nos diversos pavimentos.”.
Definir as ações que atuarão sobre a estrutura, pré-dimensionar os elementos e fixar os
dados dos materiais a serem empregados são os principais objetivos da etapa de concepção
estrutural.
Para iniciar o lançamento da estrutura, recomenda-se, primeiramente, a locação dos
pilares. Após este procedimento, inicia-se a locação das vigas e lajes. A Figura 9 mostra a
concepção estrutural realizada no Software CYPECAD.
44

Figura 9 - Concepção Estrutural - CYPECAD

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

5.2 Pré-dimensionamento dos elementos estruturais

5.2.1 Pré-Dimensionamento Das Lajes

A espessura da laje, com seção típica conforme mostra a Figura 10, pode ser obtida
com o auxílio da equação 28.

(28)

Onde:
– Altura útil da laje
– Cobrimento nominal da armadura
–Diâmetro das barras
45

Figura 10 - Espessura da laje com seção típica

(PINHEIRO, 2007, p.5.1)

O cobrimento nominal da armadura tem por finalidade proteger os vergalhões de aço


da agressividade do ambiente e é dado pelo cobrimento mínimo acrescido de uma tolerância
de execução, assim:

(29)

O valor do cobrimento é função da classe de agressividade ambiental. Segundo a NBR


6118 (2007, p. 13), a agressividade ambiental está relacionada às ações físicas e químicas que
atuam sobre a estrutura. A Tabela 4 mostra as classes de agressividade ambiental definida
pela referente norma.

Tabela 4 - Classe de agressividade ambiental

(NBR 6118, 2007, p.14)

De acordo com a classe de agressividade ambiental e para , a NBR 6118


(2007, p.16), recomenda a utilização dos seguintes cobrimentos nominais, Tabela 5.
46

Tabela 5 - Cobrimento nominal

(NBR 6118, 2007, p.16)

Assim, a Tabela 6 mostra o pré-dimensionamento das lajes:

Tabela 6- Pré-Dimensionamento da Laje

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

5.2.2 Pré-Dimensionamento das Vigas

Segundo Pinheiro (2007, p.5.3), uma estimativa grosseira para a altura das vigas é
dada por:

Tramos internos:

Tramos externos ou vigas biapoiadas:


47

Balanços:

Após o pré-dimensionamento das vigas do edifício, a altura será padronizada em dois


diferentes grupos, com o intuito de não utilizar muitos valores diferentes simplificando, assim,
os trabalhos de cimbramento. A Tabela7 mostra o pré-dimensionamento das vigas:

Tabela 7 - Pré-Dimensionamento das Vigas

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

5.2.3 Pré-Dimensionamento dos Pilares

Recomenda-se, para o pré-dimensionamento dos pilares, a utilização do processo das


áreas de influência da laje sobre o pilar. O processo consiste em seccionar a área do
pavimento em áreas de influência relativas a cada pilar, e a partir disto estimar a carga que
eles irão transmitir à fundação. A Figura 11 mostra o método de Área de Influência sobre
pilares.
48

Figura 11 - Área de influência sobre pilares.

(PINHEIRO, 2009 p.5.5)

5.3 Estimativa das Cargas Permanentes e Acidentais

5.3.1 Cargas Atuantes nas Lajes

Para o cálculo das cargas atuantes nas lajes será considerado o peso próprio da laje
maciça de concreto armado, peso do contrapiso, piso e revestimento do teto do pavimento
inferior à laje calculada. A NBR 6120 (1980) oferece o peso específico dos materiais
componentes de argamassa de revestimento e assentamento. Dessa forma, a Tabela 8
apresenta os cálculos das cargas atuantes no pavimento.
49

Tabela 8- Cálculo das Cargas Atuantes

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

5.3.2 Paredes

A direção da armação da laje, armada em duas direções ou em uma direção,


influenciará na determinação da carga das paredes sobre as lajes.
O peso específico da parede será dado em função do peso total da alvenaria,
argamassa de assentamento e revestimento.

5.3.3 Ações variáveis

A NBR 6120 (1980, p.2), trata a ação variável como carga acidental e a define como:

Toda aquela que pode atuar sobre de edificações em função do seu uso (pessoas, móveis,
materiais diversos, veículos, etc.). As cargas verticais que se consideram atuando nos pisos de
edificações, além das que se aplicam em caráter especial, referem-se a carregamentos devidos a
pessoas, móveis, utensílios, materiais diversos e veículos, e são supostamente distribuídas, com
valores mínimos.” (NBR 6120, 1980, p.2).
50

5.4 Análise Estrutural

Segundo ALIO KIMURA (2007, p.111), a análise estrutural consiste na obtenção e


avaliação da resposta da estrutura perante as ações que lhe foram aplicadas. Ou seja, é analisar
todos os esforços solicitantes nos elementos estruturais da estrutura em questão.
A análise estrutural é a etapa mais importante da elaboração do projeto, tendo em vista
que com seus resultados o dimensionamento e detalhamento dos elementos estruturais são
realizados.
De maneira errônea e equivocada, muitas vezes a análise estrutural de um projeto é
deixada de lado, prestando-se atenção apenas ao dimensionamento e detalhamento das
armaduras finais. É necessário ter ciência que esta etapa é fundamental no decorrer do projeto
estrutural, mesmo sabendo que o produto final do mesmo seja composto somente por
desenhos das armações.

5.4.1 Modelo Estrutural

O modelo nada mais é que um sistema que procura simular as condições do edifício
real no computador. Toda análise estrutural de um determinado problema é baseada na adoção
de certo modelo estrutural.

5.4.1.1 Exemplos de modelos estruturais

Há vários modelos estruturais que podem ser utilizados na análise de projetos de


concreto armado.
A seguir, serão apresentados alguns modelos existentes mostrando a evolução da
análise estrutural nos projetos de concreto armado.

5.4.1.1.1 Modelos aproximados utilizando o método de vigas contínuas.

Durante a graduação em Engenharia Civil nos deparamos com alguns modelos de


análise estrutural, sendo o modelo aproximado de vigas contínuas, na maioria das vezes, o
primeiro.
51

Este modelo, que será utilizado no presente trabalho para o cálculo manual, baseia-se
na análise estrutural que é executada da seguinte forma:

 Primeiramente, os esforços nas lajes maciças são calculados a partir das tabelas de
Bares (1972).
 As cargas das lajes são transferidas para as vigas a partir das tabelas de Bares
(1972);
 Os esforços nas vigas são calculados por meio do modelo clássico de viga
contínua com apoios simples que simulam os pilares, utilizando recomendações
da norma NBR 6118 para a rigidez das vigas e pilares nos apoios externos;
 A reação vertical obtida nos apoios das vigas é transferida como carga
concentrada para os pilares;

6. RESULTADOS

6.1 Pilares

6.1.1 Comparação dos Resultados

A seguir são apresentadas as cargas transferidas aos pilares. Para uma melhor forma de
apresentação, a Figura 12 e a Tabela 9 mostram os carregamentos dos pilares no pavimento de
cobertura e na fundação.
52

Figura 12 - Comparação do carregamento calculado manualmente e com o Software CYPECAD

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)


53

Tabela 9 - Comparação do carregamento em Pilares


CARREGAMENTOS (kN)
PILAR PLANTA DIMENSÕES
CALCULADO CYPECAD
COBERTURA 69,79 50,9
P1 20 x 20
FUNDAÇÃO 418,71 341,2
COBERTURA 97,94 72,4
P2 20 x 25
FUNDAÇÃO 587,65 581,1
COBERTURA 126,75 77
P3 20 x 30
FUNDAÇÃO 760,48 535,1
COBERTURA 61,84 42,3
P4 20 x 20
FUNDAÇÃO 371,04 300,2
COBERTURA 61,80 42,1
P5 20 x 20
FUNDAÇÃO 370,83 298,9
COBERTURA 132,44 76,3
P6 20 x 30
FUNDAÇÃO 794,63 533,5
COBERTURA 99,34 70,7
P7 20 x 25
FUNDAÇÃO 596,02 578,7
COBERTURA 69,90 52,3
P8 20 x 20
FUNDAÇÃO 419,38 352,5
COBERTURA 112,00 68
P9 20 x 30
FUNDAÇÃO 672,00 522,4
COBERTURA 112,00 68,5
P10 20 x 30
FUNDAÇÃO 672,00 525
COBERTURA 168,70 139
P11 30 x 30
FUNDAÇÃO 1012,20 906,4
COBERTURA 246,96 194
P12 30 x 40
FUNDAÇÃO 1481,76 1421,3
COBERTURA 246,96 222,5
P13 30 x 40
FUNDAÇÃO 1481,76 1463,4
COBERTURA 168,70 132,4
P14 30 x 30
FUNDAÇÃO 1012,20 856,1
COBERTURA 298,06 96,4
P15 30 x 50
FUNDAÇÃO 1788,36 789,8
COBERTURA 298,06 119,9
P16 30 x 50
FUNDAÇÃO 1788,36 832,9
COBERTURA 72,52 55,7
P17 20 x 20
FUNDAÇÃO 435,12 409,1
COBERTURA 376,32 188,5
P18 30 x 60
FUNDAÇÃO 2257,92 1201,8
COBERTURA 376,32 241,8
P19 15 x 60
FUNDAÇÃO 2257,92 1203,7
COBERTURA 72,52 63,1
P20 20 x 20
FUNDAÇÃO 435,12 422,7
Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)
54

Com o auxílio da Figura 12 e da Tabela 9 é possível notar que os resultados obtidos


manualmente sempre se mostram acima dos resultados obtidos com o CYPECAD, o que já
era esperado, tendo em vista a otimização oferecida pelo software. Os resultados mostram um
acréscimo no carregamento de 46% em média, conseqüentemente a estrutura estará
superdimensionada quando calculada manualmente.

6.1.2 Ação do Vento

As solicitações oriundas das ações dos ventos estão tomando proporções cada vez
maiores em estudos de estruturas de concreto armado. Por esse motivo, o presente trabalho,
compara os resultados da estrutura sem considerar a ação dos ventos e posteriormente
incluindo estas solicitações. A Figura 13 mostra a inserção da ação do vento no cálculo da
estrutura com o auxílio do software.

Figura 13 - Inserção de solicitações oriundas das ações dos ventos

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

A Figura 14 mostra o mapa eólico do Brasil de acordo com a NBR 6123, incluída no
CYPECAD.
55

Figura 14 - Mapa Eólico Brasileiro

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

De acordo com a Figura 14, a velocidade do vento no estado de Pernambuco é de


35m/s aproximadamente.
Para inserir a ação do vento no software precisa-se da largura de faixa de ação das
solicitações. Assim, a faixa de largura em y será de 7,5 metros e na direção de x será de 22
metros.

A Tabela 10 e a Figura 15 mostram os resultados obtidos.


56

Tabela 10 - Comparação das solicitações nos pilares com a ação dos ventos
CARREGAMENTOS CYPECAD (kN)
PILAR PLANTA AÇÃO DO VENTO NÃO AÇÃO DO VENTO
RESULTADO
INCLUÍDA INCLUÍDA
COBERTURA 50,9 52,5 Aumento 3%
P1
FUNDAÇÃO 341,2 460,3 Aumento 35%
COBERTURA 72,4 97,2 Aumento 34%
P2
FUNDAÇÃO 581,1 768,2 Aumento 32%
COBERTURA 77 79,8 Aumento 4%
P3
FUNDAÇÃO 535,1 589,1 Aumento 10%
COBERTURA 42,3 47,2 Aumento 12%
P4
FUNDAÇÃO 300,2 344,1 Aumento 15%
COBERTURA 42,1 50 Aumento 19%
P5
FUNDAÇÃO 298,9 350,2 Aumento 17%
COBERTURA 76,3 79,9 Aumento 5%
P6
FUNDAÇÃO 533,5 589,6 Aumento 11%
COBERTURA 70,7 94,9 Aumento 34%
P7
FUNDAÇÃO 578,7 797,9 Aumento 38%
COBERTURA 52,3 54,2 Aumento 4%
P8
FUNDAÇÃO 352,5 442,6 Aumento 26%
COBERTURA 68 95,1 Aumento 40%
P9
FUNDAÇÃO 522,4 522,4 0%
COBERTURA 68,5 95,9 Aumento 40%
P10
FUNDAÇÃO 525 525,2 Aumento 0%
COBERTURA 139 155,2 Aumento 12%
P11
FUNDAÇÃO 906,4 906,4 0%
COBERTURA 194 258,2 Aumento 33%
P12
FUNDAÇÃO 1421,3 1453,2 Aumento 2%
COBERTURA 222,5 269,7 Aumento 21%
P13
FUNDAÇÃO 1463,4 1463,4 0%
COBERTURA 132,4 148,8 Aumento 12%
P14
FUNDAÇÃO 856,1 896,2 Aumento 5%
COBERTURA 96,4 127,1 Aumento 32%
P15
FUNDAÇÃO 789,8 819,7 Aumento 4%
COBERTURA 119,9 134,6 Aumento 12%
P16
FUNDAÇÃO 832,9 832,9 0%
COBERTURA 55,7 61,9 Aumento 11%
P17
FUNDAÇÃO 409,1 409,1 0%
COBERTURA 188,5 204,4 Aumento 8%
P18
FUNDAÇÃO 1201,8 1210 Aumento 1%
COBERTURA 241,8 241,8 0%
P19
FUNDAÇÃO 1203,7 1203,7 0%
COBERTURA 63,1 63,3 Aumento 0%
P20
FUNDAÇÃO 422,7 440,3 Aumento 4%
Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)
57

Figura 15 - Comparação das solicitações nos pilares com a inclusão da ação dos ventos

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

De acordo com os resultados obtidos é possível afirmar que a ação dos ventos provoca
um aumento em quase todos os pilares da estrutura dependendo de sua localização em relação
ao ponto de aplicação. Para o presente trabalho o aumento dessas solicitações pode chegar até
35%.

6.1.3 Estimativa da carga vertical no pilar por área de influência

Antes de conhecer os esforços solicitantes, torna-se necessário definir as dimensões


dos pilares.
Algumas metodologias podem ser utilizadas para a definição das dimensões dos
pilares, entre elas a própria experiência do engenheiro calculista. A estimativa da carga
vertical no pilar pela sua área de influência é um processo simples que auxilia a definição das
dimensões do pilar.
58

No presente trabalho, esta metodologia servirá como parâmetro de comparação entre


as solicitações calculadas a partir das reações das vigas e as encontradas com o auxílio do
software de cálculo estrutural CYPECAD.
A Figura 16 mostra como se pode, de maneira simplificada, determinar a área de
influência de cada pilar.

Figura 16–Área de Influência

a
Fonte: Pilares de Concreto Armado (UNESP)

Para o presente trabalho, utilizando a metodologia descrita acima, foi elaborado a


divisão de contribuição das lajes nos pilares. Tendo em vista a simetria e para melhor
visualização a Figura 17 apresenta o processo simplificado para determinação de solicitações
nos pilares de metade do pavimento.
59

Figura 17 - Processo simplificado para determinação de solicitações nos pilares

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

De acordo com a área de influência de cada pilar foi calculado as solicitações


originadas nas lajes e nas vigas. Dessa forma, apresenta-se a Tabela 11 com os carregamentos
calculados.
60

Tabela 11 - Solicitações de acordo com a área de influência


PILAR LAJES (KN) VIGAS (KN) Nk (KN) Nd (KN)
P1 13,74 22,58 36,33 50,86
P2 30,95 50,49 81,44 114,01
P3 38,88 48,83 87,71 122,79
P4 10,09 47,27 57,36 80,30
P5 10,09 47,27 57,36 80,30
P6 38,88 48,83 87,71 122,79
P7 30,95 50,49 81,44 114,01
P8 13,74 22,58 36,33 50,86
P9 59,57 61,72 121,29 169,81
P10 59,57 61,72 121,29 169,81
P11 44,82 76,01 120,83 169,16
P12 138,57 105,22 243,79 341,30
P13 138,57 105,22 243,79 341,30
P14 44,82 76,01 120,83 169,16
P15 81,34 81,15 162,49 227,49
P16 81,34 81,15 162,49 227,49
P17 26,51 46,07 72,58 101,62
P18 71,86 113,80 185,66 259,92
P19 71,86 113,80 185,66 259,92
P20 26,51 46,07 72,58 101,62
Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

De modo a comparar os resultados obtidos anteriormente a Tabela 12 e a Figura 18


apresentam as solicitações encontradas utilizando o programa de cálculo estrutural com a ação
do vento, utilizando o método das áreas de influência e o cálculo manual.
61

Tabela 12 - Comparação dos Resultados com o método da Área de Influência


CARREGAMENTOS (kN)
CYPECAD
PILAR PLANTA DIMENSÕES ÁREA DE
CALCULADO COM
INFLUÊNCIA
VENTO
COBERTURA 69,79 52,5 50,86
P1 20 x 20
FUNDAÇÃO 418,71 460,3 305,15
COBERTURA 97,94 97,2 114,01
P2 20 x 25
FUNDAÇÃO 587,65 768,2 684,08
COBERTURA 126,75 79,8 122,79
P3 20 x 30
FUNDAÇÃO 760,48 589,1 736,76
COBERTURA 61,84 47,2 80,3
P4 20 x 20
FUNDAÇÃO 371,04 344,1 481,81
COBERTURA 61,80 50 80,3
P5 20 x 20
FUNDAÇÃO 370,83 350,2 481,81
COBERTURA 132,44 79,9 122,79
P6 20 x 30
FUNDAÇÃO 794,63 589,6 736,76
COBERTURA 99,34 94,9 114,01
P7 20 x 25
FUNDAÇÃO 596,02 797,9 684,08
COBERTURA 69,90 54,2 50,86
P8 20 x 20
FUNDAÇÃO 419,38 442,6 305,15
COBERTURA 112,00 95,1 169,81
P9 20 x 30
FUNDAÇÃO 672,00 522,4 1018,83
COBERTURA 112,00 95,9 169,81
P10 20 x 30
FUNDAÇÃO 672,00 525,2 1018,83
COBERTURA 168,70 155,2 169,16
P11 30 x 30
FUNDAÇÃO 1012,20 906,4 1014,97
COBERTURA 246,96 258,2 341,3
P12 30 x 40
FUNDAÇÃO 1481,76 1453,2 2047,82
COBERTURA 246,96 269,7 341,3
P13 30 x 40
FUNDAÇÃO 1481,76 1463,4 2047,82
COBERTURA 168,70 148,8 169,16
P14 30 x 30
FUNDAÇÃO 1012,20 896,2 1014,97
COBERTURA 298,06 127,1 227,49
P15 30 x 50
FUNDAÇÃO 1788,36 819,7 1364,91
COBERTURA 298,06 134,6 227,49
P16 30 x 50
FUNDAÇÃO 1788,36 832,9 1364,91
COBERTURA 72,52 61,9 101,62
P17 20 x 20
FUNDAÇÃO 435,12 409,1 609,7
COBERTURA 376,32 204,4 259,92
P18 30 x 60
FUNDAÇÃO 2257,92 1210 1559,52
COBERTURA 376,32 241,8 259,92
P19 15 x 60
FUNDAÇÃO 2257,92 1203,7 1559,52
COBERTURA 72,52 63,3 101,62
P20 20 x 20
FUNDAÇÃO 435,12 440,3 609,7
Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)
62

Figura 18 - Comparação dos Resultados Utilizando o Método da Área de Influência

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

De acordo com os resultados obtidos é possível notar que, apesar do método da Área
de Influência servir como parâmetro para pré-dimensionamento da estrutura, há uma
tendência de superdimensionamento da mesma quando comparada com os resultados obtidos
pelo software CYPECAD.

6.2 Vigas

6.2.1 Carregamentos nas vigas

Os carregamentos inseridos nas vigas para o cálculo manual foram oriundos do peso
próprio, alvenarias e ações das lajes. Segue abaixo a Tabela 13 e Tabela 14, que mostram os
carregamentos utilizados para cada viga.
Com o auxílio do software CYPECAD, as cargas inseridas foram originadas apenas do
peso de alvenaria, tendo em vista que o programa considera o peso próprio intrínseco à peça.
63

Tabela 13 - Carregamentos Vigas V1 a V12

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

Tabela 14 - Carregamentos Vigas V13 a V24

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

6.2.2 Comparação de Resultados

Abaixo, a Tabela 15 e as Figuras 19 e 20 apresentam a comparação dos momentos


positivos calculados para as vigas manualmente e com o Software CYPECAD.
64

6.2.2.1 Momentos Positivos em Vigas


Tabela 15 - Momentos Positivos em Vigas

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

Figura 19 - Momentos Positivos em Vigas V1 a V12

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)


65

Figura 20 - Momentos Positivos em Vigas V13 a V24

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

De acordo com os dados mostrados acima, nota-se a otimização dos resultados


oferecidos pelo uso do programa de cálculo estrutural. A diferença média dos esforços
resultantes das vigas entre os calculados com o auxílio do sistema computadorizado e manual
pode chegar a 23%, influenciando diretamente no custo do empreendimento.

6.2.3 Estudo da Viga V13

Tomando a viga V13 como amostra, tendo em vista ser uma das mais carregadas da
estrutura, estudaremos mais especificamente os esforços encontrados. A Figura 21 mostra a
envoltória de momento fletor obtida a partir do programa de cálculo estrutural CYPECAD.
66

Figura 21 - Momento Fletor Viga V13

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

Como mencionado anteriormente, as Tabela 13 e 14 mostram os carregamentos


considerados no cálculo das vigas. Para a viga V13 teremos:

 Coeficientes de majoração dos esforços

A combinação utilizada na majoração dos esforços, de acordo com a NBR 6118, será a
Combinação Última Normal.

(30)

Onde:
= 1,4 (Majoração de carga permanente)
(Majoração de carga variável)
67

Assim, temos que:

 Tramo 1 e 3;

 Tramo 2;

A viga V13 terá, ainda, a contribuição da reação da viga V6, no valor de .

O carregamento acima descrito foi inserido no Software Ftool para cálculo dos
esforços. A Figura22 mostra a inserção do carregamento na viga V13.

Figura 22 - Carregamento Viga V13

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

O item 14.4.6.1 da norma NBR 6118 / 2003, diz que: “Pode ser utilizado o modelo
clássico de viga contínua, simplesmente apoiada nos pilares, para o estudo das cargas
verticais.”. Para tanto, deve haver correções adicionais da seguinte forma:

 Os momentos positivos considerados não podem ser menores que os que seriam
obtidos se houvesse engastamento perfeito nos apoios;
68

 Nos apoios externos deve-se considerar momento fletor de engastamento perfeito


multiplicado pelos coeficientes estabelecidos nas seguintes relações:

a) Na viga:

b) No tramo superior do pilar:

c) No tramo inferior do pilar:

Sendo:

Onde é a rigidez do elemento i no nó considerado, de acordo com a Figura 23.

Figura 23 - Apoios Externos

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)


69

Assim, a figura 24 mostra a Envoltória de momentos da Viga 13.

Figura 24 - Envoltória de Momentos Viga 13

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

Assim, pode-se calcular a redução de momentos de engastamentos nos pilares P1


(20x20) e P17 (20x20) de acordo com a NBR 6118/2003. Tem-se:

 Pilar P1 (20x20)

⁄ ⁄ ⁄
70

 Pilar P17 (20x20)

⁄ ⁄ ⁄
71

A Figura 25 mostra a aplicação dos momentos encontrados nos apoios.

Figura 25 - Redução dos momentos de engastamento P1 e P17

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

Assim, a Figura 26 apresenta a envoltória com os momentos de redução.

Figura 26 - Envoltória de Redução de engastamento

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

Estes mesmos cálculos foram elaborados para as demais vigas, e seus momentos
resultantes estão comparados com os do software CYPECAD, conforme Tabela 15.
Nota-se que, embora os carregamentos sejam os mesmos, tanto no cálculo manual,
quanto no CYPECAD, as envoltórias de momentos fletores resultantes mostram grandes
diferenças, principalmente nas regiões de apoio. Esta diferença é justificável, tendo em vista
as considerações de rigidez entre a viga e o pilar, levando em conta os aspectos da norma
NBR 6118, tornando o dimensionamento da estrutura a favor da segurança. Porém, não
podemos afirmar que todas as vigas terão o mesmo comportamento, tendo em vista o pouco
tempo para elaboração do presente trabalho.
72

6.3 Lajes

As lajes são solicitadas basicamente por momentos fletores e forças cortantes. O


cálculo das lajes como mencionado anteriormente, pode ser feito por dois métodos: o elástico,
que será aqui utilizado, e o plástico.
Os processos numéricos realizados no método elástico são utilizados para elaboração
de tabelas, como as de Czerny e de Bares, obtidas por diferenças finitas.
As coeficientes utilizados nesse trabalho, foram baseadas nas tabelas de BARES
(1972), adaptadas por Pinheiro (2007).

6.3.1 Carregamentos nas lajes

A Tabela 16 mostra os carregamentos utilizados para o cálculo manual e para a


inserção de ações nas lajes utilizando o software CYPECAD.

Tabela 16 - Cálculo das Cargas Atuantes nas Lajes

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)


Houve a inserção dos carregamentos nas lajes da concepção estrutural do programa, da
seguinte forma:
 O peso do contra piso, revestimento de teto e revestimento cerâmico foram
inseridas por grupos, com a opção de cargas permanentes ( Figura 27).
 O Peso próprio das alvenarias foi inserido com a opção de cargas permanentes.
 A ação variável foi inserida com a opção de sobrecarga;
73

 Não foi inserido o peso próprio da laje, tendo em vista que ele é intrínseco ao
programa, sendo calculado automaticamente.

Figura 27 - Peso do contrapiso, revestimento de teto e revestimento cerâmico como opção de carga permanente

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

Dessa forma, a Figura 28 mostra a distribuição de cargas nas lajes.

Figura 28 - Distribuição de cargas nas lajes

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)


74

6.3.2 Comparação de resultados

Após os cálculos, foram confeccionadas as Tabelas 17 e 18, onde mostram a


comparação dos momentos positivos calculados manualmente e com o auxílio do software
CYPECAD.
Tabela 17 - Comparação dos momentos positivos resultantes de lajes direção X
MOMENTOS POSITIVOS DE CÁLCULO - MdX (KN.m/m)
MANUAL CYPECAD
Laje Mx (KN.m/m) Mx (KN.m/m)
L1 6,26 3,89
L2 7,81 4,11
L3 2,03 1,05
L4 7,81 4,48
L5 6,26 4,12
L6 (LAJE 8 CYPECAD) 1,99 1,62
L7 (LAJE 6 CYPECAD) 5,89 3,35
L8 (LAJE 7 CYPECAD) 5,89 3,61
L9 1,99 1,58
L10 6,26 3,6
L11 6,26 3,24
L12 5,19 3,09
L13 5,19 3,89
Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)
Tabela 18 - Comparação dos momentos positivos resultantes de lajes direção Y
MOMENTOS POSITIVOS DE CÁLCULO - MdY (KN.m/m)
MANUAL CYPECAD
Laje My(KN.m/m) My(KN.m/m)
L1 4,8 2,06
L2 3,26 2,02
L3 0,57 0,32
L4 3,26 1,96
L5 4,8 3,43
L6 (LAJE 8 CYPECAD) 0,87 0,82
L7 (LAJE 6 CYPECAD) 4,49 2,7
L8 (LAJE 7 CYPECAD) 4,49 2,85
L9 0,87 0,82
L10 4,8 3,28
L11 4,8 4,21
L12 3,54 1,71
L13 3,54 2,35
Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)
75

Para uma melhor forma de visualização apresentam-se as Figuras 29 e 30, onde são
mostrados gráficos comparativos entre os momentos calculados.

Figura 29 - Gráfico comparativo: Momentos resultantes direção X

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)


76

Figura 30 - Gráfico comparativo: Momentos resultantes direção Y

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)


É possível notar que os esforços oriundos dos carregamentos das lajes tendem a ser
majorados quando calculados manualmente. O acréscimo em relação ao CYPECAD é de 58%
em média.

6.3.3 Estudo da Laje L1

Como mencionado anteriormente, as lajes foram calculadas por meio do processo


baseado nas tabelas de bares, conforme etapa a seguir. A Figura 31 mostra as disposições das
lajes vinculadas com a laje L1.
77

Figura 31–Situação dos vínculos Laje L1

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

6.3.3.1 Vinculação

No vínculo L1-L2, há continuidade entre as lajes e elas são de portes semelhantes,


dessa forma, considerou-se o engastamento entre ambas as lajes.
No vínculo L1-L6 (Vínculo L1-L8 no CYPECAD), a laje L1 é bem maior que a laje
L6. Esta pode ser considerada engastada, mas aquela não deve ser, pois o momento fletor
proveniente da laje L1 provocaria, na laje L6, grandes regiões com momentos negativos.
Portanto, considera-se para a laje L1 a vinculação indicada na Figura 32.
78

Figura 32 - Vinculação Laje L1

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

6.3.3.2 Cálculo do carregamento.

 Laje L1

Onde:
(Carga permanente de acordo com a Tabela16)
(Carga variável de acordo com a Tabela16)

Logo,

( )

 Laje L2
79

Onde:
(Carga permanente de acordo com a Tabela16)
(Carga variável de acordo com a Tabela16)

Logo,

( )

 Laje L6 (Laje L8 CYPECAD)

Onde:
(Carga permanente de acordo com a Tabela17)
(Carga variável de acordo com a Tabela17)

Logo,

( )

6.3.3.3 Classificação das lajes quanto à armação

Conhecidos os vãos teóricos considera-se o menor vão, o maior e ⁄ .


Figura33. De acordo com o valor de , as lajes se classificam da seguinte forma:

 – Laje armada em duas direções;


 – Laje armada em uma direção;
80

Figura 33 - Classificação das lajes quanto à armação.

Fonte:Libânio Pinheiro – Estruturas de Concreto Armado, p.104)

Dessa forma, tem-se a seguinte classificação das lajes para o presente trabalho. Tabela
19.

Tabela 19 - Vão das Lajes: Classificação quanto à armação


Vãos das Lajes
Laje Ly Lx Λ Armada em:

L1 4,78 3,18 1,5 2 direções


L2 6,10 3,15 1,9 2 direções
L3 6,05 1,35 4,5 1 direção
L4 6,10 3,15 1,9 2 direções
L5 4,75 3,15 1,5 2 direções
L6 2,335 1,05 2,2 1 direção
L7 4,75 1,75 2,7 1 direção
L8 4,75 1,75 2,7 1 direção
L9 2,335 1,05 2,2 1 direção
L10 4,75 3,15 1,5 2 direções
L11 4,75 3,15 1,5 2 direções
L12 3,15 1,25 2,5 1 direção
L13 3,15 1,25 2,5 1 direção
Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)
81

6.3.3.4 Cálculo dos momentos

De acordo com os valores de apresentados na Tabela 19 e com as condições de


vinculação, é possível escolher os coeficientes adimensionais, , , e , encontrados
nas tabelas de BARES (1972) e adaptadas por PINHEIRO (1993).

 Laje L1.

De acordo com a Figura 33, considera-se a vinculação da Laje L1 como engastada em


um dos menores vãos e apoiada nos demais.
O valor de , para a laje L1, de acordo com a Tabela 19 é igual a 1,5.
Assim, a Tabela 20 foi aescolhida para o cálculo dos momentos fletores.
Tabela 20 - Coeficientes Adimensionais Laje L1

Fonte: L.M.Pinheiro, p158 (1993)


82

Dessa forma, os valores dos coeficientes são os seguintes:

Logo,

 Laje L2.

De acordo com a Figura 33, considera-se a vinculação da Laje L2 como engastada no


maior vão, em ambos os lados, e engastada no menor vão em apenas um lado.
O valor de , para a laje L2, de acordo com a Tabela 21 é igual a 1,9.
Assim, a Tabela 21foi a escolhida para o cálculo dos momentos fletores.
83

Tabela 21 - Coeficientes Adimensionais Laje L2

Fonte: L.M.Pinheiro, p160 (1993)

Dessa forma, os valores dos coeficientes são os seguintes:

Logo,
84

 Laje L6.

De acordo com a Figura 33, considera-se a vinculação da Laje L6 como engastada no


maior vão, em ambos os lados, e engastada no menor vão em apenas um lado.
O valor de , para a laje L6, de acordo com a Tabela 19 é igual a 2,2.
Assim, a Tabela 22 foi aescolhida para o cálculo dos momentos fletores.
85

Tabela 22 - Coeficientes Adimensionais Laje L6

Fonte: L.M.Pinheiro, p160 (1993)

Dessa forma, os valores dos coeficientes são os seguintes:

Logo,
86

A Figura 34 mostra a configuração dos momentos.

Figura 34 - Configuração dos Momentos

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

6.3.3.5 Compatibilização dos momentos

O critério usual para compatibilizar os momentos negativos consiste em adotar o


maior valor entre a média dos dois momentos ou 80% do maior.
Em decorrência da compatibilização dos momentos negativos, os momentos positivos
na mesma direção devem ser analisados. Se a correção do momento negativo acarretar em
uma diminuição do valor do momento positivo, ignora-se a redução em função da segurança.
Caso ocorra um acréscimo no valor do momento positivo, a correção deverá ser realizada,
somando-se ao valor deste momento fletor a média das variações ocorridas nos momentos
87

fletores negativos. As Figuras 35 e 36 mostram os valores dos momentos sem a


compatibilização da Laje L1 com vínculo com a laje L2 e da Laje L1 com vínculo com a Laje
L6.

Figura 35 - Momentos não compatibilizados L1 e L2

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

Figura 36 - Momentos não compatibilizados L1 e L6

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)


88

Logo, compatibilizando os momentos teremos:

Assim,

Necessita-se, nesse caso, compatibilizar o momento positivo, pois a diminuição do


momento negativo acarretará um acréscimo naquele.

Logo,

( )

( )
89

A Figura 37 mostra os momentos compatibilizados da laje L1 com vínculo na laje L2.

Figura 37 - Momentos Compatibilizados L1 e L2

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

Assim,

{
90

Necessita-se, nesse caso, compatibilizar o momento positivo, pois a diminuição do


momento negativo acarretará um acréscimo naquele.

Logo,

( )

( )

A Figura 38 mostra os momentos compatibilizados da laje L1 com vínculo na laje L6.

Figura 38 - Momentos Compatibilizados L1 e L6

Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)

Assim, temos os momentos negativos compatibilizados da laje L1. Tabela 25.

Tabela 23 - Comparação Momentos Negativos.


MOMENTOS NEGATIVO DE CÁLCULO - Md (KN.m/m)
LAJE MANUAL (KN.m/m) CYPECAD (KN.m/m)
L1 - L2 8,6 6,78
L1 - L6 0,66 2,7
Fonte: Elaborado Pelo Autor (2014)
91

O cálculo manual utilizando as tabelas de BARES (1972) e adaptadas por PINHEIRO


(2007), considera as lajes como elementos isolados e apoiados em vigas indeformáveis, isto
significa que a laje não exerce torção sobre a viga, e considera o engastamento perfeito onde
há continuidade de lajes vizinhas. Para o cálculo através dos softwares utiliza-se o modelo de
elementos finitos, CYPECAD, havendo a consideração de parâmetros importantes como a
influência da flexibilidade e rigidez a torção das vigas e lajes.
Percebe-se que para os momentos positivos das lajes, grande parte dos resultados são
semelhantes, porém para os momentos negativos da laje L1 há uma perceptível diferença, no
vínculo L1 – L2, considerado engaste perfeito, ocorre um aumento no momento calculado
com relação ao CYPECAD, porém, no vínculo L1 – L6, considerado como apoio simples,
ocorre uma diminuição no momento calculado com relação ao CYPECAD, comprovando a
utilização de parâmetros importantes pelo software, que não utilizamos no cálculo manual,
como mencionado no parágrafo anterior.
92

7. CONCLUSÃO

Durante a elaboração do presente trabalho verificou-se a necessidade de um bom


conhecimento prático e teórico das normas de concreto armado em vigência. Conhecimento
este que só será obtido com uma boa formação acadêmica e anos de experiência com projetos
de cálculo estrutural.
O discernimento do engenheiro com relação aos dados de entrada para o cálculo
estrutural, assim como a análise dos resultados obtidos, é de extrema importância e não
poderá ser substituído pelo programa de cálculo estrutural. É necessário também, que o
mesmo esteja pronto para solução de possíveis problemas que possam vir a acontecer durante
a elaboração do projeto de estrutura.
Cabe ao Engenheiro conceber a estrutura, ou seja, pensar e executar a solução mais
adequada, como também prever o seu comportamento. A definição das posições e das
dimensões dos elementos estruturais não é uma tarefa fácil, exigindo experiência do
profissional habilitado.
É perceptível, então, que os programas de cálculo estrutural não substituem, de
maneira alguma, o papel do engenheiro, sendo ele o responsável por entender e saber por em
prática as informações geradas pelo software.
Com relação aos resultados obtidos no presente trabalho, existem algumas
justificativas para as diferenças encontradas nos cálculos das solicitações. No modelo de
análise utilizado, o percurso das cargas aplicadas à estrutura até as fundações é bastante
perceptível e de fácil visualização. Porém, possui algumas limitações para o uso do cálculo de
estruturas mais complexas. Tais como:

 As lajes, as vigas e os pilares são calculados de forma totalmente independente.


Não é considerada a interação entre esses elementos. Tendo em vista que, na
prática, uma estrutura de concreto armado é um sistema monolítico onde os seus
elementos trabalham de forma conjunta.
 As ligações entre as vigas e os pilares são articuladas. E por isso, não há a
transferência de momentos fletores entre eles.

Na prática, devido a essas limitações, este modelo não é mais utilizado em projetos
estruturais, principalmente em estruturas mais complexas. Porém, por se tratar de um modelo
93

estrutural no qual é possível calcular o projeto, em sua totalidade, à mão, ele ainda deve ser
utilizado para comparar e validar os resultados.
As solicitações originadas da ação dos ventos, como mostrado, provocou um
acréscimo nos carregamentos dos pilares em até 35%, provando a necessidade de estudos
avançados na área de aerodinâmica dos edifícios, mesmo os de pequeno porte. Tendo em vista
a grande quantidade de variáveis envolvidas no dimensionamento de estrutura de concreto
armado e a otimização do dimensionamento oferecida pelos softwares, foi possível mostrar
que os pilares, quando calculados manualmente, serão superdimensionados em média 46% em
relação ao CYPECAD.
É possível notar que os esforços oriundos dos carregamentos das lajes, assim como os
dos pilares, tendem a ser majorados quando calculados manualmente. O acréscimo em relação
ao CYPECAD é de 58% em média, tornando a estrutura antieconômica.
De acordo com os dados mostrados no presente trabalho, nota-se a otimização dos
resultados oferecidos pelo uso do programa de cálculo estrutural. A diferença média dos
esforços resultantes das vigas calculados com o auxílio do sistema computadorizado e manual
pode chegar a 23%, influenciando diretamente no custo do empreendimento.
94

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, José Milton de. Curso de concreto armado. Rio Grande: Dunas, 2010. V.1,
3.ed.

ARAÚJO, José Milton de. Curso de concreto armado. Rio Grande: Dunas, 2010. V.2,
3.ed.

ARAÚJO, José Milton de. Curso de concreto armado. Rio Grande: Dunas, 2010. V.3,
3.ed.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NORMA BRASILEIRA.


NBR 6027: informação e documentação – sumário – apresentação. Rio de Janeiro: ABNT,
2003. 11p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NORMA BRASILEIRA.


NBR 14724: Informação e documentação – trabalhos acadêmicos – apresentação. Rio de
Janeiro: ABNT, 2011. 11p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NORMA BRASILEIRA.


NBR 6118:Projeto de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2007.
231p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NORMA BRASILEIRA.


NBR 8953:Concreto para fins estruturais – Classificação por grupo de resistência. Rio de
Janeiro: ABNT, 1992. 2p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NORMA BRASILEIRA.


NBR 10520:Informação e documentação – Citações em documentos - Apresentação. Rio
de Janeiro: ABNT, 2002. 7p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NORMA BRASILEIRA.


NBR 8522: Concreto – Determinação do módulo estático de elasticidade à compressão.
Rio de Janeiro: ABNT, 2008. 16p.
95

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NORMA BRASILEIRA.


NBR 7480: Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de
Janeiro: ABNT, 1996. 7p.

BASTOS, dos Santos P.S.Pilares de Concreto Armado. Universidade Estadual Paulista –


Faculdade de Engenharia – Departamento de Engenharia Civil, Bauru, 2005.

KAEFER, F. L. A evolução do concreto armado. São Paulo, 1998

KIMURA, ALIO. Informática aplicada em estruturas de concreto armado: cálculos de


edifícios com o uso de sistemas computacionais. São Paulo, Pini, 2007.

TÓPICO INFORMÁTICA LTDA. CYPECAD – Manual do Utilizador. São


Paulo, 2009. 101p.

PINHEIRO, Libânio M. Fundamentos do concreto e projeto de edifícios. Universidade


de São Paulo – Escola de Engenharia de São Carlos, Departamento de Engenharia de
Estruturas, São Carlos, 2007.

STRAMANDINOLI. A. JR. Apostila de Estruturas de Edifícios.Universidade Federal do


Paraná, 2010.

STRAMANDINOLI, Roberto. O escritório de projetos estruturais e suaspeculiaridades


buscando subsídios para o futuro negócio. 101 f.Dissertação (Mestrado em engenharia)
– Setor de tecnologia, UniversidadeFederal do Paraná, Curitiba, 2007.
96

ANEXOS

ANEXO A

A.1 – PLANTA BAIXA


97

A.2 – CORTE AA
98

A.3 – FORMA PAVIMENTO TIPO

Você também pode gostar