Você está na página 1de 26
ll 422 Prova-madela 2. Prova-modelo 3 A. Fernando Pessoa, poesia do ort6nimo + Ador de pensar + Sono ¢ realidade B, Almeida Garrett, Frei Luis de Sousa +0 recorte das personagens principais + Adimensto trigica . Lirica trovadoresea + Representagoes de afetes © emogies + Espagos medievais, protagonistase circunstncias A. Poesia dos heterénimos: Alberto Caeira +0 fingimento artistic: ‘0 poeta bucélico + Reflexao existencial: 0 primade das sensagbes B. Cosirio Verde, Cnticos do Realismo + Percegio sensorial e transfiguracdo poética do real . Luss de Camdes, Os Lusladas + Reflexdes do poets: Canto VII, est. 9699 A, Mensagers +0 imaginério épico: ~ dimensio simbdlica do herd ~ exaltagio patrstica ~ recursos expressivos BB. Padre Antonio Vieira, “Sermo de Santo Ant6nio {aos Pein) + Objetivos da eloguéncia + Caltica socal e alegoria . Gil Vicente, Farsn de Inés Pereira on Auto da Feira + Addimensio satirica + Caracterisiea do texto dramitico Goris + Leiturae interpretagao de um relato de viagem + FungGes sinticas + Aandfora como ‘mecanismo de cossto.e de progressio do texto + Divisdo e classificagio Ae aracaes + Leitura e interpretacao dle uma apreciasso exitica + Organizagio de sequeéncias textuais + Funcoes sintaicas + Classificagao de coragoes + Valor semantico + Leiturae interpretagio dde-um artigo de opinio + Classificagio de oragdes + Coeréncia e coesto textual + Fungoes sintdticas + Valor semantico Texto de opiniao Apreciagio cexitlea Tento de opinizo ocd Prova-modelo 4 Provamodelo 5 Nien ao ‘A. Contos Maria Judite de Carvalho, “George” + As tr idades da vida + Didlogo entre realidade, meméria ¢ imaginagio + Metamorfoses da figura feminina B, Cesério Verde, Canticos do Realsmo +O imaginsrio épico ~ Subversao da meméria épica: 0 Poeta, a viagem e as personagens . Luis de Camoes, Rimas +” A reflexio sobre a vida pessoal ‘A, Poetas contempoxineos + Arte postica + Figuragbes do poets + Recursos expressives B, Antero de Quenta, Sonctor + Configuragtes do Heal + Discurso conceptuel . Perspetiva intertertual do lirismo na literatura portuguesa ane + Leiturae interpretacio de um artigo de copinizo + Modalidade + Coviéncia evesdo sexual + Processos iregulares de fomagio de palavras + Divisio classifcagao de cagtes + Funybes sintiicas + Leitura¢ interpretagdo de uma apreciacao cxtica + Organizagto de sequencias textuais + Fungées sintsticas + Classificaszo de oragbes + Valor semnantico foray Exposiio Texto de opinio 424 Grupo I! Parte A Apresente as suas respostas de forma bem estruturada. Leia o texto. ‘A minha vida é um barco abandonado Intiel, no ermo porto, ao seu destino. Por que no ergue ferro © segue o atino De navegar, casado com o seu fado? 5 Ah! Falta quem o lance ao mar, e alado Torne seu vulto em velas; peregrino Frescor do afastamento, no divino Amplexo da manha, puro e salgado. Morto corpo da ado sem vontade. 10 Que viva, vulto estéril de viver, Boiando & tona inutil da saudade. Os limos esverdeiam tua quilha, © vento embala-te sem te mover, E 6 para além do mar a ansiada lina, Fernando Pessoa. Posnia 1981-1996 ¢ no data, fad, Manuela Parroira da Siva, Ana Freitas, Madslena Dina, ‘obo: Acetio © Abin, 2008, 1, Explicite o significado do primeiro verso, fundamentando as suas afirmacoes. 2. Relacione a questo colocada pelo sujeito poético na primeira estrofe com os versos da segunda quadra. 3. _Identifique o recurso expressivo presente no verso 13, °O vento embala-te sem te mover’ ‘comentando 0 seu valor expressivo. 4, Comente a seguinte afirmagéo: “O sonho é muitas vezes, para Fernando Pessoa, uma compensagao para a realidade amarga e hostif: Com o objetivo de diversificar as questes que podem ssir no exame ¢, assim, fcr mais bem preparado, as provasmodelo 1¢2 fncluom, no Grupo I ito questtes, m vee das sete que habitualente eat gp apuenrsa wv Ene Naival Leia o texto. 8 x TELMO ROMEIRO TELMO ROMEIRO TELMO ROMEIRO TELMO ROMEIRO TELMO Parte B CENA IV Telmo, 86. = Virou-se-me a alma toda com isto: néo sou jé 0 mesmo homem. Tinha um pressentimento do que havia de acontecer... parecia-me que no podia deixar de suceder... ¢ cuidei que o desejava enquanto nao veio. Veio, ¢ fiquei mais aterrado, mais confuso que ninguém! Meu honrado amo, o filho do meu nobre senor, esta vivo... 0 filho que eu criei nestes bragos.... vou saber novas certas dele — no fim de vinte anos de 0 julgarem perdido; e eu, eu que sempre esperei, que sempre suspitel pela sua vinda... ~ era um milagre que eu esperava sem o crer! — eu agora tremo... E que 0 amor desta outa filha, desta Ultima filha, & maior, @ venceu...ven- eu... apagou 0 outro, Perdoai-me, Deus, se & pecado. Mas que pecado ha de haver com aquele anjo? Se ela me viverd, se esca- pard desta crise terrivell Meu Deus, meu Deus! (Ajoelha.) Levai o velho que ja ndo presta para nada. Levai-o por quem sois! (Aparece © romeito & porta da esquerda e vem lentamente aproximando-se de Telmo, que nao dé por ele.) Contental-vos com este pobre sacri- ficio da minha vida, Senhor, e nao me tomeis dos bragos 0 inocen- tinho que eu criei para Vés, Senhor, para vés... mas ainda no, nao mo leveis ainda! Jé padeceu muito, jé traspassaram bastantes dores aquela alma: esperai-Ihe com a morte algum tempo! CENAV Telmo e Romeiro. — Que nao oiga Deus 0 teu rogo! (Sobressaltado,) = Que voz! Ah! é 0 romeiro. Que me nao oiga Deus! Porqué? — Nao pedias tu pelo teu desgracado amo, pelo filho que criaste? (A parte.) = Jd no sei pedir sendo pela outra. (Alto.) E que pedisse por ele, ‘ou por outrem, porque me nao ha de ouvir Deus, se Ihe pego a vida de um inocente? —E quem te disse que ele 0 era? — Esta voz... esta voz! Romeiro, quem és tu? (Tirando 0 chapéu e alevantando o cabelo dos olhos.) — Ninguém, Telmo, ninguém: se nem jé tu me conheces! (Deitando-se-Ihe as méos para Ihas beijar.) — Meu amo! meu senhorl... sois vos? Sois, sois. D. Joao de Portu- gal, oh!, sois vés, senhor? Almeida Garret, Fei Luis de Sousa, organizagao @ notas de Ana M.Coutisho © Casto, ato Il), Porto: Areal Ediores, 2004, po. 140-143, 5. _Identifique os sentimentos de Telmo expressos no monélogo da Cena IV, 6. — Caracterize as sucessivas atitudes de Telmo face ao Romeiro no excerto da Cena V. 7 Complete as afirmagées abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opgao ade- quada a cada espago. Na cena IV, a linguagem da personagem adequa-se ao seu estado emocional. Assim, as frases entrecortadas e inacabadas traduzem ___a)__, que afeta Telmo, cons- ciente de__b)__, com o qual se debate. Lo sebastianismo ‘Lum drama inconeiliivel entre um amor do 2.um conflity de conseiéneia passado ea fidelidade ao seu atual amo 3. divida do regresso de D. Jos 2. um erro 4.omedo 3. um grande dilema 4, um embuste do Romeiro Parte C 8 Fazendo apelo & sua experiéncia de leitura da Lirica trovadoresca escreva uma exposi- Ao (130 a 170 palavras) sobre a relevancia do Amor neste momento da literatura portuguesa. A sua exposicao deve incluir: * uma introdugo ao tema; ‘um desenvolvimento no qual explicite a importancia da tematica amorosa na poesia trovadoresca, fundamentando as caracteristicas apresentadas em, pelo menos, dois exemplos significativos; + uma conclusdo adequada ao desenvolvimento do tema, Grupo It Nas respostas aos itens de escolha multipla, selecione a op¢ao correta. Escreva, na folha de respostas, 0 ntimero do item @ a letra que identifica a opgo escolhida. Leia 0 texto @ consulte as notas. Ida e volta e mais além ‘Apesar da viagem, com duas escalas e longas horas em aeroportos para nao falar de avides, a chegada ao destino é o momento de ter alguma descompressao, devida também ao facto de entrar logo em contacto com um projeto que imediatamente mos- {rou a sua importancia. A inauguragao da exposigdo dos bordados de amor, no (18 um dos 31 extados do México Capital do estado de Jalisco, no México, A Feta do Livro de Guadalajara de 2018 teve Portugal come convidado de honsa, 1 5 Museu Regional, foi o primeiro capitulo desse projeto, que permitiu ouvir algumas egas musicais executadas por um grupo de muisicos da orquestra de Jalisco" onde tocavam dois portugueses e uma portuguesa que em Guadalajara® encontraram 0 seu local de trabalho. Essa exposi¢ao permitiu-me ver um pouco da cidade histérica, coisa que no restante dos dias pouco consegui ver. (...) 10 Entre conversas sérias entre escritores, conferéncias em que pude ouvir, quando Rui Vieira Nery terrrinava a aula em que falava do cancioneiro de Gaspar Fernandes (um compositor portugués do século XVI-XVII que, depois de Evora, fez a sua carreira entre a Guatemala e Puebla, no México, estando atualmente essa obra, que considerada um tesouro nacional mexicano, na catedral de 15 Oaxaca) alguns protestos de colegas que queriam continuar a ouvi-lo falar, ‘embora 0 tempo tivesse chegado ao fim, e sé foi interrompido porque havia um rigor extremo no controlo dos hordios, e momentos de humor admiravets, como aqueles de algumas intervengdes de Ricardo Araujo Pereira ou de Rui Zink, 0 que posso destacar é a atengao ¢ 0 interesse de um piiblico que enchia as salas da 20 FIL e 0 audit6rio portugués, e nunca se poupou a perguntas quando he era dada a palavra A tudo isto, claro, junta-se 0 interesse pelas intervengGes de Anténio Lobo ‘Antunes, que ocupou um lugar destacado na representacao portuguesa, @ soube jogar admiravelmente entre 0 sério, 0 humor e a provocacao, num pais em que 25 conta intmeros leitores. Também destaco a forma como 0 piiblico reagiu aos mUsicos portugueses e que, todas as noites, encheu o espaco de concertos a que, com uma ou outra excecdo, que lamento, assisti ao longo da semana, de ‘Ana Bacalhau e Capicua a Camané e Katia Guerreiro, (...) E jé no regresso, quase a entrar no avido, tinha nas minhas mensagens um 0 email de uma poeta chinesa que me enviava, no proprio dia em que o presidente da China chegava a Lisboa, as tradugdes que tinha feito de dez poemas meus para uma revista de Xangai, Embora o meu plurilinguismo nao va tao longe, dei- -the 0 meu acordo, De Guadalajara a Xangai, 0 mundo da poesia é pequeno. [Nuno Jide, Joma de Letras, 19 de dezembro a3 de jansiro de 2019. p. 12 De acordo com 0 titulo do texto, 0 leitor espera ler (C) um relato de viagem. (B) uma exposicao. (D) um artigo de opiniao. (A) uma apreciagao critica. No segundo paragrafo, o autor salienta a intervengao de um professor (A) que nao cumpriu 0 hordrio da aula. (B) que apresentou o seu trabalho sobre um compositor mexicano. (C) que suscitou protestos pela duragao da palestra. (0) que f liciante de ouvir. aar 3. Aoutilizar a expresso “soube jogar admiravelmente entre o sério, 0 humor @ a provoca- 40" (II, 23-24), o autor pretende evidenciar @ (A) a importancia de Ricardo Araujo Pereira @ de Rui Zink como humoristas. (B) a mestria e eloquéncia de Lobo Antunes. (C) a capacidade ludica de Lobo Antunes. {D) a qualidade das intervengdes em geral, 4 O Litimo periodo do texto realga (A) a capacidade da poesia de quebrar fronteiras, (B) a distancia entre o México e a China. (C) que o mundo é pequeno quando falamos de poetas. (0) que é muito rapida a viagem de Guadalajara a Xangai. 5. Na expressdio “e nunca so poupou a perguntas quando Ihe era dada a palavra” (\l. 20-21) a palavra sublinhada tem como antecedente (A) ‘puilico! (C) "Rui Zink? (B) ‘auditério portugués? (0) “FI” 6 _Indique as fungdes sintaticas desempenhadas pelo pronome relativo “que” a) na linha 23, bb) na linha 31. 7% Divida e classifique as oragSes da seguinte frase: “Embora o meu plurilinguismo nao va to longe, dei-lhe o meu acordo” (I. 32-33). Grupo itl ‘A Declaracao Universal dos Direitos do Homer constitui um ideal comum a atingit por todos os poves e todas as nagées, a fim de que todos os individuos e todos os tgs da sociedede, tendo-a constantemente no espirito, se esforcem, peloensino e pela educago, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promo- 5 ver, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, 0 seu reconheci- mento e a sua apicacdo universais e efetivos tanto entre as populacdes dos préprios Estados membros como entre as dos territorios colocados sob a sua jurisdigdo. tps, pideclaracao-universal-dos-clretos-humanos (consultado a 2.12018). Redije um texto de opiniéo bem estruturado, com um minimo de duzentas e um maximo de trezentas e cinquenta palavras, sobre a importéincia do respeito pelos Direitos do Homem na construgao de sociedades mais dignas e solidérias. No seu texto: + explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo; * uillze um discurso valorativo (jutzo de valor explicito ou implicito) 428 2 Grupo! Parte A Apresente as suas respostas de forma bem estruturada. Leia o texto, XIV Nao me importo com as rimas. Raras vezes Hé duas arvores iguais, uma ao lado da outra. Penso e escrevo como as flores tém cor Mas com menos perfeigo no meu modo de exprimirme 5 Porque me falta a simplicidade divina De ser todo s6 0 meu exterior. Otho @ comovo-me, Comovo-me como a agua corre quando o chao é inclinado, Ea minha poesia é natural como o levantar-se 0 vento... Femando Pessoa, Poesia de Aborto Caoio, Forando Cabral Martins (Dt), Lisboa: Assirio& Aim, 2014, p. 22 Explicite a concegdo de criagéio postica, na perspetiva do “eu” rico. 2, Indique 0 recurso expressivo predeminante no poema e comente o seu valor. 3. Mostre de que forma, neste poema, se substitui o abstrato pelo concreto, 4. Relacione a estrutura formal do poema com a arte poética apresentada. Parte B Leia o texto e consulte as notas. De tarde Mais morta do que viva, a minha companheira Nem forga teve em si para soltar um grito; E eu, nesse tempo, um destro e bravo rapazito, ‘Como um homenzarréo se'vi-Ihe de barreiral 5 Em meio de arvoredo, azenhas' e ruinas, Pulavam para a fonte as bezerrinhas brancas; E, tetas a abanar, as mées, de largas ancas, Desciam mais atrés, malhadas e turinas. © Minho movide agus. 429 430 5. 6. Do se’o do lugar ~ casitas com postigos - 10 Vem-nos o leite. Mas batizam-no primeiro. Leva-o, de madrugada, em bilhas, 0 leiteiro, Cujo pregao vos tira ao vosso sono, amigos! Nés davamos, os dois, um giro pelo vale: Varzeas, povoagées, pegos’, siléncios vastos! 15 Eos fartos animais, ao recolher dos pastos, Rogavam pelo teu “costume de percale? Ja no receias tu essa vaquita preta, Que eu segurei, prendi por um cheveino*? Juro Que estavas a tremer, cosida como muro, 20 Ombros em pé, medrosa, e fina, de lunetal 20 sito mais fundo de um ro. “Chi. Cosétio Verde, Cénticos do Realsmo e Outros Poemas, ‘eee de Terosa Sobral da Cunha, Lisboa: Reldgo d Aqua, 2008, p. 118, Caracterize as personagens presentes no poema, fundamen‘ado 0 seu ponto de vista. Explicite de que modo as sensagdes permitem ao sujeito postico fazer do quotidiano rural uma pintura viva. Complete as afirmagées abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opgfio ade- quada a cada espago. No verso 14, os elementos da paisagem remetem para 0 espago aberto do campo, ‘exprimindo a largueza das vistas através de uma__a) _e sugerindo a paz que inunda 0 sujeito poético por via de uma_b)__. 1, enumeragio 1 sinestesia | 2 hipérbole 2. metifora 8. antfora 3. personificagao 4. perifrase 4. comparagio Parte C As reflexes do Poeta em Os Lusiadas so um dos momentos mais atuais do poema épico. Escreva uma exposicao (130-170 palavras), na qual apresente a refiexo do Poeta que considera mais atual A.sua exposigo deve incluir: + uma introdugao ao tema; ‘+ um desenvolvimento no qual apresente a reflexao que escolheu, fundamentando a escolha com pelo menos um exemplo significativo da sua atualidade; + uma conclusdo adequada 40 desenvolvimento Uo I a. Grupo Il Nas respostas aos itens de escolha muiltipla, selecione a opgao correta. Escreva, na folha de respostas, 0 numero do item e a letra que identifica a opgao escolhida. Leia 0 texto. A biografia de José Saramago Sobre Saramago jé existiam vérios livros pelo menos com muitos elementos biogréticos, incluindo A Consisténcia dos Sonhos, de Fernando Gémez Aguilera, uma cronografia dividida em nove capitulos, cada um deles sobre uma década da sua vida e obra. Além disso, 0 proprio escritor tem imensos textos sobre as duas 5 coisas, desde As pequenas memoérias, até muitas paginas dos Cadernos de Lan- zarote — além de entrevistas, crénicas, etc. Mas a primeira grande bografia do Prémio Nobel portugués saiu agora, 6 da autoria de Joaquim Vieira e intitula-se José Saramago - Rota de Vida. Trata-se de uma obra, como nao podia deixar de ser, simultaneamente de recolha, ago e articulagéo de todo o muito vasto material jd existente atras re'erido, ¢ de investigagao propria através dos meios, digamos ‘jornalisticos adequados— Joaquim Vieira é, desde ha muito, um conhecido jornalista, que nos tiltimos anos se tem dedi- cado sobretudo a este tipo de trabalho. E entre tais meios destacam-se, naturalmente, as entrevistas a pessoas préximas do biografado e/ou que tém conhecimento de 15 passos da sua vida ou circunstancias da sua obra com interesse para uma biografia como esta. Alids, mesmo aquele trabalho de recolha, ete., dada a imensidao do mate- rial existente, também se pode, ou deve, para este efeito considerar investigacao.(...) José Saramago - Rota de Vida afigura-se-nos ser uma obra de facto com interesse que traz coisas de novo. Em suma, um livio que ao longo das suas cerca 750 paginas 29 traga o percurso de vida do homem, com varias revelagdes (@, claro, opinides, coinci- dentes ou desencontradas) e do eseritor, reunindo muito do que de essercial sobre ele se escreveu e ele proprio disse. ‘Como (quase?) sempre acontece nestas biografias, ¢ aconteceu em particular com a que Joaquim Vieira fez de Francisco Pinto Balsemao, hé quem entenda 25 que 0 autor entra em dominios da vida privada, familiar e sentimental do biogra- fado de forma desnecessaria, excessiva ou mesmo abusiva,(...) Entretanto, fica 0 sublinhado de se tratar da mais aprofundada e completa obra do género sobre 0 autor de O ano da morte de Ricardo Reis. Joma de Letras, 18 de dezembro a 8 de jancio co 2018, p. 19. Os vocabulos grafados em itélico representam, (A) a opgaio linguistica do autor do texto. (B) titulos de livros de José Saramago. (C) obras escritas por Joaquim Vieira. (D) titulos de obras de varios autores. renee 43 | ase 2. No.contexto, 0 termo “Jornalisticos” (|. 11) significa (A) que prescinde da qualidade jornalistica. (B) que carece de qualidade cientifica (C) inadequados ao ambito jornalistico. (D) inadequados ao tema tratado. 3. As .expressdes ‘Além disso” (|. 4) e "Alids” (1. 16) em um valor (A) aditivo, (B) cause (C) consecutivo. (D) disjurtivo. 4. No titimo pardarafo do texto esté implicita (A) uma critica a todas as biografias escritas por Joaquim Vieira. (B) uma critica aos textos de cardter biografico em geral (C) uma critica a biografia de Francisco Pinto Balsemao. (D) uma critica ao autor de O Ano da Morte de Ricardo Reis. 5. Os parénteses presentes na linha 23 delimitam, (A) uma explicagao. {B) um comentario. (C) uma citaga. (D) um exemplo. 6 Identifique a classe a que pertence 0 vocabulo “que” a) na iinha 14, b) na lina 25. 7 Identifique e classifique a oragao subordinada em “Joaquim Vieira 6, desde ha muito, um eonhecido jornalista, que nos ultimos anos ¢e tem dedicade eobretudo a este tipo do: trabalho." (Il. 11-13) Grupo ill Redija uma apreciago critica, com um minimo de duzentas ¢ um maximo de trezentas cinquenta palavras, de uma qualquer manifestagao cultural com a qual tenha contactado recentemente. Respeite as marcas especificas deste género textual, a nivel da estrutura ¢ das marcas. lingutsticas. No seu texto: *descreva a manifestagao cultural selecionada, ilustrando 0 texto com exemplos significativos; + utilize um discurso valorativo (juizos de valor explictos ou implicitos). Provascmadal de scrme 3 Grupo! Parte A Apresente as suas respostas de forma bem estruturada. Leia 0 texto, NUN’ALVARES PEREIRA ‘Que auréola te cerca? E a espada que, volteando, Faz que o ar alto perca Seu azul negro e brando. 5 Mas que espada 6 que, erguida, Faz esse halo no céu? E Excalibur, a ungida, Que o Rei Artur te deu. "Speranga consumada, 10 S.Portugal em ser, Ergue a luz da tua espada Para a estrada se ver! Fernando Possca, Mensagem @ Outros Poemas sobre Portugal Lisboa: Assiio& Alvim, 2016, p81 1. Indique trés tragos caracterizadores de D. Nuno Alvares Pereira valorizados indireta- mente pelo “eu” poético, fundamentando a sua resposta. 2, Interprete a simbologia da espada do herdi, tendo em conta que 6 comparada a Excalibur. 3. Indique 0 recurso expressivo presente no verso 11 “Ergue a luz da tua espada" 6 comente a sua expressividade. Explique 0 motivo pelo qual este poema integra a primeira parte da obra Mensagem. Parte B Leia o texto. Quero acabar este discurso dos louvores e virtudes dos pelxes com um, que no sei se fol ouvinte de Santo Antonio ¢ aprendeu dele a pregar. A verdade 6 que me pregou a mim, @ se eu fora outro, também me convertera. Navegando de aqui para o Paré (que 6 bem nao fiquem de fora os peixes da nossa costa), vi correr 5 pela tona da agua de quando em quando, a saltos, um cardume de peixinhos que nao conhecia; e como me dissessem que os Portugueses the chamavam quatro- -olhos, quis averiguar ocularmente a razao deste nome, e achei que verdadeira- mente tém quatro olhos, em tudo cabais e perfeitos. Dé gragas a Deus, the disse, @ louva a liberalidade de sua divina providéncia para contigo; pois as aguias, que 10 s0 0s linces do ar, deu somente dois olhos, @ aos linces, que sdo as dguias da terra, também dois; e a ti, peixezinho, quatro. Mais me admirei ainda, considerando nesta maravilha a circunstancia do lugar. ‘Tantos instrumentos de vista a um bichinho do mar, nas praias daquelas mesmas terras vastissimas, onde permite Deus que estejam vivendo sm cegueira tantos 15 milhares de gentes ha tantos séculos! Oh quo altas e incompreensiveis sao as razes de Deus, ¢ quao profundo o abismo de seus jufzos! Filosofando, pois, sobre a causa natural desta providéncia, notei que aqueles ‘quatro olhos estao lancados um pouco fora do lugar ordinario, ¢ cada par deles, Unidos como os dois vidros de um relégio do aroia, om tal forna que os da parte 20 superior olham direitamente para cima, e os da parte inferior direitamente para baixo. E a razao desta nova arquitetura, 6 porque estes pelxinhos, que sempre andam na superficie da agua, nao s6 s&o perseguidos dos outros peixes maiores do mar, sendo também de grande quantidade de aves maritimas, que vive naquelas praias; e como tém inimigos no mar @ inimigos no ar, dobrou-thes a 25 natureza as sentinelas e deu-Ihes dois olhos, que direitamente olhassem para cima, para se vigiarem das aves, e outros dols que direitamwnle ulhassem para baixo, para se vigiarem dos peixes. (Oh que bem informara estes quatro olhos uma alma racional, e que bem empregada fora neles, melhor que em muitos homens! Esta é a pregagéo que me 80 fez aquele peixezinho, ensinando-me que, se tenho fé e uso da razdo, 86 devo olhar direitamente para cima, e s6 direitamente para baixo: para cima, conside- rando que ha Céu, e para baixo, lembrando-me que ha Infe"no. Nao me alegou para isso passo da Escritura; mas entao me ensinou © que guis dizer David em um, que eu nao entendia: Averte oculos meos, ne videant vanitatem. “Voltai-me, 38 Senhor, os olhos, para que nao vejam a vaidad Pade Antonio Viera, Sermées, i (Obras Escothidas, vol. X)), 2° ed. Lisboa: Sa da Costa, 1997, [Serméo ‘de Santo Aniénio aos Peixes’ cap Il, pp.124-125 ] Explicit de que modo o discurso figurativo surge neste texto. Infira a presenga dos trés objetivos da eloquéncia (docere, delectare, movere) neste excerto, Parte C % — Ohumor e 0 comico sao temas recorrentes na literatura portuguesa, Escreva uma exposicao entre 130 a 170 palavras na qual aborde a forma como este tema 6 tratado na obra de Gil Vicente que estudou. A sua exposicao deve incluir: * uma introdugao ao tema; + um desenvolvimento no qual expli a satira vicentina; ite, na obra que estudou, a diversidade que assume = uma concluso adequada ao desenvolvimento do tema, Grupo It Nas respostas aos itens de escolha muittipla, selecione a opcao correta, Escreva, na folha de respostas, 0 ntimero do item e a letra que identifica a opgao escolhida. Leia 0 texto, Patriménio: representaciio e inspiracao... Os “Didlogos com o Mosteiro dos Jerénimos, Entre 0 Mundo que nao vivemos @ 0 Mundo que no viveremos” foram uma iniciativa oportuna de Maria da Gloria Dias Garcia, Diogo Freitas do Amaral e Isabel Cruz Almeida, para assinalar 0 Ano Europeu do Patriménio Cultural. Ao longo do ano pudemos contar com interven 5 ges de grande interesse e atualidade, a comegar pelo Presidente da Repilblica. No fundo, tratou-se de procurar afirmar que o patriménio cultural ndo 6 um con- ceito do passado, mas uma nogao dinamica que nos pée em contacto nao sé com © que herdamos das geracdes que nos antecederam, mas também com a criativi- dade dos nossos contemporaneos. Tive 0 gosto de participar na tiltima sessao 10 sobre o tema “Patriménio: Representagao e Inspiragao! em didlogo com Suzana Tavares da Silva, prof.* da Universidade de Coimbra. E porqué a ligagao entre estes dois elementos? Exatamente porque ha uma projegaio dinamica entre o que recebemos e 0 que Ihe acrescentamos, que se traduz em meméria © capacidade de inovagao. 15 Lembremo-nos, por exemplo, da obra que acaba de ser publicada, da autoria de Umberto Eco, Aos Ombros de Gigantes. Sao 12 ligdes proferidas entre 2001 & 2015 no Festival La Milanesiana, sobre a importancia dos clssicos, a beleza e a fealdade, os relativismos, os paradoxos, as mentiras, o segredo e 0 sagrado, e ai verificamos como o Patriménio Cultural 6 muito mais do que a conservacéio do 20 construido ou das tradigdes, envolvendo o patriménio material e imaterial, a natu- reza, as paisagens, o mundo digital, as novas tecnologias e a criago contempo- ranea... De facto, todos somos, recorrentemente, pequenos andes aos ombros 435 436 dos gigantes que nos antecederam. Daf que a referéncia ao mundo “que ndo vivemios” e ao "mundo que nao viveremos’ se reporte & antiga consideragao de 25 Agostinho de Hipona sobre os trés presentes que nos sao dados para viver, na dificil relagao com o tempo. E fugaz 0 nosso tempo, pelo que temos de Ihe dar valor ~ compreendendo as Humanidades, como elo incindivel que leva a transfor mar informagao em conhecimento, e o conhecimento em sabedoria... (...) A cultura nao 6 um luxo, € uma exigéncia humana. Liga-se naturalmente & 0 educagao, a formacdo e A cléncia. Nao podemos esquecer que o Euro-baréme- ‘to nos disse que os portugueses valorizavam a heranca cultural, mas visitam e apoiam pouco os museus e os lugares do patriménio cultural. (...) 0 patriménio cultural ndo pode ficar ao abandono. Ha conhecimento e sabedoria que tm de ser incentivados. A permanéncia da representaao chama-se memoria. A preva- 85 lencia da inspiragao a criatividade, Guiherme cOlveira Martins, Jomal de Letras, 19 de dezemivro a 9 de janeiro de 2019, p. 32. Este texto corresponde ao género (A) artigo de opiniao. (B) exposiga. {C) apreciacao oritica (D) memorias. A expresso “De facto" (|. 22) assegura a coeséo (A) frasica (B) lexical (C) referencial (D) intertrasica No contexto, “todos somos, recorrentemente, pequenos andes aos ombros dos gigantes que nos antecederam" (\I, 22-23) significa que (A) foram os nossos antepassados que alicercaram o mundo em que vivemos. (B) 0s nossos antepassados eram mais altos que as geragées atuais. {C) 0 autor do texto € muito modesto, (0) os nossos antepassados trabalharam muito mais do que nés. Na frase em que se insere a expressao “elo incindivel” (I. 27) significa (A) ligagao inquebravel (B) elo mais forte (C) lago mais fraco. (D) anel suscetivel de ser cindido, 5. A expressao “no s6 ... mas também” (Il. 7-8) tem um valor de (A) comparacao. (B) causa. (C) adigao. (D) oposigao. 6. _Indique a fungao sintética do pronome pessoal “nos” na a) linha 8, b) linha 30, Indique o valor da oragao “que a conservacao do construido ou das tradigées” (I. 19-20). Grupo il Aum Poeta “U que dormes, espirito sereno, Posto a sombra dos cedros seculares, ‘Como um levita a sombra dos altares, Longe da luta e do fragor terreno. 5 Acorda! E tempo! O sol, ja alto @ pleno Afugentou as larvas tumulares... Para sutgir do seio desses mares Um mundo novo espera s6 um aceno... Escuta! E a grande voz das multidées! 10 So teus irmaos, que se erguem! Sao cangées... Mas de guerra... e S80 vozes de rebate! Ergue-te, pois, soldado do Futuro, E dos raios de luz do sonho puro, Sonhador, faze espada de combate! Fernando Pessoa, Mensagem » Outros Poemas sobre Portugal, Lisboa: Assit & Alvin, 2016, p 8 Num texto de opinio bem estruturado, com um minimo de duzentas e um maxime de trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre os diferentes papéis que a arte ¢ 0 artista podem desempenhar na sociedade, No seu texto: + explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significative; * utilize um discurso valorativo (juizo de valor explicito ou implicito) 437 4 Grupo! Parte A Apresente as suas respostas de forma bem estruturada. o texto, Andam lentamente, mais do que se pode, como quem luta sem forgas contra 0 vento, ou como quem caminha, também pode ser, pesada, espessa, agua de mar. Mas nao ha 4gua nem vento, 86 calor, na longa rua por onde George volta a pas- sar depois de mais de vinte anos, calor e também aquela aragem macia e como 5 que redonda de forno aberto, que talvez venha do sul ou de qualquer outro ponto ‘cardeal ou colateral, perdeu a bussola ndo sabe onde nem quando, perdeu tanta coisa sem ser a bissola. Perdeu ou abandonou, Caminham pois lentamente, George ¢ a outra cujo nome quase quis esquecer, quase eequecau. Trazem ambos vestidos claros, amplos, e a aragam ampurra-os 10 ao de leve, um deles para o lado esquerdo de quem vai, 0 outro para o lado direito de quem vem, ambos na mesma diregao, naturalmente. O rosto da jovem que se aproxima vago e sem contornos, uma pincelada clara, e quando os tiver ele ser 0 rosto de uma fotografia que tem corrido mundo no fundo de uma mala qualquer, que tem morado no fundo de muitas gavetas, 0 15 Unico leliche de George. As suas feigdes ainda sdo incertas, salpicando a mancha pallida, como acontece cum u rosto das pessoas mortas. Mas, tal como esas pessoas, tem, val ter uma voz muito real e viva, uma voz que a cal e as pas da terra e a pedra © 0 tempo, e ainda a distancia e a confusao da vida de George nao prejudicaram. Quando falar no criaré espanto, num simples mal-estar. 20 Agora estéio mais perio e ela encontra, ainda sem os ver, dois olhos largos, semicerrados, uma boca fina, cabelos escuros, lisos, sobre um pescogo alto de Modigliani. Mas nesse tempo, dantes, nao sabia quem era Modigliani, ndo eram artistas 14 em casa, os pais tinham sido condenados pelas instdincias eupremas & quase ignordncia, gente ce trabalho, diziam como se 0s outros nao trabalhassem, 25 @ sorriam um pouco com a superioridade dessa mesma ignorancia se a ouviam falar de um livro, de um filme, de um quadro nem pensar, o Unico que tinham visto talvez fosse a estampa de Angelus que estava na casa de jantar. Com superiori- dade, pois, e também com uma certa indignacao. Ou seria mesmo vergonha? ‘Como quem ouve um fil atrasado dizer inépcias diante de toda a gente de fora 80 que depois, Senhor, pode ir contar ao mundo © que ouviu. E rir. Eri Maria Jute ce Carvalho, Seta Despedida, Lisboa: Europa-América, 1995, pp. 115-116. 1. Identifique, no excerto, marcas que apontam para uma ago recordada. 2. Explique a presenga no texto de vocabulério relacionado com a pintura, no contexto em que se insere. 3. Indique duas estratégias ciscursivas que marcam a passagem do tempo, justificando com expresses comprovativas. 4. Selecione no excerto duas sequéncias textuals diferentes e explicite o que as distingue. Parte B Duas igrejas, num saudoso largo, | Langam a nédoa negra e fiinebre do clero: Nelas esfumo um ermo inquisidor severo, Assim que pela Historia eu me aventuro e alargo. 5 Na parte que abateu no terremoto, | Muram-me as construgées retas, iguais, crescidas; Atrontam-me, no resto, as ingremes subidas, E os sinos dum tanger monastico e devoto. | Mas, num recinto publico e vulgar, 19 Com bancos de namoro e exiguas pimenteiras, Brénzeo, monumental, de proporgdes guerreiras, Um épico doutrora ascende, num pilar! E eu sonho 0 Célera, imagino a Febre, Nesta acumulagao de corpos enfezados; ‘Sombrios ¢ espectrais recolhem os soldados; Inflama-se um palacio em face de um casebre. Partem patrulhas de cavalaria Dos arcos dos quartéis que foram ja conventos: Idade Média! A pé, outras, a passos lentos, 20 Derramam-se por toda a capital, que esfria Cesitio Verda, Canticos do Realism e Outros Poemas, ad, Teresa Sobral da Cunha, Lisboa: Relégio o' Agua, 2008, p. 134, 5. Demonstre como a deserigéo da cidade contribui para 0 contraste entre o tempo pas- sado e o presente. Explicite a intengdo critica do sujeito poético, fundamentado o seu ponto de vista. 439 Parte C 7. Areflexao sobre a vida pessoal é um dos temas que atravessa a literatura portuguesa. Escreva uma exposigao (180-170 palavras) na qual exponha a forma como 6 abordado este tema nos poemas das Rimas de Luis de Camées. A sua exposigéo deve incluir + uma introdugao ao tema; + um desenvolvimento no qual explicite a forma como é desenvolvido o tema nas dife- rentes vertentes da lirica camoniana, fundamentando as caracteristicas apresentadas ‘em, pelo menos, um exemplo; * uma conclusao adequada ao desenvolvimento do tema, Grupo I Nas respostas aos itens de escolha miltipla, selecione a op¢ao correta, Escreva, na folha de respostas, 0 ntimero do item e a letra que identifica a opgao escolhida. Leia 0 texto, O TGV da Inteligéncia Artificial, sem travéo nem destino (1 Na Inteligéncia Artificial é dificil separar o trigo do joio A atual vanguarda tecnocientifica apresenta-se como um tridngulo formado pela Inteligéncia Artificial, a biotecnologia e nanotecnologia. Cada um destes vertices, vistos separadamente, apresenta prodigiosas promessas e gigantes- cas ameagas. Contudo, o futuro aponta para a sua convergéncia, até & plena 5 fusdo, num processo dominado pela 1A, por “maquinas” que simulam exponen- cialmente a inteligéncia humana, por programas (software) que tazem as suas atualizagdes com autonomia. E isso parece emudecer até os mais desabridos entusiastas do incondicional otimismo tecnolégico. ‘Chamo a atengéio do leitor para esta raridade: quatro das personalidades mais brilhantes da vertigem tecnocientifica em que desde a modernidade embarca- mos, primeiro na Europa e agora no planeta inteiro, convergem num profundo Ceticismo em relagao aos perigos existenciais para a humanidade representados pelo crescimento exponencial da 1A: 0 falecido fisico Stephen Hawking, o empre~ sério visionario, Elon Musk, 0 filésofo e adepto do transumanismo, Nick Bostrom, eo historiador e autor de best-sellers, Yuval Noah Harari. Seria irénico, se nao fosse tragico, verificar a coincidéncia destas preocupagées com 0 teor dos oracu- lares murmirios de Martin Heidegger, quando confessou & revista Der Spiegel, Provasmodele de exame em entrevista publicada postumamente em maio de 1976, que perante os riscos da técnica “apenas um deus nos pode salvar" [...] 2 Controlar a 1A significa que a desenvolveriamos apenas no quadro dos seus beneficios, que jé todos usufruimos nos nossos teleméveis, na encomenda dos livros ou na busea do methor prego para viajar, no apoio acs atos médicos, entre outros campos. Repare-se que mesmo os “impactos benéficos” implicam um pro- blema para o qual nao existe nenhuma soluedo politica hoje. Por exemplo: como % absorver as dezenas de milhdes de desempregados que vao ser geradcs pela substituigao de pessoas por algoritmos e robés inteligentes? Mas aquilo que, como bem escreve Harari no seu ultimo livro, nos ceveria preocupar ainda mais é 0 risco de passarmos de criadores da IA a seus escravos: “Perder 0 controlo sobre as nossas préprias vidas, no entanto, é um cendrio muito 30 mais assustador. Apesar do perigo do desemprego em massa, 0 que nos deve preocupar ainda mais 6 a mudanga da autoridade dos humanos para os algorit- mos, 0 que pode destruir qualquer 16 temanescente na historia liberal e abrir caminho para 0 surgimento de ditaduras digitais’ A resposta que me parece mais proxima da verdade a de reconhecermos, humildemente, que nao temos qual- %5 quer meio disponivel, neste momento, para travar ou modelar a marcha da IA rumo & realizago de todos os seus possiveis tecnoldgicos, incluindo aqueles que se nos poderdo revelar como funestos @ existencialmente ameacadores. Viriato Soromenho-Marques, Jomal de Letras, 21 do novembre a 4 de dezembro de 2018, p31. O titulo do texto (A) personifica a Inteligénoia Artificial. (B) salienta metaforicamente a falta de controlo da Inteligéncia Artificial. (C) compara a Inteligéncia Artificial a um campo agricola. (0) valoriza a emergéncia da Inteligéncia Artificial 2. Nocontexto em que surge, 0 vocabulo “desabridos’ (17) significa (A) violentos. (6) destacados. (C) famosos (0) desunidos. Quanto ao processo de formagaio a expressao “IA’ (I. 5) € (A) um empréstimo, (B) uma amaigama, (C) acrénimo. (0) uma sigia 4. Atrase “apenas um deus nos pode salvar” (\I. 18-19) exprime (A) ¢ modalidade epistémica com valor de probabilidade. (B) 4 modalidade de6ntica com valor de permissao. (C) a modalidade deéntica com valor de obrigagao. (D) a modalidade epistémica com valor de certeza, 5. O vocabulo destacado em "Cada um destes vértices” (|, 2) assegura a (A) coesao referencial. (B) coesao lexical. (C) coesao frasica. {D) coesao intertrasica, 6. _Identifique a classe gramatical do vocabulo “se” a) na linha 15, b) na linha 36. 7. Divida e classifique es oragSes subordinadas da seguinte frase: “Controlar a IA significa que a desenvolverianos apenas no quadro dos seus beneficios, que jé todos usufrul- ‘mos nos nossos teleméveis, na encomenda dos livros ou na busca do melhor prego para viajar, no apoio aos atos médicos, entre outros campos.” (lI. 20-23) Grupo Ill Na atualidade, a popularidade parece determinante para a afirmagao dos jovens. Numa exposigao bem estruturada, com um minimo de duzentas palavras e um maximo de trezentas e cinquenta palavras, explique de que modo a procura da popularidade influencia os comportamentos dos jovens na atualidade. No seu texto: + explicte, de forma clara e pertinente, o tema, fundamentando as suas ideias com dois exemplos significativos; * redija um texto de cardter demonstralivo conciso e objetivo, a2. Provas-modele de eam, 5 Grupo! Parte A Apresente as suas respostas de forma bem estruturada. Leia o texto. Entre as duas e as trés ‘Queria falar do que nao tem concerto: as letras desenhadas e compostas ‘com que confundo 0 espago do papel. @ angUstia compassada no contar § ea subita alegria de ser eu penosamente, as duas da manha Queria escrever do que nao tem lugar: a branoa, doce e sonolenta estrada onde espagadas as palavras crescem, 10 suavizadas pelo lento sono que devagar percorre as coisas todas Penosamente, as duas da manha Queria dizer do que nao tem conserto: u seja, eu; ou seja, o papel branco 15 sombrio, agora por jé ser demais. as letras excedentes @ sonoras desmembrando 0 siléncio e a noite toda penosamente, as duas da manh& S6 entéo falarei do que ficou: 2) compassada alegria desenhada ‘na angUistia de dizer sem me contar, © papel confundido de impotente © todavia prontas as palavras. Quase as trés da manha, Penosamente. ‘Ana Lulsa Amaral, Coisas de Parti, Coimbra: Fora do Texto, 1993, p. 37 1. _ Este poema const:ui-se como uma “arte postica’ Justifique a angustia do suleito poé- tico, evidenciada na primeira estrofe. 443 Na segunda estrofe, o sujeito atravessa “a branca, doce e sonolenta estrada’ Identifique 0s recursos expressivos presentes no verso transcrito e explicite a sua expressividade. 3. Relacione as palavras homéfonas “concerto” (v. 1) e “conserto” (v. 13) com o fazer poé- tico, justificando. |. Interprete o facto de o fazer poético ocorrer durante a noite e fundamente a sua perspetiva. Leia 0 texto, Parte B ACORDANDO Em sonho, as vezes, se 0 sonhar quebranta Este meu véo sofrer, esta agonia, Como sobe cantando a cotovia, Para o eéu a minh’ alma sobe e canta. Canta a luz, a alvorada, a estrela santa, Que ao mundo traz pledosa mais um dia... Canta 0 enlevo das coisas, @ alegria Que as penetra de amor e as alevanta. Mas, de repente, um vento hiimido e fr Sopra sobre o meu sonho: um calatrio Me acorda. - A noite é negra e muda: a dor CA vela, como dantes, a mau lado. (Os meus cantos de luz, anjo adcrado, ‘So sonho 96, sonho © meu amor! ‘Antero de Quertal, Sanetos, Lisboa: IN-CM, 2002, p.75. 5. _ Explique o valor expressivo do titulo do poema e fundamente a sua resposta. 6. — Explicite de que modo, neste soneto, se confrontam o real e 0 ideal. Parte C A poesia portuguesa versa varios temas que, numa perspetiva intertextual, encontra- mos em textos de diferentes momentos da literatura portuguesa. Escreva uma exposigao (130-170 palavras) na qual apresente dois temas que atraves- sam a poesia lirica desde a época medioval até aoc pootas contempordneos. A sua exposigao deve incluir: * uma introdugao ao tema; * um desenvolvimento no qual explicite a presenga de dois temas em momentos diacro- nicamente diferentes, fundamentando as caracteristicas apresentadas em pelo menos dois momentos significativos; ‘* uma conclusio adequada ao desenvolvimento do tema. Grupo Il Nas respostas aos itens de escolha mtitipla, selecione a op¢ao correta. Escreva, na folha de respostas, o niimero do item e a letra que identifica a opgao escolhida. Leia o texto. A literatura portuguesa: vozes, tempos e espacos Nesta intervengiio, dou atengo a épocas, a nomes e a textos que, a meu ver, merecem ser evidenciados. Parto, para isso, de motivos e de temas que regular mente se tém manifestado, ao longo da nossa longa e desigual histéria literaria, Por exemplo’ ‘A viagem e 0 conhecimento do mundo. Num espago que frequentemente viveu a consciéncia da sua condigao periférica, a viagem € motivo literdrio de conhecimento de outros espagos e de outras gentes. Camdes @ Ferndo Mendes Pinto, Almeida Garrett, Ega de Queirés e Raul Brando, Ferreira de Castro e José Saramago viveram a viagem como motivo de produgdo literdria e pensaram o 19 pais de onde partiram ou por onde viajaram. A dialética entre a margem e o centro que, para os portugueses, quase ‘sempre foi a Europa. De novo Garratt é aqui tuma referéncia inevitavel, mas tam- bém o sfio Cesério Verde, Anténio Nobre e ainda José Saramago, que acrescenta © iberismo aquela dialética, tal como, antes dele o fizeram Antero, Fernando Pes- 15 soa e Miguel Torga. © sentimento amoroso e a representagao lirica. Desde o rei D. Diris até David Mouréio-Ferreira, Eugénio de Andrade ou Maria Teresa Horta, passando por Bernardim Ribeiro, pelo Camées lirica, por Camilo Castelo Branco, por Florbela 445 Espanca ou por Jorge de Sena, a temética amorosa 6 quase uma constante na 2 produgaéo literdria portuguesa, em especial na poesia. Os costumes, as mentalidades e a representago social. Em rogictos divor 808, a literatura portuguesa enfrentou e enfrenta os poderes e as instituicbes domi- nantes. Foi e é assim no teatro vicentino, na poesia de Sa de Miranda, de Bocage e de Guerra Junqueiro, nos romances de Julio Dinis, de E¢a de Queirés, de 2 fino Nemésio, de Aquilino Ribeiro e de Cardoso Pires, na ficcao finissecular de Lidia Jorge, de Maria Velho da Costa, de Mario de Carvalho e de Lobo Antunes A identidade e a meméria histérica. Regularmente, a literatura tem sido ‘interpretagao de Portugal’ na expressao de Eduardo Lourenco. Lembremo-nos da nossa epopeia canénica, mas também do romance de Herculano, do teatro 50 garrettiano @ do Fernando Pessoa da Mensagem, tal como da Gerago de 70 (em particular Ega de Queirés). Daqueles e, mais perto de nés, de Pascoaes, de Agus- tina Bessa Luis, de Natalia Correia e de Almeida Faria. Nao se esgota, obviamente, nos nomes que mencionei aquilo a que chamo a digressao pelos tempos mais significativos da histéria literéria portuguesa. Nela 55 esta implicito um movimento diacrénico que n&o pretendo causalista nem tinalistico, mas antes diferenciado por tendéncias tematicas, por derivas periodolégicas e por géneros literarios dominantes. A viagem que assim transcorre nao pode fazer-se sem darmos atencao ao idioma em que ela se plasma, um idioma que foi sendo moldado pelas vozes literarias que ao longo de cito séculos tems escutado. to Carlos Reis, Joma! de Letras, 21 de novembro a 4 de dezembro de 2018, .21 Em termos de género, o texto ¢ (A) um artigo de opiniao, no qual o autor expressa a sua opiniao sobre o papel de Por- ‘ugal na literatura portuguesa. (8) um artigo de opiniao sobre temas que atravessam a literatura portuguesa (C) um discurso politico sobre a importancia da arte (0) uma exposigao sobre os principais autores portugueses. C titulo do texto (A) estabelece uma relagao de oposigao com o contetido. (8) enfatiza a importancia da literatura portuguesa. (C) sintetiza os principais aspetos abordados no texto. (0) salienta o percurso sincrénico da literatura portuguesa. No contexto em que ocorre, 0 vocébulo sublinhado em ‘A viagem que assim transcorre nao pode fazer-se sem darmos atengao ao idioma em que ela se plasma” (|. 38) significa (A) modelar. (8) traduzir. {C) identifcar. (0) reconhecer. 4. Ao longo do texto, as frases destacadas A) identificam os aspetos menos pertinentes para o orador. {B) delimitam as citagSes com sentido figurado mais importantes na hist6ria da literatura portuguesa, (C) marcam titulos de obras portuguesas importantes para o autor. (D) constituem os motives que atravessam diacronicamente a literatura portuguesa, na perspetiva do autor. 5. Os pronomes relatives das inhas 11 € 33, desempenham fungées sintaticas de (A) complemento direto nos dois casos. (B) complemento direto e sujeito, respetivamente. (C) sujeito nos dois casos. (0) sujeito e complement cireto, respetivamente. 6. _Identifique as fungdes sintdticas desempenhadas pelas expressdes: a) “de Eduardo Lourengo” (1,28). b) "pelas vozes literarias” (1.39). Indique 0 valor da oragao subordinada adjetiva relativa: “que ao longo de oito séculos temos escutado” (I. 39), Grupo il bel Eles nao sabem, nem sonham, que 0 sonho comanda a vida, Que sempre que um homem sonha © mundo pula @ avanga como bola colorida entre as m&os de uma crianga. Anténio Gededo, Obra Completa, Lisboa: Relégo O' Aqua, 2004, p. 27 Num texto de opinido bem estruturado, com um minimo de duzentas e um maximo de trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a importancia do sonho na vida do Home. No seu texto: + explicite, de forma clara e pertinente, 0 seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo; ‘utilize um discurso valorativo (Juizo de valor explicito ou implicito). a7

Você também pode gostar