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DA
MENSAGEM DO GRAAL
DE
ABDRUSHIN
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Volume I.
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A sabedoria
de Deus governa o Universo!
Lutai, criaturas humanas,
para pressentir no reconhecimento
a sua grandeza!
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1. A Palavra Sagrada
Sagrada é a Palavra! Tão sagrada, que eu sinto vontade de retirá-la da humanidade terrena,
porque lhe falta toda a noção, sim, até mesmo um pressentimento da grandeza dessa Palavra!
Sinto-me impelido a ocultar a Palavra, de modo a protegê-la, para que jamais entre em contato
com a presunção injuriosa ou com a indiferença dessas almas humanas que, em sua preguiça
espiritual, se tornaram tão incrivelmente restritas e, assim, desprovidas de saber.
Que sabem elas ainda a respeito da santidade! Da santidade de Deus e também de Sua
Palavra! É deplorável! Poderia se desesperar e desanimar diante desse reconhecer. Sinto-me
impelido a escolher apenas alguns dentre todos os seres humanos, dez ou vinte apenas, aos
quais continuaria anunciando ainda a Palavra, embora esses poucos, também, não chegariam
à noção da verdadeira santidade e, dessa maneira, nem mesmo a uma sintonização correta
com a grandeza e o valor de minha Palavra!
Dar a Palavra Sagrada a estes seres humanos é para mim o mais difícil que tenho que
cumprir.
O que isso significa, o que jaz nestas palavras, isso vós novamente não podeis abranger!
Assim encontro-me perante vós, ciente de que também os melhores dentre vós aqui na Terra
jamais me compreenderão acertadamente, nem assimilarão a décima parte do que lhes é dado
com minha Palavra. Vós a ouvis e a tendes em mãos, contudo não utilizais seu valor para vós!
Vejo como passam despercebidos os altos valores e indizíveis forças, enquanto, por outro lado,
vos utilizais de coisas que, em relação à Palavra em vosso poder, não podem ser consideradas
nem como o mais ínfimo grão de pó.
Com esse saber encontro-me diante de vós. Cada vez resistindo espiritualmente, dou-vos
acesso às elevadas solenidades do Graal, cujo significado, cuja severidade e força mais pura,
porém, vós nunca compreendereis. Muitos nem mesmo se esforçam sinceramente para ao
menos imaginar o sentido de modo certo! Além disso, os elevados atos do Selamento e da
Santa Ceia! O Selamento! Vós vos jogaríeis tremendo no chão, se pudésseis reconhecer, ver
conscientemente uma ínfima parte da incomensurável vivacidade nesses atos!
Bem que nisso um intuir desconhecido, bem-aventurado comove alguma alma humana,
que deixa pressentir a força da Luz vinda da proximidade de Deus. No entanto, rapidamente
tudo isso se apaga novamente com a afluência das pequenas preocupações cotidianas,
alegrias cotidianas e prazeres.
Somente quando a alma humana penetrar no reino da matéria fina então é que vai, aos
poucos, adquirindo um novo reconhecimento de tudo aquilo que pôde co-vivenciar aqui na
Terra.
Apesar de que isso seja também apenas uma sombra da pujante grandeza do verdadeiro
acontecimento, é suficiente para abalar do modo mais profundo cada alma humana! Mal pode
crer que lhe foi permitido vivenciar tudo aquilo, tal é a graça de Deus que aí se manifesta a ela.
Preenchida disso, ela gostaria de sacudir, abalar esses seres humanos terrenos, a fim de que
rompam sua superficialidade e se esforcem para intuir, já agora, essas graças, mais
intensamente do que até então.
Inútil esforço, porém! O ser humano terreno, por si próprio, tornou-se embotado demais
para isso. Tornou-se incapaz por haver envidado os mais assíduos esforços em seus caminhos
falsos. Cada alma, despertada no reino da matéria fina, afasta-se por isso novamente, com o
coração a sangrar e com profundos remorsos, sabendo que ela própria não foi diferente aqui
na Terra, e por certo também não poderá esperar mais dos que ainda se encontram aqui na
Terra.
Assim também tudo agora se opõe em mim, ao pensar que tenho de deixar divulgar esta
sagrada Mensagem através de meus discípulos, pois eu sei que nem um único entre os seres
humanos jamais saberá realmente o que recebe com isso, quão imensa e elevada graça de
Deus reside no fato de lhes ser permitido ouvir essa Mensagem! A essa ignorância, a essa
indiferença, a esse querer saber melhor de tais seres humanos, devo mandar oferecer algo
que, em pureza, vem dos degraus do trono de Deus! Custa-me uma luta, custa-me grande
esforço! A cada hora novamente!
Uma coisa, porém, me consola nisso! É satisfação em cada escárnio, cada zombaria, cada
observação depreciativa ou cada sinal de impassibilidade indolente dos seres humanos: o meu
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saber que cada um desses seres humanos, pelo seu atuar e pensar, se julga na Palavra, cuja
grandeza ele não quer ver, pela qual ainda passa desatento. Me é consolo saber, que o ser
humano com cada palavra que pronuncia sobre a minha Mensagem, se dá, ele próprio, a sua
sentença, que traz em si destruição ou vida para ele!
Este saber me deixa suportar tudo, superar tudo! Nenhuma alma poderá agora fugir dele.
Como tal espada julgadora lanço agora a Palavra para vós nos cumprimentos do Juízo Final!
Isso faz a tristeza se desprender de mim! Que os seres humanos a repudiem, o quanto
quiserem, eles se ferem somente a si próprios, que escarneiem, zombem ou meneiem a
cabeça... tudo atingirá eles próprios na mais rápida reciprocidade!
Anos se passaram, quando pela primeira vez senti horror, ao observar os espíritos
humanos e ver a minha conclusão sobre o destino que lhes está reservado de acordo com a lei
primordial da Criação.
Senti horror, porque vi que era impossível auxiliar os seres humanos ainda de outra forma,
a não ser mostrando-lhes aquele caminho que eles têm de seguir, para escaparem à
destruição.
Isso deixou-me indizivelmente triste, pois do atual estado da humanidade só poderá
resultar um fim: A certeza de que a maior parte de toda a humanidade terá de perecer
incondicionalmente, enquanto lhe for deixada a livre resolução para cada decisão!
O livre-arbítrio da resolução, porém, segundo as leis da Criação, nunca poderá ser retirado
do espírito humano! Isso reside na espécie do espírito! E por causa disso, isto é, por si
próprias, as grandes massas então sucumbirão no presente Juízo!
Cada resolução individual do ser humano traça-lhe os caminhos que terá de percorrer na
Criação e também aqui na Terra. As pequenas coisas da sua profissão e da necessária vida
cotidiana constituem nisso apenas coisas secundárias, que resultam muitas vezes ainda de
conclusões de remotas resoluções voluntárias. Contudo, somente a resolução é livre para um
espírito humano! Com essa resolução, começa a atuar a alavanca automática que provoca a
efetivação das leis de Deus na Criação, de acordo com a espécie da resolução! Assim é o livre-
arbítrio de que dispõe o espírito humano! Ele reside somente na liberdade incondicional da
resolução. A resolução espiritual, porém, desencadeia imediatamente na Criação uma até
então misteriosa e automática atuação que, sem que o espírito humano saiba, desenvolve
ainda mais a espécie do querer inerente à resolução, até a maturação, levando com isso a um
resgate final, que algum dia subitamente se apresenta, de acordo com a força da resolução
primitiva e a nutrição que tal espécie ainda recebeu através da espécie igual durante o seu
percurso na Criação.
O ser humano tem então de arcar com os efeitos de cada uma de suas resoluções. Isso
ele não poderá e não deverá sentir como injusto, pois no derradeiro efeito encontra-se sempre
apenas o que estava inserido na resolução. Contudo, no efeito final é atingido sempre
exclusivamente o autor da resolução, ainda que essa tenha sido destinada a outrem. Muitas
vezes, por ocasião de um efeito final, a resolução original já fora esquecida há muito tempo
pelo seu autor; seu querer e suas resoluções nessa época poderão ser talvez já
completamente diferentes, até mesmo contrárias às primitivas, mas as conseqüências das
resoluções de outrora, mesmo sem o seu conhecimento, seguem imutavelmente seu curso
automático até o fim, de acordo com a lei.
O ser humano encontra-se sempre no meio das conseqüências de todas as suas
resoluções, muitas das quais ele nem mais conhece e nas quais não mais pensa; sente então,
por essa razão, freqüentemente como injustiça, quando uma ou outra coisa, inesperadamente,
o atinge como derradeiro efeito. Quanto a isso, porém, pode ficar tranqüilo. Nada o atingirá,
senão aquilo para o que ele mesmo, um dia, tenha dado o motivo; aquilo que ele mesmo,
alguma vez, por qualquer resolução, tenha criado, literalmente; portanto, que tenha “posto” na
Criação para efetivar-se de acordo com as leis! Seja isso através do pensar, falar ou atuar!
Para tanto, ele movimentou a alavanca. Para tudo é necessário, originalmente, o seu querer, e
cada querer é uma resolução!
Entretanto, por desconhecimento das leis da Criação, os seres humanos sempre gritam
com relação à injustiça e perguntam onde estaria o tão afamado livre-arbítrio do ser humano!
Eruditos escrevem e falam sobre isso, enquanto, na realidade, tudo é tão simples! Em qualquer
hipótese, um livre-arbítrio só pode existir na capacidade de livre resolução, nunca
diferentemente. E esta é e sempre será mantida ao espírito humano na Criação para o seu
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caminho. Com isso ele sempre se esquece de um fato importante ou o omite: que apesar de
tudo ele é e permanecerá somente uma criatura, um fruto desta Criação posterior, que surgiu
de suas leis eternas e imutáveis e por isso também jamais poderá desviar-se dessas leis ou
desprezá-las! Elas se efetivam, queira ou não queira, goste ou não goste. Nisso ele é um nada,
é como uma criança que, passeando sozinha, pode enveredar por seus caminhos, de acordo
com a sua vontade, ficando, porém, depois, sujeita à espécie do caminho, não importando se é
fácil ou difícil de percorrer, se conduz a um alvo belo ou a um abismo.
Com cada nova resolução de uma pessoa surge, portanto, um novo caminho e, com isso,
um novo fio no tapete do seu destino. Os caminhos velhos, porém, que até então ainda não
foram solvidos, continuam, apesar disso, à frente dos mais novos, até que sejam
completamente percorridos. Estes, portanto, com um novo caminho, ainda não estão cortados,
mas sim têm de ser vivenciados e percorridos até o fim. Aí cruzam-se também, às vezes,
velhos com novos caminhos, resultando, com isso, novos rumos.
Tudo isso o ser humano terá de desamarrar pela vivência e aí se admira muitas vezes de
como lhe pode advir isto ou aquilo, porque não ficou consciente de suas resoluções anteriores,
ficando, no entanto, sujeito às respectivas conseqüências, até que tenham se exaurido e, com
isso, “extinguido”! Não é possível eliminá-las do mundo por outra forma, a não ser pelo próprio
gerador. Ele não poderá se desviar delas, uma vez que permanecem firmemente ancoradas
nele até a completa liquidação.
É necessário, pois, que todas as conseqüências de cada uma das resoluções alcancem
sua liquidação até o fim, só então desprendem-se de seu gerador, deixando de existir. Mas se
os fios de novas e boas resoluções cruzarem com outros ainda pendentes, de antigas e más
resoluções, os efeitos dessas conseqüências antigas e más serão, pelo cruzamento com as
novas e boas, correspondentemente enfraquecidos e poderão até, caso essas novas e boas
resoluções sejam muito fortes, ser completamente dissolvidos, de forma que as conseqüências
más sejam apenas simbolicamente resgatadas na matéria grosseira. Também isto está
totalmente de acordo com a lei, segundo a vontade de Deus na Criação.
Tudo atua vivamente na Criação, sem que o ser humano jamais consiga alterar algo nisso,
pois é uma atuação em redor e por cima dele. Dessa forma ele se encontra dentro e sob a lei
da Criação.
Em minha Mensagem encontrareis o caminho para chegar, com segurança, às alturas
luminosas, através do labirinto das conseqüências de vossas resoluções!
Um grave obstáculo, contudo, se vos antepõe no caminho! É o obstáculo que me infundiu
o horror: eis por que vós próprios tendes de realizar tudo isso, cada um sozinho, por si próprio.
Essa condição reside na conformidade da lei de vosso livre-arbítrio de resolução e na
conseqüente e automática atuação dos acontecimentos na Criação e em vós próprios!
O querer na resolução forma um caminho que, conforme a espécie do querer, conduz para
cima ou para baixo. O querer humano na atualidade, porém, vos conduz predominantemente
só para baixo, e com a descida, que vós próprios nem podeis perceber, diminui e se restringe,
paralelamente, a capacidade de vossa compreensão. Os limites da compreensão, isto é, de
vosso horizonte, tornam-se dessa forma mais restritos, e por esse motivo imaginais estar ainda
nas alturas, como antes, pois esse limite, realmente, é para vós também a respectiva altura
final! Não podeis alcançar um limite mais amplo, não podeis compreender o que está acima de
vosso próprio limite, e recusais tudo isso, meneando a cabeça ou mesmo exaltando-se, como
sendo falso ou até inexistente.
Por isso também não abandonais vossos erros tão facilmente! Vós bem os observais em
outros, mas não em vós. Por mais que eu vos esclareça esse fato, não o relacionais convosco.
Acreditais em tudo quanto digo, enquanto se referir aos outros. No entanto, o que tenho a
censurar em vós, e o que tantas vezes me desespera, isso não podeis compreender, pois para
isso todos os limites em volta do querido “eu” já se tornaram demasiadamente estreitos! Eis o
ponto onde ocorre tanto fracasso e onde não vos posso auxiliar, pois vós próprios tendes de
romper esses limites, de dentro para fora, com a incondicional fé na missão que eu tenho que
cumprir.
E isso não é tão fácil como imaginais. Com fisionomia preocupada vos encontrais muitas
vezes perante mim, com amor no coração para a grande missão, e por isso entristecidos com
relação a todos aqueles que não querem ou que não podem reconhecer seus erros, e eu, eu
sei que muitos desses erros que censurais severamente nos outros, e por cujas ações vos
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desesperais, estão ancorados em muito maior grau em vós próprios. Isso é o mais terrível de
tudo! E isso está ancorado também no livre-arbítrio da resolução, que tem de ficar convosco,
por estar ancorado no espiritual. Eu até posso vos rejeitar ou aprovar, posso vos elevar ou
derrubar pela força da Luz, dependendo de como vós próprios o quereis sinceramente, porém,
nunca poderei forçar alguém a enveredar por um caminho em direção às alturas luminosas!
Isso está nas próprias mãos de cada ser humano, unicamente.
Por isso mostro, advertindo, mais uma vez este processo: com cada passo em direção
para baixo, estreitam-se cada vez mais os limites de vossa capacidade de compreensão, sem
que isso chegue a vossa consciência! Por essa razão também nunca acreditaríeis, se eu vos
dissesse, porque não podeis compreender e devido a isso também não posso auxiliar lá onde
não surja uma nova, grande e espontânea resolução nesse sentido, vinda pelo anseio ou pela
fé.
Lá, unicamente, posso conceder a força para a vitória! A vitória sobre vós mesmos, com o
que os muros e os estreitos limites serão rapidamente rompidos pelo espírito redivivo que quer
elevar-se às alturas. Eu vos mostro o caminho e, havendo um querer verdadeiro, dou-vos
também a força necessária para isso. Dessa maneira posso auxiliar onde existir legítimo
querer, legítimo pedir.
Novamente, todavia, se depara ao ser humano um impedimento no caminho. Consiste em
que a força só lhe poderá trazer proveito, quando ele não só a assimilar, mas sim a utilizar de
maneira certa! Ele próprio tem de utilizá-la de modo certo, não permitindo que nele permaneça
inativa, senão essa força se afasta dele novamente, retornando ao ponto de partida. Assim,
surge um impedimento após outro, quando o ser humano não quer sinceramente com toda a
força! Bem poucos são capazes de vencer esses impedimentos. A humanidade já se tornou
preguiçosa demais, espiritualmente, ao passo que uma ascensão só poderá ser alcançada com
contínua atividade e vigilância!
Este acontecimento é natural, simples e grandioso. Nele está ancorada justiça,
maravilhosamente perfeita, a qual agora também desencadeia o Juízo.
Nisso, porém, é impossível a um espírito humano poder ser salvo sem humildade! Em
oposição à verdadeira humildade encontra-se, impedindo o caminho, sua presunção de saber.
A presunção de um saber que não é saber algum, pois em relação às aptidões, dentre todas as
criaturas desta Criação posterior, é de se qualificar o ser humano, na realidade, como a mais
bronca, por ser ele demasiado presunçoso para aceitar algo com humildade.
Sobre isso não há o que discutir, pois é assim de fato. O ser humano, porém, não
reconhece isso, não quer acreditar, conseqüência também de sua ilimitada presunção, a qual é
sempre produto certo da estupidez. Só a estupidez gera presunção, pois onde existe
verdadeiro saber não há lugar para presunção. Esta só pode se originar dentro dos limites
estreitos de uma imaginação inferior, em nenhuma outra parte.
Onde começa o saber, cessa a presunção. Como a maioria da humanidade hoje vive
somente na presunção, não existe saber.
O ser humano perdeu totalmente a noção do verdadeiro saber! Não sabe mais o que é
saber! Não é sem razão que o conhecido dito popular é considerado como sabedoria: “Quanto
maior o saber de um ser humano, mais se convence ele de que nada sabe!”
Nisso reside verdade! Se, porém, um ser humano chegou a esta convicção, então se
extingue nele a presunção, e a recepção do verdadeiro saber pode começar.
Todo o aprendizado adquirido por meio de estudos nada tem que ver com saber! Um
estudioso diligente poderá tornar-se um cientista ; está, porém, ainda longe de poder ser
designado sábio. Por isso também é falsa a expressão ciência, assim como hoje ainda é
utilizada. Justamente o ser humano atual pode falar de erudição, não porém de saber! O que
ele aprende nas Universidades é exclusivamente erudição, como progressão e coroação do
que aprendeu! É coisa adquirida, não algo próprio! Somente o que é próprio, porém, é saber!
Saber só pode se originar pela vivência, não pelos estudos!
Assim, na minha Mensagem, indico somente o caminho, a fim de que o ser humano que o
percorre chegue a obter vivências, que lhe proporcionem o saber. O ser humano precisa
primeiro “vivenciar” a Criação, se ele quiser realmente saber dela. A possibilidade para a
vivência dou-lhe através de meu saber, já que eu próprio vivencio continuamente a Criação!
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Teremos, portanto, no futuro, eruditos e sábios. Os eruditos podem e devem aprender com
os sábios!
A presunção não existirá mais no novo Reino, na geração vindoura! Ela é o maior
obstáculo para a ascensão, empurra milhares de seres humanos, que não querem ou não
podem deixar dela, agora para a destruição! No entanto, é bom assim; pois com isso a Criação
será purificada das criaturas imprestáveis, que dos outros somente tiram espaço e alimento e
que ocupam o espaço, sem produzir o mínimo proveito. Haverá, então, ar fresco para os
espíritos humanos úteis!
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2. No país da penumbra
Deixa-te guiar, alma humana, um passo para dentro do reino da matéria fina! Percorramos o
país das sombras, sem parada, pois dele já falei. É aquele país onde têm de permanecer os
que ainda são demasiadamente broncos para se utilizar corretamente do seu corpo de matéria
fina. Exatamente todos aqueles que aqui na Terra se consideravam excepcionalmente
sagazes. No reino da matéria fina são mudos, cegos e surdos, porque o raciocínio terreno,
como produto de seu corpo de matéria grosseira, não pôde chegar junto até aí, mas sim
permaneceu nos limites restritos que ele, por ser preso à Terra, jamais pode transpor.
A primeira conseqüência de seu grande erro nisso tornar-se-á logo evidente a uma alma
humana depois da morte terrena, por ser imprestável no reino da matéria fina, desamparada e
fraca, muito pior do que uma criança recém-nascida na Terra de matéria grosseira. Por isso
são chamadas sombras. Almas que ainda intuem sua existência, mas não conseguem ficar
conscientes da mesma.
Deixemos para trás esses tolos, que nesta Terra, querendo saber tudo melhor,
tagarelavam sobre coisas insignificantes e agora têm de ficar calados. Entramos na planície da
penumbra! Um sussurro chega a nossos ouvidos, bem consentâneo com a pálida luz da
penumbra que nos rodeia, deixando reconhecer, de modo impreciso, contornos de colinas,
prados e arbustos. Tudo aqui é sintonizado de modo lógico à penumbra, podendo acarretar um
despertar. Mas somente pode, não acaso obriga!
Aqui não é possível nenhum som livre e alegre, nenhuma visão clara; apenas um
semidespertar ou um permanecer enclausurado, consentâneo com o estado das almas que
aqui se encontram. Todas elas têm um movimento lânguido, deslizando cansadamente,
apáticas, com exceção de um incerto impelir a uma direção donde parece emergir, ao longe,
um tênue róseo, anunciando luz que atua como doce encantamento sobre as almas
aparentemente tão cansadas. Almas apenas aparentemente cansadas, pois são preguiçosas
no espírito e por isso seus corpos de matéria fina são fracos. —
O vislumbre róseo na distância longínqua acena promissoramente! Despertando
esperanças, incentiva à movimentação mais ativa. Com o desejo de atingir esse vislumbre, os
corpos de matéria fina se aprumam cada vez mais, em seus olhos surge a expressão de mais
forte conscientização e, cada vez mais firmes, seguem naquela direção. —
Caminhamos juntos. O número de almas ao nosso redor aumenta, tudo se torna mais
móvel e mais nítido, o falar se torna um pouco mais alto, transformando-se num forte murmúrio,
de cujas palavras depreendemos que os que avançam proferem orações incessantemente, de
modo apressado, como que em estado febril. As massas tornam-se cada vez mais densas, o
avançar transforma-se num empurrar, grupos se aglomeram diante de nós, são compelidos
para trás pelos dianteiros, para novamente pressionarem para frente. Assim, verifica-se um
ondular sobre as massas aglomeradas, das orações sobressaem gritos de desespero, palavras
de medo suplicante, de medrosas exigências, e aqui e acolá, outrossim, sufocado lamento de
extrema desesperança! —
Passamos rapidamente por cima da luta de milhões de almas e vemos que diante delas se
encontra de modo rígido e frio um obstáculo ao prosseguimento, contra o qual investem em
vão, banhando-se inutilmente em lágrimas.
Grandes e fortes barras, mui próximas umas das outras, impõem de modo inexorável uma
parada ao seu avanço! —
E mais forte clareia o róseo vislumbre ao longe, mais ansiosos se arregalam os olhos
daqueles que o escolheram como alvo. Suplicantes são estendidas as mãos, que
convulsivamente ainda se agarram aos rosários, deixando correr por entre os dedos as contas,
uma após outra, balbuciando! As barras, porém, permanecem inabaláveis, rígidas, separadoras
do belo alvo!
Passamos por densas filas. É como se não tivessem fim. Não centenas de milhares, mas
milhões! São todos aqueles que na Terra se julgavam rigorosos “fiéis”. Quão diferente haviam
imaginado tudo! Acreditavam que seriam aguardados de modo alegre, respeitosamente bem-
vindos.
Bradai-lhes: “De que vos valem, fiéis, as vossas preces, se não deixastes a Palavra do
Senhor se tornar ação, naturalidade, em vós próprios!
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O vislumbre róseo ao longe é a saudade do Reino de Deus, que arde dentro de vós!
Tendes dentro de vós a saudade dele, mas obstruístes o caminho para lá com formas rígidas
de concepções falsas, as quais vedes agora diante de vós como barras que impedem igual a
uma grade! Deixai cair aquilo que assimilastes de concepções errôneas durante a existência
terrena, aquilo que construístes para vós próprios nesse sentido! Lançai fora tudo e ousai
levantar o pé livremente em prol da Verdade, como ela é, em sua grande e simples
naturalidade! Então estareis livres para o alvo de vossa saudade!
Mas vede, não ousais devido ao constante medo; poderia estar errado talvez o que assim
fazeis, porque até aqui pensastes diferentemente! Com isso vos tolheis e tendes de
permanecer onde estais, até ser demasiado tarde para o prosseguimento e terdes de sucumbir
com a destruição! Nisso nada vos poderá ser auxiliado, se vós próprios não começardes a
deixar o errado para trás de vós!”
Bradai, pois! Bradai a essas almas o caminho para a salvação! Vereis que é tudo em vão,
pois somente recrudesce o ruído das infindáveis orações, impedindo que esses rogadores
escutem qualquer palavra que lhes permitiria caminhar para diante, ao encontro do vislumbre
róseo e da luz. Assim, têm de ficar perdidas agora, não obstante alguma boa vontade, como
vítimas de sua indolência que não as deixou reconhecer mais, nem deixou assimilar mais do
que as exterioridades de suas igrejas, templos e mesquitas. —
Entristecidos, prossigamos. – Mas ali, diante de nós, está uma alma de mulher, sobre cujo
rosto, subitamente, se espraia uma serenidade cheia de paz; novo brilho surge em seus olhos,
que até agora olhavam cismadoramente e com temerosa reflexão; conscientizando-se, ela se
apruma, torna-se mais clara. . . forte vontade da mais pura esperança faz com que erga o pé. .
. e respirando aliviada, encontra-se além das barras! Para essa alma de mulher as barras não
constituíam mais qualquer impedimento, pois na profunda reflexão, intuindo com sensibilidade,
chegou à convicção de que tudo aquilo quanto imaginava tinha de ser errado, e corajosamente,
com alegre fé no amor de Deus, lançou fora esse errado.
Surpresa, vê agora quão fácil isso foi. Agradecendo, ergue seus braços, e uma inenarrável
intuição de felicidade quer se manifestar jubilosamente; no entanto, isso lhe sobreveio
demasiadamente grande, intensamente poderoso; os lábios permanecem mudos, sua cabeça
se inclina com leve estremecer, os olhos se fecham e pesadas lágrimas correm vagarosamente
pelas suas faces, enquanto suas mãos se juntam numa oração. Numa oração diferente das de
até então! Num agradecimento! Numa grande intercessão em favor de todos aqueles que ainda
se encontram atrás daquelas rígidas barras! Por causa das próprias concepções, que não
querem abandonar como erradas!
Um suspiro de profunda comiseração lhe enche o peito, e com isso se desprende dela
como que uma última algema. É agora livre, livre para o caminho rumo ao alvo por ela
interiormente almejado!
Erguendo o olhar, vê diante de si um guia, e alegremente lhe segue os passos para o novo
e desconhecido país, ao encontro do vislumbre róseo que cada vez se torna mais intenso! —
Assim se desprendem daquelas massas outras almas que, atrás das barras das
concepções errôneas, têm de esperar por sua própria decisão, por sua própria resolução, que
as pode conduzir adiante, ou as reter até a hora da destruição de tudo aquilo que não pode
animar-se para abandonar o errado antigo. Só poucas se salvarão ainda dos liames das
concepções errôneas! Estão nisso demasiadamente emaranhadas. Tão rígido como o seu
agarrar a isso são também aquelas barras que lhes impedem um prosseguimento ascensional.
Estender-lhes as mãos para vencer esse impedimento é impossível, porque para isso se faz
necessária absolutamente a decisão própria das almas. O próprio vivenciar dentro de si, que
proporciona movimento a seus membros. Desse modo, pesada maldição recai sobre todos
aqueles que ensinam idéias errôneas às criaturas humanas a respeito da vontade de Deus na
Criação, a qual outrora podia ser encontrada na Palavra do Salvador, mas não permaneceu
pura no texto da Bíblia e menos ainda nos esclarecimentos terrenos.
Deixai-as, pois, em sua obstinação, continuar a recitar monotonamente orações, na ilusão
de que a quantidade destas lhes possa e deva ajudar, porque a Igreja assim ensinou, como se
a vontade de Deus se deixasse mercadejar.
Prosseguimos pelo país da penumbra. Interminável parece a fortaleza de barras, atrás da
qual, a se perder de vista, empurram-se os retidos por ela. —
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São, porém, outros. Grupos que, ao invés de rosários, seguram Bíblias nas mãos, nelas
procurando desesperadamente. Aglomeram-se em redor de algumas almas, que doutrinando
querem dar informações, ao mesmo tempo em que lêem trechos da Bíblia sempre de novo.
Exigindo, várias almas exibem aqui e acolá suas Bíblias; muitas vezes, de joelhos, são elas
erguidas como em oração. . . as barras, todavia, persistem, impedindo-as de prosseguir.
Muitas almas insistem em seu conhecimento da Bíblia, algumas no seu direito de entrar no
reino do céu! Mas as barras não oscilam!
Eis que uma alma de homem abre passagem entre as filas, sorrindo. Vitorioso, acena com
a mão.
“Tolos”, brada, “por que não quisestes ouvir? Gastei a metade de minha existência terrena
estudando o Além, ou seja, para nós agora o Aquém. As barras, que vedes diante de vós,
desaparecerão depressa por um ato de vontade; elas são criadas pela ilusão. Segui-me
apenas, eu vos guio! Tudo isso já é familiar para mim!”
As almas em seu redor dão-lhe passagem. Avança para as barras, como se não
existissem. Com um grito de dor, contudo, recua cambaleando subitamente. O choque foi duro
demais e convence-o mui rapidamente da existência das barras. Com ambas as mãos ele
segura sua testa. As barras diante dele continuam inabaláveis. Com um acesso de cólera ele
as agarra e as sacode impetuosamente. E grita com raiva:
“Então fui enganado pelo médium! E gastei anos e anos nisso!”
Não se lembra de que foi ele quem gerou os erros e os propalou pela palavra e pela
escrita, após ter interpretado as imagens dadas pelo médium segundo suas acepções, sem
primeiro estudar as leis de Deus na Criação.
Não procureis ajudar esse homem ou outrem, pois todos se acham tão convencidos de si,
que nem querem ouvir algo diferente do que a própria intuição. Primeiro terão de se cansar
disso, conhecer ou reconhecer a impossibilidade, onde unicamente está ancorada a condição
de ainda escapar desse emaranhamento de convicções errôneas, após longo vagar pelo país
da penumbra.
Não é que se trate de criaturas humanas ruins, mas sim daquelas que pura e
simplesmente apenas se aferraram a concepções errôneas no seu pesquisar, ou que foram
demasiado preguiçosas para meditar profundamente a respeito de tudo, ao invés de examinar
com cuidadosíssima pesquisa intuitiva, se aquilo que foi recebido pode ser considerado como
certo ou se contém lacunas, que numa sadia reflexão intuitiva não são mais capazes de se
manter como naturais. Deixai, portanto, cair as vazias exterioridades!
Tudo quanto é místico, o espírito humano afaste de si, uma vez que jamais lhe pode trazer
proveito. Somente o que ele mesmo intui de modo nítido, levando assim ao próprio vivenciar
dentro de si, ser-lhe-á de proveito no amadurecimento de seu espírito.
A palavra “Desperta!” que Cristo empregou com freqüência, quer dizer: “Vivencia!”. Não
passes pela existência terrena dormindo ou sonhando. “Ora e trabalha” significa: “Faze do teu
trabalho uma oração!” Espiritualiza aquilo que crias com tuas mãos! Cada trabalho, em sua
execução, deve tornar-se uma adoração respeitosa a Deus, como agradecimento pelo que te é
outorgado por Deus, de realizar algo de extraordinário entre todas as criaturas desta Criação
posterior, bastando que o queiras!
Principia em tempo com o despertar, com o próprio vivenciar interior de tudo, o que
equivale à pesquisa intuitiva de modo consciente, inclusive do que lês e ouves, para que não
tenhas de permanecer no país da penumbra, do qual hoje esclareci apenas uma bem pequena
parte.
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3. Manhã de Ressurreição!
Manhã de Ressurreição! Destas palavras se irradia um encanto que toca todas as almas de
modo singular. O espírito sente com isso, de maneira intuitiva, o Sol sobre campinas repletas
de flores, murmurantes riachos, longínquo badalar de sinos, paz por toda a parte! Um respirar
alegre e livre na natureza! — —
E manhã de ressurreição deve tornar-se para todas aquelas almas humanas,
consideradas agora dignas de vivenciar aqui na Terra o Reino de Deus. As demais
permanecerão retidas nas trevas, que ainda hoje envolvem a Terra, e com elas serão
arremessadas à trajetória que conduz à decomposição inevitável, à morte espiritual!
A aurora já enrubesce o firmamento da matéria fina, como sinal de que se aproxima o dia!
Despertai, almas, que esperais de maneira certa pela libertação! Curto é o tempo até a
hora em que deveis vos encontrar preparadas. Não vos deixeis surpreender dormindo ainda no
último instante!
Terríveis são as trevas que envolvem a Terra, na matéria fina. Seria impossível a qualquer
alma humana transpassá-las agora. — — —
Se do nascente até o poente um raio faiscante de Verdade divina não atravessar com toda
a força a noite sufocante do espiritual, o espírito humano em adormecimento perder-se-á nesta
Criação posterior.
Pois toda a sabedoria trazida por convocados, destinada a preparar aos seres humanos
terrenos a possibilidade de ascensão do espírito às alturas luminosas, foi predominantemente
aproveitada pelos adeptos desses convocados para finalidades terrenas! Ela não se conservou
como era, livre e natural, destinada a trazer proveito a todos os seres humanos, mas sim
retocaram-na de todos os lados, com bem adestrada astúcia humana, até que nada mais
restou da forma propriamente dita em sua simplicidade original.
Os reformadores vaidosos realizaram com isso uma presunçosa obra de desgraça, na
qual milhões de almas humanas se emaranharam.
Tudo se tornou comércio, do qual pouco a pouco surgiu a ânsia pelo poder. Sob a
orientação do raciocínio, que como fruto de Lúcifer deu bom resultado, apareceram apenas
caricaturas daquilo que a verdadeira sabedoria deveria deixar surgir. As trevas, astutamente,
aproveitaram-se disso, de modo que as vítimas incautas tiveram de cair cegamente em seus
braços, na ilusão, proveniente da preguiça espiritual, de que seguiam para a Luz.
Não se deu de outra maneira também com a Verdade luminosa trazida à Terra pelo Filho
de Deus, a fim de assim desembaraçar, finalmente, para os seres humanos, o caminho para a
necessária ascensão ao Reino de Deus; a fim de libertá-los em definitivo dos emaranhamentos
das trevas, surgidos das deformações das sabedorias de até então.
Cristo exigiu vivacidade do espírito, de cada um individualmente, no saber que lhes
entregou, e com isso adoração ao Supremo pela ação!
O ser humano devia saber tudo o que a Criação encerra, para reconhecer as leis
fundamentais nela atuantes, portadoras da vontade de Deus, pois somente através desse
saber é que o ser humano pode entrosar-se assim como Deus exige. Vivendo assim, poderá
então favorecer, alegrando, tudo o que o cerca, recebendo em reciprocidade ascensão e
aquela maturidade que ele, como ser humano, pode e deve alcançar, conforme a vontade de
Deus, se quiser “subsistir”. “Subsistir” perante Deus, porém, significa não ter de cair na
decomposição.
Todas as leis de Deus estão somente sintonizadas no sentido de trazer construção e
benefício! Através de Cristo foi dada à humanidade inteira a possibilidade de se libertar, por
fim, no espírito. — —
Todavia, surgiram igrejas e elas esforçaram-se em retalhar a Palavra do Senhor, por trás
dos muros dos conventos, ocultando-a também em parte, dando a conhecer apenas aquilo
que, de acordo com suas próprias explicações, haviam interpretado, de modo a corresponder a
seus objetivos e intenções.
Com isso viu-se o ser humano individual mais uma vez privado da maior parte dos bens
que Deus lhe enviara, conseguindo-se que esses seres humanos não se tornassem
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suficientemente ativos no espírito, nem suficientemente livres. Justamente o contrário daquilo
que Cristo desejava!
As igrejas procuravam adeptos, riquezas e poder. Para essas finalidades, ser humano
algum deveria saber que ele, inteiramente só, sem ajuda da igreja, poderia atingir o Reino de
seu Deus! Não deveria chegar ao pensamento de que Deus não necessita de uma igreja entre
Ele e a Sua criatura, a qual Ele criou também sem a igreja.
E conseguiram. Lentamente, mas com segurança, a igreja intrometeu-se, com seus
desejos, de forma separadora, entre o anseio dos seres humanos pela Luz e seu Deus! Para
aumentar o número de seus adeptos, ofereceu, como engodo, o comodismo ao indolente
espírito humano! Chegou mesmo a tal ponto, que se podia, por dinheiro, solicitar orações nas
igrejas, para este ou aquele fim. Mediante remuneração, a igreja encarregou-se desse trabalho,
desvalorizando dessa maneira também a oração, a única forma pela qual o espírito humano
deve aproximar-se de seu Deus. Indivíduo algum, porém, se apercebeu da insensatez e da
degradação de tais impossibilidades. Era cômodo, e assim o número dos “fiéis” aumentava.
Com o crescimento, a igreja tornou-se mais agressiva, deixando até, por fim, cair em parte
a máscara. Agindo contra todas as leis de Deus, minou tudo quanto não quisesse se declarar a
seu favor, incitou e difamou, sim, assassinou onde não fosse possível de outra maneira.
Inicialmente às ocultas, com o aumento de seu poder terreno, porém, também abertamente.
Ela não hesitou em colocar à frente o nome de Deus como escudo.
Aqui ser humano algum pode falar de um equívoco; uma tal atuação traz, nitidamente
demais, o cunho da mais baixa escuridão! É diametralmente oposto a tudo o que Jesus
ensinou! São golpes hostis que com isso deram a cada palavra por ele pronunciada. Não existe
nada em toda a Terra que ousou colocar-se mais contra Cristo e sua Palavra, do que a
organização eclesiástica, já desde o início!
Nenhuma outra coisa, porém, poderia ser tão perigosa! Justamente pela aparência de
querer servir a Deus é que o efeito foi terrível para a humanidade! Lúcifer não poderia ter
melhores colaboradores para sua obra hostil a Deus. Aqui a sua habilidosa indicação para o
raciocínio terreno conquistou a sua maior vitória! Produziu uma enganadora falsificação de tudo
aquilo que na realidade devia formar-se, desejado por Deus! O simulacro da legitimidade fora
conseguido. O mais valioso, que deveria conduzir para Deus, ele fez desviar para o oposto,
pelos que se apresentavam como servidores de Deus e que muitas vezes também se
consideravam como tal; fez com que se tornasse um empecilho para os seres humanos, que
teve de impedi-los de caminhar alegremente ao encontro da Luz almejada! Uma jogada
arrojada sem igual. —
E assim, as trevas envolveram a Terra, tornando-se a mais profunda noite para as almas!
——
Agora, porém, foi dado um basta ao mal! De chofre, todos os seres humanos serão
despertados da falsa ilusão! Para a libertação, poucos; para a destruição, muitos! O ajuste de
contas do Gólgota chegou! Em sentido diferente, porém, do que os seres humanos até agora
imaginaram! —
Tal como, na atmosfera abafadiça de uma noite de verão, os cogumelos brotam da Terra,
surgirão falsos profetas das massas, como foi prometido, para que, por si mesmos, dêem
cumprimento à Palavra e possam ser julgados, pois o mundo deverá se tornar limpo deles!
No entanto, deixai as coisas se tumultuarem, deixai-as retumbarem, pequeno grupo! Antes
de uma manhã de primavera, têm de soprar ventos fortes! Deixai que sejam arrastados milhões
de seres humanos; é bom assim e de acordo com a vontade inflexível do Altíssimo! Cada qual
receberá aquilo que merece! A hipocrisia, a ilusão da sabedoria humana e a sedução precisam
ter um fim.
Em breve as palavras decisivas: “Está consumado!” vibrarão, repetindo-se sonoras e
cheias de júbilo através dos mundos!
Romperá então a manhã de ressurreição, e, radiante, o Sol vos trará um novo dia! O
Senhor e Deus presenteará uma nova era às Suas criaturas, que se curvam diante de Sua
vontade!
Perpassará, então, por todas as almas, o grande e livre suspiro de alívio, que, como um
agradecimento, como uma oração, elevar-se-á ao trono do Altíssimo, como um juramento de
servi-Lo da maneira como ELE o quer! Assim seja, em nome de Deus!
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4. Cismadores
A pessoa que passa os seus dias terrenos cismando a seu próprio respeito jamais poderá
ascender, pelo contrário, permanece tolhida.
Tantas pessoas, porém, vivem na opinião de que exatamente esse cismar e auto-observar
sejam algo extraordinariamente grande, com o que progridem rumo ao alto. Empregam muitas
palavras para isso, as quais escondem o verdadeiro núcleo. Um cisma no arrependimento, o
outro na humildade. Ainda há aqueles que, cismando intensamente, procuram descobrir seus
defeitos e o caminho para evitá-los, e assim por diante. Permanece um constante cismar, que
raramente ou nunca lhes permite chegar à verdadeira alegria.
Assim, não é desejado. O caminho é falso, não conduz nunca aos reinos luminosos e
livres. Pois com o cismar o ser humano se ata! Dirige o seu olhar forçosamente apenas para si,
ao invés de voltá-lo para um alvo elevado, puro e luminoso!
Um riso alegre, efusivo, é o maior adversário das trevas. Só que não deve ser um riso
malicioso!
Ao contrário disso, o cismar deprime. Só nisso já reside um esclarecimento de que ele
retém embaixo e também puxa para baixo. —
O verdadeiro núcleo do constante cismar não é, outrossim, uma vontade boa, mas tão-só
vaidade, ambição e presunção! Não é saudade pura da Luz, mas sim mania de autopresunção,
que dá o motivo para o cismar, incentivando-o sempre de novo e nutrindo-o continuamente!
Atormentando-se a si mesma, uma tal pessoa medita sempre e sempre de novo a seu
próprio respeito, observa com afinco os prós e os contras que se alternam no processo de sua
alma, irrita-se, consola-se, para finalmente, com um profundo suspiro de repousante auto-
satisfação, verificar ela mesma que mais uma vez conseguiu “superar” algo, tendo avançado
mais um passo. Digo aqui, propositalmente, “verificar ela mesma”, pois realmente só ela
verificará a maior parte, e essas verificações próprias são sempre apenas auto-ilusões. Na
realidade não progrediu passo algum, pelo contrário, comete sempre de novo os mesmos
erros, não obstante julgar que não sejam mais os mesmos. Mas são eles, sempre os antigos,
apenas se altera a forma.
Assim, tal pessoa jamais progride. Contudo, com a auto-observação julga superar um erro
após o outro. Com isso gira sempre em círculo em redor de si própria, enquanto o mal
fundamental, nela inerente, cria apenas novas formas, permanentemente.
Uma pessoa que sempre se observa e cisma a seu próprio respeito é a corporificação do
lutador contra a serpente de nove cabeças, para a qual cresce de novo cada cabeça, tão logo
ela seja decepada, pelo que a luta não chega a um fim, e nem se nota vantagem alguma do
lado do lutador.
Assim é realmente o fenômeno de matéria fina, na atuação do cismador, o que na
antiguidade as pessoas ainda podiam ver, quando outrora consideravam tudo quanto não fosse
de matéria grosseira como deuses, semideuses ou demais espécies de entes. —
Apenas quem visa um alvo elevado, livremente, com vontade alegre, portanto, dirigindo os
olhos na direção do alvo, sem mantê-los, porém, sempre voltados sobre si próprio, esse
progride e ascende rumo às alturas luminosas. Nenhuma criança aprende a andar sem levar
muitos tombos, mas quase sempre sorrindo se levanta novamente, até adquirir firmeza nos
passos. Assim tem de ser o ser humano no caminho através do mundo. De forma alguma
desanimar ou queixar-se de modo lastimoso, se cair uma vez. Levantar-se corajosamente e
experimentar de novo! Apropriar-se ao mesmo tempo dos ensinamentos da queda, porém na
intuição, e não com o raciocínio observador. Então chegará também o momento, inteiramente
repentino, em que não é de se temer mais qualquer queda para ele, por ter assimilado tudo o
que assim aprendeu.
Assimilar, porém, ele só pode pelo próprio vivenciar. Não pela observação. Um cismador
nunca chega ao vivenciar, pois pela observação se coloca sempre fora de cada vivência,
olhando para si próprio como para um estranho, dissecando e decompondo, ao invés de intuir
plenamente a respeito de si próprio. Mas se ele olha para si, tem de ficar ao lado da intuição;
isso já está na expressão: olhar para si, observar-se!
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Com isso está explicado, outrossim, que ele somente serve ao raciocínio, o qual não só
tolhe, mas sim exclui totalmente o verdadeiro vivenciar na intuição. Ele não deixa que o efeito
de cada fenômeno externo da matéria ultrapasse além do cérebro anterior, o qual é o primeiro
a recebê-lo. Aí é retido, presunçosamente dissecado e decomposto, de modo que não alcança
o cérebro da intuição, somente através do qual o espírito poderia assimilá-lo para um vivenciar.
Portanto, atentai nas minhas palavras: assim como o espírito humano tem de canalizar
sua atividade de dentro para fora, de modo lógico, através do cérebro da intuição para o
cérebro do raciocínio, do mesmo modo fenômenos externos somente podem atuar
retroativamente pelo mesmo caminho, se tiverem de ser recebidos pelo espírito humano como
vivências. A impressão de fenômenos externos, proveniente da matéria, tem de passar,
portanto, sempre oriunda de fora, através do cérebro anterior do raciocínio, pelo cérebro
posterior da intuição até o espírito. Não diferentemente. Ao passo que a atuação do espírito
tem de seguir o mesmo percurso em sentido inverso, em direção para fora, porque só o
cérebro da intuição possui a faculdade de recepção das impressões espirituais. O cismador,
porém, retém obstinadamente a impressão de fenômenos externos no cérebro anterior do
raciocínio, dissecando-a e decompondo-a aí, e não a retransmite, integralmente, ao cérebro da
intuição, mas apenas em parte, e essas partículas ainda são transmitidas adulteradas, devido à
atividade mental forçada; portanto, não mais tão verdadeiro como era.
Por isso também não lhe pode advir nenhum progresso, nenhum amadurecimento
espiritual, que só o verdadeiro vivenciar de fenômenos externos propicia.
Sede, nisso, como as crianças! Assimilai integralmente, e vivenciai-o em vós,
instantaneamente. Então refluirá de volta através do cérebro da intuição para o cérebro do
raciocínio, podendo daí, ou sair preparado para uma eficaz e vigorosa defesa, ou atuar para
uma ampliada capacidade de recepção, segundo a espécie dos fenômenos externos, cujas
irradiações se denominam influências ou impressões de fora.
Para o aprendizado nisso servirá então também o Reino do Milênio, que deverá ser o reino
da paz e da alegria, o Reino de Deus na Terra. Com isso os seres humanos entendem,
novamente, algo errado com seus exigentes desejos, porque devido à sua presunção nada
mais pode se formar de modo certo e sadio. Com a expressão Reino de Deus na Terra, surge
um alegre estremecer pelas fileiras de todos aqueles que o esperam. Imaginam com isso,
realmente, uma dádiva de alegria e de felicidade, que corresponda plenamente a seu anseio de
uma vida tranqüila e folgada. Será, porém, a época de absoluta obediência para toda a
humanidade!
Hoje ninguém quer admitir que haja nisso uma exigência! A expressão “Reino de Deus na
Terra” não deve ser compreendida de outra forma senão que nele reina somente a vontade de
Deus, totalmente incondicional e imutável! Que a vontade dos seres humanos e seu desejar
tenham, finalmente, que se orientar inteiramente de acordo com a vontade de Deus!
E surgirá paz, alegria, porque tudo quanto perturba será removido da Terra à força e
mantido afastado no futuro. A isso pertence agora, em primeira linha, a criatura humana. Pois
unicamente ela trouxe a perturbação na Criação e na Terra. Mas de determinada hora em
diante um perturbador não mais conseguirá viver nesta Terra.
Isso será realizado pela alteração das irradiações, que chegará a efetivar-se através do
Filho do Homem e de sua estrela. A paz será imposta, não presenteada, e a manutenção da
paz, então, exigida de modo rigoroso e implacável!
Assim será o reino da paz e da alegria, o Reino de Deus na Terra, no qual o ser humano
terá de ser destituído do domínio de sua vontade, que até agora lhe foi permitido, uma vez que
ele, como espiritual entre os desenvolvidos nesta Terra, como a criatura mais elevada, também
tem de dominar, correspondendo incondicionalmente às leis primordiais da Criação. Com a
manifestação da vontade de Deus na Criação posterior, porém, será excluído automaticamente
o predomínio da vontade dos seres humanos.
Somente esse ser humano ainda poderá subsistir no futuro, e toda a criatura que
voluntariamente se orientar pela vontade de Deus! Portanto, que vive, pensa e atua segundo
essa vontade! Isso, unicamente, oferece a possibilidade de vida no vindouro Reino do Milênio!
Gravai isso mais uma vez em vós, o mais claro que puderdes. É o fundamento para tudo,
sim, para todo o vosso existir! Para que vós, pequeno grupo, já desde o início estejais firmes
dentro de vós neste novo solo!
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5. Mártires voluntários, fanáticos religiosos
Repugnantes são as pessoas que voluntariamente se impõem dores físicas e privações, para
assim se tornarem agradáveis a Deus! Todas elas jamais alcançarão o reino do céu!
Ao invés de se alegrarem com a bela Criação, como agradecimento pela sua existência,
martirizam e torturam da maneira mais criminosa o corpo anteriormente muitas vezes sadio, ou
prejudicam-no com uma carga intencional de múltiplas privações, renúncias, somente. . . para
nisso parecerem grandes diante dos seres humanos ou perante si mesmas, para satisfação
própria e enaltecimento próprio, na ilusória consciência de uma ação toda especial.
Tudo isso é, sim, apenas a má e repugnante excrescência de uma grande presunção da
mais baixa espécie! A vontade de sobressair a todo custo! Trata-se aí, quase sempre, de
pessoas que estão convencidas de que de outro modo jamais conseguiriam se pôr em
evidência. Que, portanto, intuem exatamente que são incapazes de realizar algo de grande e,
com isso, sobressaírem. São as convictas de sua própria pequenez.
Enganando-se a si próprias, imaginam como humildade a convicção de sua pequenez!
Mas não o é, pois logo comprovam isso pelo desejo de se evidenciar. Só a presunção e a
vaidade é que as impulsionam para coisas tão repugnantes. Não são devotas ou humildes
servas de Deus, não se deve considerá-las como santas, mas sim apenas como pecadoras
petulantes! Como tais, que ainda esperam admiração por seus pecados e recompensa por sua
preguiça de trabalhar!
Mesmo que esse grande pecado nem chegue à consciência de muitas delas, porque não
querem considerá-lo como pecado diante de si mesmas, para próprio “enaltecimento”, isso em
nada altera o fato de que no efeito permanece sempre apenas aquilo que realmente é, não,
porém, como o ser humano pretende fazer crer a si mesmo e a outrem.
Esses seres humanos são diante de Deus apenas pecadores, visto que se opõem às Suas
leis primordiais da Criação, com procedimento petulante e teimoso, porque não alimentam nem
tratam os corpos a eles confiados assim como é necessário, a fim de desenvolver nos corpos
aquela força que os torna aptos a proporcionar um solo forte ao espírito na Terra, um
instrumento sadio e vigoroso para a defesa e a assimilação, a fim de poder servir,
poderosamente e ao mesmo tempo, como escudo e espada para o espírito.
Querer investir contra as leis da natureza é apenas uma conseqüência da doença dos
cérebros, para deste modo se destacar e se exibir, pois uma pessoa sadia jamais imaginará
ser capaz de desviar ou melhorar, sequer pela espessura de um fio de cabelo, a vontade de
Deus nas leis primordiais da Criação, sem prejuízo para si mesma.
Como parece tolo, pueril e caprichoso, ou ridículo, quando uma pessoa se instala, durante
o seu tempo de vida, numa árvore oca ou deixa enrijecer completamente um membro do corpo,
se dilacera ou se suja!
O ser humano pode esforçar-se como quiser, para descobrir um motivo que resulte numa
justificativa, ou mesmo apenas um sentido para isso; é e permanecerá um crime contra o corpo
a ele confiado, e com isso um crime contra a vontade de Deus!
A isso pertencem também os inúmeros mártires da vaidade e da moda!
Não presteis mais atenção a tais pessoas! Vereis como se modificarão depressa, quão
pouco profunda é a convicção.
Um fanático perece por sua própria obstinação! Não vale a pena entristecer-se por ele,
pois tal espírito humano jamais tem valores a apresentar.
E como milhares pecam dessa maneira gravemente contra o seu corpo terreno, voltando-
se com isso criminosamente contra a vontade de Deus, exatamente assim se procede milhares
de vezes também contra a alma!
Grande é, por exemplo, o número daqueles que vivem permanentemente sob a pressão,
por eles mesmos criada, de serem os desprezados no mundo. Deserdados da felicidade,
desconsiderados pelos seus semelhantes e tantas coisas mais. No entanto, são eles próprios
que aí apresentam pretensões totalmente injustas aos seus semelhantes, atuam de modo
desintegrante sobre seu ambiente, cheios de inveja, carregando-se com isso somente de culpa
sobre culpa, como pesado fardo. Constituem os vermes que têm de ser esmagados no Juízo,
para que finalmente possa haver entre os seres humanos paz serena, alegria e felicidade.
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Contudo, não só atormentam seu próximo com caprichos, mas sim ferem com isso os
próprios corpos da alma, da mesma forma como os fanáticos religiosos causam danos a seu
corpo de matéria grosseira. Desse modo transgridem, especialmente, a lei divina, ao ferirem,
inconsideradamente, todos os invólucros indispensáveis confiados a seu espírito, de maneira
que eles não podem ser utilizados pelo espírito com saúde vigorosa e força plena.
Longe vão, pois, as conseqüências de tal atuação dos violadores de seus corpos terrenos
ou anímicos! Atinge os espíritos, tolhendo-os, prejudicando o seu inadiável e indispensável
desenvolvimento, podendo mesmo levar à decomposição eterna, à condenação. Mas todos
eles, mesmo na queda, ainda terão a ilusão de com isso sofrer uma injustiça!
No fundo, são apenas seres desprezíveis, indignos de poderem se alegrar!
Portanto, não lhes presteis atenção e evitai-os, pois não merecem sequer uma boa
palavra!
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6. Servos de Deus
De modo completamente infundado, muitas pessoas têm suposto até agora que os servidores
das igrejas, templos, aliás, de todas as práticas religiosas, devam ser considerados como
servos de Deus.
Esse conceito foi semeado outrora, na época do início e do estabelecimento dos cultos de
todas as espécies, pelos servos desses próprios cultos, que assim se empenharam em
conseguir um prestígio que, pessoalmente, apenas de modo difícil poderiam ter gerado. E ele
foi conservado, sem que alguém tivesse aí procurado se tornar ciente de que nisso havia dano
em vez de proveito para a humanidade e, o que é o principal, uma incompreensão em relação
a Deus!
Uma pessoa que esteja com espírito desperto na Criação, que não se mantenha fechada
ao sutil vibrar intuitivo de sua alma, jamais conseguirá reconhecer como verdade, que se
possa, realmente, servir ao grande e vivo Deus pelo exercício de cultos, pelo mendigar, a que
os seres humanos chamam de “orar”, ou pelas mortificações! Com isso, no entanto, nada dais
ao vosso Deus! Com isso, nada Lhe ofertais! Que pretendeis, aliás, com isso? Vós próprios
não sabereis responder, quando estiverdes diante do trono do julgamento de Deus. Tereis de
ficar calados, pois fizestes tudo isso apenas para vós! Para a vossa tranqüilização íntima e
para vosso enaltecimento, ou no desespero, na aflição.
Eu vos digo: somente aquele ser humano que estiver direito na Criação de seu Deus,
reconhecendo-se como uma parte da Criação e vivendo de acordo, esse é o verdadeiro servo
de Deus, pouco importando de que maneira ele trabalhe para o seu indispensável sustento
terreno. Esforçar-se-á nisso sempre como parte da Criação a se adaptar também àquelas leis,
que atuam na Criação beneficiadoramente. Dessa forma ele beneficia a própria Criação e
serve assim ao seu Deus da única maneira certa, porque pela adaptação certa somente
felicidade e alegria, bem como desenvolvimento progressivo, podem se originar!
Mas, para tanto, evidentemente, tem de aprender a conhecer a Criação.
Eis o que vos falta! Reconhecer a vontade de Deus, que repousa na Criação e nela se
efetiva contínua e automaticamente. Exatamente a esse respeito, porém, nunca vos ocupastes
até agora de modo certo. Contudo, não acontece de maneira diferente com todos vós; é como
se estivésseis dentro de uma gigantesca engrenagem, na qual deveríeis movimentar-vos, sem
jamais poder alterá-la ou melhorá-la.
Mas se não estiverdes e não andardes direito nela, correreis perigo por toda a parte, tereis
que vos chocar, podeis também cair e ser dilacerados. Exatamente como numa gigantesca
casa de máquinas, onde inúmeras correias em contínuo movimento, perturbando a visão,
deslizam entrelaçando-se, as quais ameaçam gravemente cada leigo, por toda a parte, a cada
passo, porém ao entendido somente servem e são úteis. Diferente não é com o ser humano na
Criação!
Aprendei, finalmente, a conhecer direito essa engrenagem; podeis e deveis utilizá-la então
para a vossa felicidade! Mas para isso tendes de ser antes aprendizes, como em todo lugar! E
nisso também não faz exceção a maior de todas as obras, esta Criação; pelo contrário, é
exatamente como nas obras humanas. Mesmo o automóvel só dá prazer ao entendido. A quem
não sabe dirigi-lo, traz a morte!
Tendes, aliás, de modo palpável, milhares de exemplos diante de vós em coisas
pequenas! Por que ainda não aprendestes com eles?
Tudo isso, pois, se reconhece de modo simples e natural! Mas exatamente nisso estais
como que diante de um muro! Broncos, indiferentes, com uma teimosia que não é explicável.
Contudo, finalmente diz respeito, justamente nisso, à vossa vida, a toda vossa existência!
Somente o próprio construtor pode explicar-vos um mecanismo, ou aquele a quem ele
instruiu! Assim é aqui na Terra, e não diferentemente na Criação! Mas exatamente aí querem
os seres humanos, que propriamente são apenas uma parte da Criação, saber por si tudo
melhor do que o Mestre, não querem qualquer instrução para a utilização da engrenagem, pelo
contrário, eles mesmos querem ensinar as leis básicas, as quais procuram estabelecer apenas
por observação superficial de bem fracas derivações daquilo que é grande, verdadeiro, para
cujo pressentir sempre se mantiveram fechados; por isso, de saber, jamais se pode falar.
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Contudo, já por diversas vezes a possibilidade de um reconhecer já vos foi oferecida com
todo amor; primeiro em traços nítidos através das leis que Moisés pôde transmitir, depois até
mesmo pelo Filho de Deus, que procurou transmiti-la para vós em parábolas e imagens.
O conteúdo, porém, não foi reconhecido, mas sim muito desfigurado, obscurecido e torcido
pelo querer saber melhor humano.
Agora será dada, pela terceira e última vez, novamente a oportunidade de, através da
Mensagem do Graal, ver claramente as leis de Deus na Criação, para que os seres humanos
possam tornar-se verdadeiros servos de Deus, de modo plenamente consciente, em alegre e
jubilosa ação, conforme exige o verdadeiro serviço a Deus!
Alegria e felicidade podem existir em toda a Criação. Miséria e aflição, doença e crime,
vós, seres humanos, sozinhos os criais, porque até hoje não quisestes reconhecer onde se
encontra a incomensurável força que vos foi outorgada no caminho através de todos os
mundos, que tendes de peregrinar para o desenvolvimento, por vosso próprio desejo.
Se vos sintonizardes direito, então a força vos trará, obrigatoriamente, luz do Sol e
felicidade! Como sois hoje, porém, vos encontrais desamparados e minúsculos nessa imensa
engrenagem, contudo sempre vos vangloriais, com pomposas palavras, de vós mesmos e de
vosso saber, até que finalmente tereis de cair devido a esses vossos erros, que só se
originaram da ignorância e da má vontade de aprender.
Acordai finalmente! Tornai-vos primeiro aprendizes para receber o saber, pois do contrário
jamais conseguireis algo.
Perante o Criador sois agora muito menos do que um inseto. Este cumpre fielmente a
finalidade que tem por cumprir, ao passo que vós, como espírito humano, falhais! Falhais
devido ao vosso vaidoso querer saber, que não é saber algum. As escolas que erigistes,
construídas sobre esse falso saber, são cadeias que vos mantêm firmemente acorrentados,
que sufocam qualquer ascensão espiritual já na tentativa, porque vossos próprios mestres não
podem segui-la!
Agradecei ao Senhor por vos tirar agora à força a possibilidade da continuação de uma
existência tão vazia e somente prejudicial a tudo; do contrário, jamais poderíeis chegar ao
reconhecimento da indignidade que hoje vos circunda por toda a parte, fazendo-vos parecer
ridículos na Criação inteira, como bonecos vazios e grotescamente enfeitados, que trazem em
si espíritos adormecidos!
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7. Instinto dos animais
Muitas vezes as pessoas ficam admiradas ante os atos instintivos dos animais. Atribuem aos
animais um sentido especial, que aos seres humanos falta por completo ou deixaram que se
atrofiasse.
Aos seres humanos é inexplicável, quando, por exemplo, observam que um cavalo, um
cão ou qualquer outro animal, habituado talvez a percorrer diariamente um caminho, de
repente, em determinado lugar, se recuse a prosseguir, e quando depois vêm a saber que logo
em seguida, exatamente naquele lugar, ocorrera um acidente.
Desse modo a vida de uma ou mais pessoas foi muitas vezes salva. Há tantos desses
casos, conhecidos em geral por todos, que não é especialmente necessário entrar aqui em
pormenores.
A humanidade cognominou instinto, pressentimento inconsciente, a essas qualidades do
animal. Tão logo ela tenha um nome para uma coisa, geralmente já se dá por satisfeita, forma
qualquer idéia a respeito e se contenta com isso, pouco importando se seu pensar sobre isso
seja certo ou não. Assim, também aqui.
O motivo para tais ações do animal é, no entanto, totalmente outro. O animal não possui a
propriedade e nem a capacidade daquilo que o ser humano entende por instinto! Nesses
acontecimentos apenas obedece a uma advertência que lhe é dada. Essas advertências o
animal consegue ver muito bem, ao passo que apenas por poucas pessoas elas podem ser
notadas.
Conforme já esclareci numa dissertação anterior, a alma animal não provém do espiritual,
como a criatura humana, mas do enteal. Da parte enteal da Criação originam-se também os
seres elementares: gnomos, elfos, ondinas, etc., que têm sua atuação naquela parte que os
seres humanos sempre chamam natureza, portanto, água, ar, terra, fogo. Do mesmo modo
aqueles que se ocupam com o desenvolvimento e o crescimento das pedras, plantas e outras
coisas. Esses todos, porém, originam-se de uma parte do enteal, diferente daquela das almas
animais. Todavia, a sua mútua afinidade na igual espécie de origem acarreta a possibilidade de
maior reconhecimento recíproco, de forma que um animal tem de reconhecer categoricamente
melhor essas criaturas enteais, do que o ser humano o conseguiria, cuja origem se encontra no
espiritual.
Os seres elementares sabem, pois, muito bem onde e quando ocorrerá uma alteração na
natureza, tais como desmoronamentos, avalanches, queda de uma árvore, o ceder do solo
motivado pela ação erosiva das águas, ruptura de diques, irrompimento de águas, erupções
vulcânicas, maré alta, terremotos e tudo o mais que a isso pertença, uma vez que eles próprios
se ocupam com isso, preparando e realizando tais alterações, as quais os seres humanos
denominam acidentes e catástrofes.
Se for de se esperar um tal acontecimento imediatamente, pode suceder que um animal
ou uma pessoa que se aproxime seja advertida por esses seres elementares. Antepõem-se no
caminho, procurando, por meio de gritos e gesticulações, provocar o retorno; o animal vê essas
formas mais ou menos nitidamente, se assusta, eriça o pêlo e se recusa energicamente a
prosseguir, contrariando completamente o seu costume normal, de modo que, muitas vezes,
mesmo o animal mais bem adestrado nega, excepcionalmente, obediência ao seu dono. Esse
o motivo do estranho comportamento do animal em tais casos. Mas o ser humano não vê
esses seres elementares e por isso segue, muitas vezes, ao encontro do perigo, no qual
perece ou fica gravemente ferido.
Por isso o ser humano devia observar mais os animais, a fim de aprender a compreendê-
los. O animal tornar-se-á então realmente amigo da criatura humana, pois consegue preencher
lacunas e com isso tornar-se ainda muito mais útil ao ser humano do que até agora.
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8. O beijo de amizade
Muito se tem falado disso no mundo todo. Em poesias o beijo de amizade foi embelezado e
erguido bem alto nos mundos de pensamentos. Tudo isso, porém, é apenas uma configuração
de fantasia, que se distancia muito do solo da naturalidade.
É um mantozinho bonito que o próprio ser humano terreno, como em tantas coisas,
confeccionou, para nele admirar a si ou a outrem. Entretanto, admiração é absolutamente
inadequado, pois na realidade é hipocrisia, nada mais. Uma tentativa vergonhosa de alterar as
leis da Criação, desviá-las, privá-las de sua maravilhosa e simples naturalidade, de modo
deformador!
Certamente diversa é muitas vezes a intenção de um beijo; isso, porém, não modifica em
nada o fato de cada beijo ser sempre um beijo, portanto um contato de teor corporal que,
naturalmente, provoca um sentimento que jamais poderá ser diferente do que apenas corporal!
Quem conhece a minha Mensagem já sabe disso. O ser humano não deve encobrir-se sempre
de covardia, querer negar o que realmente faz, mas deve sempre estar consciente disso de
modo bem claro! Um hipócrita é ainda pior do que um malfeitor!
A expressão “beijo de amizade” já pressupõe, bem determinantemente, a idade madura.
O beijo entre dois sexos, na idade madura, mesmo com intencionada pureza, está sujeito
às vibrantes leis primordiais da Criação! Ridículas são nisso as evasivas. A criatura humana
sabe muito bem que as leis da natureza não indagam a sua opinião. O beijo do amigo, do
irmão, do pai a uma jovem ou a uma mulher, continua sempre, apesar da mais forte auto-
ilusão, um beijo entre dois sexos, não diferentemente o beijo da mãe para o filho, tão logo este
tenha idade madura. As leis da natureza não conhecem nem concedem nisso qualquer
diferença. Por isso, cada pessoa deve conservar muito maior reserva!
Só a mania do ser humano, de querer adaptar as leis da natureza aos seus desejos, é que
estabelece idéias tão contrárias às leis naturais, como os beijos de amizade, bem como as
carícias entre parentes e os inúmeros excessos que há nisso. Sob o manto da maior hipocrisia
o ser humano muitas vezes procura pecar até intencionalmente!
Nada se altera no fato de tais contrariedades às leis da natureza, só porque muitas
pessoas se consideram realmente inocentes nessas transgressões, imaginando-se estar aí
completamente puras! É e continua sendo uma desfiguração das mais puras leis da natureza,
quando estas devam ser despidas de sua bela simplicidade por interpretações errôneas! E aí
só se origina, sempre, algo doentio, porque cada abuso e cada desvio só desvaloriza,
conspurca e rebaixa o originalmente sadio que se encontra na lei!
Fora, portanto, com essa hipocrisia! Honrai finalmente as leis da natureza em sua
grandiosidade simples e por isso mesmo sublime, conforme elas realmente são! Sintonizai-vos
nelas e vivei de acordo com as mesmas, orientai também vosso pensar dessa forma, vosso
atuar, vossos costumes, dentro e fora de vossas famílias; tornai-vos, portanto, naturais no mais
puro sentido, então sereis também felizes e nisso agradáveis a Deus! A vida doentia fugirá
então de vós. Estabelecer-se-á recíproca sinceridade entre vós, e muitas inúteis lutas de alma
vos serão poupadas, uma vez que só resultam de errôneas ilusões para, freqüentemente, vos
atormentar e molestar durante toda a vida terrena!
O doentio dessas brincadeiras nocivas, dessas carícias falsas, que apresentam, sem
exceção, bases puramente de matéria grosseira, vedes vós próprios, de modo mais nítido, em
crianças imaturas e ingênuas de tenra idade. Crianças que são excessivamente cobertas de
carícias pelos parentes, digamos simplesmente “importunadas”, têm sempre aspecto doentio.
Outrossim, quase toda a criança manifesta, intuitivamente, uma aversão contra tais carinhos
importunos, jamais vontade, porque a criança é na realidade “naturalmente ingênua”! De início
precisa sempre ser ensinada, para suportar e corresponder aos carinhos! O ensinamento para
tal, no entanto, é apenas desejo de adultos que, devido à maturidade de seu corpo de matéria
grosseira, sentem de modo instintivo a necessidade para tal! A criança, não! Tudo isso fala
bastante claro da perigosa violação a que uma criança é criminosamente submetida! Contudo,
pouco a pouco, finalmente, ela se habitua a isso e, por hábito, sente necessidade disso depois,
até que no próprio corpo, em amadurecimento, desperte o instinto!
É vergonhoso que a humanidade procure acobertar repetidamente suas cobiças e próprias
fraquezas com hipocrisias! Ou comete aí atos impensados.
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O ser humano deve saber que o legítimo amor só vem da alma! E tudo o mais é apenas
instinto! O amor da alma, porém, não tem nada a ver com o corpo de matéria grosseira, e nem
pede por isso, uma vez que a separação de todas as espécies da Criação permanece sempre
perfeita. Espiritual é espiritual, anímico é anímico, e corporal é e permanece sempre
exclusivamente corporal!
Com a morte do corpo, não morrerá uma só partícula da alma. Isso mostra com toda a
simplicidade que cada um existe por si só, não ocorrendo qualquer mistura.
Um beijo cheio de alma, por exemplo, existe apenas na imaginação, porque qualquer beijo
é e permanece exclusivamente um ato de matéria grosseira. O que a pessoa animicamente
sente aí, de modo intuitivo, é coisa inteiramente à parte. O amor da alma caminha ao lado do
instinto corporal, e não com ele nem dentro dele.
Qualquer outra apresentação é uma grosseira auto-ilusão, por não corresponder às leis da
natureza. Apenas o raciocínio inventou aí diversidades para desculpa própria, a fim de visar
uma nova caricatura para mutilação da Verdade, que em forma pura devia levar as criaturas
humanas ao despertar, ao reconhecimento, e com isso à pureza e à veracidade de seus
conceitos e, por fim, à ascensão em direção à Luz.
Ó ser humano, tem finalmente coragem de ser verdadeiro em tudo quanto fazes! Também
no beijo. Rompe as configurações enganadoras que a tua vaidade e sensualidade te criaram!
Desperta!
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9. A mulher da Criação posterior
Toca-se com estas palavras o lugar mais doentio da Criação posterior. Aquele ponto que
necessita da maior transformação, da depuração mais radical.
Se o homem da Criação posterior se tornou escravo do seu próprio raciocínio, mais ainda
pecou a mulher.
Aparelhada com a maior delicadeza de intuições, devia sem o mínimo esforço elevar-se à
limpidez das alturas luminosas e formar a ponte para a humanidade inteira rumo ao Paraíso. A
mulher! Ondas de Luz deviam traspassá-la. Toda a sua conformação física, de matéria
grosseira, está aparelhada para isso. A mulher necessita apenas querer com sinceridade, e
todos os descendentes de suas entranhas terão de ser fortemente protegidos e rodeados pela
força da Luz, já antes de seu nascimento! Nem podia ser de outra forma, porque cada mulher,
em sua riqueza de intuição, pode quase sozinha condicionar a espécie do espírito da prole! Por
isso ela, em primeiro lugar, permanece responsável por todos os descendentes!
É também, além disso, ricamente presenteada, através de ilimitadas possibilidades de
influência sobre o povo todo, sim, sobre toda a Criação posterior. O ponto de partida de seu
poderio mais forte é a casa, o lar! Somente aí é que reside sua força, seu ilimitado poder, e não
na vida em público! No lar e na família se torna rainha, devido às suas aptidões, na tribuna,
porém, uma caricatura. Do lar silencioso e íntimo se estende sua incisiva influência sobre todo
o povo do presente e do futuro, abrangendo tudo.
Nada existe onde sua influência não se faça sentir incondicionalmente desde que ela
permaneça lá, onde as aptidões femininas nela inerentes desabrochem em toda a plenitude.
Contudo, somente quando a mulher é realmente feminina é que cumpre a missão que lhe foi
estipulada pelo Criador. Então se torna completamente aquilo que pode e deve ser. E somente
a verdadeira feminilidade educa silenciosamente o homem que pode conquistar os céus,
apoiado nessa serena atuação que contém poder inimaginável. E este então, movido por
íntima naturalidade, procurará proteger de bom grado e alegremente a legítima feminilidade,
tão logo ela se mostre verdadeira.
Todavia a mulher do mundo de hoje calca sob os pés seu poder verdadeiro e sua alta
missão, passa cegamente por isso, destrói criminosamente todas as coisas sagradas que traz
em si e, em lugar de atuar de modo construtivo, age destruindo, como o pior veneno na
Criação posterior. Empurra o marido e também os filhos, consigo, para o abismo.
Reparai na mulher de hoje! Deixai, pois, cair sobre ela um raio de luz com toda a
inexorabilidade e objetividade que constituem sempre as condições complementares da
pureza.
Dificilmente reconhecereis ainda os altos valores da autêntica feminilidade, nos quais se
pode desenvolver aquela força pura que só é outorgada à sensibilidade mais fina da
feminilidade, para que seja utilizada apenas beneficamente.
Um homem jamais poderá desenvolver aquela maneira eficaz de atuar. O tecer sereno
daquela força invisível que o Criador deixa perfluir o Universo atinge primeiro e plenamente a
mulher, com sua intuição mais delicada.
E da mesma forma como a força viva do Criador permanece invisível a todas as criaturas
humanas, enquanto, todavia, sustém o Universo todo, nutrindo-o, movendo-o e impelindo-o,
assim deve ser o tecer da verdadeira feminilidade; para isso ela foi criada, essa é sua elevada,
pura e maravilhosa finalidade!
A rainha da Criação primordial é mulher! Mãe primordial ela também é chamada. O
elevado ideal da verdadeira feminilidade.
A expressão “mulher fraca” é ridícula, porque animicamente a mulher é mais forte do que o
homem. Não em si, propriamente, mas por causa de sua ligação mais estreita com a força da
Criação, que lhe propicia a mais delicada capacidade de intuição.
Entretanto, é exatamente isso que a mulher hoje procura esconder; faz tudo para
embrutecê-la ou suprimi-la totalmente. Devido à vaidade ilimitada e à estupidez, ela renuncia
aos dotes mais belos e valiosos que lhe foram atribuídos. Torna-se assim uma criatura expulsa
da Luz, para a qual permanecerá fechado o caminho de regresso.
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Em que se transformaram, pois, essas imitações de uma feminilidade régia! Com horror
deve-se desviar delas. Onde é que se nota na mulher de hoje ainda o verdadeiro pudor, que
representa a intuição mais delicada da nobre feminilidade. Está tão grotescamente desfigurado,
que terá de ser entregue ao ridículo.
A mulher de hoje se envergonha, sim, de usar um vestido comprido, se a moda exigir um
curto, mas não se envergonha de em festas despir cerca de três quartos do seu corpo,
expondo-o aos olhares de todos. Aliás, não apenas aos olhares, e sim também às mãos,
infalivelmente, durante a dança! E inescrupulosamente também se despiria ainda mais, se a
moda exigisse, e até mesmo, provavelmente, tiraria tudo, segundo as experiências atuais!
Isto não é afirmação excessiva. Disso tivemos até agora coisas bem degradantes. Não foi
infelizmente uma expressão falsa, pelo contrário, bem verídica, quando se disse: “A mulher
começa a se vestir para ir dormir!”
Delicadas intuições estipulam, além do mais, o sentido da beleza! Indubitavelmente. Se
atualmente ainda se quiser julgar daí as delicadezas das intuições femininas, as coisas vão
mal. O tipo dos vestidos divulga com bastante freqüência e alarde exatamente o contrário, e
essas pernas seminuas de uma mulher ou até mesmo duma mãe dificilmente se coadunam
com a dignidade feminina. O corte de cabelo à moda de homem e o moderno esporte feminino
não desfiguram menos a legítima feminilidade! A vaidade é a inevitável acompanhante das
futilidades da moda, que realmente nada deixa a desejar em perigos para o corpo e para a
alma, e assim também, em grande parte, para a simples felicidade da família. Quantas
mulheres há que preferem muitas vezes lisonjas grosseiras e aliás injuriosas de um indivíduo
à-toa, ao atuar fiel do esposo!
Poder-se-ia assim apresentar muito, muitíssimo mais, como testemunho visível de que a
mulher de hoje está perdida para a sua verdadeira missão nesta Criação posterior! E assim
também todos os altos valores que lhe foram confiados e sobre os quais ela agora tem de
prestar contas. Maldição recaia sobre essas criaturas ocas! Não são acaso vítimas das
circunstâncias, pelo contrário, forçaram tais circunstâncias.
As grandes preleções a respeito do progresso em nada alteram o fato de que os
propagadores desse tal progresso, juntamente com os seus fiéis seguidores, afundam cada
vez mais e mais. Todos eles já enterraram seus verdadeiros valores. A maior parte do mundo
feminino já não merece mais usar o nome honrado de mulher! Elas nunca poderão tornar-se
homens, de modo que acabam ficando na Criação posterior apenas como zangões, que devem
ser extirpados, segundo as leis indesviáveis da natureza.
A mulher da Criação posterior, entre todas as criaturas, é a que menos se encontra no
lugar em que devia estar! Tornou-se, em sua espécie, a figura mais triste de todas as criaturas!
Teve, sim, de apodrecer na alma, por estar sacrificando levianamente suas mais nobres
intuições, sua força mais pura, à vaidade exterior e ridícula, e com isso zomba, sorridente, da
determinação de seu Criador. Com tal superficialidade lhe será denegada a salvação, pois
palavras as mulheres iriam rejeitar ou nem mais poderiam entender e assimilar.
Assim, primeiro terá de surgir dos horrores a nova e verdadeira mulher, mulher que deverá
se tornar a medianeira e, com isso, também a base para uma nova vida e uma atuação
humana desejada por Deus na Criação posterior, mulher que se tornou livre do veneno e da
podridão.
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10. A ferramenta torcida
O maior fardo com que a alma humana se sobrecarregou, e que lhe impedirá qualquer
possibilidade de ascensão, é a vaidade! Trouxe desgraça para a Criação inteira. A vaidade
tornou-se o mais forte veneno da alma, porque o ser humano acabou por apreciá-la como
escudo e manto para todas as suas falhas.
Qual entorpecente, ela ajuda sempre de novo a passar facilmente pelos abalos da alma.
Que seja apenas ilusão, isso não representa papel algum para os seres humanos terrenos,
contanto que aí sintam satisfação e atinjam, com isso, um alvo terreno, mesmo que
freqüentemente sejam apenas poucos minutos de ridícula presunção. Não precisa ser legítimo,
a aparência basta aos seres humanos.
Fala-se dessa vaidade, da presunção, da arrogância espiritual, da malícia e de tantas
propriedades de todos os seres humanos terrenos, de modo benevolente e enfeitado, como
sendo armadilhas do princípio de Lúcifer. Tudo isso, porém, é apenas uma fraca autodesculpa.
Lúcifer nem precisou esforçar-se tanto. Bastou-lhe ter levado os seres humanos ao cultivo
unilateral do raciocínio terreno, com a tentação de se deleitarem com o fruto da “árvore do
conhecimento”, portanto, de se entregarem ao prazer do conhecimento. O que sucedeu depois
disso, o próprio ser humano o fez.
A vaidade, que traz em seu séqüito tantos males, como a inveja e o ódio, a difamação, a
ânsia por prazeres terrenos e bens de toda a espécie, deve ser considerada como a maior
excrescência do dominante raciocínio preso à Terra. Tudo quanto é feio neste mundo está
ancorado propriamente na vaidade, que se apresenta de tantas maneiras.
A ânsia pela aparência externa criou a “caricatura do ser humano” hoje predominante! O
fantoche, que nem merece ser chamado de “ser humano”, porque em sua vaidade, por causa
da aparência, solapou a possibilidade para a indispensável ascensão espiritual, atravancou
obstinadamente todos os caminhos naturais de ligação que lhe foram dados para atuação e
amadurecimento de seu espírito e soterrou-os completamente e de modo injurioso, contra a
vontade de seu Criador.
Só o fato de elevar o raciocínio preso à Terra a ídolo foi o suficiente para mudar todo o
caminho do ser humano, que o Criador lhe designou em Sua Criação.
Lúcifer registrou para si, como triunfo, o fato de ter a alma do ser humano terreno ousado
uma intervenção no corpo terreno de matéria grosseira, que tornou totalmente impossível a
atuação desejada das almas na Criação. A fim de aguçar o raciocínio, entrou em atividade
febril o cultivo unilateral daquela parte do cérebro que só deve atuar para a matéria grosseira: o
cérebro anterior. A parte espiritual receptora do cérebro humano ficou dessa maneira
automaticamente reprimida e impedida em sua atividade. Com isso ficou também dificultada
qualquer compreensão do espiritual e, no decorrer de milênios, uma percepção espiritual até
completamente perdida para o ser humano terreno. Este, pois, encontra-se com isso solitário e
imprestável na Criação. Desligado da possibilidade de um reconhecer espiritual e de uma
ascensão e, com isso, desligado também de Deus!
Essa é a obra de Lúcifer. Ele não precisou fazer mais. Pôde então deixar o ser humano
terreno entregue a si mesmo, e vê-lo cair de degrau em degrau, distanciando-se assim cada
vez mais de Deus, em conseqüência daquele passo.
Observar isso, pois, não é difícil para as pessoas que se esforçam sinceramente, pelo
menos uma vez, em pensar objetivamente. É facilmente compreensível que a atividade do
raciocínio encerra também um querer saber melhor, a obstinada persistência em tudo o que tal
atividade considera certo, pois a pessoa com isso “pensou” o que era capaz de pensar. Atingiu
seu limite supremo no pensar.
Que esse limite seja baixo, devido ao fato de o cérebro anterior estar preso à Terra, e que,
por isso, o ser humano não pode ir além com o raciocínio, ele não consegue saber, e por esse
motivo sempre pensará e afirmará haver atingido o certo com seu limite. Se alguma vez ouvir
algo diferente, colocará então sempre em lugar mais elevado aquilo por ele pensado,
considerando-o certo. Essa é a característica de cada raciocínio e, com isso, de cada criatura
humana de raciocínio.
Conforme eu já disse uma vez, cabe a uma parte da massa cerebral a tarefa de captar o
que é espiritual, como uma antena, ao passo que a outra parte, que gera o raciocínio,
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transforma então o captado para utilização na matéria grosseira. Da mesma forma em sentido
inverso deve o cérebro anterior, que gera o raciocínio, captar da matéria grosseira todas as
impressões, transformá-las para uma possibilidade de recepção do cérebro posterior, a fim de
que as impressões deste possam servir para o desenvolvimento progressivo e
amadurecimento do espírito. Ambas as partes, porém, devem efetuar trabalho em comum.
Assim está nas determinações do Criador.
Como, porém, pela intervenção do cultivo unilateral do cérebro anterior, este acabou se
tornando desmesuradamente dominante em sua atividade, assim ficou perturbada a harmonia
indispensável do trabalho conjunto de ambos os cérebros e, com isso, o atuar sadio na
Criação. A parte receptora do espiritual ficou retardada no desenvolvimento, enquanto que o
cérebro anterior, cada vez mais crescido em sua atividade conseqüente do aprendizado, já
desde muito não recebe mais as vibrações puras das alturas luminosas, através do cérebro
posterior, para o seu trabalho e para a retransmissão à matéria grosseira, mas absorve a
substância para sua atividade, na maior parte, somente do ambiente material e das formas de
pensamentos, para retransmiti-las transformadas como produto próprio.
São apenas poucas as criaturas humanas em quem a parte receptora do cérebro se
encontra mais ou menos em colaboração harmoniosa com o cérebro anterior. Essas pessoas
sobressaem do costumeiro padrão, destacando-se por grandes inventos ou por impressionante
segurança em sua capacidade intuitiva, que permite captar rapidamente muita coisa a que
outras só podem chegar mediante penosos estudos.
São aqueles dos quais se diz, com inveja, que “recebem durante o sono”, e que
constituem a confirmação do dito: “Aos Seus o Senhor presenteia durante o sono!”
Com os “Seus”, entende-se pessoas que ainda se utilizam de suas ferramentas de tal
maneira, como devem trabalhar segundo a determinação do Criador, portanto, que ainda estão
de acordo com a Sua vontade e que, como as virgens prudentes, conservaram em ordem o
óleo de suas lâmpadas, pois só essas podem “reconhecer” o noivo quando ele vier. Apenas
essas estão realmente “acordadas”. Todas as outras “dormem” em sua auto-restrição,
tornaram-se incapazes para o “reconhecer”, porque não mantiveram em ordem as
“ferramentas” indispensáveis para isso. Qual uma lâmpada sem óleo é o cérebro anterior, sem
a colaboração harmoniosa da parte receptora do espiritual.
Não se deve incluir entre essas, sem mais nem menos, as pessoas dotadas de faculdades
mediúnicas. Certamente nelas também a parte receptora do cérebro deve trabalhar mais ou
menos bem, contudo, durante a recepção, nessas pessoas mediúnicas, o cérebro anterior,
destinado a retransmissões terrenas, cansar-se-á, porque esse processo, devido a
determinada vontade de alguém do Além, pressiona o cérebro receptor de modo
especialmente forte e, por isso, necessário aí se faz dele um maior dispêndio de
contrapressão. Isso subtrai, automaticamente, sangue do cérebro anterior, isto é, calor de
movimentação, pelo que ele, por sua vez, se torna inativo parcial ou totalmente. Trabalha
apenas preguiçosamente ou nem um pouco. Essa subtração de sangue não seria necessária
se o cérebro receptor não tivesse sido tão enfraquecido pela opressão.
Eis o motivo por que a retransmissão de um médium, pela palavra ou pela escrita, não se
evidencia de tal maneira moldada à compreensão terrena como devia ser, se deva ser
compreendida exatamente com noções terrenas e cálculos de espaço e tempo.
Nisso está também o motivo dos médiuns muitas vezes divisarem acontecimentos que se
aproximam da Terra, catástrofes ou algo semelhante, e sobre isso falarem ou escreverem,
contudo raramente acertando a época terrena.
Um médium recebe a impressão de matéria fina e a retransmite, por escrito ou
verbalmente, pouco ou até nem transformada, para a matéria grosseira. Isso deve então
acarretar erros para aquelas pessoas que aí contam exclusivamente com a matéria grosseira.
A impressão de matéria fina é diferente do efeito de matéria grosseira, que se apresenta
depois. Pois na matéria fina os contrastes se mostram bem mais nítidos, mais variados e
efetivam-se correspondentemente. Acontece com freqüência o fato de médiuns descreverem
inalteradamente apenas o que é de matéria fina, porque o cérebro anterior não pode aí
acompanhar, em sua atividade transformadora, e fica inativo. Então, tanto a imagem de um
acontecimento como as épocas são diferentes, visto que também os conceitos de tempo da
matéria fina são diferentes dos da Terra.
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Assim as descrições e as previsões de uma mesma coisa serão diferentes em quase
todas as pessoas mediúnicas, segundo a possível colaboração, menor ou também maior, do
cérebro anterior, que apenas em casos raríssimos pode proporcionar uma transformação
completa para os conceitos terrenos.
Quando os do Além, contudo, se empenham em restabelecer a ligação, interrompida pelos
seres humanos terrenos, entre a matéria fina e a matéria grosseira, não deve mais ser tolerada
nenhuma exigência e nenhum ridículo julgamento de ignorantes e de pessoas de raciocínio;
pelo contrário, esses trabalhos exigem absoluta seriedade, para que seja restabelecido o que
por presunçosa vaidade foi estragado.
Devem ser excluídos dessa colaboração, outrossim, todos os fantasistas, fanáticos e
místicos, que na realidade são ainda mais nocivos nisso do que as pessoas de raciocínio.
Se ambas as partes do cérebro dos seres humanos terrenos pudessem trabalhar juntas,
de modo harmonioso, conforme está nas determinações do Criador, as transmissões dos
médiuns seriam então dadas em conceitos de tempo adequados à matéria grosseira. Assim,
porém, ocorrem alterações e desfigurações, devido à maior ou menor subtração de sangue do
cérebro anterior. Para corrigi-las, torna-se necessário um cuidadoso estudo na observação;
não merecem, porém, ser ridicularizadas ou mesmo supostas como motivos desonestos,
conforme sucede com predileção por parte de pessoas espiritualmente indolentes.
Naturalmente haverá também aí, como em todas as coisas, sempre pessoas que, dando-
se por entendidas, flutuam nessas coisas com uma sensação de bem-estar e assim, realmente,
se tornam ridículas, bem como aqueles que visam pretensões desonestas. Isso, porém,
encontra-se por toda a parte e não há justificativa alguma, por essa razão, de conspurcar de
maneira tão visível a coisa em si, ou aqueles que sinceramente com isso se ocupam.
Essa conduta, a da conspurcação de tudo aquilo que ainda não pode ser compreendido, é,
por sua vez, apenas uma expressão de ridícula vaidade, um sinal de irresponsável estupidez
que se alojou entre esses seres humanos. Não existe, aliás, nada de grande, nada de sublime,
que no início não tenha sido hostilizado pela humanidade terrena! Mesmo com aquilo que
Cristo Jesus falou outrora, e como ele próprio, não se passou, pois, diferentemente.
Tais zombadores apenas mostram com isso, mui nitidamente, que caminham às cegas
pela vida ou então com visível ignorância.
Olhemos a nossa volta: quem hoje segue seu caminho zombando das anunciações e
previsões de acontecimentos terríveis, que aumentam por toda a parte, não querendo ver que
muito daquilo já está se realizando e que se avolumam de semana para semana as catástrofes
naturais, esse é ignorante, ou por algum medo nada quer reconhecer ainda!
São ignorantes ou covardes, que não ousam encarar os fatos! Em todos os casos, porém,
nocivos.
E aquele que ainda não quer reconhecer como sendo um sinistro golpe do destino a
imensa calamidade econômica que aumenta irresistivelmente em todos os países desta Terra,
e a confusão e o desamparo daí decorrentes, só porque ele talvez ainda disponha do suficiente
para comer e beber, tal ser humano não merece mais ser chamado de ser humano, pois deve
estar corrompido por dentro, embotado perante o sofrimento alheio.
“Tudo já aconteceu!” é o seu leviano dizer. Sem dúvida, tudo já aconteceu isoladamente!
Mas não nas circunstâncias de hoje, não com esse saber que hoje é vangloriado, não com os
recursos de que hoje se pode lançar mão! Essa é uma diferença como o dia e a noite!
Antes de tudo, porém, jamais houve aglomeração de acontecimentos. Anteriormente se
passavam anos entre os acontecimentos da natureza, falava-se e escrevia-se durante meses
sobre tais fenômenos que alvoroçavam todos os povos civilizados, ao passo que hoje logo se
esquece tudo horas depois, no meio de danças e tagarelices cotidianas. É uma diferença que
não se quer ver devido ao medo, o qual se mostra na leviandade! Num nefasto não querer
compreender.
“A humanidade não deve inquietar-se!” é a ordem de hoje. Não, porém, por amor à
humanidade, pelo contrário, apenas por medo de que as criaturas humanas pudessem
apresentar exigências, as quais ninguém mais seria capaz de enfrentar!
Muitas vezes, sim, as tentativas de tranqüilização são toscas, de forma que apenas uma
humanidade apática pode ouvir isso silenciosamente, numa insensibilidade como hoje impera.
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Que isso, porém, é um trabalho hostil contra a excelsa vontade de Deus, ninguém se esforça
por reconhecer e dizer.
Deus quer que os seres humanos reconheçam essas advertências que, falando
nitidamente, se encontram nos acontecimentos progressivos! Eles devem acordar do seu
leviano cochilo espiritual, a fim de que, refletindo, tomem ainda em tempo o caminho de volta,
antes de se tornar necessário que todo o sofrimento, que atualmente ainda podem ver em seu
próximo, tenha de atingi-los também. Revolta contra Deus se dá por parte de todos aqueles
que queiram impedir isso mediante pronunciamentos tranqüilizadores!
Infelizmente, porém, a humanidade é susceptível demais a cada palavra que a dispense
da própria atividade do espírito e de bom grado permite, por isso, que se lhe diga as mais
esquisitas coisas, aceita-as credulamente, sim, quer tê-las, e até as divulga e defende somente
para não ser despertada de sobressalto de seu sossego e comodismo.
E a querida vaidade dá aí o seu compasso, é a melhor favorecedora de toda aquela erva
daninha que, igual a ela, cresce como fruto do domínio do raciocínio hostil a Deus.
A vaidade jamais quer que se reconheça a Verdade, pouco importando onde ela se
encontre. O que nisso ela se permite, mostra a disposição dessa humanidade terrena já em
relação à existência terrenal do Filho de Deus, que em sua verdadeira e grande simplicidade
não basta ao vaidoso sentido humano. O fiel quer ter o “seu” Salvador apenas segundo a sua
interpretação! Por isso ornamenta o caminho terrestre do Filho de Deus, Cristo Jesus, com
acontecimentos imaginados.
Apenas por “humildade” perante tudo o que é divinal, esse Salvador tem de ser também,
segundo o sentido humano, incondicionalmente “sobrenatural”, como Filho de Deus. Não
refletem aí que o próprio Deus é a perfeição do natural e que a Criação se desenvolveu dessa
Sua naturalidade perfeita, através de Sua vontade. Perfeição, porém, também traz consigo
imutabilidade. Se fosse possível uma exceção nas leis da Criação, que são de acordo com a
vontade de Deus, haveria nisso uma falha, teria faltado perfeição.
A humildade humana, porém, eleva-se acima de tudo isso, pois espera, sim, exige, numa
existência terrena do Filho de Deus, alterações das leis vigentes na Criação, portanto, violação.
E exatamente por aquele que veio, pois, para cumprir todas as leis de seu Pai, conforme ele
próprio declarou! Espera dele coisas que tinham de ser simplesmente impossíveis segundo as
leis da evolução natural. E exatamente com isso deve apresentar-se a sua divindade, o divinal,
que traz em si, de modo vivo, a base das leis da natureza!
Sim, a humildade humana é capaz de muita coisa. Mas a sua face autêntica é exigência, e
não verdadeira humildade. A máxima arrogância, a pior presunção espiritual! A querida vaidade
põe sobre isso apenas uma capinha, que se assemelha à humildade.
É apenas triste que também muitas vezes pessoas realmente bem-intencionadas,
inicialmente com legítima humildade, se excedam de modo inconsciente, em seus
entusiasmos, até as coisas mais impossíveis, como Lorber pode vivenciar em tão grande
extensão em si próprio e tantos outros com ele.
Surgiram imaginações cuja transmissão trouxe grandes danos.
Assim, já o menino Jesus teria que ter feito as maiores maravilhas. Até nas infantilíssimas
brincadeiras, às quais se dedicava como toda criança, quando sadia e espiritualmente atenta.
Os pequenos pássaros que, brincando, plasmava em simples barro, tornavam-se vivos e
voavam cantando alegremente no ar, e muito mais coisas semelhantes. São fenômenos
simplesmente impossíveis, porque contradizem todas as leis de Deus na Criação!
Então Deus-Pai, outrossim, poderia ter colocado Seu Filho, já feito, na Terra! Para que foi
necessária uma mãe humana! As desagradabilidades do parto! Não podem os seres humanos
pelo menos uma vez raciocinar de modo simples? Deixam de fazê-lo por vaidade própria.
Segundo sua opinião, a passagem terrena do Filho de Deus tem de ser diferente. Eles querem
assim, para que “seu” Salvador, “seu” Redentor, não fosse de forma alguma submetido às leis
de Deus na Criação. Isso, na realidade, segundo o seu pensar, aliás, não teria sido
demasiadamente pequeno para ele, o Filho de Deus, mas para todos aqueles que querem
reconhecer nele o seu Redentor! Vaidade humana, e nada mais!
Não raciocinam que para Jesus foi muito mais grandioso ainda ter-se submetido,
voluntariamente, a essas leis através de sua encarnação, somente para trazer a Verdade na
Palavra para aquelas criaturas humanas que, injuriando, devido à torção de seu instrumento
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terreno, tinham se tornado incapazes de ainda assimilar por si próprias a Verdade, e
reconhecê-la. Eram demasiado vaidosas para verem como cumprida na própria Palavra a
missão de Cristo. Para eles, os vaidosos seres humanos, tinha de acontecer algo mais
grandioso!
E quando o Filho de Deus sofreu a morte terrena na cruz, morrendo como qualquer
pessoa na cruz morreria, por corresponder assim às leis de Deus na Criação; quando o corpo
humano não pôde descer da cruz simplesmente ileso, então para a vaidade humana não
restou outra coisa senão a suposição de que o Filho de Deus teve de morrer assim, não quis
descer da cruz, para através disso tirar os pecados dos pobres homúnculos, a fim de que estes
então fossem recebidos jubilosamente no reino dos céus!
Criou-se assim o fundamento para a ulterior concepção da necessidade da morte na cruz,
o que trouxe o triste e grande erro entre os cristãos de hoje, resultante apenas da vaidade
humana.
Se nenhuma pessoa mais quiser chegar ao reconhecimento de que tal pensamento só é
capaz de brotar da desavergonhada presunção, para regozijo de Lúcifer, que deu ao ser
humano a vaidade para a sua destruição, então a humanidade também não pode mais ser
ajudada e tudo é em vão; mesmo as maiores e mais fortes advertências da natureza não
podem acordá-la do sono espiritual. Por que o ser humano não pensa mais longe!
Se Cristo pudesse ter ressuscitado carnalmente, seria também absolutamente lógico que
ele tivesse a possibilidade de descer a esta Terra também já pronto em carne, de lá, para onde
ele, na ressurreição, teria subido carnalmente. Que isso, porém, não tenha acontecido; que ele,
pelo contrário, desde o começo, teve que vivenciar os caminhos como qualquer corpo humano
a partir do nascimento, com todas as pequenas e grandes penúrias, fala, juntamente com
muitas outras necessidades de sua existência terrena, bem claramente contra isso, sem se
considerar que só assim podia ser e não de outro modo, visto que também o Filho de Deus
tinha de se adaptar às leis perfeitas de seu Pai na Criação.
Na Criação, quem quiser chegar até a Terra, está sujeito às leis imutáveis da Criação.
O contrário é fantasia formada pelos próprios seres humanos, proveniente do entusiasmo,
e depois legada como verdade. O mesmo se deu com todas as tradições, pouco importando se
estas tiveram a sua transmissão oral ou por escrito. A vaidade humana representa aí um
grande papel. Raramente sai algo da mão humana, da boca humana e até do cérebro humano,
sem que seja adicionada alguma coisa. Anotações de segunda mão jamais constituem provas
em que a posteridade se devia basear. O ser humano precisa apenas observar bem o
presente. Tomemos somente um exemplo, que se tornou conhecido em todo o mundo.
Os jornais de muitos países noticiaram sobre o misterioso “castelo” de Vomperberg, cujo
proprietário seria eu! Chamaram-me de o “Messias do Tirol”, ou também o “Profeta de
Vomperberg”! com manchetes de grande destaque, até nos maiores jornais que pretendem ser
levados a sério. Havia reportagens de espécie tão estarrecedoramente misteriosa sobre
inúmeros caminhos de ligação subterrânea, templos, cavaleiros com armaduras negras, bem
como de prata, um culto inaudito, também sobre vastos parques, automóveis, cavalariças e
tudo o mais que pertence a um cérebro doentio, capaz de relatar tais coisas. Citaram-se
particularidades, às vezes fantasticamente belas, às vezes, contudo, asquerosas de tão
inaudita imundície, que cada um, refletindo um pouco, teria logo que ver nisso a mentira, a
intenção maldosa. —
E em tudo isso não havia uma palavra verdadeira!
Mas se daqui a séculos, ou mais fácil, em milênios, uma pessoa vier a ler tal artigo
tendencioso. . . quem poderá levá-la a mal, se quiser acreditar nisso, e disser: “Mas está
relatado e impresso aqui! Uniformemente, quase em todos os jornais e idiomas!”
E tudo isso nada mais foi do que somente um reflexo dos cérebros corrompidos dessa
época! Com suas próprias obras imprimiram-se a si mesmos o cunho, como prova da
perversão. Já para o vindouro Juízo!
Tal se deu, no entanto, ainda hoje, apesar dos meios de se conseguir, rapidamente e sem
esforços, uma ratificação antes da publicação! Como deve ter sido então, outrora, na época da
existência terrena de Jesus, quando tudo só podia correr de boca em boca! Quão fortemente
uma reprodução, desse modo, está sujeita a alterações. Inclusive em escritos e cartas.
Avoluma-se qual avalanche. Já de início, em parte erradamente compreendido, surge em tal
caminho sempre algo diferente do que foi. Quanta coisa ouvida somente foi escrita por
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segunda, terceira, décima mão, e que hoje se considera como base. Os seres humanos,
contudo, deviam conhecer os seres humanos!
Quando não podem utilizar as estruturas de seu próprio raciocínio, como ocorre em cada
verdade por causa da grande simplicidade, não é o suficiente para eles. Recusam-na ou
modificam-na, de modo que corresponda à querida vaidade.
Por essa razão, prefere-se também o “místico” à Verdade simples. O grande anseio pelo
“místico”, o misterioso que reside em cada criatura humana, é vaidade, não, porém, anseio
pela Verdade, como se procura muitas vezes apresentar. A presunção construiu o caminho
insalubre, onde bandos de fanáticos vaidosos podem se deleitar, e tantos indolentes de espírito
se deixam comodamente arrastar.
Em todas essas coisas a vaidade da criatura humana desempenha um papel
completamente devastador e sinistro, arrastando-a ao descalabro, irremediável e tenazmente,
porque a ela se afeiçoou!
Pavor apoderar-se-ia dela, se uma vez pudesse superar-se a si mesma para refletir sobre
isso, objetivamente, sem presunção. Mas já aí existe novamente aquele obstáculo: sem
presunção, nada consegue! Assim, pois, terá que permanecer, certamente, para muitas
pessoas, até que agora sucumbam nisso!
Essa realidade, em toda a sua tristeza, é o resultado que o impedimento do
desenvolvimento harmonioso do cérebro do confiado corpo terreno acarretou pelo pecado
original em sua conseqüência! O torcer da ferramenta, necessária nesta matéria grosseira, pelo
excessivo cultivo unilateral, vingou-se com isso. Agora o ser humano se encontra, com sua
ferramenta de matéria grosseira, seu corpo terreno, de modo desarmonioso na Criação,
incapaz para a missão que nela deve cumprir, imprestável por si próprio para isso.
Para extirpar essa raiz de todo o mal, porém, necessário se faz uma intervenção de Deus!
Qualquer outra força e poder, por maiores que sejam, são insuficientes para isso. É a maior e
também a mais devastadora contaminação no falso querer da humanidade, que já achou
entrada nesta Criação. Tudo, nesta Terra, teria que sucumbir, antes que possa surgir uma
melhora nisso, visto que nada existe que já não esteja irremediavelmente impregnado disso!
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11. Tudo quanto é morto na Criação deve ser
despertado para que se julgue!
Juízo Final! Todas as promessas a isso ligadas anunciam a ressurreição de todos os mortos
para o Juízo Final. No sentido de tal expressão mais uma vez os seres humanos incluíram um
erro, pois isto não deve significar: ressurreição de todos os mortos, e sim ressurreição de tudo
quanto é morto! Isto é: vivificação de tudo quanto se acha sem movimento na Criação, para
que se torne vivo para o Juízo de Deus e assim, em sua atividade, ser elevado ou exterminado!
Nada permanece imóvel agora, pois a força viva que agora flui fortalecida através de toda
a Criação impele, pressiona e obriga tudo à movimentação. Dessa forma é fortalecido também
o que até então repousava ou dormia. É despertado, fortificado e tem assim de agir, sendo em
atividade redespertada praticamente arrastado para a Luz, mesmo que quisesse se esconder.
Pode-se dizer também que vem à Luz e tem de se mostrar, não podendo mais continuar
dormindo, onde quer que se encontre. Empregando palavras populares: Vem à tona!
Tudo se torna vida e atividade nesta Criação inteira, mediante a nova penetração da Luz!
A Luz atrai com isso poderosamente. . . com ou sem a vontade do que está latente na Criação
ou talvez até escondido, e que chega finalmente em contato com essa Luz, não podendo
escapar dela nem que tenha as asas da aurora, e lugar nenhum da Criação inteira pode dar-lhe
proteção. Nada permanece sem ser iluminado.
Na movimentação decorrente dessa atração, porém, terá de se destroçar e queimar nessa
Luz aquilo que não suportar a irradiação, aquilo que, portanto, em si próprio já não aspirar mais
por essa Luz. O que estiver sintonizado à Luz, porém, florescerá e se fortalecerá na pureza de
seu querer!
Assim sucederá também com todas as características das almas desses seres humanos
terrenos. O que até então parecia repousar morto, o que dormia, sem o conhecimento muitas
vezes da própria pessoa, será sob essa força despertado e fortalecido, transformar-se-á em
pensamentos e em ações, de modo a, segundo sua maneira de atuar, julgar-se em face da
Luz! Ponderai, tudo o que estiver latente em vós será vivificado! Nisso se encontra a
ressurreição de tudo quanto é morto! Juízo vivo! Juízo Final!
Com isso tendes de solucionar tudo em vós mesmos, tendes de purificar-vos, ou
desaparecereis junto com o mal, caso ele se torne predominante em vós. Então ele vos
segurará, caindo sobre vossas cabeças, escumando fragorosamente, para vos arrastar consigo
ao abismo da decomposição, pois ele não poderá subsistir sob o esplendor da força divina! —
—
Dei-vos, pois, a Palavra, que mostra o caminho, que no despertar desta Criação vos leva
seguramente às alturas luminosas, que não vos deixará cair, aconteça o que acontecer e o que
surgir dentro de vós! Se tiverdes o olhar voltado para a Luz, com fiel convicção, se tiverdes
compreendido direito a minha Palavra, se a tiverdes acolhido em vossas almas, então
escalareis tranqüilamente rumo às alturas, saindo do caos purificados e clarificados, livres de
tudo quanto outrora vos podia estorvar a entrada no Paraíso.
Por isso velai e orai, para que não deixeis vossa clara visão turvar-se pela vaidade e pela
presunção, que são as piores armadilhas para estes seres humanos terrenos! Acautelai-vos!
Conforme tiverdes preparado o terreno dentro de vós, assim acontecerá para vós! —
31
12. A criança
Quando as pessoas perguntam a si próprias como podem educar de modo certo seus filhos,
elas devem observar em primeiro lugar a criança, e se orientarem correspondentemente.
Desejos próprios do educador devem aí ser completamente postos de lado. A criança deve
seguir o seu caminho na Terra e não o caminho do educador.
Bem-intencionado é um educador quando deseja, de bom grado, colocar à disposição de
seu filho, para proveito deste, aquelas experiências que ele próprio tivera que colher em sua
vida terrena. Quer muito poupar à criança em decepções, perdas e dores. Contudo, na maioria
dos casos não consegue muito com isso.
Tem de reconhecer, por fim, que todos os seus esforços nisso e sua boa vontade foram
totalmente em vão, pois a criança em desenvolvimento segue, de súbito e de modo
inesperado, em determinado tempo, seu próprio caminho, esquecendo ou desprezando todas
as exortações, nas decisões para si mesma importantes.
A tristeza do educador a tal respeito não é justificada, pois em sua boa vontade ele nem
levou em consideração que a criança que ele queria educar não tem de seguir, absolutamente,
um caminho idêntico ao dele, se ela quiser cumprir direito a finalidade de sua existência nesta
Terra.
Todas as experiências que o educador pôde ou teve que vivenciar em si próprio tinham
sido destinadas a ele e a ele eram necessárias, tendo também por isso trazido proveitos
somente ao educador, se foi capaz de assimilá-las de modo correto.
Esse vivenciar do educador, contudo, não pode trazer à criança o mesmo proveito, visto
que o seu espírito, por sua vez, tem de vivenciar algo completamente diferente para o seu
desenvolvimento, conforme os fios do destino que com ela estão entretecidos.
Nem sequer dois, dentre os muitos seres humanos na Terra, têm caminhos idênticos, que
possam beneficiá-los para o amadurecimento de seus espíritos!
Por isso, as experiências de uma pessoa não adiantam espiritualmente para uma
segunda. E se uma criatura humana trilhar, imitando com exatidão, o caminho de outrem, terá
malbaratado sua própria existência terrena!
Deveis apenas preparar a ferramenta para a criança, até o seu amadurecimento, da qual
ela necessita para a sua vida terrena, nada mais. Isto é, o corpo terreno com todos os seus
aparelhos de matéria grosseira.
Atentai nisso com todo o cuidado para não torcê-lo ou até torná-lo completamente
imprestável por exagero ou unilateralidade! Ao lado das necessárias capacitações de
movimento, o aprendizado da atividade certa de seus cérebros representa um papel
importante. A primeira fase educacional termina quando a maturidade se inicia, e só então é
que deve seguir-se a segunda, a qual deve ensinar o espírito a dominar certo o corpo todo.
Os filhos desses seres humanos terrenos, até os anos de sua maturidade, quando então o
espírito se manifesta, sentem, predominantemente, somente de modo enteal! Evidente que
interiormente já estão incandescidos pelo espírito. Portanto, não acaso somente como um
animal nobre em seu desenvolvimento máximo, porém muito mais até; contudo, mesmo assim
é predominante aí o que é do enteal e, por isso, determinante. Cada educador tem de manter
isso incondicionalmente em vista; nesse sentido tem de ser severamente orientada a base de
uma educação, se o êxito deva ser perfeito e sem prejuízos para uma criança. A criança deve
primeiramente obter plena compreensão do grande atuar de tudo quanto é enteal, já que nessa
época ela se acha ainda mais aberta para o enteal do que para o espiritual. Assim seus olhos
se abrirão cheios de alegria e puros para as belezas da natureza que vê ao seu redor!
As águas, montanhas, florestas, campinas, flores, bem como os animais, tornam-se então
familiares a cada criança, e ela ficará solidamente ancorada no mundo, o qual deve oferecer-
lhe, para sua existência terrena, o campo de atuação. A criança estará então completamente
firme e plenamente consciente na natureza, em toda a atuação enteal, compreensiva, e com
isso bem aparelhada e pronta para atuar com o seu espírito, elevando e beneficiando ainda,
outrossim, tudo aquilo que está em sua volta como um grande jardim! Só assim pode tornar-se
um verdadeiro jardineiro de Deus na Criação.
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Dessa forma e não diferentemente deve estar cada criança em desenvolvimento, quando
seu espírito desabrochar. Sadia de corpo e de alma! Desenvolvida de modo alegre e preparada
naquele terreno ao qual cada criança pertence. O cérebro não deve ser sobrecarregado
unilateralmente com coisas das quais nem necessita na vida terrena e que lhe exigem muitos
esforços para assimilá-las, com o que tem de desperdiçar energia, enfraquecendo o corpo e a
alma!
Se, no entanto, a educação primária já consome toda a força, nada mais resta a uma
criatura humana para a verdadeira atuação!
Com uma educação certa e preparação para a vida, propriamente dita, o trabalho só se
torna alegria, prazer, uma vez que, com isso, tudo na Criação é capaz de vibrar conjuntamente
em completa harmonia, e desse modo apóia beneficiando e fortalecendo o desenvolvimento da
juventude.
Quão insensatamente agem, porém, os seres humanos com seus descendentes! De que
crimes se tornam culpados em relação a eles!
Exatamente quando o espírito desabrocha no corpo da moça, para utilizar o instrumento
de matéria grosseira e o de matéria fina a ela confiado e doado, portanto para que se torne
verdadeiramente uma criatura humana, a feminilidade da jovem é arrastada para divertimentos
terrenos, a fim de. . . levá-la depressa ao homem!
O espírito, o verdadeiro ser humano, que ainda deve entrar em sua atividade terrena, nem
chega aí ao começo e, enfraquecido, tem de presenciar como o raciocínio terreno, treinado de
modo exclusivo e errado, só se ocupa com cintilações de lantejoulas, a fim de, na falta de
verdadeiro espírito, aparentar espiritualidade, e como é assim arrastado para toda a sorte de
coisas impossíveis, requerendo e desperdiçando com isso toda a energia que o instrumento
pode dar. Tornam-se finalmente mães, sem antes serem realmente seres humanos!
Por essa razão nada mais resta ao próprio espírito para a atuação. Nem tem possibilidade
alguma para tanto!
E com o moço não se dá muito melhor! Está exausto, moído pela sobrecarga escolar, os
nervos superexcitados. Oferece ao espírito, em seu desabrochar, apenas um solo doentio, um
cérebro supersaturado de coisas inúteis, torcido. Por isso o espírito não pode agir e nem se
desenvolver como deve, mas sim se atrofia, ficando completamente esmagado pela carga de
entulhos. Apenas resta ainda uma insatisfeita saudade, que deixa pressentir a presença do
encarcerado e oprimido espírito humano. Por fim, essa saudade se perde também no turbilhão
da lufa-lufa terrena e da avidez, saudade que devia primeiro proporcionar uma ponte sobre
esse vazio espiritual, tornando-se depois hábito, necessidade.
É assim que atualmente o ser humano atravessa a vida terrena! E a educação errada tem
nisso a maior parte da culpa.
Se o ser humano quiser estar certo aqui na Terra, terá então de ser mudada,
categoricamente, a primeira parte do preparo, portanto, sua educação! Deixai nisso as crianças
permanecerem realmente crianças! Jamais procureis também equipará-las aos adultos, ou
esperar ainda que os adultos devam se orientar segundo as crianças! É um veneno violento
que com isso dais às crianças. Pois nas crianças o espírito ainda não desabrochou, sendo
principalmente ainda dominadas por sua espécie enteálica, e por essa razão não podem ser
consideradas de pleno valor entre os adultos!
As crianças sentem isso muito bem. Não as deixeis desempenhar um papel que lhes tire
essa consciência. Assim as faríeis infelizes! Tornar-se-ão inseguras na área firme de sua
infância, que lhes cabe, que lhes foi indicada na Criação, ao passo que jamais poderão sentir-
se familiarizadas na área dos adultos, visto ainda faltar aí o principal que a isso lhes dá direito e
as capacita: a perfeita ligação de seu espírito com o mundo exterior através do corpo.
Vós lhes roubais a verdadeira condição de criança, para a qual, segundo as leis da
Criação, têm pleno direito, necessitando até permanentemente dela, porque o vivenciar da
infância pertence, incondicionalmente, ao progresso posterior do espírito. Em vez disso já as
colocais freqüentemente entre os adultos, onde não podem mover-se, porque para isso falta
tudo quanto é necessário. Tornam-se inseguras e precoces, o que naturalmente só pode
parecer repulsivo aos adultos, por se apresentar como insano, perturbando a pura intuição,
toda a harmonia, pois uma criança precoce é uma fruta onde o caroço ainda não chegou ao
amadurecimento, enquanto que o invólucro já se encontra envelhecendo!
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Cuidai-vos disso, pais e educadores, pois é crime contra as leis de Deus! Deixai as
crianças permanecerem crianças! Crianças que sabem que necessitam da proteção de todos
os adultos.
O dever de um adulto é apenas proteger as crianças, proteção que é capaz de dar e que
também tem de proporcionar, onde uma criança a mereça!
A criança, em sua espécie enteal, intui muito bem que necessita da proteção dos adultos,
e por isso olha-os, respeita-os voluntariamente como retribuição, o que encerra em si a
necessidade de apoio, se vós próprios não destruirdes essa lei da natureza!
E vós a destruís, na maioria dos casos! Despojais cada criança de suas intuições bem
naturais, através do vosso modo errado que aplicais em relação às crianças, muitas vezes para
satisfação própria, porque em grande parte a criança é um brinquedo querido para vós, com o
qual quereis alegrar-vos, e a qual prematuramente procurais tornar intelectiva, para poderdes
ficar orgulhosos disso!
Nada disso, porém, é de proveito para a criança, pelo contrário, somente prejudica. Já nos
primeiros anos, na fase da infância, que tem de ser considerada como primeira parte do seu
desenvolvimento, vós tendes de cumprir obrigações mais sérias em relação à criança! Não
devem ser decisivos para isso vossos desejos, mas sim as leis da Criação! Estas, porém,
condicionam que se deixe cada criança ser criança, em todas as coisas!
O ser humano que foi realmente criança mostrar-se-á também mais tarde de pleno valor
como adulto. Mas somente então! E uma criança normal se reconhece já pelo fato de possuir,
perante os adultos, o legítimo respeito em seu próprio intuir, que nisso corresponde
exatamente à lei da natureza.
Tudo isso cada criança já traz em si como presente de Deus! E desenvolver-se-á, se não o
soterrardes. Por conseguinte, deixai as crianças afastadas de onde os adultos conversam, pois
não é lugar delas! Devem também, em tal caso, saber sempre que são crianças e como tais
ainda não de pleno valor, ainda não maduras para o atuar terreno. Nessas aparentes ninharias
há muito mais do que hoje pensais. É o cumprimento de uma lei básica na Criação e à qual
muitas vezes não dais atenção. Externamente as crianças, que se encontram, todas, ainda no
enteal, precisam disso como um apoio! Conforme a lei do enteal. —
Os adultos devem dar proteção às crianças! Nisso se encontra mais do que dizem
somente as palavras; devem, porém, dar proteção também apenas lá onde a criança a mereça.
Esse dar proteção não deve realizar-se sem uma retribuição, para que a criança já aprenda,
pela experiência, que em tudo tem de haver equilíbrio, havendo nisso harmonia e paz.
Também isso a espécie do enteal condiciona.
Exatamente isso, porém, tantos pais e educadores têm negligenciado, não obstante ser
condição básica da educação certa, desde que ela deva ser realizada conforme as leis
primordiais da Criação. A falta do conceito de equilíbrio absoluto leva qualquer um a vacilar e a
cair, não importa se já mais cedo ou só mais tarde. E a consciência da inevitável necessidade
desse conceito deve ser inculcada na criança já desde o primeiro dia, para que se torne de tal
modo sua propriedade, inserindo-se-lhe completamente na carne e no sangue, tão
naturalmente como aprende o senso de equilíbrio de seu corpo, o qual está sujeito, sim, à
mesma lei básica!
Se essa tese fundamental for cuidadosamente posta em prática em cada educação,
haverá finalmente seres humanos livres, que são do agrado de Deus!
Mas exatamente essa lei básica, a mais indispensável e principal nesta Criação, foi
excluída pelas criaturas humanas por toda a parte! Com exceção do senso de equilíbrio do seu
corpo terreno, ela não é obedecida nem observada na educação. Isso força a unilateralidade
de uma maneira nociva, que faz com que todas as criaturas humanas sigam apenas
cambaleando animicamente através da Criação, com constantes tropeços e quedas!
É triste que esse senso de equilíbrio só seja considerado para o corpo terreno como
necessidade de todos os movimentos; anímica e espiritualmente, porém, não é cuidado,
faltando muitas vezes de modo total. Desde as primeiras semanas deve a criança ser
cuidadosamente auxiliada nisso mediante a influência de pressão exterior. A omissão
acarretará a cada ser humano medonhas conseqüências para toda a sua existência na lei da
reciprocidade!
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Olhai somente em redor. Na vida individual bem como na família, nos governos bem como
na maneira das igrejas, por toda a parte falta justamente isso, somente isso! E, contudo,
encontrais essa lei visivelmente demonstrada por toda a parte, se apenas desejardes ver! Até o
corpo de matéria grosseira a revela para vós; vós a encontrais na alimentação e na eliminação,
sim, até nas próprias espécies de alimentação, se o corpo deva sentir-se bem, no ajuste entre
o trabalho e o descanso, até em todas as minúcias, sem se considerar a já citada lei do
equilíbrio que faz com que cada corpo se mova, tornando-o só assim útil para a missão da
atuação terrena. Ela mantém e permite existir todo o Universo, pois só no ajustamento do
equilíbrio podem os astros, podem os mundos seguir suas órbitas e se manter!
E vós, pequenos seres humanos na Criação, que não sois mais do que uma partícula de
pó diante do grande Criador, vós a derrubais por não querer dar-lhe inteira atenção e cumpri-la.
Pôde, sim, suceder que por algum tempo a tivésseis torcido; agora, porém, ela volta
rapidamente à forma original e, no regresso rápido, tem de atingir-vos dolorosamente!
Desse erro proveio todo o mal que hoje atinge a Criação. Também nos países o
descontentamento torna-se revolta, lá onde, de um lado, falta o equilíbrio certo! Contudo, é
apenas uma continuação, o avolumar daqueles erros que o educador comete com a juventude!
O novo reino, o Reino de Deus sobre a Terra, criará o equilíbrio e, com isso, uma nova
geração! Primeiramente, porém, terá de forçar impiedosamente o verdadeiro conceito de
equilíbrio, antes que possa ser compreendido. Forçar pela transformação de todo o torcido, que
já agora se processa pela auto-exaustão de todo o falso e insano, impulsionado para isso pelo
invencível poder e força da Luz! Seguir-se-á então a dádiva da verdadeira compreensão de
todas as leis primordiais da Criação. Esforçai-vos por reconhecê-las direito desde já e estareis
certos nesta Criação! O que, por sua vez, como conseqüência, trará para vós somente
felicidade e paz.
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13. A missão da feminilidade humana
Uma grande opressão paira sobre toda a feminilidade terrena, desde de que foi difundida a
ilusão de que o destino principal de uma mulher seria a maternidade. Muitas pessoas, com
falsa compaixão e freqüentemente até com disfarçada alegria maliciosa, olham para as moças
que não se casam e igualmente para as senhoras que ficam sem filhos no matrimônio. A
expressão “solteirona”, que na realidade é um título honroso, é muitas vezes pronunciada com
leve zombaria, com um lastimoso encolher de ombros, como se o matrimônio fosse, para a
mulher terrena, a mais alta de suas finalidades, sim, até seu destino.
Que esse falso conceito haja se difundido e alojado por milênios, de modo tão nocivo, faz
parte das principais conquistas de Lúcifer que, com isso, visava à degradação da feminilidade,
aplicando o golpe mais duro à verdadeira essência humana. Olhai, pois, em redor! As danosas
excrescências dessa conceituação falsa sintonizaram, de antemão, o sentido dos pais e das
moças, em linha bem reta, para o sustento terrenal por meio de um matrimônio! Tudo converge
para aí. Já a educação, todos os pensamentos, as conversas, as ações, desde os dias da
infância de cada moça até a maturidade. Depois, busca-se e proporciona-se a oportunidade ou,
onde isso não se consegue, estabelece-se até à força, a fim de que se travem conhecimentos
com o objetivo final de um casamento!
É inculcado na moça, literalmente, que passará pela vida sem alegria, se não puder andar
ao lado de um homem! Que, de outro modo, jamais será levada a sério! Para onde quer que
uma criança do sexo feminino olhe, ela vê as glorificações do amor terreno, tendo como alvo
supremo a felicidade materna! Assim se forma a idéia, artificialmente imposta, de que cada
jovem que não pode ter isso é digna de lástima e tem a sua existência terrena perdida em
parte! Todo seu pensar e querer é orientado nesse sentido, literalmente inoculado na carne e
no sangue desde o momento do nascimento. Tudo isso, porém, é obra bem hábil de Lúcifer,
objetivando a degradação da feminilidade humana.
E esse malefício tem de ser agora tirado dessa feminilidade terrena, se é que ela deva
elevar-se! Somente dos escombros dessa ilusão de até agora é que pode resultar o elevado, o
puro! A nobre feminilidade, desejada por Deus, não conseguiu desenvolver-se sob essa
investida das mais astuciosas de Lúcifer contra os espíritos humanos, os quais, todos, desde o
início, poderiam ter se esforçado somente rumo à Luz, se tivessem seguido firmemente as leis
primordiais da Criação, deixando-se guiar por elas.
Tornai-vos finalmente espirituais, ó criaturas humanas, pois sois do espírito! Reconhecei e
sede também suficientemente fortes para assimilar que a felicidade maternal, tida como a
suprema meta da feminilidade terrena e o seu destino mais sagrado, tem suas raízes somente
no enteal! O destino mais sagrado da mulher humana, no entanto, é muito mais elevado, está
no espírito!
Nem sequer uma vez vos veio à mente que tudo aquilo que até agora decantastes
pertence exclusivamente à Terra, à vida terrena em sua limitação! Pois o casamento e a
procriação existem apenas na parte de matéria grosseira desta Criação posterior. A
feminilidade, contudo, existe na Criação inteira! Isto, pois, deveria dar-vos motivo para uma
reflexão! Mas não, seria esperar demais de vós.
Assim como se procura levar os animais livres, pouco a pouco, para uma trilha
imperceptível, previamente construída de modo cuidadoso, e a qual não podem distinguir da
livre e bela floresta, levando, contudo, ao cativeiro, da mesma forma levastes vossas filhas
apenas na direção daquele único alvo. . . o homem! Como se esse fosse seu destino principal!
A ilusão dessa falsa conceituação assemelha-se a tabiques, colocados à direita e à
esquerda, que nem deixavam as pobres crianças, por fim, pensarem de modo diferente senão
na mesma direção. Tantas moças “se salvaram” então com um salto violento ainda para um
casamento que a elas próprias muito custou, apenas para na velhice não sofrer as
conseqüências desses falsos conceitos, os quais, como espadas ameaçadoras, pendem sobre
cada moça e que também hoje ainda existem.
É também somente um íntimo protesto completamente inconsciente que desperta, uma
revolta do até então tão subjugado espírito, quando, no processo fermentativo inicial de uma
nova época, a juventude quer refugiar-se desse estado doentio, porém não reconhecido,
caindo aí, infelizmente, em algo ainda muito pior, nas idéias de amizades livres e com isso
36
também nas ligações conjugais de amizade. No fundo é ainda a mesma excrescência da idéia
luciferiana, que traz em si a depreciação das mulheres, só que por outra forma. Pois algo de
puro não podia originar-se, uma vez que sinistramente a opressão das trevas paira sobre
todas, segurando-as firmemente enlaçadas e mantendo todas de nuca curvada sob essa
opressão.
Tinha de permanecer o errado, mesmo que a forma fosse modificada. O golpe para a
libertação da verdadeira feminilidade agora só pode vir de cima! A humanidade, por si, não
consegue fazê-lo, uma vez que se emaranhou e se escravizou por demais.
Aí não ajudam mais leis ou formas novas. A salvação jaz apenas na compreensão de
todas as leis primordiais da Criação. Deveis aceitar a Verdade, finalmente, conforme ela
realmente é, não como a julgastes, por terdes sido tão acessíveis às insuflações de Lúcifer.
Eu quebro esse encanto que tão funestamente pairou até hoje sobre a feminilidade
terrena! Eu envio um raio da Luz para as trevas que, confundindo-vos, ainda vos mantêm
presos.
Com a idéia de que a feminilidade humana devesse procurar a finalidade principal da
existência na maternidade, o que é feminino foi desvalorizado e desonrado! Pois com isso ela
foi rebaixada, atada ao enteal! Lúcifer nada mais precisou fazer do que lançar no mundo essa
idéia, que foi acolhida e tornou-se depois, lentamente, conceito sólido, que ainda hoje domina o
sentido humano, obrigando-o naquela direção, que impede o vôo do espírito para as alturas
límpidas e luminosas!
Punhos imundos dos asseclas de Lúcifer colocaram-se com isso sobre a feminilidade
humana, vergando suas nucas. Fora com isso! Libertai-vos agora dessas garras que vos
prendem embaixo! Pois esse conceito, tão-só, trouxe, em suas conseqüências, tudo quanto
tem de desonrar a mulher. O mantozinho bonito da sagrada maternidade e as canções em
louvor do amor materno jamais conseguirão aliviar a opressão desses punhos escuros, e
também não os tornarão luminosos.
Escutai a minha palavra: com esse conceito se fez da mulher humana um animal materno!
Despertai, moças, mulheres, homens, para reconhecer, finalmente, toda a terribilidade dessa
idéia! Trata-se aí de um direito sagrado para vós!
Lúcifer pôde orgulhar-se dessa conquista! Eu a arranco das mãos de seus asseclas! Atiro-
a destroçada aos seus pés!
Já disse uma vez que Lúcifer procurou desferir o golpe mais pesado contra a própria
humanidade na feminilidade inteira e, infelizmente. . . pôde, outrossim, desferi-lo mais do que
bem!
Segui o pensamento que ele, com grande astúcia e malícia, jogou entre vós: lisonjeou-vos
hipocritamente com a idéia de uma maternidade como missão suprema da mulher! Contudo, à
maternidade pertence o instinto terreno, e para este quis construir uma base mais alta,
mediante aquela idéia, para tornar-se dominador, obrigando todo o pensar dessa humanidade
terrena naquela única direção. Um plano urdido com admirável astúcia! Brincou aí,
cautelosamente, com vossos sentimentos, como um artista de primeira classe em seu
instrumento, ao manter sedutoramente diante de vossos olhos a maternidade e o amor
materno como escudo para seus intentos, a fim de que não pudésseis reconhecer o que
espreitava por trás disso. E conseguiu-o integralmente.
Ouvistes o som sedutor, que ressoou em vós de modo límpido, contudo não vistes as
mãos sujas, avidamente crispadas, que produziram a melodia! O supremo alvo e sagrado
destino! Isso pairava diante de vós, vós o avistastes de modo claro e luminoso. Mas apesar da
claridade é, no entanto, a mais pura irradiação do enteal, não do espírito! O animal incandesce
e alcança nisso seu ponto máximo, realiza-se nisso, entregando-se por completo, porque ele
próprio se origina do reino do enteal! Torna-se grande nisso, luminoso e claro! No ser humano,
porém, existe ainda algo mais forte que deve e tem de estar acima, se quiser ser integralmente
ser humano. . . o espírito!
Como tal, ele não pode nem deve permanecer no enteal, não deve estabelecer algo que
pertence categoricamente ao enteal como o mais alto de seus alvos, e que também tem de
permanecer sempre nele, segundo as leis primordiais da Criação! Assim Lúcifer colocou com
extraordinária habilidade a armadilha que forçou o espírito humano para o enteal, mantendo-o
preso aí, o que conseguiu tanto mais facilmente, porque o ser humano viu nisso o belo e
luminoso, que traz em si tudo o que é puro, portanto, também a mais alta irradiação do enteal.
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Sim, sagrada é a maternidade, sem dúvida, e tem seu coroamento no amor materno, mas
ela não é, apesar disso, a missão suprema da feminilidade humana, não é o destino que tem
na Criação. A maternidade está enraizada no enteal, é incandescida apenas por vontade pura,
embora não o seja em todos os casos na criatura humana. Nos animais, porém, é sempre, com
toda a certeza.
Permanece, apesar disso, na mais elevada irradiação do enteal, que só pode ligar-se
diretamente com o que é material. Mas somente quem tiver estudado minuciosamente a
Mensagem do Graal e a tenha assimilado, poderá também nisso compreender-me por
completo.
O que Lúcifer quis com isso, realizou-se, pois ele conhecia muito bem as conseqüências
do desvirtuamento das leis primordiais desejadas por Deus, que ele, assim, fez com que fosse
executado pelos próprios seres humanos. Demarcou-lhes apenas um alvo errado, que
correspondia bem à sua preguiça espiritual e às fraquezas, e todo o seu pensar e intuir foram
nisso sintonizados, com o que tinham de seguir por caminhos errados.
Ele mudou, portanto, somente a alavanca, com o que teve de ocorrer a catástrofe do
descarrilamento. Lúcifer só havia bajulado o instinto de modo hipócrita, e com isso elevou-o,
porém, a imensurável poder e força!
Além disso, sabia perfeitamente que o crescimento do raciocínio, na criatura humana,
tinha de se tornar ainda um forte apoio para esse poder do instinto, através do correspondente
efeito dos pensamentos, que pode aumentar o desejo nocivo até um estado febril. E com isso o
ser humano acabou ficando escravizado dentro de si mesmo, o que nunca pode acontecer a
um animal!
O belo nome “maternidade” permaneceu sempre somente um escudo enganador, com o
qual ele pôde iludir-vos mistificadoramente. Mas sua finalidade era, como conseqüência
absoluta, a intensificação do instinto. Este, finalmente, atingiu o estado doentio, tal como ele
previu com exatidão, escravizou o sentido de todos os seres humanos de ambos os sexos,
tornando-se para muitos a esfinge enigmática, como hoje o instinto doentio se apresenta,
contra o qual a criatura humana tantas vezes luta, revoltando-se inutilmente.
A raiz e a solução do enigma, porém, jazem exclusivamente nessa idéia luciferiana, a qual
foi lançada para vós, criaturas humanas, como escárnio contra as leis que a vontade de Deus
introduziu na Criação para vossa bênção e beneficiamento. E vós a pegastes, enganchaste-vos
nela como o peixe faminto ao anzol, só porque vós próprios tivestes prazer nisso! No sexo
masculino isso se efetivou como uma grave e incurável epidemia!
Assimilai realmente em vós o conceito da pura e elevada feminilidade, então estareis livres
dessas pesadas cadeias que vos causaram indizíveis sofrimentos e muitos tormentos de alma.
Com essa idéia luciferiana, toda a feminilidade terrena foi roubada do mais nobre, tornando-se
joguete e caça de criaturas masculinas vis e, até para o homem sério, apenas um querido
animal maternal. Essa convicção errada ficou pairando então no ar, como se costuma dizer
popularmente, na realidade ela se tornou viva e foi plasmada no mundo da matéria fina, flutuou
continuamente em torno de vós, influenciando-vos ininterruptamente, até que vós próprios
nada mais pudestes fazer, senão aceitá-la.
Eu corto esse laço mau, pois é falso!
A mulher se encontrará espiritualmente no lugar mais alto quando tiver se tornado
verdadeiramente consciente de sua feminilidade! E sua missão não é consagrada em primeira
linha à maternidade! Conforme eu já disse, a maternidade existe apenas para o vosso corpo
terreno, e isso é tudo! E, todavia, a feminilidade se encontra em todos os planos, mesmo no
puro espiritual, entre os primordialmente criados, no lugar mais alto! Mas é a legítima
feminilidade, em sua dignidade elevada e intangível!
Aparentemente eu tiro muito de vós, quando afirmo que a maternidade pertence apenas
ao reino do enteal! É um corte profundo que sou obrigado a proceder agora, se quiser ajudar-
vos. A maternidade permanece na área do enteal e ali se desenrola. Se fosse a mais alta
finalidade das mulheres, então elas estariam muito mal.
Observai, pois, o animal; na realidade, completamente instintivo, ele é muitas vezes mais
forte no amor materno do que jamais o consegue o ser humano, pois é completo em tudo o que
faz, porque só faz aquilo a que é impulsionado por seu instinto, sem refletir a respeito. Assim,
morre pelos seus filhotes sem temer inimigo algum. A mesma base para o amor materno
também está condicionada no ser humano, de acordo com a lei da natureza, se não o oprimir
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mediante seu raciocínio intelectivo. Ele se mantém, porém, ligado ao corpo, e este, com todas
as suas irradiações, é enteal, nada mais.
Bem que uma ou outra pessoa também já pressentiu nisso o certo. Não é em vão que já
se diz hoje que somente é verdadeira mãe aquela que em tempo certo pode tornar-se também
amiga de seus filhos.
Quanta sabedoria há nisso! Quando uma mãe pode tornar-se amiga da filha adolescente!
Quer dizer, tão logo esta deixe a infância aquela tem de alterar ou largar sua condição de mãe
de até então, se quiser seguir junto de sua filha, na qual o espírito desabrocha na maturidade,
conforme já esclareci nitidamente em minha dissertação sobre a força sexual.
Até aí predomina exclusivamente o enteal na criança, o qual foi cumprido integralmente
pelo amor materno original. O espírito que desabrocha, contudo, exige aí algo mais do que
apenas a maternidade de até então. Com ela não tem também muito a ver, porque uma
hereditariedade espiritual jamais pode ocorrer, pelo contrário, cada espírito, no corpo infantil, é
estranho também para a mãe e ele pode sentir uma ligação unicamente através de espécies
iguais.
O mais, que então o espírito exige, só pode ser dado a uma moça por aquela mãe que ao
mesmo tempo se torna sua amiga! Que, portanto, com ela se ligar espiritualmente. É uma
ocorrência, que no nascimento e na infância ainda não era possível, mas que só se desenvolve
com o irromper do espírito na maturidade, não tendo conexão com a maternidade e com o
amor materno. Só então ocorre, em tais casos, a ligação espiritual, que é mais elevada do que
o amor materno, que apenas tem raízes no enteal.
Se uma ligação assim espiritual não puder se realizar, então será certa uma separação
depois da maturidade, como se dá com os animais. Nos seres humanos, contudo, ela é interior
e raramente visível, porque exteriormente as contingências e a cultura mantêm uma ponte
ilusória, que não se dá nos animais.
A missão suprema na existência da feminilidade na Terra é a mesma que desde sempre
existiu nas regiões mais altas: enobrecimento de seu ambiente e constante suprimento da Luz,
que só a feminilidade, na delicadeza de sua intuição, pode oferecer! O enobrecimento, porém,
acarreta incondicional ascensão rumo às alturas luminosas! Isso é lei do espírito! Por isso, tão-
só a existência da legítima feminilidade condiciona também a ascensão de modo inamovível, o
enobrecimento e a conservação da pureza de toda a Criação.
Lúcifer sabia disso, porque está nas leis da Criação, e procurou impedir o processo
natural, em seu desenvolvimento, pela prejudicial e falsa idéia básica, que apresentava
sedutoramente o instinto do corpo terreno e seus efeitos como o mais elevado. Com isso
gotejou veneno em toda a verdadeira humanidade, que em decorrência disso torceu, sem
pressentir, o movimento ascendente dos caminhos retos dessas leis primordiais da Criação,
para prejuízo próprio, de maneira que eles tiveram que causar paralisação, conduzindo depois
para baixo, portanto, trazendo danos a todos os espíritos humanos, ao invés de bênçãos!
Ele sabia o que com isso fazia. Submergindo no enteal, e assim se perdendo, a
feminilidade humana não pôde desenvolver-se, teve que ficar confusa quanto a si e a sua
finalidade principal, trazendo com isso confusão até mesmo a esse enteal, porque ela não lhe
pertence.
O enobrecimento do seu ambiente é, portanto, a missão principal de uma mulher também
aqui na Terra, na matéria! Tendo vindo de cima e mantendo-se em cima, mediante sua
delicada intuição, e assim, por sua vez, conduzindo para cima, ela é a ancoragem do homem
com a Luz, o apoio de que ele precisa para a sua atuação na Criação. Para isso, porém, não é
necessário nenhum matrimônio nem mesmo conhecimento ou encontro pessoal. Unicamente a
existência da mulher na Terra já traz a realização.
O homem encontra-se na Criação com a frente voltada para fora, a fim de lutar; a mulher,
no entanto, protegendo-lhe as costas, mantém a ligação com a Luz e forma assim o núcleo, o
suprimento de energia e fortalecimento. Onde, porém, a podridão possa imiscuir-se no núcleo,
também a frente está perdida! Mantende isso diante dos olhos sempre. Nada mais adiantará,
então, se a mulher procurar colocar-se na frente, ao lado do homem, posição a que não
pertence. Em tal luta somente se enrijece sua intuição delicada, esgotando-se com isso a mais
alta capacidade e a força que outrora lhe foram outorgadas, e tudo tem de acabar em
escombros!
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É conhecido de todos, contudo, que os homens, mesmo nas regiões mais retiradas desta
Terra, aprumam-se imediatamente, procurando até se comportar de modo mais decente, tão
logo se aproxime apenas uma criatura feminina, com a qual não precisam trocar sequer uma
palavra.
Só a existência e o aparecimento de uma mulher já produzem esse efeito! Nisso se
evidenciam nitidamente, mesmo que somente ainda atrofiados, o mistério feminino e o poder, o
apoio, que dela promanam segundo as leis da Criação, e os quais nada têm a ver diretamente
com a procriação na Terra. A procriação é em grande parte de espécie enteal.
Vós, moças, e vós, senhoras, lembrai-vos antes de tudo de que sois as portadoras das
mais altas missões nesta Criação, que Deus vos confiou! Nem o matrimônio, nem a
maternidade são a vossa mais alta finalidade, por mais sagrados que também sejam! Sereis
autônomas e firmes, tão logo estiverdes certas no íntimo.
Quão ridícula e repulsiva parecer-vos-á a loucura da moda, à qual sempre vos subjugastes
voluntariamente e até de modo incondicional. O que foi lançado no mercado pelos fabricantes
da moda, de maneira insensata, para fins lucrativos, aceitastes como bichos aos quais são
atiradas gulodices!
Reconhecereis ainda a vergonha que nisso havia, já somente na aceitação das
aberrações, às vezes bastante duvidosas, dos conceitos de beleza autêntica. De pureza, nem
se pode falar aí absolutamente. Nisso ela sempre foi conspurcada de uma maneira que não
podia mais ser superada em descaramento. Depois de anos ainda subirá em vossas faces o
rubor da vergonha, quando aprenderdes a reconhecer quão profundamente tínheis afundado
nisso!
Pior ainda é, sim, a exibição consciente e intencional do corpo, que a cada um deve ser
sagrado, o que já esteve tantas vezes em moda. Somente a vaidade mais baixa poderia
permitir uma queda da feminilidade a tal profundidade. E essa vaidade, que já desde muito faz
parte notoriamente da mulher, é a imagem vergonhosa daquilo que deveria ser a atuação
verdadeira da feminilidade, segundo as leis divinas.
Aí, porém, o homem é igualmente culpado como a mulher! Precisaria, sim, apenas
desprezar tais coisas e a feminilidade logo ficaria de lado, envergonhada e isolada, mesmo que
houvesse antes passado por ela uma raiva injusta. Ele, no entanto, regozijou-se assim com a
queda da mulher, pois com isso ela correspondia melhor às fraquezas e desejos que ele já
trazia em si, aumentados de modo doentio por causa da idéia luciferiana.
A feminilidade não pode cumprir sua missão na Terra com a vaidade, que sempre
condiciona a falta de pudor, mas com a graça, que só a ela é outorgada, como a mais bela
dádiva do espírito! Cada expressão do rosto, cada movimento, cada palavra deve trazer, na
feminilidade, o cunho de sua nobreza de alma! Nisso reside sua missão e também seu poder e
sua grandeza!
Instruí-vos nisso, deixai-vos aconselhar a tal respeito, deixai que se torne legítimo o que
agora procurais substituir pela baixa vaidade! A graça é o vosso poder terreno, deveis cultivá-la
e utilizá-la. Mas não se pode imaginar graça sem pureza! Já o nome sozinho, no seu conceito,
dirige os pensamentos e o sentido rumo à pureza e às alturas, atuando de modo dominador,
intangível e sublime! A graça faz a mulher! Só ela traz em si a verdadeira beleza para cada
idade, para cada forma corpórea, pois torna tudo belo, visto ser a manifestação de um espírito
puro, no qual se encontra sua origem! A graça não deve ser confundida, por isso, com a
flexibilidade que se origina do enteal.
Assim deveis e tendes de encontrar-vos na Criação! Tornai-vos, por isso, espiritualmente
livres em vós, senhoras e moças! A mulher que apenas quer viver como mãe em sua existência
terrena malogrou em sua verdadeira finalidade e em sua missão!
40
14. O Reino de Mil Anos
Lendariamente flutua ele no pensamento de muitos seres humanos que se acham a par da
promessa, todavia vago, sem forma, porque ninguém sabe fazer uma idéia real dele!
O Reino de Mil Anos! Pretensos conhecedores sempre de novo se empenharam em
apresentar um esclarecimento sobre a maneira de efetivação da grande época de paz e alegria
que aí deve existir. Nunca conseguiram, porém, uma aproximação da Verdade! Todos andaram
errados, porque nisso reservaram aos seres humanos um papel demasiadamente
preponderante, como sempre acontece com tudo quanto as criaturas humanas pensam.
Deixaram valer, além disso, as concepções anteriores, edificaram por cima delas, e por essa
razão cada uma dessas edificações tinha de ser considerada já de antemão como errada, não
importando como era constituída.
E depois o ser humano se esqueceu do essencial! Ele não contou com a condição
igualmente prometida, de que antes do reino de paz de mil anos, tudo tem de se tornar novo no
Juízo! Esta é a condição básica indispensável para o novo reino. No solo existente até agora
ele não pode ser levantado! Antes, tudo o que é velho tem de se tornar novo primeiro!
Isto não significa, porém, que o que é velho tenha de se refortificar, na mesma forma de
até então, mas sim a expressão “novo” condiciona uma transformação, uma transmutação do
velho!
Em seu cismar o ser humano deixou de refletir sobre isto, nunca progredindo por essa
razão em sua imaginação.
Segui-me em espírito, para que aprendais a compreender; pois o cumprimento da
promessa iniciar-se-á!
O que mais tem de se modificar antes no Juízo é o próprio ser humano, pois foi só ele que
trouxe a confusão à Criação posterior. Dele decorreu, por seu querer errôneo, a desgraça no
mundo.
A beleza, a pureza e a saúde originais, que sempre são a conseqüência duma vibração
nas leis primordiais da Criação, foram se deformando e adulterando pouco a pouco, através do
querer errôneo desta humanidade. Só puderam formar-se ainda caricaturas nesse
desenvolvimento ininterrupto, em vez de amadurecimento sadio em direção à perfeição!
Imaginai, pois, o oleiro sentado diante do torno e da argila, que em sua flexibilidade se
deixa plasmar em todas as formas. O torno, porém, não é movido pelo próprio oleiro, e sim por
uma correia de transmissão que, por sua vez, a força duma máquina não deixa parar.
Mediante a pressão do dedo conforma-se então a argila em contínua rotação, rotação que
a pedra executa tendo a argila em cima. De acordo, porém, com a pressão do dedo, assim se
vai plasmando a forma, que pode sair bonita, feia, horrível.
De idêntica maneira age também o espírito do ser humano neste mundo, da Criação
posterior. Ele exerce a direção segundo a sua vontade, isto é, a pressão, como espírito sobre
todo o enteal, que forma a matéria fina e também a grosseira. O enteal é para o espírito o dedo
que exerce a pressão, conforme sua vontade. A argila é a matéria fina e a matéria grosseira,
todavia o movimento, que se dá independentemente do espírito humano, são os movimentos
automáticos das leis primordiais da Criação, semelhantes a correntes, que impelem
ininterruptamente para o desenvolvimento tudo o que o ser humano forma com a sua vontade.
Assim, a vontade do espírito humano é plenamente responsável por tudo que se
desenvolve na Criação posterior, pois ele exerce como espírito a pressão que determina a
espécie da forma. Nada pode ele querer sem simultaneamente formar! Seja lá o que for! Por
isso nunca pode se subtrair também à responsabilidade por tudo quanto tem formado; pois
sua vontade é a causa de tudo o que existe nesta Criação posterior! O seu querer, o seu
pensar e o seu agir! Tudo toma forma na engrenagem deste mundo. Que o ser humano não o
soubesse ou mesmo não quisesse saber, fica por sua conta, é sua culpa. Sua ignorância não
altera o efeito.
Assim, mediante seu querer errôneo, sua obstinação e sua presunção, reteve não
somente todo e qualquer desabrochar verdadeiro, como estragou a Criação posterior e, em
lugar de agir beneficamente, só o fez de modo nocivo!
41
Advertências através dos profetas, através do próprio Filho de Deus, foram insuficientes
para modificá-lo, a fim de tomar o caminho certo! Não quis e nutria cada vez mais sua
presunção de dominador do mundo, na qual já se ocultava o germe de sua ruína
imprescindível, que cresceu com a presunção, que preparou as catástrofes que então terão de
desencadear-se segundo as leis sempiternas da Criação, as quais o ser humano deixou de
reconhecer, impedido por sua presunção senhoril.
Os horrores vindouros têm sua causa apenas na deformação das leis primordiais divinas
através do querer errôneo desses espíritos humanos na Criação posterior! Pois esse querer
errôneo levou todas as correntes de força, que atuam automaticamente, para a confusão. Mas
seu curso não pode ser alterado impunemente, uma vez que elas, assim emaranhadas e
enredadas, depois se soltam em dado tempo violentamente. O desligar e o desemaranhar
mostram-se nos efeitos a que chamamos catástrofes. Pouco importando se ocorrem em
organizações estatais, em famílias, em pessoas individualmente ou povos inteiros, ou em
forças da natureza.
Assim se desmorona por si mesmo tudo quanto é errado, julgando-se pela força que há
nas correntes e que foram conduzidas erradamente pela presunção da humanidade, de modo
diferente do que o desejado por Deus, pois essas correntes podem produzir somente bênçãos,
quando andam por aqueles caminhos que lhes são previstos pelas leis primordiais, isto é, que
foram determinados pelo Criador. Nunca de outra forma.
Por isso o fim poderia também ser previsto há milhares de anos, porque com a
sintonização erradamente pretendida do ser humano, outra coisa nem podia suceder, visto que
os efeitos finais de todos os fenômenos permanecem sempre ligados rigorosamente às leis
primordiais.
Os seres humanos nunca deram atenção às advertências, agora encontram-se diante
daquele colapso que se processa segundo a lei natural. Neste ponto do desenvolvimento
natural encontramo-nos hoje.
Já que os espíritos humanos demonstraram absoluta incapacidade de reconhecer sua
tarefa nesta Criação, pois eles próprios deram prova de não querer de modo algum executá-la,
desdenhando-a e interpretando mal todas as advertências de enviados e de profetas, até
mesmo a do próprio Filho de Deus, cunhando sua hostilidade através da crucificação, intervém
Deus agora rigorosamente.
Por isso o Reino de Mil Anos!
Somente com rigor pode ainda ser ajudada a Criação posterior, bem como a humanidade,
que provou que com vontade livre nunca se decidiu a tomar o caminho certo que deve trilhar na
Criação, a fim de nisso estar conforme a vontade de Deus, atuando também beneficamente
como aquela criatura, que ela realmente é, por ser espiritual.
Por esse motivo ficará a humanidade agora no Juízo sem direitos, será deserdada do
direito mantido até agora, de com sua vontade humana dominar, dirigindo e formando esta
Criação posterior! Deserdada por mil anos, para que finalmente possa haver paz e esforços em
direção à Luz, segundo as leis primordiais na Criação, contra as quais até agora o ser humano
se colocou hostilmente.
A possibilidade e a garantia do reino de paz há muito almejado é dada, portanto,
unicamente pela deserdação de todos os atuais direitos da humanidade na Criação posterior!
Assim se encontra o ser humano diante de seu Deus! Disso deve ele agora prestar contas.
Este é o sentido e a necessidade do Reino de Deus do Milênio aqui na Terra. Uma triste
verdade que mais vergonhosa não podia ser para esta humanidade!
Em vez disso, em sua megalomania desenfreada, ela sente orgulho das promessas! Essa
deserdação será provocada da maneira mais simples, quando uma vontade, que está acima de
toda a vontade humana, entra nesta Criação posterior, por Deus enviada para isso! Esse fato
por si é suficiente para atar, segundo a lei natural, todos os direitos da humanidade na Criação!
Assim, a própria vontade de Deus foi enviada em carne e sangue, à qual todo o querer da
humanidade não pode contrapor-se eficazmente, à qual, pela sua existência, permanecerá
dominando e guiando na Criação, porque, conforme as leis primordiais da Criação, tudo tem
que se orientar por ela, porque através dela pôde, outrora, originar-se, dela depende e
dependerá.
A própria vontade de Deus, portanto, estará entre os seres humanos durante o Juízo, ela
irá desencadear automaticamente o Juízo para um rápido desfecho, e governará então, ela
42
própria, também a nova estruturação como deve ser para a bênção de todas as criaturas, de
toda a Criação, para que a humanidade aprenda com isso no vivenciar!
Assim, o Reino de Mil Anos será uma escola para a humanidade, onde deverá aprender
como tem de se portar nesta Criação posterior, de que maneira pensar e agir, para cumprir
corretamente a missão que lhe compete e assim ser feliz!
Para tal finalidade, fica a vontade humana, em sua função dominadora, impedida na
Criação posterior por mil anos, depois que no Juízo for destruído o que ela semeou e conduziu
erroneamente!
Durante mil anos imperará somente a vontade de Deus, a que todo espírito humano tem
de se sujeitar, assim que conseguir passar no Juízo!
No entanto, a própria vontade de Deus não permanecerá mil anos aqui nesta Terra em
carne e sangue, mas retorna, após a estruturação realizada, para o Burgo do Graal. Em seu
lugar, porém, governará então na Terra durante estes mil anos cada vez um portador de Sua
vontade, que estará diretamente ligado com ele. Será sempre um primordialmente criado,
espiritual puro que, já pela sua espécie, estará em saber e poder muito acima dos espíritos
humanos desta Criação posterior, os quais todos pertencem apenas aos desenvolvidos. Será
cada vez um cavaleiro do Burgo do Santo Graal, onde ele é preliminarmente preparado para
ser portador da espada de Imanuel, da vontade de Deus.
Portador da espada ele será sempre denominado, porque ele, em sua missão, cumpre a
palavra de Imanuel, a palavra que espiritualmente é designada como a espada. Ele então
governará em nome de seu Senhor. E cada novo regente na Terra durante o Reino dos Mil
Anos será sempre apenas um primordialmente criado, enviado do Graal. Nunca de outra forma.
Nisso reside a garantia de que esse período, determinado por Deus, também permaneça assim
como é da vontade de Deus.
Após o decorrer desses mil anos não será enviado um novo primordialmente criado e, com
isso, estará devolvida à humanidade sua herança de uma liderança na Criação posterior.
Nesse período, ela deve ter aprendido a orientar-se estritamente nas leis primordiais da
Criação, para finalmente atuar beneficamente na Criação posterior, à qual ela pertence e
pertencerá, e nela encontrar a sua verdadeira felicidade.
Caso advenha depois ainda uma falha, como até agora, então a humanidade tem de
contar com a aniquilação total!
Assim é o Reino de Mil Anos e sua finalidade! A humanidade, em sua presunção e na
ilusão de sua importância, imaginou isso de forma muito diferente. Mas aprenderá e terá de
vivenciar como é realmente!
Também nisso reside apenas uma graça de Deus para ajudar aqueles cuja vontade é
realmente pura! Senão eles estariam perdidos juntamente com os condenados! Pois, após este
Juízo não mais poderá existir ninguém, que não vibrasse corretamente nas leis primordiais da
Criação, portanto, que não vivesse de acordo com a vontade de Deus!
43
15. O equilíbrio necessário
Aqui na Terra deve ser cumprida também, finalmente, de modo rigoroso e no
sentido certo, a lei primordial da Criação, do equilíbrio, desejada por Deus, para
a salvação da humanidade, e que até agora não somente passou
despercebida, mas até foi designada, com vaidosa cegueira, de anticristã e
ignóbil.
A humanidade, com seus conceitos exclusivamente terrenos, procurou
melhorar nisso, mais uma vez, a perfeição da vontade de seu Criador, achando
logo para essa pretensão um manto cintilante. Compaixão foi a sua
denominação! Compaixão, que nada tem a ver com a misericórdia do
samaritano, que outrora Jesus Cristo ensinou na parábola.
Misericórdia é grandeza de espírito, compaixão é farisaísmo!
A compaixão foi criada pelo raciocínio, sendo uma caricatura da
misericórdia. Na compaixão o ser humano que a concede se apraz, se admira,
ou então o faz por esperteza.
O receptor, porém, exige ou espera isso em muitos casos como algo
evidente, por comodismo e inveja, que poderá crescer até o ódio.
Tudo isso, pois, é contra a lei férrea de Deus, segundo a qual somente no
dar pode surgir um receber! Deve haver nisso um eterno equilíbrio, o único a
produzir movimento, mantendo com isso a saúde e o vigor, condicionando o
progresso, pelo constante desenvolvimento, e trazendo, no verdadeiro sentido,
ascensão e plena harmonia! Somente onde o dar e o receber se mantiverem
em completo equilíbrio é que haverá paz e felicidade! Assim é a lei de Deus,
que sustenta e beneficia toda a Criação.
Toda dissonância nisso, por modificação desta lei, terá de acarretar a
indolência do movimento necessário, imobilização, retrocesso e parada de tudo
o que se encontra nesta Criação. E com isso a discórdia, a doença, a morte!
Nisso, por sua vez, se originam a inveja, o ódio, o roubo, o assassínio e todos
os males que se apresentam hoje e que aumentarão até o desmoronamento de
toda a esperança, de todos os esforços.
Nisto tem de ser feita, inexoravelmente, uma mudança, de acordo com a
vontade de Deus! É exclusivamente o dar que condiciona o receber! Quem não
está disposto a dar, também não deve ter o direito de receber, isto é, nada lhe
deve ser dado de presente! Nem a Palavra, ela quer ser conquistada! Do
contrário é doentio e jamais poderá trazer bênçãos, mesmo que terrenamente
possa parecer assim, pois é contra a lei primordial da Criação de Deus!
Severo e duro vos parecerá no primeiro momento. Mas é justamente isso o
maior auxílio que o espírito humano pode receber, porque o obriga àquela
atividade, à qual ele, bem como qualquer criatura, estão condicionados na
Criação. Somente pela atividade é que ele se desenvolve de acordo com a lei,
beneficia também o ambiente e se fortalece. Em lugar disso, porém, ele criou
até hoje, em tantos pontos, somente a indolência, que paralisa o espírito.
Portanto, no futuro nada deverá ser dado, onde não for oferecido um valor
recíproco, mesmo que seja somente através de uma alegria realmente pura! É
exclusivamente nisso que se encontra o despertar de todos os espíritos
humanos aqui na Terra, os quais, para o restabelecimento e fortalecimento,
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necessitam do movimento correto, como os corpos grosso-materiais e como
tudo na Criação! Sem movimento constante, dentro da pressão exercida pela
Criação através da força de Deus, não há nenhum progresso verdadeiro,
nenhuma alegria pela ascensão e nenhuma afirmação abençoada de toda a
existência!
“A Criação em sua beleza jaz estendida diante de ti, ser humano, mas
movimenta-te também por ti mesmo nela, conquista o que queres possuir dela!”
Assim retumba poderosamente da Luz, advertindo, como uma lei motora
sob alta pressão. E essa pressão será agora aumentada no Juízo. Quem não
estiver inteiramente disposto a empregá-la proveitosamente, para sua bênção e
de outros, em atividade infatigável; quem não quiser acompanhar essa forte
pressão, será esmigalhado e triturado por ela, como estorvo e perturbador
inútil!
Essa lei da necessidade de movimento incessante já existe desde o
começo neste Universo. O ser humano, porém, em sua vaidade, introduziu a
compaixão, a fim de que ele pudesse ser admirado como doador, criando para
si, pelo dever de gratidão, escravos indignos da humanidade.
Dessa forma muitos ficaram inertes na indolência crescente, tornaram-se
aleijados de espírito, que só sabem invejar e odiar tudo o que os outros
adquiriram. Movimenta-te, finalmente, por ti mesmo, espiritualmente e sobre a
Terra, ser humano, a fim de adquirires aquilo que necessitas, aquilo que queres
possuir. Toda a facilitação nisso é um veneno para ti! Torna-te débil e
paralítico, conduzindo-te para o comodismo acompanhado de desejos
doentios, e, finalmente, para a doença física, para a decadência espiritual!
Movimento no equilíbrio entre o dar e o receber tornar-se-á mandamento
inexorável no futuro, segundo a vontade de Deus! Vale para todas as situações
na vida!
Não há nenhum equilíbrio, quando, através de algumas determinações ou
leis, são tomadas as posses de alguém, a fim de dar a outros! Isso é
demasiadamente unilateral e doentio; falta nisso a vida, porque não vibra na lei
da Criação. Os governos nunca devem dificultar a propriedade particular, mas
sim favorecê-la e protegê-la. Também não devem socorrer-se, em situações
difíceis, e enfiar a mão violentamente nos bolsos de seus cidadãos, dispondo
da propriedade alheia, apenas para facilitar seu próprio trabalho. Faz parte da
finalidade principal de um Estado, em primeiro lugar, a garantia da propriedade
livre e tranqüila de seus cidadãos.
Por si próprios, com as suas capacidades, eles têm de encontrar os
recursos nas calamidades. Governos e cidadãos nunca devem ser fundidos
num só, pois são duas coisas distintas, que têm de permanecer saudáveis por
si mesmas, e as quais, no entanto, têm de ficar sempre lado a lado, em plena
harmonia, beneficiando-se mutuamente.
Têm de ser como mulher e homem, num matrimônio absolutamente
perfeito, ou como a atuação de todo o enteal e espiritual na administração da
casa da Criação!
Os cidadãos de um Estado, mediante sua maneira de viver, devem zelar
pela paz, pelo bem-estar e florescimento interno da casa; os governos devem
executar as atividades para fora, para o desenvolvimento do florescimento
interno e manutenção da paz, mediante ligações com outros Estados e povos.
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Cada parte, por si, tem de entregar-se plenamente em suas atividades,
então não se estorvarão mutuamente, mas sim apoiar-se-ão.
Se os governos desenvolverem sua atuação predominantemente para fora
e souberem realmente algo nesse sentido, portanto capacitados para isso,
então, como conseqüência disso, sobrevirá a paz no país de forma automática.
Para isso, contudo, é condicionado que se processe uma transformação no
espírito dos seres humanos. Assim como foram até agora e ainda hoje se
apresentam, nunca poderá realizar-se o equilíbrio saudável, que vibra nas leis
primordiais da Criação, onde exclusivamente se encontram a prosperidade e a
paz, pois a humanidade inteira, com apenas poucas exceções, se acha diante
dessas leis inflexíveis ainda de modo ignorante, razão pela qual essas leis não
podem atuar em prol dela, mas sim a Criação inteira se coloca contra ela. A
humanidade, porém, é aí a parte mais fraca e inevitavelmente perdedora, até
que finalmente obedeça, porque tem de obedecer. Até lá, no entanto, não
haverá um verdadeiro sucesso.
É então natural e nem se pode esperar outra coisa, senão que, dentro do
equilíbrio, para cada dar seja prestada igualmente uma compensação de
alguma forma. Ninguém deve considerar como natural que esse ou aquele
semelhante execute algo para ele, por favor, sem que tenha de dar pelo menos
uma boa palavra em troca. Uma palavra que também contenha um valor para o
outro! Que não signifique apenas uma formalidade.
Estabelecei ordem nisso, seres humanos, e só então criareis um solo
saudável para vós, que suportará uma construção sólida.
Também os assim chamados cargos honorários são nocivos. Com poucas
exceções são apenas pretextos e pontes para baixas ambições, para a mania
de domínio e para todos os esforços no sentido de chamar a atenção e ser
valorizado. Não, isso não é o certo e também não é desejado para a vida
comunitária terrena, uma vez que faz surgir somente coisas doentias,
fomentando-as. Somente por causa das poucas exceções, porém, não devem
ser mantidas tantas coisas que atraem o mal.
Também nisso a lei de Deus deve constituir a base, inalterada, sem
primeiro ajustá-la aos desejos da humanidade e suas vaidades ou fraquezas,
como sempre aconteceu até agora.
Não é amor, ajudar daquela maneira como até agora se fez na Terra, pois
o amor procura fazer apenas aquilo que constitui verdadeiro auxílio aos outros.
Deixai soprar ventos frescos, fortes e purificadores, a fim de que tudo o que
é mole e abafado seja soprado, e não deis atenção se muitas pessoas
doentiamente mal-acostumadas se resfriem fortemente no início.
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16. Jesus e Imanuel
O Filho de Deus, Jesus, bem como o Filho do Homem, Imanuel, originam-se de
Deus! O Filho de Deus, o qual deve ser denominado o intragênito, encontra-se,
depois de sua volta da Criação, novamente junto a Deus-Pai, ou em Deus-Pai,
por isso “intragênito” na própria Divindade, enquanto que o Filho do Homem
pode ser denominado o “extragênito” proveniente de Deus, que, para o bem da
existência de todos os espíritos humanos, permanecerá separado de Deus,
tendo nascido para fora, para a Criação primordial.
As expressões Filho de Deus e Filho do Homem, porém, jamais foram
compreendidas direito pelos seres humanos, e até hoje ainda de maneira
incompleta por aqueles que conhecem a minha Mensagem. O ser humano
acostumou-se a pensar somente do seu ponto de vista, acreditando por isso
que tudo tem de ser considerado também do ponto de vista dele. Esse é o erro.
Neste caso, somente partindo de cima, ele tem de experimentar encontrar uma
compreensão, pois as denominações Filho de Deus e Filho do Homem se
originam de Deus, não dos seres humanos. A estes só foram enunciadas
dessa forma. Por esse motivo o conceito tem de ser intuído também a partir de
cima e não a partir dos seres humanos.
Existem, portanto, na realidade: Jesus, o Filho intragênito, e Imanuel, o
Filho extragênito. Ambos são Filhos de Deus e, conforme conceitos humanos,
irmãos.
No divino as denominações Filho de Deus e Filho do Homem foram
imaginadas em sentido descendente, voltadas para a Criação, com o que surge
imediatamente um conceito diferente, ou só então chega a compreensão. O
Filho de Deus é o Filho de Deus junto a Deus, o Filho do Homem é o Filho de
Deus enviado para os seres humanos.
O Filho de Deus, Jesus, não foi dado aos seres humanos, podendo estes
sacrificá-lo a Deus-Pai por causa de seus pecados, como muitos devotos
continuam a supor! Jesus de modo algum jamais lhes foi dado! Ele só queria
trazer a Palavra, e, depois de ser assassinado pelos seres humanos, voltou,
pouco a pouco, novamente para Deus-Pai, como ele próprio várias vezes
declarou. Mesmo sem ser assassinado ter-se-ia juntado novamente a Deus-
Pai, porque jamais estivera unido realmente ao mundo.
Porém Imanuel, o Filho do Homem, foi dado à humanidade por Deus, para
que esta pudesse existir através dele e possuísse um eterno mediador, através
de cuja existência os espíritos humanos sintonizados corretamente podem
permanecer também eternamente conscientes de si próprios!
Deus deu um Filho para essa finalidade, sem exigir que ele Lhe fosse
integralmente devolvido! Este é o grande sacrifício que Ele fez, esta é Sua
dádiva. Este é o Seu prometido sacrifício do Filho à humanidade! Ele não o
exige nem o puxa de volta para a Divindade.
O grande sacrifício de Deus nada tem a ver com a crucificação e com o
Filho de Deus, Jesus. A crucificação não foi um sacrifício, nem um sacrifício de
Deus e nem da humanidade! Mas justamente por que os seres humanos
deram, como autodesculpa, falsas interpretações a esse ato arbitrário cometido
contra o Filho de Deus, jamais puderam conceber o genuíno conceito da
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expressão Filho do Homem, jamais puderam reconhecer o verdadeiro sacrifício
de Deus como tal, que se encontra na desejada separação de Deus,
necessária para a humanidade, do Seu Filho nascido para fora, para a Criação,
sacrifício esse cuja colossal grandiosidade jamais poderá e jamais será
compreendida pela humanidade!
Que o Filho do Homem, em virtude da viva lei da Luz, não possa ser outra
coisa senão o Rei na Criação, representante da trindade de Deus, não vos será
demasiado difícil compreender. Colocado por Deus-Pai na Criação, por causa
dos espíritos humanos, é ele, pois, o único em toda a Criação, que provém de
Deus.
A realeza é determinada pela simples e natural conseqüência do efeito da
lei da Luz, que, devido à existência do Filho do Homem, só pode se manifestar
assim e não diferentemente. —
Esse acontecimento, em sua consumação, trará para toda a humanidade
tanto alívio, que ela própria só poderá compreender depois de passados
decênios.
Os espíritos humanos de todas as partes da Criação terão, a partir da hora
em que o Filho do Homem começar plenamente sua atuação, que é a hora da
anunciação, um auxílio muito maior e muito mais forte do que até agora
tiveram, desde o começo primordial da Criação. – E por isso deve e tem de se
estabelecer a paz por toda a parte; a ascensão será muito mais fácil de
alcançar, mas também os castigos efetuar-se-ão com muito maior rapidez do
que até agora, com aqueles que querem opor-se à Luz.
Dar-se-á uma reviravolta nos acontecimentos de toda a espécie, chegará
também agora com o Filho do Homem a transformação universal! Este é o
motivo por que tudo o que ainda quiser subsistir tem de tornar-se novo, não
podendo permanecer nada do antigo, a não ser que já agora dirija seus
esforços de acordo com a lei da Luz! Então poderá permanecer e apenas será
purificado, para brilhar como todo o novo! Os seres humanos, porém, não
sabem, quão gratos teriam de ser por tudo o que se realiza nesta época! — —
Deus fez o grande sacrifício a toda a humanidade e à Criação,
exclusivamente através do Filho do Homem! A mim, como Imanuel, não é
devido aí nenhum agradecimento, pois estou preenchido da maior alegria por
poder servir a Deus de acordo com Sua sublime vontade! Só eu posso intuir
jubilosamente Sua grandeza, Sua magnificência e sabedoria, Sua pureza, Seu
poder! O que significa perante esse elevado saber e perante essa intuição, a
Criação inteira! Nada! Também não estou aqui por causa dos desejos destes
seres humanos, não, olhando para cima, vivo agraciado exclusivamente no
cumprimento da sagrada vontade de meu Pai Sempiterno, do único Deus e
Senhor!
Por essa razão, não vos enganeis, será totalmente diferente do que vós,
seres humanos, imaginais! Maravilhados, estareis diante de muitas coisas, e
muito só compreendereis totalmente depois de anos. Só no futuro captareis o
sentido elevado e puro de tudo o que até agora pudestes vivenciar apenas em
caricaturas! A maldição que tinha de cair sobre o fausto de até agora, devido
ao senso falso dos seres humanos, será afastada; fausto que em sua forma
pura tornar-se-á beleza, e todos os tesouros deste mundo brilharão, então, em
pureza, para honra de Deus, destinando-se, no júbilo, à adoração da bondade
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grandiosa, que permitiu que tudo isso surgisse, dando-os para uso desta
humanidade! — — —
O Filho de Deus falou várias vezes na Terra: “Meu reino não é deste
mundo!” Com isso não se referia somente a este reino terreno, mas sim a todo
o Universo, a Criação! Ele voltou para Deus! E em seu redor encontra-se o
reino divino, que ele rege em nome de Seu Pai. Seu reino, portanto, não era
deste mundo, mas sim era e é o Reino de Deus. Isto significa o reino no divino,
que existia eternamente com Deus e eternamente com Ele permanecerá.
O reino do Filho do Homem, porém, é o Universo, a Criação! Deus chamou
de intragênito o Filho de Deus, pois este atua no reino divino, que é muito
maior do que a Criação inteira. Colocou o extragênito na Criação, pondo-o
assim acima dos espíritos humanos; prometeu-o, por isso, a esta humanidade,
como sendo o Filho do Homem. Aquele Filho, que Ele separou de Si para estes
seres humanos, para que ele os governe. Por essa razão, será agora
freqüentemente mostrado, aos agraciados em ver imagens do divino, logo e
muitas vezes, o Trígono divino, em cuja ponta se encontra o Olho de Deus; à
direita, Jesus, o Filho de Deus, e então, desde a consumação, Imanuel, o Filho
do Homem, a Sua esquerda. A imagem demonstra aos videntes a atividade, na
maneira como está ancorada na sagrada vontade de Deus. Dois raios partem
de Deus, formando o Trígono em direção descendente. Um deles vai em
direção ao Filho de Deus em sua atividade, o outro em direção ao Filho do
Homem. E a consumada ligação do Filho de Deus com o Filho do Homem é
formada pelo raio de conexão, que ao mesmo tempo constitui o traço de baixo,
de ligação, fechando assim esse Trígono.
Assim vos interpreto já hoje a imagem do Trígono divino, como em breve
muitos dos agraciados poderão ver, tão logo o próprio Deus deixar anunciar ao
mundo a existência terrena do Filho do Homem. Naturalmente serão apenas
imagens mostradas por guias espirituais, visto que espíritos humanos jamais
serão capazes de ver algo divino.
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17. Natal!
Natal! A solenidade da Estrela Radiante! Ambas as solenidades são na
realidade apenas uma! É o dia da Estrela Radiante, a qual, enviada por Deus a
esta parte do Universo, saudou outrora com seu brilho o Filho de Deus, quando
ele acordou aqui na Terra, e agora brilhará para o Filho do Homem, desde o
dia de seu despertar terreno, hora em que a força da Luz se ancorará na
matéria grosseira! —
“Paz na Terra para a alegria da humanidade!” Foi a saudação da Luz, por
ocasião do nascimento terreno do Filho de Deus, que ainda hoje é celebrado
com a festa de Natal. Os gritos de escárnio da humanidade: “Crucificai-o,
crucificai-o!” ecoaram para cima, já depois de poucos anos, como resposta
provocadora, ao trono de Deus!
No mesmo momento, porém, descia no caminho desse escárnio. . . o
Juízo! Não esperou, acaso, até agora. Vós, seres humanos terrenos, desde o
dia do assassinato já estais nos efeitos da reciprocidade. O que agora
acontece é apenas o fim do Juízo, isto é, o Juízo Final!
Sempre estivestes separados de Deus, desde aquele dia em que a cortina
sagrada diante do Santíssimo se rasgou! Não deveríeis mais possuir o
Santíssimo, a partir daquela hora, aqui na Terra. Ficastes confusos,
abandonados desde aquele momento. Não havia mais nenhuma ligação para
vós, com Deus! A humanidade rasgou-a com essa crucificação, destruindo a
antiga união. O emissário de Deus, que fez com que a cortina rasgasse, expôs
assim também a arca da aliança, uma vez que havia perdido o sentido e valor
originais. A união entre Deus e a humanidade não mais podia subsistir depois
do assassinato.
Unicamente a Palavra permaneceu convosco como corda de salvação para
a pessoa individualmente, se esta quisesse escalar por ela, a fim de alcançar
as alturas mais luminosas. Apenas poucos conseguiram isso, com grandes
esforços. Lá, porém, ainda tiveram de aguardar, até o dia do Juízo Final! E
esse o Filho do Homem trará, fazendo também a nova união, para a qual já
agora os sérios buscadores foram selados.
Sem uma nova união não há também uma nova ligação com Deus para
essa humanidade terrena, depois que ela foi interrompida pela crucificação.
Desde então falta o elo mais forte dessa indispensável ligação, abrindo-se
um abismo não mais transponível, a não ser pelo próprio Deus. A humanidade,
porém, alargou esse abismo cada vez mais com a sua cegueira.
Por essa razão, agora a saudação da Estrela diz: “Juízo e luta contra a
humanidade, até a completa submissão, o que equivale a purificação e paz!” —
Esforçai-vos em olhar com nitidez para toda essa correria da humanidade
na época do Natal! Contudo, não daquele ponto de vista que vos foi ensinado,
mas visto pela Luz!
O Filho de Deus veio até a humanidade na Terra, a fim de mostrar com a
sua Palavra o caminho que tem de levar a humanidade para as alturas, para os
páramos bem-aventurados. Ele queria trazer com isso paz, felicidade e alegria.
Queria abrir uma porta do Paraíso para os perdidos espíritos humanos. A
humanidade ficou surpresa, escutando! Sentia algo de grande!
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Mas logo despertaram simultaneamente, e como primeira coisa, seus
desejos terrenos, os quais, como de costume, eles procuraram introduzir
imediatamente, a fim de vê-los satisfeitos nessa oportunidade. Nem pensavam
em aceitar, agradecidos, uma grande dádiva de Deus, assim como ela é, mas
sim primeiramente teriam de ser satisfeitos seus desejos terrenos pelo Filho de
Deus. Então, talvez, eles também se esforçariam em realizar um trabalho em si
próprios. Contudo, se fossem satisfeitos primeiro seus desejos terrenos, eles
ficariam depois demasiadamente acomodados, para ainda fazer outra coisa!
Assim, com a sua falsa disposição, queriam fazer de Cristo o seu criado,
em vez de cumprimentá-lo como o Senhor!
Não é diferente a disposição dos seres humanos ainda hoje perante Deus!
Todos eles conhecem somente um pedir, que Ele satisfaça acertadamente
seus desejos! Apenas com pedidos, que eles denominam orar, mas que é um
mendigar, eles procuram aproximar-se de seu Deus. Não diferentemente! Ó
hipócritas, tolos, criados inúteis! Vosso pedir é na realidade somente um exigir
egoístico! Somente vós e sempre de novo vós. Cuidais unicamente do vosso
bem-estar.
O que, porém, dais a Deus como agradecimento, Ele que vos deu a
Criação para o vosso desenvolvimento?
Vós a envenenastes e desonrastes, porque nem vos incomodastes com
ela, vós a conspurcastes ao procurar utilizá-la apenas para a satisfação das
mais baixas cobiças! E mesmo por ocasião da festa de Natal vossos alvos mais
elevados consistem apenas no presentear mútuo!
Assim também esta Terra aqui se tornou por vosso intermédio um estábulo,
ao invés de um Templo de Deus!
Nunca reconhecestes o elevado valor que as palavras de Cristo encerram,
valor que está acima de todos os tesouros terrenos! Em sua preguiça espiritual
os seres humanos, já na época terrena de Cristo, passavam por elas broncos,
estúpidos, restritos, como ainda hoje o fazem. Por fim, eles até se sentiam
ludibriados pela não-realização de todos os seus desejos terrenos, e
perseguiram aquele que lhes queria dar muito mais, sim, tudo de que o espírito
humano necessita para alcançar a verdadeira felicidade, a verdadeira vida;
perseguiram-no com seu ódio, até conseguirem que fosse pregado na cruz,
para que não mais precisassem aborrecer-se com ele!
Aprofundai-vos nas intuições do Filho de Deus. Quão indignos, quão
miseráveis, ele teve de ver os seres humanos diante de si. Ele, que não tinha
temido tão grandes sacrifícios, para vir até esta Terra, proveniente da Luz, ele
sabia quais os valores que dava com a sua Palavra à humanidade! Valores
que, tão-somente, ainda podiam salvar os seres humanos, tão carregados de
culpa perante Deus, dos caminhos errados que eles mesmos haviam criado
com a sua atuação falsa e seu pensar deficiente.
Com suas parábolas e suas preleções ele dava, nitidamente reconhecível,
a direção certa na Criação, fácil de ser enveredada e mais fácil ainda de ser
seguida, para qualquer um que a encarasse acertadamente.
Ele ofereceu-lhes a salvação, ofereceu-lhes a vida! Já naquele tempo ele
viu que eles teriam de se perder para sempre, se não mudassem o caminho.
E enquanto ele, com indulgência, com grande amor e paciência, enfrentava
com o seu saber a baixa estupidez desses seres humanos terrenos,
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exclusivamente para ajudar, eles se achegavam, de modo exigente, apenas
com seus desejos terrenos! Dele esperavam, arrogantes, exatamente aquilo
que já se lhes tornara muitas vezes tão nefasto, já que a realização de seus
desejos terrenos sempre havia extenuado o espírito e tornado o mesmo
incapaz para uma verdadeira ascensão. Diariamente e a cada hora tinha de
reconhecer como lançava pérolas valiosas aos porcos! E ele havia descido da
Luz para os seres humanos!
Compreendeis por que ele não disse mais nenhuma palavra nos
interrogatórios e por ocasião da condenação. Teve asco da humanidade da
Terra! O asco fez com que se calasse! Os seres humanos não eram dignos de
mais nenhuma palavra. Imaginai, pois, seriamente, quão estúpida tinha de
parecer ao Filho de Deus cada palavra dos acusadores e juízes, ele que hauria
da sabedoria, que era mesmo uma parte da sabedoria! O que tinha de intuir,
quando as pessoas o designavam de blasfemador, somente porque não podia
apresentar a essa humanidade terrena, cerebralmente restrita, uma prova de
sua missão divina, da forma como eles a teriam entendido. Provas ele havia
dado suficientemente, mas os seres humanos eram incapazes de reconhecer
suas provas como tais em toda a grandeza a elas inerente!
E por essa sua própria incapacidade eles responsabilizaram por fim o Filho
de Deus! Julgaram-no, porque não podiam compreendê-lo! Justamente ele
que, tão-somente, conhecia Deus-Pai! Horrorizados vos encontrais ante o
sofrimento de alma imposto ao Filho de Deus pela humanidade, na mais
desesperada perversidade. —
Não diferentemente se deu também, desta vez, com o Filho do Homem, só
que, segundo as leis de hoje, não foi possível levá-lo à morte. Por isso, várias
vezes foi ele acusado de fraude, por não poder apresentar ao Tribunal a prova
terrena de ser enviado por Deus, de ser o Filho do Homem!
Também desta vez não deram atenção à grandeza de sua Mensagem,
nem procuraram encontrar nela algum valor, mas sim colocaram-na de lado,
sem dar atenção, insistindo com teimosia e ilimitado ódio apenas naquele único
sentido: “Ele visa apenas vantagens terrenas com tal afirmação!” Tudo o que
ele fazia, segundo a opinião dos seres humanos, só podia ser com a intenção
de obter vantagens próprias. Consideravam exclusivamente sob esse ponto de
vista!
O motivo dessa concepção malévola, porém, não se encontra na atuação
dele, mas sim, novamente, como outrora com relação ao Filho de Deus, na
ilimitada estupidez e restrição espiritual desses seres humanos que nem mais
são capazes de pensar diferentemente do que da maneira como eles mesmos
são! O ser humano julga e condena segundo a própria espécie! Os seres
humanos não são mais capazes de acepções mais elevadas, em sua vontade
malévola e seu afastamento de Deus.
Assim ele foi caçado e açulado, da mesma forma, conseguindo somente
com esforço e constantes aborrecimentos cumprir sua missão, preparando a
Palavra para a época que ainda virá! Pois se quisesse começar só agora, seria
tarde demais para toda a humanidade!
Não seria ele quem teria prejuízos com isso, se, cansado e cheio de asco,
tivesse abandonado todos os preparativos, pois ele mesmo somente foi
enviado à Terra por Deus-Pai, a seu próprio pedido!
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Quando Cristo, outrora, falou de sua vinda, então sua vinda dizia respeito
ao Juízo! Para o Juízo, porém, não seria necessário que ele encarnasse nesse
corpo terreno. Vindo pelas nuvens, estando acima desta Terra, poderia ter
cumprido sua missão! O sofrimento terreno, o ódio humano ter-lhe-iam sido
poupados. Somente através de João foi então anunciada sua vinda à Terra,
proveniente da Luz, após ter sido atendido o seu pedido, pouco depois do
assassinato do Filho de Deus.
Assim acontece que a Terra agora no Juízo não se destroçará com a
maldição que pesa sobre ela! Esse era seu verdadeiro destino! Agora, porém,
ela será apenas purificada, permanecendo intata! —
Vede, pois, as festividades natalinas sob aquele ponto de vista como elas
se fazem sentir em vós em sua maneira de até agora!
Que presunção das pessoas reside nisso. Em cada palavra das canções e
cânticos. Falta a verdadeira humildade. Apenas autoglorificação nas vaidosas
quimeras do valor próprio! Trata-se de escória que gostaria de chegar à Luz;
tendo, porém, de se queimar nela!
A festa de Natal os seres humanos até agora comemoraram somente para
si próprios! Para sua alegria terrena, mas não para a alegria do espírito! Agora,
porém, deverá tornar-se diferente. A solenidade da Estrela traz, aos que
almejam humilde e seriamente a Luz, libertação dos erros dos presunçosos
cérebros humanos, pois Imanuel, a espada de Deus, destrói tudo o que é falso!
——
Sua encarnação não estava, pois, prevista inicialmente. Somente a seu
pedido foi-lhe concedido poder ir à Terra para o ajuste de contas. Com o
consentimento desse pedido, mudou também a sorte desta Terra; ela será
preservada da aniquilação total! Após terrível purificação poderá ser elevada
para a região onde a destruição não alcança. — —
Quando, então, ao Filho do Homem, outrora, foi concedido o pedido, essa
notícia desceu jubilosamente para todas as partes da Criação, e muitos
espíritos humanos, dos diversos planos, enviaram ardentes súplicas em
direção a Deus, para que lhes fosse concedido, como graça, poder ajudar ao
Filho do Homem no cumprimento da missão dele, aqui na Terra, com toda a
sua existência.
Isto também foi concedido a muitos, e sagrado juramento ligou-os dessa
forma ao cumprimento dessa missão. Para essa finalidade, exclusivamente,
encarnaram então na Terra, em tempo certo. Contudo, muitos deles perderam-
se em sua atual existência terrena, devido à caça às felicidades e glórias
terrenas ou outras vaidades.
Entre eles existem também ainda espíritos humanos que estavam
sobrecarregados de pesada culpa e que em desespero e medo imploraram
poder cooperar, uma vez que só nisso poderiam obter libertação. Do contrário
esperá-los-ia a destruição certa.
Agora, porém, é chegado o tempo em que cairá mais uma venda do saber
até agora oculto de todos os assim comprometidos. Então alguns reconhecerão
com alegria e gratidão, que lhes é permitido cumprir o que outrora almejaram,
devido aos longos esforços e uma condução cheia de amor por parte da Luz.
Muitos, porém, verão diante de si, horrorizados, que perderam também a última
possibilidade de resgatar sua culpa; que, devido ao falhar, adicionaram a esta
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ainda outras nefastas cargas, tornando-se-lhes assim totalmente impossível
qualquer salvação. Que até mesmo difamaram aquele, procurando obstruir o
seu caminho, caminho esse que outrora haviam jurado aplainar. Desses
existem muitíssimos! Somente lhes chegará o despertar, quando forem
lançados para baixo, para as regiões da destruição, de modo que não sobrará
mais nenhum tempo para um novo pedido. —
Desde o dia da crucificação até o dia do Juízo o Universo ficou parado em
seu grande e superior desenvolvimento, como tempo de espera em que os
espíritos humanos tinham de ver crescer suas próprias semeaduras, que
amadureceram no vibrar desta Criação até a supermaturação, e então a
inevitável desintegração, de acordo com as leis da Criação, assim que não
mais forem mantidas pela vontade de Deus.
A obra humana proveniente do raciocínio está sempre sujeita à
desintegração, enquanto não trouxer em si a vontade de Deus, isto é, não for
de acordo com a vontade de Deus. Essa é a espada que constantemente
pende sobre todo o atuar dos seres humanos! Que os obriga a obedecer as leis
de Deus. Por isso, agora, tudo ruirá por si mesmo, e depois. . . virá o Juízo de
Deus! A separação de todos os espíritos! Depois de terem sido obrigados a
vivenciar a ruína de todas as suas falsas obras!
E para participar na formação de uma ponte forte que segure a Terra na
grande confusão da Criação inteira, muitos de vós estão agora encarnados na
Terra para essa época, em cumprimento dos próprios pedidos.
Por essa razão, refleti sobre isso, vós contribuís para manter a Terra, a fim
de que ela não pereça! Através de vossa mais pura vontade é propiciada para
milhões de seres humanos a oportunidade de amadurecerem ainda um tempo
e então, apesar de tudo, ainda entrarem no Reino de Deus, que já estava
perdido para eles. Por essa razão não tomeis isso demasiadamente fácil.
Vós, escolhidos e convocados! Inicia-se para vós o cumprimento de vosso
juramento. Eu vos alerto para isso!
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18. Onipresença!
Deus é onipresente! Isso já é ensinado às crianças nas escolas! É tão familiar e
tão evidente aos seres humanos que ainda acreditam em Deus, que nem
julgam necessário refletir direito a respeito, se realmente sabem o que com isso
dizem.
Quando, porém, se exige um esclarecimento de como imaginam isso, logo
termina a sabedoria e eles próprios reconhecem que na palavra “onipresente”,
contudo, ainda não se encontra o saber do significado.
As criaturas humanas têm, sim, a palavra, mas não a compreensão. E isso,
finalmente, é o principal em todas as coisas. E também não adianta nada o
saber, onde falta a compreensão! O significado da denominação “onipresente”
o ser humano conhece. Mas conhecer o significado não é ainda compreender
nem entender o sentido.
Assim indico minha dissertação: “A Vida”. Deus é a vida! Unicamente Ele!
Tudo o mais é apenas conseqüência da movimentação que só se origina pela
pressão da irradiação da vida.
A criatura humana, que na mais íntima oração implorar por algo, devido à
sua sintonização, alcança ligação com o lugar donde lhe pode advir auxílio.
Isso eu já disse em meus esclarecimentos sobre o efeito da oração. Com
oração, porém, não se deve imaginar o pedir, mas sim adoração, adoração e
veneração! Cada aprofundamento do espírito humano nesse sentido não é
outra coisa senão um procurar por ligação! Procurar ligação com a Luz, com a
pureza e com a vida! Os desejos e os anseios do espírito humano expandem-
se com isso. Ele tateia espiritualmente à procura das alturas luminosas! E se
procura aí realmente de modo sério, então encontra, como já foi prometido por
Cristo. Ele encontra a ligação com a vida! Mas somente ligação, não a própria
vida!
Assim também é o processo agora, quando os seres humanos chamarão
pelo Filho do Homem. Com saudade forte, pura, encontram espiritualmente o
caminho até Ele. Assim que eles estiverem trilhando o caminho certo, então
aqueles, aos quais é permitido ver espiritualmente, também o intuirão, até
mesmo O verão diante de si, vivo, sim muitas vezes falando e fazendo
referência àquilo que os preocupa muito.
Os suplicantes encontram em seu anseio puro, assim, o caminho de
ligação até ele. Gravem isso em vosso íntimo! Ele não irá até eles! E assim
acontece que ao mesmo tempo milhares no universo falam com ele, também
vêem-NO diante de si, atuando, segundo a natureza e a lei da Luz, punindo ou
auxiliando, e ele próprio... nada experimenta disso, apesar de que realmente
acontece o que os seres humanos vêem ou ouvem espiritualmente! Ele não é
afetado por isso.
Se todas as criaturas em toda a Criação procurassem simultaneamente
ligação com Ele da maneira certa, todos O iriam intuir, receberiam também o
que esforçam-se em pedir; de acordo com a natureza, a seriedade e a pureza
de seus pedidos, eles O verão parcialmente, não só em todos os lugares da
Terra, como nas partes do Universo, simultaneamente, e mesmo assim Ele não
poderá cansar-se, nunca enfraquecerá com isso... porque dentro Dele há vida,
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que não perece, mas que, renovando-se, permanece eternamente, com uma
palavra: porque “Ele é!”
Ao redor Dele giram os espíritos humanos em seu surgimento, seu
amadurecimento, ou no perecer. Cada um deles pode encontrar a ligação com
Ele, a qualquer momento, quando simplesmente quiser procurar sinceramente.
No Juízo, porém, essa ligação será imposta a cada um pela Sua condição
humana! Com esse tornar-se ser humano, Ele entrou e encontra-se, Ele
próprio, simultaneamente em todos os planos da Criação. E, dessa forma,
todas as coisas desta Criação entram diretamente em contato mais próximo
com Ele. Não poderia permanecer nenhuma lacuna, nenhum obstáculo à
penetração de suas irradiações. Com isso, Ele também as levou para os planos
de matéria fina e de matéria grosseira! Para que tudo se julgue nelas!
Encontrais, portanto, na oração ou no procurar sincero um caminho de
ligação para Deus, e esse fato o faz parecer tão onipresente a vós, como até
agora pensastes. Também um blasfemo de Deus encontra rapidamente os
caminhos de ligação; pois, nisso, a sua intuição está dirigida para Deus,
mesmo se em mau sentido. Por isso, há muitos exemplos em que um tal ser
humano, muitas vezes já é destroçado no momento da blasfêmia, ou então
pouco tempo depois. Ele encontrou um caminho de ligação, e a força viva teve
efeito rápido sobre ele. Que ela teve que desencadear-se nele destruindo, é
certamente compreensível a cada ser humano. Por essa razão acontecem tais
milagres, nos quais fanáticos ignorantes querem ver atos de arbitrariedade
punidores de Deus, enquanto que, na realidade, é e continuará sendo o efeito
de leis inamovíveis!
Assim também a onipresença é compreendida erroneamente. Onipresença
talvez seja designada ainda melhor com a palavra: sempre presente! Portanto,
encontrável a qualquer tempo, quando procurado.
A aparência do efeito exterior do fenômeno apenas iludiu as criaturas
humanas. Partiram aí de uma tese errada de seu raciocínio, de que Deus, de
modo inteiramente pessoal, se interessa por elas, cortejando-as e envolvendo-
as também protetoramente, sem pensar que elas próprias devem fazer tudo
para conseguir a ligação indispensável, o que inconscientemente, de acordo
com as leis da Criação, sempre preencheram na verdadeira oração! Não
quiseram acreditar de bom grado que só as leis de Deus na Criação as
envolvem e que, atuando automaticamente, desencadeiam cada recompensa e
cada castigo.
Estar onipresente nada mais quer dizer realmente do que poder ser
alcançado de qualquer lugar da Criação.
Mas também isso, por sua vez, deve ser tomado com restrições, pois é
literalmente certo quando se diz: “Diante de Deus tudo se desfaz!” Aí está um
gigantesco abismo! Criatura alguma consegue se colocar diretamente diante de
Deus, portanto alcançá-lo, a não ser que ela mesma se origine imediatamente
de Deus! Isso só é possível a dois, ao Filho de Deus e ao Filho do Homem.
Tudo o mais iria e teria que se desfazer diretamente diante Dele. Portanto,
jamais poderia estar diante Dele conscientemente.
É também ao espírito humano apenas possível encontrar o caminho de
ligação para Deus. E esse caminho de ligação é agora, após o cumprimento e
a anunciação, por toda a eternidade o Filho do Homem, como foi prometido
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como sendo o eterno mediador. Por isso, também o espírito humano sempre O
encontrará em cada caso de um procurar sincero! E através Dele receberá
aquela ajuda na reciprocidade, na qual o buscador realmente está sintonizado!
Assim, o Filho do Homem também parece onipresente aos seres humanos,
isto é, ele, o ser humano, depara com Ele se pedir corretamente, ele O
encontra! Isso, no efeito, é exatamente assim como se o Filho do Homem
estivesse junto dele; porque em tais momentos ele está ligado a Ele através do
caminho de irradiação, que também mostra a figura do Filho do Homem.
Portanto, ao vosso atuar deveis atribuir agora tudo o que vos acontece;
pois somente em vós está ancorada firmemente a alavanca misteriosa que vos
traz vosso destino, cada vivenciar individual. Como vós direcionais os trilhos,
para lá vos levará o vagão de vossa vida! Nunca vos esqueçais disso; pois o
vivenciar de cada momento está enlaçado estreitamente com isso!
O Filho do Homem, porém, é! Ele foi investido na Criação por Deus como
força de Sua força! Vós girais em torno Dele, e tudo o que vos atinge Dele, se
amor ou rejeição, vós o criais para vós mesmos através de vossa sintonização!
Ele se encontra diante de vós a qualquer hora, quando vós o procurais
sinceramente, o chamais em súplica sincera; pois com isso vós vos colocais no
caminho de ligação com Ele e O vereis, ou O intuireis. Nesta viva lei encontra-
se o significado da onipresença!
57
19. Cristo falou..!
Pateticamente se ouve hoje, milhares de vezes, essa expressão. Cristo falou!
Com essa introdução deve ser tornada sem efeito, de início, qualquer
contradição. Todavia, quem assim fala quer com isso afastar de si também a
própria responsabilidade. No entanto, em vez disso, assume dessa forma uma
colossal responsabilidade... perante Deus!
Contudo, não pensa sobre isso, até que role sobre ele com um ímpeto que
terá de emudecê-lo para sempre! A hora se aproxima, já estão rolando as
pedras da ação retroativa! A maior de todas, contudo, originou-se, para muitos
espíritos humanos, nas palavras introdutórias: Cristo falou! — —
A essas palavras segue-se então alguma sentença das “sagradas
escrituras”, que deve servir para consoladora tranqüilização, para estímulo,
também para advertência e até para ameaça ou defesa e para a luta. É
aplicada como bálsamo e como espada, como escudo e também como suave
almofada de descanso!
Tudo isso seria belo e grande, seria até mesmo o certo, se as palavras
citadas ainda vivessem no mesmo sentido com que Cristo as pronunciou
realmente!
Mas não é assim! As criaturas humanas formaram muitas dessas palavras
por si mesmas, na mais deficiente recordação, e aí não puderam reproduzir o
mesmo sentido das palavras de Cristo.
Precisais, pois, apenas ver como é hoje. Quem desejar esclarecer com
palavras próprias ou escritos, apenas de memória, algo da Mensagem do
Graal, que, aliás, está impressa e que por mim foi escrita, este já hoje não o
transmite assim como corresponde ao verdadeiro sentido. Passando por uma
segunda boca, por uma segunda pena, surgem sempre alterações; com novas
palavras o verdadeiro sentido é torcido, às vezes até deformado, na melhor boa
vontade de intervir a favor dela. Nunca é aquela palavra que eu falei.
E tanto pior outrora, uma vez que do próprio Filho de Deus, pois, não
existem escritos de sua palavra e tudo pôde ser transmitido a essa posteridade
apenas através de segundas e terceiras pessoas. Somente muito depois da
época em que Cristo havia deixado a matéria grosseira! Tudo surgiu somente
da falha memória humana; os escritos, as narrativas e todas as palavras, às
quais se acostumou agora a antepor sempre com certeza: Cristo falou!
Já naquela época a obra de Lúcifer, elevando o raciocínio humano a ídolo,
tinha feito os preparativos, em seu nefasto desenvolvimento, para que as
palavras de Cristo não pudessem encontrar aquele solo, que torna possível
uma compreensão acertada. Foi um artifício sem-par das trevas. Pois a
compreensão certa de todas as palavras que não falam da matéria grosseira só
é possível pela colaboração, não enfraquecida, de um cérebro de intuição, mas
que no tempo de Cristo já tinha sido fortemente descuidado em todas as
criaturas humanas, e com isso atrofiado, não podendo cumprir toda sua função.
Com isso Lúcifer também tinha a humanidade terrena em seu poder! E
essa era a sua arma contra a Luz! —
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Conservar recordações de modo inalterado só consegue o cérebro humano
de intuição, isto é, o cérebro posterior, não, porém, o raciocínio do cérebro
anterior!
Aí o pecado hereditário da humanidade se vingou de modo profundamente
incisivo nela própria, que levianamente deixou atrofiar tanto o cérebro posterior,
o único capaz de gravar todos os acontecimentos e vivências como tais, em
imagens e intuições, de tal forma que em qualquer tempo também ressurjam
com exatidão, como realmente foram, de modo inalterado, até sem
enfraquecimento.
O cérebro anterior não consegue isso, por estar mais ligado ao conceito de
espaço e tempo de matéria grosseira, e não haver sido criado para a recepção,
mas sim para a emissão no terrenal.
Dessa maneira, pois, também surgiu a retransmissão das descrições
daquilo que foi vivenciado e ouvido durante o tempo terreno de Cristo,
misturado exclusivamente com as concepções terreno-humanas, provenientes
da memória, moldado terrenalmente de maneira completamente inconsciente,
não, porém, com aquela pureza que um vigoroso cérebro de intuição teria
mantido e avistado. As garras dos vassalos de Lúcifer já haviam aberto seus
sulcos bem profundamente, mantendo presos firmemente seus escravos do
raciocínio, de modo que estes não mais puderam compreender ou segurar
direito o maior tesouro, a Mensagem de Deus, sua única possibilidade de
salvação, tendo que deixá-la passar sem proveito.
Aprofundai-vos no pensar; não custa muito esforço orientar-se nisso.
Muitas pessoas se aproximavam de Cristo, fazendo-lhe perguntas, pedindo-lhe
este ou aquele conselho, que ele de bom grado sempre lhes dava, em seu
grande amor, que nunca falhava, pois ele era o amor vivo e ainda o é hoje!
Ele deu, portanto, orientação aos que perguntavam e pediam, conforme
eles necessitavam. Tomemos um exemplo.
O daquele jovem rico, que estava ansioso por saber qual o caminho que
poderia conduzi-lo ao reino do céu! O Filho de Deus aconselhou-o a repartir
todos os seus bens entre os pobres e depois segui-lo.
Seguir Cristo não significa outra coisa senão orientar-se exatamente de
acordo com suas palavras.
As pessoas presentes tomaram imediatamente conhecimento desse
episódio, assim como de tantos outros, para retransmiti-lo segundo a maneira
como cada um por si, de modo humano, havia entendido. E isso correspondia
apenas raramente ou nunca ao verdadeiro sentido das palavras originais de
Cristo. Pois poucas palavras sob forma diferente já conseguem alterar todo o
sentido.
Os primeiros divulgadores contentavam-se, no entanto, em fazer narrativas,
simples relatos. Mais tarde, porém, esses conselhos individuais foram
instituídos como leis básicas para toda a humanidade! Isso, contudo, foi feito
então pela humanidade, não pelo próprio Cristo, o Filho de Deus!
E essa humanidade também se atreveu a afirmar mui simplesmente: Cristo
falou! Põe-lhe na boca aquilo que as próprias criaturas humanas, apenas de
memória e de concepções erradas, exprimem em formas e palavras, as quais
hoje, pois, devem permanecer determinantes e intocáveis para os cristãos,
como sendo a Palavra de Deus.
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Nisso há milhares de vezes assassínio da verdadeira Palavra do Filho de
Deus!
Cada pessoa sabe muito bem que é incapaz, após semanas ou meses, de
relatar fielmente aquilo que vivenciou anteriormente e o que ouviu! Nunca
consegue repeti-lo textualmente com absoluta exatidão. E quando são duas,
três, quatro ou dez pessoas, que ouviram ou enxergaram simultaneamente a
mesma coisa, receber-se-ão então outras tantas diversidades nas descrições.
Desse fato ninguém mais tem dúvida hoje em dia.
Aí, finalmente se evidencia, portanto, que com esse reconhecimento
havereis de tirar conclusões retrospectivas! Conclusões que são categóricas,
intocáveis.
Pois também não foi diferente na época terrena do Filho de Deus! Vedes
isso bem nitidamente nos evangelistas! Seus relatos trazem inúmeras vezes
esse cunho, visivelmente. Quando Pedro, por exemplo, como primeiro dos
discípulos, expressou seu reconhecimento perante o Filho de Deus: “Tu és
Cristo, o Filho de Deus vivo!”
Essas significativas palavras e também a resposta de Cristo, os
evangelistas as retransmitem, mas não de maneira absolutamente uniforme.
Mateus menciona que o Filho de Deus, a seguir, outorgou simbolicamente a
Pedro uma chave para o reino do céu, e que o tornou num rochedo para uma
comunidade em formação, ao passo que os outros evangelistas consideram a
resposta de Cristo mais genérica, o que é mais certo.
Pedro foi apenas o primeiro a expressar textualmente essa convicção. E
acontecimentos de tal ordem não permanecem como meras palavras, pelo
contrário, transformam-se logo em atos na Criação! Tomam forma
imediatamente na matéria fina! A convicção sincera que Pedro, com isso,
ancorou na matéria mediante suas palavras, e a sua confissão tornaram-se no
mesmo instante um rochedo de matéria fina, o qual permaneceu como pedra
fundamental para a construção de uma comunidade posterior, para todos
aqueles que com idêntica, sincera e singela convicção pudessem tornar-se
capazes de crer no Filho de Deus!
E com isso Pedro tinha também nas mãos a chave para o Paraíso. Pois
essa convicção de que Jesus é o Filho de Deus traz consigo, evidentemente, o
anseio de viver segundo a sua Palavra! Isso, porém, é para cada ser humano,
simultaneamente, a chave para o reino do céu! Essa confissão é a chave,
pressuposto que um que assim se confesse, assimile em si a Palavra de Deus
sem desfiguração, a compreenda direito e viva segundo ela. Cristo conhecia
esse processo consentâneo com as leis da Criação, que se realizou na matéria
fina com as palavras convictas de Pedro, e relatou-o explicativamente para os
discípulos. A conformidade da lei dos acontecimentos de matéria fina é
também conhecida pelos leitores da minha Mensagem do Graal.
Pedro, portanto, somente por ter sido o primeiro a intuir e proferir sua
confissão, foi também o primeiro a receber a chave do Paraíso. E a quem ele
mais tarde pôde transmitir essa mesma convicção na Terra, a esse ele também
abriu sempre com isso o reino do céu. Mas para os que não queriam
compartilhar de sua convicção, a esses tinha que ficar fechado. Tudo isso é um
fenômeno inteiramente natural e automático, claro e simples, e não está ligado
a Pedro nem depende dele.
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Cristo queria e podia estabelecer como fundamento para uma comunidade
somente uma tal convicção, não, porém, uma pessoa! Pedro foi apenas quem
primeiro expressou isso realmente convicto. Essa convicção formou, estruturou
e tornou-se o rochedo, não, porém, Pedro como pessoa!
Mateus, porém, dá ao sentido da resposta de Cristo, segundo sua própria
concepção, algo puramente pessoal, como referente apenas a Pedro.
É exatamente Mateus quem apresenta muita coisa mal compreendida, que
então retransmite descuidadamente de acordo com a sua maneira. Como já no
início de seus escritos: Mateus 1, 21 (Anunciação do anjo a José):
“E ela dará à luz um filho, e o chamarás pelo nome de Jesus; porque ele
salvará o seu povo dos seus pecados.” E Mateus prossegue nos versículos 22
e 23:
“Ora tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo
Senhor por meio dos profetas”, que diz: “Eis que uma virgem conceberá e dará
à luz um filho; e o chamarão pelo nome de Imanuel, que quer dizer: Deus
conosco!”
Mateus quer aqui esclarecer, ligando a profecia de Isaías com o
nascimento do Filho de Deus, de uma forma que mostra, categoricamente, que
ele em seus escritos só deixa falar a sua própria opinião, não permanecendo,
portanto, objetivo.
Isso devia ter servido a todos como advertência de que esses escritos não
deviam ser considerados como a Palavra de Deus, mas sim apenas como a
concepção pessoal do autor!
Mateus não vê sequer, por exemplo, a diferença entre a anunciação
através de Isaías, que ele próprio cita, e a do anjo, mas sim mistura ambas
com ingenuidade pueril, porque ele assim “imagina”, totalmente despreocupado
se está certo. Ele nem sequer nota que os nomes aí citados são diferentes.
Eles, porém, não foram designados, bem definidamente, sem finalidade!
Isaías anuncia “Imanuel”. O anjo, porém, “Jesus”! Portanto, não é Imanuel
a quem Maria deu à luz, e por isso também não aquele a respeito de quem
Isaías anuncia!
Isaías anunciava “Imanuel”, o Filho do Homem; o anjo, porém, “Jesus”, o
Filho de Deus! Trata-se, nitidamente, de duas anunciações distintas, exigindo
duas realizações diferentes, as quais, por sua vez, têm de ser efetuadas por
duas pessoas distintas. Uma mistura desses dois acontecimentos é impossível,
podendo ser mantida somente pela intencional vontade humana, desviando-se
de todos os fundamentos básicos.
Mateus não teve aí nenhum mau intento, foi pura e simplesmente a
narração de sua singela opinião, da maneira mais descuidada. Que ele as
misturasse, pôde acontecer-lhe facilmente, uma vez que outrora mais do que
hoje se esperava pela realização das profecias de velhos profetas e vivia-se
nisso ansiosamente. Ele não pressentia que infortúnio e equívocos ainda
maiores surgiriam disso.
Sobre a realização da anunciação de “Imanuel”, nada mais preciso dizer
aqui, visto já ter falado várias vezes sobre isso na Mensagem do Graal,
detalhadamente. —
61
O equívoco existia, portanto, no tempo terreno de Jesus, exatamente como
agora! Ele próprio, pois, queixava-se tantas vezes de que seus discípulos não o
compreendiam! Não podiam compreender! Pensais que isso ficou diferente,
quando ele não mais estava entre eles?
“O espírito veio mais tarde sobre eles”, afirmam a tal respeito muitas
pessoas que pouco ou nada pensam! Mas o espírito não transformou,
concomitantemente, as falhas do cérebro. Mas pensar assim, os fracos
consideram pecado, ao passo que isso é somente uma desculpa para sua
preguiça de espírito, que assim julgam poder atenuar.
Em breve, porém, despertareis da mornidão de tais pensamentos!
“Quando, porém, o Filho do Homem vier. . .” declarou Cristo advertindo,
ameaçando. Lembrai disso quando chegar a hora da anunciação, na qual o
próprio Senhor revelar que enviou à Terra o Filho do Homem! Lembrai que
Cristo, com isso, ameaçou toda a humanidade espiritualmente preguiçosa! —
—
Quando ele disse outrora ao jovem rico que devia dar de presente todos os
seus bens e haveres, isso foi necessário apenas para aquele, pois ele
perguntara: “Que devo eu fazer...?” E Cristo deu a resposta para ele; não se
destinava, nesse sentido, para a humanidade toda!
O conselho só podia ser útil ao jovem rico, pessoalmente. E ele era fraco
demais dentro de si para erguer-se interiormente no conforto de sua riqueza.
Por isso, a riqueza era para ele um impedimento para a ascensão de seu
espírito! O melhor conselho, que por isso podia lhe advir de Cristo, era
naturalmente aquele que eliminava todos os estorvos. Naquele caso, pois, a
riqueza, que induzia o jovem ao comodismo.
Contudo, somente por isso! Não porque uma pessoa não deva ter riquezas!
A pessoa que não acumula inutilmente suas riquezas, para com elas
granjear prazeres para si própria, mas as utiliza de modo acertado e as aplica
no sentido certo, transformando-as em bênçãos de muitos, é muito mais
valiosa e mais elevada do que aquela que dá de presente todas elas! É muito
maior e beneficia a Criação!
Tal homem consegue, mediante sua riqueza, dar trabalho a milhares
durante toda a existência terrena e lhes proporciona assim a consciência do
sustento pelo próprio ganho, o que atua fortalecendo e beneficiando sobre o
espírito e sobre o corpo! Só que aí deve permanecer, como algo evidente, uma
disposição certa entre trabalho e repouso, bem como deve ser dada a
recompensa correta a cada trabalho prestado, devendo prevalecer aí um
equilíbrio severamente justo!
Isso mantém movimento na Criação, que é indispensável ao saneamento e
à harmonia. Um presentear unilateral, porém, sem exigir retribuição, só traz, de
acordo com as leis da Criação, paralisações e distúrbios, conforme se
evidencia em tudo, inclusive no corpo terreno, onde, devido à falta de
movimentação, se originam o engrossamento e a estagnação do sangue,
porque somente no movimento uma troca de oxigênio assim aumentada faz o
sangue correr mais livremente e mais puro através das veias.
Essa lei do movimento indispensável o ser humano encontra por toda a
parte, em milhares de formas, porém sempre se assemelhando em sua
essência. Está presente em cada caso isolado e, não obstante, engrena-se
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reciprocamente em toda a Criação, por todos os planos, e mesmo o espírito
necessita da prática ininterrupta dessa lei, se quiser continuar a manter-se
vigoroso e ascender.
Nada, sem isso! Movimento por toda a parte em equilíbrio incondicional
entre o dar e o receber.
Não foi nenhuma tese básica geral, que o Filho de Deus estabeleceu
naquele conselho dado ao jovem rico, mas sim destinava-se exclusivamente ao
jovem, ou ainda àqueles que se lhe assemelham, igualmente fracos demais
para dominar a riqueza. Quem se deixar dominar pela riqueza, não deve
possuí-la, pois não lhe serve. Só na mão daquele que a domina, ela trará
também proveitos e ele deve tê-la, uma vez que com isso sabe ajudar a si
próprio e a muitos outros; uma vez que com isso mantém e beneficia o
movimento na Criação.
No presentear, isso nunca acontece ou apenas rarissimamente! Só a
necessidade leva muitas criaturas humanas ao despertar e ao movimento. Tão
logo lhes advenha rápido demais um auxílio de parte alheia, acomodam-se
confiantes naquele auxílio e sucumbem aí espiritualmente, porque elas próprias
não conseguem ficar em movimento sem impulso. Sem alvo levam então sua
vida, e preenchem seu tempo freqüentemente apenas com tudo aquilo que há
para censurar nos outros, só não vendo em si próprias, desejando porém para
si o que os outros possuem. Cria-se uma raça deteriorada com o presentear
unilateral, imprestável para uma vida sadia, alegre, e com isso nociva para a
Criação toda!
Essa não foi a intenção do conselho de Cristo! — — —
O Filho de Deus também nunca falou contra a riqueza em si, mas sempre e
apenas contra pessoas ricas, que por causa da riqueza se deixaram enrijecer
contra todos os sentimentos de comiseração pela penúria alheia, que,
sacrificando assim seu espírito à riqueza, só se interessaram pela riqueza,
deixando-se dominar, portanto, totalmente pela riqueza.
Que o próprio Cristo não desprezava nem condenava a riqueza, ele mostra
com suas freqüentes visitas a casas ricas, onde entrava e saía como visitante
amigo.
Ele próprio não era pobre, conforme tantas vezes é estranhamente
suposto. Não existe nenhum fundamento para essa suposição de sua pobreza,
tornada quase popular.
Cristo jamais conheceu preocupações quanto à subsistência. Nasceu em
ambiente que hoje em dia é denominado de classe média, visto que
exatamente apenas esse solo ainda tinha permanecido o mais sadio. Ele não
tinha em si o supercultivo de todas as classes ricas e da nobreza, nem a
amargura das classes operárias. Escolhera-se com exatidão. José, o
carpinteiro, podia ser chamado de abastado, de modo algum pobre.
Que Cristo tenha nascido outrora num estábulo de Belém foi mera
conseqüência de uma superlotação da localidade de Belém, devido ao
recenseamento, razão por que José também fora até lá. José simplesmente
não encontrou mais pouso algum, conforme também hoje pode acontecer
ainda, aqui e acolá, facilmente, a muitas pessoas em ocasiões especiais. Com
pobreza, tudo isso nada tinha a ver. Na casa de José teria havido dormitórios
segundo a maneira dos cidadãos abastados.
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E Cristo nem precisava viver na pobreza! Esse conceito só se originou
porque aquele que veio de Deus não tinha senso para tudo o que de riqueza
material passava além das necessidades da vida terrena. A missão que ele
veio cumprir não se destinava ao que era terreno, mas tão-só ao espiritual!
De modo errado também se aplica hoje a referência de Cristo, de que os
seres humanos são “irmãos e irmãs”. Quão terrenalmente doentio, destinado a
idéias comunistas; quão repugnantemente indulgente no que diz respeito à
religião. Trabalhando diretamente ao encontro das trevas, pois segundo a
concepção de hoje isso retém incondicionalmente o livre esforço ascendente
desejado por Deus, do espírito humano individual. Aí enobrecimento jamais se
pode dar. Tudo isso, novamente, são apenas deformações doentias daquilo
que Cristo queria.
Quando ele disse que todas as criaturas humanas são irmãos e irmãs,
muito longe estava de imaginar tais excrescências como agora,
freqüentemente, aí se manifestam. Falou esclarecedoramente para aquela
época de outrora, quando o abuso de toda espécie de escravidão se excedia
para a mais alta florescência, quando se doavam e se vendiam seres humanos,
considerando-os assim sem vontade própria!
As criaturas humanas, porém, são irmãs e irmãos no espírito, na sua
origem. São espíritos humanos, que não devem ser encarados como
mercadorias sem vontade, uma vez que cada espírito humano traz em si a
capacidade da vontade autoconsciente.
Somente assim foi intencionado, jamais deveria significar aquela igualdade
de direitos, que hoje nisso se procura. Também espírito humano nenhum
chega ao Paraíso só porque lhe é permitido chamar-se espírito humano! Aí não
existe igualdade de direitos em sentido geral. Exercem um papel decisivo as
condições de maturidade. Primeiro o espírito humano tem de cumprir tudo e
fazer tudo o que pode dar em sua vontade para o bem. Só nisso advém a
maturidade, que lhe pode tornar acessível o Paraíso.
Desde a origem, leis férreas se encontram na Criação, as quais jamais
poderão ser derrubadas ou deslocadas pelas denominações irmãozinho e
irmãzinha! Nem aqui na Terra! De que maneira incisiva o próprio Filho de Deus
mandou separar o terrenal do espiritual, e, no entanto, cumprir, encontra-se de
modo claro e nítido em sua declaração: Daí a César o que é de César, e a
Deus o que é de Deus! —
E assim acontece com muitas frases e relatos da Bíblia, aos quais os seres
humanos, na retransmissão, colocaram sua concepção como base.
Todavia, todos aqueles escribas não queriam outrora estabelecer disso lei
alguma para a humanidade toda, mas apenas relatar.
É-lhes igualmente perdoável, em virtude de os seres humanos terrenos
daquele tempo, inclusive os discípulos de Cristo, não compreenderem muita
coisa do que o Filho de Deus lhes dizia, fato que freqüentemente tanto o
entristecia. E que mais tarde retransmitissem tudo a maneira da sua própria
incompreensão, deu-se com a melhor intenção, assim como fora conservado
nas memórias, que, pelos já mencionados motivos, não devem ser
consideradas como intocáveis.
Imperdoável, porém, é que mais tarde as criaturas humanas simplesmente,
como sendo certo, ousassem afirmar: Cristo falou! E com isso elas atribuem ao
64
Filho de Deus as errôneas acepções humanas, os produtos da falha
capacidade de memória humana, sem mais nem menos, com segurança,
apenas para assim fundar e manter uma estruturação doutrinária, com
empenhos egoísticos, cujas lacunas, já desde o início, tinham de mostrar a
construção toda frágil e quebradiça a qualquer vigoroso intuir, de modo que
apenas na exigência de fé cega havia a possibilidade de que as inúmeras
falhas na construção não pudessem ser vistas de imediato!
Mantiveram-se e mantêm-se ainda hoje apenas com a exigência rígida de
uma fé cega e com as palavras incisivas: Cristo falou!
E essa frase, essa afirmativa calculista há de tornar-se para eles um terrível
juízo! Pois é tão falsa como a ousadia de dizer que a crucificação de Cristo fora
desejada por Deus a fim de redimir, com aquele sacrifício, todos os pecados
dessas criaturas terrenas! O que há em tudo isso, de deformar de tal modo o
assassínio do Filho de Deus, com tão incrível presunção humana; que ousada
injúria está ligada a isso, o futuro ensinará a reconhecer, a humanidade
experimentá-lo-á em si.
Eu, Imanuel, digo-vos hoje:
Ai das criaturas humanas que outrora assassinaram o Filho de Deus na
cruz! Mas cem vezes ai de vós, que depois disso milhares de vezes o tendes
crucificado em sua Palavra! E que ainda hoje o assassinais dia a dia, hora a
hora, sempre de novo! Cairá sobre vós um pesado juízo! — —
65
20. Submissão
“Seja feita a Tua vontade!” Pessoas que crêem em Deus pronunciam estas
palavras com submissão! Vibra sempre, porém, uma certa melancolia em suas
vozes ou transparece nos pensamentos, nas intuições. Tais palavras são
empregadas quase que exclusivamente onde um sofrimento inevitável se
alojou. Lá onde o ser humano reconhece que nada mais pode fazer contra.
Então, se ele crê, fala numa inativa submissão: “Seja feita a Tua vontade!”
Não é porém humildade que o faz falar assim, mas essas palavras devem
proporcionar-lhe tranqüilidade em relação a uma coisa onde ele próprio não
tem mais possibilidade de fazer algo.
Esta é a origem da submissão que o ser humano em tal caso exprime.
Fosse-lhe concedido, contudo, a menor possibilidade de uma alteração nisso,
ele não perguntaria qual a vontade de Deus, e seu devotamento resignado
mudaria logo para a seguinte forma: Seja feita a minha vontade!
Assim é o ser humano! — — —
“Senhor, faze comigo como quiseres!” e idênticas cantigas se ouvem
muitas vezes durante os enterros. No seu íntimo traz, porém, cada ser humano
enlutado a inabalável vontade: “Se me fosse dado mudar isto, imediatamente o
faria!”
A submissão humana nunca é legítima. No âmago da alma humana jaz
ancorado o contrário disso. Uma revolta contra o destino que a atinge, e é
exatamente essa revolta que a faz sofrer, que a “oprime” e curva.
O que há de doentio nisso é o emprego errôneo do sentido destas
palavras: “Seja feita a Tua vontade!” Elas não pertencem ao lugar em que os
seres humanos e as igrejas as utilizam.
A vontade de Deus reside nas leis da Criação! Portanto, sempre que o ser
humano diz: “Seja feita a Tua vontade!”, isso equivale à afirmativa: “Quero
prezar e seguir Tuas leis na Criação!” Prezar quer dizer considerar; levar em
consideração estipula, porém, viver em conformidade! Só assim pode o ser
humano prezar a vontade de Deus!
Todavia, se ele a considera, se ele quer viver segundo ela, tem antes de
mais nada de conhecê-la também!
Mas é exatamente neste ponto que a humanidade terrena pecou da
maneira mais tremenda! A criatura humana até agora jamais se importou com
as leis divinas da Criação! Isto é, não se importou com a sagrada vontade de
Deus! Entretanto, nunca cessa de repetir sempre de novo: “Seja feita a Tua
vontade!”
Estais vendo quão irrefletidamente se apresenta o ser humano terreno
perante Deus! Quão insensatamente procura utilizar as elevadas palavras de
Cristo. Gemendo, não raro torcendo-se em sofrimento e sentindo-se derrotado,
mas nunca em jubiloso louvor!
“Seja feita a Tua vontade” quer dizer na realidade: “Quero agir em
conformidade” ou “Quero a Tua vontade!” Analogamente podia ser dito: “Quero
obedecer a Tua vontade!”
66
Mas quem obedece faz também alguma coisa. Aquele que obedece não
fica inativo; a própria palavra já diz isso. Quem obedece executa alguma coisa.
Contudo, da maneira como o ser humano de hoje diz: “Seja feita a Tua
vontade!”, então “ele próprio não quer fazer nada”, pois no íntimo diz: “Age Tu
que eu fico quieto!”
Com isso se sente engrandecido, pensa haver-se dominado, “integrando-
se” na vontade de Deus. O ser humano cuida-se até mesmo superior a todos,
julga ter realizado um incrível progresso.
Todos esses seres humanos são, porém, imprestáveis fracalhões, são
vadios, visionários, fantasistas e fanáticos, e não, membros úteis na Criação!
Fazem parte daqueles que por ocasião do Juízo terão de ser rejeitados, pois
não querem ser trabalhadores na vinha do Senhor! A humildade de que se
gabam nada mais é do que indolência. São criados preguiçosos!
O Senhor exige vida, que se manifesta na movimentação! —
Submissão! Esta palavra não devia existir para os que crêem em Deus!
Colocai em seu lugar “vontade alegre”! Deus não quer submissão bronca dos
seres humanos, e sim atuação jubilosa!
Observai direito os assim chamados “submissos a Deus”. Trata-se de
hipócritas, que trazem em si uma grande mentira!
Que adianta volver para o alto um olhar cheio de submissão, quando esse
olhar ao mesmo tempo inspeciona o ambiente de modo astucioso, cobiçoso,
presunçoso, arrogante e malicioso! Tal atitude apenas os torna duplamente
culpados.
Os submissos trazem a mentira em si, pois a submissão jamais é
compatível com o “espírito”! Logo também é incompatível com o espírito
humano! Tudo quanto é “espírito” não pode tornar vivo dentro de si a
capacidade da verdadeira submissão! Sempre que isso for procurado,
redundará em coisa artificial, em auto-ilusão portanto, ou até em hipocrisia
consciente! Mas nunca pode ser intuído com legitimidade, porque o espírito
humano, sendo espiritual, não consegue isso. A pressão sob a qual se
encontra o espírito humano não deixa chegar à consciência a capacidade
duma submissão, pois ele é forte demais para isso. Por conseguinte, o ser
humano não a pode pôr em prática.
A submissão é uma faculdade que se encontra somente no enteal!
Manifesta-se legitimamente apenas nos animais. O animal é submisso ao seu
dono! Já o espírito, todavia, desconhece tal significação! Por isso é que a
submissão permanece sempre antinatural para as criaturas humanas.
A submissão era ensinada aos escravos com esforço e rigor, porque na
compra e venda, como propriedade pessoal, eram igualados aos animais. Mas
jamais a submissão, nos escravos, podia tornar-se realmente legítima. Tratava-
se de marasmo, fidelidade ou amor, que se ocultavam sob submissão e a
evidenciavam; nunca, porém, autêntica submissão. A escravidão não é natural
entre os seres humanos.
A submissão do enteal encontra sua gradação no espiritual através da
fidelidade consciente e voluntária! O que, portanto, no enteal significa
submissão é no espiritual a fidelidade!
67
Submissão não cabe ao ser humano, porque ele é espírito! Prestai apenas
mais atenção ao próprio idioma, ele expressa com suas palavras o certo, traz
em si o verdadeiro sentido. Dá-vos a imagem certa.
“Entrega-te!” ordena por exemplo o vencedor ao vencido. Estas palavras
têm o sentido: “Entrega-te à minha vontade, portanto incondicionalmente, para
que eu possa dispor de ti, de acordo com meu critério, e também de tua vida e
de tua morte!”
Mas o vencedor age assim incorretamente, porque o ser humano, mesmo
vitorioso, tem de observar rigorosamente as leis de Deus. Em cada omissão ele
se torna culpado perante o Senhor. O efeito retroativo o atingirá na certa! Tal
se dá, tanto em casos individuais, como para povos inteiros!
E agora é chegado o tempo em que tudo, tudo quanto aconteceu até aqui
no mundo, tem de ser remido! Também todas as injustiças na última guerra
mundial. Do que foi injusto naquilo, do que hoje sucede na Terra, não ficará
uma só palavra sem ser expiada!
Essa expiação não está reservada para um futuro remoto, e sim já no
presente!
A solução rápida de todos os efeitos retroativos não está por acaso em
oposição às leis da Criação, pelo contrário, se encontra corretamente nessas
mesmas leis.
O funcionamento do conjunto de engrenagens é acelerado presentemente
mediante a força da irradiação da Lei encarnada, que força os efeitos finais, ao
aumentar previamente tudo para a frutificação e superamadurecimento, a fim
de que o falso nisso se desintegre, e, fenecendo, se julgue, enquanto o que é
bom se torna livre da pressão do falso de até agora, podendo fortalecer-se!
Em tempo próximo aumentará tanto essa irradiação que, em muitos casos,
um efeito retroativo surgirá logo, imediatamente!
Trata-se do poder, que em breve atemorizará os seres humanos, e que no
futuro terão de temer! Mas só terão de temer, com razão, aqueles que tiverem
agido errado. Se eles se julgarem certos aí, ou pretenderem fazer os outros
acreditar nisso, isso não os salvará do golpe do efeito retroativo que atua nas
leis de Deus! Mesmo que os seres humanos tenham inventado outras leis
sobre a Terra, sob cuja proteção muitos agem de modo injusto e errado, na
ilusão de estarem aí no direito, isso não lhes tira um grãozinho de pó de sua
culpa.
As leis de Deus, isto é, a vontade de Deus, não se importam com as
opiniões desses seres humanos terrenos, que eles puseram como base nas
leis terrenas, mesmo que o mundo inteiro agora as considere como certas.
Tudo quanto não estiver de acordo com as leis de Deus receberá, agora, o
golpe da espada! Julgando no remate!
Todos aqueles que inocentemente perante as leis de Deus sofreram sob as
criaturas humanas, poderão alegrar-se então, pois agora receberão justiça,
enquanto seus antagonistas ou juízes serão entregues à justiça divina.
Alegrai-vos, pois essa justiça divina está próxima! Já está agindo em todos
os países da Terra! Observai as confusões! São as conseqüências da vontade
de Deus que se aproxima! É o início da purificação!
68
Foi prometido que o pé do enviado de Deus não devesse pisar no pó do
acontecido no passado!
Por esse motivo já agora está se exaurindo tudo quanto é falso entre os
seres humanos, quer seja na economia, no estado, na política, nas igrejas, nas
seitas, nos povos, nas famílias ou nas pessoas individualmente! Agora tudo,
tudo será arrastado à frente da Luz, para que se mostre e ao mesmo tempo se
julgue! Inclusive o que até agora pôde manter-se escondido tem de se mostrar
tal qual é realmente, tem de manifestar-se e por fim desesperar-se de si próprio
e dos outros, desintegrar-se e pulverizar-se. Nada existe agora na Terra que
seja do agrado de Deus!
Assim já fervilha tudo hoje sob a pressão da Luz em todos os países e por
toda a parte. Cada miséria aumenta até chegar ao desespero, ficando
finalmente apenas a desesperança, com a consciência de que os que queriam
salvar apenas tinham palavras ocas ao lado de desejos egoísticos, mas não
estavam capacitados a trazer auxílio algum! Guerreiros espirituais do Graal
passam tonitruantes por cima de todas as cabeças, vibrando golpes agudos
onde uma cabeça não se queira curvar.
Só então se constituirá terreno adequado para implorar o auxílio de Deus!
Depois de crimes, incêndios, fome, epidemias e mortes, depois do
reconhecimento da própria incapacidade.
No meio do desespero, porém, auxiliares no serviço do Graal iniciarão sua
missão! Começa então a grande obra construtiva.
Nenhum outro além Dele seria capaz de levar auxílio aos alquebrados.
Livres eles devem então se tornar, livres da opressão das trevas! Mas deverão
ficar também livres dentro de si mesmos! Mas unicamente sozinho, cada um
poderá tornar-se livre dentro de si mesmo. Para tanto, precisa saber o que
significa a liberdade, o que ela é.
Livre só é o ser humano que vive nas leis de Deus! Assim, e não
diferentemente, ele se encontra sem pressões nem restrições nesta Criação.
Tudo o auxiliará então, em vez de lhe obstruir o caminho. Tudo o “servirá”,
porque ele de tudo se utilizará de modo certo.
Na realidade, as leis de Deus na Criação são tudo quanto necessita cada
ser humano para uma vida sadia e alegre na Criação. Equivalem à nutrição
para o seu bem-estar! Somente quem conhece a vontade de Deus e vive de
acordo com ela é verdadeiramente livre! Qualquer outro tem de se atar nos
muitos fios das leis desta Criação, uma vez que ele mesmo se emaranhou
neles.
A Criação originou-se da vontade de Deus, em Suas leis. Atuando
conjuntamente, descem cada vez mais profundamente esses fios das leis e
forçam por toda a parte movimentação para o desenvolvimento, ramificam-se
necessariamente nesse desenvolvimento, cada vez mais, enquanto ao redor
dos fios, na movimentação progressiva, formam-se continuamente novas
Criações. Deste modo as leis dão simultaneamente apoio, possibilidade de
vivência e progressiva ampliação à Criação.
Nada existe sem essa vontade de Deus, a qual, unicamente, gera o
movimento. Tudo na Criação se orienta por ela.
69
Somente o espírito humano não se ajustou nesses fios! Emaranhou-os, e
com isso a si mesmo, porque queria seguir novos caminhos segundo sua
vontade, desdenhando os já prontos e existentes.
A presença na Terra da vontade de Deus ocasiona agora uma alteração.
Os fios de todas as leis divinas da Criação carregam-se de forças aumentadas,
de maneira que se esticam poderosamente. Devido a essa incrível tensão, eles
ricocheteiam à sua posição original. Assim se desenreda todo o emaranhado e
todos os nós de maneira súbita e irresistível, que simplesmente destrói tudo o
que não é mais capaz de se ajustar na posição certa na Criação!
Seja lá o que for, plantas ou animais, montanhas, rios, países, estados ou
seres humanos, ruirá tudo aquilo que não se mostrar no último momento como
legítimo e de acordo com a vontade de Deus!
70
21. Espinheiral de matéria fina
O caminho para a Luz e para a Verdade, desde de tempos remotos, é
considerado cheio de espinhos e pedregoso, penoso e difícil.
O ser humano, simplesmente, considera isso como sendo dessa forma.
Ninguém medita por que assim é, qual possa ser o verdadeiro motivo disso. E
quem, no entanto, alguma vez se ocupar com isso, certamente fará uma falsa
imagem a respeito.
Cheio de espinhos e de pedras, penoso e difícil é somente um caminho
sem trato, pouco transitado!
Este é o motivo pelo qual parece difícil àqueles poucos que, depois de
muito errarem, o escolheram para andar. Também nisso é preciso que se tome
sempre em consideração o acontecimento natural e não imaginações falsas e
fantásticas, com as quais o cérebro humano se compraz ao pensar assim.
O caminho para a Luz foi, desde o início, somente luminoso e belo. Ainda
hoje não é diferente para aquele espírito humano que o percorra com espírito
liberto, livre de falsos conceitos, com os quais muitos de bom grado deixam
cultivar e proliferar seus caminhos espirituais!
Depende exclusivamente do ser humano! Uma pessoa que ainda deixa seu
espírito olhar livremente para a Luz, que com sua intuição jamais deixou de
pesar aquilo que seus próximos lhe ensinaram ou relataram, essa, assim
procedendo, cuidou do caminho que conduz à Luz, conservou-o limpo para si!
Não encontrará espinhos nem pedras, ao percorrê-lo, mas sim macios tapetes
de flores, banhados de Luz, que somente encantam os olhos, tornando leves
seus passos!
Cada ser humano tem de cuidar do caminho para si próprio, tratá-lo e
ocupar-se com ele. Para aquele que não o fizer, ele tornar-se-á, devido à
negligência, repleto de espinhos, pedregoso e difícil de percorrer, muitas vezes
também inteiramente aterrado, de forma que, por fim, nunca mais consegue
descobri-lo, mesmo que o procure!
Pesar com a própria intuição tudo o que o ser humano ouve e lê! Isso é
necessário para ele, se quiser conservar seu caminho livre e belo.
Imediatamente intuirá, já de início, ao ler ou ouvir alguma coisa, se ela o
oprime, talvez o confunda ou o acalente, parecendo um som pátrio.
Aí, porém, nunca deverá esquecer-se de que a verdadeira grandeza e a
naturalidade sempre estão ancoradas somente na simplicidade! Onde esta
faltar, onde houver necessidade de recorrer a designações de toda a sorte, aí
falta a autenticidade. Os caminhos então jamais serão claros, tampouco
poderão ser ensolarados.
Assim, por exemplo, todo ser humano de visão límpida intuirá de modo
forte e imediatamente a falta de clareza, ao ler ou ouvir coisas de sentido
místico ou oculto, como também com relação ao dogma das igrejas. Coisas
confusas ou palavras bombásticas devem encobrir, por toda a parte, a
ignorância que se evidencia claramente. Prazerosamente são então
lisonjeadas as almas humanas, entoando-se uma doce canção às suas
principais fraquezas, em primeiro lugar à presunção, a fim de que passem com
facilidade e boa vontade sobre todos os lugares podres, deixando, por
71
descuido, de reconhecer as lacunas profundas e as impossibilidades, que se
apresentam sempre de novo, advertindo-as.
Quem, entretanto, atenta à advertência sutil de seu espírito não turvado,
conserva livre para si o caminho em direção à Luz e à Verdade.
Todavia, quem se deixa engodar por estas coisas confusas e abafadiças,
por conceder espaço ilimitado aos próprios pensamentos fantásticos, permite
cobrir o límpido caminho em si com o cipoal que impede e dificulta seu livre
caminhar, vedando-o muitas vezes por completo!
São fortíssimas as tentações de ceder lugar aos próprios pensamentos
fantásticos, ilimitadamente. O número de pessoas que aí se movimenta com
prazer é muito grande, porque nisso cada um pode dizer algo, pode sentir-se
importante nas incertezas sombrias do caótico mundo de pensamentos!
Para os devotos das igrejas não será, nem de longe, tão difícil libertarem-
se para chegar à Verdade, quanto para os adeptos de seitas e associações
ocultistas. Necessitam apenas se esforçar nesse sentido com certa seriedade,
ponderar intimamente com calma, para reconhecerem imediatamente as falhas
que foram ali tecidas pelo querer saber do raciocínio, obscurecendo e
perturbando o verdadeiro caminho!
A um espírito humano sincero não custa grande esforço para distinguir
rapidamente a verdade dos erros em todas as igrejas. Por este motivo as
ligações através das igrejas, para um ser humano verdadeiramente
examinador, não são tão grandes quanto parecem! Bastará um simples e
sincero querer para romper imediatamente essas ligações, numa convicção
própria, rapidamente despertada.
A igreja prende apenas espíritos humanos espiritualmente indolentes. Com
respeito a esses, porém, não há que se lastimar, pois desse modo mostram-se
como os servos imprestáveis perante seu Senhor.
Observando calmamente, cada pessoa nota logo que a atual igreja não
significa outra coisa senão uma instituição que visa ao poder terrenal e à
autoconservação, como o demonstram as opiniões e os atos de seus
empregados, a toda hora, e sempre de novo, nas instigações e hostilidades
contra aqueles que a eles não se sujeitam! Não é difícil reconhecer tudo isso.
Assim também todas as vacuidades e impossibilidades que estão entrelaçadas
nas ações, asseverações e doutrinas. Para descobrir isso, não é necessário
absolutamente um espírito perspicaz.
Por isso uma igreja não pode, como geralmente se supõe, trazer tão
grandes prejuízos para pessoas que pensam. Ela não consegue prender os
espiritualmente vivos!
Contudo, prejuízos sem igual, e dificilmente reparáveis, causam as seitas e
associações ocultistas de todos os tipos ao espírito humano! Não obstante
apenas procurarem simular um saber próprio, que nada tem que ver com o
verdadeiro saber! Lisonjeiam o ser humano de raciocínio, como também a
todos os que procuram. E com isso obtêm sucesso, pois também entre aqueles
que procuram existe um grande número que, apesar de toda a procura pela
Luz, ainda carregam consigo todas as vaidades de suas almas, tornando-se de
modo natural e rápido vítimas delas.
Uma vez que justamente o ocultismo e o misticismo oferecem
possibilidades ilimitadas de expansão a essas vaidades, são aqueles atraídos
72
nessa direção, de acordo com a lei de atração da igual espécie! Os mais
externos e mínimos efeitos dessa lei os ocultistas já notaram freqüentemente e
procuram aproveitá-los. Bombasticamente chamam de “magia” a sua fraca
atividade nesse acontecimento natural! Soa bem e age, além disso, como algo
misterioso!
Contudo, a lei, em si, em sua simplicidade, não obstante ser na realidade
de importância dominadora, incandescendo mundos, eles ainda não conhecem
em sua grandeza! Ignoram que com todo o seu querer saber são empurrados
de um lado para outro pelos punhos dessa lei da Criação, como míseros
bonecos desamparados!
A atuação dessas pessoas liga seus adeptos e partidários a planos baixos,
aos quais nem teriam tido necessidade de atentar, se percorressem
serenamente seu caminho, com toda a simplicidade e dignidade, condizentes
com o espírito humano. Assim, porém, serão retidos, perdendo-se até na maior
parte por causa disso, pois para o espírito humano é necessário um enorme
esforço, a fim de libertar-se novamente das brincadeiras de todos os ocultistas,
que acorrentam os espíritos. Atividades de tal espécie desviam forças
espirituais dos caminhos retos que conduzem às alturas! A força para
novamente se libertarem disso raramente conseguem reunir, visto que espíritos
fortes, de qualquer maneira, não permanecem entre os ocultistas, a não ser
para saciar sua vaidade.
Onde ainda seja possível encontrar algum saber, nos inúmeros ramos de
ocultismo, tratar-se-á então exclusivamente, e nunca de outra forma, dos
ambientes mais inferiores da parte fina da matéria grosseira ou também da
parte grossa da matéria fina; portanto, das camadas de transição mais
próximas, distinguidas com nomes retumbantes, a fim de aparentarem alguma
coisa, correspondendo à presunção de todos os que andam às apalpadelas.
Na realidade é como se nada fosse. Ou que seja! Só que nada para a
ascensão, mas sim para o atamento de cada espírito humano, que em sua
espécie original somente precisaria passar por cima disso tudo, altiva e
livremente, sem aí se deter. No entanto, dão um valor às futilidades,
transformando-as num cipoal, que os asseclas de Lúcifer utilizam, através da
atuação dos ocultistas, como armadilhas para centenas de milhares! Ficam
presos aí, como as moscas nas teias de aranha.
Examinai apenas seus livros! Quanta coisa neles já se acumula em matéria
de nojentas autobajulações de grandes e pequenos pretensos sabedores!
Fatos naturais, ridiculamente pequenos, são exagerados como se fossem
coisas superiores, com uma tenacidade e persistência, que poderiam ser
utilizadas para coisas melhores. Fatos que os bisavôs interpretavam muito
mais claramente do que esses descendentes, os quais, com tanto alarde,
querem chamar a atenção sobre si e seu alto saber. Quanto mais louca a
história e quanto mais incompreensível o modo de expressão, em formas
rebuscadas, tanto mais bela será considerada. Sensacionalismo a qualquer
preço é muitas vezes o supremo objetivo, como acontece com muitos
jornalistas que agora aparecem em massa, não lhes sendo mais nada sagrado,
muitíssimo menos a verdade.
É incrível quanta coisa é solta sobre a humanidade! E muitos se apegam a
isso com demasiado prazer. Pois é “interessante”; às vezes até pode provocar
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calafrios. O leitor e o ouvinte, prosseguindo nessa ordem de idéias, podem
colocar-se, a si mesmos, numa sensação de pavor, representando até um
papel nisso, pois sentem-se rodeados das mais lúgubres coisas, que antes
jamais os haviam perturbado. Devido a isso tudo, eles, de repente, são alguma
coisa, em torno do que muita coisa acontece por sua causa!
Justamente tudo aquilo que o ser humano não compreende perfeitamente,
mas que pode enfeitar com rica fantasia, é que atrai as “possibilidades”! De
acordo com o próprio critério, interpretam então muita coisa que vivenciaram
até agora, e algo disso subitamente representa um papel importante, ao que
até agora nem davam atenção.
A vida adquire significado, quando até agora tinha sido tão vazia! E com
isto o ser humano, segundo sua opinião, muito ganhou, acordou,
denominando-se espiritualmente ciente!
Os estranhos seres humanos! Nem chegam a pensar que na realidade
pudesse ser diferente. Nadam apenas no mundo dos próprios pensamentos,
que lhes é tão confortável, por se ter originado dos próprios conceitos.
Este mundo, porém, não tem duração! Desintegrar-se-á nas horas do
Juízo! Então todas essas almas estarão com frio, em indizível desespero,
desamparadas, e serão arrastadas para o redemoinho, que, como tufão,
subitamente terá de se formar pela pressão da Luz.
Com isso, receberão todos apenas o que criaram para si! Imenso é o
prejuízo que causam com sua vaidade. Os conceitos sagrados que realmente
auxiliam os seres humanos para cima, foram por eles torcidos e deformados.
Destes existem apenas imagens sucedâneas as mais conspurcadas, que
mostram o cunho da mais bronca presunção humana. Somente nisso já se
prenuncia um Juízo terrível!
Pavorosas confusões foram preparadas. Observações superficiais, dos
mais distantes efeitos do verdadeiro acontecimento na Criação, foram
estabelecidas como saber, as quais devem servir para esclarecer as causas e
o desenrolar das coisas, sem que os que assim falam possuam também
verdadeiro saber a respeito das leis desta Criação. Eles nem sequer as
pressentem e só colhem de sua excitada fantasia!
E assim eles torcem a sabedoria de Deus, que repousa na Criação,
conspurcam as leis sagradas que não compreendem, aliás nem conhecem,
impedindo milhares de trilhar o caminho simples e claro que está exatamente
determinado a cada espírito humano, sendo também útil para ele, protegendo-o
contra os perigos! Por outro lado, eles próprios provocam os inúmeros perigos,
que antes nunca existiam, mas sim só foram formados por esse atuar leviano!
O dia está próximo, porém, em que o seu vazio querer saber terá de se
apresentar perante a Luz; em que terão de confessar e sucumbir! São os
piores inimigos de todos aqueles seres humanos que, na Terra, se esforçam
para a Luz; não possuem sequer uma capacidade que os possa desculpar no
ato do julgamento! Inconscientemente são os mais esforçados entre os
caçadores de almas humanas para as trevas! Inconscientemente, porque a
vaidade lhes turva a própria clareza. Eles, por si, jamais alcançarão a força
para se salvarem, pois acham-se demasiadamente envolvidos nas malhas do
querer saber melhor terrenal e dos erros em que se soterraram!
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Na sua presunção ilimitada, não só reduzem o grande amor de Deus, mas
sim até querem, em parte, se tornar seres humanos divinos!
Não demorará muito e toda a humanidade terá de reconhecer a ilimitada
estupidez contida justamente nessa idéia. Ela, por si só, já demonstra que tais
seres humanos não podem ter a menor idéia das verdadeiras leis de Deus na
Criação, nem da própria Criação!
Edificam também um trono para o próprio espírito humano, que na Criação
tem de servir somente à Luz! Procuram guindá-lo ao ponto central, sim, ao
ponto de partida.
Quando, hoje, um ser humano, que sofre do corpo ou da alma, se dirige em
prece ardente a seu Deus e de lá é atendido, de modo que possa curar-se,
então esses pretensiosos do saber melhor apresentam explicações unilaterais
sobre o fato, que tendem a diminuir Deus. Falam de auto-sugestão, que teria
produzido essa cura, duma força latente no corpo humano, no espírito humano,
a qual lhe permite conseguir tudo o que quiser no sentido correto!
Com isso se canta logo um hino de louvor à capacidade humana, ficando
conspurcada a santidade da fé e da convicção no poder de Deus!
Conspurcada! Esse é o termo apropriado. Pois com base nisso muitos
pretendem até afirmar que o próprio Filho de Deus, outrora, praticava a
sugestão* (* transmissão de vontade), fundamentando-se na auto-sugestão**
(** auto-sugestões).
Até esse ponto vai o atrevimento da presunção humana de muitos
ocultistas! Tornaram-se negadores de Deus, glorificando o espírito humano!
Nem todos confessam isso, porque não vêem que suas doutrinas só
podem, finalmente, atingir esse ponto! Negação do poder inatingível de Deus
são inegavelmente os últimos frutos produzidos por essas doutrinas, se as
verificarmos até o fim!
Com habilidade luciferiana torcem os fatos numa imagem, que atua muito
convincentemente sobre o raciocínio, demonstrando, porém, aos sabedores, o
limite nítido onde a compreensão de tais ocultistas não mais pode prosseguir.
Esta apresenta meramente o querer do raciocínio; nenhum vestígio, porém, do
puro saber espiritual! A mais grosseira auto-ilusão permite aos ocultistas
considerarem-se discípulos de puras ciências do espírito! Reside nisso quase
uma sutil ironia!
Em tudo o que dizem e fazem demonstram apenas constantemente que
possuem o mais pronunciado querer intelectivo, com especial destaque de
todas as suas fraquezas, e que eles ficaram bem distantes do saber espiritual,
em relação ao qual se encontram inteiramente desamparados. Não têm noção
alguma da maneira certa de toda a atuação de conformidade com a lei na
Criação e menos ainda compreendem a maravilhosa Criação em si.
Também nas curas milagrosas e nos milagres de Cristo jamais essa
conformidade da lei na Criação foi suspensa. Isto nem poderia ocorrer, visto
que as leis de Deus na Criação são perfeitas já desde o início, não podendo,
portanto, ser modificadas ou suspensas.
A força divina acelera todos os efeitos das leis, podendo deste modo
produzir os milagres. O processo em si está sempre de conformidade com as
leis da Criação, pois de outra forma não seria possível nenhum acontecimento
na Criação, nem o mais simples movimento sequer. A elevada força de origem
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divina pode, contudo, acelerar o efeito; em alguns casos, desencadeá-lo
imediatamente! Nisto se encontra e surge o milagre para o espírito humano!
Mesmo Deus nunca atuaria arbitrariamente, porque encerra em Si as leis,
na mais pura forma, já que Ele próprio é a lei. Cada ação divina, por esse
motivo, estará sempre de acordo com a lei. Cada ato da vontade de Deus
efetiva-se por esse motivo também sempre exatamente de acordo com essas
leis!
Suponhamos que um doente, em ardente oração, peça por sua cura.
Durante essa oração ele se encontra na mais pura humildade, amplamente
aberto em espírito para a realização de seu pedido. O pedido se eleva,
conseqüentemente, e na irradiação desse humilde pedido pode descer, por sua
vez, a concessão para ele. Essa concessão é um querer proveniente da Luz! O
querer encontra-se na própria Luz, sempre inalterado, continuamente disposto
à ajuda, onde encontre o solo adequado. O pedido humilde é o solo adequado
onde a força pura da Luz pode atuar. Trata-se aí, então, sim, de um
merecimento do espírito humano também, por se haver aberto a uma
possibilidade de auxílio, assim como, igualmente, de uma conseqüência do
atuar ou querer acertado desse espírito humano, mas nunca da própria origem
de sua cura. Também não se trata daquela força que pôde auxiliá-lo e o
auxiliou!
O ser humano somente pode abrir-se para isso, mas nunca poderá curar a
si próprio pela auto-sugestão! Aqui o ocultista confunde, em sua miopia, o abrir-
se para o auxílio com o próprio auxílio! Trata-se aí de uma imensa culpa com
que ele se sobrecarregou dessa maneira, e a qual terá de expiar pesadamente,
porque, através disso, males indizíveis foram causados à humanidade!
Visto que o auxílio da Luz está sempre à disposição dos que se abrem de
modo certo, chegando a envolvê-los continuamente mesmo nas pequenas
coisas, porque uma parte disso se encontra nesta própria Criação, sob forma
de irradiações, correspondentemente enfraquecidas, os tão sabidos seres
humanos, em suas observações, chegaram por fim, vaidosamente, à idéia de
que é o próprio espírito humano que pode criar esse auxílio para si.
Ele pode consegui-lo, sim, mas apenas abrindo direito seu espírito, para
deixá-lo entrar! Nada mais. O próprio auxílio, a força, a irradiação para isso, ele
não cria! Esta se encontra unicamente na Luz, em Deus, que a envia para vós!
O ser humano, porém, observa somente o efeito, tirando disso suas
conclusões, que até agora, em muitos casos, foram conclusões ilusórias,
oriundas da presunção que traz em si! Poderia conseguir coisa bem diferente
com a sintonização correta, isto é, com o abrir-se correto e amplo do seu
espírito! Isto, contudo, ele obstruiu mediante as doutrinas de tantos ocultistas,
que gostariam de elevar-se a seres humanos divinos! Porque para eles as leis
primordiais da Criação são coisas estranhas.
De mil modos ramificadas e subdivididas, mas sempre seguindo o impulso
da lei fundamental, irradiações de Luz, fortificantes, e com isso também
curativas, estão entrelaçadas na Criação posterior, esperando que a criatura as
utilize! Não se encontram, entretanto, no espírito humano e menos ainda no
seu próprio corpo terreno, mas sim fora deste. O espírito humano tem de
procurar a ligação, abrindo-se corretamente para a recepção, o que se dá
melhor quando se aprofunda numa prece sincera.
76
Visto, pois, que o auxílio da Luz está sempre à disposição do espírito
humano, quando ele quiser abrir-se para tal, ocorre que muitos encontram
pequenos auxílios por intermédio de um abrir-se que eles próprios aprenderam.
Onde esses auxílios ocorreram, houve antes um momento, que continha a
intuição de um espírito humano, a qual correspondia realmente às leis da
Criação, para a ligação ao auxílio. Essa intuição não precisa ter sido
terrenamente consciente para o ser humano, pois a intuição é apenas um
fenômeno espiritual, que muitas vezes não se torna perceptível ao raciocínio
humano. Para isso basta uma manifestação momentânea. E aí se inicia o
auxílio da Luz, porque as respectivas leis vigentes nunca serão derrubadas!
Elas se cumprem, mesmo que para a pessoa isso suceda inconscientemente.
Disso, porém, o ocultista nada vê, acreditando então firmemente que o
conseguiu de fato somente com sua sugestão ou com auto-sugestão! Ilude-se
nisso, pois nunca terá o auxílio quando necessitar duma força ainda mais
intensa do que aquela que sempre ainda se encontra à disposição na Criação.
Pois então primeiro precisa partir de cima um ato especial da vontade da
Luz para reforçar a corrente de força! E isso só pode ocorrer como
conseqüência de uma oração de verdadeira fé, isto é, de uma súplica
proveniente da convicção na onipotência e no amor divino!
Às vezes a sincera intercessão também poderá trazer a realização do
auxílio! Quando uma pessoa adoece gravemente, ela está então em si também
enfraquecida, apática. Assim não há nenhuma resistência nela, mesmo se
antes não fosse tão devota. Esse estado de seu espírito permite a penetração
da força da Luz, a qual pode ser dirigida por meio de intercessão sincera! E
assim acontece que uma pessoa, às vezes, recebe auxílio por meio de
intercessão.
Se, no entanto, após a cura, despertarem nela novamente resistências
contra a verdadeira fé, então crescerá com isso também sua culpa. Nesse caso
teria sido melhor para ela haver mesmo falecido, porque na ocasião do
falecimento, que irá ocorrer mais tarde, terá de cair mais profundamente do que
se tivesse acontecido antes! Por essa razão, nem toda intercessão é justificada
ou boa. Felizmente, para o ser humano, muitas vezes a intercessão sincera
não é atendida, para o bem do enfermo!
No desconhecimento dos efeitos dessas simples leis da Criação, ocultistas
com pretensões altaneiras fizeram uma imagem incompleta, conduzindo dessa
forma milhares de seres humanos ao labirinto do qual será difícil sair.
O esplendor da expressão “fé pura”, “convicção pura”, ficou assim
envenenado, sendo oferecidos aos seres humanos, como cópia borrada,
somente os feitos medíocres do raciocínio na sugestão e auto-sugestão.
O caminho que conduz ao aperfeiçoamento do espírito humano está
vedado aos ocultistas por eles próprios!
Aproxima-se, porém, a hora, em que será impedida a baixa atuação, em
que, finalmente, o conhecimento mais elevado da força da Luz fará de novo
seu ingresso, para a elevação e salvação de muitos espíritos humanos!
77
22. Indolência do espírito
Tornando-se audíveis na Terra, batem agora através do Universo as badaladas
das doze horas no relógio do mundo! Amedrontada, a Criação retém seu
fôlego, e atemorizadas, encolhem-se todas as criaturas, pois a voz de Deus
soa para baixo e exige! Exige prestação de contas de vós que recebestes a
permissão de viver nesta Criação!
Administrastes mal o feudo que Deus em Seu amor vos deu. Serão
excluídos todos os servos que só pensaram em si e nunca em seu Senhor! E
todos quantos procuraram se tornar senhores. —
Vós, criaturas humanas, estais receosas diante das minhas palavras,
porque não considerais a severidade como divina! Entretanto isso é somente
vossa culpa, porque até hoje considerastes tudo o que é divino, tudo o que veio
de Deus, como sendo amor condescendente, perdoando tudo, uma vez que
assim fostes instruídos pelas igrejas!
Essas falsas doutrinas eram, porém, apenas considerações do raciocínio
que encerravam em si, como alvo, a pesca coletiva das almas humanas
terrenas. Para cada pesca se faz necessário uma isca, que atue atraindo o que
se tem em vista. A escolha acertada duma isca é essencial para qualquer
pesca.
Visto que eram visadas as almas humanas, organizou-se habilmente um
plano, de acordo com as fraquezas delas. O chamariz devia corresponder à
fraqueza principal! E essa fraqueza principal das almas era a comodidade, a
indolência de seu espírito!
A Igreja sabia muito bem que o sucesso para ela seria grande, se
soubesse desde logo ir largamente ao encontro dessa fraqueza e não exigisse
que dela abdicassem!
Com esse reconhecimento certo, tratou de aplainar logo para os seres
humanos um caminho largo e cômodo que devia supostamente conduzir até à
Luz e apresentou-o como engodo à humanidade, que preferiu outorgar um
décimo do fruto de seu trabalho, cair de joelhos, murmurar orações cem vezes
a gastar um só momento num esforço espiritual!
A Igreja dispensou-os, por isso, do trabalho espiritual, perdoando-lhes
todos os pecados, se os seres humanos fossem obedientes nas coisas
terrenas e exteriores, e executassem o que a Igreja exigia deles terrenamente!
Seja, pois, em visitas às igrejas, em confissões, na quantidade das
orações, nos tributos, presentes ou legados, não importa, a Igreja se satisfez
com isso. Deixou os fiéis na ilusão de que, para cada coisa que outorgassem à
Igreja, lhes ficava reservado também um lugar no reino do céu.
Como se a Igreja dispusesse desses lugares para distribuir!
As realizações e as obediências de todos os fiéis os ligam, porém, apenas
com sua Igreja, não com seu Deus! As igrejas ou seus servos não podem
retirar nenhum grão da culpa duma alma humana, ou sequer perdoar-lhe!
Tampouco canonizar uma alma, intervindo com isso nas perfeitas e eternas leis
primordiais de Deus, que são inamovíveis!
78
Como podem os seres humanos ousar opinar e também decidir sobre
coisas que repousam na onipotência, na justiça e na onisciência de Deus!
Como podem os seres humanos terrenos querer fazer com que seus
semelhantes acreditem em tal coisa! E não menos criminoso é aceitar
credulamente de seres humanos terrenos tais atrevimentos, que tão
nitidamente encerram o aviltamento da grandeza de Deus!
Tal coisa incrível apenas se pode tornar possível entre os irrefletidos
rebanhos humanos que, mediante tal conduta, dão prova expressa da maior
preguiça espiritual, pois o mais simples raciocínio fará imediatamente qualquer
um reconhecer, sem a mínima dificuldade, que tais atrevimentos não podem
ser explicados nem sequer com a arrogância humana ou mania de grandeza,
mas sim que nisso residem graves blasfêmias contra Deus!
Nefasta terá de se tornar a ação retroativa!
O tempo da paciência de Deus já passou. Uma ira sagrada cai sobre as
fileiras desses criminosos, que procuram assim enganar a humanidade terrena,
a fim de aumentar e conservar seu prestígio, enquanto sentem perfeitamente
que se trata de coisas, às quais eles nunca poderão ter direito de se arrogar!
Como podem se atrever a dispor sobre o Reino de Deus na eternidade? O
raio da ira divina os fará ressuscitar do inconcebível sono espiritual, da noite
para o dia, e. . . os julgará! — — —
Que dá uma criatura humana a seu Deus com a sua obediência à Igreja!
Com isso não disporá dum único impulso intuitivo natural, capaz de ajudá-la a
ascender.
Eu vos digo, as criaturas humanas na realidade somente podem servir a
Deus, justamente através daquilo que pelas igrejas não chegou à vida: com
seu próprio pensar, com sua análise independente! Cada qual tem de transpor
sozinho as mós, a engrenagem das leis divinas na Criação. E por isso se faz
mister que cada qual por si aprenda em tempo certo o tipo das mós e seu
andamento.
Foi isso exatamente o que muitas igrejas ocultaram com pertinácia, para
que os fiéis não pudessem se entregar a indispensáveis reflexões e intuições
próprias. Com isso despojaram os seres humanos daquele firme apoio, único
capaz de guiá-los sem perigo e dirigi-los à Luz, e procuraram em vez disso
incutir à força uma interpretação, cuja observância só podia trazer proveitos à
Igreja. Proveitos, influência e poder!
Só com a movimentação do próprio espírito podem as almas humanas
servir ao seu Criador! E com isso em primeira linha e simultaneamente a si
mesmas. Somente um espírito humano que se encontre lúcido e vigilante nesta
Criação, consciente de suas leis, inserindo-se nelas com os pensamentos e as
ações, este é agradável a Deus, pois com isso está cumprindo a razão de ser
de sua existência, conforme cabe a cada espírito humano nesta Criação!
Isso nunca se encontra, contudo, nas práticas que as igrejas exigem de
seus fiéis! Pois a estas faltam naturalidade, livre convicção, saber, que são as
condições essenciais do verdadeiro servir a Deus! Faltam a vivacidade e a
alegria, que propiciam ajuda a todas as criaturas, deixando suas almas jubilar
na felicidade consciente de poderem colaborar para a beleza desta Criação,
como uma parte dela, e com isso agradecendo ao Criador e venerando-o!
79
Em vez de alegres e livres adoradores, anunciadores de Deus, a Igreja
criou escravos da Igreja! Infiltrou-se no livre olhar da humanidade, voltado para
cima! Obscurecendo com isso a verdadeira Luz. Apenas atou e manietou os
espíritos humanos, em lugar de os despertar e libertar. Manteve nefastamente
os espíritos no sono, oprimindo-os, impedindo-lhes o anseio de saber e o
próprio saber, com preceitos que contrariam e se opõem à vontade de Deus!
Tudo isso para conservar o próprio poder.
Conforme já outrora não recuavam diante de suplícios, de torturas, diante
do assassínio de múltiplas maneiras, assim não se atemorizam hoje de caluniar
contemporâneos, de falar mal deles, de minar seu prestígio, de atiçar contra
eles, de espalhar por seu caminho todos os empecilhos possíveis, sempre que
não queiram se enfileirar obedientemente na massa dos escravos das igrejas!
Manobram com os meios mais sórdidos, só para sua influência, seu poder
terreno. Exatamente isso virá agora em primeiro lugar a oscilar e ruir com o
efeito retroativo, pois é contrário àquilo que Deus quer! Evidencia-se assim
como se encontram distantes de servir a Deus humildemente! —
Multidões intermináveis se deixaram atrair por chamarizes de permissiva
indolência do espírito para o regaço entorpecente das igrejas! A ilusão nefasta
da absolvição barata dos pecados foi acreditada, e, com as massas
espiritualmente indolentes, aumentou a influência na Terra, visando como meta
final a um poder terreno! As criaturas humanas não viram que com esse falso
conceito e doutrina toda a sagrada justiça de Deus Todo-Poderoso só foi
escurecida e conspurcada; viram só o simulado, largo e cômodo caminho para
a Luz, que na realidade nem existe! Conduz, através das arbitrárias ilusões de
absolvição, para as trevas e para o aniquilamento!
A prepotência de todas as igrejas, hostil a Deus, separa os fiéis, de Deus,
em vez de conduzi-los até Ele. As doutrinas eram falsas! Todavia era fácil aos
próprios seres humanos se darem conta disso, uma vez que elas contrariam
nitidamente o mais simples senso de justiça! Eis por que os fiéis das igrejas
são tão culpados quanto as próprias igrejas!
As igrejas, cujos próprios servidores anunciam publicamente a minha
vinda, com as palavras de Cristo, segundo o Evangelho de João, do qual eles
pregam aos seus adeptos com devoção:
“Quando, porém, vier aquele que é o Espírito da Verdade, ele vos guiará
em toda a Verdade. E quando o mesmo vier, castigará o mundo por seus
pecados e por causa da justiça! E trará o Juízo. Eu, porém, voltarei ao Pai e daí
em diante não me vereis mais. Saí do Pai e vim ao mundo. Torno a deixar o
mundo e regresso para junto do Pai!”
Tais palavras são lidas sem compreensão nas igrejas, porque pelo Filho de
Deus já foi claramente dito que virá um outro que não ele, para anunciar a
Verdade e para trazer o Juízo. O Espírito da Verdade, que é a Cruz viva. E,
todavia, também nesse ponto a Igreja ensina errado e contra essas palavras
claras.
Apesar de que também Paulo escreveu outrora aos coríntios: “O nosso
saber é imperfeito. Quando, porém, vier o que é perfeito, então cessará o que é
imperfeito!”
Com isso mostra o apóstolo que a vinda daquele que anunciará a Verdade
perfeita deve ainda ser esperada e a promessa do Filho de Deus a tal respeito
80
não deve ser relacionada com a conhecida efusão da força do Espírito Santo
que então já se dera, quando Paulo escreveu essas palavras.
Com isso ele atestava que os apóstolos não tomaram essa efusão de força
como a realização da missão do Consolador, do Espírito da Verdade, conforme
atualmente, no Pentecostes, de modo estranho, muitas igrejas e fiéis procuram
interpretar, porque tais coisas não cabem de modo diferente em sua
organização de crença, mas sim formariam uma lacuna que deveria causar
perigosos abalos a essa falsa construção.
Contudo, nada lhes adianta, pois é chegado o tempo do reconhecimento de
tudo isso, e tudo quanto é falso desmoronará!
Até agora não pôde haver ainda nenhum verdadeiro Pentecostes para a
humanidade, não lhe pôde chegar o reconhecimento no despertar dos
espíritos, em virtude de se ter entregado a tantas falsas interpretações, nas
quais principalmente as igrejas têm grande participação!
Nada lhes será perdoado na grande culpa! —
E agora vos encontrais, seres humanos, surpresos diante da Palavra nova,
e muitos dentre vós nem mais estão capacitados para reconhecer que ela vem
das alturas luminosas, porque ela é tão diferente do que tínheis imaginado! É
que vive ainda em vós, em parte, o tenaz embotamento em que vos
envolveram igrejas e escolas, para que permanecêsseis obedientes adeptos e
não desejásseis o estado de alerta do próprio espírito!
O que Deus exige, isso foi até agora indiferente aos seres humanos
terrenos! Digo-vos, porém, ainda uma vez: O largo e cômodo caminho, que as
igrejas até agora se esforçaram por mostrar enganosamente em prol da própria
vantagem, é falso! Com as arbitrárias ilusões de absolvição aí prometidas, ele
não leva à Luz!
Para vós, que vos esforçais seriamente pela Verdade, para vós deverá vir
agora Pentecostes, a elucidação virá sobre vós. Com bramido descerá a Luz e
para dentro de vós, se vós estiverdes abertos corretamente para isso!
81
23. Lei da Criação “Movimento”
Olhai em redor, criaturas humanas, e vereis de que maneira deveis viver aqui
na Terra! Não é difícil reconhecer as leis primordiais da Criação, se apenas vos
esforçardes em observar direito tudo quanto vos rodeia.
Movimento é uma lei básica em toda esta Criação, bem como sobre a
Terra. Movimento de modo certo. Mas exatamente essa lei tem sido
desrespeitada e igualmente mal aplicada.
Somente pelo movimento se pôde formar tudo, e o movimento, o
movimento contínuo, é por isso também a conservação, o saneamento de tudo
quanto se acha na Criação. O ser humano não pode ser considerado nisso
como uma exceção, não pode ficar como único entre as criaturas, parado em
meio à movimentação vivificante, ou seguir seus próprios caminhos, sem
prejuízo para si.
O objetivo atual do raciocínio de tantos seres humanos terrenos é
descanso e vida cômoda. Passar ainda os últimos anos terrenos na
comodidade é, por muitos seres humanos terrenos, considerado como o
coroamento de suas atividades. Todavia, é veneno o que com isso almejam. É
o começo de seu fim, que assim criam!
Por certo ouvistes, em casos de morte, muitas vezes, pesarosamente: “Não
pôde usufruir por muito tempo o seu descanso. Faz somente um ano que se
aposentou!”
Tais observações são feitas mui freqüentemente. Quer se trate de homens
de negócios, de funcionários públicos ou de militares, não importa, pois tão
logo uma pessoa, como se costuma dizer, “se aposenta” iniciam-se, muito em
breve, a decadência e a morte.
Quem abrir corretamente seus olhos para seu ambiente, muito aí
reconhecerá; verá que tais acontecimentos se lhe apresentarão com
surpreendente freqüência, acabando, outrossim, por procurar uma bem
determinada causa nesse fenômeno, reconhecendo nisso uma lei.
A criatura humana que aqui na Terra se aposenta realmente, que quer
descansar de suas atividades até o seu fim terreno, devido à lei do movimento
rítmico desta Criação, é expelida como uma fruta superamadurecida, porque
todo o vibrar, o movimento em seu redor, é muito mais forte do que o
movimento nela própria, que tem de manter passo igual. Tal pessoa tem então
de cansar e adoecer. Só quando seu autovibrar e seu estado de alerta
mantiverem passo igual ao do movimento existente na Criação, só então pode
permanecer sadia, bem disposta e alegre.
Na expressão: Parar é retroceder, jaz o pressentimento da grande lei.
Somente movimento é construção e conservação! Em tudo quanto se acha na
Criação. Já afirmei isso na minha dissertação “A Vida”!
Quem aqui na Terra quer, literalmente, entregar-se ao descanso total, não
tem mais nenhum alvo diante de si e, com isso, nenhum direito de continuar a
viver nesta Criação, por ter posto, por sua vontade, “fim” a si próprio! O vibrar
da Criação, porém, não apresenta nenhum fim, não tem fim! Evolução
permanente através do movimento é lei na vontade de Deus e isso, por essa
razão, jamais poderá ser contornado sem danos.
82
Certamente já notastes que as pessoas que têm de lutar continuamente
por sua manutenção terrena, freqüentemente, são muito mais sadias,
alcançando mais idade do que as pessoas que desde a infância têm passado
muito bem, tendo sido protegidas e tratadas da maneira mais cuidadosa.
Também já tendes observado que as pessoas que cresceram no bem-estar,
fazendo tudo em favor de seus corpos, pelos meios alcançáveis, vivendo
comodamente, sem agitação, tais pessoas mais depressa mostram os sinais
exteriores da velhice se aproximando, do que as terrenalmente não abastadas,
que precisam preencher sempre os seus dias com trabalho!
Indico aqui como exemplo aqueles casos de vida laboriosa onde não haja
exagero desnecessário, onde não haja a ânsia frenética pelo acúmulo de
riquezas terrenas ou outros motivos para sobressair, que nunca deixam
descansar realmente aqueles que trabalham. Quem se entrega como escravo a
uma tal mania, esse encontra-se sempre sob alta tensão, atuando assim
também de modo desarmonioso no vibrar da Criação. As conseqüências são aí
idênticas às daqueles que vibram lentamente demais. Portanto, também aqui o
áureo caminho do meio é o certo para cada um que quiser viver direito nesta
Criação e na Terra.
O que tu, criatura humana, fizeres, faça-o integralmente! O trabalho
durante o tempo de trabalho, o descanso durante o tempo necessário ao
descanso! Nada de mistura.
O maior veneno contra o cumprimento harmonioso da vossa condição
humana é a unilateralidade!
Uma vida laboriosa sem finalidade espiritual, por exemplo, de nada vos
adianta! O corpo terreno então, sim, vibrará nesta Criação; o espírito, porém,
estará inativo! E quando o espírito não se movimenta simultaneamente no
vibrar da Criação, desejado por Deus, o corpo terreno, que vibra em conjunto,
não é conservado e fortalecido pelo trabalho; pelo contrário, ficará prostrado,
gasto! Porque aí não recebe a força proveniente do espírito, da qual necessita
através da mediação do enteal. O espírito parado impede todo o florescimento
do corpo, conseqüentemente este terá de se consumir em suas próprias
vibrações, murchando e se decompondo, não podendo mais se renovar por
faltar a fonte para isso, o vibrar do espírito.
Assim de nada adianta quando alguém, ao se retirar dessas ocupações
terrenas, faz com regularidade os correspondentes passeios para a
movimentação de seu corpo, realizando tudo o que terrenalmente é possível
para manter em forma seu físico. Envelhece logo e decai, se seu espírito não
permanecer em idêntica vibração. E o vibrar do espírito somente se produz
mediante algum alvo determinado, que movimente o espírito.
O alvo do espírito, porém, não deve ser procurado aqui na Terra, ao
contrário, só poderá ser encontrado na direção do reino do espírito, no plano de
igual espécie desta maravilhosa Criação! Por conseguinte, um alvo que se
encontre acima do terrenal, que se estenda para além desta vida terrena!
O alvo tem de viver, tem de ser vivo! Do contrário nada tem a ver com o
espírito.
Entretanto, o ser humano de hoje não sabe mais o que é espiritual.
Substituiu isso pelo trabalho do raciocínio e denomina a atuação do raciocínio
83
de espiritual! Isso então lhe dá o resto e provoca a sua queda, pois agarra-se a
algo que fica na Terra com o corpo, quando tiver de ir para o Além!
Um alvo espiritual é sempre algo que encerra valores beneficiadores. Por
meio deles, deveis sempre reconhecê-lo! Valores eternos, nada passageiros.
Portanto, o que quiserdes fazer, o que vos esforçardes em almejar, primeiro
perguntai a vós mesmos sobre os valores que com isso produzireis e
encontrareis! Não será difícil demais, se apenas quiserdes realmente!
Da ciência atual nove décimos estão entregues à atuação errada e a
esforços inúteis na Criação! As ciências, conforme são professadas agora,
constituem um estorvo para a ascensão daqueles que com elas se ocupam,
paralisação, retrocesso, jamais, porém, progresso que conduza à ascensão. A
criatura humana jamais poderá, nas ciências, as que, em substituição, hoje são
assim denominadas, desenvolver as asas, jamais poderá alcançar o que
poderia realizar, pois as asas lhe estão deploravelmente aparadas, destruídas.
Somente na simplicidade do pensar e do atuar jaz a grandeza e desenvolve-se
o poder, porque somente a simplicidade proporciona o anseio pelas leis
primordiais da Criação!
O ser humano, porém, amarrou-se e fechou-se com a sua ciência terrena.
De que adianta o ser humano procurar preencher o tempo da vida terrena,
a fim de saber quando surgiu a criatura mosca, por quanto tempo permanecerá
ela ainda nesta Terra, presumivelmente, e tantas outras indagações análogas
aparentemente importantes para o saber humano. Perguntai a vós mesmos, a
quem ele traz realmente proveito com isso! Só a sua vaidade! A mais nenhuma
pessoa no mundo. Pois esse saber nada tem a ver com a ascensão de
qualquer modo. Não proporciona nenhuma vantagem ao ser humano, nenhum
impulso ascensional! Ninguém lucra com isso!
Assim, deveis examinar, pois, seriamente, uma coisa após a outra, a
respeito do valor real que se vos oferece. Verificareis assim que tudo aquilo
que hoje aí ocorre apresentar-se-á diante de vós como um inútil castelo de
cartas, para o qual o tempo terreno, a vós outorgado para o desenvolvimento, é
demais precioso, a fim de que possa ser sacrificada nisso uma hora sequer
impunemente! Com isso vos entregais à vaidade e a brincadeiras, pois não
contém nada capaz de elevar-vos realmente; é, em si, somente vazio e morto!
Não penseis que podeis apresentar-vos diante do trono de Deus para
recitar ditos de pretensa sabedoria no Juízo. Ser-vos-ão exigidos atos na
Criação! Vós, todavia, sois apenas metais ressoantes com o vosso falso saber,
ao passo que vossa missão, nesta Criação, é estar vivo e beneficiar tudo. A
pessoa que se alegra com cada flor do campo, que agradecida volve por isso o
seu olhar para o céu, se encontra muito mais elevada perante Deus, do que
uma pessoa que pode dissecá-la cientificamente, sem reconhecer aí a
grandeza do seu Criador.
Quão vazios sois dentro de vós, criaturas lastimáveis, que se denominam
seres humanos. Quão ocos em vossa presunção de saber, que pode trazer
como os melhores de seus frutos apenas um miserável viver terreno sem
objetivo. O animal é nisso mais elevado do que os eruditos desse gênero, ele
recebe, observa e age! Vós, porém, sois em vossos estudos os indolentes,
preguiçosos desta Criação, pois o que está contido no atual saber do
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raciocínio, não é movimento, como esta Criação o exige de vós, na qual tudo
vive.
Nenhum recorde de altura de um avião pode vos erguer nem um só passo!
Nada adianta ao ser humano ser o corredor mais veloz ou um hábil boxeador,
um volante audaz ou saber se o cavalo apareceu antes ou depois da mosca
aqui na Terra. Tal vontade somente procura por algo ridículo, pela vaidade!
Não traz nenhuma bênção, nenhum progresso à humanidade, nenhum proveito
para sua existência nesta Criação, mas apenas estimula o desperdício de seu
tempo terreno. Aqueles que se afeiçoam a tais coisas, são indolentes nesta
Criação, como o são também aqueles, que podem sentir prazer nisso.
Olhai à vossa volta, criaturas humanas! Vede a tal respeito o que significam
na realidade as vossas próprias ocupações e as dos vossos semelhantes, qual
o valor que têm! Pouco encontrareis que seja digno da verdadeira condição
humana! Tudo tem que se tornar novo, assim o exige vosso Deus e Senhor
agora com o poder de Deus e a força de Deus! Até agora tendes sido, com
vossos esforços, servos inúteis na vinha do Senhor! Pois desperdiçais vosso
tempo com brincadeiras totalmente inúteis; guarneceis o alto potencial que,
como dádiva de Deus, reside em vós, com quinquilharias inúteis do vaidoso
querer do raciocínio terreno, tudo o que tereis de deixar para trás no desenlace.
Despertai para que possais criar, aqui na Terra, um digno invólucro do
espírito e não preciseis entrar pobres como mendigos no Além, como até
agora, uma vez que vos foram dados tão ricos tesouros para o percurso na
Terra! Sois como reis que infantilmente brincam com o cetro, imaginando que
este e a coroa já sejam suficientes para também ser um rei!
O que o ser humano tem necessariamente de pesquisar é, antes de tudo,
apenas aquilo que lhe serve para a sua ascensão e, com isso, também para
benefício da Criação! Em tudo que trabalha, deve perguntar a si mesmo qual a
vantagem que aquilo traz para si próprio e para os seres humanos. Um alvo
tem de ser, doravante, predominante em todas as pessoas: reconhecer e
também cumprir aquele lugar que tem de preencher na Criação como ser
humano!
Dir-vos-ei como as coisas se passam nas outras partes da Criação e como
também aqui na Terra devem tornar-se, segundo a vontade de Deus!
Quando aqui na Terra uma pessoa realiza um grande feito, então, se com
isso não for despertada somente inveja, ela é homenageada. A glória fica-lhe
até o seu fim, sim, muitas vezes ainda depois disso, por decênios, séculos e
milênios.
Contudo, isso se dá somente na Terra. Um fruto da errada mentalidade
humana. Tornou-se hábito nesta massa pesada de matéria grosseira. Não nos
mundos mais elevados, mais luminosos. Lá, o movimento circular não é tão
pesado como aqui na Terra. Os efeitos recíprocos se desencadeiam mais
rapidamente, conforme a crescente leveza. Lá, as ações também são avaliadas
segundo pontos de vista naturais completamente diferentes, ao passo que as
acepções humanas deixam transparecer muitos atos como grandiosos, sem o
serem, e a muitos, que encerram verdadeira grandeza, nem dão valor.
Quanto mais elevado, mais luminoso, mais leve o ambiente, tanto mais
nítida e rápida a recompensa, as conseqüências. Um espírito humano de boa
atuação ascende aí cada vez mais depressa, e uma ação realmente grande
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muitas vezes o lança para o alto já no mesmo instante. Porém ele não pode
viver então de recordações como aqui nesta Terra, mas sim tem de continuar
conquistando a altitude sempre de novo, se quiser permanecer lá, tem de se
esforçar por subir mais ainda, constantemente! Parando com isso, uma vez que
seja, rapidamente superamadurecerá no respectivo ambiente, nele se
deteriorará, se quisermos usar para isso uma imagem de matéria grosseira.
No fundo, pois, o ser humano nada mais é do que um fruto da Criação!
Nunca é a própria Criação, e muito menos o Criador. Cada maçã possui em si
a capacidade de enriquecer esta Criação com novas macieiras, flores e frutos,
mas nem por isso é o Criador. É o funcionamento automático das leis
primordiais da Criação que lhe outorgam a capacidade, obrigando-a a atuar
assim e a cumprir sua tarefa nesta Criação. Uma missão ela cumpre sempre,
incondicionalmente!
O ser humano ou os animais podem fazer o que quiserem com essa maçã.
Ou ela serve para a reprodução ou para a manutenção de outros corpos. Sem
incumbência, nada existe nesta Criação. Mesmo em cada decomposição há
movimento, utilidade e benefício.
Portanto, tão logo uma pessoa tenha subido, tem de se manter em sua
altitude! Não pode nem deve descansar, pensando que já tenha feito o
suficiente por algum tempo, mas sim tem de continuar a movimentar-se como o
pássaro nos ares, o qual é obrigado, igualmente, a movimentar as asas, se
quiser se manter no alto. Em tudo reside sempre e apenas a mesma lei
simples! No mais fino espiritual, bem como no mais grosseiro terrenal. Sem
alterações e sem desvios. Efetiva-se e tem de ser cumprida. Mais depressa
nos planos luminosos e leves, e apenas correspondentemente mais lento na
pesada matéria grosseira, mas de qualquer forma com absoluta certeza!
Existe uma tal simplicidade na efetivação das leis da Criação e nas
próprias leis, que não é preciso curso universitário para reconhecê-las com
acerto. Cada pessoa possui capacidade para isso, se apenas quiser! Cada
observação é facílima, acessível até a uma criança, torna-se difícil apenas pela
arrogância de saber desta humanidade, que gosta de empregar grandes
palavras para o que é mais simples, e assim pateia pesadamente com ares de
importância na Criação, como na límpida água, turvando a original clareza
sadia.
Com toda a sua falsa sabedoria o ser humano, como única das criaturas,
falha no cumprimento de seu lugar na Criação, por não vibrar conjuntamente e
não atuar corretamente.
A vontade de Deus, porém, é que a criatura humana finalmente chegue à
consciência e cumpra integralmente a sua missão nesta Criação! Se não o
fizer, chegará agora à supermaturação e decomposição, como fruto podre da
Criação. A Luz divina, que Deus, através do Filho do Homem, agora irradia
para a Criação, age sobre ela como sobre as plantas de uma estufa que, sob o
aumentado calor, devem produzir flores e frutos de maneira acelerada.
Aí se evidencia aquilo que se move direito nas leis da Criação ou que nelas
agiu errado. Os frutos serão de acordo. A pessoa que se dedicou a afazeres
que não tinham finalidade para sua necessária ascensão desperdiçou seu
tempo e suas forças. Ela se desviou do vibrar da Criação e não pode mais
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prosseguir com ele, nem se recuperar na indispensável harmonia, uma vez que
ela própria a perturba.
Aprendei, por conseguinte, através da observação, a valorizar a
simplicidade das leis divinas em toda a sua grandeza e a utilizá-las para vós,
do contrário terão agora de destruir-vos, por estardes como obstáculos no
caminho de sua atuação. Sereis arrastados como estorvo prejudicial!
Movimento é o principal mandamento para tudo o que existe nesta Criação,
pois ela se originou do movimento, é mantida e constantemente renovada por
ele!
Como se dá no Além, sobretudo nas regiões mais luminosas, assim tem de
ser agora também aqui na Terra, provocado pelo poder da Luz! O ser humano
que vibra com as leis primordiais da Criação sobreviverá, mas aquele que
malbarata seu tempo com cismar errado do raciocínio será agora destruído
pelo impulso mais forte do movimento, produzido pela Luz!
Por isso, deveis finalmente aprender a conhecer todas as leis e vos guiar
por elas, para que em breve não venham atingir-vos doença ou morte.
Quem não associar, à sua atuação terrena, um alvo elevado, luminoso, não
poderá subsistir no futuro, também não terrenalmente. Terá de se decompor
segundo as leis de Deus, intensificadas pela Luz, que estão na Criação; será
também espiritualmente reduzido a pó, como fruto imprestável que não cumpre
sua finalidade nesta Criação.
Esse fenômeno é totalmente objetivo e simples, mas de indizível horror em
seus efeitos para a humanidade, como ela hoje ainda se apresenta! Nada vos
será dispensado. O querer ou o não querer na decisão ainda vos deverá ser
mantido, porque está inserido na espécie de tudo quanto é espiritual, porém
rápida seqüência até o desfecho final ocorrerá para vós então imediatamente,
de modo tão rápido, como não acreditais que na Terra, na lentidão desta
matéria, possa ocorrer!
Se não quiserdes diferentemente, então que segui cegamente no caminho
habitual! Logo reconhecereis que o poder de Deus é muito mais poderoso do
que toda a humanidade na Criação; pois o abismo abrir-se-á diante de vós,
repentina e inesperadamente, e vós tereis que precipitar-vos, antes
reconhecendo ainda que tendes agido de forma errada, e que vos ainda
poderia ter vindo salvação se tivésseis dado atenção à minha Palavra. A
respeitado e seguido, na mais incondicional obediência! Incondicionalmente,
assim é ordenado a partir desta hora, porque, ao contrário, não mais poderá
haver regeneração para vós!
Também terrenalmente a humanidade será agora obrigada a guiar-se de
modo absoluto, segundo todas as leis primordiais da Criação!
Se uma pessoa pôde atingir determinada altitude aqui, isto não basta para
o futuro. Ao contrário, é obrigada a se manter nela mediante contínuos
esforços, pois de outro modo novamente decairá logo. Cada pessoa tem de
deixar novamente o lugar onde não pôde se manter, porque ela somente pode
valer aquilo que realmente é e não o que foi! O “foi” desaparece a cada
modificação e não é mais. Unicamente o “é” tem valor e validade no Reino do
Milênio.
Por isso, criatura humana, permanece no futuro, com tua verdadeira
maneira de ser, sempre de tal forma, como queres ser considerada. Cairás ou
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subirás a cada alteração vindoura, imediatamente, também externa e grosso-
materialmente. Nunca deverás pretender manter um cargo, o qual não mais
preenches, que não mais te pertence! Deves seguir constantemente para frente
e para cima! Sem movimentação permanente não existe mais nenhum apoio
para ti na Criação. Não podes banhar-te no brilho de teus antepassados. O
filho, jamais na glória de seu pai. A mulher não participa dos feitos do seu
marido. Cada um está nisso exclusivamente por si. Unicamente o presente vale
para ti, pois o presente, que realmente “é”, vale também para um espírito
humano! Assim é em toda a Criação, assim deverá ser também no futuro entre
estes, até agora nisso pesados, seres humanos terrenos! Assim Deus o deseja
e assim acontecerá!
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24. O corpo terreno
O ser humano usa o seu invólucro terreno, de que necessita para o
amadurecimento de seu espírito na matéria grosseira, com irresponsável
negligência e falta de compreensão. Enquanto não sente dores, negligencia a
dádiva que com isso recebeu e nem pensa em dar ao corpo o que este
necessita; antes de tudo, o que lhe é útil. Só presta atenção ao seu corpo
sempre depois que o prejudicou, sentindo por isso dores; ou então quando por
ele for impedido de alguma forma em seus trabalhos diários, na prática de
tantos divertimentos ou passatempos.
Ingere, sim, alimentos e bebidas, mas impensadamente e com freqüência
em excesso, assim como lhe pareça agradável, totalmente despreocupado de
que com isso prejudica o seu corpo. Pessoa alguma se lembra de observar
cuidadosamente o corpo, enquanto este não sente alguma dor. Mas
exatamente a observação do corpo sadio é uma necessidade urgente.
O ser humano deve dar ao corpo sadio aquilo de que ele precisa, deve
observá-lo com todo o cuidado que se dá à ferramenta mais indispensável,
para a atuação acertada nesta matéria grosseira. É sim, pois, o bem mais
precioso que cada ser humano terreno recebeu, para o seu tempo na Terra.
Reparai, porém, na mocidade que cresce, com que leviandade pecaminosa
descuida do corpo, maltratando-o com excessos da mais variada espécie.
A culpa principal é, também nisso, novamente a conseqüência do cultivo do
intelecto no sentido errado. Vós podeis reconhecê-lo de modo nítido e também
fácil, se realmente tiverdes vontade para isso. Observai os estudantes, como
eles hoje são e como sempre foram! Estudantes, que predominantemente na
juventude, cultivam o raciocínio em primeira linha de modo unilateral, através
de seus estudos. Com que orgulho cantavam e ainda hoje cantam suas
canções referentes à euforia estudantil! Orgulhosos, com peito distendido!
Nisso, muitas vezes até os seniores juntam as suas vozes com maior prazer.
Indagai-vos, porém, sinceramente, no que se apóia tal orgulho, então
precisareis examinar o conteúdo dessas canções, para descobrir o motivo. Em
pessoas que pensam de modo sadio brota aí uma profunda vergonha, pois
essas canções só encerram glorificações das bebedeiras e dos namoros, do
ócio, do desperdício da melhor época de desenvolvimento da existência terrena
humana! Exatamente daquela época em que os seres humanos devem tomar o
seu impulso para o desenvolvimento de uma criatura humana completa nesta
Criação, para uma maturidade do espírito, a fim de preencher o lugar que uma
pessoa, como tal, deve preencher e cumprir na Criação, segundo as leis de seu
Criador, de seu Senhor!
As canções mostram nitidamente demais o que é considerado como o mais
belo e mais ideal numa época em que o ser humano, agradecido e alegre,
devia intuir de modo puro como o seu espírito se põe em contato, através do
corpo terreno, com o ambiente todo que o rodeia, a fim de atuar nele
integralmente consciente e assim com plena responsabilidade perante seu
Criador! Onde cada espírito, através das irradiações da sexualidade, começa a
formar e enviar sua vontade para longe, dentro da matéria grosseira com suas
muitas gradações.
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Todavia, as canções são um grito de escárnio contra as leis primordiais da
Criação, às quais se opõem até a última palavra!
Em contraste a isso está aquela juventude que não freqüenta a
universidade. Aí encontrareis também todas as bases mais adequadas para o
tratamento certo de seus corpos terrenos, mais sadias e naturais. Na
pressuposição de que esses jovens não pratiquem algum tipo de esporte, ou se
dediquem à política! Pois então desaparece aí também tudo o que é sensato e
sadio.
Para onde olhardes de modo perscrutador, tereis de reconhecer que o ser
humano ainda nada sabe das leis da Criação.
Não tem idéia alguma de qual a responsabilidade a ser incondicionalmente
assumida por ele, com referência ao corpo terreno a ele confiado! Não vê
também o valor do corpo terreno quanto à posição na Criação, mas sim
mantém seu olhar dirigido somente para esta Terra aqui. Contudo, para a
Terra, a importância do seu corpo terreno constitui somente a menor parte!
E essa ignorância das leis da Criação permitiu que se imiscuíssem erros,
os quais, reproduzindo-se, prejudicam muitas pessoas. Perpassam e
contaminam tudo!
Somente por isso pôde acontecer que, mesmo em todas as igrejas de até
agora, tenha encontrado entrada a insensata concepção de que o sacrifício por
sofrimento e morte, sob certas circunstâncias, seja bem-visto por Deus!
Inclusive na arte, essa concepção errônea ancorou-se profundamente, pois
nela essa idéia encontra muitas vezes a glorificação de que uma pessoa
poderia trazer “libertação” a outra, mediante sacrifício voluntário ou morte por
amor!
Com isso, essa humanidade ficou ainda mais confundida.
A lei de Deus, porém, em sua justiça infalível, não permite que alguém
possa assumir a culpa de outrem. Tal ato faz rolar simplesmente uma culpa
sobre aquele que se sacrifica, que assim força o abreviamento de sua
existência terrena. O seu corpo terreno, confiado a ele para seu necessário
amadurecimento, ele joga fora como um pano inútil! A isso se acrescenta ainda
a ilusão da alma em realizar, dessa forma, algo de grande e agradável a Deus.
Aquele que se sacrifica torna-se assim duplamente culpado, na presunção de
poder libertar um outro de seus pecados. Teria agido melhor, sim, se
implorasse perdão somente para si, como grande pecador perante o Senhor,
pois dessa maneira designa o seu Deus de juiz injusto, que seria capaz de tal
ação arbitrária, permitindo que se negocie com Ele.
Isso, na realidade, é ainda por cima uma blasfêmia! Portanto, eis uma
terceira culpa com tal ato que, brusca e categoricamente, contraria todo a
intuição de justiça.
É uma autopresunção, e não amor puro, que leva a atos dessa espécie! No
Além as almas vêem rapidamente a diferença, quando têm de sofrer sob as
conseqüências que os seus atos acarretam, ao passo que para o outro isso
nada adiantou e se ele ciente esperava dessa maneira ser ajudado
sobrecarregar-se-á ainda mais.
Assim é de se lastimar que mesmo grandes artistas tenham se entregado
àquela nefasta ilusão de redenção em suas obras. Um artista sensível deveria,
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pois, chocar-se com isso, por ser antinatural, contrariar o equilíbrio das leis da
Criação e permanecer totalmente sem base!
A verdadeira grandeza de Deus é assim diminuída.
É mais uma vez apenas presunção da humanidade, que se arroga esperar,
da ininfluenciável justiça de Deus, que seja capaz de aceitar tal sacrifício! O ser
humano coloca com isso, sim, mais alto o seu julgamento terreno na prática da
justiça, pois nessa prática não lhe chega aquele pensamento!
Com tal atuação o ser humano mostra menosprezo pelo corpo terreno, mas
nenhum agradecimento pelo instrumento de matéria grosseira outorgado para
o amadurecimento, o qual não pode ser suficientemente observado e mantido
limpo e puro, já que é indispensável a cada vida terrena.
Aprende, por conseguinte, ser humano, a conhecer direito o corpo terreno,
para que possas tratá-lo correspondentemente! Só então ficarás habilitado a
usá-lo corretamente, a dominá-lo como aquilo que representa para ti nesta
Terra. A primeira conseqüência do domínio verdadeiro de teu corpo mostra-se
na leveza e na beleza dos movimentos, que deixam transparecer a força do
espírito na harmonia com o seu instrumento.
A fim de que nisso aprendais a diferençar direito, observai as pessoas que
se dedicam a alguma espécie de esporte. Logo reconhecereis que unicamente
o treinamento de um corpo também não resulta em beleza dos movimentos,
por haver aí unilateralidade demasiada, quando o espírito não vibra em
conjunto na necessária harmonia. O passo dos esportistas mui freqüentemente
é tudo, menos bonito; o porte, raramente gracioso. O esportista está muito
longe de dominar realmente o corpo!
Pois a força advém unicamente do espírito! O vigor, do corpo!
Um passo pesado denota peso e não força. Um corpo mantido e
impregnado pela força do espírito tem movimentos flexíveis e caminha de
modo leve, elástico, não importando se o seu peso possa ser considerado
maior ou menor.
Um passo pesado mostra sempre, nas pessoas, apenas a deficiência no
domínio certo do seu corpo pelo espírito. E domínio do espírito distingue uma
criatura humana dos animais! O animal nisso está sujeito a outras leis, porque
a alma provém do enteal. Ele, porém, cumpre essas leis, vive em harmonia do
corpo com a alma e mostra nos movimentos, sempre, uma bem determinada
espécie de beleza, adaptada ao seu corpo. Não obstante o freqüente peso
enorme do corpo, ele tem um passo leve em contraste com o ser humano!
Ide ao jardim zoológico! Olhai lá os animais e os seres humanos. Observai-
os de modo bem meticuloso. As conseqüências da falta de harmonia entre a
alma e o corpo evidenciam-se lá imediatamente, em todas as criaturas
humanas, ao passo que os animais são absolutamente “naturais”, a não ser
que alguma doença nisso os impeça. Vós próprios observareis que o ser
humano leva uma vida errada, não domina seu corpo, não vive corretamente
nele, encontrando-se totalmente desarmonioso em relação a ele.
Assim é com a alimentação e a manutenção. O animal jamais
superalimentará o seu corpo como fazem muitas pessoas! Dá-se por satisfeito
quando não sente mais fome; a criatura humana, porém, em muitos casos só
quando não pode mais continuar a comer! Eis uma grande diferença,
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provocada igualmente apenas pelo raciocínio supercultivado, no esforço de
subjugar aí o senso natural.
O animal também bebe apenas para saciar a sede. O ser humano, porém,
cultiva em si ilusões de satisfação que, em excesso, têm de trazer ao corpo
muitos danos. Aqui apenas torno a apontar os hábitos das agremiações
estudantis, tanto nas bebedeiras como nas supressões do sono, exigidas
sempre por tais falsas maneiras de vida.
Esclarecimentos adicionais a esse respeito são desnecessários, pois esses
procedimentos já são suficientemente conhecidos como os mais tolos. Mesmo
o mais tolerante ou ignorante nesse assunto não pode afirmar que aquilo seja
útil ou não acarrete danos.
As pessoas que no jardim zoológico caminham pelas alamedas para ver os
animais demonstram nitidamente que deviam aprender com esses animais, a
fim de estarem certas com seus corpos terrenos na Criação. Nem se pode mais
chamar isso de “caminhar”, pois somente poucos dos visitantes são vistos
“caminhando”. Na expressão “caminhar” se encontra, pois, um conceito de
graciosidade e domínio natural. Muitas pessoas, porém, coxeiam ou se
movimentam com passos pesados, totalmente irrefletidas ou cheias de
pensamentos, ou correm nervosamente, confusas e distraídas. De beleza aí
não há sequer vestígio. Vereis nitidamente que elas não prestam atenção no
movimento de seu corpo, estorvando-o, porém, na movimentação natural,
devido ao seu pensar errado e unilateral. É um descuido já desde a juventude.
Muita omissão nisso mostra-se somente mais tarde, mas então de modo
absoluto. As conseqüências jamais deixam de vir.
Contudo, quanta beleza já não está implícita nas palavras: andar,
caminhar! Mal imaginais ainda o elevado valor que há nisso. Com toda essa
falta de observância a seu corpo terreno, o ser humano mostra a imaturidade
do espírito! Um espírito maduro sempre considerará o seu corpo como o
instrumento necessário para a obtenção de seu amadurecimento terreno, não
abusando dele de modo insensato! Cuida-lo-á assim como é útil ao corpo, e
não como seus nervos, freqüentemente excitados, exigem uma vez ou outra,
devido à torção de conceitos naturais.
Onde a pura força do espírito perpassa completamente o corpo de matéria
grosseira e o domina, lá os movimentos têm de evidenciar beleza, porque não
pode ser de outra forma. Lá, também os sentidos de matéria grosseira são
completamente perpassados pela beleza, de maneira que tudo quanto fazem,
enobrecem, seja o que for.
Beleza e graça são a expressão de um espírito humano puro em todas as
suas atuações, entre as quais se contam também os movimentos do corpo de
matéria grosseira!
Olhai em redor; tudo, pois, vos é mostrado! Se estiverdes vivos na Criação,
tereis de reconhecer isso logo.
Descobrireis de que maneira impossível o ser humano agiu nisso até aqui,
quão pouco reconheceu a própria Criação, que para ele permanece
categoricamente seu lar! Nasce dentro dela, todavia quer apartar-se sempre,
quer sobrepor-se a ela. Essa esquisita vontade jamais o deixa ficar firme nela,
pois assim não aprende a conhecer o seu lar.
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O corpo terreno de cada pessoa encontra-se, em todas as coisas, ligado
estreitamente àquele solo donde se originou! Segundo a lei da Criação para
toda a matéria! Com isso tem de contar sempre. E é isso o que até agora só
raramente cumpriu. Julga-se livre nisso, e não o é! No entanto, está tão
estreitamente ligado a isso, como o corpo de um animal! Ambas as espécies
corpóreas são formadas pelo enteal! No animal, o ser humano observou tudo
com exatidão e também sabe. Mas não quer submeter o seu corpo à igual
espécie das leis! E isso está errado.
O corpo terreno está ligado àquela parte da Terra onde nasceu!
Intimamente ligado também com todas as estrelas dessa bem determinada
parte e com todas as irradiações que a ela pertencem. De maneira ampla,
muito mais do que podeis imaginar! Somente aquela parte desta Terra dá ao
corpo exatamente aquilo de que ele precisa, a fim de florescer direito e
permanecer vigoroso. E a terra produz, em cada uma de suas regiões, sempre
em tempo certo, aquilo de que todos os corpos de matéria grosseira, que
nasceram nessa bem determinada região, necessitam! Ervas e frutos atuam,
por isso, de forma melhor sobre o corpo humano, de modo vantajoso e
edificante, naquela época em que a terra os produz!
O corpo precisa semelhante alimentação em tais épocas e naquela região
onde nasceu, com a qual fica permanentemente ligado.
Morangos no tempo do amadurecimento dos morangos, maçãs no tempo
da colheita das maçãs e assim por diante! Assim é com todas as frutas, com
todas as ervas. Por isso o tratamento pelas ervas só é vantajoso no tempo em
que as ervas se acham em plena viçosidade. Também para os corpos sadios!
Nisso o próprio enteal oferece ao corpo terreno variedade na alimentação,
permanentemente, assim como este realmente necessita! Exatamente como o
sol, a chuva e o vento são a melhor coisa para a atuação sadia da pele! A
Criação dá ao ser humano tudo quanto ele necessita para o seu corpo terreno
e dá também com a variação certa, no tempo certo!
Com todos os artifícios adicionais o ser humano nunca pode obter aquilo
que a Criação lhe proporciona espontaneamente!
Atentai nisso! Aqui na Terra o corpo terreno está estreitamente ligado
àquela região onde se encontra o lugar do seu nascimento! Se é que também
deva ficar sadio numa região estranha, conservar o vigor pleno para a atuação
terrena, deverá prevalecer como base da alimentação de seu corpo somente
aquela da região em que nasceu. Com cuidado pode, então, criar uma ponte
que lhe proporcione por algum tempo eficiência completa, mas nunca
permanentemente! Tem de voltar, de vez em quando, a fim de buscar sempre
novas energias! Apesar de tudo, porém, encurtará com isso a sua vida terrena!
Não é arbitrariedade ou por acaso, que as criaturas humanas terrenas são
de estrutura e cor diferentes.
As leis primordiais da Criação já as colocam em bem determinado lugar, o
qual, unicamente, serve para a sua maturação terrestre! E aparelham-nas
correspondentemente.
O enteal forma, para vós, vossos corpos terrenos, e ao mesmo tempo a
alimentação para o sustento! Mas somente produz efeito, de modo uniforme,
na determinada região e no determinado continente! Convosco, criaturas
humanas, não se passa de modo diferente nisso, do que com as plantas e com
93
os animais, pois também vós sois um fruto da Criação, sois apenas uma
criatura, que está e permanece ligada estreitamente à região e às irradiações
daquele continente de onde se originou.
Por isso, nas transformações que agora já estão se processando nesta
Terra, devem ser modificados também os corpos terrenos, caso contrário não
poderão subsistir por mais tempo! Eles se modificam com a alteração da
atuação enteal! Esta tem como conseqüência também a alteração das
irradiações e, com isso, do clima e do desenvolvimento no formatar e na
manutenção de toda a materialidade. Sob o novo raio da Luz!
Por isso, observai e aprendei em cada atuação da Criação! É vosso dever
obedecer às leis primordiais da Criação, se quiserdes conseguir o que vos
serve para proveito e para ascensão! Se quiserdes enfim subsistir no futuro!
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25. O temperamento
Existem pessoas que desculpam muitos dos seus erros com o temperamento,
inclusive diante de si mesmas!
Tal procedimento está errado. Quem assim age, mostra apenas que se
tornou escravo de si próprio. O ser humano é do espírito, que nesta Criação
posterior permanece o mais elevado autoconsciente, influenciando assim tudo
o mais, formando e conduzindo, não importando se isso está em sua vontade
plenamente consciente, ou se nada sabe disso. O dominar, isto é, a grande
influência de atuação na Criação posterior, está ancorada na espécie do
espírito, de acordo com as leis da Criação! O espírito humano atua, por isso,
nela, correspondentemente, apenas através da sua existência, por originar-se
do reino espiritual. O temperamento, porém, não deve ser atribuído ao espírito,
pois é gerado apenas por irradiações de determinada espécie da matéria, tão
logo esta seja totalmente traspassada e vivificada pelo enteal, que movimenta,
aquece e forma toda a matéria. É do sangue que provém a irradiação.
A voz do povo fala, freqüentemente, não sem razão, a respeito desta ou
daquela particularidade de uma criatura humana: “Está no sangue dela!” Com
isso deve ser expresso, na maioria dos casos, o “herdado”. Muitas vezes é
assim mesmo, visto ocorrerem hereditariedades de matéria grosseira, ao passo
que hereditariedades espirituais são impossíveis. No espiritual a lei de atração
da igual espécie entra em consideração, cujo efeito, exteriormente, na vida
terrena, traz a aparência de uma hereditariedade, podendo, por isso, ser
confundida facilmente com ela.
O temperamento, no entanto, provém da matéria e por isso é em parte
também hereditário. Permanece também sempre estreitamente ligado com
toda a matéria. A causa disso é a atuação enteal. Um pressentimento a tal
respeito se encontra, também aqui, mais uma vez na voz do povo, cuja
sabedoria sempre surgiu da intuição natural daquelas pessoas que ainda não
estavam torcidas e se encontravam de maneira simples e com os sentidos
sadios na Criação. A voz do povo fala de sangue leve, sangue quente, sangue
pesado e sangue facilmente irritadiço. Todas essas denominações se referem
ao temperamento, com a intuição certa de que o sangue representa nisso o
papel de maior relevo. Na realidade, é uma determinada irradiação que se
desenvolve de cada vez, pela espécie da composição do sangue, produzindo
em primeira linha uma reação correspondente no cérebro e que a seguir se
manifesta fortemente em todo o corpo.
Assim, conforme a composição do sangue, predominará sempre uma
espécie determinante entre os temperamentos das diversas pessoas.
Todas as irradiações estão ancoradas no sangue sadio de uma pessoa, as
quais o sangue, aliás, pode produzir e, com isso, também todos os
temperamentos. Falo sempre apenas do corpo terreno sadio, pois doença traz
confusão nas irradiações.
Com a idade do corpo terreno modifica-se também a composição
sangüínea. Assim, com a alteração da idade do sangue sadio ocorre,
concomitantemente, também uma modificação correspondente do
temperamento.
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Além da idade do corpo, porém, cooperam ainda outros fatores na
alteração do sangue, como o tipo da região e tudo quanto dela faz parte,
portanto, o clima, as irradiações astrais, espécies de alimentação e outros mais
ainda. Tudo isso age diretamente sobre os temperamentos, porque estes
pertencem à matéria e estão por isso estreitamente ligados a ela.
Diferenciam-se, em geral, quatro temperamentos básicos na criatura
humana, segundo os quais também os próprios seres humanos são
designados, como sangüíneos, melancólicos, coléricos e fleumáticos. Na
realidade, contudo, existem sete e, com todas as gradações, até doze. Mas os
principais são quatro.
Com o estado sangüíneo bem sadio, estes devem ser distribuídos em
quatro períodos de idade, nos quais cada composição sangüínea se altera.
Como primeira, temos a idade infantil, correspondente ao temperamento
sangüíneo, à vida despreocupada do momento; em seguida, a idade dos
moços ou das moças correspondente ao temperamento melancólico, ao estado
sonhador, saudoso; a seguir, a idade do homem e da mulher, correspondente
ao temperamento colérico, da ação; e por fim a idade da velhice,
correspondente ao temperamento fleumático, do raciocinar sereno.
Assim é o estado normal e sadio nas regiões temperadas, portanto, não
extraordinárias.
Quão íntimo tudo isso está ligado à matéria, nela atuando de modo
análogo, verificais mesmo na Terra de matéria grosseira, nas estações da
primavera, do verão, do outono e do inverno. Na primavera, o despertar
impetuoso; no verão, o crescimento sonhador com o impulso para o
amadurecimento; no outono, a frutificação, e no inverno, o sereno passar para
o outro lado, para um novo despertar, com as experiências vivenciais colhidas.
Mesmo povos, raças, trazem bem determinadas características de
temperamentos comuns. Isto é de se deduzir pelo solo terrestre de onde se
originaram e vivem, pela correspondente maneira de alimentação que o solo
condiciona, pela irradiação da mesma espécie grosso-material, pelos astros e,
não por último, pela maturidade espiritual do povo inteiro. Uma população
sangüínea ainda se encontra, figuradamente, na idade infantil ou reingressou
na idade infantil por qualquer circunstância, regredindo no desenvolvimento. A
esses pertencem não só as alegres criaturas humanas dos mares do sul, mas
também os latinos principalmente. Os melancólicos encontram-se às vésperas
de seus feitos reais, e deles fazem parte os alemães e todos os germanos.
Estão diante de um despertar para a ação!
Por isso, a idade dos moços e das moças é também uma época do
temperamento melancólico, porque só com o desabrochar do espírito na força
sexual se estabelece sua ligação completa com as espécies da Criação, com o
que o ser humano entra nesta Criação para a atuação responsável.
Inteiramente responsável em cada pensamento, em cada palavra e em cada
uma de suas ações, porque todas as vibrações disso atravessam as planícies
das espécies enteais, exercendo pressão com plena força e, com isso,
formando. Dessa maneira, originam-se mundos na Criação posterior segundo
aquela espécie, na qual o ser humano gera as suas vibrações.
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Sendo, pois, uma pessoa de temperamento desenfreado, cria com isso
novas formas doentias na Criação, que jamais podem gerar harmonia, pelo
contrário, devem atuar de modo perturbador sobre tudo o que existe.
Como o espírito humano se encontra no lugar mais alto da Criação
posterior, devido à espécie de sua origem, tem com isso não só o poder, mas
também o dever de dominar o restante nesta Criação, por não poder de modo
diferente, mas sim ter de dominar devido a sua espécie!
Disso ele deve lembrar-se a todo instante! Gera sempre novas formas para
esta Criação posterior com cada pensamento individual, cada manifestação de
sua alma! Compenetrai-vos disso, pois vós sois, sim, responsáveis por isso e
tudo pende em vós, seja o que for que formardes durante vossa existência. O
bem vos soergue, o mal tem de vos arrastar para baixo, segundo a lei da
gravidade, que se efetiva, incondicionalmente, não importando se vós próprios
sabeis ou se nem vos preocupais com isso. Ela trabalha e age em redor de vós
num constante tecer. Sois, de fato, o ponto de saída de tudo quanto deve ser
formado e criado nesse tear, contudo, não conseguis retê-lo um momento
sequer!
Tornai pelo menos uma vez nítido este quadro. Deve bastar para
despertar-vos das futilidades, às quais de bom grado sacrificais,
freqüentemente, tanto tempo e energia; deve causar-vos horror a maneira
leviana com que passastes a vossa vida de até então e vergonha diante de
vosso Criador, que vos deu algo tão grande com isso. Mas não atentastes a
isso, brincastes com essa força colossal apenas de modo nocivo para a
Criação posterior a vós confiada, a qual podeis transformar para vós próprios
em paraíso, se finalmente quiserdes!
Ponderai que toda a confusão que fizestes, ignorando essas leis divinas,
tem agora que vos perturbar e esmagar. É culpa vossa que ainda não as
conheceis. É para vós o mais sagrado dever preocupar-vos com isso, já que
estais na Criação!
Ao invés disso, o ser humano zombou e escarneceu dos mensageiros, os
quais podiam mostrar-vos um caminho que tem de trazer-vos o
reconhecimento. No entanto, não se consegue nenhum prêmio sem esforço,
isso seria contrário à lei do movimento contínuo na Criação, o que faz parte da
conservação e da ampliação. Movimento do espírito e do corpo. Tudo o que
não se movimenta, ou se movimenta de maneira errada, é expelido, porque só
causa distúrbios na vibrante harmonia da Criação; é expulso como partícula
doente, que não quer se mover junto ritmicamente.
Já vos falei da necessidade do movimento contínuo como lei.
O espírito tem de dominar, quer queira quer não queira. De outra forma não
pode, e assim também tem de se esforçar agora em dominar, por fim,
espiritualmente, com plena consciência, se não quiser causar somente
desgraça. Mas só poderá dominar conscientemente, se conhecer todas as leis
que se encontram na Criação, orientando-se de acordo com elas.
Diferentemente não é possível. Só então preenche o lugar que lhe foi dado e
que ele nunca poderá alterar, nem deslocar.
Assim o espírito humano também tem de manter-se acima dos
temperamentos, controlá-los e dominá-los, a fim de que haja primeiro harmonia
no próprio corpo, para depois se estender beneficamente sobre o ambiente
97
mais próximo, o que se efetua formando em toda a Criação posterior, de
maneira irradiante!
A pessoa que se aproveita bem de todos os quatro temperamentos,
sucessivamente, nas épocas a isso necessárias, somente ela se encontra
realmente firme nesta Criação, pois necessita desses temperamentos para
galgar segura e acertadamente os degraus de sua vida terrena e nada perder
do que é necessário à maturação de seu espírito.
Temperamentos bem dominados e bem aproveitados são como boas botas
no caminho através da matéria na Terra! Cuidai deles mais do que foi feito até
agora! Não podeis dispensá-los, porém não deveis curvar-vos sob eles, pois do
contrário tornam-se tiranos, que vos atormentam, inclusive ao vosso ambiente,
em vez de serem úteis!
Contudo, utilizai-os, são para vós os melhores guias do caminho através da
existência terrena. São amigos para vós, se vós os dominardes. A criança
desenvolve-se melhor quando é sangüínea, eis por que isso lhe é destinado
pela composição do seu sangue. Este altera-se na época do progressivo
amadurecimento do corpo, acarretando então o temperamento melancólico.
Este, por sua vez, é o melhor auxiliador para o período de
amadurecimento! Pode dar ao espírito uma orientação rumo à Luz, à pureza e
à fidelidade, naqueles anos em que ele é ligado completamente com a Criação,
interferindo assim de modo condutor em todo o tecer, em todo o atuar que aí se
encontra em constante movimento. Pode tornar-se assim o maior auxiliador do
espírito humano na própria existência e mais incisivo do que ele pode imaginar
agora.
Por isso se deve deixar à criança sua alegria natural do momento, que o
temperamento sangüíneo lhe dá; ao moço e à moça, outrossim, aquele sadio
estado sonhador, que freqüentemente lhes é peculiar. Quem o destrói, com o
fito de converter essas jovens pessoas ao realismo do ambiente, torna-se um
salteador do espírito em seu caminho para a Luz! Acautelai-vos de fazer tal
coisa, pois todas as conseqüências disso recairão sobre vós!
Cada homem de ação necessita de temperamento colérico em forma
equilibrada! Em forma equilibrada, digo aí bem expressamente, pois o espírito,
impreterivelmente, tem de dominar, nos anos adultos do homem e da mulher,
enobrecendo e iluminando tudo, emitindo e espalhando irradiações luminosas
para a Criação inteira!
Na velhice, porém, já contribui o temperamento fleumático para desligar
lentamente o espírito do corpo, cada vez mais, abrangendo com o olhar, mais
uma vez, de modo examinador, as vivências havidas até então na existência
terrena, a fim de tirar delas os ensinamentos como algo próprio e assim, pouco
a pouco, preparar-se para o indispensável passo à matéria fina da Criação, o
qual lhe será dessa forma facilitado como um acontecimento bem natural, que
só significa progresso, em obediência à lei desta Criação, mas nenhuma dor.
Por conseguinte, respeitai e cultivai os temperamentos, sempre que
puderdes, mas em suas respectivas épocas, contanto que não se tornem
tiranos devido à maneira desenfreada! Quem quiser alterá-los ou suprimi-los
destrói os melhores auxílios para o caminho evolutivo da criatura humana
terrena, desejado por Deus, perturbando com isso também a saúde, trazendo
confusão, bem como excessos inimaginados, que para a humanidade resultam
98
em discórdia, inveja, ódio e ira, sim, até em roubo e assassínio, porque os
temperamentos foram desprezados e destruídos pelo raciocínio frio na sua
necessária época, quando deviam ter sido cultivados e observados!
Eles vos foram outorgados pela vontade de Deus nas leis da natureza, que
são sempre cuidadas e conservadas para vós pelos enteais, a fim de vos
facilitar o caminho do percurso terreno, se o seguirdes no sentido desejado por
Deus! Agradecei ao Senhor por isso, e tomai alegremente as dádivas que vos
são oferecidas por toda a parte na Criação. Esforçai-vos apenas em
reconhecê-las finalmente direito!
99
26. Vê, criatura humana, como tens de caminhar
através desta Criação, para que fios de destino
não impeçam, mas auxiliem tua ascensão!
Conquanto a Mensagem contenha em si tudo para mostrar aos seres humanos
seu caminho, o qual têm de seguir através da Criação, se quiserem subir às
alturas luminosas, repete-se sempre de novo, individualmente, a pergunta
angustiante: que devo eu fazer para realmente andar direito!
Esse intuir atormenta a muitos, visto que o ser humano procura tornar tudo
mais complicado do que realmente é. Precisa dessa maneira esquisita de
dificultar tudo para si, porque não possui dentro de si força para cultivar com
seriedade e fervor aquilo que é simples. Para isso toda a sua capacidade não é
mais suficiente.
Quando não vê dificuldades diante de si, nunca consegue reunir forças que
possa utilizar, pois a falta de dificuldades torna-o logo comodista, paralisando
por fim toda a sua atividade. Por esse motivo nem dá atenção ao que é
simples, pelo contrário, logo que pode, ele próprio torna ainda mais
incompreensível tudo o que é simples, através de torções, apenas para ter
dificuldades em reconhecer, finalmente, o que está certo no torcido, certo esse
que permanece ancorado exclusivamente no que é simples. Assim a criatura
humana desperdiça continuamente força e tempo!
O ser humano precisa de obstáculos para alcançar a meta, só assim ainda
reúne as suas forças, fato que não consegue mais quando vê as coisas diante
de si de modo simples.
De início, isso soa como se fosse uma grandeza, no entanto é apenas o
sinal da maior fraqueza! Tal como um corpo enfraquecido necessita de
estimulantes, a fim de ainda executar as suas atividades, da mesma forma o
espírito humano, como incentivo, precisa primeiro ter a consciência de que tem
de superar algo para alcançar um alvo, a fim de empregar nisso suas forças!
Disso se originou também outrora a assim chamada ciência, que despreza tudo
o que é simples e lança mão até do ridículo, apenas para ter algo mais que
outrem e para brilhar.
Todavia, não é apenas a ciência que assim age, já desde longo tempo,
tendo erigido penosamente uma construção imaginária, que deve aparentar
como grandioso algo que, para a Criação, é medíocre, artificial, convulsivo e
torcido, sim, muitas vezes até estorvante.
As estruturas de estado e as jurisdições são da mesma espécie, até o ser
humano, individualmente, erigiu a estrutura de sua vida terrena de modo
errado, desde a base! Demasiadamente complicada para ser sadia, apenas
para ainda incentivar o indolente espírito, em sua presunção, a destacar-se
diante de outrem, pois tão-somente esse esforço é também a legítima causa
das mutilações e confusões de toda a naturalidade e simplicidade por
intermédio desses espíritos humanos. A ambição de sobressair, a presunção
de pesquisar e nisso estabelecer leis de um saber, que jamais poderá tornar-se
verdadeiro saber, enquanto o ser humano ainda se recusar a receber de modo
simples, com humilde devoção diante da grandeza de Deus. Isso tudo, porém,
o retém embaixo.
100
Nada existe que o ser humano de fato pudesse criar, se não tirasse daquilo
que já se originou pela vontade de Deus! Nem um único grão de areia
conseguiria ele próprio tornar a criar, sem já encontrar na Criação toda a
matéria para isso!
Agora ainda não pode reconhecer quão ridícula impressão ele hoje dá, mas
tempo virá em que se envergonhará indizivelmente, desejoso de apagar de
bom grado a época e que se julgou tão grande e sabido!
Complacentemente, às vezes inclusive com um sorriso escarnecedor, o ser
humano passa, agora, por cima de toda a grande simplicidade das leis divinas,
que também a minha Mensagem e o tipo das palavras traz em si! Não sabe
que assim mostra a sua maior fraqueza, que é capaz de apresentar como ser
humano, e suas conseqüências são também o mais terrível que deve atingi-lo
agora pelas irradiações do Juízo; pois coloca-se com isso no lugar mais baixo
de todas as criaturas, porque tão-só ele desaprendeu de como receber e
utilizar de maneira certa as dádivas da Criação. O ser humano julga-se grande
e elevado demais para receber com gratidão, de seu Criador, tudo quanto
necessita e, por isso, nem é mais digno de continuar usufruindo as graças.
E, todavia, deviam, podiam as leis da Criação ser algo totalmente evidente
a cada criatura, simples e ordenado, uma vez que cada criatura se originou
delas.
O que, porém, o ser humano fez disso, em sua alucinação!
O que ele é capaz de produzir de incompreensível e de complicado, vós
próprios reconheceis em todas as leis humanas de ordem social de cada país!
Uma existência inteira mal chegaria para estudar direito todas as leis de uma
só nação. É preciso ter, primeiramente, peritos especiais para interpretá-las
direito. E estes, muitas vezes, ainda discutem como e onde podem ser
aplicadas. Isso prova que mesmo entre esses jurisconsultos não reina clareza
sobre o próprio sentido.
Mas onde, aliás, pode haver discussão, lá também não há clareza alguma.
Onde não há clareza, falta exatidão e com isso também justificativa para a
respectiva lei!
Atualmente cada pessoa, individualmente, precisaria tornar-se um perito a
respeito dessas leis pouco claras e complicadas, contestáveis por litígio,
instituídas pelas criaturas humanas, para poder viver intangivelmente! Quanto
absurdo há nesse fato! Todavia, assim é. Ouve-se, pois, mui freqüentemente
da parte de peritos a asseveração de que, segundo as leis terrenas, cada
pessoa que vive na Terra pode ser acusada e de alguma forma ser
considerada culpada, onde surgir a intenção para isso. E isso, infelizmente, é
verdade! Contudo, cada pessoa, individualmente, está subordinada a essas
leis, sem poder ser instruída correspondentemente a seu respeito.
Isso tudo também terá de se transformar muito em breve num monte de
escombros por si mesmo, uma vez que pertence às coisas impossíveis da
confusão mais doentia.
O espírito humano provou exaustivamente a sua incapacidade nesse
assunto. Criou com isso uma escravatura indigna, porque não adaptou as leis
terrenas às leis primordiais da Criação, as quais nunca se empenhou em
aprender. Mas apenas construído nesse solo, pode originar-se algo de útil, seja
101
lá o que for! Assim também a justiça! E esta repousa também, como todas as
leis básicas, somente na clara e grande simplicidade.
O que não contém simplicidade em si, jamais será duradouro! A
simplicidade das leis divinas não admite de outra forma! Será que o ser
humano nunca aprenderá a compreender?
Ele pode reconhecer com exatidão nos acontecimentos de todos os tempos
que só lá, onde todas as forças foram convergidas para um só ponto, pôde
haver grandes sucessos! Isso mostra, pois, nitidamente, a necessidade da
simplificação! Deveis, portanto, encontrar finalmente algo nisso! Cada pessoa
conhece, sim, o perigo ameaçador que se apresenta sempre na dispersão.
Vede nisso a lei do poder de cada simplificação! A grandeza vitoriosa, que
só chega à efetivação na simplicidade.
E, todavia, perdestes a noção do valor de cada simplicidade. Só na
simplicidade se mostra a verdadeira força, a legítima nobreza, o saber e a
graciosidade. Também na simplicidade da expressão e dos movimentos.
Tudo isso é perfeitamente conhecido por vós! E, contudo, não aprendeis a
apreciar o valor específico; por isso não podeis também captá-lo, não podeis
transmiti-lo para o vosso pensar, a fim de que então possa chegar à expressão
em vosso falar e em vosso atuar.
A criatura humana não consegue ser simples, assim como devia aprender
na Criação. Alcançar a grandeza da simplicidade em seus pensamentos e em
suas ações torna-se, ao ser humano, não apenas difícil, mas até nem
consegue mais! Tudo isso já se tornou inatingível para ele.
Por essa razão também não compreende mais a simplicidade da
linguagem e dos esclarecimentos que a Mensagem encerra. Supõe, em seu
modo torcido de raciocinar, que essa única maneira, certa e grande, seja
demasiadamente infantil para ele e por isso nem possa conter algo de valioso.
Assim, os valores reais dela também lhe permanecem fechados, porque ele
não é capaz de assimilá-los. Não vê e nem reconhece o que é grande,
poderoso, quando revestido de palavras simples.
Isso resulta da sua incapacidade! No que se refere à simplicidade e à
clareza, o espírito tem de desenvolver forças dentro de si próprio, ao passo que
em relação a obstáculos através de confusão, o impulso para o
desenvolvimento de forças chega a ele de fora! O espírito humano de hoje,
porém, infelizmente precisa desse impulso de fora, a fim de poder ficar mais ou
menos ativo. Por isso não suporta a simplicidade e a clareza. A simplicidade
adormece-o, paralisa-o, porque ele é demasiado preguiçoso para desenvolver
forças por si e dentro de si próprio, as quais, tão-somente, podem trazer-lhe
verdadeiro proveito, auxiliando para cima.
Com a simplicidade e a clareza ao seu redor não pode manter-se ativo.
Sua força não é mais suficiente para isso, porque nunca a desenvolveu. Devido
a essa indolência, porém, apresentam-se, mui naturalmente e de modo
constante, os obstáculos que dessa forma cria para si. Esses obstáculos
servem hoje a alguns como estimulante, como meio de incentivo no sentido já
esclarecido. Entretanto, a fim de vencer esses obstáculos criados por eles
próprios, consomem o ínfimo resto de força que lhes surge, ao se defrontarem
com esses obstáculos, e disso nada sobra para um autêntico progresso e
ascensão, que só poderia iniciar-se depois de vencidos os obstáculos. Se o
102
caminho diante deles for novamente simples e claro, cansam-se dessa
simplicidade, que não lhes é bastante “interessante”, porque então não mais
podem se vangloriar de uma grandeza própria, e criam outra vez nova
confusão, para que aquilo que fazem “aparente” algo ou “soe” como se fosse
algo.
Tudo isso ocorre sempre e sempre de novo, uma vez que aos espíritos
humanos da época atual falta a autêntica grandeza própria.
Vedes isso também corporalmente nos esportistas. Enquanto se exibem
em exercícios esportivos, desenvolvem força e habilidade com graça nos
movimentos, onde se mostra o domínio do corpo. Há, porém, apenas poucos
entre todos os esportistas da Terra que apresentam, constantemente, o
domínio do corpo, isto é, na vida cotidiana inclusive. Lamentável é, muitas
vezes, o porte quando sentados, conversando, de pé e também andando. Uma
prova de que só desenvolvem sua força quando treinam ou se exibem,
querendo, portanto, mostrar algo. Mas dominar o corpo o dia inteiro,
vigorosamente, para o que se precisa de força verdadeira e do que o corpo
tiraria dez vezes mais proveito do que fazendo ginástica algumas horas, essa
força ele não pode reunir sem estímulo de fora, pois isso exige mais, muito
mais!
Todas as ginásticas e exercícios especiais poderiam ser suprimidos
sossegadamente, se o ser humano dominasse realmente a si próprio e a seu
corpo, pois então cada músculo teria de permanecer continuamente em
movimento, e isso exige força e vontade. Qualquer exercício especial dá
sempre apenas um mísero sucedâneo da força consciente da grande
simplicidade, que jaz na naturalidade do autodomínio permanente.
Como com a ginástica, assim é em todas as coisas. O ser humano não
necessita realizar algo de extravagante, tão logo caminhe através da Criação
de modo certo. Tudo aí lhe é dado com simplicidade e tudo está dentro dele,
sem que nisso tenha de ajudar artificialmente. Como as criaturas humanas
para a sua alimentação se valem de todos os estimulantes possíveis e
impossíveis, a fim de incitar o corpo; como se servem de meios como o fumar e
os entorpecentes para excitar os nervos, pertencentes ao corpo, e também o
cérebro, considerando isso ilusoriamente como incentivador dos pensamentos;
da mesma forma empregam confusão para o espírito, a fim de com isso se
entregar à presunção.
Devido a isso, somente para tornar mais ou menos compreensível para
vós, sou obrigado a formar muitas frases, sempre e sempre de novo, sobre
coisas que na realidade deviam provocar imediatamente um conceito bem
simples! Constantemente eu luto por novas descrições sobre tudo quanto já
falei, porque não conseguis receber a simplicidade e a singeleza da Verdade e
da vida, bem como da Criação, onde também vosso caminho e toda a vossa
existência se acham ancorados.
Nem devíeis ter de perguntar o que vos cumpre fazer e deixar de fazer!
Destruí em vós o labirinto que cuidais e tratais tão desveladamente, produzindo
com isso sempre apenas novo emaranhado através dos vossos pensamentos!
Pensais em demasia, por esse motivo não podeis pensar nada de fato, nada
que vos seja útil.
Lei de Deus Todo-Poderoso para vós é:
103
Concedido vos é peregrinar através da Criação! Caminhai de tal maneira,
que não causeis sofrimento a outrem, a fim de satisfazer com isso qualquer
cobiça! Do contrário entrarão fios no tapete de vossos caminhos, que vos
impedem a escalada aos páramos luminosos da atividade consciente e cheia
de alegria, nos jardins de todos os reinos do vosso Deus!
Essa é a lei básica que contém para vós tudo quanto precisais saber.
Seguindo-a, nada poderá acontecer-vos. Sereis conduzidos só para cima, por
todos os fios criados por vosso pensar, vosso querer e vosso atuar.
Por isso disse outrora o Filho de Deus com toda a simplicidade: “Amai
vosso próximo como a vós mesmos!” No fundo, é exatamente o mesmo
sentido.
Permitido vos é peregrinar através das Criações! Nisso reside a lei da
movimentação contínua! Não deveis parar! Não poderíeis, aliás, porque os fios
que vós mesmos produzistes e que formam os vossos caminhos sempre vos
impulsionam para diante, conforme sua espécie; ou para cima, ou para frente
durante algum tempo, ou também para baixo. Nunca podereis ficar parados,
mesmo se vós próprios o quiserdes!
E durante a peregrinação não deveis causar sofrimento a outros, que igual
a vós também peregrinam através da Criação, a fim de satisfazer com isso
qualquer cobiça!
Não é difícil compreender isso corretamente, pois intuindo de modo sereno,
sabeis muito bem quando, onde e como causais sofrimento a outrem. O que aí
vos resta fazer ainda é saber claramente tudo quanto se compreende por
cobiça! Mas isso já vos foi claramente dito outrora por Moisés nos
mandamentos! Não é necessário que eu repita mais uma vez.
Podeis desfrutar de tudo aqui na Criação, provar de tudo, só que não deve
ser em prejuízo de vosso próximo! Isso, por sua vez, acontece exclusivamente
quando vos tornais escravos de vossas cobiças.
Não deveis, todavia, considerar a cobiça de maneira por demais unilateral.
Não se refere apenas a bens terrenais e ao corpo, mas também à cobiça de
difamar a reputação de vosso próximo, dar lugar às próprias fraquezas e tantas
coisas mais!
O dar lugar às próprias fraquezas, porém, é exatamente hoje ainda muito
pouco considerado, e, contudo, faz parte da satisfação da própria cobiça, para
prejuízo ou sofrimento de vosso próximo! Espessos são os fios que aí se
entrelaçam, detendo assim cada alma que tenha atuado dessa maneira.
Fazem parte disso a desconfiança e a inveja, a irritabilidade, a grosseria e
a brutalidade, numa palavra, a falta de autodomínio e de educação, que não
significa outra coisa senão a indispensável consideração para com o próximo, a
qual tem de existir, onde a harmonia deva permanecer. E unicamente a
harmonia beneficia a Criação e a vós próprios!
É uma espessa tecedura que disso se origina, pelo que tantos têm de cair,
exatamente porque isso ainda é muito pouco considerado, causando, todavia,
ao próximo, inquietação, opressão, aborrecimento e freqüentemente também
pesado sofrimento. Em qualquer caso, porém, danos.
Quando os seres humanos se desleixam desse modo, origina-se logo
através da irradiação do sangue, leve ou fortemente irritado, uma camada
104
muito turva, que se coloca separadoramente entre o seu espírito e seus guias
luminosos! Ele fica assim logo sozinho, totalmente desprotegido, e isso pode
acarretar danos de tal monta, que nunca mais podem ser reparados!
Grave isto, todo aquele que quiser subir!
Este conselho é um salva-vidas que pode livrá-lo de submergir e de se
afogar. É o que há de mais importante para todos na vida terrena!
Vós todos, que quereis pertencer ao Graal, para viver de acordo com a
minha Mensagem, ouvi, por isso, mais uma vez o mandamento divino, que se
encontra no tecer desta Criação:
Permitido vos é peregrinar conscientemente, por desejo próprio anterior,
através da Criação! Entretanto, não deveis causar nenhum sofrimento a
outrem, a fim de satisfazer com isso uma cobiça própria! Isso apenas pode atar
os fios que devem deter-vos embaixo. Vivei segundo esta norma e sereis
felizes, ascendereis aos jardins luminosos de vosso Deus, para ali colaborar
alegremente nos ulteriores e eternos desenvolvimentos desta Criação.
105
27. A estrela de Belém
Luz deverá haver agora aqui na Terra, conforme outrora deveria ter havido
quando a estrela da promessa brilhou durante três noites sobre um estábulo
em Belém.
Mas em tal época a Luz foi recebida só por poucos, e os que ouviram falar,
segundo é hábito dos seres humanos, logo a deformaram e alteraram,
procurando substituir coisas esquecidas por idéias suas, produzindo com isso
uma confusão que hoje pretende passar como verdade intocável. Com receio
de que tudo isso venha a ruir, se o menor dos pilares se mostre falso,
combatem eles qualquer fulgor de luz que possa trazer o reconhecimento,
denigrem-no e, onde isso não for possível, procuram pelo menos torná-lo
ridículo com uma malícia e perfídia que mostra ao raciocínio lúcido,
nitidamente, que tal atitude nasce do medo! Contudo, o raciocínio lúcido é
coisa rara de se encontrar hoje em dia na Terra.
Não obstante tudo isso, a luz do legítimo reconhecimento tem de chegar
finalmente até toda a humanidade!
É chegado o tempo em que tudo quanto é malsão, produzido pelo cérebro
humano, será arremessado para fora da Criação, a fim de que no futuro não
mais impeça a elucidação de que a Verdade é diferente do que essas imagens
insustentáveis que a presunção ostensiva, o sentido comercial, a ilusão doentia
e a hipocrisia criaram do pântano visguento das tendências acanhadas e
baixas, visando ao poder terreno e à admiração terrena.
Assim, pois, malditos sejam esses que escravizaram a tal ponto milhões de
seres humanos, desviando-os erroneamente, que hoje, na época do Juízo, não
ousam mais abrir seus olhos à Luz, e sim injuriam às cegas, tão logo soe em
seus ouvidos algo de timbre diferente do que até então ouviram, ao invés de
finalmente ficar à escuta e de procurar averiguar uma vez que seja, se o que
lhes advém de novo não se aproxima mais de sua compreensão do que o que
foi aprendido até aqui, se a sua intuição não se manifesta numa convicção, de
que algo antigo não pode subsistir e deve cair perante o chamado da Luz que
chega até eles, porque se encontra em base errada!
Os ouvidos estão obstruídos, e temerosamente cuidam para que a eles não
chegue nenhuma corrente de ar fresco, realmente apenas por preguiça e medo
de que o ar fresco com o saneamento a isso ligado condicione a atividade do
espírito, a qual exige e obriga ao auto-esforço. Ao contrário do atual dormitar
espiritual, aparentemente cômodo, o qual tem, como conseqüência, um
prolongado sono pesado, concedendo com isso apenas mão livre à astúcia do
raciocínio deformado e corrupto!
Mas não adianta nada que obtureis os ouvidos à Palavra nova, nem que
fecheis os olhos para que a Luz não vos ofusque nem vos apavore!
Violentamente sereis despertados desse triste marasmo! Sentindo frio, tereis
de vos encontrar diante da Luz fria que vos despojará sem misericórdia de
todas as falsas vestimentas. Sentindo frio, porque a centelha do vosso espírito,
dentro de vós, já não é capaz de ser inflamada, a fim de, aquecendo de dentro
para fora, ligar-se com a Luz. É tarde demais para isso! E esse tarde demais
traz no enrijecimento a morte espiritual!
106
Eu lanço a Luz no meio de vosso atuar e pensar errado, para que rompa os
muitos pequenos mantos que, em esplendor cintilante como ouro falso,
escondem o espúrio e o indolente em vosso interior. E para vós é tão fácil
acreditar em coisas incríveis, pois para tanto não precisais esforçar-vos em
pensar ou examinar. Exatamente porque tais coisas não passariam por
nenhum exame segundo as leis divinas naturais, deveis simplesmente crer,
sem perguntar Como nem Por que, deveis crer cegamente, e isso vos parece
grandioso! Vós, que vos imaginais nessa maneira cômoda particularmente fiéis,
passais simplesmente por cima de todas as dúvidas, e... senti-vos bem, salvos,
com uma sensação de nobreza, de beatitude e com direito à bem-aventurança!
Contudo, com isso absolutamente não vos elevastes acima de todas as
dúvidas, mas sim tão-somente passastes covardemente de lado! Fostes
demasiado indolentes espiritualmente para vos empenhardes em alguma coisa,
e preferistes a crença cega a conhecer os fenômenos naturais decorrentes da
lei da vontade de Deus. E para isso vos ajudaram imaginações do cérebro
humano. Pois quanto mais impossível e inapreensível for aquilo que deveis
crer, tanto mais cômodo será também acreditar literalmente às cegas, porque
em tais coisas doutra maneira nem é possível. Nisso têm de ser excluídos o
saber e a convicção. Somente as coisas impossíveis exigem crença cega sem
reservas, pois cada possibilidade estimula imediatamente o pensar individual.
Onde existe a Verdade, que sempre mostra a naturalidade e as conseqüências
lógicas, aí se inicia o pensar e, automaticamente, também a reflexão intuitiva.
Cessa somente quando já não existe mais nada natural, onde, portanto, já não
se encontra a Verdade. E apenas através da reflexão intuitiva pode uma coisa
tornar-se convicção, a qual, unicamente, traz valor ao espírito humano!
Assim se fecha também com tudo o mais no Juízo o círculo que se iniciou
com a noite sagrada em Belém! E esse remate deve excluir as inexatidões das
tradições e levar a Verdade à vitória. As trevas, que a humanidade criou, serão
dispersadas pela Luz penetrante!
Todas as lendas que a respeito da vida de Jesus foram tecidas com o
tempo têm de cair, para que ela finalmente saia límpida, de acordo com as leis
de Deus, assim como de outra maneira nem poderia ter sido nesta Criação.
Tendes até aqui, com vossos cultos autocriados, renegado de modo injurioso e
crédulo a perfeição do Criador, vosso Deus.
Voluntária e conscientemente O apresentais imperfeito em Sua vontade! Já
falei a tal respeito em minha Mensagem, e podeis torcer-vos e virar-vos como
quiserdes, mas subterfúgio algum poderá vos proteger, por terdes sido
demasiadamente indolentes para pensar por vós mesmos. Não venerais a
Deus, absolutamente, acreditando às cegas em coisas que não podem ser
enquadradas nas leis primordiais da Criação! Pelo contrário, se acreditais na
perfeição do Criador, deveis saber que nada pode suceder aqui na Criação que
não corresponda exatamente, em suas conseqüências, às leis inabaláveis de
Deus. Somente assim podereis venerá-Lo verdadeiramente.
Quem pensa doutra forma duvida conseqüentemente da perfeição do
Criador, seu Deus! Pois onde forem possíveis alterações ou melhoramentos, aí
não existe nem existiu perfeição alguma! Desenvolvimento é outra coisa. Esse
é previsto e desejado nesta Criação. Mas tem de resultar incondicionalmente
como seqüência da atuação de leis já vigentes. Tudo isso não pode, todavia,
107
provocar determinadas coisas como as que muitos fiéis, notadamente a
respeito da vida de Cristo, consideram como absolutamente evidentes!
Despertai finalmente de vossos sonhos, tornai-vos verdadeiros! Seja-vos
declarado mais uma vez que é impossível, segundo as leis da Criação, que
possam nascer corpos humanos terrenos sem que antes tenha havido geração
de matéria grosseira, assim como é impossível que um corpo de matéria
grosseira seja levado para o reino de matéria fina depois de sua morte terrena
e muito menos ainda para o reino enteal ou mesmo espiritual! E como Jesus
tinha de nascer aqui na Terra, tal fato teve de ficar submetido também à lei de
Deus de matéria grosseira da geração prévia.
Deus teria agido contra suas próprias leis, se com referência a Cristo
tivesse acontecido conforme a tradição propala. Mas tal lhe é impossível,
porque Ele é perfeito desde o início, e com isso também Sua vontade, que está
nas leis da Criação. Quem ousa ainda pensar diferentemente duvida dessa
perfeição, e, portanto, acaba duvidando também de Deus! Pois Deus sem
perfeição não seria Deus. Quanto a isso não há escapatória! A respeito dessa
certeza tão simples não pode um espírito humano sofismar, mesmo que os
fundamentos de tantas concepções genéricas atuais tivessem de ficar
abalados. Quanto a isso, só há sim ou não. Tudo ou nada. Uma ponte não é
aqui possível construir, porque algo pela metade ou incompleto não pode existir
na divindade! Tampouco naquilo que se ocupa com Deus!
Jesus foi gerado na matéria grosseira, do contrário um nascimento terreno
não teria sido possível.
Apenas por alguns foi a estrela outrora reconhecida como a realização das
promessas. Assim pela própria Maria e por José, que, comovido, escondeu o
rosto.
Três reis descobriram o caminho para o estábulo e ofereceram presentes
terrenos; contudo, logo a seguir deixaram a criança desamparada, cujo
percurso na Terra deviam amparar com seus tesouros, com seu poder, para
que nenhum sofrimento lhe adviesse durante o cumprimento de sua missão.
Não reconheceram devidamente suas sublimes incumbências, não obstante
terem sido elucidados para poderem achar a criança.
Um estado de inquietação impelia Maria a deixar Nazaré, e José, vendo
seu sofrimento silencioso, sua ansiedade, lhe satisfez a vontade, só para
alegrá-la. Entregou os cuidados de sua carpintaria ao mais velho de seus
ajudantes e viajou com Maria e a criança para um país longínquo. Com o
decorrer dos dias de trabalho e com as preocupações diárias se foi apagando
nos dois lentamente a lembrança da estrela radiante, principalmente pelo fato
de Jesus não haver mostrado nada fora do comum em sua infância, e sim ter
sido inteiramente normal como todas as crianças. Só depois que José, que
sempre foi o melhor amigo paternal de Jesus, após seu regresso à cidade
natal, veio a falecer, foi que viu, nos últimos momentos terrenos de seu
trespasse, por cima de Jesus, que estava sozinho junto ao seu leito de morte, a
Coroa e a Pomba. Trêmulas foram suas últimas palavras: “Então és tu mesmo!”
O próprio Jesus nada sabia disso, até que se sentiu impelido para João, a
respeito de quem estava informado de que revelava sábios ensinamentos no
Jordão e batizava.
108
Nesse ato material grosseiro de um batismo, o começo da missão se
radicou solidamente na matéria grosseira. A venda caiu. Jesus, a partir desse
momento, tornou-se cônscio de que devia trazer a Palavra do Pai à
humanidade terrena.
Sua vida inteira desenrolar-se-á assim diante de vós, conforme realmente
foi, despida de todas as fantasias dos cérebros humanos! Com a conclusão
final dos acontecimentos no Juízo, tudo se tornará notório a todos na vitória da
Verdade, que não mais deverá ser obscurecida por longo tempo! Maria lutou
dentro de si com dúvidas que se fortaleceram com os cuidados maternos pelo
filho até a difícil caminhada para o Gólgota. De modo inteiramente humano e
não sobrenatural. Somente lá lhe veio finalmente o reconhecimento da missão
de Jesus e, com isso, a fé.
Agora, porém, com a volta da estrela, devem por graça de Deus ser
desfeitos todos os erros, e desfeitos também todos os enganos daqueles que,
sem agir por obstinação nem má vontade, ainda assim dificultaram o caminho
de Cristo naquele tempo e que agora, no termo final, chegaram ao
reconhecimento e procuram reparar o que negligenciaram ou erraram.
Ante essa vontade de reparação, vem ao encontro deles a salvação com a
estrela radiante, e libertados poderão eles, jubilosamente, agradecer Àquele
que em Sua sabedoria e bondade criou as leis, pelas quais as criaturas devem
julgar-se e também redimir-se.
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28. Uma nova lei
Dou-vos uma nova Lei! Uma nova Lei que contém todo o antigo, do qual agora
deve surgir a construção do novo ser humano, para que também as suas obras
tornem-se novas, conforme é prometido.
Resulta da Lei, que eu já vos dei, que todos os adeptos do Graal devem
tomar como fundamento das peregrinações através da Criação, para que
permaneçam livres de carma também na Terra e não atem fios que os
detenham e que conectem o espírito à materialidade grosseira.
Eu vos disse: “Permitido vos é peregrinar através das Criações por vosso
desejo, tornando-vos autoconscientes; contudo, não deveis causar sofrimento
algum a outrem, a fim de satisfazer com isso a própria cobiça.”
Nada existe na Criação que não vos seja permitido usufruir, no sentido em
que a Criação vos dá, isto é, com a mesma finalidade para o que foi
desenvolvido. Mas em muitas coisas não conheceis as finalidades específicas,
cometendo o erro de muitos exageros, que têm de acarretar dano ao invés de
proveito. Assim, muitas vezes o querer experimentar, o querer conhecer e o
usufruir, crescendo, se tornam em pendor, que por fim vos mantém
agrilhoados, escravizando rapidamente a livre vontade, de modo que vos
tornais, por vós próprios, servos ao invés de senhores!
Nunca vos deixeis subjugar pelos prazeres, porém tomai apenas aquilo que
é necessário na vida terrena para a manutenção dos bens confiados a vós e
respectivo desenvolvimento. Com o exagero impedis qualquer
desenvolvimento, não importa tratar-se aí do corpo ou da alma. Com o exagero
impedis da mesma maneira como com a omissão ou a imperfeição. Estorvais o
grande desenvolver desejado por Deus! Tudo quanto quiserdes contrapor a
esses erros, na melhor boa vontade de equilibrar, para reparar, permanece
apenas serviço de reparação, deixando lugares remendados de feia
apresentação e que jamais podem ter o aspecto de uma obra uniforme, sem
remendos.
Por isso, o trabalho dos convocados no serviço do Santo Graal também
não deve limitar-se a reparar os velhos erros de até agora dessa humanidade,
mas todo o seu atuar e pensar no intuir deve focar-se no propósito de construir
de modo totalmente novo desde o princípio!
Deixai calmamente afundar o antigo, pois conforme a vontade de Deus não
deve ser reparado e modificado o antigo, mas tudo deve se tornar novo!
Na realização da promessa: “Tudo deve tornar-se novo”, não se encontra o
sentido de transformação, mas de uma nova formação após o
desmoronamento de tudo quanto o espírito humano entortou e envenenou. E
visto nada existir que o ser humano, em sua presunção, ainda não tenha
tocado nem envenenado, assim tudo tem de ruir, para então se tornar novo,
mas não segundo a vontade humana, como até agora, e sim segundo a
vontade de Deus, que nunca foi compreendida pela alma humana corroída
devido à vontade própria.
A humanidade tocou em tudo quanto a vontade de Deus criou, todavia não
reconheceu, conforme teria sido a obrigação de cada espírito humano. Tocou
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presunçosamente, considerando-se mestre e com isso apenas desvalorizou e
conspurcou toda a pureza.
Que sabe afinal o ser humano sobre o conceito de pureza! O que ele já fez
de modo injurioso e mesquinho da ilimitada excelsitude da verdadeira pureza!
Turvou esse conceito, falsificou-o, arrastou-o aos seus baixios de suja cobiça,
onde não conhece mais a intuição do seu espírito, seguindo exclusivamente os
limites estreitos do sentimento, criado pelo seu raciocínio através do efeito
retroativo de seu próprio pensar. Mas o sentimento deverá tornar-se
novamente puro no futuro!
O sentimento é, com relação à intuição, aquilo que o raciocínio deve se
tornar com relação ao espírito: um instrumento para a atuação na vida de
matéria grosseira! Hoje, porém, o sentimento está sendo degradado e
rebaixado a instrumento do raciocínio e com isso desonrado. Assim como com
o pecado hereditário de um domínio do raciocínio, o espírito já fora rebaixado e
algemado, o qual tem a intuição como expressão de sua atuação, da mesma
forma o sentimento, mais grosseiro, produzido pelo raciocínio, teve que,
simultânea e automaticamente, triunfar sobre a pureza da intuição espiritual,
oprimindo-a e interceptando-lhe uma possibilidade de atuação sadia na
Criação.
Aquele erro acarretou logicamente outro como conseqüência natural.
Acontece assim que as criaturas humanas, hoje, também nisso seguram
chumbo em lugar de ouro, sem se darem conta disso, e consideram esse
chumbo como ouro, ao passo que nem conhecem mais a pura intuição.
Como, porém, o espírito deve ficar ligado com o raciocínio na graduação
certa, o espírito dominando e conduzindo, e o raciocínio servindo como
instrumento na abertura do caminho e criando possibilidades para a execução
da vontade do espírito na matéria, assim também deve a intuição,
simultaneamente, agir conduzindo e vivificando, enquanto o sentimento,
seguindo a condução, transmite a atuação para a matéria grosseira. Então o
sentimento assumirá também, finalmente, forma mais nobre mui rapidamente,
apagando depressa, no vôo às alturas, o desmoronamento do lastimável
conceito moral que só pôde surgir devido ao domínio do sentimento da época
atual!
Se a atuação do sentimento for dirigida pela intuição, haverá então em
todos os pensamentos e atos apenas beleza, equilíbrio e enobrecimento.
Jamais exigências, mas apenas uma sagrada vontade de dar: isso deve ser
levado a sério em tudo, inclusive no amor e no matrimônio.
Vós, míopes e mesquinhos, considerais puras, muitas vezes, pessoas que
na realidade pertencem às mais abjetas, segundo as leis da Criação. Há muitos
atos que vós, em vossa estreiteza de coração, considerais, sem mais nem
menos, impuros e que, no entanto, são limpidamente deslumbrantes, ao passo
que muito daquilo que vós imaginais como puro é impuro.
A pureza da intuição eleva muitos atos a alturas por vós inimaginadas, os
quais ainda quereis aqui conspurcar com zombarias e escárnios. Por isso,
libertai em primeiro lugar, finalmente, a vossa intuição, para um critério e
julgamento acertado entre o bem e o mal, pois do contrário tereis de errar!
Nem penseis que já “superastes” isto e aquilo em vós, enquanto não
estiverdes em perigo e na possibilidade de ceder às fraquezas, na certeza de
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que ninguém saberá disso! Também a fuga para a solidão não traz vantagem
real a ninguém, sendo exclusivamente prova de que tal pessoa se sente fraca
demais para a luta ou cansada, talvez também tenha medo de si própria, de
cair numa oportunidade que se oferecer.
Ser forte é diferente e mostra-se diferente. O forte segue seu caminho no
meio de quaisquer perigos, firme e imutável. Não se deixa derrubar e, por si
próprio, não se desvia, mas conhece e vê seu elevado alvo, cuja consecução
lhe é mais valiosa do que tudo o mais que se lhe queira oferecer.
Torne-se a criatura humana, agora, nova em tudo, nova e, em si, forte!
Para essa nova atuação dou-vos o meu mandamento, pois quero edificar
sobre vós o novo Reino na Terra!
“Não causeis mais nenhum sofrimento ao próximo, a fim de satisfazer com
isso uma cobiça própria!”
Ainda não vos compenetrastes de tudo quanto existe nisso. É o melhor
bastão para a peregrinação de uma criatura humana através das partes da
Criação, até o Paraíso!
Para tanto, dou-vos ainda o conselho:
“Cuidai direito dos bens confiados a vós na Terra, aos quais se inclui
também o corpo terreno. Nunca deixeis que prazeres se tornem pendores,
assim permaneceis livres de cadeias que vos mantém embaixo.”
Na Terra devia ser condição, para cada pessoa que se esforça seriamente,
que o tratamento por “tu” devesse, mutuamente, permanecer rigorosamente
sagrado! Só em casos excepcionais pode ser utilizado ou oferecido. No mundo
de matéria fina, no assim chamado “Além”, isso é diferente. Lá os limites de
maturidade espiritual são rigorosamente demarcados e não podem ser
transpostos sem mais nem menos. Lá convivem as verdadeiras espécies iguais
segundo a lei da Criação, e somente igual espécie dá direito ao “tu”.
Na matéria grosseira, porém, esses limites ainda devem ser demarcados.
Aqui o corpo terreno de matéria grosseira possibilita uma estreita coexistência
dos espíritos de todos os graus de maturidade, como jamais ocorre em lugar
algum nos demais planos.
Por isso traçai para o futuro uma linha divisória, cuja necessidade e cujo
grande valor por certo não podeis compreender inteiramente.
Já me referi uma vez a isso na minha Mensagem, na dissertação “O Beijo
de Amizade”. Pertence a isso o hábito disseminador de veneno de se dizer
reciprocamente “tu”, rompendo e transpondo um dos mais necessários limites
na matéria grosseira. Um limite que vos proporciona um apoio, que não sois
capazes de avaliar.
Assim, a cada um que se esforça para a Luz, há de tornar-se mandamento,
que use de parcimônia no oferecimento do íntimo “tu” ao seu próximo. Melhor
que evite completamente!
Recusai-o se ele vos for oferecido, salvo nos casos onde se trata de uma
séria união para a vida terrena, portanto, no matrimônio! Após anos
reconhecereis qual o valor contido neste mandamento. Fico sempre tomado de
horror, quando ouço algo a esse respeito, pois conheço o mal que reside em tal
uso. Todavia, nenhuma pessoa tem a mínima idéia disso. Com esse “tu”
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alemão, que corporifica um conceito todo peculiar, cada alma concretiza uma
ligação, a qual é capaz de perdurar além do túmulo!
Determinados fios imediatamente se interligam através desse “tu”, de um
para o outro, os quais absolutamente não são inofensivos. Fios que podem
deter espíritos embaixo, inclusive aqueles que seriam capazes de ascender.
Pois apenas raramente sucederá que dois espíritos, que se ligam com isso,
tenham a mesma maturidade em todas as coisas, portanto, encontrando-se
espiritualmente de fato no mesmo degrau.
E onde dois que se ligam forem desiguais, o mais elevado é arrastado para
baixo, de acordo com a lei; o inferior, porém, jamais sobe! Pois na Criação
apenas o mais elevado poderá descer para planos mais baixos, jamais, porém,
um espírito pode dar um passo acima do lugar onde se encontra!
Portanto, numa ligação voluntária mais íntima de dois espíritos de
maturidade desigual, o mais elevado tem de descer ou será retido pelo outro,
que ainda ficou para trás no amadurecimento e que pende no primeiro, através
daquela ligação, como um peso. Não é qualquer um que tem a força de
conduzir o menos amadurecido de tal modo, que este ascenda até ele. Trata-
se de exceções, com as quais não se deve contar. E um desligamento total,
após a ligação voluntária, não é fácil.
Nisso reside uma realidade com cujo horror o ser humano terreno jamais
contou! Passa levianamente sobre esses abismos, na existência terrena,
ficando impedido, em qualquer caso, sem exceção, assim que transgride essa
lei! É freqüentemente retido por um cipoal invisível, igualmente como ocorre
com um nadador quando mergulha em lugares que desconhece.
Chegará o tempo em que ficareis livres daquele perigo que na Terra exige
muitas vítimas diariamente, a cada hora. Ficareis livres através do saber! Então
também os matrimônios serão diferentes, as amizades e as demais ligações,
todas, pois, que trazem em si, nitidamente, a expressão “ligação”. Com isso
terminarão todas as brigas entre amigos, desaparecerão as odiosidades e a
incompreensão, tudo se transformará na mais perfeita harmonia pela
obediência dessa lei até hoje não compreendida.
Até lá, porém, só podeis ser ajudados com um novo mandamento terreno:
sede cautelosos com o íntimo “tu”! Essa obediência vos protege de muitíssimo
sofrimento! Pode encurtar-vos, por milênios, a ascensão espiritual! Não o
esqueçais, mesmo que nada hoje compreendais disso. Dou-vos assim a
melhor arma para evitardes cipoais de espécies fino-materiais!
Na matéria grosseira precisais mais mandamentos do que nos mundos de
matéria fina, onde todos os espíritos humanos só podem conviver com a sua
igual espécie, mesmo que essa igual espécie tenha muitas gradações,
apresentando com isso múltiplas formas.
Pelo cumprimento do mandamento vós vos tornais agora livres de um
pesado e inútil fardo com que a humanidade sempre de novo se sobrecarrega.
Não tomeis nenhum exemplo do Além, que está submetido a leis mais
simples. Também os que lá se encontram têm de aprender primeiro na nova
era prometida como a era do Milênio. Não são mais inteligentes do que vós, e
sabem também apenas aquilo que é necessário saber para seu plano. Por isso
ainda terá de ser cortada essa ligação dos espíritas, lá onde somente traz
desgraça, através de equívocos e tola presunção, que já trouxe tantas
113
interpretações erradas de muitas coisas de valor, confundindo com isso as
massas ou impedindo-as agora de reconhecer a Verdade, de assimilá-la
jubilosamente.
Não vos deixeis confundir, mas atentai em meu mandamento! É para vosso
auxílio na Terra e poderíeis desde já reconhecer facilmente o valor, se
olhásseis mais atentamente em vosso redor! No entanto, não deveis suprimir
agora, sem motivo, algo já existente. Com isso não se consegue nenhuma
solução. Seria a tentativa de uma transformação errada e insalubre! Mas de
hoje em diante deveis agir nisso de modo diferente, não mais impensada e
levianamente. Deveis construir de maneira totalmente nova. O velho rui por si
mesmo.
E seu eu ainda vos disser:
“Uma pessoa nunca deve conviver com uma outra, a quem não pode
prezar!”, então tereis para vossa existência terrena aquilo, a fim de poder
permanecer livre de carma. Tomai isto como princípio em vosso caminho, vós
todos, vós que quereis em verdade servir ao Graal! —
Contudo, para poder subir, tem de existir em vós a saudade do puro e
luminoso Reino de Deus! A saudade disso soergue o espírito! Por conseguinte,
pensai permanentemente em Deus e em Sua vontade! Contudo, não formeis
disso uma imagem! Teria de ser errada, porque o espírito humano não pode
conceber o conceito de Deus. Por isso lhe é dado compreender a vontade de
Deus, a qual tem de procurar sinceramente e com humildade. Tendo
reconhecido a vontade, então nela reconhecerá Deus! Tão-somente esse é o
caminho para Ele!
Até agora, entretanto, o ser humano ainda não se empenhou direito em
compreender a vontade de Deus, em encontrá-la; pelo contrário, tem anteposto
sempre a vontade humana, exclusivamente! Vontade essa que se originou dele
próprio, como corporificação dos desejos humanos e do instinto de
autoconservação, o que está em desacordo com as automáticas vibrações
ascendentes de todas as leis primordiais da Criação!
Encontrai, portanto, o caminho para a verdadeira vontade de Deus na
Criação; nisso, então, reconhecereis Deus!
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29. Espírito de casta, sistema social
O sistema de classes sociais sempre hostilizado e o espírito de castas tem sua
origem na simples percepção intuitiva da atuação de uma das leis da Criação:
a da atração da igual espécie!
Um dos maiores erros da humanidade foi o de observar muito pouco esse
atuar, ou de praticamente não o ter considerado, deixando com isso surgir
numerosos erros, que terão de conduzir a uma grande confusão e finalmente a
um desmoronamento total!
A lei foi intuída por todos os seres humanos, porém aquilo que está acima
do saber puramente grosso-material, não ligado diretamente com a
possibilidade de aquisições terrenas, é considerado por eles de modo
demasiado superficial e secundário. Dessa forma, também aquilo que é mais
importante para a base de uma vida terrena harmonicamente ascendente
nunca foi reconhecido e menos ainda inserido, através da assimilação certa, na
matéria grosseira, isto é, na vida terrestre cotidiana! E tem de ser inserido na
vida desta Terra, porque do contrário jamais poderá surgir a harmonia,
enquanto uma só das leis primordiais da Criação permanecer incompreendida
pelos seres humanos, ficando desse modo muito torcida ou mesmo excluída na
vida da matéria grosseira.
Todos os povos antigos já haviam adotado o sistema de divisões das
diferentes categorias sociais ou classes culturais, porque reconheceram
inconscientemente essa necessidade, muito melhor do que hoje.
Olhai, pois, em redor! Onde se juntem apenas algumas pessoas, sob
qualquer pretexto, aí também a lei efetiva-se mui rápida e seguramente numa
forma cuja configuração demonstra sempre o livre-arbítrio desses espíritos
humanos, porque a vontade espiritual é capaz de imprimir seu cunho em todas
as formas, pouco importando se essa vontade se manifeste plenamente
consciente ou de modo inconsciente. Assim, a forma também apresentará
sempre, visível em si, a maturidade ou imaturidade do espírito.
Deixai que cinco pessoas ou só três mesmo se reúnam, sob qualquer
pretexto, seja para um trabalho ou para o divertimento, rapidamente a lei de
atração da igual espécie formará entre elas dois grupos, ainda que
exclusivamente na conversa ou no intercâmbio de suas opiniões. Tal fato, que
se repete constantemente já há milhões de anos, deve pressupor um motivo de
origem mais profunda, ao invés de evidenciar somente uma atuação
costumeira.
Entretanto, também desse fenômeno tão visível tiraram-se apenas
conclusões inteiramente superficiais e levianas, em relação ao que é sério,
demasiado limitadas, por terem sido formadas pelo raciocínio, que só pode
compreender sempre as últimas e grosseiras manifestações dos legítimos
efeitos, mas nunca é capaz de entrar no extramaterial, por ter ele próprio sua
origem apenas na matéria grosseira. E é justamente no extramaterial que se
encontra a origem de toda a força e de todas as vibrações que atravessam
constantemente as espécies da Criação.
Tudo o que, portanto, aqui na Terra, com base nessa observação, foi
moldado, em forma, pelo raciocínio, carece da verdadeira vida, de mobilidade!
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Tornou-se errado e insalubre pela rigidez do sistema grosso-material, que
surgiu em toda a instituição, comprimindo tudo o que é vivo em formas mortas.
Sucede ao ser humano o mesmo que a uma planta que é arrancada de seu
solo original, não podendo mais medrar no novo solo que lhe oferecem, porque
este não mais corresponde à sua espécie. Tem de definhar, enquanto que em
solo adequado teria florescido plenamente e poderia ter produzido ricos frutos,
em proveito de seu ambiente na Criação, para a mais pura alegria de si mesma
e para constantes transformações da força.
Nesse grande erro repousa sempre o germe da ruína.
Com relação à expressão espírito de casta, não é necessário que se
aponte um determinado povo, pois todos os povos o possuíram! Ele tem de
desenvolver-se onde existem seres humanos, porém, enquanto as leis da
Criação permanecerem desconhecidas, como sucede até hoje, sempre surgirá
de modo errado.
E esse modo errado tinha de provocar inveja e ódio, um impulso para
romper a situação existente. Esse impulso inconsciente avolumou-se
regularmente até tornar-se uma onda sinistra, a qual, como florescência no
encerramento do ciclo dos acontecimentos, acarretou a conflagração geral, por
nem ter sido possível de outro modo.
Nisso se mostra, como fruto, o falso existente até agora na estruturação do
convívio humano na Terra; mostra todos os pontos onde as leis primordiais da
Criação não foram observadas, ou onde foram torcidas conscientemente. Tinha
de chegar a esses efeitos, porque a Luz, agora penetrante, impulsiona também
todo o errado até ao grau máximo, a fim de que então, ruindo por si mesmo na
supermaturação, ceda o terreno para a nova construção de acordo com a
vontade de Deus, a qual já desde o início foi ancorada nas leis desta Criação,
não podendo ser torcida ou encoberta, sem conseqüências funestas.
É a colheita de toda a semeadura, realizada pela atuação dos seres
humanos com a sua vontade. A colheita de tudo o que é certo, bem como de
tudo o que é errado, pouco importando se esse errado se tenha originado
outrora da maldade ou somente da ignorância das leis divinas da Criação.
Chega à florescência pela força aumentada da Luz e tem de apresentar os
frutos abertamente, que haverão de ser aceitos pelos causadores e seus
adeptos, como também pelos seguidores, agora neste Juízo Final, como
recompensa ou castigo, no refluxo da reciprocidade!
As funestas inimizades e cisões dos numerosos partidos não são
conseqüência duma estruturação estatal errada, porém exclusivamente a
continuação da divisão errada de classes, que, em sua rigidez e torção, jamais
poderia conduzir à harmonia a humanidade desta Terra!
Juntai a isso ainda a lei primordial da Criação do movimento necessário,
então reconhecereis que a classe média, pacata e comodista, tinha de sofrer o
maior prejuízo com isso. – Era apenas o efeito da necessária lei primordial do
movimento!
O comodismo anda de mãos dadas com a presunção e com a indolência
do espírito: ambas tolhem o movimento espiritual, da mesma forma que a fama
e o poder, fato esse que leva mui facilmente à arrogância, como tantas vezes
se deu nas classes superiores. Tudo isso tolhe e retarda o movimento
espiritual, ao passo que favorece unilateralmente o trabalho do raciocínio.
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Trabalho do raciocínio, porém, não é ao mesmo tempo movimento
espiritual! Reside nisso uma grande diferença.
A inveja e o ódio das classes inferiores, porém, penetram muito mais
profundamente. Em seu ardor atingem a intuição e, com isso, o espírito. Dessa
forma aumentam o movimento espiritual, mesmo onde esses seres humanos
pertençam fisicamente aos vadios!
Como, porém, esse movimento, chegando até o estado febril, age
igualmente contra a lei primordial da Criação, como o movimento
demasiadamente vagaroso, a desarmonia tinha de irromper por fim, à
semelhança de ondas agitadas do mar, correspondendo exatamente ao efeito
impulsivo e automático da lei primordial! Nem poderia suceder diferentemente!
Falo aqui, propositalmente, de classes sociais superior, média e inferior,
porque essa divisão, basicamente, foi assim. Nisso consistiu o errado. Essas
classes, em si necessárias, não devem agir por cima ou por baixo, porém uma
ao lado da outra, cada classe de pleno valor por si, como uma espécie
indispensável e que deve amadurecer na Criação até a plena florescência e
frutificação, a fim de realizar coisas grandes, máximas, no solo de sua bem
determinada espécie, solo esse que é o único capacitado para isso e que
oferece as forças!
Contemplai as diferentes raças na Terra, ó criaturas humanas! Disso, muito
podereis aprender. Em si própria, cada raça pode enobrecer-se, amadurecer,
tornar-se grande e forte, enquanto pela mistura de duas raças serão
reproduzidas apenas as falhas, fraquezas e defeitos de ambas as raças que se
misturam, resultando, nos frutos, com poucas exceções, desmedido aumento
de todos os defeitos, raramente algo de bom!
Tomai isso como aviso da Criação e orientai-vos correspondentemente em
vossa vida cotidiana de matéria grosseira na Terra. Tendes aqui na Terra uma
vestimenta de matéria grosseira, o corpo terreno, ao qual tendes de dar
atenção, pois nisso é que reside, aqui na Terra, a continuação da raça! Nunca
vos esqueçais disso. Jamais podereis contornar impunemente essas leis.
No entanto, todos vós em conjunto dependeis da Terra. Cada qual tem o
direito de atuar e se desenvolver aqui. Não só o direito, como também o
sagrado dever! Contudo, não um embaixo do outro, mas um ao lado do outro.
Prestai atenção aos sons. Cada som é completamente autônomo, permanece
autônomo e não se deixa misturar. Somente quando se encontra no lugar
certo, ao lado de sons de tonalidades diferentes, resultará a harmonia, que soa
melodiosamente. Deslocai os sons, experimentando dispô-los de maneira
diversa, a conseqüência será sempre uma desarmonia, que, no seu efeito,
poderá crescer até causar sensação de dor física, chegando por fim até o
insuportável.
Aprendei nisso e compreendei! Não comeceis, porém, já desde o início,
novamente, pelo lado errado!
Tudo quanto tentastes até agora foi contra a harmonia das leis divinas na
Criação, por isso não podíeis esperar outra coisa senão aqueles frutos, que
amadurecem ao vosso encontro e que agora serão vossos! Lançai-os ao fogo e
começai a semear novamente. A renovação só pode ocorrer a partir da base.
Agi assim, pois não sois capazes de torcer uma única das leis primordiais
da Criação, sem ter de sofrer, conseqüentemente, grandes prejuízos. Aprendei
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as leis e depois construí de acordo com elas, assim conseguireis paz, alegria e
felicidade!
Considerando-se que afinal tudo, mas tudo mesmo, só foi erigido sobre o
dinheiro, sobre o poder e os valores terrenos, então a miséria atual nada tem
de surpreendente, e o desmoronamento está condicionado pelas próprias leis
da Criação!
E como sucedeu com um, assim também sucederá com tudo o mais que
não se baseie nas leis divinas, as quais são tão facilmente reconhecíveis nas
leis primordiais da Criação.
Agora tudo tem de ser impelido para o resgate final. Impulsionado pela Luz,
que penetra nas trevas desta Terra, tinha de seguir-se, por exemplo, em
conseqüência dos contínuos preparativos bélicos, em conjunto com os
pensamentos de guerra, a guerra das multidões. O estímulo para isso foi dado
somente pelo pensar, querer, apreensões e medo dos seres humanos. Com
isso as pessoas puseram as formas na Criação, as quais, impelidas pela Luz
reforçada, cresceram vigorosamente até à florescência e frutificação, portanto
até à ação, tiveram de crescer, como tudo o que ainda existe em formas na
Criação, não importando de que espécie sejam.
Elas têm de crescer, serão erguidas e fortalecidas pela Luz, para continuar
existindo, se corresponderem às leis dessa força de Luz, ou ficarão somente
reforçadas, para, ao vicejarem, se romperem nessa mesma força de Luz,
julgando-se, desse modo, a si próprias, se não corresponderem às leis dessa
força de Luz e, por isso, não puderem obter ligação com a mesma. Com isso,
tudo o que é errado se exaure por si mesmo, efetivando-se agora de modo
visível a todos, e também aquilo que ainda gostaria de ocultar-se. Nada, daqui
por diante, poderá esquivar-se à pressão da Luz; terá de apresentar-se à Luz
do dia, terá de mostrar seus frutos na ação! Para que seja reconhecido de
forma exata como realmente é. E tudo por si próprio.
Aí nada mais serve uma oposição, nem valem as sutilezas do raciocínio,
que até agora muitas vezes puderam ter êxito na escuridão e na penumbra
deste grande caos. Há de haver Luz por toda a parte! De acordo com as leis
fundamentais e automáticas desta Criação, agora muito fortalecidas. Os seres
humanos, com seu querer, nada mais representam neste movimento
gigantesco, o qual, novamente impregnado pela força de Deus, acelera os
efeitos, para realizar no avanço a purificação e renovar-se nisso!
Não faleis, a esse respeito, em sugestões das massas de alguns líderes,
porque estas não existem em tal sentido. O processo é inteiramente diferente.
Um líder só poderá produzir a homogeneidade dos pensamentos pelos seus
esforços. Força impulsionadora, para a eclosão da ação, é trazida
exclusivamente pelos efeitos, continuamente automáticos, das leis primordiais
da Criação! Os seres humanos, infelizmente, encaram tudo pelo lado errado,
na fundamentação de suas concepções, como se a força partisse do ser
humano individualmente, isto é, do ser humano em geral. Contudo, é o
contrário! Toda e qualquer força só vem de cima!
Assim, também não poderia deixar de acontecer que surgissem lutas
partidárias das mais repugnantes formas, crescendo até o próprio
desmoronamento, porque os partidos, ignorando as leis primordiais da Criação,
também se encontram sobre bases erradas, e por essa razão jamais podem
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ser harmonizados. Iguais a flores de todas as ervas daninhas, proliferam na
organização partidária os jornais, que, instigando com falta de consciência,
envenenam também aquela parte da humanidade que inofensivamente deseja
trilhar seu caminho. Os jornais procuram exceder-se uns aos outros da maneira
mais desenfreada, porque têm de mostrar agora, devido à força impulsiva da
Luz, toda a sua vacuidade, todos os seus esforços errados! E mostram-no!
Imprimem em si próprios aquele cunho de que são merecedores e que não
poderão mais alterar nem apagar, quando chegar a hora do esclarecimento
para os seres humanos, na própria vivência, no próprio reconhecimento!
Não haverá então nenhum retorno, onde avançaram demasiadamente,
tornando deste modo, eles mesmos, impossível uma volta. Assim também aqui
sobrevirão, devido à própria culpa, a queda e a autodestruição. Quando então
todos os partidos tiverem se exaurido pela aceleração aumentada de suas
atividades, de acordo com as leis sagradas desta Criação, aí como
conseqüência imediata extinguir-se-ão também a maioria dos jornais, por não
terem mais o que oferecer aos seus leitores, quando se tiverem rompido suas
bases com a inveja, o ódio e a inimizade, pois somente nesse pântano
puderam chegar a tal florescência. Em solo bom, a possibilidade de existência
lhes é tirada.
Tudo tem de se tornar novo! Mesmo as igrejas não serão poupadas naquilo
que até agora tem sido errado. De conformidade com a lei da Criação, também
aí tudo segue seu caminho, não podendo mais ser detido por nada: aquilo que
não estiver em perfeita consonância com as leis de Deus, ancoradas
firmemente, não em livros, mas na Criação, terá de manifestar-se. De
conformidade com a espécie da semente, amadurecem agora os frutos para a
colheita, no remate do ciclo dos acontecimentos de tudo quanto foi entretecido
na Criação pelas atividades e pelo querer da humanidade, e isso equivale ao
muitas vezes prometido Juízo, antes do início de uma nova era mais agradável
a Deus!
Os frutos têm gosto amargo, os quais a ação dos seres humanos cultivou
na Criação e que a humanidade agora terá de comer, ainda que se envenene e
pereça por causa disso! Durante muito tempo ela se opôs a qualquer
reconhecimento, por não estar este de acordo com sua conceituação de até
então.
No entanto, primeiro tudo tem de se tornar novo, antes que a ascensão
possa sobrevir, de acordo com as promessas há muito proferidas e conforme o
próprio Filho de Deus declarou outrora. Isso significa também que tudo tem
sido errado.
Preguiçosos nos pensamentos, todavia, os seres humanos continuam a
passar por essa realidade, mesmo aqueles que falam freqüentemente dessa
anunciação. Eles sabem dela, porém não dão atenção a ela com aquela
seriedade que seria necessária para a própria salvação!
Infelizmente, tudo é considerado e interpretado de tal modo, que
corresponda aos desejos egoísticos ou também comodistas de cada um. E
aquilo que não lhe agrada, ou que não compreende com facilidade, na maioria
das vezes rejeita ou nem sequer dá atenção, porque assim lhe é mais cômodo
no momento.
119
Ainda não é suficiente, que o falhar de todas as igrejas durante a guerra
mundial, teve que mostrar tão claramente quão pouco seus ensinamentos
estavam realmente vivos dentro dos adeptos. Eles permaneceram totalmente
palavras ocas e apenas uma forma superficial, em vez de aí se comprovar. O
falhar, porém, não era culpa dos adeptos, mas das interpretações da Palavra
até agora, às quais falta todo o calor vital de uma convicção! Por isso, também
não são capazes de despertar convicção.
Somente onde a convicção é viva, a Palavra se torna ação, dando aos
seres humanos realmente um apoio firme! O tempo da guerra e das
conseqüências, porém, era para todos os dogmas apenas o amadurecimento
até a floração. Os frutos devem se mostrar agora, os quais deixarão
reconhecer exatamente a espécie da verdadeira semeadura! Com o aumento
da aflição lotar-se-ão as igrejas e os templos, todas as casas de Deus,
indiferente de que doutrina, pelos seus adeptos e seguidores que lá esperam
encontrar auxílio naquela forma, na qual lhes foi ensinado. Nisso, todos os
seres humanos ficarão sabendo no próprio vivenciar, o que nos ensinamentos
de até agora era verdadeiro e o que de errado ainda estava contido neles.
Tudo o que é legítimo, bem como tudo o que está errado, terá de se
comprovar, a fim de que se apresente nitidamente perante cada um, e todo o
errado desmoronar-se-á velozmente ao despertar pela vivência, para nunca
mais poder ressurgir. Só pela vivência é que o ser humano aprende a discernir!
Enquanto lhe faltar a convicção do vivenciar, permanecerá em crença cega,
inativa, crença que não traz proveito algum ao seu espírito, mas sim o
entorpece e paralisa.
Ide, ó seres humanos, e vivenciai, já que voluntariamente, por meio da
movimentação do vosso espírito, não mais podeis chegar ao reconhecimento
da Verdade divina, porque vós mesmos mantivestes sempre e sempre
fechadas as entradas para isso.
Também a expressão usada tão freqüentemente por vós logo
desaparecerá, em sua falsa concepção de até agora, se ainda quiserdes
continuar a consolar-vos, segundo o vosso sentido, com palavras como:
“Diante de Deus todos os seres humanos são iguais!”
Esta expressão em si é certa, mas a sua interpretação de até agora,
errada! Também aqui as leis divinas da Criação não admitem, de modo algum,
uma interpretação tão cômoda.
De fato, é certo que diante de Deus os seres humanos são iguais, sem
considerar aquilo que já se encontra atrás deles. Encontrar-se, porém, diante
de Deus, isto é, chegar até os degraus de Seu trono, só é possível a poucos
seres humanos. Nesse fato grave, o ser humano terreno, contudo, em seu
hábito superficial, não pensa, mas procura convencer-se de que reina, no
espiritual, uma igualdade incondicional diante de Deus. Não procura dar maior
atenção à indicação expressa nisso: “diante de Deus”. Tranqüilamente o ser
humano passa por cima disso e apega-se somente ao termo “igualdade” da
sentença.
Sem tomar em consideração, porém, que na expressão, ser igual diante de
Deus, se encontra uma indicação da nulidade das dignidades terrenas perante
todas as leis divinas, as quais não fazem distinção alguma quando do
trespasse de um espírito humano do seu invólucro de matéria grosseira para o
mundo de matéria fina, pouco importando se esse ser humano tenha sido na
120
Terra mendigo ou rei, sacerdote ou papa, ele é diante de Deus um espírito
humano e nada mais, que tem de responder, pessoalmente, por um a um de
seus pensamentos, palavras e ações; há nestas palavras um sentido mais
elevado.
Diante de Deus significa encontrar-se diante dos degraus do trono de
Deus, portanto no reino espiritual, no Paraíso, que está abaixo dos degraus do
trono. Isso é o mais significativo nessa sentença, que o ser humano, porém,
não atenta. É-lhe o mais difícil, porque um espírito humano na Criação só
chega diante de Deus, quando tiver se livrado de tudo o que lhe pesava nesta
Criação, de culpas e coisas erradas. Tudo, mesmo o derradeiro grãozinho de
pó! Antes disso, não poderá “estar diante de Deus”!
Apesar disso, jamais verá Deus, pois isso lhe é impossível. É imenso ainda
o abismo que o separa do lugar que se denomina “aos pés de Seu trono”.
Jamais será transposto por um espírito humano. O ser humano, portanto, tem
de contentar-se com aquilo que possui. Isso já é imensuravelmente grande e
mal é aproveitado realmente por ele na mínima parte!
No entanto, os espíritos humanos aqui na Terra e também todos aqueles
na Criação não são de igual valor diante de Deus! Tal concepção é um erro
nefasto! Primeiramente o ser humano precisa ter chegado a tal ponto em sua
maturidade e pureza, que possa subsistir ou estar diante de Deus, só então é-
lhe permitido dizer que pode ser considerado igual aos outros que se
encontram simultaneamente diante de Deus. Aquilo que estiver por trás dele, já
não terá importância, porque não poderá encontrar-se diante de Deus antes
que esteja extinto e anulado tudo o que nele estava errado anteriormente, não
importando tratar-se de conceitos ou ações. Estará remido e resgatado, assim
que se encontrar diante dos degraus do trono, pois antes não chegará até lá.
Nem com astúcia, nem à força, pois as leis da Criação não o permitem.
Encontrando-se, porém, lá, então, mesmo no caso dos maiores erros
anteriores, será absolutamente igual, como se jamais houvesse algo errado
nele! Assim deve ser, ao mesmo tempo, também aqui na Terra, de acordo com
a vontade de Deus, porém os seres humanos não dão atenção a isso nas leis
que elaboraram para si, não se apóiam na vontade de Deus, mas sim esperam
do próprio Deus sempre mais do que eles estão dispostos a dar de si a seus
semelhantes! Cristo já dissera isso outrora, de modo bastante claro, em sua
parábola do servo infiel. —
As palavras ocas de até hoje tornar-se-ão agora evidentes na força da Luz!
E com isso sobrevirá automaticamente, por si, a expulsão de tudo o que até
agora foi doentio e a conseqüente cura. Também o que é errado será
despertado para a vida e terá de mostrar seus frutos a toda a humanidade! A
fim de que através disso ela chegue a reconhecer! A ira de Deus onipotente
fará o mal despedaçar-se por si mesmo! Contudo, somente pela inobservância
das leis divinas é que puderam amadurecer tais excrescências e maus frutos,
os quais tendes de colher hoje por toda a parte, a fim de saboreá-los,
libertando-vos deles ou arruinando-vos com eles!
Só quando esses males se tiverem aniquilado por si é que os seres
humanos reconhecerão, pouco a pouco, como na realidade sofreram com esse
veneno. Só então respirarão libertos o ar límpido produzido pelos temporais
purificadores da mais grave espécie.
121
Hoje, contudo, ainda não se chegou a esse ponto. Em toda a parte reina
ainda o medo! A humanidade, aliás, ainda não quer confessar-se disso, mas
assim mesmo age impelida por esse medo, pois já se manifesta o ódio! O
verdadeiro ponto de partida do ódio, porém, é o medo! O que é atacado pelo
ódio, também é temido em todos os casos. Assim é o hábito dos seres
humanos terrenos.
Somente do medo é que se origina o verdadeiro ódio. Jamais da raiva, nem
da indignação, que, por sua vez, produz ira sagrada. O ódio também não pode
surgir do desprezo, nem do nojo.
E como o medo já se inicia com o ódio, então o fim não está mais longe,
pois esse medo surge agora nos seres humanos terrenos pela pressão da Luz,
da qual não podem escapar com suas velhas e habituais sutilezas do
raciocínio, que, pela primeira vez, desde milênios, falha, visto ser impotente
contra a vontade viva e onipotente de Deus! —
Todos os fenômenos que vos explico abrangem a humanidade inteira.
Portanto, não penseis, de modo humano, que tudo já esteja liquidado dentro de
dias, semanas ou meses. É uma luta que já dura anos, mas cujo fim se
encontra entretecido nas leis primordiais da Criação, como vitória incondicional
da Luz!
Seres humanos, despertai através da vivência, a fim de que não tenhais de
perecer! Pois brevemente deverá surgir uma humanidade que vibrará
conscientemente nas leis primordiais da Criação, para que o mal, como
conseqüência da vida errada, permaneça afastado e para que somente paz e
alegria possam reinar neste plano terrestre. Para a vossa felicidade, para a
honra de Deus!
122
30. Dever e fidelidade
O cumprimento do dever foi sempre considerado como virtude máxima de um
ser humano. Ocupava em todos os povos um nível mais alto do que tudo o
mais, mais alto ainda do que a própria vida. Foi de tal modo apreciado, que até
conservou o primeiro lugar também entre os seres humanos de raciocínio, aos
quais, por fim, nada era mais sagrado do que o próprio raciocínio, a quem se
submetiam como escravos. A consciência do indispensável cumprimento do
dever permaneceu, e nem o domínio do raciocínio pôde intervir nisso. As
trevas, porém, descobriram um ponto de ataque e roeram a raiz. Também
nisto, como em tudo, alteraram o conceito. Ficou a idéia do cumprimento do
dever, mas os deveres em si foram estabelecidos pelo raciocínio, tornando-se
assim presos à Terra, fragmentários e imperfeitos.
É, portanto, natural que muitas vezes uma pessoa intuitiva não possa
reconhecer como certos determinados deveres a ela atribuídos. Chega a um
dilema consigo mesma. O cumprimento do dever é considerado também por
ela como uma das leis mais altas que uma pessoa deve cumprir e, não
obstante, tem ao mesmo tempo de dizer a si mesma que, cumprindo os
deveres que lhe são impostos, age contra a sua própria convicção. A
conseqüência disso é que não só no íntimo da pessoa que assim se aflige, mas
também no mundo de matéria fina, surgem, devido a essa circunstância,
formas que causam descontentamento e discórdias também em outros. E
devido a isso transmite-se em círculos muito amplos uma mania de crítica e
descontentamento, cuja causa propriamente dita ninguém é capaz de
encontrar. Não é reconhecível porque o efeito vem da matéria fina. Por
intermédio das formas vivas que uma pessoa intuitiva cria, na discordância
entre o seu anseio para o cumprimento do dever e o anseio diferente de sua
intuição.
Aqui, pois, tem de ocorrer uma modificação, a fim de acabar com esse mal.
Dever e convicção íntima devem sempre estar de acordo um com o outro. É
errado um ser humano empenhar a vida no cumprimento de um dever que ele
intimamente não pode reconhecer como certo!
Somente na concordância entre a convicção e o dever, cada sacrifício
ganha realmente valor. Mas se a criatura humana empenha a sua vida no
cumprimento de um dever, sem convicção, rebaixa-se então a um soldado
venal, que luta a serviço de outrem por causa de dinheiro, semelhante aos
mercenários. Dessa forma, tal maneira de lutar se torna assassínio!
Se alguém, porém, empenha sua vida por convicção, então possui mesmo
amor à causa pela qual resolveu lutar voluntariamente.
E somente isso tem para ele alto valor! Tem de fazê-lo por amor. Por amor
à causa! Dessa forma também o dever que ele assim cumpre se tornará vivo e
erguido tão alto, a ponto de colocar o seu cumprimento acima de tudo.
Separa-se assim automaticamente o morto e rígido cumprimento do dever,
do vivo. E só o que é vivo tem valor e efeito espiritual. Tudo o mais pode servir
apenas a finalidades terrenas e do raciocínio, proporcionando vantagens às
mesmas, e isso também não permanentemente, mas somente de modo
passageiro, uma vez que unicamente o que é vivo consegue existência
permanente.
123
Assim, o cumprimento do dever, proveniente da convicção, torna-se
legítima fidelidade pela própria vontade, e natural para quem o exerce. Não
pretende e nem pode agir de modo diferente, não pode aí tropeçar e nem cair,
pois a fidelidade lhe é legítima, está intimamente ligada a ele, sim, é até uma
parte dele, a qual não é capaz de colocar de lado.
Obediência cega, cumprimento cego do dever é, por isso, de tão pouco
valor como crença cega! A ambas falta a vida, porque nelas falta o amor!
Só nisso o ser humano reconhece logo a diferença entre a legítima
consciência do dever e o senso do dever simplesmente cultivado. Um brota da
intuição, o outro é compreendido somente pelo raciocínio. Amor e dever nunca
podem estar em oposição, pois são uma só coisa, onde sejam intuídos de
maneira legítima, florescendo deles a fidelidade no sentido do Santo Graal!
Onde falta o amor, também não há vida, ali tudo está morto. A tal respeito
Cristo já se referiu muitas vezes. Está nas leis primordiais da Criação, por isso
é universal, sem exceções.
O cumprimento do dever que brota de uma alma humana, espontâneo e
radioso, e aquele que é feito por uma recompensa terrenal, jamais poderão ser
confundidos um com o outro, ao contrário, são mui facilmente reconhecíveis.
Deixai, portanto, a legítima fidelidade surgir em vós, ou permanecei afastados
dali onde não puderdes manter a fidelidade.
Fidelidade! Tantas vezes cantada e, não obstante, nunca compreendida!
Como em tudo, o ser humano terreno também rebaixou profundamente o
conceito da fidelidade, restringiu-o e comprimiu-o em formas rígidas. O grande,
o livre e o belo disso se tornaram inexpressivos e frios. O que é natural foi
forçado!
Pelos conceitos de hoje, a fidelidade deixou de pertencer à nobreza da
alma, foi transformada em uma qualidade do caráter. Uma diferença como
entre o dia e a noite. Assim a fidelidade ficou sem alma. Tornou-se um dever,
onde é indispensável. Desse modo foi declarada autônoma, encontra-se sobre
bases próprias, inteiramente por si e, por isso. . . errada! Também ela foi
torcida e deformada pelo sentido das criaturas humanas.
Fidelidade não é algo autônomo, mas somente qualidade do amor! Do
verdadeiro amor que tudo abrange. Abranger tudo, porém, não significa acaso
abarcar tudo ao mesmo tempo, segundo a concepção humana, que chega à
expressão nas conhecidas palavras: “Abraçar o mundo!” Abranger tudo
significa: poder ser estendido para tudo! Para o que é pessoal, como também
para o que é objetivo! Não está ligado a algo bem definido, nem destinado a
ser unilateral. O verdadeiro amor nada exclui do que é puro ou do que é
conservado puro, quer se trate de pessoas ou da pátria, bem como do trabalho
ou da natureza. Nisso reside o abrangimento. E a qualidade desse amor
verdadeiro é a fidelidade, que não deve ser imaginada de modo mesquinho e
restrito terrenalmente, como o conceito da castidade.
Verdadeira fidelidade sem amor não existe, da mesma forma que não há
verdadeiro amor sem fidelidade. O ser humano terreno de hoje, porém, designa
o cumprimento do dever como fidelidade! Uma forma rígida, onde a alma não
precisa vibrar em conjunto. Isso é errado. A fidelidade é somente uma
qualidade do verdadeiro amor, que está fundido com a justiça, mas que nada
tem a ver com estar enamorado.
124
A fidelidade reside nas vibrações intuitivas do espírito, tornando-se assim
uma qualidade da alma.
Hoje, muitas vezes, no cumprimento do dever, uma pessoa serve
firmemente a outra pessoa, a quem interiormente tem de desprezar. Isso
naturalmente não se pode designar como fidelidade, mas sim permanece
exclusivamente cumprimento de deveres terrenos assumidos. É uma questão
puramente externa, que pode trazer à pessoa, reciprocamente, também
somente proveitos exteriores, quer seja prestígio ou vantagens terrenas.
Verdadeira fidelidade não se pode estabelecer em tais casos, uma vez que
ela exige oferecimento voluntário juntamente com o amor, do qual não pode ser
separada. Por essa razão a fidelidade nem pode atuar isoladamente!
Mas se os seres humanos vivessem de acordo com o verdadeiro amor,
conforme é desejado por Deus, então essa circunstância, unicamente, daria a
alavanca para modificar muito entre as criaturas humanas, sim, tudo! Então
nenhuma pessoa, interiormente desprezível, conseguiria persistir mais, ainda
menos ter sucessos aqui na Terra. Dar-se-ia imediatamente uma grande
purificação.
Pessoas interiormente desprezíveis não usufruiriam honras terrenas, nem
ocupariam cargos, pois saber do raciocínio, unicamente, não deve dar direito a
exercer um cargo!
Dessa forma, o cumprimento do dever tornar-se-ia sempre absoluta alegria,
e cada trabalho, um prazer, porque todos os pensamentos e todos os atos
estariam completamente perpassados pelo verdadeiro amor desejado por
Deus, conduzindo consigo também a fidelidade, ao lado de uma inabalável
intuição de justiça. Aquela fidelidade que por si própria permanece imutável,
como algo natural, não considerada como mérito que deva ser recompensado.
Assim será a natureza de todo o atuar no futuro reino de paz na Terra,
desejado por Deus, porém, somente depois que as trevas estiverem
exterminadas. —
125
31. Aspirai à convicção!
Aspirai à convicção em tudo o que fizerdes! Do contrário sereis bonecos sem
vida ou mercenários! No futuro Reino de Deus na Terra o que é morto e
indolente deve ser eliminado e não mais ter direito à existência, pois não tem
valor, perante as leis divinas, um ser humano que de qualquer modo
permanece apenas como mero acompanhante. —
Olhai em torno de vós, a fim de que possais aprender com tudo.
Diariamente e a cada hora vos é dada oportunidade para isso. Observai os
acontecimentos em todos os países. As massas, que durante anos, nos
diversos partidos, a princípio se conspurcavam e se hostilizavam mutuamente,
chegando a vias de fato, até ao assassínio, passam às vezes, da noite para o
dia, a percorrer juntas as ruas, cantando e brandindo archotes de alegria, como
se já há anos fossem fiéis amigas. Da noite para o dia. E só porque
ocasionalmente seus chefes se dão as mãos para um fim qualquer. Onde
encontrareis, nessas coisas, uma verdadeira e firme convicção pessoal; onde,
aliás, uma convicção! Ela falta. É um marchar em conjunto, sem intuição, de
milhares, evidenciando com isso que são imprestáveis para o que é grande.
Em tal solo jamais poderá surgir um reino que vibre nas leis divinas. Por isso,
também nunca poderá, desse modo, ficar saneado.
Se os partidos se combatem, e esse combate reside na convicção, então é
completamente impossível que se efetue uma aliança, sem alteração da
convicção e dos caminhos. Isso, porém, não se dá em apenas algumas horas.
Onde, contudo, tal fato se torne possível, lá seguramente não existia
convicção, mas apenas um alvo comum poderia ter tal efeito decisivo: o alvo do
poder! Somente isso se sobrepõe, inescrupulosamente, sobre tudo, passando
mesmo por cima de cadáveres, se de outra maneira não possa ser. Contudo,
alianças tão forçadas também trazem dentro de si, de antemão, a
desconfiança, que vigia sempre a outra parte com suspeita, restando, então,
pouco tempo para o principal: o bem do povo, que cheio de esperança os
observa.
Tais seres humanos, sem verdadeira convicção, podem ser facilmente
desviados do rumo que a aliança lhes trouxe. Não pode haver confiança neles,
a qual repousa na convicção própria! Basta-lhes um palavrório de discursos
vazios para se embriagarem. Na embriaguez, entretanto, não se encontra
nenhuma ação sadia.
Com seres humanos de tal espécie não poderá resultar uma construção
capaz de resistir às tempestades! Não ocorre de modo diverso do que no
tempo de Jesus, quando as massas bradavam “Hosana!” para, poucas horas
depois, gritarem “Crucificai!”
Onde, porém, a convicção forma a base de uma ação, de uma realização,
aí semelhante fato não pode ocorrer, pois a convicção vem do saber, e o saber
gera perseverança e estabilidade, dá inabalabilidade e coragem vitoriosa,
porque o verdadeiro saber provém do vivenciar.
Os portadores da Cruz do Graal, porém, possuem saber.
Disso deverá levantar-se e derramar-se uma onda de força sobre toda a
humanidade na Terra. Com ímpeto irresistível essa onda terá de arrastar
126
consigo todas as escórias que ainda impedem os seres humanos de
despertarem para o reconhecimento. Por isso tornai-vos fortes, a fim de que
sejais capazes de, conjuntamente com a grande purificação, que agora se
processa pela pressão da Luz, fornecerdes forças aos seres humanos para o
novo soerguimento! Pois pesadas tempestades terão de açoitar as almas, para
que se modifiquem na dor e no infortúnio, e se elevem purificadas, ou pereçam!
Aprendei e amadurecei, porém, vós próprios nisso, a fim de que a
convicção surja em vós! E de conformidade com a espécie da convicção
decidir-se-á quem poderá ser salvo e quem terá de ficar excluído para sempre
do futuro Reino de Deus, pois a convicção também é, ao mesmo tempo, fruto
do querer!
Somente a força da convicção torna o ser humano vivo na Criação,
portanto, de pleno valor! Habilita-o a executar obras que têm de ser tomadas a
sério e que não perecem facilmente.
Por isso clamei aos seres humanos, na introdução da minha Mensagem,
que agora a crença tem de se tornar convicção!
É, para todos, agora, o último instante para isso. E como a convicção do
saber provém, por sua vez, só da vivência, o ser humano será agora impelido à
força para o vivenciar exterior de tudo aquilo que até agora formou, a fim de
que reconheça, claramente, tanto na dor como na alegria, o que formou com
acerto e o que foi errado, no pensar e no intuir de sua existência. —
Os portadores da Cruz em todos os países servirão, nos tempos de maior
calamidade, de exemplo aos seres humanos terrenos, exemplo que deverão
seguir. Nada podereis alterar nisso, pois está determinado. Ai de vós, contudo,
se então encontrarem defeitos em vós! Ai de vós, por causa de vós próprios e
dos seres humanos! Por isso, não desperdiceis o tempo para o
amadurecimento necessário. Os próprios seres humanos vingariam sua
desilusão amargamente em vós. Sede vigilantes e fortes! — — —
Deve surgir agora o novo Reino aqui na Terra! O Reino de Deus, como fora
prometido aos seres humanos pela Luz! Não chegará, porém, com brando
sussurro, como recompensa à humanidade atual!
Quanto se enganam os presunçosos fiéis, que até estremecem
prazerosamente, pensando já há muito tempo no Reino de Deus na Terra, na
vaidosa autoconsciência de que poderão usufruí-lo, como filhos escolhidos de
Deus, porque crêem, conforme sua opinião, em seu Redentor que morreu por
eles, tomando com isso sobre os ombros os pecados deles. Da mesma forma
como uma criança obediente, muitas vezes, se habitua à recompensa de um
doce, assim também imaginam o evento desse reino divino aqui na Terra. Um
doce sonhar acorre-lhes vagamente, ao pensarem numa existência abrigada e
tranqüila, sob os fiéis cuidados de Deus, que derrama sobre eles Seu amor, por
alegria, porque Nele crêem! Que os recompensa assim, por terem confessado
publicamente sua crença Nele e jamais terem se envergonhado Dele perante
os seres humanos. Quanta arrogância indizível repousa nesse conceito!
Examinai, exata e severamente, ó seres humanos, e vereis que a maioria
de todos os cristãos é realmente assim e não diferente! Nesta asserção não há
exagero algum, por mais triste que isso soe.
Contudo, a ira divina atingirá esses presunçosos com grande severidade!
São eles qual pântano viscoso que se evita com asco! Justamente todos
127
aqueles, que cheios de arrogância se vangloriam, atualmente, de serem filhos
de Deus, escolhidos e leais.
O Reino de Deus, porém, impõe grandes exigências à humanidade,
trazendo trabalho em riquíssima abundância! É o contrário daquilo que os fiéis
das igrejas sonham! O trabalho mais difícil, porém, aguarda o ser humano nele
mesmo! Nisso muito ele tem de reparar, se aliás quiser subsistir. Quero tirar-
vos a venda, a fim de que reconheçais esses seres humanos terrenos em toda
sua perfídia, porque se aproxima o fim de minha luta e vós deveis cooperar
nesta matéria grosseira, cooperar para a vitória da Luz, que extinguirá esses
vermes arrogantes, e por isso tão malévolos. Pois só se pode denominá-los
ainda de vermes, não mais seres humanos!
A espada que vós manejais em nome de Deus, ao qual vós vos
comprometestes, porém, deve estar afiada e reluzente!
No entanto, quem de vós está firme e quem está alerta para a luta contra a
humanidade inteira e contra as trevas que a circundam!
Bem-intencionados e de boa vontade vos aferrais ainda, de modo
demasiadamente tenaz e rígido, às ninharias cotidianas, com o que vós
próprios colocais empecilhos nos caminhos, de modo que mal sois capazes de
realizar a mínima parte daquilo que na realidade deveis realizar e tendes de
realizar. Cada um de vós está ainda muito atrasado, por não poder vibrar
harmoniosamente nas coisas grandes, devido a todas essas ninharias!
Tornai-vos mais flexíveis e mais livres na atuação do dia-a-dia e mantende
sempre e ininterruptamente na vista e na intuição apenas as coisas grandes!
Não vos aferreis, demasiadamente, numa perseverança embaraçosa. Não
deveis transformar-vos em peças de uma máquina humana, mas sim tendes de
tornar-vos vivos, grandes e livres! Onde vossos defeitos quiserem formar
obstáculos, procurai logo novos caminhos, que vos serão mais fáceis, pois
assim muitas vezes ainda podereis chegar, finalmente, ao lugar que tendes de
alcançar!
Agi da mesma forma com vossos co-convocados. Vereis que a harmonia
então não poderá ser rompida tão facilmente! Deixai cair tudo o que é rígido
com relação ao vosso próximo, tornai-vos em lugar disso vivos e móveis! Cedei
temporariamente, onde algo aparentemente não se deixa realizar, porém
jamais solteis as rédeas das mãos! Aquilo que se opõe conseguireis,
finalmente, com alguma habilidade, levar ao lugar onde deve ficar. Um bom
cavaleiro jamais terá necessidade de puxar as rédeas, a ponto de sangrar o
cavalo, para impor a sua vontade, se souber lidar com animais. Ele tem,
apenas, de aprender, primeiramente, a compreender os animais, se quiser
dominá-los! Sua rigidez teria como conseqüência somente a teimosia, ou
aquela obediência que a qualquer momento poderá tornar a falhar. Desse
modo estaria sentado sobre um barril de pólvora, em vez de o cavalo carregá-
lo com amor e cuidado!
Inflexível é, na realidade, aquela vontade que conduz ao alvo, mesmo se
tiver de modificar seus caminhos, mas não aquela que quebra seu alvo por
causa da própria rigidez. Só a perseverança conduz ao alvo, e não a rigidez.
Rigidez é sempre errada, por ser antinatural e também por não estar em
harmonia com as leis primordiais da Criação, que condicionam movimento.
Toda a insistência rígida representa falta de habilidade, que não reconhece
128
outros caminhos transitáveis, impedindo assim os esforços progressistas de
seu próximo! —
Vós, portadores da Cruz, despertai para um novo modo de ser, deixai cair
os hábitos e ensinamentos antigos, tornai-vos primeiramente novos perante o
Mundo, também no pensar e agir quotidiano! Nada existe, que não tivesse de
se tornar novo, isso eu já vos disse cêntuplas vezes! O início deve ser em vós!
Sem início não há continuação! Se vós falhardes, cairá o mundo!
129
32. Beleza dos povos
A terra está sendo agora cingida pela Luz. Fecha-se de modo firme um forte
invólucro em redor do globo, para que as trevas não possam escapar, e a
pressão se torna cada vez mais forte, comprimindo incisivamente todo o mal,
de maneira que círculo após círculo de todos os acontecimentos tem de se
fechar, para que o fim seja ligado ao começo. Lanças de Luz e flechas de Luz
atravessam o ar zunindo, espadas de Luz cintilam, e os asseclas de Lúcifer são
duramente açoitados até o aniquilamento.
Sagrada vitória para a Luz aqui na Terra! Assim é a vontade onipotente de
Deus. Luz haja por toda a parte, inclusive entre todos os erros da humanidade,
para que ela reconheça agora a veracidade. —
Alegrai-vos, pequeno grupo, que sois escolhidos para colaborar na
efetivação do imensamente grande na força do Altíssimo! Vosso tempo iniciará
muito mais cedo do que hoje o imaginais; pois virá uma vez, inesperadamente,
durante a noite! Sejais fortes na perseverança, então recebereis os frutos
espontaneamente, que deveis saborear no alegre atuar como filhos escolhidos
de vosso Senhor! A força que ELE vos doa, irá proteger-vos na aflição e elevar-
vos para a mais pura alegria que espíritos humanos são capazes de intuir.
A vós o Juízo universal deverá trazer a coroa, mas não o afundamento,
uma nova vida laboriosa, cheia de paz na proteção do Santo Graal, ao qual
quereis servir com alegre querer na construção do Reino de Deus aqui na
Terra, auxiliando a todos os seres humanos que em verdadeira humildade se
submetem às Leis primordiais da Criação! No novo Reino, vossos espíritos
serão capazes de vibrar fortemente acima de toda a materialidade,
embelezando tudo e mergulhados na Luz. —
O fortalecimento e o desabrochar dos fiéis é a seqüência após a
purificação, pois todos os obstáculos serão arremessados para longe conforme
a Lei divina, mesmo quando, chorando, denominam a separação como injusta!
A Luz, e com isso a justiça, devem destruir sem consideração as sutilezas do
raciocínio, que enredam até mesmo o autor, ludibriante e hipocritamente, até
que ele, no pensar, imagina realmente estar com a razão, lá onde ele mesmo
age de forma errada.
Os portadores de minha Força serão bem sucedidos em romper essas
algemas com a espada do puro querer, desde que a mantenham sempre
reluzente para o serviço junto à humanidade, junto à toda a Criação! —
Para a bênção também de todos os povos de outros países, deve iniciar-se
a nova e grande era, para que se sintam felizes no solo a que pertencem e,
exatamente de acordo com a sua raça, cheguem então à plena florescência e
possam dar riquíssimos frutos, sendo toda a sua atuação, para com a
humanidade terrena inteira, apenas harmoniosamente beneficiadora.
Assim ressurgirá a beleza! A Terra inteira tornar-se-á um quadro de beleza,
como se tivesse saído da mão do grande Criador, pois então os espíritos
humanos vibrarão no mesmo sentido e seu alegre atuar elevar-se-á às alturas
luminosas qual jubilosa oração de agradecimento, refletindo lá no alto toda a
harmonia da felicidade que esta Terra mostra!
130
Mas essa beleza desejada por Deus não poderá surgir, enquanto os
dirigentes procurarem introduzir à força hábitos e costumes estranhos,
estranhas roupas e estranhos estilos de construções ao seu povo, ao seu país,
na ilusão de que assim se efetue um progresso para o seu povo. Imitação não
é elevação, não é nenhuma obra própria! Uma uniformização nesse sentido é
errada!
Nisso a melhor medida é o senso de beleza que vos é dado para
reconhecerdes o que está direito e o que está errado em tais coisas! Entregai-
vos ao original e verdadeiro senso de beleza e nunca podereis errar, pois ele
está ligado às leis primordiais da Criação, é a expressão de um saber ainda
oculto sobre a perfeição, um indicador de caminho infalível para cada espírito,
pois unicamente todo o espiritual, nesta Criação posterior, tem a faculdade de
reconhecer, numa bem determinada maturidade, a verdadeira beleza com
consciência plena!
Mas também nisso apagastes, infelizmente, já desde muito, a singela
intuição, através do pecado original agora conhecido por vós e suas nefastas
conseqüências, através do domínio do raciocínio, que criou caricaturas em
tudo. A forma que ele colocou no lugar do conceito da verdadeira beleza é a
tolice da moda, à qual vossa vaidade se submeteu de muito bom grado. Essa
loucura da moda sepultou completamente o vosso senso de beleza para
formas nobres e graciosas, o qual foi dado ao vosso espírito como orientação e
bastão nesta existência grosso-terrenal, de maneira que assim tínheis de
perder um forte apoio por culpa própria!
Do contrário intuiríeis, saberíeis sempre e logo, em todas as situações da
vida e em todos os lugares, onde algo não estivesse certo, porque por toda a
parte onde vosso senso de beleza não puder vibrar alegremente, a harmonia
severamente condicionada pela lei da Criação não existe assim como deve ser.
E onde falta harmonia, também não há beleza.
Olhai para o chinês de cartola, igualmente o japonês e o turco. Caricaturas
de cultura européia. Olhai para a japonesa que agora se veste à européia e
depois a olhai nos trajes de sua própria terra! Que diferença! Quanto ela perde
nos trajes estranhos à sua terra! Para ela é uma grande perda. —
Somente o soerguimento da própria cultura constitui verdadeiro progresso
para cada povo! Sim, em tudo deve haver ascensão, e nenhuma estagnação.
Mas essa ascensão no progresso deve sempre ocorrer no próprio solo e
partindo deste, e não pela aceitação de coisas estranhas, do contrário nunca
será progresso. A própria palavra progresso, em seu verdadeiro sentido, já
rejeita imitações. O progresso de um povo, pois, só pode florescer daquilo que
já possui, e não da aceitação de algo emprestado. Aceitação não é progresso
algum, o qual se mostra nas conseqüências do que existe; isso já deveria
incentivar a reflexão. O emprestado ou aceito também não é propriedade,
mesmo quando se quer apropriar-se disso. Não é aquisição própria, não é o
resultado do próprio espírito de um povo, unicamente do que poderia e deveria
orgulhar-se!
Nisso reside também uma grande incumbência para todos os que vivem
além-mar: deixar crescer lá cada povo em si mesmo, completamente por si,
com as próprias capacidades, que são tão diferentes entre os muitos povos
desta Terra. Todos devem florescer segundo a espécie do solo em que se
originaram. Devem permanecer adaptados a esse solo, a fim de desenvolver
131
nele aquela beleza que vibra harmoniosamente com os demais na Terra. A
verdadeira harmonia, porém, origina-se exatamente pela heterogeneidade, e
não acaso pela uniformização de todos os povos. Se isso tivesse sido
desejado, então existiria apenas um país e um povo. Contudo, ocorreria aí em
breve uma estagnação e por fim um fenecer e morrer, por faltar o
revigoramento que se efetiva pela complementação!
Contemplai, nesse sentido, as flores nas campinas, que, justamente devido
às suas diferentes variedades, vivificam e refrescam, sim, proporcionam
felicidade!
Mas a inobservância de tais leis de evolução vingar-se-á amargamente nos
povos, pois também isso traz, por fim, retrocesso e ruína, jamais ascensão,
porque falta nisso toda salubridade. O ser humano não pode opor-se às coisas,
às quais ele, como cada criatura, está sujeito, de forma que jamais conseguirá
algo onde não leve em conta as leis vivas entretecidas nesta Criação. Onde
atuar contra elas, não as observando, mais cedo ou mais tarde terá de
naufragar. Quanto mais tarde, tanto pior. Nisso cada dirigente terá de arcar
com a responsabilidade principal daquilo que errou em virtude de sua
concepção errada. Terá de sofrer então pelo povo inteiro, que em sua aflição
se agarra espiritualmente a ele, de modo firme! —
Repito mais uma vez: somente o soerguimento da própria cultura constitui
verdadeiro progresso para cada povo! Adaptado ao solo, ao clima e à raça! O
ser humano tem de se enraizar ao solo, no mais puro sentido, se quiser crescer
e se espera auxílio da Luz! Nada de aceitação dos hábitos e costumes de
povos de índole estranha, bem como de acepções estranhas. O enraizamento
ao solo é condição básica e garante, por si só, o saneamento, a força e o
amadurecimento!
Acaso o ser humano ainda não aprendeu suficientemente com as tristes
experiências que freqüentemente provocou com as dádivas da sua própria
cultura a povos estranhos, tendo que depois vivenciar a sua decadência?
Apenas bem poucos foram levados a refletir a esse respeito. Mas também
essas reflexões até agora sumiram na areia e não acharam nenhuma base que
pudesse segurar uma âncora.
Remover o mal e criar uma vida nova, alegre e rica nos países de além-mar
é uma missão incisiva. Tal obra é de caráter revolvente, porque atingirá, em
suas conseqüências, todos os povos da Terra, de modo beneficiador e
saneador, e até feliz! Porém, é necessário como o primeiro passo externo, se a
harmonia e a beleza devam festejar a ressurreição entre esses povos da Terra!
—
132
33. Como és tu, ser humano!
Esta é a pergunta que retumbará ao teu encontro no Juízo! Como és tu, não
como foste!
Portanto, sê vigilante, se quiseres subsistir no Juízo! Há muito que assim
clamo ao espírito humano. Minhas advertências, porém, perderam-se sem
serem ouvidas. Poucos apenas ouviram o chamado, queriam ouvi-lo! Outros
julgaram possuir algo muito melhor, com o que se contentaram até então, seja
nas doutrinas das igrejas, nos programas de muitas seitas ou na descrença
completa de tudo o que não é visível ou palpável terrenamente.
Aqueles, porém, que querem ouvir, são muito pouco severos para consigo
mesmos. Não são bastante sinceros para com o próprio espírito. “Como és tu,
ser humano!” estará de repente diante dele, no efeito das leis vivas desta
Criação e justamente quando ele não estiver preparado para isso. Pois mesmo
que tenha se esforçado durante anos para ser de tal maneira, que possa
resistir às tempestades, que bramem por cima dele com violência indescritível,
de nada lhe adiantará tudo isso, se no fim afrouxar, mesmo que seja apenas
durante uma hora. Se tiver chegado a sua hora, cairá apesar de tudo, porque
não estivera tão desperto no momento dos acontecimentos, como deveria estar
na força da Luz, que lhe fora concedida para isso. E isso advirá da noite para o
dia!
A quem muito foi dado, muito será exigido! A máxima vivacidade do espírito
e do corpo é lei inexorável em todo o desenvolvimento para a ascensão e para
o serviço na Luz! A força tornar-se-á fatal, se não a aproveitardes,
continuamente, naquele sentido em que vos foi concedida! Ela vos eleva ou
vos oprime, vos fortalece ou esmaga, exatamente de acordo com a maneira
como vós próprios sois no íntimo!
Um meio-termo é impossível em face da força da Luz! A inatividade, bem
como o aguardar indolente, na boa vontade, produz o mesmo efeito que o
emprego errado, isto é, a queda!
A vontade tem de ter se transformado em ação, quando agora vos
atingirem as ondas, que já estavam previstas para cada um individualmente,
por ocasião do nascimento!
Cada ser humano, na Terra, tem agora o seu tempo para purificação ou
destruição. Ele lhe sobrevém de acordo com a lei, e então o ser humano,
sozinho, tem seu destino nas mãos.
Não ocorre na mesma hora em toda a parte, mas atinge cada um, como lhe
está previsto! Isto representa a última seleção para o Juízo!
Somente aquele que for capaz de passar vitoriosamente pela seleção
espontânea, este, com isso, será então escolhido para a ação! Para a
construção no Reino dos Mil Anos. E tudo isso ele tem em suas próprias mãos!
Se ele não levou tão a sério para si as advertências, que tantas vezes dei,
como deveriam ser levadas por cada um individualmente, então ele traz agora
para si as conseqüências prejudiciais na mais implacável justiça; pois como ele
é, assim ele será atingido. Exatamente conforme a realidade. Não, por ventura,
como ele imagina ser!
133
Nisso comprovar-se-á, quem utilizou totalmente a força em seu anseio pelo
cumprimento e convocação, ou quem com ela apenas brincou em acessos de
vaidade, mesmo que ela seja mínima. Mostrar-se-á quem leva a sério a
vontade de servir, ou quem apenas queria estar presente, para nada perder.
Ai daquele em quem pôde aninhar-se a presunção ou a falsa ambição, de
modo que a verdadeira humildade não mais tenha encontrado lugar!
Manifestar-se-á de maneira assustadora e arremessará para o lado aquele que
se deixou envenenar com isso.
Digo-vos, tudo o que se manifesta em vós, até o mais ínfimo, será pesado
e medido, inclusive aquilo que imaginais achar-se sepultado, se não tiver de
fato se desprendido de vós! —
Eu temo por vós, pois tendes de lutar, agora, sozinhos, na última fase, a
fim de subsistirdes ou perecerdes!
Contudo, quero hoje ainda esclarecer que serão atingidas com segurança
as fraquezas, grandes e pequenas, a fim de que sejam cauterizadas, não
embaraçando por mais tempo uma atuação pura, com alegria no servir! Nada
disso restará. Passais agora pelo fogo de um processo de purificação, que
tereis de vencer, se não quiserdes nele perecer. —
Quem, porém, estiver certo e verdadeiro, na seriedade da humilde vontade
de servir, este será unicamente fortalecido nessas ondas e por elas elevado em
sua grande força potencial, o que lhe traz o último impulso para cima, o qual,
antes de tudo, prepara-o para o cumprimento de sua missão no serviço do
Graal! —
Cada ser humano de toda a Terra terá de passar por isso. Ninguém será
poupado disso.
Quero também explicar-vos como se realizará o processo em vós, a fim de
que possais passar cientes através daquelas semanas. Lembrai-vos, no
entanto, de que este saber também aumenta vossa responsabilidade!
Para cada ser humano, que vive hoje nesta Terra, o caminho, desde o
nascimento, já está traçado de tal modo, que estará sujeito nessa época, que
se encontra agora próxima dele, a determinadas irradiações, que atuarão de
modo preparatório para o Juízo Final, como última seleção, decisiva para o seu
destino. Esse espaço de tempo dura meses para cada um. Não será vivido em
horas ou dias apenas. Também ninguém poderá escapar dele. Não poderá ser
detido, nem desviado ou retardado por um único segundo sequer!
Acresce que das alturas chega uma nova pressão da Luz, que
desencadeia e fortalece os efeitos. Tão poderosa, que nada poderá oferecer
resistência a essa pressão da Luz, por mais forte e tenaz que seja.
Assim o ser humano estará durante um determinado espaço de tempo
como que sob um chuveiro, proveniente de todos os lados e ao qual é obrigado
a resistir incondicionalmente. Não poderá fugir, nem para diante, nem para trás
e nem para os lados; tampouco poderá cobrir-se ou esconder-se.
Tudo isso é uma vivência indispensável! Poder-se-ia comparar esse
processo com uma prova de pressão, se bem que tal imagem não reproduza
com exatidão o acontecimento. Não se trata aqui somente duma pressão bem
determinada, que cada ser humano tem de ser capaz de suportar, se não
quiser sucumbir, mas sim essa pressão tem vida, torna também vivo tudo o
134
mais, acorda para a movimentação ou obriga a manifestar-se tudo o que se
encontra sob ela e também aquilo que estiver dormitando.
Assim como esse acontecimento ocorre em toda a Criação durante a sua
purificação, da mesma forma e ao mesmo tempo sucede com o ser humano,
individualmente, que não pode ser excluído disso, e que até tem de ser atingido
da maneira mais severa. O que desse modo foi despertado ou estimulado, será
ainda fortalecido, quer seja bom ou mau. Cresce por meio desse
fortalecimento!
O mal, porém, sendo de outra espécie, se opõe a essa pressão da Luz,
aumentando também com seu crescimento a sua resistência, a qual, no
entanto, só lhe acarretará sofrimentos, pelo fato de a poderosa pressão da Luz
não ceder sequer pela espessura de um fio de cabelo. Desse modo o mal é
obrigado a quebrar, literalmente, a cabeça, a fim de, destruído, acabar de ruir.
Com isso, aliás, vos apresento apenas uma imagem. Trata-se, porém, de
um acontecimento real, pois o mal é obrigado a aniquilar-se, a si próprio,
inteiramente e em seu próprio movimento, impulsionado tão fortemente pela
pressão da Luz. Todos os erros e todas as falsas concepções são igualmente
entregues à autodestruição, por não poderem ter nenhuma ligação
beneficiadora com a Luz.
Imaginai agora um ser humano que possua muitas fraquezas, bem como
defeitos, e que não esteja disposto com toda a força a abandoná-los.
Infalivelmente resultará que também seu corpo terreno não será capaz de
suportar, absolutamente, o imenso choque, perecendo conjuntamente, isto é,
tendo de destroçar-se também, ao passo que, tratando-se de defeitos menos
rebeldes, o corpo terreno sofrerá apenas danos leves.
Naturalmente, atingirá o corpo sempre onde pontos fracos oferecerem
lugares propícios ao ataque ou onde existir alguma doença. Não está excluído
que em muitos seres humanos as células do cérebro oferecerão tais pontos de
agressão, produzindo-se assim uma perturbação da mente, a qual é
denominada erradamente perturbação do espírito. Na realidade é somente o
raciocínio que está sujeito a perturbações, nunca o espírito! É unicamente a
atividade do cérebro terreno que sofre o distúrbio, porque perturbação do
espírito nem existe.
Com o abandono do corpo pela morte terrena, estará também extinta, sem
mais nem menos, a perturbação doentia de tal enfermo.
É justamente nos distúrbios da atividade cerebral que se evidenciará o
pecado de muitas escolas, que sobrecarregaram o cérebro anterior dos jovens
com coisas das quais eles nem necessitam durante sua existência terrena para
uso prático. A vaidade aí tornou-se desgraça e crime, pois desse modo não
sobrou nem força nem tempo para aquilo que teria sido mais necessário e que
é indispensável a todo o ser humano: reconhecer a vontade de Deus na
Criação!
O ataque sobre o corpo reside no rechaço do errado que se revolta e nos
esforços que têm de resultar da intensificação violenta e imediata pela pressão
da Luz. A própria Luz nada agride, ela unicamente é e existe! Contudo, tal
como uma muralha inabalável, aproxima-se cada vez mais a parede de Luz,
estreitando continuamente o espaço, dentro do qual o errado terá de exaurir-se
até a total autodestruição.
135
Assim acontece com aqueles seres humanos que não estão certos em
relação à Luz, e por essa razão também não vibram nas leis. Quanto aos seres
humanos que estão certos na Criação, essas irradiações terão de elevá-los
bem para cima, até o limite em que se encontrem fora do perigo de serem
arrastados para a decomposição vindoura. Cauterizam nele tudo aquilo que
não estiver inteiramente de acordo com as leis desta Criação. Somente, porém,
no caso em que o ser humano oferecer possibilidade para tal, pelo domínio de
si próprio, férreo e desapiedado, no reconhecimento de seus erros e
particularidades erradas. Muito lhe é facilitado para poder fazer isso, por se
tornar visível nele, mediante essas irradiações, todo o errado fortalecido. A
visualização de tais erros, porém, não ocorre por meio de imagens cômodas,
como talvez o ser humano mais uma vez espera erroneamente, segundo a
espécie indolente de seu espírito, mas sim ele é que tem de esforçar-se para
tal, do contrário não receberá nenhuma recompensa e nenhuma ajuda. Ele
próprio poderá notá-lo se, possuído de um desejo sincero, abrir os olhos para
isso! Então verá logo com o que se esbarra e se choca com seus semelhantes.
Com um pouco de esforço poderá reconhecê-lo na maneira de ser de seu
próximo para com ele, pois se é que realmente deseja ascender, então, em
todas as coisas, tanto nos leves como nos pesados choques e discórdias, em
toda e qualquer perturbação da harmonia, não mais procurará e nem presumirá
encontrar os erros nos outros, mas sim em si próprio! É desse modo que
reconhecerá, ainda em tempo, tudo o que lhe falta. Portanto, somente na
vivência! Não existe outro modo de reconhecimento para ele.
Se olhar dessa maneira em torno de si, então já terá dado o passo mais
difícil de sua luta, que o conduzirá à vitória! Nesse primeiro passo reside o
fundamental para ele! Deixando de considerá-lo, nunca vencerá, mas terá de
cair, ainda que tenha muita boa vontade. Se omitir esse passo, é porque não
possui a vontade certa, mas sim enganou-se a si próprio nisso, iludiu-se por
vaidade ou comodidade, e os frutos de tais ilusões recairão sobre ele.
Totalmente diferente, porém, sucede às pessoas que realmente trazem em
si a vontade sincera, que sempre faz surgir a ação, não permanecendo
somente na vontade.
Estas recebem, pela pressão da Luz, reforço inesperado e poderoso de
seus esforços bons e puros, que as eleva para o alto, acima do limite
determinado para o Juízo, concedendo-lhes segurança, assim que se
desencadear a tempestade que arrastará todos os outros para a região da
decomposição, que é equivalente à condenação eterna.
Despertai, ó espíritos humanos! Não podeis malbaratar um só dia!
Já outrora o Filho de Deus clamou para vós, advertindo: perdoai ao
próximo! Sabeis o que reside nisso? Pensais em tudo de modo
demasiadamente superficial, não quereis aprofundar-vos na Palavra, que
contém tesouros tão inestimáveis.
O perdão para o próximo tem início e fim no fato de não vos preocupardes
com seus erros! De deixardes de procurar erros nele! Em outros termos, que
deveis preocupar-vos nisso exclusivamente convosco! Que deveis
primeiramente procurar vossos erros, livrando-vos deles, antes de vos
esforçardes em repreender vosso vizinho por seus erros.
136
Jesus sabia muito bem que tendes de preencher totalmente o tempo de
vossa existência terrena, se quiserdes cuidar suficientemente de vós próprios,
para assim progredirdes e amadurecerdes, como deveis.
Investigai primeiramente em vós, somente então compreendereis o vosso
próximo! Na compreensão, porém, reside o perdão.
No entanto, quantos seres humanos existem, na Terra, que agem dessa
forma! Nenhum acolheu em si de tal modo a Palavra do Filho de Deus. Nem
esta única sentença e muito menos ainda a doutrina toda. Justamente na
inobservância desta exigência encontra-se o vosso maior erro! É nisso que
pecais ao máximo e. . . com isso desperdiçais ao máximo, sim, malbaratais
dessa forma toda a vossa existência! E apesar de tudo isso tendes a
esperança de subsistir!
“Como és tu, ser humano!” Não se trata de uma pergunta, mas sim de uma
exigência! Nela tereis de destroçar-vos, se não vos definirdes rapidamente!
Advirto-vos! Tantos já se encontram à beira do abismo e cairão, se não
recuarem com toda a energia, no último momento! Não procureis mais nos
outros os erros, mas sim somente em vós!
Não lanceis fora o último apoio, que vos posso oferecer, no momento do
perigo extremo!
Já tantas vezes não atentastes a ele, apesar de o Filho de Deus vos havê-
lo oferecido em cada frase. Também quando vos disse: “Ama a teu próximo
como a ti mesmo!”
Assim também aqui o sentido é o mesmo. Sempre de novo vos deu o
mesmo conselho, com o qual poderíeis progredir com todo o vigor, se
realmente quisésseis! Para isso, contudo, tínheis também de pensar e agir por
vós próprios, e isso foi exigir demais! Tal fato vingar-se-á amarga,
amargamente em vós!
Sede, por isso, finalmente vigilantes e não sonheis mais com o passado,
nem com o futuro, mas vivenciai o momento, o presente! Unicamente isso
ainda poderá trazer-vos proveito!
“Como és tu, ser humano!” Assim exige a lei da Criação no Juízo! —
Quero por isso fazer mais uma advertência, antes que a grave e pesada
exigência tenha de despertar-vos da falsa ilusão!
Não vos preocupeis com o que já fostes outrora aqui na Terra! Tal saber
em nada poderá auxiliar-vos no Juízo, pois não conta! Só mais tarde, quando
estiverdes mais maduros para isso, tal conhecimento poderá explicar-vos muita
coisa! Podereis então tirar ensinamentos disso, que vos trarão muito proveito
para o presente, se sintonizardes corretamente vosso modo de pensar.
É apenas por curiosidade ou também por vaidade, que muitos, dentre vós,
perguntam por isso tão insistentemente. Contudo, não colheis aquilo que já
hoje poderíeis colher desse saber, deveríeis colher: contentamento e gratidão
pela vossa presença, pois tudo pudestes experimentar na Terra até agora! Não
há um sequer que já não tenha sido terrenamente rico ou tenha ocupado uma
posição dominante qualquer. Nenhum que já não tenha experimentado todas
as alegrias desta Terra. Por isso não tendes direito nem motivo para invejardes
os que hoje reinam, tampouco os que têm posses, os quais talvez durante o
137
vosso bom tempo e sob o vosso domínio já tivessem de sofrer necessidades e
penúria!
Devíeis aprender com isso, que vos encontrais justamente agora naquela
situação que ainda vos é necessário experimentar, para nela amadurecer ou
para reparar o mal que outrora causastes. Ambos os casos só podem gerar
gratidão pela graça que vos concede isso na atuação de leis inamovíveis, que
jamais podem ser injustas, que jamais erram em sua perfeição intangível, e
que, ajustadas na maior precisão, sempre trazem ao ser humano, como fruto,
aquilo que ele mesmo semeou nesta Criação com as decisões do seu livre-
arbítrio!
O sofrimento que o atinge é sua própria ação, como também a alegria que
lhe é presenteada pela lei! E quando lhe é dado sofrer ou passar necessidades,
sabe ele perfeitamente que isso o conduz à libertação das conseqüências de
uma ação que ele próprio cometeu, constituindo dessa forma auxílio para a
ascensão, que unicamente pode conduzi-lo aos reinos luminosos da mais pura
alegria. Quer viva na riqueza ou mesmo como soberano, então aquilo que
vivenciou até agora deve ser uma exortação para que administre tudo isso
acertadamente, no sentido das leis divinas, a fim de que resulte em bênçãos
para os seus semelhantes e não o conduza mais uma vez para baixo, atando-o
a uma futura existência de sofrimentos nesta Terra, mas sim tenha de elevá-lo
pela gratidão daqueles que, graças à sua atividade, puderam encontrar paz e
felicidade.
É exclusivamente para isso que o saber deverá servir-vos futuramente.
Hoje, porém, vos entretendes em vaidosa presunção, pensando no que já
fostes outrora, talvez até vangloriando-vos com isso, como se vos pudesse ser
de alguma utilidade hoje.
Digo-vos, se vós mesmos não fordes capazes de tirar proveito disso para
vossa existência, no sentido por mim apontado, não terá valor, podendo
acarretar somente prejuízo. Que vale perante as leis nesta Criação, se outrora
fostes na Terra imperador ou rei, apóstolo ou papa: “Como és tu, ser humano!”
terá de confessar cada um na vivência! E vossa resposta encontra-se na
existência atual, no vosso modo de ser, exclusivamente!
E esse momento grave está diante de vós! Vigiai! —
Poderá apresentar-se a qualquer hora!
Não acontecerá para todos ao mesmo tempo, mas sim somente um após
outro! Para cada um de uma maneira nova. Suas fraquezas condicionam a
maneira.
A quem, então, implorar força no sentido certo, ela lhe será concedida.
Essa força também o auxilia a vencer, contanto que reconheça e procure
seriamente vencer aqueles erros que traz em si mesmo!
Ninguém, portanto, olhe para os outros, pois nenhum é tão puro, que ele
mesmo não tenha de lutar!
138
34. Está consumado!
Está consumado! Estas graves palavras do Filho de Deus foram acolhidas pela
humanidade e apresentadas como conclusão da obra de salvação, como
coroação de um sacrifício de expiação, que Deus ofereceu por toda a culpa dos
seres humanos terrenos.
Por isso os fiéis cristãos deixam atuar sobre si com um estremecimento de
gratidão o eco dessas palavras, desencadeando-se então, com um profundo
suspiro, a confortável sensação de estarem abrigados.
Todavia, essa sensação não tem aqui nenhum fundamento legítimo, mas
sim decorre exclusivamente de uma imaginação vazia. Mais ou menos oculta
jaz nisso sempre em cada alma humana uma temerosa pergunta: Como foi
possível tamanho sacrifício da parte de Deus! A humanidade vale tanto para
Ele!
E essa temerosa pergunta é justificada, pois provém da intuição e deve ser
uma advertência!
O espírito revolta-se contra isso e quer se pronunciar através da intuição.
Por isso essa advertência jamais se deixa aplacar por palavras vazias que
jazem na afirmação de que Deus é amor e que o amor divino permanece
incompreensível ao ser humano.
Com tais palavras pretende-se preencher lacunas, onde falta um saber, e
lá, onde o saber e até o pensar devem ser necessariamente reprimidos, para
que não levem rapidamente a estremecer e a derrubar a construção tão
laboriosa e tão deficiente da interpretação de até agora da Palavra de Deus.
Contudo, o tempo para frases vazias passou. O espírito agora tem de
despertar! É obrigado, pois não lhe resta outra escolha, se não quiser ser
destruído. A Luz o ordena, Deus o quer!
Quem se satisfaz com evasivas em coisas que contêm a bem-aventurança
dos seres humanos, apresenta-se espiritualmente indolente ante as questões
mais importantes desta Criação e, com isso, indiferente e preguiçoso em face
das leis de Deus, que residem nesta Criação. Por isso, ele deverá ser
condenado no Juízo, como um fruto podre!
Está consumado! Este foi o derradeiro suspiro de Jesus ao encerrar sua
existência terrena e com isso seus sofrimentos provocados pelos seres
humanos!
Não para os seres humanos, como estes em sua presunção irresponsável
procuram se iludir, mas sim provocados pelos seres humanos! Foi a expressão
de alívio por ter o sofrimento chegado ao fim e com isso a confirmação especial
da gravidade daquilo que já tinha sofrido.
Com isso não quis acusar, porque ele, como corporificação do amor, jamais
acusaria; contudo, as leis de Deus, apesar disso, atuam imutáveis e inevitáveis
por toda a parte, portanto também aqui. E justamente aqui de modo
duplamente grave, pois esse grande sofrimento sem ódio recai, segundo a lei,
dez vezes sobre os autores desse sofrimento!
139
O ser humano não deve esquecer que Deus também é a própria justiça em
intangível perfeição! Quem duvidar disso peca contra Deus e blasfema contra a
perfeição!
Deus é lei viva e imutável de eternidade em eternidade!
Como pode atrever-se uma criatura humana a duvidar disso, mediante o
desejo de que uma expiação possa ser aceita por Deus, de alguém que não
introduziu a culpa na Criação, que não é o causador!
Algo assim nem mesmo terrenalmente é possível, tanto menos ainda no
divino! Quem dentre vós, criaturas humanas, julgaria provável que um juiz
terreno fosse capaz, conscientemente, de mandar executar uma pessoa
absolutamente inocente da ação, em lugar de um assassino, deixando assim
passar sem castigo o verdadeiro assassino! Nenhum dentre vós consideraria
certo tal absurdo! Com relação a Deus, porém, permitis que as pessoas vos
contem tal coisa, sem vos opordes a isso, mesmo que seja apenas
interiormente!
Aceitais isso até agradecidos e procurais sempre abafar a voz, como algo
injusto, que se manifesta dentro de vós, para vos estimular a refletir a respeito!
Digo-vos que a atuação da lei viva de Deus não atenta para as falsas
concepções, às quais procurais entregar-vos contra a vossa própria convicção,
pelo contrário, ela recai agora pesadamente sobre vós, trazendo
simultaneamente seus efeitos também devido ao delito de tal pensar errado!
Despertai, a fim de que não seja tarde demais para vós! Libertai-vos de
concepções entorpecedoras, as quais jamais se deixarão harmonizar com a
justiça divina, do contrário poderá acontecer que dessa sonolência preguiçosa
resulte o sono da morte para vós, devendo advir como conseqüência a morte
espiritual!
Tendes pensado até agora que o divino deve se deixar escarnecer e
perseguir impunemente, ao passo que vós, seres humanos terrenos, quereis
reclamar para vós próprios a verdadeira justiça! A grandeza de Deus deve
consistir, segundo vós, no fato de que Ele pode sofrer por vós e oferecer a vós
ainda algo de bom em troca do mal que lhe fazeis! Chamais a isso divino,
porque, segundo as vossas concepções, apenas um Deus poderia realizar
isso.
Definis o ser humano, portanto, como muito mais justo do que Deus! Em
Deus quereis reconhecer apenas tudo quanto é inverossímil, mas somente lá
onde isso vos sirva da melhor forma! Nunca diferentemente! Pois do contrário
logo gritais pelo justo Deus, quando algo ameace se voltar contra vós!
Vós próprios deveis, pois, reconhecer como é pueril tal concepção
unilateral! Devíeis corar de vergonha, se fizésseis apenas uma vez a tentativa
de refletir direito sobre isso!
Segundo vossa opinião, pois, Deus, por intermédio de Sua indulgência,
cultivaria e fortaleceria o que é vil e baixo! Vós, ó tolos, assimilai esta verdade:
Deus age com relação às criaturas, portanto também convosco, nesta
Criação, exclusivamente através das leis férreas que nela estão firmemente
ancoradas desde o início! São inflexíveis, intangíveis e sua atuação ocorre
sempre com infalível segurança. É também irresistível e esmaga o que
procurar se antepor no seu caminho, em vez de se inserir sabiamente em seu
vibrar.
140
Saber, no entanto, é humildade! Pois quem possui o verdadeiro saber
nunca pode excluir a humildade. São como uma só coisa. Com o verdadeiro
saber surge, concomitantemente, a humildade como algo natural. Onde não
existe humildade, jamais existe, igualmente, verdadeiro saber! Humildade,
porém, é liberdade! Só na humildade reside a legítima liberdade de cada
espírito humano!
Tomai isso como guia para o tempo difícil! E jamais esqueçais que o amor
de Deus não se deixa separar da justiça!
Assim como Deus é o amor, Ele é também a justiça viva! Ele é, sim, a lei!
Assimilai, finalmente, esse fato e colocai-o agora como base para sempre em
todo o vosso pensar. Então jamais perdereis o caminho certo para a convicção
da grandeza de Deus, e a reconhecereis em vosso redor, bem como na
observação da vida cotidiana! Por isso sede espiritualmente vigilantes!
141
35. Deixai que a páscoa surja em ti, ser humano!
Um brado percorre o Universo! Inicia-se o grande despertar e, retumbantes,
sucedem-se agora as badaladas desse relógio universal, anunciando-vos a
duodécima hora, com isso o fim da época atual e de tudo o que nela
aconteceu. —
Ajuste de contas! O conceito, tendo tomado forma, corre velozmente atrás
desse primeiro brado para o despertar, nas trilhas dos efeitos recíprocos, agora
fortemente incentivados e se encontra com velocidade inimaginável diante de
cada criatura, frio, objetivo e impiedoso, pois atrás e dentro dele encontra-se a
lei viva, ofertando aqueles frutos, cujas semeaduras se deram na existência de
cada um.
Assim, cada ser humano já se encontra envolvido por tentáculos ainda
invisíveis para ele, de modo a não poder avançar nem recuar, tendo de aceitar
indefeso aquilo que lhe brotou na grande estufa da Criação, por intermédio de
seu querer e de suas ações!
Toma, ó ser humano, a recompensa que mereces!
Poucos são os bons frutos, que aí terás, pois desrespeitaste e violaste o
santuário que a inconcebível graça de Deus te deu como firme apoio para a
peregrinação, a qual Ele te concedeu outrora, satisfazendo as tuas ardentes
súplicas! Era o conhecimento na intuição de Sua elevada vontade, a qual
unicamente concede continuação à Criação, uma vez que ela Dele se originou,
assim como tu!
Essa vontade é para tua salvação, para tua alegria e tua felicidade, pois
outra coisa não existe na vontade Daquele que, cheio de amor, te concedeu a
consciência do existir. Precisavas apenas seguir pelos caminhos que a lei da
vontade já havia te aplainado na Criação, como dádiva, a fim de que te
conduzissem a todas as delícias que a consciência do existir encerra em si!
Rompeste, porém, com atuação leviana as muralhas protetoras que
juntamente contigo surgiram na lei, destruíste-as com teimosia e presunção,
colocaste ainda criminosamente o teu mesquinho querer acima da lei, que
repousa na vontade de Deus. Assim, em vez de te proteger e elevar, essa lei
tem de destruir em ti tudo aquilo que abandonou o caminho desejado por Deus!
Poucos são, dentre os seres humanos, os que não abandonaram esses
caminhos!
De todos os que perambulam desviados, muitos são apenas vítimas
daqueles que romperam as muralhas protetoras. Em confiança, ao modo
humano, deixaram-se arrastar para fora do caminho que conduz às alturas
luminosas, e agora não sabem mais voltar, mas sim erram de um lado para
outro à procura do caminho certo, no matagal das baixas concepções
humanas, sem contudo encontrá-lo.
Por isso ide vós, a quem já mostrei o caminho na Palavra! Ide por toda a
parte, esclarecei e interpretai minha Palavra a todos os que procuram com
sinceridade na Luz da Verdade, cujas irradiações vos acompanham, pois é
chegado o tempo para isso!
142
Desponta a aurora do prometido Reino do Milênio! Deverá iluminar agora
todos os povos por intermédio dos que foram ricamente dotados, os quais
portam a Cruz da Verdade como sinal de sua convicção!
Não tardará muito e os seres humanos perguntarão temerosos pela Cruz,
na esperança de que, por vosso intermédio, possam encontrar aquilo que traga
em si o verdadeiro auxílio e os arranque do desespero esmagador, elevando-
os das ruínas das vaidosas esperanças que depositaram nos seres humanos
terrenos e em suas capacitações!
Quando agora desmoronarem repentinamente todos os esteios entre os
povos, quando se desvanecerem a crença no poder do dinheiro e a confiança
no saber do raciocínio, e quando, sobretudo, se apagar o último vislumbre
duma aparente existência de dignidade humana, então. . . então vosso tempo
terá chegado, portadores da sagrada Cruz! Anunciareis, tereis de anunciar a
Verdade, que vos foi proporcionada, pois os seres humanos esperarão de vós,
rogarão por ela e a exigirão até, se porventura quiserdes hesitar!
Estai preparados, portanto! O tempo fará com que a humanidade se
aproxime de vós! Por alta condução espiritual, isso ocorrerá para vós como que
automaticamente. Se não vos esquivardes da correnteza, cumprireis vosso
dever! Isso vem ao vosso encontro. Sede corajosos, altivos e livres! Não deveis
solicitar mendigando a benevolência dos seres humanos, mas sim somente
conceder onde vo-lo pedirem!
Vós sereis vitoriosos a cada passo; pois convosco está aquele auxílio, cujo
poder é o mais potente, com o qual nada na Terra pode medir forças!
Vós sois os vencedores; pois assim é da vontade de Deus! —
A Páscoa há de surgir agora para os espíritos humanos aqui na Terra! Por
isso deveis estar a postos!
Os seres humanos logo se acercarão de vós. Todos quererão ver em vós
seres humanos terrenos sem defeitos! Isso querem, tanto os amigos como os
inimigos! Os mais ferrenhos adversários da Palavra Sagrada, contudo, muito
esperarão de vós, mais do que em tempo algum se esperou de seres
humanos. Isso é uma lei viva!
Quero dar-vos diretrizes para esse fim, as quais tendes de seguir, se é que
vossa existência, futuramente, deva tornar-se benfazeja, como está
determinado pela vontade de Deus. Segui essas diretrizes, pois elas são
mandamentos para vós! Rigorosa obediência vos trará alegria e vitória; aos
seres humanos, porém, trará a salvação! Para vós olharão, mais tarde,
agradecidos. Deveis tornar-vos um exemplo vivo para o soerguimento desse
caos!
Em primeiro lugar dou-vos, para isso, o mandamento de redespertardes em
vós o senso da beleza, que já desde o início se encontra em vós e que
soterrastes criminosamente! Ele vos será um auxílio inestimável para a
libertação do espírito e para a própria ascensão! Não o menosprezeis! Há nele
mais valor do que supondes! Segui-o e em breve reconhecereis, na vivência, o
quanto ele favorece a cada um nos degraus de sua existência! Até lá, procurai
obedecer-me, para que participeis do proveito, tão indispensável para vós!
Do contrário, não podereis tornar-vos os vencedores, exemplos aqui para
esta Terra, com todo o vosso modo de ser. Viver terrenamente de modo
exemplar é o que tendes de fazer incondicionalmente por primeiro, se
143
quiserdes cumprir a missão que recebestes e que tomastes a vosso cargo, de
livre vontade, ao pedirdes a Cruz!
Viver terrenamente de modo exemplar, porém, significa ser natural! Assim
como a Criação vos mostra, para que nela vos enquadreis e não permaneçais
qual caricatura, como é hoje. O senso de beleza, que tem sua origem na mais
pura intuição, vos foi presenteado, a fim de vos servir de norma, para levardes
uma vida, aqui na Terra, de acordo com a vontade de Deus. Essa intuição traz
em si a recordação de alturas luminosas, onde a beleza é coisa evidente! Pois
Luz e beleza não se deixam separar, absolutamente. São uma só coisa! Se
quiserdes, pois, trazer Luz para esta Terra, tereis de trazer beleza. Beleza em
tudo o que fizerdes!
O que, porém, até agora considerastes como belo, foi constituído, na maior
parte, de produtos do raciocínio, engendrados e formados por seres humanos
que só se baseavam em vossas fraquezas, querendo estimulá-las, a fim de
assim auferir vantagens terrenas. Ganhar dinheiro ou simpatia. Tudo se
baseava em cálculos. De verdadeira beleza aí nenhum vestígio! Unicamente
excitação dos sentidos, de qualquer maneira.
Cada excitação, porém, é um estímulo desejado pelo raciocínio, que jamais
pode elevar! É meio de engodo para um propósito qualquer. Mesmo que seja,
apenas, para a compra de um tecido ou de uma vestimenta.
Já vos habituastes a adaptar-vos a opiniões alheias, a aceitá-las, tornando-
vos, por isso, vítimas de cálculos de outros, que cada vez mais vos confundem
e degradam, pois com isso, voluntariamente, desististes de uma parcela de
liberdade e, com a liberdade, do próprio direito ao senso de beleza. Pensais
ainda possuir a liberdade de decisão na escolha da compra. Aí, no entanto,
estais limitados a um bem determinado número de artigos daquela espécie que
outros criaram como “moda”, também somente para um bem determinado
espaço de tempo!
Assim desististes de direitos que vos deveriam proporcionar muitos apoios,
deixastes cair, em vossas peregrinações, aquele bordão que vos deveria dar
um forte arrimo e proteção contra tudo o que é inverídico, que deveria deixar-
vos reconhecer imediatamente as caricaturas, que de modo atraente vos são
apresentadas e que, no entanto, nada têm que ver com a verdadeira beleza.
E um passo condiciona os outros. O segundo logo vos desviou da
naturalidade em vossos movimentos! Estes tornaram-se bruscos e artificiais,
perdendo dessa forma, cada vez mais, em beleza e em força.
Procurais adaptar-vos aos trajes, ao invés de formardes a vestimenta
condizente convosco. Vede vosso porte! Reparai no vosso andar, nos
movimentos das mãos! Também aí já domina o raciocínio, pois tudo é artificial,
unilateral. Manifesta-se nitidamente sempre a atenção dirigida para um único
ponto! Nisso revelam-se imediatamente a atividade e o domínio do raciocínio!
Este sempre só é capaz de dirigir sua atenção a uma parte do corpo. Um
ponto, por isso, destaca-se também, especialmente nítido, em cada atividade
do raciocínio terreno, conforme a parte visada pelo raciocínio. Assim também
com os movimentos do corpo. O unilateral, porém, perturba a harmonia do
todo! E, por conseguinte, a beleza!
Deixai a intuição chegar novamente ao seu pleno valor e então
reconhecereis como o corpo, em seus movimentos, forma um todo. Tudo
144
contribui então, simultaneamente, para que se execute esta ou aquela ação,
com o que, naturalmente, se estabelece a harmonia dos movimentos.
Semelhante a um jogo gracioso, o corpo inteiro executa tudo o que a intuição
quer. É muito mais livre, natural e desembaraçado. Lembrai-vos sempre: o
raciocínio compele sempre em direção a um determinado ponto, destruindo
assim, imediatamente, o equilíbrio e a harmonia. Não passa de um
adestramento, que o ser humano se impõe a si mesmo, nunca uma atividade
altiva e livre.
Deixai, portanto, que novamente e em primeiro lugar desperte em vós a
intuição para a beleza da naturalidade! Isto seja Lei para vós a partir de hoje!
Pois isso é um grande auxílio para a conservação do caminho reto na Criação,
que nunca falha e que jamais vos induz a dúvidas. No entanto, quanto já
pecastes aí! Como tolos, mostraram-se os seres humanos com sua conduta,
diante daquele que ainda conservou em si o senso sadio para a beleza, ou que
de novo o tenha reconquistado!
Horrorizados, ainda vos lembrareis, dentro de poucos anos, de como foi
hoje e de como tem sido nos séculos passados.
Quão míseros pareceis, vistos da Luz, à qual, no entanto, deveríeis
permanecer estreitamente ligados! Não imaginais quanto, justamente nisso, o
vosso falhar vos desvalorizou perante toda a criatura. E somente o ser
humano, como único entre as criaturas, foi quem pisoteou o grande apoio,
ridicularizando-se a si próprio. Justamente ele, que deveria tornar-se uma
coroa da Criação posterior e que, de acordo com seus dons, também poderia
sê-lo!
Chegou a hora, agora, de largar os erros!
Sede firmes como um rochedo ao embate das ondas do mar! Nada tendes
a temer, se seguirdes a lei da beleza! E cada qual poderá segui-la facilmente,
se apenas se esforçar para escutar, finalmente, o seu íntimo.
Por isso deveis também trajar-vos sempre de acordo. Não vos deixeis guiar
pela moda, que sempre procura imprimir um determinado cunho de
uniformidade a todos os seres humanos, especialmente às mulheres, que nisso
são mais suscetíveis! Nas cores, como no talhe!
Isto já está errado! Onde se encontra aí a vivacidade, que deve haver na
Criação! Deixai, finalmente, prevalecer vosso gosto pessoal! Deixai-o dominar,
cada um por si! Assim, em breve tereis destruído todo o esquemático existente
em vosso redor, pois a individualidade, ressurgindo em vós, traz consigo a
força e a lei da Criação!
Os seres humanos também não devem aparentar externamente apenas
figuras vazias, não devem trajar-se de modo tão uniforme, mas sim também
nisso devem dar expressão e vida à sua própria personalidade, de plena
conformidade com sua índole! Também de acordo com a estatura e a forma!
Justamente quanto a isso deve extinguir-se a imitação. Ela acarreta
estagnação, retrocesso e, finalmente, indolência paralisadora de vosso espírito!
Não é, pois, de admirar, que muitos verdadeiros artistas tiveram de se asfixiar
nisso. —
Vossas formas e vossa índole são uma só coisa, pois as formas externas
se constituem de acordo com a vossa índole, têm de ser a expressão de vossa
índole! Por esse motivo, deixai predominar agora unicamente o vosso gosto
145
pessoal e não a moda! Assim vossa aparência externa também se adaptará,
tanto na cor como no feitio dos trajes, à espécie do vosso espírito, com o que
finalmente constituireis, cada um por si, um todo, vivificando vosso ambiente.
É necessário também que cada um se aperfeiçoe na expressão da
linguagem e no próprio falar.
Para um ser humano, que é a mais elevada criatura desta Criação
posterior, da qual também é a coroa, não há desculpas, se ele não se controla,
agindo negligentemente, de qualquer modo, não envidando todos os esforços,
a fim de desenvolver tudo à máxima beleza, tudo o que outrora lhe foi dado,
como um bem a ele confiado!
O mais pobre dentre todos os pobres tem a obrigação e também a
possibilidade de dominar-se no modo de se apresentar, na maneira de se
expressar e no seu linguajar! Isso apenas lhe custa uma vontade sincera e um
pouco de esforço, nada mais!
É desprezo às dádivas de Deus, quando uma pessoa se apresenta rude e
inculta, ofendendo assim todo e qualquer senso de beleza. Tal pessoa,
reciprocamente, deverá no futuro ser também desprezada e expulsa da
sociedade humana, por não se mostrar como ser humano, como coroa desta
Criação.
O desenvolvimento da beleza em todas as coisas, até a mais insignificante,
representa uma homenagem a Deus e uma oração de gratidão expressa pela
ação!
Cumpri este mandamento. Vereis que, com isso, tudo mudará para melhor
na vida individual, na família e no povo!
Reside nisso muito mais do que hoje imaginais e dá garantia para a paz,
harmonia e felicidade!
Deveis enobrecer-vos e não modificar-vos pela imitação. Aquilo que se
encontra em vós, deverá atingir a mais bela florescência! Do contrário, não
permanecereis vós próprios. Em cada ser humano, porém, reside um outro
grande valor, que agora deverá exprimir-se externamente também na cor e no
feitio, conforme se dá com as flores.
Quem se sujeita à moda, já demonstra com isso a indolência de seu
espírito, aceitando a vontade alheia, unicamente para não ter de perscrutar o
seu íntimo, a fim de saber, dali, o que a ele convém.
E atrás de tudo isso, que faz parte das modas e de costumes similares,
outra coisa não espreita senão a avidez pela riqueza, da parte daqueles que se
aproveitam da vaidade e da indolência espiritual dos seus semelhantes, no
intuito de aumentarem ainda a acumulação de bens terrenos.
Esforçai-vos por refletir seriamente sobre isso! Cada qual deve tornar-se
um artista em seu próprio gosto, que só diz respeito a sua pessoa! Não aos
outros. Com isso dais o início para redespertar o verdadeiro senso de beleza,
para que ele ressuscite, tornando-se para vós um forte auxílio nas
peregrinações através dos reinos desta Criação. Necessitareis desse auxílio
em cada plano, a fim de a ele vos adaptardes e assim evoluir. Nenhum plano é
igual a outro. E, no entanto, cada qual é belo por si! —
Tal como acontece nos planos da Criação, em grande escala, assim
também deve suceder com cada ser humano, individualmente! Nenhum se
146
assemelha inteiramente a outrem! Por que desejais ocultar esse fato
externamente pela imitação? Tornai-vos, pois, assim como vós próprios sois,
porém integralmente! E procurai sempre enobrecer aquilo que existe. Para
isso, somente o senso de beleza poderá ser o vosso apoio! Seu valor é muito
maior do que supondes! Ele vos torna independentes e livres! A igual espécie
se associará, então, automaticamente. Também nisso o senso de beleza
mostra e facilita o caminho, se seguirdes o seu chamado! Que, também aqui, a
mulher caminhe novamente na frente! —
Ainda um segundo conselho quero dar-vos para o futuro próximo: sempre
que vos perguntarem sobre o valor ou desvalor de quaisquer movimentos ou
associações, nunca entreis na questão, ainda que reconheçais desvalores! Vós
próprios tendes a Palavra viva! Não devem ser feitas comparações entre ela e
quaisquer outros movimentos, porque nem pode haver comparação. A Palavra
da Mensagem é! Quem não for capaz de acolhê-la, assim como ela emana de
mim, deve deixá-la, pois não é destinada para tal pessoa! Não sois vós que
tendes de pedir à humanidade para que a ouça, mas sim a própria humanidade
terá de pedir, sinceramente e de agradecer, para que lhe seja mais uma vez
concedido recebê-la. Assim o exige a lei!
Sede rigorosos e severos! Toda e qualquer condescendência
desnecessária equivale a uma conspurcação da Palavra Sagrada! Sede altivos
e verdadeiros em tudo o que disserdes. Não tendes necessidade de atacar
outros movimentos e seus dirigentes! Quem assim procede, procura salientar-
se, difamando a outrem; procura por esse meio atrair a atenção para si, porque
nada tem que oferecer! Quem, porém, possui a Verdade, segue tranqüilamente
seu caminho! Não molesta, absolutamente, outros.
Os seres humanos afluíram, desde todos os tempos, aos instigadores, mais
fácil e rapidamente. Não são sinceros, porém, nem bastante puros para a
luminosa Verdade. São da mesma espécie daqueles que se comprazem com
as instigações! Não fazem parte de uma estirpe radicada na convicção. Quem
muito fala sobre outrem, esse não tem muito que dizer! Lembrai-vos disso e agi
rigorosamente de acordo.
Ide e vivei como testemunhas da Palavra! A humanidade quer medir em
vós o valor da Palavra! Lembrai-vos disso em tudo que disserdes e fizerdes! Ai
de vós, se os seres humanos terrenos tiverem de duvidar de vós, por vos
mostrardes diferentes daquilo que a Palavra da Verdade encerra!
A própria humanidade, então, vos julgará! Pelos atos dessa humanidade
reconhecer-vos-eis a vós próprios!
Modelos é o que a humanidade quer ver em vós! Sereis rigorosamente
observados! Lembrai-vos destas minhas palavras! Até mesmo aqueles que não
estão aptos a reconhecer a Mensagem, inclusive os seus inimigos, observar-
vos-ão no intuito de descobrir erros em vós! E ai de vós, se ainda descobrirem
erros! Aquilo que a humanidade inteira compreensivamente perdoa a qualquer
um de bom grado, a vós não perdoará, se encontrar um erro sequer!
Inconscientemente os seres humanos, em sua expectativa, farão
exigências totalmente imprevistas aos portadores da Cruz! Com desconhecida
implacabilidade atirar-se-ão sobre vós, se não puderdes corresponder
inteiramente a essas expectativas!
147
Isso vos surpreenderá. Nisso, porém, se encontra o efeito de uma lei, da
qual não podeis escapar.
Por esse modo surpreendente, porém, tereis de reconhecer que também
os inimigos e os zombadores, sem o saberem, têm um respeito ilimitado pela
Cruz e seus portadores! Terão de confessá-lo, desse modo, sem o quererem. É
apenas natural, em face de tudo o que é da Luz.
Nisso ainda amadurecereis nos pontos onde for necessário. A tanto vos
obrigarão os seres humanos! Inteiramente inconscientes, esperam de vós algo
especial! Onde isso se espera, procura-se também um determinado valor, pois
jamais se espera algo sem que se reconheça um valor! Aquilo que o ser
humano não considera como pleno, ele não ataca, nem dá atenção.
A humanidade inteira, porém, pressente o elevado valor que vos foi
concedido pelo vosso saber! E é isto que os induz a observar-vos
rigorosamente, amigos e inimigos! Nenhum se dispensará de vos observar,
quando for chegado o tempo. E ele já está começando, já iniciou sua
automática atuação. — —
Pelo vosso modo de ser, tendes de confessar agora, pessoalmente,
perante os seres humanos, qual a vossa posição em relação à Luz, se legítima
ou falsa. E os seres humanos são impelidos a aproximar-se de vós, bem de
perto, a fim de que sejais obrigados a confessar-vos. Assim é da vontade da
Luz! Sois obrigados, e não podeis ocultar-vos.
Mostrai-o, portanto, de ânimo alegre, e a vitória vos florescerá em todos os
caminhos! Esta é a luta pela qual tereis de passar, a qual, no entanto, apenas
vos retemperará e fortalecerá, em vez de vos fatigar. Ela vos trará alegria, em
vez de dor.
Não precisareis fazer outra coisa senão ser. Contudo, ser modelos, tanto
na atuação como na vida para a Luz! Deixai agora surgir a Páscoa para a
humanidade aqui na Terra! Deixai, finalmente, reconhecível através de vós a
aurora que vem despontando!
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36. No limite da matéria grosseira
Milhões de seres humanos terrenos se denominam buscadores, mas não o
são! Entre a busca humilde e a pesquisa arrogante e vaidosa existe uma
grande diferença! E esses seres humanos não são buscadores, mas querem
ser apenas pesquisadores sondadores; para a humildade, porém, que é
necessária para um procurar sério, nenhum ser humano, atualmente, está
suficientemente desenvolvido.
Mesmo assim eles se denominam buscadores da Verdade e até presumem
já serem sábios nesse pesquisar. No melhor dos casos, lá, onde querem
mostrar modéstia aos seus semelhantes, fazem questão no mínimo de um
saber parcial, mas impreterivelmente um saber acima do dos demais
pesquisadores.
Poder-se-ia classificar tal presunção, simplesmente, como ridícula e
grotesca, se tantas vezes não tivesse perigos em si, fato que sempre ocorreu.
Terrenalmente perigoso para os contemporâneos, espiritualmente perigoso
para os próprios presunçosos. E, no entanto, não pode ser de forma diferente,
enquanto o raciocínio for considerado como o que há de mais elevado. Pois
pesquisar, sondar, é apenas trabalho do raciocínio. O que pode, porém, esse
raciocínio, que provém de cérebros de matéria grosseira e por isso também
sujeitos às leis primordiais da Criação de matéria grosseira, pesquisar do que é
espiritual, do qual em espécie nada tem de análogo. Nesse único fato,
inteiramente natural, já tem de malograr tudo!
Por esse motivo, todos os seres humanos terrenos que se chamam
buscadores da verdade e de Deus mostram, já pela sua maneira de atuar, a
completa incapacidade para qualquer querer procurar no espiritual. Já o
emprego da palavra “procurar” mostra o iludir-se a si próprio. No verdadeiro
procurar pode resultar apenas um encontrar, ou melhor dito, pode ser
considerado nisso apenas um receber. Receber da sabedoria de Deus, a qual
Ele colocou na Criação. Um “encontrar” da Lei que formou a Criação e que
também a mantém em movimento e, com isso, a deixa subsistir e a fomenta,
impulsionando-a para um desenvolvimento contínuo.
A um tal “encontrar a Lei”, porém, o ser humano não consegue chegar com
a sua vontade de pesquisar! Ele deve atolar-se nisso; pois, em todo caso, já o
começo da matéria fina o detém. Já no limite da parte fina da matéria grosseira
o ser humano não pode prosseguir com sua vontade de pesquisar.
A matéria fina é e permanecerá para o raciocínio humano uma espécie
estranha, com a qual não pode estabelecer ligação. Sem ligação, porém, nunca
pode haver uma compreensão, nem mesmo um enxergar ou um escutar,
menos ainda um pesquisar, examinar ou classificar nos conceitos de matéria
grosseira que ao raciocínio não podem faltar, como prova de que se encontra
sob as leis de matéria grosseira, às quais permanece firmemente ligado.
Assim, cada “buscador” de até então, ou “pesquisador espiritual”, permaneceu
sempre estreitamente ligado à matéria grosseira e nunca pôde ir além de seus
limites mais finos, mesmo com reais feitos de valor. A lei primordial da Criação
o retém ferreamente. Não há para ele qualquer possibilidade de prosseguir.
Por essa razão tinham também de malograr freqüentemente, de modo tão
calamitoso, muitas das chamadas comissões examinadoras, que se dignavam
149
a “examinar” propriedades mediúnicas e os seus resultados, ou se sentiam
incumbidas disso, no que se refere à sua legitimidade, a fim de pronunciar um
julgamento, segundo o qual a humanidade devesse se orientar.
Calamitoso malogro esteve sempre ao lado desses examinadores, embora
quisessem deixar parecer o contrário, acreditando também eles mesmos,
certamente, no seu julgamento. A conseqüência das inflexíveis leis da Criação,
porém, prova o contrário e fala contra eles. Qualquer outra argumentação é
contra a imutabilidade das leis divinas, portanto obra humana falsa e errônea, à
qual a baixa vaidade e a presunção da mais estreita limitação servem como
motivo propulsor.
Pelo mesmo motivo também os tribunais terrenos enfrentam hostilmente
todos os acontecimentos de matéria fina, porque simplesmente não estão em
condições de se familiarizar com coisas que se encontram tão extremamente
distantes da sua compreensão.
Isto, porém, é erro deles próprios, como conseqüência de seu
estreitamento, que criaram para si devido à indolência de seu espírito, o qual
deixam calmamente dormir, enquanto consideram o raciocínio terreno, que se
origina da matéria grosseira, como seu espírito, prezando-o como tal. Não são
sempre, absolutamente, erros daqueles a quem eles intimam. Não obstante,
jamais hesitaram em julgar as coisas que não compreendem, de modo
contrário às leis divinas! Mais ainda, devido a essa incompreensão, muitas
vezes procuraram atribuir a reais fenômenos de matéria fina, bem como
espirituais, o propósito de consciente mistificação, sim, de fraude até! É a
mesma maneira de agir, como aquela praticada outrora pelas igrejas e juízes
profanos, nos processos contra a bruxaria; nada diferente. Não é menos
repugnante e mesquinho, e infringe do mesmo modo todas as leis primordiais
da Criação, como naquela época.
Exceções, onde embusteiros de verdade procuram explorar uma coisa em
benefício próprio, encontram-se em todas as espécies de atividade desses
seres humanos terrenos, sem que por isso se deva tratar toda a classe, de
antemão, sempre com desconfiança. Em cada ofício, bem como em cada
ciência, em todos os ramos das diversas profissões. Mas esses, por fim, são
também reconhecíveis sempre sem dificuldades, visto que a má intenção não
pode se esconder permanentemente.
Por isso deverá parecer tanto mais evidente ao observador sereno a
esquisita hostilidade dos tribunais terrenos, bem como de todos os seres
humanos de raciocínio!
Observando mais de perto, facilmente então se descobre que somente a
pressão de uma total incapacidade em relação a essas coisas é o ponto de
saída, o motivo propulsor para esse incondicional antagonismo e a vontade de
oprimir.
Hoje, realmente, nenhuma pessoa faz uma idéia da grandeza, da pureza e
com isso da extraordinária simplicidade e verdadeiramente fácil
compreensibilidade das leis básicas da Criação, pelas quais as leis terrenas e
as igrejas têm de se orientar, se quiserem ser certas, justas e com isso também
do agrado de Deus! Diferentemente não podem e nem devem, sem causar
danos para si próprias e para seus semelhantes.
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Para todas as criaturas, pois, nada diferente existe na Criação, do que
essas inabaláveis leis de Deus, das quais elas se originaram e às quais
também têm de se enquadrar, se não quiserem ser nocivas na Criação.
Também o ser humano, como criatura, tem de finalmente dar-se ao trabalho de
se orientar de acordo, se não quiser destruir-se devido a sua leviandade, a sua
arrogância e à sutileza do raciocínio tão estreitamente ligada a isso. Pois o
raciocínio desempenha na grande Criação somente um pequeno papel,
servindo exclusivamente para o movimento na mais grosseira materialidade.
Aquilo que se encontra além desses limites, ele jamais conseguirá
compreender, e por essa razão também jamais poderá atuar naquilo, menos
ainda julgar a respeito.
Todo o saber que a humanidade terrena dispõe hoje, e do qual se mostra
orgulhosa, move-se somente no reino da matéria grosseira, não indo além! Isso
mostra quão exíguo é semelhante saber, pois a matéria grosseira é a mais
baixa de todas as esferas da Criação, a mais densa e a mais pesada, e com
isso a mais limitada nos conceitos desta Criação posterior!
Também os vossos pensamentos são de espécie grosso-material apenas,
como produtos do cérebro! Pertencem à parte fina da matéria grosseira, na
qual também se incluem, portanto, todas as formas de pensamentos, que
freqüentemente podem ser vistas pelos médiuns. Estes, entretanto, julgam que
seja no reino da matéria fina ou mesmo no espiritual. Já me referi,
anteriormente, numa dissertação, sobre as formas de pensamentos, falei
também dos centros que se originam delas, mas não das regiões ou das
espécies a que pertencem. Os pensamentos, bem como as formas de
pensamentos, são ainda de espécie grosso-material, mesmo que pertençam à
parte fina da matéria grosseira. Não são de matéria fina. A matéria fina nada
tem a ver com a parte fina da matéria grosseira.
É uma espécie totalmente diferente e não pode misturar-se, pelo contrário,
tem de ficar sempre uma ao lado da outra, uma vez que uma espécie diferente
também se encontra sujeita a diferentes formas de leis. As leis de Deus são,
sim, uniformes em cada espécie da Criação, perpassam a Criação inteira, mas
estas leis se apresentam, apesar da própria uniformidade, em cada espécie da
Criação, numa forma diferente, correspondente a essa respectiva espécie. Por
isso, uma pessoa também nunca conseguirá examinar ou julgar algo
pertencente à matéria fina com instrumentos de matéria grosseira, dos quais
fazem parte o cérebro com o raciocínio, tampouco coisas que ocorrem no
espiritual, enquanto faltar a ligação para isso, que somente é alcançável
através de irradiações.
Mas o caminho das irradiações para fora da matéria grosseira está vedado
a todos aqueles que se comprometeram incondicionalmente ao domínio do
raciocínio, que se encontra firmemente ligado à matéria grosseira e aos seus
conceitos. A esses notórios escravos do raciocínio não é possível,
absolutamente, emitir irradiações para outras regiões, uma vez que eles
próprios fecharam para si os limites e deixaram atrofiar dentro de si todo o
necessário para tais emissões.
Os seres humanos só se arrastam ainda pelo chão, enquanto que a sua
força propulsora para as alturas já desde muito os abandonou, porque não a
utilizaram, não a aproveitaram mais, desde que o raciocínio, que os prendeu à
Terra, passou a ser considerado por eles como o mais elevado. Com isso
151
tínheis de incorrer na lei da adaptação, que atua automaticamente na matéria.
Passa-se convosco como com os animais, aos quais primeiro se atrofiam
lentamente as suas asas, desaparecendo depois por completo, se nunca forem
utilizadas, ou como nos peixes, cujas vesículas natatórias para subir e parar na
superfície se perdem com o tempo, quando estes se detêm permanentemente
no fundo, por causa das correntezas demasiadamente fortes da água.
Naturalmente isso não se efetiva depressa, de hoje para amanhã, mas
somente no decorrer de séculos e até de milênios. Mas efetiva-se. E no espírito
humano isso já se efetivou!
Tudo quanto não utilizardes zelosamente de maneira certa, tem de se
atrofiar e se perder para vós com o tempo. A adaptação auto-atuante é mera
conseqüência da lei da Criação do movimento! É apenas um de seus múltiplos
efeitos. Tudo quanto não se move de maneira certa, naturalmente também o
que não se mantém permanentemente no movimento necessário, tem de se
atrofiar e por fim perder totalmente também qualquer forma de matéria
grosseira, pois cada forma se molda somente segundo a espécie do
movimento.
Não objeteis, acaso, que isso se contrapõe ao saber da frase de que o
espírito molda o corpo. Nisso está apenas a confirmação, mostra a
inamovibilidade dessa lei, pois cada vontade de um espírito é movimento, que
prosseguindo gera outros movimentos!
Ide e procurai na natureza. Observai a própria Criação. Encontrareis peixes
que não podem nadar, porque tiveram dificuldade para se manter nas
correntezas fortes das águas, tendo por isso preferido permanecer no fundo.
Atrofiou-se-lhes a vesícula natatória, perdendo-se também com o tempo
totalmente. Tendes também aves que não podem voar. Pensai nos pingüins,
nos avestruzes e ainda em muitas outras. Desenvolve-se e conserva-se
sempre apenas aquela parte, aquela capacidade, que também for utilizada,
que, portanto, atua na lei do movimento necessário.
Vós, porém, despendestes milênios para agarrar-vos literalmente com
todas as forças ao mais baixo e limitadíssimo reino da matéria grosseira,
porque o considerastes como sendo tudo para vós; enterraste-vos nele e agora
não podeis mais olhar para cima! Para tanto perdestes a capacidade,
desacostumaste-vos dela devido à indolência de vosso espírito, que não quer
mais se movimentar em sentido ascendente, e hoje em muitos já não pode
mais se movimentar!
Por isso, agora se torna também difícil para vós compreender a Palavra
proveniente das alturas máximas, e para muitos será completamente
impossível. Quem quiser medi-la exclusivamente com o raciocínio jamais
reconhecerá o verdadeiro valor, pois terá então que arrastar para baixo a
Palavra de Deus, para a compreensão de matéria grosseira, de nível inferior.
Ele, que ainda pode pensar somente de modo restrito, diminuirá também a
Palavra segundo sua própria compreensão, portanto, não a reconhecerá e
facilmente a colocará de lado, por não distinguir aquilo que realmente contém,
não poder distinguir!
Contudo, nessa sua mesquinhez gostará de falar sobre ela e de criticá-la,
talvez até quererá aviltá-la, pois tais pessoas fazem exatamente tudo aquilo
que testemunha a estreiteza de seu querer saber, que fala nitidamente da
152
incapacidade de um profundo pesquisar. Podeis presenciar a mesma coisa,
diariamente, por toda a parte, como pessoas realmente estúpidas se julgam
especialmente inteligentes e procuram falar sobre tantas coisas, a respeito do
que uma pessoa sensata se cala. A estupidez é sempre importuna.
Observai, pois, todos aqueles que gostam de falar ostensivamente de
acontecimentos de matéria fina ou até de acontecimentos espirituais. Logo
percebereis que nada sabem realmente sobre isso. Principalmente aqueles que
muitas vezes falam sobre o carma! Deixai tais pessoas dar-vos uma explicação
sobre o carma. Ficareis atônitos ante a desordenada confusão que aí ouvireis.
E quem não fala a respeito, mas pergunta com humildade, primeiramente
olhai-o mais de perto, antes de responderdes. A maioria dos que fazem
perguntas a esse respeito quer somente descobrir no carma uma desculpa
para si e para as suas fraquezas. Estão sequiosos por isso, a fim de, na crença
em seu carma, conservar calmamente suas fraquezas e às vezes até
impertinências, com a autodesculpa de que a causa é seu carma, se lhes
resultar algo desagradável disso. Com expressão hipócrita suspiram
prazerosamente: “É meu carma, que tenho de resgatar!” Mesmo se com um
pouco de consideração para com o próximo e um pouco de auto-educação
pudessem modificar e evitar muita coisa, continuam com o suspirar, com o que
se tornam tiranos do ambiente, destruindo a harmonia!
Não pensam e nem querem pensar que justamente assim acarretam um
carma que os faz retroceder séculos!
Tagarelice, nada mais do que tagarelice é tudo isso, oriunda da falta de
verdadeira boa vontade e da vaidade! É uma pena por todo o minuto que uma
criatura humana sacrifica com tais indolentes de espírito. Não vos importeis
com eles e tomai a sério uma coisa: quem realmente sabe algo, jamais
tagarelará!
Ele não utiliza seu saber para conversa, nem o oferecerá para isso! Apenas
dará resposta a uma pergunta séria e mesmo assim de modo hesitante, até
ficar ciente de que se trata de vontade realmente sincera que impele o
indagador a isso.
A conversa das criaturas humanas a esse respeito é, na maior parte,
apenas som vazio, pois a compreensão de todos os seres humanos terrenos
não pode ultrapassar os limites da matéria grosseira, devido aos erros que
cometeram na Criação e que os mantêm embaixo devido à indolência de seus
espíritos, espíritos que confundiram com o raciocínio terreno, criando assim
para si próprios a limitação inferior.
Deixai, doravante, ó criaturas humanas terrenas da época atual, de formar
e proferir juízo sobre coisas que não podeis compreender! Demasiado pesada
é a culpa, que com isso atirais sobre vós. Não menos pesada do que aquela
que outrora os seres humanos lançaram sobre si, quando por bronca cegueira
jogaram muitos milhares ao sofrimento e à miséria, tirando de muitos também a
vida terrena com a morte pelo fogo, após dias cheios de martírios. Perante a lei
do Senhor é o mesmo se hoje acusardes tais pessoas de fraude ou apenas de
grosseira mistificação!
Esforçai-vos, finalmente, em cumprir vossos deveres para com vosso Deus
e em reconhecer as leis de Deus, antes de quererdes julgar! Não tendes direito
algum de esperar por perdão. Vós mesmos perdestes o direito a isso, devido a
153
vossa própria lei de que o desconhecimento não pode proteger ninguém do
castigo! Olho por olho, dente por dente, assim sucederá agora com aquelas
criaturas humanas que não querem de modo diferente e não ouvem a lei do
Senhor! Seres humanos, considerai, vós vos encontrais no Juízo!
154
37. O ser humano terreno diante de seu Deus
Criaturas humanas, como vos mostrastes até agora perante o vosso Deus!
Procurastes hipocritamente enganá-Lo, assim como também quisestes
enganar a vós próprios com a falsa religiosidade que sempre se apresentava
apenas nos vossos lábios, mas na qual o espírito nunca tomava parte. Vós
instituístes regras e práticas em vossos templos, em vossas igrejas, sem
indagar, entretanto, se essa maneira era de agrado a Deus. Bastava que
apenas fosse de vosso agrado, então com isso estava realizado, para vós, o
culto a Deus!
Não vedes, pois, quanta presunção existia em tudo isso. Vós quisestes
determinar o modo. Quanto a isso, nunca perguntastes pela vontade de Deus.
O que vós designastes grandioso devia, como tal, ser também considerado por
Deus. Quisestes impor a Deus vossas concepções como sendo de direito em
todas as coisas, não importando com o que vos ocupastes.
Tudo quanto vós considerásseis certo devia Deus recompensar como
sendo correto, e tudo quanto vós considerásseis errado devia Ele castigar.
Jamais quisestes pesquisar deveras o que Deus reconhecia como certo e o
que, perante Seus olhos, seria errado. Não vos preocupastes com as leis
divinas, nem com a sagrada e inflexível vontade de Deus, que existe desde
toda a eternidade e que nunca mudou, nem mudará jamais!
Nessa vontade de Deus tereis de destroçar-vos e juntamente convosco
toda a falsa obra humana, que criou leis que deviam servir vossos desejos
terrenos. E vós mesmos, seres humanos, vos encontrais diante de Deus como
servos intrigantes, preguiçosos, jamais tendo dado atenção à Sua vontade, no
egoísmo, na presunção e no ridículo querer saber tudo.
Servos fostes e sois ainda, servos que se tinham na conta de senhores e
que por orgulho e preguiça espiritual procuraram combater e derrubar tudo
quanto não podiam compreender, quando não estivesse em concordância com
a obtenção das baixas finalidades terrenas, as quais queriam que fossem
consideradas como o mais elevado.
Desditosos, vós que pudestes pecar tanto! Tudo devia servir somente a
vós, até as leis! Somente o que vos serviu, não importa de que forma, somente
o que vos ajudou na satisfação de vossos desejos terrenos, só isso
reconhecestes como certo, e somente de tais coisas quisestes saber.
Quando, porém, é exigido de vós que vós próprios sirvais com zelo e
fidelidade a vosso Senhor, a quem deveis a existência, ficais completamente
espantados, pois estais convencidos de que Ele, sim, é que deve servir-vos
com Sua força, Sua grandiosidade e Seu grande amor!
Dado o alto conceito que tendes de vós, isso nem podia ser de outra forma!
Pensastes, pois, que seria suficiente com relação ao culto a Deus, se
reconhecêsseis Deus e em pensamento lhe pedísseis auxílio para a satisfação
de todos os desejos que trazeis em vós. Que Ele, portanto, usando de palavras
bem claras, vos sirva com a onipotência que lhe é própria, tornando bela vossa
vida! Outra coisa não vos acode à mente.
Pedir, no melhor dos casos, foi vosso culto a Deus!
Ponderai com todo o rigor; jamais foi diferente.
155
Não sentis vergonha e ira ao mesmo tempo, acerca de vós mesmos, se vos
examinardes a esse respeito?
A maioria dos seres humanos pensa que a existência terrena não tem outro
objetivo, a não ser aquisições terrenas! Quando muito, também, a finalidade de
ter uma família e filhos! Quem não pensa assim, pelo menos age assim! Mas
que pode adiantar sob tais hipóteses uma reprodução, conforme denominais,
quando na realidade não significa reprodução nenhuma, mas apenas dá a
possibilidade de encarnação a outros espíritos humanos, para que estes
progressivamente se aperfeiçoem e se desfaçam de antigos erros. Com vossa
atuação, porém, aumentais o lastro de vossas culpas, pois assim impedis a
ascensão de todos os espíritos que educais como vossos filhos para a mesma
finalidade oca!
De que vale a construção dum reino terrestre, se não visa à glória de Deus,
se não age segundo o sentido de Deus, que ainda ignorais por completo e
tampouco até agora quisestes aprender a conhecer, visto colocardes vossa
opinião acima de tudo o mais. Apenas quereis satisfazer-vos, e esperais ainda
que Deus abençoe vossa obra malfeita! Mas servir e cumprir vossas
obrigações para com Deus não tendes a mínima vontade de fazer.
Destroçar-se-á a atividade presunçosa da humanidade, que em sua ilusão
ousa envolver o nome de Deus em tudo quanto é falso, conspurcando assim o
que há de mais sagrado!
Sereis derrubados do trono de vossa sutileza intelectiva, para que ao
menos alguns poucos dentre vós ainda obtenham a capacidade de, com
sincera humildade, receber a verdadeira sabedoria que promana das alturas
divinas, a qual unicamente pode vos tornar criaturas humanas, pois
espontaneamente nunca amadureceríeis para tanto.
Conspurcais o que não vos agrada e logo tomais pedras na mão para
eliminar as coisas incômodas que vos querem impedir de continuar a
homenageardes a vós mesmos.
Preferis aclamar os séqüitos luciferianos que lisonjeiam vossa vaidade e
atiçam vossa presunção, para em seguida, mais seguramente, vos separar da
Luz e conservar-vos na indolência espiritual, que conduzirá ao sono da morte
de vossa própria existência!
Digo-vos, porém, que agora sereis despertados da embriaguez, do torpor
abafadiço que já vos envolve ferreamente. Tereis de despertar mesmo contra a
vossa vontade, nem que seja para identificar no último momento, com o mais
tremendo desespero, o que abandonastes voluntariamente com a vossa
pecadora mornidão, antes de serdes atirados no pântano que vos pareceu
desejável!
Purificados serão agora a Terra e todo o Universo! Nada mais restará da
sujeira, para que assim em paz e alegria as criaturas possam servir a seu
Senhor, ao Deus Todo-Poderoso, que em Seu amor lhes concedeu outrora o
usufruto consciente de todas as bênçãos da Criação.
Quem quiser novamente trazer turvação, desdenhando as leis de Deus na
Criação ou mesmo agindo contra elas, será inexoravelmente anulado, pois com
tal procedimento só traz para vós inveja, ódio, sofrimento, doença e a morte!
Toda essa aflição somente poderá ficar longe de vós, se procurardes
realmente conhecer e observar a Palavra do Altíssimo! Para isso tem ela de ser
156
primeiro compreendida, em seu verdadeiro sentido! Até agora, porém, só a
tendes interpretado como agradava a vós próprios! E não como vos foi
outorgada por Deus, para vosso auxílio e salvação das aflições mais sérias!
Nem sequer recuais amedrontados do fato de estardes tornando a própria
Palavra Sagrada em escrava de vossa vaidade, para, mediante a deformação
do seu verdadeiro sentido, apenas vos servir, em vez de vós a servirdes para
vossa própria salvação, naquele sentido com que ela vos foi dada!
Que fizestes da Palavra de Deus em vossas explicações e já ao escrevê-la!
Só o fato de reunir-vos para debater sobre a mesma, vós, seres humanos
terrenos, e a discutirdes, isso já testemunha as bases incertas e obscuras
daquilo que ousastes apresentar como sendo a pura e sublime Palavra de
Deus! A Palavra do Senhor é intocável, simples, clara e encontra-se gravada
ferreamente na Criação.
Ali onde não é embaçada nem alterada, não há sofisticações nem debates!
É compreensível a todas as criaturas.
Entretanto, em vossa presunção ridícula, considerastes coisa à-toa a
grandeza dessa simplicidade! Trabalhastes na obscuridade da oficina do vosso
cérebro penosamente, até que pudestes deformá-la tanto e conformá-la
conforme o vosso gosto, de modo a corresponder aos vossos ínfimos desejos
terrenos, às vossas fraquezas e ao alto conceito que tendes de vós e de vossa
importância.
Criastes com isso uma conformação que deveria servir-vos, que satisfez
vossa vaidade.
Pois nada mais é senão a mais rasteira vaidade essa espécie de
humildade que aparentais, quando falais de vossos grandes pecados, para cuja
remição um Deus se ofereceu em holocausto. Por vós, um Deus! Quão
valorosos vós vos deveis julgar! E não precisais fazer mais nada a não ser
condescendentemente pedir remição, atendendo às muitas solicitações!
Pensando nisso, mesmo o mais pretensioso, em sua humildade hipócrita,
deve sentir-se um tanto pesado.
Esta é, porém, apenas uma coisa entre tantas outras. Deformastes tudo
quanto devia ser explícito em vossa contingência de criatura consciente
perante o grande Criador!
Sob a presunção da humanidade terrena nada disso permaneceu puro e
sublime. Eis por que até o verdadeiro conceito em relação a Deus se desviou,
tornando-se falso.
Pretensiosos, esperando uma boa recompensa, ou mendigando de modo
desprezível, só assim estivestes diante de vosso Senhor, quando por acaso
uma vez ou outra dedicastes o tempo e o esforço para pensar realmente Nele,
forçados por alguma vicissitude, determinada pelo efeito de retorno de vossas
ações!
Mas agora, finalmente, tendes de despertar e tomar a Verdade tal como é
realmente e não conforme vós pensais que seja! Com isso desmorona tudo
quanto é falso, e as lacunas do hipócrita querer-saber-melhor se tornarão
visíveis. Nada mais se pode ocultar nas trevas, pois por vontade de Deus
doravante far-se-á Luz, para que as trevas caiam e desapareçam!
157
Luz haverá então sobre a Terra e por toda a imensa matéria!
Fulgurantemente se irradiará por todas as partes, desintegrando e cremando
todo o mal e todo o querer malévolo! O que está errado mostrar-se-á, onde
quer que procure se ocultar, tem de ruir ante a radiação da Luz de Deus, que
então iluminará toda a Criação! Tudo o que não estiver e não quiser viver de
acordo com as maravilhosas leis de Deus afundará no círculo do
aniquilamento, de onde jamais poderá se soerguer! —
A sacrossanta vontade de Deus, exclusivamente, reinará ainda sobre esta
Terra!
158
38. O reconhecimento de Deus
Embora já tenha declarado que um ser humano nunca poderá realmente ver
Deus, porque a sua espécie não possui absolutamente a capacidade para isso,
mesmo assim ele traz em si o dom para reconhecer Deus em suas obras.
Isso não se dá, porém, da noite para o dia, nem lhe é dado durante o sono,
pelo contrário, custa sério esforço, grande e forte vontade, sendo
imprescindível também a pureza.
A vós, criaturas humanas, é dada a insaciável saudade pelo
reconhecimento de Deus; está incutida em vós para que não possais encontrar
sossego algum nas vossas peregrinações através da Criação posterior, que
vos são permitidas realizar com a finalidade de vosso desenvolvimento, a fim
de que, tornando-vos conscientes, aprendais, cheios de gratidão, a usufruir as
bênçãos que os Universos encerram e vos oferecem.
Se encontrásseis sossego em vós durante essas peregrinações, esse
sossego vos traria então como conseqüência a paralisação, que encerra para
vosso espírito enfraquecimento, decadência e por fim também inevitável
desintegração, uma vez que assim não obedece à lei primordial do movimento
necessário. Contudo, a engrenagem das leis automáticas na Criação é para o
espírito humano como uma correia em movimento que o transporta sem
interrupção, na qual, no entanto, cada um que não souber se manter em
equilíbrio, poderá escorregar, tropeçar e cair.
Manter o equilíbrio é neste caso o mesmo que não perturbar a harmonia da
Criação, observando as leis primordiais da Criação. Aquele que tropeça e cai,
aquele que não sabe manter-se aí de pé, será arrastado, pois por sua causa a
engrenagem não parará um segundo sequer. O arrastamento, porém, fere. E
para poder tornar a levantar-se, esforços aumentados serão então necessários,
e maiores ainda para a recuperação do respectivo equilíbrio. Com o constante
movimento do ambiente, isso não é tão fácil. Se não conseguir, o ser humano
será lançado para fora da rota, para o meio das rodas da engrenagem e aí
triturado.
Por isso sede gratas, ó criaturas humanas, que a saudade do
reconhecimento de Deus não vos dê sossego em vossas peregrinações. Dessa
forma escapais, sem o saberdes, de múltiplos perigos na engrenagem
universal. Não compreendestes, porém, a saudade que existe dentro de vós,
também a torcestes, fazendo dela apenas uma inquietação inferior!
Procurais então atordoar ou contentar a inquietação novamente com
qualquer coisa, de modo errado. E como para tanto só empregais o raciocínio,
naturalmente também lançais mão de desejos terrenos, esperais satisfazer
esse anseio no acúmulo de riquezas terrenas, na correria do trabalho ou em
divertimentos dispersivos, na comodidade enfraquecedora e, quando muito,
talvez numa espécie pura de amor terreno por uma mulher.
Contudo, nada disso vos traz proveito, nem vos auxilia. Poderá, talvez,
atordoar por curto tempo a saudade que convertestes em inquietação; não
consegue, porém, apagá-la para sempre, mas somente reprimi-la aqui e acolá.
Essa saudade não reconhecida por vós impele a alma humana sempre de novo
e empurra a criatura humana terrena, se por fim não procurar compreender o
159
sentido dessa saudade, através de muitas vidas terrenas, sem que com isso
amadureça, a fim de, como é desejado, poder ascender às regiões leves, mais
luminosas e mais belas desta Criação posterior.
O erro é do próprio ser humano, que dá pouquíssima ou nenhuma atenção
a todos os auxílios que lhe são presenteados, na ilusão do seu próprio querer e
poder, por causa dos emaranhados do raciocínio que ele amarrou em torno de
suas asas espirituais.
Agora, finalmente, está no fim de suas forças! Exausto pelas pressões
sofridas de forças por ele ainda não reconhecidas, a cujos auxílios
obstinadamente se fechou pelo pueril querer saber melhor e também querer
poder melhor de seu teimoso comportamento, que se evidencia como
conseqüência do cérebro violentamente atrofiado por ele mesmo.
E, todavia, cada ser humano teria tido tanta facilidade, se tivesse apenas
deixado amadurecer dentro de si, simples e modestamente, todos os dons que
o Criador lhe outorgou para a sua peregrinação através de todos os planos da
Criação posterior, peregrinação essa que o espírito humano necessita
imperiosamente e de modo tão imprescindível para o seu próprio
desenvolvimento. Com isso teria se tornado grande, muito maior e muito mais
sábio do que jamais sonhou ser. Mas sem humildade e modéstia tais dons não
podem desabrochar em capacitações!
A vossa sabedoria, da qual tanto vos glorificais, é um brinquedo pueril!
Uma partícula de pó em comparação com aquilo que poderíeis saber e, antes
de tudo, realizar, aquilo que também já hoje deveríeis realizar! Que sabeis vós,
seres humanos terrenos, da maravilhosa Criação que se vos apresenta por
toda a parte em sua respectiva espécie e beleza; antes de tudo, porém, de
modo intangível em suas leis! Apáticos vos encontrais diante de toda essa
grandeza. Procurai, finalmente, ó criaturas humanas, o reconhecimento de
vosso Deus na Criação, da qual sois a parte mínima daquela espécie que,
devido à graça de seu Criador, pode se desenvolver à autoconsciência, como
realização do anseio que ela traz em si!
Não procureis satisfazer nisso apenas as vossas vaidades, conforme até
agora tendes feito como escravos do vosso raciocínio! Com isso estais no fim!
Estais próximos do desmoronamento do vosso pequeno querer poder. E da
verdadeira capacidade vós vos encontrais muito distantes.
Quão pequenos e desajeitados fostes, mostrar-vos-ão as próprias
conseqüências de vossa atuação, que, como pesadas ondas, seguindo as leis
de Deus na Criação, retornam aos causadores, elevando-os para o alto ou
sepultando-os debaixo de si com todas as suas obras. O que foi certo ou
errado evidenciar-se-á aí infalivelmente. Fato que nos últimos tempos já
podíeis ter visto suficientemente claro, se apenas tivésseis desejado ver, o
malogro de todos os esforços por toda a parte para desviar a decadência já em
andamento; isso vos devia ter advertido ainda a tempo de retornar! E, pela
reflexão, proceder finalmente a um exame de consciência em vós mesmos.
As criaturas humanas, porém, não ouvem e nem vêem; o desespero
impele-as ainda mais loucamente para a crença no auxílio através da
capacidade humana.
Eu, porém, vos digo: quem não estiver atuando dentro das leis de Deus,
agora não receberá mais nenhum auxílio proveniente da Luz! Daqui por diante,
160
o conhecimento das leis de Deus na Criação é exigência! E sem o auxílio
proveniente da Luz, hoje é totalmente impossível a construção verdadeira!
A crença de uma pessoa em sua própria missão e a crença daqueles que a
seguem de nada adiantarão a uma criatura humana terrena. Tudo ruirá junto
com ela, exatamente naquele lugar onde os efeitos das leis de Deus na
Criação nela tocarem.
E cada criatura humana está sendo colocada agora diante desses efeitos,
segundo a sagrada lei de Deus! É nisso que reside o Juízo temido por todos os
fiéis!
Os fiéis! Vós todos que vos tendes na conta de fiéis a Deus, examinai se a
vossa fé, que trazeis em vós, é realmente a certa! Não me refiro com isso de
que forma acreditais, se como católico ou protestante, como budista ou
maometano, ou de qualquer outra forma, eu me refiro a vossa maneira de crer,
até que ponto ela é viva!
Pois Deus é Deus! E como vós vos aproximais Dele em vosso íntimo, isso
unicamente é determinante para a força e a legitimidade de vossa fé!
Assim, pois, examinai-vos cuidadosamente. Eu quero mostrar-vos como
podeis encontrar o caminho, a fim de obter uma indicação a esse respeito.
Vinde comigo, em espírito, à África, a qualquer tribo de negros. Familiarizai-
vos com a capacidade de compreensão de tais seres humanos. Esforçai-vos
em ver nitidamente diante de vós sua vida interior e seus pensamentos.
Essas criaturas humanas acreditavam em demônios e em tudo quanto era
possível; tinham ídolos toscamente entalhados em madeira, quando então
vieram os missionários cristãos. Estes falaram e ensinaram a respeito daquele
grande e invisível Deus de sua religião.
Imaginai isso e perguntai a vós próprios com quais intuições esses seres
humanos primitivos orariam, depois do seu batismo, ao Deus cristão, novo para
eles! Não muito diferente do que oravam antes aos seus ídolos entalhados em
madeira! A maioria deles coloca, simplesmente, o novo Deus no lugar do ídolo
de até então. Essa é toda a diferença. Suas intuições não se alteraram aí,
atendo-se sim, nos casos mais favoráveis, meramente à doutrina. O vivenciar
autêntico, porém, falta. Nem pode ser de outra forma nessas criaturas
humanas ignorantes.
A aceitação da doutrina em si não as torna sabedoras, pois essa aceitação
da fé se apóia, pois, apenas num querer saber alheio oferecido. A proveitosa
vivência interior falta aí e, com isso, o verdadeiro apoio! É sempre assim e em
toda parte. Os missionários e os convertedores atiram-se sobre os seres
humanos e querem convertê-los ao cristianismo sem nenhuma transição.
Também no ensino das crianças ocorre hoje a mesma coisa, e, contudo, as
crianças, interiormente, não são diferentes dos pagãos, pois o batismo não as
tornou mais sabedoras.
Se o ser humano, porém, não seguir ordenadamente os degraus que lhe
são indicados na Criação, que a própria Criação lhe oferece nas leis
primordiais automáticas, visto que ela se compôs desses degraus, nunca
poderá atingir o verdadeiro reconhecimento de Deus! E mesmo boas doutrinas
de nada lhe servirão aí, pelo contrário, apenas complicarão seus caminhos.
161
Disso padece todo o trabalho missionário de até agora. Nem pode
absolutamente chegar a um resultado que traga realmente vida em si, por não
seguir os caminhos de acordo com as leis da Criação. A lei da evolução nesta
Criação não admite saltos, se é que se quer chegar a um verdadeiro
amadurecimento. E o ser humano jamais conseguirá se elevar acima desta
Criação, à qual pertence e com a qual se acha intimamente ligado por
inúmeros fios, e da qual deverá agora se tornar o mais precioso dos frutos.
Se ele, entretanto, quiser realmente tornar-se o fruto, que esta Criação é
capaz de produzir com a força pura do Senhor, então nenhuma interrupção
deverá haver em seu curso de amadurecimento! Exatamente como se dá na
atuação enteal com relação à fruta de uma árvore. Onde ocorrer uma
interrupção ou uma interferência qualquer no processo evolutivo de maturação,
seja por uma geada prematura, por um vendaval demasiadamente forte ou pela
nociva arbitrariedade de uma pessoa, lá o fruto jamais poderá chegar à plena
maturação e, com isso, nem à sua verdadeira conclusão.
Não se dá de modo diferente com o ser humano terreno, que é um fruto da
atuação espiritual.
Nada deve faltar em seu curso evolutivo, nem um único degrau, uma vez
que do contrário ficaria uma lacuna, um abismo, que não permitiria,
impossibilitando até, o prosseguimento de uma construção viva e, com isso, o
prosseguimento de uma ascensão rumo às alturas. Onde faltar apenas um
degrau, ou for imperfeito, tem de sobrevir um desmoronamento, uma queda. O
ser humano pode aí virar e revirar-se como quiser, ele tem de sujeitar-se a
isso; e a manhosa sutileza do raciocínio é a que menos pode contribuir para
construir uma ponte de emergência, que lhe ajude a prosseguir.
Pelo cultivo excessivo e unilateral de seu raciocínio terreno, o próprio ser
humano procedeu a uma intervenção prejudicial, que agora com forte pressão
e como que com tenazes de aço o algema somente à matéria grosseira, da
qual se origina o raciocínio.
Desse modo surgiu a lacuna, que não pode ser transposta por uma crença
ensinada a respeito do elevado espiritual e divinal!
E assim o fruto humano da Criação posterior tem de se atrofiar no caminho
de seu amadurecimento, por culpa própria.
Por isso ainda hoje acontece a muitas pessoas perderem totalmente a fé
aprendida na infância, após saírem da escola e ingressarem na vida, mesmo
lutando em prol disso corajosamente, para mais cedo ou mais tarde terem de
reconstruir totalmente desde a base, quando se trata de sérios buscadores da
Verdade.
O entusiasmo e o arrebatamento das massas não têm valor algum para o
indivíduo. Jamais lhe dão o solo firme que necessita para a escalada, nem
consegue encontrar com isso o indispensável apoio em si próprio. Aquele
apoio, o qual unicamente lhe permite ficar firme para sempre.
Assim, atualmente também não está certo o ensino de religião que se dá
aos adolescentes. Por isso falta por toda a parte aquela fé, que conduz ao
verdadeiro reconhecimento de Deus, o qual, unicamente, outorga real
felicidade e também paz!
Atualmente esse ensino é errado e sem vida. O apoio, que alguns julgam
ter, é ilusão. É apenas uma fé aparente, na qual todos se agarram. O sossego
162
e a segurança são artificiais, nos quais procuram se embalar, muitas vezes
apenas para exteriormente não entrar em choques, às vezes para usufruir
vantagens terrenas ou para ser de algum modo considerado. Jamais é legítimo,
não pode sê-lo, porque para tanto ainda faltam as bases de acordo com as leis
da Criação. E sem elas simplesmente não é possível.
Retrocedamos no tempo e consideremos as conversões de outrora em
terras germânicas. Quem raciocina e não se deixa levar com a indolente massa
mediana tem de reconhecer nisso tudo, igualmente, apenas a forma vazia e
inútil para tudo o que é interior, a qual, criada naquela época, não podia
proporcionar qualquer reconhecimento de Deus!
Em cada povo, em cada ser humano até, e também nas criaturas humanas
desta época atual, tem de existir, primeiro, a base para a recepção dos
elevados reconhecimentos de Deus, que se encontram na doutrina de Cristo.
Somente partindo de uma base amadurecida para isso, o espírito humano pode
e tem de ser conduzido então a todas as possibilidades de um reconhecimento
de Deus através da doutrina de Cristo.
Assim é, e assim permanecerá por toda a eternidade!
Se pudesse ser diferente, então Deus também já teria se permitido revelar
antes, junto aos povos terrenos. Não o fez!
Somente quando um povo no desenvolvimento houvesse chegado a tal
ponto, que conhecesse a atuação de tudo quanto é enteal, é que poderia tomar
conhecimento do espiritual, do puro espiritual, do divinal e, por último, também
de Deus!
Contudo, sempre somente de um modo que o conduzisse
compreensivamente a um entendimento mais elevado, por profetas para isso
convocados, que nisso nunca derrubaram o antigo. Eles edificaram!
Exatamente como o próprio Cristo Jesus também fez e freqüentemente
acentuou em suas palavras, o que até agora não quisestes compreender.
As igrejas cristãs, porém, querem derrubar, nas conversões, muito do
antigo, e declará-lo falso ou, pelo menos, excluí-lo com indiferença, ao invés de
cuidadosamente prosseguir edificando em cima disso, atentando para as
indispensáveis transições. Esperam e exigem que o espírito humano dê
imediatamente um pulo para essa elevadíssima doutrina de Cristo.
Portanto, não se respeita com isso as leis de Deus, muito embora
freqüentemente se deseje o bem.
Também os germanos outrora eram estreitamente ligados aos enteais.
Muitos deles eram capazes de vê-los e senti-los vivencialmente, de maneira
que dúvida alguma lhes podia restar a respeito de sua verdadeira existência,
tampouco de sua atuação. Viam e por isso sabiam.
Isso constituía para eles a mais pura convicção, sendo, portanto, sagrado.
E Bonifácio sacudiu com punhos brutais essas coisas sagradas de outrora!
Queria negar aos germanos a verdade desse saber e declará-lo falso. No lugar
disso queria impor-lhes as formas de sua doutrina cristã. Tal maneira ignorante
tinha de, já de antemão, causar dúvidas aos germanos sobre a veracidade
daquilo que ele lhes pregava, tinha de tirar-lhes toda a confiança nisso.
Devia ter-lhes confirmado a verdade de seus conhecimentos e, a seguir,
continuar a conduzi-los esclarecedoramente para reconhecimentos mais
163
elevados! Mas aí a ele próprio faltavam conhecimentos sobre a Criação. Mui
claramente mostrou essa ignorância sobre o tecer da Criação, quando
denominou Wotan e os outros enteais, considerados pelos germanos como
deuses atuantes, de crença falsa e como não existentes. Mesmo não sendo
deuses, existem, todavia, através da força de Deus e atuam na Criação.
Sem a atuação dos enteais, o espiritual nem poderia ancorar-se na
matéria, portanto não poderia fazer nada na matéria. O espiritual, de onde
procede o espírito humano, precisa, portanto, da cooperação do enteal na
matéria, para o seu próprio curso evolutivo!
Aí um fanatismo religioso jamais poderá substituir o saber.
O erro cometido por Bonifácio e todos os pretensos convertedores, porém,
ainda hoje é mantido vivo.
Fala-se e ensina-se sobre as lendas de deuses gregos. Não eram, porém,
lendas, mas sim verdadeiro saber, que falta aos seres humanos de hoje.
Infelizmente também as igrejas não conhecem os efeitos da sagrada vontade
de Deus na Criação, que permanece, pois, a pátria de todos os espíritos
humanos. Passam às cegas ao lado de todos os acontecimentos de até agora
e não conseguem por isso conduzir ninguém ao verdadeiro e vivo
reconhecimento de Deus. Não podem, mesmo com a melhor boa vontade.
Somente nas próprias leis da Criação, outorgadas por Deus, pode o
espírito humano chegar ao reconhecimento de Deus. E ele precisa
impreterivelmente desse reconhecimento para a sua ascensão! Só nisso obterá
aquele apoio, que lhe permite trilhar inabalavelmente o caminho prescrito e útil
a ele para o aperfeiçoamento! Não diferentemente!
Quem quiser saltar por cima da atuação dos enteais, dos quais os povos
antigos tinham exato conhecimento, nunca alcançará o autêntico
reconhecimento de Deus. Esse saber exato é um degrau inevitável para o
reconhecimento, porque o espírito humano tem de se esforçar de baixo para
cima. Jamais aprenderá a imaginar o puro espiritual e o divino, que se
encontram acima de sua capacidade de compreensão, se antes, como
fundamento para isso, não conhecer com exatidão os degraus inferiores da
Criação a ele pertencentes. Isso é inevitavelmente necessário, como preparo
para a possibilidade de reconhecimentos mais elevados.
Conforme já disse, o conhecimento de Deus foi sempre dado somente
àqueles povos que já se achavam cientes da atuação dos enteais, jamais de
outro modo. Pois antes nem é dada uma possibilidade de compreensão para
isso. Todo o gênero humano foi nisso conduzido cuidadosamente pela Luz.
Uma criatura humana, que com pureza se encontre ciente apenas no
enteal e nele vive, é de ser considerada mais elevada na Criação do que outra
que viva somente na crença cristã aprendida e zombe a respeito do enteal,
considerando-o como lenda ou conto de fada, que, portanto, é ignorante a esse
respeito e devido a isso nunca consegue verdadeiro apoio, ao passo que a
primeira ainda tem suas plenas possibilidades de ascensão no forte, límpido e
incorrupto anseio pela ascensão.
Pode, com boa vontade, dentro de poucos dias, penetrar de modo vivo nos
reconhecimentos espirituais e no vivenciar espiritual, porque não perdeu o solo
firme debaixo de si.
164
Por isso, futuramente, conduzi também em todos os trabalhos missionários,
e em todos os ensinamentos escolares, o saber sobre Deus com base no saber
das forças enteais, constituídas em formas, e das suas atuações, só então
poderá se desenvolver disso o reconhecimento mais elevado para o espiritual e
para o puro espiritual, finalmente também para o divino e para Deus.
O saber total da Criação é necessário para chegar por fim a uma noção da
grandeza de Deus e com isso, finalmente, também ao verdadeiro
reconhecimento de Deus! A atual fé cristã nada pode ter de viva em si, porque
lhe falta tudo isso! O necessário para isso é sempre omitido, e o abismo não
pode ser transposto de outra maneira, senão por aquilo que, nesta Criação
posterior, foi dado por Deus para esse fim.
Ninguém, no entanto, através de observação serena de todo o
desenvolvimento de até agora dos seres humanos aqui na Terra, aprendeu o
essencial: que todos os degraus que os seres humanos tiveram de vivenciar
nisso foram necessários, e por essa razão nem mesmo hoje podem ser
omitidos ou saltados! A Criação inteira vos dá, sim, um quadro nítido e todas as
bases para a realização disso!
Escutai, portanto, o que vos digo: a criança de hoje se encontra, até seu
amadurecimento, direta e estreitamente ligada somente com o enteal. Durante
esse tempo deve aprender a conhecer exatamente o enteal no vivenciar! Só
com o amadurecimento é que passa então para a ligação espiritual,
ascendendo de modo construtivo em seu desenvolvimento. Contudo, tem de
basear-se aí firme e conscientemente no enteal, como fundamento, não deve
acaso cortar essa ligação, conforme faz a humanidade hoje, ao não despertar
esse fato para a vida nas crianças, mas sim, pelo contrário, reprimir com toda a
força, numa presunção irresponsável. Para a ascensão, porém, ambos querem
e têm de estar sabiamente ligados.
O ser humano de hoje deve estar amadurecido como fruto da Criação de
tal maneira, que tenha reunido em si todo o resultado do desenvolvimento
humano de até agora!
Por isso, o que hoje é para cada um individualmente apenas a infância, foi
anteriormente em todo o desenvolvimento da Criação uma grande época da
humanidade como desenvolvimento global.
Atentai bem no que digo com isto!
O primeiro desenvolvimento, que abrange milhões de anos, comprime-se
agora, nas criaturas humanas do atual degrau de desenvolvimento da Criação,
nos anos da infância!
Quem não for capaz de acompanhar isso tem de atribuir a sua própria
culpa, ficará para trás e, por fim, terá que se desintegrar. O desenvolvimento da
Criação não se detém por causa da indolência dos seres humanos, mas
prossegue irresistivelmente segundo as leis nela inseridas, que trazem em si a
vontade de Deus.
Antigamente o degrau da Criação era de tal maneira, que as criaturas
humanas, interiormente, tinham de ficar durante muitas vidas terrenas como
hoje são as crianças. Estavam ligadas diretamente apenas com a atuação do
enteal, num desenvolvimento lento através de vivências, o que, unicamente,
leva ao saber e reconhecimento.
165
Já desde muito, porém, a Criação, evoluindo permanentemente, chegou a
tal ponto, que os primeiros degraus de desenvolvimento, de milhões de anos,
hoje se comprimem aqui na Terra, quanto aos frutos humanos, no período da
idade infantil. Deve e pode a época antiga da humanidade ser agora
interiormente percorrida nestes poucos anos terrenos, porque as experiências
das vidas anteriores estão latentes no espírito.
Têm, porém, de ser despertadas e chegarem assim à consciência, pois não
devem permanecer dormitando ou até ser afastadas, conforme hoje acontece.
Tudo tem de se tornar e permanecer vivo através de sábios educadores e
professores, para que a criança adquira base firme e apoio no enteal, do que
ela precisa para o reconhecimento de Deus no espiritual. Um degrau só se
desenvolve do outro, quando este estiver pronto, não antes, e o anterior
também não deve ser tirado, se a escada deva ser mantida, sem se quebrar.
Só com o amadurecimento corporal da criança estabelece-se a ligação
com o espiritual. O impulso para isso, porém, somente pode ocorrer de maneira
viva, quando ela, de modo ciente, concomitantemente se apóia no enteal. Aí
não adiantam lendas e contos de fadas, mas somente vivência, que já deverá
estar concluída por ocasião do início do amadurecimento. Tem também de
permanecer inteiramente viva, para deixar que o espiritual se torne vivo
conscientemente. Isso é condição inabalável da Criação, que todos vós devíeis
ter aprendido nas observações do passado!
Agora precisais disso, ou não podereis prosseguir e devereis perecer! Sem
um claro saber da atuação enteal, jamais haverá reconhecimento espiritual.
Sem um claro saber do espiritual e de sua atuação não pode surgir o
reconhecimento de Deus! Tudo quanto se encontrar fora dessa concordância
da lei é imaginação presunçosa e arrogância, mui freqüentemente também
uma mentira bem consciente!
Perguntai ao vosso semelhante algo a respeito das inquebrantáveis leis de
Deus na Criação. Se ele não vos puder dar uma resposta certa, então não
passará de um hipócrita que se engana a si próprio quando fala de
reconhecimento de Deus e de verdadeira fé em Deus!
Pois, segundo as imutáveis leis de Deus, ele não os pode ter, porque, de
outra forma, estes lhe permanecem inacessíveis!
Tudo na Criação prossegue sem interrupção, uniformemente, segundo a lei
inabalável! Somente vós, criaturas humanas, em vossa cegueira, em vossa
ridícula presunção de sabedoria, que carece de humilde observação, não a
acompanhais!
As crianças e os adultos dos tempos de hoje andam, no reconhecimento de
Deus, como que sobre pernas de pau! Eles lutam, sim, por isso, porém pairam
no ar, não têm ligação viva alguma com o solo, indispensavelmente necessário
para o apoio. Entre a sua vontade e a base necessária para a edificação há
madeira morta, sem capacidade de intuição, como se dá com as pernas de
pau!
A madeira morta das pernas de pau é a crença aprendida, para a qual falta
completamente mobilidade e vitalidade. O ser humano, sim, tem a vontade,
mas nenhuma base firme e nenhum apoio certo, que residem somente no
saber do desenvolvimento de até agora da Criação, à qual o espírito humano
pertence inseparavelmente para sempre! Razão por que ele está e também
166
ficará sempre estreitamente ligado a esta Criação, não podendo ir jamais além
dela!
Criaturas humanas, despertai! Recuperai o perdido. Uma vez mais aponto
o vosso caminho! Dai vida e movimento, finalmente, à vontade rígida que
tendes, e então encontrareis o grande reconhecimento de Deus que já devíeis
possuir desde muito, se não tivésseis ficado para trás no progresso do
desenvolvimento das grandes Criações!
Apressai-vos, a época da última transição chegou, onde deveis confirmar-
vos e mostrar se podeis seguir ainda mais para o alto, ou se, ficando para trás,
deveis perder-vos!
Atentai, nada deveis excluir do que toda a humanidade aqui na Terra já
teve de vivenciar, pois ela vivenciou sempre aquilo que lhe foi necessário. E se
nisso andou errada, segundo a própria vontade, sobreveio a destruição. Assim
também será agora! Não passeis mais uma vez broncos de lado, quando o
grande chamado vos chegar no sofrimento! É o último que vos atinge. Acordai
por isso, e mantenhais firme o equilíbrio, caso contrário sereis derrubados e
arrebatados! A Criação avança ininterruptamente para frente e sacode
doravante todos os frutos apodrecidos.
167
39. O enteal
Em minha Mensagem falei muitas vezes do enteal na Criação. Falei de sua
espécie e de sua atuação, bem como da significação para o espírito humano,
para o qual ele aplaina os caminhos na Criação, em prol de seu
desenvolvimento até o aperfeiçoamento.
Tudo isso já vos é conhecido.
Apesar disso, considero necessário falar agora ainda uma vez de modo
mais pormenorizado de tudo quanto é enteal, para que o ser humano tenha
ensejo de assimilar em si todo o quadro desse atuar. —
O “enteal” é uma expressão que eu próprio vos dei, porque expressa
melhor aquilo, e que é capaz de vos dar uma determinada forma para vossos
conceitos sobre o atuar, bem como sobre a espécie desse componente da
Criação, importante para todo o criar.
Denominemos o “enteal” também de “essencial” para a Criação, ou melhor
ainda, “aquilo que se evidencia visivelmente” na Criação; então talvez se torne
ainda mais compreensível para vós o que de fato quero dizer com a expressão
“enteal”.
Podemos ainda empregar outras definições do vosso vocabulário, para
formulá-lo ainda melhor. A isso pertence a expressão: o que “une”, ou
simplesmente: o que “liga” e o que, com isso, fica “ligado”.
Depois de todas essas expressões transitórias, posso por fim dizer
calmamente: o que “molda formas”, sem que aí penseis que o enteal criaria as
formas por sua própria vontade, pois isso seria errado, visto que o enteal
somente pode moldar formas, quando por trás dele estiver impulsionando a
vontade de Deus, a viva lei primordial da Criação.
Podemos chamar também o enteal de a força propulsora que executa e
mantém a moldagem das formas! Assim talvez vos seja mais fácil dar à vossa
capacidade raciocinadora o conceito aproximadamente certo.
Enteal, isto é, o que se evidencia visivelmente pela forma, e por isso
também transmissível em imagem, é tudo fora de Deus. O próprio Deus, tão-
só, é inenteal. Assim denominado para a diferenciação do conceito de enteal.
Por conseguinte, tudo quanto está fora de Deus inenteal é enteal e
formado!
Tomai isso, pois, como noção básica para a compreensão.
Do próprio inenteal, portanto, diretamente de Deus, originam-se apenas
ainda os dois filhos de Deus, nada mais, e esses dois filhos trazem em si
próprios o inenteal e são, assim, unos com Deus.
Portanto, enteal é tudo fora de Deus. E como fora de Deus só existe a
irradiação de Deus, por conseguinte o enteal é então a natural e inevitável
irradiação de Deus.
O enteal é, portanto, muito mais amplo e elevado do que pensastes. Está
fora de Deus, abrangendo tudo, porém divide-se em muitas gradações
segundo o grau de resfriamento e a distância de Deus a isso condicionada.
Conhecendo direito a Mensagem, sabereis que nela já falei a respeito do
divino-enteal, que se encontra na esfera divina e também do espírito-enteal
168
que, por sua vez, se divide em puro espírito-enteal e em espírito-enteal; a
seguir mencionei o degrau do simplesmente enteal, ao qual se ligam, em
escala descendente, a matéria fina e, por fim, a matéria grosseira com todas as
suas diversas transições.
Como, porém, tudo é enteal, afora o próprio Deus, denominei as diversas
espécies simplesmente de divinal, puro espiritual, espiritual e enteal, e mais
ainda a matéria fina e a matéria grosseira como diferentes gradações para
baixo.
Basicamente, de um modo geral existem, porém, somente duas: inenteal e
enteal. Inenteal é Deus, ao passo que Sua irradiação deve ser chamada enteal.
Algo diferente não existe, pois tudo quanto se encontra fora de Deus se origina
e se desenvolve exclusivamente da irradiação de Deus.
Muito embora isto já se evidencie bem claro da Mensagem, se a
considerais de maneira certa, ainda assim muitos ouvintes e leitores por
enquanto compreendem como enteal somente a região da Criação que se
encontra entre o espiritual e a matéria fina, a região donde provêm os seres
elementares como os elfos, as ondinas, os gnomos, salamandras; mais ainda,
as almas dos animais que nada contêm em si de espiritual.
Em si isso até agora não foi imaginado de modo errado, visto que essa
região entre o espiritual e a matéria fina é o simplesmente enteal, do qual já se
separaram o divino, o puro espiritual e o espiritual. É a mais pesada das
camadas ainda móveis por si mesmas, enquanto desta então se separa e
desce ainda a matéria em resfriamento progressivo, a qual em seu
resfriamento inicial permanece como matéria fina lenta, da qual então ainda se
separa a massa da matéria grosseira, imóvel por si mesma.
Mas também entre essas duas matérias, uma estranha à outra em suas
espécies, encontram-se ainda muitas gradações distintas. Assim, por exemplo,
a Terra não é a mais lenta delas. Existem ainda na matéria grosseira
gradações que são muito mais pesadas e muito mais densas e onde, por essa
razão, o conceito de espaço e de tempo se torna ainda muito mais restrito,
totalmente diferente do que aqui, com um movimento, a isso condicionado,
mais vagaroso ainda, e por essa razão com possibilidade de desenvolvimento
também mais lento.
Conforme as espécies de capacidade de movimento, formam-se nas
regiões os conceitos de espaço e tempo, pois na maior densidade e peso não
só os astros se movem mais vagarosamente, como também os corpos carnais
são mais pesados e mais compactos, e com isso também os cérebros são
menos ágeis, em suma, tudo é diverso devido à espécie e aos efeitos das
irradiações mútuas, também totalmente diferentes, as quais são o impulso para
o movimento e ao mesmo tempo, por sua vez transformadas, também suas
conseqüências.
Exatamente porque tudo na Criação se acha submetido a uma lei, têm que
se mostrar sempre diferentes nas diversas regiões as formas e os conceitos,
segundo a espécie de mobilidade, que por sua vez está ligada ao respectivo
resfriamento e à densidade daí decorrente.
Todavia, com isso novamente me desvio demais, pois hoje quero, antes de
tudo, ampliar um pouco mais o conceito sobre o enteal.
169
Volto a usar uma expressão figurada, a qual já dei anteriormente, e
resumidamente afirmo:
O inenteal é Deus. O enteal é o manto de Deus. Algo diferente não existe,
absolutamente. E esse manto de Deus tem de ser conservado limpo por
aqueles que o tecem ou que podem abrigar-se em suas dobras, aos quais
pertencem também os espíritos humanos.
Portanto, o enteal é tudo quanto se acha fora de Deus, e por essa razão a
entealidade atinge até a esfera divina, sim, essa própria esfera deve ser
denominada de enteal.
Por esse motivo devemos agora estabelecer uma diferenciação mais sutil,
a fim de não deixar surgir erros. O melhor será separarmos os conceitos entre
“o enteal” e “os enteais”!
“O enteal” abrange tudo fora de Deus, pois é o lado oposto do inenteal.
Mas o enteal encerra em si ainda o divinal, o puro espiritual, o espiritual com
todas as suas gradações específicas, sobre as quais até agora ainda não entrei
em pormenores, uma vez que hoje, para a compreensão, iria ainda longe
demais.É necessário que antes sejam fixadas as exatas bases fundamentais,
inabalavelmente, na consciência do espírito humano, partindo das quais,
somente pouco a pouco, com pequenos passos, podemos proceder às
ampliações, até que a compreensão, possível ao espírito humano, tenha se
tornado suficientemente ampla.
Quando no futuro, portanto, falarmos do enteal, entender-se-á então com
isso o enteal que tudo abrange fora de Deus. Quão grande é isso, somente
reconhecereis no decorrer de ulteriores dissertações, pois aí não existem
apenas as já conhecidas gradações descendentes, mas também diversas
variedades importantes, uma ao lado da outra, através de cuja atuação se
desenvolve a Criação.
Se falarmos, porém, dos enteais no plural, serão denominados com isso
aqueles enteais, sob os quais imaginastes até agora o enteal como tal.
Pertencem a estes, todos os entes que se ocupam com aquilo que as
criaturas humanas, de modo muito supérfluo, denominam de natureza, à qual,
portanto, pertencem mares, montanhas, rios, florestas, campinas e campos,
terra, pedras e plantas, ao passo que a alma do animal, por sua vez, é algo
diferente, mas também se origina dessa região do simplesmente enteal.
Tudo isso é mui acertadamente designado com a expressão “entes”. Elfos,
ondinas, gnomos, salamandras são, portanto, entes que em sua atividade se
ocupam exclusivamente com a matéria. Nisso encontramos também a
verdadeira possibilidade de classificação.
Mas existem ainda entes que atuam no espiritual, entes que atuam no puro
espiritual e entes que atuam até no divino.
Esse conhecimento deverá tirar todo o vosso apoio para o conceito de até
agora, porque supusestes que o espírito se encontra acima do enteal. Mas isso
procede apenas para uma espécie bem determinada de enteais, para aqueles
que só agem na matéria, como os já mencionados elfos, ondinas, gnomos,
salamandras, do mesmo modo com relação às almas dos animais. Mas não
para outras espécies.
170
Certamente não podeis imaginar que um ente que atua no puro espiritual e
até no divino deva estar abaixo de vós, espíritos humanos.
A fim de a este respeito conduzir a uma compreensão tenho de,
primeiramente, explicar de modo mais exato a diferença entre espírito e ente,
pois só assim conseguirei dar-vos uma chave para o conceito certo.
Entre as criaturas espírito e ente, em si, não existe na Criação nenhuma
diferença de valor. A diferença existe somente na espécie diversa e na
necessidade de atuação diferente, disso resultante! O espírito, que também
pertence ao grande enteal, pode andar por caminhos de sua própria escolha e
atuar correspondentemente na Criação. O ente, porém, encontra-se
diretamente na pressão da vontade de Deus, não tendo, portanto, possibilidade
alguma de decisão própria, ou, como se expressa o ser humano, não tem livre-
arbítrio próprio.
Os enteais são os construtores e administradores da casa de Deus, isto é,
da Criação. Os espíritos são os hóspedes dentro dela.
Atualmente, porém, todos os entes na Criação posterior se encontram mais
alto do que os espíritos humanos, porque os espíritos humanos não se
colocaram espontaneamente na vontade de Deus, para onde o
desenvolvimento normal automaticamente teria conduzido; pelo contrário,
deram à sua própria vontade uma outra direção, colocando-a por isso de modo
a perturbar a harmonia e a evolução construtiva, seguindo outros caminhos que
os desejados por Deus.
A espécie da atuação é, portanto, a única medida de valor de uma criatura
na Criação.
Sob esse trabalho perturbador dos espíritos humanos, com sua vontade
errada, sofreram muito os entes menores, que atuam na matéria. Mas agora
estes se servem diligentemente da fonte da força viva, que veio para a Terra
com a vontade de Deus, e toda a desgraça causada pelos espíritos humanos
se abate agora sobre esses autores.
Mas sobre isso também falarei mais tarde. Hoje o objetivo é formar o
conceito para a base de uma compreensão mais ampla.
Os arcanjos, no reino divino, são entes, uma vez que sob a maior pressão
da proximidade de Deus, vontade alguma seria possível, senão aquilo que
vibra puro e inalterado na vontade de Deus.
Somente numa distância imensa, que para vós é inconcebível, bem no
limite da esfera divina, lá onde está ancorado o Supremo Templo do Graal, no
divino, como pólo oposto, pode separar-se, pela primeira vez, uma
autoconsciência nos eternos ou, conforme às vezes também são designados,
nos anciãos, que ao mesmo tempo são os guardiões divinos do Santo Graal.
Somente a distância da proximidade de Deus deu a possibilidade para tal.
E somente em direção de lá para baixo puderam se desenvolver, em
distâncias cada vez maiores da proximidade de Deus, também as menores
autoconsciências, as quais, porém, com isso, infelizmente perderam também o
apoio efetivo e finalmente se distanciaram do vibrar da pura vontade de Deus.
Somente devido à distância, sempre crescente, pôde Lúcifer outrora se
modificar e, por vontade própria, cortar a ligação para si, com o que abriu
automaticamente abismos, que ficaram com o tempo intransponíveis, e ele,
171
escurecendo com isso e se tornando mais pesado, afundou cada vez mais.
Assim, pela condensação e pelo resfriamento, ele tornou-se espírito, possuindo
livre vontade, e encontrava-se finalmente com suas grandes capacitações, que
lhe foram outorgadas pela origem, como espírito mais forte nesta Criação.
Sua vontade errada trouxe então o infortúnio para todo o espiritual, que
inicialmente se sentiu atraído por ele, e depois, voluntariamente, sucumbiu aos
engodos. Voluntariamente, pois a decisão para a sua queda os próprios
espíritos humanos tiveram que tomar, segundo a lei da Criação. Sem decisão
própria para isso, ter-se-ia tornado impossível a eles poder afundar e agora ter
de cair.
Todavia, também nisso apenas se cumpriu, logicamente, a lei perfeita. —
Espíritos com vontade própria, portanto, não podem de maneira alguma
ficar na imediata proximidade de Deus. Isso está condicionado de
conformidade com a lei, devido à força onipotente da Luz viva! —
Onde, pois, existem arcanjos, devem existir também outros anjos. Isso já
está explícito na palavra. Existem muitíssimos no divino, bem como no puro
espiritual e, igualmente, na região espiritual; todos, porém, são entes.
Os entes, que são denominados anjos, vibram na vontade de Deus e são
os Seus mensageiros. Executam essa vontade e propagam-na.
Além dos anjos, contudo, existem ainda inúmeros entes que se articulam
como rodinhas de uma grande engrenagem e, embora aparentemente
autônomos, atuam infalivelmente na construção e na conservação da Criação
inteira, porque se acham firmemente ancorados na lei. E acima deles todos se
encontram guias especiais, providos de um poder inconcebível para as
criaturas humanas, e, por sua vez, acima destes, acham-se guias ainda mais
elevados e mais poderosos, sempre de espécie estranha à daquela anterior.
E assim por diante, até o divino. É como uma grande corrente, cujos elos
indestrutíveis, agindo alegremente, atravessam toda a Criação, como os versos
de um cântico de louvor ressoando em honra e louvor do seu Senhor.
Ponderai que aquilo que aqui vedes à vossa volta é apenas uma imagem
grosseira de tudo o que se encontra mais alto, moldando-se sempre de forma
mais esplêndida, mais nobre e mais luminosa, quanto mais perto da esfera
divina lhe for permitido estar. Mas em todas essas esferas os entes atuam
sempre exatamente segundo a vontade de Deus, que está nas leis!
Todos os entes se encontram a serviço de Deus, para o qual os espíritos
têm primeiro de se declarar voluntariamente, se quiserem atuar de maneira
benéfica na Criação. Seguindo o caminho que nela lhes é indicado com
exatidão, o qual facilmente podem reconhecer, bastando que o queiram, dessa
forma lhes está reservado um caminho de felicidade e de júbilo, pois então
vibrarão em comum com os entes, que os ajudam a aplainar os caminhos.
Para cada caminho errado, porém, os espíritos têm de se esforçar
mediante uma decisão bem especial. Com isso, porém, produzem apenas o
infortúnio, criando para si mesmos o sofrimento e, por fim, a queda e a
expulsão da Criação, para o funil da decomposição, como imprestáveis para o
desenvolvimento progressivo, desejado por Deus e condicionado de acordo
com a lei, de tudo quanto até agora se originou.
172
Somente o espiritual evoluiu para o lado errado, para a perturbação da
harmonia. Ser-lhe-á concedido, depois do Juízo, mais uma vez um prazo para
a modificação, por intermédio do Reino do Milênio desejado por Deus. Se até
aí não conseguir alcançar a sua absoluta firmeza para o bem, então o espiritual
terá de ser recolhido novamente até aquele limite, onde não poderá se
desenvolver para a autoconsciência, a fim de que finalmente reinem a paz e o
júbilo para as criaturas nos reinos de Deus!
Assim és tu, criatura humana, a única que age perturbadoramente na
desejada beleza desta Criação, quando ela agora deverá ser erguida, para o
necessário retorno à condição de um paraíso de matéria grosseira. Apressai-
vos, pois só através do saber ainda podereis soerguer-vos, criaturas humanas!
Aprendei naquilo que eu vos anuncio, construí disso vosso novo caminho, que
tem que vos levar em direção à Luz. A força recebê-la-eis, tão logo abrirdes
vossas almas para isso.
173
40. Quem agora não quiser conhecer a minha
Palavra por causa de outro, a esse não hei de
conhecer na hora de seu sofrimento!
Quem agora não quiser conhecer minha Palavra! Esta sentença não deve ser
nenhuma advertência, mas sim um golpe. Um golpe que se dirige severamente
contra toda a indolência e comodidade dos espíritos humanos, contra a sua
presunção e o seu querer saber melhor.
No entanto, tudo o que se encontra nesse não querer conhecer abrange
muita coisa. Com isso não é julgada somente a recusa, todo o querer saber
melhor, mas também a frouxidão, a indolência ou o receio, seja qual for o seu
motivo. E quem já tiver aceitado a Palavra e não procurar torná-la viva dentro
de si com toda a força, sonhando, passiva e relaxadamente, na ilusão da posse
segura de minha Palavra, assim como tantos fiéis devotos das igrejas fazem
disso um hábito pernicioso, a esse ela atingirá com a mesma impetuosidade,
sem atenuação.
E se está dito: “Por causa de outro!”, então também nisto se encontra mais,
muito mais, do que qualquer superficial, entre os leitores ou ouvintes, queira
concluir disso. Pois essas poucas palavras abrangem todas as fraquezas
humanas, que não são poucas.
Até a querida vaidade faz com que algum ser humano se negue, no
momento dado, a confessar-se a favor da Palavra. Receia com isso descobrir-
se ou provocar a zombaria do seu próximo. Ser-lhe-ia muito desagradável ter
de ver, a esse respeito, nos lábios dum outro, um sorriso que fosse.
Covardemente, então, desculpam-se a si próprios, intimamente, com a
tranqüilização de que a Palavra lhes é “sagrada demais”, para expô-la ao
escárnio.
Isso é um bom tranqüilizante para fracalhões, mas é errado em todos
aqueles casos em que é feita uma pergunta a esse respeito. Manejar
habilmente uma resposta ou esquivar-se a uma pergunta equivale à negação.
O forte dará sempre uma resposta séria, calma, porém categórica a esse
respeito, e tal resposta nunca será motivo de sorrisos, por encontrar-se nela o
auxílio da Luz, que reprime as intenções de zombaria.
Se depois disso tal questionador agressivo ainda não der sossego, poderá
então ser repelido de maneira curta e incisiva, sem que com isso se tenha de
negar ou reprimir timidamente a própria convicção.
As palavras “por causa de outro” não se referem unicamente a outra
pessoa, mas também a “outra coisa”! Portanto, também a qualquer coisa.
A Palavra Sagrada, portanto, não deve ser negada por consideração a
outra pessoa, seja por amor ou por medo; tampouco deve ser descuidada por
comodidade ou por causa do trabalho profissional e cotidiano, na ilusão de que
se tenha necessidade de descansar após o trabalho ou que a diversão seja
mais necessária do que um penoso estudo ou ainda que os cuidados pelo pão
cotidiano não permitem o abrir-se da alma, que é condição para a Palavra.
Tudo isso significa então “não querer conhecer a Palavra por causa de
outro”!
174
Agora é chegada a hora para a confissão franca e corajosa! Confissão em
resposta a perguntas diretas. A Palavra não deve, porventura, ser levada atrás
daqueles que não perguntam por ela! Essa determinação permanece, por fazer
parte da seleção dos seres humanos.
Pelo fato de que nunca deve ser feito aliciamento para a Palavra Sagrada;
de que não deve ser oferecida nem levada atrás, consegue-se que, através
disso, cada qual tem de mostrar se realmente nutre, dentro de si, saudade pela
Verdade.
Onde tal saudade existir no íntimo, realmente, e onde ela não for turvada
ou reprimida pela vaidade do raciocínio, de querer saber melhor, o auxílio
espiritual intervém tão fortemente, que ele, em todo o caso na hora certa para
ele, entrará em contato com a minha Palavra, sendo-lhe dada, com isso,
oportunidade para a decisão definitiva sobre seu próprio caminho.
Aqueles, porém, que não mais trazem em si tal saudade, já estão julgados!
Trata-se de uma atuação automática da lei, que agora avança
implacavelmente também sobre a Terra.
Por essa razão, sobrevém agora, para cada ser humano terreno, a hora de
seu sofrimento, em que muito necessitará da Palavra!
Eu e a Palavra somos um só! Quem, portanto, conhece a minha Palavra,
conhece também a mim. Não é necessário, aí, que me veja fisicamente, pois
recebeu, assim, ligações espirituais comigo, pouco importando se esteja
consciente disso ou não. O ser humano que acolheu a minha Palavra, acolheu
com isso também a mim, está ligado comigo.
Quem, porém, estiver ligado desse modo, não poderá ser arrancado pelas
trevas. As trevas não conseguirão arrastá-lo para as regiões da decomposição,
para onde elas próprias, agora, serão empurradas pela pressão da Luz!
Tal momento, decisivo para cada espírito humano, será para ele a hora de
seu sofrimento!
Se não viver firmemente dentro da Palavra, então o fio, que o mantém
seguro, não poderá amarrar-se; seu espírito permanecerá vagueando
livremente, se não se ligar aí ainda com as trevas, afundando juntamente com
elas nas regiões do pavor. Mesmo aqueles espíritos que noutras ocasiões
sempre gostam de prestar auxílio, têm de permanecer de lado, nesses casos,
sem nada poder fazer.
Mas se um espírito permanecer livre, não tendo se ancorado na Palavra,
então as trevas que afundam arrastá-lo-ão conjuntamente, porque a Luz não o
segura, e porque nenhum espírito poderá permanecer mais pairando e
vagueando de modo morno e indeciso. Ou para cima, em direção à Luz, ou
para baixo, nas trevas! O tempo de espera e da ponderação hesitante já
passou.
“A esse não hei de conhecer na hora de seu sofrimento!” constitui,
portanto, uma dura sentença na Criação inteira.
É uma lástima que até mesmo perante coisas sérias os seres humanos
passem como broncos, e em sua indolência espiritual somente reconheçam
tudo, quando são obrigados a reconhecer. Todavia, nessa indolência mortífera
encontram-se apenas os efeitos da livre vontade de toda a humanidade, até
agora empregada tão pecaminosamente. —
175
Todos os seres humanos encontram-se dentro da lei, como qualquer
criatura; são cingidos e perpassados pela lei, e dentro da lei e através da lei
também se originaram. Vivem nela e com a livre vontade tecem eles próprios
seu destino, seus caminhos.
Esses caminhos tecidos por eles próprios também os levam
acertadamente, nas encarnações aqui na Terra, àqueles pais de que
necessitam imprescindivelmente para a sua infância. Assim chegam, também,
àquelas condições que lhe são úteis, porque recebem assim exatamente aquilo
que, como fruto dos fios da própria vontade, amadureceu para eles.
Na vivência daí resultante continuam a amadurecer, pois se a vontade
anterior foi má, então também os frutos serão correspondentes, os quais eles
têm de chegar a conhecer. Esse acontecer, com as indesviáveis
conseqüências finais, é simultaneamente também a satisfação constante dos
desejos já tidos, que sempre dormitam escondidos em cada vontade, que
constituem, sim, o impulso para cada vontade. Tais frutos, porém, muitas vezes
só chegam numa vida terrena posterior, mas nunca deixam de vir.
Além disso, nessas conseqüências residem ainda, concomitantemente, os
resgates de tudo aquilo que o ser humano formou até aí, sejam coisas boas ou
más. Tão logo extraia disso ensinamentos para o reconhecimento de si
mesmo, terá também com isso a incondicional possibilidade de ascensão, a
qualquer momento, bem como de qualquer situação da vida, pois nada é tão
difícil, que não se possa modificar com sincera vontade para o bem.
Assim atua tudo em constante movimento, sem interrupção na Criação
toda, e continuamente também o espírito humano, como toda criatura, tece nos
fios da lei o seu destino, o modo de ser do seu caminho. Cada manifestação de
seu espírito, cada oscilação de sua alma, cada ação de seu corpo, cada
palavra ata para ele, inconsciente e de modo automático, sempre novos fios
aos já existentes, uns aos outros, uns com os outros, uns através dos outros.
Forma e forma, forma-se até com isso já de antemão o nome terreno que,
numa vindoura existência terrena, terá de usar, e que, inevitavelmente, usará,
já que os fios de sua própria tecedura, segura e imutavelmente, o conduzem
para lá!
Por isso cada nome terreno também está na lei. Nunca é casual, nunca
sem que o próprio portador tenha antes estabelecido a base para tanto, porque
cada alma, na encarnação, corre pelos fios da própria tecedura, como sobre
trilhos, irresistivelmente para lá, onde pertence com exatidão, segundo a lei
primordial da Criação.
Esticam-se com isso finalmente os fios, cada vez mais, na progressiva
densificação material, lá onde as irradiações da parte densa da matéria fina se
tocam estreitamente com as irradiações da parte fina da matéria grosseira,
dando-se as mãos para uma interligação firme, de espécie magnética, para o
período de uma nova existência terrena.
A respectiva existência terrena perdura então tanto, até que a intensidade
original dessas irradiações da alma se modifique através de resgates de toda a
sorte na vida terrena, com o que, simultaneamente, aquela força de atração
magnética se dirige mais para cima do que para baixo na matéria grosseira,
pelo que, por sua vez, resulta finalmente na separação da matéria fina da alma,
do corpo de matéria grosseira, de acordo com a lei, visto que uma verdadeira
176
mistura nunca ocorreu, mas tão-só uma ligação, que foi mantida de maneira
magnética através de uma bem determinada intensidade de grau de calor das
irradiações mútuas.
Contudo, assim também acontece que a alma de um corpo destruído por
violência, ou combalido por doença, ou enfraquecido pela velhice, tenha que se
separar no instante em que este, devido ao seu estado alterado, não possa
gerar mais aquela intensidade de irradiação, que produza tal força de atração
magnética necessária, a fim de cooperar na interligação firme da alma com o
corpo!
Disso resulta a morte terrena, ou o cair para trás, o afastamento do corpo
de matéria grosseira, do invólucro de matéria fina do espírito, portanto, a
separação. Um processo que ocorre segundo leis estabelecidas, entre duas
espécies que apenas podem ligar-se devido à irradiação produzida num bem
correspondente grau de calor, nunca, porém, fundir, e que se afastam uma da
outra, quando uma das duas espécies diferentes não pode mais cumprir as
condições a ela estipuladas.
Mesmo durante o sono do corpo material grosseiro ocorre um
afrouxamento daquela ligação firme da alma, porque o corpo durante o sono
emite outra irradiação, que não segura tão firmemente como aquela exigida
para uma firme ligação. Uma vez que ela ainda existe, ocorre somente um
afrouxamento, nenhuma separação. Esse afrouxamento é imediatamente
desfeito em cada despertar.
Quando, porém, uma pessoa se inclina, por exemplo, apenas para o que é
de matéria grosseira, como aqueles que tão orgulhosamente se designam de
realistas ou materialistas, concomitantemente ocorre então que as suas almas,
com essa tendência, produzam uma irradiação especialmente intensa inclinada
para a matéria grosseira. Esse processo tem como conseqüência uma mui
difícil morte terrena, uma vez que a alma procura agarrar-se unilateralmente ao
corpo de matéria grosseira, formando-se assim uma condição que se denomina
agonia. A espécie da irradiação é, portanto, decisiva para muitas coisas, sim,
para tudo na Criação. Nisso explicam-se todos os fenômenos.
Como então uma alma chega justamente ao corpo de matéria grosseira a
ela destinado, já esclareci em minha dissertação sobre o mistério do
nascimento. Os fios com os futuros pais foram atados mediante a igualdade de
suas espécies, que inicialmente atuaram apenas atraindo, mais e mais, até que
os fios se ligassem e se atassem ao corpo em formação, numa determinada
maturidade, obrigando então uma alma à encarnação.
E os pais também já trazem aquele nome que adquiriram segundo a
maneira com que teceram os fios para si. Por essa razão o mesmo nome
também tem de ser adequado à alma de mesma espécie que se aproxima e
que tem de se encarnar. Até mesmo os prenomes do novo ser humano terreno
são então dados, não obstante aparente reflexão, sempre somente numa forma
correspondente à igual espécie, uma vez que o pensar e o raciocinar sempre
se amoldam, exclusivamente, à determinada espécie. A espécie é sempre
exatamente reconhecível no pensar, e, por isso, também nas formas de
pensamento, não obstante suas variedades aos milhares, diferenciam-se de
maneira clara e nítida aquelas espécies a que pertencem. Sobre isso já falei
nas explicações a respeito das formas de pensamento.
177
A espécie é básica para tudo. Conseqüentemente, mesmo com o máximo
de reflexão sobre os nomes de um batizando, escolher-se-á sempre de tal
forma, que esses nomes correspondam à lei, que a espécie condiciona ou
merece, porque diferentemente o ser humano aí nem pode, visto se encontrar
nas leis que atuam sobre ele segundo a sua espécie.
Todavia isso tudo nunca exclui o livre-arbítrio, pois cada espécie do ser
humano é, na realidade, apenas um fruto da própria e real vontade que traz em
si.
Trata-se apenas de uma desculpa, bastante reprovável, quando ele
procura iludir-se de que não possui a liberdade de sua vontade, sob a pressão
das leis da Criação. Tudo o que ele tem de vivenciar em si, sob a pressão
dessa leis, são frutos da própria vontade, que precedeu a eles, tendo antes
colocado os fios, que então deixaram amadurecer os frutos
correspondentemente.
Assim, cada ser humano na Terra traz exatamente aquele nome que
adquiriu. Por isso ele não somente se chama assim como soa o nome, nem é
apenas chamado assim, mas ele é assim. O ser humano é aquilo que seu
nome diz!
Nisso não há acasos. De alguma maneira a prescrita conexão advém, pois
os fios permanecem indestrutíveis para as criaturas humanas, até que sejam
desfeitos pela vivência daqueles espíritos humanos aos quais correspondem e
nos quais pendem.
Esse é um saber que a humanidade ainda hoje não conhece e do qual, por
isso, mui provavelmente ainda zomba, conforme faz com tudo quanto não pode
compreender. Mas essa humanidade também desconhece as leis de Deus, que
já desde os primórdios da Criação estão nela esculpidas firmemente, às quais
ela mesma deve a sua própria existência, atuando a cada segundo sobre o ser
humano, constituindo-se-lhe em auxiliares bem como em juízes de tudo o que
faz e pensa, sem as quais ele não conseguiria sequer respirar! E tudo isso ele
desconhece!
Por isso não é de se admirar que ele não queira reconhecer muitas coisas
como conseqüências inalteráveis dessas leis, e procure, pelo contrário,
zombando, rir das mesmas. Mas exatamente aquilo que o ser humano
categoricamente devia e tinha de saber, nisso ele é totalmente inexperiente ou,
expresso sem retoques, mais estúpido que qualquer outra criatura nesta
Criação, que com ela vibra simplesmente com toda a sua vida. E devido a essa
estupidez, apenas ri de tudo o que não lhe é compreensível. A zombaria e o
riso são, pois, exatamente a prova e também a confissão de sua ignorância, de
que em breve se envergonhará, depois que desabar o desespero sobre ele, por
causa do seu desconhecimento.
Só o desespero poderá ainda conseguir quebrar as duras camadas que
agora cingem os seres humanos, mantendo-os de tal forma encurralados.
Por essa razão, não preciso dizer-vos com que sentimentos acolhi as
hostilidades que os seres humanos já lançaram contra mim. Podeis imaginar o
que vejo diante de mim, nas conseqüências da lei, quando tantos querem julgar
a minha Mensagem ou dela zombar, e quando vos consideram, vós que
procurais seguir-me, como andando por caminhos falsos. Cada um desses tem
178
de passar agora pela espada da vontade divina. Por cada palavra, por todo e
qualquer pensamento terá de responder, pois nada disso lhe será descontado!
Serão agora fustigados por aquela força, à qual nada podem opor, perante
à qual são impotentes, e que passa através desses fios e neles irrompe, fios
esses que eles próprios fiaram e teceram pelo seu querer e atuar!
179
41. Os pequenos enteais
Prossigo hoje com as minhas explanações sobre o enteal e sua atuação na
Criação. Necessário é que eu aí dê primeiro uma pequena perspectiva sobre o
ambiente mais próximo dos seres humanos terrenos, que é mais fácil para a
compreensão terrena, antes que, partindo de cima para baixo, eu deixe tornar
vivo diante de vossos olhos o grande quadro de todos os acontecimentos.
Por isso tomemos, inicialmente, aqueles enteais que se ocupam com a
matéria grosseira. Eles, em si, compõem-se de muitos setores específicos,
formados pela espécie de sua atividade. Existem, por exemplo, setores que
agem completamente independentes dos espíritos humanos e que, somente
guiados do alto, se ocupam com o permanente desenvolvimento de novos
corpos celestes. Favorecem sua manutenção, bem como seu curso, e também
sua desintegração, onde se tornar necessária na supermaturação, a fim de,
segundo as leis primordiais da Criação, poderem surgir em nova forma, e
assim por diante. Mas esses não são aqueles setores dos quais hoje nos
queremos ocupar.
São os pequenos para os quais nos queremos voltar. Já ouvistes falar
muitas vezes dos elfos, das ondinas, dos gnomos e das salamandras, que se
ocupam aqui com a matéria grosseira da Terra visível a vós, bem como da
mesma maneira em todos os outros corpos celestes de matéria grosseira. São
os mais densos de todos e por isso também mais fáceis de serem vistos por
vós.
Sabeis deles, porém ainda ignorais a sua real ocupação. Acreditais, pelo
menos, já saber com que eles se ocupam; falta-vos, porém, qualquer
conhecimento a propósito da maneira pela qual sua atuação ocorre, e como
esta se realiza sempre de acordo com as leis da Criação. Isso vós não sabeis.
Aliás, tudo isso a que já designais de saber, não é um reconhecimento real
e intocável, mas apenas um inseguro tatear, erguendo-se grande alarde,
quando aqui e acolá algo é encontrado, quando as tentativas de
descobrimento, em si desordenadas e tão ínfimas em relação à Criação,
deparam ocasionalmente com uma partícula de pó, cuja existência muitas
vezes se constitui numa surpresa.
Contudo, também não quero ainda hoje vos revelar isto, mas sim primeiro
contar daquilo que se acha estreitamente relacionado convosco pessoalmente,
ligado ao vosso pensar e ao vosso agir, a fim de que possais adquirir, pouco a
pouco, a faculdade de observar cuidadosamente, pelo menos nestas coisas.
Estes setores, de que vos falo hoje, também pertencem aos pequenos
enteais. Não deveis esquecer-vos aí, contudo, que cada um deles, por menor
que seja, é extraordinariamente importante e, em sua atuação, mais digno de
confiança do que um espírito humano.
Com grande exatidão, que nem sequer podeis imaginar, processa-se a
execução do trabalho atribuído, porque mesmo o aparentemente mais ínfimo
dos enteais é uno com o todo, atuando, por isso, também a força do todo
através dele, atrás do qual se encontra a única vontade: a vontade de Deus,
beneficiando, fortalecendo, protegendo, conduzindo!
180
Assim é, aliás, no enteal todo e assim podia, assim também já devia ser há
muito tempo convosco, com os espíritos da Criação posterior desenvolvidos à
autoconsciência.
Essa conexão firmemente estabelecida tem como conseqüência
automática que cada um desses enteais, se um dia falhar de alguma forma, é
logo expulso pelo ímpeto do todo, ficando assim desligado. Terá então de
fenecer, porque não lhe aflui mais força alguma.
Dessa forma, tudo o que é fraco é posto fora rapidamente e nem chega a
poder tornar-se nocivo.
Desses apenas aparentemente pequenos, contudo tão grandes em sua
atuação, os quais ainda não conheceis e de cuja existência até agora nada
sabíeis, quero falar agora.
Mas de sua atuação já ouvistes em minha Mensagem. Certamente, porém,
não a relacionastes com o enteal, porque eu próprio não fiz qualquer referência
a respeito, visto que anteriormente teria sido ainda prematuro.
Aquilo que então mostrei, objetivamente, com breves palavras, agora vos
apresento em sua real atuação.
Falei anteriormente que os pequenos enteais ao vosso redor são
influenciáveis pelo espírito humano e, de acordo com isso, podem fazer o bem
ou até o mal.
Essa influência, porém, não ocorre naquele sentido como imaginais. Não
que possais ser senhores desses entes, que possais dirigi-los!
Aliás, poder-se-ia até certo grau denominar isso assim, sem dizer algo
errado, pois para vossos conceitos e em vossa língua está corretamente
expresso desse modo, porque vedes tudo do vosso lado e, de acordo com isso,
também julgais. Por essa razão muitas vezes tive de falar-vos em minha
Mensagem da mesma maneira, para que me compreendêsseis. Eu também
podia fazê-lo aqui, por não constituir nenhuma diferença, neste caso, para a
vossa atuação certa.
Intelectivamente, naquela ocasião isso estava muito mais perto de vós,
porque correspondia mais à sintonização do vosso raciocínio, quando vos disse
que sempre influenciais fortemente com a vossa vontade todo o enteal à vossa
volta e que este também se orienta segundo o vosso pensar, vosso atuar,
porque sois espirituais!
Isso permanece literalmente certo, porém a causa disso é outra, pois a
condução propriamente dita de todas as criaturas que se acham dentro da lei
desta Criação, as quais, portanto, vivem dentro da vontade de Deus, procede-
se tão-só de cima! E a essas pertencem todos os enteais.
Nunca se acham submetidos à vontade alheia, nem passageiramente. Nem
lá onde assim vos pareça.
Os pequenos enteais, que citei, orientam-se de fato em sua efetivação
segundo a vossa vontade e segundo o vosso agir, ó espíritos humanos,
contudo sua atuação se encontra, apesar disso, tão-só na vontade de Deus!
Isso é um aparente enigma, cuja solução, porém, não é tão difícil, pois
necessito para isso apenas mostrar-vos agora o outro lado daquele de onde
vós tudo observais.
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Visto do vosso lado, vós influenciais os pequenos enteais! Visto, porém, do
lado da Luz, eles apenas cumprem a vontade de Deus, a lei! E como toda a
força, para atuar, só pode vir da Luz, então esse, que constitui para vós o outro
lado, é o certo!
Não obstante, consideremos primeiro, para melhor compreensão, a
atividade vista do vosso lado. Com o vosso pensar e o vosso agir influenciais
os pequenos enteais, segundo a lei de que o espírito aqui na matéria exerce
por intermédio de cada vontade uma pressão, também sobre o pequeno enteal.
Esses pequenos enteais formam então na parte fina da matéria grosseira tudo
quanto aquela pressão lhes transmite. Digamos, portanto, observado do vosso
lado, que eles executam tudo quanto vós quereis!
Em primeira linha, aquilo que quereis espiritualmente. O querer espiritual,
porém, é intuição! Os pequenos enteais formam isso na parte fina da matéria
grosseira, exatamente de acordo com a vontade emitida pelo espírito. Eles
pegam imediatamente o fio que surge do vosso querer e do vosso agir e
formam, no fim desse fio, aquela configuração que corresponde exatamente a
esse fio do querer.
É dessa maneira a atividade dos pequenos enteais, que ainda não
conheceis em sua verdadeira atuação.
Desse modo eles criam, ou, melhor dito, formam o plano da parte fina da
matéria grosseira, que vos espera, quando tiverdes de passar para o mundo de
matéria fina! É a soleira para a vossa alma, onde ela, segundo vossas
expressões, tem de “se purificar” depois da morte terrena, antes de poder
entrar na matéria fina.
Lá, a permanência da alma é de mais longa ou de mais curta duração,
conforme a sua disposição interior e conforme tendia ela para a matéria
grosseira, se de modo mais forte ou mais fraco, com seus diversos pendores e
fraquezas.
Esse plano da parte mais fina da matéria grosseira já foi visto até agora por
muitas pessoas. Pertence, por conseguinte, ainda à matéria grosseira e é
formado por aqueles enteais que preparam por toda a parte o caminho do
espírito humano.
É muito importante para vós saber isto: os enteais preparam para o espírito
humano, portanto dessa forma também para a alma humana, e igualmente
para o ser humano terreno, o caminho que ele tem de seguir, quer queira quer
não queira!
Esses enteais são influenciados pelo ser humano e, aparentemente,
também dirigidos. Mas só aparentemente, pois o verdadeiro dirigente aí não é
a criatura humana, mas a vontade de Deus, a lei férrea da Criação, que
colocou esse setor dos enteais naquele lugar, dirigindo sua atuação no vibrar
da lei.
Mediante atividade semelhante dos enteais originam-se também todas as
formas de pensamentos. Aqui, porém, atua por sua vez um outro setor e uma
outra espécie de enteais que, igualmente, ao lado dos primeiros, desenvolvem
um plano especial na parte fina da matéria grosseira.
Assim surgem com isso também paisagens, aldeias e cidades. O que é
belo e o que não é belo. Sempre, porém, as diversas espécies exatamente
182
conjugadas. Portanto, o que é feio, juntando-se ao feio, o que é belo, ao belo,
de acordo com a igual espécie.
Esses são os lugares, os planos por onde deveis locomover-vos após a
vossa morte terrena, antes que possais entrar na matéria fina. O mais
grosseiro, isto é, o terrenal, que ainda pende em vossa alma, será aí
desprendido e deixado para trás. Disso, nem sequer um grãozinho de pó
podeis levar convosco para a matéria fina. Reter-vos-ia até que caísse de vós,
isto é, que fosse extinto vivencialmente pelo reconhecimento.
Assim a alma, depois da morte terrena, tem de continuar peregrinando
vagarosamente, galgando degrau por degrau, isto é, plano por plano, em
permanente reconhecimento através da própria experiência vivencial daquilo
que ela adquiriu.
Penoso é o caminho, se os enteais tiveram de construir lugares escuros ou
turvos para vós, de acordo com a vossa vontade aqui na Terra. Vós próprios
dais sempre os motivos para isso. —
Agora sabeis o que e como os pequenos enteais fazem para vós, sob a
vossa influência: está na lei da reciprocidade! Os pequenos enteais tecem com
isso o vosso destino! São os pequenos mestres tecelões que trabalham para
vós, porque sempre tecem só assim como vós quereis, através do âmago da
vossa intuição, bem como através do vosso pensar e do vosso atuar!
Contudo, não se encontram, em virtude disso, a vosso serviço! —
São três as espécies desses enteais que aí estão ocupados. Uma espécie
tece todos os fios da vossa intuição, a segunda espécie os fios do vosso
pensar, e a terceira espécie os fios das vossas ações.
Não é, acaso, apenas um tecido, mas três; são, porém, entrelaçados e, por
sua vez, ligados também a muitos outros tecidos ainda. Toda uma legião
trabalha nisso. E esses fios têm cores, conforme a sua espécie. Mas tão longe
ainda não devo ir nos esclarecimentos, senão chegaremos a algo ainda
inapreensível para vós e jamais encontraríamos um fim. Não poderíeis, assim,
obter um quadro nítido.
Permaneçamos, pois, por enquanto, ainda no ser humano individual. Dele
partem, além de outras coisas, três tecidos de diferentes espécies, porque o
seu intuir nem sempre é igual ao seu pensar e, por sua vez, o seu pensar nem
sempre se acha em exata concordância com o seu atuar! Além disso, os fios
do intuir são de espécie totalmente diferente, pois eles alcançam até a matéria
fina e até o espiritual e lá são ancorados, ao passo que os fios do pensar
permanecem somente na parte fina da matéria grosseira, tendo que lá ser
extintos vivencialmente.
Os fios das ações, porém, são ainda mais densos e mais pesados, sendo
por isso ancorados mais próximos da existência terrena, tendo de ser, portanto,
após o falecimento na Terra, percorridos e extintos vivencialmente em primeiro
lugar, antes que uma alma possa prosseguir.
Não imaginais absolutamente quão longo já é o caminho de muitas almas,
só para que atinjam a matéria fina! Do espiritual, nem é de se falar.
A tudo isso o ser humano, em sua superficialidade, chama sucintamente de
Além, e com isso também se satisfaz. Em sua preguiça, põe tudo numa panela
só.
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Muitas almas ficam ainda por longo tempo presas à Terra, porque pendem
em fios que se acham firmemente ancorados próximos a essa pesada matéria
grosseira. A alma só pode desligar-se disso, quando aí tiver se libertado
vivencialmente, quer dizer, quando na peregrinação obrigatória tiver chegado
ao reconhecimento de que todas essas coisas não possuem, absolutamente,
aquele valor ou aquela importância que ela lhes havia atribuído, e de que fora
fútil e errado malbaratar outrora tanto tempo para isso na Terra.
Freqüentemente isso dura muito tempo e às vezes é muito amargo.
Muitas almas são entrementes atraídas de novo pela pesada matéria
grosseira, tornam a vir sempre de novo para a encarnação terrena, sem terem
estado nesse ínterim na matéria fina. Tinham de permanecer na parte fina da
matéria grosseira, porque dela não puderam se desligar tão rapidamente. Os
fios retiveram-nas lá, demasiadamente firmes. E um esgueirar-se pela astúcia
aí não é possível.
Tanta coisa que aqui na Terra é possível para o ser humano, após o seu
desenlace ele não consegue mais. Pende, então, mais firme na lei desta
Criação, vivenciando tudo imediatamente, sem que esteja, no meio,
retardando, um pesado invólucro de matéria grosseira. Retardar pode o
invólucro terreno em seu denso pesadume e impenetrabilidade, mas nunca
impedir. Muito, por isso, apenas é adiado para o resgate; nunca, porém,
anulado.
Tudo o que o ser humano, aqui na Terra, intuiu e pensou aguarda-o, e
também as conseqüências rigorosamente justas de sua atuação.
Quando o ser humano intui, os respectivos fios que aí se formam e que se
parecem com uma pequena sementeira brotando da terra, são apanhados e
cuidados pelos pequenos enteais. Nisso, como na pesada matéria grosseira, a
erva daninha recebe o mesmo tratamento cuidadoso que os brotos nobres.
Desenvolvem-se e são ancorados, pela primeira vez, nos limites da parte fina
da matéria grosseira, para poderem passar então para as mãos de enteais de
outra espécie, os quais os conduzem através da matéria fina. Nos limites desta
repete-se a ancoragem e a condução progressiva para o enteal, do qual então
alcançam o espiritual, onde eles recebem a ancoragem final novamente por
outra espécie de enteal.
Assim é o caminho da boa vontade, que conduz para cima. O caminho da
má vontade é dirigido, do mesmo modo, para baixo.
Em cada ancoragem, nos limites, esses fios perdem certa camada da
espécie, que deixam para trás, a fim de poderem prosseguir na outra espécie.
Também isso se processa de acordo com a lei e exatamente de acordo com as
respectivas espécies dos planos. E todos esses desenvolvimentos se acham
subordinados à atuação dos enteais!
Como a intuição da boa vontade tem sua origem na movimentação do
espírito, seus fios também são levados para o espiritual. De lá puxam ou, pelo
menos, seguram a alma, se esta ainda tiver algo a vivenciar e remir na parte
fina da matéria grosseira. Por essa razão, se houver muitos de tais fios
ancorados no espiritual, não pode afundar e cair tão depressa, como uma alma
que tenha apenas fios para a parte fina da matéria grosseira, por haver sido
indolente espiritualmente na Terra e se ter ligado exclusivamente à matéria
grosseira, tendo considerado desejáveis somente os seus prazeres.
184
A alma, que é puxada pelos fios de sua vontade, não vê esses fios, da
mesma forma como acontece com o ser humano aqui na Terra, visto serem
sempre algo mais finos do que o invólucro mais exterior, no qual a alma ainda
se move de cada vez. No momento, porém, em que esse invólucro, pelo total
desprender no reconhecimento, alcança a mesma espessura dos fios mais
espessos entre os ainda existentes, podendo vê-los devido à igual espécie do
invólucro externo, estes, como remidos, também já caíram, de maneira que
uma visão real de tais fios nunca ocorre por parte da alma a eles ligada. —
Assim, pensando terrenalmente, esses pequenos enteais se encontram a
serviço do espírito humano, por orientarem as suas execuções conforme a
espécie da consciente ou inconsciente vontade dos seres humanos, e,
contudo, na realidade atuam exclusivamente segundo a vontade de Deus, cuja
lei dessa forma cumprem!
Portanto, há simplesmente uma influência aparente através do espírito
humano nessa atividade. A diferença só se mostra conforme o lado donde é
observado.
Quando eu antes, nas dissertações sobre a reciprocidade, falei de fios que,
saindo de vós, são repelidos e atraídos, até aí decerto vistes apenas um
emaranhado de fios figuradamente diante de vós. Mas não era de se supor,
porém, que esses fios, semelhantes a vermes, avançassem sozinhos; pelo
contrário, têm de ser guiados por mãos, e essas mãos pertencem aos
pequenos enteais aí atuantes, dos quais até agora nada podíeis saber.
Mas essa imagem, agora tornada viva, está diante de vós. Imaginai
estardes constantemente rodeados por esses enteais, que vos observam,
tomando imediatamente cada fio e conduzindo-o para lá onde pertence.
Contudo, não só isso, mas eles ancoram-no e dele cuidam até a germinação
da sementeira, sim, até a floração e a frutificação, da mesma forma como aqui
na pesada matéria grosseira todas as sementes de plantas são cultivadas
pelos enteais, até que possais, então, ter os frutos disso.
É a mesma lei básica, a mesma atuação, só que executada por enteais de
outras espécies, que são especialistas nisso, como diríamos terrenalmente. E
assim, o mesmo tecer, a mesma atuação, a sementeira, a germinação, o
crescimento, a floração e a frutificação perpassam a Criação inteira, sob a
supervisão e o cuidado dos enteais em tudo, não importando o que e de que
espécie seja. Para cada espécie há também a atuação enteal, e sem a atuação
enteal não haveria por sua vez espécie alguma.
Assim surgiu da atuação dos enteais, sob o impulso do baixo querer dos
seres humanos, na ancoragem dos fios que disso se originaram, também o
assim chamado inferno. Os fios do querer malévolo ancoraram-se lá,
cresceram, floresceram e produziram por fim também frutos correspondentes,
que aquelas criaturas humanas, que geraram tal sementeira, tiveram que
receber.
Por isso reina, nesses baixios, a volúpia devoradora com seus
correspondentes centros, a sede de assassínio, briga e todas as excrescências
das paixões humanas. Tudo, porém, se origina da mesma lei, em cujo
cumprimento os pequenos enteais também formam o maravilhosamente belo,
dos reinos mais luminosos! —
185
Assim faço surgir agora diante de vós imagem após imagem da Criação,
até que recebais uma visão uniforme e ampla, que jamais vos permitirá
cambalear em vossos caminhos, nem deixará que vos percais, pois então
estareis cientes. Teria de estar completamente corrompido, desde a base, e
sujeito à condenação, aquele que então ainda não quisesse orientar seu
caminho para as alturas luminosas.
186
42. Na oficina de matéria grosseira dos enteais
Observamos até agora a atuação dos pequenos enteais quanto ao que provém
dos seres humanos terrenos, como o seu intuir, pensar e atuar.
Agora queremos ficar, igualmente, perto dos seres humanos terrenos, mas
observando aí a atividade daqueles enteais que exercem sua esfera de
atividade em direção às criaturas humanas terrenas. Portanto, não aqueles que
constroem os caminhos da alma, conduzindo para fora da pesada matéria
grosseira terrena, mas sim em direção oposta, rumo a esta matéria grosseira
terrena.
Tudo mostra movimento, nada é sem forma. Assim, parece como uma
gigantesca oficina em redor do ser humano, em parte afluindo para ele e em
parte desviando-se dele, entrelaçando-se aí, amarrando e desligando,
construindo e demolindo, em mudança permanente, em crescimento contínuo,
florescimento, maturação e decomposição, a fim de dar, nisso, ensejo às novas
sementes para o desenvolvimento, em atendimento ao nascer e morrer de
todas as formas na matéria, condicionado pelo ciclo regular da Criação.
Condicionado através da lei do movimento constante, sob a pressão da
irradiação de Deus, do único vivo.
Brame e ondula, derrete e esfria, martela e bate, sem interrupção. Punhos
fortes empurram e puxam, mãos carinhosas conduzem e protegem, unem e
separam os espíritos que peregrinam nessa movimentação intensa.
Todavia, embotado, cego e surdo ante tudo isso, cambaleia o ser humano
desta Terra em suas vestes de matéria grosseira. Ávido por prazeres e saber, o
seu raciocínio só mostra aquela única finalidade: alegrias terrenas e poder
terreno, como recompensa de seu trabalho e coroa da existência. O raciocínio
procura embalar os preguiçosos e os indolentes com imagens de tranqüilo
bem-estar, as quais, como entorpecentes, paralisam, de modo hostil ao
espírito, a vontade para a atividade na Criação.
O ser humano desta Terra não quer enquadrar-se, porque ficou com o
livre-arbítrio! E por essa razão acorrenta o seu espírito vivo à forma transitória,
cuja origem nem sequer conhece.
Continua um estranho nesta Criação, ao invés de utilizar para si, de modo
construtivo, as suas dádivas. Só o conhecimento certo dá possibilidade a um
aproveitamento consciente! Por isso o ser humano tem de sair agora de sua
ignorância. Só sabendo poderá, no futuro, ainda agir sob a irradiação do astro
novo, que separará o útil do inútil na Criação inteira.
O útil não julgado segundo o pensar humano, mas sim somente segundo a
sagrada lei de Deus! De acordo com isso, a tudo o que é inútil pertence em
primeira linha o ser humano, que não é capaz de receber humildemente as
bênçãos e as graças de Deus, o que só poderá conseguir com o conhecimento
de toda a atuação na Criação.
Unicamente da Palavra consegue ele receber todo o saber de que precisa
para isso. Nela encontrará, se procurar com seriedade. Encontrará exatamente
aquilo de que precisa para si! Contudo, agora mais do que nunca é lei a
Palavra de Cristo: “Procurai, e achareis!”
187
Quem não procurar com verdadeiro afinco de seu espírito, não deverá
receber e também não receberá nada. E por essa razão quem dorme, ou o
indolente de espírito, também não encontrará nada na Palavra, que é viva. Ela
não lhe dará nada.
Cada alma, primeiramente, tem de abrir-se por si para isso e bater na fonte
que se encontra na Palavra. Nisso se encontra uma lei férrea e selecionadora,
que agora se cumpre com todo o rigor.
Sabedores, tendes de tornar-vos, do contrário perdereis todo o apoio e
tropeçareis e caireis, quando agora, no decurso dos acontecimentos universais
que se desenrolam, fordes arrastados à força para aquele percurso por onde
tendes de trilhar, conforme a vontade sagrada de vosso Deus, em cujas obras
de graça até agora pisastes, como animais ignorantes no mais belo jardim de
flores, destruindo em vez de construir e auxiliar beneficiadoramente,
desfrutando com atrevimento presunçoso, sem se esforçar por conseguir a
compreensão de por que vos é dado permanecer conscientemente na bela
Criação e desfrutar de tudo.
Jamais pensastes numa retribuição necessária, não atentastes àquela
grande lei de Deus de que apenas no dar reside o direito de receber; ao invés
disso, tomastes impensadamente, exigistes desmedidamente, com ou sem
pedido, sem aí sequer uma vez lembrar-vos do dever perante a Criação, na
qual vós, como hóspedes, quisestes tornar-vos donos inescrupulosos!
O Criador devia dar, sempre dar. Nem perguntastes, com séria reflexão,
por que na realidade merecestes aquilo, mas apenas vos queixastes do
sofrimento adquirido por vós próprios, resmungastes quando alguma vez não
se concretizava o que tínheis esperado. E sempre as esperanças, os vossos
desejos, visavam unicamente à felicidade terrena. Por tudo o mais, pelo que é
mais real, nunca vos preocupastes direito com verdadeiro anseio. Onde, não
obstante, vos ocupastes com isso, lá foi curiosidade terrena, nada mais.
Quisestes encontrar, para com isso brilhar. E se sucedeu que procurastes
pesquisar para sair da aflição, então foi tão-somente para sair dessa aflição,
quer fossem aflições da alma ou aflições terrenas. Pela glória de Deus jamais
aconteceu!
Mas aprendei agora finalmente a conhecer a construção desta Criação, na
qual habitais e a qual tendes de percorrer em parte, para que não continueis
mais nela como um corpo estranho. Com o reconhecimento tornando-se então
cada vez mais forte, obtereis também aquela humildade de que precisais para
ainda receber o último, o grande: a dádiva de poder existir eternamente!
Com o conhecimento, que tem de levar ao reconhecimento Dele,
encurtareis também o tempo de vossas peregrinações através da Criação por
milhares de anos e chegareis muito mais depressa e mais seguramente
àqueles páramos luminosos, que devem ser o anseio e a meta daquele espírito
humano que não quiser perder-se como imprestável.
Hoje, pois, continuai a seguir-me pelos caminhos através do ambiente mais
próximo de vossa existência terrena.
Imaginai-vos dirigindo-vos para esta Terra, conforme se dá em cada
encarnação, não importa seja a primeira ou mesmo já a qüinquagésima.
Aí não é possível que a alma, que aguarda pela encarnação, possa
deslizar sem mais nem menos para dentro de um corpo terreno. A própria
188
alma, que devido a sua espécie nunca se liga ao corpo de matéria grosseira,
mas só é capaz de anexar-se a um corpo terreno quando estiverem satisfeitas
as pressuposições para isso exigidas, não conseguiria movimentar o corpo
terreno sem uma ponte especial, tampouco incandescê-lo. Os fios que se ligam
pela atração da igual espécie não bastam para tal finalidade.
A fim de dar o quadro de maneira bem clara, quero retornar mais uma vez
e mencionar em breves traços algumas condições, já conhecidas, para uma
encarnação.
Para as encarnações não são decisivos, em todos os casos, os efeitos da
lei da atração da igual espécie, mas existem para isso ainda outras
possibilidades e razões determinantes.
A lei da reciprocidade intervém também aqui, e às vezes com uma força
que sobrepuja tudo o mais. Uma alma fora do corpo terreno, que se acha
fortemente ligada pelos fios da reciprocidade a uma outra alma que está num
corpo terreno feminino, é irrevogavelmente conduzida por esses fios para
aquela mulher na Terra, tão logo nela se ofereça oportunidade para uma
encarnação.
Ao lado de tais condições, que são inevitáveis, corre ainda a lei de atração
da igual espécie. Além desses dois acontecimentos, há ainda outras espécies e
possibilidades, das quais só chegaremos a falar no decorrer do tempo, uma
vez que hoje cada desvio desnecessário apenas turvaria a clareza do
indispensável quadro.
Por essa razão, portanto, digamos somente por enquanto que todos os
fios, não importa de que espécie, não podem bastar para possibilitar à alma
movimentar e incandescer o corpo de matéria grosseira.
Mesmo que seja cumprida a condição de que a alma, mediante quaisquer
fios, se encontre nas proximidades do corpo em formação e que também o
corpo, em sua irradiação, atinja o grau que possa segurar a alma, conforme já
mencionei numa dissertação anterior, a alma seria assim ligada ao corpo, mas
nem por isso estaria em condições de mover ou incandescer esse corpo
terreno a ela ligado.
Para isso ainda falta uma ponte. Ao invés de ponte podemos dizer também
instrumento, do qual a alma ainda necessita de modo especial. E essa ponte
tem de ser construída, por sua vez, pelos pequenos enteais!
Isso se realiza, como tudo, também dentro das leis do exato encontro de
bem determinadas irradiações, em que co-participam nesse caso: a
masculinidade terrena e a feminilidade terrena, bem como diversos fios do
destino que correm para esses dois seres humanos e, também, para a alma
que entra em cogitação. Também esse processo precisará mais tarde de uma
explicação especial. Por hoje basta a indicação de que tudo isso forma o ponto
de partida determinante para a atividade daqueles pequenos enteais, que
constroem as pontes para as encarnações das almas.
E essas pontes são aquilo que já hoje é por muitos chamado de “corpo
astral”.
O corpo astral consiste de matéria grosseira mediana. Ele tem de ser
formado pelos pequenos enteais antes do pesado corpo terreno de matéria
grosseira, de maneira que quase parece como se fosse formado
simultaneamente. Mas assim não é, pois o corpo astral – ainda quero, devido à
189
simplicidade, continuar com essa denominação conhecida até agora – tem de
preceder tudo o que deve se formar na pesada matéria grosseira!
Existem muitas pessoas que chegaram a saber da existência das assim
chamadas coisas astrais. Mas não conhecem a sua finalidade efetiva, nem o
verdadeiro processo de formação.
Aqueles que até agora sabiam das coisas astrais contemplavam tudo, por
sua vez, apenas de seu ponto de vista e por isso como que originado da
matéria grosseira pesada. Na maioria dos casos vêem eles nisso cópias da
matéria grosseira pesada, porque também cada planta, cada pedra, enfim tudo
quanto é de matéria grosseira pesada tem, aparentemente, a sua cópia no
mundo astral.
Mas não são cópias e sim modelos das coisas da matéria grosseira
pesada, sem os quais, todavia, nada se formaria, nem poderia se formar na
matéria grosseira pesada! Nisso reside a diferença.
A esse campo da matéria grosseira mediana poder-se-ia melhor chamar,
segundo conceitos terrenos, de oficina dos modelos. Assim como um artista
forma antes um modelo, do mesmo modo surge o assim chamado corpo astral
antes do corpo terreno pesado. Só que, na Criação, nada existe que sirva
apenas a um determinado fim, como ocorre com o ser humano terreno, para,
mais tarde, ser posto de lado; pelo contrário, tudo, mesmo o aparentemente
ínfimo, tem, na Criação, um múltiplo valor de necessidade.
Na atuação dos enteais, cada coisa por si pertence ao todo, como peça
necessária. Ela é também uniformemente perfluída e transpulsada pelo todo e
com o todo.
Assim cada pedaço na Terra, a própria Terra até, tem um modelo
cooperador. Alguns, aos quais é permitido ver, denominam isso “sombras”;
outros, conforme já foi dito, “corpo astral”. Para isso há ainda outras
denominações menos conhecidas, mas que indicam, todas elas, a mesma
coisa. Nenhuma delas, porém, é a certa, porque de novo foi visto do lado
errado, ao passo que sobre a origem não existe saber algum.
Nada existe na Terra que os pequenos enteais não tenham formado antes
na matéria grosseira mediana, e ainda muito mais belo, mais aperfeiçoado!
Tudo quanto acontece na pesada matéria grosseira, até mesmo a
habilidade dos artesãos, o trabalho dos artistas, etc., é tirado apenas da já
precedida atividade dos pequenos enteais, que já têm isso pronto, e muito mais
ainda, na parte mediana e fina da matéria grosseira. E lá tudo isso é ainda
muito mais aperfeiçoado, porque os enteais atuam de imediato nas leis da
vontade de Deus, que é perfeita e por isso só pode exprimir o que é completo
em suas formas.
Cada invenção, mesmo a mais surpreendente, é apenas um empréstimo
de coisas, já postas em prática pelos enteais em outros planos, dentre as quais
muitíssimas ainda se encontram prontas para os seres humanos haurirem e
transmitirem para a pesada matéria grosseira da Terra.
No entanto, apesar desses modelos, tão facilmente alcançáveis
unicamente por pesquisadores sérios, cheios de humildade, aqui na Terra
muito foi por sua vez torcido pelo raciocínio, porque na maioria dos casos
faltava, àqueles agraciados para isso, a humildade necessária para um haurir
puro, e, além disso, os habitantes da Terra, em sua presunção que a tudo
190
estorva, até agora não atentaram às leis divinas na Criação. Somente pelo
conhecimento exato delas, o inventar, ou melhor dito, o encontrar em outros
planos, e assim também a acertada transmissão para a pesada matéria
grosseira desta Terra, tornar-se-á muito mais fácil e mais exata do que até
agora, e também muito mais ampla.
Portanto, o plano astral não é um espelho da matéria grosseira! Em
primeiro lugar, ele próprio se compõe ainda de matéria grosseira, só que de
espécie pouco mais fina do que a da Terra, e, em segundo lugar, isso também
ocorre em sentido inverso: a pesada matéria grosseira terrena é a reprodução
da matéria grosseira mediana, do assim chamado plano astral.
Existem, porém, para o plano astral dois caminhos, e com isso também
duas grandes divisões básicas. Uma que conduz para a matéria grosseira
pesada, e outra que se afasta dela! A parte que conduz para ela é a necessária
ponte para a construção no terrenal, e a parte que se afasta é, por sua vez, a
expressão formada do pensar e agir dos espíritos humanos que se acham
sobre a Terra em vestes terrenas.
A este respeito o saber de até agora dos seres humanos é apenas
fragmentário, sendo que estes poucos fragmentos têm sido, devido ao
desconhecimento, ainda caoticamente misturados, sem conexão real. Foi
composto assim apenas um quadro fantástico, sem consistência, pairando no
ar qual miragem, exercendo por isso uma fascinação especial sobre tantas
pessoas instáveis. Pois aí podem tão bem se regalar na irresponsabilidade.
Nisso o ser humano pode permitir-se estabelecer suposições audazes, que ele,
naturalmente, deseja de bom grado ver consideradas como sendo saber e
certeza, consciente de que aí ninguém poderá responsabilizá-lo se nisso errar.
É-lhe dado ensejo, segundo sua opinião, de uma vez representar algo sem ter
responsabilidade.
Sim, perante os seres humanos! Mas não perante as leis de Deus! Perante
estas cada um é totalmente responsável por tudo quanto diz! Em cada palavra!
E todos os que seguem as suas acepções falsas, mesmo aqueles que ele
apenas estimula com seus falsos ensinamentos a novas fantasias próprias,
todos passam a ficar firmemente acorrentados nele, e ele terá de ajudar cada
um a se libertar, antes de poder pensar em si próprio e em sua ascensão!
Depois de com isso termos tido uma breve perspectiva, temos de voltar
para os pormenores. Portanto, os pequenos enteais preliminarmente formam o
corpo astral como ponte necessária para a alma, a fim de que esta possa
dominar, dirigir e movimentar o corpo que está amadurecendo.
A alma passa a ser ligada com o corpo astral e atua através dele sobre o
corpo terreno pesado. E também o corpo terreno só pode, por sua irradiação
necessária para tanto, ligar-se à alma, realmente, através do corpo astral como
intermediário. As irradiações da matéria grosseira pesada, transpulsada pelo
enteal, têm de penetrar primeiro através da parte mediana da matéria grosseira
do corpo astral, visto que de outra forma não podem juntar-se às irradiações da
alma, cujo invólucro mais externo já é então constituído da mais fina matéria
grosseira.
Distingamos, antes de tudo, três espécies básicas de matéria grosseira.
Existem, porém, além disso, diversas espécies intermediárias e colaterais. Por
enquanto consideremos somente a fina, a mediana e a mais pesada matéria
191
grosseira. Nesse sentido, o corpo terreno pertence à espécie terrestre mais
pesada, e o corpo astral à espécie de transição da matéria grosseira mediana,
portanto àquela que se encontra mais perto da espécie mais pesada.
Esse corpo astral é formado primeiro pelos enteais, quando uma
encarnação deve ocorrer, e logo após este, o corpo terreno, de modo que
parece que ambos ocorrem simultaneamente. Mas a formação do corpo astral
precede, na realidade, ao processo na matéria grosseira pesada; tem de
preceder, do contrário aquele outro não poderia ser completado e, de outra
maneira, a alma não poderia empreender nada com o corpo terreno.
Dou com isso apenas a imagem do acontecimento, para que possa surgir a
compreensão disso. Mais tarde talvez acompanhemos passo a passo o
crescer, a maturação e a decomposição com todas as divisões e fios a isso
pertencentes, tão logo o conjunto surja em imagem diante de vós.
O corpo astral está ligado com o corpo terreno, porém não depende dele,
como se tem suposto até agora. A falta de conhecimento do verdadeiro
processo evolutivo na Criação teve como conseqüência os numerosos erros,
especialmente porque o ser humano sempre colocou como base, considerado
sob seu ponto de vista, o pouco saber que adquiriu para si.
Enquanto ele próprio julgar ser o ponto mais importante na Criação, onde
na realidade não representa absolutamente nenhum papel de especial
importância, pelo contrário é simplesmente uma criatura como inúmeras outras,
caminhará sempre erradamente, inclusive em suas pesquisas.
É certo que, após desprender-se a alma do corpo terreno, o corpo astral se
decompõe com o corpo terreno. Mas isso não deve servir de prova de que ele
deva depender, por essa razão, do corpo terreno. Não chega sequer a dar uma
base justificada para tal suposição.
Na realidade, o processo é diferente: ao desprender-se a alma, esta, como
parte móvel, puxa consigo o corpo astral do corpo terreno. Falando
figuradamente: ao sair e se afastar, a alma puxa consigo o corpo astral para
fora do corpo terreno. Assim parece. Na realidade, ela apenas o afasta, porque
nunca houve uma fusão, mas apenas um embutimento, como num telescópio
encaixável.
Não puxa consigo para muito longe o corpo astral, visto que este não se
acha ancorado só nela, mas também no corpo terreno, e, além disso, porque a
alma, da qual parte o movimento propriamente dito, também quer se libertar do
corpo astral e, por conseguinte, dele procura afastar-se.
Assim, o corpo astral fica sempre perto do corpo terreno, depois do
desenlace terreno da alma. Quanto mais se distancia então a alma, tanto mais
fraco se torna o corpo astral, e o desprendimento cada vez mais progressivo da
alma acarreta, por fim, a destruição e decomposição do corpo astral que, por
sua vez, acarreta imediatamente a decomposição do corpo terreno, assim
como também influenciou a formação dele. Assim é o processo normal, de
acordo com a lei da Criação. Intervenções especiais aí acarretam,
naturalmente, circunstâncias e alterações especiais, sem, contudo, poder
excluir nisso o que é da lei.
O corpo astral é em primeira linha o mediador, dependente da alma, para o
corpo terreno. O que acontecer ao corpo astral, o corpo terreno também
192
sofrerá, infalivelmente. Mas os sofrimentos do corpo terreno atingem o corpo
astral de modo muito mais fraco, apesar de estar estreitamente a ele ligado.
Quando, por exemplo, é amputado qualquer membro do corpo terreno,
suponhamos um dedo, não é amputado simultaneamente também o dedo do
corpo astral, mas sim ele permanece, não obstante, sossegadamente como até
então. Por isso acontece que uma criatura humana terrena ainda possa às
vezes realmente sentir dores ou uma pressão, onde não possui mais um
membro no corpo terreno.
Tais casos são, pois, suficientemente conhecidos, sem que o ser humano
tenha encontrado a explicação certa para tanto, por lhe faltar a esse respeito
uma visão global.
Assim os enteais atam e ligam todas as almas a seus corpos astrais, que
vamos denominar corpos de matéria grosseira mediana, ao passo que os
corpos terrenos pesados, já na formação, se encontram em conexão direta
com o corpo de matéria grosseira mediana e se desenvolvem moldando-se de
acordo com ele.
Como se processa o modo de ação da alma, através desse invólucro,
sobre o pesado corpo terreno, deve ficar reservado para eventuais
dissertações posteriores, uma vez que antes de chegar a tal ponto tem de ser
esclarecido ainda muito, a fim de poder pressupor uma compreensão certa
daquilo.
Mas também tudo isso é perpassado por uma única lei, que os pequenos
enteais cumprem de modo diligente e fiel, sem dela se desviarem. Nisso eles
são exemplos para os espíritos humanos, que aí só podem e também devem
aprender, até que finalmente atuem junto com os pequenos construtores nesta
Criação, de mãos dadas e sem presunção, para, com tal atividade em prol de
uma harmonia plena, louvar jubilosamente, cheios de gratidão, a sabedoria e o
amor de seu Criador!
193
43. Peregrina uma alma...
Expliquei nas duas últimas dissertações os processos ligados diretamente à
estada terrestre do ser humano, que ocorrem nos planos da matéria grosseira
mediana, denominada até agora plano astral pelos que disso têm
conhecimento.
Além dos processos ali mencionados, existem ainda muitos outros, que
também pertencem ao campo de atividade dos enteais. Mas como essas
espécies de trabalho só se põem indiretamente em contato com as almas
humanas, por hoje ainda silenciaremos a esse respeito, passando antes a
tratar do que está mais próximo: a própria alma humana em ligação com o que
já foi explicado.
Acompanhai-me, portanto, num breve trecho do caminho que uma alma
tem de perfazer, após se desprender do seu corpo terreno. Observemos os
primeiros passos.
Encontramo-nos na matéria grosseira mediana. Diante de nós vemos os
fios do destino com espessuras e cores diversas, dos quais falamos nas
últimas dissertações, quando examinamos a atuação dos pequenos enteais.
Desliguemos tudo o mais, pois na verdade, bem junto e entrelaçando-se, existe
muito mais no trajeto, do que apenas esses fios. Tudo na mais severa ordem,
vibrando de acordo com as leis da Criação. Não olhemos, porém, nem para a
direita nem para a esquerda, e sim apenas para esses fios.
Aparentemente, esses fios se movem apenas de leve, sem atividade
especial, pois trata-se de fios que já há tempo foram urdidos. De súbito, um
deles principia a estremecer. Estremece e se movimenta cada vez mais, incha,
toma cor mais intensa e começa a se tornar mais vivo em tudo. . . Uma alma
desprendeu-se do corpo terreno, a qual está ligada a esse fio. E aproxima-se
do lugar onde estamos aguardando.
A cena parece-se com uma mangueira de bombeiro, por onde de repente
principia a circular água. Pode-se observar exatamente o caminho da água que
se aproxima, à medida que ela vai avançando na mangueira. Assim é o
processo com os fios do destino que chegam ao resgate, quando a alma tem
de peregrinar pelo caminho traçado. As irradiações do espírito na alma
adiantam-se a ela e vivificam o fio do seu caminho, mesmo que tal fio até então
tenha sido fraco em sua atuação. Nesse vivificar se reforça a tensão, puxando
a alma mais energicamente para o ponto onde se encontra a ancoragem mais
próxima desse fio.
Nesse lugar de ancoragem há um formigar de espécies congêneres desses
fios, ligados a almas que ainda se encontram na Terra, em corpos terrenos de
matéria grosseira. Outras almas, por sua vez, já se encontram no lugar, caso já
tenham partido da Terra e agora tenham de colher ali, nesse lugar, os frutos
que amadureceram pela atuação e pelos cuidados dos pequenos enteais,
segundo as espécies dos fios, que agem como cordões espermáticos.
As formas desses frutos são, nesse lugar, de uma espécie bem
determinada e uniforme. Suponhamos que seja um lugar de inveja, que na
Terra é área tão difundida, tendo entre os seres humanos terrenos um solo
excelente.
194
Por isso o lugar de ancoragem desses fios é imenso e variado. Paisagens
ao lado de paisagens, cidades e aldeias com as correspondentes atividades de
toda a sorte.
Em toda a parte, porém, espreita a repugnante inveja. Tudo está
impregnado disso. Ela tomou formas grotescas que se movem e atuam nessas
regiões. Atuam em todas as almas que foram atraídas para esse lugar, de
modo mais acentuado e forte, para que vivenciem em si mais fortemente de
que modo importunaram os seus semelhantes aqui na Terra.
Não vamos nos ocupar com descrições pormenorizadas desse lugar, pois é
constituído de espécies tão múltiplas e variadas, que uma imagem fixa disso
não é suficiente para proporcionar sequer a sombra de uma noção. Mas a
expressão repugnante é uma denominação suave e muito atenuada para tudo
isso.
Para aqui conduz o fio que estávamos observando e que vimos ficar de
repente mais móvel, de cor mais intensa e mais viva, com o aproximar da alma
que partiu da Terra.
À medida que a alma se locomove para aquele lugar, onde num bem
determinado ponto o fio está firmemente ancorado, tudo lá se torna
gradualmente mais móvel e colorido, digamos mesmo mais vivo. Tudo se
inflama.
Tal reviver advém inconscientemente do espírito da alma; provém da sua
irradiação, mesmo que essa alma, como na maioria dos casos, percorra o
caminho com os olhos ainda fechados. Ela desperta depois lá no local, onde
com a sua aproximação, através da irradiação, o ambiente acabara de se
tornar mais vivo, pois são os frutos daquele fio ou talvez também de vários fios,
que se acham ligados a essa alma, visto que foram gerados por ela.
Com a vivificação ocorrida na própria irradiação da alma, o espírito inerente
a essa alma imprime ao novo ambiente, que o aguardava, um determinado
cunho individual, que é sempre diferente do das outras almas. Isso equivale a
dizer que cada alma tem um bem determinado mundo para si, muito embora
tudo se entrelace e se moleste reciprocamente até o aborrecimento e tudo
possa ser considerado como uma única e enorme planície comum.
Disso também decorre que o vivenciar, que em tais paragens muitas almas
têm simultaneamente, e em última análise também em forma idêntica, é,
apesar de tudo, vivenciado e experimentado por toda alma, individualmente,
apenas segundo sua própria espécie! Que, portanto, cada alma recebe uma
impressão completamente diversa do que as outras almas, que têm de
experimentar a mesma coisa junto com ela. Sim, mais ainda, verá de maneira
diferente do que uma segunda ou terceira alma, que tem diante de si o mesmo
quadro.
Imaginai uma vez o seguinte. Uma alma acorda em tal lugar. Esse lugar ou
essa planície apresenta uma imagem bem determinada em sua formação e em
tudo quanto nela se move. Pode-se dizer que os processos também são
homogêneos, porque se acham sujeitos a uma única grande lei e nela se
efetuam.
A alma por nós imaginada vê as outras almas, chegadas antes ou depois
dela, vivenciarem a mesma coisa que ela própria é obrigada a vivenciar. Vê
195
isso, porém, quanto a si e quanto às demais, de uma determinada maneira,
toda sua, vivenciando-a de modo correspondente.
Disso não se deve tirar a conclusão de que também as outras almas vêem
e vivenciam tudo exatamente como essa alma mencionada por nós, pois não é
assim, porém cada uma dessas almas vê e vivencia de acordo com sua própria
maneira pessoal, bem diferente do que as outras! Vêem os acontecimentos de
maneira diversa, bem como as cores e as paisagens.
Isso acontece porque a irradiação do próprio espírito dá ao ambiente
também a expressão pessoal, correspondente apenas a esse determinado
espírito, vivificando, portanto, essa expressão pessoal, de acordo com a sua
espécie. À primeira vista isso deve parecer-vos muito estranho.
Mas posso, talvez, dar-vos alguns exemplos semelhantes, embora mais
grosseiros, da pesada matéria grosseira da Terra, que vos propiciarão uma
noção disso para melhor compreensão.
Tomemos duas pessoas e façamo-las visitar um bonito parque. Será raro
que ambas, sem especial combinação, assinalem o mesmo ponto como sendo
o mais belo, mesmo que passeiem juntas pelo dito parque. Cada qual achará
mais bela determinada coisa. Uma delas talvez nem ache nada bonito, embora
o diga apenas por cortesia, preferindo uma selva a um parque bem tratado.
Liquida-se simplesmente a divergência, dizendo que uma das pessoas não
tem “senso” para aquilo que a outra declara ser belo. Nisso, porém, reside uma
certa sabedoria. O “sentido” de uma segue simplesmente uma outra direção!
Por isso o quadro também lhe parece de maneira diferente do que para sua
acompanhante.
Decisivo para o reconhecimento de um quadro é a maneira como se olha, o
sentido puramente pessoal ou a direção do sentido daquele que observa, e não
o quadro ou a paisagem em si. Cada qual vivencia de maneira diferente.
Isso, que aqui se manifesta de maneira mais pesada, nas camadas de
movimento mais leve da matéria é mais vivo, mais intenso. E assim acontece
que um mesmo lugar, com os mesmos acontecimentos, provoca diferentes
vivências das almas, individualmente, conforme sua maneira peculiar.
Podemos penetrar mais profundamente neste tema.
Tomemos novamente duas pessoas como exemplo. É-lhes mostrado na
infância uma cor e explicado que se trata da cor azul. Cada uma dessas
pessoas considera sempre, por conseqüência, essa bem determinada cor, vista
por ela, como sendo azul. Mas com isso não fica provado que ambas vejam
essa determinada cor da mesma maneira! Acontece o contrário. Cada pessoa
vê em verdade essa cor, por ela chamada azul, de modo diferente da outra
pessoa. Também já aqui, no corpo de matéria grosseira!
Se examinardes os olhos de matéria grosseira e considerardes que eles
são exatamente iguais em sua estrutura, então verificareis que essa estrutura
igual não é decisiva para a determinação da maneira de ver as cores. Para isso
influi também o cérebro e, além dele, como fato básico, a maneira pessoal do
próprio espírito humano!
Vou tentar ampliar esta explicação. Permaneçamos na cor azul. Vós
próprios tendes perante vós uma bem determinada cor, que outrora vos foi
mostrada como sendo azul, com todos os seus matizes. E se o vosso próximo,
196
que foi instruído da mesma forma, for interrogado por vós, e perante todas as
cores sempre indicar a mesma cor, que vós próprios denominais como azul,
então isso não é nenhuma prova de que ele veja exatamente como vós essa
cor, a que ele também denomina azul!
Pois para ele justamente essa bem determinada espécie é azul. Como ele
a vê na realidade, não sabeis. Ele considera e tem de definir como azul,
naturalmente, tudo quanto apresenta essa cor por ele vista e designada como
tal, como também denominaria o branco de preto, se assim lhe tivesse sido
indicado desde o início. Dirá sempre que uma determinada cor é azul, da
mesma forma que vós também a denominais azul. Mas apesar disso ele não a
vê da mesma maneira que vós!
Não é diferente com o som. Determinado som que ouvis é para vós, por
exemplo, um “mi”. Para qualquer um! Porque aprendeu a ouvi-lo e designá-lo
assim. Forma-lo-á até com a boca. Mas sempre de acordo com o seu próprio
sentido, que naturalmente sempre produzirá o mesmo som, que também para
vós é um “mi”. Mas com isso não fica afirmado que ele realmente o ouve assim
como vós o ouvis. Contudo, escutá-lo-á sempre, na realidade, segundo a sua
espécie espiritual, e diferente do que o seu próximo.
Chego agora àquilo que desejava explicar. A cor em si é fixa e inalterável
na Criação, igualmente o som. Mas o vivenciar dessa cor e desse som é
diferente em cada ser humano, de acordo com a sua própria espécie. Isso não
é uniforme!
E à vivência pertence também a visão, seja de matéria grosseira, em suas
espécies diferentes, de matéria fina, do enteal ou do espiritual. Como com a cor
e o som, também ocorre com a forma.
Cada um de vós vivencia, vê e escuta o seu ambiente de maneira diferente
do seu próximo. Acostumaste-vos somente a encontrar para isso
denominações uniformes, às quais, porém, falta vitalidade! Comprimistes com
isso a mobilidade em formas fixas e julgais que com essas formas fixas do
vosso idioma todo o movimento da Criação tem de paralisar para vós!
Isso não é assim. Cada ser humano vive e vivencia segundo sua própria
maneira! Assim, ele também um dia verá e reconhecerá o Paraíso de maneira
diferente do seu semelhante.
E, contudo, se um deles delineasse um quadro daquilo assim conforme ele
o vê, então os outros logo reconheceriam e veriam no quadro aquilo que eles
próprios vivenciaram como sendo o Paraíso, considerando-o como certo, pois
vêem o quadro novamente à sua própria maneira e não assim como aquele
que o reproduziu.
A coisa em si é sempre a mesma, só o modo de ver dos espíritos humanos
é que é diferente. Cor é cor, mas será captada diferentemente pelos espíritos
humanos. Som é som, e forma é forma em toda a Criação, de uma maneira
nitidamente determinada, porém cada espírito humano os vivencia de modo
diverso, de acordo sempre com sua maturidade e o seu modo de ser.
Assim sucede também que uma pessoa pode sentir de súbito a primavera
e todo despertar da natureza de maneira muito diferente do que sentiu durante
decênios, como se até então nunca houvesse observado direito nem
“usufruído”. Isso ocorre especialmente quando o ser humano teve de passar
por algum momento crítico incisivo, que o fez amadurecer intimamente!
197
A natureza e a primavera foram sempre assim, porém ele transformou-se,
e, de acordo com o seu amadurecimento, vivencia-as agora de maneira
diferente!
Tudo depende dele mesmo. E assim é com relação a toda a grande
Criação. Vós, seres humanos, é que mudais, e não a Criação! Por isso também
já poderíeis ter aqui na Terra o Paraíso, se estivésseis amadurecidos para isso.
A Criação pode permanecer a mesma, porém vós, sempre e sempre vós,
tendes de transformar-vos, a fim de vê-la diferentemente e com isso vivenciá-la
diferentemente. Pois o ver, o ouvir e o sentir pertencem à vivência, são uma
parte dela.
Assim sucede também que o mundo é visto e vivenciado pelos espíritos
humanos de milhões de maneiras diferentes. Tais diferenças, porém, são
somente dadas pelos seres humanos, pois a Criação em si tem formas básicas
muito simples, que se repetem sempre e que são formadas segundo uma lei
uniforme, amadurecendo e decompondo-se, a fim de ressurgirem de maneira
nova, nas mesmas formas. Tudo quanto é verdadeiro é simples, porém essa
simplicidade é vivenciada pelos seres humanos por milhares de maneiras.
Com tal saber já vos aproximais um pouco mais do fenômeno pelo qual
passa a alma, quando está separada da matéria pesada da Terra. Conforme
estiver constituída em si, dessa maneira vivencia o assim chamado Além, pois
vivifica através de sua própria irradiação as formas que a ela tiveram de ser
ligadas, vivifica-as à sua própria maneira, as quais nisso têm de se exaurir!
Que ela a tal respeito possa chegar ao reconhecimento se foi certo ou
errado aquilo que criou para si, isto é, que caminho percorreu, continua sendo
um ato especial de graça por si. Um daqueles atos que o Criador incluiu em
tudo, para que a alma que luta disponha sempre de uma âncora de salvação
em todos os lugares e em todos os tempos, a fim de novamente emergir das
confusões, e mediante legítima boa vontade e oportuno reconhecimento não
ter de se perder.
O múltiplo valor de necessidade de tudo o que se encontra na Criação
outorga sempre, de alguma maneira, a possibilidade de tornar a ascender,
mesmo no maior caos causado pelos seres humanos. Se a alma reconhece e
utiliza essas possibilidades é assunto seu, exclusivamente. As bóias de
salvação estão aí! Basta que a alma as agarre com boa vontade para nelas se
reerguer. —
Com as alterações de seu íntimo o ser humano também vê, portanto, tudo
diferente, conforme já afirma a voz do povo. Não se trata, porém, de mero
ditado, mas sim o ser humano enxerga então na realidade tudo diferente. Com
a modificação íntima altera-se em certo grau o seu ver e o seu ouvir, pois o
espírito vê, escuta e sente através dos respectivos instrumentos nos diversos
planos isoladamente, e não o olho propriamente dito de matéria grosseira ou
de matéria fina. Transforma-se o espírito, transforma-se com ele a maneira de
ver e dessa forma também a maneira de vivenciar. Os instrumentos não
exercem nisso nenhum papel, são meros intermediários.
A irradiação do espírito absorve as resistências com que depara e as
conduz de volta ao espírito numa espécie de reciprocidade. A recondução,
nesta matéria grosseira pesada, ocorre através dos órgãos de matéria
198
grosseira para isso criados, como os olhos, os ouvidos, o cérebro. O cérebro é
com isso o ponto de concentração mediador de todos os órgãos inferiores.
Sobre isto falaremos somente mais tarde, pormenorizadamente.
Hoje procuro apenas esclarecer que a espécie das impressões do mundo
exterior, portanto do ambiente, depende do respectivo espírito propriamente!
Por esse motivo, a mesma forma age sempre diversamente em cada
espectador, mesmo que eles sejam unânimes em relação a sua beleza. E se
uma pessoa vê uma determinada forma de modo diferente de seu próximo, ao
desenhar a forma vista por ela tem de resultar para o outro uma imagem
exatamente igual à própria forma.
Nesse ponto tudo tem de se juntar novamente, pois somente o modo de
ver é diferente, não a forma real.
Os seres humanos criaram uma denominação uniforme para cada forma.
Mas só a denominação é que é uniforme, e não o modo de reconhecer ou de
ver!
Também nisso andastes errados até agora em vossas concepções. Mas se
procurardes aproximar-vos da vivência no chamado Além, partindo desses
pontos novos que vos foram mostrados, muita coisa tornar-se-vos-á mais clara.
Muitas coisas conseguireis compreender mais facilmente, quando eu
prosseguir com os meus esclarecimentos, e muitos enigmas iluminar-se-ão.
Naquilo que já vos foi mostrado reside também a razão de duas ou mais
pessoas de faculdades mediúnicas poderem ver, ouvir e reproduzir de forma
totalmente diferente a mesma coisa, sem que se tenha o direito de censurá-las,
pois vêem-na segundo sua maneira e por isso sempre diferente das outras
pessoas. A própria coisa aí tratada, porém, é somente de uma bem
determinada espécie. E apenas quem aprendeu a contar com esses
fenômenos no conhecimento das leis da vontade divina na Criação também
sabe encontrar exatamente a conexão entre as diversas descrições e com isso
reconhecer o certo, como realmente é.
Procurastes, porém, comprimir a Criação e vós próprios em formas rígidas
e fixas através do idioma com que vos fazeis compreender. Jamais
conseguireis, pois a Criação é móvel, bem como a vossa vida interior. Se,
contudo, procurais meditar sobre isso, então pensais com as palavras fixas do
vosso idioma!
Raciocinai, pois, como isso é absurdo. O idioma de formas fixas não
chegará nunca a reproduzir direito o que é móvel!
Aqui novamente vos estorva o raciocínio, que só pode agir através de bem
determinadas palavras e que também só está habilitado a assimilar bem
determinadas palavras. Nisso vedes como vos acorrentastes e vos
escravizastes, ao considerardes o raciocínio como o mais elevado para o ser
humano, ao passo que ele só é útil e utilizável na pesada matéria grosseira
desta Terra. E também com isso somente em medida limitada e restrita, e não
em tudo. Reconhecereis pouco a pouco quão pobres, em verdade, são os
seres humanos de raciocínio.
Por essa razão já apelei para vós diversas vezes, para que procureis
assimilar a minha Palavra, a Mensagem da Luz, de tal forma, que a lendo,
surjam imagens diante de vós! Pois somente em imagens podereis
199
compreendê-la, e não com as pobres palavras desses seres humanos terrenos,
as quais sou obrigado a utilizar para vos falar.
Com palavras nunca aprendereis a compreender a Criação e também
aquilo que está dentro de vós, porque tudo isso é móvel, e assim tem de
permanecer, ao passo que as palavras comprimem tudo somente em formas
fixas e rígidas. E isso é impossível, um esforço completamente inútil em tudo e
para tudo o que é móvel. Com palavras não conseguireis chegar à
compreensão disso!
Tão logo, porém, a alma se desfaz de todo o peso terreno do corpo
terrenal, ela entra na mobilidade da Criação. É envolvida pelo ondular e
fervilhar contínuo e vivencia então de maneira mais movimentada os seus
ambientes, que mudam muitas vezes nos resgates que esperam cada alma, e
para os quais ela é atraída mediante a vivificação de todos os fios que dela
pendem.
E tudo isso é novamente recíproco. Quando a alma se retira do corpo
terreno, quando dele se afasta e o abandona, portanto não o irradiando mais,
suas irradiações aumentadas com essa libertação seguem numa só direção,
com toda a força, para a matéria grosseira mediana, na qual os fios do destino
se acham ancorados mais perto.
Com isso recebem estes uma vivificação muito mais forte, causada pelas
irradiações da alma nessa direção, e devido a essa vivificação se reforça
também a capacidade de atração deles que, retroagindo, encontram a alma
ligada e a atraem com mais intensidade. Tudo isso são processos automáticos,
totalmente normais e, por conseguinte, também totalmente naturais, que
também compreendereis mais facilmente quando procurardes meditar sobre
isso.
Assim é a alma puxada em seu caminho através de cordões que ela
própria vivifica por meio de suas irradiações, as quais não pode reter nem
evitar. E com isso ela vai ao encontro de sua purificação ou de sua destruição.
Tudo sempre por si só. Os enteais apenas formam e constroem segundo a lei.
Vivificação das formas e os resgates são criados pelas próprias almas através
de suas irradiações. E correspondendo à espécie das irradiações, essas
formas vivificadas de diferentes maneiras atuam então também retroativamente
sobre a alma, com maior ou menor força.
Também aqui vale o ditado: assim como gritardes na floresta, da mesma
maneira repercutirá o eco. Neste caso é assim: conforme as formas forem
irradiadas, assim elas se vivificarão, atuando de maneira correspondente. Paira
em tudo isso uma grande simplicidade de conformidade com a lei e uma justiça
inquebrantável! —
O que nisso acabei de vos descrever vale tão-somente para os espíritos
humanos, pois está inserido na atuação da vontade livre. Com os enteais, por
sua vez, é diferente! —
Deixai surgir esses processos vivificados diante de vossos olhos. Esforçai-
vos nisso, pois vale a pena e vos trará, como efeito recíproco, rica recompensa.
Tornar-vos-eis com isso, por sua vez, cientes quanto a um trecho da Criação.
—
Assim foi o processo de até agora, que eu vos esbocei. E eis que irrompe
agora como que um raio vindo da Luz! Força divina cai súbita e
200
inesperadamente nos fios do destino de todos os seres humanos terrenos, bem
como de todas as almas que se encontram nas planícies da Criação posterior.
Devido a isso vai agora tudo direta e inesperadamente para o remate final!
Os enteais serão reforçados para que disponham de inaudito poder. Em sua
atuação se voltam contra todos os seres humanos que mediante seus atos e
comportamento forçaram-nos até agora a formar coisas feias, obedecendo às
leis da Criação. Mas agora a força de Deus paira acima de toda a vontade
humana na Criação inteira, a vontade de Deus, que só deixa formar o puro, o
bom e o belo, e que aniquila tudo o mais!
A força de Deus também já penetrou na Criação posterior, para agir aqui
mesmo, e todos os enteais, apoiados por essa força suprema, pegam depressa
com alegria e orgulho nas malhas inumeráveis do tecido de todos os fios do
destino dos seres humanos, a fim de dirigi-los prazerosamente para o seu fim!
Obedecendo ao mandamento da Luz, eles rompem os fios ancorados
apenas fracamente no espiritual, para que as almas fiquem completamente
desligadas da Luz, quando os cordões escuros retornarem pesadamente sobre
seus autores, com tudo quanto neles pende!
Mas também o romper desses fios se processa de maneira bem
consentânea com a lei, para o que concorre decisivamente a espécie dos seres
humanos, visto que os enteais não agem de modo arbitrário.
A força da Luz divina cai agora como relâmpago em todos os fios! Os fios
que trazem em si semelhança com a espécie que aspira pela Luz e através de
verdadeira e forte vontade daqueles, que estão ligados a esses fios, também
se tornaram bastante fortes para suportar a repentina penetração dessa
inusitada força da Luz, alcançam com isso uma enorme firmeza e vigor, de
modo que as almas humanas aí ligadas são arrancadas em forte atração dos
perigos das trevas, e com isso também do perigo de serem arrastadas
conjuntamente na decomposição.
Fracos fios de Luz, porém, gerados apenas por uma vontade fraca, não
suportam a repentina pressão colossal da força divina, mas sim são queimados
e com isso desligados pelos enteais auxiliadores, com o que os que assim
estavam ligados ficam abandonados às trevas. A causa desse processo natural
é a sua própria indiferença, a qual foi incapaz de gerar fios suficientemente
firmes e fortes.
Vedes assim que em todo e qualquer acontecimento reina sempre justiça!
Por isso está prometido que os indiferentes serão cuspidos fora, conforme
acontece literalmente por parte da Luz.
Todos os auxiliadores enteais, grandes e pequenos, serão agora libertados
de, em cumprimento da lei, terem de produzir formas trevosas, forçados pelo
querer malévolo ou errado dos seres humanos. E das trevas, que foram
separadas, será retirado ao mesmo tempo tudo o que é enteal, pela força da
Luz, à qual eles, em jubilosa alegria, se associam estreitamente, a fim de agora
formarem e conservarem aquilo que é desejado pela Luz. Nisso eles se
revigoram em nova força, a fim de vibrarem no bramante acorde juntamente
com toda a Criação, no meio da flutuante Luz de Deus!
Honra seja feita a Deus, que somente semeia o amor! Amor que também
se manifesta na lei da destruição das trevas!
201
44. Mulher e homem
Com as minhas dissertações sobre “O enteal”, “Os pequenos enteais”, “Na
oficina de matéria grosseira dos enteais” e “Peregrina uma alma”, dei uma
parte do saber da contínua atuação na Criação. Expliquei uma pequena parte
do vosso ambiente mais próximo, e somente daquele que se acha bem
intimamente ligado convosco. Não vos dei tais esclarecimentos apenas para
que ficásseis conscientes deles, mas sim com aquela finalidade de poderdes
tirar proveito disso para a vossa vida na Terra, agora, no corpo de matéria
grosseira. Bem como, simultaneamente, para a bênção daqueles que estão
convosco e ao redor de vós.
O saber a tal respeito não vos dá vantagem nenhuma, pois cada espírito
humano tem o dever sagrado de utilizar, beneficiadoramente, todo o saber a
respeito da Criação, para o progresso e a alegria de todos que estejam ligados
a ele ou que apenas entrem em contato com ele. Então o seu espírito terá alto
lucro; do contrário, nunca.
Ficará assim livre de todos os empecilhos e será, pela lei da reciprocidade,
infalivelmente soerguido até uma altitude em que possa haurir forças
constantemente, as quais são traspassadas de Luz e têm de proporcionar
bênçãos onde encontrarem solo adequado aqui na Terra. Dessa forma a
pessoa que sabe torna-se forte mediadora da elevada força de Deus.
Por isso quero mostrar-vos o que podeis deduzir das últimas dissertações
para o caminho terreno e o que também tendes de deduzir, pois a Palavra não
deve ficar sem utilização.
Chamei vossa atenção, em traços gerais, para uma pequena parte do tecer
e do atuar de bem determinadas espécies de enteais na Criação, e mostrei-vos
também que nisso o espírito humano se movimentou até agora em total
ignorância.
O enteal atua e tece com fidelidade no lar da grande Criação, enquanto o
espiritual deve ser considerado nela como hóspede peregrino, que tem a
obrigação de adaptar-se harmoniosamente à ordem do grande lar, apoiando
beneficiadoramente como melhor puder o atuar do enteal. Deve, pois,
colaborar na conservação da grande obra que lhe oferece morada, pátria e
possibilidade de existência.
Considerando corretamente, deveis imaginar assim: o elevado enteal
soltou de si o espírito, ou deu-o à Luz, e lhe oferece no seu grande lar da
Criação a possibilidade de uma existência cheia de alegria!
Pressuposto, naturalmente, que tal espírito não perturbe a harmonia da
casa, pois em tal hipótese torna-se um hóspede malvisto, sendo tratado
correspondentemente. Nunca poderá então receber e usufruir uma verdadeira
existência cheia de alegria.
O hóspede tem, logicamente, também o dever de não estorvar a
organização do lar, mas sim de adaptar-se à ordem vigente e até mesmo de
apoiá-la e de protegê-la, como retribuição pela hospitalidade.
Pode-se, finalmente, para melhor compreensão, expressar isso de maneira
diversa, sem alterar o sentido real: o grande divino-enteal, que tudo abrange,
202
apartou-se em dois, uma parte ativa e uma parte passiva, ou em uma parte
positiva e uma parte negativa.
A parte passiva ou negativa é a parte mais fina, mais sensível e mais dócil;
a parte ativa ou positiva é a parte mais grosseira, não tão sensível!
A mais sensível, isto é, a parte passiva, é, porém, a mais forte e
predominante, aquela que na realidade atua dirigindo. Em sua sensibilidade ela
está mais apta a receber, é mais impressionável e, por conseguinte, capaz de
se manter e de atuar mais seguramente na força da sagrada vontade de Deus,
isto é, na pressão suprema. Sob pressão entende-se aqui a impressão,
conforme a lei, da espécie mais elevada sobre a espécie mais baixa, e não
acaso um ato arbitrário de força, uma pressão de violento e instável
despotismo. —
Assim vedes diante de vós o grande quadro vindo de cima, já não sendo
mais difícil compreender que os desenvolvimentos ulteriores na Criação
sempre se repetem naturalmente da mesma maneira, e finalmente também têm
de ser transmitidos para as apartações dos espíritos humanos da Criação
posterior, como efeito de uma lei uniforme que atravessa a Criação inteira. Só
que nas diversas planícies e nos diversos graus de esfriamento isso é
designado de maneira diferente.
Assim, a mulher humana da Criação posterior corporifica, nas gradações, o
enteal mais intuitivo, como parte negativa, passiva, e o homem, o mais
grosseiro espiritual, como parte positiva, ativa, pois a apartação uma vez já
iniciada vai-se repetindo sempre de novo nas partes já apartadas,
continuamente, a ponto de se poder dizer que a Criação inteira consiste,
propriamente, só de apartações! A parte efetivamente mais forte, portanto que
domina de fato, é aí sempre a parte mais intuitiva; portanto, entre os seres
humanos, a feminilidade! É-lhe muito mais fácil, de acordo com sua espécie,
obedecer intuitivamente à pressão da vontade divina. Com isso ela tem e
também proporciona a melhor ligação com a única força verdadeiramente viva!
Essa lei da Criação deve ser também levada em consideração pelos
pesquisadores e inventores. A parte realmente mais poderosa e mais forte é
sempre a mais intuitiva, isto é, a parte negativa ou passiva. A parte mais
intuitiva é a parte determinante de fato, e a parte ativa é apenas a executante!
Por isso, num desenvolvimento normal, toda a feminilidade exerce também,
nos começos inconscientes de vibração sempre pura, uma forte influência,
exclusivamente ascendente, sobre a masculinidade, tão logo esta atinja a
maturidade física. Com a maturidade física desperta ao mesmo tempo o grande
sentido sexual, que forma a ligação ou a ponte para a atividade do núcleo
espiritual dos seres humanos no plano da matéria grosseira, isto é, aqui na
Terra.
Já sabeis isso através da minha Mensagem. Tudo decorre
simultaneamente. Uma coisa traz logo a outra consigo. Nisso reconheceis os
auxílios imensos que um espírito humano na Terra recebe através das leis da
Criação! Vedes a proteção quase indescritível e os apoios cheios de graça para
a ascensão, apoios que mal podem ser abrangidos com a vista. Também os
caminhos certos aí indicados, onde ninguém pode se extraviar, a não ser que
queira. Torna-se necessário, de fato, muita má vontade e até esforços
contrários, para que um ser humano deixe de lado todas essas coisas
203
levianamente e não atente a elas. Sim, o ser humano tem até de lutar
violentamente contra todos esses auxílios automáticos, para não os utilizar!
E, todavia, ele o faz. Por isso eu disse, de propósito, que nos começos
“inconscientes” do amadurecimento a influência feminina sempre desperta na
masculinidade uma vibração pura em direção às alturas, porque aí ela não é
influenciada pelo raciocínio estragado e age apenas segundo as leis de Deus
na Criação! Só quando o raciocínio com todos os seus artifícios é nisso
também despertado, e começa a atuar, é que essa pureza, e com ela todos os
auxílios, são arrastados na sujeira e desvalorizados, devido ao mau pensar.
O mau pensar é gerado pela impureza da feminilidade, pelas seduções,
persuasões de falsos amigos, maus exemplos, e não por último também
através da orientação falsa na arte e literatura.
Se com isso, porém, são destruídas e rebentadas as muitas pontes para as
alturas luminosas e puras, então é muito difícil encontrar um caminho para a
volta! Ainda assim o Criador onisciente, devido à Sua bondade, outorga através
das leis da grande Criação milhares de possibilidades, bem como auxílios
automáticos, quando um espírito humano desencaminhado procura de fato
fazer ressurgir em si a verdadeira vontade sincera para o que é puro.
A Mensagem já dá, em todas essas coisas, suficientes esclarecimentos, de
maneira que novas indicações a tal respeito não são mais necessárias para
vós.
Criaturas humanas, não sabeis, absolutamente, que graças vós sempre de
novo e quase que diariamente calcais sob os pés; por isso ignorais também
como é grande e quanto aumenta a cada hora o peso de vossas culpas, que
tendes de pagar de qualquer maneira, pois todas as leis de Deus, que
repousam na Criação e vos auxiliam, também ficarão contra vós, se não as
quiserdes observar!
Não podeis esquivar-vos do dever de reconhecer. Nenhuma entre todas as
criaturas. E as leis são o amor de Deus, que vos permaneceu incompreensível,
porque procurastes fazer dele algo inteiramente diverso do que é realmente.
Aprendei e reconhecei! Mulher, se não acordas para teu real valor na
Criação, agindo então de acordo, esmagar-te-á o efeito retroativo da grande
culpa, antes que pressintas! E tu, homem, vê finalmente na mulher aquele
grande auxílio de que precisas e do qual jamais podes prescindir, se queres
vibrar nas leis de Deus. E honra na mulher aquilo para o que Deus a destinou!
A espécie de teu sentimento em relação à mulher será para ti o portal que leva
à Luz. Nunca te esqueças disso. —
Aprofundai-vos em todas essas descrições. Encontrá-las-eis confirmadas
por toda a parte em vosso vivenciar. Tomai essas palavras como base para as
vossas observações. Vereis assim muita coisa totalmente diferente,
reconhecendo também melhor do que até agora. Mesmo nas coisas mais
ínfimas isso se manifesta bem nitidamente. Não somente na Terra, mas sim em
toda a Criação.
Talvez vos pergunteis então por que a mulher humana é a parte mais
sensível. Por isso quero dar-vos imediatamente a resposta:
A mulher constitui nas separações ou apartações a ponte entre o enteal e o
espiritual! Por isso também a Mãe primordial teve que surgir primeiro, antes
que acontecessem ou pudessem acontecer outras apartações.
204
E como ponte, entre o próximo enteal mais elevado e o espiritual daí
emanado, está sempre a mulher do respectivo plano que se apartou. Por esse
motivo ainda reteve em si uma parte especial do enteal mais elevado próximo
do seu próprio plano, o que falta ao homem.
A voz do povo também nisso fala certo ao constatar que a mulher se
encontra mais ligada à natureza do que o homem! A mulher encontra-se de
fato mais ligada à natureza em todos os sentidos. Vós, conhecedores da
Mensagem, sabeis, porém, que a expressão ligada à natureza outra coisa não
significa senão a ligação mais estreita ao enteal!
Assim é no grande lar da Criação! Disso deveis extrair ensinamentos para
vós próprios e transmiti-los sabiamente à vida terrena. De como podeis fazê-lo,
dir-vos-ei hoje. Deixando de fazê-lo, não vos adaptais à vibrante harmonia do
lar de que sois hóspedes. E se quiserdes agir diferentemente e seguir outros
caminhos do que aqueles que a própria Criação vos mostra nitidamente, jamais
podereis obter êxito, jamais tereis a legítima alegria e muito menos a paz que
tanto ansiais.
Falhará e desabará tudo o que não vibrar no sentido e nas leis desta
Criação, pois então isso não somente perderá todo o apoio como também
criará correntes contrárias, que são mais fortes do que qualquer espírito
humano e acabam sempre por derrubá-lo, bem como sua obra.
Sintonizai-vos, pois, finalmente na perfeição da harmonia da Criação, então
encontrareis paz e êxito.
Antes de tudo foi a mulher quem primeiro falhou nisso; a culpa, porém, é
também principalmente do homem. Mas nem por isso deixa de ser menor num
milímetro sequer a culpabilidade da mulher, que absolutamente não precisava
guiar-se por ele. Cada um sozinho é responsável por si. O mal principal de tudo
foi também aqui, outra vez, a subordinação voluntária ao raciocínio.
A mulher da Criação posterior devia formar a ponte do enteal para o
espiritual. A ponte daquele enteal donde primeiramente se desprendeu o
espiritual da Criação posterior! E não daquele enteal que desceu ainda mais
após a libertação dos últimos restos do espiritual, para ir formar a ponte para a
materialidade e dar origem às almas de todos os animais.
No valor da Criação vem, portanto, na gradação descendente, em primeira
linha, a mulher, e depois o homem. A mulher da Criação posterior, porém,
falhou aí por completo. Pois não se encontra naquele lugar que a Criação lhe
deu e determinou.
A mulher conservou em si grande parte do enteal, não do inferior e sim do
mais elevado, como ponte, e podia, devia permanecer acessível à vontade de
Deus, como o próprio enteal, que sempre vibra somente na vontade de Deus. A
condição evidente era que ela conservasse pura a parte enteal, pura para intuir
a vontade divina, as leis da Criação!
Ao invés disso, ela abriu a intuição com a maior rapidez e facilidade para
os artifícios sedutores de Lúcifer. E como a mulher, por suas peculiaridades de
ligação com o enteal, é mais forte na Criação do que a espécie espiritual mais
grosseira do homem, sendo com isso determinante ou, digamos, dando o tom,
no sentido mais literal da palavra, assim arrastou, brincando, o homem consigo
para as profundidades.
205
Por essa razão também clamei para toda a feminilidade, em minha
Mensagem, que ela tem de preceder o homem na ascensão, pois esse é seu
dever, porque jaz em sua capacidade! Não só porque com isso resgatará a
culpa com que se sobrecarregou desde o início. Isso é um ato de graça por si,
que reciprocamente, na vontade de ascensão, se desencadeia de modo
automático.
A mulher da Criação posterior pôde, apesar de sua dádiva enteálica, cair
tanto, porque, como última da sua espécie, se encontra mais distante da
proximidade de Deus! Em compensação tinha em si, na parte do enteal mais
elevado, uma âncora forte onde podia se segurar, e de fato ter-se-ia segurado,
se ela apenas tivesse tido uma vontade séria para tanto. Mas o espiritual mais
grosseiro existente nela quis de outra forma. E a distância da proximidade de
Deus deixou-o triunfar.
A mulher podia cair, mas não devia! Pois dispunha de bastante ajuda ao
seu lado. Nem aceitou os auxílios, pois não os utilizou.
Contudo, no Reino do Milênio tem de ser diferente. A mulher modificar-se-á
e viverá apenas de acordo com a vontade de Deus! Será purificada, ou
sucumbirá no Juízo, pois recebe agora diretamente a proximidade de Deus
aqui na Terra! Com isso é anulada qualquer desculpa para toda a feminilidade!
E toda a mulher, que pecaminosa e criminosamente ainda não tiver obstruído
completamente sua parte enteal, tem de sentir agora a proximidade de Deus e
nela revigorar-se para um fortalecimento maior e extraordinário poder! Segundo
as leis vivas da Criação! Mas somente aquelas, que ainda são capazes de
reconhecer gratamente a pressão da pura força de Deus como tal, receberão
esse auxílio automático.
Quem, no entanto, não puder ou não quiser senti-la mais, acabará
definhando e não conservará por muito tempo a possibilidade de ainda chamar-
se mulher.
Perguntar-vos-eis, naturalmente, como pode ocorrer que diversas almas
humanas possam encarnar-se na Terra, alternadamente, uma vez como
mulher e outra vez como homem. A solução não é tão difícil como pensais, pois
uma verdadeira mulher em todos os sentidos nunca se verá na contingência de
ter de encarnar-se como homem na matéria grosseira.
Um tal processo é novamente apenas uma das conseqüências maléficas
do domínio do raciocínio, por mais estranho que possa parecer.
A mulher terrena, que se sujeita ao raciocínio, calca com isso a sua
verdadeira feminilidade. Esta fica subjugada, uma vez que ela constitui a
sensibilidade, que é emuralhada pelo raciocínio calculista, e com isso se atam
fios do destino, fazendo com que uma tal mulher tenha de encarnar-se na
próxima vez como homem, porque depois de tal recalcamento e
emuralhamento predomina apenas o espiritual mais grosseiro, e os fios, de
acordo com a lei da Criação, nem podem ser atados de outra maneira. Tais
mudanças nas encarnações tornam-se então necessárias, porque tudo o que
atinge o núcleo do espírito humano tem de se desenvolver. Principalmente a
atual imitação anômala, e, portanto, contrária às leis da Criação, do homem por
parte do mundo feminino, bem como o acentuado trabalho do raciocínio, têm
de acarretar conseqüências graves para a feminilidade, uma vez que nesses
fatores residem transtornos na harmonia da Criação!
206
Todas essas calcam sua verdadeira feminilidade e teriam por isso, na
próxima vez, de se encarnar em corpos masculinos. Isso em si nem seria tão
ruim. Mas decorre dessa contingência que a alma feminina, nessa torção de
sua missão num corpo de homem, certamente pode atuar de maneira
inteligente, porém apenas fisicamente; nunca será um verdadeiro homem,
espiritual e animicamente! É e permanece uma aberração.
Tais processos de torções na Criação aconteceram até agora, porém não
serão mais possíveis no Reino do Milênio, pois então todas essas almas
femininas, que emuralharam sua feminilidade, categoricamente não mais
poderão se reencarnar na Terra, e sim cairão como inúteis no Juízo, entre as
massas que serão arrastadas para a decomposição. Todas elas estão
perdidas, caso não se lembrarem ainda a tempo de sua missão de feminilidade
e atuarem de acordo.
O mesmo ocorre de maneira inversa. A alma de um homem que se inclinar
sobremaneira para a espécie feminina, por efeminação de seu pensar e de seu
agir, obrigar-se-á por si mesma, através dos fios formados, para uma
encarnação posterior num corpo feminino. Mas em tal caso também não é
possível que tais almas possam tornar-se verdadeiras mulheres por lhes faltar
a parte enteal mais elevada, pertencente à feminilidade.
Por tal motivo muitas vezes se encontram na Terra homens com
predomínio de atributos femininos e mulheres com predomínio de atributos
masculinos! A espécie de suas almas, porém, em ambos não é legítima, mas
sim torcida e inútil na própria Criação, salvo nas possibilidades de reprodução
quanto à matéria grosseira.
Decisivo e fundamental para todo o seu ser é nesse caso também a
primeira resolução do germe espiritual, a qual, aliás, não sucede
conscientemente, mas somente reside num impulso interior que desperta! Caso
tal impulso conduza a atividades mais delicadas, então está decidida a
essência do germe espiritual para o feminino, pois ele retém ou conserva uma
parte do enteal mais elevado, do qual se desliga ou aparta. Caso se incline
para uma atuação mais grosseira, ativa ou positiva, então se separa
gradualmente a parte delicada e mais fina do enteal mais elevado, de modo
completo, e fica para trás; sim, é automaticamente expulsa, de forma que para
tal germe espiritual fica basicamente decidido o masculino.
Cumpre-se também aqui para o espiritual, logo de início, a garantia da
única decisão livre, que é chamada livre-arbítrio.
Mulher! O que já diz a palavra em si como conceito concentrado e
irradiante de pureza, graça e saudade das alturas luminosas!
O que de grandioso, de elevado e de nobre deveria ter surgido também de
ti, mulher terrena, e o que fizeste de ti própria!
Já nem podes mais intuir que esse tão querido jogo social de querer
sobressair e parecer desejável, que cada palavra, sim, cada olhar nisso, vindo
do lado masculino, é, na realidade, um insulto à tua dignidade feminina! Insulto
à tua pureza desejada por Deus.
Se não houvesse ainda algumas, entre vós na Terra, em cujas almas ainda
é possível ancorar-se a vontade de Deus, realmente seria melhor que um gesto
da mão de Deus jogasse essas caricaturas da feminilidade para fora do chão
límpido da maravilhosa Criação.
207
Contudo, por causa das poucas fiéis, deve a mulher terrena, pela
proximidade de Deus, poder ascender para aquelas alturas que lhe foram
destinadas desde o começo!
Ditosa es tu, humanidade terrena, tu que não mereces esta graça e mesmo
assim te é permitido recebê-la!
Futuramente, porém, orienta-te rigorosamente pelas leis de Deus!
A pureza da mulher terrena jaz em sua fidelidade! Pois a fidelidade é a
pureza! Uma mulher sem fidelidade é indigna de ser chamada mulher! E infiel é
toda mulher que futilmente graceja com homens, quer seja por palavras ou por
pensamentos! Infiel a si própria e a sua alta missão nesta Criação, por
conseguinte também na Terra!
Somente a fidelidade faz surgir todas as virtudes na mulher. Não faltará
uma só!
Assim como as pessoas formaram a respeito da castidade uma noção
estreita, unilateral e inerte, e, com isso, inteiramente errônea, da mesma forma
prepararam para si, em seu pensar baixo, também algo de ridículo e
desajeitado em relação ao elevado conceito da pureza! Formaram disso uma
caricatura, uma algema antinatural, que se encontra em contradição com as
leis da Criação, totalmente errônea, provando somente a estreiteza do
mesquinho pensar do raciocínio.
A pureza da mulher humana reside apenas em sua fidelidade! Sim, ela é
para os seres humanos a fidelidade!
Dito bem claramente: a pureza se corporifica nos seres humanos na
fidelidade! Quem compreender isso corretamente encontrará aí também
sempre o caminho certo e poderá segui-lo, e não com obsessões anímicas
empurrar para o lado a lei da Criação. Deveis, por conseguinte, empenhar-vos
em compreender isso corretamente.
A pureza é somente divina! Por isso o ser humano, como tal, nem pode ter
a pureza em sua forma original, visto ser ele apenas uma partícula da Criação
e como tal se achar sujeito a leis bem determinadas. A pureza, porém, só pode
residir na perfeição divina, pertence a essa perfeição!
Logo, o ser humano nem pode possuir a pureza em seu legítimo sentido,
apenas consegue corporificá-la simbolicamente de acordo com sua espécie e,
portanto, transmiti-la de forma modificada na fidelidade! A fidelidade é,
portanto, a gradação da pureza para os seres humanos. O ser humano coloca
no lugar da pureza divina a fidelidade. E, em primeira linha, no sentido mais
nobre, a mulher! Tudo quanto ela fizer será puro, caso ela o fizer com
fidelidade! Não é diferente com o homem. A fidelidade é para cada ser humano
a pureza!
A fidelidade naturalmente tem de ser autêntica; não pode ter suas raízes
apenas na imaginação. A fidelidade autêntica só pode existir no amor
verdadeiro; nunca nas paixões ou na fantasia. Nisso reside por sua vez uma
proteção e também uma medida que serve para exame de si próprio.
O ser humano não consegue ser divino e tem de se orientar segundo as
leis de sua espécie. Tudo o mais será uma distorção antinatural, doentia, não
passando de conseqüências de falsas concepções, de pretensões ambiciosas,
que o impelem a todo custo a sobressair ou a ficar afastado de seu próximo, a
208
ser admirado ou, talvez, a realizar algo extraordinário também perante Deus.
Nunca se trata, porém, de algo legítimo e natural, mas sim constitui uma
absurda e violenta deformação da alma, que acarreta também prejuízos
corporais. Nisso nada há de grandioso nem de sublime; apenas mostra uma
contorção grotesca, que é ridícula na Criação.
O ser humano apenas pode sobressair produtivamente na Criação, se
permanecer aquilo que deve ser, procurando aperfeiçoar sua espécie através
do enobrecimento. Isso, porém, ele só pode alcançar vibrando de acordo com
as leis e não se colocando fora delas.
Por isso a fidelidade é a mais alta virtude de cada mulher; permite-lhe,
outrossim, cumprir integralmente sua alta missão nesta Criação!
Atentai, pois, nisto, seres humanos:
O elevado e fino enteal, portanto o mais sensível e delicado, dirige o lar na
grande Criação! Com isso também é indicado à mulher o cargo, para cujo
desempenho ela está inteiramente habilitada: dirigir o lar na existência terrena,
oferecer pátria no verdadeiro sentido! Tornar esta Terra um solo pátrio e
harmonioso é no futuro a missão da mulher, missão que ela pode desenvolver
até o ponto de fazer dela verdadeira arte! Nisso reside tudo, e nisso tudo tem
de ser fundamentado, se é que deva prosperar e florescer!
O lar deve tornar-se um santuário através da mulher! Deve tornar-se um
templo para a vontade de Deus! Nisso repousa a veneração a Deus, se
escutardes Sua sagrada vontade na Criação e se orientardes vossa vida e
vossa atividade na Terra de acordo com ela.
E também o homem, cujo trabalho até agora dava provas de ser
exclusivamente uma escravidão ao raciocínio, modificar-se-á pelo modo de ser
da mulher, se ele for obrigado a reconhecer na mulher indícios de algo mais
nobre.
Olhai sempre para o lar desta Criação, e sabereis como organizar a vossa
vida na Terra!
O homem, porém, não deve quebrar a ordem de uma casa, agindo
egoisticamente, seja pelo desrespeito negligente ou pela arrogância tirânica,
pois a atuação da mulher no lar é tão importante quanto a dele em sua
profissão. Só que é diversa, não podendo ser dispensada. A missão da mulher
no lar vibra na lei de Deus, para a qual o corpo terreno apela insistentemente,
procurando no lar recuperação, sossego, alimento e não como último...
harmonia da alma, que refresca e dá novo estímulo, novas forças para toda a
atividade do homem!
O equilíbrio aí tem de ser totalmente harmonioso. Por isso a mulher
também deve respeitar o trabalho do homem e não pensar que somente a sua
atividade é que pode ser decisiva. A atuação das duas partes deve ser
entrelaçada, em vibração harmônica. Uma não deve perturbar a outra.
O homem não deve, por conseguinte, prejudicar nem destruir a ordem
doméstica com seu egoísmo; pelo contrário, tem de ser ainda prestativo,
através da pontualidade e compreensão crescente, para que tudo conserve o
ritmo harmonioso.
É isso que podeis e tendes de aprender da Criação. No Reino do Milênio
ainda sereis obrigados a isso, do contrário jamais podereis subsistir nele. E
209
quem então não puder subsistir nela, será extinguido na lei da Criação, porque
não mais continuará merecedor das bênçãos da Criação.
Vós sabeis, o Reino dos Mil Anos é deserdação para cada ser humano
desta Criação posterior! Deserdação de seu livre-arbítrio, até agora nela
determinante. Ele falhou em seu atuar e pensar pueril excêntrico e deve, por
isso, aprender agora a obedecer ou afundar. A partir daquele momento, em
que a vontade de Deus pisou na Terra, a vontade do ser humano, que até
agora pôde reinar nela, Lhe é submissa, de acordo com a lei da Criação! Nada
pode ser mudado nisso. Já por essa única razão a vontade do ser humano não
é mais determinante. Isso mostra-se agora rapidamente na natureza, entre os
próprios seres humanos, como em cada criatura.
O ser humano tem o seu livre-arbítrio para decisão, como o tinha também
até agora, apenas ainda para si próprio. No respectivo poder decidir-se, ele
mesmo, situou-se e ainda se situa o exercício do livre-arbítrio humano. Tão
somente no poder decidir! As conseqüências de todas as decisões tomadas
por ele próprio recaem sempre sobre ele, ele querendo ou não; e nisso ele
nunca poderá mudar algo. Agora apenas o atingirá mais rapidamente do que
até então.
Para ele, a verdadeira diferença entre o antigamente e o agora, pela
deserdação, situa-se no fato de que antigamente o seu atuar e seu querer
também tinham influência sobre os acontecimentos na Criação posterior, em
primeiro lugar sobre os desenvolvidos desta Terra. Isso terminou! A vontade do
ser humano atinge agora sempre apenas a ele próprio, com duplo, triplo rigor
do que até agora, e também com uma rapidez inesperada, até agora
desconhecida.
Além de contra si próprio e seus semelhantes, ele agora não pode mais
gerar nenhum dano; pois tudo o mais, que não seja da mesma espécie, ficará
disso incólume e encontra-se somente ainda sob a própria vontade de Deus,
que é mais forte do que toda a vontade da humanidade na Criação!
E todos os seres humanos que agora não quiserem obedecer às leis desta
Criação são revoltados contra sua pátria, contra seu Criador, seu Deus! Serão
expulsos e destruídos sem piedade pelas próprias leis, que fortalecidas pela
força de Deus se voltam agora, rápidas e invencíveis, contra tudo o que destrói
a harmonia desejada por Deus.
Observai, portanto, a vossa pátria, seres humanos, aprendei a
compreender esta Criação posterior! Tendes de aprender a conhecê-la e
finalmente vos orientar também aqui na Terra conforme a ordem, senão
estareis perdidos e deveis sucumbir.
210
45. Almas torcidas
O ser humano tem perguntas sobre perguntas! Logo que eu lhe ofereço um
novo saber, ele já vem com novas perguntas, antes mesmo de haver
assimilado com discernimento tudo quanto lhe ofereci.
Esse é o seu grande erro! Quer prosseguir sempre apressadamente. Se eu
me deixasse orientar por ele, nunca poderia ele atingir nada, pois com suas
perguntas permanece sempre no mesmo lugar, como um peregrino preguiçoso
que descansa sossegadamente na sombra de um bosque e deixa que outros
lhe contem como é seu alvo, ao invés de se animar e dirigir-se para ele.
Ao longo de sua jornada, todavia, ele mesmo avistará e vivenciará tudo que
gostaria de saber pelas respostas às perguntas que sempre deixa surgir em si.
Precisa movimentar-se, senão não atingirá o alvo!
Eu disse, na dissertação “Mulher e homem”, que cada ser humano deve
extrair das minhas palavras a aplicação útil para a sua atual existência terrena!
Caso queira seguir tal conselho, não lhe resta outra coisa a fazer, senão tornar
viva dentro de si próprio a minha Palavra, configurando-a assim como eu a
dou, pois sei exatamente do que o ser humano necessita e oriento minhas
dissertações sempre nesse sentido. Ele tem de seguir as preleções palavra por
palavra, pois elas contêm uma seqüência gradativa, que conduz sua alma para
cima, cuidadosamente. Um caminho por onde a alma pode escalar, se apenas
quiser!
Suas rápidas perguntas mostram, porém, que ele, em sua habitual maneira
de refletir, quer aprender, pondo de lado novamente a necessária vivência. O
aprender nada adianta para a alma, pois o que foi aprendido fica para trás, com
o corpo terreno já no primeiro passo para fora desta Terra. Apenas aquilo que
foi vivenciado é que a alma leva consigo! Já disse isso muitas vezes, mas
ainda assim o ser humano terreno procede sempre erroneamente quanto à
Palavra Sagrada! Nisso, ele não confia em mim e quer sabê-lo melhor ou não
quer de bom grado abandonar sua maneira habitual.
Na construção de minhas dissertações existe uma condução sábia, que ele
não compreende. Também não é indispensável que ele a reconheça, contanto
que a siga e não procure apressar-se em sua ânsia de querer saber, como os
leitores superficiais de um livro, que o lêem por causa da sensação, apenas
para preencherem horas livres e distraírem-se do seu pensar unilateral sobre
suas atividades diárias.
Durante a leitura, não vêem os personagens do livro surgirem vivos diante
de si, não atentam aos respectivos desenvolvimentos que os personagens em
pauta têm de vivenciar, não vêem as nítidas conclusões que dali se
desenvolvem e que são capazes de modificar sempre e constantemente as
circunstâncias e o ambiente. Nada disso é observado por eles, mas sim
prosseguem saltando para frente, a fim de rapidamente ainda se informarem
sobre este ou aquele ponto de ação! Não extraem nenhum proveito dos
melhores livros, que reproduzem um trecho da existência terrena e de onde o
leitor poderia haurir muito para si, se co-participasse de tudo, direito!
Como tais leitores, que procuram devorar literalmente todos os livros em
seu entusiasmo, mas cuja verdadeira finalidade e sentido jamais reconhecem,
211
sabendo apenas distinguir e indicar duas categorias: a dos livros sensacionais
e a dos livros desinteressantes, assim são os seres humanos, em cujo íntimo
se levantam imediatamente novas perguntas, tão logo lêem uma dissertação
do saber da Criação.
Devem, antes de tudo, procurar com a maior energia e esforço haurir aquilo
que cada dissertação lhes oferece!
Caso algo ali não lhes pareça logo bem claro, não devem procurar, olhando
mais para diante, mas sim têm de olhar para trás, na Mensagem, a fim de
pesquisar dentro dela e nela encontrar o esclarecimento.
E o ser humano o encontrará, se deixar que a Mensagem lhe surja em
imagens no espírito! Encontrará tudo, se realmente procurar. Nessa busca
necessária, porém, a Mensagem tornar-se-lhe-á continuamente mais clara,
mais forte, mais segura dentro dele. Aprenderá com isso a conhecê-la sempre
melhor e... a vivenciá-la! Forço-o exatamente dessa maneira a fazer algo, que
nunca faria voluntariamente, na preguiça do espírito que em parte ainda paira
sobre todos os seres humanos.
Existe nisso uma condução não conhecida por ele, que lhe é um auxílio
inestimável para tornar viva a minha Mensagem. Aprenderá assim a conhecer
tudo o que foi dito na Mensagem, tudo quanto nela existe e de que até agora
não teve idéia, apesar da leitura. Verá como pode pesquisar nessa Mensagem,
fazendo com isso a sempre nova descoberta para ele, de que realmente
encontra nela tudo, de que só dependia dele mesmo, de sua maneira
superficial de procurar, se até então não havia observado muita coisa.
As dissertações atuais e as seguintes são ampliações da Mensagem!
Quem quiser compreendê-las, também deve conhecer a Mensagem. É um
todo, que também deve ser mantido na seqüência determinada, se deva tornar-
se um verdadeiro saber.
Nem sequer um ponto pode ser evitado aí. E para um saber da Criação
isso não é exigir demais. Quem achar que é demais nunca chegará a uma
conclusão nisso. Entretanto, sem esse saber não há mais ascensão e também
não uma permanência mais longa; pois o tempo do poder existir sem o saber a
respeito passou.
Deus, vosso Senhor e Criador, exige-o agora de vós! Quem disso se retrair,
daquele Deus retrair-se-á! E sem as bênçãos de Deus, o homem não pode
existir. A vós não restará nenhuma escolha, se quiserdes continuar existindo;
pois Deus agora impõe suas condições às criaturas!
Olhai, pois, em vosso redor, mas com olhar límpido, que não esteja turvado
com alguma idéia presunçosa, então deveis reconhecer como agora, aos
poucos, virá a oscilar e ruir tudo aquilo que não está de acordo com a vontade
de Deus! Diante das leis de Deus na Criação não existe nenhum poder que
pudesse, doravante, contrapor-se a elas com êxito! Atentai a estas minhas
palavras e reconhecei nos acontecimentos atuais e vindouros a mão de Deus
que intervém visivelmente na obra humana! —
Procuro guiar-vos através do melhor caminho para vós. Mas deveis
acompanhar-me com passo firme, e não deveis tentar apressar-vos, como os
leitores cuja superficialidade vos mostrei como exemplo.
Assim também é com relação à minha última dissertação sobre “Mulher e
homem”. Como conheço as pessoas, eis que surgem novamente perguntas em
212
seus cérebros, antes que se dêem ao esforço de receberem da Mensagem
uma resposta, ou da própria dissertação, e, não por último, através da
observação do próximo na atual vida terrena! Justamente nisso encontrareis a
maior parte das informações, uma vez que elas, vistas através de minha
Mensagem, vos darão abundantemente as confirmações de tudo quanto vos
expliquei! Contudo, notai bem, só se as considerardes com base no conteúdo
da minha Mensagem!
Isso condiciona que vos sintonizeis direito com a Mensagem. Se
conseguirdes isso, então estareis aptos a reconhecer exatamente e de
imediato tudo ao redor de vós, mas tudo mesmo, e dessa forma tornar-vos-eis
cientes, tornar-vos-eis sábios! Lereis então na vida terrena como se lê num
livro. Ela está aberta para vós por meio da Mensagem!
Experimentai somente. E logo vossos olhos se abrirão e com isso
despertareis! Não poupeis esforços na obtenção dessa necessidade!
Não que deveis olhar apenas para os defeitos do vosso próximo! Essa não
é a intenção, mas sim deveis reconhecer nisso a própria vida, com todas as
suas conseqüências e modificações para o que a minha Mensagem é e sempre
será o guia em imutável fidelidade! Somente na vida ou através da própria vida
é que reconhecereis todos os valores de minha Mensagem, e não mediante
vosso querer saber. E por meio da Mensagem podereis, por sua vez, encarar
direito a vida, assim como é para vós. Também aqui atua tudo reciprocamente,
e o verdadeiro saber provém somente da vivência!
Dessa maneira logo vos tornareis um só com a Mensagem; ela se tornará
vida para vós, porque somente podeis reconhecê-la através da própria vida,
pois ela vos fala da vida.
Portanto, não deveis procurar reconhecer no próprio livro o valor da
Mensagem, e sim na observação da vida! Deveis, mediante a observação
cuidadosa e insistente de tudo quanto ocorre à vossa volta e dentro de vós
mesmos, cooperar para a possibilidade de reencontrar a Mensagem na vida,
da qual ela vos fala.
Esse é para vós o caminho do verdadeiro reconhecimento das minhas
palavras, que têm de vos trazer proveito e por fim a vitória sobre as trevas!
Assim obtereis de modo automático a coroa da vida eterna, que é a permissão
da existência eterna e autoconsciente nesta Criação, mediante o que podereis
então colaborar abençoadamente em seu desenvolvimento progressivo, para
alegria e paz de todas as criaturas. ¾
E surgiram de fato perguntas em vós, novamente, após a minha última
dissertação! Perguntas que devem acarretar até mesmo uma certa opressão,
muito embora seja fácil encontrar resposta em minha Mensagem, pois nela se
encontra, consoladoramente, que cada conseqüência de uma ação errada
encerra também em si a possibilidade de resgate e, portanto, de remissão, tão
logo o espírito humano aprenda com isso e reconheça o errado.
E mesmo assim existe um certo desassossego, quando um ser humano de
saber adiantado diz a si próprio que é uma alma humana torcida, já que uma
vez foi mulher e outra vez foi homem na Terra ou vice-versa. Uma opressão
abate-se com isso sobre sua alma.
Isso naturalmente é errado, e novamente se joga fora a criança com a água
do banho, pois o que é mais evidente nisso é o reconhecimento de que um tal
213
ser humano tinha torcido a sua alma! A torção de forma alguma necessita
ainda persistir. Na realidade somente trocou com isso o invólucro, o corpo! O
próprio espírito, porém, apesar de toda mudança, permaneceu sempre aquilo,
para o que se decidira a primeira vez, por ocasião do início de suas
peregrinações através da Criação, pois para ele, a esse respeito, como em
relação a tudo na Criação, não existe senão a livre decisão a ser tomada uma
só vez e que é determinante, decisão à qual ele então fica atado.
A opressão, portanto, resulta apenas como conseqüência do acolhimento
demasiado superficial da Mensagem, pois por meio desta cada um tem de
saber que justamente uma tal mudança podia ser de proveito para a pessoa
por ela atingida. Ela lhe dá, pois, a possibilidade de endireitar o que fora
torcido, induzindo-a, sim, auxiliando-a da maneira mais forte a reparar tudo
novamente. A alma pode até fortalecer-se ainda em tais vivências obrigatórias.
Agora, no entanto, não deveis de novo pensar que aqueles, cujo caminho
permaneceu reto, perderam alguma coisa. Tal não é o caso, mas sim lá onde
aconteceu uma torção por meio do próprio querer errado, somente lá pode a
mudança tornar-se cheia de graça e proveitosa, a fim de que essa alma torcida,
que com isso mostrara uma fraqueza, seja fortalecida de tal maneira, que ela
não o faça novamente. Com isso, naturalmente, o erro desprendeu-se dela.
Olhai em redor e observai os vossos semelhantes! Logo encontrareis entre
eles mulheres que trazem em seu ser características masculinas. Hoje em dia
há disso mais do que nunca. Pode-se dizer que hoje grande parte da
feminilidade parece achar-se até contaminada com isso, pois não é assim tão
difícil verificar que numa tal mulher ou moça algo torcido existe em seu ser, tem
de existir, porque uma mulher naturalmente não pode ser homem nem deve.
Não me refiro, evidentemente, ao corpo, pois este é quase sempre
pronunciadamente feminino, com exceção dos quadris, que na maioria de tais
casos lembram os de homem, por serem estreitos, o que por isso na realidade
é antifeminino.
Menciono isso propositalmente, porque assim indico desde já um sinal
externo. O corpo feminino, no qual reside uma alma masculina torcida, terá, na
maior parte dos casos, esse sinal dos quadris estreitos, que se assemelham
mais à estrutura do corpo masculino, diferenciando-se daqueles, cuja alma, por
enquanto, esteja apenas aspirando a uma espécie qualquer de masculinização,
seja em suas opiniões, seja em sua atividade, do que vem a formar-se um
pendor, que origina os fios para a próxima encarnação num corpo masculino.
Evidentemente há na configuração física das mulheres também exceções
quanto a degenerações devido a cultivo exagerado, devido a esporte unilateral
das mães ou por atividades físicas erradas das mesmas, cujas conseqüências
se transmitem aos filhos.
Assim, já designamos os dois grupos principais, que devemos destacar um
do outro.
Um grupo das mulheres e moças terrenas que já trazem consigo almas
masculinas torcidas, e o outro grupo das que ainda trazem consigo almas
femininas, mas que tendem para a masculinização devido a noções torcidas
que aceitaram espontaneamente ou receberam através de educação ou cultura
erradas.
214
Certamente não preciso mencionar de modo especial que, nos casos a que
me referi por último, não só as almas femininas têm de suportar as
conseqüências, como também serão envolvidos nos fios de culpa aqueles que
deram motivo a isso.
Não queremos, porém, com isso desviar-nos muito, mas sim continuar por
enquanto com os dois grupos mencionados. Afastemos por enquanto os que
ainda se acham em formação, pois trata-se de almas femininas que estão em
vias de torção, cujos corpos terrenos naturalmente não podem mais
transformar-se na atual existência terrena, devido a sua densidade e o
pesadume a isso ligado. Isso lhes fica reservado para a próxima encarnação.
Contudo, também a esse respeito ainda lhes é oferecida uma salvação.
Sim, caso nesta atual existência ainda tomem ânimo e libertem de si
energicamente tudo o que é antifeminino! Devido a isso têm de se formar
imediatamente novos fios, que conduzem e levam a uma encarnação feminina,
enquanto os outros não recebem mais nenhum suprimento de força.
Decisiva é finalmente a circunstância de como se encontra a alma no
momento do trespasse, e para que lado ela se inclina mais fortemente. Se a
vontade, o pensar e o agir feminino obtiverem nela até lá novamente a
supremacia, sua irradiação no momento do desenlace da Terra tenderá
principalmente para aqueles fios, vivificando- os assim, os quais conduzem
para a feminilidade, enquanto os outros em sua leve e curta vivência no Além
terão de secar e cair depressa, se antes não tiverem sido amarrados com
demasiada força.
Também é possível que esses fios errados ainda se desfaçam, já durante o
tempo terreno, por forte vontade feminina, e que a alma se liberte de novo,
antes de precisar seguir para o Além. Isso tudo depende da espécie e da força
do respectivo querer, e ainda de haver ou não tempo bastante para a alma
encarnada na Terra, antes do trespasse obrigatório, pois a lei tem de ser
cumprida em qualquer caso. Ou ainda aqui ou depois do trespasse para o
Além.
Tomemos, porém, para a nossa consideração de hoje, somente as almas
torcidas que, em conseqüência dessa distorção, já estão encarnadas em
corpos terrenos correspondentes.
Entre essas primeiramente a feminilidade terrena, na qual foram
encarnadas almas masculinas fracas, porque na vida anterior se afastaram
demasiadamente do pensar e do agir puramente masculino. Isso já explica que
em tais mulheres terrenas só pode tratar-se de almas masculinas fracas. Por
isso, não é nada elogiável que uma mulher, contrariando a maneira feminina,
procure evidenciar ou até mostrar características masculinas .
Uma tal mulher, em seu pensar e em seu agir, não é verdadeiramente forte
em nenhuma direção; nem na masculina, nem na feminina. Ganharia também
mais para si, terrenalmente, se procurasse subjugar a torção.
Sua experiência vivencial ajuda-a, porém, na mudança, pois logo
perceberá que um homem verdadeiro nunca se sente bem em sua
proximidade. Ele não consegue compreendê-la. Menos ainda se pode constituir
uma harmonia, porque a legítima masculinidade se afastará de tudo o que é
falso, como, inclusive, da tendência masculina de uma mulher! Um matrimônio
entre um verdadeiro homem e uma mulher que traz em si uma alma torcida
215
masculina pode acontecer apenas numa base puramente intelectiva. Nunca
surgirá daí uma autêntica harmonia.
Uma tal mulher, porém, de qualquer forma se sentirá impulsionada
involuntariamente para aqueles homens que trazem em si uma alma torcida
feminina!
Também estes últimos não são considerados plenamente pelos homens
não torcidos em si, ocorrendo isso de forma inconsciente. Nesse sentir e agir
inconsciente, porém, se encontra a pressão da verdade, da realidade.
Todas as conseqüências das ações involuntárias, intuitivas, que
poderemos designar como naturais, atuam, porém, de maneira educativa sobre
as almas torcidas, que assim passam por dolorosas vivências e desilusões e se
vêem encaminhadas novamente para rumos certos, pelo menos em muitos
casos. Mas isso não exclui que mais tarde sempre de novo venham a cair
nesses ou em semelhantes erros. Se não se fortalecerem com as experiências,
ficarão como os juncos que oscilam ao vento. Muito, muito podem os seres
humanos, porém, agora, através do saber, evitar para o futuro. Muito
sofrimento e muita perda de tempo! Pois até então não podia uma alma tornar-
se consciente de sua torção.
Exatamente como sucede com as almas masculinas em corpos femininos,
ocorre com as almas femininas em corpos masculinos. Ambas as partes
apresentam as mesmas conseqüências de uma lei uniforme e inflexível.
Uma coisa sobressairá com a observação do ambiente que vos rodeia e
que já mencionei hoje em minha dissertação: o modo estranho pelo qual as
almas femininas nos corpos masculinos se sentem atraídas pelas almas
masculinas nos corpos femininos, e vice-versa. Justamente em semelhante
contingência, uma mulher com vontade intelectiva mais forte e caráter
predominantemente masculino se sente, na maioria dos casos,
inconscientemente atraída por um homem com traços de caráter mais delicado.
Nisso reside não só uma procura inconsciente de equilíbrio, mas sim atua a
grande lei de atração da igual espécie!
A igual espécie jaz aqui na distorção das almas! Ambas as almas são
torcidas e possuem nessa contingência uma verdadeira espécie igual, que se
atrai de acordo com a lei.
A atração que o homem sente pela mulher, excluindo disso o instinto
sexual, é conseqüência ou efeito de uma outra lei, e não daquela da atração da
igual espécie. Para melhor compreensão é oportuno que eu diga aqui alguma
coisa sobre a espécie igual e explique o que se deve entender por espécie
igual, pois nisso se encontra o fator decisivo.
A atração da igual espécie não é a única maneira que aparentemente atua
atraindo. Nos processos de atração aparente jaz uma grande diferença. A
atração da igual espécie, esta grande lei da Criação, é, porém, básica em todas
as tendências de união na Criação, seja qual for a maneira pela qual se efetive.
Essa grande lei condiciona primeiramente todos esses processos, conduzindo-
os e regulando-os também. Paira sobre todos os acontecimentos e age
impulsionando dentro deles e através deles, no tecer da Criação inteira.
Por isso, quero primeiramente separar as espécies de atração, conforme a
designação de sua verdadeira atuação, isto é, segundo a sua atividade: na
verdadeira atração, e no desejo de ligação de partes apartadas de uma
216
determinada espécie, produzido forçosamente por essa grande lei, que tudo
domina e condiciona!
Existem, pois, na atuação da Criação uma atração e um desejo de ligação!
O efeito de ambos os processos exteriormente parece idêntico. A força interna,
que a isso impulsiona, é, porém, totalmente diferente.
A atração resulta de espécies iguais, fechadas em si, e o desejo de ligação
reside nas apartações das espécies, que permanecem almejando formar
novamente uma espécie!
A sentença estabelecida pelo seres humanos de que os contrários se
tocam, ao passo que os pólos iguais se repelem, encontra-se por isso apenas
aparentemente em contradição com a lei de atração da igual espécie.
Na realidade não há nenhuma contradição nisso, pois a sentença
estabelecida pelos seres humanos é válida e certa, quanto ao processo do
desejo de ligação das diferentes apartações de espécies, objetivando uma
espécie determinada e de pleno valor. Mas unicamente nesse caso! Somente
entre as próprias espécies fechadas é que a lei de atração da igual espécie,
propriamente dita, entra em função, para o que apela o efeito impulsionador da
procura de ligação, visando uma espécie determinada e de pleno valor. Essa
lei vibra acima disso e dentro disso.
Até agora o que o ser humano reconheceu, em sua ciência, são somente
os pequenos processos entre as apartações das espécies. Ainda não
descobriu de maneira nenhuma a atividade e o efeito das espécies
propriamente ditas, porque na Terra e em suas proximidades só existem
apartações de espécies, isto é, partículas, cujas atuações e efeitos ele
conseguiu observar.
Assim também o espírito feminino e o espírito masculino constituem cada
um apenas uma apartação de espécie, que procura unir-se à outra, conforme
as leis da Criação, portanto, partículas apenas, que mesmo em sua ligação dão
somente uma parte para a verdadeira espécie do espiritual!
O aqui mencionado refere-se, por sua vez, somente ao essencial entre o
feminino e o espiritual, ao passo que os invólucros da alma e finalmente os
invólucros da matéria grosseira são apartações de outras espécies em partes
muito menores, que se manifestam segundo a maneira básica do seu desejo
de ligação, mostrando nisso determinadas conseqüências.
O próprio ser humano, por exemplo, não é uma espécie determinada, e sim
apenas uma apartação, que tem em si o desejo de ligação.
Mas o seu mau pensar ou o seu mau agir apresenta uma determinada
característica que atrai a espécie igual e por ela é atraído! Vedes que de uma
apartação de espécie pode sair uma espécie pronta, e não acaso somente
apartações.
Quero dar aqui ainda uma indicação: na atração da igual espécie se
encontra uma bem determinada e imutável condição. Nessa contingência
reside também uma força maior, que está ancorada na lei básica. No desejo de
ligação das apartações de espécies, porém, existe maior liberdade de
movimento, ocasionado por força já diminuída. Por tal motivo, podem as
apartações de espécies associar-se de diversas maneiras e assim produzirem
efeitos e formas variadas.
217
Hoje posso apresentar novamente apenas uma imagem restrita, pois todos
esses pontos desdobram-se aos milhares e não encontraríamos um fim. Se eu
não vos abrir um caminho bem determinado, que se adapte ao vosso
conhecimento humano, jamais podereis receber uma visão realmente global
dos acontecimentos na Criação!
Por isso tendes de seguir-me lentamente. Não deveis tentar dar um passo
avante, antes de haverdes compreendido de maneira certa e indelével tudo
quanto por mim foi explicado, pois então poderíeis e teríeis de ficar
desamparados durante o percurso, não obstante a minha orientação.
Prosseguir inconscientemente não vos traz nenhum proveito.
Considerai que me seguis num caminho, pelo qual não voltarei mais
convosco! Escalamos juntos uma escada, na qual não deve faltar um único
degrau para vós. Subimos degrau por degrau.
Se não vivenciardes corretamente cada degrau, de modo que se tornem
realmente familiares para vós, pode suceder que facilmente percais de súbito o
apoio, vindo a cair. Se não se tornaram familiares para vós, como algo que vos
pertence, ver-vos-eis um dia, talvez já em considerável altura, completamente
confusos e não podereis mais prosseguir por falta de apoio seguro sob vossos
pés. E voltar também não podereis mais, porque os degraus não se tornaram
suficientemente familiares para vós; assim tereis que despencar em queda
brusca.
Não tomeis esta advertência e exortação de modo displicente, pois dizem
respeito a vossa existência inteira nestas últimas horas terrenas de uma época
universal.
218
46. O guia espiritual do ser humano
Depois que contemplamos o ambiente mais próximo do ser humano terreno, já
está preparado o solo a fim de lançarmos também um olhar para a condução
que se encontra a seu lado e o auxilia.
Faz-se mister também que seja dito algo a tal respeito, pois exatamente
disso e quanto a isso se fala muito disparate entre os seres humanos que ainda
acreditam numa condução ou dela sabem algo, que se teria vontade de rir às
vezes, se não fosse tão triste.
Triste é, porque mais uma vez mostra nitidamente a constituição do espírito
humano em sua esquisita tendência de se considerar muito valioso, custe o
que custar. Não acredito que seja preciso apresentar exemplos a tal respeito,
pois cada um dos meus ouvintes já deve alguma vez ter travado conhecimento
com tais indivíduos, que falam de sua “elevada” condução ou do próprio guia,
que querem intuir nitidamente e... no entanto, não agem segundo sua leve
pressão.
Isto eles não dizem, mas justamente aqueles que tanta coisa contam de
sua condução e que julgam viver em camaradagem confidencial com ela, agem
raramente, ou só pela metade, segundo a vontade de sua condução; na
maioria das vezes, no entanto, de maneira alguma. Em se tratando de tais
indivíduos, pode-se quase que seguramente contar com isso. É-lhes apenas
um agradável entretenimento, nada mais. Comportam-se mais ou menos como
crianças muito mimadas, vangloriando-se com isso e querendo mostrar, em
primeiro lugar e principalmente, quanto trabalho se dão os “de lá de cima” por
causa deles.
Seu guia é naturalmente sempre uma personalidade “muito elevada”,
quando não prefiram pressentir nisso um parente muito amado e carinhoso que
se preocupa muito com eles. Em mais de mil casos deve ser, porém, o próprio
Jesus, que da Luz desce para eles, a fim de adverti-los ou, elogiando,
fortalecê-los, sim, que também às vezes, interrogado, fala de modo favorável
ou desfavorável de pessoas bem conhecidas deles.
Então falam disso de bom grado, com temor cheio de veneração, mediante
o que se pode desde logo reconhecer que essa veneração não se refere ao
Filho de Deus, e sim à circunstância de terem sido pessoalmente dignos de um
tal cuidado. Usando palavras claras: veneração de si próprios!
Cada ser humano a quem tais indivíduos fazem confidência, e eles
insistem em comunicar isso ao maior número possível de pessoas, pode
reconhecer sem demora a verdade do que afirmei a respeito, se colocar em
dúvida tais comunicações! Então esses palradores mostram-se magoados, o
que só pode decorrer de suas vaidades feridas!
Estais liquidados para eles ou “por baixo”, conforme diz tão pitorescamente
a linguagem popular, falando da disposição dos tais magoados. Somente com
desdém olham para vós.
Também é certo que depois se informam junto a sua condução a respeito
de vós, tão logo se apresente uma oportunidade; e com muita satisfação
acolhem a resposta, que outra não é senão a que já esperavam, pois esse guia
é ao mesmo tempo amigo deles e caso não seja o próprio Filho de Deus,
219
segundo sua opinião, então vêem em seu guia mais o zeloso criado particular,
a quem confiam tudo, pois já sabe e apenas aguarda ensejos para confirmar ou
dar os indispensáveis conselhos.
Ide por aí, indagai e observai direito; não demorareis a ver tudo isso
confirmado até a saturação! E sede tão corajosos, designando muito disso de
mera tolice, então tereis de procurar o mais depressa possível um abrigo, se
não quiserdes ser apedrejados. Mesmo se isso hoje não possa suceder de
maneira grosso-material, ocorrerá com toda a certeza moralmente. Disso
podeis estar certos.
Muito confidencialmente e lastimando hipócrita e gravemente, tal ousadia
passa logo de boca em boca, de carta em carta. Às escondidas, mas com
muito ardor e muita segurança, que derivam duma grande prática, cavam para
vós uma sepultura, para pôr um fim bem merecido à vossa baixeza, como
também ao perigo que representais.
Os seres humanos farejam o perigo que lhes ameaça a credibilidade. Antes
de tudo, porém, não querem deixar escapar as ocasiões que se prestam tão
bem para fazer sobressair o valor de sua personalidade. A “elevada” condução
já constitui prova disso, mesmo que os pobres semelhantes ainda não possam
perceber nada. Por causa disso é que se empenham tanto.
Assim e não de outra forma é a presunção dessas pessoas, que se
expressa claramente pelas tagarelices a respeito de sua condução. Querem
através disso sobressair, e não acaso ajudar seu próximo com carinho, querem
ser invejadas e admiradas.
Para que também fiqueis cientes em relação a isso, quero de bom grado
guiar-vos ao conhecimento das leis que condicionam as conduções, pois
também estas não estão sujeitas a nenhuma arbitrariedade, mas se entrelaçam
com os fios do vosso destino!
Tudo tem efeito recíproco na Criação, e essa lei da reciprocidade se
encontra também no segredo da determinação de vossas conduções. Não
encontrareis nenhuma lacuna, nenhum espaço vazio, onde seja possível
acrescentar qualquer coisa que não pertença categoricamente a esse lugar,
segundo a lei.
Após as últimas dissertações já podeis hoje imaginar quantos fios correm
ao redor de vós, que convosco se encontram entrelaçados, e vós com eles.
Mas isso é apenas uma pequena parte do conjunto. E nessa grande trama que
vos envolve não existe interstício! Nada pode ser intercalado ou encaixado
arbitrariamente, não há aqui intromissão alguma, não sendo possível nenhum
desligar ou libertar-se, sem que tenha sido por vós redimido e extinto de acordo
com a lei.
De maneira análoga ocorre também com vossa condução! A condução que
possuís se encontra firmemente ligada a vós, de alguma maneira. E em muitos
casos devido à atração da igual espécie!
Assim, muitos dos guias podem e devem resgatar para si, através da
atuação de guiar, acontecimentos que os ligam à pesada matéria grosseira.
Isso é novo para vós, porém facilmente compreensível. Pelo fato de um guia,
por intermédio de sua condução, procurar preservar um ser humano terreno de
cometer sobre a Terra os mesmos erros que ele próprio cometeu, apesar do
cidadão terreno ter inclinação para os mesmos, ele resgata por meio disso sua
220
culpa também na pesada materialidade, sem ter de se encarnar especialmente
por causa disso. Pois, é sobre a Terra, onde ele outrora pecou, que o efeito de
sua condução se mostra, através do protegido que lhe é concedido conduzir.
Desse modo, também para os do Além se fecham muitos círculos de
acontecimentos, justamente naquele ponto onde têm de encerrar-se, sem que
o do Além, que se encontra preso aos fios, tenha de ser encarnado mais uma
vez sobre a Terra.
Trata-se de um fenômeno simples, que corresponde à lei, mas oferecendo
alívio a quem conduz um ser humano terreno e simultaneamente dando
também vantagens às criaturas humanas terrenas.
Justamente a lei de atração da igual espécie traz facilmente muitos, que
querem conduzir, para perto de tais seres humanos terrenos que contêm
qualquer igual espécie e se encontram no perigo de cair nos mesmos erros em
que já caiu antes quem agora os quer conduzir. E a lei cria então os fios que
ligam o guia aos protegidos.
Observai assim com exatidão a graça que jaz reciprocamente no processo
para ambas as partes, para o guia e para aquele ao qual ele é
automaticamente forçado, digamos, agraciado a conduzir, devido à
reciprocidade, na lei de atração da igual espécie!
E muitas outras são ainda as graças que provêm somente desse único
processo, pois correm com isso novos fios para todos os lados e que
novamente encerram efeitos recíprocos, fortalecendo, soerguendo,
promovendo e libertando, em vários pontos, aqueles que estão ligados a esses
dois principais participantes. Pois graça e amor, única e exclusivamente, se
encontram nos efeitos de todas as leis que existem na Criação, e as quais,
ascendendo, convergem finalmente para a única e grande lei fundamental: a lei
do amor!
Sim, o amor é tudo! O amor é justiça e é também pureza! Não existe
nenhuma separação entre os três. Os três são uma só coisa, e nisso, por sua
vez, repousa a perfeição. Atentai nestas minhas palavras, tomai-as como
chave para todo o acontecer da Criação!
Para vós, que conheceis a minha Mensagem, será fato evidente que, em
primeiro lugar, só pode obter ligação aquilo que se encontra mais próximo de
vós, visto serem necessárias para isso condições bem determinadas, que não
admitem lacuna alguma.
Assim, pois, está inserido na lei da Criação que um guia, que quer ser
ligado a vós, somente poderá ser ligado se ainda possuir em volta de si o
invólucro, isto é, um corpo, cuja espécie seja a mais próxima do vosso corpo,
para que possa aderir o fio que deve ligar-vos a ele.
Disso deveis tirar a conclusão de que aquele que vos guia não pode de
modo algum ser um “espírito altíssimo”, pois só quem se encontra ainda
bastante perto desta Terra pode guiar um ser humano terreno, caso contrário já
estaria por demais alheio a tudo, e não teria sentido, nem poderia trazer-vos
grande proveito, se aí existisse um abismo. Ambos então não se
compreenderiam. Nem o guia o seu protegido, e nem este o seu guia.
Um único abismo impossibilitaria uma condução bem sucedida. Mas não
existe lacuna alguma na disposição das leis referentes aos acontecimentos da
221
Criação! Logo, também não neste caso, pois um único abismo faria
desmoronar completamente a grande obra da Criação.
Por conseguinte, entre o guia e aquele que é guiado existe uma rígida
reciprocidade, condicionada pela lei de atração da igual espécie.
Caso queirais perguntar como é possível que também alguma vez venha
de um lugar espiritual mais elevado qualquer coisa para o ser guiado na Terra,
tais exceções não alteram a lei. Bastará pensardes que a mesma lei, que vos
dá o guia imediato, também dá a este um guia, e a este então novamente, e
assim por diante. Trata-se de uma só lei, que forma uma corrente inteira que
tem de vibrar nessa lei!
Assim, pode suceder que um guia de um lugar mais elevado vos
comunique qualquer coisa por meio dessa corrente, ou melhor, através dos fios
dessa corrente. Isso apenas acontece em se tratando de coisas totalmente
especiais. O desenrolar ocorre, contudo, sempre dentro dos limites imutáveis
das leis, uma vez que nem existem outros caminhos.
É uma escada que tem de ser usada de degrau em degrau, tanto para cima
como para baixo, e outra possibilidade não existe. Quanto aos processos
mediante capacidades mediúnicas, dou explicações especiais. Não vêm ao
caso, aqui.
Para o ser humano terreno a graça da lei jaz no fato de ele possuir sempre
um guia, que conhece muito bem as falhas de que sofre a pessoa guiada, pois
tais falhas também ele outrora possuía, tendo passado por todas as
conseqüências das mesmas.
É por isso que consegue aconselhar e ajudar em todos os casos, devido a
sua própria experiência. Pode preservar de muita coisa a pessoa por ele
guiada, na pressuposição de que esta observe bem seus velados apelos e
advertências, pois forçá-la não pode. Apenas pode ajudar lá, onde a pessoa
guiada tem em si o desejo, o anseio ou o pedido, não de outro modo. Ele tem
de deixar ao ser humano terreno a decisão de seu livre-arbítrio, e isso também
de acordo com a lei a que ele próprio se encontra ligado. Ligado, por sua vez,
através de uma reciprocidade, que, aliás, só pode deixá-lo intuir algo, se
através de vossa vontade apelais para isso.
Com a irradiação dessa vossa vontade esticam-se os fios que vos unem
com vossas conduções. Somente por meio de tais fios o vosso guia sente
convosco e somente nesse caminho pode apoiar-vos também. Ele não pode
modificar-vos, mas somente fortalecer e apoiar! Nisso também se encontra a
condição de vos ocupardes com isso em primeiro lugar e seriamente. Não
imagineis isso tão fácil!
Em tais processos jaz para o guia sempre também, além dessa grande
graça da possibilidade de resgate, às vezes um castigo, caso ele desse modo
tenha de intuir conjuntamente que vós, apesar de sua advertência, agis de
modo diferente, da mesma forma como ele próprio agiu outrora. Com isso
vivencia em vós uma repetição que o entristece, mas que também o fortalece e
amadurece em seu propósito de nunca mais errar dessa maneira!
Tanto maior, porém, é também a sua alegria, quando ele intui
conjuntamente convosco o sucesso de sua condução. Com isso ele também é
absolvido da sua culpa.
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Após um tal resgate ocorre uma mudança de vossa condução, pois muitos
que estão no Além esperam poder guiar um ser humano terreno, para,
ajudando, resgatar assim suas próprias culpas. Todavia, o desejo de resgate
não deve evidentemente ser a força motriz que impulsione a vontade de guiar!
Se isso deva resgatá-lo de uma culpa, então é necessário que realmente o
queira por amor aos seus semelhantes, para protegê-los das conseqüências de
caminhos terrenos errados! Só quando um dos que se encontram no Além está
nessas condições é que pode então guiar seres humanos terrenos, e o resgate
chega para ele como graça por sua boa vontade! E essa obrigação, bem como
o ulterior consentimento, encontram-se nos efeitos dos seus próprios fios do
destino, que se orientam segundo a espécie das irradiações do seu querer, na
mais perfeita justiça.
Não deveis esquecer que fora do pesadume da Terra tudo é sempre
vivência! A pretensa inteligência do pensar do raciocínio deixa de existir. Por
essa razão tudo é legítimo. Lá não ocorre que um espírito humano queira ou
possa agir de maneira interesseira, mas realmente vivencia tudo! Sem
premeditação, exatamente conforme seu respectivo estado.
Assim é, portanto, com uma espécie de guias. A seguir existem outras
espécies que estão ligadas de maneira especialmente forte a vós e que talvez
já conhecestes na Terra. Parentesco não conta evidentemente nisso. Mas o
conceito terreno sobre parentesco por consangüinidade ata muitos fios fortes,
que vos mantêm ligados por algum tempo.
Somente o conceito que vós mesmos criastes faz ligação, não acaso o
parentesco, como pensastes até agora. Vosso conceito a tal respeito produz os
fios, ou vosso amor, vosso ódio, sucedendo assim que também parentes
falecidos possam ainda conduzir-vos.
Contudo, têm de estar capacitados para guiar, têm de vos dar algo através
de suas próprias vivências, pois do contrário não podem guiar. Somente estar
pendurado em vós não basta para isso.
Todavia muitas outras coisas entram aí em cogitação também. É possível,
pois, que alguém na Terra vos tenha educado erradamente, de qualquer forma.
Por causa disso fica ligado a vós. Se após o seu falecimento, de algum modo
veio a ficar ciente do seu erro, então esses fios o atraem para vós. Chamemos
a isso fios do arrependimento! E só quando tiver conseguido modificar-vos
nisso, é que ficará libertado; antes, não.
Se, porém, não vos libertardes do erro que aprendestes dele e o
transmitirdes novamente aos vossos filhos, ele ficará ligado convosco a esses
filhos, e assim por diante, até que finalmente consiga reparar o seu erro num
descendente.
Existem assim muitas maneiras de vos advirem guias, os quais só poderão
servir para o vosso bem, tão logo repareis em sua influência silenciosa. Eles,
porém, nunca podem obrigar-vos, mas em sua atuação representam para vós a
“consciência”, que vos adverte e vos admoesta!
Prestai atenção nisso! A atuação dos guias forma uma parte de vossa
consciência, cuja origem e espécie nunca pudestes pesquisar direito. Hoje vos
dou para isso um fio em vossas mãos.
Decisivo para a espécie do guia, como, aliás, em toda a parte nesta
Criação, é sempre o respectivo estado do próprio espírito humano que está
223
sendo guiado. Quanto mais amadurecer em si próprio o espírito do ser humano
terreno, mais alto conseguirá ascender, mesmo quando isso sucede
terrenalmente de modo inconsciente, conforme ocorre quase sempre.
Onde então se encontra o limite da própria e segura ascensão do espírito,
lá é o plano do respectivo guia, o qual muda com o amadurecimento do espírito
humano guiado. O guia estará sempre, em suas próprias vivências, meio
degrau acima da pessoa que ele pode ou tem de conduzir. Contudo, as
espécies em todos os casos diferem tanto, que seria errado se eu quisesse
mencionar e explicar determinados casos. Poderíeis ficar desorientados,
porque então, com bem determinadas imagens, somente vos ligais a
concepções fixas.
Por causa disso dou-vos a conhecer apenas os próprios efeitos, sem
descrever determinadas espécies. Desse modo permaneceis inteiramente
livres e independentes neste saber, pois tudo isso mais tarde se manifestará de
múltiplas formas, com o próprio vivenciar. —
Para os convocados para o serviço no Graal, alguns dos acontecimentos
são um pouco diferentes, apesar de que nisso as leis atuantes não podem ser
evitadas. Nisso, porém, intervém impulsionando a determinação divina, que
está ligada a grandes aumentos de força. No entanto, conforme já foi dito,
também nisso não pode ser evitada uma única lei sequer. Apenas tudo será tão
acelerado, que para o ser humano parece um milagre.
Nas convocações aproxima-se imediatamente sempre um novo, forte
condutor do Graal, e este atua, com toda a sua força pura, de modo fortificante
sobre todos os guias que estão em ligação com o convocado, sempre naquela
direção que o convocado deve trilhar para atingir a meta do cumprimento de
seu serviço.
Durante o amadurecer de um convocado são desligados, no seu aparente
tempo de espera, também os guias até então a ele ligados e os demais
acompanhantes, os quais com isso também têm proveito especialmente
valioso, podendo sentir-se felizes.
Por isso, para convocados é necessário muitas vezes um longo período de
preparação; pois no aparente ter que esperar forçado ocorre o desligamento de
tudo que possa impedir ou deter um convocado de alcançar a tempo a sua
meta para o início do cumprimento, portanto, de seu verdadeiro servir.
Sem ter a mínima idéia desse grande, muitas vezes penoso trabalho de
seus guias do Graal, os convocados atravessam seu tempo de preparação,
muitas vezes aguardando com impaciência a época que exige o início da
verdadeira atividade. Sim, eles nem mesmo intuem que nesse tempo
necessário eles devem ser primeiro purificados de tantas coisas, o que de outra
forma exigiria para eles centenas de anos terrenos.
Eles também não sentem que a sua alma vivencia tudo isso realmente, e
cada novo desligamento, que neste caso se mostra também como obstáculos,
muitas vezes de forma simbólica na Terra, na matéria grosseira, parece-lhes
como incômodo, enquanto deveriam agradecer jubilosamente, porque lhes são
tirados fios do destino de maneira leve, em lutas ou preocupações terrenas,
que de outra forma deveriam tê-los atingido de modo muito mais severo!
Não viram nisso o indescritível amor e o grande auxílio, mas resmungam,
sim, estão até ofendidos pelo fato de que isso ainda pôde lhes acontecer,
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porque não conhecem a correlação, mas esperavam que, logo após a
convocação, estariam deitados sobre rosas, intangíveis perante todas as
iniqüidades da Terra!
Entretanto, com isso lhes é aplainado o caminho para a salvação e eles
próprios são fortalecidos com isso. Com a impaciência, nisso, apenas colocam
novas pedras em seu caminho, que devem ser retiradas, antes que possam
seguir na caminhada necessária de seus resgates.
Já vos disse muitas vezes que por ocasião da convocação desce uma
parede de luz entre vós e vossos fios até agora tecidos. A parede de luz vos
protege dos mais fortes efeitos de todas as más espécies de vossos fios do
destino, que devem desligar-se mais depressa no período das preparações. E
nessa aceleração necessária iriam precipitar-se sobre vós, se não tivésseis
como escudo a parede de luz.
Se seguirdes com confiança o caminho que vos será indicado, na alegre
ânsia pelo servir que está diante de vós, então nada de sério vos acontecerá
nos resgates. Se, porém, esmoreceis em vossa impaciência, ou falhardes no
aparente dever esperar, o que na realidade não é um esperar, mas pelo
contrário, atividade febril, então essa parede de luz retirar-se-á novamente e
vos deixará expostos aos ímpetos dos fios, que impelem para um rápido
resgate, porque a aceleração não será novamente anulada.
Nisso, precipitam-se então com toda a força, atingem-vos gravemente em
seu efeito assim acelerado, que não se deixa conduzir novamente a caminhos
mais lentos, após ter sido estimulado a isso pela força da Luz. E nisso poderá
destruir-vos, de acordo com a espécie de destino que vos aguardava.
Encontra-se em tudo uma simples efetivação das legítimas conseqüências
e parece então para os que falham como um castigo rápido, enquanto se trata
apenas de resgates acelerados do verdadeiro destino, que assim parecem ao
ignorante, de cuja força o assim atingido teria sido poupado pela força da Luz,
se a ela procurasse aspirar.
As divagações de meu esclarecimento sobre a condução espiritual dos
convocados não tem nada a ver, no entanto, com a descrição de um
acontecimento normal no percurso das leis desta Criação; pois os convocados
são exceções, para os quais cada processo é acelerado pela força divina.
Queremos, por enquanto, ainda continuar com os tipos de condução
gerais. O respectivo guia será sempre alguém mais próximo de vós na
hierarquia para cima, que ao mesmo tempo está ligado a vós de alguma forma,
mesmo que seja apenas pela igual espécie.
Assim que um guia pode ser desligado de vós, logo aparece um novo. Em
muitos casos são guias que possuíam outros de vossos erros, diferentes
daqueles que o guia anterior pôde resgatar. Não é dito, portanto, que na troca
de um guia o guia imediato tem de estar em plano mais elevado do que o
anterior.
Só pode vir para vós um guia mais elevado, se também vós nesse meio
tempo atingistes espiritualmente um degrau mais elevado, pois o guia nunca
pode estar abaixo de vós, mas muitas vezes lado a lado convosco. Somente
por causa de sua própria vivência, ele é mais experiente do que vós, nem
sempre se encontrando um degrau inteiro acima, pois precisa ainda
225
compreender-vos, precisa ainda sentir convosco, ou melhor, sentir o que vós
sentis, e isso condiciona que não pode estar muito longe de vós!
E certamente nenhum ser humano, com algum saber da regularidade
inabalável das leis da Criação, imaginaria estar ligado diretamente a Jesus,
Filho de Deus, o que para um espírito humano é inteiramente impossível!
Mas tal privilégio reivindicam para si justamente inúmeros pequenos
médiuns, sem saber que nem sequer poderiam suportar a força de uma
aproximação! E milhares de seres humanos vaidosos se deixam iludir e atrair
por esses erros, porque lhes são agradáveis e porque gostam de embalar-se
com tais auto-ilusões, pois com isso se sentem lisonjeados.
Minhas explicações nada têm a ver com as inúmeras e confusas
tagarelices dos pequenos médiuns. Falo apenas a respeito de conduções
sérias, e não de tagarelas, que podem ser encontrados também entre aqueles
falecidos, que povoam densamente o ambiente mais próximo desta Terra de
matéria grosseira. Isso constitui um outro capítulo, do qual nos ocuparemos em
outra oportunidade mais minuciosamente.
Dou-vos somente aquilo que possa ser realmente útil e que por isso vos
conduz para cima. Nos setores que não precisais conhecer de perto,
tocaremos apenas de leve. Por enquanto nem merecem ser mencionados.
Que os seres humanos gostem tanto de ocupar-se justamente com isso, e
prefiram ouvir falar disso, é apenas um triste sinal do baixo nível espiritual
atual. Deixai de lado tais entusiastas, que só querem deleitar-se ou envolver-se
em presunçoso bem-estar, onde jamais pode haver uma ascensão, nem uma
possibilidade para isso. Tagarelas do Além somente vos afastam da atividade
séria, bem como do pensar sério, pois trata-se de uma peculiaridade deles,
visto que também eles desperdiçam e malbaratam seu tempo, ao invés de
aproveitá-lo cheios de gratidão.
Levarão um grande susto, quando de repente, reconhecendo, têm de
resvalar para baixo, por serem totalmente imprestáveis para os novos tempos.
Resumindo, quero dizer-vos mais uma vez:
Primeiramente se trata somente de auxiliares que, devido à igualdade com
os vossos erros, puderam deixar-se ligar a vós; somente mais tarde, quando já
não tiverdes de carregar erros e apenas possuirdes a saudade das alturas
luminosas, então entram em consideração para vós legítimos guias, que são
ligados a vós devido à igualdade de vossos predicados e virtudes.
Estes, na verdade, passam então a conduzir-vos para cima, fortalecendo
vossas virtudes e atuando sobre vós por meio de sua grande força, como um
poderoso ímã.
Somente estes são então os guias que podeis realmente denominar guias!
Seguram-vos já agora firmemente, de maneira misteriosa e completamente
desconhecida de vós, porque a sua força perpassa o Universo. Mas
logicamente seguram apenas aqueles que ainda trazem em si virtudes vivas,
não demasiadamente soterradas.
Destes guias, porém, não podeis falar ainda aqui na Terra, pois para vós,
antes de tudo, os auxiliares ainda têm de desenvolver sua atividade, a fim de
apoiar-vos, para que possais limpar vossas vestimentas de toda a sujeira que
226
atraístes. Todos os auxiliares, porém, ainda têm, eles próprios, que resgatar, o
que se dá na ajuda concedida a vós.
Acima de todos eles, entretanto, já se encontram os verdadeiros guias,
esperando-vos e segurando-vos nesse ínterim, para não cairdes nem
naufragardes durante a vossa grande purificação.
Também aqui tudo se efetiva de acordo com a lei de atração da igual
espécie! São os primordialmente criados, que tão poderosamente atuam.
Aquele primordialmente criado, por exemplo, que corporifica o heroísmo,
atua dessa forma sobre todos os posteriormente criados que trazem em si o
heroísmo como virtude, e os outros, por sua vez, em sua bem determinada
espécie.
Para cada espécie existe sempre no reino puro espiritual um determinado
primordialmente criado. Em sua irradiação ele atua então sobre grupos de igual
espécie que se encontram ainda no puro espiritual, mais abaixo. E descendo
mais ainda, existem também no Paraíso grupos de todas as espécies, entre os
perfeitos dos espíritos humanos criados posteriormente e desenvolvidos, e de
lá se estendem então as irradiações sempre mais para baixo, para toda a
Criação posterior, para aqueles onde elas ainda podem obter ligação.
Assim se encontra no puro espiritual, no ponto mais elevado para as
virtudes, somente uma personificação, que nisso é guia para todos os espíritos
humanos da mesma espécie! E somente esses poucos são os verdadeiros
guias, mas somente na mais pura e abrangedora objetividade por meio de sua
irradiação, nunca pessoalmente.
Também isto já foi dito claramente na Mensagem.
Jamais pode o ser humano, portanto, designar um primordialmente criado
como seu guia pessoal. Seria errado. E muito menos ainda Jesus, o Filho de
Deus.
Compenetrai-vos, seres humanos, de que a respeito dessa grande e
verdadeira condução só os que estão realmente despertos podem sentir algo
no verdadeiro saber, o qual proporciona a convicção. E nem todos que disso se
vangloriam estão realmente despertos no espírito e com isso nascidos de novo!
É muito melhor que faleis primeiro dos auxiliares, que se acham muito mais
perto de vós do que os guias, e que vos trazem grande proveito nos imensos
esforços que despendem por vós! Estendei para eles com gratidão e
alegremente a vossa mão e ouvi suas advertências, que constituem uma parte
de vossa consciência!
227
47. Fios de Luz sobre vós!
Juntai as dissertações que vos dei nas últimas semanas a respeito do enteal e
do ambiente mais próximo dos seres humanos terrenos, nas quais falei do
ondular e tecer que vos rodeiam constantemente, e procurai observar as ditas
dissertações em conjunto, como um só quadro.
Absolutamente não é tão difícil assim. De maneira rápida e fácil podereis
reconhecer nisso as conexões que aí existem entre si e com vós próprios.
Colocai, como num jogo de armar, tudo em movimento, através de vossa
capacidade de imaginação; primeiro nos efeitos isolados em diversas direções,
um após o outro, e por fim agindo conjuntamente um dentro do outro; e vereis
como com o tempo o quadro se desenrolará de modo vivo perante vós.
Procurai ver então como todo e qualquer pensamento e querer mau corre
como sombra através do tecer, turvando com maior ou menor intensidade as
áreas claras e destruindo aqui e acolá a beleza, ao passo que todo puro e bom
pensamento ou querer atravessa iluminando os fios, espalhando beleza e
brilho ao longo dos caminhos percorridos.
Tal mecanismo em breve tornar-se-á tão familiar, que constituirá para vós
um apoio, fazendo-vos pensar ou querer apenas o bem e, finalmente, também
agir assim.
Não poupeis esforços para tanto, pois disso vos advirá rica recompensa,
que ninguém poderá diminuir. E quando afinal tiverdes o quadro em movimento
diante de vós, acrescentai-lhe então ainda algo que lhe dê remate e moldura
condigna do quadro.
Imaginai no lugar do teto fios luminosos e delicados que pendem como um
fino e transparente véu acima do “tecer ao vosso redor” e do qual emana um
perfume delicioso capaz de fortalecer e vivificar de maneira singular, tão logo
uma pessoa se capacite a senti-lo conscientemente, dando-lhe atenção.
Trata-se de incontáveis fios, com múltiplas possibilidades de
aproveitamento, e que se acham sempre prontos a baixar sobre aqueles
lugares que mostrem anseio por eles.
Caso no movimento inferior apareça uma fagulha em qualquer lugar,
evidenciando um anseio, um pedido ou um forte desejo, os fios de uma espécie
igual estendem-se imediatamente em direção a essa fagulha, unindo-se
magneticamente com ela, fortalecendo-a para que se torne mais luminosa e
clara, e conseqüentemente afastando em sua volta rapidamente tudo o que é
mais escuro e turvo. E quando a fagulha se inflama, tornando-se uma chama,
queima todos os lugares que ainda ligam aquele fio grosso com as trevas ou
com o mal, e por onde a fagulha procurou desenvolver-se. Por causa disso
aquele fio grosso será rapidamente libertado de tudo que o segurava embaixo.
Mas somente desejos ou pedidos luminosos e puros podem obter ligação
com os fios luminosos, continuamente suspensos acima do movimento que
cerca constantemente uma alma humana ou uma criatura humana terrena.
Desejos trevosos jamais encontrarão apoio aí, visto não poderem criar a
ligação necessária.
A ligação desses fios, provenientes do enteal, efetua-se para cada ser
humano terreno através do invólucro ou corpo de matéria grosseira mediana,
228
que se costuma chamar corpo astral. Este é adequadamente traspassado
pelas irradiações da alma, em cada uma de suas manifestações. Se as
manifestações da alma forem de categoria escura, os fios luminosos que
pendem sempre prontos não encontram nenhuma passagem para o auxílio.
Somente quando há manifestações luminosas pode o corpo astral irradiar de
tal forma, que se abre espontaneamente para aqueles fios vindos de cima e
que são da mesma espécie que as respectivas manifestações da alma.
Assim, pois, esse corpo astral de matéria grosseira mediana é a verdadeira
porta de ingresso e saída da alma. Na realidade, agem os citados fios, pois, no
plano de matéria grosseira mediana, que denominamos plano astral, e atuam
por meio dele, conforme a espécie de sua incandescência.
Imaginai bem tudo isso. É tão simples, e ao mesmo tempo tão seguro e
justo, que é impossível qualquer pensamento ou desejo para o bem
permanecer sem auxílio. Tudo é tão facilitado ao espírito humano.
Demasiadamente fácil para que ele, em sua maneira esquisita, ainda saiba
apreciar devidamente o valor que esses fenômenos merecem e encerram.
Contudo, para que em vossa capacidade de imaginação não fique
nenhuma lacuna, quero mostrar-vos também a origem desses fios, do contrário
considerá-los-íeis pendurados ainda no ar, o que é impossível, visto que nesta
Criação tudo possui e tem de possuir um bem determinado ponto de origem,
sem o qual não poderia existir.
Tais fios são as irradiações de muitos mediadores enteais, os quais, em
sua atividade, ainda não se tornaram bem familiares para vós, mas que já eram
bem conhecidos de povos antigos.
Assim como vós, na qualidade de espíritos humanos, deveis na Terra ser
coletores e em seguida mediadores para transmissão de todas as irradiações
daqueles espíritos humanos, que mais amadurecidos do que vós se encontram
em planos mais elevados da Criação, e os quais, por sua vez, fazem a mesma
coisa em ligação com outros espíritos humanos ainda mais elevados, mais
amadurecidos e mais luminosos, até que, finalmente, através disso se efetue a
ligação com o Paraíso, onde os espíritos humanos perfeitos e completamente
desenvolvidos desta Criação posterior vivem em alegre atividade e que, da
mesma forma, têm contato superior, através de uma cadeia de mediadores,
com os mais perfeitos dos primordialmente criados no puro espiritual; da
mesma forma, e em escala igual, acontece também com todos os enteais que
atuam convosco auxiliando na Criação inteira, porém sempre meio degrau
acima de vós.
O que nisso desenvolve atividade, em redor ou abaixo de vós, encontra-se
em parte certamente também ligado a vós, porém não daquela mesma
maneira. Atenhamo-nos primeiramente àqueles fios que eu mencionei.
Os fios são tão multilaterais, que nada existe onde o ser humano terreno, e
também a alma já distanciada da Terra, não pudessem encontrar e receber
ajuda, fortalecimento, consolo e apoio no momento em que o seu ansiar ou
rogar por isso dispuserem de uma bem determinada força, no verdadeiro
querer. Não antes, pois palavras formadas jamais conseguem sozinhas
estabelecer a ligação. E nem qualquer pensamento fugaz.
Tem de ser um ardente, legítimo e verdadeiro anseio ou desejo, sem
cálculo interesseiro, sem espera de recompensa, sem qualquer coisa
229
aprendida que, contudo, nunca pode vir realmente do coração ou da alma, pois
para isso a palavra terrena formada já ata forte demais. A palavra terrena
apenas pode dar o rumo ao querer de uma alma, abrir uma estrada para o
caminho por onde queira seguir a intuição, mas não deve nunca bastar por si
como um todo.
Quando o ser humano não pode reunir os dois, a palavra com o seu
querer, quando tem de pensar sobremodo, a fim de dar forma certa às suas
palavras, então será melhor apenas orar e agradecer, ou rogar com a intuição,
sem palavras! Então, certamente será mais puro! A palavra formada turva
facilmente demais, restringindo cada intuição.
Será mais belo e também mais forte, se puderdes abandonar as vossas
palavras e deixardes surgir em seu lugar apenas uma imagem espiritual, onde
possais derramar a intuição grande e pura! Deveis experimentar o que vos seja
mais fácil e que não vos restrinja.
Será então a vossa alma que falará, tão logo puderdes abandonar as
palavras terrenas. A alma, tal como falará, quando tiver se desprendido desta
Terra e de todos os planos da matéria grosseira, pois então ficará para trás a
palavra formada.
Provavelmente perguntareis de novo, intimamente, como é que acontece,
então, que almas já no plano da matéria fina ainda possam falar através de
seres humanos que possuem aptidões mediúnicas, ou como podem tais seres
humanos mediúnicos ouvir aquelas almas, receber e transmitir oralmente ou
pela escrita o que elas dizem. Sei que muitas perguntas desse teor surgirão
logo em vós.
Se, entretanto, pesquisardes a fundo a minha Mensagem encontrareis logo
a resposta a tais indagações, que nada mais são do que dúvidas de vosso
raciocínio. Aceitai de modo certo o que eu vos digo e assim podereis vós
próprios construir tudo tão logicamente, que não intervirão mais dúvidas.
Já vos expliquei, há tempos, a função do cérebro terreno, que dividimos em
cérebro posterior e cérebro anterior. O cérebro posterior é impressionado pela
intuição. Só recebe imagens do querer intuitivo e as conduz preparadas para o
cérebro anterior. O cérebro anterior recebe-as e as torna mais terrenas, ao
reformulá-las novamente e condensá-las de acordo com sua capacidade
diferente de irradiação, transformando-as em matéria terrena mais grosseira.
Com isso as imagens são prensadas em formas mais restritas, mais firmes,
apresentando novo cunho para a expressão da palavra terrena.
Assim é a atividade dos cérebros desse invólucro terreno de cada ser
humano terreno. Constituem os cérebros uma oficina amplamente ramificada,
sendo uma milagrosa obra repleta de vivíssima atividade. E como o cérebro
anterior executa o assim chamado trabalho pesado, isto é, transformando todas
as impressões, que lhe são transmitidas pelo cérebro posterior, em formas
mais pesadas e mais densas, que devido à sua maior densidade são muito
mais delimitadas, a fim de se tornarem nítidas à compreensão terrena; por isso
também se cansa o cérebro anterior e necessita de sono, ao passo que o
cérebro posterior não precisa compartilhar desse sono e continua a trabalhar
serenamente. Também o próprio corpo não necessitaria desse sono, mas sim
exclusivamente de repouso, de descanso.
O sono é necessidade somente do cérebro anterior!
230
Contudo, isto também é fácil de entender e compreensível para vós.
Precisais apenas refletir com calma e logicamente sobre tudo isso. Pensai,
portanto: quando o corpo descansa, podeis com isso permanecer acordados,
não precisando dormir. Isso já tendes presenciado freqüentemente em vós
mesmos. Se, porém, repousa o cérebro anterior, que vos proporciona o pensar,
isto é, que efetua a transformação das impressões intuitivas em formas mais
grosseiras, mais delimitadas e mais densas; se esse cérebro precisa repousar,
então cessa também o pensar, naturalmente. Não conseguireis, portanto,
pensar nada, durante esse repouso do cérebro anterior.
E somente essa possibilidade de pensar denominais aqui na Terra estar
acordado, e a impossibilidade de pensar denominais sono ou inconsciência.
Trata-se sempre somente do chamado estado de consciência diurna, que é
exclusivamente atividade do cérebro anterior. O cérebro posterior encontra-se
sempre acordado. —
Após esta divagação, voltemos à linguagem das almas, onde se acham
suprimidas as palavras de formas restritas e onde só existem imagens, que têm
de formar o conceito. Essas imagens da vontade ou da vivência das almas
falecidas imprimem-se exatamente da mesma maneira no cérebro posterior da
criatura humana terrena, quando querem lhe comunicar qualquer coisa, como
seu próprio querer, e o cérebro posterior, correspondentemente à sua espécie,
transmite imediatamente essas imagens recebidas e adaptadas, ao cérebro
anterior, que, por sua vez, de acordo com sua espécie, condensa as imagens
recebidas, deixando-as expressar-se no pensar, na palavra ou na escrita.
Para tantas pessoas mediúnicas isso ocorre naturalmente assim, como se
ouvissem direito tais palavras, originadas já então por funcionamento do
cérebro anterior, o qual também se acha ligado ao ouvido, recebendo as
impressões deste, a fim de trabalhá-las correspondentemente.
Nestes casos aqui mencionados, porém, quando se trata da chamada
“clariaudição” da matéria fina, o cérebro anterior, durante a transformação em
densidade maior, irradia as imagens intuitivas recebidas do cérebro posterior
em caminho inverso, também para o ouvido, o qual então é levado a vibrar
junto com a modulação das palavras que se formam, visto existir a ligação e
estar sempre receptível.
Através desse caminho inverso, rumo ao ouvido de matéria grosseira, isso
naturalmente soa para o indivíduo mediúnico um pouco diferente, porque o tipo
das vibrações difere das produzidas pelas ondas sonoras da matéria grosseira
e que atingem o ouvido do corpo terreno pesado, que as retransmite para o
cérebro anterior.
Nesse processo de clariaudição não entra em consideração a matéria
grosseira externa mais pesada do ouvido, mas sim a matéria grosseira mais
fina. Disso podeis fazer uma idéia, porque a matéria externa mais pesada é
demasiado grossa e rígida para responder às vibrações delicadas vindas do
cérebro. Em tal caso vibra apenas a matéria grosseira mais fina, que é da
mesma espécie das vibrações do cérebro anterior.
Os lugares de recepção ou de captação do ouvido externo são atingidos e
acionados eficazmente somente pelas ondas sonoras mais grosseiras vindas
de fora.
231
Penso que pudestes seguir-me facilmente nessas considerações, por isso
tornei-me mais pormenorizado, para vos fazer tudo bem compreensível. Assim
é, portanto, o processo de transmissão por meio de imagens ao invés de
palavras, conforme as empregam as almas da matéria fina, para incutir nos
seres humanos terrenos a noção do seu querer.
Assim, também o “ouvir” das almas que se tornaram mais leves e
luminosas é, lá, de dentro para fora! O processo segue caminho inverso ao da
matéria grosseira com o invólucro protetor devido à sua espessura, mas
também estorvante, cuja proteção na matéria fina não é mais necessária.
Com isso podeis explicar também mais facilmente a circunstância de que
as almas que não se abrem interiormente, são surdas lá, bem como cegas,
pois o verdadeiro ver é o ver do espírito, conforme já esclareci numa
dissertação anterior.
Muitos indivíduos astuciosos e particularmente intelectivos que, no entanto,
seriam qualificados melhor como presos ao cérebro terreno, aqui talvez
esbarrarão com o fato de que o modo de expressão de diversas almas
falecidas, através do mesmo médium, também freqüentemente é de todo
diferente um do outro, apesar de usarem por instrumento o mesmo cérebro
Essa circunstância deveria na realidade indicar mais para o fato de que
elas, todavia, na expressão de sua palavra, usam ainda um idioma para se
fazerem compreender, visto tais manifestações aparecerem também algumas
vezes em idiomas que o médium ignora por completo, como inglês ou francês,
latim, japonês, turco e outras mais.
Mas isso não é o caso, porque tais manifestações provêm sempre só de
planos que pertencem ainda à matéria grosseira, que abrange muitas planícies.
Aí o processo ainda se assemelha à matéria grosseira pesada da Terra.
Somente na matéria fina, que é de espécie totalmente diferente da matéria
grosseira, modifica-se com essa espécie também a forma de expressão das
mesmas leis da Criação, sobre o que já me referi várias vezes na Mensagem.
Não deveis cometer o erro de querer comprimir no vosso pequeno mundo
de pensar a minha Mensagem que, tal como é, abrange toda a obra da Criação
e ainda vai mais longe! Com isso não iríeis adiante, pois muitas vezes eu
concentrei amplitudes imensas numa única frase pequena, a fim de dar para a
vossa compreensão pelo menos uma imagem básica global, onde encontreis
um apoio, para não ter de continuar a vagar sem alvo num campo que não
abrange sequer a mínima parte do vosso ambiente mais próximo. Para
compreenderdes direito a minha Mensagem tendes de assimilá-la!
Primeiro quero dar-vos conexões, e não pormenores! Só depois que
tiverdes fixado o grande conjunto das conexões, podeis encaminhar-vos
conscientemente para as minúcias, sem perderdes a noção do conjunto.
Quanto mais alto chegardes, menor será a possibilidade de expressar os
fenômenos com palavras; por fim tudo será para vós somente irradiação; então
tudo o mais cessará.
Para vós, acentuo de modo especial; portanto, para o espírito humano
terreno, para o espírito tornado forma, da Criação posterior! Tudo o mais, que
não estiver abaixo de vós ou ao lado, jamais podereis compreender.
232
Aquilo que para vós se torna irradiação é, para tudo o que está acima de
vós, ainda visível, palpável e formado. Assim continua, cada vez mais alto, até
que por fim somente o divino pode reconhecer tudo no divino, constituído em
formas, menos a Deus próprio, que mesmo pelos divinos não pode ser
reconhecido em Sua inentealidade, com exceção de Seus Filhos, que se
originam Dele próprio e não apenas de sua irradiação.
Lembrai-vos disso sempre de novo e aproveitai aquilo que vos dou, sempre
trabalhado somente por vós, com vistas à atualidade e ao vosso ambiente mais
próximo! Não escaleis fantasticamente, com o querer saber, aquelas alturas
onde nada podeis fazer nem reconhecer. Porém as conexões vos são de
conhecimento indispensável, se quereis andar direito, lá onde tendes de
permanecer conforme a lei! E para tal fim quero transmitir-vos as conexões!
Voltemos, pois, aos nossos fios, que pendem por cima da tecedura que em
redor de vós se move constantemente. Trata-se de irradiações de mediadores
enteais, que se encontram na grande corrente que desce lá de cima. Vindas de
cima para baixo, não deveis esquecer, do contrário perdereis as conexões.
Anteriormente expliquei somente em escala ascendente, porque então me
encontrava nas extremidades dos fios pendentes, a fim de completar a imagem
que fizemos surgir diante de nós.
Há, portanto, espécies bem diversas desses fios. Eles têm sua origem na
irradiação dos respectivos entes que, depois de terem acolhido a força
fornecida por um mediador mais elevado do que eles, transmitem-na
novamente, ocorrendo aí uma modificação, por ocasião do perfluimento, pelo
que a irradiação é adaptada àquela espécie, que ela então, na sua descida,
alcançará por primeiro.
Desses fios os seres humanos terrenos podem receber fortalecimento para
cada virtude e para cada boa vontade! A qualquer tempo, pois tais fios pendem
sempre sobre vós, prontos e à espera de que tenhais anseio por eles.
Dar-vos-ei notícias agora apenas de uma espécie, para que saibais como
esses processos ocorrem, em exato cumprimento das leis primordiais da
Criação, através de seus próprios efeitos.
Elisabeth, a Rainha primordial da feminilidade, abrange em sua perfeição
todas as virtudes e predicados.
Dela promanam as irradiações, correspondentes à sua espécie, para baixo,
para regiões do divino e saem também para fora, para o reino puro espiritual,
onde se encontram as muitas gradações de todos os primordialmente criados.
Em cada degrau para baixo, as irradiações apartam-se em espécies
individuais, que se corporificam logo no enteal como cópias de sua origem, isto
é, como cópias de Elisabeth, o ponto de partida dessas irradiações. Isso
acontece no enteal e no espiritual, visto que da Rainha primordial promanam
ambas as espécies de irradiações, que ela mantém reunidas em si.
Suas formas se constituem exatamente segundo a respectiva e bem
determinada espécie individual das irradiações, que elas corporificam e que
propriamente são. Com isso aparecem naturalmente também diversas
alterações no aspecto ou aparência das cópias, que sempre exprimem de
maneira clara e inequívoca aquilo que a referida espécie de irradiação contém
e efetua.
233
Assim vai crescendo cada vez mais o número das espécies individuais que
se corporificam. Foram denominadas pelos povos antigos deuses e deusas,
porque esses seres humanos outrora não podiam ver mais longe e imaginavam
que as mediadoras dessas irradiações já fossem os legítimos pontos de origem
e por isso consideravam-nas como as mais altas existentes.
Encontramos, por isso, tomando como ponto de partida os espíritos
humanos, imaginando agora em sentido inverso, para cima, muitas dessas
mediadoras no enteal, como também mediadores. Por intermédio deles pode
cada ser humano terreno obter tudo, se anseia por alguma coisa com pureza. A
castidade, que, aliás, é na realidade totalmente diferente do que os seres
humanos supõem, a fidelidade, a fertilidade, a veracidade, a graça, a modéstia,
a aplicação (vibrando na lei do movimento) e muito mais. Cada uma é
corporificada por uma mediadora para toda a feminilidade, assim como também
existem mediadores para toda a masculinidade, como, por exemplo, para a
força, a coragem, a intrepidez, destreza, verdadeira e pura fidalguia e tudo o
mais que aqui não é necessário citar, porque apenas quero desenvolver-vos
um quadro aproximado, para melhor compreensão daquilo que estou
oferecendo hoje.
De cada um desses mediadores, que através das apartações das partes
individuais se tornaram necessários, emergem os fios que vos descrevo. E
cada um desses mediadores tem também, por sua vez, muitos ajudantes, que
se encontram em redor dele e atuam dentro das irradiações. Há um alegre
movimento em toda essa atividade!
No entanto, se olhardes hoje, nos tempos atuais, para esses fios abrir-se-á
aos vossos olhos um quadro desolador, pois muitos desses fios, sim, a maior
parte deles, pendem ao léu, sem encontrar ligações com os seres humanos
terrenos. Pendem a esmo, inteiramente inaproveitados, sem serem recebidos
pelos lugares para os quais foram destinados por amor auxiliador.
Esses fios assim suspensos demonstram a vossa culpa, ó seres humanos
terrenos, assim como muita coisa mais já clama a vossa culpa para fora, para a
Criação, e para cima, ao Criador, que até agora tanto vos cumulou com Seu
amor, e que, nas sagradas leis, tanto vos facilitou, para reconhecerdes
exatamente os caminhos que deveríeis trilhar!
Como tereis de envergonhar-vos, quando o reconhecimento chegar! Vós,
seres humanos, sois absolutamente os únicos que não transmitem direito o
recebido, e que neste caso também falharam completamente como
mediadores, porque já faz muito tempo que não sois capazes de receber.
A tal respeito já não há muita coisa a dizer. Tristes se quedam todos os
mediadores da entealidade, que estão em ligação convosco, ó seres humanos.
Acusadoramente levantam os fios, que também a eles, através da utilização
pelos seres humanos terrenos, deveriam trazer correntes recíprocas, as quais
vivificam, com o mais belo colorido, a unilateralidade da irradiação isolada,
deixando-a dessa maneira fortalecer-se e incandescer-se de modo mais
poderoso e benfazejo ainda. Os fios secaram nas extremidades e definharam.
Apenas aqueles mediadores que se encontram em ligação com animais,
plantas e pedras ainda se mantêm firmes e alegres, pois seus fios de irradiação
estão esticados no circular da reciprocidade, através do dar e do receber, que
também tem de residir nisso, obedecendo alegremente à lei da Criação, gratos
234
por ter sido dada a possibilidade para isso, no amor universal de Deus, que
nisso se revela.
Por incentivardes o pensar errôneo, abristes um rasgão feio e prejudicial no
quadro que mostra aquela parte do tecer da Criação, que está mui
estreitamente ligada a vós. Desse modo espalhais coisas feias em redor de
vós, seres humanos, por onde quer que estejais e andeis. Até onde vossos
pensamentos puderam alcançar, lá destruístes a harmonia, e com isso a
beleza e também a possibilidade do amadurecimento conforme as leis. Muito
tendes de responder e também expiar!
235
48. Sons natalinos vibram exortadoramente pelo
Universo
Os sinos de Natal anunciam desta vez o início do fim de uma era universal! A
humanidade deixa os sons atuarem sobre ela de modo confortador, com a idéia
de que eles anunciam a respeito da existência do seu libertador, que outrora
veio à Terra e lutou pela humanidade, sofreu e morreu por causa dela.
Os seres humanos ouvem um consolo nesses sons, uma satisfação
interior, à qual procuram entregar-se, por julgarem que nisso reside fé.
Tudo isso, porém, nada mais é do que um estado difuso da indolência
espiritual humana, que os faz passar dormitando para a morte espiritual, que os
extermina desta Criação como imprestáveis.
E muitos dos seres humanos terrenos já estão dormitando! Outros são
açoitados por aflições. Não podem sentir nenhuma alegria com esses sons,
que deixam os terrenamente saciados num estado de agradável satisfação.
Para eles esse tanger significa novas preocupações, nova tristeza e novo
rancor contra o destino, que, com aparente injustiça, os abandona e tortura. Aí
a exasperação contra os semelhantes aumenta neles lentamente, os quais,
segundo sua opinião, estão passando melhor do que eles próprios.
Existem também muitos que, prostrados por uma doença, reclamam contra
aquela inevitabilidade da providência, que tirou justamente deles uma legítima
alegria da festa.
E outros, por sua vez, aprofundados no trabalho, não pensam em nada, a
não ser nos ganhos que pretendem auferir com o seu trabalho.
Nem um sequer, entre todos os seres humanos, ouve nesse tanger aquele
som angustioso que nele vibra e que enteais temerosos procuram emitir assim,
como a última advertência ante a sinistra tempestade! Eles anunciam o fim
repentino de uma era universal!
Os seres humanos, porém, nada ouvem disso, estão demasiadamente
ocupados consigo mesmos. Não têm tempo para outras coisas, menos ainda
para um aprofundamento interior e auto-reconhecimento que seriam tão
urgentemente necessários nessas horas. Assim permanecem surdos ao perigo,
não dando atenção às ondas que se aproximam tempestuosamente e cuja
força esmagadora os enteais já pressentem.
Quando então a grande desgraça se lançar sobre esta Terra, não haverá
mais nenhum parar nem retroceder. O fim terá de ser saboreado, por mais
amargo que seja o gosto.
Escutai o som dos sinos e reconhecei o que ele vos quer dizer desta vez!
Há algo nele que até agora nunca houve. Desaprendestes, no entanto, de ouvir
algo nisso. Fechaste-vos contra todo o tecer na Criação, já desde longo tempo,
e por essa razão não mais conseguis perceber todas as advertências, mas sim
cambaleais desatentos à beira do mortífero abismo, onde cada passo inseguro
pode trazer-vos a destruição.
E, ao mesmo tempo, ainda mantendes bem fechados os olhos, porque não
mais podeis suportar a Luz, pois ela vos ofusca e provoca dor em vez de vos
confortar e fortalecer.
236
Míseros, vós que, por essa razão, não mais podeis receber a Luz,
parecendo-vos somente as trevas como benfazejas; ide, reuni toda a vossa
força e escutai dentro de vós, em redor de vós, até descobrirdes o perigo
ameaçador, pois do contrário ele cairá sobre vós totalmente inesperado.
Contudo, já deveis correr, pois pouco tempo vos resta para isso.
Agora também não mais vos será facilitado, porque não quisestes ouvir as
advertências de Deus, mas sim vos mantivestes fechados a cada advertência
proveniente da Luz, assim que aí fora esperado e exigido que finalmente
deveríeis despertar do estado de indolência espiritual, a fim de em conjunto
vibrar espiritualmente na lei da movimentação!
E essa exigência provém sempre da Luz, ao passo que todos os engodos
das trevas permanecem dirigidos para o comodismo espiritual. O diferenciar aí
não é tão difícil para vós, se apenas tiverdes vontade para isso. Mas é
justamente isso que vos falta.
Comodismo ficará sempre contra a lei da Criação, que contém a vontade
de Deus e exige a movimentação; pois o comodismo do espírito humano torna-
se indolência, que conduz ao sono letal, e, com isso, ao falhar na Criação e à
destruição. Não existe um caminho, capaz de desviar tais conseqüências.
Inteligência habilidosa não é movimento espiritual.
E que fiqueis incondicionalmente sujeitos a essas gravíssimas
conseqüências é o que as trevas querem. O brado proveniente da Luz sempre
exigirá a vivacidade, pois do contrário dar-se-á com cada espírito humano na
Criação, como com o nadador na correnteza. Se não se mantiver, mediante
constante movimento, na posição que ocupou, a correnteza o arrastará assim
que quiser descansar, e ele terá então de multiplicar os esforços, para
finalmente voltar, muito cansado, para a mesma posição que poderia ter
mantido com poucos esforços, como que brincando. E com a reconquista da
posição antiga, nem ganhou alguma coisa, apesar dos grandes esforços.
Tornai-vos espiritualmente de fato livres, com um único movimento! Então,
reconhecendo, encontrareis por toda a parte apenas um grande e indizível
amor de Deus, onde quer que olheis. Estais, pois, cobertos por ele e não
atentais, tal como as crianças mimadas, sentadas de mau humor diante da
mesa posta, por não sentirem mais atração pelas gulodices que podem comer
diariamente quando quiserem.
Também vós estais sentados diante da mesa posta desta Criação e
acostumaste-vos apenas a tomar dela inescrupulosamente! Entre o tomar
exigente, porém, e a capacidade de recepção com vontade pura existe uma
grande diferença.
Passastes bem demais na Criação. O poder da livre decisão tornou-vos
seres humanos terrenos arrogantes. Brincastes com isso de modo travesso e –
agora, no final, perdestes esse jogo! Agora, logo chegará à vossa consciência
qual o valor que tivestes nas mãos com o poder da livre decisão e ao qual
jamais atentastes; antes de tudo, nem pensastes que tal valor também acarreta
obrigações, que se encontram no reconhecer da responsabilidade dessa
grande dádiva.
Levianamente lidastes com o poder da decisão, por essa razão agora terá
de ser tirado de vós, até que vos mostreis dignos de recebê-lo novamente.
Infelizmente o ser humano, com sua maneira esquisita, só consegue avaliar
237
aquilo que teve de adquirir penosamente, ou quando lhe é tirado,
repentinamente, algo a que há muito está habituado. Somente o que foi tirado
desperta nele o conceito de valor!
Tudo isso também está contido nas torções de sua maneira de ser, nas
quais encontrou a presunção, esquecendo aí por completo de receber
verdadeiramente!
Jaz na capacidade de recepção algo tão inavaliavelmente grande, como
ainda hoje não sois capazes de compreender, senão não o calcaríeis sempre
tão desdenhosamente com os pés, nem o deixaríeis despercebido. É nisso que
reside a verdadeira condição humana! Receber consciente e verdadeiramente
as graças de Deus, isso é o que, exclusivamente, faz do ser humano um ser
humano!
Aí, contudo, a presunção tem de estar radicalmente extirpada, senão não
haverá um verdadeiro receber. Com a presunção como base não seria
possível. E quem, pois, aprendeu primeiramente a receber de modo acertado,
esse também distribuirá da mesma forma correta e de bom grado. Assim
cumpre a predominante lei básica do amor puro, que perflui de modo luminoso,
irradiante e vitorioso a Criação: que somente no dar reside o verdadeiro
receber!
Esse processo está firmemente ancorado em todo acontecimento
espiritual, contudo ele se efetiva também até a matéria grosseira. Vêde a festa
de Natal!
Quão poucas pessoas existem que sabem dar de maneira acertada ou
simplesmente dar! Um sinal do aumento da ilimitada superficialidade, pois um
presentear impensado é feito superficialmente, o que constitui apenas uma
conseqüência da indolência espiritual, adquirida por muitos seres humanos.
Então nem é de se surpreender que tal presentear freqüentemente só traga
pouca alegria.
Contudo, se presenteais ponderadamente, com compreensão afetuosa,
então esse dar também está mesclado com legítima alegria e amor, que, por
sua vez, deixará vós, doadores, ricamente presenteados nesse dar por meio da
alegria que despertais, mesmo que seja apenas uma palavra certa no momento
certo!
O doador autêntico, porém, é severo em sua escolha. Jamais terá a idéia,
por exemplo, de dar dinheiro, como presente, a uma pessoa leviana, que
sempre o utilizará conforme sua maneira leviana, em prejuízo de si própria e
talvez ainda de outros, mesmo que seja apenas em prejuízo da saúde de seu
corpo terreno, pelo fumar, beber ou outras extravagâncias, para o que vós,
então, proporcionastes a ocasião, por intermédio do presente mal-aplicado.
É inacreditável quanto exatamente nisso muitas vezes as pessoas pecam,
pela superficialidade no dar, ao qual falta todo o amor. Isso mostra, então,
claramente, que o doador apenas se empenha em se ver livre rapidamente de
um costume incômodo, através de tal cumprimento.
Por essa razão, dai com ponderação e amor tudo o que quiserdes dar, pois
assim já intuireis o certo.
Nisso, os seres humanos poderão reconhecer mais facilmente seu próprio
estado torcido, isto é, como se encontram na Criação. Tudo é, pois, amor
238
puríssimo, que floresce ao seu encontro, mesmo se contemplarem somente a
própria Terra. Com exceção daquilo que provém dos seres humanos.
Os próprios seres humanos, porém, não mais conseguem receber, mas sim
querem antepor-se a todas as dádivas, de modo imperioso e exigente, com
aquilo que eles próprios criaram: com o dinheiro!
Consideram-no muito mais do que todos os objetos que com ele podem
comprar, para com isso alegrarem a si próprios bem como a outros. Torturam-
se por causa desse dinheiro, perseguem-se, atacam-se e enganam-se,
caluniam, roubam, assaltam, matam, não por causa da beleza e das dádivas
desta Criação, a eles espontânea e facilmente ofertadas, mas sim apenas por
causa do dinheiro, dos bens com ele compráveis, e também por causa dos
prazeres que com ele podem proporcionar a si mesmos, prazeres que o seu
raciocínio criou!
Em tudo isso não encontrais nenhum anseio por uma vida terrena com
trabalho sereno de um ser humano que ainda se alegra com as belezas desta
Criação, num silencioso agradecimento a Deus! Tal ser humano é tachado
sarcasticamente de esquisitão, que não possui nenhum impulso para algo
“superior”. Com esse superior, contudo, entende-se tudo o que é baixo, que
consiste na insensata acumulação de bens terrenos, apenas para possuí-los,
para com isso proporcionar a si próprio, e talvez a algumas pessoas que lhe
são mais chegadas, um estilo de vida ainda mais opulento, que infalivelmente
trará grande dano espiritual de múltiplas maneiras, pois a permissão de ser rico
compromete não apenas perante os seres humanos, mas também perante o
Criador!
Muitos desses seres humanos terrenos progrediriam melhor
espiritualmente, se não pudessem usufruir suas vidas terrenas comodamente!
Como é em tudo, assim também deve ser em relação à riqueza: ela
permanecerá no futuro somente com aquele que sabe lidar com ela do modo
desejado por Deus, que, portanto, a conduz para bênçãos. Em tais mãos ela
crescerá continuamente.
Esse ídolo tornar-se-á destruição para os seres humanos terrenos agora no
Juízo Final, para que, no vivenciar de sua correria desvairada atrás da riqueza,
reconheçam essa correria como aquilo que ela é: indigna da humanidade que
tem deveres perante o seu Criador!
Se a Palavra Sagrada do Filho de Deus, Jesus, tivesse sido assimilada
corretamente pela humanidade há dois mil anos, então tudo hoje teria de ter
um aspecto diferente do que infelizmente tem!
Ao ser humano, antigamente como também hoje, falta, como em toda a
parte, a vontade para o verdadeiro receber! Ele não consegue mais receber,
porque sua presunção envenenou totalmente o solo necessário para isso. E
por isso também assimilou a Palavra de modo torcido desde o princípio. Nisso
nada foi melhorado ou reparado nesse ínterim, pelo contrário, ainda mais
alterado no sentido do querer humano, que apenas conhece um alvo:
interpretar tudo de tal maneira, a lhe trazer proveitos do modo mais cômodo e,
antes de tudo, a não inquietá-lo de maneira alguma.
O ser humano não pensa aí que foi a Palavra de Deus e não uma palavra
humana; que, por essa razão, também não deve ser interpretada conforme o
sentido humano. Veio de cima para baixo, até a Terra, e não partiu desta Terra.
239
Torna-se difícil para mim dizer muito sobre isso, porque é por demais
desagradável focalizar a rigidez limitadora com que as sublimes palavras de
Jesus ainda hoje são ensinadas e, além disso, interpretadas segundo os
desejos da humanidade, ao passo que elas eram totalmente abrangentes.
Os seres humanos desta Terra, que hoje, em seu estado de decadência
com relação ao verdadeiro reconhecimento de Deus, superam muitas coisas
que eles próprios olham com asco, quando deparam com coisas análogas no
longínquo passado dos povos terrenos, só que sob forma diferente, fizeram
caricaturas do sublime significado das palavras de Cristo, caricaturas essas
que correspondem exatamente a sua comodidade espiritual e ao seu pendor
por posses e influências terrenas, sim, que apoiaram e facilitaram
extraordinariamente a sua realização. Nesse sentido foram alterados muitos
dos significados maravilhosos das palavras de Cristo.
O Juízo divino em breve pronunciar-se-á nisso, melhor e mais nitidamente
do que conseguem as palavras terrenas, e somente o que foi e é legítimo é que
continuará daquilo que existe. —
Assim, foi completamente em vão o grande sacrifício de amor, trazido por
Jesus, quando a Estrela de Belém anunciou o seu nascimento terreno à
humanidade. Os seres humanos já naquele tempo não estavam mais aptos a
receber essa inapreensível dádiva do amor de Deus, de modo verdadeiro e
com pura humildade, pois sua presunção já era grande demais!
Sim, os seres humanos estão mal-acostumados! Por isso não mais
enxergam, na superabundância de todas as dádivas que podem haurir, o
grande amor de Deus, mas sim tornam-se em sua arrogância imperiosos ou
obstinados. Em ambos os casos eles mesmos destroem as alegrias que
poderiam sentir, porque assim envenenam qualquer prazer puro, que somente
uma verdadeira capacidade de receber propicia.
A conseqüência disso, por sua vez, é o acanhamento, tão logo não mais
possam haurir da abundância. Ficam então com medo, porque não possuem a
confiança em Deus no sentido certo, como é necessária àquele que
corajosamente quer enfrentar tempestades! Quem ainda não pôde conduzir
seu navio através de pesadas tempestades não é um capitão de pleno valor.
Na confiança em Deus reside, se observardes direito, obediência a Deus! E
obediência a Deus o ser humano já desaprendeu totalmente. Não lhe cabe, em
sua ilusão de ser o soberano desta Terra. E aí não reconhece que se tornou
apenas uma péssima caricatura de um verdadeiro soberano, como até mesmo
criou, por toda a parte, sob a pressão do raciocínio, caricaturas estreitamente
delimitadas, em lugar daquilo que deveria criar.
Assim não se tornou um sábio soberano na Criação, mas sim um déspota¹
(¹tirano, opressor) ignorante e egoísta, contra quem se rebela agora tudo o que
vibra e quer vibrar corretamente na vontade de Deus.
Imperiosos e obstinados! Essas são características dos seres humanos
que sobressaíram das massas espiritualmente indolentes que troteiam pelo seu
caminho. Entre esses seres humanos, espiritualmente indolentes, encontram-
se naturalmente muitos especialmente inteligentes, uma vez que raciocínio e
espírito não podem ser considerados a mesma coisa. Existem pessoas
inteligentes muito ativas, que, no entanto, dormitam espiritualmente, ou cujo
espírito se encontra firmemente emparedado, restrito da pior forma.
240
Por outro lado, existem seres humanos espiritualmente fortes, de grande
valor para e na Criação, sem que os semelhantes notem algo disso grosso-
materialmente. Isto acontece porque os seres humanos não consideram todos
os indiretos e ricos frutos de tais maravilhosas irradiações como conseqüências
da constituição espiritual dessas pessoas, às quais eles terrenamente não dão
grande valor, por não terem se destacado com atividades do raciocínio.
O que realmente é mais elevado, o ser humano de hoje não sabe apreciar,
porque não o conhece mais. E, no entanto, espírito e raciocínio poderiam dar-
se muito bem, sim, a colaboração deve existir na Terra, se o ser humano, como
conseqüência imediata e visível, quiser realizar algo de grande na matéria
grosseira. Mas o espírito tem de ficar acima do raciocínio e guiá-lo.
Então a bondade espiritual perpassará renovadoramente e aquecerá todos
os atos do raciocínio terreno, com o que também os castigos, mesmo na maior
severidade, conterão amor. Amor, que em cada castigo apenas vê o caminho
para a ajuda, assim como corresponde às leis oniscientes de Deus! Sob
castigo não se deve entender algo que deva compensar uma culpa apenas na
mesma moeda. Nada encontrareis em toda a Criação que seja constituído e
pensado de modo tão unilateral, a não ser o pensar e agir criados pelo espírito
humano!
Nisso tendes de reconhecer imediatamente que não pensais nem atuais de
acordo com a vontade de Deus, mas sim que sois obrigados, agora, a vos
transformar completamente também nisso, se é que se deva falar de um Reino
de Deus na Terra!
Muito trabalho se encontra diante de vós, mas primeiramente o grande
trabalho em vós próprios, antes que possa surgir uma construção de acordo
com a vontade de Deus, que contenha bênçãos e força para subsistir, para o
que, pois, deveis fornecer a base como firme apoio terreno.
Eu sei que estais dispostos a fazer o máximo para isso! Trabalharíeis
alegremente dia e noite, sem cansar, de bom grado também faríeis todos os
sacrifícios possíveis, com a disposição de pessoas realmente boas que sois,
contudo trabalhar em vós próprios, dentro de vós, primeiramente, é o que se
vos torna amargamente difícil! Torna-se difícil para vós, porque todo o vosso
pensar não estava absolutamente sintonizado nisso.
Quereis, pois, fazer tudo; também tentais, mas sempre de novo resvalais aí
para os trilhos dos velhos hábitos do comportamento humano, que,
provenientes de milênios, ainda hoje pesam sobre vós de modo embaraçador.
Vós, porém, que assimilastes minha Mensagem, vos encontrais muito
próximos disso, já estais no despertar, e é necessário apenas uma pequena
arrancada dentro de vós a fim de tornar-vos livres para as coisas grandes.
E essa arrancada, que aí é decisiva e tão fácil, essa arrancada não sois
capazes de dar! Nisso sois como uma criança bem pequena, diante da qual se
encontra um risco de giz, que ela não quer transpor, por pensar não poder
fazê-lo! E não mais do que um risco de giz se encontra diante de vós, como
obstáculo. Um risco de giz, que apenas vos confunde, mas que jamais pode
tornar-se o menor impedimento, se essa hesitação não partir de vós, por
serdes demasiadamente medrosos para dar esse passo tão necessário.
241
Mas tereis de consegui-lo e já tendes a força dentro de vós! A chave para
isso é exclusivamente o singular e, contudo, tão simples segredo da verdadeira
capacidade de receber, que floresce somente da legítima humildade.
Aí não precisais aprender adicionalmente o mínimo sequer, mas sim
apenas afastar o que ainda tendes pendurado em vós de coisas antigas e
gastas, ou aquilo que tendes diante de vós, obstruindo o caminho.
Tornai-vos novos dentro de vós, vós que quereis seguir-me, então também
vosso ambiente se reformará, com a pressão que sai de vós e que irradia
através de vós! Pois somente no tornar-se novo formareis uma passagem pura
para a força de Deus, que já vos perflui desde longo tempo.
Trata-se de um pequeno, bem pequeno passo, que ainda tereis de dar,
mas ele é inevitável e tão importante, que transformará todo o vosso pensar,
fortalecendo-o com vistas aos mais maravilhosos efeitos!
Deus espera por vós! E ele esperou, cheio de graças, a fim de que não
tivésseis de sucumbir na hora de vossa aflição!
Tem de ser criada uma base firme e inabalável, desta vez, para uma nova
era! Uma base que irradie de modo puro, límpida como cristal, sobre todos os
seres humanos. Não deve novamente ser trivializada e torcida como aconteceu
outrora, quando Cristo Jesus veio à Terra e seu tão grande sacrifício de amor
não encontrou aquele solo junto à humanidade, capaz de receber com pureza
essa dádiva de Deus!
Tomai a comemoração de hoje, do nascimento do Filho de Deus, Jesus, na
Terra, como motivo para dar esse último passo, que ainda vos é necessário e
para o qual já há muito levantastes vosso pé. Dai-vos o impulso e caminhai
corajosamente. Não é difícil, e então continuamente lembrar-vos-eis disso
agradecidos.
Rogai a Deus para que esta festa agora possa tornar-se também o dia de
vossa renovação para a vossa grande transformação!
242
49. A Rainha primordial
Desde muito vibra nos seres humanos um saber a respeito da Rainha
primordial, designada por alguns também Mãe primordial ou Rainha do céu. Há
ainda muitas outras denominações e, como sempre, os seres humanos
imaginam com a denominação algo bem determinado, que corresponde mais
ou menos à respectiva denominação, a qual somente serve para despertar
uma imagem no espírito.
Tal imagem se orienta sempre naturalmente de acordo com a respectiva
espécie de uma denominação, e não por último também fortemente de acordo
com o caráter e grau de cultura da pessoa que, ao ouvir, deixa surgir em si a
imagem. Sempre, porém, cada denominação diferente deixará surgir também
uma imagem diferente. Nem pode ser de outra maneira com o espírito humano.
A denominação verbal desperta uma imagem, que, por sua vez, forma a seguir
o conceito. Nessa seqüência jaz o círculo de movimentação do ser humano
terreno ou, melhor dito, do espírito humano encarnado na Terra.
Após partir desta Terra, cai para ele também a denominação verbal, como
é condicionada e conhecida durante a permanência na Terra, permanecendo-
lhe ainda a imagem, que nele então tem de formar o conceito.
A palavra terrena e a imagem que surge no espírito são, portanto, para o
espírito humano, os meios auxiliares para a formação do conceito. A tais meios
auxiliares juntam-se ainda finalmente a cor e o som, para completarem direito o
conceito. Quanto mais alto o espírito humano subir na Criação, tanto mais forte
sobressaem a cor e o som em seus efeitos; na realidade, não são duas coisas
separadas, mas sim uma só. Para o ser humano parecem ser duas, porque em
sua condição terrena não está capacitado a abrangê-las como uma só. —
A co-participação da cor e do som na formação de um conceito também já
encontramos aqui na Terra, nesta matéria grosseira, mesmo que
proporcionalmente seja esboçado somente de modo fraco, pois muitas vezes,
na formação do conceito a respeito de uma pessoa, a escolha das cores para
seu ambiente e seu vestuário, mesmo que inconsciente na maioria dos casos
para os seres humanos, representa um papel que não deve ser subestimado.
E no falar, através da entonação alternada, utilizada involuntariamente ou
também de maneira propositada, fica este ou aquele dito formalmente
sublinhado, evidenciado e, conforme se diz muito bem: “acentuado”, a fim de
despertar com o que foi dito uma “impressão” bem determinada, o que não
significa outra coisa senão querer deixar surgir com isso o conceito certo nos
ouvintes.
Na maioria dos casos isso também é alcançado, porque de fato facilita aos
ouvintes, com a entonação correspondente, formarem uma melhor “noção”
referente ao dito.
De maneira diferente não é também quanto ao efeito das diversas
denominações a respeito da Rainha primordial. Com a denominação Rainha
primordial surge uma imagem bem diversa da que decorre com a denominação
Mãe primordial. Também a expressão Rainha primordial cria desde logo uma
certa e justificada distância, ao passo que a expressão Mãe primordial quer
ligar mais intimamente.
243
De mais a mais, tudo a esse respeito terá de permanecer sempre para os
seres humanos um vago conceito, visto cada uma de suas tentativas para
discernimento só poder redundar em imensa restrição e diminuição do que é
verdadeiro, não lhe transmitindo aquilo que é!
Ainda assim quero dizer alguma coisa a respeito, porque do contrário a
fantasia doentia dos seres humanos, incentivada, orientada e também dirigida
através de sua presunção, cria imagens, que, novamente, como sempre nisso,
têm por finalidade impelir notoriamente qualquer importância e valor dos
espíritos humanos terrenos para o primeiro plano.
Para que isso não possa acontecer e a fim de evitar equívocos, quero falar
sobre isso, principalmente porque também nas concepções já existentes
encontra-se muita coisa errada.
Concorrem para isso o demasiado pensar próprio e desejar dos seres
humanos. E isso sempre acarreta confusão, quando se trata de coisas que o
ser humano sequer poderia descobrir com o pensamento, mas que
simplesmente só sendo oferecido de cima é que consegue receber, na
pressuposição de que tenha preparado terreno para a receptividade, para o
que se faz mister humildade, coisa que nos tempos atuais o ser humano não
possui.
E para aumentar ainda mais a confusão, muitas pessoas também
denominam, a mãe terrena de Jesus, Rainha do céu, o que, com alguma noção
das rígidas leis primordiais da Criação, nunca poderia ser possível, porque um
espírito humano terreno, como foi Maria de Nazaré, jamais conseguiria ser
Rainha do céu!
Assim também com relação às inspirações e aparições que muitos artistas
e outras pessoas tiveram da Rainha do céu com a coroa, nunca se referiam a
Maria de Nazaré, se é que se tratava de imagens outorgadas do alto. Em
muitos casos tratava-se somente de próprias configurações de fantasia.
As legítimas aparições, porém, mostravam sempre imagens de Elisabeth
com o menino Parsival, ou também sem ele. Foram apenas imagens móveis,
mostradas pelos guias, nunca a própria Elisabeth, que não pode ser vista pelos
seres humanos, quando estes não forem especialmente capacitados e
agraciados, o que não é tão simples.
Contudo, tais imagens sempre ficaram incompreendidas pelos seres
humanos. Era, sim, a Rainha do céu; nisso estavam certos, pois para ela
dirigiram na maior parte das vezes seus anseios e seus rogos, mas ela não era
equivalente a Maria de Nazaré. A tal respeito os próprios seres humanos outra
vez juntaram algo, sem encontrar a verdadeira e legítima conexão. Infelizmente
sempre fazem assim, conforme eles cuidam e supõem, e que então também
tem de estar certo, enquanto nem são capazes de com seus pensamentos
atingir até o divino.
Também neste ponto os seres humanos terrenos causaram muito
infortúnio, dada a presunção do seu querer saber próprio, e dificultaram com
isso de maneira inenarrável o caminho de Maria de Nazaré. Foi para ela um
tormento ver-se ligada forçosamente, pelos próprios seres humanos terrenos,
aos caminhos falsos deles.
Tais erros têm sua origem, perfeitamente compreensível, novamente na
maior epidemia dos espíritos humanos, inimiga da Luz, a preguiça espiritual
244
que, sob o domínio do raciocínio, ou os torna espíritos presunçosos presos à
Terra ou os faz cair por motivos religiosos no lado oposto, em toda a sorte de
imaginações pueris, considerando tudo possível. Chamo isso categoricamente
de pueril, porque infantil não é, pois o infantil contém em si muito mais formas
sadias, ao passo que a presunção presa à Terra bem como a imaginação pueril
só resultam em obras fragmentárias e doentias.
Por isso torno a clamar hoje: aprendei a receber, seres humanos, só então
podereis tornar-vos realmente grandes nesta Criação!
Nisso reside tudo para vós, se quereis tornar-vos felizes e sábios. Para
tanto, contudo, deveis dispor-vos, do contrário nada podereis obter. Por isso
até agora vos foi vedado usufruir as verdadeiras preciosidades desta Criação.
A vós que quereis receber, posso hoje esclarecer algo mais, caso tenhais
assimilado bem a dissertação sobre “O enteal”, pois ela vos habilita a me
compreender também. Tal dissertação tinha de preceder os esclarecimentos
que agora seguirão pouco a pouco.
Também já me referi na Mensagem à Rainha primordial da feminilidade, de
nome “Elisabeth”. A designação Mãe primordial também lhe é conferida
acertadamente, só que o ser humano com isso tem de fazer uma idéia certa, se
quiser aproximar-se da verdade quanto ao conceito.
O “fazer uma idéia” é a imagem da qual eu falei e que constitui o meio
auxiliar para a formação do conceito, na atividade do espírito humano.
Deixai primeiro que surjam perante vós minhas dissertações sobre o enteal,
onde afirmo que a feminilidade, por conseguinte também a mulher, constitui
sempre a transição, a ponte de um degrau para o outro da Criação, tanto para
cima como para baixo!
Trata-se de uma lei que se estabelece naquele degrau onde tem início a
autoconsciência das espécies enteais individuais. E esse degrau encontra-se
primeiro no divino, na região divina!
Já sabeis que só Deus é inenteal! E com Ele, pela origem, os Seus Filhos,
as partes apartadas e, no entanto, permanecendo unos com Ele.
Tudo o mais é enteal. E a isso pertencem em primeiro lugar os quatro
arcanjos, como colunas do trono. Estes vibram ainda completa e
exclusivamente na vontade de Deus, sem mais nada quererem por si próprios.
E como nada existe que na Criação não tome forma automaticamente,
segundo a lei de Deus, dessa maneira esses anjos, que não agem
absolutamente por vontade própria, mas vibram somente na vontade de Deus,
têm asas, portanto vibrações!
Essas asas são a expressão formada de sua espécie e uma prova de que
eles vibram de modo puro na vontade de Deus, nada mais querendo. Caso
mudassem nisso, como outrora ocorreu com Lúcifer, suas asas teriam de se
atrofiar automaticamente, caindo por fim totalmente enrijecidas, tão logo
deixasse de existir um vibrar na vontade de Deus.
E quanto mais puros eles vibram na vontade de Deus, tanto mais
luminosas e puras são também suas asas!
Onde, porém, a consciência do Eu pode surgir, aí caem essas asas, e nos
espíritos elas não são absolutamente desenvolvidas já de antemão, porque o
245
espiritual tem de desenvolver sua própria vontade e não vibra de modo
incondicional na vontade de Deus.
Precisais apenas habituar-vos à idéia de que na Criação tudo é
imediatamente real, e no enteal tanto mais pronunciado, porque lá não entra
em consideração a vontade própria, e sim tudo se adapta sem reserva à
vontade de Deus.
Mas exatamente nessa circunstância reside uma força da qual nem fazeis
idéia. No abandono de si mesmo ou entregar-se se origina a força capaz de
transformar também aquilo que denominais natureza. Nisso, apenas uma coisa
quero vos indicar, porque talvez possa auxiliar-vos a compreender mais
facilmente as explanações, quando vos conduzo para o mundo animal aqui na
Terra. Mesmo aqui ainda nesta materialidade grosseira, os animais possuem
aptidões que vós não podeis imitar, e que vêm da dedicação, da adaptação às
leis da Criação.
Contemplai as camuflagens dos animais que ainda vivem livres na
natureza, estando por isso ainda mais firmemente ligados a ela! Muitas vezes
tereis que procurar os animais com atenção, pois dificilmente os podeis
distinguir de seu ambiente, no qual vivem, tão bem estão adaptados a esse
ambiente para proteção perante seus inimigos.
Isso surgiu unicamente do desejo natural desses animais, que eles trazem
dentro de si, de não serem percebidos logo em caso de perigo. Esse desejo,
essa ânsia formou as cores de sua plumagem ou de seu pêlo, sua pele,
automaticamente, de modo que se adaptassem totalmente ao seu respectivo
ambiente, podendo ser, por isso, dificilmente distinguidos dele. Isso somente
acontece, porque os animais se movimentam naturalmente na lei da Criação,
sem construir obstáculos pelo querer saber melhor, enfim, eles ainda podem
receber, mesmo que inconscientemente, mas ao menos ainda de acordo com
as leis.
Vede, pois, o leão ou o tigre, o leopardo, vede a doninha, que até para a
neve no inverno muda de cor, observai algumas borboletas, em toda parte
encontrareis essa surpreendente capacidade de adaptação.
Em animais domésticos, porém, tudo isso está atrofiado, por eles se
sentirem seguros e se tornarem indolentes nessas coisas.
Vós, porém, tendo esse saber, poderíeis realizar muito mais ainda, se... vós
vos adaptásseis às leis de Deus desta Criação! Vivenciaríeis milagre sobre
milagre. Porém, bem entendido, nunca conforme o vosso querer! Pois nisso
encontra-se o limite.
Talvez algumas pessoas diriam intimamente, então mostre-o Tu, Tu que
sabes tudo isso e que conheces as leis! Aplaina para Ti o Teu caminho aqui na
Terra com o Teu poder, que então Te é inerente. Nesse caso, deve haver
somente alegria para todos, por seguir-Te. Alegria, felicidade e paz, sem luta
árdua e sem preocupações.
Eu sei que este ou aquele pensa nisso passageiramente, mesmo que logo
depois morda imediatamente a língua, para que a palavra não lhe escape, e ele
se culpe de, então, não ser merecedor de receber a Palavra da Mensagem da
Verdade.
E ele tem razão em recriminar-se por pensamentos dessa natureza; pois
seria uma repetição daqueles zombadores na cruz de Jesus, entre os quais
246
também ainda se encontravam aqueles que ansiavam pelo sinal do poder
divino, para nele fortificarem-se a si próprios. E realmente encontraram-se
muitos de boa vontade entre aqueles que aí gritaram: “Se és Tu o Filho de
Deus, ajuda-Te então a Ti próprio! Desça da cruz!”
Não era apenas escárnio, mas também às vezes anseio temeroso o que se
expressava aqui ou acolá. E isso era humano.
Por isso, não é tão surpreendente, se muitos dos meus ouvintes pensarem
hoje de modo semelhante. No entanto, eles esquecem que Eu me encontro na
vontade de Deus e não quero viver de acordo com a vontade dos seres
humanos, mas unicamente de acordo com a vontade de Deus. Apenas essa eu
quero cumprir e nada mais, como também o fez Jesus. E essa vontade de
Deus está condicionada nas Leis desta Criação. Não existem espetáculos fora
dessas leis.
Eu sei o que é a vontade de Deus e ela cumprir-se-á nos seres humanos
naquele momento, em que o cumprimento deve ocorrer. Nisso, nenhum
segundo será perdido. Apenas todos os caminhos até lá ainda podem ser
movimentados, portanto, neles algumas modificações ainda são possíveis. Os
pontos de ancoragem determinados, porém, são inabaláveis, não podem ser
deslocados pela largura de um fio de cabelo sequer.
Exatamente no saber disso aguardo pacientemente e procuro sempre
conformar-me com o presente, assim como chega até mim; pois
posteriormente mostra-se também sempre, que ele era necessário,
urgentemente necessário de ser vivido, para alcançar aquela clareza no
amadurecimento dos convocados e aquela firmeza de suas almas, que deve
haver, que é inevitável. Por isso, às vezes ainda é muito necessário que devam
ser rigidamente forjadas e incandescidas, marteladas por preocupações e
lutas, antes que possam subsistir e alcançar a meta, que somente então lhes
possibilita o grande atuar para o cumprimento de sua missão!—
Todavia, quero falar-vos da Rainha primordial! Eu desviei do assunto por
causa de vossos pensamentos, para que agora possais seguir-me
calmamente.
No divino, entre os arcanjos e aqueles que se tornaram autoconscientes,
os eternos, denominados anciãos, e que têm sua existência diante dos degraus
do trono de Deus, lá, onde o Supremo Templo do Graal se acha na esfera
divina, ocorre necessariamente uma transformação que abrange Universos.
Não deveis imaginar isso pequeno demais. Distâncias que abrangem
Universos existem entre os arcanjos e o ponto de saída da esfera divina, onde
o Supremo Templo do Graal no divino está ancorado desde a eternidade, onde,
portanto, é o limite do efeito imediato das irradiações de Deus.
Isso nada tem a ver com a parte do Supremo Templo do Graal que até
agora vos foi dado a conhecer em imagens, como o mais elevado na Criação,
pois essa parte, conhecida por vós através de descrição, encontra-se somente
no puro espiritual, fora da imediata irradiação de Deus.
Os degraus do trono de Deus até aí já abrangem por si só distâncias de
Universos e, na verdade, também Universos.
Conforme vós próprios podeis concluir após alguma reflexão sobre minha
dissertação “Mulher e homem”, é necessário que, em cada transformação na
247
Criação exista incondicionalmente a feminilidade, como ponte! Essa lei não é
transgredida nem na esfera divina.
Os anciãos eternos no divino, que no limite da esfera divina puderam
tornar-se autoconscientes porque a grande distância da imediata proximidade
de Deus o permitiu, não poderiam existir, tampouco poderia haver a formação
dos arcanjos, se antes não houvesse a Rainha primordial, na qualidade de
feminilidade primordial, como medianeira para essa transformação e formação,
como ponte necessária.
Naturalmente isso nada tem a ver com a maneira e o pensar terrenal de
matéria grosseira. Não há nisso nada de pessoal, absolutamente, mas encerra
acontecimentos bem maiores, que certamente jamais podereis imaginar.
Precisais procurar seguir nisso, conforme vos é possível.
Elisabeth é a primeiríssima corporificação das irradiações divino-enteais, a
forma do puro amor de Deus que como única dentro delas tomou a forma
feminina mais ideal. Ela é, portanto, a configuração primordial da irradiação do
amor de Deus, que nela se manifesta como primeira forma!
Jesus é a forma do próprio amor vivo e inenteal de Deus, como uma parte
de Deus.
Apenas falo dessas coisas para que não vos surja nenhuma imagem falsa
e para que ao menos possais pressentir a conexão além daquele ponto onde
vós, em vossa compreensão progressiva, tendes de permanecer estacionados,
se tomardes como base que as leis também mais acima continuam uniformes,
já que elas promanam de lá. São até mais simplificadas, porque somente mais
tarde, seguindo para baixo, nas muitas apartações, também têm de fragmentar-
se e por isso parecem muito mais ramificadas do que são na realidade.
Quando vos digo que cada intuição, cada movimento lá em cima se torna
um acontecimento, que faz irradiar o seu efeito para todos os mundos,
descendo sobre bilhões de personalidades menores, ao lado de tudo o que é
material, assim estas palavras deficientes que eu vos posso dar a respeito são
somente palavras de vosso próprio idioma, com as quais tendes de procurar
formar uma imagem.
A grandeza real do fato em si é completamente impossível de reproduzir
em palavras, mal pode ser esboçada.
Lá se encontra, portanto, a Rainha primordial da feminilidade, e ela tem um
trono no burgo do Graal na parte divinal! Somente no surgimento de Parsival,
da parte de Imanuel, permaneceu temporariamente encoberta por um véu nos
jardins mais elevados da parte puro espiritual do burgo, perto do limite para o
divino.
Ela tem, portanto, sua origem no divino, possui o grande divino-enteal dos
arcanjos e traz em si, apesar disso, a autoconsciência na forma mais pura. Ao
lado dela encontram-se os arcanjos e, mais para baixo, encontram-se então os
anciãos no divino, que somente são chamados de anciãos ou de mais velhos
porque são eternos e assim sempre foram, desde a eternidade, da mesma
forma que o Supremo Templo do Graal no divino, como ancoragem da
irradiação de Deus, a qual, tal como Ele, foi e é eterna, como também é
Elisabeth, a Rainha primordial da feminilidade.
Todavia ela é virgem! Apesar de ser chamada Mãe primordial e Parsival
chamá-la de mãe. Um mistério divino, que o espírito humano jamais conseguirá
248
compreender, por se achar demasiado distante de tudo isso e assim tem de
permanecer sempre. Ela é no divino a imagem primordial de toda a
feminilidade, de acordo com a qual se formou a feminilidade dos
primordialmente criados, como cópias.
Vós videntes, que sois agraciados de poder vê-la de vez em quando,
depois que para isso vos foram abertos os olhos com o discipulado que vos
presenteou com a centelha do puro espiritual, vós agora compreendereis,
porque vedes o rosto de Elisabeth sempre com um véu mais ou menos
espesso! O véu não está ante o rosto da rainha primordial, mas encontra-se
diante de vosso olho espiritual, que não é capaz de enxergar claramente o
divino, vendo-o apenas através de um véu, se for agraciado para ter de olhar
uma vez .
Somente o discipulado vos torna capazes para esta graça, senão vós nem
poderíeis fazê-lo; pois ser discípulo quer dizer: ser o mais jovem no reino puro
espiritual!O mais jovem no plano situado acima do Paraíso, alguém
posicionado no limite extremo, servindo como ponte.
Agindo como intermediário entre os primordialmente criados e o Paraíso
dos posteriormente criados, onde aos mais perfeitos destes é permitido
permanecer. Capacitados para isso são os discípulos através da centelha do
puro espiritual, que lhes foi concedida pelo discipulado. Portanto, os discípulos
são espíritos humanos da Criação posterior, elevados ao puro espiritual.
Não são muitos em relação à grande obra que une firmemente todas as
partes da Criação, para que as radiações da Luz possam fluir mais livres e
muito mais facilmente, para levar agora a mais poderosa força a todas as
criaturas, para que estejam mais firmes na saudade pela Luz e suas eternas
leis básicas, que suportam, impulsionam e mantém toda a estrutura da Criação,
para que nada de mal possa ressurgir, depois que o de até agora estiver
completamente destruído.
Um verdadeiro Reino de Deus, ao qual ainda deve anteceder, de acordo
com a lei, a ressurreição com a destruição de todo o antigo!
Vós todos, porém, deveis então ajudar a cumprir a vontade de Deus na
Terra e viver conforme a mesma, exemplarmente para toda a humanidade, à
qual for permitido sobreviver ao Juízo.
249
50. O circular das irradiações
Tenho ainda muita coisa a esclarecer a respeito dos enteais grandes e
maiores, sem falar por enquanto dos pequenos auxiliares desses grandes, pois
dos pequenos e dos ainda menores há tal número, que nem podeis imaginar.
Muitas vezes chego a perder o ânimo, quando procuro imaginar de que
maneira vos devo explicar tudo isso, utilizando as palavras disponíveis do
idioma, sem que percais a grande visão, e principalmente de tal maneira, que,
apesar disso, compreendais integralmente as conexões.
É exatamente a grande simplicidade, existente na multiplicidade
inapreensível para vós, que torna o caso tão difícil, porque o ser humano
terreno só é capaz de ver com nitidez determinado número de coisas, de forma
que nunca pode chegar à situação de abranger ao mesmo tempo o conjunto
como uno, donde resulta a simplicidade.
Cada separação aí em diversas partes tem de dificultar-vos a necessária
visão do todo, pois cada parte já é tão grande por si e se acha tão
estreitamente ligada com as outras através de efeitos recíprocos, que uma
verdadeira parte isolada nem pode haver, porque não existem partes isoladas
nesta Criação, que é um todo por si!
E o ser humano não pode abranger com a vista o todo, jamais poderá,
porque lhe falta a faculdade para isso, visto que também ele somente é uma
parte, aliás mínima, da Criação, que não pode ultrapassar seus próprios limites,
naturalmente nem mesmo na compreensão.
Por isso vejo-me obrigado a ficar nesses vossos limites, e só posso dar-vos
perspectivas de tudo ou a respeito de tudo quanto é e tem de permanecer
inacessível para vós. Nisso, todo o empenho é inútil.
Quando, porém, em vosso saber vos tiverdes finalmente conformado com o
fato de que não sois capazes para tudo na Criação, então também possuireis
humildade e estareis felizes com aquilo que obtivestes de ampliação do vosso
saber de até agora, por intermédio da minha Mensagem.
Ocupar-vos-eis então com o presente e com o vosso ambiente mais
próximo muito mais minuciosamente do que até agora, porque aprendereis a
conhecer e utilizar tudo através de todas as perspectivas inatingíveis para vós,
que eu pude dar, as quais, porém, deixam reconhecer nitidamente a estreita
conexão que existe entre vós e aquilo que vos rodeia.
E é disso que necessitais, para entenderdes e utilizardes com proveito o
presente. Com proveito para a ascensão!
As perspectivas podem levar-vos para cima, até os mais altos limites que
jamais sois capazes de alcançar. Exatamente porque vos faço entrever o que
para vós é inatingível, conseguireis utilizar-vos de tudo aquilo que aqui vos é
dado, e do que ainda não conhecíeis muita coisa.
Precioso para vós é esse saber das conexões de vossa existência com
tudo quanto se acha acima daquele limite, que ficará sempre rigorosamente
determinado para vossa compreensão, devido à origem do vosso espírito.
É justamente isso que quero dar-vos com a Mensagem: o saber das
conexões! Quem procurar com seriedade e com vontade realmente sincera
250
ganhará muito com isso. Aprendereis ainda a reconhecer o valor de tudo, pois
aquilo que os seres humanos até agora denominaram saber, mal chega a ser a
centésima parte daquilo que realmente poderiam saber.O limite do saber da
humanidade em relação a toda a Criação é sem dúvida pequeno, porém, em
comparação ao saber atual, duma grandeza que nem podeis imaginar e que se
aproxima do milagroso.
E para que alcanceis esses limites máximos, as perspectivas daquilo que
vos permanece sempre inatingível só vos ajudam, se eu descrever as vossas
conexões com isso, bem como as de vossos ambientes. O saber disso
proporcionar-vos-á, com o tempo, a possibilidade de reconhecerdes
exatamente as leis dentro da parte dos vossos limites, o que sem essa ajuda,
da transmissão das conexões com o que vos é inatingível, teria de permanecer
impossível.
Procurai entender-me nisso agora e reconhecei aquilo que vos quero dar!
Não ultrapasseis o real, pois só vos quero dar aquilo que pode favorecer-vos
dentro dos vossos limites e ser-vos útil; não mais. Algo mais não teria nenhuma
finalidade para a humanidade!
Por conseguinte, não vos tortureis com a idéia de querer transformar tudo
isso em vosso saber, tudo quanto para vós jaz inatingível! Não o conseguireis
nunca, e nem vos falo disso para que dirijais nesse rumo o vosso saber ou para
que vos tortureis com inúteis tentativas de abranger tudo de modo total e real!
Isso não podeis absolutamente, nem o dou nesse sentido, mas sim recebê-lo-
eis de mim com aquela finalidade de aprenderdes a conhecer todas as
conexões, que de lá se dirigem para vós.
Quando mais tarde estabelecerdes esse saber das conexões como alicerce
orientador e inabalável para as vossas futuras pesquisas e a vontade de
encontrar algo, então subireis mais alto em todas a capacitações e realizareis
feitos em todos os campos, feitos esses que deixarão na sombra tudo quanto
até agora pudestes realizar.
Seres humanos, vossas obras-primas devem assim ainda surgir, e vós
podereis realmente criá-las dentro dos limites que vos foram demarcados e que
nunca são transponíveis! Mas os limites são na realidade tão vastos para vós,
que deveis rejubilar-vos com isso e agradecer a Deus por toda a graça que Ele
vos proporciona.
Deveis, portanto, permanecer no terreno e solo de toda a humanidade no
pensar e no agir e em todos os deveres para com vosso Criador. Nada mais
será exigido de vós, pois nisso reside o mais sublime que podeis oferecer-lhe
como gratidão, e tudo quanto a tal respeito vós fizerdes será também para Sua
honra!
Pois nos maiores feitos em que, como seres humanos, deveis e podeis
tornar-vos mestres, jazem simultaneamente o oferecimento e a apresentação
do agradecimento ao Criador, por vos ter concedido realizar tais coisas
grandes através de Sua vontade na Criação, que encerra Suas leis.
E nas realizações extraordinárias também o honrais concomitantemente,
porque a grandeza de vossas obras mostra ao mesmo tempo a grandeza de
Sua graça! Quanto mais na Criação puderdes agir através da própria Criação,
mais nitidamente comprovareis quão grandes são nisso as leis de Deus e
quanta riqueza, quanta graça jaz nisso para vós.
251
Honrareis então a Deus no sentido mais verdadeiro e puro, se, trabalhando
alegremente, utilizardes tudo quanto a Criação vos oferece; pois isso só vos
será possível, se souberdes essas leis e também as compreenderdes, e então,
acima de tudo, se agirdes realmente de acordo com elas! Só então a Criação
vos dará tudo quanto ela contém de beleza. Ela dará alegremente, auxiliando-
vos.
E então, quando agirdes de tal maneira segundo as leis da Criação, já
estareis também com isso transformados e completamente diferentes do que
éreis até agora. Sereis então seres humanos agradáveis a Deus, sereis seres
humanos como sempre deveríeis ter sido, sereis seres humanos conforme a
vontade de Deus, porque vivereis Suas leis!
Não haverá então mais nada em vós para censurar. Estareis radiantes e
cheios de júbilo na Criação, por toda a parte em que vos encontrardes, se na
Terra ou em qualquer plano, e nem faríeis outra coisa senão louvar a Deus
pela ação, pois tais obras se assemelham a um hino de louvor, que é vivo e
que vibra dentro de todas as leis desta Criação.
Trata-se de um alvo tão belo, tão maravilhoso e para vós tão facilmente
atingível, que por isso me esforço em abrir-vos um caminho para lá, através da
minha Mensagem.
Sereis então seres humanos! Seres humanos atuantes, para os quais tudo
aflui na Criação, porque vibrareis com ela, no júbilo da maior felicidade.
Isso, então, é ser criatura humana em honra de Deus! Ser feliz no mais
verdadeiro sentido é, sim, o maior agradecimento que podeis dar a Deus. Mas
aí não se trata da felicidade ilusória da comodidade preguiçosa, que jaz no
sossego indolente. Isso é um entorpecente para o espírito, atuando de maneira
pior do que o ópio para o vosso corpo.
Vós, porém, atingireis essa felicidade legítima, pois vós trazeis o forte
querer para isso dentro de vós! E deveis ser o rochedo para todos aqueles que
quiserem salvar-se da maré das baixas paixões e cobiças, que agora se
derramam sobre esta humanidade terrena como frutos do seu querer errado de
até então, quando muitas vezes se serviu do nome de Deus, mas nunca
pensou seriamente em obedecer à vontade Dele, a não ser quando coincidisse
com a sua.
Procurai receber de maneira certa minha vontade, naquele sentido em que
eu a transmito, utilizando-a correspondentemente, então tereis atingido a
essência, na qual se alicerça profundamente a intenção da minha Mensagem.
Só assim podereis tirar verdadeiro proveito.
Vamos procurar agora dar mais um passo no saber referente ao tecer da
Criação.
Estais agora, provavelmente, diante de um novo enigma, pois certamente
não existe um só entre vós que julgue possível haver algum erro ou alguma
contradição em meus esclarecimentos. Por isso considerais muita coisa como
ainda não esclarecida, que não pudestes coordenar de modo inequívoco numa
lógica conformação de pensamentos, de que necessitais, pois, para poderdes
compreender.
Falei dos grandes guias do puro espiritual, que personificam as virtudes,
mas falei também dos muitos mediadores enteais, que personificam as
252
mesmas virtudes. Ambas as espécies eu designei como estando a atuar sobre
os seres humanos, em suas respectivas espécies.
Falta-vos ainda, quanto a isso, a conexão certa que vos possa completar
uma imagem nítida, sem alterar o que ouvistes até agora.
Tudo isso pode ser dito em poucas palavras, mas é melhor que eu procure
evidenciá-lo em imagens, de maneira objetiva, como realmente é em suas
formas.
Sabeis que a partir da Luz as irradiações apartam-se e separam-se em
bem determinadas subespécies. Em cada planície seguinte, em direção para
baixo, no resfriamento, desprende-se sempre, portanto separa-se, uma nova
subespécie, que, sob a mais forte pressão ainda existente até esse limite
correspondente, não tinha podido se desligar e somente por esse ulterior
resfriamento e a conseqüente diminuição de pressão ou grau de calor,
conseguiu afrouxar-se e tornar-se independente.
Cada um desses desprendimentos ou desligamentos produz
simultaneamente também uma nova formação da espécie que se desliga,
numa correspondente configuração enteal. Trata-se de um processo que se
realiza automaticamente de acordo com a lei da Criação. Surge assim uma
cadeia inteira com seus diversos agrupamentos colaterais de enteais, que
ajudam e que constroem, e dos quais já vos falei.
E todos estão ligados entre si, de modo que pode ser dito: todos se dão as
mãos.
Essa cadeia inteira de enteais se encontra somente na vontade de Deus.
Eles são corporificações, entroncamentos das próprias irradiações,
transmitindo adiante, e em suas bem determinadas espécies são sempre os
doadores na Criação, os quais, atuando dessa maneira irradiante para baixo,
atravessam toda a Criação.
Portanto, bem entendido, os enteais são os doadores das forças radiantes
da irradiação divina e que, obedecendo à pressão ou estando na pressão vinda
de cima, sempre irradiam para baixo!
A corrente contrária é dada pelos espíritos corporificados, que recebem
dessas irradiações e, utilizando-as, irradiam-nas para cima!
Nisso jaz o circular das irradiações através da Criação! Ficais um tanto
confusos no primeiro momento e pensais haver alguma contradição nisso,
porque também falamos que os primordialmente criados do puro espiritual
irradiam para baixo, sobre todos os espíritos humanos, e julgais agora que
duas espécies de irradiações correm uma ao lado da outra para baixo, na
Criação; a enteal e a espiritual.
Isso em si não está errado, pois essas duas espécies de irradiações se
encontram, sim, uma ao lado da outra, mas há uma diferença em seu atuar,
que produz o circular.
Sabeis que falei das irradiações dos espíritos do puro espiritual. Mas o
efeito dessas irradiações é diferente daquele dos enteais primordialmente
criados. A irradiação dos enteais é doadora, transmissora, mediadora,
conforme acentuei. Mas também já de início apontei na minha Mensagem que
os primordialmente criados do puro espiritual, isto é, os espíritos do puro
253
espiritual, em suas diversas espécies, atuam sobre a humanidade como
gigantescos ímãs, portanto, atraindo ou aspirando.
Só hoje posso completar a imagem disso para vós, já que as outras
dissertações tinham de preceder e preparar explicativamente o terreno para
isso. Na realidade ampliamos hoje somente o que até agora foi dito e a cujo
respeito provavelmente não fizestes uma imagem bem exata, quando se falou
de irradiações, no que as imaginastes agindo sempre só para baixo.
Mas existem duas espécies, de efeitos diferentes. As irradiações vão, sim,
quanto aos espíritos do puro espiritual, também para baixo, normalmente, mas
seu efeito é ascendente, por meio da força de atração que os enteais não
possuem, os quais são sempre somente doadores, portanto, presenteadores!
O espiritual exige, por meio da capacidade de atração. E, se refletirdes
bem, verificareis que nessa atividade de atração, propriamente, jaz ancorada
também a assim chamada livre vontade de decisão. E até mesmo mais do que
isso; jaz aí, outrossim, a absolutamente justa distribuição da recompensa ou do
castigo, que vem como conseqüência da decisão da respectiva pessoa!
Refleti serenamente sobre isso e imaginai esses processos em todos os
seus pormenores. Vereis nisso, diante de vós, de repente, a surpreendente
simplicidade da regularidade da lei na Criação, a incondicional clareza nisso, e,
apesar da permitida livre vontade de decisão para o espiritual, também a
vinculação às conseqüências que se efetuam na mesma lei e que estão ligadas
a isso.
Uma única faculdade do espiritual realiza, portanto, múltiplas coisas, tão
justas e tão lógicas, que tendes de ficar admirados diante disso, tão logo o
reconheçais direito.
É inteiramente compreensível que essa capacidade de atração magnética
do espiritual, dentro da lei de atração da igual espécie, atrai sempre apenas
aquilo que é desejado na capacidade de decisão e nada mais. E, aliás, da
mesma forma em todas as mais finas gradações e matizes, quer do bem, quer
do mal! Basta que mediteis profundamente. Não é difícil. Cada ser humano tem
de saber desenvolver tanta capacidade de imaginação.
Como contrapeso desse poder de atração do espiritual é dada a
capacidade de decisão, que não é necessária ao enteal, que sempre doa
apenas segundo sua própria espécie! O espiritual também atrai sempre só o
correspondente a sua respectiva vontade, porque cada vontade abrange
imediatamente todo o espírito, iluminando-o ou incandescendo-o, no que a
capacidade de atração só então é desencadeada, surgindo
correspondentemente.
O espírito não pode se desfazer dessa capacidade de atração, pois ela lhe
é inerente, ou dito de modo mais claro, propriedade ou parte de sua espécie.
Disso ele não se livra. Uma outra parte da espécie espiritual consiste na
capacidade de decisão que lhe foi dada, como algo determinante, que é o
desejo ou vontade, da qual igualmente não pode se desfazer, porque deve
atuar de modo auxiliador, pois do contrário o espiritual atrairia simplesmente
tudo o que existe, em desordenada confusão, e poderia ficar pesadamente
sobrecarregado.
Tais erros, porém, são excluídos da Criação, através da justa lei da atração
da igual espécie, que age, em seus efeitos, como um grande e incorruptível
254
guarda da ordem. Ligai, pois, tudo isso; deixai que perante vossos olhos se
formem imagens vivas, e tereis ganho aí muita coisa para o vosso saber.
Precisais, porém, dar-vos ao trabalho e, se for preciso, ocupar-vos
profundamente durante horas e dias com tudo isso, até compreenderdes
direito. Então tereis outra vez uma chave na mão, que vos abrirá muitas, quase
todas as portas da Criação para a vossa compreensão!
Não descuideis disso, portanto! É importante agirdes, porque também o
vosso núcleo íntimo e o vosso verdadeiro ser, como também a vossa origem é
de natureza espiritual e por isso estais sujeitos às capacidades de vosso
espírito. Designamos até agora esse processo como uma lei.
Mas na verdade trata-se de uma simples capacidade, de uma parte
integrante do espírito, que se efetua automaticamente e que por isso parece
uma lei!
Considerando rigorosamente, não existem propriamente leis na Criação,
mas apenas capacidades, que, de acordo com sua correspondente espécie,
atuam automaticamente, e por isso, exclusivamente por isso, parecem leis
inflexíveis!
Aprendei, por conseguinte, a conhecer as vossas próprias capacidades,
bem como aquelas das outras partes da Criação e com isso conhecereis as leis
que na realidade se congregam numa única lei que apenas é múltipla em seus
efeitos. Assim que vos tiverdes aprofundado suficientemente em vossos
conhecimentos, cairá subitamente como que um véu de vossos olhos e ficareis
emocionados diante da simplicidade!
Daí resulta, por fim, não haver mais leis para vós, tão logo se tiver
estabelecido o verdadeiro saber, visto que com o saber tudo se torna um sábio
aproveitamento de todas as capacidades e com isso vos tornareis livres, pois
será a mesma coisa que o cumprimento de todas as leis.
Portanto, pensai agora mais uma vez nisso e procurai compreender o
grande pulsar da Criação. Vou, por conseguinte, repetir:
O enteal irradia e doa para baixo; o puro espiritual irradia também para
baixo, porém age nisso, em vez de doando, atraindo à maneira de um ímã!
E como os espíritos do puro espiritual se encontram, segundo a sua
espécie, no limite superior da Criação, possuindo também a maior força de
atração sobre o espiritual, agem assim como ímãs gigantescos com relação a
tudo o que tem espécie espiritual, segurando, e fazendo fluir para cima tudo
quanto corresponde a sua espécie, portanto neste e em todos os casos sempre
somente o bem elaborado de todos os planos, enquanto que tudo o que foi
elaborado por eles próprios é então, por sua vez, aspirado ou subtraído pelo
divino, cuja força de atração é naturalmente ainda mais forte.
E, bem entendido, sempre somente o bem elaborado é atraído para cima,
isto é, apenas as irradiações propriamente ditas, que também podem ser
denominadas o resultado da atividade espiritual.
Falta-vos, no entanto, a noção quanto à necessária elaboração. A
elaboração ocorre unicamente no querer do espiritual, que lhe é específico, e
que por isso não pode atuar de outra maneira senão sempre e exclusivamente
querendo algo, nem que seja somente num impulso interior.
255
E esse processo ou atividade, que também podemos denominar
movimento do querer, atrai, no incandescimento da respectiva espécie do
querer, o que há de igual espécie das irradiações doadas pelo enteal.
Na união da irradiação do querer do espiritual com aquela de mesma
espécie desse querer, doada pelo enteal, ambas ficam mais fortemente
incandescidas, e essa ligação ainda mais estreita, decorrente desse
incandescimento, ocasiona uma nova irradiação de conteúdo diverso e mais
forte também.
Nisso jaz a chamada elaboração. E as irradiações assim modificadas
através de nova união são atraídas pelo plano imediato mais elevado,
soerguidas, dirigindo-se, portanto, para cima.
Tal processo se repete constantemente de plano em plano, em direção
ascendente, a não ser que... por má vontade ou por comodismo espiritual fique
interrompido e cortado esse impulso ascendente, visto que só a boa vontade
conduz para o alto.
O comodismo é um estorvo, porque não conserva o movimento necessário.
Ocorre então uma paralisação em toda a Criação. E é nisso que a humanidade
terrena tem pecado tanto, pecado contra a Criação inteira, e com isso contra a
vontade de Deus, contra o Espírito Santo!
A humanidade acarretou uma estagnação no circular, que só agora é posto
novamente no verdadeiro e até aumentado movimento, arrasando com isso
tudo o que até agora se lhe opôs, formando obstáculo. —
Não são, por conseguinte, só as irradiações do espiritual, por si, que
conduzem para cima; a tal respeito urge que compreendais primeiro de modo
claro. Essas simples irradiações já se acham adaptadas ao respectivo plano
onde se encontra o espiritual em suas corporificações humanas, e por isso
estão também adequadamente esfriadas e teriam de permanecer sempre no
mesmo plano, se o querer impulsionante do espiritual não atraísse dádivas ou
irradiações enteais, transformando-as simultaneamente.
Também isso tudo se processa de modo automático. Forma-se uma
ligação correspondente de irradiações, a qual, no movimento espiritual do
querer, recebe um maior grau de calor, e através disso proporciona a
possibilidade de ligação da atração do plano superior, que se efetiva
imediatamente.
O circular das irradiações podeis imaginar mais ou menos assim como a
circulação do sangue no corpo humano, que proporciona, sim, uma idéia
aproximada do processo na Criação.
O movimento das irradiações na Criação é, portanto, muito simples, e ao
mesmo tempo bem determinado: o enteal irradia somente para baixo e sempre
doando, presenteando. O espiritual irradia também de si para baixo, mas
apesar disso atua atraindo para cima, segundo a descrição que acabei de vos
fazer.
Isso se refere naturalmente apenas às irradiações propriamente ditas, e
não aos espíritos que se personificaram, os espíritos humanos. Estes
encontram seu caminho para cima ou para baixo pela ou na lei da gravidade,
que na realidade está estreitamente ligada com a lei da atração da igual
espécie, e as quais se efetivam praticamente como uma lei.
256
Se o anseio, portanto o querer e o desejar de um espírito humano se dirige
para cima, então as irradiações transformadas por ele e que são sempre
atraídas de cima, formam o caminho, a estrada para ele mesmo em direção
ascendente, sobre a qual ele caminha para cima de maneira completamente de
acordo com a lei. Ele atrai com isso também do enteal as irradiações situadas
cada vez mais alto, que o ajudam a subir como cordas ou fios, pois durante a
transformação delas a sua forma espiritual também vai recebendo sempre mais
calor, o que o faz subir constantemente, cada vez mais luminoso, mais leve e
mais incandescente.
Não obstante as estreitas relações de todos os processos, existem ainda
muitos processos colaterais especiais, que estão entrelaçados e que
permanecem condicionados a uma seqüência, uns saindo dos outros.
Se, porém, eu não quiser dificultar-vos a compreensão, não devo tocar
ainda nos processos colaterais. Mas o que vos disse hoje basta para vos dar
um apoio seguro para continuardes a progredir, bem como para as próprias
pesquisas futuras.
O enteal, portanto, está sempre doando, segundo a vontade de Deus, ao
passo que o espiritual, devido a sua capacidade de atração no querer,
permanece sempre, na realidade, apenas exigindo e recebendo.
Conforme já disse, o ser humano, por ser espiritual, sempre se serve como
hóspede na mesa desta Criação, posta pelo enteal. Infelizmente, porém, ele se
serve exigindo egoisticamente, ao invés de agradecer alegremente, levantando
os olhos para Aquele que lhe oferece tudo isso. E nisso ele tem de se modificar
agora, senão ele será arrastado da mesa do Senhor, que é formada pela
Criação, por um mais forte, que agora se colocou nesta mesa, a própria
vontade de Deus, à qual todos os enteais servem jubilosamente.
Quero ainda me referir aqui a um ponto da minha dissertação “Mulher e
homem” que pode ter provocado em muitos de vós pensamentos que não são
certos. Nas histórias da Criação, dos diversos povos, muitas vezes é
mencionado que o homem e a mulher surgiram simultaneamente. Em algumas,
no entanto, também é dito que o homem surgiu primeiro.
Mesmo que as simples noções dadas sobre isso nem possam ser tomadas
em consideração, pois foram concedidas de acordo com os degraus de
desenvolvimento dos povos individuais e suas épocas, ao passo que aqui
encaramos o verdadeiro saber da Criação, rigorosamente de acordo com a lei,
ainda assim não encontrareis nenhuma contradição, pois através dos
fenômenos de conformidade com a lei, até agora descritos para vós, sabeis
que primeiro tinha de ser separado ou desligado do enteal, naturalmente, o
mais grosseiro, puramente masculino, positivo, antes que pudesse ficar o
puramente feminino!
Assim, pois, seria possível descrever o homem como tendo surgido
primeiro, ao passo que se pode dizer, pela mesma razão, que ambos surgiram
simultaneamente. Ambos os modos de descrição anteriores devem ser
considerados como certos no verdadeiro, grande e real acontecimento, pois o
espiritual feminino mais delicado ou a mulher espiritual só pode surgir, por sua
vez, quando o grosseiro espiritual masculino estiver separado do enteal, e não
diferentemente.
257
Em qualquer direção que considerardes as transmissões de outrora, não
obstante a diversidade de imagens, isso estará expresso de modo certo, pois
as descrições da Criação não se referem à formação na matéria mais
grosseira, mas sim essencialmente ao princípio da Criação, e esse se iniciou
no reino do puro espiritual, no ápice da Criação, evoluindo depois
progressivamente, partindo daí em direção para baixo.
Ocorre nessas descrições o mesmo que em tudo o que os seres humanos
terrenos fazem, como também ocorreu na descrição dos acontecimentos em
torno de Parsival e do Supremo Templo do Graal: aos seres humanos que se
aprofundam espiritualmente são dadas inspirações, que não conseguem
compreender claramente e as quais então simplesmente, na retransmissão já
distorcida por essa razão, comprimem nos acontecimentos, hábitos e costumes
que lhes são terrenalmente conhecidos, ocasião em que o raciocínio, em
especial, não perde oportunidade para contribuir com sua parte não pequena.
Nem preciso acentuar de modo especial que naquelas coisas que o raciocínio
terreno de maneira alguma pode compreender, ele não pode agir favorecendo
nem esclarecendo, pelo contrário, tem de agir de modo deformante.
E assim todas essas descrições só surgiram sempre em reproduções leve
ou gravemente distorcidas, nas quais vós, que agora sois sabedores, nunca
vos deveis agarrar fortemente demais. Senão logo ficareis para trás junto ao
distorcido, e deveis por fim perecer com ele, porque tudo deve estar endireitado
para o Reino dos Mil Anos, se este quiser subsistir.
As velhas descrições, que já desde muito precisam de apresentações mais
exatas para a nova época, também não apresentam nenhuma contradição
quanto ao fato de que o feminino forma e permanece sempre a ponte para o
degrau superior seguinte da Criação e, como parte passiva, é a parte doadora,
mais forte, condicionada e capacitada através de sua espécie peculiar, que
conserva e encerra ainda uma parte do enteal próximo mais elevado.
Mas como o enteal é sempre doador, não atraindo, não pôde, apesar de
sua espécie mais elevada, impedir a queda do querer da mulher terrena. Pois
está sempre pronto a dar, lá onde é solicitado.
Esforçai-vos, pois, em compreender direito a minha Mensagem e em agir
de acordo com ela.
Não tenho a intenção de apresentar-vos tudo comodamente analisado nos
pormenores, pois vós próprios tendes de movimentar-vos e contribuir com
aquilo que se acha ao vosso alcance.
Os limites de tudo quanto é possível aos espíritos humanos pensarem,
intuírem e agirem, eu conheço exatamente, melhor ainda do que vós próprios,
e espero dos leitores e ouvintes da minha Mensagem e de meus
esclarecimentos o máximo do que é capaz o ser humano da Criação posterior,
se realmente quiserem seguir-me, pois assim estará certo e será proveitoso
para vós, segundo a vontade de Deus, que exige movimento e vibração em
conjunto, no circular de todas as irradiações que atravessam a Criação.
Animai-vos, por isso, nesse sentido! Vós é que deveis fazer aquilo que nos
limites de vossa compreensão for possível assimilar. Deixo isso inteiramente
para vós, apenas indico o rumo, construindo fundamentos sobre os quais
deveis e podeis continuar a construir.
258
Se quiserdes omitir preguiçosamente o vosso próprio trabalho e se vos
contentardes em receber tão-somente o sentido da Mensagem, sem aproveitá-
lo de maneira certa para continuar a construir, então não tereis nenhum
proveito da Palavra, pois o valor real terá de permanecer-vos fechado como um
livro a sete selos.
Só mediante a vossa própria movimentação abrir-se-á também para vós a
Mensagem, e rica bênção derramar-se-á sobre vós. Sede, portanto, ativos no
espírito! Dou-vos o estímulo para isso através da minha Palavra!
Eu não me encontro entre vós como um criado que quer assumir o vosso
trabalho, ó seres humanos, para que possais descansar, mas eu vos conduzo
e indico o caminho que vós deveis seguir, se quiserdes ser felizes!
259
51. Evitai os fariseus!
Portadores da Cruz do Graal, evitai os fariseus, que agora quererão aproximar-
se de vós; pois não devem receber auxílio na Palavra!
A expressão fariseu tornou-se um conceito que nada de bom encerra em
si, mas sim significa uma associação de vaidade espiritual, hipocrisia, astúcia e
às vezes também perfídia.
Indivíduos que merecem essa denominação vós os encontrais hoje por
toda a parte, em todos os países e em todos os círculos. Isso nada tem a ver
com raças ou nações, e há deles hoje muito mais do que antigamente. Toda
profissão demonstra possuir os seus fariseus. A maioria, porém, pode ser
encontrada lá, onde também já em todos os tempos podiam ser encontrados
em grande número: entre os servos e os representantes dos templos e das
igrejas.
E esquisito: onde quer que algum mensageiro da Luz teve de anunciar a
Verdade, segundo a lei de Deus, sempre foi atacado, conspurcado, caluniado e
perseguido em primeiro lugar pelos representantes e servidores dos cultos
religiosos vigentes, que alegavam servir a Deus, e por aqueles seres humanos
que até se atreviam a ser representantes da vontade divina.
Isto sempre foi assim, desde o mais simples curandeiro e feiticeiro, até os
mais altos sacerdotes. Todos, sem exceção, sempre se sentiram ameaçados
pela Verdade, e agitavam por isso às escondidas ou instigavam abertamente
contra cada ser humano que fora designado, agraciado ou enviado por Deus, a
fim de trazer Luz a esses seres humanos terrenos.
Contra esse fato irrefutável não adianta qualquer negação, qualquer
deturpação, qualquer atenuação, pois a história do mundo é testemunha disso!
De maneira clara, inequívoca e inapagável, ela testemunha que isso nunca foi
diferente e que em nenhum dos muitos casos houve uma exceção. Sempre,
mas sempre, foram justamente os sacerdotes os mais ferrenhos adversários da
Luz e, por conseguinte, inimigos de Deus, cuja vontade não quiseram respeitar,
pelo contrário, sempre combateram, opondo-lhe seu próprio querer.
Que adianta se depois vinha, às vezes, o reconhecimento, freqüentemente
quando para muita coisa já era demasiado tarde.
Isso apenas prova, ao contrário, que exatamente os sacerdotes nunca
estiveram em condições de reconhecer em tempo certo a Verdade e a Luz.
O reconhecimento se encontrava sempre somente com alguns elementos
do povo, mas não com os sacerdotes ou com aqueles que se ocupavam de
maneira puramente profissional com a vontade de reconhecer Deus.
E esses poucos elementos do povo mantinham-se firmes até que mais
tarde também os sacerdotes julgavam mais prudente seguir conforme a
maneira deles, a fim de não perderem a supremacia. Os servidores e os
representantes de uma crença nunca receberam de bom grado e com alegria
um mensageiro de Deus. Significativo é o fato de que nem tais mensageiros
nem o Filho de Deus puderam sair de suas fileiras! E é esquisito que nenhum
ser humano reflita que o próprio Deus nisso sempre pronunciou a Sua
sentença, mostrando assim nitidamente a Sua vontade.
260
Experiências milenares confirmam continuamente que os sacerdotes nunca
foram capazes de reconhecer a Verdade de Deus, mas sempre se fecharam
em sua presunção diante dela; às vezes também por medo ou por indolente
comodismo. Também confirmaram isso constantemente, porque sempre
combateram cada mensageiro de Deus com os meios mais sórdidos que um
ser humano é capaz de aplicar. Quanto a isso nem se pode discutir, pois o
passado se encarrega de mostrar as mais irrefutáveis provas!
De todas as maneiras, e mesmo com o Filho de Deus. Também não foi
amor pela humanidade que incitou os sacerdotes, mas inveja profissional, nada
mais! A Verdade incomodava-os, porque nunca ensinaram fielmente a
Verdade, que eles próprios não conheciam.
E para reconhecer que muito ainda não sabiam e por essa razão
espalhavam concepções erradas em algumas coisas, para isso eram
humanamente demasiado fracos e também incapazes, devido à preocupação
de que seu prestígio pudesse ser abalado com isso.
Aprofundai-vos em pesquisas sérias da história mundial e verificareis que
nunca foi diferente. Mas ser humano algum quis tirar disso uma lição. Ninguém
deixa que isso sirva de advertência, porque o fato, constantemente igual,
mostra-se sempre numa forma nova, de maneira que o ser humano pensa,
novamente por comodidade, que justamente agora, em sua época, seja
diferente. Mas conforme se deu antes, continua sendo ainda hoje. O presente
não mostra qualquer diferença com relação ao passado. A tal respeito nada
mudou; pelo contrário, ainda se agravou mais!
Ide perguntar às criaturas humanas sinceras que servem à Igreja, e que
apesar disso ainda têm coragem de confessar abertamente os seus
sentimentos íntimos, aquelas que não têm receio de ser honestas para consigo
mesmas... todas terão de confessar que ainda hoje a Igreja quererá arrasar
qualquer criatura humana, agitando contra ela, caso possa pôr em perigo os
dogmas rígidos que apóiam as igrejas! Da mesma forma, se Jesus Cristo de
súbito aparecesse caminhando novamente entre elas, como homem terreno,
com a mesma aparência de outrora! E se Jesus não concordasse que elas em
sua maneira possuem a única concepção certa, tratá-lo-iam logo como inimigo,
e nem hesitariam em acusá-lo outra vez de blasfemador contra Deus! Lançar-
lhe-iam imundícies, não deixando faltar as torpes difamações.
Assim é, e não de outra forma! O motivo de tal atuação errada não é,
porém, o anseio de honrar a Deus Todo-Poderoso, mas sim a luta pela
influência humana, poder terrenal e sustento terreno! —
Vós, seres humanos, porém, não tirais quaisquer conclusões úteis, para
vós mesmos e para vossas pesquisas, desses muitos fatos, os quais, pois, são
tão facilmente reconhecíveis, já pelas brigas de todas as igrejas entre si.
Levianamente vos conformais com isso.
Não penseis que também Deus em Suas leis sagradas vos deixa passar!
Sereis despertados de súbito e rudemente dessa preguiça irresponsável. —
O segundo círculo dos inimigos da Verdade é constituído pelos
presunçosos espirituais não pertencentes à casta sacerdotal.
São os vaidosos por quaisquer motivos. Trata-se, por exemplo, de um ser
humano que talvez, segundo sua índole, tenha tido uma experiência vivencial
íntima, não importa por que motivo. Não precisa ter sido sempre sofrimento.
261
Pode ser às vezes alegria, algum quadro, alguma festa; em suma, estímulos
para isso existem muitos.
Nesse único fato, que o comoveu tanto, ele se agarra, não percebendo que
tal vivência mui provavelmente surgiu dele mesmo, nem sendo, por
conseguinte, uma vivência verdadeira. Contudo, ele procura rapidamente se
soerguer acima dos seus semelhantes com a autotranqüilização: “Tive minha
vivência e sei, portanto, que me encontro no verdadeiro reconhecimento de
Deus!”
Mísero ser humano. A vivência de um espírito humano tem de ocorrer de
milhares de maneiras, se ele quer realmente amadurecer para um
reconhecimento mais elevado! E um tal indolente espiritual, que se julga um
espírito humano terreno superior, guarda firmemente em si, como que num
relicário, uma única vivência e procura não largá-la, porque pensa que com
isso já aconteceu tudo e que ele já fez bastante em prol de sua vida. Os tolos,
que assim agem, chegarão agora a um terrível despertar, pois têm de verificar
que dessa maneira dormiram.
Está certo, sim, se um ser humano alguma vez tem uma vivência, mas isso
ainda não é o suficiente. Não deve parar, tem de continuar a andar
constantemente, tem de permanecer ativo no espírito. Nesse caminho, então,
logo teria constatado que sua vivência fora apenas uma transição, a fim de
despertar para o reconhecimento verdadeiro.
Assim, porém, floresce nele a presunção espiritual, julgando-se superior
aos outros que não seguem seu caminho e pertencem a outras crenças. Esta
presunção o derruba e não o deixa subsistir no Juízo.
O ser humano tem de continuar, continuar em seu caminho através da
Criação, e continuar sempre também no reconhecimento de tudo quanto
encontra na Criação. Nunca deve sentir-se a salvo e vangloriar-se de uma
vivência que lhe atingiu alguma vez. Continuar, continuar sempre para frente,
com toda a força. Parar é ficar para trás. E aqueles que ficam para trás correm
perigo. Na ascensão, porém, os perigos estão sempre atrás de cada espírito
humano, nunca na frente; disso deve estar ciente.
Por conseguinte, deixai de lado aqueles seres humanos que, tão
convencidos, procuram falar de si próprios. São indignos da Palavra Sagrada!
Prestai atenção em sua atuação, em seu modo de ser, e logo reconhecereis
com quem estais lidando. São muitos, muitos os que pertencem a esse círculo.
São frutos ocos que têm de ser jogados fora, pois não assimilam mais nada,
porque em sua presunção julgam já possuir tudo. —
O terceiro círculo dos imprestáveis são os fantasistas e os entusiastas, que,
facilmente inflamáveis quanto às coisas novas, prejudicam tudo o que é
realmente bom. Querem sempre conquistar logo o mundo, porém desanimam
rapidamente, quando é necessário mostrar força na perseverança, trabalhar
continuamente em si próprios.
Como conquistadores se prestariam algumas vezes, se a resistência não
fosse demorada e se valesse a pena cair sobre o próximo, querendo doutrinar,
sem mesmo já possuir em si a base firme. Fogos de artifício, que depressa se
inflamam e logo apagam. Pertencem aos levianos, que não possuem muito
valor.
262
A esse círculo se junta mais um, que contém aqueles seres humanos que
não podem deixar de ligar seus próprios pensamentos a coisas dadas a eles, a
fim de, na divulgação de uma gota de verdade, que tiveram ensejo de receber,
conseguir algum brilho para si próprios! Não podem deixar de imiscuir suas
opiniões próprias, em coisas que lêem ou escutam, e de continuar urdindo tudo
conforme surge em sua fantasia.
Por sorte tais seres humanos não são numerosos, porém tanto mais
perigosos, porque de um grãozinho de verdade criam e espalham falsos
ensinamentos. São muito nocivos não só a si próprios, como também a muitos
de seus semelhantes, na variada forma de suas atividades. Tomemos um
pequeno exemplo, que todos conhecem. Romances e novelas fantásticas.
Quanta coisa não é produzida criminosamente aí, baseada num aparente
grãozinho de verdade ou, melhor dito, quanta coisa não produz um ser humano
assim sobrecarregado de fantasias para si mesmo!
Não se pode admitir sempre, como motivo, que o escritor deseje apenas
ganhar dinheiro, quando vai ao encontro da fantasia doentia de seus
semelhantes, oferecendo-lhes as mais incríveis estórias, com as quais eles
possam regalar-se arrepiados. Os motivos, na maioria das vezes, são mais
profundos. Tais seres humanos querem principalmente brilhar com seus
trabalhos e revelações. Querem que seu espírito brilhe perante os outros;
pensam proporcionar perspectivas para pesquisas, e estímulos para feitos
extraordinários.
Todavia, quantos disparates vêm com isso muitas vezes à luz do dia!
Examinemos algumas das estórias fantásticas que foram escritas e impressas
sobre marcianos! Cada linha demonstra incompreensão em face das leis de
Deus na Criação. E, no entanto, temos de incluir, pois, Marte na Criação, como
tudo o mais.
São descritas aí criaturas que realmente se originam de uma fantasia
doentia, tendo raízes no pensamento de que os seres humanos, lá, devem ser
de formação completamente diferente do que aqui na Terra, porque Marte é um
outro planeta.
Os esclarecimentos a tal respeito surgem dentro do período do Reino dos
Mil Anos através do conhecimento das leis da Criação. Esse conhecimento das
leis abre então aos cientistas e aos técnicos perspectivas bem diferentes, com
bases exatas, e traz com isso também, em todos os campos, progressos e
êxitos bem diferentes. Tudo isso é reservado ao Reino dos Mil Anos!
Eu já afirmei muitas vezes que não há razão para imaginar algo diferente
na Criação, porque se encontra mais longe da Terra ou porque não pode ser
visto com olhos de matéria grosseira. A Criação surgiu de leis homogêneas,
também é homogênea em seu desenvolvimento e é mantida também do
mesmo modo homogêneo. É errado deixar agir livremente a fantasia doentia a
tal respeito, ou mesmo dar-lhe atenção.
Cada ser humano da Criação posterior é uma cópia das primordialmente
criadas imagens de Deus. Por isso, em toda a Criação os seres humanos
trazem a única forma determinada a eles, como ser humano, mais ou menos
enobrecida. Mas a forma em si é sempre reconhecível, e não pode ter, por
acaso, três pernas ou, de modo geral, apenas um olho no meio da cabeça, a
263
não ser que se trate de um monstro que apareça aqui ou acolá, isoladamente.
Mas nisso não há nada de básico.
Aquilo que não tem a forma básica humana, não pode ser denominado ser
humano. Um germe espiritual, por exemplo, em seus respectivos degraus de
desenvolvimento não é ainda um ser humano, mas não teria formas tão
divergentes como as que são descritas pelos nocivos fantasistas.
São encontradas na matéria grosseira mediana e fina dos planos escuros e
mais escuros formas fantásticas com rostos humanos, que se assemelham a
animais, as quais correspondem sempre às espécies nas quais um espírito
humano pensou e atuou na Terra, mas essas formas são produzidas
geralmente apenas através do pensar humano. Têm temporariamente o rosto
daquele ser humano que as gerou, porque descendem dele como produtos de
sua mente.
E se um ser humano chegou mesmo a tal ponto, que fica literalmente
absorvido pelo ódio ou pela inveja e outras paixões nocivas, acontece-lhe
então que fora da gravidade terrestre se forma em redor de seu espírito uma tal
corpo. Com isso, porém, perdeu também todos os direitos de ser uma criatura
humana, de maneira que também não deve nem pode ter mais semelhança
com a forma das cópias das imagens de Deus. Na verdade ele não é mais um
ser humano, mas decaiu para algo ainda desconhecido do ser humano terreno
e por isso ainda não pôde ser designado por nenhum nome. —
Contudo, falsas imaginações do cérebro de seres humanos fantasistas em
breve deixarão de ser espalhadas, porque próximo está o tempo em que o
saber das leis de Deus na Criação terá progredido tanto, que tais coisas
inverídicas desaparecerão automaticamente. E então os seres humanos rirão,
quando olharem para trás, para o tempo atual, que mostra em tantas coisas
nitidamente a sua ignorância. —
Quando os quatro círculos mencionados estiverem excluídos agora na
grande seleção vindoura, e eles serão excluídos em grande parte, porque a tais
seres humanos não pode ser ajudado, então será mais fácil para os restantes;
porque muitos entraves ficarão suprimidos com esses seres humanos, muita
coisa perturbadora e enganadora. Somente então, também os que procuram
seriamente, poderão de fato respirar livremente. —
Vós, porém, que conheceis a Verdade, evitai todos aqueles que são
inimigos da Verdade; pois todos aqueles que alguma vez lutaram contra
enviados de Deus, perseguindo-os e, com isso, mostrando-se como os
inimigos daquilo que é enviado por Deus, estes estão agora nesta época aqui
na Terra para o grande ajuste de contas que agora devem prestar por isso!
A maioria deles não se modificou, mas é hoje ainda como antigamente.
Afastai-vos deles; pois quem não se modificou nisso e nem quiser modificar-se,
este também não deve ser auxiliado, para que saboreie totalmente o seu
caminho errado, como pecador, que agiu contra o espírito com querer egoístico
ou maldoso!
A Palavra Sagrada deve ficar longe dele, para que não a conspurque mais
uma vez. Com isso, permanece longe dele também a possibilidade da
salvação, da qual ele não é digno, e que ele já perdeu há muito tempo.
Repeli agora os seres humanos dessa espécie e não procurai mais ensiná-
los com amor ou compaixão, para que vós possais tornar-vos livres! É apenas
264
perda de tempo ocupar-se com eles, e vós não tereis mais nenhuma hora
sequer para desperdiçar.
265
52. Possesso
Rapidamente os seres humanos estão sempre prontos a emitir uma opinião
sobre coisas que não entendem. Esse hábito, em si, ainda não seria tão mau,
se não encontrasse tão freqüentemente propagação, para então subitamente
se estabelecer como um julgamento firme, aceito por muitos círculos de
espíritos preguiçosos como sendo um determinado saber.
Esse saber então simplesmente aí está e mantém-se firme com uma
surpreendente tenacidade, embora ninguém saiba dizer como surgiu.
Quantas vezes declarações levianas também desencadeiam ainda grandes
danos. Mas isso não incomoda os seres humanos, que continuam a tagarelar,
porque gostam. Tagarelam sem cessar, por obstinação, por teimosia,
leviandade, por descuido, para passar o tempo, não raro até pela mania de se
fazerem ouvir ou com premeditação num malquerer. Sempre se descobre nisso
uma causa nociva. Raros são os seres humanos que de fato se entregam
somente por divertimento ao péssimo hábito de tagarelar.
Também essa epidemia de falar se expandiu somente em conseqüência do
corrosivo domínio do raciocínio. Falar em demasia, porém, suprime a faculdade
pura de poder intuir, que requer maior aprofundamento em si próprio!
Não é sem fundamento que um tagarela não goza de confiança, mesmo
quando é inofensivo, mas apenas aquele que sabe ficar calado. Há tanta coisa
no instintivo temor pelos tagarelas, que cada ser humano devia tornar-se
atento, a fim de tirar ensinamentos para as próprias relações com o seu
próximo.
Tagarelas no mais verdadeiro sentido são, antes de tudo, aqueles que
rapidamente têm sempre à mão palavras, onde se trata de coisas que não
entendem.
São nocivos em sua leviandade, causam grande mal e indizível sofrimento.
Tomemos algum acontecimento qualquer. Encontram-se muitas vezes nos
jornais notícias sobre as chamadas aparições de fantasmas, que surgem de
repente em casas onde anteriormente jamais sucedera tal fato. Objetos mudam
de lugar ou são levantados; panelas são arremessadas, e outras coisas assim.
Vêm de diversas regiões ou países tais notícias. Em todos esses casos os
acontecimentos se agrupam sempre em redor de uma bem determinada
pessoa.
Onde esta se encontra é que ocorrem tais fenômenos.
Imediatamente aqui e acolá é emitida a opinião de que uma tal pessoa
deve estar “possessa”. Qualquer outra hipótese nem entra em cogitação;
simplesmente se fala de modo irrefletido e inescrupuloso de possessão.
Autoridades e igrejas foram em diversos países muitas vezes consultadas e
quando se chegava à constatação de que não havia fraude de nenhum dos
lados, então se faziam aqui e acolá também exorcismos eclesiásticos contra
demônios. Mas estes não podem ajudar muito, porque permanecem estranhos
aos fatos.
Antigamente tais pessoas seriam submetidas, em sua maior parte crianças
ou mocinhas, simplesmente a um interrogatório penosíssimo de um processo
266
por bruxaria, até que a criatura atormentada declarasse tudo assim como os
juízes e os servidores da Igreja queriam. A seguir ainda procediam a um último
espetáculo repugnante, livrando a humanidade devota de tal supliciado, através
da morte na fogueira.
Na verdade tudo isso acontecia apenas para se entregarem a uma
pecaminosa mania de poder terreno e para obter forte influência sobre os seres
humanos terrenos, outrora tão puerilmente crédulos, a qual, assim, aumentava
cada vez mais. O motivo não estava na convicção sincera de com isso servir a
Deus! Tais maquinações blasfemas contra Deus só faziam surgir medo nos
seres humanos, medo esse que suprimia toda a confiança em Deus, dando
plena liberdade ao vício da mais baixa difamação.
O triste final em qualquer caso podia ser previsto com certeza já no
princípio e podiam ser assassinados sem mais nem menos todos os que
tinham sido levianamente acusados. A culpa dos assassinos, dessa forma,
teria sido ainda menor do que a culpa dos monstros daquele tempo, em suas
vestes de servidores da Igreja e em suas togas de juízes.
Não quero fazer comparações dos tempos antigos com os tempos de hoje,
nem quero construir pontes mediante explicações especiais, mas
espiritualmente o fenômeno causado por tagarelices irrefletidas é ainda
inteiramente o mesmo! Só é atenuado agora de modo grosso-material terreno
por causa das leis mais modernas. Os seres humanos ignorantes, apesar
disso, ainda pensam erradamente como antes nessa direção e segundo ela
também agiriam, se as leis não os impedissem.
Nas tribos negras inferiores tais pessoas ainda são supersticiosamente
perseguidas, mortas ou também... veneradas. Os dois contrastes se encontram
sempre bem próximos um do outro nos procedimentos humanos.
E em tribos inferiores e ignorantes vê-se o feiticeiro torturar a seu modo o
“possesso”, a fim de banir da cabana tais espíritos malignos.
Encontramos semelhanças nas coisas por toda a Terra, entre todos os
povos. Fatos que cito apenas para que se possa compreender melhor.
As pessoas, porém, que dessa maneira são consideradas “possessas”, são
em todos esses casos completamente inocentes! Não têm nenhum sinal de
possessas e menos ainda de demônios que aí se procura exorcizar. Tudo isso
é apenas tagarelice pueril, superstição medieval, resíduos do tempo das
bruxas. Carregam-se de culpa, na realidade, só aqueles que por ignorância,
devido a falsos conceitos e juízos levianos, querem ajudar.
Possessos são encontrados nos manicômios, mais do que os seres
humanos supõem. E esses são curáveis! Eles também serão curados no Reino
dos Mil Anos
Hoje, porém, essas pessoas dignas de lástima são consideradas
simplesmente como loucas, e não se faz diferença alguma entre os realmente
doentes e os possessos, porque ainda nada se entende a respeito disso.
Tal incompreensão decorre somente da ignorância da Criação. Falta o
saber da Criação, que pode dar a base para o conhecimento de todos os
fenômenos e modificações que ocorrem dentro e ao redor dos seres humanos
e que conduz, por conseguinte, ao verdadeiro saber, àquela futura ciência que
não precisará tatear em tentativas deploráveis para conseguir chegar com isso
267
primeiro a uma teoria, que, em muitos casos, depois de dezenas de anos, se
comprova como errada.
Aprendei, seres humanos, a conhecer a Criação com as leis nela vigentes
e não precisareis mais tatear e procurar, pois então possuireis tudo quanto
necessitais para vossa ajuda, nos acontecimentos durante a vossa existência
na Terra, e ainda muito além, em toda a vossa existência!
Assim não haverá mais os chamados cientistas, pois então terão se
tornado sábios, aos quais, na existência dos seres humanos, nada pode vir ao
encontro que lhes seja estranho.
Uma parte surpreendentemente grande dos hoje designados como loucos
incuráveis e que têm de passar a vida enclausurados em manicômios, não são
loucos, e sim possessos. Ocorre aqui como em muitas coisas: não se procura
nesse sentido e por isso também nada se pode descobrir, na efetivação da
expressão de Cristo que condiciona de maneira inequívoca e exige sem
qualquer dúvida: Procurai, e encontrareis!
Essa é a expressão da Verdade que deve ser aplicada a tudo na vida! Em
cada forma. Por isso também já indiquei diversas vezes que só encontrará
valores em minha Mensagem aquele ser humano que com toda a seriedade
procurar valores nela!
Ninguém mais, pois a Palavra viva somente dá, se for tocada por uma séria
procura, vinda da alma. Somente então ela se abre em toda sua plenitude. —
A palavra “possesso” ouve-se e encontra-se realmente até agora e também
hoje ainda sempre somente lá onde ela não vem ao caso!
E onde ela é apropriada, ninguém pensa nisso.
Mas também aqui o sentido formado na palavra dos seres humanos já
atingiu involuntariamente o certo no lugar adequado, pois nos manicômios
encontrareis muitos a respeito dos quais é dito, num encolher de ombros: “No
mais ele se apresenta normal; é possuído apenas por uma idéia fixa!”
Involuntariamente os seres humanos aqui acertam outra vez, porém sem
refletir mais a esse respeito.
Contudo, não só os dessa espécie devem ser chamados possessos, mas
também aqueles, que não apenas têm uma idéia fixa e os assim chamados
momentos ou horas de lucidez, mas que permanentemente falam coisas
confusas, podem ser possessos. Nem sempre são de fato doentes. —
Examinemos agora, contudo, como exemplo, um dos muitos casos em que
uma mocinha é considerada pelos que a rodeiam como possessa, ou pelo
menos suspeita como tal, porque na presença dela acontecem de repente
coisas tão esquisitas, sobre cujas origens nada se sabe.
Para isso existem diversas possibilidades de esclarecimentos que
correspondem à realidade; nenhuma, porém compatível com a condição de ser
possesso.
Um espírito humano pode estar preso à Terra, na respectiva casa, por
qualquer motivo, pois em todos os casos somente pode tratar-se de espíritos
humanos já falecidos na Terra. Estão fora de cogitação demônios ou coisas
parecidas.
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Um tal espírito humano se encontra talvez preso à casa por qualquer ação,
ou apenas preso ao lugar, àquele ponto. Também não é imprescindível que
tenha feito qualquer coisa nesse tempo de existência da casa; pode ter sido
antes, naquele lugar ou nas proximidades do ponto onde atualmente se acha a
casa.
Esse espírito às vezes está preso ali há decênios ou séculos, por causa de
um assassínio ou por qualquer negligência de graves conseqüências, por dano
feito a outra pessoa ou devido a outros acontecimentos, dos quais existem
muitos para formar tal atamento.
Também não é imprescindível que ele esteja ligado com as pessoas que
moram atualmente na casa. Não obstante sua constante presença na casa,
nunca teve antes qualquer possibilidade de manifestar-se de modo grosso-
material terreno, o que só então aconteceu através da mocinha, em sua
peculiaridade especial, mas também somente temporária.
Essa peculiaridade da mocinha é uma coisa à parte, que apenas dá ao
espírito ensejo para uma determinada espécie de materialização do seu querer.
De mais a mais, nada tem ela a ver com o espírito.
O motivo dessa peculiaridade reside na respectiva irradiação do sangue,
logo que este apresente uma bem determinada composição. Daí extrai o
espírito humano, sem invólucro de matéria grosseira terrena, a força para a
execução de seus desejos, de se fazer notar, o que freqüentemente evolui em
má-criações incômodas.
Cada pessoa tem diversas irradiações sangüíneas, sobre o que já me referi
anteriormente, e essa composição se modifica várias vezes durante a vida
terrena e acarreta sempre a mudança também na espécie de irradiação desse
sangue. Por esse motivo, o esquisito efeito de algumas pessoas despertarem
acontecimentos estranhos verifica-se na maioria dos casos somente durante
um bem determinado tempo, portanto, passageiramente. Não existe quase que
nenhum caso em que isso perdure toda a existência terrena. Às vezes só dura
semanas ou meses, raras vezes anos.
Quando, pois, tal acontecimento cessa de súbito, isso não prova que o
referido espírito não esteja mais presente ou se tenha libertado, mas sim que
ele na maioria dos casos de repente não tem mais nenhuma possibilidade de
se manifestar assim grosseiramente.
Portanto, não quer dizer que ele já esteja “expulso” ou desaparecido; da
mesma forma que ele antes desde muito podia estar preso naquele lugar, sem
ter sido notado pelas pessoas. Permanece para os seres humanos, aliás, tão
imperceptível quanto o permanente âmbito espiritual deles. Na verdade, sim, os
seres humanos nunca estão sozinhos.
Com essa consideração referi-me apenas a uma possibilidade, na qual se
trata de um espírito preso num determinado lugar.
Pode ser também um espírito humano que por qualquer acontecimento
esteja preso a uma pessoa que viva na casa, conforme já foi mencionado
tantas vezes na minha Mensagem. Não é preciso tratar-se justamente daquela
mocinha, que, devido à composição do seu sangue, oferece passageiramente
apenas a possibilidade para uma atividade terrena visível. O verdadeiro motivo
pode ser também o pai, a mãe, o irmão, a irmã, ou qualquer pessoa que more
na mesma casa ou que apenas a freqüente.
269
E também nisso, por sua vez, existe ainda uma outra diferença, pois uma
culpa pode estar aderida no já desencarnado espírito humano, assim como
também numa das pessoas que vivem na casa, da vida atual ou de uma
anterior.
As probabilidades são tantas e tão diversas, que de modo algum se pode
apresentar uma forma fixa, sem se incorrer no perigo de provocar pensamentos
errados nas pessoas e de apoiar sentenças apressadas e levianas em casos
isolados.
Menciono apenas todos esses motivos possíveis, a fim de mostrar a
multiplicidade aí existente e para advertir através disso que não se deve ser
precipitado com uma expressão leviana, pois com ela seria proferida muitas
vezes uma suspeita não justificada.
Por conseguinte, sede cautelosos ao falardes de coisas de que não
entendeis! Tendes inteira responsabilidade a esse respeito e poderíeis talvez
também ficar atados com uma palavra durante anos e até mesmo decênios! —
Pode num tal acontecimento o referido espírito ter sido mau e achar-se
preso por uma culpa. Ele não se modifica tão facilmente nisso e fará conhecer,
segundo sua maneira, o seu ódio contra outras pessoas, se receber de
qualquer parte a força para uma atuação grosso-material e terrena. Ou ele
mesmo foi o prejudicado e se fixa espiritualmente na pessoa que o prejudicou
outrora e que reside agora naquela casa. Em todos os casos, porém, ele se ata
sempre de novo com tais ações malévolas e perturbadoras e se enreda cada
vez mais, ao passo que, munido de boa vontade, poderia libertar-se e
ascender. Um tal espírito barulhento prejudica-se apenas a si próprio , na
maioria dos casos.
A pessoa, porém, que através da irradiação de seu sangue dá ensejo
passageiro a isso, não precisa estar em qualquer conexão com tais assuntos.
Naturalmente é possível que esteja ligada por uma culpa anterior ou, de
maneira inversa, que o espírito esteja ligado a essa pessoa. Tudo isso não está
fora de cogitação. Uma possessão, porém, não entra em consideração de
modo algum!
Se um ser humano fosse possuído por um outro espírito, isto é, se um
espírito estranho usasse temporariamente ou sempre o corpo que não lhe
pertence, para atuações grosso-materiais e terrenas, teria esse mesmo corpo
terreno em questão de executar tudo quanto acontece, por conseguinte
arremessar coisas, bater, arranhar e destruir, ou aquilo que então se manifesta.
Logo que alguém está possesso, o referido espírito estranho age sempre
diretamente através daquele corpo terreno com o qual se pôde ligar, do qual
tomou posse em parte e se utiliza para seus fins. Disso surgiu, pois, a
expressão “possesso”, porque um espírito estranho toma posse do corpo de
um ser humano terreno, apodera-se dele para poder manejá-lo de maneira
grosso-material e terrena. Reivindica a posse desse corpo terreno que lhe é
estranho. E esse corpo é então por ele “possuído”, ou podemos dizer também
“ocupado”. Instala-se nele, ocupa-o ou ocupou-o temporariamente.
É bem natural que o processo da tomada de posse ocorra primeiramente
nos cérebros. Tais seres humanos terrenos, aos quais isso acontece, são
então designados como não normais espiritualmente ou como loucos, porque
270
muitas vezes dois espíritos humanos diferentes estão brigando e lutando para
utilizarem os cérebros.
Expressam-se desse modo pensamentos, palavras e ações que se
contradizem, irrompendo não raro em seqüência desordenada e confusão
incompreensível, porque se trata de dois espíritos diferentes que procuram
imprimir o seu querer. O legítimo dono e o intruso. Isso causa, naturalmente,
uma sobrecarga dos nervos cerebrais, que assim são literalmente sacudidos e
agitados, e a pessoa que observa isso de fora só pode constatar, por essa
razão, uma confusão do cérebro, embora o cérebro em si possa estar
inteiramente sadio, É somente a luta e o choque dos dois espíritos diferentes
que ocasionam a confusão.
Também sucede aqui e acolá que um espírito humano estranho, ao tomar
posse violenta de um corpo terreno, não se sirva apenas do cérebro, mas se
arrogue ainda o direito de subjugar, para as suas finalidades, outras partes do
corpo também, empurrando para fora aquela alma, que é a dona legítima do
corpo, só restando de posse da mesma uma pequena parte, que ele não pode
roubar, sem colocar em perigo a vida desse corpo.
Acontece então que em casos assim graves surgem as vidas duplas de
uma pessoa, já tantas vezes mencionadas em relatos e que tanta dor de
cabeça deram aos cientistas, tendo levado até ao suicídio as pessoas
atacadas, por desespero a respeito de sua maneira de ser.
Mas também esses fenômenos encontram explicação segundo as leis da
Criação. Estão sempre rigorosamente ligados a bem determinadas condições,
que têm de ocorrer preliminarmente em ambos os lados. O ser humano não
fica à mercê, sem mais nem menos, da penetração de um espírito estranho.
Assim, por exemplo, terá de ser sempre indolente ou fraco o espírito de um
tal ser humano, cujo corpo oferece a possibilidade de ser explorado dessa
maneira por um espírito estranho, ficando à mercê dele mais ou menos, pois do
contrário sua própria defesa natural devia ser bastante forte para impedir isso.
Indolência ou fraqueza do espírito decorre sempre de culpa própria, mas
isso não pode ser reconhecido pela humanidade. Tal contingência é outra vez
uma conseqüência do predomínio do raciocínio, que constringe o espírito,
encurrala-o e oprime-o. Portanto, a conseqüência do pecado hereditário, que
descrevi exatamente em minha Mensagem, com todos os seus maus efeitos,
entre os quais se conta também a possibilidade de ficar possesso.
Uma pessoa de espírito cansado pode, contudo, ser extraordinariamente
viva no pensar, bem como no aprender, porque indolência de espírito nada tem
a ver com raciocínio aguçado, conforme sabem os leitores de minha
Mensagem.
Justamente o espírito de notáveis cientistas é muitas vezes fortissimamente
preso à Terra e restrito. Como expressão adequada para isso poderia dizer-se
“impossibilitado de voar espiritualmente”, porque dá uma melhor noção. O
espírito de muitos grandes intelectuais cochila em verdade rumo já à morte
espiritual, enquanto tal indivíduo na Terra é venerado sobremodo pelos seres
humanos como um luminar especial.
Por conseguinte, uma tal pessoa pode ser extraordinariamente viva e
inteligente e, contudo, ter um espírito cansado, que deixa seu corpo terreno ser
disputado parcialmente por outro espírito humano imaterial.
271
Tornai-vos, portanto, seres humanos, mais sábios nas leis primordiais da
Criação de Deus, e podereis afastar de vós muitas desgraças! Livrai-vos da
vossa vazia presunção de saber, que só traz obra fragmentária, mal
aproveitável nas mínimas necessidades.
Para reconhecer essas coisas falta conhecimento à ciência atual, pois
aquilo que a ciência até hoje ensina e quer saber, prova de maneira clara e
inequívoca que realmente ainda nada sabe da Criação. Falta-lhe a grande
conexão e, com isso, a imagem real do verdadeiro processo. Ela é míope,
restrita e passou ao lado de todas as grandes verdades. Mas está chegando
um tempo novo, que também nisso fará surgir tudo novo! —
Não se pode, por conseguinte, suspeitar sempre de uma criança ou de um
adulto, quando desencadeiam coisas, tais como o barulho e o arremesso de
objetos materiais. O solo para tais causas é tão variado, que somente em cada
caso isoladamente e no devido local pode ser feita uma verificação por
verdadeiros conhecedores.
Com o que aqui foi dito, nem de longe estão esgotadas todas as
possibilidades, porém uma coisa é certa: possessão está fora de cogitação
nesse caso!
Com pessoas que através da irradiação momentânea de seu sangue
tornam possível tais efeitos de um espírito estranho preso à Terra, podem
naturalmente ocorrer durante tais acontecimentos também convulsões do
corpo, febre e até mesmo perda de consciência.
Tudo isso, porém, ocorre apenas porque o espírito humano estranho se
apodera das respectivas irradiações que o ajudam, arrebatando-as
formalmente com violência do corpo terreno, e acarretando assim perturbações
na harmonia das irradiações normais do corpo, o que naturalmente se faz notar
logo nesse corpo.
Trata-se, porém, de fenômenos muito simples e que com uma boa
observação podem de maneira fácil e lógica ser fundamentados, tão logo se
saibam as verdadeiras conexões.
Tagarelices inúteis e suposições a tal respeito nada adiantam, só podem
prejudicar esta ou aquela pessoa, que nada tem a ver com tudo isso.
Portanto, acautelai-vos com as vossas palavras, seres humanos! Porque
também estas têm de puxar-vos para baixo, visto que tudo quanto é
desnecessário perturba na Criação, e tudo o que perturba tem de afundar
segundo a lei da gravidade!
Se, no entanto, falardes o que é verdadeiro e bom, então beneficiareis tudo
e tornar-vos-eis, na luz das vossas palavras, mais leves e sereis elevados,
porque também nisso correm e se entrelaçam fios, da mesma forma como no
vosso pensar e atuar. E depois, não querendo mais falar a respeito de coisas
inúteis, tornar-vos-eis mais calados, mais reservados, com o que se
acumularão forças em vós, que já designei como o poder do silêncio!
Tornar-se-vos-á natural, tão logo vos habituardes a falar só o que é útil,
conforme o ser humano deveria ter feito sempre desde o começo. Então mal
preencherá, com suas conversas, a terça parte daquele tempo que ainda hoje
emprega com isso.
272
Infelizmente, porém, prefere o falar leviano, ao silêncio tão nobre, e com
isso deixa-se arrastar cada vez mais em sentido descendente, segundo a lei da
gravidade, que comprime para baixo tudo quanto é desnecessário na Criação,
deixando-o afundar como imprestável.
Por conseguinte, atentai para vossas palavras, seres humanos, não
considereis tão levianamente o mal da irrefletida tagarelice! Um dia arrepender-
vos-eis amargamente.
273
53. Pedi, e dar-se-vos-á!
O ser humano ainda permanece em dúvida sobre a forma da oração. Quer
fazer o certo e não negligenciar nada. Cisma com honestíssima vontade, e não
encontra nenhuma solução que lhe dê a certeza de que não está seguindo
caminhos errados.
Mas o cismar não conduz a nada, apenas mostra que ele sempre procura
aproximar-se de Deus através de seu raciocínio, e isso nunca conseguirá, pois
assim sempre ficará distante do Altíssimo.
Quem assimilou direito a minha Mensagem encontra-se a par de que as
palavras têm limites demasiadamente restritos para, na espécie delas,
poderem elevar-se às alturas luminosas. Somente as intuições que as palavras
encerram sobem mais para cima, além dos limites das palavras formadas, e
isso conforme sua força e sua pureza.
As palavras valem, em parte, apenas como indicadoras de caminho, que
mostram a direção que devem tomar as irradiações da intuição. A outra parte
das palavras desencadeia a espécie das irradiações na própria pessoa, que
usa as palavras formadas como apoio e invólucro. A palavra pensada durante a
prece vibra no ser humano retroativamente, quando ele a experimenta ou se
esforça em torná-la viva dentro de si.
Com essa explicação já vedes diante de vós duas espécies de orações.
Uma espécie que surge da intuição, sem reflexão, no próprio vivenciar, que é,
portanto, a intensa intuição de um dado momento, e que ao nascer ainda se
forma em palavras; e então a outra espécie que, raciocinando, molda antes as
palavras, e procura, através das palavras atuando retroativamente, produzir as
respectivas intuições, que, portanto, quer preencher com intuições as palavras
já formadas.
Não precisa ser dito qual a espécie dessas orações é a mais vigorosa, pois
sabeis perfeitamente que o mais natural é também sempre o mais certo.
Nesses casos, portanto, aquela oração que surge do brotar de uma repentina
intuição, e só então procura condensar-se em palavras.
Suponde que vos atinja inesperadamente um pesado golpe do destino, que
vos faz estremecer até o âmago mais profundo. O medo vos constringe o
coração por causa de algo amado. No vosso desespero surge então um grito
de socorro em vós, com tamanha força, que abala todo o corpo.
Nisso vedes a força da intuição, que é capaz de subir até as alturas
luminosas, se... essa intuição contiver pureza humilde, pois sem ela já é
interposto no caminho para qualquer escalada um bem determinado obstáculo,
por mais forte e poderosa que seja a intuição. Sem humildade isso é
completamente impossível, a intuição jamais conseguiria atingir a pureza, que
rodeia em imenso arco tudo quanto é divino.
Uma intuição assim forte será também sempre acompanhada somente de
um balbuciar de palavras, porque a sua força nem admite que se deixe
comprimir em palavras estreitas. A força flui para muito além dos limites de
todas as palavras, pondo abaixo impetuosamente todas as barreiras que as
palavras querem erigir com a limitadíssima atividade do cérebro terreno.
274
Qualquer um de vós já deve ter experimentado isso dessa forma em sua
existência. Podeis, portanto, compreender o que quero dizer. E essa é a
intuição que deveis ter durante a oração, se tendes a esperança de que ela
seja capaz de subir até os páramos de Luz límpida, de onde vêm todas as
concessões para vós.
Contudo, não é somente nos medos que deveis dirigir-vos às alturas, mas
também a alegria pura pode brotar com igual força em vós, bem como a
felicidade, o agradecimento! E essa espécie cheia de alegria se projeta ainda
mais depressa para cima, porque permanece mais límpida. O medo turva mui
facilmente a pureza de vossa intuição e forma uma espécie errada. Com
demasiada freqüência encontra-se ligada a isso uma reprovação silenciosa de
que tenha de acontecer justamente a vós, aquilo que tão pesadamente atingiu
vossa alma; ou até rancor, e isso naturalmente não é o certo. Tem de reter
embaixo vossos clamores.
Para a oração não é necessário que formeis palavras. As palavras são
para vós, para vos conceder o apoio às intuições, a fim de que fiquem mais
concentradas e não se percam de diversas maneiras.
Também não estais acostumados a pensar de modo nítido sem palavras e
a aprofundar-vos sem perder a direção certa, porque vos tornastes
excessivamente superficiais e distraídos devido ao demasiado falar. Precisais
ainda das palavras como indicadoras de caminho e também como invólucros, a
fim de concentrardes determinadas espécies de vossas intuições, a fim de
imaginar mais claramente em palavras aquilo que quereis depor em vossa
oração.
Assim é a maneira de orar, quando o impulso surge da intuição, portanto,
quando é um querer do vosso espírito! Nos seres humanos de hoje, porém,
isso ocorre raramente. Somente quando são atingidos por algum choque,
através de sofrimento, alegria, ou também através de uma dor física.
Voluntariamente, sem algum choque, ninguém se dá mais ao trabalho de
pensar de vez em quando em Deus, o doador de todas as graças.
Voltemo-nos agora para a segunda espécie. Trata-se de orações que em
ocasiões bem determinadas são efetuadas, sem nenhum dos motivos de que
agora tratamos. O ser humano se propõe a rezar. Trata-se de uma prece
refletida, especialmente premeditada.
Com isso muda também o processo. O ser humano pensa ou diz
determinadas palavras de oração que ele próprio compôs ou aprendeu.
Habitualmente tais preces são pobres de intuição. O ser humano pensa em
demasia para combinar as palavras corretamente, e isso por si já o desvia do
verdadeiro sentimento daquilo que fala ou pensa.
Reconhecereis facilmente a exatidão deste esclarecimento em vós
próprios, se refletirdes e vos examinardes cuidadosamente. Não é fácil, em tais
preces, intercalar a pura capacidade intuitiva. Já a mínima obrigação
enfraquece, ela exige uma parte da concentração.
Nesse caso as palavras formadas têm de se tornar primeiro vivas em vós
próprios, isto é, as palavras têm de desencadear em vós aquela espécie de
intuição que elas designam em sua forma. O processo então não brota de
dentro para fora, através do cérebro posterior para o vosso cérebro anterior,
que rapidamente forma as correspondentes palavras, conforme as impressões,
275
mas sim o cérebro anterior começa com sua formulação de palavras
primeiramente, as quais precisam ser então retroativamente recebidas e
trabalhadas pelo cérebro posterior, a fim de exercer, a partir daí, uma
correspondente pressão sobre o sistema nervoso do plexo solar, o qual, após
novos processos, só então pode desencadear uma intuição correspondente à
palavra.
Tudo se dá tão rapidamente em suas seqüências, que ao observador
parece se passar simultaneamente; no entanto, tais configurações não são tão
fortes, tão originais como aquelas que surgem no caminho inverso. Não podem
devido a isso obter o efeito desejável e, na maioria dos casos, permanecem
vazias de intuição. Já o fato de diariamente repetirdes sempre de novo as
mesmas palavras faz com que elas percam para vós a força, tornando-se um
hábito sem significação.
Por isso, tornai-vos naturais na oração, seres humanos, tornai-vos livres e
sem artifícios! O que é aprendido torna-se facilmente uma recitação. Com isso
apenas tornais tudo mais difícil para vós.
Se principiardes o vosso dia com uma verdadeira intuição de gratidão para
com Deus e com igual sentimento de gratidão também o findardes, e mesmo
que se trate de agradecimento apenas pelo ensinamento recebido nesse dia
através da vivência, então vivereis certo! Deixai surgir cada trabalho, através
da aplicação e do cuidado, tal qual uma oração de agradecimento, deixai que
cada palavra que proferis reflita o amor que Deus vos concede, assim a
existência nesta Terra tornar-se-á logo uma alegria para todo aquele a quem é
permitido viver sobre ela.
Isso não é tão difícil e nem vos rouba tempo. Um curto momento de sincera
intuição de gratidão é muito melhor que horas e horas de oração aprendida e
que não podeis seguir com a vossa intuição. Além disso, tal orar superficial
somente vos rouba tempo para um verdadeiro agradecimento mediante alegre
atividade.
Uma criança, que ama verdadeiramente seus pais, prova em seu modo de
ser esse amor, através do comportamento, e não com palavras bajuladoras,
que em muitos casos são apenas a expressão de insinuante vaidade, quando
não se trata de mero desejo de um egoísmo. Os assim chamados bajuladores
raramente valem alguma coisa; pensam sempre em si e na satisfação de seus
próprios desejos.
Não diferentemente vos encontrais perante vosso Deus! Provai com atos o
que lhe quereis dizer! —
Assim, pois, sabeis agora como deveis orar, e já vos encontrais receosos
diante da pergunta, o que deveis orar.
Se quereis saber a maneira certa para isso, tratai, primeiro, de separar a
oração de vossos pedidos. Fazei uma diferença entre oração e pedido! Não
procureis sempre qualificar vossos pedidos como oração.
A oração e o pedido devem significar duas coisas para vós, pois a oração
pertence à adoração, ao passo que o pedido não pode pertencer a ela, se é
que quereis realmente orientar-vos de acordo com o sentido.
E é necessário que desde já vos orienteis de acordo com isso e não
mistureis tudo.
276
Dai-vos na oração! Eis o que vos quero bradar e na própria palavra tendes
a explicação. Dai-vos ao Senhor em vossa oração, dai-vos a Ele inteiramente e
sem reservas! Para vós a oração deve ser um abrir de vosso espírito aos pés
de Deus, em veneração, louvor e agradecimento por tudo quanto Ele vos
concede em Seu grande amor.
É tão imenso e inesgotável. Só que até agora ainda não compreendestes,
perdestes o caminho que vos é permitido usufruir com plena consciência de
todas as faculdades do vosso espírito!
Só depois que tiverdes encontrado esse caminho, através do
reconhecimento de todos os valores de minha Mensagem, então não vos
restará mais nenhum pedido. Tereis somente louvor e gratidão, logo que
dirigirdes as mãos e o olhar para cima, para o Altíssimo, que se revela a vós no
amor. Encontrar-vos-eis, então constantemente em oração, segundo o Senhor
espera de vós, pois podeis tomar da Criação o que necessitais. A mesa, pois,
está posta dentro dela constantemente.
E pelas faculdades de vosso espírito vos é permitido escolher dela. A mesa
vos oferece sempre tudo de que necessitais, e não tendes necessidade de
pedidos, à medida que vos esforceis de maneira certa para movimentar-vos
nas leis de Deus!
Tudo isso já foi dito nas palavras bem conhecidas de vós: “Procurai, e
achareis! Pedi, e dar-se-vos-á! Batei, e abrir-se-vos-á!”
Essas palavras ensinam-vos a atividade necessária do espírito humano na
Criação; antes de tudo, também o emprego acertado de suas faculdades.
Mostram-lhe exatamente de que maneira ele deve adaptar-se à Criação, e
também o caminho que o faz progredir dentro dela.
Essas palavras não devem ser avaliadas somente de maneira cotidiana,
porém seu sentido é mais profundo, ele abrange a existência do espírito
humano na Criação, segundo a lei do movimento necessário.
O “Pedi, e dar-se-vos-á!” indica bem claramente a faculdade do espírito
que já mencionei na minha dissertação “O Circular das Irradiações”, que o
induz sempre, sob um determinado e inevitável impulso, a querer ou desejar
algo, que depois em sua irradiação atrai imediatamente a igual espécie, na qual
lhe é dado automaticamente o desejado.
O impulso de desejar, porém, deve permanecer sempre um pedido, não
deve constituir-se numa exigência unilateral, conforme infelizmente todo ser
humano atual se habituou a fazer. Pois se permanece como pedido, então se
encontra ancorado nisso concomitantemente a humildade e por isso encerrará
sempre o bem e também acarretará o bem.
Jesus demonstrou claramente com essas palavras como o ser humano
deve agir, a fim de conduzir para o rumo certo todas as faculdades autônomas
do seu espírito!
Assim é com todas as suas palavras. Infelizmente, porém, elas foram
imprensadas no círculo estreito do raciocínio terreno dos seres humanos e,
com isso, muito torcidas; por tal motivo nunca mais foram compreendidas nem
interpretadas direito.
Que isso não se refere às relações com os seres humanos será facilmente
compreensível para cada um, pois a sintonização dos seres humanos nunca
277
foi, nem naquele tempo nem hoje, de maneira a se poder esperar deles o
cumprimento de tais indicações.
Ide aos seres humanos e pedi, e nada vos será dado. Batei, e não vos
abrirão! Procurai entre os seres humanos e suas obras, e não encontrareis
aquilo que procurais! —
Jesus também não se referia à posição do ser humano para com Deus
pessoalmente, omitindo todos os mundos imensos intercalados, os quais não
podem ser postos de lado como se nem sequer existissem. Com isso também
não se referia só à Palavra viva, mas sim Jesus falou sempre partindo da
sabedoria primordial e nunca a imprensou no mesquinho pensar ou nas
situações terrenas. Quando falava, ele via ante si o ser humano dentro da
Criação e escolhia suas palavras abrangendo tudo!
Dessa omissão, de pensar nisso, padecem todas as reproduções,
traduções e interpretações. Estas foram sempre apenas misturadas e
executadas com o pensar humano mesquinho e terrenal, ficando assim
torcidas e deformadas. E lá, onde faltou a compreensão, foi acrescida coisa
própria, que nunca pôde preencher a finalidade, mesmo quando movida por
boa intenção.
O que é humano sempre permaneceu mesquinhamente humano, ao passo
que o divino sempre abrange tudo! Por isso o vinho foi muito misturado com
água e acabou surgindo coisa muito diversa do que foi originalmente. Nunca
deveis esquecer isso.
Também com o “Pai Nosso” Jesus procurou apenas através dos pedidos
nele mencionados dirigir o querer do espírito humano, da forma mais simples,
naquele rumo que faz com que esse espírito humano deseje apenas o
favorável para sua ascensão, a fim de que isso lhe fosse proporcionado pela
Criação.
Não existe nisso nenhuma contradição, mas sim foi o melhor indicador de
caminho, o apoio infalível para cada espírito humano naquela época.
O ser humano de hoje, porém, precisa de todo o seu vocabulário, que ele
criou nesse ínterim, bem como a aplicação de cada conceito daí surgido, se
deve abrir-se um caminho para ele na confusão dos sofismas do seu raciocínio.
Por isso devo proporcionar-vos, seres humanos dos tempos atuais,
esclarecimentos mais amplos, que na realidade tornam a dizer exatamente a
mesma coisa, só que segundo a vossa maneira!
Aprender isso é, portanto, agora, vosso dever, pois vos tornastes mais
sabedores da Criação! Enquanto no saber não cumprirdes os deveres que as
faculdades de vosso espírito impõem para o desenvolvimento, também não
tereis nenhum direito de pedir!
Mediante o fiel cumprimento dos deveres na Criação, porém, recebereis
reciprocamente tudo, e não haverá mais razão para nenhum pedido, mas de
vossa alma desprender-se-á então apenas o agradecimento para Aquele que,
na onisciência e amor, vos presenteia ricamente dia após dia!
Ó pobres seres humanos, se pudésseis finalmente orar direito! Orar
realmente! Quão rica seria então a vossa existência, pois na oração está a
maior felicidade que podeis obter. A oração vos impele ilimitadamente para
278
cima, de modo que a sensação de felicidade vos perflui bem-aventuradamente.
Que possais orar, seres humanos! Isso é o que desejo agora para vós.
E então não perguntareis mais, em vosso pensar restrito, a quem deveis e
a quem vos é permitido orar. Só existe um, a quem vos é permitido consagrar
vossas orações, somente um: DEUS!
Em momentos solenes aproximai-vos Dele com sagradas intuições e
derramai perante Ele tudo aquilo quanto o vosso espírito possa conseguir em
agradecimento! Dirigi-vos somente a Ele na oração, pois só a Ele cabe o
agradecimento e só a Ele tu pertences, ó ser humano, pois através de Seu
grande amor é que também pudeste surgir!
No entanto, quando tiverdes pedidos, podes dirigir-te aos Seus Filhos, a
Jesus ou a Imanuel. Nunca, porém, deverás elevar o pedido para uma oração,
pois a oração pertence unicamente ao Senhor!
279
54. Agradecimento
“Obrigado! Mil vezes obrigado!” estas são palavras que cada ser humano
certamente já pôde ouvir muitas vezes. São pronunciadas com tão diversas
entonações, que não podem ser classificadas simplesmente numa determinada
espécie, conforme o sentido das palavras efetivamente condiciona.
Justamente aqui o sentido das palavras só vem em consideração em
segundo ou até em terceiro lugar. É muito mais o tom, o timbre, que empresta
valor às palavras ou mostra sua falta de validade.
Em muitos casos, quando não em todos, trata-se apenas de uma
expressão de hábito superficial, nas formas diárias da cortesia social. É então
exatamente como se nem tivessem sido pronunciadas, permanecem palavras
vazias, que, para todos aos quais são dirigidas, mais parecem ofensas do que
reconhecimento. Só algumas vezes, e isso mui raramente, se pode ouvir nelas
uma vibração que testemunhe a intuição de uma alma.
Não é preciso possuir uma audição extraordinária para reconhecer qual a
intenção do ser humano que pronuncia tais palavras. Nem sempre há algo de
bom nisso, pois as vibrações das almas são, para as mesmas palavras, muito
diversificadas.
Nisso pode mostrar-se o descontentamento ou a decepção, sim, até inveja
e ódio, mentira e algum malquerer. De todas as maneiras essas bonitas
palavras de verdadeiro agradecimento são freqüentemente utilizadas de modo
abusivo, para encobrir assim com cuidado outra coisa, quando não
permanecem totalmente vazias e só por isso ainda são pronunciadas, como
mera formalidade de acordo com o uso e costume, ou por hábito.
Em geral é a expressão das pessoas habituadas a receber, que sempre
têm na boca essas palavras, mantendo-as sempre prontas para tudo,
irrefletidamente, semelhante à tagarelice dos intermináveis rosários de
múltiplas fórmulas de orações, que são encontradas freqüentemente, as quais,
no entanto, são somente uma afronta à santidade e grandeza de Deus, no seu
monótono palavreado, sem a mínima intuição!
Iguais a flores maravilhosas em solo árido, porém, brilham na Criação de
maneira notável aqueles casos, onde as palavras são usadas verdadeiramente
segundo aquele sentido que procuram exprimir, onde, portanto, a alma vibra no
teor da palavra, onde as palavras formadas se tornam realmente a expressão
de puras vibrações da alma, conforme sempre deve ser, quando um ser
humano forma palavras!
Se refletirdes bem, tudo quanto é falado sem intuição ou permanece mero
tagarelar vazio, com o que o ser humano desperdiça o tempo que devia ser
empregado de maneira diferente, ou só pode conter falso querer, quando as
palavras simulam algo a seus semelhantes, que a pessoa que fala não sente.
Coisa sadia, construtiva, nunca pode surgir disso. Isso as leis da Criação
impedem.
Não ocorre de maneira diferente, mesmo que seja bastante triste e mostre
nitidamente todo o lodaçal que os seres humanos com seu múltiplo falatório
amontoam na região da fina matéria grosseira, que age retroativamente sobre
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a existência terrena e que toda a alma humana tem de transpor primeiramente,
antes de poder ingressar nas regiões mais leves.
Nunca vos esqueçais de que cada uma de vossas palavras faz surgir uma
forma, que mostra claramente a contradição do vosso intuir com as palavras,
quer queirais quer não queirais. Nada podeis mudar nisso. Refleti sobre isso
em tudo quanto falardes. Mesmo que para vossa felicidade sejam apenas
configurações leves, que logo desaparecem, ainda assim sempre vos resta o
perigo de que tais configurações recebam repentinamente afluências de um
lado completamente estranho, que as fortaleçam e condensem na mesma
espécie, fazendo com que cheguem a atuar, o que tem de se tornar maldição
para vós.
Por esse motivo, procurai chegar ainda ao ponto de falar apenas aquilo em
que vibra vossa alma.
Julgais que isso nem seja possível na Terra, porque em relação ao atual
hábito poderíeis ter muito pouco a dizer e a vida ameaçaria tornar-se monótona
e tediosa, principalmente nas horas de convívio social. Há muitas pessoas que
pensam assim e receiam isso.
Contudo, quando o ser humano tiver chegado até tal ponto com seu
pensar, verá também quanta coisa de seu tempo terreno de até então teve de
ficar completamente sem conteúdo, sem valor e com isso sem finalidade. Então
não lamentará mais tal falta de conteúdo de muitas horas e, bem pelo contrário,
no futuro terá medo disso.
O ser humano em si é tão vazio quanto o seu ambiente e tem de procurar
encher o seu tempo com palavras ocas, somente para se comunicar
socialmente com seus semelhantes. Mas isso ele não confessa a si mesmo.
Consola-se com o fato de que não pode falar sempre só coisas sérias, de que
assim se tornaria tedioso aos outros; em suma, que só é culpa dos outros, se
não fala daquilo que talvez ainda o sensibilize.
Mas com isso ilude-se a si mesmo. Pois se o seu próximo de fato for como
ele julga, isso é uma prova de que ele próprio nada tem de diferente a oferecer,
visto que somente a espécie igual forma, na atração, o seu ambiente, com o
qual ele se relaciona. Ou seu ambiente fez com que fosse atraído pela espécie
igual. As duas hipóteses vêm a dar no mesmo. O ditado popular já está certo
nisso quando afirma: “Dize-me com quem andas, que eu te direi quem és!”
Seres humanos vazios, que não almejam conseguir o verdadeiro conteúdo
de suas vidas, fugirão daquelas pessoas que trazem em si valores espirituais.
Valores espirituais ninguém pode esconder, pois o espírito tende
naturalmente para a atividade, segundo a lei do movimento da Criação, desde
que não esteja enterrado no ser humano, mas sim realmente ainda vivo.
Procura externar-se, de maneira irresistível, e uma tal pessoa encontrará
também outras, às quais ela possa dar qualquer coisa em compensação, por
meio de sua atividade espiritual, a fim de também poder receber delas, seja
apenas através de um novo estímulo ou através de perguntas sinceras.
É inteiramente impossível que o tédio aí ainda possa encontrar um lugar!
Pelo contrário, os dias são então demasiadamente curtos, o tempo passa mais
depressa ainda e não é suficiente para ser preenchido com tudo aquilo que um
espírito tem para dar, quando de fato se movimenta!
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Encaminhai-vos aos vossos semelhantes, escutai, dentre as muitas
palavras que falam, quais as que têm conteúdo digno de ser citado, e
reconhecereis depressa e sem esforço como está morta espiritualmente a
humanidade de hoje, a qual, no entanto, deveria agir espiritualmente, isto é, de
maneira substanciosa e construtiva em cada palavra proferida, porque ela
advém do espírito! Vós próprios roubastes toda a sublime força que vossas
palavras deviam conter na lei da Criação, devido à aplicação errada da última
expressão de vosso pensamento. O idioma tem de ser o poder e a espada do
ser humano, para beneficiar e proteger a harmonia, mas não para espalhar
sofrimento e discórdia.
Quem fala impelido pelo espírito, esse não pode formar muitas palavras,
porém nele cada palavra se tornará também ação, porque ele vibra em sua
palavra e essa vibração traz realização pela lei da reciprocidade, que se
cumpre na lei de atração das espécies iguais.
Por isso o ser humano nunca deve também pronunciar de modo leviano
palavras de agradecimento, pois não constituem um agradecimento, se não
possuírem conteúdo anímico!
As singelas palavras: Obrigado! Mil vezes Obrigado! não soam, pois, como
um cântico jubiloso, logo que saem da boca de uma pessoa, em ditosa
intuição.
E é mais, na realidade muito mais, pois tal agradecimento da alma
emocionada é também ao mesmo tempo uma oração! Um agradecimento a
Deus!
Em todos esses casos as intuições das palavras elevam-se
incondicionalmente para o alto e, como efeito recíproco, desce a bênção sobre
este ou aqueles seres humanos que provocaram tais intuições, portanto, para
aquele lugar ao qual foram dirigidas essas palavras de verdadeiro
agradecimento.
Nisso repousa a justa compensação, que se cumpre com a bênção, a qual
também se forma e tem de se tornar visível terrenalmente.
Mas... não é em toda parte que a bênção consegue florescer de maneira
visível, pois o processo condiciona uma coisa: seja lá o que tenha feito aquele
a quem são dedicadas as palavras de tal verdadeiro agradecimento, deve ter
feito com amor e com a intenção de proporcionar alegria ao outro! Quer tenha
sido um presente ou qualquer ação, ou também apenas um conselho
realmente bem-intencionado através de uma boa palavra.
Não existindo essa condição preliminar da parte do doador, acontece então
que a bênção da reciprocidade, que desce após o agradecimento que se
elevara, não encontra nenhum solo em que poderia ancorar-se e assim, em
todos esses casos, apesar de tudo, terá de faltar a justa bênção, pela razão de
não ser, aquele que deveria recebê-la, capaz para a recepção ou para o
acolhimento!
Encontra-se nesse fato uma justiça que o ser humano terreno desconhece
e que somente as vivas e automaticamente atuantes leis da Criação trazem em
si, leis essas que são indesviáveis e ininfluenciáveis.
Assim, por exemplo, uma pessoa que faz qualquer coisa
premeditadamente, a fim de obter glória ou boa reputação, jamais poderia
receber a verdadeira bênção de suas boas ações, por não possuir o solo para
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a recepção da mesma, exigido pela lei. Pode no máximo receber uma
vantagem terrena efêmera, morta e por isso passageira, mas nunca uma
verdadeira recompensa de Deus, que só pode ser recebida por uma pessoa
que vive e age segundo o sentido da vontade divina na Criação.
Mesmo se um ser humano doasse milhões para os pobres ou se, conforme
também sucede com freqüência, os desse para a ciência, não tendo o
verdadeiro amor como motivo disso e o desejo da alma em auxiliar, não lhe
seria dada nenhuma recompensa de Deus, pois não lhe pode ser dada, porque
tal ser humano não é capaz de recebê-la, nem de acolhê-la!
A bênção, inteiramente de acordo com a lei, encontra-se sobre essa
pessoa, desceu para ela, como conseqüência de legítimos agradecimentos
provindos de círculos dos beneficiados; entretanto, uma tal pessoa, por sua
própria culpa, não é capaz de participar dela, por não oferecer em si o solo
para a recepção.
O resgate sobrevém em todos os casos, em se tratando de um legítimo
agradecimento. O grau de efetivação, porém, é determinado novamente de
conformidade com a lei, de acordo com a disposição da alma daquele para o
qual veio a bênção na reciprocidade.
Quem deveria receber é, portanto, propriamente culpado, se tal bênção
não se pode formar para ele, porque não possui em si a capacidade de recebê-
la, segundo o regulamento da lei primordial da Criação, porque lhe falta o calor
anímico necessário.
O abuso de belas palavras de agradecimento, porém, não é cometido
somente por um lado, da parte dos que recebem, mas também pelos doadores
o conceito de agradecimento é desviado e deformado por completo.
Entre os seres humanos não são poucos aqueles que aparentemente
fazem muita coisa boa e prestam ajuda somente para colherem o
agradecimento.
Calculam friamente quando dão. Age somente a esperteza do raciocínio.
Entre eles também existem alguns que em dado momento oferecem auxílio por
sentimento, porém mais tarde procuram relembrar constantemente essa ação
ao que a recebeu outrora, esperando agradecimento durante toda a vida!
Criaturas humanas de tal espécie são ainda piores do que os mais
perniciosos usurários. Não têm receio de esperar que quem recebeu uma vez
qualquer ajuda deles, se escravizem a eles a vida toda.
Com isso não só destroem o valor da ajuda de outrora perante si e para si
mesmos, mas sim se algemam e se sobrecarregam com imensa culpa. São
criaturas desprezíveis, indignas de respirar sequer uma hora na Criação e de
usufruir suas graças, que o Criador lhes concede de novo a cada momento.
São os mais infiéis dos servos, que têm de ser rejeitados através deles
próprios.
Exatamente esses, porém, fazem questão da moral terrena e são também
apoiados por moralistas desta Terra, que sempre procuram fomentar com
palavras altissonantes as mesmas opiniões falsas sobre o dever da gratidão,
cultivando com isso algo que segundo as leis primordiais da Criação pertence à
maior imoralidade, e que, futuramente, deve ser eliminada como tal, também
na Terra.
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Então terá chegada a autêntica solicitude nas almas para as verdadeiras
aflições da alma ou terrenas. Da mesma forma, encontrar-se-á também a
verdadeira intuição de gratidão nas palavras de agradecimento, oferecendo
com isso o equilíbrio para a harmonia desejada na Criação, na qual deve ficar
excluída qualquer unilateralidade, como estorvante e desconcertante, portanto,
prejudicialmente inibitiva.
Alguns louvam a gratidão como virtude; outros, como dever de honra! De
modo unilateral e com incompreensão são manifestadas e levianamente
espalhadas opiniões que já trouxeram a muitos seres humanos pesados
sofrimentos.
Por isso, o ser humano deve ficar bem esclarecido a respeito do que é
realmente a gratidão, o que ela produz e de que maneira age.
Então muitas coisas se modificarão aí, e cairão todas as algemas
escravizantes surgidas por opiniões erradas sobre a gratidão. A humanidade
será finalmente libertada disso. Não imaginais quanta dor se estendeu sobre
esta humanidade terrena através dessa mutilação e dos conceitos errados de
pura gratidão que lhe foram impostos, dor essa que se estendeu como uma
mortalha para a dignidade humana e para o nobre e jubiloso anseio de ajudar!
Incontáveis famílias foram particularmente contaminadas com isso, fornecendo
vítimas acusadoras, desde milênios.
Afastai para longe essa falsa ilusão, que procura arrastar profundamente
para a imundície, de maneira consciente e voluntária, cada ação nobre, natural
à dignidade humana!
A gratidão não é nenhuma virtude! Não deve e não quer ser contada entre
as virtudes. Pois toda virtude é de Deus e por isso ilimitada.
Tampouco deve a verdadeira gratidão ser classificada como um dever!
Pois então não poderá desenvolver em si aquela vida, aquele calor de que
necessita para receber, pelo efeito recíproco, a bênção de Deus advinda da
Criação!
A gratidão acha-se estreitamente ligada à alegria! Ela própria é uma
expressão da mais pura alegria. Onde, portanto, a alegria não constitui a base,
onde o impulso alegre não é a causa para o agradecimento, aí está falsamente
empregada a expressão gratidão, aí se abusa dela!
Em tais casos ela nunca será capaz de desencadear aquela alavanca que
a verdadeira gratidão desencadeia de maneira automática segundo as leis da
Criação, de acordo com a vontade de Deus. A bênção faltará então. Em seu
lugar tem de advir confusão.
Tal abuso, porém, é encontrado quase em toda a parte, onde os seres
humanos hoje falam de gratidão, de agradecimento.
O agradecimento realmente intuído é um valor de compensação desejado
por Deus, que proporciona o equivalente àquele a quem cabe o agradecimento,
em obediência à lei da compensação necessária nesta Criação, que só pode
ser conservada e beneficiada pela harmonia, que se encontra no cumprimento
de todas as leis primordiais da Criação.
Vós, seres humanos, porém, causais emaranhamentos em todos os fios
das leis vigentes. E isso através de vossas utilizações errôneas e
interpretações falsas. Por isso dificultais também a obtenção da verdadeira
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felicidade e da paz. Com vossas palavras sois hipócritas na maioria dos casos.
Como podeis esperar que daí floresçam a Verdade e a felicidade para vós?
Tendes, pois, de colher sempre aquilo que semeardes.
Também tudo aquilo que semeais com vossas palavras e pela maneira
como empregais as palavras! Como vós próprios vos colocais em relação a
essas vossas palavras.
Nada diferente pode surgir daí para vós, isso deveis ter presente em tudo
quanto falardes!
Pensai sobre isso em cada anoitecer, procurai reconhecer o conteúdo das
palavras que trocais no decorrer do dia em vossas relações com o próximo e
ficareis espantados diante do vazio! Já da falta de conteúdo de muitas horas de
apenas um único dia! Fazei essa tentativa, sem atenuantes. Com horror tereis
de ver o que daí também tem de se formar para vós na oficina da Criação bem
conhecida de vós através da minha Mensagem, com os efeitos automáticos de
tudo quanto emana de vós, no intuir, pensar, falar e agir!
Examinai-vos com seriedade e sincero reconhecimento. Dessa hora em
diante modificar-vos-eis em muitas coisas.
Não que devais ficar calados por isso na vida terrena, a fim de seguirdes o
caminho certo. Mas deveis evitar superficialidades no falar, bem como a falta
de sinceridade que se esconde atrás da parte principal de todas as conversas
desses seres humanos terrenos.
Pois assim como fazeis com as expressões de agradecimento, agis
também com todas as vossas conversas, e, contudo, louvais aí em vós
próprios aqueles momentos, como sendo sublimes, sérios, solenes e
importantes, em que vós, com vossas palavras, dais também simultaneamente
vossas intuições!
Contudo, isso só acontece raramente, quando devia acontecer sempre!
Tantos seres humanos se consideram muito sagazes e sábios, e até
espiritualmente muito desenvolvidos, quando sabem esconder atrás de suas
palavras sua intuição e o seu verdadeiro querer, jamais deixando que seus
semelhantes, apesar de animadas conversas, lhes vejam a verdadeira face.
Essa maneira é chamada diplomática, como expressão tranqüilizadora
para a mistura especial de habilidade no logro, na hipocrisia e falsidade, na
cobiça sempre espreitadora, a fim de conseguir vantagens triunfantes a custo
das fraquezas descobertas dos outros.
Na lei da Criação, porém, não há nenhuma diferença, tanto faz se um ser
humano empreende isso para si pessoalmente ou somente em benefício de
algum Estado. Agir em tais casos é agir, o que tem de desencadear todos os
efeitos dessas leis.
Quem conhece as leis e seus efeitos não precisa ser profeta para prever o
fim de tudo isso, qual o destino dos povos isolados e da humanidade terrena,
pois a humanidade inteira não é capaz de deslocar ou desviar coisa alguma
nisso!
Ela somente podia ter tentado ainda, através de oportuna mudança de
atuação no reconhecimento e cumprimento sincero das leis, amenizar muita
coisa, a fim de com isso aliviar muitas aflições. Mas para isso já é agora
285
demasiado tarde! Pois todos os efeitos de suas ações precedentes já estão em
movimento.
Todas as dificuldades aí, porém, servem em verdade somente para
bênção. É uma graça! Traz purificação lá onde se encontra o falso, acarretando
agora o desmoronamento como última conseqüência, seja no Estado ou na
família, no próprio povo ou no relacionamento com outros; encontramo-nos
dentro do grande ajuste final de contas, que rege acima do poder da força
humana. Nada pode ser excluído ou ocultado.
Falam ainda somente as leis de Deus, que se efetivam automaticamente
com exatidão e inflexibilidade sobre-humanas em tudo quanto até agora
aconteceu, pois penetrou nelas uma força nova vinda da vontade de Deus,
fazendo-as fecharem-se como muros férreos em redor dos seres humanos,
protegendo ou também aniquilando, conforme a maneira como os próprios
seres humanos se colocarem em face delas.
Eles também permanecerão existindo no futuro, por muito tempo ainda,
como muros em redor de tudo e com a mesma força, a fim de que não possa
produzir-se novamente tal confusão, como aconteceu até agora. Em breve os
seres humanos serão forçados por meio disso a moverem-se somente nas
formas desejadas por Deus, para seu próprio bem, para sua salvação,
enquanto ela ainda for possível, até que então trilhem por si mesmos,
novamente conscientes, os caminhos certos, que são de acordo com a vontade
de Deus.
Olhai, portanto, em torno de vós, seres humanos, aprendei a vibrar em
vossas palavras, para que nada percais!
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55. Decepções
Quando o ser humano aprenderá a procurar em si próprio cada erro, cada
causa de insucessos e frustrações! Parece que jamais o conseguirá. Grande
demais é sua consideração por si mesmo, porém pequeno e limitado demais
seu obstinado e rígido pensar.
De acordo com o que demonstram as experiências de até agora, jamais o
aprenderá, porque não quer! Permanece sempre, em seu íntimo, mesmo no
caso da melhor e mais bem-intencionada vontade, uma reserva que, em última
análise, é sempre seu querido “eu”, ligado a alguma particularidade, a qual
ainda procura prender com uma tenacidade, que supera até mesmo a força da
maior boa vontade.
Esse “eu” mantém-se profundamente oculto, tão oculto, que muitos seres
humanos já o julgam inexistente. Não obstante, continua a existir, e do seu
esconderijo envia seus fios, de modo nocivo, em momentos em que o ser
humano menos espera. Intromete-se em muitas coisas, e em decisões
especiais, que têm de ser tomadas com inesperada rapidez, o querido “eu”, por
vezes, se coloca até abertamente na frente do dever do sagrado cumprimento!
Se isso, diante de uma forte vontade para o cumprimento, também só seja
possível temporariamente, assim mesmo enfraquece o efeito da vontade do
cumprimento e retarda muitas vitórias, dificulta-as ou as torna completamente
impossíveis.
Assim o ser humano foi julgado no último exame. Voluntariamente, ele
jamais renuncia, de modo total, às suas particularidades ou desejos, nem
mesmo sob a ação do maior sofrimento. O “eu” sempre tem ainda algo que
dizer e se manifesta, principalmente no amor que nutre por alguma outra
pessoa, amor esse que ele coloca acima de tudo, sem que o ser humano se
torne bem consciente dessa fraqueza.
Portanto, o ser humano tem de ser despedaçado em seu íntimo, a fim de,
assim, conseguir as possibilidades de erigir dentro de si uma nova construção
em louvor a Deus, a qual, unicamente, conduz os seres humanos à verdadeira
felicidade. Os ídolos de até agora terão de curvar-se ou ser exterminados pelos
golpes de espada, que serão forçados pelos próprios seres humanos.
Seres humanos, quão facilmente poderíeis ter tudo e, no entanto, quão
difícil tornais tudo para vós!
Não podeis, pois, pelo menos uma vez, elevar o vosso pensar um pouco
que seja acima dessa forma rígida que criastes, no decurso dos milênios, e
para cuja evolução sacrificastes voluntariamente longos períodos de tempo,
como se dispusésseis deles em demasia, enquanto que as leis eternas, que
atuam tecendo na Criação, não vos podem conceder um único minuto sequer
para ser desperdiçado.
Que imaginais então que deva acontecer agora! Acaso refletistes sobre isto
alguma vez, sem vos colocardes de novo, cuidadosamente, de lado, a fim de
que não sejais atingidos por vosso olhar examinador, como sempre o fizestes
até agora, porque o vosso hábito não vos permitiu agir ou pensar
diferentemente.
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Movimentai-vos, espiritualmente, de modo mais ativo, livrai-vos de todas as
formas rígidas que vos oprimem e desvalorizam.
Ao ciclo de vossos pensamentos falta vida! Quero mostrar-vos, apenas
com um exemplo, como vos obrigais nisso, na boa fé, a ser insignificantes, a
prejudicar, com a melhor boa vontade para o bem, a vós e a outrem, sim, até
mesmo a profanar aquilo que vos é realmente sagrado:
Suponde o caso de uma pessoa que se acerca de um sábio, a fim de pedir
que lhe informe se o caminho que está seguindo é certo. Tal pessoa tem
sempre uma infinidade de desejos e de perguntas. Pode-se contar sempre,
com segurança, que, de todas as perguntas, bem poucas são realmente
objetivas. A grande maioria é de natureza puramente pessoal e terrena.
Ainda que cada sábio só responda contrafeito a tais perguntas, porque a
Mensagem contém tudo quanto cada ser humano precisa para si, pode
acontecer que, cedendo aos pedidos, levante um pouco o véu do caminho que
ainda poderá surgir ao indagador através da tecedura das leis. Este agarra-se,
avidamente, à resposta, e por ela procura orientar-se do melhor modo que lhe
seja possível, porém, sempre só da maneira como ele próprio a imagina.
A imagem das palavras, que pediu por ocasião da visita, permanece diante
dele, e inabalavelmente se apega a ela, até a hora em que imaginou o
cumprimento. O pensar, no entanto, é construído predominantemente sobre
seus desejos e moldado de acordo com seus conceitos inteiramente pessoais,
os quais ele sempre quer considerar como acertados.
Todavia, freqüentemente o momento assim imaginado passa, sem que
surja o cumprimento! Tratando-se de um ser humano de boa índole, então se
perguntará, meneando a cabeça, perplexo, talvez resignado, como isso é
possível, visto acreditar firmemente no que foi dito, e tudo o que um sábio diz,
tem de se realizar, se realmente for tão sabedor.
Entrará em conflito consigo mesmo e talvez se console com a idéia de
esperar por enquanto, a fim de ver o que ainda acontecerá. Em todo o caso, a
primeira conseqüência será um esfriamento de sua fé, que ficará abalada, se
não for capaz de encontrar um motivo que lhe possibilite refazer-se da
decepção.
Tratando-se, porém, de um ser humano de má índole, passará a
escarnecer e a investir contra tudo o que se relacione com esse sábio, que o
decepcionou e, naturalmente, também contra o mesmo pessoalmente.
Envolverá inclusive a minha Mensagem, mesmo que isso demonstre que ele
jamais a compreendeu ou que ele não é capaz de depositar confiança em sua
própria convicção, em suma, que ele próprio, espiritualmente, nada é,
permanecendo sujeito a todas as oscilações das exterioridades terrenas. Trata-
se do joio, com o qual tal pessoa se identifica.
Já não se lembra mais de que possuíra anteriormente a convicção da
Verdade da minha Mensagem, cujos valores pudera intuir em seu redor e
dentro de si. Com isso, coloca a Mensagem também de lado, embora ela muito
lhe tenha proporcionado.
Tentará insuflar dúvidas em todos os seus semelhantes. Deixará de
mencionar aquilo que ele próprio reconhecera como sendo bom e que, talvez,
também haja experimentado pessoalmente, tentando até mesmo torcer ao
contrário. Ser humano algum se lembra de primeiramente observar a si
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mesmo, pesquisando de modo acertado e analisador, se os motivos da não-
realização do que foi dito não estariam nele mesmo e em sua atuação.
Justamente isso, porém, seria o mais acertado! Pois toda a não-realização
é sempre culpa daquele assim tão decepcionado.
Ele poderá, sim, já na hora seguinte à entrevista, transformar-se, tornando
impossíveis os cumprimentos. Tão logo ele próprio não seja capaz de alcançar
o que lhe aguarda no caminho, portanto, o que lhe está previsto, não poderá
haver cumprimento integral. Ao invés disso, aguarda-o outra vivência, pois a
vivência em si surgirá infalivelmente, alterando-se aí somente as formas,
devido ao próprio comportamento. Assim pode surgir sofrimento em vez de
alegria; ou o sofrimento transformar-se em alegria; ambos, porém, trar-lhe-ão a
vivência prevista para o seu espírito.
Os bem determinados marcos da peregrinação terrena cumprem-se para
cada espírito. A sua aparência externa, no entanto, os motivos que lhe dão
origem, orientam-se e modificam-se de acordo com a vida interior da pessoa
em questão.
O peregrino terreno, contudo, atenta aí apenas para todas as
exterioridades, para a forma, a qual fica sujeita a alterações! E por esta razão
cria para si decepções e dúvidas.
Imaginai o seguinte quadro: uma pessoa caminha por uma estrada que a
conduzirá a Viena, contanto que mantenha sempre a mesma direção.
Se ela perguntasse a alguém que conheça exatamente a região:
“Onde chegarei nesta minha caminhada?”
O indagado, então, evidentemente, teria de responder: “A Viena!”
Poderá, também, mencionar algumas das cidades intermediárias que o
peregrino irá encontrar.
Se o peregrino, no entanto, por um motivo qualquer, mudar de direção,
antes de atingir algum dos lugares citados, não chegará a Viena, mas sim a
outro lugar qualquer, apesar da verdade do que lhe fora dito. Talvez chegue a
Paris, a Zurique ou a Roma.
Tão logo se desvie da estrada, com a menor alteração modificar-se-á
também o destino e com isso os cumprimentos em sua forma original, assim
como estavam previstos na primeira direção do caminho. Ele, no entanto, não
tem nenhum motivo para considerar aquele que lhe deu a informação um
ignorante ou até uma pessoa que procura propositalmente aparentar saber. —
Tão simples como o acontecimento que aí está, assim também ocorre com
cada peregrinação do ser humano através de sua existência terrena.
Se um ser humano perguntar para onde o conduzirá seu caminho, então
um sábio bem poderá dizer quais os pontos que deparará, isto é, aqueles que
terá de deparar no caminho em que se encontra no momento da pergunta!
Outra coisa jamais poderá ser dada a um ser humano. A informação só
poderá ser dada sempre conforme a respectiva posição e a respectiva direção
do indagador, visto que este, como todos sabem pela Mensagem, conserva
sempre seu livre-arbítrio para as próprias decisões. Ele poderá, pois, poucos
minutos após a pergunta, desviar-se interiormente, o que imediatamente, de
modo automático, também terá de alterar o caminho e seu destino.
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Se alguém dirigiu, primeiramente, seus passos para Viena e, subitamente,
toma a direção de Roma, naturalmente chegará a Roma e não a Viena.
Com os caminhos espirituais ocorre exatamente o mesmo. E estes têm
seus efeitos também na matéria grosseira! Pois são determinantes para isso.
Eu disse, muitas vezes, que nem mesmo um Filho de Deus pode obrigar
um ser humano a tornar-se bem-aventurado, visto que o livre-arbítrio de cada
espírito humano, com relação às suas decisões, não será suprimido.
Alguns se têm por especialmente grandes em sua fé, quando pensam que
seu caminho terreno possa ser visto por mim perfeitamente, que então, aquilo
que eu lhe disser a respeito, em resposta à sua pergunta, também deverá vir
impreterivelmente para ele. E alguns seres humanos, por sua vez, mostram-se
também tão indescritivelmente pequenos em sua suposição de que, quando
algo daquilo não se realizar, então eu não poderia ser, na sua opinião, um
enviado de Deus.
Em ambos os casos mostra-se apenas o desconhecimento, daquele que
assim pensa, sobre a atividade na Criação de acordo com as sagradas leis de
Deus, que constantemente estão em movimento e que absorvem
imediatamente cada vontade de um ser humano, para atá-lo ao seu efeito.
Até mesmo no Juízo não é possível prever com exatidão como esse
sagrado acontecimento se cumprirá em cada um individualmente. Também
nisso existe movimento até o último instante. Muitos que já são considerados
como perdidos, poderão ser salvos, e outros que se julgam firmes, ainda
poderão tombar.
A hora de cada ser humano está exatamente determinada, a espécie dos
efeitos, porém, orienta-se de acordo com seu modo de ser no momento do
Juízo. A espécie manifesta-se pelo efeito retroativo, conforme a vontade de seu
espírito com tudo o que ainda pende nele.
Quem, porém, pecou novamente contra o Espírito do Senhor, para este já
foi pronunciada a sentença e esta já impele para seu cumprimento, de modo
que para ele a salvação não é mais possível.
Enquanto ainda estou pronunciando estas palavras, já sei que elas,
novamente, só serão assimiladas limitadamente pelos seres humanos, e que o
assimilado por eles, igualmente, logo será comprimido numa forma rígida. Com
isso é tirada do que foi dito, sem mais nem menos, novamente toda a
mobilidade, e a Verdade que acaba de ser presenteada é rapidamente torcida
pelo pensar rígido, ainda antes que possa trazer-vos vida.
Assim acontece com todas as minhas palavras. Os seres humanos não as
assimilam como eu quero! E o saber disso ocasiona fadiga. Ainda que eu me
decidisse a explicar, repetidamente, o que já foi dito, não seria, em última
análise, suficiente; tornar-se-ia um ter de explicar sem fim, uma vez que os
seres humanos criam sempre de novo algum ponto não esclarecido para o seu
pensar mesquinho. —
Apesar de atado a todas as conseqüências das decisões de sua livre
vontade, o ser humano ainda possui suficientes possibilidades de movimento
nos caminhos de suas peregrinações vivenciais na Criação, portanto também
na Terra. O Como, Onde e Quando, com todos os seus efeitos, encontram-se
na minha Mensagem, que não pode ser interpretada erroneamente em seu
290
feitio, desde que o ser humano se esforce por perscrutar direito minhas
palavras, aceitando-as assim como foram dadas por mim.
Quando possuís a Mensagem diante de vós, então tendes de procurar
aprofundar-vos nas minhas palavras, observando exatamente a disposição das
frases e das palavras, pois esta conduz vosso espírito! Emprego vosso idioma
no seu verdadeiro sentido, assim como ele tem de ser empregado, a fim de
torná-lo vivo e não como o raciocínio torcido o define como certo e belo!
Sabeis que cada nome de uma pessoa abrange ela própria. O ser humano
é aquilo que o seu nome diz, não sendo apenas chamado assim. O nome,
porém, também é uma palavra. E assim como este vive e age realmente, assim
também vive e atua cada palavra de vosso idioma por si mesma!
Isto, porém, todos os seres humanos torceram, do mesmo modo que o seu
raciocínio. Por essa razão, em primeiro lugar, vós tendes de colocar
completamente de lado essas brincadeiras nocivas do raciocínio, quando da
leitura de minha Palavra viva! Não deveis, aí, procurar pensar de acordo com
aquelas formas que estabelecestes ou que outros tentam, sempre de novo,
estabelecer para vós, mas sim tendes de obrigar-vos a deixar que a espécie de
minhas palavras e também a espécie da composição de minhas palavras
atuem sobre vós ininfluenciadamente, intuindo-as também de modo
correspondente!
Vivenciareis milagres ao fazê-lo, se agirdes com seriedade, pois a espécie
das minhas frases vos dá conceitos totalmente diferentes, imagens totalmente
diferentes, do que vos dariam as mesmas palavras, se fossem compostas
segundo a vossa espécie.
Esse esforço, até agora, ainda não fizestes! Ainda não aceitastes o que se
tornou novo na minha maneira de falar, mas sim continuais a pensar de acordo
com as vossas bases usuais de raciocínio, que nos últimos anos, e já muitas
vezes, sofreram modificações; sim, vós as empregais até mesmo na leitura das
minhas palavras.
O idioma traz, na realidade, tanta vida própria em si, como também cada
palavra isolada, de modo que ele não pode ser modificado futilmente, sem
enfraquecer os efeitos! Terei de ensinar-vos primeiro a compreender e a
empregar acertadamente vosso próprio idioma, visto que também nisso fostes
desviados pelos sofismas intelectivos.
Intuitivamente tornastes a encontrar o termo bem acertado para expressar
o que os esforços de vosso raciocínio quiseram criar até agora, quando dizeis
que sua finalidade consiste em tornar o idioma mais fluente, mais corrente, a
fim de que possa ser lido mais rapidamente e com maior facilidade.
Com o tornar fluente, porém, processa-se uma diluição! Tornar o idioma
mais fluente, por intermédio dos esforços de vosso raciocínio, nada mais é que
uma diluição do idioma, com o que também sua força, seu vigor, será
enfraquecido, ou se perderá totalmente.
A possibilidade de uma leitura mais rápida e mais fácil, porém, diz respeito
unicamente ao raciocínio, para que este tenha maior comodidade.
Em tudo reside apenas o impulso para a superficialidade, que de maneira
tão deplorável caracteriza a época atual, como coroação dos esforços de vosso
raciocínio desde milênios!
291
A intuição, vosso espírito, fala de maneira diferente, isso podeis notar
também em cada sentença que vos é transmitida da Luz. Já recebestes tanto
disso, porém nada aprendestes.
Olhai para mim e orientai-vos por mim! Assim foi o meu chamado desde o
início. Eu vos trago o Novo; pois tudo deve se tornar novo de acordo com a
sagrada vontade de Deus, também o emprego da fala, que não pode ser urdida
para conversa superficial!
Como, no entanto, a espécie correta do idioma se apresenta estranha,
muitas pessoas se chocam com isso. Uns consideram-na demasiado simples,
outros, talvez, confusa ou até desajeitada e erradamente empregada, e outras
coisas mais, quando, na verdade, ela vos renova a exatidão de como tem de
ser utilizada de fato, para que possa viver e falar-vos de modo vivo, para que
seja capaz de tocar e abrir vossas almas, e não apenas lisonjear as fraquezas
de vosso raciocínio superficial! Para que vibre no ritmo sagrado das leis
eternas!
Aprofundai-vos, portanto, na espécie do idioma, mas com vosso espírito,
que exige muito mais. Dai-vos ao trabalho de compreender, primeiramente, a
mim, na Palavra!
Quando tiverdes compreendido as palavras de minha Mensagem, em todos
os seus valores, então conhecereis também todas as leis automaticamente
atuantes da Criação. Então para vós não haverá mais nenhuma decepção; pois
vós mesmos vos tornareis sábios!
292
56. E quando a humanidade perguntar...
Há algo de esquisito com relação à humanidade terrena. Como uma massa
inerte, indolente e preguiçosa, ela se encontra na Criação. A humanidade, que
deveria atuar tecendo do modo mais ativo, mais móvel, mais belo e mais
luminoso, se utilizasse corretamente as faculdades, que por graça lhe foram
outorgadas.
No entanto, ela torna tudo pesado como chumbo, sombrio, turvo, estando
sempre pronta, de modo envenenador e degradante, a influir cheia de inveja
sobre aquilo que quiser elevar-se acima de sua espécie mediana. Inimiga da
Luz, ela espreita, a fim de conspurcar tudo quanto não quiser acompanhá-la no
caminho que ela mesma construiu, que conduz para o abismo, para a ruína
eterna.
Os seres humanos encontram-se afastados do Senhor, porque eles
próprios querem tornar-se senhores sobre a Terra! E, não obstante,
pronunciam o nome de Deus agora mais amiúde que antes, a fim de utilizá-lo
para suas finalidades egoísticas, antepondo-o como escudo, no propósito de
demonstrar, dessa maneira, um querer puro.
O seu íntimo, no entanto, nada tem que ver com o escudo demonstrado,
pois suas almas estão cheias de desconfiança, por medo de que alguém lhes
pudesse disputar aquilo que eles próprios almejam: poder terreno e influência
terrena.
E essa desconfiança turva todo o querer puro, arrasta para baixo, torna
injusto, fanático e somente aumenta o abuso do sagrado nome de “Deus”!
Os seres humanos não perguntam a esse respeito! Aliás, nunca perguntam
aquilo que realmente lhes pode trazer proveito e aquilo que devem perguntar,
mas sim apenas aquilo que se encontra na direção do seu pensar. Como, no
entanto, o íntimo de toda a humanidade, hoje em dia, só está tomado de
desconfiança, assim em cada pergunta tem de estar escondida também a
desconfiança, como conseqüência de um estado anímico torcido e estragado
até o âmago.
O que um ser humano pensa a respeito do próximo é haurido do próprio
íntimo e ele o pressupõe em relação a si mesmo. Uma pessoa realmente boa
sempre esperará encontrar nos outros, em primeiro lugar, somente o que é
bom, ao passo que uma pessoa má, naturalmente, só será capaz de pressupor
no seu próximo o que é mau, principalmente naquelas coisas que ela própria
ainda não pode compreender.
Uma pessoa má interpretará tudo aquilo que ainda não compreende em
relação a outrem, como sendo mal-intencionado, porque de acordo com sua
espécie nem espera algo diferente.
Com uma pessoa boa, porém, dá-se o contrário. Julgará tudo, inicialmente,
de acordo com sua espécie, que é boa.
Uma pessoa má nunca poderá acreditar em vontade boa, nem colocá-la
como base de quaisquer ações, porque ela própria não é capaz disso.
Atuações desinteressadas relegará para o âmbito dos contos de fadas ou, até,
da mentira, porque são estranhas e incompreensíveis para ela.
293
Somente a boa poderá acreditar nisso, por ser capaz de agir de modo
idêntico.
Assim, o julgamento de um ser humano a respeito do seu próximo é
sempre o reflexo do próprio estado, que ele, dessa forma, exprime bem
claramente.
Os seres humanos que dizem e propagam comentários maldosos a
respeito do seu próximo, têm de ser maus dentro de si mesmos, do contrário
não agiriam dessa maneira! Isso é uma lei da Criação, que vibra na igual
espécie. Assim vosso Criador, em Sua onisciência, também obrigou cada ser
humano a conduzir abertamente, diante de si, um espelho, no qual sua vida
interior é nitidamente reconhecível para o observador sereno. Essa lei, em sua
grande simplicidade de efeitos, como auxílio da Luz, apenas ainda não foi
observada com exatidão, porque o ser humano nunca se deu ao trabalho de
perscrutar a conseqüência lógica das leis de Deus na Criação.
Almeja sempre, apenas, progressos rápidos no caminho terreno, na
obtenção de bens terrenos para as chamadas coisas agradáveis da existência
terrena, as quais, porém, na realidade, acarretam rebaixamento e,
conseqüentemente, decadência espiritual, porque propiciam a comodidade
indolente, jamais conduzindo à ascensão.
O ser humano corre aí apressado, através do tempo que lhe é concedido
por graça, sem olhar para a direita ou para a esquerda, apenas para conseguir
objetivos terrenos. Dessa forma nada aprende da Criação que o envolve, na
qual lhe é permitido viver e na qual também deve atuar de modo consentâneo.
Não fora isso, já há muito teria reconhecido esta lei, que sempre lhe mostra
claramente o próximo, tal como este realmente é. E tais reconhecimentos
auxiliadores fá-lo-iam progredir mais no caminho terreno do que sua correria,
poupando-lhe muitos sofrimentos e muitas decepções e, por esta razão,
também muita coisa na Terra teria de ser diferente do que é hoje!
Aprendei, finalmente, a conhecer as leis de Deus na Criação, ó seres
humanos, e sereis auxiliados!
Para isso, no entanto, tereis de esforçar-vos e renunciar à vontade de
exigir, a que vos habituastes, na atuação de vossa presunção hostil a Deus!
Então a desconfiança não reinaria hoje entre todos os seres humanos,
brandindo o açoite sobre vós! A desconfiança, porém, é apenas o fruto da
indolência do espírito. Se vosso espírito fosse ativo, assim como exige de vós a
vontade de Deus, e se não tivésseis colocado, em lugar de vosso espírito, o
raciocínio preso à Terra, que deve permanecer somente um instrumento do
vosso espírito, então a desconfiança não poderia ter conquistado a posição que
hoje ocupa na Terra.
A desconfiança é, pois, o pior fruto do querer errado e dos caminhos
errados dessa humanidade. A desconfiança brande o açoite como derradeira
conseqüência de vossa condição de seguidores de Lúcifer! A desconfiança
está hoje aninhada em toda a parte, onde quer que olhardes, não apenas nos
países e nas igrejas, na maneira de agir ou no relacionamento social, mas sim
até mesmo no mais íntimo da existência familiar, no sagrado lar do matrimônio.
Onde somente dois estejam juntos: a desconfiança brande o açoite sobre
vós! Ela brotou de vós, germina ao redor de vós e sobre vós com avidez
294
repugnante, finca suas garras profundamente em vossas almas e ainda vos
concita a vos dilacerardes mutuamente!
E será também essa desconfiança que, como a pior de todas as pragas
que vós mesmos criastes, arrastará consigo muitos, sim, a maior parte dessa
humanidade, em sua queda para os horrores da decomposição, a morte
eterna!
Um relâmpago proveniente da Luz atingi-la-á mortalmente, mas ela não
vos largará em sua agonia, e suas garras, de milhões de espécies, segurarão
firmemente. Elas se fecharão ainda mais fortemente na rigidez da morte, e as
almas, por elas apanhadas, não poderão mais desvencilhar-se, a não ser que,
em desespero, elas próprias desenvolvam mais uma vez um grande esforço
para se arrancarem e se libertarem ainda no último momento, sob mil dores.
Esse arrancamento exige, porém, um enorme desenvolvimento de vontade,
causando às vossas almas profundos ferimentos!
Não são muitos os que, entre essa humanidade, ainda serão capazes de
produzir essa força, e outros recearão os graves ferimentos e os sofrimentos
condicionados pelo arrancamento.
E assim eles afundam em indolente inatividade, afundam em abismos
incomensuráveis, na noite eterna, onde os aguardam mil vezes mais tormentos
do que as dores que o arrancamento voluntário lhes causaria. – Então, porém,
será definitivamente tarde demais! Deixaram liberdade de ação a essa
desconfiança, na encruzilhada em que a graça de Deus mais uma vez os
colocou.
A indolência do seu espírito conduz a humanidade agora à queda definitiva,
por causa de seu último fruto repugnante, indigno do ser humano e hostil à Luz:
a desconfiança!
Nisso reside o Juízo: eles próprios não são mais capazes de acolher a
última graça de Deus! E todos os seres humanos indolentes de espírito,
considerados no Juízo como imprestáveis, perguntarão:
“Como pode Abdrushin– Imanuel provar que ele é o Filho do Homem?”
Somente os indolentes de espírito, porém, formularão esta pergunta ou
outras parecidas, aqueles que não querem se esforçar, por si mesmos, pela
sua salvação. Pois sua desconfiança os domina! Estão irremediavelmente
escravizados a ela. Por si mesmos, com atividade séria do espírito e não
somente com o raciocínio, eles não são mais capazes de pesquisar na Palavra.
Para tanto, já estão demasiado fracos em seus espíritos. Aos indolentes de
espírito, porém, a Palavra da Vida, a Palavra viva, que para poder ser acolhida
também exige vida, nada poderá dar, de acordo com a inabalável lei de Deus!
Pois quem não procurar seriamente os valores dentro dela, nada encontrará.
Quem, no entanto, procurar, encontrará!
A Mensagem contém e dá tudo. Ela é inesgotável para o espírito humano.
Tanto o ser humano mais simples como o mais importante erudito pode
encontrar nela o que procura. Nada existe na Criação que ele não pudesse
encontrar e reconhecer nessa Mensagem, tão logo esteja apto interiormente a
receber os valores.
Mesmo o maior saber humano de até agora ainda pode ampliar-se nela,
sem jamais encontrar um limite. O espírito humano só tem de procurar de fato
nela, com humildade e disposição para receber com gratidão. A presunção,
295
porém, fecha, para o espírito que quer se esforçar em procurar, o caminho para
toda a possibilidade de recepção.
Todavia, não mais está distante a época em que tesouros inimagináveis,
contidos na Palavra da Mensagem, serão jubilosamente transmitidos por
espíritos humanos de todas as classes à humanidade que escuta. E ela vos
proporciona sempre coisas novas em todo e qualquer domínio do verdadeiro
saber, para a alma e para o corpo e também para o vosso pensar e agir aqui
nesta Terra.
Até lá, porém, os indolentes de espírito terão de separar-se dos ativos;
serão separados por si mesmos, para que no futuro nada mais possam impedir
ou confundir daquilo que está de acordo com a vontade de Deus.
Quem lê a Palavra da minha Mensagem sinceramente e sem presunção,
portanto quem nela procura verdadeiramente, encontrará todos os
conhecimentos para si mesmo e não perguntará mais: “Como Imanuel quer
provar que ele é o Filho do Homem!”—
É da vontade de Deus que o espírito humano desperte do sono e da
indolência que ele mesmo se impôs e que o desviaram da Luz, deixando-o cair
nas trevas.
É culpa da humanidade, única e exclusivamente! Não tivesse ela se
afastado levianamente da ligação com a Luz, separando-se com teimosa
persistência e na presunção de um ridículo querer saber melhor, então
ninguém teria dificuldades em reconhecer aquele que é enviado pela Luz.
Assim, no entanto, até agora foram sempre apenas poucos, na triste
história da evolução de toda a humanidade terrena, os que de fato
reconheceram enviados da Luz, aceitando-os dessa forma também.
Erros da humanidade ! Não, porém, da Luz. E essa mesma humanidade
quer agora exigir da Luz que, por causa de seus erros, modifique as leis
eternas, para que possa, emaranhada ainda nos erros, reconhecer
comodamente quem é o enviado da Luz, sem precisar esforçar-se para tanto!
Na indolência do seu espírito nem se tornam mais conscientes de quanta
arrogância esta pergunta encerra em relação a Deus.
Deixai que continuem a trilhar o caminho que os conduz ao descalabro.
Não querem de outra forma. Afastai-vos de tais indagadores e lembrai-vos:
Assim também achegaram-se outrora a Jesus, quando já o haviam
pregado à cruz, exigindo dele: “Se és o Filho de Deus, então ajuda a ti mesmo
e desce da cruz!”
Com isso ele deveria, portanto, provar mais uma vez que era o Filho de
Deus. Outras pessoas, porém, teriam então exigido sempre novas provas, para
que decidissem crer em sua missão ou para ficarem convencidas dela. Os
desejos se multiplicariam então milhares de vezes, e por fim ninguém, apesar
disso, teria se esforçado em acreditar realmente nisso.
Conheceis, pois, suficientemente os seres humanos, para que também vós
próprios saibais disso.
Nas palavras que Jesus pronunciou e ensinou, queriam pensar apenas em
segundo lugar, e só empenhar-se por elas depois de haverem primeiramente
recebido outras provas. Para se empenhar por si próprio, o ser humano sempre
296
quer se decidir só por último. Isso ele reserva para nunca fazer, porque esse
por último nem sequer lhe surge voluntariamente.
Nisso reside a fraqueza que agora lhe será fatal! Pois é neste ponto que
tem início o Juízo.
Eu vos digo: a Palavra viva, a Mensagem que eu trouxe, é a prova, como
não pode ser dada de forma melhor ou mais convincente a todos os espíritos
humanos!
E quem chega a reconhecer de fato a Palavra, mediante sincera pesquisa,
estará plenamente convicto, mesmo sem outros auxílios! Tão-somente isso
pode salvá-lo e auxiliá-lo, para que possa esforçar-se para cima, em direção
aos luminosos jardins de Deus, onde lhe é permitido viver eternamente, em
alegre atividade, de acordo com a vontade de Deus.
Nada diferente! Somente quem reconhece e de fato se integra na Palavra,
portanto quem vive realmente segundo os seus preceitos, estará a salvo da
morte eterna. Tal pessoa, no entanto, também não solicita outras provas. Tudo
se tornou evidente para ela, na vivência da minha Palavra, que nisso lhe
oferece a prova!
O ser humano tem, pois, de se esforçar em prol disso, com toda a
seriedade e humildade, sem presunção e sem preconceitos. Se não cumprir
isso, a Palavra nada lhe poderá proporcionar. Permanecer-lhe-á fechada,
enquanto que, de outra forma, supera amplamente as maiores expectativas de
cada um, derramando uma riqueza que proporciona verdadeira paz, verdadeiro
saber e felicidade!
Os seres humanos vivenciarão isso, ainda que agora zombem a respeito.
Suas almas deverão ser abaladas por graves acontecimentos e, dessa forma,
preparadas para uma suplicante vontade de receber. Então, sim, reconhecerão
a riqueza da minha Mensagem, da qual nenhuma palavra será alterada mas
que é e ficará assim, como é dada por mim agora. Os seres humanos, porém,
modificar-se-ão em bem pouco tempo, porque suas almas agora ainda estão
demasiado rígidas na vontade própria do raciocínio torcido.
Tolos seres humanos, quão seguros e grandes vos julgais! Digo mais uma
vez: não sois vós que podeis exigir de Deus onipotente, mas sim ELE exige
agora de vós, por estar finda a Sua paciência!
Ele vos exige a prova de haverdes bem utilizado as faculdades que
concedeu ao vosso espírito, de acordo com a Sua sacrossanta vontade! Que
sejais ativos em espírito e possais reconhecer aquele em sua palavra, que Ele
agora vos mandou!
Se não fordes capazes disto, tereis sido indignos de Sua graça, não tereis
utilizado as faculdades que Ele vos concedeu para uma cooperação digna de
seres humanos na Criação; tereis enterrado e desperdiçado vossa condição
humana e, por esta razão, sereis apagados, como imprestáveis na Criação, do
Seu livro de graças da permissão da autoconsciência e da vida!
Voltai-vos para o vosso íntimo, seres humanos! Despertai espiritualmente!
Em breve tereis de modificar-vos, cada um, pela própria vivência, pois a mão
onipotente de Deus já paira sobre tudo e Sua ira sagrada se derrama agora
para o bem daqueles que ainda não se entregaram inteiramente às trevas,
podendo ainda chegar a um despertar.
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Aproveitai, pois, as horas, ó seres humanos terrenos! Na ira de Deus será
despedaçada inteiramente também a indigna desconfiança, como último fruto
danoso do querer errado desses seres humanos, fruto que, como uma peste, já
se espalhou sobre toda a Terra. Esta ficará novamente livre disso!
Antes, porém, vem o embate:
A humanidade exigirá mais uma vez arrogantemente, como já outrora com
Jesus: Prova, que Tu és o Filho do Homem! A humanidade quer exigi-lo
conforme os próprios conceitos terrenos, por ela mesma elaborados.
Deus, porém, exige agora em sagrada ira: humanidade, eu te dei outrora a
faculdade de reconhecer sempre também tudo o que procede da minha Luz!
Agora reconhecei o meu Filho, ou estarás julgada e condenada como indigna
de ser humano e inimiga da Luz!—
O que disso resultar, vós próprios o vivenciareis, em breve! E se a
humanidade perguntar conforme a sua espécie, então, desta vez, Deus lhes
dará resposta de acordo com a sua espécie onipotente!
E toda a presunção ridícula desses seres humanos sucumbirá como um
pequeno monte de poeira. —
Agradecei ao Senhor, quando Ele vos auxiliar com seus golpes que,
atuando de forma recíproca, deverão cair também sobre vós. Orai e ficai
preparados para, na hora de maior aflição da humanidade, anunciar a Palavra,
que eu vos dei!
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57. Faça-se a Luz!
Faça-se a Luz! Quão distante se encontra ainda o ser humano da
compreensão dessa grande sentença da Criação! Distante até da vontade
certa de aprender a compreender esse processo. E ainda assim, há milênios
ele se ocupa continuamente com isso. Mas de acordo com sua maneira. Não
quer aceitar, com humildade, uma centelha de compreensão da Verdade,
recebê-la, mas sim apenas sofismar tudo, ele próprio, de modo intelectivo.
Cada tese, que estabelece a tal respeito, quer sempre fundamentá-la
segundo o teor e a necessidade do seu cérebro terreno. Isso está certo no que
diz respeito às coisas terrenas e a tudo que faz parte da matéria grosseira, a
que também pertence o cérebro e donde brota o raciocínio, pois o raciocínio
outra coisa não é senão a percepção grosso-material. Por essa razão, os seres
humanos que se submetem somente ao raciocínio, e que somente querem
considerar como sendo justo e certo aquilo que pode ser incondicionalmente
comprovado de modo intelectivo, são todos mui estreitamente limitados e
indissoluvelmente ligados à matéria grosseira. Eles estão, com isso,
distanciados ao máximo do verdadeiro saber e do saber em geral, apesar de
justamente eles se julgarem sábios!
Nessa pobreza se encontra hoje a ciência inteira diante de nós, se a
contemplarmos direito. Restringindo-se a si própria, oprimindo com força e
recusando medrosamente tudo o que não pode comprimir nos limites estreitos
de sua compreensão tão presa à Terra. Recusando realmente com medo,
porque tais cientistas, apesar da rigidez, não podem negar que existe algo mais
do que aquilo que eles são capazes de catalogar no registro de seus cérebros
grosso-materiais e que, portanto, ainda pertence de modo absoluto ao plano de
matéria grosseira, às últimas ramificações na extremidade inferior desta grande
Criação!
Devido ao seu medo, alguns se tornam maldosos e até perigosos em
relação a todos aqueles que não querem se deixar envolver nessa rigidez, mas
que esperam mais do espírito humano e por esse motivo não pesquisam
somente com o raciocínio preso à Terra, mas sim com o espírito, indo além dos
processos grosso-materiais, assim como é digno de um espírito humano ainda
sadio e como é seu dever nesta Criação.
Os seres humanos de raciocínio querem a qualquer preço subjugar
espíritos vigilantes. Assim foi durante milênios. E as trevas, que cada vez mais
céleres se espalharam, principalmente por intermédio dos seres humanos de
raciocínio, como conseqüência de tal restrição grosso-material, prepararam
com o decorrer do tempo o solo que tornou possível o desenvolvimento do
poder do raciocínio terreno.
Tudo quanto não podia ser justificado através do raciocínio, foi hostilizado e
sempre que possível ridicularizado, a fim de não encontrar acolhida e não
poder inquietar os seres humanos de raciocínio.
Preventivamente, procurou-se difundir como sabedoria que tudo aquilo,
que não puder ser averiguado e confirmado pelo raciocínio, apenas pertence a
uma teoria insustentável!
299
Essa tese apresentada pelos seres humanos de raciocínio tem sido o seu
orgulho e também a sua arma e o seu escudo durante milênios, até mesmo seu
trono, que terá de ruir agora, já no início do despertar espiritual! O despertar
espiritual mostra que essa tese tem sido completamente errada e foi torcida
com atrevimento ilimitado, apenas para proteger a estreiteza presa à Terra e
conservar o espírito humano em sono inativo.
Ninguém viu que justamente nessa afirmação foi dada, ao mesmo tempo,
também a prova de quão distante o trabalho do raciocínio tem de se situar do
verdadeiro saber.
Rompei os limites estreitos que foram traçados apenas pela esperteza, a
fim de que não fôsseis capazes de sobrepujar a arrogante erudição terrena do
raciocínio humano! Aprendereis a intuir depressa que exatamente tudo aquilo,
que se deixa comprovar pelo raciocínio, pertence à teoria, pois somente a
teoria construída terrenalmente pode ser comprovada como obra, o verdadeiro
saber nunca!
Por conseguinte, também aqui é exatamente o contrário do que até agora
foi afirmado. Também nisso, tudo tem de se tornar novo, conforme o Senhor
prometeu aos seres humanos! —
O que se deixa comprovar pelo raciocínio é tudo teoria terrena, nada mais!
E sobre isso se apóia a ciência de hoje, assim ela se mostra diante de nós.
Isso, porém, nada tem a ver com sabedoria, isto é, com o verdadeiro saber! Há
cientistas que segundo as leis primordiais da Criação, isto é, segundo a
realidade, fazem parte dos espíritos humanos mais broncos, mesmo que
tenham grande projeção terrena e sejam altamente considerados pelos seres
humanos. Exercem na Criação apenas um papel ridículo. Para os espíritos
humanos desta Terra, porém, alguns dentre eles podem tornar-se muito
perigosos, por guiarem através de caminhos falsos e estreitos, nos quais o
espírito nunca será capaz de se desenvolver. Mantêm os seres humanos
oprimidos, procuram constrangê-los dentro de sua própria erudição, que no
fundo não passa de estreiteza terrena do raciocínio, envolta com futilidades.
Despertai, ampliai-vos, criai espaço para o vôo às alturas, ó espíritos
humanos, pois não fostes criados para permanecer somente na matéria
grosseira, da qual deveis utilizar-vos, mas não considerar como pátria.
Na época atual, tão errada, às vezes um camponês é espiritualmente mais
desperto e com isso mais valioso na Criação do que um cientista, no qual a
intuição pura se perdeu completamente. Existe já um sentido profundo quando
se fala em trabalho árido do raciocínio, ou em erudição árida. Quantas vezes o
ser humano mais simples encontra com uma expressão intuitiva infalivelmente
o certo. A expressão “árido” significa aqui “sem vida”, por conseguinte, morto!
Não há vida nisso. E essa expressão traz verdade em si.
Por esse motivo o ser humano nunca poderá compreender com o
raciocínio o alto conceito da sentença sagrada: “Faça-se a Luz!” Apesar disso
ou talvez exatamente por isso o “Faça-se” não o deixa em paz em seu pensar!
Sempre e sempre procura ele formar uma imagem disso para chegar ao como.
Sabendo, porém, do como, então logo segue a pergunta: Por quê?
Ele quer finalmente saber ainda por que Deus fez surgir a Criação! Assim é
o ser humano em sua espécie. Gostaria de perscrutar tudo, ele próprio.
Perscrutar, no entanto, nunca poderá! Pois para o perscrutar precisaria utilizar-
300
se da atividade do seu próprio espírito. Este, porém, nem poderia chegar à
atividade com o atual trabalho dominante e expresso do raciocínio, por estar
devido a isso demasiadamente restrito e atado ao que é exclusivamente de
matéria grosseira, ao passo que o princípio da Criação se encontra
infinitamente longe e acima da matéria grosseira, por pertencer a uma espécie
completamente diferente.
O ser humano em seu estado atual não teria, devido a isso, nem sequer a
perspectiva de um pressentimento, mesmo que fosse capacitado para isso
interiormente. Mas também isso não ocorre. O espírito humano não pode
absolutamente perscrutar fenômenos em tal altura, porque se encontram muito
acima do ponto onde o espírito humano pode “saber” algo, portanto, onde é
capaz de receber algo conscientemente!
De um querer perscrutar, portanto, nunca se pode falar nesse caso. Por
esse motivo, também não há razão de o ser humano querer se ocupar com
isso. Pode somente captar em imagens, tão logo estiver disposto a receber
com verdadeira humildade um saber a respeito disso. No entanto, “saber a
respeito disso” não constitui, naturalmente, o próprio saber, que ele nunca
poderá obter.
Tendo, portanto, o anseio sincero, porém humilde, de saber algo disso,
então ele poderá imaginá-lo figuradamente. Quero descrever-lhe o fenômeno,
tal como ele é capaz de receber. Para desenrolá-lo em toda sua grandeza
diante do espírito humano, para fazê-lo surgir mesmo figuradamente, para isso
não bastam aquelas expressões dadas ao espírito humano para compreender.
—
Já expliquei na minha dissertação “A vida” como, em virtude do ato da
vontade de Deus, contido nas palavras “Faça-se a Luz!”, as irradiações se
projetaram para fora e para além do limite do divino, e depois, em direção para
baixo, resfriando sempre mais, tiveram de efetivar-se, com o que, na
elasticidade ou pressão cada vez menores, devido ao resfriamento, diversas
entealidades pouco a pouco puderam chegar à consciência própria,
primeiramente na intuição, e depois, fortalecendo-se também pouco a pouco,
na atuação para fora. Exprimindo-me melhor, digo que a pressão não diminui
pelo resfriamento, mas sim o resfriamento resulta da pressão que diminui.
Não preciso mencionar aqui de maneira especial que cada processo
isolado, cada modificação mínima no resfriamento abrange, pois, distâncias e
amplitudes imensas, que novamente não podem ser compreendidas e
percebidas pelo espírito humano.
Contentei-me naquela dissertação em dizer simplesmente que as
irradiações, devido a um ato de vontade, foram impulsionadas para além dos
limites do divino. Sobre o próprio ato de vontade não falei
pormenorizadamente.
Hoje quero prosseguir nisso e explicar por que as irradiações tinham de
transpor os limites da região divina, pois tudo no desenvolvimento da Criação
ocorre apenas porque não pode ser de outra forma, isto é, incondicionalmente
de acordo com a lei. —
O Santo Graal foi desde a eternidade o pólo final da irradiação imediata de
Deus. Um recipiente no qual se concentrava a irradiação no último e extremo
ponto para, refluindo, renovar-se sempre. Em volta dele estava o divino
301
Supremo Templo do Graal, com os portais, que abriam para fora, firmemente
fechados, de maneira a nada poder passar para fora e não haver possibilidade
de ulterior resfriamento. Cuidado e guardado fora tudo pelos “anciãos”, isto é,
pelos eternamente imutáveis, capazes de levar uma existência consciente no
extremo limite da região das irradiações divinas. —
Tem o ser humano de refletir agora, antes de tudo, se é que deseja seguir-
me direito em minha descrição, que no plano divino vontade e ação são
sempre uma só coisa. A cada palavra segue-se imediatamente a ação, ou,
mais precisamente, cada palavra já é a própria ação, porque a Palavra divina
possui força criadora, transformando-se, portanto, imediatamente em ação.
Assim também na grande sentença: “Faça-se a Luz!”
Luz é somente o próprio Deus! E da Sua irradiação natural resulta o círculo
imensurável, para o sentido humano, da região divina, cuja ancoragem extrema
é e foi desde toda a eternidade o Supremo Templo do Graal. Se Deus, pois,
quisesse que além do limite da irradiação imediata divina também houvesse
Luz, não podia tratar-se aí de uma expansão simples e arbitrária das
irradiações, mas tinha de ser colocada Luz no ponto extremo do limite da
irradiação imediata da perfeição divina, a fim de, a partir de lá, as irradiações
penetrarem no que até então não tinha sido iluminado.
Por conseguinte, Deus não pronunciou as palavras “Faça-se a Luz!”
apenas segundo as noções humanas, mas isso foi simultaneamente uma ação!
Foi o grandioso acontecimento da emissão ou do nascimento fora dos limites
do divino de uma parte de Imanuel! A colocação para fora de uma parte de Luz
da Luz primordial, a fim de que iluminasse e aclarasse de forma autônoma
além da irradiação imediata de Deus. O começo do grandioso despontar da
Criação não foi outra coisa do que a conseqüência simultânea do envio de
Imanuel.
Imanuel é, portanto, a origem e o pólo de partida da Criação, devido ao seu
envio da própria Luz viva. Ele é a vontade de Deus, que traz em si de maneira
viva a sentença “Faça-se a Luz!”, que é ele mesmo. A vontade de Deus, a Cruz
viva da Criação, em torno da qual pôde, teve de se formar a Criação. Por isso,
ele também é a Verdade, assim como a lei da Criação, que através dele e a
partir dele pôde formar-se!
Ele é a ponte saindo do divino, o caminho que conduz para a Verdade e a
vida, a fonte criadora e a força que advém de Deus. —
Trata-se de um quadro novo, que se desenrola diante da humanidade e
que, no entanto, não desvia nada, porém endireita o que está torcido nas
concepções humanas.
Resta-vos agora ainda a pergunta quanto ao “porquê”! Por que Deus
enviou Imanuel! Se bem que esta pergunta, formulada pelo espírito humano,
seja também bastante esquisita e até arrogante, mesmo assim quero explicá-
la, tendo em vista que tantos seres humanos terrenos se sentem como vítimas
desta Criação, na ilusão de que se eles podem errar é porque Deus os criou
defeituosos. A arrogância vai tão longe, que fazem disso uma crítica com a
própria desculpa de que bastava Deus ter criado o ser humano de tal forma,
que nunca pudesse pensar nem agir erradamente; com isso teria sido evitada
também a queda da humanidade. Mas unicamente a capacidade de livre
decisão do espírito humano foi que o levou à decadência e à queda! Tivesse
302
ele observado e obedecido sempre às leis da Criação, então poderia existir
para ele somente ascensão, felicidade e paz, pois assim querem essas leis. Ao
desprezá-las, naturalmente se choca com elas, tropeça e cai. —
Na esfera da perfeição divina, só o divino pode usufruir as alegrias da
existência consciente, as quais a irradiação de Deus oferece. É o mais puro do
puro na irradiação, que pode se formar, como, por exemplo, os arcanjos; em
distância maior, no mais extremo limite de alcance da irradiação, formam-se
então também os anciãos, que são ao mesmo tempo os guardiões do Graal no
Supremo Templo do Graal, dentro da esfera divina.
Com isso é extraída a parte mais forte e mais poderosa da irradiação! Das
partes restantes formam-se, nas regiões do divino, animais, paisagens e
construções. Com isso se modifica mais e mais a espécie dos últimos resíduos,
porém se acham subordinados à mais alta tensão na imensa pressão
decorrente da proximidade de Deus, muito embora também aqui a Sua
distância tenha de permanecer incomensurável e incompreensível para o
espírito humano.
Nesses últimos resíduos, que, como ramificações e sobras extraídas das
irradiações, não têm mais capacidade de produzir formas no divino, e em cujos
limites extremos apenas passam e flutuam como nuvenzinhas luminosas, está
contido também o espiritual. Não pode desenvolver-se sob essa alta pressão
nem chegar à consciência. O forte impulso para isso, porém, encontra-se em
todo o espiritual, e é este impulso que se eleva, como uma grande súplica, da
flutuação permanente, a qual, nesse limite, não pode chegar a tecer nem se
formar.
E foi, por sua vez, a essa súplica no impulso inconsciente que Deus
atendeu em Seu grande amor, permitindo que se realizasse, pois somente fora
dos limites de todo o divino é que o espiritual, seguindo seu impulso, podia
desabrochar, para, em parte, usufruir conscientemente as bênçãos das
irradiações divinas, viver dentro delas cheio de alegria, empenhando-se em
construir para si próprio um reino que, florescendo e em harmonia, pudesse
tornar-se um monumento em honra de Deus, como agradecimento à Sua
bondade, por haver concedido ensejo a todo o espiritual para o mais livre
desenvolvimento e, com isso, para a efetivação de todos os desejos!
Segundo a espécie e as leis das irradiações de Deus, tinha que surgir
apenas felicidade e alegria para todos quantos se tornassem conscientes. Nem
podia ser de maneira diferente, já que para a própria Luz as trevas são
completamente estranhas e incompreensíveis.
Assim, o grande ato foi um sacrifício do amor de Deus, que separou uma
parte de Imanuel e a enviou para fora, somente para conceder ao impulso
constantemente suplicante do espiritual uma fruição consciente da existência.
Para chegar até lá, o espiritual tinha de ultrapassar os limites da região
divina. Para um tal acontecimento, porém, somente uma parte da Luz viva
podia abrir caminho, porque a atração da Luz original é tão forte, que tudo o
mais ficaria retido no limite da irradiação imediata, sem poder prosseguir.
Para a concessão da realização do impulso de todo o espiritual havia,
portanto, apenas uma possibilidade: a emissão de uma parte da própria Luz!
Somente dentro dessa força podia o espiritual atravessar o limite, a fim de
303
tornar-se autoconsciente, servindo-se do caminho da irradiação daquela parte
da Luz, como ponte.
Mas isso também não era o suficiente, porque mesmo essa pequena parte
da própria Luz, de acordo com a lei, teria sido atraída de volta pela Luz
primordial. Em virtude disso, essa parte da Luz ainda tinha de ser ancorada
fora dos limites da região divina, pois do contrário o espiritual ali localizado
estaria como que perdido.
Tendo uma vez o espiritual transposto o limite da irradiação imediata de
Deus, o que só pôde acontecer com a ajuda de uma parte da Luz, então,
devido ao resfriamento resultante do afastamento cada vez maior e ao fato de
tornar-se consciente em parte, não estava mais sujeito a essa força de atração
original, porque no resfriamento surgiu uma outra espécie e com isso um
abismo separador. Somente a parte da Luz, como espécie igual da Luz
primordial, permaneceu sempre ligada com esta e também submetida
diretamente à respectiva lei de atração.
Então teria ocorrido, como conseqüência infalível, que essa parte da Luz
enviada fosse atraída novamente para a Luz primordial, o que teria de
ocasionar uma constante repetição da emissão e, com isso, interrupções
correspondentes do ato de graça. Isso devia ser evitado, porque num retorno
da parte da Luz para dentro do limite da região divina, em direção à Luz
primordial, o espiritual fora do limite teria ficado imediatamente entregue a si
próprio e com isso sem apoio, sem aprovisionamento de força, e dessa
maneira incapaz de continuar a existir. Isso teria significado o perecimento de
tudo o que se encontrasse fora da região divina.
Por esse motivo, pois, a Luz primordial, Deus, ligou a parte de Imanuel por
Ele enviada com uma parte do mais puro extrato de todo o espiritual, com o
que se deu uma ancoragem da parte da Luz com todo o existente fora do
limite. Isso foi um sacrifício do amor de Deus em prol do espiritual, que com
isso pôde tornar-se e permanecer consciente.
Assim o espiritual e tudo quanto surgiu dele encontrou um apoio fora do
limite do divino e uma fonte eterna de vida, da qual pôde desenvolver-se
continuamente. Ao mesmo tempo estava lançada com isso a ponte do plano
divino, semelhante ao abaixamento de uma ponte levadiça, de maneira que o
espiritual podia renovar-se permanentemente e expandir-se.
Então Imanuel, constituindo o “Faça-se a Luz”, tornou-se para a Criação o
ponto de partida e permanente corrente de vida, o núcleo, em cuja volta pôde
formar-se toda a Criação.
Primeiro a região do puro espiritual como Criação básica, para a qual
Imanuel, diretamente, formou a ponte. Com isso ele tornou-se o Filho
extragênito de Deus, em cuja irradiação pôde surgir o mundo puro espiritual
para tornar-se autoconsciente. Portanto, o Filho, em cuja irradiação se
desenvolveu a humanidade da Criação primordial, donde tem origem a
denominação “O Filho do Homem”. Aquele Filho que, em lugar de Deus, se
encontra imediatamente acima dos espíritos humanos, porque esses somente
através Dele puderam se desenvolver para a tomada de consciência.
Por ocasião do mistério da separação e da emissão de uma parte de
Imanuel, esta permaneceu no Supremo Templo do Graal da região divina, por
efeito da lei, como Rei do Santo Graal de acordo com sua origem; abriu o portal
304
para fora e estabeleceu dessa forma a ponte de passagem para o espiritual.
Ele, pessoalmente, não se encontrava fora do limite. Somente as suas
irradiações passaram desse limite para fora, para o espaço até então ainda
sem Luz.
Devido à ligação feita com o puro espiritual mais tarde, na época em que
este se tornou consciente, surgiu, no puro espiritual, Parsival, vindo de Imanuel
através de uma ligação, ou dito melhor, através de uma irradiação indestrutível
em ligação permanente com Imanuel. Dessa maneira pode o ser humano
imaginar essa união. São dois, mas na atuação um só! Imanuel, na parte divina
do Supremo Templo do Graal, no mais extremo limite da região divina,
encontrando-se ainda dentro desta e formando apenas a ponte, que é mantida
aberta em direção ao puro espiritual por seu intermédio, sim, através dele
próprio, e Parsival, na parte puro espiritual do Supremo Templo do Graal, que
se originou com a tomada de consciência do espiritual e com a formação
concomitante de todas as paisagens e construções. Ambas as pessoas
inseparavelmente ligadas uma à outra, atuando como uma só, sendo, portanto,
também uma só!
Assim aconteceu que o ser humano pode e deve imaginar Parsival, a parte
de Imanuel no puro espiritual, como criança que nasceu e desenvolveu-se,
porque essa parte pertence à Criação, na qual a forma das leis divinas já
sofreu uma modificação no primeiro esfriamento, que condiciona o tempo de
criança e de desenvolvimento, ainda que em outro sentido do que aqui. O
próprio nascimento é, lá no alto, também de outra espécie do que na matéria
grosseira, na Terra, onde, entrementes, devido à passagem pelas diferentes
regiões mais para baixo, as formas das leis sofrem sempre novas modificações
nos novos esfriamentos e na sempre repetida retenção de determinadas
espécies.
Parsival acha-se ligado por uma faixa de irradiação com Imanuel e
simultaneamente também por uma faixa de irradiação com Elisabeth, a Rainha
da feminilidade no divino, como mãe, e forma assim através da ligação das
irradiações a eterna ancoragem.
A Criação posterior pôde surgir da atuação dos espíritos do puro espiritual,
dos primordialmente criados. O processo é descendente e sempre uma
contínua repetição, mesmo que enfraquecida, da Criação primordial, que se
realiza conforme as leis correspondentes, pelo que, com a respectiva
transformação das leis, naturalmente se modifica correspondentemente
também a espécie dos acontecimentos.
Para a Criação posterior não existia mais nenhuma ligação direta com
Imanuel, uma vez que ela se desenvolveu somente como seqüência da
Criação primordial, em decorrência da vontade dos espíritos do puro espiritual.
Esse fenômeno, porém, baseou-se igualmente apenas no amor ao espiritual
mais baixo, o qual, permanecendo inconsciente no reino do puro espiritual,
desenvolveu o mesmo impulso para a tomada de consciência, como antes
acontecera com o puro espiritual na região divina. Só que a força do espiritual
não era suficiente para que se formasse logo conscientemente na Criação
posterior, como o conseguiu o puro espiritual mais poderoso.
Na Criação posterior o último sedimento do espiritual tinha que se
desenvolver só vagarosamente, sob a influência dos espíritos do puro espiritual
305
primordialmente criados, por não ser tão rico de conteúdo como o puro
espiritual.
Visto que a Criação posterior fora obscurecida pelos seres humanos, que
se desenvolviam vagarosamente, e pela respectiva queda, decorrente do
cultivo unilateral do raciocínio, era necessário intervir. A fim de tornar a
endireitar auxiliadoramente tudo quanto a humanidade deformou
erroneamente, Parsival foi ligado com a matéria grosseira em Abdrushin.
Abdrushin foi, portanto, Parsival e, por isso, também Imanuel, devido à ligação
da irradiação imediata conduzida mais além, e cuja execução custou grandes
preparativos e esforços. Com a sua permanência na Terra pôde ser conferida
novamente à Criação posterior correspondente força da Luz, para
esclarecimento, fortalecimento e auxílio a todo o espiritual e, através deste,
para toda a Criação posterior.
A humanidade da Criação posterior, porém, opôs-se obstinadamente e não
aceitou isso devido à sua presunção, porque não se importou com as leis da
Criação, preferindo ficar com suas próprias asserções. Também não deu
atenção à missão do Filho de Deus, que devia trazer-lhe ajuda antes do Juízo
Final.
O Juízo Final é em si um processo natural e a conseqüência da formação
de uma linha reta com a Luz, que se realizou com a peregrinação de Parsival
através das partes do Universo.
A Terra foi nesse caminho o ponto decisivo como limite extremo da matéria
grosseira, porque através da espécie espiritual de poucos seres humanos
ainda ofereceu um ancoradouro para isso e por essa razão pode ser salva
conjuntamente como último planeta, muito embora já pertença ao reino das
trevas. Aquilo que jaz ainda mais baixo do que a Terra, portanto mais envolto
pelas trevas, será abandonado à decomposição, a que serão submetidas todas
as trevas com tudo aquilo que elas mantém agarrado.
A Terra ficou sendo, por conseguinte, o último baluarte da Luz em terreno
inimigo. Por isso se encontra ancorado aqui também o ponto final da Luz.
Quanto mais esticada ficar dia a dia a linha direta da trindade da atuação da
Luz: Imanuel – Parsival – Abdrushin, tanto mais perceptível e visível se tornará
o efeito da força da vontade divina, a qual estabelece a ordem e endireita
novamente à força tudo o que a humanidade entortou, isto é, até onde se
deixar endireitar. Aquilo que não se deixar endireitar, terá de quebrar. A força
da Luz jamais admite um meio termo.
Somente na tensão direta dessa linha da Luz o mundo estremecerá com a
força divina, e a humanidade reconhecerá então Imanuel em Abdrushin!
Assim é a evolução em toda a sua simplicidade. Por amor fora satisfeito a
todas as criaturas o anseio para o vivenciar consciente, anseio esse que as
impulsionava! Por amor àqueles, porém, que querem a felicidade e a paz, na
observação das leis naturais desta Criação, será então aniquilado tudo o que
perturba a paz, por ter-se mostrado indigno de poder ser autoconsciente. Nisso
reside o Juízo universal, temido com toda a razão! A grande transformação
universal!
O espírito humano não tem nenhum direito de indagar o “porquê” da
Criação, pois é uma exigência dirigida a Deus, exigência essa que ele não tem
306
o direito de fazer, já que ele próprio se fechou, com o pecado original
voluntário, a toda a sabedoria e à possibilidade de maiores reconhecimentos!
Eu dei, porém, explicação, a fim de desfazer as absurdas imaginações dos
seres humanos de raciocínio, para que os espíritos humanos, que anseiam
sinceramente pela Verdade e estejam dispostos a recebê-la com humildade,
não se deixem transviar por tão criminosa e blasfemadora presunção, no
momento de todas as decisões finais para o ser ou não ser de cada criatura! —
Para aquele que procura realmente, o saber a respeito disso muito dará,
pois vós todos não podereis viver de outra maneira do que na lei! Na lei viva!
Se fordes capazes de compreender isso, é assunto vosso, pois nisso não
vos posso ajudar. A humanidade perguntou, pediu, e eu respondi sobre coisas
que estão muito além da capacidade de compreensão do espírito humano, que
se realizam em distâncias imensas, girando nas órbitas férreas da justiça e da
perfeição divina. Com humildade incline-se a criatura humana!
307
58. Eu vos envio!
Ide, anunciai e explicai minha Palavra Na Luz da Verdade! A fim de que o
Reino de Deus venha sobre a Terra.
Venha Teu Reino! Quantas vezes já foram pronunciadas estas palavras,
desde de que o Filho de Deus, Jesus, esteve aqui nesta Terra. Proferidas com
entusiasmo, pensadas com ardentes súplicas e indizível saudade, por aqueles
que verdadeiramente anseiam pela Luz e pela elucidação.
E agora, quando bate esta hora máxima do grande acontecimento
universal, em que o Reino de Deus deverá vir até vós, seres humanos terrenos,
quereis passar ao lado disso, quereis até combatê-lo, porque não se apresenta
da maneira como vós pensastes em vossa restrita capacidade de imaginação.
Não sabeis o que com isso fazeis. Mas isso não vos protege do fato de
que, agora, tendes de agüentar as conseqüências de vosso atuar até o termo
final, por mais amargo que seja, e talvez também tenha de ser o vosso fim!
Aquilo pelo que já há milênios rogastes e implorastes, quando doenças,
aflições ou misérias bateram, advertindo, às vossas portas, isso deveis
receber, uma vez que é chegado o tempo para isso, e agora não dais maior
atenção a isso do que a um mendigo, que vos é incômodo.
Sagrado, porém, é Deus! E sagrada também é a Palavra, que Ele vos
envia! Ele não mais permite que o sagrado seja conspurcado impunemente
pelos seres humanos infiéis, que se julgam mais do que são perante Ele e a
inviolabilidade da Criação, Sua obra, que Ele lhes cedeu apenas por graça! –
Sagrada também é Sua ira, que o atrevimento da humanidade atraiu agora
sobre si, a fim de que se desencadeie e purifique as partes do Universo,
infestadas por tal falso proceder.
Na sagrada justiça todos os seres humanos serão agora atingidos pela
retribuição, daquela maneira como eles próprios prepararam o solo para isso, e
com aquela intensidade conforme se tornaram merecedores.
Justiça! Ela atingirá a todos vós, a cada um conforme a medida que ele
formou dentro de si através do querer de até então. —
Através de todos os céus e através de todos os mundos ecoa cristalina,
férrea e severa a única palavra: justiça! E esta palavra é vida, tornar-se-á Juízo
para vós! Imediatamente, sem detença, ela se aproxima impetuosamente,
perpassa e abrange toda a Criação com uma força irresistível, poderosa e
grandiosa, superior a todo o pensar humano... sagrada!
E com esta justiça o Reino de Deus se ancora nesta Terra, na Criação
inteira, para que todos os que aspiram sincera e humildemente à Luz, possam
se sentir felizes e salvos.
Demonstrar-se-á quem pertence a esses! Não haverá mais “se” nem “mas”
para os seres humanos na Terra, com o que até agora desperdiçaram seu
melhor tempo apenas de modo cismador e em brincadeiras. Isso lhes será
tirado e com isso arrancada das mãos a arma que eles persistentemente
dirigiram contra si próprios, lastimosa e devastadoramente.
308
A sagrada ira de Deus efetiva esse milagre! Vós, porém, ide então,
anunciai e explicai minha Mensagem, que traz o Reino de Deus sobre a Terra
para os seres humanos.
Mas anunciai-a e explicai-a direito! Não mistureis novamente o vinho com a
água, como aconteceu outrora, quando Cristo Jesus peregrinava pela Terra e,
mais ainda, quando ele não mais estava na Terra.
Por isso, vós mesmos tendes de assimilar primeiramente em vós,
plenamente, a Mensagem, antes de poderdes anunciar dela a outros! E quando
quiserdes transmitir a Palavra, então fazei-o da forma como eu a dei a vós!
Deixai permanecer nela minha vontade, assim como ela é, e não coloqueis nas
mesmas palavras a vossa vontade. —
Isso condiciona, por sua vez, que conheçais exatamente a minha vontade!
Ao anunciar minha Mensagem tendes de seguir exatamente a construção,
assim como eu a dei para vós! Reside nisso uma precisa, intencional e sábia
condução para as almas humanas, que aspiram à Luz. Tomai isso como
orientação para o trabalho construtivo e para a condução. Não deveis
modificar, arbitrariamente, algo nisso; não podeis, segundo a vossa opinião,
pegar do meio esta ou aquela dissertação, na crença de que exatamente essa
é especialmente proveitosa para o indagador.
Isso somente pareceria assim no começo, tornando-se logo perceptível o
que com isso omitistes. Passo a passo tendes de conduzir as almas, sem
precipitação, com paciência, assim como eu vos conduzi, pois elas chegam
ignorantes como crianças, com relação a tudo aquilo que já se tornou familiar
para vós.
Não exijais deles aquilo que vós podeis dar, pois não deveis esquecer que
eu elevei vosso espírito para uma capacidade de compreensão maior do que,
em geral, o ser humano o conseguiria. Vós sois agraciados, a fim de que agora
possais cumprir!
Coisas que já há muito se vos tornaram evidentes e sobre as quais já não
falais mais nenhuma palavra, são, para os que procuram, ainda grandes
revelações, que eles primeiramente têm de aprender a assimilar plenamente,
antes de poderem prosseguir no saber.
Nunca deveis esperar que os indagadores se esforcem para penetrarem
nas alturas de vossa capacidade de percepção, mas sim vós tendes de
aproximar-vos deles espiritualmente, tendes de estender vossas mãos a todos
os que buscam, no nível de sua capacidade de compreensão; somente assim
eles poderão agarrar os auxílios e com isso se movimentar para cima.
Também não mistureis nada das dissertações do tempo atual com partes
do começo da Mensagem, pois não podem unir-se, por que elas têm de seguir
uma após outra, a fim de oferecer os degraus para a compreensão certa. Na
seqüência por mim determinada é exigido incondicionalmente um contínuo
amadurecer, pois eu inicio com os princípios da compreensão de até então e
amplio o saber pouco a pouco, de tal forma, que um espírito humano possa
seguir-me nisso. Depois eu estendo cada vez mais as partes da Criação,
separo muita coisa, que até agora ainda permanecia sob uma expressão
coletiva, em novas partes, que eu antes ainda não mencionara.
Só assim foi-me possível, com o tempo, desenrolar um quadro de grandes
coisas, que o ser humano pode compreender, na pressuposição de que me
309
siga corretamente, sem omitir um único degrau ou galgá-lo de modo
demasiado leviano. A menor lacuna tornar-lhe-ia isso completamente
impossível!
Na construção de minha Mensagem encontra-se ligado também o mistério
da onisciência, que conhece melhor os espíritos humanos e suas capacitações
do que vós, seres humanos, conseguis. E a essa sabedoria tendes de sujeitar-
vos, de qualquer maneira, senão jamais alcançareis o que almejais!
Eu não vos transmito a Mensagem, para que possais proceder com ela
como vós bem entendeis, ao transmiti-la aos seres humanos, mas sim eu exijo
que ela permaneça inalterável em tudo o que ela contém e como ela é! Quem
quiser modificar apenas uma mínima parte do sentido, a mínima palavra,
mesmo com a melhor boa vontade, torna-se culpado!
Trata-se da Sagrada Palavra de Deus, na qual o ser humano não deverá
tocar, para talvez moldá-la mais comodamente para si, ou também para uma
possibilidade de compreensão mais fácil de espíritos humanos indolentes!
A construção tem de permanecer assim como eu a dei para vós. E quem
procurar alterar algo nela, terá de ser excluído da graça de dar algo disso a
outrem. Já foi pecado suficientemente nisso com a Palavra de Jesus, onde a
inteligência humana quis retocá-la, só porque não a compreendia e porque
muita coisa parecia incômoda para a realização terrena. Deixou-se prevalecer
nisso, preferencialmente, o terrenal e torceu-se a Palavra, para que ficasse de
acordo com a maneira humana de pensar.
Em sua construção, a Mensagem oferece para a alma humana um
contínuo caminhar para o alto, até o seu máximo aperfeiçoamento! Atentai
nisso; nunca vos deixeis induzir a sair disso.
Ponderai, é de vossa parte um guiar! No guiar segue-se constantemente
em frente e não se salta sempre de novo para trás, aos lugares que já há muito
tempo se transpôs.
Não trateis a Palavra Sagrada, assim como era usual até agora nos
templos e nas igrejas. Não tomeis alternadamente partes do meio, do começo
ou do fim, a fim de então debatê-las em explicações e esclarecimentos, mas
sim segui nisso sempre o único caminho firme, que vos dei na construção. A
Palavra não deve orientar-se de acordo com os seres humanos, mas sim todos
os seres humanos de acordo com a Palavra! Pois a Palavra é; os seres
humanos, no entanto, precisam primeiro ainda tornar-se.
Desta vez, o ser humano tem de aproximar-se da Palavra e não a Palavra,
dos seres humanos, isoladamente.
Compreendei isso bem e gravai-o firmemente em vós, pois nisso reside o
auxílio para os seres humanos e, para vós, o sucesso. Não desmembreis a
Palavra, mas sim dividi os seres humanos em grupos, que têm de se deixar
conduzir por espírito experimentado! Então está certo. Iniciai com cada grupo
sempre no princípio! Não aceitai ninguém no meio desses, que não tenha antes
se esforçado em recuperar tudo, a fim de estar numa só linha com os outros.
Seria errado se, no prosseguimento das dissertações, num grupo de
ouvintes sérios, fosse sempre de novo, sem opção, recorrido ao começo, para
a própria comodidade. Contudo, bem entendido: eu me refiro com isso somente
aos que ensinam e conduzem, àqueles que divulgam a minha Palavra, e não a
ouvintes ou leitores.
310
Os ouvintes ou leitores podem naturalmente recorrer sempre a trechos
anteriores, para si próprios, uma vez que cada frase, desde o começo, tem um
conteúdo próprio e necessário para o saber, e que não se repete de maneira
igual. O ser humano não pode prescindir desse conteúdo.
A alma humana é conduzida cuidadosamente na minha Palavra.
Justamente na construção residem todos os apoios de que a alma necessita.
Por essa razão também não deve dar saltos, nem para frente e nem para trás.
Certamente ela precisa estar firme em cada degrau, antes de levantar o pé
para o próximo degrau. Cumprindo isso, ela chegará sem queda e sem parada
à perfeição, à sua meta.
Por isso, segui-me também aqui: assim como eu, nas minhas dissertações,
aqui na montanha, procuro viver o vosso atual modo de ser, assim tendes vós,
em vossa atuação, de adaptar-vos sempre à respectiva maturidade
momentânea dos seres humanos, se quiserdes realmente auxiliar aos que
pedem, e ter êxito nisso.
Por essa razão, fostes agraciados e preparados distantes do mundo em
geral, cada qual de vós segundo a sua espécie.
Portanto, acautelai-vos de aproveitar coisas já passadas, para a respectiva
maturidade. Mas evitai, também, de antecipar-vos em vossos esclarecimentos.
Ambas conjunturas atuam perturbando, retendo e repelindo, ao invés de
favorecerem, por melhor que seja a intenção. Com isso sempre causais danos,
ao invés de proveitos, dais pedras em lugar de pão.
Por isso, permanecei vivos na Palavra e com relação aos seres humanos,
esforçai-vos em manter continuamente harmonia entre esses dois pólos,
estabelecendo equilíbrio em vós próprios, se quiserdes divulgar a Palavra
verdadeiramente no meu sentido!
Nunca torneis isso cômodo para vós, mas sim mantende a mobilidade
dentro de vós e também em redor de vós, pois a Palavra Sagrada é vida!
As explanações da Palavra não devem se transformar em agradáveis
horas de entretenimento para os seres humanos, mas sim nas mais intensivas
horas de trabalho do seu espírito, e também em horas de trabalho para vós
próprios, que quereis divulgar a Palavra!
Vós não deveis entreter os seres humanos, mas sim guiá-los! Conduzir
num caminho rumo às alturas luminosas. Isso requer esforço! Para isso não
deve haver saltos nem para trás, nem para frente, nem confusão desordenada,
apenas para tirar trechos agradáveis, por escolha própria. Quem quiser chegar
a um belo mirante, também terá de transpor sempre todo o caminho que leva
até lá, do contrário não poderá apreciar essa vista! Atentai a essas alegorias da
natureza, que vos podem oferecer a melhor orientação para muitas coisas, sim,
para todo o atuar.
E quando falardes, escolhei uma maneira de expressão simples! Somente
na simplicidade reside a grandeza. Contudo, lembrai-vos sempre de que
simplicidade jamais deve ser confundida com comodidade. Isso seria errado.
Justamente tudo o que é verdadeiramente simples exige o maior
desenvolvimento de forças em vós próprios!
O que é simples condiciona também uma genuína autenticidade, pois sem
autenticidade a simplicidade cairia imediatamente no ridículo. Com a
simplicidade no pensar, falar e agir nunca pode haver engano e nenhuma
311
falsidade, porque tudo isso não pode ocultar-se nela. A simplicidade tem de ser
totalmente verdadeira, senão não pode subsistir e não é nenhuma
simplicidade, a qual permanece inseparável da Verdade.
Por isso, somente a Verdade pode ser expressa com palavras simples e
claras. Tudo o mais necessita de belas palavras, para circunlóquios, de frases
pomposas e apêndices, para que tenha alguma ressonância. Exatamente
assim ocorre com vossa atuação e toda vossa conduta. Somente quando
puderdes vos tornar realmente simples nisso, sereis também realmente
verdadeiros dentro de vós!
Não confundais, porém, novamente a simplicidade com a pobreza ou com
a miséria! Isso é algo totalmente diverso.
A simplicidade desenvolve toda espécie de beleza, muito mais ainda, ela é
a própria beleza, e beleza é naturalidade em todas as formas, pois o natural é,
em si, sempre belo. Unicamente o ser humano transforma tanta coisa, pelo
forçar, em caricatura, porque perdeu a simplicidade dentro de si.
Convocados, ainda muito teríeis de aprender e em muitas coisas tendes de
modificar-vos ainda, porém só vos resta tempo ainda para a ação, e não mais
para a reflexão ou para um lento amadurecer. Da noite para o dia tendes de
estar prontos dentro de vós!
Os convocados assumiram o compromisso de viver exemplarmente na vida
pública, na profissão e também na família; em suma, de serem
verdadeiramente seres humanos agradáveis a Deus, favorecendo a Criação
inteira, cujos ricos frutos podem usufruir de todas as formas que ela,
continuamente, lhes oferece, semelhante a uma mesa sempre fartamente
posta.
Se a alguns não é permitido se aproximarem, a fim de se saciarem, então
isso é culpa somente dos seres humanos, que se interpõem maldosamente,
pois a Criação oferece tudo o que o ser humano necessita, e oferece também o
suficiente para todos que ela acolheu como hóspedes. —
No entanto, não deveis apenas ensinar a Palavra, mas sim tendes de
torná-la também viva dentro de vós e fora de vós! Também fora de vós, isto é,
exteriormente! Vós próprios tendes de moldar-vos de acordo com a Palavra.
Quem trouxer viva a Palavra dentro de si, nesse a Palavra se exterioriza
por si, automaticamente, sem restrições, não só no falar, mas sim também em
todo o atuar! Ele esforçar-se-á para aprimorar-se no asseio, no traje e nos
movimentos, enfim ele irá e terá de se esforçar para ser de tal forma, que se
torne uma alegria para seus semelhantes, seja na profissão ou na vida
cotidiana, à mesa ou em suas horas de descanso, não importa, ele formará
todo o seu ser de tal modo, que nisso se apresente terrenamente perfeito.
Este é o dever, o alvo, que cada ser humano tem na Terra; também por
essa razão ele está encarnado aqui na Terra. Ele deve polir-se entre os seres
humanos. Quando então tiver de deixar seu corpo de matéria grosseira sobre a
Terra, quando tiver de prosseguir na sua peregrinação pela Criação... aquilo
que adquiriu na pressão do corpo grosseiro, o domínio, a nobreza de seus
movimentos, tudo isso ele leva junto, como propriedade da alma.
O desenvolvimento interior do espírito tem de permanecer no mesmo passo
de sua espécie corporal, harmoniosamente.
312
Não é possível que um espírito humano seja em si realmente nobre e
maduro, se ele, como ser humano terreno, ainda se apresenta corporalmente
relaxado. Nesse caso, algo com o seu espírito também não está certo. De
maneira alguma!
O ser humano terreno, porém, na maioria dos casos, imagina isso de modo
diferente; por essa razão existem muitas pessoas que permanecem muito
descuidadas em relação a si próprias e na convivência com os outros, e que
até tomam suas refeições de tal maneira, que perturbam os que estão
sentados em volta, porque esse fato repele o mais simples senso de beleza.
Isso é falta de consideração com relação ao próximo, e de maneira alguma
comprova maturidade ou valor interior.
Justamente nisso existem muitas, sim, muitíssimas coisas, que são
decisivas para tantas coisas grandes, também para a ascensão espiritual! Tal
maneira de viver pende no ser humano também espiritualmente de modo
estorvante, e não apenas terrenalmente! Justamente a isso foi dado até agora
muito pouco valor. O ser humano classificou muitas denominações, das
deficiências espirituais, simplesmente sob o termo coletivo “falta de tato” ou
“falta de sensibilidade”.
Estas coisas são incisivas para o destino de uma pessoa, estorvantes para
a ascensão, terrenal e também espiritualmente. Não são insignificâncias, como
se pensa, nem coisas secundárias, mas sim todas elas são expressões de
deficiências espirituais, que ficam aderidas também no trespasse, e são
capazes de forçar tantas almas humanas a muitas reencarnações
intermediárias nesta Terra, estorvando, portanto, sua ascensão, talvez, por fim,
impedindo-a até totalmente.
Por isso, moldai-vos de acordo com a Palavra também exteriormente, seres
humanos, mantendo o passo nisso com o vosso amadurecimento progressivo,
senão vos faltará a harmonia e, mesmo com a melhor boa vontade,
freqüentemente podereis ser arrastados para trás, impedindo a ascensão!
Não existe nada de unilateral para o ser humano. O espírito não pode
amadurecer sozinho na Terra, sem que também o corpo terreno acompanhe
esse desenvolvimento! O ser humano de boa índole, que ainda permanece
desleixado terrenalmente, mostra que seu espírito não pode, simultaneamente,
ser denominado de bom, pois ser bom equivale a ser maduro espiritualmente
para as planícies mais luminosas. Mas isto não é possível sem esforço
corporal, para manter o passo com o espírito.
E isso é possibilitado a qualquer categoria profissional, sem distinção,
mesmo à pessoa mais simples, pois isso não requer nada mais do que apenas
a boa vontade e a disposição de obrigar-se nesse sentido. Não exige nem
tempo, nem dinheiro, nem qualquer outra coisa, pois pode realizar-se em toda
a parte e a qualquer tempo. Seja durante o trabalho, nas refeições ou nas
horas de descanso, igualmente nos divertimentos e nas distrações. Não há
nenhum momento na vida em que isso não possa ser feito.
Por essa razão, deixai vosso comportamento exterior, de agora em diante,
dar testemunho de vosso espírito, que, na verdade, já há muito está sequioso
por isso!
Quem não se esforçar nesse sentido, esse será atraído para junto
daqueles que nisso se assemelham a ele e que por essa razão têm uma
313
vibração igual à dele, a qual ele não incomoda. Assim se forma uma espécie de
harmonia também nessa espécie, eles podem ascender com mais facilidade,
porque nenhum rancor os retém, rancor esse que provocariam nos outros com
sua conduta desleixada.
Quando tiverdes cumprido tudo isso, só então podereis apresentar-vos
diante dos que procuram, podereis aparecer! Então sereis assim como os
indagadores o esperam de vós! Dessa forma auxiliais as pessoas que aspiram
pela Luz da Verdade, que anseiam por ela! Dessa forma dais muito a eles, pois
o vosso exterior é, aliás, a primeira coisa que observam e avaliam em vós!
Os seres humanos vêm em primeiro lugar apenas o vosso exterior! O traje,
toda a vossa apresentação e como vos comportais no relacionamento geral.
Por isso transformai-vos exteriormente de acordo, a fim de igualmente
cumprirdes nisso a Palavra. É a ponte para os seres humanos, sobre a qual
eles precisam andar, para chegar às vossas almas e ao tesouro do espírito que
quereis oferecer!
E quando os seres humanos quiserem abrir as almas diante de vós, então
não as cumuleis com o vosso saber, ó convocados! Os seres humanos querem
a Palavra Sagrada, e não o vosso saber! Pensai nisso.
Fostes ricamente presenteados com tanto saber, para que possais atuar
dentro dele. Foi-vos dado para ser utilizado no vosso servir e não para que o
passeis adiante aos seres humanos como um saber! O saber deve facilitar o
vosso servir e deve ser utilizado por vós somente para o bem da humanidade,
mas não deve ser passado aos seres humanos. Semelhantes tentativas terão
de se vingar em vós próprios, evidenciando-se como erradas, porque os seres
humanos não saberiam o que fazer com isso.
Eles iriam fragmentar os altos dons e procurariam empregá-los apenas
para fins egoísticos, assim como sempre foi de sua índole, e isso não é
desejado.
Sagradas sejam para vós as capacitações que recebestes para utilização
no serviço do Graal! Nisso reside tudo o que tenho a dizer-vos a esse respeito.
Do saber parcial adviria para os seres humanos apenas nova desgraça, nova
maldição.
Por essa razão, trabalhai apenas em vosso saber, em vossa capacidade,
mas não ensineis isso! Isto é condição que eu transmito aos convocados no
caminho da atuação. Com o cumprimento proporcionareis bênçãos, mas com o
não-cumprimento semeareis desgraças, em primeira linha para vós mesmos e
depois também para os outros.
Se o convocado aproveitar bem as capacitações que lhe foram
presenteadas, num silencioso e fiel atuar, então os seres humanos se
alegrarão, reconhecerão rapidamente todas as bênçãos e as desfrutarão
agradecidos. Mas se quiser explicar seu saber a outrem, seja apenas para a
própria alegria nisso, ou por satisfação, então eles não o entenderão e, devido
à incompreensão, também duvidarão de sua capacidade, afastando-se dele!
Falai aos seres humanos através do atuar, ó convocados!
No entanto, entre todas as coisas jamais esqueçais que recebestes de
presente a vossa capacidade, e que tudo que podeis e que também vos é
permitido realizar é graça de Deus!
314
O que necessitardes terrenamente sempre afluirá para vós, assim que vos
esforçardes por isso. Contudo, jamais ouseis utilizar essas dádivas com
pensamentos egoísticos de vosso raciocínio, portanto de maneira diferente do
que a serviço do Santo Graal! Pelas leis do Graal, isso teria de se tornar para
vós então maldição, ao invés de bênção. Vós sois presenteados, para que
possais dar! Tomai isso como base para a atuação no futuro.
Lembrai-vos disso em todos os momentos e não deixeis vosso raciocínio
colocar armadilhas nisso. Permanecei firmes e livres em vossos esforços, fiéis
no servir, então o agradecimento da humanidade vos acompanhará um dia
alegremente às alturas luminosas, onde o amor de Deus vos espera, vós que
vos demonstrastes como servos fiéis na vinha do Senhor!
Ide, anunciai e explicai agora a Palavra na Luz da Verdade, a todos os
seres humanos que anseiam por ela, e sede um exemplo para eles, em todos
os tempos, a fim de que o Reino de Deus também venha agora para esta
Terra!
315
59. Páscoa 1934
Assim como na primavera muitas vezes sopram vendavais, anunciando o
ressurgir da natureza, deve agora a Páscoa deste ano anunciar a vossa
ressurreição e a da humanidade, do sono espiritual que durou muitos milênios.
Ressurreição do vosso espírito, até agora escravizado pelo raciocínio preso à
Terra, eis o que ela vos deve anunciar.
Com vendavais e sofrimentos nasce a nova era, uma imensa febre
universal provoca a purificação, agitando e também sacudindo o corpo doentio
desta Terra, levando-o a julgar que perecerá, enquanto, na realidade, o
processo conduz ao saneamento.
O que é velho será arrancado, espremido e expelido porque foi errado e
perturbador na vibração desta Criação; terá de perecer, será tostado e
queimado, e das cinzas então florescerá, pela graça de Deus, algo novo, que
se submete às leis, que, nelas crescendo, desabrocha para a plena beleza,
produzindo então frutos em abundância, os quais, na sua delícia, oferecerão o
máximo de que o espírito humano é capaz.
Antes, porém, terão de vir os pesados vendavais, os febris tremores
depuradores terão primeiro de penetrar em tudo, a fim de eliminar o que é
velho, antes que o novo possa surgir, e vós, que deveis tornar-vos capazes de
sair disso tudo, necessitais da graça de Deus, para poder reerguer-vos,
quando, após todos os vendavais, o novo Sol vos chamar para a nova vida!
Sentireis sensações milagrosas em vossa alma. Cansados a ponto de um
perecer bem-aventurado e, apesar disso, novamente fortalecidos por
inenarrável força. Tímidos, e ao mesmo tempo destemidos, tristes e, contudo,
cheios de alegria. Assim como, após as violentas tormentas, resplandecem,
refulgentes, derradeiras gotas sobre as flores e os capins, quais magníficos
cristais, da mesma forma as lágrimas ardentes, das almas que choram na
amargura, tornar-se-ão, de repente, quais diamantes refulgentes, no adorno da
mais pura alegria e da mais profunda gratidão!
Jubilareis chorando, e tremendo erguer-vos-eis, no fulgor resplandecente
do amor de vosso Deus! Assim vos sentireis após o Juízo. —
Fidelidade imutável, porém, é para vós o caminho para alcançardes isso;
sagrada fé, a chave do portal para a nova vida, e no amor desprendido reside a
força de que necessitais!
Então um dia ouvireis também aqueles sinos de Páscoa, que anunciam a
paz a todos os seres humanos, os quais, como convalescentes após longa
enfermidade, encontraram espiritualmente o caminho para casa, para o
Senhor, cuja sagrada ira tiveram de sentir, antes de O reconhecerem, a fim de,
cheios de gratidão e abrigados, finalmente perceberem nisso o Seu grande
amor.
Sinos de Páscoa anunciarão um dia também alegria a um povo, que, em
seus errados e presunçosos caminhos, forçou para si as piores dores e só
dessa maneira aprendeu a erguer seu olhar, a fim de alcançar, finalmente,
aquela maturidade que o tornará convocado, para preceder luminosamente
toda a humanidade terrena no serviço do Senhor.
316
E, finalmente, serão também sinos de Páscoa que anunciarão, dobrando
em todos os países, a consumação, que as trevas afastaram-se totalmente da
Terra e que ela poderá banhar-se em nova Luz, que lhe será dada, até que
possa dissolver-se, para se reintegrar ao estado primitivo do qual, outrora, se
formou.
Agora, entretanto, esses sinos dobram para o Juízo! Cada ser humano tem
de passar pela espada julgadora, cujo fulgor o atinge. Não simultaneamente,
mas em um bem determinado espaço de tempo que, em face do número de
criaturas humanas, é relativamente curto.
E uma só vez tem cada ser humano a oportunidade de intuir a última graça
de Deus na Palavra! Passa por ele de alguma maneira, de tal modo que ele
possa reconhecê-la, contanto que queira. Se então não se apegar a ela com
toda a força, aproveitando esse instante, a ocasião jamais voltará para ele e ele
deverá perder-se.
Trata-se apenas de uma pequena parte desses seres humanos, que ainda
reconhecerão essa graça e também a aproveitarão para si. Os outros perderão
seu tempo, a oportunidade que só uma vez se aproxima. Julgam que
continuarão capazes de recorrer a ela como até agora, a qualquer hora, se de
fato não for possível de forma diferente. Tornar-se-á, no entanto, um terrível
reconhecer, quando tiverem de se conscientizar que, com isso, tudo já se
perdeu para eles, irremediavelmente, e que seus nomes já foram apagados do
Livro da Vida, da permissão de viver na Criação.
Para muitos esse reconhecimento não virá mais aqui na Terra, mas só
quando tiverem de deixar o corpo carnal. Contudo, já estavam antes
destinados à morte, à eterna, da qual não existe um despertar para eles, após
os inenarráveis tormentos da decomposição da permitida autoconsciência
pessoal! —
Apenas uma vez, seres humanos, passa a graça silenciosamente por vós,
sem vos chamar, pois sois vós que tendes de procurá-la, ansiosos,
aguardando-a acordados, abertos às irradiações que vêm das alturas
luminosas. Apenas uma vez cada qual dentre vós, seres humanos, ainda será
tocado por elas durante o Juízo! Não de maneira aliciadora ou engodante, mas
objetivamente, indiferente a quem as agarre ou a quem as deixe passar. É da
vontade de Deus que vós mesmos vos esforceis para tanto!
Medo e pavor sem limites deveriam apossar-se da humanidade, se ela
apenas tivesse uma noção da magnificência de Deus, que reina
resplandecentemente na onipotência inenteal, em inatingíveis distâncias.
Inatingíveis até aos mais puros arcanjos no divino!
E muitos espíritos humanos têm a pretensão de serem eles mesmos, em
parte, divinos de origem ou de se tornarem divinos em última e suprema
perfeição, mais ainda, de constituírem então eles mesmos, talvez, uma parte
de Deus!
Eles, como criaturas de uma irradiação, que somente em suas derradeiras
ramificações podem tornar-se conscientes, pois de outra forma são fracos
demais para suportar a pressão da Luz já muitas vezes esfriada, pretendem
trazer em si a centelha divina, quando nem sequer possuem uma idéia da
Criação de Deus, e muito menos ainda de Deus!
317
Revolvem-se somente em imagens fantásticas, originárias do pântano
sufocante dos próprios desejos, os quais adoram e veneram o querido “eu”.
Sua humildade é uma sórdida blasfêmia à santidade pura do Senhor! Com sua
arrogante vaidade e sorrateira hipocrisia, são as mais repugnantes criaturas
desta Terra.
Justamente essas criaturas humanas ousam desrespeitar a vontade de
Deus na Criação e impor a própria como única determinante para elas e como
regra para seu pensar e atuar.
O veneno penetrou em tudo o que existe na Terra. Nada acontece aí de
acordo com a verdadeira vontade de Deus, mas tudo de acordo com a vontade
dos seres humanos, os quais até moldaram a vontade de Deus somente de
acordo com os próprios desejos, afirmando então arrogantemente que a
vontade de Deus só pode ser desta e nunca de outra forma, porque assim
pensam! O seu pensar, porém, orienta-se de acordo com seus desejos!
Ultrajes pecaminosos e blasfematórios por toda a parte. O ser humano
espalhou veneno em todo o lugar por onde passou. Onde quer que atue com
seu pensar, que, como ponto central, como núcleo de todo o ser e atuar, é
capaz de enxergar sempre, unicamente, o próprio ser humano, ele colocou sua
vontade contra a vontade de Deus, torcendo tudo com teimosia nociva.
Com repugnante evidência se arroga de modo renitente o direito à
determinação sobre muita coisa que nem lhe compete, segundo as sagradas
leis de Deus, que estão firmemente ancoradas na Criação e às quais deveria
ter-se curvado, se quisesse ter paz.
Mas isto ele não quer! Deus deve, no sentido da palavra, servir para ele,
diante de terceiros, apenas como ponto de apoio à sua presunção; pois ele se
atreve, diariamente, a toda hora, até a designar os próprios pensamentos,
palavras e ações, como se fossem desejados por Deus, invocando Deus como
testemunha do seu direito!
Direito receberá agora cada um, sagrado direito, porém diferente do que
pensa! E vós, que vos curvais confiantemente, vós deveis ser testemunhas
disso na época vindoura!
Errado é o que o ser humano faz, por ter ele mesmo se distanciado de
Deus. Desde a base, primeiramente tudo terá de se tornar novo, antes que ele
possa novamente encontrar graça perante Deus.
Já o conceito que o ser humano formou de Deus é errado! Até nisso se
pode reconhecer muita coisa facilmente, como produto da presunção humana,
tal é a forma como ela se enraizou no cérebro humano. E sobre isso se
encontra a falsa construção de todo o pensar e agir. O ser humano não
conhece mais seu Deus, mas sim apenas formou um ídolo, cômodo para ele!
Sobre tal base errada não se pode erguer uma construção sólida. Tudo o que
nela repousar tem de desmoronar.
Ainda que dotado de boa vontade, o ser humano já não merece ser
auxiliado. Apenas o imensurável amor de Deus é capaz, mesmo assim, de
enviar a oportunidade para mais um auxílio!
Mas desta vez será dada aos seres humanos apenas a oportunidade, nada
mais. Como acontece ao indivíduo prestes a morrer afogado, a quem só pode
ser atirado um salva-vidas, já que outras possibilidades de auxílio são
impraticáveis.
318
Assim acontece convosco, ó seres humanos! Tendes de lutar
desesperadamente por vós próprios, tendes de esforçar-vos para agarrar ainda
em tempo esse salva-vidas, senão estareis legitimados à morte eterna, à qual
jurastes fidelidade por vós mesmos!
Esse salva-vidas vos foi atirado por intermédio da Palavra de Deus.
Somente aquele que, suplicando, se agarrar nele, será salvo, e todo o mais
deverá sucumbir!
Seres humanos, lutai portanto pela vossa existência com vossa melhor boa
vontade, senão as ondas logo se abaterão sobre vós! —
Eu sei, que grande parte desses seres humanos irão e deverão se perder
agora, pois do contrário, não poderá haver restabelecimento para este mundo.
Deus tolerará apenas criaturas que se submetem à sua vontade, pois
somente através Dela puderam surgir. Nada mais deverá doravante desfrutar
as bênçãos das Criações. Deverá haver clareza em toda a parte. O que é
perturbador deve ser cortado e deve desintegrar-se sem aprovisionamento de
força; pois existe apenas uma força mantenedora, que procede de Deus. E
esta futuramente não mais será proporcionada a perturbadores e teimosos!
A sagrada espada de Deus vibra purificando no raio da mais elevada Luz
agora também sobre esta Terra, para que nada permaneça nela, que não
queira reconhecer a Verdade e orientar-se jubilosamente por ela!
Pela justiça de Deus será destruído tudo o que a humanidade criou para si
como caricaturas de justiças deformadas, concebidas pelo raciocínio
corrompido, que serve apenas ao mais baixo desejo de poder! — —
“Basta! Até aqui e não mais adiante!” diz o Senhor, e sua ira sagrada
destruirá tudo o que não for digno de suas bênçãos!
319
60. Inenteal
A palavra “enteal” é uma expressão da Criação. É tão abrangente, que o
espírito humano, como uma partícula da Criação, nunca poderá ter dela um
conceito certo.
Como o contrário de enteal é utilizada a expressão “inenteal”. O que
significa inenteal a criatura humana muito menos ainda pode imaginar. Terá
sempre uma idéia confusa disso, pois trata-se de algo que lhe será sempre um
enigma. Nem pode formar a tal respeito uma noção, por não existir para o
inenteal nenhuma forma no sentido do espírito humano.
No entanto, a fim de levar-vos pelo menos um pouco mais perto da
compreensão, quero empregar para expressões referentes à Criação
expressões terrenas, mesmo que estas possam significar apenas uma diminuta
sombra em relação à realidade.
Como enteal pensai no que é dependente, e como inenteal no único
independente!
Isto vos dará, pensando de maneira humana, a melhor possibilidade de
aproximar-vos objetivamente, mesmo que também não possa transmitir nem
designar o que realmente é ou como é, pois esse “o que” nunca podereis
compreender, ao passo que podereis fazer dessa maneira pelo menos uma
imagem aproximada sobre o “como”.
O inenteal é, portanto, o único independente, ao passo que tudo o mais
depende dele em todo o sentido e por isso é denominado enteal, ao qual
pertence também todo o espiritual e da mesma forma todo o divino, ao passo
que o inenteal é somente Deus!
Vedes, portanto, que entre o divino e Deus há ainda uma grande diferença.
O divino ainda não é Deus, pois o divino é enteal, e Deus, no entanto, inenteal.
O divino depende de Deus, não pode existir sem Deus. Deus, porém, é
realmente independente, se quisermos utilizar expressões terrenas para isso,
as quais naturalmente não podem dar a entender aquilo que realmente é, visto
que noções terrenas ou humanas não conseguem abranger tamanha
grandeza.
Deus, portanto, não é divino, atentai bem nisso; Deus é Deus, visto que Ele
é inenteal, e o inenteal não é divino, é Deus!
Cristo Jesus disse outrora com palavras singelas:
“Eu e o Pai somos um só!”
Portanto, Ele não era divino, o que significaria enteal, mas Ele era Filho de
Deus, vindo do Inenteal.
A expressão “O divino” em relação a Ele, portanto, está errada, se vós
seres humanos o quereis considerar bem. divinos são os arcanjos e os anciãos
no divino. Jesus, porém, era e é Filho de Deus!
Nisso encontra-se um fato simples, inalterável, por ele ter vindo do inenteal,
portanto, de Deus próprio, e não da irradiação direta de Deus, que é enteal, e
que está sendo denominada como divina.
O núcleo do Filho de Deus é uma parte do próprio inenteal. Como podereis
ver, o sacrifício, que Deus-Pai ofereceu a toda a humanidade é, por isso, muito
320
maior, e muito mais monstruoso ainda é o crime dessa humanidade e o de
Lúcifer, que empreenderam uma luta da mais baixa espécie contra Deus, do
qual eles todos, sem exceção, deverão permanecer totalmente dependentes.
A conseqüência da sagrada ira virá sobre os blasfemos com toda a força,
que não deverá ser amenizada!
A vós, porém, que foi permitido conhecer a minha Palavra, que provém do
inenteal, vós podereis nisso reconhecer agora toda a grandeza de vossa
missão, como também a abrangência de toda a graça, que com isso vos será
dada.
321
61. Como assimilar a Mensagem
O ser humano terreno comete um grande erro, quando procura o saber
espiritual: deseja prosseguir dando saltos, ao invés de caminhar passo a
passo, com calma e certeza absoluta. Mal percebe qualquer impulso que o
queira conduzir para a busca de valores espirituais, pergunta logo pelas últimas
coisas, que se acham muito acima da capacidade de compreensão de um
espírito humano.
Com isso já se torna, de antemão, incapaz de assimilar algo. Perturbado,
sem coragem, logo deixa de procurar. Não raro lhe sobe até o rancor em sua
alma, e zomba, tripudia e escarnece de outros pesquisadores, contra os quais
investe hostilmente. Todavia, tal hostilidade se baseia propriamente na
sensação de um reconhecimento opressivo de que ele próprio não foi capaz de
encontrar valores nas coisas espirituais. O saber de sua impotência leva-o a
uma hostilidade, a que se associam inveja e despeito.
Quem escarnece não é superior, mas somente um enraivecido. No
escárnio e desdém encontra-se uma confissão franca da própria insuficiência,
da própria fraqueza, da incapacidade em relação a uma determinada coisa,
para cuja compreensão falta ao escarnecedor a respectiva capacidade. Ou é a
inveja que se manifesta através dele. Inveja do fato de outrem poder
compreender algo que lhe permanece incompreensível.
Também é peculiar ao espírito humano que lhe falte o escárnio e o desdém
no caso em que se imagina mais sabedor. Estando convencido realmente do
seu saber, falta-lhe qualquer impulso para o rancor e a hostilidade. —
Mas então pode também o medo fazer com que o espírito humano se torne
cheio de ódio. Antes de tudo, o medo de ser rebaixado na opinião pública, o
medo de que se torne conhecido que seu próprio saber, até então por ele tão
orgulhosamente mostrado, receba um golpe através de uma coisa que ele
mesmo não é capaz de seguir ou que não pode seguir, sem classificar seu
querer saber de até então como sendo falho, senão falso.
Esse é, com certeza, o motivo mais forte para um espírito humano terreno
dirigir ataques, escárnios, zombarias e adotar até mesmo os mais repugnantes
métodos de combate, não recuando perante mentiras e calúnias, e passando
até mesmo à agressão, caso não consiga êxito de outra maneira.
Assim é nas coisas mínimas bem como nas máximas. Quanto mais um ser
humano, com seu querer saber, exercia influência sobre os seus semelhantes,
quanto mais estes têm conhecimento desse querer saber, tanto mais
energicamente ele se fechará sempre perante novos conhecimentos
provenientes de lado desconhecido, tanto mais desesperadamente trabalhará
contra os mesmos.
Muitos seres humanos gostariam de abrir-se a um novo saber, mesmo que
este se opusesse ao seu querer saber imaginário e falso, contanto que
ninguém saiba de suas opiniões anteriores.
Mas se seus semelhantes têm conhecimento disso, então sua vaidade não
admite que ele se associe a um novo saber, o qual modifique o seu, pois com
isso mostraria ter andado errado até agora. Rejeita-o então e às vezes também
322
contra a sua própria convicção íntima, o que freqüentemente o faz passar
horas difíceis!
Covardemente procura então palavras bem soantes que devam encobrir a
sua vaidade, e o raciocínio sagaz ajuda-o nesse sentido. Faz com que declare,
com ares de dignidade, que se considera responsável perante aqueles que o
seguiram até agora em seus caminhos. Por “amor” aos outros rejeita o novo
saber, a fim de não se espalharem inquietações naquela paz que as almas de
seus fiéis encontravam nos pensamentos de até então.
Aqueles que assim falam são hipócritas condenáveis, pois a sua paz tão
louvada não passa de sono que aprisiona o espírito humano e o impede de
mexer-se, segundo a lei divina do movimento, e de desenvolver o espírito, a fim
de que lhe cresçam as asas para o vôo rumo às alturas luminosas, e das quais
eles, em seu sono de paz, têm de ficar afastados!
Entretanto, muitas pessoas de bom grado correm atrás desses indivíduos
nocivos às leis de Deus, porque a comodidade, que eles ensinam, é muito
sedutora para os espíritos humanos indolentes! É o caminho largo de toda a
comodidade rumo à condenação, às regiões da decomposição. Não foi sem
motivo que o Filho de Deus, Jesus, se referiu tantas vezes ao caminho estreito,
duro e pedregoso rumo às alturas, e advertiu contra a estrada larga da
comodidade! Ele conhecia bem demais a preguiça e a indolência desses
espíritos humanos e as tentações dos asseclas de Lúcifer, que aproveitam as
fraquezas!
O ser humano tem de se mexer, se quiser atingir as alturas luminosas. O
Paraíso espera-o, mas não desce até ele, se ele não anseia atingi-lo. Todavia,
ansiar não significa unicamente pensar, pedir, mendigar, conforme fazeis hoje;
ansiar significa agir, movimentar-se, a fim de chegar até lá!
Os seres humanos, porém, somente mendigam, e ainda supõem que serão
conduzidos por aquelas mãos, que outrora eles odientamente perfuraram com
pregos! A todos vós será mostrado somente o caminho, ó preguiçosos;
percorrê-lo, vós próprios é que tendes de fazê-lo! Para conseguir isso, tendes
de esforçar-vos.
Quantas vezes Cristo disse isso, e, contudo, pensais que os pecados vos
podem ser perdoados assim sem mais nem menos, diretamente, bastando
rogardes por isso. Viveis segundo vossos desejos e exigências, e ainda
mendigais que vos seja concedido auxílio divino para tanto. Esperais esse
auxílio, porém, novamente daquela forma, conforme vós quereis, impondo até
condições nisso.
Para onde quer que olhardes, preguiça e presunção. Nada mais. Também
é preguiça do espírito, quando, no início do despertar espiritual, dando saltos,
já perguntais pelas últimas coisas. Com isso quereis apenas ver, no começo,
se vale a pena seguir o caminho, que requererá esforços de vós. Não vos dais
conta de como um ser humano se torna ridículo com tais perguntas, perante
aquele que vos pode dar resposta. Pois tais perguntas só podem ser
explicadas por alguém que venha consciente de cima, que esteve, para vós,
nas últimas coisas, que na verdade são as primeiras, e que não devem ser
chamadas de últimas.
323
E quem vem de cima sabe, também, que não há sequer um espírito
humano que possa pressentir tais coisas e menos ainda conseguir assimilá-las
conscientemente.
Eu vos trouxe aquela Mensagem, da qual os seres humanos terrenos
necessitam, se quiserem ascender espiritualmente! Aprofundai-vos direito nela!
Contudo, na melhor das hipóteses a achareis bela. . . e logo perguntareis por
coisas que jamais podereis compreender. Por isso também não trazem proveito
para vós.
Quando, porém, tiverdes acolhido direito em vós a Mensagem inteira,
vivenciando e experimentando dentro de vós cada palavra, a fim de convertê-
las em ações, como coisa natural de vossa existência na Terra, então ela será
vossa como a vossa carne e o vosso sangue, dos quais necessitais na Terra
para o cumprimento de vossa peregrinação terrena.
Se agirdes dessa forma, então, conseqüentemente, não mais apresentareis
semelhantes perguntas, pois então vos tereis tornado sabedores, tão
sabedores quanto pode tornar-se um espírito humano. E com isso também
terminará, ao mesmo tempo, o desejar insensato, pois no saber vos tereis
tornado verdadeiramente humildes, tereis colocado de lado as fraquezas de
vossa vaidade humana, do orgulho, da presunção de vosso querer saber
próprio e os muitos defeitos que um espírito humano adquiriu.
Por conseguinte, quem faz essas perguntas, e outras parecidas, dorme
ainda na preguiça de seu espírito e apenas imagina com isso acentuar a
atividade do espírito e o forte impulso para a procura. Não é diferente de uma
criança que gostaria de realizar uma corrida e, todavia, nem sequer aprendeu
ainda a andar!
Também não podeis tomar da Mensagem partes isoladas, que vos
convenham ou interessem no momento, pois interesse não basta para o
aprendizado espiritual, é suficiente apenas para o raciocínio, não para o
espírito, que exige mais.
Tendes de tomar tudo ou nada.
Pode bem, do interesse, surgir verdadeira procura; porém não facilmente e
mui raramente. Também o fervor só prejudica, pois induz a dar saltos, que
paralisam as forças. Prosseguir com serenidade, palavra por palavra, frase por
frase; não apenas ler e aprender, mas sim procurar, como na vida, assimilar
em imagens tudo o que vos dei. Aprofundai-vos até o âmago em todas as
palavras, então, sim, só então podereis ter um pressentimento de que possuís
a Palavra da vida nas mãos, a própria Palavra viva, que não foi composta por
um espírito humano com coisas aprendidas ou imaginadas.
Somente quando vos esforçardes em viver de acordo com a lei divina do
movimento harmonioso, então a Palavra poderá tornar-se viva em vós, a fim de
fazer-vos subir às alturas luminosas, que são a vossa verdadeira pátria. Antes,
porém, destruí todas as muralhas que a preguiça de vosso espírito, durante
milênios, consolidou tão firmemente em redor de vós, que atrofiou e prendeu as
vossas asas espirituais, a ponto de bastar-vos o dogma rígido e morto, sim, de
até parecer-vos grande, e com o qual vós hoje, somente de forma vazia,
procurais servir aquele Deus, que é a própria vida! —
Apesar disso ainda vos esclareci, por fim, mediante descrições, aquilo que
chamais as últimas coisas, mas que na realidade são as primeiras, de maneira
324
que agora não sobra mais nenhuma pergunta a ser feita durante a existência
inteira. Dei-vos isso como recompensa, pois para reconhecer as descrições
deveis antes vos ter submetido àquele esforço de assimilar vivamente, dentro
de vós, palavra por palavra da Mensagem inteira! Quem omite esse trabalho
jamais poderá compreender-me, mesmo que julgue isso possível.
Evitai, portanto, todos os saltos; ide, pelo contrário, ao fundo de cada uma
de minhas palavras, desde o início, e frase por frase. Ser humano algum é
capaz de esgotar aqui na Terra o valor da Mensagem, pois ela se destina a
todas as partes do Universo. Não tomeis indiscriminadamente partes isoladas
da Mensagem. Ela é um todo, indivisível, como as leis de Deus nesta Criação.
Nada pode o espírito humano abalar ou torcer nisso, sem prejudicar a si
próprio. Também não podeis anexar a ela nada de fora, nem podeis intercalar
em lugares isolados qualquer coisa estranha, que vos seja mais agradável, não
importando se se origine de uma doutrina conhecida por vós ou se provenha de
vós mesmos.
Desde a primeira até a última palavra tendes de deixar inalterada a minha
Mensagem, se ela deva trazer-vos proveito. Primeiro tendes de vivenciá-la
dentro de vós, a fim de então, exteriorizando-a, transformá-la em vossa vida!
Se agirdes assim, então caminhareis direito e as alturas luminosas se abrirão
diante de vosso espírito, a fim de que as atravesseis em direção ao mais
elevado reino de radiantes atividades dos espíritos humanos bem-aventurados,
reino esse que denominais Paraíso. Lá pressentireis então o puro espiritual e
intuireis a força do divino, que vos ofereci em descrições como recompensa. E
então não querereis mais perguntar, porque em meio à vossa felicidade
permanecereis sem desejos! Então não vos atormentará mais o raciocínio,
porque vivenciareis tudo.
325
Volume II.
326
O amor de Deus
encontra-se unicamente nas leis
que, imutáveis, atuam
desde o princípio do Universo
até hoje
e até o fim de todos os tempos!
327
1. Abre-se o portal!
O que hoje vos anuncio equivale à abertura dos portais para o Juízo universal!
O Senhor pronunciou as profundas palavras para a humanidade:
“Chegou a hora em que a Palavra deve ser anunciada aberta e livremente
para todo o mundo, em todas as partes da Terra, uma vez que o relógio
universal está diante da badalada das doze horas!”
Essas palavras são tão profundas, preenchidas da mais sagrada força de
Deus, que libertarão agora todos os empecilhos que tiveram de reter o
grandioso Juízo Final, até que fosse dada a ordem de Deus, o Senhor, que eu
hoje envio ao Universo!
Destina-se também a vós, ó portadores da sagrada Cruz! Com isso chegou
vosso tempo! Fortes, corajosos e alegres deveis estar diante da Palavra, assim
quer Deus, o Senhor! Deveis confessar agora, livre e abertamente, vossa
ligação com a Palavra! Com isso trazeis benefício à humanidade, trazeis
salvação, luz e vida. E a onipotência de Deus está convosco! Não deveis
esconder-vos, vós que fostes erguidos do antigo, a fim de construir o novo aqui
na Terra, de acordo com a vontade de Deus.
Vós sois aqueles seres humanos que Deus quer ter em Sua Terra! A vós o
Senhor dá o direito de usufruir as bênçãos em Sua Criação! Porque vós
reconhecestes Sua Palavra Sagrada e vos esforçais em viver de acordo com
ela, com toda a sinceridade do querer.
Começa a grande purificação! Mantende abertos vossos olhos e em breve
reconhecereis nitidamente a severa e justa mão de vosso Senhor e Deus, em
todos os efeitos!
Não vos escondais! Sois vós que o Senhor quer ter em Sua Terra, bem
como aqueles que seguem convosco a Palavra de Deus. Vós sois destinados a
formar, aqui na Terra, o Reino de Deus, assim como é de Seu agrado! Sua
bênção paira sobre vós. Suas leis vigiam! Elas apóiam e protegem vosso atuar,
ao passo que destroem e arrasam agora as atividades de todos os inimigos de
Sua Palavra, na rapidíssima aceleração da força aumentada, para que a Terra
e todo o Universo sejam libertados de todas aquelas criaturas que fazem parte
dos seguidores de Lúcifer e que, promovendo-se a si próprios, nem sequer se
preocupam com a santidade das leis de Deus na Criação.
Vós sereis convidados à mesa do Senhor para a ceia que a Criação
oferece.
Aqueles, porém, que quiserem ser e permanecer adversários de Sua
Palavra, ou que ainda persistem indiferentes em sua indolente ilusão da
autocracia humana, serão expulsos agora como hóspedes danosos da Criação,
que deve vibrar nas leis da Luz e que somente dessa forma poderá
permanecer conservada!
Não mais temeis de falar agora da Palavra de minha Mensagem. Deus
deseja que vós anuncieis em alta voz o que o vosso espírito cumpre! Deus
deseja que faleis agora, e sua força, sua proteção estará convosco!
Aqueles que por causa disso quiserem agredir-vos e caluniar-vos, julgam-
se a si mesmos com isso, pois revelam-se como inimigos de Deus, que não
suportam a Palavra da Verdade! Serão atingidos dolorosamente por Sua Luz,
328
se falardes disso com convicção. Isto os aborrece, provoca o ódio, e assim
desencadeiam imediatamente o raio de severa reciprocidade contra si
mesmos.
Não vos preocupeis. Tão logo estiverdes firmes e tiverdes a coragem de
apresentar-vos com segurança, decididos e inequívocos em vosso falar, com
toda a cortesia do espírito maduro, então toda a vitória certamente estará
convosco, em qualquer tempo e em todo lugar! Pois nada poderá opor-se a
vós, se o próprio Deus estiver a vosso favor com Sua onipotência, por agirdes
segundo Sua vontade!
Pensai nos primeiros cristãos, os quais outrora não somente deixaram os
amigos e parentes, em prol da Palavra, mas também não deram importância
nem a sua posição, entre seus semelhantes, nem a bens terrenos.
Alegremente confessavam-se à Palavra do Filho de Deus, não obstante ele
não mais estar entre eles terrenamente. Eles não se intimidavam de ser
duramente perseguidos por todos os pagãos, de se expor às maiores torturas
físicas e de dar a vida terrena, se necessário fosse, para confessar sua
convicção na Palavra!
E mais tarde, novamente, quando os cristãos perseguiam outros cristãos,
martirizando-os com as crueldades da Inquisição! Com tal força de convicção
incondicional, muitos ainda poderão aprender bastante!
Contudo, quanto vos foi facilitado desta vez! Os seres humanos dos
tempos de outrora encontravam-se sob a pressão das trevas que, ainda sob a
direção de Lúcifer, podiam desenvolver o maior poder. No entanto, eles não
davam atenção ao ódio das hordas desnaturadas, por gratidão de lhes ter sido
permitido receber a Palavra! Louvando, enfrentavam por isso até a morte!
Hoje, Lúcifer já está atado! Ele não mais pode prejudicar-vos. Também seu
poder está totalmente destruído, seus exércitos destroçados. Enfrentais ainda
apenas os últimos bandos de seus seguidores terrenos. Contudo, a força deles
já está paralisada, porque a Luz se encontra sobre eles, julgando. Todos
desmoronarão por si, tendo de se destruir mutuamente! Assim quer Deus, e
assim acontecerá!
Portanto, desta vez é muito mais fácil para vós lutar pela Palavra do que foi
outrora. Não é nada, em comparação com os tempos idos.
Não obstante, existem ainda muitos dentre vós, que medrosamente
querem esconder-se com o saber da Palavra, a fim de não chegarem a
situações incômodas. Até temem as perguntas de outros por sua Cruz ou pela
Mensagem.
Agora, porém, chegou a hora em que deve ser falado da Palavra, de modo
livre e confesso a todo mundo! Pois nos dias do Juízo todos os seres humanos
deverão reconhecer-vos. Sereis como luzes, nas horas mais escuras da
humanidade, que se aproximam, como archotes para todos que, na confusão e
no desespero, queiram abrir suas almas à Luz sagrada!
Não vos escondais: pois o destino de inúmeros seres humanos encontra-se
com isso em vossas mãos! Sois responsáveis por isso, se não oferecerdes
possibilidades no Juízo aos que procuram sinceramente, para que encontrem
seu caminho em direção à Luz. Não deveis aliciar, nem correr atrás, mas tereis
de manter-vos em vosso lugar, reconhecíveis de longe por todos! Para isso eu
vos chamo hoje!
329
Se fizerdes concessões aos inimigos da Palavra Sagrada, e com isso aos
inimigos de Deus, procurando medrosa e embaraçosamente esconder a vossa
convicção, talvez até negá-la, então é lei inabalável que com isso tereis de
perder, sofrendo danos, pois então não mais sereis dignos de pertencer ao
séqüito da sagrada vontade de Deus! Com isso vos colocastes ao lado dos
mornos, os quais, já conforme a promessa, têm de ser expulsos juntamente
com todos os condenados.
Preparai-vos, agora, vós que quereis pertencer à Palavra! Testemunhai-a,
onde quer que seja solicitado ou pareça adequado!
Do amor de Deus chega uma corrente de Luz, e uma onda de indizível
força se derrama de Sua onipotência sobre todos os portadores da Cruz do
Graal! De modo surpreendente para vós mesmos surgirá dentro de vós uma
coragem que, subindo e brilhando como uma grande labareda, se eleva até o
céu!
O que vós ofereceis aos seres humanos com a Palavra Sagrada supera
todos os tesouros deste mundo! Refleti sobre isso. Vós sois os dadivosos, os
doadores, no sentido de Deus, entre vossos semelhantes, e não os tolerados.
Com isso estais a serviço de Deus, ao Qual pertence o Universo inteiro,
sendo Dele tudo o que existe, e que apenas tolerará em Sua propriedade seres
humanos que atentam à Sua Palavra e que vivem conforme o Seu agrado. Pois
também os seres humanos pertencem a Ele!
Unicamente através de Sua graça eles podem existir! E quem agora não
quiser obedecer humildemente à vontade do Doador dessa graça, este o
Senhor afastará de todas as bênçãos e alegrias desta Terra.
O prazo expirou, e logo a última badalada do relógio universal soará
inexoravelmente através dos Universos, anunciando ter se completado a
duodécima hora. Isso será o fim de todo o falso querer humano, irrompendo
uma nova era, na qual unicamente a vontade do Onipotente reinará!
Contudo, essa vontade não é assim como os seres humanos imaginaram
até agora, uma vez que em sua presunção nem recuaram da monstruosa
arrogância de querer impor a maneira de seu próprio pensar ao seu Deus, sim,
de formá-Lo de acordo com seus próprios conceitos torcidos!
Falam de si mesmos, quando acentuam que é da vontade de Deus!
Apenas para enfeitar com isso seu atuar e falar! A irradiação de Deus atingirá
agora reciprocamente os malvados, num momento em que eles se julgam no
ponto máximo!
Serão expulsos da graça de poderem existir conscientemente na Criação,
por aquela vontade, que eles tantas vezes tiveram a ousadia de citar
injustificadamente em seu falar, sem conhecê-la. À vontade própria deram o
cunho da sagrada vontade de Deus, a qual agora os julgará por isso, na
sempiterna justiça de Deus!
Os escarnecedores e perseguidores da Palavra Sagrada serão atingidos
como que por um raio, em cuja brasa terão de consumir-se, a fim de
reconhecer sob tormentos que com isso pecaram contra o espírito, não
podendo, por essa razão, encontrar nenhuma misericórdia.
O escárnio e a zombaria logo desaparecerão nos gritos de dor dos
condenados.
330
Perguntai sossegadamente a cada pessoa que quiser insultar-vos de modo
zombador, por causa da convicção que vos é sagrada, ou por causa da Cruz
que portais, e que sois plenamente autorizados a portar com orgulho:
“És tão contrário à Luz e ao que é bom, que não suportas ver a Cruz da
Luz?”
Essa pergunta trar-vos-á milagres, pois uma força inimaginável repousa
nela. Mostrai-vos dignos da dádiva de vosso Criador, quando Sua força
penetrar em vossos espíritos, num momento em que menos havíeis esperado
por isso! Não deixeis essa força passar inaproveitada por vós, mas sim
absorvei-a com todo o anseio de vossas almas, a fim de poderdes permanecer
escolhidos como hóspedes corretos de vosso Deus, na grande casa de Sua
Criação, e não precisardes ser atirados juntamente com aqueles que
conspurcaram a casa limpa com as obras de sua presunção e vaidade, de sua
ânsia de poder e de seu ódio!
Estais na força da Palavra! Todos os portadores da sagrada Cruz, que não
a consideram como algo exterior e como distintivo, mas que a olham com a
mais pura fidelidade!
Chegou a época de anunciar a Palavra, falar da Palavra! Sede lutadores de
Deus em prol da Verdade e da Luz! A força do Senhor estará convosco
vitoriosamente!
331
2. A ferida
É necessário que se fale da ferida que enfraquece constantemente os
portadores da Cruz da Verdade! Já há muito tempo pensais e cismais a esse
respeito e não a reconhecestes.
Isto não diz respeito apenas à montanha, mas também às baixadas! Não
quero ter seres humanos como os devotos da igreja, que absorvem a Palavra,
escutando comodamente, a fim de se deleitarem com ela flacidamente e
apreciá-la; pelo contrário, quero seres humanos capazes de, atuando
alegremente, transformá-la numa fortaleza, num templo puro de Deus!
De cada um, a quem é permitido receber a minha Palavra, exijo vivacidade,
se é que deva trazer-lhe proveito!
Se fôsseis assim, então não mais teríeis a ferida que constantemente vos
enfraquece. Já há muito estaríeis curados dela. Assim, porém, ela ainda vos
oprime, atuando de modo paralisador sobre todos os movimentos do espírito!
Quero dizer-vos o que é: apesar de todo o saber e apesar da melhor boa
vontade, falta-vos ainda a convicção arrasadora do último reconhecimento no
grande acontecimento da Luz, à qual quereis servir!
Essa é a ferida aparentemente ainda incurável, que Lúcifer causou à
humanidade, o elo que mantém a ela, bem como a vós, ainda amarrados com
força férrea às trevas, a ferida aberta que não quer fechar-se com vistas a uma
resistência firme contra todo o mal, mas sim que oferece sempre de novo
pontos fracos onde as trevas podem dar golpes, capazes de influir estorvando
ou até destruindo o luminoso desejado por vós.
Compreendeis, agora, do que se trata? Falta-vos a convicção da
onipotência de Deus, a qual está convosco, quando atuais no serviço do Graal!
E pela falta dessa convicção, tolheis os efeitos que deveriam manifestar-se
através de vós vitoriosamente, em todo o vosso atuar, até em vosso pensar!
Onde quer que fordes repelidos, onde não raiar a vitória incondicional de
vosso atuar e querer, sois vós unicamente os culpados, pois aí vos faltou a
força da convicção, com a qual tendes de vencer!
Vós servis a Deus com vosso querer, vosso atuar, e Deus está convosco,
se estiverdes firmes na vontade Dele, não interpondo o vosso querer!
E mesmo que todos os poderes desta Terra se reúnam contra vós, nada
poderão conseguir, enquanto seguirdes e executardes a vontade de Deus, o
que ela vos determina! Quando determinações terrenas, aparentemente,
quiserem contrapor-se, não temais, pois se seguirdes confiantemente o vosso
trabalho, sem desvios, sem medo e sem dúvidas, então todos os impedimentos
dissolver-se-ão em nada e tereis o sucesso que pretendeis, infalivelmente!
Assimilai o que está contido nestas palavras, elas se cumprirão.
Também não esqueçais que a onisciência vos guia, a qual fica muitíssimo
acima de todo o saber humano, guiando com visão ampla para os alvos certos
e reconhecendo cada efeito final de tudo que está em andamento!
Tantos de vos já vivenciaram, muitas vezes, pessoalmente, coisas
inacreditáveis terrenamente. Como até agora já se evidenciou em coisas
pequenas, as quais, no entanto, eram maiores do que imaginais, assim
332
também ocorre com as coisas mais difíceis e aparentemente insuperáveis!
Onde quer que um poder humano queira se contrapor a vós de modo
impeditivo, aí então lembrai: convosco está a onipotência, que é muito maior do
que qualquer poder, e à qual nada na Criação inteira pode se contrapor de
modo obstrutivo!
O ser humano contra Deus! Como pode aí restar uma pergunta sobre o
resultado e o fim!
A consciência de uma convicção firme, porém, ainda vos falta. Disso vos
impede vosso raciocínio torcido, com o qual Lúcifer vos agrilhoou. Unicamente
o raciocínio não vos deixa lutar no sentido certo, não vos deixa ser verdadeiros
lutadores em prol da sagrada vontade de Deus aqui na Terra!
Tão logo determinações e concepções humanas se vos oponham, já
recuais desanimados na falsa convicção de que não seríeis capazes de
superá-las e vos tornais fracos com isso, não tomando ânimo para a luta!
Mas todo o governo, que realmente estiver disposto a construir, favorecerá
a minha Mensagem e o seu movimento; nunca, porém, oprimirá, pois ela eleva
os seres humanos e a cultura.
Segui à frente sem medo e com passo firme na sagrada convicção de uma
fé inabalável na onipotência de Deus, que está convosco, e tudo o que estiver
diante de vós, querendo obstruir, dissolver-se-á por si e até vos ajudará para
alcançardes o sucesso!
Quando tiverdes chegado a tal ponto dentro de vós, só então é que
podereis tornar-vos os verdadeiros auxiliadores para a humanidade, a fim de
guiá-la rumo à Luz com a Palavra.
Lutadores da Luz, porém, deveis ser todos, do primeiro até o último
portador da sagrada Cruz! Contudo, não há um único entre vós, nenhum
sequer, plenamente nesse sentido e nessa força, como poderia estar e também
teria de estar! Tão nefastamente o atamento do raciocínio vos corroeu desde a
época terrena de Jesus!
Não deveis tornar-vos lutadores que jogam bombas e granadas, matando
seres humanos; jamais deveis trazer destruição a vossos semelhantes, mas
sim deveis combater com a espada da convicção, atrás da qual se encontra a
onipotência de Deus, a Quem nenhuma resistência pode se opor! O que vos
dei e sempre de novo vos dou é a vitória incondicional!
Tudo podeis superar aqui na Terra, se quiserdes e agirdes com convicção.
Sois invencíveis; cada palavra se tornará ação também convosco, tão logo
pronunciada de maneira certa, isto é, com a consciência daquela elevada força
que atua convosco.
Tudo vos dei nesse sentido, apenas não o utilizais, porque ainda sangrais
pela ferida, que vos enfraquece e não deixa tornar-vos lutadores!
Ó desalentados, aos quais já foram dadas coisas tão indizivelmente
grandes, eu vos conheço e sei que novamente não sabereis utilizá-las, mesmo
que finalmente as tivésseis compreendido, porque procurareis imediatamente
comprimi-las em conceitos restritos.
Como eram grandes, outrora, os seres humanos simples, que se decidiram
a seguir a Palavra de Cristo, ouvindo sedentos, sem diminuí-la no cismar,
desperdiçador de tempo e energia, do raciocínio retorcido! Tomai ainda hoje
333
como exemplo aqueles aos quais não pôde ser dada diretamente a elevada
força que foi dada a vós, aqueles que não puderam ser educados
penosamente para uma nova existência, como aconteceu convosco.
Eu facilitei tudo para vós, por essa razão o tomais também tão
levianamente, não vos conscientizando da enorme gravidade ligada a cada
palavra.
Agora, porém, o tempo urge, avançando irresistivelmente no seu
desenrolar. Se agora, finalmente, também não compreendeis o essencial da
Palavra, então a espada, que cada um de vós recebeu nas mãos, ferirá a vós
próprios, se não quiserdes vos tornar aptos a usá-la. Ela agirá sem o vosso
querer! Dirigi-a bem, senão ela vos ferirá. Não podeis permanecer inativos, isso
não permite a força, que agora enviei para a Criação.
E é lei sagrada no Graal, que será ferido, derrotado, chegando à perdição,
aquele que vacila um momento sequer em sua convicção e em seu atuar e que
não se forçar a progredir com inabalável serenidade e com o olhar voltado para
Deus. Já muitas vezes chamei a atenção para esta lei, por se constituir sempre
na condição fundamental de onde se origina o sucesso e a vitória.
Não vos acomodeis, pensando que a onipotência já atuará através de vós,
onde ela deve!
A onipotência flui! Nisso tendes toda a razão. Ela trabalha também sem
vós, conduzindo tudo até o final determinado por Deus, no tempo exato, sem
um único segundo de atraso. Contudo, destroços que não são necessários
teriam de cobrir esse caminho! Por isso, todos os trilhos deverão primeiramente
ser aplainados por vós. Sois convocados para cooperar na construção sobre a
Terra e também salvar seres humanos que sem a vossa ajuda teriam de se
perder, visto que não acordariam por si próprios.
Vós deveis ajudar a preparar todos os caminhos terrenos, para que os
auxílios possam ser dados em tempo hábil, assim como é necessário para a
humanidade terrena. Não se trata aí sempre da Palavra e sua divulgação, mas
também de necessidades puramente terrenas de um trabalho construtivo.
Seja o que for que o convocado faça nesse sentido, em tudo tem de se
chegar com a inabalável convicção de uma vitória incondicional, do mais
completo sucesso!
A força da Luz empurra os obstáculos para o lado, assim que seguirdes
firmes o caminho que vos será indicado. Se vós próprios não vos assustardes
com os aparentes impedimentos, esses jamais poderão ter alguma
importância!
Através de vossa segurança interior da convicção, a onipotência de Deus
pode fluir e forçar vossa vitória por toda a parte, em tudo o que empreenderdes
no serviço para o Graal!
Assim é o processo. Com vossa atuação tereis de proporcionar os canais,
que dirigem o avanço dessa onipotência para determinados pontos. E isso só
pode ocorrer através da nítida segurança da mais pura convicção. Então
vivenciareis um milagre após outro, um sempre maior do que o outro!
Contudo, não caiais aí na leviandade nem na superficialidade ou até na
arrogância para com os seres humanos, mas sim permanecei sempre
vigilantes, espiritual e terrenamente! Começai primeiro seriamente com isso, e
334
logo a vossa segurança nisso aumentará, tornar-se-á invencível, de modo que
os seres humanos reconhecerão, estupefatos e admirados, que Deus de modo
nitidamente visível está convosco!
Sempre de novo, porém, procurais introduzir vosso pensar habitual de
antigamente, que tem de permanecer como passado para vós, convocados,
pois sois tirados do antigo e aparelhados com capacidades e forças
supraterrenas. Deixai finalmente essa força atuar!
Agi com convicção certa para que a onipotência de Deus esteja convosco,
e todas as preocupações ficarão longe de vós. Se elas ainda vos alcançam, é
porque vós próprios as apoiastes com desalento!
Quem mostra desalento, esse não compreendeu a grandeza do
acontecimento. Esse não sabe das graças de que participa a cada nova hora,
esse também jamais poderá tornar-se um verdadeiro lutador de Deus aqui na
Terra.
Sabeis, agora, o que é um lutador de Deus? Não deveis manter discussões
desnecessárias nem ações brutais, mas sim executar vosso trabalho na mais
límpida confiança na onipotência de vosso Deus. Pouco importando a espécie
do trabalho. Ele será, no serviço do Santo Graal, sempre construtivo, nunca
destrutivo; trará somente bênçãos, jamais sofrimento!
Vossas conduções são de espécie tão extraordinária, que jamais poderão
ser compreendidas pelo raciocínio humano terrenal. Por esse motivo vosso
espírito tem de se subordinar à condução! Mais vida, maior entusiasmo tendes
de deixar surgir em vós, e tudo conseguireis facilmente!
Contudo, ninguém deve tornar-se presunçoso, pois unicamente a
intervenção da Luz traz a vitória para vós! Assim que confiardes ilimitadamente
na Luz! Quem quiser intrometer-se como vitorioso, esse provoca logo uma
parada de tudo; cria dificuldades e a vitória lhe será negada.
Transmiti, finalmente, aos que procuram, daquilo que sempre vos dei
abundantemente! Para que, fluindo, possa ingressar no indispensável
movimento circular e passar, qual uma avalanche, através das almas e dos
mundos! Tende com eles aquela paciência que encontrastes em mim; esforçai-
vos em compreender vossos semelhantes, como eu tive de esforçar-me em
relação a vós, a fim de abrir-vos um caminho para os jardins luminosos de
Deus, caminho esse que também vós, como todos os demais, já havíeis
perdido completamente, seguindo, em vez dele, caminhos errados.
Deveis ser agora os doadores, os que guiam para cima, para fora de todas
as penúrias! Contudo, não conseguireis isso, se mantiverdes as pontes
levantadas. Dai-vos aos seres humanos, como eu me dei a vós! Então sereis
verdadeiros lutadores de Deus aqui na Terra! Só então cumprireis vossa
missão!
Uma alegre aclamação já despertou muitos espíritos, um sorriso já acalmou
muitas dores, e um olhar compreensivo já inspirou autoconfiança em muitas
almas fracas!
Como fostes tão pobres até agora em vossa riqueza espiritual, já que não
quisestes utilizá-la, para que outros pudessem alegrar-se e deleitar-se com ela!
Unicamente a alegria de outros atua vivificando e refrescando o espírito! Vós
sois os recebedores, quando com ânimo alegre tornais felizes os que anseiam
espiritualmente; quando estimulais os temerosos e fortaleceis os fracos! Para
335
isso dei-vos tudo e exortei-vos a que multiplicásseis as dádivas que vos foram
legadas!
Sei que em muitos dentre vós somente se fazia necessária ainda essa
palavra, para tirar os últimos véus do tatear do vosso querer, a fim de que tudo
possa tornar-se uma ação bem definida, que aguardava um despertar dentro
de vós!
Sede lutadores, agora, e doadores! É chegado o tempo!
Deixai a vida ressurgir em vós, a partir desta hora! Eliminai qualquer
desânimo de vossas almas e agi na força do Senhor!
Fechai a ferida que até esta hora ainda tínheis em vós, para que possais
rechaçar finalmente todas as dúvidas do raciocínio. Se não conseguirdes isso
no mais curto lapso de tempo, será tarde demais para vós!
Por isso, que arda dolorosamente a ferida que ainda tendes em vós! Que
através da dor ela vos torne finalmente aptos para a sagrada luta terrena, a fim
de que o espírito dentro de vós possa enfim ressuscitar flamejantemente!
336
3. Onisciência
Com a minha Palavra vos conduzo de volta a Deus, do Qual vos deixastes
desviar pouco a pouco, por intermédio de todos aqueles que colocaram o seu
querer saber humano acima da sabedoria de Deus.
E aqueles que ainda estão compenetrados da certeza da onisciência de
Deus, que querem inclinar-se humildemente perante aquela grande e carinhosa
condução, que jaz através dos efeitos das leis inamovíveis desta Criação,
imaginam essa onisciência de Deus de modo diferente do que é!
Imaginam a sabedoria de Deus demasiadamente humana e, por isso,
diminuta demais, comprimida em limites demasiado estreitos! Com a melhor
boa vontade fazem da onisciência somente uma obrigatoriedade de saber tudo
terrenalmente.
Mas todo o seu bom pensar é a tal respeito excessivamente humano,
cometem sempre de novo aquele grande erro, procurando imaginar Deus e o
divino como um ponto culminante do humano!
Não saem da espécie humana, absolutamente; pelo contrário, deduzem
subindo apenas de sua própria constituição, partindo do solo humano,
aperfeiçoado até o ponto mais alto e mais ideal de uma mesma espécie. Em
sua imaginação sobre Deus, não abandonam, apesar de tudo, o seu próprio
solo.
Mesmo quando procuram aumentar a expectativa até o que lhes é
completamente inapreensível, mesmo assim tudo permanece sempre no
mesmo canal de pensamentos e não pode, por essa razão, jamais pressentir e
encontrar uma sombra sequer do conceito da verdadeira grandeza de Deus.
Não é diferente quanto ao conceito da onisciência divina! No vosso pensar
mais arrojado, fazeis disso apenas um mesquinho saber genérico terrenal!
Supondes que a onisciência divina deva “conhecer” o vosso pensar e sentir
humano. Esse conceito exige ou espera, portanto, da sabedoria divina, um
ilimitado interessar-se pelo personalíssimo e ínfimo pensar de cada um,
individualmente, sintonizando-se nele, aqui na Terra e em todos os mundos!
Um cuidar e uma compreensão de cada pequeno espírito humano, e mais
ainda: um preocupar-se com isso!
Tal obrigatoriedade de saber não é sabedoria! Sabedoria é muito maior,
muito superior.
Na sabedoria reside providência!
Contudo, a providência não equivale a prever a condução, conforme
entendem, isto é, conforme pensam tantas vezes os seres humanos com
relação à “sábia providência”. Também nisso erram, porque em seu raciocinar
humano partem outra vez de baixo, e imaginam para cada grandeza uma
intensificação de tudo aquilo que eles próprios, como criaturas humanas,
trazem em si!
Também na melhor sintonização não se desviam desse hábito, e não
pensam que Deus e o que é divino são para eles de espécie completamente
estranha, e que todo o raciocinar a esse respeito só tem de ocasionar enganos,
sempre que tomarem por base a espécie humana!
337
E nisso reside todo o falso de até agora, cada erro dos conceitos. Pode-se
dizer calmamente que até agora nenhum dos conceitos quanto ao pensar,
cismar e pesquisar foram realmente certos a esse respeito; devido a sua
pequenez humana, nunca puderam aproximar-se da Verdade efetiva!
Providência é atividade divina, jaz ancorada na sabedoria divina, na
onisciência. E a onisciência tornou-se ação através das leis divinas desta
Criação! Reside nelas, e nelas também reside a providência que se efetiva em
relação às criaturas humanas.
Portanto, não penseis que a onisciência de Deus deve conhecer os vossos
pensamentos e saber como passais terrenalmente. O atuar de Deus é muito
diferente, maior e mais abrangente. Deus abrange com a Sua vontade tudo,
mantém tudo, beneficia tudo através da lei viva que proporciona a cada um
aquilo que merece, isto é, aquilo que cada um teceu para si.
Ninguém pode escapar aí das conseqüências de seu proceder, seja bom
ou mau! Nisso se mostra a onisciência de Deus, que está ligada à justiça e ao
amor! No atuar desta Criação tudo está sabiamente previsto para o ser
humano! Inclusive que ele tem de se julgar!
O que o Juiz de Deus traz no Juízo de Deus é o resgate das sentenças que
os seres humanos tiveram de pronunciar para si próprios, segundo a lei de
Deus em sábia providência!
O Juiz traz para este Mundo a força de resgate que nele se encontra, ele é
a Lei viva, é a vontade de Deus em pessoa: Imanuel!
Já há anos a humanidade fala de modo estranho da transformação
universal que deverá vir, e nisso tem excepcionalmente razão. A
transformação, porém, já está aí! A humanidade encontra-se em pleno
acontecimento de alcance universal, que ela ainda espera, não o percebendo
porque não quer.
Como sempre, ela imagina a transformação de modo diferente e não quer
reconhecer como realmente é. Por causa disso, porém, perde, para si, o tempo
certo de sua própria possibilidade de amadurecimento, e falha. Falha como
sempre, pois a humanidade nunca cumpriu aquilo que Deus pode esperar dela,
tem de esperar, se Ele quiser deixá-la por mais tempo nesta Criação.
Agora, porém, a condescendência de Deus chegou ao fim; pois na atuação
dos seres humanos reside uma tão obstinada restrição, que se repete sempre
da mesma maneira em cada acontecimento da Luz; reside uma tal obstinação
pueril e presunção ridícula, que a preguiça de espírito irregenerável fala disso
demasiadamente claro e não deixa nenhuma esperança para possibilidades de
salvação.
Por esse motivo é da vontade de Deus que a Criação seja agora purificada
de todo esse tipo de mal. E esta vontade sacrossanta traz a purificação através
do Juízo no fechar do ciclo de todos os acontecimentos, de todo o atuar!
O fechar do ciclo é provocado pela força da Luz, que agora está ancorada
na Terra e tudo tem de se julgar nele, tem de se purificar ou sucumbir,
afundando na terrível desintegração.
Está condicionado naturalmente pelas leis da Criação que agora, no fim,
todas as más qualidades produzam a máxima florescência, tendo de
proporcionar seus repugnantes frutos, para assim, mútua e intrinsecamente,
338
exaurirem-se! Tudo tem de chegar ao ponto de ebulição, na força da Luz! Mas
do borbulhar pode subir desta vez apenas a humanidade amadurecida, capaz e
disposta a aceitar, com agradecimento e júbilo, as novas revelações
provenientes de Deus, e viver segundo elas, a fim de que peregrine através da
Criação, atuando de modo certo.
Por ocasião de cada transformação o Criador ofereceu, aos espíritos
humanos em amadurecimento, novas revelações, até então desconhecidas por
eles, que deviam servir para a ampliação do saber, a fim de que seus espíritos,
com o conhecimento ampliado, se tornassem capazes de se soerguer às
alturas luminosas, de onde saíram outrora inconscientemente, como germes
espirituais.
Contudo, sempre foram somente poucos aqueles que se mostraram
dispostos a receber com gratidão as descrições vindas do divino e que, por
meio disso, também puderam ganhar valor e força espiritual, tanto quanto era
necessário para os seres humanos.
A maioria de todos os seres humanos recusou essas altas dádivas de Deus
em sua limitação sempre crescente de compreensão espiritual.
As épocas de tais transformações universais sempre estiveram ligadas ao
grau dos respectivos amadurecimentos da Criação. O amadurecimento da
Criação, no desenvolvimento segundo a sagrada lei de Deus, foi cumprido
sempre com toda a exatidão, porém os seres humanos, na Criação, colocaram-
se tantas vezes, devido à sua inércia espiritual, de maneira obstruidora no
caminho desses desenvolvimentos!
Durante a semeadura do progressivo reconhecimento de todo o atuar de
Deus na Criação, distribuída em épocas universais para os seres humanos,
estes quase sempre se mantiveram fechados.
Uma vez que os seres humanos se arrogaram como ponto de partida de
toda a existência, não queriam acreditar que houvesse algo que eles não
pudessem compreender com os sentidos terrenos. Limitavam o seu saber
somente a isso, e por essa razão não queriam concordar com outras coisas,
eles, as menores ramificações da Criação, que, distanciados ao máximo do
verdadeiro existir e da vida real, malbaratam pecaminosamente o seu tempo de
graça, de poderem amadurecer no progressivo reconhecimento.
E agora chega uma nova e grande transformação, que também traz
consigo novo saber! Dessa transformação eles próprios já falam, mas tornam a
imaginá-la somente como realização de vaidosos desejos humanos, de uma
forma concebida por eles próprios. Não acaso que eles tenham deveres com
isso, não, apenas esperam novamente que da Luz lhes seja lançado ao regaço
melhoria das comodidades terrenas! Assim deve ser a transformação, pois o
seu pensar não vai mais adiante.
A nova obrigatoriedade de saber, que se acha ligada estreitamente a essa
transformação, a fim de poderem ascender espiritualmente, e com isso
finalmente transformar também o ambiente nos planos materiais, não os
interessa. O que não existia até agora, recusam simplesmente, devido à
indolência de seu espírito.
Quão distante mostra-se o espírito humano do querer ascender, quando
pensa ser muito fácil para ele saber de Imanuel ou não, porque até agora
nunca se falou Dele. E um outro motivo para isso eles não têm para, na atual
339
transformação universal, se fecharem diante da revelação Dele e sobre Ele
com a usual teimosia, em vez de assimilar tudo apenas com alegria e
agradecimento!
Eu, porém, vos digo: os seres humanos serão obrigados agora por Deus a
aceitarem isso, já que do contrário não poderão mais ascender espiritualmente,
pois têm de saber disso!
Está no atuar da onisciência que, em bem determinados amadurecimentos
da Criação, sejam dadas aos espíritos humanos, sempre de novo, novas
revelações do atuar de Deus.
Assim, também foram enviados a esta Terra, outrora, nos primórdios,
espíritos criados, depois que os germes espirituais, em seu lento evoluir, já
haviam desenvolvido os corpos animais, para isso escolhidos, até as formas do
corpo humano, o que ocorreu simultaneamente com a conscientização
espiritual no corpo terreno. Isso foi numa época indizivelmente remota, antes
do conhecido período glacial desta Terra!
Uma vez que já dei conhecimento dos primordialmente criados, tem de
haver, também, os posteriormente criados, ou criados, porque também falei
dos desenvolvidos, aos quais, só então, a humanidade terrena pertence.
Esses criados, dos quais até agora ainda não havia falado, povoam planos
da Criação, entre os primordialmente criados, da Criação primordial, e os
desenvolvidos, da Criação posterior.
Nas tribos em amadurecimento, daqueles que se desenvolveram dos
germes espirituais, encarnou-se nos tempos iniciais, aqui e acolá, uma vez ou
outra, também um criado, a fim de, liderando, proporcionar as ligações com o
próximo degrau no necessário esforço ascensional de todo o espiritual. Essas
foram então as grandes transformações na época inicial.
Mais tarde surgiram os profetas, como agraciados. Assim trabalhou o amor
universal proveniente da Luz, a fim de, auxiliando, assistir os espíritos humanos
nas épocas dos respectivos amadurecimentos da Criação, mediante sempre
novas revelações, até que afinal de Deus próprio desceram partes, para que à
humanidade também seja dada a sagrada notícia sobre o que é divino e o seu
atuar, para que ela, na inatividade de um superamadurecimento no ponto no
momento atingido, não caia para a desintegração, como deveria acontecer de
acordo com as leis automáticas na Criação, porque um contínuo aspirar para o
alto é condição fundamental para a subsistência na Criação.
Desse modo, na atual efetivação da grande transformação universal,
também sobrevém a absoluta necessidade da ampliação do saber até a
existência de Imanuel, no qual essa transformação agora se cumprirá!
Ou o espírito humano se esforça para alcançar o saber sobre isso, ou
permanece parado, o que equivale para ele ao começo da desintegração,
devido à imprestabilidade por superamadurecimento inerte de um espírito
humano parado, que não sabe mais usar direito a força da Luz que nele se
acumula. Assim, aquilo que pode ajudar, e que ajudaria, torna-se para ele
destruição, como qualquer energia erradamente aplicada.
Por isso deveis saber agora de Imanuel; pois este tempo para vós chegou!
Quem ainda quiser continuar a desprezar essas novas revelações de Deus,
também não poderá permanecer na Criação, mas será apagado do Livro da
340
Vida. Assim o quer Deus! E a Sua sagrada vontade cumprir-se-á nos seres
humanos a partir desta hora com todo o poder pela força da Luz, visível a
todos, à qual ninguém poderá resistir.
Em penoso sofrimento as almas humanas serão agora afrouxadas e
preparadas para receber a Palavra que eu lhes trago de Deus! E somente os
de boa vontade sairão de toda a aflição para o novo existir.
Deus é o Senhor, tão-somente Ele, e quem não quiser reconhecê-lo com
humildade, assim como Ele realmente é, e não como vós o imaginais, está
julgado!
Imanuel está ligado a Deus-Pai tão inseparavelmente firme como também
Jesus, e isso deve se tornar saber para vós na época da atual transformação
universal!
Muitas milhares de línguas serão afrouxadas agora na Terra para anunciar
Imanuel entre todos os povos, como Ele já está sendo anunciado por multidões
de anjos em toda a Criação; pois isso é a vontade de Deus.
Permitido me foi desenrolar o quadro do tecer na Criação a que pertenceis,
a fim de ficardes esclarecidos e, de modo consciente, poderdes usufruir as
bênçãos e utilizá-las para o vosso bem, as quais se encontram na Criação para
vós! A fim de que, no futuro, só vos ajudem para cima e não tenham de
castigar dolorosamente ou até condenar. Agradecei ao Senhor que se lembra
de vós com tanto amor, permitindo-me dizer-vos com a Mensagem aquilo que
vos ajuda e também aquilo que vos é perigoso.
Com isso, vós sois agora videntes, seres humanos, sábios, porém
duplamente culpados, se quiserdes seguir caminhos errados!
Mostrei-vos aqueles caminhos que conduzem para a proximidade de Deus.
Agora, segui por eles!
341
4. A palavra humana
Como uma grande graça, para o vosso amadurecimento na matéria grosseira,
vos foi concedido o dom, criaturas humanas, de formar palavras!
Jamais destes o merecido apreço a essa dádiva, porque não vos
esforçastes para isso, e levianamente vos utilizastes dela. Assim tendes de
sofrer agora amargas conseqüências da vossa atuação errada.
Tal sofrimento já vos aflige, e, todavia, ainda ignorais as causas que trazem
como conseqüência esse sofrimento.
Ninguém deve brincar com as dádivas do Todo-Poderoso, sem prejudicar a
si mesmo, assim é determinado pela lei que se encontra atuando na Criação e
que jamais se deixa confundir.
E se pensardes que esse dom de falar, isto é, a vossa faculdade de formar
palavras, as quais transmitem pela linguagem a vossa vontade à matéria
grosseira, constitui uma dádiva extraordinária do vosso Criador, então sabereis
também que daí vos decorrem obrigações que resultam numa gigantesca
responsabilidade; sim, pois com o idioma e através dele deveis atuar na
Criação!
As palavras que formais, as frases, moldam vosso destino exterior sobre a
Terra. São como sementeiras num jardim que cultivais em redor de vós, pois
cada palavra humana pertence ao mais vivo que vós podeis fazer em vosso
favor nesta Criação.
Hoje vos ofereço para refletirdes esta advertência: Há em cada palavra
dispositivos desencadeantes, porque todas elas estão ancoradas fortemente
nas leis primordiais da Criação!
Cada palavra que o ser humano formou originou-se sob a pressão de leis
mais altas, e, segundo sua aplicação, tem de atuar formando numa bem
determinada espécie!
A aplicação jaz na mão do ser humano segundo sua livre vontade, já os
efeitos, porém, ele não consegue dominar, pois são dirigidos com rigorosa
justiça de acordo com a sagrada lei, por uma força até então desconhecida
dele.
Por isso, agora, na última prestação de contas, um grande sofrimento cairá
sobre cada criatura humana que tiver abusado dos efeitos misteriosos da
palavra!
Onde está, porém, tal criatura humana que aí ainda não tenha pecado!
Toda a geração terrena está profundamente presa a essa culpa desde
milênios.
Que males já foram lançados sobre a Terra com a aplicação errada dessa
dádiva de poder falar!
Com a tagarelice destruidora e leviana, todos os seres humanos semearam
veneno. A semente brotou direito, chegou à floração total e dá agora os frutos
que deveis colher, quer queirais ou não, pois são todos conseqüências de
vosso atuar que agora vos serão lançados no regaço!
Que esse veneno tem de produzir os mais repugnantes frutos é fato que
não surpreenderá quem conhecer as leis da Criação, leis que não se regem
342
segundo as opiniões humanas, e sim prosseguem calma e inexoravelmente
seus grandes percursos, sem desvios, desde o começo dos tempos até toda a
eternidade, sem alteração.
Olhai à vossa volta, criaturas humanas, claramente e sem preconceitos:
tendes de reconhecer sem mais nada as divinas leis automáticas da vontade
sacrossanta, já que tendes diante de vós os frutos de vossa semeadura! Para
onde quer que olheis, aí está hoje no auge o falatório altissonante,
comandando tudo. Essa sementeira tinha que dar depressa tal floração, para
mostrar agora no amadurecimento seu verdadeiro núcleo, ruindo a seguir por
ser inutilizável.
Tinha de amadurecer sob a aumentada pressão da Luz, tem de crescer
com rapidez como numa estufa, para em sua vacuidade, perdendo todo e
qualquer apoio, cair soterrando tudo embaixo de si, tudo quanto por confiança
leviana e esperança egoística imaginou estar abrigado sob sua proteção.
O tempo da colheita já se iniciou! Eis que recaem todas as conseqüências
do falar errôneo sobre cada um, individualmente, como também sobre a
coletividade que fomentou tal palavrório.
O amadurecimento para a colheita traz também consigo, naturalmente,
mostrando a severa lógica dos efeitos das leis divinas, que agora, no fim, os
maiores palradores devem obter a mais forte influência e o maior poder, como
ápice e frutos do constante emprego errado da palavra, cuja misteriosa atuação
a tola humanidade não mais pôde conhecer, porque desde muito se fechou
para esse saber.
Ele não deu ouvidos à voz de Jesus, Filho de Deus, que já outrora
advertindo falou:
“Vossa fala seja sim ou não, pois tudo o que transcende disso é do mal!”
Reside nestas palavras algo mais do que pensais, pois encerram ascensão
ou decadência para a humanidade!
Com o vosso pendor para o falar demasiado e inútil, escolhestes a
decadência, que já vos atingiu. Ela vos mostra antes do soçobro geral por
ocasião do Juízo, bem nitidamente, para facilitar o reconhecimento salvador,
todos os frutos que com o emprego errôneo da palavra arrastastes para vós.
O poder da reciprocidade ergue agora os mestres de vossos próprios
pecados ao ápice, pairando a ameaça de serdes esmagados por isso, para que
no reconhecimento finalmente vos liberteis disso ou nisso pereçais.
Isso é justiça e ao mesmo tempo auxílio, como só a vontade de Deus em
Sua perfeição vos pode oferecer!
Olhai ao vosso redor! Tendes de reconhecer, se apenas quiserdes. E
aqueles que ainda hesitam nisso, o véu que mantêm diante dos olhos lhes será
tirado à força pelos frutos de seu querer, mediante maiores sofrimentos do que
até agora, a fim de que a Terra seja purificada do peso de vossa grande culpa!
A humanidade inteira atuou nesse sentido e não apenas alguns
isoladamente. São as flores de todo o atuar errado dos séculos passados, que
hoje têm de amadurecer nestes últimos frutos para o Juízo, a fim de perecer
com esse amadurecimento.
O falar leviano, insensato, irrefletido e sempre falso, que vibra contra as leis
primordiais da Criação, teve de aumentar até a doença generalizada como hoje
343
se apresenta, e em tremores febris, como na tempestade, tem agora de jogar
os frutos... eles cairão no regaço da humanidade.
Nenhum povo que geme e sofre por isso pode ser lastimado, porque são
os frutos de sua própria vontade que têm de ser saboreados, mesmo que
sejam podres, amargos e ocasionem a ruína de muitas pessoas, pois de uma
seara venenosa também somente se pode colher veneno.
Já disse em minha Mensagem: Se semeardes cardos não pode disso
surgir trigo!
Da mesma forma, nunca resultará qualquer progresso construtivo através
de discursos agitadores, zombarias e prejuízos de vosso próximo, pois cada
espécie e maneira só pode fazer nascer a mesma coisa, só pode atrair também
a espécie igual! Não deveis esquecer nunca esta lei da Criação! Ela se
processa automaticamente e contra isso jamais conseguirá algo a vontade
inteira da humanidade! Jamais, escutastes bem? Gravai isso em vós, para que
o tenhais sempre na mente quando pensardes, falardes e agirdes, pois daí
nasce tudo, e forma-se vosso destino! Portanto, nunca espereis outra coisa
como fruto, senão a mesma espécie da sementeira!
Afinal, isso não é assim tão difícil de deduzir, e no entanto nisso errais
sempre de novo! A injúria só pode trazer novamente injúria, o ódio só o ódio, o
assassínio só o assassínio. Já, porém, a nobreza, a paz, a luz e a alegria só
podem por sua vez originar-se de nobres maneiras de pensar, e nunca de outro
modo.
A libertação e a salvação não jazem na gritaria isolada ou coletiva. Um
povo que se deixa levar por palradores acabará infalivelmente e com razão
caindo na má fama, na desgraça e na morte, na miséria e na calamidade; será
atirado violentamente na sujeira.
E se a frutificação e a colheita até agora não se mostravam muitas vezes
durante uma só existência terrena, e sim só em outras mais tardias, a coisa
agora muda, pois o cumprimento da sagrada vontade de Deus força o imediato
resgate de todos os acontecimentos na Terra e com isso também o desfecho
de todos os destinos dos seres humanos e dos povos! Prestação final de
contas!
Vigiai, portanto, a vossa palavra! Prestai cuidadosamente atenção ao vosso
falar, pois também a palavra do ser humano é ação que pode criar formas,
aliás, somente no plano da parte fina da matéria grosseira, e as quais,
efetivando-se, penetram em tudo o que é terreno.
Não imagineis, contudo, que promessas se cumpram ou se realizem
segundo o texto das palavras, quando quem fala não traz em sua alma as mais
puras intenções, mas sim as palavras formam aquilo que simultaneamente com
elas vibra no íntimo de quem as profere. Assim, a mesma palavra pode
acarretar dualidade de efeitos e ai de onde ela não vibrar verdadeiramente e
em plena pureza!
Retiro o véu da vossa ignorância de até agora, a fim de que, cientes das
conseqüências más, possais vivenciá-las e delas extrair proveitos para o futuro.
Como auxílio, dou-vos, por isso, ainda como nova lei:
Atentai à vossa palavra! Que a vossa fala seja simples e verdadeira!
Contém em si, pela sagrada vontade de Deus, a propriedade de formar,
344
construindo ou também destruindo, segundo a espécie das palavras e daquele
que as pronuncia.
Não desperdiceis essas elevadas dádivas que Deus cheio de graça vos
outorgou, mas procurai reconhecê-las direito em seu valor total. A força do falar
acarretou-vos até agora maldição, através daquelas pessoas que, como
servidoras de Lúcifer, abusaram dela na pior conseqüência do raciocínio
torcido e unilateralmente cultivado!
Acautelai-vos, portanto, com pessoas que falam muito, pois a
decomposição as acompanha. Vós, porém, deveis tornar-vos construtores
nesta Criação e não palradores!
Atentai à vossa palavra! Não faleis apenas por falar. Falai somente quando,
onde e como for necessário! Deve haver nas palavras do ser humano um
reflexo do Verbo de Deus, que é vida e que permanecerá eternamente vida.
Bem sabeis que a Criação toda vibra no Verbo do Senhor! Isso não vos dá
o que pensar! A Criação vibra nele, como vós também, visto que sois parte da
Criação, pois ela se originou dele e é sustentada através desse Verbo.
Já foi claramente revelado aos seres humanos que:
“No começo era o Verbo! E o Verbo estava junto de Deus! E Deus era o
Verbo!”
Nisso repousa para vós todo o saber, se apenas o haurísseis. Mas ao
lerdes passais por cima e não atentais nisso. Essa sentença vos diz
nitidamente: O Verbo veio de Deus! Foi e é uma parte Dele. E esta Palavra de
Deus, a Palavra viva da Criação de Deus-Pai, ela é Imanuel!
Ela não se chama assim, mas Ela é! Nele vibra tudo o que tem permissão
de viver, Dele originou-se também toda a Criação, pois Ele também é
simultaneamente:
Faça-se a Luz!
Um pequeno reflexo do poder do Verbo vivo de Deus, que tudo contém em
si, que abrange tudo o que está fora do próprio Deus, um pequeno reflexo
disso reside também na palavra humana!
Em verdade, a palavra humana consegue emitir seu efeito somente até às
camadas da parte fina da matéria grosseira, mas isto basta para formar aqui
sobre a Terra, por ação de retorno, o destino das criaturas humanas e também
dos povos!
Refleti nisso! Quem muito fala permanece apenas no solo do raciocínio
torcido e unilateralmente cultivado! Uma coisa acompanha sempre a outra.
Nisso o reconhecereis! E trata-se de palavras dos baixios terrenos, que nunca
são capazes de construir. No entanto, a palavra deve construir segundo a lei
divina. Onde ela não obedece a este mandamento, aí só poderá produzir o
contrário.
Portanto, atentai sempre à vossa palavra! E sustentai vossa palavra! Para
isso ainda vos será ensinado o caminho certo, na construção do Reino de Deus
aqui na Terra.
Urge, primeiramente, que aprendais a reconhecer a força das palavras que
até agora só tendes desvalorizado de modo leviano e tolo.
345
Pensai somente uma vez na mais sagrada palavra que vos foi dada, na
palavra: DEUS!
Falais muito em Deus, demais mesmo, como se nisso pudesse ressoar
ainda aquela veneração, que deixa reconhecer que também intuís certo: aquela
veneração que só vos permite sussurrar a sublime palavra em dedicada
devoção, para protegê-la cuidadosamente de qualquer espécie de profanação.
Mas que fizestes, criaturas humanas, do mais sagrado de todos os
conceitos dessa palavra! Em vez de preparar com humildade e alegria o vosso
espírito para essa mais sublime expressão, para que ele gratamente se abrisse
a uma indizível força de irradiação da inenteal sublimidade luminosa do
verdadeiro existir, que vos outorga o dom de respirar, bem como a todas as
criaturas, ousais arrastar para os baixios de vosso mesquinho pensar essa
palavra, utilizando-a irresponsavelmente como uma palavra cotidiana, a qual,
assim, só teve de formar em vossos ouvidos um som vazio, não conseguindo
por isso achar entrada em vosso espírito.
É, portanto, evidente que essa mais sublime de todas as palavras se
efetive aí de modo diferente do que naqueles que a sussurram com legítima
veneração e reconhecimento.
Atentai, portanto, a todas as palavras, pois encerram alegria ou sofrimento
para vós, constroem ou destroem, trazem clareza, mas também podem
confundir, conforme a maneira como são proferidas e aplicadas.
Quero proporcionar-vos mais tarde na construção também reconhecimento
a tal respeito, para que possais agradecer mediante cada palavra que o Criador
ainda vos permite proferir! Então devereis ser felizes terrenamente também, e a
paz reinará aqui nesta Terra até agora tão inquieta.
346
5. Ano novo 1935
Um novo ano! Em cada passagem de ano o ser humano se pergunta, o que o
ano novo vai me trazer? Um pergunta de modo sereno e silencioso para si
mesmo, quando tocam os sinos da passagem de ano; outro com uma dor
angustiante no coração, e muitos brincando despreocupadamente, em alegre
companhia, rindo descontraidamente, ou também em bebedeiras e arrogância,
desafiando o destino, a fim de levianamente levantar o véu do futuro, prontos
para enfrentar com obstinação aquilo que lhes está reservado.
Uma grande parte, porém, tem hoje rancor no coração, inveja e ódio em
relação aos semelhantes, aos quais nada de bom desejam. Às escondidas
visam desgraça e destruição; sedentos de vingança forjam planos que no novo
ano devem tornar-se realidade.
Apenas poucas, bem poucas pessoas juntam as mãos em humilde oração,
a fim de aproximar-se de Deus em espírito, com sentimentos de gratidão pela
condução cheia de graça através do ano que se passou! Agradecimento por
ainda terem podido vivenciar sofrimentos e alegrias, que despertaram seu
espírito ou deixaram-no amadurecer ainda mais no reconhecimento.
Assim fluem confusamente formas de pensamentos ao iniciar-se o novo
ano. Uma mistura de veneno e leviandade, superficialidade e toda a sorte de
cobiças, vontade de dominar por meio de mentiras e fraudes... contudo, falta
uma coisa: o anseio sincero pela verdadeira paz, que está inserido na
humildade e respeito a Deus! Anseio pela paz, por causa da paz. Isto o ser
humano terreno não tem mais em si, pois não mais pode ficar sem
pensamentos egoísticos.
O último chamado de Deus para o ser humano perdeu-se mais uma vez,
eles continuam vivendo na ilusão de que tudo na Terra deve orientar-se
segundo a sua vontade, até mesmo o Senhor, seu Deus, se é que ainda O
reconhecem.
Chegou, pois, o novo ano, o ano que lhes trará surpresa e a vivência de
que sua vontade nada significa perante aquela onipotente vontade de Deus,
que os força a prostrarem-se de joelhos, quebrando qualquer resistência. Os
seres humanos deixarão de introduzir obstinadamente sofrimentos no mundo,
pois terão de se defender desesperadamente contra o refluxo impetuoso dos
frutos de seus próprios erros.
O ano que hoje se inicia trará os resgates grosso-materiais, visíveis aos
seres humanos, sensíveis, palpáveis, pelos quais não podem mais passar
desatentamente, como até agora com relação a todos os acontecimentos
espirituais!
Haverá um grande lamento em todos os países, por toda a parte, e
cumprir-se-ão as palavras que pronunciei advertindo nos últimos anos!
Elas se cumprirão! Cada palavra!
Quantas vezes a humanidade já zombou e escarneceu de mim, por ter dito
muitas coisas advertindo, as quais aparentemente não se cumpriram de
imediato. Adeptos tornaram-se mornos e duvidosos por esse motivo, e vários
bem-intencionados aconselharam que seria melhor se eu não falasse sobre
tais coisas, pois apenas diminuiria o valor da doutrina ou até a destruiria.
347
Os sabidos seres humanos não supunham que eu tinha de falar assim, que
era cumprimento de minha parte, e que nisso eu não podia orientar-me pela
opinião das criaturas humanas, não importando se elas pensavam de modo
hostil ou favorável a tal respeito.
Eu não podia dar atenção ao seu escárnio nem às suas hostilizações, eu
tinha que deixar passar por mim tudo, e presenciar também calmamente como
vários adeptos se afastavam de mim, os quais tinham dentro de si grandes
possibilidades para um serviço no Graal, pois eu tinha de continuar a falar
assim, porque com isso eu cumpria, e por causa desse cumprimento vim à
Terra!
Os seres humanos não sabiam ou não acreditavam que eu mesmo sou a
lei viva e a Palavra viva, a Palavra de Deus, que não profetiza, mas que é
criadora, criando primordialmente: ação!
E se o mundo inteiro continuamente tivesse me coberto de escárnio e
zombaria, e se todos, duvidando, se tivessem afastado de mim, mesmo assim
eu teria falado, sem deixar uma palavra sequer, assim como fiz, pois essas
palavras encerram sagrados cumprimentos!
Que me importa o escárnio da humanidade se eu atuo na vontade
onipotente de Deus, vontade essa que sou! Que me importam as dúvidas da
mesquinharia terrena, o sorriso complacente ou também o ódio dos seres
humanos terrenos!
Eu conheço somente a ordem de meu Pai e nada mais! E essa será
cumprida por mim, com ou sem o reconhecimento dos seres humanos.
Muitas vezes falei: minha palavra é ação! Contudo, ninguém jamais formou
uma noção correta disso. Foi culpa dos próprios seres humanos. Quando falei
do Juízo, então pensavam que seria apenas uma profecia e esperavam
realização para breve, caso tivessem ouvido confiantemente minhas palavras.
Os outros, porém, apenas aguardavam poder agredir-me, se nada se
realizasse na época que eles imaginavam.
Nem um sequer dos seres humanos sabia que simultaneamente com
minha palavra também se iniciava o acontecimento e, nascido assim, surgia na
engrenagem universal! Não era, pois, somente palavra humana, mas sim a
Palavra de Deus, que atua criando no momento em que é pronunciada, e que
jamais pára de atuar, até que seja cumprida integralmente!
Enquanto muitas pessoas consideravam minhas palavras como mera
profecia, essas palavras já se constituíam nos primeiros golpes da espada
julgadora de Deus contra toda a humanidade, que se tem em conta de mais
inteligente e mais sábia que o próprio Deus, e que só quer viver segundo sua
própria vontade, ousando até desdenhar e assassinar todos os auxiliadores até
hoje enviados por Deus, no mais sagrado amor!
E enquanto elas, em sua ignorância, zombavam de mim e da minha
palavra, essa mesma palavra já percorria seus caminhos pela Criação inteira,
atuando vivamente, para, finalmente, no fechamento do círculo, esmagando e
destruindo, ou despertando e elevando, voltar à Terra, já que dela saiu!
E essa época da volta chegou agora! A palavra já julgou em todas as
partes do Universo, atingindo agora a matéria grosseira desta Terra, bem como
todas as almas que peregrinam em corpos terrenos grosseiros. Derruba
348
violentamente todas as muralhas erguidas pelas almas para se esconderem e
se protegerem.
O novo ano traz a volta de minhas palavras e com isso o Juízo! Ponderai
bem: nem sequer uma das minhas palavras se perdeu! Tudo vive e atinge
agora os seres humanos, cumprindo o que essas palavras encerram.
Necessitava de seu tempo, dentro da lei, para percorrer todos os
Universos, antes de voltar agora no fechamento do círculo para o ponto de
partida, para a Terra, trazendo em si o remate final.
Continuamente os efeitos finais golpearão agora a humanidade, até que
também a última das minhas palavras se tenha cumprido integralmente!
Os efeitos retroativos chegam cada vez mais rápidos, concentrando-se por
fim, sem interrupções, num último grande golpe, porque a força de Deus se
tornou agora livre na Terra, a fim de atrair e dissolver tudo o que ainda segue
vibrando em seus círculos.
Tudo é simples na grandeza de Deus, se o ser humano apenas quiser
compreendê-lo! Resumindo, dou-vos mais uma vez uma imagem sobre isso:
Eu tive que falar no decorrer dos anos, em determinadas épocas, de todos
os acontecimentos que terão de vir, para que se cumpram. Não devia ser uma
advertência para os seres humanos, como eles pensavam, mas era ação,
cumprimento que eu trazia com isso!
Com cada palavra surgia ao mesmo tempo o respectivo acontecimento
espiritualmente. A força das palavras foi lançada para o Universo, a fim de
percorrer os caminhos de todas as leis primordiais da Criação e por fim voltar
para a Terra em bem determinado tempo. Seja o que for que falei, terá que se
cumprir exatamente segundo a palavra, sem alteração de sentido! Não podem
ocorrer desvios nem alterações, pois a palavra proveniente de Deus é vida e
lei! Autocriadora na força do Senhor.
Por isso, já há anos tive de falar, avançando com o desenvolvimento,
ancorando sempre de novo com firmeza coisas novas nesta matéria grosseira
através da palavra. Precisais somente separar de todas as minhas preleções
aquilo que falei criando e aquilo que falei ensinando; pois distinguireis
facilmente duas maneiras de falar que usei e que podeis reconhecer
acertadamente, se vos esforçardes nesse sentido.
Assim minha palavra tornou-se ação e trouxe o Juízo para todos os
Universos, como agora trará para vós o Juízo nesta Terra!
De todas essas coisas vós, seres humanos, nada sabeis.
Somente após muitos anos compreendereis melhor muitas coisas,
pressentindo a grandeza que reside em tudo o que já agora aconteceu e que
no novo ano ocorrerá!
Agradecendo, sim, jubilando, louvareis então o amor de Deus, pois tudo
isso acontece para vós, seres humanos, para vossa salvação do pântano que
vós próprios escolhestes!
Por isso, cumprimentai o novo ano com alegre serenidade e agradecei a
Deus pela Sua inconcebível graça de vossa libertação e salvação!
349
6. Vê o que te é útil!
Por que vós, criaturas humanas, quereis sempre, espiritualmente, algo
diferente daquilo que vos é efetivamente necessário e útil! Qual grave epidemia
essa esquisita particularidade atua devastadoramente entre todos aqueles que
procuram.
Pouco adiantaria se eu quisesse vos perguntar a esse respeito, pois não
podereis prestar conta disso, mesmo que vos esforceis em refletir sobre isso
dia e noite.
Observai-vos com toda a calma, olhai as perguntas que se tornam vivas
dentro de vós, segui o curso de vossos pensamentos para onde quer que ele
conduza, e em breve reconhecereis que na maior parte se trata sempre de tais
regiões que jamais atingireis, por estarem acima de vossa origem, as quais, por
essa razão, também nunca podereis compreender. Todavia, poder
compreender é condição fundamental para tudo aquilo que vos deve ser útil!
Tornai isso bem claro em todo o vosso pensar, vosso atuar, e orientai-vos
de acordo. Então tudo se tornará mais fácil para vós. Ocupai-vos, portanto,
apenas com aquilo que puderdes compreender realmente; que, portanto,
estiver ancorado no âmbito da vossa condição humana.
A região de vossa possibilidade de conscientização como um espírito
humano é, sim, estritamente limitada em direção às alturas luminosas, mas
nem por isso pequena. Dá-vos lugar para toda a eternidade e com isso
também, respectivamente, grandes campos de ação.
Sem limites para vós é somente a possibilidade de vosso desenvolvimento,
que se mostra no crescente aperfeiçoamento de vossa atividade dentro desses
campos de ação. Observai, portanto, muito bem, o que aqui vos anuncio:
O progresso de vosso aperfeiçoamento na atuação espiritual é
absolutamente ilimitado; a esse respeito não existe fim. Podereis ficar cada vez
mais fortes nisso e com esse tornar-se mais forte ampliar-se-á sempre,
também, automaticamente, o campo de atuação, mediante o que encontrareis
paz, alegria, felicidade e bem-aventurança.
Também a respeito da bem-aventurança todos os seres humanos fizeram
até agora uma idéia errada. Ela reside tão-só na radiante alegria do trabalho
abençoado, e não acaso na inatividade preguiçosa e nos prazeres ou como, de
modo astuto, o errado é acobertado com a expressão “dolce far niente”.
Por esse motivo também chamo muitas vezes o Paraíso humano de
“luminoso reino da jubilosa atuação”!
O espírito humano não pode receber a bem-aventurança de maneira
diferente do que em alegre atividade para a Luz! Tão-só nisso lhe é, finalmente,
outorgada a coroa da vida eterna, que garante ao espírito humano poder
colaborar eternamente no circular da Criação, sem perigo de cair na
decomposição como inútil pedra de construção.
Os seres humanos, portanto, apesar da possibilidade que lhes foi
concedida benevolentemente de um constante aperfeiçoamento do espírito,
não podem ultrapassar jamais o âmbito do seu campo de existência na
Criação, e jamais derrubar os limites nela estritamente fixados de possibilidade
de conscientização humana. Na simples condição de não poder reside para
350
eles a circunstância inteiramente natural de não ter permissão, o que sempre
atua por si mesmo, mas exatamente por isso se efetiva de modo
intransponível.
O aperfeiçoamento reside nas irradiações cada vez mais luminosas do
espírito, o que se mostra correspondentemente na aumentada força de
atuação.
A luminosidade espiritual crescente, por sua vez, origina-se da clarificação
e purificação da alma, quando, com vontade para o bem, se esforça para cima.
Aí uma coisa sempre se desenvolve da outra, na mais severa conseqüência
lógica.
Se vos ocupardes de modo exclusivo e sério com o bem, então tudo o mais
decorrerá automaticamente. Portanto, nem é tão difícil. Em vosso querer,
porém, avançais sempre muito além de vosso limite e assim, desde o princípio,
tornais freqüentemente difícil e até impossível aquilo que é tão simples.
Ponderai que na perfeição crescente, mesmo o irradiar mais forte de vosso
espírito nunca pode modificar a sua espécie, mas sim apenas o seu estado!
Por isso jamais será possível ultrapassar o âmbito do limite da
conscientização humana, porque os limites são determinados pela espécie, e
não por seu estado. Esse estado, porém, ainda constrói para si, dentro do
grande âmbito da espécie, limites parciais, extremamente pequenos, que, com
a modificação do estado, também podem ser ultrapassados.
São extensões gigantescas que se encontram nesse âmbito, mundos que
também espiritualmente se perdem de vista para vós e nos quais podeis
permanecer por toda a eternidade e atuar infinitamente.
Se vos ocupardes de modo intensivo e profundo com isso, então sereis
felizes!
Na minha Mensagem vos fiz saber exatamente com que estais ligados e o
que está ligado a vós, como atuais nisso através do vosso pensar e do vosso
agir, e o que tendes de conseguir com isso.
Ao invés, porém, de dedicar-vos ao que vos foi oferecido, com toda a
seriedade no sentido certo e de, assim, preencher finalmente o lugar que o ser
humano, individualmente, tem de ocupar nesta Criação, todos os vossos
pensamentos, as vossas perguntas e também vossos desejos vão sempre de
novo muito além disso, a regiões que o espírito humano nunca poderá atingir
conscientemente.
Por isso não lhe é possível compreender realmente algo daquilo. Todo o
tecer, irradiar, aspirar, em suma, tudo quanto existe nessas regiões,
permanecerá eternamente incompreensível e sobremaneira distante para o ser
humano. Por isso não pode trazer-lhe proveito algum, se ficar cismando a esse
respeito. Apenas desperdiça o tempo e também a força que lhe é oferecida
para o seu próprio desenvolvimento necessário e tem de perecer afinal como
inútil.
Movimentai-vos, pois, finalmente, com toda a força naquela região que o
Criador vos concedeu, a fim de que a conduzais à mais pura beleza, fazendo
dela um jardim de Deus, semelhante ao Paraíso, e que se iguale a uma prece
de agradecimento tornada forma, elevando-se jubilosamente até os degraus do
351
trono de Deus, para, através da ação, louvar humildemente o Criador de todas
as coisas pelas ricas graças!
Criaturas humanas, como sois pequenas e, contudo, quão
desmedidamente pretensiosas e convencidas. Se quisésseis movimentar-vos
só um pouco de maneira certa, de modo a vibrar com clareza, em harmonia
com as leis primordiais da Criação, e não atuar sempre estorvando, como até
agora, devido à vossa ignorância, então por toda a parte, onde quer que
colocásseis a mão, brotariam as mais ricas bênçãos, não importando o que vos
esforçásseis em fazer.
Nem poderia ser diferente, e com a mesma constante segurança, com que
há muito já estais resvalando para a decadência, ver-vos-íeis elevados pela
mesma força, que conduz à riqueza do espírito e à tranqüilidade terrena.
Contudo, tendes de conhecer primeiro a vossa pátria na Criação e dentro
dela tudo quanto vos ajuda e favorece. Precisais saber como tendes de
caminhar e atuar aí, antes que possa começar o florescer.
Procurai, antes de tudo, sintonizar-vos terrenalmente de modo certo com
as vibrações das leis divinas, as quais nunca podereis contornar, sem vos
prejudicar muito, bem como ao vosso ambiente, e apoiai nelas também as
vossas leis, deixai que elas se originem daí, e então tereis logo a paz e a
felicidade, que favorecem o soerguimento tão almejado por vós, pois sem isso
todos os esforços serão em vão e mesmo a máxima capacidade do mais
aguçado raciocínio será inútil, redundando em malogro
Depende de vós, unicamente de vós, de cada um individualmente, e não
sempre dos outros, conforme de tão bom grado procurais vos iludir.
Experimentai-o primeiramente convosco mesmo, mas isso não quereis! Pois
supondes que sois muito superiores nesse sentido, ou o início vos parece
pequeno demais e secundário.
Na realidade, porém, trata-se apenas de indolência de vosso espírito, que é
capaz de vos manter afastados disso, e à qual todos vós já estais escravizados
há milênios. Vosso raciocínio, que amarrou vossas capacidades espirituais,
não mais pode ajudar-vos agora, quando se trata, doravante, de se curvar
perante a pura força de Deus ou perecer.
Tendes de ativar o espírito, despertá-lo dentro de vós, para reconhecer a
vontade de Deus e ouvir o que Ele exige de vós, pois somente a Ele, e a
ninguém mais, o ser humano se encontra submisso desde os primórdios, a Ele
tem de prestar contas agora de tudo quanto fez na parte da Criação que lhe foi
emprestada como pátria.
E o vosso desditoso pendor, de sempre querer atingir somente o que está
mais alto, de almejar o que é desconhecido, ao invés de vos alegrar com aquilo
que vos rodeia, voltar-se-á depondo contra vós, como um dos vossos piores
males. O mal nasceu da indolência de vosso espírito, que não pode ser
confundido com o raciocínio, pois raciocínio não é espírito!
Terrenalmente também vos mantivestes sempre assim. Ao invés de
embelezardes com toda a força e alegria o vosso ambiente, de torná-lo mais
perfeito e de estimulá-lo para a plena florescência, quereis muitas vezes sair
dele, porque assim vos parece mais cômodo, prometendo sucesso mais rápido.
Quereis separar-vos dele para encontrar a desejada melhoria, já que, em todo
352
o desconhecido, simultaneamente, esperais também melhoria,
embelezamento!
Procurai, antes de tudo, aproveitar de modo certo o que vos foi dado!
Encontrareis aí milagre após milagre.
Para aproveitar, porém, algo de modo certo é necessário antes conhecê-lo
profundamente. E isso vos falta totalmente. Fostes sempre sobremodo
indolentes para reconhecer a vontade de vosso Deus, que se torna visível para
vós de modo claro e nítido na Criação.
Preciso sempre de novo tocar na velha ferida, que trazeis em vós, seres
humanos, e da qual muitas vezes já arranquei todas as ataduras, que, no
entanto, sempre de novo procurais repor com todo o cuidado. A ferida, que
constitui a origem de todo o mal, sob o qual tendes agora de sofrer, até vos
livrardes dele ou sucumbirdes por completo, é e continua sendo a voluntária
indolência de vosso espírito!
Muitas dentre essas criaturas humanas terrenas não serão mais capazes
de se livrar do cerco mortífero do mal, pois demoraram demasiadamente para
cobrar ânimo para tanto.
É natural que a astúcia do raciocínio procure encobrir toda a dormência do
espírito, porque com o despertar de vosso espírito terminaria logo o domínio do
raciocínio.
Só a indolência do espírito não atenta suficientemente ao que foi dado, não
se dá ao trabalho de descobrir a sua beleza e de torná-lo constantemente mais
perfeito, mas sim pensa encontrar melhoria só na modificação, procura a
felicidade em tudo quanto lhe é desconhecido.
O ser humano aí não pensa que a modificação condiciona antes o
desarraigamento, colocando em seguida esse desarraigado em solo estranho,
com o qual ainda nada sabe fazer e por isso comete facilmente grandes erros,
que acarretam conseqüências inimaginadas e maléficas. Quem põe suas
esperanças nas modificações, não sabendo o que fazer com aquilo que foi
dado, a este falta a vontade sincera, bem como a capacitação; encontra-se de
antemão no terreno vacilante do aventureiro!
Reconhecei-vos primeiramente a vós próprios de modo certo e aproveitai
aquilo que Deus vos oferece para utilização; utilizai-o de maneira a ser capaz
de florescer, então a Terra e todo o plano da Criação, dado ao espírito humano
para atuação, tornar-se-á obrigatoriamente um paraíso, onde só habitará
alegria e paz, pois a lei da Criação trabalhará então para vós com a mesma
firmeza com que tem de trabalhar agora contra o vosso atuar, e ela é
inamovível, mais forte do que a vontade dos seres humanos, pois repousa na
irradiação da Luz primordial!
Não está longe a hora em que os seres humanos terão de reconhecer que
não será difícil viver de maneira diversa do que até agora; conviver em paz
com o próximo!
O ser humano tornar-se-á apto a ver, porque lhe será tirada por Deus toda
a possibilidade do seu falso atuar e pensar de até agora.
Então terá de reconhecer, envergonhado, como se portou de maneira
ridícula na correria de sua atividade, sem importância para a verdadeira vida, e
353
como ele foi perigoso para toda aquela parte da Criação que lhe foi confiada
benevolentemente para utilização e para sua alegria.
Com relação ao seu próximo, viverá no futuro exclusivamente para a
alegria dele, assim como também este em relação a ele, e não sentirá inveja
nem cobiça por aquilo que ainda não possui. Despertará a faculdade de
desenvolver a beleza de seu próprio ambiente até a maravilhosíssima
florescência, moldando-o de inteiro acordo com a sua espécie, tão logo o
coloque na grande e benéfica vibração das singelas leis primordiais da Criação,
as quais lhe pude ensinar com a Mensagem, através do amor de Deus que,
desta vez, castigando, ajuda, a fim de salvar aqueles que ainda são de boa
vontade e humildes no espírito!
Se quiserdes construir, então clarificai primeiramente o vosso espírito,
tornando-o forte e puro. Clarificai-o, isto é, deixai-o atingir a maturidade! A
Criação já se encontra na época da colheita, e com ela o ser humano, como
criatura.
Ele, porém, ficou para trás, devido ao seu querer obstinadamente errado;
ele mesmo se colocou fora de todo o vibrar desejado pela Luz e tem de ser
expulso do jubiloso circular da Criação, agora já reforçado, porque não pode
mais se manter nele com a sua imaturidade.
A voz do povo fala mui acertadamente de espírito esclarecido. É facílimo
reconhecer um espírito amadurecido ou esclarecido, pois ele se encontra na
Luz e evita toda a escuridão. Também por seu modo de ser ele estabelecerá a
paz em redor de si.
Aí não haverá mais nenhuma manifestação raivosa, apenas serena
objetividade no grande impulso da atuação alegre, ou severidade imparcial,
que ilumina de modo afável, elucidando as fraquezas daqueles que ainda não
podem estar fortalecidos no espírito, mas sim ainda sujeitos à fermentação,
que tem de produzir purificação e esclarecimento, ou... ruína.
Só as trevas podem manifestar-se raivosamente, jamais a Luz, que sempre
mostra serena pureza e reflexão cheia de paz, na força consciente do elevado
saber.
Por conseguinte, onde quer que no ser humano ainda possa manifestar-se
a raiva, aí ainda há fraquezas a serem extirpadas, um tal espírito ainda pode
sucumbir aos ataques das trevas ou servir-lhes de instrumento. Ele não é
“esclarecido”, ainda não está suficientemente purificado.
Assim acontece com todas as fraquezas que tendes em vós e das quais
aparentemente não vos podeis livrar, ou só com grandes dificuldades. Na
realidade não seria difícil, tão logo tivésseis vontade de finalmente tratar de
modo razoável aquilo que Deus vos deu, de aplicar de modo certo aquilo que já
tendes em mão, adaptando-vos às vibrações das leis, cujo conhecimento já
pudestes ganhar através da minha Mensagem. Então será fácil, como que para
crianças, no mais verdadeiro sentido.
Deixai de ocupar-vos predominantemente com perguntas que ultrapassem
o âmbito que vos foi indicado, e aprendei primeiro a reconhecer profundamente
tudo aquilo que se acha dentro de vós próprios e ao vosso redor, então virá a
ascensão por si só, pois sereis automaticamente elevados pelos efeitos de
vossa atividade.
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Sede simples no pensar e no atuar, pois na simplicidade reside a grandeza
e também a força!
Com isso não retrocedereis, pelo contrário, progredireis e erguereis uma
construção sólida para uma nova existência, na qual cada ser humano pode se
orientar, por não estar mais confuso e enredado, mas sim com visão ampla,
luminoso e claro em todos os sentidos, enfim: sadio! natural!
Desenvolvei-vos como seres humanos interiormente corretos e
verdadeiros, e tereis logo íntima ligação com a Criação inteira, que vos
favorecerá em tudo quanto necessitardes para a ascensão. Em nenhum outro
caminho podereis conseguir isso!
Então afluirá para vós em rica abundância tudo quanto precisardes e que
vos proporcionará alegria e paz; antes, porém, de nenhuma maneira, mesmo
que vos esforçásseis sobremaneira por isso, pois agora é chegado o tempo em
que o ser humano na Terra tem de abrir-se à Palavra de Deus, o que equivale
a adaptar-se às leis vigentes da sagrada vontade de Deus, que conservam a
Criação e a favorecem!
Para toda a humanidade não há outro caminho – nem outro auxílio! Ela
deve reconhecer e submeter-se ou sucumbir; pois o Juízo chegou! Nenhum ser
humano será doravante capaz de aconselhar-vos e auxiliar-vos no sofrimento
vindouro, senão unicamente Deus!
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7. Os planos espirituais I
Para todos os que já assimilaram direito a minha Mensagem, e somente para
estes, chegou a hora para que eu novamente amplie um pouco mais o quadro
da Criação, para lhes aumentar o saber sobre ela.
Sereis assim iniciados em conhecimentos mais elevados, que até agora
não tinham sido dados aos seres humanos, porque não os teriam
compreendido, em virtude de ainda se acharem espiritualmente muito imaturos
para poder assimilá-los. E por si próprio um ser humano nunca poderia chegar
a tais conhecimentos.
Deve ser dado do alto como graça da Luz! Até agora já falei diversas vezes
de primordialmente criados, que atuam na Criação primordial, no reino do puro
espiritual.
Ao invés de puro espiritual, poderia eu, com o mesmo direito, utilizar
também a expressão elevado espiritual e pleno espiritual; da mesma forma
poderia denominá-lo supremo espiritual. Tudo isso estaria certo.
Mas preferi a palavra puro espiritual por se tratar do mais puro do espiritual
que lá pôde se formar. É o mais puro e, com isso, o mais forte do espiritual,
que se acha capacitado, sob a máxima pressão da Luz que o espiritual, como
sendo espiritual, em geral pode suportar, a se tornar plenamente consciente e,
assim se mantendo, também atuar.
No tornar-se autoconsciente já surge simultaneamente também a forma,
sem haver primeiro um vagaroso processo de desenvolvimento, como se torna
necessário nos movimentos circulares mais baixos, mais esfriados e, por
conseguinte, mais densos e também mais lentos desta Criação.
Depois que o mais forte, mais puro do espiritual, formando-se
imediatamente, pôde separar-se, permanecendo na contigüidade mais próxima
do plano divino, retido pela forte atração deste, na pressão da Luz, o restante
foi impelido adiante por essa pressão, porque não estava capacitado a resistir,
e teve de ceder à pressão demasiadamente forte, depois que o mais forte dele
havia tomado forma. Forma nas mais diferentes espécies, como a forma
humana, animal e plantas, a água, o ar e a terra, naturalmente permanecendo
tudo espiritual.
A espécie espiritual impelida adiante, e que permaneceu sem forma,
conseguiu, com a maior distância da Luz, esfriar-se ainda mais, surgindo assim
outra vez um novo mundo, pois, com esse esfriamento, a parte que dessa vez
se apresentava como a mais forte, no resto do espiritual, podia, ao tomar
forma, separar-se novamente, a fim de atuar nesse plano mais esfriado, de
modo consciente.
O segundo, porém, da mesma maneira que o primeiro superior, contém em
si ainda muitas gradações, as quais se constituíram segundo a velocidade da
capacidade de conscientização com que se formaram.
As diferenças foram condicionadas, por sua vez, pela heterogeneidade
também existente na igual espécie, segundo a capacidade de força, maior ou
menor, de suportar a proximidade da pressão da Luz.
Também aí existem, portanto, finas diferenciações. Cada plano de uma
determinada igual espécie tem por isso, dentro de seus limites, ainda inúmeros
356
círculos, que se encontram bem próximos do ponto mais alto desse plano ou
que só podem atuar mais afastados.
Isso ocasiona freqüentemente transições quase imperceptíveis, que dessa
maneira se estendem sem interrupção através de toda a Criação e
proporcionam ligações maravilhosas, sem lacunas, para a passagem da força
da Luz, ou degraus, conforme também podemos chamá-los, os quais, todavia,
não obstante sua delicadeza, nunca podem ser transpostos para cima, se não
for atingida para isso a correspondente força de constituição na igual espécie!
Todavia, os espíritos humanos desenvolvidos, aos quais pertencem os
seres humanos terrenos, não têm sua origem, nem no primeiro plano de
concentração espiritual acima referido, nem no segundo, e sim promanam do
último sedimento do espiritual, que não contém tanta força em si, para poder se
formar, com a tomada de consciência, no segundo plano do espiritual.
Ele também não pôde se manter lá, porque não conseguiu resistir à
pressão da Luz também nesse lugar já distante, depois que se desprendeu e
se formou aquela parte que estava apta para isso nesse segundo plano. Assim
a parte restante, como último sedimento, teve de seguir mais além ainda, rumo
a uma possibilidade mais baixa de esfriamento.
Mas também aqui não lhe foi possível, como parte mais fraca e como
último sedimento do espiritual, chegar sozinho ao estado consciente, sem
receber um impulso exterior. Por essa razão restaram somente germes de
espírito humano, isto é, capazes de desenvolvimento e, devido à sua espécie
espiritual, também preenchidos com o impulso para isso, porém não
suficientemente fortes para acordarem por si e assim se formarem com a
tomada de consciência.
A espécie espiritual das plantas e dos animais e de tudo o mais nesta
última precipitação, ainda conseguiu formar-se aqui e criar maravilhosas
paisagens habitadas; pois a isso não pertence a força pessoal da
autoconsciência, como para as criaturas do espiritual humano, que podem se
formar apenas da espécie especial do espiritual que traz em si uma vontade
própria, sendo, portanto, de espécie espiritual diferente daquela da qual as
plantas e os animais são capazes de se formar.
Somente lá, portanto, é que é a origem do espírito humano terreno, como
tal, na grande Criação; lá se formou e lá se encontra também o Paraíso dos
espíritos humanos que se desenvolvem rumo à perfeição, portanto, o plano de
sua verdadeira origem e ao mesmo tempo de seu regresso com a perfeição!
Visto de cima para baixo, ele se encontra numa profundidade imensurável,
mas visto da Terra para cima jaz ainda assim em altura indizível, pois os planos
da materialidade se estendem para muito longe, constituindo as planícies de
desenvolvimento e os campos de atuação dos espíritos humanos.
A incapacidade de poder acordar por si, até mesmo nesse local extremo e
mais distante da Luz, que é o último ponto de apoio do espiritual, obriga esses
germes espirituais, obedecendo ao impulso interior de desenvolvimento, a
seguir mais além, numa peregrinação através das matérias finas e grosseiras,
mais e mais afastadas, a fim de se desenvolverem lentamente para a
conscientização espiritual, já que os atritos e impactos provocados pela
densidade e pelo peso delas contribuem e obrigam para o despertar e o
fortalecimento.
357
Esse é mais ou menos o quadro da evolução de vosso espírito humano.
Já falei até agora sempre dos primordialmente criados e dos
desenvolvidos, mas não mencionei os criados! Isso teria sido demais para os
seres humanos, enquanto estes ainda não conhecessem profundamente a
minha Mensagem ou ainda não a tenham realmente assimilado dentro de si;
pois apenas uma simples leitura da Palavra viva da Mensagem não é o
suficiente. Exige o espírito desperto e, já desde o início, imprescindivelmente o
mais forte querer na procura pela Luz.
Unicamente para tais pessoas, consideradas sérias e suplicantes por isso,
dou a ampliação da visão da maravilhosa Criação, que como obra de Deus, em
límpida grandeza, vos rodeia com a atuação das leis mais perfeitas e, por
conseguinte, inabaláveis e automáticas.
É bastante desagradável saber de que maneira indigna a humanidade
terrena desde milênios se empenha em reduzir e calcar dentro de si, de modo
funesto, o mais precioso que ela possui, sim, aquilo que a torna realmente um
ser humano, o espírito, de tal forma que o ser humano terreno chega até
mesmo a envergonhar-se, às vezes, de falar sobre algo espiritual, de admitir
uma vivência espiritual; no entanto, torna-se doloroso vivenciar sempre de novo
que os seres humanos, em sua inacreditável e ridícula estupidez, ainda
consideram como sagacidade e até como erudição a deliberada e tão forçada
estreiteza!
Apenas um consolo há nisso: o saber da transformação dessas coisas, que
já está tão iminente, como ninguém pressente e nem iria acreditar, e o
conhecimento do fato de que uma parte desses mesmos seres humanos ficará
então envergonhada ao olhar retrospectivamente para o tempo do
desencaminhamento ultrajante, que tanto os afastou da verdadeira condição
humana e da dignidade humana, enquanto a outra parte então nem entra mais
em conta, pois não existirá mais.
Apenas baseado nessa perspectiva, prossigo ainda em meus
esclarecimentos. Como tenho falado de primordialmente criados, era evidente
que falaria também ainda de criados; pois, do contrário, teria simplesmente
mencionado apenas criados e os desenvolvidos.
Quero levantar ainda mais o véu para o espírito humano, depois de haver
dado uma imagem bem resumida do caminho da Luz até ele, e que ela, por
ocasião de cada auxílio, teve de percorrer, com diversas ancoragens, para
finalmente ser rejeitado por esses homúnculos terrenos, com sua injuriosa
presunção, e assassinado terrenamente, como até agora sempre aconteceu.
Por isso, tremei, quando a onipotência de Deus vos chamar agora para o
Juízo!
Já muitas vezes desceram até vós informações dos planos que eu vos
denominei hoje; entretanto, assimilastes delas apenas míseras partículas,
moldando-as à vossa maneira humana, de forma que as reproduções são
encontradas exclusivamente como fragmentos muito desfigurados em lendas e
poemas. Confusos e impossíveis de interpretá-los de acordo com a lei da
Criação, misturados com diversos acontecimentos puramente terrenos...
resultando disso uma mistura que vos parece sublime, mas que perante a
Verdade se mostra ridícula e que só pode ser desculpada pela vossa
ignorância.
358
Anteriormente à minha Mensagem, os seres humanos ouviram falar, aqui e
acolá, da existência de tais planos, porém não conseguiram distingui-los,
porque lhes faltava qualquer real saber a respeito, e por isso originaram-se as
mais absurdas imagens, na costumeira presunção humana em sua pretendida
esperteza.
É compreensível que pessoas sérias, meneando a cabeça, se
mantivessem adequadamente afastadas disso, enquanto entre fantasistas e
entusiastas surgiram as mais desastrosas concepções errôneas, sem levar em
conta que, predominantemente, as muitas pequenas criaturas megalomaníacas
procuraram sobressair nisso sem esforço, a fim de, ao menos uma vez,
poderem satisfazer sua propensão doentia, sempre aderida a elas, de
pretendida notoriedade!
Um repugnante charco de matéria fina foi tudo quanto daí sobreveio, e que
se tornou muito perigoso aos espíritos humanos, porque impediu o recebimento
da Verdade sem outras influências e dessa forma o reconhecimento do
verdadeiro caminho para a escalada! O hesitar, todavia, resultará em
destruição para muitos seres humanos, que de outra forma ainda poderiam ter-
se salvo disso.
Apesar de tudo, porém, trata-se por fim realmente do próprio livre-arbítrio e
da conseqüência da preguiça do espírito que cada um criou, impedindo assim o
reconhecimento e que no Juízo e, com isso, de acordo com a lei de Deus, deve
ser anulado como imprestável.
Quem se esforça um pouco que seja, muito em breve terá de reconhecer,
claramente, pela intuição, o que existe de verdade nos poemas.
Tomemos, pois, a lenda a respeito de Parsival! Partindo desta pequena
Terra, em pensamento, procura o ser humano pesquisar e encontrar algo a
respeito de Parsival, para descobrir a origem, o surgimento dessa lenda.
Certamente os poetas da Terra imaginaram pessoas terrenas, que lhes
deram um impulso externo para a forma do poema; contudo, em seu trabalho
de aprofundamento espiritual, colheram inconscientemente algo de fontes que
eles próprios não conheciam. Todavia, como finalmente procuraram melhorá-lo
com o raciocínio, para assim torná-lo terrenalmente belo e facilmente
compreensível, o pouco que eles puderam receber dos planos desconhecidos
foi também comprimido, diminuído e deformado na matéria grosseira.
Não vale a pena entrar nisso de modo especial, mais pormenorizadamente.
Dou apenas o fato real, e cada pessoa pode tomar para si aquilo que o seu
espírito consegue.
Contudo, faz-se necessário, de antemão, indicar ainda alguma coisa, que,
para muitos, terá de esclarecer alguns erros, e, para aqueles que puderem ser
iniciados em conhecimentos mais elevados, facilitará muita coisa, já que devido
a isso conseguem, logo de início, sair de todo o falso que se aninhou na Terra.
Existe, na realidade, um Templo, onde se encontrava Amfortas, sendo
considerado lá, por algum tempo, o guardião superior. Nesse Templo encontra-
se um cálice, chamado “Graal”, que é fielmente guardado por cavaleiros. Lá,
outrora, Amfortas falhou realmente e um grande auxiliador foi prometido.
Mas isso não ocorreu aqui na Terra, nem no Supremo Templo da Luz, na
Criação primordial.
359
O Templo, do qual se fala aí, encontra-se também ainda hoje no ponto
mais elevado de um plano, no qual os criados têm seu campo de atuação.
Estes criaram, dentro da mais pura vontade e adoração a Deus, apenas uma
cópia do Templo da Luz, o qual, do lugar mais elevado da Criação primordial,
irradia para baixo e, como verdadeiro Templo do Santo Graal, forma também o
portal de saída da esfera das irradiações divinas.
Nessa cópia situada mais embaixo atuou outrora Amfortas, e decaiu
quando se rendeu à má influência de Lúcifer, que subiu até ele das
profundezas. Seu erro foi, ao seguir essa influência por curto tempo, ter
procurado entregar-se à usufruição cômoda da vida faustosa de cavaleiros.
Com isso saiu do ritmo do necessário movimento de seu plano, que a lei
primordial da Criação automaticamente obriga que seja observado por aquele
que deseja permanecer na mesma altitude. Caiu na inércia por curto tempo e
provocou com isso, de modo estorvante, uma lacuna para o perfluir da força da
Luz.
Assim a sua queda foi inevitável, arrastando-o para baixo. A lacuna era a
ferida que ele apresentava. Em face da súplica dos fiéis cavaleiros, foi
anunciada, já antecipadamente, a vinda de um auxiliador puro, que pode deter
a ruína.
E Parsival cumpriu a promessa, peregrinando através de todas as partes
da Criação, assim como cumpre todas as promessas que desde sempre foram
feitas às criaturas da Criação inteira. Todavia esse cumprimento foi totalmente
diverso daquele que é transmitido no poema.
A descrição da Criação traz também aqui completo esclarecimento e exclui
tudo quanto até agora foi errado.
São, portanto, apenas partes de uma mensagem proveniente da cópia do
Supremo Templo da Luz, que puderam chegar aos espíritos absortos desses
poetas terrenos e que foram recebidas por eles durante seu trabalho, mas que
não vieram do próprio Supremo Templo luminoso do Graal, pois lá era
impossível anunciar Parsival, visto que Parsival era e é o primeiro em toda a
Criação, e dele a Criação toda pôde originar-se. Ele é uma parte do espírito de
Deus, Imanuel, ancorada no puro espiritual, para só então criar o puro
espiritual.
Da irradiação de sua Luz originaram-se primeiro os primordialmente
criados, e com eles também o Templo e tudo o que se formou. Não podia, por
conseguinte, ser prometido a ninguém, pois ele próprio foi o primeiro, e tudo o
mais só pôde surgir depois dele. Exceto ele, ninguém jamais foi Rei do Santo
Graal!
Por esse motivo devia também, mui evidentemente, aquele Templo, de que
os poetas falam, situar-se mais embaixo do que o verdadeiro Templo do Graal,
pois Parsival só mais tarde percorreu o mundo, a fim de livrá-lo da má
influência de Lúcifer, algemando-o para a época do Reino de Deus do Milênio
na matéria.
Assim, em sua peregrinação por todas as partes da Criação, ele chegou
também àquele Templo, que no poema é erroneamente descrito. Ele, no
entanto, entrou lá como Rei do Santo Graal, que é desde o começo e será por
toda a eternidade, porque ele próprio promana da Luz. Também não
360
permaneceu lá, e sim colocou em lugar de Amfortas um novo guardião
supremo do cálice, que veneram como cópia do Santo Graal.
No sagrado Templo da Luz, que circunda o autêntico Graal, é inteiramente
impossível a falha de um de seus guardiões, visto que Parsival lá se encontra
presente, sendo que nele está ancorada uma parte inenteal da própria Luz que,
partindo de Imanuel, foi conduzida para baixo, através da Rainha primordial
Elisabeth, por ocasião da sentença de Deus: Faça-se a Luz!
361
8. Fiéis por hábito
Deve ter chamado a atenção dos seres humanos que menciono tão
freqüentemente, como sendo nefasto, o irrestrito domínio do raciocínio e a
grande indolência do espírito, mas é necessário, pois ambos os fenômenos
estão inseparavelmente ligados e devem ser considerados como os pontos de
partida de muitos males e até como a verdadeira causa, hostil à Luz, para o
retrocesso e queda dos desenvolvidos.
Hostil à Luz porque impede o reconhecimento de todos os acontecimentos
e auxílios da Luz, uma vez que o raciocínio preso à Terra, chegando a dominar,
corta, como primeira coisa, na reciprocidade, a ligação para a possibilidade do
reconhecimento da Luz, atando assim o espírito, que aguarda o
desenvolvimento no invólucro de matéria grosseira, com esse invólucro que lhe
devia servir.
Esse processo, em seu efeito objetivo, inteiramente de acordo com as leis
da Criação, é tão horrível, que o ser humano nem é capaz de fazer uma idéia
correta, pois do contrário haveria de desintegrar-se pelo medo.
Justamente por isso é especialmente terrível, porque tudo aí tem de se
desenvolver em direção à ruína, e nem pode ser de outro modo, desde que o
espírito humano terreno, com pecaminosa vontade própria contra a
sacrossanta vontade de Deus, deu uma falsa direção a seu próprio
desenvolvimento, a qual forma toda a desgraça sob a pressão das leis
automáticas desta Criação, de cuja atuação o ser humano privou-se da
possibilidade de reconhecer.
Virou de modo violento e leviano, no mecanismo da maravilhosa obra de
Deus em perfeito funcionamento, uma chave de desvio, de tal forma que no
curso progressivo do seu comboio de destino havia de se seguir, como
acontecimento inevitável, um descarrilamento.
E esse acontecimento, por sua vez, que atinge em primeira linha a
humanidade terrena, põe ao mesmo tempo em máximo perigo aí também o seu
ambiente, que nada tem a ver com essa falha e que de qualquer forma sempre
teve de sofrer com isso, tendo seu desenvolvimento retido.
Ponderai vós próprios, com toda a serenidade, o que tem de significar, se
esse instrumento, o raciocínio, que o Criador cheio de graça deu a cada
espírito humano terreno como auxílio para o necessário desenvolvimento na
matéria grosseira, em contraste à sua incumbência, ainda estrangule ao
espírito qualquer possibilidade de ligação com as correntes ascendentes das
forças da Luz, como conseqüência de vossa atuação, ao invés de,
subordinando-se, servi-lo e propagar a vontade da Luz no ambiente material,
enobrecendo esse ambiente cada vez mais, para torná-lo naquele paraíso
terreno que deveria surgir.
Essa falha, forçada pela cobiça e presunção, é, em virtude da livre vontade,
tão inaudita, que uma tal culpa do preguiçoso espírito humano terreno se
apresenta demasiadamente grande a cada um que desperta, para mais uma
vez conseguir o perdão no amor do Onipotente.
Somente a condenação, através da retirada de todas as graças provindas
da Luz, e a decomposição deveriam ser o merecido destino dos espíritos
362
humanos terrenos, que impulsionaram constantemente toda uma parte da
Criação para a inevitável destruição, com presunçosa teimosia, se esse amor
do Onipotente não estivesse ligado ao mesmo tempo com perfeita justiça, uma
vez que ela é amor de Deus, que permanecerá eternamente incompreensível
aos espíritos humanos. E a justiça de Deus não é capaz de abandonar algo
totalmente à ruína, enquanto aí arderem centelhazinhas que não o mereçam.
Por causa desse diminuto número de centelhazinhas espirituais, que
almejam a Luz, foi trazida para esta parte da Criação, próxima da
desintegração, mais uma vez a Palavra do Senhor, para que possam salvar-se
todos aqueles que trazem em si a vontade certa para isso e que se
movimentam realmente nesse sentido com toda a força que ainda lhes restou.
Contudo, essa vontade tem de ser constituída de maneira diferente do que
muitas das numerosas pessoas na Terra, que acreditam em Deus, imaginam!
Por isso, escutai a Palavra, a qual podeis agarrar como corda de salvação
ainda na última hora. Depois Ela nunca mais ser-vos-á dada em vossas mãos,
se vós, desta vez, deixardes passar o momento para isso!
O domínio do raciocínio exclui completamente o espírito de qualquer
possibilidade do seu indispensável desenvolvimento. Esse fato em si não é
uma maldade do raciocínio, mas um efeito completamente natural. Ele age com
isso exclusivamente segundo a sua espécie, por não poder de maneira
diferente do que fazer desabrochar unicamente a sua espécie e desenvolvê-la
à plena força, se ele é unilateralmente cultivado e colocado no lugar errado, ao
lhe ser submetida irrestritamente toda a existência terrena!
E essa sua espécie é ligada à Terra; jamais será diferente, porque ele,
como produto do corpo terreno, também tem de permanecer dentro dos seus
limites, portanto, puramente de matéria grosseira terrena, pois a matéria
grosseira não pode gerar o que é espiritual.
O erro se encontra exclusivamente no próprio ser humano e no fato de ter
transmitido o domínio ao raciocínio, escravizando-se assim pouco a pouco
também a si próprio, portanto, atando-se à Terra. Com isso perdeu-se para ele
completamente a verdadeira finalidade da existência terrena, a possibilidade de
reconhecimento espiritual e de amadurecimento espiritual.
Simplesmente não compreende mais, porque os canais lhe estão
bloqueados. O espírito se encontra no corpo terreno como que num saco, que
em cima está amarrado pelo raciocínio. Assim o espírito nada mais pode ver,
nada mais pode ouvir, fica dessa forma cortado qualquer caminho para dentro,
em direção a ele, bem como para fora.
Que pudesse ter sido tão bem fechado pelo raciocínio terreno reside no
fato de a amarração já se processar antes do amadurecimento corporal,
portanto, para os adolescentes antes da época em que o espírito deve se
exteriorizar eficazmente através do corpo, a fim de estabelecer uma ligação
dominante com a matéria circunjacente, para o fortalecimento de sua vontade.
A essa época, porém, o raciocínio já foi pelo ensino errado desenvolvido
excessivamente de modo unilateral, mantendo já firmemente fechado o
invólucro de matéria grosseira em torno do espírito, de modo que este nem
pode vir a se desenvolver, nem se fazer valer!
Unilateralidade perniciosa do ensino, ao qual faltou a compensação
espiritual! Ao espírito foi apenas imposto um rígido dogma, que nada lhe pode
363
dar, que não o anima para a convicção própria e livre de tudo aquilo que se
acha em conexão com Deus, porque os próprios ensinamentos não têm vida e
não estão em ligação com a Luz, visto que por toda parte, nas doutrinas, o
raciocínio do ser humano terreno e sua presunção já provocaram muita
destruição.
O ensino de até agora sobre o saber a respeito do Criador esteve sobre
bases demasiadamente frágeis ou, melhor dito, já enfraquecidas pelos seres
humanos, para que pudessem ajustar o passo com o raciocínio, robustecido
cada vez mais rapidamente pelo cultivo unilateral.
O ensinamento destinado ao espírito, portanto, para uma intensa atividade
sensitiva da intuição, permaneceu sempre rígido e com isso sem vida, não
podendo por isso jamais ser recebido espiritualmente de modo real.
Assim tudo foi apenas empurrado para o aprendizado, o qual não podia se
transformar em vivência, com o que também aquilo que se destinava
predominantemente ao espírito, como tudo o mais, teve de ser assimilado pelo
raciocínio, sendo retido por este sem poder se aproximar do espírito! Desse
modo as gotas da água viva, se ainda existiam aqui e acolá, também tiveram
de desaparecer. A conseqüência foi, e tinha de ser, que o espírito não recebia
nada e o raciocínio tudo! Com isso chegou-se por fim àquele estado em que o
espírito, absolutamente, nada mais podia receber. Isso trouxe a paralisação e o
inevitável retrocesso do germe espiritual que, sem impulso exterior, de
qualquer forma sempre teve a tendência para a inatividade.
Na inatividade e sem atritos, ele se tornou cada vez mais fraco, a ponto de
hoje apresentar-se um quadro deplorável na Terra: seres humanos saturados
de sagacidade intelectiva presa à Terra, com espíritos completamente
enfraquecidos e em grande parte, também, já realmente adormecidos!
Em muitos deles o sono já se transformou em sono da morte. Esses são os
mortos que agora têm de acordar para o Juízo!
A esses se refere o que já foi anunciado: Ele virá para julgar os vivos e os
mortos! Com isso deve se entender os espiritualmente vivos e os
espiritualmente mortos, pois outros não há, visto que o corpo terreno não pode
ser considerado como vivo ou morto. Ele próprio nunca foi vivo, mas apenas
vivificado por algum tempo.
Vós, seres humanos, não conheceis, absolutamente, o perigo em que vos
encontrais, e quando agora tiverdes de reconhecê-lo, para muitos já será tarde
demais, pois não possuem mais a força para despertar desse enfraquecimento,
que tão horríveis desgraças tem causado.
Por essa razão, em todos os males da humanidade, tenho de voltar sempre
de novo às suas causas reais: o domínio do raciocínio e da indolência do
espírito a isso ligada, que surgiu como conseqüência imediata.
Também a maioria dos atuais fiéis a Deus faz parte, em primeira linha, dos
espiritualmente indolentes que, tal como os indiferentes, deverão ser expelidos
durante o Juízo!
Se examinásseis uma vez, com um pouco de vontade, corretamente, esse
estado, e quisésseis tirar daí as correspondentes conclusões, então teríeis de
enxergar com nitidez e poder formar a esse respeito um juízo certo, sem
qualquer dúvida. Deveis aí apenas raciocinar logicamente, nada mais.
364
Verificai em redor de vós como os seres humanos recebem hoje a
ampliação, necessária para eles, do saber da Criação! Só disso já podeis tirar
suficientes conclusões sobre o seu verdadeiro estado.
Se hoje se faz referência ao Filho do Homem, Imanuel, como necessidade
para o progresso do saber espiritual, porque agora é chegado aos seres
humanos o tempo para isso, ouvis então toda a sorte de coisas como causas
da recusa da nova revelação proveniente da Luz!
Dessas, não quero mencionar todas, pois elas são por demais em suas mui
ramificadas variedades e não chegariam a um fim, porém, no verdadeiro
sentido, são todas iguais, porque têm somente uma origem: indolência
espiritual!
Tomemos apenas uma delas, pois muitos dos aparentemente bem-
intencionados fiéis das igrejas, entre os cristãos, falam:
“A Palavra da Mensagem em si está certa em muitas coisas, porém não me
diz nada de novo!”
Quem assim fala, apesar de sua imaginação ao contrário, não
compreendeu aquilo que julga já ter aprendido até agora em sua escola ou
igreja, nem o conhece, senão devia saber que na Mensagem se encontra
muitíssimo completamente novo, o que, porém, logicamente, não está em
oposição àquela Mensagem que Jesus trouxe, porque ambas se originam da
mesma fonte, da Verdade viva!
O que é novo, nem sempre equivale à negação do que se sabe até agora,
mas sim pode vibrar também no antigo e conduzir adiante na construção,
assim como acontece com a verdadeira Mensagem de Jesus, que se une com
a minha!
Contudo, exatamente pelo fato de minha Mensagem estar completamente
de acordo com as verdadeiras palavras de Jesus, muitas pessoas na leitura
têm a intuição de que nela nada há de novo! Mas apenas por serem, a
Mensagem de Jesus e a minha, na realidade, uma só!
Por esse motivo tudo vibra também uniformemente, exceto aquilo que os
seres humanos, em seu querer ser inteligentes, acrescentaram às palavras
trazidas por Jesus, o que, na maioria dos casos, está errado. Com esse
acréscimo, ou transmissão diferente, as minhas palavras naturalmente não
podem concordar. Porém estão em absoluta concordância com as próprias
palavras de Jesus!
E essa intuição do idêntico vibrar, que o espírito reconhece como
proveniente da mesma origem, e que permanece inconsciente para o
raciocínio, permite aos seres humanos pensarem, sem reflexão, que nela nada
de novo foi dado.
Assim é uma parte das criaturas humanas. Outras, porém, aceitam o novo
como sendo evidente e já dado anteriormente, por não conhecerem
corretamente o antigo, que julgavam possuir, e, por essa razão, não sabem,
absolutamente, qual é o novo que se encontra para elas na minha Mensagem.
Não há, entretanto, dissertação alguma em minha Mensagem que não
traga realmente, para os espíritos humanos, algo completamente novo, ainda
não conhecido por eles até agora!
365
Muitas pessoas, portanto, não conhecem nem aquilo que julgam possuir,
nem aquilo que eu lhes trago! São também demasiadamente indolentes para
assimilar realmente algo disso.
Para todos aqueles, contudo, cujo espírito é capaz de pelo menos perceber
a vibração uniforme de ambas as Mensagens, justamente essa circunstância
devia ser uma prova de que ambas as Mensagens promanam de uma só fonte,
a infalível comprovação até, de que também eu tenho haurido diretamente
dessa Verdade.
Mas disso os indolentes não se tornam conscientes. Tagarelam
simplesmente, mostrando assim o seu vazio, de modo que qualquer um há de
reconhecê-los, clara e prontamente, como espiritualmente indolentes.
Outros fiéis, por sua vez, opõem-se a ampliar seu saber, na suposição ou
medo de que assim possam fazer algo de errado! Isso, porém, somente em
poucos casos é medo, mas sim exclusivamente presunção, que se encontra
arraigada na estupidez e que só consegue, aliás, se desenvolver em tal solo,
pois presunção em si já é estupidez; ambas não se podem separar.
Mas a estupidez nesse caso refere-se ao espiritual e não ao terrenal, visto
que exatamente tais pessoas, que segundo o raciocínio são consideradas
terrenalmente como especialmente fortes e inteligentes, na maioria dos casos
são espiritualmente enfraquecidas, não possuindo perante Deus valor algum
como criaturas humanas na Criação, pois falharam para a sua existência
propriamente dita e não se encontram em condição de criar, com os seus
conhecimentos intelectuais, quaisquer valores para a eternidade, ou de utilizar
o raciocínio para isso.
Deixemos, porém, aqui tudo o mais de lado e consideremos apenas os fiéis
entre os cristãos, dos quais de qualquer maneira não são muitos os que podem
ser considerados realmente fiéis, pois a maioria deles se compõe apenas de
supostos cristãos, vazios por dentro, e nada mais.
Estes falam, em certo sentido, da mesma maneira que os primeiramente
citados, ou declaram com uma certa expressão teatral, que deve aparentar
respeitoso temor, conforme procuram fazer crer, pelo menos para si próprios:
“Temos o nosso Jesus, o nosso Salvador, a quem não deixamos, e mais
também não precisamos!”
Assim é mais ou menos o sentido de todas as suas palavras, mesmo que
essas palavras soem de maneira diferente, conforme a pessoa que as
pronuncia.
Essas legítimas reproduções dos fariseus, já por Jesus tão severa e
freqüentemente censurados, são, na realidade, nada mais do que expressões
de indolência espiritual, acrescentando-se nesse caso, porém, uma acentuada
presunção. Já a maneira, às vezes tão repugnante do estilo de falar,
caracteriza-os mais do que claramente.
Quando vos aprofundardes nas pessoas de tal espécie, reconhecereis que
elas não trazem em si uma verdadeira convicção, mas apenas um simples e
vazio hábito desde a juventude! Em sua indolência, não querem mais ser
perturbadas, pois essas coisas poderiam causar-lhes inquietação espiritual, se
com elas se ocupassem profundamente. Procuram evitar isso cuidadosamente,
sem se tornarem conscientes de que assim pecam contra a importante lei de
Deus do movimento espiritual, que lhes oferece a conservação da sua alma,
366
bem como a do corpo, em cuja atuação e cumprimento, unicamente, residem a
ascensão e a capacidade de amadurecer para a perfeição!
Exatamente aquilo que consideram grandeza e procuram mostrar com
orgulho, a fim de se iludirem com um apoio que nem trazem em si, tornar-se-
lhes-á fatalidade e destruição!
Se, obedecendo à lei, elas se movimentassem um pouco espiritualmente,
uma vez que fosse, deveriam reconhecer mui rapidamente que a sua crença de
até então não fora absolutamente tal, pelo contrário, algo aprendido, que se
tornou hábito benquisto, porque além de algumas exterioridades nada exigia
delas e, por essa razão, foi considerada por elas como agradável e certa.
Não deveriam ter evitado a inquietação, antes deveriam agradecê-la, por
ser o melhor sinal para o despertar do seu espírito, ao qual, evidentemente, há
de preceder primeiro uma inquietação, antes que a segurança de verdadeira e
livre convicção possa surgir, a qual desenvolve a sua força somente no sincero
e diligente examinar e no real vivenciar no espírito a isso ligado.
Onde surgir inquietação, lá é dada a prova irrefutável de que o espírito
dormiu e quer chegar ao despertar; onde, porém, ocorrer uma recusa com a
orgulhosa afirmação de um direito de posse pessoal de Jesus, lá se patenteia
apenas que esse espírito humano já está entregue à agonia, a qual conduz ao
sono da morte.
Prova, ainda mais, que exatamente esses espíritos, também na época
terrena de Jesus, teriam recusado rigorosamente a ele e à sua Palavra, com
igual presunção vazia, agarrando-se ao até aí já aprendido, se ela lhes tivesse
sido oferecida como nova revelação no necessário ponto de conversão de
outrora, para escolha e decisão própria!
Teriam pelo mesmo motivo de simples comodismo se agarrado ao antigo, o
qual tem de formar o solo para o progredir, se não deva ocorrer estagnação.
São negadores de tudo quanto é novo, porque não se sentem capazes ou
suficientemente fortes para examinarem de maneira sincera e livre de
preconceitos o que é incisivo, ou porque já são por demais apáticos para isso e
procuram preferivelmente prender-se aos hábitos de até então.
É de se supor com certeza que eles teriam decididamente recusado Jesus,
se isso não lhes tivesse sido ensinado de modo obrigatório, já desde a infância!
Não é diferente também com aqueles que procuram recusar tudo quanto é
novo, fazendo referência à profecia sobre o aparecimento de falsos profetas!
Nisso também nada há de diferente, do que mais uma vez somente a
indolência do espírito, pois nessa profecia, a que eles se referem, é
concomitantemente expresso de maneira clara que o certo, o prometido, virá
exatamente nessa época do aparecimento dos falsos profetas!
Como pensam então em reconhecê-lo, se para a sua comodidade
simplesmente liquidam tudo de modo leviano com uma tal referência! Essa
pergunta fundamental nenhuma pessoa ainda a formulou para si mesma!
Todos sabem de sua vinda e afirmam também acreditar nisso, mas ainda não
pensaram nessa pergunta, mesmo porque nem querem se esforçar ou porque
sabem muito bem, que esse é exatamente o ponto, do qual todos, sem o
expressar, procuram desviar... por indolência do espírito. Eles esperam,
esperam, até que o tempo tenha passado, então, por fim, se mostraria como
também aconteceu com Jesus!
367
Desta vez, porém, será diferente; pois o tempo não passará ao lado dos
morosos e preguiçosos, mas os julgará! O aguardar será a sua sentença, a
condenação!
Elas próprias têm de encontrar a legitimação na Palavra da Verdade, que
os seres humanos, exceto pouquíssimos, também não quiseram observar com
relação a Jesus, esperando, antes, outras provas ainda, pois exigiram
zombando: “És Tu o Filho de Deus, desce assim da cruz, então, nós queremos
acreditar em Ti!”
Sua Palavra da Verdade, que foi a legitimação propriamente dita, ainda não
tinha valor para eles naquele tempo. A própria indolência espiritual de cada um,
para onde quer que olheis, acontece hoje novamente, assim como outrora, só
que muito pior ainda, pois agora cada centelha espiritual se acha quase que
totalmente soterrada.
Os fiéis de hoje aceitaram tudo apenas como doutrina, e sem ter
assimilado nada disso dentro de si ou transformado em coisa sua!
Espiritualmente são demasiado fracos para intuir que a sua crença nada mais é
do que o hábito desde a infância, o qual eles denominam agora como sua
convicção, com total ignorância sobre si próprios.
Também o principal aumento do número de cristãos ocorreu pelo
acréscimo da juventude, não por adultos! E os dessa geração futura, que já
foram batizados cristãos e que então o permanecem, são, examinados à clara
luz, oitenta por cento apenas cristãos por hábito, o que fica evidente pelo fato
de não se orientarem pelas palavras de Jesus.
Sobretudo o seu comportamento perante o próximo mostra,
freqüentemente, de modo mui nítido, que não são verdadeiros cristãos, mas
tão-só supostos cristãos, vazios e indolentes espiritualmente!
Quem ainda for capaz de pensar de modo imparcial e não estiver
espiritualmente escravizado, não tentará contestar esse fato que, a cada hora,
de todos os lados, será comprovado cêntuplas vezes e que já foi comprovado
no decorrer dos séculos passados.
Esta prova de falso cristianismo fica clara, lamentavelmente, em toda parte,
como também nas próprias igrejas, que são, de modo inacreditável,
categoricamente intolerantes, malévolos em palavras e ações para com todos
aqueles que não servem à sua igreja em atuação puramente terrena.
Se os assim odiados e talvez por isso temidos, apesar disso, servem
realmente a Deus, de modo muito mais sincero e vivo em todo o seu atuar do
que outros, isso não vem ao caso nas opiniões das igrejas e em seu atuar! Isto
eu clamo a Deus! Pois tal atuação é contra Sua exigência e Seu mandamento!
Pois para todas as igrejas deveria ser o mais importante que haja apenas um
servir a Deus e não a elas! O servir a Deus, no entanto, de modo algum tem
que passar pelas igrejas!
Onde, porém, está escrito em minha Mensagem, que um ser humano deve
se afastar de Deus ou do Filho de Deus Jesus! Pelo contrário, eu conduzo com
minhas palavras diretamente para Deus e também para Jesus! Mas de maneira
mais viva do que até agora foi conhecido, correspondendo à verdade e não
como os seres humanos moldaram com seu pendor pela comodidade
espiritual.
368
Afirmo que Deus quer ter espíritos vivos na Criação, conscientes de sua
própria responsabilidade! Portanto, seres humanos, assim como está nas leis
primordiais da Criação! Que cada um tem de responder própria e plenamente
por tudo que pensa, fala e faz, e que isso não podia ser remido com o
assassínio outrora perpetrado pela humanidade contra o Filho de Deus.
Jesus, pois, foi assassinado, unicamente porque com as suas idênticas
exigências também foi considerado incômodo, parecendo perigoso aos
sacerdotes, que ensinavam de modo diferente, muito mais cômodo, para assim
terem terrenalmente cada vez maior afluxo, o que, ao mesmo tempo, devia
proporcionar e conservar o aumento de seu poder terreno pela crescente
influência terrena.
A isso eles não queriam renunciar. Os seres humanos, à comodidade, e os
sacerdotes, à influência, ao seu poder. Os sacerdotes não queriam
absolutamente ser instrutores e auxiliadores, mas apenas dominadores!
Como verdadeiros auxiliadores deviam ter educado os seres humanos para
uma autonomia interior, dignidade de espírito e grandeza espiritual, a fim de
que esses seres humanos se enquadrassem na vontade de Deus por livre
convicção e agissem de acordo com ela, alegremente.
Os sacerdotes fizeram o contrário e ataram o espírito, a fim de que este
lhes permanecesse obediente para suas finalidades terrenas.
Deus, no entanto, exige dos seres humanos aperfeiçoamento espiritual
mediante Suas leis da Criação! Progresso contínuo com a ampliação do saber
da Criação, para que nela estejam e atuem de modo certo e não se
transformem em estorvo nos vibrantes movimentos circulares!
Mas quem agora não quiser prosseguir, procurando permanecer naquilo
que julga já saber, e recusando por isso novas revelações provenientes de
Deus ou opondo-se hostilmente, este ficará para trás e será lançado fora no
Juízo universal, porque o Juízo derruba qualquer obstáculo, para que,
finalmente, surja de novo na Criação a clareza, a qual beneficia daí por diante o
desenvolvimento progressivo que se encontra na vontade de Deus para a Sua
Criação.
Jesus foi também outrora uma nova revelação e trouxe outras com sua
Palavra. Para aquela época tudo isso era novo, assim como hoje a minha
Mensagem sobre Imanuel. Outrora era um progresso igualmente necessário
como hoje, no qual, no entanto, não se devia ter parado eternamente. Eu
também não derrubo nada do antigo, mas apenas adiciono algo novo.
Também de Jesus nunca se deve renunciar como Filho de Deus, por minha
Mensagem; pelo contrário, deve agora com maior razão ser reconhecido como
tal, não, porém, como servo e escravo de uma humanidade estragada, para
carregar ou remir o seu fardo de culpas, a fim de que lhe seja mais cômodo!
E exatamente aqueles que realmente aceitaram Jesus como Filho de Deus,
não podem, absolutamente, fazer outra coisa senão saudar somente com
alegre agradecimento a minha Mensagem e as novas revelações a ela ligadas,
provenientes da graça de Deus! Também não lhes será difícil compreender e
assimilar corretamente tudo o que eu digo.
Quem não o fizer, ou não puder, também não reconheceu a Mensagem e a
existência propriamente dita do Filho de Deus, Jesus, mas apenas erigiu para
si próprio algo de estranho e errado, por concepção própria e presunção e...
369
não por último... pela indolência de seu espírito comodista, que teme o
movimento determinado por Deus!
O sentido e a finalidade da Mensagem proveniente da Luz, através de mim,
em cumprimento da sacrossanta vontade de Deus, é a necessária ampliação
do saber para a humanidade, que deseja sobreviver à transição condicionada
de acordo com as leis da Criação, para poder e ser-lhe permitido cooperar no
novo Reino da Paz dos Mil Anos, desejado por Deus, que a onipotência de
Deus irá erigir agora!
Aí não valem as evasivas dos espiritualmente preguiçosos, nem a
fraseologia de vaidoso farisaísmo, e também as traiçoeiras calúnias e ataques
dos seres humanos ávidos de poder próprio terão de retroceder e sumir como
debulho diante da sagrada justiça da trindade de Deus, pois nada é maior e
mais poderoso do que Deus, o Senhor, e o que provém de Sua vontade!
O espírito humano terreno agora tem de se tornar vivo e se fortalecer na
vontade de Deus, para cujo serviço lhe é permitido ficar nesta Criação, ou deve
sucumbir!
O tempo é chegado! Não serão mais aturados por Deus espíritos
escravizados! E será quebrada a vontade própria dos seres humanos, se ela
não quiser se enquadrar espontaneamente nas leis primordiais de Deus, que
Ele inseriu na Criação.
A elas pertence também a lei do movimento contínuo, que condiciona o
progresso sem estorvos no desenvolvimento. A isso fica ligada a ampliação do
saber!
Saber da Criação, saber espiritual é o verdadeiro conteúdo de toda a vida!
Por isso vos foram proporcionadas novas revelações. Se as recusardes
devido à indolência de vosso espírito, e se quiserdes deixar que este continue
a dormir tranqüilamente como até agora, então ele acordará no Juízo, para
depois se desintegrar pela decomposição.
E ai de todos aqueles que ainda quiserem manter atado o espírito dos
seres humanos! Estes sofrerão danos dez vezes maiores e, no último
momento, tarde demais, terão de reconhecer cheios de horror aquilo com que
se sobrecarregaram, para então, sucumbindo sob esse fardo, afundar na
pavorosa profundeza!
O dia é chegado! As trevas têm de desaparecer! Maravilhosa Luz de Deus
quebra agora tudo quanto é falso e queima tudo quanto é indolente nesta
Criação, a fim de que ela possa seguir seus cursos somente na Luz e na
alegria, para bênção de todas as criaturas, como uma jubilosa oração de
agradecimento por todas as graças de seu Criador, para a glória de Deus, do
Único, Todo-Poderoso!
AMÉM.
370
9. A saudade salvadora
Uma profunda saudade perpassa todos os seres humanos terrenos que dentro
de si ainda não estão inteiramente perdidos: a saudade pela libertação de seu
espírito!
De como deverá se processar a libertação, ninguém faz uma idéia clara.
Todos têm apenas anseio por isso, que se intensifica cada vez mais
pronunciadamente.
E estranho: a saudade manifesta-se de tão múltiplas maneiras. Cansaço
invade algumas almas, outras sentem uma tristeza que não podem
compreender, muitos se vêem tomados de uma inquietação que os deixa
apreensivos, havendo por outro lado também aqueles que trazem em si o
pressentimento de uma grande intuição de felicidade, sem conhecerem um
motivo para tal.
Inúmeros seres humanos, porém, andam como que aturdidos, tornam-se
facilmente susceptíveis, desconfiados, irritados e, em noites agitadas, surge-
lhes à frente a horrorosa imagem da inferioridade, cuja ridícula
inexpressividade os torna desnorteados, o que por sua vez os instiga à cobiça
de influência e de poder, a fim de preencher essa lacuna que se abre cada vez
mais visivelmente.
Quanto mais essa espécie de seres humanos se vêem afundar
espiritualmente, sem possibilidade de salvação, tanto mais convulsivamente se
agarram às aparências! Todo o seu pensar se dirige apenas às exterioridades
vazias, envoltas com palavras bombásticas, a fim de, em delírios extenuantes
de prazeres ou festanças, anestesiar por alguns momentos o sentimento da
própria inferioridade, que cada vez mais forte se manifesta.
Os prazeres não devem sempre ser considerados aí somente de modo
físico, mas existem também prazeres que encerram desejos errados de
dominar, na satisfação da avidez pelo poder ou da vaidade, que se pode
manifestar sob múltiplas maneiras, desde a brutalidade descontrolada e
obstinada, até as mais ridículas brincadeiras, consideradas inofensivas, mas
que na realidade não permanecem inofensivas, quando, com relação a tais
brincadeiras, se procura colocar obstáculos no caminho.
Como é notório, toda a puerilidade contém em si crueldade, logo que se
trate de forçar satisfações.
Finalmente, em todos esses que afundam e que estão perdidos, ao
sentirem sua incapacidade, irrompe então uma injustificada raiva, cheia de
ódio, contra aqueles seres humanos que ainda trazem em si algo de valor e
mostram verdadeira capacidade.
A inveja não lhes permite unirem-se a tais seres humanos de modo
pacífico, a fim de aproveitarem as suas capacidades beneficamente, a não ser
que antes se comprometam com a escravidão total.
No entanto, também isso não deixaria em paz os indivíduos assim
fustigados intimamente, porque, a julgar pelos próprios erros, não confiam na
palavra alheia e, além disso, ainda receiam sucumbir rapidamente diante da
capacidade daqueles.
371
Temem que a capacidade de outrem, no decorrer do tempo, não possa ser
ocultada indefinidamente, surgindo claramente à luz do dia, com o que a sua
própria incapacidade evidenciar-se-á mais nitidamente ainda. É o que a
vaidade menos pode suportar. Já o pensamento disso desperta uma revolta,
que só pode planejar destruição.
Dessa maneira, ódio cheio de inveja cresce até os mais extremos excessos
naqueles que estão afundando espiritualmente: a raiva incalculável e injusta da
completa irreflexão: o destino dos tiranos!
Contudo, no rol dessa classe de tiranos não deveis imaginar apenas
dirigentes de grandes povos, pois com isso não aponto para determinadas
pessoas, isoladamente, nem deverá surgir diante de vós um Nero, nem a pior
ignomínia da assim chamada cristandade na época das inquisições, hostis a
Deus, instituídas pela igreja; mas sim deveis apenas observar e aprender no
presente, a fim de vos tornardes seres humanos de espírito livre, como vosso
Criador deseja!
Com isso eu quero abrir vossos olhos espirituais, pois o Criador vos fala,
nesta época, através de cada acontecimento, tão claramente como nunca, a
fim de amadurecerdes no espírito!
Em toda a parte podeis encontrar tiranos, nas profissões, na sociedade e
nas famílias! Existem, agora, muito mais do que nunca, pois todos os seres
humanos encontram-se no Juízo! Devido a isso, tudo se desenvolve também
mais rapidamente e de maneira mais forte do que jamais aconteceu.
Atentai para a época e também para os sinais que eu vos indico com
minhas explicações. Isso vos trará grande proveito, se deixardes tudo chegar à
vivência dentro de vós!
Com minha exposição eu vos apontei a situação da humanidade atual,
assim como ela é hoje, sem que ela mesma o saiba.
Ela já está dividida em dois grupos definidos. Um grupo compõe-se das
pessoas mencionadas inicialmente, cujas almas, perpassadas de saudade,
aguardam inconscientemente algo que elas mesmas ainda não podem definir,
uma vez que a época para tanto ainda chegará.
O segundo grupo compõe-se dos mencionados por último, que se
encaminham para a ruína, que eles mesmos têm de preparar para si, segundo
a sacrossanta vontade de Deus. Pertencem a esse grupo também todos
aqueles que, por preguiça ou livre vontade, se irmanaram aos que afundam.
Este evento já constitui a separação de toda a humanidade terrena em
bodes e ovelhas, como outrora foi prometido!
A grande realização básica para o Juízo já está concluída, e os seres
humanos nada disso pressentem! Vivem no torvelinho de suas imaginações,
sonhando com a grandeza e importância de sua existência, ao encontro... do
fim que os despertará brevemente para a realidade, e assim para a
responsabilidade de cada pensamento, cada palavra e cada ação!
Tudo isso é inimaginável para os seres humanos, porque eles supõem tudo
em escala muito menor do que realmente se realiza, e, contudo, procuram dar-
se muito mais valor do que na realidade têm.
372
Seria completamente inútil dar uma ampla imagem do futuro. Proveito só
vos traz, se souberdes daquilo que se processa agora, se reconhecerdes o
presente e disso colherdes ricos frutos para o futuro!
Sede vigilantes, observai e examinai, sem que vós mesmos sucumbais
nisso! E para isso dou-vos as explicações, pois cientes deveis poder vivenciar
todas as transformações. Quem negligenciar isso, não pressente qual o lucro a
que assim renunciou.
Compreendei minhas palavras e olhai em vosso redor! Cairá então como
que uma venda de vossos olhos.
A origem de tudo aquilo que hoje mencionei, tornando a separação cada
vez mais nítida, não é conhecida dos seres humanos, apesar de terem de
vivenciar em si mesmos os acontecimentos. É também absolutamente
impossível que de algum modo possam defender-se das conseqüências, ou
que possam alterar algo delas, a não ser que eles próprios se transformem!
Unicamente isso pode dar-lhes alívio, nada mais no mundo.
Todos estão sujeitos a esse fenômeno, seja oferecendo resistência, seja de
modo solícito, e também vós, cada um individualmente. Estais entregues
incondicionalmente a ele. Tudo isso, porém, é o início, que com espantosa
velocidade se avoluma para o fim. Para o fim, que para muitos só poderá ser e
será um fim de máximo pavor; somente para poucos um fim que trará a
libertação espiritual de laços que durante milênios os oprimiam, como desgraça
por eles mesmos forçada, que hoje têm de suportar.
A causa da saudade salvadora, porém, bem como do desenvolvimento até
o limite exato do início da autodestruição é a mesma força: a pressão da Luz
proveniente da Luz primordial, a sagrada vontade emanada de Deus!
Esta se acha tão intensificada, na grande era de transformações da
humanidade, que agora perflui os mundos, purificando-os, forçando tudo
novamente à vibração uniforme das leis harmoniosas da Criação, abrangendo
agora também esta Terra, ainda como última obra, envolvendo-a
implacavelmente, desencadeando, no remate final, aquilo que sobre ela já
aconteceu e, dessa forma, aniquilando ou elevando, extinguindo o que não
quiser mais vibrar em suas leis imutáveis, vivificando o que procura adaptar-se
de boa vontade.
O que vós, em face dessas explicações, vereis agora, para vosso
amadurecimento, são os primeiros efeitos terrenamente visíveis da descomunal
pressão da Luz, jamais existente na Terra!
Brevemente e em seqüência cada vez mais acelerada, seguir-se-ão os
outros efeitos, irresistivelmente, até que finalmente também vossa Terra esteja
purificada de tudo quanto é errado e de tudo quanto não quis enquadrar-se nas
leis de Deus, visando a dar preferência ao próprio querer e pensar.
Por ora só vos pode ser útil saber aquilo que vós mesmos fordes capazes
de observar e, por esse motivo, chamo vossa atenção para as ocorrências
atuais, fundamentais já para o final do Juízo, pois separam todos os seres
humanos naqueles que afundam e naqueles que poderão ser salvos!
Inúmeros são os sinais que anunciam o começo do Juízo Final; contudo, o
seres humanos passam apressadamente por eles, na suposição ou ilusão de
que tudo isso já aconteceu muitas vezes.
373
Esquecem, porém, de confrontar as contingências sob as quais isso ou
aquilo já aconteceu anteriormente. Existem aí enormes diferenças, que não
deverão passar despercebidas, se se pretende julgar acertadamente.
Antes de mais nada o ser humano não deve revelar-se tão medroso,
covarde ou superficial, para querer passar indiferente diante do atual,
absolutamente surpreendente, volume dos acontecimentos, quer se trate de
catástrofes da natureza ou econômicas, quer sejam homicídios e suicídios,
confusões políticas, lutas pelo poder terreno entre Estados e igrejas, e tudo o
mais.
Jamais se deu tudo isso simultaneamente, em tão grande quantidade,
como se dá hoje. Só isso já devia dar, a cada um que medite a respeito, um
indício de desencadeamentos mais acelerados, que se avolumam visivelmente;
devia despertar o pressentimento de um colossal remate circular universal,
através de um poder superior à vontade e à capacidade humana, e uma
desforra ligada a isso.
Nisso desaparecerá o errado, permanecendo unicamente o bem. O bem ou
o errado, no entanto, não será medido aí de acordo com o sentido humano,
mas sim somente segundo o sentido de Deus!
Os seres humanos permanecem na ignorância de tudo isso, por sua
própria vontade! Devido ao medo, à superficialidade e leviandade, ou também
por presunção. Não em último lugar, nisso, encontra-se a preguiça espiritual.
Muitos até, dentre os que procuram a Luz, não conseguem libertar-se
inteiramente disso. Em minha última dissertação já me referi à preguiça
espiritual, a qual chega a tal extremo, que nem mesmo os mais inteligentes
querem realmente “pensar” sobre coisas que não se orientem de acordo com
seus ambiciosos objetivos terrenos!
Os seres humanos não querem compreender e somente reconhecerão
tudo quando o reconhecimento não tiver mais nenhuma utilidade para eles.
Todos os apelos partidos da Luz para um despertar são por isso em vão.
A propósito de tudo o que lhes é novo, os seres humanos, irrefletidamente,
referem-se à advertência sobre os falsos profetas, durante a estada, na Terra,
do legítimo grande Salvador proveniente da Luz, que simultaneamente
desencadeia o Juízo.
Irrefletidamente falam de tudo isso, e notam-se aí o vazio e a imaturidade
das almas, o desvalor de tal espírito humano para o desenvolvimento
progressivo, visto que sua preguiça desperdiçará qualquer possibilidade de
ascensão, embaraçando tão-só o caminho para novas revelações, de maneira
que o amor proveniente da Luz não poderá encontrar nenhuma entrada para a
salvação.
Quem dos seres humanos dá-se conta de que, sob falsos profetas, não
pode ser entendido apenas, de modo unilateral, o conceito de portadores de
novas revelações, mas sim de que se refere a cada um daqueles que diz poder
realizar nem que seja uma parte somente daquela obra, que aguarda a força
do prometido enviado da Luz.
Também não são entendidos com isso somente aqueles que afirmam
pretender ser o Salvador renascido, o que já denota por si, claramente, a
própria ignorância sobre a missão do prometido Filho do Homem, mas sim são
englobados nisso muitos mais.
374
Para poder julgar a respeito, porém, tem de preceder um outro saber: o
saber da verdadeira missão do prometido Filho do Homem na Terra!
Já aqui tudo pára, se ponderardes sobre isso. Não existe ser humano
algum na Terra, que possuísse um efetivo saber sobre isso! Desde séculos
fala-se de fato muito sobre isso, entretanto não existe um saber verdadeiro a
respeito. Com palavras bíblicas incompreendidas, dá-se a cada interpelante
uma resposta que nada esclarece e novamente realça apenas o tatear
inconsistente de todos os seres humanos pretensamente sabedores, a fim de
que se torne claramente visível.
Um falso profeta é, na verdade, aquele ser humano que se atreve afirmar
poder realizar uma parte daquilo que é reservado ao prometido enviado de
Deus!
E desses existem muitos hoje em dia, por se tratar de atuação na Terra,
não de ensinamento; pois o prometido será o único verdadeiro auxiliador da
humanidade em suas aflições da alma e aflições terrenas!
Reconhecer os falsos profetas na hora certa, não será demasiadamente
difícil para os seres humanos, uma vez que terão de vivenciar em si mesmos, a
fim de chegarem ao reconhecimento, porque, antes, nem acreditariam em
palavras.
Toda a obra daqueles seres humanos que, como falsos profetas,
prometeram algo aos seres humanos, algo que não lhes podem dar, agora
ruirá por inconsistente ou nem chegará a erguer-se, no que a humanidade tem
de reconhecer, ainda que em amarga vivência, que confiou em falsas
promessas, que acreditou em capacidades simuladas, inexistentes.
Esses são, pois, os falsos profetas propriamente ditos, aos quais a profecia
se refere, pois quem neles acreditar deverá passar por vivências amargas com
dolorosa decepção.
Aqueles, porém, que se apresentam como Jesus renascido, nem podem
ser considerados falsos profetas, mas sim mentirosos, sem noção alguma da
missão do Filho do Homem, menos ainda têm a capacidade para poder iniciar
sequer a mínima parte dela. Nem sabem que Jesus e o Filho do Homem não
são uma única pessoa, mas sim duas pessoas distintas, expresso em
linguagem humana, embora sejam um só naquele sentido como Jesus dizia de
si: Eu e o Pai somos um só!
É estranho que também muitos cristãos não queiram compreender isso,
apesar de falarem sempre, de modo natural e acertadamente, da trindade de
Deus, que é três e, no entanto, um só! E Jesus, que é uma parte dessa
trindade, eles separam, sem hesitar, como se existisse e agisse por si só, como
Salvador em pessoa, sozinho. Nisso, aliás, não estão totalmente errados, mas
não o compreendem! Também não meditam a respeito, porque são
demasiadamente preguiçosos espiritualmente.
Prossigamos, entretanto, mais um pouco. O ser humano que aponta para
os falsos profetas, rejeitando-os, também tem de saber que os falsos profetas
que surgem constituem justamente um dos muitos sinais que anunciam o
aparecimento do verdadeiro enviado!
Sim, então o verdadeiro perscrutador, pelo menos, teria de manter-se
atento, para não perder o certo! É que isso não deve dar-lhe sossego,
estimulando-o para o mais severo exame de tudo o que é oferecido, para que
375
possa tornar-se, sem demora, um auxiliar para aquele que virá, e não, em vez
disso, um obstáculo em seu caminho! Ou até um aborrecimento!
Ele, o ser humano terreno, tem de se esforçar para reconhecê-lo! Esta é
uma das tarefas, condicionadas por Deus, para ele, para que desta vez se
mostre digno da Sagrada Palavra. Nisso, todavia, também o ser humano que
se diz buscador, age de modo demasiado leviano, se se contemplar e observar
os buscadores. Contudo, a causa disso não é unicamente a leviandade, ou
melhor, a costumeira superficialidade devido à preguiça do espírito, mas sim
justamente entre os buscadores fala em primeiro lugar a vaidade, a presunção!
Tal fraqueza, por si só, precipitará na ruína a maior parte dos seres
humanos que dizem buscar a Luz! E não é de lastimar, pois são hipócritas,
visto que não empregam aquela sinceridade que cumpre à Palavra de Deus,
querendo apenas vangloriar-se nessa aspiração vaidosa, destituída totalmente
de qualquer humildade.
E unicamente a humildade abre o portal para o reconhecimento de tudo
aquilo que emana da Luz!
Contudo, passemos também sobre esse fato, então resta ainda um ponto
que a muitos parece totalmente intransponível: de que maneira os buscadores
imaginam esse prometido, em sua vida terrena e em sua “vinda”! Sob a
expressão “vinda” entende-se nesse caso o “evidenciar-se”, pois certamente
será compreensível, a cada ser humano, que ele não cairá do céu já como
homem feito, de matéria grosseira, nem como criança.
Em verdade, não imaginam absolutamente nada! Contudo, desde o início,
estipulam condições bem estreitamente delimitadas, com suas esperanças ou
pretensões imprecisas!
Acima de tudo prevalece o desejo de que ele surja de seus respectivos
círculos! De outro modo nem podem imaginar tal evento, porque julgam possuir
um direito preferencial para tal, visto terem acreditado em sua vinda antes dos
outros.
Terá, naturalmente, de interessar-se por eles, isso é sua obrigação, pois
para tanto vem como auxiliador na aflição; talvez até devesse deixar-se guiar
por eles, pois é estranho à Terra e precisa dos conselhos cuidadosos que lhe
oferecem com suas experiências terrenas já colhidas! Assim, construir-lhe-iam
prazerosamente um futuro, que ele haveria de lhes agradecer. E,
retroativamente, também não lhes faltariam as bênçãos.
Em suma, todo o pensar, todo o querer é puramente terreno, enquadrado
em seu acanhado pensar terrenal, em seus conceitos terrenos, misturado com
muitos desejos ocultos.
Não refletem que, ao iniciar, ele já deva ter acumulado suas próprias
experiências, passando completamente desconhecido até então, a fim de que
fosse excluída totalmente qualquer influência; pelo contrário, os seres humanos
se mostram de tal forma como realmente são, com todas as suas fraquezas,
seus defeitos e em todos os males! Inclusive em relação a ele mesmo.
Que tudo isso só possa acontecer no ambiente da vida cotidiana, da
maneira mais natural e simples, na mais real experiência vivencial, o raciocínio
humano não alcança. Na mais infundada superficialidade e verdadeira
indiferença, aguardam-se acontecimentos especiais, não terrenais,
extraordinários! De maneira muito chamativa até.
376
Por quê? Ninguém se dá conta a respeito. Também ninguém pensa que
justamente com relação às coisas chamativas imediatamente tudo aquilo que
julga possuir aqui algum poder e influência se colocaria em oposição, sem falar
que das coisas chamativas jamais poderiam ter oportunidade de receber
reconhecimentos profundos.
Não é assim, que alguém vindo da Luz possa, facilmente, descobrir, talvez
mesmo compreender, o pensar restrito e o malquerer dos seres humanos
terrenos, pois o mal é estranho e incompreensível à Luz. Quantas vezes os
pais não compreendem os próprios filhos, que são da mesma espécie, ao
passo que a Luz permanece completamente estranha, em espécie, com
relação a tudo o que é humano.
Somente com grande esforço, no próprio vivenciar e nos sofrimentos, o
enviado da Luz pode adquirir o conhecimento de todos os males da Terra e,
antes de tudo, de todo malquerer; nunca, porém, uma compreensão disso, uma
vez que o mal de forma alguma pode ser compreendido, porque não há
nenhuma justificativa para a sua existência na Criação.
Portanto, uma longa estada na Terra, para conhecer todo o mal humano e
também todo o pensar dos seres humanos, tem de ter precedido essa “vinda”,
porque com a vinda já há de se iniciar o Juízo, e então o auxílio. E auxílio só
poderá prestar quem conhece exatamente as fraquezas e as forças.
Tudo é muito simples, e cada ser humano poderia, teria de dizê-lo a si
mesmo, se não fosse demasiado preguiçoso espiritualmente e demasiado
indiferente a esse respeito. E ele é indiferente, porque como buscador fala, sim,
a respeito, mas no seu íntimo não procura vivenciá-lo.
Falta toda a ligação entre a real intuição e as palavras e, com isso, todo o
apoio verdadeiro. Ele procura! Essa é a única coisa que não se lhe pode tomar
como mentira. A expressão “procurar” já encerra também a resposta, que nada
encontrou.
Uma vez, porém, que foi prometido pela Luz que todo aquele que procure
sinceramente e com humildade, também encontrará, de conformidade com a
lei, isso assim demonstra que os buscadores, que hoje assim se denominam,
não são verdadeiros buscadores e que falta a todos eles o principal para isso, a
humildade!
Esta, realmente, não se encontra entre os que hoje se chamam buscadores
e muito menos ainda onde justamente se fala de humildade! Os seres humanos
nem sabem mais o que seja humildade no espírito, porque conservam o
espírito encerrado dentro de si pelo raciocínio, o qual apenas conhece a
presunção e a vaidade, zombando da humildade.
Mas chega disso. Chegou o tempo em que toda a presunção ruirá
fragorosamente em sofrimento lastimoso, de tal forma que o ser humano por si
mesmo tem de chegar à humildade ou tombará para nunca mais poder
levantar-se. Vivenciar é ainda o único auxílio para a humanidade, que não quer
ouvir!
Os buscadores, ou os que esperam pela realização, enfronharam-se tanto
nos próprios pensamentos, que nem mais prestam atenção a outra coisa e, de
antemão, enfrentam com desconfiança tudo o que não se enquadre nos seus
desejos, tendo a recusa já na ponta da língua. Eles nunca chegarão ao
reconhecimento, sem passarem pelas mais graves aflições!
377
Milhares de coisas desde o início se opõem a isso e, a favor, nada! Muitos
pressupõem, categoricamente, uma semelhança de vida, na atualidade, com a
época do Filho de Deus, Jesus, há dois mil anos! Esperam uma peregrinação
através dos países, cheia de renúncias, sem pensarem sobre o que as
autoridades de hoje diriam a tal respeito!
Também hoje uma pessoa não pode retrair-se sossegadamente, como
outrora, para alcançar, no isolamento, a concentração para o despertar. Isso
teria suas grandes dificuldades, que em parte nem seriam transponíveis!
Mesmo transpondo todas as dificuldades, não seria possível, sem que
suspeitassem de doença ou desequilíbrio mental. Sem falar da avidez nociva e
inescrupulosa de muitos jornais pelo sensacionalismo, que, freqüentemente, na
falta de qualquer moral e do mais elementar sentimento de justiça, são capazes
de praticar os maiores absurdos.
Também aquilo que outrora ainda se sabia respeitar e que se considerava
um direito pessoal de todo ser humano, aquilo que ainda se julgava lógico e
natural em tais assuntos, hoje muitos encontrariam nisso apenas razões para
justificativas de suspeita, por puro medo de todas as idéias diferentes, ou
atribuiriam somente motivos fraudulentos à vontade mais honesta, porque todo
o pensar contemporâneo está envenenado!
Constitui, porém, uma certeza irrefutável o fato de que só pode pensar mal
de seu próximo, aquele que traz em si mesmo a maldade! Sobre isso ser
humano algum pode argumentar. Somente um perjuro supõe ou espera quebra
de palavra de outrem; só um mentiroso, uma mentira; um traidor, a traição! E
assim se dá com tudo, é lei irrefutável!
Hoje é muito pior do que naquela época, quando Jesus peregrinava aqui na
Terra, e nada disso poderia hoje repetir-se. Tudo, pois, tem de ocorrer agora de
modo totalmente diferente, isso é evidente.
Não obstante, os seres humanos não querem imaginar um enviado de
Deus vestido de casaca ou num automóvel, enquanto deveriam, pois, saber
que também Jesus não se apresentou com vestes sacerdotais, mas sim andou
bem trajado, de acordo com os costumes daquele tempo, vivendo também
segundo aquela época. Tudo o que aí é esperado pelos seres humanos se
encontra sobre base fraca e nada disso se realizará, porque Deus, em Suas
realizações, não Se orienta segundo os desejos humanos.
Os seres humanos, porém, estão demasiadamente distantes de tudo o que
se refere ao divino e pensam de modo demasiado mesquinho e terrenal para,
em suas concepções, ainda poderem se aproximar das realizações vindouras.
Encontram-se afastados da Verdade, assim como sempre foi. A maior parte,
porém, de qualquer forma nem tem tempo e muito menos vontade para ocupar-
se com isso! Como sempre, quando estava em jogo, para a humanidade,
assimilar algo da Luz ou fazer algo para a própria salvação.
Em primeiro lugar, para eles, está o terrenal, e para tudo o mais, na pressa
cada vez mais crescente, não sobra tempo algum! E se alguma vez sobrar uma
hora de calma, então esses seres humanos, tão inutilmente extenuados, só
querem, para compensar, distrações ou esporte, nada mais.
Eu vos digo, ó seres humanos, negligenciastes o principal para vós, e
vossa separação já está concluída para o Juízo! Vós próprios vos separastes,
sob a pressão aumentada da Luz, que tudo desencadeia na sacrossanta
378
vontade de Deus. Sem parar, tudo agora caminha para o fim! O fim, no entanto,
constituirá somente para aquela pequena parte uma nova vida, na graça
resplandecente do amor de vosso Criador, para todos os demais, porém, a
eterna condenação e queda para a decomposição. Nem vos resta, também,
mais tempo para a costumeira e demorada ponderação, que até agora jamais
fez nascer uma resolução. Vós sois indolentes demais para a verdadeira vida,
e, para a volta, falta-vos, com a humildade, tudo.
AMÉM.
379
10. Os planos espirituais II
Parsival! Quão conhecida é esta palavra, como tal, entre os seres humanos
terrenos, dos quais, todavia, ninguém possui a menor idéia quanto à sua
realidade.
Um poema, uma lenda! Com isso acertam, caso se refiram àquilo que hoje
sabem a respeito dessa palavra, pois na realidade outra coisa não é senão
uma lenda, que se tornou poema, e que ainda se conservou como fragmento
de um saber anterior.
Conforme eu já disse a tal respeito em minha primeira dissertação, trata-se
sempre apenas de pequenos fragmentos vindos de planos espirituais até a
matéria grosseira desta Terra, há longos, longos tempos.
Os poetas das hoje conhecidas lendas do Graal não são, de maneira
nenhuma, os primeiros que se ocuparam com isso e que, no aprofundamento
de seus trabalhos, mais uma vez puderam pressentir alguns vislumbres de Luz.
Longe, bem longe, jaz o tempo em que as primeiras indicações sobre o
Supremo Templo da Luz e seus habitantes desceram dos planos espirituais até
a Terra e com elas a notícia do Santo Graal.
Com respeitoso assombro e infantil confiança foi recebida outrora pelos
habitantes da Terra, que ainda atuavam em comum com os enteais, sem
perturbação, e que de bom grado se deixavam aconselhar por estes. Sem
saber, os seres humanos ajudavam por sua vez os enteais com as irradiações
de suas centelhas espirituais, e assim cada vez mais desabrochava a Criação
na matéria grosseira, em conjunto com as centelhas espirituais, as quais
prometiam florescer maravilhosamente.
Outrora, muito antes das grandes transformações da Terra, hoje
conhecidas, antes ainda de os seres humanos fazerem do raciocínio o seu
ídolo e chegarem assim ao abandono da Luz e à queda, havia uma ligação
estabelecida com o Supremo Templo luminoso, pois os raios podiam fluir
livremente até a Terra e nesses raios seres humanos terrenos podiam
pressentir Parsival.
Depois, porém, partindo dos seres humanos, estabeleceu-se o domínio do
ídolo raciocínio, e com isso foi cortada a ligação com o Supremo Templo da
Luz, o que acarretou como conseqüência automática a ignorância a respeito
disso, a impossibilidade de pressentir espiritualmente através da intuição.
Por fim secou também a capacidade de receptividade com relação aos
enteais, e toda a vivência natural no saber a respeito dos auxiliares enteais
caiu no reino das fábulas, de forma que o desenvolvimento, que até então se
realizava em linha reta para cima, inesperadamente foi rompido.
Se os seres humanos tivessem permanecido assim, como eram no tempo
por mim aludido, em que a primeira notícia sobre o Supremo Templo luminoso
e sobre Parsival já tinha vindo à Terra, seriam hoje de fato, em contínua
escalada, senhores de toda a matéria grosseira, no melhor sentido construtivo.
Também nenhum ser humano teria de ser aniquilado pelas transformações que
tiveram de ocorrer de tempos em tempos com o desenvolvimento
amadurecedor.
380
As grandes catástrofes sempre foram uma necessidade do
desenvolvimento, mas não o extermínio de tantos povos, que até agora quase
sempre ficou ligado a elas.
Se os seres humanos não tivessem, leviana e criminosamente,
abandonado a ligação com os auxiliares enteais e as alturas luminosas, seriam
sempre avisados a tempo, antes de cada calamidade, e guiados para longe
das regiões em perigo, a fim de escapar ao extermínio! Pois assim também
acontecia outrora, quando os seres humanos se deixavam guiar
obedientemente pelos auxiliares que o Criador lhes outorgou do mundo enteal
e espiritual, com cujos mundos procuravam, alegremente agradecidos, manter
ligação.
Mais tarde, porém, privaram-se desses inestimáveis auxílios, devido à
presunçosa e pretendida esperteza do raciocínio, e forçaram com isso, várias
vezes, seu doloroso extermínio, como também agora o forçam novamente,
visto não quererem mais ouvir os últimos chamados provenientes da Luz,
julgando saber tudo ainda melhor, como tantas vezes!
A miséria, o desespero e o extermínio são sempre o efeito recíproco,
consentâneo com as leis da Criação, de uma atuação errada, não sendo isso
finalmente tão difícil de compreender, bastando que se queira! Nisso repousa
uma lógica tão simples e clara, que mais tarde mal podereis compreender
como foi possível não perceber semelhante coisa e não atentar nisso
rigorosamente, a fim de não somente poupar-se de todos os sofrimentos, como
até transformá-los em alegrias.
Vós próprios vedes hoje bem nitidamente que nenhum ser humano pode
realmente opor-se a isso. Nenhum povo e nem mesmo a vontade unida de toda
a humanidade conseguiria semelhante coisa, pois tudo na Criação permanece
somente criatura dependente perante a vontade de Deus! Jamais será
diferente.
Assim, tratou-se sempre somente da ação errada de submissão ao
raciocínio atado e enleador, a cujas conseqüências naturais já tantas pessoas
isoladamente e povos inteiros tiveram de sucumbir, porque se mantiveram
fechados a toda e qualquer possibilidade de uma salvação através de
condução superior.
Podeis reconhecer nisso, facilmente, a grande simplicidade da atuação das
leis divinas, e ver também o que os seres humanos perderam com isso.
Dei-vos hoje com isso, de passagem, uma visão daquele grande atuar da
Criação, assunto que já fez a criatura humana quebrar tanto a cabeça, para
que vós, através da Mensagem, possais ver que toda a infelicidade, toda a
angústia e todo o sofrimento o ser humano somente tem de atribuir a si
mesmo, e muita coisa poderia ter evitado, se não tivesse enveredado
teimosamente por caminhos errados.
Através da Mensagem podeis reconhecer claramente e fundamentar cada
acontecimento que ocorre na Criação. Sabeis os efeitos imutáveis das leis da
Criação, que vos descrevi, conheceis sua simplicidade e sua grandeza,
facilmente distinguíveis.
Cada vez mais constatareis que eu, com a Mensagem, vos dei a chave
para o correto esclarecimento de cada processo e, por conseguinte, de toda a
381
Criação! No entanto, apesar de tudo, nem mesmo então vós imaginais, na
realidade, que tesouro tendes em vossas mãos!
Deixai vosso zelo e vossa incansável vigilância descobrir isso com o tempo,
e então tereis o caminho para a vida eterna, precisando apenas seguir por ele,
a fim de alcançá-la.
Os seres humanos, pois, já tinham recebido em tempos remotos a primeira
e certa notícia sobre Parsival. O saber disso propalou-se entre eles de boca em
boca, de pai para filho.
Contudo, no retrocesso da pureza da ligação com o atuar da Criação,
obscureceu-se também pouco a pouco a transmissão do saber original; foi
alterado imperceptivelmente pelo raciocínio crescente, e finalmente atrofiado,
restando somente como lenda, que não tinha mais nenhuma semelhança com
o saber de outrora.
Seres humanos que se esforçavam por ideais nobres ocupavam-se sempre
de novo com esses fragmentos de lendas e procuravam, aqui na Terra, criar
algo de matéria grosseira daquilo, porque julgavam que a origem dessas
tradições deveria se encontrar num modelo terreno de épocas remotas.
Isso eles queriam renovar e tentaram fazê-lo freqüentemente em grandes
intervalos de tempo. Disso decorre que também hoje novamente alguns
pesquisadores pensam encontrar uma origem numa das pesquisas terrenas de
séculos passados, sem, contudo, acertarem.
O ser humano não se livra da confusão, por mais que se esforce, pois lhe
falta a conexão com o fato real, que somente agora lhe quero dar de novo, a
fim de extirpar tudo o que está errado.
Parsival! Impossível separá-lo de Imanuel, pois Imanuel está nele e atua
através de Parsival.
Pode-se dizer também que Parsival é um dos invólucros de Imanuel
formado pela Rainha primordial Elisabeth, através do qual Imanuel atua no
ápice da Criação, que só pôde surgir através dele e que do contrário não
existiria, nem poderia existir, pois Imanuel em Parsival é a origem e o ponto de
partida da Criação.
Ele é a vontade criadora de Deus, e Deus está com ele e nele. Que algo
tão grandioso pudesse ser rebaixado até aquela figura, que a humanidade
terrena imagina hoje como sendo Parsival, só é possível junto a essa
humanidade terrena, que comprime tudo no pó através de seu raciocínio, já
que ele próprio nasceu do pó.
Tudo o que essa humanidade, com seu raciocínio, procura compreender,
comprime dessa forma também, em processo natural, no pó, rebaixando-o,
portanto, ao domínio da capacidade de compreensão terrena. Com isso, tudo
fica também colocado no estreito limite da matéria grosseira; o sublime é
envolvido na densidade e na gravidade de uma lenta movimentação, na região
de extremo esfriamento, não podendo ter, mui evidentemente, nenhuma
semelhança com a realidade daquilo que foi tão rebaixado, realidade essa
totalmente diferente e que se processa em tais alturas, que o espírito humano
não é capaz de compreender e muito menos o raciocínio preso à Terra!
Com a expressão “arrastar no pó” não se quer dizer aqui comprimir na
imundície, mas sim, exclusivamente, uma terrenalização!
382
A expressão pó e nascido do pó deve ser tomada como conceito de
matéria grosseira, o que para tantas pessoas talvez se torne ainda mais
compreensível, por ser muito empregada pela boca do povo.
Portanto, este é Parsival! O primeiro na Criação! Traz em si um núcleo
inenteal de Deus, acha-se ligado com Imanuel e assim também permanecerá
por toda a eternidade, pois Imanuel atua através dele e assim rege as
Criações. Devido a isso, Parsival é o Rei dos reis, o Filho da Luz, também
chamado o Príncipe da Luz!
Agora, colocai ao seu lado a figura apresentada pelos poemas! Que
caricatura impossível vedes diante de vós.
Mas pode-se compreender como tudo isso surgiu, caso se pudesse ter
uma visão do todo e dividi-lo em três grandes divisões.
Deixai, porém, que cada uma das três divisões se torne imagem viva, cada
uma por si, diante de vosso espírito.
Somente assim podereis ter uma visão geral do todo e compreender aquilo
que procuro vos tornar claro dessa forma.
A primeira coisa fundamental para a compreensão é:
Imaginar Parsival como Filho da Luz, que chega à Criação vindo de cima, e
não, acaso, que é elevado de baixo para cima; imaginá-lo como o começo e o
fim da Criação, o alfa e o ômega de todo o tecer fora do divino, e assim o Rei
do Santo Graal, o Rei dos criados!
A segunda:
A grande obra de purificação de Parsival, que o conduz pessoalmente
através dos Universos, seu reconhecimento de todos os males, condicionado
irrestritamente através do próprio vivenciar, e que tinha de finalizar com a
algemação de Lúcifer, para proteção das Criações e de todas as criaturas que
restarem depois da purificação.
A terceira:
A queda e o grande falhar dos desenvolvidos, isto é, dos espíritos humanos
na matéria, o que torna necessária a destruição de sua falsa vontade própria e
imediata instituição da vontade de Deus na estruturação do Reino do Milênio,
até se dar o enquadramento espontâneo da vontade de toda a humanidade na
vontade de Deus e assim ser assegurado, integralmente, o imperturbável
desenvolvimento progressivo das Criações, no vibrar traspassado de Luz dos
círculos de movimento.
Quem compreender direito as três divisões isoladamente e pelo menos for
capaz de imaginar isso claramente como um quadro, este pode entender muito
bem como os falsos poemas de hoje se foram formando pouco a pouco.
Notícias parciais dos três acontecimentos desceram aqui e acolá até a Terra,
prenunciando muita coisa a tal respeito.
Na incompreensão, tudo foi comprimido pelos seres humanos nos
conceitos grosseiros da mais densa matéria, transposto para a Terra e assim
transformado numa mistura, de onde saíram os últimos poemas.
Tendes de seguir exatamente as minhas palavras, também tendes de
cumpri-las e fazer imagens vivas das três divisões, como acontecimentos
colossais isolados, dos quais apenas notícias parciais puderam chegar à Terra,
383
através dos canais abertos para isso, os quais estão demasiadamente
entupidos, deixando, de mais a mais, apenas passar coisas turvas, aquilo que
já está misturado com os pensamentos próprios dos seres humanos, os quais
se depositaram nesses canais como lodo. Já desde milênios que nada mais
pode chegar até à Terra de maneira clara e pura.
Refiro-me agora, em tudo, somente a processos dentro da Criação, que
resultaram forçosamente do desenvolvimento da vontade errônea de criaturas
que falharam, e prossigo em meus esclarecimentos por enquanto só nesse
caminho! Tudo o mais deixo ainda de lado. Aqui, portanto, não se acha incluída
a pretendida obra de salvação do Filho de Deus, Jesus, com relação aos seres
humanos terrenos, pois isso foi uma obra de amor à parte.
Tendes de seguir-me rigorosamente, do contrário não podereis
compreender. Talvez seja muito bom, se, por essa razão, eu também vos
esclareça como é o processo, quando falo para vós:
Eu vejo o acontecimento inteiro diante de mim, pois o abranjo com a vista
em sua atuação completa, até as mais finas ramificações. Vejo tudo
simultaneamente com o saber; pois também sou eu, quem o faz surgir.
Procuro agora, com aquilo que quero esclarecer, abrir uma estrada reta, na
qual possais compreender as coisas principais de tal maneira, que recebais
uma imagem fundamental daquilo que deveis assimilar na dissertação.
Todavia, tenho de comprimir primeiramente tudo isso em formas tão estreitas,
que se coadunem com a capacidade de compreensão do espírito humano
desenvolvido. Conseguindo isso, ainda tenho de procurar as palavras
adequadas e as formas de expressão, que façam surgir em vós aquela imagem
que quero dar.
Tudo isso, porém, não acontece em seqüência, e sim simultaneamente em
mim, e então vos apresento, numa forma acessível, os acontecimentos que
para vós são inconcebíveis e ilimitados, nos quais o passado e o futuro se
realizam no presente, processo cuja espécie o espírito humano nem é capaz
de imaginar!
Gota por gota recebereis assim daquilo que para vós é inconcebível, porém
de tal forma, que essas gotas, juntas, resultem numa bebida proveitosa e
fortificante, que vos fortalece no saber, ajudando-vos para cima, se é que
queirais receber esse fortalecimento como alimento em vosso caminho.
Muita coisa freqüentemente ainda tenho de deixar de lado, a fim de colocar
bem mais tarde em outros lugares, porém sempre de tal maneira, que complete
aquele quadro ao qual pertence realmente, pois demasiadamente ramificado,
demasiadamente vivo e móvel para o espírito humano terreno é todo o tecer da
Criação acima dele, para que possa compreender algo, mesmo em imagens, a
não ser que receba em descrições especiais, tornadas acessíveis para ele.
Dai a vós mesmos a décima parte daquele esforço que eu tenho de dar a
mim mesmo, só para vos tornar isso acessível, e tereis alcançado dessa
maneira tudo para vós!
Mais tarde talvez ainda descreva como é no Supremo Templo da Luz, e a
seguir ilumine os planos que puderam desenvolver-se mais afastados, até por
fim descer ao lugar onde os germes dos espíritos humanos permanecem como
último sedimento do espiritual, a fim de, em peregrinação através de todas as
384
matérias, alcançarem o desenvolvimento, cujo impulso e anseio para a
realização todos trazem em si.
Primeiro apresento quadros de como as coisas são, e mais tarde, talvez,
como surgiram outrora, pois o fenômeno é grande demais para vós. Primeiro
deveis saber como é, pois precisais disso, já que tendes de contar sempre com
o presente e com o futuro que daí resulta. Se vos mantiverdes firmes nisso,
então poderemos seguir adiante no saber.
Por hoje aprendei a reconhecer as três divisões básicas que estão ligadas
ao nome de Parsival.
385
11. A grande purificação
Nada existe na Terra, seres humanos, que pudésseis oferecer como
compensação, em agradecimento pelo fato de Deus vos libertar dos vermes
das trevas, que vós próprios criastes com o vosso querer errado!
Se ao menos quisésseis vos esforçar por compreender que a luta da Luz
contra todas as trevas não é para ela uma luta prazerosa, mas sim um
esmagar e aniquilar de todas as imundícies das mais repugnantes espécies,
sendo que a maior parte dos seres humanos, aos quais se destina a libertação,
trazendo-lhes todos os proveitos, ainda se coloca ao lado das trevas
venenosas, para dificultar, na mais baixa mentalidade, o caminho dos enviados
da Luz!
A ira de Deus Todo-Poderoso, porém, abate-se agora sobre as fileiras
desses malfeitores, os quais, como os mais nojentos vermes, são condenados
a se afogar na própria saliva repugnante! Para que o mundo seja purificado de
tal mal!
A expressão não é bonita, mas não existe outra palavra para denominar
algo que na verdade é completamente indescritível em sua torpe vileza, pois
até mesmo essa linguagem terrena não basta para expressar corretamente tão
baixa mentalidade.
As expressões “escória” e “verme”, por si sós, definem os dois tipos
fundamentais desses degenerados, que se excluíram de todas as
possibilidades de salvação, porque, não sendo capazes de produzir sequer um
único pensamento puro, espalham sua espuma venenosa que tudo corrói, e a
qual, agora, voltando-se sobre eles, terá de corroer e decompor a eles próprios!
Dilacerados por indizível inveja cheia de ódio, sucumbirão agora,
possuídos de temor e medo, horror e pavor, e mão alguma deverá estender-se
para amenizar seu merecido sofrimento. Serão repelidos por tudo o que almeja
a Luz e a liberdade espiritual. E enquanto são empurrados de um lado para
outro, açoitados por aflições e tormentos, padecendo dores indizíveis, desperta
neles, devido à decomposição desagregante, de modo acusador, a centelha
espiritual, que procuraram atrofiar e isolar com suas tendências hostis à Luz.
Manifesta-se ela em cada um, queimando e crestando dolorosamente, em seu
anseio insatisfeito, tudo quanto até agora a deteve.
Dessa forma a decomposição se processa, conjunta e simultaneamente,
por fora e por dentro, num martírio incrível, por séculos, milênios, longe de todo
o auxílio e de todo o lenitivo, com medo constantemente crescente e o mais
horroroso desespero, até que, finalmente, a consciência do eu esteja
inteiramente corroída, pois dela nada deverá restar.
Esses são os caminhos dos malditos, desde o momento em que Deus
retirou a mão e, com ira sagrada, excluiu-os, todos, do recebimento das graças
salvadoras!
Então o condenado teve de afundar e ser arrastado para baixo, aos
abismos dos horrores e das devastações, pois faltava-lhe todo o apoio vindo de
cima!
E este dia do sagrado Juízo chegou agora! Vós que vos esforçais por
ascender, sereis libertados de todos os vermes e de todos os instrumentos das
386
trevas, como já fostes libertados por um grande espaço de tempo do próprio
príncipe das trevas, pela sagrada Luz! Para que possais novamente fortalecer-
vos, a ponto de não mais precisar temê-lo.
Agora a Terra inteira, que vos carrega, elevar-se-á convosco para regiões
mais puras e mais luminosas.
E quando então puderdes respirar novamente a pureza, quando em torno
de vós houver caído tudo aquilo que vos obstruía a visão clara para a Luz,
somente então reconhecereis, olhando retrospectivamente, quão sórdido fora o
pântano em que até então vivestes. Só quando efetuardes esse olhar
retrospectivo, sentireis o mal-estar e o horror... e... talvez... floresça então em
vós também uma parte daquela gratidão que, já hoje, deveríeis dar a Deus pela
grande obra de amor, que, mediante essa purificação, Ele realiza convosco!
Já há muito poderíeis, sim, deveríeis ter reconhecido quão sobre-humana é
a paciência e a longanimidade que Ele teve ainda até com aqueles que agora
foram definitivamente condenados. Podíeis vê-lo em vossas próprias fileiras!
Somente como um pequeno exemplo, pensai mais uma vez em todos aqueles
que reconheceram a Mensagem voluntariamente e que mais tarde abjuraram!
Não falo aqui de acontecimentos anteriores em paragens mais luminosas,
nem de promessas anteriores em prol da concessão de pedidos espontâneos,
não; falo tão-somente de um curto espaço desta existência terrena, que, não
obstante, já contém o suficiente para afastar-se, com repulsa, daqueles seres
humanos cujos pensamentos todos constituem apenas as mais baixas
manifestações da vaidade ferida, da decepção com relação a alguns desejos
terrenos, de diferentes espécies, recusados, e também do egoísmo que não
pôde fazer-se valer.
Olhai em torno de vós e encontrareis esses seres humanos por toda a
parte! Vós os conhecestes bem, de modo que não preciso mencionar nomes.
Todos esses nomes ainda arderão no vosso sentimento de justiça, até virdes
que a justiça de Deus não se deixa escarnecer e que se efetiva em tempo certo
de tal maneira, como os seres humanos jamais poderiam conseguir.
O Juízo, em sua sabedoria e justiça, obrigar-vos-á a ajoelhardes com
veneração, e pedireis perdão pelo fato de, na irritação e na indignação,
freqüentemente vos haverdes antecipado com vossos desejos à verdadeira
justiça, sem pensardes que a onipotência de Deus atinge com muito mais rigor,
mais certeza e de forma mais inexorável do que ser humano algum jamais
possa imaginar.
O Senhor não se deixa escarnecer! E escárnio também se encontra na
inobservância de Suas sagradas leis. Se o ser humano pensa que pode agir
segundo seus desejos, sem indagar aí pela justiça de Deus, ou se julga poder
satisfazer sempre seus caprichos, sem que um efeito retroativo o atinja, está
assim escarnecendo da justiça universal do Senhor!
O Senhor, porém, não se deixa escarnecer! Isso é uma advertência que
acarreta realização para cada um! E o dia dessas realizações já chegou!
Observai mais uma vez retrospectivamente, de modo examinador, os seres
humanos e suas ações, antes que afundem agora nas duras mós dos efeitos
retroativos, desaparecendo dessa forma para sempre! Existem muitos entre
vós, sim, que co-vivenciaram tudo. Nem vos será difícil obter desses fatos um
reconhecimento, que possa servir-vos para o futuro.
387
Os seres humanos, a que me refiro, encontraram na Mensagem o que já
há muito procuravam e reconheceram-na, conforme sua própria afirmação de
então, como sendo a Verdade!
Entraram então eles em contato conosco, e não acaso nós com eles.
Todos eles se dirigiram por si mesmos a nós. Eu não os chamei! Eles
utilizaram nosso tempo, muitas vezes em grande escala, naturalmente com a
intenção de auferir proveitos de alguma espécie para si. Suponhamos, de bom
coração, que visavam a vantagens e proveitos espirituais.
Isso eles podem e também devem encontrar de maneira mais profusa na
Mensagem e nas minhas dissertações, bem como em conversas individuais,
quando procuram esclarecimentos sobre assuntos que elevam e enobrecem o
ser humano. A própria Mensagem comprova tudo isso à sua maneira, à qual
também correspondem as conferências.
Tudo isso lhes foi concedido, embora alguma vezes com relutância, porque
com relação a esses seres humanos, mesmo que pedindo, ainda assim era
meio forçado, devido à maneira condicionada pelo egoísmo e à vaidade a ele
inerentes, e que então também, mais tarde, os desligava novamente da causa.
Quando julgavam já haver preenchido as suas lacunas de até então no
saber, ou que não poderiam obter mais outras vantagens, também a
Mensagem perdeu para eles a importância, e o conhecido querer saber melhor,
companheiro de todas as vaidades, particularmente da vaidade ferida, cresceu
lentamente no seu íntimo.
O que, porém, por fim, muitas vezes dá o golpe mais profundo a tal vaidade
é o fato de não aliciarmos aquele que se afasta, nem lutarmos por ele, pois isso
me é completamente indiferente, visto que todo o ser humano tem de ter o
livre-arbítrio para a resolução, se esta lhe deva trazer valores ou destruição,
pois ele, tão só, possui inteira responsabilidade por si mesmo.
Por esse motivo também rejeito sempre influências de toda espécie. O
contrário, portanto, daquilo que gostariam de afirmar tais seres humanos após
o afastamento, a fim de assim desculpar os seus próprios maus atos e sua má
vontade, e, da maneira mais ridícula, pelo menos justificá-los de alguma forma.
Preferem, assim, dar a si próprios um deplorável testemunho de sua
inconstância interior, somente para satisfazer a sua perversidade de ocasionar
prejuízos ou aborrecimentos onde sentem ou pensam que se tenha de
desprezá-los!
São demasiado covardes e convencidos para admitir que eles poderiam ter
errado no início, quando mais tarde chegam a pensar diferentemente, e que
foram eles mesmos que vieram e novamente foram embora, que igualmente
nem possuem direito algum para responsabilizar, sob qualquer forma, por esse
seu aparente engano, a outrem que não os aliciou nem chamou.
No entanto, a tais absurdas hostilizações se contrapõe cada Palavra que
até agora já escrevi e falei, e eu vivo essa Palavra! Sou inseparável de minha
Palavra. E essa Palavra está agora gravada a fogo e de maneira eternamente
imutável em toda a Criação!
Dessa forma pretendem, porém, vingar-se aquelas criaturas, que almejam
mais do que são capazes de absorver, porque falta para a sua sintonização a
necessária pureza de seus desejos e a humildade espiritual, porque sempre
388
colocam em tudo apenas as finalidades terrenas como objetivo principal do seu
caminho.
Mesmo que puramente humano, tal procedimento nem é compreensível, a
não ser com a simples explicação de que os seres humanos dessa espécie não
conhecem barreiras para, através de artimanhas e astúcias, se entregarem a
seu pendor de criar aborrecimentos a outrem e, se possível, prejuízos, o que
lhes causa prazer. Em tais atos encontram satisfação íntima, às vezes até com
disposição doentia.
Se, na mesma ocasião, lhes for possível obter também vantagens terrenas
de qualquer espécie, sem envidar esforços, aproveitá-las-ão sem escrúpulos,
como bem-vinda conjuntura colateral de seu atuar.
O verdadeiro motivo de tudo isso, porém, é muito mais profundo. Somente
no sentido da Mensagem é que pode ser explicado:
Esses seres humanos, ao se tornarem mornos, foram, pouco a pouco, em
suas fraquezas, atraídos pelas trevas e agarrados imperceptivelmente, não
obstante de maneira firme e inelutável, porque não ofereceram resistência
alguma; pelo contrário, ainda se sentiram satisfeitos pelo contato mental das
suas fraquezas com as trevas.
Então, com as brincadeiras mentais, produziu-se também o contato
inevitável, as trevas manifestaram-se ostensivamente... de bom grado eles se
tornaram instrumentos solícitos e ainda contribuíram, eles próprios, com seu
quinhão.
A sua primitiva mornidão cresceu até transformar-se em inimizade e em
malcontido ódio, envolvendo por fim todo o pensar e atuar, de modo
correspondente.
Naturalmente as correntes de espécie igual procuram sempre associar-se;
eles se encontram e preparam então juntos a poção de veneno que haviam
destinado à sua vítima, mas que desta vez eles próprios terão de sorvê-la até a
última gota, de acordo com a sagrada vontade de Deus, que, em Sua
onipotência, recai sobre eles, reciprocamente!
O que forjam nesse calunioso modo de pensar e em procedimentos
análogos, o que formam mediante falsificação pretensamente inteligente dos
conceitos e acontecimentos reais, tudo isso tornar-se-á uma espada afiada
contra eles, e até mesmo o menor e mais insignificante errado modo de pensar
recairá centuplicado sobre eles, pois o seu ódio fora dirigido contra a sagrada
Luz!
O incrível atuar, em sua má espécie, também para aquele que está de fora,
nem é difícil de ser reconhecido. Tal atuar, em si, já não pode ser qualificado
por nenhuma pessoa como “bom”, sendo, pelo contrário, reconhecido logo
como um querer mau! E o mal só pode provir das trevas, jamais da Luz.
Nisso se demonstra onde as trevas espreitam. E o que as trevas odeiam,
perseguem com ódio é somente a Luz e tudo o que é luminoso. Tão-somente
nisso já se encontra, para o examinador sereno, a indicação de onde as trevas
e onde a Luz estão ancoradas.
De acordo com as leis da Criação pode-se fundamentar isso bem
minuciosamente de acordo com a minha Mensagem!
389
Onde as trevas atacam, aí existem valores luminosos! No futuro isso tornar-
se-á prontamente compreensível para os seres humanos e eles julgarão e
procederão de acordo, a fim de extirpar por completo o mal, que é sempre
obrigado a evidenciar-se a si mesmo dessa forma!
O que é trevas ou delas faz parte distingue-se mui facilmente pelo modo do
querer, que se manifesta na ação.
Dou-vos com esse exemplo um ensinamento que deveis utilizar em vossa
existência futura e ao mesmo tempo mostro quão repugnante e nojenta é a luta
contra as trevas, pois as trevas sempre agem somente de modo sorrateiro,
com perfídia, mentiras e maldade, revolvendo-se no lodo das próprias cobiças
e lançando veneno desse pântano para os pontos a que sua inveja visa.
Se tal modo de ser já constitui um horror para os seres humanos terrenos,
quanto mais para a Luz e perante Deus!
Agora, porém, o raio da ira de Deus cai incendiando no pântano abjeto, e
extermina tudo o que com ele se identifica quanto ao modo de pensar e atuar!
Não se pode realmente tachá-la de luta, pois aversão e asco surgem a
cada golpe que a límpida espada de Deus tem de vibrar contra a imundície,
obrigada pelos ataques das trevas que já pressentem o seu fim.
Um ser humano que ainda possui dignidade simplesmente se retira,
quando julga não encontrar aquilo que ele almejava para si, e confessa que ele
próprio se enganara a respeito, ao esperar algo diferente. Jamais poderá
mostrar-se sorrateiro e ordinário, se ele próprio não trouxer em si os males que,
estimulados então pelas trevas, muitas vezes ainda aumentam de maneira
incrível.
A tudo isso ainda advém a crescente pressão da Luz, que obriga as
propriedades, tanto boas como más, ao resgate final, na medida em que são
obrigadas a exaurir-se, devido ao aumento do movimento proveniente dessa
pressão.
Nessa inesperada erupção é derrubado ao mesmo tempo e de modo
definitivo o mal, sendo, porém, o bem erguido alto. A obrigação para a
atividade, de tudo aquilo que está latente na alma humana, dá o impulso para
os efeitos do Juízo, tanto no indivíduo como nas massas!
É um processo muito simples, que agora podereis constatar dia a dia, cada
vez mais nítido. Aprendei com isso e tirai daí proveitos espirituais!
É o Juízo universal em sua atuação automática e a simples naturalidade,
inerente à sagrada vontade de Deus! Vós mesmos vedes que a expressão luta
é boa demais para o necessário aniquilamento de tais salteadores que estão
nas margens de todas as estradas presenteadas por Deus, em Sua abundante
graça, que conduzem à paz do espírito.
Não se trata de uma luta, mas sim da grande purificação pela Luz em sua
obra de salvação. Contudo, é para a Luz apenas um trabalho repugnante,
porque as trevas, até o último instante, não poderão ser nem serão diferentes
do que como são: abjetas e desprezíveis em todas as suas ações. Não são um
adversário digno de respeito nem leal! Adversários dignos de respeito a Luz,
aliás, não pode ter, porque tudo o que realmente for digno de respeito quer
servir somente à Luz e não às trevas.
390
Essa é a tarefa que a Luz soluciona para vós, seres humanos! Vós, que
podeis participar de tudo isso já cientes, encontrareis nisso a grandeza de
Deus, Sua onipotência e justiça e o Seu... amor!
Pois é amor, quando Ele extirpa da Terra esse bafo pestilento, libertando-
vos dele, para que possais estar alegres na Criação que Ele, cheio de graça,
vos concede como morada!
Dai-Lhe aquele agradecimento que compete a essa obra de amor,
conservando limpo o vosso pensamento e visando apenas ao bem-estar, à paz
do vosso próximo, não, porém, estudando como lhe podeis causar dano!
391
12. Os planos espirituais III
Primordialmente criados! A expressão vos é familiar, porém nada podeis
imaginar a respeito, ou aquilo que imaginais nunca poderá corresponder ao
fato em si.
Por isso, quero aproximar-vos da compreensão disso, a fim de que possais
tornar-vos sabedores, até onde é possível a um ser humano.
Se eu quiser falar-vos a respeito do reino dos primordialmente criados,
tenho de principiar novamente por Parsival, do qual se originou a Criação
primordial.
A respeito de Parsival já sabeis o principal. Sabeis de onde veio e o que ele
é.
É melhor que eu resuma isso mais uma vez, ao repetir-vos algumas
palavras, que ele recentemente falou em imagem a um espírito humano, que
era abençoado para receber visões, que de outro modo são vedadas aos olhos
humanos.
Parsival também falou numa dessas imagens:
“A sábia vontade do Pai Universal é! Desde a eternidade dentro Dele, eu fui
gerado Dele. Sábio e sempiterno igual a Ele, eu estou Nele e provenho Dele, e
derramo a Sua força, efetuando a Sua vontade.
Eu sou Parsival, o recipiente, no qual o fogo de Deus-Pai está ancorado no
puro espiritual e de lá forma criando como Seu Espírito Santo. Eu sou e vivo e
tudo é cumprimento eterno, criador, atuando simultaneamente. Assim forma-se
da vontade e da Palavra a Lei da Criação!”
Estas palavras são tão claras, tão evidentes, que dificilmente pode haver
uma interpretação errada. Apesar disso, quero indicar alguns pontos, que
darão a vós novamente a explicação daquilo que já vos é conhecido.
As palavras começam: “A vontade do Pai Universal é! Desde a eternidade
dentro Dele, eu fui gerado Dele.”
Da Mensagem do Graal, há anos, vós já aprendestes: a vontade de Deus-
Pai é Imanuel!
Se agora, na visão, Parsival continua falando: “Desde a eternidade dentro
Dele, fui gerado Dele!” então explica com isso que desde a eternidade ele era
dentro desta vontade, portanto, em Imanuel, e que ele foi gerado de Imanuel, é
uma parte Dele.
Claramente consta há muito na Mensagem: “Parsival é uma parte de
Imanuel, o qual, com isso, atua em Parsival na Criação. Imanuel e Parsival não
podem ser separados: pois são um só!”
Com isso, na realidade, é dito exatamente o mesmo, apenas em outras
palavras. Eu já expliquei na Mensagem que o Filho de Deus Imanuel é a
vontade criadora de Deus-Pai tornado pessoal, conhecido também sob o nome
o Espírito de Deus, portanto, o Espírito Santo. Com isso Ele é simultaneamente
a justiça executante de Deus, a espada de Deus!
O Filho de Deus Jesus é o amor de Deus-Pai tornado pessoal, que
eternamente é e será uno com a justiça de Deus, como ele também é uno com
Deus-Pai.
392
Eternamente inseparável, estando um no outro e, apesar disso, atuando
separadamente, assim é a trindade de Deus, da qual tendes conhecimento, no
entanto, nunca pudestes formar uma imagem exata em vossa imaginação. Esta
é a trindade divina na inentealidade inacessível! O núcleo de toda a força e de
todo o existir de eternidade a eternidade.
E a este núcleo de Luz inenteal da trindade divina se une o plano da
imediata irradiação da força de Deus, inconcebível para tudo quanto é criado, a
esfera do ambiente vivo da incontida irradiação da força de Deus, de
eternidade a eternidade. Assim sempre foi.
E quando a Criação teve de surgir da vontade de Deus-Pai, tudo só se
pôde desenvolver dentro do necessário curso da ação ou dos acontecimentos,
que hoje conseguis imaginar logicamente através da Mensagem.
A Criação teve de surgir através da vontade criadora de Deus-Pai! A
vontade criadora de Deus-Pai é, como tal, desde a eternidade o Filho de Deus
Imanuel, sendo pessoal no criar, apesar de estar ou permanecer inteiramente
no Pai, e o Pai está nele, no seu criar.
Creio que assim muita coisa se torna cada vez mais compreensível.
Da mesma forma que a vontade criadora, Imanuel, é pessoal, assim
também o amor, na atuação, se tornou ainda pessoal no Filho de Deus Jesus.
Ambos, como partes do Pai, são um só com Ele, e o Pai está neles. Desde
a eternidade até toda a eternidade.
Jesus é o amor de Deus; Imanuel é a vontade de Deus! Por isso a Criação
toda vibra em seu nome, sim, ele é a Criação. Tudo quanto nela acontece, tudo
quanto nela se realiza se acha inscrito nesse nome, o qual mantém a Criação,
do menor ao maior fenômeno! Nada existe que não se origine desse nome e
que não tenha de cumprir-se nele.
Vós, seres humanos, não pressentis a grandeza que reside nisso, pois
esse nome é a lei viva em sua origem e, no cumprimento, ele mantém o
Universo com tudo o que está nele contido.
Nesse nome jaz o destino de cada indivíduo, pois tendes de julgar-vos
nele, uma vez que estais todos ancorados firmemente nele.
E o nome é! Ele é vivo e pessoal, pois o nome e o seu portador são um só,
inseparáveis, o portador é o nome vivo, é a própria vontade de Deus.
A obra da Criação tinha de pertencer à vontade criadora, portanto ao Filho
de Deus Imanuel, que é a vontade criadora em Deus!
E como a Criação somente pôde se formar da irradiação da parte criadora
de Deus Imanuel, e tinha de originar-se fora da imediata irradiação da trindade
divina, existente já desde a eternidade, e impossível de ser contida, resultou a
necessidade de colocar uma pequena parte da própria vontade criadora de
Deus para fora dos limites da irradiação da trindade divina imediata. Uma parte
que ficasse eternamente unida com a vontade criadora no inenteal e, apesar
disso, permanecendo fora da esfera divina, atuasse por si mesma, para que
através de sua irradiação a Criação pudesse formar-se e conservar-se.
E essa pequena parte, que foi colocada para fora, proveniente da vontade
criadora de Deus, o Filho de Deus Imanuel, a fim de que a Criação pudesse
formar-se de sua irradiação e também se conservar, é Parsival!
393
Seu núcleo inenteal, proveniente de Imanuel, recebeu forma através da
Rainha primordial Elisabeth, isto é, um invólucro, que se tornou uma âncora
para ele, a fim de poder permanecer fora da esfera divina! E esse invólucro,
essa forma, é o receptáculo sagrado no qual o fogo de Deus-Pai, o Espírito
Santo Imanuel está ancorado, atuando através dele. Com essa forma, com
esse invólucro tornou-se pessoal também a pequena parte de Imanuel fora da
esfera divina, permanecendo, no entanto, inseparavelmente ligada com
Imanuel e, com isso, ligado da mesma forma firmemente com Deus-Pai, a
quem, como uma parte de Imanuel, também pode chamar de Pai, sendo-lhe
permitido designar-se Filho de Deus; pois Parsival e Imanuel são um só, como
Imanuel é uno com Deus-Pai!
Em Abdruschin esteve, em determinada época, pela primeira e pela
segunda vez, Parsival na Terra, o qual, com as explicações de hoje,
certamente torna-se para vós um pouco mais compreensível, enquanto que
então, na hora da realização, Imanuel, como tal, tomou posse do invólucro
terreno de Parsival, após penosas purificações desse invólucro.
Só depois, pouco a pouco, a força inteira da trindade divina pôde descer
para o invólucro, a fim de cumprir, como graça, a maior de todas as promessas
divinas, feitas aos seres humanos! Assim se desenrola mais uma vez o
imensurável acontecimento perante o vosso espírito, como base para a
compreensão a respeito de Parsival!
É infinitamente penoso proporcionar uma imagem clara para a
compreensão terrena, e não devo esquivar-me quanto ao número de
dissertações, se eu quiser alcançar isso.
Por essa razão, já antecipei claramente, na primeira dissertação, que os
esclarecimentos, com exclusão de todos os demais, só se destinam àqueles
seres humanos que já puderam vivenciar a Mensagem plenamente dentro de
si! Somente eles estão aptos a seguir-me, caso se empenharem com toda a
força, sempre de novo, até conseguirem compreender, pois dou tais
explicações fracionadamente, de tal maneira que sejam acessíveis ao espírito
deles.
Antes de tudo, não deveis imaginar a expressão “filho” em sentido humano;
não como um filho numa família humana.
“Filho” significa para o divino uma “parte”; uma parte especialmente atuante
do Pai. Filho e Pai constituem um só todo, jamais podendo ser separados.
Não imagineis isso, portanto, segundo a maneira humana, pois isso teria
de resultar numa imagem completamente errada! Conduzir-vos-ia a conceitos
errados, que excluem por completo a realidade e que, já por isso, nunca
deixariam que vos aproximásseis da Verdade!
Talvez fosse melhor dizer: tudo é somente Deus-Pai, Ele atua na trindade
como um só!
Provavelmente em imagem isso se aproxime bem mais da vossa
compreensão. E considerado a partir do ponto de origem, é descrito mais
acertadamente, pois só existe um Deus! Aquilo que o Filho de Deus faz, o faz
partindo do Pai, no Pai e para o Pai! Sem o Pai ele não seria nada, pois é uma
parte do Pai, e o próprio Pai está nele e atua nele.
Também aqui talvez possamos aproximar-nos um pouco mais da
compreensão terrena, se imaginardes assim: o Pai não atua, acaso, partindo
394
do Filho, isto é, não atua através dele, mas sim dentro dele! Nisso reside o que
para a compreensão humana é mistério e apesar de meus esforços continuará
sempre sendo mistério, visto não poder ser descrito com palavras terrenas.
Palavras são finalmente somente palavras, nitidamente limitadas; elas não
podem reproduzir aquilo que é móvel e em verdade vivo, e que se encontra em
tudo quanto se refere a Deus e ao divino.
Aquilo que se dá junto de Deus nunca pode se dar em relação aos seres
humanos. O filho na família humana existe por si, e o pai existe por si; são e
permanecem dois, poderão no máximo ficar unidos na atuação, mas nunca ser
um só. Na expressão Filho de Deus é diferente! Exatamente o contrário! Deus-
Pai e Deus-Filho são um só, e apenas na atuação podem ser considerados
como dois, como também os dois Filhos de Deus, Imanuel e Jesus, são um só
no Pai e apenas na atuação são dois, na espécie de sua atuação.
Com isso tentei explicar-vos mais uma vez a origem de Parsival, que
através de Imanuel está em Deus, e com isso Deus está nele.
Agora procurarei também vos mostrar, em imagem, como ele é, como
pessoa. E depois em sua atuação.
Será difícil para vós imaginar que também o Supremo Templo luminoso
tinha de surgir da irradiação de Parsival, Templo esse que o envolve
protetoramente no puro espiritual da Criação primordial. O Supremo Templo,
que deve ser compreendido como um anexo àquele Templo que se encontra
desde a eternidade no limite da esfera divina, onde os anciãos, os eternos, têm
sua pátria e sua atuação no divino. No divino, portanto na irradiação imediata
de Deus, e não, acaso, no próprio Deus!
No meu conjunto de explicações não incluo o Templo que se encontra no
divino, visto nada ter a humanidade a ver com ele, mas falo sempre somente
do Templo existente no puro espiritual, e que é o ápice e o ponto de origem da
Criação inteira.
O Templo no puro espiritual, da Criação primordial, pode ser considerado
como um anexo do Templo no divino. Em sua extremidade superior encontram-
se a grade de ouro e a cortina intransponível para os primordialmente criados,
a qual constitui o limite.
Nesse limite imaginai Parsival como o primeiro e o superior da Criação
inteira, do qual ela se originou. Num amplo recinto de colunas, que se fechou
em redor dele, no mais fiel e mais puro querer de todos os primordialmente
criados e em seu amor à Luz!
Os primeiros primordialmente criados, os superiores da Criação primordial,
somente podiam tornar-se conscientes ao sair da irradiação criadora de
Parsival, fora do limite da esfera divina, portanto fora da imediata irradiação da
trindade divina!
Repito tantas vezes as expressões e as denominações, a fim de que se
gravem em vós, como noções permanentes!
Portanto, Parsival encontra-se lá como o primeiro. Ele saiu da esfera divina!
De sua irradiação desligaram-se primeiro, tornando-se conscientes, os
primordialmente criados superiores, e do amor e fidelidade deles para com a
Luz, para com Parsival, formou-se, através do querer, o maravilhoso recinto, o
Supremo Templo.
395
Mas hoje quero apenas mencionar passageiramente esse formar e tecer
vivo. Talvez eu dê, mais tarde, uma explicação mais minuciosa a esse respeito.
Agora só é necessário mencionar isso para a imagem completa que quero dar.
O próprio Parsival é para vós apenas Luz flamejante, seu núcleo inenteal,
proveniente de Imanuel, deixa tudo o mais na completa sombra. se é que se
possa falar de sombras no Templo luminoso. Por essa razão, isso é dito
apenas figuradamente, pois de sombras, na realidade, não há nem vestígio.
Para o olho dos espíritos do puro espiritual, dos primordialmente criados,
porém, constitui-se a forma, a forma puro espiritual do Filho da Luz, transluzida
resplandecentemente pelo núcleo inenteal dele.
Que devo eu dizer-vos a respeito disso, que nem pode, aliás, ser abrangido
por palavras terrenas?
Uma cabeça resplandecente, da mais perfeita forma, envolta no movimento
eterno da Luz viva, que subjuga e faz perder os sentidos de cada criado que a
olha. O corpo está envolto por um invólucro irradiante, que se parece com uma
couraça de escamas flexíveis; sobre a cabeça, estendidas protetoramente, as
asas da Pomba... assim podeis imaginá-lo, poderoso, senhoril, invencível,
inatingível, força de Deus personificada, fulgor de Deus que tomou forma:
Parsival, o Filho da Luz, no puro espiritual, no ápice da Criação! O portal puro
que se abriu do divino para a Criação, que conduz de Deus para o ser humano!
O nome Parsival tem, entre outros sentidos, o seguinte significado: de
Deus para o ser humano! Ele é, portanto, o portal ou a ponte de Deus para o
ser humano. Ele não é o tolo puro, mas sim o portal puro da vida para a
Criação!
396
13. Os planos espirituais IV
Muita coisa o ser humano impôs a si próprio como empecilho, impedindo um
desenvolvimento de seu espírito, que por si aspira ao caminho para cima, caso
não esteja algemado ou preso à Terra por qualquer coisa.
Contudo, o mal principal permanece no raciocínio, cultivado
excessivamente de modo unilateral, que se refestela arrogantemente num
trono de soberano que não lhe cabe.
Parece-se com um animal, que só dominado é que presta bom serviço, ao
passo que em qualquer caso se torna prejudicial, assim que lhe for dada
autonomia.
Como uma fera, que primeiro se mostra mansa e dá alegria a quem a
alimenta e cuida, mas que chegando a determinado tamanho se torna perigosa
também a quem a criou.
Ela se transforma então na tirana do tratador, que precisa temê-la e que
acaba perdendo por completo a costumeira liberdade de movimentação na
jaula, morada desse animal. O animal domina-o de repente, dentro do alcance
de sua movimentação.
O mesmo acontece a cada ser humano com relação a seu raciocínio. E
como este não ficou adstrito somente à morada que lhe foi destinada, portanto
ao respectivo corpo humano, mas sim forçou para si completa liberdade de
movimentação, que na Terra é ilimitada, assim a humanidade inteira teve de
submeter-se a sua vontade.
Em nenhuma parte a humanidade se acha segura contra ele, pois em todo
lugar ele espreita como perigo, pronto a usar as suas garras afiadas, ou os
seus dentes destruidores, onde uma criatura humana não se mostre disposta a
sujeitar-se a ele!
É assim que a situação se apresenta hoje na Terra! O animal, que primeiro
foi tratado afetuosamente, e que cresceu adquirindo uma força colossal,
nenhum ser humano pode mais forçá-lo a um serviço útil. E assim comete
tristes devastações, nas quais já vos encontrais em parte, e que ainda se
alastrarão de modo pior, porque sois incapazes de dominar tal animal.
Muitas criaturas humanas cairão vítimas dele, apesar do fato de que
poderiam ter dominado facilmente o animal, se o tivessem educado direito no
devido tempo.
A força, que o animal gasta agora para as devastações, ele devia utilizar
proveitosamente, sob a compreensiva condução de vosso espírito, para o
embelezamento e soerguimento de vós próprios e do vosso ambiente, para a
paz e a alegria de todos.
Ao invés de devastações estender-se-iam jardins floridos perante vós,
convidando para a atividade bem-aventurada, através do trabalho cheio de
gratidão de pacíficos cidadãos terrenos.
Teríeis de ficar sujeitos, todos juntos, a esse monstro criado por vós, se o
próprio Deus agora não lhe traçasse os limites, despojando-o de seu poder e
conduzindo-o novamente para caminhos nos quais só possa atuar de maneira
útil!
397
Mas antes tendes de vivenciar ainda quanta desgraça causastes com isso,
tendes de ver e sofrer as graves conseqüências que ela traz consigo e que
acarreta, a fim de por meio disso ficardes completamente curados de tais
atuações e aspirações errôneas, e a fim de que no futuro não possa ressuscitar
em vós nenhum desejo nesse sentido!
Assim Deus vos castiga, ao conceder-vos a realização de tudo quanto
procurastes forçar teimosamente contra o Seu mandamento, depois de não só
terdes deixado de dar atenção a todos os mensageiros que com amor vos
foram enviados da Luz para advertir, mas sim de tê-los perseguido com vosso
ódio e por fim assassinado com fúria cega. Porque incomodavam os vossos
planos, apesar de que só eles vos poderiam ter ajudado realmente.
E com essa vossa falha tornais impossível também que vosso espírito
possa soltar-se, para poder se desenvolver gradualmente e receber ligação
com aquela espécie que lhe é própria, com o plano espiritual na irradiação de
Luz da graça divina.
O domínio do raciocínio jamais permitiu isso, pois dessa maneira a sua
glória artificialmente levantada e falsa ter-se-ia rapidamente derretido como um
boneco de neve sob o raio do sol.
Ele teria descido inexoravelmente do trono e precisaria servir novamente,
ao invés de arvorar-se em senhor.
Eis a razão da resistência redobrada, que nem mesmo temeu o assassínio,
onde seu prestígio de alguma forma pôde correr perigo.
Assim acontece que nem mesmo hoje podeis pensar diferentemente, e
tudo quanto ouvis e que vos é anunciado comprimis nas formas terrenas por
vós já bem conhecidas, fazendo surgir concepções que nem de longe
correspondem à realidade, pois o animal se encontra sobre vós, mantendo-vos
subjugados, animal esse que criastes e cuidastes, sem torná-lo submisso a
vós! Ele interpôs-se separadoramente entre vós e todo o espiritual, e não deixa
mais traspassar nada em direção àquilo que está mais elevado do que esse
animal ambicioso, isto é, vosso raciocínio terreno, o cintilante e sedutor, e, no
entanto, o mais perigoso e mais seguro instrumento para vossa perdição na
mão de Lúcifer.
Libertai-vos disso agora e elevai-vos acima dele! Do contrário jamais
podereis compreender os valores que vos são oferecidos pela Luz e também
não podereis aproveitá-los para vós próprios.
Tornai a ser assim como eram antigamente os seres humanos terrenos,
antes da presunção do raciocínio os ter enlaçado e calcado naquele solo,
apropriado à estreiteza deles.
Os seres humanos outrora vibravam com e no seu ambiente, e por isso
podiam ser elevados espiritualmente no vibrar, sem que por isso precisassem
temer perder o chão e o pensar terrenais.
Como vos tornastes tão pequenos em relação àqueles que, encontrando-
se no começo do seu desenvolvimento, ainda considerais hoje como
incompletos no sentido humano.
Eles eram mais válidos na Criação do que sois vós hoje, e por isso mais
valiosos e úteis perante o Criador do que vós, em vossa desditosa torção, que
398
só é capaz de deixar atrás de si destruição, ao invés de elevação do que
existe.
Tendes de chegar novamente a esse ponto, tendes de desenvolver de
novo as asas que se atrofiaram completamente, se não quiserdes cair, pois o
vosso espírito será agora libertado de todos os empecilhos, impetuosamente,
pela força da Luz! Os empecilhos serão destruídos. E então ai do espírito que
não puder se manter, vibrando; terá de cair, visto não possuir mais força para o
vôo, por falta de qualquer exercício e atividade, que criminosamente lhe
tirastes.
Numa coisa tem o ser humano terreno de atentar especialmente, visto ter
pecado muito a tal respeito: a ligação com os auxiliares enteais jamais deve ser
interrompida! Caso contrário abris uma grande lacuna que vos prejudica.
Não deveis encarar como deuses os grandes e fortes enteais, pois não são
deuses, mas sim servos fiéis do Todo-Poderoso, e no servir são grandes! Mas
nunca estão sujeitos a vós.
Aos pequenos enteais, porém, nunca deveis olhar presunçosamente com
superioridade, pois eles não são vossos servos, mas sim, como os grandes,
servem unicamente a Deus, ao Criador. Somente em sua atividade se
aproximam de vós; vós, porém, deveis aproximar-vos deles.
Podeis aprender muito com eles, especialmente no seu fiel servir, que eles
dedicam, agradecidos, ao seu Criador. Vós, seres humanos, necessitais
incondicionalmente dos grandes e pequenos auxiliares, pois somente numa
atividade conjunta e harmoniosa com eles as vossas almas podem amadurecer
direito e chegar à ascensão.
Aprendei por isso a dar atenção a todos os auxiliares enteais, pois eles
podem ser os vossos melhores e mais fiéis amigos!
Então vibrareis novamente mais leves, mas deveis primeiro livrar-vos de
toda a estreiteza ocasionada por vosso raciocínio terreno. Principalmente se
quiserdes compreender aquilo que vos anuncio a respeito das regiões
luminosas, que, se raciocinardes somente de maneira terrena, jamais poderão
se tornar compreensíveis a vós, pois são de uma espécie que só pode ser
assimilada por vosso espírito!
Só quando vos tiverdes aberto para isso é que sabereis o que vos dei com
minhas explicações. Falo, aliás, já hoje sobre essas coisas, porém vos são
comunicadas para uma compreensão posterior desta Terra, pois eu cumpro,
como em tudo que vos falo! Cumpro, porque foi prometido outrora que eu
revelaria a Criação, tanto aos desenvolvidos como aos criados, que vos daria a
chave para a compreensão de qualquer acontecimento da Criação.
Administrai todo o saber fielmente; pois nunca mais poderá acontecer à
Terra tanta bênção e tanta graça. Ao anunciar-vos tudo isso vos tornais
guardiões de todas as chaves! Se deixardes surgir manchas sobre elas ou
torcerdes apenas uma pequena parte, elas não abrirão mais esses segredos
da Criação, e os portais ficarão novamente fechados, não apenas por um longo
período, mas, desta vez, aos desenvolvidos, para sempre!
Tal responsabilidade repousa agora sobre vós, que eu selecionei entre
todos os seres humanos para essa tarefa, como o fez outrora Jesus com os
seus discípulos, quando se encontrava na Terra.
399
Para vós, porém, será mais fácil desta vez; pois não apenas falo para vós,
mas dou tudo por escrito, para que nunca mais possa ocorrer a deturpação da
Palavra Sagrada tão devastadoramente, como aconteceu com o mais
importante dito outrora por Jesus.
Desta vez também foi me dado muito mais tempo para introduzir-vos em
tudo, para que possais aprender corretamente o que é a vontade de Deus e o
que Ele exige de vós, depois de Ele ter vos dado tudo o que necessitais para
terdes o direito à autoconsciência.
Com isso ficastes aptos a aproveitar conscientemente todas as graças da
Criação para a eternidade, à medida que seguis de modo certo e vos torneis
um membro útil desta Criação, pressuposto que não invejeis nada dos outros,
pois há espaço e possibilidade de vida para todos que, seguindo a lei do
movimento, vibrarem harmoniosamente com os outros!
Vós, pequeno grupo de portadores da sagrada Cruz, sois a levedura que
preparei para a humanidade, que deve perpassar e incrementar tudo, que traz
movimento espiritual nas massas pesadas, para que não tenham de sucumbir
e perecer inutilmente.
Guardai fielmente as chaves, que vos dou com minhas palavras, e
transmiti-as sempre, para aqueles que vierem depois de vós, de maneira certa!
Tão logo estiverdes livres da pressão do domínio do raciocínio, então todas
as minhas palavras se tornarão claras para vós; as que já vos falei e as que
ainda falarei. Então também assimilareis aquilo que ficastes sabendo a respeito
da Criação primordial e dos primordialmente criados, que se encontram no
lugar mais elevado de todas as Criações, no Supremo Templo do Santo Graal.
O primeiro círculo ao redor de Parsival, em direção à Criação, compõe-se
de quatro primordialmente criados, que, tornando-se imediatamente
autoconscientes através das irradiações de Parsival, puderam formar-se como
os primeiros. Em jubilosa atividade, recebendo e transmitindo, tornando a
receber e retransmitindo, vibram eles incessantemente.
Ao redor de Parsival encontram-se vários círculos de primordialmente
criados. Todos, porém, inclusive o primeiro círculo, encontram-se a grande
distância de Parsival e de seu trono, distância essa que, por causa da pressão,
não podem transpor.
Os quatro do primeiro círculo são os mais fortes de todos os
primordialmente criados. São capazes de suportar maior pressão da Luz do
que os outros, sem terem de perder a consciência.
São eles:
Od-shi-mat-no-ke, o servo e protetor da Luz da trindade perfeita. Ele é a
corporificação mais ideal de um soberano real.
Leilak, a corporificação da coragem e da força do homem.
Estes dois aqui mencionados são compreensíveis ao ser humano quanto a
sua espécie. De maneira diferente, porém, ocorre com os dois que cito agora,
pois essas espécies estão fora da imaginação humana.
O Leão. Este se aproxima mais da imaginação humana, se eu disser que o
Leão, como cavaleiro do Graal, é a corporificação do mais nobre heroísmo,
cuja irradiação apóia e favorece a fidelidade de heróis na Criação.
400
Merkur, o condutor primordialmente criado das forças de todos os
elementos. Estes estão ancorados nele.
O ser humano julgará ter entendido, sem mais nem menos, o que foi dito
por mim, mas não é assim. Não pode entender, se eu não lhe der uma
explicação mais ampla sobre a espécie peculiar do Leão.
Para fazer isso tenho de subir mais, até a esfera divina. Os seres humanos
sabem, figuradamente, que nos degraus do trono de Deus animais montam
guarda; animais alados, poderosos, encontrando-se entre eles também um
Leão. Esses animais não são lenda, mas sim se encontram de fato lá. Nunca
os mencionei, porque teria sido demasiado para o começo. Por isso também só
deve ser falado deles, quando os espíritos humanos estiverem mais
amadurecidos do que hoje.
O que hoje digo a esse respeito é também apenas para aqueles que já
assimilaram a minha Mensagem e que procuram torná-la realmente viva dentro
de si. Portanto, é somente para os seres humanos terrenos mais maduros!
Então os seres humanos indagarão a si mesmos como é que animais
chegam à esfera divina, e ainda mais até os degraus do trono de Deus, sim,
àqueles degraus onde nunca pode chegar um espírito humano, por mais
agraciado que seja.
Isso, porém, é muito simples de esclarecer: o ser humano formou uma
noção errada do animal, porque aí vê na sua frente apenas os animais da
Terra, aqueles que podem desenvolver-se na matéria grosseira!
E isso é errado! Quer o ser humano, quer o animal, ambos são criaturas da
Criação, uma tão necessária quanto a outra, ou uma tão dispensável quanto a
outra.
Os animais nos degraus do trono de Deus têm uma espécie bem diferente
daquilo que os seres humanos imaginam como animais. São animais
sapientes! Mas disso já não podeis fazer mais nenhuma idéia, e também nunca
conseguireis fazê-la acertadamente, pois isso tudo está distanciado demais
para o espírito humano dos desenvolvidos.
Animais sapientes, cuja fidelidade e devotamento são completamente
incorruptíveis! Com eles não há hesitação nem vacilação, mas sim apenas um
servir entusiasmado e imutável! Servir por meio da ação imediata, sem
reflexão, sem necessitar primeiro de uma vontade para isso. Um vibrar vivo na
lei, como algo evidente e necessidade de ser!
Eles estão muito mais acima do que o espírito humano desenvolvido, já
pelo fato de em sua intocável pureza de atividade e força se encontrarem na
esfera divina.
Não se trata neste caso, portanto, de animais no sentido humano, mas sim
de uma espécie peculiar de irradiação tornada forma e chamada animal, como
uma outra espécie de irradiação, aliás, mais inferior, é chamada criatura
humana! A tal respeito tornam-se necessárias ainda explicações especiais, que
só podem seguir muito mais tarde.
Assim como o Leão, nos degraus do trono da trindade divina inenteal,
origina-se das irradiações dela, nelas vivendo e atuando, da mesma forma o
Leão na Criação primordial surgiu da irradiação do núcleo também inenteal de
401
Parsival, e se formou, no plano puro espiritual da primeira Criação primordial,
como cavaleiro do Santo Graal!
Trata-se de uma semelhança de espécie, de forma diferente, pois o Leão
da Criação primordial traz em si ainda algo mais, da espécie espiritual humana,
do que falarei pormenorizadamente mais tarde. Ele já é, em si, uma
composição, ao passo que o Leão sapiente nos degraus do trono de Deus,
como tal, vibra totalmente puro e não contém em si nenhuma outra
composição.
O Leão da Criação primordial já está preparado para a irradiação na
Criação, como uma espécie necessária de transição. Sua atividade de
irradiação é multilateral, e, apesar disso, mais delimitada do que a do Leão da
esfera divina.
Dele promana tudo quanto é heróico, que se mostra na Criação aqui e
acolá.
Não devo hoje entrar em minúcias a esse respeito, pois isso desviaria
demasiadamente daquilo que quero dizer nesta dissertação. Desejo apenas
mencionar, de passagem, que das irradiações desse heroísmo também foi
outorgada uma parte ao espírito daqueles seres humanos terrenos que agiram
como verdadeiros heróis.
Isso já era bem conhecido dos antigos germanos e dos gregos, como
também de muitas outras estirpes humanas de tempos mais remotos, que
ainda mantinham uma ligação consciente com os enteais.
Na morte terrena de um desses heróis, os enteais conduziam a parte da
irradiação do heroísmo, de natureza enteálica, para o Valhala, o castelo mais
elevado no círculo enteal da Criação, ao passo que o espírito tinha de ir para o
plano a ele destinado. Apesar disso, ambas as partes ficavam interligadas por
meio de fios, quando o espírito havia atuado no bom sentido.
Essas duas partes só eram separadas, se o espírito descesse, para que a
parte enteal não pudesse ser arrastada junto com ele. Caso contrário, ambas
as partes uniam-se novamente nas encarnações terrenas.
Essa outorga do heroísmo é um presente especial para os seres humanos
terrenos, cujo recebimento é preparado por meio de uma determinada
maturidade do respectivo espírito e também por meio de uma determinada
caminhada do mesmo.
Para certas missões na Terra é necessária uma parte dessas irradiações
enteais do Leão, porque nelas está ancorada uma agressividade, vibrando,
todavia, na pureza, e ligada ao incondicional desprendimento de si mesmo, o
que o espiritual, como tal, não traz em si, já que seu alvo mais elevado reside
na atuação construtiva e cheia de paz.
O heroísmo integral e legítimo na Criação está ancorado no Leão, que,
como cavaleiro do Santo Graal, se encontra no primeiro círculo dos
primordialmente criados, e que, a seu próprio pedido, foi ancorado em um
corpo de espírito humano, para cooperar na Terra, nos sagrados
cumprimentos, diretamente, estando ao mesmo tempo em igual proximidade
com o seu Senhor, como no luminoso Templo na Criação primordial.
Espiritual e terrenamente irão reunir-se ao Seu redor os verdadeiros heróis,
porque assim deve realizar-se de acordo com as leis da Criação, devido à força
402
e a espécie fundamental de Sua irradiação, nem podendo ser diferente; pois
eles estão ancorados Nele inseparavelmente. Um heroísmo simulado manter-
se-á naturalmente longe e já deve, com isso, mostrar-se como tal.
Este é, nas sagradas realizações na Terra, um dos muitos processos
incompreensíveis aos seres humanos, os quais são desejados por Deus na
providência onisciente; no efeito, porém, acontecem de modo tão simples e
natural, como é em tudo o que é instituído por Deus.
Admirados encontrar-se-ão os seres humanos então diante da precisão da
atividade das leis de Deus, nas quais nem pode haver outra coisa senão
imprescindíveis realizações automáticas, que no último momento lançarão para
o lado, com onipotência, tudo o que queira obstruir.
Assim, pois, levantei hoje ao mesmo tempo a ponta de um véu dos animais
nos degraus do trono de Deus. São quatro animais alados, sapientes, que
guardam o trono: uma Águia, um Leão, um Touro e um Carneiro. O Carneiro,
porém, tem semblante humano, pois o Carneiro encerra em si o espiritual
humano!
Os quatro animais sapientes nos degraus do trono de Deus originaram-se
das irradiações imediatas de Deus e podem viver nelas sapientemente.
Encerram em si as espécies básicas para as Criações, ao passo que os
arcanjos vibram numa outra espécie de irradiação. Não é em vão que o dia do
nascimento do Filho do Homem na Terra, segundo a lei, cai no signo de
Carneiro!
Todavia, desvendar esses mistérios não é objeto da dissertação de hoje.
Recebei com gratidão a Deus aquilo que me é permitido oferecer-vos, procurai
compreender tudo, não puleis, brincando, de um lado para o outro. Não podeis
permitir-vos isso nessas coisas, pois elas são demasiado poderosas e
elevadas para jogos de pensamentos, segundo o costume humano.
Quanto mais fervorosa e seriamente vos esforçardes em compreender
realmente a Verdade da minha Palavra, tanto mais posso revelar-vos. No
vosso esforço está a chave para o portal do meu saber! Por isso empenhai-vos,
para que eu possa dar-vos a mãos-cheias!
403
14. Páscoa 1935
Algo jubiloso esperais ouvir hoje de mim, pois é festejado a Páscoa, a festa da
ressurreição!
Bem que a Terra se prepara, nas zonas a nós familiares, com a fidelidade
de sempre, para oferecer aos habitantes nova força, proporcionar novo
alimento, despertar esperança e também para satisfazer desejos, como sempre
tem feito, vibrando de boa vontade nas leis de Deus, desta vez, porém, a
humanidade não compartilhará das bênçãos de Deus como até agora, pois a
ira de Deus encontra-se sobre ela, julgando.
É a Páscoa hoje, que terá de conduzir a humanidade para o sofrimento da
Sexta-feira Santa, na justa compensação de Leis eternas!
Humanidade, tu não atentaste aos chamados da Luz! Somente em
assimilação espontânea e no cumprimento da Sagrada Palavra de Deus
poderíeis ter-te salva ainda no tempo certo! Mas, como sempre, tu apenas
riste, zombaste e escarneceste, agora receba a recompensa por isso!
Tu aprenderás a observar os chamados de Deus, a guiar-te agradecida por
eles, a obedecer ao teu Criador! Pois um outro caminho não permanecerá livre
para ti, além da queda para a decomposição, para a morte eterna!
Isso é a única coisa que te resta a escolher, para o que deves te decidir.
Entretanto, se ainda queres viver obedientemente, então deves ter a vontade
sincera para isso e pedir por isso com a mais pura humildade, senão não mais
te será concedido; por tempo demasiado brincaste, leviana ou também
maldosamente, com o tesouro mais precioso que Deus te emprestou.
De tua vontade é exigido agora o maior esforço! Assim como naquela
época a escuridão cobriu o Gólgota quando o Filho de Deus Jesus, a Luz viva,
deixou esta Terra, assim ela passa agora equilibrando sobre toda a
humanidade, trazendo-lhe de volta o grande sofrimento que ela causou ao
amor de Deus, com a maneira cruel do ardiloso raciocínio, incapaz da mínima
vibração intuitiva, e que, como o mais forte instrumento de Lúcifer, era sagrado
para vós!
Procurai, pois, agora, seres humanos, se puderdes, proteger-vos da ira
sacrossanta de Deus com o vosso raciocínio! Defendei-vos contra a
onipotência daquele que magnanimamente vos entregou esta parte da Criação
para usufruto, mas que devastastes e sujastes como uma estrebaria de
animais sem trato, a ponto de aí só poderem habitar o sofrimento e a miséria,
porque ante vosso comportamento errado e vosso querer tenebroso, toda a
paz e alegria fogem, toda a pureza se esconde horrorizada.
Procurai esconder-vos da indesviável justiça de Deus! Ela vos atinge por
toda parte, executando inexoravelmente a vontade divina, sem perdoar algo da
tremenda culpa com que vos sobrecarregastes por presunção e teimosia.
Sois julgados antes mesmo que possais balbuciar uma única palavra de
desculpa, e de nada vos valem todos os rogos, todas as súplicas, todas as
blasfêmias ou imprecações, pois empregastes e dilapidastes
imperdoavelmente o último prazo destinado ao exame de consciência e
conversão, cuidando apenas de vossos vícios!
404
Isto traz em si a Páscoa que hoje festejamos! Não vos digo isso como
advertência, pois para tanto já é demasiado tarde. Longe estou de continuar a
advertir, como tenho feito há anos. Deveis apenas refletir nisso no vivenciar
vindouro! Por isso digo mais uma vez o que esse tempo contém para vós.
Talvez o saber disso alivie-vos em muitos sofrimentos, mesmo que isso nada
mais possa evitar.
Sabeis que é o resgate da culpa que vós próprios pusestes
voluntariamente sobre os ombros, pois ninguém a isso vos obrigou. Se,
mediante minhas palavras, puderdes, em vosso sofrimento, chegar ao
reconhecimento, renascendo assim, dentro de vós, a saudade pela Luz e a
pureza, que se objetiva por um pedido cheio de humildade, então, mesmo
afundando, ainda poderá existir salvação para vós, sim, porque o amor de
Deus permanece vigilante e estas minhas últimas palavras a respeito não
foram em vão, se ao menos um entre os que afundam se lembrar disso com
humildade antes que seja tarde demais.
É, por isso, o melhor que vos posso dar nesta festa de Páscoa!
Para vós florescerá uma verdadeira Páscoa somente quando o Juízo do
Senhor tiver passado. Então quero falar novamente a vós e anunciar de uma
nova vida, que o Senhor só outorgará àqueles que de bom grado vibram nas
sagradas leis da Sua Criação, que conservam a Sua Casa, da qual sois apenas
hóspedes, livre de todas as ações hostis à Luz e que, por sua vez, não
devastem criminosamente os belos jardins, em cujo esplendor e pureza eles
devem continuamente se alegrar, para nisso se fortalecer no espírito!
Ó cegos, por que não quereis despertar! De tanta coisa grave poderíeis
poupar-vos. Então eu vos poderia ter anunciado algo rejubilante. Dessa forma,
porém, todo o vosso ser terá de envolver-se em escuros véus de profunda
melancolia, donde somente através dos relâmpagos fulminantes da sagrada ira
de Deus vos podem advir ainda libertação e salvação!
E essa ira irromperá sobre vós com inimaginável poder no sagrado Juízo!
O Juízo, porém, é diferente do que pensais. Sabeis da existência dum Livro
da Vida, que pelo Juiz enviado por Deus em determinada hora será aberto para
cada um!
O Livro da Vida mostra os nomes de todas as criaturas que chegaram à
vida, e nada mais.
As folhas escritas, porém, que constituem esse grande Livro da Vida, que
mostram o pró e o contra de cada pensamento e de todas as ações de cada
um isoladamente, são as próprias almas, onde está impresso tudo quanto elas
vivenciaram e executaram no decorrer de sua existência.
Nisso, fácil é ao Juiz ler claramente todos os prós e os contras. Quanto a
essa leitura, pensais também erroneamente. Também isso é muito mais
simples do que procurais imaginar.
O Juiz não faz cada alma isoladamente caminhar até diante Dele, até
diante de Seu trono, e sim envia em missão de Deus seus golpes de espada
pelo Universo!Os golpes de espada são irradiações que emanam, atingindo
tudo na Criação!
Reconhecei a grande simplicidade e a surpreendente naturalidade! O Juiz
não envia os raios a este ou àquele, consciente ou deliberadamente, não,
405
simplesmente os emite por ordem sagrada de Deus, pois é a força de Deus,
nada mais poderia atuar dessa maneira senão a Sua sacrossanta vontade!
Os golpes da irradiação, ou as irradiações atravessam, portanto, a Criação
toda, mas com uma força até então jamais havida.
Nada consegue se esconder do seu efeito! E assim, o raio da força divina
atinge também cada alma em determinada hora na lei da atuação da Criação.
Então, tudo quanto a alma humana ainda traz consigo, por ocasião do
impacto do raio de Deus, que nem se torna visível a ela, terá de reviver e
também chegar aos efeitos e atividade, a fim de que nisso possa fechar seu
último círculo de remate, que elevará ou afundará essa alma.
Do que uma tal alma, no decorrer de sua existência, já foi capaz de se
livrar quanto ao erro e ao mal, em remates no vivenciar consentâneo com as
leis da Criação, fica extinto de tal maneira como se nunca tivesse existido; por
isso não pende mais nela, não está mais impresso nela. Está livre disso e
limpa; por conseguinte, não lhe pode causar nenhum dano.
Somente aquilo que ainda não encontrou seu círculo de remate e que
portanto ainda pende nela, ainda lhe está ligado, será sem mais demora
forçado para o círculo de remate sob a pressão da Luz, ao mesmo tempo em
que se mostra, revivendo nas tentativas de atividade, e nisso também recebe o
golpe que merece.
Tais golpes estão exatamente de acordo com a força do próprio querer
que, desencadeando-se em ação de retorno, se dirigem contra a alma como
ponto de partida! Pela pressão irresistível da Luz ficará tudo agora fortalecido e
rechaçado para o ponto de partida, para a alma, sejam coisas boas ou más.
E tudo o que, de outro modo, no decorrer lento do âmbito condensado e
endurecido de todas as almas humanas na Terra talvez ainda precisasse de
muitos milênios para se fechar no círculo, agora ficará comprimido em poucos
meses pela propulsão que ser humano algum esperava, decorrente da força
dos golpes da Luz.
Assim se processa o Juízo do Universo em sua singela naturalidade! É
desta vez o “Juízo Final”, que tantas vezes vos foi anunciado! Contudo, seus
desencadeamentos são muito diferentes do que pensastes. O que a tal
respeito vos foi anunciado outrora deu-se em imagens, porque doutra forma
nem teríeis compreendido.
Através da Mensagem do Graal, contudo, progride vosso saber sobre a
atuação na Criação, podendo por isso sempre vos ser dito algo mais, pois hoje,
devido a minha Mensagem, já podeis compreender.
Os golpes de espada do derradeiro dia investem como irradiações de Luz
da sagrada ira de Deus em direção à Criação e fluem através de todos os
canais já formados pelos efeitos automáticos das leis divinas na Criação, e
constituídos por todo o intuir, pensar, querer e também atuar dos seres
humanos, como pontos de partida.
Por isso os raios julgadores serão dirigidos através desses canais já
existentes, com incontestável segurança a todas as almas, produzindo lá seus
efeitos de acordo com o estado da respectiva alma, todavia, tão
aceleradamente, que toda a sua existência será trazida em poucos meses para
o último círculo de remate de toda a atuação de até então, soerguendo essas
406
almas ou derrocando-as, vivificando-as e fortalecendo-as ou destruindo-as, de
acordo com o estado real!
Assim é o Juízo! Hoje podeis através da Mensagem compreender o
fenômeno descrito.
Antes não o teríeis podido compreender, e, por isso, tudo teve de ser
anunciado a vós em simples imagens, correspondendo mais ou menos ao
funcionamento do processo.
E esses golpes do Juízo Final já foram efetuados! Eles já estão a caminho
até vós, a caminho até cada um na Criação, não importando se está ou não
com seu corpo terreno.
Os primeiros já vos atingiram e assim revive tudo quanto ainda pende em
vossas almas.
Mas também os últimos golpes, que vos trazem aniquilação ou elevação,
são arremessados com severidade dominadora, para consumar a purificação
desta Terra!
Já estão se arremessando sobre a humanidade, e nada consegue em parte
alguma detê-los. Na hora exatamente determinada por Deus será a
humanidade atingida de maneira inexorável, porém justa!
Com isso cumpriu-se a última coisa da vontade de Deus no Juízo! Orai,
seres humanos, para que nele não tendes de perder-vos!
Abençoados sois vós, que pudestes vos tornar sábios. pois com isso vos é
dada segurança em vossas peregrinações através das Criações; vós conheceis
exatamente o caminho e a meta! Isso vos proporcionará força, alegria, paz, ao
mesmo tempo proteção e ainda vontade aumentada para o bem!
Sagrada força de Deus esteja convosco, vós que, agradecidos, quereis
trilhar os caminhos certos!
AMÉM.
407
15. Os planos espirituais V
Expliquei o primeiro círculo dos primordialmente criados em torno de Parsival,
isto é, ainda não expliquei, mas sim apenas falei deles.
Antes de prosseguirmos, tenho de descrever algumas coisas mais
pormenorizadamente, do contrário vos faltará algo para o círculo do grande
vibrar e não podereis torná-lo vivo em vós. Sem lacunas tem de ser tudo,
mesmo que só vos possa ser dado em imagens. Por esse motivo só podemos
prosseguir vagarosamente.
Em virtude disso temos de nos deter mais uma vez junto aos primeiros
primordialmente criados, que mencionei em minha última dissertação. São as
colunas mais fortes para as Criações e dentro delas.
E mais uma vez tenho de subir até a proximidade mais imediata de Deus,
se, aliás, se possa falar de proximidade, pois não existe nada que se possa
dizer que esteja na proximidade de Deus, medindo-se a proximidade segundo
a noção terrena.
Mesmo a maior distância que existe nas noções humanas ainda não chega
para dar aproximadamente uma imagem daquela distância que se quer
denominar como a proximidade imediata de Deus.
É infinitamente mais distante, pois aquilo que pode ser chamado como
verdadeira proximidade de Deus é um mar ondulante de chamas, ainda sem
possibilidades de formação.
Portanto, utilizo aqui somente a expressão, para a designação de
“proximidade”, e não o conceito. Nessa proximidade, nos degraus do trono, que
são planos inteiros, encontram-se os quatro animais em sua espécie de
vibração totalmente singular.
A Rainha primordial Elisabeth não pode ser inserida em qualquer gradação,
pois ela é completamente independente, e através dela o lírio puro.
Os arcanjos, por sua vez, são de uma outra espécie da irradiação imediata
de Deus, diferente dos quatro animais. As espécies separam-se em sua
formação. Pode-se dizer também: a formação é a separação, pois é um
acontecimento automático e vivo.
Queremos falar hoje apenas dos quatro animais. Esses animais trazem em
si as condições preliminares para a Criação! Eles encerram em si, portanto,
todas as irradiações concentradas de que as Criações necessitam para adquirir
formas, para se constituírem.
Por isso repousa nesses animais já a base para a Criação. Quatro animais,
que formam um quadrado nos degraus do trono de Deus, sorvendo e
assimilando todas as irradiações criadoras de Deus. Quer dizer, eles não
formam apenas um quadrado, mas são o quadrado da Criação ou o quadrado
do círculo da Criação que se segue.
Não quero deter-me demasiadamente nisto, mas sim apenas mencionar
ligeiramente o que hoje ainda é essencial para nós, a fim de explicar a conexão
do quadrado dos animais com a Criação.
408
O quadrado dos animais, ou melhor dito, “entes”, encerra, portanto, tudo
quanto as Criações necessitam, é para isso o primeiro ponto de concentração
das irradiações do trígono de Deus, da trindade divina situada acima dele.
Através da Rainha primordial passam irradiações bem diferentes, como
também outras, por sua vez, passam através dos arcanjos.
Somente esse quadrado dos quatro entes tem, portanto, relação imediata,
de cima para baixo, com o círculo da Criação que se segue, estando ligado a
ele. Tudo o mais, que tem sua pátria no plano das irradiações divinas e por isso
foi e é eterno, inclina-se, para tudo o que foi criado, apenas auxiliando,
soerguendo, beneficiando, no vibrar do amor divino, que para eles é
absolutamente natural. Contudo, não se acham firmemente ligados com a
Criação. Ligado a ela está apenas o quadrado dos quatro animais.
Nesta fina diferenciação jaz muito! Gravai-o, portanto, de modo especial
em vós. Muita, muitíssima coisa, devido a isso, tornar-se-vos-á mais clara e
que até aqui vos permanecia incompreensível.
Dos quatro entes alados sapientes nos degraus do trono de Deus, que são:
o Carneiro, o Touro, o Leão e a Águia, o Carneiro é aquele ente que tem
semblante humano, pois o Carneiro encerra em si o espiritual da Criação, do
qual os seres humanos na Criação se formam e desenvolvem!
Isto também se relaciona com a expressão: o cordeiro de Deus e a ferida
que ele tem, pois mostra em si logicamente a ferida do falhar e da decadência
dos espíritos humanos na Criação, por que dele se originaram, embora não
diretamente, mas sim indiretamente. O que flui do espiritual humano não sai da
Criação pulsando harmoniosamente de volta, mas sim é retido nas matérias,
porque muita culpa pende nele.
Amplio com isso, mais um pouco, o campo do saber para vós. Mas não
desvia nada do que pudestes saber até agora, pois, não obstante isso, tudo
permanece e vibra em perfeito acordo com o novo, embora algo no primeiro
momento não pareça ser assim.
Agora quero passar para os pormenores. Parsival ultrapassou o limite da
irradiação imediata da trindade de Deus, portanto, ultrapassou o limite do plano
divino.
Com isso levou a irradiação do seu núcleo inenteal de Deus para fora e
irradiou então além do plano divino, como uma pequena parte de Imanuel, para
o vazio sem Luz, iluminando, aquecendo, fazendo tudo se movimentar e se
conservar em movimento, por ser a fonte da vida.
Formaram-se imediatamente, em distância adequada, as primeiras quatro
colunas das Criações, numa espécie de ligação que contém tudo quanto é
necessário à Criação. Não são formados como os entes nos degraus do trono
de Deus, mas sim têm forma humana, porém são de um tamanho
completamente inconcebível para a noção humana.
Permanecendo diante de Parsival, como cavaleiros do Graal, portanto
como poderosos guardiões e fiéis vigias do bem confiado por Deus em
Parsival, o sagrado receptáculo de Sua parte inenteal, eles cumprem
simultaneamente os efeitos dos quatro entes nos degraus do trono!
São as seguintes as suas espécies na atividade para as Criações:
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1. Od-shi-mat-no-ke: a figura ideal do espiritual humano, inacessível a
outros, por ser perfeito! Por isso evidencia-se como um soberano real. Traz em
si unicamente a espécie do Carneiro, portanto, atua conforme a espécie deste
na Criação primordial; poder-se-ia dizer que o Carneiro está ancorado nele.
2. Leilak: a figura ideal da coragem e da força do homem. Traz em si uma
ligação das espécies do Carneiro e do Touro, apresentando por isso a forma
espiritual humana.
3. O Leão: a figura ideal do heroísmo e da inabalável fidelidade masculina.
Traz em si a ligação do Carneiro com o Leão.
4. Merkur: o soberano de todas as forças dos elementos. Traz em si a
ligação do Carneiro com a Águia.
Todos os quatro primordialmente criados, ao lado das outras espécies que
se manifestam, têm de estar unidos basicamente ao Carneiro, porque são
espirituais e conscientes, propriedades ancoradas no Carneiro.
Assim como os quatro entes, nos degraus do trono, são as colunas e os
guardas poderosos no divino, naturalmente fora da divindade inenteal, da
mesma forma os quatro primordialmente criados do primeiro círculo em volta
de Parsival, no puro espiritual da Criação primordial, são as colunas e os
guardas poderosos, cuja atividade conjunta resulta numa completa união,
irradiando tudo quanto é necessário para a Criação.
A vivificação dessas radiações vem do núcleo de Luz de Parsival, de cuja
irradiação puderam formar-se, como as primeiras colunas básicas necessárias,
que ao mesmo tempo são os guardiões mais poderosos do santuário.
Não é fácil explicar-vos tal grandeza e mobilidade, configurá-la em imagens
fixas para vós, pois a realidade não é fixa, mas sim está em constante
movimento fluente, em movimento que recebe, irradia, retrai e novamente
retorna a Parsival. Tudo sem interrupção, simultaneamente. Já isso não sois
capazes de imaginar.
Nesses quatro primeiros primordialmente criados se encontram
concentradas, portanto, todas as forças criadoras que fluem de Parsival, unidas
e fortalecidas pelas mesmas espécies de irradiação dos quatro animais; são
conservadas pela Luz viva de Parsival em movimento propulsor ou
impulsionador e guiadas pela vontade dos primordialmente criados.
Talvez consigais imaginar dessa forma um processo, que mais se aproxima
da verdade, quando expresso com palavras terrenas!
Segurai primeiro firmemente isso, incutindo-o em vós, assim como o formei
em palavras terrenas.
Não salteis novamente com vossos pensamentos nem vos pergunteis onde
está, pois, o feminino, que, segundo minhas dissertações anteriores, sempre
deve estar meio degrau acima! Não vos preocupeis onde está Maria e
Irmingard, que, todavia, não podem estar mais abaixo do que os
primordialmente criados! Também aqui não existe nenhuma lacuna, mas sim
tudo está coordenado exatamente.
Os quatro primordialmente criados já citados são, antes de tudo, as
colunas principais da construção da Criação, e a partir destas segue então para
baixo, ou para maiores distâncias, conforme as explicações sobre a Criação
410
por mim já dadas, pois esses quatro trazem em si todas as forças da Criação
reunidas, ao passo que todos os demais são auxiliares.
Dou aí também primeiro somente a linha reta para baixo, que conduz a
vós, espíritos humanos desenvolvidos, e deixo de lado todas as ramificações,
nem as mencionando; assim também Loherangrin, por exemplo, por não ser
nenhum ponto de partida de uma irradiação, que atue na Criação formando de
modo incisivo. Mais tarde ainda voltarei a isso. Primeiro dou os pontos de apoio
na construção da Criação!
Maria, em tudo isso, nem entra em cogitação; da mesma forma Irmingard.
Vindas do alto, elas se encontram, sim, ancoradas nas Criações, mas não
estão firmemente ligadas a elas. Nisso jaz novamente uma grande diferença.
Apesar das ancoragens, não estão ligadas a elas, mas sim inteiramente
livres delas e de suas correntezas. As correntezas da Criação podem, através
dessas ancoragens, aproximar-se delas, de maneira a se tornarem claramente
reconhecíveis, mas nunca conseguem penetrar nelas, pois para isso falta a
necessária ligação.
Maria e Irmingard atuam sem que possa ser exercida ação sobre elas!
Atuam ajudando e soerguendo, fortificando, purificando, curando ou também
repelindo, mas não se ligam em suas irradiações com a Criação. Prestai bem
atenção nisso!
Maria veio sim do inenteal como uma parte do amor de Deus, que é Jesus,
e como uma parte de Imanuel para uma sagrada união. Ela nada tem a ver
com a feminilidade, como tal, mas se encontra, como amor de Deus, diante de
toda a humanidade!
A feminilidade da Criação, como tal, relaciona-se somente a Irmingard. E
esta veio para o Supremo Templo do Graal, na Criação primordial, descendo
do plano divino, e tomou posse de um invólucro puro espiritual, que já estava
preparado para ela.
Sem tomar em consideração o fato de que nela se ancorou, por um ato da
vontade de Deus, uma centelha inenteal, a fim de que Imanuel pudesse agir
agora como trindade em toda a Criação. A trindade da inentealidade de
Imanuel na Criação é: Parsival – Maria – Irmingard, como justiça, amor e
pureza. Imanuel, como Filho de Deus, atua, portanto, na Criação, em sua
inentealidade em última e santíssima realização, agora para sempre na Criação
simultaneamente em Parsival, Maria e Irmingard, enquanto, apesar disso,
permanece na trindade divina como a sagrada vontade de Deus.
Isso é um renovado ato de amor, que Deus realizou para ajuda e maior
proteção daquela humanidade que sobreviverá ao Juízo Final, a fim de que a
Criação não tenha de sofrer então novamente dano pela fraqueza dos espíritos
humanos.
Portanto, não vos confundais com desnecessário pensar. Falo agora
apenas da Criação primordial emanada de Parsival! A ela não pertencem Maria
nem Irmingard, porém elas atuam lá, igual a Parsival, segundo suas espécies.
Depois das quatro colunas constituídas pelos primordialmente criados,
encontra-se um segundo círculo, um pouco mais afastado, digamos, pensando
de modo terrenal, meio degrau mais afastado. Esse segundo arco ou plano é
preenchido pela atuação das três primordialmente criadas femininas: Johanna,
Cella, Josepha.
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Mas não deveis imaginar que essas primordialmente criadas se encontram
paradas simplesmente num arco, mas sim elas atuam conforme suas espécies
singulares em grandes jardins ou planos, que surgem em redor delas e através
delas, juntamente com muitos entes auxiliadores e moradores da Criação
primordial, os quais vibram e atuam na mesma espécie e em redor de cada um
desses guias primordialmente criados femininos e masculinos.
Dessa maneira, no séqüito de cada um dos quatro primeiros
primordialmente criados encontra-se um grande número de cavaleiros, e no
das primordialmente criadas femininas um grande número de colaboradoras
femininas.
Mas não devemos deter-nos nisso por enquanto, senão o quadro que vos
quero dar estender-se-á a distâncias imensas, não mais compreensíveis para
vós.
Quero hoje apenas mencionar, superficialmente, de que maneira a atuação
das três primordialmente criadas femininas vibra, penetrando na Criação inteira
por meio de sua irradiação.
Cada uma tem uma atuação especial, e, no entanto, a atuação das três se
engrena de tal maneira, que pode parecer quase uma só. Mal se reconhece um
limite aí. Puramente feminina é a atuação, da qual elas são as corporificações
ideais.
Primeiramente Johanna: em palavras determinadas não se pode expressar
sua atuação, pois com isso se diminuiria logo a noção. Por isso quero dizer, em
poucas palavras, que se refere ao lar! Tornar o lar aconchegante, atraente,
harmonioso. Todavia, o lar em sentido amplo e não apenas como uma
pequena morada de seres humanos terrenos!
Esta, aliás, também está incluída, pois a atuação manifesta-se tanto nas
coisas grandes como nas pequenas, sim, até mesmo nas coisas mínimas, mas
aqui se trata do fato em si e não somente de uma pequena forma disso.
Por exemplo, também a intuição de bem-aventurada ligação com o solo
pátrio, que pode inflamar povos inteiros para o mais sincero entusiasmo,
quando um inimigo cobiçoso procura atacá-lo.
Eu poderia citar milhares de coisas, porém mesmo assim jamais
reconheceríeis a verdadeira grandeza que reside na atuação de Johanna, e
que ela procura incutir, também em cada espírito humano, como legado
sagrado, capaz de elevá-lo para as alturas e de conceder-lhe firme apoio. E tal
legado é dado em primeira linha à feminilidade, por isso repousa nela muitas
vezes o destino de um povo inteiro.
A atuação de Cella não é de natureza menos delicada. Ela planta
cuidadosamente no espiritual o respeito silencioso perante o desenvolvimento
da maternidade! Com toda a intangibilidade e grandeza que reside nisso. Da
maneira mais sublime e com respeitoso temor, que em tal proximidade se
evidencia por todos que ainda têm espírito puro!
Josepha prepara a base para que os invólucros, isto é, os corpos, sejam
respeitados, como um bem confiado pela graça de Deus, e tratados
correspondentemente. Naturalmente não só os corpos terrenos, mas sim todos
os invólucros da Criação, que são dados sempre, em primeira linha, para
auxiliar o desenvolvimento do núcleo espiritual ou enteal, e que, como tais,
também têm de ser considerados sempre com pureza!
412
Também invólucros doentes contribuem para o desenvolvimento desse
núcleo, que em invólucro sadio talvez não chegasse tão depressa ao despertar.
A atuação de Josepha equivale à das outras e é igualmente importante nos
caminhos de todas as peregrinações pela Criação. Trata-se de condições
básicas para um amadurecer normal, desejado por Deus, de todas as criaturas
nas Criações. Elas traspassam tudo, como que com fios delicadíssimos, e
mostram-se em seus efeitos nas formas mais diversas, pois são móveis, não
pronunciados, repousando sem forma no espírito. Tudo isso impele e
impulsiona, mas só pode ser compreendido direito, e alcançar uma realização
benéfica, com a intuição.
Se a capacidade da intuição estiver obstruída pelo domínio do raciocínio,
conseqüentemente se abre também um abismo entre todos os servidores que
atuam na Criação primordial segundo a vontade de Deus, causando com isso
forçosamente a perturbação das vibrações necessárias da Criação.
A atividade irradiante das três primordialmente criadas Johanna, Cella e
Josepha é um trabalho conjunto, grande, básico, entrelaçado e, contudo,
separado.
Continuemos agora, novamente, meio degrau adiante, o que naturalmente
significa, na realidade, distâncias que para vós parecem inimagináveis. Lá
encontramos novamente uma primordialmente criada: Vasitha.
Ela é a guardiã vigorosa da saída da parte mais elevada e mais pura da
Criação primordial, em cujo ápice, irradiando majestade e paz, ergue-se o
maravilhoso Supremo Templo do Santo Graal.
Com Vasitha e seu ambiente fecha-se a parte superior da Criação
primordial. Ela está no portal e indica para todo o espiritual, que tem de
prosseguir devido à necessidade de seu próprio desenvolvimento, o caminho
para fora, rumo à ponte, que é igual a um gigantesco arco-íris, e que transpõe
abismos profundos em direção àquelas regiões que necessitaram de um maior
esfriamento e distanciamento da Luz de Deus, a fim de poderem se tornar
conscientes para uma existência própria, a fim de se formarem dentro delas e
desabrocharem em floração perfeita.
Lá se encontra Vasitha, indicando com a lança, enquanto seu olhar
aguçado perpassa examinadoramente tudo o que não é capaz de permanecer
na primeira parte da Criação primordial, tendo então de passar por ela. Sua
palavra indicadora dá força e escolta fiel a todos!
Assim partem os que podem formar-se como criados, juntamente com
aqueles que ainda ficam indolentes no último sedimento, e têm de seguir
primeiro o caminho do desenvolvimento lento, a fim de poderem se tornar
conscientes de sua existência. Partem para distâncias incomensuráveis, com a
saudade da Luz de Deus!
Fazei ainda, finalizando, um breve resumo do que foi dito:
O caminho das irradiações do trígono de Deus para a Criação, e com isso
naturalmente para todos os seres humanos, passa pelo quadrado dos quatro
animais, conhecidos até agora por vós apenas de nome, e que se encontram
nos degraus do trono. Os quatro primeiros primordialmente criados da Criação
trazem em si essas irradiações dos animais; eles formam, portanto, para o
circular da Criação, o quadrado no puro espiritual. O círculo da Criação é,
413
então, impulsionado e mantido em constante movimentação pela força da Luz,
que atua de modo vivo, proveniente do núcleo inenteal de Parsival.
Deixai este quadro básico firmemente ancorado em vós, para que eu,
ampliando as descrições, possa juntar imagem com imagem, a fim de
aumentar vosso saber, sem que vossa visão se confunda com isso.
Conseguireis, se quiserdes!
414
16. Os planos espirituais VI
Evoco hoje novamente, perante a visão de vosso espírito, o quadro da Criação
primordial, conforme vos dei até agora. Vedes após Parsival os primeiros
quatro primordialmente criados, que ocupam o mais alto dos sete degraus
existentes no puro espiritual: Od-shi-mat-no-ke, Leilak, o Leão e Merkur.
No degrau seguinte mencionei três primordialmente criadas femininas:
Johanna, Cella, Josepha, e um pouco mais longe, no terceiro degrau ou plano,
Vasitha, como guardiã vigorosa.
Com isso tornei conhecidos, em suas espécies básicas, três degraus ou
planos da Criação primordial mais elevada. Mas antes de ampliar e alargar o
quadro, quero mencionar basicamente ainda os outros quatro degraus, pois
são sete degraus ou divisões principais no puro espiritual, que denomino
Criação primordial, como também existem mais adiante, nas matérias, sete
partes do Universo.
Encontrareis em todos os lugares a divisão por sete, como fato natural,
onde age a vontade de Deus, a qual também tem no seu próprio nome o
número sete: Imanuel.
Entremos agora no quarto degrau dos reinos do puro espiritual.
Encantadora Luz, infinitamente benfazeja, perflui esse plano maravilhoso,
que se estende em distâncias cintilantes, como um imenso mar, claro como
cristal.
Semelhante a uma ilha surge nesse flutuante tecer um lugar luminoso das
mais admiráveis rosas. Grato júbilo perpassa os terraços, que, formando uma
colina radiosa de indizível beleza, concedem riqueza perfeita em cores, que
força o olhar mais exigente para uma enlevada adoração. Irradiando bênção,
as cores vibram em seu mais delicado resplendor, formando encantadores
jardins, para servirem de fonte de toda a esperança e de toda a vida.
É como se toda a feminilidade humana tivesse aqui a sua origem: pois aqui
pode ser encontrada desde a criança mais pequena até a mulher totalmente
desabrochada, até em todas as cores da pele que a Criação abriga.
Todavia, não se trata dos espíritos, que mais tarde chegam à encarnação
nas Criações. Trata-se, sim, de pontos de partida de irradiações, que na
espécie determinada da Ilha das Rosas atuam sobre a feminilidade humana da
Criação, como auxílio para o seu desenvolvimento em todas as peregrinações
através das matérias; crianças atuam sobre crianças, de acordo com o
tamanho, espécie e até cor; e adultos atuam sobre aqueles adultos que se
assemelham às suas formas, de acordo com o tamanho dos espíritos que
estão amadurecendo.
Os tamanhos dos corpos na Ilha das Rosas são, portanto, um equivalente
à diversidade dos respectivos graus de amadurecimento daqueles espíritos
humanos que podem desenvolver-se pouco a pouco dos germes, nas
peregrinações através das matérias, para uma plena consciência.
Por isso na Ilha das Rosas, no puro espiritual, também existe tudo o que se
repete mais tarde nas matérias, como uma cópia ou também como imitações.
415
Na realidade, em todas as partes do Universo, é, então, a repetição, de
acordo com a lei, de tudo o que já existe no puro espiritual, porque nunca pode
ser diferente na simplicidade e clareza das leis divinas, incompreensíveis para
os seres humanos. Repete-se por isso, no espiritual, exatamente tudo quanto
já se realizou no puro espiritual.
Também no puro espiritual tudo o que, na proximidade da pressão
poderosa do núcleo inenteal, não pôde se formar imediatamente para a
autoconsciência nem lá se manter, saiu, sim, da parte superior da Criação
primordial, passou por Vasitha rumo a uma distância maior, a um plano
seguinte, para se manter num maior esfriamento e com isso poder atingir a
autoconsciência. No meio disso se encontram também germes do puro
espiritual, que já no quarto degrau de esfriamento se desenvolvem para o
estado consciente, como, portanto, aqui na Ilha das Rosas.
Se eu falo em degraus da Criação ou planos, isso significa degraus de
esfriamento, pois nenhuma outra coisa faz surgir degraus, os quais, ao invés
de degraus de esfriamento, também podem ser chamados degraus de
distância; na realidade, devido a isso, também segundo as noções terrenas,
são degraus ou graduações.
Por causa disso encontramos, portanto, na Ilha das Rosas, pela primeira
vez, descendo de cima para baixo, crianças e desenvolvimento no puro
espiritual! É importante para vós saber disso, porque significa um grande setor
da Criação.
Primeiro encontram-se, pois, nos degraus superiores do puro espiritual
aqueles que puderam tornar-se autoconscientes imediatamente, portanto os
mais fortes e com isso os mais poderosos, as colunas; depois se seguem nos
degraus mais distanciados aqueles que ainda podem desenvolver-se no puro
espiritual. Por isso encontramos aí, pela primeira vez, crianças puro-espirituais.
No seguinte grande setor da Criação, no espiritual, que é um pouco mais
fraco do que o puro espiritual, por poder tornar-se consciente somente em
distância ainda maior do núcleo inenteal de Parsival, repete-se o processo
exatamente como se deu na Criação primordial.
Primeiro tornam-se imediatamente conscientes as partes mais fortes do
espiritual, enquanto que as outras têm de ser impelidas para distâncias ainda
maiores, a fim de que possam amadurecer em desenvolvimento vagaroso para
a autoconsciência.
Também aí existem, portanto, só nos degraus referentes aos germes
espirituais, crianças espirituais, que podem crescer para maior maturidade
espiritual ou também permanecer crianças, pois os germes espirituais que não
atingem plena maturidade, isto é, não se tornam adultos espiritualmente, não
são aniquilados nem rejeitados, enquanto permanecerem puros!
Este é um ponto que eu ainda não mencionara. Permanecem crianças
espiritualmente e irradiam como tais sobre crianças, até que, pouco a pouco,
amadurecem finalmente e se tornam adultos. Aquilo que é puro, nunca poderá
cair na decomposição.
Ainda uma coisa quero mencionar aqui. O puro espiritual nessa Criação
não é acaso a parte mais forte e o espiritual a parte mais fraca de uma espécie
totalmente igual, mas sim o espiritual é uma espécie completamente diferente
do puro espiritual!
416
Ambas as espécies têm em si uma parte mais forte e uma parte mais fraca.
O espiritual é, sim, um sedimento do puro espiritual, unicamente por ser de
espécie diferente, a qual, por essa razão, pode se desprender e só em
distâncias maiores do núcleo luminoso inenteal de Parsival se formar. Se fosse
de espécie igual, o puro espiritual não teria passado adiante essa espécie
igual; pelo contrário, tê-la-ia segurado segundo a lei de atração da igual
espécie, mesmo se devido a isso ela não pudesse formar-se conscientemente.
Quanto mais longe vou em meus esclarecimentos, tanto mais tenho de
estender a estrutura da Criação. Com isso modifica-se uma ou outra imagem
que tenhais formado até agora, mas elas só se dividem sempre em mais e
mais imagens, sem que a verdadeira imagem básica tenha de ser mudada de
alguma forma.
Isto é como na narração de uma grande viagem. Se primeiramente apenas
são reproduzidas, uma após outra, as principais vivências, então se apresenta
um quadro aparentemente bem diverso daquele em que se intercalam uma
após outra todas as vivências intermediárias isoladas, muito embora a viagem
em si permaneça inalterada.
Entretanto, voltemos novamente para a Ilha das Rosas.
No alto da ilha brilha numa irradiação rosada um maravilhoso Templo.
Todo aquele que o avista sente paz no coração e o peito quase rompe de
felicidade!
E nessa paz, no melodioso tinir das cores, mistura-se o canto jubiloso de
pássaros mansos, que cintilam em cada movimento, como se fossem
cravejados de brilhantes, aumentando ainda mais a maravilha circunjacente.
A expressão humana bem-aventurança é demasiado fraca para comprimir
apenas aproximadamente numa forma o enlevo de Luz ali reinante, a fim de
que possa tornar-se compreensível ao espírito humano terreno. E por sobre
tudo paira uma sagrada majestade.
Iguais a taças de rubi, florescem rosas vermelhas amplamente abertas ao
redor do Templo.
Ilha das Rosas! A ancoragem do amor de Deus para a Criação. Nessa ilha
age e tece a estrutura básica do amor que cura, que une, que equilibra, e que
dali se irradia para o Universo! A ilha acha-se sob a proteção da Rainha
primordial Elisabeth, como todo o feminino na Criação inteira.
Maria desce, muitas vezes, sob a proteção da Rainha primordial Elisabeth,
para essa ilha e visita o Templo, a fim de outorgar diretamente sempre forças
novas às que servem na ilha, as quais, como intermediárias, transformam tal
força em sua espécie e depois a enviam para auxílio de todas as criaturas.
E essa ilha elevada, maravilhosa, será um dia também a morada de
espíritos humanos femininos, que aqui na Terra foram chamados ao serviço de
Maria e para isso escolhidos. Se cumprirem fielmente o seu serviço na Terra,
eles acordarão, após a morte terrena, radiantes na Ilha das Rosas, para um dia
lá continuar servindo à Rosa por toda a eternidade.
Em determinadas épocas a sua visão se amplia ainda mais e elas
enxergam Parsival, ao seu lado Maria e Irmingard, no Supremo Templo do
Graal. Recebendo diretamente de sua força, como sagrada realização de bem-
aventuradas promessas.
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Na mesma altura daquele plano surge ainda uma segunda ilha, proveniente
da tecedura da Luz. A Ilha dos Lírios!
Como na Ilha das Rosas, as rosas florescem em ardente esplendor, assim
irradiam aqui predominantemente somente os lírios, em inenarrável pureza, por
distâncias imensas. Também aqui sobe sob forma de terraços até uma
elevação, onde existe um Templo.
Nesse Templo há um brilho fascinante, que se iguala ao delicado reluzir de
pérolas, apresentando, porém, ao mesmo tempo, uma cintilação rosada, que
se estende com rigorosa severidade sobre a ilha, igual a um benfazejo frescor
do mar. A quem for permitido avistar esse Templo, a esse a contemplação
sempre forçará a uma humildade devocional, pois brilha com rigorosa
severidade, com luminoso frescor estende-se a soberba serenidade da pureza,
que, refrescando, fortalecendo, penetra nos espíritos, impulsionando-os para a
adoração libertadora da sublimidade divina.
Também aqui tudo surgiu com uma beleza inconcebível para os seres
humanos, também aqui vibra maravilhosa melodia, que se eleva para o Criador
como uma oração viva de gratidão, ressoando eternamente em louvor a Ele!
Também aqui a soberana é a Rainha primordial Elisabeth, e Irmingard, o
lírio puro, desce, em bem determinadas épocas, sob sua proteção, à ilha, a fim
de renovar a força da pureza para aquelas que lá servem e que,
transformando-a, irradiam-na para fora, para conforto e elevação de todas as
criaturas.
Os habitantes da Ilha dos Lírios pertencem também, como os da Ilha das
Rosas, exclusivamente, à feminilidade. E aqui novamente estão representados
todos os tamanhos, também todas as cores que, no entanto, possuem dentro
de si naturalmente também o brilho resplandecente da pureza, não
apresentando as cores opacas dos seres humanos.
Também aqui reina somente o que é construtivo, de acordo com a vontade
de Deus, exatamente como na Ilha das Rosas; contudo, na Ilha dos Lírios o
construtivo é de outra espécie, é exigente devido à pureza e à justiça,
requerendo severamente, de modo inflexível.
A feminilidade que na Terra serve a Irmingard, o Lírio puro, acordará, se
servir fielmente, após a morte terrena, na Ilha dos Lírios, para continuar
servindo lá por toda a eternidade, para muitas vezes estar unida com
Irmingard.
Como na Ilha das Rosas, aquelas que servem na Ilha dos Lírios também
avistam em determinadas épocas Parsival e recebem sua força.
E mais uma terceira ilha eleva-se do plano de Luz do quarto degrau do
puro espiritual. É a Ilha dos Cisnes!
Produz frutas deliciosas, que são consumidas pelas virgens dos cisnes que
aí vivem. Aqui se concentram as irradiações das Ilhas das Rosas e dos Lírios,
e são retransmitidas para as Criações, inalteradamente, num servir exemplar.
Por essa razão, a Ilha dos Cisnes poderia ser chamada também ilha ou
entroncamento do servir exemplar, do servir altruístico. Aqui o servir é difundido
e elevado com o mais puro amor!
Os moradores da Ilha dos Cisnes não são espíritos, mas seres
executantes, que atuam unindo a Ilha das Rosas e a Ilha dos Lírios.
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Conforme sua espécie encantadora, tais seres vibram bem-
aventuradamente nas irradiações imediatas da Ilha das Rosas e da Ilha dos
Lírios e, com sua maneira particular de servirem exemplarmente com o mais
puro amor, dão às irradiações do amor e da pureza uma ligação íntima e,
embora ligadas, retransmitem-nas inalteradamente.
Guardiã responsável pela Ilha dos Cisnes é Schwanhild! Schwanhild é
responsável perante a Rainha primordial Elisabeth, a qual também é a
protetora e a soberana da Ilha dos Cisnes. Essa responsabilidade outorga a
Schwanhild força redobrada e uma existência mais elevada.
Do mesmo modo como as virgens dos cisnes, ela usa um vestido flutuante
que se ajusta, como penugem de cisne, de modo refulgente ao corpo, que em
suas proporções harmoniosas supera a imaginação de todos os artistas
terrenos.
As virgens dos cisnes têm, como particularidade, olhos somente azuis e
como ornamento de cabeça usam uma estrela azul brilhante. Distinguem-se
especialmente por seu canto maravilhoso e comovedor, e vibram na harmonia
dos sons que fluem para baixo, para todas as partes da Criação.
A adoração das virgens dos cisnes se expressa no Templo dos Cisnes por
meio de seu canto cativante, acompanhado suavemente por acordes
maravilhosos de harpa. Por isso a harmonia dos sons constitui também uma
parte do elemento da vida de cada virgem da Ilha dos Cisnes. Elas vivem
nisso, vibram alegremente nas ondas dos sons puros, sorvendo-os como
bebida vital, que lhes proporciona uma atividade cheia de alegria.
Desse canto especialmente comovedor das virgens dos cisnes a notícia já
penetrou até embaixo, na matéria. Por causa disso ainda hoje se fala, aqui e
acolá, de um canto do cisne, que, devido a sua particularidade, atua de modo
comovente. Como sempre, também aqui ficou conservada apenas uma parte
das antigas mensagens, tendo sido torcidas pelo raciocínio e materializadas.
Agora também se tornará compreensível a muitos dentre vós, por que
motivo, na época das realizações mais sagradas na Terra, quando a rosa e o
lírio estão na Terra, torna-se necessária, como elo de ligação, a fim de não
deixar nenhuma lacuna no vibrar, uma virgem dos cisnes da Ilha dos Cisnes
num corpo terreno para isso preparado.
Tão grande é a graça de Deus, que Ele deixa surgir milagre após milagre,
para que o auxílio à humanidade no Reino do Milênio seja inteiramente
perfeito!
Inclinai-vos humildemente perante a Sua grande bondade.
419
17. Os planos espirituais VII
Na última vez falei da Ilha das Rosas, da Ilha dos Lírios e da Ilha dos Cisnes.
Queremos chamar esses três grandes pontos de apoio no quarto plano da
Criação primordial de ilhas, ilhas em um mar de luz resplandecente, porém,
elas não são assim como os seres humanos imaginam ilhas. Talvez
proporcione uma imagem mais clara, quando digo, esses pontos de apoio são
como três cintilantes pedras preciosas num aro de ouro, caso comparemos
todo o plano do quarto degrau a um aro ou a uma faixa de ouro, onde as três
pedras preciosas se encontram admiravelmente engastadas.
Naturalmente ainda existe mais vida nesse degrau, como também em
todos os demais planos, porém menciono primeiramente os pontos de apoio
mais brilhantes, que se destacam para as criações, principalmente para os
espíritos humanos, que são de efeito incisivo e particularmente decisivo para
os espíritos humanos.
Assim também é no próximo, no quinto degrau da Criação primordial. Se os
degraus de até agora foram planos fundamentais de saída de todas as forças
de irradiação para tudo o mais, o quinto degrau é a região ou plano dos
preparos, dos preparativos dos auxílios para tudo quanto se encontra abaixo da
Criação primordial. Nesse quinto degrau atuam os preparadores fortes, que
conduzem todos os auxílios ao gênero humano!
Entender-me-eis melhor se eu vos mencionar um nome daí: Is-ma-el!
Aqui ele vive, daqui parte a sua atuação. Is-ma-el, que já outrora educou
Abdruschin nesta Terra, que por causa dele encarnou-se na Terra, que depois
também como João, o Batista, anunciou Jesus e que tinha de preparar todas
as sete partes do Universo para a vinda da sagrada vontade de Deus, para
Parsival – Imanuel!
Ele é o superior nesse degrau, rodeado de numerosos auxiliares, e ele
recebeu as Mensagens da Luz para sua grande e extensa atuação, que
sempre cumpriu fielmente, e que também desta vez irá cumprir fielmente com
força não imaginada, por ser sem limites o seu amor pelos Filhos de Deus. Ele
deu aos seres humanos também a grande revelação dos acontecimentos
atuais, que se tornou conhecida em geral como Apocalipse de João.
Com essa grande atuação preparatória de todos os acontecimentos
incisivos da Luz para as Criações, esse quinto degrau está cheio e
transbordante de vida flamejante.
O sexto degrau, que é o seguinte, mostra, por sua vez, também para os
seres humanos, um ponto forte e brilhante, sobremaneira saliente: o Castelo
Branco!
O Castelo Branco não deve ser imaginado conforme as noções terrenas.
Tem essa denominação por ser o lar protetor dos dois recipientes puros. Nele
encontram-se, sob vigilância fiel, os dois recipientes puro-espirituais femininos
das mais sagradas realizações da Luz na Terra.
São os dois recipientes puro-espirituais para as mães terrenas de Jesus e
Abd-ru-shin.
420
Apenas dois; pois o recipiente puro-espiritual para Abd-ru-shin, que foi
designado para preparar o caminho para a vontade de Deus até a matéria
grosseira, já esteve duas vezes aqui na Terra. A primeira vez na mulher terrena
Dijanitra e a segunda vez na mulher terrena, que deu à Terra a vontade de
Deus para o Juízo.
E o recipiente puro-espiritual, que tinha que trazer o amor de Deus para
esta Terra, também esteve duas vezes no corpo de uma mulher terrena.
A primeira vez já esteve no corpo da mãe terrena de Kassandra, que deu à
Terra uma parte do amor de Deus, a segunda vez em Maria de Nazaré.
Ambos os recipientes puro-espirituais necessitavam, porém, ainda de um
invólucro espiritual, sem o qual não poderiam ter cumprido sua missão na
Terra. Essa parte espiritual da Criação posterior foi a respectiva mulher terrena,
e esta também foi a que por ocasião dos nascimentos terrenos do amor de
Deus sempre escureceu, acumulou em si fraquezas humanas, que não
deixavam brilhar o recipiente puro-espiritual na Terra daquele modo como era
de se esperar.
Por essa razão, o amor de Deus na Terra, estranhamente, não pôde ter o
apoio que deveria ter recebido das mães terrenas, pelo contrário, muitas vezes
até teve de sofrer com isso.
É uma prova triste e clara para o fato de que seres humanos terrenos, em
sua decadência, nem mais podem intuir nem compreender o puro amor de
Deus, nem mesmo suportar; pois eles sempre se revoltam consciente ou
inconscientemente contra ele.
E quando agora, pela terceira e última vez, o recipiente puro-espiritual teve
de trazer novamente para estas materialidades grosseiras uma parte do amor
de Deus para a época do sagrado Juízo e da subseqüente construção, o
recipiente foi recolhido logo após o nascimento terreno do amor da Luz, para
que, pelo eventual falhar do invólucro espiritual escolhido, não pudesse se
desenvolver uma nova ligação obstrutiva; pois também pela terceira vez teve
que ser designada mais uma vez, para o nascimento terreno do amor de Deus,
um novo invólucro espiritual de uma mãe terrena, pois as duas primeiras ainda
estavam atadas pelos obstáculos que se haviam imposto, encontrando-se, por
isso, bem afastadas.
Cada invólucro espiritual é aí uma criatura humana por si, portanto uma
mulher terrena autoconsciente, com a qual a mulher puro-espiritual escolhida
tem de ser primeiro ligada, cada vez, para um nascimento terreno da Luz de
Deus!
Um tal nascimento terreno da Luz necessita dos maiores e mais extensos
preparativos de cima para baixo, e muitas vezes, após esforços de séculos
pode um tão mesquinho espírito humano terreno, através de suas fraquezas,
tornar necessárias novamente modificações, ainda no último momento.
Quando eu falo de um recipiente puro-espiritual e de um recipiente
espiritual, ou de um invólucro, então isso se refere cada vez a uma mulher por
si. Os dois recipientes puro-espirituais são duas mulheres escolhidas para isso
na Criação primordial, que, mediante determinada condução superior, puderam
desenvolver-se do puro espiritual, conscientes de sua meta e sempre
permaneceram sob os mais fiéis cuidados no Castelo Branco.
421
Os recipientes ou invólucros espirituais são as almas daquelas mulheres
terrenas que puderam ser escolhidas e também preparadas para isso, a fim de
unirem-se intimamente com aqueles invólucros ou mulheres da Criação
primordial para o fim da mais sagrada realização.
Aquela mãe terrena que foi escolhida para a última encarnação na Terra do
amor de Deus, pôde, após o nascimento terreno da criança, deixar a Terra,
como um ato de graça da Luz, e a criança Maria chegou àquelas mãos que,
após exame, foram designadas e, como espiritualmente livres, também não
puderam prejudicar o recipiente puro-espiritual, obstruindo.
A sábia providência, que já tantas vezes, principalmente com relação ao
amor de Deus, teve de experimentar uma deficiência dos espíritos humanos
terrenos na fidelidade por ocasião de realizações da Luz, colocou desta vez
uma trava diante da possibilidade de repetição de obstruções terrenas
prejudiciais para o recipiente puro-espiritual-feminino, o qual, como tal, sempre
cumpriu sua missão na mais pura lealdade, mediante rápida dissolução da
ligação espiritual-terrena logo após o nascimento. Maria cresceu, por essa
razão, como criança em mãos estranhas, porém, carinhosas.
De acordo com as leis primordiais da Criação, é indispensável que aquele
espiritual que, na existência terrena, se envolveu com trevas, deve voltar para
esta Terra até que os obstáculos se dissolvam, para que o espírito, liberado,
possa ascender para permanecer nas alturas luminosas.
Como, pois, no caso do recipiente puro-espiritual, que serviu ao amor de
Deus, o primeiro invólucro espiritual não estava purificado no momento da
segunda realização na Terra, ele recebeu para isso um novo invólucro
espiritual que, em grande parte, falhou novamente.
A conseqüência foi que, agora no Juízo Final, ambos os invólucros
espirituais, portanto, ambos os recipientes espirituais devem estar encarnados
mais uma vez na Terra para remir os erros ou sucumbir.
Trata-se nisso, portanto, dos invólucros espirituais humanos da Criação
posterior, da parte espiritual humana, não do recipiente puro-espiritual da
Criação primordial que, em sua pureza, pôde permanecer completamente para
si.
Este foi retido na mais fiel proteção, até que fosse decidido, se uma
completa separação através de um ato de graça do Altíssimo tornar-se-ia
necessária, para que esse recipiente puro-espiritual feminino não tivesse de
sofrer junto com o falhar do invólucro espiritual, ou se esse invólucro espiritual
poderia elevar-se mais uma vez purificado para que, pela perfeição crescente,
não formasse um obstáculo pelo peso.
Agora, porém, o núcleo luminoso desse recipiente puro-espiritual, pela
graça de Deus, está completamente livre daquela uma parte espiritual que
pertencia à Maria de Nazaré e que agora, no Juízo, devido ao seu falhar, deve
ir ao encontro da decomposição. Não pode mais ser atingida por essa dor.
Após um longo período de espera forçada, este núcleo voltou novamente
ao Castelo Branco do sexto degrau na Criação primordial, para agora viver e
atuar lá em felicidade e alegria.
De modo diferente foi com aquele recipiente puro-espiritual que serviu à
vontade de Deus. Aqui o invólucro necessário do espírito humano adaptou-se
ao recipiente puro-espiritual, em ambas as vezes, não sendo necessário um
422
retorno para qualquer remissão. Apenas foi concedido à Dijanitra, como
recompensa, que ela, para a segunda vida terrena do outrora filho Abd-ru-shin,
pudesse também permanecer novamente na Terra para, ao reconhecê-lo como
Imanuel, servir então à Luz.
Também aqui trata-se apenas de espiritual-humano, não da parte puro-
espiritual. Portanto, encarnou apenas o invólucro espiritual, e não para remir,
mas em cumprimento de uma graça da Luz.
Diferente era a missão dos recipientes terrenos-femininos. Os recipientes
para Jesus e Kassandra puderam ser iniciados, para os envios das crianças,
de modo que conheciam a origem das mesmas.
Se, então, as mães terrenas não mais se mantiveram firmes na convicção,
escurecendo cada vez mais em dúvidas e dando lugar também a fraquezas
humanas, como egoísmo ou falta de esforço para a compreensão, propensão
para prestígio terreno e diversão, então isso foi um falhar apenas da parte
espiritual e de seus desejos, da qual o puro espiritual está agora separado.
O recipiente terreno para Parsival – Imanuel (Abd-ru-shin), porém, não
podia ter conhecimento da origem de seu filho e de sua missão, tão pouco
todos os outros seres humanos, porque Parsival teve que trilhar primeiro o
caminho do sofrimento do reconhecimento do ser humano na Terra, o que
pôde acontecer somente pelo compadecer junto no próprio vivenciar de todos
os erros humanos, para o que era indispensavelmente necessário que nem ele
nem ninguém das imediações soubesse de sua origem.
Assim essa mãe terrena passou pela sua existência terrena sem ter
conhecimento disso. Somente ao deixar o seu corpo grosso-material, ela
tornou-se ciente de sua grande missão que tinha cumprido na Terra no serviço
para a Luz. Nisso, ela esteve sempre em invólucros cinzentos, os quais, no
entanto, puderam dissolver-se imediatamente devido ao amor pelo filho no
reconhecimento.
O invólucro espiritual, que também desta vez era Dijanitra, pôde encarnar
novamente na Terra, para receber a graça que outrora lhe foi prometida.
No Castelo Branco, no entanto, já há muito mora novamente, consciente, o
recipiente puro-espiritual, cheio de alegria no puro servir à Luz. No Castelo, que
no sexto degrau do puro espiritual guarda os dois recipientes femininos que
foram escolhidos para as sagradas realizações na Terra.
Quero mais uma vez resumir o que é difícil para vós, a fim de que se vos
torne bem claro:
No Castelo Branco, que forma no sexto degrau do puro espiritual o ponto
máximo, estão duas mulheres escolhidas, as quais trazem para baixo todos os
nascidos da Luz, que em cumprimento de promessas divinas mergulham nas
matérias; a finalidade delas é ligarem-se a uma mulher terrena, já que essa
transição nas encarnações terrenas dos nascidos da Luz torna-se necessária,
porque não é possível qualquer lacuna na atuação das leis primordiais divinas
da Criação.
As duas mulheres trazem nomes que se encontram na lei: Maria, vibrando
no amor, e Therese, vibrando na vontade. Assim Maria, na lei do número e em
sua espécie, é destinada sempre para o amor de Deus, e Therese, para a
vontade de Deus! Para o nascimento terreno elas foram ligadas intimamente,
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em cada caso, com uma mulher terrena, com o seu espírito, como degrau
subseqüente.
Essa mulher humana terrena naturalmente tinha de ser semelhante no
vibrar. Para o nascimento do amor foi necessário um espírito humano terreno
vibrando no amor; para o nascimento da vontade, no entanto, foi necessário
um espírito humano terreno vibrando principalmente na vontade.
Todavia, o vibrar de um espírito humano no corpo terreno grosso-material
está sendo expresso de modo muito terrenal e, por isso, o amor é mais brando,
mais condescendente do que é no puro espiritual.
Somente por isso pôde também acontecer, que a mulher terrena que
vibrava no amor, no escurecimento do terrenal, que naquela época já tinha
progredido muito no meio de conceitos torcidos, não pôde opor aquela
resistência renhida, que desenvolveu a mulher terrena que vibrava na vontade.
E assim tornou-se vítima, apesar do saber, de dúvidas, também de vaidades e
da ânsia de poder.
Bem que poderia e deveria ter sido diferente; pois a força para a resistência
foi dada também a ela na mais alta extensão através dos fortes auxílios que
sempre estiveram ao seu lado como a nenhum outro ser humano, mas
somente assim pode ser encontrada uma explicação para o temporário falhar
daquela mulher terrena, à qual foi permitido carregar o amor.
Foi, no entanto, apenas o espírito humano terreno que sobrecarregou-se
com isso, não Maria do Castelo Branco no puro espiritual. Mas, apesar disso,
essa parte teve que sofrer com isso, porque ainda estava ligada com a outra
através de fios, e cujo peso a deteve, enquanto não houvesse uma separação
forçada.
Therese não foi sobrecarregada pelo espírito humano terreno que vibrava
com ela, porque este, encontrando-se na vontade, era suficientemente severo
para rejeitar energicamente tudo o que é falso e torcido e nisso não conhecia
condescendência.
As mulheres terrenas que cada vez tinham de trazer os nascidos da Luz
para a matéria grosseira encontram-se ligadas apenas com os recipientes
puro-espirituais, através de fios, não, porém, com os próprios enviados da Luz.
Nisso precisais atentar bem, a fim de compreenderdes direito todo o
processo!
O espírito das mães terrenas encontra-se ligado, portanto, apenas
indiretamente com os enviados da Luz, através dos recipientes puro-espirituais,
com os quais elas são ligadas temporariamente de modo direto, através de fios
cuidadosamente tecidos.
Os recipientes puro-espirituais trazem para baixo os enviados da Luz, para
as mães terrenas, e ligam-se a estas somente na época da encarnação,
permanecendo então ligados até quarenta dias após o nascimento terreno.
Durante essa época também ocorre através do recipiente puro-espiritual
uma ligação contínua da Luz com o espírito das mães terrenas; depois,
contudo, essa ligação contínua é novamente desfeita, quando o recipiente
puro-espiritual se separa e se retira, com o que permanece ligado com a
mulher terrena através de alguns fios, apenas numa distância maior.
424
Com isso o espírito humano terreno feminino fica entregue novamente mais
a si mesmo, visto não existir ligação direta com o núcleo de Luz de seu filho.
Por isso também a possibilidade da vacilação e do falhar das mães terrenas
após o nascimento.
Tudo é tão simples e natural, porém mesmo assim difícil de condensar em
palavras terrenas, a fim de trazê-lo à compreensão na matéria grosseira.
O último degrau da Criação primordial, o sétimo, mostra a Ilha dos
Escolhidos!
Para este lugar são elevados das Criações posteriores todos aqueles, aos
quais foi permitido servir aos Filhos de Deus na Terra e aos quais eles serviram
com fidelidade. Aqui eles continuam servindo, cheios de alegria, após a morte
terrena para toda a eternidade. E em determinadas épocas amplia-se a sua
visão, eles enxergam Parsival, Maria e Irmingard no Templo, nisso, não intuem
a distância, mas presumem estar presentes lá junto com os primordialmente
criados.
Sobre isso não tenho muito que dizer nesta dissertação, pois já vos basta o
nome: Patmos!
Dessa ilha dos agraciados muito já foi falado e muito ainda será falado,
pois ela é ao mesmo tempo a ilha das promessas ou a montanha das sagradas
anunciações.
Igual ao Supremo Templo do Graal, que se ergue no divino, no limite
extremo, tendo ao mesmo tempo uma cópia como ápice na Criação primordial,
assim também é Patmos, no limite extremo do puro espiritual, tendo uma cópia
no ponto mais alto do espiritual contíguo; e como imagem refletida pode-se ver
no espiritual o que acontece em Patmos no puro espiritual. Dessa forma em
ambos os reinos, não obstante a separação, resulta sempre numa vivência em
comum e se dá a ligação.
Talvez possamos voltar mais tarde com mais pormenores ainda sobre isso,
pois hoje ultrapassaria sobremodo a finalidade da dissertação. Por isso quero
apenas concluir ainda o grande reino da Criação primordial em linha reta
descendente.
Ao último degrau da Criação primordial, o sétimo, segue-se um invólucro
protetor, que atua como uma camada de separação entre o puro espiritual e a
parte da Criação espiritual contígua, que, em sua extensão, para o sentido
humano terreno, não é menos imensa do que o puro espiritual.
Também esse invólucro protetor constitui um plano por si, de grande
extensão. Não é acaso desabitado, mas sim povoado por muitos entes; só não
é habitação permanente de espíritos autoconscientes.
Ele forma a limitação intransponível e inquebrantável do puro espiritual, da
Criação primordial, e ao mesmo tempo também uma passagem.
Mas para atravessá-la de cima para baixo ou também de baixo para cima,
o espiritual necessita de uma escolta de entes que povoam esse plano, os
quais, em sua atuação, assemelham-se novamente a um invólucro protetor em
relação ao transeunte, como seu plano em relação à Criação primordial inteira.
E tal escolta, através do plano de proteção, esses entes podem conceder,
por sua vez, apenas sob bem determinadas condições, que vibram de modo
imutável nas leis da Criação. Portanto, somente com o cumprimento de
425
determinações bem definidas torna-se possível atravessar o plano de proteção.
O cumprimento das condições, que se encontra em parte na espécie e em
parte também na qualidade dessa espécie, isto é, no respectivo estado de
amadurecimento, resulta, por sua vez, como conseqüência necessária e
natural, no atravessar; provoca-o automaticamente.
Assim, por toda a parte existe um movimento exatamente articulado, como
numa engrenagem incrivelmente bem trabalhada e artisticamente composta,
que é mantida em andamento por leis vivas e atuantes.
Aquilo que nisso conserva direito o seu caminho, será lapidado e
purificado, empurrado e elevado, mas sempre para a altitude de uma
capacidade pura; no entanto, aquilo que se desvia do caminho certo e
levianamente ou até malevolamente se coloca ao lado da engrenagem, será
golpeado e ferido, até que esteja novamente no seu caminho certo e possa
então vibrar conjuntamente sem atritos, ou até que seja triturado e moído entre
as rodas em constante movimento.
Adaptai-vos, por isso, ó seres humanos, à engrenagem inalterável da
grande obra-prima desta Criação, inapreensível para vós, e no vibrar uniforme
sereis felizes por toda a eternidade!
426
18. 30 de Maio de 1935 (O Sacrifício)
A graça de Deus deixa abrir-se o portal para a fonte da vida! Contudo, somente
para aqueles que humildemente se abriram à Palavra. E uma gota deverão
receber também todos aqueles que mantiveram acesa a fagulha no seu íntimo,
a qual agora nos dias do Juízo, avivada através do anseio pela Verdade,
inflamar-se-á mais fortemente e, queimando, romperá qualquer obstáculo, a fim
de, com gratidão e alegria, galgar humildemente o caminho para as alturas
luminosas.
Onde, então, o espírito procurar superar vitoriosamente os obstáculos que
o mantiveram afastado até agora da verdadeira Luz, isto também mostrar-se-á
terrenamente, pois tal ser humano procura incansavelmente, na Terra, o
caminho para as alturas luminosas, para a montanha sagrada!
E com paciência e trabalho penoso superará tudo o que impedir o caminho,
seja a família ou demais circunstâncias; ele desligar-se-á, onde algo procurar
retê-lo, de todas as pessoas que não quiserem caminhar com ele.
Assim é a vontade de Deus e a lei, e assim acontecerá! Tantas coisas são
diferentes da época da vida terrena de Jesus. Naquela época todas as pessoas
que queriam ouvi-lo tinham de ir até ele, pois a Palavra somente podia ser
transmitida aos seres humanos através da sua boca.
Hoje, a Palavra já é acessível a qualquer pessoa através de livro, de modo
que não necessita primeiro vir até mim. Pode adquirir o Livro da Verdade,
assim que procurar por ele, poderá tê-lo em muitas línguas, se realmente o
quiser! Se tiver o anseio para tal na alma, então será conduzida espiritualmente
de modo incondicional por seus guias, de tal forma que receberá a
oportunidade de deparar com a palavra de alguma maneira. Alcança-la-á com
absoluta certeza, pois ninguém, na realidade, é tão pobre, que não soubesse
encontrar uma possibilidade para isso.
E se tivesse de passar fome terrenamente, para adquirir para si a Palavra
da Verdade, somente teria lucro com isso!
Eu vos digo: será exigido muito mais de vós! A humanidade caiu tão
profundamente, como não podia ser esperado pela Luz, e também tão
rapidamente, devido ao seu rígido malquerer egoístico, que o auxílio da Luz
teve de penetrar fundo nas próprias trevas, a fim de reter, pelo menos
parcialmente ainda, a queda súbita provocada criminosamente pelos seres
humanos, para que não tivessem de ser condenados todos em conjunto.
Por essa razão, a Luz desceu mais profundamente nas trevas, do que fora
prometido outrora, e teve de conquistar um ponto de ancoragem no charco
repugnante dos já condenados, devido ao seu estado, unicamente a fim de
que, com isso, para aqueles que foram arrastados conjuntamente na repentina
queda das massas, devido ao envolvimento dos milhares de fios, aos quais não
podiam perceber nas trevas, também pudesse ser proporcionado auxílio,
enquanto suas almas almejarem pela Luz.
Por esse motivo tendes de utilizar toda a força, a fim de, através da
Palavra, e com o olhar dirigido para cima, lutar e subir agora da inconcebível
profundeza, na qual ainda vos encontrais!
427
Não sabeis, pois, em que horror de viscosa lama mortal já caístes, porque
a capacidade de ver isso somente vos será proporcionada novamente, quando
puderdes olhar de cima para baixo.
Por isso o espírito tem de ser mantido acordado para o vosso bem,
mediante contínuos e aumentados esforços, a fim de não recairdes no perigo
do envolvente sono letal!
A Palavra salvadora ancorou-se para vós no solo até agora inegavelmente
inclinado para as trevas. Agora, vós tendes de esforçar-vos, se ainda quiserdes
salvar-vos de um afundamento maior! A possibilidade para isso vos é
proporcionada pela ancoragem da Luz.
Não penseis que seja fácil; tal pensamento teria de tornar-se agora vosso
soçobro definitivo. Também com relação àquela concepção falsa de até agora,
de uma sensação aconchegante de bem-estar, na proteção cheia de amor de
Deus, primeiramente tudo tem de se tornar completamente novo em vós, antes
que possais continuar aceitos para o recebimento das graças de Deus na
Criação.
É da vontade de Deus que o ser humano agora tenha de se esforçar com
toda a sua força para receber a Palavra Sagrada, mais uma vez, sem
distorção, de modo puro e não deturpado! A Palavra, que ele tantas vezes
desprezou e insultou, e que, na insensata vaidade de sua condição humana,
acreditava que deveria ser-lhe oferecida mendicantemente, sendo algo grande
de sua parte se apenas a ouvisse e lhe desse atenção, ou se não se opusesse
a ela como inimigo.
Tolos que sois! Deus exige agora de vós que sacrifiqueis tudo por causa de
Sua Palavra, unicamente a fim de que mais uma vez vos seja permitido recebê-
la!
Sob o conceito de “sacrificar” não se quer dizer juntar todas as posses num
monte e oferecê-las como donativo, desfazer-se dos bens terrenos e das
alegrias terrenas, não, o dever sacrificar significa colocar tudo para trás, no
avaliar, e considerar a Palavra do Senhor, Sua sagrada vontade, como o mais
sublime e o mais necessário para o ser humano!
No colocar para trás, atrás da Palavra de Deus, já se encontra o sacrificar!
Não deveis por isso dispensar, absolutamente, as outras coisas; apenas
não as deveis considerar como o mais importante e único no âmbito de vossas
aspirações, como, infelizmente, ocorreu até agora.
Contudo, não julgueis tudo isso tão fácil, pois tem de haver vida no querer!
Tem de tornar-se algo natural, como uma parte de vossa vida cotidiana. Em
tudo o que pensardes e fizerdes, acima disso sempre terá de estar, para vós,
de modo sagrado, a vontade de Deus, na qual mantereis ancorado,
continuamente e cheio de confiança, o vosso olhar, sem se desviar dela por um
único segundo sequer!
Somente assim podereis alcançar aquilo que agora tendes de alcançar, e
isso não vos é tão fácil, porque ficou estranho para vós aquilo que, pois,
deveria constituir sempre tudo!
Afastaste-vos demasiadamente disso, e nem podeis deixar surgir uma
noção disso em vosso espírito, quanto menos ainda uma ação! Experimentai
apenas, e logo cansareis, e o cansaço aí constitui a morte para vós! Por essa
428
razão, tal como num gravemente enfermo, ao qual o sono se transformaria no
sono da morte, tendes de ser mantidos continuamente acordados, mesmo que
seja através de susto e pavor! A qualquer preço! Até que vos tenhais
transformado na condição de poder estar acordado voluntariamente.
Tendes de ansiar pela Palavra, assim como quem está morrendo de sede
anseia por uma gota d’água!
O que isto significa para vós, o que é para vós, vivenciareis sempre de
novo, até chegardes, então, a pedir essa graça ao vosso Deus, com a mais
verdadeira humildade!
A tal ponto tem de chegar o ser humano que quiser ser salvo e ser aceito
mais uma vez por Deus. Se não o conseguir, então terá de se perder para toda
a eternidade! Para tudo sempre tivestes algo, constantemente; menos, porém,
para a Palavra, que vos traz a vida!
Para todos os costumes terrenos, os seres humanos tinham interesse e
tempo, podiam nesse sentido fazer muitos sacrifícios; para o esporte e idéias
de seu próprio raciocínio angariaram milhões, mas para o auxílio proveniente
de Deus eles nunca têm tempo!
Mas devereis aprender, seres humanos, a considerar agora realmente a
Palavra de Deus acima de tudo o mais; pois tereis de empregar agora tudo, a
fim de consegui-lo, toda a vossa força, a maior vontade que sois capazes de
reunir, tanto no sentido terrenal como no espiritual! De nada sereis poupados
aí.
O que preferistes até agora, à Palavra de vosso Deus, tendes de perder,
deixar para trás de vós! Tendes de lutar, por fim, pela Palavra Sagrada da
Mensagem, até o limite do desespero, a fim de que finalmente saibais avaliá-la
por aquilo que ela vos traz! Até agora foi-vos demasiadamente facilitado. E isto
não considerastes.
Agora é ordem do Senhor, que primeiramente tereis de mostrar que ela é
tudo para vós, antes de a receberdes, a fim de assim viver de modo novo!
É diferente da época de Jesus! Para vós tornou-se o contrário, devido à
vossa mesquinhez, vossa arrogância repugnante, que tem de ser arrebentada,
até que o menor grão de pó disso tenha sido triturado em ilimitado sofrimento,
pois de outra forma não podeis ser ajudados.
Caístes demasiadamente fundo, mais fundo do que mesmo a sabedoria de
Deus, outrora, pôde considerar possível, uma vez que só atuastes
criminosamente com relação a tudo o que é da Luz.
Todas as promessas cumprir-se-ão em vós, mas vós próprios forçastes que
muito mais seres humanos tenham de cair na decomposição, por culpa própria,
do que podia ser tomado em consideração na época dessas promessas,
mesmo na suposição da mais inacreditável decadência. As criaturas humanas,
enfurecidas, arrebentarão suas cabeças no paredão da Luz que, não atentando
a elas, passará agora por toda a Terra.
Ficou diferente do que estava previsto, mais severo, mais duro, devido ao
vosso atuar, contudo bem merecestes essa dureza! Torna-se, aliás, difícil para
mim, ainda mandar entretecer para a humanidade uma fagulha de amor no
destino por ela mesma forçado, pois não a merecem!
429
Devem agora preocupar-se e esforçar-se, lutar em prol de cada palavra
que possam receber do tesouro, tantas vezes ofertado, e ao qual também
durante os últimos anos, novamente, não quiseram dar atenção. Não quiseram,
nisso reside sua maior culpa! Ela terá de ser remida até a última e leve
hesitação!
Tendes de reconhecer o valor que sempre e sempre de novo tanto
desprezastes e repelistes! Nisso nada deverá ser descontado de vós! Mesmo
que todos vós tenhais de perecer conjuntamente devido a isso! Pois vosso
veneno ressurgiria convosco em qualquer auxílio prematuro, impregnando o
mundo, como tantas vezes aconteceu.
Provai com esforços, anos a fio, que levais a sério, mesmo, a vossa
modificação, e que não se trata apenas de produto das aflições! Vós, que
durante milênios pecastes contra a Luz, não podeis esperar confiança agora.
Tendes de dar provas ao vosso Deus, não palavras! Isto eu clamo para
vós, eu, como Imanuel, em nome do meu Todo-Poderoso Pai, de Quem ristes
com o vosso atuar!
Deveis agora aprender a temer Deus, a fim de que vos acostumeis a
venerá-Lo humildemente, louvando-O com gratidão em cada uma de Suas
dádivas, que até agora vos concedeu tão abundantemente.
E quem dessa humanidade não quiser aprender isso no sofrimento, como
compete à criatura, esse deverá ser condenado por toda a eternidade e riscado
do Livro da Vida, que não mais poderá conter o seu nome!
Unicamente Luz é a vida e a força! E quem não quiser esforçar-se pela
Luz, esse não deverá receber mais nada de Sua força! A ira de Deus Todo-
Poderoso forçará a grande purificação! Então reconhecereis que é unicamente
a Palavra da Mensagem do Graal que poderá salvar-vos e ajudar-vos nas
vossas aflições!
Mas vós tendes de procurar assimilá-la, ela não virá até vós. Lutai,
apressai-vos, esforçai-vos, para que não a percais ainda no último momento.
Então estareis sozinhos, sem Luz e sem calor, sem vida, e tendes de perecer
sob mil sofrimentos!
Tenho a ordem de não vos facilitar nada, para que permaneçais vigilantes
no espírito! Justamente nisso repousa o amor de Deus, que sempre vos
permanecerá incompreensível, porque mui raramente ele se coaduna com
vossos desejos. O amor de Deus vos ajuda, criaturas humanas, por essa razão
ele nunca vos lisonjeará. Tereis de ser forçados agora para dentro da lei do
movimento espiritual, a fim de poderdes continuar a viver e não cair na
decomposição.
Eu, porém, clamo hoje para vós:
Ninguém, doravante, poderá chegar a mim, a não ser pela Palavra!
Somente a Palavra Sagrada abre o portal até mim, ó seres humanos. Na
Terra como no espírito. Quem quiser chegar a mim, esse já terá de trazer
dentro de si a Palavra da Mensagem, de maneira imutável, fiel e firme! Tomai
isto hoje como guia!
430
19. A guardiã da chama
Ingratos e incompreensíveis, e até mesmo repreensivos, permanecem os seres
humanos muitas vezes perante a maior ajuda que lhes advém da Luz.
É entristecedor presenciar quando, mesmo os de boa vontade, se
comportam nessas coisas de modo lamentável, ou, devido a esperanças
irrealizadas de desejos terrenos errôneos, duvidando, se afastam da Luz, que
mui freqüentemente concede salvação e vantagens exatamente pela não-
realização. Mas, obstinadamente, como as mais teimosas das crianças, os
seres humanos se fecham ao reconhecimento do amor onisciente,
prejudicando assim a si mesmos em tal medida, que, muitas vezes, nunca mais
podem ascender, perdendo-se como um grão de semente imprestável nesta
Criação.
O menor de todos os males, com que se sobrecarregam dessa forma,
durante as suas peregrinações, são encarnações terrenas múltiplas, que se
seguem devido à reciprocidade, e que ocupam séculos, talvez milênios,
retardando sempre de novo a possibilidade de ascensão do espírito, fazendo
surgir novo sofrimento, resultando em novas cadeias de desnecessários
entrelaçamentos, tendo todos de chegar, inevitavelmente, até a remição do
último grãozinho de pó, antes que o espírito possa elevar-se do emaranhado
criado pela teimosia.
Se a Luz fosse segundo a espécie humana, cansada ela deixaria a Criação
cair, pois realmente torna-se necessária incrível paciência para deixar se
exaurir tão repugnante e estúpida teimosia, a fim de que aqueles bem-
intencionados, que ainda almejam ascender, não percam as suas
possibilidades de salvação e não tenham de sucumbir no redemoinho de uma
destruição criada por aqueles que não querem mais se modificar.
Contudo, mesmo dos bem-intencionados só uma pequena parte chega à
real salvação, uma vez que muitos, tornando-se fracos, desanimam antes e às
vezes também pensam ter enveredado por caminhos errados, porque a eles
tantas coisas se opõem, acarretando desgostos, aborrecimentos e sofrimentos,
desde o início da boa vontade, enquanto que antes não haviam notado tanto
disso.
Com a decisão para a ascensão, na firme vontade para o bem, inicia-se
para alguns primeiramente uma época que os quer lapidar, transformar para o
certo, ao deixar vivenciar o seu pensar ou atuar errado de até então! Quanto
mais visivelmente isso se evidencia, tanto mais agraciado é tal ser humano e
tanto mais forte já o auxílio proveniente da Luz.
É a salvação que já se inicia, o desligamento das trevas que, com isso,
aparentemente, ainda o mantêm mais firmemente agarrado. Mas o agarrar
mais firme e mais duro apenas parece assim, porque o espírito, já despertando
e se fortalecendo, procura afastar-se das trevas que o seguram.
Apenas o anseio ascendente do espírito faz com que a garra das trevas
pareça mais dolorida, porque a garra até aí não pôde ser tão sentida, enquanto
o espírito voluntariamente se enquadrava ou se aconchegava a esse agarrar.
Anteriormente ele não oferecia uma contrapressão, pelo contrário, cedia
sempre sem se opor.
431
Somente com a vontade de se elevar, tem de se tornar sensível o estorvo
proveniente das trevas, fazendo-se sentir por fim incisivamente no espírito que
almeja ascender, até que por fim ele se arranca à força, a fim de se tornar livre
dos laços que o retêm. Que esse arrancar não possa se processar sempre sem
dores jaz implícito na própria palavra, pois um arrancar não pode ser feito
suavemente. Para um desprender-se calmo, porém, não sobra tempo. Para
isso esta Terra já caiu demasiadamente profundo e o Juízo universal se acha
em plena realização final.
Sobre tudo isso o ser humano não raciocina. Alguns pensam que a sua
decisão não pode estar certa, porque anteriormente nem intuíam tais
obstáculos, e talvez até pudessem ter se sentido bem. Assim, com tal pensar
errado, deixam-se cair novamente nas garras das trevas. Com isso não se
opõem mais contra elas e, por essa razão, não sentem mais aquele agarrar
como algo hostil. Serão arrastados para baixo, sem mais sentir isso de modo
doloroso, até serem sobressaltados pelo brado do Juízo, ao qual não se podem
eximir, mas então... será tarde demais para eles.
Eles somente serão despertados à força para o horroroso reconhecer de
sua queda nas profundezas insondáveis da desintegração definitiva, da
condenação. E, com isso, iniciam-se então os tormentos, que nunca mais
diminuirão, pelo contrário, terão de aumentar até o pavoroso fim de poderem
ser autoconscientes, portanto, de poderem ser criaturas humanas, o que
poderia ter-lhes trazido a bem-aventurança por toda a eternidade.
Refleti, criaturas humanas, que todas vós estais profundamente envolvidas
pelas trevas, que vós próprias vos envolvestes nelas! Se quiserdes salvar-vos,
tendes de libertar-vos delas e para isso a minha Palavra vos mostra o caminho,
dando-vos a possibilidade, através do saber, e a força para conseguir a
libertação e a salvação!
Tão logo tiverdes vos decidido a escapar da queda das trevas, as quais vos
arrastam sem qualquer piedade juntamente para todas as profundezas,
agarrando-vos firmemente, já chega com essa decisão um raio de Luz e força
para vosso auxílio, como que um relâmpago.
Atastes inúmeros nós nos fios do vosso destino, através do pensar errado
de até agora e do atuar que tanto vos arrasta para baixo. Até agora, porém,
estando nas garras das trevas, nem mais pensastes neles, também não os
pudestes ver nem intuir, por estarem ainda acima de vós. Fechando o vosso
caminho e a vossa ligação para as alturas luminosas.
Com os esforços para cima, porém, evidentemente os reencontrareis todos
em vosso caminho e tereis de desamarrá-los um após outro, para que o
caminho se vos torne livre para a ascensão.
Isso então se apresenta para vós como infortúnio e sofrimento, como dor
de alma, quando se trata dos nós das vossas vaidades, e tantas coisas mais.
Na realidade, porém, essa é a única possibilidade de libertação e salvação que,
aliás, não pode ser diferente, visto que vós próprios, de antemão, já
preparastes o caminho de tal forma para vós, e agora tendes de voltar por ele,
se de novo quiserdes alcançar as alturas.
Assim é o caminho para a vossa libertação e salvação, assim o caminho
para a ascensão às alturas luminosas! Diferentemente nem pode ser. E uma
vez que agora vos encontrais nas trevas, é lógico que, naquele momento em
432
que vos esforçais, com a vossa decisão para cima, para a Luz, tudo se vos
oponha de modo estorvante!
Precisais refletir apenas um pouco para compreender a exatidão do
fenômeno e chegardes também por vós próprios a tal conclusão!
Muitíssimos, porém, pensam que no momento de sua vontade para a
ascensão tudo tem de se mostrar a eles de modo ensolarado e alegre, que
tudo deve ser conseguido por eles sem luta, que o caminho será logo
aplainado e até doces frutos, já desde o início, sejam sem esforço colocados
no regaço como recompensa.
E se então for completamente diferente, cansam-se logo em sua vontade,
abandonam-na e recaem com preguiça em seu antigo curso, se é que não se
mostram até hostis para com aquele que lhes indicou o caminho, que conduz à
libertação e que, segundo a sua opinião, só lhes causou inquietação.
Assim é a maioria desses seres humanos terrenos! Estúpidos e
preguiçosos, arrogantes, exigentes e ainda reclamando recompensa e
agradecimento, quando permitem que lhes seja oferecido o caminho que os
conduz para fora do charco em que preguiçosamente se revolvem, a fim de,
por fim, nele afundar.
Vós, porém, que sinceramente quereis lutar por vós, não esqueçais jamais
que vos encontrais nas trevas, onde uma boa vontade é imediatamente
atacada.
Também os que estão em torno de vós procurarão depressa fazer valer
direitos, quando ousardes desligar-vos deles para não sucumbir.
Mesmo que antes jamais alguém se tenha preocupado com o que a vossa
alma queria, mesmo que ninguém tenha prestado atenção se ela já estava
perto de morrer de fome e sede, mesmo que ninguém se tenha mostrado
disposto a confortar-vos, no momento em que ousardes pôr o pé no único e
verdadeiro caminho para a libertação de vós próprios, aí de repente eles se
manifestam, para que vós não os abandoneis.
Aparentemente eles estão agora preocupados com a sorte de vossa alma,
apesar de já terem dado mais do que uma prova de que a vossa alma e
também a vossa existência terrena, na realidade, lhes tenham sido
completamente indiferentes!
É tão chamativo, que, quando se observa isso mais vezes, até parece
ridículo, e mostra nitidamente que todos esses queridos parentes terrenos ou
outros conhecidos nada mais são do que instrumentos cegos das trevas, a cujo
impulso obedecem, sem estarem conscientes disso. Se não lhes derdes
ouvidos, então mostram em seu comportamento que realmente não foi
preocupação por vós que os moveu a isso, pois verdadeira preocupação devia
encerrar amor pelo próximo. Amor, porém, não se evidencia, quando vos
molestam com observações maldosas ou conversas maliciosas sobre vós,
quando até procuram prejudicar-vos de qualquer modo.
Irrompe também, nítida e rapidamente, o ódio que todas as trevas guardam
contra tudo aquilo que se esforça pela Luz! Observai e aprendei a reconhecer
agora as trevas nisso. Exatamente nisso vereis também que escolhestes o
caminho certo, pois as trevas têm de se revelar pelo modo que é próprio delas,
unicamente delas!
433
Aprendereis facilmente a diferençar! E passando por vós, o verdadeiro ódio
das trevas e também dos seus escravos dirige-se então, por fim, contra aquele
que é a Palavra e a oferece às criaturas humanas para a salvação!
Atentai nisso! Pois assim logo reconhecereis todos os seguidores de
Lúcifer já condenados no Juízo.
Afastai-vos deles e não procureis mais ajudá-los com a Palavra, pois ela
não mais lhes deve ser oferecida! Tendes de excluí-los agora dela, se vós
próprios não quiserdes sofrer danos por irdes irrefletidamente ao seu encontro.
O vosso amor se destina à Luz e a todos os que se esforçam para a Luz
com vontade pura e humilde, não, porém, àqueles que têm de ser expulsos
desta Criação por serem nocivos.
Antes de tudo, o chamado é dirigido mais uma vez à feminilidade! A
feminilidade, com sua intuição mais fina, tem a capacidade para distinguir com
infalível segurança aquilo que pertence à Luz e onde ainda existe esperança
para isso, e aquilo que fica entregue às trevas, irremediavelmente perdido, e
com elas tem de sucumbir de acordo com a sagrada vontade de Deus!
Para isso, porém, essa feminilidade tem de ser purificada primeiro e erguer-
se do charco, ao qual, levianamente, conduziu a humanidade inteira! E também
só quando tiver caído dela a vaidade é que poderá intuir de novo corretamente.
Acuso mais uma vez a feminilidade de todos os desenvolvidos, que deixou-
se seduzir facilmente demais, para descer do degrau que o Criador lhe
destinou benevolentemente e, ao invés das bênçãos de Deus, espalhar a
desgraça, torcer tudo quanto é nobre e que devia ter mantido íntegro e também
límpido.
Ela arrastou a dignidade da mulher para a poeira! Todo o seu pensar
esteve subjugado aos mais baixos cálculos, e todo o encanto de seu ser, que
lhe foi dado como presente pelo Criador, para com ele manter acordada nas
almas a saudade da beleza das alturas luminosas e estimular o impulso para a
proteção de tudo quanto é puro, esse encanto em si sublime foi arrastado com
escárnio para a sujeira profunda pela feminilidade terrena, a fim de ser
explorado pecaminosamente apenas para finalidades terrenas!
Eu acuso! Nunca uma criatura da Criação caiu tão profundamente como a
mulher da Terra!
Que atinja agora o efeito recíproco, na sagrada força da Luz, com ímpeto
desenfreado, cada mulher que não quiser despertar para a atuação pura e
elevada, que o Criador outrora cheio de graça lhe colocou na mão,
aparelhando-a também para isso!
A feminilidade, a mulher, é que o Criador escolheu outrora para guardiã da
chama da sagrada saudade da Luz em todas as Suas Criações e, para isso,
dotou-a com a capacidade da mais fina intuição! Ela se originou para receber
as irradiações da Luz sem obstáculos e retransmiti-las da maneira mais pura
para o homem, bem como para o ambiente a ela circunjacente.
Por esse motivo ela exerce influência, não importa onde quer que chegue.
Para isso ela é agraciada em sua espécie. E essa dádiva abençoada ela
utilizou ao contrário.
A influência que Deus lhe presenteou, ela exerce para alcançar finalidades
egoísticas e muitas vezes condenáveis, ao invés de soerguer o seu ambiente,
434
de manter viva a saudade da Luz nas almas, durante a sua peregrinação
através dos densos planos, que devem servir para o desenvolvimento e o
amadurecimento em direção às alturas espirituais!
Com isso elas deviam ser o apoio e o amparo dos peregrinos, oferecendo
elevação e fortalecimento através do seu ser e mantendo aberta a ligação com
a Luz, a fonte original de toda a vida!
Elas já podiam ter transformado esta Terra num paraíso dentro da matéria
grosseira, vibrando alegremente na puríssima vontade do Todo-Poderoso,
Sempiterno!
A guardiã da chama da sagrada saudade da Luz, porém, falhou, falhou
como até agora jamais falhou uma criatura, porque ela foi provida de dons cuja
posse nunca deveria ter permitido cair! E ela arrastou consigo uma parte inteira
do Universo para o charco das trevas!
Ela, porém, receberá total recompensa pela atuação indizivelmente
criminosa, de conspurcar até mesmo o mais puro, do qual ela deveria ter
permanecido guardiã!
Longo é o caminho e grande o esforço que agora ainda tem diante de si
aquela mulher que almeja cooperar no futuro. Contudo, novamente lhe será
proporcionada a graça de uma força aumentada, bastando que ela queira
sinceramente! Mas ela que não imagine ser tão fácil.
A elevada distinção de lhe ser permitido tornar-se novamente a guardiã da
saudade da Luz, de mantê-la viva na matéria, através da pureza de sua
dignidade de mulher, quer ser conquistada com um contínuo estado de
vigilância e inabalável fidelidade!
Desperta, mulher desta Terra! Torna-te novamente pura e fiel em teu
pensar, em teu atuar e mantém a tua vontade firmemente ancorada na
santidade da vontade de Deus! Desperta ou sucumbe na justiça não
deformável do Senhor! Não te será dada nenhuma possibilidade para
novamente prejudicar tão gravemente a geração que agora virá à Terra. Quem
da feminilidade quiser viver no Reino dos Mil Anos aqui na Terra, torne-se a
mais pura guardiã da mais sagrada saudade da Luz das almas! Na sagrada
Força de Deus!
AMÉM.
435
20. O poder do idioma
Quão importante e significativa também é a palavra humana no tecer desta
Criação, no reino dos planos de matéria grosseira, já dei a conhecer.
Contudo, não foi compreendido quão longe vai a influência no formar e
quão nociva pode tornar-se a negligência. Não é somente a palavra isolada em
si que atua fortemente, influenciando e formando em vosso ambiente, mas
também a maneira pela qual colocais e ligais as palavras e como vos esforçais
em pronunciá-las.
Portanto, a própria maneira de falar atua fortemente sobre o vosso
ambiente. Vós sabeis que tudo emana da Palavra! No começo era o Verbo!
Isso já indiquei. E mesmo que nessa sentença se tenha feito referência à
Palavra de Deus, que encerra sacrossantas forças criadoras, mesmo assim
vibra na palavra humana, que propriamente só surgiu com o ser humano por
intermédio da Palavra de Deus, uma força, embora não criadora, mas de certa
capacidade formadora, que alcança até a parte fina da matéria grosseira, e de
lá, então, atua retroativamente sobre a grossa materialidade.
Por essa razão, aprendei a observar mais cuidadosamente a vossa
maneira de falar! Colocai vossas palavras de tal modo, que vibrem
corretamente na lei da Criação, permanecendo, portanto, em harmonia. O ritmo
uniforme de todo o circular da Criação tem de soar em vossas sentenças, se
quiserdes desenvolver o falar até aquele poder que dessa maneira vos foi dado
por Deus!
Quero ajudar-vos a reconhecer o perigo da negligência, a fim de que
possais cumprir fielmente comigo o mandamento do Senhor, que vale para os
dias do Juízo e que há muito já é conhecido de vós nestas palavras: “Tudo tem
de se tornar novo!”
Tudo, não só alguma coisa! E como só o errado precisa tornar-se novo,
indicam estas palavras, de modo claro e nítido, que atualmente tudo, sem
exceção, está errado, pois do contrário não precisaria tornar-se novo. Tudo!
Esta não é uma palavra que, neste caso, deva ser considerada como palavra
cotidiana, mas sim é um mandamento de Deus, que precisa ser acolhido no
seu sentido integral, sem restrições; senão não teria sido utilizado para isso.
E é isto que ainda não quisestes compreender direito em toda a sua
seriedade, sobre o que ainda refletis de modo demasiado superficial. Disto,
sem exceção, sofre vossa grande vontade, e tão-somente isto vos impede de
dar aquele passo imprescindível, sem o qual vós nunca poderíeis cumprir nem
mesmo uma parte da missão terrena futura, sem a qual vosso desenvolvimento
não pode ser completado.
Este passo, tão decisivo para tudo, é: abandonar tudo, mas tudo mesmo, e
não tentar levar algo disso para o novo ou misturá-lo com o que é novo! Cada
tentativa de absorver o novo e de torná-lo vivo dentro de vós é, desde o início,
inútil e em vão, se ainda quiserdes deixar aderido a vós uma partícula de pó do
velho. Seja em vossos conceitos ou em vossa capacidade, em vossa aquisição
de conhecimentos ou em vossas opiniões. O novo somente aproximar-se-á de
vós quando tudo o que é velho estiver rechaçado.
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Ajustar-vos com toda a força a esse novo, isso é vosso próximo, mais
necessário dever! Perguntareis o quê é o novo, com a observação de que vós,
de bom grado, estaríeis dispostos a ajustar-vos, se antes ao menos pudésseis
reconhecê-lo claramente!
Eu, no entanto, vos digo: vós sabeis muita coisa nova, apesar disso, insistis
obstinadamente em agarrar-vos ao velho e, em muitos casos, ofereceis a mão
ao novo apenas de modo relutante! Ou expressemo-nos de modo mais brando:
vós vos aproximais do novo com resistência interior. Muita, muita coisa poderia
enumerar-vos. Seja agora o conceito de família em sua forma antiga, seja o
pendão pela moda, que em circunstância nenhuma quereis deixar totalmente
de lado, ou... bem, é praticamente tudo em que ainda mantendes ligado algo
do velho com o novo, também na melhor vontade para a aceitação do novo.
E assim como nisso, ocorre ainda em mil outras coisas consideradas
secundárias e que, no entanto, mostrar-se-ão incisivas em severidade
inimaginada. Por isso, nunca considereis algo insignificante demais, isso
poderia trazer inesperadamente as piores decepções como conseqüência!
Mas estas exterioridades, apenas em segundo plano, pois, pelo menos
podem ser facilmente modificadas; mesmo se dificultam agora em muitos
casos o alegre desenvolvimento ascendente. O prejudicial, porém, são os
velhos conceitos, que de mil maneiras encontram-se dentro dos seres
humanos, também ainda em vós que, como os primeiros, deveis tornar-vos
novos entre todos os seres humanos.
E sempre de novo seguis nisso o caminho errado, o caminho que nunca
poderá conduzir ao alvo!
Sim, vós sabeis muita coisa nova, que talvez vos pareça pequena e que,
apesar disso, é de importância incisiva; no entanto, nesse novo, procurais
sempre de novo introduzir algo velho em auto-ilusão deplorável e com
lastimáveis autodesculpas! Isso, porém, vos obstrui o mais importante de todos
os passos que podem levar-vos ao êxito, o primeiro passo, desembaraçar-se
corajosamente do velho, destroçar todas as velhas formas, impiedosamente
contra vós próprios, para então poder assimilar o novo!
Jamais conseguireis introduzir algo do novo, mesmo em parte mínima,
numa das formas antigas, na ilusão de que com isso se torne nova!
Vós não podeis, de modo algum, reconhecer direito e muito menos
compreender o novo, antes de ter deixado primeiramente todo o velho
completamente destroçado para trás. Esta é a condição básica para o tornar-se
novo para cada um individualmente e condição básica para toda a
humanidade.
Somente após completa destruição de velhos conceitos, os quais todos
estavam errados, pode surgir um verdadeiro reconhecimento e compreensão
do novo e certo, oferecido por Deus!
Justamente nisso não existem transições, nenhuma condução para fora,
mas tem que ser um ressuscitar na onipotência da Criação de Deus, um reviver
totalmente novo, mas que não pode ser transformado a partir de algo velho,
com o que tanta coisa errada seria capaz de desenvolver-se com nova força,
como erva daninha.
Compreendei, primeiramente, isto como o mais importante para vós e
procurai cumpri-lo integralmente; então, e não antes, poderá o novo surgir em
437
vós próprios! Só então podereis compreendê-lo, e não mais correreis perigo de
recair no que é velho.
Quero tentar ajudar-vos, pois vejo que embora não vos falte grande
vontade e afinco para assimilar o novo, ainda não podeis, no entanto, decidir-
vos a realmente abandonar de maneira completa esse velho, mesmo correndo
o risco de serdes considerados pelo próximo, inicialmente, como esquisitos em
vossas concepções.
E esse receio, que não quereis confessar, existe em muitos casos. Tão-
somente ele vos faz muitas vezes hesitar em cumprir a minha Palavra!
Poderíeis cair demasiadamente na vista é o que pensais com relação a uma ou
outra coisa, e encontrais toda a sorte de objeções diante de vós mesmos, como
desculpa consoladora para o fato de não cumprirdes tão integralmente a minha
Palavra e a minha exigência como seria necessário para a sagrada vitória da
Luz aqui na Terra!
Por consideração a pessoas e a outras contingências incômodas, restringis
vossos limites de cumprimento, sem pensar que deixa de ser cumprimento, se
faltar uma pequena parte que seja no todo!
Jamais vos tornareis objeto de escárnio dos seres humanos, se cumprirdes
integralmente o que é exigido pela Luz! Mas vós sucumbireis com os seres
humanos e com vossos erros, se quiserdes levá-los em consideração.
Deveis, pois, preceder, de maneira modelar, a todos os seres humanos!
Não deveis esperar até que o velho caia por si, para então vos associardes, de
boa vontade, a tudo o que é novo; pelo contrário, tendes de iniciar já agora o
processo em vós!
E para tanto deveis chamar a atenção; é desejado que todos falem de vós!
Não fora isso, diferença alguma existiria. A ausência dessa visível
diferença, porém, seja no modo de vestir-se, na forma de atuar ou na vossa
maneira de ser, poderia mostrar-vos que, tal como os outros, permaneceis
ainda no velho e errado, e que até agora não conseguistes sobressair nisso!
No entanto, se vós agis dessa forma, o que quereis esperar então de
outros, que na Terra devem encontrar-se mais afastados da Luz e que também
não receberam a força que foi dada a vós!
Com a minha ajuda deveis começar agora! Para tanto quero levantar véu
após véu dos mistérios da atuação das leis divinas na Criação, as quais,
apesar das repetidas indicações, aparentemente ainda não são
suficientemente compreensíveis para vós, pois atribuís muito pouco valor a
isso. Assimilai hoje minha indicação referente à palavra humana, com a qual
desenvolvestes, pouco a pouco, vossos idiomas!
A palavra formou-se na lei e por esse motivo possui em si muito maior
significação do que ousais supor. Por essa razão já mostrei os perigos do
tagarelar leviano ou de conversas injuriosas e vos citei os frutos que têm de
crescer de tal proceder, nos efeitos das leis primordiais da Criação, tanto para
a pessoa isoladamente como para os povos e as raças.
Mas essa influência, de cada palavra, se estende muito mais longe, até nos
detalhes aparentemente ínfimos. Por isso somente alcançará um ponto
culminante, duradouro, aquele povo que vibrar com seu idioma no ritmo das
leis divinas da Criação! E também só será duradouro, se o idioma desse povo
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permanecer sempre nessa situação, não se deixando desvirtuar por artifícios
ou por artimanhas do raciocínio.
Pressentis, talvez já agora, o quanto nesse sentido já foi transgredido,
quantos obstáculos já surgiram no círculo evolutivo de muitos povos,
unicamente por essa razão.
O desenvolvimento progressivo dos sons de expressão até o idioma
processou-se, a princípio, de forma mais ou menos uniforme, vibrando nas leis
da natureza.
Estava e permaneceu tudo em ordem, até que também aí se intrometeu o
raciocínio, deslocando e impedindo totalmente a vibração pura.
Não deveis, porém, pensar sobre isso de modo demasiado superficial! Os
povos mais primitivos, dotados de poucos sons de expressão, são capazes de
vibrar de forma muito mais harmoniosa nas leis, do que os mais inteligentes
povos, com sua maneira afetada de manter conversação ou de exprimir sua
opinião.
A quantidade de formas de expressão em si não importa, mas sim a
maneira de utilização e a composição; a seqüência das palavras isoladas é que
produz o vibrar certo ou errado, acarretando as suas conseqüências. Isto,
porém, está agora igualmente torcido e por essa razão errado, como tudo
quanto o espírito humano formou para si nos últimos tempos.
Não podeis, porém, aprender uma diferenciação nisto, apenas podeis intuí-
la! Só podereis, pois, consegui-lo, quando tiverdes despertado novamente a
vossa intuição, deixando-a reinar livremente em vós mesmos!
Quero dar-vos, porém, uma indicação, que podeis usar como norma. Já há
séculos foi preparada aqui na Terra pela Luz a vinda do Filho do Homem, em
tudo quanto era necessário para a sua missão de trazer auxílio.
Assim também o idioma, que Ele necessitava para a Mensagem
proveniente da Luz, para torná-la acessível, em clareza terrena, a esta
humanidade terrena.
Tinha de ser preparado para isso um idioma na Terra, que vibrasse do
modo mais puro possível nas leis primordiais da Criação, e cujo modo de
expressão não pudesse mais tarde novamente ser torcido, a fim de que a
Mensagem permanecesse pura para sempre!
Para esta finalidade o idioma alemão foi conduzido cuidadosamente, já há
séculos, a uma perfeição, que se ligava com o vibrar uniforme desta Criação e,
desse modo, é capaz de acolher a força da Luz com a maior intensidade e
também a retransmite sem turvação.
É por este motivo que a Mensagem proveniente da Luz foi firmada no
idioma alemão, pois outro idioma nem poderia reproduzi-la com essa clareza e
nitidez, sem restrições, até o ponto em que é possível comprimir a Palavra viva
numa forma de matéria grosseira!
O idioma alemão, devido aos preparos realizados durante séculos, por
muitos especialmente escolhidos e agraciados para tal finalidade, deu ao
menos a possibilidade para que agora o portador da Palavra viva de Deus
pudesse utilizar esse idioma, a fim de cumprir também nisso sua missão aqui
na Terra.
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Por essa razão, o idioma alemão da minha Mensagem é, na colocação das
frases e das palavras, o único modo de expressão exemplar para todo o futuro,
por vibrar de modo puro nas leis da Criação!
Ele pode e deve servir um dia, em sua forma e modo de expressão, como
diretriz ao idioma alemão, em amadurecimento para o seu ponto culminante,
que terá de ser empregado pelo futuro povo-guia aqui sobre a Terra, por
encerrar apenas nesta, e em nenhuma outra forma, a máxima capacidade
construtiva e conservadora, recebendo todas as poderosas ajudas do tecer da
Criação!
Procurai, pois, compreender o que isto significa. O idioma nesta forma
haure as maiores forças e atua dessa maneira moldando e formando o vosso
ambiente, e, antes de tudo, forma da maneira certa, como quer o Criador, o
que é sempre e somente para vosso máximo proveito, para a paz e para a
felicidade.
Se torcerdes novamente esta forma do idioma, ele não mais haurirá aquela
intensidade de todas as forças e forma, também, por sua vez, apenas ainda as
coisas igualmente torcidas.
Por isso, esforçai-vos por compreender direito o idioma e empregá-lo
seguindo vossa intuição, vibrando de modo natural em tudo o que pensardes
ou formardes no falar. Com isto atuareis beneficiadoramente na matéria, pois
formas puras só podem ser moldadas com idioma puro!
Essa forma pura no vibrar da Criação vos é dada exemplarmente pela
Mensagem! Conservai-a para a humanidade e guardai-a fielmente, não
permitais que vo-la retorçam e procurai tornar a sua forma vossa propriedade;
então, através da vida exemplar, agireis com sucesso na Terra, para o bem de
todos os povos!
Com isto já se vos torna claro que dialetos de um idioma são errados e só
poderão trazer prejuízos, porque falta a pureza desse idioma, a qual, como em
toda a parte, só pode mostrar-se na perfeição.
O motivo de cada dialeto ou é negligência, que rebaixou a pureza original
do idioma devido a um desleixo, ou foi a estagnação em um dos degraus
naturais e imprescindíveis do desenvolvimento do idioma em questão, uma
falta de progresso, uma oposição à lei do contínuo desenvolvimento para o
auge da pureza em tudo, portanto também no idioma.
Ambas as possibilidades são condenáveis e dirigidas contra a lei primordial
da Criação, assim também a manutenção e o cultivo dos dialetos, seja por
afeiçoado apreço, ou... por hábito indolente. Tudo nisso está errado, não
importando quais os motivos! E como o errado nunca é capaz de algo
construtivo, podendo, pelo contrário, trazer somente prejuízos ou pelo menos
obstruções, que em si também já constituem prejuízo, deverá, pouco a pouco,
ser evitado, a fim de que o ser humano no futuro só produza coisas proveitosas
para a Criação, não sendo mais nocivo.
Portanto, também o cultivo de um dialeto constitui uma manutenção do
imperfeito, que, por sua vez, apenas pode moldar coisas imperfeitas. E ele
molda, forma em qualquer caso, não importando se vos decidistes a cultivar os
dialetos impensadamente ou conscientemente, propositalmente, ele forma com
ou sem vossa vontade. E como só pode formar coisas imperfeitas, de acordo
com a própria espécie, logo os dialetos são nocivos, jamais úteis!
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Refleti, pois, o que fazeis com isso e orientai-vos de acordo. Os efeitos
podem tornar-se devastadores.
Diz-se freqüentemente que os idiomas se coadunam estreitamente com a
maneira de ser das pessoas, o que é correto. E isso não se constata apenas
em nações diferentes, mas também no próprio povo alemão em todos os seus
dialetos, nas diversas maneiras de falar de um idioma uniforme!
Contudo, não é bem assim, que a maneira de ser das pessoas forme essa
maneira de falar; pelo contrário, é a maneira de falar que molda as pessoas! O
poder de formação e de moldagem reside somente na palavra, no idioma ou,
mais incisivamente expresso, na respectiva maneira de falar das pessoas! As
características tão marcantes e tão destacadas de diversos grupos humanos
com dialetos diferentes surgiram originariamente dos dialetos; por intermédio
destes, os grupos humanos se desenvolveram com o tempo, chegando às suas
características, não, porém, de maneira contrária.
Um dialeto pesado moldará seres humanos pesados, um dialeto agradável,
que aliás nem existe, visto que somente um idioma perfeito pode ser realmente
agradável, jamais poderá moldar seres humanos pesados e toscos, enquanto
que uma maneira de falar superficial também produzirá seres humanos
superficiais.
Assim, cada ser humano que quiser aprender algo disso, pode observar
facilmente e com exatidão, até às minúcias. Reconhecereis rapidamente quão
imprevisível é, em sua força, cada efeito do emprego de vossas palavras
humanas sobre toda a matéria, principalmente no efeito retroativo sobre vosso
ambiente mais próximo.
Contudo, não somente na grossa materialidade podeis constatar as
conseqüências, mas sim sereis capazes de reconhecer em breve também
correntezas terrenamente invisíveis. Quando vosso falar estiver em inteira
harmonia com o vibrar da Criação, com o tempo a harmonia far-se-á valer em
torno de vós, beleza e graça surgirão e florescerão.
A maior beleza e a mais apurada graça, porém, serão imediatamente
feridas pelo emprego de dialetos ou por pronúncia imperfeita, em todo caso,
faltará nisso a pureza e isso se torna perceptível!
As explicações tornar-se-iam sem fim, se eu quisesse falar mais
pormenorizadamente sobre isso, porém as breves referências certamente
bastarão para vós, a fim de agora poderdes continuar a progredir pessoalmente
na observação, na pesquisa e no reconhecimento. Encontrareis por toda a
parte confirmação nas vivências.
Mas não existe quase nada em que não procurais introduzir novamente,
com satisfação, coisas velhas em todas as coisas novas que já vos dei!
Principalmente nos pequenos desejos, a respeito dos quais tantas vezes já vos
aconselhei.
Também nisto tornais sempre a ignorar o que já disse tantas vezes: que
nas coisas pequenas e simples reside a verdadeira grandeza!
E como procurais manter com grande tenacidade muitas coisas pequenas
e simples nos velhos conceitos, talvez irrefletidamente, dirigindo o olhar
somente para o que é grande e distante, jamais podereis efetuar o verdadeiro
começo para o que é grande ou para o que se vos afigura tão grande e que, no
entanto, é apenas a conseqüência de todas as coisas pequenas.
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Por essa razão, esforçai-vos agora, primeiramente, por encontrar os erros
básicos de tudo quanto é torto e afastá-los em primeiro lugar, derrubá-los,
destruir neles tudo quanto é velho, a fim de que então possais compreender
plenamente o novo, sem turvá-lo com os restos provenientes do velho, que não
pode existir mais, de acordo com o sagrado mandamento de Deus!
Muitas vezes encontrareis no apenas aparente secundário e pequeno as
alavancas para as coisas máximas, o que é uma conseqüência de toda a
simplicidade das leis de Deus. Tornai-vos, por isso, simples nas intuições,
dessa forma logo obtereis clareza sobre tudo e não mais podereis errar como
até agora. No entanto, urge o tempo para isso, se quiserdes cumprir na
sacrossanta força de Deus, pois sem simplicidade não podereis obtê-la e muito
menos aproveitá-la!
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21. A Palavra viva (Pentecostes 1935)
Pentecostes! Há poucos dias apenas celebramos a solenidade que é o
verdadeiro Pentecostes, a solenidade da Pomba sagrada, da efusão da
sagrada força de Deus nesta Criação! É renovação, conservação e
saneamento!
Que esta festa poderá permanecer para vós na Terra também futuramente,
que esta Terra, junto com tantos outros astros não terá que desaparecer, isso
agradecereis somente ao grande amor de Deus, que vos ajudou ainda no
último momento, depois que pelo vosso querer errado tudo já foi conduzido ao
encontro do fim.
Ainda virá o tempo em que vós, seres humanos, compreendereis que
sacrifício era necessário para isso, a fim de arrancar-vos da destruição certa.
Hoje ainda não o podeis. Ainda não podeis compreender, o que na verdade foi
feito para vós pela Luz. Está muito acima de toda a compreensão humana.
Podeis, no entanto, agradecer a Deus, o Senhor, por Sua inconcebível
bondade, que pode ser reconhecida diariamente, a cada hora, em todo o vosso
ser, contanto que desejeis com sinceridade! E por isso toda a vossa vida deve
tornar-se gratidão!
Gratidão, vossa vida inteira! Se tomardes estas palavras no sentido
comum, assim como os seres humanos as interpretam, o proferir
agradecimento, ininterruptamente, haveria de tornar-se cansativo, pois o ser
humano imagina com isto um rosário de orações de agradecimento.
Assim, porém, não é desejado. A mais bela gratidão é pura alegria! Se os
seres humanos vivessem de acordo com a vontade de Deus em suas
peregrinações pela materialidade, não poderiam encontrar outra coisa a não
ser alegria! Que aí também exista tristeza é culpa exclusiva dos seres
humanos, pois a tristeza é estranha à Luz.
Os seres humanos criaram para si as trevas e com isso a tristeza,
emaranhando-se nisso com teimosa obstinação, de tal forma, que por fim nem
lhes foi mais possível encontrar os caminhos que poderiam conduzi-los para
fora.
A materialidade, sob a influência errada da vontade dos seres humanos,
tornou-se, não um paraíso, mas em vez disso um labirinto, do qual nenhuma
alma humana conseguiu sair. Aí multiplicaram-se os erros, cujas
conseqüências trouxeram um inaudito aumento da má vontade, e todas as
tentativas de boa vontade foram fortemente agarradas no emaranhado de
conceitos torcidos, sendo assim impedidas de se desenvolver, terminando por
fenecer brevemente.
Este era o aspecto, quando a vontade de Deus desceu para as
materialidades, a fim de proporcionar um derradeiro auxílio àqueles que
traziam anseio por isso.
Contudo, imaginastes tudo isto de modo demasiadamente superficial, pois
os seres humanos são muito esquisitos a este respeito. Ou estão logo prontos
para condenar tudo quanto é enviado por Deus, em sua pretensão vaidosa de
saber melhor, ou caem no extremo oposto, esperando muitas vezes, como
443
aqueles que crêem cegamente, impossibilidades fantásticas, que se encontram
fora das leis divinas da Criação.
Por essa razão ficam muito decepcionados, tornam até facilmente a cair na
incredulidade, quando muitas coisas se desenrolam de forma diferente do que
eles supunham. Também nas suas decepções, das quais são os próprios
culpados, são capazes de se tornarem igualmente exagerados como
anteriormente em sua crença cega e, por essa razão, nos inimigos mais
ferrenhos de tudo aquilo que, conforme sua opinião, os decepcionou. Nisso são
capazes de atos inconcebíveis, ainda que inteiramente destituídos de
fundamento e pueris, nem sequer dignos de um ser humano.
Não querem ter compreensão de um bem coordenado e bem construído
atuar na Criação, segundo a vontade de Deus, que é inflexível; presumem, ao
contrário, que Deus possa anular ou modificar aí, arbitrariamente, a qualquer
momento, as Suas próprias leis. Não refletem que dessa forma confessam bem
claramente suas dúvidas em relação à eterna perfeição de Deus ou sua própria
estreiteza inconcebível, que só pode ser denominada indolência criminosa do
espírito ou estupidez, oriunda da preguiça.
Querem, com palavras grandiloqüentes, basear-se na asserção de que,
afinal, tudo na Criação está sujeito a constantes transformações. Isto é dito
com acerto, porém as transformações mostram-se no desenvolvimento e
desabrochar lógicos do já existente, com base nas leis da Criação, as quais,
não obstante, permanecem imutáveis e atuam de modo impulsionador, sem,
porém, jamais se modificarem. As palavras grandiloqüentes são, pois, apenas
um tagarelar vazio, totalmente impensadas e empregadas em leviana
superficialidade.
Os seres humanos, quais crianças em folguedos, espalham com suas
palavras valores imensos, sem que eles próprios se tenham compenetrado
desses valores. Por isso também empregam as palavras de modo errado,
dando-lhes falsas interpretações.
Não percebem a verdade contida nelas, pois distinguem e ouvem apenas
aquilo que eles querem. Em sua indolente presunção nem estão preparados
para uma profunda pesquisa e esforço, a fim de compreenderem aquilo que as
palavras devem dizer e que também dizem de maneira bastante nítida.
A compreensão certa para tanto falta também a muitos dentre vós, porque
efetivamente ainda não penetrastes com suficiente profundidade na minha
Mensagem, a fim de formardes uma imagem da perfeição do Criador
onipotente em Sua intangibilidade e imutabilidade desde a base, onde se
encontra a incomensurável grandeza numa clara simplicidade, que o espírito
humano não quer imaginar.
No entanto, em todo vosso pensar, na pesquisa e no esclarecimento de
qualquer acontecimento, tendes de colocar sempre como base, rigorosamente,
a imutabilidade da perfeição das leis divinas e automáticas desta Criação. Do
contrário jamais conseguireis progredir e tereis de trilhar caminhos errados!
Por essa razão é conveniente que eu, justamente hoje, levante um pouco o
véu que ainda vos oculta a grandeza daquele sacrifício realizado por Parsival
para vossa libertação e salvação. Julgais, talvez, que o mais difícil tenha sido a
luta com Lúcifer, que terminou com o manietamento de Lúcifer. No entanto, não
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é assim, pois o mais difícil foi abrir-vos os caminhos de saída do labirinto que
criastes mediante vossos erros!
Esta é, aliás, apenas uma parte de sua obra de salvação, mas se
procurardes compreender isso, por pouco que seja, assim como realmente se
deu, então nada mais podereis fazer senão agradecer continuamente a Deus,
pela permissão de poderdes existir.
Imaginai, pois: saindo da Luz, tomando novamente sobre si todos os
sacrifícios de um caminho para as densas materialidades, que já uma vez
trilhou outrora para a humanidade, desceu Parsival para o globo terrestre, tão
profundamente caído, por culpa humana.
Ele, vindo da Luz, não conhecia erros nem tristezas, embora já tivesse tido
uma vez ocasião de conhecer o ódio dos seres humanos, pois a Luz não
conhece tristeza nem erros. Não ciente disso, encontrava-se a princípio no
meio desses seres humanos e seus conceitos totalmente torcidos e falsos.
Tudo em redor dele estava errado, sob o domínio de Lúcifer, desviado da Luz
e, portanto, tudo para ele estranho e frio, até mesmo hostil e feio.
Talvez torneis a pensar que ele apenas teria de indicar o caminho para as
alturas luminosas, a fim de dar aos seres humanos, dessa maneira, aquilo de
que necessitavam para a sua salvação. Imaginais que ele, simplesmente,
precisaria anunciar a Palavra de Deus, tal qual ela é!
Os seres humanos nada poderiam fazer com isso, pois estavam
inteiramente envolvidos pelos seus erros e não mais podiam dirigir o olhar para
o alto, se não lhes fosse aberto, primeiramente, o caminho para tanto,
desimpedindo a saída pela qual novamente pudessem ver a promissora Luz.
Tudo dependia, portanto, do modo pelo qual Parsival aproximasse a
Palavra aos seres humanos! Tinha de dar à Palavra Sagrada uma forma que
fosse adequada aos seres humanos em suas aflições, pois a Palavra em si já
haviam recebido através de Jesus, ao menos em parte, mas não podiam mais
torná-la viva em seu íntimo, pois não encontravam nenhum caminho para tanto,
e as interpretações das igrejas eram demasiado fracas e configuradas apenas
para o objetivo do próprio poder terreno, para ainda constituírem realmente
uma ajuda.
A Palavra! Também vós ainda não sabeis pensar direito no sentido dela,
pois, como todos os outros, esqueceis o que a Palavra, da qual sempre falo,
realmente é. Sabeis, sim, que se trata da Palavra viva, mas ainda assim não
formais um conceito inteiramente certo.
Assim como, outrora, Jesus disse em relação à Palavra: Eu sou a Palavra!
Assim, hoje vos digo eu novamente: Eu próprio me entrego a vós, em minha
Palavra! Pois também eu sou em verdade a própria Palavra! Já há muito tempo
vos foi dito outrora: No início era a Palavra, e a Palavra estava junto a Deus, e
Deus era a Palavra!
Contudo, deve dizer-vos o suficiente, quando Jesus falou então para os
seus discípulos: Eu sou a Palavra e na Palavra eu me dou a vós! E hoje eu
repito: Eu sou a própria Palavra, a qual eu vos dou!
Refleti sobre isso com toda calma e profundidade, vós deveis encontrar
aquilo que nisso se encontra.
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Se eu quisesse dar a Palavra aos seres humanos, sem lhes havê-la
moldado, não me compreenderiam! Gravai isso a fogo em vós, pois a Palavra é
viva, ela própria é a vida e, em seu estado original, ela é, para vós, de uma
forma não visível e não reconhecível. Ela é!
Tão logo, porém, eu queira torná-la acessível aos seres humanos, isto é,
fazê-la compreensível a eles, tenho de transformá-la, em sua essência, de
modo a que os seres humanos consigam entendê-la. A forma tem de ser dada
de tal maneira, que lhes seja proveitosa. E ninguém mais poderia formar a
Palavra Sagrada, que é Deus, do que ela mesma!
E ninguém mais pode revelá-la para vós em toda a sua força! Isto é, não
suportaríeis toda a sua força. Por esse motivo recebeis a Palavra de uma forma
preparada exclusivamente para vós, seres humanos, forma esta que contém
justamente tanta força quanto necessitais e quanto podeis suportar, se
estiverdes abertos para isso, pois, sem vos abrirdes para tanto, nada podeis
receber da força, visto que para o recebimento torna-se necessário vosso
querer, que equivale a uma súplica para tal.
Quão freqüentemente ainda brincais em pensamento com a Palavra
Sagrada, sem realmente saber o que com isso fazeis.
Quantas vezes, também, já foi clamado a esta humanidade, que eles
pregaram na cruz a Palavra, ao crucificarem Jesus, mas no entanto ainda
continuam crucificando a Palavra, a cada dia de novo, quando ousam torcê-la
ou interpretá-la somente segundo sua vontade, a fim de torná-la utilizável para
muitos de seus desejos, utilizável em seus efeitos com relação aos seres
humanos!
Todavia, quem chega a pensar que essas transgressões têm de vingar-se
amargamente nos transgressores que ousaram tais males; que não pode haver
absolvição para isso! E quando está escrito: “A vingança é minha! Eu quero
vingar!”, então isso realizar-se-á nesse caso com total intensidade; pois a
Palavra, por mil maneiras já abusivamente utilizada pelos seres humanos
terrenos, foi a Palavra Viva, é o próprio Deus!
Nunca esqueçais o que a Palavra é, a qual eu vos dou naquela forma que
vos é necessária, e assimilai-a como nutrição de vosso espírito, pois ela é o
alimento de que ele necessita, a bebida da qual ele sente sede e sem a qual
ele não pode existir! Não tenteis desvalorizá-la mais uma vez através de vosso
raciocínio terreno! Ela então nunca mais seria oferecida a vós. Conservai-a, a
fim de que ela não possa perder-se para vós!
A Palavra viva de minha Mensagem não consiste nas expressões e
sentenças humanas que utilizo para tal fim; é, porém, em si, algo de intangível
para vós, que eu coloco nela e que através dessas formas torna-se capaz de
penetrar em vosso íntimo, se vos abrirdes para tanto.
Utilizo vossas formas verbais e sentenças somente como uma espécie de
canais, através dos quais conduzo a Palavra viva ao vosso espírito, único
capacitado a assimilá-la, a fim de que, assim fortalecido, possa romper todas
as algemas das trevas rastejantes.
E essa vida, não palpável para vós, que o vosso espírito deve tomar com
essas formas de palavras e sentenças, é uma parte de mim mesmo, que com
isso vos dou, para que vós possais continuar vivendo na graça de Deus!
446
Agora, certamente, tornar-se-vos-á também mais familiar a necessidade,
basicamente exigida, de que Parsival tivesse uma longa vida terrena, entre os
seres humanos, inteiramente incógnito, se devesse, aliás, mais uma vez ser
proporcionado auxílio à humanidade pela Palavra. E somente a Palavra
poderia proporcionar o auxílio, visto que a salvação reside, unicamente, no
despertar do espírito humano, ao qual tem de seguir-se o reconhecimento. A lei
de Deus não previu outro caminho, senão este único, de intocável justiça!
Por esse motivo já falou Jesus: Ninguém chega ao Pai senão através de
mim! Portanto, através da Palavra, pois Ele veio de Deus e, por isso, também
tinha que ser a Palavra. E, por isso, a Palavra para a salvação veio novamente
até a Terra na vontade de Deus que, também como o amor de Deus, é a
Palavra!
Se Parsival, que é uma parte da vontade de Deus, pois, quisesse encontrar
uma forma adequada para a Palavra, que fosse capaz de ajudar os seres
humanos terrenos, tinha, primeiro, de compreender pessoalmente a maneira de
ser dos seres humanos, com todos os seus erros e conceitos torcidos; tinha de
procurar, primeiramente, a raiz de todos os males nos seres humanos, a fim de
pesquisar e abrir os caminhos mediante a forma que deu à Palavra, os quais
realmente tinham de ajudar, se os seres humanos quisessem trilhar por esses
caminhos.
Isto, no entanto, somente seria possível a ele, quando tivesse se tornado
ciente de todos os erros e de todas as fraquezas deles!
O tornar-se ciente, porém, nunca pode ser alcançado por um enviado da
Luz mediante observações ou perguntas, mas sim somente através da própria
vivência, porque erros, fraquezas, males e torções são e permanecerão
completamente estranhos para a Luz. Nunca um enviado da Luz poderá ter
compreensão para tal.
Esta foi, assim, a parte mais difícil do caminho que Parsival teve de trilhar.
Se ele quisesse auxiliar, restava-lhe apenas uma alternativa: teria de viver
como ser humano, entre os seres humanos, temporariamente, sem conhecer
sua origem ou sua missão, pois do contrário jamais poderia advir uma vivência!
Contudo, não apenas isto, mas sim tinha de entrar em contato direto com todos
os erros desta humanidade, tinha de sofrê-los em si, para, mediante essa
participação no sofrimento, chegar pelo menos a um conhecimento a respeito,
já que nunca poderia chegar a uma compreensão, uma vez que as coisas
torcidas das opiniões e dos direitos humanos teriam sempre de permanecer
estranhos e falsos para a espécie e origem dele. Por essa razão ele também
não podia pensar ou agir de acordo com os errôneos direitos humanos, mas
sim, apesar da vida terrena, podia cumprir somente as leis de Deus, às quais
muitas das concepções de direito da humanidade, tão profundamente caída e
restrita, se opunham, freqüentemente, de forma hostil.
Isso resultou, naturalmente, numa luta contínua e árdua, em preocupações
e sofrimentos no sentido terreno para o estranho, vindo da Luz, desconhecedor
de sua missão, durante o período necessário de difícil aprendizagem, no palco
de balbúrdia de todas as trevas.
Por essa razão foi ele atirado, sem consideração alguma, nos torvelinhos
que o conduziram através de tudo o que existia de injusto entre os seres
humanos; não foi apenas posto em presença de tudo, isto não teria sido
447
suficiente, mas sim ele próprio tinha de ser envolvido em tudo, a fim de poder
reconhecer, no meio dessa horrível trama, cada mal, isoladamente, e
encontrar, através do próprio sofrimento, um caminho que proporcionasse aos
seres humanos uma possibilidade de se libertarem das algemas funestas. Ele
próprio teve de trilhar primeiro o caminho da salvação, aplainando-o assim aos
seres humanos, cada um isoladamente, a fim de então mostrar-lhes na Palavra
como poderiam desvencilhar-se de todos esses males.
Por isso nada lhe pôde ser poupado, uma vez que nada lhe deveria ser
estranho daquilo que aflige, martiriza e arrasta os seres humanos da Luz!
Assim, foram-lhe postos no caminho todos os males terrenos, para que os
vencesse primeiro através do próprio sofrimento e, ao vencê-los, extirpasse ao
mesmo tempo as respectivas raízes, esmagando-as e aplainando aos seres
humanos os caminhos que conduzem para fora, em direção à Luz.
Enquanto, pois, sofria entre a humanidade e por causa dela, tinha de lutar
para libertar esta mesma humanidade de todas aquelas coisas que ela utilizava
contra ele, ao mesmo tempo que reconhecia nisso o que havia de errado,
trilhando como primeiro o caminho para a salvação. Com o reconhecimento de
cada mal, por parte de Parsival, também o poder do mal já ficava sempre
quebrado, e estava colocada a base para o auxílio à humanidade que nele se
encontrava afundando.
Este foi o maior e mais pesado sacrifício que ele fez em prol dos seres
humanos terrenos, e, como que por escárnio, é justamente desse período
terreno que os seres humanos das trevas se utilizam para procurar estabelecer
investidas injuriosas contra ele! Querem utilizar justamente esta parte mais
pesada de sua missão, que ele realizou para os seres humanos, através do
próprio sofrimento, para difamá-lo e conspurcá-lo do modo mais repugnante.
Justamente tudo aquilo que ele sofreu por eles, para na hora determinada,
por experiência própria, poder ajudá-los realmente com seu conselho, o qual
tinha de ter nascido da vivência, instrumentos servis das trevas,
constantemente, da forma mais abjeta, procuravam utilizar para censurá-lo, a
fim de reter ou desviar outros seres humanos dos caminhos da salvação,
tentando abalar a confiança e a fé no Salvador e em sua missão. Vós próprios
vivenciastes isto em parte.
Esta é, certamente, a maior das culpas com que os seres humanos se
sobrecarregam, e que não poderá ser perdoada!
Procurai imaginar o que significa, o que é, ter de aprender em poucos
decênios, através de vivência própria, todos os erros e fraquezas humanas
existentes sobre a Terra! Procurai aprofundar-vos nas situações que resultam,
quando todas as conseqüências dos conceitos errados e torcidos dos seres
humanos precisam ser experimentadas, para encontrar a possibilidade da luta
libertadora e dá-la, então, aos seres humanos, na forma adequada da Palavra,
já que a eles próprios seria impossível obtê-la mais uma vez.
E que intuições são despertadas a esse respeito, justamente quando se é
insultado por malévolos. Não é intuição diferente daquela outrora já
experimentada pelo Filho de Deus, Jesus, quando o acusaram de blasfemador,
crucificando justamente ele, que estava em Deus e, também, Deus nele! Ele,
que também já tinha sofrido bastante por causa da humanidade e que só tinha
vindo para ela, a fim de trazer-lhe, ainda a tempo, o auxílio na Palavra!
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Não tivesse Parsival tomado sobre si este sofrimento, a fim de, em auxílio à
humanidade desviada e decaída, achar a forma salvadora para a Palavra
Sagrada, que os seres humanos necessitam em suas aflições, a fim de
poderem trilhar novamente o caminho para as alturas luminosas, nunca mais
poderiam festejar, com gratidão, o verdadeiro Pentecostes, depois do sagrado
Juízo que agora irromperá sobre esta Terra, para ajustar tudo o que é velho, na
justiça do Senhor!
Agradecei, por isso, ao Criador, vosso Deus, pela graça de haver-vos
estendido, mais uma vez, a Sua mão, para que não tivésseis de perder-vos
eternamente! Alegrai-vos com Sua força, que Ele novamente vos concedeu e
vivei gratos, de acordo com a Palavra, em Seu louvor! Pois na Palavra eu vos
dou o caminho, alimento e força, e com isso tendes tudo o que necessitais para
a existência e para a ascensão! A Palavra, porém, eu próprio a sou, e vós
assimilais com isso uma parte de mim em vosso espírito!
AMÉM.
449
22. Conceito de família
Doce lar! Nessas palavras encontra-se um som que indica claramente como
deve ser um lar, que o ser humano constitui aqui na Terra.
A expressão já é bem certa, como tudo o que a palavra dá aos seres
humanos, contudo, também aqui o ser humano torceu o sentido claro e o
arrastou consigo na decadência, na lama.
Despojou-se assim de um apoio após outro, que lhe podiam dar segurança
na existência terrena, e tudo quanto havia de puro na origem foi fortemente
turvado pelas conceituações erradas das criaturas humanas e muitas vezes até
criminosamente transformado num charco, que evoluiu numa vala comum das
almas.
Disso faz parte também o conceito de família em sua forma de até agora,
que tão freqüentemente é louvado e salientado como algo nobre e íntegro, de
elevado valor, como algo que proporciona ao ser humano grande apoio, que o
fortalece e beneficia, tornando-o um respeitável cidadão terreno, que, seguro e
protegido, está capacitado para a luta pela existência, como hoje os seres
humanos gostam de denominar cada vida terrena.
Mas como sois tolos, ó seres humanos; como é estreita e limitada vossa
visão sobre tudo, principalmente sobre aquilo que se refere a vós e à vossa
peregrinação através das Criações.
Exatamente o conceito de família tido por vós em tão alta conta é uma
daquelas armadilhas que, com grande precisão, exige numerosas vítimas e
também as consegue, pois muitas pessoas são, sem a menor consideração,
arremessadas para dentro através das leis não formuladas dos hábitos
humanos e retidas nelas por milhares de braços, até que, atrofiando-se
animicamente de modo lastimável, se entrosem indefesas na massa inerte que
as arrasta para as profundezas de apagada impessoalidade!
E esquisito: justamente todas aquelas pessoas que, com tenaz energia,
procuram se agarrar a tais formas falsas, ainda imaginam que com isso sejam
aprovadas pelo juiz de Deus como sendo especialmente valiosas. Eu, porém,
vos digo, devem ser consideradas como os piores elementos nocivos que
impedem o desenvolvimento e o fortalecimento de muitos espíritos humanos,
ao invés de favorecer!
Abri amplamente, pois, por fim, os portais de vossa intuição, para que vós
próprios possais reconhecer, agora, o errado que se aninhou em todas as
coisas e costumes que o ser humano formou para si, pois ele os formou, sim,
sob o domínio do raciocínio torcido, orientado por Lúcifer!
Quero tentar dar uma imagem que possa levar-vos mais próximos da
compreensão. Ela está intimamente ligada ao grande e automático circular da
Criação, que, impulsionado pela lei do movimento, deve manter tudo sadio,
porque somente no movimento certo podem permanecer o vigor e a força.
Consideremos, pois, como deve ser na Terra, e não como é agora. Então,
todo o espiritual na Terra se assemelharia a um líquido límpido que se encontra
em constante movimento circular e assim permanece, a fim de que não
engrosse ou até mesmo enrijeça.
450
Pensai também num riacho alegremente murmurante. Como é deliciosa a
sua água, como é refrescante e vivificante, oferecendo refrigério a todos os
sedentos e com isso trazendo alegrias e proporcionando bênçãos no percurso
que segue
Se, contudo, dessa água, aqui e acolá, uma pequena parte se separa, ao
saltar de modo independente para o lado, então aquela parte que se separou
fica, na maioria dos casos, logo retida e inerte, qual pequena poça, que, em
sua separação, perde rapidamente o frescor e a limpidez, exalando mau cheiro,
porque, sem movimento, pouco a pouco se deteriora, devendo tornar-se ruim e
podre.
Exatamente assim é com o vibrar espiritual dos seres humanos terrenos.
Enquanto este circule harmoniosamente, de acordo com a lei do movimento,
sem impedimentos ou pressa, desenvolver-se-á também, abençoadamente,
alcançando uma força inimaginada, trazendo dessa forma continuamente
ascensão, porque é favorecido ao mesmo tempo por todas as espécies de
vibrações da Criação inteira, ao passo que nada se lhe opõe, mas sim tudo se
liga alegremente, fortalecendo de modo auxiliador a atuação.
Assim foi o vibrar outrora, há longos, longos tempos, e com desenvoltura
saudável e naturalidade cada espírito humano ascendia sempre mais para
cima, desenvolvendo-se alegremente no reconhecimento. Agradecido, absorvia
todas as irradiações que lhe podiam ser enviadas auxiliadoramente da Luz, e
assim fluía uma corrente refrescante de forças espirituais da água viva para
baixo, até a Terra, e dela, em forma de agradecida adoração e como efluxo do
contínuo vivenciar cheio de paz, voltava novamente para cima, para a fonte de
conservação.
A conseqüência, por toda a parte, foi um prosperar maravilhoso e, como
um jubiloso cântico de louvor, no alegre e desimpedido circular do movimento
harmonioso, soavam, pela Criação inteira, acordes majestosos de pureza não
turvada.
Assim foi outrora, até que se iniciou a torção dos reconhecimentos, através
da formação de falsos conceitos básicos, em decorrência da vaidade dos seres
humanos, trazendo com isso desordens no maravilhoso entrelaçamento de
todas as irradiações da Criação, que nas suas constantes intensificações terão
de forçar por fim o descalabro de tudo aquilo que se ligou estreitamente a eles.
A tais desordens pertence, entre muitas outras coisas, também o atual
rígido conceito de família em sua forma errada, de inacreditável expansão.
Precisais imaginar isso apenas figuradamente. No vibrar e circular
harmonioso do espírito em ascensão, que irradiava refrescantemente ao redor
da Terra, perpassando-a luminosa e abençoadamente, em conjunto com a
entealidade, e elevando-a consigo na forte saudade da Luz, formaram-se
repentinamente interrupções, devido a pequenas condensações que
circulavam conjuntamente apenas de modo indolente. Tal como numa sopa
que está esfriando, onde a gordura se separa ao coagular. É para vós talvez
mais compreensível ainda, se eu comparar o processo com o sangue doente
que, engrossando-se aqui e acolá, pode apenas ainda preguiçosamente fluir
pelo corpo, impedindo assim o perpulsar indispensável e conservador.
Nessa imagem reconheceis melhor o fundamental e sério significado do
pulsar espiritual na Criação, o qual encontra no sangue do corpo terreno, como
451
uma pequena cópia, a sua expressão mais grosseira. Para vós é mais
claramente compreensível do que a imagem da sopa e do riacho murmurante.
Como comparação adicional também pode ainda servir a de que numa
máquina bem lubrificada sejam lançados grãos de areia estorvantes.
Logo que o conceito de família, em si natural, se desenvolve doentia e
erradamente, ele tem de atuar de modo obstrutivo e rebaixador no
indispensável vibrar da lei do movimento alegre em direção às alturas, pois o
atual conceito de coesão familiar tem como fundamento apenas a educação e
a conservação de vantagens materiais e também comodidades, nada mais.
Assim se originaram, pouco a pouco, os aglomerados familiares que
sobrecarregam e paralisam todo o vibrar espiritual, e que em suas esquisitas
espécies nem podem ser denominados diferentemente, pois aqueles que a isso
pertencem atam-se mutuamente, penduram-se um ao outro, formando assim
um peso que os mantém embaixo e os arrasta cada vez mais para o fundo.
Tornam-se dependentes uns dos outros e perdem gradualmente a
individualidade específica, o que os caracteriza como espirituais e por essa
razão também os compromete nisso.
Com isso afastam descuidadamente o mandamento da vontade de Deus
destinado a eles e se tornam uma espécie de alma coletiva, algo que, devido a
sua constituição, nunca poderão ser na realidade.
Cada um se intromete no caminho do outro, querendo muitas vezes até
determinar, e assim amarra fios indestrutíveis e ligadores, que os agrilhoam
uns aos outros, oprimindo-os.
Dificultam o indivíduo, no despertar de seu espírito, a se desligar disso e
seguir sozinho seu caminho, no qual pode se desenvolver e o qual também lhe
está traçado pelo destino. Assim, torna-se-lhe impossível libertar-se de seu
carma, para a ascensão de seu espírito, desejada por Deus.
Tão logo ele apenas queira dar o primeiro passo no caminho para a
liberdade de seu espírito, o qual será o certo só para ele e sua maneira de ser,
não, porém, simultaneamente para todos aqueles que se denominam membros
da família, imediatamente se levantam gritarias, advertências, pedidos,
recriminações, ou também ameaças de todos aqueles que assim procuram
puxar de volta esse “ingrato”, para o domínio de seu amor familiar ou de suas
concepções!
O que não se faz nesse sentido, o que não se argumenta, principalmente
quando se trata das coisas mais valiosas que um ser humano possui, como a
força de resolução de sua livre vontade, no sentido espiritual, que lhe foi dada
por Deus e também necessária, pelo que unicamente ele, e ninguém mais,
será levado à responsabilidade pela lei da reciprocidade.
É da vontade de Deus que o ser humano se desenvolva, transformando-se
incondicionalmente em uma personalidade própria, com a mais pronunciada
consciência de responsabilidade para com o seu pensar, seu querer e seu
atuar! As possibilidades, porém, para o desenvolvimento da personalidade
própria, para o fortalecimento de uma capacidade autônoma de decisão e,
acima de tudo, também a necessária têmpera do espírito e a conservação de
sua mobilidade para um contínuo estado de vigilância, o que somente pode
surgir como uma conseqüência do estado de independência, isso sucumbe
totalmente no tolhido conceito de família. Ele embota, asfixia o brotar e o alegre
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florescer do mais precioso no ser humano, que, aliás, o caracteriza ante as
outras criaturas de matéria grosseira como ser humano, a personalidade
própria, para o que a origem espiritual o capacita e destina.
Ela não pode chegar ao desenvolvimento, pois se o conceito de família for
de maneira deformada, apresentando apenas exigências de direitos na
realidade inexistentes, então muitas vezes se transforma num inaudito
tormento, rompe a paz e destrói qualquer felicidade. A conseqüência é que, por
fim, toda a força para a ascensão se dissipa.
Chamai somente aquelas pessoas que já tiveram de sofrer com isso,
atrofiando-se animicamente; serão massas dificilmente calculáveis!
E quando, através do conceito de família, o amor dos seres humanos
terrenos, ou o sentimento que os seres humanos denominam amor, sopra
benevolentemente, então não é muito melhor, pois aí se procura sempre tornar
tudo o mais cômodo possível ao indivíduo, poupando-lhe justamente aquilo que
obrigaria suas forças espirituais ao desabrochamento... por amor, cuidados ou
dever familiar.
E tais pessoas, às quais cada caminho é aplainado, freqüentemente são
invejadas e, por isso, talvez até odiadas! Na realidade, porém, são apenas
dignas de lástima, pois o amor assim erradamente dirigido ou os costumes de
um conceito de família erradamente aplicados, nunca são de se considerar
como benefício, pelo contrário, atuam como um rasteiro veneno que, com
infalível certeza, não permite desabrocharem as forças dessas pessoas,
apenas enfraquecendo assim os seus espíritos.
É tirada dos seres humanos a temporária pressão, prevista na evolução
natural, a qual provoca o desabrochar de todas as forças espirituais,
oferecendo exatamente com isso o melhor e o mais seguro auxílio para um
desenvolvimento espiritual, como graça do onisciente Criador, auxílio esse que
encerra grande bênção para a conservação e para todos os progressos.
O conceito de família, conhecido e valorizado hoje por todos, é, em seu
significado mais amplo, como um perigoso sedativo para cada espírito humano,
que o cansa e paralisa. Segura e impede a necessária ascensão do espírito,
porque aos membros individuais é afastado do caminho exatamente tudo
aquilo que lhes pode auxiliar, a fim de se fortalecerem. São criadas e cultivadas
plantas de estufa, espiritualmente cansadas, mas não espíritos fortes.
São milhares as espécies de hábitos prejudiciais e estorvantes que o
conceito de família erradamente aplicado acarreta como conseqüências más.
Deveis aprender a reconhecê-las mui rápida e facilmente, quando vos tiverdes
tornado aptos a considerar tudo do ponto de vista certo, que terá de trazer vida
e movimento para a massa até agora inerte dos aglomerados familiares
paralisantes, que se revolvem, de modo represante e obstrutivo, no circular
automático da Criação desejado por Deus e no movimento sadio do espírito,
paralisando e envenenando todo o radiante vigor, enquanto se prendem,
concomitantemente, com milhares de garras, em volta de espíritos humanos
que se esforçam para o alto, a fim de que estes não lhes escapem nem tragam,
na rotina cotidiana, qualquer inquietação que tivesse de perturbá-los em sua
vaidosa presunção.
Vereis com espanto como vós próprios ainda vos encontrais presos em
muitos desses fios, qual uma mosca na teia de uma aranha mortífera.
453
Se apenas vos movimentardes, se tentardes vos libertar disso para atingir
vossa autonomia espiritual desejada por Deus, uma vez que também tereis de
assumir sozinhos a responsabilidade, vereis então com horror de que maneira
ampla já a tentativa de vosso movimento subitamente se faz valer, e só nisso
podereis então reconhecer quão múltiplos são esses fios, nos quais os hábitos
errados vos envolveram inexoravelmente!
Medo então cairá sobre vós com esse reconhecimento, que somente
podeis encontrar no vivenciar. Mas o vivenciar tê-lo-eis rapidamente, irromperá
ao redor de vós, tão logo vosso ambiente veja que tomais a sério a
transformação do vosso pensar e sentir, que vosso espírito quer despertar e
trilhar seus próprios caminhos que lhe estão previstos para o desenvolvimento,
bem como, ao mesmo tempo ainda, para a libertação e redenção, como efeito
recíproco de decisões anteriores.
Ficareis surpreendidos, sim, assustados, ao verdes que de bom grado
estariam dispostos a perdoar-vos qualquer erro mais grosseiro, tudo, mesmo o
pior, menos, porém, os esforços para vos tornardes livres espiritualmente e ter
nisso convicções próprias! Mesmo se nem quiserdes falar a tal respeito, se
deixardes os outros em paz, vereis que nada disso é capaz de alterar algo,
porque eles não vos deixam em paz!
Se, no entanto, observardes e examinardes com toda a calma, então isso
somente terá de fortalecer-vos no reconhecimento de todo o errado que os
seres humanos trazem em si, pois mostram-no bem claramente na maneira
como se apresentam no zelo subitamente despertado de reter-vos. Um zelo
que só desabrocha devido à inquietação do não-rotineiro e que vem do impulso
de continuar na costumeira mornidão e de nela não serem perturbados.
É o medo daquilo, de se verem repentinamente colocados diante de uma
Verdade, que é completamente diferente daquilo em que até então se
embalavam em indolente vaidade.
Eu esclarecerei na próxima dissertação, como deveis proceder nisso, se
quiserdes vibrar harmonicamente, portanto auxiliando, na Lei da Criação.
454
23. Doce lar
São aos milhares os entrelaçamentos em que as criaturas humanas se
enredam com aparente bem-estar. Somente aquelas que sentem em si a lei de
Deus do movimento espiritual, e se esforçam para o despertar, intuem as
ligações de modo extremamente doloroso, porque estas ferem apenas quando
aquele que se acha assim enredado tenta libertar-se delas.
E, todavia, esse libertar-se é a única coisa que pode trazer salvação da
queda no sono da morte espiritual!
Hoje decerto não compreendereis estas minhas palavras em toda a sua
incisiva verdade, porque a humanidade amarrou-se nisso demasiadamente e
mal pode ainda ter uma possibilidade de livre visão disso, ou uma
compreensão total para tanto.
Por essa razão os laços serão agora cortados pela mão executante da
justiça de Deus, destruídos, mesmo que tenha de ser muito doloroso para as
criaturas humanas, tormentoso, se de outra maneira não for possível. Somente
depois do corte e da queda dos laços e das amarras sereis capazes de
compreender direito as minhas palavras, num horroroso retrospecto a respeito
de vosso errado pensar de até agora!
Não obstante, quero destacar da multiplicidade alguns pequenos exemplos,
que talvez possam dar-vos uma idéia, quando já trouxerdes a Mensagem
dentro de vós; pois sem esta qualquer possibilidade de compreender, mesmo o
mínimo, seria para vós totalmente impossível. Através da Mensagem também
vos é possível agora compreender corretamente toda a vida na Terra, com tudo
o que nisso sucede ou se refere a vós.
Olhai, pois, junto comigo para a atual vida humana:
Está certo se as crianças são conduzidas através de sua infância fielmente
protegidas e guardadas, se para a juventude em crescimento é dada, através
de correspondente instrução, a ferramenta para os caminhos através da vida
terrena.
Contudo, depois deve restar para cada ser humano individual a
possibilidade, e até ser dada, de progredir por si próprio, desde o começo. Não
deve, desde o início, tudo lhe ser tornado cômodo! E oferecer uma tal
possibilidade, deve ser tarefa dos governantes.
No tornar cômodo, ou facilitar, está o maior perigo como incentivo para a
preguiça espiritual! E isso sempre aconteceu até agora no bem-intencionado
conceito de família.
Já é veneno para um espírito humano se, quando criança, é educado na
crença de que tem direito à posse dos bens terrenos que os pais adquiriram.
Eu agora falo dos danos do ponto de vista puramente espiritual, que é o
essencial em todas as atividades de um ser humano. Inclusive no futuro deve
ficar sempre consciente disso, se ele e as suas relações ambientais devam
realmente ser sanadas.
Contudo, também do ponto de vista terreno uma transformação nisso
mudaria muita coisa imediatamente e eliminaria muitos males. Admitamos, por
exemplo, que uma criança, legalmente até uma bem determinada idade,
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apenas tivesse direito de usufruir a proteção e os cuidados dos pais, com uma
correspondente instrução; depois, porém, dependeria somente da livre vontade
dos pais de como quisessem dispor de suas posses pessoais.
Quão diferentes se tornariam tantas crianças, só por causa disso! Muito
mais esforço próprio resultaria daí, muito mais seriedade para a vida terrena,
muito mais aplicação. E, não por último, resultaria também mais amor para com
os pais, o qual não poderia permanecer tão unilateral como tantas vezes hoje
se apresenta.
Os sacrifícios dos pais amorosos recebem também com isso um valor
muito mais elevado, visto que então ocorrem de fato somente por amor
espontâneo, ao passo que tais sacrifícios, hoje, freqüentemente nem são
valorizados pelos filhos; pelo contrário, apenas aguardados e exigidos como
algo muito natural, sem que sejam capazes de provocar verdadeira alegria.
A alteração nisso, sem mais nem menos, já contribuiria para conseguir
pessoas mais valiosas, com maior autoconsciência, de espírito mais forte e
com aumentada energia.
Mas também crimes seriam evitados freqüentemente, se não existisse
direito algum de posse em fortuna pessoal de outrem.
Para os filhos seria mais apropriado conquistar o amor de seus pais, em
vez de se prevalecerem da filiação e também de seus direitos, filiação essa que
de qualquer forma tem um sentido completamente diferente do que hoje é
suposto, uma vez que os filhos devem ser gratos por seus pais lhes terem dado
o ensejo da encarnação terrena, mesmo que aí os resgates e os benefícios
sejam mútuos como se dá em todos os efeitos das leis de Deus.
Na realidade esses filhos são, pois, todos eles, espíritos estranhos aos
seus pais, personalidades autônomas, que apenas devido à sua igual espécie
ou qualquer ligação anterior puderam ser atraídos para a encarnação, como
vós sabeis da Mensagem.
Os pais terrenos oferecem proteção e ajuda para a época que o espírito
necessita, a fim de conduzir de maneira plena e auto-responsável o seu novo
corpo terreno; depois, porém, o ser humano terreno tem de ficar absolutamente
independente, do contrário jamais conseguirá fortalecer-se como seria útil para
ele, no grande vibrar das leis de Deus. Ele deve lutar e ter obstáculos para,
vencendo-os, subir espiritualmente, rumo às alturas.
Uma alteração na idéia de até agora do direito de um filho nas posses dos
pais teria, porém, muito mais efeitos ainda do que os já mencionados,
pressuposto que direções governamentais construtivas se enquadrem
correspondentemente em sua atuação para o povo e, abrindo caminho, ajudem
tanto os pais como os filhos nesse sentido.
Também o conceito de aquisição de cada um, com isso, tem de se
desenvolver de modo diferente. Hoje muitas pessoas procuram aumentar
sempre mais as suas posses, só para proporcionar aos filhos uma vida mais
fácil, deixando-as para eles como herança. Todo o pensar é orientado só nesse
sentido e se torna o motivo do acúmulo egoístico de bens terrenos.
Mesmo que isso não viesse cair totalmente, visto que este ou aquele,
apesar de tudo, ainda escolheria esse sentido como base de toda a sua
atividade de vida, haveria assim também muitos outros que dariam às suas
atividades terrenas um alvo mais elevado e mais amplo para bênção de muitos.
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Então cairão os calculados matrimônios imorais, bem como a fraude de
triste caça aos dotes. Tantos males cairão assim por si mesmo, e algo salutar
ocupará os seus lugares; honestidade de íntima intuição sobressairá, e os
matrimônios tornar-se-ão legítimos! De antemão se chegará a um casamento
com muito mais seriedade.
Para a juventude adolescente deve ser oferecido o ensejo de não apenas
poder, mas ter de desenvolver as suas forças espirituais no sentido da
Mensagem, a fim de adquirir o necessário para a sua vida! Unicamente isso
seria o certo, pois então, mas também somente então, ela progrediria
espiritualmente, porque teria de movimentar-se espiritualmente.
Ao invés disso, porém, para tantos filhos exatamente esse caminho, para
eles necessário à sanidade espiritual, é demasiadamente facilitado pelos pais
ou outros membros da família, e lhes é tornado tão cômodo quanto possível. A
isso, então, se chama conceito de família e amor ou, também, dever familiar.
Não quero enumerar os danos que através disso surgem, mesmo com a
melhor boa vontade, pois inclusive cada ser humano bom necessita, aqui e
acolá, para fortalecimento, impulsos exteriores e obrigações. Voluntariamente,
apenas raras vezes se colocaria numa situação onde fosse obrigado a se
esforçar para aplicar todas as forças espirituais, a fim de se tornar senhor da
situação e resolvê-la favoravelmente. Na maioria dos casos, se tivesse uma
escolha, optaria pelo caminho mais cômodo, a fim de ter tudo facilmente, o
que, porém, espiritualmente, não lhe traz proveito algum.
O auto-respeito, a confiança em si próprio, porém, aumentará, se com
esforço e dedicação ele mesmo se realizar terrenalmente, e se tudo isso for
uma conseqüência de seu trabalho.
Avaliará então muito mais acertadamente as posses, dará valor ao trabalho
e também a cada mínima alegria; valorizará também, correspondentemente,
cada favor de outrem, e poderá se alegrar muito mais vivazmente do que uma
pessoa a quem muito é lançado no regaço sem o mínimo esforço próprio e que
somente procura preencher o tempo com distrações.
Para uma acertada capacidade de progredir, deve-se procurar proporcionar
os meios, se realmente se deseja ajudar. Não se deve simplesmente dar a
alguém, sem determinadas obrigações, aqueles frutos que um outro conseguiu
com seus esforços.
Naturalmente, os pais sempre podem dar tudo de presente aos seus filhos,
se quiserem, ou podem por falso amor sacrificar-lhes a finalidade e o tempo de
toda a sua vida terrena, podem tornar-se seus escravos, pois nisso lhes fica o
livre-arbítrio, mas uma vez que nenhuma lei terrena aí os obriga a algo, terão
de arcar, na reciprocidade da vontade de Deus, com a plena responsabilidade
disso, completamente sós, pela sua própria negligência na Criação e, em parte
também, pelo dano espiritual que assim atinge os filhos.
Os seres humanos não se encontram aqui na Terra em primeiro lugar para
os filhos, mas sim para si mesmos, a fim de que eles possam amadurecer
espiritualmente e se fortalecer. Por falso amor, porém, isto não foi mais
observado. Apenas os animais ainda vivem aí dentro da lei!
Examinai, pois, severamente os costumes familiares:
457
Duas pessoas querem se unir em matrimônio, querem constituir um lar
próprio, a fim de, juntas, caminharem através da existência terrena e, para essa
finalidade, estabelecem o noivado.
O noivado é, portanto, o primeiro passo para o matrimônio. Ele representa
o mútuo compromisso de união, para que, baseado naquele compromisso,
possa iniciar-se o sério preparo do lar.
Um noivado nada mais é do que a base terrena para a formação de um
novo lar e o início para a aquisição de tudo aquilo que é necessário para isso
terrenalmente.
Aí, porém, logo começam novamente falsos hábitos.
Na realidade, esse noivado se refere, pois, exclusivamente àquelas duas
pessoas que, conjuntamente, querem constituir um lar. Que as famílias ou os
pais compartilhem na aquisição de tudo aquilo que é necessário terrenalmente
para isso é uma coisa totalmente à parte, que deveria permanecer puramente
externa, a fim de estar certo. Podem presentear, se quiserem, ou podem
auxiliar de alguma forma. Isso tudo permanece coisa externa e não liga, não
forma nenhum fio de destino.
Mas o noivado devia ser também incondicionalmente o último, o mais
extremo limite de toda e qualquer ligação familiar. Assim como um fruto maduro
cai da árvore, se a árvore e o fruto querem cumprir a finalidade da existência,
sem se prejudicar mutuamente, assim um ser humano, depois do seu
amadurecimento, tem de se separar da família, dos pais, pois também estes
têm, como ele mesmo, ainda incumbências próprias!
As famílias, porém, consideram isso de modo diferente, até mesmo o último
momento, que é quando duas pessoas se encontram e se comprometem. Mui
freqüentemente se arrogam aí direitos aparentes, que nem sequer possuem.
Tão-só pela força de Deus lhes é dado cada filho, que, aliás, desejaram,
pois do contrário não poderiam tê-lo recebido. É somente realização de um
desejo, que se manifesta pela união íntima de duas pessoas!
Não têm direito algum ao filho, o qual lhes é apenas emprestado; nunca,
porém, lhes pertence! Também lhes é tirado, sem que possam retê-lo ou sem
que sejam antes consultados a esse respeito! Daí vêem, pois, bem
nitidamente, que não lhes são outorgados direitos sobre isso pela Luz, a
origem de toda a vida.
Que até a época da maturidade também assumam obrigações é
completamente natural e uma compensação pela realização de seu desejo,
pois não teriam recebido filho algum, se não tivessem provocado a
oportunidade para isso, o que equivale a um pedido nas leis primordiais desta
Criação. E em troca dessas obrigações eles têm, como compensação, alegria,
se cumprirem direito esses deveres.
Depois da época da maturidade, porém, têm de deixar cada pessoa seguir
os próprios caminhos, os quais não são os seus.
Nos noivados e matrimônios as duas pessoas, de qualquer forma,
separam-se das famílias, a fim de, elas mesmas, se unirem em um lar próprio.
Ao invés disso, porém, ambas as famílias julgam que através desse noivado e
matrimônio também foram ligadas conjuntamente, como se fizessem parte,
458
apesar de que, observado de modo bem objetivo, esse nem é o caso e já a
idéia causa estranheza.
Um noivado de duas pessoas não traz para uma família, ampliando seu
círculo, uma filha e, à outra, um filho; pelo contrário, ambas as pessoas,
individualmente, unem-se completamente sós, sem ter a intenção de cada uma
carregar consigo a sua respectiva família.
Se as pessoas adivinhassem de que modo nocivo essas estranhas
opiniões e hábitos têm de se efetivar, talvez por si mesmas deixassem isso;
não sabem, porém, quanta desgraça é assim causada.
Os falsos hábitos não se processam sem ligações na parte fina da matéria
grosseira. Fios se entrelaçam dessa forma em torno do casal em via de
constituir um lar próprio, e esses fios estorvam, enredam e com o tempo dão
cada vez mais nós, provocando, freqüentemente, coisas desagradáveis, para
cuja origem as pessoas não encontram explicação, não obstante foram elas
mesmas que colocaram a base para tanto, com seus hábitos freqüentemente
ridículos e importunos, aos quais sempre falta a verdadeira e profunda
seriedade.
Pode ser dito, sem exagero, que falta sempre, pois quem compreende
realmente a seriedade da união de duas pessoas, seriedade com relação ao
noivado e ao matrimônio, esse afastará para longe de si os usuais hábitos
familiares, preferindo, em vez disso, horas serenas de íntima introspecção,
que, com muito mais certeza, conduzem a um feliz convívio, do que todos os
maus costumes exteriores, pois de bom costume isso não pode ser
denominado.
Após o noivado, quando as condições o permitem e seja possível, é
montado ao casal um lar que, de antemão, nada mais deixa a desejar, que,
portanto, já desde o início tem de excluir, ou pelo menos por muito tempo, uma
ascensão alegre, pois pensaram em tudo, e nada mais falta.
Fica assim tirada do casal qualquer possibilidade de participar na
decoração do seu lar com dedicação e afinco, mediante a aquisição própria, de
se alegrar com o fato de que juntos se esforçam, como uma das metas
terrenas, para um lento aperfeiçoamento do próprio lar, a fim de então, com
orgulho e amor, dar valor a cada uma das peças individuais adquiridas, nas
quais se ligam recordações de tantas palavras carinhosas, de tantos esforços e
lutas, que, com alegria, venceram corajosamente, ombro a ombro e, também,
de tanta felicidade cheia de paz!
De antemão já se tira a alegria de tantos e só se tem em vista tornar tudo
tão cômodo quanto possível. As duas pessoas, porém, permanecerão nesse lar
sempre estranhas, enquanto não tenham aí objetos que elas próprias puderam
adquirir.
Não preciso falar sobre isso muito mais, pois vós próprios com o tempo
reconhecereis o errado e, antes de tudo, também o nocivo nisso, tanto
espiritual como terrenalmente, quer queirais quer não, pois também nisso,
finalmente, tudo tem de se tornar novo e certo, assim como está
suficientemente claro nas leis de Deus.
Dai às pessoas e aos jovens casais a possibilidade de um progresso
ascensional próprio, unicamente isso lhes causará alegria duradoura, visto lhes
aumentar o auto-respeito e também a autoconfiança, despertando com isso a
459
intuição de auto-responsabilidade, e assim agis certo! Dessa forma dais mais
do que quando lhes quereis tirar todas as preocupações da vida ou quando
procurais facilitar-lhes tanto quanto possível, com o que apenas podeis
enfraquecê-los, impedindo-os do indispensável fortalecimento.
Com isso vos tornais inimigos deles; não, porém, os verdadeiros amigos
que quereis ser. Com demasiados favores e facilidades roubais deles mais do
que hoje, com as minhas palavras, talvez possais supor.
Muitas criaturas humanas serão dolorosamente atingidas por isso, porém
arranco-as desse modo da vala comum, à medida que as liberto do falso e
nocivo conceito de família, paralisador do espírito, que por intermédio de
suposições totalmente erradas pouco a pouco se formou.
Também nisso, finalmente, tudo tem de se tornar novo, pois focos de
perturbações de tais espécies serão impossíveis nesta Criação, após a
purificação.
460
24. A chama do discípulo
Tanto em quadros antigos como em modernos encontram-se os discípulos do
Filho de Deus, Jesus, freqüentemente representados com línguas de fogo
sobre a cabeça, de modo que tal figura no quadro assemelha-se a uma vela
acesa, ardendo de maneira irrequieta.
Essa apresentação provém, em sua origem, de artistas que, ou foram eles
próprios clarividentes e retransmitiram, dessa forma, imagens mostradas
espiritualmente, ou então aproveitaram descrições feitas por pessoas
clarividentes.
Entre eles, porém, ainda existem outros que se basearam na narração da
efusão da força do Espírito Santo sobre os discípulos, onde são feitas alusões
a línguas de fogo.
Não obstante, a maioria dos seres humanos terrenos presume que
somente a fantasia do artista escolheu essa forma de representação. Neste
caso, porém, a representação chega bem próxima da verdade, até o ponto em
que ela se deixa compor em imagens.
De todos os artistas, porém, que criaram tais quadros, bem como de todos
os seres humanos que tomaram conhecimento deles ou que por si mesmos
formaram uma idéia parecida a respeito, nenhum sabe a verdadeira conexão e
a origem desse aparecimento da língua de fogo sobre a cabeça. Pessoas
clarividentes vêem-na, sim, mas não sabem valer-se disso, pois jamais surgiu
uma explicação entre os seres humanos a esse respeito, que somente pode
ser dada do alto.
Por essa razão quero hoje falar a respeito, porque os atuais discípulos
trazem a mesma chama sobre a cabeça, o que pode se tornar claramente
visível em certos momentos para muitas pessoas clarividentes. Não para todas,
pois o dom da vidência é distribuído de modo diferente.
A consagração de discípulo liga os seres humanos escolhidos para tal, da
Criação posterior à Criação primordial. Isto acontece pelo fato de ser doada
aos espíritos humanos desenvolvidos uma centelha do puro espiritual.
Essa centelha apresenta-se então qual língua de fogo sobre a cabeça,
contudo apenas quando ele utiliza essa centelha e não é demasiado indolente
para tal. Na utilização, ela brilha e atua de acordo com a sua espécie. Ela
continuará, no entanto, sempre por si, podendo ser associada ou anexada ao
espiritual, mas nunca absorvida por ele.
Assim como o puro espiritual na Criação vibra, segundo as leis, de acordo
com a sua espécie, acima do espiritual, da mesma forma está acima do espírito
do discípulo da Criação posterior, e assim permanece, sem nele penetrar, pois
o puro espiritual não é acaso um espiritual mais refinado ou apenas mais forte,
mas sim é de uma espécie completamente diferente, autônoma, tendo por
conseguinte uma constituição completamente diversa do espiritual.
Uma anexação dessas duas espécies torna-se possível quando existem as
transições de acordo com as leis da Criação, nunca porém uma fusão.
Essa é a razão pela qual a centelha puro espiritual se apresenta acima do
espírito humano, como língua de fogo.
461
Eu não quero contentar-me, porém, em explicar somente o acontecimento
reproduzido pelos pintores nos quadros, mas sim, prosseguindo, mencionar
também por que os discípulos recebem uma centelha da Criação primordial,
por que dela necessitam, pois sem necessidade absoluta também não a
receberiam.
Os discípulos devem se tornar mediadores entre o Filho de Deus
encarnado na Terra e os seres humanos terrenos. Eles devem divulgar a
Palavra divina, viver a vontade divina como exemplo, realizar terrenamente
como primeiros.
Para isso necessitam de uma capacidade de compreensão mais ampla,
apta a assimilar o elevado sentido da Palavra de Deus, isto é, compreender o
Filho de Deus.
Só para esse fim todos os discípulos recebem uma centelha do reino puro
espiritual, que os capacita a assimilar a Mensagem proveniente da Luz de
maneira mais elevada do que o espírito do ser humano terreno desenvolvido,
porque eles, mediante a centelha, podem aproximar-se um pequeno passo do
divino, são elevados espiritualmente da Criação posterior para um
reconhecimento melhor.
De outra forma, demasiado grande é o abismo entre um Filho de Deus e os
seres humanos terrenos, demasiadamente profunda a queda já ocorrida até
agora da humanidade na Terra, de modo que a assimilação da força da
Palavra proveniente da Luz tornar-se-ia totalmente impossível para a
humanidade, sem a mediação dos discípulos.
A centelha do puro espiritual, que os discípulos recebem como dádiva pela
graça proveniente da Luz, capacita-os não apenas para uma compreensão
mais fácil e mais ampla, mas também para uma recepção de força superior.
Essa força que os discípulos se tornam capazes de absorver, teria de
passar inaproveitada pelos seres humanos terrenos, porque estes não estão
em condições de abrir-se para tal, se antes ela não for tornada acessível a sua
espécie espiritual.
Realizar isso é incumbência dos discípulos!
Uma transformação da força pelos discípulos, para a retransmissão, nem
entra em consideração, visto que uma transformação da força, em si, é
absolutamente impossível. A força permanece sempre exatamente a mesma,
apenas a irradiação da espécie correspondente, incandescida pela força, é
também diferente na diversidade de espécies, podendo, por isso, apartar-se
em muitas divisões.
A força produz somente a pressão! O efeito da pressão, porém, é
determinado pela diversidade de resistência que as espécies oferecem na
Criação. Apenas as diferenciações de resistência provocam calor ou frio, cores
e sons, atrações ou repulsas, sob forma de movimentos, e também gravidade
ou leveza. Identicamente todas as variações nisso. Só a resistência, portanto,
provoca a expressão de todas as particularidades! Essa palavra “expressão”
mostra de fato o acontecimento sob o aspecto certo, pois é pela força que as
propriedades de todas as espécies são realmente expressas, chegando,
portanto, à expressão pela pressão da força, são forçadas a se manifestar.
Quanto mais ou menos acentuada for a resistência das espécies, de modo
correspondente apresentam-se, produzidos e expressos pela pressão, as
462
irradiações e seus efeitos, em suas características bem definidas que aí se
desenvolvem.
Imaginai-o assim: a força viva é! Somente, porém, pela resistência é que
ela se torna sentida e perceptível, a qual também provoca e gera a pressão,
bem como faz com que esta se torne mais forte ou mais fraca.
E na pressão nasce tudo o que se vê, ela é a base de cada formação na
Criação, que tem de colocar-se em torno da Cruz isósceles e vibrar na mesma,
visto que essa Cruz é a força viva que sempre permanece numa vibração
equilibrada, positiva e negativa. A vibração positiva vertical, a vibração negativa
em sentido horizontal.
Isto, hoje, porém, só de passagem. Voltemos a observar os discípulos, que
trazem uma língua de fogo do puro espiritual sobre a cabeça.
Essa língua de fogo atua de duas maneiras, uma vez como um funil para o
espírito humano, debaixo dela, e outra vez como uma antena. Eu descrevo
assim duas espécies de recepção. O funil representa a imagem da recepção
passiva, negativa, enquanto a antena reflete a recepção ativa ou positiva. No
funil há necessidade de derramar dentro, enquanto a antena, por si só, segura
firme aquilo pelo qual, de uma maneira bem determinada, é atingida.
O funil recebe a Palavra como forma e a antena a recebe como irradiação
de força.
O efeito sobre o discípulo agora é o seguinte:
Apesar de ser ligada, a chama conserva sua espécie individual, assim
como também o espírito humano terreno mantém, sem modificações, a espécie
própria que lhe compete.
Contudo, o que a chama sobre a cabeça do discípulo é capaz de absorver,
ecoa vibrando no espírito humano e este retransmite então aos seres humanos
terrenos aquilo que, no co-vibrar, intuiu! Transmite de acordo com a espécie
dos seres humanos terrenos, porque pela lei da Criação não lhe é possível de
outra forma e, por isso, os seres humanos terrenos também podem
compreendê-lo devido à igualdade de espécie de seu espírito! Assim,
aparentemente é como uma transformação da força da Palavra e da espécie,
porque o discípulo retransmite diferentemente do que é capaz de receber. Seu
espírito, porém, nada recebeu diretamente, mas sim apenas pôde intuir no
vibrar da recepção da chama sobre ele, aquilo que a chama captou.
Sem essa chama, de intuição mais delicada, o espírito humano do
discípulo não poderia perceber mais do que outras criaturas humanas.
O espírito humano do discípulo, no entanto, só pode intuir conforme sua
própria espécie peculiar; absorve, por isso, já na intuição, de acordo com essa
espécie peculiar, a qual então retransmite da forma como ele mesmo intuiu,
dentro de sua espécie igual à dos seres humanos terrenos.
Não se trata, pois, na realidade, de nenhuma transformação da força, mas
sim um discípulo pode, por intermédio da chama que lhe foi proporcionada,
intuir muito mais do que os seres humanos terrenos, já que a chama se
assemelha a uma antena capaz de intermediar maiores distâncias,
concedendo-lhe, parcialmente, a capacidade de recepção das vibrações do
puro espiritual.
463
Suponho ter-me expressado com suficiente clareza, a fim de despertar em
vossa capacidade de imaginação um quadro que se assemelhe o mais possível
ao acontecimento.
No entanto, deveis imaginar sempre de novo que uma espécie determinada
nunca pode, como tal, ser transformada. Ela pode receber, pelo poder superior,
algo que lhe possa ser anexado, porém esse anexado sempre manterá a sua
própria espécie individual. Só pode resultar numa atuação conjunta, que tem de
manter o caminho exatamente de acordo com as leis da Criação, sem poder
sair nem para cima, nem para o lado.
Os discípulos recebem, portanto, essa língua de fogo puro espiritual para
uma melhor capacidade de absorção das palavras do Filho de Deus na Terra,
cujo sentido então retransmitem de acordo com a espécie humano-terrenal,
assim como, também, a força sagrada contida na Palavra.
Isso acontece, portanto, para facilitar o cumprimento da missão do Filho de
Deus na Terra, ou, pode-se dizer também, para, de algum modo, possibilitar a
atuação de um Filho de Deus na Terra.
Com isso pode-se reconhecer a enorme importância que os discípulos, em
suas várias espécies, têm como pontes para a humanidade, que não devem
ser interrompidas, mas sim plenamente cumpridas.
São pontes de espécies completamente diferentes, das quais a
humanidade precisa na sua composição, a fim de poder alcançar a Palavra e a
força correspondente. Por esse motivo também os discípulos não são
escolhidos uniformemente em suas características pessoais, mas sim são
completamente diferentes entre si. Diferentes em educação e caráter, no saber
terreno e na posição social, diferentes mesmo na sua maturidade espiritual.
Essas diferenças são necessárias, pois proporcionam as pontes para os
variados grupos, nos quais a massa da humanidade se dividiu.
Cada discípulo assimila a Palavra e a força do Filho de Deus de acordo
com a própria espécie e as retransmite correspondentemente, atingindo com
isso aquele grupo da humanidade que tem igual espécie com ele. O discípulo,
porém, tem de aperfeiçoar essa sua espécie à máxima madureza, a fim de
constituir um exemplo para os de sua igual espécie!
Com isso recebeis agora uma idéia da sabedoria de Deus, que em amor
abrange com a vista tudo quanto existe, sabendo auxiliar de modo
correspondente. Isto também vos esclarece muitas coisas que vos faziam
quebrar a cabeça, porque não podíeis explicar o motivo para tal ou qual
atuação.
Em cada discípulo, individualmente, vedes personificado e representado
um grupo bem definido de seres humanos terrenos. Nenhum deles se iguala ao
outro, tampouco se igualam completamente os grandes grupos de seres
humanos terrenos de igual espécie.
A totalidade do grupo dos discípulos, contudo, personificará também toda a
humanidade terrena... após o Juízo! Pois só então os seres humanos poderão
receber o auxílio certo através dos discípulos. Só então serão baixadas as
pontes levadiças, que hoje ainda têm de permanecer suspensas.
Vale aí, porém, sempre apenas a criatura individual como tal, não acaso
como raça, como membro de uma nação ou até do produto luciferiano de um
464
raciocínio ávido de poder, que é chamado de “partido” e que é um dos canais
mais funestos da vontade luciferiana.
Perante Deus tal coisa não existe. Lá existe somente a criatura como tal! E
como a criatura individual é dentro de si mesma, assim vale na Criação e
perante Deus, não diferentemente!
Também não entra em cogitação aí, se uma criatura humana é católica ou
protestante, ou se pertence a qualquer confissão especial; ela vale unicamente
como ser humano por si. O pensar, o querer e o atuar são determinantes
perante as sagradas leis de Deus!
Os disfarces multicoloridos, com os quais o raciocínio procurou envolver a
alma na Terra, serão arrebatados com o Juízo de Deus, pois estão pendurados
apenas frouxamente. Aquilo, porém, que procurou ocultar-se debaixo, isso será
revelado agora pela irradiação da Luz!
Da escolha dos discípulos resulta o fato de que, para cada ser humano na
Terra, após o Juízo, também haverá um discípulo, que, justamente de acordo
com sua espécie, pode transmitir-lhe a Palavra e a força, sendo que ninguém
que procure e peça ficará sem ser atendido, desde que se esforce em
encontrar realmente a Palavra. Ele imprescindivelmente receberá
espiritualmente a ligação com aquele discípulo que, em sua espécie, lhe é mais
próximo e pode, também terrenamente, encontrar-se com ele, se ele
sinceramente o deseja, para receber dele também a última coisa: o selamento!
Assim foi providenciado pela Luz. Hoje vedes apenas inícios disso e por
essa razão ainda não podeis formar um quadro completo; virá, porém, o tempo
em que ficareis admirados e vereis que já hoje estava constituído precisamente
todo o alicerce para isso e que só falta colocar algumas pedras nos lugares
ainda vazios por aqueles discípulos, que ainda serão convocados, para
terminar a magnífica obra de mosaico, sobre a qual deverá fundamentar-se o
grande Reino de Paz do Milênio, que está prometido por Deus, e que só por
Deus pode ser criado, nunca pela espécie humana, mesmo que muitos seres
humanos se considerem escolhidos para tal.
Em todos estes casos a ausência do sucesso, no momento em que tal ser
humano julga tê-lo alcançado, provará que foi apenas um ser humano que
tentou alcançá-lo!
Tudo isto vivenciareis agora. Por essa razão olhai em redor de vós e
despertai, ó seres humanos! Rogai a Deus, com humildade pura, pelo auxílio
tão ardentemente almejado. Não confieis no raciocínio humano, mesmo se ele
vos prometer, com palavras altissonantes, um paraíso. Só Deus, unicamente,
vo-lo poderá dar e ninguém mais em toda a Criação! Dirigi-vos a Ele, pois Sua
Sagrada Palavra quer cumprir-se em vós!
465
25. O sexo fraco
Se quiserdes reconhecer tudo quanto está errado nas acepções, costumes e
hábitos de até agora desses seres humanos terrenos, não vos custará muito
esforço, pois nada tendes a fazer senão apanhar qualquer expressão e
examiná-la profundamente. Será errada, sim, ela deve estar errada, porque já a
base de todo o pensar desses seres humanos terrenos está completamente
torcida.
Em base errada, porém, nunca se pode desenvolver o pensar certo, pelo
contrário, de acordo com a base, deve igualmente estar errado.
Tomemos hoje, pois, a denominação comumente difundida para a
feminilidade terrena, como sendo o “sexo fraco”. Por certo não haverá uma
pessoa entre os ouvintes que ainda não tenha ouvido essa expressão. É usada
carinhosamente, bem como de forma mordaz, benevolentemente e também de
modo irônico, mas é aceita sempre sem reflexão como existente, e é
conservada impensadamente ou então sem exame.
Na realidade, contudo, na Terra a feminilidade é igualmente tão forte
quanto a masculinidade, só que de outra maneira.
Em minhas dissertações já esclareci muitas vezes que o conceito
propriamente dito com relação à feminilidade e a masculinidade parte da
espécie de atuação na Criação, que, portanto, a espécie da atividade é básica
para isso e somente determina a forma, que deixa reconhecer a criatura
humana na Terra como feminina ou masculina.
A diferença mostra-se imediatamente, quando os germes dos espíritos
humanos deixam o seu plano de origem. Aqueles que se inclinam para a
atividade positiva, portanto mais grosseira, adquirem formas masculinas, ao
passo que em volta daqueles que querem atuar de forma passiva, portanto
mais delicada, constituem-se formas femininas. São duas espécies diferentes
de atuação, porém igualmente fortes; de uma espécie mais fraca aí não se
pode falar absolutamente.
Essas duas espécies dão também a interpretação da própria Cruz viva, que
em si é perfeita! A barra vertical da Cruz é a vida positiva, portanto, ativa; a
barra horizontal, igualmente forte e de igual comprimento, é a vida negativa,
portanto, passiva. A Cruz viva traz ambas em si!
A Cruz da Criação, partindo da qual e em volta da qual a Criação inteira se
desenvolve, diz e mostra o mesmo. A barra vertical é a atuação positiva, ativa,
e a barra horizontal, a atuação negativa, passiva.
Os anciãos, na esfera divina, que são simultaneamente os guardiões do
Santo Graal, na parte divina do Supremo Templo do Graal, mostram em suas
irradiações, igualmente, ambas as traves, portanto a Cruz isósceles. Neles,
porém, não é a própria Cruz viva que constitui a sua irradiação, mas deixa
reconhecer que esses anciãos são espíritos completos em sua espécie,
trazendo integralmente ambos em si, o ativo e o passivo, em harmonioso atuar.
Na Criação, porém, o ativo é separado do passivo em seus efeitos. Cada
espírito traz em si ou apenas o ativo ou apenas o passivo, como depois se
repete também com as sementes espirituais.
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Estas atuam, ou passiva ou ativamente, uma ao lado da outra e, contudo,
almejam permanentemente uma pela outra, uma vez que ambas as espécies
somente podem realizar algo completo na atuação conjunta. Completo, no
entanto, somente quando ambas as espécies atuarem igualmente fortes e
almejarem por um alvo: em direção à Luz!
Para poderem fazer isso, não precisam viver juntas em matrimônio terreno,
não precisam absolutamente estar estreitamente ligadas na matéria grosseira,
nem mesmo precisam se conhecer pessoalmente. Apenas o alvo deve ser um
só: em direção à Luz!
Menciono isso expressamente para que não se tirem, por acaso,
conclusões erradas de minha dissertação, pois matrimônios e aproximações
físicas na matéria grosseira são uma coisa totalmente à parte, que não estão
condicionadas com o almejar pela Luz, mas, sendo puras, também não
estorvam.
Contudo, esta dissertação se destina, antes de tudo, à expressão errônea:
o sexo fraco. Aí eu não devo desviar-me demais, mas quero mostrar-vos, por
que motivo pôde surgir outrora a expressão e como pôde se manter
continuamente.
Isso no fundo não é tão difícil. Também vós poderíeis reconhecê-lo
facilmente, se quisésseis vos esforçar e examinar tudo, focalizando nitidamente
o que o vosso próximo diz.
Sabeis que toda a feminilidade na Terra tem de manter acordada a
saudade da Luz, como guardiã da chama da saudade da Luz, que conserva e
conduz para cima.
Para essa finalidade desenvolve-se nela também a capacidade de intuição
mais delicada, porque em seu impulso para a atividade mais delicada não se
desligou dela tanto espírito-enteal como na masculinidade, que se inclina para
a atividade mais grosseira.
Assim, cada mulher é receptora e mediadora de irradiações que a
masculinidade não pode mais receber. A feminilidade aí se encontra meio
degrau acima, mais voltada para a Luz do que qualquer homem. Pressuposto,
naturalmente, que ela se situe de maneira certa e não desperdice as suas
capacidades ou até as emuralhe.
Que a mulher dispõe por causa disso de sensibilidades que o homem não
traz mais em si, e também não pode trazer, pela espécie de sua atividade, uma
vez que elas, em caso contrário, o impediriam de muitas coisas grosseiras que,
no entanto, são necessárias, isso o homem intui de modo inconsciente. Ele, na
verdade, não se apercebe disso de maneira nítida, ou então apenas mui
raramente, mas sente de modo intuitivo nisso um tesouro que quer ser
protegido. Sente-se impulsionado a proteger na matéria grosseira esse tesouro
invisível, porque terrenalmente, isto é, grosso-materialmente, ele se sente
como o mais forte.
Há apenas poucos homens que não intuem isso. Tais, porém, são, em
qualquer caso, embrutecidos e não podem ser considerados como homens no
verdadeiro sentido.
A necessidade tácita, porque apenas inconscientemente intuída, de
proteger levou o homem, com o tempo, a ver erradamente na feminilidade o
sexo mais fraco, que necessita de sua proteção. Essa denominação, portanto,
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não se origina acaso de má vontade ou de julgamento depreciativo, mas
apenas da ignorância da verdadeira causa de suas próprias intuições.
Com o progressivo embotamento nas maneiras erradas do pensar dos
seres humanos terrenos e a limitação, cada vez mais forte, de sua capacidade
de compreensão para as coisas que se acham fora da matéria mais grosseira,
naturalmente se estabeleceu também aqui uma interpretação cada vez mais
inferiorizada daquela denominação.
Na realidade, o homem não é o sexo mais forte, mas apenas o mais
grosseiro, isto é, mais grosso-material e, assim, mais denso; a feminilidade,
porém, não é o sexo mais fraco, mas sim o mais delicado, menos denso, fato
que nada tem a ver com fraquezas.
O homem é, devido à sua maior atividade material, mais condensado na
matéria grosseira, o que, porém, não é um erro, uma vez que disso necessita
para a execução de seu efeito na Criação, a fim de se fixar mais firmemente no
solo terrestre e poder agir mais diretamente na densa matéria grosseira e sobre
ela. Assim ele estará mais firmemente ligado à Terra e mais afeito a ela.
A tendência da mulher, no entanto, dirige-se mais para cima, para o que é
mais fino, mais delicado, menos denso. Nisso ela é o que completa o espiritual
humano, segurando, soerguendo... naturalmente só quando ela se encontra no
seu lugar, que o Criador lhe destinou.
Pela conservação de uma bem determinada espécie de enteal mais
elevado no seu corpo, este não é tão fortemente condensado, porque o corpo
de matéria grosseira continua perpassado por esse enteal, que o mantém
menos denso.
Mas isso, por sua vez, não é uma falha nem uma fraqueza, pelo contrário,
uma necessidade para a recepção e a transmissão de irradiações, cujo auxílio
o homem, em sua atividade, não pode dispensar e que ele, contudo, não é
capaz de receber diretamente, devido à sua espécie grosseira.
Tudo isso se estende naturalmente, também, da maneira mais simples para
as coisas da matéria mais grosseira. Tomemos, pois, um nascimento. O
homem, já por essa razão, não poderia oferecer absolutamente a possibilidade
de uma alma poder aproximar-se dele, para fins de uma encarnação na Terra,
mesmo que existissem em seu corpo os órgãos para isso.
Falta-lhe a ponte para a alma, que é propiciada por aquele delicado enteal
que a feminilidade ainda traz em si, e que teve de se desprender
automaticamente da masculinidade, devido à sua vontade ativa.
Por essa razão, mesmo existindo órgãos para isso, poderia desenvolver-se
sempre apenas o começo de um corpo terreno, nada mais, por então faltar a
cooperação da nova alma, a qual não pode se aproximar, se não existir aquela
ponte mais delicada do enteal. Mesmo de algumas mulheres pode, sim,
aproximar-se, às vezes, uma alma, mas então não se firma, se essa ponte tiver
se tornado defeituosa, por ter a mulher adquirido propriedades masculinas, as
quais desalojaram os delicados dotes enteais da feminilidade. As almas tornam
a desligar-se, antes que o nascimento terreno possa ocorrer.
Tudo isso alcança muito mais longe do que podeis imaginar. Também a
saúde terrena dos vossos filhos é condicionada, dificultada ou favorecida pela
integridade e pureza dessa ponte enteal mais elevada que a mãe oferece.
468
Não são somente os órgãos a causa para a falta de filhos ou que muitos
nascimentos não ocorram assim como deveriam ocorrer em curso normal. A
causa principal nas dificuldades, doenças e fraquezas acha-se muitas vezes
apenas na imperfeição das pontes de que as almas necessitam para uma
peregrinação segura e forte de seus caminhos terrestres.
Quantas vezes uma mulher adquiriu por brincadeira estúpida ou por
vaidade condenável propriedades masculinas, que tiveram de enfraquecer ou
afastar totalmente a parte enteal mais elevada, que lhe fora dada como
distinção. As conseqüências disso são tão múltiplas em espécie e forma de
suas configurações, que muitas vezes os seres humanos meditam longamente
sobre como são possíveis tantas coisas.
Ainda pior, porém, do que nesses acontecimentos de matéria grosseira,
que se tornam imediatamente visíveis, são os danos nos planos da parte fina
da matéria grosseira, provocados por tal falhar da feminilidade e que depois se
mostram também na Terra, mesmo que só depois de longos tempos.
Disso, muito ainda podereis ouvir, quando um dia eu passar para esses
setores, e vos sobrevirá um horror ante a leviana culpa da feminilidade, que
ainda foi favorecida pelos homens e fortalecida em atividade pecaminosa,
porque ela lhes foi muito bem-vinda!
Durante decênios ainda vos enrubescereis diante disso, porque esta época
de decadência se conservará em vossa lembrança ainda por bastante tempo,
como uma carga repugnante.
Estes são, por ora, fenômenos ainda misteriosos para a humanidade, cujos
véus ainda levantarei numa época em que os seres humanos estiverem
amadurecidos para poder compreendê-los, pois também eu atuo nisso
incondicionalmente de acordo com a lei. A humanidade pode saber tudo
através de mim, mas sempre falarei somente quando ela tiver se tornado apta
para a recepção, através do amadurecimento interior. Esse processo se efetiva
de modo inteiramente automático, como algo que se liga ou acende. Por isso a
humanidade saberá por mim também somente tanto quanto for capaz de
assimilar, não mais.
Disso, contudo, não precisais estar sempre conscientes, pois eu intuo o
despertar interior e a movimentação do espírito, que é muito diferente da
consciência diurna do raciocínio. E isso é que desencadeia minha Palavra.
Por isso também vos dou hoje, muitas vezes, aparentemente já muito mais
do que podeis assimilar na realidade de modo consciente. O vosso espírito,
porém, ao qual eu falo, assimila-o sem que saibais disso terrenalmente. Assim,
parece como se eu desse já agora muito para tempos vindouros, ao passo que
vosso espírito, porém, já o assimilou.
Só que a compreensão da consciência diurna vos advirá mais tarde, talvez
somente em decênios, de modo que apenas então sabereis aplicar isso
terrenalmente com inteira compreensão.
Tão logo caminhardes espiritualmente de maneira vigorosa junto comigo,
poderei revelar-vos a Criação inteira. Depende sempre somente de vós, seres
humanos! Por isso, permanecei vigilantes e ativos no espírito, para que eu de
nada vos precise privar!
Dou de bom grado e alegremente, porém sou atado à lei, porque eu
mesmo sou, vivo, a Lei divina e também a Palavra, que o Todo-Poderoso vos
469
envia! Permitido me é dar-vos na medida de vossa capacidade de recepção, e
não mais! Mantende isso na lembrança. Aproveitai, por isso, o tempo, enquanto
eu estiver convosco na Terra, a fim de que nada percais; pois ninguém além de
mim pode dá-la a vós. Se eu não mais estiver convosco na Terra, então
também as revelações para esta humanidade terrena terão um fim para todos
os tempos!
Guardai a minha Palavra e utilizai-a, ela vos pode dar tudo!
AMÉM.
470
26. A ponte destruída
Falei na última dissertação da falta daquela ponte, na maior parte da atual
feminilidade terrena da raça branca, somente com a qual esta se torna
feminilidade de fato.
Lamentável é ver como o ser humano terreno se empenha diligentemente
para seu retrocesso e, com isso, para sua queda, na crença errônea de que
com isso caminha para cima.
O ser humano terreno! Ao nome dessa criatura associa-se um gosto
amargo para tudo o que se realiza na Criação dentro da vontade de Deus, e
para os seres humanos seria aparentemente melhor se não fosse mais
proferido, uma vez que em cada menção desse nome perpassa,
simultaneamente, através da Criação inteira, uma indignação e um mal-estar, o
que se estende como um peso sobre a humanidade terrena, pois essa
indignação, o mal-estar, é uma acusação viva que se forma automaticamente e
tem de colocar-se hostilmente contra toda a humanidade terrena.
Assim, o ser humano terreno, através de sua ação errada, que se tornou
perceptível nesta Criação como obstrutiva, estorvante e continuamente
prejudicial, tornou-se hoje, por fim, um proscrito por si mesmo, em seu ridículo
querer saber tudo melhor. Ele forçou, teimosamente, a sua expulsão, uma vez
que se tornou incapaz de ainda receber simplesmente e com humildade as
dádivas de Deus. Ele quis tornar-se criador, aperfeiçoador; quis submeter a
atuação do Todo-Poderoso à sua vontade terrena.
Não existe palavra que possa designar acertadamente tal presunçosa
arrogância em sua ilimitada ignorância. Aprofundai-vos nesse comportamento
inacreditável; imaginai o ser humano terreno, como ele, com ares de
importância, quer se colocar acima da engrenagem da obra maravilhosa desta
Criação de Deus, para ele até agora desconhecida, a fim de dirigi-la, ao invés
de ajustar-se a ela obedientemente, como uma pequena parte dela... então,
não sabereis se deveis rir ou chorar!
Um sapo, que se acha diante de um rochedo alto e quer ordenar que ele
ceda diante de seus passos, não parece tão ridículo como o ser humano atual
em sua megalomania perante o seu Criador.
A imaginação sobre isso deve ter um efeito repugnante também para cada
espírito humano que agora chega ao despertar no Juízo. Um horror, um calafrio
e um pavor apossar-se-ão dele, quando, repentinamente, ao reconhecer a
luminosa Verdade, chegar a ver tudo diante de si assim como realmente foi já
desde muito, apesar de que ele até agora não tenha podido observar dessa
maneira. Envergonhado, gostaria então de fugir para os confins de todos os
mundos.
E o véu encobridor agora se rasgará, será despedaçado em trapos
cinzentos, levados pelo vento, até que a irradiação da Luz possa fluir
integralmente para dentro das almas profundamente torturadas pelo remorso e
que, em humildade novamente despertada, queiram inclinar-se perante o seu
Senhor e Deus, a quem não puderam mais reconhecer nas confusões que o
raciocínio, preso à Terra, provocou em todos os tempos em que lhe foi
permitido dominar irrestritamente.
471
Contudo, tendes de vivenciar profundamente o asco ante o atuar e o
pensar dos seres humanos terrenos, primeiramente junto a vós e também
dentro de vós, antes que a libertação disso possa vir. Tendes de experimentar
o asco da mesma forma, como a humanidade terrena sempre fez com todos os
enviados da Luz, na sua hedionda infâmia, hostil à Luz. Não podereis chegar à
libertação de outra forma!
É o único efeito recíproco libertador de vossa culpa para com os enviados
da Luz, que agora vós próprios tendes de vivenciar, porque de outra forma ela
não vos pode ser perdoada.
Entrareis nesse vivenciar já em tempo bem próximo, e quanto mais cedo
isso vos atingir, tanto mais fácil se tornará para vós. Que ao mesmo tempo se
abra, para vós, o caminho às alturas luminosas.
E outra vez a feminilidade terá de sentir primeiramente a vergonha, uma
vez que a sua decadência a obriga agora a se expor a essas coisas. Ela
mesma, levianamente, se colocou num degrau, que a obriga a se submeter aos
pés de uma masculinidade embrutecida. Com ira e desprezo a masculinidade
terrena olhará agora irritada para todas aquelas mulheres que não são mais
capazes de dar aquilo a que foram destinadas pelo Criador, e do que o homem
tanto necessita para sua atuação.
Isso é auto-respeito, que faz, de cada verdadeiro homem, um homem!
Auto-respeito e não auto-ilusão. Auto-respeito, porém, o homem só poderá ter,
levantando o olhar para a dignidade da mulher, a qual, ao protegê-la, lhe
proporciona e mantém o respeito perante si mesmo!
Este é o grande, até agora não expresso mistério entre mulher e homem,
que é capaz de incentivá-lo a grandes e puros feitos aqui sobre a Terra, que
incandesce todo o pensar de modo purificador e, com isso, estende sobre toda
a existência terrena um sagrado vislumbre da elevada saudade da Luz.
Tudo isso, porém, foi tirado do homem pela mulher, a qual sucumbiu
depressa aos engodos de Lúcifer, mediante as ridículas vaidades do raciocínio
terreno. Com o despertar do reconhecimento dessa grande culpa, o homem
considerará a feminilidade apenas como aquilo que ela realmente teve de se
tornar por sua própria vontade.
Mas esse ultraje doloroso é, por sua vez, apenas um grande auxílio para
aquelas almas femininas que, sob os justos golpes do Juízo, ainda vêem,
despertando e reconhecendo, que enorme roubo cometeram em relação ao
homem, com a sua errada vaidade, pois empregarão toda a sua força a fim de
recuperarem a dignidade assim perdida e que elas próprias lançaram de si
como um bem sem valor, que as embaraçava no caminho escolhido para
baixo.
E esse querer encontra agora o mais forte apoio nas correntes de força da
pureza divina, que foram enviadas na solenidade do Lírio Puro para auxílio de
todas aquelas da feminilidade terrena, que se empenham sinceramente para
elevar-se com toda a força que ainda lhes restou, para finalmente cumprir
alegremente a vontade sacrossanta de Deus na Criação.
Apesar de minha última dissertação, ainda não ficastes bem esclarecidos a
respeito da impetuosidade das conseqüências prejudiciais que tiveram de cair
sobre a humanidade terrena inteira, quando a feminilidade terrena procurou,
472
em seu errôneo comportamento, romper diligentemente a maior parte das
pontes que a ligavam com as correntes da Luz.
As conseqüências prejudiciais apresentam-se sob centenas de formas e
sob múltipla configuração, agindo por todos os lados. Apenas precisais
procurar colocar-vos no curso dos inevitáveis efeitos das leis da Criação. O
reconhecer, então, não será, absolutamente, difícil.
Pensai mais uma vez no simples acontecimento que se processa na severa
regularidade da lei:
Tão logo a mulher procure masculinizar-se em seu pensar e atuar, essa
vontade já se efetiva correspondentemente. Primeiramente, em tudo o que da
parte dela estiver intimamente ligado com a entealidade; depois, também com
as matérias finas, bem como, após um bem determinado tempo, na parte mais
fina da matéria grosseira.
A conseqüência é que nas tentativas de um atuar positivo, em oposição à
missão de uma mulher terrena, todos os componentes mais finos de sua
espécie feminina, por serem passivos, são repelidos e, por fim, se desligam
dela, porque estes, perdendo pouco a pouco em força, devido à inatividade,
são tirados da mulher pela igual espécie básica.
Assim, fica então destruída a ponte que capacita a mulher terrena, na sua
espécie passiva, a receber irradiações mais elevadas e retransmiti-las à
matéria mais grosseira, na qual ela, mediante seu corpo, está ancorada através
de uma bem determinada força. Contudo, essa é também aquela ponte de que
uma alma precisa para a encarnação terrena no corpo de matéria grosseira.
Faltando essa ponte, fica impossibilitada a entrada a cada alma no corpo em
formação, pois ela mesma não consegue transpor o abismo que assim teve de
surgir.
Se essa ponte, porém, for apenas parcialmente destruída, o que depende
da espécie e da intensidade da masculinização desejada na atividade de uma
mulher, podem, não obstante, encarnar-se almas que do mesmo modo não são
completamente masculinas nem inteiramente femininas, constituindo, portanto,
misturas sem harmonia e sem beleza, as quais, mais tarde, encerram toda a
sorte de ansiedades insatisfeitas, sentindo-se constantemente
incompreendidas na sua existência terrena, e vivendo, por isso, em constante
inquietação e descontentamento com si mesmas e com seu ambiente.
Para tais almas, bem como para o seu posterior ambiente terreno, seria
melhor se não tivessem encontrado oportunidade para uma encarnação, pois
carregam-se dessa forma apenas de culpa e jamais remirão algo, porque na
realidade não pertencem à Terra.
O ensejo e a possibilidade para tais encarnações, não desejadas pela
Criação, e, por conseguinte, pela vontade de Deus, apenas os oferecem
aquelas mulheres que, em seus caprichos e em sua vaidade ridícula, bem
como na sua indigna mania de um falso valor, se inclinam para uma certa
masculinização. Não importa de que espécie seja.
Almas delicadas, legitimamente femininas, nunca chegam à encarnação
através de tais mulheres masculinizadas e assim, pouco a pouco, o sexo
feminino na Terra vai sendo completamente envenenado, porque essa
aberração se espalhou cada vez mais, atraindo sempre novas almas dessa
473
espécie, que não podem ser completamente mulher nem inteiramente homem,
espalhando assim algo de ilegítimo e desarmonioso sobre a Terra.
Felizmente, as próprias e sábias leis da Criação delinearam, também
nessas coisas, um limite bem definido, pois com um tal desvio, violentamente
forçado pela vontade errada, surgem, primeiramente, partos difíceis ou
prematuros, filhos doentios e nervosos, com desequilíbrio dos sentimentos e,
por fim, ocorre após um bem determinado tempo a esterilidade, de maneira que
um povo que permite à sua feminilidade aspirar pela masculinização, a ela
imprópria, está condenado a uma lenta extinção.
Naturalmente, isso não ocorre de hoje para amanhã, de modo a se tornar
visível assim de chofre aos seres humanos contemporâneos, mas sim um tal
acontecimento também tem de seguir o caminho do desenvolvimento.
Mesmo que devagar, porém seguramente! E já é necessária a passagem
de algumas gerações, antes que as conseqüências de um tal mal, de crime tão
incisivo da feminilidade possam ser retidas ou remediadas, a fim de conduzir
novamente um povo da decadência ao saneamento e salvá-lo da completa
extinção.
É a lei inabalável que lá onde o tamanho e a força de ambas as barras da
Cruz da Criação não consigam vibrar em completa harmonia e pureza, onde,
pois, o positivo masculino bem como o negativo feminino não estejam
igualmente fortes e sem torção, entortando-se dessa forma também a Cruz
isósceles, seguir-se-á a decadência e por fim também o descalabro, para que a
Criação novamente se torne livre de tais absurdos.
Por essa razão povo algum pode ter uma ascensão ou ser feliz, se não
apresentar a legítima e genuína feminilidade, em cujo séqüito, tão-somente,
pode e tem de se desenvolver a autêntica masculinidade.
De mil formas são as coisas que nesse sentido estragam a legítima
feminilidade. Por essa razão também todas as conseqüências disso se
apresentam completamente diferentes, mais ou menos incisivas em seus
efeitos prejudiciais. Mas de qualquer forma apresentar-se-ão sempre!
Não quero falar aqui ainda das imitações levianas, por parte das mulheres,
dos maus costumes dos homens, aos quais se conta, sim, em primeira linha o
fumar, pois essa é uma epidemia completamente à parte, que constitui um
crime em relação à humanidade, que um ser humano por enquanto nem ousa
imaginar.
Ao reconhecer melhor as leis da Criação, a arrogância injustificada e
impensada do fumante de entregar-se ao seu vício, inclusive ao ar livre, pelo
que fica envenenada a dádiva de Deus do ar fresco e construtivo, que deve
permanecer acessível a cada criatura, mui rapidamente desaparecerá,
notadamente quando tiver de saber que esse mau costume forma os focos de
várias doenças, sob cujo flagelo a humanidade de hoje geme.
Sem levar em consideração os próprios fumantes, a imposição de aspirar
tal fumaça do tabaco impede nos bebês e nas crianças o desenvolvimento
normal de alguns órgãos, principalmente a indispensável consolidação e o
fortalecimento do fígado, que é especialmente importante para cada pessoa,
porque com o funcionamento certo e sadio ele pode impedir facilmente o foco
do câncer, como o meio mais seguro e melhor para o combate desse flagelo.
474
A mulher de hoje escolheu na maioria dos casos um caminho errado. Os
seus esforços enveredam para a desfeminização, seja no esporte, nos
excessos ou divertimentos, principalmente na participação dos círculos de
atividade positiva, que competem à masculinidade e com ela devem
permanecer, se é que deva haver verdadeira ascensão e paz.
Assim, basicamente tudo sobre a Terra já se desviou, saiu do equilíbrio.
Também as sempre crescentes discórdias, bem como os malogros, devem ser
derivados das obstinadas misturas do atuar positivo e negativo, condicionado
pela Criação como permanentemente puro,entre todos os seres humanos
terrenos, o que deve ter como conseqüência a decadência e o descalabro na
confusão assim forçada.
Como sois tolos, seres humanos, por não quererdes aprender a reconhecer
a simplicidade das leis de Deus, que na sua conseqüência lógica são
facilmente observáveis.
Tendes, sim, sábios ditados, que de bom grado fazeis ouvir. Somente esta
sentença já vos diz muito: Pequenas causas, grandes efeitos! Contudo, não os
seguis. Em tudo o que acontece em torno de vós, que vos ameaça, aflige e
oprime, nem pensais em procurar primeiro a pequena causa, para evitá-la, a
fim de que os grandes efeitos sequer possam surgir. Isto é demasiadamente
simples para vós! Por essa razão preferis primeiramente atacar os efeitos
graves, se possível com grande alarde, para que o feito seja plenamente
avaliado e vos traga glória terrena!
Assim, porém, nunca alcançareis a vitória, mesmo que julgueis estar
sobremaneira preparados para isso, se não vos dignardes a procurar com toda
a simplicidade as causas, a fim de, evitando todas as causas, banir também as
graves conseqüências para sempre!
E, por sua vez, não podereis encontrar as causas, se não aprenderdes a
reconhecer com humildade as graças de Deus, Que vos deu na Criação tudo
aquilo que vos pode preservar de qualquer sofrimento.
Enquanto vos faltar a humildade para receberdes, agradecidos, as graças
de Deus, permanecereis emaranhados em vosso errado atuar e pensar, até a
derradeira queda, que terá de levar-vos à condenação eterna. E esse último
momento está diante de vós: com um pé já vos encontrais passando a porta. O
próximo passo vos fará cair em profundezas insondáveis.
Refleti bem sobre isso, voltai e deixai atrás de vós a insípida existência
terrena, sem forma e sem calor, que até agora tendes preferido levar. Tornai-
vos finalmente aqueles seres humanos que a vontade de Deus ainda quer
tolerar futuramente na Criação. Com isso lutareis para vós mesmos, pois o
vosso Deus, que em graças vos concedeu a realização de vosso impulso para
uma existência consciente nesta Criação, não necessita de vós! Lembrai-vos
disso em todos os tempos e agradecei a Ele com cada alento que vos é
permitido executar devido ao Seu indizível amor!
AMÉM.
475
27. Visão geral da Criação
Muitos leitores ainda não fizeram uma imagem clara das gradações entre os
primordialmente criados, os criados e os desenvolvidos.
Em muitas concepções a esse respeito ainda se percebe uma grande
confusão. E, no entanto, tudo é bem simples.
A confusão surge apenas porque o ser humano mistura um pouco as
expressões e presta muito pouca atenção aos limites bem definidos.
Por isso é melhor que ele imagine a Criação até agora explicada, em suas
gradações, simplesmente conforme segue:
1. A parte puro espiritual
2. A parte espiritual
3. A parte material.
A tal respeito pode também ser dito:
1. A Criação primordial
2. A Criação
3. A Criação posterior.
Daí resulta automaticamente o pensamento de que na Criação primordial
se encontram os primordialmente criados, na Criação, os criados e na Criação
posterior, os desenvolvidos.
Isto em si não está designado erradamente, se se quiser mencionar a
Criação inteira apenas em largos traços; entrando em pormenores, porém, a
separação tem de ser mais definida, mesmo que nada se altere nas
expressões básicas.
Nas explicações mais detalhadas apresentam-se ainda muitos degraus
intermediários, que não podem ser contornados, a fim de que seja
proporcionada uma imagem sem lacunas.
Quero hoje deixar de mencionar uma parte enteal, porque de qualquer
maneira o enteal existe em todas as partes, só que entre a parte espiritual e
material ainda se encontra uma grande camada enteal de caráter especial,
que, no entanto, não precisa ser considerada como uma parte da Criação por
si, pois essa camada existe, em seu atuar, em primeira linha para a
movimentação, e com isso para o aquecimento e formação das matérias, não
constituindo, por essa razão, uma parte isolada da Criação.
Como parte da Criação, essa camada enteal não precisa ser mencionada,
mas sim como uma espécie da Criação, que, impulsionando e formando,
pertence à parte material da Criação.
Falo propositadamente das bases da Criação até agora explicada, pois
longe ainda estou de haver terminado com isso, e com o tempo terei de ampliar
muito mais ainda tudo quanto já foi dito até agora, como já o fiz sempre pouco
a pouco. Aí se faz necessário intercalar novas divisões entre o até então
explicado, ampliando assim a vossa visão. Dizer tudo de uma só vez teria sido
demasiado para o espírito humano. Mesmo nessa maneira por mim preparada
ele ainda terá de empregar toda a força, a fim de poder adquirir razoavelmente
um saber disso.
476
Falemos hoje, pois, não de Criação primordial, de Criação e de Criação
posterior, mas simples e fundamentalmente da parte puro espiritual, espiritual e
material. Assim o ser humano não poderá mais provocar confusão tão
facilmente.
Eu mesmo, contudo, tive de mencionar todas as denominações possíveis,
a fim de que estas possam ser utilizadas para separações mais definidas das
gradações.
Elas devem penetrar pouco a pouco, e sempre de modo mais nítido e
definido, no saber humano e, não obstante a variedade, não devem mais
ocasionar confusões.
Como primeira e mais forte na Criação vem, portanto, a parte puro
espiritual da Criação. Esta compõe-se de duas divisões básicas. A divisão
superior, mais elevada, do reino puro espiritual encerra os primordialmente
criados propriamente ditos, os quais surgiram de imediato, plenamente
maduros, das irradiações de Parsival, não necessitando nenhum
desenvolvimento. Esta divisão alcança até Vasitha, cuja atuação se efetiva do
limite para baixo.
A segunda divisão encerra desenvolvidos no puro espiritual. Por isso são
encontradas lá também pela primeira vez crianças, que não aparecem na
divisão superior, pois crianças só podem existir lá onde se processa um
desenvolvimento.
Ambas as divisões, porém, têm em comum o puro espiritual. Contudo,
apenas a divisão superior pode ser chamada Criação primordial no sentido
certo, e os espíritos primordiais que lá se encontram podem ser considerados
como verdadeiros criados no puro espiritual!
Com isso desdobro um pouco mais a Criação, para melhor compreensão
do espírito humano da Criação posterior.
Não podemos, portanto, falar propriamente de uma Criação primordial que,
para baixo, atinge até Patmos, assim como fizemos até agora por causa da
maior simplicidade, mas sim, encarando mais exatamente, precisamos já aqui
falar de uma Criação primordial superior, que surgiu plenamente madura, e, na
seqüência, de uma Criação puro espiritual desenvolvida, ao passo que ambas
as divisões juntas formam o reino puro espiritual ou a parte puro espiritual da
Criação.
Puro espiritual ou reino puro espiritual é, portanto, o grande nome coletivo
da parte suprema da Criação, imaginada como espécie da Criação, ao passo
que a denominação Criação primordial, no sentido mais apurado, só cabe à
parte superior daquela.
Se, pois, quisermos continuar penetrando no saber da Criação, então não
devemos mais considerar, como até agora, puro espiritual e Criação primordial
como um só conceito.
A Criação primordial é, sim, puro espiritual, mas existe ainda no puro
espiritual também um mundo onde ocorre desenvolvimento, que se encontra
abaixo da Criação primordial propriamente dita, resultando, junto com esta, no
reino puro espiritual, no qual, portanto, existem espíritos do puro espiritual que,
sem transição, puderam imediatamente estar plenamente maduros,
constituindo os mais fortes e mais poderosos, seguindo-se depois os espíritos
477
desenvolvidos no puro espiritual, que têm de iniciar a sua existência como
criança.
A primeira divisão, a Criação primordial, abrange três degraus principais ou
planos; a segunda divisão do reino puro espiritual, quatro; em conjunto,
portanto, sete degraus básicos que, por sua vez, se dividem em muitas
ramificações.
Não tive a intenção de avançar tanto nas minhas explicações, denominei,
por isso, as dissertações a respeito de até agora simplesmente “Os planos
espirituais”, e quis apresentar nelas tudo o que não era material.
Como menciono agora mais detalhes, devo dar às dissertações sobre o
reino puro espiritual de até agora, os títulos mais focados, “Do reino puro
espiritual da Criação”, para melhor destacar as diferenças.
Depois desse reino puro espiritual, abrangendo tantas divisões, segue-se o
grande reino espiritual.
O espiritual não é acaso uma espécie mais fraca proveniente do puro
espiritual, mas sim uma espécie estranha ao puro espiritual, que, de qualquer
modo, é em si mais fraca e, por isso, necessita de maior distância da Luz
primordial para poder se formar e em parte tornar-se consciente.
Por isso ele desce mais ainda, a fim de poder formar um reino mais
afastado da Luz, mas não faz parte do puro espiritual, e sim existe por si.
Tudo é fácil e evidente, e, contudo, difícil de dizer, a fim de introduzir os
espíritos humanos num saber que se encontra acima de sua origem. E,
todavia, tendes agora de compreender as conexões de todos os
acontecimentos, a fim de não balançardes como um penduricalho ignorante no
circular desta Criação, como chocalhos dissonantes de um pião, porque não
conseguis seguir quais crianças crédulas.
A expressão “Tornai-vos como as crianças!” não quereis cumprir, e assim
resta para a vossa salvação, como último de todos os auxílios, somente aquele
único caminho: o saber da Criação!
Dela tendes de ter pelo menos tanto conhecimento, que fiqueis capacitados
a ajustar-vos ao vibrar consoante às leis, que, erguendo, vos eleva consigo ou,
destruindo, vos lança fora, para longe, como debulho, na decomposição.
Atualmente o vibrar está reforçado para fins da grande purificação, e é
sustentado pela onipotência de Deus! Por isso, obriga irresistivelmente cada
criatura a vibrar em conjunto, harmoniosamente, ou a sucumbir na tremenda
dor do mais desmedido desespero, que, como conseqüência da obstinada
teimosia, surge da falta de esperança, causada pelo reconhecimento final de
que se encontra no caminho errado, sem possibilidade de retorno. Por esse
motivo procurai apropriar-vos do saber da Verdade, que vos concede apoio e
conduz ao alvo sem desvios.
Que na minha Mensagem tendes, realmente, a Palavra da Verdade, podeis
reconhecer imediatamente, se, vigilantes, olhardes ao vosso redor, pois toda a
vossa vida terrena de até agora, bem como o novo vivenciar de cada momento,
tanto exterior como interiormente, tornar-se-vos-ão completamente claros, tão
logo os iluminardes e considerardes em face da minha Mensagem.
Nenhuma questão fica aí sem solução para vós, uma grande compreensão
brota em vós para o atuar até agora misterioso de leis férreas na Criação, que
478
vos conduzem mediante os efeitos da vossa vontade, e, como coroação de
vossos esforços, surge o maravilhoso pressentir de uma sabedoria, de uma
onipotência, de um amor e justiça, que só podem ser de Deus, cuja existência
assim encontrareis!
Voltemos, contudo, à Criação.
Ao reino puro espiritual se liga, portanto, a seguir, o reino espiritual. Nisso,
espiritual deve ser imaginado como uma espécie diferente do puro espiritual,
não acaso como um resto mais fraco do puro espiritual.
Também no espiritual se originam, imediatamente, sem transição de
desenvolvimento, depois de transpostos os limites necessários para a
possibilidade de formação do espiritual, numa distância determinada da Luz,
espíritos de maturação completa, que devem ser denominados criados, para
diferençar dos primordialmente criados no puro espiritual.
Os criados são, portanto, os mais fortes e os mais poderosos no espiritual,
como são os primordialmente criados no puro espiritual, que já antes pôde
formar-se.
E como anteriormente, no puro espiritual, assim existe também no espiritual
uma segunda divisão, que necessita de desenvolvimento e onde, por isso,
também se encontram crianças ao lado dos que amadureceram mediante
desenvolvimento. As duas divisões juntas formam a parte espiritual da Criação.
A essa parte espiritual liga-se ainda um grande círculo de bem determinada
espécie enteal, que circunda a parte material, influenciando-a, perfluindo-a,
movimentando-a e trazendo assim aquecimento e formação.
A parte material da Criação tem, por sua vez, duas divisões. A primeira
divisão, a matéria fina, forma-se imediatamente sob a influência do enteal, uma
vez que é fácil de penetrar. A segunda divisão, a matéria grosseira, por causa
da densidade maior, tem antes de passar por um processo de desenvolvimento
com a ajuda dos enteais. Naturalmente também essas duas divisões básicas
ramificam-se em muitas partes colaterais.
Cada divisão das espécies da Criação subdivide-se em muitos planos, dos
quais cada um, por sua vez, é tão multiforme, que, sozinho, parece como um
grande mundo por si.
Disso, contudo, somente vos esclarecerei com exatidão aquilo que se
encontra dentro dos limites do vosso espírito humano! Isso já é tão grande, que
vosso espírito tem de movimentar-se de modo especial, constantemente, sem
interrupção, para compreender aqui na Terra apenas uma parte de modo certo.
Mas essa parte vos faz progredir tanto, que não vos podeis perder facilmente.
Somente com o verdadeiro saber podeis ainda sair penosamente do charco
da presunção do raciocínio, pois agora não podeis mais tornar-vos crianças em
espírito. Para vos entregardes a uma condução elevada, despreocupadamente,
confiando infantilmente, sem oposições, vos falta hoje tudo, pois a atividade
erradamente dirigida e exagerada de vosso raciocínio terreno não o permite
mais!
Assim resta-vos somente o único caminho para a salvação: o caminho do
verdadeiro saber, que conduz da crença à convicção!
E para que possais seguir por ele, quero ajudar-vos com a Mensagem que
dei. Esforçai-vos, porém, em assimilar esse saber e mantê-lo vivo, de modo
479
que nunca mais possais perdê-lo, mas sim que siga convosco em todos os
vossos caminhos!
E com isso confirmar-se-á então o ditado que já desde tempos remotos
permaneceu vivo na voz do povo:
“Quanto mais o ser humano se torna capaz de penetrar no verdadeiro
saber, tanto mais se lhe torna aí reconhecível o fato de que na realidade...
nada sabe!”
Dito por outras palavras:
“O verdadeiro sábio torna-se pequeno em si diante daquela grandeza,
cujos vestígios encontra ao tornar-se sábio! Isto é, ele se torna humilde e perde
a presunção, que mantém preso o espírito humano; torna-se livre e ascende.”
Procurai gravar em vós hoje o que, aliás, já disse em minhas dissertações,
mas do que, segundo parece, não formastes uma imagem certa, pelo menos
não todos ainda, que depois dos primordialmente criados do reino puro
espiritual não vêm logo na gradação os criados, mas antes ainda os espíritos
desenvolvidos do puro espiritual constituem, na parte inferior do reino puro
espiritual, um grande degrau intermediário.
Só então vêm os criados, como supremos no reino espiritual, que não são
puro espirituais, mas sim espirituais, como uma espécie completamente
diferente, aos quais então se ligam, por sua vez, os espíritos desenvolvidos.
Lá, porém, ainda nos encontramos longe, muito longe das matérias, diante
das quais vibra o círculo da espécie singular de forças enteais, de que só mais
tarde quero falar mais pormenorizadamente, uma vez que atuam ligados mui
estreitamente convosco e sem cujo auxílio não poderíeis permanecer na
matéria absolutamente.
Sem esses auxílios seria também impossível o vosso desenvolvimento.
Teríeis de permanecer germes espirituais com o anseio ardente de poderem se
tornar conscientes através da graça de Deus, do Único, Todo-Poderoso!
Vós, porém, agradeceis aos auxiliadores sempre prontos, do círculo enteal
em volta das matérias, pelo seu indispensável atuar, de modo desdenhoso,
com a afirmação doentia de que eles devem ser colocados no reino das
estórias e das lendas, porque obstruístes vossa faculdade de vê-los e ouvi-los.
Ristes tantas vezes de modo escarnecedor, quando a esse respeito foi
falado, e nem pressentis como vós próprios vos tornastes ridículos e como
tivestes de parecer repugnantes aos auxiliadores para vós tão necessários!
Nisso muito tendes de reparar e recuperar, a fim de consertar novamente
os degraus da escada para a ascensão do espírito, que quebrastes de modo
leviano e presunçoso. Contudo, sem eles não podereis ascender! O pé do
espírito necessita de apoio e não pode saltar sequer um desses degraus.
Nestas breves explanações nem mencionei a esfera da imediata irradiação
de Deus, que em grandeza supera amplamente todos os círculos da Criação
reunidos, e à qual havíamos denominado esfera divina. Provavelmente nunca
mais voltarei a esse assunto, uma vez que o ser humano se acha
demasiadamente distante da mesma, e assim sempre permanecerá. Ele
precisava de minhas descrições de até agora sobre isso somente a fim de
poder formar para si, pelo menos uma vez, uma imagem conjunta, partindo da
origem de todo o ser em direção para baixo.
480
Aprendei, seres humanos, que o tempo urge!
481
28. Germes espirituais
Germes espirituais! Muitas vezes já falei disso, expliquei o curso evolutivo e o
caminho deles, e disse também que os seres humanos terrenos se
desenvolveram dos germes espirituais. É, portanto, o vosso desenvolvimento,
criaturas humanas, que descreverei.
Hoje quero aproximar-vos um pouco mais do ponto de partida de vossa
tomada de consciência.
Na minha última dissertação falei de uma segunda divisão inferior, na parte
espiritual da Criação, onde os espíritos não puderam surgir logo
completamente maduros, mas têm de se desenvolver desde crianças.
Os desenvolvidos da Criação posterior, aos quais também vós, seres
humanos terrenos, pertenceis, não se originam ainda dessa parte, mas sim
apenas de um sedimento dela, que não possui a força para se desenvolver por
si mesmo, sem impulsos exteriores.
Esse sedimento compõe-se de sementes espirituais, os germes espirituais,
dos quais se originam os desenvolvidos espíritos humanos das matérias.
O sedimento inerte desce da parte espiritual da Criação e entra dessa
maneira num círculo enteal que envolve as matérias.
Sobre o processo, consentâneo com as leis da Criação, que aí se realiza,
das atrações, dos incandescimentos e das modificações das irradiações a isso
ligadas, não falo ainda, mas quero apenas me referir aos auxiliadores que aí se
encontram em atividade e aos fenômenos individuais, capazes de proporcionar
uma imagem que vos seja compreensível.
Pois tão logo eu mostre formas definidas na descrição, podereis então
imaginar algo bem determinado, que corresponda aproximadamente aos fatos
e conceda um apoio para a vossa compreensão terrena.
Não quero, portanto, esclarecer como tudo se cumpre, vibrando na lei da
Criação, mas sim como se mostra na formação.
Nesse círculo enteal, onde o germe espiritual mergulha, encontram-se
enteais de variadíssimas espécies, não misturados uns com os outros, mas sim
situados em planos isolados entre si, segundo a espécie de atividade em que
vibram.
Aí encontramos, na parte superior do círculo, vindos do espiritual, entes
femininos maravilhosamente delicados que, vibrando nas irradiações do amor e
da pureza, recebem os germes espirituais, envolvem-nos com cuidados
maternais num manto enteal e conduzem esses germes espirituais assim
envolvidos, que ainda dormem completamente inconscientes, às mãos de
outros entes femininos, que se encontram mais próximos da matéria fina.
Estes, por sua vez, envolvem os germes num segundo invólucro, já de
outra espécie, correspondente àquele ambiente em que eles próprios se
encontram, conduzindo os germes, que assim se tornaram novamente um
pouco mais pesados, para baixo, para a camada superior da matéria fina.
Todos esses delicados entes femininos apóiam auxiliadoramente os
processos automáticos consentâneos com as leis. São de beleza perfeita e já
482
em tempos remotos eram conhecidos de muitas pessoas, às quais, aqui e
acolá, às vezes, podiam se mostrar.
Eram chamados de fadas bondosas, que cuidam beneficiadoramente das
almas humanas em desenvolvimento.
Nos limites da matéria fina, outros entes femininos aguardam os germes
espirituais, vindos de cima, a fim de cuidar deles com bondade. Para proteção
encontram-se aqui presentes, ainda, entes de espécie masculina, que não
atuam nos cuidados, mas agem de maneira mais positiva.
Assim o germe espiritual é cuidado e tratado por auxiliadores enteais,
enquanto, ainda inconscientemente, se movimenta cada vez mais para diante,
seguindo seu impulso de poder se tornar consciente, até esbarrar numa
densidade na matéria fina, que não lhe permite mais prosseguir impulsionando
inconscientemente, com o que a sua descida estaciona. Tem de parar, a fim de
acordar para o desenvolvimento, antes que possa prosseguir.
Também isso é um acontecimento absolutamente natural, condicionado
pela espécie do ambiente, mas é um importante ponto decisivo para os germes
espirituais. Estes se encontram agora num plano da matéria fina, cuja
densidade os detém, causando fim a sua trajetória inconsciente.
Encontram-se, portanto, de repente, maciamente deitados numa camada
que não mais os deixa prosseguir. Só o despertar de uma vontade, mesmo que
ainda fraca, porém já consciente, pode desenvolver a força para atravessarem
de modo reconhecedor o ambiente e prosseguirem.
Exatamente aqui tenho de continuar vagarosamente e com especial
cuidado os meus esclarecimentos, para que os seres humanos possam formar
uma imagem certa disso para si, sem que nada seja desviado.
Pois aqui, onde os germes espirituais têm de ficar literalmente retidos, em
sua primeira trajetória inconsciente, devido a uma bem determinada densidade
da matéria fina, que é perpassada por correntezas enteais, passa-se muita
coisa com o espírito humano com vistas ao caminho de mergulho nas matérias
para a finalidade de desenvolvimento e, do mesmo modo, com vistas ao
caminho de volta para cima, quando do amadurecimento ocorrido mediante o
desenvolvimento.
Exatamente essa camada é um importante plano limítrofe na existência do
espírito humano. Por isso também quero falar dela um pouco mais
demoradamente.
Ela parece ao espírito humano, na ascensão, já incomensuravelmente alta
e maravilhosa em sua beleza. Encontra-se diante dos olhos coberta por uma
luz suave, por uma luz que parece suave, mas que é muito mais clara do que o
brilho do nosso Sol aqui na Terra. Os raios despertam, estimulam e fortalecem.
Esse plano parece um único parque sem fim. Um jardim florido se sucede a
outro em distâncias intermináveis, repletos de belas flores de todos os
tamanhos e também de muitas cores, cuidados por entes delicados, protegidos
e vigiados por figuras masculinas sérias, que caminham ao longo das fileiras
disciplinando, vigiando e examinando.
Floridos caramanchões se encontram por toda a parte, convidando para o
repouso e descanso e... para a silenciosa e grata introspecção.
483
A massa mais densa, que forma o solo, é a matéria fina que deteve os
germes espirituais e na qual eles ficaram retidos durante o seu curso.
E então acontece o maravilhoso: o manto enteal, no qual os delicados
entes femininos tinham envolvido cada um dos germes espirituais, em sua
saída do reino espiritual, desenvolve-se sob as radiações desse plano,
ancorado no chão de matéria fina e cuidado por jardineiras enteais, em flores
maravilhosas, em cujo cálice dorme tranqüilamente o germe espiritual,
fortalecendo-se mais e mais.
Sacudido por causa da espécie dos efeitos, que, apesar de toda a
delicadeza desse plano, são, em relação ao reino espiritual, mais grosseiros, e
por causa do ressoar mais forte de todos os movimentos do acontecimento,
pode o germe espiritual, numa bem determinada maturação, ao romper o
botão, despertar simultaneamente para a sucessiva tomada de consciência.
Essa conscientização, contudo, ainda não é o estado autoconsciente.
Da consciência do espírito que está despertando, para a autoconsciência
do espírito amadurecido ainda é um grande passo! O animal também é
consciente, contudo, nunca autoconsciente! Mas não nos detenhamos nisso
agora.
Portanto, o romper de cada botão é provocado pelo amadurecimento do
germe espiritual, como efeito natural e automático, e o estalo do rompimento
desperta simultaneamente o germe espiritual para a consciência da existência.
Estes são processos que mais tarde poderão ser explicados exatamente
em todos os pormenores, a fim de encontrar nisso a regularidade da lei, que
também aqui está presente e que faz com que tudo se torne simples e natural,
conforme constantemente se pode reconhecer na Criação inteira.
A flor, em cujo cálice o germe espiritual amadureceu, necessitou apenas de
uma parte do invólucro enteal do germe espiritual, enquanto que a outra parte
permaneceu em volta do germe espiritual e, no despertar para a consciência,
tomou a forma de uma criança humana. Portanto, ao romper o botão, encontra-
se no cálice da flor uma criança bem formada com configuração humana.
Também aqui tenho de intercalar novamente algumas explicações, antes
de poder prosseguir:
O germe espiritual já passou até agora pelos cuidados de dois entes
femininos diferentes, antes de chegar às mãos das jardineiras. A ambas as
espécies podemos chamar de fadas. A primeira, que recebeu o germe
espiritual na saída do reino espiritual, envolveu-o com um manto delicado da
mais delicada espécie desse plano ou desse círculo; a segunda, por sua vez,
com uma outra espécie.
O germe espiritual já havia recebido, portanto, ao ficar retido na matéria
fina, dois invólucros diferentes através das fadas, isto é, dois presentes das
fadas!
Desses acontecimentos surgiram mais tarde as narrativas referentes aos
presentes das fadas nos berços das crianças.
O invólucro exterior desenvolveu-se então, na matéria fina mais densa, sob
as irradiações despertadoras, num botão de flor protetor, e o invólucro interior
mais delicado, no despertar, imediatamente num pequeno corpo com forma
484
humana. Quero esclarecer também por que o invólucro mais delicado teve de
se transformar num corpo humano.
Já disse em minha Mensagem que na conscientização do espírito origina-
se também a forma humana, uma vez que a peculiaridade do espírito
condiciona a forma humana. Isto está dito em largos traços. Agora tenho de
ampliar também esta explicação e indicar que nesse despertar do germe
espiritual para a primeira conscientização o próprio germe espiritual ainda não
se constitui em forma humana, mas somente o delicado invólucro enteal, que
recebeu através da primeira fada.
Esse invólucro adquire forma humana porque o germe espiritual já no
despertar incandesce inconscientemente esse invólucro. Uma vez, portanto,
que este é incandescido espiritualmente, mesmo que de modo inconsciente,
ele adquire, por esse motivo, logicamente, também de acordo com a espécie
da incandescência, a forma humana.
O próprio espírito, porém, recebe só gradualmente, com a
autoconscientização adquirida em sua peregrinação através das matérias, uma
forma humana, mais ou menos bonita, conforme a espécie e o alvo do seu
desenvolvimento. Ao mesmo tempo também se transformam
correspondentemente os seus invólucros exteriores, enteais e fino-materiais.
No estado exclusivamente consciente do germe espiritual, porém, os
invólucros enteais e fino-materiais são sempre bonitos, uma vez que somente
podem ser desfigurados pela autoconscientização do espírito, que assim
recebe também seu livre-arbítrio.
Refleti cuidadosamente sobre esta frase. Encontrareis nela muitíssimas
soluções.
Encontrareis aí também a explicação por que todos os entes, que vibram
servindo conscientemente na vontade de Deus, são, sem exceção, da mais
delicada beleza e de perfeita configuração, pois todos eles trazem em si algo
espiritual, mas não podem deformar a sua configuração através de uma
autoconsciência de curso errado.
Nesta explicação encontrareis também uma diferenciação daquilo que até
agora denominamos com o grande nome coletivo “enteal”. Apresento-vos aí
hoje, pela primeira vez, um bem determinado degrau, que por enquanto,
porém, só pode ser dado em largos traços, para não nos estendermos em
demasia.
Existem enteais que trazem em si algo espiritual e que servem vibrando
conscientemente na vontade de Deus, e também enteais que trazem em si
exclusivamente o que é enteal, nos quais falta o espiritual. A estes últimos
pertencem, por exemplo, os animais!
A fim de logo evitar aqui perguntas desnecessárias, para que se possa
propiciar uma compreensão certa aos seres humanos, quero dizer que entre os
auxiliadores enteais na Criação encontram-se ainda muitas divisões. Isto,
porém, farei sempre somente de caso em caso, tão logo se ofereça uma
oportunidade para tanto. Assim será mais fácil compreendê-lo. Composições
da Mensagem a esse respeito os seres humanos poderão então fazer por si
mesmos mais tarde.
Agora só quero dizer ainda que, também entre os enteais que trazem em si
algo espiritual, podem ser feitas diversas divisões. A absoluta maior parte vibra
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somente servindo na vontade de Deus, e é completamente independente de
tudo o mais.
Uma pequena parte, porém, que se encontra longe das alturas luminosas,
atuando estreitamente ligada à matéria mais grosseira, como os gnomos, etc.,
podiam, como muitas outras coisas, ser influenciados temporariamente pelos
espíritos humanos desenvolvidos que vivem na matéria grosseira. Mas essa
possibilidade de atuação do espírito humano já foi anulada e também esses
pequenos auxiliadores enteais estão hoje servindo exclusivamente dentro da
vontade de Deus, durante o Juízo e a época do Reino do Milênio.
Não devo, contudo, entrar ainda nesses pormenores, pois assim vos
afastaria demasiadamente das linhas básicas, ao passo que agora, antes de
tudo, quero formar para vós um saber básico, que vos outorga o apoio de que
necessitais para a ascensão e para o aperfeiçoamento do vosso espírito, em
prol de seu amadurecimento rumo às alturas luminosas.
Tudo o mais tem de permanecer ainda de lado, até que haja terminado a
grande purificação. Até lá, porém, não dispondes mais de tempo para
pormenores, que conduzem a distâncias que vos darão vertigens!
Antes de tudo, deveis poder salvar-vos dos labirintos do falso querer saber;
isto é o mais necessário para vós agora, conforme vós próprios mais tarde
reconhecereis.
Não deveis, no entanto, tomar tudo isso demasiadamente terreno, quando
fizerdes para vós uma imagem desses fenômenos, pois o peso da matéria
terrestre aí não existe. E, não obstante, encontrareis acontecimentos de
espécies semelhantes também nesta matéria grosseira da Terra.
Considerai apenas a borboleta, que se desenvolve sob a proteção do
casulo, rompendo o mesmo tão logo se tenha tornado madura para tanto.
No germe espiritual o invólucro de proteção recebe a forma da flor, que tem
de se desenvolver por intermédio da ligação com as propriedades do solo de
matéria fina. Também o porquê e o como se deixa esclarecer exatamente de
acordo com a lei, de modo que então reconhecereis que isso só pode ser
exatamente dessa maneira e forma, nem podendo ser diferente.
Ainda são necessários, porém, anos de esclarecimentos, a fim de chegar
ao ponto em que vós, criaturas humanas, então reconheçais admiradas a
grande simplicidade que perpassa a Criação em seus múltiplos efeitos e que,
no entanto, permanece sempre a mesma em todas as coisas, desenvolvendo-
se segundo uma lei básica.
Perplexos vereis que as dificuldades de reconhecer se originaram somente
através de vós. Vós mesmos as preparastes e tornastes tudo difícil para vós,
seguistes por desvios e caminhos errados, que tinham de cansar-vos, fazendo
com que, sem o auxílio proveniente da Luz, jamais pudésseis alcançar o alvo!
Contudo, se a presunção do vosso raciocínio não tivesse pregado aquela
peça tão ruim, mas bem merecida, das confusões artificiais, teríeis então
chegado fácil e rapidamente à plena maturidade, com infantil confiança,
guiados fielmente pela Luz, num caminho que só continha alegria para vós.
Agora, no entanto, é muito difícil para vós, pois todas as pedras com que
obstruístes o caminho, vós próprios tereis antes de removê-las, e também não
podeis alcançar com um salto a estrada certa, mas tendes de caminhar de
486
volta, por todos os desvios e caminhos errados, até aquele lugar em que vos
desviastes, a fim de reiniciar o trajeto pela estrada certa.
Por isso também tive de seguir-vos primeiro em todos os vossos desvios e
caminhos errados, a fim de alcançar-vos, chamar-vos, e, então, conduzir
cuidadosamente de volta aqueles que seguissem o meu chamado, uma vez
que vós próprios não sois capazes de sair do labirinto.
Não da Luz, diretamente, mas por vossos próprios caminhos tive de chegar
a vós, ao querer trazer auxílio.
Em breve também compreendereis tudo isso através do reconhecimento,
não falta muito para tanto. Então, muita coisa se tornará mais fácil para vós.
Embora tudo nesta Criação seja importante e tenha uma finalidade, mesmo
assim existe uma linha reta para vós, que concede um apoio ao
desenvolvimento de vosso saber e com o qual podeis caminhar para cima,
firmemente.
E tão-só esse apoio quero dar-vos primeiramente, por ser urgentemente
necessário.
Ofereci-vos hoje uma imagem completamente nova daquele plano que
permanece o vosso ponto de partida propriamente dito, seres humanos
terrenos, e que, por isso, representa um grande papel. Sabeis agora como
despertais e onde isso ocorre.
E esse plano, que vos proporciona e possibilita a vinda ao mundo, que,
portanto, concede uma pedra fundamental ao vosso próprio existir como
criatura humana, ele também é importante para o espírito maduro, que se
desenvolveu de modo certo no sentido da vontade de Deus, tornando-se capaz
de ascender.
Como aqui floresce o primeiro invólucro em forma humana, assim o espírito
maduro recoloca nesse plano o mesmo invólucro, o primeiro invólucro que, na
ascensão, é o último a ser abandonado.
Ele fica nesse plano, a fim de dissolver-se, desintegrar-se e reintegrar-se
na mesma espécie da qual se originou primeiramente com o presente da fada.
Contudo, o invólucro de um espírito maduro traz consigo novas forças,
refresca e fortalece a espécie igual, por ter sido fortemente incandescido pelo
espírito autoconscientizado no sentido certo e ascendente, trazendo em si essa
incandescência!
Dessa maneira essa espécie de invólucro torna-se mais vigorosa no círculo
do enteal em redor das matérias e pode auxiliar ainda mais eficientemente o
novo formar e despertar de muitos germes espirituais humanos.
Depois de deixar o último invólucro de delicada entealidade, o espírito,
como tal, autoconsciente, sai então desse plano dos jardins e reingressa no
reino espiritual, que outrora deixou como germe espiritual indolente,
inconsciente, cedendo apenas ao seu indefinido impulso de desenvolvimento,
produzido pelo anseio de conscientização.
Esforçai-vos, criaturas humanas terrenas, para poder ingressar plenamente
maduras no reino do espírito! Com isso então vos reunireis àqueles que
puderam se desenvolver no espiritual, sem precisar primeiro mergulhar nas
matérias.
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Então também não sereis menos fortes do que aqueles, pois tereis vencido
muitos obstáculos e no esforço desse vencer vos transformastes em chama!
Haverá então alegria com relação a vós, como já está indicado na parábola do
filho pródigo.
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29. Germes enteais
Falei em minha última dissertação do despertar dos germes espirituais para a
consciência da existência.
Assim como no último sedimento da esfera espiritual existem germes
espirituais, da mesma forma existe no enteal, por último, um sedimento de
germes enteais inconscientes; e como os germes espirituais mergulham na
mais delicada camada da matéria fina, assim também mergulham os germes
enteais na mais delicada camada da matéria grosseira, onde mais tarde agem
como auxiliadores enteais desenvolvidos. Também esses germes enteais
recebem invólucros e, tornando-se assim mais pesados, mergulham numa
camada um pouco mais densa da matéria grosseira, onde ficam literalmente
retidos.
Antes de passar às explicações, tenho de apresentar algo, do que já falei
certa vez ligeiramente, porém evitei de propósito até agora explicações mais
minuciosas, pois o espírito humano poderia facilmente chegar a idéias
confusas, se eu dissesse muita coisa prematuramente.
Mencionei em minha Mensagem que na Criação, além das coisas que
tomaram forma, fluem ainda correntezas que traspassam a Criação.
Contudo, com a expressão “correntezas” também já temos a forma em si,
pois de fato é assim: são correntezas, que perpassam a Criação como os rios
perpassam a Terra, e da mesma forma como as correntes de ar!
E como essas duas espécies grosso-materiais de correntezas na Terra, em
sua diversidade, assim também temos duas espécies de correntezas
atravessando a Criação: as correntezas enteais e as correntezas espirituais!
Nada existe sem forma na Criação. Temos formas individuais e formas
coletivas. Às formas coletivas pertencem as correntezas específicas que atuam
ao lado, ou melhor, com as formações singulares ou individuais. Cada uma
dessas correntezas tem bem determinadas incumbências, que correspondem
exatamente à sua espécie. Podemos dizer também que se originam da
espécie.
Assim uma corrente espiritual conduz, entre outros, também os germes
espirituais, enquanto estão inconscientes, ao caminho que os leva à
possibilidade de desenvolvimento.
Nesse caminho três fatores colaboram a favor do germe espiritual: em
primeiro lugar, o impulso interior do germe espiritual para a conscientização
age impulsionando e empurrando, em segundo lugar, o rio da correnteza
espiritual age carregando e, em terceiro lugar, a igual espécie dos espíritos
humanos que já estão se desenvolvendo na materialidade age puxando.
Agora surgirá, imediatamente, nesse ou naquele de vós novamente a
pergunta: Como era, porém, na época, em que na materialidade ainda não
atuavam espíritos humanos em desenvolvimento, portanto, onde a atração de
sua igual espécie ainda não podia atuar?
Na época em que os primeiros germes espirituais se aproximaram daquela
parte do Universo, à qual a matéria ainda não era tão densa quanto hoje, já
que só mais tarde o querer da humanidade, desenvolvendo-se de forma
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errada, produziu maior densidade e peso, o que teve como conseqüência um
maior afastamento da Luz e movimento mais lento e estorvante.
Bastou ao germe espiritual, na leveza da matéria de outrora, o próprio
impulso e o fato de ser carregado pela corrente, para alcançar o primeiro alvo
do desenvolvimento. E também o desenvolvimento progressivo era mais fácil,
uma vez que para o caminho seguinte já bastava uma fraca tomada de
consciência como impulso, a fim de poder prosseguir mais um trecho do
caminho.
Tudo isso se tornou muito mais difícil atualmente.
Aqui tenho de intercalar algo novamente. O processo de descida dos
germes espirituais realiza-se sem interrupção para a Criação.
Quando eu disse anteriormente que se faz mister uma bem determinada
maturidade da matéria para a recepção dos germes espirituais, e que isso não
se pode repetir mais com a maturidade crescente, não me referia à Criação
inteira, mas unicamente a corpos celestes isolados, como, por exemplo, a
Terra.
Para esta, por fim, só podiam vir almas humanas mais velhas, já
encarnadas anteriormente, as quais têm de finalizar suas peregrinações no
fechamento dos círculos, mas não germes espirituais, isto é, almas que nunca
estiveram na densa matéria grosseira.
Partes da Criação, porém, estão sempre prontas para poder receber
germes espirituais que já atingiram a consciência do existir, mas que para
obterem a autoconsciência precisam primeiro desenvolver-se na vivência.
Enquanto o espírito humano possuir somente uma consciência do existir,
tem de conservar o nome de germe espiritual, mesmo se o seu invólucro já
puder ter forma humana. Só com o desenvolvimento progressivo para a
autoconsciência é que ele cessa de ser germe espiritual humano e se torna
espírito humano!
É necessário dizer isso aqui, a fim de evitar interpretações falsas ou
noções erradas. Por isso já em minha última dissertação mencionei que é
longo o caminho da consciência do existir até a autoconsciência humana, a
qual requer primeiro a livre e consciente decisão da vontade, mas com isso
também a plena responsabilidade.
À medida que progrido com minhas explicações tenho de efetuar sempre
mais rigorosas separações de noções, ao passo que até agora podia deixar
muitas coisas ainda em noções genéricas. Não se trata, portanto, de nenhuma
espécie de jogo de palavras, como não poucas pessoas astutas, em sua
indolência espiritual, estavam prontas para designar alguns trechos de minha
Mensagem, com o que, pois, mostravam, bem nitidamente, apenas sua
completa ignorância e falta de noção quanto à seriedade e grandeza da coisa,
mas sim se trata de uma absoluta e inevitável necessidade, se o ser humano
quiser mesmo penetrar no movimento da Criação.
Aí não lhe podem bastar, para sempre, algumas expressões terrenas; pelo
contrário, tem de se dignar a aprender, com o tempo, limites cada vez mais
exatos e pesar claramente o verdadeiro sentido de cada palavra.
Assim também temos de fazer, se quisermos prosseguir e não ficar
parados ou deixar atrás de nós campos não esclarecidos.
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Também nisso tem de haver movimento, ao invés do apego rígido e
teimoso! Quando primeiro esclareço algo em largos traços, posso denominá-lo
de modo diferente do que quando entro em pormenores, tendo que diferençar
mais e mais, o que primeiro eu podia tomar como noção genérica.
Preciso sempre dar primeiramente noções genéricas, para mais tarde
entrar em pormenores, quando a noção genérica houver tomado em vossa
capacidade de compreensão uma imagem mais ou menos clara; de outro modo
jamais poderíeis alcançar uma compreensão, tendo em vista a imensa
grandeza da Criação. Perderíeis rapidamente o terreno firme do autêntico
saber e cairíeis nas habituais incoerências dos seres humanos, que identificam
os adeptos das numerosas seitas e também das igrejas.
Por isso, deixai tais criaturas humanas falar sossegadamente, pois com
isso apenas dão testemunho de sua própria superficialidade e do seu temor
diante do esforço de um maior aprofundamento, e segui-me alegremente,
assim como vos dou. Então só vos advirá vantagem disso, pois eu não só torno
tudo mais fácil ao espírito humano, como, acima de tudo, possibilito a
compreensão do que é grandioso, pelo menos naquelas partes com as quais
ele se encontra em ligação, e das quais depende sua atividade.
Assim como as correntes espirituais transportam os germes espirituais, da
mesma forma as correntes enteais conduzem os germes enteais em seus
trajetos. Sobre o ponto de partida, as espécies e as atuações de todas essas
correntezas poder-se-á falar de maneira especial somente mais tarde.
Tomemos hoje simplesmente, como início, a noção de que todas essas
correntezas semelhantes às do ar e das águas da Terra são fecundadoras,
conservadoras, purificadoras, em suma: beneficiadoras em todos os sentidos.
Essas correntezas, aliás, já eram em parte conhecidas dos seres humanos
terrenos de outrora; pois a estas pertence, por exemplo, a “Styx”, mencionada
nas tradições gregas.
Voltemos, porém, depois dessas divagações à finalidade da dissertação de
hoje.
Os germes enteais são transportados pelas correntezas de espécie enteal.
Apesar da espécie básica enteal das correntezas, encontram-se presentes,
contudo, bem diversas e até múltiplas espécies individuais, e, por isso, cada
vez mais ramificações laterais vão se separando, pouco a pouco, da corrente
original e principal, no seu curso através dos diversos planos, as quais
procuram um caminho próprio, pois com a crescente distância da Luz as
espécies individuais isoladas se separam como ramificações laterais, que, por
fim, encerram em si somente uma bem determinada espécie enteal e,
obedecendo à lei, só transportam consigo a respectiva espécie igual de germes
enteais.
Assim tais germes enteais vão ao encontro de seus pontos de destino,
cumprindo a lei da Criação. Eles estão divididos nos germes que se acham
estreitamente ligados às flores, a outras plantas, bem como à água, ao ar, à
terra, às pedras, ao fogo e a muitas outras coisas específicas nas matérias.
Em cada plano isolado e também em cada plano intermediário são sempre
depositados pelas correntezas em trânsito os seres que pela sua espécie igual
são adequados ao respectivo plano, isto é, permanecem lá onde têm de agir,
491
porque é lá que se tornarão conscientes. Isso tudo ocorre como conseqüência
naturalíssima e simples das leis, de tal forma, que nem poderia ser diferente.
Em cada plano intermediário despertam determinadas espécies de enteais
para a consciência, de uma forma que sempre corresponde à sua força, e
principiam lá a agir, formando, cuidando e protegendo.
Por fim, porém, permanecem nas correntezas apenas entes que só
poderão chegar ao estado consciente nos astros das mais grosseiras
materialidades. E como derradeiros sedimentos há também germes enteais,
que na matéria grosseira não podem despertar imediatamente, sem mais nem
menos, mas sim precisam de um desenvolvimento especial.
Isto, aliás, é por enquanto apenas um grande quadro que vos apresento e
que entendereis de maneira melhor inicialmente como sendo uma carta
geográfica plana, onde observais os caminhos dos rios e dos córregos com
suas muitas ramificações e percursos, aparentemente escolhidos por eles
próprios.
Só depois podereis completar o quadro e imaginar que veios de água
também percorrem a parte interna e não apenas a superfície, como também
correntes de ar. Assim tereis ganho finalmente a imagem de uma parte dos
acontecimentos dessa espécie na Criação.
Se os seres humanos terrenos servissem direito, vibrando na vontade de
Deus, a Terra em si seria uma cópia harmoniosa, se bem que grosseira, da
Criação. Só devido à degeneração dos seres humanos é que não pôde tornar-
se assim até agora.
Falemos, pois, finalmente dos germes enteais, os quais havíamos tomado
como alvo. Estreitamente relacionadas ao germe espiritual em
desenvolvimento estão em primeiro lugar as pequenas fadinhas das flores da
Terra! Estas, vistas por vós, despertam em cálices de flores terrestres. Todavia,
não é assim conforme supondes. Elas encontram-se, sim, nos botões das
flores, as quais lhes formam o seu invólucro mais grosseiro até o seu
despertar, porém existe ainda algo mais nisso.
Na realidade encontram-se maciamente deitadas numa camada para vós
terrenalmente invisível de fina e delicada matéria grosseira. Ao mesmo tempo,
porém, também num botão de flor da Terra. A delicada camada de matéria
grosseira, invisível para vós, perpassa não só os botões, como também toda a
Terra e suas adjacências.
Nessa camada efetua-se o verdadeiro desenvolvimento das fadinhas das
flores para tornarem-se conscientes, enquanto que o botão da flor terrestre fica
apenas como proteção mais grosseira e exterior, e do qual as fadinhas das
flores, apesar de certa ligação, são bastante independentes.
Elas também não fenecem quando as flores morrem, mas sim o
desenvolvimento delas prossegue através dos cuidados auxiliares dispensados
às novas flores terrestres e em parte também às novas fadinhas. Sua força
intensifica-se conforme sua capacidade.
Assim continua cada vez mais, até um ponto que as deixa soerguerem-se
em plena maturação para um novo campo de atividade, pois acontece ao
germe enteal a mesma coisa que ao germe espiritual... ambos encontram-se
sob uma uniforme e atuante lei de Deus, de desenvolvimento!
492
As pequenas fadinhas, durante sua formação, também não se encontram
indefesas e abandonadas aos perigos de que suas moradias, sendo ainda
botões, pudessem ser devoradas por animais ou destruídas pela mão humana
brutal, conforme parece do ponto de vista grosso-material.
Certamente, as flores são cuidadas por fadinhas desenvolvidas, mas em
cada flor não mora uma fadinha, mas sim apenas naquelas que estão
especialmente protegidas e inacessíveis aos perigos, até quanto se possa falar
em inacessibilidade. Enquanto não tiverem se tornado conscientes, são
transportadas imediatamente ao se aproximar qualquer perigo.
Menciono primeiro as fadinhas das flores, porque elas sempre estiveram e
continuam nas vibrações da vontade de Deus. Não podem ser influenciadas
pela vontade humana, pois tecem e respiram sempre nas vibrações da Luz!
Neste fato repousa o segredo de que cada flor, inclusive a mais simples, é
transluzida de beleza, pois as fadinhas das flores encontram-se na Luz! Têm
em sua delicadeza formas femininas e, por estarem na Luz, são de uma beleza
maravilhosa.
Vós mesmos já deduzireis, com base na Mensagem, que também existem
elfos que possuem formas masculinas, correspondentes à sua atividade.
São mais densos, positivos, porque se ocupam com a matéria mais dura. O
elfo das árvores possui, por exemplo, forma masculina.
Segundo cada atividade, decorrem a forma e a espessura.
Assim também os gnomos, em sua atividade com a terra e as pedras,
possuem a forma masculina. São mais densos, ao passo que as ondinas das
águas têm formas femininas.
Vós mesmos podeis tirar maiores conclusões, encontrando com isso
sempre o certo, se tomardes a Mensagem como base, na qual encontrais as
leis da Criação.
O que aqui ficou dito refere-se aos enteais desenvolvidos, pertencentes ao
vosso ambiente na Terra! Tudo o que é estreitamente ligado à matéria mais
grosseira, só pode contar realmente com êxito rápido e visível em atuação
positiva e densidade maior; por isso o masculino é sempre a parte executante
positiva voltada para o mais denso, isto é, para o que está mais embaixo, ao
passo que o feminino é a parte receptora negativa voltada para o mais
delicado, isto é, para o mais elevado!
Assim é a divisão da Criação, segundo a vontade de Deus, e só quando o
ser humano se enquadrar e vibrar dentro dela é que lhe advirá uma verdadeira
ascensão, que de outra maneira não poderá conseguir! Pois então toda a sua
atividade estará vibrando na Cruz da Criação, na qual o positivo e o negativo,
agindo ativamente e recebendo passivamente, se encontram em equilíbrio!
E sempre de novo é a mulher humana que não cumpre o seu lugar na
Criação!
Se refletirdes serenamente sobre tudo isso, podereis chegar a conclusões
inimaginadas e a esclarecimentos que até agora vos pareciam insolúveis. Mas
o vosso raciocínio não se enquadrará tão depressa, mas sim quererá sempre
disseminar dúvidas, a fim de vos confundir e com isso manter-vos no domínio
que ele nos últimos séculos pôde ter sobre vós quase incontestavelmente.
493
Certamente haverá muitas pessoas às quais acode de modo interrogativo o
pensamento: e as fúrias? Não possuem elas também formas femininas, e,
todavia, são de espécie bastante positiva em sua atuação?
Por isso quero entrar já no assunto e explicar-vos:
As fúrias possuem formas masculinas e femininas; ambas, porém, não
obstante suas manifestações multilaterais, têm um só objetivo: a destruição!
Contudo, as fúrias não são enteais. Coisas desse teor não promanam da
vontade da Luz! As fúrias não passam de produtos do malquerer humano.
Pertencem aos demônios que logo terão de perecer, assim que a vontade das
criaturas humanas melhorar, voltando-se para a Luz!
De fato elas são muito perigosas e serão soltas no Juízo Final, a fim de
precipitar-se sobre a humanidade inteira. Mas apenas conseguirão causar
danos lá onde puderem se inserir, isto é, onde encontrarem nas criaturas
humanas uma maldosa espécie igual ou medo.
Com isso também as fúrias têm de servir à Luz, pois acabarão com os
seres humanos terrenos maus, favorecendo assim a grande depuração.
Terminada esta, as fúrias não encontrarão mais alimento e terão de
desaparecer por si mesmas.
Mas quem tiver medo no Juízo, a esse falta a convicção na Palavra da
Verdade e com isso também a confiança na onipotência de Deus e na Sua
justiça, que se mostra tantas vezes no amor auxiliador!
Uma tal pessoa torna-se então com toda a razão uma vítima de sua
indiferença ou preguiça; deverá ser agarrada e destruída pelas fúrias no Juízo
Final! Portanto, também isso é, por fim, um acontecimento simples, que em sua
terribilidade tem de seguir os caminhos da sagrada lei de Deus!
As fúrias soltas! Isso quer dizer, elas não serão retidas, ser-lhes-á deixado
caminho completamente livre durante certo tempo.
Os seres humanos não serão protegidos nisso, mas sim abandonados ao
furor
É inteiramente natural, porém, que aqueles seres humanos que tiverem
uma convicção certa e forem ligados à Luz não poderão ser atacados, visto
não se encontrar no íntimo deles ressonância alguma, onde as fúrias possam
se agarrar, a fim de desnorteá-los.
Os ligados à Luz encontram-se durante o furor como num invólucro, que
não pode ser traspassado, e onde todo o ataque da vontade malévola acabará
por ferir a si mesmo. Tal invólucro formou-se automaticamente nas horas de
perigo como decorrência da firme confiança em Deus.
Entretanto, os seres humanos que em sua presunção ou ilusão se julgam
fiéis, e com isso somente são fiéis à Igreja, mas não fiéis a Deus, o que os
tornaria vivos em si, serão jogados de um lado para outro, como folhas
murchas na tempestade, e terão de perecer no turbilhão, a não ser que ainda a
tempo cheguem a reconhecer que estavam vazios na rigidez de sua crença e
se esforcem avidamente em absorver vida da Luz da Verdade, a qual
resplandece acima de todas as tempestades.
Permanecei vigilantes e fortes, para que as fúrias não possam encontrar
apoio em vós! Tornai-vos em vossa atuação iguais aos muitos pequenos
494
auxiliares enteais, que são para os seres humanos o exemplo do servir com
fidelidade!
495
30. Preparadores do caminho
Quando vos sobrevier o reconhecimento de toda a vossa culpa perante Deus,
então mal podereis ter ainda esperança por misericórdia ou piedade; pois vós
certamente não a mereceis.
Quanto mais a vista se estende sobre o passado, tanto mais
ameaçadoramente surgem para vós, oriundas de milênios passados,
sucessivas acusações que, sem interstícios, se unem em um círculo compacto,
que, tornando-se cada vez mais estreito, se fecha em torno de vós.
Por último esse círculo cairá sobre vós, de modo destruidor, se não
apanhardes, ainda na última hora, cheios de gratidão a corda de salvação que
vos suspenda desse cerco que encerra a ruína, o fim de vossa culpa, o que ao
mesmo tempo também acarretará agora o vosso fim.
Acordai, pois, seres humanos, cobrai ânimo! Para vosso auxílio serão
tirados pela Luz todos os véus do passado, a qual com isso vos deixa
reconhecer o que perdestes e como procedestes sempre erradamente!
Não podeis alegar que no passado foram outras as pessoas que se
carregaram de culpa e que vós, em tudo isso, não tendes nenhuma
participação. É um grande erro, pois fostes vós mesmos, um aqui, outro acolá,
nem sempre no mesmo tempo e no mesmo lugar, mas de alguma maneira os
fios já vos ligavam com todo o acontecer! Mesmo que até agora ainda não vos
tenhais tornado conscientes disso.
Em vossa decadência terrenal não fazeis uma idéia sequer dos muitos
auxílios que a Luz sempre de novo vos concedeu, a cada hora e sem
interrupção, para que não vos transviásseis do caminho certo... vosso espírito,
porém, esse sabe disso, porque disso tantas vezes participou!
Somente a vossa profunda queda, devido à escravidão do raciocínio que
aceitastes voluntariamente, conseguiu que nada mais disso possais intuir, e
vosso espírito, por sua vez, não é capaz, por si mesmo, de penetrar até a
vossa consciência diurna, porque o mantendes encarcerado no pesadume
contemporâneo da Terra.
Além disso, não lhe dais nenhuma oportunidade para que possa
manifestar-se, porque elevastes de modo criminoso, como guia, no lugar de
vosso espírito, seu instrumento, vosso raciocínio preso à Terra.
Dessa maneira vos foram fechados automaticamente todos os caminhos
provenientes das alturas luminosas. Vós mesmos mantendes afastado
obstinadamente tudo o que possa perturbar esse estado doentio de sonolência
espiritual, só para não precisardes despertar subitamente da complacente
comodidade do próprio querer saber melhor, que foi cultivado pela presunção
decorrente da falsa supervalorização do valor próprio!
Como terá de tornar-se terrível, pois, o verdadeiro reconhecimento para tais
seres humanos!
Isso é também o que, em primeiro lugar, impede a muitos acolher a
Verdade proveniente da Luz! São o temor e o medo que, embora ainda bem
escondidos, procuram ocultar-se, mas que já deixam perceber seus leves
arrepios, só que a muitos seres humanos de modo completamente
496
inconsciente, até que repentinamente golpes cortantes da Luz os obriguem
inexoravelmente ao despertar involuntário!
Sim, temor e medo de cada irradiação da cristalina e fria Luz, que traz
consigo a Verdade e que, de modo incorruptível, deixa facilmente
reconhecíveis os erros e falhas desses seres humanos terrenos, este é o
motivo por que muitos hesitam, levianamente, em se colocar agora
corajosamente dentro da irradiação luminosa!
Eles todos não querem renunciar tão facilmente ao bem-estar da própria
ilusão que se amolda, tão lisonjeiramente, de acordo com seus desejos
próprios. Por isso, também preferem velhos hábitos ao desassossego, que a
minha Palavra tem de lhes causar primeiramente, até que nela encontrem,
pouco a pouco, a verdadeira paz, ressurgindo espiritualmente como novos
seres humanos, que vibram alegres e conscientes nas leis de Deus.
Eles intuirão a sagrada vontade de Deus apenas ainda como algo
abençoado, auxiliador e estimulante, mas nunca de modo duro ou como
pressão, assim como lhes deva parecer ainda hoje, devido a sua sintonização
errada.
Já é, em si, um sinal certo de sintonização errada e prova de andarem por
caminhos errôneos, quando aqueles seres humanos se chocam com a Palavra
da Verdade, porque ela não lhes agrada!
O “não agradar” é, aliás, uma das melhores expressões para a recusa
daquelas pessoas, que julgam poder escolher a Verdade, precisando retirar da
mesma apenas o que lhes agrada, ou, como também dizem: “convém”! Por
essa denominação vós mesmos vedes que condenável vaidade e que
arrogante presunção reside nisso, já em toda a maneira como se aproximam
da Palavra, se é que querem dignar-se a isso alguma vez!
Não há nisso a devida seriedade, menos ainda a necessária humildade
para encontrar de mais a mais algo nela, pois a Verdade nunca se impõe.
Eu, porém, vos digo que os seres humanos não possuem nenhuma
escolha, mas sim têm de se curvar agora e descer do trono de sua
autoglorificação de uma existência erradamente imaginada!
Se os seres humanos não tivessem agido sempre assim, no decorrer dos
milênios, como procedem ainda hoje, se não tivessem torcido sempre tudo o
que lhes deveria ter auxiliado, para adaptá-lo ao sentido humano e aos seus
desejos terrenos, então haveria aqui na Terra agora somente uma única
doutrina, proveniente da vontade de Deus. Não estariam em curso tantas
espécies de confissões.
Tudo o que de doutrinas até agora veio para a Terra, unido, não formaria
senão uma escada para o pedestal que a Verdade tem de ocupar, conforme a
sagrada vontade de Deus, como foi anunciado aos seres humanos tantas
vezes, em múltiplas promessas.
Não haveria diversidade nas concepções, menos ainda nas próprias
doutrinas!
Pois todas as doutrinas estavam, outrora, de acordo com a vontade de
Deus, adaptadas exatamente a cada povo e a cada país, e moldadas
inteiramente de acordo com as respectivas maturidades espirituais e
receptibilidade.
497
Elas todas conduziam originariamente em linha reta para a Palavra
Sagrada de Deus da Verdade que encontrais na Mensagem. Já naquele tempo
tudo convergia em direção à época do Juízo Final, que hoje é! Os portadores
de cada uma das doutrinas, com exceção daquela vinda da própria Luz a esta
Terra, eram os preparadores do caminho para a própria Palavra da Verdade.
E esses preparadores do caminho esforçaram-se, muitas vezes em árdua
luta íntima, para cumprir fielmente sua missão, apesar de todos os obstáculos
que os seres humanos, sempre de novo, procuravam interpor-lhes no caminho.
Mas a humanidade, já outrora, como sempre, falhou totalmente, em cada
caso, ao torcer sempre as palavras dos anunciadores, preparadores do
caminho, logo após o seu falecimento, ou ao deixar fora totalmente aquilo que
não podia compreender direito, retendo-o da posteridade.
Contudo, justamente aquilo que procuraram reter, porque não podiam
compreendê-lo naquele tempo, era o mais importante de tudo!
Como essas anunciações mais importantes, naturalmente, sempre
tratavam do mais elevado de cada doutrina, o que sempre tinha sido acessível
apenas a um círculo bem restrito, porque o povo em geral não as teria
compreendido de nenhuma maneira, não foi difícil e também foi compreensível
retê-las primeiramente, razão por que, com o tempo, foram esquecidas
completamente.
Contudo, uma sábia providência não as deixou desaparecer totalmente, e
tempo virá, aliás já está próximo, em que chegarão notícias de todos os países
a respeito de escritos que falam dessas eras antigas, surgindo como
testemunhas contra os desvirtuamentos feitos por uma humanidade
presunçosa.
Demonstrar-se-á então que os posteriores adeptos das doutrinas, hoje, não
possuem mais contato algum com a própria doutrina originária, a qual era muito
diferente da forma como hoje é apresentada e ensinada! Pois até a própria
Verdade, trazida por Jesus, foi torcida na expressão e no sentido.
Infelizmente, muitos esforços e também muita boa vontade foram por isso
despendidos por tantos fiéis nos erros que se constituíram no decorrer dos
milênios, e, assim, vemos hoje também as doutrinas de todos aqueles sábios,
que já eram preparadores do caminho para a própria Palavra da Verdade,
como Krischna, Lao-Tse, Buddha e Zoroaster, apresentadas numa forma
completamente estranha e, dessa maneira, também de conteúdo diverso
daquele como foi dado outrora pelos próprios anunciadores. Assim também as
descrições de suas vidas terrenas foram desfiguradas no decorrer do tempo.
Não correspondem à realidade.
Milênios, sim, centenas de milênios de anos terrenos já foram
penosamente gastos pela Luz, com indizível paciência e inconcebível bondade,
a fim de vos formar e preparar para a época em que tereis de julgar-vos, para
sucumbirdes aí ou poderdes ascender esplendidamente para os jardins
luminosos da alegria eterna.
E uma vez que agora despontou a época que sempre foi anunciada, os
seres humanos encontram-se mais afastados da Verdade do que nunca!
Obstinadamente, apenas correm atrás das configurações do seu querer saber
próprio, precipitando-se assim nos abismos da decomposição com o último
golpe de espada da separação purificadora, desejada por Deus!
498
O que imaginais, seres humanos, que agora virá para vós? Não darei mais
nenhuma indicação, em breve ireis, pois, vivenciá-lo!
Entretanto, ainda nesta época das mais desesperadoras confusões, a Luz,
auxiliando, distribui sempre de novo, de mãos cheias, novas graças do
manancial de sua onisciência inesgotável, que ainda terão de se desenvolver
automaticamente no fechamento do círculo de todo o acontecer, palpáveis por
todos aqueles que reconhecem o seu valor e utilizam os auxílios agradecidos.
A Luz tira mais uma vez os véus que foram tecidos pelo sentido humano
em volta de tudo, e que tiveram de causar com isso a atual confusão.
A Luz vos dá no Juízo novamente a Verdade e, com isso, também o
reconhecimento das conexões na grande condução que queria levar a
humanidade, de degrau em degrau e com cuidado, ao reconhecimento da Luz,
e para o que todas essas doutrinas deveriam servir.
Somente pelo mesquinho sentido humano e pelas vaidades humanas
surgiu coisa tão diversa, e às vezes até contraditória, daquilo que
originariamente era sempre uma só coisa e que jamais deveria conduzir à
dispersão!
Também nisso as trevas reconheceram mui habilmente as fraquezas dos
seres humanos terrenos e as utilizaram para si a fim de alcançarem as metas
hostis à Luz.
E esses seres humanos terrenos, aos quais sempre e sempre de novo
foram concedidos tantos auxílios da Luz, seguiram todos os engodos das
trevas mais do que dispostos, e até alegremente, devido à vaidade e à
presunção!
E entre esses seres humanos estivestes também vós, outrora, vós que hoje
nada quereis saber de tal culpa e, se possível, procurais descarregá-la sobre
outrem.
Cada um dos seres humanos encarnados atualmente sobre a Terra teve
uma vez, e na maioria dos casos até várias vezes, oportunidade de seguir
fielmente ao chamado da Luz! Uma vez pelo menos recebeu de forma legítima
a doutrina de um preparador do caminho.
Contudo, apesar de a humanidade pecar nisso sempre de novo, a Luz dá
com o Juízo e os conseqüentes fechamentos dos círculos de todos os
acontecimentos, também nisso, mais uma vez, a oportunidade para o
reconhecimento de tudo aquilo que até agora fez para a humanidade, a fim de
preservá-la da queda definitiva!
Com esses fechamentos dos círculos apresentam-se mais uma vez as
vivências de todos os preparadores do caminho, seu evoluir e também seu
atuar na irradiação da Luz, assim como foi, a fim de com isso endireitar o que
foi torcido e resguardá-lo, para todo o futuro, dos pecados daqueles ambiciosos
que tudo pretendem saber melhor.
As vidas terrenas e as atuações dos conhecidos preparadores do caminho,
a começar por Hjalfdar até Krishna, Lao-Tse, Buddha e Zoroaster, e mais
alguns outros ainda, revivem, visto que agora cada princípio há de unir-se ao
fim, no movimento circular, a fim de assim se julgar, para se elevar ou cair.
499
Nas histórias de todos vereis, mais uma vez, nitidamente, a grande e
uniforme condução proveniente da Luz, mas também a luta repugnante das
trevas contra cada auxílio que devia ser dado às criaturas humanas.
O ser humano, até agora, podia decidir quanto a aceitar ou rejeitar o
auxílio. Com a torção de doutrinas puras através de seu querer saber melhor,
porém, serviu ele somente às trevas, não à Luz! Causou desse modo confusão
e inimizades, como conseqüência daquelas doutrinas, que na realidade
deveriam unificar, se naquele tempo tivessem permanecido puras, tão puras e
cristalinas como foram dadas.
No entanto, que tais conseqüências funestas pudessem surgir, apenas
prova que tem de tratar-se de obra humana nas formas atuais, pois o que
provém de Deus ou o que for feito legitimamente por Sua ordem, não conhece
ódio nem inimizade!
Essa Verdade deveis tomar como pedra de toque para tudo! Sempre que
encontrardes intolerância e odiosidade ou até mesmo inimizade, provocações
contra quem não for da mesma crença, onde se tenta prejudicar os adeptos de
credos diferentes, aí a doutrina não é de Deus ou é falsificada! E tais seres
humanos servem somente às trevas, nunca à Luz!
A doutrina que permite tal coisa tem de ser torcida, pouco importando como
é denominada, pois uma doutrina que ainda não é torcida vibrará também, de
modo puro, nas leis de Deus. Não educa criaturas que queiram prejudicar o
próximo!
Existem, naturalmente, também seres humanos que se servem de uma
doutrina pura, porém abusam dela, utilizando-a para fins próprios, como o
encontrais freqüentemente na História Universal e na de alguns povos isolados,
que, por isso, finalmente são conduzidos sempre à ruína, mesmo que pareçam
também elevar-se às vezes, aqui ou acolá.
Chama a atenção que os que assim procedem são comprovadamente
sempre os próprios servidores de tais doutrinas, que desde os tempos antigos
sempre se denominavam sacerdotes ou servidores de Deus. E eles
preparavam as doutrinas de tal forma, que as interpretações servissem às
realizações de seus próprios desejos. Dessa forma o sentido das doutrinas já
era torcido e os adeptos e fiéis serviam, sem o saberem, somente aos templos
e às igrejas, mas não realmente a Deus!
E esses assim chamados servidores de Deus zelavam sempre, ciumentos,
pela manutenção de sua influência terrena sobre os crédulos seres humanos e
procuravam estendê-la sempre mais, pois significava e era para eles, ao
mesmo tempo, um poder e... o seu ganho, sua subsistência!
E dessa maneira surgiu uma luta na qual se utilizavam de todos os meios;
uma luta, porém, pela subsistência, para o que qualquer meio lhes parecia
certo! Ainda hoje e por toda a parte podeis reconhecer mui facilmente esse
fato!
Disso resultou por fim, de modo totalmente natural, ódio e inimizade,
intolerância e provocações com relação ao próximo. Assim, porém, ninguém
serve a Deus, pois Deus proíbe essas coisas más, que, aliás, mesmo
consideradas apenas de modo puramente terreno e examinadas com justiça,
demonstra somente o pensar impuro daquele que é capaz de agir de tal
500
maneira, não podendo, entretanto, prejudicar a pessoa visada, diante de seres
humanos que ainda possuem índole correta!
Há nisso, portanto, duas coisas como ponto de partida do falso: ou a
própria doutrina foi torcida pela mão e pelo sentido humano, ou seus servos
procuram utilizá-la no sentido errado, para fins principalmente terrenos,
egoísticos. Sua prática está, então, torcida e aproveitada para fins próprios.
Uma coisa é tão condenável quanto a outra. Utilizar, porém, uma doutrina
pura predominantemente para fins próprios é pior ainda do que quando uma
doutrina é torcida por ignorância.
Tudo isso demonstrar-se-á agora no Juízo! Mas nos próprios seres
humanos, que assim pecaram contra o espírito, o qual deu a todos, sempre de
novo, como conceito básico da existência, desejada por Deus nesta Criação,
apenas a única doutrina: ama teu próximo, isto é, respeita-o como tal! Nisso se
encontra o mandamento férreo: que nunca deverás prejudicar o próximo
conscientemente, nem seu corpo, nem sua alma, tampouco seus bens terrenos
ou sua reputação!
Quem não considera isso e procede de modo diferente, não serve a Deus,
mas sim às trevas, às quais se entrega como instrumento!
Esse também não conhece Deus, nem a Sua santíssima vontade, que se
encontra em Sua Palavra. Também não conhece, por conseguinte, a Palavra
de Deus em seu verdadeiro sentido! E isso cada qual prova claramente pelo
seu modo de agir, isto é, no falar e no atuar! Por aí vedes imediatamente quem
serve realmente a Deus ou apenas às trevas!
Aceitai isso como guia para a luta que deveis vencer contra tudo o que
serve às trevas e a elas pertence.
Se estiverdes firmes na Palavra, não será difícil sairdes sempre
vencedores, pois a Luz é eternamente mais forte do que as trevas, e convosco
está a onipotência de Deus, se servirdes fielmente!
501
31. Quando a aflição estiver no auge, o auxílio de
Deus estará mais próximo de vós!
Quando a aflição estiver no auge, o auxílio de Deus estará mais próximo de
vós! Já há muito tempo esta expressão percorre o mundo.
Muitos lábios humanos a pronunciam como consolo, mas infelizmente,
muitas vezes, de modo impensado e apenas para que seja dito algo diante de
preocupações que oprimam a outrem.
Esta bela expressão, que encerra uma promessa, tornou-se uma fórmula
vazia de polidez social.
Quem, porém, não quer citar o nome de Deus, como existem tantos, por
estarem impedidos por mil motivos, este então diz: Depois da chuva vem o sol!
Ou ainda outras expressões populares do mesmo sentido. Existem muitas
dessas.
Contudo, nenhuma delas encerra a profunda seriedade e também a força,
como a expressão:
Quando a aflição estiver no auge, o auxílio de Deus estará mais próximo de
vós!
A força animadora, que flui destas palavras, cada ser humano intuirá
quando, durante graves preocupações, nelas pensar. Há algo de especial aí, o
que não é proporcionado por nenhuma das muitas maneiras de consolo.
Destaca-se como herói vitorioso e vós o intuireis, sem vos tornar cientes
daquilo que é capaz de conseguir a tranqüilização.
Quem, porém, estiver integrado na Mensagem, conhece o poder da
palavra, quando vibra nas leis da Criação. Nisso reside o segredo desse efeito.
A sentença aqui mencionada está bem ligada com as vibrações da Luz,
transmitindo, por isso, uma força que deve surpreender, se cair em solo fértil.
No entanto, isso é condição fundamental, como, aliás, em tudo: o solo deve
estar preparado para tal!
Nas grandes aflições, porém, ele muitas vezes está preparado devido aos
abalos. Dessa maneira as palavras podem formar uma ponte para o auxílio
proveniente da força do Criador, que está à disposição de cada criatura, porque
se encontra vibrando na Criação inteira. A criatura precisa apenas elevar o
olhar confiantemente para o Senhor, pois a confiança forma sempre o melhor
caminho para um auxílio proveniente da força.
O processo, pois, na utilização dessa sentença, é o seguinte: as palavras
“quando a aflição estiver no auge, o auxílio de Deus também estará mais
próximo” despertam a confiança no ser humano que acredita em Deus.
Com isso essas palavras estabelecem uma ponte, pois a confiança surgida
por meio delas eleva-se qual uma súplica, como uma oração, por serem
intuídas pelo espírito humano. Dessa forma o espírito se abre para nova força,
a qual, por sua vez, flui através dele em direção aos lugares que o oprimem
pesadamente.
Assim esses lugares de má vontade que se aproximam entram na
irradiação da Luz, a qual vence o mal.
502
Onde, porém, um ser humano não acredita no auxílio de Deus, também
não poderá surgir através dessas palavras aquela confiança, que é necessária
para deixar entrar a sagrada força da Luz e conduzi-la àqueles lugares que
geram a aflição.
Não penseis, contudo, que deveis retransmitir a força da Luz que vos
atinge, através de pensamentos egoísticos de ódio e planos aniquiladores.
Seriam canais impuros, através dos quais a força da Luz também não poderia
fluir sem turvação.
E cada turvação provoca enfraquecimento. Com isso, portanto,
enfraqueceríeis em seus efeitos o auxílio a vós destinado. Somente quando
fordes capazes de assimilar a força, na pura confiança em Deus, que suplica o
auxílio de Deus, deixando à Sua sabedoria a maneira como Ele queira auxiliar,
então será certo e possível utilizar de forma límpida a força, para afastar e
extinguir o mal.
Não necessitais nem deveis ter pensamentos próprios, quanto à maneira e
à forma dos efeitos! Aguardai com tranqüila confiança.
Vosso sofrimento já indicará o caminho para a força! E assim, também o
maior sofrimento terá de afastar-se finalmente de vós, sem que vos
sobrecarregueis novamente com pensamentos de raiva irrefletida ou ódio.
Por isso também vos foi dada como advertência a expressão: A Mim
pertence a vingança, Eu retribuirei!
Isso deve servir como indicação para que vos comporteis de tal forma,
como é da vontade de Deus, encontrando-vos dessa forma na lei da Criação, a
fim de que então a força da Luz realmente vos possa auxiliar! Contudo, tendes
de formar a passagem para isso.
Para onde olhardes, vedes auxílios ao redor de vós; sois envoltos por
auxílios, de maneira que nem podeis cair, se quiserdes ver. E ver, isto é,
“saber”, só podeis mediante o conhecimento das leis de Deus na Criação,
portadoras daquela vontade, que vos auxilia sempre que entrardes em
situações aflitivas, desde que vós próprios não vos mantenhais fechados com
relação à força auxiliadora!
Breve chegará a época em que ficareis abalados diante da grandeza de
Deus e diante de Seu amor, que jaz em Sua vontade, atuando através dela!
Desejareis então desaparecer de sofrimento, ao reconhecer vossa falta, vossa
culpa, que não só repeliu todos esses auxílios, mas sim pretendeu colocar-se
acima deles, na presunção proveniente sempre da pequenez, pois a grandeza
desconhece a presunção, porque nem tem necessidade de ainda ser
presunçosa.
Por isso a presunção é sempre um sinal de pequenez interior e a
expressão da consciência de que a pequenez necessita, através da presunção,
aparentar algo maior do que em verdade é! Precisamente a consciência da
própria pequenez é o melhor alimento da presunção.
Vós, seres humanos, estais na realidade tão envolvidos por vosso Criador,
que nada vos poderia acontecer. Sois dirigidos e guiados de maneira que nada
vos pode expulsar do caminho certo, se vós próprios não o quiserdes!
503
E apesar disso caístes tanto, afastaste-vos da Luz. Aquilo que em toda a
simplicidade era impossível, vós o fizestes e forçastes com frívola vaidade: o
afastamento do caminho certo, que conduzia em linha bem reta para cima!
Quisestes entrar no pântano, e vossa livre resolução da vontade precipitou-
vos para baixo, cada vez mais fundo, justamente aquela que deveria elevar-vos
para cima, no anseio pela Luz.
Ainda hoje não conheceis toda a gravidade de vossa culpa! No entanto, de
mil maneiras ela se levanta agora contra vós, de todos os lados, caindo sobre
vós, como não era de esperar de forma diferente.
Os espessos véus tornar-se-ão agora, de uma semana para a outra, cada
vez mais transparentes, pois deveis reconhecer e então sucumbir, a não ser
que prefirais reunir todas as forças, a fim de agarrar-vos suplicantes aos
últimos auxílios, dispostos a principiar uma vida totalmente nova, que com
humildade se esforça para reconhecer a grandeza de Deus na Criação, a fim
de, servindo, dar atenção à Sua sagrada vontade, e dentro dela empreender a
escalada às alturas luminosas.
Dessa forma, elevareis também lentamente o vosso ambiente e seguireis
de modo puro em direção à perfeição da beleza, que, como expressão da
constituição de vosso espírito, resulta do seu crescimento, florescimento e
amadurecimento.
Sim, tendes necessidade urgente de auxílio! Todos, sem exceção. E por
isso clamo hoje mais uma vez para vós, especialmente, que quando a aflição
estiver no auge, também mais próximo de vós estará o auxílio de Deus! No
entanto, tendes de preparar um solo adequado em vós, capaz de acolher o
auxílio, como é condição em tudo o que provém da Luz para vós!
Não sejais levianos na confiança em Deus, nem superficiais na crença,
pois só então, quando essa confiança estiver forte e firmemente ancorada em
vós, é que podereis receber auxílio.
E a vós, portadores da Cruz, seja dito mais uma vez: quando sofrerdes com
as tentações, que as trevas ainda vos querem preparar, não cultiveis durante
as aflições pensamentos de ódio, mas sim permanecei livres disso e olhai
confiantes somente para cima, em direção à Luz, para Deus, que nunca vos
abandonará e que poderá auxiliar-vos em cada aflição!
Então recebereis auxílios que vos surpreenderão e que para os seres
humanos constituem milagres, pois Deus então mostrará Sua sagrada vontade,
palpável e visível a todos os seres humanos que queiram vê-Lo nos auxílios! É
por meio de Sua onipotência que Ele falará!
Refleti, porém, que não deveis brincar com isso! O Filho de Deus, Jesus,
também não se precipitou do alto da muralha, somente para mostrar às
criaturas humanas como Deus o protegia! Tomai isso como exemplo e
advertência.
Quantas vezes embaraçais os planos provenientes da Luz, por
irresponsabilidade e superficialidade, pela introdução de tanto querer próprio
errado e por meio de novos erros, que continuamente cometeis.
Quando as conseqüências disso vos atingem, gritais e clamais por Deus,
para que Ele vos auxilie! Apesar de vós mesmos terdes agido contra a Sua
vontade, só porque ainda não vos aprofundastes suficientemente nela e ainda
504
não destes, de modo suficientemente sério, atenção aos avisos, sinais e
advertências provenientes do reino espiritual. Eles vos foram oferecidos
abundantemente.
Tão-só o atendimento literal das advertências espirituais devia ter sido
suficiente para vos poupar a metade e mais ainda das preocupações e
sofrimentos. Vossa missão devia ser sempre a de agir em todas as coisas
terrenas apenas de tal forma, que nunca mais fosse dada às trevas
possibilidade de poder atacar-vos terrenamente! Vós, porém, particularmente
destes muito pouco valor ao vosso falar, como também ao vosso escrever!
Portanto, façais nisso uma diferença. Quantas vezes já indiquei que
mesmo a melhor vontade pode trazer grandes prejuízos e que também
justamente a boa vontade já provocou muitos e graves danos, quando o ser
humano se orienta aí exclusivamente de acordo com seu próprio pensar.
Estais muito enganados se imaginais que muitas coisas não podiam ter
sido de outra maneira; não deveis presumir que o Senhor não teria encontrado
outros caminhos senão aqueles imaginados por vós, se a Ele tivésseis
suplicado profundamente. E é isso o que ainda vos falta. O profundo suplicar
infantil!
Quando quereis servir a Deus, pensais que Ele também deveria concordar
com todos os caminhos que vós seguis. Esta é apenas uma exigência injusta e
nada tem que ver com a confiança em Deus.
Aprendei a orar profundamente! Se necessitardes de uma solução, ser-vos-
á concedida de qualquer forma, com absoluta certeza. Pedi, no entanto,
primeiramente, que vos seja dado proceder de forma certa, antes de iniciardes,
e não rogueis bom êxito, após haverdes começado conforme as vossas idéias!
Cada um de vós tem a forte condução do Graal, a ela deveríeis pedir
auxílio! Raramente, porém, isso virá a acontecer, porque vós pensais de vossa
condução, que ela, igual a vós próprios, também serve, e que ela, por isso, no
servir, deve ajudar a vós.
Podeis lembrar-vos dela também muitas vezes agradecidos, se um trabalho
vos for bem sucedido, de cujo término vós próprios não vos julgastes capazes.
Fazei uma vez um sério exame de consciência e interrogai vosso espírito,
sem a delicadeza da própria deferência, o que realmente acontece! Muitos de
vós pensarão envergonhados nas muitas negligências a este respeito.
No entanto, vos é mostrado de modo nítido e claro, através dos relatos de
tempos passados, em todos os livros que podeis conhecer, como devem viver
os seres humanos que foram convocados pela Luz, e como têm de proceder
nisso, a fim de obter êxito.
A finalidade de tudo isso agora poder ser dado a vós, não se limita apenas
a enriquecer vosso saber, mas sim mostrar novamente ao vosso espírito os
caminhos que ele tem de seguir, a fim de chegar gradativamente ao
reconhecimento.
Através da vivência de outros vos é mostrado o que a Mensagem vos
anuncia e o que ela exige de vós.
Antes de tudo, jamais esqueçais que as trevas sempre alimentam ódio
contra a Luz, esperando apenas a oportunidade para prejudicá-la, procurando
até arquitetar possibilidades para tal, se não for possível de outra maneira, quer
505
seja pela mentira e calúnia, inescrupulosamente, quer seja mesmo pelo falso
testemunho. Qualquer recurso serve às trevas, como também aos seus
instrumentos e auxiliares voluntários, desde que possa embargar a Luz em seu
avanço.
Por essa razão tendes de estar duplamente vigilantes, procurando evitar
tudo onde seja possível formar habilmente uma imagem falsa.
E lá onde, apesar de tudo, vierdes a ser acossados, recordai-vos da
expressão, que o auxílio de Deus estará mais próximo de vós, quando a aflição
estiver no auge.
Nem para todos os seres humanos, porém, essa expressão representa a
promessa que é. Pois não se deve pensar nela unilateralmente, apenas
querendo receber, como os seres humanos na maioria das vezes o fazem, mas
sim essas palavras impõem também uma condição!
Deus é citado nelas, o que pressupõe que são dirigidas àqueles seres
humanos que acreditam em Deus e em Seu auxílio, Seu poder. Um ateu
excluir-se-ia desse auxílio proveniente da Luz!
Observai, pois, a regularidade da lei que chega à efetivação nesses
acontecimentos. Não é difícil reconhecê-la claramente.
Quem realmente acredita em Deus e em Sua sacrossanta vontade, de
forma e maneira corretas, não atuará de modo mal-intencionado e injurioso
contra as leis de Deus. Assim, para esse sempre estará aberto o caminho do
auxílio de Deus!
Se a ele acometer aflição terrena, então a causa para isso somente pode
estar em obras humanas ou concepções humanas, que nem sempre vibram na
vontade de Deus, mas que se originam de cálculos egoísticos humanos.
Se atentar contra essas, o auxílio de Deus não lhe ficará negado.
Existe, muitas vezes, uma grande diferença entre aquilo que se costuma
denominar culpa perante a opinião humana e leis humanas, e aquilo que é
realmente culpa perante a sagrada Lei de Deus!
Nisso, o efeito recíproco na Criação nunca se deixa desconcertar e ele não
se orienta pelo teor de leis terrenas, mas atua unicamente nas vibrações da
vontade de Deus.
Se um legislador terreno, na elaboração de leis terrenas, não se orientar
precisa e cuidadosamente também pela questão,se as suas leis estão
realmente conforme a sacrossanta vontade de Deus, permanecer vibrando
nela, sem desviar dela, então cada efeito recairá pesado sobre ele e o manterá
atado, mesmo se ele for de opinião de que, a seu tempo, somente foi possível
fazer assim, e de outra forma nem teria sido possível aqui na Terra.
Atinge também todos aqueles que, atuando dentro das leis, oprimem ou
prejudicam seus semelhantes.
Tudo isso é tão simples e tão claro que, na verdade, nem seria necessário
falar sobre isso; pois os seres humanos o vêem sempre de novo em toda a
história universal, se prestarem atenção. Podem encontrar nela a rápida
ascensão de pessoas individuais e de povos inteiros que, de uma aparente
altura, tiveram então que desaparecer em repentina queda!
506
Isso, então, sempre foi a conseqüência do efeito recíproco de ações
erradas e de diversas decisões que não estavam de acordo com a constante,
permanentemente imutável, vontade sagrada de Deus.
Quem, porém, na elaboração, procura derivar leis terrenas da vontade de
Deus, este edifica em solo firme e suas obras também subsistirão naquela
bênção e naquela paz que elas trazem a todos os seres humanos que devem
orientar-se por estas leis!
Nisso, não existe diferença num efeito, não importa se nos acontecimentos
trata-se de pessoas individuais, que procuraram estabelecer, somente para si,
diretrizes bem determinadas por suas próprias decisões, ou se isso valia em
dado momento para povos inteiros, de soberanos que tiveram o destino de um
povo em suas mãos: cada decisão deve estar firmemente ancorada na vontade
de Deus, se dela deva advir uma bênção!
Uma determinação não deve partir da vontade própria de um ser humano,
não importa quais os objetivos que ele persegue com isso. Nisso, seus
pensamentos devem repousar na vontade de Deus; pois somente Deus é o
verdadeiro Soberano sobre tudo!
Cada ser humano fica dependente Dele, seja ele rei ou mendigo. Proteção,
auxílio e bênção estarão com ele somente quando se orientar pela vontade de
Deus e não pela própria! Isso subsistirá por todos os tempos e demonstrar-se-
á, por fim, sempre de novo, visivelmente, nos efeitos.
Por esse motivo pesai primeiro cuidadosamente e de modo exato, em
vosso íntimo, tudo o que pretendeis falar e fazer, para que a reciprocidade vos
possa trazer apenas bênção.
É preferível que penseis dez vezes a respeito de algo, procurando pesar
minuciosamente os prós e os contras, a falar ou a fazer algo impensadamente,
uma só vez que seja, ou considerar alguma coisa superficialmente.
Pensar dez vezes não exige muito tempo. Uma vez habituados,
necessitareis para isso de poucos segundos apenas, pois vossa intuição
pesará instantaneamente.
No começo, custar-vos-á naturalmente algum esforço, até que, por fim, se
desenvolva num fenômeno natural, na consciência da responsabilidade!
A esse objetivo têm de chegar todos os seres humanos, pouco importando
o que façam na Terra e em que lugar eles souberam colocar a atual existência.
Então resultará um atuar alegre e uniforme, que sempre constituiu o
silencioso anseio daqueles seres humanos que com a existência terrena só
procuraram servir a Deus!
507
32. Chamas purificadoras
Também hoje muitos seres humanos, que têm conhecimento do Filho de Deus,
Jesus, e acreditam em sua espécie e missão, festejam novamente o Natal.
Apesar de a espécie de missão não ter sido reconhecida de maneira certa
pelos seres humanos, porque muitos pensam que ele veio apenas para sofrer e
morrer aqui na Terra por eles, mesmo assim também existem alguns entre eles
que, no mais puro querer, oram a Deus e a Ele agradecem pela missão de Seu
Filho.
E a esses seres humanos deve ser dado auxílio, por causa de seu querer
puro, mesmo que através de dor e sofrimento, se de outra forma não for
possível levá-los ao reconhecimento de seu erro!
A dor e o sofrimento são então um ato do maior amor, que mais uma vez
lhes quer ajudar, para que não se perca o seu querer puro, só por causa de um
conceito errado aprendido através de escolas e igrejas e do qual,
espontaneamente, não podem mais deixar, porque receiam ficar com isso sem
apoio e se expor a inimizades terrenas.
A esses seres humanos deve ser dado auxílio! Não, porém, àqueles que,
tal qual os primeiros, foram levados por caminhos errados, mas que não trazem
em si o grande e puro querer, e sim mornidão, superficialidade, indiferença em
tudo o que está em ligação com essa festa. Tampouco àqueles que, por
costume, consideram a festa como algo puramente terrenal e não espiritual!
Para esses a irradiação do amor, que hoje e por ocasião da solenidade da
Estrela Radiante atravessa as chamas do Juízo, não encerra o auxílio alegre,
mas sim repulsa, para que eles sucumbam no Juízo!
A irradiação do amor, que hoje, após meses, atinge pela primeira vez
novamente esta Terra, é precursora do próprio amor de Deus, o qual aos
poucos se movimenta novamente ao encontro de seu invólucro terreno,
seguindo a trajetória da Estrela, que agora vem de modo exigente, na força
primordial de sua constituição espiritual, aproximando-se cada vez mais da
humanidade terrena.
Impetuosamente se aproxima como mensageira de Deus, como
testemunha Daquele que foi enviado para cumprir a sacrossanta vontade!
Ela torna, aí, tudo novo, pois através dela cai e despenca aquilo que, no
Juízo, foi marcado para a queda! Ela traz o desencadeamento disso. Em sua
irradiação vivenciareis, agora, os efeitos grosso-materiais!
É o desencadeamento do já ocorrido Juízo na matéria grosseira, de acordo
com as leis da Criação, como foi prometido desde há muito! Julgado já está
cada ser humano segundo suas obras, as quais deixam reconhecer seu íntimo.
Entre essas obras não se devem entender aquelas de matéria grosseira
visíveis aos seres humanos, mas sim os efeitos do seu verdadeiro querer, que
ele freqüentemente esconde dos seres humanos.
Os efeitos do seu querer mostram-se em suas obras, que de início são
invisíveis aos seres humanos, no legítimo e automático tecer desta Criação,
conforme já descrevi na Mensagem, as quais, porém, estão em conexão com o
508
seu gerador, devendo com o tempo tornar-se sensíveis e também visíveis na
matéria grosseira.
E este Juízo de Deus já ocorreu em toda parte! Espiritualmente ele se
efetuou imediatamente e agora também aconteceu na matéria fina.
A Estrela Radiante em impetuosa aproximação é, no entanto, agora a
chave que desencadeia o acontecimento na matéria grosseira, terminando aqui
o que já se processou no espiritual e na matéria fina.
A força da Estrela rompe as muralhas que os seres humanos erigiram em
volta de si mesmos, far-lhes-á sentir o Juízo, perante o qual, sob a proteção
grosso-material de seus corpos terrenos, até agora ainda podiam passar
furtivamente.
A Estrela é a chave para os acontecimentos de matéria grosseira, que em
tudo foram preparados pelos auxiliadores enteais!
Desse modo ela se torna, agora, o último chamado para a humanidade
terrena, a derradeira advertência que, em rápida, sim, direta seqüência, traz
também consigo o fim, o qual pode se tornar um princípio somente para
aqueles seres humanos que quiserem, daqui em diante, enquadrar-se nas leis
de Deus, incondicionalmente, em humilde adoração a Deus-Pai, seu Único
Senhor em toda a eternidade!
Os seres humanos que, devido ao seu querer próprio, procuraram afastar-
se Dele, criando ídolos por eles mesmos escolhidos, serão esmagados por
estes, que, derrubados agora dos seus pedestais pela onipotência de Deus,
cairão sobre aqueles que os elevaram a esse ponto.
Seres humanos, encontrai-vos numa época, cuja aspereza tendes de
agradecer a Deus, porque unicamente ela pode trazer-vos salvação, ao
despertar-vos do profundo sono em que caístes por vosso próprio querer!
Abalos sobre abalos de toda a espécie vos atingirão agora terrenamente, e,
estreitamente ligado a isso, também a alma. Muitas pessoas, hoje, somente
podem ser atingidas na alma, se tiverem de vivenciar o terrenal na forma mais
grosseira, porque já são demasiadamente embotadas em tudo, e suas almas
jazem isoladas atrás de uma edificação de pedra, para sonhar, como que
paralisadas, ao encontro do sono da morte.
A edificação de pedra é a obra do raciocínio terreno que, em primeiro lugar,
tem de ser quebrada e destruída, antes que a alma possa notar algo das
irradiações da Luz.
A obra do raciocínio terreno, opressor do espírito, estende-se por toda esta
Terra, endurecendo tudo, sendo ainda especialmente destacada em muitas
pessoas. Entretanto, já no primeiro impacto da Luz chegará ela, mui
rapidamente, a balançar.
Com o aparecimento da Estrela Radiante, porém, ela desmoronará por
toda a parte sob os gritos dos seres humanos que a ela estão presos, e sob
imprecações e maldições mútuas.
Toda a confusão caótica será, então, ornada por toda a parte com atos de
loucura, mas também misturada com súplicas que se elevam do desespero!
Justamente pelo fato de a obra perniciosa parecer tão firmemente edificada
e terrenamente forte, sua ruína deverá tornar-se tanto mais horrível, porque
509
devido à força de sua resistência também o impacto da Luz se tornará mais
poderoso.
Então, encontrar-vos-eis firmes no meio da confusão, olhando alegremente
para Deus, pois sois guardados e protegidos na graça de Sua onipotência, se
atuardes dentro da Palavra!
E vossa segurança concede proteção e auxílio a todos, cujas súplicas,
baseadas no reconhecimento de Deus, se dirigem à Luz. Vós podereis indicar
o caminho aos que procuram, o qual os conduzirá para fora dos laços e das
armadilhas das trevas que caem, para que eles não sejam arrastados
conjuntamente, se suas almas ainda no último momento, esforçando-se
sinceramente, procurarem agarrar-se à Palavra.
Que a irradiação do amor de Deus será enviada já agora, em meio de
todas as irradiações de ira, é novamente uma bênção tão imensurável, a qual o
ser humano compreenderá somente muito mais tarde. A irradiação do amor dá
hoje, a muitos seres humanos ainda, uma possibilidade de poderem se salvar
no meio do Juízo. A tais, que de outra forma teriam de se perder, porque suas
forças não bastariam para se libertarem das trevas, cujos tentáculos procuram
mantê-los presos na queda.
É a irradiação do amor divino, que a ele mesmo precede! Amor esse que
está estreitamente ligado a Jesus, que em parte vem de Jesus.
Como outrora, por ocasião do nascimento do Filho de Deus, Jesus, na
Terra, assim também será hoje, mais uma vez, colocada a base para que a
nossa solenidade da Estrela Radiante novamente possa tornar-se uma
solenidade de agradecimento pelo inimaginável amor de Deus!
Assim como em 7 de setembro de cada ano é celebrada com alegria a
solenidade da pureza divina, a solenidade do Lírio, também a solenidade da
Estrela Radiante, por este novo ato de graças do Senhor, tornou-se agora uma
solenidade do amor divino, a solenidade da Rosa!
Onde quer que a Estrela Radiante envie ao Universo as puras chamas
incandescidas pelo espiritual, realiza-se sempre e simultaneamente naqueles
pontos também um grande ato de graças do amor de Deus!
E se ela, agora aqui na Terra, desencadeia o Juízo, então há também nisso
amor de Deus, pois ele traz salvação e libertação das trevas e de todo o
malquerer para as criaturas que almejam a Luz!
Que as chamas desta Estrela tenham de desencadear um Juízo, deve-se
unicamente aos seres humanos que, em seu querer mau, afastado de Deus,
sua presunção e egoísmo, formaram obras más, que não suportam a irradiação
purificadora da Luz, oscilando e desmoronando!
Na realidade essa irradiação encerra em sua incandescência somente a
mais pura força para a devida elevação de todos os seres humanos terrenos e
da própria Terra, agora, dentro do fenômeno universal! Portanto, a irradiação
do mais puro amor de Deus, o qual, contudo, é suportável apenas por aquele
que vibra no amor de Deus.
E tudo o que não possa vibrar nele será dolorosamente apanhado,
crestado, queimado pela pureza dessas irradiações, pois a chama purificadora
desta Estrela não é somente destinada ao espírito, mas sim para toda a
510
criatura, também para a matéria grosseira. E à purificação pertence a
destruição de tudo aquilo que não pode vibrar no amor de Deus!
A Estrela, de qualquer forma, teria chegado nesta época, para então
derramar sobre a Terra a plenitude de sua incandescência e, com isso, na sua
intensa força espiritual, sugando, elevar a humanidade e a Terra para um novo
reino, ao qual agora pertencem segundo a lei da vontade de Deus!
Estivessem os seres humanos tão amadurecidos, como já deveriam estar
hoje em seu desenvolvimento, se tivessem procurado atender a todas as leis
da Criação, então o aparecimento dela despertaria nos seres humanos jubilosa
saudação e uma feliz adoração, cheia de agradecimento, ao Senhor que a
enviou!
Como, porém, não é assim, mas sim a humanidade terrena no falhar
afundou ainda mais do que se poderia imaginar, o seu aparecimento efetua-se
agora, de modo diferente. Ela deve atuar, primeiramente, destruindo e
aniquilando, até que a força de sua irradiação, elevadora e construtiva, possa
manifestar-se da forma mais pura, porque então ela cairá sobre aquele solo,
que foi preparado pelos sofrimentos, para recebê-la dignamente!
Somente por isso a Estrela torna-se o Juízo para os seres humanos e para
tudo aquilo que não está de acordo com a vontade de Deus. E só está de
acordo com a vontade de Deus aquilo que vibra no amor de Deus, porque
Deus é o amor!
Vós, seres humanos, compreendeis agora a grande simplicidade que se
encontra em todo o fenômeno universal? Seja o que nele se der, só poderá ser
sempre amor!
Vós, porém, fizestes da santidade do amor uma imagem totalmente
desfigurada, rebaixastes o seu conceito até a imundície.
Contudo, também isso, por sua vez, somente devido ao raciocínio preso à
Terra que, consoante a sua espécie, conhece apenas o amor terreno edificado
sobre o sentimento de matéria grosseira, não possuindo nenhuma capacidade
de compreensão para a intuição de um espírito puro. E o sentimento de matéria
grosseira ele ainda torceu, transformando-o num instinto embrutecido!
Não contente com isso, porém, o raciocínio, no desenvolvimento
progressivo de seu exagerado cultivo, forçou ainda esse instinto embrutecido, o
qual, no entanto, podia permanecer puro como nos animais, cada vez mais
para baixo, até o pecado!
Colocar o ser humano terreno num nível igual ao do animal, era insuficiente
como objetivo das trevas escarnecedoras. Queriam manter o espécime
humano ainda muito mais baixo, colocá-lo abaixo ainda de cada animal!
Os seres humanos, que nos seus lentos desenvolvimentos, sob cuidadosa
direção de tantos eleitos, determinados e preparados pela Luz para esse fim,
foram capazes de conseguir livrar-se com grandes esforços dos instintos
animais, todavia puros, e que no princípio ainda existiam nos seus corpos,
deviam, não só cair de novo nesse estado, apesar de já terem despertado
neles os espíritos, mas sim deviam ser forçados a cair ainda mais para baixo
do que estavam antes.
Através do raciocínio, servindo voluntariamente às trevas, e, com o
estímulo delas, cultivado excessivamente pelos próprios seres humanos,
511
raciocínio esse que, eternamente duvidando, cismando, não concede mais um
firme apoio ao ainda insuficientemente fortalecido espírito, estes assim
tornados dependentes conseguiram, como conseqüência automática,
transformar o instinto animal puro de seu corpo numa cobiça calculista da
forma mais baixa, isto é, envenenando no ser humano até a naturalidade do
animal!
Com isto, tudo ficou literalmente estragado, e o ser humano terreno
facilmente rebaixado para a mais ínfima dentre as criaturas de toda a Criação,
porque isto tinha de ser a conseqüência do raciocínio que se desenvolvia
automaticamente em todos os males, com o cultivo excessivo e unilateral, após
o pecado original, uma vez que ele não dera ouvidos aos muitos auxílios
provenientes da Luz!
E que ele não daria ouvidos a esses auxílios, era evidente às trevas, pois
estas conheciam a vaidade dos seres humanos, que tinha de aumentar sempre
mais, devido à presunção do raciocínio terreno errada e excessivamente
cultivado.
Assim, com o cultivo errado do raciocínio, foi colocada para o ser humano
não somente uma profunda e fatal armadilha de alma, mas sim, ao mesmo
tempo, também foi corrido um pesado ferrolho devido à vaidade que aí
disparava, o qual teria de impedir que uma alma pudesse escapar da
armadilha, pois a vaidade no querer saber melhor não deixaria, assim tão
facilmente, esses seres humanos terrenos, em seu mesquinho modo de
pensar, dar ouvidos aos auxílios vindos da Luz pela Palavra!
Está certo, pois, se ficais tomados de horror, assim que eu fale de quão
profundamente caiu o ser humano!
Agora, porém, deve ser pronunciado e arrastado do esconderijo lúgubre
para a Luz, para que seja definitivamente destruído pela irradiação da Estrela,
caso não seja queimado pessoalmente por cada um que desperta, no fogo do
espírito acordado. Justamente hoje eu quero cumpri-lo, no dia do mais sagrado
amor de Deus.
Eu clamo aos seres humanos para que reconheçam tal fato e se livrem do
mal, ao qual se entregaram como ao mais forte entorpecente, por artimanhas
do tão torcido raciocínio! Pois unicamente este os levou a isso.
O sedutor sabia muito bem que tinha de acontecer assim, após a
humanidade ter tomado a direção falsa por ele oferecida como engodo!
Nem podia acontecer de forma diferente, pois o raciocínio, que devia
tornar-se apenas um instrumento executivo do querer humano, prejudica agora
todo o querer e elevou-se, desse modo, a si mesmo, a falso guia, que não pode
ter ligação com a sagrada vontade de Deus, ficando, com isso, interceptado
também do amor de Deus.
Justamente hoje, por ocasião da solenidade do sagrado amor, no que,
aliás, ela deverá se tornar futuramente, eu tinha de apresentar-vos mais uma
vez o quadro, a fim de que vísseis como é constituído atualmente vosso amor
em sua maior parte; a fim de que reflitais, horripilados, e ainda possais receber
uma centelha do puro amor de Deus!
Eu descortino esse quadro, a fim de que possa ser destroçado agora com
tudo quanto está errado e que agora não mais deve ter lugar na Criação,
depois de sua grande purificação!
512
Nunca teria chegado a tal ponto, se os seres humanos tivessem dado
ouvidos, pelo menos uma vez, de modo eficaz, aos muitos auxílios vindos da
Luz!
Algumas vezes, sim, deram ouvidos, quando se demorava entre eles um
anunciador, contudo depois de sua partida logo cismavam a respeito da sua
palavra, a fim de, através das dúvidas surgidas e do querer saber melhor,
dissecá-la, torcê-la e transformá-la de acordo com o próprio gosto. E assim
afundou a humanidade terrena, lenta, porém seguramente, cada vez mais
fundo, no lodo que seus próprios pensamentos formaram e difundiram.
Agora, porém, erguei-vos vigorosamente! Pois mais uma vez não será
permitido tal acontecimento. Chegou o fim, mas somente o vosso, se desta vez
não quiserdes dar ouvidos às Palavras de Deus, as quais devem elevar-vos
para aquele ponto, em que o ser humano deve se encontrar como ser humano
nesta Criação!
Não lhe será mais permitido permanecer como um monstro, que não pode
ser nem bem ser humano nem bem animal, na perfeita obra do Criador, para
desfigurar a sua beleza, para continuar a impedir e perturbar a vibração da
pura harmonia.
Vem aí o sagrado Juízo, ó seres humanos terrenos! Por isso tornai-vos
seres humanos ou perecei nas chamas da Estrela Radiante!
No entanto vós, portadores da sagrada Cruz na testa, agradecei ao Senhor
por esta grande purificação, pois vós, que portais pura em vossas almas a
Palavra da Mensagem, com o grande querer para o bem; vós, que aspirais
pelas luminosas alturas, a vós a Estrela outorgará grande força, para que vos
torneis novos dentro de vós, de acordo com a vontade de Deus!
Sob forte proteção da Luz, passareis por esses tempos difíceis, que vos
deixarão cada vez mais purificados e incandescentes, até vos tornardes
chamas, que brilharão na Terra para honra de Deus, na mais pura adoração, e
que atuarão auxiliando entre os seres humanos, atraindo por toda a parte em
que uma centelha espiritual, no despertar, ainda se queira elevar para as
alturas luminosas!
Por isso, ide agora confiantes na Palavra, que vos mostra os caminhos
certos, que tendes de seguir, e que também vos transmitirá a força para as
horas em que o desânimo vos quiser dominar. Pensai que tudo o que vier será
um ato de graças do amor de Deus, que força a purificação!
Cada solenidade da Estrela deverá tornar-se, no futuro, uma solenidade de
agradecimento pelo atuante amor de Deus, a qual se unificará com a, até agora
conhecida, Festa de Natal.
Contribuí vós para isso, com o vosso auxílio junto aos seres humanos, que
em aflições de alma brevemente se acercarão de vós.
Prestai-lhes auxílio na Palavra! Pois esta permanece ainda a única coisa
que precisarão em primeiro lugar!
513
33. O abismo dos desejos pessoais
Onde quer que sejam apresentadas palavras oriundas da Luz a um ser
humano terreno, ele, ao querer compreendê-las, adapta o sentido aos
costumes terreno-humanos, arrastando assim essas palavras para o círculo
restrito de suas esperanças e desejos. Embora não modifique o teor dessas
palavras, rebaixa-as, todavia, porque esquece que tais palavras não provêm do
sentido humano, mas sim daquela altura, inacessível a sua compreensão.
Não se esforça, porém, pelo menos nesses casos, em modificar seu modo
de pensar, em tentar seguir, mais ou menos, aquele caminho por onde as
palavras descem a ele, ou ao menos em colocar isso como base de sua
vontade de compreender, mas sim, em sua presunção, espera simplesmente
que Deus tenha de falar com ele, partindo do ponto de vista humano, se quiser
comunicar-lhe algo destinado a sua salvação.
Nada adianta opor-se a esse fato, pois assim é, como se mostra
diariamente, de modo constante!
No entanto, justamente isso se torna a ruína para o ser humano, pois
dessa forma nunca aceitou a mão que lhe foi estendida para a ascensão, e tem
de vivenciar agora em si mesmo, através da manifestação dos últimos efeitos
recíprocos, que a mão, que até então deixara de lado, sem dar atenção,
passando vaidosamente por ela, na ilusão do seu próprio querer saber, foi
retirada.
Justamente então, quando gostaria de pegá-la, na hora de sua aflição, não
mais a encontrará!
É, no entanto, de tal forma incisivo para cada ser humano, e tão
importante, abandonar essa comodidade e essa presunção, que sempre de
novo tenho de falar a respeito, a fim de procurar explicá-lo aos seres humanos,
de tal maneira que me compreendam, pois sem essa modificação, desde a
base, não são capazes de se elevarem espiritualmente de novo, apesar de
procurarem iludir-se de muitas formas.
As formas, que eles próprios imaginaram, são todas erradas e têm agora
de ser destruídas. Aí os seres humanos cairão em desespero, perecendo,
então, doentes de corpo e de alma, caso não se dignarem sujeitar-se antes,
obedientes como as crianças, à Palavra da Verdade, e, com toda a força que
lhes resta, subir de novo, penosamente, degrau após degrau, pelos quais, na
teimosia do querer saber melhor, resvalaram despercebidamente!
O pensar errado causado pela torção do raciocínio terreno!
É indizivelmente triste que por toda a parte justamente esse defeito
principal dos seres humanos se coloque tanto em evidência em todo o seu
pensar, turvando-lhes a clareza da visão.
O que quer que pensem, onde quer que examinem, sua presunção não os
deixa chegar à Verdade, porque eles mesmos se encontram em terreno errado,
a partir do qual nunca poderão pensar acertadamente, mesmo quando se
esforçam sinceramente em prol disso.
E assim, a maior parte de todos os seres humanos cairá no abismo, sem
pensar nisso e sem se aperceber disso no começo da queda.
514
Esse momento, porém, já está presente, não está ainda por vir. A maioria
dos seres humanos, desde algum tempo, já se encontra na queda, não
podendo mais impedi-la, porque chegaram tarde demais ao reconhecimento,
pois não deram ouvidos àquilo que ainda em tempo poderia tê-los levado à
salvação, porque dirigiram o olhar para o lado errado, na expectativa e na
esperança correspondente a sua vaidade.
Quando, porém, finalmente quiserem mudar, não poderão mais alcançar a
salvação, pois ter-se-á aberto nesse ínterim um abismo intransponível,
enquanto eles mesmos já foram arrastados longe demais, em direção ao
redemoinho aniquilador, que não os solta mais de sua correnteza absorvente.
Assim, grandes massas serão vitimas dos erros provenientes da própria
vontade, porque na realidade seguiram fielmente apenas desejos pessoais,
pouca atenção dando a tudo o mais.
E esse desejar pessoal, que já reina há milênios, que o ser humano tratou
e cultivou com grande cuidado, encontra-se tão arraigado devido ao trato,
penetrando em tudo de tal modo, que mesmo toda a melhor vontade, já ao
nascer, se encontra entrelaçada pelo mal, sem que o próprio ser humano
perceba algo disso.
Ele não o acredita, nem mesmo que lhe seja mostrado; julga-o impossível,
no entanto aí está, sempre à espreita, irrompe de repente, impondo valia
muitas vezes, justamente quando se trata de ser abnegado, como o exige o
servir a Deus.
E uma vez que no Reino do Milênio somente deverá persistir o servir a
Deus, como base para toda a atuação, como condição fundamental do poder
existir, assim podeis imaginar o que terá de resultar disso, o que aguarda tal
humanidade! É algo que mesmo o mais sério entre os que procuram ou entre
aqueles que pretendem já ter encontrado, não é capaz de imaginar. E, no
entanto, tornar-se-á ação, abrangendo amplamente, selecionando, julgando!
Todos vós estais incluídos, pois também vós não reconhecestes ainda a
seriedade dos acontecimentos vindouros e das exigências que Deus vos
impõe.
Por esse motivo, trato hoje mais uma vez detalhadamente desse assunto,
pois é chegado o tempo em que tereis de comprovar-vos em tudo, inclusive
nisso.
Para mim de fato já é desoladora a sempre repetida necessidade de
exortar, pois apenas raras vezes encontro alguma compreensão, e vós, seres
humanos, vos habituais a isso. Por acontecer tão freqüentemente, parece-vos
demais conhecido, e devido a isso julgais já tê-lo compreendido. Essas
palavras, porém, jazem inaproveitadas num canto bem escondido de vossa
alma, esperando a ressurreição.
Não lhes dais importância, porque podeis tê-las sempre de novo, pelo
menos assim pensais, e, principalmente, porque elas não vos agradam. Elas
vos são incômodas, por isso parece como se vos cansassem ou como se nada
de novo vos pudessem dar, e, por esse motivo, permanecendo vazios, passais
por elas, para rapidamente vos desviardes a outros pensamentos. Bem sei
disso. Não obstante, quero ocupar-me mais uma vez com esta necessidade de
modificação, tão importante e indispensável para vós, embora acrediteis já
saber exatamente a esse respeito.
515
Não o sabeis! Pois desse desconhecimento forneceis sempre de novo
provas infalíveis.
Tomemos primeiramente a Palavra, a Mensagem! Não escolho casos
isolados entre vós, pois no fundo, em todos os seres humanos, sempre de
novo, com maiores ou menores alterações, é exatamente igual, mesmo que as
formas exteriores se mostrem aí, às vezes, essencialmente diferentes. Essas
são então adaptadas apenas às respectivas condições terrenas de cada um,
ao seu grau de cultura e às suas experiências.
Excluamos daí, por completo, os zombadores presunçosos e os indolentes
de espírito, pois esses de qualquer forma já se julgam por si mesmos e, para o
futuro, não mais entrarão em consideração. Desses, portanto, nem precisamos
falar.
Tomemos, por isso, os que procuram sinceramente a Luz e os que ainda
são espiritualmente ativos.
Imaginai que um desses seres humanos entre em contato com a Palavra
da Mensagem. Ela obrigatoriamente terá de tocá-lo de alguma maneira, por
nem ser possível diferentemente com relação ao espírito, assim que a Palavra,
que provém da Luz, chegue até ele. Cada espírito ouvi-la-á, se não estiver
demasiadamente enclausurado ou já dormindo.
O ser humano intui então alegria ou pavor, aprofundar-se-á na Palavra e aí,
talvez, reconhecerá. Consideremos, pois, aqueles que, em favor de sua
salvação, reconhecem.
Com a penetração da Palavra ficam profundamente emocionados, sentem-
se libertos, elevados. Dispostos a reconhecer os erros, a se corrigirem, pedem
conselhos e força, e gostam de mencionar suas dificuldades, seja aí
verbalmente ou por escrito. Dificuldades, na maioria, de ordem terrena e
somente mui raras vezes de ordem espiritual. Dificuldades das quais eles
mesmos são culpados, a que eles mesmos deram a causa.
E notai bem, esses são os bons, são aqueles que aceitam a Palavra e
querem modificar-se! Vede vós mesmos: ao reconhecerem já vêm com
pedidos, nos quais vibra a esperança da realização! É o que chamam querer
servir a Deus!
Segundo sua opinião possuem a grande “boa vontade”, e o resto a força da
Luz deve agora fazer. Ou... tem de fazer? Sim, segundo sua opinião, a
expressão “tem” certamente está correta, isto é, conforme a opinião mais
íntima! E também segundo sua expectativa, a Luz tem de auxiliar da maneira
como eles desejam e imaginam! Seus pensamentos, aliás, são desejos e seus
desejos silenciosos são pensamentos mal definidos, não expressos.
O melhor e o máximo que o ser humano julga poder dar ao Criador e
Conservador é ajoelhar-se diante Dele e exclamar com sujeição:
“Aqui tens minha alma, Senhor. Dispõe dela a Teu agrado!”
Isso é o máximo que o ser humano é capaz de fazer, é ao mesmo tempo o
mais humilde e melhor, também o certo... segundo sua opinião terrena!
Contudo, não é assim! Nesse seu proceder reside apenas comodismo e
preguiça de seu espírito, que assim se expressam!
Não é Deus que quer aí ser obrigado a agir em favor do ser humano, mas
sim sempre apenas o próprio ser humano tem de fazer isso para si! Terá de
516
envidar todos os esforços para cumprir finalmente as leis de Deus! Trilhar o
caminho que a Palavra da Verdade, mais uma vez, lhe indica.
Como são tolos os seres humanos e, apesar disso, tão hábeis em iludir a si
mesmos quanto àquilo que tem de ser e permanecer para eles o que há de
mais precioso, se quiserem poder continuar a usufruir as graças de seu Deus.
São tão horríveis os erros e desvios em todo o proceder e pensar desses
seres humanos terrenos, que, temendo por eles, seria de desesperar, se não
se soubesse do temporal purificador que agora soprará com a força da Luz,
para salvação daqueles que ainda conservarem acesa uma pequena centelha
de seu espírito, escondida debaixo dos escombros vindouros de todo o errar
humano.
Tal centelha será inflamada ou apagada pelo temporal, conforme o anseio
e a vontade de tal centelha.
E, apesar da gravidade dessa época, o ser humano procura ainda
intrometer seus insignificantes desejos pessoais e seu saber pessoal na
engrenagem da grande atuação da Criação, a fim de moldar, segundo sua
mentalidade, até mesmo aquelas realizações que provêm da onipotência de
Deus!
Tudo isso, no entanto, jamais querem confessar a si próprios, por preço
algum! Pelo contrário, apegam-se firmemente ao pensamento de que seu falso
proceder já é o primeiro passo para a transformação. E esse passo denominam
de humildade, orgulham-se de sua confiança na ajuda proveniente da Luz, que
solicitam e pela qual esperam.
Na realidade, porém, o nefasto desejar pessoal novamente já se imiscuiu
no primeiro passo, deturpando-lhe em muito a vontade ascensional!
Os seres humanos nada disso percebem. Ficam desapontados, quando o
auxílio não se lhes apresenta imediatamente de modo visível, apesar de terem
lançado na balança apenas a sua “vontade” e nada mais! A “vontade” já era,
para eles, a ação, que, entretanto, só dava para formar um “pedido”, o que já
consideram algo especialmente grandioso.
Certamente a “boa vontade” nisso já é, no desvirtuamento atual, algo
grandioso e também raro, mas não é suficiente para o cumprimento da
exigência que Deus faz agora à humanidade, para a sua salvação! Somente o
mais severo exigir, sem indulgências, ainda poderá trazer salvação para a
humanidade, pois do contrário não despertaria, caindo logo novamente no que
é velho, no errado e no comodismo espiritual.
E Deus exige! Ele exige agora de vós, antes de conceder novamente algo,
porque espontaneamente não quisestes decidir-vos a usar os Seus caminhos
que Ele mandou tecer para vós na Criação! E que são constituídos unicamente
de acordo com Sua vontade.
A boa vontade da humanidade de nada adianta, se essa vontade não for
transformada em ação. Transformada em ação pelos próprios seres humanos,
antes de se apresentarem com novos pedidos perante Deus!
Isso está bem explícito na Mensagem como condição fundamental. Os
próprios seres humanos têm de provar, agora, através de seus esforços ativos,
o quanto levam a sério a sua própria salvação!
517
Somente então o Senhor os aceitará mais uma vez em Sua graça. É,
porém, decididamente algo diferente, muitíssimo diferente, de como procuram
imaginar, mesmo os seres humanos de boa vontade! E mais de uma vez já
chamei expressamente a atenção para isso na Mensagem.
Quem não quiser cumprir, esforçar-se por si mesmo, e lutar em causa
própria, esse também não merece mais auxílio!
Somente na luta e nos esforços sinceros é que vem o auxílio, através da
força; do contrário, deixa de vir.
Somente na luta, na ação, cada ser humano se abre acertadamente, de
forma que possa lhe fluir a força e com isso o auxílio.
A força é auxílio, se ele a aproveita, isto é, a utiliza! Contudo, nunca de
maneira diferente do que em suas ações! Os seres humanos devem
transformar-se e depois vir; e não devem vir, a fim de se deixarem transformar!
Como o ser humano deve se transformar, o que tem ele de fazer para isso,
encontra-se explicado exatamente em minha Mensagem!
Se quiser encontrar dentro dela, encontrará, de qualquer maneira. Minha
Palavra não deixa sem esclarecimentos aos que procuram, em qualquer
situação de vida, seja ela qual for.
Quem então vier com perguntas, não compreendeu a Mensagem, não se
inteirou dela de modo suficientemente profundo e sério. Este, por conseguinte,
também não é suficientemente sério em seu procurar! Não aplica aquele
esforço que é condição, se lhe deva vir auxílio. Por isso, terá de esperar
também em vão por auxílio.
Gravai isso, vós que vos denominais buscadores! Encontrareis nisso uma
medida para a atividade de vosso espírito, com a qual não vos podeis enganar.
O perguntar constitui comodismo daquele que tem a Mensagem nas mãos.
Não é suficientemente ativo, pois do contrário não lhe restaria nenhuma
pergunta.
Procurai e tereis de achar o que precisais para vós! No entanto, procurar,
isto é, esforçar-vos, deveis fazê-lo de fato.
E ao esforçar-vos, encontrareis a vivência espiritual que necessitais, se
quiserdes tirar proveito da minha Palavra! Pois se eu quisesse explicar-vos
continuamente todas as vossas perguntas, se eu ensinasse cada ser humano
durante cem anos, ele não poderia ter nenhum proveito, pois, não obstante
isso, nada vivenciou!
Avançando continuamente no querer saber, jamais poderá chegar a
vivenciar o que aprendeu. Cada palavra aprendida tem de se tornar
primeiramente ação! Somente pela atividade, ainda que seja apenas espiritual,
ela pode tornar-se propriedade de cada um!
Por esse motivo não adianta querer, sempre e sempre de novo, ouvir
coisas novas de mim. Eu já falei o bastante, tanto, que toda a vossa existência
terrena não será suficiente para concretizar o pronunciado dentro de vós, muito
menos externamente!
Agi, pois, primeiramente de acordo com o que eu já vos disse até agora!
No entanto, aí hesitais, na opinião de querer primeiro conhecer muito mais,
518
possivelmente saber tudo, antes de imprimirdes um verdadeiro início com vós
mesmos.
Dessa maneira sempre tendes de gravar em vossa mente o que é novo.
Para vivenciar aquilo que já foi dito, não vos resta tempo algum. E assim
perdeis tudo!
Deixai agora a correria em busca de coisas novas, pois só podeis começar
com as pequenas coisas, se quiserdes cumprir tudo plenamente, assim como
tem de ser.
Em toda esta Criação não há nenhuma realização sem um começo, ao
qual se segue um constante crescimento, que impele para o florescimento e
para a frutificação, que, por sua vez, encerra um novo processo criativo.
Assim, como vos mostrais agora, pode apenas vos resultar como sucede
com o corpo terreno, que tem de tornar-se indolente, tão logo seja
superalimentado! Não é possível de forma diferente. Começar com bom ânimo,
pequeno e humildemente, e somente então, devagar, mas seguramente, para
diante no saber!
De forma diferente nada podereis alcançar, porque tudo na Mensagem é
novo para a humanidade terrena, mesmo que alguma coisa nela vos pareça
conhecida. Contudo, apenas parece assim, porque procurais tratar disso com
demasiada superficialidade.
Se observardes direito, no esforço assíduo de um espírito ativo, é novo!
Movimentai-vos, vós próprios, e não vinde logo com perguntas a respeito
de impedimentos e fardos, sob os quais tendes de sofrer no momento.
Assimilai primeiro de modo certo minha Palavra e procurai vivenciá-la dentro de
vós, então tudo se modificará com acerto!
Por isso observai-vos rigorosamente e cuidai para que, no servir, vos
torneis capazes de deixar o pendor para os desejos pessoais, o que
naturalmente só alcançareis, quando conseguirdes reconhecer essa falta, para
vós tão funesta.
Não é difícil, tão logo vos observardes, a partir da Palavra da Mensagem,
com aquela implacabilidade que todo o buscador sincero, e que se esforça
pelas alturas luminosas, tem de empregar contra si mesmo, se ele leva a sério
sua busca e seus esforços.
Este é o primeiro e difícil passo que, sendo cumprido, tornará então todos
os outros mais fáceis. Reuni apenas a força e também a coragem para dá-lo,
então vos florescerão auxílios por toda a parte, sem que ainda tenhais de pedir
por eles especialmente.
Chegareis então a um ponto em que, balbuciando, somente agradecereis
sempre e sempre de novo a vosso Deus, enquanto que todo o pedir se tornará,
por si próprio, desnecessário.
Ide e agi assim, para que em breve a paz e a alegria possam estar
convosco!
519
34. Alma
Muitas pessoas, que assimilaram muito bem a minha Mensagem, ainda não
estão, apesar disso, suficientemente esclarecidas a respeito da expressão
“alma”! Mas é indispensável que também reine clareza a esse respeito.
Exatamente sobre a alma a humanidade sempre falou demasiadamente, e
assim formou uma imagem comum que, em sua superficialidade, se
transformou num conceito genérico, que nada traz em si.
Quando se profere a palavra alma surge diante dos seres humanos uma
pintura desbotada e gasta. Descorada e vazia, passa por eles sem nada dizer.
Nada pode dizer à pessoa individualmente, porque foi usada de modo
excessivo.
Contudo, exatamente pelo fato de que ela nada mais pode dizer, dela se
apoderaram de bom grado aqueles seres humanos, que, com vazia eloqüência,
querem fazer brilhar sua luz ilusória sobre campos que não puderam ser
abertos ao saber humano, porque a criatura humana de hoje se conserva
fechada diante disso.
Também fazem parte deles aqueles seres humanos que afirmam ocupar-se
seriamente com isso. Conservam-se fechados devido à sua falsa vontade de
procurar, que não é uma procura, porque iniciam tais trabalhos com opiniões
preconcebidas e demasiadamente delimitadas, as quais querem comprimir na
concepção do raciocínio preso à Terra, que jamais pode obter a possibilidade
de assimilar por si algo disso.
Dai a um olho presbita uma lente que tenha sido lapidada para miopia...
vereis que aquele olho nada pode distinguir com ela.
Não diferentemente se passa com esses que procuram, pois tentam
executar suas atividades partindo de princípios errados. Se aí, aliás, algo possa
ser encontrado, aparecerá apenas borrado e desfigurado, de qualquer forma
não como corresponde aos fatos.
E no desconhecido, aparentemente turvado e parecendo sempre
distorcido, devido aos meios auxiliares insuficientes, foi também empurrada a
expressão “alma”, mas de tal maneira, como se houvesse a esse respeito um
firme saber.
Houve essa ousadia porque cada um dizia a si próprio que não existiria
ninguém que pudesse contestar tal afirmativa.
Mas tudo isso se arraigou tão firmemente, que agora ninguém quer
abandonar, porque aquela imagem inconsistente e sem delimitação se mostra
sempre de novo com a palavra alma.
Pensa aí o ser humano, certamente, que ao se deixar uma imagem o mais
abrangente possível, não se pode errar tão facilmente, do que quando os
limites são firmemente traçados.
Aquilo que é muito abrangente, porém, ao mesmo tempo nada expressa de
determinado, é indistinguível, senão inconsistente e turvo, como no presente
caso. Nada vos dá, porque não é propriamente o certo.
Por esse motivo quero expressar mais uma vez com palavras claras o que
a alma realmente é, a fim de que, finalmente, vejais aí bem claramente e não
520
continueis a utilizar, de modo tão inconsistente, expressões cujo verdadeiro
sentido nem conheceis.
Que tanto se tenha falado sobre a alma decorre também do fato de o
espírito do ser humano não ter se movimentado suficientemente, para mostrar
que ele também existe.
Que se tenha falado sempre apenas da alma e imaginado
preferencialmente o espírito como um produto do raciocínio preso à Terra, foi
de fato o melhor e mais eloqüente testemunho do real e triste estado de todos
os seres humanos na época atual!
A alma foi considerada como o mais profundo, como o mais íntimo; mais
além não se ia, porque o espírito realmente dorme ou é demasiadamente fraco
e indolente para poder se fazer notar como tal. Por isso representava com
aparente direito o papel secundário. Ele, o espírito, que propriamente é tudo e
também o único que realmente vive no ser humano ou, melhor dito, que devia
viver, mas infelizmente dorme.
Que o espírito tivesse que se satisfazer com um papel secundário
depreende-se bem nitidamente das muitas denominações conhecidas. Sob
espíritos entende-se, por exemplo, em primeira linha, os fantasmas; diz-se que
“fazem assombrações” por aí.
Por toda a parte onde na voz do povo é utilizada a expressão “espírito”,
sempre se associa algo que, ou não é bem-vindo e se gostaria de evitar, ou é
algo duvidoso, não bem limpo ou até malévolo, em suma, que se mostra e
efetiva de maneira inferior. A não ser que a expressão “espírito” seja
relacionada com o raciocínio
Nesses casos, quando a expressão é relacionada com o raciocínio,
encontra-se aí até uma espécie de respeito. Tão torcido é o querer saber
nesses domínios. Precisais apenas refletir na interpretação, segundo os
conceitos atuais, das duas expressões:
Espiritualizado e cheio d’alma!
Sem refletir, colocareis também aqui, segundo o velho costume, a
expressão “espiritualizado” mais perto da atuação terrena, e, na verdade, da
atividade masculina, particularmente do saber intelectual; e a expressão “cheio
d’alma” senti-la-eis mais feminina, mais elevada e ao mesmo tempo, porém,
também mais confusa, difícil de ser articulada em palavras, sendo menos
terrena. Portanto, com outras palavras: mais interiorizada, porém incerta, isto é,
sem limites fixos, extraterrenal. Experimentai apenas, e já encontrareis a
confirmação dentro de vós!
Esses são os frutos das concepções tão erradas de até agora dos seres
humanos, que tinham de acarretar conceitos errados, porque a ligação do
espírito com a pátria espiritual foi cortada, e com isso também os suprimentos
de força provenientes da Luz!
Sim, ele teve de fenecer e também cair no esquecimento, porque
permaneceu aqui na Terra enclausurado nos corpos e assim tinham,
evidentemente, de se alterar todas as concepções de modo correspondente.
Uma pessoa que desaparece por toda sua vida na prisão logo é esquecida
pelo público, enquanto que todos os que não conviveram com ela diretamente
nada sabem a seu respeito.
521
Diferente não é com o espírito durante o tempo de sua prisão na Terra!
Através da Mensagem, porém, já sabeis que tão-somente esse espírito faz
do ser humano um ser humano, que o ser humano apenas através dele pode
se tornar ser humano!
Isso, por sua vez, vos dá a prova de que hoje todas as criaturas terrenas
que mantêm preso o espírito também não podem ser consideradas pela Luz
como seres humanos!
O animal nada tem do espírito, por isso também nunca pode tornar-se ser
humano. E o ser humano que enterra o seu espírito, impedindo-o de atuar,
exatamente aquilo que o torna um ser humano, ele, na realidade, não é um ser
humano!
Aqui chegamos ao fato que ainda não tem sido suficientemente observado:
eu digo que o espírito cunha o ser humano, tornando-o um ser humano. Na
expressão “tornar ser humano” encontra-se a indicação de que somente em
sua atuação o espírito transforma a criatura em ser humano!
Não basta, portanto, somente trazer dentro de si o espírito para ser um ser
humano, mas sim uma criatura só se torna ser humano, quando deixa atuar
dentro de si o espírito como tal!
Tomai isso hoje como base para a vossa existência terrena! Transformai
isso no conceito básico para a vida futura aqui na Terra! Fora da matéria
grosseira isso se mostrará então por si mesmo, tão logo não mais tiverdes
vosso corpo terreno.
Quem, porém, deixa o seu espírito atuar dentro de si como tal, esse
também nunca poderá deixar ressurgir o que é das trevas, tampouco se
deixaria agarrar pelas trevas.
Foi-vos permitido reconhecer e também tendes de ver o fim para onde tudo
leva, quando o espírito nos seres humanos não pode chegar à atuação, por
estar amordaçado e afastado de todo e qualquer suprimento de força
proveniente da sacrossanta Luz de Deus!
Como pela Luz é considerado como ser humano apenas aquele que deixa
atuar dentro de si o espírito, assim também deverá ser futuramente aqui nesta
Terra! Essa é a base para a ascensão e para a paz!
Pois quem deixa o espírito chegar à atuação dentro de si, só pode seguir o
caminho para a Luz, que cada vez mais o enobrece e o eleva, de modo que,
por fim, difunde bênçãos ao seu redor, onde quer que chegue.
Quero agora, mais uma vez, dizer o que é a alma, a fim de que deixeis cair
todas as antigas concepções e, no futuro, tenhais nisso um firme apoio.
O melhor é se disserdes primeiramente a vós próprios que o espírito torna
o ser humano um ser humano perante as criaturas de matéria grosseira na
Terra.
Do mesmo modo, porém, e com razão, podemos declarar que o espírito é o
próprio ser humano, que tem de desenvolver-se em diversos invólucros, desde
o germe até a perfeição, porque traz constantemente dentro de si o impulso
para isso.
O ponto mais afastado do seu desenvolvimento, que também é aquele
ponto mais distante da Luz, onde o espírito sob a pressão do invólucro mais
522
pesado, mais denso, tem de desenvolver sua própria vontade com a máxima
intensidade, podendo e devendo com isso chegar também ao incandescimento,
a fim de então poder subir de novo para mais perto da Luz, é, em Éfeso, a
matéria grosseira desta Terra.
Devido a isso a estada na Terra torna-se o ponto decisivo de todas as
peregrinações! É, portanto, de importância toda especial.
E exatamente na Terra, devido à vontade errada, o espírito foi algemado e
emuralhado pelos próprios seres humanos, sob a influência das trevas
rastejantes, de modo que ele, naquele lugar onde devia chegar ao máximo
incandescimento mediante atividade mais viva e mais forte, foi de antemão
obrigado à inatividade, o que acarretou o falhar da humanidade.
E por isso é que também nesse ponto decisivo, tão importante para o
espírito humano, a atividade das trevas é a mais viva, e por isso será aqui
travada a luta, cujo fim tem de causar a total derrota e destruição das trevas, se
ainda uma vez deva ser dada ajuda à humanidade terrena, para que não
sucumba totalmente.
A atividade das trevas foi, portanto, sempre mais ativa aqui na Terra,
porque aqui é o ponto decisivo da peregrinação do espírito humano, e porque,
em segundo lugar, exatamente aqui as trevas se tornaram capazes de intervir
de modo mais imediato, visto que aqui o ser humano se encontra mais distante
do ponto de partida da força auxiliadora proveniente da Luz, podendo, por isso,
tornar-se mais facilmente acessível a outras influências.
Não obstante, isso não é nenhuma desculpa para o decadente espírito
humano, pois este precisaria apenas querer em sincera prece, a fim de
conseguir imediatamente uma ligação pura com a força da Luz. Além disso,
também o corpo de matéria grosseira, devido à sua densidade, é uma proteção
toda especial contra influências de espécie diferente daquelas que ele próprio
procura atrair através de seus desejos.
Tudo isso, porém, já vos é conhecido através da Mensagem, se o
quiserdes encontrar nela.
Imaginai, portanto, o espírito como sendo a legítima espécie humana, o
qual, como núcleo, veste vários invólucros para fins de evolução e
desenvolvimento da própria força, que tem de aumentar até a mais alta prova
de resistência por intermédio do corpo de matéria grosseira, a fim de poder
chegar ao vitorioso aperfeiçoamento.
Ao mesmo tempo, porém, essas provas de resistência cada vez mais
crescentes são, reciprocamente, também os beneficiadores degraus de
desenvolvimento, e a Terra, dessa forma, o extremo plano decisivo.
Digamos, portanto, calmamente, o espírito é o próprio ser humano, todo o
restante são apenas invólucros, mediante os quais ele se fortalece e, com a
crescente obrigação de se movimentar, incandesce cada vez mais.
A incandescência que o espírito adquire dessa forma não se apaga quando
deixa os invólucros, mas ela conduz o espírito, elevando-o para o alto, para o
reino espiritual.
Pois exatamente na obrigação de se movimentar, sob o peso de seus
invólucros, ele tornou-se por fim tão forte, que pode então suportar
523
conscientemente a pressão mais forte no reino espiritual, o que não conseguia
como germe espiritual.
Esse é o curso de seu desenvolvimento, que se processou por causa do
espírito. Os próprios invólucros devem ser considerados nisso apenas como
meio para o fim.
Por isso também nada se altera, quando o ser humano terreno deixa o
corpo de matéria grosseira. É, então, ainda o mesmo ser humano, apenas sem
invólucro de matéria grosseira, com o qual fica também o assim chamado
manto astral, que foi necessário para a formação do corpo terreno de matéria
grosseira, e o qual se origina da matéria grosseira mediana.
Tão logo o pesado corpo terreno estiver desprendido junto com o corpo
astral, o espírito continua envolto apenas com os invólucros mais delicados.
Nesse estado o espírito é então chamado “alma”, para diferenciação do ser
humano terreno em carne e sangue!
Na progressiva ascensão o ser humano também abandona, pouco a
pouco, todos os invólucros, até que por fim conserva apenas o corpo espiritual,
com um invólucro espiritual, e assim entra como espírito sem invólucros de
outras espécies no reino do espírito.
Isso é um acontecimento evidente, visto que então mais nenhum invólucro
estranho é capaz de retê-lo, e, por isso, ele tem de ser conduzido para cima, de
modo natural, devido à espécie de sua própria constituição.
Essa é, portanto, a diferença, que muitas vezes vos ocasiona dificuldades
na vontade de compreender, porque não tivestes clareza, e a imagem disso por
essa razão permaneceu turva.
Na realidade, no ser humano somente entra em cogitação o espírito. Todas
as outras denominações se orientam simplesmente de acordo com os
invólucros que ele traz.
O espírito é tudo, é o essencial; portanto, o ser humano. Trazendo com
outros invólucros também o invólucro terreno, então se chama ser humano
terreno; abandonando o invólucro terreno é considerado então pelos seres
humanos terrenos como alma; abandonando ainda os invólucros delicados,
então ele permanece unicamente espírito, que sempre foi em sua espécie.
As diversas denominações orientam-se, portanto, simplesmente de acordo
com a espécie dos invólucros, os quais nada poderiam ser sem o espírito que
os incandesce.
Nos animais é um pouco diferente, pois estes têm em si algo de enteal
como alma, cuja espécie os seres humanos não possuem!
Talvez por isso tenham se originado tantos erros, por pensarem os seres
humanos que os animais também têm uma alma, a qual lhes permite agir. Por
essa razão, no ser humano, que além da alma tem espírito, espírito e alma
tinham de ser algo distinto e talvez até poder atuar separadamente.
Isso, porém, é errado, pois da espécie da alma animal o ser humano nada
tem em si. No ser humano unicamente o espírito incandesce todos os
invólucros, até mesmo quando está emuralhado e atado. Na algemação do
espírito pelo raciocínio, o calor vivificador do espírito é dirigido para trilhas
erradas, que o espírito não deformado jamais escolheria, se lhe tivesse sido
deixado mão livre.
524
Mas sobre todas as torções e erros dos seres humanos a Mensagem dá
esclarecimento nítido; antes de tudo, sobre como o ser humano tem de pensar
e proceder, se quiser atingir as alturas luminosas.
Hoje apenas se faz mister esclarecer mais uma vez a expressão “alma”,
para que o pensar errado sobre isso possa chegar a um fim.
O melhor para vós, seres humanos, seria se eu prosseguisse nisso mais
um passo, dizendo-vos que apenas o animal tem uma alma, que o conduz. O
ser humano, porém, tem espírito!
Com isso a diferença fica exatamente marcada e de maneira certa.
Se até agora ainda utilizei a expressão alma, foi só porque ela está
arraigada em vós tão firmemente, que tão depressa não podeis deixá-la.
Agora, porém, vejo que isso somente faz com que os erros continuem, se
eu não fizer um profundo corte de separação nisso. Portanto, gravai
firmemente em vós como base para todos os tempos:
O animal tem alma, mas o ser humano tem espírito!
Está certo assim, mesmo que agora vos pareça estranho, porque
decantastes a alma tantas vezes. Mas, acreditai-me, é somente o fato de
estardes amarrados à expressão conhecida que vos faz surgir um sentimento
elevado ante a palavra alma, como conseqüência dos cânticos que sempre
procurastes tecer em volta da expressão alma.
Em lugar disso decantai, pois, o espírito, e logo essa expressão surgirá
resplandecentemente diante de vós, muito mais clara e mais pura do que a
expressão alma jamais poderia transmitir.
Acostumai-vos a isso e então também tereis avançado mais um passo no
saber que conduz à Verdade!
Porém, unicamente como base para vosso pensar, deveis trazer agora
essa diferença conscientemente dentro de vós. De resto, podereis continuar
com a expressão alma também para os seres humanos, uma vez que para vós
seria muito difícil, de outro modo, manter corretamente separados os degraus
indispensáveis ao desenvolvimento.
A alma é o espírito já desligado da matéria grosseira, com invólucros fino-
materiais e também enteais.
Ele tem de permanecer para a vossa conceituação tanto tempo alma, até
tirar de si o último invólucro e estar apto a entrar, como sendo somente
espiritual, no reino espiritual.
Se tiverdes isso assim dentro de vós, então a expressão alma também
pode ser utilizada e mantida em relação aos seres humanos.
Melhor seria se colocásseis o curso evolutivo do germe espiritual nas três
divisões:
Ser humano terreno – Alma humana – Espírito humano!
Enquanto tiverdes o conceito certo disso, pode passar, do contrário, porém,
não seria aconselhável, porque de fato somente o animal tem uma “alma” no
mais verdadeiro sentido. Uma alma que é algo por si só! O ser humano, porém,
não tem, além do espírito, uma alma autônoma por si.
525
Mas, com relação aos seres humanos, não fica bem dizer, ao invés de
alma: o espírito com invólucros, tampouco o espírito envolto ou, mais tarde, o
espírito sem invólucro, o espírito descoberto.
Isso em si seria certo, mas demasiado complicado para a formação de um
conceito.
Por isso conservemos o de até agora, como também já o fez Jesus,
quando falava de alma. Compreendereis agora muito melhor ainda a sua
indicação de que a alma tem de se desligar, pois desligar a alma outra coisa
não quer dizer do que abandonar os invólucros ainda existentes, que retêm o
espírito e, assim, livrá-lo do peso deles, para que o espírito possa, então
libertado disso, prosseguir na ascensão.
Contudo, para os seres humanos terrenos de outrora ele não podia falar
assim intelectivamente, tinha de expressar-se mais simplesmente e por isso
conservar a maneira e o modo habituais.
Também hoje ainda pode permanecer assim, contanto que saibais
exatamente os verdadeiros fatos.
Gravai bem em vós:
O animal tem alma, mas o ser humano tem espírito!
526
35. Natureza
Assim como com a expressão “alma” foi formado um conceito genérico e
confuso entre os seres humanos, da mesma forma acontece com a expressão
“natureza”. Também esta palavra foi utilizada excessivamente como um grande
conceito coletivo para tudo, com o que se gostaria de encerrar o assunto de
maneira cômoda, sem precisar quebrar a cabeça com isso. Principalmente
para aquilo em que o ser humano já sabia de antemão não poder chegar a uma
solução clara.
Quantas vezes é aplicada a palavra “natural”, sem que com isso seja
imaginado algo de concreto. O ser humano fala em “ligado à natureza”, de bela
natureza, de natureza alvoroçada, de impulsos naturais, e assim prossegue
nas inúmeras denominações com as quais se quer denominar algo em grandes
traços, que tenha maior ou menor relação com a natureza.
O que é, no entanto, natureza! Pois exatamente esta expressão básica
teria de ser primeiramente compreendida de modo bem nítido, antes de ser
utilizada para tudo quanto é possível. Se, porém, fizerdes uma vez essa
pergunta, então sem dúvida vos serão dados muitos esclarecimentos, com
maior ou menor firmeza nos informes a esse respeito; no entanto, de tudo isso
podeis ver claramente que os seres humanos aí formam para si múltiplas
idéias, às quais falta um saber uniforme.
Por essa razão queremos, também aqui, abrir um caminho para um quadro
fixo na imaginação desta palavra “natureza”.
O melhor é separarmos em nossa capacidade imaginativa o conceito sobre
isso em divisões, a fim de assim chegar mais facilmente à compreensão do
todo.
Tomemos, por isso, primeiramente, a forma grosseira da “natureza”, a
aparência exterior! Para simplificar, começo aí excepcionalmente pelo pensar
humano-terrenal e, só então, inverto tudo finalmente, para que o curso certo
vindo de cima seja novamente colocado diante dos vossos olhos.
A natureza, considerada no sentido mais grosseiro, portanto vista por
vossos olhos terrenos de matéria grosseira, é a matéria incandescida, e dessa
forma vivificada e formada. Como matéria imaginai as diversas camadas da
materialidade.
A isso pertencem, em primeira linha, todos os quadros que os vossos olhos
terrenos são capazes de perceber, como paisagens e também todas as formas
fixas e móveis das plantas e dos animais; expresso mais amplamente: tudo
quanto fordes capazes de perceber com o vosso corpo terreno, com vossos
sentidos de matéria grosseira.
Fica excluído disso tudo, porém, o que os seres humanos formaram
artificialmente, submetendo o que existe a alterações, tais como casas e
quaisquer outras configurações. Isso deixou então de fazer parte da natureza.
Aí já nos aproximamos automaticamente de uma diferenciação básica: o
que o ser humano altera, portanto o que não deixa em sua constituição básica,
não mais pertence à natureza no verdadeiro sentido!
Uma vez, porém, que também digo que a natureza, em sua aparência mais
exterior, é a matéria grosseira incandescida, e dessa forma vivificada e
527
formada, e como já sabeis através da minha Mensagem que forças enteais
incandescem as matérias, vós próprios, então, podereis concluir, sem mais
nada, que somente pode ser natureza aquilo que estiver na mais estreita
correlação com forças enteais.
Refiro-me àquelas forças enteais que se fecham como círculo em volta das
matérias.
É essa uma espécie totalmente singular, da qual teremos de falar em
breve, visto que ela, como uma espécie singular da Criação, tem de ser
separada do grande conceito coletivo do enteal, que se encontra em todas as
esferas como base, alcançando até os limites onde principia a inentealidade de
Deus.
Com o tempo tenho de ampliar muito mais ainda as atuais noções do
enteal, que já vos pude dar, se quiser completar a imagem que sereis capazes
de assimilar com o crescente amadurecimento de vosso espírito.
Natureza é, portanto, tudo aquilo que se pôde formar e ligar, e que não foi
modificado em sua espécie básica pelo espírito humano, na matéria
incandescida por forças enteais, as quais ainda tenho de descrever-vos mais
detalhadamente.
Não modificar a espécie básica, que o enteal deu, essa é a condição para a
expressão certa: natureza!
Portanto, também a expressão “natureza” está ligada de maneira
inseparável com o enteal, que traspassa a matéria. Disso também podeis
concluir de maneira certa que a natureza não está acaso ligada à matéria, mas
sim apenas ao enteal; que o que é natural e sobretudo a natureza constituem o
efeito não torcido da atuação enteal!
Assim, passo a passo, nos aproximamos cada vez mais da verdade, pois
podemos, prosseguindo, concluir que natureza e espírito devem ser
interpretados separadamente! Natureza se encontra na atuação de uma bem
determinada espécie enteal, e espírito é, como sabeis, algo completamente
diferente.
O espírito, através de encarnações, é, sim, muitas vezes, colocado dentro
da natureza, porém não é a natureza e tampouco uma parte dela, como
também a natureza não é uma parte do espírito humano!
Sei que não é fácil poderdes reconhecer nitidamente, por meio destas
breves palavras, o que se trata aí, mas se vos aprofundardes nisso de modo
certo, podeis compreendê-lo e, finalmente, vosso espírito deve, sim, em
primeiro lugar tornar-se móvel nos esforços para penetrar na Palavra que eu
vos posso dar.
Exatamente os esforços necessários para isso vos trazem a mobilidade
que preserva, protegendo vosso espírito do sono e da morte, arrancando-o das
garras das trevas que avançam sorrateiramente.
Mesmo que tantas vezes procurem censurar-me, com artimanhas do
raciocínio e de modo malévolo, dizendo que eu, com as referências, através de
minha Palavra, sobre o perigo sempre presente do adormecer e da morte
espirituais, esteja oprimindo e amedrontando os seres humanos com ameaças,
apenas para assim ganhar influência, mesmo assim nunca cessarei de colocar
figuradamente diante de vós os perigos que ameaçam o vosso espírito, para os
528
conhecerdes e não mais cairdes cegamente nas armadilhas e engodos, pois eu
sirvo a Deus e não aos seres humanos! Com isso dou o que é útil aos seres
humanos e não apenas aquilo que lhes é agradável terrenalmente e assim os
mata espiritualmente!
Exatamente os meios com que procuram atacar malevolamente a minha
Palavra, a serviço das trevas que se defendem desesperadamente,
exatamente isso prova que eu na verdade sirvo a Deus e não procuro ser
agradável aos seres humanos com palavras, a fim de conquistá-los para minha
Palavra!
Os seres humanos, pois, têm de ser arrancados de sua comodidade
espiritual, que eles próprios escolheram, e que é capaz apenas de adormecê-
los, ao invés de vivificá-los de modo fortalecedor, como Jesus já disse outrora
com a exortação de que só aquele que nascer de novo dentro de si poderá
entrar no Reino de Deus, e também com as suas repetidas referências de que
tudo tem de se tornar novo, a fim de poder persistir perante Deus!
E também os próprios seres humanos sempre falam dessas graves
palavras, com entonação enfatuada, decorrente da mais sincera convicção
sobre a verdade daquilo que elas encerram. Mas quando a eles se apresenta a
exigência de que eles próprios primeiro têm de se tornar novos no espírito,
então proferem um queixume atrás do outro, pois nunca tinham pensado em si
mesmos nesse sentido!
Agora se sentem acossados em sua comodidade e, no entanto, esperavam
que seriam admitidos no céu com coros de júbilo, sem mesmo fazer algo aí, a
não ser usufruir todas as alegrias!
Procuram agora sobrepujar com gritarias o incômodo exortador, na
convicção de que conseguirão ainda uma vez mais, como já com Jesus, a
quem primeiramente macularam e assassinaram moralmente como criminoso,
rebelde e blasfemo perante todos os seres humanos, de modo que, mesmo
depois disso, segundo aparentes direitos das leis humanas, ele ainda pôde ser
julgado e morto.
Mesmo que hoje seja diferente em muitas coisas, não falta na Terra a sutil
astúcia do raciocínio, a serviço das trevas, para desfigurar habilmente também
aquilo que é mais simples e mais claro, e com isso influenciar incautos e
indiferentes, da mesma forma como também existiram, em todas as épocas, as
solícitas e falsas testemunhas, que, por inveja e ódio, ou pela expectativa de
lucro, são capazes de muita coisa.
A sagrada vontade de Deus, porém, é mais poderosa do que os atos de
tais pessoas; Ele não se engana em Sua imutável justiça, conforme é possível
entre os seres humanos! Assim, por fim, também todas as trevas terão de
servir com sua má vontade somente à Luz, para com isso testemunhar a favor
da Luz!
Os seres humanos, porém, que se esforçam sinceramente para
compreender a Verdade de Deus, aprenderão a reconhecer nisso a grandeza
de Deus, a Sua sabedoria, o Seu amor, e a servi-Lo alegremente!
Acautelai-vos com a preguiça de vosso espírito, com a comodidade e a
superficialidade, ó criaturas humanas, e lembrai-vos da parábola das virgens
prudentes e das tolas! É suficientemente clara em sua grande simplicidade, de
modo que cada pessoa é capaz de compreender facilmente o sentido. Tornai
529
isso ação dentro de vós, então tudo o mais virá por si mesmo. Nada vos poderá
perturbar, pois caminhareis calmamente e com passos firmes pelo vosso
caminho.
Todavia, voltemos agora à expressão “natureza”, cujo conceito vos quero
proporcionar, por ser necessário.
Já expliquei em largos traços a primeira e mais densa divisão. Tão logo o
ser humano, em sua atividade, deixar como base a natureza permanecer
realmente natureza, não procurando interferir nela nem modificá-la em suas
espécies, mas sim exclusivamente trabalhar de modo construtivo, através da
promoção de um desenvolvimento sadio, isto é, não torcido, então é que
encontrará e receberá também a plena coroação de suas obras, o que até
agora nunca poderia esperar, porque tudo quanto é violentamente desviado do
natural só pode ocasionar, no crescimento, coisas ainda mais torcidas, que não
possuem consistência própria nem durabilidade.
Um dia isto também servirá para as ciências como base de grande valor.
Só na maneira como a natureza, através de sua atividade enteal consentânea
com as leis da Criação, cria as ligações das matérias, só nisso se encontram
uma força e uma irradiação construtivas, ao passo que em outras ligações, que
não correspondem exatamente a essas leis, e que foram geradas pela mente
humana, formam-se irradiações reciprocamente prejudiciais, talvez até
destruidoras e desintegradoras, de cujos verdadeiros efeitos finais os seres
humanos não têm nenhuma idéia.
A natureza, em sua perfeição consentânea com as leis da Criação, é a
mais bela dádiva que Deus deu às Suas criaturas! Ela só pode trazer proveitos,
enquanto não for torcida por alterações e dirigida a percursos falsos pelo
querer saber próprio destes seres humanos terrenos.
Passemos agora a uma segunda divisão da “natureza”, que não é visível,
sem mais nem menos, pelo olho de matéria grosseira.
Essa divisão compõe-se principalmente de matéria grosseira mediana;
portanto, não da mais densa e pesada, que, através de sua espécie pesada,
tem de ser imediatamente reconhecida pelo olho terreno.
O olho de matéria grosseira, quando se trata da matéria grosseira mediana,
apenas pode observar os efeitos dela na matéria grosseira pesada. A isso
pertence, por exemplo, o fortalecimento de tudo o que foi formado pelo
incandescimento, seu desenvolvimento com o crescimento e o
amadurecimento.
Uma terceira divisão da “natureza” é então a reprodução, que ocorre
automaticamente numa bem determinada maturidade de desenvolvimento e
incandescimento. A reprodução na matéria grosseira incandescida nada tem a
ver, portanto, com o espírito, mas sim pertence à natureza!
Por isso também o impulso para a reprodução é denominado corretamente
instinto natural. Uma bem determinada maturidade da matéria incandescida
pelo enteal produz irradiações, que, no encontro das espécies positiva e
negativa, unindo-se, impulsionam retroativamente sobre a matéria grosseira e
induzem-na à atividade.
O espírito nada tem a ver com isso, mas sim essa atividade é um tributo à
natureza! Acha-se inteiramente apartada do espiritual, como já antes me referi
na Mensagem.
530
Denominemos, pois, esse intercâmbio, de irradiações e união, de tributo à
natureza, então isso estará certo, pois é a espécie de toda a matéria,
incandescida pelo enteal até um bem determinado grau, que assim procura
sempre, de modo consentâneo com as leis da Criação, produzir renovação,
que, de uma parte, contém conservação e, de outra parte, condiciona a
reprodução.
Essa lei da natureza que se evidencia é o efeito de determinadas
irradiações. Traz consigo conservação pelo estímulo a isso ligado e renovação
das células.
Esta é, em primeira linha, a principal finalidade desse tributo, que a
natureza exige das criaturas que se movimentam. A natureza não conhece
nenhuma diferença nisso, e todos os efeitos são úteis e bons.
Só que também aqui o ser humano, por si só, mais uma vez, aumentou
tudo ao doentio, deformando e desfigurando, apesar de que justamente ele
poderia ter achado um equilíbrio normal na espécie de bem determinadas
ocupações terrenas.
Ele, porém, não presta atenção àquilo que a natureza exige dele, em suas
advertências ou avisos silenciosos, mas sim, exagerando tudo de maneira
doentia, quer dirigir ou dominar a natureza com a sua teimosia ignorante; quer
forçá-la muitas vezes de uma maneira que tem de prejudicar, enfraquecer ou
até destruir a matéria grosseira, e assim também nisso causou devastações,
como já o fez na Criação inteira.
Do ser humano, inicialmente apenas perturbador, surgiu um destruidor em
tudo o que pensa e faz, onde quer que esteja.
Com isso se colocou abaixo de toda a criatura.
Aprendei primeiramente a conhecer profundamente a natureza, da qual vos
afastastes já há muito, então será possível que vos torneis novamente criaturas
humanas, que vivem na vontade criadora de Deus, colhendo assim saúde
através da natureza, para atividade alegre e construtiva na Terra, o que tão-
somente pode ajudar beneficiadoramente o espírito em sua necessária
maturidade!
531
36. O círculo do enteal
Já por diversas vezes falei do círculo enteal da Criação, que se fecha em redor
das matérias, como transição do espiritual para o material.
Esse enteal é, em si, uma espécie muito singular e forma propriamente o
círculo final para a Criação inteira e, ao mesmo tempo, também a ponte para a
Criação posterior.
Imaginemos, mais uma vez, tudo quanto jaz fora da esfera divina, portanto
abaixo do Supremo Templo do Graal, em três grandes divisões:
Como mais elevada e primeira delas, citamos a Criação primordial; como
segunda, a Criação; e como terceira, a Criação posterior.
Considerando rigorosamente, o Supremo Templo do Graal não pertence à
Criação primordial, mas sim é algo inteiramente à parte, que está situado acima
da Criação primordial. Ele está situado. Escolho exatamente esta expressão de
propósito, pois ele não paira, mas sim está firmemente ancorado!
Também a parte que se encontra fora da esfera divina, onde se origina a
Criação primordial, está firmemente ligada ao Supremo Templo do Graal na
esfera divina, como um anexo, e com isso ancorada inalteravelmente no divino.
Até aí, partindo de cima, encontra-se um fluxo descendente e ascendente
de ondas de Luz divina. Somente no Supremo Templo do Graal se processa
uma mudança nisso e começa então, fora do Templo, fluindo para baixo, o
circular, que origina e movimenta todas as Criações. Elas também são
seguradas aqui por ondas descendentes e ascendentes!
Assim é o grande quadro da forma de todos os movimentos.
Sobre a Criação primordial já falei pormenorizadamente e mencionei as
duas divisões básicas. São puro-espirituais. Uma parte surgiu imediatamente
formada e consciente, ao passo que a outra somente pôde desenvolver-se
para tanto. Exatamente assim é na Criação que, conceitualmente, por ser
espiritual, separamos do puro espiritual.
Também esta se separa em duas divisões. A primeira pôde formar-se
imediatamente e a segunda teve de desenvolver-se para tanto.
Após esta vem, como remate, o já mencionado círculo daquele enteal,
sobre o qual ainda não vos tornastes esclarecidos, porque sempre toquei
somente de leve nele nas explicações de até agora.
Queremos denominá-lo hoje como uma divisão especial da Criação: o
círculo do enteal!
Com relação a esse círculo deve ser entendido, de agora em diante, algo
completamente diferente daquilo que denominamos simplesmente como os
enteais. Os que até agora foram por mim assim designados são ondas de Luz
que em sua atividade tornada em forma afluem para baixo e novamente para
cima, e as quais, portanto, em linha reta ou em correntes, estão em ligação
com o Supremo Templo do Graal. Não são as forças circulantes!
Nisso jaz a diferença. Também as forças circulantes têm forma em sua
atividade, porém são de uma espécie diferente, que só podiam surgir por
cruzamentos de irradiações. Não sabeis ainda nada disso, conquanto já
conheçais muitas.
532
Esse movimento circular tem sua origem, isto é, o seu início, na separação
do positivo do negativo, portanto do ativo do passivo, que se processa no
Supremo Templo do Graal e que no começo de minha preleção de hoje
denominei como a mudança das correntezas, que se realiza no Templo
mediante separação.
Com o início do esfriamento das irradiações da Luz separa-se o positivo do
negativo e formam-se por causa disso duas espécies de irradiações, enquanto
que até o Supremo Templo do Graal só uma uniforme irradiação se encontra
em atividade, formando a esfera divina, onde tudo que se tornou forma encerra
em si, unidos harmoniosamente, o positivo e o negativo.
Imaginai tudo isso em quadro, conforme vos estou delineando em traços
bem simples; assim compreendereis de maneira mais rápida e também mais
segura. Só depois podereis tentar aprofundar-vos cada vez mais com a
vontade de compreender.
Se agirdes assim, então o conjunto se tornará pouco a pouco bem vivo
diante de vós e podereis em espírito, como espectadores cientes, deixar passar
diante de vós o flutuar e o tecer da Criação.
Contudo, se quiserdes tentar o inverso e, logo ao escutar as primeiras
palavras, procurar seguir-me com a força do vosso raciocínio, já ficareis retidos
em minhas primeiras frases e nunca podereis chegar a um alvo.
Tendes de receber simplesmente e só depois, seguindo pouco a pouco os
traços isolados, podereis fazer tudo ficar vivo em vós. Dessa maneira tereis
êxito.
Portanto, falemos hoje do círculo do enteal, que forma o remate para tudo
quanto é móvel.
Assim como o sedimento do espiritual é conhecido por vós como germes
espirituais, da mesma forma pode, conquanto de maneira bem diferente, o
círculo do enteal ser denominado também de sedimento, que flui e goteja das
ondas enteais, do circular das Criações que se movem por si, para se reunir e
se manter no fim das Criações, mediante a atração das espécies iguais
básicas.
Com isso deparamos outra vez com uma ampliação das noções da
Criação.
Temos assim partes que se movem por si, às quais pertencem a Criação
primordial e a Criação, seguindo-se depois a Criação posterior, que não pode
mover-se por si mesma, mas que tem de ser impulsionada.
As partes que se movem por si impulsionam, através do próprio calor, a
Criação posterior, que tem de ser movimentada, sendo impulsionada através
do influxo de calor alheio. Por isso partes isoladas dela também podem esfriar,
quando o que as aquece é retirado, o que na Criação primordial e na Criação
nem é possível, porque possuem calor próprio.
Observai cuidadosamente todos os pormenores que com isso vos digo,
pois eles, progressivamente, formam a base para muitos esclarecimentos
ulteriores que se tornarão muito úteis em toda a existência terrena dos seres
humanos.
Esse círculo de sedimento enteal encontra-se abaixo dos germes
espirituais, portanto abaixo do círculo do sedimento espiritual e constitui o
533
remate de tudo quanto é móvel, pois também o círculo do sedimento espiritual,
como o último do espiritual, e o círculo do sedimento enteal, como o último do
enteal, possuem movimento próprio, mesmo que inicialmente ainda
inconsciente, e com isso também calor! É importante saber isso.
Seguem-se depois as diversas materialidades. São assim chamadas,
porque podem servir apenas como invólucros e não possuem calor próprio nem
movimento. Têm de ser aquecidas primeiro, antes de poderem transmitir calor,
e tornam-se novamente frias e imóveis, se lhes for retirado o doador de calor.
Esta é uma particularidade que só as materialidades apresentam.
As expressões matéria e materialidade não foram, acaso, denominadas
assim, com base nas matérias com que o ser humano terreno se envolve, mas
sim acontece o contrário. O ser humano terreno captou essa denominação e de
acordo com o sentido certo transferiu-a para os produtos terrenos com os quais
se envolve.
O círculo do enteal, porém, não constitui apenas o remate das coisas
móveis e que contêm calor próprio, mas sim, uma vez que nele ainda existe
calor e movimento, ele penetra mais para dentro da materialidade, que com
isso se torna aquecida e impulsionada da inércia para o movimento circulatório,
que a faz aquecer-se e incandescer-se cada vez mais, devido ao atrito
condicionado pela densidade de sua espécie.
No movimento assim forçado, ela se forma e deixa passar mui facilmente
as irradiações do enteal impulsionador, que com aquela atividade aumenta o
aquecimento, para difundir sempre mais calor e, conseqüentemente,
movimento para o formar. Após este grande quadro, entremos nos
pormenores. Com isso voltamos ao círculo do enteal, que serve de ponte para
as camadas de todas as materialidades sem calor e, portanto, sem movimento.
Nesse círculo do enteal concentram-se, segundo a lei, as espécies iguais
singulares de todos os germes enteais, formando assim grupos que também
podem ser chamados centrais ou aglomerações.
Assim, por exemplo, encontram-se separados entre si os grupos daqueles
germes que ao penetrarem nas materialidades colaboram no seu
desenvolvimento e no seu despertar para a formação e a conservação do fogo,
da água, do ar, da terra, e depois das pedras, plantas e também animais.
Já vos falei do processo de penetração dos germes enteais e quero apenas
chamar especialmente a atenção para o fato de que todos esses
acontecimentos são conduzidos cuidadosamente por auxiliares enteais, que
agem servindo como corrente no fluxo descendente das ondas luminosas do
Supremo Templo, as quais os ajudam a subir novamente.
Tudo isso já vos é conhecido, podeis reunir facilmente o saber básico disso
através de minha Mensagem, mas tendes de proceder aí como crianças que se
esforçam em juntar direito as peças de um jogo de armar, até que se forme um
bem determinado quadro.
Assim deveis utilizar o saber da Mensagem, pois esta contém as pedras
básicas para todo o saber; dá esclarecimento a respeito de todos os
acontecimentos na Criação inteira.
Se quiserdes ter clareza sobre qualquer coisa na Criação, nos efeitos das
leis primordiais da Criação, que contêm em si a vontade de Deus, precisareis
apenas pegar entre todas as pedras preciosas, que se encontram na
534
Mensagem como um tesouro que quer ser descoberto, qualquer das muitas
pedrinhas isoladas que contenham algo da questão que vos preocupa.
A essa primeira pecinha isolada procurai, como nos jogos de armar ou de
montar, juntar coisas da Mensagem que se encaixem e finalmente obtereis um
quadro grande, totalmente individualizado e acabado, e que vos dá resposta
exata, em forma de imagem, daquele tecer da Criação que quereis saber.
Se observardes esse meu conselho, conseguireis sempre obter
esclarecimentos de tudo, numa forma que se tornará compreensível em
qualquer caso, e que nunca vos deixará errar.
Colocai as pedras isoladas de tal maneira, que combinem exatamente com
a primeira pedra que pegastes do tesouro para a vossa pergunta. É de todo
indiferente se tal pedra significa o centro ou se tem de ficar somente na
beirada. As demais, atinentes a ela, só se deixarão encaixar ou inserir de tal
maneira, que finalmente resulte exatamente o quadro de que necessitais para
resposta e esclarecimento de vossa pergunta.
As pedras nunca se deixam colocar de modo diferente, e vereis
imediatamente quando tiverdes colocado qualquer peça num lugar errado. Tal
peça não se combinará de modo algum com o conjunto e vos obrigará, por
isso, a situá-la onde pertence ou a eliminá-la por completo, caso não combine.
Pensai sempre somente num jogo de armar, o qual, com a colocação
lógica das peças individuais, dadas para isso em formas determinadas, produz
quadros completos ou montagens.
Assim vos dei a minha Mensagem, que contém tudo, mas que vos obriga a
colaborar pessoalmente nisso! Ela não se deixa assimilar indolentemente como
acabada, mas sim, para cada uma de vossas perguntas, vós mesmos tendes
de compor e alcançar o quadro completo, esforçando-vos nisso.
Essa é a particularidade da Palavra viva, que vos orienta e educa, e que
força o vosso espírito ao movimento!
Se quiserdes compor um quadro errôneo ou superficial, logo ficareis retidos
e vereis que não se evidencia nenhuma harmonia nele, por haverdes posto
talvez uma pedrinha em lugar errado ou de uma maneira que não combine com
aquele quadro ou montagem que pretendeis. Por isso não podeis terminá-lo e
tendes que tentar sempre de novo, até ficar firme e bem ordenado diante de
vós.
Cada pedra pode ser aproveitada para muitos quadros e não apenas para
um, porém ver-vos-eis forçados, devido a sua particularidade, a colocá-la
diversamente em cada quadro, sempre de maneira a se encaixar exatamente
com as outras pedras. Se o quadro resultar num todo por si, então podeis
confiar que o vosso trabalho foi acertado na procura!
Jamais vos faltará uma pedra, nem a menor peça, pois a Mensagem
contém tudo de que necessitais! Bastará que experimenteis, até familiarizar-
vos com esse trabalho, então vós próprios estareis firmes na Criação inteira!
Dou-vos com as palavras da minha Mensagem as caixas de montagem
completas, com as mais bem lapidadas pedras preciosas, para que vós
mesmos possais montar. Elas foram previamente moldadas para tudo quanto
precisardes. Mas unicamente vós é que deveis executar a montagem, pois
assim é da sagrada vontade de Deus!
535
Assim, pois, sabeis como tendes de agir, e posso prosseguir nos meus
esclarecimentos sobre o círculo do enteal e seus efeitos nas matérias, para as
quais ele, que propriamente é o remate de tudo quanto se move, constitui ao
mesmo tempo uma ponte através de sua atuação.
Nesse círculo, entre outras espécies, aglomerou-se também uma espécie
daquele sedimento enteal, do qual se forma a alma do animal em suas
múltiplas ramificações.
Justamente essa parte necessita de um curso de aprendizado todo
especial, que tem de ser ligado à observação, a fim de despertar uma clareza
completa nos seres humanos terrenos, mas quero pelo menos dar a tal
respeito algumas indicações.
A alma de cada animal forma-se, ela primeiramente se compõe, conforme
está expresso no termo “formar”.
A fim de diferençar e dar uma possibilidade mais fácil de compreensão,
reporto-me mais uma vez ao espírito humano. O espírito do ser humano
terreno já traz tudo em si no germe espiritual e precisa apenas desenvolver-se
para a conscientização.
A alma dos animais de matéria grosseira, porém, primeiramente se
compõe, ela se forma, para só então, pouco a pouco, fortalecer-se no
desenvolvimento. É no fortalecimento que ela consegue formar-se de maneira
cada vez mais firme e perdurável.
A alma dos animais pertencentes à materialidade grosseira só pouco a
pouco é que pode adquirir uma forma estável. Após desprender-se do corpo
material a alma animal perde novamente, na maioria dos casos, mais cedo ou
mais tarde, a sua forma, sendo absorvida pela aglomeração de espécie igual,
por ser da mesma espécie e ainda não possuir forma estável, embora traga um
calor maior. Daí a expressão “almas grupais”.
Apenas uma coisa pode conservar a forma da alma do animal, a mais forte
que existe: o amor!
Se um animal tem amor por um ser humano, então é elevado com isso, e
através dessa união voluntária com o espírito recebe um suprimento de forças,
que também conserva mais firme a sua alma. Sobre isso, contudo, só falarei
mais tarde. Não existem animais apenas provenientes do círculo final do
enteal; existem também aqueles que estão em planos mais altos, sim, até nos
mais elevados.
Nos planos supremos, por sua vez, encontram-se os animais sapientes, os
quais em seu servir são completamente puros
Também pode acontecer que animais de planos mais altos venham a
encarnar-se na Terra para finalidades bem específicas. Contudo, não vamos
tratar disso agora, mas sim permaneçamos junto dos animais conhecidos na
Terra, cujas almas se formam no círculo enteal em redor das materialidades.
A tal respeito quero dar ainda apenas uma indicação, referente ao vosso
ambiente terreno mais próximo e visível, isto é, de matéria grosseira.
Todas as formas presas a lugares fixos na Terra não possuem alma
própria, a qual, pois, teria de ficar demasiadamente dependente daquilo que se
lhe aproxima, e dessa forma estaria exposta a qualquer arbitrariedade na
matéria grosseira.
536
Tal desequilíbrio é inteiramente impossível na sábia organização do
Criador em Sua obra.
Por isso tais formas não têm almas próprias, e sim servem apenas como
moradas de seres que são totalmente independentes das formas, e apenas as
protegem e tratam.
A essas formas pertencem as plantas e as pedras! Dessa maneira vos
advirá novamente uma revelação, que vos pode ser útil, e com a qual
reconhecereis nitidamente falsas concepções.
Apenas os seres independentes de lugar, portanto como os animais, que
podem mover-se livremente de seus lugares, têm em si um núcleo próprio,
móvel, que os conduz.
Nos animais esse núcleo é a alma enteal; nos seres humanos é o espírito!
Plantas e pedras, porém, servem apenas como moradas para enteais
independentes e diferentes que, por conseguinte, não podem ser chamados
almas das respectivas formas.
537
37. Não caiais em tentação!
Velai e orai para não cairdes em tentação! Essa advertência vinda da Luz foi
considerada pelos seres humanos até agora somente como um conselho
bondoso do Filho de Deus, Jesus, em virtude da maneira branda que se
atribuiu ao Filho de Deus, como conseqüência da tão pronunciada presunção
humana.
Tenho de repeti-la hoje!
Todavia, é mais do que apenas um conselho, pois é uma exigência de
Deus para vós, ó seres humanos, se ainda quiserdes salvar-vos dos frutos
venenosos das vossas opiniões e noções erradas.
Não penseis que agora, sem mais nem menos, sereis tirados por Deus
para fora do lodaçal nojento, que vos segura com tamanha tenacidade, com a
mesma tenacidade que usastes para formar tal lodaçal, com obstinada teimosia
contra a vontade de Deus.
Deus não vos tirará como gratidão, pelo fato de talvez agora quererdes
finalmente; oh! não, vós mesmos tendes de esforçar-vos para sair, da mesma
forma que vos deixastes afundar.
Vós é que tendes de empenhar-vos, de maneira sincera e com grande
aplicação, a fim de poderdes subir novamente para terra saudável. Se fizerdes
isso, só então vos será dada a força para tanto, mas sempre na mesma medida
de vosso querer; isso exige inexoravelmente a justiça que está em Deus.
E nisso reside a ajuda que vos está prometida e que se realiza no mesmo
momento em que o vosso querer se transforma finalmente em ação; não antes.
Como presente de Deus vos é dada a Palavra, a qual foi-me permitido
trazer, que vos indica com toda a clareza o caminho que tendes de seguir, se
quiserdes salvar-vos! Na Palavra está a graça por vós não merecida, que Deus
outorga em Seu incomensurável amor, conforme já sucedeu uma vez através
de Jesus.
A Palavra é o presente. O grande sacrifício de Deus, porém, é o ato de
trazer a Palavra até as materialidades grosseiras, para vós, seres humanos, o
que sempre está ligado a grande sofrimento, devido à atitude hostil dos seres
humanos para com a Luz, decorrente da presunção. E ninguém mais pode dar
aos seres humanos a Palavra verdadeira, a não ser uma parte da própria
Palavra. O portador da Palavra viva, deve, portanto, ser também, ele próprio, a
Palavra!
Se, porém, depois da já principiada escuridão entre os seres humanos na
Terra, não lhes tivesse sido dada a Palavra, todos eles estariam perdidos e
teriam de sucumbir na decomposição, junto com as trevas que os envolvem
densamente.
E por causa do pequeno número daqueles que ainda trazem em si a
saudade da Luz, apesar da escuridão que os seres humanos formaram, mais
uma vez Deus, em Sua justiça e amor, enviou a Palavra viva para essa
escuridão, a fim de que os poucos, por causa da justiça, não tenham de se
perder com os outros, mas ainda possam salvar-se pelo caminho que a Palavra
lhes indica.
538
Para que a Palavra, porém, pudesse indicar o caminho que conduz para
fora da escuridão, tinha primeiro de aprender a conhecer essa escuridão e
vivenciá-la em si, tinha de se aprofundar nela, a fim de primeiramente seguir o
caminho para fora e com isso abrir passagem aos seres humanos que
quisessem segui-la.
Somente à medida que a Palavra seguia o caminho para fora dessa
escuridão, podia ela também explicar o caminho e fazer com que os seres
humanos compreendessem melhor!
Por si só, sem essa ajuda, os seres humanos nunca teriam conseguido
isso. Compreendei, portanto, ó seres humanos, que tal decisão, que se tornou
necessária apenas por causa de um pequeno número de pessoas, foi
efetivamente um grande sacrifício de amor, que unicamente Deus, em Sua
inabalável justiça, pode realizar!
Esse foi o sacrifício que tinha de se cumprir, inteiramente de acordo com a
lei, por causa da justiça e do amor, na perfeição intangível e inflexível da
vontade de Deus.
Mas isso não é nenhuma desculpa para os seres humanos, pois tal
sacrifício somente se tornou necessário devido ao falhar da humanidade que
se afasta da Luz.
Se, portanto, o sacrifício ocorreu também dentro das leis da sagrada
vontade de Deus, nem por isso diminui a culpa da humanidade, pelo contrário,
é ainda maior, porque ela criminosamente forçou a realização ao torcer e
confundir tudo aquilo que lhe foi confiado por Deus.
Fica, portanto, o grande sacrifício totalmente isolado, como uma
conseqüência da perfeição de Deus, da sacrossanta vontade.
Se, contudo, ainda quiserdes salvar-vos realmente, é assunto vosso
exclusivamente, pois essa perfeição divina, da qual resultou o grande sacrifício
de Deus, como algo incondicional, exige também a destruição de tudo quanto
na Criação inteira não for capaz de adaptar-se voluntariamente de acordo com
as leis de Sua vontade.
A tal respeito não existe misericórdia nem fuga, nenhuma exceção nem
desvio, mas sim apenas a efetivação conforme as leis da Criação, no primeiro
círculo final de todo o atuar de até então.
Por isso a exigência: velai e orai para não cairdes em tentação!
Compreendei bem essas palavras, e então aprendereis a reconhecer a
severa exigência contida nelas. Velai apela para a vivacidade da vossa intuição
e exige com isso a movimentação do espírito! Somente nisso é que reside a
verdadeira vigilância. E também nisso, novamente, a feminilidade tem de seguir
na frente, porque lhe foi outorgada uma sensibilidade mais ampla e mais fina.
A feminilidade deve ser vigilante na força da sua pureza, à qual tem de
servir, se deseja cumprir fielmente a missão da feminilidade nesta Criação.
Isso, porém, ela só pode fazer como sacerdotisa da pureza!
Velai e orai, diz a sentença que vos é dada mais uma vez por mim para o
caminho. O velar refere-se à vossa vida terrena, na qual deveis estar
automaticamente preparados, a qualquer momento, para intuir nitidamente as
impressões que se precipitam sobre vós, e também pesá-las cuidadosamente,
assim como examinar antecipadamente, com cuidado, tudo o que sai de vós.
539
O orar, porém, traz a manutenção da ligação com as alturas luminosas e o
abrir-se a sagradas correntes de força para utilização terrena.
Para isso destina-se a oração, que vos força a dirigir o vosso sentido desta
Terra para o alto. Por isso a exigência, cujo cumprimento só vos traz
inenarráveis proveitos através de fortes auxílios, a cuja afluência vós, em caso
contrário, vos fechais devido à inobservância das leis da Criação.
Cumprindo ambas as exigências, nunca podereis cair em tentação!
Interpretai também direito esta indicação, pois se vos é dito: “para não cairdes
em tentação”, então isso não quer dizer que se velardes e orardes nenhuma
tentação mais vos atingirá, que elas ficarão afastadas, que, portanto, não
caireis em tentações, porém deve significar: se permanecerdes sempre
vigilantes e orardes, então nunca podereis sucumbir às tentações que venham
a vosso encontro; podereis enfrentar vitoriosamente todos os perigos!
Acentuai certo a frase, conforme é intencionado. Por isso, não coloqueis
acentuação na palavra “tentação”, mas sim na palavra “cairdes”, então, sem
mais nem menos, tereis compreendido o sentido certo. É dito: “Velai e orai para
não cairdes em tentação!” Velar e orar é, portanto, uma proteção diante da
queda, mas não exclui aqui no meio das trevas a aproximação das tentações,
que, se vossa disposição estiver certa, só podem fortalecer-vos e inflamar
vosso espírito para um maior ardor, devido à pressão da necessária
resistência, trazendo-vos, portanto, grande proveito.
Tudo isso, porém, não mais se tornará um perigo para a humanidade, mas
sim uma alegria, um bem-vindo movimento espiritual, que somente traz
progresso em vez de embargar, assim que a feminilidade cumprir fielmente a
sua missão, que lhe foi concedida pelo Criador e para a qual foi preparada
especialmente.
Se ela finalmente quiser com sinceridade, então não lhe será difícil cumprir
realmente. Sua missão repousa no sacerdócio da pureza!
Isso ela pode realizar por toda a parte, a qualquer momento, sem precisar
para tanto de compromissos especiais; pode cultivar isso, sem mais nem
menos, em cada olhar e em cada palavra que sai de sua boca, até mesmo em
qualquer movimento; isso tem de se tornar inteiramente natural para ela, pois
vibrar na Luz da pureza é o seu verdadeiro elemento, ao qual ela se conservou
fechada até agora por mera leviandade e por vaidade ridícula.
Despertai, ó senhoras e moças! Prossegui o caminho no cumprimento da
vossa feminilidade humana, que o Criador vos traçou nitidamente e que, aliás,
é a razão de poderdes estar nesta Criação!
Então não tardará a revelar-se perante vós milagre após milagre, pois com
isso florescerá tudo, para onde quer que vosso olhar se volva, porque a bênção
de Deus vos perfluirá ricamente, tão logo a pureza de vosso querer aplainar
para isso o caminho e abrir os portais dentro de vós!
Felicidade, paz e alegria, como jamais houve, cobrirão radiosamente esta
Terra, quando a feminilidade formar a ponte para os páramos luminosos,
conforme está previsto na Criação, e quando ela, mediante a sua existência
exemplar, conservar desperta a saudade da Luz em todos os espíritos e se
tornar a guardiã da chama sagrada!
Ó mulher, o que te foi dado, e como desperdiçaste criminosamente toda a
preciosidade da sublime graça de Deus!
540
Reflete bem e torna-te sacerdotisa da pureza no âmago de tua intuição, a
fim de poderdes caminhar bem-aventuradamente através de uma região florida,
onde os seres humanos, de olhos brilhantes, agradecem jubilosamente ao seu
Criador pela graça da vida terrena, da qual se servem como degraus para os
portais dos jardins eternos!
Encarai vossa missão, ó senhoras e moças, como futuras sacerdotisas da
pureza divina aqui na Terra, e não descanseis enquanto não tiverdes
alcançado aquilo que vos falta para isso!
541
38. Natal
Noite Sagrada! Jubiloso cantar em radiante agradecimento perfluiu outrora
todos os planos da Criação, quando o Filho de Deus, Jesus, nasceu no
estábulo de Belém, e os pastores dos campos, aos quais fora tirada a venda
dos olhos espirituais durante aquele abalo jubiloso do Universo, para que
pudessem testemunhar o grande acontecimento imensurável e chamar a
atenção dos seres humanos, caíram de joelhos, cheios de medo, pois estavam
dominados por aquilo que para eles era novo e incompreensível.
Medo tiveram os pastores, que momentaneamente foram tornados
clarividentes e também clariaudientes para aquele fim. Medo ante a grandeza
do acontecimento, ante a onipotência de Deus, que naquilo se mostrava! Por
isso o anunciador das alturas luminosas também lhes falou primeiro
tranqüilizando: Não tenhais medo!
Essas são as palavras que sempre encontrareis, quando das alturas
luminosas um anunciador fala aos seres humanos, pois é sempre medo o que
primeiro sentem os seres humanos terrenos, quando avistam e ouvem
anunciadores elevados; medo causado pela pressão da força, para a qual
estão também um pouco abertos em tais instantes. Em parte mínima somente,
pois um pouco mais já teria de esmagá-los e queimá-los.
E, todavia, devia ser alegria e não medo, tão logo o espírito humano se
esforçasse em direção às alturas luminosas.
Esse acontecimento não se revelou a toda a humanidade na Noite
Sagrada! Além da estrela, que se mostrou de forma material, nenhum dos
seres humanos terrenos viu aquele anunciador luminoso e a multidão luminosa
que o rodeava. Ninguém viu nem ouviu, a não ser os poucos pastores para isso
escolhidos!
E anunciações de semelhante grandeza nunca podem realizar-se aqui na
Terra de maneira diferente do que através de alguns poucos escolhidos!
Lembrai-vos disso sempre, pois a regularidade da lei na Criação não pode ser
revogada por vossa causa. Portanto, não construais formas de fantasia para
não importa quais acontecimentos, que nunca podem ocorrer assim como vós
pensais. Trata-se de exigências veladas, que nunca promanam de legítimas
convicções, mas sim são um indício de descrença escondida e de uma
indolência espiritual daqueles que não receberam a Palavra da minha
Mensagem conforme deveriam recebê-la, a fim de poder tornar-se viva no
espírito humano.
Naquela época acreditava-se nos pastores; pelo menos durante algum
tempo. Hoje pessoas assim só são ridicularizadas, tidas na conta de
excêntricas e até impostoras, visando obter com isso apenas vantagens
terrenas, porque a humanidade caiu demasiadamente fundo, para ainda poder
tomar como verdadeiros os chamados vindos das alturas luminosas,
principalmente se ela própria não pode vê-los nem ouvi-los.
Acreditais então, criaturas humanas, que Deus, devido à vossa profunda
queda, derrube as leis perfeitas da Criação, só para servir-vos, para aplainar
vossos erros e compensar a vossa preguiça espiritual? A perfeição de Suas
leis na Criação é e permanece intangível, imutável, pois encerram em si a
542
sagrada vontade de Deus! Assim, as grandes anunciações que esperais nunca
poderão realizar-se aqui na Terra de maneira diferente do que pela forma que
já conheceis há muito tempo, e as quais também reconheceis, desde que
datem de tempos remotos.
Um assim chamado bom cristão denominaria, sem mais nem menos, de
blasfemador e grande pecador aquele ser humano que ousasse afirmar que a
anunciação aos pastores, do nascimento do Filho de Deus, Jesus, não passa
de uma lenda.
Contudo, esse mesmo bom cristão rejeita com furiosa indignação as
anunciações do tempo atual, apesar de serem dadas da mesma forma, através
de pessoas agraciadas para isso, e chama esses portadores, sem mais nem
menos, também de blasfemadores, nos casos mais favoráveis talvez somente
de fantasistas ou doentios, freqüentemente de mal orientados.
Refleti vós próprios, porém, onde se encontra aí um pensamento sadio,
onde uma conseqüência rigorosa e onde a justiça!
Unilaterais e doentiamente restritas são essas opiniões de fiéis ortodoxos,
conforme gostam de chamar a si próprios. Contudo, na maioria dos casos trata-
se de preguiça de seus espíritos e a conseqüente presunção humana dos
espiritualmente fracos, que se empenham, pelo menos aparentemente, em se
agarrar com obstinação a determinado ponto de um acontecimento anterior
aprendido, mas nunca realmente vivenciado; no entanto, de modo algum estão
capacitados para um progresso de seus espíritos e, por essa razão, repelem
todas as revelações novas.
Quem dentre os fiéis, aliás, já pressentiu a grandeza de Deus, que se
patenteia no acontecimento ocorrido serenamente naquela Noite Sagrada,
através do nascimento do Filho de Deus. Quem pressente a graça que com
isso foi outorgada à Terra, como um presente!
Naquela época houve júbilo nas esferas; hoje há tristeza. Somente sobre a
Terra o ser humano procura proporcionar alegria para si ou para outros.
Mas nada disso é realizado naquele sentido como devia ser, se o
reconhecimento ou enfim a verdadeira noção de Deus se manifestasse no
espírito humano.
Se houvesse um mínimo pressentimento da realidade, aconteceria com
todos os seres humanos, como com os pastores; sim, não poderia ser
diferente, ante tamanha grandeza: cairiam imediatamente de joelhos... por
medo. Pois no pressentir teria de surgir primeiramente o medo, de modo
intenso, e prostrar o ser humano, porque com o pressentimento de Deus
evidencia-se também a grande culpa com que o ser humano se sobrecarregou
na Terra, só na maneira indiferente com que toma para si as graças de Deus e
nada faz para servir realmente a Deus!
Como é estranho, pois, observar que cada ser humano, que deseja que a
festa de Natal atue de maneira excepcionalmente certa sobre ele, procure se
transportar para a infância!
Isto é, pois, um sinal suficientemente nítido de que ele nem é capaz de
vivenciar, como adulto, a festa de Natal com a intuição! É a prova de que
perdeu alguma coisa que possuía quando criança! Por que isso não dá o que
pensar aos seres humanos!
543
Trata-se novamente de indolência espiritual, que os impede de se
ocuparem seriamente com essas coisas. “Isso é para crianças”, pensam eles, e
os adultos não têm absolutamente tempo para isso! Eles têm de meditar em
coisas mais sérias.
Coisas mais sérias! Com essas coisas mais sérias referem-se somente à
caça às coisas da Terra, isto é, trabalho do raciocínio! O raciocínio rechaça
depressa e para longe as recordações, a fim de não perder a primazia, quando
uma vez é dado lugar à intuição!
Em todos esses fatos aparentemente tão pequenos reconhecer-se-iam as
maiores coisas, se o raciocínio somente desse tempo para isso. Mas ele tem o
predomínio e luta por isso com toda a astúcia e malícia. Isto é, não ele
propriamente, mas na realidade luta aquilo que se utiliza dele como
instrumento e que se esconde atrás dele: as trevas!
Não querem deixar encontrar a Luz nas recordações. E como o espírito
anseia encontrar a Luz e dela haurir nova força, reconhecereis aí que com as
recordações do Natal da infância desperta também uma indeterminada e quase
dolorosa saudade, que é capaz de enternecer passageiramente muitas
pessoas.
Esse enternecimento poderia tornar-se o melhor terreno para o despertar,
se fosse utilizado logo e também com toda a força! Mas infelizmente os adultos
alcançam isso somente em devaneios, com o que desperdiçam e perdem a
força que surge. E nesses devaneios se passa também a oportunidade, sem
poder trazer proveito e sem ter sido utilizada.
Mesmo quando algumas pessoas deixam cair algumas lágrimas com isso,
envergonham-se delas, procuram escondê-las, recompõem-se com um impulso
físico, no qual mui freqüentemente se torna reconhecível uma inconsciente
teimosia.
Quanto poderiam os seres humanos aprender com tudo isso. Não é em
vão que nas recordações da infância se insere uma leve melancolia. Trata-se
do sentimento inconsciente de ter perdido alguma coisa que deixou um vazio, a
incapacidade de intuir ainda infantilmente.
Mas decerto tendes notado muitas vezes o efeito maravilhoso e revigorante
que causa uma pessoa, apenas com sua presença silenciosa, de cujos olhos
irrompe de vez em quando um brilho infantil.
O adulto não deve esquecer que o infantil não é pueril. Ignorais, porém, por
que o infantil pode atuar assim, o que ele é na realidade! E por que Jesus
disse: Tornai-vos como as crianças!
Para descobrir o que é infantil, deveis primeiramente ficar cientes de que o
infantil absolutamente não está ligado à criança em si. Com certeza vós
próprios conheceis crianças, às quais falta a verdadeira e bela infantilidade!
Existem, portanto, crianças sem infantilidade! Uma criança maldosa nunca se
comportará infantilmente, tampouco uma criança mal educada; na realidade,
não educada!
Disso resulta claramente que infantilidade e criança são duas coisas
independentes.
Aquilo que na Terra se chama infantil é um ramo da atuação da pureza!
Pureza no sentido mais elevado, e não apenas no sentido humano-terrenal. O
544
ser humano que vive na irradiação da pureza divina, que concede lugar para a
irradiação da pureza dentro de si, adquiriu com isso também o infantil, seja
ainda na idade da infância ou já como adulto.
A infantilidade é o resultado da pureza interior, ou o sinal de que tal ser
humano se entregou à pureza, servindo-a. Estas são apenas maneiras
diferentes de expressão; na realidade, porém, sempre a mesma coisa.
Por conseguinte, somente uma criança pura pode comportar-se
infantilmente, assim como um adulto que cultive a pureza dentro de si. Por isso
ele exerce um efeito revigorante e vivificador, despertando também confiança!
E onde existir a verdadeira pureza, poderá surgir também o verdadeiro
amor, pois o amor de Deus atua na irradiação da pureza. A irradiação da
pureza é o seu caminho, por onde ele segue. Não seria capaz de seguir por
outro.
Quem não tiver absorvido, dentro de si, a irradiação da pureza, a esse
nunca poderá chegar a irradiação do amor de Deus!
Lembrai-vos sempre disso e dai a vós próprios, como presente de Natal, o
firme propósito de abrir-vos para a pureza divina, a fim de que, para a
solenidade da Estrela Radiante, que é a solenidade da Rosa no amor de Deus,
a irradiação do amor possa penetrar em vós pelo caminho da pureza!
Então tereis festejado de modo certo a festa da Noite Sagrada, de acordo
com a vontade de Deus! Proporcionareis com isso o verdadeiro agradecimento
pela inconcebível graça de Deus, que Ele sempre de novo outorga à Terra com
a Noite Sagrada!
Hoje em dia são celebrados muitos serviços a Deus em memória do
nascimento do Filho de Deus. Percorrei em espírito ou também na memória as
igrejas de toda a espécie, deixai falar vossa intuição e decididamente vos
afastareis das reuniões que são chamadas serviços a Deus!
No primeiro momento o ser humano surpreende-se que eu fale dessa
maneira, ele não sabe o que quero dizer com isso. Mas isso só acontece,
porque até agora ele nunca se esforçou em meditar sobre a expressão “serviço
a Deus” e depois fazer uma comparação com os acontecimentos que se
denominam serviço a Deus. Aceitastes isso simplesmente como tanta coisa
que existe como rotina desde séculos.
E, todavia, a expressão “serviço a Deus” é tão inequívoca, que nem pode
ser usada em sentido errado, se o ser humano não tivesse o costume de
aceitá-la indiferentemente, desde séculos, sem hesitação. O que atualmente é
denominado serviço a Deus é na melhor das hipóteses uma oração, ligada a
tentativas de interpretação humana daquelas palavras ditas pelo Filho de Deus
e só mais tarde escritas por mãos humanas.
Nesse fato nada pode ser alterado, nenhum ser humano pode contradizer
tais declarações, se quiser ser sincero perante si mesmo e perante aquilo que
realmente aconteceu. Acima de tudo, se não for demasiado preguiçoso para
meditar profundamente nisso e não usar um palavreado vazio, fornecido por
outrem, como autodesculpa.
Contudo, a expressão “serviço a Deus” é tão viva em sua especificação e
fala por si mesma tão nitidamente aos seres humanos, que, havendo apenas
um pouco de intuição, dificilmente poderia ser empregada para aquilo que
545
ainda hoje se designa assim, não obstante o ser humano terreno se ter na
conta de muito avançado.
O serviço a Deus tem de tornar-se vivo, se a expressão deva se
transformar em realidade com tudo o que ela encerra. Deve mostrar-se na vida.
Quando pergunto o que vós, seres humanos, entendeis por serviço, isto é, por
servir, não haverá quem não responda logo senão pela palavra: trabalhar! Isso
se acha bem explícito na palavra “serviço” e nem se pode imaginar algo
diferente.
O serviço a Deus na Terra não é naturalmente outra coisa do que trabalhar
aqui na Terra no sentido das leis de Deus, atuando e vibrando nisso
terrenalmente. Transformar em ação na Terra a vontade de Deus!
E isso falta por toda a parte!
Quem procura, pois, servir a Deus na atividade terrena. Cada qual só
pensa em si mesmo e, em parte, naqueles que lhe estão próximos
terrenalmente. Mas pensa que serve a Deus quando lhe dirige a oração!
Refleti vós próprios, pois, onde na realidade se encontra nisso o servir a
Deus? É, no entanto, tudo, menos servir! Assim é uma parte do hoje chamado
serviço a Deus, que engloba a oração. A outra parte, a interpretação da palavra
que foi escrita por mão humana, pode ser considerada, por sua vez, apenas
como aprendizagem para aqueles que realmente se esforçam por conseguir
uma compreensão. Os indiferentes e os superficiais estão fora de cogitação.
Não é absolutamente sem razão que se diz “freqüentar” um serviço a Deus
ou “assistir” a ele. Essas são as expressões certas para isso, que falam por si
próprias!
Serviço a Deus, porém, o ser humano deve executar pessoalmente, e não
assistir a ele. “Pedir” não é servir, pois no pedir o ser humano quer geralmente
obter de Deus alguma coisa, Deus deve fazer algo para ele, o que está muito
longe da noção de “servir”. Por conseguinte, orar e pedir não tem nada a ver
com o serviço a Deus.
Certamente isso se tornará compreensível a cada ser humano, sem mais
delongas. Tudo aquilo que o ser humano faz na Terra tem que ter sentido; não
pode abusar como quiser do idioma que lhe foi concedido, sem que isso lhe
cause prejuízo. Já que não adquiriu conhecimento algum sobre o poder que jaz
também na palavra humana, nada pode protegê-lo diante disso.
É erro seu, se ele descuida disso! Fica sujeito então às conseqüências do
emprego errado das palavras, que se transformam para ele em obstáculo em
vez de auxílio. A tecedura automática de todas as leis primordiais da Criação
não pára e nem vacila perante as faltas do ser humano; pelo contrário, toda
contextura da Criação prossegue em sua marcha com inabalável exatidão.
Eis o que os seres humanos nunca consideram e por isso também não
atentam, para dano próprio. Repercute sempre, de modo correspondente, até
mesmo nas coisas mínimas e mais insignificantes.
A denominação já de si errada das reuniões tidas como: “serviço a Deus”
também contribuiu muito para que o verdadeiro serviço a Deus não tenha sido
levado a efeito pelos seres humanos, porque cada qual acreditava já ter feito
bastante, assistindo a tal serviço a Deus, que nunca foi verdadeiramente um
serviço a Deus.
546
Denominai essas reuniões uma hora de adoração conjunta a Deus e então
ficaria mais próximo do sentido e, até certo grau, justificaria a instituição de
horas suplementares, muito embora a adoração a Deus também se encontre
em cada olhar, cada pensamento e cada ação, podendo expressar-se através
deles.
Muitas pessoas certamente pensarão que isso não é possível sem parecer
artificial e demasiado forçado. Mas não é assim. Quanto mais irrompe a
verdadeira adoração a Deus, tanto mais natural se tornará o ser humano em
todo seu atuar e até mesmo em seus mais simples movimentos. Ele vibra
então em sincera gratidão para com o seu Criador, usufruindo as graças na
forma mais pura.
Transportai-vos hoje para a festa de Natal em qualquer dos serviços a
Deus aqui na Terra.
Jubiloso agradecimento e felicidade devia vibrar em cada palavra, pela
graça que Deus concedeu outrora aos seres humanos. Até o ponto em que,
aliás, se sabe avaliar entre os seres humanos essa graça, pois compreender
inteiramente a verdadeira grandeza o espírito humano não consegue.
Aí, porém, procura-se em vão por toda a parte. Falta o impulso alegre para
os páramos luminosos! De agradecimento jubiloso nem sequer sinal. Muitas
vezes até se torna perceptível uma opressão, que tem sua origem numa
decepção, que o ser humano não sabe como explicar a si mesmo.
Só uma coisa se encontra por toda a parte, algo que a espécie do serviço a
Deus de todos os credos reproduz, como se estivesse gravado com o cinzel
mais afiado, caracterizando ou forçando a corporificação audível de tudo o que
vibra no serviço a Deus: através de todas as vozes que pregam percorre um
som monótono e melancólico que cansa por sua contínua repetição e se
estende como um véu cinzento sobre as almas que estão adormecendo.
Apesar disso, soa às vezes também como um lamento velado por algo
perdido! Ou por algo não encontrado! Ide lá pessoalmente e escutai. Por toda a
parte encontrareis essa situação esquisita e estranha!
Não se torna consciente aos seres humanos, mas, falando com termos
usuais: isso se dá assim mesmo!
E nisso reside verdade. Acontece assim, involuntariamente, por parte do
orador e mostra nitidamente a maneira em que tudo vibra. Não se pode falar de
um alegre impulso para cima nem de um entusiasmo flamejante, mas, pelo
contrário, é como uma combustão difusa e fraca, que não consegue a força
para irromper livremente para cima.
Onde o orador não se deixa “levar” pela vibração difusa e fraca desse
serviço a Deus, quando permanece intocado por isso, o que equivaleria a certa
indiferença ou a um consciente alheamento, aí todas as palavras parecerão
untuosas, equiparando-se ao ressoar de um metal, frio, sem calor, sem
convicção.
Em ambos os casos falta o calor da convicção, falta a força do saber
vitorioso que quer falar disso ao próximo em alegria jubilosa!
Se, como na expressão “serviço a Deus”, for utilizada uma denominação
enganosa para algo cujo conteúdo é diferente daquilo que a expressão indica,
então esse erro tem conseqüências. A força que podia ter é quebrada de
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antemão com o emprego de uma denominação falsa, não podendo surgir um
verdadeiro e uníssono vibrar, porque através da expressão indicadora se
originou um outro conceito, que não se cumpre. A execução do serviço a Deus
se encontra em contradição com aquilo que a expressão “serviço a Deus” faz
surgir como imagem na mais íntima intuição de cada espírito humano.
Ide e aprendei, e logo reconhecereis onde vos é oferecido o verdadeiro pão
da vida. Antes de tudo, utilizai as reuniões em conjunto como horas de solene
adoração a Deus. Serviço a Deus, porém, mostrai na atuação inteira do vosso
ser, na própria vida, pois é assim que deveis servir ao vosso Criador, gratos,
cheios de júbilo pela graça de poderdes existir!
Transformai tudo o que pensais e fazeis num servir a Deus! Então vos
sobrevirá aquela paz pela qual ansiais. E quando os seres humanos vos
afligirem pesadamente, seja por inveja, maldade ou baixos costumes, tereis a
paz dentro de vós para sempre, e ela ajudar-vos-á, finalmente, a vencer todas
as dificuldades!
Tomai isso como presente de Natal, no reconhecimento do inconcebível
amor de Deus que não queria deixar-vos sucumbir totalmente antes do início
do sagrado Juízo, o qual, em todo o seu rigor, traz auxílio àqueles que, com
humildade, se abrem ao Seu amor!
***
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Seqüência das dissertações
Volume I.
1. A Palavra Sagrada - 4
2. No país da penumbra -
3. Manhã de Ressurreição!
4. Cismadores
5. Mártires voluntários, fanáticos religiosos
6. Servos de Deus
7. Instinto dos animais
8. O beijo de amizade
9. A mulher da Criação posterior
10. A ferramenta torcida
11. Tudo quanto é morto na Criação deve ser despertado para
que se julgue!
12. A criança
13. A missão da feminilidade humana
14. O Reino de Mil Anos
15. O equilíbrio necessário
16. Jesus e Imanuel
17. Natal!
18. Onipresença!
19. Cristo falou..!
20. Submissão
21. Espinheiral de matéria fina
22. Indolência do espírito
23. Lei da Criação “Movimento”
24. O corpo terreno
25. O temperamento
26. Vê, criatura humana, como tens de caminhar através desta
Criação, para que fios de destino não impeçam, mas auxiliem tua
ascensão!
27. A estrela de Belém
28. Uma nova lei
29. Espírito de casta, sistema social
30. Dever e fidelidade
31. Aspirai à convicção!
32. Beleza dos povos
33. Como és tu, ser humano!
34. Está consumado!
35. Deixai que a páscoa surja em ti, ser humano!
36. No limite da matéria grosseira
37. O ser humano terreno diante de seu Deus
38. O reconhecimento de Deus
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39. O enteal
40. Quem agora não quiser conhecer a minha Palavra por causa
de outro, a esse não hei de conhecer na hora de seu sofrimento!
41. Os pequenos enteais
42. Na oficina de matéria grosseira dos enteais
43. Peregrina uma alma...
44. Mulher e homem
45. Almas torcidas
46. O guia espiritual do ser humano
47. Fios de Luz sobre vós!
48. Sons natalinos vibram exortadoramente pelo Universo
49. A Rainha primordial
50. O circular das irradiações
51. Evitai os fariseus!
52. Possesso
53. Pedi, e dar-se-vos-á!
54. Agradecimento
55. Decepções
56. E quando a humanidade perguntar...
57. Faça-se a Luz!
58. Eu vos envio!
59. Páscoa 1934
60. Inenteal
61. Como assimilar a Mensagem
Volume II.
1. Abre-se o portal!
2. A ferida
3. Onisciência
4. A palavra humana
5. Ano novo 1935
6. Vê o que te é útil!
7. Os planos espirituais I
8. Fiéis por hábito
9. A saudade salvadora
10. Os planos espirituais II
11. A grande purificação
12. Os planos espirituais III
13. Os planos espirituais IV
14. Páscoa 1935
15. Os planos espirituais V
16. Os planos espirituais VI
17. Os planos espirituais VII
18. 30 de Maio de 1935 (O Sacrifício)
19. A guardiã da chama
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20. O poder do idioma
21. A Palavra viva (Pentecostes 1935)
22. Conceito de família
23. Doce lar
24. A chama do discípulo
25. O sexo fraco
26. A ponte destruída
27. Visão geral da Criação
28. Germes espirituais
29. Germes enteais
30. Preparadores do caminho
31. Quando a aflição estiver no auge, o auxílio de Deus estará
mais próximo de vós!
32. Chamas purificadoras
33. O abismo dos desejos pessoais
34. Alma
35. Natureza - 527
36. O círculo do enteal - 532
37. Não caiais em tentação! - 538
38. Natal
43 - 15
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