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PROJUDI - Processo: 0004269-97.2019.8.16.0195 - Ref. mov. 52.

1 - Assinado digitalmente por Patricia Rodrigues Mendes:33812984881


08/04/2021: JUNTADA DE PETIÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS. Arq: Petição

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Foro Descentralizado do Boqueirão

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJXGX NVMAT HT6XZ AM6BR


JUÍZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DO FORO CENTRAL DA
REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FÓRUM DESCENTRALIZADO DO
BOQUEIRÃO – ESTADO DO PARANÁ.

Autos nº:. 4269-07.2019.8.16.0195

DANIEL HENRIQUE BUENO, já qualificado, por intermédio da


DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PARANÁ, por seu membro infra-
assinado, vem, com o devido respeito perante Vossa Excelência, em
atendimento à intimação retro, oferecer MEMORIAIS DA DEFESA,
consoante fatos e fundamentos doravante aduzidos:

O réu foi denunciado e está sendo processada como incurso


no artigo 42, III, do Decreto-Lei nº 3688/41, pois, em tese, no dia 21 de
setembro de 2019, por volta das 22h10, na residência localizada na Rua
Marilândia do Sul, 98, Alto Boqueirão, nesta cidade e Comarca, teria
perturbado o sossego alheio, mediante abuso de instrumento sonoro, ao
manter ligado um aparelho de som em alto volume.

Encerrada a instrução criminal, o representante do Ministério


Público requereu a procedência da ação penal, para condenar o réu
nas sanções previstas no artigo 42, III, do Decreto-Lei nº 3688/41, conforme
alegações finais orais de mov. 43.6.

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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PARANÁ


Avenida Marechal Floriano Peixoto, 8257, Boqueirão, Curitiba-PR.
PROJUDI - Processo: 0004269-97.2019.8.16.0195 - Ref. mov. 52.1 - Assinado digitalmente por Patricia Rodrigues Mendes:33812984881
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A Defensoria Pública, por sua vez, passa a expor e requerer o
que segue:

I – DA PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO - DA AUSÊNCIA DE JUSTA


CAUSA PARA EMBASAR A CONDENAÇÃO

É cediço que a contravenção penal de perturbação ao


sossego visa proteger a paz pública ao garantir que ninguém incomode
ou transtorne a ordem pública ou a paz alheia, logo, é importante que a
coletividade seja frontalmente atingida.

Nesse contexto, para aferir a existência ou não do delito, não


basta apenas a lavratura de ocorrência policial, mas a confirmação
durante a instrução probatória que a coletividade realmente estava
incomodada com a conduta do agente.

Para tanto, faz-se necessária a oitiva de testemunhas, leia-se


coletividade frontalmente atingida, que presenciaram o fato e que
tiveram o seu direito ao sossego perturbado, o que não foi o caso dos
autos, posto que nem um vizinho foi arrolado como testemunha.
Excelência, só constam nos autos depoimento dos policiais que
realizaram a ocorrência que, em que pesem terem afirmado que o som
estaria alto, não é o suficiente para embasar uma condenação. Afinal, o
que deveria estar demonstrado é que a conduta do agente perturbou a
tranquilidade da vizinhança.

Ressalte-se que o réu que, embora o som estivesse ligado, ele


não estava em volume tão elevado. Da mesma forma, o policial Carlos,
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em sua oitiva, afirmou que era possível ouvir a conversa de pessoas no
local de modo que, ainda que se entenda que houve perturbação do
sossego no dia dos fatos, não é possível afirmar que esta teria sido
proveniente do som pertencente ao acusado.

A jurisprudência dos tribunais, dentre elas a do TJ/PR, tem sido


unânime em exigir o depoimento de pessoas que teriam o seu sossego
diretamente afrontado pelo réu, como justa causa a embasar a
condenação:

APELAÇÃO CRIMINAL. CONTRAVENÇÃO PENAL.


PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO ALHEIO. ARTIGO 42, INCISO III DO
DECRETO LEI Nº 3.688/41. SENTENÇA CONDENATÓRIA. PEDIDO
DE ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA. VIABILIDADE.
MATERIALIDADE DO DELITO NÃO COMPROVADA. NECESSÁRIA
OFENSA AO BEM JURÍDICO PAZ PÚBLICA. CONJUNTO
PROBATÓRIO QUE NÃO COMPROVA OFENSA À COLETIVIDADE.
EXISTÊNCIA DE RECLAMAÇÕES JUNTO AO 190, ENTRETANTO,
TAL FATO NÃO EVIDENCIA A MULTIPLICIDADE DE VÍTIMAS.
AUSÊNCIA DE OUTROS ELEMENTOS PROBATÓRIOS CAPAZES DE
CORROBORAR COM A VIOLAÇÃO DA PERTURBAÇÃO DO
SOSSEGO DA COLETIVIDADE LOCAL. ÔNUS DA PROVA
EXCLUSIVO DA ACUSAÇÃO. SENTENÇA REFORMADA.
RECURSO PROVIDO. (TJPR - 4ª Turma Recursal - 0001436-
89.2019.8.16.0136 - Pitanga - Rel.: Juíza Bruna Greggio - J.
17.08.2020)

AÇAO PENAL ORIGINÁRIA - CONTRAVENÇAO PENAL -


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PERTURBAÇAO DO TRABALHO E SOSSEGO ALHEIO - NAO
COMPROVAÇAO DO ELEMENTO SUBJETIVO
CONTRAVENCIONAL - REJEIÇAO DA DENÚNCIA.1) A
contravenção penal do artigo 42, ainda aplicada na
legislação penal, visa garantir o sossego e o trabalho alheios,
não podendo alguém, sem nenhum pretexto e mediante
conduta abusiva, produzir ruído, algazarra, gritaria ou barulho
que irrite, excite, afete, incomode ou transtorne a ordem
pública ou a paz alheia;2) Para aferir o cometimento do ato
contravencional, a doutrina e a jurisprudência têm exigido
que a coletividade seja frontalmente atingida, ou seja,
diversos indivíduos sejam alcançados pela perturbação, não
restando configurada quando um ou dois indivíduos se
sentirem perturbados em seu trabalho ou em sua
tranquilidade;3) Se a prova produzida nos autos não traduz
certeza de que o denunciado tivera a vontade livre e
consciente de perturbar o trabalho ou o sossego alheio, com
gritaria ou algazarra, faltando, portanto, à conduta, o
elemento subjetivo dolo de perturbar e, via de consequência,
a contravenção, rejeita-se a denúncia;4) Denúncia rejeitada.
(TJ/AP, processo 11951620108030000 AP, Tribunal Pleno, relator
Desembargador AGOSTINO SILVÉRIO, DJ 17/08/2011)

APELAÇÃO CRIMINAL. CONTRAVENÇÃO DE PERTURBAÇÃO


DO TRABALHO OU SOSSEGO ALHEIOS. ARTIGO 42, INCISO II DO
DECRETO-LEI Nº 3.688/41. EXERCER PROFISSÃO INCÔMODA OU
RUIDOSA. PROVAS ORAIS DIVERGENTES. NÃO
COMPROVAÇÃO DE PERTURBAÇÃO. MULTIPLICIDADE DE
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PESSOAS. PAZ PÚBLICA. COLETIVIDADE AFETADA. NÃO
COMPROVAÇÃO. ABSOLVIÇÃO. FALTA DE PROVAS DE
ELEMENTO DO TIPO PENAL. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.Diante do exposto, decidem os Juízes Integrantes
da 1ª Turma Recursal Juizados Especiais do Estado do Paraná,
conhecer do recurso, e no mérito, dar-lhe provimento, nos
exatos termos do vot (TJPR - 1ª Turma Recursal - 0002923-
68.2013.8.16.0148/0 - Rolândia - Rel.: Leonardo Luiz Selbach - -
J. 27.04.2015)

Do exposto, como não consta no processo qualquer


elemento probatório que justifique que a conduta do Réu teria violado o
sossego da vizinhança, ante a ausência de oitiva de qualquer membro
da coletividade que teria supostamente sido atingido, não há que se
falar em condenação criminal, devendo o Réu ser absolvido.

Destaque-se que não que não foi feita qualquer aferição no


local. Assim, não há prova inequívoca da prática do fato imputado pelo
Ministério Público, devendo prevalecer a presunção de inocência.

Portanto, por qualquer ângulo que se olhe a absolvição do


acusado é medida que se impõe!

II – Conclusão

Ante o exposto, a DEFENSORIA PÚBLICA requer a


ABSOLVIÇÃO de DANIEL HENRIQUE BUENO, com fulcro no artigo 386,
inciso VII, do Código de Processo Penal.
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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PARANÁ


Avenida Marechal Floriano Peixoto, 8257, Boqueirão, Curitiba-PR.
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Termos estes que pede deferimento.

Curitiba, assinado e datado digitalmente.

PATRÍCIA RODRIGUES MENDES


DEFENSORA PÚBLICA

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Avenida Marechal Floriano Peixoto, 8257, Boqueirão, Curitiba-PR.

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