Você está na página 1de 34

1 Gabriel Reis, 7ºSSB

1: Direito Processual Penal

1º: Introdução ao Procedimento:

PROCEDIMENTO COMUM:
I – Ordinário: pena de 04 anos ou mais;
II – Sumário: pena menor que 04 anos e maior que 02;
III – Sumaríssimo: pena igual ou inferior a 02 anos, cumulada ou não,
submetidos ou não a procedimento especial (JECRIM; menor potencial
ofensivo).
IV – Qualificadoras: levar-se-á em consideração a pena máxima
prevista pela qualificadora.
V – Causas de aumento e diminuição de pena: deve-se buscar o
máximo de pena para o delito: causas de aumento, o quantum que mais
aumentar a pena; causas de diminuição, o quantum que menos diminuir
a pena. Ex.: Se a causa de aumento é de 1/3 até a metade, o critério
será até a metade (quantum maior de aumento).
VI – Concurso de crimes: soma-se as penas para qualificar o
procedimento. Não há separação dos processos devido ao rito, mas sim
a soma da pena destes crimes.
VII – Crimes conexos: ocorrendo crimes dolosos contra à vida,
prevalecerá sempre o júri, independentemente do crime conexo.
Entretanto, ocorrendo a conexão de crimes que preveem o rito especial
e o rito comum, prevalecerá o rito comum pois é o mais benéfico ao réu.

DENÚNCIA OU QUEIXA: OFERECIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA:


I – Número de testemunha conforme o procedimento: ordinário: 08
testemunhas; sumário: 5 testemunhas. Esse número seria por fato
delituoso. Então, se eu tenho dois fatos delituosos no processo, o que

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
2 Gabriel Reis, 7ºSSB

me leva a concluir que esses dois fatos poderiam ser objeto de duas
denúncias distintas, mas tendo sido reunidos pela conexão se tenha 08
testemunhas por fato delituoso.
II – Início do processo: corrente majoritária: uma vez oferecida a peça
acusatória, o processo já teria início, mesmo que porventura essa peça
fosse rejeitada pelo juiz.

DENÚNCIA OU QUEIXA: REJEIÇÃO DA PEÇA ACUSATÓRIA:


I – Art. 395, CPP: a denúncia ou queixa será rejeitada quando: I –
manifestamente inepta; II – faltar pressupostos processual ou condição
da ação para o exercício da ação penal; ou III – faltar justa causa para o
exercício da ação penal.
II – Manifestamente inepta: inobservância dos requisitos obrigatórios
da peça acusatória: exposição do fato criminoso e a qualificação do
acusado (suma importância), entretanto calha lembrar dos requisitos da
classificação do crime e, quando necessário, o rol de testemunhas.
 OBS.: em caso de omissão do magistrado em rejeitar a
denúncia ou queixa, caberá à defesa arguir até o momento da
sentença.

 Segundo entendimento do STJ, o fato de a denúncia já ter sido


recebida não impede o juízo de primeiro grau de, logo após o
oferecimento da resposta do acusado (arts. 396 e 396-A),
reconsiderar a anterior decisão e rejeitar a peça acusatória, ao
constatar a presença de uma das hipóteses elencadas nos
incisos do art. 395, CPP [rejeição da queixa ou denúncia],
suscitada pela defesa.

III – Ausência de pressupostos processuais:


 Pressupostos de existência: existência de uma demanda,
veicula pela peça acusatória; exercício da jurisdição

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
3 Gabriel Reis, 7ºSSB

caracterizada pela competência, imparcialidade e investidura


do juízo;

 Pressupostos de validade: originalidade (o mesmo fato não


pode ser imputado duas vezes a mesma pessoa); inexistência
de litispendência e coisa julgada; inexistência de vícios
processuais.

III – Condição da ação: possibilidade jurídica do pedido; legitimidade


para agir; interesse de agir.
IV – Justa causa (fumaça da prática do delito): lastro probatório
mínimo para se dar início a ação.

DENÚNCIA OU QUEIXA: RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA:


I – Defesa preliminar ou resposta preliminar: não existem em todos
os procedimentos. Procedimentos que exigirão defesa preliminar:
 1) Crimes funcionais afiançáveis: servidor público que pratica
crimes contra a administração pública;

 2) Lei de Drogas;

 3) Foro por prerrogativa de função;

 4) Jecrim.

 Não existe no procedimento comum ordinário.

 A defesa preliminar deve ser apresentada entre o oferecimento


e o recebimento da peça acusatória, visando impedir à
instauração de lides temerárias.

 Consequência pela inobservância da defesa preliminar: Súmula


330, STJ: causa de mera nulidade relativa.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
4 Gabriel Reis, 7ºSSB

II – O recebimento da peça precisa ser motivado? O recebimento não


precisa ser fundamentado, salvo nas hipóteses em que haja defesa
preliminar. E os argumentos esposados na defesa preliminar precisam
ser rechaçados.
III – Recurso contra o recebimento da peça acusatória:
 Habeas corpus: neste caso, medida de natureza excepcional
usada diante de manifesta atipicidade e ausência de justa
causa.

 Foro por prerrogativa de função: cabe agravo contra o


recebimento da peça acusatória.

RESPOSTA À ACUSAÇÃO: ART. 396-A, CPP:


I – Momento para apresentação: após a citação do acusado.
II – Essa resposta deve ser apresentada somente por advogado. É
indispensável sua apresentação.
III – Conteúdo: juntada de documentos (a qualquer tempo do
processo); juntada de Justificações (colhimento de prova antecipada,
cuja será apresentada ao magistrado para que ele forme a sua
convicção); apresentação do Rol de Testemunhas (se não fizer neste
momento, há preclusão); arguição de preliminares (arguição de
questões processuais e não meritórias).
IV – Prazo: 10 dias, contado da efetiva citação (SM, STF, 710). Se foi
citado hoje, o prazo já começa a fluir a partir de amanhã.
V – Se o Advogado não apresentar em prazo, será nomeado
defensor dativo (§ 2º, 396-A).

OITIVA DO PARQUET: ART. 409, CPP:

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
5 Gabriel Reis, 7ºSSB

I – Apresentada a defesa [resposta à acusação], o juiz ouvirá o MP


ou o querelante [queixa-crime] sobre preliminares e documentos, em 05
(cinco) dias.
II – Apenas será obrigatória quando a Defesa apresentar
documentos, preliminares ou justificação.

CITAÇÃO:
I – Ato processual pelo qual se leva ao conhecimento do acusado a
notícia de que contra ele foi recebida peça acusatória, para que possa
se defender.
II – A citação acaba sendo um misto de dois princípios básicos do
processo: contraditório e ampla defesa.
III – Vício na citação: causa de nulidade absoluta. Exceção: se o
acusado comparecer mesmo com o vício na citação, este vício será
sanado (corrigido); princípio da instrumentalidade das formas (art. 570,
CPP).

ESPÉCIES DE CITAÇÃO:
I – Citação real (pessoal);
II – Citação ficta (presumida).

CITAÇÃO REAL:
I – Realizada pelo oficial de justiça, onde o acusado é citado
pessoalmente. Pode ser dividida em subespécies:
II – Citação por mandado (art. 351); citação por carta precatória (art.
353); citação do militar (art. 358); citação do funcionário público (art.
359); citação do acusado que estiver preso (art. 360); citação do
acusado no estrangeiro (art. 368); citação do acusado em legações
estrangeiras (art. 369).

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
6 Gabriel Reis, 7ºSSB

CITAÇÃO FICTA (PRESUMIDA):


I – Ocorre quando o acusado não é encontrado para ser comunicado
pessoalmente da instauração do processo. Apesar disso, se forem
cumpridos determinados requisitos legais, a lei presume que ele soube
da existência do processo.
II – Subespécies: edital, hora certa, inimputável (representante legal)
e citação da pessoa jurídica (representante legal).
III – Formas de citação que não são admitidas no processo penal:
citação por via postal (correios), citação eletrônica, citação por e-mail e
citação por telefone.
IV – Citação por Edital (art. 361, CPP): réu em local incerto e não
sabido.
 Não cabe mais a citação por edital contra pessoa incerta
(pessoa sem identificação); e para denunciá-lo terá que possuir
dados quanto à qualificação

 Só pode ocorrer a citação por edital quando esgotados todos os


meios disponíveis para localizar o réu.

 Se o acusado citado por edital, não comparecer em juízo, nem


constitui advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do
prazo prescricional (art. 366, CPP).

 Prescrição no caso da citação por edital: 1ª Corrente: passados


20 anos sem que o acusado tenha sido encontrado, julga-se
extinta a punibilidade; 2ª Corrente: Entendimento do STJ
(majoritária): Súmula 415 – o período da suspensão do prazo
prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada (prazo
do crime – art. 109, CP); 3ª Corrente: prazo indeterminado.

 Exemplo da corrente majoritária para a prescrição da


punibilidade: Acusado condenado por pena de 01 a 04 anos.
Você pega os 04 anos, joga no art. 109, chega a 08 anos para
a prescrição. Então, no caso da prescrição na citação por

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
7 Gabriel Reis, 7ºSSB

edital, estes 08 anos seria o máximo de suspensão do


processo para a aplicação da prescrição. Findado o prazo de
08 da suspensão, a prescrição voltaria a correr novamente. E
aí, então, se o acusado não fosse encontrado em 08 anos,
findo o prazo prescricional, extinta a punibilidade.

V – Citação Por Hora Certa: caso em que o réu se oculta para não
ser citado.
 Ocorrendo, será nomeado advogado dativo e o processo terá o
seu curso (não suspende o processo);

 Disciplinado pelo Código de Processo Civil (art. 252 a 254,


CPC)

 Pressupostos: acusado seja procurado por três vezes em seu


endereço e não seja encontrado; que haja suspeita de
ocultação.

 Procedimento: chama alguém da família do réu que mora na


casa e intima esta pessoa, informando que tal dia, tal hora,
voltará para citar o “Fulano”, avisando que ele deverá estar
para receber a citação e que, mesmo se não estiver, a citação
será realizada e o processo continuará normalmente contra ele.
Se não tiver nenhum parente morando com ele, poderá citar o
vizinho. Se morar em um condomínio ou loteamento com
controle de acesso, poderá intimar o porteiro responsável. A
citação será efetivada mesmo que a pessoa responsável pela
intimação esteja ausente, ou se, embora presente, recusar a
receber o mandado.

 Ocorre a revelia!, onde será nomeado advogado dativo para o


acusado (no processo penal aplica-se o instituto da revelia para
o citado pessoalmente e para o citado por hora certa);

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
8 Gabriel Reis, 7ºSSB

 Revelia no processo penal: desnecessidade de intimação do


acusado para a prática dos demais atos processuais, salvo na
hipótese de sentença condenatória. Da sentença condenatória,
mesmo o acusado revel precisa ser intimado e por quê? Por
causa de sua capacidade autônoma de recorrer.

ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA OU JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE:


I – Absolvição sumária no procedimento comum: deve ser alegada no
início do processo, logo após a apresentação da resposta à acusação.
 Hipóteses: I – Existência manifesta de causa excludente de
ilicitude; II – Existência manifesta de causa excludente da
culpabilidade; III – Fato narrado não constituir crime
[atipicidade]; IV – Estiver extinta a punibilidade.

II – Absolvição sumária no procedimento do júri: deve ser alegada ao


final da primeira fase.
 I – As previstas no procedimento comum;

 II – Quando o juiz verificar que está provada a inexistência do


fato;

 III – Provado não ser o acusado autor ou participe do fato


delituoso;

 IV – O fato não constituir infração penal;

 V – Quando demonstrada causa de isenção de pena ou de


exclusão do crime.

III – Deve haver certeza e clareza quanto as hipóteses invocadas; se


ocorrer dúvidas, estas deverão ser sanadas até a sentença. Ou seja, se
tiver dúvidas continua e absolve na sentença, quando for caso.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
9 Gabriel Reis, 7ºSSB

IV – Não há aplicação do rito da absolvição sumária em


procedimentos especiais, pois já se encontram implícitas dentro do
procedimento da defesa preliminar.
V – A decisão do juiz deve ser fundamentada, atendendo ao disposto
no art. 63, IV, CPP.
VI – Recurso cabível contra a absolvição sumária no procedimento
comum é a APELAÇÃO (art. 593, I, CPP).
VII – A absolvição sumária faz coisa julgada forma e material.

AUDIÊNCIA UNA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO:


I – Prazo: 60 dias para ocorrer a audiência, se for procedimento
comum ordinário; se for procedimento sumário este prazo decai para 30
dias.
II – Efeitos:
 Concentração: redução do procedimento visando à proximidade
entre o julgamento e data do fato delituoso;

 Imediatidade: coleta das provas de forma imediata. Consiste


em obrigar o juiz a ficar em contato direto com as partes e com
as provas, facilitando a formação do seu convencimento.

 Identidade física do juiz: art. 399, § 2º, CPP: o juiz que presidiu
a instrução é o juiz que deverá proferir a sentença. Este
princípio não é absoluto, devendo ser analisado à luz das
regras específicas do art. 132, do CPP: nos casos de
convocação, licença, promoção ou outro motivo que impeça o
juiz que tiver presidido a instrução de sentenciar o feito, os
autos passarão ao sucessor do magistrado (entendimento STJ
e STF).

III – Ordem dos trabalhos: preestabelecida no art. 400, CPP:


ofendido, testemunha de acusação e de defesa, esclarecimentos do

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
10 Gabriel Reis, 7ºSSB

perito, acareações de pessoas e coisas se necessário e, por fim, o


interrogatório do acusado:
 I – Oitiva do ofendido: caso a vítima não compareça à
audiência, poderá ser conduzido coercitivamente;

 II – Oitiva das testemunhas arroladas pela acusação e pela


defesa: número de 08 no procedimento ordinário e 05 no
procedimento sumária. As perguntas são formuladas pelas
partes diretamente às testemunhas e o juiz irá complementar a
inquirição (se o juiz mesmo formular as perguntas pode ocorrer
a nulidade; entretanto, pode as partes dar-lhe causa para
perguntar as testemunhas, sem gerar nulidade). Inversão da
ordem (primeiro as testemunhas de defesa e depois a de
acusação) é causa de nulidade relativa, devendo ser
comprovado o prejuízo (jurisprudência).

 Precatória na oitiva de testemunhas: se houver demora para o


juiz ouvir as testemunhas da precatória (testemunhas de outra
comarca), não suspenderá a instrução criminal – “findo o prazo
marcado, poderá realizar-se julgamento, mas, a todo tempo, a
precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos”. (É melhor
usar vídeo conferência!).

 Desistência de testemunha: é possível a qualquer momento,


inclusive durante a própria audiência no que se refere às
testemunhas que serão ouvidas (se começou já o testemunho,
não pode mais desistir); no plenário do júri, uma vez instalada a
sessão de julgamento, a desistência de testemunhas arroladas
depende da concordância da parte contrária, do juiz presidente
e dos jurados.

 Testemunha citada por outra testemunha: o juiz converte a


audiência em diligência para ouvir a outra testemunha.

 III – Esclarecimentos do perito;

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
11 Gabriel Reis, 7ºSSB

 IV – Acareação (se tiver);

 V – Interrogatório do acusado: último ato de colhimento de


provas. Acusado tem direito ao silêncio total ou parcial
(responder apenas perguntas da defesa) sem que isso lhe
ocorra prejuízos;

 VI – Pedido de diligências: diz respeito a alguma diligência cuja


necessidade de circunstâncias ou fatos apurados que tenham
surgido ao longo da instrução. O juiz pode indeferir o pedido de
diligências no caso de provas irrelevantes, impertinentes ou
protelatórias.

 VII – Alegações orais: Prazo, regra geral: 20 minutos para o MP


e 20 minutos para a Defesa apresentar as alegações finais.
Mais de um acusado: cada advogado terá 30 minutos,
prorrogáveis por mais 10 minutos. Assistente de acusação: 10
minutos; neste caso a defesa terá adicional mais 10 minutos.

 Alegações finais por memoriais (escrito): ocorre quando: 1)


deferimento de pedido de diligências; 2) complexidade da
causa; 3) pluralidade de acusados – diversos acusados, cada
um com advogados distintos. Prazo: 05 dias; defensores
públicos e advogados dativos tem prazo em dobro.

 Não pode o juiz julgar sem apresentação de alegações finais,


sob pena de nulidade absoluta por violação do princípio da
ampla defesa.

 Alegação tabajara (causa prejuízo ao réu) ou não apresentação


da alegação, cabe o juiz intimar o acusado para que constitua
novo advogado, sob pena de, não o fazendo, ser-lhe nomeada
a defensoria pública.

 A não apresentação de memoriais pelo MP gera nulidade


relativa, devendo provar os prejuízos (seria uma tentativa de

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
12 Gabriel Reis, 7ºSSB

desistência da ação penal. Como isso não é possível, pelo


princípio da indisponibilidade, deve o juiz aplicar o art. 28 do
CPP).

SENTENÇA:
I – Princípio da correlação entre acusação e sentença: no processo
penal, o acusado defende-se dos fatos que lhe são imputados. Por esse
motivo, a sentença deve guardar plena consonância com o fato descrito
na peça acusatória, não podendo dele se afastar, sob pena de violação
aos princípios da ampla defesa e do contraditório.
II – O acusado defende-se dos fatos e não da classificação formulada
na acusatória; de acordo com os fatos narrados é que a defesa é
arquitetada.
III – Se eu fui denunciado por peculato-apropriação, eu não posso
amanhã ser condenado por peculato-furto porque essa condenação por
um fato que não constou da peça acusatória seria uma surpresa
indevida e essas surpresas são causas de violação ao contraditório e à
ampla defesa.

PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO ENTRE ACUSAÇÃO E SENTENÇA:


EMENDATIO LIBELLI:
I – Correção da classificação criminal equivocada feita pelo MP;
II – Ocorre quando o juiz, sem modificar a descrição do fato contida
na peça acusatória atribui-lhe definição jurídica diversa, ainda que em
consequência tenha que aplicar pena mais grave.
III – Pode o juiz beneficiar o réu com suspensão condicional do
processo no momento da sentença, desde que a classificação criminal
corrigida esteja em conformes aos requisitos necessários do benefício.
IV – Jurisprudência: em regra, a sentença é o momento oportuno
para a emendatio libelli, salvo em caso admissível juízo
desclassificatório prévio (logo no ato do recebimento da denúncia) em
caso de erro de direito, quando a qualificação jurídica do crime imputado

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
13 Gabriel Reis, 7ºSSB

repercute na definição da competência OU se a desclassificação


beneficia o réu.
V – Caso o juiz não concorde com a classificação jurídica feita na
denúncia ou na queixa, ele deverá aguardar a realização de toda a
instrução processual e, ao final, na sentença, fazer a desclassificação do
crime (EM PROVAS OBJETIVAS DEVE-SE ADOTAR ESTE
ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO).
VI – Se através da desclassificação o juiz reconhecer que o crime
tem pena mínima legal ou inferior a um ano, deve então observar o
procedimento do art. 89 da Lei dos Juizados (suspensão condicional no
processo – Súmula 337, STJ: é cabível).
VII – Se, em virtude da emendatio libelli, o juiz reconhecer que a
infração penal é da competência de outro juízo, a este serão remetidos
os autos (crimes de menor potencial ofensivo: remessa para o juizado;
ou crimes dolosos contra à vida: remessa para o juízo sumariante).
VIII – O juiz pode aplicar majorante não requerida pelo MP na
denúncia.
IX – A emendatio libelli é cabível na ação penal pública e privada.
X – O tribunal, em fase de recurso, pode fazer a emendatio libelli? É
possível, porém, no caso de recurso exclusivo da defesa, a situação do
acusado não poderá ser agravada com a alteração da desclassificação
do crime para uma pena mais grave, sob pena de violação ao princípio
da non reformatio in pejus. Se quiser o MP corrigir a classificação da
sentença, deverá apelar.

PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO ENTRE ACUSAÇÃO E SENTENÇA:


MUTATIO LIBELLI:
I – Ocorre quando, durante a instrução processual, surge prova de
circunstância ou elementar não contida na peça.
II – Há, então, mudança nos fatos narrados na denúncia apresentada
pelo MP durante a instrução processual, ferindo, assim, a ampla defesa
e o contraditório, da correlação entre acusação e sentença.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
14 Gabriel Reis, 7ºSSB

III – Ocorrendo a mudança dos fatos devido a prova de circunstância


ou elementar colhida durante a instrução, aplica-se a mutatio libelli,
devendo o MP aditar a peça acusatória.
IV – Quando que ocorre a mutatio libelli? Quando, durante a
instrução processual, surge uma elementar ou circunstância não contida
na peça acusatória. Nesse caso, o juiz não pode condenar por aquilo
que não foi apurado (correlação e sentença: surgiu elementar que não
estava na peça acusatória.
V – Antes de o juiz sentenciar, os autos precisam ir para o MP para
realização do aditamento.
VI – Momento do aditamento: em regra, o aditamento deve ser feito
oral (depois reduzido a termo) na própria audiência una. Na prática, o
aditamento acaba sendo feito por escrito, tendo o MP o prazo de 05 dias
para a sua realização.
VII – Se houver rejeição ao aditamento, cabe RESE (art. 581, CPP).
VIII – QUESTÃO DE PROVA: quando o aditamento for rejeitado,
teoricamente, seria o recurso cabível o RESE porque é a mesma coisa
que a rejeição da peça acusatória. Porém, se essa rejeição se dá na
audiência e se o juiz profere sentença em seguida, o recurso contra
sentença é a apelação e, de acordo com a regra do chamado princípio
da consunção ou absorção, quando cabível a apelação, não pode ser
usado RESE.
IX – Se o MP não fizer o aditamento, aplica-se o art. 28, CPP (leva a
decisão para o procurador-geral). Se o procurador-geral também não
fizer o aditamento, caberá o juiz absolver o réu pelos fatos alegados na
denúncia, pois a imputação do fato típico está errada. Nesse caso, nada
impede que o parquet ofereça nova denúncia pela imputação
superveniente, a qual não estará acobertada pelo manto da coisa
julgada.
X – Recebido o aditamento, segue-se nova instrução com
reinquirição das testemunhas, alguma diligência, interrogatório do
acusado, alegações orais e sentença (mesmo rito).

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
15 Gabriel Reis, 7ºSSB

XI – Não é obrigatório essa nova instrução, desde que o juiz


possibilita que o acusado seja ouvido na audiência em relação ao novo
fato elementar.
XII – Ocorrendo o aditamento, o juiz fica adstrito aos seus termos, ou
seja, não podendo mais condenar o acusado pelo fato inicialmente
descrito na denúncia.
XIII – Fato novo x Fato diverso:
 Fato novo: quando os elementos de seu núcleo essencial
constituem acontecimento criminoso INTEIRAMENTE diferente
daquele resultante dos elementos do núcleo essencial da
imputação;

 Fato diverso: quando os elementos de seu núcleo essencial


correspondem PARCIALMENTE aos do fato da imputação,
porém, com um acréscimo de algum elemento que o modifique.

 Ocorrendo fato diverso durante a instrução processual, é


recomendável realizar o aditamento;

 Ocorrendo fato novo durante a instrução processual, realizar-


se-á o pedido de absolvição no processo em curso para entrar
com uma nova denúncia usando a prova emprestada do
processo anterior.

 Portanto, quando se tratar de fato novo, substituindo por


completo a imputação originária, haverá necessidade de uma
nova peça acusatória.

IX – É possível mutatio libelli na ação pública e privada? De acordo


com a redação do art. 384, caput, só é possível em crimes de ação
penal pública ou no caso de ação penal privada subsidiária da pública.
X – É possível mutatio libelli na segunda instância? Não é possível
[caso houvesse o aditamento na segunda instância, já seria o réu
condenado pelo tribunal e não teria direito ao duplo grau de jurisdição.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
16 Gabriel Reis, 7ºSSB

Entretanto, é possível que o tribunal anula a sentença por error in


procedendo (não observação da mutatio libelli), devolvendo o feito à
primeira instância para que seja aplicado o procedimento].

INDENIZAÇÃO CIVIL:
I – Art. 91, I, CP: são efeitos da condenação: I – tornar certa a
obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. Ou seja, a partir do
momento em que a questão penal está sedimentada, existe uma
sentença condenatória com trânsito em julgado, tornou-se certo o seu
dever de indenizar o dano causado pelo delito.
II – Na própria sentença condenatória o magistrado irá fixar o valor
mínimo a título de reparação pelos danos causados pelo delito.
III – O dano fixado pelo juiz é apenas o dano material. Entretanto há
julgados no STJ corroborando com a possibilidade do juiz fixar o valor
mínimo a título de danos morais.
IV – Os efeitos desta indenização geram uma execução por quantia
certa.
V – OBS.: a lei usou a expressão “fixação de valor mínimo”, ou seja,
quer demonstrar que a fixação desse valor não impede que você corra
atrás, por meio da liquidação, do dano efetivamente sofrido, hipótese em
que os valores a receber serão compensados.
VII – Jurisprudência do STF E STJ: “para que seja fixado o valor
mínimo não é necessário que esse pedido tenha sido formulado na
denúncia, por se tratar de efeito extrapenal da condenação, mas deverá
constar na instrução para que seja realizado o contraditório”;
Entendimento da 6º Turma do STJ: “para que seja fixado o valor da
reparação, deverá haver pedido expresso e formal do MP ou do
ofendido, a fim de que seja oportunizado ao réu o contraditório e sob
pena de violação ao princípio da ampla defesa”.
VIII – Se o acusado impugnar por meio da apelação o capítulo
referente à sua condenação, não será possível a execução por quantia
certa do valor mínimo fixado pelo juiz, pois tal execução pressupõe o
trânsito em julgado de sentença condenatória.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
17 Gabriel Reis, 7ºSSB

IX – Deverá haver provas dos prejuízos sofridos pela vítima em


decorrência do crime (STF);
X – O juiz não é obrigado a sempre fixar o valor mínimo de
indenização: a) quando não houver prova do prejuízo; b) se os fatos
forem complexos e a apuração da indenização demandar dilação
probatória (deverá ser apurado no civil); c) quando a vítima já tiver sido
indenizada no cível.

SENTENÇA PENAL E OS ATOS JURISDICIONAIS:


I – Os atos jurisdicionais são divididos em: despacho, decisão
interlocutória, sentença.
II – Despacho: ato de mera movimentação do processo.
 Recurso contra o despacho do juiz: em regra, não cabe.
Exceção: quando houver despacho tumultuário (ex.: juiz inverte
a ordem procedimental. Está tumultuando.); ou despacho
abusivo.

 Recurso cabível: correição parcial.

III – Decisão interlocutória: decisão que não extingue o processo.


Espécies de decisões interlocutórias:
 Decisão simples: não encerra o processo; não encerra
nenhuma fase do procedimento; não decide nenhum pedido
incidental;

 Decisão mista não terminativa: encerra uma fase, mas não


decide nada;

 Decisão mista terminativa: decide, mas não encerra o


processo; decisão que julga o pedido incidental.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
18 Gabriel Reis, 7ºSSB

IV – Conceito de sentença: ato do juiz que põe termo ao processo,


com ou sem julgamento do mérito. Espécies de sentença:
 Sentença terminativa: encerra o processo, mas sem julgar o
mérito. Não condena, não absolve e termina. Julga uma
questão processual.

 Sentença condenatória: juiz acolhe o pedido condenatório;

 Sentença declaratória de extinção de punibilidade: não


condena, nem absolve, julga extinta a punibilidade;

 Sentença que julga uma ação autônoma: sentenças que julgam


mandado de segurança, habeas corpus, revisão criminal;

 Sentença constitutiva: constitui uma nova situação jurídica. Ex.:


reabilitação criminal.

V – Classificações da sentença:
 Sentença simples: proferida por juiz singular;

 Sentença plúrima: proferida por órgão colegiado (acordão);

 Sentença complexa: depende de dois ou mais órgãos. Ex.: júri


popular: os jurados decidem uma parte o juiz faz outras coisas.
Cada um cumpre o seu papel.

 Sentença material: julga mérito e extingue o processo;

 Sentença formal: extingue o processo sem julgar o mérito


(sentença terminativa);

 Sentença autofágica: sentença em que o juiz reconhece o


crime e a culpabilidade do agente e, ao mesmo tempo, julga
extinta a punibilidade (ex.: perdão judicial);

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
19 Gabriel Reis, 7ºSSB

 Sentença branca: sentença que remete ao tribunal a decisão de


uma controvérsia sobre direito internacional. Não existe no
Brasil; violação ao princípio da indeclinabilidade da jurisdição.

 Sentença vazia: sentença sem fundamentação, sem respeitar o


princípio da motivação.

 Sentença suicida: conclusão diverge da fundamentação. Não


tem nada a ver com nada. Fere o princípio da congruência.

 Sentença executável: sentença que produz efeitos


imediatamente. Ex.: sentença absolutória.

DA SENTENÇA:
I – Requisitos: relatório (síntese processual); fundamentação (tese
jurídica aplicada); dispositivo (delito praticado); e parte autenticativa
(local, data e assinatura do juiz).
II – Natureza jurídica: não é ato que declara, mas cria o direito; cria a
regra.
III – Princípio da imodificabilidade da sentença: uma vez publicada a
sentença, ela se torna inalterável, imutável, imodificável. Entretanto, há
4 hipóteses de exceção em que o juiz pode mexer na sentença, mesmo
que depois de publicada:
 1) Para corrigir inexatidões materiais;

 2) Para corrigir erro de cálculo;

 3) Embargos de declaração: em caso de omissão, contradição,


obscuridade dentro da sentença.

 4) Quando advém uma lei penal mais favorável (lei benéfica


retroage).

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
20 Gabriel Reis, 7ºSSB

TEORIA DA PROVA:
I – Conceito de prova como atividade probatória: ato ou complexo de
atos que tendem a formar a convicção da entidade decidente sobre a
existência ou não de uma situação fática.
II – Conceito de prova como resultado: consiste na convicção da
entidade decidente quanto à existência ou não de uma situação fática,
formada no processo;
III – Conceito de prova como meio: são os instrumentos aptos a
formar a convicção do juiz quanto à existência ou não de uma situação
fática.

DESTINATÁRIO DA PROVA:
I – É o órgão jurisdicional (pode ser juiz, desembargador, ministro).

SUJEITOS DA PROVA:
I – São as pessoas responsáveis pela produção da prova: vítimas,
testemunhas, peritos, assistentes.

FONTE DA PROVA:
I – 1º Sentido: fonte de prova é tudo aquilo que indica algum fato ou
afirmação que necessita de prova;
II – 2º Sentido: são as pessoas ou coisas das quais pode se
conseguir a prova.
III – O acusado pode ser fonte de prova (confissão);

MEIOS DE PROVA:
I – Instrumentos aptos a formar a convicção do juiz quanto à
existência ou não de uma situação fática.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
21 Gabriel Reis, 7ºSSB

II – Princípio da liberdade das provas: este é o princípio que vige no


processo penal. No processo penal pode ser utilizados quaisquer meios
de prova, ainda que não especificados na lei, desde que não sejam
inconstitucionais, ilegais ou imorais.

PROVAS NOMINADAS E PROVAS INOMINADAS:


I – Provas nominadas: provas previstas no CPP (art. 158 e seguintes:
exame de corpo de delito, depoimento de testemunha, etc.);
II – Provas inominadas: não estão previstas no CPP. Como existe o
princípio da liberdade de provas, eu posso usá-las.
III – Prova típica: prova que possui procedimento probatório
específico;
IV – Prova atípica: aquela que não possui procedimento probatório
específico.
V – Prova anômala: é aquela utilizada para fins diversos daqueles
que são próprios, com características de outra prova típica. Ex.: MP
colhe depoimento de uma testemunha em sua sala para então anexá-la
ao processo como prova testemunhal.
VI - Distinção de prova atípica e prova anômala: em virtude do
princípio da liberdade probatória, a prova atípica é admitida no processo
penal, já a prova anômala não pode ser aceita. A prova anômala
deforma o sistema.

EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE PROVAS:


I – 1º Exceção: “em relação ao estado das pessoas, a prova deve
observar as restrições estabelecidas na lei civil”; Ex.: morte comprovada
por certidão de óbito; idade comprovada por certidão de nascimento.
II – 2º Exceção: certas pessoas são proibidas de depor (art. 207,
CPP, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar
segredo). Ex.: advogado destituído.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
22 Gabriel Reis, 7ºSSB

III – 3º Exceção: exibição de leituras de documentos no plenário do


júri que não tenham sido juntados com três dias úteis de antecedência –
art. 479, CPP.
IV – 4º Exceção: exame de corpo de delito nos crimes materiais cujos
vestígios não tenham desaparecido.
V – 5º Exceção: questões prejudiciais heterogêneas (art. 92 e 93,
CPP). Ex.: quando ocorre outro processo que possa gerar nulidade: o
juiz tem que parar o processo e aguardar a decisão do outro.

DIREITO À PRODUÇÃO DE PROVAS NÃO É ABSOLUTO!


I – Em casos complexos, há que se confiar no prudente arbítrio do
juiz da causa, mais próximo dos fatos, quanto à avaliação da pertinência
e relevância das provas requeridas pelas partes.

MEIO DE PROVA E MEIO DE OBTENÇÃO DE PROVA:


I – Os meios de prova: referem-se a uma atividade endoprocessual
que se desenvolve perante o juiz com a participação das partes.
II – Meios de investigação: certos procedimentos regulados pela lei,
em regra, extraprocessuais, com o objetivo de conseguir provas
materiais, e que podem ser realizados por outros funcionários que não o
juiz. Essa é a obtenção da prova.

OBJETO DE PROVA OU TEMA PROBANDO:


I – Objeto de prova são os fatos que interessam à decisão da causa.

O QUE PRECISA SER PROVADO:


I – O fato narrado, seja pela acusação, seja pela defesa.
II – Direito consuetudinário. Costumes devem ser provados. Por
exemplo: furto durante o repouso noturno. Pensa, por exemplo, em

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
23 Gabriel Reis, 7ºSSB

Salvador carnaval às 2 horas da manhã. Neste caso, tem tudo menos


repouso noturno.
III – Regulamentos e portaria devem ser provados. Exceção: se a
portaria é complemento de norma penal em branco, presume-se que o
juiz a conheça.
IV – Direito estrangeiro, estadual e municipal. Exceção: o juiz é
obrigado a conhecer o direito municipal e estadual da localidade onde
exerce sua função.
V – Mesmo fatos confessados devem ser provados.

O QUE NÃO PRECISA SER PROVADO:


I – Fatos notórios: fatos de conhecimento público geral.
II – Fatos axiomáticos: fatos intuitivos, evidentes.
III – Fatos inúteis;
IV – Presunções legais não precisam ser provados. Presunção é a
afirmação da lei de que um fato é existente ou verdadeiro,
independentemente da prova.
 Presunção absoluta: não admite prova em sentido contrário.
Ex.: inimputabilidade do menor de 18 anos;

 Relativa: admite prova em sentido contrário, mas ocorrerá a


inversão do ônus da prova;

 Presunção de violência nos crimes sexuais: presume nos casos


onde a vítima não é maior de 14 anos, se é débil mental e o
agente conhece isso. É presunção absoluta!

PROVA DIRETA E PROVA INDIRETA:


I – Direta: aquela que recai diretamente sobre o fato probando. Ex.:
soldado pegou uma arma e atirou no meio do quartel e matou um cara,
com testemunhas visualizando tudo. Isso é prova direta.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
24 Gabriel Reis, 7ºSSB

II – Indireta (indícios): provada a existência de um fato, chega-se à


conclusão acerca da existência de outro por meio de indução ou
raciocínio lógico.
III – Prova indireta, desde que formada por um conjunto coeso e
coerente, autoriza um decreto condenatório.

DISTINÇÃO ENTRE PROVA E ELEMENTOS INFORMATIVOS:


I – Prova: elementos de convicção produzidos, em regra, no curso do
processo judicial e, por conseguinte, com a necessária participação
dialética das partes, sob o manto do contraditório (ainda que diferido) e
da ampla defesa.
II – Elementos de informação: colhidos em fase investigatória sem a
necessária participação dialética das partes (não se impõe a obrigatória
observância do contraditório e da ampla defesa).

INDÍCIOS:
I – Sinônimo de prova indireta e prova semiplena (prova de menor
valor persuasivo).
II – Ex.: para prender alguém preventivamente, eu não preciso ter a
mesma certeza necessária para condenar. Bastar ter indício.

INDÍCIO COMO PROVA INDIRETA:


I – Permite-se que tanto a prova direta como a prova indireta sejam
em igual medida eficazes para a formação da convicção do magistrado.
II – Para tanto, a prova indiciária está sujeita as seguintes condições:
 Os indícios devem ser plurais;

 Relacionados entre si;

 Incriminadores, sem meras conjecturas ou suspeitas;

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
25 Gabriel Reis, 7ºSSB

 Existência de razões dedutivas;

SUSPEITA E INDÍCIOS:
I – Indicio não se confunde com uma simples suspeita. Enquanto
indício é constituído por um fato demonstrado que autoriza a indução de
um outro fato ou, pelo menos, constitui um elemento de menor valor, a
suspeita é pura intuição, que pode gerar desconfiança, dúvida, mas
também conduzir ao engano.

PROVA EMPRESTADA:
I – É possível a utilização da prova emprestada, desde que aquele
contra quem ela será utilizada tenha participado do processo onde a
prova foi produzida.
II – Em caso de testemunha, onde o acusado teve o seu direito ao
contraditório em um processo “A”, no processo “B” esta prova terá o
mesmo valor que tinha no outro, ou seja, valor de prova testemunhal. O
valor da prova emprestada é o mesmo da prova originariamente
produzida, desde que observado o contraditório e a ampla defesa.
III – Requisitos para a corrente minoritária: ser produzida em
processo formado entre as mesmas partes; ser colhida perante o juiz
natural da causa.

PRINCÍPIOS RELACIONADOS À PROVA: PRINCÍPIO DA BUSCA DA


VERDADE PELO JUIZ:
I – No processo penal, em virtude do direito individual indisponível
em disputa (que é exatamente a liberdade de locomoção), cabe ao juiz a
busca da verdade durante o curso do processo. A própria lei, agora,
reserva ao juiz um papel subsidiário. O juiz, quanto menos agir de oficio,
melhor, porque preserva o que há de mais sagrado: a imparcialidade.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
26 Gabriel Reis, 7ºSSB

PRINCÍPIOS RELACIONADOS À PROVA: NEMO TENETUR SE


DETEGERE:
I – O acusado não é obrigado a produzir prova contra si mesmo.
II – Direito ao silencio ou direito de ficar calado.
III – Testemunha: enquanto testemunha, tem obrigação de dizer a
verdade, sob pena de responder por falso testemunha. Só que se a
testemunha é submetida a um testemunho que pode incriminá-la, terá
direito ao silêncio.
IV – Eventual confissão, sem advertência quanto ao direito ao
silêncio, é prova ilícita.
V – Gravações feitas pela imprensa ou de conversa informal do preso
com policiais, sem a advertência formal quanto ao direito ao silêncio,
torna ilícita a prova que contra si produza o acusado.
VI – Tribunal do júri: Direito ao silencio não pode ser usado como
argumento para convencer os jurados.
VII – Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa
incriminá-lo: não posso obrigar o acusado a fazer alguma coisa. Obs.:
reconhecimento não é conduta ativa do acusado, portanto poderá o
acusado ser conduzido coercitivamente.
VIII – Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora que
envolva o seu corpo humano: o acusado não é obrigado a praticar
nenhum comportamento desse tipo. Aí que surge a diferença entre as
chamadas provas invasivas e prova não invasivas:
 Prova invasiva: prova que envolve o corpo humano e implica na
utilização ou extração de parte dele. Uma coisa é a produção
forçada de prova invasiva, o que não é admitido, outra coisa
bem diferente, é a prova produzida voluntária ou
involuntariamente com outra finalidade, a qual por ser utilizada.
Muita atenção, porque eu não posso arrancar um fio de cabelo
seu ou raspar a sua mão, mas posso fazer uma busca e
apreensão para pegar a sua escova de cabelo ou pegar uma
guimba de cigarro que você jogou no chão.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
27 Gabriel Reis, 7ºSSB

 Prova não invasiva: consiste numa inspeção ou verificação


corporal, não implicando na extração de nenhuma parte do
corpo humano. Exemplo seria o exame clínico feito pelo
médico. Essa é uma prova que pode ser feita, mesmo sem o
consentimento.

 Mula transportando cocaína dentro do estomago: mesmo


contra a sua vontade você pode realizar o exame de raio-x
(direito a vida em risco).

SISTEMA DE VALORAÇÃO DA PROVA:


I – São três os sistemas:
II – Sistema da íntima convicção do juiz: permite que o magistrado
avalie a prova com ampla liberdade, porém, sem a obrigação de
fundamentar sua convicção. Sistema não é adotado no brasil, mas é o
sistema em vigor no tribunal do júri, onde os jurados não são obrigados
a fundamentar seu voto.
III – Sistema da prova tarifada: a lei atribui valor a cada prova,
cabendo ao juiz simplesmente obedecer ao mandamento legal. Em
alguns casos é adotado no Brasil, como por exemplo a prova pericial de
crime material que deixa vestígio (esta prova terá uma valoração maior).
IV – Sistema do livre convencimento motivado: sistema adotado pelo
constituinte originário. O juiz pode usar qualquer prova, mas tem que
fundamentar o seu convencimento. São efeitos da adoção deste
sistema:
 Não existe prova com valor absoluto (toda prova tem valor
relativo);

 O juiz deve valorar todas as provas produzidas no processo,


mesmo que para rechaça-las.

 Somente são válidas as provas constantes do processo, ou


seja, conhecimentos privados do juiz não podem ser usados
como prova.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
28 Gabriel Reis, 7ºSSB

ELEMENTOS INFORMATIVOS E PROVA:


I – Art. 155, CPP: o juiz formará sua convicção pela livre apreciação
da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar
sua decisão exclusivamente nos elementos informativos na
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.
II – Elementos informativos são aqueles colhidos na fase
investigatória. São colhidos, em regra, sem a participação dialética das
partes. São úteis para: fundamentação de medidas cautelares e auxilio
na formação da convicção do titular da ação.
III – Em relação a prova: a prova tem como elemento fundamental a
observância do contraditório. Há a participação dialética das partes.
IV – Incriminar alguém através dos elementos informativos:
isoladamente considerados não são aptos a fundamentar a condenação.
Entretanto, podem se somar à prova produzida em juízo, servindo como
mais um elemento na formação da convicção do juiz.
V – Provas Cautelares: são aquelas que correm risco de
desaparecimento. Ex.: interceptação telefônica. Neste caso, por razões
óbvias, o contraditório não se dá no momento de produção da prova. É
um contraditório que se dá posteriori (diferido). Precisa de autorização
judicial.
VI – Provas Não Repetíveis: aquelas que não têm como ser
novamente coletados ou produzidas, em virtude do desaparecimento ou
destruição da fonte probatória. Prova cautelar e não repetíveis se
assemelham, porém, em regra, a prova cautelar depende de autorização
judicial. Já a prova repetível, não. Ex.: perícia num crime de lesão
corporal, perícia num crime de estupro. Se não faço imediatamente,
talvez a materialidade já não possa mais ser aferida pelo perito.
Contraditório diferido.
VII – Provas Antecipadas: são aquelas produzidas com a
observância do contraditório real, perante o juiz, antes de ser o
momento processual oportuno e até mesmo antes de iniciado o

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
29 Gabriel Reis, 7ºSSB

processo, em razão de sua relevância e urgência. Aqui o contraditório é


real e acontece na hora da produção da prova. Produzido na presença
do juiz e com as partes. Pode surgir tanto na fase de inquérito, quanto
no processo. Imaginando alguma prova que seja urgente e
extremamente relevante, o juiz pode antecipar. Ex.: testemunha
enferma.

ART. 156, CPP: JUIZ AGINDO DE OFÍCIO:


I – Fere a imparcialidade do juiz natural.

ÔNUS DA PROVA:
I – É o encargo que recai sobre a parte de provar a veracidade do
fato por ela alegado.
II – Ônus objetivo: funciona como uma regra de julgamento destinado
ao juiz acerca do conteúdo da sentença que deve proferir, caso não
tenha sido comprovada a verdade de uma afirmação feita no curso do
processo.
III – Ônus subjetivo: deve ser compreendido como o encargo que
recai sobre as partes de buscar as fontes de provas capazes de comprar
as afirmações por elas feitas durante o processo.

A DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA (POSIÇÃO MAJORITÁRIA):


I – A acusação tem que provar a existência do fato típico e também é
obrigada a autoria e a relação de causalidade (nexo causal); por último,
também deve comprovar o elemento subjetivo (dolo).
II – Dolo e culpa: a acusação deve provar não só a culpa como
também o dolo. A prova do dolo é feita a partir da análise dos elementos
objetivos do caso concreto.
III – Teoria das instruções de avestruz: essa teoria vem sendo
utilizada em relação ao crime de lavagem de capitais. Quando o agente
de maneira deliberada procura evitar a consciência quanto à origem

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
30 Gabriel Reis, 7ºSSB

ilícita dos bens, assume o risco de produzir o resultado de ocultação de


tais valores, respondendo pelo crime de lavagem a título de dolo
eventual. É preciso uma situação assim: enorme quantia em dinheiro e
não se pergunta a origem, você está sendo coautor a título de dolo
eventual.
IV – O que a defesa tem que provar: eventuais fatos modificativos,
impeditivos ou extintivos.
 Fato modificativo: excludentes de ilicitude (legitima defesa,
estado de necessidade, exercício regular do direito e estrito
cumprimento do dever legal);
 Fato impeditivo: excludente de culpabilidade (ausência de
potencial consciência da ilicitude e a inexigibilidade de conduta
diversa);
 Fato extintivo: causas extintivas de punibilidade (anistia, graça,
indulto, nova lei deixe de considerar o fato como crime;
prescrição, decadência...).

INVERSÃO DO ONUS DA PROVA:


I – Entende-se cabível uma inversão do ônus da prova quanto aos
efeitos secundários da condenação penal que tenham natureza de
sanção civil visando a reparação do dano.
II – Ex.: sequestro de bens na incompatibilidade da renda: deverá o
réu provar que esses bens não foram frutos do dos crimes de lavagem
de capitais ou infrações penais antecedentes.

DA PROVA ILICITA À PROVA ILEGAL:


I – Prova ilegal: toda vez que sua obtenção viola normas legais, de
natureza processual ou material; pode ela ser ilícita e ilegítima.
 Prova ilícita: violação de uma regra de direito material (torturar
para conseguir uma prova).

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
31 Gabriel Reis, 7ºSSB

 Prova ilegítima: violação de regras de direito processual (juntar


documento aos autos sem respeitar o prazo de três dias úteis
de antecedência no procedimento do júri popular).

 Prova ilícita é obtida fora do processo; a ilegítima, em regra, é


obtida no momento de sua produção no processo, durante o
processo.

 Retirar a prova ilícita: se for prova ilícita, ela é retirada por


desentranhamento (direito de exclusão). Lavra-se uma certidão
e retira-se aquilo dos autos.

 Retirar a prova ilegítima: teoria das nulidades

 Com a alteração legislativa no art. 157, CPP, a diferença de


prova ilícita e ilegítima acabou. Porque agora, se você violou
(prova ilegal), a consequência é uma só: a ilicitude da prova.

III – Jurisprudência: extração, sem prévia autorização judicial, de


dados e de conversas registrada no whats app são nulas

PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO:


I – Meios probatórios que, não obstante produzidos validamente em
momento posterior, encontra-se afetados pelo vício da ilicitude
originária, que eles se tramitem contaminando-os por efeito de
repercussão causal (teoria dos frutos da árvore envenenada).
II – Avisos de Miranda: nenhuma validade pode ser conferida às
declarações feitas pela pessoa à polícia, a não ser que antes tenha sido
informada de (são três avisos): que tem o direito de não responder; que
tudo o que disser poderá ser usado contra ele; que tem o direito à
assistência de um advogado.
III – Jurisprudência: confissão sem os avisos de Miranda: nula;
obrigar o suspeito a colocar o seu celular em “viva voz” no momento de

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
32 Gabriel Reis, 7ºSSB

uma ligação é considerado prova ilícita, assim como as que derivarem


dela; mensagens de aparelho telefônico estão protegidos pelo sigilo,
necessária autorização judicial para quebrar o sigilo, sob pena de
nulidade de eventuais provas colhidas deste aparelho (é permitido a
apreensão do celular, apenas, sem a autorização judicial).

LIMITAÇÕES OU EXCEÇÕES À PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO:


I – Teoria da fonte independente: se o órgão da persecução penal
demonstrar que obteve legitimamente novos elementos de informação a
partir de uma fonte autônoma de prova, que não guarde qualquer
relação de dependência, nem decorra da prova originariamente ilícita,
com esta não mantendo vínculo causal, tais dados probatórios são
admissíveis, pois não são contaminados pelo vício da ilicitude originária
(157, § 1º, CPP).
II – Limitação da descoberta inevitável: essa teoria será aplicável
caso se demonstre que a prova seria produzida de qualquer maneira,
independentemente da prova ilícita originaria. Entretanto, não é possível
se valer dessa teoria com base em dados meramente especulativos,
sendo indispensável a existência de dados concreto que demonstrem
que a descoberta seria inevitável (157, § 2º, CPP).
III – Teoria do encontro fortuito de provas: ocorre quando a
autoridade policial, no cumprimento de uma diligência, casualmente
encontra provas que não estão na linha de desdobramento natural da
investigação. Se houver desvio de finalidade na linha de
desdobramento, a prova será considerada ilícita. Se não houve (se foi
fortuito encontrar tal prova), a prova é considerada válida.

EXCEÇÃO DA BOA FÉ:


I – Deve ser considerada válida a prova obtida com violação a
princípios constitucionais, desde que sua obtenção não tenha decorrido
da vontade de quem procedeu à investigação, mas sim de uma situação
de erro ou ignorância. Os dois critérios para sua aplicação seriam a boa
fé e a crença razoável na legalidade da conduta do agente.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
33 Gabriel Reis, 7ºSSB

II – Não há registro de julgados no STJ e STF acerca desta teoria.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE NO PROCESSO PENAL:


I – Conceito: o exercício do poder é limitado, somente sendo
justificadas restrições a direitos individuais por razões de necessidade,
adequação e supremacia do valor a ser protegido.
II – Adequação: a medida adotada deve ser idônea para atingir o fim
proposto (deve haver uma relação de meio e fim). Perguntar: será que o
meio é idôneo a atingir o fim proposto?
III – Necessidade: dentre as medidas idôneas a atingir o fim
proposto, deve-se optar pela menos gravosa.
IV – Proporcionalidade em sentido estrito: entre os valores em
conflito, deve preponderar o de maior relevância (famosa balança do
direito).

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E PROVAS ILÍCITAS PRO


REO:
I – Prova ilícita para absolver alguém é válida, segundo a
jurisprudência. Por quê? Se a vedação da prova ilícita existe para
proteger os direitos fundamentais do cidadão, seria incongruência você
condenar alguém sabendo que ela é inocente com base numa prova
ilícita.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E PROVA ILÍCITAS PRO


SOCIETAT:
I – Há alguns doutrinadores que admitem tal teoria: diante da
gravidade dos delitos, poderíamos admitir a prova ilícita pro societat.
II – SUPREMO NÃO ADMITE!

INUTILIZAÇÃO DA PROVA ILÍCITA:

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II
34 Gabriel Reis, 7ºSSB

I – 157, § 3º, CPP: Preclusa a decisão de desentranhamento da


prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial,
facultado às partes acompanhar o incidente.
II – Recurso cabível contra a decisão de desentranhamento (retirada
da prova dos autos): RESE (recurso em sentido estrito).
III – A impossibilidade de utilização da prova ilícita pelo juiz não
implica necessariamente na destruição física da prova: esta poderá ser
devolvida ao dano, caso pertença a alguém. Caso essa prova ilícita
constitua o corpo de delito em relação a quem praticou o crime para
obtê-la, esta prova não pode ser destruída. Em regra, a prova ilícita,
como documento, deve ser inutilizada, mas nem sempre.
IV – Momento processual do desentranhamento: em regra, o juiz
deve apreciar a ilicitude da prova antes da audiência, hipótese na qual
caberia o RESE. Caso a prova seja apresentada na audiência, o juiz
deve se manifestar sobre o desentranhamento na própria sentença,
hipótese da qual o recurso cabível seria o de apelação. Por outro lado,
independentemente do RESE e da Apelação, nada impede que a
acusação utilize um mandado de segurança e a defesa pode se valer de
um habeas corpus.

DESCONTAMINAÇÃO DO JULGADO:
I – Projeto anticrime: o juiz que tiver contato com a prova ilícita não
poderá exercer a jurisdição no processo.
II – Crítica da doutrina: pode-se manipular o princípio do juiz natural,
uma vez que poderia ser plantada no processo uma prova ilícita só para
afastar o juiz.

“É pela fiel execução da lei e discreto aproveitamento das riquezas do


País que, mediante proteção divina, o Brasil há de prosperar.”
- DOM PEDRO II

Você também pode gostar