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INTRODUÇÃO
Nesta aula analisaremos os preceitos principais do fato típico, levando em conta o conceito analítico de crime.
Abordaremos os componentes do fato típico, em especial a conduta.
Além disso, estudaremos a conduta e as teorias que explicam a sua existência e conheceremos as teorias de conduta
de cunho naturalístico, finalístico e social, as causas de exclusão da conduta e as espécies de condutas.
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OBJETIVOS
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Dentre os elementos que a compõe, vamos aprofundar nossos estudos no fato típico.
Inicialmente é importante conceituar o que venha a ser fato típico e a melhor definição é a que aponta se tratar de um
comportamento humano que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na lei penal.
A primeira característica do crime é ser um fato típico, descrito, como tal, em uma lei penal. Um acontecimento da vida
que corresponde exatamente a um modelo de fato contido em uma norma penal incriminadora, ou seja, a um tipo.
Entretanto, antes de afirmar que estamos diante de um fato típico, devemos analisá-lo e decompô-lo em suas faces
mais simples, para verificar, com certeza, se entre o fato e o tipo existe relação de adequação exata, fiel, perfeita,
completa, total e absoluta.
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CONDUTA
Considera-se conduta a ação ou omissão humana consciente e voluntária dirigida a uma finalidade.
Os adeptos da teoria causalista ou naturalista entendem que a conduta é um puro fator de causalidade.
Essa teoria considera imprescindível que a conduta típica seja um comportamento voluntário, impulsionado pela vontade do
homem, que se concretiza, torna-se real, material, por meio de uma ação positiva ou negativa.
Teoria finalista
O causalismo sofreu fortes críticas, onde se apontava importantes erros, falhas cruciais, pois, como não diferencia o conteúdo da
vontade (a intenção do agente), não tem como definir, por exemplo, com exatidão qual crime deveria ser atribuído a três pessoas
que esfaqueassem outra no braço, sendo que nas três hipóteses (vamos considerar assim) só resultou em lesão corporal leve.
Nesse caso, como definir quem deveria responder por tentativa de homicídio, ou lesão corporal dolosa, ou até mesmo culposa, se
o resultado (em que pese a intenção poder ser diferente) foi o mesmo de lesão leve?
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Não teria como o causalismo responder a essa pergunta, pois, seguindo essa teoria, que se utiliza apenas da relação de ação e
consequência, todos deveriam responder pelo resultado que causaram, ou seja, lesão leve.
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Nem o causalismo, nem o finalismo, segundo eles, conseguem explicar a ação, pelo que
acresceram ao conceito de conduta a ideia de relevância social. Assim, ação é
um comportamento humano socialmente relevante, questionado pelos requisitos do Direito
e não pelas leis naturais.
A teoria adotada pelo código penal é a finalista. Ela é que melhor atende aos interesses do
Direito Penal, até porque é a teoria que consegue explicar a conduta com base no próprio
direito positivo.
ELEMENTOS DA CONDUTA
VONTADE
A conduta, ademais, deve refletir um ato voluntário, isto é, algo que seja o produto de sua vontade consciente.
Quando se trata de “atos instintivos”, o agente responde pelo crime, pois são atos conscientes e voluntários — neles há sempre
um querer, ainda que primitivo e ímpeto.
FINALIDADE
Pressupõe um agir destinado a um fim, seja ele de ordem lícita ou ilícita.
EXTERIORIZAÇÃO
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Afinal, vale dizer, o Direito Penal não pune o pensamento, por mais imoral, pecaminoso ou “criminoso” que seja. O Direito Penal
pune condutas.
Significa que, enquanto a ideia delituosa não ultrapassar a esfera do pensamento, por pior que seja, não se poderá censurar
criminalmente o ato.
Se uma pessoa, em momento de ira, deseja conscientemente matar seu desafeto, mas nada faz nesse sentido, acalmando-se
após, para o direito penal a idealização será considerada irrelevante.
Pode-se falar, obviamente, em reprovar o ato do ponto de vista moral ou religioso, nunca porém à luz do Direito Penal.
CONSCIÊNCIA
Só entram no campo da ilicitude penal os atos conscientes. Se alguém pratica uma conduta sem ter consciência do que faz, o ato
é penalmente irrelevante.
EXCLUSÃO DA CONDUTA
Só existe conduta quando houver vontade do agente.
A experiência da vida mostra algumas situações em que o homem, sem vontade, movimenta-se ou abstém-se de
movimento, dando causa, com uma dessas atitudes, a alguma lesão a um bem jurídico penalmente protegido.
São hipóteses em que se pode até ter movimento humano, mas não se tem fato típico.
São elas:
• Movimentos reflexos
• Estado de inconsciência
Pode ocorrer por fato de terceiros, como greve de ônibus, ou por fato da natureza, como inundação.
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Exemplo:
Essa tem que ser tão forte a ponto de eliminar totalmente a possibilidade de resistência da pessoa.
A doutrina chama essa circunstância de vis absoluta, pois não há vontade, não há conduta e, consequentemente, não
há fato típico, e, por isso, o fato não é crime.
Exemplo:
Nesse caso, a vítima que foi obrigada por meio de força física irresistível não
responderá pelo crime de homicídio. Apenas o criminoso que se utilizou da
coação física irresistível.
Observação
,
Não podemos confundir isso com a coação moral irresistível (vis compulsiva), em que o coagido pode escolher o caminho a ser
seguido: obedecer ou não a ordem do coautor.
Como a sua vontade existe, embora de forma viciada, podemos excluir a sua culpabilidade, em face da inexigibilidade de conduta
diversa.
MOVIMENTOS REFLEXOS
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Em movimentos do corpo ditados pelos reflexos naturais, também não se pode falar na existência de vontade.
ESTADO DE INCONSCIÊNCIA
Dois exemplos de ausência de consciência são sonambulismo e a hipnose, onde também não há conduta, por falta de
vontade nos comportamentos praticados em completo estado de inconsciência.
O agente encontra-se absolutamente privado da possibilidade de saber qualquer coisa. É como se ele estivesse cego,
surdo, mudo e em sono profundo. Logo, não pode querer nada.
Durante o sono, no sonambulismo não se pode afirmar que o agente tenha agido, porque, em qualquer dessas
hipóteses, não se pode concluir pela existência de mínima vontade.
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ESPÉCIES DE CONDUTAS
Existem duas espécies de condutas: ação e omissão.
AÇÃO
Ação é a conduta positiva, que se manifesta por um movimento corpóreo, ou seja, traduz uma norma de “não fazer”. A maioria dos
tipos penais descreve condutas positivas (“matar”, “subtrair”, “constranger”, “falsificar”, “apropriar-se” etc.). Entretanto, nesses
crimes, chamados comissivos, a norma é de cunho proibitiva.
OMISSÃO
Omissão é a conduta negativa, que consiste na indevida abstenção de um movimento. Nos crimes omissivos, a norma penal é
mandamental ou imperativa: em vez de proibir alguma conduta, ela determina uma ação, punindo aquele que se omite, ou seja,
exige um “fazer”.
Naturalística ou causal
A teoria naturalística afirma que se deverá imputar um resultado a um omitente sempre que
sua inação lhe der causa.
Aqui, a omissão é um fenômeno causal que pode ser constatado no mundo fático.
Normativa ou jurídica
Por isso, essa teoria recebe o nome de normativa, pois há a exigência de uma norma que
obrigue o omitente a agir. Entretanto, ele voluntariamente opta por não fazer o que a lei
determine que ele faça.
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Dessa forma, a omissão é não fazer o que a lei determina que se fizesse, sendo essa a
teoria adotada pelo Código Penal.
VOCÊ SABIA?
Uma questão interessante repousa no caso da omissão imprópria (ou comissivo por omissão), pois o tipo penal
descreve uma ação, mas a omissão do agente acarreta a sua responsabilidade penal pela produção do resultado. Essa
regra está contida no art. 13, § 2º, do CP.
Para que alguém responda por um crime comissivo por omissão, é necessário que, nos termos do art. 13, § 2º, do CP,
tenha o dever jurídico de evitar o resultado.
Exemplo: Pai com relação aos filhos; diretor do presídio no tocante aos presos etc.
Quando o agente, de qualquer forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (não apenas
contratualmente).
É o caso do médico plantonista; do guia de alpinistas; do salva-vidas, com relação aos banhistas; da babá, para com a
criança.
Ingerência na norma
Quando o agente criou, com seu comportamento anterior, o risco da ocorrência do resultado.
Exemplo: O nadador exímio que convida para a travessia de um rio uma pessoa que não sabe nadar torna-se obrigado
a evitar seu afogamento. A pessoa que joga um cigarro aceso em matagal obriga-se a evitar eventual incêndio.
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Glossário
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