Você está na página 1de 153

Metodologia do

Trabalho Científico

www.esab.edu.br
Metodologia do Trabalho
Científico

Vila Velha (ES)


2013
Escola Superior Aberta do Brasil
Diretor Geral
Nildo Ferreira
Diretor Acadêmico
Beatriz Christo Gobbi
Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância
Beatriz Christo Gobbi
Coordenadora do Curso de Administração EAD
Rosemary Riguetti
Coordenador do Curso de Pedagogia EAD
Claudio David Cari
Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD
David Gomes Barboza

Produção do Material Didático-Pedagógico


Delinea Tecnologia Educacional / Escola Superior Aberta do Brasil
Diretoria Executiva Design Educacional
Charlie Anderson Olsen Renata Oltramari
Larissa Kleis Pereira Revisão Gramatical
Margarete Lazzaris Kleis Elaine Monteiro Seidler
Thiago Kleis Pereira Érica da Silva Martins Valduga
Conteudista Hellen Melo Pereira
Simone Regina Dias Paulo de Tarso Vieira
Coordenação de Projeto Design Gráfico
Andreza Lopes Neri Gonçalves Ribeiro
Patrícia Battisti Diagramação
Supervisão de Design Educacional Fernando Andrade
Barbara da Silveira Vieira Equipe Acadêmica da ESAB
Supervisão de Revisão Gramatical Coordenadores dos Cursos
Andréa Borges Minsky Docentes dos Cursos
Supervisão de Design Gráfico
Laura Martins Rodrigues

Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil.
www.esab.edu.br
Av. Santa Leopoldina, nº 840
Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES
CEP 29102-040
Apresentação

Caro estudante,

Seja bem vindo à ESAB. A Escola Superior Aberta do Brasil, funda-se no princípio
básico de atuar com educação a distância, utilizando como meio, tão somente,
a internet. Em 2004,foi especialmente credenciada para ofertar cursos de pós-
graduação a distância, via e-learning, utilizando-se de software próprio denominado
Campus Online.

Em 2009 foi credenciada com Instituição de Ensino Superior – IES, através da


portaria MEC nº 1242/2009, de 30 de dezembro de 2009, ocasião em que também foi
autorizada a ofertar o curso de pedagogia – licenciatura, na modalidade presencial,
conforme portaria MEC nº 14/2010, de 9 de janeiro de 2010.

Em outubro de 2012 recebeu o Prêmio Top Educação 2012, da Editora Segmento,


sendo reconhecida como a Melhor Instituição de Ensino EAD para Docentes.

Em 2013 é aprovada para a oferta dos cursos de: Administração (Bacharelado);


Pedagogia (Licenciatura) e Sistemas de Informação (Bacharelado), todos na
modalidade EAD, com avaliação máxima das comissões avaliadoras.

Você já deve estar se perguntando: o que vamos aprender nesta disciplina? Pois bem,
será uma prazerosa descoberta sobre assuntos muito discutidos entre pesquisadores e
acadêmicos: a metodologia do trabalho científico.

Esta disciplina possui um caráter instrumental, visando a atividade científica dos


estudantes. Mas o que significa ciência? E o conhecimento, como se constrói? Já
sabemos que para o ensino ter eficácia e qualidade precisa de uma pedagogia
fundada em uma postura investigativa. E um de nossos objetivos é despertar isso em
você! Ou seja, despertar a vontade de pesquisar e colocá-lo em contato com algumas
ferramentas que podem ajudá-lo nesse processo. Para tanto, trabalharemos com os
autores Magalhães (2005), Máttar Neto (2011), Severino (2007) e Vergara (2007).

As ideias abordadas ao longo deste caderno de estudo podem se constituir em


eficiente ferramenta para a realização das pesquisas e da estruturação do trabalho
acadêmico-científico na área de conhecimento do curso que você escolheu.
Por fim, destaca-se que este caderno de estudo pretende subsidiar uma competente
preparação técnico-científica, auxiliando no enfrentamento das diversas empreitadas
ao longo de seu processo de formação.

Bom estudo!

Equipe Acadêmica da ESAB

Objetivo
O nosso objetivo é formar profissionais qualificados que compreendam o processo
de formação do conhecimento científico, habilitando-os tecnicamente para o
exercício da pesquisa.

Competências e habilidades
• Reconhecer a dinâmica da pesquisa, verificando as diretrizes metodológicas e
técnicas para a elaboração do trabalho científico, ao contemplar suas etapas, seus
aspectos redacionais e suas diversas modalidades, no amplo contexto da vivência
acadêmica.
• Identificar o impacto das tecnologias da comunicação e da informação nos
processos de produção do conhecimento.
• Empregar os procedimentos da metodologia científica para elaboração de
trabalhos técnico-científicos.
• Elaborar os diversos tipos de trabalhos acadêmico-científicos, aplicando as normas
da ABNT.

Ementa
Tipos de conhecimento e ciência. A ciência moderna e o contexto sociocultural.
Tipos de Trabalhos Científicos. Metodologia de Pesquisa. Relatório de Pesquisa.
Normatização de Trabalhos Científicos.
Sumário
1. O que é e para que serve o conhecimento?......................................................................6
2. Tipos de conhecimento..................................................................................................12
3. O que é ciência?.............................................................................................................19
4. Pesquisa científica..........................................................................................................24
5. Sociedade da informação...............................................................................................28
6. Classificação das ciências...............................................................................................32
7. Continuidades e descontinuidades.................................................................................38
8. Ciência, técnica e tecnologia..........................................................................................46
9. Produção científica: fichamento.....................................................................................51
10. Produção científica: resenha crítica................................................................................58
11. Produção científica: artigo científico..............................................................................63
12. Produção científica: monografia, dissertação e tese.......................................................70
13. Para que serve a metodologia científica?.......................................................................77
14. Em torno do método: indução e dedução.......................................................................83
15. Pesquisa quantitativa.....................................................................................................90
16. Pesquisa qualitativa.......................................................................................................94
17. Projeto de pesquisa: finalidades e estrutura...................................................................99
18. Projeto de pesquisa: elaboração...................................................................................105
19. Projeto de pesquisa: finalização...................................................................................111
20. Resultados da pesquisa: a divulgação..........................................................................116
21. Estrutura do trabalho científico: elementos pré-textuais e textuais.............................120
22. Estrutura do trabalho científico: elementos pós-textuais.............................................125
23. Citações.......................................................................................................................128
24. Elaboração das Referências..........................................................................................133
Glossário.............................................................................................................................142
Referências.........................................................................................................................151
O que é e para que serve o
1 conhecimento?
Objetivo
Explicitar o conceito de conhecimento e identificar suas
aplicabilidades.

Caro aluno, antes de começarmos a trabalhar o conteúdo desta


disciplina, vamos refletir sobre o motivo de sua existência logo no
início do curso. Você vai perceber a inter-relação entre as unidades,
que remetem umas às outras. Isso acontece porque os termos que
abordaremos a seguir possuem uma relação muito próxima, e é preciso
compreender como se estrutura esta equação entre conhecimento,
pesquisa e o processo de ensino/aprendizagem.

Severino (2007) nos auxilia nessa tarefa quando explica que a atividade
de ensinar e aprender está intimamente vinculada ao processo de
construção do conhecimento, pois ele é a implementação de uma
equação de acordo com a qual educar – ou seja, ensinar e aprender
– significa, entre outros, conhecer; e, por sua vez, conhecer significa
construir o objeto; enquanto construir o objeto significa pesquisar.

Então, não podemos adotar uma postura passiva no ato de assimilar o


conhecimento. Pelo contrário, o que esperamos de você, nesta etapa de
formação, ao ingressar no Ensino Superior, é que o conhecimento seja
construído pela experiência ativa.

O conhecimento humano é tema que instiga o pensamento e nos faz


sempre refletir de forma diferente diante da história e dos acontecimentos
contemporâneos. É impossível estudar a metodologia de pesquisa sem
antes entender as formas de investigar seu principal ator: o ser humano.

A forma como nos comportamos e vivemos em sociedade induz ao


aparecimento de tendências de comportamento modificadas devido

www.esab.edu.br 6
à sua própria evolução. Essa dinâmica move a ciência a estudar e
descobrir questionamentos que não podem ser explicados apenas pela
presença dos fatos.

Se considerarmos o conhecimento como a construção do objeto que


se conhece, concluiremos que a atividade de pesquisa é fundamental
e imprescindível no processo de ensino/aprendizagem. E é por isso
que Severino (2007) sustenta que ensino e aprendizagem só serão
motivadores se o seu processo se der como processo de pesquisa. Então,
em última instância, o que conta agora não é mais a capacidade de
decorar e memorizar centenas de dados, fatos, datas, noções, mas sim a
competência de entender, refletir, articular e analisar as informações, os
fatos e as noções, estabelecendo interligações entre as coisas aprendidas.
Trata-se, pois, de apreender processos.

Tendo isso em mente, perguntamos a você: como surgiu o


conhecimento? Qual a sua origem?

A produção do conhecimento é um tema polêmico, já que divergem


as perspectivas sobre sua origem. O ser humano atribui a origem do
conhecimento a fontes variadas, tais como:

• revelação, inspiração divina, graça;


• autoridade, tradição, opinião de especialistas;
• senso comum;
• lógica dedutiva e indutiva;
• observação sensorial;
• pesquisa científica.

A busca pelo conhecimento tem início com a preocupação em saber ao


certo qual seria o lugar do ser humano no universo. Inicialmente, pode-se
pensar que a busca pelo conhecimento ou a produção do conhecimento
ocorre no momento em que se buscam respostas sobre a origem do ser.

Mas o que significa conhecer? Trata-se de incorporar um conceito novo


sobre um fato ou fenômeno qualquer. Sabemos que o conhecimento não
nasce do vazio, mas sim das experiências que acumulamos em nossa vida

www.esab.edu.br 7
cotidiana, por meio dos relacionamentos interpessoais, das vivências, das
leituras etc.

O que nos distingue dos demais animais é justamente o fato de que


somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento. Sim,
somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos
meios, em uma situação de mudança do conhecimento. E por meio da
linguagem registramos e transmitimos nossas experiências aos outros
seres humanos. O conhecimento pode ser entendido ainda como a
relação que se estabelece entre sujeito que conhece ou deseja conhecer e o
objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer.

Enquanto o conhecimento é percebido como o acúmulo de informações


de cunho intelectual, como o domínio acerca de determinado assunto, a
ciência pode ser compreendida como o conhecimento racional metódico,
relativamente verificável e sistemático, que visa estabelecer relações
necessárias entre as coisas.

Então, vale a pena fazermos a distinção entre conhecimento e


informação. Vejamos: uma enciclopédia em si não acarreta um processo
de conhecimento em aberto, tendo em vista que ela não costuma
passar de um repositório de informações já pesquisadas, previamente
processadas. Já o ato de conhecer é um processo que exige que nela
ocorra o ato que leva um sujeito a utilizá-la com o propósito de
conhecimento (MAGALHÃES, 2005).

Se a informação isolada é um dado, a informação em rede é o


pressuposto do conhecimento. Ou seja, é preciso estabelecer relações, dar
sentido, articular, apurar o senso crítico para promover as conexões.

Magalhães (2005) explica que mesmo um conhecimento já existente


no acervo da humanidade, ao ser reelaborado por uma pessoa que o
desconhecia, parece novo, de forma que podemos admitir que esse
processo também faz parte da criação. E o conhecimento como processo
é justamente o que se deseja para a atividade escolar. Em vez de decorar e
de aceitar noções sem crítica, é fundamental pensarmos em criatividade
no aprendizado, dando sentido à apreensão do conhecimento.

www.esab.edu.br 8
1.1 Voltando às origens
No Oriente, a invenção do conhecimento foi tarefa da filosofia e da
religião. A maioria das religiões orientais não apresenta uma distinção
clara entre filosofia e religião. Xintoísmo, budismo, bramanismo
são alguns exemplos das religiões orientais nas quais não se percebe
claramente a diferença entre ensinamentos religiosos e filosóficos, sendo
partes de uma unidade. No Ocidente, somente quando a Europa se
livrou do longo pesadelo das guerras religiosas e se estabeleceu numa
vida de exploração comercial e industrial foi que a ciência começou a ser
incorporada (MÁTTAR NETO, 2011).

Como afirma Máttar Neto (2011), o mundo medieval era passivo e


simbólico, enxergando na natureza a assinatura do Criador. Então,
o que se viu nessa trajetória da humanidade foram passos lentos de
invenções e inovações, até chegarmos ao pensamento racional, que surge
simultaneamente com a escrita, diminuindo a importância da memória e
audição das sociedades míticas.

Portanto, o berço da busca pelo conhecimento é a Grécia Antiga, onde


teve início a separação que conhecemos no Ocidente entre religião e
filosofia, apesar de civilizações anteriores a esta já terem apresentado
consideráveis realizações científicas. Surge, assim, a primeira dicotomia
que acompanha a humanidade ocidental até hoje.

A dicotomia consiste na classificação pautada na divisão e subdivisão


sucessiva em dois, geralmente opostos. E tratar as relações com a dicotomia
do isso ou aquilo, de oposição, é operar na dualidade, na divisão.

Para alguns estudiosos, a filosofia terá um peso classificatório maior


do que a religião porque a sua preocupação é com a busca do saber, e
isso seria a coisa mais importante a ser feita. Por outro lado, a religião
ficaria responsável pelas questões espirituais. E então surgiu uma nova
divisão entre mente, que representa a consciência, e espírito ou alma, que
representa a inconsciência.

O filósofo grego Platão, em um de seus escritos publicados em “A


República”, apresenta a “alegoria da caverna”. Ele menciona o mito de

www.esab.edu.br 9
uma caverna escura onde os habitantes, acorrentados de costas para o sol,
veem apenas suas próprias sombras – e as sombras do mundo – projetadas
na parede, iluminada por uma fogueira, que por sua vez ilumina ainda um
palco em que estátuas dos seres, como homens, plantas, animais etc., são
manipuladas, como que representando o cotidiano desses seres. De onde
estão, os habitantes da caverna não conseguem discernir entre o ilusório
e o real, e todo o conhecimento do mundo exterior decorre apenas das
sombras. Somente quando um dos prisioneiros consegue se libertar e
olhar para a realidade iluminada pelo sol é que compreende, de fato, o
que eram as projeções na parede. Isso nos remete à seguinte reflexão: os
prisioneiros somos nós que, conforme nossas tradições diferentes, hábitos
diferentes, culturas diferentes, estamos acostumados com as noções sem
que delas reflitamos para fazer juízos corretos, mas apenas acreditamos e
usamos como nos foi transmitido.

Para sua reflexão


Então, perguntamos a você: pode existir um
conhecimento independente das opiniões, um
conhecimento verdadeiro e não dogmático?
As respostas a essas reflexões formam parte de sua
aprendizagem e são individuais, não precisando
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.

Figura 1 – A alegoria da caverna.


Fonte: Alexandre Oliveira (2012).

www.esab.edu.br 10
Outro questionamento que pode ter surgido ao longo desta leitura é
o seguinte: mas, afinal, para que serve o conhecimento? Poderíamos
responder com algumas alternativas:

• autoconhecimento: ou seja, para se conhecer melhor;


• conhecimento da realidade: conhecer o mundo que nos cerca,
entendendo os fenômenos;
• visão utilitarista: uso do conhecimento para se beneficiar.

Mas podemos e devemos ir além dessas respostas. Já sabemos que o ser


humano costuma usar o conhecimento para reagir ao meio e, se possível,
transformá-lo.

E é importante que você perceba que o conhecimento só adquire sentido


para a humanidade na medida em que contribui para incrementar
sua capacidade de fruir a vida e para diminuir o sofrimento humano.
E isso fornece um sentido mais amplo às descobertas. A partir dessa
compreensão e da percepção das divisões iniciais em relação ao
conhecimento, começaram a acontecer outras, que transformaram a
nossa compreensão sobre o termo. Passamos a fazer distinções entre o
conhecimento filosófico, o conhecimento teológico, o conhecimento
empírico e o conhecimento científico, assunto de nossa próxima unidade.

www.esab.edu.br 11
2 Tipos de conhecimento

Objetivo
Apresentar os tipos de conhecimento, verificando suas inter-relações.

A metodologia científica praticada atualmente se pauta por articular


os rigores da produção científica às mudanças da sociedade do
conhecimento. Na apresentação da disciplina, já nos referimos às áreas de
conhecimento.

Ali, afirmamos que a metodologia científica aplicada a cada situação


varia de acordo com as premissas de cada área do conhecimento porque
cada área respeita suas regras internas e a sua própria história. Assim, as
pesquisas ligadas às áreas de humanidades sempre tenderão a ser mais
qualitativas e menos quantitativas, enquanto que nas áreas de exatas,
aplicadas e da saúde o uso das formulações quantitativas são mais
recorrentes.

2.1 O tácito e o explícito na sociedade do


conhecimento
Vamos começar nossa unidade distinguindo dois níveis de conhecimento:
o tácito e o explícito.

O conhecimento tácito emerge da experiência cotidiana aliada às leituras


e interpretações das mais diversas teorias. Essa confluência entre teoria e
prática e a experiência pessoal de cada indivíduo não ajuda no processo
de ensino e aprendizagem, pois se trata de um conhecimento que pode
ser observado e entendido na prática vivenciada pela pessoa. Trata-se
daquele que se obtém ao longo da vida e, desse modo, passa a fazer parte
da vida das pessoas. Usualmente é complicado explicar a mecânica desse
processo, isso porque se trata de um conhecimento subjetivo, sendo

www.esab.edu.br 12
inerente às habilidades de uma pessoa, como “saber fazer” (know-how)
alguma coisa. A palavra tácito vem do latim tacitus, que significa “não
expresso por palavras” (MAGALHÃES, 2005).

Assim, podemos entender o conhecimento tácito como um conjunto de


procedimentos práticos que podem ser observados, não sendo necessário
que exista uma pedagogia explicativa sobre como a pessoa faz aquilo. Quer
um exemplo? Pense no caso de sua mãe ou avó, se for o caso, que cozinha
de uma forma magistral, apesar de nunca ter feito um curso de culinária.
Perceba que se trata de conhecimento subjetivo, não mensurável, de difícil
captura e transmissão e, por isso mesmo, muito valioso.

O conhecimento explícito é de mais fácil compreensão, visto que ele é


composto de experiências que podem ser replicadas, transformando-se
rapidamente em um método (MAGALHÃES, 2005).

Esse método pode ser de longa duração, ou seja, servir por muito tempo,
ou pode ser de curta duração, perdendo seu sentido depois de alguns
meses ou anos. Sendo um sistema que permite o aprendizado de forma
escrita ou imagética, atribui-se a esse tipo de conhecimento a característica
de ser objetivo. As formas mais comuns do conhecimento explícito
são os manuais, documentos e procedimentos, onde se sistematizam as
informações, propondo, por exemplo, um método de trabalho.

Vejamos a famosa escultura de Auguste Rodin, intitulada “O pensador”,


na qual o artista representa a figura de Dante Alighieri. Essa escultura
simboliza o poder do pensamento e da criatividade humana.

www.esab.edu.br 13
Figura 2 – “O pensador”, de Auguste Rodin.
Fonte: <commons.wikimedia.org>.

O conhecimento humano nos dias de hoje está classificado em


quatro níveis principais, os quais são denominados: conhecimento
popular, conhecimento religioso, conhecimento filosófico e, por
fim, o conhecimento científico. Cada um desses níveis apresenta seus
argumentos para dar conta de explicar o surgimento do homem, do
mundo e de toda forma de conhecimento que nele habita.

Nesta unidade, esse assunto será tratado de maneira conceitual e


genérica, com exceção do conhecimento científico, que será contemplado
com maior profundidade em outras unidades, pois nele está a base desta
disciplina.

www.esab.edu.br 14
2.2 Conhecimento popular, vulgar ou empírico: o
senso comum
O conhecimento popular envolve as opiniões não comprovadas, ou
seja, as experiências do dia a dia. Sua aquisição, em geral, não se pauta
em estudos e pesquisas. E não existe uma preocupação em estabelecer
relações significativas entre os fatos nem em interpretá-los.

Possui como características o fato de ser reflexivo, assistemático, verificável,


falível e inexato. Podemos dizer que é reflexivo, mas está limitado
pela familiaridade com o objeto, então não pode ser reduzido a uma
formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na premissa
de que possui uma organização particular das experiências do sujeito
cognoscente, e não em uma sistematização das ideias, na procura de uma
formulação geral que explique os fenômenos observados. É verificável na
medida em que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo
que se pode perceber no cotidiano. E, por fim, consideramos falível e
inexato haja vista que se conforma com a aparência e com o que se ouviu
dizer a respeito do objeto (MÁTTAR NETO, 2011).

O senso comum é um tipo de conhecimento que se passa de geração a


geração. Por exemplo, no passado os agricultores aprenderam a dominar
as técnicas de plantio, de colheita e de beneficiamento dos produtos
agrícolas se baseando exclusivamente na observação da natureza. Qual é o
melhor período para plantar? Qual é o melhor período para colher? Qual
é a época do ano que chove mais? Qual é a época mais seca? Enfim, ao
longo de algumas gerações, a observação da natureza acabou ensinando
os primeiros agricultores a dominarem todo o processo de cultivo das
plantas utilizadas em nossa dieta.

Pense na seguinte situação como exemplo: um pescador vigilante, do alto


da encosta, sabe identificar o momento exato em que um cardume entra na
baía para que possa sair com seu barco pesqueiro para o mar. Ele pode ser
analfabeto, morador de uma vila isolada dos grandes centros e não dispor
de recursos de informação e tecnologia. A sua sabedoria fundamenta-se
justamente na sua experiência cotidiana, herdada de seus antepassados ao
observar o movimento das águas do mar e a direção do vento.

www.esab.edu.br 15
2.3 Conhecimento religioso, ou teológico
Saiba que o conhecimento religioso parte do princípio de que as verdades
nas quais se acredita são infalíveis ou indiscutíveis, posto que se trata de
revelações da divindade.

Sua adesão ocorre em função da fé das pessoas. Desse modo, não se


coloca em dúvida nem há necessidade de se verificar sua veracidade. As
verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis, como já se afirmou;
trata-se de um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado,
finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências
não são verificadas, já que está sempre implícita uma atitude de fé
perante um conhecimento revelado.

Note que, quando se acredita na representação mítica do mundo, pode


ser considerada religião. O ato de acreditar na representação mítica
significa ter fé em “verdades” registradas em livros sagrados ou reveladas
por seres considerados iluminados, profetas, santos. Já as formas de
institucionalização das religiões, como templos, símbolos e rituais, não
garantem que necessariamente os indivíduos tenham uma consciência
religiosa.

2.4 Conhecimento filosófico


E o conhecimento filosófico, a que se refere? Podemos caracterizá-lo
como um diálogo contínuo com os filósofos precedentes, pautando-
se em raciocínios lógicos e sem obrigação de vínculo com a realidade.
Cabe destacar que no início as diferenças entre filosofia e ciência não
eram muito evidentes, já que os primeiros filósofos foram também os
primeiros cientistas.

Como afirma Máttar Neto (2011), a Filosofia é a ciência-mãe, da qual


foram, pouco a pouco, separando-se formas de pensar e métodos que
mais tarde se especializaram e se tornaram independentes.

É por intermédio da razão que se busca analisar ideias, estabelecer


relações conceituais. Veja que, nesse caso, o método empregado na

www.esab.edu.br 16
construção desse tipo de conhecimento é o racional, predominando o
processo dedutivo que precede a experiência, não exigindo confirmação
experimental, mas apenas coerência lógica (MÁTTAR NETO, 2011).

Desse modo, podemos dizer que o conhecimento filosófico é valorativo,


já que seu ponto de partida consiste em hipóteses que não poderão ser
submetidas à observação. Em função disso, não é verificável, já que
os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser confirmados
nem refutados. É também racional, em virtude de consistir em um
conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Possui ainda a
característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a
uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de
apreendê-la em sua totalidade.

Cabe ainda acrescentar que os dois sistemas mais importantes que


construíram o sustentáculo do saber filosófico são os seguintes: o
idealismo e o materialismo, que surgiram, respectivamente, nos
pensamentos de Platão (427-347 a.C.) e de Aristóteles (384-322 a.C.),
filósofos que continuam dialogando com os pensadores contemporâneos.

2.5 Conhecimento científico


Do mesmo modo que o filosófico, o conhecimento científico é racional,
mas este possui a pretensão de ser sistemático e de revelar aspectos da
realidade.

Perceba que o conhecimento científico surge da necessidade de o ser


humano querer saber como os fenômenos ocorrem, em vez de apenas
aceitá-los passivamente. Com esse tipo de conhecimento, começamos a
perceber o porquê de vários fenômenos naturais e, desse modo, temos
condições de intervir nos acontecimentos ao nosso redor.

Sabemos que ele surge não apenas da necessidade de encontrar soluções


para problemas de ordem prática da vida diária, mas do desejo de
fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas por
meio de provas empíricas.

www.esab.edu.br 17
Máttar Neto (2011) explica que o ciclo do conhecimento científico
inclui a observação, a produção de teorias para explicar essa observação, o
teste dessas teorias e seu aperfeiçoamento.

Mas é preciso ter em mente que a ciência, tal como a conhecemos hoje,
é uma criação dos últimos trezentos anos. E ela teve pleno êxito na
era moderna, propiciando avanços tecnológicos e progressos nas mais
diversas áreas. Sabemos que a técnica serviu de base para a indústria, por
exemplo, ampliando o poder do ser humano em manipular a natureza.

Trata-se de um assunto instigante, não é mesmo? Então, vamos descobrir


o que é ciência, sobretudo no que se refere ao desenvolvimento do
método científico. Veja melhor esta discussão na próxima unidade.

www.esab.edu.br 18
3 O que é ciência?

Objetivo
Contemplar a discussão sobre as ciências.

A civilização grega está na base do processo de consolidação da ciência


na cultura ocidental. Foi lá que Aristóteles (384-322 a.C.) inventou o
primeiro método científico que a humanidade conheceu. O método
indutivo-dedutivo foi uma criação dos gregos que ainda é utilizado hoje
em dia.

Aristóteles afirmava que a investigação científica se tratava de uma


progressão de observações que formulavam um princípio geral, que
servia, por sua vez, para que voltássemos às observações.

Segundo esse método, o cientista precisa induzir alguns princípios dos


fenômenos a serem explicados. Depois disso, era necessário deduzir
afirmações sobre os fenômenos, incluindo as premissas. Parece confuso,
mas de forma simples podemos dizer que tudo pode ser resumido assim:
o cientista parte da observação de um fenômeno; a seguir, ele formula
uma premissa chamada de indução; depois, o cientista elabora um ou
alguns princípios gerais; munido desses princípios gerais, o cientista
retorna às observações para validar ou não a sua teoria. Abordaremos esse
assunto mais adiante, em outra unidade.

Saiba que os gregos foram os primeiros a separar os saberes científicos


das outras formas de saber. Entre as formas de saber que ficaram de fora
do saber científico, estão os saberes mundanos (ou senso comum) e os
saberes ligados às religiões, conforme já estudamos.

A principal diferença entre os saberes se encontra na capacidade


de o fenômeno poder ser explicado e/ou comprovado por meio de
uma teoria. Os fenômenos religiosos, por exemplo, não precisam ser

www.esab.edu.br 19
explicados nem comprovados, pois a crença neles se baseia em nossa fé.
A fé não necessita de comprovação. Já vimos também que outro saber
que não se baseia na comprovação científica é o chamado senso comum.
O senso comum se baseava na observação desprovida de base científica
(MÁTTAR NETO, 2011).

O saber científico não se baseia na fé e também não se contenta com a


observação da natureza, embora a observação da natureza seja uma parte
do saber científico.

Todo saber científico se baseia na observação, mas para se tornar um


saber científico, é necessário se conhecer os mecanismos funcionais no
interior de um sistema. Por exemplo, a descoberta do Sistema Solar.
Inicialmente se acreditava que a Terra era o centro do Universo, e que os
outros planetas e estrelas, inclusive o Sol, giravam em torno dela.

Por mais de dois mil anos se acreditou nessa teoria. Mas, durante a Idade
Média, Galileu Galilei, com o auxílio de um telescópio mais poderoso,
descobriu que não era bem assim. Ou seja, ele descobriu que a Terra não
era o centro do Universo e, longe disso, era a Terra que girava em torno
do Sol, acompanhando o movimento dos outros planetas. Assim, a Terra
se tornou uma peça a mais no quebra-cabeça do Sistema Solar, deixando
de ser o seu centro.

Figura 3 – Galileu Galilei.


Fonte: <commons.wikimedia.org>.

www.esab.edu.br 20
Como se percebe nesse exemplo, a ciência precisa de comprovações (o
modelo aristotélico que comprovou o movimento dos corpos celestes),
porém o avanço tecnológico (o novo telescópio de Galileu) pôde alterar
a maneira como interpretamos os sistemas (o novo sistema demonstrou
que a Terra não era o centro do Universo).

Note então que o uso de novas tecnologias afeta a forma como


concebemos as coisas. A forma como vivemos, plantamos, armazenamos,
consumimos, enfim, todas as áreas de nossas vidas são afetadas quando o
assunto é conhecimento.

Mas atenção: a ciência se faz quando o pesquisador aborda os fenômenos


aplicando determinados recursos técnicos, seguindo um método (palavra-
chave quando o assunto é ciência) e apoiando-se em fundamentos
epistemológicos. Este é, digamos, o funcionamento da ciência. Os
fundamentos epistemológicos, nesse caso, são os que fornecem
sustentação e justificativa para a metodologia praticada.

Nesse sentido, Severino (2007, p. 100) explica que a ciência “[...] é


sempre o enlace de uma malha teórica com dados empíricos, é sempre
uma articulação do lógico com o real, do teórico com o empírico, do
ideal com o real”.

A etimologia da palavra ciência vem do latim scire, “saber”, “conhecer”.


Mas perceba que hoje a entendemos como um conhecimento específico,
ainda que não se encontre consenso para essa definição, e isso se deve à
abrangência de suas atividades nas mais diversas áreas.

Mas podemos dizer que, ao fazer ciência, o ser humano parte de uma
determinada concepção acerca da natureza do real e do seu modo
de conhecer. A sistematização dessas posições pode ser chamada
de paradigmas (ou paradigmas epistemológicos). E, para que o
conhecimento produzido pelo pesquisador tenha consistência, é
fundamental admitir algumas verdades universais, ou seja, a ciência
precisa apoiar-se em determinados pressupostos.

www.esab.edu.br 21
Pode-se dizer que o conhecimento científico é resultante da investigação
metódica, sistemática da realidade, pela transcrição dos fatos e fenômenos
em si mesmos e analisando-os, com a finalidade de descobrir suas causas
e concluir sobre as leis gerais que a governam. Nesse sentido, note que
o objeto da ciência consiste no universo material físico, perceptível por
meio de órgãos dos sentidos ou da ajuda dos instrumentos investigativos.
E, desse modo, sua busca consiste em desvendar os segredos da realidade,
demonstrando suas relações de predomínio, igualdade ou subordinação
com outros fatos ou fenômenos.

Você já deve ter percebido que a ciência ocorre a partir do emprego dos
métodos que permitem a comprovação de determinada teoria, conforme
o objeto de estudo escolhido, gerando então conhecimento científico.

Magalhães (2005) nos traz uma reflexão interessante quando destaca que,
por ser “conhecimento”, a ciência é processo, é algo que se transforma,
não estando acabada. Conhecer significa, portanto, o constante
recomeçar desse processo. Ao levar em conta o que já foi pesquisado e
conhecido, o pesquisador segue adiante de modo a aperfeiçoar os níveis
anteriores de conhecimento.

Se o saber não for crítico, generalizante e destinado a conhecer o mundo


em que habitamos, não será ciência. Possivelmente, será apenas senso
comum.

Estudo complementar
Sugerimos que você aprofunde seus
conhecimentos ao ler o artigo “O que é ciência?”,
em que o autor apresenta algumas das principais
concepções de ciência defendidas por filósofos da
ciência desde o surgimento da ciência moderna,
no século XVII. Clique aqui, vale conferir!

www.esab.edu.br 22
Não há espaço, no âmbito das ciências, para crenças, superstições ou
“achismos”: é preciso primar pela objetividade, focar no problema a
ser investigado, deixar as crenças de lado e, por meio de um método
adequado, buscar a resolução para o fato pesquisado.

Daí a importância de se desenvolver o “espírito científico”. E o que vem


a ser isso? Trata-se justamente de uma atitude em busca de soluções reais
para dificuldades encontradas, pautando-se em métodos adequados.
Assim, o ser humano dotado de espírito científico apresenta em seu
pensamento a crítica (o chamado senso crítico), a objetividade e a
racionalidade.

Eis que são palavrinhas que merecem nossa atenção. Por isso, são
assuntos de nossa próxima unidade.

Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de
Aprendizagem da instituição e participe do nosso
Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar,
por meio da interação, a construção do seu
conhecimento. Vamos lá?

www.esab.edu.br 23
4 Pesquisa científica

Objetivo
Discutir o ato de “fazer ciência” hoje.

“Não existe nenhum caminho lógico para a descoberta das leis do Universo. O único
caminho é o da intuição.” (Albert Einstein)

Até aqui você já deve ter percebido que a ciência é simultaneamente um


saber teórico (que explica o real) e um poder prático (maneja o real pela
técnica). E, para que se desenvolva o conhecimento científico, é preciso a
realização da pesquisa científica, tão importante nos mais diversos setores
e áreas.

4.1 Fazer ciência


Fazer pesquisa, então, requer capacidade, competência humana e técnica.
Mas, afinal, o que significa pesquisar? Basicamente, trata-se de buscar
informações a respeito de algo, investigar. Seria ótimo se pudéssemos,
numa pesquisa, apenas informar o termo/assunto que precisamos e
tudo aparecesse pronto, bastando apenas escolher, isso sim, isso não...
Mas não é bem assim que acontece. Por quê? Porque ao iniciar uma
pesquisa temos uma ideia ainda vaga ou pouco fundamentada daquilo
que queremos estudar. À medida que vamos estudando, o assunto
se desdobra, e aquilo que antes parecia simples e certo se amplia e se
complica.

Além disso, nós mesmos estamos implicados naquilo que estudamos,


pois a todo momento estamos acionando aquilo que sabemos naquilo
que ainda estamos tentando entender. E a informação nos transforma de
tal modo que, se não tomarmos alguns cuidados, podemos perder o foco,
perder o interesse e tornar a pesquisa um quebra-cabeça muito difícil.

www.esab.edu.br 24
Para lidar com tal situação, a metodologia de pesquisa existe. Ela nos
mantém atentos àquilo que estamos buscando, de forma a selecionar
e ordenar adequadamente as informações, os dados que surgem. E
é fundamental, também, a formação do pesquisador, que requer
instrumentos básicos para empreender trabalhos de natureza científica.

Em linhas gerais, podemos dizer que um trabalho desse tipo nasce de um


problema de pesquisa, da escolha do tema e da delimitação do assunto.
Obviamente, o problema deve ser claro, objetivo e passível de resolução a
partir do tratamento científico.

Existe um pressuposto primordial que você não pode esquecer: métodos


e linhas de pesquisa são ferramentas que facilitam e potencializam a
geração de conhecimento.

Vergara (2007) nos lembra de que a atividade básica da ciência é a


pesquisa, e convém não esquecermos que as lentes do pesquisador
também estão impregnadas de crenças, paradigmas, valores. Negar isso
é negar a condição humana da existência. E a autora também ressalta
a compreensão da ciência como processo permanente de busca da
verdade, de sinalização sistemática de erros e correções, pautando-se na
racionalidade.

Caso a pesquisa tenha hipóteses, como veremos mais à frente, elas


devem ser, de certa forma, testadas para serem confirmadas ou não,
em um confronto com a realidade. Mesmo que a hipótese não se
mostre verdadeira, sua formulação ajudará a encaminhar a resolução do
problema.

Portanto, tenha em mente que você deverá trabalhar com o binômio


“problematização – hipótese”, ou seja, buscar evidências de que sua
hipótese para determinado problema pode ser testada, aplicada e
comprovada, sendo útil para a ciência e para a sociedade. Para isso, você
deve conhecer um pouco mais sobre a formulação da(s) hipótese(s).
Magalhães (2005) expõe que as hipóteses que resistem e se mostram
verdadeiras acabam sendo chamadas de “leis”, de validade considerada
universal, ainda que o correto seja restringir sua aplicabilidade às

www.esab.edu.br 25
condições e épocas em que foram enunciadas e testadas. As leis são
elaboradas em todas as áreas das ciências.

E é importante entender que as teorias científicas possuem como objeto a


reunião de várias leis que se relacionam.

Saiba mais
A teoria geral da relatividade, formulada
por Einstein, teve mais algumas hipóteses
comprovadas quase 100 anos após sua
formulação. Para Einstein, tempo e espaço são
deformados pela gravidade.
Cientistas trabalharam por quatro décadas em
uma sonda gravitacional (GP-B) que, em 2011,
confirmou cientificamente a influência do
campo gravitacional da Terra sobre o espaço e
tempo. Antes disso, a hipótese foi comprovada
matematicamente, e agora pode ser testada e
validada devido ao avanço tecnológico. Então,
note como os avanços da pesquisa podem ser
lentos e graduais ou em saltos.

Outro conceito básico quando nos referimos à pesquisa científica é o de


causalidade. Magalhães (2005) explica que a causalidade é importante
porque remete a explicação ao nível da nossa racionalidade, de maneira
que possa ser entendida por qualquer um, até mesmo quando não
concorde com tal explicação.

Mas para uma série de fenômenos que são pesquisados – sobretudo os


sociais –, é preciso lembrar que podem ocorrer causas múltiplas.

Por meio de nossas percepções, conseguimos apreender os eventos


que chamamos de causa e efeito. Para David Hume, filósofo escocês
empirista, a causalidade seria questão de hábito: por sempre vermos

www.esab.edu.br 26
supostas causas e efeitos, sugerimos e acreditamos que exista um elo que
denominamos causalidade (MAGALHÃES, 2005).

A pesquisa científica busca, por meio de seus resultados, a capacidade de


formular leis que sejam as mais gerais possíveis e não apenas válidas para
casos particulares. Sabemos que é preciso certa duração de tempo para
ocorrer essa generalização.

Magalhães (2005) acrescenta que as próprias leis “gerais” resultantes das


generalizações são sempre históricas e, portanto, mutáveis. E acrescenta:
“[...] isso vale até para as leis da física, química etc. – embora seja bom
insistir que leis permanecem com validade geral enquanto duram, não se
particularizando devido à sua eventual transitoriedade” (MAGALHÃES,
2005, p. 91).

Ao tratarmos de ciência, é fundamental reconhecermos que há limitações


para o seu desenvolvimento. Há, por exemplo, as questões éticas
envolvidas, sugerindo que não se façam determinadas pesquisas. E,
nesse sentido, você já deve ter notado que as discussões sobre a ética
na realização das pesquisas é importantíssima. Afinal, assuntos como
clonagem dos seres humanos, aplicações da energia nuclear, produção
de alimentos transgênicos, controle das epidemias perpassam muitas
pesquisas, e é preciso uma clara compreensão científica desses assuntos
para que se definam critérios de abordagem e para que a sociedade esteja
a par dessa discussão. É preciso refletir sempre: a quem interessa? Isso será
bom para a sociedade?

A dificuldade de tomar posição frente a temas tão polêmicos pode


ser minimizada na medida em que se amplia o debate em sociedade,
trazendo as considerações sociais e históricas que envolvem cada tomada
de decisão. Vivemos na sociedade da informação, e esse novo cenário
é propício a essa divulgação, possibilitando que ciência e tecnologia
estejam sujeitas à avaliação e crítica permanentes. Talvez você esteja se
questionando: o que isso tem a ver com a sociedade da informação?
Vamos adiante e você vai descobrir!

www.esab.edu.br 27
5 Sociedade da informação
Objetivo
Refletir sobre o desenvolvimento da ciência no atual contexto
sociocultural.

A sociedade não é um organismo imutável, ao contrário disso, ela se


move cada vez mais rápido. As sociedades se assentam sobre aspectos
humanos, científicos e tecnológicos, e a base da chamada sociedade da
informação não é diferente. Mas o que isso significa?

5.1 Em constante mutação


A origem das mudanças aceleradas que estamos observando nas últimas
décadas se encontra no acentuado desenvolvimento tecnológico que
podemos constatar diariamente. Desse modo, a nossa época faz parte de
um processo de mudança em que as novas tecnologias são a sua base.

O termo Sociedade da Informação indica que vivemos em um período


que gera e consome muita informação. Nesse sentido, convém indicar
que o modelo científico, aliado aos avanços tecnológicos, projeta novas
formas de entendimento de como as coisas funcionam (MÁTTAR
NETO, 2011).

A Sociedade da Informação surgiu no final da década de 1990, quando


a internet foi utilizada como forma de comunicação e de negócios,
permitindo avanços científicos em todas as áreas. Os cientistas das mais
diversas áreas puderam usar um novo poder que ficou ao alcance da
comunidade: o poder de processamento dos computadores.

Foi esse poder de processamento que permitiu a descoberta de detalhes


do nosso DNA (em português ADN, que é um acrônimo de ácido
desoxirribonucleico). A descoberta do DNA humano e de muitas

www.esab.edu.br 28
plantas têm permitido o avanço científico na produção de alimentos e de
remédios. Descobrir como o DNA funciona pode auxiliar na descoberta
da cura de diversas doenças.

Por outro lado, o uso acelerado de novas tecnologias acendeu a luz


vermelha das discussões sobre o nosso direito de fazer determinadas
pesquisas científicas. Ora, as chamadas discussões éticas estão em todos
os lugares hoje em dia porque se tornou necessário saber se temos ou não
o direito de mudar a composição genética das sementes de soja ou de
milho ou ainda se temos o direito de escolher qual será o embrião que
terá o direito de nascer.

As discussões éticas suscitam muitas divergências e despertam a paixão


dos seres humanos sobre o que está certo ou errado. Contudo, existe uma
infinidade de maneiras de se contornar os dilemas éticos e de continuar
as pesquisas por um ângulo que ainda não foi debatido pela comunidade
científica ou mesmo pela sociedade civil.

Para muitos estudiosos, a vida na Terra mudou mais nos últimos 20 anos
do que no século XX inteiro. Tornou-se necessário aprender a conviver
com uma série de novidades tecnológicas que mudaram a forma como
fazemos as coisas (trabalho, estudo, diversão etc.).

A sociedade mudou bastante também. A Sociedade da Informação


construiu um lugar bem diferente das referências que nós tínhamos
no passado recente. As Tecnologias da Informação e da Comunicação
(TICs) têm potencial para melhorar de forma significativa a sociedade.
Por exemplo, a internet permite que se organize rapidamente a ajuda
quando ocorrem catástrofes naturais ou grandes acidentes. As pessoas
podem ainda se organizar em torno de grupos de trabalho com o
objetivo de solucionar problemas coletivos.

Antes da internet, a separação geográfica era um grande empecilho a


muitas relações pessoais e de trabalho. Atualmente, isso não pode mais
ser usado como desculpa, pois se pode trabalhar pela rede e também
se divertir. Ou seja, todas as esferas da vida pública e privada foram
alteradas com o advento das redes e isso é chamado de cultura digital.

www.esab.edu.br 29
Para sua reflexão
Você já parou e refletiu sobre como a cultura
digital modificou os hábitos das pessoas de sua
geração? Pense no seu dia a dia e verifique a forma
pela qual você se comunica com seus amigos,
com sua família, em seu trabalho ou estágio,
como estuda e pesquisa, como você se diverte e se
entretém nas horas livres.
As respostas a essas reflexões formam parte de sua
aprendizagem e são individuais, não precisando
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.

De fato, você já deve ter notado que a cultura digital trouxe uma nova
complexidade para nossas vidas. Isso porque temos agora uma infinidade
de posições e de propostas que precisam ser revistas ou revisitadas
constantemente. Pode-se pensar na cultura digital como um advento
meramente tecnológico, sem ter no horizonte a mudança nos padrões de
comportamento do consumidor, dos idosos ou da garotada, que vivem
amparados por uma série de ferramentas que auxiliam nas diferentes
formas de mediação.

Pode-se pensar, por outro lado, que a discussão sobre a cultura digital
é fruto exclusivo das redes sociais, mas de fato a discussão em torno da
cultura digital ainda está em formação. É importante que você entenda
que a cultura digital é promovida pela tecnologia e por suas ferramentas,
mas são as pessoas que a promovem em seu dia a dia, usando bancos
via web, jogando em sua rede favorita, baixando filmes e músicas ou
discutindo seus assuntos favoritos.

No âmbito das pesquisas científicas, essas mudanças também trouxeram


impactos. E quais são eles?

Como afirma Máttar Neto (2011), a sociedade da informação liberou


o homem da especialização profissional e dos limites de uma cultura,
abrindo espaço para o homem universal, munido de uma instrução

www.esab.edu.br 30
abrangente e em condições de mudar de profissão e, portanto, mudar
também de posição no interior da organização social do trabalho.

Sabemos também que a informação hoje é armazenada, disponibilizada e


compartilhada com muita facilidade, gerando um intercâmbio intenso de
informações. Isso permite potencializar não apenas nossa memória, mas
diferentes formas de raciocínio, de relacionar os objetos, de perspectivas
sobre o mundo. As informações estão disponíveis e acessíveis, e essa
disponibilidade possibilita uma agilidade muito grande ao pesquisador.
Temos então novas formas de ler e escrever, com bancos de dados
disponíveis, fóruns públicos on-line, eventos científicos acontecendo na
rede, trabalhos sendo desenvolvidos em parceria virtual.

Máttar Neto (2011) ainda destaca que, nesse novo cenário tecnológico,
o conhecimento deixa de ser localizado, estático, objetivável,
territorializável, para se tornar também virtual. Na educação, por
exemplo, não podemos mais pensar os horizontes da arena do
aprendizado circunscritos à sala de aula; é preciso levar em conta os
ambientes de realidade virtual. A educação deixa de ter um momento
específico, como foi em outros tempos, para passar a ser pensada como
formação continuada ao longo da vida das pessoas.

E você sabe bem disso ao fazer um curso na modalidade a distância. Ou


seja, é possível perceber claramente como a tecnologia da informação
contribui para o processo de formação, trabalhando espaço e tempo em
favor da educação.

Obviamente, há desafios a enfrentar nesse novo cenário. O isolamento


social (físico e emocional), a sobrecarga cognitiva, problemas
relacionados à ergonomia, o estresse da comunicação são alguns sintomas
percebidos nessa nova configuração, em que muitas vezes se percebe o
empobrecimento das relações interpessoais. Mas isso não é regra. De toda
forma, é preciso que estejamos atentos para evitar tais percalços, de modo
a aproveitar as contribuições que a sociedade da informação pode trazer
ao nosso dia a dia e ao desenvolvimento dos trabalhos científicos.

www.esab.edu.br 31
6 Classificação das ciências
Objetivo
Apresentar dois modelos distintos de classificação das ciências, assim
como seus critérios.

Ao longo da trajetória histórica, em função dos diversos questionamentos


postos pelos filósofos e cientistas, notamos o surgimento de várias áreas
das ciências. Não há consenso, portanto, em relação a uma determinada
tipologia, mas o que notamos ao nos debruçarmos sobre o histórico do
desenvolvimento da ciência é uma diversificação extensa em busca de
uma classificação que desse conta da produção de conhecimento. Ou
seja, é fato que a classificação das ciências jamais parou de evoluir.

6.1 A classificação que jamais parou de evoluir


Pelo conceito geral de ciência, já vimos quão vasta e ampla ela é, de
modo a dificultar abrangê-la em sua totalidade. Daí a necessidade
de fragmentar esse conjunto de conhecimentos que se propõe dar a
explicação universal das coisas, para, por meio de suas partes, podermos
compreender o todo. Essa fragmentação, que é o princípio fundamental
da análise, estabelece as ciências particulares, entre as quais se distribuem
os conhecimentos, segundo seu objeto.

Todo método sistemático abrange a definição, que analisa a compreensão


da verdade encontrada, enumerando os elementos que a distinguem de
outras verdades, e a classificação, que a divide para analisar a sua extensão
e localização no quadro geral dos conhecimentos humanos. Fez-se
necessário, então, definir e classificar as ciências particulares. Mas muitas
foram as classificações elaboradas.

Comecemos, então, pela proposta do filósofo Aristóteles, que sugeriu


uma divisão pautada na finalidade de cada ciência:

www.esab.edu.br 32
• ciências teóricas: em que o objetivo seria o conhecimento puro,
como a matemática e a física;
• ciências práticas: em que o conhecimento do ser humano seria o
objeto de estudo, como a economia e a política;
• ciências poéticas: que abrangeriam as artes.

Vários outros filósofos e estudiosos propuseram outras ordens, com


hierarquias distintas. Destaca-se que a classificação tipológica das ciências
é utilizada também para classificação da pesquisa, conforme vemos a
seguir, baseando-nos em Magalhães (2005):

• ciências formais: ocupam-se da lógica ou matemática (estudo das


ideias);
• ciências fatuais (ou empíricas): cuidam dos objetos fatuais. Estas,
por sua vez, se subdividem em naturais e culturais. São as ciências da
natureza e do homem.

Perceba que as ciências formais são dedicadas às ideias, isto é, ao estudo


de processos puramente lógicos e matemáticos. São objetos de estudo
das ciências formais os sistemas formais, como a lógica, a matemática, a
teoria dos sistemas e os aspectos teóricos da ciência computacional, teoria
da informação, estatística, entre outros.

Já as ciências fatuais estão divididas em outras duas classificações: as


ciências naturais, cujo alvo de estudo é a natureza como um todo; e as
ciências sociais, que se debruçam sobre o comportamento humano e suas
sociedades.

As ciências sociais abordam os aspectos sociais, isto é, a vida social


dos indivíduos e dos grupos humanos, incluindo a antropologia, a
comunicação, a administração, a economia, a geografia humana, a
história, as ciências políticas, a psicologia e a sociologia.

As ciências fatuais, também conhecidas como empíricas, se debruçam


sobre os fatos e fenômenos naturais. Nesse caso, os pesquisadores
precisam se valer da observação e de experimentações para que possam
ter uma comprovação (ou não) dos problemas propostos. Geralmente

www.esab.edu.br 33
não implicam considerações mais rigorosas quanto à unicidade e às
fronteiras da ciência.

Então, note o seguinte: as ciências naturais estudam o Universo,


detendo-se nos aspectos físicos, enquanto os aspectos humanos
geralmente são contemplados pelas ciências sociais.

As disciplinas que estudam os fenômenos ligados ao planeta Terra, casos


da geografia e geologia, por exemplo, são classificadas em um grupo
nomeado ciências da terra, e alguns autores agrupam em ciências naturais
e da Terra.

A propósito dessas diversas classificações, Máttar Neto (2011) explica


que isso se deve ao surgimento de novas ciências com o passar do
tempo, sendo que as já existentes fundem-se, cindem-se ou modificam-
se consideravelmente. E o autor ainda afirma que podemos pensar essas
classificações a partir de três eixos: as ciências biológicas, as exatas e as
humanas. Nessa proposta, as biológicas têm concentração no estudo do
ser humano e dos fenômenos da natureza; as exatas têm origem na física,
estatística, matemática, engenharia, entre outras; e, por fim, as humanas
têm foco no estudo do homem como ser social e comportamental
(psicologia, pedagogia, filosofia, história, geografia, sociologia,
administração, ciências contábeis, comunicação, direito, entre outras).

Saiba mais
A classificação das ciências ocorreu com o advento
do positivismo no século XIX. https://
mundoeducacao.uol.com.br/
sociologia/auguste-comte.htmvocê
encontrará algumas das referências históricas mais
conhecidas sobre o assunto.

Note, então, que são vários campos disponíveis dentro de cada área das
ciências e cabe ao indivíduo, com seu espírito de curiosidade, ir em busca
de novas descobertas. Para isso, é preciso exercitar o questionamento, a
indagação do porquê de as coisas serem como são, a busca constante por

www.esab.edu.br 34
respostas. E a partir daí treinar os sentidos e a inteligência para selecionar,
ordenar e associar ideias provenientes da observação dos fenômenos.

E, então, preparado para ir adiante? Vamos retomar os pontos principais


do que vimos até aqui.

www.esab.edu.br 35
Resumo

Ao longo destas seis unidades, você aprendeu que ao ingressar no Ensino


Superior espera-se que o conhecimento do acadêmico seja construído
pela experiência ativa. O conhecimento humano é tema que instiga o
pensamento e nos leva a refletir de forma diferente diante da história e
dos acontecimentos contemporâneos.

Vimos ainda que a dinâmica dos questionamentos que vão surgindo


move a ciência a estudar e descobrir respostas que não podem ser
explicadas apenas pela presença dos fatos. O conhecimento humano
pode ser classificado em quatro níveis principais: conhecimento popular,
conhecimento religioso, conhecimento filosófico e conhecimento
científico. Cada um desses níveis apresenta seus argumentos para dar
conta de explicar o surgimento do homem, do mundo e de toda forma
de conhecimento que nele habita.

Você aprendeu também que, ao fazer ciência, o ser humano parte de uma
determinada concepção acerca da natureza do real e acerca do seu modo
de conhecer. O conhecimento científico é resultante da investigação
metódica, sistemática da realidade, pela transcrição dos fatos e
fenômenos em si mesmos e analisando-os, com a finalidade de descobrir
suas causas e concluir sobre as leis gerais que a governam. Ressaltamos
que métodos e linhas de pesquisa são ferramentas que facilitam e
potencializam a geração de conhecimento; e as hipóteses de uma pesquisa
devem ser testadas para serem confirmadas, ou não, em um confronto
com a realidade.

Por fim, destacamos que o termo Sociedade da Informação indica que


vivemos em um período que gera e consome muita informação. E
aprendemos que o modelo científico, aliado aos avanços tecnológicos,
projeta novas formas de entendimento de como as coisas funcionam.

www.esab.edu.br 36
Nesse sentido, a classificação das ciências jamais parou de evoluir, e são
várias as tipologias que encontramos. Por exemplo, vimos que podemos
pensar as ciências a partir de três eixos: as biológicas, as exatas e as
humanas.

www.esab.edu.br 37
7 Continuidades e descontinuidades
Objetivo
Contemplar algumas das continuidades e descontinuidades das
ciências.

Caro aluno, agora que você já sabe que a prática da pesquisa requer a
crítica, o questionamento e a exteriorização das dúvidas, vamos adiante
para refletir sobre as continuidades e descontinuidades das ciências.

Vejamos: as explicações existentes não costumam ser suficientemente


esclarecedoras, pois ainda há problemas a serem solucionados, mesmo
quando nos referimos a questões triviais, e isso significa que há um
processo permanente de renovação daquilo que se aprende. Ora, você já
sabe que é preciso aprender a contextualizar os problemas, já que, como
vimos, o conhecimento é historicizado.

Magalhães (2005) explica que algo desejado para qualquer conhecimento


é justamente a ausência de contradição interna e externa, ideal também
conhecido como coerência ou consistência. Apesar de ser almejado, nem
sempre se pode garantir que exista. Aliás, quando nos debruçamos sobre
as descobertas científicas, verificamos que é comum a pesquisa aparecer
com várias contradições (lembremos, por exemplo, do caso de Galileu
Galilei), sem que elas descaracterizem o objetivo de seu empreendimento
como sendo de conhecimento científico.

O espírito crítico, esse sim, é elemento fundamental nessa trajetória.


Como destaca Magalhães (2005), mesmo quando uma comunidade
de cientistas se fecha sobre dogmas, a crítica pode subsistir e, em
determinados momentos, força uma revisão do que foi cristalizado. É
justamente a crítica que possibilita os debates, os questionamentos, as
controvérsias.

www.esab.edu.br 38
Outro ponto importante que vale a pena mencionar: imparcialidade,
autonomia e neutralidade do conhecimento científico são facilmente
questionáveis quando se nota a filiação desse conhecimento a
determinadas estruturas de poder.

Um exemplo citado por Magalhães (2005) foi o tímido apoio dado no


mundo às pesquisas de fusão nuclear para fins energéticos, uma promessa
para resolver de maneira limpa, democrática e eficiente a demanda
por recursos energéticos, mas que bate de frente com os interesses de
poderosas corporações. Assim, é importante notar que é uma ilusão
acreditar que as decisões sobre as pesquisas partem da própria comunidade
de cientistas. Há muitos interesses em jogo também nas ciências.

Para sua reflexão


Há alguns anos, tivemos no Brasil uma grande
polêmica sobre a pesquisa das sementes
transgênicas de soja, em que se tornou conhecido
o interesse de grandes grupos multinacionais,
que poderiam patentear as sementes e passar a
controlar os plantadores que dependessem desses
produtos. Reflita: caso a pesquisa e a propriedade
pertencessem a uma empresa brasileira ou a
uma instituição pública, será que a perspectiva
de resistência a esse conhecimento científico
mudaria? Diminuiriam as restrições a esse plantio?
O que você acha?
As respostas a essas reflexões formam parte de sua
aprendizagem e são individuais, não precisando
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.

Por mais paradoxal que possa parecer, o intenso desenvolvimento da


ciência ao longo do século XX acabou abalando a crença do ser humano
em um universo regido por leis e passível de ser conhecido em seus
mínimos detalhes. Ao contrário, enfatiza Máttar Neto (2011), o progresso
científico do século anterior levou o ser humano a perceber que somente

www.esab.edu.br 39
pode compreender o mundo em que vive pelas leis da probabilidade, por
meio de aproximações que, em geral, são passíveis de erro.

Nessa configuração, note que a ciência passa a conviver com a ideia de


que o acaso desempenha papel primordial no universo, assim como no
próprio ser humano.

Não há ciência sem método e, portanto, o método fundamenta a busca


científica em qualquer área do conhecimento. Sobre a abrangência de
um método, pode-se dizer que isso varia de acordo com a sua aplicação,
podendo ser geral ou específico. Geral é o método usado com a
finalidade de dar conta de situações que expressam uma generalização,
enquanto específicas são aplicações associadas a situações particulares,
cujo foco é bem específico.

Para entender melhor a amplitude dos movimentos metodológicos, que


nos permitem refletir sobre os métodos em ciências, apresentamos a
você, a seguir, uma síntese de alguns dos principais movimentos e suas
contribuições.

7.1 Empirismo
Magalhães (2005) menciona a influência de uma “linhagem” empirista
na ciência, que se desenvolveu do século XVII ao XIX e engloba vários
pensadores ingleses.

Na ciência, empregamos o termo empirismo quando nos referimos


ao método científico tradicional, originário do empirismo filosófico,
que defende o seguinte: as teorias científicas devem ser baseadas na
observação do mundo, em vez da intuição ou fé. Nesse sentido, o
empirismo contribuiu para o desenvolvimento da ciência (MÁTTAR
NETO, 2011).

O empirismo foi definido pela primeira vez pelo filósofo inglês John
Locke no século XVII, que entendia que a única fonte de nossas ideias é
a experiência sensível, valorizando, desse modo, os sentidos (MÁTTAR
NETO, 2011).

www.esab.edu.br 40
John Locke considerava que o cérebro de um bebê recém-nascido é como
uma tábua rasa, lousa vazia em que as experiências deixam marcas. De
modo similar, o empirismo considera que os seres humanos não têm
ideias inatas.

De acordo com o empirismo, as teorias das ciências devem ser


formuladas e explicadas a partir da observação do mundo e da prática de
experiências científicas. Portanto, esse sistema filosófico descarta outras
formas não científicas − fé, intuição, lendas, senso comum − como forma
de geração de conhecimentos.

Os principais pensadores foram: Francis Bacon (1561-1626), John Locke


(1632-1704), George Berkeley (1685-1753) e David Hume (1711-
1776).

7.2 Positivismo e neopositivismo


A palavra-chave quando falamos de positivismo é a neutralidade nas
ciências. O principal nome? Sem dúvida, Auguste Comte (1789-1857),
para quem a ciência consiste no conhecimento por excelência. E ainda:
os conceitos só têm significado se puderem ser relacionados a eventos
reais, isto é, se forem operacionalizados, sustenta Máttar Neto (2011).
Perceba que é a verificabilidade em seu ponto alto.

Já o neopositivismo é a extensão do positivismo, mas agora caracterizado


pela combinação das ideias empiristas com a lógica moderna (de autores
como Hilbert, Russell, Wittgenstein). O neopositivismo surgiu na
Áustria, na Alemanha e na Polônia, sendo que vários dos principais
filósofos emigraram para os Estados Unidos ou Inglaterra, em fuga
do nazismo. Rudolf Carnap (1891-1970) e Friedrich Waismann
(1896-1959) são neopositivistas, partindo do pressuposto de que a
verificabilidade seria o critério de significação de um enunciado. Essa
abordagem também é marcada pelas investigações centradas em um
critério de demarcação, que separaria as proposições científicas do
restante das proposições, expõe Máttar Neto (2011).

www.esab.edu.br 41
7.3 Pragmatismo
O pragmatismo constitui uma escola de filosofia estabelecida no final do
século XIX, e está associado ao filósofo, cientista e matemático norte-
americano Charles Sanders Peirce (1839-1914), que se soma a vários
outros pragmatistas clássicos e contemporâneos.

Segundo essa doutrina metafísica, o sentido de uma ideia corresponde


ao conjunto dos seus desdobramentos práticos. Mas o que isso significa?
Significa que a clareza de nossas ideias implica concebermos seus efeitos,
isto é, sensações e reações associadas com o objeto do pensamento.
Assim, o pragmatismo busca os resultados, mais do que as origens, em
nossa compreensão das ideias.

A estrutura do método científico, conforme o pragmatismo, é a seguinte:


identificar o problema, oferecer uma hipótese explanatória e testar a
hipótese contra o problema por meios dedutivos (MÁTTAR NETO,
2011). Ou seja: problema – hipótese – teste. Trata-se do método dos
métodos e dele deriva a explicação do raciocínio indutivo e dedutivo que
veremos mais adiante.

7.4 Marxismo e dialética


Primeiramente, convém destacar alguns pontos da metodologia do
marxismo, que se contrapõe ao positivismo. O primeiro ponto refere-
se ao fato de que o marxismo descreve o movimento da realidade e do
próprio pensamento por meio da dialética - tese/antítese/síntese. Na
análise de Karl Marx (1818-1883) sobre o sistema econômico do final
do século XIX, a tese seria o passado (feudalismo), a antítese, o presente
(capitalismo), e a síntese, o futuro (representado pelo comunismo ou
socialismo).

A confrontação entre as ideias gera uma síntese, que por sua vez é
submetida a uma nova tensão, e assim por diante, explica Máttar Neto
(2011).

www.esab.edu.br 42
Outra marca importante: as ideias são resultado das relações históricas
sociais.

Podemos dizer, por exemplo, que a dialética é o processo em que há um


adversário a ser combatido ou uma tese a ser questionada, e que supõe,
portanto, dois protagonistas ou duas teses em conflito; ou então que é
um processo resultante do conflito ou da oposição entre dois princípios,
dois momentos ou duas atividades quaisquer.

Desse modo, o marxismo introduz uma perspectiva de estudar a


verdade científica levando-se em conta as influências socioeconômicas
que determinam a transmissão do conhecimento científico (MÁTTAR
NETO, 2011). Ou seja, para os marxistas, é importante considerar os
aspectos históricos, as dimensões políticas, ideológicas e, sobretudo,
a dimensão econômica no processo de construção do conhecimento.
E nesse sentido, introduz a preocupação de estudar a ciência em sua
essência, isto é, não apenas se interessa pelo desenvolvimento interno
das ciências, de seus métodos e sua lógica, mas sobretudo das influências
socioeconômicas que determinam sua evolução.

A abordagem marxista se contrapõe aos movimentos anteriores que


separavam a teoria da prática, na medida em que considera que não
existe prática sem teoria, e não existe teoria sem prática. E daí surge o
conceito de práxis marxista.

7.5 Popper e a falseabilidade


De acordo com Máttar Neto (2011, p. 80), Karl Popper (1902-
1994) “[...] é bastante conhecido como o introdutor do critério de
falseabilidade para diferenciar as teorias científicas dos discursos não
científicos”. Para esse filósofo e cientista do século XX, todas as boas
teorias científicas são falsificáveis, mas não são todas falsas.

Para Popper, entre outros, a produção científica deveria ser


fundamentada no método que denominou hipotético-dedutivo. Por
meio desse método, propõe falsear, refutar ou testar uma teoria. Tal
atividade determinaria a cientificidade das teorias.

www.esab.edu.br 43
Como podemos observar em nossa apresentação sobre as contribuições
de Popper, o cientista propôs uma perspectiva de pensar e de se fazer a
ciência no século XX.

7.6 A discussão contemporânea


Nas décadas mais recentes, vários autores e movimentos metodológicos
destacaram-se na discussão acerca do assunto. Muitos e muitos
posicionamentos poderiam ser mencionados aqui, mas importa ressaltar a
você, neste momento, a dinâmica das concepções acerca dos pressupostos
conceituais e metodológicos compartilhados pela comunidade científica.

Você notará, ao longo de sua trajetória acadêmica, que alguns métodos


de pesquisa são mais recorrentes que outros em determinadas áreas de
conhecimento.

Vale a pena ainda chamar sua atenção para outro termo-chave quando se
discute os movimentos metodológicos contemporâneos.

Saiba que qualquer conhecimento opera por seleção de dados


significativos e rejeição de dados não significativos: separa e une;
hierarquiza e centraliza. Tais operações são comandadas por paradigmas,
princípios ocultos que governam nossa visão das coisas e do mundo sem
que tenhamos consciência disso.

Mas o que significa paradigma? Em seu livro “A estrutura das revoluções


científicas”, Thomas Kuhn (2003) apresenta a concepção de que um
paradigma é aquilo que os membros de uma comunidade partilham e,
inversamente, uma comunidade científica que consiste em homens que
partilham um paradigma.

Vejamos: na perspectiva de Kuhn (2003), um paradigma funcionaria


como um mapa ou um roteiro da ciência, fornecendo critérios para a
escolha de seus problemas e das soluções para os problemas. Quando o
desenvolvimento do conhecimento requer explicações que o paradigma
vigente não dá conta de responder, a ciência passa por uma crise, que
pode dar origem a uma revolução científica. Nesse sentido, o autor

www.esab.edu.br 44
defende que os enunciados têm caráter provisório e a ciência não opera
com verdades irrefutáveis.

Perceba, então, que as concepções históricas e as transformações internas


ao conhecimento mostram que as várias concepções da verdade não são
arbitrárias nem casuais ou acidentais, mas possuem causas e motivos que
as explicam, e que a cada formação social e a cada mudança interna do
conhecimento surge a exigência de reformular a concepção da verdade
para que o saber possa se realizar.

Note, por fim, que as verdades (os conteúdos conhecidos) mudam, a


ideia da verdade (a forma de conhecer) muda, mas não muda a busca
pelo verdadeiro, isto é, permanece a exigência de vencer o senso comum,
o dogmatismo, a atitude natural e seus preconceitos. É a procura da
verdade e o desejo de estar no verdadeiro que permanecem. A verdade se
conserva, portanto, como o valor mais alto a que aspira o pensamento.

Vimos, portanto, alguns dos principais movimentos metodológicos e


suas implicações nas mudanças do conhecimento científico. Percebemos
que o conhecimento opera por seleção de dados significativos e rejeição
de dados não significativos. E o que é importante para determinada
corrente pode não o ser para outra, mudando, às vezes radicalmente, a
forma de abordagem da ciência. Os paradigmas, que são esses princípios
ocultos que governam nossa visão das coisas, diferem de um método
para outro, e geram evoluções, novas formas de abordagem, novas
perspectivas, novos questionamentos, impulsionando a própria evolução
humana, na medida em que permite ao ser humano refletir e questionar.

www.esab.edu.br 45
8 Ciência, técnica e tecnologia

Objetivo
Refletir sobre ciência, técnica e tecnologia.

Atualmente, o poder não se restringe ao domínio dos meios materiais


e dos aparatos políticos e institucionais, mas, cada vez mais, define-se a
partir do controle sobre o imaterial e o intangível – seja das informações
e dos conhecimentos, seja das ideias, dos gostos e dos desejos das pessoas.

Como vimos, na Unidade 5, nossa sociedade é conhecida como a


Sociedade da Informação e isso significa o seguinte: de forma geral,
temos a informação e a consequente produção de conhecimentos como
uma atividade que gera prestígio.

Para entendermos um pouco melhor o caminho que a sociedade


percorreu para chegar até esse ponto, é necessário perceber o que ocorreu
na origem dos termos que trabalharemos nesta unidade.

O primeiro deles é a ciência. O ser humano sempre sonhou em


dominar a natureza com o objetivo de transformar as coisas ao nosso
redor. O controle sobre a natureza está na base da ciência, ou seja, é
para isso que ela existe. Os cientistas buscam conhecer os mecanismos
que regem a organização social, política, econômica, química, biológica,
matemática, física, enfim, conhecer faz parte da busca científica,
conhecer todas as forças naturais e sociais que interferem de alguma
maneira em nossas vidas.

Com o passar do tempo, as ciências foram sendo organizadas em grupos.


Os dois primeiros grupos que surgiram foram relacionados à efetiva
comprovação dos experimentos científicos. Ou seja, é muito complicado
antecipar se um sistema de governo vai dar certo ou não em um país,
mas é possível calcular a distância entre a Lua e o Sol.

www.esab.edu.br 46
Dessa forma, surgiu o grupo das Ciências Exatas (matemática e física,
por exemplo), que eram capazes de provar, por meio de experimentos, a
veracidade de suas teorias. Por outro lado, surgia um grupo de ciências
que não podiam comprovar as suas teorias antes que a prática ensinasse
os benefícios e os malefícios de uma determinada teoria, como acontece
com as chamadas Ciências Sociais (história e sociologia, por exemplo).

Saiba que o fator que une todas as ciências é o uso de métodos. Os


métodos são sistemas que permitem comprovar a veracidade das
informações. Normalmente, um método é constituído pela entrada de
dados e informações, pela análise desses dados e informações e, finalmente,
pelas deduções ou conclusões que se pode tirar das fases anteriores.
A geração do conhecimento ocorre na última fase, quando é possível
enxergar o fluxo completo das informações (MÁTTAR NETO, 2011).

A técnica também surgiu por causa da necessidade e do desejo de


dominar a natureza. Contudo, nesse caso, estamos nos referindo à
representação gráfica das expressões humanas. Para entender melhor o
que ocorria, vamos lançar mão de um exemplo bem simples.

Para fazer uma estátua de bronze antiga, representando um ser humano,


era preciso ter as ferramentas de precisão para corte e moldagem do
material. Essas ferramentas foram desenvolvidas por intermédio da
técnica, que era a forma por meio da qual se dominava o saber fazer
das coisas. Para fazer uma estátua perfeita, era preciso ter também
conhecimentos científicos ou um método capaz de orientar com
precisão quais seriam as dimensões a serem aplicadas para que a estátua
correspondesse ao modelo humano. Caso o projeto de fazer uma estátua
humana precisa fosse bem realizado, o resultado final seria considerado
uma obra de arte.

Nesse exemplo, a estátua final seria um modelo de como os saberes


podiam ser usados de forma combinada, aliando ciência (que fornecia
informações verídicas sobre as dimensões humanas), técnica, que oferecia
as ferramentas adequadas para o saber fazer, e arte, que se trata de um
valor simbólico que pode ser expresso pela combinação perfeita entre
ciência e técnica.

www.esab.edu.br 47
Técnica, explica-nos Magalhães (2005), vem da palavra grega techné,
que significa “prática”, isto é, saber fazer algo conforme um conjunto
de instruções ou regras. Nesse sentido, a técnica é, sobretudo, prática
equivalente ao saber fazer, podendo ser uma ligação da razão com a
experiência, e às vezes se apoia na ciência, esta entendida a partir da
acepção do conhecimento generalizante e crítico.

O termo técnica permaneceu inalterado desde a Antiguidade até o século


XVII, quando os sinais da primeira Revolução Industrial começaram a
surgir na Inglaterra com a invenção do primeiro motor a vapor, a fim
de fazer a sucção da água que se acumulava no interior das escavações
das minas de carvão. A partir de então, o termo técnica passou a ser
substituído gradativamente pelo termo tecnologia, quando aplicado ao
contexto da industrialização. Dessa forma, o termo técnica continua a ser
empregado em contextos ligados à arte e o termo tecnologia se aplica aos
contextos que sugerem uma relação entre homens e máquinas.

Magalhães (2005) sinaliza que enquanto ciência é processo, algo que


se transforma e não está nunca acabado, a técnica é um conhecimento
prático, ao passo que a tecnologia é a ciência de alguma técnica
particular. E ainda destaca: a criatividade é ingrediente fundamental para
a produção de conhecimento científico ou tecnológico e se associa aos
conceitos de invenção, inovação e difusão.

É comum ouvirmos pessoas se referindo ao termo tecnologia para


inventos medievais ou sobre a construção das pirâmides, por exemplo.
Não é incorreto esse uso, mas seria mais preciso se o termo tecnologia
fosse empregado para as situações que envolvem os avanços das máquinas
em nossas vidas, sobretudo depois do século XIX, quando ocorreu a
chamada Segunda Revolução Industrial.

As tecnologias adquiriram relevância maior quando entrou em cena uma


relação de produção, levando a uma consideração mais evidente dos
valores econômicos em jogo, dando mais amplitude ao uso desse termo
(MAGALHÃES, 2005).

A tecnologia permite criar objetos que são extensões de nossos corpos


com a finalidade de aumentar a nossa capacidade produtiva. O carro é a

www.esab.edu.br 48
extensão de nossas pernas, o computador, de nossas mentes, e assim por
diante.

Note que as interações entre os termos são recorrentes, já que a


inovação tecnológica pode estar pautada nas descobertas científicas e,
do mesmo modo, as necessidades inovativas tecnológicas podem gerar
conhecimentos científicos.

Severino (2007, p. 105) destaca que “[...] a técnica, como poder de


manejo do mundo físico, atuou como mais um argumento a favor da
veracidade da ciência”, contribuindo para sua consolidação. E ele explica:
a ciência se legitimou por sua eficácia operatória, com a qual forneceu à
sociedade recursos reais elaborados para a sustentação de sua existência
material; a técnica serviu de base para a indústria, para a Revolução
Industrial, ampliando o poder do ser humano em manipular a natureza.

Estudo complementar
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre este
assunto, sugerimos a leitura do artigo “Técnica,
tecnologia e ciência”, de Milton Vargas, disponível
clicando aqui.

Desse modo, você pode notar que são muitas as implicações em nosso
cotidiano em função do desenvolvimento da ciência e tecnologia em
nossa sociedade, impactando nos campos do pensamento, do ensino, do
estudo, da produção do conhecimento e da pesquisa científica.

Em pleno século XXI, essa influência serve para romper com valores
que assumiram novos significados nesses tempos pós-modernos, como
os conceitos de comunicação, interação, distância, espaço, tempo,
entre outros, contribuindo para mudar o ambiente natural, os padrões
de trabalho, entretenimento e consumo, afetando nossa consciência e
impondo sua presença nas diversas atividades cotidianas.

www.esab.edu.br 49
Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidade 1 a 8. Para isso, dirija-se
ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

www.esab.edu.br 50
9 Produção científica: fichamento

Objetivo
Abordar as regras de estruturação e finalidade do fichamento.

“O estudo e a aprendizagem, em qualquer área do conhecimento, são plenamente


eficazes somente quando criam condições para uma contínua e progressiva
assimilação pessoal dos conteúdos estudados.” (Antônio Joaquim Severino)

Caro aluno, é chegada a hora de começarmos a pensar nas estruturas dos


trabalhos acadêmicos. E como você já sabe, são várias as modalidades
solicitadas ao longo de sua trajetória acadêmica, alguns mais extensos,
outros mais sucintos, alguns mais simples, outros mais complexos.

E a proposta é que iniciemos com um dos mais simples, mas que possui
grande importância. Trata-se do fichamento de uma obra. É um trabalho
de extração das ideias, de um exercício de leitura que possui enorme
utilidade didática e interesse científico. Vamos descobrir por quê?

Mas, antes, vamos abordar os tipos de análises e seus graus, que nos
ajudarão a fazer os diferentes tipos de fichamento.

9.1 Tipos de análises


O estudo de um texto implica a aplicação do querer aprender, obter
conhecimentos, preparar-se para anotar informações para a realização de
trabalhos acadêmicos. É a partir da leitura que você desenvolve o pensar
analítico, sistemático, crítico e reflexivo.

Rodrigues (2006) destaca, a propósito dessa importância, que podemos


realizar as leituras ou análises de texto por etapas e cada análise apresenta
suas características. Partimos da análise textual, ou seja, eleita a obra

www.esab.edu.br 51
a ser lida, procede-se a uma leitura seguida e completa de toda a obra.
Nesse primeiro contato, deve-se fazer o levantamento de todos os
elementos básicos para a devida compreensão, buscando-se tanto dados
a respeito do autor e da obra quanto a pesquisa de vocabulário de termos
desconhecidos do leitor.

A segunda etapa é a análise temática, ou seja, passa-se a uma segunda


abordagem, de compreensão da mensagem global. Como afirma Severino
(2007), nessa análise deve-se procurar ouvir o autor, apreender, sem
intervir nele, o conteúdo de sua mensagem. Identifica-se o tema ou os
assuntos da obra, capta-se a problematização do tema e, a partir daí,
devemos buscar as respostas para os questionamentos: que posição
assume o autor? Que ideias ele defende? O que quer demonstrar? Temos,
então, a tese, ideia mestra defendida pelo autor naquela obra. E ainda
poderíamos acrescentar: como o autor demonstra sua tese? Saiba que
a análise temática fornece subsídios para a elaboração do resumo ou
fichamento, já que podemos então compreender as ideias principais
defendidas no texto e seu teor.

A terceira etapa é a análise interpretativa, na qual se faz a interpretação


propriamente, situando o texto no contexto da vida e obra do autor.
Explicitam-se os pressupostos filosóficos do autor que justifiquem suas
posturas teóricas e exerce uma atitude crítica diante das posições do autor
em termos de coerência interna; validade dos argumentos; originalidade;
profundidade na abordagem do tema, entre outras abordagens.

E ainda há outros graus de maior complexidade, como a


problematização, em que se propõe a discussão do texto, debatendo
questões explícitas ou implícitas no texto; e a síntese pessoal, em que há
reelaboração pessoal da mensagem, ou seja, desenvolve-se a mensagem
mediante retomada pessoal do texto e raciocínio personalizado
(SEVERINO, 2007).

Em linhas gerais, o trabalho acadêmico tem como finalidade: apresentar,


demonstrar, difundir, recuperar e contestar o conhecimento produzido,
acumulado ou transmitido.

www.esab.edu.br 52
Você já sabe que a demonstração do conhecimento é necessidade na
comunidade acadêmica, em que esse conhecimento é o critério de mérito
e acesso. Difundir o conhecimento às esferas externas à comunidade
acadêmica é atividade cada vez mais presente nas instituições de ensino,
pesquisa e extensão. E aqui não é diferente, não é mesmo?

Mencionamos, logo no início desta unidade, que começaríamos por


um dos trabalhos mais simples, o fichamento. A elaboração desse tipo
de texto possibilita economia de tempo e eficiência no estudo, sendo
importante na produção de trabalhos acadêmicos e científicos. É
fundamental destacar que a elaboração do fichamento pode ser realizada
no estudo de diversos tipos de textos, por exemplo: livro, jornal, revista,
artigo.

Espero que, ao longo de sua trajetória neste curso, você se habitue a fazer
os fichamentos das leituras realizadas, assim chegará ao fim deste com
um extenso e rico material de consulta para alçar voos mais longos, que
poderão servir de subsídios para suas pesquisas científicas e elaboração da
monografia, se for o caso.

O estudo da literatura sobre os assuntos escolhidos, com fins de adquirir


conhecimento, exige do estudante um esforço cognitivo, ou seja, que
desenvolva habilidades para transformar um tanto de informação
recebida em conhecimento de fato, e que posteriormente tenha
capacidade de replicar e colocar em prática os ensinamentos absorvidos.

9.2 Fichamento
O fichamento refere-se a uma técnica de trabalho intelectual que consiste
no registro sintetizado, ou seja, resumido e documentado das ideias e
informações mais importantes de um texto.

No fichamento, identificamos a obra ou texto, registramos a ideia


principal (seja por meio de resumo ou síntese, resenha crítica ou sinopse),
registramos citações e bibliografia.

www.esab.edu.br 53
Podemos definir a técnica do fichamento, conforme Medeiros (2006),
como o ato através do qual se registra os estudos de uma obra ou texto,
em fichas ou em folhas de papel. Desse modo, fichar significa selecionar,
organizar e registrar informações que no futuro servirão como material
organizado para consulta e fonte para estudos posteriores.

O desafio consiste em qualificar a leitura realizada, destacando as


principais ideias e fazendo seu registro de modo coerente e objetivo.

Podemos destacar como objetivos do fichamento:

• a identificação das obras consultadas;


• o registro do conteúdo das obras;
• o registro das reflexões proporcionadas pelo material de leitura;
• a organização das informações colhidas.

Ressaltamos que conforme a maioria dos autores que tratam sobre


o assunto, incluindo Medeiros (2006), existem três tipos básicos de
fichamento: o fichamento bibliográfico; o fichamento de resumo ou
conteúdo; e o fichamento de citações. Vamos entendê-los melhor?

9.2.1 Fichamento bibliográfico

O fichamento bibliográfico é a descrição, com comentários dos tópicos


abordados em uma obra inteira ou parte dela. Primeiramente, apresenta-
se a referência da obra.

Severino (2007) explica que o fichamento de documentação bibliográfica


constitui um acerto de informações sobre livros, artigos e demais
trabalhos que existem sobre determinados assuntos, dentro de uma área
do conhecimento. Pode ser muito útil quando se faz um trabalho de
monografia, dissertação ou tese.

www.esab.edu.br 54
Vamos ver um exemplo. 

TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo:
Brasiliense, 1993.
A obra insere-se no campo da história e da antropologia social. A autora utiliza-se de
fontes secundárias colhidas por meio de livros, revistas e depoimentos. A abordagem é
descritiva e analítica. Aborda os aspectos históricos da condição feminina no Brasil a partir
do ano de 1500. A autora descreve em linhas gerais todo o processo de lutas e conquistas
da mulher.

Quadro 1 – Fichamento de documentação bibliográfica.


Fonte: Brasil Escola (2012).

9.2.2 Fichamento de resumo ou conteúdo

Já o fichamento de resumo consiste em uma síntese das principais ideias


contidas na obra resenhada. O resenhista (autor da resenha, você, neste caso)
elabora com suas próprias palavras a interpretação do que foi dito.

Vamos a um exemplo?

Educação da mulher: a perpetuação da injustiça (p. 30 – 132) segundo capítulo.


TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo:
brasiliense, 1993.
O trabalho da autora baseia-se em análise de textos e na própria vivência nos movimentos
feministas, como relato de uma prática. A autora divide seu texto em fases históricas
compreendidas entre Brasil Colônia (1500 – 1822), até o ano de 1975, que foi considerado
o Ano Internacional da Mulher.
A autora trabalha ainda assuntos como mulheres da periferia de São Paulo, a luta por
creches, violência, participação em greves, saúde e sexualidade.

Quadro 2 – Fichamento de resumo.


Fonte: Brasil Escola (2012).

www.esab.edu.br 55
9.2.3 Fichamento de citações

O fichamento de citações consiste em um texto que destaca, por meio


de citações, as principais ideias da obra que está sendo resenhada. Nesse
caso, fazemos transcrições textuais que consideramos as mais relevantes.
Mas o que são transcrições textuais?

De acordo com a ABNT (2002), a transcrição textual é chamada de


citação direta, ou seja, é a reprodução fiel das frases que se pretende usar
como citação na redação do trabalho. Quando fazemos uma citação
direta no fichamento, colocamos o trecho entre aspas (reprodução fiel)
e indicamos, ao final de cada citação, a página em que se localiza aquele
trecho na obra citada.

Observe o exemplo a seguir.

Educação da mulher: a perpetuação da injustiça (p. 30 – 132). Segundo capítulo.


TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo:
Brasiliense, 1993.
“uma das primeiras feministas do Brasil, Nísia Floresta Augusta, defendeu a abolição
da escravatura, ao lado de propostas como educação e a emancipação da mulher e a
instauração da República” (p. 30) 
“na justiça brasileira, é comum os assassinos de mulheres serem absolvidos sob a defesa
de honra” (p. 132) 
“a mulher buscou com todas forças sua conquista no mundo totalmente masculino” (p. 43)

Quadro 3 – Fichamento de citações.


Fonte: Brasil Escola (2012).

Máttar Neto (2011) ressalta que uma das grandes dificuldades


enfrentadas pelos estudantes hoje se refere a uma falta de consciência de
como utilizar as fontes escritas corretamente, sem cometer plágio. Ou
seja, é preciso que você sempre mencione as fontes (autores) que estão
sendo citados. Se utilizou as palavras do autor, é obrigatório que cite o

www.esab.edu.br 56
autor, o ano e também a página em que consta aquela citação. Veremos
isso adiante, em outra unidade.

Lembre-se que quando se faz um fichamento, a recomendação é que o


texto seja sucinto, seletivo e objetivo. Devemos empregar uma linguagem
clara, objetiva e econômica, e apresentar uma sequência corrente de frases
concisas, diretas e interligadas.

Agora que você já leu sobre a elaboração do fichamento, que tal


começarmos a exercitar?

Saiba mais
O objeto educacional disponível clicando
aqui auxilia a fixação sobre em que consiste o
fichamento.

www.esab.edu.br 57
10 Produção científica: resenha crítica

Objetivo
Apresentar as normas de estruturação e finalidade da resenha crítica.

Outro trabalho acadêmico-científico bastante solicitado pelos professores


na trajetória de um curso de graduação é a resenha crítica. Certamente,
você já se deparou com a leitura de várias resenhas de livros, filmes,
peças de teatro e até mesmo shows musicais. Isso porque a resenha tem a
peculiaridade de se debruçar sempre sobre uma obra, seja ela impressa ou
uma obra cultural.

Como afirma Severino (2007), trata-se da apresentação do conteúdo de


uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica ou indicativa. Ou seja,
a resenha pode ser descritiva, sem julgamento de valor ou crítica – a mais
comum – em que o resenhista (autor da resenha) pontua o texto com
apreciações com juízo crítico.

Vamos entender melhor essas diferenças a partir da leitura de dois


exemplos. Primeiramente, leia um trecho de uma resenha descritiva:
“Receitas para manter o coração em forma” (Zero Hora, 26 de agosto,
1996), sobre o livro “Cozinha do coração saudável”.

www.esab.edu.br 58
Receitas para manter o coração em forma
Na apresentação, textos curtos definem os diferentes tipos de gordura e suas formas
de atuação no organismo. Na introdução, os médicos explicam numa linguagem
perfeitamente compreensível o que é preciso fazer (e evitar) para manter o coração
saudável.
As receitas de Cozinha do coração saudável vêm distribuídas em desjejum e lanches,
entradas, saladas e sopas; pratos principais; acompanhamentos; molhos e sobremesas.
Bolinhos de aveia e passas, empadinhas de queijo, torta de ricota, suflê de queijo,
salpicão de frango, sopa fria de cenoura e laranja, risoto com açafrão, bolo de batata,
alcatra ao molho frio, purê de mandioquinha, torta fria de frango, crepe de laranja e
peras ao vinho tinto são algumas das iguarias.

Agora, vamos ler outro trecho, desta vez de uma resenha crítica, que
é o foco desta unidade. A resenha intitulada “Um gramático contra
a gramática”, escrita por Gilberto Scarton, refere-se à obra “Língua e
liberdade: uma nova concepção da língua materna e seu ensino”, de
Celso Luft.

Um gramático contra a gramática


“Língua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino” (L&PM,
1995) do gramático Celso Pedro Luft traz um conjunto de ideias que subverte a ordem
estabelecida no ensino da língua materna, por combater, veemente, o ensino da
gramática em sala de aula. [...]
Embora “Língua e Liberdade” do professor Celso Pedro Luft não seja tão original quanto
pareça ser para o grande público (pois as mesmas concepções aparecem em muitos
teóricos ao longo da história), tem o mérito de reunir, numa mesma obra, convincente
fundamentação que lhe sustenta a tese e atenua o choque que os leitores - vítimas do
ensino tradicional - e os professores de português - teóricos, gramatiqueiros, puristas
- têm ao se depararem com uma obra de um autor de gramáticas que escreve contra a
gramática na sala de aula.

Notamos que para realizar a resenha, colocaremos em prática os quatro


tipos de análises estudados na unidade 9: a análise textual (leitura e

www.esab.edu.br 59
levantamento dos elementos básicos), a análise temática (compreensão
da mensagem global, identificando a(s) tese(s) defendida(s) pelo autor),
a análise interpretativa (interpretação do texto, situando o contexto e os
pressupostos) e a síntese pessoal (na medida em que você se posiciona
sobre a obra resenhada). A qualidade da crítica, como se vê, dependerá
da experiência do resenhista.

Os propósitos mais significativos ao se elaborar uma resenha crítica


são: emitir juízo crítico do texto analisado e exercitar a capacidade de
compreensão e análise. A resenha crítica é, portanto, uma ferramenta para
atividades profissionais, de estudo, artística ou cultural em determinado
campo de interesse. Caracteriza-se também por uma maneira de conhecer
uma obra e decidir pela conveniência de adquiri-la ou lê-la.

A seguir, cita-se os seis principais procedimentos a serem seguidos para


realização de uma boa resenha crítica (SEVERINO, 2007).

• Referência: informar a procedência da obra e seus dados


bibliográficos de acordo com as normas da ABNT.
• Credenciais do autor: são informações gerais sobre o autor e sua
obra, origem ou razão desse estudo ou ainda menção de outras
obras publicadas por ele. Deve conter sua qualificação e titulação
científicas, e, se possível, cargos exercidos.
• Resumo da obra: é o conhecimento ou resumo detalhado das ideias
principais do que trata a obra. Caso existam características especiais,
devem ser citadas.
• Conclusão do autor da obra: descrever brevemente as conclusões
do estudo. Pode ser informado se elas encontram-se ao final da
obra ou ao final de cada capítulo. Esse procedimento pode ser
incorporado ao resumo da obra, caso exista necessidade, pois em
textos muitos curtos essa subdivisão pode se tornar repetitiva.
• Quadro de referências do autor: comentar as referências utilizadas
para embasar o estudo, se houve uma corrente ou modelo teórico
específico ou ainda um método evidente. O número de obras
referenciadas também deve ser observado, pois referências em demasia
ou em minoria poderão comprometer a confiabilidade e a veracidade

www.esab.edu.br 60
do texto. Outro ponto de grande valia a ser observado é a quantidade
e procedência das referências em outras línguas e de fontes da
internet. O ano das publicações também poderá mostrar a qualidade
de um estudo, pois este deve guiar-se por referências mais recentes,
porém não deixando de consultar os clássicos quando necessário.
• Crítica do resenhista (apreciação): a crítica deve iniciar com o
julgamento da obra sobre o posicionamento do autor com relação
às fontes escolhidas; em seguida, o mérito da obra, ou seja, qual a
contribuição cultural, social, econômica e histórica. Profundidade
e amplitude dos conhecimentos proporcionados e possíveis
abordagens diferenciadas; logo após, deve ser observado o estilo da
linguagem utilizado pelo autor (concisão, objetividade, simplicidade,
clareza, coerência, originalidade e criatividade); e, por fim, deve ser
comentado sobre a forma de sua apresentação formal por meio da
lógica e da sistematização, bem como seu direcionamento (grande
público, especialistas ou estudantes).

Após seguir os procedimentos e as análises recomendadas pelos autores,


passa-se a cuidar do aspecto estético-formal e de apresentação da resenha
crítica. Como todo trabalho acadêmico, esse também segue algumas
regras quanto à sua elaboração e apresentação.

Então, novamente reiteramos que devem ser observadas as normas


da ABNT tanto no que se refere às citações quanto às regras de
apresentação.

Uma das dificuldades comumente encontrada pelos estudantes ao


elaborar uma resenha é a produção do comentário crítico. Nesse sentido,
as seguintes perguntas poderão auxiliá-lo nessa composição:

• Quais as características mais relevantes da obra?


• Quais as principais conclusões do autor?
• Qual a contribuição da obra? As ideias são originais, criativas? A
abordagem dos conhecimentos é inovadora?
• Com relação ao estilo do(a) autor(a): é conciso, objetivo, claro?
• Trata-se de um livro importante? Por quê? Traz alguma contribuição?
• As posições do autor são coerentes e sólidas?

www.esab.edu.br 61
Convém ainda destacar a você que o título da resenha também será de
sua autoria. O ideal é que você elabore o título após concluir o texto,
pois isso ajudará a fornecer subsídios para um título instigante.

Mas o título deve guardar estreita relação com alguma ideia mais
destacada da obra, conforme a percepção do resenhista.

Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.

www.esab.edu.br 62
Produção científica: artigo
11 científico
Objetivo
Descrever as características e finalidades do artigo científico.

Convidamos você a verificar a estrutura de mais uma modalidade de


trabalho: trata-se do artigo científico. Por enquanto, você ainda está nas
fases iniciais de seu curso de graduação, e o mais comum será a leitura
desse tipo de texto, mas nas fases mais avançadas, será capaz de produzi-
lo a partir de suas atividades de investigação científica.

Então, mãos à obra! Vamos aos estudos.

Devemos, primeiramente, ter em mente que a finalidade primordial de


um artigo consiste em trazer a público resultados de pesquisas realizadas
ou estudos efetuados.

Os artigos são pequenos estudos, mas completos, que abordam uma


questão verdadeiramente científica. Nesse sentido, apresentam os
resultados de estudos e pesquisas. Para entender melhor, saiba que essa
modalidade de trabalho tem por finalidade, na percepção de Severino
(2007, p. 208),

[...] registrar e divulgar, para público especializado, resultados de novos estudos e


pesquisas sobre aspectos ainda não devidamente explorados ou expressando novos
esclarecimentos sobre questões em discussão no meio científico.

Trata-se de um texto científico, cuja função é relatar uma gama de


resultados imbuídos de originalidade, encontrados a partir de uma
pesquisa.

www.esab.edu.br 63
Vejamos o complemento dessa explicação com Rodrigues (2006): o
artigo científico constitui-se em um trabalho escrito que trata sobre um
determinado assunto e que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas e
resultados de trabalhos nas diversas áreas do conhecimento científico. O
artigo científico tem como principal finalidade a difusão de informações
sobre pesquisas realizadas.

E sendo um trabalho com esse perfil, a linguagem a ser utilizada para


a realização de um artigo de investigação deve primar pela concisão e
objetividade, buscando fornecer maior relevância e credibilidade aos
dados apresentados.

Você pode estar se perguntando: onde encontramos os artigos científicos?


Ele é publicado em revistas acadêmicas, jornais e sites especializados. Por
exemplo, é comum encontrarmos publicações de instituições acadêmicas
que possibilitam aos estudantes e professores um espaço para publicação.

Em algumas instituições de ensino, solicita-se, no fim do curso, que o


aluno entregue um artigo científico em vez de uma monografia. Sendo
assim, cabe fazermos a diferenciação.

Uma das principais diferenças é a concisão de linguagem a ser utilizada


no artigo, já que este possui uma extensão bem menor que uma
monografia sobre o mesmo tema. Assim, precisa ser mais sintético
e objetivo. Na monografia, o autor tem mais espaço tanto para
fundamentar teoricamente o trabalho como apresentar toda a pesquisa,
enquanto no artigo as etapas são apresentadas de forma sintética, sem
esmiuçar os detalhes.

Então, vamos abordar a estrutura do artigo, com a introdução, o


desenvolvimento e a conclusão, ainda que no artigo a apresentação desses
tópicos seja mais “enxuta”.

www.esab.edu.br 64
Dica
Para acompanhar melhor a explicação referente à
estrutura do artigo científico, clique aqui.

Sugerimos, a partir de Rodrigues (2006), a seguinte estrutura:

• preliminares: identificação do título e autor(es);


• resumo: síntese do artigo que será apresentado (ou seja, apresentação
concisa dos pontos relevantes do texto);
• corpo do artigo: apresentação do tema e dos resultados;
• referências: fontes de pesquisa citadas ao longo do artigo.

O primeiro tópico (preliminares) refere-se ao título, ao subtítulo (se


houver), ao autor ou aos autores do artigo, descrição das credenciais do
autor (por exemplo: Acadêmico do Curso de Pedagogia – ESAB).

No que se refere ao resumo, o autor do artigo deve apresentar


sucintamente o foco do texto e instigá-lo à leitura. O resumo deve ser
escrito em parágrafo único, numa sequência corrente de frases lógicas
sem nenhuma enumeração de tópicos.

Vamos ver um exemplo?

www.esab.edu.br 65
Título do artigo,
Modelo de artigo de periódico
centralizado
baseado na NBR 6022 (2003)

COMO ELABORAR UM ARTIGO CIENTÍFICO

Nome do(s) Maria Bernadete Martins Alves *


autor(es) Susana Margaret de Arruda **

RESUMO
Este trabalho apresenta os elementos que
constituem a estrutura de um artigo científico bem
como apresenta de forma geral as regras de
apresentação, o resumo, a citação no texto e as
referências. As orientações aqui apresentadas
baseiam-se na norma para apresentação de artigo
científico, a NBR 6022 de 2003.

Palavras-chave: Artigo científico. Normatização.


NBR 6022.

* Bibliotecária da Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre


em Engenharia de Produção (UFSC).
** Bibliotecária da Universidade Federal de Santa Catarina.
Especialista em Gestão da Informação (UFSC).

Breve currículo do(s) autor(es), Palavras que


em notas de rodapé representam o
conteúdo do texto
Figura 4 – Exemplo de preliminares.
Fonte: Adaptado de <http://www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf>.

www.esab.edu.br 66
No corpo do artigo, inclui-se a introdução, a revisão da literatura
(embasamento teórico), a metodologia adotada para realizar o estudo, os
resultados e as conclusões. Todos os autores que forem citados ao longo
do artigo devem aparecer nas referências (com as fontes consultadas no
padrão das normas da ABNT).

Acompanhe o exemplo:

Modelo de página Título


de referências centralizado

REFERÊNCIAS

ABNT. NBR 10520: informação e documentação:


citação em documentos. Rio de Janeiro, 2002. 7 p.

IBGE. Normas de apresentação tabular. 3. ed.


1993.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade.


Fundamentos de metodologia científica. 3.
ed. rev e ampl. São Paulo: Atlas, 1991. 270 p.

As referências têm Entre as referências,


espaçamento simples. utiliza-se espaçamento duplo.

Figura 5 – Exemplo de referências.


Fonte: Adaptado de <http://www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf>.

www.esab.edu.br 67
O artigo apresenta a estrutura comum ao trabalho científico, mas
deve destacar os objetivos, a fundamentação teórica e a metodologia,
seguindo-se a análise dos dados coletados e as conclusões a que se
chegou, contemplando ainda o registro das referências utilizadas para
elaboração do estudo (SEVERINO, 2007).

Saiba mais
Agora, sugerimos a você que faça a leitura do
artigo “Desconstruindo um artigo científico”,
que pode ser acessado aqui. Existem vários sites
em que você pode pesquisar artigos a partir de
palavra-chave. Segue uma indicação aqui. Confira!

Ao fazer a leitura de artigos científicos, você perceberá que algumas


questões estruturais são distintas, ainda que o propósito deva ser sempre
o de apresentar os resultados de algum estudo ou pesquisa realizada. É
importante, antes de submeter um artigo para uma revista ou evento
científico, saber qual o foco de abordagem do evento, e quais as normas
editoriais da publicação.

Conforme sugere Severino (2007), quanto à formatação técnica do texto,


deve-se seguir as diretrizes e normas específicas da publicação, cabendo
ao autor se inteirar delas antes de submeter seu trabalho à editoria.

Como todo trabalho científico, você deve lembrar que se deve primar
pela objetividade na apresentação das ideias, utilizando linguagem
adequada e demonstrando conhecimento suficiente acerca do tema
abordado. Portanto, clareza e coerência são características fundamentais.

Mas de que forma podemos nos motivar a escrever um artigo? A seguir,


citamos algumas situações que podemos aproveitar:

• quando buscamos encontrar soluções variadas para um tema já


estudado;

www.esab.edu.br 68
• quando estudamos algo que já foi motivo de estudo há muito
tempo, sendo possível apresentá-lo sob nova perspectiva;
• quando temos a possibilidade de questionar determinada pesquisa
realizada.

Ao longo de sua trajetória acadêmica, você certamente terá condições


de elaborar um artigo científico. Para chegar lá, lembre-se: a leitura de
outros artigos irá auxiliá-lo nesse processo de aprendizagem. Os artigos
científicos têm tido a necessidade de serem gerados não apenas para
divulgar a pesquisa, mas também para que ideias possam ser conhecidas
e questionadas. E nesse sentido, constituem um material riquíssimo para
pesquisas.

www.esab.edu.br 69
Produção científica: monografia,
12 dissertação e tese
Objetivo
Abordar as peculiaridades da monografia, da dissertação e da tese.

Nesta unidade, vamos conhecer as principais características dos textos


que são exigidos em alguns cursos superiores e na pós-graduação.

Já sabemos que a redação da pesquisa pode se configurar na forma de um


artigo, monografia, dissertação de mestrado ou tese de doutorado. Você
sabe a diferença entre esses tipos de trabalhos? É isso que vamos descobrir
aqui.

A monografia acompanhará o estudante durante a sua vida acadêmica


e esse caminho pode ser longo para quem pretende se graduar, se
especializar, se tornar mestre ou mesmo doutor.

Saiba que todos os cursos que fazemos depois da graduação são


chamados de pós-graduação, porém existem diferentes tipos de cursos
com diferentes gradações. A hierarquia entre os cursos é a seguinte:
graduação, especialização, mestrado e doutorado.

Com o diploma da graduação, podemos nos tornar bacharéis, licenciados


ou tecnólogos. Bacharel é o nome que recebe a pessoa que se forma
em todos os cursos que não tem formação específica para dar aulas
(medicina, direito, engenharia etc.). Licenciada é a pessoa que recebe
formação específica para atuar como docente (história, geografia, letras
etc.). Contudo, existem cursos de história, letras e geografia, entre outros,
que permitem formar licenciados e bacharéis. Tecnólogo é a pessoa que
se forma em um Curso Superior de Tecnologia, os conhecidos CSTs.

www.esab.edu.br 70
Depois da graduação, o aluno poderá cursar uma especialização ou
mestrado. A formação da especialização é chamada de lato sensu, que
quer dizer “em sentido amplo”, enquanto o mestrado e o doutorado são
chamados de stricto sensu, que significa “em sentido estrito”.

A pesquisa ligada a trabalhos acadêmico-científicos depende sempre


de seu uso. Nos cursos de graduação e especialização, seu nome é
monografia ou trabalho de conclusão de curso. Já no mestrado, seu nome
é dissertação, e no doutorado, seu nome é tese. Esses nomes servem para
diferenciar os graus de complexidade de cada monografia.

12.1 Monografia
Mas qual o significado de monografia?

Geralmente, o trabalho final do curso de graduação recebe o nome de


monografia. Mas vale destacar: apenas em alguns cursos de graduação,
este trabalho é requisito obrigatório para conclusão do curso. Saiba que o
sentido etimológico da palavra monografia (mono = um e grafia = escrita)
indica que se trata de uma pesquisa escrita sobre um tema.

A monografia se trata de um trabalho acadêmico e, portanto, científico


que se caracteriza pela abordagem de um assunto específico, podendo
envolver aspectos qualitativos e quantitativos. Veremos estas abordagens
nas unidades 15 e 16, mas adiantamos que depois de definir o tema da
pesquisa, deve-se escolher entre realizar uma pesquisa qualitativa ou uma
quantitativa. Mas é preciso destacar: uma não substitui a outra, e elas
podem se complementar. Enquanto a pesquisa quantitativa remete ao
exame dos fenômenos sociais por intermédios de ferramentas estatísticas,
matemáticas e/ou computacionais, a pesquisa qualitativa possui relação
direta com a qualidade dos dados e das informações, sendo orientada no
sentido de classificar os dados em busca de padrões (SEVERINO, 2007).

Nos casos que envolvem a graduação e a especialização, a monografia


pode ser um estudo reflexivo ou pode se ater ao relato e à organização
da massa crítica que existe em torno de algum assunto. Isso significa

www.esab.edu.br 71
que o pesquisador irá investigar os estudos já existentes, na bibliografia
disponível, sobre o tema escolhido. Vamos a um exemplo?

A monografia pode ser um trabalho teórico que discute o uso do


conceito de cultura organizacional em diferentes autores. Neste tipo de
monografia, é comum encontrarmos longas citações sem, no entanto,
uma discussão ou maiores desdobramentos de leitura. Nesse caso, as
habilidades e competências ligadas à capacidade de leitura, organização e
exposição é que estão sendo avaliadas.

12.2 Dissertação de mestrado


Por sua vez, a dissertação é um trabalho acadêmico relacionado com
a diplomação do mestrado. O aluno de mestrado deve demonstrar
habilidade em realizar estudos científicos, seguindo as linhas mestras de
sua área de conhecimento.

Saiba que se trata, assim, de um estudo teórico voltado à organização


das ideias em torno de um debate. Sem dúvida, é um trabalho de maior
fôlego do que a monografia de um curso de especialização, quando se
exige do aluno que ele vá além do relato. Nesse caso, estamos falando
do debate em torno das ideias e do posicionamento em torno da
exposição de pontos de vista e será exigido do acadêmico maior rigor de
cientificidade.

Severino (2007) explica que a dissertação é a comunicação dos resultados


de uma pesquisa e de uma reflexão, que versa sobre um tema único e
delimitado. A dissertação envolve ainda o controle moderado sobre o uso
das citações, da fundamentação de seu posicionamento por intermédio
de argumentos científicos consolidados por outros autores.

Fora do ambiente acadêmico, o termo dissertação possui outros


significados, sobretudo ligados à liberdade do autor para opinar e
lançar mão de argumentos pouco fundamentados. Nesse ponto, deve-se
tomar certos cuidados e ser muito bem orientado para não proceder em
desacordo com as normas científicas.

www.esab.edu.br 72
12.3 Tese de doutorado
A tese é o último dos textos monográficos exigidos nas instituições
de ensino e está relacionada com a diplomação de doutorado, título
superior ao de mestre. A tese exige o domínio de mais de um assunto, de
um conjunto de referências mais amplo e do uso da citação de forma a
esmiuçar o que os autores abordam sobre o tema. Pode ser um trabalho
de pesquisa quantitativa ou qualitativa e, obrigatoriamente, deve ter uma
análise aprofundada sobre o assunto em pauta.

Note que a tese normalmente é um texto mais reflexivo, com maior


fôlego de pesquisa, que se dedica a propor algum tipo de solução ou
realiza algum tipo de experiência. Esse tipo de documento deve ser
elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real
contribuição para a área de conhecimento. Importa aqui, como se
pode perceber, a contribuição inédita do autor da tese para sua área de
conhecimento.

12.4 Dicas para elaboração da monografia,


dissertação e tese
Magalhães (2005) recomenda alguns cuidados essenciais quando se está
escrevendo algum desses trabalhos acadêmico-científicos:

• esteja atento para que haja clareza na comunicação, pensando


sobretudo que não escrevemos para nós mesmos;
• observe a escolha do vocabulário adequado e a definição dos termos
usados;
• confira atentamente as notas e referências, em acordo com as normas
técnicas usuais;
• conte com uma revisão rigorosa de forma e de conteúdo, que irá
ajudar no resultado.

Ainda vale lembrar a você que várias instituições de ensino


disponibilizam os trabalhos de conclusão de curso (monografias), as
dissertações e teses em seus sites, sob a forma de arquivo digital. Dessa

www.esab.edu.br 73
maneira, possibilitam o acesso às pesquisas que possam interessar ao
leitor. Esse acesso permite a familiaridade com esses tipos de trabalhos e
com assuntos que podem despertar em você algum interesse.

Portanto, busque, consulte, leia!

www.esab.edu.br 74
Resumo

Ao longo dessas unidades, você aprendeu que não há ciência sem método
e, portanto, o método fundamenta a busca científica em qualquer área
do conhecimento. Sobre a abrangência de um método, pode-se dizer
que varia conforme sua aplicação, podendo ser geral ou específico.
Geral é o método usado com a finalidade de dar conta de situações
que expressam uma generalização, enquanto específicas são aplicações
associadas a situações particulares. Vimos as diferenças dos movimentos
metodológicos, que nos permitiram refletir sobre os métodos em
ciências, destacando-se o empirismo, positivismo e neopositivismo,
marxismo e dialética, Popper e a falseabilidade, bem como alguns
aspectos da discussão contemporânea. Aprendemos que a técnica, como
poder de manejo do mundo físico, atuou como mais um argumento a
favor da veracidade da ciência, contribuindo para sua consolidação.

Você pôde notar que são muitas as implicações em nosso cotidiano em


função do desenvolvimento da ciência e tecnologia em nossa sociedade,
impactando nos campos do pensamento, do ensino, do estudo, da
produção do conhecimento e da pesquisa científica.

Estudamos que o trabalho acadêmico tem como finalidade: apresentar,


demonstrar, difundir, recuperar e contestar o conhecimento produzido,
acumulado ou transmitido. Tratamos de algumas tipologias, entre elas,
o fichamento, que se refere a uma técnica de trabalho intelectual que
consiste no registro sintetizado, ou seja, resumido e documentado das
ideias e informações mais importantes de um texto. E conferimos os três
tipos básicos: o fichamento bibliográfico; o fichamento de resumo ou
conteúdo; e o fichamento de citações.

Sobre a resenha crítica, destacamos que se trata da apresentação do


conteúdo de uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica ou

www.esab.edu.br 75
indicativa. A propósito do artigo, vimos que são pequenos estudos, mas
completos, que abordam uma questão verdadeiramente científica.

Abordamos que todos os cursos que fazemos depois da graduação


são chamados de pós-graduação, mas existem diferentes gradações.
A hierarquia entre os cursos é a seguinte: graduação, especialização,
mestrado e doutorado. A pesquisa ligada a trabalhos acadêmico-
científicos depende sempre de seu uso. Nos cursos de graduação e
especialização, seu nome é monografia ou trabalho de conclusão de
curso. Já no mestrado, seu nome é dissertação, e no doutorado, tese.
Esses nomes servem para diferenciar os graus de complexidade de cada
monografia.

www.esab.edu.br 76
Para que serve a metodologia
13 científica?
Objetivo
Refletir sobre o porquê da existência da metodologia científica e seus
princípios gerais.

A pergunta que dá título a esta unidade é uma provocação. São diversas


as abordagens sobre os usos da metodologia científica. Muitos cientistas,
inclusive, se debruçaram sobre essa questão para mostrar que os
métodos podem ser uma via para descobrir novos caminhos e resultados,
ampliando o conhecimento (MAGALHÃES, 2005).

Isso significa que o assunto metodologia pode ser abordado de formas


diversas tanto pelos cientistas quanto pelos historiadores e filósofos
da ciência. A metodologia da pesquisa permite uma análise crítica dos
processos de conhecimento, seus procedimentos, valores e ideologias
(MAGALHÃES, 2005). Afinal, a forma como se escolhe um problema,
como se definem as hipóteses, como se estrutura a explicação, como se
coletam os dados, são todas questões de método.

Já aprendemos que o método é o caminho do conhecimento científico.


Ou seja, a aplicação de determinado instrumental tecnológico, por
exemplo, se dá em decorrência de um processo metodológico, da prática
do método de pesquisa que está sendo empregado.

Mas não basta, enfatiza Severino (2007), seguir um método e aplicar


técnicas para se chegar ao saber científico. Esse procedimento precisa
referir-se a determinado fundamento epistemológico que sustenta e
justifica a própria metodologia praticada. Nesse sentido, o autor (2007,
p. 100) destaca que “[...] toda modalidade de conhecimento realizado
por nós implica uma condição prévia, um pressuposto relacionado à
nossa concepção da relação sujeito/objeto”.

www.esab.edu.br 77
E cabe ainda acrescentar: há alguns métodos dos quais se pode afirmar
que são mais adequados aos trabalhos de pesquisa. Ora, se consideramos
que o método é um caminho, podemos também dizer que há vários
caminhos para se chegar a um destino. Resta sempre saber qual o mais
apropriado para aquele tipo de pesquisa. Como se vê, não há uma
receita infalível. Nesse sentido, as propostas de metodologia devem
servir de fio condutor e de embasamento para nortear a investigação
que se faz em diversas áreas do conhecimento, sem perder sua dimensão
epistemológica.

Então, vamos sistematizar a relação entre a ciência e o método: a ciência


se vale de um método que lhe é próprio – o método científico –, o
que a diferencia, como já vimos na unidade 2, dos demais tipos de
conhecimento, como o senso comum, a arte, a religião.

Ao observar os fatos, o cientista pode querer saber por que tais fatos
ocorrem de tal maneira. Nesse caso, o problema pode ser formulado
a partir da questão pela causa dos fenômenos observados. Entra em
cena novamente o poder lógico da razão: formula-se, em alguns
casos, uma hipótese, propondo uma determinada relação causal como
explicação. E após formulada a hipótese (no caso), chega o momento da
verificação experimental, do teste da hipótese. Mas é preciso esclarecer:
nem sempre seguiremos esse procedimento. Há casos em que não se
utilizam hipóteses. Há casos em que o pesquisador busca solucionar
um problema verificado em seu entorno ou busca refutar determinado
conhecimento. Como se nota, o caminho a ser seguido depende de uma
série de variáveis, e também das próprias particularidades de cada área do
conhecimento.

A metodologia científica é, portanto, o conjunto de abordagens, técnicas


e processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas
de aquisição objetiva do conhecimento, de uma maneira sistemática. E,
desse modo, pode-se chegar à lei científica e também a uma teoria. Ainda
a propósito do significado da metodologia científica, Magalhães (2005)
acrescenta que existem diversas metodologias que rivalizam entre si na
busca por explicar por que tal ou qual teoria tem mais sucesso ou falha.

www.esab.edu.br 78
Saiba que métodos são sistemas de interpretação cuja finalidade consiste
em auxiliar o pesquisador a justificar suas ideias e conclusões.

Dominar um método de pesquisa significa entender que a beleza e a


utilidade de uma pesquisa passam justamente por sua apresentação,
isto é, pelos rigores das normas científicas que orientam os trabalhos
acadêmicos.

Você já se deu conta de que a produção do conhecimento é o que


nos garante desenvolvimento científico e tecnológico? A humanidade
sempre buscou o conhecimento e não há possibilidade de produzir
conhecimento sem que exista um método apropriado a cada situação.
Desde os primórdios da filosofia, sempre houve a preocupação com
o método, já que este pode interferir no resultado de uma pesquisa.
Importa destacar aqui as várias possibilidades de caminhos a serem
traçados nas pesquisas, existindo uma multiplicidade de metodologias
possíveis de serem empregadas para uma mesma pesquisa, objeto ou
campo. Por isso, é fundamental conhecer tais possibilidades.

Creswell (2007) sugere que ao iniciar uma pesquisa, devemos nos deter a
responder quatro questões:

• que epistemologia (teoria de conhecimento embutida na perspectiva


teórica) instrui a pesquisa (por exemplo, objetividade, subjetividade
etc.)?
• que perspectiva teórica (postura filosófica) está por trás da
metodologia das questões?
• que metodologia (estratégia ou plano de ação que associa métodos a
resultados) governa nossa escolha e nosso uso de métodos?
• que métodos (técnicas e procedimentos) propomos usar (por
exemplo, questionários, entrevistas etc.)?

É importante salientar que o uso de um método não garante a qualidade


de uma pesquisa, o que garante a qualidade é a fundamentação que
podemos realizar a partir de um método. Dessa forma, é preciso que
fique claro a você que a capacidade do pesquisador é que definirá a
qualidade e a confiabilidade de sua pesquisa.

www.esab.edu.br 79
O método pode ser entendido, então, como o conjunto de atividades
sistemáticas e racionais que possibilitam alcançar determinado objetivo,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e contribuindo nas
decisões do cientista.

Mas sabemos que existem diferentes tipos de pesquisas, sobretudo


quando pensamos na variedade das áreas de conhecimento.

Tendo isso em mente, convém abordarmos aqui alguns tipos de pesquisa.


Mas note que a tipologia varia conforme o tipo de classificação. A
imagem a seguir ilustra as possíveis classificações:

Básica
Finalidade Aplicada

Exploratória
Objetivos Descritiva
Explicativa

Bibliográfica
Critérios Procedimentos Documental
Experimental
Outros
Qualitativa
Natureza Quantitativa

Local de Campo
realização Laboratório

Figura 6 – Tipos de pesquisa.


Fonte: Adaptada de Vergara (2007) e Severino (2007).

Então, com relação à finalidade, a pesquisa pode ser:

www.esab.edu.br 80
• pura (básica): satisfação do desejo de adquirir conhecimentos, sem
que haja uma aplicação prática prevista;
• aplicada: os conhecimentos adquiridos são utilizados para aplicação
prática voltados para a solução de problemas concretos da vida
moderna.

Com relação aos objetivos, a pesquisa pode ser caracterizada como


(SEVERINO, 2007):

• exploratória: quando se busca apenas levantar informações acerca


de determinado objeto, mapeando as condições de manifestação
desse objeto. Em geral, envolve pesquisa bibliográfica; entrevistas
com pessoas; análise de exemplos que estimulem a compreensão;
• descritiva: visa descrever as características de determinada população
ou fenômeno ou ainda o estabelecimento de relações entre variáveis.
Em geral, utiliza técnicas de coleta de dados como o questionário e a
observação sistemática;
• explicativa: além de registrar e analisar os fenômenos estudados,
busca-se identificar suas causas, quer por meio da aplicação de
método experimental/matemático quer por meio de interpretação
usando métodos qualitativos. Aprofunda o conhecimento da
realidade porque explica a razão dos fenômenos.

Já quanto aos procedimentos (meios de investigação), a pesquisa pode ser


(VERGARA, 2007):

• bibliográfica: estudo sistematizado desenvolvido com base em


material publicado em livros, revistas (impressas ou eletrônicas),
jornais;
• documental: realizada em documentos conservados no interior de
órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas;
• experimental: investigação empírica em que o pesquisador
manipula e controla variáveis independentes e observa as variações
produzidas;

www.esab.edu.br 81
• ex post facto: refere-se a um fato já ocorrido. Assim, o pesquisador
não pode controlar ou manipular variáveis;
• participante: não se esgota na figura do pesquisador; dela tomam
parte pessoas implicadas no problema investigado, fazendo com que
a fronteira pesquisador/pesquisado seja tênue;
• pesquisa-ação: tipo de pesquisa participante e de pesquisa aplicada
que supõe intervenção participativa na realidade social;
• estudo de caso: é circunscrito a uma ou poucas unidades,
entendidas como pessoa, família, produto, empresa etc.

As demais tipologias relacionadas à natureza da pesquisa serão


contempladas nas unidades a seguir.

Como vimos, métodos são sistemas que nos ajudam a interpretar melhor
a vida e a conviver com as pessoas, com a natureza e com as coisas em
geral. Neste caso, esta “ajuda” precisa ser entendida como um tipo de
educação da nossa percepção, que nem sempre é uma tarefa fácil de
colocar em prática. E no que se refere ao desenvolvimento da pesquisa,
vale enfatizar: não é o emprego de um método que garante o sucesso
de uma pesquisa. O que garante a qualidade é a fundamentação que
podemos realizar a partir de um método. Dessa forma, é preciso que
fique claro a você que a capacidade do pesquisador é que definirá a
qualidade e a confiabilidade de sua pesquisa

Ainda tratando de métodos de pesquisa, veremos que o desenvolvimento


da ciência moderna trabalha a partir de raciocínios indutivos e com
raciocínios dedutivos, tema de nossa próxima unidade.

www.esab.edu.br 82
Em torno do método: indução e
14 dedução
Objetivo
Abordar o universo dos métodos científicos, contemplando as lógicas
indutiva e dedutiva.

Ao longo do desenvolvimento da ciência moderna, podemos perceber


claramente dois caminhos tradicionais do raciocínio científico. Veremos
que, ao compreendê-los, temos condições de nos aprofundarmos,
descobrindo coisas adicionais. A fim de que o conhecimento produzido
pela ciência tenha consistência, é necessário admitir algumas verdades
universais, isto é, a ciência se apoia em determinados pressupostos e
privilegia, conforme o caso, determinada lógica de raciocínio. Isso
significa dizer que tanto podemos partir do geral para o específico,
quanto podemos partir de dados particulares para a generalização.

Você pode notar que esses métodos de raciocínio também fazem parte
de nossa vida cotidiana, pois são os tipos de raciocínio que dão forma
a nossos pensamentos e inferências. Mas no âmbito da ciência eles são
burilados através da lógica e ganham repercussão.

Tendo entendido isso, destacamos que existem dois métodos científicos


que merecem nossa atenção aqui: o dedutivo e o indutivo. Em outras
palavras, podemos dizer que tratamos aqui, basicamente, de duas formas
de raciocínio, ou seja, de procedimentos racionais de argumentação e
de justificação de uma hipótese. Veremos que tanto o método dedutivo
quanto o indutivo costumam ser suscetíveis de verificação empírica e
entenderemos a razão dessas subdivisões propostas.

www.esab.edu.br 83
14.1 Dedução
Partindo do estudo do método dedutivo, destaca-se que ele tem seu
histórico a partir da obra de Aristóteles, e por isso também é chamado
de lógica aristotélica. Mas o que vem a ser isso? Máttar Neto (2011)
explica que a parte mais importante da lógica aristotélica é sua teoria dos
silogismos. Ora, se o silogismo é uma representação de nosso processo
de raciocínio, em última instância, o método dedutivo apresenta um
encadeamento de duas (ou mais) premissas que possibilitam uma
conclusão. A conclusão, por sua vez, deve acrescentar algo de novo a elas.

Então, no silogismo teremos dois ou mais princípios que nos levarão a


determinada dedução, no caso, nossa conclusão. Os princípios precisam
ser verdadeiros para que nos levem a uma conclusão verdadeira. Vamos
entender melhor a partir de um exemplo?

O exemplo clássico citado quando se aborda o método dedutivo é o seguinte:

Sócrates é homem.
Todo homem é mortal.
Logo, Sócrates é mortal.

Notemos que para que o silogismo se concretize, a conclusão “Sócrates


é mortal” não repete nenhuma das premissas e, desse modo, leva a algo
novo, mas com validade a partir do raciocínio.

Máttar Neto (2011) destaca que a validade de um raciocínio não


se confunde com a verdade de uma proposição. Nesse sentido,
consideramos que a logicidade perfeita de um raciocínio assegure que um
determinado discurso seja verdadeiro.

Daí concluirmos que as premissas precisam ser verdadeiras para acarretar


veracidade na conclusão. E a conclusão segue-se necessariamente das
premissas por força puramente lógica. Mas atenção: quando dizemos
que a primeira premissa é verdadeira, devemos considerar a existência de
argumentos válidos e consistentes.

www.esab.edu.br 84
Como afirma Magalhães (2005), a dedução chega de forma lógica
a resultados que ainda não tinham sido explicitados, a partir de
argumentos verificados como corretos e gerais, aplicados a situações
particulares. E sustenta: “como os resultados deduzidos estavam de
certa forma contidos nos pontos de partida [...], é correto dizer que a
dedução desvela, isto é, tira o véu de uma verdade que estava encoberta”
(MAGALHÃES, 2005, p. 238).

Cabe ainda destacar, a partir dessa exposição, que o método dedutivo


não oferece conhecimento novo, tendo em vista que sempre conduz à
particularidade de uma lei geral previamente conhecida. A dedução apenas
organiza e especifica o conhecimento que já se possui. Isso se dá porque os
resultados já estavam nos pontos de partida (ainda que encobertos).

Vamos a mais um exemplo?

Todo vertebrado possui vértebras.


Todos os cavalos são vertebrados.
Dedução: Logo, todos os cavalos têm vértebras.

Perceba que, a partir das estruturas lógicas, você parte das premissas
(Todo vertebrado possui vértebras/ Todos os cavalos são vertebrados) e
chega a conclusões (neste caso, todos os cavalos têm vértebras).

O processo lógico-dedutivo está muito presente na ciência, sobretudo


com larga aplicação em áreas como a Matemática e a Física, cujos
princípios podem ser enunciados como leis. O método é aplicado em
ocasiões em que a racionalização ou combinação de ideias em sentido
interpretativo vale mais do que a experimentação caso por caso.

Cita-se como exemplo a lei da gravitação universal, que estabelece:


“matéria atrai matéria na razão proporcional às massas e ao quadrado da
distância”, podendo daí serem deduzidas infinitas conclusões, das quais
seria muito difícil duvidar.

www.esab.edu.br 85
No âmbito das Ciências Sociais, o uso desse método é bem mais
restrito, em função da dificuldade para se obter argumentos gerais, cuja
veracidade não possa ser colocada em dúvida. 

Já mencionamos que a ciência teve um desenvolvimento pleno na era


moderna, e se legitimou, em boa parte, por conta da eficácia operatória da
técnica, decorrente, em grande medida, da operação desse tipo de raciocínio.

14.2 Indução
No século XVI, Galileu Galilei iniciou o questionamento a despeito do
procedimento mais apropriado para se atingir conhecimentos seguros
dos fenômenos naturais. Desse modo, teorizou o método denominado
experimental, o qual infere leis gerais a partir de observações de casos
particulares.

No método indutivo, passamos dos fatos às leis, mediante hipóteses,


destaca Severino (2007).

O método indutivo cria leis a partir da observação dos fatos, propondo


a generalização do comportamento observado. Trata-se, sim, de uma
espécie de generalização, sem que através da lógica possa conseguir uma
demonstração das citadas leis ou conjunto de conclusões.

Enquanto na dedução, como vimos, se parte do geral e universal para o


particular, na indução se vai do particular para o geral. Então, vejamos
um exemplo de indução:

Joaquim morreu.
Joana morreu.
Paulo morreu.

Se todos os seres humanos de minha amostra morreram (ou seja, de


várias constatações individuais), deduz-se: “os seres humanos são
mortais” (afirmação geral).

www.esab.edu.br 86
Note que de alguns fatos particulares observados faz-se uma generalização
e, desse modo, o cientista passa do particular para o universal.

Como afirma Severino (2007), o que se constata em uma amostra é


estendido a toda a população de casos da mesma espécie. Estabelece-
se, desse modo, uma lei geral a partir da repetição constatada de
regularidades em vários casos particulares, de reiteradas incidências de
uma mesma regularidade.

Nesse caso, a indução não nos leva à certeza dos procedimentos


dedutivos, mas apenas probabilidades. Mas, apesar da inequívoca
contribuição da lógica dedutiva para o desenvolvimento da ciência, a
indução também possibilitou muitos avanços científicos, pois é a partir
dela que a ciência arrisca e salta.

Vamos a mais um exemplo da lógica indutiva?

Cobre conduz energia. (particular)


Zinco conduz energia. (particular)
Cobalto conduz energia. (particular)
Ora, cobre, zinco e cobalto são metais.
Afirmação geral: Logo, (todo) metal conduz
energia. (universal)

Podemos dizer que a diferença fundamental entre o método dedutivo


e o método indutivo é que o primeiro aspira a demonstrar, mediante
a lógica pura, a conclusão na sua totalidade a partir de suas premissas,
enquanto o indutivo cria leis a partir da observação dos fatos, propondo
a generalização do comportamento observado.

Qual a justificativa que se apresenta para que seja possível a indução?


Magalhães (2005, p. 234) explica que é “[...] a crença de que há
fenômenos que exibem alguma característica de analogia, ou seja,
acredita-se que é provável uma repetição de características – como
nas perguntas que servem de base para as pesquisas de opinião”.

www.esab.edu.br 87
Existe, porém, o perigo de que os dados não sejam suficientes para a
generalização, levando a falsas generalizações.

Magalhães (2005) ressalta que há muitas dificuldades em admitir que


o indutivismo seja suficiente como metodologia científica. Algumas
decorrem de que dificilmente conhecemos a totalidade das causas de um
fenômeno; além disso, de um determinado conjunto de fatos se podem
extrair inúmeras teorias. E o mais grave: são as teorias que adotamos
que determinam, mesmo que de maneira implícita, quais os fatos que
investigamos.

14.3 Considerações gerais


Um dos autores que problematizou o método indutivo foi Bertrand
Russell (1872-1970), quando afirmou: um peru que todas as manhãs
recebia ração estaria errado ao supor que no dia 24 de dezembro também
receberia ração − neste dia, ele foi para a panela.

Outros autores reforçaram o problema da insegurança de conclusões


indutivas, mas também se observam dificuldades com o método
dedutivo, quando em determinado experimento se nota a falta de
premissas universalmente verdadeiras, pondo em cheque a eficácia do
método de Aristóteles para descobrir a verdade.

Nesse sentido, ressalta-se que todos os métodos apresentam suas lacunas,


cabendo a nós, pesquisadores, distinguir entre o mais adequado para
nosso objeto de estudo.

Magalhães (2005) explica que a dedução e a indução se complementam,


sendo que alguns pesquisadores defendem um método combinado, o
indutivo-dedutivo, pelo qual, a partir dos fenômenos observados, se
generalizariam leis que explicariam os fatos, explicações que, por sua vez,
seriam testadas com novos fatos, e assim por diante. Notamos, assim,
que diante dessa complexidade, o processo de conhecimento não deve ser
reduzido ao problema de indução, dedução ou suas combinações.

www.esab.edu.br 88
Saiba mais
Sugerimos que você clique aqui e assista à
explicação sobre o filósofo Hume e o problema da
indução.

Finalizamos destacando que é tarefa do pesquisador, a partir de sua área


de conhecimento, determinar a validade ou grau de força de cada tipo
de raciocínio, e cabe-nos sempre distinguir o mais adequado para as
pesquisas e estudos realizados.

Agora que já estudamos os tipos de métodos, vamos verificar as


peculiaridades das abordagens quantitativa e qualitativa.

www.esab.edu.br 89
15 Pesquisa quantitativa
Objetivo
Destacar as particularidades da pesquisa quantitativa, analisando os
casos em que ela pode ser útil.

A origem da abordagem quantitativa pode ser remetida ao positivismo.


O positivismo de Augusto Comte estava fundamentado sobre o uso do
método científico baseado na observação empírica, que gerava base para
testar hipóteses com a finalidade de explicar e/ou prever determinados
fenômenos.

Até a década de 1960, havia uma linha divisória que separava as


abordagens quantitativas das qualitativas, contudo, essas barreiras foram
aos poucos caindo, gerando uma dependência crescente entre as duas
abordagens.

As pesquisas quantitativas se referem ao exame dos fenômenos sociais


que são obtidos por intermédios de ferramentas estatísticas, matemáticas
e/ou computacionais (SEVERINO, 2007). O autor ainda chama atenção
ao fato de que ao se falar de pesquisa quantitativa ou qualitativa não
se está referindo a uma modalidade de metodologia em particular, mas
a um conjunto de metodologias, que envolvem diversas referências
epistemológicas.

Podemos definir a matéria básica da pesquisa quantitativa como dados.


Dados quantitativos são informações que podem ser convertidas em
números, pois assim são convertidos facilmente em fontes capazes de
gerar estatísticas e percentagens. A lógica por detrás disso pode ser
resumida da seguinte forma: o pesquisador faz uma pergunta específica
(que pode ser transformada em um número) e, em seguida, os dados são
analisados e transformados em estatísticas.

www.esab.edu.br 90
Saiba ainda que esse tipo de pesquisa pressupõe que os números obtidos
produzam uma base imparcial que sirva de base para conclusões
específicas. A pesquisa de abordagem quantitativa trabalha a partir de
estatísticas capazes de gerar conclusões que sirvam para analisar um
conjunto de participantes.

Esse tipo de pesquisa é amplamente usado nas chamadas ciências sociais


aplicadas (comunicação, direito, psicologia, economia, antropologia,
administração, ciências contábeis) e com menos frequência também são
usadas nas ciências humanas (história e geografia). Também é comum seu
uso nas chamadas ciências exatas (física, química, biologia e matemática).
Porém, existem pequenas diferenças entre os seus diversos usos nas
diferentes áreas do conhecimento.

Por enquanto, nosso interesse reside na abordagem quantitativa, mas na


unidade seguinte vamos abordar as características da pesquisa qualitativa.

Enquanto algumas pesquisas com abordagem qualitativa se ocupam de


gerar informações sobre casos particulares, gerando hipóteses gerais, a
pesquisa quantitativa oferece um método de verificação sobre a validade e
a extensão dessas hipóteses.

A cultura acadêmica faz muita diferença na escolha do tipo de método


a ser usado em diferentes países. Nos Estados Unidos, por exemplo,
existe uma preferência histórica por pesquisas quantitativas, enquanto
no Brasil, em determinadas áreas, existe uma clara preferência por
abordagens qualitativas.

Hoje, existe no mercado uma grande diversidade de softwares que


podem auxiliar como ferramentas da pesquisa quantitativa. Em virtude
dessa popularização dos softwares e de suas aplicações, a abordagem
quantitativa ganha mais espaço a cada dia. Esses softwares auxiliam
também na confecção de estatísticas, o que favorece ainda mais o seu uso.

Podemos resumir, então, que a pesquisa quantitativa consiste em uma


abordagem de pesquisa que utiliza técnicas estatísticas. Normalmente,
implica o uso do questionário como técnica de coleta de dados. É muito

www.esab.edu.br 91
utilizada quando o pesquisador se depara com uma amostra grande a ser
pesquisada.

Um exemplo de pesquisa quantitativa é o seguinte: o pesquisador deseja


verificar o nível de satisfação dos clientes de determinada organização,
com relação aos produtos e serviços prestados. Nesse caso, o pesquisador
pode se valer de uma pesquisa de abordagem quantitativa, utilizando o
questionário, pesquisando a percepção de uma amostra considerável da
população de respondentes. Ao apresentar os resultados, o pesquisador
poderá elaborar tabelas com os percentuais de respostas e construir
gráficos a fim de organizar melhor os resultados da pesquisa. Os
profissionais de marketing normalmente usam tais informações para, a
partir dos resultados, desenhar estratégias e planos de marketing.

Você pode estar se perguntando: o que significa amostra? E população?

Bem, no caso de uma pesquisa, universo ou população refere-se a um


conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que
possuem as características que serão objeto de estudo. Já a amostra se
restringe a uma parte do universo (população) escolhida conforme algum
critério de representatividade (VERGARA, 2007).

Na maioria das pesquisas científicas, é praticamente impossível se avaliar


todos os elementos que compõem uma população de interesse de estudo.
E isso se deve principalmente ao custo e tempo necessário para coletar
dados de toda a população.

Vergara (2007) explica que existem dois tipos de amostra: a probabilística


(baseada em procedimentos estatísticos) e a não probabilística (destacam-
se as selecionadas por acessibilidade e por tipicidade). Eis a explicação de
algumas mais comumente empregadas:

• aleatória simples: cada elemento da população possui uma chance


de ser selecionado. Geralmente, atribui-se a cada elemento da
população um número e depois se faz a seleção aleatoriamente;
• estratificada: seleciona uma amostra de cada grupo da população.
Por exemplo: em termos de sexo, idade ou outras variáveis;

www.esab.edu.br 92
• por conglomerados: seleciona conglomerados, entendidos esses
como empresas, famílias, universidades e outros elementos. É
indicada quando a lista dos elementos é muito difícil;
• por acessibilidade: longe de qualquer procedimento estatístico, a
seleção é feita por elementos em função da facilidade de acesso a
eles;
• por tipicidade: constituída pela seleção de elementos que se
considera representativo da população-alvo, representando profundo
conhecimento dessa população.

Lembremos que para representar bem uma população é fundamental que


a amostra tenha quantidade e qualidade. A qualidade se refere a como
e onde selecionar os elementos da amostra; e a quantidade adequada
pode ser calculada. Esse cálculo depende de alguns fatores, tais como:
características da população; características da pesquisa; grau de precisão
desejado pelo pesquisador; tamanho da população; como a amostra
é selecionada (tipo de amostragem); possíveis perdas de elementos da
amostra.

Cabe acrescentar que existem ainda outros tipos de amostra menos


recorrentes nas pesquisas.

Saiba mais
Sugerimos que você consulte o site clicando
aqui a fim de se aprofundar um pouco mais
na abordagem do cálculo da amostra de uma
pesquisa.

Após essa pesquisa, é hora de descobrirmos as características da pesquisa


qualitativa.

www.esab.edu.br 93
16 Pesquisa qualitativa

Objetivo
Destacar as particularidades da pesquisa qualitativa.

Vimos que a pesquisa quantitativa considera tudo que pode ser


quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e
informações para classificá-los e analisá-los. Mas existe outra abordagem:
a qualitativa. Como o próprio nome destaca, as pesquisas qualitativas
possuem relação direta com a qualidade dos dados e das informações.

Os primórdios desse tipo de investigação podem ser encontrados no final


do século XIX, quando alguns pesquisadores rejeitaram as técnicas de
pesquisa utilizadas pelos cientistas positivistas. O método positivista estava
fundamentado sobre a ideia teórica da existência de um mundo objetivo
que podia ser verificado e validado por meio da interpretação empirista.

Severino (2007) explica que os cientistas foram se dando conta de


que o conhecimento desse mundo humano não podia reduzir-se,
impunemente, a esses parâmetros e critérios, que deixavam escapar
importantes aspectos relacionados com a condição específica de sujeito.

O abandono das técnicas positivistas foi gradativo e pressupunha a criação


de um novo paradigma para alimentar a pesquisa qualitativa. Esse novo
método precisava ser rigoroso no trato com as informações, exigindo ainda
a criação de um novo método de organização e controle das informações.

Nas décadas posteriores, o novo método de investigação ganhou um


aliado importante: os primeiros computadores. Não podemos esquecer
o fato de os computadores serem, inicialmente, potentes máquinas
de calcular. Isso multiplicava infinitamente a quantidade de cálculos
resultantes das pesquisas quantitativas, que serviam de base para
sustentação de conclusões qualitativas.

www.esab.edu.br 94
Assim, aos poucos, os métodos conhecidos como pós-positivistas
ganhavam reconhecimento na academia. As questões sociais que
surgiram nos anos 1960 e 1970 tiveram uma importante participação
no desenvolvimento das pesquisas qualitativas, sobretudo questões
ligadas aos novos movimentos sociais contemporâneos, como, por
exemplo, o advento do feminismo e as questões relativas à raça ao
gênero à sexualidade. Esses desdobramentos sociais influenciaram no
desenvolvimento desse tipo de pesquisa a partir da década de 1980,
criando novas abordagens com características cada vez mais reflexivas.

Desde então, a ideia de que o pesquisador era um sujeito passivo ou um


observador passivo passou a ser rejeitada com veemência. Neste sentido,
a pesquisa qualitativa tornou-se uma abordagem mais participativa, em
que a função do observador passou a ter um papel mais decisivo para os
rumos das pesquisas.

A centenária divisão entre abordagens qualitativas e quantitativas passou


a sofrer ataques, pois cada vez mais ficava claro que havia a necessidade
de combiná-las, fazendo surgir uma mistura de abordagens. São as
chamadas pesquisas quali-quantitativas.

A pesquisa qualitativa é uma abordagem de investigação que pode ser


utilizada nas mais diversas áreas do conhecimento, mas tradicionalmente
está ligada às ciências sociais aplicadas e também às ciências humanas,
sobretudo quando envolve pesquisa de mercado aliada à compreensão de
contextos sociais mais complexos.

Geralmente, os pesquisadores qualitativos reúnem diferentes informações


sobre um contexto específico, gerando uma compreensão com maior
riqueza de detalhes sobre os padrões do comportamento das pessoas e
sobre as motivações que levam a esses comportamentos. Busca-se sempre
o “porquê”, o “como” e os “sentidos e significados” que pessoas de uma
determinada amostra significativa tomam determinadas decisões. Sendo
assim, percebe-se que os detalhes é que farão a diferença nos resultados
desse tipo de pesquisa.

A visão comum enfatiza que, por meio da qualificação, se pode produzir


um tipo específico de informação sobre casos particulares, trabalhando a

www.esab.edu.br 95
partir das respostas informadas pelos entrevistados. Porém, as abordagens
quantitativas também estruturam hipóteses fundamentais de investigação.

A pesquisa qualitativa normalmente é orientada no sentido de classificar


os dados em busca de padrões, além de fornecer meios que estruturam as
formas de divulgação dos resultados.

Algumas formas frequentes de uso desse tipo de pesquisa incluem


algumas abordagens, conforme podemos ver a seguir (SEVERINO,
2007; VERGARA, 2007).

• Histórica: a abordagem histórica permite reconhecer padrões


consolidados no presente a partir de usos e costumes do passado.
Essa abordagem ajuda a responder a perguntas básicas sobre o
contexto social no qual estamos inseridos.
• Etnográfica: a abordagem etnográfica visa compreender os
processos do dia a dia em suas diversas modalidades; trata-se de um
mergulho no microssocial; é descritivo. Por intermédio desse tipo de
abordagem, podemos conhecer melhor os mecanismos culturais que
geram ou que bloqueiam determinadas demandas.
• Ética: a abordagem ética permite reconhecer os padrões de
comportamento ligados às obrigações, tais como os nossos direitos
e deveres, possibilitando conhecermos padrões sobre o que se pensa
sobre o certo e o errado.
• Fenomenologia: a fenomenologia é uma filosofia baseada no
reconhecimento da realidade subjetiva de um fenômeno ou
acontecimento. Deste método permite se extrair conclusões
abrangentes com capacidade de gerar conhecimentos específicos
sobre os padrões de comportamentos.

A propósito da análise dos dados em uma pesquisa qualitativa, destaca-se


a predominância da análise de conteúdo. Severino (2007) expõe se tratar
de um conjunto de técnicas de análise das comunicações, sejam discursos
escritos, orais, imagens, gestos. Pretende-se, com tal metodologia de
análise, compreender criticamente o sentido manifesto ou oculto das
comunicações. Daí se constituir como uma análise do conteúdo das

www.esab.edu.br 96
mensagens, os enunciados dos discursos, a busca do significado das
mensagens. Em geral, os pesquisadores organizam as informações
coletadas por categorias que lhes interessam, de modo a facilitar o
processo de análise. Tais discursos, em boa parte das pesquisas, são
coletados por meio de entrevistas e depoimentos.

Note, então, que a pesquisa qualitativa se caracteriza como


fundamentalmente interpretativa, demandando, do pesquisador,
capacidade interpretativa dos dados.

Creswell (2007) explica que os estudos qualitativos comumente utilizam


algum (ou alguns) dos quatro tipos de instrumentos de coleta de dados
mostrados a seguir:

• observação: o pesquisador toma notas de campo sobre


comportamento e atividades das pessoas no local de pesquisa; desse
modo, registra as atividades no local;
• entrevista: o pesquisador conduz entrevistas face a face com os
participantes (ou por intermédio de outra mídia interativa), de modo
a extrair as opiniões dos participantes acerca do tema em pauta;
• pesquisa documental: o pesquisador pode ainda se valer dos
documentos, que podem ser públicos (como jornais, atas de reunião,
relatórios oficiais) ou privados (registros pessoais, e-mails);
• material de áudio e visual: esses dados podem ser fotografias,
objetos de arte, vídeos ou outro tipo de documento desse gênero.

Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de
Aprendizagem da instituição e participe do nosso
Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar,
por meio da interação, a construção do seu
conhecimento. Vamos lá?

www.esab.edu.br 97
Ao conhecer as especificidades e diretrizes da pesquisa qualitativa, e
também da quantitativa (abordada na unidade anterior), podemos
reconhecer as riquezas de cada uma das abordagens e também a
possibilidade de utilizar, conforme o teor da pesquisa realizada, métodos
mistos, que abrangem tanto a qualitativa quanto a quantitativa. E isso
deverá ser definido em seu projeto de pesquisa, tema de nossa próxima
unidade. Vamos adiante?

Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidades 9 a 16. Para isso, dirija-se
ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

www.esab.edu.br 98
Projeto de pesquisa: finalidades e
17 estrutura
Objetivo
Apresentar as finalidades do projeto de pesquisa e sua estrutura.

Prezado aluno, perguntamos a você: para que serve um projeto de


pesquisa? Afinal, qual a sua finalidade? E como se estrutura? Por onde
começar quando queremos dar início a uma pesquisa?

A primeira tarefa é delimitar o assunto a ser investigado. E é preciso


estar atento às possibilidades de abordagem do assunto, considerando as
contribuições e o interesse do tema na área científica.

Dica
Sugerimos que você pesquise sobre normas
de trabalhos acadêmico-científicos. A
Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) é responsável pela elaboração das
Normas Brasileiras e há diversos sites que
orientam sobre a formatação de trabalhos.

Você já aprendeu que os processos que envolvem a organização do


trabalho acadêmico devem refletir a aplicação do método. Por meio dos
métodos, você irá nortear sua pesquisa, a fim de alcançar os resultados
que precisam ser organizados e comprovados de forma a ter valor
científico. Pois bem, este é um dos principais desafios da elaboração do
trabalho acadêmico.

Mais do que uma preocupação com a forma (visual, estética) ou com


a formatação da ABNT, que normaliza a confecção dos trabalhos, a
organização do trabalho é uma etapa fundamental que contempla todo

www.esab.edu.br 99
o processo metodológico, validando as pesquisas e os resultados obtidos,
sendo o principal instrumento de apresentação à comunidade científica
de sua produção de conhecimento. Afinal, se a produção acadêmica e
científica não tivesse parâmetros claros em sua organização, certamente
seria caótica e contraditória, e hoje não teríamos tantos avanços
científicos e tecnológicos.

Sabendo disso, uma ferramenta muito útil no planejamento de sua


pesquisa é a elaboração do projeto de pesquisa. A aprovação de uma
pesquisa depende da qualidade e do alcance de seu projeto. Por isso,
trata-se de um documento extremamente importante antes de se
proceder a pesquisa propriamente.

O projeto é um documento de apresentação da proposta de pesquisa,


inclusive servindo, muitas vezes, para se aprovar verbas para a sua
execução.

Você bem sabe que o planejamento é fundamental. E não é diferente


no caso de uma pesquisa. Planejar, nesse caso, significa gerenciar um
projeto, antever as etapas a serem seguidas, detalhar ações importantes,
prever possíveis falhas a fim de evitá-las, esboçar um roteiro da proposta e
justificativa da pesquisa a ser realizada.

O planejamento da pesquisa pode ser entendido como o processo


sistematizado, mediante o qual se pode conferir maior eficiência à
investigação para, em determinado prazo, alcançar o conjunto das
metas estabelecidas. O projeto interessa, sobretudo, ao pesquisador e à
comunidade científica a qual pertence o tema.

Magalhães (2005) ressalta a importância de, quando formos escrever


o projeto (bem como o relatório dos resultados), atentarmos para a
redação, priorizando a clareza na comunicação, a correção gramatical, e
pensando que não escrevemos para nós mesmos, mas para os outros.

E sobre a importância do projeto de pesquisa, Severino (2007) sublinha


que possibilitará ao pesquisador impor-se uma disciplina de trabalho não
só no que se refere à ordem dos procedimentos lógicos e metodológicos,

www.esab.edu.br 100
mas também em termos de organização e distribuição de tempo,
funcionando como um eficaz roteiro de trabalho.

Veremos, nesta e nas duas unidades subsequentes, como fazer uma breve
descrição da estrutura de um projeto de pesquisa, podendo perceber,
assim, como estruturá-lo. A estrutura está pautada nas proposições de
Vergara (2007) e Severino (2007).

O primeiro passo, então, é elaborar o título (ainda que provisório), de


modo a expressar fielmente o conteúdo do trabalho. Pode-se acrescentar
um subtítulo. Lembre-se que o título parte do tema e é o “cartão de
apresentação” do projeto de pesquisa. Ele pode expressar a delimitação e
a abrangência temporal e espacial do seu estudo.

Vejamos um exemplo: Mapas conceituais auxiliando a aprendizagem


no Ensino Superior e a solução de problemas: um estudo de caso na
Instituição XYZ.

Depois de elaborar o título, é hora de esboçar a introdução.

17.1 Introdução
A introdução é a contextualização do assunto na sociedade atual e a
área que envolve o tema de pesquisa escolhido. Deve apresentar o tema
e os motivos de ordem teórica ou prática que justificam sua escolha. O
tema proposto deve ter relação com o contexto social. Como destaca
Magalhães (2005), deve ser objetiva, evitando divagações.

Deve primar por aspectos inovadores do assunto, porém levar em conta o


conhecimento já disponível sobre o tema, usando dados ou fundamentos
teóricos que abordem esta área, podendo utilizar-se de citações de outros
autores.

O “problema” é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa.


Depois de definido o tema, levanta-se uma questão para ser
respondida através de uma hipótese, que será confirmada ou negada
por meio do trabalho de pesquisa. O problema é criado pelo próprio

www.esab.edu.br 101
autor e relacionado ao tema escolhido. O autor, no caso, criará um
questionamento para definir a abrangência de sua pesquisa. Não há
regras para se criar um problema, mas alguns autores sugerem que ele seja
expresso em forma de pergunta.

Exemplo: que medidas poderão ser adotadas pela empresa ZIZ no


atendimento a seu público externo, no sentido de proporcionar-lhe
satisfação?

Antes de seguirmos aos objetivos, cabe destacar que alguns projetos


apresentam, em sua Introdução, as hipóteses (que são a antecipação da
resposta ao problema) da pesquisa. Em geral, sustenta Vergara (2007),
as hipóteses são mais comuns nas investigações na linha positivista,
implicando testagem, quase sempre de relações, via procedimentos
estatísticos.

Vamos a um exemplo de hipótese? Exemplo: há relação significativa entre


marca e desejo de compra por parte do adolescente.

Ressalta-se que as hipóteses são apresentadas no capítulo introdutório,


enquanto a informação de como ela será testada aparece no capítulo da
metodologia (que veremos na próxima unidade).

17.2 Objetivos
Os objetivos devem ser redigidos iniciando com verbos no infinitivo
como: identificar, levantar, buscar etc. É fundamental que esses objetivos
sejam possíveis de serem atingidos. O objetivo geral deve ser formulado
com dimensões mais amplas, articulando-o a outros objetivos mais
específicos.

O objetivo geral deve mostrar o que se deseja atingir ao final do trabalho.


Os objetivos definem o propósito do pesquisador; o que ele pretende
alcançar com a pesquisa. Devem ser coerentes com as questões da
pesquisa.

www.esab.edu.br 102
Os objetivos específicos são aqueles que se deve buscar atingir no
decorrer do trabalho para atingir o objetivo geral. São as etapas
intermediárias do trabalho.

17.3 Justificativa
Na justificativa (ou relevância do estudo), deve-se descrever o motivo
da escolha do tema, a importância do tema de pesquisa para a área, a
contribuição que esperam trazer com o desenvolvimento da pesquisa,
demonstrar a importância do problema, explicitar a contribuição para
a construção do conhecimento e ressaltar a utilidade para determinada
área profissional e relevância para a sociedade. De suma importância, é o
elemento que contribui mais diretamente na aceitação da pesquisa pela
pessoa ou entidade que vai financiá-la, se for o caso. Cabe destacar aqui
que cada agência financiadora possui regras e procedimentos distintos a
serem seguidos na busca por recursos para a realização do projeto, ainda
que boa parte dos trabalhos acadêmicos não tenha financiamento.

A justificativa representa o motivo de se realizar o estudo proposto.


Consiste numa exposição sucinta, porém completa, das razões de
ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a
realização da pesquisa. É o elemento que contribui mais diretamente na
aceitação da pesquisa pelos indivíduos e/ou entidades que autorizarão a
sua realização, expõe Vergara (2007).

É possível justificar um projeto através de sua importância, oportunidade


e viabilidade.

Então, o seu desafio consiste em responder a três perguntas:

• Por que este projeto é importante? (Você pode mencionar aqui a


importância para a sociedade, empresa e meio acadêmico.)
• Por que o momento atual é oportuno para a realização deste estudo?
• O estudo é viável (em termos de tempo, de custos, de acesso às
informações)?

www.esab.edu.br 103
Depois de apontar as contribuições de ordem prática ou ao estado da arte
na área, é hora de estruturar o referencial teórico do estudo.

17.4 Fundamentação teórica


A definição teórica e conceitual é a base de sustentação da investigação
científica. É imprescindível uma definição clara dos pressupostos
teóricos, das categorias e dos conceitos a serem utilizados.

Faz-se necessário desenvolver uma discussão conceitual sobre o tema


de pesquisa, com base nos autores (fontes bibliográficas, como artigos e
livros) e explicitar quais os conceitos que fundamentam essa pesquisa,
fazendo uma relação desses conceitos com a pesquisa desenvolvida.

É de extrema importância que o conteúdo da pesquisa seja apresentado


de forma concisa e inteligente, com intuito de proporcionar a seus
leitores informações inéditas, com alto grau de fidelidade e coerência
com o contexto social, mercadológico e cultural ao qual está inserido.

Vergara (2007) destaca que tão importante quanto ler os autores clássicos
no qual se insere o problema, é também contemplar a bibliografia recente
(dos últimos cinco anos), sobretudo artigos de periódicos e revistas
acadêmicas da área pesquisada, demonstrando a atualidade da proposta.

Por fim, destacamos que este capítulo pode ser dividido em seções, cada
uma com seu título. E lembre-se de empregar as normas de citação
propostas pela ABNT, conforme veremos mais adiante, para elaborar esta
importante seção de seu projeto.

Estudo complementar
Clicando aqui, você poderá acessar um texto
explicativo sobre a elaboração do projeto de
pesquisa. Confira!

www.esab.edu.br 104
18 Projeto de pesquisa: elaboração
Objetivo
Dar continuidade à abordagem de construção do projeto de pesquisa
tratando da metodologia, orçamento e cronograma.

Prezado aluno, já vimos as quatro primeiras seções de um projeto de


pesquisa. Agora, vamos ir adiante, com as três seções que completam o
projeto, possibilitando que o pesquisador dê início à sua investigação
científica.

Você já estudou até aqui algumas questões relativas à metodologia


de uma pesquisa. Neste caso, sabemos que se trata de uma seção
fundamental do estudo, pois mostrará os procedimentos metodológicos a
serem utilizados na pesquisa.

18.1 Metodologia
É aqui que o pesquisador indica o caminho traçado para atingir os
objetivos do projeto. Deve-se relacionar o que for necessário à execução
do trabalho, com detalhamento suficiente para que qualquer outro
pesquisador possa repetir todos os procedimentos, de forma independente.

Nesta seção intitulada Metodologia, devem ser descritos todos


os procedimentos metodológicos a serem empregados, incluindo
a caracterização da pesquisa (quanto à natureza, se quantitativa
ou descritiva; quanto aos objetivos, se descritiva, exploratória ou
explicativa...) e os procedimentos técnicos e instrumentos de coleta de
dados (questionário, entrevista, observação, pesquisa bibliográfica, entre
outros). Ou seja, aqui cabe indicar quais os instrumentos se pretende
utilizar ao longo do estudo. É fundamental, para essa indicação, uma
análise rigorosa das possibilidades, vantagens e desvantagens de cada
instrumento, para se fazer a opção mais adequada para a coleta de dados
confiáveis.

www.esab.edu.br 105
Também nesta seção se deve delimitar a pesquisa indicando onde
será o local de realização do estudo, em que período será realizado, e
qual o universo e a amostra (se for o caso). Ou seja, a população a ser
investigada e suas características (seleção da amostra). No caso em que
se trabalha com toda a população, sem definição de amostra, chama-se
pesquisa censitária.

Por exemplo, digamos que você queira pesquisar o clima organizacional


de uma empresa com 60 funcionários. Neste caso, não é necessário
calcular a amostra, pois a pesquisa será mais rica e significativa se você
verificar a percepção de todos os funcionários daquela organização.

Por fim, ainda na metodologia deve ser citada e explicada a estratégia


de análise dos dados, ou seja, o tratamento a ser direcionado aos dados,
quer seja de ordem analítica ou estatística. Tratamento dos dados remete
a como o pesquisador pretende tratar os dados, justificando por que
tal tratamento é adequado aos propósitos daquele estudo (VERGARA,
2007).

Se a pesquisa teve abordagem quantitativa, os dados serão analisados


a partir de procedimentos estatísticos, ao passo que se o pesquisador
optou pela abordagem qualitativa, os dados devem ser codificados,
apresentando-os de forma mais estruturada e analisando-os, por exemplo,
com o método da análise de conteúdo (já abordada anteriormente).

Mas é importante que você saiba: é possível tratar os dados quantitativa


e qualitativamente no mesmo estudo. Tudo depende do que se pretende
pesquisar, o que se espera descobrir e aprender com a pesquisa.

18.2 Plano de trabalho e cronograma


Outra seção importante do projeto é o Plano de trabalho e o
cronograma. Afinal, todo projeto deve traçar o tempo necessário para
a realização de cada uma das etapas propostas. Algumas tarefas podem
ser realizadas ao mesmo tempo ou paralelamente, de acordo e em
conformidade com as diretrizes propostas inicialmente.

www.esab.edu.br 106
A forma mais usual de apresentação dessas informações é a do gráfico,
no qual são cruzados o tempo (março, abril, maio etc.) e as tarefas da
pesquisa (coleta de dados, tabulação e análise dos dados, elaboração do
relatório, divulgação dos resultados).

Vamos ver um exemplo?

Então, temos uma linha temporal, com os meses em que será realizada a
pesquisa e o cruzamento das atividades a serem desenvolvidas.

Mar./13 Abr./13 Mai./13 Jun./13


Atividade Período
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
Fundamentação teórica X X X X
Pesquisa documental X X X X
Elaboração do questionário X X
Coleta de dados X X X
Análise dos dados X X X
Relatório final X X

Figura 7 – Exemplo de plano de trabalho e cronograma.


Fonte: Elaborada pela autora (2012).

Note que os números se referem às semanas de cada mês. Este é apenas


um modelo, e há outros em que não se discrimina por semanas, apenas
por mês. O período pode variar, dependendo do prazo que se tem para
a conclusão da pesquisa e elaboração do relatório final. De toda forma,
devemos ter no plano de trabalho e cronograma a discriminação das
etapas de trabalho com seus respectivos prazos.

18.3 Referências
O objetivo das Referências no projeto de pesquisa consiste em identificar
as bases mais relevantes para o assunto a ser tratado, o qual já foi
brevemente conceituado e discutido na fundamentação teórica.

www.esab.edu.br 107
Você deve ter consciência da importância de se fazer o registro de todas
as obras pesquisadas durante a elaboração de trabalhos acadêmico-
científicos. Esse é um compromisso ético de todo pesquisador para
com o trato das informações compartilhadas. Ou seja, se você utilizou
determinada fonte de informação, é fundamental citá-la no texto e
incluir a referência completa ao final do trabalho.

Então, pode-se dizer que a seção intitulada Referências é uma lista em


ordem alfabética das obras utilizadas na elaboração de seu projeto. Para
referenciar corretamente tais publicações, sugerimos que você siga as
normas da ABNT (NBR 6023), à disposição nas bibliotecas e também
contemplada mais adiante em nosso material.

18.4 Recomendações gerais


Ao concluir o projeto de pesquisa, é importante fazer uma leitura
completa para verificar a coerência de toda a proposta. Conforme sugere
Vergara (2007), deve-se estar atento para que todas as partes do projeto
(e, posteriormente, do relatório final) estejam intimamente articuladas,
imbricadas, como uma teia. E a autora (2007, p. 69) ainda cita o alerta
do poeta D. Mallock:

Se você não puder ser uma árvore frondosa


No alto de uma montanha
Seja um pequeno arbusto na beira do rio
Mas seja o melhor arbusto que você puder ser.

E assim passaremos à finalização desse assunto com a leitura da próxima


unidade, acreditando que você terá ferramentas suficientes para ousar na
elaboração de seu próprio projeto de pesquisa. Ainda que ele não seja a
árvore frondosa, terá condições de ser o melhor arbusto possível. Pronto
para assumir este desafio?

www.esab.edu.br 108
Resumo

Ao longo destas seis unidades, refletimos sobre o porquê da existência da


metodologia científica e seus princípios gerais. O método é o caminho
do conhecimento científico, ou seja, a aplicação de determinado
instrumental tecnológico, por exemplo, se dá em decorrência de um
processo metodológico, da prática do método de pesquisa que está sendo
empregado. As propostas de metodologia devem servir de fio condutor e
de embasamento para nortear a investigação que se faz em diversas áreas
do conhecimento, sem perder sua dimensão epistemológica.

Vimos que existem diferentes tipos de pesquisas, sobretudo quando


pensamos na variedade das áreas de conhecimento. Quanto à
finalidade, a pesquisa pode ser básica ou aplicada; quanto à natureza,
pode ser qualitativa ou quantitativa (ou quali-quantitativa); quanto
aos objetivos, pode ser exploratória, descritiva ou explicativa; quanto
aos procedimentos (meios de investigação), pode ser bibliográfica,
documental, experimental, participante, pesquisa-ação, estudo de caso, ex
post facto.

A partir do desenvolvimento da ciência moderna, vimos claramente dois


caminhos tradicionais do raciocínio científico: o dedutivo e o indutivo.
Enquanto na dedução se parte do geral e universal para o particular, na
indução se vai do particular para o geral.

Destacamos as particularidades da pesquisa quantitativa e da


qualitativa e vimos que a pesquisa quantitativa considera tudo que
pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões
e informações para classificá-los e analisá-los. Em contrapartida, as
pesquisas de abordagem qualitativa possuem relação direta com a
qualidade dos dados e das informações.

www.esab.edu.br 109
Apresentamos ainda as finalidades de um projeto de pesquisa e sua
estrutura. Você aprendeu que o projeto é um documento de apresentação
da proposta de pesquisa, inclusive servindo, muitas vezes, para se aprovar
verbas para a sua execução, e que o planejamento da pesquisa pode ser
entendido como o processo sistematizado, mediante o qual se pode
conferir maior eficiência à investigação para, em determinado prazo,
alcançar o conjunto das metas estabelecidas.

A propósito da estrutura do projeto, vimos que se recomenda que


contemple: introdução; objetivos; justificativa; fundamentação teórica;
metodologia; plano de trabalho e cronograma; e referências.

Destacamos a importância de se definir, na metodologia, como se dá a


coleta e o tratamento dos dados, com seus instrumentos para a coleta
no campo e esclarecendo que os dados coletados podem ser tratados de
forma quantitativa ou qualitativa, ou de ambas as formas. Aprendemos
que qualquer método tem seus limites e que é fundamental defini-los em
função do que se busca na pesquisa.

www.esab.edu.br 110
19 Projeto de pesquisa: finalização
Objetivo
Contemplar a finalização do projeto de pesquisa, abordando a
redação do referencial teórico e as referências.

Prezado acadêmico, ainda que já tenhamos comentado todas as seções


que devem conter o projeto de pesquisa, convém tratarmos, nesta
unidade, de um dos tópicos já mencionados que merecem sua atenção.
Trata-se do referencial teórico, contemplado na seção intitulada
Fundamentação Teórica.

E você poderia questionar: mas para que serve a teoria? Ora, a teoria é
que fornece embasamento ao trabalho teórico e prático.

As leituras realizadas nos livros da área de atuação da pesquisa devem


ser bem aproveitadas, servindo de base quando se quer afirmar, concluir
ou constatar determinada ideia ou condição de determinado objeto de
estudo. Lembre-se de registrar as referências ao fim do trabalho, pois
mais tarde fica difícil recuperar.

A fundamentação teórica fornece subsídios teóricos à sua pesquisa,


demonstrando o domínio dos conceitos utilizados a partir das fontes
bibliográficas pesquisadas. Trata-se do “diálogo” entre a pesquisa realizada
e o referencial teórico já existente sobre o assunto. Não existe teoria sem
prática nem prática destituída de teoria. Nesse sentido, a prática de sua
investigação deve estar diretamente vinculada aos conceitos expostos em
sua fundamentação.

A teoria deve ser utilizada tanto quanto for necessária, mas é preciso
ficar atento para que seu uso seja criterioso. Pode-se dizer, então, que o
uso da teoria serve para se fundamentar, discordar, criticar, enfatizar ou
concordar com determinadas perspectivas.

www.esab.edu.br 111
Você deve ter claro para si e também deixar claro para seu leitor
quais são os métodos, sistemas ou ideias com as quais está se filiando,
concordando, discordando ou criticando. Atente sob o risco de se tornar
paradoxal ou contraditório, para se utilizar de autores que, no geral,
pensam os sistemas de forma semelhante. Ou, caso você vá mostrar
sistemas diferentes, separe adequadamente as exposições e procure ser o
mais claro possível.

Saiba que citações muito longas só são usadas em casos especiais.


Quando citar, deve-se refletir sobre a matéria referida, seja para
discordar, concordar, criticar. Não cite sem usar aspas porque, além de
ser antiético, é crime roubar ideias alheias. O uso da paráfrase (dizer em
outras palavras o que o texto afirma, mantendo o sentido equivalente
ao do texto lido) não dispensa as referências, ou seja, é imprescindível
mencionar a fonte de pesquisa mesmo quando você utiliza a paráfrase.
Vamos ver um exemplo de paráfrase?

Magalhães (2005) explica que a metodologia científica não é uma receita pronta ou
fórmula a ser seguida que oferece um resultado certeiro e preciso; o autor a entende
como um modo de organizar o conhecimento.

O simples somatório de citações, sem encadeamento lógico (ou com


pseudoencadeamento, com chavões como: “citando Fulano”, “como
dizia Beltrano” ou “segundo Silva”), mostra apenas um extenso trabalho
de cópia, que não possui mérito acadêmico. É necessário, como já se
enfatizou, que se estabeleça um “diálogo” entre os autores, articulando
suas ideias, proposições, achados científicos e teorias.

www.esab.edu.br 112
Dica
A redação dos trabalhos acadêmicos deve ser
elaborada na terceira pessoa do singular, na forma
impessoal. Lembre-se de que a compreensão dos
resultados da pesquisa depende da clareza da sua
apresentação e um texto deficiente pode esconder
qualidades de um trabalho bem estruturado.
Neste site, você pode conferir exemplos de
trabalhos acadêmicos. Acesse clicando aqui.

A quantidade das citações também não é o determinante da qualidade


da fundamentação teórica. Valorize as citações, de modo que sirvam para
enfatizar e apoiar os pontos de vista do autor. Não faça de seu trabalho
uma colcha de retalhos, isto é, um amontoado de citações. Além disso,
a leitura de um texto composto de um conjunto de cópias é maçante,
demonstra má qualidade da produção da pesquisa e não esclarece a
proposta teórica da intervenção que será executada.

Cabe lembrar ainda que os textos dos autores utilizados na


fundamentação teórica devem ser os originais, aceitando-se as traduções
para o português quando existentes. Noutras palavras, procure utilizar
material de primeira mão, evitando os apud (citações de citações). Não se
deve, em hipótese alguma, utilizar resenhas, resumos ou obras didáticas
que resumem grandes conjuntos da teoria.

É oportuno ressaltar que, ao consultar as fontes bibliográficas, você


não deve se restringir às ideias veiculadas em livros técnico-científicos;
é aconselhável consultar e apresentar as publicações referentes ao tema
veiculadas em periódicos especializados, assim como verificar a atualidade
do material bibliográfico, ou seja, deve-se pesquisar sobre os trabalhos
pertinentes ao assunto abordado e publicados nos últimos anos.

Deve-se evitar o uso de informações coletadas em páginas pessoais ou de


empresas de consultoria na internet, sem comprovação científica.

www.esab.edu.br 113
Sugerimos que você siga um plano racionalizado de estruturação do
trabalho, evitando as subdivisões demasiado longas ao lado de outras
muito curtas. Isso significa que a subdivisão dos capítulos deve ser bem
distribuída, evitando-se colocar, por exemplo, cinco páginas para tratar
de um assunto e apenas uma para abordar outro. Nesse sentido, deve
haver um equilíbrio.

Ressaltamos que, em anos recentes, as verdades são relativas e,


dependendo do olhar que se lança em direção aos objetos de estudo,
eles podem sofrer variações. Ou seja, o autor de um trabalho de
pesquisa não deve se preocupar em expressar a verdade sobre o corpus
analisado, por outro lado, isto sim, uma de suas preocupações deve ser a
de lançar hipóteses interpretativas que, de alguma forma, sejam passíveis
de serem corroboradas por intermédio dos exemplos que você utilizou.
Procure escrever de forma direta, evitando embromar seu leitor e, o que
é pior, a si próprio.

Sobre a bibliografia, há pouco a se acrescentar ao que apresentamos


a você até aqui. Contudo, é importante sublinhar que você deve
dar especial atenção à fase em que estiver realizando o trabalho de
levantamento bibliográfico.

Para muitos pesquisadores, o trabalho de confecção de um texto sempre


começa pela elaboração de uma bibliografia ampla sobre o tema, que, aos
poucos − à medida que se lê o material −, vai moldando um texto final.
Esse procedimento auxilia na organização das ideias e ajuda também a
definir, com maior parcimônia, sobre qual recorte se vai atuar com mais
intensidade.

Deve-se aprender a utilizar os meios informatizados para descobrir novos


trabalhos e novas áreas de interesse que se associam ao tema escolhido,
mas, sobretudo, você deve se preocupar em aprender a explorar o espaço
da biblioteca, pois manusear o material bibliográfico ajuda a formular
melhor as ideias com as quais você deverá conviver por alguns meses, ao
longo do desenvolvimento de sua pesquisa.

Certifique-se de que, ao utilizar textos que circulam na rede (Web),


as fontes sejam seguras e com credibilidade. Em outras palavras, nem

www.esab.edu.br 114
tudo o que está na rede é seguro; é importante, por isso, verificar
quem são os autores do texto, em quais institutos de pesquisa ou
universidades eles estão vinculados, enfim, checar os dados para analisar
sua credibilidade. Recomenda-se também que você visite a biblioteca
com tempo, manuseando os livros, consultando, de modo a ampliar seu
referencial teórico.

Dica
Para conferir a credibilidade dos autores e
informações a respeito das instituições, você pode
acessar o portal Lattes, clicando aqui. Ali se tem
a possibilidade, por exemplo, de buscar currículo
de determinado autor e conferir sua formação,
atuação profissional, publicações, dentre outras
informações.

Concluímos esta unidade destacando que a escolha e a seleção das


fontes das quais se parte para a elaboração do referencial teórico são
de responsabilidade do pesquisador e compõem um dos estágios mais
importantes da pesquisa.

www.esab.edu.br 115
Resultados da pesquisa: a
20 divulgação
Objetivo
Abordar as principais formas de divulgação dos trabalhos acadêmico-
científicos.

Tão importante quanto o planejamento e a realização de uma pesquisa, é


o momento de divulgação dos resultados obtidos.

Depois de o projeto ser aprovado, de suas diretrizes metodológicas serem


traçadas, inicia-se o processo de coleta e investigação de dados para
posterior análise, discussão e publicação de seus resultados. Ou seja,
depois de realizada a pesquisa, é hora de divulgá-la.

E a redação do texto pode ajudar, na medida em que um texto bem


estruturado e bem escrito tem mais chance de ser publicado e, sobretudo,
de ser lido e compreendido pelos leitores.

Para que o trabalho seja publicado e divulgado, necessita passar por um


olhar criterioso, a fim de garantir que ele possa representar uma fonte
segura e fidedigna de consulta de informação de dados.

Máttar Neto (2011) explica que os resultados das pesquisas podem ser
disseminados em diversos formatos: oralmente (em palestras, cursos,
encontros, seminários, congressos, jornadas, simpósios, workshops
etc.), pôsteres (cartazes com fotos, figuras, esquemas, textos concisos
apresentados em eventos científicos) e impressos (relatórios, artigos,
monografias, dissertações, livros publicados, anais de congressos etc.).

Note que há um amplo rol de possibilidades para a divulgação dos


estudos realizados, e é preciso que o pesquisador escolha a mídia mais
apropriada para cada caso. Então, o autor pode optar, por exemplo, pela

www.esab.edu.br 116
publicação em periódicos científicos, ou por uma exposição oral em
eventos de sua área de conhecimento ou áreas afins.

E a partir dessa escolha, devem-se fazer as adequações de texto para


torná-lo apropriado a transmitir a mensagem de forma adequada ao
formato escolhido.

Em alguns casos, por exemplo, faz-se necessário reduzir o texto, a fim de


ressaltar a abordagem metodológica e os resultados; em outros, torná-
lo mais adequado à linguagem oral, ou ainda formatá-lo conforme as
exigências de determinado periódico a que será submetido.

É fundamental destacar que essa divulgação do conhecimento produzido


confere ao meio acadêmico e científico uma maneira de expandir os
saberes estudados individualmente, pois inclui pesquisa, discussão
e debate. E isso pode gerar enriquecimento para o estudo e novas
competências para o pesquisador, na medida em que propicia novos
desafios de defesa de um ponto de vista e articulação das ideias.

Máttar Neto (2011) ainda chama atenção para o fato de que é cada vez
mais comum que apresentações em conferências sejam acompanhadas
de recursos visuais. Alguns softwares possibilitam que o usuário crie
apresentações visuais de alta qualidade, produzindo slides que tornam a
apresentação mais completa e rica.

Convém aqui conceituar e apontar as principais finalidades e objetivos de


alguns dos meios de divulgação da pesquisa científica.

• Seminário: trata-se de uma técnica de aprendizagem muito eficiente


quando bem elaborada e apresentada. Reunião mais restrita, como
se fosse um grupo de estudos, em que se discute um tema a partir
da contribuição dos participantes. Consiste na apresentação de
pesquisas realizadas, seguidas de discussão e debate, cuja principal
finalidade é desenvolver a capacidade de pesquisa, de análise dos
fatos, por meio do raciocínio e da reflexão do tema apresentado.
• Simpósio: a palavra simpósio significa diálogo e conversas
intelectuais. O simpósio pode seguir um formato abertamente

www.esab.edu.br 117
discursivo ou formato tradicional de uma palestra com perguntas
e respostas. O debate é presidido por um coordenador, e a reunião
destina-se apenas a especialistas, que se reúnem para discutir tema
previamente determinado.
• Congresso: caracteriza-se pela reunião formal e periódica de pessoas,
pertencentes a grupos de estudantes e profissionais com o mesmo
interesse. Normalmente, é promovido por entidades associativas ou
universidades, com o objetivo de disseminar e debater as teses que
expressam a evolução do conhecimento dessas áreas.
• Jornada: encontro que faz referência a um certo tempo, em termo
de dias. Trata-se de um evento de menor porte que um Congresso e
mais amplo que uma reunião.
• Mesa redonda: visa à apresentação de pontos de vista diferentes
sobre uma mesma questão, mas a partir da exposição de um dos
participantes; os demais participantes tomam conhecimento prévio
do texto do expositor, a fim de preparar seus comentários críticos.
• Painel: apresentação de trabalhos sobre um mesmo tema, abordando
pontos de vista diferentes, todos expostos livremente.
• Oficinas e Workshops: trata-se de reuniões mais restritas no que
se refere ao número de expositores e de participantes, destinados à
apresentação de trabalhos, de pesquisas, possibilitando oportunidade
de divulgação e debate; possuem um caráter de realização
participada, com o propósito de levar os participantes a vivenciarem
experiências, projetos etc.
• Revistas científicas: os periódicos têm caráter estritamente
acadêmico. São utilizadas como fonte de pesquisa para trabalhos
científicos e caracterizadas como jornalismo científico. Geralmente
se especializam em áreas específicas e se caracterizam pelas inovações
tecnológicas. Podem ser impressas ou digitais.
• Livros: de acordo com a NBR 6029 (ABNT, 2002), a publicação
não periódica que contiver um mínimo de cinco páginas e o máximo
de 49 páginas, excluídas as capas, caracteriza-se por folheto. E a
publicação não periódica que contém acima de 49 páginas, excluídas

www.esab.edu.br 118
as capas, caracteriza-se por livro. É comum que os pesquisadores
publiquem livros ou ainda capítulos de livro, reunindo trabalhos de
diversos autores.

Essas caracterizações servem para delimitar um pouco os seus


significados, levando-se em consideração as práticas mais comuns em
nosso meio acadêmico.

Como destaca Severino (2007), no âmbito de tais eventos, os trabalhos


científicos dos participantes são apresentados e debatidos sob diversas
condições: de forma, de tempo, de aprofundamento. Em geral, em todos
os eventos, abre-se um espaço de tempo para que os ouvintes possam
também se manifestar e participar do debate.

Por fim, lembramos que em encontros de grande porte são realizadas


as sessões de comunicações, destinadas à apresentação, por parte dos
participantes inscritos, de suas pesquisas, de forma abreviada e sintética.
A comunicação, nesse sentido, relata estudos, resultados de pesquisas e
experiências de iniciativa pessoal, explica Severino (2007).

Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.

www.esab.edu.br 119
Estrutura do trabalho científico:
21 elementos pré-textuais e textuais
Objetivo
Abordar as regras de normalização para os trabalhos científicos,
contemplando a estrutura.

Agora que você já conheceu as formas de divulgação dos trabalhos


acadêmico-científicos, chegou o momento de estudarmos a estrutura
desses trabalhos. Aqui, veremos especificamente os elementos pré-textuais
e textuais de uma monografia.

Severino (2007) destaca que são comuns as partes principais dos


trabalhos científicos em geral, sendo que nas monografias acadêmicas
são específicas as partes: página de dedicatória, página de aprovação e
resumo.

Já mencionamos que a ABNT é responsável por padronizar a


normatização dos trabalhos acadêmicos. No caso específico desta
unidade, temos a NBR 14724, de 2011, que trata da estrutura do
trabalho acadêmico. Essa Norma aborda especificamente os princípios
gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e
outros), visando sua apresentação à instituição.

A fim de entendermos essa estrutura, apresentamos, primeiramente, os


elementos constituintes, informando se são opcionais ou obrigatórios.
Observe o quadro a seguir.

www.esab.edu.br 120
Opção ou
Estrutura Elemento
obrigatoriedade
Parte  Capa Obrigatório
Pré-textuais
externa Lombada Opcional
Folha de rosto Obrigatório
Errata Opcional
Folha de aprovação Obrigatório
Dedicatória(s) Opcional
Agradecimentos Opcional
Epígrafe Opcional
Pré-textuais Resumo na língua vernácula Obrigatório
Resumo em língua estrangeira Obrigatório
Lista de ilustrações Opcional
Lista de tabelas Opcional
Parte interna Lista de abreviaturas e siglas Opcional
Lista de símbolos Opcional
Sumário Obrigatório
Introdução Obrigatório
Textuais Desenvolvimento Obrigatório
Conclusão Obrigatório
Referências Obrigatório
Glossário Opcional
Pós-textuais Apêndice(s) Opcional
Anexo(s) Opcional
Índice(s) Opcional

Quadro 4 – Estrutura do trabalho científico.


Fonte: Adaptado de ABNT (2011).

A capa deve incluir:

• nome da instituição por extenso (opcional);


• autor do trabalho;
• título;
• subtítulo (se houver, deve ser precedido de dois pontos,
demonstrando a subordinação ao título);

www.esab.edu.br 121
• local (cidade em que o curso está sediado);
• ano (quatro dígitos).

Vejamos algumas considerações a propósito dos elementos pré-textuais, a


partir de Severino (2007) e da ABNT (2011).

Folha de rosto – deve apresentar os seguintes elementos:

• nome do autor;
• título e subtítulo (se houver);
• nota de apresentação (natureza, objetivo, nome da instituição, área
de concentração);
• nome do orientador;
• local (cidade da instituição);
• ano (quatro dígitos).

Dica
Saiba que as páginas começam a ser contadas
a partir da folha de rosto (mas ainda não são
paginadas). Isso quer dizer que somente a capa
não é contada. Mas atenção: as páginas só
recebem numeração a partir da introdução.

Folha de aprovação – elemento obrigatório, colocado após a folha de


rosto e deve conter as seguintes informações centralizadas na página:

• autor;
• título do trabalho e subtítulo (se houver);
• termo de aprovação (natureza, objetivo, nome da instituição a que é
submetido, área de concentração e data de aprovação);
• nomes e titulação dos professores (componentes da banca);

A data de aprovação e assinaturas dos membros componentes da banca


examinadora são inseridas após a aprovação do trabalho.

www.esab.edu.br 122
Dedicatória (título não consta na página) – folha em que o autor dedica
o trabalho a alguém que colaborou, de alguma forma, para a produção da
pesquisa.

Agradecimentos (título consta na página centralizado) – essa página é


utilizada pelo autor, se este achar conveniente, para fazer agradecimentos
a pessoas (ou instituições) que, em sua opinião, contribuíram para a
confecção do trabalho.

Epígrafe (título não consta na página) – citação que pode ser incluída
desde que tenha relação direta com o conteúdo do trabalho. Apesar de ser
escrita por outra pessoa, não deve vir entre aspas. A autoria da mensagem
deve ser apresentada do lado direito, abaixo do texto, fora dos parênteses.

Resumo (título consta na página centralizado) – o resumo deve ser


escrito depois que o trabalho estiver pronto, o que possibilita que o
acadêmico tenha amplo domínio sobre o que foi escrito. Utiliza-se o
resumo indicativo, caracterizado como sumário narrativo que elimina
dados qualitativos e quantitativos. O resumo deve expor, de forma breve,
objetiva e direta, as finalidades, a metodologia e os resultados do trabalho.
Deve conter até 500 palavras, ser elaborado em apenas um parágrafo e
redigido apenas em português. Preferencialmente, deve-se empregar os
verbos na voz ativa e utilizar a terceira pessoa do singular, ressaltando-
se que esse texto deve ser composto com frases concisas, sendo vedada a
numeração de tópicos. Utilizar espaçamento simples e fonte 12.

Na mesma página do resumo, constam as palavras-chave (com título


na margem esquerda, seguido de dois-pontos e dos termos escolhidos):
devem-se elencar de três a seis palavras-chave sobre o trabalho, separadas
por ponto e vírgula, visando facilitar a pesquisa (conforme NBR 6028).

Resumo em língua estrangeira (título consta na página centralizado) –


resumo traduzido para a língua inglesa, em folha separada. Em algumas
instituições, é permitida a língua espanhola ou francesa.

Lista de ilustrações (se houver) (título consta na página centralizado) –


identifica as ilustrações (quadros, gráficos, fluxogramas, organogramas,

www.esab.edu.br 123
desenhos etc.) na ordem em que aparecem no texto, com respectivos
nomes e números de página. Um só item não justifica uma lista.

Lista de tabelas (se houver) (título consta na página centralizado) – a


lista relaciona o número de ordem das tabelas, apresentando o título e
o número da página em que aparecem. A lista de tabelas é apresentada
antes da lista de ilustrações.

Lista de abreviaturas e siglas (se houver necessidade) (título consta


na página centralizado) – relação alfabética das abreviaturas e siglas
usadas no texto, com o respectivo significado (palavras ou expressões
correspondentes), grafadas por extenso.

Sumário (título consta na página centralizado) – relação dos capítulos


(títulos), com sua numeração e suas subdivisões (ex: 1.1; 1.2 etc.),
mantendo-se a mesma ordem em que aparecem no decorrer do trabalho,
indicando, ainda, as respectivas páginas iniciais, a fim de facilitar a
localização. Os títulos, no sumário, devem ter o mesmo padrão que
aquele apresentado ao longo do trabalho, incluindo o grifo. Os títulos
são separados dos números das páginas por pontilhados. Convém
enfatizar que a lista de apêndices e anexos não consta no sumário, e
sim na primeira página dos apêndices e anexos (depois da conclusão/
considerações finais), porém os títulos Apêndices e Anexos são itens do
sumário. Observa-se que os títulos pré-textuais não constam do sumário.

O sumário é o último dos elementos pré-textuais; está localizado,


portanto, na(s) página(s) que antecede(m) imediatamente o texto. E
você deve ter cuidado, pois nessas páginas não são indicadas as páginas,
porém são contadas. A partir da introdução, as páginas têm a numeração
explícita, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a
dois 2 cm da borda direita e 2 cm da margem superior.

Finalizamos o elenco dos elementos pré-textuais. Sobre os textuais,


destacamos que são todos os elementos que compõem o corpo principal
do trabalho, desde a introdução, que apresenta os objetivos e as razões
de sua realização; o desenvolvimento, que detalha a pesquisa realizada
com seu referencial teórico, procedimento metodológico e resultados
alcançados; e uma parte conclusiva.

www.esab.edu.br 124
Estrutura do trabalho científico:
22 elementos pós-textuais
Objetivo
Contemplar os elementos pós-textuais de um trabalho científico.

Chegamos à etapa dos elementos pós-textuais, que finalizam o trabalho


científico. Para acompanhar a explicação, é interessante que você acesse
um trabalho de sua área de conhecimento e acompanhe a exposição
verificando a aplicação no próprio estudo consultado.

Dica
Você pode acessar clicando aqui, um Trabalho de
Conclusão de Curso, por exemplo, e identificar os
elementos mencionados nesta Unidade.

A NBR 14724 (ABNT, 2011), que trata da estrutura do trabalho


acadêmico, aborda a caracterização de alguns elementos.

• Referências: devem ser elaboradas conforme a ABNT NBR 6023,


tema de uma de nossas próximas unidades. Trata-se da listagem de
todas as obras citadas no corpo do trabalho. A listagem traz todas
as referências, por ordem alfabética, sejam livros, documentos
eletrônicos, artigos de periódicos ou outras fontes.
• Glossário: elemento opcional, elaborado em ordem alfabética,
apresentando as palavras, seguidas das respectivas conceituações. O
glossário, apesar de não ser muito comum nos trabalhos acadêmicos,
tem a função de trazer a explicação de termos mais complexos, a fim
de auxiliar na compreensão do texto.

www.esab.edu.br 125
• Apêndice: elemento opcional. Deve ser precedido da palavra
APÊNDICE, identificado por letras maiúsculas consecutivas,
travessão e pelo respectivo título. Trata-se de elemento
complementar ao texto, de autoria do pesquisador. Exemplo:
APÊNDICE A – Questionário de avaliação do clima organizacional.
• Anexo: elemento opcional. Deve ser precedido da palavra ANEXO,
identificado por letras maiúsculas consecutivas,travessão e pelo
respectivo título. Nesse caso, também é complementar ao texto,
mas não é de autoria do pesquisador. Exemplo: ANEXO A – Lei n.
59/2008.
• Índice: elemento opcional. Trata-se da lista de palavras ou frases,
ordenadas segundo determinado critério, que localiza e remete para
as informações contidas no texto. Elaborado conforme a ABNT
NBR 6034.

Esses são os elementos pós-textuais, sendo mais usual encontrarmos


apenas as Referências, os Apêndices e os Anexos (se necessário).

Severino (2007) explica a diferença entre os dois termos, destacando


primeiramente que só se acrescentam ao trabalho quando necessário.
Os Apêndices são textos ou documentos elaborados pelo autor, a fim
de complementar seu raciocínio, sem prejudicar a unidade nuclear do
trabalho, ao passo que os Anexos são documentos não elaborados pelo
autor, que servem de fundamentação, comprovação e ilustração de
alguma das ideias apresentadas no texto. Deve haver remissão a eles no
corpo do trabalho.

22.1 Formatação: recomendações gerais


A propósito da formatação que deve ser empregada no trabalho, a
referida norma fornece algumas recomendações. É importante que você
as conheça, afinal, em todos os trabalhos feitos no âmbito acadêmico
você já deve utilizá-las.

Os textos devem ser digitados em cor preta, podendo utilizar outras cores
somente para as ilustrações. Deve-se utilizar papel branco ou reciclado

www.esab.edu.br 126
no formato A4. As margens devem ser: esquerda e superior de 3 cm e
direita e inferior de 2 cm.

Recomenda-se, quando digitado, a fonte Arial tamanho 12 para todo o


trabalho, inclusive capa, excetuando-se citações diretas com mais de três
linhas, notas de rodapé, paginação, dados internacionais de catalogação
na publicação, legendas e fontes das ilustrações e das tabelas, que devem
ser em tamanho menor e uniforme.

O texto deve ser digitado com espaçamento 1,5 entre as linhas,


excetuando-se as citações de mais de três linhas, notas de rodapé,
referências, legendas das ilustrações e das tabelas, natureza (tipo do
trabalho, objetivo, nome da instituição a que é submetido e área de
concentração), que devem ser digitados em espaço simples.

A norma recomenda ainda que as referências, ao final do trabalho, sejam


separadas entre si por um espaço simples em branco.

Severino (2007) ainda sugere a inclusão nas monografias, dissertações e


teses de uma pequena síntese de biografia do autor, contendo os dados
mais significativos de sua formação acadêmica, atividades profissionais
(se for o caso), registrando, desse modo, os créditos do autor, bem como
endereço para contato por parte de outros pesquisadores.

Essa inclusão pode ser feita no fim do trabalho, a fim de facilitar


eventuais contatos e intercâmbios com outros pesquisadores que
investigam temáticas afins. No atual cenário, em que boa parte das
instituições educacionais já está viabilizando a disponibilidade de
monografias, dissertações e teses na internet, tal prática poderá contribuir
para a troca de informações entre os pesquisadores.

Agora que já estudamos a estrutura do trabalho acadêmico, convém


nos debruçarmos sobre as formas de citação, tendo em vista que todo
trabalho de pesquisa não pode prescindir de seu uso.

www.esab.edu.br 127
23 Citações
Objetivo
Abordar as regras da ABNT para elaboração das citações nos trabalhos
acadêmico-científicos.

Prezado acadêmico, para estruturar seu projeto ou relatório de pesquisa,


você vai precisar se valer das citações, como já deve ter notado. Afinal,
como já enfatizamos, a fundamentação teórica, em que você mobiliza
alguns estudos dos autores acerca dos temas abordados em seu trabalho,
é o principal espaço em que essas citações aparecerão. Mas é preciso saber
como fazer as citações adequadamente. Por isso, existem algumas regras.
Vamos conhecê-las?

Novamente, é a ABNT, a partir da NBR 10520, que indica as regras para


a criação de citações em todo tipo documento acadêmico.

Citar as ideias de outro autor não é nenhum problema. Mas pode passar
a ser problemático caso você cite as ideias sem mencionar a autoria.

Então, o problema é copiar e não citar a fonte. Pois fazendo isso você
estará se apropriando da ideia de outro autor e não lhe dando crédito.
Isso é considerado plágio, é antiético e completamente deselegante.
Portanto, prime por usar as regrinhas de citação corretamente e
certamente seu trabalho será valorizado por esse uso.

23.1 Citações diretas


Conforme a NBR 10520 (ABNT, 2002), as citações diretas são aquelas
em que você transcreve parte do texto literalmente, e devem ser usadas
somente quando esta transcrição for absolutamente imprescindível. Até
três linhas, a citação aparece no seu texto entre aspas, sem grifo (itálico
ou negrito), com as devidas referências (autor, ano, página). No sistema

www.esab.edu.br 128
autor-data, as entradas pelo sobrenome do autor devem vir com a 1ª letra
em maiúscula e demais letras em minúsculas, e quando estiverem entre
parênteses no fim da citação, devem vir em letras maiúsculas. Veja os dois
exemplos a seguir, sendo que ambos estão corretos e cabe ao pesquisador
optar por um estilo ou outro:

Ex. 1: Severino (2007, p. 175) sustenta que “[...] a citação, quando


literal, deve ser copiada ao pé da letra e colocada entre aspas”.

Ex. 2: “As citações são os elementos retirados dos documentos


pesquisados durante a leitura de documentação e que se revelam úteis
para corroborar as ideias desenvolvidas pelo autor no decorrer do seu
raciocínio.” (SEVERINO, 2007, p. 174).

As citações diretas com mais de três linhas devem aparecer em


parágrafo distinto, com recuo em bloco de 4 cm da margem esquerda,
sem aspas e fonte menor que a do texto (no caso, empregamos fonte 10).
Utilize, nesses casos, espaçamento simples. Veja o exemplo:

Quando no corpo de uma passagem citada literalmente já se encontram trechos


entre aspas, estas se transformam em apóstrofos; para indicar a omissão de trechos
inclusos na passagem citada, mas que não interessam à transcrição, usam-se
reticências: entre espaços duplos, início e no fim das passagens citadas e entre
parênteses quando o trecho a omitir se encontrar no meio da passagem citada.
(SEVERINO, 2007, p. 175-176)

Observe ainda que devemos deixar um espaço separando a citação em


relação ao parágrafo precedente e subsequente. Desse modo, a citação
fica realmente em destaque e muito perceptível ao leitor.

Outro detalhe destacado pela NBR-10520: as supressões, comentários,


ênfase ou destaques devem ser indicados com colchetes: [...]. Isso
acontece, por exemplo, no momento em que você está fazendo uma
citação direta e decide excluir parte da frase que não interessa naquele
momento. Nesse caso, você deve fazer uso desse artifício.

Vamos a um exemplo?

www.esab.edu.br 129
Ex.: Máttar Neto (2011, p. 31) afirma que “Hoje as ciências utilizam
uma tal diversidade de métodos que fica impossível para um cientista
dominá-los [...]”.

Neste caso, os colchetes indicam que houve uma supressão de parte da


frase do autor. Pode ser utilizado no início, no meio ou no fim da frase.

Dica
Fique atento! Ao usar os colchetes para indicar
supressão, verifique se a sua oração faz sentido
para o leitor.

23.2 Citações indiretas


Além das citações diretas, temos também a possibilidade de fazer as
citações indiretas, em que parafraseamos (dizemos com nossas palavras)
o que o autor quis dizer. Ou seja, trata-se, nesse caso, de uma transcrição
de conceitos ou abordagens do autor consultado, porém escrito com as
nossas próprias palavras.

Note que no caso da citação indireta você possui liberdade para


escrever com suas palavras as ideias do autor consultado, ainda que seja
imprescindível mencionar de qual referência está sendo extraída aquela
ideia.

Nas citações indiretas, as referências que devem constar no texto são as


seguintes: sobrenome do autor, ano da publicação, número da página
(opcional). As fontes devem aparecer da mesma forma que nas citações
diretas (transcrições). Não é obrigatório mencionar o número da página,
mas se o fizer deve repetir em todas as outras citações para manter uma
padronização. Vamos ver um exemplo?

Ex.: Conforme atesta Máttar Neto (2011), no processo de redação de


um texto científico, podemos nos valer de uma série de comandos e

www.esab.edu.br 130
técnicas dos processadores de texto, que nos auxiliam com os recursos
disponibilizados, funcionando como suporte para o trabalho.

Note, nesse caso, que não há necessidade de colocar o número da página,


sendo que a citação é indireta, sem cópia fiel ao texto do autor.

23.3 Citação de citação


Convém ainda mencionarmos a citação de citação, transcrição direta
ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao original. A NBR-
10520 prevê o uso da expressão latina apud (que significa “conforme”,
“citado por”). Deve-se evitar esse tipo de citação, consultando, sempre
que possível, a fonte original. Mas caso você necessite fazer uso desse tipo
de citação, deve seguir esta orientação:

Ex.: Carraher (1993 apud MÁTTAR NETO, 2011, p. 36) afirma que
“[...] a pessoa dotada de senso crítico é aquela que possui a capacidade
de analisar e discutir problemas inteligente e racionalmente, sem aceitar,
automaticamente, suas próprias opiniões”.

Perceba, nesse caso, que a obra consultada é a de Máttar Neto, que está
citando Carraher. Aqui, optou-se pela citação direta, mas o mesmo
procedimento pode ser feito para a citação indireta.

Caso não tenha sido informado no texto consultado o ano e nem a


página da obra citada, indique somente o autor citado. Veja o exemplo a
seguir.

Ex.: Senchuk (apud MÁTTAR NETO, 2011, p. 30) expõe que “[...] nós
somos conhecedores ativos, não recipientes passivos, vítimas cognitivas,
de tudo o que o mundo atira bem casualmente em nossa direção”.

www.esab.edu.br 131
23.4 Considerações
No caso de informação oral, a mesma norma prevê a seguinte disposição:
quando se tratar de dados obtidos por informação oral (tais como
palestras, debates ou comunicações), deve-se indicar entre parênteses a
expressão “informação verbal”, mencionando-se os dados disponíveis
somente em nota de rodapé.

Vejamos um exemplo: Tricart constatou que na Bacia do Resende, no


Vale do Paraíba, há indícios de cones de dejeção (informação verbal).

Então, com essas recomendações, você já é capaz de estruturar seu


texto fazendo as citações, sejam elas diretas ou indiretas, conforme as
recomendações da ABNT.

É comum o uso de citações de autores ou trechos de livros para


corroborar determinado posicionamento ou simplesmente conceituar
algum termo. Em todos os trabalhos acadêmicos, e nos diversos graus
da vida acadêmica, seja na graduação ou na pós-graduação, as regras são
as mesmas no que se refere ao uso das citações. Portanto, na medida em
que você se habituar a utilizá-las, isso facilitará a elaboração dos próximos
trabalhos.

E tão importante quanto fazer as citações corretamente é mencionar, ao


fim do trabalho, as referências que foram utilizadas nessas citações. É
sobre isso que versa nossa próxima unidade.

Estudo complementar
Sugerimos que você acesse e leia o Tutorial para
usar as normas da ABNT, sobretudo no que se
refere às citações, clicando aqui.

www.esab.edu.br 132
24 Elaboração das Referências
Objetivo
Apresentar as regras da ABNT para elaboração das Referências dos
trabalhos acadêmico-científicos.

Como já salientamos, ao escrever um projeto de pesquisa, um relatório


ou um trabalho acadêmico, sempre deve constar a lista de Referências.
Trata-se do elenco de obras, sejam livros, artigos de periódicos,
documentos eletrônicos, jornais ou outro tipo de mídia utilizado na
confecção do texto.

Você já se deu conta da importância da citação, e agora deve notar a


mesma importância que tem a lista de referências, que possibilita a
outros pesquisadores terem acesso às obras consultadas para a realização
daquele trabalho.

As referências deverão ser relacionadas em ordem alfabética, e a NBR


6023 (ABNT, 2002b) traz as regras para se referenciar os diversos tipos
de obras. Veremos nesta unidade algumas das mais usuais.

Máttar Neto (2011) expõe que a principal justificativa da necessidade


de se elaborar a lista de referências de um trabalho reside na concepção
de que o conhecimento é coletivo. Assim, destaca cinco princípios da
referência: acesso (facilidade para localização), propriedade intelectual
(respeito aos direitos autorais), economia (a referência deve conter
apenas a informação necessária), estandardização (que possibilita que
todos conheçam o código que está sendo utilizado) e transparência (a
informação deve ter um caráter intuitivo).

Você perceberá que os elementos necessários da referência, que


possibilitam sua identificação, são vinculados ao suporte documental e
variam de acordo com o tipo de suporte do documento. Isso significa que

www.esab.edu.br 133
montar a referência de um vídeo, por exemplo, é distinto da referência de
um artigo de periódico.

A seguir, apresentamos a você uma sequência genérica dos elementos


essenciais de uma referência, conforme a NBR 6023, observando com
atenção a pontuação e os destaques.

Observe que o grifo (negrito ou itálico), utilizado para dar destaque


ao elemento-título, deve ser uniforme em todas as referências de um
documento. As referências serão relacionadas em ordem alfabética (pelo
sobrenome do autor, em letras maiúsculas).

A norma prevê também que as referências devem ser alinhadas somente


à margem esquerda e de forma a se identificar individualmente cada
documento referenciado. As referências devem aparecer em espaçamento
simples, e separadas entre si por espaçamento duplo. No caso de mais
obras de um mesmo autor, deve-se referenciar a primeira normalmente e,
a partir da segunda, fazer um traço (com 6 toques), seguido de ponto e
do restante dos dados da obra.

Exemplo:

OLIVEIRA, D. P. R. Teoria geral da administração: uma abordagem


prática. São Paulo: Atlas, 2008.

______. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e prática.


São Paulo: Atlas, 2004.

Você notará que as fontes das informações, contidas em um texto,


são diversificadas conforme a natureza do trabalho. Podem ser livros,
artigos de publicações científicas ou especializadas (periódicos), jornais,
dicionários, teses, dissertações ou monografias, legislação, dentre outras
mídias. Os trabalhos também podem apresentar informações cujas fontes
são documentos eletrônicos (homepage, e-mail, publicações periódicas
on-line) ou anais de eventos técnico-científicos, como congressos,
seminários, jornadas.

www.esab.edu.br 134
De toda forma, se houver citação de um determinado documento no
texto, é obrigatória a sua identificação na lista das referências. Então,
vamos aos exemplos para auxiliar na elaboração das referências.

Livro

AUTOR(ES). Título do livro. nº edição (ex: 3. ed. Esse dado deve ser suprimido quando
for primeira edição). Cidade de publicação: Editora, ano de publicação. (Coleção ou
Série)

OLIVEIRA, M. M. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis: Vozes,


2007.

Não é obrigatório abreviar os prenomes do autor, mas se optar por fazê-


lo deve-se manter o mesmo procedimento em todas as referências.

Existindo até três autores em uma mesma obra todos devem ser
referenciados. Se forem mais de três, deve-se mencionar o primeiro autor
seguido da expressão latina et al. (que significa “e outros”).

Quando não há autor, e sim um responsável pelo conjunto da obra, em


coletâneas de vários autores, a entrada deve ser pelo nome do responsável,
seguida da abreviação que caracteriza o tipo de responsabilidade entre
parênteses: organizador (org.), compilador (comp.), coordenador
(coord.), editor (ed.).

ARRUDA JR., E. (org.). Globalização, neoliberalismo e o mundo do


trabalho. Curitiba: IBEJ, 1998.

Quando se tratar de um livro traduzido, o nome do tradutor deve vir


depois da edição, antes do local de publicação (caso se opte por inserir
essa informação não obrigatória).

www.esab.edu.br 135
Capítulo de livro

• Mesmo(s) autor(es) para todos os capítulos:

AUTOR(ES). Título do livro: subtítulo do livro. nº da edição. Local da publicação:


Editora, ano de publicação. Número (se houver) (ou título) do capítulo. Página inicial-
final.

Veja um exemplo:

BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Trad. Marcus


Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. p. 13-33.

• Autor de capítulo diferente do responsável pelo livro no todo:

AUTOR(ES) DO CAPÍTULO. Título do capítulo. In: AUTOR(ES) DO LIVRO. Título do livro.


Nº da edição. Local de publicação: Editora, ano de publicação. Página inicial-final.

Exemplo: LIMEIRA, T. M. V. Fundamentos de marketing. In: DIAS, S.


R. Gestão de marketing. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 1-15.

Periódicos (revistas, jornais)

• Artigo de periódico:

AUTOR(ES). Título do artigo. Título do periódico, local de publicação, volume, número,


número da página inicial-final, período e ano.

BRANDÃO, A.; LUCENA, R. Ansiedade e depressão em estudantes


universitários. Revista Brasileira de Psicanálise, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1,
p. 36-39, abr. 1995.

www.esab.edu.br 136
• Artigo sem autoria:

TÍTULO. Título do periódico. Local, data. Seção, página inicial-final.

LIVRO conta a história dos velhos carnavais. O Nacional. Passo Fundo,


04/05 set. 1999. Caderno 2, Livro, p. 3.

Referência legislativa (leis, decretos, portarias etc.)

LOCAL (PAÍS, ESTADO OU MUNICÍPIO). Título (especificação da legislação, nº e data.


Ementa. Dados da publicação oficial.

BRASIL. Decreto-lei n. 2423, 7 abr. 1988. Estabelece critérios para


pagamento de gratificações e vantagens pecuniárias aos titulares de cargos
e empregos da Administração Federal direta e autárquica e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, v. 126, n. 66, p. 6009, 8
abr. 1988. Seção 1, pt. 1.

Dissertação ou Tese

AUTOR. Título. Local de publicação, ano. nº de páginas. Tese/Dissertação (Nível. Curso/


Área de Concentração) – Unidade de Ensino. Universidade. Cidade. Ano.

Exemplo: GODOI, C. K. Categorias da motivação na aprendizagem.


Florianópolis, 2001. 234 p. Tese (Doutorado em Engenharia de
Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina. 2001.

www.esab.edu.br 137
Trabalho apresentado e publicado em eventos

Trabalhos apresentados em congressos, simpósios, jornadas etc.

AUTOR(ES). Título do trabalho. In: TÍTULO DO EVENTO, nº do evento em arábico, ano,


local da realização. Tipo de publicação (Anais, Resumos, Proceedings)... Local de
publicação: editora, ano de publicação. Página inicial-final.

Exemplo: SCANFONE, L.; CARVALHO NETO, A.; TANURE, B.


Tempos de trabalho e ao trabalho: o difícil equilíbrio do alto executivo
entre carreira, as relações afetivas e o lazer. In: ANPAD, Rio de Janeiro.
Anais... Rio de Janeiro, 2007. p. 145-168.

Referências de documentos consultados em meio eletrônico

A Norma NBR 6023 prevê as referências para documentos eletrônicos,


informando que, “[...] quando se tratar de obras consultadas on-line,
são essenciais as informações sobre o endereço eletrônico, apresentado
entre os sinais <>, precedido da expressão ‘Disponível em:’ e a data de
acesso ao documento, precedida da expressão ‘Acesso em:’.” Faz também
a recomendação para que não se referencie material eletrônico de curta
duração na rede.

• Artigo, matéria, reportagem publicados em periódicos, jornais e


outros, em meio eletrônico:

AUTOR. Título. Data de acesso. Tipo de mídia. Cidade, data. Seção (se houver).
Disponível em: <site>. Acesso em: dia mês ano.

Exemplo: SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. Veja, Rio de Janeiro,


nov. 1998. Seção Ponto de Vista. Disponível em: <http://www.brazilnet.
com.br/contexts/brasilrevistas.htm>. Acesso em: 28 nov. 1998.

www.esab.edu.br 138
• Artigo, matéria, reportagem publicados em periódicos, jornais e
outros, em meio eletrônico, sem autoria (Somente a primeira palavra
do título em maiúscula):

TÍTULO. Data de acesso. Tipo de mídia. Cidade, data. Seção (se houver) Disponível em:
<página>. Acesso em: dia mês ano.

Exemplo: WINDOWS 98: o melhor caminho para atualização. PC


World, São Paulo, n. 75, set. 1998. Disponível em: <http://www.idg.
com.br/abre.htm>. Acesso em: 10 set. 2010.

Verbete de dicionário

VERBETE. In: Nome do dicionário. Edição (se for o caso). Cidade: Editora, ano. (caso seja
documento on-line, incluir o site e a data de acesso).

Exemplo: MARKETING. In: DICIONÁRIO da língua portuguesa.


Lisboa: Priberam Informática, 1999. Disponível em: <http://www.
priberam.pt/dlDLPO>. Acesso em: 10 abr. 2010.

Tivemos contato aqui com os casos mais recorrentes de documentos


utilizados em trabalhos científicos, sendo que os demais casos e dúvidas
que porventura surgirem devem ser consultados e esclarecidos em
pesquisa à norma − NBR 6023. Vários dos exemplos citados foram
retirados da referida norma.

Agora, sugerimos que você exercite a utilização dessas regras em todos os


trabalhos acadêmicos que produzir daqui em diante.

www.esab.edu.br 139
Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidade 17 a 24. Para isso, dirija-se
ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

www.esab.edu.br 140
Resumo

Nestas unidades, estudamos a importância do referencial teórico em


um trabalho científico, refletindo sobre os usos da teoria. Vimos que
a fundamentação teórica fornece subsídios teóricos à sua pesquisa,
demonstrando o domínio dos conceitos utilizados, a partir das fontes
bibliográficas pesquisadas.

Você se deu conta de que tão importante quanto o planejamento e a


realização de uma pesquisa é o momento de divulgação dos resultados
obtidos. Os resultados das pesquisas podem ser disseminados em diversos
formatos: oralmente, pôsteres e impressos. E conceituamos os meios de
divulgação da pesquisa científica mais comuns em nossa comunidade
acadêmica: Seminário; Simpósio; Congresso; Jornada; Mesa redonda;
Painel; Oficinas e Workshops; Revistas científicas; Livros.

Além disso, lançamos nosso olhar na estrutura dos trabalhos acadêmico-


científicos, identificando os elementos pré-textuais, textuais e pós-
textuais. Outra informação importante levantada foi a atuação da ABNT,
responsável por padronizar a normatização dos trabalhos acadêmicos.
Contemplamos a NBR 14724, de 2011, que trata da estrutura do
trabalho acadêmico; a NBR 10520, que indica as regras para a criação de
citações em todo tipo documento acadêmico; e a NBR 2063, que traz as
regras para a elaboração das referências.

www.esab.edu.br 141
Glossário

ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas. R

Antiético
É quando se rompe as barreiras da ética. R

Amostra
Parte extraída de um conjunto, considerada uma porção representativa
do mesmo. A amostra estatística é o subconjunto dos indivíduos de uma
população-alvo. Essas amostras permitem inferir as propriedades do total
do conjunto. R

Auguste Comte (1798-1857)


Filósofo francês, fundador da Sociologia e do Positivismo. A filosofia
positiva de Comte nega que a explicação dos fenômenos naturais, assim
como sociais, provenha de um só princípio. A visão positiva dos fatos
abandona a consideração das causas dos fenômenos (Deus ou natureza)
e pesquisa suas leis, vistas como relações abstratas e constantes entre
fenômenos observáveis. Comte influenciou grandemente a formação da
república no Brasil, tanto que o lema da bandeira brasileira – “Ordem e
progresso” – foi inspirado na doutrina desse filósofo. R

Bertrand Russell (1872-1970)


Político liberal, ativista e um popularizador da filosofia, Russell foi
um influente matemático; elaborou algumas das mais influentes teses
filosóficas do século XX, e, com elas, ajudou a fomentar uma das suas
tradições filosóficas, a chamada Filosofia Analítica. R

www.esab.edu.br 142
Bramanismo
Trata-se de uma filosofia religiosa indiana que formou a espinha dorsal da
cultura daquele país. Hoje existe uma versão modificada do Bramanismo
chamado de Hinduísmo. R

Budismo
Trata-se de uma mistura entre religião e filosofia oriental. Buda foi um
homem que viveu e desenvolveu seus ensinamentos no nordeste do que
conhecemos hoje como a Índia, entre os séculos VI e IV antes de Cristo. R

Burilar
Apurar; trabalhar alguma coisa com extremo cuidado. R

Ciências empíricas
São todas as ciências cujas teorias podem ser confirmadas ou refutadas
por dados observacionais. De acordo com esta definição, apenas a
matemática e a lógica não são ciências empíricas. R

Cognoscente
Que possui a capacidade de conhecer. R

Conhecimento subjetivo
Significa um tipo de conhecimento que pertence ao âmbito do
indivíduo, ou seja, trata-se de um conhecimento pessoal, ao contrário do
conhecimento científico, que pretende ser objetivo. R

Comunidade acadêmica
São todos os participantes da vida acadêmica, no caso, a instituição de
ensino. R

www.esab.edu.br 143
Cultura digital
É um termo que serve para designar as formações culturais ocorridas
depois da década de 1980, quando começou a se consolidar a era da
informação de um lado e a globalização econômica por outro lado. R

Dante Alighieri (1265-1321)


É considerado o primeiro poeta da língua italiana. Além de poeta, foi
escritor e político. Seu livro mais conhecido é a “A Divina Comédia”, que
se tornou a base da língua italiana moderna. R

David Hume (1711-1776)


Foi um filósofo, historiador e ensaísta escocês que se tornou célebre
por seu empirismo radical e seu ceticismo filosófico. Ao lado de John
Locke e George Berkeley, Hume compõe a famosa tríade do empirismo
britânico. R

Dedutiva
De dedução, procedimento lógico, raciocínio, pelo qual se pode tirar de
uma ou de várias proposições uma conclusão que delas decorre por força
puramente lógica. R

Delimitação
Fixação dos limites; demarcação. R

Dogmas
Crenças estabelecidas ou doutrinas de uma religião, ideologia ou
qualquer tipo de organização, considerada um ponto fundamental e
indiscutível de uma crença. R

Editoria
Corpo editorial de um periódico. Geralmente, é composto por
profissionais com alta titularidade e experiência na área de conhecimento
do periódico. R

www.esab.edu.br 144
Empirista
Adepto do Empirismo, um movimento filosófico que acredita nas
experiências como únicas (ou principais) formadoras das ideias,
discordando, portanto, da noção de ideias inatas. R

Entrevista
Método de coleta de dados em que o pesquisador faz perguntas a alguém
que, oralmente, lhe responde. A entrevista pode ser informal, focalizada
ou por pautas. A informal é aberta, sem roteiro prévio; a focalizada é
pouco estruturada, mas com um foco; já a por pauta segue um roteiro
com vários pontos a serem explorados pelo entrevistador. Ao final, pode-
se transcrever a entrevista para se fazer a análise (VERGARA, 2007). R

Epistemologia
Teoria do conhecimento, palavra que deriva de episteme (saber) e logos
(discurso, que evoluiu para designar a própria razão). Trata-se então do
estudo de como se dá o conhecimento. R

Ergonomia
Disciplina científica relacionada ao entendimento das interações
entre seres humanos e outros elementos de um sistema ou do aparato
tecnológico. R

Estado da arte
Estado do conhecimento. R

Etimológico
Estudo da composição dos vocábulos e das regras de sua evolução
histórica. Sentido de origem da palavra. R

Fundamento epistemológico
Concepção que norteia o conhecimento; epistemologia está relacionada
à teoria do conhecimento, ramo da filosofia que trata da natureza, das
origens e da validade do conhecimento. R

www.esab.edu.br 145
Galileu Galilei (1564-1642)
Foi um cientista italiano conhecido por suas descobertas relacionas com
a física, matemática, astronomia. Sua personalidade foi fundamental
durante a chamada revolução científica. Descobriu a lei dos corpos e
enunciou o princípio da inércia e o conceito de referencial inercial, ideias
precursoras da mecânica newtoniana. R

Grifo
Destaque na digitação (negrito ou itálico). R

Historicizado
Relativo à historicidade, ou seja, o instante não se entende
separadamente da totalidade temporal do movimento, sendo cada
momento articulado a um processo histórico mais abrangente. R

Homepage
Página de entrada ou de abertura de um site, escrita em linguagem
HTML. R

Idealismo
Trata-se de uma corrente filosófica que surgiu em sintonia com o
advento da modernidade no século XVIII. Para alguns idealistas, existia
a possibilidade de criação de um mundo ideal, onde não haveria espaço
para as injustiças e diferenças. R

Ilustração
Designação genérica de imagem, que ilustra ou elucida um texto. R

Indutiva
De indução, procedimento lógico pelo qual se passa de alguns
fatos particulares a um princípio geral. Trata-se de um processo de
generalização, fundado no pressuposto filosófico do determinismo
universal. R

www.esab.edu.br 146
Inferências
Tirar por conclusão; deduzir pelo raciocínio. R

Intangível
Aquilo que não pode ser tocado, não palpável. R

Karl Popper
É considerado por muitos como o filósofo mais influente do século
XX a tematizar a ciência. Foi também um filósofo social e político,
grande defensor da democracia liberal e um oponente implacável do
totalitarismo. Austríaco naturalizado britânico, definiu os limites da
atividade científica. Nasceu em 1902, praticamente junto com o século
XX, e morreu em 1994. R

Lei científica
Enunciado de uma relação causal constante entre fenômenos ou
elementos de um fenômeno. Fórmula geral que sintetiza um conjunto
de fatos naturais, expressando uma relação funcional constante entre
variáveis (SEVERINO, 2007). R

Materialismo
Para os filósofos materialistas, o pensamento se relaciona a fatos
puramente materiais, ou seja, são de natureza essencialmente mecânica,
não havendo espaço para subjetividade. R

Observação sistemática
É todo procedimento sistemático que permite acesso aos fenômenos
estudados. É etapa imprescindível em qualquer tipo ou modalidade de
pesquisa (SEVERINO, 2007). R

Paradigma epistemológico
Refere-se à forma pela qual é concebida a relação sujeito-objeto no
processo de conhecimento. Cada modalidade de conhecimento

www.esab.edu.br 147
pressupõe um tipo de relação entre sujeito e objeto e, dependentemente
dessa relação, temos conclusões diferentes (SEVERINO, 2007). R

Paradoxal
Em sentido amplo, refere-se àquilo que é contrário à opinião comum,
algo que entra em contradição. Já na Filosofia, paradoxo designa o que é
aparentemente contraditório, mas que apesar de tudo tem sentido. R

Pesquisa censitária
Pesquisa que envolve toda a população definida (sem cálculo de amostra).
R

Plágio
Trata-se do ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer
natureza contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem
mencionar os créditos do autor original. Ou seja, o plagiador apropria-
se indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo a sua
autoria. R

Pós-positivistas
Adeptos do pós-positivismo, instância que critica e aperfeiçoa
o positivismo. Pós-positivistas acreditam que o conhecimento humano
não é baseado no incontestável, mas em hipóteses. Um dos pensadores
que fundaram o pós-positivismo foi Karl Popper. R

Provisório
Transitório, passageiro. R

Questionário
Conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam
a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com
vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo.
As questões devem ser objetivas, de modo a suscitar respostas objetivas
(SEVERINO, 2007). R

www.esab.edu.br 148
Remissão
Ação de transferir a atenção do leitor para outro texto ou outra parte do
texto. R

Segunda Revolução Industrial


Com início na segunda metade do século XIX, envolveu uma série de
desenvolvimentos dentro da indústria química, elétrica, de petróleo
e de aço. Ainda se registram outros progressos fundamentais, como a
introdução de navios de aço movidos a vapor, o desenvolvimento do
avião, a produção em massa de bens de consumo, o enlatamento de
comidas, refrigeração mecânica e outras técnicas de preservação e a
invenção do telefone eletromagnético. R

Senso crítico
A pessoa dotada de senso crítico é aquela que possui a capacidade de
analisar e discutir problemas inteligente e racionalmente, sem aceitar
automaticamente suas próprias opiniões ou opiniões alheias. R

Silogismo
Argumento pelo qual, a partir de um antecedente cujas premissas ligam
dois termos a um terceiro, podemos concluir um consequente que liga
esses dois termos entre si. R

Subsídios
Meios, elementos subsidiários. R

Supressão
Ação ou efeito de suprimir; eliminação. R

Tabela
Forma não discursiva de apresentar informações das quais o dado
numérico se destaca como informação central. R

www.esab.edu.br 149
Teoria
Conjunto de concepções sistematicamente organizadas; síntese geral que
se propõe a explicar um conjunto de fatos cujos subconjuntos foram
explicados pelas leis (SEVERINO, 2007). R

Testagem
Submeter a teste. R

Valor simbólico
Valor figurado. R

Veracidade
Qualidade de veraz ou verdadeiro: a veracidade de um fato. R

Veemência
Intenso; enérgico; com intensidade. R

Web
Palavra inglesa que significa teia ou rede. O significado de web ganhou
outro sentido com o aparecimento da internet. A web passou a designar
a rede que conecta computadores por todo mundo, a World Wide Web
(WWW). R

Xintoísmo
Em japonês, significa a espiritualidade tradicional, sendo considerado
pelos ocidentais como a principal religião do Japão. R

www.esab.edu.br 150
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520:


informação e documentação – citações em documentos –apresentação. Rio de
Janeiro, 2002a.

______. NBR 2063: informação e documentação – referências – elaboração. Rio


deJaneiro, 2002b.

______. NBR 14724: informação e documentação – trabalhos acadêmicos. Rio


deJaneiro, 2011.

BRASIL ESCOLA. Tipos de trabalhos acadêmicos: o fichamento. Disponível em:


<http://monografias.brasilescola.com/regras-abnt/tipos-trabalhos-academicos-
fichamento.htm> Acesso em: 29 ago. 2012.

CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e


misto. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. 7. ed. São Paulo: Perspectiva,


2003.

MAGALHÃES, G. Introdução à metodologia científica: caminhos da ciência e


tecnologia. São Paulo: Ática, 2005.

MÁTTAR NETO, J. Metodologia científica na era da informática. 2. ed. São


Paulo: Saraiva, 2011.

RODRIGUES, A. J. Metodologia científica: completo e essencial para a vida


universitária. São Paulo: Avercamp, 2006.

SCARTON, G. Um gramático contra a gramática. Disponível em: <http://www.


pucrs.br/gpt/resenha.php>. Acesso em: 28 ago. 2012.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo:


Cortez, 2007.

www.esab.edu.br 151
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Como elaborar um
artigo científico. Disponível em: < http://www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf>.
Acesso em: 6 set. 2012.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 9. ed.


São Paulo: Atlas, 2007.

ZERO HORA. Receitas para manter o coração em forma. Zero Hora, 26 ago.
1996. Disponível em: <http://www.pucrs.br/gpt/resenha.php>. Acesso em: 28
ago. 2012.

www.esab.edu.br 152

Você também pode gostar