Manual do Direito Autista

Principais direitos das pessoas com Transtorno do Espectro

Autista - TEA, de acordo com a Legislação Brasileira

Vol 1.0 - 2019 Julius E. Schwartz

 Manual do Direito Autista

“Afirmar direitos, ajuda a

desfazer preconceitos!”
Julius E. Schwartz

Manual do Direito Autista

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Apresentação
O Transtorno do Espectro Autista – TEA (ou simplesmente Autismo) vem crescendo de
maneira vertiginosa, sem que saibamos suas causas de origem. Não, há, ainda, no Brasil, um
censo sobre o número de pessoas com TEA, mas, segundo o Centro de Controle e Prevenção
de Doenças dos Estados Unidos (CDC), nasce um autista para cada 59 crianças (2018).

Mantendo-se esse crescimento acelerado teremos, em alguns anos, um nascimento

de uma pessoa com TEA para cada dois. Todos terão alguém muito próximo com o referido
transtorno, seja filho, irmão, primo, sobrinho, amigo ou vizinho.

Mesmo com esse crescimento alarmante, a sociedade não vem se preparando de

maneira adequada para o tratamento do TEA e, especialmente, não vem trabalhando na
inclusão dessas pessoas de forma adequada.

Diante dessa inércia, a luta pelos direitos das pessoas com o transtorno do espectro
autista não poderia nascer de outra fonte que não do esforço de pais dedicados.

Por isso, esse trabalho que ora apresento, nasceu não apenas do profissional do
direito Julius Egon Schwartz, mas, antes de tudo, de um pai dedicado e amoroso, que se
preocupa não apenas com os direitos de sua filha, mas com os de todos aqueles que se
encontram na mesma situação e não tem condições de buscar as devidas informações e
esclarecimentos sobre o tema.

Assim, este excelente trabalho, que visa trazer a todos, importantes informações
sobre os Direitos da Pessoa com o Transtorno do Espectro Autista, sirva de farol na defesa dos
seus interesses e direitos.

Dr. Felini de Oliveira Wanderley

Juiz titular da 14ª Vara Federal de Alagoas - TRF 5ª

Manual do Direito Autista

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Manual do Direito Autista

Principais direitos das pessoas com Transtorno do Espectro
Autista - TEA, de acordo com a Legislação Brasileira

Schwartz, Julius Egon

Manual do Direito Autista: Principais direitos das
pessoas com Transtorno do Espectro Autista - TEA, de
acordo com a Legislação Brasileira. Maceió, 2019.

Capa: JES Design

Assistente editorial: Aline Schwartz
Arte e diagramação: Julius Schwartz
Produção eletrônica: Schwartz Comunicação
Data de fechamento da edição: 30/09/2019

ISBN 000-00-00-00000-0
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia
autorização do autor. A violação dos direitos autorais é crime previsto no Art. 184. § 1º do Código Penal.
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Mensagem
Prezado(a) leitor(a),

A inspiração para esta obra, veio das diversas dúvidas que recebo diariamente no
Instagram @direitoautista.
Criamos este conteúdo para ajudar todos aqueles que sintam-se ameaçados,
subjulgados ou tenham seus direitos afetados de qualquer forma.
Para vocês: o próprio deficiente, a mãe, o pai, ou qualquer outro familiar, até mesmo
advogado ou estudante de direito, serviço social, pedagogia, psicologia, medicina... Esta obra
foi formatada para que vocês possam utilizar de uma maneira prática, rápida e eficaz!
Espero que seja útil!

Julius E. Schwartz

Manual do Direito Autista

 Manual do Direito Autista

Manual do Direito Autista

Principais direitos das pessoas com Transtorno do Espectro
Autista - TEA, de acordo com a Legislação Brasileira

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia
autorização do autor. A violação dos direitos autorais é crime previsto no Art. 184. § 1º do Código Penal.
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Índice
O que é Transtorno do Espectro Autista - TEA? 08
Você sabe quais são os símbolos de identificação do Autismo? 09
Quais as principais leis que protegem as pessoas com TEA? 10
Os 07 principais direitos das pessoas com TEA 11
01 – Direito à Assistência Social
Benefício de Prestação Continuada - BPC 12
Possibilidade do saque do FGTS 13
Possibilidade de Receber o Auxílio Doença 14
02 – Direito à Saúde
Direito à vida e à dignidade 16
Os Planos de Saúde e os tratamentos para os autistas 18
03 – Direitos Civis
Capacidade Civil do Autista 20
Redução da Jornada de Trabalho 21
Estelionato Sentimental 23
ESPECIAL - Discriminação e Preconceito contra os autistas, pela internet 24
ESPECIAL - Já ouviu falar de Capacitismo? 26
04 – Direito à Acessibilidade
Atendimento Prioritário/Preferencial 28
Vaga de Estacionamento 29
05 – Direitos Tributários 32
06 – Direito à Educação 34
Quando a escola particular NEGA oferecer o AEE? 36
Quando a escola não consegue ofertar o Atendimento Educacional Especializado? 36
O que é o Atendimento Educacional Especializado - AEE? 35
07 – Direito à Mobilidade. 38
Transporte Municipal e Estadual 39
Transporte Interestadual 40
Transporte Aéreo 41
Sobre o Autor 43
Referências 44
Legislação (Lei 12.7764/2012) 45
 Direitos das Pessoas com TEA
O que é TEA?
(Autismo)

O Transtorno do Espectro Autista

(TEA) engloba diferentes condições marcadas por
perturbações do desenvolvimento neurológico com
três características fundamentais, que podem
manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São
elas: dificuldade de comunicação por deficiência no
domínio da linguagem e no uso da imaginação para
lidar com jogos simbólicos, dificuldade de
socialização e padrão de comportamento restritivo e
repetitivo.1

Também chamado de Desordens do

Espectro Autista (DEA ou ASD em inglês), recebe o
nome de espectro (spectrum), porque envolve
situações e apresentações muito diferentes umas
das outras, numa gradação que vai da mais leves à
mais grave.1

Alguns autistas podem exibir em seu

comportamento hiperatividade, agressões,
impulsividade, irritabilidade, repetição de palavras e
de ações. Como cada indivíduo é único e apresenta
características personalíssimas torna-se um pouco
difícil perceber um autista por características
meramente comportamentais, já que na maioria das
vezes as físicas são imperceptíveis.

Posso chamar o Autista de Deficiente?

Lei nº 12.764/2012 , Art. 1º ,§ 2º:
A pessoa com transtorno do espectro autista
é considerada pessoa com deficiência, para
todos os efeitos legais.
1 Maria Helena Varella Bruna é redatora e revisora, trabalha desde o início do Site
Drauzio Varella. https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/transtorno-
do-espectro-autista-tea/
08
 Direitos das Pessoas com TEA
Você sabe quais são
os símbolos de
identificação do Autismo?

1- A cor azul – o azul representa a maior incidência

de casos no sexo masculino.

2- A peça de quebra cabeça – representa a

complexidade do autismo e seus diferentes
espectros que se encaixam formando o TEA.

3- A fita de conscientização que é utilizada também

por outras causas, mas em cores diferentes, é
permeada de simbologia. A fita do quebra-cabeça foi
adotada em 1999 como o sinal universal da
consciência do autismo.

4- O logotipo da neurodiversidade , um sinal do

infinito do arco-íris, foi colocado como uma
alternativa para a peça do quebra-cabeça. O
logotipo celebra a diversidade e a esperança.2

3 4

1
2

2 Dr. José Luiz Setúbal (CRM-SP: 42.740) Médico Pediatra

https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/simbolos-que-representam-o-
autismo-saiba-o-significado/.
06
09
 Direitos das Pessoas com TEA
Quais as Principais Leis
que protegem as pessoas
com TEA?

Lei nº 12.764/2012 - Lei Berenice Piana (em anexo)

Que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista - TEA

Lei 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa com Deficiência

Instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

06
10
 Manual do Direito Autista

Direitos das Pessoas com TEA

Criamos esta obra para abranger de uma forma
prática e didática os 7 principais direitos das pessoas
com Transtono do Espectro Autista - TEA

1 Direito à Assistência Social

2 Direito à Saúde
3 Direitos Civis
4 Direito à Acessibilidade
5 Direitos Tributários
6 Direito à Educação
7 Direito à Mobilidade

11

Direito à
1 Assistência Social
Benefício de
Prestação
Continuada - BPC
Antes de falar sobre a legislação em si,
vamos esclarecer o que é o BPC. Ele é um benefício
de um salário mínimo por mês, que é pago para
quem nunca contribuiu ao INSS e encontra-se em
situação de miserabilidade.
O Benefício Assistencial tem garantia
constitucional no art. 203, inciso V da Constituição, e
é regulamentado pela Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da
Assistência Social – LOAS).
Muitas pessoas chamam esse benefício de
LOAS. Essa é uma denominação equivocada, embora
seja extremamente comum, visto que LOAS é a Lei
que dá origem ao benefício.
Para ter direito ao BPC, é preciso que a renda
média por pessoa do grupo familiar seja menor do
que um quarto do salário mínimo em vigor e, por ser
um benefício assistencial, não dá direito a 13º salário
e não deixa pensão por morte.
12
Manual do Direito Autista
A lei brasileira concede às pessoas com
Transtorno do Espectro Autista (TEA), o direito de
receber o BPC, de acordo com Lei federal nº
13.146/2015 - Art. 39. § 1º:⠀
Lei nº 13.146/2015 - Art. 39. § 1º: A assistência social à
pessoa com deficiência, nos termos do caput deste
artigo, deve envolver conjunto articulado de serviços
do âmbito da Proteção Social Básica e da Proteção
Social Especial, ofertados pelo SUS, para a garantia de
seguranças fundamentais no enfrentamento de
situações de vulnerabilidade e de risco, por fragilização
de vínculos e ameaça ou violação de direitos.
A concessão do LOAS/BPC, para pessoas
com TEA - Autismo, é um direito conferido àqueles
que mais nescessitam. É necessário que sejam
preenchidos, além dos requisitos biológicos, os
sociais e econômicos.
Fique Atento!
O BPC é direito para as pessoas que estão em estado de
miserabilidade, ou seja, não têm condições de prover o
seu sustento ou de sua família. As informações são
cadastradas no Governo Federal. Se você recebe o BPC,
e por exemplo pensa em adquirir um carro com
isenção,seja verdadeiro, pois o seu benefício pode vir a
ser suspenso/cancelado caso o governo faça um
cruzamento de dados!

1 Direito à Assistência Social
Benefício de
Prestação
Continuada - BPC
Como pedir o benefício?
Primeiro: Procure um Cras (Centro de
Referência da Assistência Social), para fazer o
CadÚnico (Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal). Nele, ficam
registradas as características da residência, a
identificação e escolaridade de cada pessoa que
mora na casa e a situação de trabalho e renda)
Segundo: Faça um agendamento para
atendimento em uma agência da Previdência
(INSS). O agendamento é feito pelo site ou pelo
telefone 135.
Terceiro: Junte a documentação necessária, vá
até o INSS no diamarcado e dê entrada no
processo!
Quarto: Aguarde o prazo estabelecido para
início da concessão do benefício. Você será
informado pelo INSS da concessão e dos passos
para fazer o cartão e banco que irá receber.
E se for NEGADO? Caso seja negado, procure
auxílio da Justiça Federal, procurando a
Defensoria Pública da União - DPU ou um
Advogado Especilista!
13
Manual do Direito Autista
Possibilidade do
saque do FGTS
O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço –
FGTS, foi criado com um fim social, ele prevê uma
série de casos em que o trabalhador pode
movimentar (sacar) o que estiver em sua conta.
O que é primordial, no entanto, é o saque
para custear despesas com dependentes deficientes.
No artigo 20 da Lei nº 8.036/90, encontra-se
elencadas algumas doenças consideradas graves,
quando então é permitido o saque dos valores.
Entretanto esta lista não relaciona a síndrome de
Down, a paralisia cerebral, por exemplo, e transtorno
do espectro autista - TEA.
Sabemos que o tratamento do TEA, requer
intervenção de diversas terapias, como por exemplo:
treinamento de habilidades sociais, educação
especializada, terapia cognitiva, terapia de
linguagem, até mesmo hidroterapia e equoterapia,
por vezes, muito caras e de realização contínua.
Fixamos nosso entendimento de que há
possibilidade, sim, de saque, baseado no Superior
Tribunal de Justiça – STJ, que já fixou entendimento
de que as doenças elencadas na legislação são
meros exemplos! Assim, o juiz, em cada caso, deverá
aplicar interpretação semelhante ao STJ.
Possibilitando assim o saque do FGTS.

1 Direito à Assistência Social
Ainda sobre a
Possibilidade do
saque do FGTS
Infelizmente esse benefício deve ser
judicializado. Até então, a boa nova é que já existem
inúmeras decisões favoráveis pela liberação aos
trabalhadores que possuem dependentes
deficientes, inclusive com TEA (considerado por lei
como uma pessoa com deficiência), ou até mesmo a
síndrome de Asperger, esta última de surgimento
desconhecido até então, que é um estado do
transtorno do espectro autista, acarretando
dificuldade de adaptação funcional de quem a possui
ao meio social.
Possibilidade de
Receber o
Auxílio Doença
Em decisão recente, o Juizado Especial
Federal do DF, determinou que o INSS conceda um
auxílio-doença para uma empregada doméstica que
precisava faltar ao trabalho frequentemente para
cuidar do filho de 11 anos que tem uma doença rara e
grave. A decisão é considerada "inovadora" e dá
início a uma discussão jurídica sobre o direito ao
chamado auxílio-parental
Primeiro vamos esclarecer o que é e quem
tem direito ao Auxílio-Doença. Ele é um benefício
previdenciário pago pelo INSS, às pessoas que ficam
incapacitadas para o trabalho, ou atividade
14
Manual do Direito Autista
habitual, por mais de 15 (quinze) dias consecutivos,
cumprindo 03 requisitos: incapacidade para o
trabalho ou atividade habitual, cumprimento da
carência, qualidade de segurado
A decisão, abre a discussão, sobre o que é
mais vantajoso entre BPC/LOAS/Auxílio-Doença?,
vale diferenciar o que é direito do trabalhador ou
segurado do INSS e o que é auxílio para pessoas que
não necessáriamente são seguradas do INSS.
Para aqueles que são segurados do INSS o
"auxílio-parental", pode ser demasiadamente
importante, diante das dificuldades financeiras e
todos os transtornos cotidianos do tratamento,
enfrentados pelos pais quem têm um filho com TEA.
Fique atento!
Se você trabalha, ou trabalhou recentemente, com
carteira assinada. Está com dificuldades para
comparacer ao trabalho, por conta da carga horária
de tratamento do seu filho autista. Procure um
advogado! Derrepente, você poderá conseguir o
"auxílio-parental" pelo INSS, sem passar pelo
processo do BPC/LOAS.
Informe-se:
Arts. 59 e 60, da Lei nº 8.213/91.
Lei nº 9.876/99.
Processo 0035280-22.2018.4.01.3400 tramitado na
26ª Vara do Juizado Especial Federal do DF.
 Manual do Direito Autista

1 Direito à Assistência Social

É CRIME!
Apropriar-se de Bens ou Dinheiro

Lei nº 13146/15. Art. 89: Apropriar-se de ou desviar

bens, proventos, pensão, benefícios, remuneração
ou qualquer outro rendimento de pessoa com
deficiência:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)

Reter o cartão utilizado para receber o

benefício

Lei nº 13146/15. Art. 91: Reter ou utilizar cartão

magnético, qualquer meio eletrônico ou documento
de pessoa com deficiência destinados ao
recebimento de benefícios, proventos, pensões ou
remuneração ou à realização de operações
financeiras, com o fim de obter vantagem indevida
para si ou para outrem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e

multa.

15

2 Direito à Saúde
Direito à vida e à dignidade
Começamos a falar sobre direitos à Saúde
das pessoas com TEA citando o artigo 10 da Lei nº
13.146/15 (LBI). Nele está garantido que: compete
ao poder público garantir a dignidade da pessoa com
deficiência, ao longo de toda a vida.
Pois é, “ao longo de toda sua vida”, esse é
um compromisso muito sério firmado pelo poder
público, devido às gigantescas dimensões de nosso
país.
Na mesma lei temos o Art. 11: A pessoa com
deficiência não poderá ser obrigada a se submeter a
intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a
institucionalização forçada. Isso é um grande avanço
nos direitos das pessoas com TEA, pois ainda
existem correntes que olham para o autista mais
severo como caso irreversível, passível somente de
internação; por muitas vezes, a família, por não
iniciar precocemente as intervenções necessárias,
acaba por criar um autista menos funcional e até
mesmo mais severo, criando uma carência de
proteção urgente e necessária. Porém, a
institucionalização e a curtatela forçadas, para essas
pessoas, eram regras, há anos atrás. Atualmente, a
assistência domiciliar e ambulatorial é a indicada.
Daí, a solicitação de um benefício público ser,
especialmente nesse caso, indispensável.
16
Manual do Direito Autista
Em referência ao Art. 18, também da Lei nº
13.146/15 (LBI), destacamos que é assegurada
atenção integral à saúde da pessoa com deficiência
em todos os níveis de complexidade, por intermédio
do SUS, garantindo acesso universal e igualitário. Ou
seja, não apenas aos casos graves, descritos acima,
mas a todos que enfrentem problemas com parentes
autistas, sob sua dependência.
Com esse texto, queremos chamar
esclarecer e enfatizar o direito, protegido pela
legislação de quem vivencia tais problemas. No
parágrafo quarto: § 4º As ações e os serviços de
saúde pública destinados à pessoa com
deficiência devem assegurar:
I - diagnóstico e intervenção precoces,
realizados por equipe multidisciplinar;
III - atendimento domiciliar multidisciplinar,
tratamento ambulatorial e internação;
V - atendimento psicológico, inclusive para
seus familiares e atendentes pessoais;
XI - oferta de órteses, próteses, meios
auxiliares de locomoção, medicamentos,
insumos e fórmulas nutricionais, conforme
as normas vigentes do Ministério da Saúde.

2 Direito à Saúde
FIQUE ATENTO!
Prioridade no
Atendimento Médico
Lei nº 13.146/15. Art. 9º: A pessoa com deficiência
tem direito a receber atendimento prioritário,
sobretudo com a finalidade de:
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
II - atendimento em todas as instituições e serviços
de atendimento ao público;
§ 1º Os direitos [...] são extensivos ao
acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu
atendente pessoal, exceto quanto ao disposto nos
incisos VI e VII deste artigo.
§ 2º Nos serviços de emergência públicos e
privados, a prioridade conferida por esta Lei é
condicionada aos protocolos de atendimento
médico.
17
Manual do Direito Autista
Direito ao atendimento
próximo da sua casa
Lei nº 13.146/15. Art. 15. Inciso V: prestação de
serviços próximo ao domicílio da pessoa com
deficiência, inclusive na zona rural, respeitadas a
organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS)
nos territórios locais e as normas do Sistema Único
de Saúde (SUS).
Direito ao atendimento
em outra cidade
Lei nº 13.146/15. Art. 21: Quando esgotados os
meios de atenção à saúde da pessoa com deficiência
no local de residência, será prestado atendimento
fora de domicílio, para fins de diagnóstico e de
tratamento, garantidos o transporte e a acomodação
da pessoa com deficiência e de seu acompanhante.

2 Direito à Saúde
PLANOS
DE SAÚDE
Os Planos de Saúde e os
tratamentos para os autistas
Consta do Art. 18, §5º, da Lei nº 13.146/15
(LBI), todas as diretrizes deste artigo, que se
aplicam, também às instituições privadas que
participem de forma complementar do SUS ou que
recebam recursos públicos para sua manutenção.
Desta maneira, aqueles que se propõem a
prestar serviços de saúde mediante pagamento
(privados), têm que de seguir as normativas
federais, as regras da Agência Nacional de Saúde -
ANS e do Ministério da Saúde.
Assim, as operadoras de planos e
seguros privados de saúde são obrigadas a
garantir à pessoa com deficiência, no mínimo,
todos os serviços e produtos ofertados aos
demais clientes, texto do Art. 20 da LBI.
18
Manual do Direito Autista
LIMITAÇÃO DE SESSÕES TERAPÊUTICAS
Utiliza-se por analogia, a Súmula 302/STJ, para
tratar da ilegalidade da limitação de sessões médicas
ou terapêuticas pelo planos de saúde, independente
do que trata a ANS.
REEMBOLSO DE PROCEDIMENTOS
Nesse caso, aplica-se a Resolução Normativa nº
259/ANS que regula a obrigatoriedade de cobertura
dos procedimentos fora da rede credenciada. O Art.
4º, § 1º, trata: [...] prestador não integrante da rede
assistencial, o pagamento do serviço ou
procedimento será realizado pela operadora ao
prestador do serviço ou do procedimento, mediante
acordo entre as partes.
TERAPIA ABA
Normalmente os Planos negam oferecer
atendimento de psicoterapia com o método ABA (
análise do comportamento aplicada, original do
inglês: applied behavior analysis), por ela não
estar no rol de procedimentos obrigatórios da ANS.
Porém, a ANS alega que ABA, já está contemplada,
dentro do rol de procedimentos desde 2018, na
sessão de psicoterapia, pág. 147.
JUDICALIZAÇÃO DE PEDIDOS
Antes de procurar um advogado ou abrir um
processo contra o plano de saúde, o requerente
pode tentar resolver por meio de carta
(administrativamente), como procedimento
primeiro. Caso a solicitação seja negada, então,
podem-se providenciar os trâmites de aplicabilidade
da lei, citados e descritos, minuciosamente, nesse
texto.
 Manual do Direito Autista

2 Direito à Saúde

NÃO PODE! É CRIME!

A COBRANÇA DE VALORES
A DIFERENCIADOS PARA PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA
Art. 23, da Lei nº 13.146/15: São vedadas todas as
formas de discriminação contra a pessoa com
deficiência, inclusive por meio de cobrança de valores
diferenciados por planos e seguros privados de
saúde, em razão de sua condição.
A LEI DETERMINA QUE NÃO É
POSSÍVEL GERAR QUALQUER TIPO
DE IMPEDIMENTO DE
CONTRATAR COM O PLANO
Art. 14, da Lei nº 9.656/98 (Código de Defesa do
Consumidor - CDC), determina que: em razão da
idade do consumidor, ou da condição de pessoa
portadora de deficiência, ninguém pode ser impedido
de participar de planos privados de assistência à
saúde.
DEIXAR DE PRESTAR ASSISTÊNCIA
Lei nº 7.853/89. Art. 8º: Constitui crime punível
com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa:
IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou
deixar de prestar assistência médico-hospitalar e
ambulatorial à pessoa com deficiência;
§ 1º Se o crime for praticado contra pessoa com
deficiência menor de 18 (dezoito) anos, a pena é
agravada em 1/3 (um terço).
DIFICULTAR CONTRATAR OU
COBRAR VALORES MAIS ALTOS NO
PLANO DE SAÚDE
Ainda no Art. 8º. § 3º, da Lei nº 7.853/89: Incorre
nas mesmas penas quem impede ou dificulta o
ingresso de pessoa com deficiência em planos
privados de assistência à saúde, inclusive com
cobrança de valores diferenciados.

Art. 5º, da Lei nº 12.764/12 dispõe que "a pessoa

com transtorno do espectro autista não será
impedida de participar de planos privados de
assistência à saúde em razão de sua condição de
pessoa com deficiência.

19

3 Direitos Civis
Capacidade Civil do Autista
Segundo o dicionário jurídico 3: “Todas as
pessoas possuem a capacidade de direito, ou
seja, todos são capazes de adquirir direitos.
Por outro lado, nem todos são capazes de
exercer seus direitos e os atos da vida civil,
que consistem na capacidade de fato”.
Desse modo, a definição dicionarizada
interpreta o conceito de capacidade civil, no uso do
que o Direito determina, lembrando aqui, a familiar e comunitária; e
Constituição Federal de 1988 - carta magna em que
se baseiam as leis, quer federais, estaduais ou
municipais, que afirma em seu Art. 5º: “todos são
iguais perante a lei”. Podendo-se, destarte, deduzir
não haver diferença entre os afetados/não afetados
pelos males entendidos como responsabilidade do
Estado, em cumprimento do que determinam as leis
apropriadas.
Por muito tempo, entendeu-se que as
pessoas com TEA eram incapazes, sendo a
incapacidade civil uma restrição legal imposta ao
exercício dos atos da vida civil. Hoje o Código Civil
Brasileiro trás uma interpretação mais inclusiva para
as pessoas com TEA e seus direitos. Veja o que idz o
Art 6º, da Lei Brasileira de Inclusão:
3 Dicionário Jurídio (DireitoNet). Atualizado de acordo com o Novo CPC.
(22/mai/2018). https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/738/Capacidade-
civil
20
Manual do Direito Autista
Art. 6º A deficiência não afeta a plena
capacidade civil da pessoa, inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número
de filhos e de ter acesso a informações
adequadas sobre reprodução e planejamento
familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a
esterilização compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à
curatela e à adoção, como adotante ou
adotando, em igualdade de oportunidades com
as demais pessoas.
Vale ressaltar, que as pessoas com TEA,
além da proteção da Lei Brasileira de Inclusão, da Lei
Berenice Piana, ainda tem uma enorme quantidade
de dispositivos legais, que garantem os seus direitos
e deveres.
Todos os direitos citados no Art. 6º, são para
maiores de 18 anos. Podemos dizer que, não existe
mais, na lei brasileira, pessoa absolutamente
incapaz, maior de idade. A seguir, vamos tentar
responder as principais perguntas que recebemos
no @direitoautista4, sobre os direitos civis.
4 Perfil Público destinado a compartilhar informações sobre os direitos das pessoas
com TEA. https://www.instagram.com/direitoautista/
 Manual do Direito Autista

3 Direitos Civis
01 - Tenho um filho autista, posso
me ausentar do trabalho para
levá-lo as terapias?
Aos pais de pessoas com TEA, que,
incialmente, trabalham no serviço público federal.
Tem direito a ausentar-se para acompanhar seus
filhos no tratamento (terapias) sem diminuição da
remuneração ou até mesmo necessidade de
compensação de carga horária. É o que diz, a Lei nº
8.112/90.
Não que os trabalhadores do setor privado
não tenham direitos, entretando a legislação é clara
quanto aos servidores públicos! Existem até
jurisprudências (casos) os referidos pais recorrem à
jurisprudência, em casos de servidores públicos,
para desfrutarem do mesmo direito.
02 - Autistas podem Casar,
ter filhos, adotar?
Os pais de pessoas com TEA, na maioria da
vezes, tendem a superproteger os seus filhos,
entretanto com a maior idade (18 anos) eles
adquirem direitos iguais aos demais cidadãos,
conforme a Lei nº 13.146/15 (LBI), em seu Art. 6º,
que faculta às pessoas com TEA o direito a casar-se e
constituir união estável; exercer direitos sexuais e
reprodutivos; o direito de decidir sobre o número de
filho; o direito à adoção. Como se pode ver, nesse
sentido, a lei iguala as condições civis.

A Lei nº 8.112/90, em dispositivo incluído pela Lei nº

9.527/97, determina que o servidor com cônjuge, filho ou
dependente com deficiência física tenha horário especial.
Em 2016 a Lei nº 13.370/16, garantiu, a esses servidores
a NÃO necessidade de compensação das horas ausentes
em virtude do acompanhamento aos tratamentos.

Atualmente, o acesso às leis vêm se

tornando mais facilitado, devido às suas publicações
poderem ser vistas em sites da justiça. Todavia, a
interpretação correta das leis só podem se realizar
por um profissional competente, na área do Direito.

21

3 Direitos Civis
03 “Nós 3 recebemos uma
Herança. Mas um dos meus
irmãos é Autista. E agora?
Como resolver?”
A curatela é um dispositivo jurídico que
cobre os atos relacionados aos direitos de natureza
patrimonial e negocial. Assim, uma pessoa, por
exemplo, que tenha um autismo severo e não verbal,
terá um curador nomeado por um Juiz. Esse curador
tomará as decisões no lugar desta pessoa, conforme
a Lei nº 13.146/15:
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao
exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com
as demais pessoas.
§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida
à curatela, conforme a lei.
§ 3º A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui
medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e
às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível.
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos
direitos de natureza patrimonial e negocial.
Você Sabia?
As pessoas com o Transtorno do Espectro
Autista - TEA, por serem igualadas as pessoas
com deficiência por lei. Tem direito a
PRIORIDADE no TRÂMITE PROCESSUAL!
22
Manual do Direito Autista
04 “Coloquei um apartamento
em nome de minha filha autista!
Agora ela (maior) quer vender
para pagar a faculdade, pode?”
Quando o deficiente é maior de 18 anos, no
caso do autista, consegue se comunicar,
principalmente de forma verbal, existe o artifício
jurídico chamado: TOMADA DE DECISÃO APOIADA.
Nesta situação, o deficiente, poderá nomear 2
pessoas de sua confiança para ajudar na tomada de
decisão. Uma das alegações possíveis de um
advogado da pessoa acometida de autismo poderá
ter, como apoio, o fato de que tal pessoa concluiu
seus estudos até o Ensino Médio e se propõe a cursar
um faculdade. Portanto, tem capacidade de decisões
e, no caso, com uma pretensão de custear estudos
que poderão levá-lo a um convívio social, a uma
profissionalização, a um crescimento de sua vida
privada.
Art. 1.783-A, da Lei nº 13.105/16 (Novo Código Civil -
NCPC): A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a
pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas
ido?neas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua
confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre
atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações
necessários para que possa exercer sua capacidade.
Você Sabia?
A Lei nº 13.146/15 (LBI). Artigo 9º. Inciso VII, fala que:
A pessoa com deficiência tem direito a receber
atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de
TRAMITAÇÃO PROCESSUAL e procedimentos judiciais
e administrativos em que for parte ou interessada, em
todos os atos e diligências.
 Manual do Direito Autista

3 Direitos Civis
Estelionato Sentimental
Você já ouviu falar ?
Têm-se que, quando um dos curadores, ou
parceiros, age com má-fé, se utilizando do afeto
alheio propositalmente para obter vantagens
pessoais, principalmente financeiras, essa conduta
p o d e s e r d e n o m i n a d a “ E S T E L I O N AT O
SENTIMENTAL”.
O indícios de maior aceitação das pessoas
com deficiência, pela sociedade, vem dando
prosseguimento a um processo de inserção justo e
legal. No entanto, não se pode isolar o uso de má fé,
em relação aos carentes de cognição, bem como a
qualquer cidadão ingênuo e desconhecedor dos
promotores de fraudes engenhosas.
Portanto, as pessoas com deficiência, em
condições de controlar o seu patrimônio e, às vezes,
de familiares, precisam, de alguma forma, de um
monitoramento de suas decisões, ações e, também,
de uma cuidadosa vigilância dos relacionamentos
dos mesmos.
Convém notar que não se trata de um
desencorajamento da autonomia de indivíduos
portadores de autismo, mas de uma advertência,
com base jurídica, pela incidência dessa modalidade
de crime.
Quando uma das partes demonstra má-fé na
condução de um contrato ou relação comercial,
utilizando-se de artifício, ou induz uma terceira
pessoa a erro, para, assim, obter para si, ou para
outrem, uma vantagem ilícita, comete um crime
contra um patrimônio: o estelionato, previsto no Art.
171, do Código Penal.
Melhor dizendo, se alguém, recorre
maliciosamente, a sentimentos afetivos, de maneira
sórdida, se aproveita da boa fé de outrem, para obter
vantagens ilícitas, em benefício próprio, deverá
responder pelos prejuízos causados.

“[...] quando um dos

parceiros age com má-fé,
se utilizando do afeto
alheio propositalmente
para obter vantagens
pessoais, principalmente
financeiras [...]”

23

3 Direitos Civis
ESPECIAL
Discriminação e Preconceito
contra os autistas, pela internet.
Assim como as demais pessoas com
deficiência, os autistas muitas vezes são vítimas de
preconceito e discriminação. Costumam não receber
o mesmo tipo de tratamento e ter a liberdade de ir e
vir prejudicada. Esse preconceito se dá, por vezes,
pelo despreparo, falta de informação, dos autistas e
seus familiares, bem como por falta de preparo da
sociedade.
Necessário se faz que haja um processo
educativo e um conhecimento de que há leis que
protegem os portadores de autismo, para um
exercício de sensibilização social e respeito no
cumprimento dessas leis. As vítimas de
discriminação, ratificamos, devem ser esclarecidas,
no sentido de recorrer à justiça, no que se refere à
aplicabilidade efetiva das leis.
A Declaração Universal dos Direitos
Humanos deixa claro que todas as pessoas devem
ser tratadas fraternalmente, independente de
deficiência. A Convenção da ONU sobre Os Direitos
da Pessoa com Deficiência defende a dignidade
dessas pessoas.
5 Fonte: Inclusive/Guia de Direitos
http://www.inclusive.org.br/arquivos/23639
24
Manual do Direito Autista
No Brasil, a Constituição Federal de 1988
trouxe como meta a busca do bem-estar de todos,
sem quaisquer tipos de discriminação. Está lá no
Código Penal a punição contra os atos criminosos e
de desrespeito, causados por fatores
discriminatórios. Desse modo, a justiça se encontra
respaldada - em documentos oficiais - para fazer
valer as leis que protegem os autistas.
Como Reconhecer?
Esse atos costumam envolver formas de
intimidação ou comentários desrespeitosos,
camuflados sob a forma de “piadas” em texto
publicados na internet. São comuns agressões
verbais, o uso de palavras ofensivas em relação a
deficientes, até mesmo ataques morais. A
discriminação, sutil ou evidente, deve ser
denunciada!5
Como Denunciar?
Ao denunciar um crime de ódio causado por
preconceito com deficientes, deve-se registrar um
Boletim de Ocorrência. Procure uma delegacia,
registre o B.O., a lei está a seu favor!
 Manual do Direito Autista

3 Direitos Civis

É CRIME!
DISCRIMINAÇÃO contra Autista DISCRIMINAÇÃO NA INTERNET

Art. 88 da Lei nº 13.146/15: Praticar, induzir ou Art. 88 da Lei nº 13.146/15:

incitar discriminação de pessoa em razão de sua
deficiência:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a
vítima encontrar-se sob cuidado e responsabilidade
do agente.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput
deste artigo é cometido por intermédio de meios de
comunicação social ou de publicação de qualquer
natureza:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa.
§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz poderá
determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido
deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de
desobediência:
I - recolhimento ou busca e apreensão dos
exemplares do material discriminatório;
II - interdição das respectivas mensagens ou
páginas de informação na internet.

25

3 Direitos Civis
ESPECIAL
Já ouviu falar de CAPACITISMO?
Voltando à temática da discriminação e
preconceito contra as pessoas com deficiência,
queremos trazer uma temática, relativamente nova,
com uma nomenclatura pouco conhecida:
Capacitismo!
Mas o que vem a ser? Capacitismo é a
discriminação ou violências praticadas contra
as pessoas com deficiência. É a atitude
preconceituosa que hierarquiza as pessoas
em função da adequação de seus corpos a um
ideal de beleza e capacidade funcional.6
Sendo assim, o capacitismo seria mais uma
forma de discriminar as pessoas com deficiência?
Sim. Mas se trata-se de uma subcategoria, criada
para definir a forma como os deficientes são
tratados, considerados como pessoas incapazes.
Mas eles seriam incapazes para o quê?
A incapacidade seria para exercer um
trabalho, para amar ou sentir desejo, poder
frequentar uma escola de ensino regular ou uma
faculdade, até mesmo para ter relações sexuais.
6 Anahi Guedes de Mello é antropóloga, doutoranda do Programa de Pós-Graduação
em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em
Florianópolis/SC. Inclusive/Guia-de Direitos -
https://www.inclusive.org.br/arquivos/29958
Manual do Direito Autista
Como Reconhecer?
Quando a pessoa tenta minimizar o fato de alguém
ter deficiência dizendo “mas todo mundo tem uma
deficiência, né?”. Não. Deficiência é uma condição
específica para além da lesão do corpo, que se dá no
enfrentamento das barreiras social e historicamente
construídas. (Karla Garcia Luiz)10
Quando você quer xingar alguém ou algo e chama
ela de autista. (Amanda Paschoal)10
Como Denunciar?
No caso do Capacitismo, denunciar como
um crime de ódio causado por preconceito contra
deficientes, devem-se seguir os MESMOS passos dos
crimes de preconceito e discriminação, ou seja:
registrar um Boletim de Ocorrência, para dar início
ao processo. Se for o caso, pode-se ligar para o
“DISQUE 100” e efetuar uma denúncia!
Este telefone é do Ministério da Mulher,
Família e Direitos Humanos; ainda existe o aplicativo
PROTEJA BRASIL, em que é possível realizar uma
denúncia no acesso pela internet.
26
 Manual do Direito Autista

3 Direitos Civis

FIQUE ATENTO!
TODOS TEMOS A OBRIGAÇÃO
DENUNCIAR QUALQUER AMEAÇA, A
UMA PESSOA COM DEFICIÊNCIA!

Art. 7º, da Lei nº 13.146/15: É dever de todos

comunicar à autoridade competente qualquer forma
de ameaça ou de violação aos direitos da pessoa com
deficiência.

Maus tratos, discriminação

ou crimes contra pessoas
com TEA (Autismo)

DENUNCIE!

27
 Manual do Direito Autista

Direito à
4 Acessibilidade
Para justificar, ainda mais, a necessidade do
Atendimento atendimento prioritário para pessoas com TEA,
Prioritário/Preferencial muitas vezes bastante questionada pelas
autoridades competentes, trazemos as palavras do
Antes de falar sobre o Atendimento Prof. Dr. Roque Bakof 7, em sua visão de inclusão;
Prioritário, vamos novamente esclarecer que: as esta é um meio essencial, já que ela pode evitar
pessoas com o Transtorno do Espectro Autista situações adversas tanto para a pessoa com
devem ser igualadas as pessoas com deficiência, autismo, quanto para seu acompanhante.
baseados na lei federal nº 12.764/12.
“Cada vez mais a sociedade precisa compreender
que o autismo, pelas suas características em
Tais situações também se enquadram na Lei determinadas circunstâncias, pode desorganizar o
Brasileira de Inclusão, em seu Art. 9º, incisos II, IV e indivíduo. Por isso, ele e os que o acompanham
V, que mais se aproximam do tema: acabam tendo essa condição diferenciada para
evitar que, em situação prolongada, ocorra esta
desorganização”.
Lei nº 13.146/15 (LBI). Artigo 9º: A pessoa
com deficiência tem direito a receber Diversos Estados e Municípios brasileiros, já
atendimento prioritário, sobretudo com a começaram a regulamentar o atendimento
finalidade de: prioritário para as pessoas com TEA em seus
II - atendimento em todas as instituições e territórios, inclusive determinando a inserção do
serviços de atendimento ao público; símbolo internacional do autismo nas placas de
IV - disponibilização de pontos de parada, atendimento prioritário e até criando penalidades
estações e terminais acessíveis de transporte administrativas/financeiras para aqueles que não se
coletivo de passageiros e garantia de adaptarem.
segurança no embarque e no desembarque;
V - acesso a informações e disponibilização de
recursos de comunicação acessíveis; Modelo Padrão de placa
de atendimento
prioritário, já inserido o
símbolo internacional
do autismo.

7 Prof. Dr. Roque Bakof, Diretor Presidente da FADERS, Filósofo, graduado em

Teologia, psicanalista, pós graduado em Psicologia Jurídica e em Mediação e
Arbitragem,da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para
Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul - FADERS. 28
 Manual do Direito Autista

4 Direito à Acessibilidade

Vaga de Estacionamento
Os Autistas tem direito de estacionar
nas vagas de deficiente? SIM!

As pessoas diagnosticadas com o Transtorno

do Espectro Autista são igualadas às pessoas com
deficiência, com base na lei federal nº 12.764/12.
Desta forma, se são igualados aos deficientes,
também têm os mesmo direitos e deveres dos
demais, podendo se utilizar das vagas destinadas a
pessoas com deficiência.

Sobre as vagas: o Art. 47, da Lei nº 13.146/15, diz

em seu texto que: Em todas as áreas de
estacionamento aberto ao público, de uso
público ou privado de uso coletivo e em vias
públicas, devem ser reservadas vagas próximas
aos acessos de circulação de pedestres,
devidamente sinalizadas, para veículos que
transportem pessoa com deficiência com
comprometimento de mobilidade, desde que
devidamente identificados. (Grifo nosso)

Sobre sinalização da vagas: o Art. 47, da Lei nº

13.146/15, em seu § 1º, traz que: as vagas [...]
devem equivaler a 2% (dois por cento) do
total, garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga
devidamente sinalizada e com as especificações
de desenho e traçado de acordo com as normas
técnicas vigentes de acessibilidade. (Grifo nosso)

Modelo Padrão de placas para sinalização de vagas para deficientes

segundo a Resolução 304/2008 do CONTRAN.

29
 Manual do Direito Autista

4 Direito à Acessibilidade

Vaga de Estacionamento

Essa quantidade vai depender do número

total de vagas do estacionamento, porém se só
existem 4 vagas, por exemplo, na frente da clínica
que o deficiente vai fazer tratamento, ao menos 1
delas deve estar demarcada como vaga destinada
para deficientes! Estas vagas devem seguir as
regulamentações da NBR 9050 da Abnt e a das
normas 303/304 do Contran.

Há necessidade de um cartão
identificador de deficiente: o Art. 47, da Lei nº
13.146/15, em seu § 2º, prevê que: os veículos
estacionados nas vagas reservadas devem
exibir, em local de ampla visibilidade, a credencial
de beneficiário, a ser confeccionada e fornecida
pelos órgãos de trânsito, que disciplinarão suas
características e condições de uso. (Grifo nosso)

Modelo de Cartão de Deficiente - DEFIS, obrigatório para utilização de

vagas para deficientes segundo a Resolução 304/2008 do CONTRAN.

30
 Manual do Direito Autista

4 Direito à Acessibilidade

É CRIME!
Art. 47. § 3º A utilização indevida das vagas de que
trata este artigo sujeita os infratores às sanções
previstas no inciso XX do art. 181 da Lei nº 9.503/97
(Código de Trânsito Brasileiro)

Estacionar o veículo nas vagas reservadas às

pessoas com deficiência ou idosos, sem
credencial que comprove tal condição:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo.
“Estacionar o veículo nas vagas
Podendo, portanto, render 7 pontos no prontuário do
condutor e multa de R$ 293,47. reservadas às pessoas com
deficiência ou idosos, sem
Importante: Por força da Lei 13.281/2016, a credencial [...]“
infração também pode ser registrada em
lugares privados, mas de uso coletivo. Esse é o Infração: Gravíssima 7 pontos
caso dos shoppings e supermercados. Penalidade: Multa de R$ 293,47
Administrativa: Remoção do veículo

31
 Manual do Direito Autista

5 Direitos Tributários

Autistas tem direito a comprar

carro zero com desconto?
As pessoas com Transtorno do Espectro
Autista têm direito a adquirir veículos recém-saído da
fábrica (com quilometragem zero km), com
desconto/isenção de alguns impostos federais e
estaduais que chegam até 30% de desconto no total
da compra.
Recentemente foi editada uma Instrução
Normativa (IN) RFB nº 1769/2017, que garante a
isenção também para autistas. Tal instrução se
encontra acessível no pelo site da Receita Federal
(RF) através do SISEN.

A Lei nº 8.989/95. Dispõe sobre isenção do Seguindo esses passos, as normas,

Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na executadas pela Secretaria Estadual de Finanças ou
aquisição de automóveis para utilização no Fazenda (SEFAZ), falam sobre o tratamento
transporte autônomo de passageiros, bem como por tributário relativo ao IPVA, garantindo direito de
pessoas portadoras de deficiência [...]: adquirir um carro zero quilômetro, para pessoas
[...] autistas. Existem decisões recentes, que tratam
Art. 50. O poder público incentivará a fabricação que se o deficiente for menor deidade, os pais podem
de veículos acessíveis e a sua utilização como táxis registrar o veículo em seu nome.
e vans , de forma a garantir o seu uso por todas as
pessoas.
§ 2º O poder público é autorizado a instituir
incentivos fiscais com vistas a possibilitar a
acessibilidade dos veículos a que se refere o caput
deste artigo.
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no
mínimo, câmbio automático, direção hidráulica,
vidros elétricos e comandos manuais de freio e de
embreagem.

32
 Manual do Direito Autista

5 Direito à Assistência Social

O Processo
Primeiro Passo:
Juntar a documentação de diagnóstico, Laudos e
Exames.

Segundo Passo:
Entrar no sistema da Receita Federal (SISEN),
registrar dados solicitados no cadastro e enviar os
documentos digitalizados.

Terceiro Passo:
Se APROVADO, imprimir o documento da Receita e
dirigir-se até à Secretaria da Fazenda (alguns
estados já fazem on-line) para dar continuidade ao
processo de solicitação da isenção do ICMS e IPVA.
Quarto Passo:
Escolher o veículo.
Quinto Passo:
Se APROVADO pela Receita Estadual, levar a
documentação na concessionária escolhida, dar
entrada no processo de compra do veículo.
Observação:
O processo no site da Receita Federal é gratuito.
O processo na Receita Estadual (em alguns estados) requer o
pagamento de algumas taxas.
O veículo demora em média 2 meses para ser entregue.
Sobre a escolha do VEÍCULO
Ÿ Pode ser de qualquer fabricante.
Ÿ Valor até 70.000,00;
Ÿ Tem que dispor de: câmbio automático, direção hidráulica,
vidros elétricos;
Ÿ O Deficifente tem que fazer uma comprovação de
disponibilidade financeira ou patrimonial suficiente, para
fazer frente aos gastos com a aquisição e a manutenção do
veículo;
Ÿ Somente pode vender/trocar após 2 anos;
Ÿ Se o deficiente for menor o veículo será registrado em seu
nome;
Ÿ Se o deficiente não poder dirigir, o veículo será registrado em
seu nome, porém com autorização para um responsável
habilitado conduzi-lo;
Ÿ Não é válido para motos, caminhões ou embarcações .

33
 Manual do Direito Autista

6 Direito à Educação

Está na Lei!
A Constituição Federal de 1988, estabelece
que a educação é dever do Estado. No Art. 208,
inciso III, acrescenta: "atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino".

Existe ainda outra lei bem específica que

também trata de direitos à educação, é o Estatuto da
Criança e do Adolescente - ECA, a lei federal nº OS AUTISTAS TEM DIREITO DE
8.069/90, em seu Art. 54, inciso III, assegura à MATRÍCULA NA REDE
criança e ao adolescente portador de deficiência, REGULAR DE ENSINO?
a t e n d i m e n t o e d u c a c i o n a l e s p e c i a l i z a d o,
A Política Nacional de
preferencialmente, na rede regular de ensino.
Proteção aos Direitos da Pessoa
com Transtorno do Espectro
Citada, várias vezes e em leis distintas, o Autista, Lei federal nº 12.764
direito da criança com deficiência de ingressar/estar estabelece que os autistas tem
na “rede regular de ensino” deve ser considerado direito a frequentar escolas
uma garantia constitucional! Assim, se esse direito regulares na Educação Básica, no
for prejudicado, pode ser contestado judicialmente Ensino Profissionalizante e no
como descumprimento à Constituição Federal. ensino superior; se preciso for ser
acompanhado por um
especialista, para lhe auxiliar.

34
 Manual do Direito Autista

6 Direito à Educação

O que é o Atendimento Essa comprovação somente poderá ser

Educacional Especializado - AEE? efetivada através de um laudo médico. A escola, não
poderá repassar a responsabilidade de contratação e
pagamento do AEE para a família.
“O Atendimento Educacional Especializado -
AEE é um serviço da educação especial que
No entanto, a adoção de eventual regime de
identifica, elabora, e organiza recursos pedagógicos
contratação, pela família, poderá ser contestada de
e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a
acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas -
plena participação dos alunos, considerando suas
CLT, no próprio conceito de empregado, em seu Art.
necessidades específicas" 8.
3º: “Considera-se empregada toda pessoa física que
prestar serviços de natureza não eventual a
O ensino oferecido no atendimento
empregador, sob dependência deste e mediante
educacional especializado é necessariamente
salário.
diferente do ensino regular e não pode se
caracterizar como um espaço de reforço escolar ou
complementação de tais atividades.9 Se a contratação do AEE for custeada pela
família do deficiente, mesmo com a comprovada
necessidade e a solicitação, por escrito, seja ela em
O Atendimento Educacional escola pública ou privada, constitui um
Especializado - AEE, para pessoas desvirtuamento do contrato de emprego sob a ótica
com TEA (Autismo). da subordinação, já que o acompanhante deve estar
vinculado à instituição. A
A figura do Acompanhante Educacional
Especializado, aparece inicialmente, na Lei nº
12.764/12 sendo reforçada pela Nota Técnica nº
24/2013 do MEC.

Reza o Art. 3º, Parágrafo único, da Lei nº

12.764/12, que em casos de comprovada
necessidade, a pessoa com transtorno do espectro
autista, incluída no ensino regular, terá direito a
A Essa questão é tratada,
acompanhante especializado, conforme dispõe,
também, o inciso IV do Art. 2º comprovada a real detalhadamente, em Nota Técnica
necessidade de um acompanhamento de um AEE. 15/2010 MEC/CGPEE/GAB

8 BRASIL Política Nacional de educação especial na perspectiva da educação 9 Conteúdo de autoria de Mara Lúcia Sartoretto e Rita Bersch ©2019
inclusiva. Brasília, MEC, 2008. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br http://www.assistiva.com.br/aee.html
/seesp/arquivos /pdf/
35

6 Direito à Educação
01 Quando a escola particular, NEGA
oferecer o AEE?
Sempre que o AEE for requerido, com devida
comprovação, as escolas privadas deverão
disponibilizá-lo, sem aumentar o custo da
mensalidade ou cobrar qualquer taxa extra!7
Encontra-se na Lei 13.146/15. Art. 28. §1º:
Às instituições privadas, de qualquer nível e
modalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o
disposto [...] deste artigo, sendo vedada a cobrança
de valores adicionais de qualquer natureza em suas
mensalidades, anuidades e matrículas.
Nesse sentido, de acordo com a Lei, acima
citada, as escolas particulares - em qualquer nível de
ensino, etapa ou modalidade - devem arcar com as
despesas da oferta do AEE e demais recursos e
serviços de apoio à educação especial. Caso
contrário, será considerada infração deliberada aos
direitos dos alunos, em virtude de negligência no não
atendimento às suas necessidades educacionais
específicas.10
LUTE POR SEUS DIREITOS!
O não cumprimento da legislação, deve gerar uma
denúncia, a ser encaminhada ao Ministério Público,
bem como ao Conselho de Educação o qual, como
ó rg ã o re s p o n s á ve l p e la a u to r iz a çã o d e
funcionamento dessas escolas, deverá instruir
processo de reorientação ou descredenciá-las.7
10 RODRIGUES, Leandro. Atendimento Educacional Especializado: a verdade do AEE
na escola. 2018. Disponível em: https://institutoitard.com.br/atendimento-
educacional-especializado-a-verdade-do-aee-na-escola/. Acesso em: 12/10/2019.
36
Manual do Direito Autista
02 Quando a escola não consegue
ofertar o Atendimento Educacional
Especializado ?
Quando a escola não pode/consegue
ofertar o Atendimento Educacional Especializado, a
Lei nº 13.146/15. Art. 4º. §1º, considera-se
discriminação toda e qualquer forma de distinção,
restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que
tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir
ou anular o reconhecimento ou o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais de pessoa
com deficiência. Inclui-se, ainda, a recusa de
adaptações razoáveis e de fornecimento de
tecnologias assistivas.
LUTE POR SEUS DIREITOS!
Em caso de escola pública não ofertar AEE, há que se
verificar as condições econômicas e financeiras da
mesma, visto que é dispendioso equipar uma escola
para a inclusão. Em tal situação, a Secretaria de
Educação Estadual é o órgão responsável em atestar
a impossibilidade do estabelecimento de ensino. Se
não houver uma ação efetiva de Secretarias
Estaduais, ou Municipais cabe uma denúncia ao
Ministério Público - MP, para que se faça justiça.10
 Manual do Direito Autista

6 Direito à Educação

É CRIME!
> Cobrar valores adicionais na mensalidade.
> Negar matricula para a pessoa com qualquer grau
de TEA;
> Matricular, porém, não incluir o aluno, nem
adaptar os currículos e materiais para que ele
consiga aprender;
> Suspender a matrícula após surgir o diagnóstico
de TEA;
> Limitar o acesso do aluno com TEA a poucas
atividades na escola;
> Não incluir o aluno com TEA em atividades
desportivas, lazer e culturais da escola.

Art. 98, da Lei 13.146/15: Constitui crime punível

com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa:
I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender,
procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de
aluno em estabelecimento de ensino de qualquer
curso ou grau, público ou privado, em razão de sua
deficiência;
§ 1o Se o crime for praticado contra pessoa com
deficiência menor de 18 (dezoito) anos, a pena é
agravada em 1/3 (um terço).

37
 Manual do Direito Autista

7 Direito à Mobilidade

Direito à Mobilidade
No texto integral do Art. 46, da Lei nº
13.146/15, verifica-se: O direito ao transporte e à
mobilidade da pessoa com deficiência, ou com
mobilidade reduzida, será assegurado em
igualdade de oportunidades com as demais
pessoas, por meio de identificação e de
eliminação de todos os obstáculos e barreiras
ao seu acesso.

A mobilidade das pessoas com deficiência

abrange movimentação de um lugar ao outro, sem
passar por nenhum constrangimento, dificuldade ou
barreira física, arquitetônica ou tecnológica para
fazer esse percurso!

A lei brasileira de inclusão em seu Art. 48. §

2º, assegura às pessoas com deficiência, prioridade
e segurança nos procedimentos de embarque e de
desembarque nos veículos de transporte coletivo, de
acordo com as normas técnicas. Essas normas
técnicas podem ser encontradas na NBR 9050 da
ABNT.
Vai andar de TÁXI?
Lei 13.146/15. Art. 51: As frotas de empresas de táxi
devem reservar 10% (dez por cento) de seus veículos
acessíveis à pessoa com deficiência. (Decreto nº
9.762/19)
§ 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas ou
de valores adicionais pelo serviço de táxi prestado à
pessoa com deficiência.

38
 Manual do Direito Autista

7 Direito à Mobilidade
Transporte Municipal e Estadual
Relativamente à gratuidade no transporte
municipal, devem-se observar as leis de cada
Município. Normalmente, para fazer a solicitação, a
pessoa necessita ir a um posto do CRAS ou
Secretaria de Transportes, preencher alguns dados,
incluindo a apresentação de laudo médico.
O cartão para trânsito livre no sistema de
transporte beneficia, na maioria dos municípios, as
pessoas que forem comprovadamente carentes.
Existem algumas controvérsias sobre o tema, pois
como varia de estado e cidade, alguns exigem
comprovações também do CadÚnico e Bolsa Família
por exemplo, para garantir o benefício.
Estudantes, idosos e pessoas com
deficiência, e ainda algumas categorias especiais de
trabalhadores, têm garantido por lei - leis federais,
estaduais e municipais - o direito de circular
gratuitamente, ou com desconto, no transporte
coletivo.11
Entretanto, a Constituição Federal não prevê
a gratuidade para a pessoa com deficiência, como o
faz em relação aos idosos, por exemplo. As leis
federais tratam apenas do acesso e da adaptação
dos transportes. Porém, em ambos os casos, existem
leis estaduais e municipais que ampliam o direito dos
idosos, estendendo a gratuidade às pessoas com
deficiência.
O CRAS ou a Secretaria de Assistência Social
da cidade em que reside o deficiente, são os
responsáveis pelas providências cabíveis. Tanto a
LBI Lei nº 13.146/15, como a Lei nº 12.764/12,
garantem o benefício do transporte, incluindo as
pessoas com TEA.

11 Ricardo Shimosakai | 28 fev, 2018 | Turismo Adaptado

https://turismoadaptado.com.br/passe-livre-interestadual/

39
 Manual do Direito Autista

7 Direito à Mobilidade
Transporte Interestadual
O transporte Interestadual é utilizado para
deslocar as pessoas de um estado para outro, dentro
do território nacional. Para tanto, existe o Passe
Livre, um programa do Governo Federal que
proporciona gratuidade a pessoas com deficiência e
carentes, nas passagens para viajar entre os estados
brasileiros.

Ressalvando-se que, as pessoas com direito

a esse benefício devem ser consideradas carentes,
mediante comprovação. Para tanto, tomam-se como http://portal.infraestrutura.gov.br/passelivre/
base os programas LOAS/BPC e o Bolsa Família.

O Passe Livre é somente para transportes

coletivos entre estados, por ônibus, trem ou barco.
Desta maneira, não é válido para deslocamentos
dentro do mesmo estado.

40
 Manual do Direito Autista

7 Direito à Mobilidade
Transporte Aéreo
Um dos grandes mitos é que há desconto na
passagem aéreo para pessoas com TEA. A Resolução
280/13 da Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC.
traz em seu Art. 47, que cabe aos passageiros
portadores de deficiência, a fim de resguardar-lhes o
direito à autonomia e ao livre arbítrio, definir, junto à
empresa aérea, se necessitam ou não de um
acompanhante. 12
Portanto, como se pode ver, cabe ao
deficiente tratar da necessidade, reconhecendo-a e
solicitando, ou não, um acompanhante!
Ainda, o Art. 48, da mesma resolução, afirma
que as empresas aéreas [...] só poderão exigir um
acompanhante para o passageiro portador de
deficiência, independentemente da
manifestação de seu interesse, quando, a
critério da empresa aérea [...], por razões técnicas e
de segurança de voo, mediante justificativa
expressa, por escrito, considerem essencial a
presença de um acompanhante. Grifo Nosso
No mesmo Art. 48, em seu § 1º, vem
descrito o benefício: Na hipótese de a empresa aérea
exigir a presença de um acompanhante para o
passageiro portador de deficiência, deverá oferecer,
para o acompanhante, um desconto de, no mínimo,
80% da tarifa cobrada ao passageiro portador de
deficiência.
Importante ressaltar que essas regras se
diferenciam entre empresas aérea. Esse desconto
vale para qualquer viagem, desde que a origem seja
no Brasil e, para obter o desconto, o trecho todo deve
ser operado pela mesma empresa aérea.
A legislação não trata de empresas aéreas
estrangeiras. Porém, cabe aos interessados
pesquisar qual a que oferece o benefício, em
conformidade às normas brasileiras. Todavia, apenas
as empresas nacionais têm sido obrigadas a oferecer
essa condição às pessoas com TEA e demais
deficientes.

Algumas empresas baseiam suas

respostas negativas no Art. 48. Entretanto,
como exposto no parágrafo anterior, cabe
somente às empresa decidirem se há uma real
necessidade de um acompanhante, por razões
técnicas, pois o deficiente é quem diz se vai
precisar ou não.

12 Ricardo Shimosakai | 28 fev, 2018 | Turismo Adaptado

https://turismoadaptado.com.br/desconto-em-passagens-aereas/

41

7 Direito à Mobilidade
Transporte Aéreo
Ainda sobre o transporte aéreo, vale a pena
indicar a diferença entre os formulários MEDIF e FREMEC,
que falamos na página anterior.
O MEDIF (Medical Information Form)
precisa ser preenchido a cada viagem.
O FREMEC (Frequent Traveller Medical
Card) tem validade de 1 ano e pode ser
usado por pessoas que possuam um
quadro de saúde estável.
Você sabia? Praticamente, a única forma de
garantir algum benefício de desconto para
viajar para o exterior (partindo do Brasil)
seria através do transporte aéreo!
42
Manual do Direito Autista
Tentando Resumir:
Primeiramente, quem deverá dizer se o
passageiro em questão precisa de
acompanhamento, ou não, é a pessoa com
deficiência; a empresa decide, segundo os seus
critérios técnicos, a exemplo de um tetraplégico
que não consiga se alimentar sozinho, ou de uma
pessoa com deficiência intelectual, que não
consiga compreender as instruções da tripulação.
A obtenção do desconto requer um
relatório médico especificando qual a deficiência
do passageiro e, esse mesmo profissional deverá
preencher o formulário específico da empresa
aérea que pode ser o MEDIF ou FREMEC.
Depois vem o passo de enviar a papelada
para a empresa e esperar a autorização. Concluída
essa etapa, com a aprovação da empresa aérea,
poder-se-á, então, efetuar a compra do bilhete do
deficiente e, se for o caso, adquirir, em seguida, o
bilhete do acompanhante com o devido desconto.
 Manual do Direito Autista

O Autor
Julius Egon Schwartz OAB/AL 16.785
Ÿ Formado em Direito e Administração;
Ÿ Pós-graduado em Direito Tributário;
Ÿ Pós-graduando em Inclusão e Direitos da Pessoa com Deficiência;
Ÿ Membro da Comissão Defesa dos Direitos das Pessoas com
Deficiência - CDDPcD (OAB/AL);
Ÿ Palestrante e autor de diversos artigos jurídicos na área, em
especial sobre as pessoas com TEA;
Ÿ Militante da causa Pcd/TEA, e pai de deficiente.

CONTATO:
juridico2.jes@gmail.com
www.juliusschwartz.com.br
@direitoautista
Julius E. Schwartz

43

Referências
BRASIL, Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituicaocompilado.htm. Acesso
em: 13 set. 2019.
_______. Advocacia-Geral da União. Portaria Interministerial AGU/MPS/MF/SEDH/MP
Nº 1 DE 27/01/2014. Aprova o instrumento destinado à avaliação do segurado da
Previdência Social e à identificação dos graus de deficiência, bem como define
impedimento de longo prazo, para os efeitos do Decreto n° 3.048, de 6 de maio de 1999.
Disponível em: <http://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=265085>. Acesso em 10
abr. 2019.
_______. Lei nº 7.853 de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas
portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), institui a tutela jurisdicional de
interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério
Público, define crimes e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7853.htm – Acesso em 26/08/2019.
_______. Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990. Dispõe sobre o Fundo de Garantia do
Te m p o d e S e r v i ç o , e d á o u t r a s p r o v i d ê n c i a s . D i s p o n í v e l e m :
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Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9656.htm>. Acesso em 10
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Assistência Social e dá outras providências. Brasília, DF, 7 dez. 1993. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/cciVil_03/Leis/L8742compilado.htm>. Acesso em: 28 jun.
2019.
_______.Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995. Planalto. Disponível em:
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_______. Lei nº 10.406, de 10 e janeiro de 2002. Novo Código Civil Brasileiro – NCPC.
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_______. Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048,
de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica,
e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm>.
Acesso em 10 set 2019.
______. Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; Disponível em:
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em: 15 jul. 2019.
44
Manual do Direito Autista
_______, Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em:
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_______. Lei nº 13.281, de 4 de maio e 2016. Altera a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de
1997 (Código de Trânsito Brasileiro), e a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Disponível
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Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.769, de 18 de dezembro de 2017.
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NBR 9050. ABNT/2004 – Acessibilidade a Edificações Mobiliário, Espaços e
E q u i p a m e n t o s U r b a n o s . D i s p o n í v e l e m
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Resolução Normativa - RN nº 259, de 17 de junho de 2011. Dispõe sobre a garantia de
atendimento dos beneficiários de plano privado de assistência à saúde e altera a
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Habilitação dos Produtos – DIPRO. Disponível em:
<http://www.ans.gov.br/component/legislacao/?view=legislacao&task=TextoLei&for
mat=raw&id=MTc1OA==>.Acesso em 21 mai. 2019.
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procedimentos relativos à acessibilidade de passageiros com necessidade de assistência
especial ao transporte aéreo e dá outras providências. Disponível em:
< h t t p : / / w w w. a n a c . g o v. b r / p a r t i c i p a c a o - s o c i a l / a u d i e n c i a s - e - c o n s u l t a s -
publicas/audiencias/2012/19/pnae.pdf>. Acesso em 02 mai. 2019.
Resolução CONTRAN nº 303 de 18 de dezembro de 2008. Dispõe sobre as vagas de
estacionamento de veículos destinadas exclusivamente às pessoas idosas. Disponível
em: < https://www.normasbrasil.com.br/norma/resolucao-303-2008_108323.html>.
Acesso em 15 ago. 2019.
Resolução nº 304/2008. Dispõe sobre as vagas de estacionamento destinadas
exclusivamente a veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência e com
d i f i c u l d a d e d e l o c o m o ç ã o . <
http://www.pcdlegal.com.br/beneficios/2017/11/30/resolucao-304-de-18-de-
dezembro-de-2008/?versao=dvisual>. Acesso em 07 set. 2019.
SÚMULA nº 302/STJ. É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no
t e m p o a i n t e r n a ç ã o h o s p i t a l a r d o s e g u ra d o . D i s p o n í v e l e m : <
https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-
2011_24_capSumula302.pdf>. Acesso em 10 ago. 2019.
TIBYRIÇÁ FLORES, Renata; D'ANTINO FAMÁ, Maria Eloisa. Direito das Pessoas com
Autismo: comentários interdisciplinares à Lei nº 12.764/12. 1.ed. São Paulo: Memnon
edições científicas, 2018.

Lei 12764/2012 - Lei Berenice Piana
LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012.
Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o §
3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos
da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece
diretrizes para sua consecução.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com
transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome
clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II:
I - deficiência persistente e clinicamente significativa da
comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência
marcada de comunicação verbal e não verbal usada para
interação social; ausência de reciprocidade social; falência em
desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de
desenvolvimento;
II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos,
interesses e atividades, manifestados por comportamentos
motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos
sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de
comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.
§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada
pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.
Art. 2º São diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos
da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista:
I - a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das
políticas e no atendimento à pessoa com transtorno do espectro
autista;
II - a participação da comunidade na formulação de políticas
públicas voltadas para as pessoas com transtorno do espectro
autista e o controle social da sua implantação, acompanhamento
e avaliação;
45
Manual do Direito Autista
III - a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa com
transtorno do espectro autista, objetivando o diagnóstico precoce,
o atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos e
nutrientes;IV - (VETADO);
V - o estímulo à inserção da pessoa com transtorno do espectro
autista no mercado de trabalho, observadas as peculiaridades da
deficiência e as disposições da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente);
VI - a responsabilidade do poder público quanto à informação
pública relativa ao transtorno e suas implicações;
VII - o incentivo à formação e à capacitação de profissionais
especializados no atendimento à pessoa com transtorno do
espectro autista, bem como a pais e responsáveis;
VIII - o estímulo à pesquisa científica, com prioridade para estudos
epidemiológicos tendentes a dimensionar a magnitude e as
características do problema relativo ao transtorno do espectro
autista no País.
Parágrafo único. Para cumprimento das diretrizes de que trata
este artigo, o poder público poderá firmar contrato de direito
público ou convênio com pessoas jurídicas de direito privado.
Art. 3º São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:
I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre
desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer;
II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção
integral às suas necessidades de saúde, incluindo:
a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
b) o atendimento multiprofissional;
c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
d) os medicamentos;
e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;
 Manual do Direito Autista

Lei 12764/2012 - Lei Berenice Piana

IV - o acesso: Art. 6º (VETADO).

a) à educação e ao ensino profissionalizante; Art. 7º O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a
b) à moradia, inclusive à residência protegida; matrícula de aluno com transtorno do espectro autista, ou
qualquer outro tipo de deficiência, será punido com multa de 3
c) ao mercado de trabalho; (três) a 20 (vinte) salários-mínimos.

d) à previdência social e à assistência social. § 1º Em caso de reincidência, apurada por processo

administrativo, assegurado o contraditório e a ampla defesa,
Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa haverá a perda do cargo.
com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de
ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º , terá direito a § 2º (VETADO).
acompanhante especializado.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º A pessoa com transtorno do espectro autista não será
submetida a tratamento desumano ou degradante, não será Brasília, 27 de dezembro de 2012; 191º da Independência e 124º
privada de sua liberdade ou do convívio familiar nem sofrerá da República.
discriminação por motivo da deficiência.
DILMA ROUSSEFF
Parágrafo único. Nos casos de necessidade de internação médica José Henrique Paim Fernandes
em unidades especializadas, observar-se-á o que dispõe o art. 4º Miriam Belchior
da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001.

Art. 5º A pessoa com transtorno do espectro autista não será

impedida de participar de planos privados de assistência à saúde
em razão de sua condição de pessoa com deficiência, conforme
dispõe o art. 14 da Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998.

Você sabia que pode propor um projeto de LEI?

Propor uma projeto de uma lei em benefício dos Autistas não é difícil. Se for uma benefício que
possa abranger todos os cidadão com TEA no Brasil, qualquer cidadão pode propor, tanto pela Câmara
dos Deputados - estadual ou federal -, bem como pelo Senado Federal, através de um Senador ou
Deputado que represente o proponente. Do mesmo modo, uma proposição poderá ser feita, ao
município, pela via de um Vereador.
Links para propor um projeto de LEI?
https://www2.camara.leg.br/participacao/sugira-um-projeto/modelos-de-proposta-1
https://www12.senado.leg.br/ecidadania/principalideia

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Vol 1.0 - 2019