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Ultra-som Curso: Inspeção de Equipamentos

Carga horária: 16,0 h

Dias: 25/06 ( segunda ) --------------------------- 4,0 h


27/06 ( quarta ) ----------------------------- 4,0 h
28/06 ( quinta ) ----------------------------- 4,0 h
30/06 ( sábado ) ---------------------------- 4,0 h

Avaliações: Exercícios em sala


Prova final

1
Ultra-som
__________________________________________________
SUMÁRIO
01- HISTÓRICO
02- CONCEITOS
03- GERAÇÃO DAS ONDAS
04- TRANSDUTORES
05- ACOPLANTE
06- MÉTODO DE ENSAIO
07- TÉCNICA DE ENSAIO
08- APARELHOS DE ULTRA-SOM
09- CALIBRAÇÃO
10- INSPEÇÃO
11- DELIMITAÇÃO DE DESCONTINUIDADES
12- VANTAGENS E LIMITAÇÕES
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Ultra-som
__________________________________________________
1- HISTÓRICO
Começo – “Teste por Tinido”
Comparação entre sons: peças X padrão
Primeiras experiências:
1929
Sokolov - União Soviética
Mulhauser – Alemanha
Emissão por um lado da peça e recepção pelo lado oposto
1942
Firestone desenvolveu o SONAR para detecção de submarinos
1945
Desenvolver-se como ferramenta de controle da qualidade

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Ultra-som
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Áreas de aplicação
-Odontologia
-Medicina
-Indústria aeronáutica
-Petroquímicas
-Petrolíferas
-Naval
-Nuclear
-Mecânica
-Indústria de alimentos
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Ultra-som
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2- CONCEITOS
2.1- Onda
Pulso = Perturbação Onda = movimento do pulso
Fonte = mão da pessoa Meio = corda

Provocando vários pulsos teremos um trem de ondas

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Ultra-som
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Pedra ( fonte ) jogada na água causa
perturbação ( pulso ) dando origem a
movimentos ( ondas ) na superfície do lago
como circunferências de mesmo centro,
afastando-se do ponto de impacto.

Rolha na água, atingida pela


onda, oscila, subindo e descendo,
sem alterar sua posição.

A rolha não é arrastada, logo, a onda não transporta matéria. Porém,


como ela se movimenta, implica que recebeu energia da onda.
Uma onda transmite energia sem o transporte de matéria.
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Ultra-som
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Classificação das ondas
-Quanto à natureza
. Ondas mecânicas – Necessitam de um meio material para se propagar
. Ondas eletromagnéticas – Também se propagam no vácuo
-Quanto à direção de propagação
. Unidimensionais – Ex: ondas em cordas
. Bidimensionais – Ondas na superfície de um lago
. Tridimensionais – Ondas no ar ou em metais
-Quanto à direção de vibração
. Transversais - Vibrações perpendiculares à direção de propagação.
. Longitudinais - Vibrações coincidem com a direção de propagação.
-Quanto ao tipo de energia transmitida
. Sonoras, luminosas, térmicas, etc
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Ultra-som
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Ondas transversais

As ondas transversais vibram perpendicularmente a direção de


propagação. Os planos de partículas do meio mantém a mesma
distância uns dos outros.
Ondas longitudinais

O primeiro plano do plano elástico é comprimido e por ação do


impacto transmite a energia cinética para o plano seguinte, e assim
sucessivamente.

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Ultra-som
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Ondas sonoras
As ondas sonoras se propagam nos sólidos, nos gases e nos líquidos
onde uma partícula transmite a vibração para a partícula vizinha.

INFRA-SOM SOM ULTRA-SOM

Ultra-som são ondas mecânicas ou acústicas com freqüência acima do


limite audível. O ensaio de ultra-som utiliza freqüências variando de
0,5 MHz a 25 MHz.
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Ultra-som
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Ondas longitudinais
As ondas longitudinais se propagam nos meios sólidos líquidos e
gasosos e possuem velocidade de propagação maior que as ondas
transversais.
λ

O comprimento de onda ( λ ) é a distância entre duas compressões


ou duas diluições seguidas
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Ultra-som
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Ondas transversais
As ondas transversais não se propagam nos líquidos e nos gases, A
velocidade de propagação das ondas transversais é aproximadamente a
metade da velocidade das ondas longitudinais.

O comprimento de onda ( λ ) é a distância entre dois vales ou dois


picos seguidos.
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Ultra-som
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Freqüência ( Hz )
É o número de ciclos por segundo de uma onda
O ciclo é um movimento completo de um
comprimento de onda.
No caso da pedra no lago, a freqüência é
o número de ondas que passa por
determinado ponto a cada segundo
Velocidade de propagação ( m/s )
A velocidade de propagação é característica de cada meio e do modo
de vibração, sendo uma constante, independente da freqüência

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Ultra-som
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A velocidade de propagação, a freqüência e o comprimento


de onda se relacionam pela fórmula:

V = λ.f
V = velocidade do som no meio (depende do tipo de onda
transversal/longitudinal)
λ = comprimento de onda
f = freqüência de vibração da onda

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Ultra-som
Peso Velocidade Velocidade Impedância
MATERIAL Específico Transversal Longitudinal Acústica
( Kg/m³ ) ( m/s ) ( m/s ) 10 ( Kg/m 2s )
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Aço baixa liga 7.850 3.250 5.940 46.629


Aço carbono 7.850 3.250 5.920 46.472
Aço inoxidável (tipo 304L) 7.900 3.070 5.640 44.556
Aço inoxidável (tipo 410) 7.670 2.2990 5.390 41.341
Acrílico (plexiglass) 1.180 1.430 2.730 3.221
Água (20ºC) 1.000 ----- 1.480 1.480
Alumínio 2.700 3.130 6.320 17.064
Cobre 8.900 2.250 4.700 41.830
Concreto 2.000 ----- 4.600 9.200
Ferro fundido 6.900 2.200 5.300 36.570
Ferro fundido cinzento 7.200 2.650 4.600 33.120
Glicerina 1.300 ----- 1.920 2.496
Inconel 8.500 3.020 5.820 49.470
Molibdênio 10.200 3.350 6.250 63.750
Níquel 8.800 2.960 5.630 49.544
Óleo automotivo 870 ----- 1.740 1.514
Ouro 19.300 1.200 3.240 62.532
Prata 10.500 1.590 3.600 37.800
Quartzo (natural) 2.650 ----- 5.760 15.264
Titânio 4.540 3.180 6.230 28.284
Tungstênio 19.100 2.620 5.460 104.286
Vidro 3.600 2.560 4.260 15.336

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Ultra-som
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Detecção de refletores

Para detectarmos pequenas descontinuidades devemos utilizar


freqüências mais altas. A menor descontinuidade que pode ser
detectada é de meio comprimento de onda ( λ/2 ).
Todavia, para freqüências muito altas, as ondas podem ser
afetadas pela própria estrutura metalúrgica do material, ou seja, a
granulação, compostos intermetálicos, precipitados, etc. Os sinais
destes pequenos refletores podem interferir na detecção de
pequenas descontinuidades e são conhecidas como “ruído” ou
“grama”.
Para detecção de descontinuidades grandes ou quando é
requerida uma maior penetração do feixe sônico, devemos utilizar
freqüência mais baixa.

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Ultra-som
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Exemplo 1:

Qual a menor descontinuidade que poderá ser detectada na


inspeção de uma chapa de aço com ondas longitudinais e
freqüência de 4 MHz ?

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Ultra-som
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Exemplo 1:

Qual a menor descontinuidade que poderá ser detectada na


inspeção de uma chapa de aço com ondas longitudinais e
freqüência de 4 MHz ?
VL aço = 5920 m/s = 5.920.000 mm/s
f = 4 MHz = 4.000.000 Hz
λ=V/f λ = 5920.000__ λ = 1,48 mm
4.000.000
A menor descontinuidade detectável será de λ/2 = 0,74 mm

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Ultra-som
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Exemplo 2:

Qual a menor descontinuidade que poderá ser detectada na


inspeção de uma chapa de aço com ondas transversais e freqüência
de 4 MHz ?

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Ultra-som
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Exemplo 2:
Qual a menor descontinuidade que poderá ser detectada na
inspeção de uma chapa de aço com ondas transversais e freqüência
de 4 MHz ?
VT aço = 3.250 m/s = 3250.000 mm/s
f = 4 MHz = 4.000.000 Hz

λ=V/f λ = 325.0000__ λ = 0,81 mm


4.000.000
A menor descontinuidade detectável será de λ/2 = 0,41 mm

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Ultra-som
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Propagação das Ondas
Mudança de meio
Altera a velocidade e comprimento de onda mas a freqüência
permanece constante.
A onda incidente (emitida) pode ser refletida (voltar para o
mesmo meio) ou refratada (se propagar no outro meio).
A porcentagem da onda incidente que será refletida ou refratada
dependerá das características dos dois meios em questão.
Incidência normal:
. Parcela refletida na mesma direção e sentido contrário.
. Parcela refratada na mesma direção e no mesmo sentido no outro
meio

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Ultra-som
Incidência oblíqua:
Quando a onda sônica incide sobre uma superfície com um ângulo diferente
de 90º ocorre uma mudança do modo de vibração. Nesse caso surgirão duas
ondas refletidas e duas refratadas. Os ângulos de reflexão/refração podem ser
calculados através da seguinte relação: Vrefl T
ViL
VreflL
Ø3
α α
MEIO 1 REFLEXÃO

MEIO 2 REFRAÇÃO
Ø2
Ø1
VrefrL

VrefrT
Sen α = sen θ3 = sen θ1 = sen θ2
ViL VreflT VrefrT VrefrL

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Ultra-som
Incidência oblíqua:

A cunha do cabeçote angular é


fabricaa em acrílico

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Ultra-som
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Ângulos críticos
Se tivermos duas ondas ( longitudinal e transversal ) na peça, uma
indicação na tela do aparelho nos dá duas possibilidades

Essa condição não é desejável. Por isso os cabeçotes são


construídos de forma que o ângulo da onda longitudinal refratada seja
maior que 90º, ou seja, na peça só exista onda transversal.

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Ultra-som
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Primeiro ângulo crítico
O primeiro ângulo crítico da onda longitudinal incidente é aquele
cujo ângulo da onda longitudinal refratada seja igual a 90º.
Longitudinal
Senα VL acrílico
α =
acrílico
Longitudinal Sen Ø2 VL aço
aço Ø2 Senα 2730
=
Sen 90º 5920
Ø1
Transversal Senα = 0,461

α = 27,46º

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Ultra-som
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Ondas superficiais de Creeping
São geradas no primeiro ângulo crítico, quando a onda longitudinal
está tangenciando a superfície. Fortemente atenuadas ao longo do
percurso e geram ondas transversais a cada ponto em seu
deslocamento. As ondas transversais são novamente transformadas em
ondas de creeping na parede oposta, e desta forma é possível detectar
descontinuidades na superfície oposta.

OL

OT

OL
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Ultra-som
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Segundo ângulo crítico
Ângulo de incidência que gera onda transversal refratada com
ângulo de 90º com a normal

Longitudinal
Senα VL acrílico
=
α Sen β VT aço
acrílico Transversal Senα 2730
=
aço Sen 90º 3250
β
Senα = 0,84

α = 57,14º

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Ultra-som
__________________________________________________
Segundo ângulo crítico
As Ondas de Rayleigh (Lorde Rayleigh) são geradas quando uma
onda transversal percorre a superfície de um material sólido. Essas
ondas possuem a capacidade de percorrer superfícies curvas. A
profundidade de penetração desta onda é de um comprimento de onda.
A velocidade de propagação é aproximadamente 90% da onda
transversal.

As ondas de Lamb (Horace Lamb) são ondas superficiais que se


propagam com comprimento de onda próximo à espessura da chapa
ensaiada. Neste caso, toda a espessura da chapa é ensaiada. Sua
aplicação se restringe ao exame de finas camadas de material que
recobrem outros materiais.
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Ultra-som
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Feixe Sônico
O feixe sônico é divergente quando se propaga num meio, e sua
intensidade diminui conforme se distancia do transdutor. A velocidade
de propagação e a freqüência não se alteram com a distância.
O feixe sônico é dividido em três zonas distintas: zona morta, campo
próximo e campo distante.
A zona morta é a região abaixo do transdutor, e não pode ser utilizada
no ensaio. Varia numa profundidade de 1 a 3 mm dependendo da
freqüência utilizada. Esta região deve ser ensaiada pela outra
superfície da peça ou por outro ensaio.
.

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Ultra-som
__________________________________________________
Campo próximo ( N )
Região de grande pressão sônica e grande variação na intensidade
do feixe sônico devido a interferência entre frentes de onda. O final do
campo próximo é onde está a maior concentração do feixe sônico.

Transdutor ou cabeçote

No campo próximo há dificuldade na avaliação ou detecção de


pequenas descontinuidades, isto é, menores que o diâmetro do
transdutor
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Ultra-som
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Fórmulas para cálculo do campo próximo
N = Def 2 . F para cristais circulares
4.V
N = 1,3 Mef 2 . F para cristais quadrados ou retangulares
V
N = campo próximo
Def = diâmetro efetivo do cristal do transdutor = 0,97 x D real do cristal
F = freqüência do transdutor
V = velocidade longitudinal do material
Mef = Metade do comprimento efetivo do lado maior do cristal retangular,
onde comprimento efetivo = 0,97 x comprimento real

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Ultra-som
__________________________________________________
O campo Longínquo ou Distante
Região após o campo próximo. Nesta região a onda sônica se
diverge igual ao facho de luz de uma lanterna em relação ao eixo
central e diminui de intensidade quase que com o inverso do quadrado
da distância.

Região 1- dificuldade de detecção de pequenas descontinuidades


Região 2- descontinuidades maiores podem ser detectadas
Região 3- detecta qualquer descontinuidade compatível com λ
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Ultra-som
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Fórmulas para cálculo da divergência do campo sônico
V
Sen γ = K1 para cristais circulares
Def x F

Sen γ = K1 V para cristais quadrados ou retangulares


Mef x F
K1 = 0,51 para divergência no limite de -6 dB
K1 = 0,87 para divergência no limite de -20 dB
K1 = 1,08 para divergência no limite de -30 dB
K2 = 0,44 para divergência no limite de -6 dB
K2 = 0,74 para divergência no limite de -20 dB

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Ultra-som
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Exemplo de aplicação:

Calcule o campo próximo de um transdutor normal com


diâmetro 10 mm e freqüência de 4 MHz, quando inspecionando aço.

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Ultra-som
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Exemplo de aplicação:
Calcule o campo próximo de um transdutor normal com
diâmetro 10 mm e freqüência de 4 MHz, quando inspecionando aço.

Solução: Para o cálculo é necessário que as unidades estejam


coerentes, ou seja: “D “ em mm , “F” em Hz , “λ” em mm e “v”
em mm/s
Sendo: VL = 5920 m/s ou 5920.000 mm/s , para o aço
N = Def.2 / 4. λ
N = Def.2 .F / 4.V = (9,7) 2 x 4.000.000 / 4 x 5920.000 mm
N = 15,9 mm

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Ultra-som
Impedância acústica
A impedância acústica é definida como sendo o produto da massa
específica pela velocidade sônica do material

Z=ρ.V
Com Z em Kg/m2s ρ em Kg/m3 e V em m/s
A impedância acústica determina a quantidade de energia refletida e
transmitida.
Se as impedâncias acústicas de dois materiais forem iguais não
haverá reflexão, e toda a energia será transmitida.
Se as impedâncias acústicas de dois materiais forem muito
diferentes ( como na interface metal-ar ) haverá apenas reflexão.
A porcentagem da energia acústica incidente que será refletida pela
interface depende da razão entre as impedâncias acústicas ( Z2/Z1 ) e
do ângulo de incidência.
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Ultra-som
Incidência normal
Ir ( Z2 – Z1 )2
R= =
Ii
( Z2 + Z1 )2

It 4( Z2 x Z1 )2
T= = ou T=1-R
Ii
( Z2 + Z1 )2

Exemplo: Calcular os coeficientes de reflexão e transmissão para


a interface aço-água.
Z aço = 46 . 106 Kg/m2s
Z água = 1,5 . 106 Kg/m2s

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Ultra-som
Incidência normal
Resolução:
Ir ( 1,5 – 46 )2
R= = = 0,88
Ii
( 1,5 + 46 )2

T = 1 – 0,88 = 0,12

Assim, teremos apenas 12% da


interface sônica que chega na interface
sendo transmitida para o segundo meio.
Os restantes 88% serão refletidos.

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Ultra-som
Conversão de modo
Meio 1 –sólido
Meio 2 - Gás Senα VT aço
=
Sen β2 VL aço
Longitudinal
Transversal β2 Senα 3250
α =
β1 1 5920
meio 1- aço Transversal Senα = 0,5489
α = 33,28º
meio 2 - gás

Para termos apenas onda transversal refletida, o angulo de incidência


deverá ser maior que 33,28º.
Na verdade, para ângulos menores que 30º, a pressão sônica ( energia
mecânica ) da onda longitudinal formada será pequena e não causará
problemas.
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Ultra-som
Erro de localização do refletor causado pela mudança de modo

Localização aparente da descontinuidade

L
T
< 33,3º α

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Ultra-som
Geração de ondas
1880 - Pierre Curie e Jacques Curie – Efeito piezelétrico -
determinados cristais cortados em lâminas, quando submetidos a cargas
mecânicas geravam cargas elétricas em sua superfície.

1881 - G. Lippmann - Inverso do efeito piezelétrico também era


verdadeiro. Aplicando-se cargas elétricas na superfície destes cristais,
originavam-se deformações dos mesmos.
Materiais com essa propriedade são utilizados para geração e recepção
de ondas ultra-sônicas.
40
Ultra-som
Geração de ondas

Como exemplo de cristais piezelétricos podemos citar o quartzo,


sulfato de lítio, titanato de bário, metaniobato de chumbo e o zirconato-
titanato de chumbo.
Para geração das ondas ultra-sônicas aplica-se nos eletrodos da placa
piezelétrica uma tensão alternada da ordem de 1000 V de maneira que a
placa se contraia e se distenda ciclicamente. Essa vibração então é
transmitida para a peça a ser examinada.
Titanato de bário e zirconato-titanato de chumbo são materiais
cerâmicos que recebem o efeito piezelétrico através de polarização. Esses
dois cristais são os melhores emissores, produzindo impulsos ou ondas de
grande energia, se comparadas com aquelas produzidas por cristais de
quartzo.
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Ultra-som
Transdutores ultra-sônicos ( cabeçotes )
São os dispositivos que convertem energia elétrica em
mecânica para emitir ondas ultra-sônicas, e energia mecânica em
elétrica, quando recebem as ondas ultra-sônicas de volta da peça
inspecionada.
O cristal piezelétrico é montado junto a um bloco
amortecedor , que tem como função suprimir as vibrações
indesejáveis do cristal.
São identificados pelo ângulo de trabalho, freqüência e
tamanho do cristal.
A freqüência pode variar de 0,5 a 25 MHz, sendo mais
comum na faixa de 1 a 6 MHz. Quanto ao tamanho, podem variar
de 5 a 25 mm de diâmetro.

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Ultra-som
Transdutor normal
Esses cabeçotes geram ondas longitudinais normais à superfície
de acoplamento. Possuem um único cristal que emite e recebe as
ondas ultra-sônicas alternadamente.

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Ultra-som
Transdutor normal
Esses cabeçotes tem a
desvantagem do pulso inicial
sempre ser mostrado na tela do
aparelho. Com isso,
descontinuidades próximas à
superfície não são detectadas.
O pulso inicial é característica
do método pulso-eco, onde
parte das vibrações do cristal,
que estão sendo transmitidas
para a peça, também gera
sinal elétrico, que é
convertido em imagem
gráfica na tela do aparelho.
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Ultra-som
Transdutor angular
Diferem dos cabeçotes normais pelo fato de o cristal formar um
certo ângulo com a superfície do material. Os transdutores angulares
são confeccionados de maneira que a onda longitudinal refratada a
partir da onda longitudinal que percorre a sapata de acrílico (
plexiglass ) tenha um ângulo maior que 90º e somente a onda
transversal penetre na peça ensaiada.

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Ultra-som
Transdutor angular
Assim como os cabeçotes normais, os cabeçotes angulares também
apresentam problemas para detectar descontinuidades próximas a
superfície, devido a zona morta. Porém, devido à sapata de acrílico,
que retarda a entrada do eco na peça, este efeito é menos significativo

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Ultra-som
Transdutor duplo-cristal
Possuem dois cristais, sendo que um somente emite e o outro
somente recebe o impulso ultra-sônico. Os cristais são montados em
blocos independentes, separados por um elemento isolante acústico.
Em função disso, as vibrações remanescentes no cristal, após
emissão do pulso sônico, não são captadas pelo cristal de recepção.
Os blocos de retardamento, em acrílico, além de
posicionarem os cristais, servem para conter parte do campo
próximo.

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Ultra-som
Transdutor duplo-cristal
Não são são aplicados no ensaio de grandes espessuras devido ao
campo útil limitado. O posicionamento dos cristais, geralmente de
forma inclinada, é feito para focalizar o feixe sônico, obtendo-se assim
uma sensibilidade máxima no ponto focal, possibilitando a detecção de
descontinuidades muito pequenas.

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Ultra-som S = sender ( emissor )
Transdutor duplo-cristal ( SE ) E = empfanger ( receptor )
Quando a calibração é feita em uma determinada espessura e a
medição em espessuras muito diferentes ( maior que 25% da espessura
usada na calibração ) podemos obter valores errados de medição devido
ao caminho V entre o feixe incidente e o feixe refletido.
A localização e avaliação de descontinuidades somente podem ser
feitas até o primeiro eco de fundo porque após ele ocorrem numerosos
ecos de interferência devidos à conversão de modo. Em razão do
percurso sônico ser em forma de V, em muitos casos não aparecem ecos
múltiplos na tela do aparelho, obrigando que a calibração seja feita em
duas espessuras diferentes.

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Ultra-som
Acoplante
O ar entre o transdutor e a peça impede a transmissão e recepção
das ondas de ultra-som. Também a rugosidade da superfície da peça
interferirá no ensaio.
O acoplante tem a finalidade de eliminar a camada de ar entre
a peça e o transdutor e corrigir uma pequena rugosidade da peça.
Podem ser utilizados como acoplante: água, óleo, glicerina, graxa,
carbox-metil-celulose, etc.

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Ultra-som
Método de ensaio
Contato direto
O transdutor é posicionado diretamente sobre a peça,
devidamente preparada, e com uma pequena quantidade de acoplante,
formando uma película

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Ultra-som
Método de ensaio

Imersão
A peça e o transdutor são mergulhados num líquido,
geralmente água obtendo-se um perfeito acoplamento.
Este método é geralmente utilizado em sistemas
automáticos, onde um ou mais transdutores são previamente
posicionados para cobrir toda a superfície de interesse a ser
inspecionada.

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Ultra-som
Imersão

1
3
2

Ensaio Tela do aparelho

Eco 1 – Proveniente da reflexão na superfície da peça. Como a


velocidade sônica na água é cerca de 4 vezes menor que a velocidade
sônica no aço, o eco da espessura da água aparecerá com cerca de 4
vezes a espessura da lâmina d’água.
Eco 2 – Proveniente da reflexão da espessura da peça.
Eco 3 – Segunda reflexão da espessura da lâmina d’água.
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Ultra-som
Técnica de Ensaio
Conforme o transdutor utilizado, podemos variar a técnica de ensaio
em: transparência, pulso-eco, duplo-cristal e transdutor angular.

Transparência
Primeira técnica a ser utilizada, baseia-se no trabalho com dois
transdutores, sendo um emissor e outro receptor das ondas de ultra-som.
Cada transdutor é colocado em uma das superfícies da peça e as
ondas de ultra-som atravessam todo o material.
Esta técnica é mais aplicada para processos automáticos que
envolvem grandes produções.
Possui algumas limitações quanto ao seu emprego:
- necessidade de acesso as duas superfícies da peça;
- dificuldade manual de manter os transdutores alinhados;
- dificuldade de manusear os dois transdutores e os controles do
equipamento.
54
Ultra-som
Técnica de Ensaio
Transparência
Caso não haja nenhuma descontinuidade no material, as ondas
chegaram no receptor praticamente sem perda do sinal.
A existência de uma descontinuidade no interior do material, fará
com que o sinal recebido seja menor que no local isento de
descontinuidade, ou desapareça totalmente.

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Ultra-som
Técnica de Ensaio
Pulso-Eco
É o método mais utilizado para inspeção de equipamentos em
operação e caracteriza-se pelo cabeçote com um único cristal atuando
com transmissor e receptor do feixe sônico, requerendo acesso a
somente uma das superfícies da peça.
O transdutor emite pulsos de energia sônica, que são introduzidos na
peça em intervalos regulares de tempo. Ao encontrarem uma interface
refletora, o pulso retorna ao transdutor. Em função da dimensão e
orientação da interface refletora, o pulso retornará totalmente ou
parcialmente. Os pulsos de energia sônica ao atingirem o cristal
piezelétrico são transformados em corrente elétrica que é interpretada
pelo aparelho de ultra-som. O tempo decorrido e a quantidade de energia
são medidos pelo aparelho.

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Ultra-som
Técnica de Ensaio
Pulso-Eco

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Ultra-som
Técnica de Ensaio
Pulso-Eco

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Ultra-som
Técnica de Ensaio
Transdutor angular
Utiliza o transdutor angular para inspeção de soldas em função da
impossibilidade de um perfeito acoplamento dos transdutores normais e
duplo cristal na região do reforço da solda. O ângulo de confecção do
transdutor possibilitará a inspeção do chanfro da solda como também o
interior da mesma.

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Ultra-som
Técnica de Ensaio
Transdutor angular

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Ultra-som
Medição de espessura por ultra-som
Os medidores de espessura por ultra-som são aparelhos simples que
medem o tempo do percurso sônico no interior do material , através da
espessura, registrando no display metade do espaço percorrido ou seja a
própria espessura. Operam com transdutores duplo-cristal, e possuem
exatidão de décimos ou até centésimos dependendo do modelo.

Antes do uso é necessário sua calibração, usando blocos com espessuras


calibradas e de mesmo material a ser medido, com o ajuste correto da
velocidade de propagação do som do aparelho.
61
Ultra-som
Medição de espessura por ultra-som
Aparelhos modernos apresentam capacidade de armazenar medições
realizadas e transferi-las para um computador. Estes aparelhos também
corrigem o caminho em V, eliminando uma possibilidade de erro que
existia nos aparelhos antigos.

Medições de espessuras à quente

Medições realizadas entre 60 ºC e 550 ºC.


-O cabeçote utilizado é apropriado para suportar temperaturas elevadas;
-A calibração do aparelho é feita na temperatura ambiente;
-Utiliza-se acoplante especial ( normalmente cristais de lítio ) que se
torna líquido acima de determinada temperatura;
-O acoplante é colocado no cabeçote e não na peça;
-O cabeçote permanece acoplado por poucos segundos e é resfriado com
água imediatamente após a retirada da peça
62
Ultra-som
Medições de espessuras à quente

A leitura obtida deve ser corrigida pela fórmula abaixo considerando-se


as temperaturas do bloco de calibração e da peça

er = emq Va – K . Δt
Va
emq = espessura medida
Va = velocidade do som no bloco de calibração na temperatura ambiente
Δt = diferença de temperatura entre o bloco de calibração e a peça
sob medição
K = constante de redução da velocidade do som em função do
aumento da temperatura ( aproximadamente 1 m/s/ºC )
63
Ultra-som
Medições de espessuras à quente
Exemplo:
Material: aço carbono
Temperatura ambiente: 25 ºC
Temperatura da peça: 200 ºC
Leitura obtida na peça: 8,7 mm

64
Ultra-som
Medições de espessuras à quente
Exemplo:
Material: aço carbono
Temperatura ambiente: 25 ºC
Temperatura da peça: 200 ºC
Leitura obtida na peça: 8,7 mm

er = emq Va – K . Δt
Va

er = 8,7 . 5920 – 1 . ( 200 – 25 )


5920
er = 8,4 mm
65
Ultra-som
Medição de espessuras de tubos
Devido a curvatura, devemos ter o cuidado no posicionamento do
transdutor duplo cristal, para não incorrer em leituras erradas.
Devido ao caminho sônico (caminho V) deste transdutor, devemos
posicionar a linha de separação dos cristais transversalmente ao
eixo do tubo.

Aumento da camada
de acoplante na
região de passagem
do feixe, levando a
medida maior que a
real

A última geração de aparelhos de medição de espessura dispõe de


artifício que possibilita a medição de espessura sobre camada de
tinta. 66
Ultra-som
Medição de espessuras de curvas
Outro erro comum em medição de curvas de diâmetros 3” e 2”
devido ao desgaste dos cabeçotes.

Acrílico desgastado
Alumínio

Camada de acoplante
CALIBRAÇÃO menor na medição no
tubo
MEDIÇÃO

Na medição de tubos desses diâmetros, recomenda-se que a


calibração seja verificada numa superfície com curvatura igual a
de um tubo de d=2”. Cabeçotes desgastados podem ser corrigidos
com lixamento. 67
Ultra-som
Medição de espessuras sobre película de tinta

t1 t1/2 t1/2 A
TINTA

t2 t1/2 PEÇA
t2
t2/2 B
t1
t2/2 - t1/2

O primeiro eco corresponde a espessura da camada de tinta. Porém, quando a


onda refletida da interface tinta-aço chega ao cabeçote, a onda refratada já está
percorrendo a peça a t1/2 s, onde t1 é o tempo para a onda percorrer duas vezes a
camada de tinta. O eco de fundo da peça chega ao cabeçote após o tempo
t2/2 - t1/2 + t2/2 + t1/2 = t2
Assim, o aparelho usa metade do tempo decorrido entre o primeiro e o segundo
eco para calcular a espessura da peça. 68
Ultra-som
__________________________________________________
Inspeção de soldas

T = espessura da peça ensaiada


θR = ângulo do transdutor
P = distância da interface em relação
ao ponto de saída do som
H = profundidade da interface
69
Ultra-som
__________________________________________________
Inspeção de soldas

T = espessura da peça ensaiada


θR = ângulo do transdutor
P = distância da interface em relação ao ponto de saída do som
H = profundidade da interface

70
Ultra-som
Inspeção de soldas

Área de varredura

20 20

α α t

α = 45º Área varredura = 2 x t x tg 45º + 200= 2 x t + 20

α = 60º Área varredura = 2 x t x tg 60º + 200= 3,46 x t + 20

α = 70º Área varredura = 2 x t x tg 70º + 200= 5,49 x t + 20

71
Ultra-som
Inspeção de soldas
Área de varredura
Para espessura ( t ) = 19 mm

α = 45º Área varredura = 2 x 19 + 20 = 58 mm

α = 60º Área varredura = 3,46 x 19 + 20 = 86 mm

α = 70º Área varredura = 5,49 x 19 + 20 = 125 mm

72
Ultra-som Inspeção de Equipamentos
RPBC
__________________________________________________
INSPEÇÃO DE SOLDAS

TELA DO APARELHO

ECO DA DESCONTINUIDADE

73
Ultra-som
Calibração
Antes de uma inspeção de chapas, soldas, etc., o aparelho deve
ser calibrado para que as leituras efetuadas sejam confiáveis e possam
ser comparadas com padrão conhecido.

Blocos de calibração
São utilizados para verificação das características dos
transdutores e fazer a calibração das escalas que serão utilizadas no
ensaio.
Os blocos mais utilizados para calibração da escala horizontal e
verificação do ângulo dos transdutores são os blocos V1 e V2,
fabricados em aço carbono.

74
Ultra-som
Blocos de calibração V1 (DIN 5410)

O Bloco Tipo 1 deve ser


utilizado para calibrar as escalas
na tela do aparelho usando as
dimensões padronizadas, mas
também verificar a condição do
transdutor angular, com respeito
ao ponto de saída do feixe
sônico (posição 1 da figura) e a
verificação do ângulo de
refração do transdutor (posição 2
da figura).
Em geral + 2 graus é tolerável.

75
Ultra-som
Calibração de escalas no bloco V1 com cabeçote normal

76
Ultra-som
Blocos de calibração V2 (DIN 54122)
Calibração no bloco V2

77
Ultra-som
Bloco de referência
Com a escala do aparelho de ultra-som calibrada, faremos uma
curva de referência, que nos permitirá comparar uma descontinuidade
encontrada com um padrão conhecido.
O bloco de referência é confeccionado num material o mais
parecido possível com o material a ser empregado. Na fabricação de
equipamentos, costuma-se separar um pedaço da chapa original para
confecção do bloco de referência.
Este bloco possui normalmente dois furos que dependem da
espessura da peça a ser inspecionada.

78
Ultra-som
Calibração da Sensibilidade do Aparelho

A sensibilidade do
aparelho deve ser
calibrada através
de um bloco com
espessuras e furos
de referência
calibrados e de
material
acusticamente
similar à peça ser
ensaiada. A figura
abaixo descreve o
bloco de calibração
de forma
simplificada,

79
Ultra-som
Traçagem da curva de referência

80
Ultra-som
Inspeção de soldas
Para inspeção de soldas são necessários pelo menos três transdutores.
Primeiramente utiliza-se um transdutor duplo-cristal ou normal para inspeção
da área adjacente a solda, certificando-se a ausência de descontinuidades que
possam interferir no caminho sônico dos transdutores angulares, podendo
causar uma interpretação errada de uma indicação. Para esta inspeção podemos
selecionar o cabeçote a ser utilizado conforme tabela abaixo.
Requisitos para seleção de cabeçotes Normal e Duplo Cristal - Norma BS 5996

Espessura da Chapa Tipo de Cabeçote e Maior Dimensão Área do Cristal


(mm) Freqüência do Cristal (mm) Transmissor ou
Receptor (mm 2)
8 a 15 duplo cristal 3 a 5 MHz 20 a 25 100 a 350
16 a 40 duplo-cristal 3 a 5 MHz 20 a 25 100 a 350
41 a 100 normal 2 a 4 MHz 20 a 25 300 a 650

81
Ultra-som
Inspeção de soldas
Após a inspeção da área adjacente a solda, iniciaremos a inspeção
da solda propriamente dita. Nesta etapa devemos utilizar pelo
menos dois cabeçotes com ângulos diferentes, garantindo assim
que toda a área da solda foi verificada. A seleção dos cabeçotes
pode ser efetuada conforme tabela abaixo

Espessura (mm) Cabeçotes angulares a serem


utilizados
até 15 mm 60° e 70°
entre 15 e 25 mm 60° e 70° ou 45° e 60°
entre 25 e 40 mm 45° e 60° ou 45° e 70°
acima de 40 mm 45° e 60°

82
Ultra-som
__________________________________________________
VANTAGENS DO MÉTODO
-Possui alta sensibilidade na detectabilidade de
pequenas descontinuidades internas, por exemplo:
trincas, fissuras, segregação, dupla laminação e outras
de difícil detecção por gamagrafia.

-Ao contrário da gamagrafia, não requer planos


especiais de segurança ou quaisquer acessórios para sua
aplicação.

-Além da localização, pode-se dimensionar a


descontinuidade. No ensaio radiográfico não se
consegue dimensionar a profundidade de uma
descontinuidade.
83
Ultra-som
__________________________________________________

LIMITAÇÕES

-Requer grande conhecimento teórico e experiência

-Requer o preparo da superfície para sua aplicação.

-Faixa de espessuras muito finas constituem uma


dificuldade para aplicação do método

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