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Laboratório de Fı́sica Experimental II, Relatório No.

1, Março, 2016
Relatório

Pêndulo
Maria Carolina Sturmer1 , Laura Fernandes da Conceição1 , Lucas Araujo de Freitas1 .

Resumo
O experimento relatado neste documento trata-se da avaliação de um movimento periódico traçado
por um pêndulo com formato de disco. Para a execução deste experimento foram utilizados diversos
equipamentos, os quais foram fixados numa bancada, sendo um destes um suporte para a execução da
oscilação, o qual despreza uma quantidade desconhecida de atrito e perdas de energias. Este suporte
ficou suspenso por uma haste de metal em uma altura X, o necessário para realizar a atividade sem
colisões. Através de uma conexão entre o suporte e um receptor de dados, foi possı́vel capturar o
perı́odo de N execuções, para realizar os devidos cálculos e descrever o movimento de oscilação.
Keywords
Oscilação — Pêndulo — Movimento
1 Universidade Federal do Paraná - UFPR - Engenharia Ambiental e Sanitária

Sumário 1.1 Movimento Harmônico Simples (MHS)


Um corpo que executa um movimento periódico sempre pos-
Introdução 1 sui uma posição de equilı́brio estável. No momento em que
1 Fundamentos Teóricos 1 ele deixa este ponto devido a uma força qualquer, ele passa a
sofrer ação de um Força restauradora, a qual sempre aponta
1.1 Movimento Harmônico Simples (MHS) . . . . . . . 1
para a posição de equilı́brio. Com isso ele irá até um ponto
1.2 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 máximo e voltará para o ponto de equilı́brio, porém quando
1.3 Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 chega nesta posição, ele acaba ultrapassando-a, por ter acu-
2 Resultados e Discussões 4
mulado energia cinética, indo até um ponto máximo do outro
lado e sendo novamente puxado para o ponto de equilı́brio
3 Considerações Finais 5 pela mesma força restauradora.[2][3]
Referências 5
Este tipo de movimento periódico, que se repete em intervalos
de tempos regulares, é denominado Movimento Harmônico
Introdução simples desde que o módulo da força restauradora seja pro-
porcional ao deslocamento da partı́cula e sua orientação no
O movimento periódico é um movimento realizado de forma
sentido oposto à ele.[1]
repetidamente e indefinidamente.[3] Trata-se de um movi-
mento que, como o nome diz, se repete em intervalos de
Uma propriedade importante desse movimento é a frequência,
tempo.
que é a quantidade de ciclos por unidade de tempo. Ela é
representada por f e sua unidade é o hertz (Hz):
Este comportamento periódico é muito comum no nosso dia-
a-dia, ele está presente nas oscilações dos pistões no motor de
um carro[2], em um prédio sofrendo ação da força do vento, 1 hertz = 1 Hz = 1 ciclo por segundo = 1 s−1 .
nas asas de um avião em uma turbulência[1] e nas ondas ele-
tromagnéticas[3]. Uma grandeza relacionada diretamente com a frequência
é o perı́odo, representado por T , que é o tempo necessário
Sendo assim, o estudo e o controle das oscilações são fins para que o movimento completar um ciclo.[1]
importantı́ssimos da fı́sica e engenharia.[1] O experimento
T = 1/f (1)
contido neste documento trabalhará com um tipo especı́fico de
oscilação, a de um pêndulo, a qual representa um movimento
Para descrever o deslocamento de uma partı́cula neste movi-
harmônico simples.
mento em função do tempo é utilizado a seguinte fórmula:

1. Fundamentos Teóricos
x(t) = xm cos(ωt + φ ) (2)
Pêndulo — 2/5

No Movimento Harmônico Simples (MHS), as variáveis xm , Substituindo a equação 6 no quadrado da velocidade (Eq. 3),
ω e φ são constantes.[1] Nele xm representa a amplitude do da fórmula da energia cinética, obtemos:
movimento, isto é, o deslocamento máximo que a partı́cula
demonstra em um dos sentidos. a constante φ é chamada K = 12 mv2 = 12 m mk xm
2 sen2 (ωtφ )

de constante de fase (ou ângulo de fase), já a dependente do


1 2
tempo, (ωt + φ ), é a fase do movimento.[1] K = kxm sen2 (ωt + φ ) (9)
2
Através da derivação da equação do deslocamento (Eq. 2) E unindo a equação 2 com a 9 na da energia mecânica (Eq. 8),
em função do tempo é obtida a equação da velocidade: obtemos a seguinte equação:
dx(t) d 2 cos2 (ωt + φ ) + 1 kx2 sen2 (ωt + φ )
E = 12 kxm 2 m
v(t) = = [xm cos(ωt + φ )]
dt dt
E = 21 kxm
2 [cos2 (ωt + φ ) + sen2 (ωt + φ )]
v(t) = −ωxm sen(ωt + φ ) (3)
1 2
E derivando a equação da velocidade (Eq. 3), ou obtendo a E = kxm (10)
2
segunda derivada da equação do deslocamento(Eq. 2), obtêm-
se a expressão da aceleração: Oscilador Harmônico Angular Simples Trata-se de um
Pêndulo de torção, o qual executa o movimento oscilatório,
dv(t) d contudo, seu elemento de elasticidade está relacionado à
a(t) = = [−ωxm sen(ωt + φ )]
dt dt torção que o fio de suspensão recebe, e não a uma mola.

a(t) = −ω 2 xm cos(ωt + φ ) (4) Iniciando um movimento giratório da corda de suspensão,


é gerado um ângulo θ a partir do ponto inicial, e ao liberar,
A frequência angular, representada por ω, é expressa pela uni-
a corda passa a sofrer ação de um torque restaurador, seme-
dade de radianos por segundos, e representada pela seguinte
lhante à força restauradora, fazendo com que o objeto tente
equação:
retornar a sua posição de equilı́brio, executando assim um
2π movimento harmônico angular simples.
ω= = 2π f (5)
T
Esse torque restaurador é dado por:
Ou da junção da segunda lei de Newton (F = ma) e da lei de
Hooke (F = −kx), no caso de φ = 0, temos: τ = −κθ (11)

−kx = ma Onde κ é a contante de torção, a qual depende do compri-


mento e diâmetro do fio e do tipo do seu material.[1] Para
−kx = −mω 2 x calcular o perı́odo deste movimento substitui-se a massa m da
equação 7 pelo momento de inércia I do objeto. Desta mesma
k = mω 2 equação é trocado a constante elástica k pela sua equivalente
r neste movimento, a constante κ, resultando em:
k
ω= (6) r
m I
T = 2π (12)
Sendo esta equação acima uma definição do MHS.[1] Unindo κ
a equação 5 com a 6 é possı́vel escrever para o perı́odo a Pêndulo Simples O pêndulo simples é outro modelo mecânico
seguinte equação: que demonstra um movimento de oscilação, o qual consiste
r em um corpo de massa m suspenso por um fio leve de com-
m
T = 2π (7) primento L em sua extremidade superior.[3][2] Seu desloca-
k mento é traçado por um arco de raio L, igual ao comprimento
Energia no MHS Num movimento oscilatório a energia é do fio.[2]
transferida repetidamente de potencial para cinética e vice-
versa, durante todo o movimento.[1] Este sistema possui duas forças que atuam sobre ele, a força
de tração T, ao longo do fio para proporcionar o movimento
A energia cinética é dada por K = 12 mv2 e a potencial por em arco, e a força peso P, a qual sua componente tangencial
U = 12 kx2 , logo, a equação da energia mecânica deste movi- mgsen(θ ) produz um torque restaurador do sistema, portanto,
mento pode ser descrita por E = U + K, resultando em: sempre apontando para o ponto θ = 0, oposta ao movimento.
Esse torque pode ser expresso pela equação
1 1
E = mv2 + kx2 (8) τ = −L(Fg sen(θ )) (13)
2 2
Pêndulo — 3/5

Onde o sinal negativo explicita que ele age no sentido oposto 5. Uma balança de precisão.
ao movimento. Substituindo (τ = Iα) e Fg = mg na equação
13[1], obtemos: 6. Uma régua.

−L(mgsen(θ )) = Iα (14)

Essa força, portanto, não é proporcional a θ , não caracteri-


zando um movimento harmônico simples. Entretanto, quando
θ é pequeno, a componente sen(θ ) é aproximadamente igual
ao ângulo θ em radianos[2][1]. considerando a aproximação
e explicitando para a aceleração α na equação 14, obtemos:
mgL
α =− θ (15)
I
Através da comparação desta equação (Eq. 15) com a equação
da aceleração do MHS com φ = 0 (a = −ωx), tem-se: Figura 1. Disco utilizado como pêndulo. Fonte: Os Autores
r (2016)
mgL
ω= (16)
I
E substituindo a equação 16 na equação 5, explicitando o
perı́odo, obtemos:
s
I
T = 2π (17)
mgL

Contudo, ”toda a massa de um pendulo simples está concen-


trada na massa m do pêndulo, que está a uma distância L
do ponto fixo.”[1] sendo assim, simplificando a equação 17,
obtêm-se a equação do perı́odo para pêndulos simples:
s Figura 2. Placa com sensor de impacto. Fonte: Os Autores
L (2015)
T = 2π (18)
g

Pêndulo Fı́sico A única diferença entre o pêndulo simples


e um pêndulo real é que o real pode possuir uma distribuição
não simétrica de massa, quando isso ocorre é necessário trata-
lo como um pêndulo fı́sico, o qual possui um centro de massa
a uma distância h do ponto fixo, que por sua vez sofre toda
a ação da força gravitacional. Sendo assim, para calcular o
perı́odo de um pêndulo fı́sico é necessário substituir a variável
L da equação 17 por h, resultando em:
s
I
T = 2π (19)
mgh

1.2 Materiais
Para a realização do experimento do pêndulo foram utilizados
os seguintes materiais:

1. Um pêndulo com o formato de disco. (Figura 1).


2. Um receptor de dados. Figura 2. Figura 3. Suporte com pêndulo. Fonte: Os Autores (2016)

3. Um computador com software PASCO Capstone.


1.3 Métodos
4. Uma haste com sensor de rotação e suporte para o Os seguintes passos foram seguidos para a realização do ex-
pêndulo. (Figura 3) perimento:
Pêndulo — 4/5

No inı́cio do experimento, o pêndulo foi medido de sua ex-


tremidade até seu centro de massa e pesado na balança de
precisão.

Após isto, foi instalado no computador o software PASCO


capstone, e realizada suas configurações iniciais. O disco foi
fixado no suporte do sensor de rotação, com uma distância de
4 centı́metros do centro de massa do pêndulo (Figura 3), o
suporte conectado no receptor e ele conectado no notebook
(Figura 4).
Figura 5. Gráfico gerado pelo software PASCO Capstone.
Fonte: Os Autores (2016)

Após os 25 segundos, o cronômetro é pausado manual-


mente, anota-se a média do perı́odo gerado pelo software e
os dados são zerados nele para uma nova execução do experi-
mento

Estes passos são repetidos cinco vezes, tentando sempre man-


ter a amplitude e o intervalo de tempo os mesmos.

2. Resultados e Discussões
Com os resultados obtidos do perı́odo pelo software, foi
possı́vel calcular os momentos de inércia do pêndulo no eixo
(Equação 20) e no centro de massa (CM) (Equação 21) para
cada média obtida.
T 2 mgd
Ieixo = (20)
4π 2

Icm = Ieixo − md 2 (21)


Figura 4. Todos os equipamentos conectados e devidamente
configurados. Fonte: Os Autores (2016) Todos os dados obtidos no experimento foram expressos na
Tabela 1.

O reconhecimento do receptor é feito através do software.


A haste é ajustada com uma altura segura para que não haja
nenhuma colisão com o pêndulo durante o experimento.

No software é selecionada a opção de gráfico e configurado


um de Perı́odo (T) em função do Tempo (s). Em seguida
foi selecionado a opção ”Média”no menu ”Estatı́sticas”do Tabela 1. Momentos de inércia do experimento. Fonte: Os
software. Em seguida selecionado a taxa de amostragem de Autores (2016)
100Hz.
Analisando a Tabela 1, é notável uma grande precisão
Com cuidado, um integrante do grupo impulsionou e segurou durante todo o experimento, tendo em vista que os valores de
o pêndulo em uma abertura de pequena amplitude, o qual pos- perı́odo resultaram em 80% iguais. Esta precisão pode ter sido
suiu uma referência na haste do sensor de rotação. Enquanto resultado da fixação de um ponto especı́fico na haste do sensor
isso outro integrante ficou em frente ao computador, espe- de rotação para a amplitude do experimento, medida tomada
rando o sinal do primeiro integrante para soltar o cronômetro. para tentar minimizar a variação de ângulo do experimento.

Dado o sinal, o pêndulo é solto e o cronômetro do software é Ao plotarmos os dados num gráfico, relacionando ambos os
inciado, e por aproximadamente 25 segundos o pêndulo oscila momentos de inércia com os perı́odos, obtemos o gráfico da
enquanto o software gera o gráfico desejado (Figura 5). Figura 6.
Pêndulo — 5/5

3. Considerações Finais
O objetivo do experimento foi o de demonstrar um movi-
mento harmônico simples executado por um pêndulo fı́sico,
que tem por caracterı́sticas a repetição do movimento em
intervalos de tempo regulares e sujeita a uma força restau-
radora, a qual possui módulo proporcional ao movimento,
mas é orientado no sentido oposto, sempre apontando ao seu
ponto de origem. O experimento realizado demonstrou uma
surpreendente precisão com relação aos dados coletados e
plotados, o que acabou gerando uma duvida imensa, será que
foi realmente feito tudo com essa extrema precisão? ou será
Figura 6. Gráfico dos momentos de inércia em relação ao que faltou precisão com relação aos algarismos significativos?
perı́odo. Fonte: Os Autores (2016) Devido a isto, conclui-se que o experimento realizado foi
parcialmente satisfatório.

E como a maior parte dos dados obtidos foram iguais, o


gráfico plotado (Figura 6) apresentou retas para os momentos Referências
de inércia, sendo o momento de inércia do eixo sempre maior [1] D. Halliday, R. Resnick, J. Walker, Fundamentos
em relação ao do centro de massa. de fı́sica. volume 1: mecânica, 9a edição, Editora
LTC, Rio de Janeiro, 2013.
Mesmo com todas as medidas tomadas para evitar as variações, [2] H. D. Young, R. A. Freedman, Sears and Zemansky
um dos dados obtidos acabou sendo diferente dos demais. ape-
Fı́sica 1, 12a edição, Editora Pearson Addison Wes-
sar de não apresentar uma diferença tão significativa dos de-
ley, São Paulo, 2008.
mais dados, este demonstrou que os momentos de inércia são
[3] R. A. Serway, J. W. Jewett Jr., Princı́pios de fı́sica.
diretamente proporcionais ao perı́odo do movimento harmônico
de pêndulo fı́sico. volume 2, 1a edição, Editora Cengage Learning,
São Paulo, 2013.
Contudo, toda essa precisão nos dados acaba levantando uma
grande duvida, será que todos os procedimentos executados
foram realmente tão precisos?

A aparição de um único resultado diferente levanta a hipótese


de haver variações nas médias iguais obtidas, o que significa
que elas podem possuir uma variação entre si, apenas não
foi demonstrado neste experimento devido a quantidade de
algarismos significativos trabalhados na obtenção da média
do perı́odo, a qual foi definida em 3 algarismos significativos.

Outro fato que reforça essa possı́vel variação é o cronômetro,


o qual nunca foi iniciado no momento exato em que o pêndulo
foi solto, algo normal tendo em vista que o inı́cio dependia
de um sinal dado por um dos integrantes, gerando um certo
atraso devido ao reflexo do ser humano, o qual leva um tempo
para entender o sinal e executar as devidas ações no corpo
para iniciar o cronômetro/liberar o pêndulo. O mesmo ocorreu
para parar o cronômetro no fim do tempo estipulado, gerando
divergência de tempo de até alguns décimos de segundos.

Mais um fator que iria interferir nessa perfeição de dados


é o fato das janelas estarem abertas, devido ao calor, no mo-
mento experimento, o que neste caso pode ter contribuı́do
para que a média dos perı́odos se mantivesse a mesma, pois
as correntes de ventos podem ter alterado a amplitude do
movimento.

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