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VIDA DA FERRAMENTA DE CORTE

• Tempo que trabalha efetivamente (deduzido os tempos passivos), até perder


capacidade de corte, dentro de critérios pré-estabelecidos;
• Após atingido esse tempo, a ferramenta deve ser afiada ou substituída;
• Logo, a vida da ferramenta = tempo entre duas afiações sucessivas
necessárias;
A perda da capacidade de corte é avaliada geralmente
através de um grau de desgaste, que normalmente leva em
conta os desgaste convencionais ocorridos.
A ferramenta deve ser retirada da máquina quando:

- desgaste da superfície de saída da ferramenta atinge proporções tão elevadas,

com receio de quebra do gume cortante;

- desgastes chegam a valores, cuja a temperatura do gume cortante (pelo atrito da

ferramenta com o cavaco e a peça) se aproxima da temperatura na qual a

ferramenta perde o fio de corte;


- Devido ao desgaste da superfície de folga da ferramenta, não é mais
possível manter as tolerâncias exigidas na peça;
- O acabamento superficial da peça usinada não é mais satisfatório;

- O aumento da força de usinagem, proveniente dos desgastes elevados


da ferramenta, interfere no funcionamento da máquina.
A vida da ferramenta é geralmente expressa em minutos, porém em certo casos prefere-se
defini-la pelo percurso de corte (ou de avanço) correspondente. O percurso de corte é dado
geralmente em quilômetros:
L=v.T.(1/1000)
já o percurso de avanço (muito usado na furação com broca helicoidal) é dado em mm:

La=a.n.T
Onde: T= vida da ferramenta (minutos),
v= velocidade de corte (m/minutos),
a= avanço (mm/volta),
n= rotação (RPM).
- DESGASTE é a perda contínua e microscópica de
partículas da ferramenta devido a ação do corte.
DESGASTE FRONTAL (DE FLANCO)

- Ocorre na superfície de folga da ferramenta causado pelo contato entre


ferramenta e peça;
- É o mais comum dos tipos de desgaste, sendo que todo processo de
usinagem causa desgaste frontal;
- A medida que este desgaste ocorre, ocorre a retração da aresta de
corte e, consequentemente, a dimensão da peça usinada muda;
- Em geral este tipo de desgaste e incentivado pelo aumento da
velocidade de corte;
❖ Quando se tem a formação de aresta postiça de corte, o aumento da
velocidade de corte pode diminuir a taxa de crescimento do desgaste
frontal (de flanco).
DESGASTE DE ENTALHE

- Tipo de desgaste caracterizado por dano excessivo localizado nos


dois extremos de contato entre a superfície de folga e a peça (na face e
no flanco da pastilha na linha da profundidade de corte);
• Causado pela adesão (solda por pressão de cavacos) e deformação na
superfície;
• Comum ao usinar aços inoxidáveis e HRSA (Heat resistant super alloys:
Ni, Ti, Co);
- Este tipo de desgaste muda a forma da ponta da ferramenta e, com isso,

influencia no acabamento da superfície usinada;

- É incentivado pelo aumento da temperatura e da velocidade de corte.


DESGASTE DE CRATERA

- Desgaste que ocorre na superfície de saída da ferramenta, causado pelo atrito entre
ferramenta e cavaco;
- Pode não ocorrer em alguns processos de usinagem, principalmente quando se utiliza
ferramentas de metal duro recobertas (Al2O3 é a mais eficiente contra craterização);
- ferramentas cerâmicas e quando o material da peça é frágil (gera cavacos curtos);
O crescimento do desgaste de cratera resulta na quebra da ferramenta,
quando esse desgaste se encontra com o desgaste frontal.
Mecanismo de desgaste das ferramentas de metal duro e de aço rápido

Metal Duro - o desgaste é progressivo e chega a valores que causam


finalmente a quebra do gume cortante;

Ferramentas de aço rápido - antes do desgaste chegar aos valores


drásticos, tem-se a destruição da aresta cortante, devido a diminuição da dureza
da aresta com o aumento da temperatura de corte.
Ferramentas com pastilha cerâmica - verifica-se
geralmente a quebra de pequenos fragmentos da aresta
cortante, antes que os desgastes de flanco e cratera atinjam
valores acentuados.
❖ vida da ferramenta neste caso pode ser definido não pelo desgaste,
mas por um determinado grau de destruição da aresta cortante,
acima do qual o uso da ferramenta não é mais conveniente;
❖ o estudo dos valores de desgastes das ferramentas de metal duro,
de aço rápido e de cerâmica deve ser realizado separadamente.
DESGASTE EM FERRAMENTAS DE METAL DURO

Operações de desbaste:

• operações de desbaste nos aços, condições normais de velocidade de


corte e avanço com ferramentas de metal duro;
• desgastes Il e Cp geralmente aumentam progressivamente;
Em altas velocidades de
corte a espessura de
resistência da ferramenta (f)
se enfraquece a tal ponto que
a ferramenta chega a quebrar
no ponto a.
▪ Neste caso, o desgaste Cp é o principal responsável pela
quebra do gume cortante;
▪ O desgaste da superfície de folga é geralmente maior,
principalmente quando a ferramenta tiver um ângulo de
ponta (є) pequeno;
▪ Quando isso ocorre, o desgaste de flanco é um fator muito
importante na determinação da vida da ferramenta;
▪ Antes da ruptura da aresta cortante devido ao
desgaste, a ferramenta deve ser retirada da
máquina, para substituição ou afiação.
▪ O número de fatores que levam ao desgaste da ferramenta é tão
grande que é difícil estabelecer uma regra única para
predeterminar a vida da ferramenta durante a usinagem.
Um dos primeiros critérios usados para determinar a vida da
ferramenta foi através da largura de desgaste na superfície de folga (Il),
devido a facilidade de medida desse desgaste.
Foi estabelecida para vários materiais a fórmula:
Il= C.t0,5,
Onde: t= tempo de usinagem;
C= constante dependente do material da peça, da ferramenta e das
condições de usinagem.
A fórmula se baseia na condição que o volume de
material gasto na superfície de incidência aumenta
linearmente com o tempo.
• esta condição não é sempre satisfeita, principalmente na usinagem em
altas velocidades com pastilha de material quebradiço, quando são
atingidos grandes desgastes da ferramenta;
• Pesquisas mostraram que expoente 0,5 da fórmula pode variar até 1,
dependendo do par peça-ferramenta;
• Na usinagem de muitos materiais, a quebra da aresta cortante da
ferramenta se dá para um desgaste Il da ordem de 0,8 a 1,5 mm (valores
mais altos obtidos para baixas velocidades de corte com emprego de carbonetos mais
dúcteis);

• Tomando como base este tipo de desgaste foram construídas tabelas e


ábacos das velocidades recomendadas de corte para todos materiais;
• Também verificou-se que o mesmo material da peça, causando o
mesmo desgaste Il , pode gastar a superfície de saída da ferramenta
de modo diferente quando submetido a tratamentos térmicos
diversos;
Estado I – normalizado (HB= 196 kg/mm2), tempo de usinagem de 15 min.
Estado II – aquecido a 1000ºC e resfriado ao ar (HB=218 kg/mm2), tempo de usinagem 11,5 min.
Estado III – aquecido a 690º C e esfriado ao forno (HB= 169 kg/mm2), 15 min de usinagem.
Para desgaste na superfície de incidência da ordem de 0,2 a 0,3 mm,
os desgastes de profundidade de cratera na superfície de saída variam de
0,08 a 0,2 mm.
Profundidade de Cratera - desgaste mais importante neste caso, pois
é responsável pela quebra da pastilha.
Na determinação da vida da ferramenta, pode-se
estabelecer um critério somente baseado no desgaste
C p.
Muitos casos não há praticamente formação de cratera na superfície
de saída, logo para determinação da vida da ferramenta devem ser
usados os dois tipos de desgaste: Il e Cp.

Outro valor que pode ser usado para medição do desgaste de cratera
relaciona Cd (distância do centro da cratera até a aresta de corte) e Cp:
K=Cp/Cd
A relação de k é
aproximadamente tangente
ao ângulo de cratera ρ e
serve como um índice de
enfraquecimento da cunha
cortante da ferramenta.

Alguns estudos mostraram


que a aresta de corte do
carboneto pode vir a
quebrar quando a relação k
superar o valor de 0,4.
• metais iguais, submetidos aos mesmos tratamentos térmicos podem
originar desgastes completamente diferentes, quando provenientes de
diferentes siderúrgicas.
• razão desta discrepância se origina nas diferenças em inclusões de
óxidos na peça;
• ao saírem juntamente com o cavaco se soldam a superfície de saída da
ferramenta formando uma película protetora;

* Não confundir esse fenômeno com a aresta postiça de corte, que se origina a baixas
velocidades de corte, enquanto essa película se forma em Vc entre 100 a 250 m/min.
Se fosse possível as siderúrgicas manterem nos materiais fornecidos,
além da composição química e características mecânicas, os teores de
inclusões de óxidos dentro de uma variação muito restrita em todas
corridas, este problema seria resolvido, podendo então, fixar-se valores a
fim de obter uma vida mais longa da ferramenta;
• aumento das inclusões de óxidos também pode prejudicar as
propriedades mecânicas do material, principalmente quanto a fadiga;
• Como sanar este problema?
industrias deveriam executar ensaio de usinabilidade de cada partida
de material, visando efetuar um cálculo criterioso da velocidade de corte e
vida da ferramenta.
Operações de acabamento:

Em operações de acabamento, muito antes do desgaste da ferramenta


atingir valores que possam originar quebra do gume cortante, deve-se
substituí-la, por não mais satisfazer exigências impostas pelas tolerâncias
das dimensões e as exigências impostas no acabamento superficial da
peça.
• Em operações de acabamento esse valor não pode ultrapassar os
valores de 0,1 a 0,2 mm, para uma tolerância na qualidade IT7;
• Valores entre 0,2 a 0,3 mm para tolerância de qualidade IT8 segundo a
sério ISO de tolerâncias;

❖ No desbaste, o desgaste Il da pastilha de carboneto pode chegar a 0,8 mm ou mais.


O cálculo de Il obtido através da fórmula
Il = Dy. Cotg α = (d2-d1). Cotg α
2
gera erros grandes, sendo preferível realizar a medida de desgaste
experimentalmente, o que reduz esse erro em 40%.
Três fatores contribuem para este erro:

- instabilidade, jogo nos mancais e guias da máquina;

- Fixação e deformação da peça;

- Desgaste da superfície de saída e flexão da ferramenta.


• O desgaste na superfície de saída aumenta o atrito entre esta e o
cavaco, aumentando a força de corte;
• Com isso, temos uma influência no processo de deformação plástica da
peça, na zona de formação do cavaco;
• Isto leva a modificação da microestrutura da superfície da peça,
alterando seu diâmetro e a rugosidade da superfície;
O modo de fixação da peça, o jogo nos mancais
da máquina e a deformação da peça são os
responsáveis pela mudança de forma da mesma.
Valores de desgaste para diferentes valores da altura máxima de rugosidade Rmx de um
latão usinado com ferramenta de metal duro, Vc=75 m/min, aP 0,2 - 0,5 mm2; α=8º.
Enquanto o desgaste Il da ferramenta aumenta progressivamente, a
rugosidade tem no início uma melhora na qualidade superficial da peça,
para depois piorar consideravelmente.
Isto ocorre pois nos primeiros instantes da usinagem que se realiza na
superfície de saída da ferramenta, há um deslizamento do cavaco sobre a
mesma, e uma espécie de polimento e assentamento melhor do cavaco.
Desta forma, tem-se um desprendimento mais fácil do
material, melhorando a qualidade da superfície da peça. Na
superfície de folga da ferramenta também ocorrerá um
polimento.
A medida que a usinagem se processa, tem-se:

- desgaste da superfície de saída (aumentando o atrito entre o cavaco e a


ferramenta e consequentemente aumento da força de corte);
- desgaste na superfície de incidência, ocasionando a formação de pequenos
sulcos, deteriorando o acabamento da peça.
- Altura da rugosidade começa então a atingir valores elevados.

* O uso de pastilhas de metal duro afiadas e polidas torna menos significante essa
ocorrência.
DESGASTE EM FERRAMENTAS DE AÇO RÁPIDO

Operações de desbaste:

Na usinagem com ferramentas de aço rápido o desgaste da aresta de


corte é devido geralmente à diminuição de sua dureza, proveniente do
aumento da temperatura de corte.
• Ocorre principalmente quando do emprego de altas velocidades que
originam temperatura superior a 600ºC na aresta cortante;
• A rugosidade da superfície de saída da ferramenta, aumentando com o
desgaste, concorre para que a aresta atinja essa temperatura, fazendo
com que a dureza caia rapidamente, causando a destruição da aresta;
O tempo no qual o fenômeno de destruição da aresta cortante se processa é
muito curto;

Pode-se evidenciar tal ocorrência por dois modos:


1º - pela formação de um anel brilhante na superfície de corte da peça;
2º - pelo aumento da força de avanço e de profundidade de corte (P a e Pp,
respectivamente).
Os desgaste de Cp e Il permitem estabelecer um critério bastante
preciso para prever a retirada da ferramenta de aço rápido.
- Nas pastilhas de metal duro estes dois tipos de desgaste variam (com
a procedência do material e com a corrida).
- No aço rápido tal variação é desprezível

* Nos aços rápidos a perda da capacidade de corte se dá pela elevação da


temperatura de corte, no metal duro o fator mais influente é o desgaste.
Em metais duros, dois materiais podem gerar iguais temperaturas de
corte, porém desgastes completamente diferentes nas ferramentas (a
predeterminação do desgaste nestas ferramentas é bem mais difícil do
que nas de aço rápido).
Operações de acabamento:

• valem as mesmas considerações feitas com o metal duro;


• as velocidades de corte com o aço rápido são relativamente pequenas,
prejudicando o acabamento da peça;
Os desgastes, limitados pelas exigências das tolerâncias ou rugosidade
das peças originam uma vida muito curta da ferramenta.

Usinagem de ferro Fundido cinzento com


Ferramenta de aço rápido, Vc= 40m/min,
DESGASTE DE FERRAMENTAS DE MATERIAL CERÂMICO

As ferramentas de material cerâmico distinguem-se por:

- sua elevada resistência ao desgaste;

- dureza em altas temperaturas;

- insensibilidade a processos oxidativos.


Pode substituir com vantagens o metal duro nas altas
velocidades de corte.
A pequena tenacidade e a reduzida condutibilidade
térmica, porém, limitam sua aplicação.
• Em geral, pastilhas cerâmicas são recomendadas somente em
pequenas e médias secções de corte, para cortes contínuos;

• Em determinadas condições podem ser empregadas também na


usinagem de peças não circulares e para leves cortes interrompidos,
porém nem sempre é evitado o aparecimento de quebras na aresta
cortante.
• As pastilhas cerâmicas permitem elevadas temperaturas de corte (até
1200ºC), permitindo usinagem com altas velocidades de corte;

• Aços podem ser desbastados com velocidade variando de 80 a 300


m/min, dependendo de sua resistência e das condições de usinagem;

• Em trabalhos de acabamento podem ser verificadas velocidades


maiores.
Desgaste de ferramentas de metal duro e aço rápido com dois tipos de
materiais cerâmicos – Al2O3 e Al2O3 com 40% de adição de carbonetos
metálicos.
A adição de carbonetos metálicos (W e Mo) a ferramenta
cerâmica em alta porcentagem melhora a tenacidade da
ferramenta, porém origina desgastes maiores.
• Vários experimentos foram realizados em operações de acabamento de
aços com pastilhas cerâmicas, variando as velocidades de corte para
um tempo de usinagem de 60 minutos;

• Nestes testes, observou-se que a variação da velocidade de 200 a 600


m/min pouco influi no aumento do desgaste de flanco nas ferramentas
cerâmicas.
• Para velocidades entre 200 e 300 m/min os valores de profundidade de
cratera foram bem pequenos, não se observando desgaste significativo
durante os 60 minutos de usinagem;

• Porém, as pastilhas cerâmicas apresentaram pequenas trincas de 2 µm


de profundidade na região de contato entre o cavaco e a superfície de
saída (ocorrências que causam tensões devido ao aquecimento e
podem conduzir a rupturas e reduzir a vida da ferramenta).
• Os melhores resultados foram obtidos nas velocidade 300 e 500 m/min.
Abaixo e acima destes valores originam-se vidas reduzidas;

• Dependendo das qualidades de usinagem do material usado, tem-se


faixas de velocidade de trabalho bem definidas; fora destas faixas a
vida da ferramenta diminui.
Enquanto nas pastilhas de metal duro, o desgaste de largura na
superfície de folga chega a valores de 0,8 mm ou mais, nas pastilhas
cerâmicas esse valor geralmente não ultrapassa 0,4 mm. Acima deste
valor podem ocorrer o aparecimento de quebras ou fragmentos da aresta
cortante.
Devido a grande resistência a abrasão da pastilha cerâmica, a vida
deste material em velocidades de corte acima de 200 m/min é muito
maior, mesmo para um desgaste Il igual a metade do metal duro.
• A pastilha cerâmica encontra aplicação também na
usinagem de materiais plásticos que originam grande
desgaste da ferramenta.
EX: Anéis prensados de material plástico com grafite são muito difíceis de
trabalhar:
• enquanto com metal duro tipo K10 pode-se usinar apenas 6 a 10 anéis,
com velocidade de corte de 9,6 m/min;
• usando a pastilha cerâmica, a velocidade de corte foi de 35 m/min e o
número de peças usinadas elevou-se para 130 a cada vida de uma
ferramenta.
• Ensaios feitos com ferramentas cerâmicas na usinagem de diversos
tipos de aço obtiveram valores de desgastes de cratera muito
pequenos.

• Isto demonstra que na avaliação da vida da pastilha de cerâmica


são suficientes apenas dois fatores: o desgaste Il da superfície de
folga e o aparecimento de quebras na aresta de corte.

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