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Antropologia início:

O início da Antropologia, ramo de estudo das Ciências Sociais, é controverso, pois foi
baseado numa ideia de níveis evolutivos dos seres humanos a partir de suas raças. Os
antropólogos desenvolveram o evolucionismo social, que foi bem utilizado como justificativa
para o neocolonialismo.

o evolucionismo social está subordinado à antropologia social, que considera a sociedade


como um todo, ou seja, realiza uma análise através da observação tendo em conta cultura,
hábitos, aspectos, etc.

Percurso:

A Antropologia é a ciência que estuda o homem, sua evolução biológica ou física, cultural e
social. Embora tenha sido consolidada como disciplina científica apenas no século XIX,
suas raízes encontram-se alguns séculos antes com a “descoberta” de outros povos pelos
descobridores e desbravadores. Assim, podemos dividir a história, ou evolução, da
Antropologia de acordo com os seguintes períodos:
* Dos séculos XVI-XIX deu-se o período da “Literatura Etnográfica” quando predominaram
os relatos sobre viagens onde eram mencionadas as características dos povos
“descobertos” constituindo uma descrição de sua língua, raça, religião. As descrições eram
feitas geralmente por missionários, viajantes, exploradores, etc. As características físicas e
sociais de povos diferentes eram tratadas em conjunto nas teorias sobre “raças”;

* No fim do século XIX surge o “Evolucionismo Social” também chamado de “Racismo


Científico” (por inserir o conceito de raça superior ou inferior) ou “Darwinismo Social”. É
desenvolvido o conceito de que as sociedades evoluem de um estado mais “primitivo” para
outro mais “civilizado”, porém é nesse período que sai de cena o conceito de “raça”
substituído pelo de “cultura”;

Darwin grande contribuição para o evolucionismo e grande fonte dos autores


evolucionistas e antropólogos:

Charles Darwin (1809 - 1882) foi o principal cientista responsável pela teoria evolucionista.
Em 1831, ele embarcou em uma expedição ao redor do mundo, juntamente com o botânico
John Stevens Henslow, a bordo de um navio inglês de nome Beagle. A expedição dos dois
amigos teve uma duração de cinco anos (1831 – 1836) e durante esse período, Darwin teve
a chance de realizar vários estudos e de observar várias espécies.

Ele concluiu que apesar de muitas das espécies serem semelhantes, com o passar do
tempo elas sofriam mutações que poderiam se manter em gerações sucessivas. De certa
forma, essas mutações influenciavam a continuidade das espécies e eram responsáveis
pelo fato de umas se destacarem em relação a outras.

Evolucionismo cultural e Social:


O evolucionismo cultural considera que o desenvolvimento das sociedades se dá a partir do
crescimento e das alterações sofridas. Assim como no darwinismo social, isso gerou
problemas entre diferentes etnias e nacionalidades, pois tudo que se assemelhava à cultura
europeia era considerado mais evoluído do que o que estava mais próximo da cultura
primitiva.

O evolucionismo social afirma que as sociedades evoluem ao longo do tempo, acreditando,


com isso, que algumas se tornem superiores a outras. Essa ideia está diretamente ligada à
prática do colonialismo, onde sociedades consideradas superiores exploram as ditas
inferiores com a finalidade de fazer delas colônias.

Morgan

Lewis Morgan designou três grandes períodos étnicos que marcaram a história
humanidade: a Selvageria, a Barbárie e a Civilização. De acordo com a teoria evolucionista
da humanidade, a história do homem seguiu, desde sempre, um mesmo caminho, linear e
progressivo.
Seguindo a tendência de alguns etnólogos, que tinham como base no séc. XIX a Teoria da
Evolução das Espécies de Charles Darwin, Lewis Morgan determinou que as condições
básicas que se pode analisar em cada estágio da história humana são, por um lado, as
invenções e descobertas e, por outro lado, o surgimento das primeiras instituições. Dessa
forma, constatam-se alguns fatos que marcavam a gradual formação e desenvolvimento de
certas paixões, ideias e aspirações, comuns aos humanos em cada estágio. Estes fatos
são:
1. A subsistência;

2. O governo;

3. A linguagem;

4. A família;

5. A religião;

6. A arquitetura;

7. A Propriedade.

Cada um desses fatos e seus desenvolvimentos caracterizariam a formação de um período


étnico, permitindo a sua identificação e distinção dos demais. De forma geral, Morgan
designou três grandes períodos étnicos da humanidade: a Selvageria, a Barbárie e a
Civilização. Vejamos como ocorreram:

• A selvageria iniciou-se com o surgimento da raça humana, adquirindo uma dieta à base de
peixes e também desenvolvendo o conhecimento e uso do fogo, chegando, por fim, à
invenção do arco e flecha;
• A barbárie é a fase imediatamente posterior à selvageria, tendo como característica
distintiva a invenção da arte da cerâmica. É também caracterizada pela domesticação de
animais, bem como do cultivo de plantas através de um sistema de irrigação. O uso de
tijolos de adobe e pedras na construção de moradias também fez parte deste período. Por
fim, a invenção do processo de fundição do minério de ferro e o uso de ferramentas deste
metal.

• A civilização, período ao qual pertencemos, tem início, conforme Morgan, com a invenção
do alfabeto fonético e o uso da escrita e estende-se, como dito, até a atualidade.
Esses estágios são chamados por ele de períodos étnicos, e vê-se aqui que para ele as
diferenças culturais se dão diacronicamente e não sincronicamente. Uma “etnia”, para
Morgan, seria definida por seu estágio evolutivo e não por características próprias. O
conceito de cultura defendido pelo antropólogo norte-americano entende que ela se forma
pela acumulação de conhecimentos experimentais e se realiza plenamente quando atinge o
estágio da civilização. Nessa visão, os povos ditos “primitivos” são vistos como arremedos,
cuja cultura é entendida como algo irracional e não plenamente desenvolvido.

Morgan se baseia na ideia de que toda a humanidade segue a mesma história, determinada
por uma natureza comum. Sua visão teleológica e idealista concebe que todos os povos
estão destinados a cumprir sua realização no atingimento da civilização.

Tylor

Uma importante explicação do conceito de cultura, tida como percurssora do conceito e


ainda válida até hoje, seria aquela constituída por Tylor : “Cultura é este todo complexo que
inclui conhecimento, crença, arte, leis, moral, costumes e quaisquer outras capacidades e
hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade.”
Acreditava na idéia de progresso, nos postulados evolucionistas, na unidade psíquica da
humanidade (todos temos a mesma capacidade mental) e na concepção universalista da
Cultura (a cultura enquanto algo de toda a humanidade). A grande contribuição de Tylor, foi
sua tentativa de conciliar a evolução da Cultura e sua universalidade.
Tylor, baseando-se na teorias darwianas da época, defendia a ideia de unidade psíquica da
espécie humana em que a cultura se desenvolvia de um modo progressivo, linear e
uniforme. Neste contexto, o desenvolvimento das culturas realizava-se por etapas, sendo a
Europa a civilização mais avançada.
Partindo deste pressuposto evolucionista, Tylor tentou demonstrar que o aparecimento e
desenvolvimento da religião teria atravessado igualmente diversas fases, começando pelo
animismo, passando por uma fase intermédia de politeísmo e terminando no monoteísmo.

Frazer

O Ramo de Ouro (The Golden Bough).


A primeira edição tinha 2 volumes 800 páginas, mas o livro foi crescendo a cada edição, até
atingir mais de 4.500 páginas em 13 volumes. Em 1922, Frazer lançou uma versão
resumida em um volume. Sua obra obteve grande sucesso entre o público, mas no final de
sua carreira os antropólogos já a consideravam anacrônica e mais literária do que científica.
Nessa época, o evolucionismo cultural já havia se esgotado.

A obra de Frazer é talvez a que deixa mais explícito o método comparativo característico da
antropologia evolucionista. O Ramo de Ouro, por exemplo, propõe colocar lado a lado um
imenso número de exemplos de mitos e ritos das mais diversas culturas, com o objetivo de
encontrar semelhanças que demonstrem a natureza comum a toda a cultura humana.

Frazer ajudou a definir o lugar da Antropologia entre os ramos científicos. No ensaio Escopo
da Antropologia Social, ele localiza esta nova ciência como uma sub-área da Sociologia,
reconhecendo sua especificidade mas ainda subordinando-a a outra área. Além disso, para
validar a Antropologia como ciência, Frazer propunha que ela servisse como meio de
intervenção (os governantes deveriam usar esse saber para incentivar o desenvolvimento
da sociedade) e previsão (através dela poderíamos antever o futuro da humanidade)

O antropólogo escocês deixa claro que o estudo dos povos “selvagens” é uma forma de
conhecermos o passado das nações “civilizadas”, já que, na perspectiva evolucionista, cada
povo pode ser encaixado em um dos estágios diacrônicos, e se uma sociedade “civilizada”
está no topo dessa evolução, é porque ela passou por todos os estágios anteriores,
inclusive o estágio “selvagem”. E se uma sociedade é “selvagem” é porque ela não saiu da
fase mais rudimentar dessa escala evolutiva.

Dessa forma, o interesse pelos povos mais “primitivos” advém do esforço por entender
nossa própria evolução (vale dizer, a evolução da cultura da qual faziam parte esses
intelectuais). Além disso, assim como Tylor, Frazer também trabalhava com a ideia de
“sobrevivências”. As crenças mais primitivas perderiam este status na evolução da cultura e
se manteriam apenas como crendices ou folclore, o que serviria para se estabelecer um elo
evolutivo entre os diferentes estágios.

Resumindo:

Para os evolucionistas, a cultura era entendida como um fenômeno universal e singular. Em


seu paradigma, havia apenas uma “cultura humana”, que se manifestava em diversos graus
de desenvolvimento de acordo com o grupo social considerado. As diferenças culturais,
para esses teóricos, se devia a uma diferença de grau de evolução e não a peculiaridades
históricas de cada sociedade.

Mas o ideal presente no degrau mais alto da escada evolucionista era ocupado pelas
sociedades europeias e norte-americana, ou seja, as mesmas às quais pertenciam seus
pensadores, pois cada sociedade pensa na própria cultura como a mais exemplarmente
humana, e se qualquer outra cultura tivesse desenvolvido o Evolucionismo, teria colocado a
si mesma no estágio da civilização.
A Antropologia se desenvolveria posteriormente com uma perspectiva relativista, vendo as
diversas culturas como formas diferentes de viver e ver o mundo, e passaria a servir muito
mais para veicular a voz dos povos “nativos” do que como instrumento de sua dominação.
Entretanto, podemos ver nas obras de Morgan, Tylor e Frazer algumas das sementes que
permitiriam esse desenvolvimento.

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