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Avesso / Agência

Foto
Robson Xavier

Diagramação
Claudio Braghini Junior

Coordenação de Produção
Ivana Sette
Paulo Sette

Produção e Revisão
Patrícia Lopes

Locução
Lina Fernandes
Wemmerson Seixas

Operação de Áudio
Manu Magalhães
Admilson Rufino
Vítor Borba

ISBN 978-85-99303-76-4
Sumário

Apresentação........................................................5
Capítulo 1 / Disposições Gerais............................7
Capítulo 2 / Formas de Provimento, Vacância,
Remoção, Redistribuição e Substituição.............11
Capítulo 3 / Dos Direitos e Vantagens................31
Capítulo 4 / Do Regime Disciplinar...................60
Capítulo 5 / Processo Administrativo .
Disciplinar.........................................................72
Capítulo 6 / Seguridade Social do Servidor.........82
Bibliografia.........................................................98
Questões de Concursos Públicos que .
Abordam a Lei N. 8.112/90 ..............................99
GABARITO....................................................116
Capítulo 1 / Disposições Gerais

A lei 8.112 foi promulgada em 11 de dezembro de


1990, e veio integrar os preceitos contidos nos arts. 37 a
41 da Constituição Federal em relação ao regime jurídico
dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das
fundações públicas federais.
Em seu art. 1º a Lei 8.112 instituiu o regime jurídico
único dos servidores públicos da União. Na edição anterior
do presente curso, afirmamos que o regime jurídico único
para os servidores públicos foi revogado por força da EC n.
19/1998, que, ao modificar a redação do art. 39 da CF, ex-
tinguiu a previsão do regime jurídico único para os servidores
públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios. Porém, o Supremo Tribunal Federal (STF)
no julgamento da ADINn – medida cautelar – número
2.135-4, cujo acórdão foi publicado em 07 de março de
2008, declarou a inconstitucionalidade da redação do caput
do art. 39 da CF dada pela EC 19/98, de modo que voltou
a vigorar a antiga redação do mencionado dispositivo, qual
seja: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico
único e planos de carreira para os servidores da administração
pública direta, das autarquias e das fundações públicas”.

LEI N. 8.112/90 / 
É correto afirmar, portanto, que atualmente vigora o
regime jurídico único – estatutário – para os servidores pú-
blicos. No entanto, é relevante afirmar que a decisão citada
tem efeito ex nunc, ou seja, não retroage para desconstituir
as leis que foram editadas sob a égide da redação do men-
cionado art. 39 considerada inconstitucional.
Sendo assim, permanecem válidas as leis que previam
regimes diferenciados, estatutário e celetista, por exemplo,
para servidores públicos do mesmo ente federativo. De
acordo com a sistemática considerada inconstitucional pelo
STF, o estado podia determinar a adoção concomitante de
regimes distintos dentro de uma mesma unidade político-
administrativa. Por exemplo, o Estado poderia adotar para
um de seus órgãos o regime estatutário e para outro órgão o
regime celetista, desde que por meio de lei determinasse para
quais cargos e carreiras funcionais vigoraria cada regime.

ATENÇÃO: Com o propósito de instru-


mentalizar a contratação de servidores para os
quadros funcionais da União através de regime
diferenciado, foi editada a lei n.º 9.962/2000
que disciplina o regime de emprego público na
administração federal.

O art. 2º da Lei 8.112 menciona que: “Para os efeitos


desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em
cargo público.”

 / LEI N. 8.112/90
Servidor público será, portanto, toda pessoa física
ocupante de cargo público seja em caráter efetivo ou em
comissão. O que acabamos de descrever foi a definição
restrita de servidor público.
A Doutrina distingue a expressão “servidor público” sob
duas acepções: em sentido amplo e em sentido estrito. Ser-
vidor público em sentido amplo abrange qualquer servidor
que tenha vínculo administrativo ou empregatício com a
administração pública direta ou indireta. A redação do art.
2º da Lei esclarece que a expressão “servidor” está sendo
empregada em sentido estrito, ou seja, servidor é aquele que
presta serviço no âmbito da Administração Pública sujeito
a regime estatutário e ocupante de cargo público.
Afirma o art. 3º da lei em estudo: “Cargo público é o
conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na
estrutura organizacional que devem ser cometidas a um
servidor. Parágrafo único: Cargos públicos, acessíveis a todos
os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria
e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento
em caráter efetivo ou em comissão.”
Cargo em provimento de caráter efetivo é aquele aces-
sível somente através de concurso público. Tem existência
permanente nos quadros da instituição.
Cargo em comissão, segundo Hely Lopes, é o que só
admite provimento em caráter provisório. Destina-se às
funções de confiança do superior hierárquico. A instituição

LEI N. 8.112/90 / 
de tais cargos é permanente, mas seu desempenho é sempre
precário, pois quem os exerce não adquire direito à conti-
nuidade da função.
Todo cargo, emprego ou função dentro da estrutura
da administração pública deve ter previsão e criação le-
gal, pois a legalidade foi prevista no caput do art. 37, da
Constituição Federal, como princípio basilar da própria
Administração Pública.
Apesar de se encontrar expresso no texto do art. 3º da
Lei 8.112 que os cargos são acessíveis a brasileiros, com o
advento da Emenda Constitucional n.º 19/1998, alterando
a redação do inciso I, artigo 37, da Constituição Federal,
houve previsão de que os cargos, empregos e funções pú-
blicas também são acessíveis aos estrangeiros na forma da
lei. É idêntico ao que já ocorre com professores, técnicos
e cientistas estrangeiros que ingressam em universidades
e instituições de pesquisa científica, de acordo com o que
disciplina a lei nº. 9.515/1997.

10 / LEI N. 8.112/90
Capítulo 2 / Formas de
Provimento, Vacância, Remoção,
Redistribuição e Substituição

O art. 5º da lei 8.112 menciona que “São requisitos


básicos para a investidura em cargo público:
1. a nacionalidade brasileira;
2. o gozo dos direitos políticos;
3. a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
4. o nível de escolaridade exigido para o exercício
do cargo;
5. a idade mínima de 18 anos; e
6. aptidão física e mental.”
Estes são os requisitos mínimos, que serão sempre exi-
gíveis, porém, as atribuições do cargo podem justificar a
exigência de outros requisitos estabelecidos em lei.
A nacionalidade brasileira abrange tanto a nacionalidade
originária quanto a derivada. Portanto, podem preencher
cargos públicos brasileiros naturalizados e portugueses equi-
parados. Por outro lado, são cargos que somente podem ser
ocupados por brasileiros natos os previstos no §3º, do art.
12 da Constituição Federal, sendo os seguintes: Presidente
da República, Vice-Presidente da República, Presidente da

LEI N. 8.112/90 / 11
Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal,
Ministro do Supremo Tribunal Federal, cargos da carreira
diplomática, de oficial das Forças Armadas, e de Ministro
de Estado de Defesa. Os brasileiros naturalizados também
não podem ter assento nas seis cadeiras do Conselho da
República reservadas a brasileiros natos.
Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o
direito de se inscrever em concurso público para provi-
mento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com
a deficiência de que são portadoras. Para tais pessoas serão
reservadas até 20% das vagas oferecidas no concurso. Esse
é o percentual máximo previsto pela legislação federal ao
regular o que determina o inc. VIII, art. 37, da Consti-
tuição Federal.
O percentual mínimo veio a ser estipulado pelo De-
creto n.º 3.298/1999 que em seu art. 37, § 1º afirma: “O
candidato portador de deficiência, em razão da necessária
igualdade de condições, concorrerá a todas as vagas, sendo
reservado no mínimo o percentual de cinco por cento em
face da classificação obtida”.
O art. 7º da lei 8.112 afirma: “A investidura em cargo
público ocorrerá com a posse”. Para que haja a posse o
servidor deve ser provido no cargo público.

Provimento: é o ato pelo qual o servidor público é


investido no exercício de cargo, emprego ou função. As
formas de provimento previstas na lei 8.112 são:

12 / LEI N. 8.112/90
- nomeação;
- promoção;
- readaptação;
- reversão;
- aproveitamento;
- reintegração; e
- recondução.
A doutrina classifica o provimento em originário e deri-
vado. Segundo Maria Sylvia Di Pietro provimento originário
é o que vincula inicialmente o servidor ao cargo, emprego
ou função; pode ser tanto a nomeação como a contratação,
dependendo do regime jurídico de que se trate. Provimento
derivado é aquele que depende de um vínculo anterior
do servidor com a Administração. No âmbito federal são
consideradas formas de provimento derivado as seguintes:
promoção, readaptação, reversão, aproveitamento, reinte-
gração e recondução.

NOMEAÇÃO
É a forma de investidura pela qual o servidor ingressa
nos quadros funcionais da Administração Pública na forma
efetiva ou em comissão.
A nomeação será em caráter efetivo quando se tratar de
cargo isolado de provimento permanente ou de provimento
em carreira.
Por outro lado, a nomeação se dará em comissão para
cargos de confiança vagos, inclusive na condição de interino.

LEI N. 8.112/90 / 13
De acordo com o parágrafo único do art. 9º da Lei 8.112:
“O servidor que ocupe um cargo de confiança, ou um cargo
especial, poderá ser nomeado para ter exercício interinamente,
ou seja, provisoriamente em outro cargo de confiança, sem
prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese
em que deverá optar pela remuneração de um deles durante
o período de interinidade”.
A nomeação para cargo efetivo ou para cargo em carrei-
ra apenas poderá se dar com a aprovação em concurso de
provas ou de provas e títulos, onde devem ser obedecidas a
classificação e o prazo de validade do concurso.

Do concurso público: O art. 11 da lei 8.112 determina


que “O concurso será de provas, ou de provas e títulos, poden-
do ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e
o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada
a inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no
edital, quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as
hipóteses de isenção nele expressamente previstas”. O prazo
de validade do concurso é de até dois anos prorrogáveis
uma vez por igual período. Fique atento: De acordo com
a redação do art. 12 da lei 8.112 e do inc. III do art. 37 da
Constituição Federal, o concurso poderá ter prazo de validade
inferior a dois anos, pois se assegura que sua validade será de
ATÉ dois anos. Desta forma, por exemplo, é possível que o
prazo de validade de determinado concurso seja de apenas 6
meses prorrogável uma vez, por igual período.

14 / LEI N. 8.112/90
Todo concurso público é regido pelas regras contidas em
seu edital, o qual fixará o prazo de validade e as condições
do certame. O edital deverá ser publicado no Diário Oficial
da União e em jornal de grande circulação. Não podendo,
sob pretexto de ser o instrumento hábil a ditar as condi-
ções para o concurso, conter disposições que contrariem o
ordenamento legal ou estabelecer critérios discriminatórios
que não estejam previstos em lei. Pelo visto, por exemplo,
seria ilegal e inconstitucional por afrontar o princípio da
isonomia, condição estabelecida em edital no sentido de
que somente mulheres poderiam prestar concurso público
para odontólogo em determinado órgão público.
De acordo com o § 2º do art. 12 da lei 8.112: “Não
se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
aprovado em concurso anterior com prazo de validade
não expirado”.
Sobre o tema, a Constituição Federal em seu art. 37, inc.
IV, dispõe que: “Durante o prazo improrrogável previsto
no edital de convocação, aquele aprovado em concurso
público de provas ou de provas e títulos, será convocado
com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo
ou emprego na carreira”.

Posse e Exercício: Já mencionamos que a investidura


em cargo público se efetiva com a posse. Posse nada mais
é do que a assinatura em termo próprio no qual devem
constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os

LEI N. 8.112/90 / 15
direitos ao cargo ocupado. O termo da posse não pode ser
alterado unilateralmente por qualquer das partes, seja pelo
servidor ou pela Administração Pública, ressalvados os atos
de ofício previstos em lei.
Em regra a posse deve ocorrer no prazo de 30 dias con-
tados da publicação do ato de provimento. Recomendamos
aos candidatos a leitura do § 2º, do art. 13 da lei 8.112 para
conhecer as hipóteses de exceção ao prazo de assinatura do
termo da posse.
A posse poderá se dar mediante procuração específica.
No ato de sua efetivação o servidor apresentará declaração
de bens e valores que constituem seu patrimônio e decla-
ração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego
ou função pública.

ATENÇÃO! De acordo com o art. 13, em seu


§ 4º, “Só haverá posse nos casos de provimento
de cargo por nomeação”.

Caso se deixe escoar o prazo para a posse, o ato de


provimento será tornado sem efeito.
É requisito para a posse a prévia inspeção médica que
tem a finalidade de manifestar a confirmação da aptidão
física e mental para o exercício do cargo.
Não se deve confundir posse no cargo com exercício
do cargo. Posse no cargo é a assinatura de um termo de

16 / LEI N. 8.112/90
responsabilidades e direitos entre o servidor e a Adminis-
tração. O exercício do cargo é o efetivo desempenho das
atribuições do cargo público ou da função de confiança. A
conseqüência para aquele que não entra em exercício no
prazo é a exoneração do cargo em se tratando de servidor
que ingressa em cargo efetivo. Para os que foram empos-
sados em função de confiança é tornado sem efeito o ato
de sua designação.
O prazo para que o servidor entre em exercício é de 15
dias contados da data da posse. Para aqueles que entram em
exercício titularizando função de confiança esta data coin-
cide com a publicação do ato de designação, salvo quando
o servidor estiver afastado ou licenciado, hipótese em que
a data do exercício recairá no primeiro dia útil após o tér-
mino do impedimento. Neste caso, a data para o exercício
não poderá exceder a trinta dias da data da publicação do
ato de designação.

Jornada de Trabalho: A duração máxima da jornada


de trabalho do servidor é de 40 horas semanais, sendo
esta limitada pelo número de horas diárias trabalhadas,
cujo mínimo é de 6 horas e o máximo de 8 horas diárias.
O tempo diário da jornada de trabalho, por sua vez, será
limitado em razão das atribuições pertinentes aos respectivos
cargos. Leis especiais, por outro lado, podem estabelecer
jornada de trabalho diferenciada. Esta ressalva foi adicio-
nada à lei para permitir o exercício concomitante de cargo

LEI N. 8.112/90 / 17
em comissão com um dos cargos efetivos que o servidor
acumule licitamente.

Estágio probatório: É o período inicial de realização das


atividades funcionais no qual o servidor público aprovado
deverá demonstrar sua aptidão no exercício do cargo efetivo
para o qual foi aprovado em teste puramente teórico. Des-
tina-se, portanto, a avaliar o desempenho, a capacidade e
aptidão do servidor e auferir se o mesmo tem as atribuições
que interessam à Administração Pública.

Segundo o art. 20 da Lei 8.112/1990 serão objetos de


avaliação para o desempenho do cargo:
1. assiduidade;
2. disciplina;
3. capacidade de iniciativa;
4. produtividade; e
5. responsabilidade.
Ainda de acordo com o citado art. 20, a duração do es-
tágio probatório será de 24 meses, apesar da CF determinar
no caput de seu art. 41 que os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público
serão estáveis após três anos de efetivo exercício.
A respeito desse tema são necessários alguns esclareci-
mentos. Apesar de, aparentemente, a previsão de prazos
diferenciados para o fenômeno da estabilidade ser resolvida
com a regra da compatibilidade vertical entre as normas,

18 / LEI N. 8.112/90
prevalecendo a norma de maior hierarquia, no caso, a
norma constitucional que prevê prazo de três anos, criou-
se uma enorme celeuma a respeito da duração do estágio
probatório.
A confusão foi iniciada após a edição da EC n. 19/98,
a qual, modificando a redação do art. 41 da constituição,
previu o prazo de três anos para aquisição da estabilidade.
A partir do advento da citada emenda, grande parte
da doutrina e da jurisprudência passaram a sustentar
que “estágio probatório” e “estabilidade” seriam insti-
tutos diferentes.
Enquanto o estágio probatório garantiria a estabilidade
no “cargo público” após 24 meses mediante avaliação de
desempenho do servidor; a estabilidade nos moldes do art.
41 da CF, garantiria a estabilidade no “serviço público”
após o decurso de três anos de efetivo exercício prestado à
administração pública em cargo público.
Na tentativa de pacificar a questão sobre o prazo do
estágio probatório, a medida provisória (MP) n. 431, de
14 de maio de 2008, modificando a redação do art. 20 da
lei 8.112, aumentou o período do estágio probatório de 24
meses para 36 meses, compatibilizando-o com a previsão
constitucional de estabilidade no serviço público após três
anos de efetivo exercício.
Posteriormente, a MP 431/2008 foi convertida na lei n.
11.784, de 22 de setembro de 2008. No entanto, a lei con-
vertida foi publicada sem a aprovação da redação dada pela

LEI N. 8.112/90 / 19
MP 431 ao art. 20 da lei 8.112, ou seja, não foi aprovado
pelo congresso nacional o prazo de 36 meses para duração
do estágio probatório, voltando a vigorar a redação anterior
que determinava o prazo de 24 meses.
Entendemos que este assunto não deveria ser cobrado
nas provas objetivas de concursos públicos, pois, conforme
estudamos, é recheado de controvérsias.
Alertamos aos concursandos, porém, que fiquem aten-
tos às questões que se refiram à literalidade da lei através
de enunciados como “segundo a lei 8.112 de 90” ou “de
acordo com o art. 20 do Estatuto dos Servidores Públicos
da União”, uma vez que, nestes casos, deve-se responder a
alternativa que retrate a vontade da lei, e a lei 8.112 afirma,
peremptoriamente, que o prazo para o estágio probatório
na esfera federal é de 24 meses.
A avaliação do desempenho do servidor será submetida à
homologação da autoridade competente quatro meses antes
de findo o período do estágio probatório e será realizada por
comissão constituída para essa finalidade de acordo com o
que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira
ou cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração da
assiduidade, disciplina, capacidade de iniciativa, produti-
vidade e responsabilidade.
O servidor que estiver em estágio probatório para cargo
efetivo poderá exercer quaisquer cargos de provimento em
comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento
no órgão ou entidade em que estiver lotado.

20 / LEI N. 8.112/90
Serão concedidas aos servidores em estágio probatório
apenas as seguintes licenças e afastamentos:
1. Por motivo de doença em pessoa da família;
2. Por motivo de afastamento do cônjuge ou com-
panheiro;
3. Para o serviço militar;
4. Para a atividade política;
5. Para investidura em mandato federal, estadual ou
distrital;
6. Para investidura em mandato de prefeito, sendo-lhe
facultado optar pela sua remuneração;
7. Para investidura em mandato de vereador, podendo per-
ceber as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração
do cargo eletivo, caso haja compatibilidade de horários;
8. Para estudo ou missão oficial, com autorização do
Presidente da República, Presidente dos órgãos do Poder
Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal;
9. Para servir em organismo internacional de que o Brasil
participe ou com o qual coopere; e
10. Para participar de curso de formação decorrente
em aprovação para outro cargo na Administração Pú-
blica Federal.
O estágio probatório ficará suspenso em determinadas
hipóteses. Significa dizer que, cessado o impedimento que
o suspendeu, voltará a correr seu prazo. A lei 8.112 prevê
as seguintes licenças e afastamentos como hipóteses de
suspensão do estágio probatório:

LEI N. 8.112/90 / 21
1. Licença concedida ao servidor em virtude de doença
do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do pa-
drasto, da madrasta e enteado ou dependente que viva às
suas expensas;
2. Licença para acompanhar cônjuge ou companheiro
que foi deslocado para outro ponto do território nacional,
para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos
Poderes Executivo e Legislativo;
3. Licença durante o período que mediar entre a esco-
lha do servidor em convenção partidária, como candidato
a cargo eletivo, e à véspera do registro de sua candidatura
perante a Justiça Eleitoral;
4. Afastamento para servir em organismo internacional
de que o Brasil participe ou com o qual coopere; e
5. Afastamento para participação em curso de formação.
O servidor não aprovado no estágio probatório será
exonerado de seu cargo. No entanto, se já for estável na
Administração Pública, será reconduzido ao cargo ante-
riormente ocupado. Caso seu antigo cargo já se encontre
provido, o servidor deverá ser aproveitado em outro cargo
que tenha atribuições e vencimentos compatíveis com o
anteriormente ocupado.

ATENÇÃO: Se durante o estágio probatório o ser-


vidor cometer falta funcional, poderá ser demitido.

22 / LEI N. 8.112/90
Estabilidade: O servidor público, de acordo com o art.
41 da CF modificado pela EC 19/98, adquirirá estabili-
dade após três anos de efetivo exercício, após nomeação
para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
público. Dessa forma, é considerado tacitamente revogado
pela mencionada norma constitucional o art. 21 da lei
8.112/90, o qual previa prazo de 2 anos para aquisição da
estabilidade no serviço público.
A Constituição Federal, em seu art. 41, § 4º, prevê ainda
como condição obrigatória para aquisição da estabilidade
avaliação especial de desempenho por comissão instituída
para essa finalidade.

Perda do cargo de servidor estável: O servidor que ad-


quiriu a estabilidade nos moldes do art. 41 da CF, somente
poderá perder o cargo público nas seguintes hipóteses:
1. Sentença judicial transitada em julgado;
2. Processo administrativo em que lhe seja assegurada
ampla defesa;
3. Procedimento de avaliação periódica de desempenho,
na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa; e
4. Quando as despesas totais com pessoal excederem:
I. No caso da União, a cinqüenta por cento da receita
corrente líquida;e
II. Nos casos dos Estados, Distrito Federal e Municípios,
a sessenta por cento da receita corrente líquida.

LEI N. 8.112/90 / 23
ATENÇÃO: Antes de exonerar servidores está-
veis, a União, os Estados e os Municípios adotarão
as seguintes providências:

1º. Redução em pelo menos 20% das despesas com


cargos em comissão e funções de confiança; e
2º. Exoneração dos servidores não estáveis.

READAPTAÇÃO
Readaptação é a investidura de servidor já pertencente
ao quadro de pessoal da Administração Pública em cargo de
atribuições compatíveis com a limitação que tenha sofrido em
sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica.
Se, no entanto, em virtude da alteração na capacidade física ou
mental o servidor se tornar incapaz, deverá ser aposentado.
A própria lei 8.112, no entanto, tenta preservar a
permanência do servidor em atividade evitando sua
aposentadoria precoce. Prescreve o § 2°, do art. 24 da lei
em estudo que a readaptação será efetivada em cargo de
atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível
de escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipó-
tese de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas
atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.

REVERSÃO
Reversão é a modalidade de reinvestidura do servidor já
aposentado. Porém, nem todo servidor aposentado poderá

24 / LEI N. 8.112/90
reverter ao quadro de pessoal da Administração Pública.
A Medida Provisória n. 2.225-45 de 2001 alterou o art.
25 da lei em estudo, apresentando as hipóteses em que é
possível a reversão:
1ª. Poderá reverter ao cargo o servidor aposentado por
invalidez desde que junta médica oficial declare que não
mais existem os motivos que ensejaram a aposentadoria; e
2ª. Poderá reverter o servidor aposentado no interesse
da Administração desde que:
- tenha solicitado a reversão;
- sua aposentadoria tenha sido voluntária;
- tenha sido estável quando em atividade;
- a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos ante-
riores à solicitação da reversão; e
- que haja cargo vago.
Nas duas hipóteses a reversão vai se dar no mesmo
cargo em que o servidor se aposentou ou no cargo re-
sultante da transformação daquele. O tempo em que
o servidor estiver em exercício será considerado para a
concessão de aposentadoria. Essa regra tem importante
destaque nas hipóteses em que a aposentadoria volun-
tária tenha se dado com tempo inferior ao estabelecido
para a aposentadoria integral. Quando houver reversão
por ter havido cessação da invalidez, o servidor exercerá
suas atribuições como excedente na hipótese de já estar
provido o cargo originário.Com relação aos servidores
que reverteram em razão do interesse da Administração

LEI N. 8.112/90 / 25
terão seus proventos de aposentadoria substituídos pela
remuneração do cargo que voltarem a exercer, inclusive
com as vantagens de natureza pessoal que percebiam
anteriormente à aposentadoria.

ATENÇÃO: Não poderá reverter o aposen-


tado que já tiver completado 70 (setenta) anos
de idade.

REINTEGRAÇÃO
A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no
cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua
transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão
administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as
vantagens. Tendo ocorrido a extinção do cargo que ocupava,
o servidor ficará em disponibilidade, com remuneração pro-
porcional ao tempo de serviço, tendo garantida a possibilidade
de voltar à atividade em cargo com atribuições e remunerações
compatíveis com as que recebia. Tendo havido o provimento do
cargo do reintegrado, o eventual ocupante da vaga, se estável,
será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
remuneração proporcional ao tempo de serviço.

RECONDUÇÃO
Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
anteriormente ocupado. Acontece em duas hipóteses:

26 / LEI N. 8.112/90
1ª. Quando o servidor for considerado inabilitado em
estágio probatório relativo a outro cargo; e
2ª. Quando tiver ocorrido a reintegração do anterior
ocupante do cargo exercido pelo reconduzido.
Caso o cargo original do servidor reconduzido já esteja
provido, ele será aproveitado em outro com atribuições e
remuneração compatíveis com o cargo que exercia.
Ressalta-se que, nas hipóteses em que o servidor for aprovei-
tado em outro cargo ou posto em disponibilidade, será tornado
sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade caso o
servidor não entre em exercício no prazo legal, salvo se o motivo
tiver sido doença comprovada por junta médica oficial.

VACÂNCIA
Vacância significa que determinado cargo na estrutura da
Administração Pública federal encontra-se vago. A lei 8.112
em seu art. 33 elenca os motivos ensejadores da vacância
de um cargo público. São eles: exoneração, demissão, pro-
moção, readaptação, aposentadoria, posse em outro cargo
inacumulável e falecimento.
A exoneração e a demissão são formas de desinvestidura
do cargo público. A demissão é punição por falta grave e
tem como destinatário o servidor público ocupante de cargo
efetivo. Ao que ocupa cargo em comissão a denominação
própria para a desinvestidura é destituição.
A exoneração é o desligamento de determinado cargo a
pedido do servidor ou de ofício a interesse da Administra-
ção. A exoneração de ofício ocorre em duas hipóteses:

LEI N. 8.112/90 / 27
1ª. Quando não satisfeitas as condições do estágio
probatório; e
2ª. Quando tendo tomado posse o servidor não entrar
em exercício.
Os cargos em comissão são de livre nomeação e exo-
neração. A exoneração nesses casos pode se dar a juízo da
autoridade competente ou a pedido do próprio servidor.
Aqueles que exercem função de confiança perdem-na através
da dispensa.

REMOÇÃO
A remoção é o deslocamento do servidor no âmbito do
mesmo quadro, com ou sem mudança de sede. Assim, por
exemplo, entende-se como remoção o deslocamento de um
servidor do Tribunal Regional Eleitoral de determinado Esta-
do-membro que sai do interior para ser lotado na capital.
Observação: O termo “lotação” aqui utilizado pode ser
enquadrado na classificação apresentada pelo Prof. Hely Lo-
pes como lotação nominal ou supletiva, ou seja, corresponde
à distribuição nominal dos servidores para cada repartição
a fim de preencher vagas no quadro funcional.
Pela lei 8.112 a remoção tem três modalidades. Poderá
acontecer:
1º. De ofício, no interesse da Administração;
2º. A pedido, a critério da Administração; e
3º. A pedido, para outra localidade, independentemente
do interesse da Administração.

28 / LEI N. 8.112/90
Esta terceira e última hipótese é excepcional posto que
ocorre à revelia do interesse público. A remoção com base
na referida modalidade deverá ser concedida pela Adminis-
tração ao servidor que a solicitar pelos seguintes motivos:
1º. Para acompanhar cônjuge ou companheiro, também
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
que foi deslocado no interesse da Administração;
2º. Por motivo de saúde do servidor, cônjuge, compa-
nheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste de
seu assentamento funcional, condicionada à comprovação
por junta médica oficial; e
3º. Em virtude de processo seletivo promovido, na
hipótese em que o número de interessados for superior ao
número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas
pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados.
Nessa hipótese diz-se que houve abertura de concurso in-
terno. Esta espécie de remoção foi acrescentada pela lei n.
9.527/1997 que alterou substancialmente a lei 8.112 em
vários outros aspectos, neste caso específico, para garantir a
igualdade de oportunidade para todos os interessados.

REDISTRIBUIÇÃO
Diferentemente do que ocorre na remoção, a redistri-
buição implica no deslocamento do cargo de provimento
efetivo para outro órgão ou entidade do mesmo Poder,
estando o cargo vago ou ocupado no âmbito do quadro

LEI N. 8.112/90 / 29
geral de pessoal. A redistribuição sempre acontecerá no
interesse da Administração.

SUBSTITUIÇÃO
A substituição consiste na previsão de substitutos para
servidores investidos em cargo ou função de direção ou
chefia e para os ocupantes de cargo de natureza especial. Os
substitutos são indicados de acordo com o que determina
o regimento interno ou, não havendo regras com relação à
substituição, os substitutos serão previamente designados
pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. A substituição
ocorrerá nas hipóteses de afastamento, impedimento legal
ou regulamentar do titular, bem como no caso de vacância
do cargo.O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do
cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natu-
reza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos
legais do titular, superiores a trinta dias consecutivos, paga
na proporção dos dias de efetiva substituição, que excederem
o referido período.

30 / LEI N. 8.112/90
Capítulo 3 / Dos Direitos e
Vantagens

A Constituição Federal prevê vários direitos aos ocu-


pantes de cargos públicos. Um dos mais importantes é a
possibilidade de adquirir-se a estabilidade.
No art. 39, § 3° a Constituição prevê que aos servidores
públicos se apliquem as seguintes vantagens previstas para
os trabalhadores urbanos e rurais:
1. Salário-mínimo;
2. Garantia de salário nunca inferior ao mínimo, para
os que percebem remuneração variável;
3. Décimo terceiro salário;
4. Remuneração do trabalho noturno superior ao
diurno;
5. Salário-família;
6. Duração do trabalho normal;
7. Repouso semanal remunerado;
8. Remuneração de serviço extraordinário;
9. Férias com adicional de um terço;
10. Licença à gestante por 120 dias;
11. Licença paternidade, nos termos da lei (a lei 8.112
prevê ser de cinco dias a licença-paternidade);

LEI N. 8.112/90 / 31
12. Proteção do mercado de trabalho da mulher;
13. Redução dos riscos inerentes ao trabalho; e
14. Proibição de diferenças salariais, de exercício de
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade,
cor ou estado civil.

DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
Segundo a Prof.ª Maria Sylvia Di Pietro coexistem
dentro da Administração Pública dois sistemas remune-
ratórios, quais sejam: o sistema de vencimentos ou remu-
neração e o sistema de subsídios, este último introduzido
pela Emenda Constitucional n.19/1998. O sistema de
vencimentos é aplicável aos servidores em geral, é o caso
do tratado na presente lei 8.112 que o regula no âm-
bito dos servidores da União. Compõe-se de parte fixa
estabelecida por lei, correspondente à contraprestação
dos serviços prestados no exercício do cargo e de parte
variável, composta por vantagens pecuniárias de variada
natureza. O sistema de subsídios vigora para agentes
públicos de alto escalão e corresponde à retribuição de
parcela única, não sendo possível a percepção de vantagens
pecuniárias variáveis.
A lei 8.112 diferencia vencimento de remuneração.

Vencimento: É a retribuição pecuniária pelo exercício


de cargo público, com valor fixado em lei.

32 / LEI N. 8.112/90
Remuneração: É o vencimento do cargo efetivo acres-
cido de vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas
em lei.
A garantia constitucional de que ao servidor é assegurado
retribuição pecuniária não inferior ao salário-mínimo estava
relacionada ao vencimento até antes do advento da lei n.
11.784/2008.
Na redação original da lei 8.112, a garantia constitu-
cional do salário não inferior ao valor do salário-mínimo
(art. 7º, IV c/c com o art. 39, § 3°, da CF) era assegurada
ao servidor público federal, infraconstitucionalmente, no
parágrafo único do art. 40.
O art. 40 tem por conteúdo a definição de “vencimento”.
Nesse sentido, o vencimento recebido pelo servidor público
não poderia ser inferior ao salário-mínimo.
Acontece que a lei 11.784/2008, revogando o parágra-
fo único do art. 40, deslocou referida garantia para o art.
41, em seu § 5. ° Tal deslocamente, no entanto, não foi
meramente topográfico. O art. 41 apresenta a definição
de “remuneração” (vencimento + vantagens pecuniárias).
Sendo assim, a garantia do salário não inferior ao mínimo
passa a ser aplicada à remuneração, podendo, desta feita,
o vencimento recebido por servidor público ser inferior ao
salário-mínimo.
O art. 41 da lei em estudo, em seu § 3° diz que “O
vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de
caráter permanente é irredutível”. A interpretação dessa

LEI N. 8.112/90 / 33
norma deve ser feita em conjunto com a regra do art. 37,
inciso XV, da Constituição Federal, o qual consagra a re-
gra da irredutibilidade de vencimentos e subsídios com as
seguintes ressalvas:
1. Do teto remuneratório da Administração Pública, ou
seja, o que exceder do teto estabelecido na Constituição não
poderá ser devido ao servidor público;
2. Os acréscimos pecuniários percebidos pelo servidor
público não serão computados nem acumulados para fins
de concessão de acréscimos ulteriores; e
3. Dedução do imposto de renda geral, universal e pro-
gressivo, na forma da lei.
O teto remuneratório da Administração Pública é pre-
visto no inciso XI do artigo 37 da Constituição Federal nos
seguintes termos:
“A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
funções e empregos públicos da administração direta,
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais
agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, inclu-
ídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza,
não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como
limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados
e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador

34 / LEI N. 8.112/90
no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e
o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
aplicável este limite aos membros do Ministério Público,
aos Procuradores e aos Defensores Públicos”.

Desconto no vencimento: O servidor perderá a remune-


ração do dia em que faltar ao serviço injustificadamente; caso
falte justificadamente em virtude de caso fortuito ou força
maior, as faltas poderão ser compensadas a critério da chefia
imediata, além de que os referidos dias serão contados como
de efetivo exercício. O servidor também perderá parcela da
remuneração diária, proporcionalmente, aos atrasos, ausências
justificadas e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compen-
sação de horários até o mês subseqüente da ocorrência.

Dívidas com o erário: O servidor em débito com o


erário, que for demitido, exonerado ou que tiver sua aposen-
tadoria ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta
dias para quitar o débito. A não quitação do débito no prazo
previsto implicará sua inscrição em dívida ativa.

Natureza alimentar dos vencimentos: O art. 48 da


lei 8.112 consagra que “O vencimento, a remuneração e o

LEI N. 8.112/90 / 35
provento não serão objetos de arresto, seqüestro ou penhora,
exceto nos casos de prestação de alimentos resultante de
decisão judicial”. Isso significa dizer que a remuneração ou
vencimento tem caráter alimentar em relação ao servidor e
seus dependentes, posto que apenas a prestação alimentícia,
assim declarada judicialmente, é capaz de autorizar medida
restritiva sobre os créditos remuneratórios.

Desconto sobre a remuneração: Nenhum desconto


deve incidir sobre a remuneração do servidor, salvo por
determinação judicial ou por imposição legal. O decreto n.
6.386 de 2008 prevê as hipóteses de descontos obrigatórios
e facultativos incidentes na remuneração dos servidores
públicos civis da União. Este ato normativo prevê, por
exemplo, o desconto de contribuição para o plano de segu-
ridade social do servidor público, contribuição para plano
de saúde de entidade fechada de previdência, amortização
de financiamento de imóveis, entre outros.

VANTAGENS
As vantagens previstas na lei 8.112 consubstanciam-se
em: indenizações, gratificações e adicionais.
As gratificações e adicionais podem incorporar-se aos
vencimentos ou proventos desde que haja previsão legal
para tanto e desde que sejam cumpridas todas as condições
impostas pela lei. As indenizações, por sua vez, não se incor-
poram ao vencimento ou provento para qualquer efeito.

36 / LEI N. 8.112/90
Indenizações
São três as indenizações previstas na lei 8.112: Ajuda de
custo, Diárias e Transporte. A MP n. 301 de 2006, conver-
tida na lei 11. 355, de 19 de outubro de 2006, acrescentou
mais uma espécie de vantagem indenizatória a ser prestada
aos servidores públicos denominada de auxílio-moradia.
Nos casos das ajudas de custo, diárias e transporte os
valores das respectivas indenizações e as condições para
concessão serão estabelecidas por regulamento.

Ajuda de custo: Destina-se a compensar as despesas de


instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar
a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio
em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de
indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou
companheiro que detenha também a condição de servidor,
vier a ter exercício na mesma sede. Dentre as despesas cus-
teadas pela Administração Pública estão aquelas relativas
ao transporte do servidor e de sua família, compreendendo
passagens, bagagem e bens pessoais. Apesar do valor da ajuda
de custo vir a ser determinado em regulamento, não poderá
exceder a três meses de remuneração do servidor. Fica veda-
do o pagamento em dobro desta indenização no caso de ser
o cônjuge do servidor transferido para aquela sede.

Diárias: São indenizações pagas ao servidor que se


deslocar de forma eventual ou transitória para outro ponto

LEI N. 8.112/90 / 37
do território nacional ou para o exterior, no cumprimento
de suas atribuições. Se, no entanto, esse deslocamento for
exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a
diárias. As despesas que visam ser indenizáveis por diárias
são: pousada, alimentação e locomoção. A quantidade
de diárias a receber é equivalente à quantidade de dias de
afastamento havendo pernoite fora da sede. Caso não haja
pernoite, será devida pela metade.

ATENÇÃO: O servidor que receber ajuda de


custo e NÃO se apresentar na nova sede no prazo
de 30 DIAS fica obrigado a restituí-la. O servidor
que receber diária e não se deslocar da sede, por
qualquer motivo, deve restituir a diária em até
cinco dias.

Indenização por transporte: É concedida ao servidor


que realizar despesas com a utilização de meio próprio
de locomoção para a execução de serviços externos, por
força das atribuições fora do cargo, conforme se dispuser
em regulamento.

Auxílio-Moradia: O auxílio-moradia consiste no res-


sarcimento das despesas comprovadamente realizadas pelo
servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospe-

38 / LEI N. 8.112/90
dagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de
um mês após a comprovação da despesa pelo servidor. A
MP n. 301/2006, incluindo o art. 60-B, na lei 8.112/90,
elencou uma série de requisitos para concessão da presente
vantagem, entre eles podemos citar:
A) que não exista imóvel funcional disponível para uso
pelo servidor;
B) que o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe
imóvel funcional;
C) que o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não
seja ou tenha sido proprietário, promitente comprador,
cessionário ou promitente cessionário de imóvel no Muni-
cípio aonde for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote
edificado sem averbação de construção, nos doze meses que
antecederem a sua nomeação; e
D) que o deslocamento não tenha sido por força de
alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.
O auxílio-moradia não será concedido por prazo su-
perior a oito anos dentro de cada período de 12 anos. O
valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25% do valor
do cargo em comissão, função comissionada ou cargo de
Ministro de Estado ocupado, não podendo superar 25% da
remuneração de Ministro de Estado. Independentemente
do valor do cargo em comissão ou função comissionada,
fica garantido a todos os que preencherem os requisitos
o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00. No caso de

LEI N. 8.112/90 / 39
falecimento, exoneração, colocação de imóvel funcional à
disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-
moradia continuará sendo pago por um mês.

Gratificações
A lei 8.112 foi alterada na parte em que tratava da gra-
tificação em virtude do exercício de função de confiança.
Atualmente tal gratificação é denominada na lei como
retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e
assessoramento. A lei em comento previu desde sua edição
a gratificação natalina, subsistente até hoje. Por outro lado,
recentemente, foi incluída pela lei n. 11.314, de 3 de julho
de 2006 a gratificação por encargo de curso ou concurso.

Gratificação natalina: Corresponde ao pagamento do


décimo terceiro salário assegurado pela Constituição Federal.
Gratificação natalina é o acréscimo de 1/12 de remuneração
por mês de exercício no respectivo ano de seu pagamento.
O servidor faz jus desta gratificação no mês de dezembro.
Para fins de gratificação natalina é considerado mês a fração
igual ou superior a 15 dias de efetivo exercício.

Retribuição pelo exercício de função de direção, che-


fia e assessoramento: É devida pelo exercício de servidores
ocupantes de cargo efetivo, mas que também desempenhem
alguma função de direção, chefia ou assessoramento, ou

40 / LEI N. 8.112/90
que ocupem cargo de provimento em comissão ou de
natureza especial.

Gratificação por encargo de curso ou concurso: A


Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é devida
ao servidor que, em caráter eventual:
I - atuar como instrutor em curso de formação, de de-
senvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
no âmbito da administração pública federal;
II - participar de banca examinadora ou de comissão para
exames orais, para análise curricular, para correção de provas
discursivas, para elaboração de questões de provas ou para
julgamento de recursos intentados por candidatos;
III - participar da logística de preparação e de realização
de concurso público envolvendo atividades de planeja-
mento, coordenação, supervisão, execução e avaliação de
resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas
entre as suas atribuições permanentes; e
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de
exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar
essas atividades.
A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor
para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como
base de cálculo para quaisquer outras vantagens, inclu-
sive para fins de cálculo de proventos da aposentadoria
e das pensões

LEI N. 8.112/90 / 41
Adicionais
Segundo Hely Lopes Meirelles adicionais são vantagens
pecuniárias que a Administração concede aos servidores
em razão do tempo de exercício ou em face da natureza
peculiar da função que exige conhecimentos especializados
ou um regime próprio de trabalho. A medida provisória n.
2.245-45/2001 revogou o adicional por tempo de serviço
mencionado na clássica definição do saudoso mestre em
Direito Administrativo.

São adicionais previstos de forma expressa na lei


8.112/90:
1º. Adicional de insalubridade, periculosidade e ativi-
dades penosas;
2º. Adicional por serviço extraordinário;
3º. Adicional Noturno; e
4º. Adicional de férias.

ATENÇÃO: A lei 8112 não apresenta rol ta-


xativo de adicionais, prevendo a possibilidade de
instituição de outros relativos ao local ou à natureza
do trabalho.

Adicionais de insalubridade, periculosidade ou ati-


vidades penosas: Estes adicionais são devidos sobre o ven-
cimento do cargo efetivo quando os servidores trabalhem,
com habitualidade:

42 / LEI N. 8.112/90
A. Em locais insalubres, em contato permanente com
substâncias tóxicas, radioativas (Adicional de Insa-
lubridade);
B. Com risco de vida (Adicional de Periculosidade); e
C. Servindo em zonas de fronteira ou em localidades
cujas condições de vida o justifiquem (Adicional de
atividades penosas).
O servidor não poderá perceber concomitantemente
os adicionais de insalubridade e periculosidade, devendo
optar por um deles. Eliminadas as causas ensejadoras da
insalubridade e da periculosidade cessam os direitos de
perceber os adicionais.
Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de
insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situ-
ações estabelecidas em legislação específica.

Adicional por serviço extraordinário: Serviço ex-


traordinário é aquele prestado fora da jornada normal
de atividades. É remunerado com acréscimo de 50% em
relação à hora normal de trabalho. O serviço extraordinário
apenas será permitido para atender a situações excepcionais
e temporárias, respeitando-se o limite máximo de 2 horas
extraordinárias por jornada.

Adicional noturno: O adicional noturno é devido pe-


los serviços prestados em horário compreendido entre 22
horas de um dia e 5 horas do dia seguinte. A vantagem será

LEI N. 8.112/90 / 43
de 25% sobre o valor-hora do vencimento, ressaltando-se
que a “hora” para efeitos desse adicional tem a duração de
cinqüenta e dois minutos e trinta segundos.

Adicional de férias: O servidor tem o direito de per-


ceber, por ocasião das férias, um adicional correspondente
a 1/3 da remuneração. Exercendo, o servidor, função de
direção, chefia ou assessoramento, ou ocupando cargo em
comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo
do adicional de férias.

FÉRIAS
O servidor público da União tem direito a trinta dias
de férias, após o período aquisitivo de doze meses de exer-
cício da atividade, podendo as férias serem parceladas em
três etapas se assim for requerido pelo servidor e se houver
interesse da Administração.
As férias podem ser acumuladas até o máximo de dois
períodos, no caso de haver necessidade do serviço ou se de
outra forma estabelecer legislação específica. Qualquer falta
ao serviço não pode ser considerada como gozo do período de
férias. O pagamento da remuneração para o período de férias
será efetuado até dois dias antes do início das mesmas.
O servidor que for exonerado de cargo efetivo ou em co-
missão terá direito a indenização relativa ao período de férias
na proporção de um doze avos por mês de exercício efetivo,
sendo considerado mês a fração superior a quatorze dias.

44 / LEI N. 8.112/90
As férias somente poderão ser interrompidas:
1. Por motivo de calamidade pública;
2. Por comoção interna;
3. Por convocação para júri;
4. Pelo serviço militar ou eleitoral; e
5. Por necessidade do serviço declarada pela autoridade
máxima do órgão ou entidade.

LICENÇAS
Licença é a concessão de um período em que o ser-
vidor ficará afastado do exercício de seu cargo com ou
sem percepção da remuneração. A lei 8.112 prevê as
seguintes licenças:
1. Por motivo de doença em pessoa da família;
2. Por motivo de afastamento do cônjuge ou com-
panheiro;
3. Para o serviço militar;
4. Para atividade política;
5. Para capacitação;
6. Para tratar de interesses particulares; e
7. Para desempenho de mandato classista.
A licença concedida dentro de 60 dias do término
de outra da mesma espécie será considerada como
prorrogação.

Licença por motivo de doença em pessoa da família:


Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de

LEI N. 8.112/90 / 45
doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos,
do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva
a suas expensas e conste do seu assentamento funcional,
mediante comprovação por perícia médica oficial. Esta
licença apenas é concedida se a assistência do servidor for
indispensável e se esta não puder ser prestada concomi-
tantemente com o exercício do cargo, inclusive mediante
compensação de horários a critério da chefia.
A licença poderá ser concedida, incluídas as prorrogações
a cada período de 12 meses nas seguintes condições:
1) por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, man-
tida a remuneração do servidor; e 
2) por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
remuneração.
O início do intervalo de 12 (doze) meses será contado a
partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
A soma das licenças remuneradas e das licenças não remu-
neradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas
em um mesmo período de 12 (doze) meses,  não poderá
ultrapassar os limites de 60 dias para as remuneradas e de
90 dias para as não remuneradas.

Licença por motivo de afastamento do cônjuge: Po-


derá ser concedida ao servidor para acompanhar cônjuge
ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do
território nacional, para o exterior ou para o exercício de

46 / LEI N. 8.112/90
mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. A
licença será por prazo indeterminado e sem remuneração.
No deslocamento do servidor cujo cônjuge ou compa-
nheiro também seja servidor público, civil ou militar, de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisório
deste em órgão ou entidade da Administração Federal direta,
autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de
atividade compatível com o seu cargo.

Licença para o serviço militar: É licença concedida ao


servidor convocado para o serviço militar. Essa licença é
concedida na forma e nas condições previstas em legislação
específica. Concluído o serviço militar, o servidor terá até 30
dias sem remuneração para reassumir o exercício do cargo.

Licença para atividade política: O servidor terá direito


a licença, sem remuneração, durante o período que mediar
entre a sua escolha em convenção partidária, como candida-
to a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura
perante a Justiça Eleitoral.
O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção,
chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele
será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua
candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia
seguinte ao do pleito.

LEI N. 8.112/90 / 47
A partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte
ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os venci-
mentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.

Licença para capacitação: A cada cinco anos de efetivo


exercício, o servidor poderá, no interesse da Administração,
afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva
remuneração em até três meses, para participar de curso de
capacitação profissional. Este período não é acumulável.

Licença para tratar de interesses particulares: A crité-


rio da Administração, poderão ser concedidas ao servidor
ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em estágio
probatório, licenças para o trato de assuntos particulares
pelo prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.
A licença pode ser interrompida a qualquer tempo, a pedido
do servidor ou no interesse do serviço.

Licença para desempenho de mandato classista: É


assegurado ao servidor direito à licença sem remuneração
para o desempenho de mandato em confederação, fede-
ração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato
representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da
profissão ou, ainda, para participar de gerência ou adminis-
tração em sociedade cooperativa constituída por servidores
públicos para prestar serviços a seus membros, contando-se
o tempo da ausência como de efetivo exercício, exceto para

48 / LEI N. 8.112/90
efeito de promoção por merecimento, conforme disposto
em regulamento e observados os seguintes limites:
I - para entidades com até 5.000 associados, 2 servidores;

II - para entidades com 5.001 a 30.000 associados, 4 servidores;

III - para entidades com mais de 30.000 associados, 8


servidores.

Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para


cargos de direção ou de representação nas referidas entidades,
desde que cadastradas no órgão competente.

A.licença.terá.duração.igual.à.do.mandato,.podendo.ser.
renovada,.no.caso.de.reeleição.

AFASTAMENTOS
Afastamento para servir a outro órgão ou entidade:
O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou
do Distrito Federal e dos Municípios, para o exercício de
cargo em comissão ou função de confiança ou nos casos
previstos em lei específica.
Quando a cessão se der para órgãos ou entidades de
qualquer Poder dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios para o exercício de cargo em comissão ou fun-
ção de confiança, o ônus da remuneração será do órgão ou
entidade cessionária, ou seja, daquela que recebe o servidor,
mantido o ônus para o cedente nos demais casos.

LEI N. 8.112/90 / 49
Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou so-
ciedade de economia mista, nos termos das respectivas normas,
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração
do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo
em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das
despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem.
A cessão será feita mediante portaria publicada no Diário
Oficial da União.

Afastamento para exercício de mandato eletivo:


1º. O servidor que for investido em mandato federal,
estadual ou distrital ficará afastado do cargo ou função;
2º. O servidor que for investido em mandato de Prefeito
ficará afastado do cargo ou função, sendo-lhe facultado
optar pela sua remuneração; e
3º. O servidor que for investido no mandato de vereador,
havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens
de seu cargo ou função, sem prejuízo da remuneração do
cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será afastado
do cargo ou função, podendo optar pela sua remuneração.
Em qualquer caso que exija o afastamento para o exer-
cício de mandato eletivo, o servidor contribuirá para a
seguridade social como se em exercício estivesse e seu tempo
de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto
para promoção por merecimento.

50 / LEI N. 8.112/90
ATENÇÃO: O servidor investido em man-
dato eletivo ou classista não poderá ser removido
ou redistribuído de ofício para localidade diversa
daquela onde exerce o mandato.

Afastamento para estudo ou missão no exterior: O


servidor não poderá ausentar-se do país para estudo ou
missão oficial, sem autorização do Presidente da República,
Presidente dos órgãos do Poder Legislativo e Presidente do
Supremo Tribunal Federal.
Em caso de ausência, esta não poderá exceder a quatro
anos, e finda a missão ou estudo, somente decorrido igual
período, será permitida nova ausência. Esta regra também
incide no caso do servidor pretender sua exoneração ou
licença para tratar de interesse particular, após ter ficado
ausente para missão ou estudo no exterior, salvo se houver
ressarcimento da despesa havida com seu afastamento.
As regras deste afastamento não se aplicam aos servidores
de carreira diplomática.
O afastamento de servidor para servir em organismo in-
ternacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere
dar-se-á com perda total da remuneração.

Afastamento para participação em programa de pós-


graduação stricto sensu: A lei n. 11.907 de 2009, incluindo
o art. 96-A na lei 8.112 de 90, passou a prever uma nova

LEI N. 8.112/90 / 51
possibilidade de afastamento do servidor público de suas
atividades. Segundo mencionado artigo, o servidor poderá,
no interesse da administração, e desde que a participação
não possa ocorrer simultaneamente com o exercício do
cargo ou mediante compensação de horário, afastar-se do
exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração,
para participar em programa de pós-graduação stricto sensu
em instituição de ensino superior no país.
A pós-graduação stricto sensu compreende os programas
de mestrado e doutorado.
Os afastamentos para realização de programas de mes-
trado e doutorado, somente serão concedidos aos servidores
titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade
há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro)
anos para doutorado, incluído o período de estágio proba-
tório, que não tenham se afastado por licença para tratar
de assuntos particulares, para gozo de licença capacitação
ou em virtude de participação em outro programa de pós-
graduação nos 2 (dois) anos anteriores à data da solicitação
de afastamento.
Já a licença para afastamento em razão de participação
em programa de pós-doutorado somente poderá ser con-
cedida ao servidor titular de cargo efetivo no respectivo
órgão ou entidade há pelo menos quatro anos, compu-
tando-se o tempo de estágio probatório, e desde que nos
4 (quatro) anos anteriores à data da solicitação de afas-
tamento não tenha se afastado por licença para tratar de

52 / LEI N. 8.112/90
assuntos particulares, ou em virtude de outro programa
de pós-graduação.
Os servidores beneficiados por este afastamento estarão
obrigados a permanecer no exercício de suas funções após
o seu retorno por um período igual ao do afastamento
concedido.

CONCESSÕES
Concessões. são. as. hipóteses. em. que. o. servidor. pode.
ausentar-se. do. serviço. sem. qualquer. prejuízo,. seja. para.
contagem de tempo de serviço, para disponibilidade ou
para promoção por merecimento.
As.hipóteses.de.concessões.na.Lei.8.112.são:
1. Um.dia,.para.doação.de.sangue;
2. Pelo período comprovadamente necessário para alistamento ou
recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2 dias;
3..Oito.dias.consecutivos.em.razão.do.casamento;
4..Oito.dias.consecutivos.em.razão.do.falecimento.do.
cônjuge, companheiro, pais, padrasto ou madrasta, filhos,
enteados, menor sob sua guarda ou tutela e irmãos;
5. Horário especial ao servidor estudante, quando
comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e
o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo. Neste
caso, será exigida a compensação de horário no órgão ou
entidade que tiver exercício, respeitada a duração semanal
do trabalho;
6. Horário especial ao servidor portador de deficiência,
comprovada a necessidade por junta médica oficial, inde-

LEI N. 8.112/90 / 53
pendentemente de compensação de horário, bem como será
concedido horário especial ao servidor que tenha cônjuge,
filho ou dependente portador de deficiência física quando
igualmente comprovada a necessidade por junta médica
oficial, neste caso, no entanto, exigindo-se a compensação
de horário;
7. Horário especial ao servidor que atue como instrutor
em curso de formação, de desenvolvimento ou de treina-
mento regularmente instituído no âmbito da administração
pública federal ou que participe de banca examinadora ou
de comissão para exames orais, para análise curricular, para
correção de provas discursivas, para elaboração de questões
de provas ou para julgamento de recursos intentados por
candidatos, vinculando-se as referidas concessões à com-
pensação de horário. De acordo com a lei 11.501/2007, a
compensação de horário, nesses casos, deverá ser efetuada
no prazo de um ano; e
8. Garantia de matrícula em instituição de ensino congêne-
re, em qualquer época, independentemente de vaga, ao servidor
estudante, a seu cônjuge ou companheiro, filhos, enteados que
vivam em sua companhia e menores sob sua guarda, quando o
servidor mudar de sede no interesse da Administração.

TEMPO DE SERVIÇO
A contagem do tempo de serviço é imprescindível para o
cálculo de aposentadoria, disponibilidade, promoção entre
outras benesses a que tem direito o servidor público.

54 / LEI N. 8.112/90
O tempo que o servidor público federal passa em exercício
é contado para todos os efeitos; inclui-se neste cômputo o
tempo prestado às Forças Armadas. A apuração do tempo de
serviço será feita em dias, que serão convertidos em anos, con-
siderado o ano como de trezentos e sessenta e cinco dias.
São considerados, por exemplo, como de efetivo
exercício:
1. As ausências para doar sangue, alistar-se eleitor, casar
e em virtude de falecimento de parente;
2. Férias;
3. Exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados,
Municípios e Distrito Federal;
4. Participação em programa de treinamento;
5. Missão ou estudo no exterior;
6. Licença à gestante, à adotante e à paternidade; e
7. Licença para o tratamento da própria saúde até o
limite de 24 meses; entre outros.

São considerados como de efetivo exercício, porém


não para efeitos de promoção por merecimento:
1. O desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
municipal e distrital; e
2. O desempenho de mandato classista ou participa-
ção de gerência ou administração em sociedade coope-
rativa constituída por servidores para prestar serviços a
seus membros.

LEI N. 8.112/90 / 55
São considerados apenas para efeito de aposentadoria
e disponibilidade, por exemplo:
1. O tempo de serviço público prestado aos Estados,
Municípios e Distrito Federal;
2. O tempo de serviço em atividade privada, vinculada
à Previdência Social; e
3. Licença para tratamento de saúde de pessoal da família
do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta)
dias em período de 12 (doze) meses, entre outros.

ATENÇÃO: É vedada a contagem cumulativa


de tempo de serviço prestado concomitantemente
em mais de um cargo ou função de órgão ou entida-
de dos poderes da União, Estado, Distrito Federal e
Municípios, autarquia, fundação pública, sociedade
de economia mista e empresa pública.

DIREITO DE PETIÇÃO
O direito de petição assegurado na lei 8.112/90, nos arts.
104 e seguintes, não pode ser considerado equivalente ao
previsto no art. 5°, inciso XXXIV, da Constituição Federal. O
direito de petição constitucional tem por objetivo a máxima
acessibilidade de todos os cidadãos concedendo-lhes a prerro-
gativa de peticionar a qualquer autoridade pública de qualquer

56 / LEI N. 8.112/90
dos Poderes, inclusive Ministério Público, para defesa de direi-
tos em geral ou contra a ilegalidade ou abuso de poder.
O direito de petição dos servidores civis da União con-
substancia-se no direito de requerer dos Poderes Públicos
em defesa de direito ou interesse legítimo relativo a sua
condição de servidor. Desta forma, se um agente público
observa que um dos seus direitos consagrado na presente
Lei lhe está sendo negado, pode peticionar à autoridade
competente para decidir sobre seu direito, sendo este pedido
encaminhado por intermédio da autoridade a que estiver
imediatamente subordinado o requerente.
À autoridade que expediu o ato controvertido ou àquela
que proferiu a primeira decisão, cabe pedido de reconside-
ração, não podendo ser este renovado.
Cabe recurso:
1º. Do indeferimento do pedido de reconsideração; e
2º. Das decisões sobre os recursos sucessivamente
interpostos.
Os recursos também serão encaminhados por intermédio
da autoridade a que estiver imediatamente subordinado o
requerente e terá como destinatário a autoridade imedia-
tamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a
decisão, e assim será feito sucessivamente em escala ascen-
dente, sempre que houver uma autoridade superior.
O prazo para se interpor o pedido de reconsideração ou
de recurso é de 30 dias a contar da publicação ou da ciência,
pelo interessado, da decisão recorrida.

LEI N. 8.112/90 / 57
A autoridade competente poderá receber o recurso com
efeito suspensivo, o que significa dizer que ao receber o
recurso poderá suspender os efeitos ou eficácia do ato que
está sendo objeto de recurso.
Se for provido o recurso ou o pedido de reconsideração,
os efeitos da decisão retroagirão à data do ato impugnado.
Todos os efeitos e atos que forem conseqüentes do ato
impugnado serão atingidos e invalidados desde a data em
que fora proferido o ato impugnado ou desrespeitado o
direito do servidor. Em outras palavras, a decisão produz
efeitos ex tunc.

Há dois prazos prescricionais referentes ao direito


de petição:
I. Prescreve em cinco anos as pretensões quanto aos atos
de demissão e de cassação de aposentadoria ou disponibili-
dade, ou as pretensões que derivem de interesse patrimonial
e de créditos resultantes das relações de trabalho; e
II. Prescreve em 120 dias qualquer outra pretensão, salvo
quando prazo diverso for fixado em lei.
O prazo prescricional começa a correr da data da publica-
ção do ato impugnado ou da data da ciência do interessado
quando o ato não for publicado.
O pedido de reconsideração e o recurso, quando in-
terpostos, se cabíveis, interrompem a prescrição, ou seja,
feito o pedido de reconsideração, por exemplo, o prazo
prescricional voltará a correr do início.

58 / LEI N. 8.112/90
Mesmo que a Administração Pública pretenda relevar
a prescrição, não poderá fazê-lo, posto que a prescrição é
matéria de ordem pública, indisponível. No entanto, se o
ato objeto do recurso ou pedido é ilegal, a Administração
Pública deverá revê-lo a qualquer tempo.

LEI N. 8.112/90 / 59
Capítulo.4./.Do.Regime.
Disciplinar

A.lei.8.112.prevê.os.deveres.que.devem.ser.obser-
vados. pelos. servidores. federais. no. exercício. de. cargo.
efetivo.ou.função,.bem.como.pelos.servidores.nome-
ados. para. cargos. em. comissão.. Os. principais. deveres.
do.servidor.são:
1..Ser.leal.às.instituições.a.que.servir;
2..Cumprir.as.ordens.superiores,.exceto.quando.mani-
festamente.ilegais;.
3.. Levar.as irregularidades de que tiver ciência em
razão do cargo ao conhecimento da autoridade
superior ou, quando houver suspeita de
envolvimento desta, ao conhecimento de outra
autoridade competente para apuração; .
4..Zelar.pela.economia.do.material.e.a.conservação.do.
patrimônio.público;
5..Manter.conduta.compatível.com.a.moralidade.ad-
ministrativa;
6..Ser.assíduo.e.pontual.ao.serviço,.entre.outros.impor-
tantes.deveres.
ACUMULAÇÃO DE CARGOS
A. Constituição. Federal. no. seu. art.. 37,. inciso. XVI.
proíbe. a. acumulação. de. cargos. públicos.. Excepcional-
mente,.no.entanto,.prevê,.ainda,.este.mesmo.inciso,.que.
60./.LEI.N..8.112/90
em determinadas hipóteses é permitida a acumulação
remunerada de cargos públicos. São elas:
1ª. Acumulação de dois cargos de professores;
2ª. Acumulação de um cargo de professor com outro,
técnico ou científico; e
3ª. Acumulação de dois cargos ou empregos privativos
de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
Para que seja possível as referidas acumulações deve haver
compatibilidade de horários e que a remuneração recebida
nos dois cargos não exceda o teto previsto no inciso XI,
do mesmo art. 37 da Constituição Federal. A proibição
de acumular é estendida a empregos e funções e abrange
autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público.
A proibição para a acumulação estende-se, ainda, à per-
cepção de vencimento do cargo ou emprego com proventos
da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram
essas remunerações forem acumuláveis na atividade. Caso o
servidor que já acumule licitamente dois cargos efetivos vier
a ser nomeado para um cargo em comissão deve se afastar de
ambos os cargos efetivos, salvo se houver compatibilidade
de horário e local com o exercício de UM deles.
A acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
públicas é ato infracional disciplinar cometido pelo servidor
passível de aplicação da pena de demissão.

LEI N. 8.112/90 / 61
Detectada a acumulação ilegal de cargos, empregos ou
função o servidor será notificado, por intermédio de sua
chefia imediata, pela autoridade que tiver tido ciência da
irregularidade, para que apresente opção por um dos cargos,
no prazo improrrogável de dez dias, contando-se esse prazo
da data da ciência da notificação. Se o servidor se mantiver
omisso será instaurado processo administrativo disciplinar
adotando-se o procedimento sumário.
Instaurado o processo administrativo disciplinar se o
servidor fizer a opção por um dos cargos até o último dia
de prazo para a defesa, presumir-se-á sua boa-fé, não lhe
sendo imposta nenhuma penalidade e convertendo-se a
opção, automaticamente, em pedido de exoneração do
outro cargo.
Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé,
pela não opção do servidor a um dos cargos, será aplicada
a pena de demissão, destituição (se estiver acumulando ile-
galmente cargos em comissão) ou cassação de aposentadoria
ou disponibilidade em relação a todos os cargos, empregos
ou funções públicas em regime de acumulação ilegal.

RESPONSABILIDADE
O servidor ao executar irregularmente suas atribuições
poderá responder civil, penal e administrativamente.
No artigo 37, § 6°, da Constituição Federal foi consagrada
a responsabilidade objetiva do Estado. A responsabilidade

62 / LEI N. 8.112/90
objetiva traz para a Administração Pública a obrigação de in-
denizar danos que seus agentes causem a terceiros no exercício
de suas funções. A incidência da responsabilidade objetiva
para o Estado não exime o servidor de responder por suas
ações quando prejudicar terceiros com culpa ou dolo.
A responsabilidade civil do servidor deriva de dano
causado ao erário ou a terceiro se para isso o servidor tenha
agido ou se omitido de forma intencional, caracterizando
o dolo, ou de forma desidiosa ou negligente, o que carac-
teriza a culpa.
Tendo causado dolosamente prejuízo ao erário, o servi-
dor indenizará o prejuízo no prazo máximo de trinta dias
podendo parcelar o débito desde que cada parcela não seja
inferior a 10% da remuneração do mesmo. Se causar danos
a terceiros responderá, o servidor, perante a Fazenda Pública
em ação regressiva movida por esta. A obrigação de reparar
o dano transfere-se aos sucessores do servidor até o limite
do valor da herança recebida.
A responsabilidade penal surge do cometimento de atos
que consubstanciam infrações penais ligadas ao exercício
das atribuições do servidor.
A responsabilidade administrativa advém de condutas
impróprias do servidor no desempenho de suas funções
que estejam em desacordo com os princípios e regras que
norteiam a Administração Pública.
O servidor ao praticar um único ato poderá ser pu-
nido civil, penal e administrativamente. Os diferentes

LEI N. 8.112/90 / 63
tipos.de.penas.cumulam-se,.portanto..As.três.esferas.de.
responsabilidade.são.independentes.entre.si..Existe.a.pos-
sibilidade.de.o.servidor,.por.exemplo,.não.ser.condenado.
civilmente.caso.sua.conduta.não.cause.danos,.isso.não.o.
isentará.da.responsabilidade.penal.ou.da.administrativa..
Em.que.pese.a.independência.entre.as.sanções,.há.hipó-
teses.em.que.a.decisão.em.uma.das.esferas.influenciará.
as.demais:
1ª..Se.na.esfera.penal.o.servidor.for.absolvido.em.virtude.
da.inexistência.do.fato,.ou.se.o.servidor.for.absolvido.porque.
o.ato.não.foi.de.sua.autoria,.não.poderá.ele.ser.sancionado.
administrativamente;.e
2ª..Se.na.esfera.penal.o.agente.for.condenado,.a.obri-
gação.de.reparar.o.dano.civil.se.torna.certa,.fazendo.coisa.
julgada,.ou.seja,.havendo.condenação.no.processo.penal,.
não.há.necessidade.de.haver.condenação.em.processo.civil.
para.que.seja.exigível.a.reparação.do.dano.
..No.entanto.nenhum.servidor.poderá.ser.responsabilizado
civil,.penal.ou.administrativamente.por.dar.ciência.à.auto-
ridade.ou,.quando.houver.suspeita.de.envolvimento.desta,
a.outra.autoridade.competente.para.apuração.de.informa-
ção.concernente.à.prática.de.crimes.ou.improbidade.de.
que.tenha.conhecimento,.ainda.que.em.decorrência.do.e-.
xercício.de.cargo,.emprego.ou.função.pública.

PENALIDADES E PROIBIÇÕES
Existem. uma. série. de. atitudes. que. são. proibidas. aos.
servidores..O.descumprimento.de.qualquer.dessas.proibi-
ções.levará.a.aplicação.de.uma.sanção.ao.servidor.após.o.
procedimento.administrativo.adequado,.seja.sindicância.ou.
processo.disciplinar,.onde.serão.assegurados.ao.servidor.o.
contraditório.e.a.ampla.defesa..
As. penalidades. que. podem. ser. aplicadas. aos. servi-
dores.são:
64./.LEI.N..8.112/90
I. Advertência;
II. Suspensão;
III. Demissão;
IV. Cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V. Destituição de cargo em comissão; e
VI.Destituição de função comissionada.
Ao se aplicar qualquer das penalidades serão levadas
em conta a natureza e a gravidade da infração cometida,
os danos que dela provierem para o serviço público, as
circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
funcionais. Todo ato através do qual for imposta uma sanção
ao servidor deverá ser motivado.
O ato deverá mencionar, sempre, o fundamento legal e
a causa da sanção disciplinar.

Pena de advertência: A pena de advertência será aplicada


por escrito. Cabe aplicação da pena de advertência nos casos
de violação das seguintes proibições:
1. Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
prévia autorização do chefe imediato;
2. Retirar, sem prévia anuência da autoridade compe-
tente, qualquer documento ou objeto da repartição;
3. Recusar fé a documentos públicos;
4. Opor resistência injustificada a andamento de docu-
mento e processo ou execução de serviço;
5. Promover manifestação de apreço ou desapreço no
recinto da repartição;

LEI N. 8.112/90 / 65
6. Cometer à pessoa estranha à repartição, fora dos casos
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de
sua responsabilidade ou de seu subordinado;
7. Coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia-
rem-se a associação profissional ou sindical ou a partido
político;
8. Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o se-
gundo grau civil;
9. Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando
solicitado; e
10. Também fica passível de receber pena de advertência
o servidor que não observar o dever funcional previsto em
lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique
imposição de penalidade mais grave.

Pena de suspensão: A suspensão é aplicada em caso de


reincidência das faltas punidas com advertência e de violação
das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita
a penalidade de demissão, como por exemplo, cometer a
outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa,
exceto em situações de emergência e transitórias.
A aplicação da pena de suspensão não pode exceder a
90 dias. Essa quantidade é determinada pela autoridade
competente a depender da gravidade do ato e de suas
conseqüências. A lei 8.112 prevê, no entanto, limite
menor de até 15 dias, para o servidor que se recusar a ser

66 / LEI N. 8.112/90
submetido à inspeção médica determinada pela autori-
dade competente, contudo cumprindo a determinação
do exame, cessarão os efeitos da penalidade, tornando
inválida a continuidade da pena. Quando houver conve-
niência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá
ser convertida em multa, na base de 50% por dia de ven-
cimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a
permanecer em serviço.

ATENÇÃO: A penalidade de suspensão no


prazo de cinco anos terá seu registro cancelado se o
servidor, nesse período, não houver praticado nova
infração disciplinar. Esse prazo é reduzido para três
anos nos casos de pena de advertência.

Pena de demissão: A pena de demissão é uma das mais


graves a serem aplicadas como sanção à falta disciplinar do
servidor. As causas que autorizam sua aplicação traduzem,
em quase todas as hipóteses, uma conduta irresponsável,
ilegal ou imoral por parte do servidor.
Autoriza a aplicação da pena de demissão a violação das
seguintes proibições:
1. Valer-se de cargo para lograr proveito pessoal ou de
outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
2. Participar de gerência ou administração de sociedade
privada, personificada ou não personificada, e exercer o

LEI N. 8.112/90 / 67
comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou co-
manditário. Referida proibição não se aplica, no entanto,
à participação nos conselhos de administração e fiscal de
empresas ou entidades em que a união detenha, direta ou
indiretamente, participação no capital social ou em sociedade
cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros,
bem como na hipótese gozo de licença para o trato de inte-
resses particulares, na forma do art. 91 da lei 8.112;
3. Atuar, como procurador ou intermediário, junto a
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
grau, e de cônjuge ou companheiro;
4. Receber propina, comissão, presente ou vantagem de
qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
5. Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
estrangeiro;
6. Praticar usura sobre qualquer de suas formas;
7. Proceder de forma desidiosa; e
8. Utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição
em serviços ou atividades particulares.

Também são causas de demissão segundo a lei 8.112:


1. A prática de crime contra a administração pública.
Estes crimes são os tipificados nos artigos 312 a 326 do
Código Penal;
2. Abandono de cargo, ou seja, ausência intencional do
servidor ao serviço por 30 dias consecutivos;

68 / LEI N. 8.112/90
3. Inassiduidade habitual, a qual se configura com a falta
ao serviço, sem causa justificada, por 60 dias, interpolada-
mente, durante o período de doze meses;
4. A prática de improbidade administrativa, cuja disci-
plina encontra-se na lei n. 8.429/1992;
5. Incontinência pública e conduta escandalosa na
repartição;
6. Insubordinação grave em serviço;
7. Ofensa física, em serviço, a servidor ou particular,
salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
8. Aplicação irregular de dinheiros públicos;
9. Revelação de segredo do qual se apropriou em razão
do cargo;
10. Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô-
nio nacional;
11. Corrupção; e
12. Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
públicas.

Pena de cassação de aposentadoria e disponibili-


dade: Esta penalidade será aplicada quando, apesar de
já aposentado ou em disponibilidade, o servidor tiver
praticado, em atividade, falta punível com a demissão que
não estiver prescrita.

Pena de destituição de cargo em comissão: Esta pena é


aplicada para o servidor que não é ocupante de cargo efetivo

LEI N. 8.112/90 / 69
e se dará sempre que o servidor cometer infração sujeita às
penalidades de suspensão e de demissão. Caso o servidor
tenha cometido infração, porém antes desta ser descober-
ta, tenha se exonerado do cargo, o ato de exoneração será
convertido em destituição de cargo em comissão.

Demais efeitos das sanções disciplinares: Determi-


nadas condutas inadequadas por parte do servidor, em
virtude de sua gravidade, podem vir a acarretar outras
conseqüências que serão somadas às eventuais penas apli-
cadas. Assim, se o servidor for demitido ou destituído do
cargo em comissão por ter praticado ato de improbidade
administrativa, aplicado irregularmente dinheiro público,
lesado os cofres públicos, dilapidado o patrimônio nacio-
nal e praticado ato de corrupção, ficará com seus bens
indisponíveis e deverá ressarcir ao erário o prejuízo que
tenha causado, além de ficar impossibilitado de retornar
definitivamente ao serviço público federal. Fica impos-
sibilitado, também, de retornar ao serviço público aquele
que praticou crime contra a administração pública. Da
mesma forma, o servidor que for demitido ou destituído
de cargo em comissão em virtude de valer-se do cargo para
lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da
dignidade da função pública e que atuar como procurador
ou intermediário junto a repartições públicas ficará in-
compatibilizado de nova investidura em cargo público
federal pelo prazo de cinco anos.

70 / LEI N. 8.112/90
Prescrição da ação disciplinar: A prescrição relativa
à aplicação de pena disciplinar começa a correr da data
em que se tornou conhecido o fato. O prazo prescricional
ficará interrompido caso haja abertura de sindicância ou
instauração de processo disciplinar, voltando o prazo a
correr em sua integralidade a partir do dia em que cessar
sua interrupção. A ação disciplinar prescreverá:
I. Em cinco anos, quanto às infrações puníveis com
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
destituição de cargo em comissão;
II. Em dois anos, quanto à suspensão; e
III. Em cento e oitenta dias, quanto à advertência.

ATENÇÃO: Se, no entanto, uma infração


disciplinar é também considerada crime, o prazo
para a prescrição da ação disciplinar será aquele
previsto na lei penal.

LEI N. 8.112/90 / 71
Capítulo 5 / Processo
Administrativo Disciplinar

O processo administrativo disciplinar é uma espécie


de processo administrativo de fim específico. Objetiva a
investigação de infração disciplinar cometida por servidor
público com a aplicação da respectiva sanção para o ato
infracional. Segundo Maria Sylvia Di Pietro, o sistema ado-
tado no ordenamento nacional para a repressão disciplinar
foi o sistema misto ou de jurisdicionalização moderada.
Por este sistema determinados órgãos intervêm de forma
opinativa no processo, sendo a pena aplicada pelo superior
hierárquico que tem certo grau de discricionariedade na
verificação dos fatos e na escolha da pena aplicável.
O processo disciplinar é regido pelo princípio da
oficialidade, ou seja, deve ser iniciado por iniciativa da
própria administração, a qual também o impulsionará
até a decisão final e aplicação da pena. O processo ad-
ministrativo disciplinar também pode ser iniciado por
provocação do administrado.
Dois importantes princípios que estão presentes no
processo disciplinar e que são assegurados na lei 8.112 em
obediência ao direito fundamental elencado no inciso LV,
do artigo 5º, da Constituição Federal, são os princípios

72 / LEI N. 8.112/90
do contraditório e da ampla defesa. Tais princípios não
são observados apenas na fase de defesa. Desde a instau-
ração do processo disciplinar o servidor investigado tem a
oportunidade de acompanhar todo o procedimento e de se
manifestar com relação às provas colhidas.
A lei 8.112 prevê como instrumentos de aplicação de
penalidades funcionais o processo disciplinar e a sindicância.
Deve-se ressaltar que existe um rito sumário para o processo
disciplinar o qual é regulamentado pela própria lei 8.112,
nos arts. 133 e 140.
A autoridade que primeiro tomar conhecimento acerca
de irregularidade no serviço público tem a obrigação de
promover sua apuração imediata, assegurando ao acusado
ampla defesa. A omissão da autoridade com relação a esta
obrigação pode configurar ilícito penal. A apuração pode
ser promovida por autoridade de órgão ou entidade diverso
daquela em que tenha ocorrido a irregularidade, desde que
tenha competência para isto.
As denúncias sobre irregularidades serão objetos de
apuração, devem ser feitas por escrito e conter a identifica-
ção e o endereço do denunciante. Caso o fato narrado não
configurar, de forma evidente, infração disciplinar ou ilícito
penal, a denúncia deve ser arquivada por falta de objeto.

PROCESSO DISCIPLINAR SUMÁRIO


O legislador preferiu escolher um rito mais célere
nos casos de investigação de acumulação ilegal de cargos

LEI N. 8.112/90 / 73
e de demissão por inassiduidade habitual e abandono
de cargo.
A primeira fase deste rito é a instauração, que deverá
conter a indicação de autoria, com o nome e matrícula do
servidor e da materialidade com a descrição completa da
situação de acumulação proibida. No caso de abandono
a materialidade se configura com a indicação precisa do
período de ausência intencional do servidor ao serviço por
prazo superior a 30 dias. No caso de inassiduidade, a ma-
terialidade é provada com a indicação dos dias de falta sem
causa justificada, por período igual ou superior a 60 dias,
interpoladamente, durante o período de doze meses.
A segunda fase é denominada instrução sumária e
compreende:
1º. Indiciação: Lavrada por comissão composta por
dois servidores estáveis, em até três dias após a data de sua
constituição. Nesta etapa se promove a citação pessoal do
servidor indiciado;
2º. Defesa: Que deverá ser apresentada na forma escrita
em cinco dias; e
3º. Relatório: Que deve ser conclusivo quanto à inocên-
cia ou à responsabilidade do servidor. Nele se deve resumir
as peças principais dos autos, opinar sobre a licitude ou
não do ato praticado pelo servidor, indicar o respectivo
dispositivo legal e remetê-lo à autoridade instauradora para
conseqüente julgamento.

74 / LEI N. 8.112/90
A terceira fase é a do julgamento. O julgamento deve
ser proferido no prazo de cinco dias contados do recebi-
mento do processo pela autoridade instauradora. O prazo
para a conclusão do processo administrativo disciplinar
submetido ao rito sumário não deve exceder trinta dias,
contados da data da publicação do ato que constituir a
comissão, admitida a sua prorrogação por até quinze dias,
quando as circunstâncias o exigirem. São aplicáveis, sub-
sidiariamente, as normas contidas no Título do Processo
Administrativo Disciplinar.

SINDICÂNCIA
Segundo José Cretella Júnior, a sindicância é “o meio
sumário de que se utiliza a Administração do Brasil para,
sigilosa ou publicamente, com indiciados ou não, proceder à
apuração de ocorrências anômalas no serviço público, as quais,
confirmadas, fornecerão elementos concretos para a imediata
abertura de processo administrativo contra o funcionário públi-
co responsável”. Este conceito entende sindicância como uma
espécie de inquérito pelo qual a administração se robustece
de provas contra o servidor infrator. Contudo, a lei 8.112
dá significação mais abrangente para a sindicância. Pela lei,
a sindicância é o meio adequado para aplicação de penas de
advertência ou suspensão de até 30 dias. Dela pode resultar,
também, ou o arquivamento do processo ou a instauração
de processo disciplinar.

LEI N. 8.112/90 / 75
PROCESSO DISCIPLINAR
O processo disciplinar é o instrumento destinado a
apurar responsabilidade de servidor por infração praticada
no exercício das atribuições do cargo em que se encontra
investido. O processo disciplinar será conduzido por uma
Comissão composta de três servidores estáveis (com o fim
de garantir a imparcialidade) designados pela autoridade
competente, sendo o presidente da comissão ocupante de
cargo ou de escolaridade de mesmo nível, ou de nível supe-
rior, ao do indiciado. A Comissão exercerá suas atividades
com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse
da administração.
Não poderá participar da comissão: cônjuge, compa-
nheiro ou parente do acusado, consangüíneo ou afim, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau (o que inclui
além dos ascendentes e descendentes, irmãos, cunhados,
tios e sobrinhos).
O processo disciplinar se desenvolve em três fases
distintas:
1ª. Instauração, com a publicação do ato que constituir
a comissão;
2ª. Inquérito administrativo, que compreende instru-
ção, defesa e relatório; e
3ª. Julgamento.
O prazo para a conclusão do processo disciplinar não
excederá sessenta dias, contados da publicação do ato que

76 / LEI N. 8.112/90
constitui a comissão. É admitida prorrogação por igual
período quando as circunstâncias autorizarem.

Inquérito administrativo: O inquérito administra-


tivo obedecerá ao princípio do contraditório, assegurada
ao acusado a ampla defesa, com a utilização dos meios e
recursos admitidos em direito. Caso o processo tenha sido
precedido de sindicância esta integrará os autos como peça
informativa. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
a tomada de depoimentos, acareações, investigações e dili-
gências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo,
quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir
a completa elucidação dos fatos.
O servidor poderá acompanhar todo o processo, des-
de essa fase inicial, pessoalmente ou por intermédio de
advogado, podendo, inclusive, produzir provas, arrolar e
reinquirir testemunhas.
O presidente da comissão, no entanto, tem liberdade
em analisar tais pedidos, podendo denegá-los quando os
considerar impertinentes, meramente protelatórios ou de
nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos. É caso de
pedido impertinente requerer a produção de prova pericial
quando a comprovação do fato independer de perícia.
As testemunhas serão intimadas por mandado para de-
por. Caso a testemunha seja servidor público, a expedição
do mandado será comunicada ao chefe da repartição, com
a indicação do dia e hora marcados para a inquirição.

LEI N. 8.112/90 / 77
O depoimento é prestado oralmente e reduzido a termo,
não podendo a testemunha trazê-lo por escrito. Caso haja
testemunhos contraditórios ou que se infirmem, poderá ser
feita a acareação entre os depoentes, ou seja, serão inquiridos
frente a frente para que se facilite a descoberta da realidade
dos fatos. Somente após a inquirição das testemunhas é que
o acusado será interrogado. Se houver mais de um acusado,
cada um será ouvido separadamente e sempre que divergi-
rem suas declarações, haverá acareação entre eles.
A lei 8.112 prevê a possibilidade de instauração de in-
cidente de insanidade mental sempre que ocorrer dúvidas
sobre a sanidade mental do acusado. Nesta hipótese, o
acusado será submetido a exame médico por junta oficial
em que esteja presente pelo menos um médico psiquiatra.
Após a produção das provas, haverá a tipificação da infração,
sendo o acusado indiciado por sua prática com especifica-
ção dos fatos a ele imputados e das respectivas provas. O
indiciado será, então, citado para apresentar defesa em dez
dias. Quando houver mais de um indiciado o prazo será
comum e de 20 dias. O prazo para defesa pode, ainda, ser
prorrogado em dobro, quando houver diligências conside-
radas indispensáveis.
Se o indiciado estiver em local incerto e não sabido ele
será citado por edital publicado no Diário Oficial da União e
em jornal de grande circulação do último domicílio conheci-
do do indiciado. O prazo para a defesa será de 15 dias. Se o
indiciado não apresentar defesa, após ter sido regularmente

78 / LEI N. 8.112/90
citado, será considerado revel, caso em que se abrirá novo
prazo para apresentação de defesa. A apresentação da defesa
será feita, neste caso, por defensor dativo nomeado pela
autoridade instauradora. Este defensor será um servidor
ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou
ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
Após a defesa, a comissão irá apresentar relatório conclusivo
a respeito da inocência ou da responsabilidade do indiciado,
indicando o dispositivo legal ou regulamentar transgredido,
e de todas as circunstâncias agravantes e atenuantes. O pro-
cesso disciplinar, com o relatório, é remetido à autoridade
instauradora para julgamento.

Julgamento: A autoridade julgadora deverá proferir sua


decisão no prazo de 20 dias. Se a penalidade a ser aplicada
exceder a competência da autoridade julgadora, esta deverá
encaminhar o processo para aquela competente para aplica-
ção da sanção, conforme o disposto no art. 141 da lei 8.112,
tendo esta o mesmo prazo para emitir sua decisão.
Se a comissão reconhecer a inocência do indiciado, a
autoridade deve arquivar o processo, salvo se esta decisão
for flagrantemente contrária às provas dos autos. Quando
o relatório da comissão contrariar as provas dos autos,
a autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar
a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor
de responsabilidade.

LEI N. 8.112/90 / 79
Se a autoridade verificar vício insanável, anulará total
ou parcialmente o processo e constituirá outra comissão
para instauração de novo processo. Extinta a punibilidade
pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o regis-
tro do fato nos assentamentos individuais do servidor. O
servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser
exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após
a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade,
acaso aplicada.

Revisão do processo: O processo disciplinar poderá ser


revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando
alegados fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justi-
ficar a inocência do punido ou a inadequação da penali-
dade aplicada. A alegação de injustiça da penalidade não
constitui fundamento para a revisão, esta requer elementos
não apreciados no processo originário. O pedido de revi-
são pode ser feito pelo próprio sancionado, por qualquer
pessoa da família em caso de falecimento, ausência ou
desaparecimento do servidor e por seu curador nos casos
de incapacidade mental. O requerimento de revisão do
processo será dirigido ao Ministro de Estado ou autorida-
de equivalente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o
pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou
o processo disciplinar.
Será constituída comissão revisora que tomará provi-
dências semelhantes a da comissão de processo disciplinar.

80 / LEI N. 8.112/90
A comissão revisora terá sessenta dias para a conclusão dos
trabalhos. O julgamento deve ser proferido pela autoridade
que aplicou a penalidade. O julgamento deverá ser proferido
em 20 dias, podendo a autoridade determinar diligências.
Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a
penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos
do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em
comissão, que será convertida em exoneração. Da revisão do
processo não poderá resultar agravamento da penalidade.

LEI N. 8.112/90 / 81
Capítulo 6 / Seguridade Social
do Servidor

A Lei 8.112 prevê que a União manterá Plano de


Seguridade Social para o servidor e sua família. O servi-
dor destinatário destes benefícios é aquele ocupante de
cargo efetivo, pois o servidor que é ocupante apenas de
cargo em comissão não terá direito a eles, com exceção
de assistência à saúde. Os ocupantes exclusivamente de
cargo em comissão passaram, no entanto, com a Emenda
Constitucional n. 20/1998, a fazer parte do regime geral
de previdência social.
O plano de seguridade social visa a dar cobertura aos
riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e com-
preende um conjunto de benefícios e ações que atendam
às seguintes finalidades:
1. Garantir meios de subsistência nos eventos de doença,
invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade,
falecimento e reclusão;
2. Proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; e
3. Assistência à saúde.

Os benefícios do plano de seguridade social com-


preendem:

82 / LEI N. 8.112/90
Quanto ao servidor:
1. Aposentadoria;
2. Auxílio-natalidade;
3. Salário-família;
4. Licença para tratamento de saúde;
5. Licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
6. Licença por acidente em serviço;
7. Assistência à saúde; e
8. Garantia de condições individuais e ambientais de
trabalho satisfatórias.

Quanto ao dependente:
1. Pensão vitalícia e temporária;
2. Auxílio-funeral;
3. Auxílio-reclusão; e
4. Assistência à saúde.
O recebimento indevido de benefícios havidos por frau-
de, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total
auferido, sem prejuízo da ação penal cabível.

APOSENTADORIA
As regras mais recentes disciplinadoras dos proventos
da aposentadoria do servidor público encontram-se na
Constituição Federal, uma vez que o regime previdenciário
dos servidores tem passado por reformas recentes com a
superveniência das Emendas Constitucionais n. 20/1998,
41/2003 e 47/2005.

LEI N. 8.112/90 / 83
A atual redação do art. 40 da Constituição Federal
estabelece: “Aos servidores titulares de cargos efetivos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado
regime de previdência de caráter contributivo e solidário,
mediante contribuição do respectivo ente público, dos
servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial
e o disposto neste artigo”. Logo em seu § 1º o comenta-
do art. 40 da Constituição Federal determina as formas
através das quais o servidor pode alcançar o benefício da
aposentadoria. São elas:
1ª. Por invalidez permanente. Neste caso os proventos
serão proporcionais ao tempo de serviço, exceto se decor-
rente de acidente em serviço, moléstia profissional, doença
grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei. Nesta
hipótese de aposentadoria em decorrência de acidente em
serviço, moléstia profissional, doença grave, contagiosa ou
incurável, a Constituição deixa de estabelecer como serão
calculados esses proventos. Os autores Vicente e Paulo
acenam com a opinião de que o constituinte deixou ao
legislador ordinário a tarefa de definir os critérios de cálculo
dos proventos neste caso específico;
2ª. Compulsória: Aos setenta anos de idade com pro-
ventos proporcionais ao tempo de serviço; e
3ª.Voluntária: Para que o servidor consiga sua aposen-
tadoria voluntariamente deverá reunir alguns requisitos

84 / LEI N. 8.112/90
para concessão. De acordo com o inc. III, do § 1º, do
art. 40 da Constituição Federal, o servidor consiguirá sua
aposentadoria voluntária desde que tenha cumprido tempo
mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e
cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria,
observadas as seguintes condições:
A) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui-
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta
de contribuição se mulher, com proventos calculados na
forma da lei, a partir das remunerações utilizadas como base
para as cotribuições do servidor aos regimes de previdência
própria e geral, devidamente atualizados; ou
B) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao
tempo de contribuição.

ATENÇÃO: A Emenda Constitucional n.


41/2003, modificando a redação do § 3º, do art.
40 em comento acabou por determinar o fim da
aposentadoria com proventos integrais. Sobre o as-
sunto discorreram de forma esclarecedora os autores
Vicente e Paulo: “Os proventos não corresponderão,
como antes era possível, ao valor da última remunera-
ção do servidor. Seu valor será uma média calculada
com base nas remunerações sobre as quais o servidor
contribuiu ao logo de sua vida profissional”.

LEI N. 8.112/90 / 85
Aqueles que exercem funções de magistério na edu-
cação infantil e no ensino fundamental e médio, terão os
requisitos de idade e de tempo de contribuição reduzidos
em cinco anos.
A aposentadoria compulsória será automática, e declara-
da por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em
que o servidor atingir a idade-mínima de permanência no
serviço ativo. Há uma presunção absoluta da incapacidade
do servidor nesses casos.
A aposentadoria por invalidez será precedida de licença
para tratamento de saúde, por período não excedente a 24
meses. Expirado o período de licença e não estando em
condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o
servidor será aposentado.

ATENÇÃO: A lei n. 11.907 de 2009, modifi-


cando a lei 8.112, passou a prever que, a critério
da administração, o servidor em licença para
tratamento de saúde ou aposentado por invalidez
poderá ser convocado a qualquer momento, para
avaliação das condições que ensejaram o afasta-
mento ou a aposentadoria

As regras do art. 189 e parágrafo único, da Lei 8.112/1990,


restaram prejudicadas com o advento da Emenda Consti-
tcuional n. 41/2003. O § 8º, do art. 40, da Constituição

86 / LEI N. 8.112/90
Federal, desvinculou o reajustamento dos benefícios sempre
que se modificar a remuneração dos servidores em atividade,
além de não mais trazer a previsão de que serão estendidos
aos servidores inativos qualquer benefício ou vantagem
posteriormente concedida ao servidor em atividade. A
Constituição passou a assegurar apenas o reajustamento
dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente,
o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei.
Ainda de acordo com a reforma da previdência promovi-
da pela emenda 41/2003, deverá incidir contribuição sobre
os proventos de aposentadorias e pensões estabelecidas pelo
regime de previdência própria do servidor público, sobre
o valor que supere o limite máximo estabelecido para os
benefícios do regime geral de previdência social (atualmente
estabelecido em R$ 2.668,15), com percentual igual ao
estabalecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
Ampliando a regra da taxação dos inativos inaugurada pela
emenda 41, a emenda constitucional n. 47/2005 passou a
prever que a contribuição sobre os proventos do beneficiário
portador de doença incapacitante incidirá apenas sobre as
parcelas de provento de aposentadoria e pensão que superem
o dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios
do regime geral de previdência social.
PENSÃO
Por morte do servidor, os dependentes, nas hipóteses legais,
fazem jus à pensão a partir da data do óbito, observado o limite
estabelecido tanto no inciso XI do caput art. 37 da Constituição
e no art. 2º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004. A
concessão do benefício de pensão por morte estará sujeita à
carência de vinte e quatro contribuições mensais, ressalvada a
morte por acidente do trabalho, doença profissional ou do
trabalho, conforme a Medida Provisória nº 664 de 2014 que
alterou bastante este benefício.
LEI N. 8.112/90 / 87
A pensão por morte antes da referida Medida Provisória
era paga no mesmo valor da aposentadoria que o
segurado recebia ou daquela a que teria direito se
estivesse aposentado por invalidez na data de seu
falecimento, ou seja, recebia 100% do salário de
benefício. Entretanto, a Medida Provisória 664/2014 a
MP /2014 alterou a redação do artigo da Lei 8.213 /91,
que passou a prever que “o valor mensal da pensão por
morte corresponde a 50% do valor da aposentadoria
que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se
estivesse aposentado por invalidez na data de seu
falecimento, acrescido de tantas cotas individuais de
10% do valor da mesma aposentadoria, quantos forem
os dependentes do segurado, até o máximo de cinco”,
assegurado o valor de um salário mínimo no total, vez
que se cuida de benefício previdenciário que substitui a
remuneração do segurado.

São beneficiários das pensões:

1- o cônjuge;
2 - o cônjuge divorciado, separado
judicialmente ou de fato, com percepção de pensão
alimentícia estabelecida judicialmente;
3 - o companheiro ou companheira que
comprove união estável como entidade familiar;
4- os filhos até vinte e um anos de idade, ou, se
inválidos, enquanto durar a invalidez;
5 - a mãe e o pai que comprovem dependência
econômica do servidor; e
6 - o irmão, até vinte e um anos de idade, ou o
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental
que o torne absoluta ou relativamente incapaz,
enquanto durar a invalidez ou a deficiência que
estabeleça a dependência econômica do servidor;
Cabe destacar que a concessão de pensão aos
cônjuges e filhos exclui os beneficiários referidos no
item 5 e 6, respectivamente, os pais e irmão. Assim
como a concessão de pensão aos beneficiários do item
5, a mãe e o pai exclui o item 6, irmão menores de 24
anos ou incapaz ou relativamente incapaz.
Segundo o § 3 o , nas hipóteses dos itens 1, 2 e 3-
do cônjuge, cônjuge divorciado ou separado que receba
pensão alimentícia e companheiro(a), à eles se aplicam
o seguinte:

88 / LEI N. 8.112/90
Conforme o inciso I do § 3º, o tempo de duração da
pensão por morte será calculado de acordo com a
expectativa de sobrevida do beneficiário na data do
óbito do servidor ou aposentado, confira a tabela pelo
livro:

Conforme a tabela, se a expectativa de sobrevida


do cônjuge for maior do que 55 anos somente terá
direito a pensão pelo prazo de 3 anos. Se for maior que
50 e menor igual a 55 anos, a duração da pensão por
morte será de 6 anos. Se a expectativa de sobrevida for
maior que 45 anos e menor igual a 50 anos, a duração da
pensão por morte será de 9 anos. Se for maior do que
40 anos e menor ou igual a 45 anos, a pensão durará 12
anos. Se for maior do que 35 anos e menor ou igual a 40
anos, a duração da pensão será de 15 anos. Se a
expectativa de sobrevida à idade for menor ou igual a 35
anos, o cônjuge terá direito à pensão vitalícia .
É preciso esclarecer que a expectativa de
sobrevida será obtida a partir da Tábua Completa de
Mortalidade – ambos os sexos - construída pelo IBGE,
vigente no momento do óbito do servidor ou
aposentado, onde é apontada qual a expectativa de vida
que uma pessoa em uma determinada idade tem.
O cônjuge, companheiro ou companheira não
terá direito ao benefício da pensão por morte se o
casamento ou o início da união estável tiver ocorrido há
menos de dois anos da data do óbito do instituidor do
benefício, salvo nos casos em que:

LEI N. 8.112/90 / 89
a) o óbito do segurado seja decorrente de acidente
posterior ao casamento ou início da união estável; ou

b) o cônjuge, o companheiro ou a companheira for


considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para
o exercício de atividade remunerada que lhe garanta
subsistência, mediante exame médico-pericial, por
doença ou acidente ocorrido após o casamento ou início
da união estável e anterior ao óbito, observado o
disposto no parágrafo único do art. 222, que diz: A
critério da Administração, o beneficiário de pensão
motivada por invalidez poderá ser convocado a
qualquer momento para avaliação das condições que
ensejaram a concessão do benefício.
- O cônjuge, o companheiro ou a companheira quando
considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para
o exercício de atividade remunerada que lhe garanta
subsistência, mediante exame médico-pericial, por
doença ou acidente ocorrido entre o casamento ou
início da união estável e a cessação do pagamento do
benefício, terá direito à pensão por morte vitalícia,
observado o disposto no parágrafo único do art. 222.
Para efeito do disposto no inciso I do § 3º, que dispõe
que o tempo de duração da pensão por morte será
calculado de acordo com a expectativa de sobrevida do
beneficiário na data do óbito do servidor ou
aposentado, essa expectativa de sobrevida será obtida
a partir da Tábua Completa de Mortalidade – ambos os
sexos - construída pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, vigente no momento do
óbito do servidor ou aposentado.
É preciso ressaltar que conforme o § 5o , tanto o
enteado quanto o menor tutelado equiparam-se a filho
mediante declaração do segurado e desde que
comprovada a dependência econômica na forma
estabelecida no Regulamento. Caso ocorra a
habilitação de vários titulares à pensão o seu valor será
distribuído em partes iguais entre os beneficiários
habilitados.
Segundo o Art. 219, a pensão poderá ser requerida a
qualquer tempo, prescrevendo tão-somente as
prestações exigíveis há mais de 5 anos. O parágrafo
único do mesmo artigo dispõe que caso seja concedida
a pensão, qualquer prova posterior ou habilitação tardia
que implique exclusão de beneficiário ou redução de
pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for
oferecida.
90 / LEI N. 8.112/90
Não terá direito a pensão o beneficiário condenado pela
prática de crime doloso de que tenha resultado a morte do
servidor.
Será concedida pensão provisória por morte presumida
do servidor, nos seguintes casos:
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária
competente;
II - desaparecimento em desabamento, inundação,
incêndio ou acidente não caracterizado como em serviço;
III - desaparecimento no desempenho das atribuições do
cargo ou em missão de segurança.
A pensão provisória será transformada em vitalícia ou
temporária, conforme o caso, decorridos 5 anos de sua vigência,
ressalvado o eventual reaparecimento do servidor, hipótese em que
o benefício será automaticamente cancelado.

Acarreta perda da qualidade de beneficiário:


I - o seu falecimento;
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a
concessão da pensão ao cônjuge;
III - a cessação de invalidez, em se tratando de beneficiário
inválido;
IV - o atingimento da idade de vinte e um anos pelo filho ou
irmão, observado o disposto no § 5º do art. 217;
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
VI - a renúncia expressa; e
VII - o decurso do prazo de recebimento de pensão dos
beneficiários de que tratam os incisos I a III do caput do art. 217.

Conforme Parágrafo único, do art. 222 da referida lei, a


critério da Administração, o beneficiário de pensão motivada por
invalidez poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação
das condições que ensejaram a concessão do benefício.

É válido destacar que a respectiva cota reverterá para os


cobeneficiários por morte ou perda da qualidade de beneficiário.

As pensões serão automaticamente atualizadas na mesma


data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos dos
servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art. 189.

LEI N. 8.112/90 / 91
É vedada a percepção cumulativa de
pensão deixada por mais de um cônjuge,
companheiro ou companheira, e de mais de
duas pensões, ressalvado o direito de opção.

AUXÍLIO-NATALIDADE
O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo
de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor
vencimento do serviço público, inclusive no caso de nati-
morto. Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido
de 50% (cinqüenta por cento), por nascituro. O auxílio será
pago ao cônjuge ou companheiro servidor público, quando
a parturiente não for servidora.

SALÁRIO-FAMÍLIA
O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao inativo,
por dependente econômico.
Consideram-se dependentes econômicos para efeito de
percepção do salário-família:
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os en-
teados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até
24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante
autorização judicial, viver na companhia e às expensas do
servidor, ou do inativo; e

92 / LEI N. 8.112/90
III - a mãe e o pai sem economia própria.
Não se configura a dependência econômica quando
o beneficiário do salário-família perceber rendimento do
trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou
provento da aposentadoria, em valor igual ou superior ao
salário-mínimo.
Quando o pai e a mãe forem servidores públicos e vi-
verem em comum, o salário-família será pago a um deles;
quando separados, será pago a um e outro, de acordo com
a distribuição dos dependentes.
Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a madrasta e,
na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
O salário-família não está sujeito a qualquer tributo,
nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive
para a Previdência Social.
O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, não
acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.

LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE

A licença para tratamento de saúde será concedida com


base em perícia oficial.
A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte)
dias no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro
dia de afastamento será concedida mediante avaliação por
junta médica oficial.
A licença para tratamento de saúde inferior a 15 (quinze) dias,
LEI N. 8.112/90 / 93
dentro.de.1.(um).ano,.poderá.ser.dispensada.de.p
erícia.oficial,.na.forma.definida.em.regulamento.
Findo.o.prazo.da.licença,.o.servidor.será.submetido.a.no
va.inspeção.médica,.que.concluirá.pela.volta.ao.serviço,pela
.prorrogação.da.licença.ou.pela.aposentadoria..
O.atestado.e.o.laudo.da.junta.médica.não.se.referirão.
ao.nome.ou.natureza.da.doença,.salvo.quando.se.tratar.de.
lesões.produzidas.por.acidente.em.serviço,.doença.profis-
sional.ou.qualquer.das.doenças.especificadas.no.art..186,.
§.1º,.da.lei.8.112.
O servidor será submetido a exames médicos periódicos, nos
termos e condições definidos em regulamento. Para esses fins a União e suas
entidades autárquicas e fundacionais poderão:

I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo órgão ou


entidade à qual se encontra vinculado o servidor;

II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parceria


com os órgãos e entidades da administração direta, suas autarquias e
fundações;
III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistência à
saúde,organizadas na modalidade de autogestão, que possuam autorização
de funcionamento do órgão regulador, na forma do art. 230; ou

IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contrato


administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de 21 de junho
de 1993, e demais normas pertinentes.

LICENÇA À GESTANTE, À ADOTANTE E LICENÇA-PATERNIDADE


Será.concedida.licença.à.servidora.gestante.por.120.(cento.e.
vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. A licença
poderá ter início no primeiro dia do nono mês de gestação, sal-
vo antecipação por prescrição médica. No caso de nascimento
prematuro, a licença terá início a partir do parto. No caso de
natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do evento, a servidora será
submetida a exame médico, e se julgada apta, reassumirá o exer-
cício. No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis me-
ses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de
trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada
em dois períodos de meia hora.
94 / LEI N. 8.112/90
À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (no-
venta) dias de licença remunerada. No caso de adoção ou
guarda judicial de criança com mais de 1 (um) ano de idade,
o prazo de que trata este artigo será de 30 (trinta) dias.
Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá di-
reito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.

LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO


Será licenciado, com remuneração integral, o servidor
acidentado em serviço. Configura acidente em serviço o
dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se rela-
cione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do
cargo exercido.
Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo
servidor no exercício do cargo; e
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e
vice-versa.
O servidor acidentado em serviço que necessite de
tratamento especializado poderá ser tratado em instituição
privada, à conta de recursos públicos.
O tratamento recomendado por junta médica oficial
constitui medida de exceção e somente será admissível
quando inexistirem meios e recursos adequados em insti-
tuição pública.

LEI N. 8.112/90 / 95
A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) dias,
prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.

AUXÍLIO-FUNERAL
O auxílio-funeral é devido à família do servidor falecido
na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês
da remuneração ou provento.
No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será
pago somente em razão do cargo de maior remuneração.
O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família
que houver custeado o funeral. Se o funeral for custeado por
terceiro, este será indenizado. Em caso de falecimento de
servidor em serviço fora do local de trabalho, inclusive no
exterior, as despesas de transporte do corpo correrão à conta
de recursos da União, autarquia ou fundação pública.

AUXÍLIO-RECLUSÃO
À família do servidor ativo que sofrer restrição em sua
liberdade por ordem de autoridade competente é devido o
auxílio-reclusão, nos seguintes valores:
I - dois terços da remuneração, quando afastado por mo-
tivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela
autoridade competente, enquanto perdurar a prisão; e
II -metade da remuneração, durante o afastamento, em
virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena que
não determine a perda de cargo.

96 / LEI N. 8.112/90
Quando o servidor estiver afastado por motivo de prisão
em flagrante ou preventiva, terá direito à integralização da
remuneração, desde que absolvido.
O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade,
ainda que condicional.

ASSISTÊNCIA À SAÚDE
A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e
de sua família, compreende assistência médica, hospita-
lar, odontológica, psicológica e farmacêutica, prestada
pelo Sistema Único de Saúde - SUS ou diretamente pelo
órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor,
ou, ainda, mediante convênio ou contrato, na forma
estabelecida em regulamento. A presente disposição
contida na lei 8.112 encontra-se regulamentada pelo
Decreto n. 4.978/2004.

LEI N. 8.112/90 / 97
Bibliografia

- Celso Antônio Bandeira de Mello


Curso de Direito Administrativo

- Helly Lopes Meirelles


Direito Administrativo Brasileiro

- José Crettela Jr.


Curso de Direito Administrativo

- Leandro Canedas Prado


Resumo da Lei 8.112/90

- Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo


Direito Administrativo

- Marcos de Araújo e Cláudio Condi


Lei 8.112/90: Comentada para Concursos

- Maria Sylvia Zanella de Pietro


Direito Administrativo

- Paulo de Matos Ferreira Diniz


Lei 8.112/90 Comentada

98 / LEI N. 8.112/90
Questões de Concursos Públicos
que Abordam a Lei N. 8.112/90

1. (TRE/SC/FAPEU/2005) Assinale a alternativa


CORRETA. Segundo as disposições do Regime Jurídico
dos Servidores Públicos Civis da União (Lei no 8.112,
de 11/12/90),

A( ) o processo disciplinar poderá ser revisto, no prazo


de 180 (cento e oitenta dias), a pedido ou de ofício, quan-
do se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis
de justificar a inocência do punido ou a inadequação da
penalidade aplicada.

B( ) sempre que o ilícito praticado pelo servidor en-


sejar a imposição de qualquer uma das seguintes penali-
dades: suspensão por mais de 30 (trinta) dias, demissão,
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, destituição
de cargo em comissão, será obrigatória a instauração de
processo disciplinar.

C( ) as denúncias sobre irregularidades serão objeto de


apuração, não havendo necessidade de identificação e de
endereço do denunciante.

LEI N. 8.112/90 / 99
D( ) o julgamento fora do prazo legal implica nulidade
do processo disciplinar.

2. (FCC/TRT-Analista JudiciárioRN/ 2003) João Vic-


tor, técnico judiciário, injustificadamente recusou- se a
ser submetido à inspeção médica determinada por Luiza,
Diretora de sua unidade. A mesma Diretora mantém
sua irmã Rozana sob sua chefia imediata, em cargo de
confiança. Nesse caso, João Victor e Luiza estão sujeitos,
respectivamente, às penas de:

(A) suspensão de até 30 dias e multa com base em 1/3


por dia de vencimento.
(B))suspensão de até 15 dias e advertência por escrito.
(C) advertência por escrito e suspensão de até 30 dias.
(D) advertência verbal e demissão.
(E) multa, com base em 1/ 3 por dia de vencimento, e
destituição do cargo em comissão.

3. (FCC/TRE-CE-Analista Judiciário/ 2003) Nos


termos da Lei no 8.112/ 90, a posse de um servidor
público federal ocorrerá no prazo de 30 dias contados
da publicação do ato de provimento. Caso a posse não
ocorra nesse prazo, a conseqüência prevista é:

(A) anular- se a classificação do servidor no respectivo


concurso.

100 / LEI N. 8.112/90


(B) a demissão do servidor.
(C) a exoneração do servidor.
(D) a disponibilidade do servidor.
(E)) tornar-se sem efeito o ato de provimento.

4. (FCC/TRF5ª - Analista Judiciário/ 2003) Determi-


nado servidor ausenta-se do serviço, sem causa justifi-
cada, pelo período de 45 dias alternados, no prazo de 4
meses. Posteriormente, o servidor retoma normalmente
suas atividades. Em razão desse fato, é instaurado pro-
cesso administrativo disciplinar, que poderá culminar
com a aplicação da pena de:

(A) demissão por inassiduidade habitual.


(B) advertência ou suspensão, por inassiduidade habitual.
(C) demissão por abandono de cargo.
(D) advertência, sem prejuízo da posterior demissão caso
o servidor falte mais 15 dias
nos próximos 12 meses.
(E)) advertência, sem prejuízo da posterior demissão
caso o servidor falte mais 15 dias
nos próximos 8 meses.

5. (FCC/TRT-BA - Analista Judiciário/ 2003) Um


servidor público ocupa, remuneradamente, um cargo
de médico junto à Administração Direta da União e
um cargo de professor em uma autarquia federal. Con-

LEI N. 8.112/90 / 101


siderando-se que haja compatibilidade de horários, esse
servidor, remuneradamente:

(A) poderá ainda ocupar um cargo público de médico,


desde que junto à Administração de um Estado ou de um
Município.
(B) poderá ainda ocupar um cargo público de professor,
independentemente da esfera da Federação em que se situe.
(C) poderá ainda ocupar um cargo público de médico, in-
dependentemente da esfera da Federação em que se situe.
(D) poderá ainda ocupar um cargo público de professor,
desde que junto à Administração de um Estado ou de um
Município.
(E)) não poderá ocupar outro cargo público, indepen-
dentemente da esfera da Federação em que se situe.

6. (FCC/TRT-SEAnalista Judiciário/ 2002) Pedro


e José, servidores, fizeram deslocamentos para fora da
sede. O deslocamento de Pedro ocorreu entre Municípios
distantes e decorreu de exigência permanente de seu
cargo. O deslocamento de José ocorreu entre Municípios
limítrofes, dentro de uma mesma região metropolitana,
com pernoite fora da sede. Ambos usaram meio de lo-
comoção da Administração. Nesse caso:

(A) ambos não têm direito a nenhuma das espécies de


indenização fixadas na Lei.

102 / LEI N. 8.112/90


(B) ambos têm direito a diárias.
(C) ambos têm direito a indenização de transporte.
(D) Pedro tem direito a indenização de transporte e José
tem direito a diária.
(E)) Pedro não tem direito a nenhuma das espécies de
indenização fixadas na Lei e José tem direito a diária.

7. (FCC/TRT-SEAnalista Judiciário/ 2002) Um servi-


dor, ocupante de cargo efetivo, no segundo ano do está-
gio probatório, pede e tem deferida licença para tratar de
interesses particulares, por até 3 anos, sem remuneração.
O deferimento dessa licença está errado, pois:

(A) não há previsão dessa licença na Lei.


(B) o servidor é ocupante de cargo efetivo.
(C)) o servidor está em estágio probatório.
(D) o prazo máximo dessa licença é de 2 anos.
(E) essa licença é remunerada.

8. (FCC/TRT-SEAnalista Judiciário/ 2002) Em ma-


téria de responsabilidade civil do servidor público, a
obrigação de reparar o dano:
(A) se estende aos sucessores, integralmente, tendo o
servidor agido com culpa ou com dolo.
(B) não se estende aos sucessores.
(C) se estende aos sucessores, integralmente, apenas se
o servidor tiver agido com dolo.

LEI N. 8.112/90 / 103


(D)) se estende aos sucessores, até o limite do valor da
herança, tendo o servidor agido com culpa ou com dolo.
(E) se estende aos sucessores, até o limite do valor da
herança, apenas se o servidor tiver agido com dolo.

9. (FCC/TRT-MS- Analista Judiciário/ 2003) O


Prefeito Municipal passou a exibir nas placas de todas
as obras públicas a indicação “GOVERNO TOTONHO
FILHO” . Assim agindo, o governante ofendeu o princí-
pio da administração pública conhecido como:

(A) moralidade.
(B)) impessoalidade.
(C) autotutela.
(D) razoabilidade.
(E) publicidade.

10. (FCC/TRF-1ª- Analista Judiciário/ 2001) Em


relação à vacância do cargo público, é INCORRETO
afirmar que:

(A) a exoneração do cargo em comissão poderá dar-se


também a pedido do próprio servidor.
(B)) a demissão do servidor também ocorrerá quando
não satisfeitas as condições do estágio probatório.
(C) esta poderá decorrer também dos institutos da pro-
moção ou readaptação.

104 / LEI N. 8.112/90


(D) a exoneração do cargo efetivo pode decorrer de
pedido do servidor ou de ofício.
(E) esta poderá decorrer também da posse em outro
cargo inacumulável.

11. (FCC/TRE-CE-Analista Judiciár io/ 2003) Con-


forme regra da Lei nº 8.112/ 90, o servidor em débito
com o erár io, que for exonerado, terá o prazo de 60 dias
para quitar o débito. A não quitação do débito nesse
prazo implicará:

(A) revogação da exoneração.


(B)) inscrição do débito em dívida ativa.
(C) penhora administrativa de bens do servidor.
(D) abertura de processo administrativo disciplinar
contra o servidor, visando à conversão da exoneração em
demissão.
(E) anulação da exoneração.

12. (VUNESP/ TJ-SP/ JUIZ 174°/ 2002) É vedado


ao servidor público civil,

(A) quando investido no mandato de Vereador, havendo


compatibilidade de horários, perceber as vantagens de seu
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração
do cargo eletivo.
(B) o direito de greve.

LEI N. 8.112/90 / 105


(C) acumular cargos públicos remunerados.
(D) quando investido no mandato de Prefeito, perceber
as vantagens do cargo, emprego ou função, além da remu-
neração do cargo eletivo.

13. (CESPE/ TJ- BA/ JUIZ SUBSTITUTO/ 2002)


Um servidor público estadual que exerça remunerada-
mente cargo público de professor e já acumule, remu-
neradamente, outro cargo público estadual, de caráter
científico, havendo compatibilidade de horários,

a) não poderá acumular remuneradamente mais nenhum


cargo ou emprego, em nenhum nível da federação, seja na
Administração direta ou indireta.
b) poderá, ainda, acumular remuneradamente um em-
prego de médico em uma autarquia municipal.
c) poderá, ainda, acumular remuneradamente um cargo
de professor na Administração direta federal.
d) poderá, ainda, acumular remuneradamente um
emprego de médico em uma fundação pública do mes-
mo Estado.
e) poderá, ainda, acumular remuneradamente um cargo
de professor na Administração direta do mesmo Estado.

14. (TJ/ SP/ Juiz 168°/ 1997) O regime jurídico dos


servidores públicos civis nominado Estatutário significa:

106 / LEI N. 8.112/90


a) aquele em que os direitos, deveres e demais aspectos
da vida funcional estão contidos em uma lei básica.
b) aquele em que os servidores tem seus direitos e de-
veres norteados, nuclearmente, pela Consolidação das Leis
do Trabalho.
c) aquele em que os servidores são contratados por
tempo determinado para atender necessidade temporária
de excepcional interesse público.
d) aquele que engloba na mesma legislação, quanto
aos direitos e deveres, os trabalhadores urbanos, rurais e
empregados públicos.

15. (TJ/ SP/ Juiz 168°/ 1997) Atos vinculados ou


regrados da Administração Pública significam:

a) obrigação de distribuir e escalonar funções correlatas.


b) obrigação estabelecer relação de subordinação entre
as diversas categorias de servidores públicos.
c) obrigação de avocar funções específicas originaria-
mente atribuídas a um subordinado.
d) obrigação do agente público de ficar inteiramente
preso ao enunciado da lei.

16. (TRT- PR/Juiz Substituto/ 1998) Ao servidor


público detentor de mandato eletivo aplica-se a seguinte
disposição:

LEI N. 8.112/90 / 107


A) Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função.
B) Uma vez investido no mandato de Prefeito, o servidor
terá de afastar-se do seu cargo, mas poderá acumular as duas
remunerações, desde que não ultrapasse o teto remunera-
tório constitucional.
C) Nos casos de afastamento do servidor para o exercí-
cio de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado
unicamente para os efeitos de aposentadoria.
D) Investido no mandato de Vereador e não havendo
compatibilidade de horários, perceberá o servidor somente
a remuneração do cargo eletivo.

17. (TJ- BA/ Juiz Substituto/ 1999) É direito constitu-


cionalmente assegurado aos servidores públicos civis a

(A) acumulação de aposentadorias, no regime de pre-


vidência de caráter contributivo, decorrentes dos cargos
acumuláveis na forma da Constituição.
(B) percepção de proventos integrais na hipótese de
aposentadoria compulsória aos 70 anos de idade.
(C) estabilidade após 3 anos contados de sua posse
em cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
público.
(D) percepção de subsídio, acrescido de eventuais abonos
e gratificações previstos em lei.

108 / LEI N. 8.112/90


(E) disponibilidade, com remuneração proporcional ao
tempo de serviço, na hipótese de perda do cargo em decor-
rência de processo de avaliação de desempenho.

18. (TJ- PR/ Juiz Substituto/ 2003) O Governador de


determinado Estado tomou conhecimento de que Pedro,
servidor público estadual, namorava sua filha, Fernan-
da. Com a intenção de por fim ao namoro, determinou
referida autoridade a remoção de Pedro para pequena e
longínqua cidade do interior. Diante desse fato, pode-se
afirmar que o ato praticado pelo Governador

a) é nulo em face do desvio de finalidade verificado.


b)é válido e perfeito haja vista possuir o Governador
competência para determinar a c)remoção de servidores
públicos.
d)é nulo em face de não se ter demonstrado a relação
entre o motivo e o objeto.
e)é válido, desde que o Governador tenha observado a
forma que a lei impõe à prática de referido ato.

19. (TJ- PR/ Juiz Substituto/ 2003) Determinado


servidor público foi nomeado para cargo público efetivo
sem a observância dos procedimentos legais e consti-
tucionais devidos. Após 11 meses da prática do ato,
período em que o servidor efetivamente trabalhou na
administração pública, constatou-se que a investidura

LEI N. 8.112/90 / 109


no cargo não foi precedida do devido concurso público.
Em face do exposto, é correto afirmar:

a) Não obstante o ato deva ser anulado, o servidor não


está obrigado a restituir o que recebeu, sob pena de restar ca-
racterizado enriquecimento sem causa do poder público.
b) O ato de nomeação deve ser anulado e, em face da
eficácia ex tunc da anulação, o servidor deve restituir ao
erário o que recebeu a título de salário.
c) Tendo o servidor efetivamente trabalhado, e tendo ele
sido nomeado de boa-fé, não mais poderá a administração
anular a sua nomeação.
d)A administração pública deve anular o ato e, pela
via judicial, deve buscar a restituição do que foi pago
ao servidor.

20. (TJ- PR/ Juiz Substituto/ 2003) Determinado


servidor público, motorista de veículo da administração
pública direta, envolveu-se em acidente que resultou
em danos e ferimentos em particular. Em decorrência
dos ferimentos causados ao particular, foi instaurado
processo criminal contra o servidor que resultou em
sua absolvição por falta de provas. Diante desse fato,
assinale a opção correta. A

a) No caso em questão, ainda que tenha sido absolvido


no processo criminal, poderá o motorista ser condenado

110 / LEI N. 8.112/90


a ressarcir ao poder público e ao particular os prejuízos
causados, desde que demonstrada a sua culpa.
b)A decisão proferida na instância criminal vincula as
instâncias cível e administrativa.
c)O motorista poderá ser condenado a ressarcir os
prejuízos causados ao poder público se demonstrada sua
culpa; será ele condenado a ressarcir os prejuízos causados
ao particular se demonstrado que agiu com dolo.
d)Qualquer que fosse a decisão proferida no processo
criminal, em qualquer hipótese estaria a instância cível
vinculada à instância criminal.

21. (FCC/Exec.Mandados/TRF-4º/2004) Da sindi-


cância poderá resultar

a) sustação do andamento do inquérito administrativo,


aplicação da penalidade de suspensão convertida em multa
e destituição de cargo público.
b) arquivamento do processo administrativo disciplinar,
aplicação das penalidades de suspensão de até sessenta dias
e de demissão.
c) arquivamento do processo, aplicação da penalidade
de advertência e instauração do processo administrativo
disciplinar.
d) aplicação das penalidades de suspensão de até 90 dias
ou de demissão e instauração do inquérito administrativo.

LEI N. 8.112/90 / 111


e) desarquvamento do processo administrativo dis-
ciplinar para instauração do inquérito administrativo e
aplicação das penalidades de advertência e suspensão de
até trinta dias.

22. (FAPEU/Anal. Jud./TRE-RS/2005) Leia com


atenção as afirmativas abaixo:

I - No inquérito administrativo, é assegurado ao servidor


o direito de acompanhar o processo pessoalmente ou por
intermédio de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas,
produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando
se tratar de prova pericial.

II - O servidor que responder a processo disciplinar


poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntaria-
mente, antes da conclusão do processo e do cumprimento
da penalidade,
caso aplicada.

III - O procurador do acusado poderá assistir ao interrogató-


rio, bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado
interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém,
reinquiri-las, por intermédio do presidente da comissão.

IV - O prazo para a conclusão do processo disciplinar


não excederá 30 (trinta) dias, contados da data de publicação

112 / LEI N. 8.112/90


do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação
por igual período, quando as circunstâncias o exigirem.

Assinale a alternativa CORRETA.

A( ) Somente as afirmativas I e IV estão corretas.

B( ) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.

C( ) Somente as afirmativas I e III estão corretas.

D( ) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.

23. (CESPE/Anal.Jud/TER-PA/2005) A respeito da


nomeação de servidores públicos federais, segundo a Lei
n.º 8.112/1990, assinale a opção correta.

A A nomeação para cargo de confiança que estiver vago


deve ser realizada em caráter efetivo.
B A nomeação para cargo isolado de provimento efetivo
pode ocorrer sem prévia habilitação em concurso público.
C A recondução é uma forma de nomeação de ser-
vidor público.
D O servidor ocupante de cargo efetivo e que exerce
cargo em comissão poderá ser nomeado para ter exercício,
interinamente, em outro cargo de confiança.

LEI N. 8.112/90 / 113


E A nomeação é direito adquirido do candidato apro-
vado em concurso público.

24. Célio tomou posse e entrou em exercício em


cargo público federal em 21/10/2000. Sua aptidão e
capacidade para o cargo passaram a ser avaliadas em
função do estágio probatório. Quatro meses antes de
findar o período de estágio probatório, a homologação
da sua avaliação de desempenho foi submetida à auto-
ridade competente. Considerando a situação hipotética
apresentada, assinale a opção incorreta a respeito do
estágio probatório.

A Os fatores que serão levados em consideração para


avaliação do desempenho de Célio no exercício do cargo
são a sua assiduidade, disciplina, capacidade de iniciativa,
produtividade e responsabilidade.
B A avaliação de desempenho de Célio não deveria ser
submetida à homologação antes do término do período de
estágio probatório.
C Caso Célio não seja aprovado no estágio probatório,
ele poderá ser exonerado.
D Enquanto a estabilidade tem como característica
principal o preenchimento de critério objetivo (decurso
do tempo), o estágio probatório tem como característica da
avaliação o preenchimento de critérios subjetivos.

114 / LEI N. 8.112/90


E No curso de todo o período em que Célio ficar sub-
metido ao estágio probatório, será possível a ele o exercício
de cargo em comissão ou de função de direção no órgão ou
entidade em que estiver lotado.

LEI N. 8.112/90 / 115


GABARITO

1. B 2. B 3. E 4. E 5. E
6. E 7. C 8. D 9. B 10. B
11. B 12. D 13. A 14. A 15. D
16. A 17. A 18. A 19. A 20. A
21.C 22.C 23.D 24.B

116 / LEI N. 8.112/90

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