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Notas de aula: Física D – Prof.

Alexandre Cotta

Circuito de corrente alternada: indutores


e capacitores
INTRODUÇÃO
Até o momento, estudamos como gerar uma corrente alternada (ca) e como esta corrente se comporta
em um circuito contendo um único resistor. Antes de estudarmos o funcionamento de um circuito com
mais elementos ligados em sério ou em paralelo, vamos investigar como um capacitor e um indutor se
comportam isoladamente na presença de uma corrente alternada.

Em uma corrente contínua (cc), sabemos que um capacitor recebe uma certa corrente até ficar
completamente carregado. Neste ponto, nenhuma corrente passará mais pelo capacitor de forma que o
circuito se comporta como se estivesse aberto. Já um indutor, que possui resistência interna baixa, ao
passar uma corrente contínua, irá se comportar como um curto-circuito, ou seja, praticamente toda
corrente será transferida.

Porém, em circuitos de corrente alternada o comportamento desses elementos serão diferentes. No


capacitor, com corrente alternada, haverá sempre uma corrente entrando e saindo das placas, e caso a
frequência de oscilação da corrente seja alta o suficiente, o capacitor não irá mais impedir o fluxo de
corrente, de forma que toda corrente que chega será transferida. Logo, no circuito ca em alta frequência
o capacitor se comporta como um curto-circuito. Já o indutor, a medida que recebe uma ca, irá gerar uma
fem reversa de forma a se opor a corrente, criando uma resistência, e em altas frequências o indutor irá
atuar como um circuito aberto.

INDUTOR EM CIRCUITO CA

Figura 01: circuito ca com indutor. Fonte: W.H. Freeman and Company.

Primeiramente, vamos analisar um indutor ligado a um gerador de corrente alternada como mostra a
figura 01. Nele, uma fem reversa é gerada e igual a:
𝑑𝐼
𝐿 . (1)
𝑑𝑡
Como esta fem gera uma corrente, normalmente, muito maior que a queda da corrente devido a sua
resistência interna, esta será desprezada. Assim, temos que:
𝑑𝐼
𝑉𝐿 = 𝐿 , (2)
𝑑𝑡
que é a queda de tensão no indutor. Logo:

𝑉𝐿 = 𝜀 = 𝜀𝑚𝑎𝑥 cos(𝜔𝑡) = 𝑉𝐿𝑝𝑖𝑐𝑜 cos(𝜔𝑡). (3)

𝑑𝐼 𝑑𝐼 𝑉𝐿𝑝𝑖𝑐𝑜 𝑉𝐿𝑝𝑖𝑐𝑜
𝐿 = 𝑉𝐿𝑝𝑖𝑐𝑜 cos(𝜔𝑡) → = cos(𝜔𝑡) → ∫ 𝑑𝐼 = ∫ cos(𝜔𝑡) 𝑑𝑡 (4)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝐿 𝐿
𝑉𝐿𝑝 𝑉𝐿𝑝
𝐼(𝑡) = 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡) = 𝐼𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡), 𝑐𝑜𝑚 𝐼𝑝 = . (5)
𝜔𝐿 𝜔𝐿
Ou ainda:
𝜋
𝐼(𝑡) = 𝐼𝑝 𝑐𝑜𝑠 (𝜔𝑡 − ). (6)
2
Note, portanto, que no indutor a corrente também irá oscilar no tempo com a mesma frequência e
período da fem no gerador, porém, será defasada de 𝜋/2. Além disso, a queda de tensão estará adiantada
em relação à corrente, como indicado na figura 02.

Figura 02: fases da queda de tensão e corrente no indutor. Fonte: W.H. Freeman and Company.

Realizando uma comparação da equação (6) com a corrente em um resistor, dada pela lei de Ohm, onde:
𝑉𝑅
𝐼𝑅 = , (7)
𝑅
temos que:
𝑉𝐿𝑝 𝑉𝐿𝑝
𝐼𝑝 = → 𝐼𝑝 = , 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑋𝐿 = 𝜔𝐿 (8)
𝜔𝐿 𝑋𝐿
XL é chamado de reatância indutiva, possuindo a mesma unidade que um resistor, em Ohms. Desta forma,
note que quanto maior a frequência da corrente alternada, maior a reatância indutiva, e
consequentemente, menor a corrente que passa pelo indutor. Assim, para altas frequências, o indutor irá
se comportar como um circuito aberto, como previsto anteriormente.

A potência entregue ao indutor pode ser calculada por:

2
𝑃 = 𝑉𝐿 𝐼 = 𝑉𝐿𝑝 cos(𝜔𝑡) 𝐼𝑝 sen(𝜔𝑡) = 𝑉𝐿𝑝 𝐼𝑝 cos(𝜔𝑡) sen(𝜔𝑡). (9)

Usando a identidade trigonométrica:

𝑠𝑒𝑛(2𝜔𝑡) = 2𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡), (10)


Temos que:
1
𝑃 = 𝑉𝐿𝑝 𝐼𝑝 sen(2𝜔𝑡). (11)
2
E a potência média será:
1
𝑃𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 = 𝑉𝐿𝑝 𝐼𝑝 [sen(2𝜔𝑡)]𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 = 0. (12)
2
Assim, se não houver resistência interna no indutor, ele não dissipará energia.

CAPACITOR EM CIRCUITO CA
Podemos analisar também como um capacitor se comporta em um circuito de corrente alternada como
indicado na figura 03.

Figura 03: circuito ca com capacitor. Fonte: W.H. Freeman and Company.

No capacitor, a queda de tesão será:


𝑄
𝑉𝐶 = , (13)
𝐶
Onde Q é carga nas placas do capacitor. Logo:

𝑉𝐶 = 𝜀 = 𝜀𝑚𝑎𝑥 cos(𝜔𝑡) = 𝑉𝐶𝑝𝑖𝑐𝑜 cos(𝜔𝑡) (14)

Já as cargas nas placas podem ser escritas por:

𝑄𝐶 = 𝑄𝑝𝑖𝑐𝑜 cos(𝜔𝑡). (15)

Mas como a corrente elétrica é definida como a derivada primeira da carga no tempo, temos que a
corrente que circula no capacitor será:
𝑑𝑄
𝐼= = −𝜔𝑄𝑝𝑖𝑐𝑜 sen(𝜔𝑡) = −𝐼𝑝 sen(𝜔𝑡), (16)
𝑑𝑡

3
Onde

𝐼𝑝 = 𝜔𝑄𝑝𝑖𝑐𝑜 (17)

Note novamente que a fase na corrente que circula no capacitor é diferente da fase da queda de potencial,
porém, neste caso a fase da fem estará atrasada de π/2 em relação à corrente, como indicado na figura
04 e na equação (18).
𝜋
𝐼 = −𝐼𝑝 sen(𝜔𝑡) = 𝐼𝑝 cos (𝜔𝑡 + ) (18)
2

Figura 04: fases da queda de tensão e corrente no capacitor. Fonte: W.H. Freeman and Company.

Por fim, podemos definir uma reatância capacitiva de forma análoga a realizada anteriormente para o
caso do indutor, relacionando a corrente que passa no capacitor dada pela equação (17) com a lei de Ohm,
ou seja:
𝑉𝐶𝑝 𝑉𝐶𝑝
𝐼𝑝 = 𝜔𝑄𝑝𝑖𝑐𝑜 = 𝜔𝐶𝑉𝐶𝑝 = = , (19)
1 𝑋𝐶
𝜔𝐶
Onde XC é a reatância capacitiva:
1
𝑋𝐶 = . (20)
𝜔𝐶
A reatância capacitiva também é medida em Ohms, e depende da frequência. Assim, para altas
frequências a reatância capacitiva é baixa, ou seja, baixa resistência, e o capacitor irá se comportar como
um curto-circuito.

Finalmente, a potência pode ser calculada de forma análoga a feita para o indutor e a potência média
também zera nula.
1
𝑃 = 𝑉𝐶 𝐼 = −𝑉𝐶𝑝 cos(𝜔𝑡) 𝐼𝑝 sen(𝜔𝑡) = 𝑉𝐿𝑝 𝐼𝑝 sen(2𝜔𝑡). (21)
2
1
𝑃𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 = 𝑉𝐶𝑝 𝐼𝑝 [sen(2𝜔𝑡)]𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 = 0. (22)
2

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