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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região

Tutela Cautelar Antecedente


0000518-31.2022.5.06.0000
Relator: MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 19/05/2022


Valor da causa: R$ 1.000,00

Partes:
REQUERENTE: COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS

ADVOGADO: RICARDO LOPES GODOY


REQUERIDO: SINDICATO DOS TRAB EM EMPDE TRANSP METROV DO EST DE PE
ADVOGADO: JOAO ADOLFO MACIEL MONTEIRO
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A)


PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO.

COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS - CBTU, empresa pública,


inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda, sob o
nº 42.357.483/0005-50, localizada na Rua Januária, 181-B, Floresta, Belo
Horizonte/MG, CEP: 3111-060 vem, por seus advogados abaixo assinados, com
base nos artigos 847 da CLT e 300 e seguintes do CPC, através de seus advogados
abaixo subscritos, vem respeitosamente, à presença de V. Exa apresentar.

AÇÃO CAUTELAR INOMINADA PREPARATÓRIA


COM PEDIDO LIMINAR
INAUDITA ALTERA PARS

em face do SINDIMETRO-PE – SINDICATO DOS TRABALHADORES EM


EMPRESAS DE TRANSPORTES METROVIARIOS E CONEXOS DO ESTADO DE
PERNAMBUCO, CNPJ 09.437.591/0001-33, com sede na Rua Coronel Lamenha
263, Areias, Recife - PE, CEP 50.900-020, com fulcro nos artigos 796 e seguintes
do Código de Processo Civil, pelas razões de fato e direito a seguir.

DAS PUBLICAÇÕES E NOTIFICAÇÕES

Inicialmente, requer a Reclamada que todas as publicações referentes a este


processo sejam realizadas única e exclusivamente em nome do procurador
RICARDO LOPES GODOY OAB/PE – 1.931-A e que eventuais intimações via
postal sejam encaminhadas aos mesmos procuradores no seguinte endereço: Rua
Bernardo Guimarães, nº 1.998, 4º andar, Lourdes, Belo Horizonte, Minas Gerais,
CEP: 30.140.082, sob pena de nulidade.

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DA COMUNICAÇÃO VIA E-MAIL - URGÊNCIA

O advento da tecnologia tem transformado o judiciário brasileiro. Por isso, tem-se


discutido cada vez mais a aplicabilidade de meios de comunicação diversos para
ciência de decisões.

Neste mesmo prisma, temos visto que os oficiais de justiça, impedidos de circular
livremente em razão dos efeitos da pandemia, efetuem o cumprimento de vários de
seus mandados por via eletrônica, certificando-se o cumprimento dos mesmos nos
autos.

Tendo em vista os requerimentos desta inicial, que versam sobre uma


paralisação da categoria metroferroviária, prevista para 20/05/2022
(sexta- feira), a parte requerente informa e solicita, se necessário for, que
a parte contrária seja cientificada da decisão da tutela pretendida através
dos endereços eletronicos abaixo, ou na pessoa de seu presidente:

intimacoesgfg@gmail.com

sindmetro@uol.com.br

Telefone: (81) 3455-5499 / (81) 3455-1519

É o que se pede, ante a urgência apresentada.

DO OBJETO DA PRESENTE AÇÃO

Conforme se depreende nos documentos ora anexados, a categoria dos


metroviários pretende fazer paralisação a partir do dia 20/05/2022 (sexta-feira).

A paralisação teria como motivação a “frustração das negociações do acordo


coletivo de trabalho”, fundamentando que o mesmo teria transcorrido “sem
nenhuma comunicação sobre a possibilidade de alteração na estrutura
organizacional da empresa, bem como na continua falta de investimentos e
condições de trabalho da categoria”, como se pode observar do oficio encaminhado
à CBTU.

No entanto, verifica-se que a paralisação pretendida pela categoria dos empregados


afeta toda a população frente ao serviço essencial prestado à mesma.

Nesse sentido, a requerente não vislumbra outra maneira senão a distribuição da


presente cautelar preparatória de ação declaratória de abusividade de greve –
dissídio coletivo, com pedido liminar inaudita altera pars, para que seja ordenado

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ao Requerido a manutenção da prestação regular do serviço público essencial de


transporte metroviário, conforme fundamentos a seguir expostos.

PRELIMINARMENTE

DA COMPETÊNCIA DO EGREGIO TRIBUNAL


REGIONAL DO TRABALHO DA 6ªREGIÃO

Sabe-se que a negociação coletiva de trabalho da categoria dos metroviários


envolve outras unidades da CBTU, pelo que, inicialmente seria competente o TST
para processar e julgar qualquer demanda decorrente da categoria neste sentido,
nos termos da Lei nº 7.701/88.

Contudo, a presente demanda tem o intuito de impedir, exclusivamente, a


paralisação metroferroviária referente à Região Metropolitana de Recife - PE, sob a
responsabilidade institucional do SINDIMETRO-PE – SINDICATO DOS
TRABALHADORES EM EMPRESAS DE TRANSPORTES METROVIARIOS E
CONEXOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO. Porquanto, justifica-se a propositura
da presente medida perante esse E. Tribunal Regional da 6ª Região.

Demais disso, não se aplica à hipótese o teor da alínea “a”, inciso I, do artigo 2º da
Lei nº 7.701/88, tendo em vista que a questão em debate não é o Dissídio em si,
tampouco, Dissídio Coletivo de natureza econômica.

Vê-se que a ação principal a ser manejada após a cautelar e que ora se indica é de
natureza meramente declaratória e pretende atacar apenas o movimento paredista
regional.

Dessa maneira, a teleologia da norma citada ao dispor sobre a competência do TST


para casos de “Dissídios Coletivos que excedam a jurisdição dos Tribunais Regionais
do Trabalho a estender ou rever suas próprias sentenças normativas...” não se
destina à presente hipótese, frente à inexistência de questionamento de ordem
econômica.

Portanto, competente, pois, o Pleno do E. Tribunal Regional do Trabalho da 6ª


Região conhecer e julgar a presente ação.

DOS PRINCIPIOS NORTEADORES DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO


PÚBLICO DE TRANSPORTE E SUA ESSENCIALIDADE

Na esteira da essencialidade do transporte coletivo de passageiros enquanto serviço


público, a própria Constituição Federal dispõe em seu artigo 30, V, o seguinte:

Art. 30. Compete aos Municípios:


(...)

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V – Organizar e presta, diretamente ou sob-regime de concessão ou


permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de
transporte Coletivo, que tem caráter essencial.

Por sua vez, a Lei nº 7.783/89, no artigo 10, inciso V, preconiza alguns serviços
essenciais, dentre os quais se encontra o de transporte coletivo, senão vejamos:

Art. 10. São considerados serviços ou atividades essenciais: (...) V


– Transporte coletivo;

No mesmo sentido, o artigo 11 da referida Lei estabelece que:

Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os


empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum
acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços
indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis
da comunidade.
Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da
comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em
perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da
população.

Assim, verifica-se que a paralisação integral dos serviços a partir do dia


20/05/2022 (sexta-feira), fere diretamente o Princípio da Continuidade do Serviço
Público essencial, por refletir garantia à sociedade do serviço público que necessita.

Portanto, evidente que os serviços essenciais não podem ser interrompidos, tanto
que inexistente respaldo legal que autorize a interrupção da prestação de serviços.

Ora, atualmente a cidade de Recife encontra-se com todos os seus serviços,


essenciais e não essenciais autorizados a funcionar.

A suspensão das atividades, tal como proposta pelo Sindicato, certamente afetará a
efetividade da prestação de outros serviços essenciais e não essenciais, além do
que, no atual cenário local, não há razão para a legitimidade da paralização.

Do mesmo modo, a paralisação fere diretamente os Princípios da Razoabilidade e


Oportunidade, que devem ser obrigatoriamente observados para a deliberação dos
trabalhadores o exercício do direito de greve, para que se revista de legitimidade.

DA ILEGALIDADE/ABUSIVIDADE DA GREVE

Inevitável a necessidade deste E. Tribunal declarar a ilegalidade e abusividade de


adesão do sindicato à Greve Geral, amplamente noticiada atraves de ofíco à CBTU,
conforme abaixo, agendada a partir do dia 20/05/2022 (sexta- feira).

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Ademais, a CBTU recebeu comunicado direto do Sindicato Obreiro, informando que


a categoria irá parar as atividades nesta sexta-feira. Tal medida foi adotada após
assembleia extraordinária realizada no dia 17/05/2022.

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Ora, pela simples análise dos documentos ora colacionados, os empregados irão
aderir a esta greve geral, sem respeitar as exigências do diploma legal que
regula o direto de greve no Brasil.

A paralisação teria como escopo a insatisfação quando a negiciação de Acordo


Coletivo tecendo exigências para continuidade da prestação de serviços junto à
requerente.

No entanto, verifica-se que a paralisação pretendida pela categoria dos empregados


afeta toda a população frente ao serviço essencial prestado à mesma.

A greve proposta pelo Sindicato, em que pese alegar se tratar de “frustração das
negociações do acordo coletivo de trabalho”, não encontra amparo legal frente ao
disposto na Lei 14.035/20, que alterou o art. 3º (§§9º e 10º) da Lei 13979/20:

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§ 9º A adoção das medidas previstas neste artigo deverá resguardar


o abastecimento de produtos e o exercício e o funcionamento de
serviços públicos e de atividades essenciais, assim definidos em
decreto da respectiva autoridade federativa.
§ 10. As medidas a que se referem os incisos I, II e VI do caput,
observado o disposto nos incisos I e II do § 6º-B deste artigo,
quando afetarem a execução de serviços públicos e de atividades
essenciais, inclusive os regulados, concedidos ou autorizados,
somente poderão ser adotadas em ato específico e desde que haja
articulação prévia com o órgão regulador ou o poder concedente ou
autorizador.

Assim, referida Lei determina a necessidade de garantir o mínimo em


funcionamento de serviço essencial e, nem mesmo, às medidas de proteção
que já estão sendo adotadas pela CBTU, notadamente quanto à redução de horário
e higienização.

Nesse interim, não tem qualquer relação com o contrato de trabalho dos
empregados da categoria, implicando, assim, na impossibilidade de cumprimento
da Orientação Jurisprudencial nº 11 da SDC, in verbis:

OJ-SDC-11 GREVE. IMPRESCINDIBILIDADE DE


TENTATIVA DIRETA E PACÍFICA DA SOLUÇÃO DO CONFLITO.
ETAPA NEGOCIAL PRÉ- VIA (inserida em 27.03.1998) É abusiva
agreve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e
pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto.

O Tribunal Superior do Trabalho, por sua iterativa jurisprudência, reconhece que o


direito de Greve, embora seja um direito social pela Constituição Federal, não é
absoluto. A guisa de exemplo colaciona-se o v. Acórdão adiante transcrito que bem
sintetiza o posicionamento daquela Corte Superior:

RECURSO ORDINÁRIO DA SUSCITANTE - DISSÍDIO


COLETIVO DE GREVE - ABUSIVIDADE Embora garantido
constitucionalmente, não é absoluto, irrestrito e ilimitado o direito
de greve. Ao contrário, deve observar os limites, pressupostos e
requisitos legais para ser regular e não abusivamente exercido. In
casu, desatendido o preceito legal estabelecido no art. 3º da Lei nº
7.783/89, tendo em vista que não demonstrado, de forma válida, o
propósito efetivo de negociação prévia e autônoma, declara-se
abusiva a greve. Recurso ordinário provido. (TST – RODC:
7333386720015155555 733338- 67.2001.5.15.5555,
Relator: Vantuil Abdala Data de Julgamento: 28/06/2001, Seção
Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DJ
10/08/2001.).

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Em consequência, caso a Greve seja deflagrada ou conduzida fora dos contornos


estabelecidos na Lei de Greve, o que é o presente caso, o movimento será
considerado abusivo, conforme preconiza o artigo 14 da Lei nº 7.783/89:

Artigo 14. Constitui abuso do direito de greve a


inobservância das normas contidas na presente Lei (“...)”.

Interessante observar as considerações feitas por AROUCA (2006, página 320),


quando menciona que a qualificação de abusividade do movimento grevista foi
introduzida pela Lei nº 7.783/89:

Na vigência da Lei nº 4.330/64 a Greve era legal ou ilegal, de


maneira que o direito era restrito, só legitimado quando atendidos
os pressupostos legais. A Lei n. 7.783, de 1989, logo no artigo 2º
manteve a limitação, e, portanto, a potência do direito, para só
reconhecê-lo quando se ajustasse a definição que acolheu: “Para os
fins desta lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a
suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial da
prestação pessoal de serviços”. E no já referido art. 14 foi além,
adotando um novo qualificativo: “Constitui abuso do direito de
greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem
como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo,
convenção, ou decisão da Justiça do Trabalho.”.

Com efeito, a observância das condições impostas na Lei nº 7.783/89 objetiva


justamente fazer com que a greve atenda sua finalidade social, econômica e que
atenda ao predicado da boa-fé. Logo, a qualificação da greve como abusiva
tem relação com o exercício abusivo de um direito, que torna o ato ilícito,
conforme previsão contida no art. 187 do Código Civil.

Nesse contexto, GONÇALVES (2008, página 466) assim esclarece sobre a


caracterização e abrangência do abuso de direito:

Observa-se que a jurisprudência, em regra, e já há muito tempo,


considera como abuso de direito o ato que constitui o exercício
egoístico, anormal do direito, sem motivos legítimos, nocivos a
outrem, contrários ao destino econômico e social do direito em
geral. (...) Observa-se que o instituto do abuso de direito tem
aplicação em quase todos os campos do direito, como instrumento
destinado a reprimir o exercício antissocial dos direitos subjetivos.

E, em sendo reconhecida a abusividade da Greve, a Constituição Federal determina,


no artigo 9º, §2º, que os seus responsáveis serão sujeitos às penas de Lei, tango
que o artigo 15 dispõe que a responsabilidade pelos atos praticados durante o
movimento será apurada através de análise casuística, não se restringindo somente
à esfera trabalhista.

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Evidente que a paralisação proposta fere os dispositivos legais citados, uma vez
que detém abusividade, vez que a sua intenção não se limita nem mesmo apenas
ao escopo trabalhista, ou seja, não se limita à relação existente entre os
trabalhadores e a CBTU. Versa, na verdade, sobre um movimento que busca burlar
até mesmo o plano nacional de imunização (PNI), do Governo Federal.

DAS RAZÕES MERITÓRIAS

Nobres Desembargadores, o Sindicato Requerido pretende que a categoria


continue a trabalhar apenas se houver aceitação de suas exigências na
negociação de Acordo Coletivo de Trabalho.

Ora, a paralisação pretendida pela categoria dos empregados não encontra amparo
legal, além de afetar toda a população frente ao serviço essencial prestado à
mesma.

Todavia, a paralisação, nos termos em que foi deliberada, constitui nítido abuso do
direito de greve, ante a inobservância das normas contidas na Lei nº 7.783/89.

DO SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL


GREVE DE CUNHO POLÍTICO

Convêm ressaltar a responsabilidade social da CBTU para com a população em


geral, notadamente, os trabalhadores que se deslocam diariamente para suas
respectivas ocupações.

Aqui se observa a sua razão de existir pela importância no transporte público de


passageiros na Região Metropolitana de Belo Horizonte, como única operadora
pública do Sistema de Transporte Público de Passageiro da Região
Metropolitana, que abrange as camadas de usuários mais carentes do
transporte público do referido sistema.

A referida malha ferroviária operada pela COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS


URBANOS – CBTU da rede de Metrô de Recife e região metropolitana é composta
por quilômetros de extensão, com abrangência à região metropolitana, conforme
apresentado abaixo:

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Os motivos elencados pelo Sindimetro/MG não podem prosperar frente à


Companhia.

O Sindicato aduz em seu Oficio n. 018/SMPE/2022 enviado à CBTU que a Greve


seria em face da “frustração das negociações do acordo coletivo de trabalho”,
fundamentando que o mesmo teria transcorrido “sem nenhuma comunicação sobre
a possibilidade de alteração na estrutura organizacional da empresa, bem como na
continua falta de investimentos e condições de trabalho da categoria”, como se
pode observar do oficio encaminhado à CBTU.

Em verdade o que pretende o Sindicato Réu é a provocação de greve de


cunho político haja vista a insatisfação face a privatização da CBTU,
restando tal fato devidamente comprovado pelas notícias postadas em sua
rede social, senão vejamos:

https://pt-br.facebook.com/sindmetrope

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Quanto à privatização, cumpre esclarecer que não se trata de


assunto relacionado às relações de trabalho dos empregados
desta Companhia e, portanto, não pode ser considerado
motivo legal para o direito de greve.

A greve é uma forma de solução de conflito coletivo de trabalho, uma reação contra
a resistência do empregador diante da reivindicação de melhores condições de
trabalho. O Sindicato Autor em momento nenhum aponta de forma clara sobre as
“condições de trabalho” que entende serem prejudiciais aos trabalhadores
tampouco sua proposta para a negociação coletiva, restando claro que em verdade
não há, como motivação da greve reivindicação de melhores condições de trabalho,
mas tão somente insatisfação quanto à privatização.

Contudo, a GREVE contra a privatização é um ato político, não sendo um ato de


reivindicação de condições de trabalho.

A seguir, serão abordados tópicos explicativos e elucidativos a respeito da


desestatização da CBTU, fins de demonstrar a não ingerência da Companhia na

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tomada de decisões. Este, inclusive, é o entendimento deste C. Tribunal Regional


do Trabalho vejamos:

GREVE. PARALISAÇÃO DAS ATIVIDADES LABORAIS POR


MOTIVAÇÃO POLÍTICA. ABUSIVIDADE. CONFIGURAÇÃO. Consoante
prescreve o art. 14 da Lei nº 7.783/89, é abusivo o direito de greve
exercido sem a observância das normas inseridas na referida Lei,
tanto em relação a seus requisitos formais quanto aos materiais.
Desse modo, por não atender o disposto nos artigos 3º da Lei nº
7.783/89 e 114, §2º da Constituição Federal, além de estar em
desconformidade com a Orientação Jurisprudencial nº 11 da Seção
de Dissídios Coletivos do TST, é de se entender como abusiva a
greve política, porquanto inviabiliza a ocorrência de prévia
negociação coletiva com o empregador, pois este não tem como
atender as pautas políticas reivindicadas, motivo pelo qual o
movimento paredista é ilegal. (TRT 3ª R.; DCG 0010804-
57.2019.5.03.0000; Seção Especializada de Dissídios Coletivos; Rel.
Des. Jorge Berg de Mendonça; DEJT/MG 28/02/2020; Pág. 330).

Desta forma, a paralisação geral pretendida pelo Sindicato viola os artigos 3º e 13


da Lei nº 7.783/89 e maculam o movimento grevista de abusividade, afrontando o
legítimo direito garantido pela Constituição Federal em seu artigo 9º e
regulamentado pela Lei nº 7.783/89.

Por essa razão é que, por direito e justiça, deve ser julgado procedente o pedido
objeto da presente ação cautelar inominada, visando em ação futura, a declaração
da abusividade da greve e assim, determinado liminarmente, que o Sindicato réu
mantenha a prestação regular do serviço público essencial de transporte
metroviário com 100% da capacidade operacional.

Isso porque, caso seja efetivada a paralização integral, haverá consequências


danosas e irreversíveis para o sistema, transtornos e insegurança aos usuários, em
razão das manifestações de insatisfação por parte da população através de
depredação de equipamentos e instalações, como mostram os históricos de
paralisações anteriores.

Tal medida, além de se revestir da responsabilidade social, enquanto prestador de


serviço público essencial evitará a penalização dos usuários e da população carente.

Demais disso, evitará os transtornos decorrentes no horário de maior fluxo,


manifestações de desagrado da população usuária e, até mesmo depredações aos
equipamentos, de forma que os prejuízos decorrentes da greve, de forma alguma,
maculam o exercício do direito de greve constitucionalmente garantido.

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DO BREVE HISTÓRICO DOS TRÂMITES DA UNIÃO ACERCA DA


POSSIBILIDADE DE DESESTATIZAÇÃO DA CBTU – NÃO INGERÊNCIA DA
CBTU NAS TOMADAS DE DECISÕES

Com o fito de se esclarecer sobre os planos de desestatização da CBTU, faz-se


necessária a sua contextualização.

Em maio de 2019 o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI) se


reuniu pela primeira vez e qualificou 59 projetos para dar continuidade ao trabalho
do programa. Dentre estes, estavam a privatização de duas estatais ligadas à área
de transporte público, a CBTU e a Trensurb. A Companhia Brasileira de Trens
Urbanos (CBTU) atua em Belo Horizonte, Recife, Maceió, João Pessoa e Natal. A
Trensurb é responsável pelo metrô de superfície de Porto Alegre.

No caso da CBTU, o interesse da União é de que a empresa tenha suas atividades


separadas por cidade, para que seja possível privatizá-las. Para tanto, por meio do
BNDES está sendo feito um estudo da viabilidade para entregar o empreendimento
a uma concessionária privada.

A Resolução nº 60, de 8 de maio de 2019, opinou pela qualificação da CBTU e da


Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. (Trensurb) no âmbito da Secretaria
Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e do Programa Nacional
de Desestatização (PND).

Segundo a publicação, ficou previsto para o segundo semestre de 2021 a


publicação do edital para o leilão da CBTU, sendo que o leilão deve ocorrer no
primeiro semestre de 2022. Vejamos o teor da citada Resolução:

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Atos contínuos, a CBTU foi inserida no PND – Programa Nacional de Desestatização,


por meio do Decreto 9.999/2019, editado pelo Presidente da República Sr. Jair
Messias Bolsonaro em 03.09.2019.

A seguir colacionamos, in verbis, o aludido Decreto:

Presidência da República Secretária-geral Subchefia para Assuntos


Jurídicos DECRETO Nº 9.999, DE 3 DE SETEMBRO DE 2019.
Dispõe sobre a qualificação da Companhia Brasileira de Trens
Urbanos - CBTU no âmbito do Programa de Parcerias de
Investimentos da Presidência da República e sobre a sua inclusão
no Programa Nacional de Desestatização. O PRESIDENTE DA
REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, caput,
incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o
disposto na Lei nº 9.491, de 9 de setembro de 1997, na Lei nº
13.334, de 13 de setembro de 2016, e na Resolução nº 60, de 8 de
maio de 2019, do Conselho do Programa de Parcerias de
Investimentos da Presidência da República, DECRETA : Art. 1º Fica
a Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU qualificada no
âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência
da República - PPI, e incluída no Programa Nacional de
Desestatização - PND. Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data
de sua publicação. Brasília, 3 de setembro de 2019; 198º da
Independência e 131º da República. JAIR MESSIAS BOLSONARO
Gustavo Henrique Rigodanzo Canuto Onyx Lorenzoni

Em 19.11.2019, por meio da Resolução 102/2019, foi autorizada a contratação pelo


Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, dos estudos
especializados necessários à estruturação da concessão do serviço público de
transporte ferroviário de passageiros nas regiões metropolitanas atendidas pela
Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU e pela Empresa de Trens Urbanos
de Porto Alegre S.A. - Trensurb no âmbito do Programa de Parcerias de
Investimentos da Presidência da República - PPI e do Programa Nacional de
Desestatização - PND.

Resolução 102/2019: DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO Publicado em: 05/12/2019


| Edição: 235 | Seção: 1 | Página: 4 Órgão: Presidência da
República/Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos da

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Presidência da República RESOLUÇÃO Nº 102, DE 19 DE NOVEMBRO DE


2019 Autoriza a contratação, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social - BNDES, dos estudos especializados necessários à
estruturação da concessão do serviço público de transporte ferroviário de
passageiros nas regiões metropolitanas atendidas pela Companhia Brasileira
de Trens Urbanos - CBTU e pela Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre
S.A. - Trensurb no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos da
Presidência da República - PPI e do Programa Nacional de Desestatização -
PND. O CONSELHO DO PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTOS DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe conferem a
alínea "c" do inciso V do artigo 7º, da Lei nº 13.334, de 13 de setembro de
2016, combinado com o artigo 6º, II, alínea "f", da Lei nº 9.941, de 9 de
setembro de 1997, e com o artigo 10, inciso II, alínea "f", do Decreto nº
2.594, de 15 de maio de 1998, Considerando a necessidade de ampliar as
oportunidades de investimento e emprego no País e de estimular o
desenvolvimento econômico nacional, em especial por meio de ações
centradas na ampliação e na melhoria da infraestrutura e dos serviços
voltados ao cidadão; Considerando que os serviços realizados por essas
empresas são de competência estadual e prestados em caráter precário;
Considerando a necessidade de melhoria dos serviços prestados por essas
empresas; Considerando a necessidade de expandir a qualidade da
infraestrutura pública e de conferir aos projetos tratamento prioritário
previsto na legislação; Considerando a possibilidade do CPPI aprovar a
contratação, pelo Gestor do Fundo Nacional de Desestatização, de pareceres
ou estudos especializados necessários à desestatização de setores ou
segmentos específicos; e Considerando a necessidade de realização dos
levantamentos e avaliações indispensáveis à organização das licitações que
precederão a outorga das concessões do serviço público de transporte
ferroviário de passageiros nas regiões metropolitanas atendidas pela
Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU e pela Empresa de Trens
Urbanos de Porto Alegre S.A. - Trensurb; resolve: Art. 1º Fica o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES autorizado a
contratar os estudos especializados necessários à estruturação da concessão
do serviço público de transporte ferroviário de passageiros nas regiões
metropolitanas atendidas pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos -
CBTU e pela Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. - Trensurb,
para fins da desestatização objeto. do Decreto nº 9.998 e do Decreto nº
9.999, ambos de 3 de setembro de 2019. Parágrafo Único. As despesas
incorridas pelo BNDES com a contratação prevista no caput deste artigo
deverão ser consideradas pela União para fins do ressarcimento previsto no
artigo 21 da Lei nº 9.491, de 9 de setembro de 1997. Art. 2º Esta Resolução
entra em vigor na data de sua publicação. ONYX DORNELLES LORENZONI
Ministro de Estado Chefe da Casa Civilda Presidência da República MARTHA
SEILLIER Secretária Especial do Programa de Parcerias de Investimentos da
Casa Civil da Presidência da República

Diante deste Decreto nº 9.999, de 03.09.2019, qualificando a CBTU no âmbito do


Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República - PPI e no
Programa Nacional de Desestatização - PND, bem como da Resolução 102/2019, de
19.11.2019, que autorizou a contratação de estudos especializados pelo BNDES,
este iniciou a coordenação dos estudos técnicos necessários para a desestatização
da Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, que ainda está em trâmite,

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conforme se denota pela publicidade do Pregão 45/2019 no sítio eletrônico do


referido Banco, abaixo destacado:

https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/transparencia/licitacoescontratos/licitacoes/
pregoes-eletronicos/pregoes-
letronicos2019/!ut/p/z1/xVNLc9owGPw1PgrJD4zpzThgp5jwCgF8YWRbgFosOZICTX59P2hmSk
JhptNDfbJXK-1-
6xXO8AJngu75hhouBd3B9zLzV2m73028IUnjCbFJ2Oz3wqe7vktcF89PBHLlCQnOzvcPJ0lAwjRK
H0e9gAy6Dn7CGc4KYWqzxctclEyvuNCGm5fi5MAiW1kxixhFha6pYqLg1CI7XnBDC8k0YqiQApa
N1Oe4RWrFNvCyYjtmlBS8kL9BdAYih9jto4264CVe2uvcKT1WIKdtN5FH7QC1y5aD1qXvt22_BK
D1PvaNXLLbqcyPehSSeMWJBMP76fTERk_ep8JxB31SJik9swbdIjTvyAM790uEKK06XX7dtx23w
k3XCxhitaZhOM1wcPY9-
8miR1FPp7vOTvgmZCqgjJM_zKk5EIhHj3AEM1xh8Rdz_Ye3H9UPoxgsvfAP111CAabOBYaraIi7X
Ei6slADr_9vychdBJKBX7YfDif5YS5tvsZP7rIoYidwMYRLE1U0w1XhTAW2Nq_cUiFjkcDo2T18ZG7
hu5AqQni2VOTrW3LArvmEP0wau_BstqDzakQXTGkywClFR0ooJI_9kYSs1JPRZGdfVrArcV_R9kr
x1HlAc5cGr u9tX80CHPwE9tJQ, senão vejamos:

Pregão eletrônico 45/2019 Objeto: Contratação de serviços


necessários para a realização de estudos para a desestatização da
Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU e/ou das pessoas
jurídicas resultantes da sua cisão societária, conforme as
especificações deste Edital e de seus Anexos, observando-se a
seguinte divisão: ITEM 1 – “SERVIÇO A” (avaliação econômico-
financeira); e ITEM 2 – “SERVIÇO B” (avaliação econômico-
financeira e serviços jurídicos, contábeis, técnico-operacionais e
outros serviços profissionais especializados).  Aviso de licitação
(PDF - 11 kB)  Edital (PDF - 586 kB)  Anexos VII e VIII - Tabelas
de produtos (XLSX - 29 kB)  Anexos IX e X - Tabelas de valores
estimados (XLSX - 31kB)  Anexo IX - Tabela de Valores Estimados
- Serviço A (XLSX - 13 kB)  Anexo X - Tabela de Valores Estimados
- Serviço B (XLSX - 23 kB)  Questionamento 1 (PDF - 9 kB) 
Questionamento 2 (PDF - 13 kB)  Questionamento 3 (PDF - 10 kB)
 Questionamento 4 (PDF - 96 kB)  Questionamento 5 (PDF - 20
kB)  Questionamento 6 (PDF - 12 kB)  Questionamento 7 (PDF - 8
kB)  Ata de Julgamento de impugnação nº 01 (PDF - 341 kB) 
Aviso de Adiamento (PDF - 12 kB)  Ata de Julgamento de
Impugnação nº 02 (PDF - 136 kB)  Ata de Julgamento de
Impugnação nº 03 (PDF - 134 kB)  Ata de Julgamento de
Impugnação nº 04 (PDF - 309 kB)  Ata de Julgamento de
Impugnação nº 05 (PDF - 112 kB)  Ata de Julgamento de
Impugnação nº 06 (PDF - 43 kB)  Ata de Julgamento de
Impugnação nº 07 (PDF - 61 kB)  Questionamento 8 (PDF - 27 kB)
 Ata de Julgamento de Impugnação nº 08 (PDF - 65 kB)  Parecer
sobre a habilitação técnica (PDF - 240 kB)  Parecer sobre a
proposta - Consórcio Houer/M Viana/Engevix (PDF - 99 kB)  Aviso
de Reagendamento da Sessão (PDF - 12 kB)  Parecer sobre a
proposta - Serviço A - Cypress (PDF - 26 kB)  Parecer sobre a
habilitação técnica - Serviço A - Cypress (PDF - 39 kB)  Parecer

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sobre a proposta - Serviço B - EY (PDF - 29 kB)  Parecer sobre a


habilitação técnica - Serviço B - EY (PDF - 94 kB)  Ata de
julgamento de recurso - Accenture (PDF - 51 kB)  Ata de
julgamento de recurso - Houer (PDF - 113 kB)  Aviso de
homologação (PDF - 11 kB)  Extrato de contrato OCS n° 077/2020
(PDF - 11 kB)  Extrato de contrato OCS n° 078/2020 (PDF - 11 kB)

Tem-se que os últimos andamentos acerca do processo de desestatização


conduzido pelo BNDES, foram os Extratos de Contrato de nº 77 e 78/2020 que são,
justamente, contratos com empresas para realização de estudos para a
desestatização da CBTU e/ou das pessoas jurídicas resultantes da sua cisão
societária (SERVIÇOS A e B), vejamos:

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Paralelamente, o Governo Federal, por intermédio da Secretaria Especial do


Programa de Parcerias de Investimentos – SPPI, firmou acordo de cooperação
técnica com os estados de Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul para o
estudo, o planejamento, a estruturação e a execução do projeto de concessão do
serviço público de transporte ferroviário de passageiros nas respectivas regiões
metropolitanas de suas capitais, o que inclui a desestatização da Companhia
Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

O Extrato do acordo, assinado em 10 de janeiro de 2020 e com vigência até 10 de


dezembro de 2021, foi publicado no Diário Oficial da União de 06 de março de
2020.

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No decorrer dos estudos, foi identificada a necessidade da reestruturação societária


da CBTU. Por obrigatoriedade da Lei das S/A, tal reestruturação deverá ocorrer
mediante a elaboração de laudos de avaliação a valor contábil.

Com a implantação da segregação patrimonial, haverá uma transparência sobre os


reais custos de operação de cada superintendência da CBTU, o que facilitará o
esforço de precificação dos ativos e reduzirá incertezas no processo de
desestatização.

Desta forma, foi editada pela União a Resolução 160/2020, publicada em


23.12.2020, vejamos inteiro teor:

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO Publicado em: 23/12/2020 | Edição:


245 | Seção: 1 | Página: 21 Órgão: Ministério da
Economia/Gabinete do Ministro RESOLUÇÃO CPPI Nº 160, DE 2 DE
DEZEMBRO DE 2020 Aprova operações de reestruturação societária
na Companhia Brasileira de Trens Urbanos S.A. - CBTU. O
CONSELHO DO PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTOS -
CPPI, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 7º, caput,
incisos IV e V, alínea "c", da Lei nº 13.334, de 13 de setembro de
2016, e o artigo 6º, inciso II, alíneas "b", "e" e "f", da Lei nº 9.491,
de 9 de setembro de 1997, Considerando a necessidade de ampliar
as oportunidades de investimento e emprego no País e de estimular
o desenvolvimento econômico nacional, em especial por meio de
ações centradas na melhoria da infraestrutura e dos serviços de
logística e transportes; Considerando a necessidade de garantir a
continuidade à participação da iniciativa privada na execução de
serviços de manutenção e nos investimentos em infraestrutura, de
modo a agregar melhorias ao sistema existente; Considerando que
a Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU foi qualificada no
âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência
da República - PPI, e incluída no Programa Nacional de
Desestatização - PND; Considerando o atual avanço dos estudos de
que trata o Decreto nº 9.999, de 3 de setembro de 2019,
especialmente em relação ao sistema de metrô da Região
Metropolitana de Belo Horizonte; e Considerando a necessidade de
reorganização societária da Companhia Brasileira de Trens Urbanos
- CBTU, resolve: Art. 1º Aprovar a cisão parcial da Companhia
Brasileira de Trens Urbanos S.A. - CBTU, com versão de parcelas de
seu patrimônio, pertinentes às atividades da Superintendência
Regional Belo Horizonte (STU-BH), em uma nova sociedade por
ações. Parágrafo único. A nova sociedade por ações de que trata o
caput será criada com finalidade de desestatização. Art. 2º Aprovar
a criação de subsidiárias integrais da CBTU, com versão de parcelas
de seu patrimônio pertinentes às atividades das seguintes
superintendências regionais: I - Superintendência Regional Belo
Horizonte (STU-BH) II- Superintendência Regional João Pessoa

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(STU-JOP) III - Superintendência Regional Maceió (STU-MAC) IV -


Superintendência Regional Natal (STU-NAT) V- Superintendência
Regional Recife (STU-REC) Art. 3º Aprovar a incorporação da
subsidiária STU-BH de que trata o art. 2º pela nova sociedade de
que trata o art. 1º, seguindo as diretrizes estabelecidas pelo
Ministério da Economia. Art. 4º As operações societárias a que se
referem os artigos 1º e 2º seguirão as diretrizes do Ministério da
Economia, com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social - BNDES e ouvido o Ministério do
Desenvolvimento Regional. Art. 5º A CBTU, com apoio do Ministério
da Economia e do BNDES, deverá, até 30 de abril de 2021, tomar
todas as providências que se fizerem necessárias à efetivação das
medidas aprovadas na forma do art. 1º e do art. 2º. Art. 6º Esta
Resolução entra em vigor após sete dias da data de sua publicação.
PAULO GUEDES Ministro de Estado da Economia MARTHA SEILLIER
Secretária Especial do Programa de Parcerias de Investimentos

Exa., por todo exposto, resta incontestável que a CBTU não possui qualquer
ingerência na decisão do Governo Federal acerca da sua desestatização, sendo
apenas parte de todo o processo em que deve cumprir com as determinações
Federais, por ser à União subordinada – vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento Regional.

A CBTU apenas é cientificada quanto ao que deve cumprir, como por exemplo, o
que consta no art. 5º da Resolução 160/2020 acima destacada, que determinou à
Companhia, com apoio do Ministério da Economia e do BNDES, tomar todas as
providências, até 30.04.2021, para efetivar as medidas de cisão parcial na unidade
de Belo Horizonte/MG e de criação de subsidiárias nas demais Unidades da
empresa.

Conforme se depreende do sítio eletrônico do PPI


(https://www.ppi.gov.br/cisaocbtu), houve a publicidade do processo de
reestruturação societária que assim se encontra:

Foi publicada, no Diário Oficial da União desta quarta-feira (23/12),


a Resolução CPPI nº 160, de 2 de dezembro de 2020, que aprova
operações de reestruturação societária na Companhia Brasileira de
Trens Urbanos S.A – CTBU. O texto prevê a cisão parcial da CBTU
na operação da Superintendência Regional de Belo Horizonte, com
criação de nova sociedade por ações a ser desestatizada. A estatal
foi qualificada na carteira de projetos do Programa de Parcerias de
Investimentos (PPI) e no Programa Nacional de Desestatização
(PND) por meio do Decreto nº 9.999/2019. Além da cisão parcial, o
modelo proposto aprova a transformação das filiais em Alagoas,
Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte em
subsidiárias. Para tanto, a reestruturação societária ocorrerá em
etapas, começando pela realização de Assembleia Geral

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Extraordinária e contratação de laudos. A transferência da CBTU-MG


para a iniciativa privada está prevista para o final de 2021. Neste
momento, com a participação do Governo do Estado de Minas
Gerais, está em andamento o estudo para a concessão do serviço,
que será realizada em conjunto com a privatização. Esse estudo
envolve um levantamento dos investimentos necessários, que
ficarão como obrigação do parceiro privado, para modernizar e
trazer segurança e conforto para os passageiros. No âmbito dos
estudos está contemplada a Linha 2 do metrô de Belo Horizonte,
que também deverá ser desenvolvida e operada por parceiro
privado, fruto de contrato de concessão. Essa é uma etapa
importante na definição da modelagem, assim como outras
variáveis. A conclusão desses estudos está prevista para o segundo
trimestre de 2021.

Pelo exposto, ainda está em trâmite todos os estudos acerca do processo de


desestatização, inexistindo qualquer conclusão quanto aos mesmos, bem como se
constata que a CBTU não possui e nem possui qualquer decisão acerca do interesse
na desestatização e que, todas as decisões a esse respeito, são emanadas do
Governo Federal, seguindo os estudos realizados pelo BNDES.

Assim, conforme exposto e demonstrado, resta claro que a CBTU não possui
qualquer ingerência nas tomadas de decisões e processo de desestatização
promovido pela União, por meio do BNDES.

DAS FASES DO PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO

Para elucidar melhor o curso do processo de desestatização, demonstramos a


seguir todas as fases que devem ocorrer e, as quais, já foram cumpridas em
relação à CBTU:

Decisão interna:

Primeiro: o próprio governo precisa decidir pela privatização ou não de uma estatal.
Fase que o Governo Federal atual já cumpriu e incluiu a CBTU, nos termos
destacados no tópico anterior.

Conselho do PPI:

Decidido internamente pela privatização, o assunto é levado para o Conselho do


Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). Esse conselho é formado pelo
presidente da República, pelos ministros da Casa Civil, Economia, Infraestrutura,
Minas e Energia, Meio Ambiente, Desenvolvimento Regional e Secretaria de
Governo, além de contar com a participação dos presidentes do BNDES, Caixa,
Banco do Brasil. Outras pessoas ligadas ao governo e agências reguladoras,

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também, podem ser convidadas a participar da reunião. É na reunião do conselho


do PPI que eles deliberam ou não sobre a inclusão de determinada empresa na lista
de possíveis privatizações. Feita a recomendação, cabe depois ao presidente Jair
Bolsonaro assinar o decreto, qualificando a estatal no PPI ou no PND. Etapa,
também, já ultrapassada em relação à ré, anteriormente comprovado.

Qualificação para o PPI:

No conselho do PPI, os presentes podem decidir recomendar a inclusão de uma


estatal na carteira do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). Nesse caso, a
privatização da estatal ainda está na fase de estudos. A equipe do PPI e de outras
empresas, como BNDES, EPE e EPL, vão analisar o interesse do mercado e as
possíveis modelagens para venda da companhia. Ao final, é feita uma
recomendação sobre a melhor modelagem para venda (total ou parcial) e a
inclusão no PND. É possível, porém, que o PPI também recomende a liquidação
(fechamento) de uma estatal.

Inclusão no PND:

Esta é uma etapa obrigatória: a inclusão no Programa Nacional de Desestatizações


(PND). É feita por decreto do presidente da República. Na reunião do conselho do
PPI, o conselho pode recomendar a inclusão direta da estatal no PND ou
recomendar primeiro a qualificação para o PPI (etapa acima). O decreto de inclusão
no PND demonstra o interesse firme de o governo em privatizar, conceder os
serviços ou fechar uma estatal. O decreto traz os motivos e também os prazos para
publicação do edital e realização da venda ou concessão.

Estudos:

Incluída de fato no PND, começa-se a etapa de estudos e consulta públicas, fase


que pode ou não ser encurtada caso a estatal tenha passado antes pelo PPI. São
feitos estudos de modelagem, viabilidade econômico-financeira, consultas públicas,
entre outros. BNDES participa dessa etapa.

Etapa atual que se encontra o processo de desestatização da CBTU.

Tribunal de Contas da União:

Avançados os estudos, o Tribunal de Contas da União (TCU) analisa o material e a


minuta do edital para ver se há possíveis irregularidades e recomendar a correção,
a fim de se evitar que o poder público e a sociedade tenham prejuízo com a
operação. O aval do tribunal é essencial, pois evita as chances de judicializações do
processo de venda e dá segurança jurídica aos interessados em assumir o ativo.

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Publicação do edital e venda em si:

Vencidas as etapas acima, o edital em si é publicado e a venda realizada. Em geral,


há um prazo de 90 dias entre a publicação do edital e a venda, que pode ser feita
via oferta de ações ou licitação.

Conforme destacado alhures, a privatização da CBTU ainda está em fase de


estudos, sendo realizados por intermédio do BNDES.

DA AUSÊNCIA DE AMEAÇA DE LESÃO AOS DIREITOS CONSUBSTANCIADOS


NOS ARTIGOS 6º E 170, INCISO VIII, DA CF. INEXISTÊNCIA DE NORMA
CAPAZ DE IMPOR A REALIZAÇÃO DE ESTUDO SOCIOECONÔMICO A
RESPEITO DOS REFLEXOS DA OPERAÇÃO NA SEARA TRABALHISTA

A possibilidade de privatização JAMAIS representa ameaça aos contratos de


trabalho dos seus substituídos e, por conseguinte, à busca ao pleno emprego e ao
direito ao trabalho, ambos preconizados nos artigos 6º e 170, VIII, da Constituição
Federal (“CF”).

Constata-se do Edital do Pregão 45/2019 do BNDES que é contemplado nos estudos


a avaliação das informações trabalhistas.

Vejamos na página 23 do referido Edital:

DUE DILIGENCE: análise ou avaliação detalhada de informações e


documentos pertinentes a uma determinada sociedade e/ou seu
ativo. Objetiva suportar a negociação de compra e venda da
empresa e consiste na aplicação de procedimentos direcionados nas
áreas contábil, patrimonial, financeira, tributária, legal e trabalhista,
para identificação de potenciais eventos que possam alterar, de
forma relevante, a posição contábil e/ou o valor de mercado da
empresa objeto da negociação.

A seguir na página 33 do Edital se constata

4.2.3. Avaliação dos Recursos Humanos, da Gestão e Governança e


da Situação Previdenciária da EMPRESA, com apresentação de
relatório contemplando, dentre outros aspectos, os seguintes: a) o
perfil dos empregados e terceirizados, considerando as faixas
etárias, o grau de escolaridade, o tempo de serviço, qualificação
profissional e tipo de vínculo; b) o diagnóstico da estrutura
organizacional e gerencial atual, contratos de terceirização de
pessoal, plano de cargos e salários, programas de treinamento e
avaliação, benefícios existentes, produtividade da mão-de-obra;
índices comparativos com outras empresas similares no país e no
exterior, incluindo o exame e impactos dos acordos coletivos de

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trabalho vigentes; c) indicação e proposição de eventuais


aprimoramentos da estrutura de governança com a finalidade de
melhoria do funcionamento da gestão e do desempenho operacional
do SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE
PASSAGEIROS, indicando e propondo alterações legais,
administrativas e/ou regulatórias; d) processos, gestão de riscos,
controles internos, política de remuneração dos administradores,
gestão de pessoas, gestão de patrimônio e infraestrutura, gestão da
Tecnologia de Informação e gestão ambiental; e) avaliação e
revisão de Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, caso
exista; f) avaliação da situação atuarial e previdenciária indicando
as responsabilidades da EMPRESA perante a Fundação Rede
Ferroviária de Seguridade Social – REFER, com apresentação de
relatório abrangendo, dentre outros, um breve histórico, natureza e
principais características do fundo e do plano, número e perfil dos
participantes por categoria de plano, diagnóstico da situação
contábil, atuarial e jurídica, especialmente aspectos relacionados à
solvência, liquidez, equacionamento de déficits, equilíbrio atuarial,
governança, eventuais cobranças de dívidas entre as partes
relacionadas, bem como identificar os ajustes necessários para
atender aos aspectos legais e para assegurar o. equilíbrio atuarial,
identificando eventuais valores de ajustes para a recomendação do
preço de venda das AÇÕES.

Portanto, se constata que todo esse estudo está contemplado nos contratos
realizados de números 77 e 78/2020.

Vejamos, novamente, os termos dos contratos de estudos:

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Pelos contratos denota-se que o prazo para cumprimento desses é de 36 meses a


contar da assinatura, que ocorreu em 16.03.2020. Assim, ainda no prazo a
realização de todos os estudos pertinentes, nos termos do Edital 45/2019 do
BNDES.

Em outras palavras, os estudos encomendados até o momento tem por objetivo a


análise de aspectos que efetivamente sofrerão alterações a partir da mudança do
controle acionário.

Tratam-se, portanto, de estudos objetivos, que não se ocupam de meras


especulações acerca dos impactos da operação.

Outrossim, insta destacar que inexiste norma que obrigue às empresas a realização
do estudo pretendido nos autos.

Tem-se que não estão os direitos dos empregados da CBTU, por ora, desprotegidos
com a realização dos estudos pelo BNDES.

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Vale destacar, ainda, que os arts. 10 e 448 da CLT dispõem que qualquer alteração
na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho de seus
empregados, o que é devidamente observado.

Aliás, a ausência de uma condicionante para a realização de qualquer procedimento


atinente à alteração do controle acionário encontra amparo nas garantias legais que
serão abordadas ao longo da presente defesa, bem como no art. 10 da
Consolidação das Leis do Trabalho (“CLT”), segundo o qual “Qualquer alteração na
estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus
empregados”.

Ademais, importa ressaltar que a aplicação do Programa Nacional de


Desestatização na Companhia, como preceitua a Resolução 206/2021, considerou
“a necessidade de ampliar as oportunidades de investimento e emprego no País e
de estimular o desenvolvimento econômico nacional, em especial por meio de ações
centradas na ampliação e na melhoria da infraestrutura e da mobilidade urbana”.

Neste sentido, vide art. 1º da Lei 9491/97, transcrito in verbis:

Art. 1º O Programa Nacional de Desestatização – PND tem como


objetivos fundamentais: I - reordenar a posição estratégica do
Estado na economia, transferindo à iniciativa privada atividades
indevidamente exploradas pelo setor público; II - contribuir para a
reestruturação econômica do setor público, especialmente através
da melhoria do perfil e da redução da dívida pública líquida; III -
permitir a retomada de investimentos nas empresas e atividades
que vierem a ser transferidas à iniciativa privada; IV - contribuir
para a reestruturação econômica do setor privado, especialmente
para a modernização da infraestrutura e do parque industrial do
País, ampliando sua competitividade e reforçando a capacidade
empresarial nos diversos setores da economia, inclusive através da
concessão de crédito; V - permitir que a Administração Pública
concentre seus esforços nas atividades em que a presença do
Estado seja fundamental para a consecução das prioridades
nacionais; VI - contribuir para o fortalecimento do mercado de
capitais, através do acréscimo da oferta de valores mobiliários e da
democratização da propriedade do capital das empresas que
integrarem o Programa. (grifos nossos)

Ultrapassada a referida questão, faz-se necessário observar que a mera deliberação


a respeito do processo de desestatização da CBTU não representa ameaça ao
direito ao trabalho (art. 6º, da Constituição Federal), tampouco à busca ao pleno
emprego (art. 170, inciso VIII, da Constituição Federal).

Isso porque, embora não possua caráter meramente programático, as citadas


normas tão somente exprimem a “(...) premissa lógica da necessidade do

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trabalhador de se inserir em um emprego, num contexto que lhe traga segurança


econômica (...)” 22, sendo certo que não se vislumbra ameaça à referida premissa,
eis que a alienação das Distribuidoras não induz o encerramento dos vínculos de
trabalho anteriores.

DAS ATIVIDADES DE SEGURANÇA

Em que pese toda a argumentação já apresentada anteriormente, necessário


destacar-se a imperiosa necessidade de que as atividades desempenhadas com
vistas à segurança patrimonial sejam continuadas, independente das demais.

O caráter estratégico das atividades de segurança patrimonial é inegável. Toda a


malha da ferrovia é rotineiramente guarnecida, em tempo integral, para garantir a
incolumidade do patrimônio.

A relevância das áreas de segurança é no sentido de garantia da incolumidade do


patrimônio da CBTU, que, como membro da administração pública indireta,
também é patrimônio público.

Necessário se faz o direito desta Companhia em ter seu resguardado, com


funcionamento de 100% do serviço de segurança metroviária em período integral
no decorrer da paralisação, se esta realmente chegar a ocorrer, observada a escala
regular.

REQUISITOS LEGAIS PARA A CONCESSÃO DA TUTELA PRETENDIDA

Impõe-se aduzir que a pretendida medida cautelar ora requerida atende, em sua
plenitude, os requisitos que a autorizam.
Do fumus boni iuris

Tal requisito faz-se presente para fundamentar o pedido objeto da medida


pretendida pela Requerente, tanto na necessidade e obrigatoriedade de sua
prestação consubstanciada no atendimento ao interesse público representado pela
essencialidade de que se reveste o serviço de transporte coletivo, enquanto serviço
público, constitucionalmente considerado e garantido à população, cuja
continuidade se impõe dentre outros pelo atendimento ao interesse público que
envolve.

Isso se denota pelos dispositivos legais supracitados e transcritos, que dispõem


sobre a essencialidade do transporte público coletivo de passageiros, a partir da
Constituição Federal e dos seus regramentos ordinários específicos,
consubstanciados na Lei de Greve e Código de Defesa do Consumidor, dentre
outros aplicáveis.

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Os princípios da Continuidade dos serviços públicos, da razoabilidade e


oportunidade, ao lado do Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o
Interesse Privado, juntamente com os dispositivos legais supramencionados,
representam o fumus boni iuris, como forma de legitimação e amparo ao pedido de
decretação da ilegalidade da greve, objeto da presente medida, pelo que se
sustenta, o seu acolhimento.

A paralisação pretendida afetará a população frente à prestação de serviço


essencial; sobrecarga dos demais serviços de transporte, aglomeração e
disseminação do vírus, sem contar os prejuízos financeiros da CBTU, que,
mesmo autorizada a funcionar, restará impedida por uma atitude ilegal dos
trabalhadores.

Isso tudo levando-se em conta, novamente, que a CBTU sequer é


responsável pela imunização de seus profissionais, vez que existe o Plano
Nacional de Imunização, do Governo Federal.

Do periculum in mora

Da mesma forma, presente e sem ressalvas, o periculum in mora resta igualmente


caracterizado, pela necessidade de que se decrete liminarmente, a manutenção das
atividades dos trabalhadores, com vistas a evitar a ocorrência dos prejuízos e
transtornos à população usuária, decorrentes da paralisação da prestação dos
serviços como pretendido pelo Requerido.

Configurados assim, os requisitos ensejadores da medida pretendida, sua


concessão se impõe por ser medida de direito e de justiça, considerando
indiscutível interesse público de que se reveste cuja proteção cabe neste momento
ser deferida.

Por fim, em respeito ao disposto no artigo 806 e seguintes do Código de Processo


Civil, indica a Requerente como ação principal a ser proposta dentro do prazo de 30
dias, a ação declaratória de abusividade de greve.

Medida processual idêntica já foi apreciada pelo Tribunal Regional do


Trabalho da 3ª Região - MG, local onde a CBTU também mantém operação,
sendo deferida in totum a liminar requerida nos autos do processo
0010791- 58.2019.5.03.0000, ante a abusividade evidente da greve.
Vejamos:

TRT-TutCautAnt-0010791-58.2019.5.03.0000
DEFIRO, EM PARTE, a liminar requerida e determino que o
SINDICATO DOS EMPREGADOS EM EMPRESAS DE TRANSPORTES
METROVIÁRIOS E CONEXOS DE MINAS GERAIS

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- SINDIMETRO assegure, a partir da zero hora de 14/06/2019, a


seguinte escala durante a paralisação:
a) funcionamento de 100% dos trens no horário de pico, ou seja, das
05h30 às 10 horas e das 16h às 20h da sexta-feira (14/06/2019),
permanecendo em atividade quantos trabalhadores sejam
necessários para o cumprimento desta ordem;
b) funcionamento integral da manutenção de rede aérea e de via
permanente durante quatro horas e trinta minutos, no mínimo, na
sexta-feira (14/06/2019). Havendo serviço inadiável e essencial
para o funcionamento seguro dos trens, os trabalhadores deverão
cumprir a carga horária necessária para a execução do serviço;
c) funcionamento integral, durante quatro horas na sexta-feira
(14/06/2019), da gerência de sistemas fixos, engenharia e oficina
de manutenção, da área de oficinas e manutenção e da gerência de
engenharia e manutenção;
d) funcionamento da gerência de material rodante durante 16 horas na
sexta-feira (14/06/2019), com, no mínimo, um assistente técnico e
dois auxiliares operacionais em cada turno;
e) funcionamento integral do centro de controle operacional (Posto de
Controle de Tráfego, Posto de Controle de Energia, Supervisão, PCL
de Vilarinho e Posto de Controle de Torre do Pátio São Gabriel)
durante o horário de funcionamento previsto na letra "a", desde a
preparação até o recolhimento dos trens. Fora do horário de pico
garantir-se-ão, no mínimo, um trabalhador na sala de comando, um
trabalhador na Torre do Pátio São Gabriel, um trabalhador na Torre
do Pátio do Eldorado e um trabalhador no PCL de Vilarinho;
f) funcionamento do centro de controle de restabelecimento com, no
mínimo, um trabalhador por turno, e funcionamento do plantão de
restabelecimento com, no mínimo, dois empregados para cada
sistema e turno;
g) funcionamento de 100% do serviço de segurança metroviária em
período integral no decorrer da paralisação, observada a escala
regular.
O descumprimento da presente Ordem Judicial acarretará multa de
R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), valor que se mostra adequado
diante do caráter essencial da atividade a ser atingida pela
paralisação e dos reiterados descumprimentos de ordens judiciais
anteriores pelo Sindicato.
A desobediência à Ordem Judicial se caracterizará, também, pela
oposição de dificuldades injustificadas por qualquer das partes, com
possibilidade de apuração de eventual responsabilidade pessoal dos
dirigentes sindicais, inclusive a de natureza penal (art. 9º, § 2º, da
CR/88 e art. 15, caput, da Lei de Greve).
Notifiquem-se as partes com cópia desta decisão liminar e ao
Requerido entregue-se também a cópia da inicial, para, querendo,
contestar o pedido, no prazo de 5 (cinco) dias.
Notifiquem-se a BHTRANS, o SETOP e a TRANSCON informando
acerca da escala acima determinada, a fim de que seja viabilizada a
adequação das linhas de ônibus e o aumento do número de veículos

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em circulação durante o horário em que não haverá o


funcionamento dos trens.
Notifique-se ao comando da POLÍCIA MILITAR, informando o
deferimento desta liminar, para as providências que entender
cabíveis.
Intimações e comunicações, sempre que possível, nos termos do
art. 158 do RI, feitas por Oficial de Justiça, e, ante a evidente
urgência, que este realize o ato a seu cargo dentro ou além do
horário estabelecido no art. 212 do CPC, o que fica determinado.
Intime-se o d. Ministério Público do Trabalho, na forma da lei. P.I.C.
BELO HORIZONTE, 11 de Junho de 2019.
Márcio Flávio Salem Vidigal Desembargador 1º Vice-Presidente
(TRT 3º Região – Tutela Cautelar Antecipatória. Processo -
0010791-58.2019.5.03.0000. Vice Presidência do Tribunal
Regional do Trabalho da Terceira Região – Desembargador 1º Vice-
Presidente Márcio Flávio Salem Vidigal. Publicado no DOU
11/06/2019)

Nesse mesmo sentido, é o entendimento Mineiro o Egrégio Tribunal Regional da


Sexta Região:

TutCautAnt nº. 0000418-81.2019.5.06.0000


Relator: Desembargador SERGIO TORRES TEIXEIRA

Requerente: COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS


URBANOS
Requerido: SINDICATO DOS TRAB EM EMPDE TRANSP
METROV DO EST DE PE

DECISÃO LIMINAR

Trata-se de Ação com pedido de Tutela Provisória de Urgência


Cautelar Antecedente, com requerimento de concessão liminar
(initio litis e inaudita altera pars), proposta pela COMPANHIA
BRASILEIRA DE TRENS URBANOS-CBTU, em face do
SINDICATO DOS TRAB EM EMPDE TRANSP METROV DO EST
DE PE. Destaca que a presente medida consiste em pretensão
acautelatória que antecedente a formalização de postulação
declaratória de abusividade de greve - dissídio coletivo, para que o
requerido seja compelido a manter a prestação regular do serviço
público essencial de transporte metroviário, cuja paralisação das
atividades está designada para o dia 14/06/2019.

Argumenta que a greve tem nítido viés político, já que o Sindicato


Réu não reivindica o cumprimento de normas coletivas instituídas
em Acordo Coletivo de Trabalho, não se enquadrando, pois, na
hipótese do inciso I, parágrafo único, do art. 14 da Lei 7.783/89.

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Consoante documentos anexados aos autos, a deflagração da greve


é contra "o contingenciamento acentuado de verba de custeio e
contra a reforma da previdência", fato público e notório. A greve,
neste caso, teria cunho exclusivamente político, já que os direitos
reivindicados pelo Sindicato da categoria não são passíveis de
negociação coletiva.

Acrescenta que houve desobediência ao previsto no art. 3º, da Lei


7.783/89, já que sequer houve frustração de negociação coletiva
prévia que justificasse a cessação coletiva do trabalho, haja vista
que o ACT da categoria está em vigência plena.

Pontua que a CBTU presta serviço público essencial (transporte


público de passageiros).

Requer, assim, liminarmente, que Sindicato-Requerido mantenha a


prestação regular/plena das atividades dos trabalhadores no dia
14.06.2019, ante a potencialidade de abusividade da greve.
Subsidiariamente, acaso não acolhido o pedido inicial, requer que o
Sindicato réu observe a manutenção mínima de funcionamento das
atividades, por se tratar de serviço essencial, nos termos do art. 10,
inciso V, e artigo 11, da Lei Lei 7.783/89. Clama, ainda, que seja
determinado que, durante o horário de pico, de maior movimento
diário (das 05h às 10h e das 16h às 20h), seja mantida 100% da
capacidade operacional - isso porque, em tais horários, conforme
histórico anterior, a operação restrita a 30% do quantitativo traz
consequências danosas e irreversíveis para o sistema, bem como
transtornos e insegurança aos usuários. Requer, como medida de
apoio, a aplicação de multa diária em caso de descumprimento.

Passo ao exame do pleito liminar.

Concede-se medida liminar sempre que preenchidos os requisitos


de plausibilidade de um direito merecedor de um tratamento
especial, próximo da noção tradicional de fumus boni iuris, e da
exigência de periculum in mora, ou seja, quando a demora na
prestação jurisdicional puder resultar a ineficácia da medida, caso
seja finalmente deferida.

Vale dizer, somente deve ser deferida quando há razoável


demonstração de evidência de potencial violação a um direito.

de especial relevo e, por outro lado, justificado receio de que a


demora da prestação jurisdicional venha a lhe provocar dano
irreparável ou de difícil reparação. Não estando presente pelo
menos um dos dois requisitos necessários à concessão da medida,
seu indeferimento é inevitável.

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A fumaça do bom direito é representada pelo convencimento que se


firma no julgador de que a alegação que lhe é submetida à
apreciação envolve um direito relevante e que se revela plausível,
ou seja, que a lógica da narrativa leva à conclusão, ao menos inicial
e num juízo típico de cognição sumária, de que o aduzido pela parte
represente um direito que a ela assiste e que deve ser amparado,
normalmente por medidas dotadas de um caráter de urgência. É a
presença aparente de um direito que ainda não foi inteiramente
certificado.

Já o periculum in mora relaciona-se à configuração de uma situação


de fato e concreta que ameace de alguma forma o direito da parte e
que reclama solução urgente a fim de evitar o perecimento do
direito e ineficácia da medida caso deferida apenas ao final.

No caso dos autos, no exercício de juízo de cognição sumária, creio


assistir razão, em parte, à Requerente.

De um lado, entendo não ser possível determinar, prima facie, o


enquadramento como abusiva de uma eventual greve que sequer
realizou-se. Não seria esse o locus processual adequado, dentre as
múltiplas fases de conhecimento de uma ação como o dissídio
coletivo, especialmente em análise de cognição extremamente
restrita da presente etapa antecedente. O exercício do direito de
greve está assegurado no art. 9º daConstituição Federal, não sendo
aconselhável ao Judiciário limitá-lo aprioristicamente:

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos


trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
sobre os interesses que devam por meio dele defender.

§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá


sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas


da lei.

Ressalto, por sua vez, conforme §2º, do art. 9º, da CF, que os
responsáveis por eventuais abusos cometidos sujeitar-se-ão as
consequências definidas em lei.

Assim, indefiro o pleito liminar de que o Sindicato-Requerido


mantenha a prestação regular/plena das atividades dos
trabalhadores no dia 14.06.2019.

Contudo, apesar da previsão constitucional de exercício de


movimento paredista, à lei, por permissivo também constitucional,
foi conferida a possibilidade de regular os limites de seu exercício,
especialmente nos casos de serviços de caráter essencial. E existem

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elementos que evidenciem um provável movimento de paralisação


de dimensões ainda incertas tanto no plano quantitativo como no
plano qualitativo (ou seja, quantas pessoas e quais
grupos/categorias devem participar) no mencionado dia 14 de junho
de 2019.

É essa, pois, a situação dos autos. Inexiste qualquer informação


acerca da definição de uma escala mínima de trabalho por parte do
Sindicato-Requerido, conforme se infere do Ofício remetido pela
entidade sindical à CBTU (ID. 162d31c - Pág. 1). Em adição, o
serviço prestado pela CBTU consiste em prestação de caráter
essencial, garantido constitucionalmente e pela Lei de Greve (Art.
9º, §1º, da CF c/c Art. 10, V, da Lei 7.783/89).

À vista do exposto, considerando o respectivo contexto


empírico peculiar e o quadro processual atual, acolho
parcialmente a pretensão exposto pela parte requerente para
defirir a medida liminar acautelatória requerida no sentido de
determinar que o SINDICATO DOS TRAB EM EMPDE TRANSP
METROV DO EST DE PE assegure, a partir da zero hora do dia
14/06/2019, a seguinte escala durante a paralisação:

1 - funcionamento de 100% dos trens no horário


de pico, ou seja, das 05h às 10h e das 16h às 20h
da sexta-feira (14/06/2019), permanecendo em
atividade quantos trabalhadores sejam necessários
para o cumprimento desta ordem. Se o quadro
paredista persistir para além do dia 14/06/2019,
deve esse regime de funcionamento ser observado de
segunda à sexta-feira.

2 - Fora dos horários de pico, observe-se o art. 11


da Lei 7.783.

Em caso de descumprimento desta determinação (regras escala de


funcionamento), aplique-se multa de R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais) por dia de descumprimento.

Notifiquem-se as partes com cópia desta decisão liminar e ao


Requerido entregue-se também a cópia da inicial, para, querendo,
contestar o pedido, no prazo de 5 (cinco) dias. Notifique-se o
Grande Recife Consórcio de Transporte informando acerca da escala
acima determinada, a fim de que seja viabilizada, na medida do
possível, a adequação das linhas de ônibus e o aumento do número
de veículos em circulação durante o horário em que não haverá o
funcionamento dos trens.

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Notifique-se o comando da POLÍCIA MILITAR, informando o


deferimento desta liminar, para as providências que entender
cabíveis.

Intimações e comunicações, sempre que possível, feitas por Oficial


de Justiça, e, ante a evidente urgência, que este realize o ato a seu
cargo dentro ou além do horário estabelecido no art. 212 do CPC, o
que fica determinado.

Intime-se o d. Ministério Público do Trabalho, na forma da lei.

RECIFE, 12 de Junho de 2019.

SERGIO TORRES TEIXEIRA


Desembargador (a) do Trabalho da 6ª Região

(TRT 6º Região – Tutela Cautelar Antecipatória. Processo -


0000418-81.2019.5.06.0000. Desembargador SERGIO TORRES
TEIXEIRA. Decisão proferida em 12/06/2019. Publicado no DOU
12/06/2019)

Ademais, o Tribunal Superior do Trabalho caminha nesse sentido:

RECURSO ORDINÁRIO. DISSÍDIO DE GREVE. NOMEAÇÃO PARA


REITOR DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO -
PUC. CANDIDATA MENOS VOTADA EM LISTA TRÍPLICE.
OBSERVÂNCIA DO REGULAMENTO. PROTESTO
COM MOTIVAÇÃO POLÍTICA. ABUSIVIDADE DA
PARALISAÇÃO.

1. A Constituição da República de 1988, em seu art.


9º, assegura o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e os interesses que devam por meio
dele defender.

2. Todavia, embora o direito de greve não seja


condicionado à previsão em lei, a própria
Constituição (art. 114, § 1º) e a Lei nº
7.783/1989 (art. 3º) fixaram requisitos para o
exercício do direito de greve (formais e
materiais), sendo que a inobservância de tais
requisitos constitui abuso do direito de greve (art.
14 da Lei nº 7.783).

3. Em um tal contexto, os interesses suscetíveis de


serem defendidos por meio da greve dizem

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respeito a condições contratuais e ambientais de


trabalho, ainda que já estipuladas, mas não
cumpridas; em outras palavras, o objeto da greve
está limitado a postulações capazes de serem
atendidas por convenção ou acordo coletivo,
laudo arbitral ou sentença normativa da Justiça
do Trabalho, conforme lição do saudoso Ministro
Arnaldo Süssekind, em conhecida obra.

Na hipótese vertente, os professores e os auxiliares administrativos


da PUC se utilizaram da greve como meio de protesto pela não
nomeação para o cargo de reitor do candidato que figurou no topo
da lista tríplice, embora admitam que a escolha do candidato menos
votado observou as normas regulamentares. Portanto, a greve não
teve por objeto a criação de normas ou condições contratuais ou
ambientais de trabalho, mas se tratou de movimento de protesto,
com caráter político, extrapolando o âmbito laboral e denotando a
abusividade material da paralisação. (sem grifos no original) - TST-
RO51534-84.2012.5.02.0000, SDC, rel. Min. Walmir Oliveira da
Costa, 9.6.2014

RECURSO ORDINÁRIO. GREVE. PORTUÁRIOS. PARALISAÇÃO DAS


ATIVIDADES POR CURTO PERÍODO. PROTESTO COM
MOTIVAÇÃO POLÍTICA. 1. A mobilização levada a efeito pela
categoria dos trabalhadores portuários teve como propósito abrir
espaço à negociação do novo marco regulatório implantado pela
Medida Provisória nº 595, de 6 dezembro de 2012, que dispunha
sobre a exploração direta e indireta, pela União, de portos e
instalações portuárias e sobre as atividades desempenhadas pelos
operadores portuários, entre outras providências (MP atualmente
convertida na Lei n.º 12.815, de 5 de junho de 2013). 2. Firme,
nesta Seção, o entendimento segundo o qual a greve com nítido
caráter político é abusiva, na medida em que o empregador,
conquanto seja diretamente por ela afetado, não dispõe do poder de
negociar e pacificar o conflito. Recurso Ordinário parcialmente
provido. –

(TST - RO-1393-27.2013.5.02.0000, Relatora Ministra: Maria de


Assis Calsing, Data de Julgamento: 24/04/2017, Seção
Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT
29/05/2017)

Portanto, manifesto o cabimento da medida cautelar, vez que preenchidos os requisitos do


fumus boni juris e do periculum in mora. Necessária se faz a concessão da medida liminar
para impedir a categoria de efetuar a paralisação pretendida, sob pena de multa.

Por fim, em respeito ao disposto no artigo 308 e seguintes do Código de Processo


Civil, indica o Requerente como ação principal a ser proposta dentro do prazo de 30
dias, a ação declaratória de abusividade de greve.

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DA DECISÃO PARADIGMA

Anexa à presente peça, decisão paradigma proferida pelo TRT da 3ª Região em caso
idênctico, onde o SINDIMETRO-MG inicia movimento grevista claramente em face da
privatização da CBTU, tendo sido reconhecido o cunho político da greve - TutCautAnt
0011753-13.2021.5.03.0000.

DA DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE

Declaram os advogados subscritores da presente ação rescisória que as cópias dos


documentos colacionadas são autênticas, sob sua responsabilidade pessoal, nos termos do
artigo 830 da CLT.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, e com arrimo nos dispositivos constitucionais e legais antes citados,
requer que esse E. Tribunal acolha a presente medida cautelar, a fim de que seja
concedida a liminar inaudita altera pars, nos termos dos pedidos abaixo elencados, sob
pena de aplicação de multa diária, considerando a gravidade e as consequências do não
atendimento da determinação pleiteada, para que:

a) Seja concedida a tutela liminar em caráter inaudita altera pars, para IMPEDIR a efetivação
do movimento paredista, agendado para iniciar à 0h00 de 20/05/2022, e que seja
determinada a manutenção de toda a operação e funcionamento da CBTU, mantidas todas as
escalas de trabalho e viagens de trens, mantidas incólumes as atividades operacionais,
administrativas, de manutenção e de segurança;

i. Sucessivamente, caso não seja o entendimento por manutenção de 100%, que seja
deferida percentual mínimo, mantendo-se funcionamento diário de 100% dos trens, em
horários de pico, das 05h30 às 11h00 e das 16h30 às 23h00 (natal), permanecendo em
atividade quantos trabalhadores sejam necessários para o cumprimento desta ordem;

ii. manutenção integral dos serviços do centro de controle operacional (Posto de Controle de
Tráfego, Posto de Controle de Energia, Supervisão, PCL de Vilarinho e Posto de Controle de ,
desde a preparação até o recolhimento dos trens, bem como, fora Torre do Pátio São
Gabriel) do horário acima estabelecido no item a, pela garantia de, " no mínimo, um
trabalhador na sala de comando, um trabalhador na Torre do Pátio São Gabriel, um
trabalhador na Torre do Pátio do Eldorado e um trabalhador no PCL de Vilarinho".

si. Considerando, ainda, a necessidade de se preservar a segurança dos usuários e do


patrimônio da Requerente, determino o funcionamento de 100% do serviço de segurança
metroviária em período integral, no decorrer da paralisação, observada a escala regular.

b) A citação do Sindicato Requerido, após a concessão da liminar inaudita altera pars, VIA
MANDADO E COM URGÊNCIA, na pessoa de seu representante legal e via endereços
eletrônicos, no endereço inicialmente informado, para apresentação da defesa que entender
de Direito, sob pena de revelia;

c) Seja ouvido o representante do Ministério Público para as promoções que entender de

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Direito;

d) Seja decretada a procedência do pedido objeto da presente medida, visando a declaração


futura de abusividade do movimento em ação própria a ser ajuizada;

e) Seja condenado o Requerido ao pagamento de multa diária de, no mínimo, R$


3.000.000,00 (três milhões de reais), ou outro valor superior que venha a ser arbitrado por
esse E. Tribunal Regional, no caso de descumprimento do pedido elencado no item “a” e “b”;

f) Seja condenado ao pagamento de honorários advocatícios, nos termos do artigo 791 A da


CLT.

Por fim, mais uma vez, em respeito ao disposto no artigo 308 e seguintes do Código
de Processo Civil, indica o Requerente como ação principal a ser proposta dentro do
prazo de 30 dias, a ação declaratória de abusividade de greve.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para efeitos meramente fiscais.

Nestes termos, pede deferimento.


Belo Horizonte, 19 de maio de 2022.

RICARDO LOPES GODOY


OAB/PE – 1.931-A

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https://pje.trt6.jus.br/pjekz/validacao/22051918503313500000025983244?instancia=2
Número do documento: 22051918503313500000025983244

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