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Medicações utilizadas na Intubação

Orotraqueal (IOT)

■ Durante os cuidados intensivos, a percepção da dor pelo examinador é


ainda mais difícil já que ela pode estar alterada pelo status neurológico do
paciente. É muito diferente avaliar um paciente sentado à nossa frente em
consultório em relação a um paciente em insuficiência respiratória,
agônico ou que apresente uma condição neurológica prejudicada.

■ É necessário lembrar que a dor é individual, e devemos tratá-la com a


potência que ela parece se apresentar

Analgésicos

FENTANIL (opióide sintético)

➢ É o primeiro a ser pensado para o procedimento de IOT e a manutenção da


ventilação mecânica
➢ 50 a 100x mais potente que a morfina
➢ Antagonista - Naloxona (muitas vezes é utilizada quando achamos que o
paciente teve uma depressão do sensório por conta de uma dose mais
elevada)
➢ A depender da dose, acaba funcionando como um sedativo também
(devido ao efeito colateral de depressão do sensório)
➢ Início da ação: de 1 a 5 minutos
➢ Ação por 30 a 60 minutos
➢ Pode ser administrado tanto em bolus quanto em infusão contínua,
podendo ser utilizado puro ou diluído em soro fisiológico, sem alterar a
estabilidade da droga (no acesso central é mais interessante fazer puro,
enquanto no acesso periférico de forma diluída)
➢ Não existe uma forma de diluição padronizada, a qual é feita de acordo
com cada serviço
➢ Ampola 50mcg/ml - 10ml
➢ Dose bolus: 1-3mcg/kg
➢ Dose manutenção: 0,5 - 5mcg/kg/h

EFEITOS COLATERAIS:

- Síndrome do tórax rígido - impossibilidade de ventilação do tórax causada


por uma rigidez muscular que só é reversível após o tempo de ação da
droga passar (não adianta administrar naloxona) - ou seja, o fentanil é
uma droga pra se administrar lentamente, e não de infusão rápida
- Bradicardia em alguns indivíduos - quando se exclui outras causas mais
prováveis e mais simples
- tem que retirar o fentanil imediatamente e adicionar na lista de
problemas do paciente, trocando por outra medicação

- Instabilidade hemodinâmica (hipotensão) - o fentanil pode piorar o


estado de um paciente chocado ou em uma condição hemodinâmica
muito prejudicada

LIDOCAÍNA

➢ Anestésico local (sem vasoconstritor)


➢ Costuma se utilizar a 2% sem vasoconstritor
➢ Antiarrítmico classe IB
➢ Na IOT, uso restrito ao pré-tratamento da sequência rápida de intubação
➢ Atenua efeitos cardiovasculares que estão associados à laringoscopia
➢ Evita a queda da pressão arterial em todas as idades, mas o controle da
frequência cardíaca está restrita aos adultos
➢ Realizar 3 minutos antes da passagem do TOT
➢ Dose: 1,5mg/kg
➢ Apresentação: 20mg/ml
➢ Início de ação: 45 a 60 segundos
➢ Na terapia intensiva não se utiliza muito a Lidocaína por haver preferência
por outras combinações, sendo observada mais na sala de emergência

MORFINA (opióide)

➢ Liberação de histamina - portanto, em pacientes que estão em


broncoespasmo severo e são asmáticos conhecidos em grau de
hiperreatividade brônquica, nós não devemos utilizar a morfina
➢ É uma droga de escolha quando o paciente apresenta bradicardia pelo
fentanil
➢ Causa bastante náuseas e vômitos em alguns pacientes
➢ Reduz pré-carga (benefício no edema agudo de pulmão)
➢ Início de ação: 1 a 2 minutos
➢ Tempo de ação: 30 a 60 minutos
➢ Também pode ser utilizada em bolus ou infusão contínua:
- Ampola 10mg/ml - 1ml
- Dose Bolus: 2-5mg
- Infusão contínua: 0,05-0,1mg/kg/h

Sedativos

Após sedar o paciente, não se pode mais avaliar pela escala de Gasglow, tendo
portanto duas outras escalas a serem utilizadas:
■ Escala de Ramsay
■ Escala de Rass (com o paciente sedado, sempre quero que ele esteja
alocado em -2 a +1; porém, é muito difícil chegar nesse nível com as
medicações que temos à disposição).

DEXMEDETOMIDINA

➢ Sedativo alfa-2 adrenérgico com propriedades analgésicas


➢ Muito caro e normalmente não temos a disposição
➢ Paciente acorda tranquilamente a beira do leito quando é chamado, sem a
necessidade de grandes agitações
➢ Ampola: 100mcg/ml - 2ml = 200mcg
Dose inicial: não realizar bolus
Dose de infusão: 0,2 - 1,5 mcg/kg/h

MIDAZOLAN

➢ Benzodiazepínico 2-3x mais potente que o Diazepam


➢ A dose utilizada depende da função renal do paciente
➢ Início do efeito: em 2 a 5 minutos
➢ Meia vida de 3 a 11h
➢ Dose inicial: 2 a 5mg
➢ Manutenção: 0,02 - 0,6mg/kg/h
➢ Ampolas: 5mg/ml (10ml) e 5mg/ml (3ml)
- A de 3ml normalmente se usa pra fazer a intubação, e a de 10ml
para fazer as diluições e manutenção na infusão contínua
➢ Causa amnésia anterógrada - paciente orientado e adormece, após 1-2h
não lembra o que foi feito/conversado - isso se utiliza em benefício do
paciente para não lembrar de alguma experiência pré-intubação; às vezes
o midazolan também é utilizado como adjuvante de outro medicamento
que traga sensações negativas ao paciente
➢ Não é recomendado o uso do antagonista Flumazenil de forma
desnecessária (a utilização dela aumenta os sinais de abstinência de
benzodiazepínico e aumenta o risco de isquemia miocárdica e convulsões).
➢ Não é um vilão quando utilizado em bolus e quando não é utilizando
excessivamente
➢ Efeitos colaterais: delirium, hipotensão e instabilidade hemodinâmica
- Delirium - estado confusional de causa multifatorial - ele é
predisposto a ocorrer quando é administrado benzodiazepínico
(nesse caso o midazolan) em infusão contínua
- Não depende apenas do medicamento, mas também pelo fato do
paciente não estar em seu ambiente natural, pelo fato de ele não
reconhecer se é dia ou noite; não ter pessoas, cheiros e imagens
familiares, além do ciclo circadiano alterado
- O delirium pode ser hipo ou hiperativo:
- Hiperativo: é agitado, agressivo, grita e se debate
- Hiporreativo: deitada na cama; com o olhar voltado para cima,
mas não se conecta com você e nem fixa o olhar, além de não
obedecer a nenhum comando e não responde perguntas simples -
ele mata mais e é um preditor maior de mortalidade na UTI

Hipnóticos

PROPOFOL

➢ Não é uma droga constantemente utilizada para IOT em sala de


emergência
➢ Reduz o fluxo sanguíneo cerebral e reduz o consumo de O2 cerebral
➢ Reduz pressão intracraniana (interessante em casos de TCE)
➢ Inotrópico negativo (hipotensão)
➢ Propriedades sedativas, hipnóticas, ansiolíticas, antieméticas e
anticonvulsivantes
➢ Lipossolúvel (não se dilui nem em bolos nem em infusão contínua)
➢ Pode causar hipertrigliceridemia -> deve-se realizar a monitorização do
perfil lipídico e da função hepática quando se utiliza o propofol
➢ Início imediato
➢ Tempo de ação de 1 a 3 minutos e sem efeito residual, então assim que
desliga a bomba de infusão o paciente já desperta
➢ Ampola 10mg/ml
➢ Dose bolus 0,5 - 3 mg/kg
➢ Manutenção 0,5 - 5mg/kg/h
➢ Verificar PA, FC e todo o perfil hemodinâmico do paciente após
administrar as drogas citadas, porque muitas vezes poderá ser necessário
a infusão de soluções cristaloides para aumentar a volemia e recuperar a
pressão que está transitoriamente caindo

SÍNDROME DA INFUSÃO DO PROPOFOL - QUADRO POTENCIALMENTE FATAL!

➢ Infusão > 72h (mais relação que a dose do que com o tempo, mas
normalmente não se vê a síndrome quando utilizar bolus com uma dose
maior que 5mg/kg)
➢ Doses > 5mg/kg/h
➢ Irreversível na maioria das vezes
➢ Acidose metabólica
➢ Hipertrigliceridemia
➢ Arritmias e evolução para parada cardiorrespiratória

Por isso a necessidade de monitorização constante da função hepática


do paciente em uso de propofol - pode evitar a síndrome!
ETOMIDATO

➢ Reduz o fluxo sanguíneo cerebral, consumo de oxigênio e PIC


➢ Custo maior
➢ Mantém a estabilidade circulatória
➢ Só pode ser utilizado em bolus - em infusão contínua aumenta a incidência
de insuficiência adrenal (que já é grande em pacientes na UTI)
➢ Início imediato
➢ Tempo de ação de 3 a 5 minutos
➢ Dose de 0,3mg/kg

QUETAMINA

➢ Anestésico dissociativo
➢ Promove analgesia, amnésia e sedação
➢ Importante efeito broncodilatador (muito útil para pacientes com
broncoespasmo associado)
➢ Muito útil em pacientes instáveis
➢ Ampola: 50mg/ml
➢ Dose Bolus: 1,5mg/kg
➢ Manutenção: 0,1-1mg/kg/
➢ Existia uma ideia de que não possuía usar em pacientes neurológicos, mas
já foi comprovado através de estudos que além de não fazer mal, trazia
neuroproteção

Bloqueadores neuromusculares

■ Impede a ação da acetilcolina no receptor pós-sináptico na junção


neuromuscular, ocasionando paralisia dos músculos esqueléticos ->
paciente em apneia com as pregas vocais, facilitando a introdução do TOT
■ Paciente deve estar INCONSCIENTE
■ O principal efeito colateral é a fraqueza muscular secundária à miopatia
(em infusão contínua)
■ Ao fazer sequência rápida, nós usaremos bloqueador neuromuscular

SUCCINILCOLINA (Despolarizante)

➢ Em publicações normalmente se vê o uso de medicamentos não


despolarizantes, já que uma droga despolarizante joga potássio para
dentro da corrente circulatória, podendo trazer um quadro de
HIPERCALEMIA. Portanto, em pacientes que possuem risco de
hipercalemia, a Succinilcolina está contraindicada (se eu não tenho dados
sobre o paciente e ele não possui um grande estigma de renal crônico,
normalmente pode se utilizar a droga).
➢ Ação ultra-rápida
➢ Inicio da ação: 40s
➢ Duração da ação: 8 minutos
➢ Dose: 1-2mg/kg (<150mg)
➢ Ampola 100mg ou 500mg
➢ Pode causar: Arritmias e Hipertermia maligna
- Hipertermia maligna é uma doença muscular hereditária, latente,
potencialmente grave, de herança autossômica dominante,
caracterizada pela resposta hipermetabólica após exposição a
anestésico inalatório (halotano, enflurano, isoflurano) ou
succinilcolina
- Diagnóstico clínico: hipertermia (41 - 42 graus); rigidez muscular;
instabilidade hemodinâmica, taquipneia, hipercapnia, acidose
metabólica, hiperpotassemia
- Tratamento: interrupção da infusão, hiperventilação, Dantrolene
sódico, resfriamento ativo através de soluções resfriadas e também
do ambiente

ROCURÔNIO

- Ideal em pacientes com broncoespasmo porque não libera histamina


- Dose inicial: 1mg/kg
- Dose de manutenção: 0,3 - 0,6mg/kg/h -
- Tempo de ação: 50 min
- Ampola 50mg
- Diluição: 250 mg/225 SF 0,9%

ATRACÚRIO

- Ampola 10mg/ml (5ml) = 50mg


- Diluição igual ao do rocurônio
- Bem mais barato que rocurônio
- Dose bolus: 0,5 mg/kg
- Dose manutenção: 0,6 - 0,8mg/kg/h
- Liberação histamínica, podendo trazer broncoespasmo

Analisar a possibilidade da dor através dos sinais vitais do paciente:


quando ele está sedado e está taquicárdico, sudorético, hipertenso,
mesmo que não tenha expressão de dor, a primeira coisa que tem
que vir à cabeça é que ele está com dor.

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