Você está na página 1de 11

AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÕES E USINAS – ESTADO DA ARTE E

TENDÊNCIAS UTILIZANDO A NORMA IEC 61850

A. CASCAES PEREIRA D. CÁCERES


J. M. ORDACGI FILHO R. PELLIZZONI
J. R. G. CORREIA
UERJ/ONS KEMA
ONS TRANSBA S.A.
Brasil – EUA - Argentina

RESUMO

O presente trabalho aborda o fato de os relés de proteção terem se transformado em dispositivos


inteligentes (chamados de IEDs de proteção) e de que maneira as informações disponibilizadas por
estes IEDs de proteção podem ser compartilhadas através da rede LAN de forma eficiente, econômica
e segura, de modo a atender às necessidades de cada uma das diferentes funções de proteção,
supervisão, controle e automação. Mostra as muitas vantagens de se evoluir para sistemas integrados,
apresentando um exemplo de arquitetura que representa o “estado da arte” nesta área de aplicação.
Apresenta os fluxos de dados operacionais, não-operacionais e de acesso remoto aos IEDs, bem como
as características principais do computador da subestação, a LAN padrão, as interfaces de
comunicação, a interface de usuário e o repositório de dados Comenta sobre a conveniência de
utilização das informações extraídas dos relés e sobre o uso da norma IEC 61850. São feitas
considerações sobre as possibilidades de integração dos sistemas de proteção e automação com os
sistemas especiais de proteção (SEP) e com os reguladores de tensão e velocidade de geradores. São,
também, abordados os benefícios de uma utilização mais extensiva das informações que podem ser
extraídas dos relés e dispositivos de monitoração inteligentes.
Adicionalmente, é mencionado como a norma IEC 61850 veio solucionar o problema das expansões
dos sistemas digitalizados, oferecendo a garantia de interoperabilidade entre IEDs de fabricantes
diferentes, eliminando a dependência a um único fornecedor e reduzindo drasticamente o custo do
sistema expandido.

Rua Ministro Viveiros de Castro, nº 47 apto. 201 – Rio de Janeiro – CEP 22021-010
allancascaes@terra.com.br ou allancscaes@ons.org.br
Ainda, como parte do presente trabalho, é enfocado o sistema de comunicação, examinando-se a
topologia da rede, dependendo das características e requisitos de disponibilidade e confiabilidade
adotados em cada caso particular. É analisado o intercâmbio de informações entre os diferentes níveis
hierárquicos da subestação, como por exemplo, entre os IEDs e o controlador da estação ou entre IEDs
pertencentes a vãos diferentes. A estrutura das mensagens entre os diversos IEDs é também
comentada, considerando o modo cliente-servidor e 3 níveis de prioridade, de acordo com o tipo e os
requisitos de velocidade de cada função. São ainda analisadas aplicações das mensagens binárias de
maior prioridade e, conseqüentemente, alta velocidade, denominadas GOOSE (Generic Object
Oriented Substation Events) e como é feito o mapeamento destas mensagens.
No nível do processo, é comentada, à luz da norma IEC 61850, a amostragem dos valores de tensão e
corrente dos TCs e TPs e sua transmissão através de trens de pulsos, utilizando o conceito de
amostragem sincronizada e transmissão do tipo multicast, isto é, os dados transmitidos são recebidos
por múltiplos IEDs.
PALAVRAS-CHAVE
Automação de subestações e usinas, Integração de sistemas digitais, norma IEC 61850, rede de IEDs
de proteção.

1.0 INTRODUÇÃO
Atualmente, a maioria das empresas de energia elétrica e indústrias de grande porte tem como objetivo
modernizar os sistemas de supervisão e controle de suas instalações elétricas, em vista das muitas
vantagens oferecidas pelos sistemas digitalizados modernos. Adicionalmente, estas empresas
pretendem dotar suas instalações elétricas de um conjunto de funções de automação e controle que
facilitem as tarefas de operação e manutenção.
Um primeiro passo para alcançar este objetivo foi a instalação, nas subestações e usinas, de sistemas
SCADA, constituídos por unidades terminais remotas (UTRs), base de dados e interface homem-
máquina local (IHM) e/ou remoto. Este sistema, porém, mostrou possuir limitações e dificuldades,
principalmente, durante as expansões, além de ainda necessitar de um grande número de relés
auxiliares e cabos para a obtenção dos sinais do processo e bem como dos cabos entre painéis, o que
tem aumentado o custo destas instalações.
Hoje, uma nova evolução tecnológica encontra-se disponível, definida pela norma IEC 61850, a qual
permite, através do uso de redes LAN Ethernet de alta velocidade e elevada confiabilidade, uma completa
integração entre os diversos equipamentos digitais, possibilitando o compartilhamento das informações e
facilitando a implantação de funções de automação e de auxílio à operação e manutenção.
Por outro lado, os relés de proteção experimentaram notável evolução desde que a tecnologia digital
foi adotada em sua fabricação, tendo-se transformado em dispositivos inteligentes, chamados de IEDs
de proteção. Além de agregarem maiores recursos às tarefas de proteção de equipamentos, barras e
linhas de transmissão, são também capazes de participar das diversas funções de supervisão, controle e
automação normalmente utilizadas em uma subestação ou usina.
O advento da norma IEC 61850 veio uniformizar o uso de redes LAN para proteção e automação,
permitindo o compartilhamento de informações entre os diversos IEDs, bem como a disponibilização
dessas informações aos diferentes usuários de uma empresa de energia elétrica (operador local,
operador do centro de controle, pessoal de pré e pós-despacho, pessoal do SCADA, medição,
tecnologia da informação, manutenção, engenharia da proteção, análise de faltas etc.).
Adicionalmente, a norma IEC 61850 solucionou o problema das expansões dos sistemas digitalizados,
oferecendo a garantia de expansibilidade e interoperabilidade entre IEDs de fabricantes diferentes,
reduzindo drasticamente o custo do sistema expandido.

2.0 VANTAGENS DE EVOLUIR PARA UM SISTEMA INTEGRADO


Verificou-se ser possível reduzir sensivelmente a quantidade de cabos e de pontos de entrada e saída dos
equipamentos digitais se as múltiplas informações sobre o processo forem compartilhadas entre os diversos
subsistemas. Assim, por exemplo, as informações analógicas e de estado relativas ao processo, podem ser
2
adquiridas pelos relés das proteções primária e secundária e compartilhadas com o sistema de supervisão e
controle. Da mesma forma, a informação sobre o estado das chaves seccionadoras de seleção de barra, por
exemplo, pode ser obtida pelo sistema de proteção de barras e falha de disjuntor e transmitida, via rede de
comunicação, ao sistema de supervisão e controle. Portanto, através da integração das funções de
proteção, controle e automação, é possível reduzir o número de cabos e equipamentos, simplificar o
projeto e estender a redundância de dados já existente no conjunto de proteções primária e secundária
para o subsistema de automação e controle, com custos menores e com maior confiabilidade.
As grandezas elétricas como V, I, W, VAr, VA, FP e outras, são adquiridas, nos sistemas modernos, por
meio de multimedidores, que fazem a transdução digital das correntes e tensões de cada fase, obtendo os
fasores de V e I e, a partir daí, calculam todas as grandezas elétricas de interesse. Como alternativa ao
uso de multimedidores, pode-se utilizar os próprios IEDs de proteção, os quais já efetuam a transdução
digital da corrente e tensão de cada fase. Nesse caso, porém, para que as informações de corrente e
tensão adquiridas pelos relés de proteção possam ser utilizadas para as funções de medição indicativa, é
necessário que os TCs que alimentam estes relés possuam precisão aceitável. Isto foi verificado na
referência [1], onde se pode ver que os TCs classe proteção que foram ensaiados se comportaram como
enrolamentos de medição classe 0,3%; 0,6% ou 1,2%, dependendo da carga utilizada, que variou entre
25% e 100% da nominal e a corrente entre 10% e 130% da corrente nominal do TC.

3.0 EXEMPLO DE ARQUITETURA DE UM SAS


A Figura 1 mostra um exemplo de arquitetura de um SAS. Neste exemplo são consideradas três rotas
funcionais de dados, desde a subestação até o nível corporativo da empresa de energia elétrica, a
saber: dados operacionais (dados que interessam à operação, como estado dos disjuntores e chaves,
tensões e correntes etc.), enviados ao sistema SCADA a cada 2 segundos; dados não operacionais
(informações de manutenção dos equipamentos, arquivos, oscilogramas etc.), enviados para o Repositório
de Dados Corporativo (ou Data Warehouse) da concessionária e coletados por demanda pelo Repositório
de Dados ou transferidos pelo SAS por evento (como a partida de um relé ou disparo) ou a cada intervalo
de tempo; aceso remoto a IEDs (dial-in), realizado utilizando um canal de comunicação independente,
sem entrar na arquitetura de integração da subestação (passing through ou looping through) e isolando
um IED particular para, por exemplo, efetuar ajuste remoto de relés, executar programas de diagnóstico
ou recuperação de resultados etc. [2].

Rede IEC 61850

Figura 1 – Exemplo de Arquitetura Funcional de um SAS

3
Os IEDs existentes, geralmente utilizando protocolos seriais, precisam do Módulo de Interface de Rede
(NIM) para conversão do protocolo e interface física para serem conectados à LAN da subestação. Os
novos IEDs de LAN (baseados no protocolo IEC 61850) podem ser conectados diretamente a esta LAN,
sem Módulo de Interface.
O computador da estação (PC) fornece a Interface de Usuário (IU) gráfica e o sistema de informação
histórica para os arquivos de dados operacionais e não-operacionais. Para subestações de transmissão de
grande porte, o computador da subestação pode ser redundante, para oferecer tolerância à falha. Para
subestações de transmissão de pequeno ou médio porte e para subestações de distribuição, este
computador é, geralmente, não redundante. Para subestações secundárias menores, pode nem mesmo ser
necessário o computador da subestação, bastando utilizar um concentrador de dados para executar a
integração de IEDs, sem funções de Interface de Usuário nem armazenamento de dados históricos.
A Interface com o Usuário (IU) na subestação deve ser de projeto amigável, com hierarquia de telas
eficiente e minimização ou eliminação da necessidade de escrita via teclado.
O Repositório de Dados permitirá aos usuários acessar os dados arquivados sem interferir nas atividades
de controle e operação da subestação, as quais são protegidas por um firewall. A concessionária deve
determinar quem usará cada dado fornecido pelo SAS, a natureza de sua aplicação, o tipo de dado
necessário e a freqüência de atualização requerida para cada usuário. O relógio atualizado pelo satélite
GPS (Sistema de Posicionamento Global) fornece uma referência de tempo muito precisa para
sincronismo dos vários IEDs da subestação.

4.0 UTILIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES EXTRAÍDAS DOS RELÉS E OUTROS IEDs


Os relés de proteção, além de atenderem à sua finalidade básica - proteção das linhas e equipamentos -
constituem-se em importante fonte de informações para um grande número de outras funções, pois estão
localizados nos terminais de todos os componentes do sistema elétrico (linhas, transformadores etc.),
possuem alta taxa de aquisição de dados, confiabilidade elevada, redundância e possibilidade de
sincronização no tempo.
As informações contidas nos relés não precisam trafegar pelas redes de comunicação durante ou
imediatamente após uma perturbação. Poderão permanecer armazenadas nestes relés até que sejam
solicitadas por seus usuários (pessoal de análise de faltas, manutenção de linhas, estatísticas de faltas
etc.) ou enviadas automaticamente.
Entre as muitas informações que podem ser extraídas dos relés, podemos citar a operação das unidades de
partida, os registros de distúrbios e os oscilogramas das correntes e tensões nos períodos pré-falta, falta e pós-
falta. Nos modernos relés de distância, a resolução está, atualmente, em torno de 1ms e, em muitos casos,
0,25ms. A precisão para as medidas de corrente e tensão é da ordem de 1% mais o erro dos TCs e TPs [3].
Os relés fornecem, também, dados binários sobre o estado de disjuntores, sinais de trip e outros sinais de
interesse. Fornecem ainda outras informações como localização da falta, registro dos valores da medição
indicativa das correntes, tensões, potência ativa e reativa, demanda e freqüência, monitoração do
disjuntor, monitoração do circuito de disparo, monitoração da qualidade da energia fornecida, cálculo do
percentual de harmônicos etc. Todas estas informações podem ser armazenadas na memória dos relés
e, posteriormente, enviadas aos centros de análise de distúrbios. O conjunto de relés microprocessados
constitui, na verdade, uma grande memória distribuída, que deveria ser melhor aproveitada.
O uso das informações dos relés para alimentar as funções de SCADA, análise de faltas e outras,
oferece muitos benefícios, entre os quais: redução ou eliminação de UTRs, transdutores e
multimedidores; melhoria da função de estimação de estado, maior rapidez nas análises de faltas em
função da maior quantidade de informações disponível; maior rapidez na recomposição do sistema
após faltas, possibilidade de geração automática de estatísticas de faltas, complementação das análises
de qualidade da energia fornecida e redução do seu custo, além de outros.

5.0 USO DO PADRÃO IEC 61850


Este padrão foi desenvolvido tendo como objetivos principais: assegurar interoperabilidade entre os
diferentes IEDs de uma subestação ou usina e atender aos diferentes tipos de arquitetura utilizados em

4
subestações, além de ser à prova de futuro, isto é, admitir evoluções na tecnologia de comunicações sem
necessidade de modificações importantes no sistema já adquirido. Como interoperabilidade entende-se a
capacidade de IEDs, fornecidos por um ou vários fabricantes, de se comunicarem entre si, compartilhando
informações de forma rápida e segura, sem o uso de gateways, utilizando estas informações para executar
as funções de proteção, monitoração, medição, controle e automação do sistema.
Para alcançar os objetivos acima, o novo padrão utiliza a abordagem orientada a objeto e subdivide as
funções em objetos denominados nós lógicos que se comunicam entre si. Nó lógico é um grupamento
funcional de dados. É também a menor parte de uma função ou subfunção que pode intercambiar
dados com outros objetos. Cada nó lógico possui seu próprio conjunto de dados. Os dados são
compartilhados entre os nós lógicos segundo regras que são chamadas serviços. Os nós lógicos são
agrupados em dispositivos lógicos (funções), os quais estão contidos em dispositivos físicos (IEDs).
Outro objetivo da norma IEC61850 é possibilitar a comunicação entre IEDs com alta velocidade e
confiabilidade elevada. Isto possibilita substituição dos cabos de controle por redes de comunicação,
reduzindo o custo global. A norma deve, ainda, suportar desenvolvimentos tecnológicos futuros sem
requerer alterações significativas no software e hardware do SAS.
A Norma IEC 61850 fornece modelos de objetos, serviços, testes e protocolos padronizados para garantir
níveis mais altos de interoperabilidade entre IEDs, incluindo as aplicações. Representa mais do que um
novo protocolo de comunicações. É, na verdade, um novo estágio tecnológico na área de proteção e
automação. Possui as seguintes características: aplicação de modelos de objetos ; serviços abstratos
(ACSI): relatórios, controles etc. ; mapeamento das informações para TCP/IP e Ethernet ; uso da
Linguagem de Configuração de Subestação (SCL) ; testes de conformidade.
Estas características permitem que o SAS seja considerado uma plataforma aberta de Proteção e
Automação de Subestações, independentemente dos fornecedores. Por outro lado, o emprego de
ferramentas de engenharia e configuração em Linguagem SCL permite que as mesmas possam ser
reutilizadas. Os sinais do processo e de outros IEDs (por exemplo, proteção, disjuntores, transformadores
de corrente e tensão) estão definidos e os modelos de funções e objetos são padronizados, otimizando a
reutilização, copia e consistência do software aplicativo.
A Figura 2 a seguir mostra uma arquitetura simplificada de um SAS que utiliza a norma IEC 61850,
incluindo os equipamentos elétricos, além dos IEDs, controlador de estação e console de engenharia,
mostrando também o barramento do processo.

Figura 2 – Arquitetura Simplificada de um SAS Utilizando a Norma IEC 61850


São considerados 3 níveis hierárquicos na subestação: nível estação, nível vão e nível processo. As
comunicações podem ser verticais, realizadas entre níveis hierárquicos diferentes, ou horizontais, que
ocorrem dentro do mesmo nível.
As informações verticais, como por exemplo as informações de configuração e operacionais
(SCADA), são transferidas no modo cliente-servidor, diferentemente do modo mestre-escravo

5
utilizado em outros protocolos. Este modo de transmissão utiliza todas as camadas do modelo OSI,
tem a vantagem de ter desempenho determinístico, mas é relativamente lento, com tempos de resposta
da ordem de 1s. O servidor corresponde ao nível vão ou processo, que fornece dados aos clientes no
nível estação ou em qualquer nível remoto. Os dados são fornecidos pelo servidor, por solicitação do
cliente, ou automaticamente (a partir de eventos pre-definidos). O cliente é, em geral, o computador
da estação ou um gateway. Pode ser também um centro de controle remoto. É possível, portanto, haver
múltiplos clientes. Neste tipo de comunicação, o cliente é quem controla a troca de dados.
As comunicações horizontais, por sua vez, utilizam o modo editor-assinante (publisher-subscriber), ou
produtor-consumidor, em que o editor distribui as informações na rede, no modo unicast ou multicast,
o que significa que um único ou múltiplos IEDs podem receber a mensagem e utilizá-la ou não,
conforme sua necessidade. O IED assinante, que pode ser qualquer dos IEDs, recebe da rede aquelas
informações que lhe forem necessárias. A comunicação não depende de um sinal de confirmação, sendo,
porém, repetida várias vezes para aumentar sua confiabilidade. O tempo de comunicação não é
determinístico, porém, na maior parte dos casos, fica em torno de 4 ms.
A Tabela 1 da norma IEC 61850-1 define 7 tipos de mensagem. As mensagens tipo 1A (trip) e 1B
(controles) são de alta velocidade. As mensagens tipo 2 (informações de medidas e estados) e tipo 7
(comandos) são de média velocidade. As do tipo 6A (barramento da estação) e 6B (barramento do
processo) são usadas como sinais de sincronismo. Aquelas do tipo 4 correspondem aos valores
amostrados de TCs e TPs. As demais mensagens são de baixa velocidade (parâmetros, eventos,
transferência de arquivos etc.). As mensagens tipo 1 e 1A são denominadas GSE (Generic Substation
Events) e podem ser classificadas em GOOSE (Generic Object Oriented Substation Event), e GSSE
(Generic Susbtation Status Event). A diferença entre ambos é que, nas mensagens GOOSE, a
informação é configuravel e utiliza um data set (grupo de dados). As mensagens GSSE somente
suportam uma estrutura fixa de informação de estado, a qual é publicada e disponibilizada na rede. As
mensagens GSE podem ser enviadas simultaneamente a mais de um dispositivo físico através do uso
de serviços multicast/broadcast. As mensagens tipo 2, 3 e 5 requerem serviços orientados, como o
TCP/IP e ISO CO).
Uma grande vantagem das mensagens GOOSE ou GSSE é permitirem a interligação entre dois ou mais
IEDs através da rede, intercambiando mensagens com alta velocidade e confiabilidade, substituindo as
ligações físicas por meio de cabos ou fios.
O conjunto de dados e serviços, incluindo as mensagens, é mapeado utilizando protocolos e serviços
disponíveis no mercado e amplamente difundidos, como o MMS (Manufacturing Message
Specification), o TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol), que é orientado à conexão,
o UDP/IP (User Datagram Protocol/Internet Protocol), que é não orientado à conexão, além da rede
Ethernet, conforme mostrado na Figura 3.
As mensagens GOOSE utilizam o serviço SCSM (Specific Communication Service Mapping). Este
serviço usa um esquema de retransmissão especial para alcançar um nível de confiabilidade adequado,
que consiste em repetir a mensagem por diversas vezes até que seja recebida uma confirmação de que
foi recebida. A cada nova tentativa, o tempo de espera é dobrado, de modo a minimizar colisões. Cada
mensagem, na seqüência de retransmissão, transporta um parâmetro denominado
“timeAllowedToLive”, que informa ao receptor o tempo máximo de espera para a próxima
retransmissão. Se uma nova mensagem não é recebida dentro deste intervalo de tempo, o receptor
assume que a conexão foi perdida.
A especificação de um SAS utilizando o padrão IEC 61850 é, até certo ponto, semelhante à
especificação de um sistema convencional. Devem ser fornecidas informações sobre o diagrama
unifilar da subestação, a lista de pontos, as funcionalidades requeridas com os requisitos de
desempenho sob fluxo máximo, assim como as interfaces com o processo e com outros IEDs,
incluindo informações sobre seus protocolos, as condições ambientais etc. Também devem ser
fornecidos dados sobre índices de confiabilidade admitidos ou critérios de tolerância a falhas
aceitáveis.

6
Sampled GOOSE Time M M S Protocol Suite GSSE
Values Sync
(Multicast) (SN TP)
(Type 2, 3 y 5) (Type 1, 1A)
(Type 1, 1A) (Type 6)
(Type 4)

UDP/IP TCP/IP ISO CO GSSE

T-Profile T-Profile T-Profile

ISO/IEC 8802-2 LLC

ISO/IEC 8802-3Ethertype

ISO/IEC 8802-3

Figura 3 – Mapeamento das Mensagens

6.0 USO DA LINGUAGEM SCL


Para que a descrição precisa dos IEDs, incluindo as informações fornecidas na especificação e a
configuração da rede, possa ser interpretada por qualquer ferramenta computacional compatível, é
utilizada a linguagem SCL, que incorpora os conceitos de herança e polimorfismo presentes nas
linguagens orientadas a objetos. Esta linguagem é baseada no modelo CIM-XML (Common
Information Model - eXtended Markup Language), largamente utilizado em diversas aplicações,
inclusive na área de EMS (Energy Management System). Utilizando-se a linguagem SCL e incluindo
as informações sobre a configuração e características da rede de comunicação, obtém-se um arquivo
que representa todo o sistema, o qual édenominado arquivo SSD (System Specification Description).
Um dos objetivos da linguagem SCL é a uniformização da nomenclatura utilizada, através de um modelo
único de descrição de dados, criando um vocabulário comum que facilita a troca de informações entre
programas. Outro objetivo é possibilitar o desenvolvimento e reutilização de ferramentas computacionais
que aperfeiçoem e agilizem o trabalho de engenharia. Utilizando-se uma ferramenta computacional em
linguagem SCL e incluindo as informações sobre a configuração e funcionalidades do SAS e
características da rede de comunicação, obtém-se um arquivo que representa todo o SAS, o qual é
denominado arquivo SSD (System Specification Description ou descrição da especificação do sistema).
Por outro lado, as diversas possibilidades e funcionalidades disponíveis em um determinado IED são
representadas nesta linguagem através do arquivo ICD (IED Capability Description ou descrição das
capacidades do IED), o qual é preparado pelo fabricante do IED e entregue como parte do
fornecimento.
O arquivo SSD, juntamente com os arquivos ICD dos diversos IEDs, configurados, através do emprego
de uma ferramenta de engenharia adequada, de modo a atender aos requisitos especificados para um
determinado cliente, dá origem ao arquivo SCD (Substation Configuration Description ou descrição da
configuração da subestação). Este arquivo é o correspondente digital do conjunto de diagramas
esquemáticos e lógicos de uma subestação e deve ser arquivado como parte da documentação desta
subestação para consultas pelo pessoal de manutenção e para possibilitar futuras expansões. O arquivo
de cada IED, depois de configurado para um projeto específico, passa a ser denominado arquivo CID
(Configured IED Description ou descrição da configuração do IED) daquele IED. A Figura 4 mostra a
relação entre os diferentes tipos de arquivos.
Uma característica do padrão IEC 61850 é que as aplicações e a transmissão através de pacotes de dados
são funções separadas e independentes, permitindo que a tecnologia de comunicação sofra evoluções
sem que haja necessidade de alterar a base de dados das aplicações e vice-versa. Isto faz com que os
sistemas que utilizam o padrão IEC 61850 não precisem ser substituídos no futuro, em função, por
exemplo, da evolução da tecnologia de comunicação (esta característica é chamada de à prova de
futuro).

7
Figura 4 – Geração do Arquivo SCD

O padrão também define os testes de conformidade dos produtos, de modo que a interoperabilidade
possa ser verificada, garantindo, assim, o sucesso na integração de dispositivos de diversos
fabricantes.
Muitos dos benefícios deste novo padrão somente poderão ser avaliados após algum tempo de sua
utilização e depois que mais subestações com integração completa entre seus IEDs tenham sido
implantadas.
A possibilidade de transmissão de mensagens ponto a ponto e com alta confiabilidade e velocidade
elimina a necessidade de fiação para funções distribuídas, como os intertravamentos, proteções de
barras e falha de disjuntor etc. Isto torna muito mais fáceis futuras alterações de projeto, uma vez que
estas irão requerer apenas modificação em trechos do software.

7.0 SISTEMA DE COMUNICACÃO


Os resultados dos requisitos de comunicação em termos de PICOM (Piece of Information for
COMmunication) entre nós lógicos e, portanto, entre IEDs que contêm esses nós lógicos, é que os
diversos enlaces de comunicação em um SAS devem poder transportar mensagens de diferentes
complexidades, com relação ao seu conteúdo, tamanho, tempo de transferência permitido e segurança.
Em geral, a LAN padrão da subestação é um Fast Ethernet de100 Mbits/s ou 1 Gbits/s. Deve suportar
comunicação com múltiplos nós da rede. Cada nó é autônomo e tem capacidade para interrogar
(polling) ou responder a interrogações. Esta capacidade de comunicação peer-to-peer é requisito
indispensável para realizar funções de proteção de alta velocidade. A LAN também deve suportar
transferência de arquivos para efetuar configuração de IEDs e programas de CLPs.
Um dos objetivos da norma IEC-61850 é a diminuição ou quase eliminação dos cabos de controle que
conduzem os sinais de estados, alarmes e comandos, transferindo esta função e responsabilidade para a
rede de comunicação e para os próprios IEDs.
Com isso, os IEDs de proteção, que operavam independentemente um do outro, passam a atuar de
forma integrada, tendo como vantagem que, para certas funcionalidades, como por exemplo, os
intertravamentos ou a proteção de falha de disjuntor, poderão compartilhar informações coletadas por
outros IEDs. Com isso, as redes de comunicação passam a ter um papel de muito maior importância
dentro do sistema de proteção e automação. Conseqüentemente, a escolha dos componentes da rede
(switches, roteadores, cabos de comunicação etc.) e a sua topologia deve ser cuidadosa, devendo ser
selecionados equipamentos com baixíssimo MTBF (tempo médio entre falta), adequados a ambientes
com grande interferência eletromagnética e aptos a trabalhar com os sinais de alta velocidade
(GOOSE, GSSE) previstos na norma IEC 61850. Outras características desejáveis para os
componentes da rede, em especial as swiches, é sua flexibilidade para a formação de redes virtuais
(VLANs) e a possibilidade de trabalhar com topologia em anel, com tempo reduzido para
recomposição do anel no caso de falha de uma das rotas.
8
Para a definição da topologia da rede mais adequada devem-se levar em conta as funcionalidades
requeridas, o grau de importância da instalação no qual está implantado o sistema, a taxa de falhas
admissível e o custo de todos os componentes. As principais topologias normalmente usadas em
subestações, mostradas na Figura 5 são: barramento simples, barramento duplo, anel simples, anel
duplo ou uma composição destes.

BARRAMENTO BARRAMENTO ANEL ANEL


DUPLO DUPLO

Figura 5 – Topologias da Rede Utilizadas em Subestações

8.0 EXPANSÃO DOS SISTEMAS DIGITALIZADOS


A expansão do sistema elétrico requer que novos vãos de linha, transformador ou gerador sejam
adicionados às subestações e usinas existentes. Atualmente, muitas destas instalações já possuem um
sistema de proteção e automação digital que utiliza, para a comunicação entre os diversos IEDs, diferentes
tipos de protocolo. Os novos IEDs que poderão ser adicionados ao sistema digital existente terão, muito
provavelmente, já incorporado o protocolo IEC 61850.
Para os dispositivos existentes, caso sejam relativamente recentes, poderão ser modernizados
individualmente (upgraded), alterando-se o software e reajustando-se os parâmetros, ou, se necessário,
adicionando-se uma placa de comunicação. Entretanto, esta modernização somente trará benefícios se
os equipamentos no nível estação forem compatíveis com a norma IEC 61850.

9.0 INTERAÇÃO COM OS SISTEMAS ESPECIAIS DE PROTEÇÃO


O custo dos Sistemas Especiais de Proteção (SEPs) que têm sido instalados é bastante elevado e possui
três componentes principais. Um deles é o conjunto de hardware e software (representado pelos
armários contendo os CLPs) necessários para a aquisição dos dados e para o processamento das
lógicas. O segundo componente do custo corresponde à interface com o processo, o qual envolve uma
extensa cablagem entre os equipamentos de manobra, TCs e TPs, além do hardware e relés auxiliares
correspondentes aos pontos de entrada e saída. O terceiro componente do custo é o sistema de
comunicação entre as diversas subestações.
Por outro lado, uma análise do sistema de proteção e automação da subestação irá indicar que a maioria
das informações necessárias sobre o processo já se encontra disponível nos relés de proteção e demais
IEDs. Assim, no caso de novas subestações, expansões ou retrofits, bastaria promover a integração entre
estes equipamentos e o SEP. Utilizando-se uma especificação um pouco mais elaborada, será possível
adquirir o sistema de proteção e automação da subestação ou usina já com capacidade para realizar as
diferentes lógicas e processamentos requeridos pelo SEP, incluindo a comunicação entre subestações. O
acréscimo de custo sobre o sistema de proteção e automação seria marginal, se comparado com o custo
das redes de CLPs que têm sido adquiridas.
Uma vez que, na época da aquisição do SAS, as lógicas que devem ser consideradas em uma subestação
para compor um determinado SEP poderão ainda não estar completamente definidas, sugere-se
especificar o SAS com capacidade para atender a uma lógica genérica e típica. Posteriormente, quando
todos os detalhes do SEP tiverem sido determinados, o software do SAS poderá ser adaptado a cada caso
particular.

9
10.0 INTEGRAÇÃO COM OS REGULADORES DE TENSÃO E VELOCIDADE DE
GERADORES
Os reguladores digitais de tensão e velocidade de geradores são também IEDs que necessitam interface
com o processo para aquisição de grandezas como corrente e tensão no gerador, estado do disjuntor ou
disjuntores associados e disjuntor de campo, assim como para executar as ações de controle sobre a
tensão e velocidade do gerador. Operam em ambientes rigorosos, devendo apresentar baixa taxa de
falhas. Podem possuir capacidade de autodiagnóstico para que qualquer alteração no seu desempenho
possa ser identificada rapidamente.
Os controladores mais modernos podem apresentar uma ou mais interfaces de comunicação e serem
capazes de operar em rede com protocolos abertos. Assim como os demais IEDs existentes na usina ou
subestação associada, estes equipamentos podem ser integrados ao sistema de automação da instalação,
tendo-se como uma das vantagens, a redução dos cabos e do hardware de entrada/saída.

11.0 TENDÊNCIAS DA INTEGRAÇÃO NA AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÕES


No atual estágio dos sistemas de proteção, controle, supervisão e automação no Brasil, deverão conviver,
numa mesma instalação, diferentes tecnologias, variando desde relés eletromecânicos e painéis de
controle e supervisão convencionais, passando pelos relés e sistemas de supervisão e controle digitais com
baixo nível de integração até os modernos sistemas constituídos por redes de IEDs avançadas. Quanto
maior o nível de integração entre IEDs maiores serão as vantagens em relação aos sistemas não
integrados. Entre estas vantagens, podemos citar:
• Maior inteligência de processamento através da automação distribuída, proteção adaptativa e sistemas
especialistas.
• Possibilidade de aquisição de dados de sensores (TCs, TPs etc.) através de transdutores digitais em rede
com os IEDs.
• Abertura manual ou disparo automático de disjuntores diretamente pelos relés de proteção através de
uma rede de comunicação, incluindo lógicas desenvolvidas para bloqueio do religamento, esquemas de
seleção tipo select-before-operate, intertravamentos, coordenação lógica etc., o que reduzirá a
quantidade de cabos e o uso de relés auxiliares e de interposição presentes nas subestações existentes.
• Realização das funções de controle via software, utilizando a rede LAN, mesmo para funções mais
críticas como transferência da atuação das proteções para o disjuntor de barras, intertravamentos e
bloqueios. A instação de telas LCD nos próprios painéis de proteção e controle ou em cubículos
blindados poderá oferecer uma retaguarda para a função de IHM.
• Edifícios de controle menores nas subestações, incluindo apenas as baterias, os computadores da
subestação, os equipamentos de comunicação, além de equipamentos de controle e indicação local via
Interface de Usuário. Os IEDs de proteção poderiam ficar no edifício de controle ou em casas de relés,
proximo aos equipamentos no pátio.
• Um segundo computador de subestação, e uma segunda rede, podem ser empregados como retaguarda
(back-up). As redes WAN dos computadores das demais subestações também poderão proporcionar
retaguarda adicional.
• Proteção digital intra e inter-subestações, utilizando fasores sincronizados com alta precisão, graças ao
auxílio de Satélites de Posicionamento Global (GPS) e envolvendo uma rede de IEDs.
• Uso da Tecnologia Orientada a Objetos (OOT) para modelagem do sistema e comunicação de dados.
• Interconectividade entre IEDs de diferentes fornecedores
• Migração suave das arquiteturas existentes para novas arquiteturas e rápida adoção e implementação de
novas tecnologias.
Por outro lado, a utilização de IEDs e redes de IEDs cada vez mais complexos terá crescimento
significativo nos próximos anos. Desta forma torna-se extremamente importante e crítico prever etapas
de testes de modelo em laboratório para aferição dos sistemas desenvolvidos. Os testes de
conformidade com a norma IEC 61850 são realizados por organizações independentes e confiáveis,
como a KEMA. Já para os testes de interoperabilidade entre IEDs de uma rede complexa o aparato de
ensaios pode se tornar igualmente complexo, podendo, inclusive, ser considerada a necessidade de os
ensaios serem providos por uma terceira parte.

10
Em qualquer caso, porém, recomenda-se a participação das equipes de engenharia, operação e
manutenção do cliente em todas as fases de desenvolvimento do sistema digital, de modo a adquirir
experiência e confiança e evitar a necessidade de alterações de última hora, que apresentam custos
elevados e são, muitas vezes, responsáveis por problemas e inconsistências causadores de atrasos por
ocasião do comissionamento e testes de campo.

12.0 CONCLUSÕES
Embora a supervisão e o controle digital de subestações tenha sido um conceito bastante difundido nas
últimas duas décadas, somente umas poucas empresas de energia elétrica tinham desenvolvido, até
meados dos anos 90, abordagens “verdadeiramente” integradas de proteção, controle e automação,
para facilitar a troca de informações no nível corporativo e viabilizar a própria automação. A partir
desta época, a situação começou a mudar devido, principalmente, à evolução tecnológica. Além disto,
a desregulamentação dos mercados elétricos tem forçado as companhias no mundo todo a se focar em
aspectos de qualidade da energia e satisfação do consumidor. O controle e as comunicações de dados
por via digital permitem a estas entidades trocar informações relativas à compra e venda de energia e
atualização do estado da rede elétrica. A desverticalização das empresas de energia elétrica, o acesso
aberto à transmissão e a comercialização a varejo estão agora requerendo muito maior
compartilhamento de informações em tempo real no nível de transmissão.
O grande poder de compra coletiva das principais companhias elétricas nos EEUU e Europa tem
levado os fornecedores a reprojetar seus produtos. Este alto nível de suporte e harmonização está,
certamente, contribuindo, de maneira importante, para a rápida implementação e aceitação deste novo
padrão internacional de comunicação para a integração dos dispositivos de campo que suportarão as
necessidades de integração e automação da industria, denominado protocolo IEC 61850.

BIBLIOGRAFIA
[1] D.C.Marquez et al., “A experiência da COPEL na integração de proteções digitais ao sistema de
automação de subestações”, XVII SNPTEE GPC-22, Uberlândia, Out. 2003.
[2] A.Cascaes Pereira et al., “Integração dos sistemas de proteção, controle e automação de subestações e
usinas – estado da arte e tendências”, XVIII SNPTEE, Curitiba, Brasil. Out. 2005
[3] L.Messing, Y. Aabo, et al., “Extracting information from data collected by relays and other
monitoring devices”, Revista Electra nº 215, August, 2004, pp. 25-36
[4] I.Mesmaeker, “How to use IEC 61850 in protection and automation”, Revista Electra nº 222,
October, 2005, pp. 11-21
[5] A.Cascaes Pereira et al., “Dispositivos inteligentes de aquisição de dados para os centros regionais de
operação e sistemas corporativos”, X SEPOPE, Florianópolis, Brasil, Maio 2006
[6] L.Hossenlopp and E.Guimond, IEC 61850: “Impact on substation automation products and
architectures”, CIGRÉ Bienal, Paris, August 2006
[7] S.Laederach et al., “Experience with IEC 61850 in the refurbishment of an important european
380 kV substation”, CIGRÉ Bienal, Paris, August 2006
[8] H. J. Herrmann et al., “Implementation experience with IEC 61850-based substation automation
system”, CIGRÉ Bienal, Paris, August 2006
[9] A.Cerezo et al., “The university city SAS first project within Iberdrola group using IEC 61850 for
a complete substation”, CIGRÉ Bienal, Paris, August 2006

11

Você também pode gostar