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Bauru/SP
Fevereiro/2008
RESUMO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
2. CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO ......................................................................... 2
2.1 Introdução........................................................................................................................ 2
2.2 Definições........................................................................................................................ 3
2.3 Desenvolvimento Histórico............................................................................................. 5
2.4 Materiais Componentes................................................................................................... 6
2.4.1 Água de Amassamento............................................................................................ 6
2.4.2 Cimento ................................................................................................................... 6
2.4.3 Agregados................................................................................................................ 8
2.4.3.1 Agregado Miúdo ................................................................................................. 8
2.4.3.2 Agregado Graúdo ................................................................................................ 9
2.4.4 Aditivos Químicos................................................................................................... 9
2.4.5 Aditivos Minerais.................................................................................................. 10
2.5 Proporcionamento ......................................................................................................... 12
2.6 Comportamento no Estado Fresco ................................................................................ 13
2.7 Comportamento no Estado Endurecido......................................................................... 13
2.8 Durabilidade .................................................................................................................. 13
2.9 Mistura .......................................................................................................................... 14
2.10 Dosagem e Produção..................................................................................................... 14
2.11 Transporte, Lançamento e Adensamento ...................................................................... 16
2.12 Cura ............................................................................................................................... 17
2.13 Considerações Econômicas ........................................................................................... 17
2.14 Exemplos de Aplicação dos CAD................................................................................. 19
3. CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL ................................................................................. 22
3.1 Introdução...................................................................................................................... 22
3.2 Desenvolvimento Histórico........................................................................................... 23
3.3 Materiais........................................................................................................................ 24
3.3.1 Água ...................................................................................................................... 24
3.3.2 Cimento ................................................................................................................. 25
3.3.3 Agregados.............................................................................................................. 26
3.3.3.1 Agregados Miúdos ............................................................................................ 27
3.3.3.2 Agregados Graúdos ........................................................................................... 27
3.3.4 Aditivos ................................................................................................................. 28
3.3.4.1 Superplastificantes ............................................................................................ 28
3.3.4.2 Promotores de Viscosidade ............................................................................... 30
3.3.5 Adições.................................................................................................................. 30
3.3.5.1 Fíler Calcário..................................................................................................... 32
3.3.5.2 Cinza Volante.................................................................................................... 33
3.3.5.3 Sílica Ativa........................................................................................................ 33
3.4 Utilização de Resíduos .................................................................................................. 34
3.5 Métodos de Dosagem .................................................................................................... 35
3.5.1 Método de Okamura.............................................................................................. 35
3.5.2 Método de Gomes ................................................................................................. 36
3.5.3 Método EFNARC.................................................................................................. 38
3.6 Propriedades do Concreto Auto-Adensável no Estado Fresco......................................39
3.7 Propriedades do Concreto Auto-Adensável no Estado Endurecido.............................. 39
3.8 Transporte...................................................................................................................... 41
3.9 Lançamento ................................................................................................................... 41
3.10 Cura ............................................................................................................................... 41
3.11 Aplicações do Concreto Auto-Adensável ..................................................................... 42
4. CONCRETO MASSA......................................................................................................... 45
4.1 Introdução...................................................................................................................... 45
4.2 Desenvolvimento Histórico........................................................................................... 46
4.3 Materiais........................................................................................................................ 47
4.3.1 Cimentos................................................................................................................ 47
4.3.2 Agregados.............................................................................................................. 47
4.3.3 Adições.................................................................................................................. 48
4.3.4 Aditivos ................................................................................................................. 48
4.4 Transporte...................................................................................................................... 49
4.5 Lançamento e Adensamento ......................................................................................... 49
4.6 Cura ............................................................................................................................... 49
4.7 Controle do Aumento da Temperatura nos Concretos Massa....................................... 50
4.8 Aplicações do Concreto Massa ..................................................................................... 50
5. CONCRETO COMPACTADO COM ROLO.................................................................. 52
5.1 Introdução...................................................................................................................... 52
5.1.1 Concreto Compactado com Rolo para Pavimentos............................................... 52
5.1.2 Concreto Compactado com Rolo para Barragens ................................................. 53
5.2 Desenvolvimento Histórico das Barragens em CCR .................................................... 56
5.3 Materiais........................................................................................................................ 58
5.3.1 Cimento ................................................................................................................. 58
5.3.2 Agregados.............................................................................................................. 58
5.3.3 Aditivo................................................................................................................... 58
5.4 Mistura, Transporte, Lançamento, Adensamento e Cura..............................................59
5.5 Aplicações do Concreto Compactado com Rolo em Barragens ...................................62
5.5.1 Usina Hidrelétrica Itaipu ....................................................................................... 62
5.5.2 Usina Hidrelétrica de Salto Caxias........................................................................ 62
5.5.3 Barragem em Arco Shimenzhi, China................................................................... 63
6. CONCRETO ESTRUTURAL LEVE ...............................................................................64
6.1 Introdução...................................................................................................................... 64
6.2 Definição ....................................................................................................................... 64
6.3 Desenvolvimento Histórico........................................................................................... 65
6.4 Agregados Leves ........................................................................................................... 66
6.5 Estrutura Interna............................................................................................................ 69
6.6 Dosagem........................................................................................................................ 69
6.7 Produção dos Concretos Leves Estruturais ................................................................... 70
6.7.1 Transporte.............................................................................................................. 70
6.7.2 Lançamento ........................................................................................................... 70
6.7.3 Adensamento......................................................................................................... 71
6.7.4 Cura ....................................................................................................................... 71
6.8 Trabalhabilidade dos Concretos Leves no Estado Fresco............................................. 72
6.9 Propriedades dos Concretos Leves no Estado Endurecido ........................................... 72
6.9.1 Resistência à Compressão e Massa Específica ..................................................... 72
6.9.2 Resistência à Tração..............................................................................................73
6.9.3 Durabilidade .......................................................................................................... 73
6.10 Aplicações dos Concretos Leves................................................................................... 74
7. CONCRETO PESADO ......................................................................................................77
7.1 Definição ....................................................................................................................... 77
7.2 Materiais Componentes................................................................................................. 78
7.2.1 Cimento ................................................................................................................. 78
7.2.2 Água de Amassamento.......................................................................................... 79
7.2.3 Agregados.............................................................................................................. 79
7.2.4 Aditivos ................................................................................................................. 80
7.3 Propriedades Importantes dos Concretos Pesados ........................................................ 80
8. CONCRETO COM RESÍDUOS ....................................................................................... 81
8.1 Introdução...................................................................................................................... 81
8.2 Resíduos de Construção e Demolição (RCD) – entulho ............................................... 82
8.3 Classificações dos Resíduos da Construção Civil......................................................... 83
8.4 Aplicações dos Materiais Provenientes da Reciclagem de Entulhos ............................ 85
8.5 Formas de Adição do Entulho em Argamassas e Concretos......................................... 87
8.6 Dificuldades no Emprego dos Agregados de RCD Reciclados em Concretos .............88
8.6.1 Pouca eficiência na triagem da fração mineral do RCD ....................................... 88
8.6.2 Variabilidade intrínseca dos agregados de RCD reciclados.................................. 89
8.6.3 Insuficiência dos métodos de controle de qualidade............................................. 90
8.6.4 Necessidade de controle no processamento do RCD mineral............................... 90
8.7 Utilização do Concreto com Agregados Reciclados no Mundo ...................................91
8.8 Utilização de Agregados Reciclados no Brasil .............................................................94
8.9 Estrutura do Concreto com Agregado Reciclado.......................................................... 95
8.9.1 Agregado ............................................................................................................... 96
8.9.2 Matriz (Pasta de Cimento)..................................................................................... 97
8.10 Procedimento Para a Produção de Concretos Reciclados .............................................97
8.11 Propriedades dos Concretos com Agregados Reciclados ............................................. 98
8.11.1 Consistência/Trabalhabilidade .............................................................................. 98
8.11.2 Massa Específica ................................................................................................... 99
8.11.3 Tempo de Pega .................................................................................................... 100
8.11.4 Resistência à Tração............................................................................................100
8.11.5 Resistência à Compressão ...................................................................................100
8.11.6 Permeabilidade/Absorção.................................................................................... 101
8.11.7 Retração por Secagem......................................................................................... 101
9. CONCRETO PROJETADO ............................................................................................102
9.1 Definição e Aplicação ................................................................................................. 102
9.2 Tipos de Pojeção ......................................................................................................... 104
9.3 Reflexão do Concreto Projetado ................................................................................. 108
9.4 Problemas inerentes..................................................................................................... 109
9.5 Materiais...................................................................................................................... 111
9.5.1 Cimento ............................................................................................................... 111
9.5.2 Agregados............................................................................................................ 112
9.5.3 Água .................................................................................................................... 112
9.5.4 Aditivos ............................................................................................................... 113
9.5.5 Adições................................................................................................................ 114
9.6 Equipamentos para Projeção do Concreto ..................................................................116
9.6.1 Equipamentos de Projeção para Via Seca ...........................................................121
9.7 Equipe de trabalho....................................................................................................... 122
9.8 Processo de execução .................................................................................................. 123
9.8.1 Procedimentos preliminares ................................................................................123
9.9 Dosagem...................................................................................................................... 126
9.10 Mistura ........................................................................................................................ 127
9.11 Lançamento ................................................................................................................. 128
9.12 Acabamento................................................................................................................. 132
9.13 Cura ............................................................................................................................. 132
9.14 Controle de Qualidade................................................................................................. 133
10. CONCRETO COM FIBRAS .......................................................................................134
10.1 Introdução.................................................................................................................... 134
10.2 Tipos de Fibras Disponíveis........................................................................................ 135
10.2.1 Fibras Naturais .................................................................................................... 135
10.2.2 Fibras Poliméricas ............................................................................................... 136
10.2.2.1 Fibras de Polipropileno ............................................................................... 136
10.2.2.2 Fibras de Polietileno.................................................................................... 137
10.2.2.3 Fibras de Poliéster ....................................................................................... 137
10.2.2.4 Fibras de Poliamida (Kevlar) ...................................................................... 137
10.2.3 Fibras Minerais.................................................................................................... 138
10.2.3.1 Fibras de Carbono ....................................................................................... 138
10.2.3.2 Fibras de Vidro............................................................................................ 138
10.2.3.3 Fibras de Amianto ....................................................................................... 138
10.2.4 Fibras Metálicas .................................................................................................. 139
10.3 Quantidade de Fibras no Concreto .............................................................................. 143
10.4 Aplicações ................................................................................................................... 143
10.4.1 Reforço de Base de Fundações Superficiais ....................................................... 143
10.4.2 Concreto para Pavimentos................................................................................... 144
10.4.3 Concreto Projetado para Túneis .......................................................................... 145
10.4.4 Outras Aplicações ............................................................................................... 147
10.5 Dosagem do Concreto com Fibras .............................................................................. 148
10.6 Durabilidade do Concreto Reforçado com Fibras de Aço .......................................... 149
10.7 Vantagens e Desvantagens .......................................................................................... 150
11. CONCRETO COM POLÍMEROS.............................................................................. 151
11.1 Tipos de Concreto com Polímeros .............................................................................. 151
11.2 Materiais Poliméricos.................................................................................................. 153
11.2.1 Concreto/argamassa impregnados de polímero...................................................153
11.2.2 Concreto/argamassa modificados com polímero ................................................154
11.2.3 Concreto/argamassa poliméricos.........................................................................155
12. CONCRETO COLORIDO........................................................................................... 156
12.1 Introdução.................................................................................................................... 156
12.2 Aplicações de cor no concreto ....................................................................................157
12.3 Cuidados com Concretos Coloridos............................................................................158
12.4 Exemplos de Aplicação dos Concretos Coloridos ...................................................... 160
13. CONCRETO BRANCO ............................................................................................... 162
13.1 Introdução.................................................................................................................... 162
13.2 Materiais constituintes.................................................................................................162
13.2.1 Cimento Branco................................................................................................... 162
13.2.2 Agregados............................................................................................................ 164
13.2.3 Aditivos ............................................................................................................... 166
13.2.4 Adições Minerais................................................................................................. 167
13.3 Lançamento e Vibração............................................................................................... 168
13.4 Desfôrma e Proteção ................................................................................................... 168
13.5 Análise Econômica...................................................................................................... 169
13.6 Exemplos de Aplicação do Concreto Branco.............................................................. 170
14. GRAUTE........................................................................................................................ 174
14.1 Definição ..................................................................................................................... 174
14.2 Outros Grautes............................................................................................................. 176
14.3 Uso e Configuração..................................................................................................... 178
15. CONCRETOS DO FUTURO.......................................................................................179
15.1 Introdução.................................................................................................................... 179
15.1.1 Concreto com Cura Interna ................................................................................. 180
15.1.2 Concreto Condutivo ............................................................................................ 180
15.1.3 Concreto de Retração Reduzida .......................................................................... 180
15.1.4 Concreto de Retração Compensada..................................................................... 181
15.1.5 Concreto Translúcido .......................................................................................... 181
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................181
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 1
1. INTRODUÇÃO
2.1 INTRODUÇÃO
A utilização mais comum é nos pilares de edificações, em que geralmente são obtidas
reduções de áreas e volumes das peças estruturais, as quais proporcionam ampliação da área útil
das edificações, maior liberdade arquitetônica, agilidade na construção em altura, maior
reaproveitamento de fôrmas, redução da quantidade de fôrmas, armação e concreto, menor
encurtamento axial, etc.
Outras aplicações do CAD são as pontes e obras de arte especiais, as peças estruturais
pré-fabricadas, os pisos e pavimentos, as recuperações estruturais, entre outras.
Em pontes, o uso do CAD proporciona projetos mais leves e esbeltos, com maiores vãos,
menor sensibilidade às solicitações dinâmicas, de construção mais fácil e rápida, maior economia
e de menor necessidade de manutenção.
O emprego do CAD em estruturas pré-fabricadas torna mais rápida a re-utilização de
fôrmas, moldes e mesas de moldagem, uma vez que esse material desenvolve rápida resistência.
As principais vantagens técnicas do CAD em relação ao concreto convencional são as
seguintes:
• redução significativa nas dimensões de pilares de edifícios altos, aumentando a área
útil dos diversos pavimentos e, principalmente, nos andares mais sobrecarregados e
nos destinados para vagas de estacionamento;
• redução do peso próprio da estrutura e, conseqüentemente, na carga das fundações;
• possível redução nas taxas de armadura dos pilares;
• maior rapidez na deforma, aumentando a velocidade de execução da obra;
• menor segregação, propiciando melhor acabamento, especialmente em peças pré-
moldadas;
• aumento da durabilidade das estruturas, devido a sua baixa porosidade e
permeabilidade e maior resistência aos agentes agressivos do ambientes;
• possível redução de custos devido, principalmente, à diminuição dos elementos
estruturais, tais como pilares e fundações, acarretando redução no consumo total de
concreto, aço e fôrma empregados, e pelo aumento da velocidade de execução,
diminuindo os juros durante a construção.
2.2 DEFINIÇÕES
Ainda não existe um consenso claro no meio científico sobre o significado das expressões
concreto de alta resistência (CAR) e concreto de alto desempenho (CAD), que teria uma
abrangência mais ampla podendo ser aplicada a várias propriedades de interesse. Ambas as
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 4
expressões vêm sendo utilizadas comumente por muitos pesquisadores para designar o mesmo
material.
São diversas as definições do CAD, que foram propostas em diversos países ao longo do
tempo. Além de estarem associadas à resistência e durabilidade, podem estar relacionadas
também à consistência, pega, acabamento e estabilidade volumétrica.
A definição mais simples do CAD, divulgada em 1999 pelo American Concrete Institute
diz: “CAD é o concreto otimizado para uma determinada utilização”.
A NBR 8953 (1992) classifica os concretos em dois grupos de resistência, segundo a
resistência característica à compressão (fck): no grupo I estão os concretos entre 10 e 50 MPa, e
no grupo II, os concretos de 55 a 80 MPa. De acordo com a norma, os concretos pertencentes ao
grupo II (fck > 50 MPa) são concretos com características e resistências além do convencional,
para os quais as atuais normas brasileiras não são apropriadas. Neste sentido, devido às suas
características diferenciadas, parece razoável considerar estes concretos como de alta resistência.
MEHTA e MONTEIRO (1994) consideram que, para dosagens feitas com agregados
normais, os concretos de alta resistência são aqueles que apresentam resistência à compressão
maior que 40 MPa. Dois argumentos foram utilizados para justificar essa definição:
• a maioria dos concretos convencionais está na faixa de 21 a 42 MPa. Para produzir
concretos acima de 40 MPa são necessários controle de qualidade mais rigoroso e
maior cuidado na seleção e na dosagem dos materiais constituintes do concreto.
Assim, para distinguir este concreto especialmente formulado para uma resistência
maior que 40 MPa, deve-se chamá-lo de concreto de alta resistência;
• estudos experimentais comprovaram que a microestrutura e as propriedades do
concreto com resistência acima de 40 MPa são consideravelmente diferentes das dos
concretos convencionais. Como a prática atual de dimensionamento de estruturas
ainda está fundamentada em experimentos realizados com concretos convencionais, é
preferível manter os concretos com resistências acima de 40 MPa em uma classe
diferenciada, de maneira a alertar o projetista da necessidade de ajustes nas equações
existentes.
2.4.2 Cimento
Nos casos em que alta resistência inicial seja o objetivo, deve-se dar preferência ao uso
de cimento Portland de alta resistência inicial (ACI 363R-92, 2001; AGNESINI e SILVA, 1996).
Contudo, para a seleção final do cimento mais adequado, além de suas propriedades
mecânicas, outros três fatores importantes devem ser levados em consideração: sua finura, sua
composição química e sua compatibilidade com os aditivos.
Em termos de finura, quanto maior for a superfície específica em contato com a água,
mais rapidamente ocorrerá a hidratação do cimento, aumentando-se sua resistência à
compressão, principalmente nas primeiras idades. Por outro lado, quanto mais fino o cimento,
maior a dosagem de superplastificante necessária para alcançar uma mesma trabalhabilidade,
uma vez que a eficiência do aditivo é influenciada diretamente pela finura do cimento.
Em relação à composição química, existem indicações de que o cimento deve possuir
baixo teor de C3A (embora teores normais possam não influenciar negativamente a resistência à
compressão dos concretos) e altos teores de C2S e C3S.
Em virtude do problema de compatibilidade cimento-aditivo, alguns cimentos podem até
serem rejeitados devido à impossibilidade de manter a trabalhabilidade por um período suficiente
para o lançamento adequado do concreto. A causa principal é a elevada quantidade de C3A, C3S
e álcalis que levam a uma redução da fluidez e rápida perda de trabalhabilidade.
As dosagens de cimento usualmente empregadas na fabricação de CAD variam, em geral,
na faixa compreendida entre 400 e 600 kg/m³, enquanto que no concreto convencional estão na
faixa de 300 kg/m³. O emprego de altos consumos pode ser limitado por fatores como a elevação
da relação a/c a partir de certos limites, a elevação da temperatura do concreto, a maior
dificuldade de obtenção de misturas homogêneas, a perda acelerada de abatimento e a maior
sensibilidade à cura. O excesso de cimento pode ainda levar a uma queda de resistência
mecânica, em virtude da perda de aderência entre a pasta e o agregado, resultante da fissuração
por tensões de retração. A solução para este problema pode ser conseguida com a substituição
parcial do cimento por materiais cimentícios suplementares, como a sílica ativa e pelo aumento
da eficiência do cimento no concreto, obtida com o auxílio dos aditivos superplastificantes.
A natureza do cimento influencia a demanda de água dos concretos para a obtenção de
uma dada trabalhabilidade. Em geral, os cimentos de alta resistência exigem mais água para
atingir um certo abatimento do que os cimentos comuns.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 8
2.4.3 Agregados
No Brasil ainda não existe uma norma específica para a qualificação dos agregados para
o emprego em CAD, portanto, devem ser atendidas as exigências mínimas prescritas nas normas
atuais para concretos convencionais (NBR 7211, 1983; NBR 12654, 1992).
Em geral, a resistência dos agregados deverá ser mais elevada do que a classe de
resistência do concreto que se pretende obter, para que a tensão nominal de compressão aplicada
no concreto não exceda a tensão real nos pontos de contato das partículas individuais do
agregado na massa de concreto.
O tamanho dos agregados influencia a relação a/c dos concretos. Em geral, os materiais
mais grossos necessitam de menos água devido à sua menor superfície específica. Isso
proporciona uma trabalhabilidade com uma relação a/c menor.
Em geral, os CAD devem apresentar as seguintes dosagens de agregados:
- agregados graúdos: de 1000 a 1150 kg/m³;
- agregados miúdos: de 420 a 750 kg/m³.
A escolha do agregado miúdo é determinada tanto pelo seu efeito na demanda de água
como pelo seu empacotamento físico. Desse modo, quanto à forma, são preferíveis as partículas
arredondadas e lisas, pois exigem menos água de amassamento.
Em relação à procedência dos agregados miúdos, tanto as areias naturais de rios, quanto
as artificiais, obtidas por britamento de rocha, podem ser utilizadas. Entretanto, areias naturais de
rio demandam menos água, sendo, portanto, preferíveis.
No CAD com adição de sílica ativa, devido ao teor elevado de finos, é aconselhável a
redução do consumo de areia e/ou a utilização de areia com módulo de finura maior. O agregado
miúdo deve apresentar preferivelmente um módulo de finura elevado, superior a 2,8 ou 3,0.
O uso de uma areia mais grossa, pela sua menor superfície específica, necessita de menos
água de amassamento, proporcionado a obtenção de uma dada trabalhabilidade com uma relação
a/c menor.
Recomenda-se ainda que o agregado miúdo seja proveniente de rio, com quantidade
mínima de finos, limpo e livre de impurezas orgânicas, argila e silte.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 9
Alguns autores utilizam a lavagem dos agregados graúdos como forma de minimizar a
quantidade de pó e substâncias deletérias presentes na superfície dos agregados e fortalecer a
aderência na ligação agregado-pasta. A adoção deste procedimento conduz a ganhos de até 8%
na resistência à compressão do CAD.
Para fabricação de CAD têm sido empregadas rochas comuns britadas, como, por
exemplo, o calcário, o granito, o basalto, o dolerito, a diabase e até mesmo os seixos rolados.
Figura 1 – Processo de produção de silício e captação da sílica ativa (DAL MOLIN, 1995).
O seu desempenho com relação às demais adições minerais se deve principalmente pelas
suas características físico-químicas, que lhe conferem uma alta reatividade com os produtos de
hidratação do cimento Portland e proporcionam um melhor empacotamento das partículas de
cimento. Por essas razões, entre as adições minerais, a sílica ativa é ainda a mais empregada
atualmente para a produção de CAD. Sua ação superpozolânica e microfiller provoca a redução
considerável do tamanho dos poros, os quais ficam incomunicáveis entre si, impedindo a
passagem de líquidos e agentes agressivos.
As características da sílica ativa, como cor, distribuição granulométrica e composição
química, dependem do tipo de liga produzida, tipo de forno, composição química e dosagem das
matérias-primas.
A sílica ativa é um pó fino cuja cor varia de cinza claro a cinza escuro. Como o SiO2 é
incolor, a cor da sílica ativa é determinada pelo teor de carbono e de óxido de ferro presentes.
Do ponto de vista físico, as partículas de sílica ativa são esféricas, extremamente
pequenas, com diâmetro médio entre 0,1 µm e 0,2 µm, sendo 50 a 100 vezes menores que as do
cimento, conforme Figura 2. A sua massa específica real é geralmente 2,2 g/cm³, menor que a do
cimento, que é de aproximadamente 3,1 g/cm³. A massa unitária na forma natural é da ordem de
250 a 300 kg/m³. A baixa massa unitária associada à pequena dimensão das partículas de sílica
ativa faz com que o material apresente problemas de manuseio e transporte, encarecendo seu
custo final.
Do ponto de vista químico, a sílica ativa é composta principalmente de SiO2, com
pequenas quantidades de alumina, ferro, cálcio, álcalis, carbono, entre outros.
Os efeitos da adição da sílica ativa nos concretos e argamassas são listados a seguir:
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 12
2.5 PROPORCIONAMENTO
A perda de abatimento dos CAD com o tempo pode ser mais rápida do que os concretos
convencionais, a qual pode ser evitada de várias formas, como realizar em menor tempo possível
os procedimentos de mistura e lançamento do concreto nas fôrmas. O tempo de pega dos CAD,
devido ao alto teor de aditivos, é retardado comparado aos concretos convencionais. Devido às
baixas relações água/cimento, os CAD geralmente apresentam baixa exsudação, podendo ser
nula. Isso poderá provocar o surgimento de fissuras de retração plástica, principalmente em
situações de pouca umidade, alta temperatura e muita aeração.
2.8 DURABILIDADE
2.9 MISTURA
Os materiais componentes devem ser mantidos à temperatura mais baixa possível (porém,
acima de 0°C), parâmetro que influencia o consumo de água e a velocidade de perda de
trabalhabilidade do concreto. É necessário um controle da umidade dos agregados
(principalmente os miúdos), pois pode alterar a relação a/c. É importante o bom funcionamento
das betoneiras ou misturadores, pois os CAD geralmente possuem baixa dosagem de água e alta
dosagem de cimento, o que dificulta a obtenção de uma mistura homogênea. A introdução de
aditivos químicos torna-se mais efetiva quando realizada ao final do processo de mistura.
Sobre a sua sugestão de dosagem, SERRA (1999) comenta: “Nota-se assim, que a relação
a/c fica entre 0,24 e 0,40, podendo, entretanto, atingir valores ainda menores. Embora a
proporção de sílica ativa no traço do concreto possa atingir a sua eficiência máxima entre 20% e
25% sobre o peso do cimento, considerações econômicas mantêm essa proporção em torno de
10% na prática.”
Embora possa ser produzido na obra é recomendável a sua produção em usinas, em
virtude de um maior controle tecnológico. A colocação do superfluidificante, para uma garantia
da sua eficiência, deve ser no canteiro de obra, em virtude de sua ação ser plena entre 30 min e
60 min.
A complexidade da produção do CAD é explicada por AÏTCIN (2000): “... fazer
concreto de alto desempenho é mais complicado do que produzir o concreto usual. A razão para
isso é que, na medida em que a resistência à compressão cresce, as propriedades do concreto
não são mais relacionadas apenas com a relação água/aglomerante, o parâmetro fundamental
governando as propriedades do concreto usual em virtude da porosidade da pasta hidratada do
cimento. No concreto usual, tanta água é colocada na mistura que tanto o grosso da pasta
hidratada de cimento como a zona de transição representam o elo mais fraco na microestrutura
do concreto, onde o colapso mecânico começa a se desenvolver quando o concreto é submetido
à carga de compressão ... a maioria das propriedades de resistência do concreto de alto
desempenho estão relacionadas com a hidratação de silicatos, enquanto na maior parte do
tempo, o comportamento reológico está controlado pela hidratação da fase intersticial na
presença de íons de enxofre e de cálcio ...”
Já que o CAD é um produto em que se busca uma qualidade mais apurada em relação ao
concreto convencional, deve-se seguir as regras de produção com bastante rigor:
• A mistura deve ser homogeneizada;
• Precisão no proporcionamento, sendo feito em massa;
• Uso de balanças bem aferidas;
• Controle de umidade dos agregados;
• Controle de trepidações de forma a evitar uma compactação precoce;
• Controle do tempo e das condições de transporte para evitar a segregação;
• Fazer o teste do “slump” na chegada do concreto na obra e antes do lançamento na
fôrma. Em caso de aumento na consistência que inviabilize o manuseio, pode-se
adicionar superfluidificantes para facilitar a operação;
• Fazer o adensamento até a superfície do concreto estar com uma umidade uniforme e
desaparecerem todas as bolhas de ar superficiais;
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 16
• Proceder a cura, de maneira adequada, por pelo menos sete dias para evitar
problemas de retração térmica, autógena (que são maiores no CAD) e hidráulica;
• Manter a pasta com temperatura entre 10º C e 25º C.
2.12 CURA
soluções com CAD variando as resistências características à compressão, com o uso desses em
toda a estrutura ou somente nos pilares.
Nos CAR e CAD, o alto consumo de cimento, a incorporação de aditivo
superplastificante, a adição de sílica ativa, a necessidade do uso de agregados de alta qualidade e
a maior complexidade do seu uso, inevitavelmente, fazem com que o custo unitário deste
material seja bastante superior ao dos concretos convencionais.
Entretanto, a resistência mecânica superior dos CAD, possibilita aos projetistas de
estruturas reduzir o consumo de concreto aplicado e mais significativamente reduzir o peso de
aço necessário para os pilares. Outros fatores que interferem nas comparações de custos das
obras são:
- reduções de solicitações nas fundações;
- reduções nas áreas de formas;
- reduções de custos de manutenção da estrutura, devido a maior durabilidade destas.
O ACI 363R-92 (2001) relata que um CAD é um material que representa o estado-da-arte
da tecnologia de concreto, portanto, inevitavelmente, tem um custo unitário mais alto, mas em
muitas aplicações os benefícios da maior resistência superam estes aumentos. Basicamente,
usando um CAD, comparado a um concreto convencional, tem-se um aumento de maior
proporção na capacidade de suporte de carga do que nos custos.
Um dos primeiros estudos interessantes sobre a viabilidade econômica dos CAR, no
Brasil, foi feito em 1990 e citado em DAL MOLIN et al. (1997). Considerou a realidade
brasileira e fez uma comparação entre um concreto convencional de 21 MPa e CAD de 60 MPa,
abordando a estrutura de um edifício com 15 pavimentos em Porto Alegre-RS. No estudo,
considerando-se o concreto, as armaduras e as formas, (inclusive a mão-de-obra), se comparou,
também, o uso do CAD só nos pilares e na estrutura como um todo. Com estas comparações
chegou-se à conclusão de que a aplicação do CAD naquele caso possibilitou reduções de custos.
O estudo chega a uma economia de 12% no custo da estrutura com o uso de CAD em todas as
peças estruturais e uma economia de 11,5% com a aplicação de CAD somente nos pilares.
FERREIRA et al. (2001) fizeram um estudo em que analisou o uso de concreto
convencional e CAD na estrutura de um edifício de 33 pavimentos em Belém-PA, comparando
três modelos de soluções estruturais diversas, uma com concreto convencional de 30 MPa, outra
aplicando CAD de 45 MPa e 60 MPa nos pilares e uma terceira com CAD de 45 MPa e 60 MPa
nos pilares, vigas e lajes. Quanto aos custos, o estudo concluiu, a partir dos volumes de concreto,
dos pesos de aço, das formas e das cargas nas fundações, que existiu uma economia de 6,7%
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 19
com o uso do CAD nos pilares e de 10,37% do uso de CAD nos pilares, vigas e lajes,
comparando com a estrutura em concreto convencional.
Dentro do contexto, visando complementar os estudos dos custos dos CAD, e para
melhor representar a situação na região metropolitana de Curitiba, também foi desenvolvido um
estudo de caso comparativo da aplicação de CAD no conjunto arquitetônico Evolution Towers,
primeira grande aplicação de CAD na cidade e concluída em 2004.
Em 2002, na cidade de São Paulo, o edifício comercial E-Tower (Figura 4) com 149
metros de altura, foi executado em sua maior parte com concreto de fck 80 MPa. Em alguns
pilares, a resistência do concreto atingiu valores com média de 125 MPa e máximo de 149,9
MPa, recorde mundial de resistência de concreto em obra (IBRACON, 2002). Com 42 andares
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 20
(quatro subsolos) para 800 vagas de garagem, o prédio possui 52000 m² de área construída. A
seção transversal inicial dos pilares era de 90 x 100 = 0,9 m². Com o emprego do CAD, a seção
pôde ser reduzida para 60 x 70 = 0,42 m². Isso resultou numa economia de 0,48 m² de concreto,
que corresponde a 53% do volume de concreto.
Ainda em São Paulo, a rodovia dos Imigrantes, obra de grande porte onde a utilização de
CAD possibilitou a redução na quantidade de pilares e blocos de fundação, permitindo o
aumento do vão entre pilares de 45 m para 90 m, reduzindo o impacto ambiental de sua
construção em uma região de preservação do meio ambiente.
Em Brasília foi inaugurado o Complexo Predial da Procuradoria Geral da República, em
agosto de 2002. A edificação é formada por seis blocos, com projeto de Oscar Niemeyer e foi
utilizado o concreto aparente, ocupando uma área de 70.000 m². O maior de seus blocos possui
48 metros de altura e foi usado um concreto de 50 MPa de fck . Destaca-se nessa construção, um
grande cilindro de concreto, que percorre toda altura do prédio e em sua parte superior foi
colocada uma estrela de oito pontas. As duas estruturas permitiram a eliminação dos pilares no
pavimento térreo: vigas, lajes e pilares, abaixo da cobertura, estão suspensos por cabos de aço
atirantados ao pilar cilíndrico central. Essa solução, criativa, foi facilitada pela alta resistência do
CAD.
Outro exemplo a ser citado é o complexo Evolution Towers (Figura 5), situado na região
metropolitana de Curitiba e concluído em 2004, o qual alcançou a resistência de 60MPa.
Ocupando uma área de 46.000 m², o empreendimento, com uso do CAD, ganhou uma área
interna nos pavimentos, principalmente nas garagens e nos pisos térreos. Em virtude de ter
grandes vãos com poucos pilares, altura prevista de 125 m e pilares delgados, o CAD foi a
solução, sem comprometer a estrutura do prédio.
3. CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL
3.1 INTRODUÇÃO
A facilidade com que pode ser aplicado o concreto auto-adensável é muito superior ao
concreto convencional. A velocidade de execução aumenta, requerem-se menos trabalhadores,
pois dispensa o adensamento e equipamentos e a produtividade chega a ser três vezes maior.
Outra característica importante do concreto auto-adensável é o fato de ser produzido nas
mesmas centrais e com os mesmos materiais empregados na produção do concreto convencional:
brita, areia, cimento, adições e aditivos.
Atualmente, o concreto auto-adensável vem sendo bastante utilizado em vários países,
principalmente no Japão e países da Europa. Já no Brasil, o uso do concreto auto-adensável ainda
é muito incipiente, com poucos registros de utilização. Isto ocorre por vários motivos, dentre
eles: falta de confiabilidade nos métodos de dosagem existentes, grande diversificação de
materiais existentes no mercado, falta de normalização de procedimento de ensaios e pouco
conhecimento do comportamento do concreto auto-adensável com relação às suas propriedades.
As razões da pequena utilização desta tecnologia até o momento, no Brasil, e, ainda, no
mundo, estavam ligadas principalmente aos elevados custos dos aditivos utilizados, como
superplastificantes e modificadores de viscosidade, bem como a falta de conhecimento, no
Brasil, de métodos de dosagem e produção do CAA. Com a significativa redução dos custos
destes insumos, bem como, com o avanço tecnológico ocorrido nesta área no país, tem se
tornado o CAA cada vez mais uma excelente alternativa para a execução das estruturas (GEYER
& SENA, 2001 e TUTIKIAN, 2004).
Constantes pesquisas estão sendo desenvolvidas com novos materiais no sentido de obter
o CAA, de forma que o mesmo se tornará cada vez mais viável, mas apresenta algumas
desvantagens possíveis de serem contornadas; são as seguintes: não é fácil de ser obtido,
precisando de mão-de-obra especializada para sua confecção, controle tecnológico e aplicação;
tem maior necessidade de controle, durante sua aplicação, do que o concreto convencional;
necessita de cuidados especiais com o transporte, para evitar a segregação; apresenta menor
tempo disponível para aplicação em relação ao concreto convencional.
O concreto auto-adensável foi desenvolvido no Japão, nos anos 80, com o objetivo de
suprir a deficiência de mão-de-obra qualificada e a falta de equipamentos sofisticados para a
realização do adensamento mecânico no processo de concretagem. A alta densidade de
armaduras e/ou o preenchimento de fôrmas complexas, geralmente para resistir aos abalos
sísmicos locais existentes, assim como o adensamento inadequado, foram observados por
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 24
3.3 MATERIAIS
3.3.1 Água
CAA, sem afetar negativamente as suas propriedades, parte da água pode ser substituída pelo
aditivo superplastificante.
A relação a/f para o CAA pode apresentar valores diferenciados, de acordo com o método
de dosagem adotado. Esses concretos são mais governados para a relação a/f do que a relação
a/c. GOMES (2002) considera para CAA de alta resistência que a relação água/finos (a/f) deverá
ser fixada, a principio, no limite superior de 0,4.
O tipo de superplastificante utilizado, de 2ª ou de 3ª geração, é um parâmetro que
influencia no fator a/c e a/f, visto que, estes aditivos químicos são responsáveis por reduzir a
quantidade de água utilizada no concreto, mantendo a mesma trabalhabilidade.
Segundo BILLBERG (1999), a substituição de parte do cimento por resíduos industriais
(finos) para a produção de CAA, acarreta numa redução de a/f, se mantida constante a relação
a/c. Já para OKAMURA et al. (1999), a relação a/c deve estar compreendido entre 0,9 e 1,0, em
volume, dependendo dos materiais utilizados na sua composição.
De acordo com alguns trabalhos apresentados na literatura com CAA, a relação a/c pode
apresentar valores em torno de 0,3 a 0,5, em massa. (OUCHI, BILLBERG, DOMONE e JIN,
1999; EDAMATSU e GOMES, 2002; LISBOA, 2004).
3.3.2 Cimento
C4AF). No entanto, a quantidade destes compostos deve ser moderada, para que ocorra uma
adsorção mais uniforme. O teor de C3A em massa deve ser inferior a 10 % (EFNARC, 2002).
O cimento portland composto, CP II, por ser o tipo de cimento mais utilizado, ser
facilmente encontrado no Brasil, e sua composição se encontrar dentro do especificado pela
EFNARC, o mesmo se apresenta como o mais indicado para a utilização em concretos auto-
adensáveis. Segundo MEHTA e MONTEIRO (1994), o limite máximo de C3A (Aluminatos
tricálcicos), em geral, é de 8 %.
O CAA apresenta geralmente em sua composição uma grande quantidade de finos, o que
gera um alto volume de pasta e reduzido volume de agregado graúdo. No entanto, um grande
volume de pasta necessita de uma grande quantidade de cimento, gerando assim alto custo e alto
calor de hidratação no concreto. Para contornar tal situação, são utilizados fileres e/ou pozolanas
para substituir parte do cimento. No entanto, cimentos à base de belita (forma impura do C2S,
que, quando utilizado em maiores proporções no cimento, torna-o bem menos reativo, liberando
assim menor calor de hidratação) vêm sendo utilizados para reduzir a grande geração de calor
produzida pela grande quantidade de cimento utilizada no CAA (GOMES, 2002). Segundo
NEVILLE (1997), os cimentos mais finos apresentam maior contribuição para o ganho de
resistência, devido a uma maior velocidade de hidratação do cimento, sendo, portanto,
preferíveis.
De acordo com os trabalhos técnicos da literatura, é observado um consumo mínimo de
cimento de 350 kg/m³ e um máximo de 550 kg/m³ para a obtenção do CAA (KHAYAT, HU e
MONTY, 1999; ERNARC e GOMES, 2002; WESTERHOLM, 2003; LISBOA, 2004).
3.3.3 Agregados
evitar a segregação. Além disso, quanto maior for a dimensão do agregado, maior será a
ocorrência de bloqueamento em passagens estreitas. Agregados com diâmetro máximo de até 10
mm são os mais utilizados na produção do CAA, por resultar em uma composição mais
econômica, e um melhor desempenho das propriedades reológicas.
3.3.4 Aditivos
3.3.4.1 Superplastificantes
O tempo durante o qual o CAA mantém suas propriedades reológicas desejadas é muito
importante para obter bons resultados no lançamento do concreto. Este tempo pode ser ajustado
escolhendo o tipo certo de superplastificante (dispersante) ou combinado com retardadores. Os
diferentes aditivos têm efeitos diferentes, e eles podem ser usados de acordo com o tipo de
cimento e o tempo de transporte para o lançamento do CAA.
A escolha de um bom e eficiente superplastificante é de fundamental importância para a
eficiência na dispersão das partículas de cimento dentro da mistura, na redução da quantidade de
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 29
3.3.5 Adições
As adições podem ser classificadas em tipo I e tipo II, de acordo com sua reatividade. As
adições inertes são classificadas de tipo I e promovem uma ação física, aumentando a
compacidade da mistura. Essas adições do tipo I são representadas pelos fílers calcários e
quartzos moídos, entre outros. As adições reativas são classificadas como de tipo II e são
representadas pela cinza volante, cinza de casca de arroz, metacaulin, escória de alto forno e
sílica ativa. As adições do tipo II contribuem para a formação de hidratos sendo empregadas em
substituição ao cimento em teores de até cerca de 30 %. De acordo com a literatura, muitas vezes
as adições do tipo I e II são utilizadas em conjunto.
O uso das adições no CAA é muito importante para aumentar a estabilidade e fluidez do
concreto, reduzindo o contato de fricção entre os agregados e aumentando a viscosidade e a
resistência à segregação pela formação de uma granulometria contínua em que todos os vazios
deixados pelos agregados maiores ficam preenchidos. A incorporação de um ou mais materiais
finos de diferentes morfologias e distribuição granulométrica melhora a coesividade, o auto-
adensamento e a estabilidade do CAA. SONEBI et al. (2003) citam que a incorporação de finos
diminui a quantidade de superplastificante necessária para obter a mesma fluidez que os
concretos produzidos somente com cimento. O uso de materiais finos como cinza volante,
escória de alto forno ou fíler de pedra calcária aumenta a distribuição granulométrica e o
empacotamento das partículas, assegurando maior coesão.
As adições minerais utilizadas em concretos de cimento Portland causam mudanças
consideráveis na estrutura da pasta de cimento. Dentre estas mudanças pode-se citar o aumento
da viscosidade da pasta de cimento devido à redução do fluxo interno de líquidos da mesma. No
caso específico do CAA, este aumento de coesão facilita a mobilidade das partículas no estado
fresco. Isto faz com que as partículas de agregado graúdo se movimentem com mais facilidade, e
fiquem estáveis na pasta de cimento devido ao aumento nas forças de atração das partículas de
menor dimensão na pasta, proporcionando ao concreto uma melhor capacidade de escoamento e
mantendo sua composição uniforme.
A eficiência das adições depende da granulometria, forma, textura superficial, área
superficial e da reatividade das partículas. As partículas rugosas, angulares e alongadas exigem
maior quantidade de pasta que as partículas lisas para não exercerem influência nas propriedades
do concreto fresco. Com a nova geração de superplastificantes e as diversas adições minerais,
não é mais requerida a incorporação de agentes modificadores de viscosidade no concreto.
As adições minerais contribuem para a obtenção das condições mais favoráveis de fluidez
do concreto fresco e também para a formação do esqueleto granular, de modo que as
propriedades mecânicas para o concreto auto-adensável tendem a ser favoráveis. Cabe ressaltar
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 32
que os finos utilizados no concreto, que substituem uma parte do cimento, apresentam
geralmente menor calor de hidratação, contribuindo para a diminuição do calor de hidratação em
grandes massas de concreto.
Dentre os benefícios que a utilização de adições minerais gera, destacam-se os benefícios
ambientais pela substituição parcial do cimento, diminuindo a emissão de CO2 na atmosfera
gerada pela produção do clínquer, benefícios ambientais devido ao fato de as adições serem
constituídas geralmente por resíduos industriais que não são lançados no meio ambiente e
melhora das propriedades do concreto no estado fresco e endurecido, sendo o primeiro
conseguido em termos de fluidez, resistência à segregação e exsudação, e o segundo consistindo
em aumento de resistência e durabilidade devido ao refinamento de poros.
Segundo SAHMARAN et al. (2006), a argamassa é a base para que se obtenha um CAA
com boa trabalhabilidade. Entre os aditivos minerais, a cinza volante e o pó de pedra calcária
mostraram-se mais eficientes em termos de trabalhabilidade das misturas. Isso mostra que a
finura da adição mineral não é o único parâmetro que deve ser levado em conta para a melhora
da trabalhabilidade, mas também a área superficial, a forma e a textura das partículas são
importantes para as características de auto-adensamento da mistura. Ambos os aditivos químicos
e adições minerais afetam adversamente as argamassas.
O uso de aditivos minerais reduz o custo do CAA, associado com o uso de aditivos
químicos e de altos volumes de cimento Portland. As adições minerais substituem parte do
cimento Portland. Além disso, as adições minerais asseguram a melhora do desempenho do CAA
ao longo do tempo.
As adições minerais mais utilizadas em CAA são descritas a seguir.
A cinza volante é um material inorgânico, com boas propriedades pozolânicas, que pode
ser acrescentado ao CAA para melhorar suas propriedades tanto no estado fresco quanto no
endurecido. As características físicas referentes à distribuição granulométrica, forma, finura,
densidade e composição química da cinza exercem influências nas propriedades do concreto
tanto no estado fresco quanto no estado endurecido. Sua forma quase esférica proporciona a
rolagem dos agregados, diminuindo o atrito interno entre eles e destes com as partículas de
cimento, resultando em maior fluidez e viscosidade, e reduzindo o consumo de
superplastificante. A finura adequada da cinza volante para ser empregada no CAA está entre
500 e 600 m²/kg. Segundo XIE et al. (2002), a cinza volante melhora a viscosidade do concreto
fresco, sem prejudicar a trabalhabilidade e fluidez do concreto.
cimento. O teor de SiO2 (dióxido de silício) varia entre 85 e 90 % da massa específica. A adição
de sílica ativa ao concreto resulta em uma melhoria na reologia e nas propriedades no estado
fresco, como também nas propriedades mecânicas e físicas, aumentando a durabilidade do
concreto. Os benefícios da sílica ativa são descritos por GOBBI e AMARAL (2005), de maneira
simplificada como:
• Efeito microfíler: as partículas de sílica preenchem os espaços entre os grãos de
cimento, reduzindo o espaço disponível para a água e atuando como ponto de
nucleação;
• Efeito pozolânico: as partículas de sílica reagem com hidróxido de cálcio. Os
produtos desta reação se assemelham aos produtos resultantes da hidratação do
cimento.
É necessária a utilização de uma certa quantidade de finos no CAA para melhoria de suas
propriedades, tanto no estado fresco como no estado endurecido. Este fino pode ser o pó-de-
brita, que é um resíduo da britagem de rocha e da lavagem de areia artificial, conforme ilustrado
na Figura 7.
Este resíduo causa um dano muito grande ao meio ambiente, pois as empresas de
britagem geralmente não têm como reaproveitá-lo. Por vezes ele é lançado nos rios, contribuindo
para o seu assoreamento e poluição.
Uma boa alternativa é utilizar o pó-de-brita no CAA. Pode-se substituir até 65% da areia
natural pelo resíduo. Assim, além de dar destinação ao resíduo, poupam-se as jazidas naturais de
areia.
Este foi o primeiro método de dosagem racional desenvolvido para a obtenção do CAA.
Este método foi desenvolvido pelo Prof. Hajime Okamura, da Universidade de Tókio, no Japão.
O Método de Okamura parte de valores prefixados de alguns materiais para alcançar as
propriedades de auto-adensabilidade desejadas (GOMES, 2002).
O método é constituído das seguintes etapas:
1) Determinação do volume de ar incorporado no concreto: o método de Okamura
considera um intervalo limite entre 4 % e 7 % para o volume de ar incorporado no concreto;
2) Determinação do volume de agregado graúdo: o volume máximo de agregado graúdo
deve ser fixado como 50 % do volume total de agregados, no estado compactado;
3) Determinação do volume de agregado miúdo: o volume de agregado miúdo é fixado
em 40 % do volume de argamassa;
4) Determinação da razão água/finos (a/f), água/cimento (a/c) e do teor de
superplastificante: a razão a/f e o teor de aditivo superplastificante empregados na dosagem do
CAA são determinados a partir de ensaios em argamassa. Estes valores devem ser ajustados para
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 36
enquanto que o esqueleto granular é definido pela relação ótima entre agregado miúdo e
agregado graúdo, que proporcione uma máxima densidade em seco e sem compactação. No
método são designadas as relações água/cimento, sílica ativa/cimento, superplastificante
sólido/cimento e fíler/cimento, respectivamente por: a/c, sf/c, sp/c e f/c.
A Figura 9 apresenta o fluxograma do método de dosagem de Gomes (2002).
Atualmente, com o avanço das pesquisas sobre o uso do CAA, mais especificamente no
Japão e países da Europa, diversos programas relacionados ao CAA foram implantados. Estas
especificações técnicas, ensaios de caracterização dos materiais e propriedades do CAA nos
estados fresco e endurecido, refletem a larga experiência da EFNARC sobre concretos especiais.
A EFNARC atualmente é uma grande referência de pesquisa, baseada em várias experiências
desenvolvidas por seus sócios na Europa, embora ainda reconheça que os avanços tecnológicos
sobre o CAA ainda se encontram em evolução, e modificações podem vir a acontecer com o
desenvolvimento das pesquisas encontradas na literatura.
A EFNARC impõe algumas exigências quanto à produção, composição e aplicação do
CAA, tais como:
a) Os materiais constituintes do CAA devem satisfazer às exigências da EN 206-1
(Especificação, desempenho, produção e conformidade do concreto);
b) Os cimentos utilizados devem satisfazer às exigências da EN 197-1 (Composição,
especificações e critérios de conformidade do cimento). A seleção do tipo de cimento dependerá
de suas exigências quanto à resistência, durabilidade, dentre outros. O consumo de cimento é da
ordem de 350 kg/m³ a 450 kg/m³, pois acima deste valor, pode causar retração excessiva e abaixo
só poderá ser utilizado com a adição de um outro material cimentício, tal como: cinza volante ou
pozolana;
c) Os agregados devem satisfazer às exigências da EN 12620. A dimensão máxima para o
agregado graúdo é de 20 mm. Geralmente, são utilizados agregados graúdos com dimensão
máxima entre 16 mm e 20 mm. Para o agregado miúdo, todas as areias podem ser utilizadas,
contanto que isenta de agentes nocivos e impurezas;
d) A água deve satisfazer às exigências da EN 1008 (Água para concreto);
e) Os aditivos químicos como os superplastificantes, devem atender às exigências da EN
934-2;
f) Os aditivos minerais ou adições minerais, como fileres de agregados e pigmentos,
devem atender às exigências da EN 12620 (Agregados para concreto); EN 450 (Definições,
exigências e controle de qualidade de cinzas volantes para concreto); EN 13263 (Definições,
exigências e controle de qualidade da sílica ativa para concreto);
g) A produção e dosagem do CAA devem atender às exigências da EN 206 (Densidade,
aumento de resistência, resistência final e durabilidade);
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 39
h) A quantidade de finos deve ser menor que 125 µm para que as propriedades do CAA
no estado fresco sejam satisfatórias.
analisadas de forma criteriosa. Somente desta forma o CAA pode ser utilizado de forma segura
nos elementos estruturais.
Independente do fato de que o CAA contenha os mesmos componentes dos concretos
convencionais, além de aditivos minerais e químicos, existem diferenças notáveis no
comportamento desses concretos, principalmente nas propriedades do estado fresco. Porém, é
necessário verificar os efeitos que estas modificações provocam nas propriedades do concreto no
estado endurecido.
Um aspecto que justifica a importância do estudo das propriedades do CAA no estado
endurecido está associado à composição da mistura do CAA, que é bastante diferenciada dos
concretos convencionais (KLUG et al., 2003).
As principais razões para as possíveis diferenças entre as propriedades do CAA no estado
endurecido e concretos convencionais são (KLUG et al., 2003):
a) Modificações na composição da mistura - A maior quantidade de finos e a menor
granulometria dos agregados causam alterações na composição do esqueleto granular. Isto pode
influenciar nos valores de fc, ft e Ec;
b) Modificações na microestrutura do concreto - Uma maior quantidade de finos no
concreto (cimento e fíleres) acarreta numa menor quantidade de vazios, e conseqüentemente uma
maior densidade com menor porosidade. O concreto se torna mais estável, acarretando numa
maior fluidez e menor porosidade na zona de transição dos agregados – pasta de cimento;
c) Modificações no procedimento de moldagem – Para a verificação das propriedades do
CAA no estado endurecido, são moldados corpos de prova, geralmente cilíndricos, a fim de
verificar se tais propriedades estão de acordo com as especificadas no projeto estrutural. Este
processo de moldagem inclui: a forma de colocação e adensamento, além da cura do concreto.
Dentre esses, a forma de colocação e adensamento são os que diferenciam dos concretos
convencionais. Para concretos convencionais, a moldagem de corpos de prova cilíndricos se
baseia na norma NBR 5738/03. Já para o CAA, ainda não existe uma normalização no que diz
respeito ao procedimento de moldagem em corpos de prova, considerando assim o
preenchimento do molde de uma só vez; independente do tamanho, por levar em consideração
que tal concreto não necessita de adensamento manual ou mecânico. É importante considerar que
um concreto mal adensado proporciona o aparecimento de bicheiras e uma quantidade excessiva
de vazios, falseando o resultado alcançado pelo rompimento dos corpos de prova. Nenhum
estudo foi feito para verificar se tal forma de colocação do CAA nos moldes está ou não
influenciando no resultado final de rompimento do corpos-de-prova, ou seja, na determinação de
suas propriedades mecânicas;
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 41
Atualmente já existe uma larga experiência adquirida ao longo dos anos com relação às
propriedades mecânicas do concreto convencional. Em contrapartida, estudos de propriedades
mecânicas do CAA ainda se apresentam com resultados bastante restritos, bem como uma
verificação do procedimento de moldagem dos corpos-de-prova, que foi praticamente
modificado (KLUG et al., 2003).
3.8 TRANSPORTE
O transporte do concreto auto-adensável deve ser realizado a tempo para não ocorrer
perda de água ou vibração excessiva. Recomenda-se o bombeamento para o transporte, pois a
elevada fluidez e o baixo atrito interno dos agregados contribuem para que o desgaste do
conjunto bomba/duto seja mínimo.
3.9 LANÇAMENTO
O concreto auto-adensável pode ser lançado verticalmente em queda livre até 5 m sem
que haja falhas no concreto. O grande volume de argamassa e a elevada resistência à segregação
tornam possível essa altura de lançamento. Já para a movimentação horizontal, recomenda-se
que a distância não seja superior a 7 m. Apesar da maior capacidade de reter água, é
recomendável que antes do lançamento do CAA se faça a molhagem das superfícies que o
receberão. Mesmo com o concreto fresco, interrupções de concretagem podem gerar juntas de
baixa qualidade nas interfaces das várias camadas de concretagem. A Figura 10 mostra o
lançamento do CAA.
3.10 CURA
Enquanto não atingir endurecimento satisfatório, o concreto deve ser protegido contra
agentes prejudiciais, mudanças bruscas de temperatura, secagem, vento, chuva forte, água
torrencial, agentes químicos, bom com contra choques e vibrações de intensidade tal que possam
produzir fissuras no concreto ou prejudicar sua aderência à armadura.
A proteção contra secagem prematura, pelo menos durante os sete primeiros dias após o
lançamento do concreto (aumentando esse mínimo quando a natureza do concreto exigir), pode
ser feita mantendo a superfície umedecida ou protegendo-a com uma película impermeável.
Em caso de utilização da cura com água, esta deverá ser permanente, não devendo se
criar ciclos de molhagem ou secagem, os quais podem comprometer a estrutura. As superfícies
devem ser mantidas permanentemente úmidas. O endurecimento do concreto pode ser
antecipado por meio de tratamento térmico adequado e devidamente controlado, sem dispensar
as medidas de proteção contra secagem.
No túnel construído em Yokohama, no Japão, Figura 12, com três metros de diâmetro e
um quilômetro de comprimento, foram utilizadas duas camadas de aço protendido, preenchidas
com CAA, numa aplicação de 40 m³.
m, a fim de absorver os esforços provocados por grandes aberturas de vidro para visibilidade dos
espectadores (WALRAVEN, 2003).
Pode-se constatar também o crescimento acentuado do uso de CAA em obras de reparos,
como por exemplo, de uma ponte no Reino Unido, onde o CAA atingiu aos sete dias uma
resistência à compressão média de 60 MPa (MCLEISH, 1996 apud GOMES, 2002). Na Suíça,
também foi utilizado o CAA na recuperação de uma ponte, onde a resistência à compressão
média atingiu 40 MPa aos 28 dias, como mostra a Figura 13 (CAMPION e JOST, 2000 apud
GOMES, 2002).
4. CONCRETO MASSA
4.1 INTRODUÇÃO
Concreto massa é definido como aquele que, ao ser aplicado numa estrutura, requer a
tomada de precauções que evitem fissurações derivadas de seu comportamento térmico
(KUPERMAN, 2005).
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 46
Em geral, é utilizado em estruturas de grande volume, como por exemplo, viga, pilar,
estaca, comporta ou barragem. Devido a esse grande volume, o concreto massa necessita de
cuidados especiais para combater a geração de calor e posterior mudança de volume.
Os projetistas e construtores de grandes barragens de concreto foram os primeiros a
reconhecer a importância do aumento da temperatura no concreto, devido ao calor de hidratação
e à subseqüente retração e fissuração, que ocorre no resfriamento. Fissuras paralelas ao eixo da
barragem comprometem sua estabilidade estrutural; uma estrutura monolítica (que é
essencialmente livre de fissuração) permanecerá em completo contato íntimo com as fundações e
apoios laterais e se comportará conforme previsto pela distribuição de tensões de projeto. Estacas
de concreto, pilares, vigas, muros e fundações de grandes estruturas são muito menores do que
uma barragem de gravidade típica de concreto. Se os elementos possuem muitos metros de
espessura e são feitos de concreto de alta resistência (alto teor de cimento), o problema de
fissuração térmica pode ser tão sério quanto nas barragens (MEHTA e MONTEIRO, 1994).
A utilização do concreto massa requer cuidados com as variações ambientais, as alturas
de camadas de concretagem, as velocidades e temperaturas de lançamento e o espaçamento das
juntas de contração entre blocos da barragem.
O cronograma executivo e o planejamento da produção, transporte, lançamento e
adensamento do concreto são fatores de extrema importância com relação à dosagem, uma vez
que influem na escolha das características do concreto massa.
4.3 MATERIAIS
4.3.1 Cimentos
É possível utilizar todos os tipos de cimentos para a produção dos concretos massa de
barragens. No entanto, em virtude da evolução das temperaturas do material, os cimentos devem
ser submetidos a uma série de ensaios físico-químicos, incluindo a determinação do calor de
hidratação e dos álcalis solúveis em água.
Segundo a ABCP (2002), os cimentos Portland do tipo pozolânico (CP IV) e os cimentos
de escória de alto forno (CP III) apresentam menor calor de hidratação, sendo preferíveis para a
produção do concreto massa.
Cimentos Portland, que contêm relativamente mais C3A (aluminato tricálcico) e C3S
(silicato tricálcido) apresentam maior calor de hidratação do que os cimentos mais grossos, com
menos C3S e C3A (MEHTA e MONTEIRO, 1994).
A prática brasileira de construção de barragens contempla a substituição parcial de
cimento por material pozolânico, adicionado diretamente à betoneira da central de concretagem.
Esse procedimento somente é tecnicamente viável quando há controle rigoroso dos materiais
utilizados e da mistura dos mesmos, caso contrário, a qualidade do produto final pode ficar
comprometida (KUPERMAN, 2005).
4.3.2 Agregados
4.3.3 Adições
As adições mais utilizadas nos concretos massa têm sido os materiais pozolânicos como
as cinzas-volantes, pozolanas artificiais (argila calcinada moída), escórias de alto-forno moídas,
metacaulim e sílica ativa. A quantidade de adição varia muito em função de estudos sócio-
econômicos que levam em consideração as características finais do concreto, o percentual mínio
para neutralizar as reações álcali-agregado, o percentual de substituição ideal de cimento e o
custo do material colocado na obra.
4.3.4 Aditivos
objetivo de reduzir o calor de hidratação, a maioria das cinzas volantes, quando usadas como
pozolanas, têm a capacidade de melhorar a trabalhabilidade do concreto e reduzir o teor de água
de 5 a 8% (MEHTA e MONTEIRO, 1994).
O emprego de aditivos sofre influência da variação da temperatura ambiente e, por isso,
deve haver ensaios contínuos em campo, para adaptá-los às condições ambientais locais.
4.4 TRANSPORTE
O transporte do concreto massa desde a central até o local de lançamento pode ser
realizado segundo diversas maneiras. KUPERMAN (2005) aponta o transporte por caçambas na
usina de Ilha Solteira, por caminhão com descarga traseira (“dumpcrete”) na usina de Lajeado e
transporte por caçambas de monovia na usina de Itaipu.
O tempo do transporte do concreto massa é limitado a 45 minutos para que não ocorra
aumento da temperatura do concreto no interior do equipamento de transporte e lançamento, não
haja perda de trabalhabilidade e não sejam afetadas as características do material.
Para os concretos massa sem aditivo retardador de pega devem ser seguidos os seguintes
intervalos de tempo: lançamento no máximo 15 minutos após o início da mistura; espalhamento
no máximo 15 minutos após o lançamento e compactação 15 minutos após o espalhamento.
O adensamento do concreto massa é executado por vibradores de imersão, devendo
realizar correta vibração na área de contato entre duas camadas sobrepostas, fato que assegura
melhor qualidade do concreto.
4.6 CURA
O processo de cura deve ser realizado com água por meio de sistemas como: piscinas de
água nas superfícies horizontais, uso de espargidores, tubos perfurados, neblina de água,
vaporizadores e revestimento com material saturado que retenha umidade (areia, sacos de
aniagem, geotêxteis, etc.). O processo de cura por vaporizadores cria uma névoa sobre o
concreto recém-lançado. Para garantir uma boa qualidade do concreto, a cura deve ser iniciada o
mais cedo possível e prolongada ao máximo esse período.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 50
A primeira das grandes barragens do mundo, Hoover, inaugurada na era das Barragens
utilizou cimento Portland ASTM Tipo IV, de baixo calor de hidratação (teor de cimento de 233
kg/m³). A barragem de Hoover (1935), nos Estados Unidos, possui 2,4 milhões de metros
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 51
cúbicos de concreto e foi pós-resfriado pela circulação de água gelada através de tubos
embutidos. A Figura 14 mostra a Barragem de Hoover.
5.1 INTRODUÇÃO
5.3 MATERIAIS
5.3.1 Cimento
O cimento a ser utilizado em CCR para barragens deve ser escolhido com base na
geração de calor, no ganho de resistência, na compatibilidade com os agregados quanto à reação
álcali-agregado e principalmente na disponibilidade deste material próximo à obra.
Todos os tipos de cimento Portland podem ser utilizados em concretos compactados com
rolo para pavimentos, desde que sejam atendidas à NBR 5732 (cimento comum), NBR 11578
(cimento composto), NBR 5735 (cimento de altoforno), NBR 5736 (cimento pozolânico), ou
NBR 5733 (cimento de alta resistência inicial).
5.3.2 Agregados
5.3.3 Aditivo
Em geral, o aditivo mais utilizado no concreto compactado com rolo para barragens é o
retardador de pega. Sua finalidade é manter uma camada em estado adequado para receber o
lançamento da camada superior, possibilitando assim uma boa aderência entre ambas. Algumas
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 59
obras vêm utilizando também aditivos polifuncionais no CCR com o objetivo de aumentar o
tempo de início de pega e melhorar sua consistência.
O espalhamento do concreto rolado é executado por trator de lâminas, que pode espalhar
cerca de 100m³/h de concreto, considerando um trator de 15 t. As Figura 22 e Figura 23 mostram
o lançamento do CCR.
Figura 22 – Lançamento e compactação do concreto compactado com rolo (Batista et al., 2002).
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 60
O processo de cura segue os mesmos sistemas do concreto massa tais como, cobertura
com material saturado, nebulizadores, vaporizadores, etc.
Em todas as etapas, o material deve ter a capacidade de suporte de equipamento pesado,
sem ferir a produtividade ou gerar segregações. Nota-se ainda, que essas etapas possuem as
características de um processo totalmente industrial, mecanizado com incidência de mão-de-obra
baixa.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 61
A Usina Hidrelétrica Salto Caxias está localizada no rio Iguaçu, Estado do Paraná, a
cerca de 600 km da capital Curitiba. Com potência instalada de 1.240 MW, possui uma barragem
a gravidade de concreto compactado com rolo, com 1.100 m de extensão e altura máxima de 67
m. A estrutura está dividida em blocos com juntas de contração a cada 40 m e juntas
intermediárias a cada 20 m, parcialmente induzidas. O volume total de 945.600 m³ de concreto
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 63
cinza volante e óxido de magnésio como aditivo para compensar a retração, favorecendo a
barreira impermeabilizante e também aumentando a resistência ao congelamento.
6.1 INTRODUÇÃO
6.2 DEFINIÇÃO
Os concretos leves estruturais podem conter somente agregado leve ou uma combinação
de agregados leves e normais. De modo geral, apresentam massa específica seca abaixo de 2000
kg/m³ e resistência à compressão aos 28 dias acima de 17 MPa.
No Brasil, a utilização dos concretos leves teve início em 1970, com a produção de argila
expandida em forno rotoativo com a finalidade de fornecer agregados leves para a produção de
elementos pré-fabricados.
Tabela 1 - Resistência à compressão em função da massa específica para concretos leves (NM 35/95).
Resistência à compressão Massa específica máxima
mínima aos 28 dias (MPa) aos 28 dias (kg/m³)
28 1840
21 1760
17 1680
material se funde gerando uma massa viscosa, enquanto a outra parte se decompõe
quimicamente liberando gases que são incorporados por esta massa sinterizada, expandindo-a em
até sete vezes o seu volume inicial. Esses gases, retidos no interior da argila, não podem escapar
para o seu exterior devido à fase líquida que envolve as partículas da argila. Essa estrutura
porosa se mantém após o resfriamento, de modo que a massa unitária do material resultante
torna-se menor do que antes do aquecimento, podendo ser utilizada como agregado graúdo na
fabricação de concretos leves, com o objetivo de reduzir o peso próprio das estruturas.
O agregado de argila expandida pode ser produzido pelo tratamento térmico da matéria-
prima, triturada e classificada granulometricamente, ou moída e pelotizada, feito, geralmente, em
forno rotativo a gás ou óleo diesel, similar aos usados na fabricação de cimento Portland. Pode,
também, ser obtido por sinterização contínua. Nesse caso, o material bem umedecido é
transportado numa esteira, sob queimadores, de modo que o calor atinge gradualmente toda a
espessura da camada. Os agregados de argila expandida, produzidos pelo processo de
sinterização contínua possuem massa específica aparente na faixa compreendida entre 650 kg/m³
e 900 kg/m³ e os produzidos em forno rotativo, entre 300 kg/m³ e 650 kg/m³.
A Figura 31 apresenta esquema básico da fabricação da argila expandida.
granulometria do agregado maior será a quantidade de água necessária para envolver os grãos do
mesmo, formando uma película d’água responsável por uma boa trabalhabilidade .
A caracterização da microestrutura da argila expandida é importante para a fabricação
dos concretos, auxiliando na compreensão das reações físico-químicas que ocorrem na sua
interface com a matriz de cimento. Devido à sua alta porosidade, a argila expandida proporciona
uma redução da resistência mecânica dos concretos. Por outro lado, uma importante
característica do agregado leve é a boa aderência entre este e a pasta hidratada de cimento que o
envolve. Esta aderência ocorre pela textura áspera da superfície do agregado leve, resultando em
um intertravamento mecânico entre o agregado e a pasta. A aderência também pode ser
melhorada pela água absorvida pelo agregado no momento da mistura do concreto, que com o
tempo torna-se disponível para a hidratação do cimento anidro. Parte dessa hidratação ocorre na
região da interface agregado/matriz, tornando a aderência entre o agregado e a matriz mais
resistente.
6.6 DOSAGEM
6.7.1 Transporte
6.7.2 Lançamento
6.7.3 Adensamento
6.7.4 Cura
O processo de cura nos concretos leves não difere do usual nos concretos convencionais,
devendo-se tomar cuidados especiais com a temperatura do concreto.
A baixa condutibilidade térmica dos agregados leves eleva mais a temperatura desses
concretos do que nos convencionais devido ao calor liberado durante o processo de hidratação do
cimento. Para reduzir esse efeito, deve-se cobrir o concreto com mantas isolantes a fim de se
evitar a formação de fissuras térmicas, em ambientes de baixa temperatura. Para a cura térmica,
recomenda-se um período maior de cura ou uma velocidade de elevação de temperatura menor.
Por outro lado, o agregado leve beneficia o processo de hidratação do cimento, pois
durante o processo de mistura dos materiais, retém uma parcela de água que será transferida para
a matriz de cimento ao longo do período de hidratação, garantindo assim, a presença de parte da
água necessária para as reações químicas desse processo, independentemente do rigor das
condições ambientais externas. Esse fenômeno, denominado “cura interna”, torna os concretos
leves menos sensíveis às variações do processo de cura nas idades iniciais.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 72
A faixa de variação dos valores para o índice de consistência dos concretos leves,
normalmente, mostra-se menor do que a utilizada para os concretos convencionais. Os concretos
leves com altos valores de índice de consistência apresentam grandes possibilidades de
segregação dos agregados e, por outro lado, concretos leves com baixos valores de índice de
consistência apresentam dificuldades no adensamento.
Durante o processo de determinação dos valores do índice de consistência para os
concretos leves, devem-se considerar os baixos valores da massa específica dos agregados. Isso
fará com que os concretos leves apresentem valores de abatimento menores do que os obtidos
para os concretos tradicionais, produzidos nas mesmas condições de dosagem, devido
essencialmente à diferença dos valores da massa específica dos agregados.
De acordo com MEHTA e MONTEIRO (1994), a vibração excessiva, os altos valores de
índice de consistência e a baixa coesão são, normalmente, os fatores responsáveis pelo
surgimento da segregação e da exsudação nos concretos leves, afetando desfavoravelmente, a
manipulação do material.
A segregação e a exsudação dos concretos leves podem ser evitados ou minimizados,
tomando-se alguns cuidados no processo de dosagem, como granulometria adequada dos
agregados, substituição total ou parcial do agregado miúdo por areia natural e utilização de
adições minerais.
concretos leves já apresentam 80% da resistência à compressão observada aos 28 dias de idade
(EUROLIGHTCON, 1998).
6.9.3 Durabilidade
aumenta a proteção da armadura à ação dos agentes agressivos, como a carbonatação e os íons
cloreto.
O uso de concreto com agregado leve em uma estrutura implica, em um custo total mais
baixo da estrutura. Embora o concreto leve apresente um custo maior que o concreto
convencional, por metro cúbico, a estrutura pode custar menos, como resultado da redução do
peso próprio, do menor custo das fundações e de armadura.
O concreto leve estrutural pode ser aplicado nos mais diferentes setores da construção
civil, como, por exemplo, nos sistemas construtivos pré-fabricados, plataformas marítimas
flutuantes, pontes e edificações de múltiplos andares.
Em plataformas marítimas flutuantes, o concreto leve proporciona melhoria das
características de flutuação durante o transporte e a utilização. A plataforma petrolífera South
Arne (Figura 32), construída em 1999 na Dinamarca, de massa específica de 1850 kg/m³,
representa um exemplo de aplicação do concreto leve.
A aplicação dos concretos leves em construção de lajes nos edifícios de mútiplos andares
moldados in loco reduzem o peso próprio da estrutura e aumenta a proteção da propagação de
incêndio entre os andares. O edifício Library Tower, nos EUA, (Figura 34) com altura de 310 m
apresentou resistência à compressão de 28 MPa.
No Brasil, o uso do concreto leve é modesto, com destaque para a produção de materiais
construtivos pré-fabricados. Dentre as aplicações do concreto estrutural leve está o pavilhão de
exposições do Anhembi, em São Paulo, ilustrada na Figura 36.
7. CONCRETO PESADO
7.1 DEFINIÇÃO
7.2.1 Cimento
Cimentos de acordo com ASTM C 150, os quais devem ser apropriados para o concreto
convencional e produzir as propriedades físicas requeridas, são adequados para o uso em
concretos pesados. Cimentos de baixa alcalinidade devem ser usados quando os constituintes
reativos álcalis estão presentes em agregados ou um cimento moderado ou de baixo calor. Para
evitar elevado e rápido calor de hidratação e resultar em fissuras, é aconselhável não usar o tipo
III de cimento ou aceleradores, a menos que a temperatura do concreto seja controlada por
sistemas de refrigeração especiais. No entanto, cimentos hidráulicos misturados devem ser
usados apenas se não houver redução da densidade do concreto abaixo dos limites especificados.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 79
A água usada para a produção dos concretos pesados deve seguir exigências do ACI 301
ou ASTM C 94. Além disso, a água deve ser potável e livre de substâncias como óleo, ácido,
álcali e matéria orgânica.
7.2.3 Agregados
Devido ao elevado peso específico das partículas de agregado, deve-se ter cuidados
especiais na dosagem da mistura. Para isso, é desejável que tanto o agregado miúdo quanto o
agregado graúdo sejam produzidos com rochas e minerais de alta massa específica, fatores que
diminuem a segregação do concreto.
A forma e a textura áspera das partículas dos agregados britados conferem ao concreto
pesado a característica de ser mais áspero. Para corrigir esse problema, é costume usar areia fina
em maior proporção do que no concreto convencional e um teor de cimento superior a 360
kg/m³.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 80
7.2.4 Aditivos
A trabalhabilidade do concreto fresco pode ser um problema. O concreto pesado pode ser
bombeado ou lançado por calhas ao longo de pequenas distâncias, apenas por causa da tendência
à segregação do agregado graúdo. Concretos contendo minérios de bório, tais como colemanita e
borocalcita, podem estar sujeitos a problemas de retardo de pega e endurecimento, porque esses
minerais são pouco solúveis e soluções de borato são retardadores da hidratação do cimento.
A resistência é o fator principal na dosagem de concretos pesados adequados ao uso em
reatores de concreto protendido (RCP), os quais são câmaras sob pressão, que operam a níveis de
tensão e temperatura maiores do que as estruturas convencionais e o concreto é submetido a
consideráveis gradientes térmicos e higrométricos. Em casos como esse, deformações inelásticas
como a fluência e fissuração térmica devem ser minimizadas pois podem causar microfissuração
e perda de protensão.
Concretos de trabalhabilidade normal podem ser dosados com densidades tão elevadas
com o uso de agregados pesados como minério de ferro, agregados de ferro ou aço, barita.
Embora cada um desses materiais tenha sua característica própria principal, eles podem ser
combinados de forma a atenderem os requisitos das normas de qualidade. A seleção do agregado
depende do seu emprego. No caso de blindagem de radiação, deve-se determinar o traço dos
elementos com o material que pode se tornar reativo quando submetido à radiação. Para seleção
dos materiais e proporcionamento dos concretos pesados, as condições necessárias e
procedimentos usados são similares aos concretos convencionais. Num procedimento de mistura
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 81
típico, os agregados pesados são misturados primeiramente, seguidos pelo cimento e água, assim
como no concreto convencional. No entanto, devido à elevada massa específica dos agregados,
tanto do minério de ferro quanto agregados de aço, deve-se realizar uma vibração mais enérgica
para evitar a segregação.
8.1 INTRODUÇÃO
A utilização de resíduos pela indústria da construção civil está se tornando cada vez mais
importante, com relação ao desenvolvimento de pesquisas referentes ao assunto, a idéia de seu
uso voltada para melhorar o comportamento de materiais de construção é antiga e intuitiva.
Segundo ACCETTI e PINHEIRO (2000), o concreto reforçado com resíduos é definido
como sendo uma substância composta contendo fibras distribuídas aleatoriamente, ou de forma
orientada e alinhada.
Para NAAMAN (1985), a primeira patente de concreto reforçado com resíduos, datada de
1874, pareceu ser de A. Berard, da Califórnia, o qual sugeriu a adição de sucata de ferro ao
concreto, com o intuito de produzir uma espécie de pedra artificial.
As recentes técnicas de adição de resíduos ao concreto vêm do início dos anos 60, quando
uma grande variedade de resíduos e de materiais foi introduzida no mercado, o que acontece até
nossos dias, à medida que são realizadas novas aplicações.
Conforme TEZUKA (1999), os pioneiros em estudos sistemáticos dirigidos para as
possíveis aplicações e utilização comercial do concreto acrescentado de resíduos foram os
Estados Unidos, a partir de 1971, seguidos pelo Reino Unido e Japão.
Para MEHTA (1998), a situação quanto à utilização de agregados alternativos mudará
rapidamente, pois as fontes naturais de agregados estão se tornando escassas e os custos
alternativos para deposição de resíduos começam a ser levados em conta numa análise
econômica.
Um processo de pesquisa e desenvolvimento de um novo material a partir de um resíduo,
que venha a ser fixado como uma alternativa de mercado ambientalmente segura, é uma tarefa
complexa contendo conhecimentos multidisciplinares. Conforme JOHN (2000), uma
demonstração da complexidade são os acidentes que já aconteceram em obras civis, como por
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 82
Inclui-se também a proposta de uma classificação dos resíduos, isto é, de acordo com o
seu potencial de aplicação na construção civil (CINCOTTO, 1988).
Classe 6 - Resíduo com predominância de material asfáltico, com limitações para outras
impurezas, como argamassas, alvenarias, terra, vegetação, gesso, vidros e outros.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 84
a) Classe A
b) Classe B
São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plástico, papel/ papelão,
metais, vidros e outros.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 85
c) Classe C
d) Classe D
A seguir são transcritas algumas das aplicações dos materiais originados da reciclagem de
entulhos e a vantagens específicas de cada uma.
a) Utilização em pavimentação
O entulho processado pelas usinas de reciclagem pode ser utilizado como agregado para
o concreto não estrutural, a partir da substituição dos agregados convencionais (brita e areia).
Apresenta as seguintes vantagens:
• Utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos, argamassas,
materiais cerâmicos, areias, pedras etc.), sem a necessidade de separação de nenhum
deles;
• Economia de energia no processo de moagem do entulho (em relação a sua utilização
em argamassa), uma vez que, usando-o no concreto, parte do material permanece com
granulometria graúda;
• Possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido, como o
proveniente de demolições e de pequenas obras que não suportam o investimento em
equipamentos de moagem/trituração;
• Possibilidade de melhorias no desempenho do concreto em relação aos agregados
convencionais, quando se utiliza de baixo consumo de cimento.
Como agregado miúdo para concreto – idem ao item anterior, porém sem utilização
expressiva. Contudo, vários estudos têm sido conduzidos para caracterização das propriedades e
viabilização de aplicações para esta combinação.
anteriores. Assim como no emprego de agregado miúdo para concretos, esta forma de utilização
ainda é pouco conhecida e empregada.
como gesso de construção. A separação, na usina, das diferentes fases é tarefa difícil e cara. O
amianto também é misturado com a fração mineral do RCD em algumas usinas de reciclagem
nacionais, embora sua segregação seja exigida na fonte de geração, segundo as Resoluções
CONAMA nº 307 e 456.
agregados produzidos são e serão, na maioria dos casos, mistos (ANGULO, 2000) e terão suas
propriedades bastante variáveis ao longo do tempo, dificultando o desenvolvimento de mercado.
vidreira, concreto, pavimentação, etc.) (JONES, 1987; SANT’AGOSTINO; KAHN, 1997; LUZ
et al., 1998; CHAVES, 1996).
As variações na forma de processamento influenciam não somente a remoção de frações
indesejáveis no processo – como fração não-mineral, gesso, vidro e outros – mas também em
aspectos críticos, como teor de finos (menor que 0,15 mm) e até a proporção entre as frações
graúda e miúda.
Com exceção da usina de Socorro, todas as usinas nacionais são via seca e compostas de
alimentação, catação, cominuição e, em alguns casos, separação granulométrica, separação
magnética de metais ferrosos e abatedores de poeira. Essa configuração é também encontrada em
usinas européias, que, no entanto, contam com operações de concentração e de separação da
fração não-mineral mais eficientes (JUNGMANN et al., 1997; HANISCH, 1998; KOHLER;
KURKOWSKI, 2000).
Figura 39 - O edifício do meio ambiente do BRE; 1º edifício do Reino Unido a incorporar a tecnologia
de concreto usinado com a utilização de agregados reciclados (COLLINS, 2000).
Figura 40 - Piso de alta resistência do Laboratório de Cardinton BRE construído especialmente para
analisar o efeito causado por substituição em massa de 20% de agregados reciclados de concreto e
alvenaria de baixa qualidade (COLLINS, 2000).
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 93
Figura 42 - Eclusa da Hidrovia de Haandrick próximo à Almelo Laje submersa com volume
de 2000 m³ 1988 (COLENBRANDER, 2000).
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 94
Embora, no Brasil ainda não seja habitual a produção de concreto com material reciclado,
percebe-se uma tendência generalizada por parte da iniciativa privada e do poder público, em
equacionar e gerenciar o problema da geração de entulhos de construção, que vem se
transformando em problema de grandes proporções nas maiores metrópoles do País e a
alternativa de produzir concreto com estes resíduos é sem dúvida uma solução que vem sendo
largamente pesquisada e a sua viabilidade técnica já foi demonstrada em diversas pesquisas e
trabalhos técnicos desenvolvidos.
Segundo PINTO (2000), a massa de resíduos de construção dos últimos anos, tem
obrigado as administrações municipais de maior porte a adotar algum tipo de solução, o
município de Belo Horizonte, cidades do interior paulista, assim como Londrina no Paraná, tem
recorrido a reciclagem como forma de equacionar seus problemas. Algumas destas cidades
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 95
8.9.1 Agregado
A matriz é formada pela zona de transição entre agregado e pasta e a pasta de cimento
propriamente dita, sendo constituída por diferentes tipos de compostos hidratados do cimento.
A zona de transição apresenta características diferentes do restante da pasta, sendo
caracterizada pela sua maior porosidade e heterogeneidade. Esta porosidade é decorrente da
elevação da relação água/cimento em decorrência do filme de água se formar em torno do
agregado graúdo; verifica-se, também, falha na aderência entre pasta e agregado relacionada à
formação de grandes cristais que apresentam superfície específica menor, fato este que diminui a
força de adesão (Forças de Van der Waals). Todas essas características contribuem para que a
zona de transição seja considerada o elo fraco do conjunto, estando sujeita a micro-fissuração
devida a pequenos acréscimos de carga, variações de volume e umidade.
No caso de concretos reciclados, a zona de transição pode representar o elo fraco do
conjunto desde que sua resistência seja menor que a resistência da argamassa aderida ao
agregado reciclado. Para resíduos de concreto que foram reciclados logo após sua geração, isto é,
que possuem uma grande quantidade de cimento não-hidratado presente na sua superfície, a
resistência do conjunto será determinada pelas características da argamassa aderida ao agregado.
Neste caso, haverá mais partículas de cimento para se hidratarem na nova zona de transição e
capazes de se dispor densamente junto das partículas grandes do agregado; como conseqüência,
a zona de transição terá um menor índice de vazios e influenciará de maneira menos significativa
a resistência. Pode-se citar também o efeito “filler” provocado por estas partículas não-hidratadas
que produz um maior empacotamento e preenchimento dos vazios da matriz e na interface,
ocasionando um efeito parede que proporciona uma maior compacidade localizada; gerando uma
ligação mais eficiente entre pasta e o agregado.
8.11.1 Consistência/Trabalhabilidade
“Os diversos trabalhos consultados são unânimes em afirmar que os concretos preparados
com agregados reciclados apresentam consistência mais seca do que concretos convencionais
preparados com a mesma relação água/cimento. A justificativa apresentada para esta tendência é
a maior porosidade do agregado reciclado em relação ao agregado natural, que termina por
elevar a absorção de água” (LEVY, 1997).
O fato dos agregados reciclados geralmente apresentarem camadas de argamassa aderida
à sua superfície e de apresentarem parcelas de materiais cerâmicos faz com que seja absorvida
maior quantidade de água de amassamento pelos agregados durante a mistura, conduzindo a
maior perda de trabalhabilidade em relação aos concretos de agregados naturais. Este aumento
na absorção é utilizado por alguns autores para justificar o processo intitulado de “cura interna”,
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 99
no qual afirma-se que a água absorvida pelos agregados durante a fase de mistura irá ajudar na
hidratação do cimento no entorno do agregado, aumentando assim a resistência da pasta nesta
zona de interface.
MUKAI et al. (s/d) apud HANSEN (1983) afirmam que os concretos produzidos com
agregados graúdos reciclados requerem aproximadamente 10l/m³ (ou 5%) a mais de água de
amassamento que os concretos convencionais para manter o mesmo abatimento.
Deve-se, no entanto, atentar também para a forma dos agregados. Agregados britados em
tipos diferentes de equipamentos apresentam formas diferentes, conduzindo a áreas superficiais
diferentes, o que também influencia na quantidade de água de amassamento para uma mesma
trabalhabilidade. Outro fato relevante é que como, em geral, a massa específica dos agregados
reciclados é menor que a dos agregados naturais, a substituição em massa destes por agregados
reciclados conduz a um maior volume de agregados na mistura, o que também aumenta a
quantidade de água requerida para a mesma trabalhabilidade.
A massa específica dos concretos no estado fresco produzidos com agregados reciclados
varia entre 2.020 e 2.210 kg/m³, valores referentes a 85% e 95% daqueles obtidos nas misturas
de controle (HANSEN, 1986). LATTERZA (1998) conclui que para concretos com 100% de
agregados graúdos reciclados com Dmáx = 19 mm, há uma redução de 9% na massa específica no
estado fresco em relação ao concreto de referência, e para os concretos com 100% de agregados
reciclados com Dmáx = 9,5 mm, a redução chega a 4% da massa específica no estado fresco do
concreto de referência.
“Os concretos leves estruturais têm massa específica no estado endurecido entre os
limites de 1300 kg/m³ e 1900 kg/m³, com resistência mínima de 17 MPa (NEVILLE, 1997),
onde se enquadram os concretos de argila expandida. Já os concretos estruturais, de peso normal,
têm massa específica variando entre 2300 kg/m³ e 2500 kg/m³. No intervalo entre 1900 kg/m³ e
2300 kg/m³, estão localizados os concretos estruturais com agregados reciclados de entulho de
construção e demolição com resistência característica mínima de 15 MPa” (MACHADO
JUNIOR e AGNESINI, 1999).
Pesquisas realizadas por MACHADO JUNIOR & AGNESINI (1999), obtiveram valores
variando de 1.997 a 2.040 kg/m³ para concretos com 100% de agregados graúdos reciclados com
Dmáx = 9,5 mm.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 100
NIXON (s/d) apud HANSEN (1986) chegou à conclusão que há uma sensível queda no
valor da resistência à compressão de concretos produzidos com agregados reciclados, quando
comparados aos concretos produzidos com agregados naturais. Segundo o mesmo, esta queda
pode chegar a 20%, mas em geral é bem menor.
LATTERZA (1998) apresenta em seu trabalho, valores variando de 15 a 20% acima, na
resistência à compressão de concretos com agregados reciclados quando comparados aos
respectivos concretos de referência. Segundo KHALOO (1994), concretos produzidos com
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 101
agregados reciclados que apresentem baixos consumos de cimento podem apresentar maiores
resistências à compressão. Esta situação se inverte com o aumento do consumo de cimento.
Pode-se atribuir os ganhos de resistência obtidos em alguns casos a três fatores:
1. A qualidade dos agregados empregados no que se refere aos seus componentes,
homogeneidade, granulometria, dentre outros. Cabe ressaltar que a composição dos agregados
reciclados, que varia muito em diferentes regiões, pode afetar sensivelmente os valores de
resistência do concreto, sendo esta, portanto, função do tipo de agregado reciclado empregado;
2. O aumento de hidratação do cimento na zona de interface do agregado com a pasta,
promovido pela alta absorção de água dos agregados durante a mistura, fenômeno este
mencionado anteriormente e referido como “cura interna”;
3. A presença de partículas não hidratadas de cimento nos resíduos de concreto e
argamassa dos agregados reciclados, que podem hidratar-se quando da reutilização destes
agregados, acabando por aumentar a quantidade de cimento do traço empregado.
8.11.6 Permeabilidade/Absorção
9. CONCRETO PROJETADO
Há muitas definições para o concreto projetado. Dentre elas, a que parece ser mais
adequada é justamente a mais sucinta e abrangente. Essa é a definição dada pelo ACI 506.R-90,
Guide to Shotcrete, para concreto projetado: “argamassa ou concreto pneumaticamente projetado
a alta velocidade sobre uma superfície”.
O concreto projetado pode ser aplicado para substituir o concreto convencional em alguns
casos. No entanto, ele é mais indicado para os casos onde a colocação de fôrmas seja muito
trabalhosa (ou se deseje reduzir o seu custo), o acesso ao local de moldagem seja difícil, haja
necessidade de pequenas espessuras ou estas sejam variáveis.
Os concretos e argamassas projetados apresentam grande versatilidade, podendo ser
empregados para as mais diversas finalidades, tais como revestimentos inclinados (Figura 46),
obras subterrâneas (Figura 47), contenção de taludes (Figura 48), reparos e reforços estruturais,
impermeabilizações, elementos auto-portantes, reservatórios, piscinas, chaminés de fornos, silos
e outros.
O concreto projetado, que pode ser lançado por via seca ou por via úmida, apresenta as
seguintes vantagens principais que, de certa forma, o torna superior ao concreto aplicado de
forma convencional:
a) baixa relação água/cimento;
b) alta resistência e rápido ganho de resistência;
c) alta resistência e baixa permeabilidade;
d) melhor aderência a um substrato adequadamente preparado;
e) aplicação rápida e econômica de grandes volumes;
f) redução ou eliminação do custo de formas;
g) facilidade de acesso a áreas restritas.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 104
Figura 51 - Detalhe do bico de projeção para o processo por via semi-úmida (BERTINI, 1996).
A Tabela 3 indica a comparação entre os processos de projeção feita pelo ACI, enquanto
a Tabela 4 reproduz o quadro comparativo apresentado por FIGUEIREDO (1992).
- menos equipamentos no
local de trabalho
- menor investimento total
- menor desgaste do bico,
- manutenção simples e
Equipamento mangueiras e bomba para a
pouco freqüente, fácil
mesma produção
operação
- consumo de ar até 60 %
menor
- na obra ou na usina
- possibilidade de utilização - na usina e apurada
Mistura de misturas pré-dosadas - a umidade da areia não
- desempenho alterado pela interfere no processo
umidade da areia
- 15 a 40 % em paredes
verticais
- baixa reflexão, que pode ser
- 20 a 50 % para o teto
menor de 10 %
- ocorre formação de bolsões
Reflexão - não ocorre formação de
de material refletido
bolsões de material refletido
- variação do traço na
- pequena perda de agregado
estrutura por perda intensa de
agregado
- em pó: adicionados na
betoneira ou antes da cuba de
Aditivos - utiliza-se apenas os aditivos
alimentação
líquidos
- líquidos: adicionados junto
ao bico de projeção
- exige planejamento
cuidadoso para minimizar
- facilidade de interrupção,
perdas por interrupção do
com pouca ou nenhuma
trabalho
perda de material
Flexibilidade - apresenta dificuldade de
- ajustável às condições da
operação em superfície
superfície (em presença de
molhada (exige maiores
água)
teores de aditivos
aceleradores)
Os fatores que determinam a maior ou menor reflexão vão desde o traço do concreto, a
qualidade dos materiais e o ângulo de projeção até as condições da superfície (FIGUEIREDO,
1992).
O concreto projetado por via seca apresenta maior reflexão que o por via úmida, mas
mesmo no segundo caso a reflexão deve ser minimizada ao máximo, por razões econômicas.
A reflexão do concreto projetado é representada pelo Índice de Reflexão (IR), que é a
relação entre a massa de material refletido (MR) e a massa total projetada (MT) (SILVA, 1997).
MR
IR (%) = x 100
MT
São quatro os defeitos mais comuns que ocorrem no concreto projetado: laminação,
oclusão de material refletido, efeito de “sombra” e alterações na superfície do produto final. Tais
defeitos reduzem a resistência mecânica do material, bem como sua durabilidade.
A laminação, como o próprio nome indica, corresponde à formação de camadas com
características diferentes, resultando num produto final anisotrópico e de durabilidade reduzida.
As causas geradoras de tal defeito podem ser: o próprio modo de jateamento do material, a
utilização de mão-de-obra pouco qualificada ou supervisão inadequada e a mistura incorreta dos
materiais secos. Uma outra causa, menos importante seria a utilização de aditivos aceleradores à
base de aluminato. Em virtude da pequena espessura das peças de argamassa armada, o efeito de
laminação não é preocupante, pois, geralmente se atinge a espessura desejada com apenas uma
camada.
A oclusão de material decorre da reflexão: os agregados refletidos, ao invés de se
precipitarem no chão, aderem-se às barras da armadura, às fôrmas, às cambotas e aos cantos. Ao
se projetar sobre as superfícies onde este material está aderido, eles se incorporam à camada de
concreto projetado, formando um material poroso e com carência de finos. Tais regiões
apresentam então baixa resistência e alta permeabilidade. Estas falhas devem ser removidas
preferencialmente antes do seu endurecimento. O controle desse defeito é visual e feito pelo
mangoteiro.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 110
9.5 MATERIAIS
9.5.1 Cimento
9.5.2 Agregados
À medida que se aumenta o teor de agregados, bem como sua dimensão, elevam-se os
índices de reflexão. A primeira causa é justificada pelo fato de um maior número de agregados
aumentar a probabilidade de colisões entre eles. Para que o agregado se fixe à camada projetada,
é necessário que haja uma camada de amortecimento suficiente para absorver a energia do
impacto. Ora, agregados maiores exigem maior energia para serem fixados. Portanto, a formação
do colchão de amortecimento demandará mais tempo, resultando num índice de reflexão maior.
Logicamente, quanto maior o teor de finos na mistura, menor será a reflexão. É por isso que o
uso de sílica ativa é indicado para reduzir a reflexão, pois além de elevar o teor de finos, aumenta
a coesão do material, justamente pela sua elevada finura.
9.5.3 Água
A água utilizada na mistura deve estar isenta de substâncias deletérias tanto ao aço quanto
ao concreto. Recomenda-se o uso de água potável. Caso contrário, o ACI afirma ser necessária a
realização de ensaios de qualidade da água disponível, a fim de se detectar a existência de
agentes agressivos ao material.
Elevando-se o teor de água na mistura, diminui-se a produção de poeira e aumenta-se sua
plasticidade. Isto significa uma maior capacidade de absorção da energia proveniente do impacto
dos agregados e, conseqüentemente, uma menor reflexão. No entanto, se o teor de umidade for
excessivamente elevado, ocorre uma fluidificação da mistura, acarretando perda de coesão e
conseqüentes desplacamentos.
É pelos motivos citados acima que o processo por via úmida mostra-se vantajoso em
relação ao índice de reflexão. FIGUEIREDO (1992) afirma: “isto ocorre devido a dois fatores
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 113
básicos, quais sejam, a maior coesão do material projetado por via úmida, que já vem total e
homogeneamente umidificado, e a menor velocidade de projeção em relação à via seca”.
No processo de projeção por via seca o controle de umidificação deve visar a obtenção de
um teor de umidade ótimo, de modo a maximizar a compactação e, conseqüentemente, a
resistência mecânica do produto final. Um expediente empregado para se reduzir a produção de
poeira inerente ao processo consiste em se realizar uma pré-umidificação da mistura (via semi-
úmida).
9.5.4 Aditivos
aditivos líquidos, cuja dosagem poderia ser controlada por uma bomba dosadora, proporcionando
uma maior homogeneização do aditivo na mistura.
FIGUEIREDO (1992) ressalta a importância do uso de dosadores de aditivo: “a utilização
de dosadores é fundamental por dois aspectos. Em primeiro lugar porque, da precisão com que é
dosado o aditivo depende do desempenho do material. Em segundo lugar, quando se utiliza o
dosador, reduz-se o contato do operário com um material que traz riscos à saúde”.
Entre os componentes do concreto, o aditivo é o mais susceptível à perda de suas
propriedades devido a más condições de armazenamento. Logo, deve-se tomar uma série de
cuidados na estocagem do produto.
9.5.5 Adições
Materiais pozolânicos podem ser adicionados ao concreto projetado para melhorar sua
trabalhabilidade e facilitar o bombeamento nos processos por via úmida. As pozolanas
colaboram para o aumento da resistência do material ao ataque de sulfatos e para a redução das
reações álcali-agregado. Mas o ACI alerta que o uso de pozolanas em substituição a parte do
cimento pode resultar em ganhos de resistência inicial mais baixos.
A sílica ativa pode ser considerada com uma super-pozolana, cujo uso melhora a adesão e
a coesão — o que resulta em menores índices de reflexão (FIDJESTOL,1993) e menor risco de
ocorrer desplacamentos. O seu uso parece promissor, principalmente para reduzir ou substituir os
aditivos aceleradores. Isto porque ela apresenta grande facilidade de aplicação em presença de
umidade e, ao contrário dos aditivos aceleradores, traz benefícios às propriedades do material
endurecido, tais como o aumento da resistência à compressão e da durabilidade e a redução da
permeabilidade.
Dois inconvenientes da utilização de sílica ativa seriam uma maior geração de poeira e
uma maior dificuldade de umidificação — efeitos causados pelo seu alto módulo de finura e
elevada área específica. Estes efeitos negativos podem ser combatidos pré-misturando-se a sílica
ativa à água, formando uma nata que só então será adicionada à mistura.
Uma outra alternativa para a melhoria de algumas propriedades do concreto projetado é a
adição de fibras à matriz.
No caso de fibras de aço, os aspectos relacionados ao seu uso são:
• aumento da ductilidade e da resistência à fissuração e ao impacto;
• desempenho em alguns casos comparável ao concreto reforçado com telas de aço;
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 115
ARMELIN & HELENE (1995) apresentam uma fórmula para avaliar a porcentagem de
perda no teor de fibras causado pela reflexão. Aplicando valores experimentais à equação, eles
estimaram perdas de até 30 % para a projeção por via úmida e superiores a 50 % para a projeção
por via seca. Eles observaram ainda o comportamento anisotrópico do material: a orientação das
fibras influencia a resistência à compressão. Já o comportamento à flexão é influenciado pelo
tipo e taxa de fibras e pelo aditivo acelerador utilizados. Em virtude disso, não é recomendável
estimar o desempenho do concreto projetado com fibras a partir dos resultados obtidos para o
concreto com fibras moldado no local — mesmo com composições idênticas.
As fibras de polipropileno não exigem equipamento diferenciado para sua aplicação e
proporcionam uma redução dos índices de reflexão. Contudo, nem sempre provocam mudanças
significativas nas propriedades do produto final.
RICHARDSON (1990) observou que as fibras longas de polipropileno aumentam a
capacidade do concreto em absorver carga após a fissuração. Tal comportamento é atribuído ao
maior comprimento de aderência fibra/concreto, uma vez que as fibras curtas tendem a ser
arrancadas quando submetidas a esforços axiais. O autor comenta ainda que a reflexão das fibras
de polipropileno não constitui risco de ferimentos aos funcionários da obra.
As fibras e a sílica ativa podem ser consideradas complementares. O uso das primeiras
aumenta a reflexão, que é combatida pelo aumento da coesão e da aderência provocado pela
adição de sílica ativa. A utilização desta última gera um aumento de resistência mecânica do
material, mas em contrapartida surge um comportamento à ruptura mais frágil. Este efeito pode
ser combatido pelas fibras, que aumentam a tenacidade do material.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 116
Figura 53 - Bomba de projeção por via seca com Figura 54 - Bomba de projeção por via seca com
câmara simples (ACI, 1994). câmara simples e disco alimentador (ACI, 1994).
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 117
Figura 55 - Bomba de projeção por via seca com câmara dupla (ACI, 1994).
Figura 56 - Esquema da bomba de projeção por via seca de rotor tipo calha em “U” (ACI, 1994).
Para a projeção por via úmida os equipamentos podem ser de dois tipos: com alimentação
pneumática ou por deslocamentos constantes (Figura 57 a Figura 59).
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 118
Figura 58 - Esquema de bombeamento por compressão no processo por via úmida (ACI, 1994).
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 119
Figura 59 - Desenho esquemático de bomba de deslocamento de tipo pistão por via úmida (ACI, 1994).
reflexão). Com este intuito, pode-se usar bicos simplesmente afunilados ou bicos especiais. Além
de velocidade adequada, o bico de projeção deve proporcionar uma boa umidificação da mistura
e a formação de um cone de projeção com a maior concentração possível.
A alimentação da máquina de projeção com os materiais secos pode ser manual ou
mecânica (Figura 60 e Figura 61). Ao primeiro tipo são inerentes a falta de homogeneidade e
falhas no proporcionamento da mistura, principalmente os aditivos. Uma alternativa seria uma
alimentação contínua através de equipamento mecânico. Este segundo tipo de alimentação
garante um fluxo constante de materiais secos, aumentando a produtividade, facilitando a
dosagem de aditivos (quando utilizados em pó) e reduzindo as perdas de material. O alimentador
mecânico pode ser provido de esteira rolante ou rosca-sem-fim — este segundo tipo proporciona
uma melhor mistura do aditivo com os materiais e, conseqüentemente, uma maior
homogeneidade do produto final.
fornecimento do material. No entanto, deve-se evitar uma longa permanência dos materiais
dentro dele para que não ocorram perdas por pré-hidratação.
Para via seca são necessários pelo menos os seguintes equipamentos e acessórios,
conforme a montagem convencional apresentada na Figura 62.
• Bomba de água: fornece água em vazão e pressão junto ao bico de projeção. Pode ser
distribuída pela rede pública de fornecimento de água.
• Anel de água: aclopado entre o final do mangote e o bico de projeção, possui função de
adicionar água ao concreto.
Cerca de oito pessoas podem constituir uma equipe básica de projeção. As funções que
definem o trabalho são:
• mangoteiro: responsável pela aplicação do concreto. No processo via seca é ele quem faz
o controle visual do teor de água na mistura. O correto posicionamento do bico de
projeção é tarefa dele, em ambos os processos. Daí sua importância capital na qualidade
do produto final.
a) Preparação da superfície
O desempenho do concreto projetado depende também das condições da superfície que o
recebe. As condições do substrato influenciam tanto no momento da aplicação — superfícies
irregulares e rígidas provocam um aumento da reflexão — quanto nas condições do material
endurecido — em virtude da aderência substrato/concreto.
Percebe-se, portanto, que o primeiro passo para a projeção de concretos é a preparação da
superfície que irá recebê-lo.
As superfícies de projeção podem ser de terra, de concreto, de aço, de alvenaria ou de
madeira. Para o caso em questão, interessa discorrer apenas sobre substratos de concreto ou
alvenaria — pois são eles que podem constituir a regularização da camada de filtro ou o próprio
filtro em si.
A preparação das superfícies de concreto consiste na remoção de regiões onde existam
fissuras em demasia, lascas e concreto solto ou deteriorado. Na região de extração do concreto
defeituoso deve ser feito um reparo, evitando-se mudanças bruscas de espessura e bordas
onduladas. Se o substrato de concreto for muito liso, deve-se aumentar a rugosidade da
superfície por jateamento de areia ou outro meio mecânico.
Após a conclusão dos reparos, deve-se proceder à limpeza da superfície por meio de
jateamento de água ou areia. Se o último meio for utilizado, os grãos soltos devem ser removidos
por aspersão de ar comprimido. Para evitar a absorção de água da mistura projetada, deve-se
umidificar a superfície de aplicação — é válido ressaltar que não deve existir água em excesso,
senão o efeito será contrário ao desejado.
O preparo de substratos de alvenaria é semelhante aos de concreto. Atenção especial deve
ser dada à pré-umidificação, pois o seu coeficiente de absorção é maior que o de concretos.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 124
b) Fôrmas
As fôrmas devem possuir rigidez suficiente para receber o impacto da projeção sem
apresentar grandes deformações ou vibração excessiva. Elas podem ter como material
constituinte a madeira, o aço, papelão reforçado com telas ou sarrafos de metal expandido.
No caso de piscinas e reservatórios enterrados, as fôrmas (ou anteparos) seriam
necessárias apenas nos casos onde, por algum motivo construtivo, a camada de filtro tivesse de
ser executada posteriormente à moldagem da membrana.
c) Armaduras
O dimensionamento da armadura obedece ao mesmo critério daquelas para concreto
convencional. Uma combinação de barras e telas pode reduzir o número de telas necessárias em
elementos mais espessos, suprindo a carência de seção transversal de armadura — essa redução
do número de telas também facilita a aplicação do concreto. O ACI ressalta que o arranjo de
armadura deve ser feito de modo a facilitar a projeção e minimizar a formação de vazios e
bolsões de areia.
Outro cuidado de extrema importância é a fixação das armaduras. Elas devem estar
devidamente amarradas com arame a fim de se evitar vibrações (que podem gerar vazios nas
regiões adjacentes às barras e falhas na aderência) e deslocamentos — no caso de peças de
pequena espessura, a garantia do cobrimento é fundamental.
Devem ser evitados nós de amarração muito grandes, pois eles podem favorecer a
formação de vazios e bolsões de areia.
As sobreposições de telas devem ser de pelo menos uma vez e meia o espaçamento entre
os seus fios, além de serem devidamente amarradas.
Caso seja necessário mais de uma tela, projeta-se o concreto na primeira camada de telas
e só então procede-se à colocação e moldagem da próxima camada. Quando for utilizada uma
combinação de barras e telas, as últimas são dispostas exteriormente às primeiras.
As barras da armadura devem estar isentas de quaisquer impurezas.
e) Controle de alinhamento
A fim de se obter as espessuras especificadas em projeto e uma superfície plana regular,
faz-se necessário alguns expedientes que garantam um correto alinhamento. Fios esticados,
faixas de guia, espaçadores, barras graduadas cravadas no substrato, e mesmo fôrmas
convencionais, são utilizadas com o intuito de se garantir a espessura desejada.
As barras graduadas cravadas no substrato devem ser aplicadas onde os orifícios de
perfuração não sejam prejudiciais à estrutura. Portanto, para as peças de pequena espessura de
que trata o presente trabalho, não é recomendável o uso deste tipo de dispositivo.
f) Juntas
As juntas de concretagem devem ser executadas de modo a evitar o enfraquecimento da
região. Para tanto, recomenda-se que as bordas sejam afuniladas (inclinadas) e, antes da projeção
seguinte, devem ser limpas e pré-umidificadas.
graxa, óleo diesel ou outros materiais facilmente removíveis. Caso não sejam empregados
nenhum desses métodos, deve-se proceder à limpeza das áreas com resíduos antes do
endurecimento destes.
9.9 DOSAGEM
Antes que sejam abordados métodos de dosagem para o concreto projetado, fazem-se
necessários alguns esclarecimentos de ordem geral. Inicialmente, deve-se destacar que existe
uma diferença entre os concretos projetados por via seca e por via úmida no que se refere a
parâmetros de dosagem.
Para o concreto projetado por via úmida, a dosagem dos materiais segue as linhas básicas
dos concretos convencionais. Mas, antes de se dosar a mistura, é necessário lembrar algumas
diferenças entre os métodos, quais sejam:
I - a reflexão provoca perdas de agregado graúdo, resultando num concreto com teor de
finos mais alto;
II - concretos projetados apresentam um consumo de cimento mais elevado que os
executados pelo sistema convencional.
Tais diferenças também tornam o produto da projeção mais susceptível aos efeitos da
retração — fenômeno mais crítico no sistema por via úmida.
Para a projeção por via seca, não existem métodos padronizados que correlacionem
resistência do concreto e proporção de componentes da mistura.
O ACI atenta para o fato da resistência à compressão não ser o fator mais importante para
determinar a qualidade da projeção. Em algumas aplicações, principalmente aquelas constituídas
por camadas de projeção pouco espessas, a permeabilidade e a durabilidade são aspectos
essenciais a serem considerados ao se determinar a dosagem dos materiais. Deve-se atentar
também para:
• as características desejadas para o concreto e restrições envolvidas;
• o desempenho e as especificações relativas ao trabalho;
• o tipo de equipamento ser adequado à projeção (se por via seca ou úmida, com ou
sem agregado graúdo).
Uma curva granulométrica dos agregados bem graduada e uma boa compactação são
fatores que conduzem a um produto final com bom desempenho. A Betomaq Industrial Ltda.,
especializada no fornecimento de equipamentos para a projeção de argamassas, recomenda que a
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 127
curva granulométrica da areia esteja dentro dos limites mostrados na Figura 63. Alerta ainda que
as argamassas devem ser plásticas, pois misturas muito fluidas tendem a segregar a areia e
entupir os equipamentos. Afirma que uma argamassa boa para ser utilizada com a colher é a mais
adequada para bombeamento.
Figura 63 – Indicação dos limites granulométricos da areia para argamassas bombeáveis (BETOMAQ,
s/d).
9.10 MISTURA
projetado for pequeno. Nestes casos, os agregados são medidos em volume e o cimentos em
quantidade de sacos.
Nos casos onde as condições de campo forem desfavoráveis à dosagem em peso, mas o
trabalho exigir rigor no proporcionamento dos materiais, pode-se usar o expediente de pré-
misturar os materiais secos em usina, sendo adicionados no local somente a água e os aditivos
líquidos.
O teor de umidade da areia é um aspecto de merecida atenção, pois variações nesse valor
devem evitadas.
Os aditivos em pó são adicionados à massa quando da mistura dos materiais secos. Já os
aditivos líquidos, pré-misturados à água, são incorporados à matriz quando esta for adicionada à
mistura — lembrar que o local de adição da água varia conforme o processo utilizado. Tanto
para via seca quanto para via úmida, os aditivos aceleradores só devem ser introduzidos no bico
de projeção.
Deve-se tomar os devidos cuidados para evitar o embolamento das fibras, garantindo sua
distribuição uniforme na argamassa — o uso de fibras curtas e/ou coladas favorece esse aspecto.
9.11 LANÇAMENTO
O ACI afirma que, sob o ponto de vista da construção, qualidade, utilidade e custo, a
projeção é mais indicada para elementos de pequena espessura (igual ou inferior a 15 cm), não
muito armados. Nota-se, portanto, que este método construtivo pode ser promissor para a
execução de piscinas e reservatórios em argamassa armada.
A projeção também é indicada para casos especiais, onde sejam necessárias estruturas
leves, impermeáveis, resistentes ao calor ou a ácidos. Em qualquer destes casos, é fundamental
que a mão-de-obra seja especializada e experiente.
A Tabela 6 enumera as diferenças entre os métodos de projeção em relação à forma de
lançamento.
Como já foi dito anteriormente, a mão-de-obra é fundamental para a obtenção de um
concreto projetado de boa qualidade: mangoteiros e operadores da máquina de projeção devem
estar atentos à velocidade e à direção de projeção, à consistência do material e à distância entre o
bico e a superfície de projeção.
A falta de água na mistura pode gerar defeitos como laminação e o surgimento de lentes
de areia, bem como aumenta a reflexão. O excesso dela pode provocar desplacamentos,
arqueamentos ou segregação. O surgimento de uma superfície do concreto levemente brilhante
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 129
indica a quantidade de água ideal. Este controle é feito visualmente no processo por via seca, e
através do abatimento de tronco de cone no processo por via úmida.
Figura 66 - Manipulação do bico de projeção para se obter um concreto projetado de melhor qualidade
(ACI, 1994).
Não devem ser feitos movimentos consecutivos de aproximação e afastamento, pois tal
procedimento gera um aumento da reflexão (desperdiçando material), além de provocar uma
desnecessária rugosidade da superfície.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 131
O controle de todos esses parâmetros é feito pelo mangoteiro. A projeção pode ser feita
em várias camadas. Cada camada é constituída por várias passadas. O detalhamento da execução
de várias camadas não é importante para o presente trabalho, uma vez que ele trata de elementos
de pequena espessura, formados por uma única camada de projeção.
O efeito de “sombra” pode ser evitado aproximando-se o bico de projeção das barras da
armadura e inclinando-o levemente. A mistura projetada sobre armaduras deve ser um pouco
mais fluida para permitir o perfeito envolvimento das barras pelo concreto.
No entanto, essa água não pode ser excessiva, pois, se assim o for, a argamassa poderá
escorrer pela barra, causando falhas na aderência, surgimento de vazios e enfraquecimento do
material.
Em superfícies verticais a projeção deve ser feita de baixo para cima. Quando houver
quinas, estas devem ser preenchidas em primeiro lugar, só então sendo moldadas as regiões
centrais (Figura 67).
Para a projeção por via seca em regiões de clima quente, o tempo entre a mistura e a
aplicação do concreto não deve exceder 15 min. O acabamento da superfície deve ser feito logo
em seguida, procedendo-se à cura. O ACI recomenda que a temperatura do material deve
permanecer entre 10 e 38 °C.
O sistema de projeção pode trazer riscos à equipe de trabalho. Portanto, devem ser
tomadas medidas de proteção dos funcionários, tais como:
1) o uso de óculos de proteção, luvas e roupas adequadas;
2) em áreas fechadas, fornecer máscaras;
3) quando forem utilizadas fibras, todo o rosto e pele dos trabalhadores devem estar
protegidos.
9.12 ACABAMENTO
9.13 CURA
10.1 INTRODUÇÃO
Concreto simples, não armado, é um material frágil, quebradiço, com uma baixa
resistência à tração e uma baixa capacidade de alongamento na tração.
O papel das fibras descontínuas, distribuídas aleatoriamente, é o de atravessar as fissuras,
que se formam no concreto, seja quando sob a ação de cargas externas ou quando sujeito à
mudanças na temperatura ou na umidade do meio ambiente.
Concreto Reforçado com Fibras (CRF) pode ser definido como um material feito com
cimento Portland, agregados, e contendo fibras descontínuas misturadas.
O Concreto Reforçado com Fibras vem sendo usado desde 1960. As fibras têm sido
encaradas como uma panacéia para todos os problemas que possam ser encontradas nas obras de
concreto. Infelizmente, isso é incorreto. Embora as fibras possam melhorar algumas das
propriedades do concreto, o seu uso nunca resultará em um concreto sem fissuras.
Em 1960 foram usadas fibras de asbestos misturadas ao cimento. Desde então têm sido
usados outros tipos de fibras como: aço, polipropileno, carbono, vidro, nylon, celulose, acrílico,
polietileno, madeira, sisal, etc. As fibras mais usadas são as fibras de aço e as fibras de
polipropileno.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 135
As fibras são usadas em lajes de concreto sobre o terreno (60%), em concretos projetados
(25 %) e em pré-moldados (5%) e outras aplicações diversificadas.
Algumas dessas fibras têm módulo de elasticidade maior que o do concreto, outras têm
módulo de elasticidade menor que o do concreto.
As fibras provocam uma certa ductilidade após a fissuração. Se as fibras forem
suficientemente resistentes, bem aderidas à matriz cimentícia, e em bastante quantidade, elas
ajudarão a manter pequena a abertura das fissuras. Permitirão ao CRF resistir a tensões de tração
bem elevadas, com uma grande capacidade de deformação no estágio pós-fissuração. (o
chamado “strain softening”)
Embora as fibras possam de fato produzir melhorias no comportamento do concreto,
devemos ser realistas quanto ao que realmente podemos esperar das fibras, principalmente se a
quantidade de fibras for pequena, (menos de 1% em volume), como é o caso geral.
Como as fibras são relativamente caras, devemos estar preparados para responder à
pergunta: “A mesma quantidade de dinheiro não poderia ser usada para colocar uma armadura
adicional com barras, ou para escolher um traço melhor para a matriz cimentícia, ou para
seguir melhores procedimentos de cura, etc.? ”.
Existe atualmente no mercado uma grande variedade de fibras que podem ser utilizadas
para reforço de materiais compósitos. Elas diferem entre si pela composição física e química,
propriedades mecânicas e resistência quando expostas aos meios agressivos (VENDRUSCOLO,
2003).
Estas fibras podem ser divididas em quatro grandes grupos: naturais, poliméricas,
minerais e metálicas.
Os primeiros tipos de fibras empregados em obras de terra de que se tem registro são as
fibras naturais. Dentre os materiais utilizados na confecção de fibras naturais podem ser citados:
bambu, juta, capim elefante, malva, coco, piaçava, sisal, linho, celulose e cana de açúcar.
Algumas destas fibras podem atingir grandes resistências, como as fibras de bambu, cuja
resistência geralmente supera valores de 100 MPa e com módulo de elasticidade situado entre 10
e 25 GPa.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 136
As fibras poliméricas são aquelas cujo emprego para fins de reforço de solos talvez seja o
mais promissor. Os polímeros, dependendo de sua estrutura química, apresentam
comportamentos diferentes, dando origem a diferentes tipos de fibras.
A utilização deste tipo de fibra como reforço de materiais de construção é recente. A
primeira tentativa de emprego é de GOLDFEIN, em 1965.
Dos diferentes tipos de fibras que fazem parte deste grupo podem ser destacadas as fibras
de polipropileno, polietileno, poliéster e poliamida (nylon). As principais características e
propriedades de engenharia observadas para estas fibras são descritas resumidamente a seguir:
Nos Estados Unidos e Europa é comum o emprego de compósitos reforçados com fibras
de polipropileno (SCHUPACK; STANTLEY, 1992; SOROUSHIAN; MIRZA; ALHHOZAIMY,
1995 (a); TROTTIER et al, 1997), principalmente em pavimentos industriais, onde estas fibras,
adicionadas em baixos teores (0,1% em volume), substituem as telas metálicas, destinadas
apenas ao controle da fissuração por retração. A substituição de telas metálicas é justificada pelo
ganho de produtividade, uma vez que é eliminado o tempo para a disposição e fixação de telas,
além do seu custo ser compensado pelo custo global das telas.
Existe no mercado a fibra Kevlar 29, cuja resistência à tração é da ordem de 3 GPa e
módulo de elasticidade intermediário de aproximadamente 64 GPa. Há também a fibra Kevlar
49, que apresenta a mesma resistência mecânica e módulo de elasticidade mais elevado (300
GPa).
A família das fibras minerais é composta por fibras de carbono, vidro e amianto, cujas
características mais relevantes são descritas a seguir.
São materiais cujas propriedades são função da resistência das ligações entre os átomos
de carbono e do peso atômico reduzido dos mesmos. As fibras de carbono têm diâmetros
variando na ordem de 5 a 10 µm e são formadas por agrupamentos que chegam a conter até
20.000 filamentos. Estas fibras podem ser divididas em duas categorias principais: fibras de alta
resistência e fibras de alta rigidez. As fibras de alta resistência possuem resistência à tração de
aproximadamente 2,4 GPa e módulo de elasticidade de 240 GPa, enquanto as fibras de alta
rigidez apresentam resistência à tração da ordem de 2,1 GPa e módulo de elasticidade de 420
GPa.
elasticidade em torno de 160 GPa. Além disso, aderem satisfatoriamente quando imersas em
matriz de cimento.
Seu diâmetro é muito pequeno, da ordem de 1 µm. Sua utilização na construção civil,
entretanto, é proibida em muitos países, porque, ao ser cortada, esta fibra libera partículas muito
pequenas que danificam os alvéolos pulmonares, se aspiradas pelo homem.
Além disso, o comportamento frágil e a baixa resistência à cargas de impacto limitam o
uso deste material na prática da engenharia civil.
Dentre a família das fibras metálicas, as mais comuns são as fibras de aço. Seu formato
pode ser bastante variável, com o objetivo de aumentar a aderência com a matriz cimentante.
Estas fibras têm sido utilizadas em um número considerável de pesquisas, como forma de
melhorar as propriedades mecânicas dos materiais de construção.
A resistência à tração da fibra metálica é da ordem de 1,1 GPa e o módulo de elasticidade
é igual a 200 GPa (VENDRUSCOLO, 2003).
As fibras utilizadas na construção civil apresentam um fator de forma (relação l/d)
variando na faixa de 30 a 50, comprimentos da ordem de 0,1 a 7,6 cm e diâmetros entre 0,1 a 0,9
mm. O mecanismo de ruptura de um compósito reforçado por fibra metálica é geralmente
associado ao arrancamento destas fibras e não ao rompimento das mesmas.
Dependendo do meio onde se inserem, estas fibras podem apresentar problemas de
corrosão. Uma técnica desenvolvida para minimizar este problema é o banho de níquel.
O concreto reforçado com fibras de aço (CRFA) (Figura 68) vem sendo utilizado com
sucesso em muitas aplicações, como pavimentação (JOHNSTON, 1984) (VANDENBERGUE e
NEMEGEER, 1985), recuperação e restauração de pontes e pavimentos (JOHNSTON e
CARTER, 1989) (CHANVILLARD, AITCIN e LUPIEN, 1989) (JOHNSTON, 1995) (LUPIEN,
CHANVILLARD e AITCIN, 1995) (NUNES, TANESI e FIGUEIREDO, 1997), concreto
projetado (FIGUEIREDO, 1997), entre outras. O sucesso do CRFA nestas aplicações se deve a
sua boa capacidade de absorção de energia durante a ruptura ou, em outras palavras, a sua
tenacidade.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 140
Figura 68 – Prismas de concreto reforçados com fibras de aço. No detalhe: fibra de aço com ancoragens
em ganchos (REVISTA TÉCNICA IPEP, 2005).
O principal papel das fibras no CRFA é agir como ponte de transferência de tensões
através das fissuras (BENTUR e MINDESS, 1990) (Figura 69). Após a ruptura da matriz de
concreto, as fibras, enquanto atuam como ponte, sofrem um processo de arrancamento que
demanda uma quantidade extra de energia para deformação e ruptura do compósito,
proporcionando uma maior tenacidade. Entretanto, a eficiência da fibra de aço para o aumento da
tenacidade do compósito depende de sua interação com a matriz, que garante a transferência de
tensões da matriz para as fibras e vice-versa.
Para o caso das fibras retas, existem dois mecanismos básicos de transferência de tensões:
mecanismo elástico e o mecanismo por atrito (BENTUR e MINDESS, 1990). O mecanismo
elástico é dominante enquanto as tensões de cisalhamento na interface fibra-matriz não superam
o limite de resistência ao cisalhamento, ou seja, não há descolamento, o que ocorre na etapa de
pré-fissuração do compósito. Até este ponto a fibra não atua como ponte de transferência de
tensões através da fissura. Após a fissuração da matriz, o mecanismo de transferência de tensões
passa gradualmente de elástico para o mecanismo por atrito. Em função das características
peculiares da zona de transição fibra-matriz, a tensão de cisalhamento por aderência elástica
supera a resistência ao cisalhamento da interface, provocando o descolamento da fibra e
posterior escorregamento e arrancamento da mesma. Há o deslocamento relativo entre a fibra e a
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 141
matriz a as tensões são transferidas através do atrito fibra-matriz. As tensões de cisalhamento por
atrito desenvolvidas são uniformemente distribuídas ao longo da interface fibra-matriz. Neste
ponto, a fibra atua como ponte de transferência de tensões. O mecanismo de transferência por
atrito é o predominante na etapa pós-fissuração, onde o gasto energético para o arrancamento da
fibra é muito elevado, o que caracteriza a elevada tenacidade do compósito.
Para as fibras deformadas, com ancoragem em gancho, além dos mecanismos elástico e
por atrito já mencionados, existe o mecanismo de transferência de tensões através da ancoragem
mecânica da fibra na matriz. Esta ancoragem é conseguida através das deformações ou ganchos
existentes nas fibras de aço.
A tenacidade do compósito será maior se a aderência fibra-matriz for melhorada ou se
houver um número maior de fibras por unidade volumétrica de matriz que provavelmente
possam interceptar uma fissura e atuar como ponte nesta. No primeiro caso, a resistência ao
arrancamento da fibra é aumentada, demandando uma quantidade maior de energia necessária
para arrancá-la da matriz. Uma das formas de aumentar a resistência ao arrancamento da fibra é
alterando sua geometria, melhorando assim a transferência de tensões por atrito. A mudança de
geometria é feita através do aumento do comprimento as fibra. No segundo caso, existem duas
formas de aumentar o número de fibras por unidade volumétrica da matriz: Aumentando o teor
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 142
10.4 APLICAÇÕES
O concreto reforçado com fibras pode ser utilizado em diversos tipos de obras,
destacando-se o reforço de base de fundações superficiais, reforço de pavimentos industriais e
concreto projetado para revestimento de túneis e taludes.
camada compactada e reforçada com fibras apresentou um comportamento mais rígido e mais
resistente, se comparado com a camada sem reforço.
Segundo CASAGRANDE et al. (2002), foi observada uma banda de cisalhamento
vertical abaixo da borda da placa na camada de solo compactado sem reforço. Para CONSOLI et
al. (2002), as fibras permitem uma redistribuição das tensões atuantes em uma área maior,
aumentando assim a capacidade de suporte.
No entanto, nem tudo é vantagem no uso das fibras. Como toda tecnologia o concreto
reforçado com fibras possui suas limitações e até desvantagens. Se por um lado a fibra minimiza
o quadro geral de fissuração do pavimento, isto contribui para o aumento do risco de
empenamento do pavimento por retração diferencial (ALVAREDO, 1994). Portanto, a
observação dos cuidados relativos à cura é fundamental. Mesmo após a realização do correto
acabamento superficial do pavimento, algumas fibras ficam na superfície do concreto. Estas
fibras estarão particularmente susceptíveis à corrosão o que irá provocar o aparecimento de um
certo número de pontos de ferrugem no mesmo prejudicando, de certa forma, o aspecto estético
do mesmo.
São Paulo se caracteriza por ser uma das maiores concentrações mundiais com uma
população em torno de 15 milhões. Por esta razão, qualquer novo empreendimento da área de
transporte, onde a cidade apresenta problemas crônicos, irá implicar num grande custo em
termos de desapropriações. Este fato faz do Metrô e dos túneis rodoviários urbanos alternativas
economicamente viáveis, passíveis de construção.
Grandes somas vem sendo gastas recentemente em tentativas de melhoria das condições
de trânsito em São Paulo com a construção de túneis (CASARIN, 1996), sendo na sua grande
maioria pelo método NATM (New Austrian Tunnelling Method) onde o concreto projetado é um
elemento fundamental (CELESTINO, 1991 e ATTEWELL, 1995). Atualmente, a demanda de
novos túneis, notadamente para novas linhas do Metrô, são estimadas em dezenas de
quilômetros.
O concreto projetado reforçado com fibras de aço é um dos recentes desenvolvimentos
alcançados para a execução do revestimento de túneis. Ele apresenta uma série de vantagens
quando comparado ao reforço da tela metálica.
A fibra altera o sistema tradicional de escavação e execução do revestimento dos túneis
construídos pelo método NATM. Sua principal característica é de aproveitar à capacidade
portante do maciço. Permitindo um certo nível de deslocamento ao maciço, o nível de
carregamento a que estará submetido o revestimento será menor que o originalmente existente na
região de escavação. Na Figura 71 se encontra apresentada uma curva típica com diferentes
níveis de reação do suporte (MELBYE, 1994). O nível de tensão a que estará submetido o
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 146
Figura 71 - Diferentes tipos de reação do revestimento do túnel e sua interação com o maciço.
apresenta maior capacidade de deformação para permitir a estabilização da estrutura num nível
menor de tensão, mostra-se compatível com as condições típicas de um túnel executado pelo
método NATM (Figura 71).
c) Normalmente tem-se uma grande fissuração associada ao revestimento primário de
concreto projetado que deve acomodar as grandes deformações iniciais do maciço recém
escavado (ARMELIN et al. 1994), a qual deve ser reduzida com a utilização das fibras que
impedem a sua propagação (BENTUR e MINDESS, 1990).
d) A durabilidade do revestimento pode ser majorada com a utilização das fibras devido à
redução da fissuração, que é o caminho preferencial de entrada de agentes agressivos no túnel,
além do fato da fibra ser um elemento descontinuo e muito menos sujeito à corrosão eletrolítica
do que as barras contínuas das telas ou cambotas.
e) Uma redução da reflexão pode ser conseguida com a eliminação da tela e,
consequentemente da sua vibração, além da eliminação de irregularidades, como as cambotas.
As fibras de aço têm um papel muito importante na definição do custo do concreto com
elas reforçadas. Mesmo com consumos regulares, abaixo do volume crítico, que já apresentam
grandes vantagens para a aplicação do material (SHAH, 1991), o custo por metro cúbico do
concreto pode dobrar. Assim, para se garantir a viabilidade econômica do CRFA, deve-se lançar
mão de metodologias de dosagem que otimizem o seu consumo, isto é, que definam o mínimo
consumo necessário para atender às exigências de desempenho. Cabe lembrar que a viabilidade
econômica do CRFA não está baseada única e exclusivamente no seu custo unitário, mas na
economia global que ele pode proporcionar. Na prática, principalmente internacional, não é raro
se fixar traços, independentemente das características da matriz e das fibras (MEHTA e
MONTEIRO, 1994; MORGAN, 1995).
Algumas recomendações (ACI, 1988), usando como referência a norma americana
ASTM C1018 (ASTM, 1994), simplesmente ignoram a influência das características da matriz
de concreto com a justificativa de que os índices desta norma "são essencialmente independentes
da matriz de argamassa ou concreto", referindo-se ao trabalho de JOHNSTON e GRAY (1986).
O primeiro problema é que esta norma está entrando em desuso devido à série de restrições que
ela apresenta, mesmo quando comparada com outras normas (MORGAN; MINDESS; CHEN,
1995) como é o caso da tradicional JSCE-SF4 (1984). No entanto, as propriedades da matriz
influem no comportamento do compósito, inclusive nos índices de tenacidade da norma ASTM
C1018 (ASTM, 1994).
A escolha da fibra deve levar em conta inicialmente a aplicação a que o concreto
reforçado com fibras se destina. Pode-se lançar mão de fibras mais longas, caso o agregado
empregado seja de maiores dimensões. No caso do concreto projetado, há uma forte restrição
com relação ao comprimento da fibra, uma vez que o concreto deverá passar por uma tubulação.
O ACI (1984) recomenda que o comprimento da fibra seja metade do diâmetro interno do
mangote. Como os mangotes têm diâmetros máximos da ordem de 63,5 mm, o comprimento
máximo da fibra seria da ordem de 32 mm.
A dosagem da fibra para uma dada matriz de concreto pode ocorrer independentemente
da dosagem da mesma, tendo por objetivo apenas alcançar o nível de desempenho esperado
quanto à tenacidade, sua principal preocupação. As únicas diretrizes práticas para a matriz são a
compatibilização do tamanho do agregado graúdo com o comprimento da fibra.
Assim, uma metodologia de dosagem do concreto com fibras deve levar em conta, além
do tipo de fibra a ser utilizada, as propriedades da matriz de concreto, a qual deve ser dosada de
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 149
As dúvidas com relação à durabilidade do concreto reforçado com fibras de aço são
frequentes e, em grande parte, não estão tecnicamente embasadas. Isto se deve ao fato natural de
se observar fibras oxidadas na superfície de pavimentos e túneis, ou mesmo daquelas que se
perdem durante a reflexão do concreto projetado. No entanto, é conveniente que, se destaque o
fato das fibras de aço não receberem nenhum tratamento especial para evitar a corrosão, logo a
sua durabilidade está condicionada do seu confinamento, no meio fortemente, alcalino (pH em
torno de 12,5) do concreto onde, permanecerá apassivada.
Estudos reportados por MEHTA e MONTEIRO (1994) envolvendo ensaios de
durabilidade a longo prazo, mostraram que as fibras no concreto apresentaram mínimos sinais de
corrosão e nenhum efeito deletério nas propriedades do concreto após sete anos de exposição a
ataque de sais de descongelamento. Assim, a corrosão das fibras na superfície do concreto está
associada à carbonatação do concreto que se inicia justamente nesta regido mais próxima da
atmosfera e força a redução do pH. Quando o mesmo atinge o valor de 9 o aço é despassivado e
principia-se a corrosão (OLLIVIER, 1998). No entanto, isto, vem a indicar a necessidade de,
previsão de um recobrimento, que pode ser até uma camada de sacrifício que, garantirá uma
seção mínima de trabalho para a estrutura durante a sua vida útil.
No entanto, deve-se ressaltar o fato de que as fibras restringem a propagação das fissuras
no concreto. Como consequência direta da restrição à propagação das fissuras proporcionada
pelas fibras tem-se um aumento da resistência à entrada de agentes agressivos com consequente
aumento, da durabilidade da estrutura (CHANVILLARD, AITCIN e LUPIEN, 1989). Assim, é
de se esperar que a estrutura apresente um desempenho superior com relação é durabilidade com
a utilização de fibras ao invés da armadura continua convencional.
Isto ocorre porque para que haja corrosão da armadura no concreto deve haver uma
diferença de potencial, a qual pode ser originada por diferenças de concentração iônica, umidade,
aeração, tensão no aço ou no concreto. HELENE (1986) aponta que a corrosão localizada, apesar
de intensa e perigosa, é originada quando os ânodos são de dimensões reduzidas e estáveis,
sendo portanto, rara no concreto armado. Tanto maior será a dificuldade de se encontrar uma
diferença de potencial numa armadura quanto menores forem suas dimensões. Assim é o caso da
fibra comparada com a armadura convencional com barras continuas. Este fato é confirmado por
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 150
pesquisas que induziram a um severo ataque o concreto armado, com fibras. BENTUR e
MINDESS (1990) relatam uma série de pesquisas onde o desempenho do concreto reforçado
com fibras foi superior ao convencional, seja com ataques severos de cloretos, seja por efeito de
congelamento. Mesmo com o concreto fissurado a fibra apresenta uma capacidade resistente à
corrosão, como, apontou o estudo desenvolvido por CHANVILLARD, AITCIN e LUPIEN
(1989), que não observou sinais de corrosão e perda de seção transversal por este fenômeno
quando a abertura de fissuras nos pavimentos não ultrapassou 0,2mm.
condições ambientais. A seguir, outras propriedades dos CPs a serem observadas quanto à
finalidade:
OHAMA (1996) destaca que vários materiais compósitos com polímeros vêm sendo
utilizados para o reparo de estruturas, independente da origem do problema: reação álcali-
agregado, corrosão por cloretos, esforços mecânicos, etc.
CABRERA e. AL-HASAN (1997) efetuaram estudos do CP como material de reforço a
fim de averiguar a quantidade mínima de material para obter o melhor desempenho, concluindo
que as propriedades ótimas são alcançadas quando se usa razão polímero: agregado em torno de
1:7 a 1:12. Estes materiais poliméricos podem ser injetados e usados como revestimentos
internos e externos e servem, também, de grautes para fissuras. Recentemente, os materiais de
base de cimento com alto teor de polímeros vêm sendo amplamente aplicados no reforço de
estruturas submersas.
ABDEL-FATTAH e EL-HAWARY (1999) estudaram três porcentagens de polímeros: 9,
12 e 15 % do total de peso da mistura, sendo duas do tipo epóxi de diferentes fabricantes, para
uso diverso e para uso em graute e, uma terceira, do tipo poliéster, quanto à resistência do
concreto. Para os três tipos de resinas, a proporção ótima para a obtenção de valores máximos da
resistência à compressão foi 12 %. Para os dois tipos de epóxi, a resistência decresceu na razão
de 15 % enquanto que a de poliéster ficou quase inalterada.
Os valores dos módulos de ruptura para as vigas de controle (não armadas) foram
considerados mais altos do que aqueles normalmente obtidos em concretos comuns. O valor do
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 153
módulo mais alto ocorreu na mistura de 12 %. O valor mais alto foi para a de epóxi tipo I e os
valores mais baixos, em geral, foram as com poliéster.
HOUGHTON e colaboradores verificaram a resistência à cavitação e erosão de concreto
impregnado com polímero dentre outros concretos. Dois testes de polimerização foram
efetuados: o primeiro destes foi realizado na superfície de cobertura do concreto. O cp foi
previamente seco pelo aquecimento e após resfriamento, foi feita a aplicação do monômero na
superfície (espessura de 0,3 a 0,6 cm); o segundo teste foi feito por absorção do polímero a certa
profundidade. A polimerização foi efetuada sob temperatura. Os resultados analíticos dos ensaios
de cavitação e erosão efetuados por Houghton e col. sobre os materiais, mostraram que a
polimerização do concreto convencional (superfície de cobertura) aumenta a resistência ao
desgaste em uma ordem de grandeza; e que os resultados mais animadores foram obtidos em
resistência ao desgaste, pela polimerização dos concretos reforçados com fibras e pela
polimerização do monômero com areia, na cobertura do concreto convencional (estes testes não
foram levados até o processo de falha total).
Emulsões de epóxi têm sua aplicação um tanto restrita, pois são mais caras e algumas são
susceptíveis a mudanças de cor quando expostas à radiação solar.
Na maioria dos casos, a adição de polímeros fica em torno de 10 a 20% em peso de
cimento, podendo variar conforme a finalidade do concreto. A relação a/c para que se obtenha
uma boa trabalhabilidade destes concretos fica entre 0,30 e 0,40, para misturas contendo látex, e
entre 0,25 e 0,35, contendo epóxi.
Tanto o concreto modificado com látex quanto o com polímero têm apresentado ótimos
desempenhos ao longo do tempo. Ambos são excelentes para:
- aumento nas resistências mecânicas e durabilidade;
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 155
O principal cuidado a ser tomado refere-se quanto à cura do concreto modificado com
polímero, que deve ser a seco, no mínimo por dois dias. O concreto modificado com látex
também apresenta melhor trabalhabilidade, aplicação mais fácil e é ideal para ambientes úmidos.
Como concretos convencionais, os concretos modificado com látex devem ser lançados e
curados em temperatura compreendida entre 7 ºC e 30 ºC, cuidando para não se chegar aos
extremos. Como muitas misturas de a/c baixo, o concreto modificado com látex tende a
apresentar fissuras de retração. O módulo de elasticidade é ligeiramente menor quando
comparado com concreto convencional e, portanto, o seu uso na vertical ou carregamento axial
deve ser acompanhado cuidadosamente.
É um material compósito em que os agregados são unidos junto à matriz com a ajuda de
um aglutinante de polímero. Estes compósitos não contêm fase de cimento hidratado, embora o
cimento possa ser usado como agregado ou filler.
O concreto polimérico tem sido feito com uma variedade de resinas e monômeros
incluindo poliéster, epóxi, metil-metacrilato e estireno. Resinas de poliéster têm custo moderado
e grande variedades de formulações. As resinas epóxi são mais caras, mas algumas formulações
oferecem a vantagem de aderirem muito bem a superfícies úmidas.
As propriedades do concreto polimérico são influenciadas pela quantidade e qualidade da
resina usada. Mas, em geral, apresentam cura rápida, boas resistências à compressão e flexão,
boa aderência, boa durabilidade em gelo/degelo, baixa permeabilidade à água e a agentes
agressivos e resistência a ataques químicos.
Quando se usa epóxi e poliéster, solventes orgânicos podem ser necessários para a
limpeza de equipamentos. Ressalta-se que cada sistema é explosivo e deve ser tomado cuidado
com faíscas. São materiais de cura rápida e que requerem um tempo de lançamento rápido. Além
de apresentarem tempos de trabalhabilidade distintos, dependem ainda da temperatura e umidade
locais, podendo a eficácia do polímero, ficar afetada por estas variáveis.
O módulo de elasticidade do concreto polimérico pode atingir valores inferiores ao do
concreto convencional se trabalhado em altas temperaturas. Somente alguns concretos
poliméricos são eficientes em ambientes úmidos.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 156
Em geral, os agregados devem estar secos para que se obtenha resistências mecânicas
mais elevadas. O concreto convencional geralmente não apresenta boa aderência ao concreto
polimérico e este fato pode ser minorado, aplicando-se adesivo de base epóxi.
12.1 INTRODUÇÃO
Uma solução que pode agregar valor estético ao concreto é a adição de pigmentos. Seja
em pavimentos ou elementos estruturais aparentes, a técnica dispensa a aplicação de
revestimentos, o que, em tese, significa economia, agilidade e menor exigência de manutenção.
No entanto, embora apresente resistência e desempenho semelhantes ao concreto cinza, a
utilização de concreto colorido exige maior controle tecnológico e alguns cuidados especiais,
sobretudo durante a produção do concreto e a execução da estrutura.
A começar pela escolha dos pigmentos. Os inorgânicos são mais recomendados por
apresentar menor quantidade de finos e maior durabilidade. Os mais comuns são os derivados de
óxido de ferro, que também podem ser orgânicos, mas que, neste caso, apresentam desempenho
inferior.
Embora sua estabilidade química seja similar à do produto sintético, a maioria dos
pigmentos naturais apresenta pouco óxido e baixo poder de tingimento, o que implica maior
consumo do material. Vale lembrar que a utilização de óxidos acima de 10% do peso do cimento
em um concreto pode ser nociva para sua durabilidade e resistência. Além disso, com esse tipo
de produto, aumentam-se os problemas decorrentes de sais inapropriados e contaminantes.
Entretanto, mais do que a escolha adequada dos pigmentos, no caso do concreto colorido,
a maior atenção deve ser sobre a elaboração do traço.
Isso porque o grande segredo com relação à uniformidade e manutenção da cor está na
dosagem constante e mistura homogênea. Dessa forma, mais importante do que o controle
tecnológico pós-produção é o controle da execução. Além disso, a inserção de pigmentos pode
alterar algumas propriedades do concreto. O comportamento com relação à tração e
deformabilidade, por exemplo, não muda. A diferença, porém, é que pode haver maior demanda
de água e cimento.
Cuidados devem ser tomados também para evitar diferenciação de tons. Embora qualquer
cimento possa ser utilizado para a confecção de concreto colorido, é importante evitar o uso de
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 157
marcas diferentes do componente, pois podem apresentar tonalidades distintas em função do seu
processo produtivo. Pelo mesmo motivo o adensamento deve ser cautelosamente realizado para
evitar, entre outras coisas, que possíveis juntas sejam feitas em cores diferentes.
A densidade do concreto não afeta diretamente a sua cor. No entanto, a eflorescência
tende a ocorrer com maior freqüência em materiais porosos e mal compactados.
Aliás, esse tipo de patologia é uma das principais ameaças ao concreto colorido, já que o
fenômeno pode comprometer bastante a estética da superfície. Em muitos casos, a alternativa é o
uso de aditivos inibidores de eflorescência. Outro recurso é o desgaste da peça para a retirada da
nata superficial com aditivos retardadores e jato de areia.
Embora acrescente mais plasticidade, a adição de corantes ainda é um recurso pouco
utilizado pelos arquitetos brasileiros. Por aqui, o uso mais comum é em pisos, com o emprego de
concreto estampado e de peças de pavimento intertravado, além da utilização em pequenos
artefatos, elementos decorativos e placas de fachadas pré-fabricadas. Também projetos de
reurbanização são apontados como um dos nichos que mais pode se aproveitar das vantagens do
material.
Um dos fatores que impede o maior uso dessa tecnologia é o preço. Contudo, a análise
dos custos envolve muitos fatores, como a redução de uma etapa de execução, que é a do
revestimento. Ao mesmo tempo, há o investimento para a compra do pigmento e a exigência de
maiores controles e análises.
Em pavimentação, os blocos coloridos chegam a ser de 20% a 30% mais caros que os
tradicionais. Porém, os corantes verde e azul, derivados de óxidos de cromo e de cobalto, podem
custar até 50% a mais.
Em edificações, no entanto, a influência do custo da adição de cor pode ser reduzida se os
aditivos forem utilizados em concreto de alto desempenho. A aplicação dessas substâncias é
sempre proporcional ao volume de concreto, portanto, é mais interessante inserirmos pigmento
em um material de maior valor agregado, comenta Helene, presidente do Ibracon. Além disso, o
CAD já exige, por si só, um rígido estudo de dosagem e traços-piloto. Também pelo fato de se
tratar de um concreto mais estável, com maior resistência à ação de agentes externos, como ar,
umidade e poluição, os pigmentos apresentam ótimo desempenho em CAD.
a) Argamassas:
• De rejuntamento;
• De revestimento;
• Projetada;
• De Assentamento;
b) Artefatos:
• Pisos de concreto intertravado;
• Pisos de concreto colorido integral;
• Telhas de concreto;
• Telhas de amianto;
• Blocos de concreto;
• Blocos de solo-cimento;
• Painéis de revestimento pré-moldados;
• Peças especiais: elementos vazados; pré-fabricados de concreto, bancos de concreto;
guias de concreto;
c) Concreto:
• Dosado em central concreteira;
• Estampado;
• Asfáltico;
• Pré-moldados;
a) Compactação
b) Processo de Cura
Uma cura adequada do concreto é requerida para se obter uma melhor uniformidade,
além de proteger a superfície. Para que se tenha o efeito desejado devem-se tomar certos
cuidados, especialmente com a cura. A cura preferencialmente deve ser úmida e durante o
período de 7 dias. Em caso de utilização de manta, o cliente deve ser informado de possíveis
manchamentos nas dobras das mantas.
Variações no processo de cura freqüentemente causam irregularidades na tonalidade do
produto final. Deve ser notado que o cliente de concreto colorido é muito mais exigente do que o
cliente de concreto cinza e, portanto, devem ocorrer maiores cuidados na cura do concreto
colorido.
c) Processo de Manutenção
d) Concretagem e Acabamento
Coloração final e texturas devem ser pré-aprovadas com um teste em campo. Assim
como todo concreto, a superfície deve estar adequada antes de ser realizada a concretagem,
conforme as normas estabelecidas. A superfície deverá ser compactada, desempenada e acabada
conforme o usual. Cuidado adicional deverá ser observado para que não ocorra excesso na
vibração, excesso de acabamento que podem causar excessiva exsudação.
Concreto projetado deve ser projetado na mesma direção para se manter uma
uniformidade na aparência. Não se deve adicionar água ao concreto no caminhão caso o mesmo
esteja entrando em início de pega ou na superfície durante o processo de acabamento.
Em Curitiba-PR, uma escola descobriu que o concreto pode ser utilizado também com
fins pedagógicos. Em uma área de 145 m², o pavimento se transformou em um mapa-múndi,
com blocos intertravados. O projeto resultou em um equipamento para atividades educacionais
para crianças. Assim, blocos com dupla camada, resistência superior a 35 MPa e 6 cm de
espessura compõem o painel. Oito diferentes cores fazem a caracterização dos continentes e
oceanos e, para tornar os tons mais vivos e definidos, foi utilizado cimento branco. A Figura 72
mostra o pátio da escola com a utilização do concreto colorido.
A catedral de Los Angeles (Figura 74), uma suntuosa construção tida como marco
histórico do século 21 e que reflete o espírito da diversidade da cidade de Los Angeles, utilizou
45.500 m³ de concreto colorido de alto desempenho, tendo sido projetada para uma vida útil de
300 anos (SELNA e MONTEIRO, 2001).
13.1 INTRODUÇÃO
lugar do carvão que é utilizado para o cimento cinza, basicamente por esse último conter óxidos
que alteram a alvura do clínquer, diz MACEDO et al. (2004).
A NBR – 12989, que regulamenta no Brasil o cimento branco, prescreve para este
cimento, um mínimo de 85% de CaCO3 + MgCO3, de tal forma que os fabricantes impõem
durante a etapa de moagem do processo de fabricação, a adição de materiais carbonáticos ao
clínquer branco. Por sua vez, o índice de brancura deve apresentar um percentual maior que
78%.
Verificam-se várias alterações na micro-estrutura do material, resultando na mudança de
seu comportamento, uma vez que o cimento Portland branco possui maior teor de C3A e menor
teor de C4AF, bem como também apresenta diferenciação nos percentuais de C3S e C2S, tudo
isso com relação a outros tipos de cimento Portland. Destacam-se os maiores teores de C3A, fato
que tende a provocar alteração no início e fim de pega, conforme MATTOS & DAL MOLIN
(2003).
A Tabela 8 apresenta composições do cimento Portland branco.
13.2.2 Agregados
dependerá de sua cor e textura e dos efeitos estéticos pretendidos. É importante atentar-se para
variações no teor de finos ou para existência de contaminação por argila ou outro material
pulverulento, que provocará alterações colorimétricas. Deve-se preferencialmente selecionar e
caracterizar adequadamente os agregados a empregar, estabelecendo um controle de aceitação
rígido, com vistas a reduzir os riscos de alterações na homogeneidade da mistura e,
principalmente, na aparência do produto final.
A opção por agregados mais claros acaba tornando mais fácil o controle da aparência
superficial das estruturas que fazem uso do cimento branco. Dentro desse panorama, encaixam-
se, como opção de uso, os agregados provenientes das rochas calcárias.
Dados os altos volumes e custos de transporte, as possibilidades de escolha de agregado
são influenciadas pela localização da região de produção do concreto. Em cada região do Brasil,
a escolha do agregado adequado deverá ser efetuada analisando a disponibilidade de materiais e
as exigências de acabamento estabelecidas para a obra.
O emprego de agregados artificiais na mistura, principalmente para a fração fina, pode
afetar a trabalhabilidade e compacidade do concreto, porque a rugosidade e as formas mais
irregulares dos agregados dificultam sua movimentação no concreto no estado fresco. Por outro
lado, esses agregados tendem a ser mais friáveis, e o processo de britagem favorece a obtenção
de uma distribuição granulométrica contínua, o que colabora para um melhor empacotamento da
mistura no estado endurecido, proporcionando ganhos nos resultados de resistência à compressão
e durabilidade.
A utilização de fillers se mostra positiva para garantir uma boa quantidade de finos
superficiais, quer por razões de ordem econômica, quer por razões de ordem técnica, pois uma
excessiva dosagem de cimento implica maior calor de hidratação e maior risco de fissuração
(FONSECA & NUNES, 1995).
Em relação aos agregados, devem ser tomados alguns cuidados:
• O transporte dos agregados deve ser feito com cautela, para evitar sua contaminação
com sujeira;
• A armazenagem dos agregados deve ser realizada tomando cuidados para evitar seu
umedecimento e contaminação por sujeira;
• Deve ser realizado um controle de umidade do agregado, visando obter informações
para ajustar os traços no momento da mistura;
• A temperatura dos agregados deve ser controlada, devendo os mesmos ser protegidos
para reduzir as variações de temperatura das misturas de concreto;
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 166
• Deve ser feita uma triagem dos sacos de pó calcário, evitando o uso daqueles cuja
cromaticidade difere muito do padrão selecionado para a obra. De preferência, este
controle deverá ser feito no recebimento, devendo ser recusados sacos cujo conteúdo
tenha coloração muito diferente da desejada;
• Para minimizar problemas de variações de cor, sugere-se que a compra e
processamento de agregados seja feita num único lote, sendo selecionado um veio
claro para extração do mesmo.
13.2.3 Aditivos
Quanto à proteção, é fundamental cobrir a superfície logo após a desfôrma, para evitar o
acúmulo de sujeira e a ocorrência de manchas. O material de cobertura, entretanto, deve permitir
a perda de umidade e não deve ocasionar manchamento. A aplicação da proteção definitiva
deverá ser feita somente quando o concreto tiver perdido uma boa parte da umidade, com o
conseqüente branqueamento da superfície.
possa fazer uso da cor para sinalização ou para delimitação de áreas. A alta reflexividade de
superfícies mais claras permite ainda ganhos em termos de necessidade de iluminação e em
visibilidade, como no caso de barreiras ou pavimentos em rodovias. Além disso, a alta
resistência, típica dos traços de concreto branco utilizados, está associada à uma alta densidade
do material, derivada do uso de uma grande quantidade de pó e de uma relação água/aglomerante
baixa. Esta alta densidade reduz a possibilidade de entrada de fluidos e, conseqüentemente,
impacta positivamente a durabilidade do material. Desta forma, as necessidades de manutenção
se reduzem e a vida útil da estrutura é aumentada.
A questão do acabamento superficial merece destaque especial. Os cuidados tomados
com a aparência do concreto branco geralmente acrescentam custos. Por exemplo, a mão-de-obra
para montagem das fôrmas é normalmente superior à tradicional, pois não se admite que ocorram
vazamentos de nata que comprometam a superfície do material.
Além disto, as fôrmas necessitam serem revestidas de material especial (fórmica ou
similar) ou seu reaproveitamento deve ser limitado (no máximo 2 vezes). Finalmente, quanto à
proteção, normalmente se aplica algum produto impermeabilizante à base de silanos-siloxanos
para impermeabilizar os poros superficiais e reduzir a possibilidade de acúmulo de sujeira. Este
cuidado, que não é comum em estruturas tradicionais, preserva o valor estético e aumenta a vida
útil da estrutura.
Ou seja, embora os cuidados adicionais gerem custos, a superfície final gerada tem uma
qualidade tão boa que evita retrabalhos, remendos ou necessidade de revestimentos ou pintura.
Desta forma, o maior custo inicial pode ser parcialmente compensado pela dispensa de
atividades de acabamento e redução das atividades de manutenção.
O Museu Iberê Camargo (Figura 76), construído na cidade de Porto Alegre, é uma obra
cuja idéia previa a criação de um espaço cultural de grande expressão, à beira do Guaíba.
O projeto do museu combinou forma e cor, dando origem a um volume que se molda à
encosta do morro onde se localiza o museu, na área próxima ao antigo Estaleiro Só, e que ao
mesmo tempo se destaca da mesma, cromaticamente. Para criar este efeito e, ao mesmo tempo,
aproveitar a proximidade do Guaíba, que permite que os raios do por do sol se reflitam
diretamente sobre a estrutura, foi feita a escolha de utilizar o concreto branco para criação do
corpo do museu.
Primeira grande obra pública do país a adotar o concreto branco, a ponte Irineu
Bornhausen, apresentada na Figura 77, foi reinaugurada em 2004 na cidade de Brusque, em
Santa Catarina. O projeto veio substituir a antiga ponte, feita pelo sistema tradicional, por uma
estrutura estaiada, com vão livre maior. A nova estrutura tem 90 metros de extensão por 14
metros de largura, e vão livre de 60 metros. O apoio principal da ponte se localiza na margem
direita do rio Itajaí Mirim.
Este projeto em Brusque integra um conjunto de obras com o objetivo de minimizar os
efeitos das cheias que periodicamente atingem o município. Ao todo, a ponte ostenta oito estais
(um total de 512 cabos), quatro de cada lado, apoiados às extremidades das vigas de sustentação
da pista. A solução de uma estrutura estaiada, dispensando pilares, permitiu que se amplie a
calha de vazão do rio Itajaí Mirim.
Para a construção desta ponte foram consumidas 5 mil toneladas de concreto branco,
atingindo resistência de 50 MPa. O produto foi todo misturado numa central de concreto no
próprio local da obra. O concreto branco foi escolhido por agregar novas qualidades à obra,
levando em conta a beleza estética do concreto branco.
O aeroporto de Dulles, em Washington D.C., também foi executado com concreto branco
e cinza. Ao final da obra, o consumo total de concreto de cimento branco chegou a 10000 m³
(Figura 80).
O concreto branco estrutural também já começou a ganhar espaço nos Estados Unidos.
Em Montgomery, Alabama, foi executado um projeto marcante pela combinação da
cromaticidade do concreto com cimento branco com linhas puras e riqueza de detalhes, como
pode ser visualizado na Figura 81.
14. GRAUTE
14.1 DEFINIÇÃO
No Brasil, o termo graute é empregado para estes materiais, que tem elevada fluidez, e
face às características de trabalhabilidade, são, em sua grande maioria, auto-adensáveis. Essa
característica os qualifica para suas principais funções: o preenchimento de cavidades e orifícios
(reparos em estruturas de concreto, por exemplo), a fixação de bases de equipamentos e
máquinas, a ancoragem de tirantes e fixadores, dentre muitos outros.
Pode-se dizer que a grande propriedade no estado fresco é a sua elevada fluidez,
obviamente cercada de outras propriedades também importantes, como a segregação muito
baixa, a coesão e a estruturação interna da mistura, as quais permitem um preenchimento
satisfatório das peças.
Segundo Cunha (2001), o graute consiste em um concreto fino (microconcreto), formado
de cimento, água, agregado miúdo e agregados graúdos de pequenas dimensões (até 9,5 mm)
com alta fluidez. Essa fluidez é fundamental para que o graute possa preencher os furos dos
blocos de concreto sem sofrer segregação. Além de sua alta fluidez, o graute deve apresentar boa
trabalhabilidade e boa capacidade de reter água, evitando perdas excessivas de água para o
bloco.
As funções do graute em elementos de alvenaria são aumentar a resistência das paredes,
absorvendo uma parcela dos esforços verticais, proporcionar maior estabilidade ao conjunto,
aumentando sua rigidez, e solidarizar a armadura à estrutura, permitindo seu posicionamento.
Portanto, sua utilização torna-se muitas vezes imprescindível à execução de obras em alvenaria
estrutural.
A NBR 8798 (1985) divide os grautes em finos e grossos, conforme sua finalidade. Para
o preenchimento de espaços pequenos, de forma que sua menor dimensão seja inferior a 50 mm,
deve-se adotar grautes mais finos; para espaços maiores, escolhe-se um graute mais grosso,
garantindo um preenchimento ideal. Os furos dos blocos de concreto são grandes o suficiente
para optar por um graute grosso, sendo mais interessante por serem mais econômicos (menor
consumo de cimento) e apresentarem redução de fissuras causadas pela retração.
As proporções exigidas pela NBR 8798 (1985), para dosagem dos grautes, são mostradas
na Tabela 9.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 176
Grautes compostos com outros materiais também são muito empregados no reforço e na
recuperação de estruturas de concreto (além de outros usos). O mais simplório método de
classificação dos grautes parte da natureza dos aglomerantes, podendo estes ser de origem
mineral ou orgânica. Outra forma de organizar é pensando no desempenho e no comportamento.
A partir dessa metodologia têm-se os grautes para uso geral, os especiais e os rápidos.
O guia de reparos do ACI 546 (ACI, 2001) aborda, além dos grautes cimentícios, os
grautes químicos. Estes se constituem de produtos que reagem formando gel ou um precipitado
sólido. A reação de endurecimento pode envolver somente os componentes do graute em
solução, ou também envolver outros constituintes presentes no concreto a reparar ou ainda
adicionados à mistura (por exemplo: água para adequar a fluidez). A principal vantagem dos
grautes químicos está na aplicação em que os grautes cimentícios não se aplicam ou são
limitados em seu desempenho, como por exemplo: meios fortemente agressivos, demandas
muito altas de propriedades mecânicas e de deformação.
Grautes orgânicos podem atender com folga a todas as solicitações de desempenho
exigidas desses materiais. O motivo pelo qual não são sempre adotados em detrimento dos
cimentícios é simples, o custo das resinas, derivadas de petróleo.
Daí a adoção do graute resinado - ou químico - principalmente em situações que exigem
elevada resistência mecânica, a ataques químicos e óleos e capacidade de absorver vibrações. Ou
seja, é adequado para cargas dinâmicas e cíclicas comuns em termoelétricas e gráficas, por
exemplo, além de grauteamento de túneis, de cabos de protensão, grauteamentos geotécnicos e
em alvenarias, dentre outros.
Rincón & Helene (2003) denominam os grautes químicos de grautes orgânicos e os
classificam em:
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 177
Apesar de todos esses subterfúgios para controle da retração, esta ainda ocorre. No
entanto, é possível controlar e mesmo eliminar a formação de fissuras provocadas pela retração
(FIGUEIREDO, OLIVEIRA, HELENE, 1989).
Com o advento dos grautes industrializados, ocorrido a partir dos anos 80, cabe ao
construtor apenas observar as recomendações do fabricante a fim de obter o desempenho
desejado. Como já vem pré-misturado, pode ser mais prático comprar o industrializado do que
calcular o traço. Além disso, a homogeneidade e o controle de qualidade praticados pelos
melhores fornecedores aumentem a segurança da aplicação, essencial em recuperação estrutural,
principalmente. Outro motivo que torna os industrializados ainda mais atraentes é o baixo
volume de utilização.
Apesar do desenvolvimento tecnológico, todo material tem limitações, que devem ser
respeitadas. No caso dos grautes, num exemplo corriqueiro, extrapolar a relação água/cimento
para obter uma fluidez mais adequada acaba por interferir na resistência do produto final.
15.1 INTRODUÇÃO
Concretos de última geração são materiais com características especiais, obtidos pela
mistura de componentes convencionais e outros desenvolvidos sob a ótica da engenharia, como
os modernos aditivos químicos. Os diferentes tipos de concreto de última geração satisfazem
exigências técnicas e ambientais cada vez mais restritas ao uso do concreto convencional.
A seguir são apresentados os concretos em desenvolvimento no presente, com grande
potencial de serem usados intensivamente no futuro na indústria da construção. São eles:
• Concreto com cura interna;
• Concreto condutivo (condutor elétrico);
• Concreto de retração reduzida;
• Concreto de retração compensada;
• Concreto translúcido.
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 180
O concreto com cura interna (CCI) tem em sua composição “material incorporador de
água” (MIA) ou “reservatório de água” que, geralmente, são partículas de pequeno tamanho que
armazenam grande quantidade de água, com capacidade de liberá-la durante a hidratação do
cimento. Dentre os materiais incorporadores de água, estão sólidos inorgânicos porosos,
frequentemente agregados leves, e partículas de polímeros superabsorventes.
A cura interna, também chamada de cura autógena, foi inicialmente concebida para
reduzir a retração em CAD, podendo melhorar as propriedades mecânicas e de durabilidade de
alguns concretos, como informam Weber e Reinhardt (1997).
A redução da retração do CCI ocorre porque os materiais incorporadores de água liberam
a água presente no seu interior à medida que ocorre a redução de umidade nos poros do concreto,
evitando, assim, o fenômeno da autodessecação, responsável por parte considerável da retração
autógena. A cura interna é mais indicada para concretos com relação água/cimento menor que
0,40, pois para estes a permeabilidade à água, mesmo nas idades iniciais, é baixa e a cura úmida
não é eficiente para evitar a retração e proporcionar um maior grau de hidratação do cimento.
Com a cura interna, a água de cura é distribuída por todo o concreto, ficando perto do local onde
é necessária para combater retração.
O concreto com retração reduzida (CRR) contém aditivo redutor de retração em sua
composição. O aditivo diminui a tensão superficial da fase aquosa do poro do concreto;
Relatório Final – Concretos Especiais - Propriedades, Materiais e Aplicações 181
Tentativas foram feitas a fim de se criar um concreto que pudesse ser atravessado pela
luz. Em 2001, um arquiteto búlgaro inovou os conceitos ao incorporar fibra ótica em uma matriz
de cimento, mantendo a resistência à compressão típica do concreto estrutural. O resultado dá a
idéia de translucência do concreto, que gera a economia de energia.
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