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AMAZONIA E QUESTÃO REGIONAL.

UM REGIONALISMO SUFOCADO
R ic a rd o J o s é B a t is t a N o g u e ira

RESUM O :
Uma região que sempre foi pensada em como ser conquistada não poderia deixar de apresentar particularidades
frente a outras regiões e mesmo à União. Regionalismo, Federalismo e divisão territorial da Am azônia são alguns
temas tratados neste artigo.
PALAVRAS CHAVES:
Regionalism o, Questão regional, Federalism o, Amazônia e Divisão territorial.

ABSTRACT
A region that has always been thought as a region to be conquest couldn't fail in presenting particularities in
com parison to other regions and even to the country. Regionalism, federalism and territorial division of Amazon
are some subjects discussed in this text.
KEY WORDS:
Regionalism, regional matter, federalism, Amazon, territorial division.

Passados quase quinhentos anos da expe­ ternativas1 para pensar a região de maneira dife­
dição de Francisco Orellana (1541-1542) deseen- rente da tradição francesa do início do século, que
do o rio Amazonas, a Amazonia brasileira ainda tem elegia um personagem característico para cada pai­
por imagem muito mais Natureza que Sociedade, sagem, passando a ser esta uma criação humana.
uma natureza cuja imagem é ora de preservação, Isto se difunde de tal modo que, ao falarmos de
ora de destruição; uma sociedade que varia da har­ qualquer lugar do mundo, conseguimos imaginar o
monia ao conflito. Procurar-se-á aqui apontar algu­ seu habitante, seja nos pólos, nos trópicos, deser­
mas questões para contribuir com o debate sobre tos, selvas, montanhas, litorais etc. Sem dúvida que
a Amazônia, tendo como base as discussões de para isso contribuiu muito a narrativa de viajantes,
Região e temas decorrentes desta, como regiona­ a escolarização e, particularmente o ensino de ge­
lismo e questão regional. ografia, assim como os recentes meios de comuni­
Há, em geral, uma aceitação pacífica acer­ cação, visual principalmente.
ca das regionalizações instituídas, pouco importan­ Com este modelo de regionalizar, associa­
do se sua origem é de ordem natural, ou histori­ do à diversidade de paisagem naturais, criaram-se
camente definida pela sociedade. Fala-se de uma também no Brasil inúmeros "tipos regionais" que
literatura regional, de uma história regional, das estão presentes em revistas, postais, nos livros de
culturas regionais, e de uma geografia regional. geografia, museus ou mesmo na forma de painéis
Esta últim a, con tu d o , tem realizado esforço s e estátuas em diversas cidades. Se se constitui em
objetivando, se não romper, pelo menos criar al­ expressão histórica e cultural de cada lugar, procu-

Professor Assistente do Departamento de Geografia da Univercidade do Amazonas


Rua Girassol, n°488, apto. 61 Vila Madalena, São Paulo SP CEP: 05433-001
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rando cunhar uma identidade aos habitantes da re­ opta por uma concepção de região em que seus
gião, há outra questão que reside na forma como habitantes ou são dominantes ou dominados, apa­
cada um é visto e vê o outro, resultado de toda uma gando particularidades fundamentais. Talvez por­
simbologia criada em torno de cada personagem que, ao contrário do gaúcho, a representação do
regional. habitante mais desagrega do que une. Daí Nordes­
Mesmo considerando a existência de fato­ tino, genericamente.
res, cujo objetivo apontam para a redução dessas Ao contrário dos personagens anteriores,
diferenças, em que a tendência homogeneizadora c u ja re p re s e n ta ç ã o p o ssu i um a d e lim ita ç ã o
parece ter mais força, não deixa de merecer aten­ territorial, a histórica figura do bandeirante apare­
ção pequenas pontas de resistência e afirmação ce como o desbravador dos sertões, tendo como
frente ao já vulgarizado "processo de globalização" lugar de irradiação a capitania de São Vicente e a
Assim, pode-se ainda facilmente indicar di­ cidade de São Paulo, estando, assim, vinculado a
versos "tipos regionais" para o Brasil, sobressaindo- esta parte do território nacional. Diversos estudos
se, em nosso entender, figuras marcantes como o em torno dele construíram a imagem orgulhosa de
"gaúcho" o "sertanejo" e o "caboclo" Uma busca herói civilizador, caçador de índios e de riquezas.
na história nos mostraria outros, que hoje quase, ou Outros, entretanto, adotam uma postura crítica em
totalmente, desapareceram como decorrência de virtude das violências cometidas aos indígenas.4De
mudanças no espaço. O índio, o caiçara, o jangadei- todo modo, foi a sua imagem heróica que predo­
ro, o bandeirante são elementos do passado. Como minou, participando cotidianam ente na memória
se vê, representam, quase que, aos moldes da geo­ paulista a partir da denominação de praças, ruas e
grafia francesa, o homem do campo, o retrato do estradas que partem principalmente da cidade de
meio natural, nunca o homem da cidade. São Paulo.
Num estudo que faz sobre o regionalismo Enfim, o caboclo-ribeirinho, remando em
gaúcho, em que procura ressaltar a questão políti­ sua canoa numa imensidão de rios e floresta, apa­
ca, de c o n flito en tre região e E s ta d o , L O V E rece como o habitante do distante norte do país,
(1975:12)2 demonstra como este personagem, que do interior da Amazônia, de uma região despovoa­
se tornou sinônimo de rio-grandense, é caracteri­ da em que a natureza domina o cenário. Vaz num
zado ao final do século XIX: roupa colorida, cha­ trabalho em que procura mostrar quem são os ri­
péu de aba larga, lenço no pescoço, calças largas, beirinhos da Amazônia, a propósito da expressão
botas de cano alto, esporas e poncho de lá. "Va­ 'caboclo', radicaliza e propõe que este termo seja
gueando pela Campanha, escarranchado num ca­ banido dos trabalhos acadêmicos. Porque "caboclo
valo bem ajaezado, o poncho escuro caído em vol­ são sempre os outros" Ganhou sinônimo de mes­
ta de seus ombros, o gaúcho talhava uma nobre e tiço, "é apresentado como um apático, um indolen­
romântica figura" Ao que parece, com esta carac­ te, responsável pela sua própria pobreza" (1996:48)
terização, a possibilidade de constituir-se num 5 carregando uma forte carga de discriminação. Por­
amálgama social é bem grande. tanto "sendo um rótulo negativo, caboclo é aquilo
J á a figura do sertanejo, como típico habi­ que ninguém quer ser"(Idem :49). Apesar da dura
tante da caatinga do nordeste brasileiro, montado crítica, deve-se lembrar que em muitos casos o ter­
sobre um cavalo, em trajes de couro para proteger- mo é empregado, regionalmente, de maneira cari­
se dos espinhos dos cactos, tendo ao fundo um am­ nhosa. Ora, se ser caboclo significa tudo isto, que
biente tórrido, é comumente apresentada pela li­ dizer de seu ascendente imediato, o índio?
teratura. Contudo, não é este personagem que apa­ Escravizado por m issionários, colonos e
rece nas obras de Gilberto Freyre, cuja ênfase é para funcionários da Coroa portuguesa, obrigados a
o p a triarca d o açu careiro , nem no trabalho de converterem seu modo de vida original para um
Silveira3, que ao priorizar as relações de produção outro voltado à produção de m ercadorias para ex­
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portação, foram dizimados em grande quantidade Estas considerações são necessárias para
e em pouco tempo. A implantação em 1757 du­ se pensar analisar a relação de uma região com o
rante a adm inistração do Marquês de Pombal, do Estado a qual pertence, que, em geral, é dirigido
Diretório, estabelecendo para os indígenas o uso por grupos oriundos de algumas de suas regiões.
da língua portuguesa, habitações com o as dos Em nosso entendimento, é a reunião de história,
brancos, pagamento de impostos sobre os produ­ economia, natureza e sociedade que pode forne­
tos cultivados e adquiridos, etc, teve como objeti­ cer elementos para a compreensão dos embates,
vo incorporar o mais rápido possível o índio ao conflitos, reivindicações autonomistas ou aceitação
mundo do branco6 dos propósitos postos pelo Estado, resultando ou
São reveladores também os inúmeros re­ não na formação de movimentos regionalistas, que
latos de cronistas e viajantes que percorreram a podem tomar diversos significados. Contudo, é o
Amazônia e deixaram as suas impressões sobre caráter de diferenciação que predomina. Sendo
seus lugares e seu s p rim eiros h ab itan tes. La construído, principalmente, num relacionam ento
Condamine, que desce o rio Amazonas em 1735, com o Estado, mas também com outras regiões, o
com uma visão etnocêntrica, fala dos índios como regionalismo pode ser considerado um conceito
inimigos do trabalho, indiferentes a toda ambição político, constituindo "a expressão das relações
de glória, honra ou reconhecimento; (...) incapazes políticas entre as regiões ou destas com o poder
de previdência e reflexão; passam a vida sem pen­ central, sempre que nessas relações haja opressão
sar, e envelhecem sem sair da infância, cujos de­ política, econômica ou cultural"9 Para Navarro de
feitos todos são conservados. Para Bates, os índi­ Brito, o regionalismo pode ter o significado de ide­
os são como animais anfíbios, dado o extremo vín­ ologia, pode ser uma plataforma ou programa vol­
culo com a água, com os rios. Spix e Martius, que tado para programas econômicos ou sociais, porém
estiveram na região entre os anos de 1817-1820, "o regionalismo é antes de tudo um sentimento, um
dizem que "a alm a desses homens primitivos de­ estado de espírito nascido da com binação de for­
caídos não é im ortal; ela apenas se manifesta na mas físicas e humanas que dão a uma com unida­
existência, não conscientem ente, e só a fome e de, num certo quadro territorial, como que uma in­
a s e d e lh e s le m b ra m as n e c e s s id a d e s da d iv id u a lid a d e p s ic o ló g ica em re la ç ã o a seu s
vid a"(G O N D IN , 1994: 111)7 Enfim, é digno de re­ vi zinhos" (NAVARRO DE BRITO, 1986:44).10 Portanto,
gistro a surpresa que o padre Anselmo Pfungst, um é exatamente em torno destas questões que pro­
missionário do século XVIII, tem ao ouvir de um curaremos situar historicamente a região amazôni­
índio que o mesmo estava pensando. "Nunca se ca no conjunto do Estado nacional brasileiro, par­
soube que um Omágua, ou qualquer outra raça de tindo, evidentemente, de suas particularidades eco­
índios da província do Amazonas fosse capaz de nômicas, ambientais e sociais.
pensar" ( idem:214).8 Ou seja, foi esta construção Podemos começar argumentando que a pro­
que predominou para definir o habitante da região. dução do espaço na Amazônia, ao longo desses úl­
Diferente de outros, um vencido! timos quatro séculos, ao contrário das demais re­
Mas não era apenas o habitante do lugar que giões brasileiras, ocorreu sem mudanças sensíveis
deveria ser vencido. Ju n to com ele, os seus terri­ à sua natureza. Enquanto no nordeste brasileiro,
tórios. Territórios inicialmente disputado por por­ possivelmente pelo fato de ser litoral, de estar mais
tugueses, espanhóis, franceses e holandeses. De­ exposto, ou voltado para fora, já se dinamizava a
finida a posse portuguesa, inúmeras missões reli­ atividade agrícola, predominando uma cultura vol­
giosas dividiram sua área de atuação, tanto para tada para exportação, em que a natureza dava lu­
cristianizar o índio, como para comercializar pro­ gar a outra paisagem, em que a população era am­
dutos da floresta, além do próprio índio. Com cer­ pliada com a introdução do escravo negro, engen­
teza o produto mais valorizado. drando formas específicas de relações sociais, na
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Amazônia, apesar dos projetos de colonização lu­ na, não estabeleceu a propriedade privada, não
sitanos estimularem a agricultura, o extrativismo criou uma classe de proprietários fundiários que,
terminou por constituir-se a grande atividade eco­ a partir dessa condição, constituísse um contra-po­
nômica da região. No entanto, para que esta ativi­ der à Coroa de caráter regionalista. Há um episó­
dade se viabilizasse era necessário realizar mudan­ dio de pressão realizada por colonos sobre as Câ­
ças substanciais, como alterar completamente a or­ maras de Belém e São Luís contra o decreto de El-
ganização sócio-espacial dos povos que aí habita­ Rei em 1652, que proibia a escravidão indígena, que
vam . Um a d e ssa s m e d id a s foi a p rá tic a dos passa para história como a revolta dos Beckman.
descim entos, expedições de missionários com o Nem por isso deixou de criar mandatários. Os man­
objetivos de trazer índios de suas aldeias de origem datários imediatos possuem poderes sobre a força
para os aldeamentos das missões, sendo em segui­ de trabalho indígena. São os Capitães de Aldeia,
da repartidos entre os colonos, os missionários e criados pela Carta régia de 1611, morador de bons
o serviço real da Coroa Portuguesa. Havia, ainda, costumes, que atuava como juiz criminal, juiz ci­
os índios escravos, que eram aqueles capturados vil, e fiscalizava o pagamento dos índios. Com este
através de expedições armadas das Tropas de res­ poder, passaram tam bém a explorar o índio na
gates, ou aqueles capturados em "guerras justas"11 coleta das drogas do sertão, na construção e no
Isto implicou numa mudança dos padrões espaci­ transporte em geral.12 Em 1686, o Regimento das
ais da demografía, não só pelo deslocamento dos missões retira dos Capitães de Aldeia este poder e
contingentes populacionais indígenas, concentran­ os entrega aos m issionários de diversas ordens
do-o em alguns pontos do vale, como pela redução religiosas, principalmente jesuítas, que vão se tor­
via extermínio dos mesmos. É a caça ao índio para nar os agentes econômicos da Coroa, perm anecen­
o trabalho escravo que empurra Tordesilhas. Ou do até sua expulsão pelo marquês de Pombal que
seja, difundiu-se para a Amazônia uma forma di­ institui o Diretório em 1755, disciplinando vários
fe re n c ia d a de a p ro p ria ç ã o te rrito ria l, pois o aspectos da vida dos índios visando eliminar dife­
extrativismo das drogas do sertão, ao contrário de renças culturais inserindo-o no "mundo dos bran­
promover um processo de valorização do espaço, cos" A partir daí o controle dos índios passa a ser
uma vez que não agregava trabalho ao solo, valo­ dos diretores, que, em virtude do monopólio que
rizava só o produto, sem remoção da natureza, pre­ possuíam sobre os mesmos, chegaram a ser acu­
dominando mais a mobilidade que a fixação, não sados de transformarem as aldeias em ducados e
deixando na paisagem história de tempos passados. condados. A disputa, que se torna acirrada entre
Assim, na produção do espaço da Amazônia colo­ colonos e missionários, é mais pelo controle so­
nial são os fluxos comerciais e de população que bre a força de trabalho do que sobre o controle da
possuem significado. terra. A riqueza era dada pela posse de braços e
Esta forma específica, diferenciada, de uso não de hectares.
de parte do território colonial, resulta num caráter O surgimento de uma série de atividades de
distinto de relações sociais frente a outras regiões. direção, controle, proteção e com ercialização na
Enquanto nas capitanias do nordeste e do sudes­ Amazônia exigia, evidentemente, a produção de ali­
te do país se consolidava uma elite composta de mentos, realizada pelos colonos, mestiços e indí­
proprietários rurais, de latifúndios, que já reivindi­ genas ao longo do vale dos rios. À tradicional prá­
cava poderes frente à Coroa portuguesa visando in­ tica agrícola dos índios, são acrescentadas outras
terferir na política local, na Amazônia, cuja atenção para dar conta da nova dinâmica instituída na re­
de Portugal culminou com a criação o Estado do gião. Fazendas de gado, pesqueiros-reais, enge­
Maranhão e depois Qrão-Pará, esta questão não es­ nhos, incremento à produção do cacau, são algu­
tava posta. E não estava posta justam ente porque mas mudanças ocorridas, pois não se pode esque­
a atividade extrativa, com base no trabalho indíge­ cer que havia interesse em expandir a atividade
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agrícola. Contudo, a exploração dos recursos na­ brancos, que em função disso, conseguiu reunir ca­
turais nunca fora deixada de lado. boclos, índios e negros. A forte repressão ao movi­
O que se configura na Amazônia é uma ou­ mento de conteúdo popular culmina com a morte
tra história, bem distinta do restante da colônia. O de quase 40 mil pessoas.
Diretório acabou com a escravidão indígena e "a Depois desse movimento, que dura mais de
mão de obra livre do índio era um duro golpe aos uma década, a Amazônia só retorna ao cenário na­
fazendeiros e à Capitania do Rio Negro marco da cional no final do século XIX, quando um artigo da
produção estatar(SILVA,1996:124).13 Isto talvez ve­ floresta desperta a atenção mundial da indústria.
nha explicar a regressão de uma agricultura volta­ A borracha, produto também do extrativismo, ape­
da para a exportação, prevalecendo a organização sar de já ser conhecida regionalmente, não possui
da produção familiar. Noutras capitanias, seria um expressividade comercial para exportação, pois no
grande abalo, àquela altura, acabar com o trabalho ano de 1830 apenas 156 toneladas são remetidas
escravo. Oligarquias rurais bem estabelecidas, com ao exterior. A expansão é gradativa a cada déca­
grande poder político local e mesmo regional, não da, à medida que seu uso industrial com eça a ser
permitiriam, até porque a produção agrícola, seja ala rg ad o , p rin c ip a lm e n te ap ó s a té c n ic a da
de cana, algodão, tabaco e mesmo café, era movi­ vulcanização. Trinta anos depois já atinge 2,6mil
da pelos negros. toneladas, chegando na primeira década de 1900
Decorridos dois séculos de ação colonizado­ à 40 mil toneladas. Este volume de produção pas­
ra, de ação missionária, de captura e conversão da sa a ter um significado importante para as exporta­
p o p u la ç ã o in d íg e n a em m e stiç a , c a b o c la ou ções brasileiras pois chegaram a representar 2 8 %
mameluca, de transformação da sociedade originá­ na mesma década, sendo o segundo maior produ­
ria, constitui-se um campesinato amazônico, disper­ to de exportação, atrás do café, que representou
so ao longo dos rios, e em torno dos pequenos nú­ 51%, couro e peles com 4 ,3 % , mate 2,9% , cacau
cleos urbanos, controlado basicamente por comer­ 2 ,8 % , algodão com 2 ,1 % e açúcar com 1 ,2 % 15
ciantes portugueses de produtos extrativos. As rela­ Estes dados servem para demonstrar o peso eco­
ções com a Coroa eram mais intensas que com a nômico que a borracha representou. Porém, não
costa brasileira. Silva aponta que quando se consti­ houve uma correspondência política na participa­
tui o Reino Unido de Portugal e Brasil, com a instala­ ção das províncias da Amazônia junto ao governo
ção do centro administrativo no Rio de Janeiro, sur­ da federação. A esta altura o centro para ela não
gem duas facções na província do Norte. Uma, com­ era mais Lisboa, mas o sul do país, em bora seu
posta por comerciantes reinóis, defendia a tutela vínculo mais constante fosse com o exterior. Pro­
colonial, outra, apesar de composta por fazendeiros curaremos, deste modo, levantar algumas questões
e proprietários de engenho, não possuía qualquer que venham justificar o por que desta ausência
poder de intervenção na administração provincial, junto ao governo central.
e propunha autonomia.14 Para a primeira não havia J á apontamos anteriormente que a forma­
interesse em subordinar-se ao Rio de Janeiro, daí a ção de uma classe de proprietários rurais, com um
defesa da permanência do vínculo colonial. A segun­ domínio imediato na escala do poder local, foi a
da corrente consegue articular diversos segmentos base da formação de contra poderes à Coroa e pos­
sociais - de fazendeiros a colonos e índios -contra o teriormente no império. A denominada oligarquia
domínio português no Pará. Estariam aí as origens agrária buscava impor mecanismos que lhes possi­
de um dos mais intensos movimentos de revolta bilitassem o controle não só da terra, mas também
contra a Corte e o Império brasileiro recém criado, do trabalho (escravidão). Na república, define-se por
a Cabanagem , que abrigava não só a revolta de completo o seu poder político sobre o Estado naci­
amazõnidas contra portugueses, mas também, se­ onal, dirigido pela oligarquia cafeeira, seguido por
gundo alguns autores, conotações raciais, contra os pecuaristas mineiros e usineiros nordestinos.
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Em nosso entendimento, o fato da predo­ portadores para Manaus. De nada adiantou os re­
minância da atividade econôm ica na Amazonia ter clam os do Pará ao Im pério. Com a república, a
sido oriundo do extrativismo, não foi capaz de for­ d e scen tra liz a çã o trib u tária põe em q u estão a
mar urna elite poderosa. Se no período colonial o fraternidade regional. Isto impediu a formação de
poder foi exercido por missionários e depois por um bloco regional que ousasse participar da políti­
emissários da Coroa, com a extração da borracha ca nacional.17 Mesmo assim, é interessante apon­
algo semelhante ocorreu. O poder maior era dos tar algumas figuras que tiveram uma participação
comerciantes e financistas, nem sempre originári­ na política nacional. Os expoentes são anti-monar-
os da região, do que dos seringalistas. Ainda assim, quistas e conhecidos como republicanos históricos:
a elite regional não foi capaz de formular um dis­ Lauro Sodré, Serzedelo Corrêa e Ju sto Chermont.
curso que articulasse a população para exigir mai­ Com exceção deste último, que era oriundo de rica
or atenção do governo central. O mito fundador da família de pecuarista, os outros conseguem posi­
região, no caso o índio, não estava vivo! Além dis­ ções de destaque a partir da formação profissional
so, uma parte dos trabalhadores nos seringais não e postos em funções burocráticas. Lauro Sodré,
era constituída de caboclos, sendo estes menos engenheiro, ativista republicano e defendendo um
dependentes da coleta que os oriundos do Nordes­ partido republicano nacional, é um adversário da
te. Ou seja, penso que estas questões são fundamen­ política do café com leite, e apoiado pelo deputa­
tais para fazer emergir um discurso regionalista, ain­ do paulista Francisco Qlicério depois deste ter bri­
da que a partir das elites, para surgir um regionalis­ gado com o P.R.P., disputa a presidência da repú­
mo que afirme uma região frente a um Estado na­ blica em 1898, sendo fragorosamente derrotado
cional. A dificuldade da emergência de um discur­ por Campos Sales, pois tinha o apoio dos grandes
so regionalista amazônico passa por essas particu­ estados. Conquistou mais de 174 mil votos contra
laridades e outras que serão postas adiante. apenas 16 mil de So dré.18 Na eleição seguinte é a
As províncias da Amazônia, até a ascensão vez de Ju sto Chermont, como vice de Quintino
da borracha como principal produto econômico, vi­ Bocaiúva, do Rio de Janeiro, disputar a presidên­
viam reclamando maior atenção do poder central. cia com Rodrigues Alves. Novo fracasso.
Achavam-se desprestigiada em diversos sentidos, Mas a disputa intrarregional permanece for­
principalmente quanto aos gastos do governo com te. Um outro episódio que demonstra isto é a ane­
o incentivo à colonização e imigração para o sul xação do território do Acre ao Brasil. O estado do
do país. Amazonas tenta torná-lo parte de seu território, o
Com a proclamação da república e a implan­ que aumentaria substancialmente suas receitas. O
tação de uma nova constituição que destinava aos estado do Pará, para não perder sua hegemonia re­
estados os impostos oriundos da exportação, o es­ gional consegue fazer com que o governo federal
tado do Pará viu-se agraciado com um volume enor­ transforme-o em Território Federal, ente federati­
me de recursos, reduzindo o ressentimento com o vo inexistente na Constituição, tornando suas ren­
governo central.16 Todavia, não era só o Pará que das apropriadas pela União.
produzia borracha. O Amazonas vinha expandindo Enquanto Pará e Amazonas disputavam re­
bastante sua produção, principalm ente quando gionalmente rendas oriundas do extrativismo e, em
houve uma grande corrida dos migrantes nordesti­ virtude disso, não conseguiam formular projetos
nos aos altos rios Madeira, Ju ru á e Purus. E o go­ para interferir sobre o governo nacional, do outro
verno desta província não mediu esforços para lado do mundo, na Ásia, a produção de borracha
ampliar sua participação. Adotou como medida um de seringueiras cultivadas dava saltos surpreenden­
incentivo fiscal para quem exportasse borracha a tes na primeira década de 1900, jogando o preço
partir do porto de Manaus, criando problemas com da borracha para baixo. Isto quebrou a frágil pro­
a província vizinha que temia uma corrida dos ex­ dução extrativa da Amazônia. O recurso ao gover­
Amazonia e questào regional: um regionalismo sufocado 73

no federal nos primeiros anos do século não foi e na República, com a ascensão da borracha, sua
suficiente para sensibilizar o Congresso Nacional a elite política não era oriunda da atividade extrativa,
ajudar a região em plena decadência e bastante e dentre aqueles que acumularam com a borracha,
endividada. "O decreto 2543 de 1912 estabeleceu parte era estrangeiro ligado ao setor exportador e
medidas destinadas a facilitar e desenvolver a cul­ a outra sequer formulou projetos de desenvolvimen­
tura da seringueira (...) ficando o Poder executivo to regional para além do extrativism o. Na outra
autorizado não só a abrir os créditos necessários à ponta, o objetivo do seringueiro nordestino era
execução de tais medidas, mas ainda a fazer as ganhar algum dinheiro com a borracha e retornar
operações de crédito que para isso fossem neces­ ao seu lugar de origem, como todo migrante. Ou
sárias" (PRADO e CAPELLATO, 1975 p. 303).19 Es­ seja, predominou o arrivismo.
tabelece-se um debate na Câmara, pois o agora Fazendo um jogo de relações entre as regi­
senador Francisco Qlicério, que anos antes apoia­ ões brasileiras e suas respectivas oligarquias rurais
ra o paraense Lauro Sodré à presidência, condena (café, pecuária, cana) na passagem do século XIX
de forma veemente o plano, alegando despesas ele­ ao XX, todas com um certo poder sobre o governo
vadas. Do outro lado, o deputado am azonense central, na Amazônia, proprietário rural ou latifun­
Luciano Pereira, refutou sua argumentação denun­ diário não possuía a mesma expressividade que
ciando a força política dos representantes do Sul, aqueles de outras regiões. Queremos argumentar
em defesa do café, e dizia que "a União era uma que na base do surgimento dos mais notáveis ca­
mãe para o Sul e madrasta para o Norte" 20 A con­ sos de regionalismo no Brasil há uma relação pro­
clusão foi que o projeto não se consolidou. funda entre agropecuária, consequentemente a pro­
Em vista de toda esta breve euforia de ri­ priedade da terra, poder local e poder central. Esta
queza que a Amazônia se viu envolvida, retoma­ relação na Amazônia sempre foi tênue, porque, pri­
mos a questão do regionalismo levantando algu­ meiro a terra nunca foi sinônimo de valor, sendo
mas proposições que caminham no sentido de afir­ mais o seu produto, segundo, nunca houve uma
mar a dificuldade de sua emergência. J á aponta­ pressão pela terra que confrontasse proprietários
mos que não houve uma apropriação simbólica do e não proprietários, resultando num controle dos
elemento regional, em vista de todo preconceito primeiros sobre os segundos. Como foi posto aci­
sobre o mesmo. Fazer isto significaria respeitar a ma, era mais importante ter braços para coleta que
diferença cultural e territorial, o que não seria in­ ser proprietário sem trabalhadores. Não há dúvida
teressante, ainda que fosse reelaborado, como in­ de que no ciclo da borracha houve uma corrida à
dica Castro21 ao analisar o regionalismo no Nor­ legalização das terras, principalmente por casas avi­
deste. Esta nossa abordagem não poderia deixar adoras, visando sua propriedade, o que antes só
de ser relacionai na medida em que o caráter pró­ ocorria com as árvores de seringa. Contudo, a de­
prio do regionalismo surge numa relação, seja fren­ cadência da atividade gomífera torna sem sentido
te ao Estado Nacional ou outra região, como dis­ a grande propriedade, ou o latifúndio na Amazônia,
semos acima. fato que só ocorrerá a partir da década de 70 do
Outro ponto para discussão do regionalis­ século XX. Por outro lado, os tradicionais proprie­
mo amazônico, com certeza mais polêmico que o tários de terras não extrapolavam o poder local.
primeiro, diz respeito a relação existente entre la­ Passada a euforia da borracha, a Amazônia
tifundiários, poder local e economia regional. A his­ regride por completo no cenário federativo. Esta re­
tória da Amazônia mostra que seus mandatários gião só volta a despertar a atenção do governo cen­
sempre foram alheios à região. Na colônia, missio­ tral no período da 2a guerra mundial. Tenta-se re­
nários; na passagem da independência um discur­ cuperar a produção da borracha em virtude da
so regional fora fortemente reprimido; no Império, interdição da produção asiática. Nova euforia, mais
os governos indicados não possuíam laços locais, migração para a região e criação de fundos especi-
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ais para estimular a produção. Outra conseqüência implantar indústrias eletrônicas na Zona Franca de
de 2a guerra mundial e que muda a configuração Manaus, capitais japoneses, americanos, franceses,
político territorial da região é a criação de territori­ e algum capital paulista, todos pelas condições van­
os fe d e ra is nas á re a s de fro n teira . G u ap o ré, tajosas de produção. Souza fala da participação ex­
desmembrada de Mato Grosso, posteriormente de­ tremamente reduzida do capital local oriundo do
nom inada Rondônia, é entregue a um militar do extrativismo na Z.F.M. e usufruindo de seus incen­
exército; Rio Branco, futuro estado de Roraima per­ tivos, e que "é possível notar grandes com ercian­
tence a um m ilitar da aeron áu tica e o Amapá, tes do extrativismo de outrora hoje atrelados como
desm em brada do Pará, fica com um militar da ma­ sócios minoritários, com cargos sim bólicos, nas
rinha. Mais do que nunca a Amazônia é com anda­ empresas subsidiárias instaladas em Manaus.22
da de fora, cuja integração é urgente e exige pla­ Hoje é interessante observar a queixa dos
nejam ento. comerciantes de importados na Z.F.M. ao governo
Com o governo militar acelera-se o proces­ federal, em virtude da abertura do mercado nacio­
so a partir da montagem de uma poderosa estraté­ nal à globalização, pedindo providências para so­
gia de ocupação, que envolve projetos de coloni­ breviver. Ao mesmo tempo vê-se uma Federação
zação, rodovias, exploração de recursos naturais, das Indústrias do Amazonas sem poder correspon­
portos, aeroportos e batalhões de fronteira. É uma dente ao parque industrial, e isto é facilmente ex­
região de planejamento que precisa ser desenvol­ plicado porque quem sempre esteve à frente da ins­
vida. O modelo de planejamento regional implan­ tituição foram pessoas vinculadas às industrias
tado no Brasil cria superintendência para reduzir extrativas, madeireiros, enquanto os problemas do
as disparidades frente ao Sudeste brasileiro. Se para parque industrial são, em geral, resolvidos em São
o Nordeste o discurso era da recuperação, em vir­ Paulo, via FIESP, ou Brasília, com a m ediação da
tude da longa decadência da produção açucareira, Suframa. Criada para durar 25 anos, a Z.F.M. teve
para a Amazônia o discurso é o da valorização, de sua vida prolongada pela Constituição de 1988 até
integração, segurança e desenvolvimento, além do o ano de 2013, cujo relator era o então senador
que havia terras sem homens para homens sem ter­ pelo Amazonas, Bernardo Cabral. Duvida-se de sua
ras. Belém sedia a SUDAM ( Superintendência do sobrevivência até lá.
D esenvolvim ento da Amazônia), que substitui a De maneira semelhante o mesmo aconte­
Spvea, cuja atribuição era de estimular, via incen­ ceu com o Pará, em que o poder dos extrativistas
tivos fiscais, a entrada de capitais para investimen­ da castanha e comerciantes foi sucumbido com a
tos financiados pelo Basa ( Banco da Amazônia). pesada intervenção estatal e a formação de uma
Manaus sedia a Suframa ( Superintendência da Zona nova classe agrária composta por fazendeiros su­
Franca de Manaus), que concede incentivos fiscais listas, ao longo das rodovias federais.
para produção industrial, comércio e agricultura. Toda esta intervenção não poderia deixar
Como todos os projetos para Amazônia fo­ de provocar mudanças territoriais em diversas es­
ram de grande porte, exigindo uma grande quanti­ calas e fazer emergir regionalismos diversificados.
dade de capitais, daí o Estado fazendo parte como No maior estado da federação, entre críticas e elo­
grande empresário, seguido ou associado a capitais gios, a implantação da Z.F.M. produziu uma grave
estrangeiros e nacionais, a elite local, sem nenhu­ distorção territorial, uma vez que, ao contrário dos
ma participação na elaboração dos projetos, esta­ propósitos de irradiação do progresso para o inte­
va fora também de sua execução. Para explorar mi­ rior do estado, produziu uma concentração sem li­
nérios, estrangeiros; para construir hidroelétricas mites da atividade econômica, sendo Manaus res­
e rodovias, grandes empreiteiras nacionais, para tra­ ponsável por 9 9 % da arrecadação tributária esta­
balhar tanto na colonização como nas barragens, dual, e abrigando mais de 6 0 % da população do
mineração e rodovias, novamente nordestinos. Para estado. Isto não poderia deixar de provocar reações
Amazônia e questào regional: um regionalismo sufocado 75

oriunda do interior, que projeta na criação dos solidação de uma nova elite que vêem nas rendas
Territórios Federais do Rio Megro e Alto Solimões a dos minérios a fonte de sua manutenção, além do
sua redenção, sem que haja resistência estadual proposto estado do Tapajós. Diferente do Amazo­
porque estas áreas não produzem renda. Outra nas, o Pará seria o grande perdedor de recursos.
mudança que envolve não só o Amazonas, mas tam­ En fim , percebe-se que a c o n fig u ra ç ã o
bém Roraima, é a consolidação da ligação rodoviá­ territorial da Amazônia tem tudo para ser alterada,
ria com a Venezuela e o Caribe, ampliando laços como resultado de todas as políticas destinadas à
comerciais. A questão que se levanta aqui é que, região. Aos poucos a "bancada da Amazônia" vem
sem vínculos rodoviários com o Brasil, toda uma ampliando sua representação, com a transformação
região pode ter seus laços de coesão nacional dos territórios em estados e a criação do Tocantins,
afrouxado. distorcendo a proporcionalidade da representação
Ma A m a z ô n ia O r ie n ta l, as m u d a n ç a s parlamentar23 E poderá aumentar caso as reivin­
territoriais passam também pelo movimento de cri­ dicações sejam conquistadas, devendo, no entan­
ação de novas unidades federativas como o sul do to, ser questionado as origens desses movimentos
Pará, com o estado de Carajás, resultado da con­ autonomistas em virtude de sua diversidade.

Motas

1 Ma Fra n ça o trab alh o de Yves, Lacoste, A geogra­ l0MAVARRO de Brito, Luiz- E o lítica e e s p a ç o re g io n a l.
fia serve, antes de tudo para fazer a guerra é um Ed Mobel, São Paulo, 1986.
m arco. Mo Brasil há diversos trabalhos sobre o con­ 11 Freire et alli. op.cit. pág. 29
ceito de região. 12 Idem . pág.31.
2 LO V E, Jo s e p h . O R e g io n a lis m o g a ú c h o . Ed. Pers­ 13 SILVA, M arilene C. O p a ís d o A m a z o n a s . EDUA.
pectiva, SP. 1975. M anaus 1996.
3 S IL V EIR A , Rosa M. R e g io n a lis m o n o rd e s tin o Ed. 14 Idem , pag.153.
M oderna, S.P. 1986. 15 PRADO, Maria L. e CAPELATO , M aria li. "A B o rra­
4 C A SSIA M O , Ricardo- M archa para o O este; E L L IS , cha na eco no m ia brasileira da prim eira rep úb lica"
Alfredo- O B a n d e ir is m o P a u lis ta ; VIAM A, Moog- In FAUSTO, B. (ORG) H is tó ria g e ra l da c iv iliz a ç ã o b ra ­
B a n d e ir a n t e s e P io n e ir o s ; D A V ID O F F , Carlos- s ile ira , Tom oIII, I o vol. Difel, SP. 1975
B a n d e ira n tism o : Verso e Reverso. 16 WEIM STEIM , Bábara- A b o rra c h a n a A m a z ô n ia : ex­
5 VAZ, Flo rê n cio .-R ib e irin h o s da A m a z ô n ia : Identida­ pansão e d ecad ência ( 1850-1920).M ucitec/Edusp,
de e Magia na floresta. Revista de cultura Vozes. SP. 1993.
n °2 , 1996. 17 Idem pág. 226.
6 S ã o inúm eras as obras que tratam da dizim ação 18 CAROME, Edgard- A re p ú b lic a velha. Difel, SP, 197 1
in d íg e n a .F re ire , J. R. et alii- A m az ô n ia C o lo n ial 19 PRADO e CAPELATO , 1975, pág. 303.
(1616-1798) 5 aEd. Metro C ú bico, M anaus, 1994, 20 Idem pág. 305.
faz um estudo breve com um a bibliografia básica. 21 "A base territorial para a expressão do regionalis­
7 Uma análise da visão da Am azônia pelos cronistas mo é, necessáriam ente, a região. Essa se d efine a
e viajan tes pode ser encontrad a em QOMDIM, Mei- partir da relação do hom em com o m eio e com seus
de- A in v e n ç ã o da A m a z ô n ia . S ão Paulo, Ed. Marco sím b o lo s. A elite se ap ro p ria d e sse s sím b o lo s,
Zero, 1994. reelaborando-os id e o lo g ic a m e n te na id e n tid a d e
8 BAUM, Vicki. A árvore que chora. Porto Alegre, G lo ­ regional, conferindo visibilidade e valo r sim b ó lico
bo. C itado por GOMDIM, Meide, 1994, pág. 214. aos traços singulares da so cied ad e local, com o tipo
9 C A S T R O , In á E.- O m it o d a n e c e s s id a d e . Ed . físico, sotaque, teerm inologia, hábitos etc,' C a s­
Bertrand Brasil, R .J. 1992. tro, Iná Visibilidade da Região e do Regionalism o:
76 Revista GEO U SP, N° 5 p. 67 - 76 Ricardo Jo s é B a tis ta nogueira

A escala brasileira em questão. In: LAVINAS, Lena ção poderia ser repensado, urna vez que há muita
(org.) In te g ra ç ã o R eg iã o e R e g io n a lis m o . Ed. polémica entre os estados, uns sub-representados
Bertrand Brasil, R.J. 1994. outros sobre-representados, tanto no senado como
22 SOUZA, Márcio Expressão Amazonense. Ed. Alfa- na cámara dos deputados. Por que considerar o
Òmega, S.P. 1977 total de habitantes de urna dada cirscunscrição elei­
23 O modelo "um homem, um voto" ainda é o mais toral, ao invés do número de eleitores ou mesmo
democrático? O critério demográfico, usado para de votantes? Qual seria a proporcionalidade da re­
definir a quantidade de representante da popula­ presentação mais justa?

Bibliografia

CARO N E, Edgard. A re p ú b lic a velha. Difel, SP, PRADO, Maria L. e CAPELATO, Maria H. "A Borra­
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verso. 5 a Ed. São Paulo, Brasiliense, 1987 SILVA, Marilene C. O pa ís d o A m azo nas. EDUA.
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