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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL I

NOÇÃO DE DIREITO

O direito, ciência social que é, só pode ser imaginado em função do homem vivendo
em sociedade. Ao contrario disso, não podemos conceber a vida social sem se
pressupor a existência de certo numero de normas reguladoras das relações entre
homens.
O povo romano já dizia nos primórdios:
-ubihomo, ibijus – onde está o homem, está o direito.
-ubisocietas, ibijus
-ubijus, ibisocietas
O direito só vive em função do homem.
O termo direito pode ser visto sob vários aspectos

*a lei é lei quando é criada por um poder competente (assembléia, senadores, etc)

Direito no plano jurídico – é o conjunto de normas gerais e positivas que


regulam a vida em sociedade.
Normas gerais = para todos.
Normas positivas = postas, colocadas no plano jurídico para serem utilizadas por
aqueles que necessitam ou que devem obedecê-las.

O juiz estabelece um equilíbrio entre a sociedade, pesando os fatos.

-Direito subjetivo  facultas agendi – Facultativo, depende da pessoa. Ex: se ágüem


quiser pedir indenização sobre danos morais, tem o poder de agir, se quiser.
-Direito objetivo  norma agendi – é o direito colocado objetivamente. Se alguém
cometer homicídio, será julgado, querendo a família da vítima ou não.
-Direito material  é o direito que cria o direito. Ex: direito penal, que diz que ‘o
indivíduo que cometer homicídio será condenado’.
-Direito adjetivo  é o direito que não cria direito, mas estabelece procedimentos. Ex:
Códigos de processo civil, que mostra como o autor deve levar sua petição ao juiz.

Campo de atuação do direito


As atitudes são regidas pelo Estado;
É norma exterior e imperativa;
É norma imposta pelo Poder Público;
Há sanção exterior;
É norma bilateral: impõe direito e dever.

Efeitos
Pena de multa;
Pena de reclusão;
Pena de detenção;
Pena de indenização;
Pena de prestação de serviço à comunidade.

NOÇÃO DE MORAL

Moral é o conjunto de normas que indicam os deveres do homem perante o criador,


perante a sociedade, perante a si próprio.
Campo de atuação da moral
As atitudes são regidas pela consciência;
Preocupa-se com o foro íntimo da pessoa;
É norma interior;
A sanção dá-se através da consciência;
Compreende deveres para com outras pessoas.

Efeitos
Remorso, inquietação, arrependimento, desgosto íntimo, sentimento de reprovação.

Distinção entre MORAL e DIREITO


A moral tem um campo de atuação mais amplo que o direito.
A moral preocupa-se com o foro íntimo do indivíduo.
O direito, em regra, estabelece sanções mais concretas e imediatas.
Ao direito interessa apenas a ação exterior do homem.

DIREITO NATURAL  Se origina da própria natureza social do homem. É um


ordenamento não escrito, está fundamentado na justiça divina. Não é criado pela
sociedade (não é legislado).
Principais fundamentos: não lesar alguém, fazer o bem, dar a casa um o que é seu,
etc.

DIREITO POSITIVO  É o direito institucionalizado pelo Estado. É a ordem jurídica


obrigatória, é o ordenamento jurídico em vigor num país, em determinada época. São
todas as normas criadas e declaradas como jurídicas. É um direito que indica
soberania de uma nação.

DIREITO OBJETIVO  É um complexo de normas jurídicas que regem o


comportamento humano. É a norma que prescreve uma sanção. É o Just est norma
agendi (o direito é norma de agir).
Por que objetivo? Porque ao surgir, se objetiva, se torna real, se realiza.
Ex: Código civil, código penal, lei do divórcio.

DIREITO SUBJETIVO  É o direito personalizado, visto sob o ângulo interno, que


possibilita a que o seu detentor possa exigir um dever de outrem. É a facultas agendis
(faculdade de agir).
Por que subjetivo? Porque é próprio de quem o possui, podendo ou não ser exercido
por ele.
Ex: Mover ação contra alguém, exigir pagamento do que lhe é devido.

FONTES DO DIREITO

Fonte vem do latim fons, com o significado de nascente. Portanto, fontes do direito são
os meios pelos quais se formam as regras jurídicas.

Fases:
1. Iniciativa = apresentação do projeto;
2. Discussão e aprovação
3. Execução = sanção, veto, promulgação e publicação.

Fontes Diretas:
Lei  é a norma jurídica editada pelo poder competente, ou seja, Poder Legislativo. É
direta porque por si só são capazes de gerar a regra obrigatória ou então produzir
efeitos.
Costumes  reiteração constante de uma conduta; é uma prática aceita como sendo
direito.
Doutrina  é a interpretação da lei pelos doutrinadores, através de livros, pareceres,
aulas, artigos, teses, posicionamentos, etc.

Fontes Indiretas:
Jurisprudência  é a interpretação da lei feita pelos Juízes ou Tribunais.

DIREITO CIVIL

O direito civil extrai seu nome do latim cíveis, e que dizer ‘cidadãos’ (para os romanos,
era o direito da cidade) e se dirige ao núcleo da vida em sociedade, às relações
sociais travadas de pessoa a pessoa, desde o nascimento até a morte, e até mesmo
antes do nascimento e depois da morte (artigo 2º e 8º, do cc).

Trata-se de um conjunto de normas jurídicas que regulam as relações entre as


pessoas, e entre estas e seus bens.
É o ramo do direito privado. É o direito dos particulares.

Princípios Basilares
-Da personalidade – porque aceita a idéia de que todo ser humano é sujeito de
deveres e direitos (artigo 1º, CC).
-Da autonomia privada – pelo reconhecimento de que a capacidade jurídica da pessoa
humana lhe confere o poder de praticar os atos da vida civil (artigo 1º e 5ª CC).
-Da liberdade de estipulação negocial – o direito civil permite á pessoa outorgar
direitos (artigo 115, CC), bem como lhe impõe deveres, nos limites da lei (artigo 421,
CC).
-Da propriedade individual – que garante à pessoa, pelo seu trabalho, ou de outra
forma legal (doação) adquirir patrimônio (artigo 5º, XXII, CF).
-Da legitimidade da herança – entre os poderes que a pessoa possui na órbita do
Direito Civil, está a prerrogativa de fazer doação e de testar (artigo 538 e 1857, CC).
-Da solidariedade social – que decorre da função social da propriedade, prevista no
inciso XXII, do artigo 5º, CF.

Conteúdo
Dividido em duas grandes partes:

1. Parte Geral
Livro I – Das pessoas. Art. 1º ao 78.
Livro II – Dos bens. Art. 79 ao 103.
Livro III – Dos fatos jurídicos. Art. 104 ao 232.

2. Especial
Livro I – Direito das obrigações. Art. 233 ao 965.
Livro II – Direito de empresa. Art. 966 ao 1195.
Livro III – Direito das coisas. Art. 1196 ao 1510.
Livro IV – Direito da Família. Art. 1511 ao 1783.
Livro V – Direito das Sucessões. Art. 1784 ao 2027.
Livro Complementar – Art. 2028 ao 2046.

LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL

É um conjunto de normas sobre as normas.


-Está encartada no corpo do Código Civil, porém não faz parte dele.
-Está anexada ao Código Civil apenas para facilitar seu manuseio.
-Criada pelo Decreto-Lei nº 457/42
-Traça as linhas básicas de ordem jurídica, exercendo a função de lei geral, por
orientar a aplicação de outras leis, por estarem de acordo com as convenções,
tratados, acordos, etc.
-Não rege as relações de vida, mas sim as normas, uma vez que indica como
interpretá-las ou aplicá-las, determinando-lhes a vigência e a eficácia, no tempo e no
espaço.

Função:
-Regular a vigência e a eficácia da norma jurídica, apresentando soluções ao conflito
surgido no tempo e no espaço;
-Fornecer critérios de hermenêutica;
-Estabelecer mecanismo de integração de normas;
-Dirige-se a todos os ramos do direito, salvo naquilo que for regulado de forma
diferente na legislação específica.

Divisão:
1ª parte – artigos 1º ao 6º - regula as normas emanadas do espírito da CF.
2ª parte – artigos 7º ao 19 – contém normas dirigidas à solução dos conflitos de lei no
tempo e no espaço.

Artigo 6º
A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada.
§1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em
que se efetuou.
§2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele,
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou
condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba
recurso.

APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA NORMA JURÍDICA

A aplicação da norma jurídica consiste em submeter o fato concreto à norma que o


regula.
Submeter o fato concreto à norma que o regula é ignorar a abstração da norma e
aplicá-la ao fato concreto.
Quem aplica a norma é o juiz ou tribunal.
O meio de aplicação da norma é a ação judicial.

Aplicar implica em saber:


-se o julgador tem jurisdição;
-se a norma está em vigor;
-se as partes são legitimas e estão bem representadas;
-se a norma é pública ou é privada;
-se a pessoa que provoco o poder judiciário detém o direito subjetivo para estará em
juízo;
-se a norma é nacional ou internacional;
-se as partes são capazes;
-se há conflito de norma no tempo;
-se há lacuna na norma.

Interpretar é buscar o verdadeiro sentido do termo no âmbito jurídico.


PESSOAS

 Pessoa natural ou física

No sentido filosófico, é o ser humano nascido da mulher.


No sentido técnico do direito, é alguém capaz de exercer direitos e contrair obrigações.

A partir da concepção até antes do nascimento, é chamado ‘nascituro’. Tem seus


direitos resguardados.
Após o nascimento, já é pessoa natural.

 Incapacidade jurídica
Vimos que, enquanto feto, inexiste a pessoa. Nascendo com vida, torna-se titular de
direito, não importa se com menos de 9 meses, nem o grau de seu desenvolvimento
psíquico, nem se é homem ou mulher, doente ou sadio. É a chamada capacidade
jurídica ou de direito.
Ou seja, capacidade jurídica é aquela condição legal que o capacita à faculdade dos
direitos e obrigações existentes em potencialidade.

Assim temos os incapazes absolutos (art. 3º CC) e incapazes relativos (art. 4º CC)

-Incapazes absolutos:
.Os menores de 16 anos – por discernimento necessário ao exercício pessoal dos
próprios direitos e obrigações.
.Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário
discernimento para a pratica destes atos (portadores de psicoses e outras
perturbações de setores cerebrais que controlam o entendimento – não precisa ser
‘completamente insano’, basta ter alguma deficiência, como esquizofrenia).
.Os que, mesmo por causas transitórias, não puderem exprimir sua vontade (pacientes
com contusões cerebrais, em coma, etc).

-Incapazes relativos:
.Os maiores de 16 e menores de 18 anos – a lei entende que estes já tem um certo
equilíbrio para a prática de certos atos.
.Os ébrios habituais (alcoólatras), os viciados em tóxicos, e os que por deficiência
mental tenham o discernimento reduzido.
.Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo (fracos de mente, surdos-
mudos sem educação apropriada, portadores de Síndrome de Down).
.Os pródigos (esbanja dinheiro) – este pode votar e casar-se, porém há restrições.

Os relativamente incapazes são incapazes a certos atos.


Eles podem:
.Fazer testamento;
.Casar-se, desde com consentimento dos pais;
.Assumir empregos públicos, quando não exigida a maioridade;
.Estabelecer ponto comercial;
.Celebrar contrato de trabalho;
.Ser mandatário;
.Ser testemunhas.

A capacidade dos índios é regulada por legislação especial.

 Cessação da Incapacidade
A incapacidade civil cessa por dois meios:
1. Maioridade
Maioridade é o momento em que o indivíduo alcança automaticamente a capacidade
plena para o exercício de todos os atos da vida civil.
O objetivo, portanto, é que a pessoa exerça, pessoalmente, todos os atos da vida civil.
A maioridade somente se extingue com a morte.
É possível que o maior torne à condição de incapaz.
Não há incapacidade em razão da idade avançada. Portanto, por mais idosa que a
pessoa seja, continua capaz.

2. Emancipação
Emancipação é a aquisição da capacidade civil antes da idade legal; ou então, o fato
ou ato jurídico que extingue a incapacidade do menor.
O objetivo, portanto, é possibilitar a pessoa, mesmo sendo menor, para que possa
exercer os atos da vida civil.
Uma vez adquirida, jamais será revogada, salvo se for havida por vício.
Não há de se confundir capacidade civil com eleitoral (16 anos), nem com a penal (18
anos), ou ainda com a administrativa, como por exemplo para o fim de obter
habilitação para dirigir (18 anos).

-Causas da emancipação:
I. Por concessão dos pais;
II. Pelo casamento – para se casar, a pessoa deve ter no mínimo 16 anos;
III. Pelo exercício do emprego público efetivo – hipótese rara, pois a emancipação só
ocorre se for efetivado por meio de concurso público;
IV. Pela colação de grau em curso de ensino superior;
V. Pelo estabelecimento civil ou comercial – é necessário que tenha no mínimo 16
anos e que se estabeleça com economia própria, ou seja, que os ganhos independam
dos atos dos pais. Também é necessário que haja relação de emprego.

 Fim da pessoa natural


A pessoa natural física nasce, vive e morre.
Portanto, com a morte da pessoa, ela deixa de ser um sujeito de direito e obrigações,
acabando sua personalidade civil.
Mas seus direitos continuam irradiando no universo jurídico, como por exemplo o
direito ao nome, a imagem, todavia por intermédio dos seus herdeiros e sucessores.

 Conceito de morte para o direito

Morte real: Deve ser atestada por médico, para o fim de que seja expedida a certidão
de óbito. Isto é feito pela constatação de paralisação das atividades cardíacas,
respiratórias e cerebrais, em caráter definitivo.

Morte presumida: Aquela declarada pelo juiz, após se convencer pelas provas
reunidas no processo judicial, que estão presentes os requisitos legalmente
estabelecidos para considerar alguém como morto.

Presume-se a morte em 3 hipóteses:


-No caso da pessoa achar-se em risco de vida e não é mais vista;
-No caso da pessoa desaparecer em campanha (guerra) ou feita prisioneira, e não for
encontrada até 2 anos após o término da guerra.
-No caso da pessoa ser declarada ausente.

 Comoriência
Artigo 8º, CC.
É possível que ocorra a morte de duas ou mais pessoas na mesma ocasião, por força
de um incêndio, desastre aéreo, etc., sendo elas reciprocamente herdeiras. Quando
não se sabe quem morreu primeiro.

Ordem da herança:
-Descendentes;
-Ascendentes;
-Cônjuge;
-Estado.

Não necessariamente precisam estar no mesmo local na hora da morte. Podem estar
em locais diferentes, mas precisam ter falecido no mesmo instante. Minutos e
segundos fazem diferença.

 Pessoa Jurídica
São entidades criadas para a realização de um fim e conhecidas pela ordem jurídica
como sujeito de direito e deveres.

Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do
ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização
ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por
que passar o ato constitutivo (art. 45, CC)

Classificação:
São classificadas em pessoas jurídicas de direito público ou privado.

Direito Público Interno:


-União;
-Estados, Distrito Federal e Territórios;
-Municípios;
-Autarquias, inclusive as associações públicas; 
-Demais entidades de caráter público criadas por lei.

Direito Público Externo:


Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional
público.

Direito Privado
-Associações – 2 ou mais pessoas físicas (membros). Não visam lucros, seus
associados não recebem dividendos, sendo toda a renda líquida revertida em proveito
de SUS finalidades;
-Sociedades – 2 ou mais pessoas físicas (sócios). Visam o lucro, congregam capital, e
o lucro é repartido entre sócios;
-Fundações – 1 ou 2 pessoas físicas (membro); 1 ou 2 pessoas jurídicas + patrimônio.
Visam a realização de fins sociais nobres (asilo, educandário, creche, hospital, etc.);
-Organizações religiosas – 2 ou mais pessoas físicas (membros). Igrejas, seminários,
instituições que tem origens confessionais;
-Partidos políticos – 101 eleitores (membros). União voluntária de cidadãos com
afinidades ideológicas e políticas.

Responsabilidade:
As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos
dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Registro
O registro da pessoa jurídica deve conter:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando
houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse
caso.

Obrigações
Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus
poderes definidos no ato constitutivo.
Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria
de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando
violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.
Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade,
ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos
administradores ou sócios da pessoa jurídica.

A dissolução da pessoa jurídica se dá através da extinção.


O Direito Civil também considera que a pessoa jurídica tenha direitos à personalidade,
no que for cabível.

ATOS REGISTRÁVEIS

Objetivo do registro dos atos jurídicos: oferecer segurança às relações jurídicas entre
pessoas, ante a sua publicação.
Disso decorre o expediente das expedições de certidão, como forma de tornar publico
o estado ou a situação do individuo dentro do universo do direito perante o Estado e
perante o particular.
Ex: certidão de nascimento, certidão de protesto, certidão de óbito.

AUSÊNCIA

Ausente é a pessoa desaparecida sem deixar procurador, sendo declarado ausente


pelo juiz. Sem o decreto do juiz, não é ausente, é desaparecido.

A declaração judicial de ausência, regulada pelos artigos 22 até 39, CC, c.c. artigos
1159 até 1169, CPC, está submetida a um procedimento, traduzido na realização de
diversos atos jurídicos e judiciais que possibilitarão, ou não, a que o juiz declare por
sentença se a pessoa de fato está desaparecida, no sentido da lei.

Pressupostos da ausência
1. Desaparecimento da pessoa;
2. Não se tem noticia desta;
3. Não tiver deixado representante ou procurador com habilitação para
administrar os seus bens;
4. No caso de deixar representante, se este não quiser ou não puder exercer o
mister, ou seus poderes forem insuficientes.

Generalidades
O desaparecimento de uma pessoa de seu domicilio, sem deixar quem lhe administre
os bens, cria para esta uma situação de abandono, capaz de gerar graves
conseqüências não só par este indivíduo nas também para outras pessoas e para o
Estado:
-Para ele, seus bens ficam desprotegidos e sem administração;
-Para os herdeiros, ficam sem a possibilidade de partilhá-los;
-Para os credores, pois ficam sem a possibilidade de serem satisfeitos em seus
créditos;
-Para seus devedores, pois não saberão a quem pagar.

Fases para declaração de ausência:

1. Requerimento
Qualquer interessado ou MP, na forma do art. 22, CC

2. Justificação prévia
Em sede judicial, serão expedidos ofícios para os órgãos públicos, serão ouvidas
testemunhas, etc, tudo na tentativa de localizar o ausente.

3. Sentença de declaração de ausência


Com nomeação de curador, sob compromisso. Ordem de arrecadação dos bens,
publicação de editais e registro.

4. Arrecadação de bens e lavratura de auto pelo juiz


Acompanhado do escrivão e do curador, com prévia intimação da Fazenda Pública e
do MP, ou Delegado de Polícia.

5. Editais
No Diário Oficial, durante 1 ano, reproduzidos de 2 em 2 meses (chamando o ausente
para entrar na posse de seus bens).

6. Requerimento de abertura da sucessão provisória

7. Habilitação de herdeiros

8. Sentença de abertura da sucessão provisória


O juiz confirma a declaração de ausência, julgando as habilitações, nomeando-se
inventariante e determinando a abertura da sucessão provisória, com publicação pela
imprensa, e espera de 6 meses. (inventariante não é curador)

9. Compromisso de inventariante
Abertura de testamentos se houver, inventário e partilha.
Caso não apareçam interessados em 30 dias após a sentença, dá-se a hipótese de
herança jacente, que é a que consiste no patrimônio arrecadado por ocasião da
morte de alguém, ainda não tendo sido aceita pelas pessoas sucessíveis, ou cujos
herdeiros ainda não são conhecidos.

10. Caução pelos herdeiros


Imitidos na posse dos bens do ausente, os herdeiros prestam garantias, ou seja,
assumem o compromisso de restituir os bens, caso o ausente apareça. Caso algum
não tenha garantias, o juiz pode passar a posse dos bens para outro herdeiro que
possa oferecê-la.

11. Sentença de conversão de sucessão provisória para definitiva


Pela morte do ausente; após 10 anos; ou quando o ausente contar com 80 anos de
idade e houverem decorridos 5 anos das últimas notícias suas.

12. Ou cessação da sucessão provisória, ou direitos sobre a definitiva


Pelo regresso do ausente.

Obs: Passados 10 anos da sucessão provisória, os sucessores do ausente deixam de


ser provisórios e adquirem o domínio dos bens recebidos.
A propriedade é resolúvel, porque se o ausente regressa nos 10 anos seguintes à
abertura da sucessão definitiva, ou alguém de seus descendentes ou ascendentes,
aqueles ou estes receberão s bens existentes no estado em que se acharem.

Efeitos:
Determina a paralisação das atividades que podem acarretar conseqüências danosas
à pessoa desaparecida e a terceiros.

DOMICÍLIO CIVIL

Domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece sua residência com animus
definitivo.

Elemento objetivo ou material – é a fixação da pessoa em determinado lugar.


Elemento subjetivo ou psicológico – é a intenção de ali permanecer, com vontade de
ficar.

Moradia, residência e habitação – apenas a fixação em local temporário.

Ou seja, domicílio é o lugar + vontade de ali permanecer.

Finalidade:
A pessoa ser encontrada para exercer seus direitos e deveres.
Saber-se o domicílio da empresa ou pessoa contra quem se pretende ajuizar uma
ação ou praticar-se um ato.

Espécies:
-Voluntário: estabelecido voluntariamente pela pessoa.
-Legal ou necessário: a lei impõe em razão do estado ou circunstância que a pessoa
se encontra.
-Domicílio de eleição: eleito pelas partes nos contratos escritos.

RELAÇÃO JURÍDICA

É a vinculação direta ou indireta de duas ou mais pessoas a circunstâncias de fato, ou


a um bem da vida, disciplinada pela norma jurídica positiva.

Generalidades:
-a relação jurídica nasce do fato (contrato) ou ato (casamento).
-os homens entram em contato uns com os outros, visando à obtenção de fins os mais
diversos, tais como econômicos, morais, culturais, etc. Em decorrência desses laços
que os prendem, forma-se as relações sociais.
-nesse convívio, as relações travadas entre si podem ou não produzir conseqüências
jurídicas.
-portanto, se do relacionamento levado a efeito entre as pessoas surgir conseqüência
jurídica, dizemos que há para este um dever e para aquele um direito, ambos
abrigados pela lei ou norma de direito.
Elementos:

 Sujeito ativo
É o credor da prestação principal, portador do direito subjetivo, ou seja, aquele que
detém o poder de exigir o cumprimento do contrato celebrado com o sujeito passivo.

 Sujeito passivo
É o devedor da prestação principal, aquele que tem o dever jurídico de prestar e ser
atendido em seu direito de receber por ela.

 Vínculo jurídico
É o liame que confere a cada um dos participantes o poder de pretender ou exigir algo
(a lei ou o contrato).

 Objeto
É o elemento em razão do qual a relação jurídica se constitui, e sobre o qual recai a
exigência do credor como a obrigação do devedor. O objeto, nesse cão, não é o bem a
ser entregue, mas a prestação do ato.
Ex: contrato de compra e venda de apartamento. O objeto é a entrega do apto. O
objeta da obrigação é o apto.

BENS JURÍDICOS

A teoria dos bens está orientada pelo Livro II, do Código Civil, que trata do objeto do
direito, que traduz a idéia de coisas e de patrimônio.
Ou seja, bens são coisas, mas nem todas as coisas são bens jurídicos.

Chama-se ‘bem’ no sentido jurídico as coisas sobre as quais recaem direitos, ou seja,
as coisas que tem valor econômico. Ex: casa, automóvel, anel.

Classificação:
Classificar os bens jurídicos é saber a posição que cada um ocupa enquanto objeto do
direito, a fim de que se possa aplicar corretamente a proteção jurídica, porquanto as
normas que os regem são diferentes umas das outras.

1. Imóveis
Art. 79/81 CC – São os bens que não podem ser transportados sem destruição de um
lugar para o outro. Ex: casa.
2. Móveis
Art. 82/84 CC – São os bens suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por
força alheia. Ex: cadeira, animal.
3. Fungíveis
Art. 85 CC – São os móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade. Ex: um quilo de arroz
4. Consumíveis
Art. 86 CC – São os bens móveis cujo uso importa na destruição imediata da própria
substância. Ex: alimentos.
5. Divisíveis
Art. 87 CC – São os que podem partir em porções reais e distintas, formando cada
qual um todo perfeito. Ex: loteamento de terras.
6. Indivisíveis
Art. 88 CC – São as coisas que não podem ser partidas formando um todo perfeito.
Ex: tijolo.
7. Singulares e coletivos
Art. 89/91 CC – São aqueles que, embora reunidos, independem entre si. Ex: livro,
automóvel.
8. Reciprocamente considerados
Art. 92/97 CC – São aqueles cujo principal sugere a existência de um acessório.
Principal é o bem que existe sobre si (Ex: terra).
Acessório é aquele cuja existência supõe a do principal (Ex: as árvores plantadas na
terra).

CONDIÇÃO, TERMO E ENCARGO

Condição é um acontecimento futuro e incerto de que depende a eficácia do negócio


jurídico. Ex: Pagarei as mensalidades do curso se você for aprovado sem
dependências.
Termo é o evento futuro e certo, descrito em cláusula subordinativa do efeito do ato ou
negócio jurídico. Ex: Dou-lhe um automóvel para você usar enquanto estiver cursando
Direito.
Encargo é a tarefa atribuída a alguém por meio de cláusula acessória do ato ou
negócio jurídico, que impõe uma ‘obrigação de fazer’ ao beneficiário. Ex: Dou a você
uma área de terreno para que você construa um abrigo para idosos.

Portanto, condição, termo e encargo são maneiras que podem afetar o negócio
jurídico, quando apostas pela vontade das partes. São chamadas de elementos
acidentais do negócio jurídico.
Acidentais porque no contrato há os elementos essenciais que constituem requisitos
de existência e de validade do negocio jurídico.

REPRESENTAÇÃO

É a relação jurídica pela qual certa pessoa se obriga diretamente perante terceiro,
através de ato praticado em seu nome por um representante, cujos poderes são
conferidos por lei ou por mandato.

Formas de representação:

 Legal
Decorre da lei, atribuindo funções ou deveres ao pai, mãe, tutor, curador.
Tutela – para menor. É o poder que a lei confere a alguém capaz para proteger e
administrar os bens de um menor que não esteja sob o poder familiar (pátrio poder),
representando-o ou assistindo-o em todos os atos da vida civil.
Curatela – para maior. É o pode que a lei confere a alguém capaz para administrar os
bens do interditado.

 Voluntária
Decorre da vontade do constituinte, expressa ou tácita, verbal ou escrita.
Mandato expresso – Aquele no qual o mandante manifestou de forma positiva a
escolha e os poderes do seu mandatário.
Mandato tácito – Aquele onde se presume o consentimento do mandante, como por
ex. o do condômino para a administração da coisa comum.
Mandato verbal – Conferido oralmente.
Mandato escrito – Conferido por escrito, mediante um documento público ou particular.
PROVA

Artigos 212 usque 232, CC.

A pretensão deduzida pelo autor na petição inicial e a defesa do réu, apresentada na


contestação, podem estar assentadas em fatos e em normas jurídicas.
Assim, prova é o meio de que se serve uma parte no processo para demonstrar ao juiz
a existência e realidade do que está alegando.

Espécies
O fato jurídico pode ser provado mediante:

1. Confissão
É o reconhecimento por uma das partes do fato afirmado pela parte adversa.
2. Documento
É todo escrito, público ou particular, circunstancialmente capaz de servir para provar
algum acontecimento ligado à existência ou ao conteúdo de negócio ou ato jurídico.
3. Testemunha
É a pessoa que tem ciência direta ou indireta acerca de fato de relevância jurídica que
se deva provar.
4. Presunção
É a conclusão a que se chega em torno de um fato desconhecido através da analise
de um fato demonstrado.
Não se confunde com indício. A presunção parte do fato conhecido para viabilizar
conclusão acerca de um outro fato ignorado. O indício consiste em fato conhecido do
qual se extrai uma presunção.
5. Perícia
É a análise realizada por técnico ou pessoa habilitada, nomeada pela autoridade
competente, para verificar um fato ou o estado de uma coisa, objeto de litígio ou com
relacionado.

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

Todo negócio jurídico provem de manifestação volitiva do agente e visa à produção de


determinados efeitos.
Pressuposto do surgimento do negócio, portanto, é a existência de uma vontade válida
e eficaz a que este não apresente defeitos.

Conceito:
Falhas, vícios, imperfeições, irregularidades que maculam o ato jurídico, tornando-o
passível de anulação.
Se é verdade que no estudo do negócio jurídico a vontade do agente é elemento
preponderante, é verdade também que na execução desse negócio essa vontade
deve ser explicitada, livre e consciente.

Pelo Sistema Jurídico Brasileiro, a teoria dos defeitos do negócio jurídico está
representada pelas seguintes figuras:

a) Erro ou ignorância
Erro é a falsa percepção da realidade, falsa idéia sobre algo.
Ignorância é a ausência completa do conhecimento sobre algo. Total
desconhecimento do declarante a respeito das circunstâncias do contrato.

O Código Civil equiparou o erro à ignorância.


Cada uma dessas hipóteses, por si, leva o agente a realizar um negocio que, se
soubesse previamente do resultado a que chegou, não teria realizado.
Ex: Manoel doa uma propriedade à Casa de Maria por acreditar que ali foi criado, e
depois fica sabendo que foi criado no Lar das Crianças. Como resultado, a doação
inicial é falsa, e nesse caso o ato é anulável por parte de Manoel.

Espécies de erro:
-Erro substancial – incide sobre a essência do ato ou negócio que se pratica. Ex: Dois
herdeiros, um maior e um menor não assistido, vendem uma propriedade. Tal negocio
é anulável, porem se for ratificada a assinatura, não há necessidade desta anulação.

-Erro acidental – versa apenas sobre as qualidades acessórias ou secundárias do


objeto ou pessoa. Ex: Disse que era casada, mas era solteira. Não precisa anular o
fato, pois é fácil a prova de solteira com a certidão de nascimento.

b) Dolo
Dolo é o artifício ou expediente astucioso, empregado por uma das partes, ou por
terceiro, com propósito de prejudicar outrem, quando da celebração do negócio
jurídico.

Espécies de dolo:
-Dolo essencial, substancial ou principal – aquele que dá causa ao negócio jurídico,
sem o qual ele não se teria concluído, acarretando a sua anulabilidade.
Ex: Se alguém me vende um cavalo dizendo este ser de puro sangue quando não é,
tal pessoa me levou a erro, agindo com dolo. Nesse caso, o negócio pode ser anulado.

-Dolo acidental – aquele que leva a vítima a realizar o negocio, porem em condições
mais onerosas.
Ex: O empregado do estabelecimento comercial afirma que os juros cobrados sobre o
financiamento são de 2%, e o negocio é fechado. Após, o comprador descobre que os
juros são de apenas 1%, e o outro 1% é embolsado pelo empregado. Nesse caso, não
precisa desfazer o negocio, basta que o comprador seja reembolsado da diferença dos
juros.

-Dolo negativo ou por omissão – aquele que consiste em omissões prejudiciais,


através de silêncio proposital e danoso.
Ex: ‘A’ contrata uma apólice de seguro de vida e omite que é portador de doença
grave. A seguradora ao descobrir pode anular o contrato.

-Dolo de terceiro – dolo de quem não é parte no contrato.


Ex: ‘A’ é empregado de ‘B’ e vende uma aliança a ‘C’ dizendo que é de ouro, mas não
é. Se ‘B não sabia, o negócio não é anulado, podendo C pedir perdas e danos de A.
Se B sabia e ficou calado, houve conluio. Nesse caso, C pode pedir perdas e danos e
anulação do contrato.

-Dolo do representante legal ou convencional – é o dolo praticado por pessoa que


representa o sujeito a quem a vontade original é atribuída. É o procurador, o tutor,
curados, advogado, etc.
No dolo causado pelo representante legal (nascido por imposição da lei), o
representado só responde até a importância do proveito que teve. Ex: negócio que pai
realiza para o filho, havendo dolo, o filho só responde se houver proveito para si.
No dolo praticado pelo representante convencional (nascido de um contrato de
mandato), ambos respondem. Ex: se for um negócio onde o advogado realiza pelo
mandante, havendo dolo, ambos respondem civilmente por perdas e danos.
-Dolo recíproco – é o dolo havido por ambas as partes, uma querendo obter vantagem
em prejuízo da outra. Um dolo compensa outro, e nada pode ser reclamado em juízo.
Ex: ‘A’ vende relógio falso a ‘B’ que paga com dinheiro falso.

c) Coação
Coação é a violência ou ameaça que obriga certa pessoa a realizar um ato que não
praticaria por livre e espontânea vontade.

Espécies:
-Coação absoluta – é a coação física, pois não dá escolha ao agente passivo ou
vítima.
Ex: Pedro (coator) aponta uma arma para Paulo (coagido) e o obriga a assinar um
contrato. Nesse caso, o ato jurídico é NULO, pois houve a falta de consentimento.

-Coação relativa – é a coação que possibilita que a vítima tenha uma opção. É a
coação moral.
Ex: Pedro diz a Paulo: ou assina o contrato ou coloco fogo em seu carro. Nesse caso,
o ato é ANULÁVEL.

d) Estado de perigo
Situação em que a vítima se encontra, que a obriga a realizar negocio jurídico
contendo prestação que lhe é onerosa, para se livrar de risco iminente à vida ou à
saúde própria ou de alguém da família.
Ex: Pedro tem um filho doente que precisa de uma cirurgia, mas não tem dinheiro
suficiente. Pedro então aliena a Paulo seu veículo de R$15.000 por R$9.000, Paulo
sabendo de sua situação. Nesse caso, passado o perigo, Pedro pode ajuizar ação
com intuito que Paulo pague a diferença

Requisitos:
-Agente ou pessoa da família encontra-se prestes a sofrer grave dano;
-Momento deve ser de extrema necessidade;
-Dano provém de terceiro que conhece a necessidade e se aproveita dela;
-Dano é mais oneroso que obrigação assumida;
-Risco do dano à vida ou saúde deve ser o fator determinante que leva a vítima a
realizar o ato ou celebrar o negócio.

e) Lesão
Obtenção de vantagem indevida, em virtude de situação de inexperiência ou
premência da vítima, acarretando-lhe prejuízo patrimonial.

Inexperiência é a falta de prática capaz de afetar a declaração de vontade; falta de


vivência negocial, ou entoa consiste no fato de o declarante ser ingênuo ou simplório
de modo que sua condição psíquica, associada à ausência de maior prática de vida,
leva-o a abraçar prestação notoriamente destoante daquela assumida pela outra parte.
Ex: Jairo adquire um imóvel a prestações de R$600,00, sem ter noção que apenas
com seu salário de R$700,00 estará impossibilitado de cumprir tal obrigação.

Premência é a urgência resultante do estado de necessidade.


Ex: Pedro, para não ser despejado do imóvel, submete-se a empréstimo de valor
exorbitante.

Nos casos de lesão, o negócio é anulável, salvo se a parte que tomou proveito
concorde com a redução do prejuízo da vítima.
No estado de perigo, a pessoa conhece a situação de risco e assume a obrigação
mesmo assim. Na lesão, a pessoa não conhece tal situação.

f) Fraude contra credores


É a prática de negocio jurídico com artifício malicioso para prejudicar terceiro.
É todo expediente por meio do qual o devedor se torna insolvente, através da
diminuição do seu patrimônio, inviabilizando assim, a percepção dos direitos de seus
respectivos credores.

A fraude contra credores ocorre através de atos de transmissão de bens (que são os
negócios jurídicos)
Atos de transmissão:
-gratuitas de bens;
-remissão de dívidas;
-contratos onerosos;

Esses atos são praticados pelo devedor fazendo doações, perdoando dívidas e
alienando bens.

Tais atos prejudicam que o credor deste receba o que lhe é direito.

Ações Judiciais:
-Pauliana – hipótese do devedor estar em processo de insolvência.
-Revocatória – hipótese de ter sido decretada a falência do devedor.

Elementos da fraude:
Vontade de fraudar + prejuízo causado ao credor.

Espécies:
-Fraude Unilateral – realizada com o conhecimento apenas do devedor.
-Fraude Bilateral – realizada com conluio entre devedor e terceiro.

Se o adquirente for de boa-fé não se anula o negócio feito.


Se o adquirente for de má-fé, anula-se o negócio.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

O decurso do tempo exerce influência sobre as relações jurídicas, criando ou


extinguindo direitos subjetivos. O Código civil distingue duas espécie de efeitos do
decurso de tempo sobre a relação jurídica:
-Prescrição aquisitiva (usucapião) - através desta, o titular de um direito adquire a
propriedade dos bens, por terem preenchidos os requisitos de posse, tempo e animus
domini.
-Prescrição extintiva – através desta o titular perde o direito.

Prescrição  É a prescrição extintiva, que tem como base a inércia do titular do


direito durante um certo prazo fixado por lei, fazendo com que haja perda da ação
judicial, ou seja, perda do direito de propor a ação.
Dormientibus non sucurrit jus – quem não tem a dignidade de luta por seus direitos
não deve merecer sua tutela.
Ou seja, prescrição é a extinção da pretensão de reparação do direito violado, por
inércia do titular no prazo previsto na lei.

Decadência  É a extinção de um direito pelo decurso do prazo.


Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do
negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que
se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

ATOS LÍCITOS E ILÍCITOS

Ato Lícito  É o ato humano voluntário e lícito, capaz de gerar efeitos na órbita do
Direito, pela criação, modificação e extinção de direitos.
REQUISITOS: Agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei.

Ato ilícito  Ato ilícito é todo comportamento pessoal contrario ao ordenamento


jurídico, pelo desvio de conduta ou descumprimento de dever jurídico imputável ao
agente, que acarreta resultado lesivo a outrem.
Pode se dar de forma comissiva (positiva) ou omissiva (negativa). Em ambos os casos
o agente responderá porque realizou efetivamente o dano ou se absteve de evitá-lo.

INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

Negocio jurídico é uma declaração de vontade que tem por objetivo criar, modificar,
conservar ou extinguir direitos.
É verdadeiro dizer-se que, para produzir efeitos no mundo dos negócios, essa vontade
deve ser exteriorizada de forma idônea, isto é, adequada, contendo o ato todas as
condições de validade.
Pode ocorrer que o ato se apresente de forma irregular, contendo defeito devido à
violação da lei ou de uma imperfeição na manifestação de vontade do agente, ou
ainda em vício resultado de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores.
O ato pode ser nulo ou anulável, o que vale dizer que ele poderá não ter nenhum
valor, ou será válido até que seja anulado por ação judicial.

Ato nulo  produz a nulidade absoluta, ou de pleno direito. Ele é destituído de


qualquer valor, ou seja, não existe juridicamente, mas existe de fato. Assim, não pode
ser ratificado nem gerar efeitos.

Ato anulável  aquele que pode ser anulado, se o interessado assim o requerer
judicialmente. Fica ao arbítrio dele anular ou não. Enquanto o ato não for declarado
ineficaz, produz normalmente todos os efeitos legais, pois será tido como válido.

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