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HERMENEUTICA E TÉCNICA DE

REDAÇÃO LEGISLATIVA
LINGUAGEM

Aristóteles – homem = animal político


Rosseau – ‘Do Contrato Social’
Platão – Linguagem com Poção
remédio veneno maquiagem

Linguagem: natural do homem. Pode ser falada, escrita, corporal.


Língua: convencionada.

Para desenvolver as atitudes do intérprete:


1. Seja humilde – eterno aprendizado
2. Seja elegante – manter a linha, calma
3. Seja racional – qualidade, e não quantidade
4. Seja ativo – manifeste-se
5. Seja objetivo
6. Seja claro – articule-se
7. Seja estudioso

Atributos do intérprete
1. Conhecimento do direito
2. Capacidade de raciocínio lógico
3. Domínio da linguagem
a) Vocabulário
b) Capacidade de expressar-se oralmente e na escrita
c) Capacidade de argumentação

Hermenêutica é a arte de interpretar o sentido das palavras, tendo por objetivo o


estudo e a sistematização dos processos que tornam a interpretação do direito mais
fácil e eficiente.

Interpretação é a operação com fim de fixar uma relação jurídica mediante percepção
clara e exata da norma estabelecida pelo legislador. Interpretar é ter o sentido (causa)
e o alcance (efeito) dos fatos.

Sistemas interpretativos:
I – Dogmático, exegético, jurídico, tradicional – Regras
II – Histórico evolutivo – caráter mesológico (costumes)
III – Livre pesquisa – direito alternativo

Classificação das espécies de interpretação:

1. Quanto ao agente:

A) Pública
Judicial: interpretação do judiciário – sentença ou acórdão.
Autêntica: interpretação do legislador – Artigo 13º, §4º, I e Artigo 2º, CLT, onde ele
mostra o que é empregado e empregador.
Administrativa:
-Regulamentar – lei rígida: desmembramento de terreno de 1000m²
-Casuística – para casos em particular: desmembramento de 999,99m²

B) Privativa
Doutrinal: doutrinador (ex: Miguel Reale)
Usual: costumes.

2. Quanto à natureza:

a) Gramatical
Artigo 224, I, CPC – Corrige erros, encontra sentido de interpretação, lendo com a
própria gramática você entende.

b) Lógica
Artigo 282 e 295, CPC

c) Sistemática
Interpreta procurando em outros artigos

d) Histórica
Adultério, por ex.

e) Teleológica, axiológica ou sociológica


Fim social

3. Quanto à extensão:
a) Declarativa
b) Ampliativa / Extensiva
c) Restritiva

REGRAS DE INTERPRETAÇÃO E HERMENÊUTICA

Regras legais: valem para qualquer tipo de interpretação de leis. Artigo 5º LICC, CF.

Regras científicas:
-Regras de consolidação das leis civis ou do direito atual – quando a lei não faz
distinção, o intérprete não deve fazê-la.
No texto da lei se entende não haver frase ou palavra inútil, supérflua ou sem efeito.
-Regras de Justiniano – as coisas especiais sempre se excluem às gerais (o que vale
é a especial); nas causas penais, a interpretação deve ser a mais benigna (na dúvida,
o réu é inocente); no todo se contém a parte.
-Regras de jurisprudência: proposta pelos doutrinadores da época.

REGRAS DE INTEGRAÇÃO

Lacuna:
Tem caso concreto, mas não tem lei concreta para o fato.
Artigo 4º LICC, CF
Artigo 126 e 127 CPC

1. Analogia
Só se aplica se a natureza dos dois casos forem iguais.
Artigo 28, II, CP – É imputável quem comete crime em estado de embriaguez,
voluntária ou culposa para álcool ou substância análoga.
Limites: Não se aplica à lei penal, ou lei específicas.

2. Costumes
Usos e costumes – Morais não interessam no direito. Ex: fila.
Costume jurídico – cheque pré-datado – lei 7357/88
Espécies:
-secundium legen – de acordo com a lei.
-praectes legen – suplementa a lei.
-contra legen – desuso

Princípios gerais do direito:


- constitucionais – trazidos pela constituição
- legais – trazidos pelas leis

Equidade
É o senso de justiça do juiz
-Expressa: na lei está escrito ‘o juiz pode utilizar a equidade’
-Tácita: na lei está escrito ‘o juiz pode julgar por bem’
Se não estiver especificado na lei, não é possível utilizar a equidade.

*Jurisprudência não vincula o magistrado

REGRAS DA VIGÊNCIA E OBRIGATORIEDADE

Publicação
Vacatio legis - período entre a publicação e a vigência da lei (descanso da lei)

Revogação
Artigo 2º LICC
Artigo 2045, CC

Ignoratia júris neminem excusat


Ninguém pode alegar desconhecer a lei.
Exceção: Erro de fato ou erro de direito.
Erro de fato: João casou-se com Maria, que na verdade era José.
Erro de direito: erro de interpretação

A lei vale a partir de sua publicação


Se tiver o prazo na lei, ela começa a valer a partir deste prazo
Se não tiver o prazo estabelecido, começa a valer 45 dias depois de sua publicação
Sempre para brasileiros no Brasil.
Para brasileiros no exterior, se não estiver na lei, vale 3 meses após a publicação.
Se tiver o prazo estabelecido, mas este for menor de 3 meses, o prazo será de 3
meses.

REGRAS DE EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO

Exceções de irretroatividade da lei

1. Ato jurídico perfeito


Quando o ato jurídico esta acabado, a lei não pode retroagir. Ex: Compro um carro dia
11 e dia 12 entra em vigor uma lei que proíbe a venda de carros. A lei não retroage
neste caso, continuo com o carro.
Exceção: Quando a lei for norma de ordem pública, a lei retroage, mesmo com o ato
jurídico perfeito.

2. Direito adquirido
Precisa ter cumprido todos os requisitos da lei.
Ex: aposentadoria 35 anos.
Se em 1974 sair uma lei que pede 45 anos para aposentadoria, tem de cumprir os 10
a mais. Porem, se quando a lei saiu, já tinha os 35 anos trabalhados, mas ainda não
pediu a aposentadoria, tem direito adquirido.
Quando não cumpre todos os requisitos, se tem apenas a mera expectativa de
direito.

3. Coisa julgada
Decisão que não pode ter mais recursos (já venceu os prazos para recorrer).

TECNICA PARA REDAÇÃO LEGISLATIVA

Classificação da CF

1. Quanto ao conteúdo
Material – em vários textos. Ex: jurisprudência
Formal – tudo em um só texto. Ex: CF

2. Quanto à forma
Escrita – norma escrita
Não escrita – costumes

3. Quanto à elaboração
Dogmática – Poder constituinte originário
Histórica – evolução histórica

4. Quanto à origem
Promulgadas – aprovadas
Outorgadas – impostas

5. Quanto à estabilidade
-Imutáveis – inquestionáveis.
-Semi-flexíveis – existem normas que podem ser mudadas, outras não.
-Rígidas – não podem ser modificadas sem um processo muito complexo (emenda
constitucional).
-Flexíveis – qualquer norma pode mudar a CF

6. Quanto à extensão e finalidade


Sintéticas – várias leis dispersas, que mudam a qualquer hora
Analíticas – sistematização de vários institutos do mesmo texto, segurança jurídica

PROCESSO LEGISLATIVO

O processo legislativo é um encadeamento de atos: Iniciativa, emenda, votação,


sanção ou veto, promulgação e publicação.
Esses atos são realizados pela Assembléia Legislativa para elaborar emendas à CF,
leis complementares, leis ordinárias, decretos e resoluções.
Cada lei tem seu campo de atuação, portanto não há hierarquia.
A lei complementar não pode cuidar da matéria de lei ordinária, e assim por diante,
sob pena de inconstitucionalidade.
Lei Ordinária
É o ato normativo que edita normas gerais e abstratas, ou seja, é o ato legislativo
típico. Não se exige maioria absoluta para aprovação.
Pode tratar de qualquer matéria, menos os assuntos reservados à lei complementar,
decretos e resoluções.

1. Fase constitutiva
-Constitui a lei;
-Analisa aspecto material – interesse público, e formal – observância de forma prevista
na CF;
-A Comissão de Constituição e Justiça analisa a constitucionalidade;
-As Comissões Temáticas analisam o mérito e a importância da lei;
-A Comissão de Redação analisa se o texto está correto.
-Após ser aprovadas pelas comissões, a lei passa para a 2ºfase.

2. Fase introdutória
-A lei deve ser apresentada à respectiva casa.
Quem inicia: Presidente, Tribunal ou Deputados = Casa é a Câmara dos Deputados.
Quem inicia: Senadores, Prefeitos ou Governadores = Casa é a Câmara do Senado.

A aprovação é por maioria simples: devem estar presentes metade + 1 dos membros,
e deve-se ter a aprovação de metade + 1 dos presentes.

Vício de iniciativa: Ex: Presidente é o que tem a competência para ingressar com a
lei, porem quem faz é o Senado. Mesmo que o Presidente sancione a lei, a sanção
não sana o vício. A lei será nula, pois é inconstitucional.

2.1. Deliberação parlamentar


Casas: Receptora (a que recebe) e Revisora.
Receptora – o quorum de instalação é maioria absoluta.
Revisora – o quorum de instalação é maioria simples.
-Passando da 1ª casa, a lei vai para a 2ª casa.
-Passando da 2ª casa, a lei vai para o Presidente.

Iniciativa concorrente: pertence a vários legitimados de uma vez. Quem apresentar


primeiro, dispensa a apresentação do outro.
Iniciativa exclusiva: reservadas a um determinado cargo ou órgão.

Pode ser feita uma emenda, com alteração no projeto da lei. Volta para a 1ª casa para
aprovação. Pode ser rejeitada apenas a emenda.
No caso de rejeição, por qualquer uma das casas, arquiva-se o projeto na respectiva.

Não há prazo para deliberação parlamentar, exceto em regime de urgência

Regime de urgência é quando o presidente pede urgência para a apreciação do


projeto. Nesse caso, analisa-se primeiramente na Câmara dos Deputados, e depois no
Senado Federal.
Requisitos: iniciativa do presidente, solicitação do congresso nacional.
Câmara dos Deputados – 45 dias. Emenda – 10 dias (se houver). Câmara do Senado
– 45 dias.
O regime de urgência não pode exercer a 100 dias, há sanção para o descumprimento
do prazo (suspensão da deliberação dos demais assuntos).

2.2. Deliberação executiva


Após a deliberação parlamentar, o projeto será analisado pelo Presidente, podendo
vetá-lo ou sancioná-lo.
A existência desta fase justifica-se pela idéia de inter-relacionamento entre os poderes
do Estado, pelo controle recíproco.

Sanção: 15 dias úteis a partir do dia do recebimento do projeto para sancioná-lo. Pode
ser:
-Expressa: presidente se manifesta favoravelmente
-Tácita: quando silencia
-Total: concorda com todo o projeto
-Parcial: concorda com parte do projeto.

Veto: discordância do presidente em 15 dias úteis.


O veto é expresso (ocorre pela manifestação de vontade do presidente) e é motivado,
pois sempre tem de se conhecer as razões para a não aprovação:
-Veto jurídico – aspecto formal; lei inconstitucional.
-Veto político – aspecto material, contrário ao interesse público.
-Veto jurídico-político.
O veto pode ser total ou parcial, ele é supressivo (só pode tirar, não pode acrescentar
nada) e superável (pois não encerra de modo absoluto).

Havendo o veto do presidente, esse projeto retorna ao Congresso Nacional, onde será
reapreciado pelo poder legislativo.
Se a maioria absoluta do Congresso aprovar, o presidente deverá promulgar e publicar
a lei em 48h.

3. Fase de complementação
Promulgação: garante a executoriedade à lei.
Publicação: dá a notoriedade à lei. Feita no Diário Oficial.
É respeitado o vacatio legis para a entrada em vigor.

Lei Complementar
Elaboração, alteração e consolidação de leis.
Se diferencia da lei ordinária em dois aspectos:
-matéria específica (determinada pela CF)
-precisa de maioria absoluta na aprovação
O processo é igual o da lei ordinária.

Medida Provisória
Em caso de relevância e urgência, o presidente pode adotar medidas provisórias, com
força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
É válida por 60 dias, e prorrogável por mais 60 dias.
Uma vez editada, será imediatamente submetida ao Processo Legislativo para
apreciação:
O Congresso Nacional, em 48h, forma uma Comissão Mista de 7 deputados e 7
senadores que darão o parecer.
-Rejeitada  o plenário manda arquivar, o presidente do Congresso Nacional declara
insubsistente a medida provisória e comunica ao presidente.
Neste caso, a comissão vai elaborar um ‘projeto de decreto legislativo’ para disciplinar
as relações jurídicas decorrentes da vigência da medida.
-Aprovada  deve ser votada depois, primeiro na Casa dos Deputados e depois no
Senado, em 45 dias, sob pena de trancamento da pauta. Se não for julgada em até 60
dias por recesso ou algo de não culpa do Congresso, será prorrogada por mais 60
dias.
Quando aprovada, passa a ser discutida sua conversão para lei. O presidente do
Senado a promulga e o Presidente a publica.

Emenda Constitucional
Dificultoso, pois nossa CF é super-rígida.

Poder Constituinte – manifestação soberana da suprema vontade política de um povo,


social e juridicamente organizado.
-Poder constituinte originário: cria, elabora totalmente a CF. É inicial, ilimitado,
autônomo e incondicionado.
-Poder constituinte derivado: inserido na própria CF. Derivado, subordinado e
condicionado.
-Poder constituinte derivado reformador: altera a CF
-Poder constituinte derivado decorrente: dá possibilidade aos Estados membros de
terem sua constituição.

1. Fase iniciativa
Presidente da república
1/3 dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
Mais da metade das Assembléias legislativas das unidades da federação.

2. Fase constitutiva
Discutida e votada em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos. Será
aprovada se tiver, em ambas, 3/5 dos votos dos respectivos membros.
Não existe participação do Presidente, uma vez que o titular do poder constituinte
derivado reformador é o poder legislativo. Portanto, não há necessidade de sanção ou
veto.

3. Fase complementar
Promulgação – realizada juntamente pelas mesas do Senado Federal e Câmara dos
Deputados, nesta ordem.
Publicação – competência do Congresso Nacional.

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