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GOVERNO FEDERAL

INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA – INCRA/AP


GOVERNO DO ESTADO DO AMAPÁ - GEA
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL DO AMAPÁ - RURAP

“PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE


ASSENTAMENTO NOVA CANAÔ

MACAPÁ – AP,
FEVEREIRO / 2004
GOVERNO FEDERAL
INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA – INCRA/AP
GOVERNO DO ESTADO DO AMAPÁ - GEA
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL DO AMAPÁ - RURAP

“PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO


NOVA CANAÔ

MACAPÁ – AP,
FEVEREIRO / 2004
SUMÁRIO

I- Apresentação ............................................................................................... 4
II - Diagnóstico .................................................................................................. 5
2.1. Histórico ...................................................................................................... 5
2.2. Identificação do Imóvel ................................................................................ 5
2.3. Identificação do Assentamento .................................................................... 6
III - Condições Edafo-climáticas ....................................................................... 9
3.1. Relevo .......................................................................................................... 9
3.2. Clima ............................................................................................................ 9
3.3. Solo .............................................................................................................. 12
IV - Vegetação ................................................................................................... 14
V- Recursos Hídricos ....................................................................................... 16
VI - Caracterização Social da População Residente ......................................... 16
VII - Caracterização Social do Produtor .............................................................. 19
VIII - Condições Sociais das Famílias .................................................................. 20
8.1. Composição Média das Famílias ................................................................. 20
8.2. Habitação .................................................................................................... 20
8.3. Alimentação ................................................................................................. 21
8.4. Saúde .......................................................................................................... 22
8.5. Educação .................................................................................................... 24
8.6. Saneamento Básico...................................................................................... 26
8.7. Transporte .................................................................................................. 27
8.8. Vias de Acesso ........................................................................................... 28
IX - Condições Econômicas das Famílias .......................................................... 30
9.1. População envolvida na unidade produtiva ................................................ 30
9.2. Estrutura da Renda Familiar ........................................................................ 31
X- Atividades Econômicas do P.A. Nova Canaã .............................................. 32
10.1. Extrativismo ................................................................................................. 32
10.2. Agricultura .................................................................................................... 34
10.3. Pecuária ....................................................................................................... 36
XI - Escoamento da Produção............................................................................ 37
XII - Beneficiamento da Produção ....................................................................... 38
XIII - Comercialização .......................................................................................... 38
XIV - Nível de Organização dos Produtores ........................................................ 39
XV - Potencialidades do assentamento, problemas e soluções na visão dos
produtores assentados ................................................................................ 41
XVI - Parecer Técnico: “Possibilidades e Perspectivas do P.A. Nova Canaã “..... 49
XVII - Necessidades Estruturais Oportunas ao Desenvolvimento do Projeto de
Assentamento Nova Canaã ......................................................................... 52
17.1. Infraestrutura Básica de Apoio a Produção ................................................. 52
17.2. Infraestrutura de Desenvolvimento Social .................................................. 52
17.3. Infraestrutura de Proteção, Conservação e Recuperação Ambiental ......... 53
17.4. Infraestrutura de Desenvolvimento e Integração ......................................... 53
17.5. Serviço de Apoio Fundiário .......................................................................... 53
17.6. Serviço de Assistência Social ...................................................................... 53
XVIII - Gestão ........................................................................................................ 54
XIX Parcerias ...................................................................................................... 54
XX - Considerações Finais .................................................................................. 56
XXI - Conclusão .................................................................................................... 57
XXII - Equipe Responsável Pela Elaboração da Proposta .................................... 58
Anexos ........................................................................................................ 59
I – APRESENTAÇÃO:

Entre as metas preconizadas pelo programa de reforma agrária do Governo


Federal, estão a criação de assentamentos para fins de distribuir terra e assegurar
acesso aos meios de produção aos trabalhadores sem terra.
No Estado do Amapá, no período de 1987 a 2002, foram criados 30 (trinta)
assentamentos, beneficiando 6.118 (seis mil, cento e dezoito) famílias de trabalhadores
rurais tanto do Amapá, quanto de outros Estados da federação, com destaque para os
Estados do Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Goiás.
Contudo, o programa de reforma agrária estadual, oportunizou apenas o acesso
a terra, o que impossibilitou o deslanche de atividades econômicas, principalmente da
agropecuária.
A atividade econômica predominante nos assentamentos do Estado do Amapá é
o extrativismo, cujos principais produtos são madeira, cipó, caça e pesca. Tal atividade
traz como conseqüências severos danos ambientais e o empobrecimento da terra e do
homem.
Os assentamentos sofrem com a falta de estrutura de apoio à produção,
escoamento e comercialização; as famílias se ressentem com a falta de escolas,
postos de saúde, estradas, meios de comunicação, meios de transporte e falta de
oportunidades de cultura e lazer, ou seja, os assentados do Estado do Amapá vivem
hoje em condições de abandono no campo, não dispondo sequer de condições dignas
de moradia.
A reversão do quadro apresentado, passa pela criação de políticas públicas que
equacionem os problemas dos assentamentos. Nesse contexto, a elaboração do Plano
de Desenvolvimento dos Assentamentos, faz-se necessário.
O P.D.A. tem por objetivo nortear as ações estratégicas oportunas e necessárias
ao desenvolvimento humano e econômico dos assentados, com sustentabilidade
ambiental.
Este Plano, elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá -
RURAP, contou com a participação dos produtores e técnicos de diversas Instituições
do setor público agrícola do Estado do Amapá, destacando-se técnicos da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, Instituto de Estudos e Pesquisas do
Estado do Amapá – IEPA e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –
INCRA.

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Através do Plano apresentado, esperamos contribuir sobremaneira para a
reversão do processo de exclusão social e econômica dos assentados, oportunizar aos
assentados acesso a mercados competitivos, bem como viabilizar ações articuladas
que oportunizem o desenvolvimento sustentável do P. A. Nova Canaã, oferecendo
melhores condições de vida aos assentados e suas famílias, com oportunidades de
mercado e geração de emprego e renda no assentamento.

II – DIAGNÓSTICO:

2.1. Histórico:

O P. A. Nova Canaã surgiu da necessidade de assentar agricultores sem terra,


que buscaram ajuda da Prefeitura Municipal de Porto Grande – P.M.P.G.
A P.M.P.G. interviu junto ao INCRA/AP, solicitando a criação do Projeto de
Assentamento Nova Canaã, ao que o INCRA sinalizou positivamente, autorizando a
realização de estudos de viabilidade técnica e econômica da área pré-indicada pela
autoridade municipal.
A conclusão dos estudos foi favorável a criação do Projeto de Assentamento
Nova Canaã, cuja Portaria Autorizativa nº 00046 é datada de 20/08/1998.

2.2. Identificação do Imóvel:

2.2.1. Nome do Imóvel: Gleba Matapi I


2.2.2. Documento de Obtenção: Edital de 31/08/1974 – Publicado no D.O.T.F.do
Amapá.
2.2.3. Registro/Matrícula: matriculado em nome da União, sob o nº 13, às fls 13 do
livro 02 de Registro Geral do Cartório de Registro de Imóveis da 1ª circunscrição
judiciária do Amapá, comarca de Macapá e sob o nº 02, fls 194 v e 195 do livro nº 02
de Registro Geral do Cartório de Registro de Imóveis da 3ª circunscrição judiciária do
Amapá, comarca do Amapá. Matriculado em 13/12/1983.

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2.3. Identificação do Assentamento:

2.3.1. Nome: Projeto de Assentamento Nova Canaã


2.3.2. Criação: Portaria/INCRA/SR Nº 00046, de 20/08/1998.
2.3.3. Código do Projeto: AP 0023000
2.3.4. Código do Município: 061093
2.3.5. Área total: 20.554,4200 ha
2.3.6. Tamanho dos lotes: 50,0000 ha
2.3.7. Capacidade do assentamento: 340 famílias.
2.3.8. Nº de famílias sipradas: 329 (até 13/05/03)
2.3.9. Nº de famílias residentes no assentamento: 37
2.3.10. Natureza do assentamento: Agrícola/Agroextrativista.
2.3.11. Localização: O P. A. Nova Canaã fica localizado no Município de Porto Grande
/ AP, apresentando latitude 00º42’25’’ N e longitude 51º25’16’’ W, a uma altitude de 71
m.
 Distância da Capital do Estado (Macapá): 149 Km
 Distância do Assentamento à Sede do Município: 42 km

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2.3.12. Vias de Acesso:

 BR – 156: estende-se de Laranjal do Jarí ao Oiapoque, com cerca de 900 km,


dos quais aproximadamente 230 km são asfaltados correspondendo aos trechos
que ligam os Municípios Macapá a Tartarugalzinho. Esta rodovia é
importantíssima para o Estado do Amapá, porque interligará o eixo Macapá /
Guiana Francesa.
Percorre-se pela BR 156 cerca de 102 km no sentido Macapá / Porto Grande,
cujo trecho encontra-se totalmente asfaltado, após o que o percurso de acesso
ao P.A. Nova Canaã dá-se pela BR 210 - Perimetral Norte.

 BR – 210 (Perimetral Norte): liga os Municípios de Macapá e Serra do Navio,


passando pelos Municípios de Porto Grande e Pedra Branca do Amapari.
Considerando-se que o P. A. Nova Canaã está situado ha 42 km do Município
de Porto Grande, deve-se realizar tal percurso em estrada de terra e sem
manutenção regular, o que dificulta o acesso e escoamento da produção,
principalmente no período das chuvas intensas.

 Ramal Central do P. A. Nova Canaã, com aproximadamente 30 km de extensão.

 Vicinais do P. A. Nova Canaã: apenas possuem demarcações necessitando


serem abertas urgentemente.

 Estrada de Ferro do Amapá (E.F.A.): passa às proximidades da agrovila e serve


para transporte de pessoas e cargas. Possui uma parada planejada para
atender a população local. A E.F.A. parte do município de Santana com destino
ao município de Serra do Navio, passando pelos municípios de Macapá, Porto
Grande e Pedra Branca do Amapari.

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2.3.13. Perfil dos Agricultores Assentados:

O P. A Nova Canaã é constituído de agricultores familiares que sobrevivem


basicamente da exploração da mandioca e do extrativismo da madeira.
São oriundos dos Estados do Amapá, Pará, Ceará, Goiás, Piauí e Maranhão.
Os agricultores em sua maioria possuem baixa escolaridade e são detentores de
baixo conhecimento tecnológico.
Suas formas de trabalho baseiam-se nas práticas tradicionais de cultivo,
envolvendo broca, derrubada da floresta, queimada, aceiro, coivara e posteriormente o
plantio. Essa prática conhecida como agricultura itinerante tem como conseqüência à
exaustão dos solos e graves problemas ambientais, haja vista a necessidade de
preparo de novas áreas a cada três anos.

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III – CONDIÇÕES EDAFO-CLIMÁTICAS:

3.1. Relevo:
A área de localização do P. A. Nova Canaã é bastante irregular sendo
fortemente influenciada por Planaltos Residuais do Amapá, Depressão Periférica do
Norte do Pará e Colinas do Amapá.

 Planaltos Residuais do Amapá: é constituído por um conjunto de


maciços residuais topograficamente elevados que recebem localmente as
denominações de Serra do Ipitinga, Serra do Tumucumaque, Serra do
Iratapuru e Serra do Navio. Caracteriza-se por uma dissecação intensa
que originou um conjunto de picos e topos aplainados, que constituem os
testemunhos do Pediplano Pliocênico. As altitudes variam em torno de 45
a 500m.

 Depressão Periférica do Norte do Pará: esta unidade de relevo é um


prolongamento da faixa de circundesnudação pós-pleiocênica periférica à
bacia paleozóica do Amazonas. É caracterizada por colinas elaboradas
em rochas pré-cambrianas, ao nível do pediplano pleistocênico.

 Colinas do Amapá: esta unidade corresponde ao extenso pediplano


pleistocênico, englobando terrenos pré-cambrianos em sua maior parte e
uma faixa de terrenos sedimentares terciários. As altitudes variam em
torno de 150 m a 200 m, apresentando um declive regional na direção E
onde se observam cotas bem mais baixas. A dissecação fluvial do
pediplano originou formas em colinas com vales encaixados e
ravinamento nas vertentes.

3.2. Clima:

Segundo SUDAM (1995), no Município de Porto Grande ocorrem dois tipos de


climas: Ami e Awi. A predominância é do tipo Ami que ocorre em toda extensão centro
e oeste do município e na sua região centro-sul. O tipo Awi distribui-se na parte leste,
acompanhando a Estrada de Ferro do Amapá.

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Esses dois tipos climáticos apresentam as seguintes características:

 Ami: clima tropical chuvoso com período seco e temperatura média dos
meses nunca inferior a 18º C, constituindo habitat de vegetação
megatérmica e onde a oscilação anual de temperatura, de modo geral, é
sempre inferior a 5º C. É um clima quente sem verão ou inverno
estacional. O regime pluviométrico anual define uma estação
relativamente seca, porém com um total pluviométrico anual suficiente
para manter este período, ou seja, acima de 1.900 milímetros.

 Awi: clima tropical chuvoso com nítida estação seca, com temperatura
média nunca inferior a 18º C, constituindo habitat de vegetação
megatérmica e onde a oscilação anual de temperatura, de modo geral, é
sempre inferior a 5º C. É um clima quente sem verão ou inverno
estacional. Caracteriza-se por ter um regime pluviométrico anual de
relativamente elevado, ou seja, entre 1.300 e 1.900 mm, com nítida
estação seca.

Segundo FALESI (1999), o clima do Município de Porto Grande, conforme


classificação Koppen, pertence ao tipo climático Ami, o qual corresponde às estações
de clima quente e úmido. É caracterizado por precipitações muito elevadas (em torno
de 3.000 mm), cujo total anual compensa a ocorrência de uma estação seca,
permitindo a existência de florestas equatoriais, estas incluídas nas florestas tropicais
de Koppen. A temperatura local oscila entre 35,5º C e 22,0º C.
Conforme EMBRAPA (1997), em trabalhos realizados em uma área sob
influência dos Rios Araguari, Falsino e Tartarugal Grande, de acordo com a
classificação Koppen, a totalidade da área localiza-se na zona climática Ami,
caracterizada por alta precipitação pluviométrica, cujo total compensa a ocorrência de
uma estação seca e que permite a manutenção de floresta do tipo equatorial. As
temperaturas médias são de 27,3º C, com máximas de 29,9º C e mínimas de 24,2º C,
tendo por base os dados da estação meteorológica de Porto Platon. A precipitação total
anual é superior a 2.000 mm em Porto Platon e Serra do Navio, sendo o período de
estiagem o correspondente aos meses de setembro, outubro e novembro, com médias
mensais de 60 mm e variando entre 45 mm e 80 mm de chuva. Este clima caracteriza-

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se por chuvas do tipo monção, assemelhando-se ao tipo de clima Afi no regime de
temperatura e ao Awi no regime de chuvas.
O quadro abaixo fornece dados da estação meteorológica de Porto Platon,
período de 1984 a 1988.

TEMPERATURA ºC UMIDADE
MESES PRECIPTAÇÃO (mm)
MÁXIMA MÍNIMA RELATIVA (%)
Janeiro 30,1 21,50 89 242,4
Fevereiro 29,4 21,50 90 306,2
Março 28,1 21,90 91 317,4
Abril 28,7 21,40 83 382,5
Maio 28,4 21,60 90 517,3
Junho 29,9 21,20 89 175,6
Julho 20,9 20,60 89 200,4
Agosto 31,6 20,90 85 153,7
Setembro 33,0 20,40 87 132,6
Outubro 33,8 21,40 80 145,7
Novembro 32,0 21,50 84 54,5
Dezembro 29,2 21,10 86 -
MÉDIAS 29,59 21,28 -
TOTAL - - - 2.628,3
Fonte: Estação meteorológica de Porto Platon.

→ Umidade Relativa do Ar: apresenta-se bastante elevada, com média de


80%, podendo alcançar 91 % no inverno e 80 % no verão.
Na região é comum o “Fenômeno de Serração”, dificultando a visibilidade à noite
e às primeiras horas do amanhecer.

→ Índices Pluviométricos: flutuam na faixa de 2.500 mm a 3.000 mm ao ano.

→ Distribuição das Chuvas: a intensidade das chuvas determina duas


estações distintas denominadas inverno e verão.
a) Inverno: com predominância de chuvas intensas. Esse período inicia em
janeiro e perdura aproximadamente até junho.
b) Verão: é o período de estiagem ou de redução das chuvas, iniciando
teoricamente em julho, estendendo-se até dezembro.

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3.3. Solo:

3.3.1. Tipos de Solos:


Os solos do P. A. Nova Canaã encontram-se subdivididos em área de terra firme
e área de várzea.

a) Solos de Terra Firme:


→ Podzólico Vermelho Amarelo TB Álico A moderado, textura argilosa.
→ Latossolo Amarelo
→ Concrecionário Laterítico

b) Solos de Várzea: são solos que possuem lençóis freáticos altos e sofrem
diariamente a influência das marés.
→ Gley Pouco Húmico TA Eutrófico A moderado, textura muito argilosa

3.3.2. Características Físico-Químicas dos Solos:


A fim de verificar os atributos químicos e físicos, foram coletadas para análise
oito amostras de solo. Coletou-se solo em lotes nos ramais que fazem parte do
assentamento. O P. A. Nova Canaã se caracteriza por apresentar relevo plano a suave
ondulado, com vegetação do tipo campo cerrado.
A tabela 13 apresenta a identificação dos locais de coleta de amostras, com
suas coordenadas, relevo e vegetação predominante
.
Tabela 13. Identificação das amostras no P.A. Nova Canaã.
IDENTIFICAÇÃO
LOCAL COORDENADAS RELEVO VEGETAÇÃO/CULTURA
DA AMOSTRA
N00° 30’ 04,3” x
1 Ramal Ondulado Mandioca
W51° 38’ 45,7”
N00° 28’ 34,3” x
2 Ramal Suave Ondulado Pasto
W51° 38’ 09,8”
N00° 30’ 50,2” x
3 Ramal Ondulado Pimenta do reino
W51° 39’ 15,1”
N00° 32’ 06,7” x
4 Ramal Ondulado Mandioca
W51° 39’ 55,8”
N00° 32’ 53,3” x
5 Ramal Ondulado Pasto
W51° 40’ 19,8”
N00° 33’ 38,3” x
6 Ramal Ondulado Mandioca
W51° 40’ 54,5”
N00° 35’ 06,3” x
7 Ramal Ondulado Mandioca
W51° 41’ 30,5”
N00° 36’ 21,8” x
8 Ramal Plano Pupunha
W51° 42’ 09,2”

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Os resultados das análises químicas apresentadas na Tabela 14 indicam em
geral a baixa a media fertilidade dos solos, indicando a necessidade da utilização de
corretivos e adubação mineral e orgânica para viabilizar a produção agrícola.

Tabela 14. Análise química das amostras no P.A. Nova Canaã.


IDENTIFICAÇÃO
pH K+ Ca2++Mg2+ Al3+ H+ +Al3+ SB CTC V m P MO
DA AMOSTRA
(H2O) cmolc/dm3 % Mg/dm3 g/dm3
1 6,2 0,12 3,25 0,1 3,05 3,4 6,4 52 3 1 25
2 5,2 0,04 1,10 0,4 6,35 1,1 7,5 15 23 1 32
3 5,0 0,06 0,70 0,5 6,52 0,8 7,3 10 40 1 30
4 5,6 0,04 1,60 0,1 3,47 1,6 5,1 32 6 1 20
5 7,0 0,25 5,85 0,1 1,65 6,1 7,8 79 1 6 28
6 5,4 0,09 2,85 0,1 6,35 2,9 9,3 32 3 1 36
7 5,5 0,08 4,05 0,1 6,35 4,1 10,5 39 2 1 38
8 4,9 0,12 0,85 0,1 4,62 1,0 5,6 17 9 1 25

Quatro amostras apresentaram acidez média, sendo que duas amostras


apresentaram acidez elevada e duas acidez fraca. Seis amostras de solo apresentaram
baixa saturação por bases, uma apresentou saturação média e uma alta. Esse critério
indica o percentual do complexo de troca catiônica que é ocupado por bases (potássio,
cálcio e magnésio) e tem relação direta com o pH do solo. O comportamento para
saturação por alumínio foi semelhante a saturação por bases.
Os resultados demonstram que a soma de bases e os teores de cálcio e
magnésio apresentaram-se baixos em quatro amostras, médios em três e baixo em
uma amostra média. Esses resultados demonstram que seria necessária uma calagem
para a maioria das amostras.Todas as amostras apresentaram baixo teor de fósforo,
cinco apresentaram baixo teor de potássio e três teor médio, o que implica na prática
da adubação potássica e fosfatada para que se possa obter sucesso nos cultivos
desenvolvidos.
Cinco amostras apresentaram teores médios de matéria orgânica, enquanto que
o restante apresentou teores altos. Esse fato indica que os solos da região possuem
um razoável condicionamento físico-químico, sendo a matéria orgânica, de
fundamental importância para a estrutura do solo, fornecendo ao solo uma maior
agregação, além de melhorar as condições de fertilidade.

602064629.doc 13
Tabela 15. Análise granulométrica das amostras no P. A. Nova Canaã
AREIA AREIA
IDENTIFICAÇÃO DA SILTE ARGILA
FINA GROSSA CLASSIFICAÇÃO TEXTURAL
AMOSTRA
%
1 16 22 43 19 FRANCO ARENOSO
2 18 16 41 25 FRANCO ARGILO-ARENOSO
3 25 18 37 20 FRANCO ARGILO-ARENOSO
4 9 24 58 9 AREIA FRANCA
5 17 21 45 17 FRANCO ARENOSO
8 23 11 27 39 FRANCO ARGILOSO
9 16 14 53 17 FRANCO ARENOSO
10 14 16 46 24 FRANCO ARGILO-ARENOSO

A análise granulométrica demonstra a variação da textura do solo do


assentamento, que vai da classe argila a franco argiloso a areia franca, sendo
necessário o uso de praticas conservacionistas principalmente na região de relevo mais
acidentado onde o risco de erosão e maior.

IV - VEGETAÇÃO:

Como na maioria das áreas de floresta equatorial, a vegetação encontra-se


distribuída em áreas de terra firme, em áreas de várzeas.
Nas áreas de terra firme a disponibilidade natural de água é dos lençóis freáticos
ou por ação das chuvas e orvalho; nas áreas de várzeas as áreas sofrem ações diretas
das marés, enquanto que as áreas de igapós são áreas que vivem constantemente
inundadas.
A vegetação predominante está distribuída em floresta densa de terra firme,
floresta de várzea e vegetação de cerrado.

a) Vegetação predominante em área de terra firme:

As áreas de terra firme caracterizam-se por apresentar vegetais de grande porte,


sob os quais vegetam outros de médios e pequenos portes.
Entre as espécies vegetais destacam-se algumas por seus expressivos valores
econômicos, entre os quais citamos:

 Madeiras de Lei: Angelim, cumarú, ipê amarelo, ipê roxo, mandioqueira,


maçaranduba, acapú, quaruba, piquiá e louro.

602064629.doc 14
 Cipós: constituem-se importante fontes de matéria-prima para a
confecção de artesanatos. Entre os cipós disponíveis no local, utilizados
para fins comerciais estão: cipó titica, cipó cebolão, cipó ambé, cipó
timbó, cipó jacitara.

 Fitoterápicos: entre as espécies utilizadas na medicina popular


destacamos: copaíba, amapazeiro, pracaxi, preciosa, escada de jabuti,
andiroba, anoerá, barbatimão, jenipapo.

c) Vegetação predominante em área de várzea:


Entre a vegetação dos solos de várzeas destacamos a presença de pau-mulato,
açapu, pracaxi, virola/ucuúba, andiroba, taboca (utilizada em artesanato: móveis,
cestas, etc), táxi branco, breu, açaí,

d) Vegetação de Cerrado:
Predominam arbustos de até 4 metros de altura.

602064629.doc 15
V - RECURSOS HÍDRICOS:

O P A Nova Canaã possui várias nascente naturais, das quais o Grotão


constitui-se a nascente dos Rios Piaçacá e Piquiá, importantes afluentes dos Rios Vila
Nova e Matapi.

VI - CARACTERIZAÇÃO SOCIAL DA POPULAÇÃO RESIDENTE

6.1. Aspectos populacionais:

A ocupação territorial do Projeto de Assentamento Nova Canaã obedeceu ao


padrão normal de ocupação da Amazônia, ou seja, as propriedades estão distribuídas
nas margens dos cursos d’água e dos ramais, alguns dos quais existem na forma de
trilhas dificultando o acesso à residência e escoamento de produção. Chama a atenção,
o fato das famílias residirem na Vila Monte Sinai, situada em terreno privado, o que
dificulta as edificações de moradia e a implantação de infra-estrutura.

As observações no campo sobre a população residente no Assentamento Nova


Canaã mostram que a maioria das famílias cadastrada não mora em seus lotes, no
entanto dos produtores entrevistados cerca de 53,57% moram sozinhos na unidade
produtiva. Dentre as famílias que residem atualmente em Nova Canaã cerca de trinta
são assentadas e vinte são fundiárias.

A maioria dos assentados possui lotes aproximadamente ha cinco anos. Quanto


a sua origem por região, nota-se através dos dados na Tabela 1 que a maioria da
população é natural da região norte (79,25%), seguido pela região nordeste (18,87%) e
outras regiões (1,88%). Percebe-se também a maior presença de amapaenses, cerca
de 54,72%, apesar de existir a presença de paraenses (24,53%), maranhenses
(7,55%) e outros Estados (13,20%).

602064629.doc 16
Tabela 1 – Distribuição etária da população residente por naturalidade.
Participação Por Naturalidade (%)
Faixa Etária
Estado Regiões
(Anos)
Amapá Pará Norte Nordeste Outros Estados
0a6 7,55 - 7,55 - 0,94
7 a 14 18,87 1,89 20,75 0,94 -
15 a 25 16,98 5,66 22,64 - 1,89
26 a 35 5,66 2,83 8,49 - -
36 a 45 3,77 1,89 5,66 0,94 0,94
46 a 55 0,94 7,55 8,49 4,72 3,77
56 a 64 0,94 3,77 4,72 - 3,77
65 ou mais - 0,94 0,94 0,94 1,89
SUB-TOTAL
54,72 24,53 79,25 7,55 13,21
Fonte: Dados de campo (RURAP/2003)
Os resultados obtidos através da correlação entre os grupos de idade e
naturalidade das pessoas entrevistadas, indicam que nos grupos correspondentes de 0
a 35 anos de idade a maioria é amapaense, e nos grupos correspondentes a 36 ou
mais anos ocorre o inverso (Tabela 1). Este fato pode ser um indicador da ocupação
territorial da área estuda ser coerente com os processos migratórios do Estado.

Em relação à distribuição etária por sexo da população residente em Nova


Canaã mostrada na Tabela 2, percebe-se que a idade média é de 29 anos, e a maioria
da população, cerca de 54,72% encontra-se nos grupos de idade abaixo de 36 anos, o
que pode indicar uma população bastante jovem. Em relação ao comportamento
demográfico por gênero, nota-se que há um certo equilíbrio entre os sexos, pois o
masculino (54,7%) apresenta um valor percentual pequeno em relação ao feminino
(45,3%).

Tabela 2 – Distribuição etária da população residente por sexo.

Idade Média Faixa Freqüência Participação Por Sexo


Freqüência
da Etária Relativa
Relativa (%)
População (Anos) Acumulada (%) Homens (%) Mulheres (%)

0a6 8,49 8,49 5,66 2,83


7 a 14 21,70 30,19 9,43 12,26
15 a 25 24,53 54,72 15,09 9,43
26 a 35 8,49 63,21 2,83 5,66
29 anos 36 a 45 7,55 70,75 4,72 2,83
46 a 55 16,98 87,74 7,55 9,43
56 a 64 8,49 96,23 5,66 2,83
65 ou mais 3,77 100,00 3,77 -
TOTAL 100,00 - Média = 54,7 Média = 45,3
Fonte: Dados de campo (RURAP/2003)

602064629.doc 17
A equivalência entre os gêneros por grupo de idade na Tabela 2 mostra que no
intervalo de 15 a 25 anos de idade está presente cerca de 24,5% da população total do
assentamento de Nova Canaã, e também neste intervalo de idade há uma certa
preponderância do sexo masculino (67,5%).
Novamente em observância aos dados exibidos na Tabela 2 nota-se que os
grupos de 7 a 14 e 26 a 35 anos de idade são os únicos onde o número de pessoas do
sexo feminino é superior ao masculino.
Ainda referente a participação por sexo nos grupos de idade, percebe-se que os
dados mostrados na Figura 1, que os maiores grupos populacionais correspondem a
faixas etárias de jovens. Também se nota que no grupo de 46 a 55 anos, existe uma
pequena preponderância do sexo feminino em relação ao masculino, embora eles
sejam maioria no assentamento Nova Canaã (54,7%).

Figura 1: Composição de grupos de idade por sexo.

6.2. Nível de Escolaridade da População Residente:

Do total das pessoas pertencentes à famílias que possuem lotes no


Assentamento Nova Canaã, cerca de 10,1% é analfabeto e 20,2% apenas assina o
nome, totalizando cerca de 30% dos moradores com dificuldades de compreensão a
escrita. Este fato poderá influenciar no acesso e difusão de informações e adoção de
novos encaminhamentos para melhorar suas condições de vida.

602064629.doc 18
VII – CARACTERIZAÇÃO SOCIAL DO PRODUTOR:

7.1. Aspecto Populacional:

Dos produtores
entrevistados cerca de 53,57%
residem na unidade produtiva.
Quanto a investigação etária dos
produtores do assentamento
Nova Canaã evidenciou que a
idade média dos produtores é de 48
anos. De acordo com os dados
mostrados no Gráfico 3 percebe- se
Figura 3: Grupos de idade do produtor.
que o grupo de idade 51 a 60 anos apresentou maior percentual, e que somado ao
grupo de 51 anos ou mais representa a metade dos produtores.
Quanto ao gênero, a maior parte dos produtores é do sexo masculino (89,29%).
Em conformidade com a Tabela 5, pode-se dizer que do total de produtores
entrevistados do Assentamento Nova Canaã, aproximadamente 57,14% são nortistas,
32,14% nordestinos e 10,71% de outras regiões.

Tabela 5 – Naturalidade dos produtores.


Região Norte
Região Nordeste Outras regiões
Amapá Pará
21,43 35,71 32,14 10,71
Fonte: Dados de campo, RURAP/2003.

602064629.doc 19
7.2. Nível de escolaridade do Produtor:

A capacidade de discernimento e
tempo de compreensão das idéias e
concepções pode ser facilitada pelo nível de
educação formal, podendo proporcionar ao
indivíduo maior desenvoltura para constituir
sua opinião. Em média os produtores do
Figura 4: Gráfico de nível de escolaridade
assentamento Camaipi têm 2,04 anos de do produtor.

estudo. De acordo com os dados explicitados na Figura 4, aproximadamente 60,71 %


dos produtores de Nova Canaã tiveram acesso a instrução formal.

VIII – CONDIÇÕES SOCIAIS DAS FAMÍLIAS:

8.1. Composição Média das Famílias:


Uma família padrão do assentamento é constituída pelos pais e em média 6
(seis) filhos.

8.2. Habitação:
O Assentamento apresenta baixa densidade demográfica. Apenas 37 (trinta e
sete) famílias residem nos lotes, as demais residem em uma Vila denominada Monte
Sinais, situada à 1 km do ramal de acesso ao assentamento e cerca de 40 km da sede
municipal.
As casas são construídas em madeira e cobertas com telha de amianto. As
residências possuem tamanho padronizado de 6 m x 7 m ( 42 m 2), conforme normas
estabelecidas pelo INCRA/AP, para as residências confeccionadas com recursos do
crédito habitação.

602064629.doc 20
*Residência de Agricultor/P.A. Nova Canaã

O crédito habitação é um recurso liberado no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e


quinhentos reais), para construção de residências.
Apesar de ser um direito, apenas 55 famílias de assentados do P. A. Nova
Canaã receberam o benefício.
A maioria dos assentados do P. A. Nova Canaã residem fora da área do
assentamento, ou seja, 37 famílias residem nos próprios lotes, aproximadamente 50
famílias encontram-se residindo na Vila Monte Sinais, às margens da Rodovia
Perimetral Norte, os demais assentados residem na sede do Município de Porto
Grande e nos bairros periféricos dos Municípios de Santana e Macapá.
A referida vila é de propriedade particular e encontra-se parcialmente
estruturada. Possui posto de saúde, escola de ensino fundamental ( 1ª a 4ª séries),
energia elétrica 24 horas e sistema de captação, tratamento e distribuição de água em
fase adiantada de construção.
A Vila Monte Sinai também dispõe de templos religiosos e centro comunitário.

8.3. Alimentação:

Fazem parte do hábito alimentar dos assentados:


- Farinha de mandioca;
- Arroz;
- Feijão;
- Carne (bovina ou caça, cutia, paca, tatu, etc.)

602064629.doc 21
- Peixe: traira, jejú, aracú, etc.
- Camarão;
- Açaí;
- Bacaba;
- Charque;
- Hortaliças;
- Frutas: banana, abacaxi, etc.

8.4. Saúde:

8.4.1. Serviço Básico de Saúde:

A Vila Monte Sinais possui um posto de saúde, porém funcionando


precariamente por falta de profissionais qualificados e também por falta de materiais,
equipamentos e instrumentos hospitalares, incluindo a falta de medicamentos.

*Posto de Saúde

Os atendimentos médicos na vila ocorrem quinzenalmente.


As emergências são atendidas na Unidade Básica de Saúde do Município de
Porto Grande, distante 40 km da Agrovila Monte Sinais, de onde podem ser
encaminhados para Macapá.
Entre as principais doenças que acometem as famílias no P A Nova Canaã
destacam-se:

602064629.doc 22
→ Malária
→ Verminose
→ Gripes / Resfriados
→ Hepatite
→ Dengue
→ Picadas de Animais Peçonhentos: cobras, escorpiões, aranhas

8.4.2. Incidência de Malária e Leishmaniose:

Admite-se que os processos sociais influenciam na transmissão e controle das


doenças tropicais. Acrescenta-se ainda, que alem dos processos naturais, os processos
sociais também podem influenciar na intensidade e a distribuição destas doenças.
Desta forma, alem investigar “in loco” as características sócio-econômicas da
população residente do assentamento Nova Canaã, inquiriu-se sobre a ocorrência de
Malária e Leishmaniose constatando-se uma baixa freqüência entre os moradores
locais.
Entre as pessoas entrevistadas não foi registrado nenhum caso de Leishmaniose
e poucos de Malária (1,89%). O registro da ocorrência destas doenças deve-se
provavelmente ao fato do produtor morar, na maioria das vezes, sozinho no lote e sua
família geralmente mora na vila ou em outros locais com maior disponibilidade de
equipamentos sociais.

8.4.3. Transporte Hospitalar:

Sempre que se faz necessário a remoção de pessoas doentes do assentamento,


é feito contato telefônico com a Unidade Básica de Saúde do Município de Porto
Grande, que providencia a ambulância local para o atendimento emergencial solicitado.

8.4.4. Medidas Preventivas de Doenças, em prática no Assentamento:

602064629.doc 23
As famílias alegam não manterem atualizadas as vacinas de suas crianças, o
que pode acarretar riscos imensuráveis à população infantil. Avaliam-se como fatores
contribuintes a falta de esclarecimento à população e a inoperância dos órgãos de
saúde competentes.

8.5. Educação:

8.5.1. Nível de Escolaridade no P. A. Nova Canaã:

A Escola Estadual de Ensino Fundamental de Nova Canaã localizada na Vila


Monte Sinai atende em três turnos e disponibilizando ensino nas séries de 1 ª a 8ª a
comunidade de Nova Canaã. Apesar do prédio escolar possuir duas salas, biblioteca,
cozinha e banheiros; ele necessita de mais salas de aulas, pois existem alunos que
estudam em espaço improvisado em uma parte da cozinha.

Os alunos de ensino médio deslocam-se até sede do Município de Porto Grande


para terem suas necessidades básicas de educação supridas. Destacamos que a
distância entre a Vila Monte Sinais e a Sede do Município é de aproximadamente 40
km.

Do total das pessoas pertencentes à famílias que possuem lotes no


Assentamento Nova Canaã, cerca de 10,1% é analfabeto e 20,2% apenas assina o
nome, totalizando cerca de 30% dos moradores com dificuldades de compreensão a
escrita. Este fato poderá influenciar no acesso e difusão de informações e adoção de
novos encaminhamentos para melhorar suas condições de vida.

Dentre as famílias entrevistadas notou-se que a população em idade escolar (5 a


14 anos) em quase sua totalidade freqüenta escola. Na faixa etária (5 a 6 anos)
correspondente ao potencial populacional de educação infantil quase todos estão
estudando, cerca de 98%. Enquanto que no grupo de 7 a 14 anos de idade
aproximadamente 95,65% está freqüentando a sala de aula e 4,35% já freqüentou a
escola.

Considerando a população residente de sete anos ou mais de idade a média de


anos de estudo é 2,81 ano de estudo, está média é elevada para 3,23 anos de estudo,
quando se leva em conta somente o grupo de 15 anos ou mais de idade (Tabela 2).

602064629.doc 24
Também através dos dados mostrados na Tabela 3, percebe-se que 13,51% da
população é analfabeta. Nenhuma das pessoas entrevistadas estão freqüentando o
curso de alfabetização de adultos, dado que na escola local ainda não é oferecida esta
modalidade de ensino.

Tabela 3 – Nível de escolaridade da população de 15 ou mais anos de idade.


Alfabetizada Freqüentando
Média de
Analfabet sem Ensino Ensino
anos de Freqüentaram
estudo
a instrução Fundamental Médio
formal (*) (3ª a 8ª série) (1ª a 3ª ano)
3,23
13,51% 13,51% 13,51% 5,41% 54,06%
anos
Fonte: Dados de campo, RURAP/2003.
(*) População de 15 anos ou mais de idade capaz de assinar o nome, ler e escrever pequenos textos.

8.5.2. Escolas Existentes no P. A. Nova Canaã e Condições de


Funcionamento:

A Vila Monte Sinai possui duas escolas, o que equivale dizer que as escolas
estão situadas fora da área do assentamento:

a) Escola Municipal de Ensino Infantil do km 142, atendendo o seguinte


público escolar:
Pré- Escolar: 17 alunos
1ª Série: 17 (dezessete) alunos, sendo 10 (dez) homens; 07(sete) mulheres;
2ª Série: 23 (vinte e três) alunos, sendo 09 (nove) homens; 15 (quinze)
mulheres;
3ª Série: 03 (três) alunos, sendo 03 (três) mulheres;
4ª Série: 01 aluno, sendo 01 (uma) mulher.

602064629.doc 25
*Escola Estadual Francisco Manoel dos Santos

b) Escola Estadual Francisco Manoel dos Santos, que atende de 2ª a 8ª


séries de ensino fundamental.

8.5.3. Transporte Escolar:


Os estudantes não dispõem de transporte escolar. Os que residem no
assentamento caminham quilômetros para vencerem a distância que os separa da
escola.

8.6. Saneamento Básico:

a) Água Tratada:

A Vila Monte Sinai, onde reside a maioria das famílias, dispõe de um sistema de
captação, tratamento e distribuição de água, que se encontra em fase de construção. É
constituído de poço artesiano, caixa d’água e bomba elétrica.

602064629.doc 26
*Sistema Isolado de Captação de Água

Atualmente as famílias consomem água de poço amazonas, a qual é adicionado


hipoclorito de sódio.

b) Esgoto Sanitário:

A Comunidade não dispõe de rede de esgoto. Suas necessidades fisiológicas


são satisfeitas em privas (casinha com buraco no solo), construídas nos fundos dos
quintais das residências. Contudo, a maioria utiliza-se da mata para proteger-se e
suprir suas necessidades básicas.

8.7. Transporte:

Os principais meios de transportes utilizados no P. A Nova Canaã são bicicletas,


motocicletas e o trem uma vez por semana.
O escoamento da produção é bastante rudimentar: a maioria dos produtos ainda
é deslocada nas costas do produtor ou em carrinhos-de-mão, haja vista que o
assentamento dispõe unicamente do ramal central, estando pendente a abertura de
vicinais, cujo acesso aos lotes é feito por trilhas.

602064629.doc 27
8.8. Vias de Acesso:

Para se chegar ao P. A. Nova Canaã percorre-se rodovias (BR 156, BR 210 –


Perimetral Norte), ramais (ramal central do assentamento) e trilhas (marcos referenciais
das futuras vicinais). Parte do trecho também pode ser coberto pela Estrada de Ferro
do Amapá - EFA.

a) Vias de Acesso Terrestre:

→ BR 156 – Jari/Oiapoque: partindo de Macapá até o Município de Porto


Grande, cobrindo um trecho de 107 km. A BR 156 encontra-se totalmente asfaltada no
referido perímetro.

→ BR 210 - Rodovia Perimetral Norte: estende-se do Município de Macapá


até o Município de Serra do Navio, passando pelos Municípios de Porto Grande e
Pedra Branca do Amapari.
Da sede do Município de Porto Grande até a entrada do ramal do P. A. Nova
Canaã possui 40 km de extensão. O trecho não é asfaltado e no período das chuvas
formam-se muitos atoleiros dificultando o tráfego de veículos.

(*) Ramal Central

602064629.doc 28
→ Ramal Central do Assentamento: atualmente é a única via de acesso aos
lotes do assentamento. Possui muitas ladeiras e torna-se escorregadio no período
chuvoso, permitindo apenas o tráfego de veículos com tração 4 x 4.

→ Vicinais: o projeto contempla a abertura de 7 (sete) vicinais, as quais


dispõem até o momento, apenas de marcos referenciais, prejudicando a ocupação e
exploração dos lotes.

→Estrada de Ferro do Amapá – EFA:


Possui 194 km de extensão, ligando os Municípios de Santana e Serra do Navio,
passando pelos Municípios de Macapá Porto Grande e Pedra Branca do Amapari. O
acesso ao P. A. Nova Canaã é facilitado por uma parada obrigatória no quilômetro 142,
onde fica a Vila Monte Sinai, maior referência habitacional dos assentados.

(*) Estrada de Ferro do Amapá –E.F.A.

602064629.doc 29
IX – CONDIÇÕES ECONÔMICAS DAS FAMÍLIAS:

9.1. População Envolvida na Unidade Produtiva:

Inúmeros fatores limitam o desenvolvimento de ações voltadas à transferência


de tecnologia ao meio rural, acarretando no emprego de técnicas rudimentar por parte
de nossos agricultores, vinculando a produtividade agrícola, somente ao esforço
desprendido pela mão-de-obra familiar. Nesse caso, a intensidade da ocupação da
mão-de-obra dos membros da família na unidade produtiva deverá influenciar no
volume da produção.
Do total da população residente no assentamento Nova Canaã,
aproximadamente 44,3% trabalham, sendo que 33,9% estão ocupados com as
atividades agrícolas nas unidades produtivas.
Segundo os dados explicitados na Tabela 4, nota-se que aproximadamente
31,25% das famílias proprietária dos lotes tem como ocupação exclusiva o trabalho em
suas roças. Nota-se também que, o grupo populacional de adultos (46 a 55 anos) tem o
maior envolvimento (9,38%) no trabalho rural na unidade produtiva. Apesar de poucas
famílias residirem nos lotes, parte das crianças e adolescente (7 a 14 anos) no
assentamento Nova Canaã, além de estudarem cerca de 1,04% contribuem na força
produtiva familiar.

Tabela 4 – Participação das pessoas ocupadas por grupos de idade.

Envolvimento na unidade produtiva


Trabalha fora
(%) Outras
da unidade
Faixa atividades TOTAL
Dona de produtiva
etária Estuda e (%)
Trabalha casa e (%)
trabalha
trabalha
7 a 14 - 1,04 - - 22,92 23,96
15 a 25 4,17 - 1,04 5,21 15,63 26,04
26 a 35 3,13 - 2,08 - 4,17 9,38
36 a 45 3,13 - - 3,13 2,08 8,33
46 a 55 9,38 - 2,08 2,08 5,21 18,75
56 a 64 8,33 - - - 1,04 9,38
65 ou mais 3,13 - - 1,04 - 4,17
TOTAL 31,25 1,04 5,21 11,46 51,04 100,00
Fonte: Dados de campo (RURAP/2003)

602064629.doc 30
9.2. Estrutura da Renda Familiar:

A estrutura de renda das famílias assentadas compreende os rendimentos


auferidos no exercício de 2002, decorrentes de atividades agrícolas, extrativistas e
outras consideradas não-agrícolas, como venda de mão-de-obra, pensão,
aposentadoria, etc (Tabela 5).
Em parte, a composição de renda retrata o estado de uma agricultura marcada
por dependências múltiplas, onde o assentado ainda convive com estreita dependência
de outras fontes de renda. Isso é claramente percebido pela participação de 39,60 %
da renda não agrícola no conjunto da renda familiar, o que se destaca das demais
componentes, sendo inclusive superior ao próprio percentual da base produtiva
agrícola.

Tabela 5 – Composição da Renda Familiar


Indicadores
Valores

Renda Bruta Familiar


4.059,55
/Ano em reais (R$)
Atividades agrícolas 34,32 %
Extrativismo
26,08 %
Atividades não- 39,60 %
Agrícolas

Na composição da renda proveniente da atividade agrícola, cujo percentual


corresponde a 34,32 % da renda familiar (Tabela 6), o destaque é dado à farinha de
mandioca (15,85%), e em menores proporções aos produtos batata doce (7,05%) e
macaxeira (5,19%), etc.
Dos produtos extrativos, cuja contribuição percentual para a formação da
renda bruta familiar é de 26,08%, destacam-se a exploração da madeira e carvão
(15,61%).

602064629.doc 31
Tabela 6 - Contribuição dos produtos do extrativismo, agrícolas e não agrícola na
formação da renda bruta familiar em percentual. – Projeto de Assentamento Nova
Canaã.
Participação do Participação Participação de outras rendas
extrativismo agrícola
Itens (%) Itens (%) Itens (%)
Madeira e 15,61 Farinha de 15,85 Venda de mão-de-obra 12,80
carvão mandioca
Açaí 5,26 Batata 7,05 Renda de auxílio social 16,10
doce
Outros 5,21 Macaxeira 5,19 Outras (aposentadoria 10,73
produtos Outros 6,23 e/ou pensão etc.)
produtos
Total 26,08 Total 34,32 Total 39,60

No intuito de clarificar ou mesmo de entender a realidade do assentamento,


em particular no que diz respeito à composição da renda bruta familiar, tem-se a
considerar: em primeiro lugar, o reduzido tempo de implantação do assentamento
não possibilita maiores rendimentos da família do assentado, o que o leva a buscar
outras atividades complementares, embora alguns assentados já tivessem vínculos
passados com seus atuais lotes. A segunda questão diz respeito ao ingresso de
novos assentados, que dependem de outras receitas para manter-se até a
consolidação de suas atividades produtivas decorrente do uso da terra. Por fim,
outras interpretações podem ser feitas, mas em quaisquer circunstâncias não se
tratará de questões isoladas, todas decorrem da frágil estrutura que acerca o sistema
produtivo como um todo.

X. ATIVIDADES ECONÔMICAS DO P. A. NOVA CANAÃ:

10.1. Extrativismo:
No P. A. Nova Canaã, o extrativismo participa com 26,08% das atividades
econômicas praticadas pelos assentados. Entre os principais produtos oriundos do
extrativismo destacam-se:

602064629.doc 32
10.1.1. Extração de Madeira:
A exploração de madeira é feita diariamente no assentamento. A
comercialização dá-se entre os proprietários dos lotes e atravessadores que fazem a
aquisição das árvores em pé, sendo o preço por unidade, variável de R$ 25,00 a R$
30,00. Os atravessadores repassam a madeira em metro cúbico, para as serrarias de
Porto Grande, Macapá e Santana. O metro cúbico da madeira de lei atinge no mercado
preços variáveis de R$ 80,00 a R$ 150,00, dependendo da espécie.
Às proximidades do assentamento encontram-se instaladas uma serraria e uma
movelaria, ambas fazendo aquisição de madeiras extraídas do P. A. Nova Canaã.
Os exploradores de madeira utilizam-se de moto-serra para derrubar as árvores
e tratores skid, para arrastarem as toras da floresta até as estradas e ramais que
permitam acesso de caminhões que realizam o transporte até o destino final.

10.1.2. Carvão Vegetal:


O carvão é um outro produto e origem vegetal bastante trabalhado pela
população local.
O carvão é produzido de forma rudimentar em “caieiras” (buraco no chão
coberto por terra), sendo comercializado em lata e em saco; o preço da lata é de R$
1,00 (um real) e o da saca é de R$ 5,00 (cinco reais).
Apesar de proibida na área de reforma agrária, a produção de carvão encontra-
se amplamente difundida nos Assentamentos do Estado do Amapá.

10.1.3. Caça:
Voltada basicamente ao autoconsumo (alimentação da família). Entre os
principais alvos, por fazerem parte do hábito alimentar dos assentados citamos: paca,
cutia, queixada, anta, veado, tatu, macacos, etc.
Há no assentamento captura e comercialização ilegal de pássaros como bicudo,
curió e coleira.
Outra prática no assentamento é a caça predatória para fins comerciais,
considerando-se que a carne de caça é bastante apreciada e possui mercado
clandestino atuante nos dois principais centros consumidores do Estado, os municípios
de Macapá e Santana.
As caçadas são realizadas de dia e de noite. Os equipamentos utilizados são
armas de fogo (espingarda); cachorro (para farejamento e localização da presa);

602064629.doc 33
machado e terçado. É comum também na região, a “caçada de espera”, onde o
caçador monta um tripé (mutá) para aguardar a caça que virá alimentar-se ou beber
água nas proximidades, tornando-se alvos fáceis.

10.2. Agricultura:

O P. A. Nova Canaã possui sérias restrições à produção agrícola local, que vão
desde o baixo nível tecnológico empregado, o limitado acesso ao crédito rural, a falta
de assistência técnica consistente e as dificuldades de escoamento.
Entretanto, no assentamento encontramos implantadas as seguintes culturas:

→ Mandioca:
Ocupa uma área plantada de 100,00 hectares. É a cultura mais expressiva do
assentamento, entretanto, a forma rudimentar de cultivo permite baixos rendimentos:
10 toneladas de raiz/hectare, o que permite um rendimento de 03 toneladas de farinha,
principal subproduto para fins comerciais.
Para aumentar o cultivo da mandioca, é necessário investir em projetos pilotos,
destacando-se:
1. Cultivo mecanizado.
2. Correção e fertilização de solo.
3. Introdução de cultivares/variedades melhorada para a indústria.
4. Instalação de casas de farinha comunitárias (artesanal e industrial).

→ Pimenta-do-Reino:
Existem no P. A. Nova Canaã 05 projetos de Pimenta-do-Reino implantados,
totalizando 05 hectares, os quais são frutos de projetos financiados via PRONAF.

602064629.doc 34
*Plantio de Pimenta-do-Reiano (Projeto financiado FNO-PRORURAL).

A cultura encontra-se no primeiro ano de produção e apresentou rendimentos de


1 kg/planta, totalizando 1 tonelada de grãos por hectare.
Os resultados são promissores, porém necessitam de maiores investimentos em
irrigação, adubação de restituição, colheita, beneficiamento e armazenamento.
O preço da Pimenta-do-Reino no Estado do Amapá, variou, nos últimos 6
meses, de R$ 3,00 (três reais) a R$ 5,00 (cinco reais).

→ Cupuaçú:
É uma cultura que se adapta bem às condições locais. Encontra-se introduzida e
em fase de expansão. São 60 produtores cultivando cupuaçú, em uma área de 15
hectares.
Nos mercados de Macapá e Santana, o preço do quilo da polpa de cupuaçú é
comercializado por R$9,50.
O cupuaçú apresenta como vantagens a boa aceitação de mercado e a
resistência a transporte (produto in natura).

→ Côco:

602064629.doc 35
Existem demandas para financiamento da cultura de Côco Anão, contudo ainda
sem aprovação do agente financeiro e por restrições de mudas no Estado.
Ë uma cultura viável, desde que trabalhada com técnicas adequadas de cultivo.

*Plantio de Côco

→ Pupunha:
É uma cultura que está presente em alguns lotes e vem se mostrando bastante
promissora. Os produtores optaram por pupunha para frutos, levando em consideração
a receptividade e o preço de mercado que paga de R$2,00 a R$3,00 por quilo do
produto.

10.3. Pecuária:
Observa-se na área do assentamento, apenas criação doméstica de pato e
galinha.
Em área fundiária vizinha, há a criação em pequena escala de bovinos.
Contudo, na área de assentamento, a pecuária deve ser voltada aos pequenos
animais entre os quais destacamos:
- Suínos.
- Abelha.
- Galinha caipira.
- Ovinos.
- Caprinos.

602064629.doc 36
*Criação Extensiva de Pequenos Animais

Para tanto, deve-se primeiramente estruturar as propriedades e procurar uma


alimentação alternativa local, sem a qual torna-se inviável qualquer projeto.

XI – ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO:

É um dos pontos de estrangulamento a ser vencido haja vista tratar-se de


terreno montanhoso, dispondo apenas do ramal central. As oito vicinais previstas não
foram abertas.
Para facilitar o trabalho, as casas de farinha artesanais são instaladas próximas
as roças de mandioca, minimizando os problemas de transporte.
É comum no P. A. Nova Canaã, pessoas transportando produtos ensacados nas
próprias costas e em bicicletas.
Os produtores também utilizam transporte ferroviário, apesar de precariedade do
trem e da estrada de ferro.
A madeira é transportada de caminhão diariamente para diversos pontos do
Estado, principalmente para as madeireiras instaladas em Macapá.
Destacamos que a dificuldade de acesso aos lotes das vicinais contribui para a
redução das áreas trabalhadas.

XII – BENEFICIAMENTO:

602064629.doc 37
Apenas a mandioca é submetida ao processo artesanal de beneficiamento em
farinha, principal subproduto de comercialização. Do processamento também são
obtidos farinha de tapioca, tucupi e amido, ambos com aceitação comercial.
A madeira sai do assentamento em toras. Os demais produtos, constituídos
basicamente de frutas, são comercializados “in natura”

*Produção Artesanal de Farinha de Mandioca

XIII – COMERCIALIZAÇÃO:

Os principais locais de comercialização dos produtos agrícolas do P. A. Nova


Canaã são as feiras de produtores dos municípios de Porto Grande, Macapá e
Santana.
É comum ao longo da Rodovia Perimetral Norte, a existência de barracos onde
são expostos produtos para aquisição dos transeuntes.
A madeira é comercializada nos próprios lotes por seus “posseiros/proprietários”,
porém seu destino final potencial é o município de Macapá.

602064629.doc 38
*Escoamento da Produção (espera de transporte p/ a feira)

XIV – NÍVEL DE ORGANIZAÇÃO DOS PRODUTORES:

O nível de organização formal dos assentados é bastante limitado; há


desentendimentos entre a diretoria e os associados, o que faz com que no P. A. Nova
Canaã existam duas associações com objetivos similares.
Contudo, no Município de Porto Grande existem cooperativas e sindicatos de
trabalhadores rurais, cuja amplitude e benefícios se estendem aos produtores
assentados.
Entre as principais entidades destacamos:

14.1. Associações:

→ Associação dos Produtores do Assentamento Nova Canaã - APANC


→ Associação dos Agricultores do Assentamento Nova Canaã – AANC

602064629.doc 39
*Centro Comunitário

14.2. Cooperativas:

→ Cooperativa Mista dos Produtores do Município de Porto Grande –


COOPG, fundada em 02/05/94.
Na maioria das vezes, as associações e cooperativas foram formalizadas para
atender exigências das linhas de créditos oficiais vigentes. Após o alcance dos
objetivos ou na frustração destes, a tendência tem sido o afastamento dos sócios, haja
vista as dificuldades de manter liderança em grupos com interesses distintos, bem
como, pelo baixo nível de compreensão dos associados, sobre o que é e como deve
funcionar as entidades formais e qual o papel a ser cumprido por cada um de seus
membros.
Como toda organização, a associação foi basicamente constituída para atender
exigências dos agentes financeiros para liberação de crédito.
O nível de consciência dos produtores e sua natureza individualista, até pelo
isolamento que a condição dos lotes os mantém, fazem com que, após a constituição
os sócios se afastem ficando as atribuições ao encargo da diretoria.
A diretoria por sua vez, quase sempre deixa lado os interesses coletivos para
tratar dos interesses individuais.

602064629.doc 40
Esses são alguns fatos que ocorrem nas associações e cooperativas, causando
brigas e desarticulando a agregação que deveria existir na busca das soluções de
problemas da comunidade.
As associações e cooperativas são formas de organização necessárias, mas
que necessitam da capacitação de seus membros para se fortalecerem.
Neste sentido, a capacitação dos Assentados sobre tipos de entidades, formas
de gestão e importância das organizações formais, são imprescindíveis ao
fortalecimento das entidades e ao cumprimento dos objetivos propostos.

14.3. Federações:

→ Federação dos Trabalhadores da Agricultura – FETAGRI, em fase de


implantação mas vem se mostrando bastante receptiva aos diversos produtores.

14.4. Sindicatos:

→ Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Município de


Porto Grande, encontra-se devidamente formalizado e estruturado no Município. A
participação dos produtores é de livre acesso, contudo o número de filiados ainda é
bastante modesto.

XV – POTENCIALIDADES LOCAIS, PROBLEMAS E SOLUÇÕES NA VISÃO DOS


ASSENTADOS:

15.1. Metodologia Utilizada:

Para o processo de investigação das potencialidades locais, problemas e


solução vivenciada pelos assentados, foi realizado um seminário onde houve trabalho
de grupo com o emprego da técnica metaplan (tarjetas), visando a maior participação
dos produtores e familiares.

602064629.doc 41
Contudo, antecedendo a fase do seminário, diversas etapas foram cumpridas
visando subsidiar o referido plano, cujo detalhamento passamos a emitir.

A - COMPOSIÇÃO DAS EQUIPES:

Tivemos o cuidado de compor uma equipe interinstitucional, para fins de


otimização dos resultados. As instituições parceiras, os profissionais envolvidos e as
respectivas atribuições constam na planilha abaixo.
EQUIPE ATRIBUIÇÕES COMPONENTE(S) CARGO/ INSTITUI-
FUNÇÃO ÇÃO
I Coordenação Ismael F. C. Braga. Engº Agrônomo RURAP
Geral
II Mobilização / Ismael F. C. Braga Engº Agrônomo RURAP
Cadastro / Antônio F. A. Almeida Engº Agrônomo RURAP
Instrutor do José Alves de L. Neto Engº Agrônomo RURAP
Seminário / Mª Socorro B. Carvalho Engª Agrônoma RURAP
Relator Vanderlei S. Amanajás Engº Agrônomo RURAP
Carlos Napoleão R. Garcia Méd. Veterinário RURAP
Antônio Ramos Maciel Téc. Agropecuária RURAP
Gilberto da S. Oliveira Téc. Agropecuária RURAP
Florisvaldo Dias Perna Ag. Administrativo RURAP
III Levantamento de Nagib Jorge Melém Engº Agrônomo EMBRAPA
Solos e Rui R. Albuquerque. Engº Agrônomo RURAP
Revestimento
Florístico
IV Cartografia e Jefferson Luiz S. da Silva Técnico em SEAF
Geoprocessament Agrimensura
o
V Investigação Aristóteles V. Fernandes. Economista IEPA
Sócio-Econômica Josiane do Socorro Aguiar Geógrafa IEPA
de Souza.
José Pery dos A. L. Júnior. Pesquisador IEPA

B – TRABALHO DE CAMPO:

a) Mobilização dos Produtores:


A mobilização dos produtores ficou sob responsabilidade dos técnicos da Sede
Local de Porto Grande, responsável pela prestação de serviços de assistência técnica
e extensão rural na área do Assentamento Nova Canaã.

602064629.doc 42
Foram distribuídos convites individuais e houve também mobilização via rádio,
por ser um veículo de longo alcance.
Durante o processo de mobilização os produtores foram alertados da
importância de suas participações na elaboração do Plano de Desenvolvimento do
Assentamento - PDA, levando-se em consideração os benefícios que o referido plano
traria para si e suas famílias.

b) Realização de Cadastro de Produtores:


O cadastro de produtores tem 02 (dois) objetivos básicos:
1 – Identificar os produtores e suas famílias;
2 – Saber o número de produtores que residem em seus respectivos lotes.
No cadastro também constam dados econômicos importantes na identificação
das atividades mais comuns na área do assentamento.

c) Retirada de Amostra de Solo para Análise:

Atividade ímpar para identificar a aptidão agrícola dos solos locais. Esse
trabalho foi feito através da retirada de amostras de solo de diversos lotes e
aleatoriamente ao longo da área de entorno do assentamento, visando a análise em
laboratório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA/AP.
O objetivo dessa atividade é identificar as culturas que melhor se adaptam às
condições de solo local.

d) Análise do Revestimento Florístico:


Cujo objetivo é identificar a vegetação espontânea da região, e mapear as que
representam importância econômica na vida dos assentados. Esse processo foi
realizado através de entrevistas com os produtores.

e) Geoprocessamento:
O mapeamento da área deu-se através do uso de GPS, marcando-se
coordenadas georeferenciadas, para instrumentalizar a confecção dos mapas contidos
no texto.

602064629.doc 43
f) Realização do Seminário:
O seminário deu-se no dia 27/09/2003, e teve por objetivo identificar as
potencialidades locais, problemas e soluções na visão dos assentados, nos contextos
social, econômico, cultural e ambiental.
Foram desenvolvidos trabalhos de grupos, onde cada grupo trabalhou um dos
contextos.
Para fins de motivar a participação de todos, foi utilizada a “técnica Metaplan ou
das Tarjetas”.
Após a conclusão dos trabalhos de grupo, os produtos gerados foram expostos
a plenária que tinha então a oportunidade de incluir, alterar ou homologar os trabalhos
apresentados, cujos resultados obtidos, são abaixo apresentados.

602064629.doc 44
15.1.2. Resultados Alcançados no Seminário:

15.1.2.1. Dimensão Social:


Potencialidades Problemas Soluções
- Madeira de lei; -Falta de escola; -Construção de escola
-Falta de posto de saúde e (INCRA/GEA);
- Cipó titica; ambulância; -Construção de posto de
-Falta de segurança; saúde (INCRA/GEA);
- Rios e Igarapés; -Falta de energia elétrica; -Construção de uma guarita
-Falta de comunicação com policiamento;
-Grande nº de assentados; (telefone); -Instalação de redes de
-Falta de transporte para os eletrificação rural
-Ervas medicinais; assentados e para (INCRA/GEA);
escoamento da produção; -Instalação de telefones
-Caça; -Educação para jovens e públicos (INCRA/ANATEL);
adultos e ensino médio; -Transporte p/ escoamento da
-Produção de arroz e -Falta de organização rural; produção (Convênio SEAF);
mandioca; -Falta de igreja no -Transporte escolar via
assentamento; convênio INCRA/SEED;
-Cachoeiras; -Falta de creche; -Maior união dos assentados
-Falta de centro p/ solucionar os problemas;
-Existência de artesãos na comunitário; -Falta de igrejas – organização
comunidade. -Falta de transporte escolar. das denominações para
construção (INCRA).
-Construção de uma creche
(GEA/Comunidade);
-Construção de centro
comunitário (GEA ou PMPG);
-Aquisição ou contratação de
transporte escolar.

602064629.doc 45
15.1.2.2. Dimensão Econômica:

Potencialidades Problemas Soluções


-Estrada de rodagem: -Falta de demarcação dos -INCRA demarcar lotes;
Perimetral Norte; lotes; -Abertura e conservação de
-Estrada de Ferro; -Falta de estradas e ramais; estradas e ramais;
-Produção de mandioca, -Falta de transporte de -Transporte adequado do
arroz e frutas; produtos e passageiros; local de produção até o local
-Mão-de-obra familiar; -Falta de energia; de transporte (Trem);
-Grande quantidade de -Falta de crédito; -Instalação de energia de
madeiras nobres; -Falta de ATER; qualidade – estrada principal
-Cipó: titica, cebolão, timbó, -Falta de organização rural; e ramais;
ambé, guarumã, taboca; -Falta de agroindústria; -Aumento do teto de crédito;
-Ecoturismo: cachoeiras, -Falta de garantia de -ATER permanente com
trilhas, montanhas; comercialização; estrutura adequada de
-Grande quantidade de ervas -Falta de aproveitamento de trabalho;
fitoterápicas; madeira e cipó; -Promover a organização
-Grande quantidade de -Falta de qualificação. social sem muita burocracia:
animais silvestres. Mutirão;
-Projeto de piscicultura,
pecuária (grandes e
pequenos animais) e
agrícolas;
-Usina para beneficia-mento
de arroz;
-Fábrica de farinha
mecanizada;
-Despolpadeira de frutas;
-CEASA no Porto Grande;
-Projeto de manejo florestal;
-Projeto manejo de animais
silvestres;
-Instalação de movelarias e
oficinas de artesanatos;
-Programa de capacitação
dos produtores.

602064629.doc 46
15.1.2.3. Dimensão Cultural:

Potencialidades Problemas Soluções


-Adeptos, matéria-prima e -Inexistência de igreja -Construção de uma igreja
mão-de-obra; católica; católica (GEA/Comunidade);
- Matéria-prima; mão-de- -Falta de estrutura do -Reestruturação do centro
obra, instituições; centro comunitário para comunitário e construção de outro
-22 famílias morando no promoção de eventos no assentamento
assentamento; culturais; (INCRFA/GEA/Comunidade);
-Plantio significativo de -Falta de atividades -Reforma do templo evangélico na
arroz; esportivas para jovens e vila e construção de um templo no
-Nº de assentados; assentados; assentamento;
-Existência de 02 escolas -Templo evangélico em -Criação da agrovila no
com 117 alunos; mal estado de assentamento (Governo
-Brincantes esportivos; conservação; Federal/INCRA);
-Local para o campo de -Falta agrovila no -Comemoração de datas cívicas
futebol; assentamento; nas escolas (SEED/PMPG);
-Mão-de-obra para a Falta de centro comunitário -Criação de uma data para o
construção do campo de no assentamento; Festival da Mandioca (mês de
futebol. Falta de comemorações de Novembro);
datas cívicas/religiosas; -Criação de uma data para o
Falta de uma data Festival do Arroz (mês de Julho).
comemorativa para as
culturas de arroz e
mandioca.

602064629.doc 47
15.1.2.4. Dimensão Ambiental:

Potencialidades Problemas Soluções


-Madeira de lei: Angelim, -Falta de aproveitamento de - Realizar o inventário
Cumarú, Ipê, Mandioqueira, madeira das roças; florestal da área de roça;
Maçaranduba, Acapú, -Desmatamento da mata ciliar -Autorização do IBAMA para
Quaruba, Piquiá, Louro; (margens dos rios e grotões); aproveitamento da madeira;
-Grotão: nascente do rio -Extração predatória de -Preservação e recuperação
Piaçacá e Piquiá; madeira; da mata ciliar;
-Pequenos nascentes; -Caça predatória; -Educação ambiental aos
-Animais silvestres; -Agricultura tradicional assentados;
-Agricultura Familiar (derruba/queima); -Manejo florestal;
-Atividade agropecuária; -Autorização tardia para o -Fiscalização ambiental nos
-P. A. Nova Canaã: em torno desmatamento; lotes;
de 200 famílias; -Falta de licenciamento -Demarcação dos lotes;
-Cipós: titica, cebolão, etc. ambiental do assentamento; -Criação de animais
-Suspensão, por força de lei, silvestres;
da extração de cipó na -Mecanização agrícola;
região. -Criação de pequenos
animais: peixe, suínos, aves,
ovinos, caprinos;
-Assistência técnica atuante;
-Autorização do
desmatamento no período de
abril a setembro;
-Elaboração de estudos para
licenciamento ambiental, em
caráter de urgência;
-Cursos de artesanato aos
assentados;
-Oficina comunitária de
artesanato;
-Extração racional e
manejada de cipós para fins
de comercialização.

602064629.doc 48
XVI – PARECER TÉCNICO:

“Possibilidades e Perspectivas do P. A. Nova Canaã”

O P. A. Nova Canaã apresenta predominantemente potencial para o


extrativismo, em virtude da quantidade de madeiras nobres do local.
Contudo, o assentamento necessita com urgência de uma atividade econômica
mais consistente e que possibilite a fixação das famílias nos lotes. Sob essa ótica, os
sistemas agroflorestais/agrossilvopastoris constituem-se alternativas de produção local,
oportunizando a geração de renda do assentamento.
Na área fundiária que faz limite com a área de assentamento, começam a
instalar-se pequenas fazendas de criação de bovino, que segundo criadores é uma
alternativa promissora, mesmo com as baixas tecnologias empregadas.

16.1. Atividades Econômicas Potenciais:

Entre as atividades potenciais a serem implementadas destacamos:

16.1.1. Extrativismo: nesta área destacamos a exploração de:


1. Madeiras: para a extração racional de madeira sugerimos:
- Realização de inventário florestal do assentamento;
- Instalação de Projeto de Manejo Florestal Comunitário;
- Instalação de Serraria Comunitária;
- Instalação de movelaria comunitária;
- Instalação de um centro de produção de artefatos de madeira.

2. Espécies Fitoterápicas: tendo como projetos prioritários:


- Extração Racional;
- Projetos de Cultivo de Plantas Medicinais.

3. Cipós: entre os projetos viáveis destacamos:


- Extração manejada;
- Capacitação da mão-de-obra local na confecção de artesanatos;
- Construção de um centro comunitário de produção artesanal.

602064629.doc 49
16.1.2. Agricultura:

Conforme análise e interpretação das amostras de solo e da demanda de


mercado, o assentamento apresenta viabilidades para o cultivo de:

→ Mandioca: o cultivo deve ser tecnificado, visando maior produtividade e


melhor renda ao produtor.
Entre os projetos estratégicos para a cultura da mandioca destacamos:
1. Mecanização agrícola;
2. Correção e fertilização de solos;
3. Introdução de materiais geneticamente melhorados para a indústria.
4. Instalação de agroindústrias comunitárias (artesanal e industrial).

→ Pimenta do Reino: já há experiências de cultivo de pimenta do reino no


assentamento, contudo requer linhas de crédito para instalação do pimental, haja vista
os custos de implantação da cultura.

→ Fruticultura: a fruticultura local encontra-se em estágio inicial, necessitando


de investimentos em capacitação dos produtores, assistência técnica e linhas de
financiamento. As culturas que apresentam melhor viabilidade econômica são:
- Banana
- Cupuaçú
- Côco
- Pupunha para fruto
- Abacaxi
- Maracujá
- Mamão
- Ata
- Muruci
- Bacuri
- Hortaliças Frutos e Raízes

602064629.doc 50
16.1.3. Pecuária:

Entre as atividades deste setor econômico, destacamos a criação de pequenos


animais, haja vista a limitação das áreas exploradas, a facilidade de manejo e a
receptividade do mercado consumidor.
Entre os pequenos animais promissores para a região destacamos:
- Suínos
- Abelhas
- Galinha Caipira
- Caprinos
- Ovinos
Vale destacar que para tornar essa atividade economicamente viável, é
necessário estruturar a propriedade, desenvolver alternativas de alimentação, capacitar
os produtores e assegurar serviços de assistência técnica rotineiro às propriedades.

16.1.4. Artesanato:

O P. A. Nova Canaã possui matéria prima para a produção artesanal, para tanto
se faz necessário:
- Capacitação da mão-de-obra;
- Construção de um centro de produção artesanal;
- Instalação de projeto de manejo.

602064629.doc 51
XVII – NECESSIDADES ESTRUTURAIS OPORTUNAS AO DESENVOLVIMENTO DO
PROJETO DE ASSENTAMENTO NOVA CANAÃ:

17.1. Infraestrutura Básica de Apoio a Produção:

Para fins de implementação de ações articuladas de desenvolvimento local, faz-


se necessário à viabilização de:
1. Eletrificação Rural do Assentamento, com revisão da rede de alta e baixa tensão
existente;
2. Transporte para atender o escoamento da produção e o deslocamento de
pessoas;
3. Aquisição de uma patrulha agrícola mecanizada;
4. Viabilizar serviço de assistência técnica estruturada, consistente e atuante.
5. Oportunizar a geração de pesquisa no assentamento e a difusão de tais
tecnologias;
6. Promover a instalação de agroindústrias comunitárias (casa de farinha artesanal
e mecanizada).

17.2. Infraestrutura de Desenvolvimento Social:


1. Construção, estruturação e funcionalidade de uma unidade básica de saúde no
assentamento;
2. Construção da agrovila no assentamento;
3. Construção de templos religiosos, no assentamento;
4. Construção de creches
5. Construção de escolas de ensino pré-escolar, ensino fundamental (1ª a 8ª
séries) e ensino médio;
6. Implantação de serviços de saneamentos básicos:
- Construção do sistema de captação, tratamento e distribuição de água;
- Construção de fossas sépticas nas residências;
- Seleção de local adequado para disposição final de resíduos sólidos.

602064629.doc 52
17.3. Infraestrutura de Proteção, Conservação e Recuperação Ambiental:
- Providenciar o licenciamento ambiental do assentamento;
- Elaborar o EIA / RIMA dos lotes, individualmente;
- Instalar Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas;
- Implantação de Projetos de Manejo Florestal Comunitário;
- Viabilizar a fiscalização por órgãos ambientais competentes (IBAMA,
SEMA, BATALHÃO AMBIENTAL, SECRETARIA MUNICIPAL DE MAIO
AMBIENTE).

17.4. Infraestrutura de Desenvolvimento e Integração:


1. Abertura e Conservação de estradas, ramais e vicinais:
2. Eletrificação Rural:
- Extensão da linha de alta tensão da Perimetral Norte para o ramal central
do assentamento.
- Instalação da rede de baixa tensão, dotando-a de transformadores e
dispositivos de segurança como pára-raios.
3. Segurança Pública:
- Construção e estruturação de um posto policial na entrada do
assentamento;
- Manter guarnição efetiva no posto.
4. Serviço de Comunicação:
- Instalação de postos de telefonia ou telefones públicos no assentamento.

17.5. Serviço de Apoio Fundiário:


- Efetuar a demarcação dos lotes;
- Expedir documentação dos lotes;
- Promover a liberação do crédito habitação aos assentados;
- Viabilizar a liberação do Crédito Fomento;

17.6. Serviço de Assistência Social:


- Promover acesso aos serviços de seguridade social e previdenciária;
- Facilitar acesso a programas sociais governamentais.

602064629.doc 53
XVIII – GESTÃO:

A capacidade gerencial é um dos pontos de estrangulamentos nas ações de


desenvolvimento do P. A. Nova Canaã.
Convém destacar a importância da adoção de um modelo de gestão
compartilhada, envolvendo os trabalhadores rurais e suas famílias, bem como, órgãos
públicos, iniciativa privada e organizações não governamentais.
Neste contexto, sugerimos a formação de uma equipe interinstitucional de
gestão do Assentamento, bem como, um conselho de desenvolvimento que
supervisionará a execução das ações planejadas, até que o assentamento se torne
auto-suficiente ou até que se complete o tempo de sua emancipação.

XIX – PARCERIAS:

Em tempos de crise onde os recursos disponíveis são escassos, as parcerias


tornam-se necessárias e oportunas para a otimização dos recursos e dos resultados.
Nesse contexto, faz-se necessário à formalização de parcerias nas diferentes esferas
de poder, bem como, parcerias com ONG’s e a iniciativa privada, destacando-se:

19.1. Parcerias Governamentais:

a) No âmbito municipal:
- Prefeitura Municipal de Porto Grande – P.M.P.G.

b) No âmbito estadual:
- Secretaria de Estado da Agricultura, Pesca, Floresta e do Abastecimento
– SEAF;
- Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá – RURAP;
- Agência de Pesca do Amapá - PESCAP;
- Agência de Defesa Agropecuária – DIAGRO;
- Agência/Gerência de Florestas do Amapá – FLORAP;

602064629.doc 54
- Secretaria de Estado do Meio Ambiente - SEMA
- BATALHÃO AMBIENTAL;
- Secretaria de Estado de Infraestrutura - SEINF;
- Secretaria de Estado da Saúde - SESA;
- Secretaria de Estado da Educação, Esporte, Desporte e Lazer - SEED;
- Secretaria de Estado de Estradas e Transportes - SETRAP.

c) No âmbito federal:
Qualquer parceria com a esfera federal é indiscutivelmente ímpar ao
fortalecimento e viabilização das ações de desenvolvimento planejadas.
Neste contexto destacamos:
- Ministério do Meio Ambiente - MMA;
- Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA;
- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA;
- Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
- Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA;
- Delegacia Federal de Agricultura do Amapá – DFA/AP;
- SEBRAE
- SENAR
- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA
- Demais Interessados.

19.2. Parcerias Não Governamentais:

a) No Âmbito da Iniciativa Privada:


Toda empresa que dispuser de recursos de qualquer natureza e que tenha
interesse em investir no setor produtivo e mais especificamente no P. A. Nova Canaã
será aceita como parceira, desde que atenda aos interesses das famílias assentadas e
aos princípios de sustentabilidade social, econômica, cultural e ambiental.

602064629.doc 55
b) No Âmbito das Organizações Não Governamentais:
Todo e qualquer apoio em prol das famílias assentadas e do
desenvolvimento do P. A. Nova Canaã será bem vindo.

XX – CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Entre os principais entraves de desenvolvimento do P. A. Nova Canaã,


destacamos:
1. O baixo nível tecnológico dos produtores;
2. A falta de estruturação do assentamento, antes da chegada das famílias;
3. A falta de recursos financeiros anuais, até a emancipação do
assentamento;
4. A Falta de elaboração do PDA, antes da criação do assentamento, para
fins de otimizar as atividades existentes;
5. A falta de licenciamento ambiental, o que vem prejudicando o acesso ao
crédito rural;
6. Falta de critérios na seleção de áreas para fins de assentamento de
reforma agrária;
7. Falta de meios de transportes voltados ao escoamento da produção e ao
deslocamento de pessoas, escolares, doentes, etc;
8. Falta de assistência técnica consistente e efetiva aos assentados;
9. Restrições de acesso às linhas de crédito rural oficiais;
10. Falta de envolvimento e / ou ausência do município, estado e união, nas
ações de desenvolvimento humano e econômico, com sustentabilidade
ambiental dos assentados.
11. Falta de uma equipe de gestão do assentamento, até a sua emancipação;
12. Limitado acesso dos assentados a programas sociais mantidos pelo
governo: bolsas, pensões, aposentadorias, salário desemprego, auxílio
maternidade, etc.

602064629.doc 56
XXI – CONCLUSÃO:

Não existe desenvolvimento sem investimentos na formação de pessoas


cidadãs, conhecedoras de seus direitos e deveres, e com qualificação adequada ao
bom desempenho de suas atividades profissionais.
O Campo urge por melhorias sociais capazes de promover o bem estar das
famílias e sua permanência no meio produtivo.
Destacamos a importância do campo para manter as cidades, através dos
alimentos que produz e dos empregos que são gerados. Nesse contexto, o
desprendimento de esforços por parte dos governos municipal, estadual e federal, faz-
se necessária para criar condições de desenvolvimento do Assentamento Nova Canaã,
o que fortalecerá a economia local através desempenho das propriedades rurais,
oportunizando a geração de emprego e renda.
Equidade social para a cidade e o campo é o caminho a trilhar na busca do
desenvolvimento local em bases sustentáveis.

602064629.doc 57
XXI– EQUIPE RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DA PROPOSTA:

NOME CARGO/FUNÇÃO INSTITUIÇÃO

Ismael Fortunato Cantanhede Braga Engº Agrônomo RURAP

Maria do Socorro Braga de Carvalho Engª Agrônoma RURAP

José Alves de Lima Neto Engº Agrônomo RURAP

Antônio Francisco de Araújo Almeida Engº Agrônomo RURAP

Rui Rodrigues Albuquerque Engº Agrônomo RURAP

Vanderlei Santana Amanajás Engº Agrônomo RURAP

602064629.doc 58
ANEXOS

602064629.doc 59
ANEXO I

LISTA DE FREQUÊNCIA DOS PARTICIPANTES DO SEMINÁRIO

602064629.doc 60
ANEXO II

TERMO DE APROVAÇÃO DO PDA

602064629.doc 61

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