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SEPSE
|ELABORAÇÃO|
|VALIDAÇÃO|
|FORMATAÇÃO|
Conteúdo | ISGH
|DATAS|
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PROTOCOLO
SEPSE
| SUMÁRIO |
1. INTRODUÇÃO PAG. 04
2. DEFINIÇÕES DE SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA (SRIS), INFECÇÃO, PAG. 05
SEPSE E CHOQUE SÉPTICO
2.1 SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA (SRIS) PAG. 05
2.2 INFECÇÃO SEM DISFUNÇÃO PAG. 06
2.3 SEPSE PAG. 06
2.4 CHOQUE SÉPTICO PAG. 07
3. DETECÇÃO PRECOCE DE ALTERAÇÃO DE PARÂMETROS CLÍNICOS PAG. 10
4. TRATAMENTO PAG. 15
4.1 MEDIDAS DO PACOTE DE DE 3 HORAS PAG. 15
4.2 REAVALIAÇÃO DE 6 HORAS PAG. 17
5. DETECÇÃO PRECOCE DE ALTERAÇÃO DE PARÂMETROS CLÍNICOS PAG. 19
5.1 MEDIDAS DO PACOTE DE DE 3 HORAS PAG. 15
5.2 REAVALIAÇÃO DE 6 HORAS PAG. 17
5.3 MANEJO DO PACIENTE COM DIAGNÓSTICO À BEIRA DO LEITO [PASSO A PASSO] PAG. 19
6. LINHA DE CUIDADO DO PACIENTE SÉPTICO PAG. 24
7. INDICADORES PAG. 25
7.1. FICHAS TÉCNICAS INDICADORES PAG. 26
8. APÊNDICE PAG. 35
8.1 FICHA DE ABERTURA DO PROTOCOLO SEPSE PAG. 35
9. REFERÊNCIAS PAG. 36
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PROTOCOLO
SEPSE
| 1. INTRODUÇÃO |
A sepse pode ser definida como a resposta sistêmica a uma doença infecciosa, seja ela causada por bactérias,
vírus, fungos ou protozoários. Manifesta-se através de diferentes estágios clínicos de um mesmo processo
fisiopatológico, tornado-se, portanto, um desafio para o profissional da área de saúde. Além de ser uma
síndrome extremamente prevalente, possuir alta letalidade e ter um tratamento de custo elevado, vem
sendo a principal causa de morte em unidades de terapia intensiva (UTIs).
Seu reconhecimento precoce e tratamento adequado são fatores primordiais para a mudança desse cenário.
Assim, mesmo os profissionais não diretamente envolvidos no atendimento ao indivíduo com sepse, devem
ser capazes de reconhecer os sinais e sintomas de gravidade, bem como providenciar o tratamento correto
e/ou a referência correta para realização do suporte adequado.
Portanto, a implementação de protocolos clínicos gerenciados é uma ferramenta útil neste contexto,
auxiliando as instituições na padronização do atendimento ao paciente séptico, diminuindo desfechos
negativos e proporcionando melhor efetividade do tratamento.
As recomendações contidas neste documento estão baseadas nas diretrizes da Campanha de Sobrevivência
à Sepse (SSC, Surviving Sepsis Campaign) e visam ao tratamento de pacientes adultos nas unidades de
internação e nas unidades de terapia intensiva do eixo adulto.
Neste documento, foram atualizadas as nomenclaturas utilizadas, conforme as novas definições do Sepsis 3,
sendo agora os termos utilizados: Infecção, Sepse e Choque Séptico. A Síndrome de Resposta Inflamatória
Sistêmica (SRIS), embora não utilizada para a definição de sepse, continua sendo importante para a triagem
de pacientes com suspeita de sepse.
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PROTOCOLO
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Resposta inflamatória
A síndrome da resposta inflamatória sistêmica é definida pela presença de, no mínimo, dois dos sinais abaixo:
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PROTOCOLO
SEPSE
A SRIS não faz mais parte dos critérios para definição da presença de sepse, mas continua tendo valor como
instrumento de triagem para a identificação de pacientes com infecção e, potencialmente, sob risco de
apresentar sepse ou choque séptico.
A síndrome da resposta inflamatória sistêmica é definida pela presença de, no mínimo, dois dos sinais abaixo:
Entende-se como paciente com infecção sem disfunção aquele que, tendo ou não os critérios de SRIS, possui
foco infeccioso suspeito ou confirmado (bacteriano, viral, fúngico, etc.) sem apresentar disfunção orgânica.
| 2.3 SEPSE |
Como já mencionado, adotou-se a definição de sepse lato senso do Sepse 3, presença de disfunção
ameaçadora à vida em decorrência da presença de resposta desregulada à infecção.
Entretanto, não adotamos os critérios clínicos para definição de disfunção orgânica do Sepse 3, variação
do escore SOFA, por entender que os mesmos não são aplicáveis em iniciativas de melhoria de qualidade.
Portanto, foram mantidos os critérios utilizados anteriormente, inclusive a hiperlactatemia, por entendermos
que a mortalidade em países em desenvolvimento ainda é muito elevada e a identificação precoce destes
pacientes é parte fundamental do objetivo deste protocolo.
• hipotensão (PAS < 90 mmHg ou PAM < 65 mmHg ou queda de PA > 40 mmHg)
• relação PaO2/FiO2 < 300 ou necessidade de O2 para manter SpO2 > 90%;
• contagem de plaquetas < 100.000/mm³ ou redução de 50% no número de plaquetas em relação ao maior
valor registrado nos últimos 3 dias;
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PROTOCOLO
SEPSE
ATENÇÃO!
A presença de disfunção orgânica na ausência dos critérios de SRIS pode representar diagnóstico de sepse. Assim, na
presença de uma dessas disfunções, sem outra explicação plausível e com foco infeccioso presumível, o diagnóstico de
sepse deve ser feito e o pacote de tratamento iniciado imediatamente após a identificação.
Segundo a Surviving Sepsis Campaign (SSC), choque séptico é definido pela presença de hipotensão não
responsiva à utilização de fluidos, independente dos valores de lactato. A SSC não adotou o novo conceito de
choque, que exige a presença concomitante de lactato acima do valor de referência mesmo após reposição
volêmica inicial.
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Quadro 3: Conceitos utilizados pelo Instituto Laitino Americano de Sepse na implementação de protocolos
gerenciados de sepse.
CLASSIFICAÇÃO ANTIGA CLASSIFICAÇÃO ATUAL CARACTERÍSTICA
(A SER USADA)
Sepse Infecção sem disfunção Infecção suspeita ou confirmada,
sem disfunção orgânica, de forma
independente da presença de
sinais de SRIS.
Sepse Grave Sepse Infecção suspeita ou confirmada
associada à disfunção orgânica, de
forma independente da presença
de sinais de SRIS.
Choque Séptico Choque séptico Sepse que evoluiu com
hipotensão não corrigica com
reposição volêmica (PAM ≤ 65
mmHg), de forma indpendente de
alterações de lactato.
As manifestações clínicas da sepse incluem aquelas associadas ao foco infeccioso em questão. Como já foi
detalhado, a sepse se caracteriza pela presença de sinais de disfunção orgânica, com manifestações clínicas
decorrentes dos órgãos em disfunção (Quadro 3).
O choque séptico é o de mais pronto diagnóstico, pois a hipotensão é facilmente perceptível. Entretanto,
o diagnóstico nessa fase pode ser considerado tardio. Todos os esforços devem ser feitos no sentido de
diagnosticar a sepse em seus estágios iniciais, quando a intervenção tem maiores possibilidades de evitar o
óbito.
Embora não façam mais parte da definição de sepse, os sinais de resposta inflamatória são relevantes para
o diagnóstico de infecção. A taquicardia é geralmente reflexa à redução da resistência vascular, objetivando
garantir o débito cardíaco. Ela
advém do aumento da produção de CO2, do estímulo direto do centro respiratório por citocinas ou, quando
há insuficiência respiratória, surge em consequência da hipoxemia
frequentes e, por vezes, o diagnóstico só é dado de forma tardia, quando já está presente a disfunção. São
exemplos clássicos os pacientes imunossuprimidos ou idosos.
A diferenciação entre SRIS e infecção pode ser relativamente fácil num paciente atendido no pronto-socorro
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PROTOCOLO
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com história clássica de pneumonia. Porém, constitui um grande desafio quando se trata de diagnosticar
infecção em um paciente politraumatizado, em pós-operatório, grande queimado ou portador de pancreatite.
Dessa forma, a busca por esses sinais apresenta problemas tanto de sensibilidade como de especificidade.
Da falta de especificidade e sensibilidade dos critérios supracitados surgiu a necessidade de agregar-lhes
biomarcadores. Infelizmente, nenhum exame laboratorial até o momento permite o diagnóstico apropriado
de infecção, ao contrário do que ocorre,por exemplo, com o infarto agudo do miocárdio.
pacientes com SRIS por outras causas. Apesar de também serem limitados na capacidade de fazer essa
diferenciação, alguns achados clínicos e laboratoriais podem ser úteis, como edema periférico ou balanço
hídrico muito positivo, sugerindo aumento de permeabilidade capilar, níveis aumentados de lactato, níveis
aumentados de proteína C-reativa e procalcitonina e hiperglicemia.
Como já mencionado, a redução da oferta de oxigênio e as alterações celulares levam à disfunção orgânica.
As principais disfunções são cardiovascular, respiratória, neurológica, renal, hematológica, intestinal e
endócrina, demonstradas no quadro abaixo.
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Em nossa unidade hospitalar, aplicamos um escore de deterioração clínica, que nos permite perceber
alterações no status clínico do indivíduo internado em nossas unidades assistenciais abertas, a fim de permitir
uma abordagem de toda equipe assistencial na identificação do indivíduo com SUSPEITA para SEPSE.
Trata-se do escore de alerta precoce do adulto (EAPA), o qual foi baseado na escore MEWS (“Modified Early
Warning Score”), e funciona para o reconhecimento imediato, bem como para o manejo precoce de indivíduos
com risco de se tornarem criticamente doentes ou que já estão nessa condição. Baseia-se em um sistema de
atribuição de pontos (escores) aos parâmetros vitais, sendo a sua principal finalidade a identificação precoce
do risco de deterioração do paciente.
O registro do escore é feito na folha de controle hemodinâmico, de forma rotineira após aferição dos sinais
pela equipe de enfermagem a cada 6 horas.
Em algumas subpopulações específicas, entretanto, esses sinais não são frequentes e, por vezes, o diagnóstico
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Figura 2 - Registro de controle hemodinâmico HGWA
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Figura 2 - Registro de controle hemodinâmico HGWA
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Figura 3 - Escore de Alerta Precoce
No Sepsis 3, foi também sugerido um novo escore, denominado quick SOFA/ Sepsis-related Organ Failure Assessment (qSOFA).
A presença de duas das três variáveis que compõem esse escore (tabela 3) seria preditora de maior mortalidade.
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Embora tenha sido sugerida a utilização desse escore no processo de triagem de pacientes com infecção, não
houve validação para esse fim. A avaliação baseou-se apenas na área sob a curva ROC (AUC), sem levar em
conta qual o componente preponderante a gerar essa área, seja sensibilidade ou especificidade.
Provavelmente, a AUC do qSOFA observada pelos autores é determinada muito mais pela especificidade do
que pela sensibilidade – o que confere a capacidade de predizer óbito. Se essa hipótese for verdadeira, a
sensibilidade pode ser baixa, o que desqualifica o qSOFA como instrumento de triagem, mas sim para, após
a triagem adequada de pacientes com base em critérios mais sensíveis, identificar aqueles com maior risco
de óbito.
Pelo exposto e por ser o HGWA um hospital de referência na rede pública para cuidados de pacientes idosos
e portadores de afecções crônicas de alta dependência, optamos por utilizar o EAPA como sinalização de
deterioração clínica associada aos critérios de SIRS e de disfunção orgânica como sinalizadores de sepse, a
fim de obter maior sensibilidade.
A equipe médica decide se deve ou não haver o seguimento do protocolo, com base nas informações
disponíveis para tomada de decisão em relação à probabilidade de tratar-se de sepse.
Salientamos algumas recomendações a serem seguidas nas unidades assistenciais abertas do HGWA:
-Recomendamos que, no HGWA, durante a avaliação dos pacientes crônicos, caso não seja possível afastar
o diagnóstico de sepse, deve-se iniciar o manejo clínico para essa afecção;
-Ao identificar disfunção orgânica (conforme apresentadas no item 2.3), iniciar o protocolo sepse
imediatamente com as medidas do PACOTE DE 1 HORA e reavaliação ao longo das 6 primeiras horas;
Em pacientes sem disfunção clínica aparente e com baixo risco de tratar-se de sepse, o médico pode decidir
por outro fluxo de atendimento. Nesses casos, pode-se optar por investigação diagnóstica simplificada e
observação clínica antes da administração de antimicrobianos;
Em pacientes para os quais já exista definição de cuidados de fim de vida, o protocolo deve ser descontinuado,
e o paciente deve receber tratamento pertinente à sua situação clínica, incluindo eventualmente alguns dos
componentes do pacote de tratamento. Em hospitais que gerenciam o protocolo de sepse, esses pacientes
não devem ser incluídos no cálculo dos denominadores.
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| 5. TRATAMENTO |
1. Coleta de exames laboratoriais para a pesquisa de disfunções orgânicas: gasometria e lactato arterial
(resultado em até 30min), hemograma completo, creatinina, bilirrubina e coagulograma;
2. Coleta de duas hemoculturas de sítios distintos em até uma hora, conforme rotina específica do hospital, e
culturas de todos os outros sítios pertinentes (aspirado traqueal, líquor, urocultura) antes da administração do
antimicrobiano. Caso não seja possível a coleta de qualquer cultura antes da primeira dose, a administração
de antimicrobianos não deverá ser postergada;
3. Prescrição e administração de antimicrobianos adequados para a situação clínica, por via endovenosa,
visando ao foco suspeito, dentro da 1ª hora da identificação da sepse;
4. A utilização de antimicrobianos deve seguir a orientação do SCIH do HGWA (Anexo 1 - Tratamento empírico
de infecções HGWA); que define as recomendações para o tratamento empírico conforme o foco de infecção
identificado e a característica da infecção comunitária ou associada à assistência à saúde;
5. Todas as recomendações visando à otimização da terapia antimicrobiana devem ser feitas com auxílio do
farmacêutico e da enfermagem e encontram-se disponíveis a todos os profissionais do HGWA através do
Manual e apêndices para prescrição e administração segura de medicamentos (Plano Medicamentoso);
6. Para pacientes hipotensos (PAS < 90 mmHg, PAM < 65 mmHg ou, eventualmente, redução da PAS em
40mmHg da pressão habitual) ou com sinais de hipoperfusão, entre eles níveis de lactato acima de duas
vezes o valor de referência institucional (hiperlactatemia inicial), deve ser iniciado ressuscitação volêmica
com infusão imediata de 30 mL/kg de cristaloides dentro da 1ª hora do diagnóstico da detecção dos sinais
de hipoperfusão;
7. Coloides proteicos, albumina ou soro albuminado podem fazer parte dessa reposição inicial. O uso de
amidos está contraindicado, pois está associado a aumento da incidência de disfunção renal;
8. Nos casos em que foi optado por não realizar reposição volêmica (cardiopatia, por exemplo), parcial ou
integralmente, após avaliação de fluido responsividade, esta decisão deve estar adequadamente registrada
no prontuário. Nesses pacientes, o uso de vasopressores para garantir pressão de perfusão adequada
necessita ser avaliado;
9. Uso de vasopressores para pacientes que permaneçam com pressão arterial média (PAM) abaixo de 65
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(após a infusão de volume inicial), sendo a noradrenalina a droga de primeira escolha. Não se deve tolerar
PAM abaixo de 65 mmHg por períodos superiores a 30-40 minutos. Por isso, o vasopressor deve ser iniciado
dentro da primeira hora nos pacientes em que ele está indicado. Em casos de hipotensão ameaçadora à vida,
pode-se iniciar o vasopressor mesmo antes ou durante a reposição volêmica. É fundamental garantir pressão
de perfusão enquanto se continua a reposição volêmica. Assim, o vasopressor pode ser iniciado em veia
periférica, enquanto se providencia o acesso venoso central;
10. O uso de outros vasopressores pode ser necessário. Dentre os disponíveis, a recomendação é o uso de
vasopressina, com intuito de desmame de noradrenalina ou como estratégia poupadora de catecolaminas,
ou a adrenalina, preferível em pacientes que se apresentem com débito cardíaco reduzido;
11. A dobutamina pode ser utilizada quando exista evidência de baixo débito cardíaco ou sinais clínicos
de hipoperfusão tecidual, como livedo, oligúria, tempo de enchimento capilar lentificado, baixa saturação
venosa central ou lactato aumentado;
12. Nos pacientes com lactato alterado acima de duas vezes o valor de referência, a meta terapêutica é a
normalização do seu nível. Assim, como um complemento às medidas recomendadas na 1ª hora, dentro de
2 a 4 horas após o início da ressuscitação volêmica, novas dosagens devem ser solicitadas.
ATENÇÃO !
Nem sempre se obtém a normalização do lactato, haja vista existirem outras causas para a hiperlactatemia que
não a hipoperfusão tecidual. A busca pela normalização deve ser feita cuidadosamente, sob risco de intervenções
terapêuticas desnecessárias, e potencialmente deletérias. A hiperlactatemia residual isolada, sem outros sinais clínicos
de hipoperfusão ou má evolução, não necessariamente precisa ser tratada.
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Hiperlactatemia
Aumento da produção
Transfusão habitualmente
indicada (nível A de evidência)
Aeróbica Anaeróbica
Alvo Hb 7-9 g/dL
(nível A de evidência)
-Hipóxia tecidual
-Efeito calorigêncio de drogas (adrenalina/ -Hipóxia citopática
dobutamina)
-Alteração da piruvatodesidrogenase
-Intoxicação por nitroprussiato
-Uso de antiretroviarias
-Deficiência de Tiamina
-Alcalose intracelular
A reavaliação deve ser feita em pacientes que se apresentem com choque séptico, hiperlactatemia ou
sinais clínicos de hipoperfusão tecidual. A continuidade do cuidado nesses pacientes é importante, por isso
entende-se que durante as seis primeiras horas o paciente deve ser reavaliado periodicamente. Para isso é
importante o registro da reavaliação do status volêmico e da perfusão tecidual.
-Qualquer outra forma de avaliação de responsividade a fluidos (melhora da pressão arterial após infusão de
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-Presença de livedo;
2. Pacientes com sinais de hipoperfusão e com níveis de hemoglobina abaixo de 7mg/dL devem receber
transfusão o mais rapidamente possível.
3. Idealmente, os pacientes com choque séptico devem ser monitorados com pressão arterial invasiva,
enquanto estiverem em uso de vasopressor. A aferição por manguito não é fidedigna nessa situação, mas
pode ser utilizada nos locais onde a monitorização invasiva não está disponível.
Quadro 6 - Pacotes de 3 e de 6 horas para manejo dos pacientes com sepse ou choque séptico
PACOTE DE 3 HORAS:
Coleta de lactato sérico e resultado em até 30 minutos
Coleta de hemoculturas antes do início da antibioticoterapia
Início de antibioticoterapia adequada por via endovenosa (1ª hora)
Reposição volêmica agressiva em pacientes com hipotensão ou lactato 2 vezes acima do normal
Reavaliação dos níveis de lactato (se hiperlactatemia inicial)
Se PAM < 65mmHg por 30-40min - iniciar vasopressor
PACOTE DE 6 HORAS:
Uso de vasopressores para manter PAM > 65 mmHg
Reavaliação da volemia e da perfusão tecidual
Reavaliação dos níveis de lactato (se hiperlactatemia inicial)
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MEDIDAS GERAIS:
Ressuscitação inicial seguindo o pacote das 3 e 6 horas. Após isso, novo lactato e reavaliação para discutir as
próximas medidas.
MEDIDAS ESPECÍFICAS:
• Antibioticoterapia:
• Se houver suspeita que o acesso venoso seja a fonte de infecção, esse deve ser removido imediatamente.
• Se houver suspeita de abscesso, drenar o mais breve possível (sugere-se nas próximas 12 horas desta
suspeita);
REPOSIÇÃO VOLÊMICA:
• Cristaloide: 30mL/kg (objetivar pelo menos esse volume, mas pode usar mais ou menos conforme
reavaliação da volemia).
TERAPIA VASOPRESSORA:
• Adrenalina pode ser associada, quando for necessário um agente adicional para manter PAM. A
vasopressina é uma opção.
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TERAPIA INOTRÓPICA:
• É recomendada caso haja evidência de disfunção do miocárdio ou sinais de hipoperfusão apesar da PAM
e volume intravascular otimizados (podemos usar saturação venosa central, clearance de lactato ou
outros parâmetros para avaliar).
CORTICOTERAPIA:
• Frente aos resultados do recente estudo Adrenal, é também possível que os demais pacientes com
choque tenham benefícios, em termos de redução de tempo de ventilação mecânica e de tempo de
internação em UTI. Assim, a utilização deve ser individualizada;
HEMODERIVADOS:
• Concentrado de hemácias: Indicado se Hb < 7,0 g/dl, na ausência de IAM ou de hipoxemia severa ou
de hemorragia aguda. Objetivo é um Hb entre 7,0 e 9,0. (vide fluxograma abaixo sobre anemia aguda/
anemia pacientes críticos).
• TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS:
• PLASMA:
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Nível Hb Nível Hb
(g/dL) < 7g/dL (g/dL) > 9g/dL
Aumento da produção
Redução de clareamento
Síndrome
Transfusão habitualmente SIM coronariana, NÃO
indicada - Máx 1unid - Alvo *SVO2 <75%, NÃO transfundir
Hb 9-10g/dL (reavaliar Hb e ¨SVCO2 < 70%,
clínica após cada unid.) Acidose
láctica
• SEDAÇÃO:
Tanto na sedação contínua, como na intermitente, deve-se utilizar a menor dose possível;
• BLOQUEIO NEUROMUSCULAR:
Deve ser evitado em pacientes SEM Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA);
Se necessário, tanto o uso continuo como bolus intermitente podem ser usados.
• CONTROLE DA GLICEMIA:
Deve ser monitorizada a cada 1 ou 2 horas até os valores ficarem estáveis, então passar para 4 em 4 horas.
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• NUTRIÇÃO:
Pacientes hemodinamicamente estáveis: A dieta (oral, enteral ou parenteral) deve ser iniciada nas primeiras
24h a 48h;
-Recomendação de 25 kcal/kg e 1,3 a 2 g de proteina/kg para paciente em fase aguda e aumenta para 25-30
kcal/kg e 1,5 a 2,5 g de proteína/kg em fases de anabolismo e também para pacientes com desnutrição grave;
-Com relação ao valor proteico quando IMC<30 kg/m² a recomendação é de 1,3 a 2g/kg peso atual;
-Para pacientes obesos críticos as recomendações são específicas, quando IMC >30 kg/m² a recomendação
calórica é de 11 a 14 kcal de peso atual ou 22 a 25 kcal /kg de peso ideal. IMC entre 30 a 40 kg/m² recomendação
de ≥2g/kg peso ideal, e IMC >40 kg/m² recomendação de ≥2,5g/kg peso ideal;
-A Sociedade Americana de Nutrição Enteral e Parenteral (ASPEN) recomenda que a nutrição avance para
atingir 50 a 65% das necessidades calóricas nas 48 a 72 horas de internação. Se não for possível atingir as
necessidades (100% das kcal) depois de 7 a 10 dias de Nutrição Enteral exclusiva, deve-se considerar nutrição
parenteral suplementar.
• VENTILAÇÃO MECÂNICA:
-A intubação orotraqueal não deve ser postergada, em pacientes sépticos, com insuficiência respiratória
aguda e evidências de hipoperfusão tecidual.
-Para pacientes com diagnóstico de SDRA há menos de 48 horas, com relação PaO2/FiO2 menor que 150
e FiO2 de 60% ou mais, a utilização de pronação é recomendada, para unidades que tenham equipe com
treinamento na técnica.
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• BICARBONATO:
-Não está indicado o uso de bicarbonato nos casos de acidose lática em pacientes com pH > 7,15, pois o
tratamento dessa acidose é o restabelecimento da adequada perfusão;
-Nos pacientes com pH abaixo desse valor, esta terapia pode ser avaliada como medida de salvamento.
-Não existe recomendação para o início precoce de terapia renal substitutiva, devendo-se individualizar cada
caso, conforme discussão com equipe especialista;
-Da mesma maneira, não existe recomendação para hemodiálise intermitente ou modalidades contínuas,
devendo-se reservar estes métodos para pacientes com instabilidade hemodinâmica grave, nos locais onde
este recurso é disponível.
• PREVENÇÃO
-Heparina de Baixo Peso molecular (HBPM) é a droga de escolha. Caso haja contraindicações à HBPM,
utilizar Heparina não Francionada (HNF). Se houver contraindicação ao uso de heparinas, utilizar
dispositivos de compressão pneumática.
-Na sepse grave/choque séptico pode-se associar dispositivos de compressão pneumática à terapia
farmacológica.
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O atendimento ao paciente séptico nas primeiras 24 horas é de suma importância para o desfecho favorável.
Entretanto, outras ações são necessárias para o sucesso pleno em termos de sobrevida hospitalar e
reabilitação após a alta, com estabelecimento de uma linha de cuidado adequada, desde o momento da
internação hospitalar ou do diagnóstico de sepse até o momento da alta.
O paciente deve ser seguido e atendido de forma adequada durante toda a internação hospitalar. O
atendimento multidisciplinar contribui para os desfechos favoráveis tanto dentro do hospital como após a
alta.
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| 7. INDICADORES |
Serão acompanhados alguns indicadores para gerenciar o desempenho e os resultados do Protocolo Sepse:
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Indicador: Taxa de vidas salvas do Protocolo Sepse estratificada pelo risco Unidade: HGWA
Meta 2019: Atingir 88% de vidas salvas
Justificativa: avaliar o percentual de pacientes com baixo ou nenhum risco que evoluíram com desfecho
favorável devido à adesão ao Protocolo Sepse. A estratificação do risco se baseia no Índice de Comorbidade
de Charlson (ICC).
Observações:
1. Serão considerados para o cálculo pacientes de nenhum e de baixo risco;
2. São considerados desfechos favoráveis: alta, transferência ou permanência na unidade após 28 dias do
acionamento do protocolo;
3. Considerar estratos de risco:
ICC 0 a <1: sem risco
ICC 1 a <3: risco baixo
ICC 3 a <5: risco moderado
ICC >= 5: risco elevado
4. Não serão considerados para fins de cálculos, protocolos cujas informações estejam incompletas (na
ficha ou no prontuário).
Descrição do Indicador
Numerador: Número de pacientes de nenhum e de baixo risco com desfecho favorável
Denominador: Número de protocolos abertos em pacientes de nenhum e de baixo risco
Fórmula: (Número de pacientes de nenhum e de baixo risco com desfecho favorável / Número de protocolos
abertos em pacientes de nenhum e de baixo risco) x 100
Polaridade: Positiva
Fonte e frequência de coleta: Coleta mensal através da Planilha de Gerenciamento do Protocolo Sepse
Sistemática de avaliação dos resultados: O indicador deve ser analisado pela coordenação, mensalmente,
com objetivo de corrigir as fragilidades e desenvolver propostas consistentes para a melhoria dos resultados.
A avaliação estratégica dos resultados ocorrerá trimestralmente junto a diretoria coorporativa
Responsável pela meta: Gestor(a) do Protocolo
Gestor do indicador: Diretor(a) de Práticas Assistenciais
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| 8. APÊNDICE |
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| 10. REFERÊNCIAS |
1. Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS)/Conselho Federal de Medicina (CFM). Sepse: um problema de
saúde pública. Brasília: CFM, 2016. 90p.
2. Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS). Implementação de protocolo gerenciado de sepse: atendi-
mento ao paciente adulto com sepse / choque séptico. http://www.ilas.org.br. Disponível em http://
www.ilas.org.br/materiais-adulto.php. Acesso em setembro de 2018.
3. Sociedade Americana de Nutrição Enteral e Parenteral (ASPEN, sigla do inglês American Society for Pa-
renteral and Enteral Nutrition) e Sociedade Europeia de Nutrição Enteral e Parenteral (ESPEN, sigla do
inglês European Society for Parenteral and Enteral Nutrition).
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