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Avaliação de Propriedades no Estado Fresco e Endurecido de Argamassas


Estabilizadas

Conference Paper · January 2013

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4 authors, including:

Gustavo Macioski M. R. M. M. Costa


Universidade Federal do Paraná Universidade Federal do Paraná
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Juliana Casali
Federal Institute of Santa Catarina
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MACIOSKI, G. ; KUSZKOWSKI, H. ; COSTA, M. R. M. M. ; CASALI, J. M. . Avaliação de Propriedades no
Estado Fresco e Endurecido de Argamassas Estabilizadas. In: X Simpósio Brasileiro de Tecnologia das
Argamassas, 2013, Fortaleza. Anais do X Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, 2013.

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X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS
Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191
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AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO E ENDURECIDO DE


ARGAMASSAS ESTABILIZADAS

GUSTAVO MACIOSKI (1); HUMBERTO KUSZKOWSKI (2); MARIENNE DO ROCIO DE MELLO


MARON DA COSTA (3); JULIANA MACHADO CASALI (4)

(1) UTFPR - gmacioski@utfpr.edu.br; (2) UTFPR - humbertokzw@gmail.com; (3) UFPR -


mariennecosta@uol.com.br; (4) UTFPR - casali@utfpr.edu.br

RESUMO

A utilização de argamassa estabilizada tem aumentado no Brasil nos últimos anos, pois
proporciona uma maior produtividade e racionalidade nas obras. Essa argamassa se mantém
trabalhável por até 72 horas. Assim, o objetivo deste estudo é avaliar propriedades no estado
fresco e endurecido de argamassas estabilizadas dosadas em central ao longo do tempo e
verificar qual a influência da sucção do substrato. As propriedades determinadas foram: índice
de consistência, densidade de massa, teor de ar incorporado, retenção de água, tempo de início
de pega, parâmetros reológicos (ensaio Squeeze-Flow), resistência à compressão, resistência à
tração por flexão e resistência de aderência. Os resultados obtidos demonstram uma redução
do índice de consistência e comportamentos reológicos distintos ao longo do tempo, além da
influencia do substrato nesta avaliação. Notou-se também que os resultados de resistência de
aderência à tração apresentaram valores próximos aos limites mínimos exigidos para rebocos
internos (0,20 MPa).

Palavras-chave: argamassa estabilizada, aditivo estabilizador de hidratação,


comportamento reológico, tempo de início de pega.

EVALUATION OF FRESH AND HARDENED STATE PROPERTIES OF READY-MIX RENDERING


MORTARS WITH THE INFLUENCE OF SUBSTRATE SUCTION

ABSTRACT

The use of ready mix mortar has been increasing in Brazil in recent years cause
enhances productivity and rationalization in construction. The ready mix mortar remains
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workable for a period up to 72 hours. The aim of this study is to evaluated fresh and hardened
state properties of mortars during the time of use also considering the influence of substrate
suction. The properties determined were: consistency, specific gravity, entrained-air content,
water retention, setting time, rheological parameters (Squeeze-Flow test method), flexural and
compressive strength and bond strength. The results show loss of consistency, different
rheological behaviors over time of use and also with the influence of substrate suction. Over all,
it was possible to notice the values of bond strength were compatible to the minimum limits
required for internal coating mortar (0,20 MPa).

Key-words: Ready-mix mortar, set controlling admixture, rheological behavior, initial


set.

1. INTRODUÇÃO

A industrialização das argamassas começou na década de 50, no entanto, somente


após o desenvolvimento dos aditivos nos anos 70 é que foi introduzida na Alemanha uma
argamassa pronta capaz de manter suas características de uso por mais dias. Já a argamassa
estabilizada foi utilizada pela primeira vez no Canadá por volta de 1980 e nos Estados Unidos
em 1982 (1).

A argamassa estabilizada é uma argamassa industrializada úmida, à base de cimento


que vem pronta para o uso e se mantém trabalhável até 72 horas após a sua confecção (2). Para
promover o aumento do tempo de início de pega são utilizados aditivos inibidores de
hidratação e aditivos incorporadores de ar, conferindo à argamassa melhor trabalhabilidade e
redução do consumo de água de amassamento (3). Em 1999 o sistema apresentava uma
porcentagem pequena de utilização em comparação ao tradicional da argamassa virada em
obra, por volta de 1% do total em utilização (1). Atualmente, tem sido considerável a sua
utilização em obras de grande porte, principalmente na região sul do Brasil. Com a utilização
desse tipo de argamassa pode-se ter um aumento de produtividade em obra, pois se evita o
tempo de espera e de mão de obra para a preparação de argamassa, principalmente no início
do dia de trabalho (4).

Atualmente, são poucos os estudos sobre argamassa estabilizada, tanto


nacionalmente quanto internacionalmente, verificando a influência da sucção do substrato
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sobre as propriedades da argamassa no estado fresco e endurecido ou a interação entre os dois
elementos. Sabe-se que alterações na trabalhabilidade e retenção de água costumam ser
influenciadas diretamente pelo tempo de uso deste tipo de argamassa (4).

Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar as propriedades no estado fresco
e endurecido de argamassas estabilizadas dosadas em central e verificar a influência da sucção
do substrato nessas propriedades. Também se verificou a influência do tempo de utilização (no
mesmo dia: 0, 15, 30 e 60 minutos) e de armazenamento (diferentes dias: dia 1 e dia 2) nas
propriedades das argamassas.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Argamassas estudadas

Foram coletados três lotes distintos de argamassas estabilizadas dosadas em central


para revestimento interno com trabalhabilidade de 48 horas que foram utilizadas em uma
mesma obra da região de Curitiba. As amostras foram armazenadas dentro de recipientes
plásticos com tampa, permitindo um fechamento hermético, e transportadas até o laboratório.
Antes da realização dos ensaios, o material foi agitado dentro do recipiente durante dois
minutos para homogeneizar a amostra.

Foram estudadas duas amostras por lote e em cada amostra foram realizados ensaios
de granulometria (NBR NM 248:2009) (5) e de massa específica (NBR NM 52:2009) (6) do
agregado utilizado em sua confecção. Este agregado foi caracterizado a partir do material
resultante da lavagem da argamassa no seu estado fresco – desconsiderando o material
passante na peneira de 0,075 mm.

2.2. Propriedades do estado fresco

As propriedades determinadas no estado fresco foram: índice de consistência,


densidade de massa, teor de ar incorporado, curva de retenção de água, tempo de início de
pega e parâmetros reológicos (ensaio Squeeze-Flow). Estas propriedades, que foram avaliadas
ao longo do tempo de utilização e de armazenagem, serão descritas a seguir.

2.2.1. Índice de consistência, densidade de massa e teor de ar incorporado


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O índice de consistência foi avaliado conforme NBR 13276:2002 (7), somente para o
tempo de 0 minuto para os dois dias de armazenamento (dia 1 e dia 2). A densidade de massa
foi verificada nos tempos de 0, 15, 30 e 60 minutos de acordo com NBR 13278:2005 (8). Já o teor
de ar incorporado foi determinado pela metodologia desenvolvida por Schankoskiet al. (9) que
consiste em utilizar um picnômetro com uma solução de 50% de álcool etílico hidratado em
água destilada para facilitar o desprendimento de bolhas de ar da argamassa. A sequência do
método pode ser observada na Figura 1, e este procedimento foi adotado devido ao fornecedor
não informar a massa específica teórica da argamassa analisada.

Figura 1 - Sequência do ensaio desenvolvido por Schankoski (9) (2012).

2.2.2. Curva de retenção de água

A retenção de água das argamassas foi determinada seguindo os procedimentos da


norma NBR 13277:2005 (10). E a curva de retenção de água foi determinada com a realização
dos ensaios nos tempos de 5, 10 e 15 minutos.

2.2.3. Tempo de início de pega

Uma das propriedades importantes da argamassa estabilizada é o tempo de início de


pega, pois a característica dessa argamassa é se manter trabalhável por até 48 horas (no caso
da argamassa estudada).O tempo de início de pega foi avaliado conforme a NBR NM 9:2003 (11)
e através de ensaios calorimétricos e os corpos-de-prova foram moldados somente no tempo
de 0 minuto nos dois dias de armazenagem. O método normatizado utiliza uma agulha de
penetração para determinar o tempo de início de pega, e o método semi-adiabático (por
calorimetria), determina o tempo de início de pega através da variação da temperatura em
função do tempo. O método semi-adiabático adotado foi o mesmo utilizado por Campos (12) e
foram analisadas duas amostras por lote, por tempo de armazenamento (dia 1 e dia 2), no
ensaio. Neste método o tempo de início de pega pode ser determinado analiticamente através
da derivada da função obtida. Quando a derivada é igual a zero este é um ponto de mínimo da
curva, indicado como ponto de inicio de pega por alguns autores (12).
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2.2.4. Parâmetros reológicos (ensaio Squeeze-Flow)

As características reológicas foram obtidas no ensaio de Squeeze-Flow ao longo do


tempo de utilização (0, 15, 30 e 60 minutos) e de armazenagem (dia 1 e dia 2). Neste ensaio foi
utilizado um anel com 100 mm de diâmetro interno e 20 mm de altura, com velocidade de
deslocamento da punção de 0,1 mm/s sobre uma superfície metálica como apresentado na
Figura 2a. O ensaio era finalizado quando se atingisse o limite máximo da célula de carga
(2000N) ou a amostra apresentasse uma deformação vertical de até 10 mm.

Também foram realizados ensaios com as mesmas configurações do anterior, porém,


neste caso, utilizando um bloco de vedação de concreto como base. A utilização do ensaio de
Squeeze-Flow sobre substratos porosos é fundamental para compreender o comportamento da
argamassa de revestimento à medida que sua estrutura vai enrijecendo – influenciando, por
exemplo, no tempo necessário para realizar o desempeno. As amostras que tiveram como base
o bloco de concreto foram moldadas no mesmo tempo em que ocorreu o primeiro ensaio
Squeeze-Flow, isto é, no tempo igual a 0 minuto. Desta forma, o substrato se manteve
absorvendo água até o momento do ensaio nos tempos de 15, 30 e 60 minutos (Figura 2b).

Figura 2 - (a) Ensaio de Squeeze-Flow em andamento e (b) amostras antes do ensaio

(a) (b)

2.3. Propriedades do estado endurecido

As propriedades determinadas no estado endurecido foram: resistência à compressão,


resistência à tração na flexão e resistência de aderência à tração. Estas propriedades foram
avaliadas aos 28 dias após a moldagem dos corpos-de-prova nos dois tempos de
armazenamento (dia 1 e dia 2).

2.3.1. Resistência à compressão e resistência à tração na flexão


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Foram moldados três corpos-de-prova prismáticos (40x40x160mm) de acordo com a
NBR 13279:2005 (13) para cada lote. Também foi simulada a absorção do substrato, utilizando
como base da forma um bloco de concreto. O molde prismático foi colocado sobre o bloco de
concreto com um filtro previamente umedecido em sua superfície e todo o conjunto foi fixado
na mesa de adensamento. A desmoldagem foi realizada aos sete dias e a cura foi seca ao ar.

2.3.2. Resistência de aderência à tração

Para a determinação da resistência de aderência à tração foi utilizado o ensaio descrito


pela NBR 15258:2005 (14). Visando à padronização da energia de adensamento, a argamassa foi
lançada contra os blocos de vedação na direção vertical com altura padronizada de 47cm –
conforme recomendação de Antunes (15) - totalizando uma espessura de revestimento de
(18±2)mm.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Caracterização dos agregados

Os resultados dos ensaios realizados no agregado miúdo obtido das amostras de


argamassas coletadas são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Caracterização dos agregados obtidos das amostras de argamassa no estado fresco.
PORCENTAGEM RETIDA ACUMULADA (%)
PENEIRA (mm) LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3
4,80 0,0 0,0 0,0
2,40 0,5 0,6 0,5
1,2 2,6 1,8 2,2
0,60 16,4 9,4 12,9
0,30 47,2 41,3 44,3
0,15 85,0 60,2 72,6
Fundo 100,0 100,0 100,0
Módulo de finura 1,52 1,13 1,32
Massa específica (g/cm³) 2,65 2,66 2,67
Observa-se na Tabela 1 uma homogeneidade nas características dos lotes, uma vez
que os agregados apresentam distribuição granulométrica e densidades semelhantes.

3.2. Propriedades do estado fresco

3.2.1. Índice de consistência, densidade de massa e teor de ar incorporado


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A Tabela 2 apresenta o índice de consistência no tempo de utilização inicial (0 minuto)
para os três lotes analisados nos dois dias de armazenamento.

Tabela 2 - Valores de índice de consistência (mm) para os dois dias de armazenamento.


Dia 1 Dia 2
Lote 1 242,8 235,8
Lote 2 221,5 234,0
Lote 3 278,5 246,5

Pode-se observar na Tabela 2 que houve uma perda de consistência ao longo do


tempo de armazenamento nos instantes iniciais de ensaio (0 minuto), com exceção do lote 2
que apresentou um aumento de 5,64%. Este comportamento do índice de consistência
provavelmente não influenciou significativamente na trabalhabilidade da argamassa em obra
de um dia para o outro de utilização.

Os valores obtidos de densidade de massa e teor de ar incorporado são apresentados


na Tabela 3.

Tabela 3 - Densidade de massa e teor de ar incorporado para as argamassas estudadas


TEMPO DENSIDADE TEOR DE AR
LOTE DIA Média Média
(min) (g/cm³) INCORPORADO
0 1,87 11,52%
15 1,86 10,80%
Dia 1 1,86 10,57%
30 1,86 10,31%
Lote 60 1,86 9,65%
1 0 1,90 11,37%
15 1,89 -
Dia 2 1,91 9,32%
30 1,93 10,63%
60 1,94 9,69%
0 1,79 11,13%
15 1,77 15,51%
Dia 1 1,78 15,06%
30 1,79 15,81%
Lote 60 1,78 17,78%
2 0 1,80 11,56%
15 1,82 11,40%
Dia 2 1,82 12,47%
30 1,82 14,30%
60 1,82 12,62%
0 - 13,58%
15 1,83 14,83%
Dia 1 1,80 13,46%
30 1,85 12,83%
Lote 60 1,81 12,62%
3 0 1,82 16,00%
15 1,80 15,65%
Dia 2 1,81 13,96%
30 1,80 13,87%
60 1,80 10,32%
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Nota-se na Tabela 3 que os valores de densidade de massa obtidos foram semelhantes
ao longo do tempo de utilização (0, 15, 30 e 60 minutos) considerando o mesmo lote e dia de
armazenamento. Observou-se também que os valores de densidade de massa em média
apresentaram um pequeno aumento em relação ao tempo de armazenamento (dia 1 para o dia
2), com exceção do lote 3, que se manteve constante.

Em relação ao teor de ar incorporado, em média, também houve uma pequena


diminuição em relação ao tempo de armazenamento, com exceção do lote 3 que apresentou
um aumento na média dos resultados. Os valores de teor de ar incorporado foram semelhantes
ao longo do tempo de utilização, com uma pequena diminuição para os lotes 1 e 3 e com
comportamento inverso para o lote 2. Em média, o teor de ar incorporado obtido,
considerando todos os lotes, foi de 12,47%.

3.2.2. Curva de retenção de água

Na Figura 3 são apresentadas as curvas de retenção de água ao longo do tempo


utilizando as indicações prescritas pela NBR 13277:2005 (10).

Figura 3 - Curva de retenção de água: (a) primeiro dia e (b) segundo dia de armazenamento.
100% 100%

95% 95%
Retenção de água (%)
Retenção de água (%)

90% 90%

85% 85%

80% 80%

75% 75%

70% 70%
0 5 10 15 0 5 10 15
Tempo (minutos) Tempo (minutos)

Lote 1 Lote 2 Lote 3 Lote 1 Lote 2 Lote 3

(a) (b)

Pode-se observar na Figura 3a e na Figura 3b que os valores de retenção de água não


foram muito influenciados pelo tempo de armazenamento. No entanto, observou-se diferentes
valores entre os lotes, sendo o maior valor obtido para o lote 1. Destaca-se que o lote 3 (no
primeiro e segundo dia) e o lote 2 (no segundo dia) apresentaram valores inferiores a 80%. Esse
resultado é inferior ao limite estabelecido pela norma NBR 13281:2005 (16).

3.2.3. Tempo de início de pega


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A Figura 4 apresenta os valores obtidos para o tempo de início de pega através de
calorimetria e agulha de penetração para os lotes 1, 2 e 3. Para o lote 3 não foi possível
determinar o tempo de início de pega pelo segundo método, pois a resistência à penetração na
primeira leitura foi superior àquela especificada pela norma NBR NM 9:2003 (11).

Figura 4 - Tempo de início de pega para as argamassas estudadas.


Tempo de início de pega (horas) 160

140

120

100

80

60

40

20

0
Lote 1 Lote 2 Lote 3

Penetrômetro Calorimetria

Com relação aos ensaios de tempo de início de pega, observa-se na Figura 6 que para
ambos os métodos foram obtidos valores superiores ao tempo de utilização da argamassa
informado pelo fabricante (48 horas). Em relação aos métodos, houve uma pequena diferença
entre os valores obtidos. Este comportamento foi diferente do obtidos por Campos (12) que
verificou valores de tempo de início de pega pelo penetrômetro inferiores aqueles obtidos pelo
calorímetro.

3.2.4. Parâmetros reológicos (ensaio Squeeze-Flow)

Os ensaios reológicos foram executados em quatro diferentes situações para cada um


dos lotes: (a) Dia 1 – sem sucção, (b) Dia 1 – com sucção, (c) Dia 2 – sem sucção e (d) Dia 2 –
com sucção. A Figura 5 apresenta as características reológicas da carga versus deslocamento
para o lote 1.

Figura 5 - Ensaio Squeeze-Flow no Lote 1: (a) primeiro dia – sem sucção, (b) primeiro dia – com
sucção, (c) segundo dia – sem sucção e (d) segundo dia – com sucção.
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2000 2000

1500 1500
Carga (N)

Carga (N)
1000 1000

500 500

0 0
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min 0 min 15 min 30 min 60 min

(a) Dia 1 – sem sucção (b) Dia 1 – com sucção


2000 2000

1500 1500
Carga (N)

Carga (N)
1000 1000

500 500

0 0
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min 0 min 15 min 30 min 60 min

(c) Dia 2 – sem sucção (d) Dia 2 – com sucção

Na Figura 5a e na Figura 5c observa-se que, em relação ao tempo de armazenamento


(dia 1 e dia 2), para um mesmo deslocamento (por exemplo, de 6mm), houve um aumento de
carga (5 vezes maior) para o tempo de utilização de 0 minutos, ou seja, um aumento da
consistência da argamassa. Esse aumento de consistência também foi observado para este lote
com a diminuição do índice de consistência (Tabela 2). Quando a argamassa foi submetida à
absorção de água pelo substrato poroso também houve uma perda de consistência, se
comparada com a argamassa sem absorção de água para os tempos de armazenamento (dia1 e
dia 2), como apresentado na Figura 5, demonstrando claramente a influência da perda de água
da argamassa para o substrato na sua consistência.

A perda de consistência foi maior ainda quando é analisada a influência do tempo de


utilização, isto é, com 15, 30 e 60 minutos. Uma vez que quanto maior o tempo de utilização,
maior a carga aplicada para gerar um mesmo deslocamento. Por ocorrer essa grande perda de
consistência da argamassa é possível realizar a etapa de desempeno deste revestimento. Cabe
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salientar que analisando a argamassa sem a absorção de água pelo substrato, a mesma
continua trabalhável por até 48 horas (dia 2), como é comercializada pelo fabricante.

A Figura 6 apresenta a curva obtida durante o ensaio Squeeze-Flow para o lote 2.

Figura 6 - Ensaio Squeeze-Flow no Lote 2: (a) primeiro dia – sem sucção, (b) primeiro dia – com
sucção, (c) segundo dia – sem sucção e (d) segundo dia – com sucção.
2000 2000

1500 1500
Carga (N)

Carga (N)
1000 1000

500 500

0 0
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min 0 min 15 min 30 min 60 min

(a) Dia 1 – sem sucção (b) Dia 1 – com sucção


2000 2000

1500 1500
Carga (N)

Carga (N)

1000 1000

500 500

0 0
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min 0 min 15 min 30 min 60 min

(c) Dia 2 – sem sucção (d) Dia 2 – com sucção

Observa-se na Figura 6 um comportamento semelhante ao lote 1, isto é, uma perda de


consistência ao longo do tempo de armazenamento (dia 1 e dia 2) e com a absorção de água
pelo substrato. Porém não foi observada a relação entre tempo de utilização (0, 15, 30 e 60
minutos) e a perda de consistência da argamassa. E também foi observada uma influência da
absorção de água pelo substrato nas cargas para obter um mesmo deslocamento.

A Figura 7 apresenta os resultados dos ensaios reológicos para o lote 3.

Figura 7 - Ensaio Squeeze-Flow no Lote 3: (a) primeiro dia – sem sucção, (b) primeiro dia – com
sucção, (c) segundo dia – sem sucção e (d) segundo dia – com sucção.
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2000 2000

1500 1500
Carga (N)

Carga (N)
1000 1000

500 500

0 0
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min 0 min 15 min 30 min 60 min

(a) Dia 1 – sem sucção (b) Dia 1 – com sucção


2000 2000

1500 1500
Carga (N)

Carga (N)
1000 1000

500 500

0 0
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min 0 min 15 min 30 min 60 min

(c) Dia 2 – sem sucção (d) Dia 2 – com sucção

Para o lote 3 foi observado um comportamento reológico semelhante ao verificado


nos dois primeiros lotes, isto é, foi verificada a influência do tempo de armazenagem (dia 1 para
dia 2) e do substrato nas cargas obtidas para um mesmo deslocamento (Figura 7).

Para comparar os três lotes estudados foram analisados os valores de cargas obtidas
para um mesmo deslocamento de 6mm – apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 - Cargas (N) necessárias para deslocamento de 6mm no Squeeze-Flow.


LOTE DIA SUCÇÃO 0 minuto 15 minutos 30 minutos 60 minutos
Sem 100 200 200 600
Dia 1
Com 200 400 500 1000
Lote 1
Sem 500 600 1300 -
Dia 2
Com 1100 1700 1300 -
Sem 100 100 100 100
Dia 1
Com 700 200 600 -
Lote 2
Sem 200 200 200 200
Dia 2
Com 1000 1000 1900 1500
Sem 100 100 100 100
Dia 1
Com 300 700 800 700
Lote 3
Sem 100 100 100 100
Dia 2
Com 600 1200 1700 -
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Pode-se observar na Tabela 4 que existe uma variação entre os valores obtidos,
demonstrando uma heterogeneidade das argamassas – principalmente na consistência da
argamassa observada do lote 1 para os lotes 2 e 3. Cabe salientar que o fornecedor descreve as
argamassas como sendo o mesmo produto.

3.3. Propriedades do estado endurecido

3.3.1. Resistência à tração na flexão e à compressão

Os valores de resistência à tração na flexão e compressão dos corpos-de-prova


submetidos ou não à sucção do substrato são apresentados na Figura 8.

Figura 8 - Resistências à tração na flexão e resistência à compressão.

Pode-se observar na Figura 8 que os valores de resistência à compressão e tração


foram superiores para o lote 1 em relação aos outros lotes (aproximadamente de 7,5 MPa e 3,0
MPa respectivamente). Além disso, os valores de resistência foram maiores para os corpos-de-
prova sem sucção do que para os corpos-de-prova com sucção em todos os lotes. Os valores de
resistência à tração na flexão foram em média de 41% da resistência à compressão.

3.3.2. Resistência de aderência à tração


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A Figura 9 apresenta os valores calculados para a resistência de aderência à tração
obtida através do ensaio de arrancamento nos blocos de concreto revestidos com a argamassa
estabilizada.

Figura 9 - Resistência de aderência à tração para as argamassas estudadas.


0,35

Resistência à aderência (MPa)


0,30

0,25

0,20

0,15

0,10

0,05

0,00
Lote 1 Lote 2 Lote 3

Dia 1 Dia 2

Nota-se na Figura 9 que somente para o lote 1 houve uma diferença nos valores de
resistência de aderência à tração em relação ao tempo de armazenagem (1 e 2 dias). Contudo,
para os demais lotes não foi verificado essa diferença, uma vez que os resultados foram
semelhantes em relação ao tempo de armazenamento. Observou-se também que 97% das
rupturas ocorreram na argamassa de revestimento. Os valores obtidos foram muito próximos
aos do limite mínimo exigidos pela norma NBR 13749:1996 (17) de 0,20 MPa para revestimentos
internos com acabamento em pintura ou base para reboco. Cabe ressaltar que não foi utilizado
o método de aplicação da argamassa conforme NBR 15258:2005 (14), o que poderia afetar os
resultados obtidos.

4. CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos das propriedades no estado fresco, verificou-se uma
influência tanto do tempo de utilização (tempo de aplicação no mesmo dia) quanto do tempo
de armazenagem (do primeiro para o segundo dia). Durante a caracterização reológica das
argamassas, foi possível observar a influência do tempo de utilização e do tempo de
armazenamento. Além disso, também houve uma influência da base porosa (bloco de
concreto). Em média o teor de ar incorporado das argamassas foi de 12,5%. Os tempos de início
de pega para as argamassas variaram entre 95 e 141 horas e os valores médios de retenção de
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água foram de 82%. Assim, apesar de ser possível utilizar a argamassa por até 48 horas, a
trabalhabilidade é prejudicada ao longo desse tempo.

Nas propriedades do estado endurecido, verificou-se a influencia do substrato poroso


que apresentou valores inferiores na resistência à tração na flexão e resistência à compressão
Observou-se também que os resultados de resistência de aderência à tração apresentaram
valores próximos aos limites mínimos exigidos para rebocos internos (0,20 MPa).

Assim, destacamos a necessidades de se estabelecer limites de desempenho para a


avaliação deste tipo de argamassa, uma vez que as normas já existentes não contemplam as
características e nem o controle de qualidade para argamassas estabilizadas.

5. REFERÊNCIAS

1. PANARESE, W.C.; KOSMATKA, S.H.; RANDALL, F.A. Concrete Mansory Handbook for
architects, Engineers, Builders. Portland Cement Association, 5a ed. Estados Unidos da
América, 1991. 219 p.2.
2. GRUPO HOBI. Sistema Mormix: Argamassa Estabilizada. Disponível em:
<http://grupohobi.com.br/pdf/mormix.pdf>. Acesso em: 06 março /2010.
3. CARASEK, H. Argamassas Cap. 26. In: ISAIA, G.C. Materiais de Construção Civil e Princípios de
Ciência e Engenharia de Materiais. São Paulo: IBRACON, 2010.
4. MANN NETO, A.; ANDRADE, D.C.; SOTO, N.T.A. Avaliação das propriedades do estado fresco
e endurecido da argamassa estabilizada para revestimento. IX SBTA. Belo Horizonte, 2011
5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 248: Agregados – Determinação
da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003.
6. ______. NBR NM 52: Agregado miúdo – Determinação da massa específica e massa
específica aparente. Rio de Janeiro, 2009.
7. ______. NBR 13276: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos -
Preparo da mistura e determinação do índice de consistência. Rio de Janeiro, 2005.
8. ______. NBR 13278: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos –
Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado. Rio de Janeiro, 2005.
9. SCHANKOSKI, R. A.; GRAEFF, E. R.; COSTA, F. O. (2); PRUDÊNCIO, L. R. J. Comparação entre
diferentes métodos de determinação do teor de ar incorporado em argamassas. Anais do
54º Congresso Brasileiro de Concreto – IBRACON. Maceió, Alagoas. 2012
10. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13277: Argamassa para
assentamento e revestimento de paredes e tetos – Determinação da retenção de água. Rio
de Janeiro, 2005.
11. ______. NBR NM 9: Concreto e argamassa - Determinação dos tempos de pega por meio de
resistência à penetração. Rio de Janeiro, 2003.
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12. CAMPOS, G. M. Estudo do tempo de início de pega de argamassas com aditivo
estabilizador de hidratação. 2012. 116 f. Monografia (Especialização em Patologia das
Construções) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2012.
13. ______. NBR 13279: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos –
Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão. Rio de Janeiro, 2005.
14. ______. NBR 15258: Argamassa para revestimento de paredes e tetos - Determinação da
resistência potencial de aderência à tração. Rio de Janeiro, 2005.
15. ANTUNES, R. P. N. Influência da reologia e da energia de impacto na resistência de
aderência de revestimento de argamassas. São Paulo, 2005. Tese apresentada à Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo.
16. ______. NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos -
Requisitos. Rio de Janeiro, 2005.
17. ______. NBR 13749: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas -
Especificação. Rio de Janeiro, 1996.

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