BAD PRINCE
1ª Edição
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra poderá ser reproduzida
ou transmitida por qualquer forma, meios eletrônicos ou mecânico sem
consentimento e autorização por escrito do autor/editor.
Capa: GialuiDesign
Revisão: Bárbara Pinheiro
Diagramação: April Kroes
Ilustração: Daniel Caetano
autora não apoia e nem tolera esse tipo de comportamento. Não leia
se não se sente confortável com isso.
há um filtro no Instagram chamado Bad Prince Zoex, feito pela
@_lerporamor. Use-o para filmar suas reações e seus trechos
instagram
filtro de bad prince
linktree
newsletter
ouça caos
série.
em outras vidas, Conrad era algo meu, uma memória passada, e ele
foi exigente da primeira até a última letra.
em um texto.
Bad Prince.
também a abracem.
entrego aqui, está tudo bem. Só não fecha a porta para conhecer
Zoe X.
Para H.
Fogo e fumaça.
então me olhe nos olhos, diga-me o que você vê. paraíso perfeito se
desfazendo. eu queria poder escapar. eu não quero fingir. eu queria
b a d l i a r, i m a g i n e d r a g o n s .
delas.
Cinco segundos depois de soltar o ar preso nos pulmões, foi
com ele, e há anos eu vinha fugindo disso, mesmo que vez ou outra
fosse obrigada a voltar lá: no dia em que perdi tudo, no dia em que
ele arrancou o resto de vida de mim.
ficar e ter pena de mim mesma, vasculhei com a mão sobre a mesa
porta do closet. Minhas botas pesadas por cima da calça jeans preta
com rasgo no joelho me faziam parecer uma rebelde. O
percebia isso.
presença, o jeito como Isaac deslizou para fora do banco das líderes
de torcida poderia ter me feito chorar.
Fingi estar distraída, fingi não o ver, e arranjei o que fazer para
que ele tivesse tempo de vir até mim. Arranquei os fones, procurei
por tempo demais o lugar onde o lixo estava para poder jogar a
Eu não era baixa, no alto dos meus 1,76, quando me virei para
encará-lo, o sorriso de Isaac estava bem na altura dos meus olhos.
Ele parecia perfeito, como sempre, e ninguém diria que estava
verdes me beijou.
comentários.
“Aproveitadora.”
“Tenho certeza que morando naquela casa, ela deu para o pai
e para o filho.”
confiança.
entendi o motivo.
cochilar.
Mas e você?
que eu. — Nosso café foi servido. O meu era um copo grande de
lugar, e ele sabia muito bem como arrancar as coisas de mim, já que
eu odiava desapontá-lo.
Era para eu ser uma Viper, mas escolhi os Lions porque não
tinha estômago para ver a desaprovação nos olhares de Isaac e do
orgulho disso.
— Não faço ideia, mas seria bom você me prometer não sair
do seu quarto. Sabe que aqueles idiotas não têm limite, e não quero
recolher…
Eu o amava, mesmo.
Não via a possibilidade da vida com outra pessoa que não ele.
da jaqueta.
pela bunda contra si e eu quis rir, mas não tive tempo porque seu
caminhar para fora da cafeteria sem olhar para trás, sabendo que a
plateia animada agora me xingava mentalmente.
era uma vontade incontrolável de fumar e uma fome que parecia ter
grudado meu estômago nas costas.
menina.
Se fosse pega nos corredores, ganharia uma advertência, mas
justificar a fome junto da minha média global não mancharia em
nada meu histórico. Para minha desculpa ser ainda mais crível, nem
tirei a calça de moletom cinza. Enfiei os pés com meia nos chinelos,
coloquei a jaqueta sobre os ombros, soltei o cabelo, e com o
dinheiro no bolso, saí.
quando não oficiais. E se eram oficiais, por que não era aberta para
todo mundo da faculdade?
lado.
vitorioso, sem sorrir. Pior ainda, enquanto sua nova turma vibrava,
ele continuou a andar na minha direção.
Ele não estava saindo deliberadamente, estava vindo para
mim.
Eu corri.
Eu voltei,
Red.
número.
E vou fazer da
sua vida um
inferno.
nada é divertido, não como antes. você não me deixa bem, não
mais. costumava tomar um, agora é preciso quatro. você não me
Era ela.
segui como um caçador que reconhece sua presa, que está pronto
para acertá-la. Mas Scarlet se recuperou mais rápido do que deveria
e fiquei parado na porta, vendo sua corrida desengonçada para
longe.
Quis rir.
era?
— O que Scarlet faria aqui, tão tarde? Ela odeia ser notada.
para dentro.
você vai ficar puto comigo se eu disser que fodi com ela algumas
um pouco a cabeça.
— Que bom, porque tenho certeza de que ela tem algo para te
até ali. Agora, em uma noite de festa, o lugar estava lotado, o som
no último, e eu era um deus.
houve uma pausa nas vezes em que queríamos transar. Ela nunca
teve um compromisso, eu também não. Quando a virei para mim,
prendi seu corpo no meu, tendo seu olhar preso ao meu rosto, vi o
sorriso surgir quando abaixei a cabeça na direção dela.
ritmo era acelerado, seu corpo pulsava contra o meu. Seus peitos
grandes e macios contra mim denunciavam que ela não negaria
compromissos da manhã, uma vez que ele lia uma pilha de papéis e
assinava compulsivamente.
— Conrad — ele parou por um minuto, tirou os óculos e me
Quis gargalhar.
um erro.
Mas ele me devia. Devia muito. E seu modo de lidar com isso
nisso ou não. No fundo, ele devia saber que o monstro era ele, e
E, sim, vai seguir as regras durante o dia, além do mais, você não
deveria exibir essa droga de símbolo com tanto orgulho. — Ele
quase cuspiu.
direção.
algo tão perigoso e sujo por puro abuso de poder. — Você não me
quem eu era.
Fazia cinco anos desde que nós tínhamos nos visto antes da
provoquei.
— Certo.
Dei o primeiro passo, mas meu irmão não se conformou. Ficou
cedo?
meu rosto.
Ali tive plena certeza de que o ódio que sentia por cada um
— Cara… nem se você chupar meu pau tão bem quanto sua
namorada vai fazer.
toda era saboroso demais para deixar passar tão rápido assim, e
sabendo disso, fui atrás do alvo que me interessava no momento.
dependesse de mim.
scarlet
família da Emily?
— Não sei…
bastardo.
combinava muito com ele. Sua pele, o que era exposto, era tão
Nunca.
coberto.
Tentei uma única vez, mas ele notou que era observado e
Olhava para ele todo, mas escapava dos olhos que tudo viam
e tudo sabiam.
— Droga — minha irmã bufou, voltando para o banco sabe lá
Deus quanto tempo depois. — Acho que não vou ter alternativa,
além de passar as férias toda trancafiada com você.
Minha irmã parecia me odiar cada vez mais desde a morte dos
nossos pais.
preparado para lidar. Nem nós, as filhas deixadas para trás, nem
meu velho avô paterno, o militar de coração mais mole que eu já
havia conhecido.
clássicos que ainda não tinha lido estavam na minha pilha, menos o
meu favorito.
para pegá-lo.
Alguém o tinha colocado na prateleira mais alta e eu, apesar
precisar devolver.
por cima da minha cabeça, a mão branca que parecia ter sido
Eu congelei.
corpo.
Meus olhos fitaram a gravata mal colocada, o meio-sorriso
em seus dedos.
Conrad.
dele.
a luz vinda do vitral acima de nós caindo sobre seu rosto. Eu sabia
que não poderia deixar aquilo passar, e enquanto permitia Conrad
me ler como bem entendesse, gravei cada mínimo detalhe dele para
— Acho que vou convidar Isaac e Conrad para viajar. Meu pai
quer garantir meu lugar na Prince University e o jeito de estreitar o
laço vai ser esse… — Heather, a loira de olhos verdes e lábios finos,
comentou.
aguentei.
— Por que não posso? — A minha resposta foi uma só, baixa,
chateada.
Mais atenção.
eu, sem opção, dava um para trás. — Você não vai roubar mais
atenção, você não vai acabar com a minha chance! — ela gritou
Era horrível perceber que minha irmã tinha uma mágoa de mim
estávamos na margem.
Tentei mais uma vez ir para cima, precisava de ar, mas não
tinha no que eu me agarrar e não tinha como procurar onde firmar
Sorvi o ar desesperadamente.
Havia água na minha boca e eu tossi.
precisar de ajuda.
Engoli com dificuldade, minha garganta doía, mas fiz que sim
— Ela está bem, viu! Já ficou até de pé. — Ela riu o sorriso
irmãs e não competidoras. Que eu não era sua inimiga, mas que se
ela tentasse me matar, poderia me tornar. Que o esforço que eu
momento em que fiquei fora de sua vista e eu não sabia como agir
depois daquilo.
decode, paramore.
quarto, dele romper a barreira que eu construí com muito custo para
minha alma, o pior dos medos disse olá na minha mente. Tentei
fugir, mas meus olhos não viam mais minha cama desarrumada e a
Eu vi tudo desmoronar.
sufocou.
Um grande nada.
inconsequente.
Idiota, não comece a chorar! Ele não pode te fazer mal. Ele não tem
Conrad era meu pior pesadelo, e com tudo, era injusto que ele
estivesse de volta.
o azar de Conrad, meu corpo era um terreno muito fértil para aquele
tipo de sentimento.
Ri da minha imbecilidade.
ficar de pé.
Isaac tinha que ter me contado, mas ele não o fez e agora não
atendia a merda do telefone.
opção.
Com um agasalho estilo canguru por baixo da jaqueta de
couro, puxei o capuz por cima da cabeça e subi mais um lance de
escadas até estar no corredor do dormitório masculino dos Lions.
namorado.
corredor.
muito grata por John Prince gostar tanto de mim, ou tentar calar a
minha boca.
Nada.
processando a informação.
— Então, onde?
— Bem…
nos banheiros chamei por ele, mas foi quando finalmente cansei,
— Por que você não atendeu seu celular? — Meu tom de voz
era melindroso, agressivo, mas baixo.
do meu maxilar e então, ele estava lá, frente a frente comigo. Olho
nós.
também.
suportar aquilo.
quisesse ter. A sorte dele era que eu achava tudo aquilo um grande
que seu irmão esteja aqui. Ele deveria estar… — A palavra presa
— Mas ele está aqui, e eu não acho que ele vá nos deixar em
paz.
Era desconfortável.
Ele se ergueu e sentou ao meu lado, colocando a mão sobre a
minha e me deixando deitar em seu ombro. Eu aproveitei. Precisava
de carinho, queria algum apoio.
Era uma merda, mas a vida tinha dessas: era injusta pra
com um videogame novo, um doce, uma flor e foi assim, até que eu
permiti que ele ficasse. Mas mesmo com todo esse esforço, eu via
quem ele era. O grande atleta, o bom menino da família, o favorito
— Eu sei que você está tensa e tudo mais, mas você pode ir
e o olhar bondoso.
Quase gargalhei.
— Sem Vipers?
— Mesmo assim…
— Estarei pronta.
Sempre.
Nenhum.
Subitamente a vontade de lê-lo me pegou pelos calcanhares.
pequenos, mas eles não eram tão grandes e, com o único sutiã que
eu tinha perdido no fundo do armário, ajeitei o decote da melhor
forma possível e me conformei que meu peito não era aqueles de
muito bonita.
Talvez quando mais nova, meus olhos não fossem tão fundos,
estava perfeito.
Foi em alguma hora que ele veio para perto que girei até parar
contra seu peito. Mal precisei puxá-lo, Isaac já estava sobre mim e
aproveitou que o beijei com todo o fogo que nunca aparecia quando
Minha língua brincou com seu lábio inferior, depois invadiu sua
boca e o dominou.
faria em seguida.
Todo o ódio que senti antes pareceu uma mínima fagulha perto
do medo que senti naquele segundo, na pouca luz da festa ele
parecia ainda mais ameaçador. Era como se a batida de “I love
rock’n’roll” fosse feita para acompanhar seus passos. E ele vinha na
minha direção.
dentro de mim.
Eu senti medo.
proximidade.
Enquanto as luzes da festa mudavam para verde, preto e cinza
e o som parava do nada, o cheiro dele invadiu meu cérebro como
um soco. O calor do corpo dele contra o meu fez com que o ódio
que eu sentia por Conrad se virasse contra mim também.
em segundos.
Era uma péssima ideia estar tão bêbada sabendo dos riscos.
E, pior ainda, era me sentir daquele jeito por causa de Conrad. A
vontade de chorar era quase incontrolável, eu só queria minha cama
e meu quarto, mas pensar nisso foi difícil quando vi gente correr em
volta de mim.
saber que ele não era alguém que gostava de usar fósforos, ele
gostava de isqueiros. Em particular, do seu isqueiro prateado.
minha vida acabar em segundos, mas foi pior. Não só ficou difícil de
respirar, como, de repente, o ar não existia mais.
graveyard, halsey
Ela não podia descontar todo o ódio que sentia do mundo nas
minhas costas, ainda mais quando isso podia me machucar ou me
matar.
raiva.
Segurei um suspiro.
Meia hora depois, a bronca havia acabado e ela correu escada
acima, provavelmente, para descobrir como faria um boneco vodu
meu.
— Acha que esse problema com sua irmã pode ser superado?
— Susan odeia ser órfã. E odeia ser pobre. E odeia que não
tenha as coisas que suas amigas têm para poder se exibir — falei,
jantou?
e acordaria antes.
A manhã seguinte foi desastrosa. A batida na porta me
acordou, mas tudo o que fiz foi cobrir a cabeça para fugir da
claridade e tentei voltar a dormir.
— Já vai!
Meu avô deveria ter entendido o recado dele: não, não somos
amigos. Mas o meu bom e amado avô não entendeu.
— Ah, nesse caso, entre.
— Belo penteado.
suas mãos.
— Ótimo. Se for assim, acho que já posso ir. Cuidado por onde
anda.
velhos amigos, mas o jeito como ele a encarou gelou toda minha
espinha.
demais.
dele soou clara, alta, num tom debochado que eu nunca tinha
ouvido.
— Não sabia que você era do tipo que gosta de invasão de
propriedade privada.
— O que é isso?
repensei.
— Não.
Nunca sonhei que aquela mistura poderia ser boa, mas era.
E combinava perfeitamente com ele.
na parede.
aquela tensão?
— Foi. Mas não sou bom com cores, e eu acho que seria bom
pintar. Desde que meu pai abandonou isso aqui, tinha a sensação
as coisas.
Conrad deu de ombros, como se aquilo, aquela arte toda,
fosse nada.
finalmente perguntei:
apoiado nela. Seu rosto tinha uma expressão blasé, mas seus olhos
eram vibrantes demais para que eu caísse naquela mentira de que
— Eu?
aquele garoto que eu observei desde que mudei para aquele lugar
esquisito e não pertencente estava procurando saber sobre mim. As
Será que ele sabia que era a inspiração de boa parte daqueles
desenhos?
— É por isso que sei que você pode fazer isso por mim. Eu
minuto durou uma era, e sem pensar, sabendo que ele tinha quem
quisesse na mão, fui clara no meu recado.
— Eu sei.
da parede.
hora
— Amanhã.
fingia que eu não existia, duvidava que ela daria o braço a torcer
para reclamar do meu sumiço.
cérebro derreteu.
— Isso serve?
Quem deu de ombros fui eu, uma vez que não tinha opção
melhor.
amarelo para uma base marrom, mas não aguento o peso desses
galões.
mangas da blusa.
Não tinha me chamado até ali para isso? Então que confiasse
no que eu faria.
viria.
na cabeça.
Conrad riu.
pintar com aquela cor, expliquei para ele o que queria que fosse
feito e, no final das contas, depois de achar mais uma lixeira velha,
— Mas não significa que não seja uma grande coisa. Seus
pais eram bons pais?
— Por quê?
— E sua irmã?
pacote. É o jeito que ela encontrou de lidar com tudo, e por isso eu
não a julgo mesmo que doa muito ver o quanto ela pode machucar
os outros só porque não lida com as próprias feridas. No fundo, ela
é uma boa pessoa, acredite.
gosto ainda mais quando ele pode se tornar real e movimentar toda
uma cadeia que entra em colapso quando pessoas estão
predestinadas e fazem de tudo para ficarem juntas.
— Certo — prometi.
esquisito.
— Posso te levar?
— Isaac? — perguntei.
que eu quero fazer é ser mais eu mesmo e ser menos como você.
minha mão para sua boca e notei seus olhos espertos em mim
incomodou.
adivinhar.
é absurdo que qualquer merdinha sem ter onde cair morto entre por
coisa fora disso não valia nem mesmo uma segunda olhada. Bella
não era muito diferente, mas eu tinha certeza de que era a influência
de Thomaz sobre ela que a deixara tão arrogante. Ainda assim, com
Traga a estrela.
23h50.
teria provas o bastante para foder com ele, caso fosse pego.
Pensando nisso, me peguei listando o que faria mais tarde para
matar hora, antes de encontrá-lo. Era hora de ver minha mãe, hora
de mostrar à cidade que eu estava de volta. Não precisava mais me
esconder ou abaixar a cabeça. Eu não era mais o garoto que todo
mundo odiava, ou ainda era, mas não estava nem aí.
avançava no tecido.
— Como?
e intensos. Aquela era a única parte dela que continuava tão viva
quanto antes, mesmo depois de todo o seu mundo se partir em
fotos de família que meu pai fazia aparecer em algum jornal. Ela
sempre ao lado de Isaac, sempre com as mãos dele em volta de
a câmera.
chão.
curiosos.
absurda dentro das minhas veias. Por que ela não reagia? Queria
provocá-la, queria que ela começasse a duvidar da própria
essência. Agora, anos depois, ela tinha uma nota mais madura, algo
a ver com o cigarro que descobri ser seu novo vício. Ainda assim,
balde.
mais.
O riso em volta de nós foi ainda mais cruel, mas eu não ri.
Dei dois passos para trás, mostrando todo meu nojo no olhar
anteriores.
coração se comprimiram.
fez a raiva aquecer meu sangue de novo quando lembrei que meu
merda aqui, e não sou eu. — Sua voz era mais firme do que eu
esperava ouvir, mas ainda assim baixa demais para que outro
alguém escutasse.
rosto.
esforço.
parte, mas sabia que naquela noite eu dormiria o sono dos justos.
finas de cada lado, e outras duas mais grossas que iam do capô até
o porta-malas. Com algumas modificações que fiz depois de
comprá-lo com o primeiro dinheiro decente da minha produção, ele
ficou perfeito para correr. Não era o modelo mais novo, mas nunca
havia me decepcionado, e virou minha distração no meio da solidão
francesa.
Supernova era algo que a massa que adorava uma boa viagem
tinha necessidade, tudo era batido demais e causava uma
dependência extrema. Ela era melhor que o MD para sensações
era mais cara e a produção não era tão rápida. O que eu tinha agora
era de um estoque, e tirando um potinho daqueles de farmácia do
bolso, coloquei-o no colo de minha mãe e avisei:
— Ok.
— E, mãe…
— Conrad…
farta e muito queijo. Fiz sua vontade ao não beber nenhum gole do
seu vinho, deixei que ela me contasse sobre as pessoas que eu não
via há muito tempo e não lembrava nem dos nomes ou dos rostos.
visitar algumas.
— O que foi?
Deixei minha mãe em casa e, assim que ela entrou pela porta,
conversa seria diferente. Ele, com toda a certeza, não estava pronto
para encontrar comigo na versão adulta.
compromisso, mas até aí, meu distribuidor não tinha motivos para
reclamar, eram negócios de pai para filho.
A primeira vez que eu fui até ali foi com Thomaz, Bella e nosso
antigo grupinho para fumar e beber escondido. Apanhei que nem
um filho da puta quando voltei para casa bêbado e minha mãe não
estava. Aquele era o tipo de memória que não ia embora, mas eu já
tinha superado.
Agora, aquele lugar não parecia atrair muita gente. Com toda a
floresta crescendo em volta e pelo estado das paredes e do teto, eu
duvidava que alguém apareceria, ainda mais em uma noite escura e
chegou.
traguei mais uma vez, pegando o cigarro daquele jeito que parecia
irritá-lo, soprando a fumaça na direção em que ele vinha.
— Conrad.
Ela era linda pra caralho, sempre foi e não tinha a mínima
noção disso.
Era mais fácil odiá-la, era mais fácil sentir raiva, do que dor, do
que mágoa, do que tristeza.
mostrar que eu não era mais a garotinha boba que ele deixou para
trás. Agora seria olho por olho e dente por dente, mesmo que
acabássemos banguelas e cegos.
— Sangue de porco?
último traço naquilo, o soluço veio forte, sacudindo todo meu corpo.
Consegui o que
você queria e
descobri que
amanhã eles vão
jogar.
É a oportunidade perfeita.
Certo, deixe o
resto por minha
conta. Só arranje
gente disposta a
ajudar a fazer
uma bela
bagunça.
Estamos sempre
dispostos. ;)
Preciso treinar,
amor. Te vejo
depois.
aquela chuva, e desci para o meu quarto. Sem fome, sem vontade
de nada, só queria meu bom e velho exemplar de O morro dos
dia para cuidar do plano daquela noite. Fui atrás de pincel, cetim e
que precisava.
Estamos te
esperando no
corredor dos
Viper.
bolo.
assuste, ok? Nem todo mundo foi ao jogo, então vamos prender os
da minha firmeza.
sendo segurada por três dos jogadores mais fortes, além dos outros
que carregavam baldes. — É o que pedi?
— Acho que vai gostar de ver o que temos. Essa porra fede
muito, é sério — ele reclamou, mas virou para espiar pelo corredor e
ele previu, a sala de descanso dos Viper não estava vazia. Duas
garotas deram gritinhos e tentaram correr.
movimento.
devolver”.
entender.
Estava claro que ele não havia gostado, mas eu estava pronta
para contornar aquela situação.
— Vamos.
ser.
bonito parecia ter bons sonhos, e nua, depois de mais uma noite
— Você sabe que posso trocar qualquer coisa para uma noite
final, e não sabia o porquê, pois era natural acabar sem roupa
dentro daquele quarto.
— Scar.
no rosto.
Não mais.
scarlet
estávamos sonhando.
para mim? Eu não tinha ideia, mas sabia que ele já havia feito aquilo
algumas dezenas de vezes, afinal de contas, ele era ele, e eu não
minha mente, e foi por isso e por saber que Susan seria algo para
outras pessoas.
e não o vimos.
maiores detalhes.
— Ah, a menina Simons, né? Ela até convidou, mas não vai
completou.
— Sinto muito por sua mãe, Isaac. — Minha voz saiu num
sopro baixo.
— Está tudo bem, ela está melhor assim, sabe? O câncer a
pegou de jeito, foi rápido demais para que pudéssemos fazer algo.
O bom é que o foco se virou para o futuro, ir para a Prince
meus de novo.
diretamente.
— Olá, Red.
sentindo a pele macia, fria, tão bonita quanto qualquer desenho que
eu tinha feito. Quando meus dedos ficaram sobre os seus, ele os
Susan me mataria.
estava.
ombro e mirou.
não falharia.
simples?
roubado ele para você, mas você teria o pato e ambas as formas
seriam fáceis.
delas.
silêncio.
— É?
passar ileso do roubo, mas sempre saberia ao olhar para o pato que
mostrar lá de cima.
— Qual o problema?
ir.
sombra da minha irmã, fui com o garoto de olhos pretos para trás do
frente à escada.
— Me dê o pato — ele pediu e eu obedeci. — Agora suba.
— Não é proibido?
e deu de ombros.
— É um pouco óbvio.
— Não — menti. Queria dizer que tinha sido difícil passar tanto
— Que nunca mais parei para ver o céu desde que perdi meus
— Flutuando?
— Morto.
— Desculpe.
virar o rosto.
Conrad já me olhava.
bom.
por mais, por qualquer coisa que ele ainda quisesse me dar.
adianta ser filho do cara mais rico da cidade e morar onde eu moro?
Ver minha mãe se foder em um emprego merda, ou… — Ele engoliu
e eu respeitei seu espaço, até perceber que ele não soltaria mais
promessa.
ainda mais porque Conrad não disse nem tchau, ele só subiu no
carro e como se eu não fosse nada, foi embora.
voltei ao parque para procurar por Susan, sabendo que minha irmã
acabaria comigo por todo o caminho para casa, mas nada poderia
me atingir, já que a surpresa do dia seguinte coroava tudo o que
aquela noite havia sido de boa e mais um pouco.
jardim seria uma boa ideia de trabalho em equipe. Mal sabia ele.
Minha irmã surtou. Ela sabia de onde tinha vindo antes mesmo
de ver meu sorriso.
me importar menos.
tudo que você tem é o seu fogo e o lugar que você precisa atingir.
nunca dome seus demônios, mas sempre os mantenha em uma
coleira.
a r s o n i s t ’s l u l l a b y e , h o z i e r
mente, e minhas veias queimavam por outro motivo que não ódio,
eu me estapeava mentalmente.
Não era para ela ter qualquer tipo de controle sobre mim e o
recado estaria claro no dia seguinte. Scarlet podia achar que estava
no mesmo degrau que eu, mas perceberia logo que fugir era a única
rude.
quer com isso, hein? Achei que era só assustar a garota depois dela
segunda vez, porém, isso aqui não é problema seu, nem como eu
Ali, Scarlet ainda era boa com cores, mas foi só passar
Eu sabia o motivo.
Eu era o motivo.
Ela ainda desenhava minhas mãos, mas não tinha mais nada
dos meus olhos por ali.
eles?
Eu adoraria saber, e adorava a possibilidade de atormentá-la
tanto quanto ela fez comigo por tanto tempo. Criando coragem,
voltei ao primeiro desenho.
forcei a analisá-lo.
Foi por ela que eu fui embora, e ela era uma mal-agradecida
causa disso, no dia seguinte, sabendo que ela não havia consertado
Scarlet se virou.
Era um desafio.
— Gostou? — provoquei.
erguesse o rosto para me ver com clareza. Aquele toque ínfimo fez
Já pensou que legal. meu irmão saber que você estava aqui comigo,
continuar com aquele jogo, por isso fiz meu melhor para não encarar
demais a calcinha preta que abraçava o quadril dela tão bem.
afundando antes de mirar seus olhos e ver que ela queria me matar.
— Adora, mas acho que deve ser de família, você parece não
ter.
existia.
daquele jeito.
— Eu vou te tocar. Não aqui, mas vou. E quando fizer, você vai
implorar para eu não parar.
A primeira era jogar a toalha por uma hora e foder com ela ali
com os dois cheios de ódio. Seria do caralho, provavelmente a
melhor transa de todas, mas eu ainda queria brincar com a cabeça
dela. Queria que Scarlet não conseguisse virar a esquina sem ter
medo de me encontrar do outro lado, tanto por sofrer uma
humilhação das grandes ou porque queria sentar em mim, e foi aí
que a segunda opção venceu.
encarando-a.
— Espero que meu irmão não se importe que todo mundo veja
melhor o que ele tem, já que você não pareceu nenhum pouco
desconfortável antes. — Minha voz saiu como um murmúrio, e ela
aquela visão.
Ela fechou os olhos mais uma vez, tapou os seios com o braço
de novo mesmo eu já tendo visto tudo, e respirou fundo antes de me
olhar mesmo, não é? E, se você está aqui para ver uma segunda
vez, é porque gostou muito do que viu antes. — Ela começou sua
caminhada, mas parou antes de sair, e mantendo o resto do orgulho
que tinha, disse: — Espero que saiba que não importa com quem
você transe, lá no fundo sempre vai se perguntar como seria
comigo, e se você quiser saber, só o seu irmão poderá te dizer.
sair dali.
tagarelar.
em meia hora.
— Ok.
corredor.
imaginava que meu nome estaria algum dia envolvido nesse papel.
— Eu acredito.
— O quê?
— Não quero.
— Farei o possível.
queria fora, e foi o que ele fez, saindo sem se despedir, fechando a
porta a suas costas, me fazendo anotar mentalmente que eu
precisava trocar aquela fechadura logo.
mangas da jaqueta.
dar a primeira tragada e percebi que ela também queria fumar, mas
meu irmão geração saúde devia encher a cabeça dela e, mais uma
vez, eu quis rir. Era sério que a dependência dela deixava com que
que ela atravessasse, passando por mim e por meu pai para chegar
em Isaac, eu a peguei.
Passei a mão por sua cintura e prendi seu corpo ao meu lado,
que eles tinham. O negócio cresceu tanto que, uma hora depois,
com meu irmão e ela já tendo bebido um tanto considerável, ambos
gritaram um com o outro e ela foi embora.
Ele não ligou. Foi Scarlet desaparecer no meio da multidão
que Isaac começou a conversar com uma loirinha que com certeza
iria foder, e eu fui atrás dela sem pensar duas vezes, disposto a
começar minha tarefa de mostrar que, mesmo depois de todo
aquele tempo, mesmo depois de tudo desmoronar, Scarlet ainda
sentia algo por mim.
scarlet
e aqui estamos, nossa última noite vivos, e à medida que a Terra vai
queimando. oh, garoto, é com você que eu me deito enquanto a
Susan não resistiu à fome e estava sentada bem atrás de mim, com
Ainda assim, fingi que sua cara de choro não era problema
meu, que seu olhar não me assustava, e organizei a louça limpa no
grunhido preguiçoso.
— Filha, você pode me dizer quem foi que mandou as flores de
ontem? — A seriedade em seu rosto, o fato dele não olhar nos
você o conheceu.
noite…
não é como o irmão que tem berço. Conrad é o rebelde, anda com
— Eu não sei. — Queria gritar com toda certeza que sim, mas
eu não podia. Minha voz saiu fraca, baixa. — Eu acho que gosta…
Simples, eu não sou uma vaca amarga que sempre que pode é
horrível como você. Me conte, qual é o prazer em sempre ser
minha cabeça.
— Está bem.
podia fazer algo. Ele voltou a acelerar pela rua e puxou o assunto.
tudo.
me apoiando na porta.
mundo.
tom.
Era imensa, mas não foi isso o que me chamou mais atenção. A
estrada que levava até a mansão era de pedras e coberta pela copa
de árvores que se entrelaçam, fazendo um belo arco de folhas por
onde o sol brincava procurando por brechas para atingir o solo. Era
Caí em mim quando ouvi a porta do carro abrindo e corri para tirar o
cinto e acompanhá-lo logo, mas foi só sair do carro e olhar para a
escuro e uma blusa que quando nova era branca, mas agora era
meio amarelada, de um tecido levinho e que deixava meus ombros
estar ali, e até cheguei a encarar o caminho bonito pelo qual havia
cor da minha blusa. Ele passou por uma porta de vidro a qual eu
frente.
congelou.
A sala de jantar tinha um espelho no fundo, bem de frente para
emaranhado, meu rosto vermelho, minha roupa que não era nem de
longe a certa para estar ali, tudo isso somado a uma mesa de
almoço posta para três, com cada mínimo detalhe da decoração
meu corpo esquentou e eu quis que a terra se abrisse aos meus pés
para eu poder pular dentro. Minha vontade era de chorar, de pedir
caminho com a mão, — mas faço questão que almoce aqui. Faz
olhar, aqueles olhos, não pude dizer não —... está bem.
cair, e quando abri a porta, ouvindo John Prince pedir mais um lugar
à mesa para algum empregado, me tranquei logo no lavabo e
dos Prince.
e ergui o rosto para encará-lo melhor. Não queria que ele pensasse
— Eu tenho uma média boa, mas não sei se tenho algum outro
minhas veias.
— Meu avô.
ficou bem claro naquele segundo. Foi por isso que quando Conrad
me guiou até o primeiro carro perto da porta, uma picape mais
antiga, não disse absolutamente nada quando ele me colocou para
Aquela foi a primeira vez que chorei por causa de um, ou todos
os Prince.
acontecer, e essa confusão foi o único jeito de te tirar de lá. Meu pai
não presta, acredite. Ele compra tudo em volta dele, e o que não
consegue comprar, ele destrói. Isso serve tanto para gente, quanto
para coisas. Não queria você exposta a ele tão cedo… — ele
notar.
— Não. Estou furioso com meu irmão, irado com meu pai, mas
longe deste lugar e dessas pessoas, uma vez que fora daqueles
portões, eu sou só mais um fodido. Não nasci para viver de
aparências, e não quero que você se suje com esse meio de merda.
ainda mais minha cabeça, ele não me tocou. Isso foi meu meio de
entender que havia um limite, e eu estava pronta para lidar com ele
quando abri a porta da velha picape.
d a i s y, a s h n i k k o
Queria gritar com Isaac, dizer que ele era um idiota por ficar
não podia controlar a porra dos Prince, nenhum deles! Era o pai
ameaça que Conrad fez mais cedo ainda estava fresca na minha
mente e ele ainda tinha meu caderno de desenhos.
problema.
Era bizarro odiar tanto alguém, mas se dar conta de que sentiu
sua falta de forma tão tremenda e significativa. Eu o queria longe,
mas era divertido poder ser a pessoa que devolvia o tapa que
Conrad me forçava a ser forte, a ser eu. Se não fosse, ele já teria
me engolido logo no dia de sua volta.
fechadura.
Meu corpo todo gelou achando que tinha sido pega, mas meio
Ok, ele está no quarto dele, tudo bem tirar a jaqueta quando
não está tão frio, não é? — pensei, e logo depois o vi tirar a
camiseta.
Foi como voltar ao passado quando Conrad exibiu as costas
cheias de marcas. Meu ar faltou, eu quis chorar quando lembrei
como aquilo havia sido feito, quando me lembrei como foi cair dentro
Mas ele fez, e quando dei por mim, Conrad Prince estava
abaixando calça e cueca de uma só vez, ficando pelado bem na
minha frente.
horrores”, não pude deixar de imaginar como seria sentir aquilo nos
aliviar a pressão e o ódio que sentia por aquele ser de mais de dois
burra.
tinha outra opção, ainda mais quando ele gemeu mais alto e
mordiscou o lábio inferior logo em seguida.
ouvisse:
medo dele abri-lo. Para minha sorte, ele não o fez. Ainda assim, não
— Me conte, Red, como você acha que meu pau vai ficar entre
mole.
Eu nunca me imaginei em tal situação, nunca pensei que
Não era justo ele ser tão lindo, mais ainda do que quando
Não era nada justo ele ser tão gostoso, ter um pau tão grande
e grosso, e ainda por cima ter aquele piercing! Não era certo eu
sim pedir transferência com as notas que tinha, podia chorar para
que John me mandasse para longe, podia me jogar de cabeça nos
aquilo para mim mesma e não fazer nada para mudar o rumo das
coisas.
consumiu.
madeira. — Já que eu sei o que você veio buscar, só vou dar a dica
de que você não vai achar tão fácil assim. E como sou um bom
anfitrião, vou para o banho para que você saia daí, e espero que
perfeita foi a primeira coisa que mirei antes das antigas cicatrizes,
tudo em volta.
scarlet
seu quarto e nossas fichas estão limpas. então você nunca foi um
Estou na porta.
Pegou sua
toalha?
hora inteira foi muito, mas o que importava era que estava com
minha mala pronta antes das nove, esperando por ele no sofá de
casa, tentando não parecer tão ansiosa por fora quanto estava por
dentro.
irmã não espiasse pela janela do seu quarto, ou a volta para casa
seria um inferno.
aqui da porta?
Eu deveria mentir?
então.
do verão podia ser o final daquilo, era mais do que óbvio que meus
os próximos amores poderiam ser intensos, mas nenhum deles
até à noite, provável que se torne um luau, mas você não vai poder
ficar, não é?
e não ter hora para voltar, ainda mais depois do que Susan disse da
última vez… — O final da frase era para ser um pensamento, mas
escapou pela minha boca.
— Que você só queria brincar comigo, que não era uma boa
influência, que me faria de idiota e que... — meu tom de voz
diminuiu, o nó voltou para a minha garganta como no dia anterior, e
endireitou.
— Espero que goste de água gelada, essa daqui é de doer os
ossos.
desci.
N a d a.
nos ombros.
de novo.
dos braços são queimaduras. Acho que você já notou que eu gosto
de brincar com o que não devo, não é?
Confirmei com a cabeça, querendo que ele não parasse de se
E você?
— Eu o quê?
interna?
— Interna?
foram longe quando ele disse: — O tipo de cicatriz mais feia que
existe.
do sofrimento. O amor não teve nada a ver com aquilo, inclusive, ele
Ele fez uma careta, depois deitou com a barriga para cima e
sinto que tem mais esforço dos personagens para resolver isso.
— Tenho.
segurei.
— Minha mãe era bonita, inocente demais, ele era tão bonito
esta cidade caiu em cima da minha mãe como se ela fosse uma
criminosa. Ela perdeu o emprego, quase perdeu a casa em que
posso morar com ele, mas o que seria da minha mãe? Não posso
deixar Caroline, não posso sonhar em… — Ele suspirou. — Já falei
demais.
Ele riu.
— Me prove.
lhe uma animação que o tornava belo; mas, se ela não podia olhar,
podia ouvir, e ele contou-lhe tudo o que sentia, o que, ao provar a
importância que ela tinha para ele, valorizava a cada instante o seu
seja como é e ainda saiba esse tipo de coisa. — Minha boca secou,
eu queria me aproximar ainda mais dele, mas não sabia como fazer,
atenção a ele.
— Obrigada.
— Scarlet não sabe nadar, acho que vou ficar por aqui. —
Conrad me olhou, preocupado.
Era nítido que ele queria cair no mar, e eu seria a última
pessoa a impedir.
Eu até tentei molhar os pés, mas a água era tão gelada que na
Isso durou até perto das duas da tarde, foi quando Isaac me
descobriu.
— Oi, Isaac. — Meu tom não foi o mais dócil e ele percebeu.
— Queria te pedir desculpas por ontem. Meu pai é um pouco
sem noção, mas não era minha intenção ter tudo aquilo. Eu até
tentei pegar seu número com Conrad, mas ele não me passou e,
provavelmente, também não repassou minhas desculpas, não é?
— Não — menti. — Você não podia prever o que seu pai faria.
depois que vocês saíram, o papel de explicar para ele a merda que
tinha feito ficou toda nas minhas costas. — O sorriso faceiro no
rosto dele me amoleceu.
— O que é isso?
ficou ainda mais quente, e eu quis rir muito quando Isaac fez alguma
piada que eu nem entendi direito. Ele me ofereceu outro copo, tinha
nem tive tempo de ter uma reação. E então, rápido demais para
minha mente confusa entender, Conrad recolheu minhas coisas com
uma mão enquanto segurava meu punho com a outra, e me
Pelo jeito que ele me encarou, sabia que minha voz estava
mole demais.
fez efeito. Ergui o rosto para encará-lo e, tão perto, vi a exata linha
onde pupila e íris se fundiam. Conrad ficou em silêncio, me olhando
de cima e acariciou meu rosto, limpando as lágrimas do caminho.
sorriso.
— É mesmo?
informação.
— Posso?
que na realidade.
Foi a minha vez de rir.
Confirmei com a cabeça contra seu peito. Era tão óbvio assim?
— Está.
— Não tô!
— Estou.
— Comigo?
— Não.
— Isaac?
— Não, você é a melhor delas. É por isso que ele está fodido
de ciúme e inveja.
— Não se preocupe.
— É?
E feliz por estar ali com ele, minhas pálpebras pesaram demais
e, mesmo sem querer, eu adormeci.
Foi como estar presa dentro de uma onda. Minha cabeça foi
jogada de um lado para o outro algumas vezes e quando abri os
— Onde estamos?
— No estacionamento da farmácia.
— Não é engraçado.
— Está melhor?
— Não muito.
— Ok.
Estava constrangida demais para continuar qualquer conversa
e me esforcei mais do que nunca naqueles minutos para tentar
lembrar o que fiz nas últimas horas. Os flashes vinham rápido, mas
tão inconsistentes que eu não sabia se era real ou imaginação.
suspirei.
— Eu já disse isso mil vezes, mas vou repetir, não foi culpa
sua. Só me preocupa que você tenha se sentido pressionada, e
acho que você precisa me fazer uma promessa agora. — Encarei-o
— Ok. Eu prometo.
fechá-la, quando notei que Conrad ainda estava de olho, voltei para
encará-lo.
— Preciso fazer uma pergunta.
— O que é?
— Somos amigos?
mesmo.
Era certo, eu não podia perder para o meu irmão em nada que
mudança de energia.
meu nariz.
muito perto.
Eu sorri, provocando-o.
ouvindo aquilo.
paz…
— Ou o quê?
— Não me peça para ficar longe dela quando é ela quem não
sai do meu pé, inclusive, pergunte se ela pode me devolver meu
travesseiro.
— Eu vou…
no dia seguinte todo mundo vai saber o segredinho sujo dos Prince.
E conforme-se, ela nunca será sua — falei baixo essa última parte e
— Isso não acaba aqui. — Ele tinha perdido, sabia disso, mas
O esforço que Isaac fez para não vir para cima de mim custou
dele tudo de si, eu sabia.
— Festa?
de pulso.
— Eu vou.
O laser azul do DJ brincava pelas paredes da sala dos Birds,
e gelo seco. A música estava alta, todo mundo que me via parecia
animado, e eu matei que aquilo tinha dedo meu indiretamente
dissolvendo.
aplacar a frustração.
Eu sabia o motivo de ter ido até ali, e a procurei de forma
— Prince?
— Eu mesmo. Faça o favor, traga aquela menina aqui. —
— Agora.
cabelos curtos embaixo dele sorriu para mim, mas ignorei, fingindo
não ver, me deitando de novo contra a poltrona.
completamente convidativa.
e me ajeitando no assento.
Ela riu.
textura do tecido fosse algo muito bom de ser tocado. Seus dentes
— Bom, eu tenho uma missão para você agora, será que pode
me ajudar?
— Claro que sim, você é um Prince. — Ela tentou tocar meu
braço, mas puxei de volta, num reflexo que eu não devia mais ter.
Aquela fissura toda não era bom sinal. — E a outra coisa é que,
comemorou.
que imaginei ser a dela, pois sua foto em família estava na mesa de
cabeceira.
estômago e disse:
pegou em mim.
Ajudei a garota a terminar de colocar tudo para fora, lavei seu
rosto e a obriguei beber uma garrafa inteira de água gelada
enquanto o corpo se acalmava.
quarto.
ergueu. — Nós ainda não somos tão bons quanto eles, mas vamos
para cima. Nada de facilitar, certo?
Todos concordaram.
Meu irmão e eu nos vimos, seu olhar no meu dizia que ele
a encontrei.
Scarlet estava lá, envolta em seu casaco, uma touca na
temporada!
afastá-los.
Foi graças a um desses trabalhos que meu passe entrou na
área direto no peito de um jogador Viper, e quando ele dominou a
que eu, pulou nas minhas costas. O choque do toque físico me fez
parar no lugar. Meu rosto se transformou em uma máscara, o ar
faltou no fundo do peito, mas em meio aos gritos, eu me recuperei
Foi difícil marcar meu irmão, afastar a bola da nossa área, mas
no sufoco, conseguimos segurá-los até o intervalo. Quando o placar
perto, Nial também. Ele vai fazer o passe, mas O IRMÃO ROUBOU
A BOLA! E os Lions estão reagindo, meus amigos! Mas, esperem,
NOSSA, ISSO DEVE TER DOÍDO PRA CARAMBA!
Meu irmão tentou dar de esperto para cima de mim. Seu
sorriso de satisfação ao tirar a bola de mim foi o estopim, e quando
vergonha alguma de assumir isso, tanto que quando o juiz veio com
o cartão amarelo na minha cara, nem gastei tempo discutindo.
uma falta! Será que é isso que vai definir a partida, meus amigos?
principalmente Scarlet.
de suas vidas.
sobrancelhas se ergueram.
— É? Por quê?
feira.
causou…
— Sempre. — Fui firme. A raiva daquela desconfiança
arranhando minha garganta. — Nunca vou perdoar Conrad, por tudo
você teria que ser uma vagabunda sem coração para sentir
qualquer coisa que não fosse raiva daquele fodido.
lugar.
que por fora parecesse que tudo estava bem e eu fosse muito
segura, dentro de mim tudo era vermelho, laranja e amarelo,
rodopiando, trovejando e quebrando.
posição, então era óbvio que eu precisava mantê-lo longe. Era óbvio
que, mesmo tendo visto uma brecha sobre como ele se sentia sobre
mim, ele não era confiável e eu não deveria abusar da minha sorte
ou trair a confiança de Isaac.
fosse bonito e atraente, ele nunca mais seria o garoto pelo qual meu
coração pertenceu no passado. Mesmo me achando um pouco
burra por só entender aquilo tanto tempo depois, tentei ser gentil
comigo mesma. Eu sabia que a marca que Conrad tinha deixado em
mim nunca seria completamente apagada, era por isso que eu
agora reforçaria cada mínima ação negativa dele e me manteria
longe.
Merecia muito.
De repente, por um momento utópico, me imaginei do outro
lado do oceano não sendo mais a garota fodida. Lá, do outro lado,
eu lembro.
fugir.
acelerar sob os gritos dos amigos que nos seguiriam pela estrada,
sabendo que precisaria aguentar no personagem só até voltar para
provou que era o candidato perfeito para ganhar aquela corrida com
os pés nas costas acelerando pela estrada até a cidade.
galpão estava lá, como sempre esteve, intocado pelo tempo com
enfileirou o carro, eu não tive opção que não fosse sair dali.
fundo e abri a porta olhando para o chão. Sabia que nossa chegada
disposto a obedecer.
encarando o lugar para onde teria que ir, buscando uma rota
alternativa para não passar por Conrad que estava no meio do
caminho.
sensual possível.
Eu não ia permitir.
Segui para junto dos Lions, para perto de John que me deu um
sorriso de aprovação, ele havia acabado de assistir a toda a zorra
que havia provocado junto de Isaac, e depois de abraçá-lo, meu
tutor me segurou pelos braços, me olhando de cima a baixo e sorriu.
— Adorei.
— Ah, não. Não… Conrad é seu filho, ele tem direito de estar
coisas que podem ajudar, que tal você dar um pulo no meu
escritório quando puder?
— Claro.
Aquilo era tudo o que eu não precisava, mas fingi que estava
tudo bem, mais uma vez.
voltar.
De fato, John Prince merecia a fama que tinha. Sua língua era
Eram doze carros naquele dia. Oito estariam fora quando a fila
rodasse, e aquela era a sexta corrida. Isaac correria a última volta
daquela etapa. Rezei para um dos dois perder antes do final chegar,
Conrad. Daquela vez, ele correu contra um garoto dos Birds e seu
Volvo polido. Conrad foi tão desaforado na pista que brincou em
ziguezague numa velocidade muito reduzida depois da segunda
— Que problema?
fundo.
perder para ele? Nem que ele estivesse pilotando um avião. — Ele
riu. — Mas, para resolver as coisas, vamos deixar assim, eu
concordo em correr mesmo com esse problema, desde que você —
não é?
— Eu…
Isaac ia me testar.
ele dizia.
Ouvi Conrad provocar já voltando para o carro, mas Isaac veio até
mim.
— Baby, ele não vai ganhar. — Sua mão tentou tocar meu
risco. Com ele. Isaac… — Seu nome saiu num rosnado que nem eu
reconheci da minha voz. Eu queria chorar, eu me senti traída, mas
estava na cara que ele não entendia.
Aquilo seria trair minha família, seria trair Isaac, seria trair a
mim mesma.
juro. Me ajude com isso, Deus, ou qualquer santo, por favor — falei
baixinho, para mim, com toda a fé que restava nos meus ossos.
carros.
que Isaac ganharia, mas do nada, um rugido mais alto que a música
ganhou o ar, fogo saiu dos escapamentos estilizados do Mustang, e
dita, mas também não queria precisar cumprir minha parte numa
aposta a qual eu não tinha entrado.
No auge da loucura, fechei os olhos e abaixei a cabeça. Não
— Me solte!
Alguém riu.
cagada homérica.
E não tive vergonha daquilo. Meu real problema era com o que
acontecia no resto. Minha pele parecia queimar onde ele tocava, e
quando ele desviou da minha boca para roçar os lábios cheios nas
minhas têmporas, me afogando com o cheiro do seu pescoço, meu
um gemido.
meu irmão de propósito na minha cara. Ela não queria dar show?
Então, eu só armei o palco.
meu corpo respondia da forma mais óbvia e eu não tinha nem como
disfarçar.
não ia perder.
Meu pai agora era controlável, meu irmão era frágil, fácil
futuro, o melhor jeito de comer sua mente era mexer com o que ele
se vangloriava tanto de ter roubado de mim. Além de que, Scarlet
era a única forte o bastante para aguentar tudo o que eu tinha, tanto
Como ela podia me julgar cruel quando era ela quem deitava
Isso não abalou John, e ele veio com as mãos no ar, pronto
acostumado a perder.
cena toda com a pobre da Scarlet? O que foi? Ainda gosta dela ou
só quis mexer com seu irmão?
— Quero dizer que seu irmão pode ser mais vingativo do que
Dei de ombros.
— Ela quer ir? — Meu pai não pareceu surpreso. — Acho até
que demorou muito.
— Ótimo.
— Juízo, Conrad.
Thomaz chegaram.
louco, Conrad. Fez o casal brigar sem nem mesmo colocar a boca
na dela.
voltar?
cabelo.
— Fiquei orgulhoso de você hoje, correu como um profissional.
besteira.
Rodei um pouco pela cidade, fui perto da casa da minha mãe,
me lembrando de como foi encontrar uma boa casa para ela depois
de todos os anos embaixo do teto do meu padrasto, passando por
tudo o que passei só para ela ter onde morar… Por um minuto,
batido.
Com Scarlet longe, sem seu cheiro, sua pele, sua boca, seu
corpo sendo tentação, era muito difícil enxergar qualquer outra
missão que não fosse magoá-la tanto quanto ela me magoou. Que
não fosse rasgar seu peito como ela fez com o meu.
Que não fosse trair sua confiança, como ela havia feito com a
minha.
aqueles anos, cada dia em que ela acordou e olhou para eles,
comeu na mesa deles, viveu a vida deles, ela cravava uma estaca
perguntei.
— Nem morta.
precisar pedir.
pensamento e disse:
bastante para saber que ela estava se esforçando para não chorar.
deveria saber…
na minha língua.
deixou assim.
jaded, aerosmith
cair na cama.
sobreviver por todo aquele tempo, mas não tinha uma resposta.
dia da despedida.
acabar.
que não queria nenhuma desculpa da parte dele e saí para resolver
o que precisava.
paredes.
alguma coisa?
direção.
— Viu?
mim.
até porque, desde que meus pais haviam morrido, ele era o mais
próximo que eu tinha.
John foi mais meu pai que meu avô um dia conseguiu, e era
Tinha. Mas não podia jogar fora e excluir as partes boas da nossa
uma tarefa fácil. E trazer Conrad de volta… Acho que é por isso que
você não tem dado conta das entregas, não é? — Meu olhar de
queria muito que Isaac aprendesse isso com você, mas seus
professores se queixaram das entregas atrasadas, das faltas…
graça e não parei mais nenhuma lágrima. — Sei que é infantil vir até
você para me queixar disso, e como falei, Conrad é seu filho e tem
até mais direito do que eu de estar aqui, mas… — suspirei —... eu
benevolentes, e se era uma farsa, era uma farsa muito, mas muito
boa mesmo.
entreguei os pontos.
contar com sua discrição. Tome uma pílula a cada doze horas e
— Faz um tempo…
pertencimento.
Ok, que ele era uma pessoa extremamente racional, por
vezes, muito frio e arrogante, mas John Prince tinha me dado tudo e
além do que precisava para me recuperar, para ter uma boa vida, e
chuva? O que você não deveria ter feito, Isaac? Me conte qual era a
dificuldade de ser um namorado decente em vez de ficar lambendo
— Você não tem que querer nada, porque eu já decidi por nós.
Posso não ir embora, mas não quero um relacionamento assim.
— Espere! — Ele tentou mais uma vez, mas era tarde demais.
Fiquei tentada a roubar o café, mas foi mais legal sair andando
divertindo?
ficou sabendo que ela não queria mais nada agora de manhã.
Scarlet gritou sobre ser humilhada, ser deixada para caminhar até
— Qual o plano?
aula.
vi.
minha presença.
ela e uma garota Bird, vestida de azul dos pés à cabeça, foram
competir.
o controle.
causando estranheza, mas não tive tempo de olhar mais nada além
dos olhos dela muito concentrados na tela, pronta para o primeiro
golpe assim que o jogo começou.
desistiria, que fugiria pela memória que aquele ato traria para sua
mente. Que, como a maldita mentirosa que era, correria da
possibilidade de me enfrentar e encarar o passado.
segundo, quando achei que Scarlet tinha mesmo ido embora, ela
finalmente surgiu, abrindo caminho e pegando o controle. Só então
fui para o lado dela.
debochei.
também.
— Nem fodendo.
— Ótimo.
nenhum.
começou, fui para cima dela sem pensar duas vezes. Scarlet
defendeu bem, tomou pouco dano do que eu esperava e então veio
rasgou no meio.
Scarlet sorriu da forma mais doce que pôde, jogou o cabelo sobre o
ombro e disse:
certeza.
que foi por água abaixo quando ele estacionou seu carro antigo em
frente a uma casa nada parecida com a nossa, um pouco mal-
me cobria bem até o limite dos joelhos, mas ainda assim, era
arrependi de não ter prendido o cabelo, mas não tive tempo de fazer
dia na Terra, poderia ser tão apaixonado por outro ser como eu era
por ele?
Eu duvidava muito.
daquele jeito.
— Oi — respondi em um sopro.
daquela madrugada.
errado.
— Por favor, tente não dizer nada sobre… — Sua voz saiu em
Ela era mais baixa que ele, mas ainda mais alta do que eu.
inchada.
escuros pareceu notar e soltou uma risada nasalada que sua mãe
não entendeu.
— É a primeira vez que meu filho chama alguém para eu
conhecer — Caroline disse, orgulhosa, e Conrad a repreendeu em
um tom carinhoso.
— Mãe…
ofereceu a mão.
— Obrigado.
bronze falsos.
céu.
uma visão boa do céu daqui também — ele indicou a janela —, mas
desconforto.
está com meu padrasto. Esta casa é dele. — O tom de Conrad era
de me levar até lá, mas não conseguia encontrar palavras para dizer
que eu estava feliz por ser a primeira ali.
embaixo da mesa.
— É sério?
ensinar.
botões. — Com esses, você anda, com esse você pula, esse você
bate. Na verdade, aperte esses aleatoriamente e veja o que
acontece.
cotovelo, rindo.
Mas eu não era tão boba. Tinha usado a primeira vez para ver
que comando fazia o que, e via como Conrad combinava botões
para conseguir golpes com poder. Minha segunda rodada foi usada
luz que confundia meu radar. Eu queria chegar até a lua, mas havia
encontrado algo muito mais quente, mais brilhante, mais intenso e,
mesmo que me queimasse no processo, não conseguia desviar.
— Você devia corrigir sua mãe — apontei quando notei que ele
não ia se afastar.
— É.
— Por quê?
estivesse em pé.
— Eu…
completo.
tive tempo.
rosnada.
— Filho, pelo amor de Deus! — Caroline se aproximou para
tentar tirar o filho de cima do marido.
contra seu peito e agradeci por ele não dar nenhum indício de que
iria me largar.
—... está bem? — Sua pergunta era baixa, dura, distante, ainda
assim, queimou nos meus ouvidos.
— Não. E você?
— Ninguém se importa. — De novo, a versão morta de Conrad
deu as caras e, outra vez, afastei o rosto de seu peito para poder
encará-lo.
— E o que vai?
resposta.
— Diga agora que me quer longe, que isso tudo foi um erro,
que vou embora nesse instante, mas não pense que isso tudo lá
Aquilo não era obra de uma ou duas surras. Aquilo era a prova
mente não conseguia deixar de trazer uma sensação que achei que
havia sepultado dentro de mim.
Eu não queria mentir, mais uma vez, então esperei que o meu
Nosso primeiro beijo foi caótico, me senti no céu, fui guiada por
um anjo mesmo que ele estivesse no meio do inferno. E ainda que a
segredos, sobre seus medos, sobre toda aquela loucura da qual ele
tinha vergonha.
ao contrário do dele.
A qualquer segundo, eu imaginava que ia abrir a porta e ter
alguma pegadinha me esperando, que ele me machucaria mais e
à realidade caótica.
por isso que eu sempre pedia dos meus clientes uma amostra de
suas letras e me esforçava para copiá-las. Chegou um tempo que
eu não sabia mais como era a minha própria letra, e talvez isso
tenha afetado minha personalidade em algum grau. Aquela
facilidade de me adaptar ao ambiente em que estava para
vezes, não falou nada quando me viu. Separei seu trabalho, ele me
passou o dinheiro e eu dei as costas em silêncio depois de conferir
o valor. Cinquenta pratas por cinco páginas de um resumo bem-feito
pânico.
Ela era uma Bird, e apesar de parecer inteligente, era alguém que
sempre pedia ajuda extra bem no final do semestre. De tudo, eu não
podia reclamar. Minha taxa de urgência era alta, mas quase pensei
em ignorá-la para todo o sempre quando virei o corredor e a vi lá, de
com a menina.
Vendendo
trabalhos esta
hora da noite,
Red?
Não é da sua
conta.
Foi inevitável não responder.
mensagem.
Está tentando
negociar, Red?
x
Como você disse,
é pegar ou largar
Vou pensar em
algo divertido, não
se preocupe.
Continue
trabalhando na
ilegalidade,
combina com
você, trapaceira.
tudo o que ele já havia feito por mim, ainda mais naquele momento
delicado.
encarando o teto.
naquela noite.
Não eram nem seis da tarde quando meu celular tocou e meu
indo para baixo do chuveiro, sabendo que não teria alternativa que
de outubro.
entrada da sala.
da sua vida, e você é a única aqui. — Ele serviu minha taça com o
espumante que estava bebendo.
— Bom, eu ainda sou menor de idade — avisei, vendo a taça
sendo enchida até a boca quase.
O olhar que ele me deu foi o único que eu imaginava que não
ganharia.
perguntar?
— E o que os difere?
veio em seguida.
não tinha.
o irmão dia e noite, mesmo sem o outro estar presente. — Isaac fez
por merecer.
não a julgo.
não escaparia de uma conversa com ele naquela noite. — E oi, pai.
o jantar?
— Estou tão relapsa… A última vez que o vi, foi pouco depois
do começo do semestre. Já faz um mês que não apareço. — A
culpa junto do álcool marejou meus olhos.
para ir com você, mas terá um jogo em outra cidade, vamos jogar
contra outra universidade e, como você odeia isso e não vou poder
implorar para me acompanhar desta vez, acho que seria legal visitar
seu avô.
— De onde paramos?
que não sabia se queria ter. Para minha sorte, quando entrei no
carro, Isaac quis me comprar com memórias e todas as músicas
importantes do nosso namoro tocaram durante o caminho e eu não
consegui não cantarolar algumas melodias. Quando a mais
apaixonante delas começou a tocar, estávamos entrando no terreno
muito mais, Scarlet, mas não quero desistir de você. — Ele suspirou
e, com cuidado, pegou minha mão que estava pousada no colo e,
entrelaçando nossos dedos, a levou para o seu rosto. — Por favor,
ficar de frente para ele. — Eu amo você, isso não se perde do dia
para a noite, mas realmente preciso de um tempo. Preciso
respirar…
isso, permiti que ele chegasse perto o bastante para tocar o nariz no
meu. — Não demore. Sinto muito sua falta.
âncora.
Ele e nosso relacionamento eram meu lembrete do depois.
para ter sua chance, que batalhou contra a merda de uma memória
forte demais para ser superada e que agora voltava para nos
assombrar.
esperar.
O tom de voz frustrado me azedou.
completa ruína.
estava vivo.
eu ainda escuto sua voz no trânsito, nós dois rindo por cima de todo
aquele barulho. deus, eu estou tão triste, sei que terminamos, mas
fiz foi vestir uma das minhas saias favoritas. Ela era curta, preta com
riscas brancas, rodada e de cintura baixa. Junto de uma regata
alguma e, quando passei pelo lugar que sabia que Conrad parava o
saguão, foram avisar meu avô. Levou ao menos vinte minutos até
alguém dizer que eu podia seguir para o quarto dele, e sabendo
Vovô não tinha os joelhos tão bons quanto quando era novo, e
quarto era no térreo, e para ajudar, agora ele usava uma bengala
vez ou outra.
Quando bati na porta de seu quarto e a abri um pouquinho,
— Cheguei…
— Um pouco corridas…
— Perfeito.
— Você sempre avisa quando vai vir, por que não fez isso
hoje?
eu me engasguei.
— C-como?
hoje?
peito.
não é um monstro.
entendia o motivo.
a colocar todo o café que eu tinha tomado para fora, minha cabeça
doeu.
— Vô…
— Quer ir pensar? Eu não planejo sair daqui tão cedo.
E achando que não podia ficar pior, saí do quarto meio tonta,
fora de mim, até chegar à beira do corredor, de frente para a
— O que você faz aqui? O que veio falar com meu avô? — eu
o ataquei sem pensar duas vezes, e ele, que estava de costas, me
olhou sobre o ombro com tanto desprezo naqueles olhos pretos que
cabeça.
Oi?
— Quê?
cada poro.
E ele foi para fora, não me dando alternativa a não ser ir atrás.
Ele estava no lugar certo mesmo, era uma víbora venenosa. Suas
botas pesadas fizeram barulho contra os pedregulhos do caminho e
com isso, Red? — Era nítido que ele se divertia. E com a mão
Aonde vamos?
alguma merda aconteceu, acho que meu radiador furou. Vamos logo
— As chaves.
Conrad recolheu a mão, girou para ficar com o corpo de frente
com a porta e apoiou os punhos em cima do carro. Sem me encarar,
fazer isso. Uau. — Soltei um riso cheio de ironia. — Não sabia que
atingir.
gente era? não me diga que éramos apenas amigos, isso não faz
muito sentido. mas eu não estou magoado, estou tenso porque eu
vou ficar bem sem você, querida.
friends, atlantic
mesmo, não conseguia evitar, ainda mais com ela vestida daquele
jeito.
— Tem uma cidadezinha aqui pra cima, mais próxima. Não vou
ficar mais do que meia hora com você, Red. Não adianta implorar.
na tentativa de me ignorar.
Scarlet iria até ali, que vi que não poderia adiar mais. Saí o mais
cedo possível para não precisar cruzar com ela e fui até seu avô
para que qualquer coisa que ela fosse lhe contar, não influenciasse
sobre quem eu era agora. Naquilo, eu tinha dado sorte. O velho
parecia feliz de me ver, e além de me achar homem por voltar e
— Minha neta. Aquela pela qual você invadiu minha casa uma
silêncio. — Filho, escute esse velho, minha neta sofreu muito com
— Não faz isso aqui! — Ela bem que tentou me impedir, mas
— E foi?
me fez sorrir.
intensamente.
aquilo iria?
estava perto.
Era bom ver que eu não era o único sofrendo o efeito daquela
atmosfera desgraçada, já que nem as janelas abertas ou a fumaça
— Isaac não tem nada a ver com você. — Foi a vez dela
avançar. Scarlet ficou tão próxima a mim que sua respiração bateu
contra meu rosto. Sua voz era macia, orgulhosa, ela queria me
demais.
Meus olhos escaparam para o visor do GPS. O lugar que eu
precisava ir ficava a cinco minutos de caminhada, e do que faria, eu
realmente precisaria caminhar.
e parei no acostamento.
pela nuca.
Seu corpo era quente, seu hálito ainda tinha o mesmo cheiro
de morango de antes.
inexplicável.
Ela arfou.
Toquei sua coxa nua com a mão livre e ela não se moveu. Seu
coração batia alucinadamente, e eu senti sua veia pulsando contra
os meus dedos.
para provocá-la.
mordeu o próprio lábio. Minha mão deslizou pela pele lisa, subindo
para baixo da saia curta. Ela fechou os olhos, engolindo com
dificuldade, apreensiva. — Por que é que você não grita? Por que é
Ela não disse nada, nem se moveu. Entendi que não era a
quente, sabendo que aquilo era o mais puro combustível para mim.
— Porque, Red — avancei com os dedos sobre a calcinha e sorri,
Ela estava tão encharcada que mal tive atrito fora o clitóris
inchado, implorando por atenção. O corpo de Scarlet estava tenso,
fechado me nocauteou.
facilidade.
Sua boca entreabriu, ouvi quando arfou e senti sua mão que
orelha, Scarlet abriu a boca e gemeu alto, tão gostoso que eu seria
apertar mais forte. Aquela não era uma ordem para eu recusar. O
rosto dela veio para o meu. Scarlet buscou minha boca no meio
quebrado.
peguei minha dose de pecado e mordi seu lábio com força. Ela
quase gritou, mas desistiu quando escorreguei dois dedos para sua
preencheu minha língua. Ainda assim, não parei. Ajeitei seu corpo
— Eu vou fazer você gozar aqui, Red. Vou entrar tão fundo na
sua mente que você nunca vai me tirar de lá, não adianta para onde
tentar correr.
meu juízo.
Red.
Foi uma pequena confusão para ela voltar ao seu lugar, mas
conseguiu. Olhando para baixo, morta de vergonha, sem entender o
que tinha acontecido, se apertando contra a porta do carro para ficar
grito dela.
Ela me queria. Ela viria até mim. E eu aceitaria, não por querer
Conrad.
E há exatos sete dias, nós só nos desgrudávamos para dormir,
boca.
língua na minha.
Nem em mil anos, pensei que aquilo pudesse ser tão bom,
como um pimentão.
provavelmente fez sexo com algumas delas. Ele tinha muito mais
experiência do que eu, e por mais que adorasse beijá-lo, e algum
dia quisesse que ele fosse meu primeiro em outras coisas também,
naquilo eu concordava com ele. Quatorze anos parecia cedo demais
para uma experiência daquela dimensão.
é o que eu te disse…
— Química?
tímida demais para falar sobre sexo, mas sim porque a ideia de falar
sobre sexo com Conrad não era nada confortável.
— Mas, que porra? — Ele ficou sem fala por meio segundo,
me olhando de boca aberta, sem acreditar. — Espera aí, que você
pelo toque.
esperei.
sinal havia ficado verde, pegou meu rosto com ambas as mãos e me
segurou como se fosse a coisa mais preciosa do mundo conforme
se aproximava.
— O quê?
— ele citou Jane Austen mais uma vez. — E eu não sou idiota, Red.
oh, a miséria. todo mundo quer ser meu inimigo. poupe a simpatia,
todo mundo quer ser meu inimigo.
e n e m y, i m a g i n e d r a g o n s .
que conseguia pensar era a próxima vez que a teria daquele jeito.
Não.
bochecha esquerda.
— Foi mal, mãe. Meu carro deu problema, por isso me atrasei.
— Me afastei, girando a chave na ignição.
Será que teria me deixado entrar sob sua pele? Será que teria
permanecido mesmo vendo toda a merda que eu já carregava
Era um claro sinal de que Isaac ainda estava no radar, que ele
ainda a queria, mas eu esfregaria com tanto gosto em sua cara que
imaginar o que faria mais tarde naquele sábado, não pude deixar de
ficar ansioso. E fumando em toda oportunidade, aproveitando os
Já temos mais
produto?
Peguei material
novo hoje. Até
quarta devo ter
algo.
Ótimo. Me deixe
informado.
porta e virei-me para vê-la, com meu cigarro na boca. — Não quer
entrar para ver?
— Você gostou?
Pouco a pouco, o sorriso quis ganhar seu rosto, mas ela o tapou.
— Conrad, como?
— Eu posso, mãe. Não pergunte como, só acredite, eu posso.
— Ela veio até mim, para me abraçar e chorar, e eu quase fiz o
mesmo.
de ficar na rua.
— Acha que agora vai poder vir dormir comigo alguns dias?
espaço na garagem?
— E como vai ser descer para o trabalho? Aliás, você ainda vai
você.
em um suspiro.
mulher para…
— Porque tinha que ser, porque o pai que eu tenho seria capaz
disso. Agora, se não quer acabar com nosso dia feliz com mais
que o futuro é adiante, e não vai se construir olhando para trás, não
é? — Confirmei com a cabeça. — Ótimo. Vai ser ótimo me mudar,
de voz.
Tá sabendo de
hoje? Vai rolar
uma festa pré-
Halloween.
Era Thomaz.
Não fazia
ideia.
mesmo em mim.
beliscão.
me livrar daquilo. Sem camisa, tinha tinta por todo meu torso, braços
me pegou pela mão com cuidado para não estragar seu trabalho e
— O quê?
Com toda certeza, ela tinha bebido, já que o copo em sua mão
estava pela metade e o sorriso no seu rosto era de alguém que não
se lembrava daquela manhã.
aproximei, ficando bem de frente para a garota que ainda não tinha
me visto e batia palmas, animada, enquanto outra menina que eu
não conhecia abria a boca para receber bebida.
incentivando.
— Eu…
brutalidade.
Eu só sorri.
Por favor, não quero brigar aqui, não quero mais isso. — Ela ia
chorar. Estava quase…
isso de novo, ainda mais com este aqui… Seu novo Maserati é o
brinquedo favorito do momento. — Abrindo a porta para mim, ele
sensação, mas não tive muito tempo para processar, já que Conrad
escorregou pelo capô para assumir o lado do motorista e em menos
minha fé em Conrad para confiar de que ele não nos mataria só por
estar frustrado com o carro que valia mais que minha casa.
Isaac por perto tentando puxar assunto, Conrad não pareceu feliz
quando me viu nos bons termos com o irmão, mas eu realmente
estivesse no lugar dela, não conseguiria ser tão boa. Ainda assim,
Eu não tinha o mesmo apreço por seus amigos como tivera por
— Está longe?
— Não muito.
— Sei que eles não são o melhor exemplo da boa moral, mas
são os amigos que me acolheram quando precisei, e que estão
comigo mesmo com toda a merda que você sabe. E acredite, eles
— Suas marcas?
me puxou para perto para selar a boca na minha, mas tinha mais
verdade nas minhas palavras do que qualquer vez antes.
— E aí — Conrad os cumprimentou.
animada.
fogo com Conrad e não falei muita coisa. Os assuntos deles iam
longe demais para alguém como eu. Eles falavam de viagens que
Era nítido que, por mais que Conrad fosse tentar fazer aquilo
funcionar, não aconteceria tão cedo, e a prova veio quando Bella,
— A minha?
intrusa, passageira.
boca dela com meu pé, mas, por sorte, Conrad vinha com Thomaz
— O que foi? — O sorriso que ele dava sumiu quando viu meu
rosto.
Não demorou cinco minutos para que ele viesse até o Maserati
e liberasse o alarme para eu poder voar para o banco do
— O que aconteceu?
— Nada — menti.
— E o que é?
com a cabeça.
posso arranjar briga dentro de casa por você, mas não posso não
gostar dos seus amigos?
— Então passe bem com eles. — Sem pensar duas vezes, abri
Conrad não fez. Ele só me assistiu afastar, e assim que tive certeza
de que ele não faria nada, as lágrimas desceram quentes pelas
de outras pessoas.
Eu não queria ser aceita por eles. Eu não queria passar na
merda de um teste.
Meus pés doíam muito, mas não mais do que meu peito, e
Susan dizer:
— Finalmente, você vai enxergar seu lugar.
brigar, para dizer que Susan estava errada. Mas não tinha.
fora, sabendo que ainda não estava pronta para perder Conrad e
ignorei.
celular.
bom. — Conrad não era mais tão silencioso, e pegou minha mão
direita, colocando sobre seu peito, se aproximando o bastante para
que eu sentisse seu calor, as batidas que seu coração dava, quase
alucinado. Encarei seus olhos, vendo a verdade naquele poço negro
e brilhante. — Estou ligado a você por laços muito fortes. — Ele se
ajeitou para ficar estável apenas pelas pernas e sua mão livre veio
para minha nuca, me puxando para fora até minha testa encostar
com a sua. Seu hálito bateu contra o meu rosto, era uma mistura
a única coisa que importava antes de declamar a parte que fez meu
coração parecer como novo. — Uma paixão fervorosa e solene
surgiu em meu coração. Ela se inclina para você, traz você para o
fiz mais cedo. Não sou dado a pedir desculpas, nunca precisei, mas
não sei como acordar amanhã sem você lá.
ficar de pé.
— O que está acontecendo? — Ouvi quando meu avô veio
pelo corredor e chegou até a porta do quarto.
Minha mão voou pesada sobre seu rosto, o tapa a fez virar a
cabeça e silenciar.
revidar.
Eu não fugi. Enquanto suas mãos vinham para me unhar o
rosto e puxar o cabelo, eu dei um belo soco em um dos seus olhos e
— Vagabunda!
— Mesmo assim, eu sou algo para ele, coisa que você nunca
vai ser, sua idiota! — gritei de volta, conforme ela era arrastada para
fora.
dele, ouvindo seu coração bater, tentando ajustar meu ritmo ao dele.
— Scarlet.
com ele tão perto invadindo meu cérebro com seu calor, sua
presença, seus olhos escuros hipnotizantes e sua boca cheia e
tentadora, não me afastei.
E eu nunca me arrependeria.
scarlet
estou paralisado, estou com medo de viver, mas estou com medo de
morrer. e se a vida é dor, então eu enterrei a minha há muito tempo
paralysed, nf
convencer de desistir da ideia mais uma vez, mas peguei sua mão
em meu colo e sorri, mostrando que estava tudo bem.
— Não se preocupe. Quero fazer isso. Quero estar com você.
mostrar a casa, ficamos por meia hora e depois te levo para comer
hambúrguer em algum lugar legal do outro lado da cidade, certo?
de três semanas.
faz lembrar minha mãe, não gosto. — Isaac fez uma careta. — Mas
— E o que ela é?
ele retribuiu, mas era o que era, e por estar de mãos dadas com o
filho bastardo de John Prince, todos olharam para nós.
também nunca pertenceria à casa precária que vivia com a mãe. Ele
viveria constantemente em dois mundos sem nunca se sentir
— Obrigado.
Conrad repetiu isso uma centena de vezes, até que seu pai
Feliz aniversário.
— Por favor, filho. Aposto que Scarlet adoraria vê-lo tocar, não
é mesmo, mocinha?
— ele pediu de novo para o garoto ao meu lado, que parecia que ia
quebrar a mandíbula a qualquer segundo pela tensão em seu rosto.
— Me ajude, Scarlet.
— Mozart?
E eu o obedeci.
teclas.
Ele não parecia confortável e, como se de propósito, parou,
de Conrad mudou.
A música mudou.
também.
toda hora que a música mudava, que via sua concentração contra
as teclas, sua feição, sua respiração.
volta de nós, além de uma mesa grande, no que devia ser o andar
fora.
Verdade fosse dita, não estava frio para justificar o fogo, mas
eu sabia que não tinha nada a ver com a temperatura.
— Aquele filho da puta… — rosnando, Conrad me deu as
soluços.
Chorei pela dor física, pela que ele carregava, pela minha.
Chorei por nós, por querer curá-lo, por saber que, talvez, eu
relaxar.
das pessoas que viveu ou vive aqui. — A confissão foi tão baixinha
que eu só ouvi por estar concentrada nele, e por vê-lo começar a
falar, entendi que ele queria colocar para fora.
coração.
Doeu dentro de mim, mas nós dois juntos éramos mais fortes.
— Nunca — neguei.
choro de novo.
— Eu não entendo. — Tentei de novo.
minha mãe, mas o que ela fez comigo… Sabe aquele piano lá
embaixo? Eu costumava adorá-lo. Com quatro anos, Giana fingia
passou meus dedos por cima de uma textura estranha. — Essa foi a
primeira vez que ela me queimou por errar. — O horror prendeu o ar
na minha garganta. — Os abusos físicos não pararam aí. Em casa,
Isso durou até os doze. Fiquei bons seis meses sem dar as caras
por aqui, depois de uma briga feia com meu pai, e quando voltei,
com meu corpo mudando, de repente, ela começou a me agradar.
transar com ela. — Seu peito inflou quando ele tomou fôlego e notei
que prendia minha respiração. Precisei respirar, mas a sensação era
que não conseguiria. Na minha mente, a mulher que eu já tinha visto
pai era o auge do meu prazer. Ouvi-la dizer que eu era em uma
versão melhorada, era divertido. Machucá-la, dominá-la, tudo isso
parecia bom. Eu quase me viciei na sensação que causava, quase
falar:
soubesse que ali era seguro, que ali era o seu lugar.
anos percebendo que havia algo a mais por trás daquela postura de
garoto sombrio, e nunca vou saber dizer quando e onde é que a
curiosidade se transformou, mas eu me apaixonei por você tão
me beijou.
Sua língua invadiu minha boca com tanta vontade, com tanto
desejo, que a única coisa que pude fazer foi aceitar. Deixei que
mais.
Eu não podia.
Eu não devia.
festa, mas de frente para Conrad, depois dele ser tão baixo, depois
ímã.
passar pelo véu e não voltar mais, eu aceitaria. Mas aquela não era
Conrad foderia com tudo. Nada do que tinha acontecido até ali era
tão perigoso quanto beijá-lo porque, por todos aqueles anos, eu não
havia superado. Por todos aqueles anos, todo e qualquer beijo que
dei em seu irmão nunca chegou aos pés do mínimo beijinho que
vez com Isaac. Para o inferno se ele achava que era meu dono para
Conrad vindo para perto, dei meio passo para trás e estava pronta
para girar o corpo e ir embora. Aquilo devia ser só mais uma graça
nuca. Sua mão era firme, seus dedos exigentes, e quando ele me
inferno.
ignorou.
como quando coloquei os olhos nos dele pela primeira vez, depois
de todos aqueles anos. Caí como quando senti seu cheiro. Caí
como quando me dei conta de que não o havia esquecido, que não
o odiava, que não o queria longe. E, por um erro que nunca poderia
ser evitado, o correspondi. Envolvi sua língua com a minha
conforme uma das suas mãos corria pela minha cintura e, quando
no quadril, passou para as costas, pressionando meu corpo contra o
dele, suguei seu lábio inferior antes de avançar com a língua para
dentro de sua boca, matando a sede, a vontade, a saudade. Eu não
era mais uma garotinha perdida e quando o dominei, quando impus
Ele não aguentou. Sua mão desceu para minha bunda e ele
apalpou com força, gemi contra sua boca, ele me puniu. Conrad
pareceu disposto a me devorar e sugou minha língua, meu lábio,
Não havia música. Não havia Isaac. Não havia uma plateia
fofoqueira.
me devolvido em frangalhos.
Que me viu gritar por ele na rua e não virou para trás.
ponte para uma versão minha a qual eu sentia falta demais para
esquecer.
Quando ele nos afastou, meu peito sujo de tinta preta subia e
descia rápido. O de Conrad também. Seus olhos não conseguiam
Minha boca tinha seu gosto, meu corpo sentia o rastro de seu
toque e, como o inferno, minha pele queimava onde ele havia
encostado.
outra.
faria antes, em uma fúria que poderia colocar aquele castelo abaixo,
que escondia.
Dentro dela, quatro estrelinhas roxas apareceram. Parecia
— O que é isso?
Eu o queria.
Eu precisava dele.
Mas Deus sabia que, quando ele esticou a mão para pegar a
Era só eu.
E ele.
Para sempre.
scarlet
liguei.
Ninguém atendeu.
uma bela visão de seu quarto. Tudo parecia normal. A cama estava
da presença de Conrad.
pouso.
responder.
não gostasse daquele lugar, nunca me senti tão feliz por percorrer a
motivo de Conrad estar lá sem ser nos dias em que era obrigado.
Ainda assim, avancei melindrosa para a sala de estar e olhei em
te deixado entrar.
Ah, então esse era o rapaz Prince em questão — pensei,
loiro do rosto e jogou para trás, voltando ao tom de voz que usava
para tentar me amansar. — Vai, vem comigo. Aposto que vai ser
— E você sabe?
— Sei. Posso não ser o melhor amigo dele, mas conheço meu
geladeira.
naturalmente?
lanche.
— Obrigada.
à boca.
opinião…
inventou para você? Que meu pai é péssimo? Que minha mãe era
você, eu não dou mais um mês para esse conto de fadas sobreviver,
e aí, quando você precisar de um amigo de verdade, estarei aqui.
minhas palavras.
arrebentado o portão.
Isaac não se escondeu dela, o que eu achei ser uma péssima ideia,
porque quando a distância entre os dois se encurtou, Bella desceu
perfeito do Prince.
loiro.
bosta de portão vai ser pouco perto do que ele vai ter que pagar.
— Mas… — Isaac bem que tentou dizer algo, mas ela não
deixou.
poder, minha família tem ligação direta com a porra da rainha, então
que fazer.
ele te contar essa parte antes que eu acabe falando o que não devo.
— Soltando o cinto, ela desceu rápido, me deixando para trás.
consegui me mover.
eram quase pretas. Tive muito medo de ver o que ele escondia sob
o tecido daquela vez.
— Conrad… — A lágrima mais grossa que eu já havia
Caroline não prestou queixa, com medo do que John faria quando
ligassem o nome dela e de Conrad ao dele.
— Como assim? — Aquilo não fazia nenhuma lógica no meu
pensamento.
guarda é dele. Minha mãe vai ficar sozinha, não posso deixar.
médico!
Caralho, que merda você tinha que trazer ela aqui? — mudando seu
foco, ele brigou com sua amiga, que, me surpreendendo, se colocou
de pé e veio me puxar para si.
pensando, há anos.
ajuda do amigo.
cinzas.
segundo.
conrad
agora você me pegou porque estou drenado. tento tanto que meu
cérebro está ficando dormente. mais do que eu posso aguentar,
esperando aqui, eu sei que está longe de ser luxúria. muito fodido
para dizer que você é quem está controlando nós dois. por que você
tenta jogar? todas as palavras que eles dizem se alinham. você
n u m b , k i i a r a , p v r i s & d e a t h b y r o m y.
Eu sabia que aquela seria a queda dela.
Minha mão estendida foi um convite. Meu pau duro feito pedra
desde a hora que ela tinha colocado a boca na minha era outro, e
me repreender mentalmente.
Ela sabia, eu não era o cara de foder por foder. Não era do tipo
pelo meu histórico, por ser doente, por aceitar que minha natureza
de cima a baixo. O tecido que cobria seus peitos só fazia ser pior o
relevo dos piercings e do mamilo, denunciando sua excitação. Ela
estava suada, acelerada, podia ver pela sua íris fina que havia algo
primeiro passo.
Fechei a porta logo que entrei atrás dela e antes que pudesse
mordeu meu lábio com força. Puxei seu corpo contra o meu,
colocando a ruiva no meu colo e inverti as posições, conforme suas
que ela visse a verdade, que visse que sempre fora minha e que
ainda me amava.
Queria puni-la por cada vez que deixou meu irmão tocá-la,
beijá-la, fodê-la.
Soltei seu corpo quando senti algo molhado e ela foi para o
chão. Dei meio segundo para ela me soltar, mas brutal, em uma
raiva que nunca pensei ser capaz de vir dela, Scarlet me empurrou
enquanto mantinha a boca na minha, me jogando para trás.
meu peito com raiva e desceram até o cós da calça. Seus dedos
calça e cueca de uma vez, envolveu meu pau com ambas as mãos.
A sensação daquele mínimo toque me fez pegar fogo. Tentei puxá-la
para sentar no meu colo, para fodê-la de uma vez e acabar com
tudo, mas ela não deixou. Me apertou com força, fazendo com que
eu gemesse contra sua boca e, quando ela, desgraçada e mortal,
mínimo cuidado, com raiva por saber que ela tinha treinado tudo
Ela não fugiu. Senti a cabeça do meu pau bater no céu da sua
boca, mas ela se ajeitou e o colocou mais para dentro. Nem assim
conseguiu ir até o fundo, não aguentando todo meu tamanho. Ela
— Não tá acostumada, é?
ritmo com que sua mão acariciava minhas bolas e o vaivém com a
Scarlet não parecia ter pressa, ora tentava me forçar mais, ora
puto por não ter uma visão real daquilo, só a sensação e o contorno
dela entre minhas pernas, a puxei para mim.
certeza?
ela dissesse que não, nem um banho no gelo acalmaria meu pau.
Nem dez anos longe a arrancaria, seu cheiro, seu gosto e seu corpo
do meu sistema. Ainda assim, por tudo o que passei, eu não podia
minha, suas mãos vieram para o meu rosto e ela acariciou minhas
bochechas. A memória de um tempo diferente tentou me atingir,
a seguir.
fazer o que queria, porque era assim que tinha que ser, mas senti
quando ela ergueu o quadril e tirou as mãos do meu rosto.
contra minha boca era pesada, dolorida. — Não por prazer, tal como
eu não sou um prazer para mim própria, mas como parte de mim
esfregou-me contra si. Era molhado, quente, tão bom que fechei os
dentro de mim ainda quer você. E estou aqui, neste momento, para
matá-la. — Scarlet suspirou quando me encaixou em sua entrada.
Eu a amava.
Eu a odiava.
minha boca.
afago da minha, mas não era isso o que eu tinha para dar. Não era
isso que ela tinha acabado de pedir para mim.
pior.
Suas lágrimas molharam meu rosto, sua boca procurou por ar,
surpresa.
Seu grito foi mais alto do que a música que vinha de fora.
porque, se você quer matar o que sente por mim, eu vou fazê-lo
viver.
aguento mais…
fora da sua janela, e senti suas lágrimas molhando meus dedos que
agora estavam em seu rosto. Sua boceta me apertou dolorosamente
conforme seu corpo tremeu. — E você será minha para sempre.
Scarlet tinha feito aquilo mil vezes antes com meu irmão, que trepou
feito uma puta suja com Isaac, que deixou ele marcar seu corpo por
seus pés com o meu, notando que aquilo não seria o suficiente, com
a mão livre, ergui seu joelho e, segurando meu pau na base,
[8]
esfreguei o prince albert contra seu clitóris, me masturbando
enquanto isso.
meu aperto, me curvei sobre ela para que a música externa não a
impedisse de me ouvir. — E vou gozar em você, bem no fundo. Vou
encher você com a minha porra e você nunca vai esquecer de como
grosseiro.
piercing contra sua carne, ela não teve para onde fugir.
devia.
Pegue-a.
Perdoe-a.
tudo o que pude dizer antes de sair, sabendo que ela não aguentaria
levantar pela próxima meia hora, pelo menos.
Dito e feito.
deixei.
quando você esteve aqui não conseguia te olhar nos olhos. você é
como um anjo, sua pele me faz chorar. você flutua como uma pena
semanas.
falava sobre outra coisa, era por isso que eu sabia que Caroline
estava dormindo em uma pensão barata no centro da cidade e
notícias.
ou ao meu avô.
de nada.
A falta dele, do seu cheiro, dos seus beijos, dos seus braços,
tinha alternativa.
como fugir.
— O que você faz aqui? — Foi a voz desinteressada de
olhar.
— Mas…
— Não — neguei.
completamente furiosa.
Chamar a polícia
foi a pior merda
que poderiam ter
feito. Nunca mais
quero olhar para
vocês.
— Isso não se parece com Conrad. Digo, por que é que ele
— Você o viu?
era uma pergunta, era um aviso, e eu não dei tempo dela me dizer
que não.
— Não agora. — O sorriso que ela deu era quase bom demais
para ser verdade, mas com tudo o que vínhamos passando, não
tinha a mínima vontade de saber o motivo.
mansão dos Prince, antes das quinze. Não queria perder a chance
de entrar.
escorria pela minha testa com as costas da mão e encarei o céu tão
bonito de verão. Desejei de todo meu coração que aquele fosse um
Era um convite?
Daquela vez, não tinha uma alma viva para que eu desse um
chorar.
atravessar.
na sua voz?
Meu tom magoado não o atingiu e eu tentei dar um passo para trás,
duas.
descia pelo meu rosto e avancei para perto dele. — Por favor, não
faz isso.
minhas o envolveram.
Eu o abracei, morta de medo daquela ser a última vez, e me
agora. Eu sei que você está machucado, que está magoado. Sou
capaz de virar as costas agora e fingir que este encontro aqui nunca
aconteceu, mas, por favor, por favor, diga que vai ficar tudo bem. —
Ergui o rosto o mais rápido que podia, sabia não estar no meu
mágoa, insegurança, medo que logo foi levada por sua versão morta
encará-lo.
— O que faz aqui? — Ele também não parecia muito feliz com
a minha presença.
pé.
— Scar, não leve tudo isso para o pessoal. Meu irmão está
machucado e…
polícia?
Eu o medi por longos segundos, até ver que ele não tinha
motivo para mentir.
— Como?
levei a sério.
Não podia.
recuperaria.
— Vocês estão…
entender. E seria muito melhor sem ninguém dizendo “eu avisei” nas
minhas costas.
scarlet
m a l e f a n t a s y, b i l l i e e i l i s h
feito na vida.
corpo, não acendi a luz, não olhei para baixo. Passei os dedos no
maço de cigarros e no isqueiro sobre minha mesa de cabeceira e fui
quando a água gelada caiu sobre a minha cabeça, abri minha boca
e gritei.
meu crânio ao meio e arrancar Conrad, seu olhar, suas mãos, seu
gosto, seu sexo e seu cheiro dos meus pensamentos, das minhas
memórias mais cruéis.
segundo.
cinco anos.
Por que era tão difícil odiá-lo, mesmo com todos os motivos do
mundo?
minha mão naquela noite, mas não podia dizer que ainda o odiava
quando o beijei, quando revivi a única época feliz da minha vida,
poderia ter.
Ele era meu primeiro beijo.
dor.
não.
acusava.
Não sabia.
ódio.
— Ele te forçou?
— Valeu a pena?
— Eu sinto muito.
acordar.
conrad
apodrecerem.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, parando a alguns
passos dele.
— Esperei por ela por cinco anos. Cinco longos anos. E você
filho da puta?
Isaac sorriu, tão cruel quanto qualquer outra vez.
ao seu lado, caso ela quisesse te denunciar. O que acha? Será que
trás, rindo.
ficha.
— Seu…
descontrolasse.
prêmio de consolação com quem ela vai ficar, com quem um dia vai
se casar. — O sorriso de Isaac estava pedindo para perder alguns
continuar: — O que será que você tem feito de errado que todas as
garotas que tinham algum tipo de paixão por você, agora estão
todas comigo?
algumas vezes.
Caí na tentação.
de vidro, livros e roupas por todo lado, mas não era aquilo que me
preocupava.
Eu…
Para minha sorte, ela não acordou. O máximo que Scarlet fez
veneno.
amigos? agora com certeza não parece isso. você me traiu e eu sei
t r a i t o r, o l i v i a r o d r i g o
O que está
fazendo?
Conrad?
Olá, Red.
passavam das oito, meu avô não estava em casa e Susan cantava
no chuveiro.
Nada. E
você?
Queria vê-la.
Acha que pode
me encontrar no
parque?
Agora?
É.
Precisamos
conversar
Estou
indo.
olhando, desconfiada.
— Aonde vai?
um pouco.
Saindo com Isaac, ela sabia muito bem da minha situação com
Conrad.
Quando corri dali, achei que meu corpo não fosse suportar a
dor.
imperdoáveis.
Eu não sei por quanto tempo dormi, mas quando acordei com
espreguicei.
me abraçou.
— Tem certeza?
— Não — menti.
vestir?
E não queria mais falar com Isaac. Sabia que aquele boato
ganhava vida pela minha traição à sua confiança, mas também tinha
dedo do seu ego quebrado por saber que eu tinha dado ao irmão
algo que sempre neguei a ele.
frio.
com seu megafone. Havia muita gente mesmo ali, e a algazarra que
vocês que fazem esta casa ser uma das mais disputadas e, por
Então, caso você seja um dos competidores, venha até aqui para
— O que faço?
— Não tenho nada para falar com você. — Meu tom de voz
saber que a mentira tinha se espalhado por sua culpa, mas aquele
Meu foco era outro, e usei dessa energia para procurar meu
grupo.
— Tem certeza?
para as outras duas pessoas que nunca tinha visto na vida. — Sou
no pé.
— O seu primeiro.
cérebro não parecia ter sido derretido depois de tanta droga, no final
das contas.
vocês agora vai receber um apito. — Uma garota de boné azul veio
— Certo. Boa sorte até a fogueira. Até lá, vocês estarão juntos,
A plateia gritou.
Nós corremos.
Ignorei a dor dos pés feridos e tive plena certeza de que ainda
havia estilhaços de caco de vidro neles. Mesmo assim, não parei de
quanto eu.
bati com as mãos uma na outra antes de limpar meu traseiro cheio
de terra. Durou menos de cinco segundos de distração, mas quando
ergui o rosto de novo, lá estavam os três.
Nunca era.
scarlet
h a p p i e r t h a n e v e r, b i l l i e e i l i s h
que meu corpo tremesse tanto que mal conseguia dar um passo.
Por que é que ele fazia aquilo? Por que é que, depois de tudo,
dentro de mim.
para que eu conseguisse colocar os pés em algo que não fosse ódio
e crueldade.
nunca me recuperaria.
qualquer lugar.
no cantinho.
Eu realmente sabia.
Eu sempre soube.
olhos nos meus, absorvendo todo o meu choque por não entender
aonde aquilo chegaria. Ele me enterraria viva?
no meu ser, enquanto terra vinha sobre mim e o riso das pessoas lá
fora acompanhava alguma piada sexista e baixa feita para me ferir
mais, eu gritei tão alto e tão agudo, que tudo parou.
colocava de pé.
coisas porque vivi sob o teto do seu pai, ou porque namorei seu
irmão enquanto ele me botava todos os chifres possíveis. —
Avancei para cima dele, o rosto tão próximo que podia ver cada
mísero detalhe das íris escuras sob a luz das tochas, e quando ele
deu um meio passo para trás, eu avancei, não dando brecha alguma
entre nós. — Eu fui tudo isso porque eu esperei por você, porque eu
lutei por você, porque pintei você e escrevi para você um bilhão de
contra seu peito com o dedo indicador, seus olhos eram ilegíveis,
suas sobrancelhas franzidas não me diziam muita coisa, mas nada
importava naquele segundo. — E eu não deixei de amar você por
essa ideia de estupro. Eu nem mesmo sabia dela. Fiz porque quis,
porque de algum jeito maldito, você ainda está em mim, porque,
Ergui a mão e dei com tudo o que tinha e o que não sabia ter.
O tapa estalado em seu rosto deixou a marca dos meus cinco dedos
— Vou dar uma referência clara, que você vai entender. Aqui,
nessa história, na nossa história, você não é o amável e injustiçado
qualquer coisa que um dia achei que pudesse ter, porque você é
podre. Você não tem coração. Você é realmente o pior dos Prince.
— E eu corri, porque por mais que minha boca dissesse aquilo, por
mais que eu quisesse que a magia daquelas palavras fizesse algo
l o v e l y, b i l l i e e i l i s h , k h a l i d
píer.
que poderia demonstrar, andei o mais rápido que pude para a água
e, inevitavelmente, as memórias que tentei repelir por todo aquele
no alto daquele maldito prédio onde ele me levou para ver o céu
Ardeu.
Machucou.
de Conrad de novo.
Eu deveria ter acreditado em Isaac.
quando pensava que ela ainda mantinha algum contato com ele,
que ela tinha o acesso que me foi negado, eu morria de inveja por
conseguiria caminhar de volta para casa. Isso foi quase uma hora
quente de verão.
fogo.
Caminhei pelo píer, o rosto molhado, a última fagulha de força
apagando.
tudo, já que não havia coisa nenhuma pela qual lutar. Arranquei os
tênis enquanto a multidão atrás de mim ria, assobiava e me xingava.
perdão aos quais eu havia traído, aos quais eu poderia ferir por
desistir, eu pulei.
Eu pensei que lutaria, que tentaria desistir da ideia, mas ali era
silencioso.
Confortável.
de culpa.
Eu só queria paz.
conrad
ficar agora.
l o v e l y, l a u r e n b a b i c
Eu queria afastá-la.
importava.
atingido junto.
vi tão furiosa.
Seus olhos queimavam em mim, sua voz era clara, mas suas
ela.
de tudo para não acontecer no passado, que minha mãe havia sido
o maior peso para isso, que minha idiotice e rebeldia tinha falhado
em deixar ver a necessidade.
sentido…
— SCARLET, NÃO!
acusação.
multidão.
píer.
todas estas palavras não são da boca para fora e nada mais
importa.
morrer.
se perder.
machucado sofrer.
Em compensação, sobre quem tinha me dado a mão…
preocupado.
fode.
carinho.
— Conrad…
que acontece.
vai preso e, com certeza, vai nos tirar de casa. Se ele fizer isso,
minha mãe vai perder o lar, minha guarda, e sabe lá como vai
virem.
mulher.
Não. Meu pai era bem vingativo, e por mais que fingisse não
ver, ele sabia.
— Tarde demais.
Eu odiava o olhar de pena vindo deles, mas não era tarde para
a raiva corroía meu peito, enquanto via meu pai imponente, pronto
para acabar com minha mãe, mais uma vez.
— Aonde vamos?
eles…
— O QUÊ? — Meu corpo dolorido foi a única coisa que me
segurou no lugar.
olhos revistaram meu rosto. Sua expressão não era das melhores.
— Olhe seu estado. Sabe lá Deus se não quebrou algo, se não tem
muito.
de vocês acabou aqui. Depois do hospital, você vai para casa e eu,
para a delegacia.
minhas orelhas.
precisava ficar livre. E mesmo quando ela, seus beijos, seu cheiro e
eu entendia que não podia mais sustentar aquilo, ainda mais depois
de Isaac dizer que a ruiva tinha ido até a casa do meu pai falar que
souberam de tudo.
estava guardado.
Quando a irmã dela apareceu em casa naquela semana, eu
que entrei.
suspirou.
— Nossa, minha irmã disse que estava ruim, mas não imaginei
consumiu.
inocentemente ao meu irmão, mas não fiquei por perto para ouvir o
resto.
deveriam sair quando cruzei com meu pai, mas só consegui fazê-lo
depois de um jantar servido no quarto.
— Melhorando.
mais estável possível. — Mas não é algo que você não saiba, é?
que eu odiava.
venha visitá-lo.
O desgraçado me desarmou.
— Como?
— E o que mais?
— Eu já não disse? Ela poderá vir vê-lo. Uma vez por semana,
de forma assistida no começo…
— Como prisioneiro?
— Como convidado.
Quis rir.
Por tudo o que tinha perdido, e por tudo o que nunca mais
poderia ter.
Chorei pela raiva que queimava nas minhas veias, pelo
pensamento impuro de como resolver isso em um curto prazo.
resposta que eu não tinha para dar, de deixar seu cheiro na minha
roupa, Scarlet dominou minha cabeça.
sua cintura.
sobre mim, sobre minha mãe… Por que é que ela não tinha
guardado o meu segredo se dizia que me amava?
Queimava.
Era cedo para você também, mas ninguém ligou, por que você
liga? — era verdade, mas eu não podia acabar com ela só porque
Era Bella.
Eu me conformei.
No fundo, Scarlet não merecia, e não aguentaria tanta sujeira,
tanta desgraça.
Conrad aqui. Me
encontre no
parque mais
tarde, perto das
dezenove.
Porque eu
preciso. E você
ainda é minha
amiga com
benefícios.
Esperei cinco minutos para receber uma resposta, mas ela não
veio.
Estarei lá.
— Eu sei.
podia.
— Certo. E o que quer? O que quis dizer sobre ser sua única
encontrá-lo, ele vai precisar ter uma boa história para contar.
se eu fizer as contas direito, você não quis nada comigo desde que
muito…
— Vamos.
como Thomaz estava chateado com a minha ausência, mas que ele
era fechado demais na bolha dele e que sua casa também não ia
bem. Quando foi nossa vez de entrar na cabine, Bella parecia mais
ansiosa do que eu. Passou pela minha frente, se sentou e bateu no
banco ao seu lado.
queria aquilo.
nariz.
fresco e cítrico…
— Não, espere. Eu sei que o que temos não é algo fixo, mas
você pode me preparar para quando for se apaixonar por alguém?
Pode avisar antes? — A boca dela estava contra a minha.
decepção.
Eu poderia culpá-la?
Nunca.
— Ah, porra… — Bella xingou quando viu o que eu via.
Essa história de que acabou, que superou e que não é para ser, é
mentira.
pudéssemos descer.
céu noturno.
os meus ombros.
casa dela, mas antes que pudesse chegar até a porta, estranhei o
escalei a casa por fora, tomando cuidado para ser o mais silencioso
possível, enquanto ia na direção do quarto ao lado do de Scarlet, o
Sua irmã viu Conrad e Bella se beijando. Não fiquei para ver o
depois, vim direto para cá. Queria ser o primeiro a recepcioná-la. —
Ele riu.
merda.
— Não posso dizer, baby. Mas sua irmã odiando Conrad para
que o que ela viu hoje, junto do vídeo, a faça achar que eles
estavam juntos.
— Espero que sim. Consegue ligar para ela? Quero ver logo
sua cara ao descobrir quem é Conrad e que eu não estava errado
sobre ele.
E eu não parei.
o que acontecia.
Sem conseguir ver outra coisa que não fosse o rosto dele,
vacilei sendo empurrado contra a parede e ele tentou me enforcar.
MÃE!
mancando, saiu pela porta. Eu não tive essa sorte. Bem na hora que
ele saiu, o teto da sala desabou.
Não era.
nada.
Não tinha como salvá-la sem morrer junto, mesmo que parte
de mim estivesse morrendo lá com ela. Tive certeza disso quando
pulei pela janela e vi Scarlet.
Fogo e fumaça.
para valer, mas nós dois sabíamos o custo. agora, a única saída
está na sua caixa em forma de coração, mas odeio que parecia que
você nunca foi o suficiente. estávamos quebrados e sangrando, mas
que seu coração foi a vítima. agora odeio que eu preciso de você.
para cima. Quando tirei seu rosto da água, ela não se mexeu.
pescoço com o braço e nadava para o raso. Fiz o melhor que podia
e quando meus pés alcançaram o chão de lama, eu a peguei no
colo, caminhando para fora do lago com o corpo inerte nos braços.
obedeci.
ele.
inerte.
Tentei forçar o ar em seus pulmões mais uma vez, mas fui
afastando.
Você não pode morrer — pensei. — Não agora. Por favor, não
agora.
Eu iria junto dela para o hospital, não tinha nem mesmo o que
ser conversado.
todos aqueles anos, se ela era o meu alvo constante, a culpa era
dele.
Dele.
E minha.
Eu tinha?
É, eu tinha.
— Ela vai ficar bem, não vai? — Foi a pergunta mais inocente
que fiz na vida quando meus olhos cruzaram com os do meu pai.
ainda, saber que tinha matado a única pessoa que me amou com
tudo o que tinha para dar, e além.
Os olhos dela nos meus, sua boca, seu corpo, sua risada que
há tanto eu não ouvia, seu cheiro, suas mãos, tudo dela que
bloqueei por anos, tudo o que evitei lembrar, ver ou sentir, veio
como uma avalanche nos minutos mais tortuosos da minha vida.
desci.
— Ela está bem? Está viva? — insisti, tentando ver algo além
me afastar.
— Mas…
punitivos.
ajeitado, estava minha mãe com uma taça de água nas mãos e ao
Quê?
cair.
— Filho, eu…
Era a primeira vez que eu sentia algo ruim por minha mãe e
com a bebida…
Eu ia explodir.
— Não pode ser, não pode ser — falei baixo, querendo que
tentou me impedir.
ele.
lágrima rolar no meu rosto, a data era ainda pior. Aquilo tinha quatro
anos.
Eu já tinha ido embora há um bom tempo, mesmo assim, ela
ainda estava lá por mim.
As memórias me fuzilaram.
tinha arruinado.
afogar do que continuar sem você, mas você está me puxando para
baixo.
oceans, seafret.
Eu estava em choque.
sua irmã". Mas não conseguia reagir. Não conseguia falar, nem
andar, nem chorar.
Era como se tivessem jogado cimento dentro do meu corpo e
conseguia processar.
particular?
preso.
para o fogo terminar de consumir. — Por que ele fez isso? Por que
Conrad… — Eu nem mesmo terminei a pergunta. A confusão dentro
ajuda agora. Pense no seu futuro, no do seu avô. Sei que Charlie
não tinha um seguro, que mal recebe do governo. Sei que você é
uma aluna exemplar, uma garota bem-educada…
— Não quero que isso vaze. Não posso deixar meu filho ir
com a mão para perto do meu cabelo, pegando uma mecha entre os
dedos, me causando estranheza. — Estou aqui oferecendo ser seu
tutor. Seu avô e você terão um teto, e quando chegar a hora, Charlie
estapear.
dois pedidos para agora. Tire meu avô daqui em segurança antes
que ele tenha um ataque do coração e cuide para que Susan tenha
um funeral decente.
de vocês também.
Eu não agradeci.
Eu fazia por Conrad, para livrar sua cara. Para tentar amenizar
as coisas e dar a chance de ele explicar o que tinha acontecido, já
que, nem com ele acabando com tudo, meu coração conseguia
amá-lo menos. Nem com ele colocando fogo em tudo, não
incomodava.
restava de mim.
se fecharem.
tinha uma luz mais fraca acesa no meu quarto e não tinha claridade
— Me desculpe… — soprei.
pronta.
perguntei:
— De onde vieram essas flores?
Conrad.
Era sério?
funcionaria.
Eu precisava me libertar.
perguntar:
Eu não podia negar, era uma merda estar entre os Prince, mas
era muito bom quando me sentia pertencente.
— E eu mesmo a trarei.
— Vou sair para você se arrumar. Suas roupas estão ali. — Ele
tempo.
que eu tinha me livrado, decidi sair dali alguém que pudesse me dar
orgulho no futuro.
dentro.
Girassóis significavam felicidade, lealdade e coisas positivas
demais.
ficado ali?
distância.
eu não vou ser a porra da sua Perséfone. Você queria me odiar, não
queria? Então estou te dando uma oportunidade concreta. Vá, faça
sentidos.
dentro, não imaginei que seria ali o lugar onde buscaria por abrigo,
por proteção.
estava eu, enrolado nas cobertas da cama onde dormi por anos,
assustado como nunca, revivendo todo o espetáculo desastroso que
fiz foi ir até o banheiro e me lavar na pia. Aquela merda ia ficar feia,
Foi tudo acidental. Não foi você quem matou a garota… — disse
obedecer.
amigável.
decente, eu abri.
me escapava.
Era esquisito vê-lo ali. Ele não combinava de jeito nenhum com
o cenário.
aconteceu.
Scarlet, com Bella. Mas parece que seu outro filho estava
determinado a fazer as coisas mais difíceis. Ele e a irmã de Scarlet
estavam saindo e trabalhando juntos em uma história insana
meu pai.
entrar.
ele a socou também. Sua cabeça bateu tão forte contra a parede
que ela desmaiou na hora. Depois disso, nós rolamos escada
abaixo, foi uma loucura do caralho… — Eu não queria mais falar.
— E?
— Continue.
subir sem morrer também. — Havia lágrimas nos meus olhos, mas
— Eu sei.
encurralado.
— Como vou explicar isso? A garota te viu lá, ela só sabe que
você, que adora brincar com fogo, estava na casa dela em chamas,
que acha que vai acontecer com nosso nome, com nossa honra,
quando você for acusado por todos os crimes que ela era a única
testemunha?
— Mas eu…
— Não sei…
— Então você não tem como provar ser inocente. Isaac vai
dizer que estava em outro canto da cidade, que quebrou o pé, que
nunca poderia fazer nada do tipo. A garota morta não vai poder te
defender agora. Scarlet está processando, e quando a raiva
chegar…
— Ela não faria, você não a conhece. Me deixe falar com ela.
— Eu não a conheço? — A risada amarga dele me atingiu e
— Oi?
futuro dela e do avô em troca de ela nunca abrir a boca sobre você.
doer mais.
— Mas…
pegando fogo.
Seu olhar tinha tristeza, tinha raiva…
atingiu.
— Não?
— Conrad, eu…
— Isso não tem negociação. Ou você cuida dela, ou todo
responder:
— Farei o possível.
parou.
Se ela aceitou sua proposta antes de falar comigo, ela sabe que não
há chance de eu ouvi-la.
se você me disser que está indo embora, eu facilitarei. vai ficar tudo
bem. se não podemos parar o sangramento não temos que repará-
i t ’ l l b e o k a y, s h a w n m e n d e s
quarto que disseram que se tornaria meu, mas levantei antes do sol
raiar e caminhei sozinha até os escombros do que era minha casa.
nada em pé.
recusava a acreditar que aquilo era real, que aquilo era culpa minha.
com Conrad naquele verão, ele não teria motivos para ir até a minha
que tivesse sobrado, qualquer coisa que restasse, mas não havia
Eu resisti.
pulando para fora da janela, das escadas que rangiam, do sofá onde
vovô me cobriu um bilhão de vezes e as enfiei em um canto
Conrad.
Quando sua mão firme me puxou para si pelo braço, fui encaixada
em seu peito e fiquei imóvel ali. — Eu sinto muito por sua irmã,
Scar…
casa… E foi por isso que meu pai veio aqui, foi por isso que veio
fazer o acordo com você. Neste momento, acho que Conrad já está
de malas prontas para ir embora e se livrar das consequências de
— Está tudo bem, garota. Está tudo bem. Nós vamos cuidar de
você. Vamos te deixar inteira de novo, ok?
pedaço meu.
— Você não me viu ligando para o meu pai? Ele disse que
chance.
eu rezei.
abraçando o filho.
Tentei soltar meu cinto, mas paralisei vendo o alerta ali. Era um
porta trancada.
O carro começou a se mover e, sem pensar em uma
primeira.
importasse.
qualquer um ignorar.
Só sabia chorar.
Eu o esperaria.
Então eu afogo isso como sempre faço dançando pela nossa casa
com o seu fantasma, e eu o persigo, com um tiro de verdade.
do quarto.
O vento frio do meio de novembro arrancou minha última
travesseiro novo.
sente aqui.
encará-la.
— Scarlet não fez o que achei que tinha feito. — Dizer aquilo
encarei.
explodir.
ainda sai com o cara que nos espancou minha vida toda.
Quis rir.
— Como?
você hoje controlar seu pai e sua mãe pelo poder que isso te traz, a
longo prazo, você vai desperdiçar tudo se for preso.
Fiquei mais ainda quando deixei de ser apaixonada por você. — Era
sempre.
— Que seria?
— Isso importa?
Já Scarlet…
dedos coçavam para digitar algo, para tentar descobrir como ela
estava, mas era estranho que agora eu a visse como igual. Antes,
A verdade era que, talvez ela tivesse sido o meu alvo principal
minhas no chão.
Foi na tarde mais fria do ano até ali, depois da primeira neve
até a reitoria.
— Fechado.
dele fechadas.
— Com quem?
— Foda-se. Você sabia que ela ainda trepa com o cara que me
pagar contas? — O olhar do meu pai saiu do meu rosto e foi para o
de Caroline, inquisidor.
— Não é isso…
nada, é um presente para seus anos de ouro com Philip? Quer que
eu perdoe as vezes em que com um tempo pior do que este —
na sua cama com você? Eu tinha o que, uns seis, sete anos? — Ela
tremia, olhando para o meu pai com medo e eu estranhei, mas não
me contive. — Quer que eu finja que nunca me coloquei entre
Que apanhei, que passei fome algumas vezes, que fiz de tudo para
você porque acreditava que, se não tivéssemos aquele teto,
estaríamos na rua e eu teria que viver com meu pai sem coração e a
mulher amiga do diabo que ele tinha e nunca mais veria você?
— John…
dela, cuidaria dos seus gastos e ela não me pediria mais nada. Era
por isso que todas as vezes em que você dizia algo, eu falava que
você podia ir morar comigo, se preferisse. — Meu pai olhou para
dizer.
encararam de volta.
mais seu filho. Fiz o que fiz, por você e por mim. Achei que fosse
seu herói, achei que fosse importante, e agora vejo que não. Que
não passei de um idiota, mais uma vez. — Aquilo me quebrou. —
por um momento.
enganou.
sorriso sem dentes, com os lábios comprimidos e fiz que sim com a
cabeça.
— Até depois.
gritando para o céu, gritando para o mundo, querido, por que você
foi embora? eu ainda sou sua garota. me mantendo firme, com a
cabeça nas nuvens. só o céu sabe onde você está agora. como eu
amo de novo? como confio novamente? eu fico acordada a noite
toda, digo a mim mesma que estou bem. querido, você é mais difícil
ideia.
Apesar de Conrad e Isaac estarem proibidos por John de
disso, ficava acordada até o sol dar os primeiros sinais de vida pela
sentimentos encapsulados.
pela ausência de resposta, por ele nem mesmo querer ler o que eu
tudo, mas como eu estava enganada. O que Conrad sentia por mim,
com o passar dos anos, se transformou no mais puro ódio, desprezo
dele que tinha sido largada na casa do pai e foi meu travesseiro por
quase dois anos, até uma empregada desavisada lavar e tirar o
porque sim, eu sabia que tinha começado aquela merda de vício por
causa dele. Alguns desenhos que fiz em guardanapos dos lugares
se precisar de algo.
— Certo.
O sensor fez com que a luz acendesse assim que passei pela
fundo.
precisar mergulhar nos livros. Hoje, vim te dizer que eu trocaria toda
mundo que você tanto amava, que tanto queria. Acredite, não é tão
bom estar aqui. Dinheiro pode te deixar dormir aliviado por não
precisar pensar nas contas, mas ele não consegue limpar a culpa
tivemos isso, lembra? Faz muito tempo, mas tivemos e eu sinto uma
falta absurda. Acho que foi isso que nos separou, Susan. Acho que,
acredite, e eu sinto que deveria ter tentado mais. Não podia ter
livrar disso. Eu me esforcei muito, mas por mais que lutasse contra,
por mais que o repudiasse, ele aparecia nos meus sonhos, nas
beleza, por coisas superficiais. Sempre foi por ele ser Conrad, e não
por ser Prince… Será que se você estivesse aqui, se visse com
seus próprios olhos o quanto isso me mata pouco a pouco, será que
conseguiria me perdoar? Será que conseguiria olhar para mim e ter
como foi antes. Não tenho Isaac porque, de tudo, eu sei que o
matar.
f o r e v e r, l a b r i n t h
afastei do rosto.
e comecei a rir.
curiosa.
Linda.
ignorando sua raiva, e qualquer coisa que pudesse me parar. Fui tão
atrevido que fiz Scarlet recuar e a prendi, apoiando as mãos na
seus olhos nos meus eram intensos. Um alerta para eu parar, ainda
assim, não me importei.
entreabriu.
por sua causa são. — Ela não abaixou a guarda, não se moveu. —
Mais alguma coisa?
Vistoriei o corpo de Scarlet com o meu. Ela era a única fonte
era burrice, nós dois já tínhamos tido a prova e eu podia jurar que
seus mamilos estavam duros junto da pele arrepiada por baixo
senti-la.
processar.
meu corpo que, sob o toque mais frio e molhado, reagiu de imediato.
Me pressionei contra o ventre de Scarlet, mostrando que a queria,
Queria fazer tudo o que tínhamos sido impedidos de fazer. Ser tudo
o que não pudermos ser.
nela.
como seria estar dentro dela, não querer mais. Ainda assim, Scarlet
parecia lutar contra, tentando me empurrar sem tirar a boca da
minha.
Era caótico.
Ela me queria.
Ela me odiava.
Ela me mantinha.
Ela me afastava.
A chuva piorou.
percebi que era capaz de transar com ela bem ali, ignorando a hora,
o local, a situação.
realidade.
mais disfarçar.
parecia ter esgotado toda sua paciência. Ela revirou os olhos, bateu
que amo muito, não posso esquecer que você jogou isso no lixo. —
— Por que você está com isso aqui? — Foi a única pergunta
que fiz.
— Porque eu ia pedir perdão para minha irmã e ia queimar.
polícia, nem contei para ninguém que tinha achado. — Quando ela
entrou no carro e o ligou, bati em seu vidro.
o que eu sou agora? e se eu for alguém que não quero por perto?
estou caindo de novo, estou caindo de novo, estou caindo. e se eu
mim novamente.
Tentei salvar tudo o que estava no chão, mas assim que entrei
escreveu.
Conrad, eu não sei até quando vou ter forças para isso.
uma cama que ainda não sinto cem por cento como minha, sinto
sua falta.
PS: acho que consegui algo. Acho que, agora, sou Heahtcliff.
chão, pois seus traços estão impressos nas lajes! Em cada nuvem,
em cada árvore…enchendo o ar à noite, e vislumbrada em cada
w i t h o u t y o u , m i l e y, k i d l a r o i
em Paris?
sobre cartas que enviei, mas ele disse que nunca chegou a receber.
voo. Mas como? — Isso foi hoje, mesmo? — Meu tutor parecia
Conrad falava muitos absurdos sobre mim quando mais novo, não
é?
— Uma delas era achar que eu era um pai relapso, não? — ele
começava a ganhar.
— Mas… Ela não vivia com ele porque não tinha onde morar?
— Eu…
— Não precisa se explicar, Scarlet. A falha foi minha. Eu
deveria dizer que dava dinheiro para a mãe dele, devia ter deixado
claro como as coisas funcionavam, mas achava que ele era criança
demais na época.
descoberta.
Eu não podia.
Eu não conseguia.
Então fiquei e engoli a comida que, misteriosamente, tinha
ganhado gosto de cimento e acabado com minha fome.
desapareceram.
Engoli aquela verdade com dor de estômago e me deitei,
encarando o teto.
— O senhor Prince avisou que não era para você estar aqui,
gordinha tentou mais uma vez, mas eu já estava vendo a hora que
confortei.
um pouco para admitir que não teria como fugir e concordou com a
cabeça.
Meu tom de voz amável e dócil fez a senhorinha confiar que podia ir.
Quando a mulher sumiu pelo corredor, Isaac voltou a me
encarar e rosnou.
largava uma mala vazia em sua cama, Isaac não me viu sentar
virgindade como um troféu. Mas ficou muito claro que, para você,
isso só seria sexo. Assim como você fez com todas aquelas garotas
naquela justificativa.
— Se está tão nervosa assim, se o que fiz foi tão grave, o que
acha que vão pensar de você ter dado para o assassino da sua
irmã?
A ofensa não doeu como pensei que faria, mas ativou um lado
do seu carro.
louco, ou até podia ser, mas até gente doida sabia com quem podia
mantive longe. Meus olhos nos seus eram um alerta ao qual ele
aqui daria certo. — Fitei os olhos do cara que tinha tentado me fazer
superar nem que fosse à força o que sentia por Conrad e, naquele
minuto, me senti burra.
Isso não anulava o carinho, o amor que cultivei por ele, mas se
colocado lado a lado com o que sentia por Conrad, era a mesma
coisa que querer comparar o volume de uma gota contra o oceano.
Eu teria continuado a colocar Isaac em seu lugar, mas isso foi só até
que meus olhos grudaram em uma caixa girando para o chão, com
o selo do correio. — O que é isso?
— É meu, deixe isso aí! — Isaac até tentou, mas fui ágil em
abrir a caixinha de papelão bem ali, liberando o carimbo e a
diferente.
Minha mão voou firme, com dedos juntos, direto para o seu
rosto.
Meus olhos foram direto para sua mão segurando meu braço
com força e então para seu rosto.
saber o que dizer. — Você fala tanto de Conrad, mas é muito pior
que ele, Isaac.
coisas que você fez, bem, espero que eu tenha sido seu crime
Outro problema que precisava ser resolvido era que fiz John
Era meio que meu ritual de passagem. Ou, pelo menos, fazia
portões.
vidro.
— Por que você foi até lá? — A pergunta de Bella fez minha eu
informação. — Bella, ainda que tenha sido armado, isso não muda o
que eu vi.
acontecia… Conrad foi até sua casa para ajeitar as coisas, Scarlet.
recolhido.
— Acho que você não tem que se meter, até porque, para que
— Justo.
— Ah, desculpe ter transado com Isaac também. Nem foi bom,
cacos no alto.
Conrad?
percebi que a missão de descer com duas malas cheias seria muito
pior do que a de subir com elas vazias. Descobri isso quando eu as
me virei aos pouquinhos para ver Conrad bem atrás de mim. Seus
cima das malas, mas tudo que saiu da minha boca foi um simples e
sonoro:
— Sim.
— Achei que não veria você aqui tão cedo — ele disse, me
olhando de soslaio, e eu não soube entender de onde vinha a
naturalidade daquilo.
lance de escadas.
amigas, e eu acabei de descobrir mais uma coisa que não era como
Conrad ficou quieto por alguns minutos, então foi sua vez de
ficar desconfortável.
— Como está sendo dirigir meu carro? Achei que você não
— É assim que você vai ficar, Scarlet. É isso que meu irmão
vai fazer com você. Está preparada? Sua hora está chegando.
que eu morreria.
fodido da morte, e ter Isaac perto de mim fez com que isso só
piorasse. Se ele era capaz de mentir, de inventar, de manipular
como ele havia feito durante todos aqueles anos, ele também seria
da reitoria.
conrad
nunca nos libertaremos, cordeiro para o abate, o que você vai fazer
quando houver sangue na água? o preço da sua ganância é seu
filho e sua filha, o que você vai fazer quando houver sangue na
água?
b l o o d / / w a t e r, g r a n d s o n .
naquele segundo, era o reitor não nosso pai. Seu tom de voz frio,
você vai voltar para o buraco de onde saiu. Quer que eu conte, ou
você conta para o papai sobre o seu negocinho ilegal? O sorriso que
pai.
— Pai? — ele soprou, os olhos enchendo d’água. Ele parecia
boca!
filho.
Meu pai trocou um olhar tão piedoso com meu irmão que me
fez pensar que houvesse ainda um pedaço humano dentro dele.
Quando ele abriu a boca, quis saber mais daquela mudança, mas fui
impedido.
uma conversa.
estranho, um forasteiro.
— Que seja. — Soprei o ar pela boca. — Continue a quebrar
tudo, Isaac. É lindo ver você agir como uma criancinha mimada.
mas quando abri as portas, pronto para sair, meu pai avisou:
mãos com Maressa ainda ao seu lado, que fui atingido. A garota não
merecia nada daquilo, e a culpa dela estar envolvida até o último fio
de cabelo era minha. Fui eu quem achou Scarlet interessante, a
A verdade era uma só, ela estava presa naquilo por culpa
minha e eu precisava encarar que, no final das contas, era muito
mais fácil lidar com as consequências dos meus atos quando elas
só batiam em mim.
meu pai, mas no primeiro passo que dei em sua direção, meu
telefone tocou.
atendê-lo.
— Alô?
eu a quebrasse.
— Acho que sim. — Sua voz era baixinha, meio que um sopro.
suas mãos.
cabeça.
Foi desconfortável sair dali daquele jeito, mas não tive escolha.
próximos, mas não melhores amigos, e eu não podia dizer que não
problemas, graças aos pais. Por isso, aquela visita era ainda mais
vidrados.
sei como ele soube, mas me pressionou tanto que eu não tive como
mentir.
— Sobre o que você está falando? — Deu um leve tranco para
costas, e confiando que tudo daria certo, adentrei a casa dos Craig.
— Vou mandar colocarem mais um prato, você fica para o
jantar. — Não era uma pergunta e eu odiei aquele tom. — Thomaz,
por que você não leva seu amigo até seu pai? Como você bem
um “venha”.
direção à escada que corria pelos dois lados da parede até o andar
superior.
verdade era que eu sempre fui muito bem-tratado por ser um Prince,
mas nunca valorizado o bastante por ser bastardo, ainda assim, a
superficialidade.
havia recebido.
com isso junto do seu pai. Ele nunca c