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PROPÓSITO
Descrever os conceitos relacionados ao tema da gestão pública participativa, além da
experiência brasileira de participação cidadã nas decisões da administração pública.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever o conceito de gestão pública participativa, além da experiência brasileira a respeito
do tema
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Neste tema, trataremos dos principais tópicos relacionados ao estudo da gestão pública
participativa. Já adiantamos, sem nenhuma novidade, que, no centro das discussões sobre a
crise do modelo de democracia representativa, estão as reflexões a favor dos mecanismos de
controle social sobre o Estado.
Notemos que a própria história mostra a evolução da sociedade. Por isso mesmo, seguindo
essa linha, os cidadãos desejam a criação de novas ferramentas de participação social que
possam aproximar a administração pública e as demandas concretas da sociedade.
Sob um aspecto geral, falaremos também acerca dos fundamentos da gestão pública
participativa nas constituições de países democráticos. No Brasil, a Constituição de 1988 deu o
primeiro passo – tanto que ela é chamada de Constituição Cidadã –, mas, ao longo dos anos,
as formas e as ferramentas de participação têm ganhado um amparo na legislação e no campo
político.
MÓDULO 1
FUNDAMENTOS DA GESTÃO
PARTICIPATIVA
Você sabe o que significa a junção de democracia e participação?
1
Controle dos atos
2
Deliberação
3
Responsabilidade da administração pública
4
Mecanismos da transparência
Entende-se a democracia como uma forma de governo pelo povo. Essa definição mais
clássica, mesmo com o passar dos séculos, não sofreu alterações em sua essência.
No entanto, conforme frisa Bobbio (1990, p. 37), na passagem da democracia dos gregos para
a dos modernos, uma alteração se deu não no que diz respeito ao titular do poder político, que
sempre será o povo, e sim no modo, mais ou menos amplo, de se exercer o direito de tomar
decisões coletivas.
Como bem assentam Amaral e Carvalho (2020), a democracia participativa nesse ambiente é,
a partir da metade do século XX, entendida como uma nova “onda” ou forma de democracia.
Com esse entendimento, foi possível verificar uma aproximação entre a democracia
representativa e a antiga direta; afinal, ambas estavam imbricadas pelos instrumentos
participativos. Neles, a cidadania não fica restrita apenas ao exercício democrático de eleger
representantes, mas inclui também a participação ativa das transformações sociais na tomada
de decisões.
O exercício da cidadania, destacam Amaral e Carvalho (2020), deixa de ser uma retórica
“popularesca” de época de eleição para se firmar como um modus operandi da democracia.
Na verdade, essa tendência – que, para muitos, era um indicativo de crise do sistema político –
foi:
A constituição de ferramentas que geraram mudanças nos alicerces democráticos dos Estados.
Sob essa perspectiva, temos de partir do pressuposto que, no século XXI, a democracia
representativa não mais atende à concretização, em sua concepção ampla, do princípio
democrático. É necessário evoluir, tendo um olhar atento às novas ondas da democracia, e
verificando como tal princípio encontrará espaço para sua efetivação.
Você pôde observar que, nas últimas décadas, das análises acadêmicas sobre as teorias
democráticas, manteve-se evidenciada a forte influência das vertentes participativas como um
celeiro de ideias desse estágio mais avançado do sistema.
As vertentes democratas...
PARTICIPACIONISTAS
DELIBERACIONISTAS
... Surgem dos aspectos discursivos do processo político somados à nossa estrutura normativa,
pela qual, aliás, deve existir a participação de todos no debate. Nesse processo, isso se torna
um fator de legitimidade das decisões.
Barreto (2006) postula que, fundada em uma visão crítica, a democracia deliberativa se tornou,
sob o ponto de vista liberal, um importante centro de discussões e de ideias. Isso proporciona
um rico campo científico para se pensar em novas formas de participação social e decisões
políticas e administrativas da administração pública.
Na visão tradicional do que é uma democracia liberal, a racionalidade dos cidadãos constitui
o pilar que sustenta a república e que a diferencia de outros sistemas políticos não
democráticos.
Os líderes políticos têm suas ações legitimadas pelos eleitores, porém, ao mesmo tempo, têm
suas decisões controladas e limitadas por eles.
Santos e Avritzer (2009, p. 39-82) propõem três teses para o fortalecimento da democracia
participativa:
TESE 1
Fortalecimento da “demodiversidade”.
TESE 2
Fortalecimento da articulação contra a hegemonia entre o local e o global.
TESE 3
Ampliação do experimentalismo democrático.
“DEMODIVERSIDADE”
De certa forma, ao longo dos anos, a experiência participativa vem gravitando em torno desses
três eixos na tentativa de configurar uma experiência modelo que transite entre diferentes
modelos (liberal e popular) de democracia.
O DESENVOLVIMENTO DA GESTÃO
PARTICIPATIVA NO BRASIL
Sob uma perspectiva das Ciências Sociais, os arranjos sociais, de forma geral, sejam eles
movimentos sociais ou ações coletivas, formaram as bases iniciais do que identificamos
atualmente como ferramentas, mecanismos ou instituições participativas de participação na
gestão pública.
Sabemos que, frente às avançadas tecnologias facilitadoras de agrupamento e de organização
das ideias (como as redes sociais), novos arranjos e atores sociais surgiram ao longo dos
últimos anos.
Também estamos cientes de que, entre suas inúmeras reivindicações, a mais contundente é a
que requer uma maior eficácia da participação social nos debates públicos.
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Movimentos sociais vistos como novas ações sociais abrem as esferas públicas culturais
compostas de sujeitos e temáticas. O objetivo deles é propiciar uma interação com o sistema
político.
O movimento social é entendido como a expressão de uma ação coletiva decorrente de uma
luta sociopolítica, econômica ou cultural.
No Brasil, a cultura autoritária atravessou grande parte da história política. Por essa razão, não
é uma tarefa fácil implementar a gestão participativa no âmbito da administração pública.
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As comunidades eclesiais de base (CEBs) são um exemplo disso. As CEBs são grupos
formados por leigos e religiosos que se multiplicaram pelo país após a década de 1960 sob a
influência da teologia da libertação.
Desde então, elas vinculavam o compromisso cristão à luta por justiça social e participavam
ativamente da vida política do país. As CEBs sempre estiveram associadas a movimentos de
reivindicação social e partidos políticos (normalmente de esquerda).
Para Gohn (2009), “nessa época, em oposição ao regime militar, usava-se para ‘ter direito a ter
direitos’; em uma visão universal, aqueles movimentos não estavam autocentrados, não
miravam apenas a si próprios”.
Isso moldou a cultura de se recusar modelos autoritários e privados de gestão da coisa pública.
Desenvolvidas por seus órgãos e agentes políticos, essas políticas contam com a participação
de entes de colaboração. Apontaremos três exemplos a seguir:
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ONGS
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ASSOCIAÇÕES CIVIS
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SINDICATOS
Se você está se perguntando qual foi a consequência disso, saiba que, com essa forma de
agir, deslocou-se o eixo...
Verificou-se, ao longo das últimas décadas, um aperfeiçoamento nas relações entre o poder
público e a sociedade. Isso ocorreu em um ambiente no qual a democratização das instituições
políticas e administrativas estava presente e impunha novas bases à gestão participativa.
A cidadania deixa de ser exercida apenas pelo voto. Pelo contrário: esse aprimoramento das
bases da gestão passa a encorajar o crescimento da cidadania proativa.
Essa nova atuação cidadã rompeu, de uma vez por todas, com a tradicional e pura democracia
representativa. Houve o estabelecimento de uma nova onda democrática brasileira, aliando
a participação popular direta à representação.
O destaque neste tema é a Lei no 10.257/01 (Estatuto da Cidade). Com essa norma, o gestor
municipal fica incumbido da obrigação legal de organizar e pautar a administração da cidade no
ideário de uma gestão eficiente, democrática e inclusa, garantindo o direito de suas localidades
serem sustentáveis.
O Estatuto da Cidade orienta que a gestão municipal seja a mais democrática possível
conforme preceitua o capítulo intitulado: “Da gestão democrática da cidade”. Ele ainda indica
princípios e instrumentos que orientarão o administrador local na condução participativa e
transparente da governança municipal.
FERRAMENTA 1
FERRAMENTA 2
FERRAMENTA 3
FERRAMENTA 4
Cabe ainda lembrar que, na dinâmica da participação, os mecanismos podem ser classificados
como:
Simples
Entendamos que a gestão participativa se desenha a partir do poder local e com a criação de
esferas públicas para debates sobre a gestão pública municipal. Por ser o poder político mais
perto do cidadão, ela eleva a cidadania ativa organizada ao nível mais alto de participação.
RESPOSTA
RESPOSTA
Entre tantos resultados, podemos dizer que ocorre uma melhor adequação e
racionalização das metas e dos recursos por parte do poder público. Como reflexo, passa
a existir uma inclinação natural para a canalização dos investimentos em projetos
voltados aos temas levantados pelos munícipes nos debates transcorridos nas arenas
públicas instituídas.
A agenda dos governos democráticos, em sua maioria, está ancorada nas políticas públicas, as
quais, por sua vez, são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo
governo. Essas políticas funcionam de forma correlata à dos direitos assegurados
constitucionalmente ou daqueles que se afirmam graças a um reconhecimento por parte da
sociedade e/ou pelos poderes públicos.
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AS FERRAMENTAS PARTICIPATIVAS NA
REALIDADE BRASILEIRA
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
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ATORES SOCIAIS
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CIDADÃOS COMUNS
Adaptado a partir dos anos 1990 em inúmeras cidades brasileiras, o OP de Porto Alegre
ganhou notoriedade internacional, tendo o reconhecimento de organismos internacionais e
agências multilaterais de financiamento.
ACCOUNTABILITY SOCIAL
“Prática bem-sucedida de gestão local, sendo a experiência como uma das 40 melhores
práticas de gestão pública urbana no mundo”. BIOMANIA, 2021.
ATENÇÃO
Devemos mencionar que a experiência brasileira do OP se tornou uma referência para os
gestores públicos que aperfeiçoam essa participação numa ação conjunta entre governo e
sociedade civil.
Na trajetória brasileira, inúmeras cidades brasileiras, desde 1987, vêm aplicando ou ainda
estão aprimorando essa ferramenta participativa. Em muitas delas, o OP está previsto e
regulamentado nas respectivas legislações locais.
Uma pesquisa levantada pela Rede Brasileira de Orçamento Participativo (2016) revelou que o
número de experimentos de OP passou das 13 cidades em 1989 para 482 municípios em
2015. O quadro a seguir demonstra a historicidade desse processo:
Sobre o tema “direito à participação popular na formulação das políticas públicas” garantido
pela Constituição de 1988, podemos indicar como exemplos de grande representatividade as
políticas de saúde e assistência social.
Nesse panorama, você pode verificar que os conselhos municipais setoriais estão presentes na
gramática participativa brasileira desde a década de 1990. Como instituições participativas,
apresentando desenhos institucionais diferenciados, eles incorporaram as demandas sociais
nos diversos setores da vida coletiva. Sua contribuição, como bem podemos inferir, possibilita
uma maior transparência às ações dos gestores públicos.
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Além disso, com esse mecanismo, pode-se favorecer uma justa distribuição dos recursos
públicos, havendo menos desperdício e maior eficiência nos serviços prestados.
Se a atuação dos conselhos gestores podia ser considerada fragmentária até a Constituição de
1988, eles vêm, ao longo das últimas três décadas, se tornando importantes instituições
participativas das políticas públicas. De caráter interinstitucional, esses conselhos – com
assento constitucional e vasta legislação após 1988 – desempenham o papel mediador entre a
sociedade e o Estado.
INTERINSTITUCIONAL
De forma geral, você pode constatar que os conselhos setoriais são formados por uma gama
diversificada de atores sociais com interesses plurais voltados ao interesse comum. Eis alguns
exemplos: movimentos sociais, centrais sindicais ou sindicatos, associações, ONGs, igrejas,
entidades sem fins lucrativos e outras afins.
Com isso, pode-se afirmar que uma das principais atuações dos conselhos é a de estabelecer
os mecanismos para a formulação de diretrizes, prioridades e programas sociais.
Devemos entender que a temática dos conselhos se inscreve no debate das políticas de
descentralização. Por meio dessas políticas, busca-se o fortalecimento da autonomia dos
municípios. Sendo assim, a descentralização aparece articulada com a abertura de canais que
incorporam os diferentes segmentos sociais e a ampliação dos interesses representados no
âmbito da cidade.
FUNÇÃO 1
Deliberação
FUNÇÃO 2
Fiscalização
FUNÇÃO 3
Acompanhamento e monitoramento das políticas públicas de saúde.
FUNÇÃO 4
Aprovação a cada quatro anos do Plano Nacional de Saúde.
Cabe ressaltar que seu caráter participativo e deliberativo é uma norma cogente (De
cumprimento obrigatório, coercitivo) em razão do que dispõe a Lei no 8.142, de 1990, ao
vincular a participação da comunidade na gestão do SUS, bem como nos assuntos sobre as
transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.
Desse modo, devemos destacar ainda sua função orçamentária. Vale dizer que o conselho
também tem por missão elaborar um cronograma de transferência de recursos financeiros
consignados ao SUS aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1) A CONFERÊNCIA DE ISTAMBUL (HABITAT II DA ONU), EM 1996, RECONHECEU A
SEGUINTE INCIATIVA COMO UMA DAS 40 MELHORES EXPERIÊNCIAS DE PRÁTICAS DE
GESTÃO PÚBLICA DEMOCRÁTICA E URBANA NO MUNDO:
B) Houve uma alteração que diz respeito à mudança do titular do poder político.
C) Houve uma alteração que não se deu na titularidade do poder político, e sim na forma de se
exercer o voto.
D) Houve uma alteração que se deu não na titularidade do poder político, que sempre será o
povo, e sim no modo de se exercer o direito de tomar decisões coletivas.
E) Houve uma alteração disruptiva que dificulta a comparação entre os dois períodos
históricos.
GABARITO
1) A Conferência de Istambul (Habitat II da ONU), em 1996, reconheceu a seguinte
inciativa como uma das 40 melhores experiências de práticas de gestão pública
democrática e urbana no mundo:
Mesmo com o desenvolvimento dos sistemas de democracia na era moderna, ela continua
como uma forma de governo em que o povo é soberano e titular do poder político. Isso quer
dizer que o seu significado clássico, mesmo com o passar dos séculos, não sofreu mudanças
em sua essência.
MÓDULO 2
A ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIALISTA
ANTERIOR A 1937
Trata-se do modelo de administração no qual o Estado era entendido como propriedade do rei.
O nepotismo e o empreguismo constituíam a norma.
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Ela foi proposta por Weber (1864-1920), passando a ser o modelo adotado. Mais racional e
eficiente, a administração burocrática gerou uma evolução das práticas e das rotinas típicas do
setor público, enfatizando os procedimentos e o controle das atividades.
A centralização foi a sua principal marca, mas não podemos esquecer outras. Indicaremos
quatro delas a seguir:
IMPESSOALIDADE
HIERARQUIA
SISTEMA DE MÉRITO
Depois de muitas décadas (e com o crescimento da população e do êxodo rural), esse modelo
acarretou...
Uma máquina pública lenta, cara e pouco ou nada eficiente diante das demandas sociais
complexas.
Este novo modelo está baseado na busca permanente de novas iniciativas e nos conceitos de:
EFICIÊNCIA
EFICÁCIA
PRODUTIVIDADE
QUALIDADE TOTAL
CLIENTES
METAS
RESULTADOS
PARCERIAS
1
2
3
4
Alcance de resultados sob a ótica da eficiência, eficácia e efetividade, com a reorientação dos
mecanismos de controle (no caso, de procedimentos para resultados).
Por outro lado, a estrutura moderna das condições de trabalho acarreta uma melhoria no
desempenho dos governos. Criando a cultura de gestores públicos comprometidos com as
missões primordiais do Estado, a atenção se volta para a prestação de serviços de qualidade
ao cidadão.
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GESTÃO PÚBLICA: DA
DESCENTRALIZAÇÃO À GESTÃO
PARTICIPATIVA
A gestão pública abarca inúmeras atividades e ações, como a aplicação de leis, a supervisão,
a fiscalização, o desenvolvimento e a criação de técnicas essenciais ao bom desempenho da
“máquina pública” em geral. Ou seja, a organização dos órgãos de administração do Estado.
Como se sabe, diversos setores lidam com as necessidades fundamentais do cidadão em uma
sociedade complexa. Listaremos a seguir alguns exemplos:
EDUCAÇÃO
SAÚDE
SANEAMENTO BÁSICO
TRANSPORTE
CULTURA
Para que eles sejam colocados em prática e funcionem com eficiência, o gestor deve pensar
também na melhoria desses quesitos.
A partir do momento em que o gestor público domina o funcionamento do órgão público no qual
desempenha as funções de gestão, ele consegue avançar nas transformações efetivas,
baseando-se em pesquisas, estudos, estratégias e habilidades próprias para isso.
Segundo esse ideário, é possível evoluir para um estágio de administração pública no qual
todos tenham seus direitos e deveres igualitários. Os termos e as metas da gestão pública
participativa podem auxiliar nesse processo.
No estudo do tema “participação”, o ponto que merece atenção é o que envolve a terminologia
empregada. “Participação pública” é um termo de maior amplitude, sendo, em geral,
empregado em processos que são mais propriamente informativos e consultivos do que
participativos. É por intermédio deles que a administração pública informa à população sobre
as questões que pretende dar cabo – e que foram decididas no âmbito dos gabinetes – ou
realiza consultas públicas.
Por essa razão, embora esses processos sejam de extrema valia para as práticas
democráticas, eles não são significativamente participativos. Isto porque essa participação é
limitada, não havendo uma atuação direta da sociedade que lhe permita uma percepção da
realidade e dos problemas a serem resolvidos em ações conjuntas com o poder público na
solução das demandas.
A noção de participação cidadã em sentido estrito é diferente. Existe nela um grau mais
elevado de desenvolvimento político, em que a forma dita objetiva, semidireta ou direta de
participação se coloca ao lado do poder público nas escolhas públicas.
Em outras palavras, pode-se entender que a verdadeira participação está presente nas
escolhas públicas de forma deliberativa, ou seja, vinculativa.
Também pode-se dizer que ocorre uma aderência da vontade direta social participativa em
decisões públicas envolvidas nas questões postas em debate público.
Por essas passagens conceituais, diferentes espaços públicos foram sendo construídos para
inserir o cidadão diretamente nos debates de questões afeitas aos interesses sociais. De forma
ampla ou estrita, tais questões tendem a tornar eficaz a tutela dos direitos humanos
fundamentais.
A DESCENTRALIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA E TIPOLOGIAS
Essa divisão seria uma forma de permitir a construção de espaços de diálogos públicos com a
presença efetiva de vários segmentos de representação social da sociedade civil organizada e
dos movimentos sociais.
Tipologias
Maurizio Cotta (apud TEIXEIRA, 1996, p. 216) propõe duas tipologias que englobam várias
formas de participação concebidas (ou, de alguma forma, exercitadas em algumas
experiências analisadas):
Fonte: rafapress/Shutterstock.com
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Envolve a ação sem intermediação nas várias instâncias da estrutura da gestão administrativa,
bem como nas tomadas de decisão, em um sistema de cooperação e corresponsabilidade.
Você certamente já ouviu que os líderes precisam ser eficientes e capazes de resolver
situações críticas de caráter organizacional e social. Além de saber gerenciar pessoas, eles
têm de alinhar os objetivos pessoais aos organizacionais.
Pois saiba que, na gestão participativa, o cidadão é mais do que o consumidor final dos
serviços públicos: ele passa a ser cogestor e corresponsável na gestão. Tendo isso em vista, o
gestor público que desejar obter êxito nessa gestão deverá, além de utilizar as ferramentas
participativas, criar práticas rotineiras participativas para a construção de uma gramática
participativa.
CONSULTAS À POPULAÇÃO
Essa cultura é muito importante na gestão participativa. Consultar os cidadãos é a melhor
forma de descobrir do que eles precisam. Essas consultas ainda podem verificar a
possibilidade de sua realização.
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O cidadão se sentirá valorizado ao ver que o poder público busca a sua opinião, o que ajuda a
legitimar as decisões tomadas.
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Podem ser citados como meios ou instrumentos: canal de SMS, intranet e internet (página
da gestão central atualizada), além de um site oficial com ferramentas de comunicação (central
do cidadão, fale conosco, serviços públicos oferecidos nas cidades, turismo e lazer públicos,
escolas, hospitais e outros).
PESQUISAS DE OPINIÃO
Essas pesquisas podem acontecer no formato de questionários e pesquisas online. Hoje em
dia, pode haver até mesmo a utilização de aplicativos como canais de comunicação com os
habitantes da cidade.
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FERRAMENTAS PARTICIPATIVAS
Podemos pensar em órgãos colegiados de política urbana; em debates, audiências e consultas
públicas; em conferências sobre assuntos de interesse urbano; em iniciativas populares de
projetos de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano; e, por fim, em
planejamento orçamentário participativo.
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Os mecanismos empregados para tal podem ser simples, como as ouvidorias, as mesas de
diálogo e as reuniões em associações de moradores.
Há um interessante estudo realizado por Leite (2000) sobre as funções positivas em uma
gestão participativa. Segundo o autor, elas podem ser usadas pelo gestor que deseje dar esse
perfil à sua gestão. O estudo ainda elenca os benefícios que justificam a implantação da gestão
participativa, considerando, para tal, as dimensões econômica, social, política, organizacional e
psicológica:
Função
Dimensão positiva Conceito
primordial
Melhorar a eficiência e a
eficácia da gerência,
Econômica Eficiência
proporcionando melhor
produção e produtividade.
Aumentar a interação e o
compartilhamento de valores,
Organizacional Integração buscando desenvolver a
identificação, a lealdade e a
aceitação de valores comuns.
Satisfazer aspirações
individuais de iniciativa e
criatividade, além de assegurar
Psicológica Autorrealização
melhor integração e interação
com o grupo organizacional de
referência.
Devemos ter em mente que a gestão pública participativa ainda é uma fronteira aberta de
inovação no setor público. Como observamos na tabela anterior, os benefícios da utilização de
ferramentas participativas são variados, tendo um grande potencial de impacto positivo na
administração pública.
A LIDERANÇA NA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA PARTICIPATIVA
Aprofundaremos neste vídeo o papel da liderança em um modelo de administração pública
gerencial.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, destacamos os principais pontos que possibilitam a você formar um
entendimento próprio acerca das bases que sustentam uma gestão pública no viés da gestão
participativa.
Como sabemos, a gestão pública vem sofrendo mudanças. O comprometimento com o bom
atendimento ao o público por parte dos servidores púbicos cada vez é mais cobrado. Por essa
razão, também apresentamos modelos de gestão participativa pública descentralizada,
apontando as atitudes que um líder deve adotar nesses casos para que sua gestão seja
exitosa.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, D. C. de. Liderança no serviço público: algumas reflexões. In: Anais do V
SINGEP. São Paulo, nov. 2016.
GOHN, M. da G. Novas teorias dos movimentos sociais. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2009.
LEITE, F. T. (Org.). Por uma teoria da gestão participativa: novo paradigma de administração
para o século XXI. Fortaleza: Unifor, 2000.
EXPLORE+
Leia os livros sugeridos a seguir para se aprofundar e conhecer mais sobre a temática da
gestão participativa:
Pesquise na internet três textos que mostram as experiências sobre a gestão participativa no
Brasil e no mundo:
BORGES, L. O orçamento participativo não mudou o mundo. Mas teve sucesso. In:
Público. Publicado em: 20 out. 2019.
CONTEUDISTA
Claudia Tannus Gurgel do Amaral
CURRÍCULO LATTES