O texto discute as relações entre arte e sociedade, argumentando que (1) a arte é influenciada por fatores sociais como estrutura social, valores e técnicas de comunicação e (2) influencia a sociedade modificando a conduta e percepções das pessoas. Analisa como esses fatores afetam a posição do artista, a configuração da obra e o público, mostrando que existe um movimento dialético entre arte e sociedade de influências recíprocas.
O texto discute as relações entre arte e sociedade, argumentando que (1) a arte é influenciada por fatores sociais como estrutura social, valores e técnicas de comunicação e (2) influencia a sociedade modificando a conduta e percepções das pessoas. Analisa como esses fatores afetam a posição do artista, a configuração da obra e o público, mostrando que existe um movimento dialético entre arte e sociedade de influências recíprocas.
O texto discute as relações entre arte e sociedade, argumentando que (1) a arte é influenciada por fatores sociais como estrutura social, valores e técnicas de comunicação e (2) influencia a sociedade modificando a conduta e percepções das pessoas. Analisa como esses fatores afetam a posição do artista, a configuração da obra e o público, mostrando que existe um movimento dialético entre arte e sociedade de influências recíprocas.
O texto busca ressaltar aspectos sociais que envolvem a vida artística e
literária nos seus diferentes momentos. Ele começa o texto com dois questionamentos: Qual a influência exercida pelo meio social sobre a obra de arte? Qual a influência exercida pela obra de arte sobre o meio? Durante o século 18, muito se falou sobre a arte como expressão da sociedade, em que medida ela reflete questões sociais, ou é social. Várias escolas de pensamento já tentaram explicar a literatura e seus processos através de reduções esquemáticas, que se poderiam reduzir a fórmulas, como: "Dai-me o meio e a raça (herança), eu vos darei a obra" (visão naturalista – século 19 e começo século 20, Taine inclui a questão do momento à analise); ou: "Sendo o talento e o gênio formas especiais de desequilíbrio, a obra constitui essencialmente um sintoma" (entendimento psicológico, especialmente a leitura psicanalítica do texto (feita a partir da obra e pensamento de Freud). Na prática, chegou-se à posição criticamente pouco fecunda de avaliar em que medida certa forma de arte ou certa obra correspondem à realidade. Porém, Candido prefere um enfoque mais transversal, citando o famoso crítico francês Sainte-Beuve "O poeta não é uma resultante, nem mesmo um simples foco refletor; possui o seu próprio espelho, a sua mônada individual e única. Tem o seu núcleo e o seu órgão, através do qual tudo o que passa se transforma, porque ele combina e cria ao devolver à realidade". Para o sociólogo moderno, mostrar que a arte é a expressão do meio, e que a arte é social, são tendências que tiveram a virtude de mostrar que a arte é social nos dois sentidos: depende da ação de fatores do meio (o contexto interfere na arte), que se exprimem na obra em graus diversos de sublimação (simbolismos, linguagem figurada, etc); e produz sobre os indivíduos um efeito prático (arte altera o meio), modificando a sua conduta e concepção do mundo, ou reforçando neles o sentimento dos valores sociais. A primeira tarefa é investigar as influências concretas exercidas pelos fatores socioculturais na arte. Os fatores socioculturais mais decisivos se ligam à estrutura social (1), aos valores e ideologias (2), às técnicas de comunicação (3). Assim, os primeiros se manifestam mais visivelmente na definição da posição social do artista, ou na configuração de grupos receptores; os segundos, na forma e conteúdo da obra; os terceiros, na sua fatura e transmissão. Eles marcam, em todo o caso, os 4 momentos da produção artística: 1) O artista, sob impulso de uma necessidade interior, orienta sua produção segundo os padrões de sua época; 2) Escolhe certos temas; 3) Usa certas formas; 4) A síntese resultante age sobre o meio. A arte é social, ela depende da ação de fatores do meio, que se exprimem na obra de diferentes maneiras, mas ela também produz sobre indivíduos um efeito prático, modificando sua conduta e concepção de mundo. É tarefa do crítico, portanto, investigar as influências concretas exercidas pelos fatores socioculturais sobre a obra, onde os mais decisivos se ligam à estrutura social, e também os valores e ideologias e as técnicas de comunicação. Todo processo de comunicação pressupõe um comunicante (artista); um comunicado (obra-texto); um comunicando (público); e o efeito da comunicação (resultante). Três momentos da comunicação artística: autor, obra, público. (Alguém, comunicando algo, para alguém). Assim, em uma crítica sociológica, não devemos separar a criação de uma obra de sua recepção. A sociedade define a posição e o papel do artista; a obra depende dos recursos técnicos para incorporar os valores propostos; os públicos são configurados segundo critérios específicos ligados a certos contextos. A atividade do artista estimula a diferenciação de grupos; a criação de obras modifica os recursos de comunicação expressiva; as obras delimitam e organizam o público. Movimento dialético que engloba a arte e a sociedade num vasto sistema de influências recíprocas. A Posição do Artista: Como que a estrutura da sociedade atribui um papel específico ao criador da arte? Ou seja, o que você espera de alguém que canta funk hoje talvez seja diferente do que um historiador vai pensar daqui a 300 anos; Como essa estrutura define a posição do artista na escala social? Por exemplo, diferentes momentos na história atribuem diferentes graus de importância social ao artista, bem como diferentes contextos atribuem diferentes valores. Mano Brown, dos Racionais, tem um tipo de ‘status’ onde ele mora (Capão Redondo, até onde sei), as pessoas o enxergam de uma forma, mas em bairros da elite paulista, como Alto de Pinheiros ou Higienópolis, ele é visto de uma forma bem distinta, por exemplo) Momentos históricos desse processo são: o aparecimento individual do artista na sociedade como posição e papel configurados; as condições em que se diferenciam os grupos de artistas; como tais grupos se apresentam nas sociedades estratificadas (“modernas”). Forças sociais condicionantes guiam o artista: determinam a ocasião da obra ser produzida; julgam a necessidade dela ser produzida; se vai ou não se tornar um bem coletivo. Assim, a criação artística é um processo que envolve tanto o artista quanto o público, o indivíduo e o coletivo (bidirecional). Logo, 3 questões aparecem: Qual é a função do artista? (Artistas pré-históricos tinham uma função mística, os bantos do Moçambique uma função profissional, enquanto artistas hoje em dia podem ter uma função política, como Clint Eastwood e Gene Simmons ajudando a eleger Trump) Qual a sua posição social? (os bobos da corte tinham uma posição, os pintores pré-históricos outra) Quais os limites da sua autonomia criadora? (O contexto em que um artista se desenvolve determina/limita o tipo de obra que ele vai criar. Por exemplo, um cantor de blues da década de 20 não tinha tanto recursos quanto um artista de música eletrônica contemporânea, este por sua vez talvez tenha que se comunicar com um número significativamente maior de pessoas para ser reconhecido) Posição do artista (seu lugar) na estratificação social, interfere nos temas e formas de suas obras. A Configuração da Obra: O trabalho do crítico literário com enfoque sociológico deve levar em consideração como que o influxo exercido pelos valores sociais, ideologias e sistemas de comunicação se transmudam em conteúdo e forma da obra. Valores e ideologia atuam principalmente para a formação do conteúdo, e as modalidades de comunicação influem na forma. O conteúdo do Poema Esquimó (Boas), recitado por mulheres, que diz “nossos maridos vêm chegando, eu vou comer!” está intimamente ligado com questões de valores daquela sociedade. Está atividade se transforma em matéria de poesia, pois representa para o grupo algo singularmente prezado, o que garante seu impacto emocional. As técnicas de comunicação alteram a forma da obra. O estribilho afetou a forma da música, criando um momento que “se grava na memória”, o refrão alterou a forma da poesia. O piano deu a riqueza sonora necessária para Beethoven criar suas sonatas. O Público: Considerar os diferentes aspectos que compõem e transformam o receptor da arte (seu público). O fenômeno básico de um segmento do grupo que participa da vida artística como elemento receptivo, que o artista tem em mente ao criar, e que decide do destino da obra, ao interessar-se por ela e nela fixar a atenção. Existem diferentes tipos de público. Nas sociedades primitivas não havia muito a distinção entre artista e público, por haver uma participação coletiva na criação artística. Nesse sentido, existe o contato direto entre artista e público. Com a técnica da escrita (literatura) inventou-se o público indireto, contatos secundários. O comportamento do público está diretamente relacionado com questões sociais, como valores em um contexto específico. Esses valores, que se manifestam sob várias designações – gosto, moda, voga – e sempre exprimem as expectativas sociais, tendem a cristalizar-se em rotina. A sociedade, com efeito, traça normas por vezes tirânicas para o amador de arte, e muito do que julgamos reação espontânea de nossa sensibilidade é, de fato, conformidade automática aos padrões. (Ideologia ditando valores e gostos). Mesmo quando pensamos ser nós mesmos, somos público, pertencemos a uma massa cujas reações obedecem a condicionantes do momento e do meio. Conclusão: Há uma relação inextricável, do ponto de vista sociológico, entre a obra, o autor e o público. A arte é um sistema simbólico de comunicação inter-humana, que pressupõe o jogo permanente de relações entre autor-público-obra. O público dá sentido e realidade à obra. Autor é intermediário entre obra e público: obra-autor-público. Autor precisa do público, que dá sentido à obra, para realizar a obra: autor- público-obra. Obra liga autor ao público, que queria inicialmente só a história: autor-obra- público. A invenção da escrita tornou possível a um ser humano criar num dado tempo e lugar uma série de sinais, a que pode reagir outro ser humano, noutro tempo e lugar.