Você está na página 1de 48

BioPsicopedagogia

1
LINGUAGEM ORAL

Vamos pensar...

Para a avaliação da escrita, devemos observar o que o aluno aprendeu e como ele aprendeu...

CAUSAS DAS DIFICULDADES NA LEITURA E NA ESCRITA

“Por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que


olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança
que pensa." (Emília Ferreiro)

Os distúrbios de aprendizagem na área da leitura e da escrita podem ser atribuídos às


mais VARIADAS CAUSAS.

Orgânicas: Cardiopatias, encefalopatias, deficiências sensoriais (visuais, auditivas),


deficiências motoras (paralisia infantil, paralisia cerebral), deficiências intelectuais, disfunção
cerebral e outras enfermidades de longa duração.
Psicológicas: Desajustes emocionais provocados pela dificuldade que a criança tem de
aprender podem gerar ansiedade, insegurança e auto-conceito negativo. Outros desajustes
emocionais causados por conflitos familiares, sociais ou no ambiente escolar, podem estar
envolvidos também.
Pedagógicas: Métodos inadequados de ensino; falta de estimulação pela pré-escola dos
pré-requisitos necessários à leitura e à escrita; falta de percepção por parte da escola, do nível
de maturidade da criança, iniciando uma alfabetização precoce; relacionamento professor-aluno
deficiente; não domínio do conteúdo e do método por parte do professor;
atendimento precário das crianças devido a superlotação das salas de
aula.
Sócio-culturais: Falta de estimulação; desnutrição; privação
cultural do meio; marginalização das crianças com dificuldades de
aprendizagem pelo sistema de ensino comum.
Distúrbios da leitura: Dislexia.

2
BioPsicopedagogia

A dislexia é um distúrbio específico da leitura por gerar a falha na


identificação dos símbolos gráficos, embora a criança apresente
inteligência normal, integridade sensorial e receba estimulação e ensino
adequados.

O PROCESSO DE LEITURA

“É preciso que a leitura seja um ato de amor."


(Paulo Freire)

A leitura é um processo de compreensão abrangente que envolve aspectos sensoriais,


emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômicos e políticos.
É a correspondência entre os SONS e os SINAIS GRÁFICOS, por meio da decifração do código
e a compreensão do conceito ou ideia.
Tanto quando a fala, a leitura NÃO é um comportamento natural, mas um processo
adquirido a longo prazo e em certas circunstâncias de vida que determinam o sucesso ou o
fracasso na aprendizagem.
O processo da leitura envolve:
a) Identificação dos símbolos impressos (letras e palavras) através dos órgãos da visão.
Estes recebem os estímulos gráficos e os transmitem por meio do nervo ótico, aos
centros visuais do cérebro.
b) O relacionamento dos símbolos gráficos com os sons que eles representam – a
criança tem de diferenciar visualmente cada letra impressa e perceber que cada
símbolo gráfico tem um correspondente sonoro.
c) A compreensão e a análise crítica do que foi lido. O indivíduo percebe os símbolos
gráficos, compreende seu significado, julga e assimila os fatos de acordo com a sua
vivência.
No processo inicial de leitura ocorre o que chamamos de DECODIFICAÇÃO, ou seja, o
envolvimento da discriminação visual dos símbolos impressos e a associação entre a palavra
impressa e o som.

3
LINGUAGEM ORAL

A visão, o tato, a audição, o olfato e o gosto são referenciais elementares na aquisição


dos símbolos gráficos, pois essa leitura sensorial começa muito cedo em nossa vida. Iniciamos
a leitura do mundo adulto que nos cerca ainda bebês, e continuamos esta leitura por toda vida.
Destacamos a leitura emocional, em que contam os sentimentos, as emoções, com as
quais o leitor se vê envolvido, até inconscientemente. Trata-se de um processo de identificação
no qual o leitor às vezes tente a justificar ou negar seu envolvimento com o que leu. Nesse
sentido, a criança é capaz de se envolver muito mais emocionalmente com um livro do que o
adulto.
Na escola, o tipo de leitura mais comum é a leitura intelectual, caracterizada pela teoria
dos fatos, pela rigidez da forma de apresentação e pela tendência a isolar o leitor do contexto
pessoal.
Como vimos, para que a criança adquira os símbolos gráficos, ela precisa ter uma perfeita
integridade sensorial e também a capacidade de integrar experiências não-verbais, ou seja, de
diferenciar um símbolo de outro, e ainda, de lhe atribuir um significado específico.
Ao adquirir a linguagem auditiva, a criança vai diferenciar, por exemplo, o símbolo CASA
de outros símbolos que ouve e vai associar essa unidade auditiva ao objeto. A seguir, ela retém
esse símbolo para uso futuro e, assim, torna-se capaz de recorda-lo ao falar com outras pessoas.
Quando a criança tem dificuldade em aprender por meio dessa linguagem auditiva e
visual, não conseguindo reter e integrar na sua experiência o que ouve e vê, pode-se esperar que
ela venha a manifestar um distúrbio de leitura.
Ilustrando o que comentamos acima, poderemos perceber no esquema o processo para
a aprendizagem da leitura.

significado audição visão


vivência da criança palavra falada palavra escrita

CASA
“CASA”
casa

4
BioPsicopedagogia

Precisamos com urgência, resgatar em nossas escolas, principalmente no ensino fundamental,


a prática da LEITURA POR PRAZER, sem cobranças de entendimento dos textos por meio de provas
cansativas.
Toda escola deveria, uma vez por semana, por exemplo, propiciar às crianças o manuseio de livros em
sala de aula para desenvolver os aspectos sensoriais, emocionais e intelectuais da leitura, de uma forma
racional e dinâmica. A criança aprende a ler lendo, e não passivamente, copiando várias vezes uma
palavra ou frase, e muito menos por meio de tarefas longas e exaustivas.

DISTÚRBIOS DE LEITURA

“A leitura do mundo precede a leitura da


palavra." (Paulo Freire)

As características descritas a seguir podem ser encontradas em crianças que apresentam


distúrbios de leitura, mas NÃO É NECESSÁRIO que todas sejam detectadas em uma única criança.

a) MEMÓRIA: A criança apresenta dificuldade auditiva e visual de reter informações. Ela pode ser
incapaz de recordar os sons das letras, de juntar os sons para formar palavras ou ainda de
memorizar sequências, não conseguindo lembrar a ordem das letras ou sons dentro das
palavras. Esse distúrbio de memória resulta de disfunções do sistema nervoso central e
frequentemente se manifesta só no aspecto visual ou só no auditivo.

b) ORIENTAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL: A criança não é capaz de reconhecer direita e esquerda,


não compreende as ordens que envolvem o uso dessas palavras e fica confusa nas aulas de
Educação Física, por não entender as regras dos jogos. Quanto ao tempo, mostra-se incapaz para
conhecer as horas, os dias da semana etc.

c) ESQUEMA CORPORAL: Geralmente as crianças com distúrbios de leitura têm um conhecimento


deficiente de seu esquema corporal. Apresentam dificuldade para identificar as partes do corpo
e não revelam boa organização da postura corporal no espaço em que vivem.

d) MOTRICIDADE: Algumas crianças têm distúrbios secundários de coordenação motora ampla e


fina, o que atrapalha seu equilíbrio e sua destreza manual. Elas caem com facilidade, são
desajeitadas, não conseguem andar de bicicleta ou mesmo manipular peças pequenas de
material pedagógico.

5
LINGUAGEM ORAL

e) DISTÚRBIO TOPOGRÁFICO: É a incapacidade de algumas crianças compreenderem legendas de


mapas, gráficos, globos, maquetes. Elas não conseguem entender a escala simbólica que está
sendo usada para definir o espaço real.

f) SOLETRAÇÃO: Existem crianças que são incapazes de revisualizar e reorganizar auditivamente


as letras, ou seja, têm dificuldade de soletrar. A limitação na escrita será resultado da incapacidade
para ler.

A seguir, vamos aprender como se classificam os distúrbios de leitura, separando-os em


problemas específicos da leitura oral, da leitura silenciosa, da compreensão da leitura e da manipulação
de símbolos (dislexia).

Dificuldades na Leitura Oral


A leitura oral abrange tanto a visão quanto a audição da criança, pois ela precisa perceber as
informações que seu cérebro processará. Se um desses dois canais estiver recebendo a informação de
maneira distorcida, a criança apresentará distúrbios na leitura, devido a dificuldades de percepção visual
ou auditiva.

DIFICULDADES DE DISCRIMINAÇÃO VISUAL:

Existem dois tipos de problemas ligados à discriminação visual: a criança pode apresentar um
defeito de visão (corrigível com o uso de lentes apropriadas) ou uma incapacidade para diferenciar,
interpretar ou recordar palavras, devido a uma disfunção do sistema nervoso central. Caso ela não se
enquadre nos dois casos acima citados, poderá ainda ter dificuldades de descriminação visual no início
da alfabetização, por falta de estímulo dessa habilidade na época pré-
escolar.
Entre as dificuldades de discriminação visual, podemos
destacar:

6
BioPsicopedagogia

✓ Confusão de letras ou palavras semelhantes: a criança não nota detalhes, não consegue ver
configurações gerais. Exemplo: Bolo, Bola, Bala
✓ Dificuldade no ritmo da leitura: a criança percebe a palavra quando ela é mostrada
lentamente, mas não consegue ler as palavras mostradas com rapidez.
✓ Reversão: troca o b pelo d; o p pelo q. Exemplo: bebo, a criança lê dedo.
✓ Inversão: Lê o u em lugar do n, o p no lugar do b. Exemplo: pouco/poncho; pala/bala.
✓ Dificuldade em seguir sequências visuais: a criança lê a palavra mas quando é pedido para
organizá-la em sílabas ou letras, erra a ordem e a soletração. Exemplo: ave – vea.
✓ Dificuldade em ler da esquerda para a direita: a criança não respeita o sentido correto da
leitura, o que resulta na escrita especular ou em espelho. Exemplo: Tatu – UTAT.
✓ Adição: a criança lê frases adicionando palavras que não estavam no texto: Exemplo: O
menino é grande. O menino é bem grande mesmo.
✓ Omissão: Lê omitindo palavras ou frases inteiras. Exemplo: o vestido vermelho da menina
é bonito. O vestido bonito.
✓ Repetição: Repete palavras, linhas e parágrafos. Exemplo: Eu vi um lindo cachorro no
parque. Eu vi um lindo lindo cachorro no parque.
✓ Substituição: Troca as palavras, mantendo ou alterando o significado da frase: Exemplo: A
menina vestiu a blusa. A menina colocou a blusa. O gato subiu no muro. O gato fugiu
no muro.
✓ Agregação: Lê acrescentando letras às palavras. Exemplo: caderneta – carderneta.

DIFICULDADES NA DISCRIMINAÇÃO AUDITIVA

Envolvem os problemas auditivos relacionados com as dificuldades em discriminar os sons,


sobretudo aqueles que estão acusticamente muito próximos uns dos outros e que, por terem os pontos
de articulação quase iguais, levam a criança a confundir os fonemas, como em faca e vaca.
Na leitura, as dificuldades de discriminação auditiva constatadas mais frequentemente são:

✓ Troca de consoante surda por sonora: f/v; p/b; ch/j;t/d;c/g. Exemplo: CAMA – GAMA
✓ Troca de vogal oral por nasal: na/a; en/e; in/i; on/o; un/u. Exemplo: acendeu – acedeu.
✓ Pontuação ausente ou inadequada;
✓ Elocução hesitante ou inexpressiva;
✓ Incapacidade para ouvir sons iniciais ou finais das palavras. Exemplo: a palavra é dia e a
criança ouve deu
✓ Análise e síntese auditiva deficientes: a criança não é capaz de separar uma palavra em
sílabas ou em sons individuais e juntá-los na formação de outras palavras.

7
LINGUAGEM ORAL

Dificuldades na Leitura Silenciosa

Leitura silenciosa é o ato de ler frente a uma estimulação escrita, mantendo o corpo na
mesma posição, sem movimentar os lábios, usando apenas os olhos como elementos indicadores.
As dificuldades mais comuns desse tipo de leitura são:

✓ Lentidão no ler acompanhada de dispersão;


✓ Leitura subvocal (cochichada) por meio da emissão ou não de sons;
✓ Necessidade de apontar as palavras com lápis, régua ou dedo;
✓ Perda da linha durante a leitura da palavra, ocorrendo inclusive salto de linhas;
✓ Repetição da mesma frase ou palavra várias vezes.

Dificuldades na Compreensão Leitora

Compreender o que se lê quer dizer perceber integralmente o significado do que está


escrito ou do que está sendo falado (ouvido).
A compreensão da leitura pode acontecer em três níveis:

LITERAL: engloba a compreensão das ideias propostas no texto.


INFERENCIAL: Pressupõe a análise das ideias que não estão contidas no texto, baseada na experiência
do leitor.
CRÍTICO: Comparação das ideias do autor com referenciais internos do leitor.

As dificuldades de compreensão da leitura podem ser causadas por:

✓ Problemas relacionados à velocidade, pois a leitura silabada impede a retenção do texto,


mais que a leitura fluente;
✓ Deficiência de vocabulário oral e visual, o que impede uma perfeita compreensão, visto que
o leitor não consegue ter uma visão global do texto lido;
✓ Utilização inadequada dos sinais de pontuação, que reduz a velocidade da leitura e pode
provocar uma interferência no significado do que está sendo lido.
✓ Incapacidade para seguir instruções, tirar conclusões e reter ideias, aplicando-as e
integrando-as à própria vivência anterior.

8
BioPsicopedagogia

A Dislexia
Você já aprendeu que a dislexia pode ser uma das causas dos problemas de leitura. Isso
pode ser explicado pelas dificuldades que o disléxico tem na identificação de símbolos gráficos no
início da alfabetização, o que provoca problemas também em outras áreas que dependem da leitura e da
escrita. Vamos aprofundar um pouco mais:
A dislexia é caracterizada por dificuldades de reconhecimento de palavras, de soletração,
decodificação, lentidão na leitura e na escrita, inversão de letras e números e problemas de
memorização. O fracasso do desenvolvimento da leitura fluente (capacidade de ler um texto não
somente com precisão, mas com rapidez e expressão adequada) também é uma característica do
distúrbio que persiste na adolescência e idade adulta. Trata-se de uma condição hereditária, com
alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.
A PRÉ-ESCOLA é, de certa forma, um divisor de águas para a identificação do distúrbio. A
aparente facilidade com a qual a maioria das crianças aprende a ler, contrasta fortemente com o dilema
de um subgrupo surpreendentemente grande de crianças que tentam extrair o significado de palavras
impressas. De acordo com a definição da International Dyslexia Association (IDA, 2002), tal dificuldade
ocorre “apesar de haver uma HABILIDADE INTELECTUAL ADEQUADA e uma exposição a uma educação
efetiva”.
Os sinais de dislexia variam dependendo da idade. Acompanhe: A fase das primeiras palavras
de uma criança é uma alegria em toda família: é encantador vê-la começando a se comunicar. Geralmente
o pequeno pronuncia suas primeiras palavras por volta de um ano e as primeiras frases por volta de um
ano e meio a dois anos. Um atraso na fala deve acender um sinal de alerta – porque pode ser o primeiro
indicativo de dislexia. Crianças vulneráveis à dislexia talvez não começam a pronunciar as primeiras
palavras antes de cerca de um ano e três meses de vida. E talvez não pronunciem frases antes de
completar dois anos.
É preciso ficar atento ao desenvolvimento da criança de forma geral e se notar qualquer
dificuldade, procurar orientação de especialistas.
A maioria dos disléxicos exibirá cerca de 10 dos seguintes traços e comportamentos. Estas
características podem variar de dia-a-dia ou minuto-a-minuto.
• Crianças e adultos disléxicos podem se tornar ávidos leitores quando dadas as ferramentas de
aprendizagem que se encaixam no seu estilo de aprendizagem criativa.
• Inteligente e articulado, mas incapaz de ler, escrever ou soletrar ao nível da classe.
• Marcado como preguiçoso, mudo, descuidado, imaturo, “não tentando o suficiente” ou com
“problema de comportamento”.
• Não é “atrasado o suficiente” ou “ruim o suficiente” para ser ajudado no ambiente escolar.
• Vai bem em testes orais, mas não em testes escritos.
• Tem baixa auto-estima; Esconde ou encobre suas fraquezas com estratégias compensatórias
engenhosas; Facilmente frustrado sobre a leitura da escola ou a realização de testes.

9
LINGUAGEM ORAL

• Talentoso em arte, drama, música, esportes, mecânica, contador de histórias, vendas, negócios,
projeto, construção ou engenharia.
• Parece viajar ou sonhar acordado muitas vezes; Se perde facilmente ou perde a noção do tempo.
• Dificuldade em manter a atenção;
• Aprende melhor com a prática, demonstrações, experimentação, observação e ajudas visuais.
• Queixa-se de tonturas, dores de cabeça ou dores de estômago durante a leitura.
• É confundido por letras, números, palavras, sequências ou explicações verbais.
• Ao ler ou escrever mostra repetições, adições, transposições, omissões, substituições e reversões
em letras, números e / ou palavras.
• Queixa-se de sentir ou ver movimento inexistente durante a leitura, escrita ou cópia.
• Parece ter dificuldade com a visão, mas exames oculares não revelam um problema.
• Tem visão extremamente aguçada e é excelente observador. Possui falta de percepção de
profundidade e visão periférica.
• Lê e relê com pouca compreensão.
• Soletra foneticamente e inconsistentemente.
• Tem audição prolongada; ouve coisas não ditas para os outros; É facilmente distraído por sons.
• Possui dificuldade em colocar pensamentos em palavras; Deixa frases incompletas;
• Gagueja sob estresse;
• Pronuncia incorretamente palavras longas, ou transpõe frases, palavras e sílabas ao falar.
• Apresenta problemas com a escrita ou cópia; O aperto do lápis é incomum;
• É desajeitado, desordenado, possui dificuldade na prática de esportes de bola ou de equipe;
• Dificuldades com habilidades e tarefas motrizes finas e/ou grossas;
• Pode ser ambidestro, e muitas vezes confunde esquerda/direita, sobre/sob
• Tem dificuldade em gerenciar o tempo, aprender informações, tarefas sequenciadas, ou estar no
horário.
• Computação matemática mostra dependência na contagem de dedos e outros truques;
• Sabe respostas, mas não pode fazê-lo no papel.
• Pode contar, mas tem dificuldade em contar objetos e lidar com dinheiro.
• Pode fazer aritmética, mas falha em problemas de palavra.
• Possui excelente memória de longo prazo para experiências, locais e rostos.
• Má memória para sequências, fatos e informações que não tenham sido experimentadas.
• Pensa principalmente com imagens e sentimentos, não sons ou palavras (pouco diálogo interno).
• Extremamente desordenado ou compulsivamente ordenado.
• Pode ser o palhaço da classe, um gerador de problemas ou extremamente quieto.
• Pode possuir fases de desenvolvimento inusitadamente precoces ou tardias (conversando,
rastejando, andando, amarrando sapatos).

10
BioPsicopedagogia

• Tendência a ter a infecções de ouvido; Sensíveis a alimentos, aditivos e


produtos químicos.
• Pode sofrer com insônia ou hipersonia; propenso a urinar na cama em
determinadas idades.
• Tolerância incomumente alta ou baixa para a dor.
• Forte senso de justiça; sensível; Esforça-se para a perfeição.
• Erros e sintomas aumentam dramaticamente com locais bagunçados,
pressão do tempo, estresse emocional ou má saúde.

O diagnóstico e o tratamento da dislexia exigem a participação de equipe


multidisciplinar, com profissionais de múltiplas áreas do conhecimento: médico pedagogo,
fonoaudiólogo e psicólogo. Veja a seguir como conduzir os encaminhamentos:

• Oftalmologista: Avaliação da acuidade visual para verificar se existe déficit visual.


• Neurologista: Avaliação da existência de comprometimento neurológico.
• Fonoaudiólogo: Avaliação audiométrica, avaliação da linguagem oral, da fala e da linguagem
escrita.
• Pedagogo: Avaliação do desempenho acadêmico.
• Psicopedagogo / Neuropsicopedagogo: Avaliação psicopedagógica ou neuropsicopedagógica.
Fornecerá a descrição de estratégias de aprendizado utilizadas pela criança, apontará como
utilizar melhor habilidades identificadas, orientação aos pais e à escola sobre as atividades
escolares.
• Psicólogo: Avaliação das praxias, gnosias, linguagem, memória, processos intelectuais.
Lembrando que no teste WISC – IV, disléxicos apresentam padrões de normalidade.

SINAIS IMPORTANTES:
Na Pré-escola
• Problemas de aprendizagem de rimas; falta de interesse pelas rimas; palavras mal
pronunciadas; dificuldade em aprender e lembrar o nome da letra; deficiência em saber o
nome das letras de seu próprio nome.
• Fala mais tardia do que a maioria das crianças.
• Maior dificuldade do que outras crianças ao pronunciar as palavras.
• Ser lento para adicionar novas palavras de vocabulário e ser incapaz de recordar a palavra
certa.
• Maior dificuldade em aprender o alfabeto, números, dias da semana, cores, formas, como
soletrar e como escrever seu nome.
• Demonstrar dificuldade ao tentar rimar palavras e reconhecer letras e fonemas.
• Lentidão para desenvolver habilidades motoras finas. Por exemplo, seu filho pode levar mais
tempo do que outros da mesma idade para aprender a segurar um lápis na posição de
escrever, usar botões e zíperes e escovar os dentes.

11
LINGUAGEM ORAL

• Ter dificuldade em separar sons em palavras e misturar sons para fazer palavras.

No 1° até o 5° ano:
• Possuem dificuldade em entender que as palavras podem ser divididas em partes; dificuldade
em associar letras a sons; incapacidade de ler palavras simples; reclamações de o quanto é
difícil ler; histórico de problemas de leitura presente nos pais e irmãos.
• Tem dificuldade em ler palavras simples que não estão cercadas por outras palavras.
• Podem ser lentos para aprender a conexão entre letras e sons.

No 6° até o 9° ano:
• Possuem discurso não fluente (pausas ou hesitações frequentes, muitos “hummm…”);
• Não ser capaz de encontrar as palavras corretas, confundindo as que tenham a sonoridade
semelhante; problema ao lembrar datas, nomes, números de telefone, listas; medo de ler em
voz alta; desempenho fraco em testes de múltipla escolha;
• Ter dificuldade em terminar provas no tempo estabelecido; problemas na leitura dos
enunciados dos problemas matemáticos; leitura lenta e cansativa;
• Apresentar deveres de casa incompletos e intermináveis; necessitam de ajuda para ler o
enunciado; extrema dificuldade para aprender uma língua estrangeira.

No Ensino Médio e Faculdade


• Ler muito lentamente com muitas imprecisões.
• Continuar a soletrar incorretamente, ou soletrar frequentemente a mesma palavra
diferentemente em uma única parte de escrita.
• Evitar testes que exigem leitura e escrita, e procrastinar em tarefas de leitura e escrita.
• Ter dificuldade em preparar resumos e contornos para as aulas.
• Trabalhar intensamente em tarefas de leitura e escrita.
• Ter poucas habilidades de memória e completar o trabalho atribuído mais lentamente do que
o esperado.
• Ter um vocabulário inadequado e ser incapaz de armazenar muita informação da leitura.

Quanto mais cedo se fizer um diagnóstico, mais rápido a criança poderá contar com ajuda de
profissionais adequados. Assim, muito provavelmente também se conseguirá evitar problemas
decorrentes que atingem a auto-estima.

12
BioPsicopedagogia

QUESTIONÁRIO PARA PAIS/RESPONSÁVEIS E PROFESSORES


NA SUSPEITA DE DISLEXIA
Nome:
Idade: ___________________ Série Escolar: ____________________ Data de nascimento: _____/_____/___________

a) Costuma apresentar dificuldades na leitura e na escrita e na compreensão de textos?

( ) Não ( ) Sim
b) Costuma trocar letras parecidas como J/L; M/N; G/C? Apresenta trocas fonológicas P/B; T/D; V/F?

( ) Não ( ) SIM Qual(is)?____________________________________________________________


c) Apresenta algum diagnóstico psiquiátrico, de humor, mental, de personalidade ou de síndromes

genéticas? ( ) Não ( ) SIM Qual(is)?__________________________________________


____________________________________________________________________________________________________

d) Reprovou algum ano na escola? ( ) Não ( ) SIM Qual(is)? _____________________________


e) Faz uso de medicamento controlado? ( ) Não ( ) SIM Qual(is)?________________________

____________________________________________________________________________________________________Vo
cê acha que o rendimento da capacidade de leitura, como correção, velocidade ou compreensão

de leitura, da criança é ruim? ( ) Não ( ) SIM Por quê?


____________________________________________________________________________________________________
f) Você acha que a criança apresenta dificuldade de leitura que interfira nas atividades cotidianas que

necessitam habilidades de leitura? ( ) Não ( ) SIM Em qual(is) situação(ões)?


____________________________________________________________________________________________________

g) Você acha que a leitura oral da criança apresenta distorções, substituições, omissões, e junto com
a silenciosa vem acompanhada por lentidão e erros na compreensão do texto?

( ) Não ( ) SIM Qual(is)?________________________________________________________________

13
LINGUAGEM ORAL

Conceito de deficiência

Desde que a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2007) foi
constitucionalizada pelo Brasil através do Decreto nº 6.949/09, o ordenamento jurídico brasileiro consagra critérios

sociais (e não apenas critérios médicos) para conceituar deficiência:

“Pessoas com deficiência são aquelas com impedimento de


longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial,

os quais, em interação com uma ou mais barreiras, podem


obstruir a participação plena e efetiva na sociedade em

igualdade de condições com as demais pessoas.” (art. 1)

Assim, a legislação em vigor reconhece que a deficiência não é algo intrínseco à pessoa, e sim aos vários segmentos
da sociedade. Isto é, deficiência é RESULTADO da interação dos impedimentos que a pessoa apresenta (físico,

mental, intelectual ou sensorial) com as várias barreiras da sociedade (arquitetônicas, atitudinais, urbanísticas,
tecnológicas, comunicacionais etc.) que, consequentemente, obstruem a inserção social do indivíduo (participação

plena e efetiva).

Dislexia é deficiência?

Antes de responder, é necessário tecer algumas considerações sobre o tema.


O ordenamento jurídico brasileiro reconhece que a deficiência não está na pessoa, mas sim nos vários segmentos

da sociedade. Assim, para definir o que é ou não deficiência é preciso verificar os impactos da condição
diagnosticada que interferem no desenvolvimento e na funcionalidade da pessoa, em atenção ao meio em que ela

vive (modelo social).


Já a doutrina e a literatura médicas definem dislexia como um transtorno neurobiológico (mental) que

acompanha a pessoa até o final da vida (condição persistente) afetando diretamente o desempenho acadêmico,
pois em diversos graus (barreiras) interfere e/ou dificulta a apropriação do conhecimento e, consequentemente,

afeta a formação para o trabalho e as relações interpessoais.

Em posse dessas informações, obedecendo aos parâmetros biopsicossociais e utilizando exatamente o


conceito fixado em lei[1], é possível afirmar que a dislexia é um impedimento de longo prazo, de natureza mental

(neurobiológica), o qual, em interação com as barreiras (atitudinais, metodológicas e programáticas para a educação
e o trabalho), pode dificultar, limitar ou impedir a participação plena e efetiva da pessoa com dislexia na sociedade

14
BioPsicopedagogia

(especialmente na educação e no trabalho) em igualdade de condições as demais pessoas. Conclui-se, portanto,


que: Dislexia não é deficiência (modelo médico), porém a dislexia gera uma deficiência (modelo biopsicossocial).

Por fim, é importante ressaltar que conceituar deficiência para fins de inclusão social impõe a análise do
caso concreto em diferentes perspectivas da saúde (biológica, individual e social). Isso porque o modelo

biopsicossocial consagrado pela legislação brasileira mostra-se dinâmico e interativo, com vista a garantir
equiparação de direitos e oportunidades, independência, autonomia e protagonismo ao indivíduo com diferentes

estados de saúde, porém observando rigidamente a interação com o ambiente em que vive.

[1] Deficiência é o impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir a participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de

condições com as demais pessoas (art. 1º Convenção Direitos da PcD/ONU ; art. 2º Lei n. 13.146/15 – Lei Brasileira
de Inclusão da Pessoa com Deficiência)

A pessoa com dislexia tem direito à inclusão educacional?

Sim, pois a Constituição Federal de 1988 (arts.205, 206, 208 e 208), as Normas Gerais da Educação e a Lei n.
13.146/15 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoal com Deficiência (arts. 27, 28 e 30) estabelecem que, no Brasil, vigora

o sistema educacional inclusivo.


Ao adotar o sistema educacional inclusivo, o Brasil assumiu nacional e internacionalmente o compromisso

público de reconhecer e atender as necessidades educacionais do indivíduo, acomodar ritmos de aprendizagem e


assegurar uma educação de qualidade a todos, independentemente de sua condição diagnóstica, seu credo, sua

origem, sua etnia etc.


Nesta perspectiva, é DEVER das instituições públicas e privadas de ensino, de qualquer nível, etapa e

modalidade educacional, promover a inclusão e eliminar barreiras (arquitetônicas, atitudinais, urbanísticas,


tecnológicas, comunicacionais, metodológicas etc.) que impeçam, dificultem ou limitem o acesso, a permanência e

a participação plena e efetiva do educando que apresente necessidades educacionais especiais independentemente
de a condição diagnóstica ser permanente ou transitória, com vista a garantir o DIREITO FUNDAMENTAL À

EDUCAÇÃO (art. 6º CF/88).


Por fim, é importante esclarecer que a inclusão educacional não se restringe à modalidade de ensino

denominada educação especial. A educação inclusiva é algo muito maior, pois, além de considerar a diversidade

humana, perpassa transversalmente todos os níveis, etapas e modalidades de ensino que integram o sistema
educacional brasileiro.

15
LINGUAGEM ORAL

Avaliação BioPsicopedagógica da Leitura

Para a avaliação da leitura de um aprendente, devemos observar a leitura de palavras,


pseudopalavras (palavras que não existem), frases e textos. Devemos observar a leitura silenciosa
e oral, se a leitura é fluente, pausada ou silabada, a pontuação, a entonação, tempo de leitura de
palavras.
Os processos cognitivos avaliados na leitura são: atenção concentrada, acuidade visual,
coordenação ocular, percepção visual e auditiva, memorização, decodificação dos fonemas
(sons) e dos grafemas (letra escrita); síntese visual, lateralidade, orientação espacial, temporal,
sequencial, simbolização, verbalização, organização do pensamento, associação de palavras,
planejamento e conceituação.
A seguir, sugiro textos que podem ser utilizados para esta avaliação de acordo com a
idade dos aprendentes. Você pode imprimir as pranchas e depois plastificar para usar em suas
avaliações da leitura.

Tabela para pontuar:

Idade Número de palavras lidas por minuto


7 a 8 anos 50 a 60
8 a 9 anos 60 a 85
9 a 10 anos 85 a 110
10 a 11 anos 110 a 125
11 a 12 anos 125 a 135
12 ou mais 135 a 145

16
BioPsicopedagogia

Texto 01 – Recomendado para crianças de 06 a 07 anos

A BOLA

A BOLA CAIU NO MATO E BATEU NO PÉ DO SAPO QUE ESTAVA FORA DA LAGOA.


O SAPO PULOU DE MEDO, CAIU DE LADO E FALOU:
- BOLA DANADA! NÃO FICA PARADA!
MAIS CALMO, DEPOIS DO SUSTO, O SAPO PEGOU A BOLA E A JOGOU BEM
LONGE DELE. ENTÃO, SAIU PULANDO E FOI PARA A LAGOA FICAR COM OS SAPOS DE
LÁ.
COITADO DO SAPO, FICOU TRISTE E
COM O PÉ MACHUCADO PELA BOLA QUE CAIU
ERRADO, NO MEIO DO MATO.

17
LINGUAGEM ORAL

Texto 02 – Recomendado para crianças de 08 a 09 anos

Eletro, o robô quebrado

Ricardo ganhou um robô engraçado do seu avô


no Natal. Ele ficou tão feliz que logo quis brincar com o
presente.
Ricardo deu o nome de Eletro para o robozinho.
Eles brincavam todos os dias: de manhã, de tarde e até
dormiam juntos.
Um dia, depois da aula, Ricardo foi lanchar com
seus amigos e levou Eletro também para participar da
tarde de brincadeiras. Eram mesmo inseparáveis. De
repente, Joaquim, amigo de Ricardo pega Eletro e logo o robô se desmonta.
Desesperado, Ricardo tem uma crise de choro porque sabia que Eletro era seu
amigo para todas as horas, seu companheiro. Como ele iria falar para o vovô que o
brinquedo havia se desfeito? Tentava colocar as peças no lugar de todos os jeitos
possíveis. Aflito, Ricardo corre para o vovô e pede desculpas antes mesmo de explicar
o motivo.
- Vovô, o Eletro... ele... quebrou... – disse o menino tirando o brinquedo da
mochila.
O Avô ri e diz que estava tudo bem. Ele pega o robô, aperta um botão nas costas
do brinquedo– aquele mesmo que Joaquim tinha apertado sem que Ricardo
percebesse e pronto, o brinquedo estava novo novamente.

18
BioPsicopedagogia

Texto 03 – Recomendado para crianças de 10 a 11 anos

O aniversário de Ana
No próximo mês é aniversário de Ana, uma menina sonhadora e muito estudiosa. Ana
adora ler e escrever cartas para suas amigas de classe. Em uma das cartinhas ela descreveu
como gostaria que fosse a sua festa de aniversário:
“ Já vou fazer onze anos! Queria tanto uma festa surpresa com todos os meus amigos
queridos reunidos e felizes comigo. Queria também um bolo cor-de-rosa, balões coloridos,
docinhos diferentes, pasteis, músicas animadas e muitos presentes divertidos. Mas, não
queria presentes comprados na loja de brinquedos, nem roupas, gostaria que meus amigos
fizessem presentes criativos para me dar neste dia, presentes que combinassem comigo e
com nossa amizade.”
A cartinha de Ana passou por todos os seus melhores amigos que logo arrumaram
uma festa surpresa para a menina, com tudo o que ela queria. O grande desafio deste dia
era fazer os presentes personalizados, como Ana pediu.
Maria, levou dobraduras para pendurar no
quarto. Carla, um colar de miçangas. João, um livro
para colorir que ele mesmo desenhou. Rosana levou
balões decorados com canetinhas. Pedro, um álbum
de figurinhas com as fotos das aventuras da turma.
Jessica, fez um diário para amiga escrever todas as
suas memórias e aventuras. Alê, decorou tampas de
canetas com fitas coloridas. Todos os presentes eram
muito criativos. Mas o presente favorito de Ana foi o
bolo rosa em formato de coração feito por sua mãe.
O bolo estava delicioso, era recheado com morangos, brigadeiro e leite condensado.
Sobre ele, na hora de cantar os parabéns, a mamãe colocou uma velinha do primeiro
aniversário de Ana que foi guardada com muito carinho por todo esse tempo.
Ana ficou emocionada com a atitude de todos que tanto se empenharam para realizar
o seu desejo de aniversário e esse, com certeza, foi o seu dia inesquecível e mais feliz.

19
LINGUAGEM ORAL

Texto 04 – Recomendado para crianças com 12 anos ou mais

Os golfinhos
Embora pareçam peixes grandes, os golfinhos são
mamíferos que pertencem a um grupo grande de animais
chamados cetáceos (o mesmo das baleias). Golfinhos são
também chamados popularmente de botos, mas geralmente são
maiores e têm focinho mais longo e bicudo que os botos.
As mais de 35 espécies de golfinho se dividem em dois
grupos: os golfinhos de água salgada e os golfinhos de água doce. As espécies mais
disseminadas são o golfinho comum e o golfinho-nariz-de-garrafa. Golfinhos de rio, ou seja,
que preferem água doce, vivem apenas na América do Sul e na Ásia.
A maioria dos golfinhos tem de 2 a 3 metros de comprimento, mas algumas espécies
podem medir até 4 metros. Sua pele é lisa e flexível. Em geral, sua cor é uma mistura de preto,
branco e cinza. Eles têm duas nadadeiras, ou barbatanas, uma de cada lado do corpo, além de
uma barbatana triangular no dorso. O golfinho precisa vir à superfície para respirar. Ele respira
através do espiráculo, uma narina que fica no alto da cabeça.
Os golfinhos são famosos pela inteligência e pelo gosto por brincadeiras. Sua excelente
inteligência é motivo de muitos estudos por parte dos cientistas. Em cativeiro é possível treiná-
los para executarem grande variedade de tarefas, algumas de grande complexidade. São
extremamente brincalhões, pois nenhum animal, a não ser o homem, tem uma variedade tão
grande de comportamentos que não estejam diretamente ligados às atividades biológicas
básicas, como alimentação e reprodução. Possuem o extraordinário sentido de ecolocalização
ou biossonar ou ainda orientação por ecos, que utilizam para nadar por entre obstáculos ou
para caçar suas presas. Eles vivem em cardumes de até duzentos indivíduos e usam sons para
se comunicar.
Cerca de dez a doze meses após o acasalamento, a fêmea tem um só filhote. A mãe
empurra o recém-nascido até a superfície da água para que ele possa respirar pela primeira
vez. Alguns tipos de golfinho podem viver até trinta anos.

20
BioPsicopedagogia

AVALIAÇÃO DA LEITURA
ALFABETO

D G L H B
I M A U K
Q E O N V
S R X J C
F P T Y W

a l q k e
h g b r n
d o s f z
u t i c w
j v p x f

21
LINGUAGEM ORAL

AVALIAÇÃO DA LEITURA
ALFABETO

G H
K
N

F T

22
BioPsicopedagogia

AVALIAÇÃO DA LEITURA
SÍLABAS

ME PA SU CA LA
BI TO GU RE DU
JO FI CO DE FO
GA ME VA TA SA
VE BU DO NI ZA

AVALIAÇÃO DA LEITURA PALAVRAS


1º Ano E.F.

AI OI EU EI

PATO VOVÔ FACA VELA

MACACO BOLO GATO LATA

23
LINGUAGEM ORAL

AVALIAÇÃO DA LEITURA PALAVRAS


2º Ano E.F.

SALA PEPINO DOENTE PALITO BOTA

MESA GATO CAMA BEIJOCA TOMADA

MELADO JATO TELHADO MESA CABIDE

AVALIAÇÃO DA LEITURA
3º Ano E.F.
CAVALO FOLHA BANCO AZEITE TEMPO

CINEMA CARROÇA PÊSSEGO CARRO MAÇÃ

HINO ESQUILO GALINHA GEMADA XERIFE

TEMPORAL VELOZ CHOCALHO CÉU CAMINHÃO

24
BioPsicopedagogia

AVALIAÇÃO DA LEITURA
4º e 5º Ano E.F.
explicação Prontidão aclamar brasileira aflito

nascimento lençóis carimbo psicológico exame

ajuizar compactuar emblema excelente estomacal

AVALIAÇÃO DA LEITURA
6º Ano E.F. e mais
Extravagante Precário aclamar coringa flexionado

oftalmologista Premonição carimbó psicopedagoga exemplo

excêntrico compactar telegrama exemplificado celeiro

Mariposa marsupial manancial trovoada hotelaria

25
LINGUAGEM ORAL

AVALIAÇÃO DA LEITURA DE PSEUDOPALAVRAS

2º e 3º ano
RADO BEDA TIGO TEFI BOPU
VIMO NUFA XIDO TULA ZOTE
FARI GUBO CAPU TORE GILE

4º e 5º ano
RITARE JILANTO BRUGA FISMOTE DALINO

ERCACHO FUJILE RETADECA CRESMOTA RESNHA

CHAURRE REFASSI GATURNIL OLHETAR XILEQUE

RESGRADI AUTAREM RONTIU ESPILGAM ROBRO

6º ano e mais
ROTARIM JILANTERU BRUGLA FISMOTEM DALINOPIR

ERCACHOL FUJILEMO RETAEDOA CRESMITA CHESNHAR

CHAURRER REFLASSI GANTURNIL OLHETARE XILEQUE

RESGRAUDI AUTLOREM RONTIUMA ESPLIRGAM CREBROA

26
BioPsicopedagogia

Avaliação da Leitura
NOME: _________________________________________
Data: ____/____/______ Série: ___________
Parâmetro Critérios Pontuação

Manteve um ritmo rápido e adequado; 5


Ritmo
Teve oscilações no ritmo em palavras maiores 4
Teve oscilações no ritmo em palavras simples; 3
Manteve um ritmo muito lento/muito rápido; 2
Manteve uma leitura silabada. 1

Leu com correção todas as palavras do texto; 5


Correção/
Leu com correção a maioria das palavras do texto; 4
Decifração Teve dificuldade em ler algumas palavras complicadas ou maiores; 3
Teve muita dificuldade em decifrar o texto; (*) 2
Não conseguiu concluir a leitura do texto. (*) 1
(*) - Indicar onde demonstrou dificuldade

Respeitou sempre as pausas indicadas pelos sinais de pontuação; 5


Pontuação
Respeitou quase sempre as pausas dos sinais de pontuação; 4
Respeitou, na maioria das vezes, pausas indicadas pela pontuação; 3
Poucas vezes respeitou as pausas indicadas pela pontuação; 2
Não respeitou as pausas indicadas pelos sinais de pontuação. 1

Leu com expressividade, de forma audível e respeitou a pontuação 5


Entoação Leu de forma audível e com expressividade parte do texto; 4
Experimentou, pontualmente, a entoação; 3
Leu, com entoação apenas na presença dos sinais “!” e “?”; 2
Não leu com entoação, leitura monocórdica e/ou pouco audível. 1

PONTUAÇÃO OBTIDA:______________________

A pontuação ideal neste teste é de 20 pontos para crianças a partir do 2


ano do Ensino Fundamental.
Crianças matriculadas no 3 ano do ensino fundamental, que obtiverem
resultados interiores a 12 pontos neste teste, precisam de maior atenção e
intervenção na leitura.

27
LINGUAGEM ORAL

Nome: ___________________ Data: __/___/___


Observação da leitura Silenciosa:
Move os lábios ou sussurra ao ler? ( ) Sim ( ) Não

Move a cabela ao longo da linha? ( ) Sim ( ) Não

Move a ficha de leitura sem necessidade? ( ) Sim ( ) Não

Acomanhar a linha com o dedo, régua ou outro objeto? ( ) Sim ( ) Não

Demontra tensão ao ler? ( ) Sim ( ) Não

Segura o livro muito perto? ( ) Sim ( ) Não

Mantém postura corporal inadequada durante a leitura? ( ) Sim ( ) Não

Dá sinais de excesso de cansaço ao ler? ( ) Sim ( ) Não

Esfrega os olhos ou produz lágrimas? ( ) Sim ( ) Não

Observações Relevantes:

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
_______________________________________________________________

28
BioPsicopedagogia

Avaliação da Leitura - Compreensão Leitora


Lista de Identificação de Eventuais Problemas na Decodificação
INDICADORES SIM NÃO
Articula corretamente todos os sons da língua?
Possui vocabulário ativo adequado à faixa etária/ano de escolaridade?
Tem boa descriminação visual?
Tem boa memória visual?
Tem boa memória auditiva para material verbal?
Tem um bom conhecimento fonológico?
Possui capacidade de reflexão sobre a língua?
Tem boa consciência fonológica?
Utiliza o processo de decodificação lexical
Tem uma leitura fluente?
Reconhece automaticamente grande número de palavras?
O enunciado contempla gostos pessoais e apetências do leitor?
O leitor assume diferentes posições de acordo com o assunto?
O leitor assume diferentes posições de acordo com o tipo de texto?
Critérios da Avaliação da Leitura a partir do Segundo Anoº
Parâmetros Indicadores
* Utiliza a via lexical
Lê corretamente todas as palavras do texto;
Tem um conjunto de palavras que reconhece automaticamente;
Decifração Lê com hesitação palavras menos frequentes;
(de palavras) Lê com hesitação apenas palavras mais complicadas.
* Utiliza a via sub-lexical
Reconhece automaticamente poucas palavras de uso frequente da língua;
Teve dificuldade em decifrar muitas palavras no enunciado;
Não conseguiu concluir a leitura.
Tem um ritmo fluente (rápido e eficaz);
Ritmo de Leitura Tem um abrandamento de ritmo em palavras menos
(ao longo de frases Tem uma leitura rápida;
e texto) Tem uma leitura silabada;
Tem uma leitura lenta.
Lê expressivamente o texto, identificando unidades de sentido com
ausência de sinais de pontuação;
Lê com alguma expressividade, utilizando apenas as indicações dos sinais
Pontuação/Entoação de pontuação;
(expressividade da Adapta a leitura ao tipo de texto;
leitura) Faz a entoação apenas na presença dos sinais de pontuação “!” e “?”;
Lê sem entoação, fazendo apenas pausa na presença de ponto;
Não respeita pausas indicadas pelos sinais de pontuação;
Lê sem entoação e utiliza um tom monocórdico.
Tom de Voz Leu de forma audível e adequada ao espaço/situação;
Leu de forma pouco audível.

29
LINGUAGEM ORAL

Nome: ___________________ Data: __/___/___


Observação da leitura Oral:
Fluência:
Lê palavra por palavra? ( ) Sim ( ) Não
Lê monotonamente? ( ) Sim ( ) Não
Ignora a pontuação? ( ) Sim ( ) Não
Apresenta dúvidas e vacilações? ( ) Sim ( ) Não
Repete palavras conhecidas? ( ) Sim ( ) Não
Lê devagar? ( ) Sim ( ) Não
Lê de forma rápida e espasmódica? ( ) Sim ( ) Não
Perde o lugar que está lendo? ( ) Sim ( ) Não

Reconhecimento de Palavras:
Tem dificuldade para reconhecer palavras comuns à primeira vista? ( ) Sim ( ) Não
Comete erros em palavras comuns? ( ) Sim ( ) Não
Decodifica com dificuldade palavras desconhecidas? ( ) Sim ( ) Não
Acrescenta palavras? ( ) Sim ( ) Não
Omite Palavras? ( ) Sim ( ) Não
Pula linhas? ( ) Sim ( ) Não
Substitui palavras por outras? ( ) Sim ( ) Não
Inverte sílabas ou palavras? ( ) Sim ( ) Não

Diante de palavras desconhecidas:


Soletra? ( ) Sim ( ) Não
Tenta sonorizar som por som? ( ) Sim ( ) Não
Tenta sonorizar sílaba por sílaba? ( ) Sim ( ) Não
Faz o reconhecimento? ( ) Sim ( ) Não
Uso do contexto:
Advinha excessivamente a partir do contexto? ( ) Sim ( ) Não
Usa o contexto como chave de reconhecimento?
Substitui palavras semelhante, mas com significado diferente? ( ) Sim ( ) Não
Comete erros que mudam o significado? ( ) Sim ( ) Não

Uso da voz:
Enuncia com dificuldade? ( ) Sim ( ) Não
Omite o final das palavras? ( ) Sim ( ) Não
Substitui os sons? ( ) Sim ( ) Não
Gagueja ao ler? ( ) Sim ( ) Não
Lê com atropelo? ( ) Sim ( ) Não
A voz parece tensa ou nervosa? ( ) Sim ( ) Não
O volume da voz é muito alto? ( ) Sim ( ) Não
O volume da voz é muito baixo? ( ) Sim ( ) Não
Lê como fala? ( ) Sim ( ) Não

30
BioPsicopedagogia

O PROCESSO DE ESCRITA

“Por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que


olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança
que pensa." (Emília Ferreiro)
A escrita é uma das formas SUPERIORES DE LINGUAGEM; requer que a pessoa seja capaz de
CONSERVAR A IDEIA que tem em mente, ORDENANDO-A numa determinada sequência e relação.
Escrever significa RELACIONAR O SIGNO VERBAL, que já é um significado A UM SIGNO
GRÁFICO. É planejar e esquematizar a colocação correta de palavras ou ideias no papel. O ato de
escrever envolve, portanto, um duplo aspecto: o mecanismo e a expressão do conteúdo ideativo.
Na escrita se estabelece uma relação entre a AUDIÇÃO (PALAVRA FALADA), O
SIGNIFICADO (VIVÊNCIA DA CRIANÇA) E A PALAVRA ESCRITA.

Audição Significado Visão


Palavra falada Vivência da criança Palavra escrita

CASA
“CASA” casa

Quando a criança já tem o significado do objeto interiorizado, seu processo de escrita fica
muito mais fácil. Ao copiar uma palavra, a criança deverá:
a) Fazer uma discriminação visual de cada detalhe da palavra;
b) Relacionar os símbolos impressos aos sons e aos movimentos fonoarticulatórios;
c) Observar o traçado gráfico de cada letra da palavra;
d) Ter em sua vivência o significado da palavra copiada;
e) Reproduzir graficamente a palavra no papel.

O processo é o mesmo com as palavras ditadas:

SIGNIFICADO ASSOCIAÇÃO
DISCRIMINAÇÃO ESCRITA NO
PELA VIVÊNCIA DOS SONS AOS
AUDITIVA PAPEL
DO ALUNO SÍMBOLOS

Como existe sempre relação entre a palavra impressa e o som, A CRIANÇA PRECISA
PRIMEIRO APRENDER A LER PARA DEPOIS ESCREVER

31
LINGUAGEM ORAL

DESENVOLVIMENTO GRÁFICO
“O gosto pela escrita cresce à medida que se
escreve." (Paulo Freire)

Para que seja possível escrever é necessário, primeiro de tudo, REFLETIR SOBRE A LÍNGUA
QUE FALAMOS E OUVIMOS. Estas habilidades envolvem funções cognitivas importantes como a
atenção, a memória, a praxia e linguagem. Além disso, para que se aprenda a escrever é necessário se
apropriar do sistema alfabético que envolve um aprendizado muito mais específico. A compreensão de
que existe relações entre os sons da fala e as letras é o modelo ideal do sistema alfabético. E para que
este entendimento ocorra é necessário o desenvolvimento da percepção de que as palavras são
formadas por unidades menores e que estas unidades darão forma às palavras que por sua vez, são
formadas por segmentos sonoros sem significados, os fonemas, para que posteriormente, consiga
realizar a correspondência grafofonêmica, havendo, então correspondência entre a escrita e a fala.
Para que este processo evolua é necessário desenvolver habilidades metalinguísticas
importantes, como a Consciência Fonológica. Tal habilidade evolui de uma atividade inconsciente e
desprovida de atenção para um pensamento intencional e intimamente dependente de atenção.
Assim a consciência fonológica está intimamente relacionada à habilidade de refletir e manipular os
segmentos da fala, envolvendo a capacidade de pensar sobre rimas, aliterações, sílabas e fonemas. Tal
atividade de pensar sobre a fala é altamente dependente da MEMÓRIA DE TRABALHO. É preciso
afirmar ainda que a consciência fonológica se desenvolve progressivamente ao longo da infância e este
desenvolvimento é totalmente dependente das experiências linguísticas às quais a criança foi ou é
exposta; do seu desenvolvimento cognitivo; exposição formal ao sistema alfabético com a
aquisição da leitura e da escrita.
A habilidade de consciência fonológica é maneira é bastante complexa e garante a reflexão sobre
as frases, palavras, sílabas e sons.

FRASES PALAVRAS SÍLABAS FONEMAS

O aprimoramento da consciência fonológica não é tão simples porque está relacionado à


aprendizagens com níveis de complexidade diferentes que exigem da criança ações específicas por meio
das quais é possível observar os diferentes níveis de Consciência Fonológica adquiridos:

32
BioPsicopedagogia

a) Noção de Palavra ou Consciência Sintática: requer a capacidade de segmentar uma frase


em palavras, organizar palavras diferentes em uma frase, de forma a dar-lhe sentido.
b) Noção de Rima: as palavras rimam quando existe semelhança entre os sons desde a vogal ou
ditongo tônico até o último fonema da palavra, podendo abranger um único fonema da sílaba, a
sílaba inteira ou mais do que uma sílaba.
c) Aliteração: Capacidade de identificar ou repetir a sílaba ou fonema na posição inicial das
palavras.
d) Consciência Silábica: Capacidade de dividir uma palavra em sílabas e com sílabas diferentes
formar palavras.
e) Consciência Fonêmica: Capacidade de isolar as unidades sonoras que constituem uma
palavra.

O desenvolvimento da consciência fonêmica é essencial para a compreensão do princípio


alfabético. É preciso lembrar que na leitura de uma palavra, a consciência fonêmica e o conhecimento do
código alfabético surgem simultaneamente. Leitura e escrita se influenciam e se reforçam
mutuamente. Então, o contato com a escrita, impulsionará o desenvolvimento da consciência fonêmica,
momento em que a criança começa a dominar as regras do sistema de escrita de sua língua.

É importante durante o processo de alfabetização estimular a escrita! Atividades


de escrever possibilitam o desenvolvimento da consciência fonêmica e,
consequentemente, farão com que a criança pense sobre as relações existentes
entre fonemas e grafemas.

Como estudamos, a escrita como representação da linguagem oral passa por DIFERENTES
ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO, que acabam sendo caracterizados pela ATIVIDADE GRÁFICA.
Sendo assim, a evolução gráfica da criança é resultado de uma tendência natural, expressiva,
representativa, que revela o seu mundo particular.
Antes de continuarmos é importante dizer que para as crianças aprendam a ler e escrever, é
necessário o desenvolvimento de algumas habilidades importantes:
a) A ideia de símbolo: A criança precisa saber que símbolos têm significados, como acontece com
as cores do semáforo que sinalizam quando devemos seguir ou parar, por exemplo.
b) Discriminação das formas das letras: Para quem não sabe ler, as letras são apenas risquinhos ou
desenhos. Para aprender a ler, é preciso entender que cada um desses desenhos representa uma
letra e, consequentemente, um som da nossa fala.

33
LINGUAGEM ORAL

c) Discriminação dos sons da fala: Se as letras representam os sons da nossa fala, é preciso saber
ouvir as diferenças existentes entre os sons, para escolher uma letra para cada som.
d) Consciência da unidade da palavra: Quando falamos, emitimos vários sons. Quem está
aprendendo a escrever, precisa saber isolar as unidades que são as palavras.
e) Organização da página escrita: Antes de aprender a ler, é preciso saber como as informações se
organizam em uma página: a ordem das letras, vai da esquerda para a direita e de cima para baixo.
A evolução do grafismo se faz com ritmo pessoal, com um sentido que lhe é próprio.
Entretanto, características comuns aparecem nas representações gráficas de todas as crianças, dando
origem a diversas classificações, por diferentes autores, dos estágios de desenvolvimento gráfico.
Destacaremos, a seguir, a classificação proposta por Ajuriaguerra:

Desenvolvimento do Grafismo
Estágio Faixa Etária Características
Não possui perfeito domínio motor para os traçados gráficos;
Não tem controle na inclinação e dimensão das letras;
Pré-Caligráfico 5-7 anos Não faz margens ou apresenta-as de desordenada;
Tem postura errada do tronco, cabeça e braços ao escrever;
Copia as palavras letra por letra.
A criança já domina as dificuldades em pegar e manejar os
instrumentos gráficos;
Apresenta escrita mais rápida e regular;
Caligráfico 8 – 10 anos Distribui corretamente as margens;
Tem melhor postura da cabeça e do tronco (mais longe do papel);
Sua escrita imita o modelo: é ainda pouco pessoal.
Modifica a escrita, dada a necessidade de maior rapidez para
11 anos ou
Pós-Caligráfico acompanhar o pensamento e as atividades escolares;
mais Tem postura correta.

Há alguns aspectos importantes que devem ser considerados no desenvolvimento gráfico:

a) DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL: Para escrever, a criança precisa falar


corretamente os sons das palavras;
b) DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES DE ORIENTAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL: Ao
escrever, a criança deve respeitar a sequência dos sons e sua estruturação no espaço.
c) DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO VISOMOTORA: A criança deve ter
movimentos coordenados dos olhos, braços, mão e também uma preensão perfeita do
lápis.
d) MEMÓRIA VISUAL E AUDITIVA: Problemas de discriminação auditiva podem ter reflexos
tanto na escrita quando na leitura e na fala; as crianças que têm dificuldade na
aprendizagem visual enfrentam um problema ainda maior para adquirir a palavra escrita.
e) MOTIVAÇÃO PARA APRENDER: A criança precisa ter um bom relacionamento com os
pais, professores e colegas, para que se sinta estimulada a escrever.

34
BioPsicopedagogia

SONDAGEM

Tempo estimado: 40 minutos


Material necessário: Papel e lápis.

A sondagem deve ser realizada a cada 3 meses, mantendo um registro


criterioso do processo de evolução das hipóteses de escrita da criança. Ao
mesmo tempo, é fundamental uma observação cotidiana e atenta do percurso
dos Alunos. Mas por que devemos fazer o diagnóstico inicial das hipóteses
de escrita dos alunos? Além de objetivos práticos como a organização de
parcerias produtivas de trabalho e o acompanhamento da evolução dos
alunos, a realização da sondagem pressupõe um respeito intelectual do
professor/terapeuta em relação ao conhecimento do aluno. Significa assumir que os alunos pensam sobre
a língua escrita - formulando hipóteses sobre o seu funcionamento - e que é primordial para o
desenvolvimento de um bom trabalho conhecer detalhadamente o que eles pensam sobre o sistema
alfabético.
A sondagem não é um momento para ensinar conteúdos e sim para o aluno mostrar ao
professor o que pensa sobre o sistema alfabético de escrita. Portanto, o único objetivo dessa atividade
é fazer com que os alunos escrevam da maneira como acreditam que as palavras devem ser escritas. Por
esta razão que a atividade deve ser feita individualmente e nunca em grupos.
Para começar, crie um ambiente agradável para desenvolver a sondagem, orientando a proposta
com calma e naturalidade. Explique para a criança que ela deve tentar escrever algumas palavras e uma
frase que você vai ditar. Para que isto aconteça com sucesso e sem muito sofrimento para a criança é
importante ter um contexto para o ditado acontecer. Se as palavras escolhidas são ingredientes para um
lanche, por exemplo, diga: “A professora Maria Carolina vai fazer um piquenique com os alunos. Vamos
escrever a lista dos ingredientes que eles precisam comprar para preparar os lanches”. Escolha palavras
do mesmo campo semântico, como por exemplo: lista das comidas de uma festa de aniversário, frutas,
animais etc.
O ditado deve ser iniciado por uma palavra POLISSÍLABA, SEGUIDA DE UMA TRISSÍLABA, DE
UMA DISSÍLABA E, POR ÚLTIMO, DE UMA MONOSSÍLABA. Ao ditar, NÃO marque a separação das
sílabas, pronunciando normalmente as palavras. Após a lista, é preciso ditar uma frase que envolva pelo
menos duas das palavras já mencionadas, para poder observar se o aluno volta a escrevê-la de forma
semelhante, ou seja, se a escrita da palavra permanece estável mesmo num contexto diferente.
A escolha das palavras do ditado deve ser muito cuidadosa:
Evite palavras que tenham vogais repetidas em sílabas próximas, como ABACAXI, por exemplo,
por causar um grande conflito para as crianças que estão entrando no Ensino Fundamental, cuja hipótese

35
LINGUAGEM ORAL

de escrita talvez faça com que creiam ser impossível escrever algo com duas ou mais letras iguais. Por
exemplo: um aluno com hipótese silábica com valor sonoro convencional, que utiliza vogais, precisaria
escrever AAAI. Os monossílabos ficam para o fim do ditado. Esse cuidado deve ser tomado porque, no
caso de as crianças escreverem segundo a hipótese do número mínimo de letras, poderão se recusar a
escrever se tiverem de começar por ele.

Não deixe de colocar palavras que julgue difíceis para as crianças


escreverem porque os desafios colaboram com a reflexão sobre o sistema
de escrita.

É fundamental ficar atento às reações dos alunos enquanto escrevem e anotar o que eles falam,
sobretudo de forma espontânea, isso poderá ajudar a perceber quais as ideias deles sobre o sistema de
escrita. A cada palavra ditada, peça para que o aluno leia em voz alta o que acabou de escrever. É
imprescindível pedir que a criança leia o que escreveu. Por meio da interpretação dela sobre a própria
escrita, durante a leitura, é que se pode observar se ela estabelece ou não relações entre o que
escreveu e o que lê em voz alta - ou seja, entre o falado e o escrito - ou se lê aleatoriamente.
Anote em uma folha à parte como o aluno faz a leitura, se aponta com o dedo cada uma das
letras, se lê sem se deter em cada uma das partes, se associa aquilo que fala à escrita, em que sentido
faz a leitura etc.
Finalmente, analise qual hipótese de escrita o aluno demonstrou na atividade.
Hipóteses de escrita mais comuns:

• Pré-silábica 1: sem variações quantitativas ou qualitativas dentro da palavra e entre as


palavras. Diferencia desenhos (que não podem ser lidos) de "escritos" (que podem ser
lidos), mesmo que sejam compostos por grafismos, símbolos ou letras. A leitura que realiza
do escrito é sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.

• Pré-silábica 2: com exigência mínima de letras ou símbolos, com variação de caracteres


dentro da palavra, mas não entre as palavras. A leitura do escrito é sempre global, com o
dedo deslizando por todo o registro escrito.

• Pré-silábica 3: com exigência mínima de letras ou símbolos, com variação de caracteres


dentro da palavra e entre as palavras. Neste nível, considera que coisas diferentes devem
ser escritas de forma diferente. A leitura do escrito continua global, com o dedo deslizando
por todo o registro escrito.

36
BioPsicopedagogia

• Silábica com letras não pertinentes (1): ou sem valor sonoro convencional. Cada letra ou
símbolo corresponde a uma sílaba falada, mas o que se escreve ainda não tem
correspondência com o som convencional daquela sílaba. A leitura é silabada.

• Silábica com vogais pertinentes (2): ou com valor sonoro convencional de


vogais. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve tem
correspondência com o som convencional daquela sílaba, representada pela
vogal. A leitura é silabada.

• Silábica com consoantes pertinentes (3): ou com valor sonoro convencional


de consoantes. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve
tem correspondência com o som convencional daquela sílaba, representada
pela consoante. A leitura é silabada.

• Silábica com vogais e consoantes pertinentes (4). Cada letra corresponde a uma sílaba
falada e o que se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba,
representada ora pela vogal, ora pela consoante. A leitura é silabada.

• Silábico-alfabética. Este nível marca a transição do aluno da hipótese silábica para a


hipótese alfabética. Ora ela escreve atribuindo a cada sílaba uma letra, ora representando
as unidades sonoras menores, os fonemas.

• Alfabética inicial (1). Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita,


entendendo que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro menor
do que a sílaba. Agora, falta-lhe dominar as convenções ortográficas.

• Alfabética (2). Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita, entendendo


que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro menor do que a
sílaba e também domina as convenções ortográficas.
Vamos treinar?
Vamos classificar de acordo com o nível de escrita que cada criança apresenta:

37
LINGUAGEM ORAL

38
BioPsicopedagogia

39
LINGUAGEM ORAL

FICHA DE OBSERVAÇÃO DE SONDAGEM

Nome: _____________________________ Data:__/__/____

Palavra Ditada Escrita Leitura

Frase ditada:

Escrita:

Leitura:

Observações Importantes:

Aponta com o dedo cada uma das letras? ( )sim ( )não


Observações:______________________________________________________________________________________

É atento em cada uma das partes da palavra? ( )sim ( )não


Observações:______________________________________________________________________________________

Associa a fala à escrita? ( )sim ( )não


Observações:______________________________________________________________________________________

Em que sentido fez a leitura? _________________


Observações:______________________________________________________________________________________

Hipótese de escrita: __________________________________________________

40
BioPsicopedagogia

AVALIAÇÃO BIOPSICOPEDAGÓGICA DA ESCRITA

Ritmo e velocidade para escrever:


Ritmo: ( ) Contínuo ( ) Descontínuo ( ) Com paradas
Velocidade: ( ) Lenta ( ) Rápida ( ) Normal
Observações:

Informações sobre postura corporal, lateralidade, posição do papel, preensão do instrumento de escrita,
uso de adaptador, aparente tensão ou cansaço, etc.
______________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________________

Rasuras: ( ) Não há ( ) Há
Correções: ( ) borracha ( ) Riscos ( ) Parênteses ( ) Outros
( ) frequentes ( ) Sem correções

Títulos: ( ) Colocou em destaque ( ) Não colocou em destaque ( ) Não colocou

Margens: ( ) Adequadas ( ) Inadequadas


Parágrafos: ( ) Separou o texto em parágrafos ( ) Não separou o texto em parágrafos
Análise da caligrafia:
Tamanho: ( ) Normal ( ) Diminuído ( ) Aumentado
Tipo de letra: ( ) Cursiva predominante ( ) Bastão predominante ( ) Combinadas
Traçado: ( ) Bem definido ( ) Irregular ( ) Ininteligibilidade
Preensão: ( ) Normal ( ) Forte ( ) fraco
Outras observações (formato de letras, pingos das letras i e/ou j, etc.

Pontuação:
( ) Adequado ( ) Razoável sem comprometer a compreensão ( ) Inadequada ( ) Não usou
Acentuação:
( ) ok em mais de 60% ( ) Ok em 40-59% ( ) Ok em menos de 40% ( ) Não acentuou

Erros:
Falta de sinais de pontuação e acentuação de palavras ( ) Sim ( ) Não
Troca de letras ou sílabas ( ) Sim ( ) Não
Inversão de letras ( ) Sim ( ) Não
Omissão de letras ou sílabas ( ) Sim ( ) Não
Aglutinação ( ) Sim ( ) Não
Repetição de palavras ou sílabas ( ) Sim ( ) Não
Substituição de palavras por outras ( ) Sim ( ) Não
Acréscimo de letras ou sílabas ( ) Sim ( ) Não
Confusão de letras de formas parecidas ( ) Sim ( ) Não

Outras Observações:

41
LINGUAGEM ORAL

Avaliação de questões relacionadas à dificuldade na


escrita (ADAPE)

O teste ADAPE foi elaborado em 2002 pelo pesquisador Firmino Fernandes Sisto. Ele
detecta as dificuldades linguísticas mais comuns de escrita. Assim, o teste é baseado em um
ditado “Uma tarde no campo” constituído por 114 palavras, das quais, 60 apresentam alguma
dificuldade.

UMA TARDE NO CAMPO

José ficou bastante alegre quando lhe contaram sobre a festinha na chácara da Dona
Vanda. Era aniversário de Amparo.
Chegou o dia, todos comeram, beberam e fizeram muitas brincadeiras engraçadas.
Seus companheiros Cássio, Marcio e Adão iam brincar com o burrico. As crianças gostam
dos outros animais, mas não chegam perto do jumbo, o cachorro do vizinho. Ele é mau
e sai correndo atrás da gente.
Mario caiu jogando bola e machucou o joelho. O médico achou necessário passar
mercúrio e colocou um esparadrapo.
Valter estava certo. Foi difícil voltar para casa, pois estava divertido.
Pensando em dia quente de verão, tenho vontade de visitar meus velhos amigos.

Para a avaliação, cada palavra errada é considerada um item de medida. A pontuação é


feita seguindo a tabela:

PALAVRAS ESCRITAS
CATEGORIA ALUNOS NO 3º ANO
ERRADO
Até 20 erros 0 Sem indícios de Dificuldades
50 – 79 erros 2 Dificuldade LEVE
80 ou mais erros 3 Dificuldade de aprendizagem

42
BioPsicopedagogia

PALAVRAS ESCRITAS
CATEGORIA ALUNOS NO 4º ANO
ERRADO
Até 10 erros 1A Sem indícios de Dificuldades
11 - 19 erros 1B Dificuldade LEVE
20 - 49 erros 3 Dificuldade MODERADA
50 ou mais erros 4 Dificuldade ACENTUADA

A análise do ditado pode ser feita de maneira qualitativa e quantitativa. O escore


quantitativo se dá por meio de 1 ponto para cada erro e zero pontos cada acerto. A análise
qualitativa se dá observando o tipo de erro cometido na escrita do texto ditado.

Os processos cognitivos que devem ser observados na escrita pouco diferem daqueles
solicitados na leitura, com exceção de algumas habilidades que são requisitadas pelo ato de
escrever. Para identifica-las, destaco: atenção, síntese visual, lateralidade, coordenação
visomotoa e motora fina (grafomotora) relação parte-todo, orientação espacial e temporal;
orientação sequencial, noção de causalidade, simbolização, compreensão verbal e estruturação
linguística, organização do pensamento, pensamento de análise e síntese, planejamento e
conceituação.
Em relação ao conteúdo estruturante da escrita, é importante que seja avaliado em suas
3 formas: ditado, cópia, produção textual. Isso porque em um ditado, o indivíduo escuta e
escreve, em uma cópia, ele visualiza e escreve e em uma produção textual, ele elabora e escreve.
Cada uma dessas formas do ato de escrever está relacionada a um aspecto funcional e
cognitivo. Às vezes, por exemplo, a queixa é de que a criança “não sabe escrever” ou ainda “não
escreve nada”. Por esse motivo é necessário isolar qual aspecto funcional ou cognitivo da escrita
está comprometido. Para isso é importante:
a) Aplicar um ditado por dia (palavra, frase, texto);
b) Antes de aplicar o ditado, ler o material para que o aprendente saia o que irá escrever;
c) As palavras devem ser lidas de modo natural, isto é, do modo como são pronunciadas nas
conversações. Não forçara pronuncia artificial da palavra, ou seja, não produzir a palavra
do modo como se escreve quando este é diferente do modo de falar.

43
LINGUAGEM ORAL

d) Não dar nenhuma pista sobre o modo como as palavras devem ser escritas. O objetivo é
verificar como o aluno acredita ser a forma de escrever as palavras apresentadas.

DITADO DE PALAVRAS

CAÇADOR EXPLICAÇÃO FAZER


CARROÇA ASSALTOU PRESENTE
TRAVESSEIRO ZELADOR CHURRASCO
CIMENTO VIZINHO ENXUGAR
QUEIXO MACHUCADO MANCHAR
GELATINA TIJOLO BANDEJA
GIRASSOL JORNAL COMERÃO
COMPRARAM VIAJARÃO FALARAM
SOLTOU QUENTE GUERRA
TANQUE MANGUEIRA SANGUE
QUEIMAR MACARRÃO COMBINAR

DITADO DE FRASES

Por que você chora quando corta o cabelo?


A cozinheira não podia trabalhar sossegada no restaurante.
Vovó Ester dava conselhos: não queria ver ninguém sofrendo.
Minha tia, irmã de minha mãe era alta e magra.
Às vezes, eu tenho medo de bruxa e de fantasma.
Um dia, Clarice acordou sentindo que seu dente molar estava mole.
Então, por que você gosta tanto de viajar de ônibus?
Esse cachorrinho é muito simpático. Mas eu preciso de um cachorro bravo.
Irá ganhar o primeiro pedaço do bolo quem apagar todas as velas com um sopro só.
Quero entender o porquê de você estar de pijama ainda.

44
BioPsicopedagogia

Avaliação da compreensão textual

A capacidade de interpretação de um indivíduo pode ser analisada de 2


formas: com uso de textos não verbais (imagens sem fala ou escrita) e por
textos verbais (orais ou escritos). É importante analisar a percepção do aluno
seguida da sua compreensão sobre o tema apresentado (memória), bem como
sua compreensão cognitiva e relação que se é possível fazer com o
conhecimento prévio que ele possui.
Existem inúmeras atividades para avaliar a interpretação que podem ser
utilizadas no processo avaliativo.
A seguir, sugiro alguns testes que podem ajudar a verificar condições
cognitivas importantes relacionadas à compreensão.

TESTE DE COMPREENSÃO DA LINGUAGEM NÃO VERBAL:


O que está acontecendo em cada historinha?

45
LINGUAGEM ORAL

TESTE DE COMPREENSÃO DA LINGUAGEM VERBAL:


A criança deverá responder sim ou não e explicar o porquê de suas respostas. Este teste
pode ser aplicado oralmente ou você pode entregar as perguntas para serem lidas pelo
aprendente e posteriormente, respondidas oralmente.

Perguntas SIM NÃO


As batatas são cozidas na água fria.
Muitas pessoas gostam de passear a noite, quando tem sol.
Depois que chove muito, o chão fica todo molhado.
Quando vão ao circo, as crianças gostam de carregar elefantes.
O avião é mais rápido que o navio porque o avião voa e o navio não.
Os pintinhos nascem da barrida da galinha.
Eu gosto de ir ao cinema porque lá estudamos muito.
Mamãe, quando faz bolo, assa na geladeira.
Meu pai é mais velho que eu, mas meu avô é mais velho que meu pai.
Quando vou viajar, separo minhas roupas e coloco-as no fogão.

46
BioPsicopedagogia

DISTÚRBIOS DE ESCRITA
“A escrita é a única forma perfeita do tempo." (Paulo
Freire)

Encontramos basicamente 3 tipos de distúrbios na escrita: as DISGRAFIAS, AS


DISORTOGRAFIAS E OS ERROS DE FORMULAÇÃO E SINTAXE. Estes três distúrbios, estudaremos a
seguir:

Disgrafia:
É a dificuldade em passar para a escrita o estímulo visual da palavra impressa. Caracteriza-
se pelo lento traçado das letras, que em geral são ilegíveis.
A criança disgráfica não é portadora de defeito visual nem motor, e tampouco de qualquer
comprometimento intelectual ou neurológico. No entanto, ela não consegue idealizar no plano motor
o que captou no plano visual.
Existem vários níveis de disgrafia, desde a incapacidade de segurar um lápis ou traçar uma
linha, até a apresentada por crianças que são capazes de fazer desenhos simples mas não de copiar figuras
ou palavras mais complexas.
As crianças disgráficas mais velhas conseguem reproduzir legivelmente uma palavra, mas
distorcem a sequência dos movimentos quando escrevem.
Os principais tipos de erros da criança disgráfica são:

a) Apresentação desordenada do texto;


b) Margens malfeitas ou inexistentes; a criança ultrapassa ou para muito antes da margem, não
respeita limites, amontoa letras na borda da folha;
c) Espaço irregular entre palavras, linhas e entrelinhas;
d) Traçado de má qualidade: tamanho pequeno ou grande, pressão leve ou forte, letras
irregulares e retocadas;
e) Distorção da forma das letras o e a;
f) Substituição de curvas por ângulos: C/c;
g) Movimentos contrários aos da escrita convencional: S, 5;
h) Separações inadequadas das letras;
i) Ligações defeituosas de letras na palavras;
j) Irregularidades no espaçamento das letras na palavra;
k) Direção da escrita oscilando para cima ou para baixo;
l) Dificuldade na escrita e no alinhamento dos números da página.

47
LINGUAGEM ORAL

Disortografia:
Caracteriza-se pela incapacidade de transcrever corretamente a linguagem oral, havendo
trocas ortográficas e confusão de letras. Essa dificuldade não implica na diminuição da qualidade do
traçado das letras.
As trocas ortográficas são normais durante o primeiro e segundo ano, porque a relação entre
a palavra impressa e os sons ainda não está totalmente dominada. A partir daí os professores devem
avaliar as dificuldades ortográficas apresentadas por seus alunos, principalmente por aqueles que trocam
letras ou sílabas de palavras já conhecidas e trabalhadas em sala de aula.
Os principais tipos de erros que a criança com disortografia costuma apresentar são:

a) Confusão de letras (trocas auditivas): Consoantes surdas por sonoras: f/v; p/b; ch/j; Vogais nasais
por orais na/a; em/e; in/i; on/o; un/u;
b) Confusão de sílabas com tonicidade semelhante: cantarão/cantaram;
c) Confusão de letras (trocas visuais): Silábicas: b/d; p/q; Semelhantes: e/a; b/h; f/t.
d) Confusão de palavras com configurações semelhantes: pato/pelo;
e) Uso de palavras com um mesmo som para várias letras: casa/caza; azar/asar; exame/exame.

Além dessas trocas podem surgir dificuldades em recordar a sequência dos sons das
palavras que são elaboradas mentalmente. Surgem então: omissões (caxa/caixa); adições
(árvovore/árvore); inversões (picoca/pipoca); fragmentações (en contrar/encontrar); junções (umdia o
menino/um dia o menino); contaminação, ou inclusão de uma letra próxima (brincadeira/brindadeira).
A memória visual da criança que apresenta disortografia deve ser estimulada constantemente.

Erros de Formulação e Sintaxe:


Trata-se de casos específicos nos quais a criança consegue ler fluentemente e apresenta
linguagem oral perfeita, compondo e copiando palavras, no entanto, não consegue escrever cartas,
histórias ou dar respostas a perguntas escritas em provas. Na forma escrita, comete erros que não
apresenta na forma falada. Além disso, não consegue transmitir para a escrita conhecimentos
adquiridos na linguagem oral.
Nos distúrbios de sintaxe, ocorrem erros como omissão e palavras, ordem errada das
palavras, uso incorreto dos verbos e dos pronomes, terminações incorretas das palavras e falta de
pontuação.
Já nos distúrbios de formulação a criança não consegue transcrever o seu pensamento em
símbolos gráficos em uma folha de papel.
Tanto os distúrbios de sintaxe e de formulação são bastante frustrantes.

48

Você também pode gostar