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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE DIREITO
DEPARTAMENTO DE DIREITO PRIVADO E PROCESSO CIVIL
DIREITO COMPARADO - DIR062006
Prof. Dr. Ms. Lisiane Feiten Wingert Ody
Aluna: Rhoana Lersch Oliveira - 00304225
Trabalho final - 2021/2

Sumário: 1. Introdução. 2. Características dos sistemas jurídicos brasileiro e americano; 2.1.


O sistema brasileiro; 2.1.1 A organização do Poder Judiciário brasileiro; 2.1.2. A formação
do jurista no Brasil; 2.2 O sistema dos Estados Unidos da América; 2.2.1. A organização do
Poder Judiciário americano; 2.2.2. A formação do jurista americano; 2.3. Notas
macrocomparativas; 3. Notas sobre o controle de constitucionalidade; 4. Análise comparativa
dos modelos de controle de constitucionalidade; 4.1. Controle de constitucionalidade no
sistema brasileiro; 4.2. Controle de constitucionalidade no sistema americano; 4.3. Notas
microcomparativas; 5. Considerações finais; 6. Referências bibliográficas.

“Comparative law is an ‘école de vérité’ which extends and enriches the ‘supply of solutions’
and offers the scholar of critical capacity the opportunity of finding the better solution for his
time and place.” - Konrad Zweigert and Hein Kötz.

1. Introdução
Tem como propósito o presente trabalho investigar o processo de análise de
constitucionalidade e inconstitucionalidade de leis e atos normativos no Brasil e nos Estados
Unidos da América, tendo como objetivo principal assimilar as diferenças e semelhanças da
aplicação do mecanismo.
A relevância do tema remonta a importância da atuação do judiciário frente a
questionamentos de (in)constitucionalidade de normas que estejam em conflito com a carta
magna de uma nação, na medida em que referido poder é fundamental para garantir a
supremacia e a força da Constituição e, por conseguinte, do funcionamento do ordenamento
jurídico como um todo, bem como da garantia dos direitos. A valoração do texto constitucional
e de normas hierarquicamente superiores apresenta variações a depender do sistema jurídico,
todavia, a garantia de conformidade, unidade e ordem dos sistemas jurídicos se trata de um
objetivo considerado em todas as partes do mundo.
Em relação a delimitação do tema, inicialmente, fez-se uso do conceito de controle de
constitucionalidade no modo pelo qual o mesmo está internalizado no ordenamento jurídico
brasileiro. Contudo, conforme as lições de Konrad Zweigert and Hein Kötz (1998) “the
problem must be stated without any reference to the concepts of one’s own legal system”. Nesse
sentido, o problema de pesquisa foi reestruturado e a pergunta que se busca responder a partir
do seu desenvolvimento: como os Estados Unidos da América e o Brasil lidam com o
questionamento da (in)constucionalidade das leis e atos normativos?
Por se tratar de uma pergunta ampla, estabeleceu-se os seguintes objetivos específicos no
que se refere a microcomparação pretendida pela pesquisa: a) qual é o mecanismo, nos dois
sistemas, que é utilizado para lidar com a análise da (in)constitucionalidade das normas? b)
quais são as características que os aproximam ou os distanciam? e c) quem são os atores
legítimos que empregam o referido mecanismo?
Pelo exposto, fez-se necessário a aplicação do método funcionalista do direito comparado
dado que se parte do pressuposto de que os dois sistemas jurídicos examinados (civil law e
common law) lidam com questões e conflitos semelhantes e apresentam uma equivalência
funcional (DUTRA, 2016). Logo, entende-se que o fenômeno da (in)constucionalidade ocorre
nos dois sistemas e, consequentemente, diferenças e/ou semelhanças no modo como ele
acontece serão inerentes ao estudo, por se tratar de algo comparável (SARTORI; MORLINO,
1994).
Em relação às etapas de aplicação do método, seguiu-se o entendimento de Juliano
Heinen (2017) de que há quatro etapas fundamentais. No primeiro momento, os sistemas
jurídicos e a questão específica de comparação foram definidas e analisadas a partir do
levantamento das fontes secundárias que auxiliam no delineamento do referencial teórico do
trabalho. A segunda etapa, por sua vez, consistiu na análise de cada componente presente nos
objetivos específicos de modo isolado, para dar início, posteriormente, ao confronto entre os
objetos. Em seguida, fez-se uma síntese das diferenças e semelhanças encontradas no que se
refere tanto a macrocomparação, no que se refere às características fundamentais dos sistemas
jurídicos examinados, quanto na microcomparação da questão delineada no problema da
pesquisa. Por fim, fez-se a apreciação crítica dos resultados.
Expostos o método e a abordagem, apresenta-se o modo como o trabalho foi organizado.
Destaca-se, primeiramente, que apesar de se optar pela reestruturação do problema de pesquisa,
escolheu-se manter as sessões e as referências ao processo pelo qual as leis e normas são
submetidas com a expressão “controle de constitucionalidade” e “judicial review” para fins de
organização e compreensão.
Na primeira sessão, que corresponde a macrocomparação, objetivou-se analisar,
brevemente, as principais características históricas dos sistemas jurídicos adotados nos países
examinados, bem como de suas fontes principais e como a formação dos profissionais, isto é,
dos juristas se ocorre nesses contextos. Ao fim da sessão, notas comparativas foram elaboradas
para ilustrar as diferenças e semelhanças resultantes da macrocomparação. Em seguida,
abordou-se a questão elencada como o problema de pesquisa. Primeiramente, estabeleceu-se o
que seria o controle de constitucionalidade e o judicial review, de modo geral e nos itens
seguintes, o mecanismo e suas respectivas características foram apresentadas nos dois sistemas.
Por fim, têm-se a análise crítica da microcomparação e as considerações finais.
2. Características dos sistemas jurídicos brasileiro e americano
2.1. O sistema brasileiro
O sistema jurídico brasileiro integra o grupo de países latinoamericanos que têm um
sistema jurídico marcado pela tradição romano-germânica da maioria dos países da Europa -
com fortes influências do Direito Francês e Direito Alemão (O’CONNER, 2012). Dessa forma,
o Brasil adota o sistema popularmente conhecido como civil law.
A origem histórica do sistema são, conforme Patrícia Jerônimo (2015), a recepção do
Direito Romano, a Revolução Francesa e o movimento de codificação do século XIX. Os
romanos foram pioneiros na organização das regras jurídicas que se apresentavam como o
limite da aplicação das leis a situações concretas, que se davam, portanto, em um sentido
derivado (BARREIRO; PARICIO, 2010).
A recepção nas universidades, assim, estabeleceu a literatura jurídica romana como
elemento fundamental para a história do direito e para a compreensão das diferenças entre os
sistemas jurídicos. Nas palavras de Jean Domat, o Direito Romano seria o repositório da razão
escrita (LOPES, 2019) de modo que os textos romanos foram recepcionados e estudados nas
universidades contribuindo para a formação conceitual e as técnicas próprias do raciocínio
jurídico na formação dos juristas (BARREIRO, PARICIO, 2010). A Revolução Francesa de
1789, por sua vez, por meio de suas bandeiras, marcou a formação da doutrina da separação
entre os poderes e de códigos claros e precisos. Assim, o papel do judiciário seria limitado à
mera declaração judicial da lei, ou seja, os juízes seriam a bouche de la loi, limitando o referido
poder aos valores positivados pelo parlamento e pelo código.
Para a revolução francesa, a lei seria indispensável para a realização da liberdade e da
igualdade. Por este motivo, entendeu-se que a certeza jurídica seria indispensável
diante das decisões judiciais, uma vez que, caso os juízes pudessem produzir decisões
destoantes da lei, os propósitos revolucionários estariam perdidos ou seriam
inalcançáveis. A certeza do direito estaria na impossibilidade de o juiz interpretar a lei,
ou, melhor dizendo, na própria Lei. (MARINONI, 2009)
Nesse cenário, o movimento de codificação, consequentemente, foi imperativo para a
consolidação dessas ideias de sistematização das normas legais e esteve atrelado ao valor
atribuído a ideia do Código.
Por conseguinte, a lei consiste na fonte principal do Direito Brasileiro, assim como dos
outros países que adotam o civil law. Conforme Giorgio Del Vacchio (1979), a lei é a
manifestação oficial do Direito, na sua expressão mais racional e perfeita e sempre prevalecerá
em casos de contradições entre os seus dispositivos e outras fontes (JERÔNIMO, 2015).
Todavia, a supremacia e o valor atribuído a lei no civil law não exclui a presença de
outras fontes do direito. Acentua-se, dessarte, os costumes como uma fonte secundária é um
recurso de preenchimento de lacunas pelo direito consuetudinário no direito brasileiro1. Em
suma, os costumes são normas que derivam de longas práticas uniformes e repetição de
determinados comportamentos sob a ótica de uma necessidade jurídica (BARBARESCO,
2020).
Ademais, a jurisprudência tem assumido um papel fundamental na prática e
desenvolvimento do Direito em conjunto com a lei. A jurisprudência, em síntese, configura um
conjunto de decisões e se trata do direito vivo (VENOSA, 2019). No Brasil, o reconhecimento
dela como fonte do direito tem sido fortalecida à medida em que se registra uma aproximação
com o sistema do common law. Isto é, ao passo em que a atividade jurisdicional e a resposta
dos tribunais em casos concretos se tornam imprescindível para o direito. Como exemplos no
sistema, nota-se a previsão de súmulas dos tribunais superiores e o aprimoramento da
uniformização jurisprudencial, bem como as decisões vinculantes (LIMA, 1999).
Por último, cabe mencionar a doutrina como outra fonte, que em conjunto com a lei,
desempenha um papel de suma importância nos sistemas românico-germânicos e no brasileiro,
especificamente. A doutrina pode ser, de modo simples, compreendida como o pensamento
jurídico contido em obras jurídicas, formulado por juristas. Alguns doutrinadores, no entanto,
negam esse caráter a doutrina, por entender que o discurso produzido pela doutrina não altera
a natureza do direito, tão somente auxilia na tarefa de compreendê-lo, sem modificações.
Entretanto, seguimos o entendimento de Sílvio Venosa (2019), de que é inimaginável para o
jurista brasileiro a compreensão de “qualquer fenômeno jurídico sem o recurso ao estudo da
doutrina” relacionado a fonte primária do sistema. De modo que os escritos funcionam como
complemento à aplicação da lei e do direito.
Em suma, é possível perceber que no civil law e, por conseguinte, no sistema brasileiro,
a lei é a fonte suprema, mas apresenta relações com as outras fontes subsidiárias.
2.2. A organização do Poder Judiciário brasileiro

1
“Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.” Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657compilado.htm.
O Poder Judiciário, propriamente dito, tem por função principal solucionar as lides que
lhe são submetidas a julgamento.
No que tange a organização do Poder Judiciário brasileiro, segue-se o entendimento de
Paulo Roberto de Figueiredo Dantas (2018) e Nathália Masson (2020). Destaca-se a existência
da justiça comum e especial. A primeira, em âmbito estadual, é composta por juízes de direito
que atuam na primeira instância2 e desembargadores3 que integram a segunda instância dos
Tribunais de Justiça dos estados, cuja competência é residual. Isto é, responsável por julgar
matérias que não sejam de competência federal e dos segmentos especializados. Ainda na
justiça comum, mas em âmbito federal, os juízes federais4, em primeira e segunda instâncias,
atuam nos Tribunais Regionais Federais5.
A justiça especial, por sua vez, consiste nos juízes eleitorais 6 que atuam nas instâncias
dos Tribunais Regionais Eleitorais. Ademais, o Tribunal Superior Eleitoral também integra a
justiça especial, cuja composição é de sete magistrados conforme determina a Constituição
Federal7. Os juízes do trabalho que atuam nos Tribunais Regionais do Trabalho também
integram a justiça especializada, bem como o Tribunal Superior do Trabalho, cujos ministros
são nomeados pelo Presidente da República, conforme também previsto na carta magna8. Por
fim, engloba a justiça militar dos estados9 e o Superior Tribunal Militar, cujos ministros
também, dentro de suas especificidades10, são nomeados pelo Presidente da República.

2
O ingresso se dá nos seguintes termos: Art. 93. II - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto,
mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas
as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas
nomeações, à ordem de classificação”. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
3
A nomeação para desembargador segue os seguintes critérios: Art. 93, I o acesso aos tribunais de segundo grau
far-se-á por antigüidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância.”. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
4
Ibidem, nota 3.
5
Ibidem, nota 4.
6
Ibidem, nota 3.
7
“Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos: I - mediante
eleição, pelo voto secreto: a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; b) dois juízes dentre os
Ministros do Superior Tribunal de Justiça; II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis
advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Parágrafo
único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo
Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
8
“Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre
brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação
ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal (...)”.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
9
Ibidem, nota 3.
10
“Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente
da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha,
quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto
Ademais, na composição do Poder Judiciário, encontra-se o Conselho Nacional de Justiça,
formado por quinze membros que devem seguir as particularidades estipuladas na Constituição
Federal. Sua principal função repousa no zelo da autonomia do Poder Judiciário, bem como o
controle e transparência do poder.
No mais alto grau de jurisdição, estão o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo
Tribunal Federal (STF). O STJ é a corte responsável por uniformizar a interpretação da lei
federal e está no topo da justiça comum e é composta por trinta e cinco ministros, nomeados
pelo Presidente da República11. Já o STF é o órgão de cúpula do Poder Judiciário e a ele
compete, essencialmente, a guarda da Constituição e é composto por onze ministros, de igual
forma nomeados pelo chefe do Poder Executivo12.
A autoridade das decisões está atrelada às instâncias de cada componente da justiça
comum e especial. O STJ e o STF, por sua vez, atuam como órgãos de superposição dado que
as suas decisões se sobrepõem às proferidas pelos órgãos inferiores, tanto da justiça comum,
quanto da especializada. Especificamente, as decisões do STJ se sobrepõem às da Justiça
Federal, estadual, ao passo que as decisões do STF se sobrepõem a todas as Justiças e Tribunais
(TASSINARI, 2018).
1.3. A formação do jurista no Brasil
O processo de formação do jurista no Brasil vivenciou algumas transformações. Por conta
da colonização portuguesa, o primeiro movimento do ensino jurídico teve seu início marcado
pelas universidades portuguesas, como a Faculdade de Direito de Coimbra (MAROCCO,
2019). Em 1827, no entanto, os primeiros cursos em território brasileiro foram inaugurados,
em São Paulo e Olinda, especificamente, que foram acompanhados pela reforma pombalina.
Os cursos tinham duração de cinco anos e suas disciplinas obrigatórias, bem como uma
organização dos períodos que foram determinados pela Carta de Lei de 11 de agosto de 182713.
Determinado dispositivo serviu como base para a criação de outros cursos nos anos seguintes,

mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.”. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
11
“Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.Parágrafo único. Os
Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com
mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal (...)”. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
12
“Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de
trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Parágrafo
único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.”. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
13
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM.-11-08-1827.htm.
bem como o Decreto nº 7.24714, editado em 1879, que autorizou o ensino livre, influenciando
na acelerada expansão dos cursos jurídicos no país. Assim, cursos na Faculdade Bahia em 1891
e de outras faculdades foram criadas no primeiro centenário da criação dos cursos15.
Considerando, ainda, o acelerado aumento de bacharéis de direito, a advocacia passou a
ser tratada como profissão autônoma, época na qual foi criada a Ordem dos Advogados do
Brasil16. A instituição assumiu, portanto, um importante papel na fiscalização do conhecimento
jurídico produzido nas universidades, bem como estabeleceu as bases para a atuação dos
juristas no campo da Advocacia.
Em 1972, a Resolução 3/72, decorrente do Parecer CFE 162/72, regulamentou no art. 2º
que o curso de Direito teria no mínimo de 2.700 horas de atividades e duração de no mínimo
de quatro anos e máximo de sete anos. No que tange ao currículo, a Resolução estabeleceu as
disciplinas fundamentais e as profissionalizantes e tornou compulsório a realização do estágio
supervisionado como matéria do currículo mínimo (BRASIL, 2004).
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, transformações substanciais
começaram a ser possíveis. Destaca-se a atuação da OAB (1993) com o estudo nacional que
buscou reavaliar a função social do advogado e do ensino nos cursos de direito, tendo como
parâmetro a Resolução 03/72. A revogação dessa foi possível a partir da promulgação da
Portaria nº 1.886, de 30 de dezembro de 199417, que trouxe inovações importantes ao ensino
jurídico que visam à integração das atividades dos três pilares das universidades: ensino,
pesquisa e extensão. Além disso, determinou que o curso jurídico seria ministrado com, no
mínimo, 3.300 horas de atividades, cuja integralização se faria em pelo menos cinco e no
máximo em oito anos letivos (BRASIL, 2004).
Subsequentemente, as leis 9.131/95 e 9.394/96 estabeleceram o currículo mínimo e a
adequação do curso de Direito à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A formação
de profissionais enriquecidos pelas experiências práticas e com senso crítico é umas das
finalidades referidas no art. 43 da nova Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96 (BRASIL, 2004).
No que se refere a segunda lei mencionada, temos a definição do eixo fundamental de estudo
que disciplina a obrigatoriedade de estudos nas áreas de Ciência Política, Economia, Filosofia

14
Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-7247-19-abril-1879-547933-
norma-pe.html.
15
SIQUEIRA, Márcia Dalledone. Faculdade de Direito, 1912-2000. Curitiba: UFPR, 2000.
16
A criação da Ordem dos Advogados do Brasil surgiu foi determinada pelo Decreto nº 19.408, datado de 18 de
novembro de 1930 (Disponível em:
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=DEC&numero=19408&ano=1930&ato=d460zYU90MnpWT75
5).
17
Disponível em: https://www.oabrn.org.br/arquivos/LegislacaosobreEnsinoJuridico.pdf.
e Sociologia e o eixo de formação profissional que inclui as áreas de Direito Administrativo,
Direito Civil, Direito Constitucional, Direito Internacional, entre outras18. (BRASIL, 1994).
Ainda a respeito dos atos normativos concernentes ao curso de Direito, salienta-se a
Resolução CES/CNE nº 9/2004 que dispõe as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação de Direito e dedicou o art. 4º para elencar as habilidades e competências que guiam
a formação jurídica:
I - leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e documentos jurídicos ou
normativos, com a devida utilização das normas técnico-jurídicas; II - interpretação e
aplicação do Direito; III - pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da
doutrina e de outras fontes do Direito; IV - adequada atuação técnico-jurídica, em
diferentes instâncias, administrativas ou judiciais, com a devida utilização de
processos, atos e procedimentos; V - correta utilização da terminologia jurídica ou da
Ciência do Direito; VI - utilização de raciocínio jurídico, de argumentação, de
persuasão e de reflexão crítica; VII - julgamento e tomada de decisões; e, VIII -
domínio de tecnologias e métodos para permanente compreensão e aplicação do
Direito19
Revogando a referida, temos, a Resolução CES/CNE nº 5/2018 que instaurou as
diretrizes ao estabelecer a prática jurídica, um conjunto de competências e habilidades
necessárias para a formação técnico-jurídica. Nota-se uma tendência a aproximar a formação
jurídica aos problemas interdisciplinares e emergentes das Ciências Sociais Aplicadas como
um todo (CERQUEIRA, 2019). Nesse sentido:
Art. 3º O curso de graduação em Direito deverá assegurar, no perfil do graduando,
sólida formação geral, humanística, capacidade de análise, domínio de conceitos e da
terminologia jurídica, capacidade de argumentação, interpretação e valorização dos
fenômenos jurídicos e sociais, além do domínio das formas consensuais de composição
de conflitos, aliado a uma postura reflexiva e de visão crítica que fomente a
capacidade e a aptidão para a aprendizagem, autônoma e dinâmica, indispensável
ao exercício do Direito, à prestação da justiça e ao desenvolvimento da cidadania
(BRASIL, 2018, grifo nosso).
Em suma, faz-se possível perceber que a formação do jurista no Brasil percorreu diversas
alterações, principalmente no que tange a produção de atos pelo Poder Público em referência
às habilidades e competências que devem ser desenvolvidas durante o período de graduação e
formação profissional.
2.2 O sistema dos Estados Unidos da América
Os Estados Unidos da América adotam o sistema conhecido como commow law. Tal
sistema surgiu na Inglaterra no século XI em que as primeiras cortes reais foram criadas, tendo
como primeiros juízes reais conselheiros próximos do rei. Os juízes realizavam viagens pelo
território e adquiriram um conhecimento aprofundado em relação a todas do país e,

18
O eixo de formação profissional inclui, ademais, as seguintes áreas: Direito Comercial, Direito Penal, Direito
Processual, Direito do Trabalho e Direito Tributário. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/dir_dire.pdf.
19
Disponível em: https://santosjunior.com.br/resolucao-cneces-no-9-de-29-de-setembro-de-2004/.
consequentemente, defenderam que as disputas e conflitos deveriam ser resolvidos de acordo
com um sistema unificado, nacional e forte. Logo, o direito passou a ser aplicado como Direito
comum da Inglaterra (O’CONNER, 2012). Hoje em dia, o sistema está presente em diversos
países para além da Inglaterra e dos Estados Unidos da América, como na Irlanda, Canadá,
Austrália, entre outros (JERÔNIMO, 2015).
A característica mais marcante do sistema é o fato de se basear no Direito jurisprudencial.
Isto é, corresponde a um sistema derivado das decisões judiciais e da força delas e não
necessariamente dos Códigos, mesmo que eles existam. Faz-se importante destacar que as
diferenças entre o civil law e o common law não são mais tão rígidas, de modo que o sistema
americano conta com uma Constituição escrita desde 178720. Contudo, a jurisprudência
permanece sendo o rito ordinário de criação das normas, mesmo que a lei seja hierarquicamente
superior (KUSTRON, 2013; JERÔNIMO, 2015) e outras fontes façam parte do ordenamento
jurídico.
No tocante às fontes, portanto, temos que, seguindo o entendimento de Lloyd Bonfield
(2021), primeiramente, o modelo federativo americano influencia não somente a organização
dos poderes, mas, necessariamente, no modo como o ordenamento jurídico e as fontes se
relacionam. Havendo, assim, um direito nacional que tem como parâmetro a Constituição
Federal e as competências do governo federal e um direito “local” de cada um dos estados que
compõem a federação que se amparam nas Constituições estaduais, bem como nos atos e regras
estaduais. Consequentemente, em relação a hierarquia das fontes, é possível definir que em
relação ao direito nacional temos no topo da pirâmide kelseniana a Constituição Federal, as
Leis Federais, as regras de agências administrativas federais e as decisões judiciais (federal
caseslaw). Em seguida, encontramos as Constituições dos estados, as Leis estaduais, regras de
agências administrativas em âmbito estadual e, por fim, as decisões judiciais deste âmbito (state
common law). Tanto o direito consuetudinário e a doutrina desempenham papéis limitados na
criação e aplicação do direito, esta tendência pode ser explicada pelo papel de protagonismo
dos juízes entre os juristas americanos (JERÔNIMO, 2015).
Invariavelmente, todavia, o sistema de precedentes apresenta grande força no país a partir
do princípio do stares decisis que significa, em linhas gerais, que uma questão já apreciada e
decidida por uma corte deve gerar a mesma resposta em casos semelhantes. A semelhança dos
casos é extremamente importante para o funcionamento do sistema na medida em que
particularidades são respeitadas (distinguishing cases) e decisões anteriores não se aplicam

20
Disponível em: https://www.senate.gov/civics/constitution_item/constitution.htm.
mesmo em situações que, superficialmente, aparentam ser as mesmas. Outro ponto relevante
está associado à necessidade de o precedente ter caráter vinculativo de modo que a hierarquia
anteriormente mencionada é fundamental para a caracterização da força vinculativa.
2.2.1. A organização do Poder Judiciário americano
A organização do poder judiciário americano é fortemente marcada pelo modelo
federativo de modo que, como aludido, temos que considerar o sistema federal e o sistema
estadual separadamente.
Em síntese, no âmbito federal a Suprema Corte dos Estados Unidos está no topo da
estrutura jurisdicional e, por conseguinte, é o mais alto tribunal americano. Um corpo de nove
ministros, chamados de justices, a integram e são nomeados pelo Presidente dos Estados
Unidos após aprovação pelo Senado21. Cabe ressaltar que, geralmente, o partido dos ministros
é um fator importante para a composição da Corte, de modo que há um conhecimento geral se
o justice é mais progressivo ou conservador (KUSTRON, 2013).
Em seguida, a estrutura conta com doze Courts of Appeals que estão localizadas em
diversas regiões e cada câmara é composta por três juízes que são competentes para analisar os
recursos. Em cada estado há, ainda, uma Federal District Court que conta com juízes federais
que atuam na primeira instância jurisdicional. Ademais, há juízes e tribunais especializados
que trabalham com as chamadas pequenas causas (SLOCUM, 2011).
A organização em âmbito estadual, por sua vez, é mais complexa e diversa considerando
o número elevado de estados americanos. Contudo, os estados, de modo geral, contam com os
juízos de primeiro grau, conhecidos como trial courts que contam com juízes que atuam nas
Circuit Courts, com a Court of Appeals estadual, que atua como um tribunal intermediário de
apelação e com as Supremas Cortes de cada estado (KING; LEUZINGER, 2015).
2.2.2. A formação do jurista americano
O ensino jurídico nos Estados Unidos formal, se desenvolveu lentamente e, somente, a
partir do século dezoito que escolas de direito foram inauguradas, como a Litchfield School,
fundada em 1784 (KUSTRON, 2013).
A formação em Direito nos Estados Unidos se assemelha a um programa de pós-graduação
brasileiro, ou seja, o estudante deve, obrigatoriamente, ter concluído uma graduação e obtido
o grau (undergraduate degree) e ser aprovado no exame de admissão (Law School Admission
Test ou LSAT) para ter acesso ao programa.

21
Os juízes federais também são nomeados pelo Presidente dos Estados Unidos após a aprovação do Senado
Federal (KUSTRON, 2013).
Conforme Vivienne O’Connor (2012), a educação dos juristas americanos é extremamente
interativa e faz uso do método Socrático de ensino e o principal objetivo de aprendizagem está
associado ao desenvolvimento do pensamento crítico e do trabalho direto com casos práticos.
Logo, o sistema valoriza a criatividade na interpretação das leis, casos e flexibilidade para se
encontrar diferentes respostas para uma situação e “o conhecimento jurídico é obtido na prática
ou por técnicas de ensino que imitam a prática22”.
Ademais, ao fim da educação, os estudantes não, necessariamente escolhem uma área
específica de estudos e devem prestar um exame ao final do curso para trabalharem como
advogados (lawyers23), nos estados, o bar exam. Logo, “technically, of course, there is no such
thing as an “American lawyer”; every state admits its own”24.
2.3. Notas microcomparativas
Pelo exposto, percebe-se algumas semelhanças e diferenças inerentes a prática da
comparação.
Inicialmente, salienta-se que uma das principais distinções entre o civil law brasileiro e
o common law americano repousam na valoração da lei como fonte. Como ilustrado, no sistema
brasileiro a lei é a fonte principal da qual a atuação do judiciário deriva e é fortemente pautada
por ela. No americano, por sua vez, por mais que a lei e os Códigos apresentem alto grau
hierárquico, ela atua de forma complementar aos precedentes, sobressaindo apenas em caso de
contrariedade.
A respeito da organização do poder judiciário, por outro lado, algumas correspondências
são possíveis, principalmente, no que tange à disposição dos tribunais e courts, como o
Supremo Tribunal Federal e a Suprema Corte dos Estados Unidos da América, bem como as
Courts of Appeals que apresentam semelhanças na atuação, em âmbito federal, com os
Tribunais Regionais Federais. Tratando-se do âmbito estadual, por sua vez, nos Estados Unidos
da América se percebe uma menor uniformidade dos componentes do Poder Judiciário, algo
que não ocorre no Brasil.

22
SCKELL, Soraya Nour. Os juristas e o direito em Bourdieu: a conflituosa construção histórica da racionalidade
jurídica. Tempo Social, v. 28, n. 1, pp. 157-178, 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ts/a/XtdRCzNSVgJhy4dYDPLDZPB/abstract/?lang=pt.
23
No common law do Reino Unido uma importante distinção entre barristers e solicitors na profissão que
chamamos de advocacia. Contudo, os Estados Unidos adotou a figura do lawyer considerando que pode
desempenhar as duas funções (O’CONNER, 2012).
24
FRIEDMAN, Lawrence; GRANT, Hayden. American law: an introduction. Third edition. New York : Oxford
University Press, 2017. p. 237.
Ademais, os Juizados Especiais Federais, em conceito, são próximos dos juizados de
pequenas causas americanas (LAZZARI, 2014). Por fim, nota-se que a nomeação dos juízes
federais e dos ministros da Suprema Corte, bem como dos ministros dos tribunais supremos
brasileiros, ficam a cargo do Chefe do Executivo e da aprovação do Senado Federal de cada
país.
No tocante a formação dos juristas, compreende-se que as modificações mais recentes no
Brasil demonstram uma orientação de adequar os cursos jurídicos a um pensamento pragmático
em que os estudantes sejam capazes de atuar nos casos concretos e, consequentemente, há uma
valorização da realização prática do Direito. Desse modo, afasta-se, moderadamente, da
formação puramente teórica do sistema da civil law, caracterizando uma aproximação com o
sistema do common law (JERÔNIMO, 2015) com o estudo de casos práticos e o
desenvolvimento de juristas mais criativos.
3. Notas sobre o controle de constitucionalidade
A Constituição, como norma fundamental do ordenamento jurídico, determina o modo
pelo qual as leis e demais atos normativos praticados devem ser produzidos, bem como quais
são os sujeitos legítimos para os praticar. Nesse sentido, a inadequação de normas em face de
dispositivos constitucionais, portanto, corresponde ao objeto de análise do controle de
constitucionalidade, um dos mecanismos que, por meio da verificação da compatibilidade das
leis e atos infraconstitucionais, é responsável pela manutenção da ordem e unidade do sistema
jurídico (BARROSO, 2019).
Inerente ao mecanismo encontram-se três pressupostos fundamentais: i) supremacia da
Constituição; ii) rigidez; iii) existência de competência (CLEVE, 1994). A supremacia se refere
ao posicionamento da Constituição no sistema normativo, em que, necessariamente, deve
corresponder ao topo do ordenamento jurídico, de modo que apenas atos conformes a ela
poderão validamente subsistir no restante do mesmo (KELSEN, 1985; BONAVIDES, 2010).
A rigidez, por sua vez, diz respeito à necessidade de um processo de elaboração de normas
constitucionais mais complexo e, de fato, rígido. Tal pressuposto garante que haja distinções
formais entre as normas que são o objeto do controle de constitucionalidade e a que ocupa a
posição de parâmetro. Por fim, a existência de um órgão competente e atores legitimados para
empregar o controle está relacionada ao fato de que a fiscalização deve ser exercida a partir da
atribuição a determinado órgão pelo próprio texto constitucional.
Nesse cenário, seguiremos o entendimento de Mauro Cappelletti (1992) acerca da
existência de dois tipos de controle de constitucionalidade e órgãos competentes para seu
manejo: i) controle jurisdicional; ii) controle político.
O controle judicial ou judicial review, corresponde ao sistema em que o controle é
exercido pelos órgãos judiciários, em que há a atuação jurisdicional. O político, por outro lado,
pressupõe a delegação do controle para um órgão não jurídico, como o Poder Executivo,
Legislativo e até mesmo por um órgão não associado aos três poderes. Determinada delegação
ocorre em sistemas jurídicos em que há o reconhecimento que o controle produz efeitos
políticos e, portanto, o órgão mais adequado para sua finalidade seria o político (BONAVIDES,
2010), bem como a desconfiança no Poder Judiciário como no caso francês. Por meio das obras
de Sieyès, a França propôs um mecanismo de controle político por meio da instituição das
Cortes Constitucionais (FACCHINI NETO, SALDANHA, 2017; PAIVA, 1999).
Para fins de aproximação com os sistemas jurídicos examinados na presente pesquisa,
destaca-se que o sistema brasileiro e americano adota o controle jurisdicional (MORAES,
2020), porém, o controle nos dois sistemas apresenta diferenças peculiares a respeito de sua
forma. Existem, essencialmente, dois modelos de controle jurisdicional: i) o controle difuso;
ii) o controle concentrado.
O controle difuso é reconhecido, também, como o controle por via de exceção em que
um magistrado, em meio ao exame de um caso concreto, pode declarar a inconstitucionalidade
da norma. O concentrado, no entanto, direciona-se ao controle exercido por órgãos
responsáveis por averiguar a compatibilidade das normas tendo como parâmetro a
Constituição, de modo abstrato. Isto é, no controle por via de ação, não há caso em tela a ser
considerado, apenas a norma, abstratamente.
Como mencionado os dois modelos constituem a forma pura do judicial review, contudo,
alguns sistemas jurídicos adotam um sistema misto, como o brasileiro, objeto da próxima
sessão.
4. Análise comparativa dos modelos de controle de constitucionalidade
4.1. Controle de constitucionalidade no sistema brasileiro
O direito constitucional brasileiro vivenciou diversas transformações durante o período
de vigência das sete constituições. Consequentemente, o controle de constitucionalidade
também foi marcado por renovações.
Importante ressaltar que o mecanismo foi introduzido no Brasil República, recebendo
previsão expressa na Constituição de 1891 acerca da competência do Poder Judiciário para
analisar a invalidade de leis, de modo difuso. Isso não significa dizer, todavia, que o controle
esteve ausente na Constituição de 1824. No entanto, limitava-se ao controle político preventivo
do Imperador, no exercício do Poder Moderador em relação ao processo legislativo
(CASTANHATO, 2006).
O controle concentrado e incidental foi positivado na Constituição de 1934 em que o
Supremo Tribunal Federal (STF), necessariamente, declarar a constitucionalidade de uma lei
que decretasse uma intervenção federal por violação de preceitos constitucionais. Em seguida,
tratando-se de controle concentrado, na vigência da Constituição de 1946, a Emenda
Constitucional n. 16 de 1965 positivou a ação genérica de constitucionalidade, prevendo,
portanto, a introdução do controle por via de ação direta e abstrato. A carta magna de 1967, por
sua vez, não trouxe alterações significativas ao modelo de controle de constitucionalidade
brasileiro (ARANTES, 1997).
Dessa forma, faz-se possível perceber que os antecedentes, ainda que pormenores,
influenciaram no controle de constitucionalidade formado gradativamente e atualmente em
vigor na Constituição de 1988 o que caracteriza um sistema suis generis, com características
distintas (DUTRA, 2003). Há, assim, a coexistência entre o controle difuso incidental realizado
por juízes em casos concretos e o controle concentrado abstrato realizado pelo STF. Ademais,
é previsto o controle repressivo operado pelo Poder Legislativo e Executivo durante o processo
de formação de normas (MASSON, 2020).
Cabe ressaltar que o controle difuso apresenta ampla legitimidade ativa, ou seja, diversos
atores estão envolvidos no controle por via de exceção. Entretanto, o controle por via de ação
prevê legitimidade para apenas alguns atores.
As ações possíveis, especificamente, no ordenamento jurídico são: i) ação direta de
inconstitucionalidade (ADI); ii) ação declaratória de constitucionalidade (ADC); iii) ação
direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO); iv) arguição de descumprimento de
preceito fundamental (ADPF).
A ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade tem
como objetivo tutelar a ordem constitucional, visando a fiscalização pelo STF para a conclusão
pela conformidade ou inconformidade da lei ou ato em face das normas constitucionais
(MASSON, 2020).
A ADO, por outro lado, tem como objeto alguma omissão do Poder Legislativo ou
Executivo diante de uma norma constitucional de eficácia limitada que necessita de lei
integrativa para surtir todos os efeitos (DANTAS, 2018).
A APDF objetiva controlar os abusos e ilegalidades nos atos do poder público na
concretização dos direitos fundamentais. Alexandre de Morais (2019) afirma que o cabimento
da ação é possível para evitar e reparar lesão de um preceito fundamental, bem como “quando
for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal,
estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição”25.
Os efeitos de uma declaração de inconstitucionalidade também apresentam
particularidades a depender da via do controle.
No controle difuso e incidental, os efeitos produzidos se limitam as partes envolvidas no
caso em tela. Posto isso, a declaração de inconstitucionalidade é vinculante apenas em relação
aos litigantes. Ademais, ressalta-se que a ação coletiva e o mandado de segurança coletiva
pressupõem a aplicação do controle a um número maior de pessoas, justamente pelo caráter
coletivo das ações (ROSENN, 1994).
Em relação às ações mencionadas na sessão do controle concentrado e abstrato, destaca-
se que os procedimentos da ADI, ADC e ADPF apresentam produzem eficácia erga omnes e
efeito vinculante ex tunc. Isto é, há a eficácia para todos e, normalmente, o efeito retroativo.
Sendo reservado ao STF a modulação dos efeitos, consonante com o artigo 11 da Lei n° 9.882
de 199926.
Sobressai-se que a ADO, no entanto, atribui ao STF, conforme Natália Masson (2020),
apenas o poder de cientificar o legislador ou o órgão administrativo que deixou de cumprir com
o texto constitucional para que, então, o concretize. Logo, não há previsão para que a Corte
resolva, por si só, o estado de inconstitucionalidade por omissão.
Um ponto importante que já pode ser mencionado, é diferença da atuação do Supremo
Tribunal Federal brasileiro da Corte mais alta dos Estados Unidos, considerando que no sistema
brasileiro o controle de constitucionalidade que é exercido pelo STF pode ser tanto por via
incidental, ou seja, por meio de um caso concreto que foi submetido aos autos da corte, quanto
por via de ação. Dessa forma, o volume de casos que passam pelo controle é consideravelmente
avantajado também influenciado pela ausência do mecanismo de writ of certiorari (BARROS,
2017), que será posteriormente abordado.
Em suma, pode-se observar que o sistema de controle de constitucionalidade brasileiro
pode ser compreendido como jurisdicional e misto, no que se refere ao controle difuso e
concentrado. Sendo, assim, um modelo resultante de diversas transformações no direito
constitucional.
4.2. Controle de constitucionalidade no sistema americano

25
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. – 36. ed. – São Paulo: Atlas, 2020.
26
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9882.htm.
Nas palavras de Alexis de Tocqueville (2002) “scarcely any political question arises in
the United States that is not resolved, sooner or later, into a judicial question.”27. Nesse
sentido, conforme aludido anteriormente, o modelo americano de controle de
constitucionalidade é o de judicial review.
Tal modelo é reconhecido como um dos mais importantes, inclusive, para a formação e
entendimento do instituto do controle de constitucionalidade. Apontado como o primeiro
precedente do controle de constitucionalidade moderno, o caso Marbury v. Madison
estabeleceu que atos do Poder Executivo eram passíveis do controle jurisdicional (MACIEL,
2006), inclusive, pela Suprema Corte dos Estados Unidos, que firmou seu poder de exercer o
controle, ainda que a Constituição americana não tenha atribuído competência a ela ou a
nenhum outro órgão judicial de forma expressa para tanto (BARROSO, 2019).
Cabe mencionar, entretanto, que alguns doutrinadores, afirmam que a judicial review
estaria expressamente definida no texto constitucional, no artigo 6, parágrafo segundo,
vejamos:
This Constitution, and the Laws of the United States which shall be made in Pursuance
thereof; and all Treaties made, or which shall be made, under the Authority of the
United States, shall be the supreme Law of the Land; and the Judges in every State
shall be bound thereby, any Thing in the Constitution or Laws of any state to the
Contrary notwithstanding.28
Invariavelmente, o caso supracitado, de fato, consolidou a judicial review, bem como a
competência da Suprema Corte para rever atos normativos e leis.
O caso teve como contexto político a posse de Thomas Jefferson e a derrota de John
Adams nas eleições presidenciais. Adams, antes da posse de Jefferson, buscou manter sua
influência política e o fez por meio da aprovação das leis the Circuit Court Act e the Organic
Act of the District of Colombia, tendo a última como objeto a nomeação de juízes de paz pelo
presidente. Assim, John Adams assinou os atos cuja entrega ficou a cargo de John Marshall,
indicado por Adams para assumir o cargo de presidente da Suprema Corte. Contudo, nem todas
os nomeados, foram, de fato, empossados. Nesse contexto, William Marbury, que tinha sido
designado para ser juiz de paz no estado de Columbia, impetrou um writ of mandadus
diretamente para a Suprema Corte.
Em síntese, Marshall, em seu voto concluiu que: i) Marbury tinha direito a posse do cargo
ao qual foi nomeado e, consequentemente ii) deveria haver um remédio para assegurar esse

27
TOCQUEVILLE, Alexis de. Democracy in America. Translator - Henry Reeve. The Pennsylvania State
University. 2002. p. 309.
28
Article VI, American Constitution: Disponível em:
https://www.senate.gov/civics/constitution_item/constitution.htm.
direito. Na última parte de seu voto, contudo, suscitou duas dúvidas. A primeira se referia a via
correta para a solução da problemática, ou seja, se o writ of mandadus seria essa via e, em
segundo lugar, se sim, se a Suprema Corte poderia detinha competência para o conceder.
Ao assimilar que se tratava da via correta, entendeu-se que a Suprema Corte não tinha a
competência para conceder o remédio procurado, na medida em que a Constituição não havia
outorgado determinado poder, ao passo que a lei que o tinha concedido (Judiciary Act de 1789)
não poderia ter-lhe o feito. Averiguemos, primeiramente, a previsão constitucional:
In all Cases affecting Ambassadors, other public Ministers and Consuls, and those in
which a State shall be Party, the supreme Court shall have original Jurisdiction. In all
the other Cases before mentioned, the supreme Court shall have appellate Jurisdiction,
both as to Law and Fact, with such Exceptions, and under such Regulations as the
Congress shall make29.
Vejamos, assim, o texto do Federal Judiciary Act supraindicado:
SEC . 13. And be it further enacted, That the Supreme Court shall have exclusive
jurisdiction of all controversies of a civil nature, where a state is a party, except between
a state and its citizens; and except also between a state and citizens of other states, or
aliens, in which latter case it shall have original but not exclusive jurisdiction. And
shall have exclusively all such jurisdiction of suits or proceedings against ambassadors,
or other public ministers, or their domestics, or domestic servants, as a court of law can
have or exercise consistently with the law of nations; and original, but not exclusive
jurisdiction of all suits brought by ambassadors, or other public ministers, or in which
a consul, or vice-consul, shall be a party. And the trial of issues in fact in the Supreme
Court, in all actions at law against citizens of the United States, shall be by jury. The
Supreme Court shall also have appellate jurisdiction from the circuit courts and courts
of the several states, in the cases hereinafter specially provided for; and shall have the
power to issue writs of prohibition to the district courts, when proceeding as courts of
admiralty and maritime jurisdiction, and writs of mandamus, in cases warranted by
the principles and usages of law, to any courts appointed, or persons holding
office, under the authority of the United States.30 (grifo nosso).
Destarte, manifesta atribuição de competência distinta da prevista na norma superior,
Marshall declarou a inconstitucionalidade do referido ato em face da Constituição. Instaurando,
dessa forma, o controle de constitucionalidade nos Estados Unidos da América e a mudança de
paradigma no constitucionalismo americano (PAGLIARINI, SPALLER, 2020;
CONTINENTINO, 2015).
Para além de seguir o judicial review, o controle de constitucionalidade americano é
classificado como difuso na medida em que quaisquer órgãos judiciários, cuja função de aplicar
a lei em casos concretos seja incumbida, podem afastar uma norma incompatível com a norma
constitucional (RUBIN, 1979) - o que caracteriza, por certo, o caráter incidental do controle
(ROSENN, 2004). Entretanto, inequívoca atribuição de fiscalizar a constitucionalidade de leis
e atos, os órgãos jurisdicionais não se encontram na mesma posição da Suprema Corte, ao passo

29
Article III, section 2. American Constitution. Disponível em:
https://www.senate.gov/civics/constitution_item/constitution.htm.
30
Disponível em: http://www.jim-riley.org/400section_13_of_1789_judiciary_act.htm
que se trata de órgão de cúpula do referido poder e suas decisões, em virtude do stare decisis,
apresentam eficácia vinculante (BROWN, 2018; SELLERS, 2006).
Nesse diapasão, os efeitos da declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade
de uma norma denotam particularidades. Tecnicamente, as decisões teriam efeitos interpartes
como no controle difuso brasileiro, mas a doutrina stare decisis acaba por determinar a eficácia
erga omnes. A partir do precedente mencionado, portanto, há a tendência dos efeitos seguiram
o modelo brasileiro nas ações com eficácia erga omnes e com efeito ex tunc. Contudo, algumas
mudanças a respeito dos efeitos aconteceram. Salienta-se a decisão da Suprema Corte no caso
Linkletter v. Walker em que foi decidido que as novas decisões não deveriam ser aplicadas,
necessariamente, em condenações criminais nos estados em casos anteriores. Tal
entendimento, no entanto, foi revogado pela Corte em 1987 e em 1993 o entendimento foi
estendido aos casos civis (ROSENN, 2004).
Cabe acentuar que, normalmente, a declaração de inconstitucionalidade pela Corte pode
invalidar leis semelhantes, mesmo que não sejam parte do caso concreto, como no julgamento
de Roe v. Wade, em que ao declarar inconstitucional as leis dos estados do Texas e da Geórgia,
outros estados tiveram leis semelhantes anuladas (ROSENN, 2004; RIBEIRO, 2018).
Por fim, como já aludido, o mecanismo do writ of certiorari é de suma importância para
o controle de constitucionalidade americano e para a Suprema Corte dos Estados Unidos na
medida em que a Corte decide, discricionariamente, se conhece ou não de determinada questão
e tem, praticamente, um controle absoluto dos casos sob sua jurisdição. O mecanismo, assim,
permite que a atuação da Corte seja viável considerando suas limitações e função de
uniformização do direito (HARTNETT, 2000). Não obstante, a presença do mecanismo não é
imune a críticas dado que traz consigo problemas em relação à exigência do devido processo
legal e da falta de obrigatoriedade da corte justificar a recusa em analisar os casos que não
tiveram o writ granted (EPPS; ORTMAN, 2018).
4.3. Notas microcomparativas
Apontadas as características do controle de constitucionalidade/judicial review nos
respectivos países, depreende-se que ambos adotam o controle jurisdicional, ou seja, o Poder
Judiciário de cada país é responsável pelo processo pelo qual as normas e leis transcorrem no
que se refere a (in)constitucionalidade perante as normas constitucionais. Sendo, entretanto,
difuso no sistema americano e misto no brasileiro. Isto é, como ilustrado, o judicial review
pode ser realizado por quaisquer juízes americanos, no entanto, no Brasil, há, simultaneamente,
o controle concentrado do Supremo Tribunal Federal.
Todavia, ainda que a posição do referido e do mais alto tribunal americano tenham
particularidades (ROS, 2017), ambas cortes apresentam manifestações de mais alta hierarquia
em ambos os países, de modo que suas decisões exprimem maior alteridade. Necessariamente,
contudo, o sistema americano, fortemente marcado pelos precedentes, consequentemente, é
mais estável e as decisões são mais respeitadas quando comparadas com as produzidas no
sistema brasileiro (BARROS, 2017). Por último, conforme supracitado, a Suprema Corte
Americana dispõe de um mecanismo que diferencia sua atuação do Supremo Tribunal Federal
brasileiro (ARAÚJO, 2020).
Para mais, o controle brasileiro é previsto e positivado na Constituição Federal, ao passo
que o americano se consolidou pela atuação do judiciário. Tal discrepância pode ser explicada,
justamente, pela diferença de valor atribuído às leis e a atuação dos juízes nos dois países,
inerentes às origens das tradições que os separam.
5. Considerações finais
Pelo exposto, têm-se que, apesar de pontos de convergência entre o civil law brasileiro e
o commow law americano, os dois países se distanciam mais do que se aproxima no que se
refere a macrocomparação. Isto é, as origens históricas, bem como suas fontes se diferem entre
si dado que o grau de valoração é atribuído de modos distintos. Ainda que, em relação à
organização do Poder Judiciário, o regime federalista adotado nos Estados Unidos da América
dispõe de uma ampla autonomia para a organização do Poder nos estados, o que não ocorre no
sistema brasileiro. No que tange a formação dos juristas, nota-se, por sua vez, uma aproximação
do ensino jurídico no Brasil com as tradições americanas.
Em referência a microcomparação, por seu turno, foi possível compreender que há forte
semelhença entre o controle de constitucionalidade brasileiro e o judicial review americano a
respeito do processo pelo qual a (in)constitucionalidade das leis e normas passam. Todavia, o
controle jurisdicional não é único de modo que os dois países apresentam procesos distintos no
que tange a legitimidade de atores que empregam o mecanismo e o modo pelo qual o mesmo é
aplicado.
Desse modo, apesar das diferenças entre os sistemas, há pontos positivos nos dois
sistemas. Destaca-se, primeiramente, a adoção do controle concentrado no Brasil que atribui
competência para o Supremo Tribunal Federal o julgamento de ações, específicas, que lidam
com a (in)constitucionalidade das leis e normas. Acredita-se que tal atuação possibilita maior
segurança jurídica ao passo que os efeitos das declarações são erga omnes e não afetam apenas
as partes envolvidas. Ademais, ainda na microcomparação, julga-se que o procedimento de
filtragem adotado pela Suprema Corte dos Estados Unidos é de grande valia para uma
performance eficiente e necessária.
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