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ADVOCACIAESPECIALIZADA

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AO MERITÍSSIMO JUÍZO DA COMPETÊNCIA DELEGADA DA COMARCA DE


CAMPINA DA LAGOA – ESTADO DO PARANÁ.
 

COM PEDIDO DE PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO

CREUZA MARIA MACHADO DE CARVALHO, brasileira,


casada, portadora da Cédula de Identidade RG nº. 4.843.833-4, inscrita no CPF sob o nº.
017.088.119-90, residente e domiciliada na Rua Eliseu Simões Mendes, nº. 243, Barbosa
Ferraz-PR, CEP: 86960-000, vem, com o devido respeito, por meio de sua procuradora,
perante Vossa Excelência, propor:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE


HÍBRIDA

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL


(INSS), pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos:

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Rua Pitanga, n.º 586, centro, Campo Mourão/PR – CEP 87302-150. Fone: (44) 3523-3224. E-
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PRELIMINAR
JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente, requer a concessão do benefício da assistência


judiciária gratuita, por ser a Autora pobre, na acepção legal do termo, conforme declaração
de hipossuficiência anexo, consoante Art. 5º, inciso LXXIV, da CF/88, e regulamentado
ainda pelo art. 98 do Código de Processo Civil.

I – DOS FATOS

A Autora, nascida em 31 de julho de 1959, no município de São


Pedro do Ivaí/PR, atualmente com 60 anos de idade, laborou na atividade rural e urbana
durante diversos períodos contributivos.

Destaca-se que as lides do campo foram exercidas em regime de


economia familiar, com seu esposo o Sr. Vicente Jacinto Machado e filhos nos seguintes
períodos 06/09/1975 á 28/10/1980, 29/10/1980 a 20/12/1984 e 20/01/1985 a 31/12/1992.
Insta mencionar, a Autora possui um período constante em seu
CNIS, no qual se totaliza 6 anos 4 meses 19 dias período este intercalado com a lavoura.
A tabela a seguir demonstra de forma objetiva estes interregnos:

Nesse contexto, a Autora pleiteou ao INSS, no dia 19/08/2019, o


NB 181.167.564-3, benefício da aposentadoria por idade na modalidade hibrida, o qual foi
indeferido sob a justificativa de “não ter cumprido a carência mínima exigida, ou seja, o
número de contribuições correspondentes ao ano de implementação das condições
necessária a obtenção do benefício, nos termos do Art. 142 da Lei 8.213 de 24.07.1991,
desta forma, não houve o reconhecimento do direito ao que foi postulado.”

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Tal decisão indevida motiva a presente demanda.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A pretensão da Requerente está fundamentada no art. 201, inciso I,


da Constituição Federal, e nos art. 39, inciso I, e 142, ambos da Lei 8.213/91, encontrando-
se presentes os requisitos exigidos para a concessão da aposentadoria por idade.

Por outro lado, houve significativa alteração da legislação referente


a aposentadoria por idade com a inclusão de uma nova modalidade denominada atípica,
mista ou híbrida, possibilitando a soma do tempo de serviço urbano ao rural para a
concessão da aposentadoria por idade, de acordo com a nova redação do art. 48 da Lei
8.213/91, promovida pela edição da Lei 11.718/08.

Na esteira da inclusão dessa nova modalidade de aposentadoria por


idade, o Decreto nº 6.722/08, visando adequar o regulamento da previdência social, deu a
seguinte redação ao art. 51 do Decreto 3.048/99:

Art. 51. A aposentadoria por idade, uma vez cumprida a carência exigida,
será devida ao segurado que completar sessenta e cinco anos de idade, se
homem, ou  sessenta, se mulher, reduzidos esses limites para sessenta e
cinquenta e cinco  anos de idade para os trabalhadores rurais,
respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea "a" do inciso I, na
alínea "j" do inciso V e nos incisos VI e VII do caput do art. 9º, bem como
para os segurados garimpeiros que trabalhem, comprovadamente, em regime
de economia familiar, conforme definido no §5º do art. 9º. (Redação dada
pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/1999)

§1º Para os efeitos do disposto no caput, o trabalhador rural deve comprovar


o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no
período imediatamente anterior ao requerimento do benefício ou, conforme o
caso, ao mês em que cumpriu o requisito etário, por tempo igual ao número
de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido,
computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 8o do art.
9o. . (Incluído pelo Decreto nº 6.722,de 30/12/2008)

§2º Os trabalhadores rurais de que trata o caput que não atendam ao disposto
no § 1º, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados períodos
de contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício ao

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completarem sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos, se


mulher. . (Incluído pelo Decreto nº 6.722,de 30/12/2008)

§3º Para efeito do § 2o, o cálculo da renda mensal do benefício será apurado
na forma do disposto no inciso II do caput do art. 32, considerando-se como
salário-de-contribuição mensal do período como segurado especial o limite
mínimo do salário-de-contribuição da previdência social. (Incluído pelo
Decreto nº 6.722,de 30/12/2008)

§4º Aplica-se o disposto nos §§ 2º e 3º ainda que na oportunidade do


requerimento da aposentadoria o segurado não se enquadre como
trabalhador rural. (Incluído pelo Decreto nº 6.722,de 30/12/2008).

Assim, após a referida modificação legislativa, tornou-se possível a


soma do tempo de serviço rural ao urbano, inclusive quando o segurado estiver exercendo
atividade urbana no momento do requerimento do benefício.
Com o novo regramento o legislador buscou corrigir uma
contradição
histórica da legislação previdenciária. Veja-se o exemplo de um segurado especial que
estava
prestes a se aposentar no campo, mas, às vésperas obteve uma oportunidade de emprego na
cidade. Neste caso, além de não poder requerer o benefício da aposentadoria por idade rural,
deveria contribuir por quinze anos na condição de segurado urbano para preencher os
requisitos da aposentadoria.

A jurisprudência também vem se manifestando neste sentido,


sendo de enorme relevância o julgamento do Superior Tribunal de Justiça ao julgar o Tema
Repetitivo 1007:

O tempo de serviço rural, ainda que remoto e descontínuo,


anterior ao advento da Lei 8.213/1991, pode ser computado para fins da carência
necessária à obtenção da aposentadoria híbrida por idade, ainda que não tenha sido
efetivado o recolhimento das contribuições, nos termos do art. 48, § 3o. da Lei
8.213/1991, seja qual for a predominância do labor misto exercido no período de
carência ou o tipo de trabalho exercido no momento do implemento do requisito etário
ou do requerimento administrativo.

Nesse sentido é o entendimento adotado pelo Tribunal Regional


Federal da 4ª Região:

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PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. REQUISITOS


LEGAIS. COMPROVAÇÃO. LEI Nº 11.718/2008. LEI 8.213, ART. 48, §
3º. TRABALHO RURAL E TRABALHO URBANO. CONCESSÃO DE
BENEFÍCIO A SEGURADO QUE NÃO ESTÁ DESEMPENHANDO
ATIVIDADE RURAL NO MOMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DOS
REQUISITOS. DESCONTINUIDADE. POSSIBILIDADE. 1. É devida a
aposentadoria por idade mediante conjugação de tempo rural e urbano
durante o período aquisitivo do direito, a teor do disposto na Lei nº 11.718,
de 2008, que acrescentou § 3º ao art. 48 da Lei nº 8.213, de 1991, desde que
cumprido o requisito etário de 60 anos para mulher e de 65 anos para
homens. 2. Ao § 3º do artigo 48 da LB não pode ser emprestada
interpretação restritiva. Tratando-se de trabalhador rural que migrou
para a área urbana, o fato de não estar desempenhando atividade rural
por ocasião do requerimento administrativo não pode servir de
obstáculo à concessão do benefício. A se entender assim, o trabalhador
seria prejudicado por passar contribuir, o que seria um contrassenso. A
condição de trabalhador rural, ademais, poderia ser readquirida com o
desempenho de apenas um mês nesta atividade. Não teria sentido se
exigir o retorno do trabalhador às lides rurais por apenas um mês para
fazer jus à aposentadoria por idade. 3. O que a modificação legislativa
permitiu foi, em rigor, para o caso específico da aposentadoria por idade aos
60 (sessenta) ou 65 (sessenta e cinco) anos (mulher ou homem), o
aproveitamento do tempo rural para fins de carência, com a consideração de
salários-de-contribuição pelo valor mínimo no que toca ao período rural. 4.
Não há, à luz dos princípios da universalidade e da uniformidade e
equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais, e bem
assim do princípio da razoabilidade, como se negar a aplicação do artigo 48,
§ 3º, da Lei 8.213/91, ao trabalhador que exerceu atividade rural, mas no
momento do implemento do requisito etário (sessenta ou sessenta e cinco
anos), está desempenhando atividade urbana. 5. A denominada
aposentadoria mista ou híbrida, por exigir que o segurado complete 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher,
em rigor é uma aposentadoria de natureza urbana. Quando menos, para fins
de definição de regime deve ser equiparada à aposentadoria urbana. Com
efeito, a Constituição Federal, em seu artigo 201, § 7º, II, prevê a redução do
requisito etário apenas para os trabalhadores rurais. Exigidos 65 (sessenta e
cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher, a
aposentadoria mista é, pode-se dizer, subespécie da aposentadoria urbana.
(TRF4, APELREEX 0015673-11.2010.404.9999, Quinta Turma, Relator
Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E. 18/10/2013) (grifei)

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Não bastasse, registre-se o teor da SÚMULA 103 DO TRF4:

SÚMULA 103 "A concessão da aposentadoria híbrida ou mista,


prevista no art. 48, §3º, da Lei nº 8.213/91, não está condicionada ao desempenho de
atividade rurícola pelo segurado no momento imediatamente anterior ao requerimento
administrativo, sendo, pois, irrelevante a natureza do trabalho exercido neste período."

Nesse diapasão, denota-se que a súmula supracitada é um


PRECEDENTE VINCULANTE nos termos do art. 927, inciso V, do Código de Processo
Civil.

Desta forma, verifica-se que os precedentes judiciais deverão ser


fielmente observados pelos tribunais, sobretudo porque a interpretação sistemática do
ordenamento jurídico pátrio não deixa qualquer dúvida a respeito da
ilegalidade/inconstitucionalidade da inserção de norma que tenha por objetivo deixar de
observar os precedentes supramencionados.

Trata-se de regra que deve ser interpretada extensivamente para


concluir-se que é omissa a decisão que se furte em considerar qualquer um dos precedentes
obrigatórios nos termos do art. 927 do CPC.

No mais, exatamente por ser obrigatória a observância dos


precedentes vinculantes, os julgadores, independentemente de provocação, deverão
conhecê-los de ofício, sob pena de omissão e denegação de justiça.
A pretensão da Segurada está fundamentada no art. 18 da EC
103/2019 e no § 3º do art. 48 da Lei 8.213/91, encontrando-se presentes os requisitos
exigidos para a concessão da aposentadoria por idade mista ou híbrida, na qual é possível o
cômputo tanto de períodos de atividade urbana quanto de atividade rural.

É importante destacar, ainda, que em 04/01/2018 foi emitido


Memorando-Circular Conjunto nº 1 /DIRBEN/PFE/INSS, com base no deferimento de
execução provisória da Ação Civil Pública -ACP nº 5038261-15.2015.4.04.7100/RS, para
fins de garantir o direito à aposentadoria por idade na modalidade híbrida,
independentemente de qual tenha sido a última atividade profissional desenvolvida – rural
ou urbana.

Portanto, essencialmente, bastam os seguintes requisitos para a


concessão da aposentadoria por idade híbrida:

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* O implemento dos 65 anos de idade para os homens ou 60


anos de idade para as mulheres (regra permanente);

* 15 anos de contribuição para ambos os sexos, podendo ser


considerada atividade rural ou urbana para este fim.

Outrossim, na data do requerimento administrativo o requisito


etário exigido era de 60 anos para as mulheres, conforme regra transitória prevista no § 1º
do art. 18 da EC 103/2019. 

Assim, restam cumpridos os requisitos necessários à concessão do


benefício, visto que a AUTORA POSSUI 60 ANOS DE IDADE E 23 ANOS E 7 MESES
15 DIAS DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. Não obstante, oportuno tecer algumas
considerações a respeito do conjunto probatório do período laborado em regime de
economia familiar.
Ademais, para aqueles que se filiaram à Previdência Social em
período anterior a 24 de julho de 1991 há uma regra especial a fim de não onerar
excessivamente quem estava na expectativa de acesso aos benefícios. Na regra de transição,
prevista no art. 142 da Lei 8.213/91, o tempo de serviço urbano somado ao rural, idêntico à
carência do benefício, vai gradativamente aumentando conforme o ano de implemento da
idade ou do preenchimento de todos os requisitos do benefício.

Em vista disso, oportuno tecer algumas considerações a respeito do


período controvertido na presente ação.

II.1 COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL EM


REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – CASO CONCRETO

Conforme já mencionado brevemente na síntese fática, a


Requerente desde tenra idade a partir dos 10 anos de idade, dedicou-se por um longo
período exclusivamente ao exercício do labor rural em regime de economia familiar.
Passou grande parte da sua vida juntamente com seu esposo e
filhos realizando atividades rurais.
Outrossim, para fins de comprovação do tempo de serviço rural, a
Autora apresenta, entre outros, os seguintes documentos:

- Certidão de Casamento da requerente com o Sr. Vicente


Jacinto Machado onde consta a profissão do esposo como LAVRADOR com data
06/09/1975.
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- Matricula de Terra nº 3253, propriedade rural localizada


no município de Barbosa Ferraz – PR, em nome Sr. Amadeu Sartori, onde a
requerente e seu esposo exercia atividade rural em regime de economia familiar
durante o período 06/09/1975 a 20/12/1984.

- Certidão de nascimento do filho da requerente o Sr. Paulo


Sergio de Carvalho, onde consta o Sr. Vicente Jacinto Machado com a profissão do
como LAVRADOR com data 22/07/1976.

- Certidão de nascimento do filho da requerente o Sr. Mauro


Celso de Carvalho, onde consta o Sr. Vicente Jacinto Machado com a profissão do
como LAVRADOR com data 18/01/1978.

- Certidão de nascimento do filho da requerente o Sr.


Marcos José de Carvalho, onde consta o Sr. Vicente Jacinto Machado com a
profissão do como LAVRADOR com data 25/11/1979.

- Carteira do Sindicato Rural de Barbosa Ferraz em nome


do esposo da requerente o Sr. Vicente Jacinto Machado com data 18/10/1979.

- Recibo sindicato rural de Barbosa Ferraz em nome do


esposo da requerente o Sr. Vicente Jacinto Machado com data 18/10/1979.

- Recibo sindicato rural de Barbosa Ferraz em nome do


esposo da requerente o Sr. Vicente Jacinto Machado com data 17/03/1980.

- Recibo sindicato rural de Barbosa Ferraz em nome do


esposo da requerente o Sr. Vicente Jacinto Machado com data 16/05/1980.

- Recibo sindicato rural de Barbosa Ferraz em nome do


esposo da requerente o Sr. Vicente Jacinto Machado com data 26/02/1981.

- Recibo sindicato rural de Barbosa Ferraz em nome do


esposo da requerente o Sr. Vicente Jacinto Machado com data 11/01/1982.

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- Recibo sindicato rural de Barbosa Ferraz em nome do


esposo da requerente o Sr. Vicente Jacinto Machado com data 16/07/1982.

- Certidão de nascimento do filho da requerente o Sr.


Adriano José de Carvalho, onde consta o Sr. Vicente Jacinto Machado com a
profissão do como AGRICULTOR com data 07/08/1982.

- Matricula escolar “ Escola Isolada Municipal Reinaldo


Zamzebir, localizada na zona rural fazenda entre rios, em nome do filho da
requerente o Sr. Paulo Sergio de Carvalho constando a profissão do Pai o Sr.
Vicente Jacinto Machado como LAVRADOR com data 24/01/1984.

- Matricula escolar “ Escola Municipal Duque de Caxias,


localizada na zona rural, em nome do filho da requerente o Sr. Paulo Sergio de
Carvalho constando a profissão do Pai o Sr. Vicente Jacinto Machado como
LAVRADOR com data 12/12/1985.

- Matricula de Terra nº 465, propriedade rural localizada no


município de Barbosa Ferraz – PR, em nome Sr. Ricieri Angelo Maruchi, onde a
requerente e seu esposo exercia atividade rural em regime de economia familiar
durante o período 20/01/1985 a 31/12/1992.

- Ficha de atendimento posto de saúde de Barbosa Ferraz –


PR com data 01/07/1986.

- Matricula escolar “ Escola Municipal Duque de Caxias,


localizada na zona rural, em nome do filho da requerente o Sr. Marcos José de
Carvalho constando a profissão do Pai o Sr. Vicente Jacinto Machado como
LAVRADOR com data 06/01/1987.

- Matricula escolar “ Escola Municipal Duque de Caxias,


localizada na zona rural, em nome do filho da requerente o Sr. Adriano José de

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Carvalho constando a profissão do Pai o Sr. Vicente Jacinto Machado como


LAVRADOR com data 15/03/1989.

- Certidão de nascimento do filha da requerente o Sra.


Raquel Aparecida de Carvalho, onde consta o Sr. Vicente Jacinto Machado com a
profissão do como AGRICULTOR com data 28/09/1990.

Cumpre ressaltar que a Súmula n. 73 do TRF da 4a Região


sedimentou entendimento de que “admitem-se como início de prova material do efetivo
exercício de atividade rural, em regime de economia familiar, documentos de terceiros,
membros do grupo parental”.

Na mesma linha, determina o art. 115, da IN INSS/PRES nº


77/15:

Art. 115. Tratando-se de comprovação na categoria de


segurado especial, o documento existente em nome de um dos
componentes do grupo familiar poderá ser utilizado como início
de prova material por qualquer dos integrantes desse grupo,
assim entendidos os pais, cônjuges, companheiros, inclusive os
homoafetivos e filhos solteiros ou a estes equiparados.

O início de prova material, conforme a própria expressão o diz,


não indica completude, mas, o começo de prova, princípio de prova, elemento
indicativo que permita o reconhecimento da situação jurídica discutida, desde que,
associada a outros dados probatórios.

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR


IDADE. RURÍCOLA. CTPS. PROVA PLENA. INÍCIO RAZOÁVEL DE
PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHAL. ATIVIDADE
COMPROVADA. PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR.
CARÊNCIA. QUALIDADE DE SEGURADO. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. BENEFÍCIO DE CARÁTER VITALÍCIO. TERMO
INICIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CORREÇÃO
MONETÁRIA. PREQUESTIONAMENTO.
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[...]
6 - Preenchido o requisito da idade e comprovado o efetivo exercício da
atividade rural, é de se conceder o benefício de aposentadoria por idade.
7 - Descabida a exigência do exercício da atividade rural no período
imediatamente anterior ao requerimento do benefício àquele que
sempre desempenhou o labor rural. 8 - A perda da qualidade de segurado
não é mais considerada, nos termos do art. 3º, §1º, da Lei nº 10.666, de 8 de
maio de 2003, para a concessão do benefício pleiteado. (AC -
200503990431753, Relator Desembargador Federal NELSON
BERNARDES, DJU 18/10/2007, p. 724). (Grifo nosso).

Todavia, para que não pairem dúvidas a respeito do tempo de


serviço rural requer a produção de prova testemunhal, haja vista que o INSS não autorizou o
processamento de Justificação Administrativa. 
Saliente-se, ainda, que para o reconhecimento do tempo de serviço
do trabalhador rural, não há exigência legal de que o documento apresentado como início de
prova material abranja todo o período que se quer comprovar. É preciso, no entanto, que o
início de prova material seja contemporâneo aos fatos alegados e referir-se, pelo
menos, a uma fração daquele período (STJ – AgRg no Resp. 1.320.089/PI 2012/0082
553-9, Rel. Min. Castro Meira, DJ 09/10/2012, T2 – Segunda Turma, Dje 18/10/2012).

Além disso, destaca-se que o conjunto probatório preenche os


requisitos da Súmula 34 da TNU, no sentido de que o início de prova material apresentado
deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar, como ocorre no caso concreto.

Por oportuno, destaca-se que a atividade rural desempenhada pelo


Recorrente e sua família está em estrita consonância com o conceito de “atividade
desenvolvida em regime de economia familiar” constante no § 1 º do art. 39 da
Instrução Normativa INSS/PRES Nº 77, de 21 de janeiro de 2015:
 
Art. 39. São considerados segurados especiais o produtor rural e o
pescador artesanal ou a este assemelhado, desde que exerçam a
atividade rural individualmente ou em regime de economia familiar,
ainda que com o auxílio eventual de terceiros.
§1º  A atividade é desenvolvida em regime de economia familiar quando
o trabalho dos membros do grupo familiar é indispensável à sua
subsistência e desenvolvimento socioeconômico, sendo exercido em
condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de
empregados permanentes, independentemente do valor auferido pelo
segurado especial com a comercialização da sua produção, quando
houver, observado que: (...)

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Sendo assim, a Requerente comprova cabalmente o exercício de
atividades rurais entre 06/09/1975 a 28/10/1980 e 29/10/1980 a 20/12/1984, 20/01/1985 a
31/12/1992, cujo período deve ser somado com os períodos já reconhecidos pelo INSS,
totalizando 283 meses de contribuição, motivo pelo qual restam preenchidos os requisitos
para a aposentadoria por idade rural.

III – DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU DE


CONCILIAÇÃO

Considerando a necessidade de análise detalhada de provas


no presente feito, a Autora vem manifestar, em cumprimento ao art. 319, inciso VII, do
CPC/2015, que não há interesse na realização de audiência de conciliação ou mediação,
haja vista a iminente ineficácia do procedimento e a necessidade de que ambas as partes
dispensem a sua realização, conforme previsto no art. 334, §4º, inciso I, do CPC/2015.

IV – DA TUTELA PROVISÓRIA SATISFATIVA

ENTENDE A AUTORA QUE A ANÁLISE DA MEDIDA


ANTECIPATÓRIA PODERÁ SER MELHOR APRECIADA EM SENTENÇA

De acordo com a previsão do art. 43 da lei 9.099/95 c/c o art. 1º da


Lei 10.259/01, salvo situações excepcionais, deverá ser atribuído apenas o efeito devolutivo
ao recurso interposto no âmbito dos Juizados Especiais Federais.
De qualquer forma, no momento em que for proferida a sentença,
os requisitos para concessão de tutela provisória satisfativa de urgência previstos no art. 300
do CPC/2015 estarão devidamente preenchidos, a saber: 1) A existência de elementos que
evidenciem a probabilidade do direito; 2) O perigo ou dano ao resultado útil do processo;
O primeiro requisito será preenchido com base em cognição
exauriente e nas diversas provas apresentadas no processo, as quais demonstram de forma
inequívoca o direito da Autora à concessão do benefício.
No que concerne ao perigo ou dano ao resultado útil do processo,
há que se atentar que o caráter alimentar do benefício e a idade avançada da Autora
traduzem um quadro de urgência que exige pronta resposta do Judiciário, tendo em vista
que nos benefícios previdenciários resta intuitivo o risco de ineficácia do provimento
jurisdicional final.
Sendo assim, é imperiosa a determinação sentencial para que a
Autarquia Ré implante o benefício de forma imediata, tendo em vista a ausência do efeito

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suspensivo nos recursos interpostos no âmbito dos Juizados Especiais Federais, bem como o
preenchimento dos requisitos para deferimento da tutela provisória.

V – DOS PEDIDOS:

EM FACE DO EXPOSTO, requer:

a) O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural, bem


como a concessão de prioridade na tramitação, com fulcro no art. 71 da lei 10.741/03
(Estatuto do Idoso) e no art. 1048, I, do CPC/2015, eis que a Autora conta com mais de
sessenta anos de idade;
b) A concessão do benefício da Gratuidade da Justiça, tendo em
vista que a parte autora não possui recursos financeiros suficientes para custear as despesas
do processo;
c) A não realização da audiência de conciliação e mediação
prevista no art. 334 do CPC/2015;
d) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos,
especialmente o testemunhal;
e) O deferimento da tutela provisória satisfativa, com a apreciação
do pedido de implantação do benefício em sentença;

Ao final, julgar procedentes os pedidos formulados na presente


ação, condenando o Instituto Nacional do Seguro Social a:
Reconhecer, na condição de tempo de serviço rural, o período de
06/09/1975 a 28/10/1980 e 29/10/1980 a 20/12/1984, 20/01/1985 a 31/12/1992 bem como o
que se encontra registrado no CNIS;

Conceder à parte Autora a APOSENTADORIA POR IDADE


HÍBRIDA NB: 181.167.564-3, com a condenação ao pagamento das prestações em atraso
a partir da DER, em 19/08/2019, corrigidas na forma da lei, acrescidas de juros de mora
desde quando se tornaram devidas as prestações. 

VI- DO VALOR DA CAUSA:

No que tange ao valor da causa da ação ora proposta, há que se


notar que esta encontra-se de acordo com o artigo 292, §§1º e 2º do novo Código de
Processo Civil, de modo que o valor da causa corresponde ao proveito econômico
pretendido, compreendendo as prestações vencidas, desde a DER (19/08/2019) e 12

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prestações vincendas, que correspondem ao valor total de R$ 21.980,27 (vinte e um mil


novecentos e oitenta reais e vinte e sete centavos reais).

Termos em que, pede deferimento.

Campo Mourão, 27 de Abril de 2020.

LUIZA C. ALVES DE CAMARGO


OAB/PR 89.739
 

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