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MANEJO DO FRANGO DE CORTE / Localização e equipamentos

para produção de frangos

O lucro ou o prejuízo no setor de avicultura depende muito da forma de


cuidar e manejar os frangos. A criação de frangos de corte é hoje uma das
atividades agropecuárias mais desenvolvidas. Em menos de 50 dias você
tem um lote pronto e esse dá lugar a outro. O giro de capital é muito rápido.

Muitos fatores devem ser levados em consideração ao selecionar o tipo de


galpão e os equipamentos adequados à produção de frangos de corte. Ao
projetar e construir um aviário deve-se, primeiramente, selecionar um local
com boa drenagem hídrica e com bastante movimentação natural de ar. A
orientação do galpão deve seguir o eixo leste-oeste a fim de reduzir a
intensidade da incidência de luz direta nas paredes laterais durante a parte
mais quente do dia. O principal objetivo é reduzir ao mínimo a flutuação de
temperatura durante as 24 horas do dia, principalmente durante a noite. O
bom controle da temperatura irá propiciar melhor conversão alimentar e
maior taxa de crescimento.

O aviário deve ser isolado de outras instalações e criações, seco, arejado,


protegido dos ventos fortes dominantes. Antes da chegado dos pintinhos
deve-se assegurar que o aviário esteja limpo e sem a presença de
aves(vazio sanitário) Uma última desinfecção do aviário e dos
equipamentos devem ser feita na véspera da chegada dos pintos.

CARACTERÍSTICAS E LOCALIZAÇÃO DO AVIÁRIO


O ambiente de criação deve ser tranquilo e distante de outras criações ou
plantéis avícolas e ainda se possível distante de estradas onde ocorra
circulação de veículos e pedestres.

Segundo recomendações da Embrapa Suínos e Aves, o aviário deve estar a


pelo menos 100 metros de distância da estrada vicinal e a 30 metros dos
limites periféricos da propriedade. A distância entre galpões do mesmo
núcleo deverá ser de pelo menos o dobro da largura do galpão e de 500
metros de outro estabelecimento de aves comerciais de corte.

Os aviários devem ser construídos, ou adaptados a partir de instalações em


desuso na propriedade. Na adaptação de instalações, deve-se ter o cuidado
em manter as características de um aviário, como por exemplo, mureta
lateral de 30 cm de altura e cortina lateral que possibilite manejo de
temperatura interna e ventilação.

CARACTERISTICAS DO GALPÃO

Figura 1- Foto de galpão aberto nas laterais

Largura e comprimento
A grande influência da largura do aviário é no acondicionamento térmico
interior, bem como em seu custo. A largura do aviário está relacionada com
o clima da região onde o mesmo será construído. Normalmente recomenda-
se largura até 10m para clima quente e úmido e largura de 10 até 14m para
clima quente e seco. A largura de 12m tem sido utilizada com freqüência e
se mostrado adequada para o custo estrutural, possibilitando bom
acondicionamento térmico natural, desde que associada à presença do
lanternim e altura do pé direito adequadamente dimensionados.
O pé direito do aviário pode ser estabelecido em função da largura adotada,
de forma que os dois parâmetros em conjunto favoreçam a ventilação
natural no interior do aviário com acondicionamento térmico natural.
Quanto mais largo for o aviário maior será a sua altura (Tabela 1). Em
regiões onde existe incidência de ventos fortes aviários com pé-direito
acima de 3m exigem estrutura reforçada. Em regiões onde exista
disponibilidade de madeira, e que esta não seja atacada por cupins, é mais
recomendável a utilização de telhas de barro com pé-direito de 3m. O pé
direito do aviário é elemento importante para favorecer a ventilação e
reduzir a quantidade de energia radiante vinda da cobertura sobre as aves.
Estando as aves mais distantes da superfície inferior do material de
cobertura receberão menor quantidade de energia radiante, por unidade de
superfície do corpo, sob condições normais de radiação. Desta forma,
quanto maior o pé direito da instalação menor é a carga térmica recebida
pelas aves.
      
Tabela 1. Determinação do pé direito em função da largura adotada para o
aviário
Largura do Aviário (m)               Pé direto mínimo em climas quentes
(m)
   até 8     2,80
   8 a 9     3,15
   9 a 10     3,50
 10 a 12     4,20
 12 a 14     4,90
Fonte:TINÔCO(1995).

O comprimento do aviário deve ser estabelecido para evitar problemas com


terraplanagem, comedouros e bebedouros automáticos. Não deve
ultrapassar 200m. Na prática os comprimentos de 100, 125, 130, 140 m
têm-se mostrados satisfatórios ao manejo das aves. O piso é importante
para proteger o interior do aviário contra a entrada de umidade e facilitar o
manejo. Este deve ser de material lavável, impermeável, não liso com
espessura de 6 a 8cm de concreto no traço 1:4:8 (cimento, areia e brita) ou
1:10 (cimento e cascalho), revestido com 2cm de espessura de argamassa
1:4 (cimento e areia). Pode ser construído em tijolo deitado, que apresenta
boas condições de isolamento térmico. O piso de chão batido não isola bem
a umidade e é de difícil limpeza e desinfecção, no entanto, tem-se
propagado por diminuir o custo de instalação do aviário. Deverá ter
inclinação transversal de 2% do centro para as extremidades do aviário e
estar a pelo menos 20cm acima do chão adjacente e sem ralos, pois permite
a entrada de pequenos roedores e insetos indesejáveis.
Piso

De chão batido. Optar por terrenos bem drenados ou se necessário


providenciar sistema de drenagem. Recomenda-se construir o piso a pelo
menos 20 cm acima do chão adjacente (circundante e próximo do aviário),
com caimento de 2% do centro para o sentido das laterais da instalação.

Oitões
Os oitões ou paredes das extremidades do aviário poderão ser abertos ou
fechados.
Mureta lateral e tela
A mureta deve ter 30 cm de altura e ser construída nas laterais do aviário.
Dê preferência para a construção com tijolos, pois a durabilidade é maior.

Na mureta será fixada a tela que vai até o teto (utilizar tela antipássaro com
malha não superior a 2 cm). A mureta serve ainda para reter a cama,
proteger as aves das correntes de ar e evitar entrada de outros animais.

Telhado
Utilizar na cobertura, material disponível na propriedade ou região e de
baixo custo. Materiais bastante utilizados são as telhas de barro ou
fibrocimento. Observar o ângulo de inclinação do telhado conforme o tipo
de cobertura (constante no projeto do aviário).

Cortinas laterais
A cortina pode ser de PVC, lona ou outras fibras trançadas e utilizadas
lateralmente no aviário, para proteção das aves contra ventos e chuvas e
facilitar controle da temperatura interna.

A parte inferior da cortina é fixada na mureta lateral e a parte superior é


sustentada por cordas e roldanas, de maneira a oferecer condições de
regulagem quanto à altura, podendo hora o galpão ficar completamente
fechado ou parcialmente aberto, controlando desta maneira o ambiente
dentro do galpão, conforme as exigências de conforto térmico em relação a
fase do desenvolvimento das aves.

Para manter a cortina próxima à tela, o que facilita o manuseio e evita danos
causados por ventos fortes, recomenda-se utilizar um sistema simples de
cordas (Fig. 3). O movimento da cortina (abre e fecha o aviário) poderá ser
feito utilizando sistema de catracas (Fig. 4).

 
Fig. 2. Corda fixada para manter a cortina próxima à tela. Evita danos e
facilita manuseio diário.

 
Fig. 3. Catraca para movimentação da cortina lateral. Foto: Jacir J. Albino
 
Porta
É a via de acesso ao interior do aviário para recebimento de pintos e rações
e desenvolvimento de tarefas diárias como alimentação e inspeção das aves,
limpeza dos equipamentos, retirada da cama, apanha de aves para abate e
possíveis reparos.

Pedilúvio
Deve-se reservar ainda no interior do aviário, junto à porta, um espaço de
cerca de 1 m² onde será disponibilizado o pédilúvio (Fig. 4), cujo objetivo é
desinfetar o calçado. Este espaço deverá permitir somente o acesso do
tratador e deve ser isolado das aves. Para tanto pode-se utilizar um cercado
de tela com altura média de 1 metro e um portão de acesso.

 
Fig. 4. Pédilúvio disponibilizado na entrada do aviário com solução de iodo.

 
Caixa d'água
Deve ser instalada em local sombreado e protegido, de forma a fornecer
água de qualidade e em temperatura adequada para as aves. O ideal é que a
temperatura da água não seja superior a 21ºC, principalmente no verão. Para
manter esta temperatura, a sugestão é a proteção dos canos até o aviário,
enterrando-os à profundidade média de 30 cm.

Uma dica para estimar o tamanho da caixa d´água a ser instalada, é que ela
tenha a capacidade superior a dois dias de consumo do lote. Na Tabela 2
encontra-se uma estimativa de consumo de água para frangos de corte, de
acordo com a média de temperatura esperada no ambiente de criação.

DENSIDADE DE ALOJAMENTO DAS AVES

A densidade correta de alojamento é essencial para o êxito do sistema de


produção de frangos de corte, pois garante o espaço adequado ao
desempenho máximo das aves. Além do desempenho e lucratividade, a
densidade de alojamento adequada também implica importantes questões
relacionadas ao bem-estar das aves. Para fazer a avaliação correta da
densidade de alojamento, alguns fatores como o clima, o tipo de aviário, o
peso de abate e a regulamentação sobre o bem estar das aves devem ser
levados em consideração. Uma densidade inadequada pode acarretar
problemas de pernas, arranhões, contusões e mortalidade. Além disso, a
integridade da cama também será comprometida.

Tabela 2- Densidade de aves em relação ao tipo de galpão


Tipo de Galpão Ventilação equipamentos densidade
Galpão Aberto Natural Exaustores de 30 kg/m2
Circulação
Galpão Aberto Pressão Positiva Exaustores nas 35 kg/m2
Paredes Laterais
Galpão Fechado Ventilação Tipo Nebulizadores 39 kg/m2
Túnel
Galpão Fechado Ventilação Tipo Resfriamento 42 kg/m2
Túnel Evaporativo
Galpão Aberto Natural Exaustores de 30 kg/m2
Circulação
Galpão Aberto Pressão Positiva 35 kg/m2

SISTEMAS DE DESSEDENTAÇÃO E DE ARRAÇOAMENTO

O fornecimento de água limpa e fresca, com a vazão adequada, é de


fundamental importância para a boa produção de frangos. Sem que ocorra a
ingestão correta de água, o consumo de ração diminuirá e o desempenho
das aves ficará comprometido. Utiliza-se com frequência tanto o sistema
aberto quando o fechado.

Bebedouros Pendulares ou tipo Copinho (Sistemas Abertos)

Tipos de bebedouros mais utilizados para frangos de corte

pendular Copo pressão Nipple nipple


(copinho)

No caso de sistemas abertos é difícil manter a pureza da água, pois as aves


introduzem agentes contaminantes nos bebedouros, o que leva à
necessidade de limpeza diária. Isso não significa apenas mais mão-de-obra,
mas também maior desperdício de água. O estado da cama é um excelente
modo de avaliar se o ajuste de pressão da água está correto. Se a cama nos
pontos localizados abaixo da fonte de água estiver molhada, isso significa
que os bebedouros estão muito baixos ou a pressão está alta demais, ou o
ajuste do bebedouro (nível da água e contrapeso) está incorreto. Se a cama
sob o bebedouro estiver excessivamente seca, pode ser que a pressão da
água esteja baixa demais.

Figura 5- bebedouros tipo nipple infantil

Os bebedouros pendulares e do tipo copinho devem ser suspensos para


garantir que o nível da borda do bebedouro seja igual à altura do dorso da
ave em pé. Conforme as aves forem crescendo, é preciso ajustar a altura
dos bebedouros para diminuir a possibilidade de contaminação.
Sistemas Nipple (Sistemas fechados)

Para que os frangos apresentem excelente desempenho, recomenda-se o


uso de sistemas fechados. A possibilidade de contaminação da água com o
sistema fechado de nipples não é tão alta como no caso dos sistemas
abertos. O desperdício de água também é menor. Além disso, os sistemas
fechados têm a vantagem de não exigir limpeza diária, necessária nos casos
de sistemas abertos. No entanto, é essencial realizar o monitoramento
regular e os testes de vazão, pois apenas o exame visual não é suficiente
para determinar se todos os nipples estão funcionando corretamente.
Os sistemas de nipple apresentam menos chance de contaminação do que
os sistemas abertos. Os bebedouros tipo nipple devem ser ajustados em
função da altura das aves e da pressão da água. Como regra geral, as aves
devem sempre ter que levantar-se ligeiramente para alcançar o botão de
acionamento de água, nunca devem ter que se abaixar – os pés das aves
devem estar completamente em contato com o piso.

O consumo de água deve ser aproximadamente 1,6 a 2 vezes o consumo de


ração por massa, mas pode variar dependendo da temperatura do ambiente,
qualidade da ração e saúde das aves. A granja deve dispor de um
reservatório de água adequado no caso de ocorrerem falhas no sistema
principal. O estoque de água ideal deve ser equivalente à demanda máxima
de água em 48 horas. A capacidade de armazenamento baseia-se no
número de aves mais o volume exigido para as bombas de resfriamento.

Comedouros
Independentemente do tipo de sistema de comedouros usado, o espaço de
alimentação é absolutamente fundamental. Se o espaço dos comedouros for
insuficiente, a taxa de crescimento cairá e a uniformidade será gravemente
comprometida. A distribuição da ração e a proximidade entre o comedouro
e as aves são críticas para que se alcancem as metas de consumo de ração
desejadas. Todos os sistemas de comedouros devem ser aferidos de modo a
fornecer volume de ração suficiente com o mínimo de perdas.

Figura 6- Comedouros Automáticos do tipo prato:

tuboflex

A recomendação é de 60-70 aves por comedouro tipo prato ou tuboflex de


33 cm (12 pol.) de diâmetro. Requerem pleno enchimento (transbordo) para
a fase inicial. Geralmente, recomendam-se comedouros do tipo prato, pois
permitem a livre movimentação das aves no galpão, causam pouco
derramamento de ração e melhoram a conversão alimentar. Se as aves
estiverem entornando os comedouros para alcançar a ração, é uma
indicação de que os comedouros estão muito altos.

Figura 7- Comedouros Automáticos de Corrente:


Figura 8 - Comedouro tubular

Figura 9- Foto de galpão com comedouro tubular e bebedouro


pendular
Figura 10- Silos para Armazenamento de Ração:
Figura 11- comunicação do silo com o interior do galpão

Os silos para armazenamento de ração devem ter capacidade equivalente ao


consumo de ração em 5 dias. Para reduzir o risco de proliferação de fungos
e bactérias, é essencial que os silos possuam fechamento hermético.
Os silos de armazenamento de ração a granel deverão ser limpos e
fumigados entre um lote e outro.

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