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E não porque não tentem. Uma recente sondagem do BCG com 120
empresas do mundo todo em dez grandes setores de atividade mostra que
executivos estão bem cientes da necessidade de casar processos de
definição da estratégia a exigências específicas de seu entorno competitivo.
Ainda assim, revelou a pesquisa, é comum se valerem, na prática, de
abordagens mais condizentes com ambientes previsíveis e estáveis mesmo
quando seu mercado é sabidamente volátil ou mutável.
Clássico. Se atuar num setor cujo ambiente é previsível, mas difícil de ser
mudado por sua empresa, um estilo estratégico clássico tem a melhor
chance de sucesso. É o estilo conhecido da maioria dos gestores e alunos de
escolas de negócios: cinco forças, oceano azul e análise da matriz de
crescimento-participação são, todos, manifestações dele. A empresa traça
uma meta, visando à posição de mercado mais favorável que possa atingir
valendo-se de recursos e capacidades que possui e, em seguida, busca
conquistar e fortalecer essa posição com rodadas ordenadas e sucessivas de
planejamento, usando métodos quantitativos de previsão que lhe permitam
projetar bem à frente. Uma vez traçado, um plano desses tende a vigorar por
anos. O planejamento estratégico clássico pode funcionar bem como
atividade independente, pois requer habilidades analíticas e quantitativas
especiais e o ritmo das coisas é lento o suficiente para permitir a transmissão
de informações entre departamentos.
Num ambiente desses, uma empresa que empregue uma estratégia clássica
ou mesmo adaptadora para achar a melhor posição possível no mercado
corre o risco de se subestimar, de ser atropelada por eventos e de perder a
oportunidade de controlar o próprio destino. Melhor seria se adotasse uma
estratégia na qual a meta seja moldar o ambiente imprevisível a seu favor
antes que outra o faça — de modo a sair ganhando independentemente do
desfecho da situação.
Em 1994, por exemplo, ficou claro para a americana UPS que o crescimento
do comércio eletrônico seria um maná para empresas de entrega, pois
varejistas virtuais sempre precisariam de um meio de levar o que vendiam
no ciberespaço à porta do cliente. Tal futuro podia ter sido tão óbvio para a
FedEx, que era bem mais jovem e menor. Mas a UPS tinha meios — e vontade
— para fazer o investimento necessário. Naquele ano, montou um comitê
multidisciplinar com gente de TI, vendas, marketing e finanças para traçar a
rota para a empresa virar o que mais tarde chamaria de “viabilizadora do e-
commerce global”. O comitê identificou iniciativas arrojadas que a UPS teria
de promover para concretizar a visão, o que envolvia investir cerca de US$ 1
bilhão ao ano para integrar suas operações centrais de rastreamento de
encomendas com as de lojistas na internet e fazer aquisições para expandir
sua capacidade mundial de entrega. Em 2000, essa aposta multibilionária se
pagara: a UPS detinha a impressionante fatia de 60% do mercado de entrega
de compras feitas na internet.
Evite ciladas
Evitar algumas dessas ciladas pode ser simples uma vez assimilados os
distintos requisitos dos quatro estilos estratégicos. Estar ciente de que os
horizontes do planejamento no estilo adaptador não correspondem
necessariamente ao ritmo do mercado financeiro, por exemplo, pode ajudar
muito na erradicação de hábitos de planejamento arraigados. Na mesma
veia, saber que a meta de estratégias moldadoras e visionárias é mudar o
jogo, e não otimizar sua posição no mercado, pode ser suficiente para
descartar já de saída a abordagem errada.
Na mesma veia, é bem provável que cada setor da empresa opere num
ambiente que pede uma abordagem distinta ao planejamento no âmbito do
departamento. É fácil imaginar, por exemplo, que na indústria
automobilística um estilo clássico seria bom para otimizar a produção, mas
inadequado para a área de marketing digital, que provavelmente tem muito
mais poder para moldar seu ambiente (afinal, é essa a meta da publicidade)
e dificilmente ganharia ao traçar campanhas com anos de antecedência.
Por último, ao entrar num novo estágio do ciclo de vida, a empresa pode
muito bem exigir uma mudança de estilo estratégico. O ambiente para
startups tende a ser maleável, pedindo estratégias visionárias ou
moldadoras. Nas fases de crescimento e maturidade da empresa, quando o
ambiente é menos maleável, estilos adaptadores ou clássicos em geral são
melhores. Para empresas em fase de declínio, o ambiente volta a ficar mais
maleável, gerando oportunidades de ruptura e rejuvenescimento com uma
estratégia moldadora ou uma visionária.