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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA º VARA DA


CIVEL DO FORO... - SÃO PAULO – CAPITAL.
Com pedido de Liminar
..., brasileiro, casado, aposentado, portador do RG nº...
Inscrito no CPF/MF sob nº..., residente e domiciliado a Rua...-
São Paulo – SP - CEP.., com endereço eletrônico:... Por
intermédio da advogada que esta subscreve, nos termos do
incluso mandato de procuração, com endereço
eletrônico: ... vem respeitosamente perante V. Exa. Propor a
presente
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE
TUTELA ANTECIPADA
Em face de ..., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ... Com endereço a..., pelos fatos que passa expor.
1) O Autor firmou contrato com o Plano em... Conforme as
novas exigências da ANS. Pelo contrato em vigência nº...,
registrado.
Em contraprestação ao serviço o Autor está pagando o valor
mensal individual de R$..., conforme boleto bancário anexo,
cujos pagamentos estão devidamente quitados.

2) Ocorre que em... O Autor foi submetido a exame de... Onde


foi encontrada uma lesão ulcerada em ceco que foi biopsiada. O
Anatomopatológico de lesão evidenciou se tratara de um
Adenocarcinoma moderado diferenciado invasivo.
2.1) Em exames complementares para estadiamento e
programação terapêutica foram realizadas tomografias que
demonstraram... De aspecto maligno..
Pós-cirurgia foi indicada a realização de sessões de
quimioterapia, as quais seriam realizadas no Hospital...
Agendado para..., data em que o paciente se internou para o
procedimento.

3) Além das dores e sofrimento trazido pela doença o Autor


ainda precisou travar uma batalha com a Ré para a cobertura
do tratamento, pois a... Autorizou a internação do paciente,
MAS NÃO AUTORIZOU A QUIMIOTERAPIA.
Considerando a gravidade do estado de saúde do Autor e o
estágio já avançado da doença não restou alternativa
senão assinar o termo de responsabilidade sobre o
procedimento quimioterápico no valor de R$..., para
caso o convênio não pagasse.
Submeter-se a um tratamento doloroso e agressivo como a
quimioterapia com 48 horas de infusão, sob a preocupação de
saldar uma conta hospitalar, gerou um elevado estresse e
angustia ao paciente, interferindo até na sua recuperação.

3.1) Decorridos... Dias e nova sessão de quimioterapia teria


que ser feita, desta vez em sede ambulatorial e continuidade do
tratamento em casa. Porém, até então a... ainda não havia
autorizado o procedimento, potencializando o estresse do
paciente, que em... Submeteu-se a sessão tendo que assinar
novo compromisso de responsabilidade sobre o pagamento do
tratamento, desta vez no valor de R$... Cada ciclo ambulatorial,
no total de... Ciclos.
A... Continuou não se posicionando sobre a autorização do
tratamento, fazendo tão somente exigências de documentos,
apesar de todos os laudos e relatórios médicos já terem sido
enviados pela equipe médica.

3.2) O Autor fez novo contato com..., pelo protocolo nº...


Relatando o ocorrido e informando que em não havendo
resposta estaria recorrendo juridicamente.
De nada adiantou, essa mesma situação de stress se repetiu
em..., quando iniciou a terceira sessão de quimioterapia.

4) Somente em... A... Enviou uma carta ao médico do Autor,


sem qualquer logo ou assinatura do responsável, simplesmente
negando o tratamento sob a seguinte alegação:
“...”
5) Diante da negativa do convenio o medico oncologista Dr...
Redigiu o relatório anexo declarando que o exame
anatomopatológico se enquadra no estádio clinico II de
alto risco, caracterizado como infiltração peri-neural
e infiltração vascular.
Os esquemas abrangentes compreendem, dentre outras, as
siglas FOLFIRI ou FOLFOX (5-FU, acido folinico,
OXALIPLATINA), este último recomendado para o paciente.
Anexa também a recomendação da sociedade americana de
oncologia clinica NCCN recomendando a quimioterapia para
casos análogos aos do requerente.

6) Cabe esclarecer que o contrato inicial, consta cobertura


ambulatorial de quimioterapia no item 8.2.3-b:
“quimioterapia ambulatorial baseada na
administração de medicamentos para o câncer,
incluindo medicamentos para o controle de efeitos
adversos relacionados ao tratamento, e adjuvantes
conforme prescrição do médico assistente.”
Ou seja, o Autor contratou e pagou pelo tratamento e ao tempo
que mais precisa do convenio o mesmo se nega a prestar o
serviço contratado.

7) A negativa do convenio contraria o entendimento


majoritário e já sumulado pelo Tribunal de São Paulo:
Súmula 95: "HAVENDO EXPRESSA INDICAÇÃO MÉDICA,
NÃO PREVALECE A NEGATIVA DE COBERTURA DO
CUSTEIO OU FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS
ASSOCIADOS A TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO."
O mesmo entendimento é majoritário nos demais tribunais do
país:

TJ-RS - Apelação Cível AC 70052806841 RS (TJ-RS)  -


04/04/2013
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. PLANO DE
SAÚDE. NEGATIVA DE COBERTURA. FORNECIMENTO DE
MEDICAMENTOS. BEVACIZUMAB
(AVASTIN), OXALIPLATINA E FILGRASTINE.
COBERTURA DEVIDA. 1. A obrigação da ré é de
fornecimento de todos os medicamentos necessários
ao tratamento quimioterápico, aí
incluídos Oxaliplatina, Bavecizumab e Filgrastin. 2.
Reconhecido que o contrato entabulado entre as partes prevê
a cobertura de tratamento da patologia apresentada pela
parte autora, revela-se abusiva a cláusula contratual
que exclui da cobertura os medicamentos
correlatos. O plano de saúde não pode se recusar a custear
fármaco prescrito pelo médico, pois cabe a este definir qual é
o melhor tratamento para o segurado. Precedentes desta
Câmara e do STJ. 3. Nos termos do art. 51, IV, do CDC,
mostra-se abusiva a cláusula contratual que exclui do
tratamento os fármacos pleiteados, uma vez que coloca o
consumidor em desvantagem exagerada frente à operadora
de plano de saúde. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação
Cível Nº 70052806841, Quinta Câmara Cível, TJRS, Relator:
Isabel Dias Almeida, 27/03/2013)
Agrava-se a situação ao tempo que o paciente tem mais de 60
anos:

TJ-SP - Agravo de Instrumento AI


671256820128260000 SP 0067125-68.2012.8.26.0000
(TJ-SP) - 31/07/2012
Ementa: TUTELA ANTECIPADA. TRATAMENTO
ONCOLÓGICO. QUIMIOTERAPIA COM OXALIPLATINA.
PLANO DE SAÚDE. LEI Nº 9.656 /98. CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR. ESTATUTO DO IDOSO . MANUTENÇÃO
DA DECISÃO. 1. Contrato de plano de saúde firmado após a
Lei nº 9.656 /98, que prevê plano-referência com cobertura
mínima (art. 10). Cobertura de serviços de apoio, diagnóstico,
tratamentos e procedimentos solicitados pelo médico
assistente (art. 12, inc. I, letra b). 2. Incidência do Código de
Defesa do Consumidor. Relação típica de consumo. Estatuto
do Idoso. Incidência porquanto o agravado tem mais DE 60
ANOS DE IDADE. 3. Necessidade do agravado de iniciar
tratamento quimioterápico com medicamento
denominado oxaliplatina. Diagnóstico de adenocarcinoma
pancreático metastático. Doença grave que exige pronto
e integral tratamento. 4. Tutela antecipada. Presença dos
requisitos da verossimilhança das alegações e da
possibilidade de dano de difícil reparação. Decisão mantida.
TJ-SP - Agravo de Instrumento AI
21932845120148260000 SP 2193284-
51.2014.8.26.0000 (TJ-SP)  - 28/05/2015
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO – PLANO DE SAÚDE
– Negativa da seguradora em fornecer a dose prescrita do
medicamento oxaliplatina/eloxatin sob a alegação de
tratar-se de medicamento off label - ESCOLHA DO
TRATAMENTO QUE CABE AO MÉDICO ASSISTENTE
E NÃO À SEGURADORA - SUBSTÂNCIA QUE FAZ
PARTE DO TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO,
AUXILIANDO NO CONTROLE DA NEOPLASIA –
Exclusão de cobertura do fornecimento de medicamentos que
não se aplica a procedimentos acolhidos pelo plano –
Inteligência das Súmulas nº 95 e 102 do E. TJSP – Recurso
não provido.
7.1) A situação se agrava ao tempo que o Autor foi
surpreendido com uma cobrança do hospital, referente a
primeira aplicação no valor total de R$... Cabe ressaltar que a
negativa do plano parecia ser somente quanto ao medicamento
específico, mas conclui-se que o plano não pagou nenhuma
despesa referente a internação, nem mesmo os descartáveis,
conforme documento anexo.
Chega a ser desumano negar o tratamento a um paciente, cujo
contrato previa a cobertura, e durante um tratamento nefasto
como a quimioterapia ainda ser surpreendido por uma
cobrança absurda, onde a Ré não pagou nem ao menos os
analgésicos e descartáveis usados para o procedimento.
Conclui-se que todos nós pagamos pelo plano de saúde para
NÃO precisarmos deles, essa é a verdade...

7.2) Diante do exposto, requer seja imposto à Ré o


fornecimento de todos os medicamentos necessários ao
tratamento quimioterápico, aí incluídos FOLFIRI ou FOLFOX
(5-FU, ÁCIDO FOLÍNICO, OXALIPLATINA). Bem como as
medicações já aplicadas, cujo termo de responsabilidade foi
assinado pelo Autor.

DOS DANOS MORAIS


8) Com relação aos danos morais, cumpre ressaltar que os
mesmos emergem “in re ipsa”, cuja existência se presume de
modo absoluto e, que por certo, dispensam a comprovação da
angustia e desolação infligidas.
Nesse sentido, ensina Sérgio Cavalieri Filho (2008. P. 101) que:
“O dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do
próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, ipso
facto, está demonstrado o dano moral à guisa de uma
presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que
decorre das regras de experiência comum.”
“O dano moral, por ser um dano suscetível de fixação
pecuniária equivalencial, tem-se de reparar eqüitativamente.”
(Pontes de Miranda).
In casu, é aplicável a teoria do valor do desestímulo em que o
quantum fixado deve ser de valor hábil a incutir naquele que
agiu incorretamente uma repercussão tal que iniba a sua
conduta infratora e, por outro lado, possa ressarcir o Autor
pela angustia e frustrações experimentadas.

In casu, basta colocar-se no lugar do Autor para corroborar a


existência de danos morais. O mesmo vem pagando plano de
saúde desde 1998.

8.1) Ou seja, são anos de contraprestação para no momento de


maior fragilidade da sua saúde ter de se internar sob o termo
de responsabilidade de pagar o tratamento quimioterápico, em
quantias significativas frente a negativa da seguradora. O
estresse e a angustia vivenciados devem ser indenizados, cujo
valor pleiteia-se em R$ 10.000,00 (dez mil reais), com base na
decisão do TJSP, abaixo transcrita:

TJ-SP - Apelação APL


00111855120138260011 SP 0011185-
51.2013.8.26.0011 (TJ-SP) Data de
publicação: 15/10/2015
Ementa: APELAÇÃO – Plano de Saúde – Obrigação de Fazer
c/c Danos Morais – Negativa de cobertura – Procedência –
Necessidade do tratamento com a utilização dos
medicamentos 'Fluorouracil' e 'Eloxatin/Mg'
('Oxaliplatina') – Patologia grave (câncer de pâncreas) -
Alegação de que o medicamento é experimental e sem
previsão contratual – Havendo indicação médica é
abusiva a negativa de cobertura (Súmula 102 deste E.
Tribunal)– Incidência das regras protetivas do CDC – Dano
moral caracterizado – Indenização fixada com
moderação em R$ 10.000,00 – Correção monetária da
sentença e juros de mora da data do evento – Sucumbência
pela ré. DECISÃO MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.
Diante do exposto, requer a condenação da Ré aos danos
morais no valor mínimo de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a
ressarcir os transtornos experimentados pelo Autor,
proporcionalmente à negligência da ré.

DA TUTELA ANTECIPADA
9) Nos termos do artigo 300 do NCPC o juiz poderá, a
requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida na
inicial, desde que existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação e quehaja
fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação.
In casu, presentes o fumus boni iuris e o periculum in
mora, pois evidente a grave lesão ao direito adquirido do
requerente, e havendo indicação médica é abusiva a
negativa de cobertura.
Salienta que o Direito em questão é o acesso ao tratamento de
SAÚDE, que além de ter proteção constitucional, espelha-se os
mais importantes valores da sociedade, que deve ser protegida
pelo judiciário quando está em risco.

9.1) Agrava a urgência ao tempo que o Autor foi


surpreendido com uma cobrança do...428,69 com
vencimento para... Este valor deve ser pago pela Ré.
Presentes requisitos da verossimilhança das alegações e da
possibilidade de dano de difícil reparação, requer a concessão
de tutela antecipada inaudita altera pars para determinar à
Ré que adote todas as medidas necessárias a garantir
o tratamento prescrito pelo médico do paciente, cujos
esquemas abrangentes compreendem, dentre outras,
as siglas FOLFIRI ou FOLFOX (5-FU, ÁCIDO
FOLÍNICO, OXALIPLATINA), este último
recomendado para o paciente.
Requer também seja suspensa a cobrança da duplicata
número 5472, até que V. Exa. Possa decidir sobre este
feito, ou sendo a liminar desde já concedida, que a Ré
seja citada para o referido pagamento.
Desde já requer, no caso de descumprimento da tutela
antecipada postulada, a aplicação de multa diária em valor a
ser arbitrado por este Douto Juízo.

TRAMITE PREFERENCIAL
10) Considerando que o Autor conta com 70 anos de idade,
requer os benefícios do tramite preferencial previsto no
artigo 71 do Estatuto do Idoso.
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
11) O autor é aposentado e frente aos elevados gastos com
remédios e demais despesas com o tratamento, não reúnem
condições financeiras para custear as despesas do processo,
nos termos da declaração anexa, e para tanto pleiteia sejam
concedidos os benefícios da gratuidade da justiça.
DO PEDIDO
12) Diante do exposto, em sede de liminar, com fulcro no
artigo 300 do CPC e 84 do CDC, requer seja concedida tutela
antecipada para determinar à Ré o fornecimento de
todos os medicamentos necessários ao tratamento
quimioterápico, aí incluídos FOLFIRI ou FOLFOX (5-
FU, ÁCIDO FOLÍNICO, OXALIPLATINA). Bem como as
medicações já aplicadas, cujo termo de responsabilidade
foi assinado pelo Autor perante o hospital...
Requer também seja suspensa a cobrança da duplicata
número 5472 com vencimento para..., até que V. Exa.
Possa decidir sobre este feito, ou sendo a liminar
desde já concedida, que a Ré seja citada também para
o referido pagamento.
Requer seja arbitrada multa diária, no valor estimado por V.
Exa. No caso de descumprimento.
12.1) Requer a citação da ré para responder a presente ação,
sob pena de revelia, bem como seja intimada da Liminar a ser
concedida.
12.2) Ao final, requer seja a ação julgada totalmente
procedentetornando-se definitiva a tutela antecipada para
assegurar ao Autor o tratamento quimioterápico nos termos
prescritos pelo médico.
12.3) A condenação da Ré aos Danos Morais no valor de R$
10.000,00, conforme exposto no item 08.
12.4) Seja a ré condenada ao ônus da sucumbência e
honorários advocatícios a serem arbitrados por V. Exa.
12.5) Seja declarada a inversão dos ônus da prova, em razão
do que dispõe o artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do
Consumidor;
12.6) Seja determinada a tramitação prioritária do feito,
considerando-se que o Autor conta com 70 anos de idade;
12.7) Seja concedida ao autor a gratuidade da justiça, nos
termos da declaração anexa.
13) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova,
principalmente documental, oitiva de testemunhas,
depoimento pessoal o que desde já requer.
14) Dá-se à causa, exclusivamente para efeitos fiscais, o valor
de R$ 10.000,00.
Termos em que. P. Deferimento.

São Paulo

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