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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE PEDAGOGIA

OS PROFESSORES ESTÃO PREPARADOS PARA INCLUSÃO

ALINE FERREIRA DE PINHO

MARIA ADELAIDE MAIO RODRIGUES

ALINE FERREIRA DE PINHO


Trabalho de Projeto apresentado como exigência da disciplina Projeto
Orientador : MARIA ADELAIDE
MAIO RODRIGUES
RESUMO

A Educação Inclusiva é, sem dúvida, um dos maiores desafios da sociedade.


Desenvolvida na década de 70, ela envolve muito mais que a pessoa com deficiência,
envolve também a família, a escola e a sociedade.
Com esta pesquisa, busca-se analisar as circunstâncias interativas que esses alunos
estabelecem com seus professores e colegas nas classes da rede regular de ensino. Assim,
pretende-se avaliar como se processa a inserção desses alunos no contexto da classe
comum, em que a maioria dos alunos, não apresenta tais necessidades. Acredita-se que
essa situação traz impactos em relação às possibilidades de interação, comunicação e
construção de conhecimento desses alunos. O estudo está orientado para a repercussão
dessas condições que implicam a não existência de um território comum, com
consequências para a explicitação de ideias e o diálogo autêntico, principalmente porque
escola/professores estão despreparados para atender a essa clientela. A escola no
transcorrer da sua história, se caracterizou pela visão elitista da educação onde a
escolarização é privilégio de um grupo – uma exclusão que foi legitimada nas políticas e
práticas educacionais reprodutoras da ordem social. A partir do processo de
democratização da educação se evidenciou o paradoxo inclusão/exclusão, quando os
sistemas de ensino universalizam o acesso, mas continuam excluindo indivíduos e grupos
considerados fora dos padrões normais da escola.

Palavras-chave: professor (a) – inclusão – escola regular.


1. INTRODUÇÃO

1.1. APRESENTAÇÃO O TEMA E DO PROBLEMA

O presente trabalho vem mostrar a dificuldade que os professores enfrentam por não
saber como lidar com alunos de inclusão. A inclusão é um direito constitucional de todas
as crianças. (lei n 13.146, de 6 de julho de 2015, Lei Brasileira da Pessoa com Deficiência;
Art. 27; Art 28).
Existe a necessidade de formação continuada de professores para atuar no atendimento a
alunos com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino.

A maioria dos professores tem uma visão funcional do ensino e tudo o que ameaça romper
o esquema de trabalho prático que aprenderam a aplicar em suas salas de aula é
inicialmente rejeitado. Também reconhecemos que inovações educacionais como a
inclusão abalam a identidade profissional e o lugar conquistado pelos professores em uma
dada estrutura ou sistema de ensino, atentando contra a experiência, os conhecimentos e
o esforço que fizeram para adquiri-los. Os professores do ensino regular consideram-se
incompetentes para lidar com as diferenças nas salas de aula, especialmente atender os
alunos com deficiência, pois seus colegas especializados sempre se distinguiram por
realizar unicamente esse atendimento e exageraram essa capacidade de fazê-lo aos olhos
de todos (Mittler, 2000).

As dificuldades encontradas na educação inclusiva são diversos: sala de aulas lotadas,


escolas com infraestrutura inadequada e não adaptadas as diversas limitações ; e
professores muitas vezes despreparados . E além de práticas políticas pedagógicas que
não corroboram para um ambiente respeitoso, interativo e inclusivo. É de extrema
importância a participação e pesquisa em temas que auxiliam a construção de um
ambiente que seja capaz de receber bem qualquer indivíduo com suas possíveis
dificuldades.
A inclusão escolar de grupos segregados é um avanço, mas apenas o começo. Apesar de
parecer recente, desde o século xx o direito a educação foi assegurado; mais alguns não
tiveram parte. Desse modo, na década de 1980 o conceito de inclusão social foi
desenvolvido, mais obteve maiores proporções na década seguinte quando a declaração
mundial sobre educação para todos (UNESCO, 1990); a Declaração de Salamanca (
Espanha,1994) e Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (brasil, 1996)
trouxeram as necessidades a serem discutidas e assumidas a partir de documentos legais
nacionais e internacionais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96,
redefine a educação especial, deste modo a educação escolar estará ligada a todos os
níveis e etapas de ensino. Dessa forma foi possível mudar a ideia, que educação especial,
necessariamente a escola especial.

A Declaração de Salamanca (1994) desafia o que se entende por educação especial ao


falar “pessoa com necessidades educacionais especiais”, ampliando a todas as crianças e
jovens, com deficiência ou não ,todos tem particularidades em suas formas de aprender.

[ ...] uma criança não desenvolve em todos os aspectos no mesmo rítimo. Ela pode
aprender e desenvolver formas culturais de enfrentar problemas em uma área, mas
permanecer em níveis mais anteriores e primitivos quando se trata de outra atividades.
Seu desenvolvimento cultural é frequentemente desigual e os experimentos indicam que
traços do pensamento primitivo surgem muitas vezes em crianças bastante desenvolvidas.
( Luria,1988,p.101)

É importante assegurar, não somente a entrada da criança com deficiência nesse novo
universo, mas principalmente promover a ruptura das ações discriminatórias em relação
a estas pessoas. O professor precisa ser preparado para lidar com as diferenças, com a
singularidade e a diversidade de todas as crianças e não com um modelo de pensamento
comum a todas elas. O professor da escola regular que tem um aluno autista não precisa
ser um especialista em autismo, mas precisa ser um especialista em lidar com as
diferenças e a diversidade. E você professor como tem se preparado para a inclusão?
2. REFERENCIAL TEÓRICO

O presente trabalho tem como objetivo falar da importância dos professores conhecerem
mais sobre a inclusão.
A deficiência não é uma categoria com quadro clínico estável. O sistema educacional
deve intervir favorecendo o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, com
necessidades educacionais especiais.

Cristiane Sampaio, no seu estudo, ( Educação inclusiva


o professor mediando para a vida) então, articula-se entre a realidade cotidiana
e a preocupação científica de compreensão do fenômeno, o que
desmistifica a ilusória contradição entre a produção do conhecimento (fazer ciência) e a
aplicação (atuação profissional).

No capítulo de apresentação, as autoras explicitam como foi e porque se interessaram pela


temática da inclusão escolar de crianças com deficiência
A introdução, com uma importante discussão
sobre a exclusão social, a luta social pelos direitos humanos e a questão
das pessoas com deficiência, incluindo as conquistas e a situação atual.
Problematizam a questão da educação e, particularmente, o papel da
escola na inclusão social.
Compreendido e caracterizado o conceito de deficiência, a partir de uma revisão extensa
da literatura especializada nacional e internacional, com uma profunda discussão e
reflexão crítica, as autoras analisam questões relacionadas às estratégias e possibilidades
de inclusão. Finalizam esta parte discutindo o objeto principal de análise do estudo: a
importância da formação do professor para a educação inclusiva.
Refletindo sobre a educação inclusiva, as autoras buscam sabiamente as contribuições
das teorias histórico-culturais (Vygotsky) e da psicanálise (Freud). De Vygotsky,
especialmente, Educação Inclusiva 19 na concepção de ser humano que se auto constrói
nas suas relações sociais e nos importantes e, ainda, atuais estudos sobre a defectologia.
Da psicanálise recorrem à contribuição do diálogo, que pode ser produtivo,
com a educação. Professoras de uma escola de ensino fundamental, que tinha no seu
quadro de alunos, crianças com deficiência. Nesta parte, as autoras estabelecem, ainda,
um importante diálogo entre a fala dos professores e a teoria que fundamenta o trabalho,
dando sentido teórico aos discursos sobre a prática educacional, quando desvelaram
importantes conhecimentos e questões acerca da área, as quais poderão subsidiar não só
diretamente à prática
pedagógica, mas, também, políticas educacionais mais amplas, além
daquelas específicas para crianças com deficiência .

As autoras nas conclusões destacam a importância do investimento


na formação de professores para a educação inclusiva e que este grande
desafio envolve toda a sociedade, incluindo uma mudança cultural
pró-ativa em relação à criança deficiente .

“Processo pelo qual a sociedade e o portador de deficiência procuram


adaptar-se mutuamente, tendo em vista a equiparação de oportunidade
e, consequentemente, uma sociedade para todos (…)
A inclusão significa que a sociedade deve adaptar-se às necessidades
da pessoa com deficiência para que esta possa desenvolver-se em todos os aspectos de
sua vida” (Sassaki, 1997, p. 167).

Para figueiredo ( 2002) trabalhar com crianças especiais não requer uma especialização
para reduzir ou diminuir o temor as suas deficiências, mas o aprimoramento do professor
no ensino e na aprendizagem para que ele seja capaz de identificar as dificuldades de seus
alunos, Visando a eliminar barreiras próprias de suas relações na escola.
A construção de uma proposta educacional, na qual todos sejam reconhecidos como
estudantes merecedores de crédito e de investimento, requer a presença de um professor
capaz de romper com modelos estereotipados e fechados, que, geralmente, são adquiridos
durante a sua profissionalização.
Este livro ( Plano de Desenvolvimento Individual para o Atendimento Educacional
Especializado) representa o primeiro passo de um processo contínuo de construção
cotidiana do fazer pedagógico. Ou seja, indica o início da caminhada, que precisa ser
construída pelo docente do Atendimento Educacional Especializado (AEE) durante seu
exercício profissional. Considerando que o começo de algo é o período mais complicado,
você encontra, nessa obra, importantes pistas para orientar a condução do seu trabalho.

O salutar é não estacionar no já pensado e proposto, mas superar, construir novos olhares
e proposições, criar e projetar diferentes e infinitas possibilidades de intervenções, pois
as pessoas são únicas e repletas de potencialidades.
Precisamos adquirir conhecimentos para ampliar, extrapolar e não nos deixar amarrar, ser
fixados a teorias que não suprem as demandas atuais. O professor precisa ser aquele que
inspira o aluno a acreditar, descobrir e desenvolver seus potenciais. Além disso, ele
precisa ser acompanhado e até superado por seus aprendizes. Esse é um sinal da existência
de um trabalho frutífero. A construção ou organização de um espaço rico e propulsor de
conhecimentos.
O professor precisa ser aquele que inspira o aluno a acreditar, descobrir e desenvolver
seus potenciais. Além disso, ele precisa ser acompanhado e até superado por seus
aprendizes.

O papel do professor, numa escola que se pauta nos princípios de uma Educação
Inclusiva, é de facilitador no processo de busca de conhecimento que parte do aluno. Ele
é quem organiza situações de aprendizagem adequadas às diferentes condições e
competências, oferecendo oportunidade de desenvolvimento pleno para todos os alunos.
Ressalta Mizukami:

O objetivo da educação, portanto, não consistirá na transmissão de


verdades, informações, demonstrações, modelos etc., e sim em que o aluno
aprenda, por si próprio, a conquistar essas verdades, mesmo que tenha de
realizar todos os tateios pressupostos por qualquer atividade real.
Autonomia intelectual será assegurada pelo desenvolvimento da
personalidade e pela aquisição de instrumental lógico-racional. A educação
deverá visar que cada aluno chegue a essa autonomia (MIZUKAMI, 1986,
p.71).”

Esse livro (INCLUSÃO ESCOLAR O que é? Por quê? Como fazer?) fala de ideias sobre
o ensinar e o aprender, compartilhando o que a autora viveu na sua caminhada
educacional.
São tantos os percalços, mas tantas as alegrias, que vivemos nesta lida de escola... A gente
deixa passar, mas não devia.
Penso que sempre existe a possibilidade de as pessoas se transformarem, mudarem suas
práticas de vida, enxergarem de outros ângulos o mesmo objeto/situação, conseguirem
ultrapassar obstáculos que julgam intransponíveis, sentirem-se capazes de realizar o que
tanto temiam, serem movidas por novas paixões... Essa transformação move o mundo,
modifica-o, torna-o diferente, porque passamos a enxergá-lo e a vivê-lo de um outro
modo, que vai atingi-lo concretamente e mudá-lo, ainda que aos poucos e parcialmente.
Como estão hoje as nossas escolas? Todos sabemos que elas estão deixando a desejar e
que é urgente fazer alguma coisa para redefini-las, de todas as formas possíveis. E difícil
o dia-a-dia da sala de aula. Esse desafio que enfrentamos tem limite — o da crise
educacional que vivemos, tanto pessoal como coletivamente, no ofício que exercemos.

Nosso modelo educacional mostra há algum tempo sinais de esgotamento, e nesse vazio
de ideias, que acompanha a crise paradigmática, é que surge o momento oportuno das
transformações.

“Por tudo isso, a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não
atinge apenas alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de aprender, mas
todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. Os alunos cora
deficiência constituem uma grande preocupação para os educadores inclusivos. Todos
sabemos, porém, que a maioria dos que fracassam na escola são alunos que não vêm do
ensino especial, mas que possivelmente acabarão nele!” (Mantoan, 1999)
“A inclusão total e irrestrita é uma oportunidade que temos para reverter a situação da
maioria de nossas escolas, as quais atribuem aos alunos as deficiências que são do próprio
ensino ministrado por elas — sempre se avalia o que o aluno aprendeu, o que ele não
sabe, mas raramente se analisa “o que” e “como” a escola ensina, de modo que os alunos
não sejam penalizados pela repetência, evasão, discriminação, exclusão, enfim.”

“Consoante esses pressupostos é que criamos espaços educacionais protegidos, à parte,


restritos a determinadas pessoas, ou seja, àquelas que eufemisticamente denominamos
Portadoras de Necessidades Educacionais Especiais (PNEE).
A diferença, nesses espaços, “é o que o outro é” — ele é branco, ele é religioso, ele é
deficiente, como nos afirma Silva (2000). “é o que está sempre no outro”, que está
separado de nós para ser protegido ou para nos protegermos dele. Em ambos os casos,
somos impedidos de realizar e de conhecer a riqueza da experiência da diversidade e da
inclusão. A identidade “é o que se é”, como afirma o mesmo autor — sou brasileiro, sou
negro, sou estudante ... “

“ A nossa Constituição Federal de 1988 respalda os que propõem avanços significativos


para a educação escolar de pessoas com deficiência, quando elege como fundamentos da
República a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, incisos II e III) e, como
um dos seus objetivos fundamentais, a promoção do bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inciso
IV). Ela garante ainda o direito à igualdade (art. 5U) e trata, no artigo 205 e seguintes, do
direito de todos à educação. Esse direito deve visar ao “pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Além disso, a Constituição elege como um dos princípios para o ensino “a igualdade de
condições de acesso e permanência na escola” (art. 206, inciso I), acrescentando que o
‘‘‘dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos
níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade
de cada um” (art. 208, inciso V).
Quando garante a todos o direito à educação e ao acesso à escola, a Constituição Federal
não usa adjetivos e, assim sendo, toda escola deve atender aos princípios constitucionais,
não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade ou
deficiência.

2.1 O PAPEL DO PROFESSOR E O CURRÍCULO ESCOLAR

A escola, em toda a sua trajetória histórica não foi pensada para atender a
desigualdade. Toda a estrutura e funcionamento da escola regular é mais confortável
ao considerar a semelhança do que com a diferença entre os alunos. O número de
alunos categorizados como deficientes foi ampliado enormemente nos últimos anos,
abrangendo todos aqueles que não demonstram bom aproveitamento escolar.

O aparecimento de novas terminologias contribuem para aumentar a confusão entre


casos de deficiência e aqueles que apenas apresentam problemas na aprendizagem,
que muitas vezes surgem as práticas escolares. A deficiência coloca em xeque a
função primordial da escola comum que é a produção de conhecimento, pois o aluno
com deficiência tem uma maneira própria de lidar com o saber que, invariavelmente,
não corresponde ao ideal da escola. Percebe-se que atitudes discriminatórias
persistem na sociedade devido à falta de informação e/ou inexperiência, da
convivência com o diferente. A resposta educativa à diversidade e a igualdade em
educação são, sem dúvida, um dos desafios mais importantes da atualidade. Alcançar
os objetivos da prática educativa requer trocas nas concepções, atitudes e
envolvimento de todo o quadro docente e, principalmente, das instituições
governamentais, em âmbito de políticas sociais e econômicas, fazendo com que a
realidade do princípio da educação seja, realmente, responsabilidade de todos.

Na última década houve vários avanços nas políticas de inclusão. Propostas de


educação inclusiva começam a acontecer nas redes de educação e nas escolas. A
Educação Inclusiva tem por objetivo entender as diferenças, mantendo-as ativas,
encorajando o seu aparecimento e expressão, enfim tornando-as presentes e
utilizáveis para o processo educativo de todos os alunos. Incluir uma criança na escola
regular significa proporcionar a todos os alunos o aprendizado de conviver com a
diversidade, sem anulá-la. Embora todos sabemos que a inclusão como imaginamos
e idealizamos não é a mesma que vemos na prática. Incluir não é simplesmente levar
uma criança com deficiência a frequentar o ensino regular. A inclusão é uma
conquista diária para a escola, para a criança e para seus pais.A educação é
responsável pela socialização, que é a possibilidade de convívio, com qualidade de
vida, de uma pessoa na sociedade; viabiliza, portanto, com um caráter cultural
acentuado, a integração do indivíduo com o meio. A ação pedagógica conduz o
indivíduo para a vida em sociedade, produzindo cultura e usufruindo-se dela. É certo
que as modificações em todos os âmbitos da sociedade afloram as desigualdades, de
modo a impulsionar discussões sobre as exclusões e suas consequências e lançar a
semente do descontentamento e da discriminação social, evidenciando-se a
necessidade de mudanças nas políticas públicas.Para que a inclusão realmente
aconteça são necessárias mudanças sociais, bem como um esforço mútuo de todos os
profissionais da educação na busca pelo aprimoramento da prática educativa. A
escola não é apenas um espaço social de emancipação ou libertador, mas também é
um cenário de socialização de mudança. A prática do currículo é geralmente
acentuada na vida dos alunos estando associada às mensagens de natureza afetiva e
as atitudes e valores.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas sociedades primitivas a educação era resultado da forma como os grupos se


organizavam. Sua sobrevivência dependia dessa organização no seu modo de
produção. Carvalho (2004), relata que na antigüidade primitiva, “a educação era
voltada para o cotidiano, para a satisfação das necessidades”(p. 21).
O homem desenvolveu uma série de mecanismos para suprir as suas necessidades
de sobrevivência e convivência em grupo. Entretanto com a evolução da sociedade e
o crescimento das comunidades humanas, este processo de socialização direta,
tornou-se incapaz de responder às demandas das novas gerações. Como solução para
esta lacuna surge o processo de educação.

Nas sociedades industriais contemporâneas institui-se a escolaridade obrigatória


como preparação das novas gerações para sua participação no mundo do trabalho e
vida pública. A educação socializa e permite a humanização do homem. Para Saviani
(1991):

[...] a função educativa passa a ser desenvolvida, fundamentalmente, pela escola.


Portanto, não é por acaso que é exatamente a sociedade burguesa que vai levantar a
bandeira da escola pública, universal, gratuita, obrigatória e leiga, isto é, todos terão
que passar pela escola. Os requisitos da sociedade moderna, que precisam ser
apropriados por todos, provocam o surgimento da escola como instituição que deve
garantir estes requisitos (p.30).

Um longo período foi percorrido entre exclusão e inclusão escolar e social, antes essa
prática relativa ao atendimento dos Alunos com Necessidades Educacionais
Especiais - ANEE era restrita as escolas especiais que em muitos casos desenvolviam
um regime residencial no qual o ANEE era afastado da família e da sociedade. Esse
procedimento conduzia a um aprofundamento maior do preconceito, reforçando a
segregação e os preconceitos sobre as pessoas que fugiam do padrão de
“normalidade” agravando-se pela irresponsabilidade dos sistemas de ensino para com
essa parcela da população.
O objetivo geral desta pesquisa foi investigar as deficiências na capacitação dos
profissionais de educação com relação a orientação inclusiva, para os portadores de
necessidades educacionais especiais. É preciso investir nos saberes que os
professores possuem e considerar que: Os problemas da prática profissional não são
meramente instrumentais; todos eles comportam situações problemáticas que
obrigam a decisões num terreno de grande complexidade, incerteza, singularidade e
de conflitos de valores. As situações que os professores são obrigados a enfrentar (e
resolver) apresentam características únicas exigindo portanto respostas únicas: o
profissional competente possui capacidades de autodesenvolvimento reflexivo.
No que cerne a formação de professores, fica comprovado, que, sem força de vontade
dos docentes, estes não obterão os saberes necessários à uma prática educativa de
qualidade, tendo em vista que a escola não é facilitadora deste processo. A inclusão
está denunciando o abismo existente entre o velho e o novo na instituição escolar
brasileira.
Assim sendo, o futuro da educação inclusiva está dependendo de uma expansão
rápida dos projetos verdadeiramente imbuídos do compromisso de transformar a
escola, para se adequar aos novos tempos. Não se muda a escola com um passe de
mágica, mas a implementação da escola inclusiva é um sonho possível. Os principais
indicadores de sucesso desses projetos têm a ver com as mudanças atitudinais de
professores, diretores e da comunidade escolar, assim como dos pais e alunos das
escolas, diante da inclusão. Não se trata aqui de alunos com deficiência, mas de todos
os alunos que estão na escola e dos que estão fora dela, porque foram excluídos ou
ainda não conseguiram nelas penetrar, por preconceitos de toda ordem: sociais,
culturais, raciais, religiosos.
A educação tem hoje um grande desafio que é garantir o acesso aos conteúdos
básicos que a escolarização deve proporcionar a todos os indivíduos. De modo geral,
as escolas têm apresentado esperanças para os alunos com necessidades educacionais
especiais. Isso pode ser entendido como um processo de trabalho em que a escola
acolha a todos, sem preconceitos e consciente de seus compromissos de formadora e
não apenas de instrutora das novas gerações e transmissora de um saber, que é
ultrapassado continuamente e que, assim sendo, não pode ser sistematizado
aprendido/ensinado, como antes.

Infelizmente, ainda não se tem uma clara definição das autoridades educacionais
sobre a adoção de uma política verdadeiramente inclusiva em nossas escolas
regulares. Se a educação especial se protege, ao se mostrar temerosa por uma
mudança radical da escola, a educação regular se omite totalmente, passando pela
questão muito rapidamente, mas protegendo-se da mesma forma de toda e qualquer
transformação de seu trabalho, alegando falta de preparo dos professores e de
condições funcionais para atender a todas as crianças, inclusive as que têm
deficiências. Nesse jogo político-institucional quem perde são sempre as crianças e a
nação brasileira, que tem suas novas gerações, mais uma vez, privadas dos benefícios
de uma escola que ensinaria justiça, democracia e abertura às diferenças, pelo método
mais eficiente: a convivência entre pares. Uma modalidade de ensino única reduz as
chances de se encaminhar os problemas e as dificuldades para ensinar algumas
crianças, com ou sem deficiências, em ambientes à parte e remete os problemas de
ensino às escolas, aos professores, à estrutura e ao funcionamento geral dos sistemas.
Essa situação desafiadora faz com que se ultrapassem os limites pedagógicos e
administrativos das escolas, na direção da inclusão.

Portanto, o momento é de descartar os subterfúgios teóricos, as distorções propositais


do conceito de inclusão condicionadas à capacidade intelectual, social e cultural dos
alunos, para atender às expectativas e exigências da escola. Porque sabe-se que é
possível refazer a educação escolar, segundo novos paradigmas, preceitos,
ferramentas, tecnologias educacionais. De fato, as condições que se tem, hoje para
transformar as escolas brasileiras autorizam a propor uma escola única, em que a
cooperação substitui a competição, pois o que se pretende é que as diferenças se
complementem e que os talentos de cada um sobressaiam. Dentre inúmeras reformas,
a elaboração e a execução de currículos, em todos os níveis de ensino, implicam em
interação e não mais em distribuição e transmissão do saber por via unilateral e
hierarquicamente direcionada do professor para o aluno. Ambos podem e devem ser
co-autores dos planos escolares, compartilhando todos os seus atos, do planejamento
à avaliação, e respeitando-se mutuamente. A avaliação da aprendizagem torna-se um
processo de duas mãos em que não se analisa apenas um de seus lados, o do aluno,
sem conhecer o outro, o do ensino e atuação do professor.

Trata-se de uma nova formação, que busca aprimorar o que o professor já aprendeu
em sua formação inicial, ora, fazendo-o tomar consciência de suas limitações, de seus
talentos e competências, ora, suplementando esse saber pedagógico com outros, mais
específicos, como o sistema braile, as técnicas de comunicação e de mobilidade
alternativa/aumentativa, ora aperfeiçoando a sua maneira de ensinar os conteúdos
curriculares, ora levando-o a refletir sobre as áreas do conhecimento, as tendências
da sociedade contemporânea, ora fazendo-o provar de tudo isso, ao aprender a
trabalhar com as tecnologias da educação, com o bilingüismo nas salas de aula para
ouvintes e surdos. A formação pode estimular o desenvolvimento profissional dos
professores, no quadro de uma autonomia contextualizada da profissão docente.
Importa valorizar paradigmas de formação que promovam a preparação de
professores reflexivos, que assumam a responsabilidade de seu próprio
desenvolvimento profissional e que participem como protagonistas na implantação
das políticas públicas.

A LDB ( Lei de Diretrizes e Bases )sugere planos de desenvolvimento


individualizados das escolas, respeitando a identidade social e cultural dos alunos,
participação ativa dos pais nas decisões das escolas e outros meios pelos quais pode-
se compatibilizar os princípios de uma educação verdadeiramente inclusiva, com
alternativas pedagógicas e organizacionais necessárias à sua consecução. Ou seja,
mudam as escolas e não mais os alunos. Pensar, decidir e trabalhar em favor da
inclusão é deflagrar por essa tão óbvia concepção, uma revolução no ensino.

4- REFERÊNCIAS

BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas


especiais. Brasília: UNESCO, 1994

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial,


1988.
CARVALHO, Rosita E. Educação Inclusiva: Com os Pingos nos “is”. Porto Alegre:
Mediação, 2004.

Declaração de Salamanca ( Espanha , 1994)


Educação inclusiva o professor mediando para a vida
Cristiane T. Sampaio
Sônia Maria R. Sampaio

Lei nº 13.146, de 6 de Julho de 2015. Lei esta que Institui a Lei Brasileira de Inclusão
da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).

MANTOAN, M.T.E. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo:
Moderna, 2003BRASIL.

Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. n. 9.394,


de 20 de dezembro de 1996.

MIZUKAMI, M.G.N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.

Plano de Desenvolvimento Individual para o Atendimento Educacional Especializado


(Rosimar Bortolini Poker
Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins
Anna Augusta Sampaio de Oliveira
Simone Ghedini Costa Milanez
Claudia Regina Mosca Giroto)

Sassaki, R. K. (1997). Inclusão: Construindo uma sociedade para todos.Rio de


Janeiro:WVA.

SAVIANI, Demerval. Educação e Questões da Atualidade. São Paulo: Cortez, 1991.


SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade; uma introdução as teoria do
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2004

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