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TRATO GATROINTESTINAL II Prof.

Cristina Diestel
cristinadiestel@gmail.com

Doenças do Intestino Delgado problema. Aproximadamente 60% de todos os casos são


diagnosticados após os 60 anos.

Doença Celíaca ou Enteropatia Sensível ao Cerca de 8 a 13% dos pacientes adultos com
Glúten ou Espru não-tropical doença celíaca irão desenvolver alguma doença maligna,
sendo as mais frequentes o linfoma intestinal não-Hodgkin,
A doença celíaca é uma doença sistêmica carcinoma de esôfago e carcinoma de orofaringe. O risco
imunomediada que ocorre em indivíduos geneticamente reduz de modo importante com a exclusão do glúten da
predispostos, expostos ao glúten e às prolaminas dieta, tornando-se semelhante ao da população em geral
relacionadas e a outros fatores ambientais. após 05 anos de tratamento adequado.

A doença celíaca (DC) ou enteropatia sensível ao Fisiopatologia


glúten é caracterizada por uma combinação de 4 fatores:
A doença primariamente afeta a mucosa das porções
(1) suscetibilidade genética  genes HLA classe II, HLA- proximal e média do intestino delgado, mas os segmentos
DQ2 e HLA-DQ8, presentes no braço curto do mais distais também podem estar envolvidos.
cromossomo 6. Esses genes estão presentes em mais
de 95% dos pacientes com doença celíaca. O glúten é parcialmente digerido no intestino em
(2) exposição ao glúten  as proteínas deletérias do fragmentos de gliadina, substrato preferido para a enzima
glúten, responsáveis pela lesão na mucosa são a transglutaminase. Na lâmina própria, a gliadina ativa a
gliadina (trigo), a hordeína (cevada), a secalina enzima tecidual transglutaminase, sofrendo desamidação e
(centeio), sendo a gliadina o componente mais aumentando sua imunogenicidade. A partir de então, a
estudado. A aveia não é imunogênica, porém, o glidina é apresentada às células apresentadoras de
problema é sua contaminação com o trigo. antígeno HLA-DQ2 ou DQ-8 para ativação de linfócitos T-
(3) fator ambiental desencadeante e CD4+. Uma vez ativados, ocorre a produção de citocinas
(4) resposta auto-imune na mucosa intestinal. O resultado dessa cascata
inflamatória é o dano na mucosa intestinal, característico
As gliadinas apresentam as frações alfa, beta, gama e da doença celíaca.
ômega, sendo a ALFAGLIADINA o fator protéico tóxico.
(Dan) A gliadina e gluteninas do trigo são ricas em prolina A resposta inflamatória auto-imune pode levar atrofia
e glutamina que são potentes ativadores da resposta dos vilos, má absorção e desnutrição. (Krause), além de
imunológica na doença celíaca. (Dan). hiperplasia das criptas e aumento da celularidade. As
células plasmáticas e linfócitos aumentados prejudicam a
Epidemiologia absorção de nutrientes. (Dan)

Há um predomínio da doença em indivíduos de raça A atrofia e o achatamento das vilosidades afetam


branca e no sexo feminino. gravemente, a área disponível para absorção de
nutrientes. Além disso, as células das vilosidades se
O início e a primeira ocorrência do sintomas pode tornam deficientes nas dissacaridases e peptidases
aparecer em qualquer momento da infância até a idade necessárias para digestão e também nos carreadores
adulta, mas o pico de diagnóstico ocorre entre a 4ª e a 6ª necessários para transporte de nutrientes para a corrente
década de vida. sangüínea. A liberação diminuída de colecistoquinina
diminui as secreções da vesícula biliar e pancreática e
A doença pode tornar-se aparente quando a criança contribui ainda mais para a má absorção. Na figura A
começa a comer cereais contendo glúten. Em alguns, pode observamos uma mucosa intestinal normal e na figura B
não aparecer até a idade adulta, quando pode ser uma mucosa atrofiada.
desencadeadas ou desmascarada durante uma cirurgia GI,
estresse, gravidez ou infecção viral. Ou pode ser
descoberta durante a avaliação para suspeita de outro

A B

Fig. Mucosa intestinal normal (A) e atrofiada (B)

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Diagnóstico da Doença Celíaca:  Gastrointestinais: Sintomas de má-absorção GI após
exposição ao glúten da dieta – diarreia ou esteatorréia,
O diagnóstico de doença celíaca é feito por uma perda de peso, dor e distensão abdominal e
combinação de avaliações clínicas, laboratoriais e deficiências nutricionais. Se manifesta entre 6 e 24
histológicas, porém a biópsia de intestino delgado é o meses de idade.
ponto final (padrão ouro) do diagnóstico.  Extraintestinais: Pouco ou nenhum sintoma GI (sem
diarreia). Predomínio das manifestações
Os anticorpos circulantes e seu subseqüente extraintestinais. Surge mais tardiamente. Os únicos
desaparecimento com dieta sem glúten adiciona força ao indícios podem ser a baixa estatura ou anemia.
diagnóstico. Esses exames são frequentemente usados
como triagem, seguidos, posteriormente da realização de A doença celíaca por ser ainda silenciosa, onde os
biopsia duodenal. pacientes assintomáticos, mas com sorologia e biopsia
positivas para a DC e potencial ou latente, naqueles que
Quanto aos testes sorológicos, o anticorpo possuem sorologia positiva, mas com biopsia intestinal
antiendomísio da classe IgA, obtido pela técnica de normal, mesmo com dieta contendo glúten.
imunofluorescência indireta é considerado o teste de
referência pela alta especificidade (93-100%) e Segundo Chemin, o quadro clínico apresenta a tríade
sensibilidade (98-100%). Os anticorpos transglutaminase dominante clássica constituída por diarréia, perda de peso
são realizados pela técnica de imunoensaio enzimático e astenia.
(ELISA) e possuem sensibilidade superiores a 90%. O
teste de antigliadina deamidada pode ser útil em crianças e Os sintomas mais comuns nas crianças de 06 meses
em pacientes com deficiência de IgA, realizando a a 03 anos de idade são: diarréia, esteatorréia, atraso de
dosagem de IgG. crescimento e puberdade, apatia, pouco ganho de peso,
vômito e distensão abdominal.
Em pacientes com DC é comum a deficiência de IgA,
dessa maneira, os médicos avaliam os níveis de IgA se os Os adultos podem experimentar perda de peso,
resultados sorológicos forem normais, mas o quadro apesar de apetite aumentado, dor abdominal, diarreia,
clínico sugerir DC. Também é possível utilizar os testes fraqueza e fadiga ou eles podem se apresentar com
sorológicos para monitorar a resposta de um paciente sintomas extra-intestinais como artralgia, anemia
recém-diagnosticado e tratado com uma dieta sem glúten. (principalmente por deficiência de ferro), osteopenia,
infertilidade e aborto recorrente ou espontâneo, síndrome
É, em seguida, realizada uma biópsia inicial (no do intestino irritável, neuropatia periferia, estomatite
duodeno, jejuno ou íleo) enquanto o paciente está com recorrente e outras formas de doença auto-imune.
uma dieta com glúten. Em seguida é obtida a remissão Segundo a Krause(2010) são manifestações da odença
com a retirada da gliadina. celíaca também, constipação crônica e má absorção de
vitaminas e minerais.
Manifestações clínicas:
As pessoas com dermatite herpetiforme, um distúrbio
Segundo Dan divide-se os sintomas da DC em de pele papulovascular com prurido, mostram sensibilidade
gastrointestinais e extraintestinais. intestinal à gliadina: 60% também possuem atrofia vilosa
grave do intestino delgado. A manifestação cutânea
também responde a uma dieta sem glúten.

Na tabela 06 podemos observar as manifestações extra-intestinais de doença celíaca.

Tab. 06 Manifestações extra-intestinais da doença celíaca e suas possíveis causas


Órgão Manifestação Causa provável
Hematopoiético Anemia Deficiência de folato, ferro, vitamina B12
Hemorragia, púrpura Hipoprotrombinemia, geralmente devido a má absorção de vitamina K
Esquelético Osteomalácia Absorção prejudicada de vitamina D
Osteoporose, dor óssea Formação de sabões de cálcio insolúveis por ácidos graxos no lúmen
Osteopenia, fraturas intestinal levando ao transporte e absorção de cálcio defeituosas
Hipolasia de esmalte dentário
Muscular Parestesias, Câimbras Depleção de cálcio ou magnésio devido à absorção precária
musculares, tetania, fraqueza Hipocalemia devido a perdas a potássio
Neurológico Neuropatia periférica Deficiências de vitaminas tais como tiamina e vitamina B12

Endócrino Hiperpartireoidismo 2° Má absorção de cálcio e vitamina D causando hipocalcemia


Hipopituitarismo 2° Desnutrição devido à má absorção
Insuficiência adrenocortical Hipopituitarismo
Hiperceratose folicular Deficiência de vitamina A
Petéquias e equimoses Hipoprotrombinemia

Tratamento da Doença Celíaca A retirada da gliadina (e das outras proteínas)


geralmente reverte o processo e a mucosa intestinal volta
Dentro de 02 a 08 semanas do início de uma dieta ao normal, entretanto alguns pacientes podem necessitar
sem glúten, a maioria dos pacientes relata que os sintomas de meses até anos de dieta para a recuperação máxima. A
clínicos desaparecem. gliadina deve ser evitada por toda a vida. Nesta dieta, trigo,
centeio e cevada são excluídos.

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Antigamente acreditava-se que a ingestão de aveia 2003, a Lei Federal 10674 foi promulgada em substituição
era questionável para indivíduos com DC, entretanto, a anterior, determinando que todos os alimentos
estudos mostraram que é segura a ingestão de aveia na industrializados deveriam conter a expressão “contém
dieta sem glúten se estiver na forma pura e não glúten” ou “não contém glúten”, conforme o caso. Há
contaminada. Uma população muito pequena de pacientes também, uma resolução – RDC 137, de maio de 20003 –
com DC pode não ser capaz de tolerara nem a aveia pura. para os produtos faramacêuticos, que devem conter a
Em geral, os pacientes não precisam ser aconselhados a expressão contem glúten para os medicamentos que
evitar a aveia livre de glúten em sua dieta, a menos que contém essas proteína.
tenham demonstrado intolerância a mesma.
A intolerância à lactose ocorre algumas vezes
Pode-se utilizar milho, batata, arroz, soja, tapioca, secundariamente à doença celíaca e necessita de
amaranto, quinoa, painço, araruta, polvilho doce e azedo, terapêutica apropriada. Normalmente após a dieta sem
sagu, mandioca, fécula de batata, fubá, farinha de milho, gliadina a lactase volta a níveis normais e a intolerância a
amido de milho e canjica, teff (erva do amor, origem lactose desaparece.
Etiopia) e trigo sarraceno/mourisco (é assim conhecido,
mas não pertence a família do trigo comum e não possui Em geral, deve-se avaliar os pacientes quanto a
glúten). Nos produtos para panificação sem glúten, deficiências nutricionais antes de iniciar a suplementação.
assados, podem ser usadas gomas como a xantana, guar Em todos os pacientes recém diagnosticados, o médicos
e celulose para fornecer a elasticidade necessária para deve considerar a verificação dos níveis de ferritina, folato
reter os gases de fermentação. NO quadro abaixo, deve-se eritrocitário e 25-OH- vitamina D. Se os pacientes
observar os cuidados com a dieta para evitar apresentarem sintomas graves como diarreia, perda de
contaminação com glúten. peso e má absorção e sinais de deficiências nutricionais
(cegueira noturna, neuropatia, tempo de protrombina
Segundo Dan, embora o trigo sarraceno não contenha prolongado, etc), devem-se verificar outras deficiências
glúten, ele pode estar contaminado com glúten e essa como (A, E., K) e os minerais (zinco).
contaminação pode ocorrer no campo, na colheita e na
moagem, pois o trigo sarraceno normalmente está próximo A recuperação da mucosa intestinal que ocorre após o
da plantação de trigo. início de uma dieta sem glúten melhora a absorção de
nutrientes e muitos pacientes que ingerem uma dieta sem
A relação entre o glúten e a doença celíaca está bem glúten bem balanceada não precisam de suplementação.
estabelecida, porém, a relação entre a quantidade de
glúten ingerida e a ocorrência de anormalidades clínicas e No entanto, a maioria dos produtos sem glúten
histológicas ainda não. A quantidade de glúten consumida especializados não é fortificada com ferro e vitaminas doo
não deve ser superior a 50mg/dia. Entretanto, como não é complexo B, como os outros grãos, assim, a dieta pode
possível analisar o conteúdo de glúten que o paciente com não ser tão completa sem ao menos uma suplementação
doença consome por dia, deve-se orientar que a dieta seja parcial. A anemia deve ser tratada com ferro, folato ou
totalmente isenta de glúten. Segundo o Codex vitamina B12, dependendo da sua natureza. Os pacientes
Alimentarius, para que um produto industrializado seja com má absorção óssea podem se beneficiar de uma
denominado gluten free a quantidade de glúten não pode avaliação da densidade mineral óssea para verificar a
exceder 20mg/kg. presença de osteopenia e osteoporose. A suplementação
de cálcio e vitamina D pode ser benéfica nesses pacientes.
A ausência de sintomas após consumir gliadina (e as A reposição de água e eletrólitos é essencial naqueles com
outras proteínas) não necessariamente significa que as diarreia grave,
vilosidades não estão danificadas. A condição precipitante
continua a existir e a gliadina causa alterações mucosas
Os pacientes que continuam com má absorção devem
dentro de horas. Entretanto os sintomas podem levar 02
receber um suplemento de vitaminas e minerais para
até 08 semanas ou mais para reaparecer.
atingir a RDA. Se houver má absorção o TCM pode auxiliar
a fornecer calorias.
Foi observado que adultos que iniciam e param a dieta
sem gliadina várias vezes podem atingir um estado no qual
Para os que não respondem ao tratamento, um
não respondem mais à dieta. Em casos não tratados, a
anamnese detalhada ajuda a identificar a fonte de
resposta exagerada imune e inflamatória eventualmente
contaminação de glúten ou tratamento de outra condição
resulta em lesão suficiente da mucosa intestinal, a ponto
subjacente pode resolver os sintomas. O diagnóstico de
de comprometer as funções secretoras, digestivas e
doença celíaca refratária é feito quando os pacientes não
absortivas normais, especialmente no intestino delgado
responde ou respondem apenas temporariamente a uma
proximal.
dieta sem glúten e todas as causas externas foram
descartadas incluindo a ingestão inadvertida de glúten. Os
No Brasil, em 1992, foi promulgada uma lei federal
pacientes com doença refratária podem responder a
que determinava a impressão da advertência “contém
esteroides, azatioprina, ciclosporina ou outras medicações
glúten” nos rótulos e nas embalagens de alimentos
classicamente usadas para supimir as reações
industrializados que apresentassem trigo, centeio, cevada
inflamatórias ou imunológicas.
e aveia e seus derivados em sua composição. Em maio de

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1) Defeitos raros congênitos tais como deficiências de
Espru Tropical (Krause) sacarase, de isomaltase ou lactase, vistas no recém
nascido;
2) Formas generalizadas secundárias a doenças que
É uma síndrome de diarréia que ocorre em áreas
danifiquem o epitélio (doença de Crohn ou doença
tropicais. Ela pode ser a seqüela de uma diarréia
celíaca);
infecciosa aguda, com subseqüente contaminação do
3) Uma forma que usualmente aparece após a
intestino por bactérias. Como na doença celíaca, as
infância, mas pode aparecer até os 02 anos de
vilosidades intestinais são encurtadas, porém as
idade.
alterações de superfície celular são muito menos graves. A
mucosa gástrica pode ser inflamada, com secreção
diminuída de ácido clorídrico e fator intrínseco. Deficiência de lactase

Os sintomas incluem diarréia, anorexia, distensão É causada por uma deficiência de lactase, a enzima
abdominal, assim como sintomas de deficiência nutricional, que digere o açúcar do leite, a lactose. Da população
tais como cegueira noturna, glossite, estomatite, queilose, mundial, aproximadamente 70% tem intolerância a lactose.
palidez e edema. A anemia pode resultar de deficiências
de ferro, ácido fólico e vitamina B12. A lactase é uma beta-galactosidade, que tem
predomínio no jejuno e está localizada no ápice das
Tratamento do Espru Tropical vilosidades, o que a torna mais sensível à lesão da
mucosa intestinal.
Envolve a restauração de fluídos, eletrólitos e
nutrientes. Esta patologia freqüentemente responde à A lactose não é hidrolisada a galactose e glicose e
terapia com antibióticos e folato. Juntamente com outros permanece no intestino e atua osmoticamente para atrair
nutrientes quando necessário, o folato é administrado água para o intestino. As bactérias colônicas fermentam a
oralmente, juntamente com vitamina B12 intramuscular lactose não digerida, gerando ácidos graxos de cadeia
(1000 g/mês). curta, dióxido de carbono e gás hidrogênio. O consumo de
mais de 12 gramas (01 copo de leite) pode resultar em
inchaço, flatulência, cólicas e diarreia.

Deficiências de Enzima da Borda em Escova Normalmente, a atividade de lactase declina


Intestinal exponencialmente no desmame para cerca de 10% do
valor neonatal. O declínio da lactase é comumente
Podem ocorrer como: conhecido como hipolactasia. A hipolactasia do tipo adulto
é o tipo mais comum de deficiência de lactase. A atividade
de lactase retorna após cirurgia intestinal ou desuso

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prolongado do TGI como em NPT, porém, geralmente, mais lento que o de bebidas lácteas líquidas e o teor de
lentamente. lactose é baixo. A tolerância ao iogurte deve ser devido à
presença de -galactosidase microbiana na cultura
Mesmo em adultos que mantém a atividade de bacteriana que facilita a digestão de lactose no intestino.
lactase, a quantidade de lactase é cerca de metade das
outras dissacaridases, como a sacarase, dextrinase ou Muitos adultos com intolerância a quantidades
glicoamilase. A hipolactasia pode ter relação com o moderadas de leite podem se adaptar e tolerar 12 gramas
aumento do câncer de cólon em algumas populações. ou mais de lactose no leite (240 ml de leite) quando
introduzidas gradualmente durante várias semanas
A exceção de tolerância à lactose tem atraído o (Krause). Isso ocorre não pelo aumento da enzima lactase,
interesse de geógrafos e outro preocupados com a mas pela adaptação da flora colônica que sofre adaptação
evolução da população mundial. Uma mutação genética a fermentação.
favorecendo a tolerância à lactose parece ter surgido há
aproximadamente 10.000 anos, quando se introduziu a A enzima lactase, como o Lactaid e os produtos do
produção leiteira pela primeira vez. Presumivelmente, isso leite tratados com a enzima lactase estão disponíveis para
teria ocorrido em lugares onde se estimulou o consumo de auxiliar a digestão dos intolerantes.
leite por causa de algum grau de privação alimentar e em
grupos nos quais o leite não era fermentado antes do
consumo a fermentação decompõe grande parte da
lactose em monossacarídeos). A mutação teria perdurado
seletivamente porque promoveria maior saúde,
sobrevivência e produção dos que carregavam o gene.

A deficiência de lactase é diagnosticada com base:

 Teste da absorção de lactose (Krause)  um teste de Enzima lactase comercial – Lactaid


tolerância a glicose anormal. Após a oferta de 02 g/kg de
lactose, máximo de 50 g (50g = conteúdo de lactose de 01
litro de leite) a glicose sérica aumenta menos de 25 g/ml Má absorção de Frutose (Krause)
ou mg/dl quando comparada ao nível de jejum. O jejum
deve ser de 08 horas para crianças eutróficas e 04 horas O consumo de frutose, especialmente a partir de
para as desnutridas. (Teixeira Neto, 2003) suco de frutas, bebidas à base de frutas e refrigerantes
contendo xarope de milho rico em frutose e doces tem
 Teste do Hidrogêncio Expirado (Krause) O aumentado significativamente. O intestino delgado humano
hidrogênio é produzido na fermentação da lactose pelas tem capacidade limitada para absorver frutose e sua
bactérias quando ela chega ao intestino grosso, onde não absorção é melhor quando é ingerida com glicose, que
deveria chegar. O hidrogênio é absorvido pelo intestino, estimula as vias de absorção da frutose.
transportado pela corrente sangüínea até os pulmões e, Embora a má absorção de frutose seja comum
então, exalado pelo ar expirado. A dose teste do açúcar em indivíduos saudáveis, seu surgimento parece depender
utilizada é de 02 g /kg de peso corporal, máximo de 50g da quantidade de frutose ingerida. Aqueles com doença GI
em solução de 20%. A determinação da quantidade de coexistentes estão mais propensos a sentir sintomas GI.
hidrogênio é feita através de técnica de cromatografia Estes indivíduos podem não ter problemas com
gasosa. Considera-se resultado positivo, um aumento de alimentos que contém quantidades balanceadas de glicose
concentração de hidrogênio maior que 20 ppm em relação e frutose, mas podem precisar evitar os alimentos com
ao valor em jejum em quaisquer amostras. grandes quantidades de frutose livre como pera, maça,
manga e pera asiática. Além disso, a maioria dos sucos
A demonstração de má absorção de lactose nem de frutas e frutas secas pode ser problemática se ingerida
sempre indica que o indivíduo será sintomático. Muitos em grandes quantidades, assim como, os alimentos
fatores atuam, incluindo a quantidade de lactose ingerida, adoçados com xarope de milho rico em frutose.
a atividade residual da lactase, a ingestão de alimentos em O metabolismo hepático da frutose é semelhante
conjunto com a lactose, a capacidade das bactérias do ao do etanol, na medida em que ambos servem como
cólon de fermentar a lactose e a sensibilidade do indivíduo substratos para a lipogênese de novo, promovendo assim,
aos produtos de fermentação de lactose. resistência hepática à insulina, dislipidemia e esteatose
hepática.
Caso o indivíduos seja sintomático, os sintomas dessa O grau de intolerância à frutose e os sintomas são
deficiência são aliviados com restrição à ingestão de variáveis entre os indivíduos e a quantidade a ser ingerida
lactose. deve ser individualizada.

As pessoas que fazem restrição de lactose devem Doenças Inflamatórias Intestinais (DII)
tomar suplementos de cálcio de vitamina D ou devem ter
cuidados de consumir esses nutrientes de fontes não As duas principais DIIs são a doença de Crohn (DC) e
lácteas. É necessário, também ler rótulos de alimentos a retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI). São de
cuidadosamente. evolução crônica, de etiologia desconhecida,
caracterizadas por períodos de atividade e/ou
A maioria dos adultos pode tolerar pequenas complicações, intercalados com fases de aparente
quantidades como 06 a 12 gramas sem sintomas, acalmia, possuem respostas terapêuticas semelhantes,
especialmente quando consumida com refeições ou na mesmo que, fisiopatologicamente devam ser consideradas
forma de queijo ou produtos lácteos fermentados. Com doenças diferentes.
freqüência os derivados de leite sólidos ou semi-sólidos
tais como queijos envelhecidos, são bem tolerados porque A etiologia das DII é desconhecida e multifatorial, mas
o esvaziamento gástrico destes gêneros alimentares é são apontados quatro aspectos que apresentam grande
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interação, além de sofrerem a influência de fatores Embora possa acometer qualquer faixa etária a DC
ambientais: os genéticos, os luminais (relacionados a predomina em pessoas jovens, com pico de incidência
microbiota, seus antígenos e produtos metabólicos e os entre 10 e 40 anos de idade, porém, 15% das pessoas têm
antígenos alimentares); os relacionados à barreira mais de 60 anos ao diagnóstico, caracterizando um
intestinal (incluindo os aspectos relacionados a imunidade segundo pico de incidência, menos evidente, entre 60-80
inata e à permeabilidade intestinal) e os relacionados à anos, configurando uma apresentação bimodal.
imunorregulação (incluindo a imunidade adaptativa ou
adquirida). Nas DIIs os mecanismos reguladores da As características particularmente importantes da DC
resposta imune são defeituosos ou os fatores que incluem:
estimulam a resposta imunológica e a fase aguda são  Pode envolver qualquer parte do TGI, da boca ao
intensificados, levando a fibrose e destruição tecidual. ânus. O intestino delgado, particularmente o íleo terminal
estão envolvidos;
Na DII há um exposição aumentada, diminuição dos  Inflamação segmentar – áreas sadias intercaladas
mecanismos de defesa ou redução da tolerância a algum com áreas inflamadas;
componente da microflora GI (Há alterações quantitativa e  Envolvimento transmural da parede levando à
qualitativas na microbiota intestinal de pacientes com DIIs, complicações como fístulas, ulceração, abscessos,
também ocorre aumento de bactérias anaeróbias com espessamento submucoso, estenoses (Figura 5) e
redução de bifidobactérias e lactobacillus). A resposta obstruções parciais do trânsito.
inflamatória inadequada e uma incapacidade de surpimi-la
têm um papel fundamental na doença.

Os fatores associados ao desenvolvimento de DII em


estudos epidemiológicos incluem um aumento na ingestão
de sacarose, redução na quantidade de frutas e hortaliças,
baixa ingestão de fibras alimentares, ingestão de carne
vermelha e álcool e alteração na proporção de ácidos
graxos poliinsaturados w3/w6. (Krause)

A DC e a RCUI compartilham algumas características


clínicas, por exemplo, as intolerâncias alimentares,
diarréia, febre, perda de peso, desnutrição (principalmente Estenose na doença de Crohn
na DC), deficiência de crescimento e manifestações extra-
intestinais (artrítica, dermatológica e hepática) ocorrem em As cirurgias podem ser necessárias para reparar
ambas doenças. Em ambas o risco de doença maligna é estreitamento ou remover porções do intestino quando o
aumentado com doença de longa duração. As duas tratamento clínico falha. A cirurgia não cura a doença,
doenças, entretanto, possuem características diferentes apenas trata as complicações.
em termos de genética, apresentação clínica e tratamento
Retocolite Ulcerativa Inespecífica (RCUI)
Epidemiologia:
A RCUI acomete igualmente ambos os sexos, e ao
- As DIIs são mais comuns em parentes de 1º grau: contrário da DC, a RCU apresenta dois picos de
exposição aos mesmos fatores ambientais ou pela incidência: um primeiro no adulto jovem, entre 15 e 35
presença de fatores genéticos comuns. anos, e um segundo entre os 60 e 70 anos, sendo que a
- O início da DII ocorre mais frequentemente em doença no idoso caracteriza-se por um quadro mais leve.
pacientes com 15-30 anos de idade, mas em alguns ocorre
mais tarde na vida adulta. Ambos os sexos são igualmente Ao que parece a nicotina e o hábito de fumar exerce
afetados. efeito protetor na RCUI e precipitante na DC, mas não
- A DII ocorre mais comumente em áreas explicações definitivas para este mecanismo até o
desenvolvidas do mundo, em áreas urbanas em momento.
comparação a ambientes rurais e em climas do norte em
comparação aos do sul - relação com dieta, hábito de As características particularmente importantes da
fumar e outras questões ainda não definidas. O aumento RCUI são:
da higiene pessoal e a conseqüente redução da exposição  A doença envolve apenas o cólon e sempre se
do sistema imune do intestino a micróbios durante a estende a partir do reto;
infância podem ser identificados como um denominador  A inflamação é limitada a camada mucosa;
comum para estes fatores que, posteriormente, resultam  A doença contínua é característica ao contrário da DC;
em resposta imune alterada, ou seja, em uma DII.  O sangramento retal ou diarréia com sangue são
comuns (e maiores que a DC)
Doença de Crohn (DC)
Na doença grave ou no risco aumentado de câncer, é
A incidência de doença de Crohn vem aumentando recomendada a remoção completa do cólon, com a criação
nos últimos anos por motivos não determinados. Acomete de uma ileostomia ou bolsa ileal. (Veremos a descrição
mais a raça branca, sem preferência por sexo. O fator destes procedimentos cirúrgicos mais adiante, ainda neste
genético parece ter papel mais importante na DC que na capítulo)
RCU. .

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Diferenças entre DC e RCUI (Krause)

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Tratamento Clínico das DIIs casos mais graves de doença de Crohn e no tratamento de
fístulas, mas ainda não se mostrou eficaz na colite
Os objetivos do tratamento das DIIs são induzir e ulcerativa
manter a remissão e o estado nutricional.
Na tabela abaixo podem ser observados os efeitos
O tratamento das manifestações GI primárias parece nutricionais dos medicamentos usados no tratamento das
corrigir a maioria das características extra-intestinais da DIIs: (Dan)
doença imunossupressores e antibióticos (metronidazol).

Um novo agente terapêutico que vem sendo


utilizado principalmente da DC é o infliximab que é um anti
TNF-, sendo assim, inativa uma das citocinas pró-
inflamatórias primárias. Ele é normalmente utilizado nos

Alterações Nutricionais Causadas pelas Drogas Usadas no Tratamento da DII


Ação Risco Nutricional
Corticosteroide
Inibe a ativação de linfócitos >Risco de infecção
Inibe liberação de IL_2 < cicatrização de feridas
Propriedades anti-infalamtórias Catabolismo
Estabilização da membrana lisossomal Hiperglicemia
Hipertensão areterial
Hiperlipemia
Retenção de sódio
Distúrbio hidroeletrolítico
Hiperfagia
Aumento da calciúria
Úlcera péptica
Sulfassalazina
Compete com a absorção de ácido fólico Deficiência de ácido fólico
Propriedades anti-inflamatória Desconforto gástrico
Azatioprina
Inibe síntese de purina Náuse a e vômitos
Bloqueio da proliferação de linfócitos Dor de garganta
Propriedades anti-inflamatórias Alteração do paladar
Anemia macrocítica
Colestiramina
Má absorção de gorduras Deficiência de vitamina A, D, E e K
Má absorção de vitamina lipossolúvel Distúrbio hidroeletrolítico
Má absorção de cálcio

Tratamento Cirúrgico das DIIs (Krause) - fornecer aporte adequado de nutrientes,


- contribuir para o alívio dos sintomas,
A cirurgia não cura a doença de Crohn e geralmente - proporcionar recursos nutricionais adequados para
ocorre reincidência dentro de 1 a 3 anos após a cirurgia. facilitar a cicatrização das lesões
Na colite ulcerativa, aproximadamente 20% dos pacientes - garantir suporte nutricional no pré e pós-operatório de
realizam colectomia e remoção do cólon, e isto resolve a pacientes com indicações cirúrgicas
doença. A colectomia é dependente da gravidade da - utilizar dietas que diminuam a atividade de doença
doença e de indicadores do aumento do risco de câncer. (Chemin, 2011)
- aumentar o tempo de remissão da doença (Chemin,2011)
- reduzir as indicações cirúrgicas (Chemin, 2011)
Avaliação Nutricional e Cuidado Nutricional nas DIIs
Ainda não está claro se os fatores dietéticos
A dieta e a nutrição desempenham um papel contribuem para exacerbar a doença, mas certamente
importante no tratamento de exacerbações e sintomas das podem agravar os sintomas.
DIIs.

Os principais objetivos da terapia nutricional são: Na tabela abaixo podemos observar os principais
- recuperar e/ou manter o estado nutricional, problemas nutricionais associados às DIIs.
- manter o crescimento em crianças,

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No quadro abaixo podem ser observados os principais déficits nutricionais observados nos pacientes com DII e seus
respectivos mecanismos (Chemin, 2016)

Vitaminas antioxidantes
Pacientes com DII estão sujeitos a intenso estresse oxidativo, o que leva a consumo de elementos antioxidantes como ácido
ascórbico, alfa e betacaroteno e licopenos. A suplementação com vitaminas E e C favorece a redução do estresse oxidativo.
Vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K)
Principalmente nos pacientes com DC e má-absorção e/ou naqueles com comprometimento ileal (ou ressecção). A falta de
reabsorção dos sais biliares no íleo terminal provoca redução no pool de sais biliares e prejuízo na absorção dos lipídios,
inclusive das vitaminas lipossolúveis. O uso de colestiramina (que promove a quelação de ácidos biliares) também
prejudica a absorção dessas vitaminas. A vitamina D é a vitamina lipossolúvel mais frequentemente afetada, o que contribui
ainda mais para o desenvolvimento de osteoporose.
Zinco
Até 50% dos pacientes com DC podem desenvolver déficit de zinco. A redução de zinco contribui para diminuição do
apetite. Paralelamente, há redução na fosfatase alcalina, que é uma metaloenzima do zinco.
Ácido fólico
A deficiência de ácido fólico é mais comum na retocolite ulcerativa (RCU) (até 60%) do que na doença de Crohn (DC) (até
40%) em grande parte pelo uso mais corriqueiro de sulfassalazina na RCU. A sulfassalazina interfere na absorção intestinal
de ácido fólico, ocasionando anemia macrocítica. Metotrexato também pode provocar deficiência de ácid fólico e
consequente mucosite, principalmente oral. Nessas duas situações, o paciente deve repor ácido fólico na dose de 1 a
5mg/dia, por via oral.
Cálcio
O uso de crticosteroides interfere na absorção do cálcio, o que deve ser lembrado especialmente no tratamento de crianças e
adolescentes, por causa da interferência no desenvolvimento e no crescimento. Também é descrita má-absorção de cálcio
em pacientes com DC. A deficiência de cálcio é relacionada com o desenvolvimento de osteopenia e osteoporose e com o
risco de fraturas.

9
Cobre
Pacientes com intensa diarreia, fístulas e estomias têm risco de desenvolver redução de cobre.
Ferro
Além da redução da ingestão, a perda crônica ou aguda de ferro por diarreia ou enterorragia justifica a redução da ingestão
de ferro nos pacientes com DII (anemia ferropriva, microcítica, hipocrômica). Essa perda tende a ser mais comum na RCU
(até 70% maior do que na DC (até 40%). A deficiência de ferro produz forte impacto na qualidade de vida dos pacientes.
Contribuem ainda para essa deficiência nesses pacientes a supressão da produção de eritropoietina por citocinas
proinflamatórias (por exempli, interleucina 6) e a alteração no metabolismo do ferro provocada pelo incremento de
citocinas proinflamatórias, de metabólitos reativos de oxigênio e do óxido nítrico.
Homocisteína
Os níveis de homocisteína costumam estar elevados tanto em crianças quanto em adultos com DII, particularmente na DC
aumentando ainda mais o risco trombótico já existente.
Lipoproteínas
Transportam gorduras e vitaminas lipossolúveis na circulação, contribuindo para a integridade da membrana celular. O
colesterol LDL e as lipoproteínas A-I e B estão geralmente diminuídos na DC, e os níveis não se correlacionam com
atividade da doença.
Magnésio e fósforo
Diminuem por redução da ingestão oral, por perdas crônicas (diarreia, fístulas) e por má-absorção intestinal. Contribuem
para osteopenia e osteoporose. O fósforo desempenha papel importante na manutenção das funções intestinais (por
exemplo, processo de absorção e reconhecimento de antígenos) e do equilíbrio da microbiota intestinal (equilíbrio entre
bactérias não patogênicas e potencialmente patogênicas).
Niacina
A deficiência de niacina gera pelegra, que pode ser verificada em pacientes com DC e importante má-absorção. Caracteriza-
se por lesões descamativas e hipercrômicas pelo corpo, particularmente em áreas expostas ao sol. Pode acompanhar-se de
fadiga e quadro psiquiátrico (por exemplo, lentidão, confusão).
Proteínas
Hipoalbuminemia é relativamente comum em pacientes com DII (até 65% dos casos). Contribuem para hipoproteinemia a
redução na ingestão alimentar, as perdas intestinais e o aumento do catabolismo. A dosagem de alfa-1-antitripsina nas fezes
é útil na avaliação de perda proteica intestinal. A depleção associa-se à maior mortalidade pós-cirúrgica.
A redução da albumina associada ao aumento da proteína C reativa significa atividade inflamatória e não pode ser
considerada para avaliação do estado nutricional,
Selênio
Está geralmente reduzido nos pacientes com intestino curto e naqueles submetidos à nutrição enteral por longo tempo.
Vitamina A
Faz parte do grupo das vitaminas lipossolúveis; reduzida em pacientes com má-absorção intestinal (esteatorreia) e naqueles
com baixa ingestão. Seu déficit provoca xerostomia, xeroftalmia, cegueira noturno e aumenta o risco de fraturas.
Vitamina B12
Particularmente nos pacientes com DC que comprometa o íleo ou em ressectados. A redução da ingestão também contribui
para o déficit de vitamina B12, com consequente anemia megaloblástica. A reposição por via intramuscular nesses casos é
recomendada.
Vitamina K
Além de ser fundamental nos processos de coagulação, a vitamina K também é um cofator na carboxilação de osteocalcina,
uma proteína crucial para incorporar o cálcio ao osso. A vitamina K promove a carboxilação dos resíduos do ácido
glutâmico nas proteínas que contêm esse ácido, como é o caso da osteocalcina. Relaciona-se, portanto, com o
desenvolvimento de osteoporose.

A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel cujo papel A deficiência de zinco na DII é frequente, por ingestão
no desenvolvimento da DII tem sido subestimado, seus oral inadequada, redução da absorção, aumento das
níveis estão associados a morbidade e a evolução da DII. necessidades e das perdas. Os baixos níveis séricos de
A deficiência de vitamina D facilita o desenvolvimento da zinco e a hipoalbuminemia estão associados a atividade
DC e da RCU e pode piorar a sua evolução e tem uma inflamatória e ao comprometimento do intestino delgado.
relação inversa com a atividade da doença. Evidências
sugerem que a vitamina D pode modificar favoravelmente Anemias
a resposta imunológica nas DIIs. Aparentemente, os
indivíduos que possuem níveis de vitamina D menores As anemias são muito comuns em pacientes com DIIs.
apresentam maior necessidade de corticoides, terapia Na tabela abaixo podem ser observadas as principais
biológica, narcóticos, tomografias, visitas a emergência, características das anemias nas DIIS.
internações e cirurgias quando comparados aos indivíduos (Dan)
com níveis normais.

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Principais características das anemias
Anemia ferropênica / anemia de doença crônica
Fontes Ferro férrico ou não heme = grãos, vegetais, ovo*, **
Ferro ferroso ou heme = carne vermelha, fígado, peixes e aves – é mais bem absorvido
Sintomas/sinais Assintomático, palidez cutâneo-mucosa, fadiga, glossite, unhas frágeis e quabradiças
Tratamento Oral = 50 a 100g de ferro elementar 2 vezes/ dia; 4 a 6mg/kg/dia – máximo de 200mg/dia
Intravenoso = ferro sacarato 200mg + 250m de soro fisiológico; 02 vezes / semana por 02 semanas e
depois 01 vez semana
Anemia refratária Não responde a 2meses de ferro, comum na doença crônica
Ocorre em 56% dos portadores de DC
Eritropoetina 150UI/kg subcutâneo, 2-3x por semana + Ferro oral ou parenteral por 6-12 semanas
*vitamina C e ácido clorídrico auxiliam a absorção
** oxalatos e fitatos prejudicam a absorção
Ferro elementar (%): sulfato ferroso: 20%; ferro polimaltoso: 30%; citrato de ferro amoniacal: 16,5%; gluconato ferroso: 12%

Principais características das anemias


Anemia megaloblástica (deficiência de B12 e folato)
Fontes Vitamina B12 = carne, ovo, peixe, leite e derivados
Folato = espinafre, feijão, fígado e amendoim
Sintomas/sinais Fadiga, irritabilidade, cefaleia, vertigem, zumbidos, palpitação, anorexia, perda de peso, dificuldade de
concentração, atrofia das papilas linguais, hiperpigmentação de extremidades (unhas)
Deficiência de vitamina B12: alterações neuropsiquiátricas, parestesias de extremidades, alteração de
marcha, incontinência urinária e fecal, impotência, irritabilidade, perda de memória, desorientação,
alteração de paladar e olfato, visão, depressão, alucinação
Tratamento Vitamina B12 = 1000mcg IM 01x ao dia por 01 semana
1000 mcg, IM 01 vez por semana por 8 semanas
1000 mcg, IM 01 vez por mês por toda vida se ressecção intestinal
Folato oral = 01 a 2 mg, 01 vez ao dia

Os pacientes com estenose ou obstrução parcial do óssea consequente a redução do conteúdo mineral ósseo.
intestino se beneficiam de uma redução nas fibras Constituem fatores de risco para a osteoporose nesses
alimentares ou limitação do tamanho da partícula de pacientes o uso de corticoides, baixo peso, má-absorção
alimento (Krause) de cálcio e vitaminas lipossolúveis e o próprio processo
inflamatório.
A desnutrição, por si só, compromete a função
digestiva e absortiva (redução da secreção de enzimas Segundo Projeto Diretrizes, crianças e adolescente
pancreáticas e diminuição da atividade enzimática na apresentam redução na velocidade de crescimento em 15-
borda em escova das células da mucosa intestinal) e pode 40% dos casos
aumentar a permeabilidade do TGI a agentes inflamatórios
potenciais. Á desnutrição aguda observada durante os
surtos de atividade de doença tem como principais A tabela abaixo o resume as recomendações
manifestações clínicas  perda de peso, anemia e nutricionais na fase aguda das DIIs.
hipoalbuminemia. (Chemin)

Segundo Chemin e Krause, pacientes com DII


(especialmente de DC) têm um risco maior de fratura

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Tab. Cuidado Nutricional na Fase Aguda das DIIs (Dieta de resíduo mínimo)

Característica da Recomendação
dieta
Valor energético total Krause – Necessidades não são muito aumentadas a não ser que se deseje ganho de peso
Chemin (2011) – 35-40 kcal/kg/dia
Projeto Diretrizes e Cuppari, - Oferta de 25-30 kcal/kg pode ser adequada para a maioria dos pacientes
Cuppari – suficiente para recuperar ou manter um peso corporal saudável (levar em conta o
hipermetabolismo das DII e a necessidade de recuperação de peso)
Proteínas Cuppari, 2014 e Chemin (2011)- 1 a 1,5 g (até 02g para desnutridos)/kg peso ideal/dia
Cuppari 2019 – 1,2 a 1,5g/kg peso ideal/dia
Krause -  50% das necessidades na fase ativa da doença
Krause – 1,3 a 1,5g/kg/dia
Lipídios Hipolipídica (< 20% das calorias totais), uma vez que podem piorar a diarréia (defic. sais biliares)
Carboidratos Normoglicídica
Isenta de lactose (níveis de lactase diminuídos pela diarréia)
Controle de mono e dissacarídeos para evitar soluções hiperosmolares que possam aumentar a diarréia
Rica em fibras solúveis (atuam na formação de AGCC) e pobre em fibras insolúveis.
Antifermentativa Evitar alimentos formadores de gases - brócolis, couve-flor, repolho, nabo, cebola crua, pimentão verde,
rabanete, pepino, batata doce, grãos de leguminosas, frutos do mar, melão, abacate, melancia, ovo
cozido ou frito quando consumido inteiro, semente oleoginosas, bebidas gasosas, excessos de açúcar e
doces concentrados.
Vitaminas e minerais Estimula-se a suplementação devido às restrições alimentares
A reposição de zinco e vitamina C tem importância para o sistema imune, estimulando a proliferação de
linfócitos T
Krause – a suplementação de vitaminas, especialmente folato, vitamina B6 e B12, minerais e
oligoelementos pode ser necessária. A diarreia pode agravar as perdas de zinco, potássio e selênio
Dan
A vitamina B12 deve ser medida regularmente em portadores de DC com ou sem ressecção de íleo
distal.
Em uso de corticosteroides – Ca 1500-2000mg/dia
Intestino curto ou ressercções múltiplas de intestino – avaliar vitamina D – se deficiência 25000-50000UI
Via de acesso Cuppari 2019 – complementos orais são recomendados para casos de DCcom inflamação intestinal
persistente, como nos dependentes de terapias com corticosteroide, oferecendo até 600kcal/fia,
associado a dieta oral
Volume Diminuído
Fracionamento Aumentado

A modificação das dietas orais e enterais nutrientes especiais tem sido estudada. Uso de dietas imunomoduladoras
enriquecidas com glutamina, ácido graxo ômega 3, TGF beta, como não há evidências científicas sobre os benefícios, não há
recomendações específicas para o uso dessas fórmulas enriquecidas. A tabela abaixo mostra os efeitos propostos para alguns
destes nutrientes isoladamente:

Tab. Efeitos de nutrientes específicos


Nutrientes Funções
Glutamina Fonte de energia para células de replicação rápida (enterócitos, linfócitos, fibroblastos), auxilia manutenção
barreira mucosa nas DIIs
Cuppari 2019 - adição de 0,3g/kg na nutrição parenteral não se associou com melhora na permeabilidade
intestinal, parâmetros nutricionais, atividade da doença e tempo de permanência hospitalar)
Ác. graxo Cuppari e Chemin: RCUI melhora da inflamação 3-5g/dia - Chemin (2011) e 3 a 6g/dia (Cuppari)
ômega 3 - Dan: sem evidências conclusivas em DC e RCUI
Krause:
- doença de Crohn reduzem significativamente a atividade da doença.
- colite ulcerativa parece resultar em um efeito poupador de fármaco importante, com redução na atividade da
doença e um aumento do tempo de remissão relatado.
Fibras São fermentadas pelas bactérias que produzem AGCC que fornecem 4,4 kcal/g, importante fonte E no cólon
solúveis Chemin (2011) – menor frequencia de evacuações com sangue em pacientes com RCU em atividade com a
utilização de enema de butirato por via retal. Uso de fibra mostrou ser útil na remissão em RCU
Nutrientes Funções
Próbióticos Chemin (2011) - eles atuariam como coadjuvantes na terapia de manutenção, aumentando seu período tanto na
DC quanto na RCU. Os probióticos produzem efeito benéfico na imunidade intestinal, produzem AGCC, amenizam
a intolerância à lactose, controlam a diarréia aguda, melhoram a atividade clínica da doença e previnem as
recidivas das DIIs.
Krause - prebióticos favorecem a formação de lactobacilos e bifidobactérias. A flora alterada e AGCCs produzidos
também podem servir para atenuar o processo inflamatório, especialmente na RCU. Entretando, segundo Krause
(2013), embora os probióticos pareçam ser úteis na colite ulcerativa, até o momento eles não mostraram melhora
significativa na atividade da doença de Crohn em doentes adultos e pediátricos; os suplementos probióticos
parecem não prolongar a remissão da DC. O uso de probióticos pode servir para evitar o crescimento bacteriano
excessivo de bactérias no intestino delgado e para tratar a diarreia.

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Cuppari, - os pacientes com DII apresentam menor quantidade de bactérias benéficas e o uso de probióticos pode
contribuir para o aumento do tempo de remissão, favorecendo o equilíbrio da microbiota intestinal. Contudo, ainda
há necessidade de melhor definição sobre quais cepas indicadas e a quantidade. O uso de probióticos é contra
indicado na fase ativa da doença, pela falta de evidência científica.
TGF-2 (fator É um polipeptídeo encontrado normalmente no leite, capaz de enriquecer a dieta enteral em razão de sua ação
transformador modular a imunidade intestinal, uma vez que antagoniza o TNF-α. Os estudos parecem demonstar benefíciosm
do mas a maioria não é controlado, de modo que não pode-se realizar sua indicação.
crescimento
B2)
Assim, o ideal é que predominem os lipídios com ação
anti-inflamatória. Fontes ideais de ácidos graxos, nesse
contexto anti-inflamatória, incluem canola e óleo de oliva.
Dietas especiais
Os resultados com a indução da remissão da doença
Segundo Consensos da ESPEN (2017), dietas de com o uso de nutrição enteral são mais efetivos em
exclusão foram descritas para aliviar os sintomas, mas pediatria do que em adultos, onde a taxa de remissão com
apenas alguns estudos relatam indução da remissão, nutrição enteral encontra-se na ordem de 60% ao contrário
sendo necessário o desenvolvimento de estudos de 80% dos corticosteroides, isso, após 4-8 semanas de
controlados para evidência científica. (Cuppari, 2019) tratamento com nutrição enteral. Em crianças e
adolescente, os resultados com terapia nutricional enteral
Segundo Chemin (2011), na literatura recomenda-se o exclusiva são mais positivos e semelhantes ao obtidos
uso de dietas de exclusão, especialmente para pacientes com os corticosteroides. Pelo efeito benéfico da dieta e
que estão constantemente com a doença em atividade. A isento de efeitos colaterais, a TNE exclusiva por 4-8
dieta de exclusão consiste em identificar e excluir semanas é superior ao efeito dos corticosteroides na
alimentos que afetam a atividade da doença ou exacerba terapia na DC em atividade em crianças e adolescentes.
os sintomas, promovendo menos surtos de ativação da Em adultos, a TNE exclusiva tem sido usados mais nos
doença do que a dieta normal, aumento da albumina sérica casos refratários, inclusive à terapia biológica, e no
e diminuição da velocidade de hemossedimentação (VHS). preparo para cirurgia.

Nesse contexto, inclui-se a dieta pobre em Em adultos, a terapia nutricional enteral exclusiva tem
FODMAPS. É uma dieta proposta diminuição dos sido utilizada mais nos casos refratários, inclusive a terapia
sintomas. (veremos mais em Síndrome do Intestino biológica e no preparo para cirurgia.
Irritável). Durante essa dieta há o comprometimento da
oferta de carboidratos e cálcio. Além disso, o impacto No que se refere ao tipo de dieta enteral utilizado, os
sobre a microbiota intestinal é intenso, uma vez que os resultados são semelhantes quando se oferece dieta
FOS constituem importantes prebióticos. Assim, é monomérica, oligomérica ou polimérica. Tendo em vista
importante futuras investigações para esclarecer o custo- que a dietas poliméricas são isoosmolares e mais
benefício dessa proposta. (Cuppari, 2019) palatáveis e mais paláveis por VO, essa é a recomendação
em DII. Entretanto, é importante colocar que em alguns
Terapia Nutricional nas DIIs pacientes com DC e importante lesão do intestino delgado
certamente se beneficiarão mais com dietas oligoméricas
A dieta enteral deve ser utilizada quando os pacientes pela maior absorção dos di e tripeptídeos na lesão
não conseguem atingir adequadamente suas intestinal. O mesmo se aplica aqueles que, por algum
necessidades por via oral. motivo, não toleram a dieta polimérica.

É comum o crescimento linear ser prejudicado no O ideal é introduzir a NE com muito baixo volume
início da DC pediátrica, antes do diagnóstico, bem como (20ml/h), com progressão gradual até a dose completa em
durante os anos subsequentes, o mesmo podendo 3-4 dias para evitar a diarreia. Para reduzir o volume/hora,
acontecer na maturidade, com relação a altura. Dos a NE deve ser infundida em 24 horas.
múltiplos fatores que contribuem para isso, a inadequação
nutricional crônica e os efeitos inibitórios do crescimento Projeto Diretrizes - Doença de Crohn:
diretos produzidos pelas citocinas produzidas pelo intestino - Em crianças com DC, a TNE deve ser indicada para
inflamado são os mais importantes. A NE é empregada no evitar o atraso no crescimento na doença leve a moderada
manejo dos pacientes pediátricos com DC, não apenas - A TNE exclusiva melhora a qualidade de vida em
para melhorar sua ingestão de calorias e o seu estado crianças
nutricional, intensificando o seu crescimento, mas também, - Em adultos com DC, a taxa de remissão com o uso da
como um tratamento básico da inflamação intestinal ativa. NE exclusiva é alta, independente da fórmula, mas os
As hipóteses em relação ao mecanismo de ação na corticoides são mais efetivos em induzir remissão.
melhora da inflamação incluem: alteração na flora - A melhora do crescimento e desenvolvimento, sem os
microbiana intestinal, eliminação de ingestão de antígenos efeitos colaterais dos corticoides, faz com que a terapia
dietéticos, diminuição da síntese intestinal dos mediadores nutrcional enteral, a melhor escolha para tratamento de
inflamatórios pela redução da gordura dietética, diminuição primeira linha em crianças com DC ativa.
das citocinas pró-inflamatórias, reposição nutricional global - As fórmulas com aminoácidos livres ou peptídeos não
e administração de micronutrientes importantes ao são recomendadas no tratamento da DC, sendo preferidas
intestino doente. Assim, as dietas enterais teriam um efeito as fórmulas poliméricas
anti-inflamatório e imunomodulador. - O benefício de fórmulas especializadas (modificação do
teor lipídico, inclusão de glutamina, ácido graxo ômega 3 e
No que se refere ao teor de lipídios das dietas enterais TGF-
utilizadas em DIIs o ideal é que haja um equilíbrio entre o
TCM e o óleo de peixe que tem atividade anti-inflamatória, Hoje, sabe-se que “descanso intestinal” com NPT não
o ácido oléico que tem atividade inflamatória intermediária é necessário para atingir a remissão e a NE é o meio
e o ácido linoleico que tem atividade pró-inflamatória. preferido de suporte nutricional e pode resultar em sucesso
13
de maior indução de remissão que a NPT. Porém, a NPT incluindo corticosteroides e imunossupressores. O
pode ser necessária para restaurar a nutrição em tratamento nutricional é de suporte, voltado para manter o
pacientes com obstruções, fístulas, doença grave peso e o estado nutricional, evitar a exacerbação dos
clinicamente de difícil controle e frente a ressecções GI. Na sintomas e manter a hidratação.
prática, contudo, alguns pacientes não conseguem tolerar
a nutrição enteral, sendo recomendado, nestes casos, o Síndrome do Intestino Irritável (SII) (ou
tratamento com a nutrição parenteral. Síndrome do Cólon Irritável)
As dietas elementares são praticamente totalmente
absorvidas no duodeno e jejuno proximal e podem ser Não se constitui uma doença e sim uma síndrome que
eficazes no fechamento de fístulas distais. As fístulas de envolve dor abdominal, inchaço e movimentos intestinais
estômago e jejuno podem receber dieta a montante por anormais
sonda ou jejunostomia. É importante o acompanhamento
do débito para verificar a eficácia da NE, se não pode As alterações fisiológicas parecem ser: sensibilidade
introduzir-se a NPT. visceral e motilidade alteradas em resposta ao estímulo GI
e ambiental, ou seja, as pessoas com SII são mais
Os pacientes com DIIs tem maior probabilidade no sensíveis à distensão abdominal, imprudências dietéticas e
desenvolvimento de alergias alimentares. A confirmação fatores psicossociais.
das reações GI alérgicas verdadeiras aos alimentos é um
processo difícil. O paciente deve desejar consumir uma A SII é considerada um distúrbio funcional, porque
dieta de aminoácidos ou uma dieta muito rígida composta é um diagnóstico de exclusão e é baseadas nos sintomas
de apenas 3 ou 4 alimentos com adição de cada um dos e não na anormalidade estrutural e bioquímica. É
alimentos suspeitos de cada vez. O alergeno é identificado comumente descrita como um distúrbio intestinal-cerebral
com base nos sintomas subjetivos e objetivos relacionados por causa da sua associação com a serotononina.
à adição e eliminação repetidas de alimento. Os anticorpos
circulantes às proteínas alimentares têm sido considerados
como um sinal de alergia, mas eles podem, na verdade,
ser um sinal de permeabilidade aumentada, ao invés de
uma alergia GI local.

Cuidado Nutricional na remissão das DIIs:

Chemin e Dan:
A dieta deve ser o mais liberal possível na remissão
da doença, voltando quando tolerado a ingestão lácteos.

Cuppari, 2019:
Proteina (remissão) – 1g/kg/dia – podendo chegar a
2g/kg de peso ideal ao dia em desnutridos
Fibras – evoluir progressivamente o teor de fibras
insolúveis

As ressecções intestinais exigem atenção à terapia


nutricional dependendo da área e da extensão da Características da SII
ressecção.

Obesidade e DIIs
Fisiopatologia da Síndrome do Intestino Irritável
Anormalidades Motoras
A DC é uma doença inflamatória crônica caracterizada
- Atividade colônica motora anormal (com e sem estímulo)
por um peculiar acúmulo de adipócitos mesentéricos que
- Atividade motora do intestino delgado anormal (com e
recobre a parede intestinal inflamada. Evidências recentes
sem estímulo)
sugerem que , na DC, o tecido adiposo mesentérico
- Atividade motora alterada em outros sítios (por exemplo,
hipertrofiado contribui para aumentar a atividade da
esôfagoo, estômago, vesícula biliar, esfíncter de Oddi,
doença e desenvolver complicações. O acúmulo de
bexiga e vias aéreas
gordura mesentérica é comumente encontrado em sujeitos
Anormalidade na sensibilidade visceral
com sobrepeso ou obesos, mas pode ser encontrado
- Sensibilidade aumentada em condições basais
também em indivíduos com peso normal e com obesidade
- Sensibilidade aumentada sob estímulo
central, visto na síndrome metabólica.
Fatores relacionados ao sistema nervoso central (SNC)
- Disfunção do SNC
Colite Microscópica (Krause) - Aspectos psicológicos
- Papel do estresse
É caracterizada pela inflamação do cólon que não é Papel das infecções intestinais
visível pela inspeção do cólon durante a colonoscopia e só Papel da intolerância alimentar (p. ex., intolerância a
é evidente quando o revestimento do cólon é submetido à lactose)
biópsia e então examinado ao micoscópio. Os sintomas Atividade neuro-hormonal alterada
incluem diarreia aquisa crônica, cólicas abdominais leves e Característica fecais (por exemplo, excesso de sias
dor. biliares, de butirato e alterações da flora intestinal)

Estão sendo feitas pesquisas para determinar Os sintomas mais comuns são: (Krause)
possíveis tratamentos eficazes para a colite microscópica,

14
 diarréia alternante e constipação; 1) excesso de uso de laxantes e outros
 dor abdominal (tipicamente aliviada por defecação); medicamentos sem prescrição;
 inchaço; 2) antibióticos;
 percepção de flatulência excessiva; 3) cafeína;
 sensação de evacuação incompleta; 4) enfermidade GI prévia;
 dor retal; 5) ausência de regularidade em sono, descanso e
 muco nas fezes ingestão de líquido.
 aumento dos transtornos GI relacionados ao sofrimento
psicossocial. O tratamento constitui-se em abordagem para
controlar os sintomas e fatores que podem dispará-los. As
O diagnóstico é baseado na presença de sintomas medicações podem incluir anti-espasmódicos, anti-
clínicos de intestino irritável mais do que 3x por mês nos colinérgicos, anti-diarréicos, pró-cinéticos ou anti-
últimos três meses, com início há pelo menos 6 meses depressivos.
atrás e devem incluir pelo menos duas das três
características: Segundo a Krause, a SII não resulta em má digestão
ou má absorção de nutrientes, porém a dieta é importante
- desconforto aliviado pela defecação, no controle dos sintomas. Grandes refeições e
- início associado a uma alteração na freqüência de determinados alimentos podem ser mal tolerados, como
fezes e quantidades excessivas de gordura da dieta, cafeína,
- início associado a uma mudança na forma das fezes. lactose, frutose, sorbitol e álcool. Isso é especialmente
verdadeiro em indivíduos com SII com predominância de
O diagnóstico ainda classifica a síndrome em um dos diarriea ou naqueles que há alternância de constipação de
3 subtipos: predominância de diarreia, predominância de diarreia.
constipação ou mista.
Tipo Sintomas Pacientes com constipação podem se beneficiar do
SII com constipação (SII-C) < 3 evacuações por uso de fibras como o psylllum, devendo evitar farelo de
semana trigo e manter um alta ingestão hídrica.
Fezes duras ou grumosas
Esforço durante as As alergias alimentares devem ser avaliadas,
evacuações verificando a necessidade de sua relação com os sintomas
SII com diarreia (SII-D) ≥ 3 evacuações por dia e necessidade de restrição de algum alimento em
Urgência fecal específico.
Fezes amolecidas/aquosas
SII mista (SII-M) Mistura de fezes duras e Alguns suplementos probióticos pode oferecer
moles durante períodos de benefício a SII, como o Bifidobacterium infantis cujo uso foi
horas a dias associado a melhora da dor ou desconforto abdominal,
SII não subtipada Anomalias dos padrões das inchaço e distensão, sensação de evacuação incompleta,
fezes insuficientes para flatulência, esofrços para defecação e satisfação do hábito
preencher os critérios das intestinal. (Krause, 2013)
classes acima
Obs.: as desregulações de serotonina no TGI do indivíduo Segundo a Krause/Dan uma dieta pobre em
correlacionam-se com o tipo de SII que o paciente oligossacarídeos, dissacarídeos e monossacarídeos
apresenta , baixas concentrações de serotonina fermentáveis e polióis. Esta dieta restringe os alimentos
correlacionam-se com um intestino lento e concentrações que contém frutose, lactose, fruto e galacto-
mais altas correlacionam-se com diarréia e aumento da oligossacarídeos (frutanos e galactanoas) e alcoóis de
peristalse açúcar (sorbitol, manitol, xilitol e maltitol). Estes nutrientes
são pouco absorvidos no intestino delgado, são altamente
A presença de supercrescimento bacteriano do osmóticos e rapidamente fermentados por bactérias e, tem
intestino delgado em um número significativo de pacientes disso demonstrado que a restrição destes alimentos por
com SII tem sido descrita, principalmente na SII com refeição reduz os sintomas GI em pacientes com SII,
predominância de diarreia. A SII pós infecciosa porém a quantidades adequadas para ingestão desses
normalmente aparece abruptamente após uma alimentos deve ser definida individualmente para cada
gastroenterite e é tratada como os demais tipos de SII. paciente. A dieta de eliminação envolve 6-8 semanas e
pós isso deve ser feita reintrodução gradual de uma
Além de estresse e hábitos alimentares, os fatores categoria por vez para observar os sintomas. Ver tabela
que podem piorar os sintomas e confundir o diagnóstico abaixo.
são:

15
O uso do óleo de menta também tem sido associado a melhora dos sintomas abdominais.

Reações não alérgicas ligadas a alimentos (Dan)


gastrointestinais como cólica e diarreia. Seu diagnóstico é
Aditivos alimentares e produtos químicos em alguns difícil, o que explica a falta de estudos bem conduzidos.
alimentos podem levar a uma extensa gama de sintomas
intestinais e extraintestinais. Os mecanismos envolvidos
nesse tipo de reação ainda são desconhecidos em sua
totalidade, embora dados iniciais sugiram possíveis
mecanismos modulados por IgE, é provável que outros
fatores estejam envolvidos.

Os sintomas mais frequente relatados incluem


urticária ou angioedema, também podem ser encontrados
flushing, asma, reações anafilactoides e sintomas

16
Sensibilidades a Aditivos Alimentares: alimentos mais comuns
Alimento Amina Glutamato Salicilato Sulfito Benzoato
Queijo x x x
Vinho x x x
Soja x x x
Chá preto x x
Tomate x x x x
Temperos x x
Morango e abacaxi x x
Espinafre x x
Molho inglês x x x
Frutas secas x x x

Supercrescimento bacteriano e fúngico no intestino


delgado (Dan) o Até 50% do intestino ressecado  geralmente é
bem tolerado, pois a capacidade absortiva é
A dieta influencia diretamente a microbiota, que, por recuperada com o processo de adaptação;
sua vez, está diretamente relacionada a várias etapas da o 50-75% do intestino ressecado  serão
fisiopatologia da SII. Recentemente começou-se a dar necessárias modificações dietéticas específicas,
bastante valor à inflamação intestinal como moduladora geralmente há indicação de nutrição parenteral no
desse processo, destacando-se especialmente infiltrado pós-operatório imediato (curto período) para manter
mastocítico como carro-chefe dessa teoria. Assim, disbiose o balanço de nutrientes e fluídos, a suplementação
levaria a menor atividades da tight junctions intestinais, de vitaminas e minerais também pode ser
menor produção de defensnas, muco, IgA que se traduziria necessária e o nível sérico destes minerais também
ppor aumento da permebiliodade intestinal, promovendo deve ser acompanhado, podendo haver
passagem de microorganismos e seus produtos para a necessidade de farmacoterapia para auxiliar o
submucosa, desencadeando processo inflamatório, controle da diarréia, especialmente durante a fase
migração de mastócitos e sua degranulação com liberação de adaptação;
de várias citocinas, Esse processo inflamatório seria, o Mais de 75% do intestino ressecado  há
então, identificado por fibras nervosas aferentes, que necessidade de nutrição parenteral (cuja
transportam essa informação ao SNC, que as modula e dependência será determinada pela capacidade
manda resposta eferente alterando motilidade, secreções e adaptativa do intestino remanescente) e a terapia
sensibilidades intestinais. nutricional é muito específica, bem como a
farmacoterapia, que deve levar em conta não só o
A síndrome do supercrescimento bacteriano intestinal controle da diarréia, como também a reposição de
representa o exemplo mais clássico do que é disbiose. nutrientes, cuja absorção não é satisfatória.

As infecções intestinais prévias predispõem ao SIBO e


a SII, pois gera alterações de motilidade. Essas situações Ressecção Duodenal: (Dan, Krause)
podem ser encontradas em até 30% dos pacientes com
SII. O supercrescimento, então, vai produzir grande  Não produz maiores conseqüências se a ressecção
fermentação de carboidratos não digeridos (fibras). for da 1ª e/ou 2ª porção e for mantido o canal bíleo-
Agravando os sintomas relacionados com várias pancreático.
intolerâncias alimentares e explicando de forma bem clara  A absorção de ferro, ácidos graxos e cálcio são,
um dos mecanismos de melhora sintomática dos então, compensados pelo jejuno.
ppacientes com a dieta pobre em Fodmaps.
Ressecção Jejunal: (Dan, Krause)
Ressecções do Intestino Delgado
 Pode haver prejuízo na absorção de açúcares, ácidos
As complicações e os distúrbios nutricionais e graxos, proteínas, vitaminas hidrossolúveis, cloretos e
metabólicos dependem da região ressecada e de sua potássio, eventualmente o duodeno ou íleo poderão
extensão. compensar esta absorção sem haver prejuízos
nutricionais.
Chemin:  Esta ressecção pode levar ao aparecimento de
 O pós-op. implica em jejum, com a utilização de intolerância a lactose, dada à atividade desta e de outras
sondas de descompressão até detecção da presença dissacaridases neste local.
de ruídos hidroaéreos, quando inicia-se a via oral, se  A passagem do alimento no jejuno exerce influência
não houver nenhum impedimento; nas secreções exócrinas pancreáticas e biliares (estímulo
 A cirurgia pode levar a  dos níveis de lactase, a secreção de secretina e colescitoquinina) o que, na
comprometendo a digestão da lactose  evitar ausência deste, pode causar  na absorção de nutrientes e
produtos lácteos em geral, nos primeiros dias de tempo de trânsito intestinal acelerado.
alimentação. A tolerância posterior depende de cada
indivíduo e é melhor ao iogurte que ao leite de vaca; Ressecção Ileal: (Dan, Krause)
 Quando a ressecção ocorre no intestino delgado, o
íleo é capaz de assumir as funções do jejuno, mas a  Se for do íleo distal terá conseqüências importantes,
recíproca não é verdadeira; pois ele é o único local da absorção do complexo vitamina
 Um fator importantíssimo para o prognóstico e B12/fator intrínseco e sais biliares além que o íleo absorve
conduta nutricional é levar em conta o tamanho da quantidades importantes de líquidos e fluídos ingeridos /
ressecção intestinal, o que pode-se estabelecer: secretados;
17
 Ocorre trânsito rápido de conteúdos intestinais e A dieta oral deve ser oferecida com pequeno volume e
existe área absortiva diminuída; fracionada, evitando-se fibras (principalmente insolúveis),
 Se o íleo remanescente ao for capaz de reciclar os lactose, grandes quantidades de doces e cafeína e
sais biliares secretados no TGI, a produção hepática não gorduras (usar TCM). Um suplemento de vitaminas e
pode manter o pool adequado para emulsificação de minerais pode ser necessário para atingi-se as
lipídeos. necessidades e devido às perdas de vitaminas
 A lipase gástrica e a pancreática podem digerir alguns lipossolúveis e de cálcio, zinco e magnésio podem ser
triglicerídeos, mas sem a formação de micelas estes não necessárias quantidades extras destes nutrientes. A
podem ser adequadamente absorvidos. consistência inicial da dieta oral pode ser líquida e
 A má absorção de gordura leva a má absorção de alimentos sólidos podem ser gradualmente introduzidos,
vitaminas lipossolúveis A, D e E. individualmente.
 Os ácidos graxos mal absorvidos formam “sabões” de
cálcio, zinco e magnésio o que resulta também na má Supercrescimento de Bactérias no Intestino
absorção destes nutrientes. Delgado/Síndrome da Alça Cega (Krause)
 Conseqüentemente à formação destes “sabões”, há
um  da absorção colônica de oxalato que normalmente Distúrbio caracterizado pelo crescimento bacteriano
está ligado aos cátios Ca, ZN e Mg levando a hiperoxalúria excessivo que resulta da estase do TGI como resultado de
e cálculos de oxalato renal. doença obstrutiva, enterite de radiação, fístula ou reparo
 Ocorre a formação de ácidos graxos hidroxi por cirúrgico.
bactérias colônicas a partir de gordura mal absorvida e
resultar em absorção diminuída de fluídos e eletrólitos; Um dos sintomas mais comuns do supercrescimento
 A desidratação relativa e a urina concentrada podem  bacteriano do intestino delgado é a diarreia crônica pela
o risco de formação de cálculos. má digestão de gordura. As bactérias desconjugam os sais
 Os cálculos biliares de colesterol podem acontecer biliares que além de serem citotóxicos, são menos eficazes
com maior freqüência, pois a proporção de ácido biliar, na formação de micelas. Pode ocorrer má absorção de
fosfolipídeo e colesterol nas secreções biliares está carboidratos devido a lesão secundária da borda em
alterada, resultado das ressecções ileais. escova pela ação dos produtos bacterianos tóxicos. As
 Pode-se verificar a intolerância a lactose e sacarose, bactérias também usam a vitamina B12 para seu
devido a deficiências de dissacaridases na mucosa crescimento.
intestinal, porém, caso o paciente tolere podem ser usadas
em pequenas doses. As bactérias dentro do intestino delgado produzem
 Má absorção de vitamina B12 que precisa ser ácido fólico como um subproduto do seu metabolismo e é
suplementada comum haver deficiência de vitamina B12 associado à
 A retirada da válvula íleo cecal promove aceleração do concentração normal ou elevada de ácido fólico sérico.
trânsito e permite o refluxo de bactérias do cólon para o
intestino delgado O tratamento medico envolve o uso de antibióticos
 Chemin  Cirurgias onde o íleo remanescente é para controlar o crescimento bacteriano excessivo e
menor que 100 cm, implicarão em reposição intramuscular modificação cirúrgica.O uso de probióticos ainda tem sido
de vitamina B12 e dieta hipolipídica. Recomenda-se o uso pouco estudado e os benefícios são inconclusivos, porém,
de TCM (gordura de coco – 80% TCM e industrializado). se forme utilizados devem ser evitadas as cepas
Como TCM não fornece AGE, verificar absorção, para produtoras de D-lactato (p. ex. lactobacillus acidophilus e
avaliar reposição endovenosa. lactobacillus fermenti) pois isso pode aumentar o risco de
acidose D-lática, o que pode ser fatal.
Tratamento nos Pacientes submetidos a
Ressecção Intestinal Tratamento dietético:
- Dieta que limite os carboidratos refinados, como amidos
As medicações são prescritas para retardar o refinados e açúcares (lactose, frutose e açúcar-álcool) e
esvaziamento gástrico,  as secreções intestinais, tornar substitua os grãos integrais, vegetais e oligossacarídeos, o
mais lenta a motilidade GI e tratar o crescimento que pode limitar a proliferação dos microorganismos e o
bacteriano excessivo. aumento da motilidade.
- Pode-se usar TCM e deve-se administrar vitamina B12
A maioria dos pacientes com ressecção intestinal parenteral.
importante necessita de NPT inicialmente e a duração
desta até sua evolução para NE, depende da extensão da Doença Diverticular (Krause)
ressecção ileal, do estado de saúde do paciente e na
condição do TGI remanescente. Alguns pacientes podem A diverticulose se refere à herniações semelhantes a
necessitar usar NPT para suplementação por toda a vida. sacos na parede colônica (Figura 7), provavelmente
decorrentes de pressões colônicas aumentadas a longo
Quanto a NE, deve-se: 1) iniciar o mais precoce prazo, possivelmente decorrente da constipação intestinal
possível e; 2)  a concentração e o volume da dieta (fezes secas e duras).
gradualmente. As dietas em regime contínuo de infusão
são mais bem toleradas. A ocorrência de diverticulose está diretamente
relacionada a dieta com baixo teor de fibras e falta de
Os alimentos estimulam a adaptação e a melhora do exercícios e inversamente relacionada a dieta com alto
TGI, diminuindo a má absorção e podem ser melhoradas teor de fibras.
com a suplementação de glutamina (combustível
energético para enterócitos) e AGCC produzidos pela
fermentação bacteriana colônica (combustível energético
para colonócitos).

18
o Tu cólon direito  diarréia e dor vaga no abdômen,
nos estágios mais avançados surgem anemia e
tumor palpável no quadrante inferior direito.
o Tu cólon esquerdo  constipação intestinal, fezes
afiladas, escuras ou eventualmente com sangue.
o Tu de reto  tenesmo e evacuações
mucossangüinolentas.

 Tratamento: cirurgia, rádio e quimioterapia ou uma


associação destas modalidades.

 Cirurgias para Tratamento do Câncer de Cólon:


Fig. 08 Divertículos colônicos o Hemicolectomia direita  para tumores do cólon
direito. Se houver ressecção da válvula íleo-cecal e
As complicações da doença diverticular variam de de uma porção do íleo terminal pode ocorrer diarréia
sangramento leve sem dor e hábitos intestinais alterados aquosa ocasionada pela entrada de sais biliares no
até diverticulite, que constitui a inflamação do divertículo e cólon, bem como pela perda funcional da válvila.
pode levar a formação de abscessos, perfuração aguda, o Retirada do cólon transverso para tumores neste
sangramento agudo, obstrução e sepse. local
o Hemicolectomia esquerda  para tumores do cólon
Tratamento nutricional: esquerdo;
o Retossigmoidectomia Abdominal  para tumores
- diverticulose: dieta de alto teor dietético de fibras e, é de sigmóide;
claro, de líquidos e esta prática alivia os sintomas de Observação  se o tumor invade órgãos vizinhos
muitos pacientes. Pode-se proceder ao aumento gradual este também pode ser retirado junto com o tumor,
do teor de fibras da dieta procurando-se evitar efeitos como um “bloco”;
colaterais como inchaço ou gases. Os suplementos de o Colectomia Total com Íleoretoanastomose (retirada
metilcelulose e psyllium são utilizados com bons completa do intestino grosso e união do íleo com o
resultados. (Krause, 2010) reto)  indicada para casos de câncer colorretal
hereditário sem polipose ou com polipose
- diverticulite: dieta com pouco resíduo, uma dieta adenomatosa familiar. Esta cirurgia pode ocasionar
elementar ou, em casos complicados, NPT, seguida de um  eliminação das fezes e diarréia. Como tempo, as
retorno gradual para dieta com alto teor de fibra conforme evacuações passam a ser mais sólidas, numa
melhora a inflamação. freqüência de cerca de 2 a 3 vezes por dia.
o Proctocolectomia Total (retirada completa do cólon
A Krause relata que existe uma associação inversa entre e reto)  faz-se a união do intestino delgado com o
o consumo de frutos de casca rígida e pipoca e o risco de ânus. Faz-se um reservatório com o próprio
diverticulite, não justificando a restrição de cascas e intestino delgado (bolsa ileal) para fazer o papel do
sementes duras. Sugere-se que a alteração de microbiota reto e conter as fezes antes da evacuação.
tenha papel na diverticulose, podendo o uso de probióticos o Quando um segmento significativo do intestino
ter benefício. grosso é retirado da continuidade por um desvio
onde não passa fluxo de fezes, pode ocorrer a
Câncer de cólon chamada colite de desvio  caracterizada por
cólicas e diarréia e a solução ocorre com a
reanastomose. A infusão no reto de AGCC parece
Câncer das civilizações industrializadas. ter um efeito curativo. Exemplo desta situação
ocorre na exclusão de parte do cólon nas
Fatores de risco alimentares  dieta pobre em fibras e rica colostomias.
em gordura, alto consumo de carne vermelha e álcool,
obesidade, sedentarismo .
Fatores protetores alimentares  vitaminas A, C, D, E e os
Ressecção de cólon: (Chemin)
minerais selênio e cálcio (alto consumo de frutas, vegetais
frescos, cereais) e prática de atividade física. (Chemin).  No pós-op é comum a diarréia pelo menos até
adaptação e porções do intestino anteriores a
Outros fatores de risco  portadores de RCUI e Doença ressecção efetuem a compensação e  de eletrólitos e
de Crohn, especialmente após 10 anos de doença; água.
portadores de polipose adenomatosa familiar.  Recomenda-se o uso de próbióticos após cirurgia
intestinal para recolonização da flora;
A ingestão excessiva de dietas com alto índice e carga  Próbióticos devem conter microorganismos viáveis de
glicêmica induz ao aumento da insulina plasmática, que linhagem pertencente à flora microbiana, que resiste à
por sua vez aumenta a síntese de IgF-1, o que, em acidez gástrica, seguro par o ser humano, com
mulheres obesas, aumenta o risco de câncer de cólon. durabilidade durante o armazenamento e capacidade
Níveis de insulina e IGF-1 podem ser considerados de aderência na mucosa intestinal, produzindo efeitos
preditores da associação entre indicadores de estilo de benéficos.
vida e mortalidade após ressecção de câncer colorretal.  Uso de probióticos com bactérias láticas nas
concentrações de 109 a 1011, têm sido relacionadas à:
 Pacientes com câncer de cólon geralmente se o  incidência, gravidade e duração de doenças
apresentam com pouca ou nenhuma perda de peso; gástricas e intestinais;
o preservação da integridade intestinal;
 Sintomas: alteração do hábito intestinal é o mais o atenuação dos efeitos de outras doenças intestinais,
freqüente. como diarréia associada ao uso de antibióticos, DIIs
e colite
19
o Melhora da intolerância à lactose no primeiro dia de pós-operatório, posteriormente
evoluindo para dieta normal. A tolerância a dieta é melhor
Dan: Alimentação oral precoce após ressecções colorretais e a ocorrência de íleo paralítico é menor frente a cirurgia
é um dos muitos fatores que contribuem para melhorar a laparoscópica em relação a cirurgia convencional.
recuperação após a cirurgia, impactando, principalmente,
no íleo de pós-operatório. Sugere-se ingestão de líquidos

Modificações dietéticas necessárias para adequada terapia nutricional durante o pós-operatório de colectomia
indicadas a pacientes com alterações no padrão dos movimentos intestinais
Características e recomendações
- Reduzir ou suprimir e fibra vegetal insolúvel
- Reduzir inicialmente o total de gordura, principalmente as que mais estimulam a secreção biliar. Aumentar gradativamente a
quantidade, de acordo com a tolerância do paciente
- Reduzir ou suprimir a lactose da dieta e reintroduzir gradativamente, de acordo com a tolerância do paciente
- Evitar estimulantes do peristaltismo intestinal, como alimentos excessivamente condimentados, pimenta, café e bebidas
gaseificadas
- Evitar alimentos que causem flatulência: repolho pepino, couve-flor, leguminosas com calma, melancia, grão de bico,
alcachofra
- Fracionar a alimentação em 5-6 pequenas refeições ao longo do dia
- Ingerir volume hídrico de 1,5-2 litros por dia, fracionados em pequenos volumes
- Utilizar suplementos de fibra hidrossolúvel (gomaguar, Platago vata), antes das principais refeições para aumentar a
consistência e o volume das fezes
- Quando o íleo terminal for removido, recomenda-se administração intramuscular de vitamina B12
- Evitar frituras e alimentos muito frios ou quentes
- Recomenda-se o repousa na posição sentada 30 minutos após as principais refeições
- Evitar durante os primeiros 2-3 meses de cirurgia os seguintes alimentos: leite e derivados, embutidos, patês, carnes muito
duras e fibrosas, mariscos, cereais integrais e derivados, legumes, verduras muito fibrosas como alcachpfra e repolho, frutas
cruas muito fibrosas, frutas secas, bebidas alcoólicas, maionese, doces e chocolates
- Após a fase inicial (2-3 meses), reintroduzir gradativamente os alimentos desaconselhados, observando tolerância do
paciente. Continuar evitando cereais integrais, legumes e verduras fibrosas. Consumir com moderação frutas, verduras e
hortaliças.

Bolsa Ileal pós-colectomia (Krause) relacionada ao crescimento bacteriano excessivo, má


absorção de sais biliares ou produção insuficiente de
ácidos graxos de cadeia curta. A terapia primária é com
É uma alternativa a realização de uma ileostomia, a
antibióticos, mas estão sendo investigados o uso de fibras,
criação de uma bolsa usando porção do íleo distal
pré e próbióticos.
anastomosado no reto.

Ileostomias e Colostomias (Estomias)


Consiste na abertura de um canal para permitir a
defecação da porção intacta do intestino, pode localizar-se
no íleo (ileostomia) ou no cólon (colostomia).

Podem ser temporárias ou definitivas. A consistência


da evacuação pelo estoma depende de sua localização
(Ver figura). A consistência das fezes de uma ileostomia é
líquida enquanto de uma colostomia varia de mole a bem
formada.

Bola ileal em J

Como o cólon, a bolsa desenvolve uma microflora


capaz de fermentar, pelo menos, parcialmente as fibras e
carboidratos. Como o reservatório é menor que o cólon, o
indivíduo evacua maior n.° de vezes, pelo menos 4 a 8 ao
dia.

A freqüência e volume das fezes não retornam ao


normal. As mesmas diretrizes dietéticas para eliminação
de fezes aumentadas e restrição de resíduos devem ser
seguidas. Deve-se monitorar ingestão de líquidos e
eletrólitos. As injeções de vitamina B12 são necessárias,
porque, como na síndrome da alça cega, os micróbios
podem competir e utilizar a vitamina B12 intraluminal.

Uma das complicações deste procedimento é a bolsite


ou inflamação da bolsa. Sua etiologia parece estar
20
Fig Consistência das fezes dependendo do local da reidratação oral bebericada ao longo de todo o dia, evitar
colostomia. (Krause) líquidos hipertônicos e contendo açúcar, restrição de
alimentos contendo fibras insolúveis, separação de sólidos
Ileostomia: e líquidos nas refeições e consumo de refeições menores
e mais frequentes.
As fezes da ileostomia possuem um odor fracamente
ácido que não é desagradável. Segundo Chemin, quando débito da ileostomia é alto
> 3 litros  devem-se associar medicações antidiarréicas.
Na ileostomias, o débito inicial, nos primeiros 15 dias é
de 1200ml, quando a adaptação acontece (2-3 meses Bebidas esportivas apresentam baixo teor de sódio (
depois), as perdas fecais vão diminuindo e as fezes se 20 mmol/litro) e não são a melhor opção para a reidratação
tornando menos líquidas. O débito normal do íleo para o dos pacientes  soluções de reidratação são mais
cólon é de 750ml a 1,0L no TGI intacto. (Krause) indicadas, pois indica-se 90mmol sódio/litro para promover
absorção proximal deste eletrólito. (Chemin)
Os pacientes com ileostomia têm necessidades acima
da média de sal e água. Colostomia:

A ileostomia normal bem funcionante não esgota o As fezes com odor desagradável, geralmente são
paciente nem lhe confere um gasto energético aumentado. causadas pela esteatorréia ou bactérias que atuam sobre
Os pacientes com ileostomia possuem, normalmente, os alimentos produzindo gases mal cheirosos. (Krause)
baixas ingestões de vitamina C e folato, devido a baixas
ingestões de vegetais e frutas e podem necessitar de sua Os alimentos que tendem a causar odor nas fezes da
suplementação. colostomia são: milhos, feijões, secos, cebolas, repolho,
alimentos muito condimentados, peixe além de antibióticos
Segundo a Krause (2013), uma vez que, nestes e alguns suplementos de vitaminas e minerais. Então,
pacientes, o esvaziamento gástrico pode ser rápido e os deve ser dada atenção a estes alimentos fermentecíveis,
gêneros alimentícios não são fermentados com a mesma pois além de cólicas causadas pelos gases, a retenção
intensidade, a absorção de nutrientes pode ser um pouco destes na bolsa coletora da ostomia causa desconforto.
melhor a partir de frutas e hortaliças cozidas, trituradas ou (Chemin)
amassadas. Já que é possível que um bolo alimentar fique
retido no ponto onde o íleo se estreita, conforme o bolo Colostomia e Ileostomia (Krause)  as
entra na parede abdominal, é importante alertar o paciente recomendações são de manter uma dieta pobre em
para evitar vegetais muito fibrosos e mastigar bem os resíduos por 6-8 semanas após a cirurgia, pois o intestino
alimentos. pode estar edemaciado e, portanto, com risco de lesão e
obstrução após a cirurgia. A maioria dos pacientes faz a
Ileostomia de alto débito (Krause)  débito maior que transição com o aumento da ingestão gradual de fibras
2000ml/dia ao longo de 3 dias seguidos com depleção de após 6 semanas.
água, Na e Mg. O tratamento inclui correção da depleção
de eletrólitos e minerais, início de uma solução de

21
Cirurgia do reto Em algumas situações pode ser necessária uma
colostomia temporária para proteção da
Segundo Chemin as cirurgias para tratamento de anastomose;
câncer de reto incluem: o Amputação Abdominoperineal  para tumores de
o Ressecção anterior de reto  retirada do sigmóide reto baixo, é realizada uma colostomia permanente.
e do reto com anastomose do cólon com o ânus.

oral ou enteral, sendo necessário o uso contínuo da


Síndrome do Intestino Curto (SIC) nutrição parenteral.

Pacientes submetidos a ressecções distais do


Nos indivíduos normais, o comprimento do intestino
intestino delgados, geralmente apresentam:
delgado é muito variável, indo de 300 a 850 cm, ficando
 Falta de sais biliares e problemas para absorção de
numa média em 620 cm.
gorduras;
 Não conseguem absorver B12 (sítio absortivo íleo
Manifestações graves podem ser observadas em
terminal);
paciente após ressecção intestinal e menos de 200 cm de
intestino delgado remanescente (jejuno e íleo).
 Ocorre possivelmente, deficiência de vitaminas
Consideram-se casos ainda mais graves quando restam
lipossolúveis;
menos de 100 cm de intestino delgado. Segundo Chemin,
 Ocorre possivelmente, deficiência de cálcio, magnésio
ressecções maciças que envolvem mais de 75% do
e zinco (formação de sabões insolúveis com ácidos
intestino, caracterizam a SIC (Estas ressecções segundo
graxos);
Dan, deixam 70-100cm de intestino delgado
 Maior risco de formação de cálculos de oxalato pela
remanescente).
maior absorção deste no cólon.
 Irritação do cólon por sais biliares e ácidos graxos não
O comprimento remanescente de intestino e a
absorvidos;
presença de anastomose jejunoilealse correlaciona com a
 Na ausência da válvula íleo-cecal, ocorre refluxo de
insuficiência intestinal. De forma geral, necessita-se de um
conteúdo bacteriano colônico, desconjugação dos sais
determinado comprimento crítico de intestino
biliares e utilização bacteriana de vitamina B12.
remanescente capaz de evitar a dependência permanente
da TNP:
Pacientes submetidos a ressecções proximais do
- intestino remanescente (IR) maior que 35cm nos
intestino delgados, geralmente apresentam:
pacientes com anastomose jejunoileal
 Hipersecreção gástrica  resposta aumentada à
- IR maior que 60cm dos pacientes com anastomose
pentagastrina, que estimula a secreção gástrica de ácido
jejunocólica
clorídrico, pepsina e fator intrínseco.
- IR amior que 115cm nos pacientes com jejunostomia
 Inativação da lípase pancreática por acidez gástrica;
terminal,
 Insuficiência pancreática por redução da secretina e
colecistoquinina;
A etiologia da SIC é variada, no adulto, predominam a
 Carga osmótica dos acúcares não absorvidos (falta de
doença vascular mesentérica, câncer e doença de Crohn.
dissacaridases).
Em crianças, destaca-se a enterocolite necrotizante, volvo
e atresia intestinal.
Adaptação Intestinal:
O intestino delgado possui grande capacidade de
Caracteriza-se pelo aumento progressivo da
reserva funcional para absorção de nutrientes, permitindo
capacidade absortiva do intestino remanescente, ocorre
a remoção de até 45% sem prejuízo da absorção. A
hipeplasia da mucosa. O processo adaptativo inicia-se 12-
preservação do íleo terminal e particularmente do esfíncter
24h da ressecção intestinal, com aumento gradativo ao
íleo cecal favorece a compensação frente à extensa
longo do tempo.
ressecção intestinal.
Para adaptação intestinal, é de extrema importância o
A falência intestinal se estabelece quando não se
uso do tubo digestivo para alimentação. A ausência de
pode manter o estado nutricional através de alimentação
22
nutrientes intraluminais diminui a adaptação intestinal pós-  Ausência de válvula íleo-cecal e/ou cólon (o cólon
ressecção, pela liberação ou intensificação da apoptose pode atuar no esvaziamento gástrico, pelo mecanismo
enterocítica na mucosa. inibitório de retroalimentação hormonal, o chamado “freio
colônico”);
A adaptação intestinal na SIC pode ser influenciada  Relação entre tamanho do intestino residual e peso do
por: paciente;
 Presença de nutrientes na luz intestinal,  Doenças nos segmentos intestinais remanescentes;
metabolizados ou não;  Enterite de radiação;
 Secreções pancreático-biliares estimuladas pela  Desnutrição coexistente.
ingestão de nutrientes  Incapacidade adaptativa do intestino remanescente
 Hormônios como GH (hormônio do crescimento), IGF-
1 (hormônio insulina símile 1), insulina, EGF – fator de A diarreia associada a SIC possui diversas causas que
crescimento epidérmico precisam ser adequadamente tratadas, como pode ser
 Redução da motilidade (o quimo passa através do ID observado no quadro abaixo.
em menos que 1/3 do tempo)
 Presença do cólon, pois este assume importância na
digestão de carboidratos que, podem ser fermentados 1) Fase inicial da SIC esta fase dura, em média, até 01-
pelas bactérias colônicas formando AGCC que quando mês quando há redução da diarréia.
absorvidos fornecem calorias adicionais (4,4 kcal/g) e
estimulam a absorção de sódio e água. O cólon também Características:
tem a capacidade de absorver TCM. - Fase logo após a ressecção intestinal
 Arginina : O intestino é um importante local para seu - Desequilíbrio hidroeletrolítico
metabolismo. È precursora das poliaminas, que são - Incapacidade de usar o TGI
essenciais para o crescimento e a diferenciação de células - Início da NPT no pós-operatório
eucarióticas. - Controle de quadros infecciosos relacionados ao cateter
 Glutamina: Participa na síntese de ac. Nucléicos e venoso profundo
na proliferação celular. - Controle da diarréia e hiperglicemia e da hipersecreção
 TCL, TCM e Fibras: gástrica
Obs.: segundo Chemin a adaptação atinge um máximo em
cerca de dois anos após a cirurgia. Segundo Chemin, um dos objetivos nutricionais é
promover o desmame da NP o mais breve possível.
A abordagem atual para determinar a capacidade
funcional do enterócito e/ou intestinal está centrada na Prescrição da TNP:
avaliação de marcadores específicos como a concentração - Calorias – 25 a 35 kcal/kg/dia
de citrulina. A avaliação pós absortiva da concentração de - Proteína: 1 a 1,5g/kg/dia
citrulina se correlaciona intensamente com outras medidas - Carboidratos: ≤ 7g/kg/dia
da função intestinal, como a capacidade digestiva básica - Lipídios: 1 g/kg/dia
para proteínas e gorduras. Pacientes que irão receber TNP por mais de 3m são
candidados a Nutrição Parenteral Domiciliar.
Na SIC, existem alguns fatores prognósticos, que são:
 Idade avançada;
 Tamanho pequeno de intestino residual; Pacientes com falência intestinal são orientados a
 Ressecção distal ou invés de proximal; controlar diariamente o seu balanço hídrico para auxiliar no
manejo de fluídos.

Agorítmo para o tratamento farmacológico das diarreias associadas a SIC

23
2) Fase intermediária  duração de 01-03 meses
transição entre na NPT e a TNE

Características: Recomendações em NP: (Dan)


- Caracterizada pelo processo adaptativo
- Desmame progressivo na NPT e concomitante introdução - 1,4x o GEB ou 30 kcal/kg
da TNE - 0,8 a 1,4g/kg/dia proteína
- TNE participa no processo de adaptação intestinal (efeito
trófico) – pode-se iniciar a dieta enteral quando débito é
menor que 2l/dia.
- A composição da dieta exige cuidado (carboidratos, Recomendações Nutricionais (Chemin)
lipídeos, proteínas e osmolaridade)
- A ESPEN sugere o início da TNE em combinação com a
dieta oral em pacientes com SIC. A grande vantagem da Energia: Enteral – acréscimo de 50% ou em torno de
NE na estimulação intestinal é o modo de administração 60kcal/kg/dia
contínuo. O objetivo da NE contínua é promover melhor Com adaptação, na fase de manutenção – 24 kcal/kg/dia
distribuição e máxima exposição aos nutrientes à
superfície intestinal disponível. NO uso da TNE o uso de Proteínas: 1,5 a 2 g/kg/dia
formulações poliméricas é mais vantajoso, exceto em
casos de má absorção grave.
Atingir necessidades de forma gradual e progressiva

Na tabela abaixo pode ser observada recomendação


dietética na SIC na presença ou ausência de cólon:

Recomendações Nutricionais (Dan)

Energia: 60 kcal/kg//dia ou mais ou 200 a 400% das


necessidades basais

Proteínas: 1,5 a 2g/Kg/dia

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Recomendação dietética de acordo com a presença ou ausência de cólon
Presença de cólon Ausência de cólon
Carboidratos 50 a 60% do valor energético total 40-50% do valor energpetico total
Carboidratos complexos Carboidratos complexos
Limitar o uso da sacarose Evitar o uso da sacarose
Gordura 20-30% do valor energético total 30-40% do valor energético total
Usar quantidades adequados de ácido graxos Usar quantidades adequados de ácido graxos
essências TCM/TCL TCL
Proteína 20% do valor energético total 20% do valor energético total
Alto valor biológico Alto valor biológico
Fibra Fibra solúvel para secreções líquidas Fibra solúvel para secreções líquidas
Oxalato Restrito Sem restrições
Líquidos Soluções de reidratação oral Evitar líquidos durante as refeições, preferir
Evitar líquidos durante as refeições, preferir intervalos
intervalos
Vitamina Suplemento polivitamínico diário Suplemento polivitamínico diário
Mensal: B12 Mensal: B12
Provável: A, D, E e suplementos Provável: A, D, E e suplementos
Minerais Uso de cloreto de sódio na comida, 1000-1500mg 400 a 600mg de cálcio
de cálcio diariamente, possivelmente suplementos possivelmente suplementos de ferro, magnésio e
de ferro, magnésio e zinco zinco
reduzir oxalato
Refeições 4-6 refeições fracionadas 3 pequenas refeições + 2-3 çanches

Para os pacientes com o cólon presente, com objetivo com jejunostomias e podem levar a desidratação se
de prevenir a formação de cálculo renal na síndrome do consumidos em altas quantidades.
intestino curto, devemos evitar a desidratação e orientar a
dieta pobre em oxalato, lembrando que os alimentos fontes Devido a esse processo de absorção no manuseio de
são: aveia, trigo integral, farinha de soja, morango, uva, água e sódio, presença de cólon faz toda a diferença na
cítricos, ameixa, chá preto, café instantâneo, chope, absorção de líquidos. Pacientes com ressecções de íleo e
chocolate, cacau em pó, tofu, grãos de soja, manteiga de cólon possuem alto risco de diarreia e desidratação. Para
amendoim. pacientes com jejunostomia ou ileostomia terminal, a
ingestão oral de líquidos deve ser maior que o débito da
No início do manejo dietético, a lactose é excluída da ostomia (geralmente 1,5-2 L/dia). As soluções de
dieta, porém, depois a exclusão permanece apenas reidratação oral são boas opções pois possuem eletrólitos
naqueles pacientes que apresentem intolerância a mesma. e glicose.
A reintrodução da lactose deve ser lenta e gradual. A
tolerância da lactose pels pacientes gira em torno de 20g. Todos os pacientes com SIC devem evitar líquidos
hipertônicos (ex. suco de frutas) porque bebeidas que
A absorção de pacientes com SIC é de 60-65% da possuem altas concentrações de açúcar não balanceadas
ingestão calórica total, que deve ser compensada com com sódio promovem retirada de água e sódio para dentro
aumento da ingestão. Recomenda-se 32kcal/kg/dia peso da luz intestinal. A ingestão de cafeína e bebeidas
ideal (pode dobrar naqueles com mais de 50% do intestino alcoólicas também deve ser evitada. A ingestão de líquidos
ressecado) Ex: se a ingestão oral é de 32kcal/kg/dia, pode- deve ser lenta e fracionada em pequenas porções ao longo
se dizer que 19 serão absorvidos de modo que deverão dos dias.
ser completadas as outras 13kcal pela NPT.
Nas tabelas abaixo, temos o exemplo de cardápio do
Para manutenção do estado nutricional após uma ambulatório de intestino curto do hospital das clínicas de
adaptação dietética, é necessário 50 a 70cm de intestino SP (Dan):
delgado remanescente com o cólon intacto ou 110 a 150
cm de intestino remanescente na ausência de cólon. Dieta SIC – fase 01
Fase 1 Substituição
O uso de medicações constipantes é por vezes útil em Desjejum Tapioca simples Mingau de
retardar o trânsito entérico e favorecer a absorção. Lanche da tarde Sagu tapioca*
Segundo Chemin, são necessárias suplementações de Ceia Água de coco
vitaminas e minerais. Almoço Tapioca simples
Jantar Gelatina diet com Mingau de
Líquidos: a composição de líquidos vai depender d albumina tapioca*
extensão e da porção do intestino remanescente. A Sagu
osmolaridade e o conteúdo de glicose, sódio e outros íons *Feito com suco em pó diet. Quando não houver tapioca
do líquido são importantes porque podem contribuir para o podem ser acrescentados 5g de fibra solúvel a cada 500ml
aumento das perdas em pacientes com SIC. Líquidos de SRO (soro de reidratação oral, 01 litro ao dia
hipoosmolares não contém as quantidades necessárias de fracionado)
sódio e glicose para facilitar a sua absorção em pacientes

25
Dieta SIC – fase 01 Dieta SIC – fase IIC
Fase 1 Substituição Fase IIC Substituição
Desjejum Tapioca simples Mingau de Desjejum Tapioca simples Mingau de
Lanche da tarde Sagu tapioca* Lanche da tarde Pão bisnaga tapioca*
Ceia Água de coco Ceia Sagu Para de fruta
Almoço Tapioca simples Água de coco Torrada simples
Jantar Gelatina diet com Mingau de Geleia diet
albumina tapioca* Almoço e Jantar Arroz branco Sopa de legumes
Sagu Clara de ovo com clara de ovo
*Feito com suco em pó diet. Quando não houver tapioca Legume cozidos e TCM (para
podem ser acrescentados 5g de fibra solúvel a cada 500ml TCM consistência
de SRO (soro de reidratação oral, 01 litro ao dia Gelatina diet com líquida)
fracionado) albumina Abóbora,
Sagu mandioquinha,
Dieta SIC – fase IIA chuchu, batata,
Fase IIA Substituição beterraba,
Desjejum Tapioca simples Mingau de abobrinha
Lanche da tarde Sagu tapioca* Mingau de
Ceia Água de coco Para de fruta tapioca*
Gelatina diet
Almoço e Jantar Arroz branco Sopa de legumes
Legume cozidos (para Dieta SIC – fase IID
Gelatina diet com consistência Fase IID Substituição
albumina líquida) Desjejum Tapioca simples Mingau de
Sagu Abóbora, Lanche da tarde Pão bisnaga tapioca*
mandioquinha, Ceia Sagu Para de fruta
chuchu, batata, Água de coco Torrada simples
beterraba, Geleia diet Gelatina diet com
abobrinha Fruta cozida albumina
Mingau de Almoço e Jantar Arroz branco Sopa de legumes
tapioca* Carne cozida com clara de ovo
Legume cozidos e TCM (para
*Feito com extrato de soja. Quando não houver tapioca TCM consistência
podem ser acrescentados 5g de fibra solúvel a cada 300ml Gelatina diet com líquida)
de SRO (soro de reidratação oral, 01 litro ao dia albumina Carne bovina,
fracionado) Sagu aves suína ou
ovo. Abóbora,
mandioquinha,
Dieta SIC – fase IIB chuchu, batata,
Fase IIB Substituição beterraba,
Desjejum Tapioca simples Mingau de abobrinha
Lanche da tarde Pão bisnaga tapioca* Mingau de
Ceia Sagu Para de fruta tapioca*
Água de coco Torrada simples
Geleia diet
Almoço e Jantar Arroz branco Sopa de legumes Dieta SIC – fase III
Legume cozidos (para Fase III Substituição
Gelatina diet com consistência Desjejum Tapioca simples Mingau de
albumina líquida) Lanche da tarde Pão bisnaga tapioca*
Sagu Abóbora, Ceia Sagu Para de fruta
mandioquinha, Água de coco Torrada simples
chuchu, batata, Geleia diet Gelatina diet com
beterraba, Fruta cozida albumina
abobrinha Almoço e Jantar Arroz branco Sopa de legumes
Mingau de Carne cozida com clara de ovo
tapioca* Caldo de feijão e TCM (para
Legume cozidos consistência
TCM líquida)
Gelatina diet com Carne bovina,
albumina aves suína ou
Sagu ovo. Abóbora,
mandioquinha,
chuchu, batata,
beterraba,
abobrinha
Mingau de
tapioca*

26
3) Fase tardia (fase crônica)  após 3 meses  A alimentação oral deve ser fracionada em 6 a 8
refeições/dia, pobre em resíduos, mas rica em fibras
Características: solúveis.
- A máxima adaptação intestinal deve ser atingida
- Ocorre a dependência ou independência de NPT
- Prevenção de complicações da SIC ou da terapia Recomendações Nutricionais segundo o Dan para esse
nutricional (sepse, deficiências nutricionais, hipersecreção período:
gástrica, falência hepática e cálculos renais)
Recomenda-se 35 kcal/kg/dia e 1-1,5g/kg/dia de proteína,
A terceira fase ocorre na vigência de ingestão oral sendo 20-30% de gorduras na dieta
para manter o peso estabilizado. Nem todos os pacientes
chegam a este estágio. Até chegar a esta fase pode variar
de 03 a 12 meses, podendo chegar a 02 anos. Após a Transplante de Intestino Delgado (TID)
ingestão oral os pacientes vão necessitar de (Dan)
suplementações vitamínicas, dependendo da área
ressecada de vitaminas A, D, K, B12 e ácido Fólico. Recentemente o TID despontou como a única opção
Ajustes devem ser feitos na oferta de Na, K, Cl, Ca, Mg, terapêutica para pacientes em falência intestinal
Fe, Zn e Cu de acordo com os exames irreversível (FI), onde a NPT deixou de ser uma
possibilidade terapêutica. Nesses casos o TID, aumenta a
Esta fase marca o término do processo adaptativo sobrevida
intestinal.
e restabelece o prazer da degustação dos alimentos. A função intestinal envolve vários fatores relativos a
O TID pode ser isolado, somente do intestino delgado ou transporte, digestão, absorção de nutrientes, produção
combinado com outros órgãos abdominais como com o enzimática e hormonal, proteção mecânica e imunológica.
fígado, por exemplo. A total desconexão da inervação e da drenagem linfática
promove graus variados de distúrbios na fisiologia do
A função intestinal envolve vários fatores relativos a enxerto. A função hormonal do enxerto, em geral é pouco
transporte, digestão, absorção de nutrientes, produção afetada no TID.
enzimática e hormonal, proteção mecânica e imunológica.
A total desconexão da inervação e da drenagem linfática A NPT é iniciada dentro de 01 a 02 dias após TID,
promove graus variados de distúrbios na fisiologia do quando o paciente se torna hemodinamicamente estável. A
enxerto. A função hormonal do enxerto, em geral é pouco conversão de NPT em enteral ou oral é de tempo variável.
afetada no TID. Logo que ocorre o retorno da peristalse, por volta do 7° ao
10° dia de pós-operatório, e com a integridade da mucosa
A NPT é iniciada dentro de 01 a 02 dias após TID, avaliada por endoscopia, a alimentação enteral por
quando o paciente se torna hemodinamicamente estável. A jejunostomia pode ser iniciada com baixo volume e de
conversão de NPT em enteral ou oral é de tempo variável. forma contínua, dando-se preferência a fórmulas
Logo que ocorre o retorno da peristalse, por volta do 7° ao elementares ou semi-elementares com glutamina. Após 02
10° dia de pós-operatório, e com a integridade da mucosa a 03 semanas administra-se gordura como uma mistura de
avaliada por endoscopia, a alimentação enteral por TCL e TCM que pode ser absorvida diretamente na
jejunostomia pode ser iniciada com baixo volume e de circulação portal, contudo, ácidos graxos essenciais devem
forma contínua, dando-se preferência a fórmulas ser administrados por via parenteral para evitar carência.
elementares ou semi-elementares com glutamina. Após 02 Com a melhora do enxerto, a alimentação vai progredindo
a 03 semanas administra-se gordura como uma mistura de até o paciente conseguir ingerir por via oral.
TCL e TCM que pode ser absorvida diretamente na
circulação portal, contudo, ácidos graxos essenciais devem A função do enxerto intestinal pode acompanhada
ser administrados por via parenteral para evitar carência. pelo estudo da dependência de NPT, peso, altura (em
Com a melhora do enxerto, a alimentação vai progredindo pediatria), volume de urina e da drenagem pelo estoma
até o paciente conseguir ingerir por via oral. (normalmente deixa-se uma ostomia e a reconstrução do
trânsito é feita em 02 a 03 meses) e freqüência e natureza
A função do enxerto intestinal pode acompanhada das fezes.
pelo estudo da dependência de NPT, peso, altura (em
pediatria), volume de urina e da drenagem pelo estoma Reabilitação em falência intestinal (Dan)
(normalmente deixa-se uma ostomia e a reconstrução do
trânsito é feita em 02 a 03 meses) e freqüência e natureza A insuficiência intestinal(II) é uma condição
das fezes. decorrente da obstrução, dismotilidade, ressecção
cirúrgica, defeitos congênitos ou perda da absorção em
Transplante de Intestino Delgado (TID) associação à doença e se caracteriza pela incapacidade
(Dan) de manter o balanço protéico-calórico, hídrico,
eletrolítico ou de micronutrientes.
Recentemente o TID despontou como a única opção A SIC é uma das formas mais comuns de II.
terapêutica para pacientes em falência intestinal A reabilitação intestinal é o processo de restaurar
irreversível (FI), onde a NPT deixou de ser uma a função intestinal pela dieta, medicação e terapias
possibilidade terapêutica. Nesses casos o TID, aumenta a cirúrgicas não envolvendo o transplante.
sobrevida e restabelece o prazer da degustação dos O Objetivo principal é: Otimizar a função intestinal
alimentos. O TID pode ser isolado, somente do intestino remanescente, reduzindo ou eliminando a necessidade
delgado ou combinado com outros órgãos abdominais de TNP
como com o fígado, por exemplo. Este tipo de adaptação tem seu inicio
imediatamente após a ressecção e ainda continua por 2
a 3 anos.

27
Traduzindo a prescrição nutricional à dieta:
Uso de Pré e Probióticos nas Doenças
Na presença de cólon  Consumir de 5 a 6
refeições/dia.
Intestinais (Dan)
50 a 60% de CHO
20% proteínas Resultados positivos no controle de diarréias e
20 a 30% de lipídios melhora da obstipação, assim como nas doenças
Evitar Oxalato. inflamatórias intestinais, alergias intestinais e prevenção do
câncer.
OBS: Pacientes com continuidade ao colo intestinal
estão em risco aumentado de nefropatia por oxalato. Os possíveis mecanismos envolvidos são:
Há 2 abordagens para este tratamento:  inibição da adesão de bactérias;
1º) Fornecer cálcio extra na dieta + limitar lipídios.  atividades diretamente contra os patógenos como:
2º) Restringir o conteúdo de oxalato da dieta síntese de compostos que inibem o seu
Na ausência do cólon  Consumir de 4 a 6 crescimento/desenvolvimento, estimulação das resposta
refeições/dia. imunes e consumo de nutrientes requeridos por patógenos
40 a 50% de CHO
20% de proteínas Os objetivos principais para o acréscimo de probióticos no
30 a 40% de lipídios tratamento são:
Não há necessidade de restringir oxalato.  Influenciar perfil da microflora colônica
 Garantir sobrevivência dos lactobacillus
O sal deve ser adicionado liberalmente para aumentar a administrados
absorção.  Habilidade em influenciar a produção de citocinas
e minimizar processos inflamatórios.
Novos fatores de crescimento em SIC
Fibras e Prébióticos (Dan)
(Dan)
Exercem efeitos funcionais comprovadamente importantes
A terapia hormonal com GH e o péptide
e diminuem o risco de para o aparecimento de
glucagoniforme 2 (GLP-2), passou a ser utilizada
determinadas doenças.
recentemente para intensificar o processo de adaptação
natural.
Na categoria de “prebióticos”:
A FDA dos EUA já aprovou o hormônio do
 Aumentam o número de bífido bactérias
crescimento e a glutamina para serem usadas. As outras
 Favorecem a biodisponibilidade de alguns
terapias hormonais, atualmente, só devem ser
minerais
consideradas em contextos de pesquisas.
 Atuam favoravelmente no metabolismo lipídico e
glicídico
 Pacientes nos quais fracassem os esforços de
 Reduzem o risco para infecções intestinais,
reabilitação dietéticos, médicos e cirúrgicos podem ser
doenças cardiovascular, DM, obesidade,
mantidos com NP. Entretanto, considerando os riscos,
osteoporose e câncer
custos e qualidade de vida da NP prolongada, o
 Aumentam a qualidade de vida com o avançar da
transplante de intestino delgado e multivisceral deve ser
idade.
considerado como uma opção terapêutica.
Oligossacarídeos não digeríveis, hidrolizados e
Transplante Intestinal e multivisceral (Dan) fermentados no intestino grosso, apresentam
características favoráveis, caracterizando-se como
Permite adquirir a autonomia gastrointestinal e prebióticos.
recuperar o EN. As principais indicações para sua
prática incluem a disfunção hepática e falta de acesso Melhor classificação para PREBIÓTICOS: carboidratos
vascular para TNP. com alto grau de polimerização e não suscetíveis à
Existem 3 tipos de transplante intestinal: digestão pelas enzimas pancreáticas e as da borda em
pacientes com falência apenas do intestino, que devem escova.
receber transplante intestinal isolado; pacientes com Para ser efetivo, o probiótico deve alcançar o ceco na sua
falência intestinal associada à doença hepática forma inicial.
avançada que recebe enxerto combinado intestino –
fígado e pacientes com falência de vários órgãos Critérios para determinação de prebióticos (fibras e outros
abdominais que necessitam de transplante multivisceral carboidratos não digeríveis):
( pelo menos 3 orgãos abdominais são transplantados  Resistentes à digestão hidrólise e fermentação;
em bloco).  Seletivamente estimular o crescimento de um ou
A rejeição celular aguda é frequentemente mais microorganismos nas fezes;
observada no transplante intestinal e causa alta Influenciar aumentando a biodisponibilidade
morbimortalidade.

28
Questões: (D) Aumento do nível do hormônio colecistocinina

1) Uma das preocupações de pacientes ileostomizados é o 8) Na má absorção de nutrientes, em conseqüência da


odor. Alguns alimentos parecem ser particularmente diarréia presente na doença de Crohn, é fundamental o
produtores de odor. São eles: (Residência – HUPE/1992) seguinte cuidado: (Residência – HUPE/2002)

(A) Maçã, couve-flor e pepino (A) Restrição de lipídeos e de calorias


(B) Laranja, cebola e pimentão (B) Suplementação de zinco e de oxalato
(C) Melancia, abacate e rabanete (C) Adição de triglicerídeo de cadeia média e de cálcio
(D) Repolho, feijão e batata-doce (D) Redução de proteínas e suplementação de magnésio
(E) Alimentos condimentados, peixe e milho
9) A doença celíaca caracteriza-se pela intolerância
2) Quando há necessidade de remoção cirúrgica do cólon, genética ao glúten da dieta. Na prescrição dietética
reto e ânus, é confeccionada uma ileostomia terminal. No devemos excluir, além do trigo, os seguintes alimentos:
acompanhamento nutricional, atenção especial deve ser (Residência – HUPE/2002)
dada para evitar a deficiência das seguintes vitaminas:
(Residência HUPE / 2005) (A) Cevada, malte, aveia
(B) Aveia, centeio, milho
(A) B12 e C (C) Milho, malte, centeio
(B) B12 e K (D) Cevada, centeio, arroz
(C) B1 e C
(D) B1 e K 10) Na colite ulcerativa, a diarréia esta associada a lesões
da mucosa que levam à eliminação de muco, sangue e
3) Um paciente masculino de 35 anos é encaminhado pela proteínas plasmáticas. Esta diarréia é classificada como:
dermatologia ao ambulatório de nutrição por ser portador (Residência – HUPE/2004)
de dermatite herpetiforme. A conduta nutricional deverá
contemplar dieta isenta de: (Residência HUPE / 2005) (A) Osmótica
(B) Infecciosa
(A) lactose (C) Exsudativa
(B) glúten (D) Secretória
(C) álcool
(D) fibras 11) Na síndrome do intestino curto, diferentes alterações
metabólicas podem ocorrer, dependendo da região
4) Na doença inflamatória intestinal, a esteatorréia afetada. Entre os itens abaixo, o que não faz parte destas
promove a perda dos seguintes minerais: (Residência – alterações é: (Residência – HUPE/1997)
HUPE/2000)
(A) Esteatorréia
(A) Cobre, zinco e enxofre (B) Hipocalcemia
(B) Selênio, cobre e enxofre (C) Diarréia osmótica
(C) Cálcio, magnésio e zinco (D) Hipermagnesemia
(D) Cálcio, fósforo e magnésio (E) Anemia megaloblástica
(E) Magnésio, selênio e fósforo
12) Nas síndromes disabsortivas presentes em doenças
5) A conduta nutricional clássica para diverticulose prevê a intestinais inflamatórias, podemos afirmar que: (Residência
seguinte prescrição: (Residência – HUPE/2003) – HUPE/1996)

(A) Alto teor de fibras e diminuição de gorduras (A) a esteatorréia decorre da hipersecreção de sais
(B) Aumento de carboidratos simples e proteínas biliares
(C) Aumento da ingestão hídrica e baixo teor de resíduo (B) a reação inflamatória colônica reduz a absorção de
(D) Restrição de fibras solúveis e uso de triglicerídeos de nutrientes
cadeia média (C) a ressecção de jejuno terminal favorece a deficiência
de vitamina B12
6) Na doença celíaca, alem da restrição de glúten da dieta, (D) as dietas hipercalóricas e hiperlipídicas melhoram o
pode ser necessária a restrição inicial de: (Residência – quadro de desnutrição
HUPE) (E) o crescimento bacteriano exagerado pode provocar
deficiência de vitamina B12
(A) Triglicerídios de cadeia longa
(B) Gliadina 13) Secundárias as ressecções do intestino delgado,
(C) Frutose ocorrem complicações como: (Residência – HUPE/1996)
(D) Lactose
(E) Malte (A) hiperplasia celular, diarréia e hiperglicemia
(B) esteatorréia, perda hidroeletrolítica, hipoplasia celular
7) Após a ressecção do intestino delgado, a condição (C) hipoglicemia, hipoalbuminemia, hipersecreção de
secundária que contribui para a má absorção é: gastrina
(Residência – HUPE/2002) (D) má absorção de proteína e carboidrato, saponificação
de Na e K, hiposecreção de ácido clorídrico
(A) Hipoproliferação bacteriana (E) Hipersecreção gástrica, aumento do peristaltismo e
(B) Inativação de lípase pancreática motilidade gastrointestinal e crescimento bacteriano
(C) Diminuição da secreção de ácido gástrico

29
14) Um dos ácidos graxos de cadeia curta, relacionados (C) Rica em caloria e proteína, rica em lactose e glúten
abaixo, apresenta menor concentração no sangue portal (D) Rica em caloria e proteína, pobre em lactose e rica em
pela sua intensa utilização na mucosa colônica: (HUPE / glúten
2002) (E) Todas alternativas estão incorretas
21) A síndrome do intestino curto consiste em conjunto de
(A) Láurico sinais e sintomas usados para descrever as
(B) Acético conseqüências nutricionais e metabólicas de grandes
(C) Butírico ressecções do intestino delgado. As causas mais comuns
(D) Propiônico da síndrome do intestino curto são: (Prefeitura Municipal
de Niterói – 2003)
15) No plano alimentar de um paciente portador de espru
não-tropical em fase aguda, devem ser incluídos na dieta: (A) doença de Crohn, doença vascular mesentérica e
malignidade;
(A) Leite de vaca, macarrão, biscoitos (B) retocolite ulcerativa, esofagite e malignidade;
(B) Arroz, milho, amido de araruta (C) úlcera péptica, doença vascular mesentérica e
(C) Salsicha, azeite, ovomaltine esofagite;
(D) Refrigerantes, biscoitos e vegetais cremosos (D) doença de Crohn, insuficiência hepática e retocolite
ulcerativa;
16) Dentre as causas da esteatorréia, assinale aquela que (E) insuficiência hepática, esofagite e malignidade.
não se relaciona com a síndrome do intestino curto:
22) A síndrome do cólon irritável, dentre os elementos
(A) Insuficiência pancreática permitidos, os seguintes são particularmente importantes:
(B) Formação de sabões de cálcio e AG (Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara – 2002)
(C) Ausência de válvula íleo-cecal
(D) Menor absorção de sais biliares (A) Fibra dietética e água
(B) bebida alcoólica e gordura dietética
17) A reintrodução alimentar na Síndrome do Intestino (C) Café e fibra dietética
Curto deve ser realizada de maneira gradual. Na fase 3 (D) Água e café
não está indicado:
23) Indivíduos com ressecções intestinais extensas,
(A) A reintrodução de clara de ovo e frango, além de caldo poupando menos de 60 cm de intestino delgado,
de feijão necessitarão inicialmente do seguinte tipo de alimentação
(B) Administração de TCL, além de caldo leguminosas e para atingir as suas necessidades: (Hospital Geral Dr.
uso de alimentos pouco formadores de resíduos Waldemar Alcântara – 2002)
(C) Isenção de lactose e sacarose
(D) Baixa oferta de lipídeos, utilizando-se TCM (A) Líquida, isenta de lactose através da via oral
(B) Fórmula polimérica através de cateter
18) A doença diverticular refere-se à herniações (C) Fórmula oligomérica através de cateter
semelhantes a sacos na parede colônica e tem sua (D) Nutrição parenteral central
incidência aumentada com o avanço da idade. O
tratamento nutricional de paciente com diverticulose 24) A doença celíaca ocorre em pacientes que apresentam
baseia-se na ingestão: (Casa da Moeda – 2005) reação a um componente do glúten, a gliadina. O
tratamento nutricional baseia-se na remoção completa da
(A) elevada de fibras alimentares gliadina da dieta. Qual a preparação abaixo que pode ser
(B) elevada de proteína de alto valor biológico consumida normalmente por esses pacientes?
(C) reduzida de carboidratos refinados (Nutricionista Jr 2005)
(D) reduzida de gordura saturada
(E) reduzida de leites e derivados (A) Croquete de carne.
(B) Biscoito de aveia.
19) Atualmente, na síndrome do intestino curto, vem sendo (C) Creme de espinafre.
realizado, na prática clínica, o procedimento que preconiza (D) Polenta frita.
o fluxo direto de nutrientes. O conteúdo da dieta é (E) Quibe de Forno.
importante para a atrofia intestinal, sendo considerados
fatores tróficos os seguintes: (Cia Nacional de 25) Crianças portadoras de doença celíaca podem ingerir
Abastecimento – 2005) os seguintes alimentos: (Comando da Marinha 2004)

(A) hormônios intestinais, secreções gástricas e colesterol; (A) mingau de aveia, suco de frutas cítricas e leite
(B) fibras dietéticas, ácidos graxos de cadeia curta e enriquecido com frutas.
glutamina; (B) bolo simples, leite com cevada e suco de frutas.
(C) sais biliares, glucagon e hormônio do crescimento; (C) sorvete, leite enriquecido com 3 cereais (arroz, milho e
(D) poliaminas, prostaglandinas e pepsinogênio; centeio) e mingau de fubá.
(E) camitina, putrescina e HCl. (D) mingau de fubá, picolé de frutas e leite enriquecido
com frutas .
20) A intolerância ao glúten, ou doença celíaca, em geral (E) biscoitos tipo cream cracker, mingau de fubá e leite
manifesta-se durante a 1ª infância, por diarréia, má enriquecido com frutas.
absorção, desnutrição atraso do crescimento. Nesses
casos a dieta recomendada deveria ser: (EMAFER – 2005) 26) Em relação a mucosa intestinal durante a terapia
nutricional, e incorreto afirmar que: (Comando da Marinha
(A) Pobre em caloria e proteína, rica em lactose e isenta 2004)
de glúten
(B) Rica em caloria e proteína, pobre em lactose e isenta
de glúten
30
(A) o butirato é o alimento preferido das células do 32) Para o portador de doença diverticular do cólon
intestino grosso, e é produzido pela ação de fermentação (diverticulose) é indicado: (Bombeiros – nutricionista –
das bactérias do intestino sobre a fibra de dieta. 2001)
(B) os prebióticos podem ser utilizados para restabelecer
as populações de microflora saudável, quando estas (A) dieta com alto teor de fibras
populações foram devastadas pelo uso de antibióticos. (B) dieta com baixo teor de resíduos
(C) os antibióticos de amplo espectro causam impacto (C) dieta hiperprotéica
negativo sobre a integridade intestinal. (D) dieta normolipídica
(D) o trato gastrintestinal desempenha um papel (E) dieta restrita em fibras
fundamental ao impedir a entrada de toxinas exógenas no
sistema circulatório, pela função de barreira da mucosa 33) Um indivíduo com constipação intestinal precisa ingerir
intestinal. diariamente, pelo menos, a seguinte quantidade em g de
(E) o sistema imunológico intestinal é composto pela IGE fibra dietética: (PMRJ 2000)
secretória, que dentre outras funções, inativa toxinas e
bactérias como a E. Coli. (A) 5
(B) 10
27) “Pacientes portadores de doença celíaca ou espru não (C) 15
tropical apresentam dano às vilosidades da mucosa (D) 25
intestinal, resultando em mal absorção de todos os (E) 40
nutrientes”. O cuidado nutricional deverá ser
fundamentado na: (Bombeiros – nutricionista – 2001) 34) Em relação a características, recomendações e
ingestão de fibras, assinale a alternativa incorreta: (Corpo
(A) retirada de milho, batata e arroz; Saúde Marinha 2001)
(B) retirada de tapioca, araruta e soja;
(C) retirada de trigo, aveia e centeio; (A) a ingesta excessiva de fibras pode interferir com a
(D) retirada de cevada, milho e trigo; absorção de cálcio e zinco, especialmente em crianças e
(E) retirada de trigo, milho e centeio. idosos
(B) a ingesta de fibra deve constituir uma mistura de fibras
28) A perda do íleo terminal é mais problemática que a solúveis e insolúveis, numa proporção de 3:1
perda do jejuno devido às funções ileais que envolvem a (C) o consumo de dietas ricas em fibras parece estar
absorção de: (Bombeiros – nutricionista – 2001) inversamente relacionada a incidência de doença
cardiovascular, câncer do cólon, diabetes e desordens
(A) ferro; gastrointestinais
(B) cálcio; (D) recomenda-se uma ingestão de fibras de 25 a 35
(C) vitamina B12; gramas por dia ou 10 a 13 gramas por 1.000 kcal
(D) vitamina C; (E) as fibras solúveis são substratos para fermentação
(E) vitamina B1. pelas bactérias colônicas

29) A intolerância a carboidratos mais comum e que afeta 35) Na orientação dietética para doença inflamatória
as pessoas de todos os grupos etários é: (Bombeiros – intestinal na fase aguda deve ser recomendada dieta:
nutricionista – 2001) (Corpo de Saúde da Marinha 2001)

(A) intolerância a sacarose; (A) hipercalórica, rica em fibras


(B) intolerância a lactose; (B) hipercalórica, sem lactose
(C) intolerância a glicose; (C) hiperglicídica, sem lactose
(D) intolerância ao amido; (D) hiperlipídica, sem fibras
(E) intolerância a maltose. (E) normoproteica, hiperglicídica

30) A diarréia é caracterizada pela freqüente evacuação de 36) Nos últimos anos, estudos com ácidos graxos tem se
fezes liquidas acompanhada de perda excessiva de liquido mostrado promissores em interferir na atividade da doença
e eletrólitos. É considerada diarréia osmótica: (Bombeiros de pacientes portadores de retocolite ulceratriva baseados
– nutricionista – 2001) nas seguintes premissas.

(A) diarréia que acompanha a doença de Crohn I – os ácidos graxos de cadeia curta são troficos para a
(B) diarréia que acompanha a colite ulcerativa crônica mucosa colônica
(C) diarréia que acompanha a síndrome de Dumping II – os ácidos graxos de cadeia curta são fontes
(D) diarréia que acompanha intoxicação alimentar energéticas preferenciais para o epitélio colônico
(E) diarréia que acompanha o cólon irrritável III – a eficácia dos ácidos graxos polinsaturados da serie
w6 no controle clinico da doença deve-se a formação de
31) A colite ulcerativa é uma doença inflamatória intestinal metabólitos com atividade pró-inflamtoria pouco potente
caracterizada por ulceração da mucosa. A anemia pode IV – os ácidos graxo polinsaturados são precursores de
estar presente como resultado: (Bombeiros – nutricionista agentes pró-inflamatórios que estão envolvidos na
– 2001) patogênese da retocolite ulcerativa.

(A) menor ingestão de alimentos ricos em gordura Assinale a alternativa correta? (Corpo Saúde Marinha
(B) perda sanguínea 2001)
(C) hipovitaminose
(D) malabsorvição (A) I e III.
(E) desidratação (B) I, II e IV
(C) III e IV
(D) II
(E) IV
31
(B) estimula a secreção de insulina e prolactina ;
37) A doença celíaca ou espru não tropical, e (C) é substrato energético para os enterocitos;
caracterizada pela sensibilidade ao glúten. No entanto (D) estimula a síntese de colina e carnitina;
essa doença é especificamente causada por uma reação (E) precursor do pigmento da pele e do cabelo.
ao componente solúvel em álcool do glúten. Qual é este
componente? (P.M.SAQUAREMA) 44) O aumento da freqüência de eliminação de fezes com
presença de muco, sangue e proteínas pode ser
(A) Histidina classificado etiologicamente como diarréia tipo: (Prefeitura
(B) Gliadina do RJ – 2008):
(C) Glicina
(D) Glutamina (A) osmótica
(B) secretória
38) O nutriente que contribui para a diminuição da (C) exsudativa
resposta inflamatória é: (HUAP 2003) (D) contato mucoso limitado

(A) ômega – 3 45) Na diverticulose recomenda-se dieta: (Prefeitura de


(B) acido butírico Niterói – 2008)
(C) ferro
(D) vitamina K (A) hiperlipídica
(E) palmitado (B) hipohídrica
(C) rica em alimentos refinados
39) A diarréia que ocorre após a ingestão de lactose em (D) pobre em fibras
pacientes com deficiência de lactase é: (HUAP 2003) (E) rica em fibras

(A) exsudativa 46) Na doença celíaca limita-se o uso de: (Prefeitura de


(B) por contato mucoso limitado Niterói – 2008)
(C) secretoria
(D) osmótica (A) arroz, tapioca, soja e araruta
(E) fermentativa (B) trigo, aveia, centeio e cavada
(C) soja, batata, milho e cevada
40) No tratamento dietoterápico da constipação intestinal, (D) tapioca, arroz, aveia e araruta
um dos aspectos a serem considerados para que as fibras (E) mandioca, feijão, soja e milho
possam agir alterando o peso e a consistência das fezes é:
(HUAP 2003) 47) A maioria dos pacientes submetidos à ressecções
intestinais importantes necessitam de um tratamento
(A) a oferta de glutamina nutricional inicial com: (Prefeitura de Angra dos Reis –
(B) a proporção de carboidratos 2008)
(C) o conteúdo protéico
(D) a cota lipídica (A) maior quantidade de vitaminas hidrossolúveis na
(E) a oferta hídrica terapia nutricional enteral
(B) maior oferta de zinco, magnésio e cálcio durante o
41) Em relação a doença de Crohn, é correto dizer que : desmame da terapia nutricional parenteral
(PMRJ-2001) (C) menor oferta de vitaminas lipossolúveis na terapia
nutricional parenteral
(A) passada a crise aguda, deve se instituir uma dieta com (D) substituir TCM por TCL e aumentar a oferta de ácidos
pouco teor de fibras; graxos essenciais
(B) é muito comum a ocorrência de nefrolitiase; (E) nutrição enteral precocemente rica em açúcares
(C) não ocorre esteatorreia; simples
(D) o conteúdo proteico da dieta deve ser reduzido
(E) a suplementação com ácidos graxos ômega 3 pode ser 48) Na terapia nutricional das doenças inflamatórias
útil no tratamento intestinais, objetivando a remissão das mesmas, deve-se
empregar: (Prefeitura de Angra dos Reis – 2008)
42) Dentre as complicações secundarias as ressecções do
intestino delgado, podem-se citar : (UFRJ/UNIRIO 2005) (A) dieta hipoprotéica
(B) nutrição parenteral
(A) adaptação intestinal, desidratação e hipovitaminose ; (C) nutrição enteral
(B) hipertrofia celular, hipoglicemia e hipoalbuminemia; (D) dieta rica em fibras
(C) deficiência de vitamina B12 , menor secreção de ácido (E) menor fracionamento das refeições
clorídrico e inativação da lípase pancreática
(D) desconjugação de sais bilares, saponificação de 49) Os sintomas da hipolactasia são aliviados pelo uso de:
magnesio e sódio e esteatorréia (Secretaria de Saúde do Estado do RJ/2009)
(E) nefrolitíase, colelitiase, hipersecreção gástrica e
acidose metabólica (A) 50% de sacarose em substituição a frutose
(B) aminoácidos ramificados em substituição a aromáticos
43) “A glutamina, formada pelo acido glutâmico e a (C) 6 a 12 g de lactose
aspargina, a partir do acido aspartico, tem importantes (D) 20-30g de fibras solúveis
papeis como reservatórios de grupos amino por todo o (E) 10% do VET de ácidos graxos saturados
corpo”. Assinale a alternativa que indica uma função de
glutamina: (Bombeiros – nutricionista – 2001) 50) Do total de ingestão de fibras recomendado para
adultos, a parcela de fibras solúveis deve ser de:
(A) é precursora do oxido nítrico, que e modulador da (Secretaria de Saúde do Estado do RJ/2009)
síntese hepática de proteínas;
32
(A) 6 a 10 gramas 56) Douglas tem 16 anos e apresenta diagnóstico de
(B) 10 a 20 gramas doença celíaca há sete meses. Foi internado com
(C) 15 a 20 gramas emagrecimento associado à diarréia crônica e distensão
(D) 10 a 15 gramas abdominal. O manejo inicial do tratamento nutricional de
(E) 1 a 6 gramas Douglas consiste em permitir o consumo de: (Residência
HUPE/2009)
51) A esteatorréia na doença inflamatória intestinal pode
promover a perda dos seguintes minerais e vitaminas: (A) leite, hambúrguer e marmelada
(Especialização INCA/2009) (B) mate, macarrão e molho de tomate
(C) sorvete, biscoito de polvilho e goiabada
(A) Cobre, Zinco, Ferro e Vitamina A (D) suco de fruta, maisena e pão de mandioquinha
(B) Cálcio, Fósforo, Magnésio e Vitamina C
(C) Cálcio, Magnésio, Zinco e Vitamina D 57) É um alimento proibido ao paciente celíaco:
(D) Selênio, Cálcio, Ferro e Vitamina E (Aeronáutica/2009)

52) Marque V (verdadeiro) ou F (falso) ao lado de cada A) Fécula de batata.


uma das seguintes recomendações nutricionais a serem B) Araruta.
feitas na fase aguda das doenças inflamatórias intestinais: C) Polvilho doce.
(Especialização INCA/2009) D) Aveia em flocos.

( ) Dieta isenta de lactose 58) Na dieta da doença celíaca, os alimentos, dentre


( ) Controle de mono e dissacarídeos outros, que devem ser obrigatoriamente excluídos são:
( ) Dieta rica em fibra solúvel (Macaé, 2009)
( ) Dieta pobre em fibra insolúvel
(A) trigo e centeio
A seqüência CORRETA é: (B) tapioca e centeio
(C) farinha de soja e fubá
(A) V,V,V,V (D) cevada e trigo sarraceno
(B) V,F,V,F
(C) F,F,V,V 59) A terapia nutricional para pacientes com doença
(D) V,V,F,V inflamatória intestinal deve incluir: (Marinha – 2009)

53) Após investigação clínica da etiologia da diarréia que (A) restrição de gorduras, fibras e lactose na fase de
um paciente apresentava na enfermaria, diagnosticou-se remissão da doença
diarréia do tipo osmótica, provavelmente devido a: (B) restrição de gorduras e açúcar simples na fase de
(Especialização INCA/2009) remissão da doença
(C) restrição de gorduras, fibras e lactose na fase aguda
(A) Colite ulcerativa da doença
(B) Síndrome do intestino curto (D) indicação exclusiva de nutrição elementar por sonda
(C) Deficiência de lactose nasoentérica na fase aguda da doença
(D) Exotoxinas bacterianas (E) indicação exclusiva de NPT na fase de agudização da
doença
54) Após ressecção íleo terminal, faz-se necessária à
suplementação de: (Especialização INCA/2009) 60) Que nutrientes ficam com a absorção seriamente
comprometida após ressecção intestinal com retirada de
(A) Vitamina E importante parcela do íleo e presença da síndrome do
(B) Magnésio intestino curto? (Marinha – 2009)
(C) Ferro
(D) Vitamina B12 (A) gorduras e vitamina B12
(B) selênio e sódio
55) Janete tem 65 anos, é negra e tem diagnóstico de (C) cálcio e vitamina B1
nefropatia hipertensiva. Encontra-se em tratamento (D) vitaminas A e C
dialítico há cinco anos. Durante a hemodiálise Janete (E) triglicerídeos de cadeia média e sódio
relatou ao nutricionista perda de apetite e constipação
intestinal. 61) A colite ulcerativa é uma doença intestinal de causa
A avaliação neste dia revela: (Residência HUPE/2009) desconhecida, caracterizada por inflamação na mucosa e
Avaliação nutricional: Avaliação laboratorial: submucosa. No tratamento nutricional é indicada a
Peso pré-hemodiálise: Glicose: 80 mg/dl suplementação de: (Petrobrás 2010)
62Kg Uréia: 82 mg/dl
Peso seco: 58Kg Creatinina: 3,4 mg/dl (A) tiamina
Estatura: 1,60m Sódio: 133 mEq/l (B) biotina
Diurese residual: 500ml Potássio: 5,8 mEq/l (C) riboflavina
(D) vitamina C
Para o tratamento da constipação de Janete o nutricionista (E) vitamina A
orientou o aumento da ingestão de:
62) O tratamento dietoterápico para pacientes com doença
(A) água celíaca, deverá excluir os seguintes cereais: (Emgepron,
(B) azeite 2010):
(C) mamão
(D) farelo de trigo (A) aveia, polvilho e tapioca
(B) araruta, farinha de milho e de trigo
(c) centeio, araruta e polvilho
33
(D) centeio, trigo e cevada (B) normolipídica, restrita em fibras dietéticas, isenta de
sacarose e lactose
63) A suspensão do glúten dietético é fundamental para o (C) hiperglicídica, rica em fibras insolúveis,
controle da doença celíaca. Dos alimentos que constituem antifermentativa e com adição de ácidos graxos da série
as principais fontes, o que contém menos glúten é: (INCP, n-3
2010) (D) hiperproteica, isenta de fibras solúveis, com adição
demarginina e glutamina
(A) cevada
(B) trigo 68) As fibras insolúveis, que aceleram o trânsito intestinal
(C) centeio e reduzem a constipação intestinal, estão presentes nos
(D) aveia seguintes alimentos: (Fiocruz/2010)

64) A doença celíaca foi considerada por muito tempo (A) aveia, tomate e linhaça;
como uma síndrome de má absorção, é definida como (B) morango, banana e cebola;
uma resposta de hipersensibilidade à glidina. No (C) alho, maçã e leguminosas;
tratamento dietoterápico, o alimento que pode ser (D) grãos integrais, repolho e ervilha;
consumido sem restrição é a (o): (Petrobrás, 2010) (E) casca de frutas cítricas, leguminosas secas e farelo.

(A) tapioca 69) No tratamento nutricional dos casos de diarréia em


(B) bolo simples adultos é recomendada uma dieta pobre em resíduos,
(C) pão de centeio empregando os seguintes itens: (Friocruz/2010)
(D) repolho
(E) mingau de aveia (A) inulina, pectina e flocos de chicória.
(B) farelo de trigo, granola e cereais integrais.
65) A constipação intestinal pode ser classificada em dois (C) frutose, triglicerídeos de cadeia média e amendoim.
tipos (atônica e espástica). Correlacione a 1ª coluna (tipo (D) feijões, repolho e soja.
de constipação intestinal) com a 2ª coluna (descreve a (E) ervilha, farinha de trigo integral e maçã.
característica da dieta). (Polícia Militar, 2010)
70) Para pacientes com doenças inflamatórias intestinais,
1ª coluna – tipo de 2ª coluna – característica da dieta a dieta deve ter as seguintes características:
constipação (Fiocruz/2010)
1. Atônica ( ) volume diminuído concentrado
2. Espástica ( ) hiperfibrínica optando por (A) rica em fibras insolúveis e com 1,0 a 1,5g de
celulose crua proteínas/kg de peso/dia.
( ) temperatura fria ou gelada em (B) pobre em fibras insolúveis e com lipídeos de 25-30%
jejum do VET.
( ) evitar concentração de (C) rica em fibras insolúveis e TCM.
dissacarídeos (D) rica em fibras solúveis e isenta de lactose.
( ) Isento de caldo concentrado em (E) pobre em fibras solúveis e lipídeos.
purina
71) No tratamento nutricional de pacientes portadores de
Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta: doença inflamatória intestinal, deve-se evitar alimentos
ricos em: (IABAS, 2010):
(A) 2, 1, 1, 2, 2
(B) 1, 2, 2, 1, 1 (A) ácidos graxos da série ômega 3
(C) 1, 2, 1, 2, 1 (B) fibras solúveis
(D) 2, 1, 2, 1, 2 (C) gordura polinsaturada
(D) fibras insolúveis
66) Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela na qual (E) potássio
todos os alimentos citados são permitidos na dieta de um
indivíduo com doença celíaca: (Pm São Gonçalo, 2010) 72) A doença de Crohn é uma doença inflamatórioa
intestinal segmentar, que pode afetar qualquer parte do
(A) maçã, vitamina de bana com aveia, milho cozido, trato alimentar, desde a boca até o ânus, porém envolve
bolacha água e sal predominantemente o íleo terminal e o cólon. Leia as
(B) maça, bana amassada com farinha Láctea, pão afirmativas abaixo e marque a opção CORRETA.
francês, bolo de fubá (Residência INCA/2011)
(C) pão de batata, biscoito de araruta, cream cracker e
macarrão I A glutamina é fonte energética para células intestinais,
(D) mingau de aveia, cuscuz de tapioca, bolacha cream garantindo a manutenção da estrutura e funções
cracker intestinais, durante o comprometimento da barreira
(E) bolo de milho, suco de laranja, canjiquinha com feijão, mucosa.
pão de batata II Na fase aguda da doença de Crohn a dieta deve ser
isenta de lactose, devido à baixa atividade da enzima.
67) Paciente, 39 anos, com diagnóstico de doença de III As fibras solúveis devem ser restritas por serem
Crohn em segmento jejunal, apresentando-se na fase substratos de ácidos graxos de cadeia curta para as
aguda doença. Assinale a alternativa com as bactérias intestinais, que agridem a mucosa intestinal.
recomendações dietéticas para este paciente. (Residencia
UFRJ/2011) (A) As afirmativas I e II são verdadeiras.
(B) Apenas a afirmativa II é verdadeira.
(A) hipolipídica, isenta de lactose, com restrição de (C) As afirmativas II e III são verdadeiras.
monossacarídeos e rica em fibras solúveis (D) As afirmativas I, II e III são verdadeiras.

34
73) A obstipação intestinal é uma alteração do trânsito D) fibras dietéticas.
intestinal, mais especificamente do intestino grosso, E) ácidos graxos de cadeia curta.
caracterizada por diminuição do número de evacuações,
fezes endurecidas e esforço à defecação. Leia as 76) O termo “Má- Absorção Intestinal” é usado para
afirmativas abaixo e marque a opção correta. (Residência descrever processos que primariamente envolvem
INCA/2011) prejuízos na digestão, disfunção em nível de mucosa ou
manejo pós-absortivo de nutrientes. História de prejuízo no
I A ameixa preta e seu suco auxiliam no tratamento crescimento infantil ou diarreia em adultos pode sugerir a
dietético da obstipação intestinal, porque contém o ácido presença de processos latentes ou crônicos de má-
diidroxifinil isotina, que estimula a motilidade intestinal; absorção de nutrientes. Relacione cada nutriente com sua
II Recomenda-se a ingestão de 8 copos/dia de líquidos manifestação clínica de má absorção intestinal. (São
para auxiliar na maciez das fezes. Gonçalo, 2011)
III As fibras alimentares aumentam o volume e a maciez
das fezes, além de acelerar o trânsito intestinal. (a) lipídios
(b) vitamina B12
(A) A afirmativa I está errada. (c) ferro
(B) As afirmativas I, II e III estão corretas. (d) magnésio
(C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. (e) vitaminaA
(D) A afirmativa III está errada. (f) vitamina K

74) A diarreia é caracterizada pelo aumento da frequência ( ) anemia macrocítica


de eliminação de fezes semipastosas ou líquidas, sendo ( ) diarreia sem distensão ou flatulências
acompanhada por perda de eletrólitos. Assinale a opção ( ) hemorragia
CORRETA quanto à recomendação nutricional: ( ) hiperqueratose folicular
(Residência INCA/2011) ( ) anemia microcítica
( ) parestesia
(A) A dieta deve oferecer líquidos e eletrólitos para repor
as perdas, prebióticos para recompor a flora bacteriana e A resposta correta, de cima para baixo, é:
diminuir fibras insolúveis.
(B) A dieta deve conter fonte de fibra insolúvel para reduzir A) b, a, f, e, c, d.
o trânsito intestinal; isenta de lactose, devido B) d, c, e, f, a, b.
à baixa atividade da lactase e usar probióticos para C) a, b, f, e, d, c.
recuperar a flora bacteriana. D) b, a, e, f, d, c.
(C) A dieta deve conter fonte de fibra solúvel para auxiliar E) d, c, f, e, a, b.
no controle do trânsito intestinal; excluir lactose, pois pode
ficar temporariamente intolerante e ofertar líquidos e
eletrólitos para repor as perdas. GABARITO
(D) A dieta deve oferecer fibra insolúvel, que regula o
trânsito intestinal pela viscosidade que proporciona, e 1D 2A 3B 4C 5A 6D
ácidos graxos de cadeia curta; restringir fibras solúveis, 7B 8C 9A 10C 11D 12E
que aceleram o trânsito intestinal, excluir lactose e uso de 13B 14C 15B 16A 17B 18A
prebióticos para repor a flora. 19B 20B 21A 22A 23D 24D
25D 26E 27C 28C 29B 30C
75) A microbiota intestinal promove a fermentação de
31B 32A 33D 34B 35B 36B
carboidratos que são mal absorvidos ou resistentes à
37B 38A 39D 40E 41E 42E
digestão. Em indivíduos saudáveis, tal fermentação ocorre
após o consumo dos seguintes nutrientes abaixo, 43C 44C 45E 46B 47B 48C
EXCETO em: (São Gonçalo, 2011) 49C 50A 51C 52A 53C 54D
55B 56D 57D 58A 59C 60A
A) quantidades significantes de frutose. 61A 62D 63D 64A 65A 66E
B) pequenas quantidades de sorbitol e manitol. 67A 68D 69A 70D 71D 72A
C) lactose, quando a deficiência de lactase está 73B 74C 75E 76A
presente.

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