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NEUROPSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL,
CLÍNICA E HOSPITALAR
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INTERDISCIPLINARIDADE NA
PRÁTICA EDUCATIVA
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 4
A INTERDISCIPLINARIDADE NA ESCOLA .......................................................................... 4
ESCOLA PÚBLICA E CONTEXTO SOCIAL ........................................................................ 12
PRÁTICAS ESCOLARES E A INTERDISCIPLINARIDADE ................................................. 19
Compartilhando práticas para construir o coletivo ................................................................ 20
DISCIPLINARIDADE ........................................................................................................... 24
MULTIDISCIPLINARIDADE ................................................................................................. 27
INTERDISCIPLINARIDADE NA ESCOLA ............................................................................ 31
TRANSDISCIPLINARIDADES ............................................................................................. 35
DIDÁTICA E INTERDISCIPLINARIDADE ............................................................................ 38
CONTEXTO DAS SALAS DE AULA E A ORGANIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE
APRENDIZAGEM ................................................................................................................ 39
ESCOLHA DE ATIVIDADES DIDÁTICAS ............................................................................ 41
A aprendizagem Pressupõe ................................................................................................. 43
PLANEJAMENTO DE ENSINO NUMA PERSPECTIVA CRÍTICA ....................................... 46
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DAS AULAS ........................................................ 54
TIPOLOGIA E ETAPAS DO PLANEJAMENTO ................................................................... 58
PLANEJAMENTO INTERDISCIPLINAR .............................................................................. 64
FORMULAÇÃO DE OBJETIVOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM ....................................... 69
Exemplo I............................................................................................................................. 70
A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA ........................................................................................... 71
RECURSOS DIDÁTICOS .................................................................................................... 74
PARA QUE SERVEM .......................................................................................................... 77
O QUE FAVORECE O MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO NAS SALAS DE AULA ............ 78
A PRÁTICA PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE AÇÃO-REFLEXÃO ................................. 82
PERSPECTIVAS CRÍTICAS DA DIDÁTICA ........................................................................ 94
DIDÁTICA MULTIREFERENCIAL...................................................................................... 100
DIDÁTICA E INTERDISCIPLINARIDADE .......................................................................... 103
SOCIOCONSTRUTIVISMO E DIDÁTICA .......................................................................... 106
PENSAMENTO SISTÊMICO E COMPLEXO ..................................................................... 110
OBJETIVOS DEFINIDOS: ATIVIDADES DE APRENDIZAGENS ...................................... 115
TEORIA DA COMPLEXIDADE .......................................................................................... 116
Metodologia de Pesquisa em Educação ............................................................................ 121
TEMAS TRANSVERSAIS DA EDUCAÇÃO ....................................................................... 128
TIPOLOGIA ....................................................................................................................... 133
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 147
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INTRODUÇÃO

Nosso objetivo primordial é possibilitar a compreensão da Interdisciplinaridade


em seus fundamentos, possibilitando o conhecimento da sua existência no mundo dos
educadores.
Para conceituar Interdisciplinaridade é preciso definir algumas tarefas que são
bastante complexas, uma vez que esta palavra envolve uma diversidade de equívocos
e possibilidades. Para trabalharmos a compreensão da interdisciplinaridade, podemos
recorrer a uma metáfora: o conhecimento é uma sinfonia. Para a sua execução será
necessária a presença de muitos elementos: os instrumentos, as partituras, os
aparelhos eletrônicos, etc. A orquestra está estabelecida. Todos os elementos são
fundamentais, descaracterizando, com isso, a hierarquia de importância entre os
membros.
O primeiro ponto que deve ser considerado refere-se à questão da
insegurança, pois ela faz parte do novo paradigma emergente do conhecimento. Tal
como no caso da ciência moderna, em que se tinha exercido a dúvida em vez de
sofrer, é preciso que se faça o mesmo na ciência pós-moderna, assumindo a
insegurança em vez de postergá-la. Mas assumir a insegurança pressupõe o fato de
exercê-la com responsabilidade. É necessário tomar conhecimento desses estudos,
antes de empreender o caminho da ação interdisciplinar, pois uma reflexão
epistemológica cuidadosa possibilita consideráveis avanços. E tais avanços poderão
permitir a visualização de projetos concretos de investigação que em parte possam
corresponder ao novo paradigma emergente de conhecimento, embora precise ficar
claro que em termos de conhecimentos estamos ainda em fase de transição. Estamos
bastante divididos entre um passado que negamos, um futuro que vislumbramos e um
presente que está muito arraigado dentro de nós. Com o intuito de atender à questão
da “Interdisciplinaridade na Escola”, acerca do desenvolvimento expressivo do seu
desenvolvimento com o meio ambiente e suas relações com o mundo, pode-se
compreender melhor os caminhos da sua manifestação.

A INTERDISCIPLINARIDADE NA ESCOLA
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“Ser mestre não é apenas lecionar. Ensinar não é apenas transmitir matérias.
Ser mestre é ser instrutor, amigo, guia e companheiro. É caminhar com o aluno passo
a passo, é transmitir a ele o segredo da caminhada.”

Piaget

O processo vital de desenvolvimento é formador da personalidade. Assim, a


Educação não se confunde com a mera adaptação do indivíduo ao meio. Antes disso,
é atividade criadora e abrange o homem em todos os seus aspectos. Começa na
família, continua na escola e se prolonga por toda a existência humana. A Educação
é, pois, o processo pelo qual uma pessoa ou grupo adquirem conhecimentos gerais,
científicos, artísticos, técnicos ou especializados com o objetivo de desenvolver sua
capacidade ou aptidões.
Na Grécia Antiga a Educação visava preparar os jovens para as relações com
a Cidade ou Estado. Cada Estado tinha suas características e os sistemas
educacionais deviam adaptar-se a elas para preparar adequadamente a juventude.
Quando os romanos conquistaram a Grécia, existia em Roma um sistema
educacional decadente. O pai tinha poder ilimitado sobre os filhos e era publicamente
censurado quando fracassava no ensino dos preceitos morais.
Destacaram-se na Idade Média o trivium (gramática, dialética e retórica) e o
quadrevirum (geometria, aritmética, música, astronomia). Além disso, tem-se a
filosofia e, na dramaturgia, as doutrinas da igreja e das escrituras. Já durante o
Humanismo – no século XI – o norte da Itália apresentava o maior progresso material
cultural da Europa.
A Educação nos século XVIII e XIX teve caráter marcadamente aristocrático.
Com os movimentos intelectuais do século XX, a Educação contemporânea
trouxe teorias educacionais destinadas a renovar os métodos da escola tradicional.
A nova escola e a escola antiga abarcaram várias correntes pedagógicas. A
Educação em liberdade aboliu a hierarquia professor/aluno e, portanto, a relação de
autoridade na experiência pedagógica é rompida, encaminhando a criança à
autoeducação de acordo com seu ritmo e movimento.
Além das referidas abordagens, tem-se, ainda, a Educação socialista, que no
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século XX elaborou uma doutrina marxista para a educação; a Educação libertadora,


que, no Brasil, deveria estar pautada na liberação do oprimido, dando- lhe meios para
transformar a realidade social a sua volta mediante a conscientização e o
conhecimento crítico do mundo; e a Educação e tecnologia, enfatizando o
desenvolvimento tecnológico no âmbito da educação.
Nos tempos atuais, destacam-se alguns Ramos Especiais:

 Educação artística;
 Educação física;
 Educação para adultos;
 Educação especial;
 Ensino religioso;
 Ciências da educação;
 Filosofia da educação;
 Educação comparada;
 Biologia da educação;
 Economia da educação (psicologia da educação, sociologia da educação,
didática).

A Educação no Brasil, no período colonial, empregava o sistema de ensino dos


jesuítas. No tempo de D. João VI passou-se por um período de decadência,
desagregação e descentralização do ensino básico (1834), cuja organização passou
a ser responsabilidade das assembléias provinciais.
Na República Velha, após a primeira Guerra Mundial, a “Escola Nova“ penetrou
no Brasil com algumas figuras centrais: Antônio Sampaio Dória, em São Paulo (1920);
Lourenço Filho, no Ceará (1923); Anísio Teixeira, na Bahia(1925); Francisco Campos
e Mário Casassanta, em Minas Gerais (1927); Fernando de Azevedo, no Distrito
Federal (1928); todos tentaram reorganizar os sistemas educacionais.
Foi nesse período que a escola passou a viver o principal objetivo dos centros
de formação escolar e transmitir conhecimento especialmente aos jovens, como forma
de perpetuar a cultura, desenvolver a personalidade individual e estimular a
sociabilidade.
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Assim, a educação escolar deve por em prática a concepção de vida como um


dos principais mecanismos de socialização. Nesse contexto, a escola tem a função de
desempenhar e transmitir conhecimentos, estimular a aprendizagem e preparar para
o convívio social. A escola, na estrutura geral da sociedade, funciona
simultaneamente como órgão de socialização e mecanismos de controles sociais.
Quando a escola surgiu entre os povos da antiguidade oriental (Egito, China e
Índia) tinha cunho religioso. Privilegiava-se a formação de pessoas letradas, que
seriam responsáveis pela manutenção dos cultos. Na antiguidade clássica (Grécia e
Roma) a escola adotou duas linhas opostas, mas complementares: a pedagogia da
personalidade, que visava à formação individual, e a pedagogia dos humanistas, que
procurava desenvolver o indivíduo dentro de um sistema educacional representativo
da realidade social.
No século XX a escola pública passou a ser gratuita e seus regimes
diferenciados:
 Quanto ao sexo Masculino /Feminino /MISTA;
 Quanto a Idade Pré-Escola, primária, média ou secundária / pré-
Universitária, / Superior/ Supletivo normal;
 Quanto ao tipo de educação especialização (deficientes físicos ou
mentais);
 Quanto ao caráter religioso;
 Confessional;
 Multiconfessional.

A nova concepção de escola ministrava ensinamentos de caráter memorizado,


intelectualista e literário. Posteriormente, evoluiu para chegar a incluir, na atualidade,
grande diversidade de matérias: ciências, línguas, artes, técnicas, etc. Cada vez mais
a escola procura tornar-se integradora, isto é, constitui uma comunidade em que se
busca a interação entre alunos e professores.
Chama-se escola nova as instituições educativas nas quais se promove a
renovação educacional por meio de internato para pequenos grupos que ficam a cargo
dos professores e de suas famílias.
Na psicologia aplicada à educação mostra-se o conceito de disciplinar ou
interdisciplinar, e não há punição dentro dessa nova perspectiva. O que se procura é
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o incentivo à liberdade das forças produtivas que constituem o potencial do ser


humano.
Analisando a questão de disciplina destacam-se:

1. Possibilidade de punição injusta, com a mediata instalação de cargos de


hostilidade no punido;
2. O excessivo relevo concedido a um aspecto indesejável da conduta do
punido quando mais bem se justificaria a concessão de destaque a um aspecto
positivo;
3. A eventual conexão entre a medida punitiva e uma outra atividade
qualquer, totalmente diferente da que se pretendeu inibir;
4. A preocupação com o bloqueio de certo padrão de conduta, ao invés de
se estimular a resposta positiva.

Para entender como a Interdisciplinaridade pode ser desenvolvida na escola é


preciso que se conheça a formação e a estrutura escolar, o avanço da educação e
suas dificuldades. Não seria possível, portanto, trabalhar sem conhecimento da causa,
sem visão adequada em sua formação. Para qualquer posicionamento que precise
alcançar, busque o conhecimento enraizado, assim conseguirá efeitos positivos, e
caso o negativo persista em aparecer, será mais fácil detectar os problemas
encontrados. Percebe-se que ninguém sobe uma escada começando pelo meio, o
primeiro degrau é sempre o contato direto com a realidade.
A interdisciplinaridade surgiu da necessidade de se desenvolver estudos que
relacionem as temáticas estudadas, buscando um bom resultado no mercado de
trabalho, mostrando-se a produção do conhecimento escolar pautada na inter- relação
das diversas áreas do conhecimento.
O conhecimento da interdisciplinaridade não parece um processo assim tão
simples. Diante da multiplicidade de formas e conteúdos, podemos avaliar por quantos
caminhos, critérios e métodos tivemos que passar para chegarmos a acreditar que as
inovações seriam necessárias, quando voltamos para um estudo de pesquisas em
que se conhece a formação de estrutura educacional desde a sua formação física até
o desenvolvimento pedagógico. Retomando os caminhos que foram percorridos para
se chegar a todas as mudanças, podemos entender a importância de considerar que
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tem sido incidente na bibliografia específica sobre interdisciplinaridade o emprego, a


indicação e a citação do termo em inúmeras produções científicas exclusivas da área
de educação.
Quando nos dedicamos à tarefa da educação não é possível precisar
exatamente há quanto tempo estamos nela. Aqueles que se dedicam à tarefa da
educação, desde há muito, estão na escola (qualquer que seja ) bem antes de virem
a se tornar profissionais dela.
Por isso é difícil, senão impossível, precisar exatamente quando deixamos de
ser “alunos” para nos tornarmos “professores” ou, por outro lado, quando e por
quantas vezes, já no exercício do magistério e/ou nas funções técnicas e
administrativas da escola continuamos sendo “alunos”.
A experiência prática e profissional de que se dispõe, acrescida do fato de ser
pedagogo, representa necessariamente grande compromisso diante de tal
circunstância, em especial pelo fato de representar exatamente uma prioridade ou
como diriam alguns, uma efetiva necessidade: a atitude interdisciplinar que, uma vez
percebida, acaba por nos conduzir à percepção de outras tantas contradições da visão
fragmentária enraizada em nossa prática.
Finalmente, então, queremos registrar aqui estudos sobre a
Interdisciplinaridade que demonstrem tanto a visão fragmentada do cotidiano escolar,
como a produção de uma perspectiva que melhore o processo de educação
interdisciplinar nas formas concebidas de sua existência de conhecer para novamente
se comunicar. Nessa perspectiva, a educação tem sido considerada em dois níveis: o
nível do esclarecimento sobre a compreensão das totalidades sociais, e da educação
econômica; e o nível específico das discussões de temas e problemas educacionais.
O desafio parece configurar-se diante da impossibilidade e inconveniência de
serem alterados componentes da infraestrutura. As impossibilidades dificultam o
processo, numa análise mais aprofundada, que acaba sendo entendida como
elemento típico na maioria das situações em que o educador atua e, portanto, acaba
por se constituir um dos maiores motivos de termos aceito os desafios.
O trabalho participativo e interdisciplinar seria a grande preocupação dos
professores que pretendiam no currículo do curso (Pedagogia) estabelecer nos
primeiros anos um elenco muito variado de disciplinas, o que nos parece fragmentar
o repasse ao aluno. Na verdade, o que vem a ser preocupante é a posição do
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pedagogo quanto a sua especialidade, em comparação com os outros professores


que têm áreas específicas. Segundo essa concepção, procura-se encontrar meios que
superem essa fragmentação encontrada na formação do educador para desenvolver
um trabalho para o educando. Daí aquele grupo composto por professores de
tendências e posturas diversas frente à educação, que se conhece e procura definir
suas diferenças, traduzindo suas preocupações pelo desenvolvimento em nível de
curso.
No entanto, o lema deveria emergir da análise cotidiana escolar por parte do
docente para os discentes, buscando a coerência entre a teoria e a prática procurando
entender e transformar a concepção encontrada numa escola melhor.
O trabalho interdisciplinar é um trabalho participativo, ainda que realizado em
diferentes posturas e visões educacionais, no qual se encontra hesitação e
consequentes críticas a uma concepção única na formação do pedagogo.
Sobre o assunto, Ivani Fazenda (1999, p. 70) comenta: Hoje, diríamos trabalho
interdisciplinar porque participativo. Trabalho interdisciplinar porque realizado por
grupo heterogêneo de professores bastante heterogêneos e por grupo também
heterogêneo de alunos, diríamos hoje, com muita convicção. A visão fragmentada do
conhecimento, no curso de Pedagogia, com currículo que apresentava elenco
bastante variado de disciplina. E ainda acrescentávamos até com certa insegurança:
trabalho interdisciplinar porque preocupado com um “tipo “ de interdisciplinaridade a
interdisciplinaridade interna daquele currículo.
Já presenciamos nos dias de hoje um trabalho disposto a superar essa
fragmentação, muito mais disposto a enfrentar barreiras entre a teoria e a prática, que
parecia ser diferente do exercício para aplicação da prática. Nesses casos, o trabalho
interdisciplinar, sem qualquer tipificação interna ou externa, especifica-se no
desenvolvimento entre as áreas do conhecimento trabalhado.
Para a escola, o esboço do entendimento pedagógico é o trabalho diversificado
em áreas de profissionais atuantes capazes de desenvolver uma metodologia dentro
do seu contexto de experiências adquiridas ao longo de sua formação.
É viável que se pense dessa forma, mas que se olhe também por outro ângulo,
analisando caminhos e direções. Acredita-se que o pedagogo não tenha somente uma
direção, mas direções para serem desenvolvidas e as experiências irão conduzi-los
para isto.
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Para se integrar a um trabalho conjunto é preciso se utilizar de uma ferramenta


muito comum: o “entendimento” para uma atuação participativa.
Na visão que se pretende formar diante da problemática encontrada, pode- se
vislumbrar a experiência vivida como educação travada em direção da aprendizagem.
É necessário que se olhe não somente para o que encontramos, mas para o que
vamos encontrar. A prática parece um pouco árdua, mas nada que não possa ser
especificamente moldado. A especialidade generaliza e contribui para a ampliação
dos conhecimentos existentes que, muitas vezes, a escola não gosta de conhecer
senão na teoria, pois na sua prática cotidiana só sabe se ocupar com a reprodução
do conhecimento existente.
Os exercícios levam a questionar e avaliar a postura da teoria e prática, cujos
grupos de estudo sobre a Interdisciplinaridade, mais que tudo, demonstram a
perspectiva de substituição. No cotidiano da escola, das visões fragmentadas e/ou
dicotômicas pelo que se chama de convergência em termos, denominados de saber,
alegria, participação, aspectos que, combinados, formam a Interdisciplinaridade.
Para os educadores a Educação seria impotente e ideológica se ignorasse o
objetivo de adaptação e não preparasse os homens para se orientarem no mundo.
Porém, ela seria igualmente questionável se ficasse nisto, produzindo pessoas
ajustadas, em consequência do que a situação existente se impõe precisamente no
que tem de pior. Nestes termos, desde o início existe no conceito de Educação uma
ambiguidade para a consciência e para a racionalidade. Talvez não seja possível
superá-la, mas certamente não é possível desviar dela.
Anteriormente fez-se referência à posição encontrada no profissional que atua
e que também analisa a posição da Educação em uma relação dialética.
Evidentemente, a aptidão para se orientar no mundo é impensável sem adaptações.
Mas ao mesmo tempo impõe-se equipar o indivíduo de um modo tal que mantenha
suas qualidades pessoais. E essa tarefa de reunir na educação princípios individuais
e sociais simultaneamente, adaptando a resistência particular, é difícil para o
pedagogo no estilo vigente. Procura-se mostrar que quem deseja educar para a
democracia precisa esclarecer com muita precisão as debilidades da mesma. A
educação constitui necessariamente um procedimento dialético, porque só podemos
viver na democracia quando se dá conta igualmente de seus defeitos e de suas
vantagens. Para que se firme confiante no processo ensino-aprendizagem em
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perspectiva da interdisciplinaridade (paradigmas emergentes da educação); exige-se


que esse “paradigma”, como melhor pode ser denominado, possa ser profundamente
conhecido pelo homem e que se faça vivido pelos educadores. Pode ser comunicado,
reproduzido e produzido para, por meio de outras formas, ser concebido em sua
sempre nova existência. Dar-se-ia, novamente, conhecer e, novamente, comunicar,
para formação de uma escola que favoreça um ambiente de aprendizagem voltado
para a qualidade.
ESCOLA PÚBLICA E CONTEXTO SOCIAL

A escola, por vezes, será dedicada a uma realidade na confluência da


sociedade civil e da sociedade política. Sendo o local da luta ideológica, do
entrechoque das idéias e das convicções, apraz-nos colocar a escola como
organismo da sociedade civil. Em seu interior manifestam-se as tensões e as
correlações de forças que atravessam todo o tecido social. Sendo também, por
natureza, o território da persuasão e não o de coerção, mas ainda é possível
convencer-se da validade da localização da escola no conjunto das instituições da
sociedade civil.
Em se tratando da escola pública brasileira, no entanto, não nos é possível
desconsiderar o fato de que ela se integra efetivamente ao conjunto dos aparelhos
para reeditar a discussão, a essa altura, dos teóricos como reprodução. Isso conduz
à análise da questão da competência que vem sendo realizada em inúmeros trabalhos
que apontam para uma necessidade de formar profissionais comprometidos com a
eficácia do exercício de suas funções. Quando se fala em profissionais competentes
estamos indiretamente rotulando quem já alcançou seu objetivo, porém esquecemos-
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nos de quem ainda está somando experiências, calculando objetivos para


desenvolver-se, em qualquer segmento que for.
Procuramos responder às questões levantadas por meio da exposição de um
estudo de caso. A competência da Interdisciplinaridade é uma forma de fazer com que
se busque o aperfeiçoamento cada vez mais. Não basta somente “ser”, é preciso
“fazer”. E esse “fazer” vem munido de objetivos de entendimentos que envolvem
perspectivas para aprender, e não levem ao envolvimento do caso sem causa.
Quando se procura que dentro das escolas se aprimore uma didática aberta, é
previsto naquele momento a transformação do outro sem impor ou ditar ordens. A
autoridade do conhecimento se faz pela maneira como pretendem conduzir os
conteúdos e o resultado que querem obter.
Existem fatos que somente podem ser analisados não tendo a capacidade de
sentir. É conveniente descrever o que será apreendido durante o tempo em que será
desenvolvida a teoria. Acredita-se, porém, que ninguém consegue somente escrever
sem ver a cena, ou somente falar sem nunca ter visto a realidade como de fato
acontece.
Há professores que não conseguem realizar o trabalho de seus conteúdos no
âmbito de sua profissão, devido à questão da indisciplina, ou seja, tinha a
oportunidade de realizar sua didática e não tinha a competência, faltava o brilho, que
refletisse no exercício e desenvolvesse no aluno vontade em aprender.
A construção do conhecimento se fez num movimento que foi se completando
e integrando a partir da compreensão do trabalho desenvolvido na organização da
instituição para o conhecimento. A comunicação dos dados permitiu entender que o
fio condutor que dirige a trajetória de vida de um docente se dá pelo registro de sua
busca, juntamente com o equilíbrio que vai constituindo uma marca fortalecida na
construção, influenciando desde seus primeiros contatos na formação escolar.
O posicionamento do confronto obtido nos alunos é o que leva a análise do
crescimento, que decorre de uma visão para atingir o processo de aprendizagem.
O foco da margem reflexiva envolve a vida em escolha, germina atitudes de
compromisso com trabalhos que estão sujeitos ao conhecimento que pode ser
vivenciado.
O contato com a sala de aula é o reflexo do trabalho. Lá está o registro para
levantamento de dados do desenvolvimento didático dos profissionais que atuam. Os
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receptores se estendem e mostram o quanto se absorveu ou não. O equilíbrio da ação


teórica e prática está presente no compromisso do programa em que se cumpra o
planejamento, buscando-se o conhecimento da prática para embasamento do todo.
Pode-se analisar que o desenvolvimento da ação reflexiva do docente está
presente no modo de agir e pensar interdisciplinarmente. Da mesma forma, a
concepção revela uma postura estática, cuja função docente está claramente
caracterizada por ele(ela) professor.
Sendo ele o articulador da aprendizagem que ocorre, serão nestes ângulos que
se registram os depoimentos que favorecem a busca das soluções e conhecimentos
de casos.
A descontração das aulas deixa escapar se a autoridade flui ou não. É uma
história bastante complexa, porque cada um tem sua maneira de ver e analisar a
situação. A consciência clara dos docentes permite que eles expressem a
profundidade do cotidiano da sala de aula que investiga o aluno em todas as
circunstâncias.
A questão da escola no seu ângulo social vem registrar a participação de cada
um, desde:
 Nível socioeconômico dos alunos que diferem em alguns casos e que
dificulta a aprendizagem, pelo fato deles mesmos se excluírem do ambiente para
aprender e conhecer ( valorização do capitalismo);
 A responsabilidade do professor em fazer com que a imaturidade dos
alunos seja superada;
 Dificuldades no exercício da função, que desestimula o profissional;

 Muitas vezes, o professor se sente solitário. Não tem com quem discutir
sua didática e isso o desvia emocionalmente.

A todas essas colocações dar-se a entender a preocupação do professor com


o aluno. A questão do acompanhamento do professor, na participação do seu dia-a-
dia, trocar idéias, fazer viver uma história na prática, pois nisto está a realidade de
cada um e deve-se buscar uma preocupação maior com a qualidade do ensino e com
a escola na sua função social, sendo necessário que se trabalhe a problemática do
professor. Entretanto, encontram-se docentes que no âmbito de sua função, pelos
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desgastes enfrentados, são desorganizados, tomam medidas sem pensar, trabalham


contrariados e toda essa carga negativa automaticamente é repassada para os
alunos.
O compromisso se faz pela consciência histórica de como o professor se
constitui na vida. A luta pela busca de identidade pessoal e profissional se fez com
muita determinação. A função social da escola é propiciar a busca da maximização
dos resultados, trazendo benefícios como um todo.
Quando o corpo escolar desenvolve projetos, todos estão querendo atingir um
processo que favoreça a agilidade, as decisões e as implementações que fluem.
Descobrir o caminho certo compreende os desafios encontrados, que são muitos, mas
os obstáculos ajudam a impulsionar para se obter soluções, prevalecendo os objetivos
gerais em detrimento dos pessoais. Elimina-se o medo do novo e o conflito.
O estímulo do crescimento individual e coletivo em conjunto irá dar espaço às
necessidades da comunidade escolar (educadores/educando), aliado à busca das
alternativas da capacitação para o enfrentamento dos novos desafios.
Assim, pode-se dizer que a escola busca desafios estando aberta ao novo. Os
PCNs delineiam a concepção de uma nova educação e de um novo educador, de um
novo educando e de uma nova escola. A escola tradicional, pautada na crença que o
conhecimento é algo pronto, acabado, perfeito, no qual o capital cultural pertence
apenas aos que detêm inteligência e competência está ultrapassada. Essa concepção
em que o aluno é visto como tabula rasa, uma folha de papel em branco, e que trazia
uma preocupação excessiva com o treino de habilidades, com a memorização, com a
repetição e a imitação, está inadequada para a atual realidade.
Atualmente a escola precisa rever suas crenças e contrapor a antiga visão
sobre quando se procede à aquisição do conhecimento com a atual visão que
considera um conhecimento constante na construção coletiva a partir das concepções
prévias dos educandos, seu cotidiano, suas dúvidas, problemas. Problemas esses
que, se devidamente explorados, permitem o desenvolvimento da criatividade,
sensibilidade, intuição, senso crítico, capacidade de análise, formulação e resolução
de problemas.
A escola estará apta a desenvolver as habilidades e competências em seus
educandos para que eles possam se adequar ao atual contexto tecnológico e
globalizado.
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A Instituição escolar é um agente cultural, mas também é agente


socioeconômico, pois interage com o mercado de trabalho (educadores/funcionários
em geral ), com o mercado consumidor ( alunos e pais ) e com o setor público (MEC;
Diretoria regional).
Então, no contexto social a escola necessita adaptar-se à realidade presente
para que sobreviva. As resistências às mudanças existem e não pode ser responsável
por perda de oportunidades. A falta de informação tem levado inúmeros educadores
a pronunciarem frases como: “A escola não tem jeito”, “Os alunos não estão nem aí”,
“É o fim da educação”. Mas é preciso pensar além disso tudo: O que está afetando a
nossa escola? Qual a origem interna e externa? Qual a natureza do problema? Quais
fogem do alcance da escola? Será que os educandos são mesmo desinteressados?
Quem realmente precisa aprender, nós ou eles?
Todos os questionamentos têm uma razão comum: a escola precisa atualizar-
se, compreender a linguagem dos jovens, e isso está atrelado às oportunidades e às
ameaças que a escola enfrenta no presente e poderá enfrentar no futuro. O fato
concreto é que os aspectos que permitirão à escola sucesso no futuro, de forma
contextualizada, apontam para uma visão clara do macroambiente. A partir daí tem-
se um passo para a busca de possíveis encontros de caminhos que possibilitem
avanços na qualidade e eficácia da educação como um todo, e que seja um projeto
que visem à resolução rápida de problemas.
A escola é uma instituição social, e como tal é fruto de uma cultura com suas
crenças e valores, que determinam normas, regras de comportamentos. Os valores
sociais formam o sustentáculo da escola. Quando os valores são claros e aceitos, os
conflitos diminuem no cotidiano escolar e são fundamentais para que uma escola
funcione harmonicamente.
Os educadores e todos os profissionais ligados à educação, bem como os
educandos e seus familiares de acordo com sua formação, trazem influências próprias
que repercutem nas crenças e valores da escola, cristalizando dessa forma sua
cultura.
No quadro avaliativo nota-se a importância dos VALORES culturais da escola:

 Qual o perfil do nosso educador?


 Qual o perfil do nosso educando?
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 Qual o perfil do nosso coordenador?


 Qual o perfil do diretor?
 No que somos melhores?
 Quais as crenças e os valores que cultivamos?
 Quais seriam as possíveis causas do nosso sucesso ou fracasso?
 Por que a escola existe?
 O que explica a sua existência?
 Qual seria a função resumida da escola?
 Qual seria a função da cultura da escola formada pelo conjunto de
crenças e valores de todos os que dela fazem parte?
 O que esperam alcançar os que dela participam?
 De que precisam os que dela participam?
Todas essas questões levam a acreditar que a escola é uma junção de critérios
que precisam ser moldados e analisados para receber o principal integrante a ser
trabalhado para egresso social e exercício da cidadania.
Uma escola pública é um local de trabalho único. Não é, necessariamente, um
local de trabalho unitário. Em seu interior seus trabalhadores produzem uma
passagem do mundo iletrado ao mundo letrado, das primeiras letras ao universo do
discurso; de uma linguagem informal às linguagens sistematizadas; da cultura popular
à cultura erudita; da instituição pessoal ao saber historicamente organizado.
Em todas essas passagens e em outras que poderiam ser enumeradas, as
ideias forçam o propósito implícito ou manifesto que é o da elevação. Uma escola,
qualquer que seja, existe com a função de elevar seus alunos, para passá-los de um
momento de vida insuficiente, insatisfatório, incompleto para outros momentos que se
desdobrarão em direção a um horizonte vislumbrado e em permanente construção.
Um ambiente escolar deve proporcionar aos seus trabalhadores que possam
se reunir no seu interior, não apenas para produzir passagens que significam
elevações individuais. Eles têm que socializar a passagem num contexto voltado para
a realização efetiva da educação. Nesse sentido a escola é única. Ela apenas se
incumbe de pensar e realizar a educação em conjunto da população; de conceber e
promover a materialização do interesse coletivo.
A construção social que a escola constrói a si mesma irá formar, ao mesmo
tempo, os instrumentos de seu trabalho único. Para entender melhor é preciso revisar
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teorias, categorias e conceitos. Porém, a finalidade da escola no seu contexto social


é buscar transmitir dentro da construção de conhecimentos adquiridos pelos seus
educadores a formação do cidadão enquanto integrante do sistema de ensino. A sua
participação ativa na vida dos educandos se faz desde suas primeiras descobertas,
levando em conta a capacidade de cada um na formação cognitiva do aprendizado
aplicado. A questão inerente às relações escola e trabalhos têm sido objetivo de
discussão intensa e continuada em todos os debates educacionais, preparando para
um aspecto de planejamento em que se coloca em discussão a função social da
escola.
É necessário conhecer as formas históricas que o trabalho assume diante da
sociedade de classes para que se possa estabelecer a impropriedade da adoção
dessas mesmas formas no interior da escola. Não se trata apenas de retirar a
subordinação da escola ao mundo capitalista. Trata-se também, e principalmente, de
uma organização do trabalho escolar em consonância com a natureza mesma das
atividades que aí devem desenvolver-se. O mecanismo dessas relações sociais ajuda
a esclarecer a passagem das tarefas dialeticamente concebidas e assumidas.
Acredita-se que a formação organizacional esteja direcionada para o educando,
enquanto membro integrante do ensino nela desenvolvido.
A repercussão da aceitação social qualifica o tipo de escola e a desenvoltura
dos seus trabalhos ao longo da vida do estudante quando vem atuar no mercado
promissor.
As diversas expressões do desenvolvimento da escola na vida do estudante
são o que a diferenciam de suas formas e expressões criadas pelo homem como
possibilidades diferenciadas ao dialogar com o mundo. Esses diferentes domínios de
significados constituem espaços de criação, transgressão, formação de sentidos
significados que fornecem aos sujeitos, autores ou contempladores novas formas de
inteligibilidade, comunicação e relação com a vida, reproduzindo-a e tornando-a objeto
de reflexão. Sendo assim, a formação social começa desde cedo até a adolescência,
na qual as práticas pedagógicas cotidianas são incorporadas no seu currículo escolar.
A escola tem uma missão muito importante que é expressar suas diferentes
formas, disciplinar de forma interdisciplinar para adaptação do ensino e
enriquecimento da aprendizagem. É importante salientar as práticas desenvolvidas
por mais simples que sejam seus exercícios técnicos e treinamentos psicomotores
19

nos primeiros anos de escolaridade.


De fato, o nosso desafio parece configurar-se diante das situações encontradas
e possibilidades alcançadas, um agrupamento de ideias que vêm ser trabalhadas na
experiência pedagógica acrescida de um compromisso diante das circunstâncias, que
vêm qualificar a sua possibilidade de inclusão social, de forma a questionar para
melhorar. Saber o quanto e quantos caminhos percorrer para efetuar a junção dos
conceitos educacionais que se estendem ao educando e às respostas que têm
recebido nos últimos anos.
A educação vem para ser trabalhada de maneira interdisciplinar e motiva os
grandes desafios que são realizados no cotidiano por meio de empenhos e escrições
de atividades. Questionar o conhecimento representa uma oportunidade simples de
elaborar com os alunos individualmente ou em pequenos grupos questões de
conhecimentos existentes em termos teóricos para o exercício da prática. A relação
social da escola vem garantir as mudanças das relações de trabalho no interior de
uma função democrática, desenvolvidas com seus atores (professor e alunos).
O interesse em escala ascendente reveste-se de significados, estudos
importantes para o futuro educacional social nacional. É evidente que podem marchar
mais corajosamente na direção de um profissionalismo que as leis de ensino
começam a sugerir e incentivar. O momento reflete uma perspectiva de conquistas
realizadas com cuidado, visto que o professor é um ator de múltiplas facetas, devotado
a se mudar, a se transmutar, a se transvestir, em todas as épocas que forem
necessárias diante das circunstâncias conhecidas e descobertas diariamente.
A experiência acumulada por seus profissionais é naturalmente a base para a
reflexão e a elaboração de um projeto educativo escolar, de forma clara e com valores
coletivos assumidos. Cada escola encontra uma realidade, uma trama, um conjunto
de circunstâncias de pessoas, e para isso é preciso encontrar incentivos do poder
público para o desenvolvimento e elaboração das questões realizadas.

PRÁTICAS ESCOLARES E A INTERDISCIPLINARIDADE


20

Antes do trabalho do aluno com atividades propostas, ou seja, com atividades


escritas, faz-se necessário um amplo trabalho do professor com material concreto e
vivências de experiências. Os estudos das práticas escolares e a interdisciplinaridade
nos levam a conhecer conceitos e informações importantes que levam o professor a
desenvolver suas habilidades de formas coerentes e modos satisfatórios. A sala de
aula é o lugar intermediário entre a teoria e a prática que surgem com suas mudanças
e conceitos de práticas pedagógicas estabelecidas pelo professor no exercício de sua
didática. É preciso uma mudança total na concepção do objetivo da aprendizagem, do
sujeito que aprende e, forçosamente, do professor.
Trata-se de compreender o processo que se está vivendo a cada momento, o
conhecimento de uma série de fatos vinculados à evolução psicológica, que será
preciso pensar em outros termos de intervenção pedagógica ligada às ideias do
processo evolutivo.
A prática tradicional leva o aluno a saber ou não saber, poder ou não poder ,
equivocar-se ou acertar. Isso torna muito difícil compreender que está sendo
apresentada uma evolução e que certas coisas são normais dentro da evolução, ainda
que se cometam “erros” em relação ao desenvolvimento do aluno em sua prática
aprendiz (disciplinas).
A interpretação do professor faz a produção interpretativa do aprender respeitar
o produtor (aluno), mostrando por meio de seus esforços o que está sendo feito para
se compreender o sistema de uma didática de entendimento.
Procure retratar fatos que povoam momentos importantes no caminho de
formação da caminhada do professor para o seu desenvolvimento.

Compartilhando práticas para construir o coletivo


21

Neste material estará um pouco da minha experiência, pois vejo a necessidade


de abordá-la. A experiência obtida em educação ao longo da trajetória leva a registrar
fatos que marcaram a minha caminhada como educadora.
O interesse do professor flui de acordo com a receptividade do aluno. Ouvi de
muitos professores frases como: “os alunos não querem, já fiz minha obrigação”, “você
não vai chegar a
lugar algum”. Não se permitiam saber que os alunos que estavam ali tinham
consigo diferentes histórias de vida e cada um era único, tinham interesses
específicos, possibilidades distintas, experiências individualizadas, que não eram
consideradas no dia-a-dia em sala de aula. E, ainda mais, não percebiam que esses
interesses, essas possibilidades e experiências individualizadas podiam ser
trabalhados coletivamente.
A prática de “dar aulas” é a forma mais correta de encontrar as dificuldades de
cada aluno, quando são conferidas algumas atividades dos exercícios propostos no
desempenho da linguagem escrita e da linguagem oral. Nota-se que aquela prática
estava bloqueando a desenvoltura do aprendizado do aluno. Ao término da
experiência como estagiária, comecei a lecionar e sabendo onde estava a dificuldade
comecei a inovação das minhas aulas. Descobri que o livro didático vem com o
material pronto, mas que a realidade encontrada muitas vezes impede que o conteúdo
seja repassado.
Então, cheguei a trabalhar a realidade com o que tinha e que favorecia a
aprendizagem. Notei que as minhas interrogações surgidas no período do estágio no
exercício da minha função foram desaparecendo. Julgava a deficiência do aluno e
quando comecei a trabalhar descobri que ambos têm que comungar, falar a mesma
língua, seguir os mesmos conceitos. Para isso, vem a questão da indisciplina, a
doação do professor e aceitação do aluno e a colaboração da direção escolar. A
prática escolar é um conjunto de todos os segmentos voltados para a qualidade do
processo de ensino-aprendizagem. Assim, comecei a trabalhar a questão da
interdisciplinaridade com os meus alunos.
A prática foi ganhando forma dentro dos projetos educacionais desenvolvidos
com os alunos e quando notei toda a escola estava envolvida de forma coletiva. A
resposta veio desde a Educação Infantil até o Fundamental II. As regras estabelecidas
22

nos planos de aula (Gramática, conhecimento da História/ Geografia / Ciências /


Matemática / Artes e religião ), e estavam ganhando uma nova roupagem nas quais a
socialização do aluno vinha sendo demonstrada nas apresentações das equipes,
participação em seminários e atividades extraclasse. Durante nosso convívio era
necessário que cada um participasse com o que tinha no seu conteúdo programático,
mas de forma diversificada (idéias claras e prazerosas) para aprender.
A prática leva a preparar o aluno para melhorar o desempenho nas atividades
escritas e darão suporte durante todo o processo de conhecimento:
 O trabalho intenso com os nomes dos alunos vem destacar as letras
iniciais e atividades variadas com fichas, crachás e alfabeto móvel;
 Contato com farto e variado material escrito - revistas, jornais, cartazes,
livros, jogos, rótulos embalagens, textos do professor e dos alunos,
músicas poesias, parlendas, entre outros;
 Observação do ato de leitura e escrita;
 Audição de leitura com e sem imagens - notícias, propagandas,
histórias, cartas, bilhetes, etc.;
 Atividades escritas espontâneas;
 Bingos, memórias de letras, baralhos de nomes, Jogos de cartas.

O professor tem uma missão muito importante que é passar a teoria,


exercitando a prática. E nas idéias apresentadas, surge à valorização da capacidade
do professor em transformar a teoria na riqueza confeccionada para prática da sala
de aula. A ela se deve o conhecimento interdisciplinar que exige do aluno o raciocínio
lógico, a memorização dos fatos nas instruções previamente selecionadas para as
atividades dos alunos.
O professor precisa ler sempre os enunciados, verificando o entendimento e
trabalhando as atividades. Durante as atividades desempenhadas, avalie a
capacidade do aluno naquele momento (avanços e dificuldades). Aproveite as
oportunidades para relacionar atividades com as experiências de vida do aluno e seu
universo imaginário dando-lhe oportunidades para revelar gostos e interesses dos
conhecimentos, pois assim a expressão das opiniões vem dar asas à imaginação.
Ninguém procura conhecer o novo sem conhecer-se a si mesmo. É preciso saber sua
realidade e seus limites.
23

Para manter uma relação favorável com o aluno é necessário abrir um espaço
em que ele se sinta à vontade e volte-se para a prática interdisciplinar expressando
seus diálogos, enriquecendo-se nos livros, descrevendo nos murais, trabalhando com
gravuras, fantoches, plantas, pequenos animais domésticos e coleções diversas.
Como não há como se distanciar desta realidade, todos os profissionais da educação
sentem a necessidade de refletir sobre suas ações pedagógicas no que diz respeito a
conhecer e reconhecer a importância do sujeito da aprendizagem, a entender o que
pode facilitar ou impedir que se aprenda, auxiliando professores e todos aqueles
envolvidos com a questão do aprender.
A ciência nova se destina a buscar as causas dos fracassos escolares e
resgatar o prazer de aprender numa visão multidisciplinar, podendo orientar as
instituições escolares e seus professores e atender a pais e alunos na perspectiva de
transformar as relações com o aprendizado (psicopedagogo). A intervenção
psicopedagógica realizada pelo professor no processo de aprendizagem e
desenvolvimento cognitivo é feita com todos os alunos, até mesmo com os que
apresentam dificuldades (a esses o trabalho deve ser específico) por tratar-se de uma
prática de construção do conhecimento que, às vezes fica escondida na Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP) da criança.
O grau de orientação e ajuda do professor dependerá da competência ou
dificuldades para realizar a tarefa de uma forma autônoma. Maior será a necessidade
de guiar, dirigir e apoiar o processo de aprendizagem que realiza, procurando até
mesmo metodologias de ensino mais estruturadas e direcionadas aos alunos quanto
mais as atividades de intervenção do educador tiverem como ponto de partida as
experiências do cotidiano, tendo como vista o seu universo cultural.
Dessa forma, considerando os conhecimentos prévios do aluno, é possível
organizar situações de aprendizagens mais significativas. Quando se propicia um
ambiente favorável a intenção é descobrir que de acordo com a planilha orientada
para evolução nos níveis psicogenéticos e cognitivos visa-se também o seu
desenvolvimento integral e criativo.
A partir do que foi exposto estabelece-se um paralelo entre a forma de
produção de um conhecimento dentro da realidade vivenciada em sala de aula em
oposição à que procura produzir conhecimentos numa abordagem funcionalista.
24

DISCIPLINARIDADE

A luta pelo direito à escolarização é a luta pelo acesso ao conhecimento e faz-


se uma estratégia global da luta das classes e da construção de uma nova sociedade.
Mas não é suficiente nesta luta que se tenha uma renovação de conteúdos e métodos
sem que se permita a apropriação do verdadeiro conhecimento.
Coloca-se, pois, o problema de continuidade de transformação do saber
recebido e transmitido. O saber não pode ser simplesmente transmitido, com todas as
distorções ideológicas, que apresenta um saber fechado histórico e crítico. A seleção
desses conteúdos devem ser desveladoras e não mascarem a realidade, revelando o
seu caráter contraditório e transitório.
A verdade não deve ser apresentada como universal e atemporal dissociada
do problema de classe. A verdade de hoje é superada pela verdade de amanhã. A
verdade de hoje traz o conhecimento dos problemas apresentados que se colocam
numa educação que procura transformar-se em termos de apropriação, redefinida a
criação do ponto de vista da educação. Apossa-se desse saber e cria-se um novo
saber, que recupera a relatividade histórica do domínio das condições por meio de
uma sociedade educativa que vem criar o novo.
O ponto de partida vem trazendo um conceito real de experiências de vida e
observações de funções educativas para modificação de como e aonde foram
repassados. A ideologia global necessita de um sentido novo que venha destacar uma
qualidade das expressões que surgem com a formação humana global e que se
produz em uma integração básica destacada nas inclinações, das barreiras
encontradas na educação.
Compreendemos que a sociedade ensina e ao mesmo tempo se contradiz
quanto à postura educativa. Isso ocorre quando tal sociedade se reflete nos problemas
da escola que não são técnicos e pedagógicos para apoiar-se em conteúdos e critérios
de avaliação que relacionam um conceito afirmativo na construção de identidade e
personalidade integral. Avista-se um futuro aparentemente sem saída e se evidencia
a necessidade de buscar um caminho a trilhar.
A educação hoje vive e respira a atmosfera do questionamento e jamais deve
esquecer que as dúvidas metódicas fazem parte da vida de cada educador e
educando. O questionamento muitas vezes afasta o fantasma que mostra as
25

verdades feitas que apenas começam a ser assimiladas pelos espíritos superficiais de
uma consistência intelectual na qual se pressupõe a contínua busca do sentido que
sempre foge do olhar mediador de uma educação atribuída ao ensino. Passando pelas
transformações cotidianas, não é de hoje que se procuram respostas sobre o futuro
da educação. Analisa-se a burocracia pedagógica e nota-se um aspecto de trabalho
que implica uma ação direta e individualizada, ou seja, a atuação centrada no aluno.
A esta perspectiva temos uma atuação que assenta a visão basicamente
corretiva na linha de atendimento aos problemas educacionais. A esta perspectiva
espera-se direcionamento e controle das interferências que outros agentes
educacionais, como a família, vem desenvolvendo no sentido de modificar o contexto
que se espera alcançar diante das possibilidades. As influências podem ser
reconhecidas diante das articulações geométricas dos currículos e programas, na
repetição de erros metodológicos que sempre recebem novas roupagens.
A colocação aqui é descrever o que inevitavelmente se afirma sobre as
competências educacionais em um linguajar espesso que se baseia na pobreza de
conteúdo e mesmo de expressões vistas como esclarecedoras (colocar onde e em
que termos?). Mas não é somente a teoria que as relações educacionais disciplinares
vêm mostrar em uma realidade social enfocada. A compreensão crítica da relação
disciplinar é preocupante. Sobre isso, um grupo de pesquisadores de escolas, em
colaboração com a UNESCO, buscou estruturar o Centro Internacional de Pesquisas
e Estudos Transdisciplinares em 1995.
De lá para cá prosseguiram os encontros de que daremos alguma notícia para
clarear o que nos desafia. A discussão coletiva dos pensamentos complexos é um
imperativo do avanço significativo que evidencia as demais questões específicas da
escola e procuram ampliar a relação escola e sociedade. A disciplinaridade supõe
uma clara definição dos contornos dos diversos saberes. Respira a tranquilidade e a
coragem de um saber com fronteiras definitivas, e em obediência a uma metodologia
com limites igualmente demarcados. É a física, a química, a matemática, o português,
a literatura, etc.
A verdade se revela bem na medida em que o aprofundamento de uma questão
prevalece sobre outra área do saber e, com isso, se vê significativamente iluminada.
A complexidade emergente gera o fenecimento da hierarquia. Em decorrência disso,
surge a era em que não há autoridade investida, imposta por si mesmo, mas terá de
26

competir com a autoridade de quem sabe mais. E quem sabe muito? A resposta é:
ninguém.
Assim, é visto surgir um inédito capítulo da história humana, que implica na
fragilidade do centro decisório que definia e separava as áreas do saber. Não mais se
podem deter os conhecimentos amplos e variados que o processo decisório exige
para que surjam os autoconceitos nas estratégias globais da capacidade do aprender.
Dar voz ao mundo do aluno, porém, não significa calar-se. É do confronto que a
disciplinaridade vem professar mudanças para o entendimento da realidade de
vivenciar. Quando procuram adequar, buscam-se meios que ampliem as experiências
imediatas e profundas aos conhecimentos possuídos e encorajados na realidade do
saber.
O acúmulo da história da educação que preocupa quanto a sua transparência
atual leva às condições de construção de novos conhecimentos. E estes buscam
aprimorar os nossos enfoques acumulados que vêm ser transmitidos pelos alunos,
buscando uma transformação para o novo saber. Não que mude os conteúdos, mas
a maneira como vão ser repassados a partir do entendimento disciplinar.
As compreensões da realidade, por sua vez, provocam novas necessidades de
compreender. As respostas dadas aos desafios suscitam novos desafios e, portanto,
novas respostas. Daí que o conhecimento não pode ser e nem é absoluto. Conhece-
se perfeitamente, e quanto mais se conhece, mais aumenta a necessidade de
conhecer melhor. Esta permanência do conhecimento vai tornando durável a
educação. Nenhuma educação autêntica pode estar presa a um tempo, um espaço,
um programa, por causa do ir e vir também permanente dos tempos, dos espaços,
dos programas, das coisas etc.
Compete a cada articulador a sua responsabilidade de entender as relações
fundamentais de formas claras nas relações de transmissão e criação de
transformação do saber para o saber do aluno. Essa responsabilidade de mudança
aspira uma segurança e um estudo centrado no conteúdo repassado em sala de aula.
Poder-se-ia imaginar que a pluridiscipinaridade estaria à disposição, mas ela não se
afasta inteiramente da disciplinaridade, uma vez que se trata de um estudo que
envolve várias ciências a partir de uma única direção do processo. É um
enriquecimento do estudo, mas não uma abertura plena à sua compreensão. Já a
interdisciplinaridade vai mais longe. Ela concerne à transferência de métodos.
27

Exemplo: os métodos da física nuclear podem beneficiar o tratamento do câncer, que,


como duas ciências, ao se aproximarem, geram uma nova.
A educação para a libertação tem como fundamento a problematização. Essa,
por sua vez, tem seu instrumento na criticidade, levando os educandos a
aprofundarem seus conhecimentos na realidade em que estão inseridos. E na medida
em que se conhecem e se descobrem, mas capazes se tornam para darem respostas
transformadoras mediante seus fazeres transformadores. E quanto mais respondem,
tanto mais irão modificando, criando e recriando, transformando a realidade conhecida
numa nova realidade. A isso se adiciona o condimento da complexidade e estarão
ante um novo universo cognitivo à espera da luminosidade do homem a lhe decifrar
os enigmas.
Cabe ao homem contemporâneo acreditar que se impõe, gradativamente, o
itinerário fecundo do aprender, do fazer e do conviver. É por esta razão que a
emergência da indisciplinaridade precisa se ajustar aos mecanismos capazes de fazer
desembocar nos altiplanos da paz, da convivência e do respeito mútuo entre homens,
instituições e povos. Longe de tais pensadores estabelecerem compartimentos
estanques entre a pluridisciplinaridade, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade
podem e devem conviver pacificamente e abrir espaços à compreensão de sentido do
real. Sem prejuízo da densidade criativa do ideal, do ficcional, do imaginário que tanto
opulentam o olhar perplexo do homem ante a magnitude do desafio de simplesmente
captar os sinais vitais de tudo o que o envolve, sobre ele atua e lhe oferece um mundo
para se conviver – vivendo.

MULTIDISCIPLINARIDADE

A especificação do tema pretende desvendar, no universo da sala de aula, o


processo de uma prática pedagógica que introduz a construção do conhecimento
28

significativo no qual o lúdico favoreça a apreensão de novos conceitos. A desenvoltura


do contexto vem sintetizar uma dinâmica que possa atuar um processo construtivo e
informativo na educação. Entretanto, a orientação leva à formação do espírito
consciente, crítico, que toma as decisões rápidas e eficazes no convívio social.
A multidisciplinaridade corresponde à estrutura tradicional de currículo nas
escolas, o qual se encontra fragmentado em várias disciplinas. De acordo com o
conceito de multidisciplinaridade recorre-se a informações de várias matérias para
estudar um determinado elemento, sem a preocupação de interligar as disciplinas
entre si. Assim, cada matéria contribuiu com informações próprias do seu campo de
conhecimento, sem considerar que existe uma integração entre elas. Essa forma de
relacionamento entre as disciplinas é considerada pouco eficaz para a transferência
de conhecimentos, já que impede uma relação entre os vários conhecimentos.
A qualidade do trabalho se dá pela experiência vivida e por isso, procurei
desenvolver ao longo de minha carreira como educadora a origem e formação do que
se pretende estudar e repassar. Portanto, comecei pela realidade interiorana do sertão
semiárido nordestino. Uma cidadezinha pequena, mas que traz consigo o retrato de
uma história de luta e determinação. A fé católica que conduz o contexto da história
de sua fundação povoa o cenário inspirador da religiosidade que, envolvem
seguimentos da cidade, desde comércio varejista, ambulantes, até as andas com suas
músicas regionais.

Quanta beleza se retrata diante de uma paisagem climática preocupante, que


vem mostrar um cartão-postal de seu povo. Porém, as atividades escolares
transcorrem normalmente e revendo a sua cultura procuramos seus principais fatos
históricos que trazem estudos entre disciplinas aparentemente distantes como a
Educação Física e Português, História e Matemática.
A multidisciplinaridade tornou-se muito importante quando começamos a
desenvolver na escola trabalho com projetos, nos quais conseguíamos integrar as
disciplinas. A multidisciplinaridade foi considerada importante para acabar com um
ensino extremamente especializado, concentrado em uma única disciplina. A origem
da multidisciplinaridade encontra-se na ideia de que o conhecimento pode ser dividido
em partes (disciplinas). Resultado da visão cartesiana e depois cientificista na qual a
disciplina é um tipo de saber específico e possui um objeto determinado e
29

reconhecido, bem como conhecimentos e saberes relativos a este objeto e métodos


próprios.
Ao apresentar as pesquisas que ora vinham sendo trabalhadas em sala de
aula, sugerimos que os alunos fizessem uma exposição oral a partir do que foi
explicado e levassem seus entendimentos para o pátio da escola. No pátio da escola
os alunos começavam a registrar suas ideias por meio de confecção de cartazes e
faixas, para uma grande caminhada pela comunidade de seu bairro. O resultado foi
acima do esperado. O trabalho ia ganhando corpo e formas que começaram a levar o
conhecimento até suas casas. Com o projeto “Cuidado com o Lixo” as famílias
começaram a se integrar na escola. Acompanhei cada passo. E a cada organização
ocupávamos a sala de aula com investimento do conhecimento diferenciado para
promover as diferenças.
Resgatamos a história do passado dessa comunidade, relacionando a
disciplina de história com a matemática, numa teoria e prática do estudo da história e
formação econômica (desenvolvimento dos trabalhos que sustentam a comunidade,
como a Agricultura, com participação e depoimentos dos pais).
A transformação sobre a trajetória realizada aproximou duas disciplinas que
costumam caminhar separadamente – Matemática e História. Nos trabalhos
confeccionados em sala os alunos montaram um painel das profissões com sua
história e quanto se ganhava. Nessas comparações observávamos as roupas de
épocas, estilo de vida, alimentação, etc.
Quando conhecíamos a história e sua economia (fonte de renda), voltamos
para a questão da saúde pública, unindo Ciências com Geografia. Abordamos os
problemas de saúde pública desde o início do século. Em mapas e gráficos
observamos a distribuição e as formas de prevenção das epidemias como: sarampo,
hanseníase, doenças de chagas, etc.
O objetivo do projeto desenvolvido era mostrar o cenário da saúde pública no
passado e no presente. Para entender melhor os temas estudados, os alunos fizeram
uma pesquisa na comunidade e juntaram dados da Secretaria Municipal de Saúde
sobre as condições de higiene das crianças da mesma idade (zona rural e zona
urbana). A estatística sobre a incidência das doenças mais comuns nessa faixa
tornou-se gráficos informativos regionalizados, o que facilitava a informação dos
casos, conseqüências, cuidados e prevenção.
30

As aulas de Educação Física ganharam uma nova vida. O jornal do estudante


criado nas aulas de português deu oportunidade para despertar o gosto pelos
assuntos esportivos. Os alunos pesquisavam histórias do futebol, escreviam textos
relatando fatos ocorridos, de vitórias até a questão dos óbitos ocorridos nos últimos
meses. A eles era dada uma atenção maior porque os mesmos textos produzidos
pelos alunos voltavam para a sala de aula para serem estudados em uma visão
explicativa ( gramática / produção textual).
Quanto aos exercícios físicos aplicados, buscávamos retratar as modalidades
quanto aos conceitos e utilidades para fins específicos dentro do limite de cada um,
com conhecimento de cultura e ritmos musicais. A cada música trabalhada
valorizavam-se suas letras e as mesmas voltavam para sala de aula como paródias,
poemas, e frases. Sem fugir do contexto das aulas de Educação Física, mas voltados
para união dos saberes do fazer acontecer para crescer.
Como toda experiência narrada aconteceu no eixo semi-árido, buscamos
parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura para entendermos a evolução
teórica da agricultura e fracasso da prática, e os impactos ambientais (queimadas). As
informações foram chegando, trazidas pelo interesse despertado nos alunos, que
preocupados com a poluição e o meio Ambiente se voltavam sobre a teoria estudada
e o conhecimento da prática. Foi quando lançamos a campanha de conservação e
cuidados (casas, ruas e bairros).
Os alunos sentiam-se muito envolvidos e nas aulas de artes confeccionavam
maquetes que retratavam sua experiência e sua visão de futuro. Essa comparação
determinava a subdivisão de um domínio específico do conhecimento. Surgiu a
tentativa de estabelecer relações entre as disciplinas, o que daria origem à chamada
interdisciplinaridade.
A multidisciplinaridade difere-se da pluridisciplinaridade porque essa, apesar
de também considerar um sistema de disciplinas de um só nível, possui disciplinas
justapostas situadas geralmente ao mesmo nível hierárquico e agrupadas de modo a
fazer aparecer às relações existentes entre elas. A interdisciplinaridade, tão falada,
mas tão pouco praticada, não apenas leva à formação mais completa do estudante e
do cidadão, preparando-o para interagir com as informações esparsas e construir seu
conhecimento, como também permite uma compreensão mais profunda das próprias
questões especializadas.
31

Já se definiu inteligência como a capacidade de formular analogias; compete à


escola ser o ambiente que forme tais competências, criando projetos de estudo
multidisciplinares. Em todo este trabalho aplicado é possível entender que a educação
é uma mistura de conhecimentos trabalhados. Suas conquistas levam imediatamente
ao mundo prático da vida cotidiana não só porque daí se deriva e se impulsiona, mas,
sobretudo, porque para o imediato reflui com suas múltiplas incidências nos processos
de produção do conhecimento inovado.
Com as rápidas transformações nos meios e nos modos de produção, resultado
da revolução tecnológica e científica, está entrando em uma nova era da humanidade.
A natureza do trabalho e a relação econômica entre as pessoas e as nações sofreram
enormes transformações, mudando a natureza do que hoje se entende por
profissão. Neste quadro a educação não apenas tem que se adaptar às novas
necessidades como, principalmente, tem que assumir um papel de ponta nesse
processo.
O mérito abordado traz a comprovação de um imenso desafio que, por sua vez,
se constitui em um trabalho no qual se permite um mundo fantástico articulado no
conhecimento que vem possibilitar a compreensão. É abrir oportunidades para criar,
fazer o aluno pensar, entender e viver o seu conhecimento na teoria e vivencia prática.

INTERDISCIPLINARIDADE NA ESCOLA

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se
encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando.
Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para
constatar, constatando intervenho educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que
ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.(Paulo Freire)
A interdisciplinaridade é um conceito novo e tem como objetivo principal manter
um diálogo permanente entre os conhecimentos, que pode ser de questionamentos,
de ampliação, negociação, iluminação e de confirmação. Desta maneira fica fácil
constatar que algumas disciplinas se identificam e se aproximam, outras se
diferenciam e se distanciam como, por exemplo, pelo tipo de habilidades que
mobilizam naqueles que a investigam, conhece, ensina ou aprende.
A cidadania é um assunto bastante rico e uma necessidade dos nossos dias.
32

Num projeto pedagógico interdisciplinar, ela poderá ser enfocada por todas as
disciplinas sob vários pontos de vista. O importante é que os alunos aprendam a olhar
o mesmo objeto de estudo sob perspectivas diferentes. Nesse desafio a escola e
professor têm um eixo integrador que pode ser um objeto de conhecimento, um projeto
de investigação que vai surgindo diante da necessidade da comunidade escolar.
A interdisciplinaridade é um tesouro didático a espera do futuro. Para
desenvolver o tema é preciso conhecer a cápsula do tempo. Ela vem surgindo muito
lentamente e suas pesquisas vão dando as coordenadas do que se vai precisar. Essa
triagem do conhecimento histórico, a posição especial, vem refletindo sobre a
interdisciplinaridade como categoria indispensável para se repensar o processo da
educação na sociedade atual.
O nosso ensino tem se mostrado útil, mantendo ainda mais a dominação que
exemplifica o crepúsculo que descreve a análise do discurso das práticas escolares.
Quando se dedicar à tarefa educação procure entender que esta abordagem
possibilita a percepção dos valores individuais (sentimentos próprios) dos outros
(seres humanos) grupos (ali valorizados).
Torna-se possível que o ser que está sendo educado entenda primeiramente a
importância de seus valores gerados; que representam o vínculo entre o individual e
o social, ao serem projetados na cultura mediante o fazer pessoal.
A compreensão deste processo, por sua vez, permite que a realidade “valor”
seja desvendada. Com isto, pode-se perceber que os valores podem expressar as
experiências da pessoa (suas vivências, as necessidades do contexto social e
cultural), como também na estrutura da personalidade. Para isso, precisa transitar por
todas as disciplinas, escolhendo temas que diferenciem e que, algumas vezes,
ampliam e questionem muitas vezes a qualidade e a habilidade de cada um.
O caminho da interdisciplinaridade é longo e amplo no contexto que revela um
quadro que precisa de atenção voltada para a redefinição e ampliação dos
conhecimentos educativos. A interdisciplinaridade perpassa os elementos do
conhecimento pressupondo a integração entre eles. Porém, é errado concluir que ela
apenas se resume a isso. Ela está marcada por um movimento ininterrupto, criando
ou recriando outros pontos para discussão. Já na integração, apesar do valor,
trabalha-se sempre com os mesmos pontos sem a possibilidade de que sejam
reinventados. Quem trabalha na apreensão da atitude interdisciplinar garante uma
33

prática elevada de maturidade.


É preciso ter segurança, adquirir ao longo de sua experiência a vontade de
querer mudar, fazer do pensamento a sua realidade, e da realidade o seu caminho
para descobrir o novo e nele permanecer. Não se faz com mágica, mas com magia e
encantamento pelos projetos adaptados na conquista dos alunos.
A interdisciplinaridade mexe, arruma, exige e reconhece o envolvimento do
exercício, na forma de encarar e de pensar os acontecimentos, que são diversos.
Aprende-se com a interdisciplinaridade que um fato ou uma solução nunca está
isolado, mas é consequência da relação entre muitos e muitos outros.
A interdisciplinaridade é sinônimo de desafio. A sua função tem
interdependência entre educação e o mundo do trabalho, é clara a necessidade de
reconstrução de paradigmas e sabido que o modelo de escola que se conhece está
inserido na crença de que o conhecimento é algo pronto, acabado e perfeito.
Para muitos estudiosos, a interdisciplinaridade é um caminho rumo à busca de
soluções, pois ela convida os educadores, os psicólogos, enfim todos os profissionais
da educação a navegarem no oceano de elementos teóricos e práticos. Levamos um
século para construir a maneira pela qual concebemos a vida, a ciência a educação e
essas crenças são frutos da construção coletiva dos cérebros do passado. Em função
da alta tecnologia, essas crenças, essas verdades, foram e serão constantemente
revistas e muitas vezes superadas.
A interdisciplinaridade quebra todas as crenças e deixa claro que todas as
disciplinas podem desenvolver competências e habilidades. Certamente, a
interdisciplinaridade é uma proposta que permite o adeus ao ensino tradicional, a
educação conteudista. Abre a partir de agora os braços para uma educação que
permite a criação, a articulação de conhecimentos, sentimentos, ideias e ideais.
A essa temática propõe-se anunciar que os educadores estão sendo
desafiados a mudar e inovar. Inovar com o intuito de atender às expectativas da atual
sociedade. Mudanças para adquirir novas técnicas metodológicas capazes de
transformar o espaço – escola do aprendiz em algo dinâmico, significativo e
participativo, aproximando a teoria da prática com uma postura interdisciplinar e
permitindo assim, a criação de destrezas para uma vida.
Hoje o educador vivencia muitas mudanças e a cada dia a exigência do sistema
educativo coloca à prova a capacidade de atuação do educador em suas novas
34

metodologias. Os recursos e meios disponíveis de tempo destinam-se à educação.


Mas, infelizmente, a realidade demonstra educadores com suas cargas- horárias
dobradas e isso vai dificultando a sua atualização. Não foi por acaso que a
Interdisciplinaridade surgiu, procurando frisar o seu maior objetivo que é unir as ideias
disciplinares, repassar os conteúdos para o aluno de forma que o professor possa
repensar seus conceitos e posturas educativas quanto educando.
A dificuldade encontrada nas salas de aulas na questão “interesse do aluno”
levou os educadores a introduzir um sabor a mais no seu contexto didático
metodológico, em benefício da aprendizagem. Mas ela não vem centrada somente no
aluno, muito mais que isso, ela procura resgatar do professor a capacidade de ampliar
suas habilidades pedagógicas de modo geral.
Trabalhar a interdisciplinaridade na sala de aula é encontrar, por exemplo, uma
sala indisciplinada e levar para eles a palavra educação, e transformá-la nos conceitos
da linguagem escrita, matemática, ciências, geografia, história e artes. Quando a sala
de aula está envolvida com as transformações educativas, surgidas a partir das ideias
do educando, o aluno sente e se envolve. A forma como a turma se adapta aos
projetos educativos leva o educando a trabalhar sua teoria, levando-o para a prática,
motivando-se em suas disciplinas.
O aluno se sente integrante e participativo. A interdisciplinaridade prepara a
socialização, melhora a autoestima do educando e do educador, exige o pensamento
lógico e a postura determinante no que se pretende realizar. Não é só uma ideia, é a
realidade que encontram hoje. Existem realidades escolares em que a evasão
acontece em massa e se o professor não se preparar para criar nesses alunos o gosto
pela escola, pela leitura, pelos livros, o que se poderá esperar da educação? Pense
no compromisso como educador, desde a origem da formação profissional até a
história da comunidade escolar na qual foi preparado, para moldar diante dos termos
educativos a formação do aluno egresso para a sociedade que o espera.
A interdisciplinaridade vem preparar o professor para adaptação no seu
cronograma, para a criação e execução de projetos, favorecendo subsídios centrados
nas necessidades do educando e em conformidade com os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN). Considera-se, pois, que esta prática possa transformar o educador
em um comunicador arrojado, inovador, com fundamentos teóricos sólidos, capaz de
unir teoria e prática com autonomia e autodeterminação.
35

TRANSDISCIPLINARIDADES

“Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar
as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme. Mas somente as
perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido”.Rubens Alves
A transdisciplinaridade é um modelo de organização do conhecimento que
procura entender-se às diferenças culturais formadas pela solidariedade e integração
à natureza humana. Em 1970, no “I seminário Internacional sobre pluri e
interdisciplinaridade”, realizado na Universidade de Nice, Jean Piaget disse que a
transdisciplinaridade tratava de uma etapa sucedida. Entendemos que o prefixo faz a
diferença: ‘além das’ disciplinas. Por se tratar de um conhecimento, a proposta do
rompimento entre o sujeito e o objeto vem diferir os níveis de percepção
correspondentes. A transdisciplinaridade vem propor uma alternância sobre a razão
sensível, a razão experiencial e razão prática. Entretanto, o paradigma da
transdisciplinaridade surge numa proporção do universo fechado da ciência em trazer
à tona conhecimentos e reconhecimentos produzidos dentro das velhas e novas
experiências. A transdisciplinaridade não procura construir um sistema filosófico que
combina princípios de diversos sistemas entre a ciência e tradição prática
radicalmente diferente das metodologias das ciências modernas, mas formar uma
concepção que venha gerar uma civilização em escala planetária na integridade do
ser.
No final do século XX, a expressão “direitos humanos” assumiu o significado
exato de direitos do homem, de acordo com a formulação nas últimas décadas. Os
direitos humanos são a designação genérica dos direitos que dizem respeito
diretamente ao indivíduo em decorrência de sua condição humana e em consonância
com a lei natural. As fronteiras disciplinares começam por se cruzarem permitindo uma
ponte por meio da qual se estuda os fenômenos que se situam fora e além das
disciplinas que existem. A transdisciplinaridade não é uma prova de domínio sobre
várias outras disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as
ultrapassa para o conhecimento real.
Seguimos valores que precisam ser preservados e resgatados, estando eles a
procura de uma contribuição para um mundo melhor. Diante da valorização humana
36

o ser humano se doa pela solidariedade e o vínculo aos outros indivíduos. O homem
tem direitos à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Mas o que encontramos
atualmente? As inúmeras obras sucessivas e mutações educacionais dos últimos
anos nos levam a pensar sobre tal questionamento.
A discussão sobre a nova concepção de educação, de educador e de
educando, delineados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), inclui a
interdisciplinaridade, a contextualização, a transdisciplinaridade, os distúrbios de
aprendizagens. Os educadores de forma geral navegam sem bússola e estão sendo
confrontados com a realidade atual, automatizados, sendo diagnosticados como
defasados, pois temem dar passos além da dúvida. A discussão do ponto de vista
conceitual, como, por exemplo, a da sua relação com a concepção de
interdisciplinaridade, está bastante difundida no campo discursivo. Deve-se analisar
como estão sendo destinados momentos da escolaridade de possibilidades
delineadas pela forma de pensamentos no que se dispõe de um desenvolvimento
construtivo.
O conhecimento é o resultado de um complexo e intricado processo de
modificação da reorganização e construção utilizado pelos que assimilam e
interpretam os conteúdos escolares (alunos). No conhecimento da Carta da
transdisciplinaridade, produzida pela UNESCO com fundamento do CIRET, em 1994,
temos uma definição do conceito transdisciplinar:
Artigo 1: "qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma mera definição e
de dissolvê-lo nas estruturas formais, sejam elas quais forem, é incompatível com a
visão transdisciplinar";
Artigo 2: "(...) qualquer tentativa de reduzir a realidade de um único nível regido
por uma única lógica não se situa no campo da transdisciplinaridade";
Artigo 3: "(...) a transdisciplinaridade não procura o domínio sobre várias outras
disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as ultrapassa (...)";
Artigo 4: "(...) ela pressupõe uma racionalidade aberta por um novo olhar sobre
a relativa definição das noções de definição e objetividade (...)";
Artigo 5: "(...) a visão disciplinar é deliberadamente aberta, na medida em que
ela ultrapassa o domínio das ciências exatas (...)"
Artigo 7: “A transdisciplinaridade não constitui nem uma nova religião, nem uma
nova filosofia, nem uma nova metafísica, nem uma ciência das ciências”.
37

O que se pode observar é que tanto na educação quanto no mundo do trabalho


a transdiciplinaridade pode ajudar educadores e líderes a reverem suas posições
sobre os seres humanos. Na escola busca-se uma profunda mudança nas relações
sociais e políticas lá experimentadas. Essa estrutura que divide o tempo em aulas de
50 minutos e que utiliza os professores horistas está caduca. A escola precisa
aprender a movimentar-se em outros espaços, não fazendo da sala aula o único
caminho do conhecimento.
A aprendizagem significativa implica sempre alguma ousadia: diante do
problema posto o aluno precisa elaborar hipóteses e experimentá-los. Fatores e
processos afetivos motivacionais e relacionais são importantes nesse momento. Os
conhecimentos gerados na história pessoal e educativa têm um papel determinante
na expectativa que o aluno tem da escola, a motivação do professor em seu
autoconceito e em sua autoestima. Nesse processo de interação com o objeto a ser
conhecido, o sujeito constrói representações que funcionam como verdadeiras
explicações e se orientam por uma lógica interna que por mais que possa parecer
incoerente aos olhos de outros, faz sentido para o sujeito.
O entendimento da transdisciplinariade no âmbito acadêmico, já no século XX,
tem o intuito de unir o mundo "não universitário" ao universitário, cuja separação se
dá primordialmente pela hiperespecialização profissional. Com grande número de
disciplinas que não acompanham todo o desenvolvimento, principalmente na área
tecnológica, tem-se um aprofundamento na utilização deste conceito, visando formar
profissionais cada vez mais completos, compatíveis com as exigências do mercado
de trabalho que encontrarão.
A transdisciplinaridade resgata um conceito que em muitas realidades parece
ter caído no esquecimento humano. Ao longo da experiência, o estudo dos casos foi
me convencendo de que a aprendizagem significativa provoca uma modificação no
comportamento do indivíduo, na orientação da ação futura que escolherá, na sua
atitude e na sua personalidade. Na formação da história da educação a presença
avassaladora e impertinente do positivismo no geral, chegou a fazer uma divisão e
classificação da ciência que só serviu para elitizar a escola.
Com isso, tornaram-se elite também aqueles que a procuravam e a
vivenciavam. Hierarquizou-se a sociedade. Mas não se trata apenas de uma visão
passageira do contexto em si. O que leva a entender a transdisciplinaridade educativa
38

é adentrar às suas teorias, que vêm centradas ao conhecimento, conduzindo às


alterações, visto que ela é muito mais que uma teoria. Nela retrata-se uma postura
aplicativa do ser de dentro para fora, na adaptação do contexto disciplinar e
desenvolvimento sociocultural próprio do ser humano. O complexo tem- se mostrado
na transdisciplinaridade, que por ser tão sutil, sobrepõe-se como uma linha tênue que
une e serve de limite entre o comprometimento e o individualismo de cada disciplina.
Não há uma definição exata, e ao mesmo tempo é um dos mais necessários conceitos
quando se trata de formação e educação. Quando se trabalha a educação volta-se
para a disciplina do desenvolvimento escrito e falado, assim como para a postura do
ser na integração da sociedade.
O ser humano vive dentro de uma contribuição de conceitos de uma nova
construção de conhecimentos, e nessas misturas de saberes surge a importância dos
métodos transferidos diante das várias disciplinas que ora se apresentam em sala de
aula. A transdisciplinaridade faz parte da construção do conhecimento cognitivo íntimo
do ser humano. Quando se trabalham em uma disciplina contextos que se misturam
às outras, mostra-se para os alunos que o ser humano é composto por grupos que se
unem conforme objetivos diversos. E essas metodologias buscam despertar dentro do
conhecimento repassado a solidariedade e valorização do ser humano diante do que
vai se desenvolvendo.
Busca-se dentro da realidade mostrar nas ações diárias das escolas a
contribuição proveniente da capacidade que cada ser humano tem em participar da
integração dos seus valores reais diante da sua postura e da vivencia no meio em que
está inserido.

DIDÁTICA E INTERDISCIPLINARIDADE
39

A opção que tem sido adotada da inclusão de novas disciplinas nas


informações do conhecimento disciplinar vem trazer uma transformação dos conceitos
tradicionais, resultando em inovações abertas, nas quais se questiona e participa, nas
quais a colocação do aluno dentro da interdisciplinaridade vai exigir uma nova postura
dele e do professor que está conduzindo os estudos. Estudar para associar, estudar
para questionar e formar opinião conjunta. A palavra in-ter-dis-cipli-na-ri-da-de parece
ser tão grande e complexa quando vista em sua extensão, de forma separada, e tão
familiar quando se trabalha com ela.
No início da formação da história da educação foram vividos conceitos que
priorizavam conhecer o que vem de fora. Era uma programação voltada para o período
colonial e que na época era determinada pela tradição dos Jesuítas, porque eles
estruturavam o sistema de ensino. Deu-se início às escolas e o principal objetivo era
a formação e transmissão do conhecimento, especialmente dos jovens.
Com a chegada da nova concepção escolar o ensinamento se dava pelo
caráter de memorização.
Conversando com pessoas que estudavam nessa época, pode-se perceber
que a lição era tratada como ponto decorativo. Eles estudavam principalmente na
disciplina de história tinham que decorar toda História Geral e do Brasil, toda a
Tabuada – acreditava-se que só sabia matemática quem a tivesse decorado. Alguns
não tinham condição de comprar materiais e aprendiam a contar nos dedos os
números de 1 a 10, e na mão fechada as décadas. Em português o que mais se fazia
era cópia de textos, para se desenvolver a caligrafia e aprender a soletrar (be a ba).
Uma nova visão pautada no conhecimento científico pode ser a origem de uma
nova racionalidade. Um pensar nesta direção exige um trabalho aprofundado das
relações conscientes entre as pessoas e entre as pessoas e as coisas. A
interdisciplinaridade não se ensina, nem se aprende: vive-se para exercer as
responsabilidades em que está inserida.
O que caracteriza a atitude interdisciplinar é a ousadia da busca, da pesquisa:
é a transformação da insegurança num exercício do pensar, num construir.

CONTEXTO DAS SALAS DE AULA E A ORGANIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES


DE APRENDIZAGEM
40

“Se a aula é dada apenas de acordo


com as regras fixas, e por processos já
comprovados, comportamonos como os
operários em frente a uma máquina cujo
funcionamento não compreende”. (Hans
Aebli)
O conceito de aprendizagens
significativas, centrado numa perspectiva construtivista, implica a necessidade de um
trabalho simbólico dentro de um significado cuja parcela da realidade é o que se
conhece. As aprendizagens que os alunos realizam na sala de aula serão
significativas à medida que conseguirem estabelecer relações substantivas e não-
arbitrárias entre os conteúdos escolares desenvolvidos por eles, em processos da
articulação de novos significados. A aprendizagem significativa implica sempre em
alguma ousadia: diante do problema posto o aluno precisa elaborar hipóteses e
experimentá-las.
Fatores e processos efetivos motivacionais e relacionais são importantes nesse
momento. Se a aprendizagem for uma experiência de fracasso, o ato de aprender
tenderá a se transformar em ameaça, e a ousadia necessária se transformará em
medo, para qual a defesa possível é a manifestação de desinteresse. A aprendizagem
se dá pelo condicionamento de um lado pelas possibilidades do aluno, que englobam
tanto os níveis de organização do pensamento como o conhecimento e experiência
prévia, e, de outro, pela interação com os outros agentes. Para a estruturação da
intervenção educativa é fundamental distinguir o nível de desenvolvimento real do
potencial. O nível de desenvolvimento real se determina como aquilo que o aluno pode
fazer sozinho em uma situação determinada, sem a ajuda de ninguém. De acordo com
essa concepção, pode-se falar dos mecanismos interativos pelos quais professores e
colegas conseguem ajustar sua ajuda ao processo de construção de significados
realizados pelos alunos no decorrer das atividades escolares de ensino e
aprendizagens (Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs).
Procura-se destacar duas situações que levam a raciocinar sobre as mudanças
e aperfeiçoamentos de conhecimento:
- Professor tradicional – trata-se de um profissional que não tem o
problema de escolher entre as várias atividades possíveis para ensinar um assunto.
41

Como para ele a única atividade válida é a exposição oral ou preleção, não perde
tempo procurando alternativas.
- Professor moderno – vai escolher adequadamente as atividades de
ensino numa etapa importante de sua profissão. Por meio dele manifesta-se a
verdadeira contribuição das atividades dos seus conteúdos e materiais dos alunos.

ESCOLHA DE ATIVIDADES DIDÁTICAS

 Experiências didáticas do professor;


 Etapas do processo de ensino;
 Tempo disponível;
 Tipos de aprendizagens;
 Contribuições;
 Tipos de alunos;
 Aceitação e experiências dos alunos.

A necessidade que o aluno tem de participar ativamente do processo de


aprendizagem vem se realizar por meio da conduta do aluno que aprende mediante a
sua participação ativa no fazer e não apenas pela observação do que faz o professor.
Os critérios de escolha das atividades estão ligados a diversos pontos
pedagogicamente importantes, sabe-se que o potencial didático é diferente das
limitações específicas. Junto a isso, as possibilidades de combinar atividades de forma
que se contemplem umas com as outras, o potencial de uma, compensando as
limitações de outras.
O processo de ensino-aprendizagem, apesar de variar conforme a
personalidade do professor e as características dos alunos, pode formar uma receita
de diversos procedimentos nas atividades docentes. O que é aprender e o que
ensinar? A discussão teórica e prática permite analisar bases que venham resumir
uma atividade experiente nos objetivos educacionais. Atividades são os veículos
usados pelos professores para criar situações e abordar conteúdos que permitam ao
aluno viver as experiências necessárias para sua própria transformação.
Suponham que o objetivo desenvolvido pelo professor venha extrapolar as
habilidades de seus alunos. Como por exemplo: o milho hibrida tem uma fórmula X de
42

fertilizantes usados na lavoura, a ela extrapola a resposta dada pelos alunos porque
nem todos sabem a quantidade de potássio. Logicamente o professor precisa
trabalhar atividades que permitam ao aluno desenvolver suas habilidades. Outro
exemplo: supõe-se que o professor adquira a atitude e o hábito da cooperação e
trabalho em equipe na aula de português. O reforço é o modo estimulado em
internalizar e fixar o aprendizado. A essa dependência o objetivo direcionado
estabelece ao professor as atividades de ensino que serão realizadas.
Para se atingir objetivos educacionais, o aluno é exposto a assuntos ou
conteúdos de uma matéria de natureza diversa. Suas fórmulas, teorias, princípios e
conceitos isolados são uma forma de conjunto que se faz à parte. A essas estruturas
deve-se almejar o tipo de aprendizagem necessária para o aluno que procura
entender, fixá-lo em diferentes casos que levam a interpretar a metodologia que está
sendo repassada para ele.
A situação de aprendizagem em sala de aula vem mostrar as atividades
trabalhadas, seja em exposição oral ou escrita, na transmissão das informações
exercitadas e nas habilidades quem venham a ser avaliadas diante de soluções que
foram apresentadas dentro dos problemas surgidos.
O desenvolvimento da postura do conhecimento para que o aluno se interesse
em debruçar-se sobre as dificuldades que desafiam seus saberes exigem dele um
maior desempenho. A educação tem uma distinção que é fundamental, pois não há
máquina que substitua o professor – e quando isso ocorre é porque o professor o
merece. Tecnologia educacional é, por exemplo, usar uma lata de água, um pedaço
de madeira e uma pedra para explicar a flutuação dos corpos; apertar a tecla de um
vídeo sobre o assunto e deixar os alunos o assistirem passivamente, em contrapartida,
nada tem de tecnologia.
O que se vai fazer diante da aprendizagem é mostrar ao aluno a capacidade
que cada um tem em desenvolver sua metodologia sem que precise de muitos
equipamentos. Basta a força de vontade e a segurança do conteúdo para explicar uma
aula de geometria sem que se possua um esquadro. O desenho de sua mão, por
exemplo, mostra o que ela representa. Aberta ela forma um ângulo de 90º. E isso faz
a diferença na aprendizagem e ensino apontando para a formação de um novo
educador. Por mais que pensem em utilizar a tecnologia ou mesmo o velho e bom
quadro-negro, é na formação do professor que se desenvolve a tecnologia
43

educacional, preparando líderes, mediadores e estimuladores, mais do que detentores


de determinados conhecimentos.
Mesmo porque se pensa na clientela e em suas diferentes culturas e condições
econômicas. E nem por isso, deve-se deixar de fora a informação globalizada. O
professor do final do século deve saber orientar os educandos sobre onde colher a
informação, como tratar essa informação, como utilizar a informação obtida. Esse
educador será o encaminhador da autoformação e o conselheiro da aprendizagem
dos alunos, ora estimulando o trabalho individual, ora apoiando o trabalho de
pequenos grupos reunidos por área de interesses. Levam os esforços e pensamentos
voltados para a geração que se forma nas realidades encontradas por diversas
escolas, que chamam a atenção em diversos critérios.
E um deles relaciona-se à questão das tecnologias e da aprendizagem. Até
onde vai o compromisso como educador diante do aluno que não tem acesso a
tecnologia avançada? Que compromisso tem o professor diante da sua formação
como cidadão/sociedade?
Essas metodologias desenvolvidas distribuem-se em quatros critérios:
pensar, sentir, trocar e fazer de modo crítico, criativo, significativo, solidário e
prazeroso.

A aprendizagem Pressupõe

- Uma instituição escolar atrelada às ações


pedagógicas libertadoras, pautadas na construção do
conhecimento, de forma crítica, engajada na realidade, de
modo a privilegiar a relação teórica e prática na busca da
apreensão das diferentes nuances do saber;
- Um espaço de aprendizagem que vê o educador
e o educando como parceiros na construção do saber
sistematizado, cabendo ao professor articular as diversas fontes de conhecimento.
Relacionando teorias e práticas, ciências do cotidiano, dando maior coerência, maior
visão de conjunto ao estudo dos múltiplos fragmentos que estão postos no acervo de
conhecimentos da humanidade, sobre os quais o aluno necessita ter domínio;
44

- O estabelecimento de uma relação dialógica em que o aluno em


conjunto com o professor e seus colegas exerça a prática de refletir, com o objetivo
de construir coletividade e conhecimento;
- Valorização da prática interdisciplinar e do conhecimento produzido em
qualquer área, por mais amplo que seja, pois representa apenas um modo parcial e
limitado de ver a realidade;
- As diversas ciências se prendem umas às outras por vínculos de
profunda afinidade. Tudo está relacionado a uma causa-problema e a busca de
soluções está sempre interligada. Daí a importância da instauração de diálogo entre
as várias disposições na busca dessas afinidades.
Para que a aprendizagem significativa
possa acontecer, é necessária a disponibilidade
para o envolvimento do aluno na aprendizagem, o
empenho em estabelecer relações entre o que já
sabe e o que está aprendendo, em usar os
instrumentos adequados que se dispõem para
alcançar a maior compreensão possível. Esta
aprendizagem exige ousadia para se colocar o problema em busca de soluções e
experimentar novos caminhos de maneira totalmente diferente da aprendizagem
mecânica na qual o aluno limita seu esforço apenas em memorizar ou estabelecer
relação direta e superficial.
Precisamos alcançar um aprendizado que venha mostrar o encontro com a
realidade. É importante pensar que o educador tem uma visão mediadora do papel do
interventor, desafiador, provocador de situações que levem os alunos à
aprendizagem.
O trabalho didático deve, portanto, propiciar a construção do conhecimento
pelo aluno. Aprender é, de certa forma, descobrir com seus próprios instrumentos de
pensamentos e conhecimentos institucionalizados socialmente. O desenvolvimento
contribui para elevar a autoestima dos alunos, resgatando a vontade de aprender por
meio de atividades significativas para o educando, que vem promover contribuição
nas metodologias adotadas.
O desenvolvimento da inteligência se dá por meio de expressões trabalhadas
no palco da sala de aula onde está inserida. A aprendizagem se dá pelas idéias
45

formadas e sugestões adquiridas ao longo de suas experiências cotidianamente.


Busca-se, dentro das expectativas, conhecer o maior desafio de hoje, que é
ensinar para que alguém aprenda. Parece confuso o que foi dito e até questionável,
mas o educador passa por várias transformações mal-explicadas e muitas vezes
desentendidas. As salas de aulas estão comportando mais quantidade, todavia a
qualidade vem deixando a desejar. Embora o educador procure fazer de tudo, há
momentos questionáveis sobre a postura do ser humano quanto aos seus limites que
são critérios obedecidos e direitos adquiridos.
Com todos esses desafios as metodologias aplicadas vêm sendo voltadas à
interdisciplinaridade para melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos e sua
formação como seres humanos. Quando se trabalha o conhecimento didático voltado
para essa inter-relação mostra-se na prática a doação que se faz em todos os
segmentos da vida.
O aluno precisa se integrar no sistema educativo aceitando que o mesmo vai
pouco a pouco transformando a sua vida, sua maneira de pensar e agir. Quando, por
exemplo, traz a idéia de desenvolvimento potencial que representa o momento no qual
não só as etapas já alcançadas se manifestam, mas também as etapas posteriores, a
interferência de outras pessoas irá afetar, significativamente, os resultados da ação e
do sujeito.
Essas capacidades vêm beneficiar a colocação de outras pessoas, que ocorre
em certo nível de desenvolvimento nunca antes visto. Veja o entendimento: uma
criança de cinco anos é capaz de construir uma torre de cubos sozinha, uma de três
anos só o fará com a ajuda de alguém, e uma de um ano nada faz nem mesmo com
a ajuda.
Portanto, não é qualquer indivíduo que pode, a partir da ajuda do outro, realizar
qualquer tarefa. A Zona Proximal de Desenvolvimento Real do Potencial, segundo
Vygostky (1978, p. 60), define a ZDP como a distância ou o caminho que o indivíduo
vai percorrer para desenvolver funções que estão no processo de amadurecimento e
vem formar desenvolvimentos reais. Enfim, o desenvolvimento da aprendizagem é
uma parceria de encontros e compartilhamento de dados passados, presentes e
futuros para o entendimento do meio.
Quando se aprimora o ensino voltado para a atualidade neste exercício de
repensar a educação, é importante não cair nas armadilhas da "ditadura dos
46

conteúdos", tantas vezes justificadora da falta de inovação ("como posso mudar


minhas aulas se mal tenho tempo para dar o conteúdo?"). Mais vale um aluno
entender bem e profundamente cinco princípios básicos da física do que não entender
nada de 150. Mais vale aprender menos conteúdos, mas aprender a ter prazer com o
uso do intelecto, a apreciar a pesquisa, ler por conta própria e descobrir as demais
informações, usando o professor como um consultor para suas dúvidas. Há que se
transformar a sala de aula num ambiente interativo, facilitador da aprendizagem.

PLANEJAMENTO DE ENSINO NUMA PERSPECTIVA CRÍTICA

No planejamento é fundamental a idéia de transformação da realidade. Isto


quer dizer que uma instituição se transforma a si mesma tendo em vista influir na
transformação da realidade global. A primeira coisa que nos vem à mente quando
perguntamos sobre a importância do planejamento é a eficiência. O planejamento é
um plano que ajuda a alcançar a eficiência. Isto é implanta-se um processo de
planejamento a fim de que seja bem feito aquilo que se faz dentro dos limites de tempo
previsto para aquela execução. O planejamento visa também à eficácia.
O planejamento deve alcançar não só que se façam bem as coisas que se
fazem, mas que se façam as coisas que realmente importam ser feitas porque são
socialmente desejáveis.
Assim, o planejamento segue etapas que visam facilitar o ensino:
- Conhecimento da realidade;
- Elaboração do plano;
- Execução do plano;
- Avaliação e aperfeiçoamento do plano.

Podemos visualizar as etapas do planejamento de ensino por meio do


seguinte gráfico:
47

O termo planejamento é normalmente utilizado para definir uma ação


educativa para elaboração de um orçamento, passando por relatórios extensos para
assumir, nos dias atuais, uma característica especial: um macroplanejamento, em que
todos os planos de desenvolvimento de um país se entrelaçam, num dinamismo
contínuo e progressivo.
Um planejamento educacional tornou-se, então, uma atividade multidisciplinar,
exigindo trabalho em conjunto e integrado de administradores, educadores,
pedagogos, economistas, sociólogos estatísticos e outros especialistas. Seu êxito,
valor e realismo dependem, em grande parte, das equipes que o preparam e que
deverão discutir e procurar conciliar seus pontos de vista, dando a cada aspecto o real
valor que possui dentro do contexto e não preferindo uns em detrimento de outros.
O objetivo do planejamento educacional é tornar a educação mais efetiva e
eficiente para atender às necessidades e metas dos estudantes e da sociedade. Em
sua afirmação a caracterização dos planejamentos que encontramos nos dias atuais
mostra uma planificação do trabalho educativo que vem exigir uma postura inicial
diante de uma determinada visão ideológica. A efetivação terá princípios que se
mantêm em um aspecto planejado em função de várias concepções.
O planejamento educacional reveste-se de uma especificidade tal que não
pode ser encarado apenas como uma função de retorno puramente econômico. No
processo educativo os resultados têm um retorno puramente na classificação e
qualidade do ensino repassado. O verdadeiro trabalho dentro do planejamento é unir
a participação consciente de situações organizacionais que vem exemplificar
48

problemas adquiridos e solucionados, cuja eficiência está na razão direta dessa sua
ação globalizadora.
Dentro da realidade de um planejamento procura-se estudar os objetivos que
venham superar as dificuldades encontradas ao longo do trabalho educativo.
Planejam-se encontrar dentro de um posicionamento individual e social das situações
problemas a serem estudadas e resolvidas e das atividades propostas para efetivar
sua mudança ou reestruturação.
Mas como olhar a Educação num contexto de Igualdade para todos?
A descrição que segue não é uma descrição do que existe, mas do que deveria
existir ou, dito de outra forma, daquilo que se pode colocar como ponto de referência
para ser perseguido na tarefa do planejamento. Quando planejamos buscamos
centrar em três critérios que levam a interrogar os retornos do processo de
planejamento.
- O que queremos alcançar?
- A que distância estamos daquilo que queremos alcançar?
- O que faremos concretamente (em tal prazo para diminuir esta
distância?).
Há modelos e concepções dos homens e da sociedade em cada grupo. Por
isso, pode-se variar seus efeitos, mas se não forem respondidas não se pode efetuar
um planejamento. Deve-se, pois, analisar continuamente a ação e a buscar reflexão
não apenas sobre a eficiência do trabalho como também do processo educativo
humano mais fundamental.

Planejamento

Programação
Marco Referencial Objetivos
Doutrinal e Operativo Diagnóstico Estratégias
Execução

Dizer para que existe hoje a instituição que planeja é a parte mais importante
49

de um plano e, mesmo, de um processo de planejamento. Os enfoques que buscam


identidade devem levar em conta se estão apontados no plano compreendido a cultura
que se integra à educação. No marco doutrinal é algo que se constitui como um ideal
alcançável sempre em maior profundidade para o momento, contudo difícil de ser
atingido plenamente.
É necessário dentro do marco Operativo um posicionamento a respeito do que
é adequado para que a instituição planejada aproxime a realidade existente à
realidade idealmente descrita. Quando tentar alcançar a maioria dos objetivos nos
planejamentos, que serão formados nos planos, supõe-se a melhoria das ações. Em
função disso e em contraposição à visão funcionalista de planejamento, propomos
uma nova forma de ação, cuja força reside na participação de muitas pessoas,
politicamente agindo em função de necessidade, interesses e objetivos comuns. Um
planejamento flexível adaptado a cada situação específica que envolva decisões
comunitárias e que se constitui em processos políticos vinculados à decisão da
maioria. Um planejamento que tenha por objetivo final a formação do brasileiro,
individual ou socialmente considerado a partir do engajamento de maiorias para as
mudanças estruturais necessárias.
O planejamento vem constituir uma estratégia de trabalho que se caracteriza
pela integração de todos os setores da atividade humana social, num processo global
para a solução de problemas. O conhecimento da realidade para se poder planejar
adequadamente a tarefa de ensino e atender às necessidades do aluno. É preciso,
antes de tudo saber para quem se vai planejar, por isso conhecer o aluno e seu
ambiente é a primeira etapa do processo de planejamento. É importante saber quais
as aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos. Fazendo isso,
estará fazendo uma sondagem, isto, é buscando dados. Uma vez realizada a
sondagem e o diagnóstico corre-se o risco de propor o que é possível alcançar ou o
que não interessa ou, ainda, o que já foi alcançado. Esquematizando essa primeira
etapa, tem-se o seguinte:
50

Conhecimento da
realidade

Aluno
Aspirações Ambiente
Sondagem
Necessidades Escolar
Diagnóstico
Frustrações Comunitário
Possibilidades

A elaboração do plano a partir dos dados fornecidos pela sondagem e


interpretados pelo diagnóstico trará condições de estabelecer o que é possível ser
alcançado, como fazer para alcançar o que julga possível e como avaliar os
resultados:
- O que venho fazer aqui?
- E o que eles, todos e cada um individualmente, vêm fazer aqui?
- Que espero deles?
A elaboração de um plano de ensino é a forma de organizar todas as etapas
de trabalho escolar. A sua execução consiste no desenvolvimento das atividades
previstas. Sempre haverá o elemento não plenamente previsto. Às vezes, a reação
dos alunos ou as circunstâncias do ambiente exigirão adaptações e alterações no
planejamento. Isto é normal e não dispensa o planejamento, pois uma das
características de um bom planejamento deve ser a flexibilidade.
O planejamento passa a ter em seu bojo, então, o conjunto de instrumentos
técnicos a serviço das decisões e técnicas participativas. É necessário, porém analisar
os riscos dos planejamentos suplantados pelas vantagens que oferecem. Se o
planejamento puder ser realizado a partir de um processo educativo permanente e
renovado efetivará suas características.
A complexidade da vida social gera a luta de classes, a busca constante de
melhores condições de vida ou a ascensão a uma classe economicamente mais alta.
O planejamento hoje é uma necessidade de todos os campos de atividades humanas.
51

Quanto mais complexos forem os problemas, maior é a necessidade de um


planejamento. O processo de planejamento procura responder às pendências
adquiridas ao longo do desenvolvimento. Ele precisa consistir na tomada de decisão
sobre a educação de um conjunto de desenvolvimento geral.
A elaboração dos tipos de planejamento requer a proposição de objetivos ao
longo do prazo que definam uma educação. O planejamento é fundamental à idéia de
transformação da realidade, centrado em suas perspectivas visa aprimorar o
desenvolvimento dos envolvidos na elaboração e com isso busca integrar para
adquirir a eficiência e qualidade do trabalho que pretende desenvolver.

Destacam-se:
Organiza
 Processo
 Eficiência Envolvimento Conduta Humana
 Prazo Viabilização
 Metas Atividades Disciplinas

Eis o enfoque decisivo do planejamento que parte de uma filosofia humanista,


que propõe ao homem, juntamente com seus iguais, discutir problemas comuns e
construir um processo de trocas e buscas do futuro de uma comunidade que se
estuda. O planejamento precisa deixar de ser mero espectador, a platéia dirigida para
se transformar no sujeito da história e autor da sua cultura e de seu tempo adquirido
qu,e aos poucos, começa a ganhar o destino de suas experiências relatadas. O
planejamento vem servir como base de um trabalho que procura sair do palavreado e
direciona-se para uma prática.
É mesmo fundamental que o processo de planejamento sobre um determinado
campo de atividade seja entendido como uma contribuição para que, na sociedade,
diminuam as diferenças entre os mais e os menos favorecidos. O grande remédio é a
participação porque ela é a mola para a conscientização. O enfoque que vem chamar
atenção diz respeito às observações que podem ser feitas quando se elabora um
planejamento que é a visão idealizadora da teoria para levar à adaptação da vida
prática.
Em qualquer segmento profissional, para se obter um trabalho de qualidade,
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vem primeiro o planejamento desenvolvido dentro do estudo. É nesta etapa que se


procura relacionar: deficiência, tentativas, formas, qualidade e os resultados. Quantas
vezes se planeja uma aula para, em contato com a realidade, aquela mesma aula
precisar ser reformada imediatamente pela realidade encontrada na sala de aula
(indisciplina).
O professor precisa planejar além de suas próprias necessidades, porque ele
nunca sabe o que vai encontrar na sala no dia seguinte. Tem-se uma perspectiva
idealizada, porém muitas vezes difere do contexto atual no qual está inserida(o). Se
diante dos percalços existir uma relação voltada para uma ligação participativa nos
critérios administrativos, técnicos, docentes e discentes, tudo parece andar na mesma
direção, mas se houver uma disposição (conflitos), parece ficar difícil, mesmo porque
não está direcionado só para alguns, a direção vale para todos que vivem a realidade.
Não supõe soluções independentes da necessidade da comunidade.
Ao tratar a realidade teórica envolve-se uma série de problemas, que vão dar
subsídios para o planejamento. Não se planeja o que está bem, mas o que precisa
melhorar a visão do futuro, a chegada do novo, a receptividade. Costuma-se dizer que
o planejamento é o cartão de visita de uma Empresa. O reflexo de um bom
planejamento reflete em todos os setores e qualifica os profissionais que atuam direta
ou indiretamente. Isso é realmente o que domina o planejamento como uma estrada
de asfalto que se direciona rapidamente a qualquer lugar.
A estrada facilita o contato com as cachoeiras, rios, campos lindos diminuem
os passos, pois o viajante permanece mais tempo atônito com tanta beleza e, com
isso o caminho vai ficando longo, se arrastando, sem previsão. No entanto, se
pretende chegar mais rápido e com liberdade de escolha precisa ir ao asfalto, que é o
modo de ir mais longe e rápido pela qualidade da estrada que o veículo precisa
percorrer (inteligência).
Quando embaralham as ideias elas ficam confusas e a qualidade dos trabalhos
reflete na pessoa que direciona. Mas se a essas mesmas ideias estiverem
organizadas terá mais condição de desenvolver o planejamento com segurança e
ainda sobrará tempo para auxiliar o outro. Ninguém trabalha voltado para si, todos os
esforços analisados com calma direcionam para alguém. Em qualquer situação que
venha a ser há sempre um setor esperando a execução de um trabalho.
São essas direções que qualificam para procurar fazer cada vez melhor, com
53

determinação, com segurança e buscar dentro dos esforços a perfeição. Sabese que
ninguém é perfeito, mas deve-se procurar formá-la em benefício de uma educação
melhor. A comunidade que será avaliada no planejamento fundamenta-se numa
filosofia política de renovação. As decisões mais substantivas, importantes, deverão
ser tomadas pelas pessoas que compõem a comunidade, que começarão por tomar
consciência de seus problemas mais prementes e desenvolvem sua criatividade e
capacidade de tomar decisões iniciativas, na busca de soluções próprias.
Portanto, todo planejamento comporta um diagnóstico da realidade. Porém, um
diagnóstico mais consciente e autêntico é pressuposto essencial para um trabalho
produtivo. Este conhecimento da comunidade deverá decorrer do trabalho co-
participado de todos. A comunidade precisa saber o que deseja e o que poderá ser
num determinado tempo. Visto tudo isso, surge os planos que se integram ao trabalho
desenvolvido para aprender e fazer a progressividade das atividades e técnicas dos
conteúdos.
É necessário considerar, porém, que tais riscos e dificuldades poderão se
suplantar pelas vantagens que oferecem o Planejamento. Nota-se a transparência da
realidade dos objetivos propondo-se soluções conscientes e substantivas. Além disso,
a união de todos, para um fim comum, imbui todo processo de uma força de atuação
muito grande, ampliando o horizonte de decisões, a divisão de trabalho e as
responsabilidades. O valor se deve ao desenvolvimento humano educativo que se
encara como ator e não mero espectador de sua história.
Uma das preocupações mencionadas pelos
educadores a respeito do planejamento é a
possibilidade legal de sua efetivação nos diferentes
sistemas de ensino. Enquanto as atividades vêm
renovando as estruturas, ainda trazem um pouco
sobre o sistema de ensino retrógrado, tradicional e
fechado. É necessário superar esses ideais
passados e planejar para que se dê vida, que se
desperte o tamanho da importância da organização
e se alcance os objetivos da qualificação do
trabalho educativo em todos os seus segmentos.
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A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DAS AULAS

O planejamento tem que ser algo flexível ao entendimento e não uma teoria
que dificulte a prática e acabe sendo guardado na gaveta, ou que venha a ser repetida
a mesma metodologia do exercício da prática sem nunca trazer uma forma que chame
atenção para percepção do aluno.
A elaboração de planos é muito importante num processo de planejamento.
Convém repetir, contudo: mais importante que os planos são os processos que por
meio deles se desencadeiam. É possível planejar as aulas dentro da realidade atual.
Não convém idealizar uma teoria centrada numa prática que difere da cultura.
Embora tenha que aprender os costumes e culturas diversas, não se deve
esquecer o que se dispõe no momento. De fato o planejamento das aulas (planos)
sob a forma escrita torna-se mais eficiente e mais eficaz. E, sobretudo, para dar
consistência a um processo de planejamento alcançado como resultado adicional (não
de menor importância) sendo o próprio processo educativo quando colocado em
prática.
O que qualifica a maneira de interagir diante dos planejamentos em sala de
aula é a maneira na qual são expostos os conhecimentos adquiridos. Até para que
esses conhecimentos venham ao público é preciso conhecer a quem passar e o que
passar, visto que eles estão na posição de receptor/transmissor. Para qualificar a
importância de um planejamento para sala de aula precisa-se de demonstrações de
conhecimentos que sejam vivenciados ao longo da formação educar e aprender.
Fazer um planejamento é levar o seu objetivo para os planos de aula e estes se
estenderem na sala de aula.
Todavia, observe que elaborar um plano sem planejamento é tecer uma rede
que não se liga entre si. Ter um processo de planejamento sem plano é correr o risco
de que a rede desmanche por falta de pontos de ligação dos fios. Não são, contudo,
todas as metodologias de elaboração de planos que são organizadoras de um
processo de planejamento. Com muitas metodologias, mesmo que se queira ter um
processo, fica-se num suceder de planos desligados entre si.
É conhecido no planejamento uma tarefa que anda por uma estreita via entre
dois desfiladeiros: entrada firme desde que se tome cuidado para não cair. A tendência
que leva a esse conhecimento é a norma da visão imperativa de uma imposição que
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pode instalar-se com facilidade e produzir a manipulação. Por outro lado, o desejo de
fugir permite a desorganização das aulas e mostra que o planejamento foi negado.
Entretanto, o conhecimento leva a alertar para o compromisso. Conhecer as
habilidades para executar um plano de aula dentro do que foi planejado é a maneira
mais eficiente de dizer para si mesma que: a organização qualifica. Não criticando
situações opostas, mas estar procurando esclarecer que um não anda sem o outro. A
importância de planejar é procurar prever um prognóstico que chama a atenção para
melhorar a qualidade da atuação.
Os principais cuidados para se fazer um planejamento que virá atuar na sala
de aula é organizar a sua equipe, não de planejadores, mas de coordenadores:
 Conhecimento da teoria de planejamento (o que se pretende diante do
que se tem registrado);
 A metodologia e a clareza do plano facilitam um entendimento e melhora
a capacidade do outro;
 Ser parceiro e compreensivo: favorecer a explicação;
 Abrir espaço para que os outros participem;
 Propor etapas das atividades do processo educativo;
 Redigir os textos, respeitando o pensamento do outro;
 Favorecer a participação e demonstração de fatos vivenciados na teoria
e prática;
 Encontrar soluções em conjunto;
 Ser comunicativo.

Assim pode-se encontrar uma equipe que deslancha o processo do


planejamento e que venha parecer uma interferência ética e cientificamente aceitável
dentro do grupo, inclusive com o aval da “autoridade”, tendo em vista que não visa à
manipulação e busca sair do espontaneísmo de deixar as coisas ficarem como estão.
Nas reuniões de planejamento para elaboração de seus planos devese, porém, utilizar
durante todo andamento um suporte de tempo necessário para implantação de um
processo favorecendo a realidade de cada um. O fundamento se dá pelo resumo de
tudo e assume diante dos esforços os limites que venham a ultrapassar a perspectiva
do plano diante da realidade escolar.
Quando foi frisado que o professor precisa planejar, além do que está
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programado para executar seu trabalho, estava avaliada a questão de


desenvolvimento socioeconômico encontrado, que muitas vezes empurra o educador
para aprimorar o seu conhecimento conforme as condições que lhe foram impostas.
Será oportuno que o planejamento venha a ser implantado no processo de
cooperativismo. As suas várias formas devem ser observadas no que se refere às
características escolares como: motivação, mudanças, conhecimento dos esquemas
mais amplos a metodologias de implantação do processo e, sobretudo, domínio dos
pontos básicos.
Não se trata de estabelecer com extremo rigor o nível de qualidade dos
planejamentos, o que se pretende alcançar é a melhor qualidade na atuação enquanto
programador de funções educativas. Diante dos processos do planejamento,
analisando várias metodologias e estudos diferenciados das escolas e posturas
educadoras, vem uma observação que chama a atenção sempre. A qualidade da
aprendizagem se dá pelo repasse, diante das metodologias trabalhadas em sala de
aula.
E porque existem tantos analfabetos? O que acontece quando se avaliam os
alunos e encontram uma aprendizagem tão fraca? Por que os alunos não dominam a
interpretação e não tem aptidão para matemática? Onde está o erro? Procura-se
planejar diante dos labirintos que empurram para uma realidade que questiona tanto?
Diante das realidades de ensino o que falta são os compromissos das funções tanto
do educador como do educando. Não se questiona somente pela qualidade, mas pela
quantidade que apresentam e exigem a nossa mudança diante das posturas
apresentadas.
Por isso o planejamento vem assumir um lugar de destaque nos dias atuais,
não para alertar organização, mas para favorecer o desenvolvimento do processo
melhor, de um crescimento contínuo de uma qualidade satisfatória. Se procurar
investir nos planejamentos, certamente terá planos bem elaborados e alunos
qualificados. Falar da teoria da aplicação simplifica dizer um conjunto de
conhecimentos que explica a realidade dos fenômenos e suas causas. O teórico vem
determinar uma realidade de conjunto de fatos compreendidos nos acontecimentos e
por onde está acontecendo.
Para compreender essa situação e solucionar o problema das necessidades
em alcançar as qualidades efetivas do desenvolvimento educativo, deve-se procurar
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chegar às hipóteses de soluções e propostas de ação. A teoria vem utilizar o


conhecimento da realidade ou sobre a qualidade da hipótese proposta. Não é certo
de imediato, que a teoria não é consistente, porque a falha pode localizar-se em outro
ponto. Quando se avalia essa forma entende-se que o ponto fraco da cadeia se deva
pelos momentos que a teoria seja adotada nos resultados.

TEORIA

SITUAÇÃO CONHECIMENTO
PROBLEMA DA
NECESSIDADE REALIDADE
PROPOSTAS
DE AÇÃO

RESULTADO AÇÃO
DA AÇÃO

É fundamental que haja uma ação. Tão fundamental como a existência de uma
teoria e do conhecimento da realidade. É nesses quadros que uma proposta de ação
tem sentido e, sobretudo, possibilidades de ser eficaz. Todo planejamento é um
relacionamento adequado entre esses elementos: a situação, a teoria, a realidade, a
ação, o resultado dessa ação e a avaliação constante de tudo.
O ser humano é responsável pela inovação dos seus planos fundamentais para
o conhecimento do processo educativo em função de sua qualidade profissional. Não
é somente a inovação da teoria, mas a maneira como ela vai ser trabalhada na prática
diária. A receptividade vem mostrar conceitos de planejamentos dentro dos processos
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que convertem em processo educativo: repetir estas ideias sob diversas formas que
parecem essenciais tendo em vista sua importância. O pensamento vem investigar o
conceito de educação que sustenta uma aproximação conceitual. É muito prejudicial
buscar compreender o ato de educar: dizer que ninguém educa ninguém, na
conclusão de Paulo Freire, se todos nós educamos no relacionamento.
Vale à pena compreender o ato de educar sendo a educação completamente
como um conjunto de recursos, de situações e de ações para que mais facilmente
aconteça o educar-se para integração do meio social, na perspectiva de formação do
cidadão para vida. Educar é, em primeiro lugar, projetar a busca de sua própria
identidade, seja ela pessoal ou em comunidade. Como se pretende educar se não
trabalhar a socialização? Isso leva a acreditar que o entrosamento com o grupo busca
uma intensidade motivada e uma capacidade de evolução construtiva.
Planejar é justamente isso: propor uma identidade e agir para aproximar o que
são, e para o que querem ser. Para que o processo de planejamento se estabeleça
não é exagero insistir várias vezes na necessidade de que as pessoas tenham
condições, capacidades e participação. De fato as pessoas só fazem aquilo para o
que estejam capacitadas. O planejamento se contempla dentro de uma conceituação
de educação que venha facilitar a compreensão de que se dá uma capacitação e
participação na qual estabeleça um planejamento voltado para qualidade significativa
renovada, participativa, enriquecendo os planos que ora vem sendo trabalhados nas
salas de aula.
A formação de ideias nos conjuntos educativos só vem engrandecer a
qualidade de um planejamento voltado para a valorização dos seus educadores. A
capacidade que cada um tem diante do seu compromisso é aprimorar nos seus
métodos as ideias renovadas e metodologias aplicadas. O plano de aula faz a
organização das metas, planejamento e levantamento dos dados para um objetivo a
ser alcançado. Planejar é encontrar a saída para atuar na capacidade que se tem e
de acordo com determinados critérios adquiridos ao longo de suas próprias
experiências.

TIPOLOGIA E ETAPAS DO PLANEJAMENTO

O processo de busca que vem equilibrar entre meios e fins, recursos e


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objetivos, visa melhorar o funcionamento das instituições escolares em diversos


setores grupais e outras atividades humanas. Se planejar é refletir, então podem tomar
decisões sobre a ação; previsão/necessidades e racionalização.
Planejar, em sentido amplo, é um processo que visa a dar respostas a um
problema, onde se estabelece medidas em que seja apontada a superação, atingindo
seus objetivos ora previstos, no pensando que vem ser uma previsão necessária do
futuro. A determinação do educador é prever os acontecimentos contraditórios aos
seus objetivos. Então, dentro do planejamento ele estuda suas metodologias
centradas em condições presentes, analisando as experiências passadas para
encontrar a qualidade futura.
Planejar é uma atividade que está dentro da educação, visto que esta tem como
características básicas: evitar a improvisação, estabelecer caminhos que possam
nortear mais apropriadamente a execução da ação educativa, ao acompanhamento e
a avaliação da própria ação. Planejar e avaliar andam de mãos dadas. Ninguém faz
um planejamento voltado somente para si. Ele tem vários segmentos que formam as
suas tipologias que virão a ser trabalhadas cotidianamente, sem nenhuma restrição
de fatos ou causas:
Planejamento Educacional é um processo contínuo que se preocupa com o
‘para onde ir’ e quais as maneiras adequadas para chegar lá, tendo em vista a situação
presente e as possibilidades futuras, para o desenvolvimento da educação;
Planejamento Curricular é o processo de tomada de decisões sobre a
dinâmica da ação escolar”. “É previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar
do aluno;
Planejamento de Ensino é o processo de decisão sobre atuações concretas
bem informatizadas que visem às atividades dos professores, no cotidiano de seu
trabalho pedagógico e do aluno, na situação de ensino-aprendizagem; Planejamento
Escolar é o planejamento global da escola, envolvendo o processo de reflexão, de
decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da
instituição;
Planejamento (para quê, para quem, o quê), são essas as preocupações
fundamentais que venham a responder a todas essas questões. Sejam a longo ou
curto prazo, elas são analisadas de forma que venha favorecer a qualidade do
aprendizado;
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Planejamento Operacional (o quê, como e com quê) trata prioritariamente dos


meios. As técnicas e seus instrumentos vêm centralizados na eficiência e na busca da
manutenção do funcionamento. Pode-se concluir que o planejamento é a união de
dados que vem sendo trabalhados dentro das organizações sociais, em benefício de
uma qualidade de seus profissionais e as funções exercidas. Mas ele não se resume
somente em saber planejar, a extensão o leva para um patamar mais apropriado que
vem ser distribuído em outros segmentos para que possam ser executados.

Tipologia e
tipos de
Planejamento

Planejamento Planejamento
Educacional Ensino
Planejamento
Curricular

Planejamento Planejamento
Escolar Operacional

O reflexo de um bom planejamento será percebido nos Planos de Aula – estes


são documentos que vêm registrar os tipos de decisões tomadas no planejamento, ou
seja, o que se pensa fazer, como, quando, com que fazer com quem fazer. Para o
plano existir é necessária a discussão sobre fins e objetivos, culminando com a
definição dos mesmos, pois somente desse modo é que se pode responder às
questões indicadas acima. Convém ressaltar que dentro de um processo de
planejamento a duração é indefinida os planos têm duração bem fixada. Este modelo
tem em vista prazo médio, devendo sofrer adaptações.
O plano diz respeito apenas às questões que chegam a chamar a atenção no
planejamento. Isso não faz dele um plano incompleto, ele apenas trabalha por etapas.
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O sentido que vem propor direcionamento às bases das necessidades em excussão,


pois ele tem a função de orientar uma prática para a própria prática e, portanto, não
pode ser um documento rígido e absoluto. É, dessa forma, a direção de um estudo de
metas:
Plano Escolar é onde são registrados os resultados do planejamento da
educação escolar;
Plano de Curso é a organização de um conjunto de matérias que vão ser
ensinadas e desenvolvidas em uma instituição educacional, durante o período de
duração de um curso;
Plano de Ensino é o plano de disciplinas, de unidades e experiências
propostas pela escola, professores, alunos ou pela comunidade.

PLANOS

ESCOLAR CURSO ENSINO

Os Planos, por sua vez, vêm ganhar uma determinação dentro do planejamento
que facilita para o educador uma metodologia voltada para sua realidade, e que
busque inovação e qualidade no processo de ensino-aprendizagem.
Tais planos referem-se aos Projetos que, por sua vez, tratam de um
documento, produto do planejamento nos quais são registradas as decisões mais
concretas de propostas futuristas. Trata-se de uma tendência natural e intencional do
ser humano. Como o próprio nome indica, projetar é lançar para frente, dando sempre
a idéia de mudança, de movimento. Trabalhar o projeto em si é viver uma realidade
que foi planejada, discutida, e que traz um retorno muito positivo para o educador e
educando.
O projeto é algo muito conhecido nos planejamentos e visa a alcançar um
objetivo específico. Não teria sentido, assim, um projeto desligado de um plano mais
amplo. A verdadeira mania de projetos que tem predominado sobre a educação tem
gerado ações esporádicas, até contraditórias entre si. O projeto mantém uma ação
62

determinada no espaço escolar. Os projetos pretendem ser amplos, tomar o lugar de


plano.
A clareza passa a ser muito simples por ser uma máxima aproximação junto à
orientação da rotina, a elaboração (pensar) e a execução (agir): constam nele apenas
as especificações para a ação, uma vez que a teoria e a doutrina que o embasam, já
constaram antes.
Dentro dessa simplicidade, além de algumas instruções suplementares
eventualmente necessárias, as partes de um projeto são essencialmente:
 Objetivo (tomada do plano);
 Justificativa (breve);
 Localização (atividades do projeto);
 Cronograma (quando acontecerá cada atividade);
 Metodologia (descrição);
 Recursos humanos;
 Recursos físicos e financeiros;
 Critérios de eficiências.

Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar
significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, é sair do comodismo
e passar por uma aventura, só que ela favorece andar com os pés no chão.
Descobrindo em cada passo aonde se pretende chegar. Fala-se de projeto educativo
com muito entusiasmo porque muitas ações educativas partem de um projeto, que por
sinal parecem ser simples e se estendem por um curto período, ganham espaço e
modificam a consciência de muitos, diante do que venha a ser educação para educar.
O projeto facilita o exercício da prática e o incentivo de buscar, em
determinadas rupturas do decorrer do seu exercício. A qualidade da execução vem
das idéias de quem o conduz. Ele precisa ser visto como peça importante de um
grande quebra-cabeça que vai sendo descoberto passo a passo e que dentro do
projeto pedagógico conhece várias características que dão base de sustentação
futura:
 Participativo / decisivo;
 Organização;
 Autonomia escola/ solidariedade educativa;
63

 Direção e opção dos problemas;


 Compromisso e formação;
 Não idealizar coisas / buscar a sua própria realidade;
 Condições de desenvolvimento e avaliação;
 Ação articulada.

Construir, fazer do processo de criação, a ideia se transformar em realidade.


Projeto Político-Pedagógico da escola (PPP) - este precisa ser entendido
como uma maneira de situar-se num horizonte de possibilidades a serem adquiridas
dentro de suas perspectivas estudadas. O que se escreve dentro do PPP – Projeto
Político Pedagógico é uma demonstração teórica do que espera alcançar e para quê.
Vista esta realidade teórica ao longo do seu exercício, ele precisa ser visto como
bússola de informação a ser seguida e melhorada. A escola tem um corpo docente
que participa da elaboração, registra suas dificuldades, relata suas perspectivas e
espera o retorno. Mas a teoria não pode estar sozinha, por isso o PPP deve ser
colocado em prática e trabalhado pela qualidade que representa dentro da instituição
escolar.
O projeto pedagógico é um contexto do planejamento de um processo
participativo, em que o passo inicial é a elaboração do marco referencial, sendo este
a luz que deverá iluminar o fazer das demais etapas. O que fica claro diante das
diversas formas de classificar a qualidade do planejamento para execução em sala de
aula é que a educação que almeja alcançar um resultado deveria sair do seu
comodismo.
Então que resultados se podem ter diante dos planejamentos quando se vive
uma realidade que difere da teoria escrita. A escola não se faz sozinha, o sistema são
os educadores, e, por sua vez, os alunos andam na medida em que os educadores
avançam suas pegadas. Acredito na educação , mas gostaria de ouvir sempre a
conjugação do verbo - vamos, posso, acredito, realizo, aprendo e ensino. Não estou
fantasiando uma realidade, não, estou comprovando as experiências vividas, relados
registrados.
O PROGRAMA é promover um estudo da realidade global e de propostas sobre
homem e sociedade a fim de gerar espírito crítico e participação. A estratégia
cooperativa condizente à educação libertadora para favorecer ao aluno ser sujeito de
64

seu desenvolvimento. Dinamiza-se a utilização de métodos ativos que venham


promover a cidadania. O programa, dentro de um plano, é o espaço em que são
registradas as propostas de ação do planejador, visando a aproximar a realidade
existente da realidade desejada.
Desse modo, na elaboração de um programa é necessário considerar duas
dimensões: a das ações e atividades permanentes. No Conceito de Participação que
leva a uma construção de melhorias da qualidade da Educação levanta-se a
necessidade de descentralização e democratização da gestão escolar e,
consequentemente, a participação como um conceito nuclear. De acordo com a
etimologia da palavra, participação origina-se do latim "participatio" (pars + in + actio)
que significa ter parte na ação. Para ter parte na ação é necessário ter acesso ao agir
e às decisões que orientam o agir. Executar uma ação não significa ter parte, ou seja,
responsabilidade sobre a ação. Mas fazer cumprir, interpretar e representar a
capacidade de ação prática.

PLANEJAMENTO INTERDISCIPLINAR

Nos últimos tempos, o mundo vem


passando por uma série de transformações
políticas, econômicas e tecnológicas. Nesse
período a Educação merece destaque, pois, em
1988 a Constituição reafirmou como direito de
todos e dever do Estado e da família os caminhos
da promoção e incentivo da sociedade,
objetivando três pontos relevantes: o pleno
desenvolvimento da pessoa, a preparação para o exercício da cidadania e a
qualificação para o trabalho. Dessa forma, estabeleceu-se a Educação inspirada nos
princípios dos ideais de solidariedade humana, tendo como finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, a desburocratização da educação e a
descentralização do ensino, possibilitando maior autonomia aos estados e municípios,
escolas e universidades.
A LDB deixou clara a responsabilidade da escola em favorecer largas
condições e oportunidades de aprendizagem e o esforço quanto à necessidade e
65

flexibilidade de uma formação básica dos componentes curriculares. Por isso o


planejamento curricular bimestral deverá ser discutido e bem elaborado, pois é a base
para criação de novas aulas. As metas do planejamento vêm sendo trabalhadas nos
últimos anos em constantes modificações, seja nas suas tecnologias, seja como
políticas econômicas. A educação merece um destaque que vem reafirmar um direito
de todos e um dever que precisa ser cumprido.
Para que as metas se concretizem, a escola precisa tratar de situações do dia-
a-dia, abrangendo temas como a saúde, meio ambiente, orientação sexual, ética,
pluralidade cultural, trabalho e consumo, que fazem parte da proposta da educação
atual com a classificação dos temas transversais. Por isso o planejamento curricular
bimestral deverá ser discutido e bem elaborado, pois é a base para a criação de boas
aulas. As principais metas indicam conteúdos significativos e procedimentos
adequados, assim como a avaliação que será utilizada. Integrar experiências variadas
de aprendizagens inserindo exemplos que venham chamar a atenção para que se
melhore o entendimento e se facilite a qualidade de aprendizagem trabalhada.
O eixo temático é o tema gerador, ou seja, o nome do conteúdo que vai ser
trabalhado na disciplina deve estar dentro do contexto e contribuir com um
desenvolvimento intelectual do aluno.
Conteúdo Conceitual
Dados e Conceitos
Conteúdo procedimental
Conteúdo atitudinal
Avaliação

 Conteúdo conceitual – o conteúdo que deve ser aprendido de forma


sistêmica;
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 Dados e conceitos – são diferentes tipos de conhecimento;


 Conteúdo procedimental – cabe ao educador apresentar suas atividades
programadas dentro do planejamento, respeitando os níveis diferentes de
dificuldades para que o aluno possa apossar-se de sua execução;
 Conteúdo atitudinal – inclui normas, valores e atitudes que permeiam todo
o conhecimento escolar e envolve cognição, afeto e condutas;
 Avaliação – ela passa a ser contínua englobando os três conteúdos
(conceitual, procedimental e atitudinal) por meio de atividades solicitadas e
questionamentos no cotidiano que envolvam atividades práticas e
exercícios que o aluno possa se expressar.

Nesse pequeno percurso transitar pelos estudos das disciplinas escolhendo


tema e cidadania, enxergando-a de pontos diferentes que algumas vezes se
encontram completando-se. E em outros momentos se amplia, questiona, negam ou
se confiam, mas na maioria das vezes se iluminam. Quando é enfocada a cidadania
sob a ótica diária das ciências humanas, por exemplo, deve-se estudar o conceito e
escolher de que forma se deseja abordá-lo.
Se cidadania tem a ver com os direitos e deveres dos cidadãos de um país e
está diretamente ligada à Constituição Federal, Lei máxima de uma nação, pode-se
começar pesquisando o porquê da necessidade da Constituição. O que vem a ser
Constituição? Qual a data da última Constituição outorgada em nosso país? Também
investigar a Declaração dos Direitos Humanos, correlacionar Cidadania e Direitos
Humanos.
Estudar o direito da cidadania como: igualdade, direito do consumidor, direito à
moradia, direito à educação, etc. E avançar nos estudos dos princípios para uma
prática democrática de participação efetiva. Pesquisando os modos de participação
segundo a constituição vigente e, enfim, que cidadania e participação comunitária são
conceitos diretamente proporcionais.
Do ponto de vista da História, podem perguntar: qual foi a primeira constituição
elaborada na História da humanidade e em que circunstância? O que levou uma nação
a elaborá-la e por quê? Outra pergunta que podem fazer: qual foi a data e a
circunstância da elaboração da primeira constituição do país, no caso o Brasil?
Passando pela geografia aborda-se sob a ótica da geografia humana, isto é, o homem
67

é um ser histórico capaz de atuar no seu meio para transformá-lo, podendo melhorá-
lo, discutindo ideias como transformar o bairro por criar órgãos para defesa de seus
direitos, lançar mão da matemática quando houver necessidade de transformar o
espaço físico por meio de mutirões para constituição e reformas dos espaços físicos,
fazendo cálculos, construindo maquetes etc. Tais iniciativas envolvem diferentes
áreas, como ciências da natureza, Biologia, Física e Química, passando pelo tema
transversal Meio Ambiente.
Vejam que a interdisciplinaridade vem abraçar de forma contextualizada todas
as ideias trabalhadas em diversas disciplinas, e como não se podia deixar de fora
nessa inovação, entra em cena também a área Código e Linguagem. Quando os
alunos começam a trabalhar por meio de projetos percebem a importância prática de
enviar mensagens de forma clara para o público-alvo. Seja a própria comunidade
escolar, seja a comunidade local, por meio da elaboração de cartazes, faixas, murais,
textos informativos que venham chamar a atenção para o que se deseja atingir;
iniciativas assim encontram na Língua Portuguesa, aliada à arte e à informática,
embasamento. As disciplinas Língua Portuguesa, Artes e Educação Física poderão
trabalhar de forma integrada por meio de atividades como desempenho, teatro,
números musicais, levando a mensagem desenvolvida durante o processo de trabalho
interdisciplinar.
Planejar o ano letivo pressupõe analisar a prática que virá a ser trabalhada
durante todo o ano na escola, de maneira a encontrar respostas às questões
orientadoras do aprimoramento do seu projeto político-pedagógico.
Deve-se procurar sempre interrogar na questão da escola quem são e qual o
perfil dos alunos, a comunidade que circunda, a qualidade da aprendizagem, na
intenção do que é necessário aprender e o sucesso que será obtido diante dos valores
e formação dos alunos, o que vem a retratar a qualidade do trabalho da escola. Na
realidade deseja-se com isso fazer um replanejamento do ano que passou e tentar
melhorar a qualidade do ensino de uma instituição escolar. Os desafios que irão
conhecer e que cada escola deverá responder a partir de suas forças e experiências
comprovadas. Porém, o objetivo é unificar a qualidade de ensino e tentar construir
uma escola com qualidade social, capaz de ser um espaço de crescimento para
alunos e todos que nela trabalham. Com gestão democrática e em sintonia com a
produção que venha a fazer a socialização do conhecimento repassado e que este
68

chegue à melhor forma possível em trazer a informação clara para fazer-se aprender.
O planejamento do ano letivo constitui-se num momento privilegiado para a
reflexão coletiva, na qual todos estão voltados para ações educativas que se integram
nas equipes e formação dos trabalhos. A elaboração, o desenvolvimento e a avaliação
de planos de ensino e o preparo de aulas traduz-se numa atitude e vivência crítica
permanente diante do trabalho pedagógico, possibilitando ao conjunto da equipe de
profissionais da escola conhecer e se expandir numa construção participativa dos
desenvolvimentos educativos.
Ao falar em planejamento vêm logo a ideia de organizar o que se quer melhorar
e apontar o que não o está fazendo evoluir enquanto profissional. Dentro do
planejamento embasado no trabalho político-pedagógico vem a análise crítica dos
resultados, que procuram novas formas de atuação e criam poderes para decidir.
Quando procurar uma qualidade de atuação, procurar organizar-se dentro do perfil
descrito nos PPP, que é o fruto do planejamento e que vem representar uma
escola/sociedade no qual quer fazer parte dessa construção, diante das experiências
passadas e expectativas futuras.
A visão que o planejamento traz é o reflexo que registra os diagnósticos
analisados no processo ensino-aprendizagem. O planejamento escolar, da forma
como vem sendo concebido no presente texto, não pode ficar circunscrito a apenas
“semanas de planejamento.” Ele exige vários espaços garantidos no calendário do
ano letivo, em que ora se registra encontros mais frequentes, mesmo porque a
necessidade de estudar as possibilidades, cultura, forma crítica, possibilita ao
professor uma reflexão prática do que se pode replanejar. É bom ter em mente várias
interrogações, porque elas vão dando pistas por onde se pode tentar melhorar ou até
excluir propostas que não deram certo. Para direcionar essa reflexão pode-se
questionar:
- Como tem sido a qualidade dos planejamentos? Quais as expectativas do
planejamento para o trabalho deste ano? O que quero e preciso modificar? Como está
sendo trabalhada a questão da interdisciplinaridade na escola? Como os alunos estão
melhorando?
É uma avaliação que durante todo o desenvolvimento dos trabalhos precisa ser
revista. A qualidade do fazer se faz pela maneira como pode ser observado,
qualificando avanços ou deficiências.
69

FORMULAÇÃO DE OBJETIVOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Segundo alguns estudiosos, a aprendizagem é um processo integrado que


provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que aprende.
Essa transformação se dá por meio da alteração de conduta de um indivíduo, seja por
condicionamento operante, experiência ou ambos, de uma forma razoavelmente
permanente. As informações podem ser absorvidas pelas técnicas de ensino ou até
pela simples aquisição de hábitos.
O ato ou vontade de aprender é uma característica essencial do psiquismo
humano, pois somente esse possui o caráter intencional, ou a intenção de aprender;
dinâmico, por estar sempre em mutação e procurar informações para a aprendizagem;
criador, por buscar novos métodos visando à melhora da própria aprendizagem, por
exemplo, pela tentativa e erro.
Outro conceito de aprendizagem é uma mudança relativamente durável do
comportamento, de uma forma mais ou menos sistemática, ou não, adquirida pela
experiência, pela observação e pela prática motivada. Na verdade a motivação tem
um papel fundamental na aprendizagem. Ninguém aprende se não estiver motivado,
se não desejar aprender. O ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender,
necessitando de estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para o
aprendizado.
Há aprendizados que podem ser considerados natos, como o ato de aprender
a falar, a andar, necessitando que ele passe pelo processo de maturação física,
psicológica e social. Na maioria dos casos a aprendizagem se dá no meio social e
temporal em que o indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses
fatores e por predisposições genéticas. Formular objetivos por intermédio da prática
diária da sala de aula é a maneira como podem avaliar o desempenho dos alunos
para enriquecer a aprendizagem e qualificar a didática que vem sendo trabalhada com
eles.
Veja algumas sugestões de como trabalhar os objetivos teóricos na vivência da
prática. No processo de aprendizagem os alunos passam por várias etapas:
relacionam novos conhecimentos com os que já tinham, fazem e testam hipóteses,
pensam onde aplicar o que estão aprendendo, expressam-se por meio de várias
70

linguagens, aprendem diferentes métodos, conceitos, aprendem a ser críticos sobre


os limites de aplicação dos novos conhecimentos, etc. A vantagem dos objetos de
aprendizagem é que, quando bem escolhidos, podem ajudar em cada uma dessas
fases. Os objetos de aprendizagem permitem a construção de contextos digitais para
os conteúdos que serão explorados.
A contextualização permite aos alunos traçar mais facilmente uma relação
entre determinado conteúdo e suas aplicações práticas e enxergar a interdependência
das várias disciplinas. Uma fórmula de física, por exemplo, deixa de ser uma
sequência de variáveis operações e números e passa a ser a base para uma atividade
cotidiana representada pelo objeto. O aluno de hoje sofre um intenso bombardeio de
informações digitais, é um ambiente que ele entende muito bem, nada mais natural do
que se utilizar desse mesmo ambiente para incorporar conteúdo e conhecimento.

Exemplo I
- Lendo e interpretando gestos:
Procure ler o texto a seguir com seus alunos.

Minhas Mãos (Francisca Jakeline D. Araújo)


Toda criança da escola tinha um péssimo hábito de não lavar suas mãos
depois que saía do banheiro. João era novato e quando saía de casa sua mãe sempre
falava para ter cuidado com a higiene pessoal. Passaram-se dias e João continuava
observando, avaliava que a metade de seus colegas não tinha hábitos de higiene.
Preocupado ele começou a falar com alguns, e por isso sentiu-se excluído do grupo
por ser metido a limpo. Certa vez numa reunião do Grêmio João se pronunciou, e
durante seu discurso ele falou sobre a importância dos cuidados com a saúde. A
turma começou a redigir textos, redações e faixas, que envolveram toda a escola
numa causa que vinha beneficiar a formação ética e exercício da cidadania dos
nossos alunos.
As expressões e gestos são interpretados quando as crianças, como os
adultos, também se comunicam pela fala, gestos, ruídos ou textos interpretados. Só
de olhar para uma pessoa sabemos se ela está com um bom humor naquele dia ou
se está com raiva, medo, tristeza...
Para trabalhar com os alunos, é preciso que se envolva neste texto as
71

informações que possam fazê-los pensar e criar para ficar:


 Incentive o aluno a ilustrar a teoria nas aulas de artes;
 Valorize cada texto redigido e faça suas modificações, levando o aluno
descobrir o contexto e sua contextualização na zona de aprendizagem;
 Faça um painel que mostre o oposto do texto trabalhado.

INVENTE SÍMBOLOS
 Placas para serem colocadas nas salas;
 Placas para serem colocadas nos jardins;
 Procure chamar a atenção dos estudantes para as placas expostas nas
ruas, nos carros e ônibus. Destaque a que mais lhe chamou a atenção
ou prendeu a percepção dos alunos para trabalhar nas disciplinas.

Basicamente o que se faz é discutir os processos de ensino-aprendizagem e o


quanto a disponibilidade de recursos dos mais diferentes tipos pode trazer de
flexibilidade e ganhos na aprendizagem dos alunos. Essa preparação não é fácil, pois
existe certa acomodação por parte de alguns professores que seguem sequências
didáticas pré-determinadas ou propostas em livros. No caso dos objetos de
aprendizagem o trabalho está em pensar nos objetivos de aprendizagem a serem
alcançados e a partir deles planejar atividades com o uso dos novos recursos.
Logicamente, os objetos de aprendizagem são recursos a mais. Em alguns casos, não
são a melhor alternativa. Em outros, são ideais. É o professor quem decide. Existem
várias formas de utilização de objetos de aprendizagem no ensino, bem como existem
vários tipos de objetos de aprendizagem.
Além dos pontos considerados anteriormente, é importante que o professor
esteja capacitado para utilizar todos os recursos da tecnologia computacional como
uma ferramenta. Além dessa capacitação básica é necessário prepará-lo para as
novas demandas da nova geração. O professor tem que entender que o nível de
exigência e de exposição dos alunos às novas tecnologias é muito maior do que o
dele. Portanto, deve se reciclar para conseguir se comunicar com a nova geração
digital.

A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA
72

É fundamental reconhecer que cada criança constrói o seu conhecimento e se


desenvolve dentro de um ritmo individual e que o professor não vem somente ensinar,
mas estimular o indivíduo a ser o agente de sua própria aprendizagem. Dessa
maneira, pode-se levar o estudante a concluir sobre as dificuldades que venham a
aparecer e que precisam ser discutidas juntas e trabalhadas na classe.
O processo de ensino-aprendizagem deve propor ao aluno o papel principal em
sua aprendizagem, pois é ele o sujeito que aprende. O desenvolvimento é um
processo que vem de forma diferenciada, dependendo do ambientes em que vive e
de suas relações. Todos esses fatores estão profundamente interligados e deles
dependem o ritmo e a forma que irão determinar a própria habilidade e motivação.
Sabe-se que os objetivos que foram trabalhados teoricamente nos planejamentos vêm
sendo discutidos aqui numa prática interdisciplinar.
Para estender a todos esses princípios metodológicos, o educador deve estar
devidamente embasado na teoria e na prática construtivista, estando disposto a mudar
significativamente sua prática pedagógica devendo, portanto, imbuir-se de uma
postura condizente com esta proposta didática. Os objetivos metodológicos são
trabalhados desde o primeiro dia de aula. Cada aluno e cada sala de aula vão sendo
trabalhados diante de saberes diversificados. A realidade muitas vezes é preocupante,
como é o caso de vários alunos que ainda não conhecem a sala de aula, e tudo vêm
sendo conhecido e registrado a partir do primeiro dia de aula. Quando nas aulas de
matemática leva-se o conhecimento dos alunos à história dos números contada por
meio das formas geométricas, procura-se objetivos para passar uma aprendizagem
inovada na prática, em que cada forma conhecida possa ser explicada em sala de
aula.
As ferramentas de pensamento como objetos que permitem gerar mapas
conceituais, classificadores, diagramas causa-efeito, etc., ou seja, os chamados
“objetos pré-prontos”, nos quais os alunos inserem o conteúdo para terminá-los e
disponibilizar na Internet suas versões pessoais. Isso permite que o professor
proponha trabalhos bastante significativos, uma vez que parte dos interesses e
contextos dos próprios alunos. Os objetos são flexíveis. Por exemplo, imagine um
objeto no qual o aluno possa explorar o ciclo de vida de uma estrela. A estrela nasce,
vive e morre em um período de milhões ou bilhões de anos.
73

O caráter histórico do pensamento verbal deve considerá-lo sujeito de todas as


premissas do materialismo histórico, que são válidas para qualquer fenômeno
histórico na sociedade humana (Vygotsky, 1993 p.44). Sendo o pensamento sujeito
às interferências históricas às quais o indivíduo está submetido, entende-se que o
processo de aquisição da ortografia, a alfabetização e o uso autônomo da linguagem
escrita são resultantes não apenas do processo pedagógico de ensinoaprendizagem
propriamente dito, mas das relações subjacentes a isto.
Vygotsky diz ainda que o pensamento propriamente dito é gerado pela
motivação, isto é, por desejos, necessidades, interesses e emoções. Por trás de cada
pensamento há uma tendência afetivo-volitiva. A forma é mostrar que não seria válido
estudar as dificuldades de aprendizagem sem considerar os aspectos afetivos.
Para se avaliar o estágio de desenvolvimento ou realizar testes psicométricos
não bastam as respostas às questões levantadas. É necessário fazer uma análise do
contexto emocional, das relações afetivas, do modo como à criança está situada
historicamente no mundo. Na abordagem de Vygotsky a linguagem tem um papel de
construtor e de propulsor do pensamento, afirmando que aprendizado não é
desenvolvimento.
O aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento
mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra
forma, seriam impossíveis de acontecer, visto que precisam de uma participação
maior, em participação de integração e absorção do conteúdo estudado. A linguagem
traz à realidade o motor do pensamento, contrariando assim a concepção
desenvolvimentista que considera o desenvolvimento como a base para a aquisição
da linguagem.
O aluno pode visualizar um processo por meio de linhas do tempo, inclusive
relacionando as escalas temporais com a da formação dos planetas, do próprio
universo ou do surgimento da vida. Pode-se também usar classificadores para
entender que tipo de matéria ou partículas existem em cada momento. Para isso, pode
também ver como são as reações pelo uso de simuladores. Os níveis de explicação
podem ser bastante diferentes, ora voltados ao ensino básico, ora ao ensino superior.
Todas as possibilidades podem ser cobertas a partir da combinação de objetos
de aprendizagem. Quando se pensa em objetos de aprendizagem do tipo “simulação”,
alguns processos são bastante apropriados para o uso dessa mídia: movimentos que
74

obedecem a leis como as da física, interação entre agentes como nos sistemas
ecológicos, relações de causa e efeito que se modificam conforme a alteração das
condições iniciais ou das relações entre as diversas partes, como nas condições de
meio ambiente, etc.
Eles são mais facilmente adaptados às disciplinas que se utilizem bem de
simulações de eventos, tais como Física, Matemática e Química. Porém, todas as
disciplinas podem utilizar objetos. Por exemplo, é possível criar objetos que façam uso
extensivo de vídeo, música, mapas e histórias para o ensino de Geografia e História,
além de objetos com jogos de regras gramaticais. Pode-se utilizar também de um fato
histórico em que se relate a cultura regional e o mesmo ser trabalhado em Língua
Portuguesa, Matemática, História, Geografia e Educação Artística. Essas
modificações levam o professor (facilitador) a aprimorar seus contextos e facilitar a
capacidade de ensinar dentro de uma didática-metodológica aberta para aprender
conhecendo, sem que precise se rotular a apenas uma única direção. O livro didático
vai ser explorado com mais segurança, os textos já vem trazendo uma realidade para
o exercício da prática.

RECURSOS DIDÁTICOS

Os grupos que elaboram os conhecimentos que vêm ser trabalhados em


diversas áreas chegam à escola para um desenvolvimento real que traz um momento
de interação consolidado nas capacidades e atitudes de interesses participativos.
Diante deste universo de diversidades próprias do ser humano que se encontra
na sala de aula, é necessário conhecer a clientela na sua individualidade. Cabe ao
educador gerar uma ponte educativa entre os conhecimentos reais que o aluno traz
ao ingressar na escola e que embasará o desenvolvimento escolar. Portanto, para
alcançar um diagnóstico é preciso analisar o tipo de material usado, como este está
sendo utilizado e que avanços tiveram ao longo do desenvolvimento.
O objetivo é diagnosticar os níveis operatórios com os quais os alunosclientes
já podem lidar: conservação, classificação, seriação. Quando se verifica a defasagem
cognitiva para maior intervenção do professor, pode-se preparar e selecionar jogos e
atividades que vão ao encontro das necessidades do aluno, de forma a promover o
seu desenvolvimento cognitivo. Quando preparar o material para sala de aula busque
75

associar a cada deficiência a ser trabalhada.


A exemplo disto tem-se as sucatas trabalhadas com material introduzido nas
disciplinas e adaptadas à realidade para capacidade de aprendizagem, quando se
solicita aos alunos que eles mesmos façam seus objetos (caixas de fósforos, garrafas
plásticas, jornais, revistas, folhas de árvores, grãos de cereais, pó de serragem de
madeira, algodão, areia) e muitos outros.
Com isso direcionam-se os mesmos para valorizar o que tem no seu ambiente,
como também estimula a criação. Para que o aluno comece a entender a importância
do material didático na sala de aula (desde o livro didático até as sucatas trabalhadas)
é preciso que ele conheça em que cada objeto usado influencia na sua aprendizagem,
na interação do raciocínio lógico, nas mudanças adquiridas ao longo das experiências.
Uma proposta é que se comece pelos blocos, por serem tão comuns na vida
do aluno, pelo conhecimento da sala de sua casa, formato das janelas, recorte de
costura da Mãe, ferramenta de serralheiro, pedreiros, agricultores, como forma de
explicar a matemática para seus alunos. Não será interessante levar o aluno para
conhecer um mundo novo sem que ele comece a conhecer o seu próprio. Costuma-
se dizer que só se conquista a aprendizagem quando se está disposto a ler, não
somente a leitura dos livros contada pelos autores,
mas a leitura do ambiente. Essa experiência faz com
que se firme na realidade e se desperte para buscar o
novo com mais segurança.
O Bloco Lógico vem verificar o estágio cognitivo.
Entregue à criança uma caixa de blocos lógicos e
peça-lhes para virar sobre a mesa e organizar as
peças. Durante certo tempo, observe suas tentativas.
Se uma criança morder ou mesmo atirar as peças no outro ou na parede, chutar, ou
seja, não mostrar qualquer indício de organização das peças será considerado como
estando no estágio cognitivo. Se uma criança
consegue construir objetos com as peças como mesa,
cadeira, cama, banquinho, entre outros ele pode estar
no estágio cognitivo pré-operatório (2 a 7 anos
aproximadamente). No caso de uma criança conseguir
agrupar peças por tamanhos, cores, formas e/ou
76

espessura, este estará no estágio cognitivo operatório-concreto


(comportamento esperado para crianças de 7 a 11 anos aproximadamente).
Sucatas – trabalhadas com caixas de papelão, figuras de animais e objetos
retirados de revistas, caixa de ovos. Podem ser feitos objetos como: chaveiros,
coelhinhos da páscoa, porta-jóias, cabecinhas de bonecos e dados para jogos
interativos. Ao trabalhar com sucata procure não transformar a sala de aula no lixão,
mas fazer da sala de aula um lixão que produz e ensina. As palhas de milho, muito
utilizadas no eixo semiárido, vem para a sala de aula para ser transformada em lindas
flores e a cada flor criada a origem de sua espécie vai sendo estudada.
Os fantoches são criados e adaptados nos polegares e cada criança começa a
fantasiar suas histórias de acordo com os personagens que vão sendo criados.
Surgem às idéias de trabalhar os boliches feitos de garrafas plásticas interagindo nas
aulas de Educação Física, Matemática e Artes, é um bom recurso para ensinar as
primeiras contas de forma divertida.
No século XIX a ascensão das rainhas Isabel II (Espanha) e Vitória (Inglaterra)
deram força à figura da rainha no xadrez. Hoje a peça se movimenta quantas casas
quiser e é a mais ofensiva do jogo. Mas não ameaça a supremacia do rei. Será que o
machismo está associado a esta observação? Pela posição de destaque, o homem
procura a semelhança diante do jogo. Como mera suposição é importante chamar a
atenção para a importância de se trabalhar matemática com o jogo de damas e xadrez,
o prazer leva a criança a aprender brincando, favorecendo a ela uma grande
capacidade de interagir em sua participação.
Imagine uma árvore toda enfeitada de
letrinhas e que estas venham a ser criações dos
seus alunos. Todo alfabeto vem sendo trabalhado
dos recortes feitos das revistas e jornais e vão
ganhando formas e cores para enfeitar as árvores
da sabedoria. O gesso vem ganhando uma
importância satisfatória nas atividades diárias, seja
na confecção ou acabamento das peças.
O conhecimento físico é a descoberta das propriedades físicas de objetos,
tamanho, textura por ação direta sob o objeto ou objetos. O conhecimento social é o
conhecimento convencional oriundo de determinado grupo social ou cultural, que pode
77

ser diferente de um grupo para outro. Quando se verifica a diferença entre o


conhecimento empírico e conhecimento lógico – matemático, por exemplo – pode-se
perceber o quanto essas novas tendências pedagógicas vêm abrir oportunidades que
antes raramente se observavam.
A escola passou a fazer parte da vida do aluno e se estendeu até sua família,
visto que muitos objetos trabalhados, sucatados em sala, vão para casa e serve de
saída econômica em muitas famílias. Procure relacionar os objetos mais acessíveis à
realidade, o que agora favorece conhecer os jogos didáticos que vem para as escolas.
O primeiro contato desperta curiosidade e falta de jeito para lidar com eles, mas
quando começar a explicar cada parte, tudo parece fluir rapidamente, a criança se
volta para um mundo imaginário / na realidade de sua prática. O jogo de damas e
dominó, com peças diferentes daquelas construídas por eles chama a atenção para
compartilhar as peças, participando do bingo de palavras e conhecimento de animais
que vem atrás de cada carta baralho.
A expressão de cada aluno mostra um mundo novo que vem se voltando para
meio interdisciplinar, os próprios jogos já informam que o jogo funciona quando se
aprende a compartilhar, e esse compartilhamento se deve ao entendimento das
disciplinas trabalhadas. Com mais criatividade, tira-se proveito também em Educação
Artística, inventando novos formatos para as peças.
A pesquisa em livros estimula o interesse por línguas estrangeiras. O resultado,
depois de um tempo, é visível. No final dos bimestres surgem notas melhores e os
professores elogiam a dedicação e a concentração dos alunos e as idéias dão
segmento a mais uma etapa da aprendizagem trabalhada para viver aprendendo com
material e arte.

PARA QUE SERVEM

O ábaco, material dourado, tampinha de garrafas, cartões com letras e


numerais, por exemplo, vem trazer para o aluno o despertar do seu interesse pelo que
eles representam. Quando se deixa o aluno manusear o material, verifica-se que ele
conta um a um, identifica a quantidade na contagem, muda da unidade para a dezena,
reconhece quantidades num determinado conjunto de peças.
Os conceitos matemáticos dominados ou não pelos alunos serão verificados
78

em várias situações dentro e fora da sala de aula: no recreio, nas atividades com o
próprio corpo em relação ao espaço, nos jogos e nas atividades de linguagem oral,
matemática e outros conteúdos do currículo. O diagnóstico pode ser feito formal ou
informalmente, em grupos ou individualmente, para assegurar o equilíbrio da criança
como o do adulto, seja qual for o conteúdo ou forma dessa expressão.
As atividades em artes favorecem também o desenvolvimento afetivo,
especialmente por facilitarem a livre expressão e permitirem a descarga de tensões,
assegurando o equilíbrio emocional. A sua independência, quando lhe é dada a
oportunidade de escolher em seu trabalho, conquista a expressão de sentimentos e
emoções e objetiva seu modo de sentir e descobrir a si mesmo. A maior contribuição
que se pode favorecer ao aluno em sala de aula é levá-lo ao conhecimento para que
ele entenda que a contribuição na qual está inserido vem para ajudá-lo a entender
como manusear os recursos utilizados para crescimento da sua própria formação. Os
materiais usados vêm modelar a capacidade de entendimento do aluno, desde sua
formação nos primeiros anos de vida escolar (educação infantil) como nos segmentos
sequenciais de suas séries (anos Fundamental I e II, médio, nível superior). O trabalho
da educação tem como objetivo satisfazer as necessidades e desenvolver habilidades
criativas e desenvolver autonomia.

O QUE FAVORECE O MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO NAS SALAS DE


AULA

MATERIAL DIDÁTICO – MANUSEAR AVANÇOS CONSEGUIDOS


79

DESENHOS O primeiro contato vem por meio dos desenhos,


trabalhados na Educação Infantil. A criança, a
princípio, quer destacar a família, mesmo porque ela
está muito ligada à dependência dos pais e associa
a sua realidade aos desenhos.

OBJETOS DE O contato faz a criança comparar com a casa e seu


FORMAS GEOMÉTRICAS habitat é a maneira que ela tem em expressar o que
vê.

JOGOS A vida é uma competição constante, e os alunos são


preparados sempre para
competir. Nos jogos eles se desenvolvem e mostram
sua capacidade de saber ser solidário, respeitar o
direito do outro. Aqui praticamente se ensina o que
é ser cidadão. Embora a mensagem venha sendo
passada desde os primeiros contatos, nessa
modalidade o favorecimento é bem maior.

Os itens citados foram apenas reflexões sobre o que tem que se conhecer e
viver nos primeiros passos da escola. Essa aprendizagem de uma resolução de
problemas constitui método eficaz para o desenvolvimento do pensamento
matemático. Sabe-se o quanto a dificuldade de assimilar os números vem crescendo
nas salas de aula, mesmo porque o próprio aluno já internalizou a frase “detesto
matemática”, “não gosto de redação”, “ai quanta chatice aquela redação do primeiro
dia de aula - relate suas Férias”. Quando visitei algumas escolas municipais, ouvia
sempre essas reclamações.
Uma aluna da zona rural me chamou a atenção pela maneira como ela se
posicionou diante de todos quando disse: “não vejo que está errado, apenas cada um
precisa falar para que a professora comece a avaliar”. Se não interagir expressando
o entendimento, as adaptações de suas ideias não se conseguirá compartilhar
experiências. A troca de experiência em sala de aula é muito importante para que o
aluno, no uso de suas atribuições, possa mostrar suas ideias.
A criança precisa se sentir em seu espaço e estar ligada a ele pelas percepções
80

que recebe por meio dos sentidos, fundamentalmente da visão e do tato. Nesta etapa
de sensibilização surge o mundo das formas pelo conhecimento adquirido quando em
contato com os materiais pedagógicos.
Por meio da exploração ativa, acompanhada pelos deslocamentos, ela
converterá esse espaço nos quais realiza suas primeiras experiências no espaço real.
Todo esse esforço será insuficiente se não for acompanhado pelo professor com uma
linguagem expressiva, na qual descobrirá suas possibilidades de criar e construir seu
próprio espaço.
A concepção do papel do educador é enfatizar os princípios do individualismo,
liberdade e igualdade com democracia, incorporando uma ideologia que tente explicar
a sociedade organizada a partir do modo de produção do conhecimento adquirido por
meio da utilização do material didático. O princípio lidera concretizar uma prática que
fixa objetivos e determina programações que cumpram o papel de legitimar e
perpetuar a ordem social existente,
permitindo que ocorram sem restrições as potencialidades. O orientador
contribui para explanar a característica básica dessa sociedade, a sua divisão em
classes sociais.
Assim explica-se que cada orientador, no uso do desempenho de seu exercício
profissional, privilegie as atividades que supostamente permitiram a revelação e a
conscientização das características. A percepção da realidade passa a agente de
mudanças e conscientização.
A prática em sala de aula merece destaque nesses últimos anos e, em geral,
foi pensada como proposta de formar cidadãos capazes de construir e participar de
uma sociedade democrática. Tendo como pano de fundo o mesmo princípio é possível
analisar as mudanças que são encontradas em realidades específicas (regionalizadas
/municipais / estaduais / particulares), uma melhoria tanto por parte do educador como
do educando.
Ao preparar uma aula com material de apoio que venha a favorecer ao aluno
uma percepção maior, a qualidade do conhecimento de seu conteúdo ganha outra
direção. Automaticamente ele sai da teoria, muitas vezes uma didática tradicional que
impossibilita o aluno a participar, fazendo com que ele somente escute e copie, e
chegue à participação direta, no questionamento, na observação e leitura de
ambiente.
81

A metodologia diversificada trabalhada vem mostrar uma bagagem inovada,


criando dentro do aluno, diante do seu conhecimento, possibilidades de interagir com
o mundo na prática. Ignorar a existência da prática é o mesmo que escurecer o
caminho de quem precisa da luz para prosseguir sua viagem. O material didático
precisa chegar à sala de aula para ocupar seu espaço e garantir sua permanência.
Claro que trabalhando a interdisciplinaridade o educador irá precisar muito dele.
Mesmo porque o mesmo material utilizado em uma disciplina virá a servir para outra
e assim dar-se-á segmento a muitas outras oportunidades.
Entretanto, o que mais se destaca é o engrandecimento educativo do aluno e
a capacidade do educador. Uma escola que ensina seus alunos a usarem o material
didático está se preocupando com a formação da cidadania de cada integrante. A
educação Brasileira pautou-se durante várias décadas em importação teórica-prática,
distanciando-se da realidade sócio-educacional e, portanto, não correspondia às
necessidades mais prementes da escolarização da população.
A adesão a certas correntes pedagógicas se fez presente na escola como um
todo. A tentativa da modernização que se apresentou como perspectiva de mudança
contaminou todas as camadas: especialistas, diretores, supervisores, orientadores.
As pesquisas educacionais no país também se apresentaram influenciadas pelos
mesmos fundamentos. A escola, como sociedade, se apresenta como oferecendo
igualdade de oportunidades para todos.
A sua práxis vem residir possibilidades de confrontar as diferenças de
condições de vida e de trabalho entre os homens. A reflexão nos traz esclarecimento
sobre saber compartilhar para ganhar. A reflexão prática aprofunda um conhecimento
transformador. Se a lei define o profissional encarregado de líder diante das questões
do trabalho é preciso deixar claro o que é esperado dele, o que ele efetivamente faz,
pensando criticamente o seu papel definido e assumido, superando-o.
O exercício de sua prática vem determinar momentos históricos como
alternativas possíveis a nível escolar para atender uma mão-de-obra qualificada.
Diante da importância em saber trabalhar em sala de aula com os materiais
disponíveis dentro de sua realidade.
Logo, a aprendizagem é um processo dialético que se dá a partir do
desenvolvimento biológico, psicológico e social, como produto das práticas sociais,
ideológicas e econômicas que caracterizam cada classe social. A aprendizagem nem
82

sempre aparece de imediato, talvez pela inibição de alguns alunos, que precisam ser
acompanhados e superados diante das dificuldades encontradas no meio em que
estão inseridos, chegando a alcançar a mesma aprendizagem que os demais.

A PRÁTICA PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE AÇÃO-REFLEXÃO

Todo educador tem por trás do seu fazer pedagógico uma teoria que lhe dá
suporte. A proposta didática é fundamentada na concepção teórica e denomina uma
construção de conhecimentos constituídos e dinâmicos do saber ao longo de sua
história. O sujeito é visto como um ser ativo que, agindo sobre os objetos de
conhecimentos, no seu meio, interage socialmente e sofre as influências dos mesmos,
ao mesmo tempo em que interioriza vários conhecimentos a partir de sua ação. Dentro
dessa perspectiva, o sujeito é tido como um indivíduo que traz conhecimentos
decorrentes de sua estrutura cognitiva e de suas aprendizagens e experiências
vividas, assim como também os recebe do meio ambiente.
Ao se estabelecer dentro das ideias que estão desenvolvendo a posição exata
que ocupa a autoridade do mestre, uma pergunta se faz de imediato necessária: é
possível uma prática docente sem que o mestre disciplinar mostre sua superioridade
e reciprocidade diante da estrutura que venha a desenvolver uma relação de
aprendizado?
Hoje, em contato direto com os meios de informação, muitas vezes acontece
que os mestres (educadores) sabem menos que os seus discípulos num setor
específico. O mestre dá a palavra ao discípulo para que este pronuncie o essencial.
Resulta daí que o principal não é o ensino, mas a ordenação do ensino que não é
puramente fruto do ensino. É, antes disso, uma relação de ordem pessoal e humana,
cujos sentidos vão variando de acordo com as situações encontradas.
A relação educadora põe a frente mestre e discípulo. Ambos participam da
mesma teoria de que vem crescendo para desprender e afirmar uma autonomia
complementar. A grande contribuição que é oferecida neste diálogo sobre a prática
docente é direcionar o leitor para um progresso de entendimento educacional, em que
exime da reflexão sobre a ambiguidade.
O equilíbrio da tecnologia só existe quando houver o equilíbrio humano que
vem mostrar as concepções necessárias e que vem insistir na integração do professor
83

no exercício de sua prática. A formação da consciência do indivíduo não é inata, exige


esforço e atuação de elementos externos e internos. A educação é um processo
contraditório de elementos subjetivos e objetivos, de forças internas e externas. Se a
educação fosse um processo espontâneo, “natural”, e não cultural, não haveria
necessidade de organizar esse processo.
Na perspectiva de uma educação visando à transformação, a escola tem um
lugar estratégico, na medida em que pode ser o lugar onde as classes se organizam
para uma convivência de saberes diversificados culturalmente, mas que tenham a
mesma direção “o exercício do saber aprender”. A prática docente é a transparência
do profissional da área de atuação (em qualquer segmento trabalhista) que vem
mostrar sua eficiência diante do que venha defender para execução do seu trabalho.
Os métodos utilizados acompanham a realidade vivida, estudada e que
precisam ser moldados para atingir seus objetivos futuros. A educação está sempre
na expectativa para competir e formar consciência crítica diante das relações
opressivas de poder, vistas dentro do objetivo que se espera alcançar, lançando-se
mão de uma metodologia que, mesmo quando ultrapassada, acredite na capacidade
de quem atua dentro de uma “metodologia tradicional” e que procura romper as
barreiras do conformismo e submissão para viver uma variedade de fatos reais.
A prática não precisa ser uma cópia dos critérios estabelecidos, mas a criação
e adaptação dos meios diante dos casos encontrados diariamente nas salas de aula.
Que resultado se teria se a aula programada fosse trabalhada dentro de uma sala na
qual o tema debatido naquele dia seja “Futebol” por exemplo, e a aula foi programada
para matemática com equação do 1º grau. A mágica é não fugir do contexto geral da
aula, mas voltar para dentro do assunto abordado pelos alunos e que venha a ser
trabalhado na programação da aula de matemática.
O caráter básico do sistema de educação existente controla a organização de
valores que vêm a ser trabalhados nos planejamentos e o conhecimento
técnicoorganizacional, de ordem que venha estruturar a eficácia e precisão. A
concepção do educador assume um caráter de agente do controle que vem ser
defendido no interesse escolar. Entretanto, como a escola é um organismo vivo, a
flexibilidade burocrática não impede por muito tempo a inovação pedagógica. As
contradições internas não podem ser totalmente absorvidas.
Começa a aparecer a defasagem entre o apregoado, o planejado e o realizado,
84

entre o plano real, entre o regimento, a legislação e a realidade. A crise desse modelo
de educação não é apenas interna à escola. Com a organização crescente da
chamada sociedade civil é que surge a necessidade de revisão desse modelo. Vive-
se buscando sempre superar tudo, principalmente a crise educacional. É natural
culpar as deficiências acontecidas aos sistemas educacionais.
Por que será que jogam tudo para responsabilidade do sistema educacional?
Afinal, educadores e toda a comunidade escolar que compõem essa realidade estão
comprometidos com a extensão das mudanças para que haja um mundo melhor. A
preocupação que surge nos genitores e educadores para que esses sistemas
cheguem a mudar o pensamento de seus filhos é uma preocupação dialética. O
essencial na formação de um professor não é o que ele aprende, mas tudo o que ele
pode aprender e que será capaz de produzir com seus alunos.
A prática docente pode estabelecer-se sem recursos pedagógicos ou apesar
deles, mas é apenas por meio dela que a relação professor-aluno torna-se educadora.
Para entender como funciona o desenvolvimento do indivíduo dentro da capacidade
de aprender é preciso que o estudo da teoria dentro da interação social e trocas
intelectuais se voltem para um alto nível, que consigam relacionar-se com seus
semelhantes de forma equilibrada.
Os estudos dessas reflexões vêm expandir-se cada vez mais no universo
educacional. Embora nenhum teórico tenha aprendido a elaborar uma pedagogia
propriamente dita, deixaram contribuições incalculáveis para a Educação. As ideias e
descobertas de ambos impulsionam a busca de mudanças significativas e urgentes
no fazer pedagógico das salas de aula em todas as modalidades e graus de ensino e,
em especial, nas séries iniciais. A reflexão até aqui foi uma amostra do que é
enfrentado no trabalho docente e em que medida estas têm determinado uma postura
pedagógica que se encaminhe em uma prática empírica à construção de uma nova
prática.
Cabe, então, uma primeira reflexão sobre o que se entende por trabalho
docente. Porém, na medida em que o trabalho se particulariza e se especializa, como
no caso do trabalho docente, não se pode mais pensá-lo de uma forma simples,
generalizada. Neste sentido, pensar a categoria trabalho enquanto trabalho docente,
teoricamente apenas, não é possível, pois este deriva das determinações da prática,
sendo necessário partir para a análise das condições reais em que se processa.
85

A abstração necessária à compreensão de tal categoria extrapola, portanto,


tanto a verdade teórica quanto a verdade prática, somente sendo possível analisar à
luz das condições históricas nas quais ela é vivida. Partindo da especificidade do
momento presente, encontra-se um grupo de alunos que sob orientação aventura-se
a estudar as implicações prático-teóricas que envolvem o exercício de uma prática
pedagógica interdisciplinar.
A disciplina a ser trabalhada na sala do fundamental II é oferecida em caráter
optativo, portanto trata-se de disciplina eletiva. Exige muitas horas de dedicação, por
se tratar de textos e interpretação, principalmente devido à complexidade dos textos
indicados. A participação dos alunos não ocorre somente nas aulas, mas em grupos
paralelos de estudos. Muitas, portanto, são as dificuldades encontradas por eles, o
que leva a concluir que o grupo continua unido pelo interesse em pesquisar o tema.
Várias vezes encontraram em salas de aula conflitos de aprendizagem que
surgiam nos desenvolvimentos das práticas docentes. O compromisso que se deve à
qualidade das ações é encontrar dentro do que foi planejado o acontecimento dos
esforços docentes. Para isso, é preciso que a prática docente tão importante venha
complementar a sede do aprendizado. A prática nem sempre é como está descrita.
A expressão popular que diz que “na prática a teoria é outra” esconde muitos
ensinamentos, entre eles o de que só com a prática os princípios teóricos ganham
legitimidade e que a prática educacional também é contraditória.
Algumas contradições práticas parecem evidenciar essa tensão entre diálogos
e conflitos, entre unidade e oposição, tão próprias do cotidiano escolar:

- Disciplina e Liberdade;
- Tolerância e Intransigência;
- Saber e Consciência.

Em todos os tópicos destacados ministrar a prática docente é procurar dentro


da realidade do conhecimento características comuns que unem o sujeito à prática
docente efetiva - todos exercem uma maneira própria para aprender. Partindo das
características decidimos que o caminho produtivo para conduzir a análise das
questões que envolvem a interdisciplinaridade no ensino seria partir das práticas
pedagógicas que mais profundamente marcaram a trajetória profissional dos
86

integrantes.
Por outro lado, a práxis é a ação-reflexão unida inseparavelmente para as
transformações profundas do mundo educacional. A ação-reflexão acaba por
organizar uma série de dados que vêm enriquecer o conteúdo trabalhado em sala de
aula. Quando esta prática educativa tem sua origem de conscientização dos homens
ela vem conscientizar um conhecimento profundo que compete uma instauração do
próprio processo libertador. A educação é um processo social que visa levar à
libertação dos esquemas tradicionais, cujos objetivos são mudar a mentalidade e
despertar os interesses.
A consciência prática tem o objetivo de assumir um papel de reflexão sobre
uma prática de modo que venha conhecer e agir. Entretanto, é preciso valorizar o
pensamento abstrato, por pressupor que a relação entre os fatos só pode ser
construída num plano superior à aparência imediata dos mesmos, nos quais são
levados a desenvolver um trabalho em grupo, observando a descrição do fenômeno
pedagógico, tal como ele tem-se apresentado a cada um em sua sala de aula.
Quem procura conhecer não pode perder as oportunidades de estabelecer uma
convivência das relações dialógicas com os sujeitos cognoscentes, e perceber os
condicionamentos a que está submetida a realidade, tomando uma atitude para
transformá-la. Esta perspectiva possibilita não só um maior conhecimento, mas
principalmente faz com que aqueles que procuram conhecer encaminhem-se para um
pensar autêntico.
O que torna a educação um processo de libertação se realiza exatamente nesta
relação da prática com a teoria. O conhecimento se faz e se refaz em um movimento
dinâmico. Dessa maneira o conhecimento deve conduzir a prática da libertação para
que venha integrar-se a um mundo novo. É o sentido que nos leva a observar a
qualidade do aluno e desenvolvimento da prática do professor. Se o professor de
determinada disciplina exerceu uma função dentro da escola ou do sistema escolar
por um grande número de anos, na hora em que lhe é solicitado colocar no papel as
questões de sua prática docente pode enfrentar dificuldades na descrição das
mesmas. Seu contexto inicial é fechado e existem muitos pontos de indagação ainda
quanto à sua prática concreta e que será necessário caminhar muito no sentido de ter
condições de realizar uma leitura. Entretanto, o que o leva a observar essa colocação
é saber interpretá-la. A necessidade tem sido suprida paralelamente, com a leitura e
87

interpretação de textos sobre as questões da interdisciplinaridade.


Para qualquer trabalho que venha a desenvolver em seus registros escritos, a
leitura será indispensável para que qualifique o nível de aprendizagem de quem está
sendo avaliado. A teoria é tão importante quanto o exercício da prática, embora ao
longo do conhecimento sejam encontrados profissionais que desenvolvem suas
práticas sem o conhecimento das letras, e que se baseiam na teoria falada, mostrando
que a sua experiência é tão importante quanto aquele texto que foi escrito por qualquer
acadêmico, firmando o conhecimento teórico.
Os cientistas descrevem que o aprendizado é um processo gradual no qual a
criança vai se capacitando a níveis cada vez mais complexos do conhecimento,
seguindo uma sequência lógica de pensamentos. A reflexão do trabalho docente é o
resumo de uma avaliação de diversos segmentos dentro das estruturas educativas
que vêm sendo elaboradas nos caminhos em que se utiliza todo conhecimento
disponível sobre o real e o trabalho abstrato.

TEORIA DE APRENDIZAGEM E MEDIAÇÃO DO PROFESSOR

Falar da aprendizagem é encontrar dentro das histórias escritas o teor da


grande importância que vem sendo estudada e sistematizada desde os povos da
antiguidade oriental. No Egito, na China e na Índia a finalidade era transmitir as
tradições e os costumes. Já na antiguidade clássica, na Grécia e em Roma, a
aprendizagem passou a seguir duas linhas opostas, porém complementares: a
pedagogia da personalidade visava à formação individual; a pedagogia humanista
desenvolvia nos indivíduos uma linha em que o Sistema de ensino - sistema
educacional era representativo da realidade social e dava ênfase à aprendizagem
universal. Durante a Idade Média, a aprendizagem e consequentemente o ensino
passam a ser determinados pela religião e seus dogmas. Por exemplo, uma criança
aprendia a não ser canhota, ou sinistra, embora neurologicamente o fosse.
No final daquele período, iniciou-se a separação entre as teorias da
aprendizagem e do ensino com a independência em relação ao clero. Devido às
modificações que ocorreram com o advento do humanismo e da Reforma, no século
88

XVI, e sua ampliação a partir da revolução francesa, as teorias de ensino-


aprendizagem continuaram a seguir seu rumo natural. Isso ocorre em um processo
pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades e valores a partir de seu contato
com a realidade, com o meio ambiente e com as pessoas. É importante compreender
o modo como as pessoas aprendem e as condições necessárias para a
aprendizagem, bem como identificar o papel de um professor, por exemplo, nesse
processo. Estas teorias são importantes porque possibilitam a este mestre adquirir
conhecimentos, atitudes e habilidades que lhe permitirão alcançar melhor os objetivos
do ensino.
Na aprendizagem escolar, existem os seguintes elementos centrais, para que
o desenvolvimento escolar ocorra com sucesso: o aluno, o professor e a situação de
aprendizagem. As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida
nos atos de ensinar e aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do
homem e tentam explicar a relação entre o conhecimento pré- existente e o novo
conhecimento.
Aprendizagem não é apenas inteligência e construção de conhecimento, mas,
basicamente, identificação pessoal e relação por meio da interação entre as pessoas.
Os ambientes computacionais destinados ao ensino devem trazer à tona fatores
pertinentes à mediação humana em meio à tecnologia. As teorias de aprendizagem
têm em comum o fato de assumirem que indivíduos são agentes ativos na busca e
construção de conhecimento, dentro de um contexto significativo. Encontram-se
resumidas as características de algumas das principais teorias de aprendizagem. A
ideia que vem a ser trabalhada no aprendizado inclui a inter- dependência dos
indivíduos envolvidos no processo, isto é, a relação entre aqueles que aprendem e
aquele que ensina, considerando os critérios que levam a aprender e que favorecem
a interação social. De acordo com o estudo da aprendizagem, tome-se como ponto de
partida a observação da realidade. Há vários métodos utilizando elementos que
podem ser trabalhados:
a) O aluno Manoel, como já está concluindo o curso de padeiro, deve aprender
a fazer uma produção bem maior de pães. Além de assistir às aulas do professor
Carlos sobre o assunto, em casa a Mãe de Manoel acompanha todo o estudo,
tirando suas dúvidas e preparando o filho para saber fazer cada vez mais com
eficiência.
89

b) Antônio é um trabalhador analfabeto de uma fazenda de gado. Certa vez,


quando chegou para o almoço, observou a Mãe de Manoel com toda preocupação a
ensinar o filho. Viu como preparava a massa e levava ao forno. Um dia os patrões
saíram e Antônio começou a misturar a massa, mexendo e em seguida levou ao forno.
Depois de muito tentar acabou fazendo perfeito, e com o mesmo sabor que a mãe de
Manoel fazia.
Partindo dos exemplos, que falam de Manoel e Antônio, pode-se concluir que
na aprendizagem aparecem os seguintes processos, entre outros: o aprendiz sente
necessidade de resolver um problema, seja por motivação espontânea (curiosidade),
seja por motivação induzida pelos outros. A recompensa do sucesso pode ser
intrínseca ou extrínseca.
O próprio fato de compreender e conhecer algo de novo pode ser uma
recompensa. Os diversos objetivos da aprendizagem constituem um processo em que
se apreende os instintos do próprio homem. Cada indivíduo apresenta um conjunto de
estratégias cognitivas que mobilizam o processo de aprendizagem. Em outras
palavras, cada pessoa aprende a seu modo, estilo e ritmo. Embora haja discordâncias
entre os estudiosos, estas são quatro categorias representativas dos estilos de
aprendizagem:

 visual: aprendizagem centrada na visualização; auditiva: centrada na


audição;
 leitura/escrita: aprendizagem por meio de textos; ativa: aprendizagem
por meio do fazer.

Sabemos que a teoria de Piaget consiste na explanação de como as estruturas


mentais de um recém-nascido chegam a converter-se nas estruturas de uma
inteligência adolescente. Skinner, por sua vez, não se interessa pelas estruturas
mentais. Apenas deseja explicar o comportamento e a aprendizagem como
consequência dos estímulos ambientais. Sua teoria se fundamenta no poderoso papel
da recompensa ou esforço e parte da premissa fundamental de que toda ação que
produz satisfação tenderá a ser repetida e aprendida.
Vygotsky aponta para o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal como
basicamente entender as relações entre os desenvolvimentos e o aprendizado,
90

considerando que é no âmbito dessa zona proximal que pode ocorrer a aprendizagem,
refletindo-se principalmente na construção do conhecimento.
Com o processo de mudança no atual sistema de ensino, em que as escolas
almejam despertar no estudante o processo de "aprender-a-aprender", com o objetivo
de prepará-los para um mundo cada vez mais competitivo, globalizado e instável,
muitas escolas perceberam a importância do jogo de pensar como meio para o
desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e emocionais do aluno. A
aprendizagem se dá por intermédio dos signos que levam a entender qualquer coisa
que venha a substituir ou indicar outra coisa, devido a algum tipo de associação entre
elas.
O ponto de partida desta análise é a concepção vygotskyana de que o
pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inato, mas é
determinado por um processo histórico-cultural e tem propriedades e leis específicas
que não podem ser encontradas nas formas naturais de pensamento e fala. Uma vez
admitido o caráter histórico do pensamento verbal, devemos considerá-lo sujeito a
todas as premissas do materialismo histórico, que são válidas para qualquer
fenômeno histórico na sociedade humana (Vygotsky, 1993 p.44).
Sendo o pensamento sujeito às interferências históricas às quais está o
indivíduo submetido, entende-se que o processo de aquisição da ortografia, a
alfabetização e o uso autônomo da linguagem escrita são resultantes não apenas do
processo pedagógico de ensino-aprendizagem propriamente dito, mas das relações
subjacentes a isto. Vygotsky diz ainda que o pensamento propriamente dito é gerado
pela motivação, isto é, por desejos, necessidades, interesses e emoções. Por trás de
cada pensamento há uma tendência afetivo-volitiva.
Uma compreensão plena e verdadeira do pensamento de outrem só é possível
quando entende sua base afetivo-evolutiva (Vygotsky, 1991 p. 101). Desta forma não
seria válido estudar as dificuldades de aprendizagem sem considerar os aspectos
afetivos. Avaliar o estágio de desenvolvimento ou realizar testes psicométricos não
supre de respostas às questões levantadas. É necessário fazer uma análise do
contexto emocional, das relações afetivas, do modo como a criança está situada
historicamente no mundo. Na abordagem de Vygotsky a linguagem tem um papel de
construtor e de propulsor do pensamento. Para o estudioso, aprendizado não é
desenvolvimento, o aprendizado adequadamente organizado resulta em
91

desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento


que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer (Vygotsky, 1991 p. 101).
A linguagem seria então o motor do pensamento, contrariando assim a
concepção desenvolvimentista que a considera a base para a aquisição da linguagem.
Vygotsky defende que os processos de desenvolvimento não coincidem com os
processos de aprendizagem, uma vez que o desenvolvimento progride de forma mais
lenta, indo atrás do processo de aprendizagem. Isto ocorre de forma sequencial.
(Vygotsky, 1991 p. 102)
Veja o exemplo:
Quando um menino gritava “Uh!”, o outro enfiava um garfo de feno nas ancas
do animal, que quase enlouquecia. Depois repetiram a experiência várias vezes para
que o cavalo ficasse preparado para o momento em que o Pastor o montasse e
exclamasse Uh! o cavalo soubesse corresponder. Mas o que aconteceu em termos
de aprendizagem?
92

A aprendizagem Estímulo-Resposta se dá pelo reflexo condicionado que


aparece na aprendizagem. Este tipo de aprendizagem é chamado por Skinner de
“condicionamento operante”. Exemplo do mesmo ocorre na aquisição da fala pelas
crianças e de uma língua estrangeira por adultos.
A aprendizagem em cadeia é uma sentença de ordens e ações, como por
exemplo, dar um laço nos sapatos. Para Skinner é uma ligação de estímulos-
respostas. A aprendizagem de associação verbal consiste em um tipo de
aprendizagem em cadeia, mas como implica numa operação de processos simbólicos
bastante complexos é considerado um tipo à parte. Suponham, por exemplo, que
deseja aprender a tradução da palavra “fósforo” do francês que é alumette. Observe
que a mente humana poderia estabelecer uma associação estrutural semântica entre
as duas palavras do seguinte modo:

Iluminação Imagem do fósforo acesso

Os objetivos centrais são: desenvolver competências e habilidades para a vida,


para o autoconhecimento, interação social, tomada de decisões, aprender a aprender
e habilidades motoras; adquirir conhecimentos socialmente acumulados as
Ciências, na Literatura e nas Artes, por meio de processo experimental de
aprendizagem; Desenvolver atitude positiva diante da aprendizagem e do
conhecimento; desenvolver bom relacionamento com as crianças mais velhas e com
os adultos de modo que estes sejam modelos positivos; explorar as relações sociais
e familiares; desenvolver a compreensão e o gosto pela diversidade e pluralidade
cultural e social.
Nas Práticas Desenvolvidas Inapropriadas o currículo está centrado no
montante de saberes que devem ser transmitidos às gerações mais novas em certo
espaço de tempo. O programa de cada ano letivo está a serviço desta transmissão,
que deve ser feita de forma completa e uniforme. Todas as crianças de uma mesma
93

faixa etária recebem instrução igual, por meio de metodologias semelhantes.


Ao receber esta instrução padrão é esperado da criança um aproveitamento o
mais próximo possível de um modelo considerado excelente. Quanto mais próxima
deste modelo estiver a criança, melhor ela será avaliada pela escola. As Práticas
Desenvolvidas Apropriadas mudam o foco. Na realidade, de tudo quanto se ensina,
apenas uma parte é efetivamente aprendida, o que é lamentável.
Diante deste universo de diversidades, próprias do ser humano, que se
encontram na sala de aula é preciso conhecer a individualidade da criança a ser
assistida antes mesmo de iniciar uma proposta. Levando a acreditar que todas as
etapas de desenvolvimento se devam a um método que impulsiona a melhora da
capacidade de pensar e agir, diante dos fatos encontrados dentro das deficiências da
aprendizagem. Se não houver um levantamento prévio das deficiências, o professor
sentirá uma dificuldade como mediador do processo de ensino- aprendizagem.
A aprendizagem é influenciada pela inteligência, motivação, e, segundo alguns
teóricos, pela hereditariedade (existem controvérsias), em que o estímulo, o impulso,
o reforço e a resposta são os elementos básicos para o processo de fixação das novas
informações absorvidas e processadas pelo indivíduo. O processo de aprendizagem
é de suma importância para o estudo do comportamento. Alguns autores afirmam que
certos processos neuróticos, ou neuroses, nada mais são que uma aprendizagem
distorcida. Na qual a ação recomendada para algumas psicopatologias é um
redirecionamento para a absorção da nova aprendizagem que substituirá a antiga, de
forma a minimizar as sintomatizações que perturbam o indivíduo.
A mente precisa ser libertada de muitas intervenções que chegam a impedir e
bloquear a capacidade que se tem em aprender algo. Isto é, por meio da
reaprendizagem (re-educação) ou da intervenção profissional, recorrendo-se à
Psicopedagogia.
Como sugestão de atividades, pode-se começar apresentando diferentes e
significativas histórias de leitura e de leitores, como a de João de Jesus, Chapeuzinho
Vermelho, O Gato de Botas e aproveitar a ocasião para indicar a importância das
primeiras experiências com a narração e a audição de histórias. Essa metodologia
favorece perceber a dicção dos alunos assim como o domínio da percepção e do
raciocínio lógico. Assim, para se conhecer os grandes avanços ou dificuldades da
aprendizagem, é preciso conhecer desde os primeiros contatos na sala aula
94

(Educação Infantil).

Outra forma de estimular o gosto pelas narrativas infantis é a contação de


histórias, que evidencia o relevante papel mediador exercido por um narrador quanto
aos sentidos a serem construídos pelos ouvintes. No que diz respeito à cultura e, em
particular, ao campo da educação, os processos de mediação têm merecido particular
atenção, sobretudo quando se considera a intervenção de outros seres humanos ao
longo do desenvolvimento do indivíduo.
A maneira como o narrador conduz a história é que vai ficando gravado na
memória da criança. A qualidade da mediação, os temas selecionados e os modos de
leitura em circulação na sociedade constituem aspectos fundamentais a serem
observados pelo professor na elaboração do projeto. Em um segundo momento, pode-
se propor uma entrevista a ser realizada pelos alunos, contendo algumas relações
com o que refletiu anteriormente, a partir do roteiro apresentado a seguir. Por meio da
entrevista, é possível introduzir as ideias que fundamentam o projeto e,
possivelmente, contar com o interesse de todos os que dele participam: alunos,
professores, bibliotecários e comunidade.
Foram apresentadas algumas sugestões esperando que o professor, com a
colaboração dos alunos, as complemente. As crianças ou os adolescentes poderiam
realizar a entrevista entre si, com os pais, com outros professores da escola, na
comunidade em que moram e trazer as respostas em um tempo previamente
estipulado. Após a realização da entrevista, é importante organizar as respostas com
os alunos e expor as informações para o conhecimento dos participantes. Desse
modo, divulga-se o projeto no âmbito da escola e da comunidade. Introduzido o projeto
por meio da atividade citada anteriormente, pode, então, passar para as etapas
subseqüentes. Na etapa seguinte, é possível propor um trabalho mais sistematizado,
a partir de uma das modalidades de conto.

PERSPECTIVAS CRÍTICAS DA DIDÁTICA

A compreensão concebe ao homem, como ser consciente do seu campo


fenomenal (consciência de si e de suas experiências), a capacidade de refletir sobre
sua ação, integrando conhecimento, sentimento e ação. O homem é um ser
95

consciente do mundo, um ser existente.


Acredita-se que o homem é consciência, compreensão, portanto a Pedagogia
terá que buscar uma compreensão existencial, como instrumento capaz de favorecer
o homem em suas possibilidades. Uma Pedagogia fundamentada nos fatos primitivos
da Fenomenologia Existencial, intencionalidade e o essencialismo.
A intencionalidade é a relação entre a consciência e o objeto. Promover uma
análise desta relação é fator decisivo para a compreensão das intenções que
determinam o comportamento, permitindo o desvelamento de tudo em que não haja a
própria consciência. O estabelecimento entre relação e valores, fins e meios, que
nortearam a realização das ações, bem como a imputação causal positiva ao sentido
da ação como fatores imprescindíveis, são importantes no processo de compreensão.
Essa compreensão implica, pois:

a) na explicitação daquilo que está em nossa consciência;


b) no conhecimento daquilo que está por vir.

O facilitador (professor) vem transmitir uma experiência que envolve no seu


conhecimento didático o interesse no aluno, para que o mesmo se adapte às
mudanças da didática apresentada pelo professor. A preocupação é como o repasse
da prática didática para facilitar o conteúdo, para a compreensão do grupo em que
está sendo trabalhado. Os critérios prévios para correção deste instrumento atribuem
uma qualidade de ação a ser desenvolvida.
A importância do tipo de interação a ser desenvolvida pelo professor em sala
de aula promove e amplia a percepção do aluno e o desenvolvimento de sua postura
crítica: interação cognitiva/afetiva mantida na condução e compreensão aliada ao
controle de variáveis como: clima pedagógico despido de autoritarismo, atitude
dialógica e credibilidade no potencial do aluno foram os pontos básicos que
asseguraram os efeitos positivos desta condução.
Pode-se, no entanto afirmar que é uma condução que, trabalhando com o aluno
num processo dialógico e utilizando suas experiências num confronto com a
teoria/prática da disciplina, irá favorecer a percepção do contexto e a formação da
postura crítica. A didática desenvolve uma ação, pois lhe revela o significado da
imagem nos processos pedagógicos. Quando são apresentados os projetos
96

pedagógicos diversificados, tem-se com eles um objetivo muito maior em saber


progredir diante da meta pré-estabelecida no documento que fora escrito para
execução dentro da didática do aprendizado.
A ação comum de acionar o saber e a necessidade dos alunos, voltados para
essa qualidade esperada que a postura em educação surja nas diversas perspectivas,
favorece uma ampliação para que a aprendizagem passe a ser concebida como
processo amplo, que se dá ao longo da vida do aluno e a escola deve oferecer-lhe
critérios para desenvolvê-lo de maneira organizada, sistemática e não-caótica.
A vontade de buscar uma identidade dentro da prática de ensino revela como
se tem conduzido os encontros e desencontros da didática e da prática em seu fazer
diário. Essa identidade referida é a própria identidade do educador. Tem- se como
objeto o real que não é fixo e sim transitório, relacionado com o ser que pensa e
muda. Esta teoria revela o surgimento da Didática e vem seguir os postulados da
Escola Nova, que busca superar os da Escola Tradicional, reformando internamente
a escola.
Nessa perspectiva, afirma a necessidade de partir dos interesses espontâneos
e naturais das crianças: os princípios de atividade, individualização e liberdade estão
na base de toda proposta didática. Passa-se da visão da criança como um adulto em
miniatura para centrar-se nela como ser perfeitamente capaz de adaptar-se a cada
uma das fases de sua evolução.
Uma observação relevante deste mundo da didática é pretender, com grandes
esforços, a capacidade de fazer com que o ensino ande em passos firmes e os alunos
tenham segurança diante do que irão aprender.
Do aluno passivo ante os conhecimentos a serem transmitidos pelo mestre
passa-se ao ‘aprender fazendo’, em que cada um se autoeduca ativamente em um
processo natural, sustentado por meio dos interesses concretos dos participantes. A
atenção às diferenças individuais e a utilização de jogos educativos passam a ter
papel de destaque. Note que a didática não muda diante das classes sociais, ela
apenas tem colocações que diferem diante das realidades educativas. Sendo ela a
responsável pela identificação do professor, a sua característica fundamental é fazer
com que se desenvolva uma aula criativa, que prenda a percepção do aluno
favorecendo a eles o gosto pelo saber aprender e entender.
Nos anos 60 e 80, se passa de um enfoque humanista centrado no processo
97

interpessoal a uma dimensão técnica que enfoca o processo ensino-aprendizagem


como uma ação intencional, sistêmica, que procura organizar as condições que
melhor facilitem o processo de aprendizagem. Centram-se em objetivos instrucionais,
na seleção de conteúdos, nas estratégias de ensino, destacando-se palavras como
produtividade, eficiência, racionalização, operatividade e controle.
A perspectiva industrial adentra na escola e a didática é vista como uma
estratégia para alcançar os produtos previstos para o processo de ensino-
aprendizagem. A ênfase é colocada na objetividade, racionalidade e neutralidade do
processo. O referencial central da educação passa a ser a fábrica e sobre ela se
constróem tanto as ações na escola como as conceitualizações referentes à
educação:
Lembro de um depoimento de uma professora municipal onde ela falava que,
quando estava atuando em sala de aula a sua didática era totalmente centrada na
condição do explicar e fazer o aluno a ler e contar, por essa razão eles aprendiam,
enquanto que hoje (...) ninguém aprende. A princípio notei indignação pelo que
relatava, mas entendi, porém, a época em que o fato ocorria, o sistema de ensino era
dessa forma. Muitos professores tinham habilidades fantásticas e nem sabiam que a
sua capacidade de ensinar era seu cartão de registro que caracterizava a didática e
prática da disciplina que trabalhava (ARAUJO, 2007, p. 23)
Essa didática se descontextualiza dos problemas específicos da situação
específica da sala de aula e não proporciona elementos significativos para a análise
da prática pedagógica real, produzindo uma separação entre teoria e prática. A partir
dos anos 70 se acentuam as críticas a estas perspectivas didáticas. Seu efeito positivo
foi a denúncia da falsa neutralidade pretendida pelo modelo tecnicista, revelando seus
componentes político-sociais e econômicos.
Na atualidade a perspectiva fundamental da didática é assumir a
multifuncionalidade do processo de ensino-aprendizagem e articular suas três
dimensões: técnica, humana e política no centro configurador de sua temática. São
tentativas descobertas ao longo do tempo que vem sendo estudadas para melhorar a
qualidade de ensino tanto do repasse educativo do professor como da aprendizagem
do educando.
Partindo do princípio de que ninguém educa ninguém, o professor não educa o
aluno; deve oferecer-lhe o que é necessário e útil, possibilitando liberdade total, no
98

sentido de deixá-lo procurar novos conceitos e definições em todo momento


participativo das aulas. O aluno não é uma caixinha de depósito. Ele tem capacidade
para criar e isso deve ser desenvolvido e não automatizado.
Existem professores que, diante de sua didática, olha o aluno como conhecedor
do conteúdo da matéria, concentrando-se no processo de instrução, exigindo que o
aluno os imite. O professor deve ser um orientador, um amigo da turma e, além disso,
utilizar empatia e ser autêntico, propiciando o desenvolvimento total do aluno. A
diferença encontrada numa didática interdisciplinar é uma exigência a mais diante da
criatividade educativa do professor, que venha fazer de suas aulas um livro aberto
para que os alunos possam folhear e encontrar respostas para as dúvidas surgidas e
muitas vezes escondidas, por inibição ou dificuldade de aprendizagem.
Quando se fala em qualidade do trabalho, costuma-se olhar para o
desempenho quantitativo de cada um. A meta não é somente qualificar, mas
apresentar os resultados obtidos diante da visão global na figura do professor como
dinamizador do processo de Ensinar e Aprender. Diante desse processo avaliam-se
características essenciais para a observação diária, que são:
 partir da análise da prática pedagógica;
 contextualizar a prática pedagógica e procurar repensar as dimensões
técnicas e humanas contextualizando-as;
 analisar as diferentes metodologias;
 elaborar a reflexão didática a partir da análise e reflexão sobre
experiências concretas, a teoria e a prática;
 assumir compromisso com a transformação social, com a busca de
práticas e a maior parte da população;
 ensaiar, analisar, experimentar;
 romper com as práticas profissionais individualistas de professores e
especialistas;
 buscar formas de manter as crianças na escola, (não como um a mais,
mas com a vontade de participar);
 discutir o tema do currículo e sua interação e suas exigências concretas.
 trabalhar a autoestima do aluno;
 fazer com que os valores humanos e sociais sejam preservados;
 procurar diante das metodologias da didática desenvolver nos alunos a
99

importância de ser participativo e ativo, tanto teórico como prático.

O objetivo da unidade de estudo vem proporcionar uma visão global da figura


do professor por meio de:

 uma visão da Educação como fenômeno;

 uma abordagem sobre os diferentes tipos de professores e suas funções


no Sistema Educativo brasileiro;
 um contraste entre a Educação Libertadora e uma Educação bancária;
 uma discussão sobre a Filosofia da Educação no comportamento do
professor;
 uma visão global dos procedimentos de Ensino; uma análise dinâmica
em saber ensinar e aprender.

Com efeito, a didática, como método para trabalhar o conteúdo em sala de aula
vem formar na educação instruções formais que necessitam acompanhar o
cumprimento integral dos seus objetivos. A princípio, didática e currículo se
desenvolveram de forma paralela sem interferência de uma no campo da outra,
referindo-se cada uma a conteúdos, sujeitos e finalidades diferentes. Ela começa a
formar parte do campo da didática, alternando-se sua incumbência segundo
predomine uma forma ou outra de entender a educação e a didática.
A tendência atual considera imprescindível uma integração entre currículo e
didática, favorecendo o trabalho de aula. Os estudos curriculares tendem a aspectos
mais globais, expondo como se realiza a seleção e organização do conhecimento e
como esse processo de seleção não é neutro, favorecendo a certos grupos frente a
outros.
O enfoque curricular há de ampliar o "que", o "porque", o "para que" e que
condições há para levar-se a cabo o ensino, mas sempre colocando no centro de suas
considerações o aluno. Para que estes conteúdos curriculares cumpram seu objetivo
é necessária uma adequada seleção e uso acertado das melhores estratégias
didáticas, que não poderão ser independentes como conteúdos, dos objetivos e nem
do contexto.
100

Para alcançar as metas pretendidas é importante uma estreita colaboração


entre a elaboração do currículo e a escolha de estratégias didáticas.
Para obter um efeito positivo é fundamental entender o papel da Didática na
formação de professores e em alguns conceitos que seguem como sendo um resumo
de seu pensamento sobre o tema. A didática, para assumir um papel significativo na
formação do educador, não poderá reduzir-se e dedicar-se somente ao ensino de
meios e mecanismos pelos quais se possa desenvolver um processo de ensino-
aprendizagem. Deverá, sim, ser um modo crítico de desenvolver uma prática
educativa forjadora de um projeto histórico, que não será feito somente pelo educador,
mas por ele em conjunto com o educando e outros membros dos diversos setores da
sociedade.
Mesmo porque o processo de ensino-aprendizagem se estende às diversas
camadas sociais e para que seja desenvolvido é preciso conhecer o compromisso de
ação e reflexão dos componentes do grupo que estão desenvolvendo a qualidade do
trabalho que virão a ser absorvidos por outros.

DIDÁTICA MULTIREFERENCIAL

A proposta dessa alternativa pedagógica é facilitar o processo de ensino-


aprendizagem, reunindo teoria e prática. Mas, como essa relação acontece?
A disciplina explora o processo de ensino-aprendizagem a partir de uma série
de tópicos presentes na pesquisa contemporânea da área. Estes incluem teorias
cognitivas da aprendizagem e das teorias sociais. A disciplina aborda também a
relação entre motivação, emoção, inteligência e aprendizagem. Finalmente, todos
estes aspectos são revistos de modo integrado como processo que leva à expertise,
área que também é trabalhada do ponto de vista conceitual e empírico.
A disciplina tem por objetivo aprofundar as teorias em administração e seus
diversos conceitos aplicados à gestão das instituições de ensino, públicas e
particulares, nos diversos níveis de ensino. Pretende-se tratar o tema nas perspectivas
institucional, do mercado educacional e do macroambiente educacional do país.
Possibilitará, ainda, a análise e a crítica de distintos modelos de gestão. A disciplina
irá oportunizar a análise, a pesquisa e o debate sobre as diversas áreas da gestão,
com ênfase em processos, planejamento, pessoas, marketing educacional e gestão
101

do conhecimento.
O tema será considerado em uma abordagem multirreferencial e irá considerar
as relações entre as distintas correntes filosóficas e sociológicas em educação e
gestão de instituições de ensino. Imagine que durante suas explicações você
mencione um fato ocorrido num país da Europa e, imediatamente, seus alunos
visualizam onde ele se localiza. Indicadas para todas as disciplinas, as salas-
ambiente estimulam a pesquisa e favorecem o seu trabalho com turmas
heterogêneas. A integração que leva o professor a adaptar esta didática no seu dia a
dia na sala de aula procura abrir uma janela do conteúdo a ser trabalhado e expor
para seus alunos as amostras da própria realidade encontrada no conteúdo teórico.
A Didática assume, nessa perspectiva, tanto quanto na Escola Tradicional e no
Tecnicismo, o papel de "zeladora" do processo ensino-aprendizagem que passa a ser
estudado no espaço físico e temporal determinado pela sala de aula: Professor
(Métodos e técnicas ), Aluno (avaliação) Conhecimento/Currículo (Planejamento e
objetivos).
A forma como vai se trabalhar a teoria e a prática ao mesmo tempo, em que se
transforma o ambiente em que está inserida a sala de aula numa realidade do contexto
trabalhado. É uma didática que leva o aluno a viajar no entendimento do saber. São
estes os chamados "elementos didáticos" que se alternam e se dimensionam
diferenciadamente, dependendo do referencial pedagógico: ora é o professor o centro
do processo, ora é o aluno; ora o método se torna a garantia da aprendizagem, ora
esta passa a ser decorrência de conteúdos bem estruturados; a avaliação, em
determinado contexto pode ser formal, objetiva, subjetiva, informal ou até mesmo
auto-avaliação; o planejamento é flexível, em determinada perspectiva, incidental em
outra e até mesmo inexistente.
Entretanto, o objetivo desta didática é transformar o conteúdo trabalhado
teoricamente para uma apresentação real e prática. Imaginem se as aulas de
geografia fossem trabalhadas em uma sala adaptada somente para geografia. História
dentro do contexto de história que foi trabalhado no plano de aula em todos os
bimestres, ciências diretamente no laboratório e matemática desenvolvida com todos
os materiais necessários para trabalhar a geometria. Esta tarefa de integrar a macro
e a microvisão da educação entende que a Didática não deve minimizar uma em
desfavor da outra. Assim como entende que não se deve priorizar a prática em
102

desfavor da teoria. Nem mesmo voltar as costas ao que de importante e significativo


já se fez em educação ao longo de séculos.
Acredita-se que a qualidade dos alunos que vivem naturalmente com uma
didática diferenciada é percebida na qualidade do seu entendimento diante do mundo
e com visão de mundo educativo melhor.
Por exemplo, em uma escola rural existiam duas situações que trabalham
didáticas diferenciadas da seguinte forma:
A professora fecha a porta da sala e começa a explicar o conteúdo levando
os alunos a compreender o contexto do livro didático, teoricamente. Enquanto que a
outra professora leciona ao ar livre. Neste ambiente a professora leva o aluno a
entender as mudanças climáticas, trabalha a produção de textos com objetos que
recolhidos nos arredores e a matemática é trabalhada a partir da encenação de um
pequeno comércio. É muito interessante, pois ali todas as crianças sabem passar
troco, criam histórias com objetos diversos, entre outras atividades. No intervalo o
lanche oferecido utiliza o que está na sala de aula e serviu como embasamento para
enriquecer o aprendizado. Não há apoio quanto à estrutura física, mas o método
utilizado pela professora diferencia e qualifica. A qualidade do repasse da didática
retrata a criatividade do professor. O que impede que o mesmo que esteja em sala de
aula faça diferente? Afinal não é somente o prédio que significa escola.
Com todos os exemplos e experiências pedagógicas conhecidas ao longo do
tempo levam a acreditar que a escola vai aonde o educador pode estar, a didática
diferenciada também vem mostrar o quanto a sua qualidade inovada por meio da
figura do professor pode prender a atenção do aluno para aprender. Um exemplo disso
são os cursos a distancia que, se não diferenciassem a didática, com várias inovações
e criatividade, não seriam bem sucedidos. A cada dia surgem mais pessoas
interessadas em se qualificar e por não disporem de tempo recorrem aos cursos a
distancia, nos quais podem aprender se divertindo.
A didática trabalhada com a tecnologia em sala de aula é uma viagem que
cansa. Pelo contrário, quanto mais se acessa mais se evidencia a necessidade de
conhecimento. Mesmo porque o mercado exige que o profissional vá atrás de uma
qualificação a mais. O entendimento da capacidade didática passa a ser infinito, não
existe um ponto final.
Outro tópico muito importante da didática diferenciada é que o professor sai de
103

seu casulo e começa a andar para a vida. É sabido, todavia, que muitos professores
lecionam sempre a mesma disciplina durante vários anos e a cada ano repetem o que
foi dado no ano anterior. Isso é preocupante em relação ao aprendizado do aluno. E
quando chega uma professora que inova e exige do aluno trabalho e participação,
automaticamente surge à antipatia como consequência de fatos reais vistos ou
vivenciados.
A didática exige do professor a preparação e do aluno a ação. O tempo em que
ele permanece em sala de aula precisa interagir com as mudanças e passar a
entender, compreendendo a postura do professor e percebendo que a atenção irá
fazer muita diferença.
A qualquer dispersão é como se o trem tivesse partido e a cada passagem ele
tivesse que registrar as paisagens encontradas, se fechar os olhos não se aprende. É
vergonhoso quando se percebe quanto tempo foi desperdiçado em escolas nas quais
professores e alunos estavam somente preocupados com tempo e loucos que a sirene
toque para irem embora.

DIDÁTICA E INTERDISCIPLINARIDADE

A Parábola do cavalo
Um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades, possuía alguns cavalos
para ajudar nos trabalhos em sua pequena fazenda. Um dia, seu capataz veio trazer
a notícia de que um dos cavalos havia caído num velho poço abandonado.
O poço era muito profundo e seria extremamente difícil tirar o cavalo de lá. O
fazendeiro foi rapidamente até o local do acidente, avaliou a situação, certificando-se
que o animal não havia se machucado. Mas, pela dificuldade e alto custo para retirá-
lo do fundo do poço, achou que não valia a pena investir na operação de resgate.
Tomou, então, a difícil decisão: Determinou ao capataz que sacrificasse o animal
jogando terra no poço até enterrá-lo, ali mesmo. E assim foi feito: os empregados,
comandados pelo capataz, começaram a lançar terra para dentro do buraco de forma
a cobrir o cavalo. Mas, à medida que a terra caía em seu dorso, o animal a sacudia e
ela ia se acumulando no fundo, possibilitando ao cavalo ir subindo.
Logo, os homens perceberam que o cavalo não se deixava enterrar, mas, ao
contrário, estava subindo à medida que a terra enchia o poço, até que, finalmente,
104

conseguiu sair!
Autor desconhecido

Inicialmente é preciso saber que a didática é exigida para qualificar o professor,


e sua atitude deve tomar conhecimento da postura positivista que supera o
parcelamento do saber em busca da objetividade. É preciso entender, também, que o
conhecimento interdisciplinar não se restringe à sala de aula, mas ultrapassa os limites
do saber escolar e se fortalece na medida em que ganha a amplitude da vida social.
A observação relevante sobre a didática é um estudo que pretende pesquisar
os tipos de condução de experiências rotineiras nas disciplinas que venham a ser
experimentadas em sala de aula. O fato de saber construir o conhecimento e procurar
desenvolver dentro de um ritmo individual o que o professor não somente ensina, mas
compartilha, irá estimular o educando a ser agente de sua própria aprendizagem.
Isso leva a concluir que existe uma grande dificuldade por parte de muitos
educadores em despertarem para trabalhar uma didática que formule um interesse
maior no aluno.
Hoje a escola exige do profissional a formação interdisciplinar que se evidencia
na prática. O uso do conhecimento diferencia e as competências do professor são
intuitivas, intelectivas, práticas e emocionais. Na sala de aula, o compromisso de
educar passa a ser formado pela visão de mundo e exercício de sua própria cidadania.
Baseia-se em um grande estudo da psicologia analítica.
A visão do fazer educar é levar os educandos para integração das
possibilidades que vão surgindo diante dos desafios encontrados na trajetória do seu
aprendizado. Para que se possa trabalhar uma didática interdisciplinar é preciso que
se veja a metodologia trabalhada como intermediária nas colocações do amplo
conhecimento das experiências educativas e repassadas. Não se pode falar em
estudar sem uma visão para o futuro. Quando se estuda de forma diferenciada do
tradicional, a perspectiva é despertar no aluno o gosto pelas suas aptidões e
conhecimento de casos.
A interdisciplinaridade entra na sala de aula por meio das didáticas dos
professores com o objetivo de levar o aluno a pensar, raciocinar, conhecer o mundo
no qual está inserido com seus efeitos, causas e consequências. Que interesse teria
estudar matemática sem saber interpretar a leitura dos números para executar um
105

trabalho que exija a metragem geométrica de certa obra? Ou estudar geografia sem
conhecer o local em que mora, seu clima, vegetação, ressaltando textos escritos e
relatos apresentados? As ciências sem uso da aula de campo (laboratório)?
Português sem a leitura que leva ao conhecimento de lugares e povos diferentes, por
meio dos livros? Falar sobre História sem observar o que está acontecendo na sua
região, as notícias que são escritas em cada época, no seu país e no mundo (na
economia, na política, na educação, na saúde)?
A diferença que se encontra em estudar a interdisciplinaridade nas didáticas
consiste em poder levar o aluno para viajar pelos conhecimentos do mundo.
Entretanto, a cultura regionalizada e sua religião vêm enriquecer a origem dos fatos
estudados e podem ser trabalhados dentro das didáticas do entendimento disciplinar.
A abertura dada em sala de aula levará o estudante a se posicionar criticamente diante
dos fatos.
Aprender a se questionar exige mais de si diante do conhecimento trabalhado.
O professor busca criar métodos inovadores, dando vida à didática interdisciplinar,
tornando as aulas prazerosas pelo fato de alcançar os objetivos concretos. Entretanto
o professor que não se enquadra a estas mudanças anda em passos lentos e vive
num mundo de entendimento sem cor. A expressão “Idéia Viva” foi o tema trabalhado
no projeto educativo da escola municipal aonde a transformação interdisciplinar veio
ocupar o lugar de destaque na vida de cada componente que ali estava.
A esta metodologia foi atribuído o sucesso do aprendizado, resolvendo
questões como a indisciplina e a ausência da participação da família em acompanhar
seus filhos nos deveres de casa. Quando comecei a notar o resultado foi gratificante,
mesmo tendo sido uma experiência sofrida com muitos problemas, mesmo porque o
ambiente não favorecia e tudo se tornava distante. Mas a determinação prosseguia e
aos poucos foi abrindo novos horizontes. Não foi uma mudança imediata, levou certo
tempo, mas hoje há resultados positivos. Tanto no aprendizado como na inclusão
social dos alunos e integração da família na escola. Diante da didática interdisciplinar
o aluno passa a ser o ponto chave da questão em todos os aspectos como:
 Adaptação dos conteúdos; Núcleo de pesquisas;
 Capacidade de raciocínio e criticidade do aluno; Participação e
integração social;
 Novos horizontes e desprendimento; Conclusão dos fatos.
106

A realidade trabalhada não exige uma fórmula própria, apenas vem mostrar
que para cada efeito existe uma causa e todos podem comungar a mesma criatividade
do entendimento no meio educativo e progredir. O progresso educativo vem das ideias
centradas nos planejamentos realizados e nas metas trabalhadas. O professor tem
interesse em expor o seu objetivo em sala de aula com as ideias espalhadas dentro
do conteúdo, enquanto que o aluno elabora, cria e aprende.

SOCIOCONSTRUTIVISMO E DIDÁTICA

A participação da didática e do socioconstrutivismo nas principais relações no


processo de trabalho docente baseia-se nos fundamentos epistemológicos e
sociopolíticos. Partindo dessa colocação, o trabalho é uma obra educativa que se
limita apenas a dissolver as potencialidades do educando. O educador desperta e
mantém-se em alerta para se tornar eficiente.
Toda prática pedagógica exige uma metodologia. É a metodologia que orienta
quando, com o que e como desenvolver o processo de ensino-aprendizagem dos
alunos. A forma de iniciar a compreensão é aceitar que o professor possa optar pela
prática, que, uma vez definida, deve ser coerente com a teoria que a suporta.
Comece, pois, dentro de uma perspectiva construtivista, pelo nome que a
criança tem, por ser este muito significativo para ela.
A letra inicial do nome é trazida para ser trabalhada em sala de aula e, aos
poucos, as crianças vão se apropriando das letras de que precisam para escrever.
Cada letra trabalhada é colocada em destaque na sala para que chame atenção da
criança. A forma como ela vem ser apresentada é muito significante porque o que
prende a atenção da criança não é somente o formato da letra em si, mas os desenhos
aos quais a letra está associada. Quando a letra vem ser apresentada em cores
variadas, a criança logo começa a associar as cores, favorecendo o conhecimento
dos desenhos dentro das artes, jogos e recortes com colagens.
A didática vem resgatar da criança um trabalho de memorização e facilidade
no manuseio que passa a ser exposto no mural ou varais da sala de aula.
Paralelamente destaca-se como sendo muito interessante que se coloque ao lado da
letra que está sendo trabalhada uma outra com formatos e cores diferentes, deixando
107

com que a criança se familiarize e possa destacar suas diferenças. As extensões dos
métodos chegam às séries (anos) fundamental I e II e Ensino Médio, que passam por
distinção de textos e desenhos variados. A formação dos conhecimentos vai se
fazendo de acordo com a metodologia aplicada dentro da didática que consegue
resgatar a inclusão do aluno (diversas idades).
O desenvolvimento na sala de jovens e adultos também é curiosa, pois eles
sentem a mesma dificuldade que os alunos da Educação Infantil, Fundamental I e II.
Não é somente o registro de experiências vividas ao longo dos anos, mas a interação
do conhecimento, que embora pareça simples e aparentemente sem nenhum
significado faz uma diferença muito grande. A realidade escolar brasileira traz uma
análise dos limites e alcances na relação entre o ensinar e o aprender. A Didática e
seu objeto de estudo surgem das tendências pedagógicas ao longo dos tempos com
teorias liberais e teorias críticas da educação. As atividades propiciam além de uma
distinção entre textos e desenhos a leitura e interpretação. Como não poderia deixar
de dizer que o construtivismo é uma teoria e não um método.
É muito importante lembrar que o processo educativo não se exerce no
abstrato, mas dentro de uma sociedade com características culturais próprias.
Portanto, é um processo que não visa apenas ao indivíduo, mas ao grupo, à
comunidade, estabelecendo os padrões de comportamentos para o próprio indivíduo.
Não sendo possível desvincular tal processo da situação histórica e da ordem social
em que ele atua.
Quanto à comum condição dos conceitos de educar como desenvolvimento
que provenha de dentro, entende-se educação como processo de formação por
elementos que atuem de fora ou entre a idéia na qual educar é promover o
desenvolvimento. A expansão das inclinações naturais ou que considerem como o
processo de substituição de hábitos por inculcação externa. Nota-se que no fundo cai-
se novamente num problema de métodos uma vez que não se admite o
desenvolvimento de qualquer inclinação interna, mas somente daquelas consideradas
válidas para o educador.
O aluno não precisa usar um método específico, mas desenvolver uma prática
pedagógica dentro das perspectivas que iniciam um trabalho global do aprendizado
em diversos segmentos da sala de aula e das relações fundamentais do processo de
trabalho docente: conteúdo/forma; teoria/prática; professor/aluno; aluno/aluno;
108

ensinar/aprender; sujeito/objeto de conhecimento; acesso à escola/ permanência;


sucesso/fracasso escolar.
As noções gerais de metodologia da pesquisa (escolha de objeto de estudo;
problemática; técnicas de coleta e análise de dados) e um diagnóstico que vem fazer
diante do ensino alternativo que acompanha de projetos elaborados para intervenção
pedagógica sabem que, para se alcançar um objetivo maior na sala de aula, é
necessário ter cuidado nas organizações das aprendizagens. O processo de
planejamento é um ensino de perspectivas críticas que passam a observar diante das
etapas do planejamento e execução do mesmo.

Didática
Instrumental

Teoria da Perspectiva
crítica didática
do professor

Didática
Multirreferenci
al

Socioconstruti Didática
-vismo interdisciplinar
da didática

A prática pedagógica aqui descrita faz referência às atividades espontâneas


respeitando os limites de cada aluno, diante do seu próprio ritmo no que venha fazer
e ter o gosto para aprender. O contato direto com o objeto do conhecimento
109

desenvolve todas as suas potencialidades, levando-as às descobertas e construções


do conhecimento de forma lúdica e construtiva. Conduz à autonomia e ao raciocínio,
proporcionando avanços no nível conceitual. Sejam eles voltados para dentro do
contexto da sala de aula.

 Tipologia e planejamento; Planejamento interdisciplinar;


 Dimensões e componentes didáticos; Formulação de objetivos;
 Seleção de conteúdos; Recursos didáticos; Avaliação e utilização.

A educação passa de um estágio empírico para um científico ao valer-se da


observação, da experimentação controlada, da reflexão, formando um conjunto
sistemático de conhecimentos práticos e teóricos que guiam a ação. Sob esse enfoque
pode-se considerar a ciência da arte em aprender. A educação de certo modo cria o
modelo da sociedade na qual se desenvolve e é criada por ela. O sistema de valores
juntamente com o conjunto dos juízos de valor que dominam num meio definido,
específico de uma maneira mais próxima os componentes e as condutas.
Os conhecimentos que se associam às qualidades desenvolvidas neste
contexto vêm socializar e efetivar os elementos básicos para fundamentação do
estudo e aprendizado. A união dos conceitos vem fortalecer a didática com elementos
básicos amplamente trabalhados. A transição se cultiva dentro da formação de
palavras e da expressão na ação educativa do esforço, tanto do educador, quanto do
educando. O aluno se sente com muita segurança diante da clareza que trata o
assunto, transformando-se num processo evolutivo do crescimento humano social.
Procurar entender o que a interdisciplinaridade vem fazer na arte de ensinar e
na adaptação das formas coerentes abre perspectivas que facilitam o aprendizado do
aluno e o trabalho do professor.
O que se precisa observar é que ao trabalhar com a interdisciplinaridade é
importante conhecer a adaptação do desenvolvimento do meio para que a sua
construção não fique tão falha. O novo leva ao questionamento e melhora a qualidade
de aceitação a partir do que foi para a subjetividade do que é trabalhado na sala de
aula e o retorno no esperado pelos alunos e educador.
A inspiração básica do processo de crescimento humano é o de ressaltar que
uma visão correta sobre a compreensão de cada parte utiliza uma vivência de
110

princípios didáticos aplicados.


O imenso desafio que se constrói no uso da imaginação exigida pelo trabalho
como modelo que permita migrar de mundos fantasticamente pequenos para
universos fantasticamente grandes está na articulação do que já se conhece com as
possibilidades de compreensão e ação que se anunciam.
Essa perplexidade se tornou maior na medida em que foi se evidenciando um
paradoxo merecedor de mais profundos esclarecimentos voltados para uma educação
reprodutora. O contexto positivo traz uma grande reflexão cautelosa sobre o
desenvolvimento interdisciplinar, salientando-se a qualidade promissora do trabalho
desenvolvido durante a condição dos seus aspectos educacionais.
Aborda-se nesta questão uma temática que leva a raciocinar sobre o que
“somos” e “podemos” fazer para desenvolver uma didática de entendimento, em que
se proponha a utilização de conceitos de contra-hegemonia e ante-hegemonia para a
análise da instituição escolar.
Assim, o educador será capaz de entender a aptidão que tem em desenvolver
um momento dialético, centrado na análise que vem contribuir com as práticas
incumbidas nas determinações que totalizam relações dinâmicas.

PENSAMENTO SISTÊMICO E COMPLEXO

O tema que será abordado diz respeito à visão de pensadores, filósofos e


cientistas que acreditaram no desenvolvimento das artes e das diversas tradições
espirituais discutidas no século XX em conjunto com a subjetividade. Sabe- se que o
pensamento sistêmico é uma forma de abordagem da realidade que surgiu no século
XX em contraposição ao pensamento reducionista-mecanicista herdado dos filósofos
da Revolução Científica do século XVII, como Descartes, Bacon e Newton.
O pensamento sistêmico não nega a racionalidade científica, mas acredita que
ela não oferece parâmetros suficientes para o desenvolvimento humano e, por isso,
deve ser desenvolvida conjuntamente com a subjetividade das artes e das diversas
tradições espirituais. É visto como componente do paradigma emergente e tem como
representantes cientistas, pesquisadores, filósofos e intelectuais de vários campos.
Por definição, aliás, o pensamento sistêmico inclui a interdisciplinaridade.
Evidentemente tem sido permanente a influência exercida pelos especialistas das
111

diferentes disciplinas desde que as inspirações de seus conteúdos manifestam um


maior domínio sobre eles.
Em termos curriculares surge uma sobrecarga de conteúdos e matérias, com o
que se pretendia formar especialistas em miniaturas em cada uma das disciplinas. Foi
sacrificada ao rigor lógico destas a diversidade que representa grupos humanos e
diferenças individuais, inevitavelmente subestimados pelos critérios de um caráter
rígido, inflexível e único dos programas elaborados para um grupo reduzido e
escolhido de alunos.
Na ordem pedagógica, semelhante situação expressou-se em um afã de
profundidade que converteu o professor em agente e protagonista do processo de
aprendizagem e os alunos em sujeitos passivos. O professor constrangido a passar
todo o programa não teve em mente as mudanças que se operam nos seus alunos,
nem a possibilidade de organizar atividades que lhes permitissem desenvolver altos
níveis de aprendizagens. O resultado, tanto para o professor como para os alunos, foi
negativo, uma vez que os papéis correspondentes foram deturpados.
O professor viu-se obrigado a renunciar ao seu papel de orientador do processo
das mudanças de seus alunos e este à sua condição de agentes ativos e criadores. A
aprendizagem se converteu, na maioria das vezes, em memorização e em um
processo repetitivo de informações desvitalizadas, em um esforço que terminou por
não ter sentido nem valor formativo algum para os alunos. As ações mais gerais e
teóricas pouco a pouco vão entrando nas aplicações. Teoricamente o caminho a ser
percorrido pelo professor está planejado nas disciplinas. O ensino determina
disciplinas e assuntos que se tornam complicados pelo fato de que o professor não
ser totalmente livre para delinear sua disciplina, devido à existência de um currículo,
ou programas de estudos, dentro do qual a sua disciplina tem um lugar definido. Por
sua vez, esse currículo é produto de forças e pressões de diferentes tipos, como se
depreende.
Demandas da
sociedade

Objetivos definidos
Filtro de filosofia
112

social
Recomendações dos Atividades de
especialistas Objetivos aprendizagem
sujeridos Filtro de psicologia
educacional
Avaliação de
experiências

Interesse dos alunos

É de suma importância que se saiba como se manifesta o filtro da filosofia social


determinada na orientação que pode ser de natureza psicológica, sociológica, cultural
ou tecnológica.
O objetivo educacional é nutrir substantivamente das informações obtidas o
próprio sujeito da educação que é o aluno. O aluno aprende melhor aquilo que tem
oportunidade de praticar na vida diária, pelo que é indispensável incorporar na sala
de aula aspectos da vida contemporânea, de particular relevância na formação do
educando. Uma das tarefas essenciais da educação é saber transmitir de geração em
geração os valores consagrados (culturas regionais/ nacionais).
A exigência encontrada neste contexto é saber destacar as especializações e
o domínio profundo da ciência e da tecnologia. Embora essa prática deva combinar
equilibradamente em suas manifestações a frequência que tende a prevalecer sobre
as demais, o professor vem neste sentido saber combinar harmoniosamente estas
pressões para que seu contexto educativo (planejamento das metas trabalhadas)
inclua os aspectos psicológicos, sociológicos, culturais e tecnológicos da educação.
O pressuposto da simplicidade - a crença em que separando-se o mundo
complexo em partes são encontrados elementos simples, em que é preciso separar
as partes para entender o todo, ou seja, o pressuposto de que o microscópico é
simples – ressalta, entre outras coisas, a atitude de análise e a busca de relações
causais lineares. A simplicidade tira o objeto de estudo dos seus contextos,
prejudicando a compreensão das relações entre o objeto e o todo.
113

Esse paradigma também leva à separação dos fenômenos: os físicos dos


biológicos, estes dos psicológicos, dos culturais, etc., numa atitude de atomização
científica. Faz parte dessa perspectiva também a atitude que, de acordo com a lógica,
classifica os objetos, não permitindo que um mesmo objeto pertença a duas categorias
diferentes. Além disso, esse pressuposto provoca a compartimentalização do saber,
fragmentando o conhecimento em diferentes disciplinas científicas.
Dessa forma se criam os especialistas, aqueles que têm acesso privilegiado ao
saber, estabelecendo-se uma hierarquia do saber. Os sistemas são concebidos como
simples, agregados, mecanicistas de partes em relações causais separadas umas das
outras, o que resulta em uma concepção de causalidade linear unidirecional, isto é, a
causa eficiente aristotélica, como único princípio explicativo admissível. Há uma
posição em Psicologia da Educação que vem afirmar que para obter e chegar às
explicações concretas e práticas de uma profissão o aluno deve primeiro aprender
conhecimentos básicos, mais ou menos abstratos e gerais.
Assim, tem-se uma estrutura curricular como a seguinte. A outra consequência
dessa atitude é a crença de que o mundo é cognoscível desde que seja abordado de
forma racional. O Pensamento Sistêmico é a realização dos conceitos que se formam
gradativamente em consequência de:
114

Neste modelo, os alunos saídos da escola secundária (médio) ingressam no


nível universitário e durante um considerável período absorvem conceitos,
taxionomias, definições teóricas e modelos, com relativamente pouco contato com a
realidade física social. Só mais tarde é que irão familiarizar-se com os problemas
profissionais. Entretanto, outros modelos de estruturação curricular partem das
descobertas de Piaget, segundo as quais o processo de evolução da inteligência e da
aprendizagem no exercício da ação precede a origem do pensamento.

A este modelo se deve uma observação: diante do que está sendo comentado,
nota-se a questão dos alunos começarem a executar sua práticas dentro das
disciplinas trabalhadas na escola e se familiarizar com o relacionamento dos contextos
de forma geral. Já olhando por outro ângulo, os alunos estudariam a tecnologia dando
respostas que solucionariam os problemas identificados na primeira observação da
etapa. Numa terceira etapa os alunos adquirem a instrumentação necessária para
aplicar as soluções à realidade na forma de programas e projetos de ação. Podem
também nesta etapa aprofundar-se mais numa determinada especialidade. O
processo destaca a área representativa do estabelecimento de objetivos.
115

OBJETIVOS DEFINIDOS: ATIVIDADES DE APRENDIZAGENS

No passado era estabelecido um ensino com objetivos da ação educativa de


maneira vaga e difusa. Isso trazia como consequência uma metodologia deficiente e
o emprego de técnicas e avaliação pouco válidas. Mas a pedagogia recentemente
recebeu uma cara nova. Com contribuições importantes que muitos ajudaram a
esclarecer o conceito de objetivos educativos e a deriva deles uma estratégia didática
funcional e eficaz. Porém, a escolha entre os tipos de objetivos continua sendo uma
área problemática, porque não existe acordo de pensamentos entre as diversas
escolas.
Os defensores das idéias de Skinner, por exemplo, destacam as vantagens dos
objetivos comportamentais e específicos explícitos, assim como uma tecnologia
educacional que praticamente converte a educação em uma forma de
comportamento. Os defensores de Piaget, de Rogers, de Paulo Freire e outros
pensadores não behavioristas, entretanto, vêem com certo temor a fixação de
objetivos pelo professor e apoiam uma orientação humanista e estruturalista, com
maior participação dos alunos no estabelecimento de objetivos e na seleção de
métodos. Diante da análise feita sobre o pensamento sistêmico pode-se destacar:
1) Que o planejamento é feito com base no conteúdo da matéria e não
com base na transformação e crescimento do aluno e na satisfação das necessidades
da sociedade;
2) O planejamento é feito sem realizar levantamentos e pesquisas sobre
exigências atuais e futuras do mercado;
3) O planejamento pode ser melhorado;

4) O processo de síntese é a integração de diversos elementos.


116

Em conformidade com os pontos em destaque, o desenvolvimento servirá


como subsídio teórico que pode ajudar o professor a formular um pensamento
sistêmico mais racional.

TEORIA DA COMPLEXIDADE

A educação não pode ser analisada abstratamente, mas sim como


condicionada por uma determinada sociedade. A ela se deve toda a sociedade, mas
não se deve falar da educação a não ser de maneira muito genérica como uma função
social. Em cada formação social e em cada época a prática educacional apresenta
características próprias e cumpre funções específicas. Na Idade Média, os senhores
eram poucos instruídos (nem sabiam ler) porque ler e escrever não era indispensável
à função social do senhor. Mas a formação como senhores não era desprezada e as
artes da caça, da equitação, das armas, eram solidamente cultivadas.
Era uma formação que respondia às necessidades individuais e sociais da
época. Da mesma forma, as Igrejas tinham em suas escolas crianças que eram
recebidas dentro das variadas condições econômicas sociais que eram formadas
dentro de um objetivo bem claro: preparar homens da Igreja para serví-la de forma
eficaz. Assim, pois, aprender e discutir a educação como campo de atividade supõe
primeiramente um conhecimento amplo e lúdico do contexto social histórico, no qual
esta educação, como prática social, se desenvolve e é condicionada.
Com isso, não se quer dizer que não se possa conceber um projeto de
educação que inclua aquilo que se considera ideal para os homens de nossa época,
afirmando a premissa do conhecimento histórico e social da educação. Debater
sobre a democratização do ensino, seja ele teórico ou prático dentro do seu nível
concreto, pode apontar para o problema do acesso à escola. Parece-nos que nessa
discussão o processo de crescimento vem mostrar uma demanda de mão-de-obra
especializada e da modalidade social do indivíduo, com aquilo a que se poderia
chamar democratizar para ensinar.
A educação vem cumprir um processo basicamente vinculado à socialização
dos indivíduos. Uma de suas funções primordiais é, pois, a transmissão da ideologia
dominante. A teoria da complexidade propõe que sejam superados dois mal-
117

entendidos sobre a Complexidade: o primeiro é o de concebê-la como receita,


resposta, ao invés de considerá-la como desafio e como motivação para pensar; o
segundo é confundir a complexidade com completude: é antes o problema do
conhecimento humano.
O conhecimento do ser humano a partir do qual se indica o que entender por
complexidade. É importante assinalar, desde já, que muitas obras escritas repetem,
muitas vezes, aspectos que podem esclarecer e ampliar os conceitos anteriormente
trabalhados. O que seria uma forma complexa de pensar, opondo-a a uma forma de
pensar simplificadora como:
Tentar pensar no fato de que somos seres ao mesmo tempo físicos, biológicos,
sociais, culturais, psíquicos e espirituais.
Portanto, nesse sentido, é evidente que a ambição da complexidade é prestar
contas das articulações despedaçadas pelos cortes entre disciplinas, entre categorias
cognitivas e entre tipos de conhecimento. De fato, a aspiração à complexidade tende
para o conhecimento multidimensional. Não se quer dar todas as informações sobre
um fenômeno estudado, mas respeitar suas diversas dimensões. Assim, como foi dito,
não se deve esquecer que o homem é um ser biológico e sociocultural, e que os
fenômenos sociais são, ao mesmo tempo, econômicos, culturais, psicológicos, etc.
Sabe-se que a bagagem do conhecimento é algo adquirido passo a passo, que
vai fluindo dentro de uma perspectiva de crescimento dentro do meio ao qual ele
pertence. A atividade teórica em seu conjunto – como ideologia e ciência considerada
também ao longo de seu desenvolvimento histórico – só existe relacionada com a
prática, já que encontra seu fundamento, suas finalidades e seus critérios de verdade.
E, por estreita que sejam as relações entre uma e outra atividade, atividade
teórica de per-si não mostra os traços que considera privativos da praxis; e, por isso,
não deve colocá-los no mesmo plano que as formas de atividades práticas antes
examinadas. A atividade teórica não é de per-si uma forma de praxis, ainda que a
prática teórica transforme em percepções, representações ou conceitos, e crie o tipo
peculiar de produtos que são as hipóteses, teorias, leis, etc.
Em nenhum desses casos se transforma a realidade, nela não se cumprem as
condições que antes apontavam com relação à matéria-prima, à atividade e ao
resultado no processo prático. Falta aqui o lado material, objetivo da praxis e, por isso,
não consideram legítimas falas de praxis teórica. O que impede que ela seja assim
118

caracterizada é exatamente o que há de distintivo na atividade teórica entendedida


como produção tanto de objetivos como de conhecimento.
Por seu objeto, finalidades, meios e resultados a atividade teórica se distingue
da prática. Seu objeto ou matéria-prima são as sensações ou percepções, ou seja,
objetos psíquicos que já tem uma existência subjetiva, ou os conceitos, teorias,
representações ou hipóteses que têm uma existência ideal. A finalidade imediata da
atividade teórica é elaborar ou transformar idealmente e não realmente essa matéria-
prima para obter como produto a teoria que explica em uma realidade presente, ou
modelos que prefigurem idealmente uma realidade futura .
A atividade teórica proporciona um conhecimento indispensável para
transformar a realidade ou traçar finalidades que antecipam idealmente sua
transformação, mas num e noutro caso fica intacta a realidade efetiva. As
transformações levadas adiante pela atividade teórica com relação a esta passagem
de uma hipótese a uma teoria, e desta a outra teoria melhor fundamentada são
transformações ideais: das ideias sobre o mundo, mas não do mundo mesmo.
E as operações que o homem leva a cabo para produzir finalidades ou
conhecimentos são operações mentais: abstrair, generalizar, reduzir, sintetizar,
prever, etc. Que, mesmo exigindo um substrato corpóreo e um funcionamento do
sistema nervoso superior, não deixam de ser operações subjetivas, psíquicas, mesmo
que possam ter manifestações objetivas. Não podem pressupor, simplesmente, que
sabem tudo.
A bem da verdade, é necessário desconfiar dos saberes, ainda que se confie
neles. Por isso, deve-se estar disposto a considerar os imprevistos: o imprevisto pode
ocorrer e ocorre. Por outro lado, acha-se que a admissão de uma praxis teórica está
em contradição com a crítica que Marx formula em sua teses sobre Feuerbach. Se
recordar o conteúdo da Tese I, Marx critica Feuerbach exatamente por conceber a
relação sujeito-objeto (ou homem-natureza) como uma relação meramente
contemplativa, ou seja teórica. Nisso reside o defeito fundamental da filosofia
feuerbachiana, bem como do materialismo tradicional.
Precisam de um pensamento que considere as partes em relação com o todo
e o todo em suas relações com as partes. Tal pensamento evita ao mesmo tempo que
se perceba apenas um fragmento fechado de humanidade, esquecendo a
mundialidade, ou que se perceba apenas uma mundialidade, desprovida de
119

complexidades. A reforma do pensamento é, portanto necessária para contextualizar,


situar, globalizar e também tentar estabelecer uma meta-ponto de vista que, sem fazer
escapar da condição local-temporal-cultural singular, permita considerar, como de um
mirante, o lugar antropoplanetário.
É muito importante colocar-se frente às diversidades ensino-teórico e ensino-
prática, porque essa parceria fortalece o conhecimento de mundo. Porém, vale mais
salientar a postura educativa diante das diversidades (culturais sociais e econômicas),
a complexidade que vem para fazer-se perceber no contexto de aprender ensinando.
A superação dos obstáculos são fundamentos para amadurecer diante da prática
filosófica vinculada na transformação do mundo.
Nesse sentido, Marx contrapõe relação (contemplativa) teórica e prática. Nesse
mesmo sentido contrapõe igualmente, em sua tese XI, a filosofia com muita
interpretação, isto é como teoria desligada da prática e filosofia vinculada
conscientemente à transformação do mundo.
E esta mentalidade está insistentemente presente nos currículos escolares:
tanto na apresentação dos conteúdos de estudo das várias disciplinas, quanto na
forma de apresentar e de trabalhar estes conteúdos por parte dos educadores
escolares. Nunca são apresentados como conteúdos de uma das formas de
conhecimento: são apresentados como o próprio conhecimento.
É interessante notar que nas Universidades onde alunos realizam Iniciação
Científica até mesmo as pesquisas no âmbito da Filosofia são denominadas de
“iniciação científica”, pelo fato de serem aprendizes do conhecimento específico e que
vem sendo debatido na tese para entendimento e interpretação dos fatos e
conhecimento da prática diária. Essa contraposição de contemplação (teoria) e praxis
demonstra que Marx, longe de admitir a teoria como uma forma de praxis, estabelece,
pelo contrário, uma contraposição entre uma e outra. Por outro lado, ao distinguir
claramente, em sua introdução, a crítica da economia política, o conceito real e o
conceito pensado e apresentar a atividade teórica cognoscitiva, isto é, a produção de
conhecimentos como um processo ascensional do abstrato ao concreto, processo que
se opera no pensamento e que consiste na reprodução espiritual do objeto real sob a
forma de uma atividade da realidade.
Uma atividade que se opera apenas no pensamento e que produz o tipo
peculiar de objetos que são os produtos daquele não pode, por conseguinte,
120

identificar-se com a atividade prática que chamam de praxis. Ou seja, as certezas não
podem dispensar de estar atentos, o tempo todo, perante tudo o que ocorre. Há
sempre algo presente nos eventos que escapam e que podem se mostrar em algum
momento. Nós o chamamos de acaso, ou de desordem, como se tivessem a chave
de toda a ordem.
É próprio do ser humano fazer uma suposição dos fatos, imaginarem como
seria criar uma história e como seria se esta viesse a se concretizar em uma
experiência, mesmo que seja mera ficção. Mas na sala de aula os meios são
justificados pelos atos. A complexidade com a qual se está tratando se refere a um
sujeito da ação educativa interdisciplinar que leva a viajar pelos caminhos das
disciplinas, não propriamente especificadas, mas globalizadas. Chamam a atenção
como educadores complexos generalizados e sutilmente ignorados. Esses complexos
surgidos em posição de invisível do fato levam o raciocínio da educação (trabalhada
pelos educadores) como um peso sem medida.
Ora, se for integrante de um sistema de administração que esclarece que os
fatos surgidos fazem parte da profissão e, para serem resolvidos, presenciam
colocações opostas? Muitas vezes diante de situações técnicas teóricas mal
resolvidas surgem complexos diversos que formulam dados dos fatos diante de um
processo que venha fazer a transformação das atividades teóricas em contrapartida
da ação da prática. As disciplinas muitas vezes têm como destaque o fato de serem
trabalhadas superficialmente. Talvez por não ter a disponibilidade de ser usuária da
teoria, a prática também passa a ser um convidado em sala de aula sem assistência
receptiva. Costuma-se falar sempre que os alunos precisam ser viciados na leitura, na
escrita, na formulação de ideias críticas construtivas. Mas como tê-los se não treiná-
los?
A troca de conhecimentos teóricos e experiências da prática devem-se à
presença do hábito. A extensão se deve aos caminhos percorridos com conhecimento
do trabalho educativo, acompanhado tanto pelo sistema educativo, como pela
participação ativa da família na vida do aluno. A base da formação dos primeiros
diagnósticos se deve à participação da família na vida da criança. Quando Piaget faz
uma análise sobre a cognição da criança, a sua percepção é mostrar que a criança
aprende em casa e se especializa na escola. O homem é visto como ser de adaptação
e ajustamento.
121

É importante que se tornem bons ‘arquivos’, pois assim não desenvolverão a


capacidade de crítica que não os colocaria como sujeitos da sua experiência. Quanto
mais acostumados à passividade, mais se adaptarão à realidade apresentada pelos
educadores depositantes, a realidade existente, que serve à sociedade opressora.
Para esta sociedade, a teoria se deve à forma de obter uma ordenação da mentalidade
dos indivíduos, de maneira que se ajustem à situação existente, nunca que a
questionem. Os agentes se especializam como saber estabelecido para integração
dos conceitos de uma escola melhor.
Parece importante, nessa nova síntese, que as ideias caracterizem um sentido
que venha a aprofundar e a decidir as aspirações intelectuais desejadas dentro das
transformações sociais da formação do ser humano. O que ajuda a compreender a
complexidade da teoria e superar os preconceitos, como ocorre essa permanente
forma de adaptar meios que venham a melhorar a qualidade do professor e do aluno.
Quando se fala da capacidade de interagir o conhecimento e a capacidade que o aluno
tem em aprender, preocupa-se em criar dentro dos conceitos qualidades que o
melhorem e o qualifiquem.
O professor, como meio intermediário do saber, também passa pelas suas
diversidades e, muitas vezes, deficiência de material didático que facilite a sua
metodologia em sala de aula. Não há complexidade somente receptiva, mas
transmissiva. O labirinto que o professor enfrenta para qualificar a sua teoria e
transformá-la numa atuação prática é como uma maratona competitiva numa pista
onde nem sempre as sua pegadas são reconhecidas. O ofício da profissão exige,
cobra, reclama, critica, culpa, responsabiliza, etc. Mas em qual momento essa história
foi contada com argumentos diferentes? O mérito é dado pelo esforço de cada um e
o reconhecimento se recebe pela qualidade com que o mercado competitivo acolhe
uma sementinha que passou por você e começa a florir. O professor passa muitas
vezes a estudar as complexidades teóricas como simples espectador do sucesso do
seu trabalho em sala de aula.

Metodologia de Pesquisa em Educação

Educação Básica e Pesquisa


122

Há mais de quarenta anos as nações do mundo afirmaram na Declaração


Universal dos Direitos que “toda pessoa tem direito à educação”.

No entanto, apesar dos esforços realizados por países do mundo para


assegurar o direito à educação para todos, persistem as seguintes realidades:
 Mais de 100 milhões de crianças, a maior parte do sexo feminino, não
tem acesso à escola;
 960 milhões de adultos, dois terços das mulheres, são analfabetos, e o
analfabetismo funcional é um problema significativo em todos os países
industrializados ou em desenvolvimento;
 Mais de um terço dos adultos não têm acesso ao conhecimento
impresso, às novas habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a
qualidade de vida, procurando adaptá-los às mudanças sociais e
culturais;
 Mais de 100 milhões de crianças e incontáveis adultos não conseguem
concluir o ciclo básico, e outros, apesar de concluí-lo, não conseguem
adquirir conhecimento e habilidades essenciais.

Ao mesmo tempo, o mundo tem que enfrentar um quadro de problemas


sombrios, entre os quais: decadência econômica, rápido aumento da população,
diferenças econômicas crescentes, degradação generalizada do meio ambiente, entre
outros. Esses problemas atropelam os esforços enviados no sentido de satisfazer as
necessidades básicas de aprendizagem, enquanto a falta da educação básica para
significativas parcelas da população impede que a sociedade enfrente esses
problemas com vigor e determinação.
Durante a década de 80 esses problemas dificultaram os avanços da educação
básica em muitos países menos desenvolvidos. Em outros, o crescimento econômico
permitiu financiar a expansão da educação, mas mesmo assim, milhões de seres
humanos continuam na pobreza, privados de escolaridade ou analfabetos. E, em
alguns países industrializados, cortes nos gastos públicos ao longo dos anos 80
contribuíram para deterioração da educação.
Não obstante, o mundo entra em um novo século carregado de esperanças e
de possibilidades. Tais estudos chegam a algumas conclusões coincidentes e
123

anunciam tendências que serão confirmadas na década de 90. Em primeiro lugar,


constatam a prevalência de trabalhos que discutem ideias sobre os que apresentam
pesquisas e chegam à conclusão de que a avaliação das práticas pedagógicas
aparece em pequena proporção no conjunto dos textos. Revelam, ainda, que a
bibliografia mostra estreita relação entre a compreensão da educação e seu papel
social e o enfoque dado aos processos de avaliação.
Na retrospectiva que proporcionam, nas tendências de avaliação no país, os
estudos registram a influência acentuada da psicologia até os anos 50, período em
que a análise da problemática da educação era feita na perspectiva individual. As
diferenças de desempenho eram explicadas no plano biopsicológico e a
aprendizagem entendida como mensuração das capacidades individuais por meio de
testes. Sob influência das teorias do capital humano e do tecnicismo, a mudança do
foco da avaliação aponta para o planejamento voltado para a racionalização do
trabalho, com vistas a assegurar a eficiência e a eficácia do sistema escolar. As teorias
crítico-reprodutivistas ampliam a compreensão do fenômeno educacional e,
extrapolando a própria escola, recuperam sua dimensão social, bem como desvelam
as implicações políticas da avaliação na reprodução das condições de dominação da
sociedade.
No entanto, a análise assume tom demasiadamente genérico e de denúncia,
sem conseguir apontar caminhos alternativos. A partir da segunda metade da década,
os autores identificam um movimento que busca a construção de referenciais capazes
de contextualizarem a avaliação no sistema educacional e social. Ganha significado a
compreensão da realidade escolar que mostra as decisões, o que coloca como desafio
a elaboração de uma sistemática da avaliação da escola como um todo, apontando a
necessidade de romper com o paradigma classificatório em favor de uma avaliação
de caráter diagnóstico e da investigação do processo educacional.
Com a ampliação do escopo da avaliação - que passa a abranger a dimensão
da escola, com sua dinâmica, produz o fracasso escolar - coloca-se a necessidade da
adoção de modelos mais complexos de análise e se observa o aumento do interesse
pela discussão dos métodos qualitativos e quantitativos. Poucos artigos publicados
nos anos 80, segundo o balanço da produção, articulam avaliação com desempenho
e formação docente ou focalizam a avaliação do próprio docente.
Tais textos indicam que a formação do professor sobre o tema demonstra-se
124

insuficiente, que lhe faltam critérios claros para orientar o processo de avaliação do
aluno e a escolha dos instrumentos mais adequados para tanto. Escassos também
são os textos que avaliam cursos ou programas curriculares, a própria escola ou o
sistema educacional. A convivência de tendências pedagógicas diversas nos mesmos
períodos históricos teria conduzido a práticas concomitantes de avaliação com
diferentes orientações pedagógicas e as influências mais frequentemente
identificadas foram as tecnicistas, que cresceram mais do que outras, e a dialético-
transformadora. Hoje, os direitos essenciais e as potencialidades das mulheres são
levados em conta. Emergem muitas e valiosas descobertas científicas e culturais.
O volume das informações disponíveis no mundo é em grande parte importante
para a sobrevivência e o bem-estar das pessoas, sendo extremamente mais amplo do
que há alguns anos, e continua crescendo num ritmo acelerado. Estes conhecimentos
incluem informações sobre melhorar a qualidade de vida ou aprender a aprender. Um
efeito de multiplicação ocorre quando informações importantes estão vinculadas a
outro grande avanço: a capacidade em comunicar.
Essas novas forças, combinadas com a experiência acumulada de reformas,
inovações, pesquisas e com o notável progresso em educação registrado em muitos
países, fazem com que a meta de educação básica seja uma meta viável.
Relembrando que a educação é um direito para todos, mulheres e homens de todas
as idades do mundo inteiro. A partir dessa colocação pode-se entender que a
educação básica vem contribuir para conquistar um mundo mais seguro, sadio,
próspero e ambientalmente mais puro, em que favoreça o progresso social,
econômico e cultural, diante da tolerância e a cooperação internacionais.
A educação, embora não mostre condição suficiente, é de importância
fundamental para o progresso pessoal e social. O conhecimento tradicional é um
patrimônio cultural que mostra utilidades e valores próprios, assim como a capacidade
de definir e promover o desenvolvimento.
Admite-se que, em termos gerais, a educação que hoje é ministrada apresenta
graves deficiências, que se faz necessário torná-la mais relevante e melhorar sua
qualidade, estando universalmente disponível. Mesmo porque o reconhecimento que
a educação básica vem adequar mostra-se fundamental para fortalecer os níveis
superiores de educação e de ensino, a formação científica e tecnológica, para
alcançar um desenvolvimento autônomo preciso. A necessidade de proporcionar às
125

gerações presentes e futuras esta visão vem abrangendo uma causa diante da
educação básica, que se mostra renovada, comprometida a favor dela, enfrentando a
amplitude e a complexidade do desafio que se proclama diante das necessidades
básicas da aprendizagem.
Os critérios que levam a falar sobre a Educação Básica enquanto pesquisa,
estão voltados para as causas que registram cada ser humano independente de cor
e de sexo, que deve estar dentro das oportunidades educativas voltadas para
satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem.
Essas necessidades compreendem tanto os instrumentos essenciais para a
qualidade da aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expressão oral, a solução
de problemas), quanto os conteúdos básicos de aprendizagens (como
conhecimentos, habilidades, valores e atitudes). São necessárias para que os seres
humanos possam sobreviver e trabalhar com dignidade, participar plenamente do
desenvolvimento, melhorar a qualidade de vida, tomar decisões fundamentais e
continuar aprendendo. A amplitude de satisfação varia segundo cada país e cada
cultura e, inevitavelmente, muda com o decorrer do tempo.
A necessidade confere aos membros de uma sociedade a possibilidade e, ao
mesmo tempo, a responsabilidade de respeitar e desenvolver a sua herança cultural,
linguística e espiritual. Promovendo a educação de outros, de defender a causa da
justiça social, de proteger o meio ambiente e de ser tolerantes com os sistemas sociais
políticos e religiosos, assegurados no respeito aos valores humanistas e aos direitos
humanos comumente aceitos, bem como trabalhar pela paz e pela solidariedade. A
educação básica é mais do que uma finalidade em si mesma.
Ela é a base para aprendizagem e o desenvolvimento humano permanente,
sobre a qual os países podem construir, sistematicamente, níveis e tipos mais
adiantados de educação e capacitação. A Educação Básica é um compromisso
renovado que traz uma visão abrangente diante do que venha expandir no enfoque
da luta pela satisfação das necessidades básicas de aprendizagem para todos que
exigem mais compromisso pela educação básica. É necessário um enfoque
abrangente, capaz de ir além dos níveis atuais de recursos, das estruturas de ensino,
construindo sobre a base do que há de melhor nas práticas correntes.
A educação básica deve ser proporcionada a todas as crianças, jovens e
adultos. Para tanto é necessário universalizá-la e melhorar sua qualidade, bem como
126

tomar medidas efetivas para reduzir as desigualdades. Para que a educação se torne
equitativa, é primordial oferecer a todas as crianças, jovens e adultos a oportunidade
de alcançar e manter um padrão mínimo de qualidade da aprendizagem. Diante do
que se está analisando a prioridade mais urgente seria a qualidade, buscando
melhorar e garantir o acesso à educação para meninas e mulheres (por serem mães
tão cedo e se excluírem da escola) e superar todos os obstáculos que impedem sua
participação ativa no processo educativo. Os preconceitos e esteriótipos de qualquer
natureza devem ser eliminados da educação.
A diversidade, a complexidade e o caráter mutável das necessidades básicas
de aprendizagens das crianças, jovens e adultos exigem que se amplie e se redefina
continuamente o alcance da educação básica, para que nela se inclua os seguintes
elementos:
A aprendizagem começa com o nascimento. Isto implica cuidados básicos e
educação inicial na infância, proporcionados por meio de estratégias que envolvam as
famílias e comunidades ou programas institucionais, como for mais apropriado;
O principal sistema de promoção da educação básica fora da esfera familiar é
a escola fundamental. A educação fundamental deve ser universal, garantir a
satisfação das necessidades básicas de aprendizagem para todos, cujo acesso à
escolaridade formal é limitado ou inexistente, desde que observem os mesmos
padrões de aprendizagem adotados na escola e disponham de apoio adequado;
As necessidades básicas de aprendizagem de jovens e adultos são diversas e
devem ser atendidas mediante uma variedade de sistemas. A alfabetização na língua
materna fortalece a identidade e a herança cultural;
Todos os instrumentos disponíveis e os canais de informação comunicação e
ação social podem contribuir na transmissão de conhecimentos essenciais, bem como
na informação e educação dos indivíduos quanto às questões sociais. Além dos
instrumentos tradicionais, as bibliotecas, a televisão, o rádio e outros meios de
comunicação de massa podem ser mobilizados em todo o seu potencial, a fim de
satisfazer as necessidades de educação básica para todos.
Estes componentes devem constituir um sistema integrado complementar,
interativo e de padrões comparáveis, e, além disso, deve contribuir para criar e
desenvolver possibilidades por toda a vida. Para se alcançar uma Educação básica
de qualidade é necessário que o ambiente seja favorável. A aprendizagem não ocorre
127

em situação de isolamento. Portanto, a necessidade referida deve garantir para todos


os educandos assistência em nutrição, cuidados médicos e o apoio físico e emocional
essencial para que participem ativamente de sua própria educação e dela se
beneficiem. Os conhecimentos e as habilidades necessárias surgem de uma
ampliação das condições de aprendizagem das crianças e devem estar integradas
aos programas de educação comunitária para adultos.
As reformas que vêm ser tratadas chamam a atenção pela grande importância
diante da educação. Tais estudos levam a repensar sobre as causas de nossas
experiências enquanto profissionais da educação, a partir das quais podemos seguir
um pouco adiante e apontar na direção da
escola o desejo de querer construir, na perspectiva da transformação social,
sem ferir os princípios dialógicos nos quais se conduz uma proposta educativa.
Tratar a escola no pensamento capaz de construir e preparar os estudantes
para o exercício de sua cidadania é objetivo do educador diante do compromisso ético
que exerce na função do educar. É inerente ao ser humano viver em sociedade, então
se pode dizer que o exercício desta liberdade é uma mera escolha da própria vivência
social. Não cabe reduzir a liberdade a uma escolha entre diferentes opções, mas
fundamentar o tratamento de entendimento com o ato de saber fazer escolhas e tomar
decisões dentro da sociedade, quem sabe tomar decisões e escolher as relações dos
grupos nos quais estão inseridos.
Então, o ponto de partida leva à reflexão sobre a possibilidade de escolher
diante das necessidades que visam à transformação social. O mundo está vivendo
um momento que assusta diante da violência que se enfrenta todos os dias, e
pretende-se dentro das escolas ensinar aos alunos o que são direitos e deveres para
com o próximo. A cultura de paz se exercita com cuidado em todos os níveis e é a
escola que leva a parte principal na formação de consciência e conhecimentos
voltados à ética que comporta os integrantes do quadro composto pela função do
educar, para formação do exercício da cidadania.
Os múltiplos tipos sociais exigem uma especialização não somente da área na
qual venha a atuar, mas da doação na integração do aluno ao meio sociável, muitas
vezes enfrentando preconceitos e divergências socioculturais. A função da instituição
escolar está entre aluno e família. Sem a união dos conceitos não será possível
trabalhar a relação humana social sem conhecer a realidade em que o mesmo está
128

inserido.

TEMAS TRANSVERSAIS DA EDUCAÇÃO

O desempenho que se tem em forma de compromisso com a construção da


cidadania leva necessariamente a uma prática educacional voltada para a
compreensão da realidade social e dos direitos e responsabilidades em relação à vida
pessoal e coletiva e a afirmação do princípio da participação política. Sem os critérios
citados todo o empenho passa a ser meramente uma ficção, pelo fato de não se firmar
como alicerce de construção sólida.
Nessa perspectiva acrescentam-se à educação os chamados Temas
Transversais diante de questões que tratam da Ética, da Pluralidade Cultural, do Meio
Ambiente, da Saúde, da Orientação Sexual, do Trabalho e do Consumo. As reflexões
desenvolvidas na escola tornam-se amplas e bastante produtivas em saber traduzir
as preocupações da sociedade nos últimos anos, às quais os Temas Transversais
propõem um trabalho voltado a esses vários aspectos da vida cotidiana.
O desafio que se apresenta para as escolas é disponibilizar-se aos debates,
abrir sequência de dados informativos, em que a sua teoria venha fazer diferença no
exercício da ação prática. O que isso significa? Uma perspectiva que faça criar dentro
de uma nova área ou disciplinas a questão da qualidade educativa nos segmentos
incorporados diante da aprendizagem do aluno e qualidade trabalhada de
metodologias criadas pelo professor.
Como se pode perceber os temas abordados dentro dos conceitos dos Temas
Transversais vem mostrar que tudo se começa pela prática. É o ponto de vista
metodológico de cada desempenho, que forma uma análise crítica das práticas
educativas exercidas constituídas, como se formassem o carro chefe do movimento
da renovação que aqui se expressa. As diferentes abordagens do processo
consideram uma ação da educação e seus desdobramentos em sala de aula. Desse
esforço coletivo de reflexão resultaram os pressupostos relacionados às contribuições
de diversas áreas do conhecimento que iluminam o tema em pauta, submetendo-as
ao crivo das demandas, lacunas e problemas propriamente pedagógicos enfrentados.
Partindo da hipótese do educador, consciente ou não, apóia-se em teorias,
crenças que conseguem manter sua população preparada para o bom uso e proveito
129

dos progressos alcançados. A definição sobre os Temas Transversais esclarece um


contexto de documentos específicos no qual são aprofundados e apresentados seus
objetivos, conteúdos e orientações didáticas. Apesar do exposto, sabe-se pela própria
experiência do processo vem transparecer uma prática pedagógica assentada na
vertente em foco, a qual compõe o cenário e registra as concepções educativas ou
denomina uma ação tradicional substantiva das anteriores, assentando o
conhecimento e participação social do aluno.
Ao mesmo tempo, as áreas especializadas mostram uma questão central das
preocupações das éticas entendidas como inspiradoras dos valores de igualdade e
equidade. Dando um exemplo muito positivo desse tipo de trabalho aproxima-se mais
do campo pedagógico em que se propõe encontrar terreno fértil dos educadores
progressistas, com abordagens particularizadas e desconexas dos objetivos do saber.
O que se percebe pela leitura deste documento são os objetivos e conteúdos
dos Temas Transversais, que devem ser incorporados nas áreas já existentes e no
trabalho educativo da escola. Sem essa conjunção de dados não é possível fazer uma
conexão entre as formações básicas cognitivas da aprendizagem. É possível fazer
educação sem o conhecimento da pluralidade cultural? Acredita-se que a base de
estruturação está voltada para se pensar e realizar o respeito aos diferentes grupos e
culturas que os constituem.
A sociedade brasileira é formada não somente por diferentes etnias, mas por
imigrantes de diferentes países. Essa mistura cultural leva a conviver entre grupos
diferenciados nos planos socioculturais, muitas vezes marcados pelo preconceito e
discriminação. A escola tem um papel fundamental quando está inserida diante de
uma causa para superar esses conflitos e fazer conhecer a riqueza representada pela
diversidade cultural, que vem compor um patrimônio brasileiro e valorizar as trajetórias
dos diferentes grupos. Nesse sentido, a escola forma e organiza o trabalho didático
que ora recebe o nome de Transversalidade. O que se apresenta é uma concepção
de cidadania e princípios democráticos que a norteiam, discutindo a amplitude do
trabalho com questões sociais na escola e apresentando a proposta em sua
globalidade: a relação de transversalidade entre os temas e as áreas curriculares,
assim como sua presença em todo o convívio escolar.
Para cada tema exposto há um documento que fundamenta as questões que o
envolvem e são apontados objetivos e conteúdos para subsidiá-los na criação de seu
130

planejamento de trabalho e de uma prática educativa coerente com seus objetivos


mais amplos. São muitas as questões que levam a trabalhar o entendimento sobre os
Temas Transversais, ressaltando-se uma questão educativa, uma vez que norteia a
construção da cidadania e a democracia, que são questões que envolvem múltiplos
aspectos e diferentes dimensões da vida social.
Embora a transversalidade que implica os conceitos dos Temas Transversais
seja contemplada pelas áreas e não configure um aprendizado à parte, todos os temas
têm explicitado em seus documentos o conjunto de conceitos, procedimentos, atitudes
e valores a serem ensinados e aprendidos.
Com isso, buscou-se garantir que cada tema seja compreendido integralmente,
isto é, desde sua fundamentação teórica até sua tradução em elementos curriculares.
Isso ocorre por um lado para possibilitar que as equipes pedagógicas façam novas
conexões entre eles e as áreas e/ou outros temas; por outro lado, porque o trabalho
didático com as áreas não é suficiente para cobrir toda a demanda dos Temas
Transversais. A força deste projeto que impulsiona para racionar sobre a sua grande
importância é tentar responder diante do ponto de vista epistemológico a formulação
das contribuições de diversas áreas.
Há um sério trabalho educativo a ser feito no âmbito do convívio escolar e a
especificação dos conteúdos de temas que favoreçam a reflexão e o planejamento
deste trabalho. Além disso, o trabalho com questões sociais exige que os educadores
estejam preparados para lidar com as ocorrências inesperadas do cotidiano. Não
somente saber executar a teoria, mas principalmente a postura relacionada à prática
educativa. O estudo dos Temas Transversais é a integração de um conjunto de
critérios desenvolvidos e discutidos para elaboração da ação cidadã.
Em nível da saúde brasileira que hoje se enfrenta, reflete a maneira como se
vive numa interação dinâmica entre potencialidades de indivíduos e condição de vida.
Para trabalhar este tema em sala de aula é necessário que se discuta a qualidade de
vida que o brasileiro leva atualmente. O cidadão brasileiro passa por transformações
difíceis diante da saúde, das mudanças em suas dificuldades como o ar que se
respira, o consumismo, a miséria, a degradação social, a desnutrição, entre outros.
Essas diferenças, entretanto, vêm refletir na educação que se pretende repassar para
obter resultados positivos.
O que favorece o objetivo do que se está refletindo é que é preciso sonhar
131

acordado, não ficar imaginando os fatos e criar perspectivas. Porém, a realidade


mostra um retrato preto e branco que preocupa. As sociedades cresceram e se
desenvolveram, esse crescimento envaideceu o homem fazendo-o modificar o meio
ambiente conforme sua vontade, não se preocupando com modificações que
poderiam criar um desentendimento entre homem e natureza.
É preciso refletir sobre como devem ser essas relações socioeconômicas e
ambientais para se tomar decisões adequadas a cada direção e se alcançar as metas
desejadas por todos. Existem situações escolares não programáveis, emergentes,
que devem ser respondidas e, para tanto, necessitam ter clareza e articular sua ação
pontual ao que é sistematicamente desenvolvido com os alunos. Além dessa
apresentação, os Temas Transversais fazem parte dos conteúdos das áreas.
Buscou-se contemplar a amplitude de cada tema mediante sua inserção no
conjunto das artes: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História,
Geografia, Arte e Educação Física. Foram transversalizados com a preocupação de
respeitar as especificidades de cada tema e de cada área. Quanto à divisão dos
conteúdos por ciclo, considerou-se que nos temas transversais não há nada que a
priori justifique uma sequência dos conteúdos. Ao contrário, os conteúdos podem ser
abordados em qualquer ciclo, variando apenas o grau de profundidade e abrangência
com que serão trabalhados.
A relação pedagógica que tem lugar na sala de aula decorre de visões de
mundo, de homens e de conceitos diferenciados, concretizados à medida que os
professores estabelecem objetivos, selecionam conteúdos, preparam e desenvolvem
suas aulas, realizam suas avaliações e posicionam políticas e éticas ideologicamente
diante dos alunos. Por isso, é de suma importância a opção clara por linhas de
pensamento que sedimentem as ações educacionais, de acordo com os propósitos
estabelecidos.
No que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem, a reflexão coletiva
do exercício profissional demonstrou a força da concepção de base empirista,
segundo a qual o homem, ao nascer, é uma tabula rasa, e o conhecimento produto
do registro imediato de dados, fatos, informações fim das percepções providas pela
experiência. Tem-se então, uma supervalorização das pressões do ambiente sobre o
sujeito que se constitui como ser cognoscente por meio das impressões do mundo
que recebe o fornecimento por meio dos órgãos dos sentidos. Deve-se ressalta que
132

essa concepção hoje não é mais condizente com as necessidades da realidade


escolar.
Falando-se de sexualidade, como exemplo de um tema transversal que possa
ser abordado, parte-se da mesma trilha e define-se a aprendizagem como mudanças
de posturas diante das orientações sexuais. A escola deve ser entendida como
processo de intervenção pedagógica e tem como objetivo transmitir conhecimentos
diante das questões relacionadas. A abordagem dos fatos propicia ao aluno o
conhecimento de seu próprio corpo, entendimento dos cuidados que necessitam dos
serviços de saúde.
A função do treino ou da experiência conduz à justificação técnica para se
considerar o aprendiz como ser passivo, como uma espécie de disco para
armazenamento de dados, nos quais serão inseridos os conteúdos desejados, e que
o aluno virá a acumular conhecimentos e reconhecimentos das manifestações de
sexualidade possíveis de serem expressas na escola. Nesses termos acredita-se que
uma boa aprendizagem vem resgatar temas sociais na escola, por tratar de um
conhecimento diretamente vinculado à realidade e que considera a qualidade do
professor como transmissor das suas qualidades administradas nas sequências
temporais de estímulos e reforços, sob a forma de premiação e punição.
Essa forma de pensar em relação aos Temas Transversais e a importância
deles no processo educativo levam a pensar o quanto a sua influência vem modificar
os fatos de entendimento do meio, sejam eles diretos ou indiretamente prepostos ao
raciocínio da ação pela ação educativa.
A Transversalidade vem mostrar uma roupagem diferenciada das áreas
convencionais. A complexidade não deixa existir áreas isoladas. O campo do
conhecimento torna-se amplamente claro para sequência de dados, conteúdos e
registros diferenciados e que venham em função de um tema que pode ser
desenvolvido na sala de aula durante todo o ano sem especificação de disciplina e
professor.
Nesse sentido que define a participação dos profissionais ativos, veja o
exemplo de uma situação: se a professora de Geografia trabalha um projeto sobre o
Meio Ambiente, isso não significa dizer que somente essa professora deva estar
comprometida com o desenvolvimento do projeto. O referido projeto precisa de dados
e conhecimento das Ciências Naturais, da Sociologia, da economia, visto que todas
133

essas áreas educam em relação a questões sociais por meio de suas concepções e
dos valores aos quais se vinculam.
Não tem sentido falar da aprendizagem e do conhecimento científico sem falar
em prática (pedagógica) que vem fazer diferença. O conhecimento procura
compreender os processos educativos, sendo uma formação relativa do
desenvolvimento histórico no seio de uma sociedade e a transmissão de estruturas
operatórias elementares, que vem se constituir no curso da socialização do aluno.
Como se pode ver, suas características são muito interessantes e vem fazer
um trabalho interdisciplinar por força da complexidade dos problemas levantados.
Nota-se, pois, a importância sobre as perspectivas de uma integração e profundidade
de trabalho que faz a diferença em diversos níveis, segundo o domínio que prioriza
diferentes realidades.

TIPOLOGIA

As contribuições até aqui reunidas fazem parte do referencial que registra os


temas transversais nos novos parâmetros curriculares, que incluem Ética, Meio
Ambiente, Saúde, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. A inclusão de
enriquecimento traz uma luz aos problemas da relação que principia a noção do
sujeito.
Os conceitos e valores fundamentais da expressão do saber sobre a
democracia e a cidadania correspondem às questões importantes e urgentes para a
sociedade brasileira de hoje, presentes sob várias formas na vida cotidiana. É amplo
o bastante para traduzir preocupações de todo País, são questões em debate na
sociedade por meio da qual o dissenso, o confronto de opiniões se coloca.
A Ética vem ser trabalhada dentro de um conceito que se baseia na justiça e
na equidade, buscando sensibilizar-se pela necessidade de construção de uma
sociedade justa, com o objetivo de adotar atitudes de solidariedade, cooperação e
repúdio às injustiças sociais, discutindo a moral vigente e tentando compreender os
valores presentes na sociedade atual. Deve-se pensar, ainda, em que proporção eles
devem ou podem ser mudados.
Há critérios importantes quanto ao tema apresentado, vigentes na situação em
que se encontra a realidade perante as diversidades e conflitos que ora apresentam
134

e que vem tumultuar a visão da ética, muitas vezes confundida entre mostrar a ética
e viver com ética. Desse modo, é importante refletir sobre o que é e quais objetivos
remetem a pensar sobre a identidade como pessoa, como profissional e como
coletivo.
Sabe-se que as práticas são marcadas por especificidades decorrentes do jeito
de ser de cada um, uma vez que as características pessoais e vivências profissionais
são únicas e intransferíveis. A identidade da escola nesse processo visa garantir que
as crianças e os jovens sejam capazes de pensar e criar soluções para que se
apropriem da riqueza da civilização e dos problemas que essa mesma civilização
produziu. Falando sobre o Meio Ambiente o aluno tem por objetivo principal
compreender as noções básicas sobre o tema, perceber relações que condicionem a
vida para posicionar-se de forma crítica diante do mundo, dominar métodos de manejo
e conservação ambiental. Assim, o conhecimento sobre o Meio Ambiente irá favorecer
uma visão de domínio e efeitos que venha a desenvolver uma proposta consciente
diante da educação.
Será viável a formação de uma prática pedagógica apontada para ampliação
de formação dos alunos no mundo informativo das necessidades que muitas vezes
diferem entre os membros da comunidade escolar.
O nível de Saúde das pessoas reflete um direito para todos. O aluno pode
compreender que esse direito está voltado para as potencialidades individuais e
condições de vida. Por esse tema o aluno compreenderá que saúde é produzida nas
relações com o meio físico e social, identificando fatores de risco aos indivíduos
necessitando adotar hábitos de autocuidado.
A Pluralidade Cultural tratará da diversidade do patrimônio cultural brasileiro,
reconhecendo a diversidade como um direito dos povos e dos indivíduos e repudiando
toda forma de discriminação por raça, classe, crença religiosa e sexo.
Em decorrência, apresentam imensos problemas de desigualdade social,
econômica, cultural, valores e finalidades. A tarefa da escola é inserir as crianças e os
jovens tanto no avanço como na problemática do mundo de hoje, por meio da reflexão,
do conhecimento, da análise, da compreensão, da contextualização, do
desenvolvimento de habilidades e de atitudes.
O grande desafio da escola é procurar investir na superação da discriminação
e dar a conhecer as diversidades étnico-culturais. Uma outra causa com efeitos que
135

preocupa os segmentos educativos é a Orientação Sexual. Sobre esse tema, é


importante esclarecer fatos considerados tabus diante dos jovens/pais na relação de
mundo.
A perspectiva social deverá ensinar o aluno a respeitar a diversidade de
comportamento relativo à sexualidade, desde que seja garantida a integridade e a
dignidade do ser humano, conhecer seu corpo e expressar seus sentimentos,
respeitando os seus afetos e do outro. Educação e trabalho é também um tema que
poder ser debatido, mesmo porque o jovem ganha o mercado de trabalho mais cedo
por conta das diversidades econômicas e necessidade de se sentir responsável diante
da vida, sem que passem mais tempo sob a responsabilidade financeira dos pais. A
preocupação é como este jovem vai para o mercado trabalhista competitivo sem fugir
das responsabilidades com a escola e compromissos com a formação acadêmica.
Por meio da Ética o aluno deverá entender o conceito de justiça baseado na
equidade e sensibilizar-se pela necessidade de construção de uma sociedade justa,
adotar atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças sociais. Além
disso, deve-se discutir a moral vigente e tentando compreender os valores presentes
na sociedade atual e em que proporção eles devem ou podem ser mudados, visto que
a atualidade deixa a entender que estes conceitos estão sendo usados de forma
contrária diante do perfil que apresenta na sociedade.
Na sociedade ainda há momentos de séria rejeição ao outro, ao diferente. A
dignidade humana não permite que se faça esse tipo de discriminação. Ao contrário,
exige que os direitos a igualdade de oportunidade sejam respeitados. O respeito e
dignidade dos quais está revestido todo ser humano impõe-se, portanto, como base e
valor fundamental de todo estudo e ações práticas direcionadas ao atendimento dos
alunos, independente da forma em que tal necessidade se manifesta.
A vida humana ganha uma riqueza se é construída e experimentada, tomando
como referência o princípio da dignidade. Segundo esse princípio toda e qualquer
pessoa é merecedora do respeito de seus semelhantes e tem direito a boas condições
de vida e à oportunidade de realizar seus projetos. A atitude de preconceitos que está
ligada na direção oposta do que se requer para a existência de uma sociedade
democrática e plural impede que os indivíduos estejam sustentados por atitudes de
respeito mútuo.
O respeito se traduz pela valorização de cada indivíduo na sua singularidade e
136

características que o constituem. A retificação da qualidade, que toma como verdade


sua representação mental ou sua concepção como objeto pronto e acabado compõe
mistificações cada vez mais perceptíveis atualmente, nas quais a qualidade é alçada
a fenômeno do momento, erigida à categoria salvadora de uma educação que agoniza
frente aos desafios dos novos tempos.
Tomando-se o conhecimento como totalidade, o conhecimento superficial da
qualidade em educação é falsa totalidade, se ignorada como objetivação da praxis
humana, síntese de contradições. Aparece como objeto, estrutura autônoma, sem
qualquer ligação com o contexto e os sujeitos que a produziram, obscura
representação, sem significado do ponto de vista científico.
Apesar de todas as discussões sobre a totalidade que envolve o processo de
ensino-aprendizagem, ainda constatam uma centralização na questão do conteúdo
em detrimento de outros aspectos fundamentais que envolvem a aprendizagem
humana: valores, ideias, ideais, atitudes, habilidades, etc.
Dessa forma, o planejamento é o espaço privilegiado, de um lado para fazê-
las aflorar e, de outro, para a tomada de decisões para a prática docente.
A educação veio falar do sujeito ativo, do sujeito que constrói seu próprio
conhecimento e assim por diante. Mas o que isso quer dizer? A proporção de uma
síntese instrutiva e auspiciosa sobre a noção em foco, permitindo entender o processo
ensino-aprendizagem de forma a resolver grande parte das interrogações levantadas
pelo trabalho pedagógico. A possibilidade divisada brota da teoria do sistema, tendo
como corolário a formulação do conceito de autonomia. A percepção da tipologia
trabalhada nos diversos processos educativos vem favorecer uma construção de
conhecimento quanto indivíduo, integrante de uma sociedade para o exercício de sua
própria cidadania.
O que isso pode favorecer na formação da geração futura? Ora, os meios
respondem pelos atos vividos, a construção do agora é a extensão do futuro de uma
sociedade consciente, mais do que nunca a educação está envolvida em exercer seus
critérios dentro dos parâmetros que a compõe diante da construção do saber fazer
entender. Não é somente a visão do ser e fazer mais de vivenciar todas as
oportunidades que o sistema expõe para a formação do cidadão quanto a sua
qualidade de vida e formação do grupo social que pertence.
Concedem-se mais elementos de compreensão sobre isso ao enfatizar que a
137

noção de autonomia está estreitamente ligada à de dependência e que esta é


inseparável da noção de organização das ideias construtivas. É justo reconhecer que
nessa direção a sua atenção estava direcionada para qualidade do sujeito epistêmico
e não de um ser humano específico.
O processo de construção aludido tem lugar desde o nascimento pela sua
capacidade de inteligência que significa um modelo aplicável a qualquer indivíduo, na
interação do meio em que se estuda a sua formação cultural e social.
Considerando esses fatos como experiências pedagógicas brasileiras o
trabalho da educação vem apontar uma necessidade de questões que sejam
trabalhadas de forma contínua e integrada, uma vez que seu estudo remete à
necessidade de se recorrer a conjuntos de conhecimentos relativos a diferentes áreas
do saber.
O princípio vem operar uma noção do sujeito na perspectiva do sistema em
virtude de uma capacidade auto-organizadora. A prática pedagógica alimenta-se
mutuamente do tratamento das questões trazidas pelos temas transversais que
expõem as interrelações sobre os objetos de conhecimento de forma que não é
possível fazer um trabalho pautado na transversalidade da perspectiva disciplinar.
A formulação do desenvolvimento da ideia parece pesquisar mais sobre a
estrutura humana pela qual o ambiente é visto, como uma fonte de perturbações que
podem principiar determinando as transformações. A problemática trazida está
contemplada nas diferentes áreas abordadas, diante dos seus fundamentos e
objetivos gerais. Assim, a adaptação consiste em compartilhar a estrutura do ambiente
e a estrutura do sujeito. Até que tal compatibilidade exista, o ambiente e o sistema
humano agem como fonte recíproca, provocando mudanças de estado definidas pelos
dois sistemas estruturais.
A possibilidade de se estabelecer a prática educativa mostra uma relação entre
aprender na realidade e da realidade de conhecimentos teóricos. É necessário,
portanto, compreender que as atitudes, as normas e os valores comportam uma
dimensão social e uma dimensão pessoal.
O sujeito humano revela os três princípios desdobrados da noção de autonomia
dos sistemas: identidade que oscila entre a inclusão e a exclusão, intercomunicação
e subjetivação. A regra citada, por sua vez, é entendida como dispositivo que orienta
padrões de conduta dos membros de um grupo e valores que orientam as ações do
138

objeto de análise.
A capacidade de lidar com esses dados são, dessa forma, um caráter cognitivo
necessário a qualquer ser vivente. O indivíduo computa, identifica ao que ele é ou não
compatível, o centro do seu mundo e as ações de proteção e defesa.
Os valore e atitudes exploradas no ponto de vista pedagógico apontam para
uma formação de valores e atitudes.
Há, porém, dois princípios subjetivos que se associam à identidade: a inclusão
que ninguém pode dizer pelo outro, enquanto que a exclusão é inseparável do
princípio da inclusão; podem integrar a subjetividade pessoal a outros diferentes;
podem integrar a subjetividade pessoal mais coletiva.
A autonomia refere-se por um lado a um nível de desenvolvimento psicológico
implicando dessa forma uma dimensão individual, e por outro lado há uma dimensão
social. A diferença entre o ser humano e qualquer outra organização é que a ele
compete determinado entendimento como formador e gestor das ações de sala de
aula.
Um indivíduo pode, assim, tomar consciência de si mesmo, do instrumento de
comunicação que é a linguagem. Forma-se, então, a consciência do ser consciente
de ser inseparável da referência externa e, ao mesmo tempo a consciência do outro:
o sujeito oscila por natureza entre o tudo ou nada. Para si mesmo ele é tudo. Imagine
que a virtude do princípio egocêntrico está no centro do mundo. Mais subjetivamente
é minúsculo, efêmero e depende do outro, das comunidades eletivas para viver.
Pode fazer escolhas de relacionamento, mas não pode viver sem escolher,
essa questão é fundamental para um contexto escolar que forma uma relação entre
autonomia e autoridade, para permitir que seus valores e normas sejam discutidos e
reformulados não significa negar ou qualificar negativamente a qualidade dos
educadores. Pelo contrário, reconhecê-la é fundamental uma vez que é nela que se
apóia a garantia de direitos e deveres escolares.
Essa discussão sobre a noção do sujeito reúne elementos para abordar o
processo de relação construída ao longo do processo de participação de autoridade
dos adultos na sua orientação. O que se coloca é a necessidade de uma autoridade
a ser construída mediante a uma assunção plena da responsabilidade de educar, de
intervir com discernimento nos valores colocados com os objetivos da educação dos
alunos.Existem vários tipos de poder avaliar a capacidade da inteligência, o que, aliás,
139

já está ocorrendo. Os tipos de inteligência humana descritos são tipos naturais que
acrescentam um fator cultural implicado nas formações mentais de dois modos:

- Com influência individual, definindo o rumo da evolução dos potenciais


intelectuais de natureza;

- Como fonte para o desenvolvimento e implementação de competência intelectual


a partir de uma variedade de perspectivas tais como: os papéis que a sociedade
valoriza as buscas nas quais os indivíduos podem adquirir especialização ou
capacitação das aprendizagens individuais, podendo ser encontrado nos tipos de
transferência de habilidades que podem se esperar nos cenários educacionais.

Faça uma reflexão sobre o conhecimento e os elementos das aquisições que


complementam o saber do processo ativo do ser humano. Esta análise critica os
diferentes usos de situações didáticas que são discutidos em classe propondo
possibilidades contextualizadas sócio/culturalmente que favoreçam evidenciar os
valores das atitudes educacionais. Este processo ativo vai e volta, regulado pela
antecipação ou capacidade proativa e pela retroação, ou seja, correção dos erros que
se apresentam durante a fase educativa.
O caso da temática, por exemplo, vem focar uma preocupação sobre o meio
ambiente deixando claro que o aluno precisa aprender e conhecer a preservação e
organização participativa das campanhas contra o desperdício. Consiste em uma
interação significativa entre aqueles que conhecem o processo que transforma. O
aluno não deve ser um recebedor passivo se essa relação e procedimentos do
aprendizado são longos e processuais, a prática das ações fica cada vez mais
140

complexa devido à autonomia e a sociabilidade que o aluno tem.


Entretanto a escolaridade do aluno é fundamental para seu desenvolvimento e
as suas capacidades vêm ser planejadas dentro das práticas educativas trabalhadas
pelo professor, superando os desafios crescentes e permitindo uma capacidade
analítica na relação de ensino-aprendizagem. Para isso ocorrer é preciso um convívio
escolar referente às relações vividas na escola dentro e fora da sala de aula.
Foi nos anos 30 que se desfez o consenso social a respeito dos objetivos da
escola e dos valores que ela deve fomentar ao promover a integração das crianças e
dos jovens na cultura dominante. Ao mesmo tempo a escola tem sido chamada a
desempenhar tarefas educacionais básicas para compensar as carências do meio
social de origem dos alunos, o que se traduz numa desafiante diversificação das
funções docentes e no aumento das contradições vividas pelos professores.
A escola também já não é vista como garantia de promoção social para os mais
desfavorecidos, o que contribui para a diminuição do seu respaldo social. Também
tem aumentado a deterioração dos recursos materiais e das condições salariais e de
trabalho que cercam a docência. E por força de interpretações simplistas, os
professores acabam sendo considerados como os principais responsáveis pelo
fracasso dos sistemas escolares, perdendo prestígio e reconhecimento.
Diante de um quadro tão complexo, responder quem somos e o que queremos
constitui um desafio, pois exige repensar o papel da escola e sua relação com o
conhecimento e com a sociedade.
O conhecimento é mutuo entre os participantes do processo educativo, o
diálogo, o desenvolvimento da confiança e o estabelecimento de compromissos
compartilhados, condições básicas para que os sistemas, considerados em suas
complexidades, construam estratégias de comunicação, para, enfim se familiarizar
com o conceito educativo. Transformar a escola nessa direção, além de ter uma visão
a respeito da importância do conhecimento, também é preciso para equacionar a
maneira como se estabelece a relação de professores e alunos com o mundo do
conhecimento.
O processo de ensino-aprendizagem deve favorecer o acesso aos
conhecimentos em função da integridade dos sujeitos, de sua compreensão e atuação
na sociedade globalizada, em que vive do protagonismo do empreendedorismo,
conforme a pauta da educação para a sociedade moderna.
141

A perspectiva do sujeito de aprendizagem como sujeito do conhecimento requer


para se desenvolver um meio de conhecimento mais amplo, mais rico de
oportunidades, mais variado, que lhe propicie a transformação a ser por eles
ressignificadas. O convívio escolar refere-se a todas as relações e situações
que venham a ser vividas dentro de um conhecimento amplamente construído
por meio de antecipação ativa dos sujeitos da reflexão e da interação social.
O toque do processo que está sendo trabalhado vem mostrar uma relação com
princípios sociais, concepções educativas, aprendizagem de decorrências, de ensino
de método que o educador vem adotar em sua sala de aula.
O desenvolvimento educativo realiza uma construção que o aluno procura
atribuir à sua perspectiva, tais atitudes que são viáveis e exequíveis, e, ao mesmo
tempo, criam possibilidades concretas para experiências. O trabalho concretiza
diversas divisões e diante das necessidades dos desenvolvimentos surgem os
processos de definição que vêm se fundamentar como princípios básicos da
educação.
O desafio proposto é o que se pode esperar para professores que depois de
formados comecem a mostrar suas experiências adquiridas dentro do curso para sala
de aula. Para os alunos a escola é espaço de múltiplas aprendizagens. É por eles que
ela existe. Já imaginaram uma escola sem alunos? Apesar da obviedade desta
afirmação, o sistema educacional, em geral, tem considerado os alunos apenas como
um dado burocrático. Talvez esta seja uma das explicações de porque os alunos se
rebelam disciplinarmente. Superar isso supõe incorporá-los no projeto político-
pedagógico da escola. Fazer dela um espaço de desenvolvimento da personalidade
pessoal, social, emocional, cultural e cidadã dos alunos. Estabelecer com eles um
contrato coletivo das ações necessárias para isso. É preciso que se sintam
participantes, que sintam que são efetivamente a razão da escola existir. Para isso, é
importante que se reconheçam e que tenham clareza de sua identidade na escola.
Criar condições para que isso ocorra, respondendo às questões: Como? Olhar
para os alunos, perguntar quem são? De onde vêm? O que querem? O que pensam,
sente e sonham?
É importante a cada ano ou semestre atualizar o conhecimento sobre os
alunos. O que já sabem e o que precisa ser aprimorado? Sem desconhecer a
necessidade de investir na formação inicial e criar programas de formação e
142

implementação de projetos educativos, que mostrem a capacidade quando atuados


dentro de sua clareza, buscando transparência e entendimento socializado na
formação humano social.
O modo vem se desprender em expostos de base diante das decisões
metodológicas fortemente vinculadas às ideias do professor como profissional
reflexivo e à ideia de que o exercício desta reflexão em uma escola se realiza por
intermédio de projetos pedagógicos que vão se definindo no coletivo.
A maioria das escolas tem trabalhado o processo ensino-aprendizagem de
forma bastante fragmentada e desarticulada, em que cada professor realiza
individualmente o seu trabalho.
Isto significa que a unidade escolar ainda não consegue trabalhar o
conhecimento como um processo interdisciplinar, no qual cada disciplina tem relação
com um todo e este todo articula cada um dos diferentes componentes do currículo
escolar. Conhecer implica em um segundo estágio, o de trabalhar com as informações
classificando-as, analisando-as e contextualizando-as. O terceiro estágio tem a ver
com a inteligência, a consciência ou sabedoria. Inteligência tem a ver com a arte de
vincular conhecimento de maneira útil e pertinente, isto é, de produzir novas formas
de progresso e desenvolvimento.
Consciência e sabedoria envolvem reflexão, capacidade de produzir novas
formas de existência, de humanização. A velha polêmica se ela forma ou informa e a
sua reiterada incapacidade diante das mídias tecnológicas na difusão de informações
é tema recorrente em vários fóruns. A discussão se acentua no presente, com a
terceira revolução industrial, em que os meios de comunicação, com sua velocidade
de veicular a informação deixam mais explícita a inoperância da escola e dos
professores.
No entanto, se entender que conhecer não se reduz a informar, não bastando
expor aos meios de comunicação para adquiri-las, que é preciso operar com as
informações na direção certa para chegar ao conhecimento. Então parece que a
escola (e os professores) tem um grande trabalho a realizar com as crianças e os
jovens.
Ao lado deste conhecimento surgem fatos e situações marcantes da realidade
que tomam como tema central as ideias e objetivos que norteiam a qualidade
específica. O trabalho educativo vem sendo feito no âmbito do convívio escolar e a
143

especificação dos conteúdos que favorecem a reflexão articulada e a ação


pontualizada sistematicamente desenvolvida.
O entendimento que hoje se tem do trabalho escolar é de que a ênfase deve
estar no ensino e na aprendizagem, ou uma visão subordinada diante da razão de ser
escola. A escola tem uma postura diante do ensino que resulta da maneira como a
equipe escolar acredita que se dê o processo da aprendizagem dos alunos e, portanto,
o processo de aprendizagem dos alunos é desenvolvido pelos professores.
As teorias são relações que produzem um desenvolvimento que integra a
socialização dos alunos e participação direta dos professores no desenvolvimento de
sua prática e ação do conteúdo trabalhado. A formação do homem se faz pela sua
ação e a escola diante dos critérios não pode desenvolver uma metodologia completa
sem a extensão que se comunga entre a família e a escola. O desenvolvimento do
estudo que vem defender a capacidade de formação vem seguir métodos importantes
quanto à formação do ser humano na forma de educar e fazer- se educado.
Existem limites a serem cumpridos, regras obedecidas e para isso é preciso
que se conheça a importância de cada uma na atuação da vida humana.
Não é interessante seguir um roteiro sem saber o que ele vem transformar. O
que pode ser adaptado sem ter sido explicado. É preciso que a escola (educador)
tenha a preocupação de expor os fatos informativos dentro do que está debatido, de
forma que assegure a qualidade da criticidade e formação dos seus alunos. Não há
nenhuma ligação de ensino-aprendizagem que tenha se desenvolvido com qualidade
sem a transparência.
Os argumentos que procuram aprender são viáveis para o desenvolvimento do
meio. Do outro lado há internacionalistas, que acreditam tanto nos fatores internos do
desenvolvimento como em fatores externos. Um grupo importante deles supõe que a
formação dos seres humanos resulta da ação do sujeito sobre o ambiente em que
vive. Os desenvolvimentos das aprendizagens são importantes, mas sabem que a
qualidade vem do aprendizado que a criança recebe nos seus primeiros contatos com
o mundo (materno), sem isso é impossível chegar a um aprendizado mais rápido.
Nesse sentido diante da visão teórico-prática analisam que a aprendizagem vem
depois do desenvolvimento.
A reflexão que se procura desenvolver aqui está ancorada em marcos da
Constituição da LDB sobre a gestão democrática; na relação da educação e cidadania;
144

a especificação da organização escolar; e os fundamentos dos processos


interdisciplinares que venham fazer uma escola voltada para formação do cidadão.
Como podem ver o processo de participação define a elaboração de opiniões diante
dos segmentos que compõem uma estrutura de gestão democrática. A cidadania
ganha cada vez mais centralidade nas reflexões pedagógicas, situadas como
intencionalidades da educação. Novamente a reflexão tem um sentido da relação da
cidadania e educação presente na prática do cotidiano escolar.
A dimensão política atual, que concebe fundamentos de processos educativos,
procura melhorar a concepção dos conceitos educativos para cidadania. Sejam eles
desenvolvidos nos parâmetros que incluem:

ASPECTO CIVIL

ASPECTO
ASPECTO SOCIAL
POLÍTICO

Estas concepções de cidadania trazem embutidos conceitos fundamentais:


presença a um grupo social, autonomia na relação com o outro e exercício do poder
político. Autonomia e o poder são conceitos chaves. O cidadão que está mergulhado
em seu grupo social vive uma cidadania na qual se constrói uma sociedade em uma
situação de relação com o outro, que pertença a um grupo social vinculado, e destina-
se coletivamente ao exercício que busca resolver o isolamento, a alienação ou a
exclusão.
Os desafios são constantes e precisamos enfrentá-los como peças de um
quebra-cabeça que, tendo ou não domínio, é necessário que se domine e faça o
145

equilíbrio dos fatos. As perspectivas dentro da educação direcionam para uma análise
centrada nas observações que se quer ensinar, o perfil que está inserido neste
processo e as modalidades equilibradas para compor a demanda que observam.
Não é simplesmente compor para preencher a falha, mas preencher para
compor o sistema que se integra em uma educação que vise à qualidade de inclusão
e vida humana. A necessidade de trabalhar dentro deste critério tão importante é
formar seres integrantes e conscientes de sua cidadania, e não apenas formar para
fazer quantidade. O fornecimento dos alicerces para cada uma das seções abordadas
permite o conhecimento das ferramentas disponibilizadas com estratégias eficientes.
A condução das metodologias trabalhadas nos Temas Transversais procura
envolver o aluno para o crescimento do meio em que se aprende. Não somente o
domínio da escrita e dos números. Mas um domínio que mostra o quanto o ser humano
é importante diante dos grupos sociais aos quais pertencem.
Conhecer os seus limites e direitos como dever de cada cidadão procura
fortalecer e evitar diversos conflitos que muitas vezes surgem, pelo simples fato de
conhecer. Quando se analisa o perfil do ser integrante e social, espera-se a totalidade
dos princípios morais. Exercício de atos e vivência de fatos, a escola dentro do tema
que vem sendo trabalhado mostra o quanto é fundamental esse conhecimento teórico
da prática diária.
A escola vem participar na vida da criança desde muito cedo. A constituição do
saber informativo libera uma chave que abre a riqueza da grandeza do ser humano
que está preso aos aspectos burocráticos e limitado dentro do sistema de ensino e a
partir da prática orientada pelo senso comum ou hábitos estão sendo avaliados.
Baseados em bom senso e delegação de autoridades àqueles que estão
envolvidos na realização do serviço educacional, constitui-se um modelo de líderes
compartilhados e compartilhando ao redor do mundo. O conhecimento se
estende formando uma corrente humana procurando não aprisionar ninguém, mas
esclarecer e mostrar o tamanho de seus esforços nas mediações que desempenham
propostas apresentadas nas sequências didáticas.
A adaptação real das necessidades desenvolve um trabalho que constrói
ativamente os conhecimentos e habilidades futuras. O repertório varia e permite criar
caminhos que são percebidos nas particularidades da situação de produção do
conhecimento. A principal forma é procurar incentivar, fundamentar procedimentos
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que venham aprofundar e selecionar a comunicação e o prazer em produzir. Produzir


o conhecimento centrado na discussão coletiva desenvolvida na capacidade do aluno
que elabora e procura interpretar suas habilidades construídas. A eficiência de
entendimento do aluno se deve a forma como ele adquiriu e aumentou seus recursos
diante das possibilidades de sua própria linguagem e cultura mostradas no sistema
que forma a sua capacitação profissional, humana e social.
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REFERÊNCIAS

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BUSQUET, M. D. et al. Temas Transversais em Educação. São Paulo: Ática, 2003.
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FAZENDA, I.C.A. Integração e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro: efetividade
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FAZENDA, I. C. A. Práticas Interdisciplinares na Escola. São Paulo: Cortez, 1999.
HARTNOLL, P. The Theatre: a Concise History. Londres: Thames and Hudson, 1987.
LIBÂNEO, J. C. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos
conteúdos. São Paulo: Loyola, 2003.
MORIN, E. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
PIMENTEL, M. da G. O professor em construção. Campinas: Papirus, 1993.
VASCONCELLOS, M. J. E. de. Pensamento Sistêmico: o novo paradigma da ciência.
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