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METODOLOGIA DE

INVESTIGAÇÃO
CIENTÍFICA
Apostila organizada pelo Prof. de M.I.C

02/04/2020
Universidade Independente de Angola
GOMES

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METODOLOGIA DE
INVESTIGAÇÃO
CIENTÍFICA

OSVALDO COELHO GOMES

GOMES, Osvaldo Coelho

Metodologia de Investigação Científica: Apostila organizada


pelo professor de MIC/ Osvaldo Coelho Gomes – Luanda, 2020.

Artigo científico - Direcção dos Assuntos Académicos (DAAC)


da Universidade independente de Angola.

1. Escrita científica. 2. Modelo IDC. 3. Exposição escrita do


programa da cadeira 2020.

UNIVERSIDADE INDEPENDENTE DE ANGOLA1

Luanda, 2020

1
Rua da Missão, Morro Bento II, Corimba
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www.unia.ao Luanda – Angola.
IMPORTANTE: Esta apostila é utilizada exclusivamente com fins didácticos na disciplina de
METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA no curso de graduação UnIA . Não deve ser considerada
como base para consulta bibliográfica, mas como material de orientação.
SUMÁRIO
FUNDAMENTAÇÃO ................................................................................................................ 1

Objectivos ............................................................................................................................... 2

UNIDADE I: FUNDAMENTOS DA METODOLOGIA CIENTÍFICA ................................... 3

1.1. O conceito de Metodologia de Investigação Científica (MIC). ................................... 3

1.2. Objecto de estudo da investigação científica. .............................................................. 4

1.3. Objectivos da cadeira de MIC..................................................................................... 5

1.4. Alusão às Normas Internacionais de investigação. ...................................................... 5

1.5. As normas APA para a elaboração dos trabalhos académicos na UnIA...................... 6

UNIDADE II: OS VÁRIOS TIPOS DE CONHECIMENTO .................................................... 7

2.1. Conhecimento popular ou empírico ................................................................................ 8

2.2. Conhecimento filosófico .................................................................................................. 8

2.3. Conhecimento religioso ................................................................................................... 9

2.4. Conhecimento científico .................................................................................................. 9

UNIDADE III: RECURSOS DE PESQUISA .......................................................................... 11

3.1. Recursos tradicionais de pesquisa.................................................................................. 11

3.2. Conceito de biblioteca.................................................................................................... 11

3.3. Tipos de biblioteca ......................................................................................................... 12

3.4. O arquivo........................................................................................................................ 13

3.5. Recursos eletrónicos ...................................................................................................... 13

3.6. Bases de dados digitais (internet, revistas electrónicas, repositórios científicos). ........ 14

3.7. Elaboração das Citações e Referências Bibliograficas .................................................. 15

Referências Bibliograficas .................................................................................................... 16

3.7.1. Citação Directa............................................................................................................ 16

3.7.1.1. Citação com omissão ou supressão .......................................................................... 16

3.7.2. Citação Indirecta ......................................................................................................... 17

3.7.3. Citação Curta............................................................................................................... 17


3.7.4. Citação longa............................................................................................................... 18

3.7.5. Citação de citação ....................................................................................................... 18

3.7.6. Citação comum de um (1) a três (3) autores ............................................................... 19

3.7.7. Citações com mais de três (3) autores......................................................................... 19

3.7.8. Citação de um mesmo autor com mesma data de publicação ..................................... 19

3.7.9. Citação de autoria institucional................................................................................... 20

3.7.10. Citação de leis e decretos .......................................................................................... 20

3.7.11. Citação de site inteiro................................................................................................ 21

UNIDADE IV: PESQUISA CIENTÍFICA .............................................................................. 22

4.1. Classificação da pesquisa científica ........................................................................... 22

4.2. Pesquisa Aplicada ...................................................................................................... 22

4.3. Pesquisa Básica .......................................................................................................... 22

4.4. Divisão da Pesquisa Básica........................................................................................ 23

4.5. Divisão da Pesquisa básica quanto a abordagem do problema .................................. 23

4.5.1 Pesquisa quantitativa.................................................................................................... 23

4.5.2 Pesquisa Qualitativa ..................................................................................................... 23

4.6. Divisão da Pesquisa básica quanto aos objectivos propostos .................................... 24

4.7. Divisão da Pesquisa Básica quanto às técnicas e procedimentos utilizados.................. 25

UNIDADE V: ETAPAS DE ELABORAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA ...................... 27

5.1. A escolha e delimitação do tema de pesquisa (Factores a considerar na selecção do


tema)...................................................................................................................................... 27

5.2. Formulação do objecto, problema e objectivos da pesquisa .......................................... 27

5.2.1. O problema científico.................................................................................................. 27

5.3. Construção de hipóteses ou outras questões de investigação ........................................ 29

5.4. Recolha das informações bibliográficas ........................................................................ 30

5.4.1. Critérios de decisão para a utilização das informações bibliográficas ........................ 31

5.5. Selecção de métodos e técnicas de pesquisa .................................................................. 32


5.6. Organização instrumental da pesquisa ........................................................................... 32

5.7. Recolha, análise e apresentação dos dados empíricos ................................................... 33

5.8. Redacção ........................................................................................................................ 33


FUNDAMENTAÇÃO

A presente apostila tem como principal propósito apoiar os discentes dos cursos de
graduação da UnIA que realizam actividades de investigação científica. Constitui um guia
metodológico ao nível da organização, produção, divulgação e publicação da actividade
científica.

As instituições de ensino superior, especialmente as universidades, têm como fins a


excelência humana e cultural e a investigação científica. Neste sentido, a dedicação à pesquisa
científica é uma das acções mais importantes para as universidades. A ciência, no ambiente
académico, pode e deve ser abordada em profundidade, isto deve ser entendido sempre no
sentido do ensino das ciências e da dedicação à pesquisa científica como uma fonte de
renovação e de exigência de progresso.

Uma universidade digna do nome, é aquela que “produz ciência e a ensina”, não
apenas divulga os conhecimentos adquiridos por outros, de forma simplificada. É, portanto,
indiscutível que a pesquisa é uma das empreitadas específicas da universidade.

O desenvolvimento e apresentação dos trabalhos académicos na UnIA têm como base


estrutural os elementos preconizados nas normas da American Psychological Association
(APA), seguindo o modelo de Introdução Desenvolvimento e Conclusão (IDC). Tendo como
principal finalidade a simplificação da operacionalização das regras à aplicar, na sua
adaptação, tendo sempre em consideração a não alteração dos princípios científicos e
educativos a respeitar.

A ciência tem como finalidade a pesquisa e se utiliza da metodologia para conseguir


chegar aos resultados de sua pesquisa. Para que estes resultados sejam mais precisos, deve-se
seguir as normas da metodologia científica. Assim podemos entender metodologia como um
instrumento, uma ferramenta usada na pesquisa para direccionar os estudos segundo normas
pré-estabelecidas.

A produção intelectual requere a utilização de conhecimentos de ordem conceitual,


técnica e lógica, que, juntas, promovem o pensamento e o raciocínio, por meio de métodos e
procedimentos científicos. É nesta ordem de ideias que se insere a metodologia científica
como instrumento útil, pertinente e indispensável para a produção do conhecimento.

1
A presente apostila procura não dificultar as questões que envolvem a elaboração de
um projecto e o relatório da pesquisa, portanto pode ser entendida como uma facilitadora da
aprendizagem, onde os estudantes poderão consultar, a qualquer hora, para suprimir suas
dúvidas quanto aos procedimentos, técnicas e normas de pesquisa. Importa, ainda, referir
que o presente Manual não pretende substituir a consulta de outros manuais de especialidade
na área de investigação. Ou por outra, sugerimos vivamente os nossos leitores a triangular as
perspectivas aqui convocadas.

Este Manual encontra-se organizado em oito unidades e as suas respectivas


subunidades: (I) Fundamentos da Metodologia Científica; (II) Os vários tipos de
conhecimento; (III) Recursos de pesquisa; (IV) Pesquisa Científica; (V) Etapas de
Elaboração da pesquisa científica; (VI) Apresentação e formatação gráfica de trabalhos
científicos; (VII) Execução do trabalho científico; (VIII) A investigação e as questões éticas.

Objectivos
O nosso objectivo neste manual, não é esgotar o assunto Metodologia de Investigação,
todavia, o de orientar esclarecimentos sobre as principais questões da área ao contexto
académico em que se insere. Sendo assim, este manual apresenta os seguintes objectivos:

 Fornecer o instrumental teórico e metodológico para que, ao final da disciplina, o


estudante tenha subsídios para compreender e expor a metodologia da pesquisa
científica;

 Fornecer aos estudantes os instrumentos para que sejam capazes de atingir os


objectivos da Academia, que são o estudo e a pesquisa em qualquer área de estudo;
UNIDADE I: FUNDAMENTOS DA METODOLOGIA CIENTÍFICA

1.1. O conceito de Metodologia de Investigação Científica (MIC).


Primeiramente, apresentamos a definição etimológica do termo: a palavra Metodologia
vem do grego “meta” = ao largo; “odos” = caminho; “logos” = discurso, estudo.

A Metodologia é compreendida como uma disciplina que consiste em estudar,


compreender e avaliar os vários métodos disponíveis para a realização de uma pesquisa
acadêmica. A Metodologia, em um nível aplicado, examina, descreve e avalia métodos e
técnicas de pesquisa que possibilitam a coleta e o processamento de informações, visando ao
encaminhamento e à resolução de problemas e/ou questões de investigação.

A Metodologia é a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados


para construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos
diversos âmbitos da sociedade.

Podemos assim afirmar que Metodologia científica é o conjunto de métodos, tecnicas


e procediemntos ordenados empregados na investigação dos factos ou na procura da verdade.

A metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exacta de toda acção


desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. A Metodologia Científica avalia
os vários métodos disponíveis para a investigação científica, identificando as suas limitações,
implicações e utilizações.

Minayo (20072 Apud Gerhardt e Silveira, 2009, p. 13) define metodologia de forma
abrangente e concomitante:

(...) a) como a discussão epistemológica sobre o “caminho do pen -samento” que o tema ou o objeto de
investigação requer; b) como a apresentação adequada e justificada dos métodos, técnicas e dos ins -
trumentos operativos que devem ser utilizados para as buscas relativas às indagações da investigação;
c) e como a “criatividade do pesquisa-dor”, ou seja, a sua marca pessoal e específica na forma de
articular teo-ria, métodos, achados experimentais, observacionais ou de qualquer outro tipo específico
de resposta às indagações específicas.

Para desenvolver o processo de Investigação Científica pode-se recorrer a diversos


caminhos metodológicos; a sua colocação está em função do objecto de investigação, que
condiciona o tipo de estudo que se requer para alcançar os objectivos propostos.

2
Minayo, M. C. de S. (2007). O desafio do conhecimento. 10ª. Ed. São Paulo: HUCITEC.
1.2. Objecto de estudo da investigação científica.
Objecto de estudo é o foco de um esboço, a questão dentro de um assunto ou grande
área a ser analisada ou investrigada. Sendo assim, o objecto de estudo da investigação
científica.

O objecto diz respeito ao facto que norteia os estudos de uma ciência, ou seja, o
objecto de estudo diz respeito a tudo aquilo que um indivíduo pode ter conhecimento, sobre o
que pode tomar qualquer atitude ou ao qual pode responder.

O objecto de estudo da Metodologia de investigação científica é o processo de


Investigação Científica, o qual está conformado por toda uma série de passos logicamente
estruturados e relacionados entre si. O estudo deste objecto, faz-se sobre a base de um
conjunto de características e de suas relações e leis.

Para Tesche et al. (19913 Apud Beuren et al. 2009, p. 29), “toda ciência tem um objeto
definido. A delimitação do objeto de estudo serve para orientar o campo de ação de cada
ciência.”

Alguns exemplos pertinentes:

 Ciências da comunicação: Conceitos, escolas e tendências;


 Economia: Os fenómenos que envolvem a escassez (indivíduos, famílias,
organizações/empresas);
 Arquitetura: Concepção arquitetónica de espaços urbanos;
 Relações Internacionais: Os atores que ocupam a política global e a percepção sobre a
natureza da interacção sobre eles;
 Informática: Informação automática;
 Contabilidade: Patrimônio.

O objecto de estudo é o centro, ou seja, a essência de uma pesquisa, não é o assunto,


todavia o que dentro de um assunto geralmente abrangente lhe da sentido. Sem definir o
objecto de estudo todo o trabalho de pesquisa resulta em confusão e perda de tempo.

3
Tesche, C. H. et al. (1991). Contabilidade: Ciência, técnica ou arte? Revista Brasileira de contabilidade, Rio de
Janeiro, ano XX, nº 76, p.13-21, jul./Set.
1.3. Objectivos da cadeira de MIC.

 Ter noções básicas de metodologia de investigação científica;

 Obter um conjunto de informações teóricas e práticas para que, no final da


disciplina/curso, o estudante tenha subsídios suficientes para compreender os vários
métodos de investigação científica;

 Prover o estudante de instrumentos metodológicos para que sejam capazes de


conduzir uma pesquisa científica na sua área de formação e não só;

 Estabelecer relações, diferenças e similitudes entre o conhecimento científico e


outras modalidades de conhecimento;

 Conhecer os processos aplicáveis à pesquisa científica em suas diversas etapas;

 Estimular os estudantes para que busquem respostas lógicas aos mais diversos
problemas sociais através do rigor científico.

1.4. Alusão às Normas Internacionais de investigação.

As normas internacionais de investigação, têm como objectivo padronizar formatos de


arquivo, texto e informam como proceder na apresentação dos trabalhos académicos e
científicos, sendo as suas regras recomendadas a todo pesquisador, para ter o seu trabalho
reconhecido como original.

As normas são leis utilizadas para padronizar, e indicam um padrão de qualidade.


Seguir as normas é importante para não existirem conflitos e a padronização ajuda na
comparação de pesquisas relacionadas a um mesmo assunto.

As normas de investigação surgem em função das divergências que ocorriam a nível


de conceituados centros de estudo, laboratórios de pesquisas e pesquisadores renomados que
apesar de todo o rigor científico que empregavam em seus trabalhos de pesquisa, não faziam
uso dos mesmos métodos para avaliação, ocorrendo frequentemente a parovação de uma
pesquisa em um centro/laboratório, e reprovação em outro.
Com esses problemas frequentes, a busca por uma metodologia e padronização única
resultou no surgimento da ISO (Internacinal Organization for Standardization), entidade
responsável por organizar as normas internacionais de publicação em trabalhos técnicos e
científicos.

A ISO conta com um comité de gestão, planeamento estratégico e desempenho de


actividades técnicas designado TMB (Techinical Managment Board), formado por doze (12)
entidades, a exemplo da ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas), SAC
(Standardization Administration of China) da China, AENOR (Spanish Assocition for
Standardization and Certification) da Espanha, AFNOR (Association Française de
Normalisation) da França, BSI (British Standards Instituition) do Reino unido, dentre outras.

1.5. As normas APA para a elaboração dos trabalhos académicos na UnIA

As regiões que não dispõe de uma norma própria, como é o caso de Angola,
geralmente adoptam a Norma APA (American Psychological Association), fundada em Julho
de 1892 na Universidade de Clark.

A opção pela utilização das Normas APA justifica-se pelo facto de tender a ser a mais
trilhada em termos internacionais. Basta indagar a maioria das revistas científicas e até
Dissertações/Teses (mestrado/doutoramento) para reconhecer que o modelo predominante é
o das Normas APA. A UnIA, tencionando afirmar-se não só ao nível nacional, mas ao nível
internacional, opta por aplicar este modelo para os cursos de Graduação.

Ao elaborar uma investigação científica o pesquisador deve privilegiar as suas


características centrais, ou seja, sistematicidade, objectividade e precisão terminológica.
Entretanto, o trabalho científico não se esgota em seu conteúdo, pois ainda há que
observar a sua “moldura”, sua apresentação. Da mesma forma, um trabalho científico deve
estar acompanhado da sua “moldura”, que, neste caso, representa as normas técnicas de
documentação, citações e referências preconizadas pela APA4 .

4
Observação: Detalhes da elaboração de citações e referências Bibliograficas nos pontos 3.7 e 3.8 deste
manual.
UNIDADE II: OS VÁRIOS TIPOS DE CONHECIMENTO

Saber e conhecer significam ter a posse de informações, ter a noção da ideia de


algo que se relaciona com o mundo envolvido, o conhecimento significa prática da vida,
consciência de si mesmo e acto ou efeito de saber e conhecer de forma metódica e organizada.

Etimologicamente, a palavra conhecimento, que deriva do latim cognoscere, é


sinónimo de “procurar entender” ou “conhecer junto” (Castilho, Borges & Pereira, 2014, p.
13).

Conhecimento significa incorporar um conceito novo, ou original, sobre um facto ou


fenómeno qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que
acumulamos na nossa vida cotidiana, através de experiências, dos relacionamentos
interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos.

Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e
transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por
diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento; somos os únicos capazes de
criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar as nossas próprias
experiências e passar para outros seres.

Ao criarmos este sistema de símbolos, através da evolução da espécie humana,


permitimo-nos também ao pensar e, por consequência, a ordenação e a previsão dos
fenómenos que nos cercam.

O processo da Investigação Científica, como parte do processo de ensino


aprendizagem, prepara o estudante para os caminhos lógicos do pensamento científico, que
resultam imprescindíveis para o desenvolvimento das capacidades cognitivas e criadoras, com
o qual o estudante assimila conceitos, leis e teorias que lhe permitem aprofundar a essência
dos fenómenos; do método questionamento, como via fundamental do enriquecimento do
conhecimento científico.

Ao se falar em conhecimento científico, é primordial diferenciá-lo de outros tipos de


conhecimento existentes. Para tal, analisemos o conhecimento popular, filosófico, religioso.
2.1. Conhecimento popular ou empírico

O conhecimento popular ou vulgar, é o modo comum, corrente e espontâneo de


conhecer, que se adquire no trato directo com as coisas e os seres humanos: “é o saber que
preenche a nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem a
aplicação de um método e sem se haver reflectido sobre algo”.
Características:
 Superficial: Conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar
simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como “porque o vi”,
“porque o senti”, “porque o disseram”, “porque todo mundo o diz”;
 Sensitivo: referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária;
 Subjectivo: o próprio sujeito que organiza as suas experiências e conhecimentos, tanto
os que adquire por vivência própria quanto os “por ouvi dizer”;
 Assistemático: pois esta “organização” das experiências não visa a uma sistematização
das ideias, nem na forna de adquiri-las nem na tentativa de validá-las;
 Acrítico: pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam
não se manifestam sempre de uma forma crítica.

2.2. Conhecimento filosófico

O conhecimento filosófico é valorativo, pois o seu ponto de partida consiste em


hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: "as hipóteses filosóficas baseiam-se
na experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação".

Características:
 Valorativo;
 Racional;
 Sistemático: as hipóteses e ditos visam a uma representação coerente da realidade
estudada, numa tentativa de apreendê-la na sua totalidade);
 Não verificável;
 Infalível: Exacto (as suas hipóteses, não são submetidas ao teste da observação
“experimentação”.
2.3. Conhecimento religioso

Conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem,
ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo.
Exemplo: Acreditar que alguém foi curado por um milagre; acreditar em reencarnação;
acreditar em espírito etc.
Características:
 Valorativo: por terem sido reveladas pelo sobrenatural;
 Inspiracional;
 Sistemático: do mundo - origem, significado, finalidade e destino - como obra de um
criador divino;
 Não verificável: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento
revelado;
 Infalível;
 Não discutível;
 Exacto.

2.4. Conhecimento científico

Constitui um conhecimento contingente, pois as suas proposições ou hipóteses têm sua


veracidade ou falsidade conhecidas através da experiência e não apenas pela razão, como
ocorre no conhecimento filosófico.
É o conhecimento racional, sistemático, exacto e verificável da realidade. A sua
origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. Podemos
então dizer que o Conhecimento Científico tem as seguintes características:
 É racional e objectivo;
 Atém-se aos factos;
 Transcende aos factos.
 É analítico;
 Requer exactidão e clareza;
 É comunicável;
 É verificável;
 Depende de uma investigação metódica;
 Busca e aplica leis;
 É explicativo;
 Pode fazer predições;
 É aberto (Pesquisa).

O conhecimento Científico surgiu como uma tentativa de organizar o pensamento para


se chegar ao meio mais adequado de conhecer e controlar a natureza. Já no fim do período do
Renascimento, Francis Bacon pregava o método indutivo como meio de se produzir o
conhecimento. Este método entendia o conhecimento como resultado de experimentações
contínuas e do aprofundamento do conhecimento empírico.
UNIDADE III: RECURSOS DE PESQUISA

Tratando-se de Ciência, a pesquisa é a busca de solução a um problema que alguém


queira saber a resposta. Não se deve dizer que se faz ciência, mas que se produz ciência
através de uma pesquisa. Pesquisa é, portanto o caminho para se chegar à ciência, ao
conhecimento.

A investigação científica, como processo, nem sempre responde a uma concepção teórica,
que a faça racional e económica, assumida em critérios empíricos e tradicionais; como
consequência disto incumpre determinadas etapas imprescindíveis na sua lógica de
desenvolvimento, o que supõe um esbanjamento de esforços humanos e de recursos. Pesquisa
é uma forma simples de “procurar respostas para indagações propostas.

3.1. Recursos tradicionais de pesquisa

I. Bibliotecas;
II. Arquivos ou centro de recursos.

3.2. Conceito de biblioteca

Após a delimitação do(s) objecto(s) de estudo da pesquisa, o pesquisador deve iniciar


a fase de levantamento dos materiais existentes sobre o tema ou das questões que determinam
os objectos de estudo.

O levantamento bibliográfico é um apanhado geral sobre os principais documentos e


trabalhos realizados a respeito do tema que escolheu, abordados anteriormente por outros
pesquisadores para a obtenção de dados para a pesquisa. Essa bibliografia deve ser capaz de
fornecer informações e contribuir com a pesquisa. O levantamento é realizado de acordo com
um dos dois tipos de pesquisa, dependendo do tema escolhido: o método de pesquisa
documental e o método de pesquisa bibliográfico.

O termo biblioteca surgiu na Grécia com o significado de “cofre do livro” e, por


extensão, significando o local onde os livros eram conservados, assim como as colecções de
livros em si mesmas.
Biblioteca: É toda colecção organizada de livros, periódicos ou qualquer outro tipo de
documento que ocupa um determinado espaço possibilitando o acesso a essa informação de
modo que atenda as necessidades dos usuários.

Os serviços oferecidos na biblioteca são classificados de diferentes modos conhecidos


como pesquisas, empréstimos, assistência ao usuário, disseminação selectiva de informação e
normalização técnica, cumprindo então a finalidade e sucesso dessa organização informativa
na transmissão da informação.

3.3. Tipos de biblioteca

O tipo de uma biblioteca é determinado pelas funções e serviços que oferece, pela
comunidade que atende, e pelo seu vínculo institucional. Neste âmbito, podemos classificar as
bibliotecas da seguinte forma:

 Biblioteca Pública: Tem por objectivo atender por meio do seu acervo e de seus
serviços os diferentes interesses de leitura e informação da comunidade em que está
localizada, colaborando para ampliar o acesso à informação, à leitura e ao livro, de
forma gratuita.
 Biblioteca Pública Temática: São aquelas que oferecem serviços especializados para
um determinado público e, por isso, são identificadas pelo público, tal como
Biblioteca Pública Infantil, ou Biblioteca Pública Especial. São bibliotecas públicas
que se caracterizam como especializadas em uma determinada área/assunto.
 Biblioteca Comunitária: Espaço de incentivo à leitura e acesso ao livro. É criada e
mantida pela comunidade local, sem vínculo directo com o Estado.
 Ponto de Leitura: Espaços de incentivo à leitura e acesso ao livro, criados em
comunidades, fábricas, hospitais, cadeias e instituições em geral.
 Biblioteca Nacional: Tem por função reunir e preservar toda a produção bibliográfica
do país.
 Biblioteca Escolar: Tem por objectivo atender os interesses de leitura e informação
da sua comunidade e trabalha em conformidade com o projecto pedagógico da escola
em que se insere.
 Biblioteca Universitária: Tem por objectivo apoiar as actividades de ensino, pesquisa
e extensão por meio de seu acervo e dos seus serviços. Atende estudantes, professores,
pesquisadores e comunidade académica em geral. É vinculada a uma unidade de
ensino superior, podendo ser uma instituição pública ou privada. A Biblioteca
Universitária tem por objectivo , dar continuidade ao trabalho começado pela
Biblioteca Escolar.

3.4. O arquivo

O conceito de arquivo tem variadas significações, conforme à sua integração.


Podemos falar de um edifício, de um serviço, de um acto administrativo ou de um conjunto
documental. Interessa-nos trabalhar com a definição de “Arquivo” enquanto conjunto
documental.

Arquivo: é um conjunto fundamental de documentos, independentemente da sua data, forma


e suporte material, produzidos ou recebidos por uma pessoa jurídica, singular ou colectiva ou
por um organismo privado, no exercício da sua actividade e preservados a título de prova ou
informação.

3.5. Recursos eletrónicos

Além dos habituais recursos tradicionais de pesquisa (bibliotecas, arquivos ou centro


de recursos), nesta secção, apresentamos alguns recursos electrónicos (bases de dados
digitais, internet, revistas electrónicas, arquivos científicos…) que surgem para coadjuvar o
processo de pesquisa científica.

Sendo um Manual, do que se trata é de sugerir uma metodologia para facilitar


o acesso às fontes bibliográficas. Conquanto, importa, antes de mais, seguir alguns
procedimentos para ter sucesso nesta árdua e difícil tarefa, particularmente em relação à
pesquisa na internet (Canastra, Haanstra e Vilanculos, 2015, pp. 37-38):

 Triangular, na medida do possível, a recolha dos diferentes sítios Web (integração);


 Partir da informação inicial para, posteriormente, realizar buscas mais
aprofundadas e delimitadas em relação ao tema/problemática de pesquisa
(aprofundamento);
 Comparar a informação recolhida com outras fontes disponíveis, particularmente
em sítios Web ligados às universidades (contraditório);
 Recorrer, sempre que possível, a fontes credíveis para apurar a qualidade e a
pertinência científicas (fiabilidade).
Há inúmeras possibilidades de pesquisar informação séria, pertinente e rigorosa:

a) O Google Académico. Acedido a 19 de fereiro de 2020 em


http://scholar.google.pt/.
b) O Google Books. Acedido a 19 de fevereiro de 2020 em http://books.google.pt/.
c) Biblioteca on line. Acedido a 20 de fevereiro de 2020 em
http://biblioteca.universia.net/.
d) Biblioteca do conhecimento on line. Acedido a 20 de fevereiro de 2020 em
http://www.b-on.pt/.

3.6. Bases de dados digitais (internet, revistas electrónicas, repositórios científicos).

As bases de dados são excelentes ferramentas de pesquisa, em pouco tempo,


consegue-se aceder a variedade de fontes relacionadas com uma determinada problemática ou
objecto de estudo. Sugerimos algumas:

 LATINDEX (Sistema de informação que disponibiliza revistas científicas que são


publicadas nos países da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal). Acedido a 10
de Março de 2020 em http://www.latindex.unam.mx/.
 DIALNET (Base de dados que disponibiliza dissertações e revistas electrónicas, por
área disciplinar). Acedido a 18 de Março de 2020 em http://dialnet.unirioja.es/.
 SCIELO (Base de dados que disponibiliza artigos científicos, por área disciplinar).
Acedido a 18 de Março de 2020 em http://www.scielo.org/php/index.php.
 BOCC (Biblioteca Online das Ciências da Comunicação). Acedido a 2 de Abril de
2020 em http://www.bocc.uff.br/.
 INFORMÁTICA (bases de dados). Acedido a 2 de Abril de 2020 em
http://vlib.org/Computing.
 UNESCO (base de dados). Acedido a 2 de Abril de 2020 em
http://www.ibe.unesco.org/en/services/online- materials/databases.html.
 ENGENHARIA ALIMENTAR (bases de dados). Acedido a 1 de Abril de 2020 em
http://biblioteca.ulusofona.pt/index.php/areas/43-engenharias/633.
engenhariaalimentar.
3.7. Elaboração das Citações e Referências Bibliograficas

Citações são estratos de textos consultados em livros, artigos, sites, notícias), que
sejam relevantes para dar suporte a narração (concepções) do autor. Elas servem para dar
credibilidade aos textos, particularmente científicos. Citações são parte fundamental de
qualquer trabalho acdémico.

De forma simplificada, citação é a referência da informação extraída de outros


documentos. Tende a contextualizar o trabalho na temática, dando credibilidade e registrando
opiniões similares ou conclusões opostas.

A primeira coisa que devemos fazer ao escrever sobre qualquer tema é ler, desta feita,
ao fazer as leituras, é de suma importância seleccionar estratos das leituras das mesmas.

A citação5 num texto académico (ou artigo) requere a inclusão do sobrenome do autor
da fonte, adata de publicação e um número de página entre parêntesis (excepcionalmente).
Qualquer que seja o método adotado para a citação, deve ser seguido consistentemente ao
longo de todo trabalho, permitindo a sua correspondência na lista de referências ou em notas
de rodapé.

As citações classificam-se em:

 Directa;
 Indirecta;
 Curta;
 Longa.
Independendetemente da sua classificação, elas podem apresentar as seguintes
particularidades:
 Citação de citação;
 Citação comum de um (1) a três (3) autores;
 Citações com mais de três (3) autores.

5
As orientações para referências e citações aqui fornecidas estão de acordo com as Normas American
Psychological Association (APA) (6.ª Ed.).
Referências Bibliograficas

As referências têm por finalidade, informar a origem das ideias apresentadas no


decorrer do trabalho. Nesse sentido, apresente-as completas para facilitar a localização dos
documentos.

As referências são um elemento pós textual (obrigatório), apresentado em ordem


alfabética, e devem ter alguns elementos indispensáveis, como:

a) Autor (es) (quem?);


b) Data de publicação da obra (quando?).
c) título (o quê?);
d) Edição (à partir da 2ª);
e) Local de publicação (onde?);
f) Editora (Obra sob responsabilidade de..).

3.7.1. Citação Directa

Transcrição fiel da ideia do autor do texto consultado, sem alterações de escrita,


incluisive de erros de ortografia. Apresenta-se imperiosamente no início da frase.

Ex: Para Marconi e Lakatos (2003, p. 94), “A denominação de "negação do conseqüente",


para este tipo, deriva do fato de que a primeira premissa é um condicional, sendo a segunda
uma negação do conseqüente desse mesmo condicional”.

Exemplo na Referência. Marconi, E. M. de A.; Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos da


metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Atlas.

3.7.1.1. Citação com omissão ou supressão

Quando for omitido um trecho ou parte deste, a parte omitida é indicada por
reticências entre colchetes. As supressões podem ser utilizadas (nas citações directas) desde
que não alterem o sentido da frase. Se as reticências entre colchetes forem utilizadas no final
da citação, indicam que o trecho original não termina ali. Por outro lado, quando as
reticências entre colchetes aparecem ni início da citação indicam que a mesma não está a ser
transcrita desde o início.
Ex: Na óptica de Marconi e Lakatos (2003, p. 110), “o método funcionalista considera, de um
lado, a sociedade como uma estrutura complexa de grupos ou indivíduos [...] de outro, como
um sistema de instituições correlacionadas entre si, agindo e reagindo umas em relação às
outras”.
Exemplo na Referência. Marconi, M. de A.; Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos da
metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Atlas.

3.7.2. Citação Indirecta

É um texto baseado na obra do autor consultado, ou seja, só aparece o autor e data


uma vez que a ideia do autor é resumida e interpretada por quem o citou. Estamos, portanto,
perante uma “paráfrase”. No exemplo a seguir, apresentamos uma citação na forma de
«transcrição»:

Ex: Chamamos negação do consequente, porque o primeiro argumento é insignificante, sendo


a segunda uma negaçãoderivada desse mesmo condicional (Marconi & Lakatos (2003).

Exemplo na Referência. Marconi, E. M. de A.; Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos da


metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Atlas.

3.7.3. Citação Curta

Citação curta é a menção, no texto, de uma informação extraída de outra fonte com até
três linhas ou 40 palavras.

Ex1: Citação curta/directa: Para Marconi e Lakatos (2003, p. 94), “A denominação de


"negação do conseqüente", para este tipo, deriva do fato de que a primeira premissa é um
condicional, sendo a segunda uma negação do conseqüente desse mesmo condicional”.

Ex2: Citação curta/indirecta: Chamamos negação do consequente, porque o primeiro


argumento é insignificante, sendo a segunda uma negaçãoderivada desse mesmo condicional
(Marconi & Lakatos (2003).

Exemplo na Referência. Marconi, E. M. de A.; Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos da


metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Atlas.
3.7.4. Citação longa

Citação longa é a menção, no texto, de uma informação extraída de outra fonte com
mais de três linhas. Deve ser destacada com recuo de 1,5 cm da margem esquerda, com letra
no tamanho 10, sem as aspas e com espaçamento simples (1 cm) entrelinhas.

Ex1Citação longa/directa: Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 110):

O método funcionalista considera, de um lado, a sociedade como uma estrutura complexa de grupos
ou indivíduos, reunidos numa trama de ações e reaçóes sociais; de outro, como um sistema de
instituições correlacionadas entre si, agindo e reagindo umas em relação às outras. Qualquer que seja
o enfoque, fica claro que o conceito de sociedade é visto como um todo em funcionamento, um
sistema em operação. E o papel das partes nesse todo é compreendido como Junções no complexo de
estrutura e organização.

Ex2 Citação indirecta/longa:

O método funcionalista considera, de um lado, a sociedade como uma estrutura complexa de grupos
ou indivíduos, reunidos numa trama de ações e reaçóes sociais; de outro, como um sistema de
instituições correlacionadas entre si, agindo e reagindo umas em relação às outras. Qualquer que seja
o enfoque, fica claro que o conceito de sociedade é visto como um todo em funcionamento, um
sistema em operação. E o papel das partes nesse todo é compreendido como Junções no complexo de
estrutura e organização (Marconi & Lakatos, 2003).

Exemplo na Referência. Marconi, E. M. de A.; Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos da


metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Atlas.

3.7.5. Citação de citação

É uma citação directa ou indirecta de um texto, sendo que não tivemos acesso ao
original. Identificamos a obra directamente consultada, o autor e a obra citada, acrescidos do
termo latino apud (citado por, conforme, segundo). Nas referências (em rodapé),
mencionamos os detalhes da obra não consultada, a obra em observação deve ser detalhada
nas referências bibliograficas.

Ex: É importante definir todos os termos que possam dar margem a interpretações errôneas,
indevidas. “O uso de termos apropriados, de definições corretas, contribui para a melhor
compreensão da realidade observada. (Lakatos & Marconi, 20076 Apud Prodanov & Freitas,
2013, p. 132).
Exemplo na Referência. Prodanov, C. C.; Freitas, E. C. (2013). Metodologia do trabalho
científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2ª ed. Rio Grande do
Sul: Feevale.
6
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. (2007). Fundamentos de metodologia científica. 6ª. Ed. 5. reimp. São
Paulo: Atlas.
3.7.6. Citação comum de um (1) a três (3) autores

Quando as citações possuem três autores e são incluídas no texto, são feitas pelos
sobrenomes dos autores, com a primeira maiúscula seguida de minúsculas, e a separação do
primeiro autor do segundo se dá por meio de uma vírgula (,) e do segundo autor para o
terceiro, por meio da conjunção “e/&” (em minúsculo), seguidos do ano e da página entre
parênteses.

Ex: Os seres humanos primitivos não conseguiam entender os fenómenos naturais.


Fundamento este que, os guiava a apoiar-se no medo, por absoluta impotência diante do
incompreensível, como as tempestades, os raios, as variações de temperatura (Kauark,
Malhães & Medeiros, 2010).

Exemplo na Referência. Kauark, F. da S.; Malhães, F. C.; Medeiros, C. H. (2010).


Metodologia da pesquisa: Um guia prático. Bahia: Via Litterarum.

3.7.7. Citações com mais de três (3) autores

Utilizarmos citações com mais de três autores indicando o sobrenome do primeiro


autor com a primeira maiúscula seguida de minúsculas, seguido da expressão “et al.” (e
outros) grafada em minúsculo, informando em seguida o ano e a página entre parênteses.

Ex: A maioria das tipologias, a pesquisa documental pode integrar o lista de pesquisas
utilizadas em um mesmo estudo ou se caracterizar como o único delineamento utilizado para
tal (Beuren et al., 2006).

Exemplo na Referência. Beuren, I. M. et al. (2008). Como elaborar trabalhos


monográficos em contabilidade. 3 ª ed. São Paulo: Atlas.

3.7.8. Citação de um mesmo autor com mesma data de publicação

Este tipo de citação é inserido no texto quando estamos diante de vários documentos
do mesmo autor, publicados num mesmo ano, devem ser identificados, no corpo do texto,
após o ano de publicação pelos sufixos a, b e c, sem espacejamento e em ordem alfabética. Na
lista de referências, são ordenados alfabeticamente pelo título.

Ex: (Marconi & Lakatos, 2003a)


Marconi & Lakatos (2003b).

(Marconi & Lakatos, 2003c).

Exemplo na Referência. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. (2003a). Metodologia do


trabalho científico. 4.ªed. São Paulo:Atlas.
_______________________________ (2003b). Técnicas de Pesquisa. Planejamento e
execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e
interpretação de dados. 3.ªed. São Paulo: Atlas.
_______________________________ (2003c). Metodologia do trabalho científico. 6ª ed. São
Paulo: Atlas.

3.7.9. Citação de autoria institucional

As associações, colectividades, agremiações, órgãos governamentais, entre outros, são


escritos por extenso, apenas na primeira citação e abreviado nas citações subsequentes.

Ex: As normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (2011) orientam a


escrita e informam como proceder na apresentação dos trabalhos académicos e científicos,
sendo suas regras recomendadas a todo pesquisador, para ter seu trabalho reconhecido como
original.

Exemplo na Referência. Associação Brasileira de Normas e Técnicas (2011).


Informação e documentação de trabalhos acadêmicos apresentação. São Paulo: Autor.
ABNT/NBR.

3.7.10. Citação de leis e decretos

Ex 1: O órgão de fiscalização das instituições financeiras bancárias pode ser composto


por um Conselho Fiscal, fixado pelos estatutos da sociedade, ou por um fiscal- único,
salvaguardado o disposto na Lei das Sociedades Comerciais (Lei nº 12/2015).

Ex 2: Segundo o artigo 2. do subsistema de ensino Superior, o disposto no presente decreto


aplica-se a todas as instituições de ensino superior que integram legalmente o subsistema de
ensino superior. (Decreto n. 90, 2009).
Exemplo na Referência. Lei n. 12 de 2015. Definiu o regime jurídico a que deve obedecer o
processo de estabelecimento e o exercício de actividade das instituições financeiras. Publicado
no Diário da República, I série, nº 89, de 17 de Junho.
Ex 2. Decreto n. 90 de 15 de Dezembro de 2009. estabelece as normas gerais reguladoras do
subsistema de ensino superior. Capítulo 1. Âmbito, Princípios e Objectivos. Conselho de
Ministros.

3.7.11. Citação de site inteiro

A Citação de web site inteiro deve ser apresentada no corpo do texto com o endereço
do site completo e a data de recuperação dos dados pesquisados, e não precisa ser
considerada na lista de referências Bibliográficas.

Ex: ...a Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado/FECAP (http://www.fecap.br/,


recuperado em 26 de Janeiro, 2 016) entrou na década de 30 como uma instituição de elite
que fazia jus à importância de São Paulo no cenário nacional e certamente atendia à missão
proposta por seus fundadores.
UNIDADE IV: PESQUISA CIENTÍFICA

Pesquisa é o conjunto de actividades que têm por finalidade a descoberta de novos


conhecimentos no domínio científico, literário, artístico etc. Podemos ainda definir pesquisa
como pesquisa é a busca de novos conhecimentos que ampliam a base do próprio
conhecimento. É ilimitada, sem preconceitos e sistematiza o conhecimento em qualquer área
do saber.

4.1.Classificação da pesquisa científica

Em sentido amplo, pesquisa é uma actividade voltada para a busca de um determinado


conhecimento. Sob o ponto de vista da sua natureza, a pesquisa pode ser classificada em:
Básica e Aplicada.

4.2.Pesquisa Aplicada

A pesquisa aplicada visa aplicações práticas, com o objectivo de solucionar problemas


que surgem no dia-a-dia, que resultam na descoberta de princípios científicos que promovem
o avanço do conhecimento nas diferentes áreas.

Este tipo de pesquisa se empenha em desenvolver, testar e avaliar produtos e


processos, encontrando fundamentos nos princípios estabelecidos pela pesquisa básica e
desenvolvendo uma tecnologia de natureza utilitária e finalidade imediata.

4.3.Pesquisa Básica

O objectivo da pesquisa básica é gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da


ciência sem a aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais.

A pesquisa básica tem caracter intelectual, procura alcançar o saber para a satisfação
do desejo de adquirir conhecimentos e proporcionar informações possíveis de aplicações
práticas, sendo desvinculada de finalidades utilitárias imediatas, não sofrendo limitação de
tempo. É dirigida à geração do conhecimento científico não aplicável, imediatamente à
solução de demandas tecnológicas específicas. Ela amplia generalizações, define leis,
estruturas, sistemas e teorias.
4.4.Divisão da Pesquisa Básica

A pesquisa distribui-se quanto aos objectivos propostos, quanto a abordagem do


problema e ainda, quanto às técnicas e procedimentos utilizados.

4.5.Divisão da Pesquisa básica quanto a abordagem do problema

Quanto à forma de abordagem do problema cuja resposta se deseja buscar, a pesquisa


pode ser quantitativa ou qualitativa.

4.5.1 Pesquisa quantitativa

A Pesquisa quantitativa representa tudo aquilo que pode ser mensurado, medido. A
pesquisa quantitativa, que utiliza intensivamente a estatística, expressa em números os
resultados obtidos, pois seu objecto de estudo pode ser quantificado.

O objecto de pesquisa é altamente descritivo, o investigador pretenderá sempre obter o


maior grau de correcção possível dos dados, assegurando, assim, a confiabilidade de seu
trabalho. Expressa quantificar dados, opiniões, nas formas de colecta de informações, assim
como também o emprego de recursos e técnicas estatísticas desde as mais simples, como
percentagem, média, etc. até os mais complexos como coeficiente de correlação.

É empregada no desenvolvimento das pesquisas de âmbito social, económico, de


opinião, de administração, representando, em linhas gerais, uma forma de garantir a precisão
dos resultados.

4.5.2 Pesquisa Qualitativa

Pesquisa qualitativa é a qualidade como prioridade de ideias, coisas e pessoas que


permite que sejam diferenciadas entre si de acordo com as suas naturezas. O objecto da
pesquisa vai ser tratado de forma radicalmente diferente da modalidade anterior de
investigação.

A pesquisa qualitativa também pode possuir um conteúdo altamente descritivo e pode


lançar mão de dados quantitativos incorporados em suas análises. Justifica-se o facto de o
tratamento qualitativo de um problema, que pode até ser uma preferência do pesquisador,
apresentar-se de uma forma adequada para poder entender a relação de causa e efeito do
fenómeno e consequentemente chegar a sua verdade e razão.
4.6.Divisão da Pesquisa básica quanto aos objectivos propostos

Quanto aos objectivos, ela pode ser dividida em exploratória, descritiva, Explicativa e
prescritiva.
a) Pesquisa Exploratória – é o primeiro passo do trabalho científico. Geralmente é a
bibliográfica, pois se avalia a possibilidade de desenvolver uma pesquisa sobre
determinado assunto. Visa oferecer informações sobre o assunto, definir os objectivos
da pesquisa e orientar a formulação da hipótese.

A pesquisa exploratória possui planeamento flexível, o que permite o estudo do tema sob
diversos ângulos e aspectos. Em geral, envolve:
 Levantamento bibliográfico;
 Entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema
pesquisado;
 Análise de exemplos que estimulem a compreensão.

b) Descritiva – promove estudo, análise, registro e interpretação dos factos do mundo


físico, sem a interferência do pesquisador. Geralmente os dados são colhidos pela
aplicação de entrevista, questionário e observação.

As pesquisas descritivas são, juntamente com as pesquisas exploratórias, as que


habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. Em sua
forma mais simples, as pesquisas descritivas aproximam-se das exploratórias, quando
proporcionam uma nova visão do problema.

c) Explicativa – esse tipo de pesquisa é a mais complexa, pois registra, analisa,


interpreta os factos e identifica as suas causas. A maioria das pesquisas explicativas é
experimental, em que se manipula e se controla as variáveis.

A pesquisa explicativa assume, em geral, as formas de Pesquisa Experimental e


Pesquisa Ex-post-facto. As pesquisas explicativas são mais complexas, pois, além de registrar,
analisar, classificar e interpretar os fenômenos estudados, têm como preocupação central
identificar seus fatores
determinantes.
4.7. Divisão da Pesquisa Básica quanto às técnicas e procedimentos utilizados

a) Pesquisa bibliográfica – é baseada na consulta de todas as fontes secundárias


relativas ao tema que foi escolhido para a realização do trabalho. Abrange todas as
bibliografias encontradas em domínio público como: livros, revistas, monografias,
teses, artigos de internet, etc. É válido salientar que o que é pesquisado para o
levantamento do referencial teórico não fará parte da pesquisa propriamente dita, pois
o mesmo é a forma de comprovação que seu problema tem fundamento científico.

b) Pesquisa documental – é a pesquisa que se fundamenta na colecta de dados, de


documentos escritos ou não, através das fontes primárias, realizadas em bibliotecas,
institutos e centros de pesquisa, museus, acervos particulares (igrejas, escolas, bancos,
postos de saúde, cartórios, hospitais) e públicos (documentos de órgãos oficiais como
ofícios, leis, escrituras) e outros como fontes estatísticas, fontes do direito, livros de
apuração, balancetes contábeis e financeiros e comunicações realizadas pelos meios de
comunicação orais e audiovisuais (rádio, televisão, filmes, mapas), etc.

c) Pesquisa experimental – esta pesquisa se divide em:

 Pesquisa de campo – é utilizada para gerar conhecimentos relativos a um problema,


testar uma hipótese ou provocar novas descobertas em uma determinada área. Baseia-
se em projectos de pesquisa que determina as hipóteses, os objectivos e a metodologia
utilizada para efectuar as observações controladas, as variáveis a serem observadas e
analisadas, a amostragem, a técnica de colecta de dados, a preparação das informações
e a análise estatística.
 Pesquisa de laboratório – é uma investigação em que o pesquisador manipula as
variáveis e faz os seus controles. A pesquisa é realizada em ambientes fechados, reais
ou Artificiais, geralmente controlados. A maioria dessas pesquisas é experimental,
feitas com pessoas, animais, vegetais e minerais.

d) Pesquisa Levantamento – é a coleta de informações obtidas diretamente com pessoas


envolvidas na situação ou por meio de outras fontes. O censo populacional é um
exemplo típico deste tipo de pesquisa.
e) Pesquisa participante – caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros
das situações investigadas, envolvendo posições valorativas. Emprega-se no
estudo de comunidades minoritárias para evidenciar valores, resistência,
comportamentos, etc.
f) Pesquisa-acção – é o tipo de pesquisa que “os pesquisadores desempenham um papel
activo no equacionamento dos problemas encontrados, no acompanhamento e na
avaliação das ações desencadeadas em função dos problemas”. Neste tipo de
pesquisa existe o envolvimento do pesquisador e das pessoas envolvidas com a
situação analisada o que supõe uma forma de acção planeada, de caráter social,
educacional ou técnico na solução de problemas.
g) Estudo de caso – é caracterizado por ser uma pesquisa que tem como objecto de
investigação uma entidade bem definida, como por exemplo, uma pessoa ou um
grupo de pessoas, uma comunidade, uma organização, uma implantação de um
processo, etc., tomados como uma unidade de análise. Realiza um estudo exaustivo
de um fenómeno para o seu conhecimento detalhado.
UNIDADE V: ETAPAS DE ELABORAÇÃO DA PESQUISA
CIENTÍFICA
Para que um estudo seja considerado científico, devem ser observados critérios de
coerência, consistência, originalidade e objectivação. É desejável que uma pesquisa científica
preencha os seguintes requisitos: a existência de uma pergunta a que desejamos responder; a
elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta; a indicação do grau de
confiabilidade na resposta obtida. A elaboração de uma pesquisa científica dependerá
basicamente das seguintes etapas:

5.1. A escolha e delimitação do tema de pesquisa (Factores a considerar na selecção do


tema)
A escolha do tema de uma pesquisa deverá levar em conta sua atualidade e relevância,
o conhecimento a respeito, a preferência e a aptidão pessoal do pesquisador para lidar com o
tema escolhido. A definição do tema pode surgir com base na sua observação do cotidiano, na
vida profissional, em programas de pesquisa, em contato e relacionamento com especialistas,
no feedback de pesquisas já realizadas e em estudos da literatura especializada.

5.2. Formulação do objecto, problema e objectivos da pesquisa

A definição do objecto de estudo pode ser caracterizada como um desdobramento da


pergunta básica do estudo, ou seja, os itens que serão pesquisados para solucionar o problema
de pesquisa. Devemos extrair os referidos objectos de pesquisa da própria questão central do
estudo: com o problema formulado, podemos verificar o direccionamento da pesquisa por
meio dos objectos de estudo levantados a partir do desdobramento da questão delimitada
como problema de pesquisa.

5.2.1. O problema científico

Após a escolha do tema e delimitado seu campo de actuação, devemos “transformar” o


tema em uma questão básica. Acreditamos que é mais importante para o desenvolvimento da
ciência saber formular problemas do que encontrar soluções.

O problema envolve uma dificuldade teórica ou prática para a qual procuramos


solução, isto é, ou seja, o problema é uma dúvida (questão) que se pretende
solucionar/responder por via de uma discussão científica.
A formulação de perguntas e o levantamento de hipóteses fazem com que o
pesquisador penetre no conhecimento científico, buscando material bibliográfico para o
aprimoramento de seu estudo. Para que um problema seja um questionamento científico deve
reunir determinados requisitos como:

 A formulação do problema deve apoiar-se em um conhecimento científico prévio do


mesmo.
 A solução que se alcança ao problema estudado, deve contribuir ao desenvolvimento
do conhecimento científico, ao desenvolvimento da ciência.
 Deve formular-se aplicando os conceitos, categorias e leis do ramo do saber que se
investiga.
 O problema surge como resultado do diagnóstico da situação do objecto em que se
manifesta um conjunto de fenómenos, factos e processos não explicáveis.
 Para obter uma formulação bem-sucedida do problema, é necessário conhecer a teoria
e a história precedente sobre o mesmo.

Um problema deve reunir determinadas qualidades para que se considere científico


como tal:
1) Objectividade - Todo problema tem que responder a uma necessidade real da
sociedade: (Importância prática e sua significação social). O problema tem que ser a
expressão de um desconhecimento científico, a solução de um problema tem que
trazer como resultado a aparição de um novo conhecimento.
2) Especificidade - Não pode ser imprecisa, ao extremo de ser vago. Para isso se faz
necessário determinar qual vai ser o objecto de estudo da investigação e que questões
particulares nos interessam.
3) Acessibilidade - Os termos implicam que a formulação do problema, precisa ser
definida de forma tal que, permita o trabalho directo do investigador na busca da
informação teórica e empírica em um tempo adequado.

Assim, uma vez formulado o problema de pesquisa, o pesquisador tem mais claros os
caminhos que deve percorrer, pois já delimitou o ponto de partida e de chegada do seu estudo.
Quadro 1 - Definição do tema e formulação do problema

TEMA PROBLEMA

A educação da mulher: a perpetuação da A mulher é tratada com submissão pela


injustiça. sociedade?

A qualidade no atendimento ao cliente Que políticas de gestão são adoptadas no


como factor de competitividade Banco Angolano de Investimentos a fim de
empresarial (Estudo de caso banco: garantir que a qualidade no atendimento ao
angolano de investimento- BAI). cliente seja um factor de competitividade
empresarial?
Análise do impacto da estruturação do Qual o impacto da estruturação de um plano
plano de negócios como consequência do de negócios como consequência do projecto
projecto empresarial. (fidelidade seguros Empresarial da Fidelidade Seguros Angola
angola S.A. S.A.?

O papel dos recursos humanos na inclusão Qual o papel dos recursos Humanos nas
dos portadores de deficiência: estudo de acções efectivas que interpõem à inclusão de
caso: SGA. pessoas com deficiência Física na Empresa
SGA?

Fonte: Adaptada de Prodanov e Freitas (2013, p. 83).

5.3. Construção de hipóteses ou outras questões de investigação

Em um trabalho de pesquisa, as hipóteses têm um papel fundamental de sugerir


explicações para os factos que podem ser a solução do problema. Devem ser elaboradas de
modo a conduzir a uma verificação empírica. Normalmente se originam da observação de
factos, de outras pesquisas, de teorias e da intuição. O trabalho de pesquisa, então, irá
confirmar ou refutar a hipótese (suposição) levantada.

Em geral, há uma hipótese básica, a principal resposta provável, suposta e temporária


para um problema de pesquisa, e outras secundárias, isto é, afirmações complementares da
resposta básica.

Um mesmo problema pode ter várias hipóteses, que são soluções possíveis para a sua
resolução. Além disso, à medida que verificarmos uma hipótese e não pudermos comprová-la,
isto é, a explicação não se ajustar ao problema, automaticamente poderemos criar outra, agora
com maior grau de informação do que antes.
Característica das hipóteses:

Podemos considerar a hipótese como um enunciado geral de relações entre variáveis


(fatos e fenómenos). Listamos algumas características ou critérios necessários para a validade
das hipóteses. São eles:

 Consistência lógica: o enunciado das hipóteses não pode conter contradições e deve
ter compatibilidade com o corpo de conhecimentos científicos;
 Verificabilidade : devem ser passíveis de verificação;
 Simplicidade: devem ser simples, evitando enunciados complexos;
 Relevância: devem ter poder preditivo e/ou explicativo;
 Apoio teórico: devem ser baseadas em teoria, para ter maior probabilidade de
apresentar pura contribuição ao conhecimento científico;
 Especificidade: precisam indicar as operações e as previsões a que elas devem ser
expostas;
 Possibilidade e clareza: devem propor algo admissível e que o declarado possibilite o
seu entendimento;
 Profundidade, produtividade e originalidade: devem especificar os mecanismos aos
quais obedecem para alcançar níveis mais profundos da realidade, favorecer o maior
número de deduções e expressar uma solução nova para o problema.

Exemplo:

Se tivermos como situação problemática: Como o Marketing de patrocínio contribui no


processo de construção da marca das organizações? – Podemos apresentar como hipóteses:

 Organizações que patrocinam causas éticas, ambientais e sociais possuem melhoria


de imagem e crescimento de vendas junto à comunidade;
 O marketing de patrocínio fortalece o envolvimento dos funcionários com a missão
da empresa.

5.4. Recolha das informações bibliográficas

Após a escolha do tema, o pesquisador deve iniciar amplo levantamento das fontes
teóricas (relatórios de pesquisa, livros, artigos científicos, monografias, dissertações e teses),
com o objectivo de elaborar a contextualização da pesquisa e seu embasamento teórico, o qual
fará parte do referencial da pesquisa na forma de uma revisão bibliográfica (ou da literatura),
procurando identificar o “estado da arte” ou o alcance dessas fontes.

Nessa etapa, estudamos as mais recentes obras científicas disponíveis que abordem o
assunto ou que deem embasamento teórico e metodológico para o desenvolvimento do
projecto de pesquisa. É aqui também que são esclarecidos os principais conceitos e termos
técnicos a serem utilizados na pesquisa. A revisão da literatura demonstra que o pesquisador
está atualizado nas últimas discussões no campo de conhecimento em investigação.

5.4.1. Critérios de decisão para a utilização das informações bibliográficas

a) Qualidade: Este critério relaciona-se com as características da fonte


propriamente dita:
 Sendo um texto, está bem redigido?
 Sendo uma fonte científica, segue os procedimentos metodológicos adequados?
 Os autores são reconhecidos especialistas na área?
 Sendo dados estatísticos, como estão organizados?

b) Fiabilidade: Este critério relaciona-se com a origem da produção da fonte,


nomeadamente o editor ou onde a fonte se encontra:
 Sendo um artigo científico, a revista científica tem conselho editorial? Está
classificada/inserida em bases de dados ou indexes? O editor é uma instituição
académica ou associação de profissionais/investigadores na área?
 Sendo um website, como são selecionados os dados que são apresentados?
 Sendo dados estatísticos qual é a entidade responsável pela sua recolha e tratamento?

c) Pertinência: Este critério refere-se à adequação que a informação contida na fonte


terá para os objectivos da pesquisa que se está a desenvolver:
 É informação central ou acessória para a pesquisa?
 Trás valor acrescentado ou é simplesmente informação duplicada?
 Sendo dados estatísticos, o seu formato é ou não ajustado à pesquisa?
Este critério deve ser aplicado após se verificarem o Critério a) e o Critério b), ou seja,
não é suficiente que a fonte tenha pertinência; terá, em primeiro lugar, de ter Qualidade
e ser Fiável.
5.5. Selecção de métodos e técnicas de pesquisa

Nesta fase do trabalho científico normalmente denominada “metodologia da pesquisa


ou simplesmente metodologia”, o pesquisador precisa analisar sob o ponto de vista da
abordagem do problema, à pesquisa pode ser:

 Quantitativo; ou
 Qualitativo.
Obs: Rever os ponto 4.5.1 e 4.5.2.
O ponto a seguir será, rever os objectivos e determinar o seu ponto de vista, se
exploratória, descritiva ou explicativa. Deve-se necessariamente determinar também a
população/amostra e a respectiva amostragem ou sujeitos de pesquisa e de igual modo a
respectiva amostragem.

5.6. Organização instrumental da pesquisa

No que tange a organização instrumental da pesquisa ou técnicas e procedimentos


utilizados, deve-se declarar o tipo de recolha de dados escritos (Bibliográficos ou
documentais), o tipo de pesquisa experimental (campo ou laboratório), o tipo de colecta à se
fazer (estudo de caso; pesquisa acção; pesquisa participante ou de levantamento).

Para a organização instrumental de um trabalho de pesquisa precisa-se também


determinar os métodos de recolha e tratamento de dados.

No enfoque quantitativo, as principais técnicas de recolha de dados são:

 Inquérito por questionário (survey);


 Escalas de medição;
 Testes.
Para o tratamento dos dados neste tipo de pesquisa, recorre -se frequentemente nos
testes estatísticos de tipo descritivo.

A meta do enfoque qualitativo visa:


 Entrevista estruturada com categorias de resposta pré-definidas;
 Observação participante;
 Análise documental.
Para a abordagem qualitativa, o tratamento é feito com base na análise de conteúdo ou
análise de narrativa.

5.7. Recolha, análise e apresentação dos dados empíricos

5.8. Redacção
A redacção de um trabalho científico requer cuidados essenciais no que diz respeito à
expressividade comunicativo-discursiva para representar o conteúdo do estudo, de maneira
que o texto, na sua tessitura, seja apresentado de forma coerente e coesa, com consistência
quanto à temática e seu desenvolvimento teórico e metodológico no campo da ciência no qual
se circunscreve. É recomendável redigir o texto académico utilizando a terceira pessoa do
singular.

O desenvolvimento do texto deve pautar-se pela clareza e objectividade dos


enunciados, organizados em parágrafos articulados, elaborados gramatical e ortograficamente
correctos, de acordo com a norma culta padrão da língua portuguesa e primando pela
sobriedade gráfica. A linguagem em sua objectividade deve evitar expressões coloquiais do
tipo “eu penso, eu acho” etc., que desqualificam o texto quanto a sua cientificidade.

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