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MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Unidade III
7 FUNDAÇÕES

As fundações são convencionalmente classificadas em dois grandes grupos: as superficiais (diretas,


rasas) e as profundas.

Fundações superficiais são utilizadas quando as camadas de solo imediatamente abaixo da estrutura
são capazes de suportar as cargas. Caso contrário, será necessário recorrer a camadas profundas mais
resistentes, empregando‑se as fundações profundas.

Ao se executar um projeto de engenharia civil, uma questão sempre presente é o solo sobre o qual
a obra será assentada. Enquanto os diversos materiais comumente empregados na construção da obra
têm suas características previamente especificadas em relação a sua resistência mecânica, o solo deve
ser aceito tal como se apresenta.

Portanto, ao se elaborar um projeto de fundações é fundamental o conhecimento adequado do


subsolo mediante a identificação das diversas camadas componentes do subsolo analisado, assim como
a determinação das suas propriedades de engenharia. Para um projeto de fundações bem elaborado, de
forma a poder prever o comportamento do subsolo sob o carregamento da obra, é necessário conhecer:
os tipos de solos que ocorrem no subsolo, desde a superfície até a profundidade de interesse ao projeto;
a disposição e espessura de cada camada que compõe o subsolo, bem como a orientação dos planos
que as separam; as propriedades geotécnicas como resistência, deformabilidade, compressibilidade e
eventualmente a permeabilidade dos diferentes tipos de solos encontrados; e informações sobre o nível
de água em lençol freático e eventualmente em lençóis artesianos.

Os procedimentos mais comuns, todos já estudados anteriormente, para se obter as informações


necessárias ao projeto são:

• Realização de sondagens de simples reconhecimento, sondagem à percussão, ensaios de cone


CPT, de palheta (vane test), pressiométrico e de carregamento em placa de prova de carga.

• Execução de amostragens no campo, de grande importância para realizações dos ensaios de


laboratório, podendo ser obtidas amostras deformada e indeformada.

• Realização de ensaios de laboratório realizados com amostras deformadas, tais como ensaios de
caracterização como granulometria, LL e LP, peso específico dos grãos, os quais possibilitam a
classificação dos solos encontrados.

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• Aplicação de ensaios de laboratório realizados com amostras indeformadas para a determinação


dos índices físicos. Com a determinação do teor de umidade e do peso específico natural, os
demais índices físicos podem ser calculados a partir das relações já apresentadas anteriormente.

• Realização dos ensaios para determinação das propriedades dos solos de interesse direto ao
projeto de fundações, que são a resistência e a compressibilidade.

7.1 Fundações superficiais

Conforme a norma NBR 6122/2010 da ABNT (ABNT, 2010), as fundações superficiais, também
chamadas rasas ou diretas, são elementos de fundação em que a carga é transmitida ao terreno
predominante pelas pressões distribuídas sob a base da própria fundação.

Além disso, a norma define que quando a fundação rasa for realizada próxima à divisa entre terrenos
vizinhos, a profundidade do elemento não pode ser menor do que 1,5 m, salvo se for assentada sobre rocha.

As fundações superficiais são tipicamente projetadas com pequenas escavações realizadas no solo,
não sendo necessários grandes equipamentos para sua execução. São tipos de fundações superficiais as
sapatas, entre as quais as sapatas isoladas e associadas, vigas de fundação e sapatas corridas, além dos
blocos e os Radiers.

A seguir, serão apresentados os tipos de fundações superficiais a serem executadas após a investigação
do subsolo e classificação dos solos, que nos possibilitam encontrar os parâmetros técnicos para a
execução do projeto de fundação.

7.2 Tipos de fundações superficiais

Segundo a norma NBR 6122 da ABNT (ABNT, 2010), são consideradas fundações superficiais aquelas
em que a distância D entre a cota de apoio do ponto mais profundo da fundação e a cota da superfície
final do terreno é, no máximo, igual a duas vezes a menor dimensão B em planta do elemento de
fundação, tal como ilustrado na figura a seguir.

D ≤ 2B: fundação superficial


D> 2B: fundação profunda

Figura 56 – Relação para distinguir fundações rasas e profundas

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7.2.1 Alicerce

É um elemento de fundação constituído de alvenaria, de execução bastante simples. É utilizado


em construções de, no máximo, dois andares, com sistema estrutural do tipo “paredes portantes”, em
regiões onde o subsolo próximo à superfície apresenta características de resistência e deformabilidade
adequadas (figura a seguir).

20 cm

Impermeável

10 cm

Figura 57 – Fundação tipo alicerce

A largura das valas abertas no terreno varia conforme o alicerce empregado. Quando as paredes são
de um tijolo, o alicerce será de um tijolo e meio (30 cm) e a largura da vala é de 45 cm. Paredes de meio
tijolo usam alicerces de um tijolo (20 cm) e demandam largura mínima de vala de 35 cm. A profundidade
será a necessária para que se encontre terreno firme, nunca inferior a 40 cm.

Abertas as valas, realiza‑se o apiloamento do seu fundo, sobre o qual é aplicada uma camada de
concreto sem armadura, com traço econômico e de espessura média de 10 cm.

Também deve ser executada uma boa impermeabilização, evitando a ascensão de água nas paredes
por capilaridade.

No caso de terrenos arenosos e alagados, substitui‑se o maciço de alvenaria de tijolos de barro por
de blocos de pedra.

7.2.2 Bloco simples

É um elemento de fundação superficial de concreto, dimensionado tal que as tensões de tração


produzidas nele possam ser resistidas pelo concreto sem a necessidade de armadura. Normalmente,
têm a forma de (a) tronco de cone, (b) tronco de pirâmide ou (c) tronco de pirâmide com suas faces em
degraus verticais, como apresentado na figura a seguir.
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(a) (b) (c)

Figura 58 – Fundação em blocos simples

Para que o bloco dispense armação, o ângulo α deve obedecer à seguinte equação:

tg α σ
= +1
α σ tc

Em que σ é a tensão no terreno e σ tc a tensão admissível de tração no concreto. O ângulo


α determinado, em radianos, é o valor mínimo para a ocorrência de valor de tração suportável
pelo concreto.

Os blocos são mais econômicos que as sapatas, que serão vistas a seguir, para cargas pequenas,
quando então o consumo de concreto é pequeno e justifica a eliminação da armação.

7.2.3 Sapata

É um elemento de fundação de concreto armado, com altura menor que o bloco, e que utiliza
armadura para resistir às tensões de tração. A sapata é usualmente de base quadrada, retangular ou
trapezoidal e pode ser classificada em:

• Simples ou isolada: é a sapata que dá suporte a um único pilar, como observa‑se na figura a seguir.
Viga de rigidez

Perspectiva Perspectiva

Sapata isolada
Sapata associada

Figura 59 – Sapata isolada

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• Associada: quando ocorre a superposição das áreas necessárias para a fundação em sapatas isoladas,
entre pilares próximos, tenta‑se associá‑los por uma única sapata, denominada sapata associada e,
neste caso, os pilares são ligados por uma viga de rigidez. Caso ocorra a associação de mais de dois
pilares, estes não devem ter seus centros em planta em um mesmo alinhamento.

• Corrida (ou viga de fundação ou baldrame): é a sapata comum a três ou mais pilares, cujos centros
em planta estejam em um mesmo alinhamento ou ainda para carga distribuída linearmente.

• Alavancada: a carga aplicada pelo pilar a essa sapata não passa pelo centro de gravidade de sua
base, como visto na figura a seguir. É o caso de fundações em divisas de terreno. Recorre‑se então
a uma viga de equilíbrio, ou viga alavanca, para corrigir a excentricidade existente.

Figura 60 – Sapata alavancada


7.2.4 Radier

Radier é a sapata associada que abrange todos os pilares ou carregamentos distribuídos da edificação,
tal como ocorre em fundações de tanques, silos e similares (figura a seguir). É um tipo de fundação
relativamente caro, por isso é executado com pouca frequência.

Figura 61 – Radier

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7.3 Fundações profundas

De acordo com a norma brasileira NBR 6122/1996, define‑se como fundação profunda aquela que
transmite a carga ao terreno pela base, denominada resistência de ponta, por sua superfície lateral,
chamada de resistência de fuste, ou por uma combinação das duas, e que está assentada em profundidade
superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e no mínimo a 3 m, salvo justificativa em contrário.

Na figura a seguir, podemos observar, por meio de um esquema, o comportamento da fundação profunda.
P

Nível do
terreno
Rt
h > 2B
Estaca
B

RP

P = RL + RP
RP : Resistência de ponta
RL : Resistência de fuste

Figura 62 – Comportamento da fundação profunda

As fundações profundas são geralmente utilizadas quando os solos superficiais não apresentam
capacidade de suportar cargas elevadas em relação ao projeto de carga estabelecido, ou estão sujeitos
a processos erosivos ou, ainda, quando existe possibilidade da realização de escavação futura nas
proximidades da obra.

Segundo as definições da NBR 6122, as fundações profundas podem ser classificadas em estacas,
tubulões e caixões, descritas na sequência:

• Estacas: são elementos de fundação profunda executados com o auxílio de ferramentas, ou


equipamentos, sem que haja descida de operário em qualquer fase de execução, que pode ser por
cravação à percussão, prensagem, vibração, ou por simples escavação, constituídos de madeira,
aço ou concreto.

• Tubulões: elementos cilíndricos de fundação profunda que, em pelo menos em sua fase final,
ocorre descida de operário, podendo ser executado a céu aberto ou sob ar comprimido, e ter ou
não a base alargada.

• Caixões: elementos de fundações com forma prismática, concretado na superfície do terreno e


instalado por escavação interna, podendo‑se usar, ou não, na sua instalação, o ar comprimido,
e ter, ou não, a sua base alargada.
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7.3.1 Estacas

O dimensionamento da estaca baseia‑se na consideração da resistência de sua ponta e a contribuição


do atrito lateral solo‑fuste.

τ τ

τ τ

σp

Figura 63 – Esquema de estaca com respectivas forças atuantes


Pr = Al . τ + Ap . σp

Pr
P=
CS

Em que Pr é a carga de ruptura; P é a carga de trabalho; CS é o coeficiente de segurança; τ é o atrito


lateral; σp é a resistência de ponta; Al é a área lateral do fuste e Ap é a área transversal da ponta.

Conforme já descrito anteriormente, a estaca é um elemento estrutural alongado que, colocado no


solo por cravação, perfuração ou outro meio, tem a finalidade de disseminar cargas ao subsolo, seja
pela resistência sob sua extremidade inferior, transmitindo a resistência pela ponta, seja pela resistência
ao longo de sua superfície lateral, gerando um atrito lateral, ou ainda pela combinação das duas, que
devem ser maior que a carga que chega do pilar que estará apoiado na fundação a este elemento.

São normalmente empregadas em grupos, solidarizadas por meio de um bloco de apoio que recebe o
pilar. Na maioria dos casos práticos, as estacas são instaladas verticalmente e trabalham em compressão.
No entanto, elas podem ser inclinadas (cerca de 15 a 20° com a vertical) e solicitadas à tração.

Alguns tipos de estacas podem ser observados na figura a seguir, as quais serão pormenorizadas
em seguida.

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(a) (b) (c) (d) (e) (f)

Figura 64 – Alguns tipos de estacas: (a) raiz, (b) metálica, (c) pré‑moldada de concreto vibrado,
(d) pré‑moldada de concreto centrifugado, (e) barrete, (f) tipo Franki e tipo Strauss

7.3.2 Estacas pré‑moldadas

Estaca fabricada em local diferente do local de utilização. São fornecidas prontas em todo o seu
comprimento ou em partes a serem emendadas.

Os exemplos são as estacas de madeira, metálica e pré‑moldada de concreto armado.

7.3.3 Estaca moldadas in loco

A concretagem da estaca se dá no seu local de utilização final. Existem muitos tipos de estacas
moldadas in loco, cada qual diferindo da outra em algum detalhe. Os dois aspectos fundamentais
de diferenciação são o emprego ou não de tubo de revestimento, que funciona como proteção
do furo e, no primeiro caso, se o tubo é ou não perdido, ou seja, deixado no terreno para fazer
parte da estaca.

Os exemplos são: broca, Strauss, Franki, estaca injetada, estaca raiz, microestaca, barrete, estacão e outras.

Observação

Nas estacas moldadas in loco, os dois aspectos fundamentais


de diferenciação são o emprego ou não de tubo e se o tubo é perdido
ou reaproveitado.

Estacas tipo broca

Tipo de estaca profunda, executada por perfuração com trado e posterior concretagem in loco,
normalmente com diâmetro variando entre 15 e 25 cm e comprimento de até 6 m. Elas são normalmente
empregadas para pequenas cargas, pelas limitações que envolvem o seu processo de execução.
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As estacas tipo broca apresentam como vantagem o fato de não provocar vibrações durante a sua
confecção, evitando, dessa forma, danos estruturais nas vizinhas, além de poderem servir como cortinas
de contenção para construção de subsolos, quando executadas de forma justapostas. Entretanto, as
principais desvantagens referem‑se às limitações de execução abaixo do nível d’água, principalmente em
solos arenosos, e também em argilas moles saturadas, pois podem ocorrer possíveis estrangulamentos
no fuste da estaca.

Estaca tipo Strauss

Executada por perfuração mediante piteira, com uso parcial ou total de revestimento recuperável
e posterior concretagem in loco. A execução necessita de um equipamento constituído de um tripé
de madeira ou de aço, um guincho acoplado a um motor, que pode ser a combustão ou elétrico,
uma sonda de percussão munida de válvula em sua extremidade inferior para a retirada de terra, um
soquete com aproximadamente 300 kg, tubulação de aço com elementos de 2 a 3 m de comprimento
e rosqueáveis entre si, um guincho manual para retirada da tubulação, além de roldanas, cabos de
aço e ferramentas apropriadas.

Estaca tipo Franki

Executada mediante cravação de um tubo de ponta fechada no terreno, por meio da bucha, e
execução de uma base alargada, que é obtida introduzindo‑se no terreno uma dada quantidade
de material granular por meio de golpes de um pilão. A estaca do tipo Franki foi introduzida
como fundação no começo do século XX por Edgard Frankignoul, na Bélgica, sendo empregada
pela primeira vez no Brasil em 1935, na Casa Publicadora Baptista no Rio de Janeiro (HACHICH
et al., 1998).

Estacas injetadas

Tipo de fundação profunda, executada mediante de injeção sob pressão de produto aglutinante, que
pode ser calda de cimento ou argamassa de cimento e areia, com o objetivo de garantir a integridade
do fuste ou aumentar a resistência por atrito lateral e de ponta, ou de ambas. A injeção do produto
aglutinante pode ser feita durante ou após a instalação da estaca. Segundo Hachich et al. (1998), as estacas
injetadas diferem das demais por poderem ser executadas com maiores inclinações (0º a 90º), apresentarem
resistência de fuste bastante superior, se comparada aos demais tipos com mesmos diâmetros, e ainda
resistir a esforços de compressão e tração, desde que convenientemente armadas, com mais eficiência,
porque resistem à carga de trabalho praticamente apenas por atrito lateral. De suas aplicações podemos
citar: estabilização de encostas, reforço de fundações, execução de fundações em terrenos com blocos de
rocha ou antigas fundações, execução de fundações em alto‑mar, offshore e outras.

Estacas raiz

São aquelas em que se aplicam injeções de ar comprimido, a baixas pressões, inferiores a 5 MPa,
imediatamente após a moldagem do fuste e no topo do mesmo, simultaneamente com a remoção
do revestimento.
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Microestacas

As injeções são realizadas por meio de válvulas tipo manchete, instaladas nas escavações
previamente realizadas.

Observação

Cabe lembrar que as estacas injetadas diferem das demais por poderem
ser executadas com maiores inclinações (0º a 90º).

7.3.4 Procedimento de instalação e efeito provocado no solo

Estaca de deslocamento: é a estaca introduzida no terreno mediante algum processo que não
promova a retirada do solo. Promovem o deslocamento e a compressão de solo ao seu redor.

Exemplos: estaca pré‑moldada de concreto armado, estaca metálica, estaca de madeira, estaca
Franki e outras.

Estaca escavada: é a estaca executada in situ, mediante perfuração do terreno por um processo
qualquer, com remoção do material, realizadas com ou sem revestimento, com ou sem a utilização de
fluido estabilizante.

Exemplo: estaca tipo broca, estaca Strauss, estaca barrete, estacão, estaca de hélice contínua, estaca
injetada e outras.

Saiba mais

Para conhecer mais sobre procedimentos executivos para estacas de


deslocamento e cravadas, consulte os anexos da norma ABNT a seguir:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: projeto e


execução de fundações. Rio de Janeiro, 2010.

7.3.5 Tubulão

O tubulão é elemento de fundação profunda, de grande porte e seção circular, em geral com um
alargamento em sua extremidade inferior, destinado a transmitir as cargas da estrutura a uma camada
de solo de alta resistência que se encontra a grande profundidade.

O trecho cilíndrico do tubulão é chamado de fuste e sua extremidade inferior de base, sendo que o
diâmetro do fuste varia normalmente entre 0,7 a 2 m e o da base entre 1 até 6 m.

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O dimensionamento de um tubulão consiste, basicamente, na determinação da área de base da


mesma maneira que foi mostrado para as sapatas. Portanto, não se considera a contribuição do atrito
lateral no contato entre o solo e o fuste, como é feito nas estacas.

O tubulão pode ser feito a céu aberto ou sob ar comprimido. Pelo menos na etapa final de escavação
do tubulão há a descida de operário.

7.3.6 Tubulão tipo pocinho ou a céu aberto

A escavação do fuste e da base é realizada à pressão atmosférica e a céu aberto. O fuste pode ser
revestido, caso haja instabilização das paredes da escavação. Esse revestimento pode ser em concreto
pré‑moldado, camisa metálica ou madeira (ver figura a seguir).

Na ocorrência de lençol freático, havendo o acúmulo de água na região da escavação, procede‑se à


remoção da água com bombeamento de fundo da escavação, devendo sempre a escavação prosseguir
abaixo deste nível com a utilização de revestimento.

(a) (b) (c)

Figura 65 – Tubulões (a) a céu aberto: sem revestimento, (b) com revestimento de concreto e (c) com revestimento de aço

7.3.7 Tubulão pneumático ou a ar comprimido

Quando ocorre dificuldade na manutenção do nível de água rebaixado por bombeamento no


fundo da escavação, deve‑se utilizar uma campânula de aço encaixada no revestimento do tubulão
em superfície, a qual isola o ambiente de escavação da pressão atmosférica. Dessa maneira, com a
injeção de ar comprimido internamente à campânula, aumenta‑se a pressão interna de ar, equilibrando
a coluna de água durante o processo de escavação abaixo do nível de água local.

Os operários que trabalham na escavação ficam pressurizados, tornando este tipo de fundação mais
demorado e perigoso na fase construtiva, principalmente se for necessário equilibrar altas colunas de água.

Na figura a seguir, podemos observar um tubulão pneumático por meio de um esquema construtivo.

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“Cachimbo” para
colocar armação

Porta para entrada


dos operários

“Cachimbo” de
saída de terra “Cachimbo” de
concretagem

Figura 66 – Tubulão pneumático

Saiba mais

Para saber mais sobre fundações, uma sugestão de leitura é o livro:

HACHICH, W. et al. Fundações: teoria e prática. São Paulo: Pini, 1996.

Outra sugestão é consultar a norma da:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: projeto e


execução de fundações. Rio de Janeiro, 1996.

8 DIMENSIONAMENTO DE SAPATAS

O dimensionamento de uma fundação superficial consiste basicamente no cálculo da área de


apoio da fundação no solo, ou seja, dividindo‑se a carga vertical máxima a que o pilar se submeterá
pela tensão admissível do solo na profundidade em que a fundação deve se apoiar, como ilustrado
pela figura a seguir.

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A=a.b

P
A≥
σadm

Figura 67 – Ilustração do cálculo básico de fundação

Como já visto, as sapatas são elementos de fundação superficial em concreto armado, com altura
reduzida em relação às dimensões da base e, por isso, trabalham a flexão. Quanto à forma, são usualmente
de base quadrada, retangular ou trapezoidal.

Em seguida, será discutido como determinar as dimensões a e b (figura na sequência) em planta


dos vários tipos de sapatas de fundação. Para isso, considera‑se que seja conhecida a tensão admissível,
ou taxa de trabalho do solo, σadm, além das cargas P da estrutura, as dimensões a’ e b’ e a locação dos
pilares. As alturas h1 e h2 são decorrentes do dimensionamento estrutural da sapata.

(b) Planta

(a) Perspectiva

(c) Corte

Figura 68 – Formas de sapatas

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Unidade III

8.1 Verificação do edifício como um todo

As seguintes verificações iniciais são recomendáveis para a realização do projeto de fundações


superficiais de um edifício antes de se executar o dimensionamento propriamente dito.

8.1.1 Verificação da ordem de grandeza do carregamento

Esta verificação é feita calculando‑se a tensão média p na área projetada Ap do edifício, ou na área
do Radier hipotético, a partir do somatório de cargas Pi.

Dividindo‑se a tensão p pelo número n de andares, deve‑se chegar a uma tensão de aproximadamente
12 kN/m2, valor válido para edifícios normais de concreto armado residenciais ou de escritórios.

Seja:

∑P
p=
Ap

Tem‑se:

p
≅ 12kN / m2
n

Se o valor obtido for muito diferente do esperado, deve‑se consultar a memória de cálculo da
estrutura para verificar se existe alguma condição especial de carregamento no edifício.

8.1.2 Verificação da viabilidade do emprego de fundação direta

Para que o projeto de fundações em sapatas seja econômico, a relação entre a área total das sapatas,
denominada As, e a área projetada Ap não deve ser superior à faixa entre 65 e 70%.

Tem‑se:

∑Pi = As . σadm = Ap . P

Então:

As P
= ≤ 0,65 a 0,70
Ap σadm

Portanto, a condição anterior estará satisfeita se

σadm ≥ 1,5

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Exemplo de aplicação

1) Pretende‑se construir um edifício com 28 andares com Ap = 280 m² com fundação em sapatas
em solo com sadm = 365 kN/m².

Essa tensão admissível é adequada?

Solução:

p ≅ 12 n = 12 x 28 = 336 kN/m²

σadm ≥ 1,5 x 336 = 504 kN/m²

Como 504 > 365, a tensão admissível de 365 kN/m² não é adequada.

2) Pretende‑se construir um edifício com 24 andares com Ap = 240 m² com fundação em sapatas
em solo com σadm = 365kN/m². Essa tensão admissível é adequada?

Solução:

p ≅ 12 n = 12 x 24 = 288 kN/m²

σadm ≥ 1,5 x 288 = 432 kN/m²

Portanto, a tensão admissível de 365 kN/m² não é adequada.


Pretende‑se construir um edifício com 10 andares com Ap = 280 m² com fundação em sapatas em
solo com σadm = 365 kN/m². Essa tensão admissível é adequada?

Solução:

p ≅12 n = 10 x 28 = 280 kN/m²

σadm ≥ 1,5 x 280 = 420 kN/m²

Portanto, a tensão admissível de 365 kN/m² não é adequada.

3) Pretende‑se construir um edifício com 10 andares com Ap = 240 m² com fundação em sapatas
em solo com σadm = 365 kN/m². Essa tensão admissível é adequada?

Solução:

p ≅ 12 n = 10 x 24 = 240 kN/m²

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Unidade III

σadm ≥ 1,5 x 240 = 360 kN/m²

Portanto, a tensão admissível de 365 kN/m² é adequada.

8.1.3 Verificação da tendência de adernamento do edifício

Esta verificação consiste em se determinar se o centro de cargas do edifício coincide aproximadamente


com o centro de gravidade da área projetada em planta. Caso isso não ocorra, podem ocorrer recalques
não uniformes que resultem em uma tendência ao adernamento, ou seja, inclinação do edifício.

Essa condição assume gravidade principalmente no caso de edifícios altos e estreitos com relação
(altura/lado menor da base) superior a 4 ou 5.

As coordenadas do centro de carga do edifício são dadas por:

∑ (Pi ⋅ Xi)
X cc =
∑ Pi

∑ (Pi ⋅ Yi)
Ycc =
∑ Pi

CC CG

Figura 69 – Determinação da coincidência entre centro de gravidade (CG) e centro de carga (CC)

8.2 Dimensionamento de sapatas para pilares isolados

A solução mais simples é a de uma sapata isolada. A área A de uma sapata isolada quadrada ou
retangular, com dimensões a e b, para um pilar com carga P, pode ser calculada como:

P
A = a⋅ b =
σadm

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Observe que na expressão anterior foi desprezado o peso próprio da sapata, que, em geral, é pouco
significativo, correspondendo à faixa entre 5 e 10% de P.

Conhecida a área A, a escolha do par de valores a e b deve ser feita obedecendo às seguintes
recomendações:

a) o centro de gravidade da sapata deve coincidir com o centro de carga do pilar;

b) devido a problemas de ruptura do solo, a sapata não deve ter nenhuma dimensão menor do que
80 cm, sendo que no caso de sapata corrida, a menor dimensão será de no mínimo 60 cm;

c) sempre que possível, a relação entre os lados a e b deve ser, no máximo, igual a 2,5;

d) para facilitar a execução, as dimensões finais devem ser múltiplas de 5 cm;

e) sempre que possível, os valores a e b devem ser escolhidos de modo que os balanços da sapata
(abas) em relação às faces do pilar sejam iguais nas duas direções (figura a seguir), o que resulta
num dimensionamento econômico, pois implica momentos fletores aproximadamente iguais nas
duas abas em relação à mesa da sapata.

X X
b’ b

a’

Figura 70 – Dimensionamento de sapatas e respectivas abas

Da prescrição (e) tem‑se que:

2x + a’ = a → a - a’ = 2x

2x + b’ = b → b - b’ = 2x

∴a - a’ = b - b’

∴a - b = a’ - b’

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Unidade III

Exemplo de aplicação

1) Dimensionar uma sapata para um pilar quadrado de 50 cm x 50 cm e carga de 1860 kN, sendo a
taxa de trabalho do solo igual a 310 kN/m².

Solução:

P 1860
A= = = 6 m2
σadm 310

a - b = a’ - b’ = 0,50 - 0,50 = 0

∴a = b → sapata quadrada

a2 = 6 → a = 2,44 m

Arredondando, tem‑se: a = b = 2,45 m.


245 cm

2,5
50
2,5
2,5

2,5
50

245 cm

Figura 71 – Sapata resultante

2) Dimensionar uma sapata para um pilar quadrado de 40 cm x 40 cm e carga de 1650 kN, sendo a
taxa de trabalho do solo igual a 320 kN/m².

Solução:

P 1650
A= = = 5,16 m2
σadm 320

a - b = a’ - b’ = 0,40 - 0,40 = 0

∴a = b → sapata quadrada

a2 = 5,16 → a = 2,27 m
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Arredondando, tem‑se: a = b = 2,30 m.

230 cm
2,5
40
2,5

2,5

2,5
40
230 cm

Figura 72 – Sapata resultante

3) Dimensionar uma sapata para um pilar quadrado de 30 cm x 30 cm e carga de 1585 kN, sendo a
taxa de trabalho do solo igual a 270 kN/m².

Solução:

P 1585
A= = = 5,87 m2
σadm 270

a - b = a’ - b’ = 0,30 - 0,30 = 0

∴a = b → sapata quadrada

a2 = 5,87 → a = 2,42 m

Arredondando, tem‑se: a = b = 2,45 m.


245 cm

2,5
30
2,5
2,5

2,5
30

245 cm

Figura 73 – Sapata resultante

125
Unidade III

4) Dimensionar uma sapata para um pilar quadrado de 30 cm x 30 cm e carga de 1585 kN, sendo a
taxa de trabalho do solo igual a 365 kN/m².

Solução:

P 1585
A= = = 4,34 m2
σadm 365

a - b = a’ - b’ = 0,30 - 0,30 = 0

∴a = b → sapata quadrada

a2 = 4,34 → a = 2,08 m

Arredondando, tem‑se: a = b = 2,10 m.

210 cm
2,5
30
2,5
2,5

2,5
30

210 cm

Figura 74 – Sapata resultante

5) Dimensionar uma sapata para um pilar de seção retangular de 120 cm x 50 cm com carga de
3.200 kN para uma tensão admissível de 320 kN/m².

Solução:

P 3200
A= = = 10 m2
σadm 320

a - b = a’ - b’ = 1,20 - 0,50 = 0,70

∴a = 0,7 + b → sapata retangular

a . b = 10 → (0,7 + b) . b = 10

126
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

b2 = 0,7 . b - 10 = 0

Resolvendo a equação, tem‑se:

b=
( −0,7 ± 6,36) → b = 2,83 m
2

a = 0,7 + b = 0,7 + 2,83 → a = 3,53 m

Arredondando os valores de a e b:

b = 2,85 m

a = 3,55 m

2,5
285 cm
50
2,5
2,5

120

2,5

355 cm

Figura 75 – Sapata resultante

6) Dimensionar uma sapata para um pilar de seção retangular de 110 cm x 35 cm com carga de
3120 kN para uma tensão admissível de 325 kN/m².

Solução:

P 3120
A= = = 9,6 m2
σadm 325

a - b = a’ - b’ = 1,10 - 0,35 = 0,75

∴a = 0,75 + b → sapata retangular

a . b = 9,6 → (0,75 + b) . b = 9,6

b2 = 0,75 . b - 9,6 = 0

127
Unidade III

Resolvendo a equação, tem‑se:

b=
( −0,75 ± 6,24 ) → b = 2,74 m
2

a = 0,75 + b = 0,75 + 2,74 → a = 3,49 m

Arredondando os valores de a e b:

b = 2,75 m

a = 3,50 m

2,5

275 cm
35
2,5
2,5

110

2,5

350 cm

Figura 76 – Sapata resultante

Para o caso de um pilar de seção transversal em forma de L, há necessidade de substituir o pilar


real por outro fictício, de forma retangular, circunscrito a ele, e que tenha o seu centro de gravidade
coincidente com o centro de carga do pilar real.

A determinação do centro de carga (CC) do pilar, que deverá coincidir com o centro de gravidade
(CG), é dada por:

∑ Ai ⋅ Xi ∑ Ai ⋅ Yi
X CG = YCG =
∑ Ai ∑ Ai

O mesmo tipo de solução é utilizada para pilares em forma de U, Z, etc.

Exemplo de aplicação

1) Projetar uma sapata para o pilar indicado a seguir, com carga de 3500 kN e taxa de trabalho
(tensão admissível) no solo de 350 kN/m².

128
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

30 cm

125 cm

40 70

Figura 77 – Dimensões do pilar


Solução:

Este é o caso de um pilar de seção transversal em forma de L. O mesmo tipo de solução a seguir
apresentada é utilizada para pilares em forma de U, Z, etc.

Este caso recai na necessidade de se substituir o pilar real por outro fictício, de forma retangular, circunscrito
a ele, e que tenha o seu centro de gravidade coincidente com o centro de carga do pilar real.

Cálculo do centro de carga (CC) do pilar, que, neste caso, coincide com o centro de gravidade (CG):

∑ Ai ⋅ Xi ∑ Ai ⋅ Yi
X CG = YCG =
∑ Ai ∑ Ai

Tomando os eixos coordenados nas faces externas do pilar, tem‑se:

40 ⋅155 ⋅ 20 + 70 ⋅ 30 ⋅ 20 166.000
X CG = = ≅ 20 cm
40 ⋅155 + 30 ⋅ 70 8.300

40 ⋅155 ⋅ 77,5 + 70 ⋅ 30 ⋅15 512.000


YCG = = ≅ 62 cm
40 ⋅155 + 30 ⋅ 70 8.300

O retângulo circunscrito ao pilar e que possui o mesmo CG terá os lados:

a’ = 2 . (155 - 62) = 2 . 93 = 186 cm

b’ = 2 . (120 - 20) = 2 . 90 = 180 cm

3500
A = a⋅ b = = 10 m²
350

129
Unidade III

a - b = a’ - b’ = 1,86 - 1,80 = 0,06

∴a = 0,06 + b → sapata retangular

a . b = 10 → (0,06 + b) . b = 10

b2 = 0,06 . b - 10 = 0

Resolvendo a equação, tem‑se:

b=
( −0,06 ± 6,33) → b = 3,14 m
2
a = 0,06 + b = 0,06 + 3,14 → a = 3,20 m

Arredondando os valores de a e b:

b = 3,15 m

a = 3,20 m

20 2,5
93

62
320 cm

C.C. = C.G.
93

2,5
90 90

315 cm

Figura 78 – Sapata resultante

2) Projetar uma sapata para o pilar indicado a seguir, com carga de 3200 kN e taxa de trabalho no
solo de 320 kN/m².

130
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

20 cm

110 cm

30 60

Figura 79 – Dimensões do pilar em L

Solução:

Este é o caso de um pilar de seção transversal em forma de L. O mesmo tipo de solução a seguir
apresentada é utilizada também para pilares em forma de U, Z etc.

Este caso recai no exemplo anterior ao se substituir o pilar real por outro fictício, de forma retangular,
circunscrito a ele, e que tenha o seu centro de gravidade coincidente com o centro de carga do pilar real.

Determinação do centro de carga (CC) do pilar, que, neste caso, coincide com o centro de gravidade (CG):

∑ AiXi ∑ Ai Yi
X CG = YCG =
∑ Ai ∑ Ai

Tomando os eixos coordenados nas faces externas do pilar, tem‑se:

30 ⋅130 ⋅ 20 + 60 ⋅ 20 ⋅15 = 96.000


X CG = = ≅ 19 cm
30 ⋅130 + 20 ⋅ 60 5.100

30 ⋅130 ⋅ 65 + 60 ⋅ 20 ⋅10 265.500


YCG = = ≅ 53 cm
30 ⋅130 + 20 ⋅ 60 5.100

O retângulo circunscrito ao pilar e que possui o mesmo CG terá os lados:

a’ = 2 . (130 - 53) = 2 . 77 = 154 cm

b’ = 2 . (90 - 19) = 2 . 71 = 142 cm

131
Unidade III

3200
A = a⋅ b = = 10 m²
320

a - b = a’ - b’ = 1,54 - 1,42 = 0,12

∴a = 0,12 + b → sapata retangular

a . b = 10 → (0,12 + b) . b = 10

b2 + 0,12 . b - 10 = 0

Resolvendo a equação tem‑se:

b=
( −0,12 ± 6,33) → b = 3,11 m
2
a = 0,12 + b = 0,12 + 3,11 → a = 3,253 m

Arredondando, tem‑se:

b = 3,15 m

a = 3,25 m

19 2,5
77

53
325 cm

C.C. = C.G.
77

2,5
71 71

315 cm

Figura 80 – Sapata resultante

3) Projetar uma sapata para os pilares justapostos a seguir, para taxa de trabalho do solo de 310 kN/m².
As cargas dos pilares A, B e C são, respectivamente, 410 kN, 610 kN e 810 kN.

132
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

45

A 20 cm

B 45 cm

C 20 cm

15 30

Figura 81 – Dimensões dos pilares justapostos

Solução:

Neste caso, o centro de carga (CC) não coincide com o centro de gravidade. As expressões para o
cálculo do centro de carga são:

∑ Ai ⋅ Xi ∑ Ai ⋅ Yi
X CG = YCG =
∑ Ai ∑ Ai

410 ⋅ 22,5 + 610 ⋅ 7,5 + 810 ⋅ 22,5


X CC = = 17,5 ≅ 18 cm
410 + 610 + 810

410 ⋅10 + 610 ⋅ 42,5 + 810 ⋅ 75,0


YCC = = 49,6 ≅ 50cm
1830

O retângulo circunscrito ao pilar e que possui o mesmo CG terá os lados:

a’ = 2 . 50 = 100 cm

b’ = 2 . (45 - 18) = 2 . 27 = 54 cm

410 + 610 + 810


A= = 5,90 m²
310

a - b = a’ - b’ = 1,00 - 0,54 = 0,46

∴a = 0,46 + b → sapata retangular

133
Unidade III

a . b = 5,90 → (0,46 + b) . b = 5,90

b2 = 0,46 . b - 5,90 = 0

Resolvendo a equação tem‑se:

b = 2,20 m

a = 0,46 + b = 0,46 + 2,20 → a = 2,66 m

Arredondando, tem‑se:

a = 2,70 m

b = 2,20 m

18 2,5

50
270 cm

C.C.
50

2,5
27 27

220 cm

Figura 82 – Sapata resultante

4) Projetar uma sapata para os pilares justapostos a seguir, para taxa de trabalho do solo de 295 kN/m².
As cargas dos pilares A, B e C são, respectivamente, iguais a 390 kN, 590 kN e 790 kN.

134
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

35

A 10 cm

B 35 cm

C 10 cm

10 25

Figura 83 – Dimensões dos pilares justapostos

Solução:

Neste caso, o centro de carga não coincide com o centro de gravidade. As expressões para o cálculo
do centro de carga são:

∑ Ai ⋅ Xi ∑ Ai ⋅ Yi
X CG = YCG =
∑ Ai ∑ Ai

390 ⋅17,5 + 590 ⋅ 5 + 790 ⋅17,5


X CC = = 13,3 ≅ 14 cm
390 + 590 + 790

390 ⋅ 5 + 590 ⋅ 27,5 + 790 ⋅ 50


YCC = = 32,6 ≅ 33cm
390 + 590 + 790

O retângulo circunscrito ao pilar dado e que tem o mesmo CC terá os lados:

a’ = 2 . 33 = 66 cm

b’ = 2 . (35 - 14) = 2 . 21 = 42 cm

390 + 590 + 790


A= = 6,0 m²
295

a - b = a’ - b’ = 0,66 - 0,42 = 0,24

∴a = 0,24 + b → sapata retangular

a . b = 6,0 → (0,24 + b) . b = 6,0


135
Unidade III

b2 = 0,24 . b - 6,0 = 0

Resolvendo a equação tem‑se:

b = 2,33 m

a = 0,24 + b = 0,24 + 2,33 → a = 2,57 m

Arredondando, tem‑se:

a = 2,60 m

b = 2,35 m

14 2,5

33

260 cm
C.C.
33

2,5
21 21

235 cm

Figura 84 – Sapata resultante

8.3 Dimensionamento de sapatas para pilares próximos

Quando a proximidade de pilares adjacentes inviabiliza a adoção de sapatas isoladas devido


à superposição das áreas, deve‑se projetar uma única sapata, chamada de sapata associada, sendo
necessária a introdução de uma viga de interligação dos pilares (viga de rigidez) para que a sapata
trabalhe sob tensão constante. A área de uma sapata associada é dada por:

136
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

∑ Pi
A=
σadm

Conhecida a área A, a escolha do par de valores a e b deve ser feita obedecendo às seguintes
prescrições:

a) O centro de gravidade das sapatas deve coincidir com o centro de carga dos pilares, sendo suas
coordenadas dadas por:

∑ Pi ⋅ Xi ∑ Pi ⋅ Yi
X CG = YCG =
∑ Pi ∑ Pi

b) As dimensões econômicas da sapata associada dependem não só dos balanços, mas também da
viga de rigidez e é difícil prescrever regras. No caso específico de sapatas com dois pilares de cargas
iguais, tem‑se uma condição econômica quando os momentos positivos e negativos na viga de rigidez
são iguais. Para tanto, deve‑se tomar a distância entre os eixos dos pilares iguais a 3a/5.

c) No caso de sapata associando dois pilares, um dos lados deve ser paralelo ao eixo da viga
de rigidez, enquanto o outro lado, sempre que possível, deve ser perpendicular, evitando‑se a
torção na viga.

Exemplo de aplicação

1) Projetar sapatas para os pilares P1 e P2, sendo a taxa de trabalho do solo de 320 kN/m² para os
seguintes casos:

P1 = P2 = 1650 kN;

P1 = 1520 kN e P2 = 1750 kN.


185 cm

P1 (25x100)
110 cm

P2 (25x100)

Figura 85 – Dimensões dos pilares

137
Unidade III

Solução: Caso (a)

Inicialmente, é necessário verificar a possibilidade de projetar sapatas isoladas.

1650
A= = 5,16 m²
320

a - b = a’ - b’ = 1 - 0,25 = 0,75

a . b = 5,16 → (0,75 + b) . b = 5,16

b2 = 0,75 . b - 5,16 = 0

→ b = 1,93 m
a = 0,75 + b = 0,75 + 1,93 → a = 2,68 m

Arredondando:

a = 2,70 m

b = 1,95 m
270 cm
195 cm
195 cm

270 cm

Figura 86 – Superposição das sapatas resultantes

Observa‑se pela figura que ocorre superposição de áreas.

Mesmo que não fosse considerada a prescrição a – b = a’ – b’, não seria possível projetar sapatas
isoladas. É necessário que se projete uma sapata associada.

Como P1 = P2, o centro de carga estará equidistante de P1 e P2.

138
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

2 ⋅1650
A= = 10,31 m2
320

Neste caso, consegue‑se uma sapata com viga de rigidez econômica fazendo‑se com que a distância
entre os eixos dos pilares seja igual a 3a/5.

Tem‑se, então:

3
a = 1,852 + 1,102 = 2,15m
5

∴ a = 3,59 m

10,31
b= = 2,87 m
3,59
Arredondando:

a = 3,60 m

b = 2,90 m.

,5
107
,5
107 V.R.
C.C.
290
cm

cm
360

Figura 87 – Sapata associada resultante

Solução: Caso (b)

1520 + 1750
A= = 10,22m2
320

139
Unidade III

É necessário calcular o CC dos pilares:

1750 ⋅ 0 + 1520 ⋅185


X cc = = 86,00 cm
1750 + 1520

Deve‑se observar que não é necessário calcular Ycc, uma vez que o CC deve estar na reta que une
os centros dos pilares.

Neste caso, a obtenção da sapata mais econômica torna‑se difícil. Adota‑se, então, para a/2, a
distância do centro de carga à face externa do pilar mais afastado, medida sobre o eixo da viga de
rigidez, acrescida de um valor arbitrário a critério do projetista.

Neste exercício, será adotado a/2 = 2,5 m, portanto, a = 5,0 m

10,22
b= = 2,04 m
5

Arredondando:

a = 5,00 m

b = 2,10 m

86 V.R.
C.C.
210
m c

cm
500

Figura 88 – Sapata associada resultante

2) Projetar sapatas para os pilares P1 e P2, sendo a taxa de trabalho do solo de 360 kN/m² para os
seguintes casos:

140
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

P1 = P2 = 1520 kN;

P1 = 1600 kN e P2 = 1800 kN.


160 cm

P1 (20x70)

90 cm
P2 (20x70)

Figura 89 – Dimensões e posições dos pilares P1 e P2


Solução: Caso (a)

Inicialmente, é necessário verificar a possibilidade de projetar sapatas isoladas.

1520
A= = 4,22 m²
360

a - b = a’ - b’ = 0,70 - 0,20 = 0,50

a . b = 4,22 → (0,50 + b) . b = 4,22

b2 + 0,50 . b - 4,22 = 0

→ b = 1,82 m

a = 0,50 + b = 0,50 + 1,82 → a = 2,32 m

Arredondando:

a = 2,35 m

b = 1,85 m

141
Unidade III

235 cm

185 cm
185 cm

235 cm

Figura 90 – Superposição das sapatas resultantes

Observa‑se pela figura que ocorre superposição de áreas. Mesmo que não fosse considerada a prescrição
a – b = a’ – b’, não seria possível projetar sapatas isoladas. É necessário que se projete uma sapata associada.

Como P1 = P2, o centro de carga estará equidistante de P1 e P2.

2 ⋅1520
A= = 8,44 m²
360
Neste caso, consegue‑se uma sapata com viga de rigidez econômica fazendo‑se com que a distância
entre os eixos dos pilares seja igual a 3a/5.

Tem‑se, então:

3
a = 1,602 + 0,902 = 1,84m
5

∴ a = 3,07 m

8,44
b= = 2,75 m
3,04

Arredondando:

a = 3,10 m

b = 2,75 m.

142
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

92

92 V.R.
C.C.

275
m c cm
310

Figura 91 – Sapata associada resultante

Solução: Caso (b)

1600 + 1800
A= = 9,44m2
360

É necessário calcular o CC dos pilares:

1800 ⋅ 0 + 600 ⋅160


X cc = = 75,30 cm
1800 + 1500

Deve‑se observar que não é necessário calcular Ycc, uma vez que o CC deve estar na reta que une
os centros dos pilares.

Neste caso, a obtenção da sapata mais econômica torna‑se difícil. Adota‑se, então, para a/2, a
distância do centro de carga à face externa do pilar mais afastado, medida sobre o eixo da viga de
rigidez, acrescida de um valor arbitrário a critério do projetista.

Neste exercício, será adotado a/2 = 1,5 m, portanto, a = 3,0 m.

9,44
b= = 3,15 m
3

Arredondando:

a = 3,00 m

b = 3,15 m
143
Unidade III

30
75, V.R.
C.C.

315

300

Figura 92 – Sapata associada resultante

8.4 Dimensionamento para pilares de divisa

8.4.1 Dimensionamento de sapata alavancada

No caso de pilares junto aos limites do lote, tais como divisas e alinhamento da rua, ou próximos a
obstáculos, por vezes não é possível fazer com que o centro de gravidade da sapata coincida com o centro
de carga do pilar, sendo então necessário o emprego de uma viga de equilíbrio ou viga alavanca, ligada a
outro pilar, para absorver o momento gerado pela excentricidade da sapata, conforme a figura seguinte.
L

Viga alavanca

b
P1 P2

R1 R2

P1 P2
R1 R2
L

Figura 93 – Sapata alavancada e seu esquema estrutural

144
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

8.4.1.1 Dimensionamento da sapata de divisa

A área da sapata de divisa é dimensionada para o esforço R1. Sejam e e L as componentes na direção
perpendicular à divisa respectivamente da excentricidade e da distância entre os CC dos pilares. Fazendo
o momento em relação ao CC do pilar P2 igual a zero, determina‑se o valor de R1:

P1 . L = R1 . (L - e)

L
→ R1 = P1 ⋅
(L − e)

E assim pode‑se determinar a área A:

R1
A = a⋅ b =
σadm

Note que R1 é função da excentricidade e esta, por sua vez, é função da dimensão b da sapata:

b − b'
e=
2

Portanto, para o cálculo das dimensões da sapata, é necessário conhecer R1, que depende das
dimensões da sapata. O problema é resolvido por meio de processo iterativo, considerando ainda a
recomendação de se tomar a/b = 2,5.

Utilizando essa relação, obedece‑se ao critério a/b ≤ 2,5, e minimiza‑se a excentricidade, pois quanto
menor b, menor e.

São os seguintes os passos do processo iterativo:

a) adota‑se R1=1,2 P1 (em geral, R1 é cerca de 20% maior do que P1);

b) calcula‑se A = R1/sadm;

c) impondo a/b = 2,5, calculam‑se os valores de a e b;

d) com o valor de b, calcula‑se a excentricidade e;

e) calcula‑se R1’=P1{L/(L‑e)};

f) compara‑se o valor de R1’ com R1: se |R1’‑R1| ≤ 10 kN, toma‑se para R1 o valor R1’ e está encerrado o
cálculo iterativo; caso contrário, calcula‑se nova área (passo b) com R1’ e prossegue‑se o cálculo iterativo;

145
Unidade III

g) as dimensões a e b são aproximadas para múltiplos de 5 cm;

h) calculam‑se os valores de e de R1 correspondentes às dimensões a e b definitivas.

Algumas observações importantes:

Nas expressões, não é necessário utilizar os valores reais da distância entre os CC dos pilares e da
excentricidade, basta trabalhar somente com as suas componentes na direção perpendicular à divisa.

O CG da sapata é o ponto da reta passando pelos CC dos pilares que está a uma distância e, marcada
na direção perpendicular à divisa, do CC do pilar P1.

Determinada a posição do CG, marcam‑se as dimensões a e b, respectivamente nas direções


paralela e perpendicular à divisa. Embora a dimensão b seja marcada perpendicularmente à divisa,
as faces da sapata devem ser paralelas à reta que une os dois pilares, para minimizar os esforços
torcionais na viga alavanca.

Frequentemente, sapatas de divisas estão associadas a escavações profundas junto as


construções vizinhas. Nestes casos, pode ser preferível uma sapata mais próxima de um quadrado
que uma retangular com a/b=2,5. O projeto sacrificaria a viga alavanca, na busca de uma solução
mais exequível.

8.4.1.2 Dimensionamento da sapata interna

Uma vez dimensionada a sapata de divisa, procede‑se ao dimensionamento da sapata interna, que é
essencialmente semelhante ao de uma sapata isolada, com a ressalva indicada a seguir.

Do esquema estrutural apresentado na figura anterior, verifica‑se que o pilar a viga alavanca tende
a levantar o pilar P2, reduzindo a carga aplicada ao solo de um valor equivalente a ∆P = R1 - P1.

Na prática, esse alívio na carga do pilar não é adotado integralmente, sendo comum a adoção de
apenas a metade do alívio. Assim a sapata interna será dimensionada para:

∆P
R2 = P2 −
2

A redução no valor do alívio é atribuída ao fato de a viga alavanca não ser rígida, caso das alavancas
longas, além das cargas de projeto incorporarem sobrecargas que nem sempre atuam integralmente, o
que causaria um alívio hipotético superestimado.

No caso da alavanca não ser ligada a um pilar interno, mas sim a um contrapeso ou a um elemento
trabalhando a tração, como uma estaca ou tubulão, o alívio é aplicado integralmente, a favor da segurança.

146
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Exemplo de aplicação

1) Projetar sapatas para os pilares P1 e P2, sendo a tensão admissível do solo igual a 250 kN/m2.
Divisa

20 20

50 40

P1 = 1250 kN P1 = 1500 kN
500
(medidas em cm)

Figura 94 – Posição e dimensão dos pilares P1 e P2

Solução:

Dimensionamento da sapata de divisa:

R1 = 1,2 . P1 → R1 = 1,2 . 1250

→ R1 = 1500 kN

R1 1500
A= →A=
σadm 250

→ A = 6 m2

a . b = 6 (1)

a
= 2,5
b (2)

De (1) e (2), tem‑se:

2,5 . b2 = 6 ∴ b = 1,55 m

6
a= → a = 3,87 m
1,55

b − b' 1,55 − 0,2


e= = → e = 0,68 m
2 2

147
Unidade III

L 5
R1' = P1 ⋅ = 1250 ⋅
(L − e) (5 − 0,68)

R1' = 1446,8 kN

Fazendo a verificação se o processo iterativo está concluído:

R1' - R1 = |1446,8 - 1500| = 53,2 kN

Como 53,2 kN > 10 kN, é necessário um segundo ciclo de iteração.

R1' 1446
A= →A=
σadm 250
→ A = 5,79 m2

a . b = 5,79 (1)

a
= 2,5
b (2)

De (1) e (2), tem‑se:

2,5 . b2 = 5,79 ∴ b = 1,52 m

5,79
a= → a = 3,8 m
1,52

b − b' 1,52 − 0,2


e= = → e = 0,66 m
2 2

L 5
R1'' = P1 ⋅ = 1250 ⋅
(L − e) (5 − 0,66)

R1" = 1440 kN

Fazendo a verificação se o processo iterativo está concluído:

R1" - R1' = |1440 - 1446,8| = 6,8 kN

148
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Como 6,8 kN < 10 kN, encerra‑se o ciclo de iterações.

Arredondando:

a = 3,8 m

b = 1,55 m

Determinação dos valores finais de e e de R1:

1,55 − 0,2
e= → e = 0,68 m
2

5
R1 = 1250 ⋅ → R = 1447 kN
(5 − 0,68) 1
Dimensionamento da sapata interna:

∆P = R1 - P1 = 1447 - 1250 = 197 kN

∆P 197
R2 = P2 − = 1500 − → R2 = 1401kN
2 2

1401
A= → A = 5,6 m²
250

a . b = 5,6

a - b = a’ - b’ = 0,20

b2 + 0,20 . b - 5,6 = 0

→ b = 1,57 m

a = 0,20 + b = 0,20 + 1,57 → a = 1,77 m

Arredondando:

a = 1,80 m

b = 1,60 m

149
Unidade III

300 cm
CG V.E.

180 cm
e=64 cm

160 cm
155 cm

Figura 95 – Sapata de divisa e sapata interna resultantes

2) Projetar sapatas para os pilares P1 e P2, sendo a tensão admissível do solo igual a 300 kN/m2.
Divisa

20 20

50 40

P1 = 1000 kN P1 = 1500 kN
600
(medidas em cm)

Figura 96 – Posição e dimensão dos pilares P1 e P2

Solução:

Dimensionamento da sapata de divisa:

R1 = 1,2 . P1 → R1 - P1 = 1,2 . 1000

→ R1 = 1200 kN

R1 1200
A= →A=
σadm 300

→ A = 4 m2

a . b = 4 (1)

a
= 2,5
b (2)

De (1) e (2), tem‑se:


150
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

2,5 . b2 = 4 ∴ b = 1,26 m

4
a= → a = 3,17 m
1,26

b − b' 1,26 − 0,2


e= = → e = 0,53 m
2 2

L 6
R1' = P1 ⋅ = 1000 ⋅
(L − e) (6 − 0,53)

R1' = 1097 kN

Fazendo a verificação se o processo iterativo está concluído:

R1' - R1 = |1097 - 1000| = 97 kN

Como 97 kN> 10 kN, é necessário um segundo ciclo de iteração.

R1' 1097
A= →A=
σadm 300

→ A = 3,66 m2

a . b = 3,66 (1)

a
= 2,5
b (2)

De (1) e (2), tem‑se:

2,5 . b2 = 3,66 ∴ b = 1,20 m

3,66
a= → a = 3,05 m
1,20

b − b' 1,20 − 0,2


e= = → e = 0,50 m
2 2

L 6
R1'' = P1 ⋅ = 1000 ⋅
(L − e) (6 − 0,50)

151
Unidade III

R1" = 1091 kN

Fazendo a verificação se o processo iterativo está concluído:

R1" - R1' = |1091 - 1097| = 6 kN

Como 6 kN <10 kN, encerra‑se o ciclo de iterações.

Arredondando:

a = 3,10 m

b = 1,20 m

Determinação dos valores finais de e e de R1:

1,20 − 0,2
e= → e = 0,50 m
2

6
R1 = 1000 ⋅ → R = 1091kN
(6 − 0,50) 1
Dimensionamento da sapata interna:

∆P = R1 - P1 = 1091 - 1000 = 91 kN

∆P 91
R2 = P2 − = 1500 − → R2 = 1454,5 kN
2 2

1454,5
A= → A = 4,85 m²
300

a . b = 4,85

a - b = a’ - b’ = 0,20

b2 + 0,20 . b - 4,85 = 0

→ b = 2,10 m

a = 0,20 + b = 0,20 + 2,10 → a = 2,30 m

Arredondando:

152
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

a = 2,30 m

b = 2,10 m

CG 310 cm V.E.

230 cm
e=50 cm

210 cm
120 cm

Figura 97 – Sapata de divisa e sapata interna resultantes

8.4.2 Dimensionamento de sapata associada

Quando o pilar P2 interno estiver próximo ao pilar de divisa P1, recorre‑se à solução de sapata associada.

Há duas possibilidades: P1 ≤ P2 e P1> P2, com soluções de sapata em forma de paralelogramo e de


sapata em forma de trapézio, respectivamente.

A seguir, apresenta‑se o dimensionamento para as duas situações.

Caso (a): P1 ≤ P2

P1

P2
VR
CC
b

a/2

Figura 98 – Sapata em forma de paralelogramo

153
Unidade III

Como P1 < P2, o CC dos pilares está mais próximo de P2. Uma vez que a sapata não pode avançar
além da face externa do pilar P1, o valor de a/2 está definido, conforme indicado na figura anterior,
sendo os valores de a e b determinados a partir dele.

Exemplo de aplicação

1) Projetar sapatas para os pilares P1 e P2, sendo a tensão admissível do solo igual a 300 kN/m2.

20

60

P1 = 2000 kN
Divisa

220
25

25
P2 = 1500 kN
500
(medidas em cm)

Figura 99 – Posição e dimensões dos pilares P1 e P2

Solução:

Dimensionamento da sapata de divisa:

R1 = 1,2 . P1 = 1,2 . 2000

→ R1 = 2400 kN

2400
A= = 8 m²
300

a.b=8

a
= 2,5
b

2,5 . b2 = 8 → b = 1,80 m

e=
(b − b') = (1,80 − 0,2) = 0,8 m
2 2

154
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

L 5
R1' = P1 ⋅ = 2000 ⋅ = 2381 kN
(L − e) (5 − 0,8)

R1' - R1 = |2381 - 2400| = 19 kN > 10 kN

Necessário um segundo ciclo iterativo:

R1' 2381
A= = = 7,94 m²
σadm 300

a . b = 7,94

a
= 2,5
b

2,5 . b2 = 7,94 → b = 1,78 m

e=
(b − b') = (1,78 − 0,2) = 0,79 m
2 2

L 5
R1'' = P1 ⋅ = 2000 ⋅ = 2375 kN
(L − e) (5 − 0,79)

R1' - R1 = |2375 - 2381| = 6 kN < 10 kN

Processo iterativo encerrado.

Arredondando:

a = 4,5 m

b = 1,8 m

Valores finais de e e de R1:

e=
(b − b') = (1,80 − 0,2) = 0,8 m
2 2

L 5
R1 = P1 ⋅ = 2000 ⋅ = 2381 kN
(L − e) (5 − 0,8)
155
Unidade III

Dimensionamento da sapata interna:

∆P = R1 - P1 = 2381 - 2000 = 381 kN

∆P 381
R2 = P2 − = 1500 − → R2 = 1309 kN
2 2

1309
A= → A = 4,36 m²
300

a . b = 4,36

a - b = a’ - b’ = 0

→a=b

a2 = 4,36

→ a = b = 2,09 m

Arredondando:

a = 2,10 m

b = 2,10 m
480 cm

CG

58 cm
V.E.
210 cm

180 cm
210 cm

Figura 100 – Sapata associada resultante

156
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

2) Projetar sapatas para os pilares P1 e P2, sendo a tensão admissível do solo igual a 300 kN/m2.

20

50

P1 = 1250 kN
Divisa

220
30

30
P1 = 1000 kN
500
(medidas em cm)

Figura 101 – Dados para o cálculo da sapata

Solução:

Dimensionamento da sapata de divisa:

R1 = 1,2 P1

R1 = 1,2 x 1250 = 1500 kN

A = R1/ σadm →→ A = 1500/ 250 = 6 m2

a.b = 6 a/b = 2,5

2,5 b2 = 6 b = 1,55 m

a = 6 /1,55 a= 3,87 m

e = (b‑b’)/2 = (1,55‑0,2)/2 e = 0,68 m

R1’ =P1L/(L‑e) =1250x5 / (5‑0,68)

R1’= 1446,8 kN

R1’‑R1 = 1446,8‑1250 = 196kN

196 > 10 kN implica um segundo ciclo iterativo.

A = R1’/ σadm

157
Unidade III

A = 1446,8 / 250 = 5,79 m2

a.b = 5,79 a/b = 2,5

2,5b2 = 5,79 b=1,52 m

a = 5,79 / 1,52= 3,8 m

e= (b‑b’)/2 = (1,52‑0,20) / 2 = 0,66 m

R1’’ =P1L/(L ‑e ) =1250x5 / (5‑0,66) = 1440 kN

R1’’‑R1’= 1446,8‑1440 = 6,8 kN

6,8 < 10 kN

Processo iterativo encerrado.

Valores finais de e e de R1:

e = (1,55‑0,20) / 2 → e= 0,68

R1 = 1250x5 / (5‑0,68) →→ R1 =1447 kN

Arredondando:

a = 3,8 m b = 1,55 m

Dimensionamento da sapata interna

∆P = R1 – P1 = 1447‑ 1250 = 197 kN

R2 = P2 – (∆P/2) = 1000‑ 99 = 901 kN

A = 901 / 300 = 3 m2

a – b = a’‑ b’ = 0

→ a = b =1,73 m

Dimensões definitivas:

a = 1,75 m

b = 1,75 m
158
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

380 cm

CG

58 cm
V.E.

175 cm
155 cm
175 cm

Figura 102 – Sapatas resultantes

Note que na situação do exemplo anterior não é possível projetar uma sapata associada em forma
de paralelogramo, pois, desse modo, ela obrigatoriamente ultrapassaria a linha de divisa.

Utiliza‑se então a sapata com formato de trapézio. As dimensões a, b e h do trapézio são escolhidas
de tal maneira que o seu CG coincida com o CC dos pilares.

Z
P1
a
P2
CC
VR b

Figura 103 – Sapata em forma de trapézio

A posição do CG de um trapézio pode ser determinada pela seguinte expressão:

z 1  a + 2b 
= ⋅
h 3  a + b 

159
Unidade III

Observe que o valor mínimo para a relação z/h é 1/3, que ocorre quando b = 0, condição em que o
trapézio se transforma em um triângulo.

A área do trapézio é dada pela expressão:

 a + b   P1 + P2 
A = h⋅  =
 2   σadm 

Tem‑se, portanto, duas equações e três incógnitas (h, a, b), uma vez que z é conhecido.
Qualquer solução que atenda as duas expressões simultaneamente é válida, desde que:

• A dimensão b do trapézio seja no mínimo igual a 80 cm. Como já tratado anteriormente, de


acordo com a norma brasileira, sapatas não devem ter nenhuma dimensão menor do que
esse valor.

• A dimensão h seja, no mínimo, igual à distância entre as faces mais afastadas dos dois pilares,
medida na direção perpendicular à divisa, e no máximo igual a 3z.

Para resolver o problema, tem‑se o seguinte procedimento:

a) Determina‑se o valor de z, como distância do CC à face externa do pilar P1.

b) Impõe‑se um valor de h, que deverá ser menor do que 3z e no mínimo igual à distância entre as
faces mais afastadas dos dois pilares, medida na direção perpendicular à divisa.

c) Calcula‑se a área do trapézio.

d) Tem‑se então duas equações e duas incógnitas (a e b). Assim se obtêm a e b.

Da 2a equação:

2⋅ A
(a + b ) =
h

Substituindo o valor de (a+b) na primeira equação, determina‑se b:

z 1 (a + b ) + b
=
h 3 a+b

e) O lado b deve ser maior ou igual a 0,8 m. Se b < 0,8m, diminui‑se o valor de h e calcula‑se novamente.

160
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Exemplo de aplicação

1) Projetar fundação em sapatas para os pilares P1 e P2, sendo a taxa de trabalho do solo igual a
300 kN/m2.

P1 = 1500 kN
20
100
Divisa

80
P2 = 1800 kN
20
120
300
(medidas em cm)

Figura 104 – Posição e dimensões dos pilares P1 e P2

Solução:

P1 + P2 1500 + 1800
A= = = 11 m²
σadm 300

Cálculo do CC dos pilares:

∑ Pi ⋅ Xi 1500 ⋅ 0,50 + 1800 ⋅ 3,00


= = 1,86 m
∑ Pi 1500 + 1800

Portanto:

a = 2 . 1,86 = 3,72 m

11
b= = 2,96 m
3,72

Arredondando os valores, tem‑se:

a = 3,75 m

b = 3,00 m

161
Unidade III

P1
CG
P2
V.R.

300 cm
187 c
m

375 cm

Figura 105 – Sapata associada resultante

2) Projetar fundação em sapatas para os pilares P1 e P2, sendo a taxa de trabalho do solo igual a
300 kN/m2.

P1 = 2000 kN
20
80
Divisa

75
P2 = 2500 kN
20
100
200
(medidas em cm)

Figura 106 – Posição e dimensões dos pilares P1 e P2

Solução:

P1 + P2 2000 + 2500
A= = = 15 m²
σadm 300

Cálculo do CC dos pilares:

∑ Pi ⋅ Xi 2000 ⋅ 0,40 + 2500 ⋅ 2,50


= = 1,57 m
∑ Pi 2000 + 2500

162
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Portanto:

a = 2 . 1,57 = 3,14 m

15
b= = 4,77 m
3,14

Arredondando os valores, tem‑se:

a = 3,15 m

b = 4,80 m

P1
V.R. P2
CG
315 cm

157 c
m

480 cm

Figura 107 – Sapata associada resultante

3) Projetar fundação em sapatas para os pilares P1 e P2, sendo a taxa de trabalho do solo igual 300 kN/m2.

20 P1 = 1700 kN
40
Divisa

90 P2 = 1500 kN
40

250
(medidas em cm)

Figura 108 – Posição e dimensões dos pilares P1 e P2

Solução:

Cálculo do centro de carga dos pilares:

163
Unidade III

∑ Pi ⋅ Xi 1700 ⋅ 0,10 + 1500 ⋅ 2,50


= = 1,23m
∑ Pi 1700 + 1500

O valor de h deve estar entre 2,7 m (distância entre as faces mais afastadas dos pilares) e 3,7 m (3z).

Será adotado h = 3 m.

A área do trapézio é:

P1 + P2 1700 + 1500
A= = = 10,7 m²
σadm 300

Portanto:

2 ⋅ A 2 ⋅10,7
(a + b ) = = = 7,13 m
h 3,00

Substituindo (a+b) na outra expressão, tem‑se:

z 1  (a + b ) + b  1,23 1  7,13 + b 
=  → =  
h 3  (a + b )  3 3  (7,13) 

Resolvendo a equação, obtém‑se b = 1,64 m.

O valor é aceitável, pois b ≥ 0,8 m.

a + b = 7,13 → a = 7,13 - 1,64

a = 5,49 m

Portanto as dimensões da sapata são:

a = 5,50 m

b = 1,65 m

h = 3,0 m

164
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

V.R.

550 cm

165 cm
CG
123 cm

300 cm

Figura 109 – Sapata associada resultante

4) Projetar fundação em sapatas para os pilares P1 e P2, sendo a taxa de trabalho do solo igual 300 kN/m2.

30 P1 = 2000 kN
40
Divisa

80 P2 = 1500 kN
50

235
(medidas em cm)

Figura 110 – Posição e dimensões dos pilares P1 e P2

Solução:

Cálculo do centro de carga dos pilares:

∑ Pi ⋅ Xi 2000 ⋅ 0,15 + 1500 ⋅ 2,35


X CC = z = = = 1,09 m
∑ Pi 2000 + 1500

O valor de h deve estar entre 2,55 m (distância entre as faces mais afastadas dos pilares) e 3,27 m (3z).

Será adotado h = 3,2 m.

A área do trapézio é:

P1 + P2 2000 + 1500
A= = = 11 m²
σadm 320

165
Unidade III

Portanto:

2 ⋅ A 2 ⋅11
(a + b ) = = = 6,9 m
h 3,20

Substituindo (a+b) na outra expressão, tem‑se:

z 1  (a + b ) + b  1,09 1  6,9 + b 
=  → =  
h 3  (a + b )  3 3  (6,9) 

Resolvendo a equação, obtém‑se b = 0,62 m.

O valor não é aceitável, pois b deve ser igual ou superior a 0,8 m.

Será adotado h = 2,6 m.

A área do trapézio é:

A = (2000+1500) / 300 = 11,67 m2

Portanto:

2xA 2x11,67
(a + b ) = = = 8,98 m
h 2,60

Substituindo (a+b) na outra expressão, tem‑se:

z 1  (a + b) + b  1,09 1  (8,98 + b) 
=  = =  
h 3  (a + b)  3 3  (8,98) 

Resolvendo a equação, obtém‑se b = 0,81 m.

Valor aceitável, b ≥ 0,8 m.

a = 8,98 – 0,81 = 8,17

Portanto, as dimensões da sapata são:

a = 8,17

b = 0,81 m

h = 2,6 m

166
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

V.R.

817 cm

81 cm
CG
109 cm

260 cm

Figura 111 – Sapata associada resultante

8.5 Dimensionamento para pilares próximos às duas divisas

A solução, neste caso, é também por sapata alavancada.


b’
e e
(a * a’)/2 α
a’ CG
(b * b’)/2
a
α
Viga alavancada

b
P1
e

R1

P2
L
R2

Figura 112 – Sapata alavancada para pilares próximos às duas divisas

A área da sapata de divisa é dimensionada para o esforço R1. Sejam e e L a excentricidade e a


distância entre os CC dos pilares.
167
Unidade III

Fazendo o momento em relação ao CC do pilar P2 igual a zero, determina‑se o valor de R1:

L
R1 = P1 ⋅
(L − e)

E, assim, pode‑se determinar a área A:

R1
A = a⋅ b =
σadm

No caso de sapata de uma divisa, a e b podiam assumir quaisquer valores. Para resolver o problema,
era imposto o critério a/b = 2,5.

No caso de sapata de duas divisas, não se pode impor esse critério, pois, para que o CG da sapata
coincida com o CC dos pilares, como se pode deduzir do triângulo mostrado no canto superior direito
da figura anterior, deve ser obedecida a seguinte relação:

b - b’ = tan . α(a - a’)

Isso significa que existe uma única sapata de área A com o CG coincidindo com o CC dos pilares.

A relação entre a excentricidade e as dimensões da sapata também pode ser obtida do triângulo
mostrado na figura anterior:

b − b'
e=
2sin α

Portanto, para o cálculo das dimensões da sapata, é necessário conhecer R1, que, por sua vez,
depende das dimensões. Neste caso, o problema também é resolvido por meio de processo iterativo.

São os seguintes os passos do processo iterativo:

a) da geometria do problema, calcula‑se o ângulo α;

b) adota‑se R1=1,3 P1 (em geral, para sapata de duas divisas, R1 é cerca de 30% maior do que P1,);

c) calcula‑se A = R1/σadm;

d) com a área conhecida e com a relação b - b’ = tan . α(a - a’), calculam‑se os valores de a e b;

b − b'
e) calcula‑se e =
2sin α
168
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

L
f) calcula‑se R1' = P1 ⋅
(L − e)
g) compara‑se o valor de R1’ com R1; se |R1’‑R1|≤ 10 kN, toma‑se para R1 o valor R1’ e está encerrado
o cálculo iterativo; caso contrário, calcula‑se nova área (passo b) com R1’ e prossegue‑se o
cálculo iterativo;

h) as dimensões a e b são aproximadas para múltiplos de 5 cm;

i) calculam‑se os valores de e de R1 correspondentes às dimensões a e b definitivas.

Seguem algumas observações importantes

Neste caso, diferentemente do visto para sapata de uma divisa, é necessário utilizar nas expressões
os valores reais da excentricidade e da distância entre os CC dos pilares.

Para uso das expressões anteriores, a dimensão b deve ser a definida no triângulo mostrado na
figura, ou seja, (b‑b’)/2 deve corresponder ao lado oposto ao ângulo α.

Uma vez dimensionada a sapata de divisa, procede‑se ao dimensionamento da sapata interna, que
é exatamente igual ao apresentado no caso de sapata de uma divisa.

Exemplo de aplicação

1) Dimensionar sapatas para os pilares P1 e P2, sendo a tensão admissível do solo igual a 360 kN/m².
320 cm
60

P1 = 1120 kN

25
410 cm

P2 = 1390 kN
25
65

Figura 113 – Posição e dimensões dos pilares P1 e P2

169
Unidade III

Solução:

Dimensionamento da sapata de duas divisas:

3,2
tan α = = 0,78
4,1

→ α = 37,97º

L = 3,22 + 4,12 = 5,2

R1 = 1,3 . P1 = 1,3 . 1120 = 1456 kN

R1 1456
A = a⋅b = = → A = 4,05 m²
σadm 360

tan α =
(b − b') = (b − 0,25)
(a − a') (a − 0,60)

Sistema de equações:

a . b = 4,05 m2

(b − 0,25) = 0,78
(a − 0,60)

Isolando o valor de (a) da primeira equação e substituindo na segunda tem‑se:

4,05
a=
b

0,78 =
(b − 0,25)
 4,05  
 b  − 0,60
 

3,159
→ − 0,468 = b − 0,25
b

→ b2 + 0,218b - 3,16 =0
170
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

∴b = 1,67 m

4,05 4,05
a= =
b 1,67

∴a = 2,43 m

b − b' 1,67 − 0,25


e= = → e = 1,15 m
2sin α 2sin37,97°

L 5,2
R1' = P1 ⋅ = 1120 ⋅ = 1438 kN
(L − e) (5,2 − 1,15)

R1' - R1 = |1438 - 1456| = 18 kN < 10 kN

Necessário um segundo ciclo iterativo.

1438
A ′′ = a ⋅ b = = 3,99 m²
360

3,99
a′′ =
b

0,78 =
(b − 0,25)
 3,99  
 b  − 0,60
 

3,1122
→ − 0,468 = b − 0,25
b

→ b2 + 0,218b - 3,1122 = 0

∴b” = 1,66 m

3,99 3,99
a'' = =
b 1,66

∴a” = 2,40 m

171
Unidade III

b''− b' 1,66 − 0,25


e'' = = → e = 1,13m
2sin α 2sin37,97°

L 5,2
R1'' = P1 ⋅ = 1120 ⋅ = 1430 kN
(L − e) (5,2 − 1,13)

R1" - R1 = |1438 - 1430| = 8 kN < 10 kN

Processo iterativo encerrado.

Arredondando:

a = 2,40 m

b = 1,70 m

Valores finais de e e R1:

e′′ =
(b′′ − b') = 1,60 − 0,25 → e = 1,18m
2sin α 2sin37,97°

L 5,2
R1''' = P1 ⋅ = 1120 ⋅ → R1''' = 1449 kN
(L − e''') (5,2 − 1,18)

Dimensionamento da sapata interna:

∆P = R1 - P1 = 1449 - 1120 = 329 kN

∆P 329
R2 = P2 − = 1390 − → R2 = 1225,5 kN
2 2

1225,5
A= → A = 3,4 m²
360

a . b = 3,4

a - b = a’ - b’ = 0,40

b2 + 0,40 . b - 3,4 = 0

172
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

→ b2 = 1,65 m

a = 0,40 + b = 0,40 + 1,65 → a = 2,05 m


170 cm

e=
118
240 cm
CG

V.E.
165 cm

205 cm

Figura 114 – Sapata alavancada resultante

2) Dimensionar sapatas para os pilares P1 e P2, sendo a tensão admissível do solo igual a 320 kN/m².
350 cm
60

P1 = 990 kN

20
450 cm

P2 = 1420 kN
25
60

Figura 115 – Posição e dimensões dos pilares P1 e P2

173
Unidade III

Solução:

Dimensionamento da sapata de duas divisas:

3,5
tan α = = 0,778
4,5

→ α = 37,87º

L = 3,52 + 4,52 = 5,7

R1 = 1,3 . P1 = 1,3 . 990 = 1287 kN

R1 1287
A = a⋅ b = = → A = 4,02 m²
σadm 320

tan α =
(b − b') = (b − 0,20)
(a − a') (a − 0,60)

Sistema de equações:

a . b = 4,02 m2

(b − 0,20) = 0,778
(a − 0,60)

Isolando o valor de (a) da primeira equação e substituindo na segunda tem‑se:

4,02
a=
b

0,778 =
(b − 0,20)
 4,02  
 b  − 0,60
 

3,1356
→ − 0,468 = b − 0,20
b

→ b2 + 0,218b - 3,1356 = 0
174
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

∴b = 1,64 m

4,02 4,02
a= =
b 1,64

∴a = 2,45 m

b − b' 1,64 − 0,20


e= = → e = 0,93m
2sin α 2sin37,87°

L 5,7
R1' = P1 ⋅ = 990 ⋅ = 1183 kN
(L − e) (5,7 − 0,93)

R1' - R1 = |1183 - 1287| = 104 kN > 10 kN

Necessário um segundo ciclo iterativo.

1183
A′ = a ⋅ b = = 3,70 m²
320

3,70
a′′ =
b

0,778 =
(b − 0,20)
 3,70  
 b  − 0,60
 

2,886
→ − 0,468 = b − 0,20
b

→ b2 + 0,268b - 2,886 = 0

∴b” = 1,57 m

3,70 3,70
a'' = =
b 1,57

∴a” = 2,36 m

175
Unidade III

b''− b' 1,57 − 0,20


e'' = = → e = 1,12 m
2sin α 2sin37,87°

L 5,7
R1'' = P1 ⋅ = 990 ⋅ = 1232 kN
(L − e) (5,7 − 1,12)

R1" - R1' = |1232 - 1183| = 39 kN < 10 kN

Necessário um terceiro ciclo iterativo.

1232
A ′′ = a ⋅ b = = 3,85 m²
320

3,85
a′′′ =
b

0,778 =
(b − 0,20)
 3,85  
 b  − 0,60
 

2,99
→ − 0,47 = b − 0,20
b

→ b2 + 0,27b - 2,99 = 0

∴b” = 1,60 m

3,85 3,85
a''' = =
b 1,60

∴a” = 2,41 m

b''− b' 1,60 − 0,20


e'' = = → e = 1,14 m
2sin α 2sin37,87°

L 5,7
R1''' = P1 ⋅ = 990 ⋅ = 1237,5 kN
(L − e) (5,7 − 1,14 )

176
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

R1" - R1' = |1237,5 - 1232| = 5,5 kN < 10 kN

Processo iterativo encerrado.

Arredondando:

a = 2,45 m

b = 1,60 m

Valores finais de e e R1:

e'''' =
(b′′′ − b') = 1,60 − 0,20 → e = 1,14 m
2sin α 2sin37,87°

L 5,7
R1'''' = P1 ⋅ = 990 ⋅ → R1'''' = 1237,5 kN
(L − e′′′ ) (5,7 − 1,14 )

Dimensionamento da sapata interna:

∆P = R1 - P1 = 1237,5 - 990 = 247,5 kN

∆P 247,5
R2 = P2 − = 1420 − → R2 = 1296,5 kN
2 2

1296,5
A= → A = 4,05 m²
320

a . b = 4,05

a - b = a’ - b’ = 0,35

b2 + 0,35 . b - 4,05 = 0

→ b2 = 1,85 m

a = 0,35 + b = 0,35 + 1,85 → a = 2,20 m

177
Unidade III

160 cm

e=
114
245 cm
CG

V.E.

185 cm
220 cm

Figura 116 – Sapata alavancada resultante

8.6 Dimensionamento para pilares com carga vertical e momento

Frequentemente, em casos práticos, além da carga vertical, atua um momento na fundação. Esse
momento pode ser causado por cargas aplicadas excentricamente ao eixo da sapata, por efeito de
pórtico em estruturas hiperestáticas, por cargas horizontais aplicadas à estrutura, como empuxo
de terra em muros de arrimo, vento, frenagem e outros.

Na figura a seguir é apresentado o caso de uma sapata submetida a uma carga P e a um


momento M. Observe‑se que o efeito do momento M pode ser substituído pelo deslocamento da
carga P para uma distância e (= excentricidade) do centro da sapata, tal que Pe = M.
P
P
M

Figura 117 – Efeito do momento

178
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Neste caso, as tensões no terreno não serão uniformes, variando ao longo da base da sapata.
P P
Pe Pe

y
α = P/A α = Pey/J α = P/a + Pey/J

Figura 118 – Variação das tensões ao longo da base da sapata

Como se conclui da figura anterior, o valor da tensão na base da sapata vale:

P P⋅e
σ= ± ⋅y
A J

Em que J é momento de inércia da seção transversal em relação à linha neutra e y é a distância


considerada da linha neutra.

Para seção retangular, tem‑se:

b ⋅ a3
J=
12

Sendo α a dimensão da sapata na direção em que ocorre a excentricidade e. Os valores σmax e σmin
ocorrem para y = a/2. Para esse valor de y tem‑se:

P⋅e P ⋅ e a 6 ⋅P ⋅ e
⋅y = ⋅ =
J b ⋅ a3 2 b ⋅ a2
12

Sendo W = ba2/6 o módulo de resistência da seção da base da sapata, tem‑se:

P P ⋅ e P 6 ⋅P ⋅ e
σmax
min = ± = ±
A W a ⋅ b b ⋅ a2

Note‑se que, para e > a/6 (carga P fora do núcleo central), resulta σmin < 0. Esta situação de tensões
de tração ocorrerá no contato sapata‑solo. Como o solo não resiste à tração, não se considera a área
tracionada no cálculo.

179
Unidade III

O procedimento recomendado para dimensionamento da sapata é o seguinte:

a) Calcula‑se a excentricidade e = M/P.

b) Faz‑se com que a carga P esteja dentro do núcleo central: a > 6e. Adota‑se um valor de a que
satisfaça essa expressão.

c) Impõe‑se a condição:

σmax ≤ σadm

E assim determina‑se b através da expressão:

P 6 ⋅P ⋅ e
+ = σadm
a ⋅ b b ⋅ a2

Observação

Neste tipo de sapata não há necessidade de correlacionar seus lados


com os lados do pilar, nem há obrigatoriedade de se manter a relação
a/b ≤ 2,5.

Exemplo de aplicação

1) Calcular as dimensões de uma sapata para o pilar indicado a seguir, sendo a tensão admissível do
terreno igual a 320 kN/m².
70
30
P = 2120 kN
M = 425 kN

Figura 119 – Dimensões e carregamentos do pilar

Solução:

M 425
e= = = 0,2 m
P 2120

Assim, qualquer valor de a superior a 6e = 1,20 m satisfaz.

Será aqui adotado a = 2,5 m.


180
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

P 6 ⋅P ⋅ e
+ = σadm
a ⋅ b b ⋅ a2

2120 6 ⋅ 2120 ⋅ 0,2


→ + = 320
2,5 ⋅ b b ⋅ 6,25

5300 + 2544
→ = 320
6,25 ⋅ b

→ b = 3,92 m

Dimensões finais:

a = 2,00 m

b = 3,95 m
200 cm

395 cm

Figura 120 – Sapata resultante

2) Calcular as dimensões de uma sapata para o pilar a seguir indicado, sendo a tensão admissível do
terreno igual a 340 kN/m².
60
35
P = 2250 kN
M = 410 kN

Figura 121 – Dimensões e carregamentos do pilar

181
Unidade III

Solução:

M 410
e= = = 0,18 m
P 2250

Assim, qualquer valor de a superior a 6e = 1,10 m satisfaz.

Será aqui adotado a = 4 m.

P 6 ⋅P ⋅ e
+ = σadm
a ⋅ b b ⋅ a2

2250 6 ⋅ 2250 ⋅ 0,18


→ + = 340
4 ⋅b b ⋅16

9000 + 2430
→ = 340
16 ⋅ b

→ b = 2,23 m

Dimensões finais:

a = 4,00 m

b =2,25 m
400 cm

225 cm

Figura 122 – Sapata resultante

No caso mais geral, com excentricidade dupla, o momento resultante deve ser decomposto em
relação aos dois eixos e seus efeitos somados.

182
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

ex
P
ey X
b

Figura 123 – Decomposição dos momentos – excentricidade dupla

Definem‑se:

Mx = P . ey My = P . ex

ab2 ba2
Wx = Wy =
6 6

A expressão para as tensões máxima e mínima fica sendo:

P P ⋅ ey P ⋅ ex P 6 ⋅ P ⋅ ey 6 ⋅ P ⋅ ex
σmax
min = ± ± = ± ±
A Wx Wy ab ab2 ba2

Para que não ocorra tração em nenhum ponto do contato sapata‑solo, deve‑se ter:

a b
ex ≤ ey ≤
6 6

Impõe‑se também a condição:

σmax ≤ σadm

ou seja:

P 6 ⋅ P ⋅ ey 6 ⋅ P ⋅ ex
± ± ≤ σadm
ab ab2 ba2

A norma brasileira NBR 6122 permite que se adote o seguinte procedimento para cálculo de sapatas
com carga vertical e momento:

183
Unidade III

a) Determina‑se a área efetiva da fundação, que é a área resultante da carga P sem momento.

P
A ef =
σadm

b) De Aef resultam aef e bef.

c) As dimensões reais a e b da sapata são obtidas pelas expressões:

a aef b bef
= + ex = + ey
2 2 2 2

As figuras a seguir ilustram os resultados para excentricidade simples e excentricidade dupla.

X ey
P
b

ex

Figura 124 – Resultado para excentricidade simples

P
X
b
ey

ex

Figura 125 – Resultado para excentricidade dupla

8.7 Disposições construtivas

A norma NBR‑6122 apresenta as seguintes disposições construtivas.

184
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Profundidade mínima

A base da sapata deve ser assente a uma profundidade tal que garanta que o solo de apoio não
seja influenciado pelos agentes atmosféricos e fluxos d’água. Nas divisas com terrenos vizinhos, tal
profundidade não deve ser menor que 1,5 m.

Lastro

Deve‑se executar previamente a execução da fundação uma camada de concreto simples de


regularização de, no mínimo, 5 cm de espessura ocupando toda a área da cava da fundação.

Fundações em cotas diferentes

No caso de fundações próximas, porém situadas em cotas diferentes, a reta de maior declive que
passa pelos seus bordos deve fazer com a vertical um ângulo α, como mostrado na figura a seguir, com
os seguintes valores:

Solos pouco resistentes: α ≥ 60°

Solos resistentes: α ≥ 45°

Rochas: α ≥ 30°

Figura 126 – Reta de maior declive

8.8 Fórmulas teóricas para compreensão do fenômeno de ruptura de


uma fundação

Vários estudos teóricos foram desenvolvidos com base na teoria da plasticidade, permitindo calcular
a capacidade de carga dos solos. Dentre eles destaca‑se o proposto por Terzaghi (1943). Para utilização
dessas teorias é necessário saber os valores da resistência ao cisalhamento (c, φ) do solo em estudo. Para
areias, o parâmetro básico é o ângulo de atrito φ’, determinado em ensaios de resistência drenados, uma

185
Unidade III

vez que o valor de coesão é zero. Já para as argilas, a hipótese de cálculo é mais pessimista, admitindo‑se
carregamento rápido e, portanto, o parâmetro de interesse é o valor da coesão não drenada c.

A seguir, são apresentadas as fórmulas didáticas propostas por ele, fáceis de deduzir e que facilitam
a compreensão do fenômeno de ruptura de uma fundação.

8.8.1 Método didático de Terzaghi

a) Sapata circular apoiada à superfície

Este método se baseia em modelos de sapatas, nas quais foram medidas as deformações do solo
abaixo delas. Para uma sapata de diâmetro B = 2R, foi observado que as maiores deformações laterais
ocorriam até uma profundidade aproximadamente igual a 2R. Como mostrado na figura a seguir, o
cilindro (a), abaixo da sapata, expande‑se lateralmente, provocando deformações laterais apreciáveis
também na região anelar (b) de solo confinante, de espessura igual a 2R, inclusive decorrendo um
empolamento da superfície do solo adjacente à sapata.
2R B=2R 2R

σ1a σ3b
2R

σ3a σ1b

(b) (a) (b)

Figura 127 – Sapata circular apoiada à superfície – diâmetro B = 2R

Terzaghi observou também que a deformação lateral no centro de (a) era o dobro da deformação
lateral no centro de (b). Com base nessa constatação e admitindo o comportamento do solo como
elástico linear, ele formulou a hipótese fundamental do método didático aplicado às sapatas circulares:
a tensão horizontal no centro da região (a) é o dobro da tensão horizontal no centro da região (b).

No centro do cilindro (a) e no centro do anel (b), as tensões principais atuam nos planos vertical e
horizontal, tal que:

σ3a = 2 σ1b

Sendo γ o peso específico do solo, resulta que:

σ1a = σr + γR
186
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

σ3b = γR

Para solo com comportamento puramente coesivo (s=c), deduz‑se dos círculos de Mohr (Figura
124) que:

σ1a = σ3a + 2c

σ1b = σ3b + 2c

σ3b σ1b σ3a σ1a σ

Figura 128 – Círculos de Mohr para solo com comportamento puramente coesivo (s=c)

Portanto:

σr = σ1a – γR = σ3a + 2c – γR = 2σ1b + 2c‑ γR = 2(σ3b+2c)+ 2c – γR = 2(γR+2c) + 2c‑γR

σr = 6c + γR

O termo γR é desprezível em comparação ao valor de 6c e, portanto, pode‑se simplificar como:

σr = 6c

Para solo puramente não coesivo, comportando‑se como σ = σ’tgφ’, a análise do círculo de Mohr
implica que:

σ1 1 + senφ '
=
σ2 1 − senφ ' (
= tg2 45º + φ ' 2 = Nφ )

187
Unidade III

φ'

σ3b σ1b σ3a σ1a σ

Figura 129 – Círculos de Mohr para solo puramente não coesivo

E, portanto:

σ1a = Nφσ3ª

σ1b = Nfσ3b

σr = σ1a – γR = Nφσ3a – γR = 2Nφσ1b – γR = 2NφNφσ3b – γR = 2Nφ2γR – γR

σr = γR(2Nφ2‑1)

Para um solo genérico (σ= c + σtgφ)

Da análise do círculo de Mohr, pode‑se demonstrar que:

σ1a = Nφσ3a + 2c Nφ

σ1b = Nφσ3b + 2c Nφ

A expressão resultante é:

( )
σr = 2c Nφ 2Nφ + 1 + γR 2N2φ − 1( )
b) Sapata corrida com largura igual a B

Neste caso, a hipótese fundamental adotada, baseada em ensaios em modelos, é que a deformação
lateral no centro do cilindro (a) é igual à deformação lateral no centro do anel (b), resultando
188
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

σ3a = σ1b

As seguintes expressões podem ser deduzidas seguindo procedimento similar ao apresentado


anteriormente.

Para solo puramente coesivo:

σr = 4c

Solo puramente não coesivo:

σr = γB(Nφ 2‑1)/2

Solo genérico:

( ) (
σr = 2c Nφ Nφ + 1 + γB N2φ − 1 / 2 )
8.8.2 Fórmula geral de Terzaghi

Em 1943, Terzaghi propôs uma solução geral para o cálculo da capacidade de carga de um solo, sob
ruptura do tipo geral, quando solicitado por sapata com a menor dimensão igual a B, apoiada numa
profundidade D.

Nessa solução, a resistência ao cisalhamento do solo localizado acima do nível da base da sapata é
desprezada, substituindo‑se, assim, o problema de uma carga colocada a uma certa profundidade pelo
problema de uma carga superficial, mais outro carregamento lateral, correspondente ao confinamento.
Portanto, a fórmula de Terzaghi aplica‑se apenas às fundações rasas.

σr
γD
D

σr

(a) (b) (c)


Sapata apoiada Tensões Simplificação
no solo aplicadas do problema

Figura 130 – Sapata com a menor dimensão igual a B, apoiada numa profundidade D

189
Unidade III

Em problemas reais, as superfícies de ruptura são curvas complexas. Para se tratar matematicamente
o problema de maneira simples, a superfície adotada, como mostrada na figura a seguir, contém dois
trechos retos, nas zonas I e III, e um trecho curvo em espiral logarítmica na zona II.

I III

II 45 - φ/2
φ

Move-se como Espiral


um corpo rígido

Figura 131 – Superfícies de ruptura curvas complexas

Considera‑se que o solo presente na zona I está aderido à base da sapata, formando com ela uma
espécie de cunha que penetra verticalmente no terreno como um todo único, sem se deformar, forçando
as zonas II e III.

A expressão básica de Terzaghi é a seguinte:

1
σr = cNc Sc + γBNγ S γ + qNqSq
2

Nessa expressão, a primeira parcela corresponde ao efeito da coesão, a segunda é devida ao efeito
do atrito e a terceira é a parcela do efeito da sobrecarga.

Seguem as definições das variáveis que aparecem na expressão de Terzaghi:

c: coesão do solo abaixo da base da fundação;

γ: peso específico do solo abaixo da base da fundação (se o solo for saturado, utilizar γsub);

B: menor dimensão da área carregada;

q: sobrecarga = tensão efetiva no solo na cota de apoio da fundação = γD (ou γsubD, se saturado), em
que γ e γsub são correspondentes ao solo acima da base da fundação.

Sc, Sg, Sq são os fatores de forma, definidos a seguir. Nc, Ng, Nq são os fatores de carga, função do
ângulo de atrito, apresentados nas tabelas a seguir e, na forma de ábaco, na figura na sequência.
190
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Tabela 11 – Fatores de forma em função da forma da fundação

Forma da Fatores de forma


fundação Sc∗ Sγ∗ Sq∗
Corrida 1,0 1,0 1,0
Quadrada 1,3 0,8 1,0
Circular 1,3 0,6 1,0
Retangular 1+0,3B/L 1‑0,2B/1 1,0

Adaptado de: Barros (2000).

Tabela 12 – Fatores de carga em função do ângulo de atrito do solo

Ângulo de Fatores de carga


atrito φ Nc∗ Nγ∗ Nq∗
0 5,7 0 1,0
5 7,3 0,5 1,6
10 9,6 1,2 2,7
15 12,9 2,5 4,4
20 17,7 5,0 7,4
25 25,1 9,7 12,7
30 37,2 19,7 22,5
35 57,8 42,4 42,4
40 95,7 100,4 81,3

Adaptado de: Barros (2000).

40
Nq N’c N’q N’γ

30
Nc ϕ = 44º Nγ = 260
Valores de ϕ

ϕ = 48º Nγ = 780
20

10

0
70 60 50 40 30 20 10 0 20 40 60 80 100

Nc e Nq 5.7 1.0 Nγ

Figura 132 – Ábaco de fatores de carga, função do ângulo de atrito

191
Unidade III

Para solos com ruptura local, como areias fofas e argilas moles, em vista das elevadas deformações,
Terzaghi sugere valores de coesão e ângulo de atrito reduzidos:

c* = (2/3)c

tg φ*= (2/3) tg φ

E a expressão básica passa a ter a forma:

σr = c*Nc*Sc + γBNγ*Sγ + qNq*Sq

Os valores dos coeficientes de carga resultantes da redução de φ’ são apresentados na tabela a seguir.

Tabela 13 – Fatores de carga em função do ângulo de atrito do solo

Ângulo de Fatores de carga


atrito φ Nc∗
Nγ∗ Nq∗
0 3,9 0,0 1,0
10 8,0 0,5 1,9
20 11,8 1,7 3,9
30 19,0 5,7 8,3
40 34,0 18,8 20,5

Adaptado de: Barros (2000).

Para a utilização do método de Terzaghi, os parâmetros de resistência c e φ podem ser determinados


diretamente por ensaios ou avaliados através de correlações.

A tensão admissível é calculada dividindo‑se a tensão de ruptura por um fator de segurança, em


geral adotado como 3.

Entende‑se que a capacidade de carga de um solo depende do seu tipo, da posição do nível d’água
e do tamanho, forma e profundidade da sapata.

Para avaliar os efeitos do tamanho e da profundidade da sapata na capacidade de carga de fundações


diretas, adotou‑se o caso de uma sapata corrida de largura B.

As conclusões observadas a seguir são válidas para qualquer forma de fundação rasa, considerando
ruptura geral. A expressão correspondente, para um solo genérico, é:

1
σr = cNc + γBNγ + qNq
2

Para o caso de solo puramente coesivo, tem‑se os valores Nc = 5,7, Nq = 1 e Nγ = 0, assim:

σr = 5,7 c + γD
192
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Desse modo, para argilas, a capacidade de carga aumenta com a profundidade, porém esse aumento
é muito pequeno e equivale à pressão provocada pelo peso de terra na profundidade de apoio da
fundação. Assim, da expressão conclui‑se que, para um solo puramente coesivo, a tensão de ruptura
independe do tamanho da sapata e da profundidade em que está apoiada.

Para o caso de solos não coesivos, considere‑se, como ilustração, uma areia cujo ângulo de
atrito interno é 30°. Nessa situação, Nc = 36, Nq = 22 e Nγ = 20. Para c = 0 e sapata apoiada na
superfície, tem‑se:

σr(D = 0) = 10γB

Para uma sapata apoiada a uma profundidade igual à sua largura B, tem‑se:

σr (D = B) = 10γB + 22γB = 32 γB

Ou seja, a tensão de ruptura numa profundidade B é um pouco mais que três vezes a tensão de
ruptura da sapata apoiada na superfície.

Conclui‑se que, para um solo puramente não coesivo, a tensão de ruptura cresce muito rapidamente
com a profundidade e é proporcional ao tamanho da sapata.

Decorre dessas mesmas conclusões que, inclusive para uma areia compacta, as dimensões da sapata
não podem ser reduzidas abaixo de determinados valores, pois estaria se reduzindo também o valor σr.
Por essa razão, especifica‑se o valor de 80 cm como a menor dimensão de uma sapata.

Exemplo de aplicação

1) Calcular a tensão admissível para as três condições de NA (profundidades de 6,5 m, 1,5 m e 0,5 m),
de acordo com a teoria de Terzaghi para ruptura geral. Admitir δsat = δnat e que a resistência do solo
não varia com a sua saturação.

γ = 20 kN/m3
2m

s = σtang25º

2,5 m
2m

Figura 133 – Dados da sapata em verificação

193
Unidade III

Solução:

Caso (a): NA = 6,5 m

O bulbo de tensões (região do terreno influenciada pelo carregamento) tem uma profundidade de
2B a 2,5B, em que B é a menor dimensão da sapata. No caso, 2B = 4 m, que, somados aos 2 m de
embutimento da sapata, resulta numa profundidade de 6 m.

Portanto, o solo abaixo do NA está fora da região afetada pelo carregamento.

 1
δr = cNcSc +   γBNγSγ + qNqSq
 2

Para sapata retangular com B = 2 m e L = 2,5 m tem‑se:

0,3 ⋅ 2
Sc = 1 + = 1,24
2,5

0,2 ⋅ 2
Sy = 1 − = 0,84
2,5

Sq = 1

Para φ = 25º:

Nc = 25,1

Nγ =9,7

Nq =12,7

Portanto:

20 ⋅ 2 ⋅ 9,7 ⋅ 0,84
δr = 20 ⋅ 25,1⋅1,24 + + 20 ⋅ 2 ⋅12,7 ⋅1
2

kN
δr = 1293,44
m2

δr 1293,44 kN
δadm = = = 431,15 2
3 3 m

194
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Caso (b): NA = 1,5 m

O solo responsável pela parcela da sobrecarga está acima do NA, mas todo o solo responsável pela
parcela de atrito está abaixo do NA. Portanto, para essa parcela faz‑se na expressão δ = δsub = δsat - δa.

δr = 20 ⋅ 25,1⋅1,24 +
(20 − 10) ⋅ 2 ⋅ 9,7 ⋅ 0,84 + 20 ⋅ 2 ⋅12,7 ⋅1
2

kN
δr = 1211,96
m2

δr 1211,96 kN
δadm = = = 404 2
3 3 m

Caso (c): NA = 0,5 m

Neste caso, na parcela de atrito δ = δsub. Na parcela de sobrecarga, tem‑se 0,5 m de solo acima do
NA, portanto com γ = 20 kN/m³ e 1 m de solo abaixo do NA, com δ = δsub.

10 ⋅ 2 ⋅ 9,7 ⋅ 0,84
δr = 20 ⋅ 25,1⋅1,24 + + (20 ⋅ 0,5 + 10 ⋅1,0) ⋅12,7 ⋅1
2

kN
δr = 957,96
m2

δr 957,96 kN
δadm = = = 319,32 2
3 3 m

2) Resolvendo o problema anterior, na situação NA = 0,5 m, para a condição de ruptura local.

Solução:

 1
δr = cNcSc +   γBNγSγ + qNqSq
 2

2 2
c* = c = ⋅ 20 = 13,3 kN / m²
3 3

Para φ =25º, obtém‑se do gráfico:

195
Unidade III

Nc* = 15

Nγ = 4

Nq=6

Portanto:

 1
δr = cNcSc +   γBNγSγ + qNqSq
 2

 1
δr = 13,3 ⋅15 ⋅1,24 + 10 ⋅ 2 ⋅ 4 ⋅ 0,84 ⋅   + (20 ⋅ 0,5 + 10 ⋅1,0) ⋅ 6 ⋅1
 2

kN
δr = 389,9
m2

δr 389,9 kN
δadm = = = 130 2
3 3 m

3) Calcular a tensão admissível para as três condições de NA (profundidades de 7 m, 2 m e 0,8 m), de


acordo com a teoria de Terzaghi para ruptura geral. Admitir δsat = δnat e que a resistência do solo não
varia com a sua saturação.

γ = 20 kN/m3
2,2 m

s = σtang30º

3m
2,2 m

Figura 134 – Características da sapata em análise

Solução:

Caso (a) NA = 7,0 m


196
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

O bulbo de tensões (região do terreno influenciada pelo carregamento) tem uma profundidade de
2,2B a 3B, em que B é a menor dimensão da sapata. No caso, 2B = 4,4 m, que, somados aos 2,2 m de
embutimento da sapata, resulta numa profundidade de 6,6 m. Portanto, o solo abaixo do NA está fora
da região afetada pelo carregamento.

 1
δr = cNcSc +   γBNγSγ + qNqSq
 2

Para sapata retangular com B = 2,2 m e L = 3,0 m tem‑se:

0,3 ⋅ 2,2
Sc = 1 + = 1,22
3,0

0,2 ⋅ 2,2
Sy = 1 − = 0,85
3,0

Sq = 1

Para φ = 30º:

Nc = 37,2

Nγ =19,7

Nq =22,5

Portanto:

20 ⋅ 2,2 ⋅19,7 ⋅ 0,85


δr = 20 ⋅ 37,2 ⋅1,22 + + 20 ⋅ 2,2 ⋅ 22,5 ⋅1
2

kN
δr = 2266,07
m2

δr 2266,07 kN
δadm = = = 755,36 2
3 3 m

Caso (b) NA = 2,0 m

O solo responsável pela parcela da sobrecarga está acima do NA, mas todo o solo responsável pela
parcela de atrito está abaixo do NA. Portanto, para essa parcela, faz‑se na expressão δ = δsub = δsat - δa.
197
Unidade III

δr = 20 ⋅ 37,2 ⋅1,22 +
(20 − 10) ⋅ 2,2 ⋅19,7 ⋅ 0,85 + 20 ⋅ 2,2 ⋅ 22,5 ⋅1
2

kN
δr = 2081,89
m2

δr 2081,89 693,96kN
δadm = = =
3 3 m2

Caso (c) NA = 0,8 m

Neste caso, na parcela de atrito δ = δsub. Na parcela de sobrecarga, tem‑se 0,8 m de solo acima do
NA, portanto com γ = 20 kN/m³ e 1 m de solo abaixo do NA, com δ = δsub.

10 ⋅ 2,2 ⋅19,7 ⋅ 0,85


δr = 20 ⋅ 37,2 ⋅1,22 + + (20 ⋅ 0,8 + 10 ⋅1,0) ⋅ 22,5 ⋅1
2

kN
δr = 1676,88
m2

δr 1676,88 kN
δadm = = = 558,96 2
3 3 m

4) Resolvendo o problema anterior, na situação NA = 0,5 m, para a condição de ruptura local.

Solução:

 1
δr = cNcSc +   γBNγSγ + qNqSq
 2

2 2
c* = c = ⋅ 20 = 13,3 kN / m²
3 3

Para φ =30º, obtém‑se do gráfico:

Nc = 19

Nγ = 5,7

Nq= 8,3
198
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Portanto:

 1
δr = cNcSc +   γBNγSγ + qNqSq
 2
 1
δr = 13,3 ⋅19 ⋅1,22 + 10 ⋅ 2,2 ⋅ 5,7 ⋅ 0,85 ⋅   + (20 ⋅ 0,5 + 10 ⋅1,0) ⋅ 8,3 ⋅1
 2
kN
δr = 527,59
m2

δr 527,59 kN
δadm = = = 175,90 2
3 3 m

5) Avaliar a tensão admissível (ruptura geral) para o perfil a seguir, em que será construído um
edifício com pilares de 1500 kN (20 x 50 cm), 3000 kN (25 x 60 cm) e 5000 kN (30 x 100 cm). As
fundações serão em sapatas isoladas na profundidade de 2,0 m, com abas iguais.

0m
γ = 19 kN/m3
Areia N.A.
1,5 m
γ = 20 kN/m3 Argilosa

s = 15 + σtg30º (kN/m2)

Figura 135 – Perfil de solo para avaliação

Solução:

 1
δr = cNcSc +   γBNγSγ + qNqSq
 2
com:

c = 15 kN/m²

Nc = 37,2

Nγ = 19,7

199
Unidade III

Nq = 22,5

B
Sc = 1 + 0,3
L

B
Sγ = 1 − 0,2
L

Sq = 1

γ = γsub = 20 - 10 = 10 kN/m3

γ = 19x1,5 + (20‑10) x 0,5 = 33,5 kN/m²

Substituindo, tem‑se:

 1
δr = cNcSc +   γBNγSγ + qNqSq
 2

 0,2 ⋅ B 
10 ⋅ B ⋅19,7 ⋅ 1 − 
 0,3B   L 
δr = 15 ⋅ 37,2 ⋅ 1 +  + + 33,5 ⋅ 22,5 ⋅1
 L  2

167,4B 19,7B2
δr = 1311,8 + + 98,5B −
L L

A expressão resultante é função de B e de L. Como mostrado anteriormente, a menor


tensão de ruptura corresponde ao pilar menos carregado, que, no caso deste exercício, é o de
1000 kN (20 x 50 cm). Para esse pilar, adotando‑se o critério de abas iguais, pode‑se escrever:
L = B + 0,3, e então:

167,4B 19,7B2
δr = 1311,8 + + 98,5B −
(B + 0,3) B + 0,3

Por outro lado, tem‑se para esse pilar:

 P P  1000  4500


δr = δadm x Fs =   xFs =   FS =   0,3 =
 A  BL   B (B + 0,3)  B (B + 0,3)

200
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Igualando as duas expressões, resulta:

4500 167,4B 19,7B2


= 1311,8 + + 98,5B −
B (B + 0,3) (B + 0,3) B + 0,3

1311,8B(B + 0,3) + 167,4B2 + 98,5B2(B + 0,3) - 19,7B3 = 4500

78,8B3 + 1508,7B2 + 393,5B - 4500 = 0

Simplificando ainda mais:

B3 + 19,15B2 + 4,99B - 57, 11 = 0

A expressão anterior é resolvida por tentativas. Escolhe‑se um valor de B (por exemplo: 1,5 m) e
calcula‑se o primeiro termo da equação. Quanto mais próximo de zero resultar o primeiro termo, mais
próximo se está do valor correto. Tem‑se então:

B = 1,5 m _ 1º termo = ‑3,15

B = 1,6 m _ 1º termo = 4,89

B = 1,55 m _ 1º termo = 0,35

Portanto, B = 1,55 m e L = 1,55 + 0,3 = 1,85 m

1500 kN
δadm = = 523,11 2
(1,55 ⋅1,85) m

6) Avaliar a tensão admissível (ruptura geral) para o perfil a seguir, em que será construído um
edifício com pilares de 2000 kN (20 x 50 cm), 4000 kN (25 x 60 cm) e 6000 kN (30 x 100 cm). As
fundações serão em sapatas isoladas na profundidade de 2,0 m, com abas iguais.
0m
γ = 19 kN/m3
N.A. Areia
1,5 m
Argilosa

γ = 20 kN/m3

s = 15 + tg40º kN/m2

Figura 136 – Perfil de solo para avaliação

201
Unidade III

Solução:

 1
δr = cNcSc +   γBNγSγ + qNqSq
 2
com:

c = 15 kN/m²

Nc = 95,7

Nγ = 100,4

Nq = 81,3

Sc = 1+ 0,3B/L

Sγ = 1‑ 0,2B/L

Sq = 1

γ = γsub =20 – 10 = 10 kN/m²

γ = 19x1,5 + (20‑10) x 0,5 = 33,5 kN/m²

Substituindo, tem‑se:

 1
δr = cNcSc +   γBNγSγ + qNqSq
 2

 0,2 ⋅ B 
10 ⋅ B ⋅100,4 ⋅ 1 − 
 0,3B   L 
δr = 15 ⋅ 95,7 ⋅ 1 +  + + 33,5 ⋅ 81,3 ⋅1
 L  2

  B    B 
δr = 1435,5 1 + 0,3    + 502B 1 − 0,2    + 2723,55
  L   L

 B  B
δr = 1435,5 + 430,65   + 502B − 100,4B   + 2723,55
L L

202
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

A expressão resultante é função de B e de L. Como mostrado anteriormente, a menor


tensão de ruptura corresponde ao pilar menos carregado, que, no caso deste exercício, é o de
1000 kN (20 x 50 cm). Para esse pilar, adotando‑se o critério de abas iguais, pode‑se escrever
L = B + 0,3 e, então:

430,65B 100,4B2
δr = 4159,05 + + 502B −
(B + 0,3) B + 0,3

Por outro lado, tem‑se para esse pilar:

 P P  2000  6000


δr = δadm x Fs =   xFs =   FS =   0,3 =
 A  BL   B (B + 0,3)  B (B + 0,3)

Igualando as duas expressões, resulta:

6000 430,65B 100,4B2


= 4159,05 + + 502B −
B (B + 0,3) (B + 0,3) B + 0,3

6000 430,65B2 2 100,4B


3
= 4159,05B + + 502B −
(B + 0,3) (B + 0,3) B + 0,3

6000 = 4159,05B(B + 0,3) + 430,65B2 + 502B2(B + 0,3) - 100,4B3

6000 = 4159,05B2 + 1247,8B + 430,65B2 + 502B3 + 150,6B2 - 100,4B3

6000 - 401,6B3 - 4740,30B2 - 1247,8B = 0

Simplificando ainda mais:

B3 + 11,80B2 + 3,11B - 14,95 = 0

A expressão anterior é resolvida por tentativas. Escolhe‑se um valor de B (por exemplo: 1,5 m) e
calcula‑se o primeiro termo da equação. Quanto mais próximo de zero resultar o primeiro termo, mais
próximo se está do valor correto. Tem‑se então:

B = 1,5 m _ 1º termo = 19,65

B = 1,3 m _ 1º termo = 11,23

203
Unidade III

B = 1,2 m _ 1º termo = 7,5

B = 1,0 m _ 1º termo = 0,96

B = 0,95m_1º termo = ‑0,448

Portanto B = 0,95 m e L = 0,95 + 0,3 = 1,25 m

2000 kN
δadm = = 1684,2 2
(0,95 ⋅1,25) m

Saiba mais

Para saber mais sobre parâmetros de cálculo, uma sugestão de


bibliografia é:

MARANGON, M. Parâmetros dos solos para cálculo de fundações e


execução de sapatas, [s.d.]. Disponível em: <http://www.ufjf.br/nugeo/
files/2009/11/GF03‑Par%C3%A2metros‑dos‑Solos‑para‑C%C3%A1
lculo‑de‑Funda%C3%A7%C3%B5es.pdf>. Acesso em: 19 out. 2018.

Resumo

Aprendemos a finalidade das fundações e conhecemos os tipos de


fundações rasas e profundas, bem como as principais características
de cada tipo e tivemos contato com diversos exemplos de casos
práticos de dimensionamentos de sapatas isoladas, associadas, de uma
(01) divisa e duas (02) divisas, com viga alavanca, entre outros casos.

Exercícios

Questão 1. (Enade 2014) Na tabela a seguir, é apresentado o resultado do cálculo de capacidade de


carga para uma estaca do tipo raiz de 22 cm de diâmetro, considerando o arrasamento na cota -1,5 m,
no qual se empregou o método semiempírico de Decourt e Quaresma.

204
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Tabela 14

Profundidade Resistência de ponta Qp (kN) Resistência lateral QI (kN)


—1 0,00 0,00
—2 57,73 28,28
—3 86,60 62,21
—4 57,73 90,48
—5 86,60 124,41
—6 57,73 152,69
—7 86,60 186,62
—8 57,73 214,89
—9 169,80 233,74
—10 169,80 252,59
—11 226,40 274,58
—12 452,80 309,14
—13 452,80 343,70
—14 509,40 381,40
—15 1.528,20 475,65
—16 1.981,00 595,03

Sabe-se que o carregamento de cálculo a ser suportado é de 500 kN. Para o dimensionamento final do projeto
será realizada uma prova de carga, sendo executada, para tal, uma estaca-teste, devendo‑se de antemão definir
seu comprimento. Na tabela a seguir, são apresentados os fatores de segurança e coeficientes de minoração para
solicitações de compressão em fundações profundas definidos pela norma ABNT NBR 6.122/2010.

Tabela 15

Método para a Coeficiente de Fator de


determminação da minoração da segurança global
resistência última resistência última
Semi‑empírico 1,40 2,00
Prova de carga 1,14 1,60

Com base nessas informações, conclui-se que a cota ou profundidade a ser executada à estaca-teste
para a realização da prova de carga deve ser de

A) -16 m.

B) -15 m.

C) -14 m.

D) -13 m.

205
Unidade III

E) -12 m.

Resposta correta: alternativa E.

Análise da questão

A primeira tabela, apresentada na questão e parcialmente reproduzida a seguir, contém os valores obtidos, por
método semiempírico, para as resistências na ponta Qp e para as somas das resistências por atrito lateral (Ql e Qs).

Valores das resistências na ponta

Tabela 16

Resistência de Resistência
Profundidade ponta Qp (kN) lateral QI (kN)
–1 0,00 0,00
–2 57,73 28,28
–3 86,60 62,21
–4 57,73 90,48
–5 86,60 124,41
–6 57,73 152,69
–7 86,60 186,62

Como a cota de arrasamento será -1,5 m, o valor da resistência lateral no segundo metro de
profundidade será apenas a metade do valor calculado. Como foi empregado um método semiempírico,
os valores das somas das resistências ainda devem ser divididos pelo coeficiente de minoração 1,40.

Para tornar esse procedimento mais claro, é interessante começar corrigindo os valores das somas das
resistências laterais, subtraindo a parcela que fica acima da cota de arrasamento e, a seguir, acrescentando
duas colunas a essa tabela, uma contendo os valores das resistências totais ( ) para cada metro de profundidade
e outra com esses valores reduzidos pelo coeficiente de minoração, como apresenta a tabela a seguir

Correção dos valores das somas das resistências laterais

Tabela 17

Profundidade (m) Qp (kN) ∑Qs (kN) Qu (kN) Qu/1,40 (kN)


—1 0,00 0,00 0,00 0,00
—2 57,73 14,14 71,87 51,34
—3 86,60 48,07 134,67 96,19
—4 57,73 76,48 134,67 95,76
—5 86,60 110,27 196,87 141,62
—6 57,73 138,55 196,28 140,20
—7 86,60 172,48 253,08 180,77

206
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

—8 57,73 200,75 258,48 184,63


—9 169,80 219,60 389,40 278,14
—10 169,80 238,45 408,25 371,14
—11 226,40 260,44 486,84 347,74
—12 452,80 295,00 747,80 537,14
—13 452,80 329,56 782,36 558,83

Considerando que o valor do carregamento a ser suportado já é o de cálculo, e não o valor característico,
verifica-se que, a 12 m de profundidade, a resistência total do terreno já supera o valor de 500 kN.

Questão 2. Uma edificação que tem 15 m de comprimento, 8 m de largura e 35 m de altura, será


apoiada em 12 colunas, apoiadas em 12 sapatas, cuja localização, em relação à edificação está mostrada
na planta da figura.
15m
4m 4m 4m

1 2 3 4
3m

5 6 7 8
8m

3m

9 10 11 12

Figura 137

Sabe-se que as cargas aplicadas nas sapatas são as apresentadas na tabela.

Tabela 18

Carga aplicada no
Sapata solo (kN)
1 50
2 90
3 40
4 40
5 70
6 80
7 80
8 70
9 40
10 40
11 90
12 50
Total 740

207
Unidade III

Com relação ao adernamento da edificação, foram feitas as seguintes afirmativas:

I – Não é necessário levar em conta o adernamento, pois a altura do edifício não implica em tal estudo.

II – O centro de carga é muito próximo ao centro de gravidade do edifício.

III – O centro de carga está sobre uma das sapatas e isso equilibra o edifício.

É correto o que se afirma em:

A) I, apenas.

B) II, apenas.

C) I e III, apenas.

D) II e III, apenas.

E) I, II e III.

Resolução desta questão na plataforma.

208
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 10

PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2002.
p. 30.

Figura 12

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. Solos: determinação do limite de liquidez –


método de referência. Mato Grosso, 1994. p. 7.

Figura 13

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. Solos: determinação do limite de liquidez –


método de referência. Mato Grosso, 1994. p. 7.

Figura 20

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. D2487‑06: standard practice for classification of
soils for engineering purposes (unified soil classification system). Pensilvânia, 2006. Adaptada.

Figura 21

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. D2487‑06: standard practice for classification of
soils for engineering purposes (unified soil classification system). Pensilvânia, 2006. Adaptada.

Figura 22

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. D2487‑06: standard practice for classification of
soils for engineering purposes (unified soil classification system). Pensilvânia, 2006. Adaptada.

Figura 23

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. D2487‑06: standard practice for classification of
soils for engineering purposes (unified soil classification system). Pensilvânia, 2006. Adaptada.

Figura 24

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. D2487‑06: standard practice for classification of
soils for engineering purposes (unified soil classification system). Pensilvânia, 2006. Adaptada.

209
Figura 25

VILLIBOR, D. F.; NOGAMI, J. S. Pavimentos econômicos: tecnologia do uso dos solos finos lateríticos.
São Paulo: Arte & Ciência, 2009. Adaptada.

Figura 26

MASON, B.; MOORE, C. B. Principles of geochemistry. New York: Wiley, 1982. p. 29.

Figura 33

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8036: programação de sondagens de simples


reconhecimento dos solos para fundação de edifícios. Procedimento. Rio de Janeiro, 1983. p. 2.

Figura 36

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 3406: solo – ensaio de penetração de cone in
situ (CPT). Rio de Janeiro, 1991. Adaptada.

Figura 37

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10905: ensaios de palheta in situ. Rio de
Janeiro, 1989. Adaptada.

Figura 41

Grupo UNIP‑Objetivo.

Figura 42

Grupo UNIP‑Objetivo.

Figura 45

PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. p. 83.

Figura 46

PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. p. 85.

Figura 47

PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. p. 85.

210
Figura 48

PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. p. 85.

Figura 49

PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. p. 86.

Figura 50

PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. p. 87.

Figura 51

PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. p. 88.

Figura 52

PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. p. 91.

Figura 53

PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. p. 92.

Figura 130

Grupo UNIP‑Objetivo.

Figura 131

Grupo UNIP‑Objetivo.

Figura 132

Grupo UNIP‑Objetivo.

REFERÊNCIAS

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211
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reconhecimento de solos. Rio de Janeiro, 2016c.

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edifícios. Procedimento. Rio de Janeiro, 1983.

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de Janeiro, 1987.

___. NBR 10905: solo – análise granulométrica e sedimentação. Método de ensaio. Rio de Janeiro, 1989.
212
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Exercícios

Unidade I – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA


(INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2005: Engenharia Civil. Questão 29.

214
Unidade II – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA
(INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2005: Engenharia Civil. Questão 32.

Unidade II – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA


(INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2008: Engenharia Civil. Questão 35.

Unidade II – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA


(INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2014: Engenharia Civil. Questão 33.

Unidade III – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXERIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2014: Engenharia Civil.
Questão 34. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2014/12_
engenharia_civil.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2018.

215
216
217
218
219
220
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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