Diferença de idade entre os sexos para aposentadoria faz sentido?
Recentemente, devido à Proposta de Emenda à Constituição que chegou à
Câmara dos Deputados, questões relacionadas a diferença de idade e tempo para conquista da aposentadoria entre homens e mulheres voltaram à tona, e opiniões divergentes e convergentes surgiram em todos os principais meios de comunicação. Para Zélia Pierdoná (2019), as diferenças entre as aposentadorias femininas e masculinas não são inconstitucionais, mas podem se mostrar inadequadas devido à falta de justificativas válidas para tal. A autora analisa, de forma clara e coesa, a função das leis referentes ao trabalho e à aposentadoria, e conclui que não é cabível a diferença de idades, tendo em vista a inexistência de uma inaptidão precoce da mulher em relação ao homem no âmbito do trabalho, além de ressaltar a longevidade superior da mulher, que, em teoria, passaria mais tempo ganhando dinheiro de aposentadoria do que o homem. Por fim, a autora afirma que tem como objetivo buscar a igualdade entre homens e mulheres, e que certas dificuldades enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho devem sim ser combatidas, mas através de investimentos em políticas e campanhas focadas em assegurar a paridade de oportunidades e de acesso ao trabalho, concluindo uma análise coesa, realista e imparcial sobre o assunto. Já Lena Lavinas (2019) apresenta outra opinião sobre o assunto em questão. A autora inicia sua reflexão sobre aposentadoria, discorrendo sobre sua função, de manter um determinado padrão de bem-estar em uma fase não-produtiva da vida. Em seguida, a autora critica a Reforma da Previdência como um todo, ressaltando a perda das mulheres na área rural, bem como a dos homens, como fica claro ao final da resenha. Lavinas (2019) continua, dizendo que, devido à taxa de atividade menor das mulheres em relação aos homens, elas serão prejudicadas pois terão dificuldade de alcançar a quantidade de anos de contribuição necessários para a aposentadoria. Entretanto, manter a diferença de idades entre sexos na aposentadoria é uma solução temporária do problema, e que contribui para a desigualdade, além de criar uma falsa visão de as mulheres recebem “vantagens”. Sendo assim, campanhas em prol de uma visão mais moderna da sociedade, que quebram o conceito da mulher como dona de casa, bem como a busca de igualdade de oportunidades de trabalho entre os dois sexos, são as únicas soluções que podem acabar realmente com o problema. Por fim, a autora diz que a velhice é um fenômeno social predominantemente feminino. Observa-se que a velhice, enquanto fenômeno social, sofre de uma característica de outros fenômenos sociais semelhantes, ou seja, foi infundada na sociedade devido a ideologias passadas, e deve ser quebrado, para que apenas a capacidade real de trabalho em relação à idade seja levada em conta, sendo ela igual entre homens e mulheres. Resenha temática por Vítor Batista de Moraes