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Os serviços que foram avaliados são de três tipos: (a) serviços profissionais
realizados por médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos
treinados; (b) serviços voluntários nos quais voluntários selecionados e
treinados são supervisionados por profissionais; e (c) grupos de autoajuda em
que pessoas enlutadas oferecem ajuda a outras pessoas enlutadas com ou
sem supervisão de profissionais. Cada um destes serviços pode oferecer
aconselhamento individual ou em grupo.
Serviços profissionais oferecendo apoio individual. Conheço três estudos bem
conduzidos destes serviços: o estudo de Raphael que deu apoio a viúvas de
“alto risco” em Sidney, Austrália; a avaliação de Gerber de um serviço para
pessoas idosas enlutadas em Nova York; e o estudo de Polak de um serviço
para as famílias de pessoas que tiveram relato de morte repentina em Denver,
Colorado.
Neste caso, o apoio foi dado pela própria Raphael, uma psiquiatra com muita
experiência anterior de trabalho com pessoas enlutadas. Os clientes tiveram de
uma a nove entrevistas longas em suas casas (média de quatro entrevistas)
durante o período de 6 a 12 semanas após a perda. Raphael visou oferecer “...
suporte nos processos de luto (grieving) e pesar (mourning): encorajamento
para expressão de vários afetos de luto, tristeza, raiva, ansiedade,
desesperança, desamparo, desespero; e facilitação do processo de luto com
revisão dos aspectos positivos e negativos da relação perdida. O conselheiro
se tornava, temporariamente, um membro adicional da rede social do enlutado,
oferecendo uma interação de apoio nas áreas de assistência em que a pessoa
enlutada percebia que a rede social básica estava falhando em satisfazer suas
necessidades. Os sujeitos não eram considerados ‘doentes’ ou ‘pacientes’...
perdas antigas não resolvidas geralmente eram muito significativas no luto
atual e frequentemente precisavam ser trabalhadas ao mesmo tempo” Estes
objetivos e métodos de aconselhamento eram similares às abordagens
adotadas na maioria dos outros estudos.
De seis a nove meses após a perda, o grupo índice teve três horas por semana
de “terapia” de grupo por oito semanas. Os grupos foram conduzidos por um
“terapeuta licenciado” que designava tópicos para discussão a cada semana,
para esclarecer importantes temas do luto. Um checklist de sintomas e
“inventário de orientação pessoal” foram usados para medir o estado de saúde
e psicológico antes e após a terapia (ou no mesmo período de tempo com o
grupo de controle). Embora não fossem encontradas diferenças significativas
nas medidas entre os grupos apoiado e não apoiado, houve evidência de que
os sujeitos em alto risco, particularmente aqueles com reações de culpa ou
auto-acusação, apresentaram melhora significativa em várias das medidas
enquanto que ocorreu menos melhora nos controles e nos indivíduos de baixo
risco.
Vinte meses após a perda, os dois grupos foram entrevistados em suas casas
por um entrevistador da pesquisa. Não foram encontradas diferenças entre os
grupos durante o primeiro ano após a introdução do serviço, mas nos próximos
três anos diferenças significativas favoráveis ao grupo apoiado foram
encontradas em duas de três medidas de mudança na saúde – um checklist de
sintomas autônomos novos ou piores (p<0.05) e uma medida de maior
consumo de drogas, álcool e tabaco (p<0.02). Uma medida de mudança na
saúde física e três medidas de estado de saúde favoreceram o grupo
experimental, mas as diferenças não atingiram níveis significativos. Um escore
global distinguiu os grupos (p<0.03).
Como no estudo de Raphael, pessoas enlutadas de alto risco que não foram
apoiadas tiveram escores de saúde significativamente piores do que as
enlutadas de baixo risco (p<0.02), mas houve pouca diferença no resultado
entre o grupo de alto risco apoiado e o grupo de baixo risco não apoiado.
Podemos concluir que o efeito deste serviço, como o de Raphael, foi reduzir o
risco no grupo de alto risco para próximo daquele do grupo de baixo risco.
Embora estes resultados não possam ser tomados como conclusivos devido à
combinação imperfeita e atenuação da amostra (36% e 44% nos grupos
apoiado e não apoiado aos 24 meses), eles favorecem a hipótese de que a
autoajuda é de algum valor como um meio de apoio no luto. Este efeito é mais
pronunciado naquelas pessoas que estão mais estressadas pelo luto. Com
apoio, é provável que elas iniciem novas atividades e encontrem novos amigos
após um ano e se sintam menos estressadas após dois anos de luto.
O luto por morte não é o único tipo de luto que chama a atenção da profissão
médica. Uma pessoa pode enlutar-se pela perda de um membro, da casa, do
lar e outras coisas mais. Estabelecer a eficácia do aconselhamento de luto
após a morte é apenas o primeiro passo no campo da medicina preventiva
cujas implicações só agora se começam a estabelecer.